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abril 21, 2019
Petrobras Traço Animado – Curso e mostra de animação brasileira no MAM, Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna apresenta Petrobras Traço Animado – Curso e mostra de animação brasileira de 24 a 30 de abril de 2019 (mostra) e 6 a 10 de maio de 2019 (curso) ministrado pelo conservador chefe da Cinemateca, Hernani Heffner. Mantenedora do l, a Petrobras viabiliza a realização do curso e da mostra sobre a animação brasileira.
A animação brasileira vem conhecendo um boom de produção no século XXI, motivado por políticas públicas, entre as quais se destacam os patrocínios da Petrobras e os editais da Secretaria do Audiovisual e da Ancine, e pela crescente aceitação por parte do público, crítica, players de mercado e academia. A multiplicação de mídias, como os jogos eletrônicos e aplicativos, e de janelas de exibição, especialmente o segmento de tv a cabo, também estabilizaram uma base de criação e criaram demanda de produção que inseriu a animação brasileira em um circuito internacional. Nos últimos anos alguns longas metragens estrangeiros foram desenvolvidos e realizados no Brasil, embora formalmente produzidos por países como Espanha, Canadá e França. O prestígio da animação brasileira se consolidou com a indicação ao Oscar de Animação para O Menino e O Mundo e a retrospectiva de sua trajetória no Festival de Annecy em 2018.
Mas nem sempre foi assim. A história da animação brasileira revela um longo e penoso percurso, que se não dista muito das dificuldades de se fazer cinema no país, acrescenta especificidades como a conquista das técnicas, a indefinição por uma segmentação e inserção no mercado, com predomínio da publicidade até bem pouco tempo, e a marginalização de propostas mais experimentais e artísticas. Novamente a pouquíssima repercussão do premiado filme de Alê Abreu, que teve apenas 16 mil espectadores no circuito de salas brasileiro, parece indicar a necessidade uma popularização ainda maior desses esforços e uma discussão do caráter artístico de parte considerável da animação brasileira.
Petrobras Traço Animado – Curso e mostra de animação brasileira pretende ser uma pequena contribuição à essa difusão e reflexão, remontando aos primórdios dessa forma de expressão e perseguindo suas continuidades e descontinuidades até a atualidade, a partir de uma tradição ibérica e latino-americana. Vista quase sempre pela perspectiva de sua associação (ou não) aos padrões dominantes da animação (Disney, McLaren, Svankmajer, Miyazaki, etc.), a trajetória brasileira tanto pode ser enquadrada por suas relações com a indústria gráfico-editorial, o cinema, a publicidade, o expressionismo abstrato e os memes de internet, como pela valorização da natureza, debitária do mito fundador em torno do Eldorado, da criança, quase sempre desencantada e triste nessa filmografia, e da distopia, pela fuga frente ao presente e ao cotidiano, entre outras recorrências.
A presença da Petrobras junto ao curso e mostra revela sua participação e engajamento nessa história, quer pelo pioneirismo em encomendar a primeira animação em cores, Um Rei Fabuloso, realizada em 1966 por Wilson Pinto, quer por manter notável preocupação até os dias atuais com o fomento do segmento.
Curso: 6 a 10 de maio de 2019 | das 14h às 17h
Aula 1 – Animação Brasileira, uma História Cultural
Aula 2 – Fases Históricas e Fontes Artísticas
Aula 3 – Técnicas e Estilos
Aula 4 – Autoria, Estética, Teoria
Aula 5 – Animação Brasileira e Cinema Brasileiro, uma aproximação (ou não?)
Mostra: 24 a 30 de abril de 2019
qua 24
19h Tito e os Pássaros de André Catoto Dias, Gabriel Bitar e Gustavo Steinberg. Brasil, 2019. 73’. + Um Rei Fabuloso de Wilson Pinto. Brasil, 1966. Animação. 10’. Exibição em DCP e 16mm.
qui 25
18h30 Macaco feio... macaco bonito de Luiz Seel. Brasil, 1929. Fragmento. Animação. 4’. + O dragãozinho manso: Jonjoca de Humberto Mauro. Brasil, 1942. Animação de bonecos. 25’. + O átomo brincalhão de Roberto Miller. Brasil, 1964. 4’. + Batuque de Stil. Brasil, 1970. Animação. 5’. + Japu - Um bravo guerreiro de Anélio Latini Filho. Brasil, 1981. Animação. 10’. + Estrela de oito pontas de Fernando Diniz e Marcos Magalhães. Brasil, 1986. Animação. 10’ + Coletânea de filmes publicitários de VVAA. Brasil, 1959-1975. Animação. 40’. Exibição em MP4 (H264) e 35mm.
sex 26
14h – Traço Animado: Mostra Petrobras de Animação Brasileira – Piconzé de Ypê Nakashima. Brasil, 1972. Animação. 76’. Exibição em 35mm.
sab 27
15h Peixonauta: o filme de Célia Catunda e Kiko Mistorigo. Brasil, 2018. Animação. 77’. Exibição em DCP.
17h As aventuras do Avião Vermelho de Frederico Pinto e José Maia. Brasil, 2014. Animação. 90’. Exibição em DCP.
dom 28
15h Garoto cósmico de Alê Abreu. Brasil, 2007. Animação. 76’. Exibição em 35mm.
17h O menino e o mundo de Alê Abreu. Brasil, 2013. Animação. 80’. Exibição em mov (H264).
seg 29
18h30 Boi Aruá de Chico Liberato. Brasil, 1994. Animação. 84’. Exibição em 35mm.
ter 30
18h30 Rocky e Hudson de Otto Guerra. Brasil, 1994. Animação. 63’. Exibição em 35mm.
Todas as exibições possuem classificação indicativa livre. Pré-inscrição gratuita online.
Bibliografia
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MIRANDA, Carlos Alberto. Cinema de Animação: Arte nova / arte livre. Petrópolis: Vozes, 1971.
MORENO, Antônio.
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NESTERIUK, Sérgio.
Dramaturgia de Série de Animação. São Paulo: Sergio Nesteriuk, 2011.
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A Representação Brasileira no Cinema de Animação Nacional: Identidade, Mercado Cinematográfico e Prática Artística. Goiânia: UFG, 2013. Dissertação de mestrado.
SILVEIRA, Nise.
O Mundo das Imagens. Rio de Janeiro Editora Ática, 1992.
OLEDO, Silvio.
Um caminho para a animação. Campina Grande: Epigraf, 2005.