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março 8, 2012
Curso de História da Arte Contemporânea – De Leonardo ao Digital coordenado por Lucia Santaella e Daniela Bousso no Instituto Cervantes, São Paulo
Curso de História da Arte Contemporânea – De Leonardo ao Digital, para compreender a expressão legítima da Arte Contemporânea
Coordenação: Daniela Bousso e Lucia Santaella
Professores: Angélica de Moraes, Lucia Santaella, Lúcio Agra, Nancy Betts, Renata Motta
Idealizado pelas professoras Lucia Santaella (PUC-SP) e Daniela Bousso (curadora independente), o curso "De Leonardo à complexidade do Digital: para compreender a expressão legítima da Arte Contemporânea" tem por objetivo levar as pessoas a conhecerem a história da arte sob um ponto de vista não-linear com ênfase nas referências cruzadas entre a tradição e o contemporâneo, de modo a permitir a compreensão dos múltiplos caminhos abertos à arte na atualidade.
Este curso vai abordar as múltiplas facetas da Arte Contemporânea, desde a sua inserção histórica e expressões clássicas como pintura, gravura e escultura até suportes atuais como arte digital.
O curso é dividido em submódulos que abordam os rebatimentos do Renascimento, Barroco, Modernismo e Pós-modernidade sobre a Arte Contemporânea. Os artistas destas tendências serão trabalhados em simultaneidade com os contemporâneos.
21 de março a 27 de junho, quartas-feiras, 18h30-21h30
Matrículas nos dias 13 e 14 de Março, das 18h às 20h, no Instituto Cervantes
Condições de investimento: O pagamento pode ser realizado em parcela única de R$ 460 em 2 cheques pré-datados (ato + 30 dias) de R$ 240 ou em 4 cheques pré-datados (ato + 30, 60 e 90 dias) de R$ 125. Cheque ou dinheiro (para pagmento à vista)
Instituto Cervantes
Av. Paulista 2439, Metrô Consolação, São Paulo - SP
11-3897-9609
Informações: www.facebook.com/DeLeonardoAoDigital, http://twitter.com/leonardigital ou deleonardoaodigital@gmail.com
Ficha de matrícula
Conteúdo
Total de 42 horas, com certificado.
Módulo I: Panorama da História da Arte
- Submódulo 1: A Constituição dos Padrões Estéticos Renascentista e Barroco
O Renascimento refere-se ao Quattrocento italiano, que se distinguiu das retomadas anteriores da antiguidade clássica pela introdução de elementos inovadores na pintura que levaram à constituição de um padrão ou modelo estético dominante, envolvendo principalmente o desenvolvimento da perspectiva monocular altamente realista, o tratamento do espaço da pintura como janela, o estudo da luz e da sombra. A finalidade deste módulo é caracterizar esse modelo de representação para que seja possível compreender as mudanças na representação encetadas pela arte moderna a partir do impressionismo no sec. XIX.
O Barroco também se faz presente neste módulo devido à presença dominante dessa arte manifesta na pintura, escultura, arquitetura e música na cultura ocidental. Também será uma base necessária para, mais adiante estabelecermos um contraponto com o neo-barroco da pós-modernidade na segunda metade do século XX.
Voltado para os sentidos e cenas dramáticas, o Barroco é ainda uma arte realista, mas seu estilo monumental, retorcido com senso de movimento, energia e tensão, e seus acentuados contrastes entre o claro e escuro, intensificando os efeitos dramáticos, opuseram-se à centralidade geométrica, equilibrada e serena da arte renascentista.
- Submódulo 2: Inventores e ruptores do Renascimento ao Modernismo
Para atender ao objetivo final do curso - desenvolver a capacidade de estabelecer relações não-lineares entre obras e artistas - este submódulo tem por função destacar alguns dos mais relevantes artistas, criadores de linguagem, que, independentemente do período e lugar em que viveram ou do estilo em que costumam ser identificados, foram marcando os séculos, da Renascença ao Modernismo, com invenções e rupturas de padrão que fizeram avançar as linguagens da arte e anteciparam tendências futuras.
Alguns desses artistas são: o próprio Leonardo (1452-1519), por seu caráter emblemático, antecipador de todas as aproximações da arte com a ciência; Hieronymus Bosch (1450-1516), pintor e gravador flamengo, influente no surrealismo; Pieter Bruegel, o velho (1525-1569), que pintou paisagens por si mesmas e não como documentos de situações; Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599-1660), o grande mestre de todas as meta-artes, artes que pensam a si mesmas; Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828), artista subversivo que inspirou gerações futuras de artistas; John Constable (1776-1837) demonstrando que a pintura de paisagens podia ir por direções inesperadas; Joseph Mallord William Turner (1775- 1851) o mestre da luz, abrindo o caminho para os impressionistas; etc.
