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outubro 2, 2012
Viagem de Estudos à Bienal com Cristiana Tejo pelo Espaço Fonte, São Paulo
Viagem de Estudos à Bienal de Arte de São Paulo
Com Cristiana Tejo
A primeira atividade aberta ao grande público é a viagem de estudos à Bienal de São Paulo. O intuito desta viagem de estudos organizada pelo Espaço Fonte é propiciar um mergulho qualitativo no universo da Arte Contemporânea tendo a experiência diante das obras e o diálogo sistemático como grandes pilares de construção de conhecimento. Antes da viagem, o grupo terá dois encontros de preparação com Cristiana Tejo, tutora da viagem, que abordará de antemão o que será visitado, tornando familiar o vocabulário e as questões principais levantadas pelas pesquisas dos artistas. No decorrer de uma semana, serão visitadas as principais instituições de arte de São Paulo, sempre com mediação da tutora,
não sendo descartados encontros com alguns dos artistas e curadores participantes da programação. Serão visitadas e discutidas as seguintes mostras: Bienal de São Paulo, Carmela Gross (Galeria Vermelho), Lygia Clark (Itaú Cultural), Adriana Varejão e Festival Arte e Gastronomia (MAM), Mario Cravo Neto (Pinacoteca de São Paulo), Isaac Julien e Lina Bo Bardi (SESC Pompéia) e Paulo Bruscky (Instituto Tomie Ohtake).
Inscrições até o dia 15 de outubro de 2012
Viagem: 29 de outubro a 3 de novembro de 2012
Investimento:
R$ 500 (em duas parcelas)
Espaço Fonte
Avenida Dantas Barreto, ed. Pernambuco 324, quarto andar, Recife - PE
contato@cristianatejo.com.br
Guida Marques: 81-9973-1646
Espaço Fonte – Centro de Investigações em Arte
Será que Marcel Duchamp tinha em mente as múltiplas acepções da palavra fonte quando nomeou seu urinol? A Fonte (1917) transformou-se no símbolo da renovação do conceito de arte, tendo de fato atingido seu cume e destino nos efervescentes anos 1960. Este readymade seria a origem avant la lettre da Arte Contemporânea...E é justamente na miríade de significados da palavra fonte que nos baseamos ao eleger este nome para um espaço que se quer investigativo em arte. Fonte é nascedouro, origem, procedência, manancial, torrente, algo que brota em abundância, motivo, referência, substância que
fornece calor, luz e energia. Na rubrica pirotecnia, o Houaiss aponta que fonte é “modalidade de fogos de artifício que lança chuva de lágrimas coloridas”. Sentimos necessidade de beber na fonte: arte. E de matar a sede do conhecimento. Desejamos num momento de fluidez, desapego e aceleração descomunal do tempo nos determos na densidade das idéias e das teorias, nos colocarmos criticamente contra uma noção de educação bancária, como pontuava Paulo Freire, e nos darmos a condição de assimilar
mudanças numa cadência mais orgânica. Sem extremismos e com muita atenção à tolerância em várias instâncias.
O grupo que compõe o Espaço Fonte – Centro de Investigações em Arte encontrou-se na faculdade (mais precisamente no Bacharelado em Artes Plásticas da AESO), ambiente de educação formal e passou a nutrir interesses em comum no que concerne à pesquisa em arte. A partir do cumprimento das etapas propostas pelo currículo tradicional, abriu-se a certeza de que o conhecimento é processo interminável e inalienável, independe de notas, parâmetros adotados em gabinetes e chamadas burocráticas. Busca-se, portanto, um ambiente de convivialidade que incita uma maior flexibilidade de contato com a pesquisa e o
estudo em arte. O educador austríaco Ivan Illich, em seu livro A Sociedade Desescolarizada (1971), teoriza que a escola capitalista não tem nada a ver com a “scholé” grega, lugar de ócio dignificante na qual os educandos se encontravam com a sabedoria e aprendiam, pelo diálogo, uns com os outros e todos com o filósofo (ILLICH, 1975). Entre muitos aspectos abordados em seus escritos, encontra-se seu ceticismo com relação à hierarquia professor – aluno. “Para Illich, ao contrário, a aprendizagem é a atividade humana que menos necessita da intervenção de terceiros; a maior parte da aprendizagem não é conseqüência da
instrução, mas o resultado de uma relação do aprendiz com um meio que tem um sentido, enquanto a instituição escolar o faz crer que o desenvolvimento cognitivo pessoal depende, necessariamente, de programas e de manipulações complexas”1. Ivan Illich vislumbra, num momento, o sistema ideal de aprendizado, que pode valer, obviamente, para a arte. Dividido em quatro redes, parece se aproximar muito ao que vivenciamos com a tecnologia atual:
(1.º) Serviço de consultas a objetos educacionais – que facilitem o acesso a coisas ou processos que concorrem para a aprendizagem formal. Algumas coisas podem ser totalmente reservadas para este fim, armazenadas em bibliotecas, agências de aluguéis, laboratórios e locais de exposição tais como museus e teatros; outras podem estar em uso diário nas fábricas, aeroportos ou fazendas, mas devem estar à disposição dos estudantes, seja durante o trabalho ou nas horas vagas.
