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agosto 29, 2021
Mostra Acervo na Roberto Marinho, Rio de Janeiro
Casa Roberto Marinho apresenta nova mostra de acervo com pinturas de Di Cavalcanti, Guignard, Portinari, Pancetti e outros expoentes da arte brasileira
A Casa Roberto Marinho, que prepara para outubro uma grande exposição em torno da obra de Burle Marx, com clássicos e inéditos, abre nova mostra de acervo no dia 28 de agosto. Na apresentação, o visitante encontrará pinturas de vertentes e períodos variados de Alberto da Veiga Guignard, Antonio Bandeira, Candido Portinari, Carlos Scliar, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, José Pancetti, Lasar Segall e Manabu Mabe.
Entre as 22 obras selecionadas para ocupar o térreo do casarão até setembro estão alguns destaques da Coleção Roberto Marinho, como Espantalho (1940) e Santa Cecília (1954), de Portinari, e Flores com fundo azul (1950), de Guignard. Especializado em modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940, e abstração informal dos anos 1940 ao final do século XX, o conjunto reunido ao longo de seis décadas soma cerca de 1.400 peças.
De acordo com o diretor do instituto, o arquiteto e antropólogo Lauro Cavalcanti, Pancetti, Guignard, Lasar Segall, Portinari e Di Cavalcanti firmaram, cada um a seu modo, uma linguagem moderna na pintura brasileira: “Os dois últimos alinhados a uma agenda fundada no uso de estruturas não acadêmicas, cores e temas ‘nacionais’; Segall incorporou a luz dos trópicos a uma base expressionista europeia oriental; já Pancetti e Guignard, com suas doces obsessões particulares de água e ar, permanecem atuais até hoje”, analisa o diretor.
Ainda segundo Cavalcanti, Carlos Scliar pertence a uma geração mais recente que a dos artistas já citados. Seu trabalho - em voga entre os anos 1960 e 1980, mas pouco visto atualmente - merece uma revisão com olhos generosos. As pinturas Vista do canal, Cabo Frio, RJ (1963) e Garrafa azul, pêra, etc. (1980) provocarão a curiosidade dos visitantes a respeito de sua extensa trajetória. “Nossa era convida a revisões de muitos julgamentos e há aqui uma oportunidade de redescoberta”, comenta Lauro. “Em tempos críticos, conta muito o estabelecimento de uma poética da arte que, ainda que individual, possa estimular o imaginário de mais pessoas”.
A antiga sala de jantar da família Marinho exibe pinturas de Antonio Bandeira, Iberê Camargo e Manabu Mabe, representantes do abstracionismo não geométrico.
Através de mostras de acervo periódicas, a Casa Roberto Marinho reafirma-se como um centro ativo de referência e pesquisa em modernismo brasileiro, permitindo ao público reconhecer a diversidade de repertórios de alguns dos nomes mais relevantes do movimento cultural que transformou a linguagem artística do país.
agosto 28, 2021
Os Monstros de Babaloo no Galpão Fortes D'Aloia & Gabriel, São Paulo
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar ‘Os Monstros de Babaloo', coletiva com curadoria de Victor Gorgulho, incluindo obras de 33 artistas contemporâneos realizadas entre 1960 e os dias de hoje. A exposição referencia o filme homônimo do cineasta Elyseu Visconti (Rio de Janeiro, 1939-2014, filho do pintor Eliseu Visconti), realizado em 1970, sobre uma família grotesca e disfuncional no comando de um paraíso tropical ao sul do Equador.
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A sinopse do filme de Visconti poderia facilmente espelhar o cenário político do Brasil de 2021: Babaloo, a mítica ilha, é habitada por criaturas de toda sorte: são corpos convulsivos em transe contínuo, ratos e zumbis delirantes vagando sob a incessante luz de um sol que nunca se põe. A exposição coletiva homônima referencia e reverencia a alegoria política do filme de Visconti, à época censurado pelo regime militar, e desde então raramente exibido em contexto público.
Transgressores na forma e no conteúdo, os filmes do dito cinema marginal brasileiro vieram expandir as estruturas mais rígidas (ainda que não menos inventivas) dos filmes do Cinema Novo do início da década de 1960. Apesar de breve e de frágil historicização, tal momento de radical invenção do audiovisual brasileiro é hoje lembrado por algumas das mais engenhosas alegorias sobre o Brasil, frequentemente colocando em xeque e complexificando as contraditórias noções de brasilidade e tropicalidade.
Propondo fricções de ordens diversas - narrativas, semânticas, visuais - entre artistas, obras e produções realizadas da década de 1960 até os dias de hoje, a exposição Babaloo articula uma teia narrativa de temporalidades embaçadas e aproximações insuspeitas. Um paraíso tropical colorido e cruel, forjado entre a farsa e a ficção, a beleza e a violência, a alegria e o horror.
A mostra inclui obras de: Adriana Varejão, Aleta Valente, Antonio Henrique Amaral, Antonio Simas Xavier, Carlos Vergara, Cristiano Lenhardt, Diambe da Silva, Elyseu Visconti, Erika Verzutti, Helena Ignez, Ivens Machado, Jac Leirner, Leda Catunda, Lenora de Barros, Luisa Brandelli, Luiz Roque, Moisés Patrício, Mulambö, Rafael Alonso, Rafael Bqueer, Roberto Magalhães, Rodolpho Parigi, Rodrigo Hernández, Rodrigo Matheus, Rodrigo Torres, Rogério Sganzerla, Rubens Gerchman, Tadáskía, Teresinha Soares, Tiago Carneiro da Cunha, Tiago Mestre, Victor Arruda, Wanda Pimentel e Yuli Yamagata.
Fortes D'Aloia & Gabriel is pleased to present 'Os Monstros de Babaloo', a group show curated by Victor Gorgulho, including works by 33 contemporary artists from 1960 to today. The exhibition references the 1970 film of the same name by director Elyseu Viscoti (Rio de Janeiro, 1939-2014, son of painter Eliseu Visconti), about a grotesque, dysfunctional family ruling over a tropical paradise south of Ecuador.
The synopsis of Visconti's film could easily mirror the Brazilian political scene in 2021: Babaloo, the mythical island, is inhabited by creatures of all kinds: these are convulsive bodies in a continuous trance, delirious rats and zombies wandering in the incessant sunlight that never sets. The current exhibition references and reveres the political allegory of Visconti's film, which at the time was censored by the military regime, and since then has rarely been shown in a public context.
Transgressive in form and content, the films of the so-called marginal Brazilian cinema came to expand the more rigid structures (although no less inventive) of the Cinema Novo films of the early 1960s. The radical invention of the Brazilian audiovisual is today remembered for some of the most ingenious allegories about Brazil, often questioning and complexifying contradictory notions of Brazilianness and tropicality.
Suggesting narrative, semantic, and visual tensions between artists, works, and productions from the 1960s to today, the group show articulates a web of blurred temporalities and unsuspicious approximations. A colorful, cruel tropical paradise, forged between farce and fiction, beauty and violence, joy and horror.
The show includes works by: Rafael Alonso, Antonio Henrique Amaral, Victor Arruda, Lenora de Barros, Rafael Bqueer, Luisa Brandelli, Leda Catunda, Tiago Carneiro da Cunha, Rubens Gerchman, Rodrigo Hernández, Helena Ignez, Jac Leirner, Cristiano Lenhardt, Ivens Machado, Roberto Magalhães, Rodrigo Matheus, Tiago Mestre, Mulambö, Rodolpho Parigi, Moisés Patrício, Wanda Pimentel, Luiz Roque, Rogério Sganzerla, Diambe da Silva, Teresinha Soares, Tadáskía, Aleta Valente, Adriana Varejão, Carlos Vergara, Erika Verzutti, Elyseu Visconti, Antonio Simas Xavier and Yuli Yamagata.
Mauro Restiffe no Galpão Fortes D'Aloia & Gabriel, São Paulo
A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar ‘Laço rastro traço’, individual de Mauro Restiffe no Galpão, em São Paulo. A exposição toma o gênero do retrato como ponto de partida, na qual 33 obras de pequeno e médio formato alternam-se entre registros em cor e em preto e branco, entre fotografias históricas e trabalhos recentes.
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Selecionada a partir do arquivo que vem sendo compilado pelo artista há 30 anos, a exposição explora um conceito amplo do gênero, compreendendo um conjunto de personagens que vai além da fisionomia humana e reconhece a própria paisagem como figura. Voltando suas lentes para os cantos, para o que seria os bastidores da cena, Restiffe captura alguns enlaces extraordinários na experiência humana comum. “São imagens de uma prática de fotografia diária, de estar com a câmera presente e registrar cenas do cotidiano”, nas palavras do próprio artista.
A exposição, refletindo o próprio conceito de retrato expandido que norteia a seleção de obras, desenrola-se em duas distintas montagens. Dessa forma, o público terá a oportunidade de trafegar pelo universo pictórico do artista em dois momentos que, juntos, reforçam o léxico formal e psicológico estabelecido em suas fotografias. Um ensaio do curador Bernardo José de Souza desenvolve o pensamento crítico sobre as mostras.
Mauro Restiffe participa da 34ª Bienal de São Paulo, apresentando uma instalação de fotos de larga escala concebida a partir das séries Empossamento (2003) e Inominável (2019) — a primeira, realizada em Brasília no dia da posse do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a segunda, registrada exatamente 16 anos mais tarde, no dia da posse de Jair Bolsonaro.
Entre suas exposições individuais recentes destacam-se: History as Landscape, OGR (Turim, Itália, 2019); São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (Poços de Caldas, Brasil, 2019; São Paulo, Brasil, 2018; Rio de Janeiro, Brasil, 2014); Álbum, Estação Pinacoteca (São Paulo, Brasil, 2017); Post-Soviet Russia 1995-2015, Garage Museum of Contemporary Art (Moscou, Russia, 2016). O artista participou de diversas mostras coletivas, incluindo: Gwangju Biennial (Gwangju,Coréia do Sul, 2018), Aichi Triennial (Nagoya, Japão, 2016); Bienal de Cuenca (Equador, 2014); Bienal de São Paulo (São Paulo, Brasil, 2006); e Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, Brasil, 2013 e 2005).
Fortes D’Aloia & Gabriel is pleased to present ‘Laço rastro dashes’, a solo show by Mauro Restiffe at Galpão, in São Paulo. The exhibition takes the portrait genre as its starting point and features 33 small and medium format works between color and black & white, between historical and recent photographs.
Selected from the archive compiled by the artist over the last 30 years, the exhibition explores a broad concept of the genre, comprising a set of characters that go beyond the human face and recognize the landscape itself as a figure. Turning his lens to the corners, to what would be the backstage of the scene, Restiffe captures some extraordinary links in ordinary human experience. “These are images of a daily practice of photography, of being present with the camera and recording everyday scenes”, says the artist.
The exhibition, reflecting the very concept of expanded portrait that guides the selection of works, takes place in two separate installs. This way, the public will have the opportunity to travel through the artist's pictorial universe in two moments that, together, reinforce the formal and psychological lexicon established in his photographs. An essay by curator Bernardo José de Souza develops critical thinking about the exhibitions.
Mauro Restiffe is included in the 34th Bienal de São Paulo presenting a large-scale photographic installation composed of three series: Empossamento (2003), Empossamento Revisitado (2003) — from the inauguration President Luiz Inácio Lula da Silva — and Inominável (2019) — recorded 16 years later on the day of Jair Bolsonaro's inauguration.
Recent solo exhibitions include: History as Landscape, OGR (Turin, Italy, 2019); São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (Poços de Caldas, Brazil, 2019; São Paulo, Brazil, 2018; Rio de Janeiro, Brazil, 2014); Álbum, Estação Pinacoteca (São Paulo, Brazil, 2017); Post-Soviet Russia 1995-2015, Garage Museum of Contemporary Art (Moscow, Russia, 2016). The artist has participated in several group shows, including Gwangju Biennale (Gwangju, South Korea, 2018), Aichi Triennial (Nagoya, Japan, 2016); Cuenca Biennial (Ecuador, 2014); Bienal de São Paulo (São Paulo, Brazil, 2006); and Panorama of Brazilian Art (São Paulo, Brazil, 2013 and 2005).
André Komatsu na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca de São Paulo inaugura instalação inédita de André Komatsu no Octógono do museu
Piso do espaço será revestido por placas de ferro, onde serão fixadas 51 lanças de aço de 4 metros de altura; Obra faz parte do tradicional Projeto Octógono Arte Contemporânea
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta a instalação inédita do artista André Komatsu no espaço central do museu - o Octógono. A obra faz parte do tradicional Projeto Octógono Arte Contemporânea que comissiona obras site especific para o local desde 2003.
A instalação Noite Longa poderá ser vista a partir de 28 de agosto. As relações de poder e os conflitos sociais permeiam os trabalhos de Komatsu. Nesta obra que estará na Pina, o artista dialoga com as ideias de controle, possibilidade e restrição. A curadoria é de Ana Maria Maia.
O piso do Octógono será revestido por placas de ferro, onde serão fixadas 51 lanças de aço de 4 metros de altura. Cada uma das lanças estará posicionada a uma distância de 150 cm, criando uma organização com contornos de ordem e hostilidade, além de caracterizar um espaço controlado em que é impossível se movimentar livremente.
Nas extremidades das lanças, objetos como livros, sacos de terra, moedas empilhadas, papel moeda, folhas de ouro e garrafas de água estarão espetados. O público, que poderá circular entres essas estruturas de maneira ordenada, conseguirá vislumbrar os elementos em seu topo, longe do alcance das mãos. Os itens simbolizam bens que embora devessem ser garantidos enquanto direitos básicos, permanecem inacessíveis para grande parte da população, sobretudo em contextos de crise e agravamento das desigualdades sociais.
Sobre o Projeto Octógono Arte Contemporânea
Criado em 2003, o projeto Octógono Arte Contemporânea ocupa um espaço importante na Pinacoteca, apresentando produções de arte contemporânea comissionadas pelo museu. Ao longo desses 18 anos, o projeto apresentou cerca de 40 sites specifics de artistas brasileiros e estrangeiros, entre eles já passaram pelo projeto nomes como Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Carla Zaccagnini, Carlito Carvalhosa, Joana Vasconcelos, João Loureiro, José Spaniol, Laura Vinci, Laura Lima, Regina Silveira, Rubens Mano, Jorge Pardo, entre outros. Desde o seu surgimento, debates sistemáticos sobre a produção e ideias que conformam a contemporaneidade nas artes visuais foram realizados.
Sobre André Komatsu
André Komatsu (1978) nasceu em São Paulo e atualmente vive e trabalha na cidade. Integra a geração que cresceu com a retomada da democracia no Brasil e viu o neoliberalismo ser implementado pelas políticas econômicas nos anos 1990. E é neste contexto que nasce sua obra. O artista questiona as diferentes formas de atuação do homem no mundo, a maneira como lida com o espaço urbano e com os poderes estabelecidos. Saiba mais aqui .
Sobre a Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pinacoteca também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.
Fernando Velázquez na Zipper, São Paulo
Em “Rituais da complexidade”, quarta exposição individual de Fernando Velázquez na Zipper Galeria, o artista investiga os vieses da inteligência artificial a partir de uma perspectiva decolonial.
Dando continuidade às questões abordadas na exposição “Iceberg” (Zipper Galeria, 2018), na qual chamava atenção para o impacto que os algoritmos de inteligência artificial vêm introduzindo na sociedade, Fernando Velázquez agora atenta para a necessidade de repensar as matrizes que dão forma a tal realidade.
A crença de que a tecnologia seria capaz de resolver todos os tipos de problemas tem nome: tecnosolucionismo. Para o artista, “as narrativas que modulam o imaginário coletivo nesta direção, nem sempre transparecem o quanto tecnologias e dispositivos trazem embutidas as visões de mundo e as ideologias daqueles que as criaram”. E é sobre estes aspectos que Velázquez, agora, se debruça.
A individual inclui uma instalação interativa inspirada no Oráculo de Ifá (Jogo de Búzios). Nela, os visitantes se relacionam com um sistema oracular de inteligência artificial, por meio do envio de mensagens pelo aplicativo Telegram. Ao receber uma mensagem, um algoritmo de inteligência artificial criado especificamente para o projeto replica a matemática probabilística do Ifá, analisa semanticamente a consulta recebida e devolve uma mensagem para o consultante. “Esta tecnologia milenar tem base 8 bits, curiosamente, a mesa base da computação contemporânea. Em um momento de crise civilizatória como o que atravessamos se faz necessário recorrer ao auxílio dos saberes ancestrais para buscar alternativas para a sobrevivência da espécie”, comenta o artista.
Se no oráculo de matriz africana os odus (os relatos que dão conta do destino) abduzidos pelo sacerdote respondem a mitos ancestrais, no oráculo sintético correspondem a uma seleção de textos de diversos autores elencados pelo artista durante sua pesquisa recente. Para o artista a ideia é “estimular o pensamento crítico sobre o impacto da tecnologia no indivíduo e na sociedade como um todo”. Como em outros trabalhos de Velázquez, a luz, entendida como protocolo de comunicação entre dimensões, é parte fundamental da obra: um canhão de laser desenha símbolos geométricos no espaço central da galeria durante as consultas.
Outro corpo de trabalhos se constitui de imagens criadas com o auxílio do algoritmo de inteligência artificial StyleGan. Desenvolvido para a transferência de estilos, este tipo de algoritmo pode ser alimentado com um grande conjunto de imagens e, após análise, consegue reproduzir amostras com alto grau de semelhança do objeto original. Utilizando como referência esculturas gregas e máscaras ritualísticas de diversas regiões africanas, o artista treinou algoritmos de modo a criar imagens de objetos arqueológicos inexistentes. O interesse do artista não está na verosimilhança entre as novas imagens e seus referentes, mas sim nos possíveis desvios da chamada aprendizagem de máquina. “Seria possível abduzir um estilo particular utilizando esta técnica? Quais nuances e matizes, formais e simbólicas, sugere tal hibridismo?”, questiona.
Dentre milhares de imagens criadas pelos algoritmos manipulado por Velázquez, quatro delas foram transformadas em esculturas. O processo compreendeu modelagem digital para dar tridimensionalidade aos objetos originalmente em duas dimensões, impressão 3d e acabamento artesanal com técnicas de restauro. Desta maneira, imagens criadas por um algoritmo de inteligência artificial se materializam em objetos arqueológicos de um passado que nunca existiu.
Velázquez comenta que trabalhar com esculturas gregas e máscaras rituais africanas diz respeito à vontade de “hibridizar” matrizes de pensamento": "A tecnologia não respeita os limites do território, precisamos de máquinas e algoritmos que operem da maneira a incluir as matrizes culturais de todos os povos do planeta”.
