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abril 21, 2021

Festival AVXLab apresenta novas experiências conectadas ao audiovisual expandido

Programação gratuita reúne tecnologia, performances, sons e artes visuais para ressignificar as noções de espaço e lugar; festival acontece de 23 a 30 de abril

Com foco na produção da arte audiovisual contemporânea, o Festival AVXLab 2021 apresenta um conjunto de shows, performances e exposições de arte, acompanhado de debates e seminários, que aprofundam o pensamento em torno dos formatos alternativos de cinema. Com programação gratuita, o evento ocorre em modo online de 23 a 30 de abril.

Desde 2016, o AVXLab fomenta a pesquisa e a experimentação do cinema expandido, apresentando novas vivências, formas e sensações ao público a partir de expressões de arte que se utilizam de recursos audiovisuais e da tecnologia para criação de experiências e ambientes de características múltiplas de interatividade e “imersividade” e/ou formatos híbridos que vão muito além da tela de cinema ou TV. Ao longo das dificuldades da pandemia, o AVXLab se firmou como uma referência sobre a reflexão da produção audiovisual nas redes, organizando encontros, performances e debates.

É a partir das experimentações realizadas durante o isolamento que nasce o tema desta edição: lugar in>comum, questionando o que é o lugar de encontro a partir do momento em que nossa sociabilidade torna-se cada vez mais mediada por dispositivos. O desafio envolvido neste tema é redesenhar as noções de “comum” e “comunidade” para que caibam na atual realidade das relações, dos espaços e presenças.

Com curadoria do pesquisador e gestor cultural Demétrio Portugal e do artista e pesquisador em novas mídias Lucas Bambozzi, a programação do festival aborda novas fronteiras da construção narrativa, das experiências imersivas e do diálogo da arte com o audiovisual contemporâneo. O evento considera que as expansões do audiovisual em outros formatos e telas, tornam-se cada vez mais relevantes num período de isolamento, num momento em que grande parte da produção cultural se depara com uma demanda de adaptação, com novas tecnologias tornando-se parte da vida comum. Nesse sentido, o AVXLab 2021 entra como parte de uma discussão importante para novas descobertas dentro das técnicas audiovisuais, criando novos espaços e possibilidades de interação.

Durante cinco dias (programação de abertura na sexta, 23/4; terça, quarta, quinta e programação de encerramento na sexta, 30/4) o AVXLab apresenta ao público uma programação estruturada em quatro eixos curatoriais -- performances, seminário, exposição e entrevistas --, que se entrelaçam numa programação diversificada que abarca apresentações audiovisuais, intervenção urbana, ação na web e jam ao vivo.

PERFORMANCES

Dentro da programação de abertura do festival na sexta, dia 23/04, as artistas Bianca Turner e Sandra-X organizam o projeto “Afluências”, inspirado pelas águas e rios subterrâneos, com apresentação da performance ao vivo “Aquífera” e participação de outras três artistas - Anahí Asa, Charlene Bicalho e Marion Hesser.

Na quarta, dia 28, o artista Dudu Tsuda usa oito mochilas em uma intervenção sonora, que remete à recuperação do Japão pela ligação com a natureza após dez anos do grande terremoto do leste, que ocasionou a catástrofe nuclear de Fukushima. No dia seguinte, quinta-feira, 29, a performance do artista Felipe Julián, Craca, reflete sobre a dualidade espaço físico x espaço virtualizado. Finalizando a programação deste eixo curatorial, uma jam envolvendo artistas como os Coletivo Coletores (projeções), o grupo Embolex (live AV) e outros convidados apresentam intervenções simultâneas em vários espaços da cidade, no dia 30/04, às 20h. Os locais serão conhecidos pelo público apenas no momento da apresentação, que poderá ser conferida de maneira híbrida: presencial e virtualmente.

SEMINÁRIO

Aguçada pelo contexto de pandemia, a reflexão sobre o conceito de lugar e a vivência de espaços comunitários permeia os três debates que integram o seminário do festival, na terça (27), quarta (28) e quinta, sempre das 15h às 18h.

