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julho 26, 2021
Galerias Nara Roesler e Vermelho integram a Frieze Viewing Room Los Angeles
Galerias brasileiras apresentam obras de JR, Virginia de Medeiros e Carlos Motta na quarta edição do evento, que celebra a paisagem artística da cidade
Galerias Nara Roesler e Vermelho integram a quarta edição da Frieze Viewing Room Los Angeles, que acontece de 27 de julho a 01 de agosto e ocorre simultaneamente ao primeiro Gallery Weekend Los Angeles, que oferecerá um programa de ações e ativações em toda a cidade para os membros e o público da Frieze.
As galerias brasileiras, que contam com o apoio do projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), figuram no grupo de grandes expositores internacionais, ao lado de 47 importantes galerias do evento.
A Galeria Nara Roesler apresenta obras da artista brasileira Virginia de Medeiros e do francês JR. A seleção destaca o interesse mútuo dos artistas em trazer, por meio da fotografia, foco para as comunidades marginalizadas, com atenção para as histórias individuais de quem vive nas margens, destacando a individualidade de cada sujeito e colocando o público frente a frente com as dificuldades e realidades.
O estande online inclui trabalhos de diferentes séries icônicas de JR, como ‘Mulheres são Heróis’, ‘Sem Moldura’, e ‘As Rugas da Cidade’, nas quais o artista trabalhou para inspirar os espectadores a valorizar as mulheres e os idosos, que atuam como pilares de suas comunidades, não desanimadas por sua vitimização e negligência desproporcionais.
Esses trabalhos serão apresentados em conjunto com a série de fotografias Alma de Bronze, de Virginia de Medeiros, que retratam as mulheres que lideram a Frente de Luta por Moradia do Movimento Sem Teto do Centro de São Paulo (MSTC), na esperança de aprofundar e capturar a força das mulheres que guiam sua comunidade por meio da luta pela sobrevivência.
A Vermelho apresenta o trabalho de Carlos Motta, marcado pela narração de histórias suprimidas de diferentes indivíduos e comunidades sexuais e de gênero, na tentativa de desconstruí-las. Em sua série de fotografias de uma figura manipulando cobras, as imagens referem-se a práticas fetichistas gays associadas ao "desvio sexual".
Já as esculturas de bronze, intituladas ‘NÓS, O INIMIGO’, são baseadas em representações do demônio desenhadas na história da arte: pinturas históricas que retratam Satanás no inferno, desenhos, ilustrações e esculturas que retratam a personificação do mal. Cada figura desafia os padrões morais normativos de beleza, respeitabilidade e comportamento. Entre este exército de demônios, há personagens que sugerem uma perversão sexual mais comumente representada nas imagens católicas tradicionais.
A plataforma Viewing Room pode ser acessada por meio de um cadastro pelo link https://viewingroom.frieze.com/ e conta com recursos aprimorados de pesquisa, filtro, navegação e curadoria de conteúdo, para garantir que cada visitante tenha viva experiências únicas e muitas descobertas.
Sobre o Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
O Latitude é um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 62 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
O volume das exportações definitivas e temporárias das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007, foram exportados US$ 6 milhões e, de acordo com a última Pesquisa Setorial Latitude publicada, em 2017 atingiu-se mais de US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor no ano.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assumiu o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Desenhos na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
A partir do dia 26 de julho, a Galeria Mercedes Viegas apresenta, por meio de visitas agendadas, a exposição coletiva Desenhos. Em paleta reduzida e com foco nos traços de alto contraste, desenhos reúne trabalhos em papel marcados por nanquim, carvão, grafite e óleo em bastão. Contando com três diferentes gerações de artistas, a exposição inclui obras do acervo (décadas de 70, 80, 2000 e 2010) e obras produzidas no atual contexto pandêmico.
Em nova série de desenhos em carvão sobre papel canson datada deste ano, Cela Luz retrata a difusão de flora em contextos que variam do residencial ao desértico. Cela Luz (Rio de Janeiro, 1986) é pintora, e vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre 2015 e 2019, Cela morou em Nova York, onde completou o mestrado em artes visuais (MFA) na School of Visual Arts, em 2017. Em 2019, Cela realizou a exposição individual “Deixa Ventar”, na Galeria Mercedes Viegas. Entre as exposições coletivas de quais participou, se destaca: ‘Cognitive Dissidence’, com curadoria de Dan Cameron, na Ray Smith Studio (Nova York, 2017); ‘Transfiguration’, com curadoria de Carl Auge, SVA Flatiron Gallery (Nova York, 2017); ‘Partilhas, Presenças, Projetos’, com curadoria de Mario Gioia, na Galeria Blau (São Paulo, 2017); ’O Contexto da Linha’, Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2018); ‘Elas por Elas’, Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2019); ’Pequenos Formatos’, Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2019); ‘Breves Narrativas de Sonhos’, Casa da Luz (São Paulo, 2020).
A artista Elisa Bracher participa com dois desenhos em grande formato a bastão oleoso, tinta para gravura em metal e verniz sobre papel arroz, um datando de 2007, e outro de 2014. Elisa Bracher (São Paulo, 1965) é escultora, gravadora, desenhista e fotografa. Formou-se em artes plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP, São Paulo, e especializou-se em gravura em metal em 1989. Em meados de 1993, iniciou a transpor para o espaço as linhas que surgiam em seus desenhos e a realizar as primeiras esculturas em madeira e em cobre. Do final da década, datam as primeiras esculturas monumentais nas quais emprega grandes toras de madeira para a realização de obras que marcam a presença da artista em espaços públicos no Rio e em São Paulo, mas também em Essex, na Inglaterra, e em Berlim, na Alemanha. As esculturas em taipa de pilão, técnica da obra exposta no pátio ao lado, já foram realizadas pela artista no jardim Museu da Casa Brasileira, na Galeria de Arte Raquel Arnaud. Atualmente, há uma escultura sendo construída em caráter permanente no Parque Villa Lobos em São Paulo. Elisa Bracher é fundadora e diretora do Instituto Acaia que recebe diariamente trezentas pessoas entre crianças, jovens e adultos, habitantes da favela da Linha e da favela do Nove na cidade de São Paulo.
Ivens Machado participa de desenhos com dois desenhos combinando substâncias gasosas e objetos industriais em nanquim e grafite datando de 1971, e dois recortes em papel pautado datando de 1971 e 1980. Escultor, gravador e pintor, Ivens Machado (Florianópolis, 1942) estuda gravura na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), no Rio de Janeiro, e é aluno de Anna Bella Geiger. No início da década de 1970, realiza obras em papel, utilizando materiais como folhas pautadas ou quadriculadas, nas quais realiza interferências. Em 1974, faz sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. É premiado em 1973 no 5º Salão de Verão do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), com a instalação Cerimônia em Três Tempos. Ivens Machado participou de duas Bienais do Mercosul (1997 e 2003), da Nouvelle Biennale de Paris (1985) e de cinco edições da Bienal Internacional de São Paulo (1974, 1981, 1987, 1994, 2004).