(2.º) Intercâmbio de habilidades – que permite as pessoas relacionarem suas aptidões, dar
as condições mediante as quais estão dispostas a servir de modelo para outras que desejem
aprender essas aptidões e o endereço em que podem ser encontradas.
(3.º) Encontro de colegas – uma rede de comunicações que possibilite as pessoas descreverem a atividade de aprendizagem em que desejam engajar-se, na esperança de encontrar um parceiro
para essa pesquisa.
4.º) Serviços de consultas a educadores em geral – que podem ser relacionados num diretório dando o endereço e a autodescrição de profissionais, não profissionais, “freelancers”, juntamente com as condições para ter acesso a seus serviços. Tais educadores, como veremos, podem ser escolhidos por votação ou consultando seus clientes anteriores. Que fique claro o entendimento de que as proposições de Ivan Illich têm como contexto os turbulentos anos 1970 e que são formuladas por um educador austríaco que teve parte de sua experiência na América Latina. Entretanto, podemos trazê-lo para a
realidade do campo da arte em Pernambuco na segunda década dos anos 2000. Nota-se a necessidade de mais espaços que permitam a verticalização de conhecimento, as trocas de habilidades, o encontro entre pessoas com propósitos intelectuais semelhantes e a possibilidade de formar opinião a partir do encontro informal com perspectivas distintas. “Paulo Freire percebe a educação como comunicação, diálogo, encontro de pessoas que procuram a razão de ser dos acontecimentos (FREIRE, 1977, p. 77), pois, para ele, a educação é diálogo ou não é educação”2. Criemos, portanto, um lugar de diálogo!
Um espaço de arte tem uma dinâmica que não passa necessariamente pela questão financeira. Um ambiente propício para a reflexão sobre arte requer diálogo com fontes múltiplas: livros, revistas de arte, trabalhos de arte, conversas com artistas mais experientes, artistas de outras procedências, artistas de outras áreas e críticos de arte. Um lugar de encontro e de imersão.
Desde outubro de 2011, o grupo composto por Ana Cristina Cavalcanti, Anita Freitas, Cristiana Tejo, Margarida Vasconcelos, Risolene Cortez, Rosa Pandolfi, Sandra Becker e Tereza Goulart vem reformando, organizando e ocupando organicamente o espaço, com atividades voltadas para este núcleo central da Fonte. Uma forma de gerar um formato que não seja pré-fabricado e importado, mas coerente com a conformação do grupo e as potencialidades que seu entorno oferece. Localizado no Edifício Pernambuco, prédio que vem se firmando informalmente como um hub criativo no centro do Recife, o Espaço Fonte
dispõe de dois quartos para residentes e toda a infraestrutura para moradia temporária, espaço de estudo, biblioteca e equipamentos multimídia. Como espécie de prelúdio para a abertura ao público do espaço, ocorreram até agora as seguintes atividades: Residências artísticas e curatoriais: Raphäel Grisey (Berlim), Zanna Gilbert (Londres), Yuri Firmeza (Brasil) e Roberto Winter (Brasil).
Encontros para discutir processos artísticos: Nicolas Robbio (Argentina/Brasil), Jonathas de Andrade (Brasil), Lourival Cuquinha (Brasil) e Cristina Lucas (Espanha). A primeira atividade aberta ao grande público é a viagem de estudos à Bienal de São Paulo. O intuito desta viagem de estudos organizada pelo Espaço Fonte é propiciar um mergulho qualitativo no universo da Arte Contemporânea tendo a experiência diante das obras e o diálogo sistemático como grandes pilares de construção de conhecimento. Antes
da viagem, o grupo terá dois encontros de preparação com Cristiana Tejo, tutora da viagem, Peri Mesquida. O Diálogo de Illich e Freire em torno da educação para uma nova sociedade. Pp 551
que abordará de antemão o que será visitado, tornando familiar o vocabulário e as questões principais levantadas pelas pesquisas dos artistas. No decorrer de uma semana, serão visitadas as principais instituições de arte de São Paulo, sempre com mediação da tutora, não sendo descartados encontros com alguns dos artistas e curadores participantes da programação. Serão visitadas e discutidas as seguintes mostras: Bienal de São Paulo, Carmela Gross (Galeria Vermelho), Lygia Clark (Itaú Cultural), Adriana Varejão e Festival Arte e Gastronomia (MAM), Mario Cravo Neto (Pinacoteca de São Paulo), Isaac Julien e Lina Bo Bardi (SESC Pompéia) e Paulo Bruscky (Instituto Tomie Ohtake)
Investimento:
R$ 500,00 (em duas parcelas)
Os custos de passagens aéreas, traslado aeroporto-hotel-aeroporto, alimentação e hospedagem ficarão por conta de cada participante. O valor cobre o traslado da programação e a tutoria.
Diariamente, o grupo se encontrará em pontos previamente agendados de onde partirá o ônibus. Desta forma, cada participante pode escolher a acomodação que mais lhe convier, assim como a companhia aérea e horários de chegada e de partida.
Inscrições:
podem ser feitas no Espaço Fonte até o dia 15 de outubro.
Avenida Dantas Barreto, ed. Pernambuco, 324, quarto andar (em frente ao antigo prédio do INSS).
Informações:
contato@cristianatejo.com.br
Guida Marques – 81 9973 1646