Lugar de fluxo é tema do primeiro encontro, em que os participantes contam com a mediação de Demétrio Portugal, no pensar sobre as experiências audiovisuais em ambientes de telepresença, os fluxos de sinal mediados pelas redes, os paradigmas do 5G, e também refletem sobre os efeitos colaterais, como os excessos do online, as informações que escapam do controle, os dados que vazam, as informações que se dispersam.

A rede como lugar do “estar junto”, a Net arte, o cinema online, a vida em rede, o tempo nas telas, a exaustão, os fins do sono, são assuntos que serão explorados no encontro Lugar Inventado com mediação da pesquisadora Christine Mello.

Coordenada por Lucas Bambozzi, a última mesa debate o Lugar Contingenciado, sobre o lugar tornado espaço desabitado, que considera a realidade de uso do espaço físico diante de novas restrições de convívio social, e paralelamente a necessidade de manter estes espaços vivos e ativos. Neste encontro serão abordadas as ações da Ocupa 9 de Julho durante a pandemia, bem como ações na Cidade Tiradentes feitas pelo coletivo Ali Leste.

EXPOSIÇÃO

O eixo Exposição é composto por quatro mostras: na mostra_Artista Articulador, o público vai poder conhecer projetos curatoriais comentados por seus criadores. O artista-ativista Sato do Brasil, integrante dos coletivos Casadalapa, Frente 3 de Fevereiro, Naborda, Nós Artivistas e as artistas Mirella Brandi e Muep Etmo, do projeto de performances “Pink Umbrellas” são alguns dos participantes deste segmento, assim como Fernando Velázquez, que apresenta seu "Circa Project", um projeto curatorial com mais de 120 obras, um "repositório de subjetividades emergentes, temporárias, abissais, terapêuticas, inocentes e radicais", nas palavras do artista.

Dentro da mostra_Artista na Rede, a pesquisadora Denise Agassi performará a obra “://backup Cápsula do Tempo” (Performance Web), um projeto de resgate de obras da Net arte no Brasil e a artista Roberta Carvalho usa de recursos de realidade aumentada para inserir o público em uma experiência de imersão remota na floresta amazônica. A mostra _ Artista Percurso leva ao público uma retrospectiva comentada da trajetória de artistas que atuam nas fronteiras do audiovisual, tendo Charlene Bicalho, Paulinho Fluxus e Rogério Borovik entre seus participantes. A programação da mostra_Artista Pesquisa reúne showcases com jovens artistas e novas pesquisas. Este segmento apresenta o lançamento do filme "Ruinoso", de Lucas Gervilla, que registrou durante anos uma série de lugares abandonados e em ruínas, onde o artista projeta cenas de situações ocorridas no passado. Inédito, o longa fará sua estreia no festival.

ENTREVISTAS

Quarto e último eixo, as entrevistas do AVXLab 2021 são transmitidas sempre no mesmo horário (terça, quarta, quinta e sexta, às 20h) buscam tratar de imagens e de projeções de futuro reais ou imaginadas. Um dos temas abordados é o “Corpo tecnológico”, em uma conversa com a artista Malka que aponta o corpo transvestigenere como disparador de uma mutação na imagem que temos da sociedade e que, com ajuda da tecnologia, coloca a orientação da estrutura do corpo nas mãos de quem o habita, em confronto com convenções da sociedade, do estado e do modelo econômico hegemônico.

A imagem sideral, o afrofuturismo e peri-futurismo também serão temas debatidos, a partir de uma entrevista o DJ e ator-MC Eugênio Lima, buscando vislumbres de futuro com visões e valores diferentes dos dominantes, numa perspectiva potencialmente transformadora. O último tema das entrevistas, “A imagem da natureza/ natureza da imagem” enfoca a visão dos povos originários e questiona a dicotomia existente entre “homem” e natureza, o que guiou a humanidade ao antropoceno (era dos humanos) e desestabilizou os ecossistemas, o que pode nos ajudar a pensar sobre a extensão e gravidade da pandemia.

