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junho 28, 2017
Escola em Transe: Debates e projeção Terra em Transe na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Jornada comemorativa dos 50 anos do filme Terra em transe, de Glauber Rocha, com projeção do filme, conferências e debates.
Convidados: Ismail Xavier, Paloma Rocha, Rodrigo Guimarães Nunes
29 de junho de 2017, quinta-feira, das 17h às 22h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ
PROGRAMAÇÃO
17h – Abertura e apresentação, pela curadora Lisette Lagnado (EAV Parque Lage)
17h15 – Depoimento da produtora e documentarista Paloma Rocha, filha de Glauber
17h30 – Projeção do filme “Terra em Transe”, de Glauber Rocha
19h25 – Intervalo
19h45 – Hélio Oiticica e Glauber, comentário de Lisette Lagnado
20h – Terra em transe e o grande teatro barroco da derrota do populismo, conferência do prof. Ismail Xavier (ECA-USP)
21h – Cinema e política, palestra do prof. Rodrigo Guimarães Nunes (PUC-Rio)
21h30 – Debate com os convidados. Mediação: prof. Joel Pizzini (EAV Parque Lage)
APRESENTAÇÃO
Por ocasião dos 50 anos do filme Terra em Transe (1967) de Glauber Rocha, a curadora e crítica de arte Lisette Lagnado vem concebendo, junto com os professores do Núcleo "Imagem em Movimento" da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, uma série de pequenas homenagens, tomando o palacete do parque onde o filme foi rodado, para repensar pedagogias críticas ao longo do segundo semestre. Nas palavras do cineasta:
O que interessa é que Terra em Transe, um filme de impacto pela desordem intelectual que provoca, obriga os espectadores a pensar [...] Criticaram o filme por não oferecer uma síntese. Mas se eu tivesse oferecido uma síntese, teria feito um filme antimarxista, idealista, antidialético. [...] Fiz Terra em Transe com a aspiração de que fosse uma bomba.
O título do filme inspira a celebração "Escola em transe", que abre em junho com duas palestras analisando um marco do Cinema Novo. Outras comemorações já estão definidas, como a projeção do filme Cinema Novo, de Eryk Rocha, e apresentações de trabalhos de estudantes da EAV.
Conferência: "Terra em transe e o grande teatro barroco da derrota do populismo", Prof. Ismail Xavier
Após traçar um panorama do período para situar o impacto de Terra em transe na cultura brasileira nos anos 67-68, será feita uma leitura do filme concentrada na forma como Glauber compõe a alegoria política – que podemos associar ao “drama barroco” shakespeariano na montagem da trama em que se decidem os grandes lances nas intrigas palacianas. A alegoria se tece do embate entre personificações de lideranças da classe dominante (Diaz, Vieira, Fuentes). Cada qual tem seu lugar emblemático e o Parque Lage é o espaço decisivo no que se refere à figura de Vieira e às contradições do populismo, sendo palco do seu Grande Teatro. Mediador central da narrativa do golpe de Estado, Paulo Martins condensa a figura do jornalista-poeta que cabe analisar em relação à autoimagem dos intelectuais na época”.
Palestra: "Cinema e política", Prof. Rodrigo Guimarães Nunes
Há 50 anos, a bomba de Glauber Rocha explodiu num país vivendo o interregno entre o golpe de 1964 e o AI-5 de 1968. Como Terra em Transe apareceu aos olhos de seus contemporâneos? Que tipo de intervenção era, e porque causou tanta polêmica? Tomando estas questões como ponto de partida, esta apresentação propõe três níveis de leitura do filme - como reflexão sobre seu momento político, sobre a posição de intelectuais e artistas na política, e sobre o debate estético do período - a partir das quais é possível situar o filme em seu contexto nacional e internacional, no interior da obra de Glauber Rocha, e perguntar que explosões esta bomba pode provocar no momento presente.
CONVIDADOS
Ismail Xavier é PhD em Cinema Studies da New York University, Professor Livre-Docente do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde defendeu doutorado em Teoria Literária, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Aposentado em 2007, é Professor-Senior do Programa de Pós-graduação em "Meios e processos audiovisuais" da ECA-USP. Foi diversas vezes Professor-Visitante da New York University, da University of Iowa, da Université de Paris III (Sorbonne Nouvelle) e da University of Leeds, entre outras instituições. É autor de publicações sobre cinema, dentre as quais: Alegorias do subdesenvolvimento: O Discurso Cinematográfico: a opacidade e a transparência; Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal; El discurso cinematográfico: la opacidad y la transparencia; Glauber et l’esthétique de la faim; Allegories of Underdevelopment: Aesthetics and Politics in Brazilian Modern Cinema.
Rodrigo Guimarães Nunes é PhD em Filosofia pelo Goldsmiths College, Universidade de Londres, e professor de filosofia moderna e contemporânea da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). É autor do livro Organisation of the Organisationless. Collective Action After Networks (Mute/PML Books, 2014) e colaborador de diversas publicações nacionais e internacionais, como Radical Philosophy, Les Temps Modernes, Serrote, Historical Materialism, The Guardian, Al Jazeera, Jacobin, El País e Folha de S. Paulo. Como curador, organizou o programa "Stronger Are the Powers of the People": Politics, Poetics and Popular Education in Brazilian Cinema, 1962-1979, apresentado em Londres (No.w.here, 2009) e Berlim (EiszeitKino, 2011). Seu ensaio "Terra em Transe, Cinema e Política: 45 anos" foi premiado no Primeiro Prêmio de Ensaísmo da revista Serrote em 2011.
Joel Pizzini é cineasta, pesquisador, autor de ensaios documentais premiados internacionalmente como “Caramujo-Flor” (1988), “Enigma de Um Dia”(1996)”Glauces” (2001) e “Dormente” (2006), Joel Pizzini conquistou com os longas”500 Almas” (2004) e “Anabazys”(2009), além da seleção oficial no Festival de Veneza, os prêmios de Melhor Filme, Som, Fotografia, Especial do Júri, Montagem, nos Festivais do Rio, Mar Del Plata, e Brasília. Para a televisão, a convite do Canal Brasil,realizou os retratos “Um Homem Só”(2001), “Elogio da Luz”(2003), “Retrato da Terra”(2004), “Helena Zero” (2006), entre outros. Conselheiro da Escolado Audiovisual de Fortaleza e Professor da PUC- Rj (pós-graduação em Comunicação) e Faculdade de Artes do Paraná, Pizzini foi artista residente da Unicamp do Arsenal/Fórum da Berlinale, dentro do projeto “Living Archive”. Trabalha ainda como Curador da Restauração da obra de Glauber Rocha.
Comissão organizadora: Joel Pizzini, Lisette Lagnado, Lucas Parente, Marcos Bonisson, Ricardo Mansur, Rosa Melo, Ulisses Carrilho.