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novembro 12, 2008
27ª BIENAL DE SÃO PAULO – SEMINÁRIOS
27ª BIENAL DE SÃO PAULO – SEMINÁRIOS
Como comprar: clique aqui para se informar
R$ 69
Formato fechado: 18 X 24 cm
Páginas: 440
Imagens em p&b
Peso: 750 g
Autores: Jochen Volz, Jürgen Harten, Stéphane Huchet, Ricardo Basbaum, Dorothea Zwirner, Rirkrit Tiravanija, Lisette Lagnado , Adriano Pedrosa, Jessica Morgan, Eyal Weizman, Beatriz Colomina, Ana Maria Tavares, Guilherme Wisnik, Marjetica Potrc, Cristina Freire, Tony Chakar, Renato Janine Ribeiro, João Frayze-Pereira, Viktor Misiano, Jean-Marc Poinsot, Minerva Cuevas, Jane Crawford, Celso Favaretto, Jeanne Marie Gagnebin, Yuko Hasegawa, Peter Pal-Pelbart, Rosa Martínez, Renata Salecl, Maria Rita Kehl, Carlos Jiménez, Paulo Herkenhoff, Nicolas Bourriaud, José Roca, José Carlos Meirelles, David Harvey, Manuela Carneiro da Cunha, Marina Silva, Denise Grinspum, Marcos Moraes, Barbara Hess
Organização: Lisette Lagnado, Adriano Pedrosa, Cristina Freire, Rosa Martinez, José Roca e Jochen Volz
Editora Cobogó
Sumário:
Lisette Lagnado - Introdução
MARCEL, 30
Introdução - Jochen Volz
A águia, do Oligoceno até nossos dias - Um título menos do que apropriado - Jürgen Harten
No ar: os curtos-circuitos alegóricos de Marcel Broodthaers - Stéphane Huchet
Deslocamentos rítmicos: o artista como agenciador, como curador e como crítico - Ricardo Basbaum
Marcel Broodthaers: Correspondência além do silêncio - Dorothea Zwirner
Hyde Park Corner, nos mínimos detalhes - Rirkrit Tiravanija
De quem sou contemporâneo? - Lisette Lagnado
ARQUITETURA
Introdução - Adriano Pedrosa
A arquitetura como arte e a arte como arquitetura - Jessica Morgan
Destruição “inteligente” - Eyal Weizman
Dupla exposição: Alteração de uma casa suburbana (1978) - Beatriz Colomina
Suspensão, mobilidade, deslocamentos, rotações: Arte e arquitetura feitas natureza-morta - Ana Maria Tavares
O “informe” e a ponte truncada entre arte e arquitetura - Guilherme Wisnik
Os dinâmicos Bálcãs: Um modelo operacional para União Européia? - Marjetica Potrc
RECONSTRUÇÃO
Reconstrução: Uma introdução - Cristina Freire
A praça dos Mártires revisitada - Tony Chakar
A necessidade e as dificuldades da reconstrução - Renato Janine Ribeiro
Arte e trauma: Restauração da subjetividade - João Frayze-Pereira
Como viver junto: das “comunidades confidenciais” às “comunidades operacionais” - Viktor Misiano
Uma companhia para a reconstrução Pintura/Escultura, 1971, uma obra eliminada - Jean-Marc Poinsot
Arte e mudança social - Minerva Cuevas
VIDA COLETIVA
Lisette Lagnado Introdução
Gordon Matta-Clark e a vida coletiva no Soho durante os anos 1970 - Jane Crawford
60/70: Viver a arte, inventar a vida - Celso Favaretto
Como podemos viver junto? Uma comunidade de estrangeiros - Jeanne Marie Gagnebin
Criando lugares e espaços para viver junto - Yuko Hasegawa
Como viver só - Peter Pal-Pelbart
TROCAS
Introdução - Rosa Martínez
“Seja autêntico!” – Arte e subjetividade no capitalismo tardio - Renata Salecl
- Olhar no olho do outro - Maria Rita Kehl
Ernesto Neto - Ser gentil
O grande teatro de Oklahoma - Carlos Jiménez
Fluxos desiguais - Paulo Herkenhoff
“Estética relacional”, a política das relações - Nicolas Bourriaud
ACRE
Introdução - José Roca
Os índios isolados do Acre e seus territórios - José Carlos Meirelles
O Acre numa perspectiva global - David Harvey
A Amazônia como voragem da história: impasses de uma representação literária - Francisco Foot Hardman
Conhecimento tradicional e conhecimento científico podem viver juntos? O exemplo do Acre -Manuela Carneiro da Cunha
O direito à terra - Marina Silva
APÊNDICE
A 27ª Bienal de São Paulo e seu projeto educativo - Denise Grinspum
Residência artística ou a experiência de ser estrangeiro - Marcos Moraes
“Não é um filme sobre arte”: As exposições televisivas da Fernsehgalerie Gerry Schum 1969-1970 - Barbara Hess
Apresentação:
No momento em que uma nova Bienal é inaugurada no Pavilhão do Ibirapuera, livro reúne artigos sobre as discussões da exposição anterior, organizada por Lisette Lagnado.
Maria Rita Kehl, David Harvey, Tony Chakar e Celso Favaretto estão entre os autores dos textos
O livro 27ª Bienal de São Paulo – Seminários é o terceiro volume e completa o projeto editorial daquela Bienal, que se iniciou com o primeiro volume 27ª Bienal de São Paulo – Guia e o segundo volume 27ª Bienal de São Paulo – Catálogo
O projeto curatorial da 27ª Bienal de São Paulo inaugurou suas atividades em janeiro de 2006, com um programa de Seminários internacionais - abordagem inédita no Brasil para compreender o real significado de uma das mostras de maior prestígio internacional.Até novembro daquele ano, durante dois dias seguidos e divididos em três sessões, um mesmo tema foi debatido por seis convidados.Cada curador da equipe assinou a organização de um seminário: Jochen Volz para Marcel, 30, Adriano Pedrosa para Arquitetura, Cristina Freire para Reconstrução, Lisette Lagnado para Vida coletiva, Rosa Martinez para Trocas e José Roca para Acre.Estes tópicos eram, inicialmente, os “blocos” que serviriam de estrutura para a construção da Bienal, Como viver junto, título emprestado dos cursos de Roland Barthes no Collège de France (1976-77).No lugar de aparecerem em segmentos diferenciados na montagem, optou-se para uma assinatura coletiva da mostra, enquanto estas pautas foram paulatinamente explicitando os convites aos artistas, sua afinidade e engajamento com o projeto curatorial.