- Submódulo 3: As vanguardas históricas, a crise da representação (do Impressionismo a 1945) e as vanguardas artísticas (do pós-guerra, 1945 a 1970)
Neste módulo será apresentado o borbulhar de movimentos, estilos, escolas que, conhecidos sob o nome de vanguardas históricas, foram desconstruindo e decantando todos os princípios de representação sedimentados desde o Renascimento. As possibilidades de encontrar uma lógica interna para o agrupamento desses movimentos são bastante variadas. Algumas das possibilidades são as que se seguem:
(a) na vertente da luz: impressionismo
(b) na vertente subversora: futurismo, dadá, surrealismo;
(c) na vertente da decantação da forma: cubismo, vanguardas russas
(d) a fotografia e o aparecimento do cinema
A desconstrução da representação levada a efeito pelas vanguardas históricas do Modernismo terá como contraponto o impacto do surgimento da fotografia e do cinema como arte de massas sobre a arte e a questão da perda da aura do objeto único. Incorporações da visualidade fotográfica pela arte e dos procedimentos artísticos pelo cinema experimental serão trabalhadas. Os representantes das vanguardas no Brasil estarão inseridos e serão discutidos nos pontos convenientes.
Cessado o processo de decantação da luz, das cores e das formas, e nada mais restando dos alicerces visuais renascentistas, o momento do pós-guerra abriu caminho para uma irrupção de tendências artísticas que variam livremente, sem um telos e sem permitir qualquer tipo de agrupamento. São elas:
(a) a arte concreta e neo-concreta, optical art e cinetismo
(b) o novo realismo e sua “apaixonante aventura do real captado em si mesmo e não através do prisma da transcrição conceitual ou imaginativa”(Restany) tendo à frente a figura emblemática de Yves Klein. Os happenings e a body art como testemunhas de que quem manda na arte é ela mesma.
(c) a pop arte e seu canto paralelo, ironia e desdém, à explosão da cultura de massas
(d) a simplicidade extrema do minimalismo e o privilégio da idéia na arte conceitual. A land art, a arte povera.
- Submódulo 4 : O pós-moderno (de 1970 aos anos 1990)
Para Vattimo, a pós-modernidade aparece como uma espécie de renascimento dos ideais banidos e cassados pela modernidade racionalizadora. Esta termina quando não se pode mais falar da história como algo unitário e quando morre o mito do progresso. No campo da arte, a irrupção libertária das vanguardas artísticas já semeava, na realidade, o terreno para a emergência do pós-moderno, que Danto chama de “arte depois do fim da arte”.
Coincidindo com os primeiros passos da cultura do computador, com seus bancos de dados e de imagens, para a arte pós-moderna, a história não corre com o relógio, mas faz movimentos de vai e vem, retroativos e prospectivos, enfim, a história gira ao sabor do acesso às formas e estilos do passado, disponíveis para serem revirados e revividos.
Como tônicas do pós-moderno, serão abordados: a paródia, o clichê, o pastiche, o intertexto e a intersemiose. Dentro deste contexto, veremos a volta à pintura, a explosão do mercado de arte e a era Tatcher Reagan com ênfase na produção de artistas como Cindy Shermann , Nan Goldin e Pipilotti Rist, a polêmica da Grande Tela na curadoria de Sheila Leirner na Bienal de São Paulo e pintores como Anselm Kiefer, Keith Hering, Sandro Chia e a Transvanguarda, em meados dos anos 1980 entre outros.
- Submódulo 5: A condição atual da arte
Na sua condição atual, a arte é “por demais pluralista em intenção e realização para se permitir ser apreendida em uma única dimensão” (Danto).
Essa multiplicidade indiscernível tem levado os críticos a repetirem o que Rosalind Krauss chamou de condição pós-midiática das artes visuais, não apenas no sentido de que não há suportes ou mídias privilegiadas para as artes, mas também de que não tem absolutamente nenhuma importância que meio é usado.
Para Santaella, a arte atual, após ter passado pelos estágios pré-fotográfico e fotográfico, hoje está inserida em um estágio pós-fotográfico, emaranhada em uma rede de forças dinâmicas, tanto pré-tecnológicas quanto tecnológicas, artesanais e virtuais, locais e globais, massivas e pós-massivas, corporais e informacionais, presenciais e digitais etc.
Neste contexto, serão abordados os vídeos, as instalações, a evolução dos dispositivos e interfaces, os games, as bienais, as documentas, o sistema da arte (produção artística, instituições, mídia e mercado) a hibridização das linguagens e suportes, as intersecções entre meios, tribos e contextos, as redes sociais, a convergência entre as artes e a comunicação, e será analisada a passagem da arte do analógico ao digital.