A série “quarentena corona” (2020), de Raul Mourão, reúne doze desenhos em nanquim e papel que misturam devaneios abstratos (alguns que nos remetem às esculturas cinéticas do artista) a dados referentes aos primeiros meses da pandemia. Raul Mourão (Rio de Janeiro, 1967) cria esculturas, pinturas, fotografias, vídeos, instalações e performances desde o final da década de 1980. À época, o artista faz os primeiros registros fotográficos de um elemento urbano que seria mote de sua pesquisa nas décadas seguintes: as grades usadas para proteção, segurança e isolamento em ruas do Rio de Janeiro. Nos anos 2000, sua pesquisa toma novo caminho, o das esculturas cinéticas. Mourão passa a criar estruturas que podem ser acionadas pelo toque do espectador. As obras são exibidas em exposições individuais em instituições como o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro e o Bronx Museum, em Nova York, além de galerias em São Paulo, Rio e Salvador. Os trabalhos também integram coletivas no Canadá, em Portugal, nos Estados Unidos e na Inglaterra. Em 2017, o artista apresentou a exposição individual “In my opinion”, na Plutschow Gallery, em Zurique, Suíça. Em 2019, realizou individuais na Galeria Nara Roesler, SP, e na Galeria Lurixs, Rio de Janeiro. Em 2011, junto ao artista Cabelo, fundou o espaço cultural Rato Branko.
A exposição receberá visitas agendadas. De acordo com os protocolos de saúde da OMS, assim como os decretos municipais e estaduais, as visitas serão separadas por intervalos de uma hora, e exigirão distanciamento social e o uso de máscaras. Os trabalhos também serão acessíveis virtualmente pelo site da galeria, www.mercedesviegas.com.br. Para agendar a sua visita, nos contactar por email, pelo galeria@mercedesviegas.com.br, ou via whatsapp, pelo (21) 96736-5295.
julho 16, 2021
Respiração Fachada: Hilton Berredo na Eva Klabin, Rio de Janeiro
Casa Museu Eva Klabin reabre com o projeto Respiração Fachada: Espaço cultural na Lagoa recebe a instalação inédita “Grafites Orgânicos” do artista plástico Hilton Berredo
Após mais de um ano fechada, a Casa Museu Eva Klabin, na Lagoa, reabre ao público no próximo domingo, dia 27 de junho, seguindo todos os protocolos de segurança determinados pela Prefeitura do Rio e com um presente para os cariocas. O projeto Respiração Fachada #1 apresenta uma instalação inédita do arquiteto e artista plástico Hilton Berredo chamada Grafites Orgânicos. A exposição da obra acontece até o dia 09 de janeiro mediante o agendamento das visitas, de 5ª a domingo, pelo site da Casa Museu Eva Klabin. O espaço reabre também o seu Jardim projetado por Roberto Burle Marx revitalizado, após a conclusão de obras realizadas na parte externa da casa para favorecer a acessibilidade com rampas e banheiros.
“É com grande alegria que estamos reabrindo a Casa Museu ao público e oferecendo à cidade um novo programa de arte contemporânea. Além de um compromisso com a arquitetura e acessibilidade, as transformações na Casa durante o tempo em que ficou fechada são grandes presentes para o Rio. A Casa Museu reabre oferecendo à cidade um enorme ganho cultural", conta Marcio Doctors, curador da Casa Museu Eva Klabin.
O Respiração Fachada é o novo projeto de arte contemporânea da Casa Museu Eva Klabin e, assim como o Projeto Respiração, realizado desde 2004, se propõe a trazer manifestações contemporâneas para um museu de arte clássica. Em 2016, a artista Regina Silveira criou uma intervenção na fachada da casa em seu trabalho Insolitus, edição #21 do RESPIRAÇÃO. Desde então o curador Marcio Doctors alimenta o sonho de transformar essa iniciativa em um programa regular. Com a pandemia e com o afastamento social que se impôs, o Respiração Fachada, em um movimento de expiração do Projeto Respiração, se transformou em uma saída cultural apropriada para o momento e as circunstâncias atuais.
“A obra de Hilton Berredo é um entrecruzamento de linhas de força. Combina um procedimento matematicamente rigoroso de corte serial das placas de borracha que, quando penduradas, adquirem multiplicidade de formas tridimensionais determinadas pelo acaso. Podemos vislumbrar nelas, a um só tempo, tanto a pintura quanto a escultura, o rigor da construção, a intensidade do barroco e a imaginação surrealista. É um artista poderoso pela múltipla síntese que consegue estabelecer entre as principais linhas de força das questões da arte moderna e da arte contemporânea. Certamente, o resultado das formas inusitadas de seus Grafites Orgânicos, no Respiração Fachada, surpreenderá pela força de sua imaginação inventiva”, explica Marcio Doctors, curador da Casa Museu Eva Klabin.
Com a escolha do Rio de Janeiro como Capital Mundial da Arquitetura e sede do UIA 2021 RIO | 27º Congresso Mundial de Arquitetos, o eixo curatorial para a intervenção deste ano voltou-se para a cidade e suas transformações paisagísticas e urbanísticas. Por isso, o convite ao Hilton Berredo, também professor de arquitetura, para iniciar o projeto foi natural. O carioca ficou conhecido nos anos 1980 por suas borrachas pintadas, expostas no Brasil e no exterior, mas sua trajetória profissional explora uma variedade de técnicas tanto tradicionais quanto tecnológicas. Sua arte está presente em diversas publicações no Brasil e integra o acervo do MNBA, do MAM Rio, do MAC Niterói, MAC/USP, e do Stedelijk de Amsterdã, além de diversas coleções particulares. O artista também já expôs em eventos como Brasil Já, exibida em cinco museus da Alemanha, Modernidade - Art Brésilien du 20eme siècle no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris e a XX Bienal Internacional de São Paulo.
“A borracha é um material maleável em todos os sentidos e por conta dessa característica eu consigo construir formas tridimensionais através da manipulação, do contato dela com o meu corpo, durante a criação. É uma relação quase simbiótica e muito importante, sem a qual não existiria a obra. Me inspirei na própria Casa Museu Eva Klabin em relação à Lagoa, em como fazer um trabalho que pudesse ser um marco festivo para essa localização da cidade. E também no vento, que foi meu maior aliado para a concepção desse projeto, que ressalta as linhas da casa com um movimento orgânico”, conta Hilton, que entre o planejamento e a execução do projeto levou 5 meses.