Com essa prática, a curadoria tinha o objetivo de abandonar o caráter episódico de uma exposição de dois meses e meio, evidenciando a necessidade de transcender as paredes expositivas do pavilhão, abrir-se para o debate público e conquistar suportes diferenciados.Com participantes das mais diversas áreas e com um caráter multidisciplinar, os Seminários foram um marco importante da Bienal.
outubro 19, 2007
Catálogos MAMAM: Carmela Gross
Catálogos MAMAM: Carmela Gross
Preço: R$ 11 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha, João Musa, Marcelo Nitsche, Rômulo Fialdini
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Projeto sem fim, de Moacir dos Anjos
Há alguns sentidos que perpassam a obra inteira de Carmela Gross, embora nunca do mesmo modo ou como conjunto indiviso. Formam, ao contrário, trama densa de idéias, formas e inquirições, cimento de uma trajetória avessa à especialização. Aquilo que num trabalho é apenas sugerido, noutro pode aflorar como ênfase e presença legível. De maneira análoga, o que foi já conceito explicito pode, pouco ou muito depois, aparecer quase somente como sombra ou vestígio. Por vezes, um trabalho transborda no seguinte, prova de sedimentação e amadurecimento de um percurso feito. Noutras, é o trabalho novo que, promovendo cortes no caminho seguido, resignifica o antigo, dando a ver, de modo distinto, algo que era antes entendimento assentado. Confirmando o já conhecido ou alargando o seu poder de cognição, os muitos e diversos trabalhos da artista reforçam uns os significados dos outros e conferem coerência e espessura a uma obra crítica de si e curiosa do mundo que a envolve.
Catálogos MAMAM: Doações 2001-2004
Catálogos MAMAM: Doações 2001-2004
Adriana Varejão, Albano Afonso, Alex Flemming, Alexandre Nóbrega, Alice Vinagre, Antonio Dias, Brígida Baltar, Carlos Fajardo, Carlos Mélo, Carmela Gross, Cildo Meireles, Daniel Senise, Delson Uchôa, Eduardo Frota, Elida Tessler, Emmanuel Nassar, Ernesto Neto, Eudes Mota, Flávia Ribeiro, Flávio Emanuel, Gil Vicente, Guita Charifker, Jeanine Toledo, José Patrício, José Paulo, José Rufino, Lucia Koch, Manoel Veiga, Marcelo Coutinho, Marcelo Silveira, Martinho Patrício, Maurício Castro, Nazareno, Nelson Leirner, Oriana Duarte, Paulo Bruscky, Paulo Meira, Regina de Paula, Rivane Neuenschwander, Roberto Lúcio, Rodolfo Mesquita, Sandra Cinto, Vicente de Mello, Vik Muniz
Preço: R$ 33,50 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 22 x 26 cm
Nº páginas: 96
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 465g
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Arnaldo Pappalardo, Breno Laprovítera, Flávio Lamenha, Fred Jordão, Juliana Rocha, Manoel Veiga, Mario Grisolli, Rogério Ribeiro, Vicente de Mello
Exposição: 16 de novembro de 2004 a 30 de janeiro de 2005
Fragmento do texto Exposições, acervos e política institucional
A programação do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM tem-se pautado, desde a sua criação, em 1997, pela ambigüidades que permeia as atividades da maior parte dos museus de arte moderna brasileiros: embora criados como instituições voltadas à conservação e à difusão da arte moderna, esses museus assumem, no ambiente institucionalmente rarefeito do país, a responsabilidade por também expor artistas (maduros e jovens, de suas regiões ou dos mais diversos cantos) que partilhem a condição de serem construtores ativos da visualidade contemporânea.
Adicionalmente, e também de modo similar ao que ocorre com a maior parte dos museus de arte moderna e contemporânea brasileiros, a realização das exposições do MAMAM - sejam elas individuais ou coletivas - depende, em grande medida, do empréstimo de acervos de colecionadores privados, de galerias, de outras instituições, ou dos próprios artistas. Se essa situação indica a incapacidade da sociedade brasileira de formar acervos públicos e atualizados até mesmo das produções de seus mais importantes criadores, ela tem também permitido a ampliação do repertório visual à disposição daqueles a quem esses museus servem, atualizando o seu olhar e oferecendo o contato com formas diversas de negociação artística com o mundo.
outubro 1, 2007
Catálogos MAMAM: Temporal PE
Catálogos MAMAM: Temporal PE
Alexandre Nóbrega, Betânia Luna, Dantas Susassuna, Eudes Mota, Fernando Augusto, Flavio Emanuel, José Paulo, Marcelo Coutinho, Marcelo Silveira, Marcio Almeida, Maurício Silva, Oriana Duarte, Rinaldo
Preço: R$ 8 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 21 x 30 cm
Nº páginas: 28
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 199g
Projeto Gráfico: Aurélio Velho & Luciana Calheiros
Fotos: Elpídio Suassuna
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
setembro 28, 2007
Catálogos MAMAM: Desenhos, de Gil Vicente
Catálogos MAMAM: Desenhos, de Gil Vicente
Preço: R$ 45 + correio
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Formato fechado: 23 x 28 cm
Nº páginas: 87
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 585g
Edição bilíngüe: português/inglês
Textos: Agnaldo Farias, Marcus Lontra, Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Módulo Design & Ilustração
Fotos: Flávio Lamenha
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto de Agnaldo Farias
O desenho é grande, por volta de um metro e meio por um e setenta. Para realizá-lo, o artista dividiu p papel em seis pedaços iguais. Um papel espesso e resistente, capaz de suportar as sucessivas camadas de nanquim com as quais ele era empapado. Bastante poroso também. O nanquim escorria pela sua superfície e infiltrava se em seus alvéolos, como se quisesse apagar desde dentro, do âmago, a luz branca e intensa que de lá se elevava.
O processo continha poucos passos e o artista levava-o desenvolto, sem se alhear do movimento em volta, um pouco ao ritmo da música que aumentava o calor já grande daquela hora, consciente dos funcionários que por ali trançaram desempenhando suas tarefas, sem deixar de dar atenção ao amigo que veio visitá-lo e que desfiava piadas recostado no batente da porta para melhor aproveitar a brisa inexistente Com a atenção bifurcada entre dentro e fora don trabalho que estava executando, ele definitivamente não possuía a parentesco com a imagem romântica do artista atormentado, para quem a solidão e o silêncio são os únicos companheiros aceitáveis. De quando em quando, aplicava com destreza pinceladas largas, carregadas de nanquim, justapostas, até recobrir toda a área previamente pintada. Em seguida, buscando uma difusibilidade maior do nanquim, borrifava todo o papel até quase encharcá-lo. Depois, sem amainar a conversa, esperava-o secar. Avaliava então o resultado e reiniciava o processo.
setembro 24, 2007
Catálogos MAMAM: 2000-1
Catálogos MAMAM: 2000-1
Alexandre Nóbrega, Betânia Luna, Carlos Mélo, Eudes Mota, Flávio Emanuel, Giovanna Pessoa, Ismael Portela, Marcelo Coutinho, Marcelo Silveira, Oriana Duarte, Paulo Meira
Preço: R$ 8 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 23 x 23 cm
Nº páginas: 36
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 210g
Textos: Betânia Luna, Fernando Cocchiarale, Flávio Emanuel, Marcus de Lontra Costa, Marcelo Coutinho, Moacir dos Anjos, Tadeu Chiarelli
Projeto gráfico: Cuadro design
Fotos: Elpídio Suassuna, Flávio Lamenha, Hans Manteuffel
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Outras palavras, de Marcus de Lontra Costa
Trata-se de reivindicar a ocupação de um espaço institucional pela ação inevitavelmente contestadora da arte contemporânea. Trata-se de reconhecer a pertinência da dúvida, inquietude do gesto, o desafio, o abismo. Trata-se de criar uma nova ordem em meio ao caos, construindo um corpo tangível que dialogue entre os suores, entre os olhares. Esse seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que não posso acreditar...