Sobre o artista
Fernando Velázquez [Montevidéu, Uruguai, 1970, vive e trabalha em São Paulo] é artista multimídia, curador e educador. Sua pesquisa se dá no entorno transdisciplinar da arte, ciência e tecnologia com interesse no estatuto da imagem, na mediação da realidade por dispositivos técnicos, e no resgate das culturas ancestrais e os estudos decoloniais em torno da inteligência artificial. É mestre em Moda, Arte e Cultura, pós-graduado em Vídeo e Tecnologias On e Offline e em Gestão Cultural Contemporânea. Participou de exposições como The Matter of Photography in the Americas (Cantor Arts Center, Stanford University, EUA, 2018), Emoción Art.Ficial, Bienal de Arte y Tecnologia (Itaú Cultural, Brasil, 2012), Bienal del Mercosur. (Brasil, 2009), Mapping Festival (Suíça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011) e Pocket Film Festival (Centre Pompidou, Paris, 2007). Recebeu, entre outros, os Fundos Concursáveis para a Cultura (Uruguai, 2019), o Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Prêmio Mídias Locativas Arte.Mov (Brasil, 2008) e Vida Artificial (Espanha, 2008). Como educador, ja ministrou disciplinas e oficinas em universidades como PUC-SP, FAAP-SP, Senac-SP, Universidad de los Andes (Colômbia), Universidad Católica (Uruguay) e na Universidade da Flórida (EUA). É co-fundador grupo independente de estudos em arte, ciência e tecnologia MOLA. Tem ministrado conferências e oficinas em instituições como a Stony Brook University (Nova York, EUA), Cyberfest (São Petersburgo, Rússia), Naustruch (Sabadell, Espanha) e Visiones Sonoras (Morelia, México). Como curador, destacam-se suas exposições Adrenalina e Periscopio. Entre 2015 e 2018 foi curador e diretor artístico da Red Bull Station de São Paulo. Atualmente é professor do curso de Gestão Cultural Contemporânea do Itaú Cultural / Singularidades e membro do GAIA - grupo de Inteligência Artificial e Artificial incubado no laboratório INOVA -USP. Mais informações em www.fernandovelazquez.art
Texto crítico: Hanayrá Negreiros
Hanayrá Negreiros é pesquisadora em moda, cultura e práticas curatoriais. Mestre em Ciência da Religião (PUC-SP), possui como principais áreas de estudo estéticas negras que se manifestam por meio do vestir, da cultura visual, religiosidades e memórias de família. Atualmente é curadora-adjunta de moda no MASP e assina a coluna digital Negras Maneiras na Elle Brasil.
agosto 23, 2021
Maria Klabin na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Inaugura no dia 24 de agosto na galeria a mostra ‘Paisagem com Casinha” da artista Maria Klabin. Para essa exposição foram selecionadas pinturas inéditas em pequenos e grandes formatos que foram feitas pela artista durante a pandemia. Nesta série a figura humana praticamente desaparece dando lugar a objetos do cotidiano, paisagens e natureza mortas.
O que começou como um exercício de pintura despretensioso durante o confinamento, acabou ganhando volume e se tornando um recorte potente do que foram dias introspectivos, silenciosos. Romãs, bananas, tangerinas, vasos de flor pintados em pequenas telas formam esse primeiro grupo da produção.
Em seguida Maria começou a trabalhar com paisagens em formatos um pouco maiores. A partir de fotografias e também da pintura de observação a artista traz para as obras fragmentos da vegetação do Pantanal, matagais e também algumas cenas de praias, um tema que já se tornou recorrente na sua obra.
Natural do Rio de Janeiro, a artista graduou-se, em 1999, em Pintura e História da Arte na Brandeis University, Estados Unidos, onde ganhou o “Susan May Green Award for Painting”. Três anos mais tarde, em 2002, concluiu mestrado na Central Saint Martin, em Londres. Em 2003 passou a ser representada pela galeria Silvia Cintra+Box4 e desde então tem mostrado seu trabalho em importantes exposições e feiras no Brasil e no exterior.
Lygia Clark na Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro
Na celebração do centenário de uma das mais importantes artistas do século 20, a exposição reúne cerca de 100 obras, a maior parte delas inéditas para o público, e é acompanhada de uma publicação com textos de críticos que seguiram de perto a trajetória de Lygia
A Pinakotheke Cultural, em sua sede do Rio de Janeiro, realizará, em colaboração com “O Mundo de Lygia Clark”, a exposição “Lygia Clark (1920-1988) 100 anos”, de 23 de agosto a 23 de outubro de 2021, em comemoração ao centenário de nascimento da artista.
Considerada pela crítica de arte brasileira e internacional como uma das artistas mais importantes do século 20, por suas criações pioneiras e originais, Lygia Clark nasceu em Belo Horizonte em 23 de outubro de 1920 e morreu em 25 de abril de 1988, no Rio de Janeiro.
Com curadoria de Max Perlingeiro, a exposição reunirá aproximadamente 100 obras da artista, entre pinturas, desenhos, gravuras, bichos, trepantes, obra mole, casulo, objetos relacionais, fotografias e documentos, em sua grande maioria inéditas ao público brasileiro.
A mostra obedecerá a uma cronologia, dividida em 17 ordens conceituais que compõem a sua trajetória de artista: “Escadas” (1947), “Kleemania” (1952), “Quebra da Moldura” (1954), “Linha Orgânica”(1954), “Arte/Arquitetura” (1955), “Superfície modulada”(1955-1956), “Planos em superfície modulada Série A”(1957), “Planos em superfície modulada Série B”(1958), “Espaço modulado” (1958), “Unidade”(1958), “Ovo linear” (1958), “Contra relevo” (1959), “Casulo” (1959), “Bicho” (1960-1964), “Obra mole” (1964), “Trepante” (1965) e “Objetos relacionais” (1968-1973).
Para cada uma desses segmentos o espectador poderá seguir textos de parede escritos pelo crítico Paulo Herkenhoff, que auxiliam a compreensão e a evolução do pensamento da artista e suas criações.
A exposição conta ainda com o ensaio fotográfico feito por Alécio de Andrade (1938-2003) da performance “Arquiteturas biológicas II”,que Lygia Clarkcriou em 1969 no Hôtel d'Aumont, em Paris.
Está prevista também a realização de debates virtuais em torno da vida e obra de Lygia Clark, que serão transmitidos no canal de YouTube da Pinakotheke. www.youtube.com/pinakotheketv, em dia e horário a serem divulgados posteriormente.
LIVRO BILÍNGUE, COM TEXTOS INÉDITOS
Acompanha a exposição o livro bilíngüe (port/ingl) homônimo “Lygia Clark (1920-1988) 100 anos”, formato 21 x 27cm, com textos críticos inéditos, imagens e informações sobre as obras,uma seleção da correspondência pessoal entre Lygia e amigos artistas e intelectuais, fatos relevantes que marcaram a sua relação com o Rio de Janeiro entre abril de 1947 a abril de 1988, e uma cronologia resumida atualizada.
O primeiro texto do livro é Some Latin Americans in Paris, escrito pelo teórico e historiador de arte Yve-Alain Bois (Constantine, Argélia, 1952), que conheceu Lygia Clark ainda nos anos 1960 em Paris, e se tornou seu amigo próximo. Depois de integrar por 15 anos o departamento de história da arte e arquitetura da Universidade Harvard, Yve-Alain Bois está no School of Historical Studies do Institute for Advanced Study, em Princeton, conhecido simplesmente como "Institute", instituição lendária que promove e financia pesquisas, onde já estiveram cientistas como Albert Einstein e historiadores da arte como Erwin Panofsky.
A publicação traz também a íntegra inédita de uma entrevista dada por Lygia Clark a Matinas Suzuki Jr. e Luciano Figueiredo em 1986, de que só havia sido publicado um extratono suplemento “Folhetim”, da “Folha de S.Paulo”, em 2 de março daquele ano.
“Pelas amplas janelas do MAM” e “Relato de um paciente” são textos escritos por Lula Wanderley em 2021 especialmente para a exposição.
A partir de sua conferência “Catarse e Lygia Clark: o poder curativo da arte”, proferida em 1998, Marcio Doctors editou e atualizou o texto para o livro.
FILME “MEMÓRIA DO CORPO”
Será exibido na exposição em modo contínuo o filme “Memória do Corpo” (1984, 30’), com direção de Mário Carneiro, que registrou a última proposta desenhada pela artista, a “Estruturação do Self”.
SOBRE LYGIA CLARK
Desde as suas primeiras exposições no Brasil, Lygia Clark teve a admiração e estímulo de importantes críticos de arte como Ferreira Gullar(1930-2016) e Mário Pedrosa (1900-1981). Participou da 1a Exposição Nacional de Arte Concreta (1956-57) e em 1959 foi signatária do Manifesto Neoconcreto.
Sua arte rompeu fronteiras, e a partir de 1965, com suas participações na Signals Gallery, em Londres, tem no crítico de arte Guy Brett (1942-2021) um de seus mais fervorosos admiradores a partir de então. Suas obras estão em importantes coleções públicas e privadas, e são vistas em exposições em vários países, como na Fundação Antonie Tàpies, Barcelona, Espanha, em 1998, e mais recentemente "Lygia Clark: The Abandonment of Art, 1948–1988", no MoMA de Nova York, de 10 de maio a 24 de agosto de 2014; e “A pintura como campo experimental, 1948-1958”, no Guggenheim Bilbao, de 6 de março a 25 de outubro de 2020, com curadoria da peruana Geaninne Gutiérrez-Guimarães, e foco nas obras da primeira fase da artista.
PERCURSO DA EXPOSIÇÃO
• Escadas
A única coisa boa que ficou [do estudo com Burle Marx] foram exatamente as “Escadas”. Para a artista, ficou o que era reflexão sobre o espaço. Certas Escadas aludem à progressão/regressão do desenho “A verdade sobre a folha da palmeira”, de Paul Klee. As folhas de Klee e as “Escadas” de Clark são triângulos truncados em espiral, articulados no vértice. Essas “Escadas”são estruturas modulares, ritmos arquitetônicos do espaço, fluxos físicos e territoriais de tempo. Nessa poética do espaço, escadas são espaços de passagem, ambivalência entre subir e descer, um devir formado por um contínuo ir e vir, pois, tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo (Heráclito, “Fragmentos”).
• Kleemania
Na primeira geometria programática de Lygia Clark, por volta de 1952, há pinturas em que os planos se sobrepõem, integrados por transparências que lembram aquarelas de Paul Klee. Frequentemente em Klee, como por vezes em Clark, o tempo se transmuta sob firme conotação musical de espaços fugados, referindo às fugas de Bach. Essas questões são um ensaio primordial de modulação da relação espaço-tempo na trajetória de Clark.
• Arte/Arquitetura
Nos anos imediatos do pós-guerra, dois movimentos da arquitetura marcavam Lygia Clark. Em Paris, os estudos com Fernand Léger terão sensibilizado Clark para integração entre arte e arquitetura na reconstrução das cidades europeias, e conduzido seu mestre a problemas da arte no espaço público. “Chamei a isso de ‘a destruição da parede’ ou a ‘parede elástica’. Cria-se outro espaço”, pensa o pintor francês na relação entre arquitetura, parede e pintura. O aludido contato com a obra de Mondrian foi completado pela descoberta do grupo De Stijl, que propôs ideias de construção coletiva sob princípios como o lugar da cor ativa na relação entre espaço e tempo. Na teoria arquitetônica do grupo, o rompimento da caixa fechada (os muros etc.) acaba com a dualidade interior-exterior. Clark aspirou à arquitetura experimental em “Interior”(1955), invertendo toda tradição, pois não é o muro que recebe o quadro, mas é a pintura como práxis material que devora a parede e toda a arquitetura.
• Quebra da moldura
A partir da história social da arte, a tela “Quebra da moldura” (1954), de Lygia Clark, tomou posição e se converteu num ponto extremo da pintura no Brasil em sua condição de espaço concreto. Expor a quebra do marco, que ainda apresentaria seus vestígios (as faixas pretas), e incorporar sua área física já com uma superfície de cor integrada ao campo visual. A operação de Clark convoca o entendimento do quadro como um corpo íntegro que dispensa o que lhe fora agregado historicamente – a moldura – na condição de status social e o isolamento político da arte no mundo. Quebrar significa abolir a moldura até a própria dissolução de suas memórias. Nada mais separa o fato pintura do mundo; nenhum outro traço, para além do signo material da pintura, a ela se adere. Desde a quebra da moldura, em 1954, Clark não fez mais pinturas, desenhos nem esculturas, pois não há qualquer interesse em rompimento das fronteiras entre os meios. O espaço se tornou a investigação central e consistente sob o mais cristalino desdobramento.
• Linha orgânica
A “Descoberta da linha orgânica” (1954) introduz uma questão concreta que é entender o sentido da estreita fresta entre a tela e o que foi moldura. Esse lugar ativa o espaço concreto, articula suas partes, por isso sua denominação como linha orgânica. É orgânica por se o espaço preposicional entre; é o vazio que articula o discurso planar da cor; é o lugar do ar que respiramos que integra e articula as zonas concretas da pintura. O que se havia rompido em “Quebra da moldura” não se dispersa nem produz fragmentos ou cacos, mas paradoxalmente reivindica e produz uma totalidade plástica precisa e coesa como também em “Descoberta da linha orgânica”, seu par conceitual. A pintora dissolveu a instituição do “quadro”, reduzindo à realidade problemática de superfície e plano em sua objetualidade.
• Superfície modulada
As primeiras “Superfícies moduladas” ainda operavam sob a memória do encaixe (como na relação abolida entre moldura e tela) e buscavam a formação de objeto uno. No entanto, as referências à moldura nas “Superfícies moduladas” (1955 a 1956) passarão a minguar para que se esclareça a articulação pelas linhas orgânicas na modulação da superfície pictórica. Serão planos autonômicos (em madeira) que a artista submete à conjunção justapositiva que forma o campo pictórico e suas variações espaciais. O discurso da pintura recorre ao verbo “modular” para modelizar dimensões e intensidades de relações cromáticas. O jogo de percepções se ativa pela presença integrada das funções das linhas orgânicas de coesão formal dos planos e acentua a harmonia da superfície construída por formas seriais. A superfície se uniformiza pela cor chapada, sem deixar traços do pincel ou gestos na aplicação da tinta industrial.
• Planos em superfície modulada Série A
A artista agora desenvolverá uma nova economia formal, com formas mais homogêneas e equilibradas. Os “Planos em superfície modulada” (1956) ressaltam a dimensão puramente planar, descartam a memória da relação quadro/moldura. A pulsão de constituir espaços ordena os planos-placas que se atraem e se ajustam para a formulação de uma unidade espacial, cuja coesão se dinamiza pela linha orgânica. Se desde as “superfícies moduladas” de 1955 não haverá desenho geométrico sobre o fundo, com os “Planos em superfície modulada” praticamente não há cor – a artista se reduz ao preto, branco e cinza, eventualmente opera uma cor primária.
• Planos em superfície modulada Série B
Na segunda série dos “Planos em superfície modulada” (1958) a ambiguidade espacial em Clark se depura pela redução da imagem com novo olhar sobre o preto e branco do suprematismo de Malevitch e sobre o espelhamento das formas de Josef Albers. A polaridade radical e reduzida, integrada e ativadora, da Planos em superfície modulada. Série B nos. 1 e 2 (1958) enuncia uma primeira superação da assimbolia da forma, pois seu encaixe aponta para relação entre Um e o Outro, entre o feminino e o masculino, entre noite e dia.
• Espaço modulado
O “Espaço modulado” (1958) de Lygia Clark retoma o plano único como novo desafio lógico, definido nas dimensões prevalecentes de 90 x 30 cm, o que equivale à modulação por três quadrados de 30 x 30 cm subdivididos de diversos modos. Sobreposta a divisão por malha, prevalece a ideia de modulação em três quadrados, por sua vez atravessados por linha horizontal, vertical ou diagonal de que resultam duas partes dentro de um dos quadrados. Por vezes, ocorre a modulação mais surda, sem a loquacidade da linha orgânica. Há divisões em planos triangulares ou planos horizontais. São traçados sutis de linha branca ou de linha cega, formada por mossa no plano-suporte. O olhar varre o espaço em movimento vertical, apreende a totalidade do espaço e de seus problemas, sem desvios por quaisquer ritmos para os lados.
• Unidade
Uma “Unidade”é uma síntese espacial e temporal máxima no espaço-tempo de Lygia Clark. Sua dimensão de 30 x 30 cm é calculada para a percepção integral num único relance. É, portanto, unidade percepcional que ajusta espaço e tempo como um fenômeno indivisível. A superfície quadrada é pensada para constituir-se também num único ato de conhecimento. Tudo se percebe e apreende num átimo. A consecução do espaço unitário em Clark é síntese rigorosa, pois avança como economia com relação aos excessos do programa De Stijl (cores, divisões espaciais etc.) para reduzir a uma questão algébrica da forma, a um só episódio de leitura e à economia do esforço do globo ocular.
• Ovo linear
O neoconcretismo deu o salto semântico para constituir seu “princípio da simbolização” da forma com o “Livro da Criação” (1959), de Lygia Pape, e na passagem do quadrado da “Unidade” para o círculo do “Ovo linear”(1958, 33 cm), de Lygia Clark. O círculo preto tem um halo de linha-luz branca periférica incompleta como uma falta e abertura, ponto em que se situa a força da forma. “Ovo linear” é o momento primordial: o ser nascendo compreende a definitiva separação entre o eu e o outro. A falha da linha – isto é, a falta, é o ponto de contágio do plano com o mundo, aludindo a situação solitária do nascituro. O “Ovo linear” é tenso em Clark, podendo ser lido como alusão ao parto, tendo ela gerado três filhos. Lygia Clark enuncia sua geometria feminina na investigação da interioridade do sujeito.
• Contra relevos
Na dimensão empírica da construção do “Contra relevo”(1959) de Lygia Clark, os planos em madeira pintada aportam sua espessura corpórea; sobrepostos, eles recusam a simbiose planar entre sua condição de objeto e a parede, alternando entre revelação e encobrimento de si mesmos. Alguns planos são pretos com bordas em branco e vice-versa. No entanto, sua arquitetura folheia espessuras planares e estruturas diagonais, para dinamizar sua posição no mundo, quando um de seus ângulos ocupa o ponto superior da estrutura. Na vista frontal vêem-se apenas planos pretos e brancos, reivindicando o movimento do sujeito em torno do objeto. Clark amadureceu os princípios da historicidade do neoconcretismo. A arte não é a figuração plástica de princípios geométricos, mas é o desenvolvimento de problemas plásticos já legados pela própria modernidade histórica.