Festival AVXLab 2021, de 23 a 30 de abril, programação completa disponível no site: http://avxlab.org

SOBRE O AVXLab

O AVXLab é uma iniciativa encabeçada por Demétrio Portugal e Lucas Bambozzi, que funciona como um laboratório de ideias, metodologias e experimentação, explorando os limites da cena audiovisual absorvendo novas formas cinemáticas de representação e apresentação no espaço, para além das telas da televisão e do cinema.

O AVXLab lançou em 2019 o livro “O Cinema e Seus Outros”, que vem sendo adotado como referência bibliográfica em cursos de cinema e artes visuais da FAAP, FASM e PUC-SP.

A edição 2021 do Festival AVXLab é uma realização da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo e da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo por meio do PROAC Lab (Lei Aldir Blanc) como uma produção de Diphusa. Todas as atividades do Festival ficarão disponíveis no site do evento após sua realização, contribuindo para o fomento e pesquisa do audiovisual expandido.

Posted by Patricia Canetti at 4:00 PM

abril 6, 2021

14º Cine Esquema Novo com programação totalmente on-line

Três mostras com seis world premières, oficinas, seminário, debates e muita interação nas redes sociais integram a programação totalmente on-line e gratuita

Júri desta edição é composto por Fernanda Brenner, Flávia Guerra, Graciela Guarani e Linn da Quebrada

O 14º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira ocorre entre os dias 10 e 15 de abril de 2021, com três mostras, 49 obras, seis delas estreias internacionais, seminário, oficinas, debates, muita interação nas redes sociais e o artista transdisciplinar Welket Bungué como artista convidado. Toda a programação será on-line e gratuita pelo www.cineesquemanovo.org, e as obras estarão disponíveis no site durante os seis dias de evento para serem visualizadas a qualquer horário, on demand. “Já que não podemos realizar o festival de forma presencial este ano, decidimos então tirar partido de algumas vantagens que o ambiente virtual nos proporciona, como a conveniência de deixar os filmes das mostras em exibição on-line, sem horário ou sessão. Vai ser possível assistir a todas as obras e levar a conversa para as redes sociais”, comenta Jaqueline Beltrame, diretora e curadora do festival.

As obras se dividem em três mostras: a Mostra Competitiva Brasil, a Mostra Artista Convidado Welket Bungué e a Mostra Outros Esquemas. A primeira delas, a Competitiva, atraiu mais de 395 inscritos, com 31 obras escolhidas para integrar a principal mostra da programação do festival. Foram mais de 144 horas de material avaliadas e selecionadas pelo time de curadores formado por Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro, Jaqueline Beltrame e Vinícius Lopes.

Este ano, por conta do formato on-line, a organização do festival inovou na Mostra Competitiva Brasil, criando o Caderno de Artista. A novidade, disponível no portal do festival, exibe diversos conteúdos construídos em parceria com cada um dos selecionados em espaços formatados para cada um deles, contendo, além do filme selecionado, uma outra obra que dialogue com o trabalho em competição, entrevistas, informações e outras imagens, convidando o público a ter uma maior compreensão do universo de cada realizador. “Propusemos aos selecionados que compartilhassem nessa área especial do site referências artísticas, inspirações, processos criativos para a realização da obra audiovisual selecionada para a Mostra Competitiva. É como se eles abrissem os seus cadernos para o público: o Caderno de Artista. Esse material, que já está disponível no portal, será acrescido ainda da exibição do filme selecionado bem como de uma outra obra à escolha do realizador que seja uma inspiração para seu trabalho. É uma exibição quase dois em um”, declaram Jaqueline Beltrame, Ramiro Azevedo, Gustavo Spolidoro e Alisson Avila, organizadores do CEN, que celebra 18 anos de existência em 2021.

