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setembro 22, 2020
Trajetórias internacionais da arte latino-americana no IAC Online
IAC promove o curso Trajetórias internacionais da arte latino-americana: antecedentes históricos, desenvolvimentos recentes, tendências e desafios do processo de internacionalização.
Neste curso, tendo como pano de fundo um mundo globalizado e desigual, pretende-se discutir criticamente a internacionalização da arte brasileira e latino-americana, e também a internacionalização da perspectiva das instituições, importante tanto para a sua sustentabilidade e desenvolvimento, quanto para o processo de pesquisa, reconhecimento, validação e valoração artística. Quais as determinantes, os caminhos, as estratégias, as condições e as medidas da internacionalização? Qual a importância e o impacto da internacionalização no funcionamento do sistema da arte brasileiro e de suas diferentes instâncias? De que forma os agentes do sistema das artes participam do debate internacional? Como o atual contexto da pandemia covid19, com a suspensão por um período indeterminado das viagens internacionais, transforma os modelos de internacionalização que observamos até recentemente?
Com Gabriel Pérez-Barreiro, Kiki Mazzuchelli, Jacopo Crivelli Visconti e coordenação / concepção de Ana Letícia Fialho
29 de setembro, 6, 13 e 20 de outubro de 2020, terças-feiras, das 10h às 12h
O curso acontece na plataforma Zoom e é dirigido a profissionais que atuam no sistema das artes visuais, artistas, estudantes, professores e pesquisadores. 30 vagas / R$300,00. Regulamento, condições, formas de pagamento e política de descontos AQUI. Dúvidas e inscrições: cursos@iacbrasil.org.br
PROGRAMA DE AULAS
Calendário: 29 de setembro, Gabriel Pérez-Barreiro; 6 de outubro, Kiki Mazzuccheli; 13 de outubro, Ana Letícia Fialho; 20 de outubro, Jacopo Crivelli Visconti.
Aula 1 - (29 de setembro): Os caminhos da internacionalização - antecedentes históricos 1
Convidado: Gabriel Pérez-Barreiro
Entre a identidade e o universalismo: arte latino-americana no cenário internacional
A internacionalização da arte latino-americana nos contextos europeu e estadounidense se gera por vários fatores e com diferentes ideologias ao longo do tempo. Nesta aula faremos um repasse histórico por momentos chaves nesse processo, analisando os modelos de construção de narrativas curatoriais e estruturas ideológicas desde 1990 até 2010. Como casos de estudo veremos exposições como Art in Latin America (Hayward Gallery), Brazil: Body and Soul (Guggenheim), Latin American Artists of the 20th Century (MoMA), Heterotopias (Reina Sofia) e outros para analisar os modelos atuantes de forma crítica. Faremos uma análise específico da arte abstrata/concreta nessemodelos, e os desafios específicos dessa linguagem ‘internacional’ nos modelos identitários da arte latino-americana.
Aula 2 - (6 de outubro): Os caminhos da internacionalização - antecedentes históricos 2
Convidada: Kiki Mazzucchelli
A expansão das fronteiras do mundo da arte, das bienais às feiras, o lugar da América Latina no mapa internacional das artes.
Proposta resumida
Neste curso propomos discutir criticamente o processo de internacionalização da arte latino-americana e brasileira, partindo de uma perspectiva histórica para pensar as transformações e desafios dos processos de internacionalização no atual contexto da crise desencadeada pela pandemia da covid 19.
Quais as determinantes, os caminhos, as estratégias, as condições e as medidas da internacionalização da arte da Latino-americana? Qual a importância e o impacto da internacionalização no funcionamento do sistema da arte brasileiro e de suas diferentes instâncias? De que forma os agentes do sistema das artes participam do debate internacional? Como o atual contexto da pandemia covid19, com a redução/suspensão por um período indeterminado das viagens internacionais, transforma os modelos de internacionalização que observamos até recentemente?
A partir da virada do século XXI, a internacionalização da arte brasileira vem passando por um processo de aceleração inédito em sua história. Tomando a 24a. Bienal de São Paulo (1998), com curadoria de Paulo Herkenhoff, como um importante ponto de inflexão, esta apresentação examinará o papel dos diferentes agentes deste processo ao longo dos últimos 20 anos. De uma perspectiva interna, serão discutidos a expansão e a profissionalização do panorama institucional e do mercado, bem como a criação de um circuito de feiras de arte regionais. No âmbito internacional, serão examinados alguns dos principais mecanismos de inserção da arte brasileira, incluindo a participação em bienais e exposições institucionais, a representação por galerias estrangeiras, as residências artísticas e os comitês de aquisição dos grandes museus.
Aula 3 - (13 de outubro): Determinantes, caminhos, estratégias, condições e medidas da internacionalização do sistema da contemporânea no Brasil a partir dos anos 2000
Ana Leticia Fialho
Da visibilidade ao reconhecimento internacional, o crescente protagonismo do mercado de arte
No Brasil, o sistema da arte contemporânea registrou recentemente um período bastante positivo, de grande visibilidade, dinamismo, expansão e internacionalização. Nesse processo, o crescimento do mercado e os interesses mobilizados por seus agentes parecem ter sido determinantes. Neste encontro, discutiremos o protagonismo do mercado no funcionamento do sistema da arte no Brasil e o seu papel no processo de internacionalização da arte brasileira na última década.