Ainda em comemoração à reabertura, a Casa Museu Eva Klabin realizará, entre junho e agosto de 2021, o Encontro Rio, a Reinvenção da Paisagem, que se propõe a criar uma reflexão sobre as transformações urbanísticas, culturais e paisagísticas da cidade do Rio de Janeiro, do final do século XIX às primeiras décadas do século XXI. O evento faz parte do calendário de atividades da programação do UIA 2021 RIO, maior e mais importante fórum internacional de arquitetura, e conta com idealização e organização de Marcio Doctors e do Arquiteto Urbanista Augusto Ivan Freitas Pinheiro. A estreia será no dia 29 de junho, às 19h, com Ruy Castro como convidado especial e a presença do Ex-Prefeito do Rio de Janeiro, Israel Klabin, Maria Silvia Bastos e Sergio Magalhães, Presidente do Comitê Executivo do UIA 2021 Rio. A transmissão será através do Canal Eva Klabin no YouTube www.youtube.com/canalevaklabin.
julho 14, 2021
Lançamento de livro de artista O Real Resiste na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
Obras criadas por artistas para intervenção urbana nas ruas do Rio são reunidas em livro
A edição será lançada na última semana da exposição O Real Resiste na Galeria Mul.ti.plo, no Leblon, em 20 e 21 de julho, das 12h às 18h. Impresso em risografia e litografia, com texto de Felipe Scovino, livro traz os 30 trabalhos criados para O Real Resiste e é mais um desdobramento do projeto que reafirma a arte e a vida em tempos de demolição da cultura, negacionismos, aumento da violência policial e má gestão da pandemia.
Depois de ocupar as ruas do Rio, O Real Resiste ganha registro em livro. A publicação reúne os 30 cartazes do tipo “lambe-lambe” criados por artistas de diferentes linguagens, poéticas e de distintas áreas da cidade, concebidos para uma intervenção urbana em 2020. A publicação será lançada na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, nos dias 20 e 21 de julho, das 12h as 18h. A ação faz parte da mostra de mesmo nome em cartaz na galeria até 30 de julho.
Com 48 páginas, o livro de artista foi produzido a partir de um processo misto de impressão gráfica: as capas foram impressas em litografia e, o miolo, em risografia. Estão lá os trabalhos de Ana Calzavara, Carlito Carvalhosa, Chelpa Ferro, Josiane Santana, Leo Gandelman, Marcelo Macedo, Marina Wisnik, Omar Britto, Saulo Nicolai, entre outros. O texto crítico é Felipe Scovino e o texto de apresentação é da arquiteta e urbanista Manuela Müller, uma das idealizadoras do projeto ao lado de Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo. A tiragem é de 300 exemplares, com valor de venda de R$ 76.
O REAL RESISTE foi inspirado em uma música de mesmo nome de Arnaldo Antunes, que participou da ação dos lambe-lambes, em agosto de 2020. Depois, o projeto seguiu por meio da dança. Em novembro, cinco grupos formados por 50 bailarinos e coreógrafos cariocas realizaram intervenções em espaços públicos da cidade – Rocinha, Méier, Brás de Pina, Cinelândia e Praça Mauá –, numa reflexão sobre o confinamento do corpo. Tanto a música como as coreografias foram criadas exclusivamente para a ação. Filmado, o ato depois virou um trabalho de videoarte, que foi lançado em janeiro deste ano.
Em 22 de abril, os cartazes elaborados para a primeira intervenção urbana foram expostos na Galeria Mul.ti.plo. Na mostra, em cartaz até 30 de julho, os trabalhos ganharam forma de gravuras, de 33 cm X 48 cm, impressas em litografia e em papel Hahnemuhle, em edições numeradas de 12 exemplares. “Os lambe-lambes que habitaram momentaneamente os muros da cidade e sofreram as ações do tempo e da exposição nas ruas perpetuam-se em novo formato. Do grito ao registro, mantendo a potência do gesto”, diz Maneco Müller.
ARTISTAS
Ana Calzavara, Anderson Valentim, Antonio Bokel, Arnaldo Antunes, Bernardo Vilhena, Cabelo, Carlito Carvalhosa, Carlos Vergara, Carolina Kasting, Catarina Lins, Chelpa Ferro (Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler), Clarice Rosadas, Criola, Elana Paulino, Elvis Almeida, Gabriela Marcondes, João Sánchez, Josiane Santana, Joyce Piñeiro, Leo Gandelman, Marcelo Macedo, Marcos Chaves, Maria Flexa, Marina Wisnik, Mateo Velasco, Omar Britto, Pedro Sánchez, Rafael Gomes, Raul Mourão, Saulo Nicolai, Walter Carvalho
Lançamento de Giselle Beiguelman na Ubu
Ubu lança em agosto Políticas da imagem, da professora da FAU-USP e artista Giselle Beiguelman. Em pré-venda no site da Ubu a partir de 16 de julho.
Neste novo livro, Beiguelman discute o estatuto da imagem no mundo contemporâneo e o surgimento de um regime de vigilância. O título sai pela coleção Exit, que reúne reflexões sobre fenômenos atuais.
As imagens tornaram-se as principais interfaces de mediação do cotidiano, ocupando a comunicação, as relações afetivas, a infraestrutura, as estéticas da vigilância e os sistemas de escaneamento dos corpos na cidade. Ao falar em políticas da imagem, a autora defende que as imagens são, para além de lugar da transmissão de ideias e linguagens, o próprio campo das tensões e disputas políticas da atualidade.
Beiguelman associa a invenção e a distribuição massiva de smartphones a um novo regime de vigilância, não mais instituído pelo Estado, mas resultado da captação sistemática de dados pessoais, oferecidos deliberadamente pelos usuários às plataformas de mídias sociais – a dadosfera. A incontável produção de imagens nos feeds e stories de redes sociais, câmaras de vigilância e registros oficiais configuram, segundo ela, uma nova estética da vigilância.
Imagem digital, selfies, memes, aplicativos de envelhecimento da imagem, waze e google maps, vídeos deep fakes, escaneamento corporal, a internet das coisas, máquinas de reconhecimento facial, inteligência artificial, projeções de protesto em empenas nas cidades, censura digital, todas essas novidades do mundo contemporâneo são analisadas por Giselle Beiguelman para descrever (e ao mesmo guiar o leitor a reconhecer no mundo a sua volta) o papel da imagem nas relações sociais hoje.
Sobre a autora
Giselle Beiguelman nasceu em São Paulo, em 1962. Formou-se em história na FFLCH-USP em 1984 e doutorou-se em história social pela mesma instituição em 1991. Atua como artista e professora livre-docente da FAU-USP. Promove intervenções artísticas no espaço público e com mídias digitais. Entre seus projetos recentes, destacam-se Memória da Amnésia (2015), Odiolândia (2017), Monumento Nenhum (2019) e nhonhô (com Ilê Sartuzi, 2020). Foi curadora do projeto Arquinterface: a cidade expandida pelas redes (2015). É membro do Laboratório para Outros Urbanismos (FAU-USP) e do laboratório interdisciplinar Image Knowledge, da Humboldt-Universität zu Berlin, e coordenadora do Gaia (Grupo de Arte e Inteligência Artificial do Inova–USP). Suas obras integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como o ZKM e o Jewish Museum Berlin, na Alemanha; o Latin American Colection – Essex University, na Inglaterra; o Yad Vashem, em Israel; e o MAR, o MAC-USP e a Pinacoteca de São Paulo, no Brasil. Recebeu da Associação Brasileira dos Críticos de Arte o Prêmio ABCA 2016, na categoria Destaque. Suas pesquisas abordam a produção e a preservação de arte digital, arte e ativismo na cidade e as estéticas da memória no mundo contemporâneo. Foi editora-chefe da revista Select de 2011 a 2014 e é colunista da Rádio USP e da revista Zum. Site: desvirtual.com.
