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dezembro 6, 2017
Seminário Internacional Revisitando Pop no MAM, São Paulo
Museu Arte Moderna de São Paulo promove seminário Revisitando o Pop/Flipping Pop. O evento explora a sinergia entre duas mostras de 1967: a IX Bienal de São Paulo, conhecida como a ‘Bienal do Pop Art’ e a exposição ‘Nova Objetividade’ - ponto de partida conceitual para o 35º Panorama da Arte Brasileira, em cartaz no MAM.
8 e 9 de dezembro de 2017, sexta-feira e sábado (ver horários abaixo)
Museu de Arte Moderna de São Paulo - Auditório
Av. Pedro Álvares Cabral s/nº - Portão 3, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP
APRESENTAÇÃO
O Museu de Arte Moderna de São Paulo promove nos dias 8 e 9 de dezembro de 2017 o seminário internacional Revisitando o Pop/Flipping Pop, dentro da programação do 35º Panorama da Arte Brasileira Contemporânea, em cartaz no museu até 17 de dezembro. Coordenado pelo Instituto MESA, e por Luiz Camillo Osorio, que assina a curadoria do 35º Panorama, o seminário propõe explorar as sinergias entre duas importantes exposições de 1967, revisitadas por ocasião dos seus 50º aniversários: a contribuição americana para a IX Bienal de São Paulo, conhecida como a “Bienal do Pop Art” e a exposição/manifesto “Nova Objetividade Brasileira”, sintetizando a proposta das novas vanguardas brasileiras, organizada por um grupo de artistas e críticos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio). Ressalta-se o legado destas convergências históricas para o contemporâneo na retomada do texto “Esquema Geral da Nova Objetividade” escrito por Hélio Oiticica e usado como ponto de partida conceitual para a curadoria do 35º Panorama.
Com o apoio da Terra American Art Foundation, o seminário busca expandir as análises predominantes da pop art para além do eixo Nova York - Londres e da celebração da cultura de consumo ocidental através de novas leituras críticas, lugares e perspectivas de fala. O propósito do encontro é examinar como os artistas da época desafiaram os mitos modernistas de pureza estética criando novas zonas de hibridação política, cultural e social. Para Mário Pedrosa essa foi a virada pós-moderna. Cabe indagar diante do contexto contemporâneo, cada vez mais fragmentado e complexo, como podemos , a partir do que o teórico Walter Mignolo sugere como uma certa "desobediência epistêmica", abordar estas releituras? Ou seja, como podemos descolonizar as leituras históricas da arte e desvincular, tanto em conteúdo como em método, as macro-narrativas e posições tradicionais, retrabalhando-as a partir de diferentes pontos de vista? O seminário internacional Revisitando o Pop/Flipping Pop buscará catalisar estas possibilidades através de novas leituras da pop art americana e das práticas das vanguardas brasileiras dos anos 1960.
Organizado pelo Smithsonian Institute, a contribuição americana para a IX Bienal de São Paulo contou com uma retrospectiva de Edward Hopper e a exposição “Environment USA 1957 – 1967”, apresentando trabalhos de Robert Rauschenberg, Edward Ruscha, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg e Andy Warhol, entre outros. O comissário, o então curador do MoMA William C. Seitz, desenhou um paralelo "não sentimental e às vezes irônico, humorístico ou desencantado" entre a vida americana de Hopper antes da década de 1920 e a década de 1960. A seleção incluiu Three Flags, por Jasper Johns, Gas Station por Edward Ruscha, e Buffalo II, por Robert Rauschenberg além de três obras de Warhol da sua série Death and Disaster (1962 - 1967). Essas obras e a afirmação de Seitz sugerem uma compreensão do pop além de seu verniz consumista. Ao mesmo tempo, no contexto da ditadura militar (1964 - 1985), uma geração de artistas radicalizava sua busca por um posicionamento específico da vanguarda brasileira articulada pela síntese de Oiticica nas proposições do Esquema Geral da Nova Objetividade. Ressalta-se a atualidade deste texto no foco em mudanças ético-estéticas, no engajamento social e político, na redefinição de uma vontade construtiva e no retorno à questão da anti-arte. Além disso, intensifica-se o trânsito de exilados e a diáspora artística juntamente com as sinergias transnacionais da contracultura da década de 1960, produzindo experiências vitais do pop como as obras -manifesto Exploding Plastic Inevitable de Andy Warhol nos EUA e a Tropicália de Oiticica no Brasil.
