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novembro 25, 2018
O Artista como Ensaísta - Escritos de Artistas com Patrícia Mourão no CPF do Sesc, São Paulo
O curso realiza um percurso não sistemático pela produção artística desde os 1960 até o século XXI a partir da leitura de textos ou manifestos de artistas e cineastas.
27 de novembro a 13 de dezembro de 2018, terças e quintas, das 19h às 21h30
Centro de Pesquisa e Formação do Sesc
Rua Dr. Plínio Barreto 285, 4º andar, São Paulo, SP
11-3254-5600
Segunda a sexta, das 10h às 22h; sábados, das 9h30 às 18h30
Apesar da desconfiança que os textos de artistas suscitaram no campo da crítica e da história da arte, segundo Mourão eles desempenharam um papel central na produção artística contemporânea. Coube muitas vezes aos próprios artistas criar o vocabulário crítico para sua recepção e as condições culturais e políticas para sua prática.
Para além disso, em vários casos, os textos integraram o processo e a poética dos artistas, transformando-se, eles próprios, em campos de ação e experimentação. Ao longo dos encontros, Mourão apresenta leituras de textos que existem e sobrevivem como objetos autônomos.
A ideia é apresenta-los não como uma ferramenta interpretativa para as obras, mas como parte delas e em diálogo com o restante da produção de cada artista, abordando textos que atuaram e atuam mais diretamente no front crítico, inserindo-se em uma discussão mais alargada sobre cultura visual.
Patrícia Mourão é doutora em Cinema pela USP e pós doutoranda em Artes Visuais pela mesma universidade. Atua como programadora de cinema organizando mostras no Brasil e em outros países. É a curadora convidada do seminário Docs Kingdom 2018, em Portugal, e colaboradora do site da Zum.
PROGRAMA
27/11 - "O cinema [e a arte do nosso tempo], como a América, não foi descoberto".
Leitura e discussão de textos de Allan Kaprow (O legado de Jackson Pollock, 1958); Claes Oldenburg (Sou a favor de uma arte..., 1961), Jonas Mekas (Primeira declaração do grupo do novo cinema americano, 1961) e Stan Brakhage (Metáforas da Visão, 1963). Aborda as reivindicações dos artistas por uma nova arte, mais próxima da vida.
29/11 - O caso brasileiro - a fome, a precariedade, o lazer.
Leitura e discussão de textos de Hélio Oiticica (Esquema geral da nova objetividade, 1967; Crelazer, 1969; Cosmococa), Artur Barrio (Manifesto, 1970) e Glauber Rocha (Estética da Fome, 1965; Eztetyka do Sonho, 1971). Aborda a demanda de artistas por uma estética própria não submissa aos ditames e modos da produção internacional.
4/12 - Saindo do museu.
Leitura e discussão de textos de Robert Smithson (A Tour of the Monuments of Pasaic, New Jersey, 1966; A cinematic Atopia, 1971) e Dan Graham (Homes of America, 1966; The City as Museum, 1971). Aborda a relação dos artistas com a linguagem e os esforços para expandir e repensar a história da arte a partir de uma nova perspectiva.
6/12 - Pensando e corrompendo o museu.
Leitura e discussão de textos de Hito Steyerl (In defense of the poor image; Is the Museum a Factory?); Andrea Fraser (An Artists Statement, 1992; In and Out of Place, 1991). O circuito e lugares das imagens pensados a partir das dinâmicas do capital.
11/12 - Descolonizando o pensamento.
Leitura e discussão do Manifesto Afrofuturista e de textos de Rashen Araeen (Why Third Text?), Anjalika Sagar e Kodwo Eshun (The Militant Image: A Ciné-Geography, 2011). Práticas de reinvenção da cultura artística a partir de perspectivas não eurocêntricas ou ocidentais.
13/12 - Projeções de futuros do passado.
Anton Vidokle (Art Without Death) e Pedro Neves Marques (Look above, The Sky is Falling: Humanity Before and After the End of the World, 2015; How Many Natures can Nature Nurture", 2016). Face a distopia, aborda práticas de intervenções críticas ligadas a imaginação da ficção científica.