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setembro 1, 2009
Seminário Internacional As Cidades e Suas Margens no Itaú Cultural, São Paulo
curadoria de Guilherme Wisnik, coordenação e moderação Lígia Nobre
debatedores: Adrián Gorelik, Ana Maria Tavares, Francisco Foot Hardman, Gisella Hiche, Hector Zamora, Jorge Menna Barreto, Juliano Pamplona Ximenes Ponte, Mariana Fix, Nelson Brissac Peixoto, Nuno Ramos, Osvaldo Sanchez, Paulo Mendes da Rocha, Renato Sztutman.
16 a 19 de setembro, quarta a sábado
O projeto Margem Arte Pública Itaú Cultural, com curadoria de Guilherme Wisnik,
e o Seminário Internacional As Cidades e Suas Margens, coordenado por Lígia Nobre, analisam a formação das cidades brasileiras por meio de seus rios e as transformações recentes em suas orlas; articuladas com a falta de uma tradição sólida de arte pública no país
Instituto Itaú Cultural
Avenida Paulista 149, Paraíso, São Paulo - SP
11-2168-1700 ou instituto@itaucultural.org.br
www.itaucultural.org.br
Terça a sexta, 10-21h; sábado, domingo e feriado, 10-19h
leia o release
Programação e sinopse das mesas e dos filmes
16 de setembro, quarta-feira, 20h
Mesa: No Brasil: Os Rios e a Geografia ‘À Margem da História’?
Introdução: Guilherme Wisnik
Com:
Renato Sztutman (antropólogo, USP, São Paulo)
Francisco Foot Hardman (historiador, Unicamp, São Paulo)
Paulo Mendes da Rocha (arquiteto, São Paulo)
17 de setembro, quinta-feira, 20h
Filmes: Ilha das Flores e Amazonas, Amazonas
Mesa: Revisão Sobre Práticas de Arte Pública Site-specific
Com:
Guilherme Wisnik (arquiteto e curador do projeto)
Mariana Fix (arquiteta e urbanista)
Ana Maria Tavares (artista, São Paulo)
Nuno Ramos (artista, São Paulo) e Hector Zamora (artista, São Paulo)
Moderador: Jorge Menna Barreto (artista, São Paulo)
18 de setembro, sexta-feira, 20h
Filme: Exibição do filme Expedição Humboldt
Mesa: Projetos e Práticas de Arte Pública: Retrospectiva e Balanço
Com:
Nelson Brissac Peixoto (diretor projeto Arte/Cidade, São Paulo)
Osvaldo Sanchez (diretor artístico projeto inSite 05, EUA)
Gisella Hiche (EIA – Experiência Imersiva Ambiental)
19 de setembro, sábado, 16h
Não há filme programado.
Mesa: Reconfigurações Territoriais Recentes: Novos Atores e Forças em Jogo
Com:
Juliano Pamplona Ximenes Ponte (urbanista, Belém)
Adrián Gorelik (urbanista e historiador, Buenos Aires)
Entre os dias 16 e 19 de setembro (quinta-feira a sábado), o Itaú Cultural realiza o Seminário Internacional As Cidades e Suas Margens. O evento é emoldurado pela mini-mostra Margem Arte Pública Itaú Cultural, que abre no mesmo dia e permanece em cartaz até o domingo, 20.
Coordenado pela arquiteta e urbanista Lígia Nobre, o foco do debate está na relação entre a incipiente tradição de arte pública no Brasil e o lugar indeterminado ocupado pelos rios e suas margens em nossas cidades. Entre os convidados internacionais, destaque para Osvaldo Sanchez, curador de algumas edições do projeto de arte pública InSite (San Diego / Tijuana). Do Brasil, conta com personalidades como o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o filósofo Nelson Brissac Peixoto, criador do Arte/Cidade, e os artistas Nuno Ramos, Hector Zamora e Ana Maria Tavares.
