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setembro 13, 2007
Catálogos MAMAM: Armazém do Tudo, de Marcelo Silveira
Catálogos MAMAM: Armazém do Tudo, de Marcelo Silveira
Preço: R$ 42 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 17 x 20 cm
Nº páginas: 116 / capa dura
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 457g
Edição bilíngüe: português/francês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: François Tardieux
Projeto gráfico: Martinho Patrício e Valquíria Farias
Fotos: Flávio Lamenha, Jailton Moreira, Manoel Veiga, Wilton Montenegro
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Armazém do Tudo, de Moacir dos Anjos
A obra de Marcelo Silveira expressa, desde quase o seu início, a natureza imprecisa e híbrida da produção visual contemporânea, em que os meios se misturam e o espaço da produção artística se confunde com o âmbito alargado da cultura. Embora se deixe, em contato ligeiro, classificar como escultura, parte significativa dela não cabe nas convenções que demarcam o campo escultórico,esgarçando mais ainda as fronteiras, há muito já frágeis, que apartam esse campo dos terrenos da pintura, do desenho ou da instalação. Trabalhos de épocas distintas tipificam, de formas as mais diversas, esse desconforto de origem que anima a produção do artista. Ainda na primeira metade da década de 1990, Marcelo Silveira fez peças esculpidas em madeira e recobertas com caulim,interferindo na argila clara (riscando-a e apondo-Ihe pequenas peças de metal) de modo a realçar suas nuances cromáticas. Embora já deixasse evidente, nesses trabalhos, o seu interesse pela criação tridimensional (e o pouco apego à representação), também neles incorporava, sem hierarquais claras, as informações sobre pintura que trazia do lugar (Recife) e do momento (década de 1980) em que primeiro se formara como artista. Também exemplares sobre a indistinção dos meios que emprega são os muitos objetos de arame retorcido e enrolado, por ele chamados de Rabiscos [1994], nos quais se aliavam uma inequívoca autonomia como objetos e a sugestão de serem, como o título indica, riscos efêmeros com que parecia querer desenhar no espaço o que não caberia em qualquer superfície. Noutro trabalho de classificação ambígua [Cajacatinga, 1997], Marcelo Silveira recorta, Iixa e fura diversos e pequenos pedaços de madeira, atravessando-os depois com fios de arame e prendendo-os à parede em linhas paralelas. Assim dispostos, evocam sinais caligráficos desconhecidos que poderiam, em potência, construir quaisquer vocábulos sobre o pIano onde estão atados; assemelham-se também, contudo, a traços feitos em madeira que esperam somente a vontade do artista para transmutar-se em formas decididamente tridimensionais. Nesse inventário de construções incertas, inclui-se o objeto alongado que, feito um pouco mais tarde e esculpido igualmente em madeira, serve de molde para desenhos realizados diretamente sobre a parede, onde o próprio objeto é afixado, por fim, como parte do trabalho.