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dezembro 18, 2009
II Concurso Mário Pedrosa de Ensaios sobre Arte e Cultura Contemporâneas - Premiados
O II Concurso Mário Pedrosa de Ensaios sobre Arte e Cultura Contemporâneas, promovido pela Diretoria de Cultura da Fundação Joaquim Nabuco colhe o início de seu processo de consolidação como fórum de adensamento e divulgação do pensamento crítico nacional.
Com relação à edição passada houve um aumento de quase 1.000% do número de inscrições, saltando de 5 para 48. A comissão formada por Glória Ferreira, Miguel Chaia, Renato Janine Ribeiro e Cristiana Tejo analisou ensaios provenientes de São Paulo (16), Pernambuco (7), Rio de Janeiro (7), Minas Gerais (5), Rio Grande do Sul (3), Ceará (2), Goiás/DF (2), Paraíba (2), Paraná (2), Santa Catarina (2) e Bahia (1).
Premiados:
1º lugar- Pseudônimo: Pedro Riva; Autor: Adolfo Pedro Arribas Montejo (RJ)
"Os paradoxos da imagem: artes versus imagem"
2º lugar - Pseudônimo: Aurora Monteiro; Autores: Ticiano Pereira Monteiro e Luana Veiga (SC) "Citação/Plágio/Mentira/Roubo. Estratégias da produção contemporânea: apropriações e rearticulações"
3º lugar - Pseudônimo: Francisco Gomes; Autor: Fabio Allan Mendes Ramalho (PE)
"A crise da utopia do trabalho na América Latina: relatos de fuga e desolação nas margens"
Devido à grande quantidade de trabalhos relevantes apresentados para este certame, a comissão decidiu conceder menção honrosa e publicação no livro do concurso para os seguintes ensaios:
- Pseudônimo: Maria das Graças, autora: Marisa Flórido César (RJ)
"Humanidades Por Vir, "
- Pseudônimo: Heitor Villa-Lobos, autor: Carlos Eduardo Pereira Bernardes (PE)
"Crise e utopias nas obras coral-sinfônicas de Jorge Antunes no limiar do novo milênio"
- Pseudônimo: Robert Céard, autor: Paulo de Tarso Carvalho (PE)
"Precarité: notas sobre o narcisismo na arte"
Os analisadores constataram a alta qualidade do material submetido e ressaltaram a importância que o certame tem ao mapear as pesquisas, linhas teóricas e interesses do que está sendo produzido e elaborado nacionalmente no campo da cultura no Brasil.
Obedecendo ao edital, os ensaios foram apresentados com o pseudônimo de seus autores. Inicialmente, foi apresentado por cada examinador um grupo de ensaios com potencial para concorrer ao prêmio. Após minuciosa discussão desses ensaios apresentados, elaborou-se uma lista que foi analisada e discutida conjuntamente.
Os membros da comissão basearam-se nos critérios previstos no edital: relação com a temática exigida, contribuição para o entendimento da interação entre o campo artístico e as mudanças socioeconômicas e políticas, originalidade no tema, originalidade na abordagem, consistência na argumentação, clareza e correção lingüística e a formatação exigida (artigo 9º).
Tomou-se ainda como critério de avaliação o tom autoral dos trabalhos e sua consonância com o gênero ensaístico, com a originalidade que o caracteriza, além de considerar a diversidade de formas de posicionamento a partir da América Latina.
Resumo dos trabalhos premiados
Adolfo Montejo - O autor aborda os conflitos que envolvem a imagem em uma sociedade estetizada, problematizando a relação arte-visualidade, com indagações pessoais que expressam uma criativa e consistente estrutura de pensamento. O texto aborda as tensões que atravessam a contemporaneidade, apontando, no tempo, indícios de vários significados da história. Nesse sentido, ganha dimensão na análise a conflituosa relação que se estabelece entre arte e cultura, trazendo os indícios da presença da crise da utopia no pensamento e na cultura atuais. Ensaísta de mão cheia, o autor compõe uma obra plenamente aberta, com inúmeras hipóteses que podem ser desenvolvidas e que dão pleno sentido às possibilidades do conhecimento.
Ticiano Monteiro e Luana Veiga - Neste ensaio, estão simultaneamente presentes um texto em rede, para analisar a arte em rede, e uma clara aproximação entre sujeito reflexivo e objeto de estudo. Nesse sentido, o ensaio se faz por meio de um estilo que se ajusta perfeitamente ao tema tratado, mostrando ao mesmo tempo a criatividade da escrita e uma sui generis estrutura de apresentação e análise. O tema da utopia esparrama-se por todo o texto, em bem fundamentada explicitação teórica dos desdobramentos da transgressão que se chamam citação, plágio, mentira, roubo.
Fabio Allan Ramalho - Criativo ensaio que retoma a história do pensamento político com viés marxista, de forma inusitada, ao realizar uma crítica interna à teoria e ao imprimir atualidade a conceitos clássicos. Tendo por base a matriz trabalho e a referência classe trabalhadora, o ensaio relaciona o declínio das utopias revolucionárias no subcontinente latino-americano às vivências cotidianas de trabalhadores em várias situações de existência. O autor traz originais análises nos campos da literatura e do cinema, mostrando-se atento à tragicidade presente em diversas situações no mundo do trabalho.