• Casulo
A vontade material de Lygia Clark é agora definida por necessidades construtivas do espaço. Dessa forma, recorreu a maleabilidade do metal para as operações do “Casulo” (1959): o plano sobre a dobra, avança sobre o lugar e delimita, não sua zona, mas seu modo de ser espaço real em si. O objeto interrompeu a mimese da parede onde se situa. O “Casulo”é potencialmente a dobra da interioridade do sujeito. Remete, no ciclo vital de alguns insetos, em um estágio radical de transformação. Necessita de exploração por parte do observador para compreensão do polígono que se desdobra e redobra em planos triangulares para além de seu perímetro quadrado.
• Bichos
Depois dos “Casulos”, ocorre a eclosão espacial dos “Bichos” (1960), como a pulpa que emerge adulta. O “Bicho” surgiu como núcleo articulado de planos e dobras. Com a definição do uso do metal para solucionar a estruturação da nova dinâmica do espaço, Clark, para os “Bichos”, recorreu ao alumínio por sua revolucionária leveza estratégica. Os primeiros espécimes eram estruturas rígidas, formadas por planos e dobras, que não se moviam, como o “Bicho ponta” (1960). Mais amadurecido, o “Bicho” tornou-se uma estrutura móvel formada por placas de metal articuladas entre si por dobradiças. O “Bicho objeto vindo de um mundo de fora” (1961) enuncia a demanda de forças extrínsecas da manipulação do objeto pelo sujeito da recepção. “Na relação que se estabelece entre você e o ‘bicho’ não há passividade, nem sua nem dele. Acontece uma espécie de corpo a corpo entre duas entidades vivas”, celebra Clark. No plano da recepção da arte, a conversão do espectador em agente do “Bicho” é o ponto de viragem em que emerge o sujeito neoconcreto. Malgrado os títulos dos “Bichos”, já não cabe pensá-los em termos de representação, abstração ou forma. Os “Bichos” passaram a oferecer múltiplas variações estruturais e possibilidades de movimento.
• Obra mole
Despois dos “Bichos”, as “Obras moles” (1964) representam outro salto na direção do vir a ser em lugar do ser, e se põem em permanente estado de emergência. As “Obras moles”são formadas de material industrial emborrachado para piso. O corte planejado nessa matéria introduz formas que se desdobram e possibilitam o enganche do objeto sobre superfícies e volumes, permitindo a adaptação do seu estar no mundo. Tudo é devir e mais que nunca a obra exerce a vontade material.
• Trepantes
Na mecânica de Lygia Clark, seu foco deslocou-se das articulações da forma para a resistência dos materiais e para seu jogo de tensões com os “Trepantes” (1965). O sujeito participante de um “Trepante” infringe esforço mecânico sobre as faixas de metal que se torcem e retorcem em torções, se dobram e desdobram como uma estrutura fluida, resistem e cedem, se resvalam e se retêm em seu acidentado contato com o mundo. Sob a tensão do material, ou mesmo em repouso, o objeto sempre promete um turbilhão barroco de movimentos, no deslocamento temporal de seu percurso. Na virada linguística de Clark, nota-se que o título “Trepante” também enseja uma repercussão onomatopaica. Agarra-se a pessoas, árvores ou coisas, um corpo vibrátil trepa, libidinoso como no sentido do termo no português coloquial.
• Objetos relacionais e Objetos sensoriais:
Um “Objeto relacional” não tem “especificidade em si... é na relação estabelecida com a fantasia do sujeito que ele se define”, afirma Lygia Clark, “ele é alvo da carga afetiva agressiva e passional do sujeito, na medida em que o sujeito lhe empresta significado, perdendo a condição de um simples objeto para impregnado, ser vivido como parte viva do sujeito”. Em “Objeto relacional em contexto terapêutico” Clark afirma que o processo se torna terapêutico pela regularidade das sessões, possibilitando a elaboração fantasmática vinda das potencialidades do objeto. Os “Objetos relacionais” não derivam para o fetiche, porque, engajado em ação terapêutica, não há possibilidade de ação no sistema da arte, no museu, mercado, crítica ou história. Clark assume o extremo de seu projeto: declara-se não artista.
agosto 21, 2021
Projetos para um Cotidiano Moderno no Brasil: 1920-1960 no MAC USP, São Paulo
O Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta, a partir de 21 de agosto, a exposição Projetos para um cotidiano moderno no Brasil: 1920-1960, com um conjunto de 120 obras do acervo do MAC USP relacionado à circulação da linguagem moderna, sobretudo, no ambiente urbano paulistano da primeira metade do século 20. São projetos para ilustrações, cartazes e capas de revistas, estudos para murais decorativos e desenhos de cenários e figurinos para espetáculos, de artistas como Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Antônio Gomide, Vicente do Rego Monteiro, Fúlvio Pennacchi e Mário Zanini, entre outros. "A mostra propõe diferentes ângulos de observação para obras e artistas já conhecidos e estudados pela historiografia do modernismo brasileiro. Interessa-nos compreender a importância deste conjunto para o entendimento de uma experiência ampliada de modernidade", dizem duas das curadoras, Ana Magalhães e Patrícia Freitas.
A exposição de obras que não se enquadram em um registro convencional do que se entende por belas-artes, isto é, pintura e escultura, apresenta alguns desafios, a começar pela terminologia utilizada para descrevê-las, questionando sua visão como “artes menores” ou “artes aplicadas”. Para a curadoria, "a palavra projeto vem então na esteira desse exercício de ressignificação. Ela evidencia a materialidade das obras expostas, revelando aspectos processuais e colaborando para o conhecimento de técnicas, usos e funções importantes para as narrativas da arte moderna no Brasil". A abordagem focada nos modos de produção e circulação dessas obras permite observar as reverberações, percursos, permanências e desaparecimentos a que essas obras se referem.
A incorporação de várias das obras expostas ao acervo do MAC USP aconteceu a partir de uma reavaliação da história da arte moderna no Brasil, levada a cabo por Walter Zanini, primeiro diretor do MAC USP. Artistas como Gomide e Rego Monteiro tiveram suas primeiras grandes retrospectivas no Museu, das quais resultaram as incorporações de seus projetos na chave de leitura proposta nesta mostra.
A curadoria da exposição é do Grupo de Pesquisa CNPq "Narrativas da Arte do Século 20", sob coordenação de Ana Magalhães, com participação das pós-doutorandas Renata Rocco e Patrícia Freitas e dos pós-graduandos Breno Marques, Rachel Vallego, Gustavo Brognara, Andrea Ronqui, Mariana Leão Silva, Victor Murari e Juliana Caffé.
Ernesto Neto na Carpintaria, Rio de Janeiro
A Carpintaria tem o prazer de apresentar O beijo Vi de Só e Té Água e Fô e outras tecelá, uma exposição de Ernesto Neto incluindo trabalhos inéditos que tratam da inter-relação entre o céu e a terra, cerâmica e crochê, escultura e espaço. Juntas, essas novas obras são entremeadas à arquitetura da Carpintaria, onde o chão, a parede e o teto foram integrados na montagem de uma experiência imersiva.
Neto percebe a escultura como um organismo vivo e transgressor, que se devora e se transforma constantemente e àqueles que a observam. O ambiente criado pelo artista nesta montagem sugere uma (re)construção do espaço social e do mundo natural, atravessando os limites do corpo escultural em uma paisagem reinventada. Um céu de crochê dá suporte a esculturas compostas de formas longilíneas suspensas, como gotas preenchidas por folhas de ervas ou nozes que caem em direção a peças de cerâmica, que por sua vez “brotam” do chão, aludindo a beijos entre corpos distintos. Aqui, o artista propõe uma metáfora de um encontro amoroso entre o céu e a terra.
No novo corpo de trabalho 'entidade tecelã', o artista usa bastidores de MDF em recortes biomórficos e fios de malha de algodão coloridos para manualmente criar tramas, com uma técnica de tecelagem que opera entre a microtensão dos fios entrelaçados e os espaços vazios de respiro. Outras obras feitas de galhos secos envoltos por barbantes, explora a relação de tensão e equilíbrio entre diferentes materiais do cotidiano e formas da natureza.
Esta é a primeira mostra de novos trabalhos do artista após ‘Sopro’, na Pinacoteca, em São Paulo. Atualmente o artista também apresenta exposições individuais no The Museum of Fine Arts, Houston, e no GAMeC, em Bergamo.
Ernesto Neto nasceu no Rio de Janeiro, em 1964, onde vive e trabalha. Outras exposições recentes incluem: Mentre la vita ci respira, Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea di Bergamo (Bergamo, 2021), SunForceOceanLife, The Museum of Fine Arts (Houston, 2021); Sopro, Centro Cultural La Moneda (Santiago, 2021), MALBA (Buenos Aires, 2019), Pinacoteca do Estado de São Paulo, (São Paulo, 2019); GaiaMotherTree, Zurich Main Station, apresentada pela Fondation Beyeler, (Zurich, 2018); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, 2014). Seu trabalho integra as coleções do Centre Georges Pompidou (Paris), Guggenheim (New York), MoMA (New York), Museo Reina Sofía (Madrid), Tate (London), entre outras.
agosto 20, 2021
Projeto 4x5 na Marilia Razuk, São Paulo
Trazer ao público o processo de uma exposição que se desdobra no espaço e no tempo por meio de módulos temáticos e artistas de diferentes trajetórias e gerações. Esse é o cerne do Projeto 4x5, que acontece a partir de 31 de julho na Galeria Marília Razuk.
Com curadoria de Douglas de Freitas, o projeto é organizado em quatro eixos temáticos - Espaço, Projeto, Paisagem e Corpo -, eleitos a partir de quatro artistas emblemáticos que integram o acervo da Galeria: Amilcar de Castro, Julio Plaza, Eleonore Koch e Leonilson. Cada módulo será apresentado em exposições de curta duração, de cerca de 15 dias, e trará, ao todo, obras de dez artistas convidados e dez representados pela Galeria Marília Razuk.
4X5.2 - PROJETO - MÓDULO 2.
No segundo módulo da mostra, de 21 de agosto a 10 de setembro, serão exibidas obras de Ana Dias Batista, Froiid, Raquel Garbelotti e Vanderlei Lopes em diálogo com a produção de Julio Plaza. Em 1983, Plaza curou a exposição “Arte e Videotexto”, que integrava a 17ª Bienal de São Paulo. Em um de seus trabalhos, chamado “Você é o crítico”, o público é convidado a se expressar sobre a 17ª Bienal através do videotexto. Na imagem que registra a obra no arquivo da Bienal se lê: “Cada artista faz a arte que merece”. Para além da questão gráfica e espacial dos poemas e dos objetos que esboçam espaços, a obra Plaza é ponto de partida para discutir a responsabilidade de projetar. Nesse sentido, os trabalhos do módulo tratam de tentativas, erros e acertos; desenhar novas regras, metodologias e movimentos; projeto como registro de obra, e não apenas com estudo de execução; e ainda sobre a mágica e o mistério que o ato de criar, ou projetar, envolve.
OUTROS MÓDULOS:
4X5.1 - ESPAÇO - MÓDULO 1 - 31 DE JULHO / 20 DE AGOSTO
4x5.1 Espaço: Amilcar de Castro abre o módulo. A ele, juntam-se Alexandre Canonico, Ana Sario, Daniel Acosta e Hugo Frasa. As formas geométricas de Amilcar, originalmente planas, se abrem para o espaço a partir das suas operações, seja de corte e dobra, seja de corte e deslocamento. Com base nesse princípio, o módulo trata de operações que se estabelecem entre a forma e o espaço, seja o espaço real, o da tela, ou ainda os espaços e imagens possíveis de se construir mentalmente através das obras. Assim, planos constroem elementos no espaço, ou espaços se planificam, explicitando relações de forma e contra forma, e os novos espaços criados nessa relação.
4X5.3 - PAISAGEM - MÓDULO 3 - 11 DE SETEMBRO / 1 DE OUTUBRO
4x5.3 Paisagem: Eleonore Koch abre o módulo. A ela, juntam-se Desali, Laura Belém, Mariana Serri e Rommulo Vieira Conceição. As paisagens amplas e inabitadas criadas por Eleonore Koch em suas pinturas e desenhos se desdobram em outras abordagens, e outras paisagens possíveis. Entre representações, reproduções, deslocamentos ou decalque de elementos de origens distintas, naturais ou urbanas, as obras aqui também se posicionam em um limite tênue, como o próprio trabalho de Koch, entre o real e o onírico, entre o que pode ser criado e o que pode apenas ser imaginado.
4X5.4 - CORPO - MÓDULO 4 - 2 DE OUTUBRO / 17 DE OUTUBRO
4x5.4 Corpo: José Leonilson abre o módulo. A ele, juntam-se Adalgisa Campos, Amanda Melo da Mota, Lais Myrrha e Maria Laet. Os elementos da obra de Leonilson, como a presença do corpo do artista, e as relações do corpo com os outros e com o mundo, são a premissa deste último módulo. Nos trabalhos apresentados, o corpo aparece com a presença do próprio artista em ação: firme e conceitualmente intrínseca à construção da obra, porém ausente na forma final; ou ainda como modo ver as matérias, olhando para elas também como um corpo que se relaciona ao nosso, seja ela o mar, a pedra, o bronze e demais materiais escultóricos, além do próprio espaço.
Sobre o curador
Douglas de Freitas (São Paulo, 1986) é curador do Instituto Inhotim. Trabalhou de 2011 a 2019 como curador no Museu da Cidade de São Paulo (Secretaria Municipal de Cultura), onde realizou a performance de Maurício Ianês, as instalações de Tatiana Blass, Lucia Koch, Iran do Espírito Santo, Felipe Cohen, Laura Belém, Sara Ramo e Vanderlei Lopes na Capela do Morumbi; as exposições retrospectivas “Guerra do Tempo” de Marilá Dardot; “Arte à Mão Armada” de Carmela Gross; e “Allegro” de Guto Lacaz, na Chácara Lane. Em 2018 realizou a exposição "Morumbi Caxingui Butantã”, com instalações de Cinthia Marcelle, Matheus Rocha Pitta e Marcius Galan, que ocuparam respectivamente a Casa do Bandeirante, a Casa do Sertanista e a Capela do Morumbi. Foi o curador selecionado na Temporada de Projetos do Paço das Artes de 2011; vencedor do Prêmio PROAC Artes Visuais 2014 e 2016; do Edital Amplificadores de Artes Visuais do Recife 2015, com a exposição Em Espera, no Museu Murillo La Greca; e do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, na Sala Nordeste de Artes Visuais, em Recife. Em 2017 organizou o livro monográfico de Carmela Gross pela editora Cobogó.
acesse também em nosso viewing room: https://galeriamariliarazuk.viewingrooms.com/viewing-room/
agosto 14, 2021
Carlos Mélo na Kogan Amaro, São Paulo
Carlos Mélo reflete sobre o Nordeste em exposição inédita na Galeria Kogan Amaro - Obras em diferentes suportes utilizam-se de jogos de imagens e palavras para desmontar o estereótipo da região brasileira
As flexões semânticas são características marcantes no trabalho processual de Carlos Mélo. É a partir delas que o artista articula e ativa determinados assuntos, como a questão do lugar, especificamente o Agreste e o Nordeste, locais investigados pelo artista na exposição Transes, rituais e substâncias, em cartaz na Galeria Kogan Amaro, a partir de 14 de agosto.
Pinturas, fotografias, esculturas, desenhos e painel de neon são alguns dos suportes do conjunto de 16 obras inéditas exibidas na mostra. Em comum, elas buscam desfazer a ideia de nordeste, construindo um novo campo simbólico. “Todo meu trabalho artístico em torno das questões do nordeste tem como objetivo desmontar o estereótipo do Nordeste como o lugar com determinada comida, um sotaque determinado e com o chão rachado. A minha perspectiva é de uma região contemporânea, industrial e tecnológica, aonde as questões se dão a partir de uma realidade que não depende necessariamente da localização geográfica, mas sim de um campo simbólico.”, explica o artista.
Três esculturas têxtis da série ‘Overlock’, apontam para a forte produção da indústria de jeans no Agreste do Pernambuco. As obras são produzidas com diversos tecidos produzidos artesanalmente por uma cooperativa de costureiras que utilizam resíduos de fabricas de confecções. As esculturas criam uma forte referência às golas do maracatu, a mantos cerimoniais, e trazem uma reflexão em torno da modelagem e customização (paetês e spikes) das confecções de jeans na indústria no interior do estado.
Durante o período em que se aprofundava sobre a indústria têxtil, Carlos constatou o número crescente de motos com a finalidade de transporte de mercadoria, tanto no agreste, como no interior do Brasil, além do grande número de motoboys na cidade devido à pandemia. O resultado é a escultura com capacetes ‘Cascos’, produzidas com resíduos de capacetes em desuso pelos motoboys de Itu onde o artista residiu e coletou em cooperação com a Associação de Motoboys da cidade.
A série ‘Abismos’ apresenta três auto-retratos que carregam referências ao Nordeste. Em um deles, a figura com cabeça de carranca, cria uma forte relação com as mitologias do Rio São Francisco e seus projetos de transposição representado com a cabeça de uma carranca, em outro desenho o homem parece flutuar coberto de ossos bovinos carregando entres as mãos um ramalhete de flores, e a terceira imagem traz um corpo barroco onde é possível notar um conjunto de ossos, capacete e flores sobre parte do corpo vestido com uma calça jeans.
Uma série de fotografias e um backlight, advindos de uma performance de longa duração compõem a série “sapukaîa” (ave que grita ou galinha, no vocabulário TUPI). Nela, o artista aparece vestido com um paletó em meio a uma paisagem com galinhas vivas sobre o seu corpo. “Os meus trabalhos artísticos ocorrem a partir do ritual e do transe. Eles surgem a partir da ativação deste lugar, deste território. No caso, este trabalho ativa novos campos simbolistas em meio ao impacto cultural e ambiental causado pela presença das indústrias na região.”, pontua Carlos Mélo.
