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agosto 2, 2013
De Leonardo ao Digital - História da Arte Contemporânea de Daniela Bousso e Lucia Santaella
História da arte: Transversalidades
Neste curso, a história da arte é traçada de modo transversal. Em lugar das tradicionais periodicidades lineares, em que artistas e obras aparecem em uma fileira temporal, a história e a arte serão pensadas de modo descontínuo, em espaços justapostos que unem o próximo e o distante, o contínuo e o descontínuo. O objetivo é habilitar o(a) estudante para a identificação dos procedimentos e recursos das linguagens da arte, de modo a estabelecer analogias não-lineares entre obras e artistas, desenvolvendo relações criativas de sincronia no tempo e no espaço que são fundamentais para o exercício da atividade crítica e curatorial no campo da arte contemporânea.
Coordenação de Daniela Bousso e Lucia Santaella
Público alvo: estudantes de arte, jornalistas culturais, artistas, professores de arte, profissionais da área de museus, arte educadores, aspirantes à crítica e curadoria, profissionais da área da cultura, estudantes e profissionais de comunicação e semiótica, arquitetos, designers, tecnólogos da informação, estudantes de literatura, professores em geral, colecionadores, interessados em arte contemporânea em geral.
O curso está dividido em dois semestres. Dada a transversalidade da sua concepção, um semestre não é pré-requisito para o outro. Pode-se iniciar o curso em qualquer semestre e dar continuidade ou não no semestre seguinte. O curso é oferecido em duas cidades: Ribeirão Preto, no Instituto Figueiredo Ferraz, e São Paulo, na Galeria Nara Roesler.
Início do curso: 11 de setembro (Ribeirão Preto) e 18 de setembro de 2013 (São Paulo) - quartas-feiras, 18h30-21h30
Galeria Nara Roesler
Avenida Europa 655, Jardim Europa, São Paulo
11-3063-2344 ou info@nararoesler.com.br
www.nararoesler.com.br
Matrículas: 28/08, 16-20h; 29/08, 11-14h; 03/09, 16-20h e 09/09, 16-20h
Instituto Figueiredo Ferraz - IFF
Rua Maestro Ignácio Stabile 200, Alto da Boa Vista, Ribeirão Preto
Informações: 16-3623-2261
Terça a sábado, 14-18h
EMENTAS DOS MÓDULOS E TÓPICOS do 2º. Semestre / 2013
Módulo I: A vertente Dionisíaca da arte
A partir da noção de iconoclasmo na trajetória da arte moderna, elaborada por Peter Weibel, é possível pensar em uma vertente mais apolínea e uma vertente mais dinonisíaca da arte a partir das vanguardas, vertentes que, em certa medida, permanecem até hoje. A vertente apolínea levou à crise da representação, efetivada na emancipação da cor, das superfícies e da própria tela. A vertente dionisíaca apoiou-se no corpo do próprio artista. Desde que Marcel Duchamp barbeou seu cabelo na forma de uma estrela, revelando que o artista e sua obra se fundem em uma mesma realidade e que o artista ele mesmo tem uma presença estética, as experiências artísticas reverberaram na body art e nas artes performáticas.
Tópico I-1: Duchamp: matrizes estéticas no Dadaísmo e suas irradiações
Numa enquete realizada com artistas e críticos, Duchamp foi indicado como o artista mais influente do século XX. A complexidade e múltiplas tendências de sua obra influenciaram tanto os happenings e a pop art, quanto a arte conceitual, minimal e muitas das características da arte contemporânea e digital. Este tópico visa discutir essas tendências e influências.
Tópico I-2: Artes do corpo - Lygia Clark e Oiticica até as artes do corpo
A história da arte demonstra que o corpo humano sempre esteve, com maior ou menor intensidade, no foco de atenção dos artistas. Entretanto, nada é comparável à crescente centralidade do corpo nas artes a partir das vanguardas estéticas no início do século passado. Este tópico evidenciará o caráter antecipador da obra de Lygia Clark e Oiticica com ênfase no papel participativo do público e nos aportes do corpo na experiência da arte. Cada vez mais, a arte vem explorando a impressionante plasticidade e polimorfismo do corpo humano.
Tópico I-3: Arte e Performance
Os experimentos artísiticos realizados durante o Modernismo levaram mais e mais os artistas a fazerem uso de espaços não protegidos. A rua como locus de experimentação e comunicação artística passa a ser um espaço privilegiado e as artes do corpo tomam forma sob o nome de performance, prática iniciada durante o Dadaísmo e o Surrealismo e posteriormente estendida por integrantes do Grupo Fluxus, liderados por George Maciunas. A performance expandiu -se de tal forma após o segundo pós guerra a ponto de hoje constituir -se como um dos principais vetores de expressão nas artes visuais contemporâneas.
Módulo II: A arte e suas hibridações
A multiplicidade e diversidade das artes no panorama contemporâneo resultam, entre outras coisas, das misturas e hibridismos entre gêneros, suportes, técnicas, tecnologias, mídias e linguagens que foram se acentuando a partir do final do século XIX e que introduziram a fotografia, o cinema, o vídeo, a arquitetura, o design e suas variadas misturas no panteão das artes. Disso resulta a quase impossibilidade de categorização ou apontamento de tendências da arte contemporânea. Este módulo estará voltado para o estudo de algumas das hibridações mais fundamentais que conduziram as artes ao seu estado atual.