Sobre os professores
Lucia Santaella
Professora titular da PUC/SP, Livre-Docente em Ciências da Comunicação pela ECA/USP. É Diretora do CIMID, Centro de Investigação em Mídias Digitais, da PUC/SP e Coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos.
Coordenou o lado brasileiro do projeto de pesquisa Probral (Brasil-Alemanha/Capes-DAAD, 2000-2003) sobre relações entre palavra e imagem nas mídias. É presidente honorária da Federação Latino-Americana de Semiótica e Vice Presidente da Associación Mundial de Semiótica Massmediática y Comunicación Global, México, desde 2004. É membro correspondente brasileira da da Academia Argentina de Belas Artes, eleita em 2002.
É membro do Advisory Board do Peirce Edition Project em Indianapolis, USA. Foi membro dos grupos idealizadores e realizadores dos projetos de implantação dos cursos de graduação em Jornalismo, do curso de Publicidade e do curso multidisciplinar em Tecnologia e Mídias Digitais da PUC-SP.
Tem 28 livros publicados, entre os quais destacam-se:
- Arte e Cultura, equívocos do elitismo (1982, Cortez);
- O que é Semiótica (1983, Brasiliense);
- Cultura das Mídias (1992, Experimento);
- A Percepção. Uma Teoria Semiótica (1993, Experimento);
- Estética. De Platão a Peirce (1994, Experimento);
- Imagem. Cognição, Semiótica, Mídia (com Winfried Nöth, 1998, Iluminuras)
- Culturas e artes do pós-humano. Da cultura das mídias à cibercultura (2003, Paulus).
- Comunicação e semiótica (com Winfried Nöth, 2004, Hacker).
- Por que as comunicações e as artes estão convergindo? (2005, Paulus).
Angélica de Moraes
Crítica de artes visuais, curadora e jornalista cultural, é editora de Artes Visuais da revista Select. Fez curadorias para Masp, Pinacoteca SP, MAM-SP, Paço das Artes (SP), Paço Imperial (Rio) e Santander Cultural (Porto Alegre), entre outras instituições. Atividades docentes: palestrante do Curso de Formação de Mediadores da 5a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005), ministrou curso de História da Arte Contemporânea na Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2005) e o curso História da Arte Itinerante, do Itaú Cultural (várias capitais do Centro-Oeste e Nordeste, 2007). Integrou o corpo docente do curso de História da Arte no Museu da Imagem e do Som (São Paulo, 2010 e 2011). Livros publicados: "Regina Silveira: Cartografias da Sombra” (Edusp, 1996); “Arte Brasileira 50 Anos” (Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado, de São Paulo, 2010), entre outros. Escreveu o livro monográfico “Alex Flemming e a fotografia” (Ed. CosacNaify), com lançamento previsto para maio de 2012.
Lúcio Agra
Natural de Recife (PE), cresceu no Estado do Rio de Janeiro e, há 15 anos, vive e trabalha em São Paulo. Sua produção artística mescla a poesia, a performance, a música e as tecnologias. Também é professor de performance na Graduação em Comunicação das Artes do Corpo da PUC-SP, mesma instituição na qual doutorou-se em Comunicação e Semiótica com a tese Monstrutivismo - reta e curva das vanguardas, recentemente publicada (Ed. Perspectiva, 2010). Prepara novo livro sobre a performance no contemporâneo.
Nancy Betts
Graduada em Licenciatura em Educação Artística (1992 – FAAP) e Mestre em Comunicação e Semiótica (2002 – PUC/SP). Professora de Evolução das Artes Visuais (História da Arte) na Faculdade de Artes Plásticas – FAAP. Integrou até 2009 o corpo docente dos cursos de Pós-graduação lato sensu de Audiovisual e Design Gráfico, do SENAC/SP, nas disciplinas de Semiótica da imagem e do som e Comunicação, Linguagem e Sentido respectivamente. Curadora independente e pesquisadora cadastrada no CNPq. Participação em congressos – ANPAP, INTERCOM. Atuando principalmente nas linguagens da Arte, Tecnologia e Design, nos seguintes temas: poéticas de apropriação, intertextualidade, interface crítica, interatividade, semiótica discursiva, efeitos de sentido.
Renata Motta
Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP. Experiência na área de museus e gestão cultural. Trabalhou e realizou pesquisa para diversas instituições, como Fundação Bienal de São Paulo, Arte/Cidade, Fundação Victor Civita, Itaú Cultural e Santander Cultural; trabalhou como colaboradora do Paço das Artes/São Paulo, atuando nos projetos museográficos das exposições dessa instituição. Desenvolveu atividades didáticas em história da arte e gestão cultural, na Escola da Cidade e na PUC-SP. Foi diretora do Instituto Sergio Motta, onde, desde 2000, coordenou diversos projetos em arte e cultura digital. Desde fevereiro de 2011 é Diretora do Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP), instância articuladora dos museus paulistas, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.