Sobre o artista
Riacho das Almas, Pernambuco – Brasil, 1969
Vive e trabalha em Recife, Pernambuco – Brasil
Carlos Mélo É um artista plástico brasileiro, nascido na província de Pernambuco, uma região formada por uma cultura complexa vista por várias nações africanas, algumas tribos indígenas e europeias de origem Moura. Seus trabalhos passam por vídeo, fotografia, desenhos, instalação, escultura e performance, em uma investigação do lugar que o corpo ocupa no mundo. Através de anagramas e ações de performance, o artista aborda imagens e palavras praticando o contorcionismo semântico. Busca convergir o corpo em situações de interação com o ambiente e imagens conceituais que sugerem que seja definido de forma relacional, operando simultaneamente um resgate de aspectos da formação cultural brasileira. Para Suely Rolnik, “a obra de Carlos demarca um território, ou melhor, o estabelece. Como nos animais, isso é feito por meio de dispositivos sempre ritualizados, que são, sobretudo, ritmos. No entanto, diferentemente dos animais. Aqui, o ritual e seu ritmo mudam constantemente; são inventados a cada vez, dependendo do ambiente em que são feitos e do campo problemático que procuram enfrentar, para isso o artista se instala na imanência do mundo, aos pés do real vivo, apenas apreensível pelo carinho.”
Idealizou e realizou a 1ª Bienal do Barro do Brasil, Caruaru (2014). Participou de exposições coletivas como a 3ª Bienal da Bahia, Salvador (2014); No Krannert Art Museum, Universidade de Illinois, Champaign, EUA. (2013); No Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife (2010 e 1999); No Itaú Cultural, São Paulo (2008, 2005, 2002 e 1999); Entre outras. Exposições individuais foram realizadas na Galeria 3 + 1, Lisboa, Portugal (2010); No Paço das Artes, São Paulo (2004); E na Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Brasil, 2000). Foi vencedor do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas (2006). Vive e trabalha em Recife.
agosto 13, 2021
Luiz Braga no Tomie Ohtake, São Paulo
Com curadoria de Paulo Miyada e Priscyla Gomes, a exposição Luiz Braga: Máscara, espelho e escudo reúne pela primeira vez um conjunto de retratos em cores feitos por Luiz Braga nas últimas quatro décadas. É por intermédio da ideia do retrato que as trajetórias de Pierre Verger e Luiz Braga, fotógrafos de proveniências e gerações distintas, se encontram agora nos espaços do Instituto Tomie Ohtake. Tratam-se de figuras célebres em captar delicada e sensivelmente feições, espíritos e ânimos, colaborando expressivamente para a consolidação de uma fotografia brasileira atenta à cultura popular e às diferentes centralidades de um país de imensa escala territorial.
Nascido em Belém do Pará, Braga seguiu vivendo e trabalhando onde cresceu. Suas incursões vão da cercania de seus trajetos cotidianos, adentrando casarios ribeirinhos pouco visitados pela classe média paraense, até a ilha de Marajó, que fica a 90 km da capital. Como os curadores apontam, foi nesta periferia belenense que Braga cria uma forma própria de colorir, distinta do restante de cidade, e dessa percepção também se sobressaíram as nuances de uma sabedoria e estética popular muitas vezes negligenciadas. Essa percepção foi motora de sua escolha, na década de 1980, por fotografar em cores utilizando filmes Kodachrome, o que implicava mandar os negativos para o exterior e aguardar 3 meses até conhecer o resultado de cada clique.
Segundo Miyada e Gomes, a identidade que tornou Luiz Braga amplamente reconhecido dentro e fora do Brasil foi a de cronista das cores e dos signos cotidianos do Pará, com sua singular imbricação da inventividade popular com a densidade atmosférica amazônica. Além disso, é possível ver outros desdobramentos.
Em primeiro lugar, prosseguem os curadores, nota-se como a adoção da cor fez com que seus retratos mantivessem um diálogo constante com a história da pintura. Isso se anuncia pela relação cromática entre personagens e ambientes e se aprofunda com a tensão constante entre o que entra e não entra em foco, o que ocupa o centro e as bordas dos enquadramentos e, especialmente, entre as linhas de força que ligam o olhar dos retratados e o ponto de vista do fotógrafo.
Em segundo lugar, a dupla destaca que é possível perceber como a constância no envolvimento de Luiz Braga com certos territórios fez com que ele alcançasse cumplicidade com as retratadas e retratados, de quem costuma escutar muitas histórias e com quem constantemente volta a se encontrar outras tantas vezes ao longo dos anos. “Tal cumplicidade atua nas dinâmicas que tornam os retratos possíveis, nem sempre explícitas ao observador das imagens”. A fotografia, escreveu Luiz Braga, é máscara, espelho e escudo. É uma mediação, uma zona de contato em que aquele que registra e seu retratado estabelecem um diálogo complexo.
Para dos curadores, refletir sobre a complexidade desse diálogo torna-se especialmente instigante na elaboração imagética dos retratados eleitos por Braga. “São traços locais de uma existência popular em que diferentes etnias, costumes, ritos e contextos sociais se entrelaçam numa região que teve sua centralidade muitas vezes negligenciada. Num país de desenvolvimento desigual e combinado, a Amazônia é síntese prolífica da vivacidade de indivíduos, seus saberes e hábitos, frente ao escasso acesso a infraestruturas básicas e a políticas comprometidas pela predação do seu entorno. Os exemplos são vastos: as queimadas desertificantes, o contrabando madeireiro, o garimpo venenoso, o manda-matar-e-deixa-morrer, o genocídio dos povos indígenas... que impactam a vida das populações ribeirinhas interpeladas há décadas por um discurso de progresso cujas benesses nunca as alcançam senão como miragem”, completam.
Medidas de segurança:
Obrigatório uso de máscara / Medição de temperatura / Tapetes sanitizantes / Álcool em gel disponível em diversos pontos / Distanciamento mínimo de 1,5m entre os visitantes / controle de público, de 2 a 10 pessoas, dependendo da sala / percurso único / guarda-volumes desativado.
agosto 11, 2021
Lia Menna Barreto no MARGS, Porto Alegre
A mostra traz a público a produção e trajetória de uma das mais notáveis artistas entre a chamada Geração 80 no Rio Grande do Sul, e desde os anos 1990 nome destacado e com ampla inserção no circuito de arte contemporânea brasileira e mesmo internacional.
A exposição apresenta dezenas de obras, que totalizam centenas de peças em exibição, traçando um panorama da trajetória de mais de 30 anos de uma produção pautada pela liberdade de trânsito e contaminações entre múltiplas linguagens e materiais, na intersecção entre arte, vida e cotidiano.
Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Fernanda Medeiros, curadora-assistente, esta é a maior mostra já realizada da artista e a primeira a reunir um conjunto de obras tão extenso e abrangente de sua carreira.
Lia Menna Barreto: A boneca sou eu — Trabalhos 1985-2021 traz a público objetos, esculturas, sedas, instalações, pinturas e desenhos realizados desde 1985, além de documentos e registros visuais que complementam e ampliam a experiência. Junto a obras do acervo do MARGS, a mostra conta com empréstimos da Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB), do Museu de Arte Contemporânea do RS (MAC-RS) e de coleções particulares.
Um dos destaques é um trabalho em site specific de grande escala e inédito (5 metros de altura por 11 de largura), composto por centenas de peças e objetos. Intitulado “Colar” e instalado na galeria central das Pinacotecas, foi realizado especialmente para a exposição.
Nas Salas Negras, é apresentado “Ratão” (1993), uma das obras mais emblemáticas do acervo do MARGS, junto a “Diário de uma boneca” (1998), conjunto de mais de 400 pequenas bonecas feitas em costura de trouxas de pano, restos de tecido e pedaços de outras bonecas. A primeira delas, a artista fez para a filha de então 3 anos; as demais foram surgindo uma a cada dia, sem que falhasse um dia sequer ao longo de mais de um ano, como um registro da condição da maternidade.
Já na Sala Aldo Locatelli, a série “Ordem noturna” (1996) ganha um resgate histórico com a exibição pela primeira vez de boa parte do conjunto das obras integrantes.
E no foyer à entrada do Museu, o público poderá conferir durante o período expositivo o processo de desenvolvimento do trabalho “Máquina de bordar” (1997), que consiste em um sistema de produção de bordado a partir do plantio e germinação de sementes de milho. Colocadas sobre tecido úmido, dentro de bandejas e sendo regadas, as sementes brotam com o passar dos dias, iniciando-se um bordado a partir das raízes. Semanas depois, com as plantas e raízes desenvolvidas, inicia-se o processo de secagem, e a parte bordada é retirada da bandeja e armazenada ao lado. E em seguida o processo recomeça, dando início a um novo bordado.
Como parte da exposição, o MARGS realizou um programa público com atividades envolvendo a mostra física e ações virtuais nos perfis do Museu nas redes sociais.
Lia Mascarenhas Menna Barreto (Rio de Janeiro, 1959)
É bacharel em Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1985). No mesmo ano, realizou no MARGS, em Porto Alegre, a sua primeira exposição individual. Em 1988, participou do 10º Salão Nacional de Artes Plásticas, na Fundação Nacional de Arte – Funarte, no Rio de Janeiro, no qual foi contemplada com o Prêmio Aquisição. Entre 1993 e 1994, viveu em São Francisco, nos Estados Unidos, e estudou na Stanford University, com bolsa concedida pelo programa International Fellowship in the Visual Arts, da American Arts Alliance. Em 1997, expôs trabalhos na 6ª Bienal de Havana, na Bienal de Los Angeles e na 1ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre, da qual volta a participar, em 2003, em sua 4ª edição. Atualmente, vive e trabalha em Eldorado do Sul – RS.
Bruno Gularte Barreto no MARGS, Porto Alegre
Com financiamento da Lei Aldir Blanc (com recursos da Lei nº 14.017/2020) e realização da Estranho Produções e Primeira Fila Produções, o projeto 5 Casas retrata a busca pelas memórias de infância do artista 20 anos após deixar a pequena cidade onde nasceu, no interior do Rio Grande do Sul. Essa busca se dá através de um extenso trabalho de arqueografia pessoal, onde o artista coleta fragmentos da sua história, marcada pela morte prematura de seus pais. Ao buscar reconstruir as memórias de um passado que tentou esquecer, como que tentando esquecer a dor da perda, do luto e das saudades, ele se depara com as complexidades e contradições da própria cidade onde viviam, e vai reencontrar e retratar uma série de lugares e pessoas que foram importantes na sua formação.
Uma velha professora de francês tocando um piano desafinado acompanhada de seus 36 gatos, um homem que vive há mais de 40 anos sozinho em uma fazenda mal assombrada, um grupo de freiras que conduzem uma escola de ensino fundamental, um jovem gay sofrendo bullying e agressões e um menino cujos pais morreram 20 anos atrás são os personagens que vão guiar esse percurso rumo a um universo de imagens fragmentadas, paisagens esquecidas e laços desfeitos. Ao retornar em busca de suas lembranças o artista vai se deparar não somente com a realidade dos lugares e pessoas que ficaram, mas também com a possibilidade de redescobrir a sua própria história.
Apresentada na Galeria Iberê Camargo e na Sala Oscar Boeira do 2º andar do MARGS, a exposição traz a público uma série de fotografias, foto-instalações, objetos e vídeos que lidam com os conceitos de memória, autobiografia e autoficção. No MARGS, “Bruno Gularte Barreto: 5 CASAS” integra o programa expositivo “Poéticas do agora”, dedicado a artistas atuais cuja produção recente tem se mostrado promissora e relevante no campo artístico contemporâneo.
A exposição faz parte do Projeto 5 CASAS, que teve origem no programa de mestrado em poéticas visuais no PPGAV/UFRGS sob a orientação do crítico e professor Alexandre Santos. Desde então, o projeto contou com a realização de uma exposição a convite do Centro de Fotografía de Montevideo e de um longa-metragem documental 5 CASAS / 5 HOUSES. O filme participou de grandes eventos internacionais e, em novembro de 2020, teve sua première internacional como único longa-metragem brasileiro na competitiva oficial do maior festival de arte documental do mundo, o IDFA, em Amsterdam. E segue percorrendo o circuito de festivais internacionais, tendo em março de 2021, estreado na França, no Festival de Toulouse e em junho de 2021 estreia programada na Itália no Biografilm, em Bolonha.
O projeto conta ainda com um livro/arte homônimo que está sendo concebido por Bruno Gularte Barreto e conta com texto de apresentação de Alexandre Santos e com colaboração de Amanda Teixeira (Azulejo Arte Impressa) e Daniel Eizirik (Riacho), e terá lançamento com larga distribuição gratuita para instituições de arte e educação do interior e da capital. Disponível para venda na Livraria Baleia.
Mais informações em: www.facebook.com/estranhoprod
Bruno Gularte Barreto
Atua como artista visual, diretor e fotógrafo. É mestre em poéticas visuais pelo PPGAV/UFRGS. Suas obras integram, entre outras, as coleções do MAC-RS e Coleção Joaquim Paiva (MAM-RJ). Projeto ao qual se dedica atualmente, “5 CASAS” compreende uma série de exposições fotográficas, livro, longa metragem documental e minissérie televisiva, contando com o financiamento do IDFA Bertha Fund (Holanda – Fundo de desenvolvimento do International Documentary Film Amsterdam), PRODAV 04 (Brasil, FSA – desenvolvimento de séries documentais), PRODECINE 05 (Brasil, FSA – produção de filmes com inovação de linguagem) e NRW Stifung (Alemanha – finalização). O projeto participou como convidado de programas de treinamento nos principais festivais e de eventos de mercado internacionais: IDFA (Holanda), Visions du Réel (Suíça), DocMontevideo (Uruguai), DOK Leipzig (Alemanha), etc. A primeira exposição do projeto ocupou o segundo andar do CDF (Centro de Fotografía de Montevideo), renomado espaço dedicado à fotografia na capital uruguaia e o longa metragem documental teve sua premiére internacional no IDFA, maior e mais importante festival dedicado à arte documental do mundo e já tem exibições programadas em outro grandes festivais ao longo de 2021, como os Rencontres de Toulouse, na França e o Vision du Réel, na Suiça. Realizou a exposição, “DESORGANISMOS”, na Galeria Xico Stockinger da Casa de Cultura Mário Quintana (Porto Alegre) com o financiamento da bolsa Décio Freitas de Pesquisa. Seus trabalhos receberam diversos prêmios, tendo os filmes participado de importantes festivais nacionais e internacionais e as exposições sendo realizadas em galerias públicas de grande visibilidade. Realizou o curta metragem “Linda, uma História Horrível”, agraciado com o Prêmio PETROBRÁS Cultural, premiado no Festival de Gramado, Curta-se, Festival Mix Brasil (Grande Prêmio Canal Brasil), Star Film Fest (Croácia), Festival de Cinema da Fronteira e selecionado para o Festival de Huesca (Espanha), Festival del Nuevo Cine Latinoamericano (Havana), e Queer Lisboa (Portugal). Desenvolveu como diretor e dramaturgo, a peça “Homem que Não Vive da Glória do Passado”, vencedora do Prêmio FUNARTE Myriam Muniz. Dirigiu o curta metragem “Enciclopédia”, participando do circuito de Festivais como o Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano (Cuba), Olympia Film Festival (Grécia), Mostra de Tiradentes, Festival de Guarnicê, Latin American Film Festival (Irlanda), Goiânia Mostra Curtas, Chicago Film Festival (EUA), Brasil Cine (Suécia), etc. No momento se dedica à direção de dois espetáculos e um curta metragem: a peça “A Vó da Menina” vencedora do edital do ponto de Teatro do Instituto Ling e o projeto “A Vó da Chapeuzinho”, vencedora do FAC-RS das Artes, além da produção de dois novos desdobramentos do projeto 5 CASAS, do livro do projeto 5 CASAS e de uma exposição do projeto a ser realizada no MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), ambos financiados pela Lei Aldir Blanc.
agosto 10, 2021
Geraldo de Barros no Itaú Cultural, São Paulo
Mostra no Itaú Cultural revela as mil e uma fases da obra de Geraldo de Barros em um percurso marcado pela coerência
Com curadoria de Lorenzo Mammi e Michel Favre e apoio da família, Geraldo de Barros – imaginário, construção e memória ocupa os três andares do espaço expositivo da instituição. A exposição percorre a sua carreira, entre as décadas de 1940 e 1990, e assinala os contextos e influências nos quais ela se desenvolveu na gravura, fotografia, pintura concretista e pop, mobiliário e arte gráfica. Rico material de arquivo permeia a mostra e oferece ampla visão da atuação do artista
De 11 de agosto (quarta-feira) a 7 de novembro, o Itaú Cultural expõe mais de 400 itens da obra e vida do artista que dá nome à exposição Geraldo de Barros – imaginário, construção e memória. É a primeira vez que uma mostra apresenta o conjunto de sua obra, sem recortes específicos. Do fabuloso à abstração formal, passando por métodos e princípios construtivos entre analogias e cruzamentos de fases e técnicas, ela acompanha a criação e produção do artista em cinco décadas de trabalho. Uma linha temporal desvenda o processo criativo e coerente de uma vida de trabalho, cruzando as obras e materiais do ateliê com o arquivo pessoal do artista, entre fotos de família, cartas, citações e objetos.
A curadoria compartilhada de Lorenzo Mammi e Michel Favre é complementar, mas separa-se nos diferentes andares do espaço expositivo do Itaú Cultural. Para eles, no conjunto, Geraldo de Barros – imaginário, construção e memória, permite ao visitante fazer uma leitura imersiva sobre a vida e obra deste artista, possibilitando compreender a coerência entre todas as fases em que atuou: gravura, fotografia, pintura concretista e pop, mobiliário, arte gráfica.
Os mais de 400 itens apresentados nesta mostra, a tornam a mais extensa sobre ele já exibida. Eles vão de obras em suportes variados e móveis a dezenas de documentos e material inédito de seu arquivo pessoal. Traz, ainda, quadros pouco vistos como Arizona – arte pop de mais de quase três metros por um e meio, feito em esmalte sobre offset a cores e papel colado sobre aglomerado, de 1975 – e Minister II, em esmalte e colagem sobre aglomerado, produzida no mesmo ano. Eles estão entre os trabalhos que o artista costumava oferecer de presente, bastando o interlocutor dizer que gostou, e dos quais se perdeu o rastro de muitos.
“Esta é uma exposição em que tentamos juntar a coerência das várias fases de Geraldo e mostrar como tem vida própria”, conta Mammi. “Vai das primeiras gravuras inspiradas em Paul Klee, as fotografias, as obras concretas e pop até as Sobras. Fios condutores vão mostrando que ele é mais complexo do que apenas um artista concreto ou um fotógrafo. Ele é completo, tem uma visão ampla e original”, conclui.
“A obra de Geraldo de Barros tem um vocabulário em que percebemos que com poucas letras, ele consegue contar muitas histórias”, observa Favre, que além de curador da mostra, cuida do rico arquivo do sogro, conservado em Genebra, na Suíça, ao lado da artista Fabiana de Barros, filha de Geraldo e sua mulher.