Aula 4 - (20 de outubro): Desafios, transformações e tendências: arte contemporânea e internacionalização
Convidado: Jacopo Crivelli Visconti
Arte contemporânea e internacionalização - reflexões a partir do projeto da 34a Bienal de São Paulo.
A Bienal de São Paulo foi concebida nos anos 1950 para colocar o Brasil no mapa da produção artística contemporânea da época. Mesmo com todas as ressalvas que podem e devem ser feitas hoje a uma divisão do sistema da arte em centros hegemônicos e periferias, da qual a proliferação de bienais pelo mundo é fruto, a Bienal de São Paulo mantém uma grande importância no panorama nacional e latino-americano. O projeto da 34a Bienal, com sua expansão no tempo e no espaço, reforça o papel da Bienal e sua relação vibrante com outras instituições da cidade, buscando tanto a definitiva internacionalização do cenário, quanto aprofundar e matizar a relação com os diversos públicos locais. Este encontro apresenta um sucinto histórico de edições da Bienal particularmente relevantes no processo de internacionalização da arte brasileira e latino-americana, até chegar no processo, ainda em curso, de concepção e construção da 34a Bienal.
PALESTRANTES
Ana Letícia Fialho é gestora cultural, professora e pesquisadora. É atualmente professora visitante do Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Doutora em Ciências da Arte e da Linguagem na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais - EHESS/Paris, Mestre em Gestão Cultural na Universidade de Lyon II e Bacharel em Direito pela UFRGS. Foi Diretora do Departamento de Estratégia Produtiva da Secretaria da Economia da Cultura do Ministerio da Cultura de 2016 a 2018, Consultora em Inteligência Comercial e Coordenadora de Pesquisa do Programa Latitude/Associação Brasileira de Arte Contemporânea entre 2012 e 2019 e Curadora Executiva do Fórum Permanente de 2007 a 2013. Participou de diversas publicações, entre elas, Sociologia das artes visuais no Brasil (Ed. SENAC, 2012), O valor da obra de arte (org. GRACA-COUTO, Ronaldo, Metalivros, 2014); Art et société : Recherches récentes et regards croisés, Brésil/France. (org. QUEMIN, Alain: VILLAS BÕAS, Gláucia., Marseille: OpenEdition Press, 2016). É co-organizadora, com Leandro Valiati, do Atlas Econômico da Cultura Brasileira (MINC/UFRGS, 2017), finalista do prêmio Jabuti em 2018.
Gabriel Pérez-Barreiro é curador e historiador da arte. Foi diretor e curador chefe da Coleção Patricia Phelps de Cisneros (2008-2018), atualmente é assessor sénior da Coleção. Curador da 33ª Bienal de São Paulo (2018). De 2002 a 2008 foi curador de arte latinoamericana no Blanton Museum of Art da Universidade do Texas em Austin. Em 2007 foi curador geral da VI Bienal do Mercosul em Porto Alegre. É doutor em Teoria e História da Arte pela Universidade de Essex, Reino Unido, e mestrado em história da arte e estudos latinoamericanos pela Universidade de Aberdeen. De 2000 a 2002 foi diretor de artes visuais da The Americas Society em Nova York. Foi também coordenador de exposições na Casa de América em Madrid. De 1993 a 1998 foi curador fundador da Coleção de Arte Latino Americana da Universidade de Essex. Publicou varios libros e artigos sobre história da arte iberoamericana e tem participado de conferências em diversas universidades pelo mundo.
Kiki Mazzucchelli é curadora independente, editora e escritora. Entre suas exposições recentes, encontram-se Flávio de Carvalho (S2 Gallery, Londres / Galeria Almeida & Dale, São Paulo, 2019), Conjuro de ríos - Selva Cosmopolítica (Museo de Arte de la Universidad Nacional, Bogotá, Colombia, 2018) e Site Santa Fe Biennial (Site Santa Fe, Novo México, 2016). É autora de diversos ensaios e publicações com foco em artistas da América Latina e organizou as monografias de Tonico Lemos Auad (Koenig, Londres, 2018) e Marcelo Cidade: Empena Cega (Cobogó, Rio de Janeiro, 2016).
Jacopo Crivelli Visconti é crítico e curador independente. Doutor em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Novas derivas (2014). É curador da 34ª Bienal de São Paulo (2020). Entre seus trabalhos recentes mais representativos estão: Untimely, Again, Pavilhão da República de Chipre – 58ª Biennale di Venezia (2019); Brasile – Il coltello nella carne, Padiglione d’arte contemporanea, Milão (2018); Matriz do tempo real, Museu de Arte Contemporânea da USP (2018); Memories of Underdevelopment, Museum of Contemporary Art of San Diego (2017); Héctor Zamora – Dinâmica não linear, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2016); Sean Scully, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015); Ir para volver, 12a Bienal de Cuenca (2014). É colaborador regular de revistas de arte contemporânea, arquitetura e design, além de escrever para catálogos de exposições e monografias de artistas.