A seleção conta com dez projetos assinados por duos ou grupos, 8 realizadoras, 19 realizadores, além de artistas agênero e não-bináries. Temáticas como cenário político brasileiro atual, direitos humanos, fim do mundo, saúde mental, questões indígenas, memória e história, racismo, solidão na contemporaneidade, identidade queer, religiosidade, futuro, exploração da natureza, territorialidade, laços familiares, entre outras, pautam os títulos selecionados a partir de onze Estados brasileiros e duas produções assinadas por brasileiros realizadas no exterior (ou em coprodução internacional).

Eu não sou um robô (Gabriela Richter Lamas, Maurílio Almeida, Felipe Yurgel e Guilherme Cerón), O Ciclope (Guilherme Cenzi, Pedro Achilles), Per Capita (Lia Leticia), Performatividades do Segundo Plano (Frederico Benevides e Yuri Firmeza), sem título #6: o Inquietanto (Carlos Adriano) e Urubá (Rodrigo Sena) têm estreia mundial no festival, além de quatro estreias nacionais: 13 Ways of Looking at a Blackbird (Ana Vaz), A chuva acalanta a dor (Leonardo Mouramatheus), As vezes que não estou lá (Dandara de Morais) e Para Colorir (Juliana Costa).

A lista reúne títulos como O Mundo Mineral, de Guerreiro do Divino Amor, artista contemplado com o Prêmio Pipa 2019 e que participa pela terceira vez do festival; 13 Ways of Looking at at a Blackbird, de Ana Vaz, que integra a mostra Forum Expanded do 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim. O título é inspirado no poema de Wallace Stevens e a obra é composta de série de tentativas de olhar e ser olhado, que propõe um caleidoscópio de experiências, questionamentos e maravilhas de um casal de alunos do ensino médio após um ano de experiências com a cineasta, questionando o que o cinema pode ser. Aqui, a câmera torna-se um instrumento de investigação, um lápis, uma canção. “O filme é uma música que dá para ver”, escreveu um dos alunos em uma constelação coletiva de frases e desenhos feitos durante uma das oficinas.

Perifericu, de Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira, traz a história de Luz e Denise que cresceram em meio às adversidades de ser LGBTQA+ no extremo sul da cidade de São Paulo. Entre o vogue e as poesias, do louvor ao acesso à cidade, os sonhos e incertezas da juventude inundam suas existências. O curta já integrou mais de 70 festivais e mostras e recebeu 25 prêmios, entre eles o de Filme Mais Transgressor e Júri Popular no 27° Mix Brasil, e melhor da competitiva do Kino Forum. "Denise e Luz descolonizam sua existência com ancestralidade e uma boa dose de deboche. Elas existem e estão aqui, todos os dias, no gerúndio, amando, dançando, sonhando, sendo o que são. Ou melhor, o que somos. Somos seres poéticos e políticos. Reais, de verdade, não apenas os retratos sem voz do noticiário policial ou dos estereótipos que outros nos dão por ai”, afirma Well Amorim, diretor de fotografia e produtor executivo do filme.

A Mostra Competitiva Brasil conta com projetos de nomes que já estiveram em outras edições do festival, como a dupla Frederico Benevides e Yuri Firmeza, com Performatividades do Segundo Plano, uma continuidade de um trabalho em dupla que mantém uma pesquisa sobre imagens projetivas que começa com Entretempos e segue questionando o poder de modulação de futuro, mas também de presente e passado que essas narrativas tomam. “Dessa vez centramos foco na performance dos figurantes e dois filmes ensaios e oito fotos lenticulares, onde aproximamos imagens que podem ser vistas apenas como sofisticações da estratificação que sempre esteve posta entre quem olha e quem é olhado”, contam os realizadores.