Nascido em Chavantes, no interior de São Paulo em 1923, muito jovem Geraldo de Barros mudou-se com a família para a capital, onde morreria em 1998. Começou a trabalhar aos 14 anos para sustentar os seus estudos e rapidamente seu faro se apurou para a pintura. A partir de 1945, passou a estudar desenho com Clóvis Graciano (1907-1988), Colette Pujol (1913-1999) e Yoshiya Takaoka (1909-1978). Nunca mais parou.
Geraldo tornou-se fotógrafo, pintor, gravador, artista gráfico, designer de móveis e desenhista. Criou coletivos, como o Grupo Rex e Ruptura. Expoente da fotografia experimental, integrou o Foto Clube Bandeirantes (FCCB), principal núcleo da fotografia moderna brasileira. A sua trajetória perpassa várias formas de expressão visual e reivindica o papel social da arte.
Saiba mais sobre ele na Enciclopédia Itaú Cultural.
Ainda, pode se ver imagens do artista, pertencentes ao acervo do Itaú Cultural e presentes na mostra on-line do Google Arts & Culture Fotografia Modernista Brasileira, realizada com um recorte desta coleção da instituição.
Espaço expositivo
Os pisos 1 e 1S, trazem a pesquisa e curadoria de Mammi. Ele se ocupou com o imaginário e a abstração formal em Geraldo e a investigação das constantes de seus métodos e princípios construtivos, que se repetem do começo ao fim de sua carreira. Por sua vez, Favre centralizou a linha curatorial no 2S, a partir do arquivo do artista, relacionando obras, documentos e outros materiais, que reconstroem e problematizam as diferentes etapas de sua poética.
No primeiro andar, Mammi apresenta os trabalhos do artista a partir das influências de Paul Klee, cuja produção descobriu em 1948, e dos artistas do Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, que conheceu em 1949, graças ao crítico Mário Pedrosa e ao artista Almir Mavignier. A condução do trajeto, aqui, é por meio da fotografia, desde os experimentos juvenis até a produção tardia das Sobras, incluindo desenhos, gravuras e pinturas de suas diferentes fases.
Descendo para o primeiro subsolo, a referência é o design mobiliário, sob o signo de Max Bill, um dos mais importantes e influentes designers concretistas do século XX e do século atual, que o artista conheceu em 1951. Ao todo, a exposição apresenta 31 móveis desenhados por Geraldo para a cooperativa Unilabor e a Hobjeto, fundada por ele e Antônio Bioni em 1964.
Pela mão de Favre, o segundo subsolo procura retratar a carreira entrelaçada à vida de Geraldo de forma cronológica, mas não necessariamente linear. O intuito do curador, aqui, é oferecer uma visão panorâmica de sua produção, de modo a ressaltar as relações entre as práticas e as épocas da vida pessoal e artística dele. Diferente dos outros dois andares, em que citações de críticos como Mário Pedrosa e poetas como Augusto de Campos permeiam e alinhavam as obras, neste espaço é a própria voz do artista que se refere ao seu trabalho. Este material resulta de uma minuciosa seleção de documentos no arquivo pessoal de Geraldo. Deste mesmo lugar saiu a matéria prima para costurar esta linha temporal.
“Aqui tratamos de mostrar as diferentes fases de trabalho de Geraldo de forma linear, mas não como uma mera linha do tempo”, explica Favre. “Tem peças que permitem mostrar um pouco da personalidade dele além da obra, pois, pela primeira vez, apresentamos uma cronologia com dados importantes de sua produção, colocando, lado a lado, a origem da obra e elementos que participaram da sua criação, como um rascunho, um negativo ou projeto de desenho de móveis, e a própria obra completa.“
Assim, o espaço apresenta um cruzamento de trabalhos audiovisuais, fotos de família, cartas, material de ateliê, técnicas que o artista foi desenvolvendo, como negativos fotográficos e matrizes de gravuras de modo a demonstrar todas as suas fases e desvendar o processo de como trabalhava, explorava e criava.
“Desta maneira se percebe a experimentação, a procura de material e de técnicas, além de sua abertura de espírito nada dogmática”, continua o curador. “Passa dos negativos riscados ou furados apresentados nas fotos dos anos 50, até estudos de fórmica dos anos 80 e o processo da fabricação das Sobras, indo do negativo final ao que foi recortado e não entrou na foto, em um diálogo da construção dessas imagens.”
Geraldo de Barros – Imaginário, construção e memória
De 11 de agosto a 7 de novembro de 2021
No Itaú Cultural
Funcionamento: terças-feiras a domingo, das 12h às 18h, mediante agendamento via Sympla pelo link sympla.com.br/agendamentoic
Abertura de agenda: todas as segundas-feiras, a partir das 9h, seguindo por toda a semana, com o agendamento sujeito à lotação dos grupos. Caso o visitante queira ver uma segunda mostra no mesmo dia, deve verificar a possibilidade de novo agendamento.
Permanência do público: 50 minutos em cada exposição. Trata-se de uma limitação de tempo máximo no espaço, que considera os protocolos de periodicidade de limpeza para cada ambiente.
Ingressos: gratuitos
Informações: pelo telefone 11.-2168-1777. Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 18.
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Floriano Romano em exposição digital Cidade Labirinto
Exposição digital apresenta uma experiência sonora, através de obras inéditas e imersivas sobre os sons e a memória coletiva das ruas do Rio de Janeiro
No dia 10 de agosto de 2021, será inaugurada a exposição virtual “Cidade Labirinto”, com obras inéditas do artista carioca Floriano Romano, pioneiro na criação de trabalhos que combinam instalação, performance e som. Totalmente digital, a mostra será apresentada na plataforma www.cidadelabirinto.art, de fácil navegação e inteiramente acessível a deficientes visuais e auditivos. A exposição é apresentada pelo Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.
“’Cidade Labirinto’ é sobre construir uma cidade imaginária a partir da escuta e da memória coletiva das ruas. Quantos são os inúmeros mapas afetivos que existem na cidade, que estão contidos em sua extensão? Quem são as pessoas que vivem ali e quais suas histórias? Quais são os territórios demarcados por suas escolhas e quem os construiu? Escutar a cidade nos faz enxergar o outro. Suas ruas e becos nos levam a locais de encontro onde convivemos com a diferença”, diz o artista Floriano Romano.
A exposição apresentará uma experiência sonora para o público, através de obras inéditas, produzidas este ano. “Tablado número 30” é uma instalação sonora composta por um grande tablado amarelo, com diversas caixas de som e um grande nicho preto redondo no centro, de onde é possível ouvir gravações de sons das ruas do Rio de Janeiro. A fim de ser documentada para a exposição digital “Cidade Labirinto”, a obra foi montada no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica em maio deste ano e será apresentada pela primeira vez. No vídeo, Floriano Romano interage com o trabalho, deitando na obra, entrando no nicho e vestindo uma máscara de gás, que possui uma caixa de som no bocal. O público poderá acompanhar essa experiência, vendo o artista vivenciar a obra e ouvindo os sons, que são mesclados com um áudio no qual Romano declama um texto de sua autoria sobre a cidade.
Já a obra “Cidade Sensível” será inteiramente sonora e estará dividida em três partes. Com microfones acoplados ao corpo, de forma invisível para não chamar a atenção, o artista percorreu três locais históricos da cidade do Rio de Janeiro: a Praça Mauá, a Cinelândia e a Pedra do Sal, gravando os sons ambientes, que são sobrepostos a uma narrativa ficcional em que o artista reflete enquanto caminha pelas ruas vazias do centro da cidade durante a pandemia da Covid-19. Para vivenciar esta obra sonora, Romano sugere que se feche os olhos e coloque um fone de ouvido, para que se possa imergir na obra, absorvendo de forma total os sons gravados nestes três locais.
Além de estarem acessíveis na plataforma da exposição, as três partes da obra “Cidade Sensível” também estarão disponíveis em formato podcast nas maiores plataformas de streaming de música. “A cidade tem camadas: sonoras, históricas, de experiência vivida. Caminhar pelas ruas é o exercício de absorver essas camadas pela escuta e imaginar a cidade que queremos, conhecer nosso passado e nos engajarmos em um presente melhor”, ressalta o artista.
ALÉM DA EXPOSIÇÃO
A mostra será acompanhada de um catálogo bilíngue (português e inglês), também digital, que poderá ser baixado gratuitamente na plataforma da exposição. Com 23 páginas, ele trará imagens e áudios das obras “Tablado número 30” e das três partes de “Cidade Sensível” - Praça Mauá, Cinelândia e Pedra do Sal –, que compõem a exposição, além de textos informativos sobre os trabalhos.
A fim de enriquecer a experiência e traçar um panorama da trajetória de Floriano Romano e de suas obras sonoras, também integram o catálogo informações sobre outras três mostras de destaque da trajetória do artista: “Muro de Som” (2016), no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas; “Errância” (2016), no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro e “Sonar” (2013), na Casa de Cultural Laura Alvim, acompanhados de textos dos curadores Guilherme Bueno, João Paulo Quintella e Gloria Ferreira, respectivamente.
Também está prevista uma live, aberta ao público, com o artista em setembro, na qual ele falará sobre o projeto, sobre as obras apresentadas e sobre o seu percurso na arte.
SOBRE O ARTISTA
Floriano Romano (Rio de Janeiro, 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) é um artista e radioasta contemporâneo que utiliza o som em suas instalações, objetos e ações urbanas desde 2002. Sua produção parte do imaginário e do texto para diversas abordagens sobre o som nas artes visuais. Seus trabalhos abrangem a radioarte, a poesia sonora e a performance. A cidade e a memória são recorrentes na sua obra assim como o ato de caminhar e sua experiência sensível. Produz programas de rádio como esculturas sonoras no espaço urbano desde o ano de 2002.
Ganhou, entre outros, o Prêmio CCBB Arte Contemporânea, Prêmio Marcantonio Vilaça, da Fundação Nacional de Artes, com a obra “Chuveiros Sonoros”, realizada para a 9ª Bienal do Mercosul/Grito e Escuta e o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, com a exposição “A Cidade Sonora”. Foi artista residente no “Programa dos Ateliers da Lada”, na Cidade do Porto, em Portugal, e na Residência HOBRA, Brasil-Holanda. É professor do curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Bordando aquarelas, Live com Ralph Gehre na Referência, Brasília
No próximo dia 12 de agosto, quinta-feira, às 17h, o curador Ralph Gehre realizará uma visita guiada virtual e comentará a obra de Suyan de Mattos em exibição na mostra “Manual de observação”, que compartilha com Gisel Carriconde Azevedo na Referência Galeria de Arte. O evento será transmitido pelo Instagram @referenciaarte, com participação gratuita e classificação indicativa “livre para todos os públicos”.
A partir da observação das aquarelas pintadas por Gisel Carriconde Azevedo, Suyan de Mattos criou a série Bordado hospeda aquarela. No desenvolvimento do seu trabalho, a artista utiliza múltiplas linguagens na composição de narrativas, pautadas, principalmente, pela ótica do mundo sexual e sensual feminino/feminista, cujas evidências são coletadas em memórias vividas, diariamente, como mulher. Atualmente, utiliza o bordado em sua produção artística, em um diálogo com a pintura. Vive e trabalha em Brasília. Durante a live, o curador Ralph Gehre abordará o processo de produção da artista bem como suas relações com a obra de Gisel Carriconde Azevedo.
Ralph Gehre é artista indicado ao Prêmio PIPA 2020. Nasceu no Mato Grosso do Sul, em 1952, vive e trabalha em Brasília desde 1962, onde realizou sua primeira exposição em 1980, na Galeria A da FCDF. Cursou Arquitetura e Urbanismo e Desenho e Plástica na UnB no período entre 1972 e 1980. Tem obras incluídas no acervo do MAR, Museu de Arte do Rio, RJ; Museu Nacional da República, Brasília - DF; MAC, Goiânia - GO; MAB, Brasília - DF; MASC, Florianópolis - SC e FUNARTE, Rio de Janeiro - RJ. Pesquisa o problema da composição, o processo de leitura e as relações entre imagem e palavra, em busca de uma natureza da pintura. Utiliza diversas mídias gráficas, além do desenho, da pintura e da fotografia. Realizou diversas curadorias de exposições e projetos de expografia, como por exemplo a exposição Laranja C.I. 15985, de Gustavo Silvamaral, Ciclo Curare, galeria deCurators, em 2018, Brasília- DF; mostra coletiva COMBOS, Hill House Brasília-DF, 2015; da Comissão de Seleção Nacional do Edital Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11ª edição, 2014, RJ; coletiva Aldemir Martins e o acervo da CAIXA: um nome no centro da coleção, CAIXA Cultural Brasília, junho, Galeria Acervo CAIXA, Brasília-DF e Fortaleza-CE, 2013. Foi curador assistente para a mostra coletiva Aos ventos que virão: Artes visuais em Brasília 1960-2010, curadoria geral Fernando Cocchiarale, agosto, ECCO, Brasília-DF.
Gisel Carriconde Azevedo e Suyan de Mattos na Referência, Brasília
Com curadoria de Marília Panitz e Ralph Gehre, a mostra reúne trabalhos inéditos em aquarela e bordado produzidos a partir de situações de isolamento físico e do olhar para o outro. Em Lives | Visitas Guiadas, artistas e curadores conversarão com o público com transmissão pelo Instagram da galeria
Em 28 de julho, quarta-feira, a Referência Galeria de Arte abriu a mostra “Manual de observação”, com aquarelas de Gisel Carriconde Azevedo e bordados de Suyan de Mattos e curadoria de Marília Panitz e Ralph Gehre. As obras inéditas produzidas a partir de 2019 são resultado de uma nova dinâmica na produção das artistas em grande parte pelo advento da pandemia. Durante o período, da exposição, serão realizadas duas Lives | Visitas Guiadas, com transmissão pelo Instagram @referenciaarte. A mostra fica em cartaz até o dia 4 de setembro, com visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A entrada é gratuita, livre para todos os públicos, mas sujeita à lotação de 10 visitantes por vez.
Para a mostra, Gisel Carriconde Azevedo apresenta três séries produzidas a partir de 2019: “#pinturinhasliquidas: Jardins da Burguesa”; “#pinturinhassolidas: Jardins da Burguesa”; e “Morada do Sol, 360 graus”. A artista trabalha com aquarela em 2016, interessada pela fluidez do material, como uma forma de exercitar a perda de controle no processo artístico. Além de forçar a quebra de padrões mentais ligados à sua disciplina de produção, a escolha pela aquarela “supre uma necessidade de me afastar temporariamente da arte contemporânea, em busca das motivações que há cerca de trinta anos me fizeram largar tudo pra fazer arte”, afirma a artista. Pesou também na escolha a aproximação com uma linguagem considerada menor na história da arte, tradicionalmente delegada às mulheres. Por fim, foram as restrições do primeiro ano de quarentena, trancada em casa e sem ateliê, que abriram seus olhos para o jardim à disposição da minha varanda. “Pintar a “florestinha” da república burguesa marcou meu reencontro com a natureza, e a descoberta de uma nova paixão, a pintura de paisagem”, completa Gisel.
Suyan de Mattos apresenta a série “Bordado hospeda Aquarela”, que nasceu a partir da prática visual de exercitar o fazer e o olhar para o trabalho do outro, neste caso, a produção em aquarela da artista plástica Gisel Carriconde Azevedo. Suyan ressalta que o bordado é uma atividade próxima ao exercício da pintura: preencher espaços vazios a partir de técnicas que percebam a presença do volume e da textura, numa tentativa de se fazer crível com intenção de ser real por meio das cores. As três séries em aquarela apresentadas por Gisel têm correspondentes imagéticos nos bordados produzidos por Suyan. “O meu propósito não foi a cópia. A minha determinação de bordar as aquarelas foi tentar ver o que Gisel olhava. Assim, muitos dos bordados se aproximam ao abstracionismo, não se distanciando do figurativo, numa fronteira de chancelas abertas”, afirma a artista.
No texto sobre as produções das duas artistas, os curadores Marília Panitz e Ralph Gehre afirmam que em tempos de pandemia, com o isolamento social, o receio e as indefinições mudaram as dinâmicas de produção. "O recolhimento ao espaço de trabalho se torna diverso, sem alternância com o outro, o da rua”, escrevem os curadores. Eles ressaltam que neste período, Gisel Carriconde Azevedo a partir da varanda de seu quarto montou um observatório do jardim da casa, de onde, “à maneira dos artistas viajantes do século XIX, retrata o desconhecido-familiar: o pátio, a folhagem, o mesmo, todo dia diferente, sua própria morada”.
Suyan de Mattos, por sua vez, montou o projeto “40Antenas e algumas parabólicas”, uma plataforma virtual a partir da qual passou a acompanhar a produção de aquarelas. “As ferramentas de sua pesquisa estão centradas em sua cesta de linhas e agulhas, sua paleta atual. A produção, durante a pandemia, desenha o mundo com fios. Assim surge Bordado hospeda Aquarela, releitura paradoxalmente livre e fiel aos originais, que a artista experimenta com pintura de agulha”, apontam os curadores.
Lives | visitas guiadas
Como parte da programação da mostra “Manual de observação”, a Referência Galeria de Arte realizará duas Lives | Visitas guiadas com as artistas e os curadores, com transmissão pelo Instagram @referênciaarte. No dia 12 de agosto, quinta-feira, às 17h, Ralph Gehre conduz uma conversa e comenta os trabalhos na live Bordando aquarelas. No dia 19 de agosto, quinta-feira, às 17h, Gisel Carriconde Azevedo e Marília Panitz fazem o percurso pela exposição e comentam sobre os trabalhos na live Pintando a florestinha. A participação é gratuita e livre para todos os públicos.
Visibilidade para o Centro-Oeste
Ainda que Gisel Carriconde Azevedo e Suyan de Mattos não sejam representadas pela galeria, a mostra “Manual de observação”, vem de encontro com a proposta da Referência Galeria de Arte de dar mais visibilidade à produção dos artistas visuais de Brasília e do Centro-Oeste. “Quando conheci o projeto apresentado pelo Ralph Gehre, fiquei encantada com a possibilidade de mostrar mais da produção de artistas visuais da cidade”. Atualmente, cerca de 70% do elenco da galeria mora e produz no Centro-Oeste, em especial no Distrito Federal e em Goiás. “Ao olharmos para as obras, nos deparamos com artistas cujas produções levam à retomada de técnicas antes relegadas a um segundo plano. Aqui a aquarela e o bordado assumem um protagonismo para questões
Sobre as artistas
Gisel Carriconde Azevedo trabalha com instalação de objetos e pintura. Formada em artes pela Universidade de Brasília, tem mestrado e doutorado em artes na Inglaterra, na University of Brighton (1997) e na University of East London (2012), respectivamente. Entre 2000 e 2016, trabalhou como designer de exposições no Museu de Valores do Banco Central do Brasil, despertando sua atenção para as relações entre espaço, objeto e público. Em 2014, partindo da premissa de que existe uma poética expositiva, transformou seu ateliê num espaço coletivo dedicado a experimentações expográficas e curatoriais, com o objetivo de explorar novas maneiras de exibir, apreciar e discutir arte contemporânea. Desde 1997, tem realizado exposições coletivas e individuais, no Brasil e na Inglaterra. Na última década, participou de residências artísticas locais e internacionais, de projetos de gestão cultural, e de comissões de seleção de salões e premiações. Atualmente, vive e trabalha em Brasília.