A geografia, se existe, não se justifica pela tatuagem. Ela supera a epiderme, penetra, invade, contamina as víceras. A cicatriz é apenas o registro interno dessa incisão num corpo, num Ser, numa existência. Todos trazemos em nosso próprio corpo as marcas de todas as histórias vividas, sentidas, pressentidas. Elas são o raio de nossas estranhas geometrias. Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, que é pra te dar coragem...
Catálogos MAMAM: Gravuras Engravings, de Alexandre Nóbrega
Catálogos MAMAM: Gravuras, de Alexandre Nóbrega
Preço: R$ 11 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 21 x 27 cm
Nº páginas: 28
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 205g
Edição bilíngüe: português/ inglês
Textos: Moacir dos Anjos
Tradução: Alquimia
Fotos: Elpídio Suassuna, Flávio Lamenha, Rômulo Fialdini
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Dez pedaços de um território vasto , de Moacir dos Anjos
São dez gravuras e dez teorias. A ambição de que expliquem o universo, anunciada no título da obra, não deve ser tomada por desmedida. Nem por sua suposta amplitude nem por subverter os termos usuais de reconhecimento do que é portador de estatuto teórico e científico. Já na primeira Teoria, Alexandre Nóbrega fornece indicações dos limites simbólicos que estabelece como fundadores desses novos trabalhos e demarcadores de seu alcance: ao esboçar a imagem de uma figura humana no centro do espaço gravado, parece sugerir que é a partir do homem que o universo ao qual se refere se organiza. 0 fato de que em diversas outras teorias/ gravuras se encontrem imagens que são recorrentes nas suas pinturas/ desenhos revela, ademais, que o escopo do universo que investiga é aquele que ele próprio inventa, por meio de seus trabalhos, no decorrer do tempo.
Mesmo munido dessa chave explicativa não cabe avançar, por meio do uso da palavra, interpretações sobre os sentidos de cada uma das teorias. Fazê-Io significaria objetar o poder cognitivo que elas declaram possuir e contestar sua capacidade de, prescindindo de quase todo o resto, afirmar a visualidade como o campo privilegiado de conhecimento que rege o processo criativo do artista.
Catálogos MAMAM: Gilvan Samico
Catálogos MAMAM: Gilvan Samico
Preço: R$ 17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 11 x 17 cm
Nº páginas: 84
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 98g
Textos: Agnaldo Farias, Ariano Suassuna, Ferreira Gullar, Frederico Morais, Moacir dos Anjos, Weydson Barros Leal
Projeto Gráfico: Zoludesign
Fotos: Breno Laprovítera
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto O outro lado do rio, de Moacir dos Anjos
Em cada xilogravura de Gilvan Samico há o sinal do aprendizado que matura e se assenta. Nas primeiras, feitas ainda na década de 1950, era clara a presença dos mestres do ofício escolhido - Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi -, dos quais recebeu lições diversas: do primeiro, a autonomia gráfica e a exuberância do traço: do segundo, o uso contido da cor e do espaço. Lições que, nesse período formativo, serviram à representação de seu entorno provisório (São Paulo inicialmente, depois Rio de Janeiro) ou de lugares distantes lembrados (Recife, sobretudo). Deixando-se levar, alternadamente, pela força dos ensinamentos que herdou - ou combinando-os, de modo singular, em uma mesma imagem -, soube, com inventividade e rigor, depois transmudá-los em linguagem nova. Transformação que se dá no início do decênio seguinte, quando o artista confronta as técnicas adquiridas com o universo criativo do romanceiro popular do nordeste do Brasil.
setembro 17, 2007
Catálogos MAMAM: Carlos Mélo e Elida Tessler
Catálogos MAMAM: Carlos Mélo e Elida Tessler
MAMAM no Pátio
Preço: R$ 11 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 16
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 37g
Fotos: Flávio Lamenha
Textos de Ana Luisa Lima, Joana D'arc de Spusa Lima e Júlia Rebouças
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto A vida [somente no pátio] modo de usar, de Ana Luisa Lima
Parece que a obra de arte desde que deixou a bidimensionalidade e expandiu-se no espaço criou um hiato entre ela e público. Nem tão óbvia, nem tão obscura, a arte contemporânea apenas requer um pouco mais de esforço por parte dos seus perscrutadores. A liberdade na forma e conteúdo da linguagem da arte-agora tornou os parâmetros mais elásticos, exigindo que o observador seja cada vez mais cuidadoso. Quando for se deparar diante de uma obra, objeto, ambiente de arte, aquele olhar estático e imediato já não será suficiente para absorver este novo modelo.
A artista gaúcha Elida Tessler produz obras que se entranham. Aproximar-se de uma proposta como a dela requer uma outra instância de percepção da arte que permita enxergar a obra não como um trabalho singular com significado encravado em si mesmo, mas como parte de uma trajetória: o como ela foi feita, quando e por quem.
setembro 14, 2007
Catálogos MAMAM: Hanging
Catálogos MAMAM: Hanging
Alejandra Icaza, Alessandro Raho, Beatriz Milhazes, Christian Schumann, Elizabeth Peyton, Franz Ackerman, Hiroshi Sugito, Nicola Tyson, Richard Phillips, Sean Landers
Preço: R$ 8 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 22 cm
Nº páginas: 24
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 89g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Márcia Fortes
Organização: Paço Imperial - MinC / Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Hanging out, de Márcia Fortes
Minha função é definir e, ao mesmo tempo, preservar a indefinição. hanging é uma compilação de obras feitas por dez jovens artistas, vindos de distintos pontos do globo - Ásia, Europa, Américas do Norte e SuI. Sem fronteiras geográficas, temáticas ou estilísticas, hanging é um amálgama das sensibilidades que compõem a paisagem da mais recente pintura contemporânea.
São artistas que escolheram pintura como uma opção sobre outras mídias dominantes, como fotografia, vídeo, ou instalação, Existem todos esses outros meios para se comunicar com uma audiência criada pela televisão, propaganda e informação global. Mas o desejo básico de fazer uma pintura ainda está aqui. É um antídoto intimista, por exemplo, para todas essas atividades de grupo que vêm acontecendo nos últimos anos - movimentos de sexo, raça, identidades genéricas. Pintar é a coisa mais solitária que se pode fazer.
Catálogos MAMAM: Adoração, de Nelson Leirner
Catálogos MAMAM: Adoração, de Nelson Leirner
Preço: R$ 40 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 22 cm
Nº páginas: 140
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 285g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Entrevista: Adolfo Montejo Navas, Agnaldo Farias, Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Adoração, de Moacir dos Anjos
Logo no início do romance O Jogo da Amarelinha, seu autor, Julio Cortázar, faz uma advertência aos leitores: o que eles têm nas mãos não é um livro apenas, mas muitos. Para provar seu intento criativo sugere, ele mesmo, duas possibilidades de leitura. A primeira seria lê-lo na forma corrente até o capítulo 56 e prescindir dos 99 restantes, sem prejuízo da construção de um sentido para o que havia escrito. A segunda forma de ler o livro seria inicia-lo já no capítulo 73, daí passar para o 1,o 2,o 116, etc., seguindo uma ordem indicada ao fim de cada um dos 155 capítulos. Há ainda, contudo, o desejo implícito de que o próprio leitor "crie" outros livros, articulando os capítulos de modos distintos ou suprimindo parte deles, alterando, com isso, o significado dos acontecimentos narrados e a reação dos personagens a essas novas situações.