Obras selecionadas
O livro depois do livro. São Paulo: Peirópolis, 2003.
Link-se: arte/mídia/política/cibercultura. São Paulo: Peirópolis, 2005.
Memória da amnésia: políticas do esquecimento. São Paulo: Edições Sesc, 2019.
Coronavida: pandemia, cidade e cultura urbana. São Paulo: Escola da Cidade, 2020.
Políticas da imagem – Vigilância e resistência na dadosfera
Giselle Beiguelman
coleção Exit
brochura, 224 pp.
preço de capa: R$ 59,90
Livro enviado no Circuito Ubu.
Em pré-venda no site da Ubu a partir de 16/7.
Nas livrarias em 1/8.
Trechos selecionados
"Um outro paradigma de consumo e produção está se montando e evidenciando que as imagens deixaram de ser planos emolduráveis. Transformaram-se nos dispositivos mais importantes da contemporaneidade, espaço de reivindicação do direito de projeção do sujeito na tela, subvertendo os modos de fazer (enquadrar, editar, sonorizar), mas também os modos de olhar, de ser visto e supervisionado."
"A economia liberal dos likes, e suas fórmulas de sucesso, tende a homogeneizar tudo que produzimos e vemos. Padroniza ângulos, enquadramentos, cenas, estilos. O que está por trás disso são os critérios de organização dos dados para que sejam mais rapidamente 'encontráveis' nas buscas e os modos como os algorítmicos contextualizam os conteúdos nas bolhas específicas a que pertencemos (algo que não controlamos e que nos controla)."
"Nas redes sociais, as imagens aparecem atreladas ao lugar e à hora em que são produzidas, e são contextualizadas pelos seus algoritmos, em relação a um determinado grupo e segundo padrões internos dos arquivos digitais. É nesse ponto que a cultura do compartilhamento se cruza com a cultura da vigilância."
"a lógica da vigilância passa a operar segundo um novo paradigma. A ameaça não é mais a de sermos capturados por um olho onipresente do tipo Big Brother. Mas o reverso, o medo de não sermos visíveis e desaparecermos"
"A Amazon implantou [um] tipo de câmera em seus depósitos para monitorar o contágio [da Covid-19] entre seus funcionários. Ela funciona como um porteiro eletrônico. Caso o indivíduo esteja com febre, não entra. O corpo transforma-se, assim, na senha do novo normal."
"Imagine a seguinte situação. Você é cliente de uma loja onde experimentou várias roupas. A loja usa etiquetas invisíveis de RFID [identificação por radiofrequência] nas peças que vende. Meses depois, você volta a essa mesma loja e uma tela lista, automaticamente, todos os produtos de que você pode vir a gostar. E se você gostar de alguma coisa, não precisará sequer passar seu cartão de crédito no caixa. Suas informações já estão no banco de dados e sua roupa nova será debitada automaticamente."
"Toda imagem digital é potencialmente não humana, carregando uma série de camadas e informações que são legíveis apenas por máquinas. E é esse reduto inalcançável aos olhos e à linguagem humana que dá à visão computacional o poder de interferir no cotidiano, determinando o acesso a lugares, por meio de reconhecimento facial ou mapas de calor, na obtenção de um emprego, por meio de leitura da íris, e na prevenção da probabilidade de um delito, através do sensoriamento dos seus movimentos e informações dispersas em incontáveis bancos de dados."
"Como se sabe, computadores não enxergam. Os conteúdos visuais são mapeados pelas palavras que os descrevem e pelo reconhecimento de alguns padrões, como linhas, densidades e formas. Esses padrões designam, por exemplo, o que supostamente são seios, nádegas e pênis nas fotos que postamos na internet. Podem, por isso, funcionar como primeiro operador da censura das imagens nas redes sociais, fato que vem se tornando cada vez mais corriqueiro."
"Quanto mais o discriminador aprende a reconhecer as imagens falsas, mais o gerador aprende a enganá-lo. Essa é a receita por trás de um vídeo deepfake e o que explica a razão de celebridades e personalidades públicas serem mais vulneráveis que outros usuários das redes a se transformar em protagonistas de um vídeo 'profundamente falso'. A quantidade de imagens disponíveis on-line dessas pessoas é muito maior que a de outros usuários, fornecendo mais dados para o aprendizado de seus gestos, expressões faciais e fala."
"Esse universo de relações sociais que está na base das IAs [inteligências artificiais] esclarece que a suposta misoginia e o racismo dos algoritmos têm dimensões humanas e políticas incontestes. O tema é de extrema importância e urgência. Conforme se expandem os sistemas de visão computacional, seus algoritmos podem impor novas modalidades de exclusão, determinando o que é ou não visível para nós, nas bolhas dos aplicativos e socialmente."
"Antes que se comece com os argumentos de que não há nada de novo nisso, que o stalinismo fez vasto uso de fotos adulteradas, que o nazismo e o fascismo fraudaram inúmeras outras e que depois do Photoshop ninguém mais se surpreende com manipulações de imagens, é bom frisar: o deepfake não é colagem, tampouco edição e dublagem. O deepfake é imagem produzida algoritmicamente, sem mediação humana no seu processamento, que utiliza milhares de imagens estocadas em bancos de dados para aprender os movimentos do rosto de uma pessoa, inclusive os labiais e suas modulações de voz, para prever como ela poderia falar algo que não disse."
"Pandemia global, a Covid-19 é também uma pandemia de imagens. Nela se consolidou um novo vocabulário visual, fundado em estéticas da vigilância e da extroversão da intimidade, cruzando a aceleração do cotidiano, pela digitalização da vida, com a perda de horizontes plasmada pela resiliência da Covid-19."
"Ao longo de toda a campanha eleitoral, diante das (próprias) câmeras, o candidato Bolsonaro ria, ficava sério, desafiava 'a mídia', preparava o pão com leite condensado do seu café da manhã, ia ao açougue e fazia churrasco. Aparecia no barbeiro, posava com a filha, descansava no sofá e compartilhava mimos recebidos de seguidores anônimos. De camiseta esportiva, shorts, e mesmo de terno e gravata, já no posto de presidente, ele não fala com seu eleitor, ele o exprime. E, ao exprimi-lo, transforma-o em um herói, convidando o eleitor a eleger-se a si próprio."
julho 13, 2021
Gabriela Noujaim na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Idealizado e produzido durante a pandemia pela artista Gabriela Noujaim, o livro-experiência “Latinamerica 2020” é composto por serigrafias em diversos suportes – com imagens visíveis e “ocultas", em tinta ultravioleta e só reveladas com luz negra –, um vídeo (em pendrive) e textos realizados por mulheres que relataram suas experiências durante o período da pandemia em 2020.
