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junho 27, 2018
Virada 68/13 na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Na virada do dia 29 para o dia 30 de junho, a partir das 19h, o Parque Lage receberá o evento 68/13, uma programação de filmes com debate que se estenderá por toda a noite e se encerrará com café da manhã no dia seguinte. O evento faz referência ao aniversário de 50 anos das revoltas estudantis e operárias de 1968 e ao aniversário de cinco anos das mobilizações de junho de 2013, possivelmente as maiores da história do país.
29 de junho de 2018, sexta-feira, a partir das 19h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ
A programação reúne curtas e longas de ambos os períodos, com uma ênfase especial em 1968, escolhidos por sua qualidade cinematográfica, sua relevância como documentos e sua raridade, bem como por oferecerem um panorama da pluralidade, do alcance global e dos diferentes desdobramentos destes momentos históricos.
Assim, os filmes vão desde o francês Grands Soirs et Petits Matins (William Klein, 1978), filmado nas ocupações estudantis que tomaram o Quartier Latin em maio de 68, ao brasileiro Vida Provisória (Mauricio Gomes Leite, 1968), que esteve muitos anos esquecido –– passando pelo cubano Memórias do Subdesenvolvimento (Tomás Gutiérrez Alea, 1968), retrato altamente autorreflexivo do processo revolucionário na ilha, o norte-americano Vanishing Point (Richard Sarafian, 1971), que mostra o avesso niilista da contracultura, e o documentário Panteras Negras (Agnès Varda, 1968).
Representando 2013, A Cidade É Uma Só? (Adirley Queirós, 2013) encerra a virada deixando no ar a pergunta sobre quanto das causas dos protestos daquele ano ainda estão presentes, e que destino pode ser dado à memória e experiência deles.
Estas serão questões abordadas também no debate com o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, a crítica de cinema Andrea Ormond, a pesquisadora e ativista Alana Moraes e o filósofo Rodrigo Nunes, no dia 29 às 21h. Em pauta, as semelhanças e diferenças entre 1968 e 2013, suas diversas dimensões, seus saldos e lições, sua representação audiovisual, e aquilo que eles ainda podem significar para o futuro da política no Brasil e no mundo.
A ideia de concentrar toda a programação em 13 horas contínuas, varando a noite, remete tanto às ocupações de fábricas, universidade e prédios públicos ocorridas em 1968 e em 2013, quanto à intensa e politizada cultura cineclubística dos anos 60.
68/13 tem curadoria de Luisa Marques, Fabian Cantieri e Rodrigo Nunes.
PROGRAMAÇÃO
19h – Exibição dos filmes:
Actua I, de Philippe Garrel (1968, França, 6 min.)
Grands Soirs et Petits Matins, de William Klein (1978, França, 97 min.)
La Reprise du Travail aux Usines Wonder, de Jacques Willemont (1968, França, 10 min.)[UdMO1]
21h - Debate
Com Andrea Ormond, Eduardo Viveiros de Castro, Alana Moraes e Rodrigo Nunes (mediador)
23h em diante – Exibição dos filmes (haverá intervalos):
Memórias do Subdesenvolvimento, Tomás Gutiérrez Alea (1968, Cuba, 104 min.)
Black Panthers, de Agnès Varda (1968, França/EUA, 31 min.)
Vanishing Point, Richard C. Sarafian (1971, EUA, 99 min.)
Blablablá, de Andrea Tonacci (1968, Brasil, 33 min.)
A Vida Provisória, Maurício Gomes Leite (1968, Brasil, 88 min.)
A Cidade é uma Só?, Adirley Queirós (2011, Brasil, 79 min.)
7h - Café da manhã
DEBATEDORES
Alana Moraes é antropóloga, feminista e ativista, interessada nas pistas de junho de 2013 e nas relações entre corpo, gênero e política. Atualmente desenvolve uma pesquisa (Museu Nacional-UFRJ) sobre a política sem-teto nas ocupações urbanas do Movimento de Trabalhadores Sem-Teto (MTST) fabricada entre cozinhas, curas e tempo livre.
Andrea Ormond é escritora, curadora e crítica de cinema. Autora da trilogia de livros Ensaios de Cinema Brasileiro – Dos Filmes Silenciosos ao Século XXI, mantém desde 2005 o blog Estranho Encontro, exclusivamente sobre cinema brasileiro, além de colaborar com diversos veículos, como a Folha de São Paulo. Na ficção publicou os livros Longa Carta Para Mila (2006) e Rainha (2017). Curadora da Curta Circuito – Mostra de Cinema Permanente.
Eduardo Viveiros de Castro é antropólogo e professor de etnologia no Museu Nacional/UFRJ. Foi professor visitante nas universidades de Cambridge, Manchester e Chicago, entre outras, e é doutor Honoris Causa pela Université de Paris - Nanterre La Défense. É autor de diversos artigos e livros, entre os quais A Inconstância da Alma Selvagem (2002), Metafísicas Canibais (2015) e, com Déborah Danowski, Há Mundo Por Vir? Ensaio sobre os Medos e os Fins (2014).
Rodrigo Nunes é filósofo e professor da PUC-Rio. Autor do livro Organisation of the Organisationless. Collective Action After Networks (2014) e diversos artigos, editou um dossiê sobre junho de 2013 e seus desdobramentos para a revista francesa Les Temps Modernes. Como organizador e educador popular, participou de diferentes iniciativas políticas, como as primeiras edições do Fórum Social Mundial. Seu novo livro, Beyond the Horizontal. Rethinking the Question of Organisation, será publicado em 2019.