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julho 27, 2015
O Artista gestor e a potência independente no Ateliê 397, São Paulo
Uma série de conversas com artistas, curadores e gestores que atuam e pensam sobre a cena brasileira de arte independente.
Participantes: Benjamin Seroussi (Casa do Povo, São Paulo/SP), Camila Fialho (Associação Fotoativa, Belém/PA), Giuseppe Bernardi (Tupac, Peru), Jorge Sepúlveda (Curatoría Forense, Chile), Marcelo Amorim (Ateliê 397, São PAulo/SP), Renan Araujo (Bordel, Ribeirão Preto/SP), Ricardo Basbaum (Rio de Janeiro), Sally Mizrachi (Lugar a dudas, Colômbia), Samantha Moreira (Ateliê Aberto, Campinas/SP), Sergio Pinzón (Ateliê 397, São PAulo/SP), Thais Rivitti (Ateliê 397, São Paulo/SP), Yudi Rafael (Ateliê 397, São Paulo/SP)
27 a 30 de julho de 2015, 19h
Ateliê 397
Rua Wisard 397, Vila Madalena, São Paulo
11-3034 2132 ou contato@atelie397.com
APRESENTAÇÃO
Os espaços independentes são iniciativas que vêm ganhando cada vez mais importânica e reconhecimento dentro do panorama atual da arte contemporânea. Eles se configuram como alternativas à programação veiculada em galerias comerciais e museus, respondendo a uma crescente demanda por uma maior diversidade cultural, com a acolhida de novas propostas e abertura para discussões fora do mainstream do circuito artístico.
O encontro vai discutir algumas das questões e contribuições trazidas pela atuação dos espaços independentes no que diz respeito à formação no campo da arte, gestão autônoma e o desenvolvimento de uma programação experimental, que são seus principais focos de intervenção. Geralmente, os espaços independentes são estruturas pequenas, com atuação local e cujo funcionamento difere da lógica tradicional (no que diz respeito às relações de trabalho e às formas de gestão). São lugares que operam sob um principio de horizontalidade, onde os limites entre o que comumente se entende por artista, curador ou gestor, se desmancham. Outro objetivo do encontro é refletir sobre essas novas atuações – mais multidisciplinares – que configuram o caráter de um novo agente cultural em que convergem particularidades de várias naturezas como a criação, a articulação e a administração.
PROGRAMAÇÃO
27 de julho, segunda-feira, 19h
Mesa 1: O artista para além da produção de imagens
Conversa com Giuseppe De Bernardi (Tupac, Peru) e Ricardo Basbaum com mediação de Marcelo Amorim (Ateliê397)
O campo de atuação dos artistas tem se ampliado significativamente nos últimos tempos. A medida em que a noção de obra – entendida como totalidade acabada e encerrada em si mesma – entra em colapso, observa-se o surgimento de inúmeras práticas artísticas mais abertas, que levam em conta o contexto em que se inserem e assumem formas diversas. Pretende-se, nesta mesa, refletir sobre tal condição, utilizando como disparador de reflexões o conceito seminal de “artista, etc.”, cunhado por Ricardo Basbaum (“Amo os artistas etc”, 2004). Como pensar a figura do artista diante dessa crescente dissolução das fronteiras que o separam do curador, do editor, do apresentador de projetos, do educador e também do gestor de espaços independentes?
28 de julho, terça-feira, 19h
Mesa 2: O curador como gestor
Conversa com Benjamin Seroussi (Casa do Povo), Renan Araújo (Bordel), e Thais Rivitti (Ateliê397), com mediação de Yudi Rafael (Ateliê397).
O termo “curadoria” usualmente designa uma prática ou saber específico dentro do sistema da arte contemporânea. O curador, supõe-se, é um profundo conhecedor da arte, um atento leitor de contextos, capaz de estabelecer relações entre trabalhos de arte e a realidade social e política. Atua, também, como negociador dos interesses artísticos e institucionais e, por vezes, conduz complexos processos de pesquisa, apresentando-os posteriormente ao público. Nesta mesa, discutiremos a prática curatorial em espaços de arte independentes. Que tipo de ação ou atividade o contexto independente possibilita? Como criar uma programação contínua e de qualidade nesses espaços? Quais as novas formas de exibição, de circulação, de debate que a atuação independente tem apresentado como alternativas às tradicionais?
29 de julho, quarta-feira, 19h
Mesa 3: Atuação local, o espaço e o entorno
Conversa com Samantha Moreira (Ateliê Aberto) e Sally Mizrachi (Lugar a dudas, Colombia), com mediação de Sergio Pinzón (Ateliê397).
A arte contemporânea tem suscitado novas formas de diálogo e ação em/sobre seu entorno. Nesta mesa, discutiremos a ação local dos espaços independentes: Como estabelecer uma relação com a comunidade do bairro ou da cidade em que se atua? Como pensar a ampliação do público, para além do meio artístico? Em que medida os espaços independentes acabam atuando de forma mais? Falaremos sobre a realização de atividades (exposições, debates, linhas editoriais e de pesquisa) que promovam a interação com o contexto, com a comunidade e a sociedade.
30 de julho, quinta-feira, 19h
Mesa 4: Novos modelos e alternativas de pesquisa, formação e exibição
Conversa com Camila Fialho (Associação Fotoativa) e Jorge Sepúlveda (Curatoría Forense, Chile).
