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maio 31, 2021
Ciclo 1922: modernismos em debate - encontro online promovido pelo IMS, MAC-USP e Pinacoteca
Terceiro encontro online do ciclo 1922: modernismos em debate aborda questões ligadas às culturas urbanas
O evento acontece no dia 31 de maio (segunda-feira), das 18h às 21h15, com transmissão ao vivo nos canais de Facebook e YouTube do IMS, do MAC USP e da Pinacoteca de São Paulo
No dia 31 de maio, segunda-feira, das 18h às 21h15, acontece o terceiro encontro do ciclo 1922: modernismos em debate, organizado pelo Instituto Moreira Salles, pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e pela Pinacoteca de São Paulo. Online e gratuito, o ciclo promove debates mensais, até dezembro, sobre a Semana de Arte Moderna de 1922. O objetivo é realizar uma revisão crítica da Semana, contextualizando-a historicamente e examinando manifestações consideradas inovadoras em outras partes do país. Todas as atividades serão transmitidas ao vivo nos canais de YouTube e Facebook das três instituições.
O encontro do dia 31 de maio inclui duas mesas sobre as relações entre a cultura urbana surgida no Brasil no início do século XX e o modernismo. Na primeira mesa, às 18h, a historiadora Marize Malta fala da presença das artes gráficas, de objetos utilitários, das artes aplicadas, das artesanias e de manifestações populares em grandes cidades como o Rio de Janeiro e como essas produções interferiram nas artes visuais.
Em seguida, a professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ, Beatriz Jaguaribe, destaca as reformas urbanas realizadas em 1922 para a celebração da Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil no Rio de Janeiro, em diálogo com as propostas estéticas da Semana de Arte Moderna de São Paulo. Das 19h às 19h30, será realizado o debate com mediação da curadora chefe da Pinacoteca, Valéria Piccoli.
Na segunda mesa, com início às 19h45, o escritor e historiador Luiz Antônio Simas discutirá as dinâmicas da urbanização brasileira a partir do samba, do futebol e da umbanda, cruzando tais processos com o modernismo de 1922.
Em seguida, Salloma Salomão, historiador e dramaturgo, questionará os limites das narrativas das elites e apresentará hipóteses sobre as culturas negras brasileiras como contranarrativas da modernidade hegemônica. Após o encerramento da mesa, das 20h45 às 21h15, haverá um debate com os dois convidados, mediado por Horrana Santoz que também integra a equipe de curadoria da Pinacoteca.
A importância das culturas urbanas
Do Jornal da USP por Gabriela Caputo
Entre o final do século 19 e o começo do século 20, há o momento alto de expansão urbana no País, como no Rio de Janeiro e em São Paulo, segundo Ana Magalhães. “No caso paulista, esse é talvez um dos motes dos modernistas da Semana de 22, como sugerido no famoso poema em prosa de Mário de Andrade, Pauliceia Desvairada”, destaca a professora. Ou seja, nesse cenário, desenvolvimento urbano e modernista caminhavam juntos.
Para Horrana, a partir do contexto econômico, político, racial e artístico do Brasil no início do século 20, “é imprescindível ressaltar outros movimentos e a articulação de artistas, pesquisadores, escritores, músicos e outros agentes culturais impedidos de frequentar os espaços daquela nova aristocracia urbana industrial”.
Ana afirma que “se fez uma diferença muito grande entre ‘baixa’ e ‘alta’ cultura entre o que as elites consumiam, e a experiência de viver na cidade moderna reverberava e dava subsídios para outros grupos sociais criarem”. Ela cita como exemplo a cultura da favela, retratada nas pesquisas de historiadores sociais brasileiros como José Murilo de Carvalho, Sidney Chalhoub e, com foco na história das artes visuais, Rafael Cardoso — que foi convidado do último ciclo de encontros.
“O início do século 20 foi marcado pela emergência da favela como parte integrante do processo de urbanização do Rio de Janeiro, por exemplo, que deu origem ao samba e a outros modos de apropriação do carnaval como festa popular e de rua”, diz Ana. Temas como esses aparecem tanto na produção de modernistas célebres, como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, quanto na contribuição de artistas que atuaram em revistas ilustradas, como José Carlos de Brito e Cunha, conhecido por J. Carlos, e Calixto Cordeiro, o K. Lixto. “No encontro, Beatriz Jaguaribe trará também contribuições importantes do campo da literatura e da arquitetura para tratar do tema”, completa a professora.