Simone Cadinelli Arte Contemporânea apresenta, de 14 de julho a 27 de agosto de 2021, o livro de artista “Latinamerica 2020”, de Gabriela Noujaim: uma caixa, com edição limitada, contendo dez serigrafias – oito sobre papel, uma sobre uma máscara cirúrgica, e outra sobre espelho – um vídeo e um livro trilíngue (port/esp/ingl) com depoimentos de sete mulheres. Todos os trabalhos estarão expostos em um espaço dedicado à artista dentro da exposição “Modo Contínuo”.
A obra foi iniciada por Gabriela Noujaim em abril de 2020, durante seu isolamento social, quando criou a série de serigrafias com o mapa da América Latina sobre máscaras cirúrgicas – “Cov19 Latinamerica” – que foram enviadas para profissionais da saúde e para mulheres de diversas regiões e áreas de atuação. Como parte do trabalho, as mulheres, em seu ambiente de trabalho, faziam selfies com a máscara, e enviavam a foto para a artista. Seus retratos integram o vídeo, e ilustram sete relatos, sobre suas experiências durante a pandemia.
Gabriela Noujaim diz que “o impacto da pandemia nas mulheres se tornou algo latente, revelando questões extremamente urgentes na América Latina, como as condições precárias de trabalhos informais – cuidadoras e empregadas domésticas, por exemplo – além do aumento da violência contra a mulher, e ainda os casos de mortes pelo vírus entre as indígenas”. “Segundo dados do TJRJ, houve aumento de mais de 50% no número de denúncias de violência doméstica desde que o isolamento começou” , afirma.
A artista conta que “para além da proteção ao vírus, as serigrafias sobre as máscaras buscavam uma proposição de romper o silêncio camuflado nas fissuras estampadas de vermelho das veias abertas e dilatadas da América Latina”. “Ao mesmo tempo, reforçava a ideia de formas de silenciamento dos corpos, principalmente das mulheres em nossa sociedade”.
TINTA ULTRAVIOLETA
As oito serigrafias sobre papel contêm também uma imagem criada pela artista com tinta ultravioleta, só visível com luz negra.
A serigrafia “Heroína” (2020) é feita sobre espelho, permitindo uma dupla imagem ao ser vista: a criada pela artista, e o rosto do espectador.
Será exibido na galeria o vídeo “Mulheres Latinamerica 2020” (3' 33"), que integra, em um pendrive, a caixa-experiência de Gabriela Noujaim.
Nesses tempos de reinvenções diárias, no sentido de reexistir, Gabriela Noujaim cria formas inusitadas de questionar o estabelecido, abrindo diálogos para uma interação. Uma performance do objeto-máscara no campo das experimentações com o outro, que passa a ser de alguma forma parte da obra da artista no ato de vestir a máscara registrado pelos destinatários, nos apresenta estratégias de coletividades humanas e enfatiza um estado de atenção para as questões sociais e humanitárias.
Gabriela Noujaim comenta que “diante de tentativas de encontrar formas de se estar num mundo marcado por diferenças sociais abismais, principalmente, no contexto de pandemia, ‘Latinamerica’ busca fazer um alerta à nova forma de se estar em um território em suspensão, onde as fronteiras físicas e sociais, em especial nos países latino-americanos, se tornam mais evidentes”.
LISTA DE OBRAS DE “LATINAMERICA”
• Caixa: 40 cm de largura x 40 cm altura x 10 cm profundidade. Tiragem: 32+ 2 PA + 1 Prova de Manuseio
• Oito gravuras, 35 cm x 70 cm, impressas separadamente sobre papel com uso de tinta à base de água e fosforescente; Gramatura do papel Conqueror Bamboo:250 gramas; Cores usadas: tintas verde, vermelha e dourada (hidrocolorcolordex fosforescente, base água). Para o livro ser experienciado em sua totalidade, deve-se estar em ambiente com pouca luminosidade e utilizar uma lanterna UV luz negra LED ultravioleta detector de luz negra tocha de alumínio lâmpada uvzoomable, lanterna do celular ou lanterna comum de Led com 100 watts de potência sobre as páginas em serigrafia para visualizar as imagens serigrafadas em “tinta invisível”.
• “COV 19 Latinamerica” (2020), serigrafia sobre máscara cirúrgica; edição ilimitada
• “Heroína” (2020), serigrafia sobre espelho, 30x35 cm; Tiragem: 50
• “Mulheres Latinamerica 2020” (2020), vídeo, 3' 33", Edição: 32 + 2 PA, em pendrive
O vídeo é marcado pelo som da batida de um coração. A uma certa altura, a silhueta da artista aparece de forma fantasmagórica sobre a região da América Latina no mapa-múndi, seguindo com a projeção de uma radiografia de pulmão sobre seu corpo e o áudio de sua respiração. O som da música funde-se ao batimento cardíaco, apresentando os rostos das mulheres que estão lutando pela sobrevivência, trazendo suas marcas de “alma” estampadas nas máscaras cirúrgicas, formando um só corpo. Uma maneira de chamar a atenção para um vírus silencioso, que ninguém vê, e que é negligenciado por muitos chefes de Estado, o que agrava a situação da pandemia, principalmente em países marcados por desiguais sociais, como o Brasil.
SOBRE GABRIELA NOUJAIM
Gabriela Noujaim nasceu em 1983, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. A artista tem estruturado sua poética tensionando as noções de permanência e risco, como a defesa sobre a violação aos corpos, as crises políticas e desastres ambientais. Formada em gravura na Escola de Belas Artes, UFRJ, em 2007, Gabriela, se insere em uma tradição de exploração dos limites e possibilidades da gravura, com nomes como Fayga Ostrower, Anna Letycia, Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger e Leya Mira Brander.
Em 2020, participou da ARTFEM – WomenArtists 2nd InternationalBiennialof Macau, China, da exposição FeministArtFest na OCAD University, Canadá, e da residência artística Capacete, Rio de Janeiro. Em 2019, participou das exposições “O Ovo e a Galinha” (coletiva) e “Maracá” (individual / Espaço Anexo) na galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro. Recebeu menção Honrosa no festival de videoarte "Lumen EX" (Badajoz, Espanha); foi finalista do 3m Love Songs Festival no Instituto Tomie Ohtake (2014); recebeu o prêmio de aquisição da 39ª exposição de Arte Contemporânea de Santo André, SP (2011) e foi indicada ao Prêmio PIPA (2012).
