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novembro 21, 2005
Metacorpos
METACORPOS
Preço: R$50 + correio
Como comprar: clique aqui para se informar
Formato fechado: 21 x 26,5 cm
Nº páginas: 160
Impressão: offset, 4 x 4 cores
Tiragem: 1500 exemplares
Edição bilíngüe: português / inglês
Peso: 689g
Textos (ensaios): Lúcia Santaella, Nízia Villaça, Stella Senra, Viviane Matesco, Vitoria Daniela Bousso
Realização: Paço das Artes e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Sinopse:
Esta publicação insere-se na proposta editorial do Paço das Artes de criar referências teóricas sobre a arte contemporânea nacional e internacional. Além dos ensaios, o livro contém sinopses das obras que integravam a exposição Metacorpos, realizada entre 3 de novembro e 14 de dezembro de 2003, no Paço das Artes. As sinopses contextualizam a produção dos artistas Alair Gomes, Caetano Dias, Sandra Cinto, Janaina Tschäpe, Dennis Oppenheim, Patricia Piccinini, Cindy Sherman, Nan Goldin, Laura Lima e o grupo Corpo de Baile, presentes na exposição. O livro contém, ainda, grande quantidade de imagens coloridas, apresentando vistas da exposição e detalhes das obras.
Os textos do Metacorpos:
Esta mostra é oportuna para que se conheça também uma série de estudos profundos desenvolvidos por intelectuais brasileiros sobre o tema. O texto da curadora Vitória Daniela Bousso em Metacorpos fala do corpo como metalinguagem, como "re-condutor" de sentidos. Lucia Santaella avalia como este assunto é tratado desde os anos 70 até os dias de hoje. Já Nízia Villaça analisa a representação do corpo no século XX, estendendo-se até os anos 60. Stella Senra trata das abordagens sobre a pele em suportes como o cinema, expandindo sua pesquisa para o computador e vídeo. Viviane Matesco realiza uma investigação importante sobre como o corpo foi abordado por parte dos artistas brasileiros nos últimos 30 anos.
Trecho inicial do texto de Lucia Santaella: O corpo na arte: dos anos 1970 à biocibernética atual
A história da arte demonstra que o corpo humano sempre esteve, de uma maneira ou de outra, com maior ou menor intensidade, no foco de atenção dos artistas. Desde o mundo grego, a par do teatro e da dança, que são artes do corpo por excelência, também nas artes visuais as medidas perfeitas compunham o modelo abstrato de um corpo ideal. Na arte religiosa, a imagem do corpo era emanação do sagrado. Ao se desprender da religiosidade, o corpo foi encontrando na arte da escultura e da pintura, especialmente no retrato, formas privilegiadas de registro.
Não obstante sua aparição constante, particularmente nas artes do Ocidente, nada pode ser comparável à crescente centralidade do corpo nas artes a partir das vanguardas estéticas no início do século passado. Além de onipresente, no decorrer do século XX até hoje, o corpo foi deixando de ser uma representação, um mero conteúdo das artes, para ir se tornando, cada vez mais, uma questão, um problema que a arte vem explorando sob uma multiplicidade de aspectos e dimensões que colocam em evidência a impressionante plasticidade e polimorfismo do corpo humano. É o corpo como algo vivo, na sua vulnerabilidade, seu "estar no mundo", suas transfigurações, que passou a ser interrogado. Não foram poucos os fatores responsáveis por esse questionamento.
Segundo Palumbo (2000, p. 75), no curso do século XX, sobretudo dos anos 60 para a frente, o esquema conceitual da ciência moderna, elaborado por Galileu e Descartes e completado por Newton, atingiu finalmente uma crise. O conceito de natureza como ordem objetiva e causal, governada por leis que regulam os fenômenos de uma maneira determinada, tornando-os previsíveis, e o conceito de ciência como conhecimento matemático, baseado no cálculo e na medida quantitativa, evidenciaram-se contraditórios, quando relacionados com a natureza caótica, criativa e imprevisível dos sistemas vivos.
Juntamente com as artes e as ciências, também na literatura, filosofia e psicanálise as dimensões da corporalidade foram radicalmente questionadas. Depois de Foucault, com Derrida e Deleuze, a crise do sujeito e da razão abriram o caminho para um modo de pensar destinado a desconstruir a natureza unívoca do sentido e da forma, do ser e do logos. No cerne dessa crise, tratou-se também de redescobrir a natureza intensiva do corpo.
As margens instáveis entre o ego e o mundo, entre o real e o imaginário, entre o existente e o projetado fizeram do corpo um sistema de interações e conexões. Como matéria do vivido, o corpo tornou-se foco privilegiado para a atividade constante da modificação e adaptação por meio da troca de informação com o ambiente circundante. Esse caráter mutável do corpo em transição perene, sistema auto-organizativo com capacidade de responder à mudança, produzindo mudança, entra em sintonia com um mundo em que os fluxos, movimentos e conexões acentuam-se cada vez mais.
Para muitos autores, este estado de coisas resultou, sobretudo, da aceleração das descobertas científicas e tecnológicas que vem afetando profundamente nossas habilidades para observar, transformar e manipular as funções corporais e nossos conceitos do corpo. Pesquisas em campos como a farmacologia, fisiologia cerebral, tecnologia reprodutiva, doenças, próteses e a biônica levantam questões psíquicas e culturais que vão muito além dos limites meramente técnicos. As distinções entre masculino/feminino, vivo/morto, natural/artificial, corpo/descorporificação, eu/outro, autônomo/controlado, orgânico/inorgânico estão sendo crescentemente erodidas. Quais são os limites naturais do corpo quando o humor, a força, a energia, a potência sexual e a inteligência são manipulados por drogas? Quais são as fronteiras do corpo, quando se faz cirurgia plástica, usa-se um aparelho de audição, um marcapasso ou um quadril artificial? (Wilson, 2002, p. 150). Enfim, o corpo foi se tornando um foco de indagações e contestações para o qual converge grande parte dos discursos culturais. Longe de estar à margem desses discursos, a arte, ao contrário, é a esfera da cultura que toma a dianteira, fazendo emergir complexidades até então insuspeitadas e que as teorias e críticas das artes buscam deslindar.
Em trabalhos anteriores (Santaella, 2003b, p. 271-298), desenvolvi o argumento de que a crescente problematização do corpo foi acompanhando pari passu as gradativas e também crescentes metamorfoses do corpo, sob efeito de suas simbioses com as tecnologias. Quer os artistas trabalhem ou não com dispositivos tecnológicos, o corpo veio se tornando objeto nuclear das artes, porque as mutações pelas quais está passando produzem inquietações que se incorporam ao imaginário cultural. Mesmo que essas mutações não sejam imediatamente visíveis e mesmo que as inquietações não sejam conscientemente apreendidas, elas têm estado no cerne da cultura há algum tempo. Um indício disso encontra-se muito justamente nas artes, pois são os artistas que sabem dar forma a interrogações humanas que as outras linguagens da cultura ainda não puderam claramente explicitar.
oi! Patricia!
( Nos conhecemos do Parque Lage,Grande Orlândia,...)
Bom, Eu estou abrindo em breve uma livraria em Santa Teresa. Tenho projeto de trabalhar também com este tipo de catálogo.
Pensei se na possibilidade de fazermos fazer algum tipo de parceria.
Denis Cathilina
salve,
eu estou precisando do contato do Milton Machado...
se alguém puder me ajudar eu agradeço.
Evandro Mesquita