Mais sobre o ciclo 1922: modernismos em debate
Realizado entre março e dezembro de 2021, de modo online, o ciclo de encontros tem o objetivo de promover uma revisão crítica da Semana de Arte Moderna de 1922. Os debates serão realizados uma vez ao mês e terão ao todo a presença de 41 convidados. Participam pesquisadores de diferentes estados, com o objetivo de comparar pontos de vistas, ampliar o conceito de modernismo e discutir as especificidades dos diversos movimentos que despontaram no Brasil entre os anos 1920 e 1940. Além de reunir especialistas em arte moderna, participam artistas contemporâneos, que discutirão o teor ideológico presente na representação de corpos negres e indígenas nas obras do período. O seminário acontece no ano anterior ao do centenário da Semana de Arte Moderna justamente para nutrir as pesquisas das três instituições para 2022, quando todas farão eventos em torno da efeméride. 1922: modernismos em debate é organizado por Ana Gonçalves Magalhães (MAC USP), Fernanda Pitta (Pinacoteca), Heloisa Espada (IMS), Horrana de Kássia Santoz (Pinacoteca), Helouise Costa (MAC USP) e Valéria Piccoli (Pinacoteca).
Programação
Encontro 3 | Culturas Urbanas
31 de maio, segunda-feira, das 18h às 21h15
mesa 5*
18h - 18h30 | Os modernismos das coisa e outras coisa do modernismo, com Marize Malta (UFRJ)
18h30 - 19h | Arquivos urbanos de 1922: a disputa pelo moderno e imaginários da cidade, com Beatriz Jaguaribe (UFRJ)
19h - 19h30 | debate
Mediação: Valéria Piccoli (Pinacoteca)
19h30 - 19h45 | intervalo
mesa 6
19h45 - 20h15 | A cidade, o poeta e o diamante, com Luiz Antônio Simas (escritor, professor e historiador, compositor brasileiro e babalaô no culto de Ifá)
20h15 - 20h45 | A modernidade negra e o Modernismo reacionário brasileiro para além de 1822, com Salloma Salomão (compositor, educador, ator e dramaturgo)
20h45 - 21h15 | debate
Mediação: Horrana Santos (Pinacoteca)
*As mesas 1 e 2 (29 de março) e 3 e 4 (26 de abril) estão disponíveis nos canais do youtube das três instituições
Atividade gratuita com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais)
Transmissão ao vivo pelos canais de YouTube e Facebook das três instituições
IMS
youtube.com/imoreirasalles
facebook.com/institutomoreirasalles
MAC USP
youtube.com/macuspvideos
facebook.com/usp.mac
Pinacoteca de São Paulo
youtube.com/pinacotecadesãopaulo
facebook.com/PinacotecaSP
Sobre os debatedores
Marize Malta
Historiadora da arte e professora Associada da Escola de Belas Artes da UFRJ. Doutora em história (UFF) e mestra em história da arte (UFRJ), realizou estágio pós-doutoral no Instituto de Artes da Universidade de Lisboa. Líder dos grupos de pesquisa Entresséculos e Modos. É coordenadora do Setor de Memória e Patrimônio da EBA-UFRJ (Museu D. João VI, Arquivo Histórico e Biblioteca de Obras Raras) e editora assistente da revista MODOS.
Beatriz Jaguaribe
Professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ. Foi professora visitante em várias instituições, como Harvard, Princeton e Stanford. Recebeu nomeação para a bolsa Robert F. Kennedy do Latin American Studies Center (Harvard) e as bolsas Guggenheim e ICAS (NYU) e foi nomeada para a Cátedra Andrés Bello do King Juan Carlos of Spain Center, da Universidade de Nova York. Publicou os livros, Rio de Janeiro: Urban Life through the Eyes of the City (2014) e O choque do real (2007), entre outros.
Luiz Antonio Simas
Escritor, professor, historiador, educador e compositor. É autor de 20 livros e de mais de uma centena de ensaios e artigos publicados sobre carnavais, folguedos, religiosidades populares, futebol e culturas de rua. Ganhou o Prêmio Jabuti de Livro de Não Ficção do ano de 2016, pelo Dicionário da história social do samba, escrito em parceria com Nei Lopes. Foi ainda finalista do mesmo prêmio em duas outras ocasiões.
Salloma Salomão Jovino da Silva
Historiador, educador, ator, dramaturgo e músico. Mestre e doutor em história pela PUC-SP, é autor de várias publicações, como Memórias sonoras da noite: musicalidades africanas no Brasil, nas iconografias do século XIX (2002). Pesquisa teatralidades e dramaturgias negras, participou da peça Gota d’água preta (2018-2020), é autor do musical Agosto na cidade murada (2018) e atuou no projeto teatral Fuzarka dos Descalços (Prêmio Cultura Inglesa 2019), do Coletivo dos Anjos.
Próxima datas e temas do ciclo de encontros
28 de junho – O popular como questão
26 de julho – Outras centralidades
30 de agosto – Artes indígenas: apropriação e apagamento
27 de setembro – Fotografia e cinema
25 de outubro – Artes do cotidiano
29 de novembro – Políticas do Modernismo
13 de dezembro – Futuro e passado: legados para o patrimônio