Leonardo Mouramatheus também é um dos criadores que já passou por outras seleções do CEN. Em 2021 ele apresenta A chuva acalanta a dor, baseado no conto Lucrèce de Marcel Schwob. No ano 74 a.C, Tito Lucrécio Caro, um jovem com ideias ousadas, tenta convencer seu amigo Mêmio que ir estudar para a cidade de Roma é uma total perda de tempo. Anos depois, Lucrécio volta da capital. Tentando encontrar um equilíbrio entre suas explicações do mundo natural e sua experiência emocional do mesmo, Lucrécio vive uma paixão profunda e conturbada com Isa, sua esposa estrangeira. O filme já participou de festivais como IFFR | International Film Festival Rotterdam, na Holanda, IndieLisboa International Film Festival em Portugal, Viennale – International Film Festival, entre outros, e estreia nacionalmente na programação do 14º Cine Esquema Novo - Arte Audiovisual Brasileira.

#eagoraoque, de Jean-Claude Bernardet e Rubens Rewald, expressa a ansiedade e exasperação dos realizadores com a situação política do Brasil e do mundo. “A extrema direita cresce a cada dia. Os ativistas e intelectuais de esquerda não sabem como reagir. A Universidade parece cada vez mais distante da periferia e sua gente. E agora, o que devemos fazer? Ficção e realidade se misturam nessa busca urgente por respostas”, refletem. Lyz Parayzo Artista do Fim do Mundo, de Fernando Santana, acompanha o início da trajetória artística de Lyz Parayzo, artista visual que, através de suas obras e performances, coloca em discussão qual o espaço da arte em um corpo não-binário provindo da periferia. Artista performática nascida e criada em Campo Grande, zona oeste e periférica do Rio de Janeiro, Lyz tem o corpo como principal suporte de trabalho e sua performatividade diária como plataforma de pesquisa revelando o descompasso entre o que se diz, o que se faz, o discurso e a prática.

Já Vil, Má, de Gustavo Vinagre, apresenta a história de Wilma Azevedo, uma escritora de contos eróticos e dominatrix de 74 anos, conhecida como a Rainha do Sadomasoquismo nos anos 1970 e 1980. Mas ela é também Edivina Ribeiro, jornalista, mãe de três filhos, religiosa e esposa dedicada. Wilma/Edivina conta suas histórias para o diretor Gustavo Vinagre, em um documentário que funciona como um jogo de dominação entre diretor e personagem. O filme integrou a seleção oficial na Berlinale e no Queer Lisboa. Vento Seco, de Daniel Nolasco, mais um nome que já esteve em outra edição do festival, também participou do Festival de Berlim em 2020 e traz a história de Sandro, que vive em uma pequena cidade do interior de Goiás. O protagonista divide seus dias entre o clube, o trabalho, o futebol e a vida social, além do relacionamento com Ricardo. Mas a sua rotina começa a mudar com a chegada de Maicon, um rapaz que desperta o seu interesse e do qual todos sabem muito pouco.

Obra inédita que terá première mundial na programação do festival, Eu Não Sou Um Robô é uma criação de Gabriela Richter Lamas, Maurílio Almeida, Felipe Yurgel e Guilherme Cerón. O filme é uma experimentação sobre a solidão e o contato por meio do digital que se acentuou durante a pandemia de 2020. Ao falhar incontáveis vezes em um teste ReCAPTCHA, que diferencia humanos de robôs, a personagem Tânia se pergunta sobre o real e anseia por qualquer tipo de contato presencial e físico, deliberando sobre a vida com a visita de uma Mosca. Ansiosos por estarem juntos na distância durante a pandemia de COVID-19 em 2020, Gabriela Lamas, Maurílio Almeida e Felipe Yurgel fizeram diversas reuniões on-line para escrever "Eu Não Sou Um Robô". O filme foi, então, gravado com uma equipe de três pessoas, sendo elas a diretora Gabriela Lamas e o roteirista Maurílio Almeida, que também atuam como os personagens Tânia e Mosca, e a diretora de fotografia Lívia Pasqual. “Pode-se dizer que este filme foi mais uma das tentativas de se manter são durante o isolamento e entender mais sobre o digital e a vontade de estar ‘junto", afirmam.