A extensa obra de Nelson Leirner também não é somente uma, mas muitas. Há nela sentidos diversos que se sobrepõem ou se apartam no tempo. Sentidos que são postos à luz ou mantidos em sigilo a depender de quais trabalhos são dados a ser vistos e de que maneira são articulados entre si pelo artista. Ao longo dos anos, alguns desses significados foram mostrados em exposições amplas e discutidos em publicações de caráter antológico ou retrospectivo. Em outras ocasiões, apenas fragmentos de sua obra foram exibidos, fazendo alusões fortes, contudo, aos sentidos possíveis que o conjunto de seus trabalhos possui.
setembro 13, 2007
Catálogos MAMAM: Armazém do Tudo, de Marcelo Silveira
Catálogos MAMAM: Armazém do Tudo, de Marcelo Silveira
Preço: R$ 42 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 17 x 20 cm
Nº páginas: 116 / capa dura
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 457g
Edição bilíngüe: português/francês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: François Tardieux
Projeto gráfico: Martinho Patrício e Valquíria Farias
Fotos: Flávio Lamenha, Jailton Moreira, Manoel Veiga, Wilton Montenegro
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Armazém do Tudo, de Moacir dos Anjos
A obra de Marcelo Silveira expressa, desde quase o seu início, a natureza imprecisa e híbrida da produção visual contemporânea, em que os meios se misturam e o espaço da produção artística se confunde com o âmbito alargado da cultura. Embora se deixe, em contato ligeiro, classificar como escultura, parte significativa dela não cabe nas convenções que demarcam o campo escultórico,esgarçando mais ainda as fronteiras, há muito já frágeis, que apartam esse campo dos terrenos da pintura, do desenho ou da instalação. Trabalhos de épocas distintas tipificam, de formas as mais diversas, esse desconforto de origem que anima a produção do artista. Ainda na primeira metade da década de 1990, Marcelo Silveira fez peças esculpidas em madeira e recobertas com caulim,interferindo na argila clara (riscando-a e apondo-Ihe pequenas peças de metal) de modo a realçar suas nuances cromáticas. Embora já deixasse evidente, nesses trabalhos, o seu interesse pela criação tridimensional (e o pouco apego à representação), também neles incorporava, sem hierarquais claras, as informações sobre pintura que trazia do lugar (Recife) e do momento (década de 1980) em que primeiro se formara como artista. Também exemplares sobre a indistinção dos meios que emprega são os muitos objetos de arame retorcido e enrolado, por ele chamados de Rabiscos [1994], nos quais se aliavam uma inequívoca autonomia como objetos e a sugestão de serem, como o título indica, riscos efêmeros com que parecia querer desenhar no espaço o que não caberia em qualquer superfície. Noutro trabalho de classificação ambígua [Cajacatinga, 1997], Marcelo Silveira recorta, Iixa e fura diversos e pequenos pedaços de madeira, atravessando-os depois com fios de arame e prendendo-os à parede em linhas paralelas. Assim dispostos, evocam sinais caligráficos desconhecidos que poderiam, em potência, construir quaisquer vocábulos sobre o pIano onde estão atados; assemelham-se também, contudo, a traços feitos em madeira que esperam somente a vontade do artista para transmutar-se em formas decididamente tridimensionais. Nesse inventário de construções incertas, inclui-se o objeto alongado que, feito um pouco mais tarde e esculpido igualmente em madeira, serve de molde para desenhos realizados diretamente sobre a parede, onde o próprio objeto é afixado, por fim, como parte do trabalho.
Catálogos MAMAM: Sandra Cinto
Catálogos MAMAM: Sandra Cinto
Preço: R$ 11 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto A salvação dos restos, de Moacir dos Anjos
Ao longo já de alguns anos, Sandra Cinto inventaria o que não está mais (ou ainda) ao seu alcance, expressão de vontade utópica e postura ética de opor-se à perda das coisas do mundo. Fiel a esse intento, a sala onde instala o seu trabalho desperta a impressão vaga do reconhecimento ou rememoração nebulosa do que foi já vivido em outro canto. Com as paredes cobertas por um tom sossegado de verde antigo, o ambiente se enche de luz e prepara os sentidos para a travessia temporal que os elementos nele dispostos sugerem ao visitante.
Sobre pautas musicais - lugar onde se anota o tempo - , a artista desenha imagens saídas do repertório conciso de símbolos que povoam a sua produção: escadas que dão acesso ao nada, pontes que vão a lugar nenhum, velas acesas, candelabros, árvores sem folhas ou frutos, balanços. Afixando fotografias dessas intervenções gráficas sobre as paredes da sala, Sandra Cinto transborda, em seguida, os traços delgados ali feitos para além dos limites dos papéis fotografados: ocupa o espaço quase inteiro com imagens reconhecíveis de experiências sensíveis sem engendrar - deslocadas que elas estão de toda causalidade ou ordem narrativa alguma.
setembro 12, 2007
Catálogos MAMAM: Martinho Patrício
Catálogos MAMAM: Martinho Patrício
Preço: R$ 8 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 21 cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 61g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Maria das Vitórias de Lima
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto O Tecido Como Abrigo, de Moacir dos Anjos
Os objetos de Martinho Patrício reunidos nessa mostra são feitos quase de tecidos somente: veludo, cetim ou linho; alguns lisos. outros tramados em bicos, crepes ou rendas São trabalhos representativos de pouco mais de dez anos de atividade, nos quais o artista criou uma obra singular na arte brasileira contemporânea. Tendo iniciado, na segunda metade da década de 1980, como pintor fortemente influenciado por diversos matizes da arte construtiva (suprematismo, arte concreta, neoplasticismo), logo se deixou impregnar pelo acento forte das coisas que o cercam em seu lugar de origem (Paraíba), promovendo o amolecimento gradual da rigidez construtiva diante da maciez da matéria eleita para uso. Atualiza e expande, assim, o projeto neoconcreto brasileiro, o qual buscava contrapor-se à exacerbação racionalista da arte e torná-la em algo perto da experiência vivida.
