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outubro 23, 2017
6º Prêmio Marcantonio Vilaça no Espaço Cultural Marcantonio Vilaça - TCU, Brasília
Pela segunda vez, o Centro Cultural do Tribunal de Contas da União acolhe itinerância do principal prêmio das artes visuais brasileiras. Além dos premiados, o artista Sérvulo Esmeraldo é o homenageado do ano com uma exposição com 11 artistas, integrando a exposição do ‘Projeto Arte e Indústria’.
Quem acompanha o ambiente das artes visuais no Brasil sabe: ser premiado no Prêmio Marcantonio Vilaça é um presente para qualquer artista. Além de valores em dinheiro, os vencedores veem suas obras circularem por todas as regiões do País, recebem acompanhamento de crítico ou curador durante um ano e, de quebra, inserem o nome na seleta lista dos ganhadores de uma das mais relevantes e prestigiadas premiações da arte brasileira. A partir de agora, o público de Brasília vai poder conhecer os eleitos da sexta edição do Prêmio. O Espaço Cultural Marcantonio Vilaça do Tribunal de Contas da União (TCU) recebe, de 24 de outubro a 22 de dezembro, a exposição dos escolhidos pelo 6º Prêmio Marcantonio Vilaça.
Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra não vem sozinha. Além dos trabalhos dos cinco laureados - Daniel Lannes (Rio de Janeiro), Fernando Lindote (Santa Catarina), Jaime Lauriano (São Paulo), Pedro Motta (Minas Gerais) e Rochelle Costi (São Paulo) - o Prêmio traz a terceira edição do ‘Projeto Arte e Indústria’, exibindo a obra do grande artista cearense Sérvulo Esmeraldo, homenageado desta edição, em diálogo com 11 artistas contemporâneos. Um passeio pela arte contemporânea brasileira, por suas reflexões, provocações e surpresas.
O PRÊMIO - O Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Um dos mais tradicionais e respeitados do País – apontado por muitos como a principal premiação do campo das artes visuais brasileiras – o Prêmio foi criado em 2004. Ao longo de seis edições, já premiou 30 artistas e três curadores.
A cada edição, o prêmio contempla cinco artistas, que recebem bolsa para o desenvolvimento de projetos e têm a produção acompanhada por um crítico ou curador de arte. Ao fim dessa etapa, as obras criadas são reunidas em exposições itinerantes e, posteriormente, doadas ao acervo de instituições culturais. A partir da 5ª edição (2015-2016), curadores também passaram a receber premiação, conquistando uma bolsa para organizarem uma exposição.
PROJETO ARTE E INDÚSTRIA – Em paralelo à exposição do Prêmio, é realizado, desde 2014, o ‘Projeto Arte e Indústria’, que está em sua terceira edição. Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o Projeto deseja homenagear artistas cujos processos de criação estão relacionados à produção industrial. Depois de Abraham Palatnik e Amélia Toledo, desta vez o destaque será o escultor, gravador, ilustrador e pintor Sérvulo Esmeraldo, cuja obra reflete a simbiose entre a arte e a indústria. O caráter concretista do trabalho do artista e a utilização de materiais industriais aliados à luminosidade, humor e leveza típicos dos trópicos e tão presentes em seus trabalhos explicitam o pensamento ousado e criativo tão necessário à inovação e desenvolvimento da indústria.
EXPOSIÇÃO A INTENÇÃO E O GESTO – Formada pelas obras de Sérvulo Esmeraldo (falecido em fevereiro último) em diálogo com trabalhos de onze artistas contemporâneos - Almandrade, Ana Maria Tavares, Angelo Venosa, Arthur Lescher, Delson Uchôa, Hildebrando de Castro, Guto Lacaz, Iran do Espírito Santo, Jaildo Marinho, Raul Córdula e Paulo Pereira.
OS ARTISTAS VENCEDORES DO 6º PRÊMIO MARCANTONIO VILAÇA
DANIEL LANNES (Niterói, 1981) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É Mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio. Já realizou individuais no Rio de Janeiro (em espaços como o MAM – Museu de Arte Moderna) e São Paulo. Em coletivas, seus trabalhos também puderam ser vistos em Brasília e na Califórnia/EUA. Premiado com o prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2012, indicado ao PIPA em 2011 e 2012, tem obras em coleções públicas de espaços como o MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro e o MAM-Rio.
FERNANDO LINDOTE (Santana do Livramento/RS, 1960) – Vive e trabalha em Florianópolis. Antes de se dedicar às artes visuais, atuou como cartunista e chargista de jornais diários do sul do País. Desde então, faz uso de diversas linguagens em seu trabalho – instalações, performances, pintura, fotografia, vídeo, desenho e escultura. Já expôs individualmente em espaços de prestígio como a Galeria Flávio de Carvalho (São Paulo), Centro Cultural Banco do Brasil-Rio de Janeiro, Instituto Tomie Ohtake (SP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, dentre outros.
