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março 1, 2015
Seminário 80+30 no CCBNB, Fortaleza
O seminário ocorre junto à abertura da mostra 80+30 e tem por objetivo debater sobre as artes visuais produzidas no Brasil durante a década de 1980, passados 30 anos da exposição Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1984, que tem sido compreendida como marco daquele período.
Participantes: Analu Cunha, Angelo Venosa, Barrão, Bitú Cassundé, Daniel Senise, Daniela Name, Delson Uchôa, Eduardo Frota, Herbert Rolim, Ivair Reinaldim, Jacqueline Medeiros, Leda Catunda, Luiz Zerbini, Marcelo Campos, Marcus Lontra, Tadeu Chiarelli
4 a 6 de março de 2015
Centro Cultural Banco do Nordeste
Rua Conde D’Eu 590, Centro, Fortaleza
APRESENTAÇÃO
O seminário 80+30 pretende estimular o debate sobre as artes visuais produzidas no Brasil durante a década de 1980, passados 30 anos da exposição Como Vai Você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1984, que tem sido compreendida como marco daquele período.
Além disso, procura atualizar informações e reflexões sobre lugares como o Ceará, promovendo cruzamentos com os contextos artísticos do Rio de Janeiro e São Paulo. Pensar a diversidade da arte na década de 1980 é também ampliar o olhar sobre a produção brasileira.
O foco principal de 80+30 recai sobre as trajetórias individuais de artistas atuantes naquele momento, que falarão de suas obras, processos e do contexto artístico em que começaram a produzir, além de refletirem sobre a atualidade. Também teremos a presença de críticos de arte de marcante atuação no período.
PROGRAMAÇÃO
Dia 4 de março, quarta-feira
15h
Abertura oficial
Jacqueline Medeiros e os curadores
16h
Mesa 1 – Enamorados da imagem
Daniel Senise + Bitú Cassundé (falando sobre Leonilson)
Mediação: Daniela Name
Mais do que uma "volta da pintura", a década de 1980 significou uma reaproximação com a imagem e com as possibilidades de relacioná-la com a história da arte, as referências pop e a cultura de massa. No debate que une as trajetórias de dois grandes amigos, Senise e Leonilson, a pintura será abordada em suas relações com o corpo, a arquitetura e com a memória, alavanca para a criação de um inventário íntimo, compartilhável com o observador. Senise vem se relacionando com a suposta morte da pintura criando em seu próprio trabalho um arquivo de referências de "fantasmas" como Caspar David Friedrich ou Giotto. Leonilson cerziu, em sua curta carreira, um diário permeado por figuras arquetípicas - o peixe, o farol, a cruz - e confissões pessoais.
19h
Mesa 2 –Forma e imanência
Angelo Venosa + Eduardo Frota
Mediação: Marcelo Campos
Na década de 1980 alguns artistas dedicaram-se ao pensamento tridimensional, explorando novas possibilidades de uso de materiais e de estruturação da forma, para além do legado da tradição construtiva. Angelo Venosa resgatou o elemento orgânico, configurando imagens que muitas vezes remetem ao natural e ao primitivo, e são a um só tempo contemporâneas e jurássicas, ancestrais. Nas últimas décadas, sua produção incorporou novos processos e tecnologias, fundindo os procedimentos de escultura e desenho. Eduardo Frota, por sua vez, desenvolve sua poética intimamente ligada à tradição construtiva, privilegiando a madeira, em diálogo constante com a arquitetura e os espaços urbanos. Olhares distantes e ao mesmo tempo complementares, reforçam a diversidade que a década de 1980 trouxe à tradição escultórica brasileira.
Dia 5 de março, quinta-feira
16h
Mesa 3 – Outros meios e ações coletivas
Analu Cunha + Herbert Rolim (falando sobre Grupo Aranha)
Mediação: Ivair Reinaldim
Para além da pintura, artistas exploraram diferentes linguagens na década de 1980, como o desenho e a gravura, meios com os quais Analu Cunha começou sua produção. Explorou ainda a fotografia e hoje se dedica à videoarte, não apenas como artista, mas também como teórica. Do mesmo modo, vários artistas uniram-se em torno de gruposno período, muitas vezes ligados apenas pelo espaço físico comum de um ateliê. No Rio de Janeiro, Analu participou da experiência coletiva na Oficina de Gravura do Ingá e, no Ateliê Alice, dos encontros que originariam o Visorama, já no início dos anos 90; em Fortaleza, formou-se o Grupo Aranha, composto por Hélio Rôla, Sérgio Pinheiro, Eduardo Eloy, Kazane, Alano de Freitas e Maurício Cals, entre outros. Tendo os muros da cidade como suporte, as pinturas feitas a céu aberto do coletivo procuravam ampliar o circuito de arte local e explorar diferentes modos de contato com o espectador.
19h
Mesa 4 – Fragmentos do mundo
Luiz Zerbini + Delson Uchôa
Mediação: Marcelo Campos
A pintura dos anos 1980 reforçou sua identidade multifacetada, abrindo espaço para uma diversidade de experiências, materiais, formas e gestos. Luiz Zerbini e Delson Uchôa são artistas que se contaminaram com as visualidades e sutilezas do mundo, da paisagem urbana e regional às narrativas cotidianas, procurando não documentar certos olhares ou representar apenas texturas, mas dar densidade a essas imagens. Em ambos a luz reforça a intensidade e poesia das cores, mas também certo olhar para aquilo que querem chamar a atenção. Se Zerbini ampliou seu repertório através de experiências com apropriações e experimentação visual-sonora, junto ao coletivo Chelpa Ferro, Uchôa, por sua vez expandiu as tramas e texturas de suas pinturas para o universo da fotografia e das instalações com sombrinhas.
Dia 6 de março, sexta-feira
16h
Mesa 5 – Caleidoscópio pop e popular
Leda Catunda + Barrão
Mediação: Daniela Name
O encontro entre Leda Catunda e Barrão colabora para uma reversão de um estereótipo dos anos 80 apenas como a “década da pintura”: Leda é dona de uma pintura híbrida e expandida, cuja pele muitas vezes foi herdada das coisas do mundo. Barrão é um multiartista, que transita com desembaraço da escultura às intervenções sonoras ou em vídeo. Mas há outros pontos de contato que iluminam a análise de sua geração: o flerte com materiais precários, o despudor com o kitsch, o mergulho na matriz popular brasileira e a apropriação de personagens de um universo pop. Os dois também criam a partir de um raciocínio fragmentado, que faz de cada obra uma espécie de prisma ou caleidoscópio. As formas, como Matrioskas russas, podem estar sempre grávidas de outras formas.
19h
Mesa 6 – Retrospecto crítico
Marcus Lontra + Tadeu Chiarelli
Mediação: Ivair Reinaldim
Passados 30 anos da exposição realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, que com uma interrogação pretendeu descontraidamente mapear a jovem produção de arte brasileira da primeira metade da década de 1980, é chegada a hora de reavaliar as posições teóricas assumidas naquele momento. Curadores das mostrasComo Vai Você, Geração 80? (1984) e Imagens de Segunda Geração (1987), Marcus Lontra e Tadeu Chiarelli, respectivamente, são críticos fortemente atuantes desde então, desenvolvendo suas trajetórias teóricas em paralelo à dos artistas do período e estruturando reflexões que extrapolam a própria conjuntura da década de 80.