Possui obras nas coleções: Museu de Arte do Rio; Instituto Ibero-Americano, Berlim; Centro Cultural São Paulo; Museu de Arte Digital, Valência; Palácio de Las Artes Belgrano, Buenos Aires; Casa da Cultura da América Latina (CAL/UnB).
julho 12, 2021
Jeanete Musatti na Bolsa de Arte, São Paulo
Jeanete Musatti apresenta “Corações Prensados”, sua nova exposição na Bolsa de Arte: Caixas de mantimentos encontradas em supermercados simbolizam sentimentos e emoções vividos pela artista durante enclausuramento
A Galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar, a partir de 14 de julho, a exposição “Corações Prensados”, de Jeanete Musatti. A artista apresenta dois conjuntos de trabalhos carregados de poética e simbolismos.
Assim como a maioria das pessoas, Jeanete teve que se adaptar aos tempos pandêmicos e se afastar do convívio social com a família, numa pequena cidade do interior. O enclausuramento fez com que a artista pudesse rever sua vida, suas memórias e sua coleção de objetos. O resultado é apresentado nesta nova exposição.
Enquanto esculturas e pequenos cenários são exibidos em suportes espalhados pela galeria, as paredes se destacam com a série “Corações Prensados”. Apresentadas em potes de guardar mantimentos, elaboradas composições de objetos guardados ao longo da vida da artista traduzem sentimentos, memórias e emoções vividos durante a pandemia.
Na obra “Inversão térmica planeta, 2020", a artista amassa uma reprodução do globo terrestre e encaixota numa de suas caixas de poliestireno. Esta e muitas obras em exibição simbolizam o aprisionamento forçado, o medo e a desilusão que o mundo vem passando desde o início da pandemia.
Objetos herdados da família, presentes de amigos, broches, colares, tecidos, miniaturas e até um colar de cristal que durante anos foi usado junto ao coração da artista agora se encontram prensados. Esses elementos aparentemente díspares, agora associados e resignificados, nos apontam para a imensidade do não dito, para os segredos que habitam as caixas das nossas memórias. “Trabalho tantos objetos recolhidos durante anos, até restos de enxoval de uma rainha quase desfeito no inconsciente coletivo, que tanto convivem com a estética que vem à tona, em forma de lembranças configuradas entre um caixa e outra.” escreveu a artista na apresentação desta mostra.
Artista de longa trajetória, Jeanete Musatti ocupa um lugar singular no cenário da arte contemporânea brasileira, sua obra é carregada de contexto autobiográfico. Tratando das memórias por meio de pequenos objetos, eles são resignificados para contextualizar o presente.
Guga Szabzon na Superfície, São Paulo
Com curadoria e texto de Diego Matos, a Galeria Superfície inaugura a exposição individual de Guga Szabzon dia e noite, ainda é longe?, com trabalhos inéditos produzidos entre 2020 e 2021.
Dando continuidade a sua pesquisa sobre lugares imaginados e perguntas sem resposta, Guga apresenta uma série de obras em tecido e feltro, cujos desenhos bordados estabelecem uma relação entre dia e noite, onde a racionalidade diurna e o mistério evocado pela noite convivem e se complementam.
O aumento de escala dos trabalhos e os diversos conjuntos também refletem essa relação com o tempo e escancaram não só uma nova dinâmica entre a artista e o tempo de sua produção, mas também sua própria percepção temporal: incerta, marcada mais pelo contraste do dia e da noite, do que pela passagem das horas.
Sob a luz da razão e a penumbra do sonho, a produção de Guga se manifesta como vazão, uma tentativa de controlar o incontrolável. Na máquina de costura, seu gesto é intuitivo e percorre um caminho sem mapa onde o rumo não é traçado, como uma travessia em que não se sabe o destino.
Guga Szabzon (São Paulo, 1987). É artista e educadora, formada em artes plásticas pela FAAP e em licenciatura pela FPA. Trabalhou na Fundação Leonilson em 2007. Trabalhou na área de formação de professores da rede pública e na coordenação dos ateliês da 29° e da 30° Bienal de São Paulo. Foi educadora do instituto Acaia de 2014 a 2017. Como artista, realizou diversas exposições individuais na Casa Samambaia, Galeria Transversal, Galeria Superfície e no Sesc Ipiranga. Participou de exposições coletivas no Centro Cultural São Paulo – CCSP, na Galeria Mendes Wood, no Espaço Cultural Santander e no SESC Pompéia. Participou de residências artísticas em Lisboa, Berlim e São Paulo. Trabalhou como assistente dos artistas João Loureiro, Ana Luiza Dias Batista e Runo Lagomarcino. Participou da 33° Bienal de São Paulo como artista em fluxo. Atualmente seu trabalho é representado pela Galeria Superfície.
José Patrício lança livro com conversa online com Felipe Scovino na Nara Roesler
José Patrício por ele mesmo: Artista pernambucano lança o livro autoral Percursos de Criação, em comemoração aos seus 40 anos de carreira e apresenta aos leitores as pesquisas e inquietações que levaram à produção de sua obra artística
O exercício de escrever sobre a própria trajetória nas artes pode ser desafiador: memórias, sentimentos e mudanças de compreensão consequentes do tempo são obstáculos para se chegar a uma síntese. Entretanto, o artista plástico pernambucano José Patrício aceitou essa provocação no livro Percursos de Criação, que terá lançamento online, no dia 13 de julho, às 18h, no canal do Youtube da galeria Nara Roesler. Com edição do crítico, curador e professor da UFRJ Felipe Scovino, a publicação contou com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e traz um encontro entre autor, biografia, pesquisa e conjunto da obra num modelo de livro de arte.
Na publicação, que é bilíngue, em Português e Inglês, José Patrício escreve sobre suas descobertas, investigações e experimentações com papel artesanal, dominós, dados, botões, peças plásticas de jogos, entre outros objetos oriundos do comércio popular e de situações corriqueiras que acompanham a vida dos brasileiros. Seguindo, quase sempre, uma lógica matemática ou geométrica, as combinações propostas pelo artista em suas obras geram imagens imprevistas, que se configuram ao longo das montagens e se aproximam muitas vezes das características da pintura e da escultura.
O livro aborda as fases de produção, cataloga obras e séries e, acima de tudo, traz o olhar particular do autor, além de contar com várias imagens de arquivo, de obras e um texto acessível, num projeto gráfico leve e atrativo. A inspiração inicial do livro foi a dissertação de mestrado defendida por José Patrício em 2014, no Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Federal de Pernambuco. Algumas partes da dissertação foram reescritas e readaptadas a uma linguagem mais acessível, às quais se somam textos novos, escritos pelo artista exclusivamente para o livro. Todo o material foi cuidadosamente preparado pela equipe de edição liderada por Felipe Scovino, mas composta também por Julya Vasconcelos e Bruna Pedrosa.