Suyan de Mattos é pós-doutora em Artes pela Universidade de Buenos Aires (UBA, Argentina) e doutorado em História da Arte pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM, México). Realizou diversas curadorias de exposições, As Caixas, no Museu Vivo da Memória Candanga (Brasília), Carta/Obra, na galeria deCurators (Brasília) e Centro Cultural Brasil-México, na Cidade do México. Também realizou diversas exposições individuais em espaços como o Museu de Arte de Goiânia e a galeria da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás/ FAV-UFG, em Goiânia, Goiás; Museu de Arte de Blumenau (Blumenau, Santa Catarina); galeria da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (Cal-UnB); e projetos Atos Visuais e Prima Obra, na galeria da Fundação Nacional das Artes (Funarte), em Brasília. Participou de exposições coletivas no Brasil e no exterior, como MUDA, com o Coletivo F.A.D.A., na Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (Cal-UnB), Curanderias e Ebulições, exposição virtual, Coletivo F.A.D.A., Onde Anda Onda I, II, e III, Museu Nacional de Brasília/Brasil, a IX Bienal Nacional de Santos de Artes Visuais, II Bienal Nacional de Dibujo y Pintura Orozco/México. Participou de residências artísticas no Brasil, na Espanha, no Chile e em Portugal. É coordenadora e curadora da residência artística Hospitalidade/Casa Aberta, em Olhos d’Água, Goiás. No desenvolvimento do seu trabalho utiliza múltiplas linguagens na composição de narrativas, pautadas, principalmente, pela ótica do mundo sexual e sensual feminino/feminista, cujas evidências são coletadas em memórias vividas, diariamente, como mulher. Vive e trabalha em Brasília.
Sobre os curadores
Marília Panitz é mestre em Arte Contemporânea: teoria e história da arte, foi professora na Universidade de Brasília, de 1999 a 2012. Dirigiu o Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu de Arte de Brasília. De 1994 a 2013, atuou como pesquisadora e coordenadora de programas educativos em exposições. Atua como crítica de arte e curadora independente, com projetos como: Felizes para Sempre, Coletivo Irmãos Guimarães BSB, Curitiba e SP, 2000/2001; Gentil Reversão, BSB, RJ 2001/2003; Rumos Visuais Itaú Cultural 2001/03 e 2008/10; Azulejos em Lisboa Azulejos em Brasília: Athos Bulcão e a azulejaria barroca, Lisboa, 2013; Vértice – Coleção Sérgio Carvalho, nos Correios em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo 2015| 2016; 100 anos de Athos Bulcão CCBB Brasília, Belo Horizonte São Paulo e Rio de Janeiro, 2018-9; Curadorias on-line: 40 Antenas. 2020; Sobre Pães Pequenos: notas em torno do isolamento 2020/21. Realiza projetos com ênfase na produção artística do Distrito Federal e na formação de uma visualidade determinada pela cidade nova; e em mapeamento da cena cultural de espaços não hegemônicos. Vive e trabalha em Brasília.
Ralph Gehre é artista indicado ao Prêmio PIPA 2020. Nasceu no Mato Grosso do Sul, em 1952, vive e trabalha em Brasília desde 1962, onde realizou sua primeira exposição em 1980, na Galeria A da FCDF. Cursou Arquitetura e Urbanismo e Desenho e Plástica na UnB no período entre 1972 e 1980. Tem obras incluídas no acervo do MAR, Museu de Arte do Rio, RJ; Museu Nacional da República, Brasília - DF; MAC, Goiânia - GO; MAB, Brasília - DF; MASC, Florianópolis - SC e FUNARTE, Rio de Janeiro - RJ. Pesquisa o problema da composição, o processo de leitura e as relações entre imagem e palavra, em busca de uma natureza da pintura. Utiliza diversas mídias gráficas, além do desenho, da pintura e da fotografia. Realizou diversas curadorias de exposições e projetos de expografia, como por exemplo a exposição Laranja C.I. 15985, de Gustavo Silvamaral, Ciclo Curare, galeria deCurators, em 2018, Brasília- DF; mostra coletiva COMBOS, Hill House Brasília-DF, 2015; da Comissão de Seleção Nacional do Edital Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11ª edição, 2014, RJ; coletiva Aldemir Martins e o acervo da CAIXA: um nome no centro da coleção, CAIXA Cultural Brasília, junho, Galeria Acervo CAIXA, Brasília-DF e Fortaleza-CE, 2013. Foi curador assistente para a mostra coletiva Aos ventos que virão: Artes visuais em Brasília 1960-2010, curadoria geral Fernando Cocchiarale, agosto, ECCO, Brasília-DF.
agosto 6, 2021
Galerias brasileiras marcam presença no “Latin America Galleries Now”
17 galerias brasileiras participam da feira virtual, organizada pelo Artsy em parceria com a ABACT e outras associações de galerias de arte contemporânea na América Latina
O Artsy, maior marketplace virtual de arte contemporânea, anuncia a realização da “Latin America Galleries Now”, feira virtual que acontece entre os dias 19 de julho e 9 de agosto, destacando o trabalho de artistas de algumas das mais importantes galerias de arte da América Latina, com destaque para 16 galerias brasileiras, participantes do projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
A Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) é uma das parceiras do evento, ao lado de outras quatro associações de galerias do continente: Meridiano (Argentine Art Galleries Association), da Argentina, AGAG (Asociación de Galerías de Arte Contemporáneo), do Chile, AGAG (Colombian Art Galleries Association), da Colômbia e GAMA (Galerías de Arte Asociadas), do México.
Do Brasil, participam as galerias Aura, Choque Cultural, Berenice Arvani, Karla Osorio, Kogan Amaro, Luisa Strina, Marilia Razuk, Nara Roesler, Raquel Arnaud, Janaina Torres, Luciana Brito, Mendes Wood DM, Pinakotheke, Portas Vilaseca, Simões de Assis, Zagut e Zipper.
O público também poderá acessar uma programação de talks gratuitos, que vai reunir convidados de diferentes países em torno de questões relevantes para a arte contemporânea da América Latina. Serão 3 talks, um por semana, a partir de 23/07, em que serão debatidos temas como novas estéticas, colecionismo, internacionalização e a complementaridade que existe entre o trabalho das galerias mais tradicionais com o das jovens galerias dentro do ecossistema do continente.
O acesso à Latin America Galleries Now pode ser feito por meio do link https://www.artsy.net/art-fairs.
Sobre o Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
O Latitude é um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 62 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
O volume das exportações definitivas e temporárias das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007, foram exportados US$ 6 milhões e, de acordo com a última Pesquisa Setorial Latitude publicada, em 2017 atingiu-se mais de US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor no ano.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assumiu o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Sobre o Artsy
O Artsy é o maior marketplace online global para descobrir, comprar e vender obras de arte de artistas renomados, conectando mais de 4 mil galerias, casas de leilão, feiras de arte e instituições de mais de 100 países com mais de 2 milhões de colecionadores de arte globais e amantes da arte em mais de 190 países.
O Artsy torna a compra de arte mais acolhedora, com uma tecnologia que conecta oferta e demanda com segurança, em escala global. Lançado em 2012, o Artsy tem sede em Nova York, com escritórios em Londres, Berlim e Hong Kong
Sergio Augusto Porto na Central, São Paulo
A Central Galeria tem o prazer de apresentar Sergio Augusto Porto: de dentro para fora, da experiência à imagem. Essa é a primeira individual de Porto em São Paulo, um dos pioneiros no Brasil dos desdobramentos da arte conceitual no campo ampliado da escultura, do site-specific e da land art. A exposição aborda questões fundamentais do pensamento e das experimentações do artista, calcados na radicalização do espaço da experiência, e reúne desde trabalhos seminais da década de 1970 até a produção mais recente, além de peças reeditadas especialmente para a ocasião. A curadoria, assinada por Diego Matos, demarca três instâncias que se coadunam conceitualmente: a explosão escalar das radicais produções da virada dos anos 1960 para os anos 1970; a problematização da escultura contemporânea e de seu diálogo com a arquitetura; e a subversão da noção de paisagem, aqui constantemente reinventada.
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Sergio Augusto Porto é parte de uma geração de artistas conceituais que rompeu com os paradigmas do projeto modernista no Brasil. Ao lado de nomes como Alfredo Fontes, Cildo Meireles, Guilherme Vaz, Luiz Alphonsus, Thereza Simões e Umberto Costa Barros, Porto destaca-se no início dos anos 1970 ao se afastar de uma arte confinada pelo espaço do ateliê e pelos condicionamentos das categorias clássicas da arte para ir em direção a uma prática ambiental, experimental e participativa. Diego Matos analisa que “é na virada dos anos 1960 para os anos 1970, em pleno recrudescimento da ditadura civil-militar brasileira, que a arte experimental realiza um movimento conceitual e material de dentro para fora da prática artística que, em seguida, retorna ao espaço expositivo como registro ou ficção”. À medida que as proposições dessa geração ganham escala urbana, Porto passa a realizar intervenções efêmeras na paisagem que, por sua vez, desdobram-se em instalações, fotografias e objetos. São formuladas situações efêmeras de ação e convívio que podem eventualmente ser documentadas de modo poético em fotografia. “Revela-se aí, por exemplo, o desejo de pensar a escultura por meio do estudo fotográfico”, define Matos.
Após uma passagem intensa pelo circuito de exposições da época – tendo participado da Bienal de São Paulo (1973), do Panorama (1975) e da Bienal de Veneza (1976), entre outras –, Porto afasta-se parcialmente da cena no final da década de 1980, mas jamais para de produzir. A presente exposição, portanto, perpassa uma trajetória de mais de cinquenta anos para revelar um artista ainda em plena atividade, reintroduzindo sua obra para uma nova geração . A seleção de obras contempla pontes possíveis entre as intenções do passado e as urgências do presente de sua atuação artística.
“Sergio Augusto Porto desenvolve um pensamento sobre paisagem, calcado nas vivências em contextos urbanos em ampla mutação (Rio de Janeiro e Brasília) e na procura por locais limítrofes entre o natural e o construído”, discorre o curador. “Aqui, uma conexão com o que se propunha de mais radical na arte brasileira e estrangeira se faz presente. Em certo sentido, trata-se da problematização da paisagem como uma zona de contaminação da experiência do que se vê, do que é e foi vivido e de sua impermanência.”
Sergio Augusto Porto nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Estudou Arquitetura na Universidade de Brasília (1967-1970). Em 2012 mudou-se para Salto, interior de São Paulo, onde atualmente vive e trabalha. De sua profícua atividade na década de 1970, destacam-se as participações no 4º Salão de Verão, MAM Rio de Janeiro (1972), recebendo o prêmio de viagem à Europa; na 12ª Bienal de São Paulo (1973), que lhe rendeu o Grande Prêmio Latino-Americano da mostra; no 7º Panorama da Arte Atual Brasileira (1975), ocasião na qual recebeu o Prêmio-Estímulo/Objeto; e na 37ª Bienal de Veneza (1976), quando integrou a Representação Oficial do Brasil. Mais recentemente, seu trabalho também foi incluído em exposições como Mitologias por procuração, MAM-SP (São Paulo, 2013); Brasília - Síntese das Artes, CCBB (Brasília, 2010); Arte como Questão: Anos 70 , Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007); Situações: Arte Brasileira Anos 70, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2000).
Central Galeria is pleased to present Sergio Augusto Porto: de dentro para fora, da experiência à imagem (Sergio Augusto Porto: from the inside out, from experience to image). This is Porto’s first solo show in São Paulo, one of the pioneers in Brazil of the developments of conceptual art in sculpture’s expanded field, site-specific and land art. Curated by Diego Matos, the exhibition addresses issues that are pivotal to the artist’s thinking and to his experimentations, built upon the radicalization of spaces for experimentation. It gathers works that range from seminal pieces from the 1970s to his most recent production, alongside artworks that have been re-edited for the occasion. Three instances are linked by the curatorship to devise this exhibition: the scalar surge of radical productions from the turn of the 1960s/1970s; the problematization of contemporary sculpture and its dialogue to architecture; and the disruption of the notion of landscape, constantly reinvented here.
Sergio Augusto Porto belongs to a generation of artists who broke away from the paradigms of modernist conception in Brazil. Next to people like Alfredo Fontes, Cildo Meireles, Guilherme Vaz, Luiz Alphonsus, Thereza Simões and Umberto Costa Barros, Porto stood out in the early 1970s as he moved away from an art confined in studio settings and conditioned to art’s classical divisions to go towards an environmental, experimental and participative practice. Diego Matos argues that “at the turn of the 1960s/1970s, during a full recrudescence of the Brazilian civil-military dictatorship, experimental art made a conceptual and material move from the inside out of the art practice, which soon afterwards returns to the exhibition space as testimony or fiction.” As this generation’s propositions gained urban scale, Porto went on to carry out ephemeral interventions on landscape, which, for their part, have developed into installations, photographs and objects. “It’s thus revealed there, for instance, the yearning to think sculpture through photography studies,” defines Matos.
After an intense journey through the itinerary of exhibitions of the period – having participated in Bienal de São Paulo (1973), Panorama (1975) and the Venice Biennale (1976) –, Porto partially withdrew from the scene in the late 1980s, but he has never stopped working. The current exhibition thus goes over a 50+ year long journey to reveal an artist who is still fully active, reintroducing his work to a new generation. The selection of works comprises potential links between the intentions of the past and the emergency of the present of his art practice.
“Sergio Augusto Porto develops a reflection on landscape built upon experiences in widely changing urban contexts (Rio de Janeiro and Brasilia) and upon the search for borderline places between what’s natural and what’s engineered,” analyzes the curator. “A connection to what was devised as most radical in both Brazilian and foreign art makes itself present. In a sense, it’s about the problematization of landscape as a zone of contamination of the viewing experience, of what is and has been experienced and its impermanence.”
Sergio Augusto Porto was born in Rio de Janeiro, in 1946. He has studied Architecture in Universidade de Brasília (1967-1970). In 2012, he has moved to Salto, in the countryside of São Paulo state, where he currently lives and works. His prolific activity in the 1970s include participations in the 4th Salão de Verão, MAM Rio de Janeiro (1972), receiving the European Travel Award; in the 12th Bienal de São Paulo (1973), which granted him the show’s Grand Latin-American Prize; in the 7th Panorama da Arte Atual Brasileira (1975), in which he was awarded Incentive Award/Object; and in the 37th Venice Biennale (1976), where he was part of Brazil’s Official Representation. His work has recently been featured in exhibitions such as: Mitologias por procuração, MAM-SP (São Paulo, 2013); Brasília - Síntese das Artes, CCBB (Brasília, 2010); Arte como Questão: Anos 70 , Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2007); Situações: Arte Brasileira Anos 70, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2000).
Claudio Cretti na AM Galeria, Belo Horizonte
Belo Horizonte recebe obras inéditas de Claudio Cretti
A partir do dia 7 de agosto, os mineiros poderão conferir de perto as peças do artista brasileiro Claudio Cretti, na AM Galeria, em Belo Horizonte. Com curadoria do professor e crítico de arte, Agnaldo Farias, a exposição “Mafuá de Trens”, estará aberta ao público até o dia 11 de setembro, de segunda à sexta, das 12h às 19h. E, aos sábados, das 12h às 14h. A mostra é gratuita, mas as visitas precisam ser realizadas por agendamento, de acordo com os protocolos de segurança para prevenção do COVID-19.
Cretti nasceu em Belém do Pará, mas é radicado em São Paulo, com mais de 30 anos de carreira e aborda artes com características bi e tridimensionais. Para sua primeira exposição na AM Galeria, serão apresentadas 13 esculturas recentes e 18 desenhos de uma série de 2003/2004. “Os desenhos são monocromáticos e fazem parte de uma pesquisa sobre os próprios desenhos da Tarsila do Amaral. Já as esculturas são compostas de diversos materiais distintos em textura, cores e formas ”, conta Claudio Cretti.
Com obras compostas por diversos tipos de objetos, Cretti ressignifica uma peça comum em algo ilusório, despertando assim a atenção do visitante. “Eu busco na coleta de materiais artesanais, indígenas e caipiras, algo curioso, encontrados em tudo quanto é lugar, e que podem se transformar. Costumo dizer até que essas obras são quimeras (monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente), por despertar em nós uma inquietação e curiosidade na tentativa de apreender todos os lugares imaginados possíveis que vem com cada trabalho”, destaca o artista.
Já Agnaldo Farias enfatiza o nome da exposição “Mafuá de Trens” em homenagem ao artista, “Ele é um caçador de trens. E o trem aqui, reflete a fala do mineiro. Já a palavra mafuá, que simboliza várias coisas juntas, deu super certo e mostra um pouco do que o visitante pode esperar da mostra”, comenta Farias. “Espero que as pessoas se sintam fascinadas com as obras e fiquem curiosas para entender que trem é esse!”, finaliza o curador.
Sobre AM Galeria de Arte
Fundada por Angela Martins, a AM Galeria iniciou suas atividades em 1989, em Belo Horizonte, representando grandes escultores brasileiros, como Franz Weissmann, Amilcar de Castro, Ascânio MMM, Sérgio Camargo, Bruno Giorgi, José Bento, Jorge dos Anjos, Marcos Coelho Benjamin, entre outros.
A galeria tem o compromisso de realizar regularmente exposições de artistas consolidados na cena artística nacional. Assim como apresentar novos nomes da produção emergente de arte contemporânea brasileira, combinando diversos meios de expressão artística, como escultura, pintura, desenho, fotografia, vídeo e instalação.
Em 2018, sob a direção de Henrique Martins Modenesi, a galeria reabriu seu espaço em São Paulo, consolidando sua presença na cena artística brasileira, além do compromisso com o fomento da arte e cultura.
Daniel Melim na Iberê Camargo, Porto Alegre
Arte de rua ganha exposição na Fundação Iberê: “Abrir as portas de um museu ao street art é discutir, no cenário das artes visuais, o papel de uma cultura tão importante para as grandes metrópoles”. (Daniel Melim)
O artista Daniel Melim chega a Porto Alegre para acompanhar a montagem da exposição Reconstrução, que abre no dia 7 de agosto (sábado), na Fundação Iberê abre.