Tópico II-1: Arte Mídia
No campo das artes, antes da revolução industrial, os instrumentos técnicos eram prolongamentos do gesto hábil, concentrado nas extremidades das mãos. Já os equipamentos tecnológicos são máquinas semióticas. Isso começou com a fotografia e foi se sofisticando cada vez mais no decorrer do século XX até a constituição de um complexo campo artístico que passou a ser chamado de arte tecnológica ou arte-mídia. Este tópico abordará todos os tipos de artes tecnológicas desde a fotografia, com ênfase nas formas de arte que despontaram a partir das mídias digitais.
Tópico II-2: Áudio Arte
Compreender o desenvolvimento técnico e estético das artes sonoras demanda estabelecer relações entre contextos sócio-históricos, ferramentas, tecnologias e obras realizadas nos territórios da música e de outras formas de artes que se apropriaram do som. O curso procura estabelecer tais conexões na modernidade e pós-modernidade, partindo do impacto do fonógrafo, passando pelas pesquisas e experimentos sonoros das vanguardas nas artes visuais e na música, pela invenção de instrumentos eletrônicos e técnicas de gravação, até as novas interfaces de criação, edição e manipulação de sons através das quais emergem as sonoridades contemporâneas.
Tópico II-3: Foto e Vídeo /Filme e Vídeo
As relações entre foto e vídeo/filme e vídeo tornaram-se porosas. As fronteiras entre eles estão tendendo à dissolução. Obras recebem o nome de foto expandida, cinema expandido, ou vídeo de acordo com a predileção ou a área de inserção do artista. Assim, existem vídeos que se assemelham ao cinema e à televisão, com roteiro, gravação e edição para serem transmitidas ao expectador em telas grandes ou pequenas. Mas existem também vídeos em que o dispositivo faz parte integrante de um evento, uma instalação, uma complexa cenografia de telas, que colocam o receptor em uma situação perceptiva ativa e, muitas vezes, desconcertante.
Tópico II-4: Arte e Arquitetura/Arte e Design
Serão aqui discutidas as relações de similaridade, complementaridade, sobreposição, oposição, conflito, distinção entre arte e arquitetura, arte e indústria, arte e design. A arquitetura e o urbanismo contemporâneos, na sua relação com a arte, serão pensados como uma nova trama de valores, espaços complexos instaurados pela justaposição dos dispositivos; intervalos e desmaterialização como mecanismos da expansão urbana. As expansões no conceito de design serão tratadas até o limite do design thinking.
Módulo III: Transartes
A arte contemporânea caracteriza-se por intensos diálogos culturais de caráter inter e transdisciplinares com fértil migração de ideias e práticas de outras áreas de conhecimento para o campo das artes. As noções tradicionais, que classificavam as artes em gavetas autônomas, estão se dissolvendo no contexto das culturas líquidas antagônicas à solidificação de ideias e ações. A arte atual está emaranhada em uma rede de forças dinâmicas, tanto pré-tecnológicas quanto tecnológicas, artesanais e virtuais, locais e globais, massivas e pós-massivas, corporais e informacionais, presenciais e digitais etc.
Módulo III-1: Entre a atenção e a imersão
A partir de pesquisas artísticas que trabalham no campo da simulação e da experimentação sensorial e perceptiva, surgem alguns deslocamentos na arte do século XX: desde o advento do cinema, que apresenta o fenômeno da imagem em movimento, passando pelas mudanças da atenção do observador no Modernismo e pelo aparecimento da televisão nos anos 1950, seguido pela videoarte e videoinstalação. Frente a isso, o cinema tradicional teve seus limites ampliados no transcinema, com grandes alterações na esfera da recepção.
Módulo III-2: Games e Mobilidade
A interdisciplinaridade dos games tem atraído para seu estudo a filosofia, a semiótica, a psicologia, a antropologia, as ciências da computação, a engenharia elétrica, as telecomunicações, as ciências cognitivas, a publicidade, o marketing, as comunicações, o design, a computação gráfica, a animação, a crítica literária e da arte, a narratologia, a ludologia, a educação, todas elas em relação direta com as múltiplas e integradas características dos games. Tem-se aí um campo híbrido, poli e metamórfico com uma estética própria que tem se expandido em função das plataformas móveis.
Módulo III-3: Transmuseus
Transmuseus são pensados no contexto das arquiteturas de fluxos, itinerantes, planejadas para serem montadas, desmontadas e transportadas até outras localidades, levando consigo uma série de eventos. Nesse contexto, destacam-se as espacialidades de alguns pavilhões de exposições pensadas a partir dos princípios de liquidez, imersão e interatividade, com recursos e linguagens que tendem a ser fundir com o desenvolvimento de interfaces entre as tecnologias arquitetônicas e midiáticas, revelando seu caráter híbrido, ao mesmo tempo físico e virtual.
Módulo III-4: Transsistemas: arte, mercado e seus circuitos
Quando se fala em mercado das artes, costuma-se enfatizar apenas o papel desempenhado pelo mercado de compra e venda de obras. Entretanto, esse mercado é parcial frente a uma pluralidade de outras vias mercadológicas, especialmente, dos sistemas das exposições cada vez maiores que implicam uma pletora de instituições circundantes. Alimentados pela notável multiplicidade e diversificação das produções artísticas e pelo aumento de sua competitividade no cenário social, os sistemas de exposições vêm sendo exponencialmente incrementados.