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março 12, 2015
toque-me: debates e oficina na Funarte, Brasília
O projeto toque-me, contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014 - Atos Visuais Funarte Brasília, é formado por uma instalação interativa, debates e oficina, criado por Eduardo Salvino & OSNÁUTICOS.
Participantes: Alex Dias (Ribeirão Preto), Ananda Carvalho (São José dos Campos), Cayo Honorato (Goiânia), Cláudio Bueno (São Paulo), Eduardo Salvino (Belo Horizonte), Francesca Cricelli (Brasil/Itália)
20 a 22 de março de 2015 - Inscrições para oficina até 16/03
Complexo Cultural Funarte Brasília
Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, Lote 2, Brasília
Oficina - inscrições por meio de carta de intenção e currículo.
APRESENTAÇÃO
A obra artística consiste numa relação interativa com o público: de tempos em tempos o telefone toca. O passante que estiver próximo ao orelhão pode atender a chamada. Ao fazer isso, o usuário dará início a uma relação interativa com essa "máquina poética". A interação acontece à medida em que a pessoa responde às gravações eletrônicas ouvidas do outro lado da linha. Ao fazer isso, o “interator” faz associações de teclas, correspondentes ao mês e ano de seu nascimento, o que lhe permite ouvir associações de poesias de Osnáuticos em relação a Brasília.
Os debates e a oficina buscam provocar, em conjunto com o público, a reflexão sobre o trabalho, assim como produzir novas poesias, a serem disponibilizadas nos orelhões utilizados na intervenção.
"Essa instalação, cuja pretensão é ser uma espécie de 'oráculo e vidente', faz leituras implausíveis do espectador, dando ao mesmo um perfil editado e inusitado ... em tom de 'fábula fantástica'”, explica Eduardo Salvino. O coordenador do evento acrescenta: “A partir de 'costuras poéticas', 'toque-me' pretende ser um remix sonoro, sobrepondo informações que tangem espaço, tempo e lugar. Dessa forma, esse é um projeto de instalação site specific, que é também construído, ao longo da exposição, de forma colaborativa”.
Brasília é o segundo lugar a receber a ação, que foi executada pela primeira vez em 2014, no SESC Belenzinho (SP).
PROGRAMA
Debates
20 de março, sexta-feira
14h às 16h - MESA 1: toque-me - Processos de Criação
Propositores: Eduardo Salvino e Francesca Cricelli
Mediação: Ananda Carvalho
Eduardo Salvino: toque-me Brasília
Nesta fala, Salvino apresenta os processos de criação do trabalho toque-me, em Brasília. Busca refletir sobre as proposições para lugares específicos, lidando com apropriações e reordenação de camadas de informação no tempo e no espaço, articuladas com o público local.
Francesca Cricelli: REPÁTRIA
A partir do conceito de Repátria, título de seu livro (inédito), Cricelli discute a ideia de “toque entre pátrias e o sentimento de pertencimento”. Por meio dessa perspectiva, propõe reflexões sobre redes, “local x global”, “identidades x identidade”, imagens físicas e mentais e “autor e espectador”.
16h30 às 18h30 - MESA 2: Mediações: entre o público e o espaço
Propositores: Cayo Honorato e Cláudio Bueno
Mediação: Ananda Carvalho
Cayo Honorato: Os públicos em toque-me
O trabalho conjunto de Eduardo Salvino & OSNÁUTICOS parece nos remeter a certa objetividade das mediações intersubjetivas; a uma instância de circulação reflexiva das produções culturais; ou ainda à temporalidade em que elas atuam; a um contexto de interação, de referenciação e de auto-implicação entre textos e seus leitores (em sentido abrangente); a uma conversa entre leituras que se caracterizam umas em relação a outras; etc. Propõe-se aqui discutir possíveis relações entre os diferentes públicos em toque-me, do passante/ usuário/ “interator” a que a obra se endereça e com os espaços de circulação em que ela procura se inscrever.
Cláudio Bueno: Contramonumento
Tomando como ponto de partida os projetos Monumento Continuo (1969) e Supersuperficie (1971-1973), desenvolvidos pelo grupo italiano Superstudio – que sugerem criticamente a ocupação do território das cidades, de modo isotrópico, infraestrutural e invisível, como uma malha infinita que se distribui por todo o espaço, atravessando o corpo e colocando-se como mais uma camada de mediação das relações – pretende-se verificar essas noções frente às redes de comunicação e tecnologias atuais. A essas ideias somam-se discussões sobre os trabalhos do artista Cláudio Bueno, como Redes Vestíveis (2010), Campo Minado(2009-11) e Monumentos Invisíveis (2011). Nesse último, a noção de contramonumento se manifesta num processo dialógico que compreende os territórios e as cidades como algo heterogêneo, múltiplo, marcado por diferenças que resistem aos processos globais de homogeneização, padronização e historicização desses espaços.
21 de março, sábado, das 10h às 12h30
MESA 3: Processo, escrita e colaboração
Propositores: Alex Dias, Eduardo Salvino e Francesca Cricelli
Mediação: Ananda Carvalho
Alex Dias: PoemArte
Ao pensarmos o processo de criação desenvolvido por Eduardo Salvino e Alex Dias, emerge a reflexão sobre como este promoveu a seleção de textos que integram o projeto; e de sua investigação acerca do próprio título que batiza o trabalho:toque-me, em consonância com a busca da poética estabelecida com Salvino. O toque, que tanto nos faz sentir como é gerador de sentidos, configura-se como as palavras que, por si só, são carregadas de significados diversos, à espera de serem “tocadas e reavivadas” pela língua e pelo “tempo” de quem as usa. Através dessa perspectiva, tais palavras encontram caminhos para se constituírem como obras de arte; ou mesmo matéria fundamental neste corpo híbrido de nossa arte contemporânea.