Através destas várias perspectivas, o seminário busca deflagrar outras formulações do pop através de novos diálogos Brasil-Estados Unidos, reunindo pesquisadores brasileiros, artistas, estudantes e convidados internacionais. A ocasião será composta por duas conferências e três mesas redondas com foco nas releituras históricas e contemporâneas do pop, nas exposições de 1967, o camp e as diversas relações entre as práticas artísticas e o espaço social na década de 1960, tendo, como pano de fundo, a exposição apresentada no 35º Panorama da Arte Brasileira.
PROGRAMAÇÃO
Sexta-feira, 8 de dezembro
14h Conferência: Flora Süssekind
16h Mesa redonda: Releituras do Pop e das vanguardas dos anos 60
Analisa a recepção crítica da Bienal “Pop” em 1967 e (re) leituras históricas e contemporâneas do Pop e da Nova Objetividade Brasileira
- Jessica Gogan
- Sônia Salzstein
- Sérgio B. Martins (mediação)
Sábado, 9 de dezembro
10h Mesa redonda: (Tropi) Camp
Explora o conceito do camp no trabalho de Andy Warhol e Hélio Oiticica, no cinema e no jogo entre margens e mainstream, no momento cultural dos anos 60
- Denilson Lopes
- Luiz Fernando Ramos
- Max Hinderer Cruz (mediação)
14h Conferência: Jonathan Flatley
16h Mesa redonda: Do museu para a rua/da rua para o museu
Investiga os entrelaçamentos entre práticas artísticas, os espaços sociais e a sensibilidade pop na década de 1960
- Izabela Pucu
- Kenneth Allan
- Ana Maria Maia (mediação)
CONFERENCISTAS E PALESTRANTES
Ana Maria Maia é pesquisadora, curadora e professora de arte contemporânea, doutoranda em Teoria e Crítica de Arte na Universidade de São Paulo e membro do Conselho Consultivo do MAM-SP. Foi curadora adjunta do 33º Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013) e curadora do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (2011-12). Fez parte do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2011-2013) e foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2009-2010). Realizou diversas curadorias, tais como “Experimente também em outros horários" (Trienal de Sorocaba, 2015) e "Elefante branco com paninho em cima" (MIS, São Paulo, 2016). Organizou os livros Sobre artistas como intelectuais públicos (Casa Tomada e Prólogo Editora, 2012), Flávio de Carvalho (Editora Azougue, 2015) e Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira (Editora Aplicação, 2016).
Denilson Lopes é professor associado da Escola de Comunicação da UFRJ e pesquisador do CNPq. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) e da Associação Brasileira de Estudos de Homocultura (ABEH). É autor de No Coração do Mundo: Paisagens Transculturais (Rio de Janeiro: Rocco, 2012), A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens ( Brasília: EdUnB, 2007), O Homem que Amava Rapazes e Outros Ensaios (Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002), Nós os Mortos: Melancolia e Neo-Barroco (Rio de Janeiro: 7Letras, 1999), organizador de O Cinema dos Anos 90 (Chapecó: Argos, 2005), co-organizador de Silviano Santiago y los Estudios Latinoamericanos (Pittsburgh: Iberoamericana, 2015) e Cinema, Globalização e Interculturalidade (Chapecó: Argos, 2010). Afetos, Relações e Encontros com Filmes Brasileiros Contemporâneos (Hucitec Editora 2017).