A utilização do tecido como suporte privilegiado desses trabalhos se ancora em referências fortes do cotidiano do artista, desde cedo cercado por um repertório variado de formas litúrgicas e lúcidas feitas de engenho e pano. Embora próximas a formas construtivas cultas, essas outras formas não são fixas ou rijas, cedendo ao sopro do vento e à proximidade do corpo humano.
setembro 11, 2007
Catálogos MAMAM: Inventário, de Emil Forman
Catálogos MAMAM: Inventário, de Emil Forman
Preço: R$ 17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 16
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 45g
Texto: Ileana Pradilla Cerón
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 11 de maio a 9 de julho de 2006
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Emil Forman | Inventário, de Ileana Pradilla Cerón
Ainda adolescente, Emil Forman costumava ocupar espaços de sua casa com seu universo imaginário. Acumulações e montagens non sense de objetos encontrados ou apropriados, invadiam o seu quarto e outros ambientes do apartamento da família, alterando esses locais, usualmente devotados à privacidade doméstica. Igualmente, desde a sua primeira exposição individual, em 1973, com apenas 19 anos, Emil começou a ocupar o espaço público da arte com o seu mundo particular, expondo objetos familiares, imagens do seu próprio quarto, fotografias de sua mãe. a sua intimidade, enfim, subtraindo Ihe o seu caráter reservado.
Aparentemente alheias aos movimentos transgressores da contracultura, que marcaram a década de 1970; longe também das atitudes mais ruidosas de protesto contra a situação política do país, naquele momento, essas operações de deslocamento e emaranhamento dos espaços público e privado, propostas por Emil, não deixavam de ser, entretanto, procedimentos perturbadores da ordem. Embora não necessariamente inovadores (deslocamentos em arte acontecem, pelo menos, desde Duchamp e o dadaísmo) eram suficientemente contundentes, porém, para criar estranhamento num mundo pouco vulnerável à surpresa estética.
agosto 31, 2007
Catálogos MAMAM: Alice Vinagre
Catálogos MAMAM: Alice Vinagre
Preço: R$ 8 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 21 cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 59g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha, Roberto Coura
Exposição: 12 de julho a 01 de setembro de 2002
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto As ordens provisórias da invenção, de Moacir dos Anjos
Alice Vinagre tem, desde a década de 1980, trabalhado no campo impreciso em que desenho e pintura se confundem e se tornam quase coisa única. Por vezes são as superfícies de cor densa que parecem querer ofuscar as linhas nelas superpostas, enfraquecendo, desse modo, a intenção narrativa do desenho; noutras, é o interesse pelas histórias traçadas que afastam o olhar do que foi pintado e faz da pintura apenas fundo. Menos por indecisão da vontade do que por interesse repartido, a artista tem mantido, com continuado vigor ao longo dos anos, a tensão em uma obra que afirma o poder cognitivo do fragmento e que recusa a noção de completude.
Os dois trabalhos que apresenta no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães atestam, de modos diversos mas convergentes, o desdobramento fértil desse almejado confronto entre formas expressivas. Em um deles - a instalação Azul - a artista usa dezenas de retângulos modulares de cartão (cada um deles medindo 30 x 115,5 cm) como suportes para seus desenhos/pinturas. Demarcados no interior desses exíguos espaços planos estão campos de azuis variados e linhas que formam espirais, ziguezagues ou labirintos, imagens recorrentes no seu percurso criativo.
Catálogos MAMAM: Emmanuel Nassar
Catálogos MAMAM: Emmnuel Nassar
Preço: R$ 11 + correio
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Formato fechado: 15 x 18 cm
Nº páginas: 16
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 51g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Daniel Mansur, Flávio Lamenha, Leila Reis, Vicente de Mello
Exposição: 8 de julho a 26 de setembro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Tradução de territórios, de Moacir dos Anjos
Observar um conjunto de trabalhos de Emmanuel Nassar (na maior parte dos casos, pinturas) deixa claro um dos impulsos construtivos que mais mobilizam o artista: traduzir, para o campo da visualidade culta e cosmopolita, aquela outra que marca o campo do que é popular e suburbano; transpor, sem a hesitação do cuidado excessivo, códigos visuais presentes em feiras, parques de diversões ou comércio miúdo, naqueles outros criados ao longo da história da pintura. É assim, por exemplo, com o trabalho Garrafas [1995], cujo suporte de madeira é dividido diagonalmente em duas áreas feitas de cores ralas que ecoam tanto a informalidade de pinturas que cobrem ásperas superfícies de barracas quanto a rigidez de princípios concretistas. É também o caso de Mãodrian [1995], onde a segmentação do piano em porções de amarelo, vermelho, preto e um branco sujo - arranjo de cores encontrável em carroças ou letreiros de qualquer canto à margem dos centros urbanos - cria ângulos quase retos e remete, inequivocamente, ao cânone neoplasticista. Além de traduzir imagens que encontra ao acaso em outras onde as aproxima de códigos a elas estranhos, Emmanuel Nassar verte engenhocas populares de usos variados em representações pintadas de construções que não servem para coisa alguma. Em cada Instabile que faz - nome genérico de várias dessas pinturas que remete, com ironia evidente, aos móbiles do artista norte-americano Alexander Calder (1898-1976) - fica manifesto, entretanto, o encantamento pelas articulações precárias que sustentam tais objetos e o seu avizinhamento da tradição moderna da escultura.
agosto 30, 2007
Catálogos MAMAM: Projeto Sem Fim, de Carmela Gross
Catálogos MAMAM: Projeto Sem Fim, de Carmela Gross
Preço: R$ 11 + correio
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Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 12
Impressão: imagens cor
Peso: 35g
Textos: português
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Projeto gráfico: Zolu design
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Texto de Moacir dos Anjos
Fragmento do texto Projeto Sem Fim, de Moacir dos Anjos
Há alguns sentidos que perpassam a obra inteira de Carmela Gross, embora nunca do mesmo modo ou como conjunto indiviso. Formam, ao contrário, trama densa de idéias, formas e inquirições, cimento de uma trajetória avessa à especialização. Aquilo que num trabalho é apenas sugerido, noutro pode aflorar como ênfase e presença legível. De maneira análoga, o que foi já conceito explicito pode, pouco ou muito depois, aparecer quase somente como sombra ou vestígio. Por vezes, um trabalho transborda no seguinte, prova de sedimentação e amadurecimento de um percurso feito. Noutras, é o trabalho novo que, promovendo cortes no caminho seguido, resignifica o antigo, dando a ver, de modo distinto, algo que era antes entendimento assentado. Confirmando o já conhecido ou alargando o seu poder de cognição, os muitos e diversos trabalhos da artista reforçam uns os significados dos outros e conferem coerência e espessura a uma obra crítica de si e curiosa do mundo que a envolve.
Catálogos MAMAM: Quimera, de José Paulo
Catálogos MAMAM: Quimera, de José Paulo
Preço: R$ 11 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 10
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha e Luiz Santos
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Quimera, de Moacir dos Anjos
Há algum tempo José Paulo faz, do barro cozido, expressão e suporte de sua obra. Molda a matéria mole e queima, em forno quente, as formas variadas que cria, tenham ou não elas referentes no mundo visual ou tátil, Se, por meio de seus trabalhos, dá consistência física à argila, conserva, também neles, a fragilidade intrínseca da matéria, pondo o que constrói em risco iminente de quebra. A antiga técnica que usa carrega, por fim, largas referências simbólicas, abrangendo desde a narrativa bíblica da criação ao saber vernacular detido par artífices do barro.