Com curadoria do arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik, a mostra trata de um sistema de intervenções artísticas novas, em forma de site-specifics, para uma série de cidades brasileiras. Sob o tema dos rios e suas margens, o curador pontuou 12 municípios que definem pontos nodais da trama urbana do país e das suas principais bacias fluviais: a Amazônica, a do rio Paraná-Prata, e a do São Francisco. A exposição apresenta a pesquisa iconográfica feita pelo curador sobre estas localidades e é complementada por um conjunto de pequenos filmes cujo tema é a relação da cidade ou dos artistas com os rios – como O Desafio de Zezão, de Patrícia Cornils, que revela o grafiteiro em ação nas galerias de esgoto do rio Tietê, em São Paulo.
As cidades em questão são Belém (PA), a “Roterdã brasileira”, situada em uma das desembocaduras do rio Amazonas; Rio Branco (AC), uma das poucas capitais a criar espaços públicos relevantes em torno de suas águas; Manaus (AM), cidade-fluvial por excelência mas que cresceu de costas para o rio; Porto Velho (RO) para a qual está prevista, até 2011, a construção de duas hidrelétricas, provocando grande impacto na região; Recife (PE), a cidade brasileira que mais incorporou os rios e mangues em sua cultura urbana.
Completam a lista, as rivais Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), que margeiam o São Francisco, vital para a vida econômica e cultural do sertão brasileiro, hoje envolvido em polêmica sobre o projeto federal de transposição de suas águas; Palmas (TO), considerado o centro geodésico do país, às margens do rio Tocantins; Corumbá (MS), cidade que ficou isolada com o declínio dos transportes fluvial e ferroviário; Goiânia (GO), que apesar de abrigar inúmeras nascentes de água, esconde o seu maior rio, o Meia Ponte; Belo Horizonte (MG), cujo ribeirão que a cruza está parcialmente coberto desde 1982; e São Paulo (SP), cujos rios foram antigas vias de acesso dos Bandeirantes para o interior, e hoje se transformaram em esgotos. Finalizando, Porto Alegre (RS), cidade envolvida em acalorada discussão pela implementação de grandes obras em sua orla, capitaneadas pela iniciativa privada.
Seminário
Os debates focam o Brasil interior – tomado metaforicamente como um antilitoral –, a formação das cidades brasileiras por meio dos rios e de suas margens, e os processos de transformação recente nas orlas fluviais brasileiras. Colocam questões tais como se os rios urbanos e suas orlas deixarão de ser espaços marginais nas cidades brasileiras, e como essa revisão crítica poderá ocorrer. “Seja qual for a direção tomada, está claro que os rios e suas margens são elementos centrais no conflituoso processo de reconfiguração urbana que se dará, nas cidades brasileiras, em um futuro próximo”, observa Wisnik.
A primeira mesa, na quarta-feira, dia 16, às 20h, gira em torno do tema No Brasil: Os Rios e a Geografia ‘À Margem da História’? Com introdução de Wisnik, o debate conta com a participação do antropólogo Renato Sztutman, do historiador Francisco Foot Hardman e do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Eles falam de diversas visões sobre a América, o imaginário de construção técnica de suas vias navegáveis, a visão integradora de Euclides da Cunha, e a importância da noção antropológica de alteridade.
Na quinta-feira, 17, também às 20h, a mesa é pautada pela Revisão Sobre Práticas de Arte Pública Site-specific, com mediação do artista Jorge Menna Barreto. Sentam-se ao redor dele, Wisnik, a arquiteta e urbanista Mariana Fix e os artistas Ana Maria Tavares, Nuno Ramos e Hector Zamora. O foco deste debate está no conceito e metodologia de site-specificity no Brasil, e no processo de trabalho desenvolvido pelo três artistas no projeto Margem.
Sexta-feira, dia 18, no mesmo horário, o tema da mesa é Projetos e Práticas de Arte Pública: Retrospectiva e Balanço, com o diretor do projeto Arte/Cidade, Nelson Brissac, o diretor artístico do projeto americano inSite 05, e a artista Gisella Hiche, integrante do coletivo de arte urbana EIA – Experiência Imersiva Ambiental. Os dois primeiros falam sobre projetos, como os deles, realizados nos anos 90, e analisam a sua contribuição para uma revisão de experiências das relações entre arte e escala urbana. Gisella fala sobre a atualização dessas práticas nas ações coletivas contemporâneas.