A pesquisa e a formação em arte contemporânea são parte importante das gestões autônomas, que questionam estruturas rígidas, como a academia e o ensino formal, bem como se esforçam por construir uma visão da arte longe de paradigmas tradicionais. Esta mesa discute as noções de pesquisa, formação e exibição em termos de desnaturalização do aprendizado, ou seja, do rompimento com aquilo que tomamos como dado, como possibilidade de reação ao estado das coisas.
SOBRE OS PARTICIPANTES
Benjamin Seroussi, 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Curador, editor e gestor cultural. Dedica-se aos projetos culturais de gestão coletiva Casa do Povo, no Bom Retiro e Vila Itororó, na Bela Vista (ambos em São Paulo / SP). Integrou a equipe de curadores da 31a. Bienal de São Paulo (2014) e foi diretor de programação do Centro de Cultura Judaica (2009 – 2012). É mestre em sociologia pela École Normale Supérieure e École de Hautes Études en Sciences Sociales e em Gestão Cultural pela Sciences-Po.
Camila Fialho, 1980. Vive e trabalha em Belém, Brasil. Pesquisadora e curadora independente. Colaboradora da Associação Fotoativa, nas áreas produção e desenvolvimento de Projetos Culturais, atualmente coordena o Núcleo de Pesquisa e Documentação da instituição e o projeto Fotoativa em Residência: dois de cá, dois de lá. É formada em Letras (2005) e Mestre em Literatura Francesa (2009) pela UFRGS, e tem especialização em Práticas Curatoriais e Gestão Cultural pela Faculdade Santa Marcelina (2012).
Giuseppe De Bernardi, 1972. Vive e trabalha em Lima, Peru.
Artista plástico, formou-se na Parsons The New School of Design de Paris, França (1991 – 1996) e The New School for Social Research de Nova York, EE.UU. (1995). É diretor fundador de Tupac – Centro Cultural de Creación Contemporánea, comunidade de artistas e centro de gestão independente fundado em 2001.
Jorge Sepúlveda, 1971. Vive e trabalha nômade, pela América Latina, desde 2009.
Fundador do grupo de trabalho Curatoría Forense (2005). É membro fundador e coordenador da Red de Gestiones Autónomas de Arte Contemporánea – Latinoamérica, e do Censo Latinoamérica de Arte Contemporáneo. Atua como crítico independente e pesquisador.
Marcelo Amorim, 1977. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Artista plástico e diretor do Ateliê397. É graduado em Produção Editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e especializado em Mídias Interativas pelo Centro Universitário Senac. Foi coordenador editorial do Paço das Artes, entre 2004 e 2008.
Renan Araujo, 1987. Vive e trabalha em Ribeirão Preto – São Paulo, Brasil. Curador independente, Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda pela Universidade de Ribeirão Preto (2007 – 2014). Atualmente é parte do grupo de crítica e acompanhamento do CCSP – Centro Cultural São Paulo (2014 – 2016). Fundador do espaço independente Bordel, em Ribeirão Preto.
Ricardo Basbaum, 1961. Vive e trabalha em Río de Janeiro, Brasil. Artista, escritor, crítico, curador (artista-etc) e professor do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Autor de Manual do artista-etc (2013) e dos livros de artista de G. x eu (1997) e NBP x eu-você (2000). Entre 1999 e 2003 cria e coordena, no Rio de Janeiro, junto com outros artistas, a iniciativa independente Agora – Agência de Organismos Artísticos. Foi co-editor da revista item (1995-2003).
Sally Mizrachi, 1958. Vive e trabalha em Cali, Colômbia. Licenciada em Línguas Modernas da Universidad del Valle e designer de moda. Integrou desde o início o grupo de artistas e curadores que ajudaram no desenvolvimento do conceito e estrutura da iniciativa de Oscar Muñoz; Lugar a dudas. Gestora cultural e coordenadora geral do espaço.
Samantha Moreira, 1972. Vive e trabalha em Campinas, Brasil.
Artista, curadora e gestora cultural. Fundadora e coordenadora do Ateliê Aberto, em Campinas, desde 1997. Como diretora de desenvolvimento institucional (2005/11) da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, realizou projetos voltados à Mobilidade Urbana envolvendo arte, cultura e cidadania.
Sergio Pinzón, 1988. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Artista plástico e responsável pela área de projetos do Ateliê397, tendo realizado, entre outros, “Before Pictures: encontro com Douglas Crimp”, em 2015. É formado em Artes Plásticas pela Universidad de los Andes e mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Cursa atualmente especialização em Gestão de Projetos Culturais do Centro de Estudo Latinoamericanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC) da Universidade de São Paulo.
Thais Rivitti, 1978. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. É diretora do Ateliê 397, onde desenvolve projetos de exposições, publicações, debates e cursos desde 2010. Atua como curadora e crítica de arte. Graduada em jornalismo e filosofia, mestre em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
Yudi Rafael, 1985. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. No Ateliê 397, atua como curador assistente. Pesquisador, curador e artista, é graduado bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (2011) e pós-graduando em Arte: Crítica e Curadoria pela PUC-SP (2013 – 2015). Atualmente, integra o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Histórias das Exposições.