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agosto 30, 2007
Catálogos MAMAM: Jorge Molder
Catálogos MAMAM: Jorge Molder
Preço: R$ 17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 20
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Peso: 81g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto de Moacir dos Anjos
Tradução: Paul Webb
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Flávio Lamenha
Exposição: 10 de dezembro de 2003 a 15 de fevereiro de 2004
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Para onde a linha do tempo corre, de Moacir dos Anjos
Jorge Molder partilhou, desde cedo, o interesse por estudos filosóficos e pela fotografia. Só a partir da década de 1980, contudo, privilegia um modo apenas de acercar-se do mundo, valendo-se menos da faculdade de pensar o real, ou de meramente fixar o visível, do que do desejo de compor imagens que evoquem sensações ou estados situados além do que permite o repertório de descrição ordinário. Em várias séries de fotografias feitas desde então, o artista registra a sua imagem somente: sempre de paletó, olhar em fuga freqüente do contato com a câmara, corpo envolto em ambientes fechados e escuros. Muitas vezes, só o seu rosto (expressão impassível ou distante) é enquadrado nas fotografias, deixando todo o resto na sombra que apaga marcas precisas de espaço e de tempo. Em outras ocasiões, o seu corpo inteiro (ou parte dele) é visto em lugares e momentos indefinidos, ocupado em executar ações das quais também pouco ou nada se pode saber apenas inspecionando as imagens cuidadosamente construídas em preto e branco.
Embora seja tentador entender e classificar tais imagens como auto-retratos, não é ele mesmo (ou, ao menos, não somente) que, a despeito de todas as evidências em contrário, Jorge Molder exibe nas suas fotografias. Emprestando os próprios rosto e corpo a um personagem sem origem, motivação ou ocupação certas, o artista comenta a perda da identidade fixa e da autonomia plena do sujeito no mundo atual, apontando, através do acúmulo de imagens diversas de si mesmo, o seu caráter difuso e fragmentado. Por meio de método de criação tão transparente na feitura quanto complexo no que dele resulta, subverte, como outros artistas também o fazem, a tradição retratista do Ocidente (oriunda da pintura renascentista e que alcança a fotografia moderna), na qual se espera acesso imediato aos traços identitários de quem é figurado. Não põe a sua obra acima ou à parte, contudo, da condição transitória e circunstancial de que tratam as fotografias por ele criadas, deixando-a também próxima às esgarçadas fronteiras simbólicas que precariamente a situam no âmbito somente do estético.