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fevereiro 20, 2018
III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea, Fortaleza
Fortaleza reunirá, de 26 a 28 de fevereiro e 1º de março, pesquisadores do Brasil, França, Itália e Argentina no III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea. Serão 18 conferências, performances, mostras de artes visuais e de cinema, numa programação intensa atravessada pelo tema “Imagem e Liberdade”, ocupando diferentes espaços da cidade, a nos dizer da urgência dos nossos tempos. São trabalhos que refletem sobre o estado e o estatuto das imagens contemporâneas, com especial atenção às novas formas e práticas do cinema e da fotografia com as tecnologias digitais.
O EIIC chega à terceira edição como um espaço privilegiado de reunião de pesquisadores fundamentais para o pensamento no campo expandido das imagens contemporâneas, em suas mais diversas vertentes estéticas, políticas e sociais. O Encontro se propõe, partindo de novas perspectivas de compreensão e produção de imagens e de diversas linhas de pensamento, a refletir sobre questões que visam diferentes apostas estéticas, éticas, de produções tecnológicas e políticas da imagem na contemporaneidade.
O crítico e historiador das artes e da cultura Mário Pedrosa, um dos pensadores latino-americano mais importantes do séc. XX, para quem o afeto vem antes que a razão, define a arte como o exercício experimental da liberdade. Pedrosa afirmou a vontade criadora da arte como aspiração à liberdade através da revolução das sensibilidades.
Ao exercício da liberdade da arte se contrapõe uma lógica que é insensível aos apelos do direito à vida. Ao desejo de liberdade que atravessa as artes que se dirigem ao mundo é contraposto uma série impositiva de enquadramentos que repercutem e ganham adesão entre os setores mais fragilizados da sociedade. Tomados pelo medo da liberdade, tema dos mais recorrentes na literatura e nos grandes escritos dos dois últimos séculos – Tolstoi, Kafka, Thomas Mann, Camus e, sobretudo, em Dostoievski – a produção artística é o alvo das sociedades em estado de fragilidade.
Pautados pelo desejo de inscrever sensibilidades em regimes que passem pelo crivo da vida (Nietzsche) é que propomos como eixo mobilizador do III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea o tema da “Imagem e Liberdade”.
Que as imagens, o cinema, as obras artísticas sejam objetos e a um só tempo atravessados pelo ímpeto da liberdade, colocando-se em relação direta com a vida dos negros, das mulheres, dos indígenas, das sexualidades não-normatizadas, com as diversidades religiosas, com a formação de sensibilidades estéticas livres.
O III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea homenageia o artista Francisco de Almeida. Toda a identidade visual do encontro, desenvolvida por Tobias Gaede, toma como referência a obra de Francisco.
Inscrições abertas: http://www.eiic.ufc.br/2018/inscricoes
PROGRAMAÇÃO
26 de fevereiro, segunda-feira
Abertura
18 às 20 horas
Performance “merci beaucoup, blanco!”, com Michelle Mattiuzzi
20 horas
Abertura da exposição individual do artista Francisco de Almeida
Local: Sem Título Arte (Rua João Carvalho, 66 – Aldeota)
27 de fevereiro, terça-feira
16h30min - 18h30min
Conferência I
A Bela e a Fera, ou uma ferida grande demais - André Parente
Liberdade dos instrumentos, liberdade das formas, liberdade do pensamento: o exemplo do artista experimental italiano Paolo Gioli – Philippe Dubois
Local: Cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – sala 2
(Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
20h30min
Mostra Olho (Programas 1 e 2)
Local: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 – Praça do Ferreira)
28 de fevereiro, quarta-feira
9h - 11h
Conferência II
Diante do desejo de liberdade do outro: imagens de emancipação, experiência histórica e racialização da crítica - Amaranta César
Cinema, educação e processos subjetivos - Cezar Migliorin
11h -13h
Conferência III
Poéticas da Liberdade na Diáspora – o cinema de John Akomfrah - Angela Prysthon
Entre a vida e a morte: uma visita ao cinema de Apichatpong Weerasethakul - Henrique Codato
Local: Cinema do Dragão do Mar
14h30min às 16h30min
Conferência IV
As faces de Belting – Notas sobre a contribuição de Hans Belting sobre o estudo do rosto - Gabriela Reinaldo
Os golpes das imagens como arte de incitar a irritação pública - Márcio Seligmann
Vivemos em uma nova Idade Média? Por uma ecologia da imagem - Norval Baitello
16h30min às 18h30min
Conferência V
Gestos, repetições e esvaziamentos - Beatriz Furtado
Laboratório de Intervenção Social - Gabriela Golder
Nunca estive tão longe - Yuri Firmeza
Local: Cinema do Dragão do Mar
19h30min
Mostra Olho (Programas 3 e 4)
Local: Cineteatro São Luiz
1º de março, quinta-feira
9h - 11h
Conferência VI
Fotografia Brasileira Contemporânea - Antonio Fatorelli
Limites e passagens entre performance e fotografia - Eduardo de Jesus
Adeus ao gesto - Mauricio Lissovsky
14h30min às 16h30min
Conferência VII
“Filmar com”: perspectivas e mediação em Martírio e Ava Yvy Vera - André Brasil
Coabitação e hospitalidade na cena documentária - César Guimarães
Local: Porto Iracema das Artes (rua Dragão do Mar, 160)
19 horas
Conferência VIII
À conquista de uma autonomia visual: marcos históricos e iniciativas fílmicas contemporâneas - Nicole Brenez
Mostra Olho (Programa 5)
Local: Cineteatro São Luiz
22 horas
Encerramento
Mostra dos alunos da Vila das Artes + Festa
Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221 – Centro)
* O resumo de todas as conferências, o perfil dos palestrantes e a programação artística podem ser acessados no site do encontro.
PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA
PERFORMANCE “MERCI BEAUCOUP, BLANCO!”, COM MICHELLE MATTIUZZI
A performance "merci beaucoup, blanco!" consiste na ação da artista Michelle Mattiuzzi pintar seu corpo preto com tinta branca. Ao nomear o processo com uma saudação, ela propõe uma reflexão direta sobre a linguagem formal como uma ferramenta racista. A expressão "merci beaucoup, blanc!" tem uma origem latina e, na França, é usada para designar gratidão. Além disso, ao criar uma inflexão na palavra "blanc" (que significa branco em francês) adicionando a letra "O", pretende aproximá-la da pronúncia portuguesa da palavra branco (branco). Esta pesquisa artística visa criar experiências estéticas que se movem dentro da ficcão da fotografia, do cinema e da ação ao vivo. E, ao mesmo tempo, afirma uma estratégia poética de elaboração das lutas políticas negras na vida cotidiana de comunidades racializadas. Michelle Mattiuzzi é ex-bancária, ex-recepcionista, ex-operadora de telemarketing, ex-auxiliar de serviços gerais, ex-cuidadora de crianças, ex-dançarina, ex-mulher, ex-atendente de corretora de seguros, ex-esposa, ex-aluna. Foi jubilada pela Universidade Federal da Bahia, por racismo institucional. Negra, escritora, performer, move-se com arte de modo indisciplinar.
MOSTRA OLHO
A monumentalidade do Cineteatro São Luiz recebe pela primeira vez a Mostra OLHO, que chega à terceira edição com uma proposta curatorial que desloca 16 obras de arte em vídeo para a sala de cinema, propondo uma experiência imersiva com trabalhos de artistas de vários países.
A Mostra OLHO integra a programação artística do III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea. A curadoria é de Alessandra Bergamaschi (graduada em Comunicação pela Universitá di Bolonha e doutoranda em História da Arte pela PUC-Rio) e Vanina Saracino (MFA em Estética e Teoria da Arte Contemporânea na Universidade Autônoma de Barcelona, UAB e curadora do canal de arte IkonoTV, Berlim, Alemanha). O projeto de exibição explora as relações existentes entre a produção contemporânea de obras de arte em vídeo e o cinema. A questão que se coloca é como a arquitetura de um espaço imersivo pode contextualizar, influenciar e até mesmo redefinir a experiência do espectador com uma obra de arte, especialmente no que se refere a percepção de obras baseadas no tempo.
OLHO reúne, em sequências cuidadosamente pensadas, obras de arte em vídeo que repensam a linguagem do cinema para que sejam exibidas em suas telas e em outros contextos específicos. A mostra já percorreu espaços como a Cinemateca do MAM, RJ; Cinemateca Brasileira, SP; Teatrino de Palazzo Grassi, Veneza e Cine-104, Belo Horizonte.
Programa por sessão: http://www.eiic.ufc.br/2018/mostra-olho
EXPOSIÇÃO FRANCISCO DE ALMEIDA
O III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea homenageia o artista Francisco de Almeida. Toda a identidade visual do encontro, desenvolvida por Tobias Gaede, toma como referência a obra de Francisco. O EIIC abre a programação com o lançamento da exposição Francisco de Almeida, no dia 26 de fevereiro, na Sem Título Arte.
Francisco é filho de pai ourives e mãe bordadeira e neto de avó rendeira, começou a desenhar cedo observando o pai. Mudou-se para Fortaleza aos 15 anos e estudou xilogravura com Sebastião de Paula. Posteriormente, frequentou cursos de pintura na UFC e Unifor. Participou de exposições em Fortaleza, Sobral, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Argentina e Espanha, com destaque para sua participação no Panorama da Arte Brasileira do MAM, em São Paulo (2005), na Bienal de Valência, em 2007, e na VII Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2009). Com a xilogravura, Francisco realiza várias experimentações, como aquelas orientadas para a produção de obras de grandes dimensões e para a elaboração de xilogravuras fragmentadas, permitindo a realização de inúmeras obras usando variações de uma mesma matriz.
Saiba mais: http://www.eiic.ufc.br/2018/francisco