Ao nos debruçarmos sobre a obra, vemos que o artista situa o seu trabalho no contexto histórico da arte pernambucana e nacional, com início na Escolinha de Arte do Recife (EAR), na década de 1970, e segue em sua expansão nacional e internacional, com destaque para o prêmio do 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, a participação na 22ª Bienal de São Paulo, bem como exposições por todo o Brasil e no exterior, em países como Alemanha, Noruega, França, Bélgica, Espanha, Chipre, Argentina, Estados Unidos, China e Hong Kong. Além disso, no livro há imagens de obras que fazem parte de coleções importantes, como o Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Coleção Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção João Sattamini (MAC-Niterói), Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM-Recife) e Fundação Cartier (Paris).
O leitor poderá conhecer detalhes de séries icônicas, como 112 dominós (1999) e Ars combinatoria (1999/2000), assim como trabalhos menos conhecidos, como Série Negra (1998), Estrutura modular II (1986) ou as obras da série Composições, em papel artesanal, produzidas no início dos anos 1980. “Eu sempre me senti atraído pelas possibilidades modulares dos materiais para compor minhas obras. No começo usei bastante papel artesanal, depois passei a utilizar objetos extraídos do cotidiano. Minha pesquisa foi evoluindo a partir, sobretudo, da matemática e da geometria que me guiaram na composição de espirais, movimentos de expansão e retração e na exploração de possibilidades pictóricas não convencionais”
Segundo Felipe Scovino, Percursos de Criação é um livro que se converte em obra e vice-versa, no momento em que traz a palavra do próprio artista. Para ele, “algo tão celebrado em cartas (vide as mesmas trocadas entre Theo e Vincent Van Gogh), manifestos, agendas, diários, bilhetes, faxes, e-mails, entre tantos outros meios de correspondência e fixação de ideias e imagens — se tornou, eu diria, ao longo do século XX, mais sistematicamente, uma dobra do seu trabalho plástico”.
O livro será distribuído gratuitamente a instituições, bibliotecas, críticos e curadores de arte, mas também estará à venda na Livraria Jaqueira, no Recife, com envio para todo o Brasil, na livraria online da galeria Nara Roesler, e na Galeria Amparo 60, na capital pernambucana.
Para conhecer mais as obras do artista, vale uma visita à exposição José Patrício: Potência Criadora Infinita, em cartaz até 24 de julho, na galeria Nara Roesler, na Av. Europa, 655, Jardim Europa, em São Paulo, ou conferir o site www.josepatricio.com e o Instagram @josepatriciooficial.
julho 11, 2021
12 artistas+edições na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
A partir do dia 8 de junho, a Galeria Mercedes Viegas apresenta, por meio de visitas agendadas, a exposição coletiva 12 artistas + edições. Combinando obras de artistas representados pela galeria e obras do acervo, a mostra inclui esculturas, gravuras a bico de pena, impressões, fotografias e lightboxes. Com foco em trabalhos de edição limitada, ou múltiplos, a exposição reúne diferentes gerações de artistas: aqueles que pertenceram a vanguarda dos anos 60, como Adalberto Mecarelli, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Cildo Meireles e Waltercio Caldas; os que iniciaram suas produções nos anos 80, como Ana Linnemann, Daniel Senise e Regina de Paula; os que se estabeleceram nos anos 90, como José Damasceno e Marcia Thompson; e Maria Baigur, a mais jovem artista da mostra, que começa a expor em 2015—quase todos com inserção no mercado internacional.
“Para uma Cenografia de Hamlet” (1985), do italiano Adalberto Mecarelli, é um conjunto de nove impressões em água-tinta sobre papel de algodão, baseadas na cenografia desenvolvida por Adalberto para uma montagem de “Hamlet”, em 1985, no Théâtre des Quartiers d’Ivry, em Paris, com direção de Catherine Dasté. A montagem excursionou por vários teatros franceses e europeus. Nascido em Terni, Itália, em 1946, Adalberto Mecarelli vive e trabalha em Paris há 50 anos e é representado pela Galeria Mercedes Viegas no Brasil. Escultor de matriz construtiva-abstrata que se notabilizou por seu trabalho de luz e sombra, e registros da luz solar, Mecarelli apresenta seu trabalho em diversos espaços públicos na França, Itália e Alemanha desde a década de 60. Em 2019, a Galeria Mercedes Viegas apresentou a primeira exposição individual do artista no Brasil, "Luz +”, com curadoria de Elisa Byington.
A artista Ana Linnemann participa da exposição com o trabalho “O mundo como uma laranja (Eu e você, você e eu)”, de 2012. Nascida no Rio de Janeiro em 1958, Ana Linnemann produz esculturas e instalações. Formada em Design pela PUC-RJ, recebeu o mestrado em Escultura pelo Pratt Institute, em Nova York, onde residiu até 2006. Suas obras já foram apresentadas em importantes instituições como o Centro Cultural Maria Antônia, o Oslo Kunstforening (Oslo), o Museu Imperial de Petrópolis, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Museo del Barrio (Nova York), o MALBA (Buenos Aires) e o Pivô (SP). Ana Linneman foi representada pela Galeria Mercedes Viegas, durante 10 anos aproximadamente, quando realizou duas exposições intitucionais no Paço Imperial: “O Beijo”, de 1998, coletiva com os artistas Daniel Feingold, Elisa Bracher e Jose Resende, com curadoria da galerista; e em 2021 a galeria coordenou e produziu a exposição individual da artista intitulada “Pedras Bordadas Espaços Vestidos”. Ana realizou também, a última individual “O mundo como uma laranja” na galeria em 2005.
Já “6+6+6”, de Anna Maria Maiolino, foi exibido pela primeira vez na Galeria Mercedes Viegas em 1999, com montagem feita pela própria artista—a mesma apresentada hoje na galeria. No texto que acompanha o trabalho, Maiolino nos conta que “estes desenhos são registros dos percursos do deslizar da gota de tinta sobre o papel enquanto o seguro entre minhas mãos, movimentando-o no ar. A gota responde as minhas pulsões espalhando-se ou precipitando- se atraída pela força da gravidade.” Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália, 1942) é uma gravadora, pintora, escultora, artista multimídia e desenhista italo-brasileira com importância histórica na arte conceitual e minimalista brasileira. Em 2002, realizou no The Drawing Center, Nova York, uma exposição retrospectiva que abarcou quase 35 anos de carreira, acompanhada da publicação de “A Life Line/Vida Afora”, da crítica Catherine de Zehgher. Anna Maria Maiolino começou a sua parceria com a Galeria Mercedes Viegas em 1996, quando esta ainda se chamava Escritório de Arte Mercedes Viegas. Além da participação em diversas exposições coletivas e do lançamento do álbum de serigrafias “6+6+6”, realiza, em 2004, a exposição de desenhos à nanquim da série “Vestígios". Em 2005, decide mudar-se para São Paulo, deixando a galeria, mas mantendo a amizade.