JAIME LAURIANO (São Paulo, 1985) – Vive e trabalha em São Paulo. Graduado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, desenvolve trabalhos que examinam as estruturas de poder contidas na produção da História, revelando as relações violentas entre as forças de poder e controle e os sujeitos sociais. Suas obras utilizam desenho, panos, plantas, objetos diversos, dentre muitos outros materiais. Recentemente, realizou individuais no Centro Cultural Banco do Brasil-Rio de Janeiro, Centro Cultural São Paulo e SESC/SP. Já expôs também em coletivas no Mali e no MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, dentre outras. Tem obras em coleções públicas da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do MAR.
PEDRO MOTTA (Belo Horizonte, 1977) – Vive e trabalha entre Belo Horizonte e São João Del Rei. Bacharel em desenho pela Escola de Belas Artes da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, usa a fotografia como suporte para seus trabalhos – o artista desenha e manipula digitalmente as imagens. Em 2013, recebeu o principal prêmio da fotografia de Portugal, o “BES Photo”, 2013, quando seu trabalho foi exposto no Museu Coleção Berardo, em Lisboa. Realizou individuais em São Paulo, Montevideo/Uruguai e Belo Horizonte. Publicou os livros “Temprano”, Funarte, 2010 e “Paisagem Submersa”, Cosac Naify, 2008.
ROCHELLE COSTI (Caxias do Sul/RS, 1961) – Vive e trabalha em São Paulo. Fotógrafa e artista multimídia, formada em Comunicação Social pela PUC/Rio Grande do Sul, no início da carreira atuou como fotógrafa de teatro e música e, posteriormente, trabalhou com fotografia editorial. A partir de então, começou a desenvolver projetos pessoais, utilizando a fotografia em objetos e instalações. Seus trabalhos já foram expostos em espaços prestigiados como a Bienal Internacional de São Paulo (1998) e a Bienal de Havana (em 1997 e 1999). Em 1997, recebeu o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte e, em 2000, a Bolsa de Artes da Fundação Vitae.
O HOMENAGEADO
SÉRVULO ESMERALDO (Crato/CE, 1929 – Fortaleza/CE, 2017) – Escultor, gravador, ilustrador, pintor, que começou sua trajetória pela xilogravura. Na década de 1950, trabalhou como gravador e ilustrador para o jornal Correio Paulistano. Em 1956, funda o Museu da Gravura, na cidade do Crato, Ceará. Em 1957, apresenta uma exposição individual no MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo. Já na ocasião, suas obras revelavam, segundo o crítico de arte Frederico Morais, um interesse maior pela forma do que pelo tema. Sérvulo já iniciava seu caminho em direção à abstração. Progressivamente, irá se voltando para a produção construtiva e as formas irregulares. Ainda em 1957, vai para Paris estudar. Vive na França até o ano de 1978. Lá, começa a trabalhar com gravura em metal. Em meados da década de 1960, integra-se ao movimento da arte cinética, realizando a série Excitáveis, com quadros e objetos movidos pela eletricidade estática.
Ao retornar ao Brasil, fixa-se em Fortaleza e começa a trabalhar com chapas de aço laqueado, produzindo esculturas com planos dobrados e pintados. Em 1978, cria a Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, na capital cearense, da qual foi curador de 1986 a 1991. Em 1981, realiza uma série de peças brancas em que inscreve formas geométricas vazadas. Na década de 1990, entre outros trabalhos, faz relevos em que sulca linhas rigorosas em superfícies bidimensionais de aço. Em 2001, radicaliza esse princípio. Trabalha com linhas regulares de aço, com as quais desenha formas geométricas tridimensionais no espaço.
Em 2011, a Pinacoteca do Estado faz uma retrospectiva de seu trabalho. A obra de Sérvulo Esmeraldo integra o acervo dos principais museus do país, além de coleções públicas e privadas.
MARCANTONIO VILAÇA – A personalidade que dá nome ao prêmio nasceu em Recife, em 30 de agosto de 1962. Em 1992, inaugurou em São Paulo a galeria Camargo Vilaça, com a sócia Karla Meneghel, que acabou se tornando a mais importante referência para a arte brasileira nos anos 1990 e promovendo a projeção internacional da arte contemporânea brasileira. Marcantonio Vilaça morreu precocemente no dia 1º de janeiro de 2000, aos 37 anos de idade, em Recife. Como reconhecimento aos inestimáveis serviços prestados à cultura, o governo brasileiro outorgou-lhe (post mortem) a mais alta condecoração do país, a Ordem do Rio Branco.