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janeiro 7, 2009
Casa do Saber - Arte Brasileira, 1963-2008: Quatro Décadas de Contemporaneidade, por Reynaldo Roels Jr.
Início 27 de janeiro de 2009
Casa do Saber
Av. Epitácio Pessoa, 1.164 - Lagoa
Segunda a sexta, 11h -20
Informações: 21 - 2227-2237 ou www.casadosaber.com.br
Resumo:
O curso irá discutir os rumos da arte brasileira a partir de 1963, quando o país experimenta diversas reorientações nos seus projetos econômico, social, político, cultural e artístico - nem todos necessariamente articulados entre si e tomando direções, senão contraditórias, por vezes conflitantes. As situações subseqüentes ao período dos anos de 1960 serão analisadas sob as múltiplas possibilidades apresentadas pelo conjunto dos quadros social e intelectual brasileiros, num percurso que levará a uma análise do que ocorre no cenário artístico do Brasil atual.
Arte Brasileira, 1963-2008: Quatro Décadas de Contemporaneidade - Professor Reynaldo Roels Jr.
Início: 27 de janeiro de 2009
Duração: 4 encontros
Horários: Terças-Feiras, 20h (27/01, 03/02, 10/02, 17/02)
27 de janeiro | 1. Arte e projeto social
A dissolução, em torno de 1962, do neoconcretismo no Rio de Janeiro parece ter sido não somente resultado de uma exacerbação que levaria a uma "ruptura" no interior do projeto construtivo brasileiro, mas também coincidiu com uma reorientação do próprio ideário político brasileiro daquele momento: deixam-se de lado os "50 anos em cinco" do desenvolvimentismo juscelinista, para promover a luta pela justiça social (já com Jânio Quadros, mas principalmente com seu sucessor João Goulart). É em 1963 que começam a surgir os primeiros sinais de uma alternativa viável, não-abstrata e não-geométrica, ao projeto brasileiro em vigor na arte: a Nova Figuração, marcada no Rio pelo trabalho de Rubens Gerchman, Antonio Dias, Carlos Vergara e Roberto Magalhães. Mesmo em São Paulo, reduto do concretismo ortodoxo e militante, o aparecimento em cena de Wesley Duke Lee e, depois, de Nelson Leirner marca o início de uma virada que iria minar as bases dos concretistas. Em 1964, o golpe militar só viria a contribuir para confirmar a pertinência do novo projeto artístico.
3 de fevereiro | 2. As Formas da Arte e as Formas do Mundo
Com a adesão a um modelo artístico que falava claramente do mundo, os esforços dos artistas passaram a se concentrar na resposta a uma pergunta que a partir de então paira no ar: como é o mundo? A resposta, naturalmente, irá depender do que se apresente como sendo o mundo. E, é claro, diante disto, as novas formas da arte adiantadas na prática dos artistas começou a refletir as maneiras pelas quais o mundo podia ser representado ou descrito: em grande parte, surge uma aparente "multiplicidade de linguagens" (para usar uma expressão atualmente em voga, e de qualquer modo francamente inadequada para situar a questão, chegando mesmo a falsificá-la por vezes) e que se estende até os dias de hoje como característica determinante do cenário artístico (e não somente o brasileiro).
10 de fevereiro | 3. O interregno dos anos 80
O quadro herdado dos anos de 1970, aparentemente dominado pela assim chamada "arte conceitual" (na época conhecida como "arte experimental", mas em verdade não obedecendo a nenhum esquema monolítico tão simplista), abriu espaço para uma espécie de reação de antigos compromissos da arte: aquele com a criação subjetiva e a verdade interior do artista. Prometendo o resgate de valores propriamente artísticos, em oposição às ligações da arte com linguagens estranhas a ela ("a arte deixou de ser arte para se tornar filosofia"), assistiu-se ao aparecimento de um sem número de novas possibilidades (muitas das quais, a bem da verdade, nada tendo de inovadoras, embora outras delas dotadas de inegável valor) que apenas somaram ao já então vasto quadro de múltiplas alternativas disputando a hegemonia no cenário da arte.
17 de fevereiro | 4. Os prolongamentos atuais das décadas anteriores
Após o relativo sucesso desta reação artística, ela rapidamente perde fôlego e, já em 1987, artistas então iniciantes voltam a se deter sobre os problemas levantados desde o início da década de 60, e a situação hoje parece ser pouco mais do que a continuação daquela então aberta. A alegação de estarmos na contemporaneidade – em oposição à modernidade, tomada de forma simples (e simplista), pouco faz para elucidar os problemas apresentados pelas práticas artísticas dos últimos 50 anos e ainda confunde qualquer entendimento útil do que se passou mesmo 100 ou 150 anos atrás. Um esforço para desembaralhar um pouco os mal-entendidos e avaliações precipitadas que demonstram pouca profundidade na reflexão sobre os problemas de quem somos e do que é a nossa arte.
Reynaldo Roels Jr.. Crítico e historiador da arte. Desde setembro de 2007 é o curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde também já foi coordenador do Centro de Pesquisa e Documentação (1991-1993) e curador da Coleção Gilberto Chateaubriand (1997-2000). Foi crítico de arte do Jornal do Brasil (1985-1990), coordenador do Salão Carioca de Arte/RioArte (1993-1997), e é professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, de onde foi também diretor (2002-2007). Foi curador das exposições retrospectivas de Ivan Serpa (CCBB), Flávio Shiró (Museu Hara, Tóquio; MAM-RJ e MASP) e Franz Weissmann CCBB/MAM-RJ).