Em período recente criou, em terracota, muitas peças assemelhadas a ovos gigantes. Guardados ou presos em estruturas/ninhos de ferro, esses ovos feitos de barro queimado pareciam estar esperando partirse a qualquer instante, como se sua matéria inerte fora submetida à contaminação anímica. Vistos em retrospecto e a partir da instalação Quimera (2003), tais trabalhos sugerem, além disso. o interesse do artista por mecanismos de manipulação genética.
Catálogos MAMAM: Eudes Mota
Catálogos MAMAM: Eudes Mota
Preço: R$ 17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20 cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 113g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Do rigor e do prosaico, de Moacir dos Anjos
As pinturas de Eudes Mota não resultam do acaso, mas de uma reflexão continuada sobre os significados e a importância que a expressão pictórica pode ainda deter no mundo contemporâneo. Tal questionamento - pouco programático, porém orientador de sua trajetória - faz com que suas pinturas maduras claramente remetam a duas tradições artísticas distintas, sem que, por isso, padeçam de ambigüidade estilística. Por um lado, são devedoras de um interesse pela abstração geométrica do espaço vivido, cujas formulações mais radicais foram feitas, nas primeiras décadas do século XX, pelos russos Kasemir Malevitch (1878-1935) e Alexander Rodchenko (1891-1956), e pelos holandeses Piet Mondrian (1872-1944) e Theo Van Doesburg (1883-1931) Por outro lado, traem um fascínio pela trilha de investigação inaugurada, à mesma época. pelo francês Marcel Duchamp (1887-1968), ocupada em inserir e legitimar, no campo restrito da arte, objetos e imagens banais do cotidiano. Embora discordantes em quase tudo, essas duas vertentes se aproximam por aludirem _ implícita ou explicitamente - ao fim da pintura. Uma, pelo abandono gradual da representação (seja ela mimética ou subjetiva) e redução do próprio espaço pintado em arena auto-referente, onde um redundante "grau zero" da pintura seria supostamente atingido A outra, por assumir, radicalmente, as implicações da mecanização extrema da vida moderna - inclusive das ações relacionadas ao ate de pintar - e questionar, em conseqüência disso, a especificidade do meio frente a quaisquer outros artefatos de utilidade comum.
Embora seja evidente que a pintura contemporânea tenha sobrevivido aos discursos teleológicos das vanguardas modernas, são poucos os pintores que, como Eudes Mota, refletem sobre esse anunciado fim - sempre adiado para um futuro incerto - de modo crítico, valendo-se dos procedimentos básicos que definem o meio e incorporando, simultaneamente, assuntos e ações que põem à prova sua continuada pertinência. Nos trabalhos da série "Gráfico" - desenvolvida, em simultâneo a outras citadas adiante, ao Iongo de vários anos -, o artista traduz anotações da vida ordinária para o espaço codificado da tradição geométrica da pintura.
Catálogos MAMAM: A Coleta da Maresia, de Brígida Baltar
Catálogos MAMAM: A Coleta da Maresia, de Brígida Baltar
Preço: R$ 25 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 15 x 18cm
Nº páginas: 12
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 35g
Texto: Moacir dos Anjos
Projeto gráfico: Zolu design
Exposição: 22 de maio a 31 de agosto de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto A espessura da coleta, de Moacir dos Anjos
Entre 1994 e 2001, Brígida Baltar realizou uma série de ações pouco usuais e com serventia prática nenhuma: coletou, diversas vezes, neblina, orvalho e maresia em variados recipientes de vidro (frascos, tubos, potes), registrando tais atos em fotografias e em curtos filmes silenciosos. Juntas, essas coletas formam o projeto Umidades, tentativa de apreender, simbolicamente, o que são efêmeros fatos naturais. Iniciadas como forma de expandir, para fora da casa, pequenas ações de armazenamento poético de substâncias domésticas (pó desprendido de tijolos, cascas de tinta, gotas de chuva que caem por frestas no telhado), as coletas se tornaram, logo em seguida, empenho ativo e sabidamente vão de capturar o que, por ser intangível e por só existir no ambiente da mata ou da praia, sempre escapa ao aprisionamento material.
Supostamente inócuo. o ato da artista traz em potência, contudo, a ativação alegórica do que é quase sempre visto como substância amorfa e embaciada. Pondo em contato estreito dimensões que poucas vezes se embaralham, suas coletas de umidade (ajudadas, ocasionalmente, por pessoas próximas) avizinham pequenos gestos ordinários a vastos ambientes naturais, tornando visível, por meio desse encontro, o que é quase transparente a olhos acostumados somente ao que é contíguo e sujeito ao tato.
Catálogos MAMAM: Rosângela Rennó
Catálogos MAMAM: Rosângela Rennó
Preço: R$ 17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 135g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 14 de setembro a 16 de novembro de 2006
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Mesmo diante da imagem mais nítida, o que não se conhece ainda, de Moacir dos Anjos
O meio expressivo usado por Rosângela Rennó em seus trabalhos
é, quase sempre, a fotografia, embora se valha, por várias vezes, de texto ou vídeo. Raramente, porém, a artista fotografa. Prefere ater-se ao vasto inventário de imagens já existentes e encontráveis em qualquer parte, investigando, de modos os mais diversos, os seus possíveis e instáveis significados na organização da vida em comum, quer no campo do conflito, quer no do afeto. Ha pressuposto, nesse procedimento, não apenas o fato de que fotografias são arquivadas, mas também o intento de desvelar a ética que comanda a produção e o usa dessas tantas imagens. Sem a pretensão de certeza que o discurso cientifico reivindica - procedendo, antes, à sua abertura ao que é incerto -, elabora uma arqueologia e uma genealogia da fotografia, situando-a como parte integrante de um sistema de saberes e valores que ancora formas de poder em sociedade, as definidas como as difusas. Talvez a principal estratégia utilizada para tanto seja apresentar as fotografias que coleota em lugares distintos - e que escolhe por motivos variados - de uma maneira que cause estranhamento a quem as olhe, ainda que sejam conhecidas ou banais: é quando tornadas opacas por esse deslocamento que essas imagens podem, afinal, ter seus sentidos renovados. Tendo se valido, no inicio de sua trajetória, das fotografias que mais Ihe estavam disponíveis (as suas e as de seus familiares), e ao lançar-se à pesquisa do corpo extenso de imagens produzidas por outros - instituições ou indivíduos - que concede ao seu projeto, contudo, maior potência e foco.
Catálogos MAMAM: Jorge Molder
Catálogos MAMAM: Jorge Molder
Preço: R$ 17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 20
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 81g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto de Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Para onde a linha do tempo corre, de Moacir dos Anjos
Jorge Molder partilhou, desde cedo, o interesse por estudos filosóficos e pela fotografia. Só a partir da década de 1980, contudo, privilegia um modo apenas de acercar-se do mundo, valendo-se menos da faculdade de pensar o real, ou de meramente fixar o visível, do que do desejo de compor imagens que evoquem sensações ou estados situados além do que permite o repertório de descrição ordinário. Em várias séries de fotografias feitas desde então, o artista registra a sua imagem somente: sempre de paletó, olhar em fuga freqüente do contato com a câmara, corpo envolto em ambientes fechados e escuros. Muitas vezes, só o seu rosto (expressão impassível ou distante) é enquadrado nas fotografias, deixando todo o resto na sombra que apaga marcas precisas de espaço e de tempo. Em outras ocasiões, o seu corpo inteiro (ou parte dele) é visto em lugares e momentos indefinidos, ocupado em executar ações das quais também pouco ou nada se pode saber apenas inspecionando as imagens cuidadosamente construídas em preto e branco.
