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agosto 27, 2007
Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander
Catálogos MAMAM: Rivane Neuenschwander
Preço: R$17 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 16 x 20cm
Nº páginas: 40
Impressão: imagens cor
Peso: 130g
Edição bilíngüe: português/inglês
Texto: Moacir dos Anjos
Tradução: Sarah Bailey
Projeto gráfico: Zolu design
Fotos: Ahlburg Keate, Cão Guimarães, Dan Dennehy, Eduardo Eckenfels, Eduardo Ortega, Estúdio 459, Seale Studios, Stephen White, Vicente de Mello
Exposição: 16 de setembro a 23 de novembro de 2003
Organização: Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM, Prefeitura do Recife
Fragmento do texto Olhar a poeira, por exemplo, de Moacir dos Anjos
Olhar a poeira, por exemplo. Não como um todo indiviso, nuvem opaca e indistinta. Mas olhar detidamente cada uma de suas pequenas partículas suspensas no ar (e também o espaço exíguo que separa umas das outras), identificando o que não é notável ao senso apressado e comum. Mais ainda: não somente decompor em partes o que se apreende tantas vezes como inteiro, mas aceder ao fato que é da percepção do ordinário e do quase impalpável que se engendra, num processo não consciente de cognição, a percepção do que é relevante e visível. É desse impulso de conhecer o mundo escapando de um juízo totalizador e amnésico de suas porções constitutivas que, ao longo de uma década de produção intensa, Rivane Neuenschwander tem composto uma obra imperméavel, ela mesma, a definições abrangentes.
Valendo-se de modos de expressão variados (instalações, filmes, construção de objetos), a artista torna manifesto o que, na vida corrente, é só rumor, pedaço ou entrevisto. Inexiste nesse intento, contudo, elogio algum ao que é frágil ou contingente, posto que a sua obra não se ocupa de criar refúgio para o desconforto que se possa sentir no mundo. Há, ao contrário, o desejo de dar a potência devida ao murmúrio incessante das pequenas coisas que o formam e habitam, sejam elas uma palavra, um gesto, uma imagem ou um momento. A sutileza de seus trabalhos é da ordem, portanto, daquela encontrada na prosa de Clarice Lispector ou no cinema de Eric Rohmer: afirma que o importante pressupõe o prosaico e dele depende para existir.