Flora Süssekind trabalha como pesquisadora no Setor de Filologia do Centro de Pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa e como professora associada no curso de Estética e Teoria do Teatro do Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Com graduação, mestrado e doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é autora, entre outros livros, de Tal Brasil, qual romance?, Literatura e Vida Literária, Cinematógrafo de Letras, Papéis Colados, A Voz e a Série e O Brasil não é longe daqui. Tem focado seus estudos em historiografia literária e teatral, na cultura oitocentista brasileira, na produção cultural contemporânea, na escrita poética e teatral, nas relações entre arte e técnica, entre a literatura e outras artes e em formas diversas de intervenção crítica.
Izabela Pucu é artista, curadora, pesquisadora e gestora cultural. Doutora em História e Crítica da Arte PPGAV/EBA/UFRJ. Diretora e curadora do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2014-2016). Coordenadora de Projetos da EAV Parque Lage (2008 a 2011). Pesquisadora do livro Mario Pedrosa: primary texts, (orgs. Glória Ferreira e Paulo Herkenhoff, MoMA/NY, 2016), organizou os livros Roberto Pontual obra crítica (Prefeitura do Rio/Azougue, 2013), Imediações: a crítica de Wilson Coutinho (Funarte/Petrobrás, 2008) e foi curadora das exposições Osmar Dillon: não objetos poéticos (2015), Relandscape/Repaisagem, de Ivan Henriques, A lágrima é só o suor do cérebro, de Gustavo Speridião (2016).
Jessica Gogan é curadora, educadora e diretora do Instituto MESA e co-editora da Revista MESA. Doutora em História da Arte pela Universidade de Pittsburgh nos EUA (2016). Entre seus projetos recentes são o livro Domingos da Criação: um coleção poética do experimental em arte e educação (a ser lançado em dezembro 2017) premiado pelo Itaú Rumos 2015-2016; O sentido do público na arte – encontros considerando as singularidades regionais brasileiras em três distintos contextos; exposição e residência do artista brasileiro José Rufino no Museu Andy Warhol (Pittsburgh, EUA), onde foi diretora de educação e curadora de projetos especiais (1997 – 2009).
Jonathan Flatley é professor associado da literatura inglês na Wayne State University. Foi co-organizador da coletânea Pop Out: Queer Warhol (1996) e autor de Affective Mapping: Melancholia and the Politics of Modernism (2008) e Like Warhol (2017), recém lançado pela University of Chicago Press, onde examina a prática do artista e os impulsos utópicos e queer que o animam. Formado no Programa de Pós-Graduação em Literatura da Duke University em 1990-1996, onde trabalhou com Fredric Jameson e Eve Sedgwick, sua pesquisa e ensino estão comprometidos com uma abordagem comparativa da experiência da modernidade, com foco nas tradições culturais afro-americanas, americanas e russas. A capacidade da arte para representar e criar experiências afetivas coletivas tem sido um foco constante de seu trabalho.
Ken Allan é professor associado de História da Arte na Universidade de Seattle. Recebeu seu mestrado e doutorado na Universidade de Chicago. Pesquisa sobre arte nos anos 1960, Los Angeles, urbanismo e espectadores. Publicou nos periódicos The Art Bulletin e Art Journal e no livro Pacific Standard Time: Los Angeles Art, 1945-1980. Contribui vários ensaios para catálogos de exposições, como o Aleph americano: Wallace Berman; Pop Departures e The City Lost and Found: Capturar Nova York, Chicago e Los Angeles, 1960-1980. Seu projeto de livro atual é intitulado Object Lessons: Experiencing Pop Art in 1960 Los Angeles.
Luiz Fernando Ramos é professor associado do Departamento de Artes Cênicas da USP e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da ECA/USP. É pesquisador do CNPq e coordenador do Grupo de Investigação do Desempenho Espetacular. Criou e coeditou entre 2000 e 2010 a revista Sala Preta e, desde 2014, reassumiu a publicação, agora em versão eletrônica e filiada ao portal de periódicos da USP. Foi crítico de teatro da Folha de São Paulo entre 2008 e 2013. É autor de O parto de Godot e outras encenações imaginárias: a rubrica como poética da cena (Hucitec, 1999) e de Mimesis Peformativa: a margem de invenção possível (Annablume, 2015).