Com a curadoria de Miguel Chaia e co-curadoria de Baixo Ribeiro e Laura Rago, o quarto andar do centro cultural será ocupado por doze obras de sua mais recente produção, aliando trabalhos de grandes formatos com outras menores, que tem como foco principal a pintura, oriunda da arte urbana, com o frescor de novas técnicas para uma linguagem artística tão consagrada.
“Com exceção dos trabalhos “Ser” e “Só foi isso que sobrou”, apresento, pela primeira vez, um recorte de obras da minha pesquisa sobre a pintura, uma linguagem tão clássica das artes visuais, mas que trago revigorada, principalmente, através do grafite e da minha relação com a arte urbana”, explica o artista.
Melim é considerado um dos nomes mais importantes no cenário da street art. Um dos seus trabalhos, a grande pintura da moça loira que ocupa a lateral de um prédio perto da Pinacoteca de São Paulo, na avenida Prestes Maia, foi eleito, em 2013, como o mural representativo da cidade.
Para o superintendente da Fundação Iberê, Emílio Kalil, tudo na produção de Daniel Melim é uma reflexão do mundo, com seus problemas e suas epifanias sociais. “O que mais me impacta é a consciência deste artista, um homem que não esqueceu suas origens na street art, permanente fonte de inspiração. Aquele que diz ‘conto com sua ajuda’, que quer lutar onde crack is pop, já que foi só isso que sobrou no sofá, com um buque de Zéfiro, com Jurema e seus mesmos rasgos, tentando ser o que dizem sobre nós. Brincadeiras à parte, quando tomo emprestado os nomes das obras desta exposição, tudo é muito sério. Tudo nos rodeia”.
Dos quadrinhos para o mundo
Nascido e criado em São Bernardo do Campo, filho de pai metalúrgico da Volkswagen e de mãe professora primária, desde muito cedo, Daniel Melim teve acesso aos livros, e foram as ilustrações que sempre lhe chamaram a atenção.
Aos 13 anos, Melim começou a frequentar a primeira pista de skate da cidade, que tinha visual estético marcado pelo pixo e pelo grafite. Foi ali que conheceu o estêncil, técnica da arte de rua que predominava naquele espaço. As intervenções eram feitas por nomes que ficaram muito conhecidos na cena urbana do ABC, como Jorge Tavares, Job Leocadio, Marcio Fidelis e Vado do Cachimbo.
Fascinado por aqueles desenhos que valorizavam a repetição e a ilustração, ele começou a tentar reproduzir por conta própria. Resgatou traços da linguagem de quadrinhos para ilustrar sua primeira personagem, uma figura de uma mulher chorando. Na sequência, fez um homem gritando.
No ano 2000, conheceu Rodrigo Souto, também chamado de Maionese, e, ao lado dos grafiteiros Ignore, Sapo e Tomate, criou a Crew “Ducontra”. "A gente tinha de ser 'du contra': se o lance era fazer letra, íamos e fazíamos algo diferente”, lembra. Ali surgia a técnica da tinta escorrida, um olhar mais aprofundado para as texturas, que ele leva até hoje para seu trabalho.
Foi aí que Daniel Melim resolveu se apropriar da técnica do estêncil tornando-a sistematicamente a linguagem principal do seu trabalho e gerando, assim, o DNA de sua obra. Além da arte de rua, sua pintura já foi apresentada em galerias e museus no Brasil, Alemanha, França, Suíça, Espanha, Inglaterra e Austrália.
Visitação
As visitas de sexta a domingo devem ser agendadas pelo Sympla. Às quintas-feiras, a entrada é gratuita e por ordem de chegada. Obrigatório o uso de máscara, a medição de temperatura e o distanciamento social.
Helena Carvalhosa na Marcelo Guarnieri, São Paulo
A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar a primeira mostra da artista Helena Carvalhosa em nossa unidade de São Paulo. A exposição reúne cerca de quarenta pinturas produzidas durante os últimos dez anos e um grande conjunto de esculturas produzidas durante as últimas quatro décadas. Desde o final da década de 70 Carvalhosa explora o campo tridimensional por meio de uma investigação sobre as formas e os significados gerados a partir de associações improváveis entre objetos encontrados, tais como potes de vidro, pedaços de madeira, peças de ferro retorcido e molas. O interesse da artista por tais objetos passa não somente pela particularidade de sua composição material e visual, seus significados e usos, mas também pelo vínculo afetivo que possui com cada um deles e com a possibilidade de conservarem histórias. A partir da segunda metade dos anos 1980, Helena Carvalhosa desenvolve, em paralelo, um trabalho em pintura, onde explora a ambiguidade das formas a partir da observação do mundo ao seu redor, desde paisagens até cenas interiores. A exposição contará com um texto crítico do artista Luiz Paulo Baravelli.
Helena Carvalhosa nasceu em 1938 em São Paulo, onde vive e trabalha. Iniciou seus estudos em artes na Escola Brasil em 1970 e em 1977 formou-se em Artes Plásticas pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). Ainda no final da década de 1970 estudou na New School of Arts, em Nova York e desde os anos 1980 vem fazendo cursos e sendo orientada por artistas como Hélio Cabral, Nelson Nóbrega, Paulo Pasta e Sara Carone. Sua produção transita entre a pintura, a escultura, o desenho e o objeto.
O início de sua carreira foi marcado pela participação na "Mostra de Escultura Lúdica" em 1979 no MASP, que contou com artistas como Palatnik, Tomie Ohtake, Leon Ferrari e Guto Lacaz. Na ocasião, a artista expôs "Estruturas Mutantes", duas peças formadas por tecido, ferro e isopor que remetiam à forma de um casulo e que podiam ser vestidas e transformadas pelo público. A escolha por materiais acessíveis, de uso cotidiano, é ampliada em "O objeto reinventado", exposição que ocorreu no SESC Pompeia em 1992 e que reuniu assemblages formadas por objetos descartados, já gastos por outros usos. Sobre aquela produção de Carvalhosa, o crítico Pietro Maria Bardi escreveu: "Com o máximo de simplicidade, Helena demonstra, através da combinação de formas, que aquilo que está ao nosso redor pode ser motivo de fruição estética". No ano seguinte participou da coletiva "Objeto. Objeto-Livro. Fotografia" na Pinacoteca de São Paulo. Segundo a crítica Maria Alice Milliet, em texto de 1993: "Os objetos de Helena pertencem ao universo feminino da sedução, do jogo de aproximações que transforma o banal em inédito, do encantamento surpreendido no arranjo das coisas inúteis cuja gratuidade retém um frescor derivado da fantasia. Atestam a possibilidade de criar a partir do encontrável, do desprezível, de restos e sobras." Em 1998, Carvalhosa retorna à Pinacoteca para ocupar um dos "vãos livres" do edifício com "O Caminho: Instalação com Flores", composta por móveis antigos, fotos de família, vasos, quadros e peças em porcelana, propondo uma reflexão sobre as fases da vida e a passagem do tempo.
Em paralelo ao seu trabalho com o campo tridimensional, Helena Carvalhosa desenvolve, desde a segunda metade dos anos 1980, uma produção em pintura. Em seus primeiros anos, centrou-se em paisagens e retratos através do uso mais despojado da pincelada, e a partir de 2005 dá início à transição de sua pintura para uma abordagem mais sintética da composição. Segundo o jornalista Antonio Gonçalves Filho, essas pinturas são "quase um diário íntimo sem compromisso com o tempo, como nas composições intimistas de Morandi, feitas de cores sóbrias e perfeito equilíbrio tonal". Nelas, a artista ainda mantém o seu interesse pelos objetos, agora amalgamando-os, no campo bidimensional, aos outros elementos do quadro, operação que se dá pelo uso da tinta em diferentes cores e texturas. Em texto para o catálogo da exposição "Pulo do Gato", apresentada no Museu Afro Brasil em 2016, o curador Marcelo Salles escreve: "a artista lida com um fazer que não é orientado por premissas políticas, sociais, mercadológicas; seu interesse reside numa necessidade ancestral, aquela que existia antes de nomearmos todas as coisas e aprisionarmos não somente coisas, mas nós mesmos".
Em mais de quatro décadas de carreira, participou de inúmeras mostras individuais e coletivas, em instituições como: MASP, SESC Pompeia, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Afro Brasil, SESC Belenzinho e Centro de Arte Dragão do Mar, em Fortaleza. Desenvolveu curadorias para o SESC São Carlos, SESC Santana e Museu da Casa Brasileira. Possui três livros publicados: Fazenda Pinhal; Ócio: obras de Helena e poesia de Manoel de Barros; e Pulo do Gato.
Para a segurança de todos e melhor controle do espaço, recomendamos que agende sua visita. Pedimos que nos envie um e-mail com o seu nome completo indicando o dia e horário de sua preferência. A visitação poderá ser realizada de segunda a sexta-feira das 10h às 19h e sábado das 10h às 17h, respeitando todas as recomendações das autoridades de saúde, como o uso de máscaras e distanciamento social.
agosto 5, 2021
Galeria A Gentil Carioca inaugura filial em SP neste sábado
Coletiva inaugural Bum-bum Paticumbum Prugurundum tem abertura presencial neste sábado (7 de agosto) das 12h30 às 19h; mostra segue com visitação presencial e virtual até 9 de outubro
No ano em que completa 18 anos, A Gentil Carioca expande suas atividades para São Paulo e inaugura nova unidade no bairro de Higienópolis. O espaço foi reformado pelos arquitetos Mario Moura e Victor Gurgel, do escritório Canoa Arquitetura, conta com direção artística de Ricardo Sardenberg e gestão de Ton Martins. A nova casa permitirá uma ampliação de suas atividades na capital mais populosa do Brasil.
Para celebrar o novo espaço, A Gentil Carioca inaugura Bumbum Paticumbum Prugurundum, primeira mostra coletiva em São Paulo. A galeria chega na capital paulista com obras de Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres e Vivian Caccuri.
“Batuco, logo existo”, a frase dita por Luiz Antonio Simas, historiador, compositor brasileiro e babalaô no culto de Ifá, pode ser tão universal quanto a máxima do filósofo e matemático francês, René Descartes “penso, logo existo”. A exposição coletiva inaugural da Gentil em terras paulistanas, traz em sua narrativa o ethos da corporalidade e deseja oferecer um saber que não está na racionalidade do pensamento cartesiano tão definidor do ocidente, mas sim expresso numa língua de escritas outras, de tambores e ritmos. Os corpos de obras e dos espectadores visitam o espaço da galeria, reconfigurando as ortogonalidades usuais de exposição. Inspira-se nos encontros de batuque, nos blocos de carnaval, nas rodas de gente na praça para grandes resoluções, o que determina um ritmo de outra fisicalidade ou lógica.
Bumbum paticumbum prugurundum é no corpo/espírito, no balanço, no equilíbrio. As obras dispostas no espaço de exposição entram numa rítmica temperança, distraem-se no espaço, sem um logos analítico, levadas na subjetividade do som do tambor que o título trás. Bum bum, a subjetividade dos sons, pa ti cum, o ritmo no entendimento do corpo/coração que bate tum tum, cum bum... gera temperança, ou excitação, acalma, serena, levanta, trabalha a alma, cura, repensa prugurundum.
Bumbum paticumbum prugurundum
O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí
Muitos já ouviram, falaram, cantaram a onomatopeia mantra e tratado, mantratado, Bum-bum paticumbum prugurundum, um samba do Império Serrano, campeão de um desfile arrebatador em 1982, que traz em seu enredo fortes críticas aos rumos que estavam se tornando o carnaval na época. O enredo falava das três diferentes manifestações do samba que se davam na Praça XI, Candelária e Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, naquela época.
Bumbum paticumbum prugurundum
...Super Escolas de Samba SA
Super-alegorias Escondendo gente bamba
Que Covardia!...
Bum-bum paticumbum prugurundum é expressão do compositor Ismael Silva usada para mostrar como deveria ser a batida do surdo, que deu origem ao ritmo Samba que conhecemos hoje. O enredo foi composto por Beto Sem Braço e Aloísio Machado e lançado em 1981.
Em suas origens em terras brasilis, samba era festa de gente afrodescendente que acontecia de várias maneiras em diferentes partes do Brasil, não necessariamente definia um ritmo, mas, segundo o mestre Luiz Antônio Simas, um encontro festivo movido a canto, ritmo e dança. Com o fim da escravatura houve um êxodo de ex-escravizados saindo da Bahia para o Rio de Janeiro, ocupando a área entorno do centro: região portuária, praça Tiradentes, Saara, era tempo das festas da casa da Tia Ciata, dentre outras tias, de mestres como Sinhô, Donga, Pixinguinha. Ao mesmo tempo, outro êxodo, vindo do Vale do Paraíba, chegava à capital se aldeando na região do Estácio, esta era a turma de Ismael Silva, Bide, Marçal, Brancura e vários bambas. Estas duas energias entraram em choque, enquanto a turma da pequena África gostava de um samba mais rodado, maxixado, de roda, a turma do Estácio queria um samba que empurrasse a turma, os blocos, os ranchos pelas ruas da cidade, gostavam de briga, de entrar em choque com outros blocos, queriam um ritmo que permitisse o corpo coletivo evoluir, e assim nasceu o bumbum paticumbum prugurundum.
Quase quatro décadas depois do ano de composição da letra, Ernesto Neto, numa aula de agogô do mestre Scofa via messenger, iniciam uma conversa, quem sabe sincopados pelo mestre Simas que já dizia “Batuco, logo existo”, sobre essa tão marcante expressão de Ismael Silva. Falavam : “ … que a frase Bum-bum paticumbum prugurundum está contido um tratado tão importante quanto a frase “penso logo existo”, do mestre Descartes, assim como o próprio livro Discurso do Método e várias outras filosofias que definem o ocidente e por consequência a modernidade. Que ali está contido uma teoria, um Norte (ou seria melhor dizer um Sul). A língua dos tambores e ritmos é tão importante como a escrita, mas inescrevíveis, pois sua fala não é inteligível pela mente, mas pelo corpo...”
Assim nasceu o texto original Bumbum paticumbum prugurundum de Ernesto Neto. O Bum-bum paticundum prugurundum exemplifica o pensamento do samba, afrocentrado, onde indivíduo e coletivo são parte do mesmo corpo, se equilibrando, somando, contradizendo e confluindo (leia aqui o texto curatorial na íntegra).
A exposição também poderá ser vista através do Online Viewing Room no website da galeria a partir do dia 7 de agosto de 2021.
Sobre A Gentil Carioca
A Gentil Carioca é uma galeria de arte contemporânea fundada em 2003 por três artistas (Márcio Botner, Ernesto Neto & Laura Lima) iniciativa que a torna única no Brasil. Tem como maior objetivo fazer desta galeria um lugar para se pensar, produzir, experimentar, celebrar e comercializar a arte.
Localizada inicialmente no Centro Histórico do Rio de Janeiro, mais especificamente na região denominada Saara, um lugar conhecido como o maior mercado aberto da América Latina e fundado no século passado por imigrantes árabes e judeus. Ao seu redor, encontra-se todo tipo de bugigangas e especiarias, atrativo fundamental para muitos artistas e curiosos. É sobre uma destas lojas que a Gentil tem sua presença, em um sobrado dos anos 20 na cidade carioca.
No ano em que completa 18 anos, A Gentil Carioca expande suas atividades para São Paulo, inaugurando no dia 07 de agosto de 2021 seu novo espaço expositivo numa charmosa vila localizada na Travessa Dona Paula em Higienópolis, proporcionando assim, uma ampliação de suas atividades na capital mais populosa do Brasil.
A Gentil nasce e expande-se misturada para captar e difundir a diversidade da arte no Brasil e no mundo. Crê que cada obra de arte é um cadinho cultural com potência de irradiar cultura e educação. Seus endereços tornam-se lugares de concentração e irradiação da voz de diferentes artistas e ideias, como também preconiza a ampliação do campo de ação potencial da arte ao estimular a rede de colecionadores e amantes da arte em geral.
SÓCIOS: Laura Lima, Elsa Ravazzolo, Ernesto Neto e Marcio Botner
DIRETORES : Elsa Ravazzolo e Marcio Botner
Daniel Buren na Nara Roesler, São Paulo
Nara Roesler São Paulo tem o prazer de anunciar New Grids: Baixos-relevos, trabalhos situados, 2021, mostra com trabalhos inéditos de Daniel Buren. Terceira exposição do artista na galeria, a mostra será inaugurada em 21 de agosto e fica em exibição até 23 de outubro de 2021. Para a ocasião, o curador Luiz Camillo Osorio conduziu uma entrevista inédita com o artista que será disponibilizada durante a mostra.
Daniel Buren é um dos mais importantes artistas de sua geração. Seu trabalho revolucionou o mundo artístico na década de 1960, alçando-o aos mais altos patamares da história da arte. Buren é um dos principais nomes da arte conceitual desde a década de 1960, quando atuou como um dos membros fundadores da associação Buren, Mosset, Parmentier, Toroni, permanecendo uma referência para o movimento até hoje.
Buren é conhecido principalmente por usar listras idênticas entre si, simétricas e contrastantes, alternando-as entre brancas e coloridas, em intervenções e instalações que integram superfícies visuais e espaços arquitetônicos. Buren começou a produzir obras de arte públicas não solicitadas usando telas de toldo listrado comuns na França – ele começou colocando centenas de pôsteres listrados em Paris (desde 1967/68) e, mais tarde (1970-1973), em mais de 100 estações do metrô da cidade, chamando a atenção do público para essas intervenções urbanas não autorizadas. As listras tornaram-se uma das assinaturas de Buren, gerando instalações icônicas, como a colunata listrada de preto e branco que ocupa o vão central do Palais-Royal em Paris desde 1986. Com o tempo, Buren introduziu a noção de ‘in situ’ nas artes visuais a fim de caracterizar a prática que vincula intrinsecamente as especificidades topológicas e culturais dos lugares onde a obra é apresentada.
Ao longo de sua trajetória, Daniel Buren produziu milhares de instalações ‘in situ’ ao redor do mundo. A grande maioria acaba por ser destruída ao fim de sua apresentação, fazendo com que sua existência seja circunscrita pelo tempo e espaço para os quais foram concebidas. Essa característica revela o poder renovador de sua prática, capaz de continuamente se reinventar a cada nova manifestação. Buren participou de mais de 2400 exposições, incluindo duas edições da Bienal de São Paulo (1983 e 1985), além de inúmeras edições da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel. Um importante corpo de obras permanentes do artista também pode ser encontrado em coleções dos principais museus do mundo, tais como Centre Pompidou, em Paris; o Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York; e a Tate Modern, em Londres, entre outros.