Embora seja tentador entender e classificar tais imagens como auto-retratos, não é ele mesmo (ou, ao menos, não somente) que, a despeito de todas as evidências em contrário, Jorge Molder exibe nas suas fotografias. Emprestando os próprios rosto e corpo a um personagem sem origem, motivação ou ocupação certas, o artista comenta a perda da identidade fixa e da autonomia plena do sujeito no mundo atual, apontando, através do acúmulo de imagens diversas de si mesmo, o seu caráter difuso e fragmentado. Por meio de método de criação tão transparente na feitura quanto complexo no que dele resulta, subverte, como outros artistas também o fazem, a tradição retratista do Ocidente (oriunda da pintura renascentista e que alcança a fotografia moderna), na qual se espera acesso imediato aos traços identitários de quem é figurado. Não põe a sua obra acima ou à parte, contudo, da condição transitória e circunstancial de que tratam as fotografias por ele criadas, deixando-a também próxima às esgarçadas fronteiras simbólicas que precariamente a situam no âmbito somente do estético.
agosto 27, 2007
Catálogos MAMAM: Ernesto Neto
Catálogos MAMAM: Ernesto Neto
Preço: R$17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: André Morin, Boris Beker, Manfred Wegener, Christopher Smith, Lee Stalsworth, Eduardo Ortega, Gabriela Toledo, Noka Wakihiko, Rogério Faissal, Serge Hasenbôhler, Vicente de Mello
Exposição: 16 de setembro a 23 de novembro de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto As dobras, as voltas, os acúmulos e os vazios do trabalho, de Moacir dos Anjos
É difícil nomear, com a certeza que as classificações implicam, o que Ernesto Neto faz. Categorias como as de escultura e instalação, ainda que aplicáveis a parcelas de sua obra, não são capazes de Ihe emprestar um sentido conjunto. Iniciados em meados da década de 1980, é certo, contudo, que seus trabalhos - feitos de matérias diversas - instauram experiências espaço-temporais para quem deles se aproxima. É patente, ademais, a continuidade conceitual no percurso seguido desde então, o qual afirma a herança construtiva - por meio, principalmente, do legado neoconcreto - que informa o trabalho de vários artistas brasileiros pertencentes a sua geração. Há também nessa rota, entretanto, o anúncio claro de interesses concorrentes, os quais estabelecem pontos de confronto com essa herança ou a desdobram em outras direções.
Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander
Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander
Preço: R$17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: imagens cor
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Ahlburg Keate, Cão Guimarães, Dan Dennehy, Eduardo Eckenfels, Eduardo Ortega, Estúdio 459, Seale Studios, Stephen White, Vicente de Mello
Exposição: 16 de setembro a 23 de novembro de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Olhar a poeira, por exemplo, de Moacir dos Anjos
Olhar a poeira, por exemplo. Não como um todo indiviso, nuvem opaca e indistinta. Mas olhar detidamente cada uma de suas pequenas partículas suspensas no ar (e também o espaço exíguo que separa umas das outras), identificando o que não é notável ao senso apressado e comum. Mais ainda: não somente decompor em partes o que se apreende tantas vezes como inteiro, mas aceder ao fato que é da percepção do ordinário e do quase impalpável que se engendra, num processo não consciente de cognição, a percepção do que é relevante e visível. É desse impulso de conhecer o mundo escapando de um juízo totalizador e amnésico de suas porções constitutivas que, ao longo de uma década de produção intensa, Rivane Neuenschwander tem composto uma obra imperméavel, ela mesma, a definições abrangentes.
Valendo-se de modos de expressão variados (instalações, filmes, construção de objetos), a artista torna manifesto o que, na vida corrente, é só rumor, pedaço ou entrevisto. Inexiste nesse intento, contudo, elogio algum ao que é frágil ou contingente, posto que a sua obra não se ocupa de criar refúgio para o desconforto que se possa sentir no mundo. Há, ao contrário, o desejo de dar a potência devida ao murmúrio incessante das pequenas coisas que o formam e habitam, sejam elas uma palavra, um gesto, uma imagem ou um momento. A sutileza de seus trabalhos é da ordem, portanto, daquela encontrada na prosa de Clarice Lispector ou no cinema de Eric Rohmer: afirma que o importante pressupõe o prosaico e dele depende para existir.
agosto 24, 2007
Catálogos MAMAM: Oswaldo Goeldi
Catálogos MAMAM: Oswaldo Goeldi
Preço: R$ 17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 81g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Testamento e testemunho, de Moacir dos Anjos
Nascido no Rio de Janeiro em 1895, Oswaldo Goeldi passou dos 6 aos 24 anos na Suíça, onde iniciou suas atividades como desenhista e, em seguida, como gravador. Essa experiência européia e a inadaptação ao provinciano ambiente artístico do Rio de Janeiro à época de sua volta marcariam o contéudo e a forma que a sua obra iria adquirir dai em diante. Não fosse a escolha da xilogravura como meio privilegiado de construção de imagens - o qual refreia a rapidez possível do gesto -,o artista talvez houvesse se submetido aos excess os expressionistas então em voga na Europa. 0 tempo e o esforço necessários ao entalhe da matriz da gravura, contudo, mediaram o embate entre as demandas intelectuais de um artista em formação e as frustrações impostas por um meio cultural ainda acanhado, conferindo à sua obra rigor ético e formal.
Nas imagens urbanas criadas por Oswaldo Goeldi há pouco espaço para o encontro fortuito ou para o congraçamento. Embora se passem, quase todas, do lado de fora das casas, não há nelas sinais de vida partilhada ou pública. Há, ao contrário, indícios de solidão profunda, em que figuras pequenas e curvadas traçam caminhos incertos ao longo de becos, ruas e praças de uma cidade hostil ou indiferente aos dramas de cada um. Em outras composições, não há sequer a presença humana, mas somente objetos de uso doméstico abandonados no chão, índices da completa desimportância e desamparo dos seus donos. Há, também, nas suas gravuras, um perturbador silêncio. todo o som suposto abafado pelo escuro que as domina, o qual é só rompido por finos rasgos de luz branca ou pequenas superfícies de cor. Quase nada, ademais, acontece no espaço gravado, com narrativas sugeridas e abortadas no mesmo instante. A passagem do tempo parece, por isso tudo, ter sido suspensa, como se para obrigar o observador a sentir o peso e a densidade de cada uma das cenas.