Estreando como realizadora, Juliana Costa integra a lista de selecionados com o longa Para Colorir, uma investigação sobre as possibilidades e limites do cinema erótico. Já Romy Pocztaruk apresenta Antes do Azul, curta que traz a multiartista Valéria Barcellos como protagonista e que circulou ao longo de 2020 por diversos festivais internacionais. Rodrigo Sena participa com URUBÁ, obra que levanta questões espirituais do protagonista Luiz.

Davi Pretto, que em 2016 recebeu Prêmio Destaque do Cine Esquema Novo com Rifle, integra a seleção de 2021 com o curta-metragem Deserto Estrangeiro, projeto realizado durante a residência do DAAD Berlin Artists-in-residence em 2018. Um jovem brasileiro, que recém começou a trabalhar em uma imensa floresta em Berlim, é arrastado para um pesadelo envolvendo o passado colonial alemão quando tenta encontrar uma garota perdida na mata. O filme venceu em três categorias na seleção de filmes gaúchos do Festival de Gramado em 2020.

A Mostra Competitiva Brasil premiará ao final do evento o Grande Prêmio Cine Esquema Novo 2021, com um troféu criado por Luiz Roque especialmente para o festival, além de prêmios em serviços da Locall, TECNA/PUCRS e CTAV. O júri desta edição é formado pela curadora Fernanda Brenner, a jornalista e documentarista Flávia Guerra, a realizadora Graciela Guarani e a multiartista Linn da Quebrada.

Paralelamente à Mostra Competitiva Brasil - Caderno de Artista, o CEN exibe ainda a Mostra Artista Convidado Welket Bungué. O artista transdisciplinar lusófono Welket Bungué, da Guiné Bissau, estará na edição deste ano do Cine Esquema Novo com uma mostra especial toda dedicada à sua obra, com seis títulos de sua autoria, selecionados com curadoria de Alisson Avila, Gustavo Spolidoro e Jaqueline Beltrame. Entre os filmes em exibição, três são inéditos e terão estreia no CEN: cacheu Cuntum, que se debruça sobre a cidade de Cacheu, primeiro porto de partida de pessoas escravizadas na Guiné Bissau para o continente americano (estreia mundial), e as estreias nacionais Bustagate, documentário experimental sobre violência policial em zonas periféricas de Lisboa, e Mudança, recentemente exibido no Forum Expanded, mostra do 71º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Completam a lista Buôn, É bom te conhecer e Treino Periférico.

A terceira mostra que ficará disponível on-line e gratuita nos seis dias de festival é a Mostra Outros Esquemas, que passou a integrar a programação do CEN em 2019 como forma de contemplar mais um espaço de expressão da arte audiovisual brasileira. Vêm de sete Estados brasileiros os 12 filmes selecionados pelos curadores Jaqueline Beltrame, Dirnei Prates, Gustavo Spolidoro e Vinicius Lopes, sendo que metade deles são obras assinadas por mulheres. No geral, as obras perpassam temas como a diversidade cultural brasileira, movimento feminista surdo, além de questões LGBTQIA+, povos originários, entre outras. São elas: Dois Homens ao Mar (Gabriel Motta), Espero Que Esta Te Encontre e Que Estejas Bem (Natara Ney), Eu, um outro (Silvia Godinho), GLAUBER, CLARO (Cesar Meneghetti), Homens Invisíveis (Luis Carlos de Alencar), King Kong en Asunción (Camilo Cavalcante). Mulher Oceano (Djin Sganzerla e Vana Medeiros), Nuhu Yãg Mu Yõg Hãm: Essa Terra É Nossa! (Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero), O que Pode um Corpo? (Victor Di Marco e Márcio Picoli), Pega-se Facção (Thais Braga), Seremos Ouvidas (Larissa Nepomuceno), Zabé do Cariri (Beth Formaggini)

Além das mostras, o Cine Esquema Novo promove o seminário Pensar a Imagem, uma iniciativa realizada em diálogo com a proposta curatorial do festival para proporcionar encontros temáticos dedicados a discussões sobre questões estéticas, políticas, teóricas, conceituais, narrativas e de consumo relativas às imagens, especialmente à produção autoral e experimental. Para 2021, propõe-se como tema Repertórios e afetos: espectatorialidades e olhares opositores. Com transmissão pelo YouTube, o seminário vai ocorrer de 12 a 15 de abril, das 19h às 21h, com LIBRAS.