Suas obras mais recentes são instrumentos arquitetônicos cada vez mais complexos que dialogam constantemente com a arquitetura existente, envolvendo a alteração do espaço, a multiplicação lúdica de materiais e a explosão de cores. Para a exposição na Nara Roesler, Buren preparou uma série de trabalhos nos quais investiga as propriedades de diferentes cores e materiais em relação ao espaço, tais como cobre, alumínio, espelhos, latão e acrílico. Apesar dos conjuntos seguirem os mesmos princípios composicionais, eles apresentam cores e possibilidades reflexivas diversas, o que faz com que os trabalhos possam dialogar com o espaço de maneiras distintas, refletindo a luz com diferentes intensidades e cores. As obras também incorporam as icônicas listras de Buren que, intercalando preto e branco, evocam sua mais característica estratégia visual, remetendo à sua intenção inicial de se alcançar o absolutamente neutro.
New Grids: Baixos-relevos, trabalhos situados, 2021, por fim, apresenta trabalhos que sintetizam diversas questões, técnicas e materiais investigados por Buren em diferentes fases de sua produção. A exposição configura-se, então, como uma possibilidade do público brasileiro estar em contato com o trabalho desse importante artista que segue reelaborando sua prática e expandindo nossa sensibilidade ao propor trabalhos instalativos que desafiam nossa percepção.
Daniel Buren é um dos mais importantes artistas de sua geração. Seu trabalho revolucionou o mundo artístico na década de 1960, alçando-o aos mais altos patamares da história da arte. Buren é um dos grandes representantes da arte conceitual, criando trabalhos que dialogam diretamente com o espaço em que se inserem, sekjam eles as salas de galerias e museus, mas também fachadas de prédios estações de metrô, praças públicas e parques. Suas proposições renovam nosso olhar sobre esses lugares, alterando nossa percepção deles ao modificar suas estruturas, assim como explorar elementos presentes nela. Por isso, Buren tornou-se expoente da arte site specific, termo que designa feitos especificamente para um lugar, tornando casa projeto único e original.
Nara Roesler, uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.
agosto 1, 2021
Beatriz Milhazes no Masp, São Paulo
Mostra é um desdobramento da exposição Beatriz Milhazes: Avenida Paulista
O MASP inaugurou, em 25 de junho de 2021, o Gabinete Beatriz Milhazes. A mostra será composta por 17 pinturas de pequeno formato da artista e ficará em cartaz até 1 de agosto. O gabinete abre após o encerramento da exposição Beatriz Milhazes: Avenida Paulista, a maior já realizada sobre a carreira da artista carioca e feita em parceria com o Itaú Cultural. A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Amanda Carneiro, curadora assistente, MASP.
Assim como a mostra que a precedeu, esta também apresenta obras feitas entre 1989 e 2020, percorrendo quase toda a carreira de Milhazes. O ano de 1989 é um ponto de inflexão na obra da artista, pois foi quando Milhazes desenvolveu a técnica que denominou de “monotransfer”, em que ela pinta sobre uma folha de plástico transparente e depois decalca ou transfere o elemento pintado e seco para a tela.
Conhecida por suas pinturas em grandes formatos e projetos em escala arquitetônica, Milhazes também dedica especial atenção às telas diminutas: nelas, as formas, elementos e composições assumem um intricado detalhamento.
A expografia da galeria expositiva no primeiro subsolo, que fez parte da mostra anterior, foi renovada e evoca dois modelos clássicos de montagens de coleção e de exposição: o gabinete de curiosidades e o estilo Salon. No Gabinete Beatriz Milhazes, as telas encontram-se instaladas numa única parede, e a concentração deliberada é acentuada pelo vazio das outras superfícies, todas pintadas em azul.
A vitrine que já estava no espaço, contendo mais de 80 documentos relacionados aos 30 anos de carreira de Milhazes, entre convites, folders, catálogos, livros de artista, revistas e cartões, continuará no ambiente.
Realizar uma exposição apenas com as pinturas pequenas da artista era um desejo antigo de Milhazes e Adriano Pedrosa. "O gabinete é uma possibilidade azul de conviver, observar, analisar, sentir e refletir sobre as pinturas de pequeno formato. Um passeio poético e carinhoso por minha história por meio de publicações cronológicas dos anos 1980 a 2020", reflete Milhazes.
Segundo Amanda Carneiro, as telas apresentam o universo particular de Milhazes, cujo repertório de imagens oscila entre a abstração e a figuração, a geometria e a forma livre e “revelam”, completa Carneiro, “seus tão característicos motivos, do arabesco ao babado, do broto rosa aos círculos e dos corações ao símbolo de paz”.
Duas outras obras da exposição anterior complementam esta e permanecem no Acervo em Transformação: a pintura Avenida Paulista (2020), feita especialmente para a exposição e doada pela artista ao MASP, e a escultura Marola (2010-2015), em empréstimo de longa duração da artista ao museu.
Programação artística em agosto 2021 no MAM, Rio de Janeiro
PALESTRAS e CONVERSAS
TER 03 AGO . 10h – 12h
Tecnologia educacional e inclusão digital, com Carla Vieira, Alexandre Rosado e
Cristiane Taveira
Debate sobre o uso de novas tecnologias e ferramentas digitais para educacionais e a utilização destas plataformas para a educação de pessoas com deficiência. A palestra faz parte do Ciclo de Palestras Arte, Educação e Cultura Digital que torna público os debates realizados no projeto Expresso Educação – Residência Professor Pesquisador.
Vagas: 50. Inscrições online por formulário.
Convidados:
Carla Vieira é Bacharel em Sistemas de Informação pela USP e mestranda em Inteligência Artificial pela USP. Atua como engenheira de software e foi reconhecida como Google Developer Expert em Machine Learning. Participa como co-organizadora da comunidade perifaCode, buscando levar a tecnologia para dentro das periferias.
Alexandre Rosado é doutor em Educação (PUC-Rio, 2012) com parte da pesquisa desenvolvida no CREMIT (UCSC) em Milão, Itália. Mestre em Educação (UNESA, 2008) e graduado em Comunicação Social (UGF, 2004). Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Ensino Superior do INES atuando no curso de Pedagogia e no Mestrado Profissional em Educação Bilíngue, em que é coordenador adjunto (2019-2021), com temáticas na área de educação, mídias e tecnologia.
Cristiane Taveira é doutora em Educação pela PUC Rio. Professora das redes municipal e estadual por 20 anos. Atualmente é professora Adjunta da área de Educação Bilíngue do Departamento de Ensino Superior do Instituto Nacional de Educação de Surdos (DESU/INES). Tem experiência na área de Tecnologia Assistiva, Educação Bilíngue (Libras, Língua Portuguesa), Letramento Visual e Materiais didáticos voltados para Escolas Bilíngues de surdos, principalmente, Monografias videografadas em Libras.
O projeto Expresso Educação é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, pela JSL e Multiterminais, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
QUA 11 AGO, – 19h
Conversa online de Linn da Quebrada
Conversa com a multiartista Linn da Quebrada sobre seus trabalhos como performer e roteirista, abordando ferramentas para a produção artística de um programa de podcast no museu. O evento faz parte da Residência Pesquisa em Artes, na qual Linn da Quebrada participa como propositora de oficina para as artistas residentes durante o mês de agosto. Mediação: Camilla Rocha Campos.
Vagas: 50. Inscrições online por formulário.
Linn da Quebrada é uma artista multimídia e agitadora cultural conhecida pela sua carreira na música, na TV e no cinema. Em 2021, disseca algumas de suas principais provocações sobre o atual mercado musical e o fazer artístico em seu novo disco, Trava Línguas (Natura Musical), enquanto cria ideias e experimentos baseados no que mais lhe chama atenção: o transtornar-se em meio a uma celebração do fracasso.
A Residência Pesquisa em Artes recebe no MAM Rio 12 artistas e pesquisadoras durante 8 meses, criando situações de diálogo entre profissionais do campo da arte e contribuindo com a formação desses profissionais e seus posicionamentos frente às dinâmicas de se fazer e circular arte. É patrocinada por Beck's e Grupo PetraGold.
OFICINAS
A partir de QUA 4 AGO
Oficina online Meditando com Catavento, com Bruno Baltazar
Neste mês, nosso convidado é o educador Bruno Baltazar, que propôs a oficina Meditando com Catavento, mostrando que é possível se concentrar e manter o foco brincando. Com poucos materiais, a criança pode aprender os conceitos básicos da meditação de maneira lúdica e divertida. A oficina faz parte do projeto Para Fazer em Casa, atividade online para crianças de todas as idades, disponível em www.vimeo.com/mamrio
Oficina de Patins, com Gustavo Carilo
SÁB 7 AGO . 10h – 13h
Esta oficina explora as relações entre o corpo em movimento e o espaço externo do MAM Rio. Os públicos são convidados a aprender a andar de patins, experimentar o corpo e o deslize sobre rodinhas. A oficina faz parte do projeto Zona Aberta, que propõe práticas artístico-pedagógicas nos jardins e demais áreas externas do MAM Rio.
Zona Aberta é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, pela Adam Capital e Deloitte, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS
Vagas: 12, por ordem de chegada
Classificação indicativa livre
[O equipamento necessário será disponibilizado durante a oficina]
Dançar em Patins, com Gustavo Carilo
SÁB 21 AGO . 10h – 13h
A oficina dá continuidade à proposta de explorar as relações entre o corpo em movimento e o espaço externo do MAM Rio. Desta vez, os públicos serão convidados a executar coreografias sobre rodinhas. A oficina faz parte do projeto Zona Aberta, que propõe práticas artístico-pedagógicas nos jardins e demais áreas externas do MAM Rio.
Vagas: 12, por ordem de chegada
Faixa etária: livre
[O equipamento necessário será disponibilizado durante a oficina]
CURSOS
MAM PARA EDUCADORES
17, 18 e 19 AGO das 19 – 21h
Arte, Educação e Acessibilidade. Com Ana Regina Campelo, Lua Cavalcanti e Rosana Grasse.
Vagas: 95. Inscrições online por formulário.
O curso propõe refletir sobre o campo da educação com atenção para pessoas com deficiência a partir de perspectivas diferentes, desde a arte como lugar de saber produzidos por outros corpos não normativos. Além de propor novos desafios ainda a serem alcançados no âmbito da educação formal no Brasil, compreendendo os avanços já alcançados e as possibilidades de tornar a escola um lugar mais acessível e inclusivo para a diversidade de pessoas com deficiência.
Ana Regina Campello
Profa. Dra. Ana Regina Campello a) Curso de Pedagogia – Departamento de Ensino Superior – INES; b) Pesquisadora e Líder do Grupo de Pesquisa: Instrução em Libras como L1 e L2; c) Professora Colaboradora do Curso de Mestrado Profissional da Diversidade e Inclusão – CMPDI/UFF; d) Professora Colaboradora do Curso de Doutorado de Ciência, Tecnologia e Inclusão – PGCTIn/UFF; e) Professora de Pós Graduação do INES (Especialização) e Coordenadora do próximo Curso de TRADINES (Especialização); f) Tradutora e Intérprete da LP para Libras e vice versa e ASL e g) Proficiente em Prolibras (Libras – Ensino e Tradução/Interpretação) e Celpre-BRA (Língua Portuguesa).
Lua Cavalcanti
Lua Cavalcante é artista, educadora e mulher com deficiência. É tecnóloga em Fotografia, no momento está concluindo a formação em Pedagogia e se aventura pelos caminhos da Pedagogia Griô, um projeto de comunidade/humanidade que tem como foco a expressão da identidade, o vínculo com a ancestralidade e a celebração do direito à vida. No presente, ela compõe a equipe de mediadoras do Programa EducAtiva, no Museu Nacional da República Honestino Guimarães. Lua foi Orientadora de Público no IMS Paulista e Arte Educadora no CCBB DF. Lua se coloca como corpo-artístico-político-pedagógico propondo reflexões sobre quais lugares reais, imaginários e encantados esse corpo habita e opera.
Rosana Grasse
Meu nome é Rosana Grasse. Sou professora de Libras e trabalho através da Oficina de Literatura em LIBRAS na Educação Infantil do INES. Tive as experiências com as oficinas sobre poesia em LIBRAS e artística teatral. Sou formada em Letras/Libras. Possuo a especialização em Educação de Surdos pelo INES. No momento cursando o mestrado no mesmo instituto.
Mediação: Gilson Plano e Daniel Bruno
CURSO COLECIONISMOS CONTEMPORÂNEOS
SEG, das 19h as 21h de SET, OUT, NOV.
O curso visa contribuir com a formação de profissionais no campo da gestão de coleções, objetivando contribuir com a formação, teórica e prática, para a expansão do acesso aos acervos culturais enquanto patrimônios históricos. Com o objetivo de oferecer um panorama amplo das diversas vertentes que compõem essa área do conhecimento, cada módulo deste programa focará em uma perspectiva diferente: materialidades, imaterialidades e medialidades. As atividades serão desenvolvidas sob formatos distintos, tais como conferências, estudos de casos, compartilhamento de práticas e encontros para debates; com inscrições gratuitas e livres, e certificação pelo MAM Rio.
Carga horária: 30 horas distribuídas por três ciclos mensais - realizados ao longo dos meses de setembro, outubro e novembro - com encontros virtuais, através da plataforma digital do museu, sempre nas noites das segunda-feiras.
Datas: setembro - 06, 13, 20, 27; outubro - 04, 11, 18, 25; novembro - 01, 8, 22, 29.
Horário: 19h - 21h
Vagas: 60.
EXPOSIÇÕES
Ingressos em www.mam.rio/ingressos
ESTADO BRUTO
até 29 AGO 2021
Curadoria: Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente
Exposição com 125 esculturas selecionadas no acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Obras de artistas de diferentes épocas, geografias e linguagens ocupam a totalidade do Salão Monumental e áreas do terceiro andar do museu, em forma de uma acumulação organizada que pretende mostrar a amplitude e a diversidade das coleções do museu.
VISITAS EDUCATIVAS
VISITAS AGENDADAS ONLINE
TER 3, 10, 17, 24 e 31 AGO . 10h e 14h
QUI 5, 12, 19 e 26 AGO . 10h e 14h
Visitas online com duração de 40 minutos para grupos de escolas, ONGs, dentre outras instituições, abordando um dos seguintes temas: Colecionismo e o Acervo do MAM Rio; História e Arquitetura do MAM Rio; e a exposição Estado bruto. – visitas ocorrem a partir de dinâmicas e jogos conduzidos por educadores.
Vagas: 45 por visita
Classificação indicativa livre
Agendamento por formulário
VISITAS PETROBRAS
Os educadores acompanham grupos de até oito pessoas de qualquer idade, em que dialogam e compartilham olhares, leituras e significados em relação às exposições do MAM Rio. Vagas: 8 por visita. Agende em www.mam.rio/ingressos
DOM 1, 8, 15, 22 e 29 AGO
10h30 – Uma volta pelas exposições – A visita propõe uma visão panorâmica da programação a partir da exposição Estado bruto, em cartaz, instigando relações de contrastes e aproximações a partir da reflexão: o que pode ser um museu?
Vagas: 8
Classificação indicativa livre
Agendar em www.mam.rio/ingressos
Distribuição de pulseira na bilheteria com 30 minutos de antecedência.
13h30 – Arquitetura MAM – Visita com foco no edifício, projetado por Affonso Eduardo Reidy, e nos Jardins do MAM, de autoria de Roberto Burle Marx. A arquitetura e o paisagismo como arte.
Vagas: 8
Classificação indicativa livre
Agendar em www.mam.rio/ingressos
Distribuição de pulseira na bilheteria com 30 minutos de antecedência.
15h – Uma volta pelas exposições – A visita propõe uma visão panorâmica da programação a partir de Estado bruto, exposição em cartaz, instigando relações de contrastes e aproximações a partir da reflexão: o que pode ser um museu?
Vagas: 8
Classificação indicativa livre
Agendar em www.mam.rio/ingressos
Distribuição de pulseira na bilheteria com 30 minutos de antecedência.
VISITAS EM GRUPO
QUINTAS E SEXTAS – 10h e 11h30
Monte um grupo de seu relacionamento para ter acesso exclusivo – exposições antes do horário de abertura do museu para o público. Com ingresso de valor diferenciado, o grupo terá direito a reserva no estacionamento e acompanhamento de educadores, que irão propor circuitos de visitação a cada grupo a partir de um percurso previamente escolhido. São apenas duas sessões diárias, para grupos de até 8 pessoas, e seguem todos os protocolos de segurança sanitária. Agendar em www.mam.rio/ingressos
Percursos à escolha:
Paisagens imaginantes – Como vemos e sentimos os lugares por onde passamos? A proposta da visita é fazer um percurso da paisagem que vemos na área externa do museu até – paisagens reais ou imaginadas, externas ou internas, presentes nas diversas exposições em cartaz.
História do MAM – Ao longo de sua história, o MAM Rio realizou inúmeras exposições que marcam até hoje expressões e linguagens das artes visuais, assim como tornou-se um polo para múltiplos eventos e movimentos artísticos na cidade desde sua inauguração. O percurso sugere uma imersão na história do MAM Rio através de exposições, arquitetura, obras e jardins.
Arquitetura MAM – Um percurso através da arquitetura de Affonso Eduardo Reidy enquanto obra motriz. A visita propõe um olhar sobre o marco da arquitetura moderna para além de um recipiente de exposições ou vanguardas artísticas no Rio de Janeiro, mas como obra que instala-se no território da cidade.
VISITAS MEDIADAS
AOS SÁBADOS . 15h – 16h
Visitas às exposições, percorrendo obras e práticas artísticas, a partir das perspectivas de educadores, postas em diálogo com as do grupo. No mês de maio, as visitas serão em torno do tema “tempo” como elemento presente nas exposições em cartaz no MAM Rio.
Vagas: 12.
Classificação indicativa livre
Distribuição de pulseira na bilheteria com 30 minutos de antecedência.
ACERVO EM FOCO
SÁB 28 AGO . 14h
Reino distante, de Márcia X com Shion Lucas
Diálogo sobre a obra da artista Márcia X de 1998 que integra a exposição Estado bruto, e que faz parte do acervo do MAM Rio. A visita faz parte do projeto Acervo em Foco, dedicado uma conversa sobre uma obra do acervo do MAM, estudando junto com os públicos suas singularidades e suas histórias, explorando diversos caminhos para entender sua possível relevância nos contextos da arte e da cultura.
Vagas: 12.
Classificação indicativa livre
Distribuição de pulseira na bilheteria com 30 minutos de antecedência.