|
julho 13, 2018
Mario Pedrosa Atual curso_laboratório no MAM, Rio de Janeiro
Em um ano marcado pelos 50 anos das manifestações de 1968 e da edição do AI5, o curso-laboratório Mario Pedrosa Atual pretende estabelecer um espaço de reflexão, debate e mobilização coletivos a partir do estudo crítico da atuação e do pensamento de Mario Pedrosa.
Proposição de Glaucia Villas Bôas e Izabela Pucu
Participantes: Clarissa Diniz, Eduardo Jardim, Fernando Cocchiarale, Glaucia Villas Bôas, Glória Ferreira, Luiz Guilherme Vergara, Izabela Pucu, Jessica Gogan, Luiz Camillo Osorio, Marcelo Ribeiro, Mario Chagas, Martha D’Angelo, Myrian Sepúlveda dos Santos, Michelle Sommer, Natália Quinderé, Nina Galanternick, Patrícia Corrêa, Quito Pedrosa, Sabrina Parracho, Tarcila Formiga, Pollyana Quintella
2 a 30 de agosto, quintas-feiras, 15h às 19h - Inscrições até 29 de julho de 2018
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
Inscrições online
Informações por email
Gratuito - 140 vagas
APRESENTAÇÃO
Em um ano marcado pelos 50 anos das manifestações de 1968 e da edição do AI5, o curso-laboratório Mario Pedrosa Atual pretende estabelecer um espaço de reflexão, debate e mobilização coletivos a partir do estudo crítico da atuação e do pensamento de Mario Pedrosa – militante político, crítico de arte, intelectual, escritor, figura fundamental, na mesma medida, para a constituição e o desenvolvimento dos campos político, artístico e cultural brasileiros, tendo atuado também intensamente no âmbito internacional. Apesar da importância de sua contribuição e do esforço histórico de pesquisadoras como Otília Arantes e Aracy Amaral, de ações mais recentes como a antologia de textos editada pelo MoMA em 2016, apenas em inglês, sob organização de Gloria Ferreira e Paulo Herkenhoff, Pedrosa é ainda pouco estudado entre nós, sendo desconhecido, sobretudo, pelos mais jovens. Nesse sentido, o curso-laboratório vai reunir, de forma pioneira, grande parte dos pesquisadores e críticos que vêm trabalhando com o pensamento de Pedrosa no Rio de Janeiro, de modo a constituir um corpus de reflexões sobre o autor, fomentar a troca de referências e gerar ações no sentido de ampliar o acesso à sua obra. Nesse sentido, o curso-laboratório significa também o primeiro passo para constituição da PLATAFORMA MARIO PEDROSA - projeto de pesquisa e atualização permanentes do legado do autor.
O curso-laboratório tem como fio condutor a identificação a e discussão do projeto político-cultural de Pedrosa para o Brasil, seu compromisso com a instituição de uma sociedade democrática e igualitária, que envolveu ainda a renovação da crítica de arte, a invenção de associações, museus, jornais e partidos políticos, os quais serão abordados e atualizados também por meio da contribuição dos participantes convidados.
Integrado nas atividades comemorativas dos 70 anos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM RJ, o curso-laboratório pretende ainda apoiar a reflexão crítica acerca dos desafios para a reinvenção e a sustentabilidade de um museu que enfrenta dificuldades de manutenção historicamente e nos dias de hoje, mesmo tendo jogado papel fundamental na produção cultural da cidade. Num momento como o atual, de retrocessos sociais e políticos generalizados, de acirramento da crise que há décadas assola as instituições em geral no Brasil, acreditamos que retomar o legado revolucionário e contestador de Mario Pedrosa pode nos fornecer parâmetros para a crítica dos modelos institucionais hegemônicos e nos apoiar na imaginação e na construção de outras institucionalidades necessárias às urgências do presente.
PROGRAMA
2 de agosto de 2018 – Abertura - Atualidade de Mario Pedrosa. Apresentação do curso, exibição de filme e debate sobre as ações mais recentes de pesquisa e visibilidade do legado de Pedrosa, os desafios para a popularização do seu pensamento no Brasil; discussão do cenário político-cultural atual e das premissas a partir das quais o curso se realiza; a relação do curso com os desafios atuais de um museu que completa 70 anos e sua reinvenção.