Max Jorge Hinderer Cruz é escritor, tradutor e critico focando nos estudos Latino-Americanos e estética materialista e atualmente doutorando na Acadêmica das Belas Artes em Vienna. Pesquisa questões de crítica ideologica e estética materialista junto com a história da cultura marginal brasileira nos anos 60s and 70. Co-autor com Sabeth Buchmann de Block Experiments in Cosmococa: Program in Progress, MIT Press, 2012 e co-curador do “The Potosi Principle”, Reina Sofia, 2010.
Sérgio Bruno Martins é professor do departamento de História da PUC-Rio. Possui mestrado e doutorado em história da arte pela University College of London (UCL). Foi editor-convidado do número especial 'Bursting on the scene: Looking Back at Brazilian Art', do periódico Third Text, e é autor do livro Constructing an Avant-Garde: Art in Brazil, 1949-1979 (MIT Press, 2013). Tem experiência nas áreas de crítica e história da arte, atuando principalmente nos seguintes temas: arte e vanguarda no Brasil (com ênfase em Hélio Oiticica, Neoconcretismo, Lygia Clark, Cildo Meireles, Antonio Dias, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa); participação nas artes visuais; o legado moderno e o problema da autonomia artística na arte contemporânea; relação entre visualidade e escrita nas artes; ideologia do espaço urbano. É vice-líder do Grupo de Pesquisa/CNPq Arte, Autonomia e Política.
Sônia Salzstein é Professora-Titular de História da Arte e Teoria da Arte junto ao Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde coordena o Centro de Pesquisa em Arte Brasileira. Publicou inúmeros estudos sobre arte moderna e contemporânea, abordando, entre outras, as obras de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Franz Weissmann, Iberê Camargo, Antonio Dias, Iole de Freitas, Mira Schendel e Waltercio Caldas e tem diversos textos publicados sobre questões culturais ligadas à globalização e à modernização em contextos periféricos. Foi curadora de inúmeras exposições de arte contemporânea, acompanhadas pela edição de publicações e pela organização de cursos e oficinas voltados à formação de jovens artistas. Participou em diversos conselhos diretores e comitês assessores de instituições de arte e cultura no país.
COORDENADORES
Com sede no Rio de Janeiro, o Instituto MESA dedica-se a pesquisas, projetos e publicações transdisciplinares que promovam e aprofundam encontros entre arte, cultura e sociedade. A diretora da organização Jessica Gogan foi ex-diretora de educação e curadora de projetos especiais no Museu Andy Warhol antes de obter seu doutorado em História da Arte, e o co-fundador Luiz Guilherme Vergara é professor associado no departamento de arte na Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos da Arte e ex-diretor / curador do Museu de Contemporâneo Arte, Niterói (MAC, 2013-2016).
Fundada em 2009, a MESA coordena uma ampla gama de iniciativas culturais e também publica o periódico bilíngue online Revista MESA: http://institutomesa.org/RevistaMesa/edicoes_en.html
CURADOR
Luiz Camillo Osorio (Rio de Janeiro, 1963) é professor do Departamento de Filosofia da PUC-Rio, pesquisador do CNPQ e curador do Instituto PIPA. Entre 2009 e 2015 foi Curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2015 foi o curador do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza. Em 2016 fez a curadoria da exposição Calder e a Arte Brasileira, no Itaú Cultural. Autor dos livros Flávio de Carvalho, Cosac&Naify, SP, 2000; Abraham Palatnik, Cosac&Naify, SP, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005 e Olhar à Margem, SESI-SP e Cosac&Naify, SP, 2016.
SOBRE O PANORAMA
O Panorama da Arte Brasileira, ou Panorama, como é mais conhecido, foi criado em 1969 com o propósito de reconstruir o acervo do MAM. Desde então, propiciou a aquisição de inúmeras obras para a coleção do museu, de artistas como Alfredo Volpi, Maria Bonomi, Abraham Palatnik e Ernesto Neto, entre outros.
O Panorama é realizado a cada dois anos, sendo um espaço de experimentação para curadores e de mapeamento da produção contemporânea em todas as regiões do país.