Quatro oficinas ainda integram a programação do evento, três delas em parceria com o Macumba LAB, coletivo de profissionais negros e negras do audiovisual no Rio Grande do Sul e outra com o projeto Câmera Causa, que promove pela terceira vez na programação do festival sua oficina. Com o Macumba, as oficinas são: Animação Pixillation e a ilusão do movimento impossível, ministrada pela multiartista e Mestra em Meios e Processos Audiovisuais pela USP, Marina Kerber, no dia 11 de abril, das 15h às 18h; Pluralidade e cinema, uma realidade possível?, com as artistas Kaya Rodrigues e Sofia Ferreira, na segunda, dia 12 de abril, das 18h às 19h e o workshop Narrativas Antirracistas, com a roteirista, diretora e crítica de cinema formada pela PUCRS, Gautier Lee, no dia 13/4, das 9h às 12h. O projeto Câmera Causa ocorrerá em aulas práticas e teóricas ao longo dos dias de festival somando carga horária de 20 horas, com atividades ministradas pelos realizadores audiovisuais Gustavo Spolidoro e Lucas Heitor.

Diariamente, os filmes exibidos nas Mostras serão temas também de debates com convidados especiais. Nesses encontros, on-line, realizadores e críticos da ACCIRS debaterão, em transmissão no canal do YouTube, as obras exibidas. Participam dos debates Adriana Androvandi, Daniel Rodrigues, Giordano Gio e Maurício Vassali. A programação completa destes debates pode ser conferida em breve no site do festival: www.cineesquemanovo.org

Entre as novidades desta edição online estão algumas iniciativas criadas especialmente para interagir com o público em uma edição sem o calor humano dos encontros presenciais. Em lives curtas, de até 30 minutos no perfil do Instagram do Festival (@cine_esquema_novo), a equipe do CEN receberá convidados no programa Shot Esquema Novo, que inicia como um aquecimento para o festival, a partir de quinta, 08 de abril. A ideia é proporcionar, em estilo informal, lembrando mesa de bar, um bate-papo sobre assuntos leves relacionados à arte audiovisual. Os filmes da vida, as trilhas da vida... tudo pode ser estopim para uma conversa com os convidados. Além desse encontro, outra seção da programação é o Abrindo os Cadernos, um momento diário em que a jornalista Bruna Paulin vai receber os realizadores da Mostra Outros Esquemas para falarem sobre seus processos e inspirações. Uma série de episódios de podcasts do CEN também vai entrar na programação de modo a levar o universo dos artistas ao público em casa.

A abertura do Cine Esquema Novo deste ano também traz uma atração especial: uma série de projeções urbanas em quatro pontos de Porto Alegre. Com curadoria de Tiatã, poeta, MC e educadora, performances dos slammers Bia Machado, Bruno Negrão, Jamile e Jovem Preto Rei serão projetadas em um programa assinado pela VJ Janaína Castoldi no sábado de abertura do Festival, dia 10 de abril, às 20h. Para evitar aglomerações, as projeções serão transmitidas pelas redes sociais do evento, permitindo que o público possa acompanhar as performances de casa.

O 14º Cine Esquema Novo - Arte Audiovisual Brasileira é uma realização da ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem. Projeto realizado com recursos da Lei nº 14.017/2020. Mais informações, acesse: www.cineesquemanovo.org | www.facebook.com/cineesquemanovocen | @cine_esquema_novo

Posted by Patricia Canetti at 11:44 AM