Catálogos MAMAM: Delson Uchôa
Catálogos MAMAM: Delson Uchôa
Preço: R$ 17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 114g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha, Celso Brandão
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Primeiro cegam, depois iluminam, de Moacir dos Anjos
Iniciada na década de 1980, a trajetória de Delson Uchôa pode ser repartida em duas, embora a parcela mais recente guarde e atualize conquistas feitas na primeira. Com vários pintores de sua qeração, explorou, em seus anos de formação no ofício - passados, em sua maior parte, no Rio de Janeiro -, a liberdade da reinvenção coletiva de um meio precocemente dado como exaurido. Atento à profusão de imagens do cotidiano e da história da arte à disposição de todos, fez trabalhos que as citavam sem apelo a qualquer forma de ilusionismo, empregando campos definidos de cor como elemento central de sua representação em tinta. No início da década seguinte, contudo, volta a Maceió - cidade onde nasceu e morou até ficar adulto -, onde abandona 0 repertório antes adquirido e resignifica, em função da memória atávica de signos e luzes, o que havia incorporado como instrumento de pintor, embora mantendo intocado o interesse por ver o mundo através de cores. É a partir desse momento que sua obra se singulariza e que começa a forjar a originalidade da qual é detentora.
As pinturas maduras de Delson Uchôa são clarões: primeiro cegam, depois iluminam. Em todas, há uma cor quente que domina o espaço pintado - quase sempre de grandes dimensões - e também seu entorno próximo, provocando o estímulo alongado da retina. Amarelo, verde, azul, vermelho, todos pulsam, em diferentes trabalhos, de modo incontido. Embora quando observadas de longe é que mais clareiem o olhar, é vendo suas pinturas de perto - de uma distância em que a visão se avizinha das superfícies entintadas - que se percebe que suas luzes intensas são feitas, em sua maior parte, de delicados fios. São inúmeras linhas de cor bem finas, cordões de alqodão. tramas de juta ou tecido que, amalgamados sobre uma Iona bruta e abrigados sob uma resina lisa, tecem o corpo e o brilho de seus trabalhos. Por meio dessas intricadas construções cromáticas - feitas de agrupamentos de delgados traços retos e curvos e de alguns poucos campos onde o monocromo domina -, o artista busca apreender a luz que habita o campo perceptivo que separa "a visão e o visto", a qual traduz estados de espírito diversos (alegre, austero, saudoso) e não se deixa capturar por quaisquer outros procedimentos cognitivos' A luz pintada é, portanto, em sua obra. forma irredutível de conhecer e registrar um fato físico da vida, pouco se prestando à descrição de figuras ou cenas.
Catálogos MAMAM: Daniel Senise
Catálogos MAMAM: Daniel Senise
Preço: R$ 17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 32
Impressão: imagens cor
Peso: 113g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 16 de junho a 7 de agosto de 2005
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Sobre a necessidade da pintura, de Moacir dos Anjos
Na época em que a trajetória artística de Daniel Senise tem início - começo da década de 1980 -, existia sobre os praticantes da pintura a expectativa de que pudessem reafirmar a pertinência do meio, tido como um campo de invenção exaurido já fazia vinte anos. Essa expectativa fora alimentada pela relativa exigüidade de imaginação visual e de sensualidade na produção hegemônica do decênio precedente - informada por procedimentos ancorados, majoritariamente, no conceito e na razão -. às quais práticas pictóricas poderiam, supostamente, ser contrapostas. A exaustão hipotética da pintura, por sua vez, fora causada pela tentativa, elaborada por artistas modernistas, de fazer desse meio um campo de expressão autônomo - liberto, portanto, da responsabilidade de representar o mundo -, a qual teria, paradoxalmente, tornado a pintura redundante Muitos pintores responderam a essas circunstâncias conflitantes retornando, de forma acrítica, à tradição pré-moderna do meio, resgatando, por acomodação ou nostalgia, soluções inadequadas aos desafios postos para sua efetiva atualização. Vários outros. contudo, fizeram de suas obras um espaço de reflexão sobre o sentido de ainda pintar após a experiência moderna, reinventando as características dessa prática e alongando, por tempo incerto, sua relevância como operação de conhecimento. É no interior desse território dúbio de adoção e questionamento da herança da pintura que, desde então. se move a obra de Daniel Senise.
Por alguns anos, o artista fez trabalhos povoados de formas orqânicas e objetos comuns, os quais, mesmo em telas de grandes dimensões, quase nunca eram representados inteiros, como se houvessem sido ampliados a ponto de não caberem íntegros nos suportes. Volumosas e ocupando toda a superfície pintada com tinta acrílica, essas imagens, construídas com reduzida amplitude cromática e acentuado interesse qráfico, chamavam tanto a atenção para seus possíveis significados simbólicos quanto, propositadamente, confundiam figura e plano, atestando a dificuldade de construir o campo da representação pictórica na contemporaneidade. 0 final da década de 1980 vai marcar, entretanto, uma mudança relevante de estratégia criativa, embora mantendo o impulso auto-reflexivo inicial. Os trabalhos de Daniel Senise deixam de focar prioritariamente o delineamento de cenas sobre telas e se voltam, com ênfase semelhante, para a indagação sobre os processos que as formam. Ao fazer tal movimento, suas pinturas passam a incorporar técnicas não usuais no meio e recolocam, de modo inquisitivo, a importância que possa existir no ato de pintar.
agosto 20, 2007
Catálogos MAMAM: José Rufino
Catálogos MAMAM: José Rufino
Preço: R$17 + correio
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Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Fotos: Beto Felício, Flávio Lamenha, IMAGO, José Rufino, Tiago Rivaldo
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto O tempo impreciso que se nomeia de agora, de Moacir dos Anjos
Se há um começo aqui, ele está na história de um nome. José Rufino não é o nome de registro do artista, mas como era chamado o seu avô paterna (1895-1979), antigo senhor do engenho Vaca Brava, situado em Areia, município do brejo da Paraíba. A apropriação do nome desse seu ascendente, já no final da década de 1980, coincide com o recebimento, como herança familiar, do acervo documental que àquele pertencera: formado por cartas, notas, recibos, bilhetes, livros e papelada diversa, esse ajuntamento de rastros materiais permitiu a reconstituição de parte do universo escriturário e sentimental no qual seu avô vivera e exercera, por tempo longo, o poder dos donos. Universo que inclui o ambiente familiar e geográfico no qual o artista, na infância, passara extensas temporadas. Foi a partir desse encontro com seu passado próximo e também distante que a obra que desenvolvia sob o nome de origem (José Augusto de Almeida) sofreu inflexão brusca, passando a tomar aquele acervo como suporte quase único.
É desse período o início das Cartas de Areia, centenas de desenhos e pinturas feitos sobre envelopes e cartas enviadas a seu avô por várias décadas e por gentes as mais distintas. Valendo-se de meios variados (lápis, nanquim, guache, têmpera, etc.). José Rufino criou, sobre esses registros de época. um outro inventário de lembranças e símbolos, estabelecendo laços entre gerações distintas e tecendo elos entre tempos distantes. Por vezes, são imagens de paisagens áridas tiradas da memória que enchem o papel antigo; noutras, são evocações da casa grande da fazenda ou de móveis da família. Há ainda figuras solitárias e despidas que exibem seus sexos, e também a presença recorrente de árvores e cruzes. Parcialmente encobrindo endereçamentos carimbos, selos ou mensagens formais, as imagens criadas desvelam a sobreposição de histórias diversas que, embora apartadas pelo tempo, já dividiram um mesmo lugar.