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julho 19, 2017
Foto-cine-vídeo expandidos com Daniela Bousso e Lucia Santaella na Casa seLecT, São Paulo
Cursos extra-temáticos de inverno
Foto-cine-vídeo expandidos
O curso aborda os experimentos artísticos radicais relacionados com a área das imagens tecnológicas. E como a cultura digital revolucionou a criação de imagens fixas e móveis.
Idealizadoras e professoras: Lucia Santaella e Daniela Bousso
8 a 17 de agosto de 2017, terça-feiras e quinta-feiras, das 19h30h às 21h30
Casa seLecT
Rua Itaquera 423, Pacaembu, São Paulo, SP
Informação pelo casaselect423@gmail.com ou 11-96570-7279
Inscrições online
PROGRAMA
Na área das imagens tecnológicas, foto, cine e vídeo, é tal a heterogeneidade e diversidade de produções na arte contemporânea que, para os teóricos e críticos da arte e da cultura, tornou-se impossível tomar como ponto de partida ou mesmo chegar, depois de muito esforço, a qualquer tipo de categorização, classificação ou rotulação. Os meios e processamentos de produção e pós-produção, os meios de emissão, visualização, exposição, distribuição, transmissão, difusão, os meios de armazenamento, arquivamento, recuperação e os meios de recepção, troca e compartilhamento são de tal forma variados que põem em falta as nomenclaturas orientadoras. Essa falta intensificou-se desde o advento do vídeo, o grande responsável por tornar permeáveis as relações entre foto, cine e vídeo. Brotou com isso uma nova estética, configurada a partir da diversidade de dispositivos e de experiências que caracterizam um lugar intermediário de instabilidades, multiplicidades e hibridismos para esses três campos de criação da imagem fixa e móvel. Essa estética emergente estava preparando o terreno para a era computacional. Quando o computador deixou de ser uma caixa fechada para produzir imagens, textos e guardar arquivos, mais ainda, quando as interfaces gráficas abriram as comportas para o envio, troca e compartilhamento de dados multimídia, as misturas entre mídias e linguagens tornou-se regra. Não se trata mais de passagens, como queria Bellour, mas de genealogia das imagens, uma genealogia em que elas já se engendram nas misturas. Com isto, o computador se transformou em um laboratório experimental no qual diferentes mídias podem se encontrar, suas técnicas e estéticas se combinar na geração de novas espécies sígnicas que têm recebido recentemente os nomes de foto, cine e vídeo expandidos.
Duração: 4 palestras
Público alvo: estudantes de arte, jornalistas culturais, artistas, professores de arte, profissionais da área de museus, arte educadores, aspirantes à crítica e curadoria, profissionais da área da cultura, estudantes e profissionais de comunicação e semiótica, arquitetos, designers, tecnólogos da informação, estudantes de literatura, professores em geral, colecionadores, interessados em arte contemporânea em geral.
Palestra 1: Foto, cine, vídeo imbricados e expandidos
No campo das artes que, na falta de um nome melhor, ainda continuamos chamando de visuais, as misturas entre mídias e linguagens são de tal monta que se tornou quase impossível encontrar nomes adequados para a complexa malha de softwares, dispositivos, meios de transmissão, arquivamento, recuperação e exposição que nelas se concentram. Por isso mesmo, a arte que incorpora na sua feitura, de um modo ou de outro, as multifacetadas potencialidades do computador e dos softwares, tornou-se um campo imantado para onde convergem as mais ou menos radicais experimentações digitais contemporâneas. Constatar essa intricada malha dos híbridos de que resulta a atual impossibilidade de categorização, não deve funcionar como um álibi para nos livrar do esforço de buscar as fontes e examinar a evolução das formas inventivas da imagem, em cada um dos campos – foto, filme, vídeo, formas que, no estágio atual, aparecem inextricavelmente expandidas e imbricadas.
Palestra 2: Fotografia expandida
Livre das amarras da foto convencional, em analogia ao “cinema expandido” (Youngblood) e à “escultura em um campo expandido” (Kraus), quando se trata da fotografia, as diversas
experiências, que têm conduzido a um vazamento de suas fronteiras, têm sido chamadas de “fotografia expandida”. A rigor, tais procedimentos não são tão novos, apenas vêm passando por uma intensificação desde a emergência do computador. As vanguardas dadaístas e outras já subvertiam as normas implícitas na fabricação dos aparelhos e materiais fotográficos e transgrediam os modelos e a gramática da linguagem fotográfica. Para Rubens Fernandes, a foto expandida atual aponta para alguns vetores que têm dominado na cena contemporânea e que se condensam nos procedimentos de subversão do código impositivo ao fazerem uso do “equipamento, seus acessórios, o material sensível e os softwares com procedimentos contrários aos estabelecidos pelo produtor ou pela tradição cultural”. Avançam-se assim os sinais previsíveis e, plenamente justificando o nome de “fotografia expandida”, são derrubadas quaisquer barreiras, inclusive aquelas que tradicionalmente definiram as “categorias ontológicas da fotografia”.
Palestra 3: Cine expandido
o nome “cinema expandido” é o que está se fixando para caracterizar um campo muito amplo e diversificado que acaba desaguando no mesmo oceano em que a atual vídeoarte e muitas criações de artemídia também deságuam, à maneira de campos que correm paralelos e vão convergindo gradativamente até se encontrarem em um destino similar: o da hibridação e miscigenação em que todas as fronteiras se borram. o nome “cinema expandido” é bastante elástico para dar conta de eventos projetivos e das mais contraditórias dimensões do filme e da videoarte, difíceis de definir e classificar. Alguns eventos de cinema expandido alargam o campo da visão até o ponto de dissolver o cinema nele mesmo, mergulhando-o em um espaço cibernético. Outras variantes buscam a ontologia nos elementos mais simples do meio, tais como o facho de luz do projetor ou a simples lâmpada. Em geral, o meio é questionado e o cinemático é buscado fora ou para além da máquina fílmica, quando o cinema passa a ser uma forma de viver, o que o coloca perto do teatro e da performance e não da mídia de gravação. O advento do digital expandiu o campo do cinema que passou a abrigar dentro de sua rubrica também o cinema digital, i-cinema, cinema interativo, cinema quântico, neurocinema, cinema imersivo, transcinema, soft cinema, quasi-cinema, cinema do futuro, cinema de museu, cinema de exposição, live cinema, machinima, machinema.
Palestra 4: Vídeo expandido
Para alguns críticos, o vídeo sempre foi expandido. O vídeo é uma mídia que se tornou a rainha da heterogeneidade por excelência. Mais do que uma mídia, nas palavras de Arlindo Machado, “trata-se de um campo de tensão que imanta boa parte da produção contemporânea de arte”. Para Oliver Schultz, há uma crescente perspectiva analítica a partir da qual teóricos falam da “vida interior das esferas do vídeo” (Treske), do “carnaval das novas telas” (Stiegler); ou, ainda, de um “modo cinemático de produção” (Beller). Em suma, há razões transversais para a prevalência do vídeo como um formato central e pluriformal do atual complexo sistema sociocultural.
Inicio 8 de agosto
Horários Terça-feira e quinta-feira, das 19h30h às 21h30
Carga horária 8 horas (4 encontros em 8/8, 10/8, 15/8 e 17/8)
Investimento 2 x R$ 200,00