Eduardo Salvino: toque-me Brasília
Apropriando-se do universo multimídia, Salvino apresenta alguns questionamentos a respeito de autoria.
Francesca Cricelli: REPÁTRIA
Cricelli propõe reflexões e leituras em torno de fisicalidade e virtualidade no “elemento palavra”.
Oficina - toque-me poesia
21 e 22 de março, sábado, das 14h às 18h, e domingo, das 9h às 13h e 14h às 18h
Propositores: Alex Dias, Eduardo Salvino e Francesca Cricelli
toque-me poesia é uma oficina teórico-prática, que articula e produz conteúdos a partir de questões relacionadas à oralidade: a poesia falada – gravada e que poderá ser ouvida pelo público através dos orelhões – mas também com forte ligação às questões relativas a “contação” de histórias (em nosso caso, com uso de recursos tecnológicos contemporâneos). Os participantes terão, além de orientações teóricas, contato com diversos materiais das artes visuais que remetam ao projeto, tais como gravações de vozes; captura de sons ambientes; e processos de escritas. Neles, os alunos trabalharão com estímulos da escrita criativa, desenvolvendo seus próprios textos – ora individualmente, ora de forma coletiva. Os participantes experimentarão a escrita em consonância com novos suportes de propagação de textos poéticos, tais como capturas de vozes e sons ambientes (áudios). Os poetas Alex Dias e Francesca Cricelli (OSNÁUTICOS) auxiliarão os participantes na construção de seus textos e poemas, fornecendo-lhes referências práticas e teóricas, tirando suas dúvidas, e instigando-lhes o olhar para novas possibilidades de criação. O artista multimídia Eduardo Salvino auxiliará esses participantes nas escolhas, edição e montagem, dos poemas criados, inserindo-os nas interfaces de toque-me, ou seja, telefones públicos (orelhões) o que resultará não só na montagem final do “site specific”, mas, sobretudo, na difusão de uma nova “paisagem sonora local”.
Faixa etária do público-alvo: a partir de 16 anos
Inscrições gratuitas por meio de carta de intenção e currículo até 16 de março de 2015
Divulgação dos resultados: 18 de março de 2015
PARTICIPANTES
Alex Dias (Ribeirão Preto) é poeta, roteirista, ator e produtor cultural. É fundador e diretor de OSNÁUTICOS, que conta com inúmeros projetos ligados a diversas linguagens como cinema, poesia, teatro, artes visuais, literatura e música. Também é diretor da Oscip Cine Fórum Produções; além de ser Animador Cultural no SESC Ribeirão Preto. Cursa pós-graduação em Gestão Cultural e tem formação pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto.
http://osnauticos.blogspot.com.br
Ananda Carvalho (São José dos Campos) é curadora, crítica de arte, professora e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Sua pesquisa observa os procedimentos curatoriais em exposições de arte contemporânea. Acompanha artistas, escreve, pesquisa e produz curadorias em arte contemporânea desde 2009. Entre suas curadorias recentes, destaca-se a exposição Performatividade|Memória (Paço das Artes, 2014).
https://anandacarvalho.wordpress.com
Cayo Honorato (Goiânia) é professor adjunto no Depto. de Artes Visuais (VIS) do Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB), na área de História e Teoria da Educação em Artes Visuais, com pesquisa, principalmente, sobre os públicos e a mediação cultural no âmbito das relações entre as artes e a educação. É Doutor em Educação, na linha de Filosofia e Educação, pela FE/USP; mestre em Educação, na linha de Cultura e Processos Educacionais, pela FE/UFG; especialista em Arte Contemporânea e bacharel em Artes Visuais pela FAV/UFG.
http://cayohonorato.weebly.com
Cláudio Bueno (São Paulo) é artista e pesquisador, doutorando em Artes Visuais na ECA-USP. Por meio de ações em espaço público e instalações, seus trabalhos lidam principalmente com a relação entre corpo, espaço, participação, redes e informação.
http://buenozdiaz.net
Eduardo Salvino (Belo Horizonte) é artista e pesquisador e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Atua nos campos da videoarte, dos sons e das instalações. http://eduardosalvino.net
Francesca Cricelli (Brasil/Itália) é graduada em jornalismo pela Università degli Studi di Firenze (Itália) e mestre em Ciência Política pela Fflch – USP com dissertação sobre as abordagens estético-dramatúrgicas da representação política. Em 2010, recebeu menção honrosa no Prêmio Nosside, patrocinado pela Unesco. Participou dos festivais Amobologna Poesia (Bologna, Itália), Parco Poesia (Rimini, Itália), Atelier delle Arti (Misano Adriático, Itália), Rifrazioni (Nettuno, Itália) e Kritya (Trivandrum, Índia). Entre seus trabalhos de tradução destacam-se o livro do psicanalista Vincenzo Bonaminio (Imago, 2010) e as poesias de Davide Rondoni. Suas poesias foram publicadas na Índia em inglês e malayalam. Prepara sua primeiro livro de poesia em edição bilíngue português-italiano.