O seminário é encerrado no sábado, 19, às 16h, com Reconfigurações Territoriais Recentes: Novos Atores e Forças em Jogo. No debate o urbanista paraense Juliano Pamplona Ximenes Ponte, e o urbanista e historiador argentino Adrián Gorelik. Os temas são a reconfiguração urbana e sua relação com projetos culturais, e os rios e suas margens, como elementos centrais entre o ideal de constituição de espaços públicos e da especulação imobiliária.
Exposição
Instalada no Piso Paulista do Itaú Cultural, a mostra Margem Arte Pública apresenta um grande mapa da América do Sul, plotado no chão, destacando as 12 cidades escolhidas para a pesquisa do curador e o sistema de rios do continente. Doze totens com monitores embutidos exibem uma sequência de imagens com fotos realizadas por Wisnik durante todo esse percurso, além de mapas e plantas das respectivas cidades. Um 13o totem mostra textos e imagens variados sobre o continente, seu território e rios, incluindo projetos como a Cidade do Tietê, do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o Projeto Brasil, do arquiteto Sérgio Bernardes, e o México Ciudad Futura, do arquiteto mexicano Gustavo Lipkau.
Além disso, quatro filmes (com duração média de 15 minutos) são exibidos em loop: Recife de Dentro pra Fora, realizado por Kátia Mesel, em 1997, sobre a cidade do Recife e o rio Capibaribe, inspirado pelo poema O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto; Nascente, de Helvécio Marins Jr (2005), que mostra a navegação solitária de uma pessoa em uma canoa do ribeirão Arrudas, em Belo Horizonte, até a foz do rio São Francisco, em Alagoas; As Cidades e os Rios — a Hidrovia Paraguai- Paraná-Prata, de Gabriel Manzi (2009), mostrando cidades e cenas cotidianas à beira dos rios que dos rios que dão nome ao filme, de Assunção até Montevidéu; e O Desafio de Zezão, realizado por Patrícia Cornils, em 2006, sobre o trabalho realizado pelo grafiteiro que dá nome ao filme, dentro das galerias de esgoto do rio Tietê, em São Paulo.
Está prevista, ainda, a exibição de filmes antes de alguns dos debates do seminário. Ilha das Flores e Amazonas, Amazonas, às 20h da quinta-feira, antecedem a mesa da Revisão Sobre Práticas de Arte Pública Site-specific. O primeiro, realizado por Jorge Furtado em 1989, retrata em 13 minutos a miséria humana a partir do lixão instalado na Ilha das Flores, no Delta do Jacuí, região da grande Porto Alegre. O segundo é de Glauber Rocha, tem 15 minutos de duração e foi encomendado pelo Departamento de Turismo e Promoções do Amazonas, em 1996. Trata-se de um documentário clássico sobre as belezas e riquezas naturais da região Amazônica, mas com linguagem tipicamente glauberiana: o arrebatamento lírico das tomadas, suas preocupações nacionalistas e progressistas e a presença muito concreta da imagem das pessoas no trabalho, nas seqüências urbanas, e do produto, da mercadoria.
Fechando esta sessão especial, na sexta-feira, às 20h, é apresentado Expedição Humboldt antes do debate Projetos e Práticas de Arte Pública: Retrospectiva e Balanço. Filme de Victor Leonardi, de 68 min, realizado em 2007, ele acompanhou e registrou a viagem organizada pela Universidade de Brasília (UnB) em 2000, em comemoração aos 200 anos da expedição de Alexander von Humboldt à Venezuela, pelo rio Orinoco, em 1799. Um total de 49 cientistas desta universidade e da Simon Bolívar (Venezuela), além de outras instituições de pesquisa brasileiras, percorreram aproximadamente mil quilômetros através dos rios amazônicos do Brasil e da Venezuela, realizando aquilo que o explorador não conseguiu devido à proibição de sua entrada no Brasil pelas autoridades brasileiras.