Participantes:
Fernando Cocchiarale
Glória Ferreira
Michelle Sommer
Nina Galanternick
Quito Pedrosa
Parte 1 - Modernidade em disputa: analise crítica do projeto politico-cultural de Pedrosa para o Brasil, em conflito com outros projetos concorrentes. Discussão do que representou a implantação dos Museus de Arte Moderna, o modelo de museu moderno e o desenvolvimentismo no Brasil; Arte, necessidade vital; O atelier do Engenho de Dentro como lugar de conversão ao concretismo e o Museu de imagens do inconsciente; projeto de renovação da critica de arte no Brasil. Arte, educação, educação pela arte. A utopia e a crítica ao projeto de Brasília, o congresso internacional de críticos, projeto do museu de Brasília. Crise do projeto construtivo e falência do desenvolvimentismo. Estamos ainda condenados ao moderno?
9 agosto de 2018
Participantes:
Sabrina Parracho
Luiz Camilo Osório
Tarcila Formiga
Marcelo Ribeiro
16 agosto de 2018 – Crítica, museus, educação
Participantes:
Martha D’Angelo
Guilherme Vergara
Natália Quinderé
Parte 2 – Pós modernidade cultural e as bases para uma nova democracia. Discussão da ideia de pós modernidade proposta por Pedrosa em 1966, antes mesmo de pensadores como Leo Steinberg (1968) e Jean François Lyotard (1979), uma ideia de pós modernidade cultural e de caráter anti-arte; popularização do campo da arte e o programa ambiental de Hélio Oiticica; Pedrosa interlocutor cotidiano dos artistas, outras formas de curadoria; Boicote a Bienal; Arte, revolução, liberdade e a luta contra as ditaduras na América Latina; exílio no Chile de Allende; o Museu da solidariedade, história e atualidade. A revolução possível pela arte, a revolução das sensibilidades; Incêndio no MAM, política cultural; Museu das origens, decreto da anistia, fundação do Partido do Trabalhadores, construção das bases para uma nova democracia no Brasil. Que instituições podemos imaginar hoje para nos apoiar na instituição de uma democracia real?
23 agosto de 2018
Participantes:
Eduardo Jardim
Jessica Gogan
Mario Chagas
30 agosto de 2018
Participantes:
Clarissa Diniz
Mirian Sepúlveda dos Santos
Patrícia Correa
Pollyana Quintella
SOBRE MARIO PEDROSA
Mario Pedrosa atuou fortemente no Brasil e no exterior, tendo sido Presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (1962), e vice-presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte (1957), mantido colunas permanentes em jornais como o Correio da Manhã (1943), Diário da Noite e O Jornal (década de 1920), fundou ainda jornais como Luta de Classes (1930), primeiro jornal de oposição de esquerda no Brasil, e Vanguarda Socialista (1945), considerado fundamental na formação intelectual de uma geração. Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil em 1926, do qual foi expulso em 1929, por sua orientação ao trotskismo, com o qual rompeu no final da década de 1940. Em 1947 entrou para o Partido Socialista juntamente com outros colaboradores do semanário Vanguarda Socialista. Lutou contra as duas ditaduras que tiveram lugar no Brasil, na era Vargas, quando participou da histórica da batalha na praça da Sé, e a partir do Golpe Militar de 1964, o que o levou ao exílio nas duas ocasiões.
A partir da década de 1930 se aproximou dos artistas e do campo cultural, iniciando seu trabalho como crítico de arte com um texto sobre Villa-Lobos (1929). Foi interlocutor fundamental de artistas como Flávio de Carvalho, Hélio Oiticica, Almir Mavignier, Lygia Clark, Lygia Pape, Antonio Manuel, Abraham Palatnik, Alexander Calder, entre muitos outros. Apoiou a fundação dos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo ao longo das décadas de 1940 e 1950, e, deste último foi diretor em 1960, tendo sido responsável pela organização da Bienal Internacional de São Paulo de 1953 e em outras ocasiões. Mobilizou com entusiasmo esforços em prol do trabalho realizado por Dra. Nise da Silveira na Casa das Palmeiras para a constituição do Museu de Imagens do Inconsciente em 1952.
Entre os museus idealizados por Pedrosa estão o Museu da Solidariedade, instituído por uma comissão presidida por ele em 1972, durante seu exílio no Chile, em apoio ao governo popular de Salvador Allende; além de projetos não realizados, como o Museu de Brasília, um museu pedagógico e arquivístico, todo feito de cópias, descrito pelo autor numa carta ao arquiteto Oscar Niemeyer em 1958; e o Museu das origens, instituição que reunia cinco museus, pensado como proposta de reconstrução do MAM RJ após o trágico incêndio que o destruiu em 1978. Em seu último ano de vida, Pedrosa militou ativamente pela criação do Partido dos Trabalhadores (1980), em cuja ata de fundação seu nome está entre os primeiros. Nascido em 1900 na cidade de Timbaúba, Pernambuco, e falecido em 1981, no Rio de Janeiro, Pedrosa atravessou o século 20 como protagonista dos debates e movimentos mais importantes de seu tempo.