O trabalho sem título de Antonio Dias, datado de 1968, é o mais antigo da exposição. Um dos primeiros múltiplos realizados pelo artista, ele se distingue dos outros nove trabalhos da série por uma incisão única. Antonio Dias (Campina Grande, PA, 1944 - Rio de Janeiro, 2018) foi autor de uma obra ampla e radicalmente diversa que navegou por tendências do Neo-Figurativismo e da Pop Art Brasileira, enquanto também dialogava com a herança do Neo-Concretismo brasileiro do início dos anos 60. Hoje, Antonio Dias é reconhecido como um dos maiores expoentes da arte contemporânea brasileira. Tendo participado de quatro edições da Bienal de São Paulo, sua obra ainda esteve presente na 39ª Bienal de Veneza e na 8ª Bienal de Paris, quando ganhou o prêmio de pintura. Seus trabalhos atualmente integram as coleções do Museum of Modern Art – MoMA (EUA) e da Daros Foundation (Alemanha), entre outras.
Datando de 2003, a gravura “Metros” é um múltiplo do artista Cildo Meireles que trabalha uma figura recorrente na obra do artista, a régua, ou o metro. Nascido no Rio de Janeiro em 1948, Meireles é um herdeiro do movimento Neo-Concretista que redefiniu a dimensão política da arte conceitual brasileira através de trabalhos que explicitavam não só as relações entre o público e o espaço de exibição, mas também entre público, o mercado e o aparato ideológico. Em 1999, Meireles teve uma retrospectiva de seu trabalho exibida no The New Museum of Moderna Art de Nova York. A exposição então viajou para o Brasil e passou pelo Museu de Arte Moderna do Rio e o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 2008, Meireles se tornou o segundo brasileiro a receber uma retrospectiva no Tate Modern de Londres.
Para o backlight em exposição de Daniel Senise, o artista manipulou uma fotografia tirada nos anos 50 por seu pai, então piloto profissional, de nuvens avistadas durante um de seus vôos. Décadas depois do registro, durante um vôo feito pelo artista, Daniel fotografou o negativo da foto das nuvens, agora re-inserindo-o em um novo contexto de nuvens. Daniel Senise (Rio de Janeiro, 1955) participou de diversas bienais, incluindo as edições de 1985, 1989, 1998 e 2010 da Bienal de São Paulo, a Bienal de Havana em 1986 e a Bienal de Veneza em 1990.
Os dois backlights de Eduardo Coimbra que participam da exposição pertencem a série “Asteróides”, de 1999, onde ilhas levitantes são construídas a partir de recortes de fotografias de montanhas cariocas. Eduardo Coimbra nasceu em 1955, no Rio de Janeiro. Participou da 29ª Bienal de São Paulo, Brasil (2010) e da 3ª Bienal do Mercosul, Brasil (2001), assim como de exposições coletivas no MAM Rio, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) (2018), na Caixa Cultural (2017), em São Paulo e no Museum Beelden aan zee (2016), em Haia, Países Baixos. Suas obras fazem parte de importantes coleções institucionais, como: Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil. Eduardo Coimbra foi representado pela Galeria Mercedes Viegas entre 2003 e 2005, onde realizou a exposição individual “Superfícies Líquidas”, em 2004, e uma exposição com a artista Amália Giacomini intitulada “Sobre espaços”, em 2006.
José Damasceno, artista nascido no Rio de Janeiro em 1968, participou de cinco bienais de arte, incluindo a Bienal de Veneza (2007), a Bienal de Sydney (2006) e a 25ª Bienal de São Paulo (2002). Realizou mostras individuais em importantes centros culturais como o Palais de Tokyo, Paris (2003), o Museum of Contemporary Art, Chicago (2004) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2019). Suas obras integram acervos importantes como os do Tate Modern, Londres e do Museum of Modern Art, Nova York. 12 artistas + edições exibe o seu objeto “Carimbo”, de 2013.
Marcia Thompson participa da mostra com três pequenas esculturas realizadas durante a pandemia, em 2020. Nascida no Rio de Janeiro no fim da década de 60, Marcia desenvolve seu trabalho entre o minimalismo e a pintura expandida, manipulando as formas da tinta até chegar a obras tridimensionais. O currículo de Marcia conta com exposições individuais na Dinamarca e na Suécia, e com participações em coletivas na Alemanha e na Inglaterra. Marcia é representada pela Galeria Mercedes Viegas ha 10 anos, onde realizou 3 exposições individuais: “O particular coletivo”, em 2005; “Marcia Thompson”, em 2011 e “Chromes”, em 2014, além de ter participado de diversas coletivas. Marcia tem trabalhos nas coleções Museo Reina Sofia Museum (Espanha), Patrícia Phelps de Cisneros (Venezuela), Brazilian Embassy (Inglaterra) e Gilberto Chateaubriand - MAM (RJ, Brasil), entre outras. Em 2018, Marcia foi indicada ao Prêmio PIPA.
Maria Baigur nasceu em Salvador, em 1981. Artista visual representada pela galeria, cursou a PUC RJ e EAV do Parque Laje e apresenta nesta mostra a sua primeira gravura realizada desde o início da pandemia, “Dragõ es (da série “Bichos”), de 2020. Com a instalação “à toa”, de 2016, foi vencedora do II Prêmio Reynaldo Roels Jr. realizado pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e pela EAV. Em 2019, foi selecionada para o 10o prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, realizado no estado do Pará com a série “Angelus”, esta exibida pela primeira vez na mostra individual homônima realizada na Galeria Mercedes Viegas em 2018.
“Cubo de areia” (2016), da artista Regina de Paula, é uma gravura de relevo seco produzida em edição de duas unidades. Regina de Paula (Curitiba, 1957) é artista e professora. Mestre em Artes pela Columbia University (NY/USA), doutora em Artes Visuais pela EBA/UFRJ e professora adjunta do Instituto de Artes /UERJ, Regina recebeu os prêmios Brasília de Artes Visuais, VI Salão da Bahia e Programa de Bolsas RioArte, dentre outros. Em 2005, foi artista residente do Centro d’art Passerelle, em Brest, França. Em 2011, foi indicada ao Prêmio PIPA. A artista é representada pela Galeria Mercedes Viegas, onde realizou duas individuais: “Tratado elementar de arquitetura”, em 2012; “E fiquei de pé sobre a areia” , em 2014. Em 2015 participou da Trio Bienal (RJ) e da Bienal do Mercosul (Porto Alegre), em 2016 realizou uma grande exposição no Paço Imperial do Rio de Janeiro onde lançou o livro Regina de Paula: diante dos olhos os gestos, organizado pela artista e pelo historiador da arte e curador Marcelo Campos. Seus trabalhos integram várias coleções públicas como MAR (Museu de Arte do RJ), Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador e Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife; e algumas coleções privadas como Coleção Joaquim Paiva; e Coleção Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho, ambas no Rio de Janeiro. Regina trafega por diversas mídias: fotografia, vídeo, instalação, desenho e pintura.
12 artistas + edições também apresenta uma pequena escultura de Waltercio Caldas intitulada de “Quebra”, de 2013. Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, 6 de novembro de 1946) é escultor, desenhista, artista gráfico e cenógrafo. Um grande renovador das diretrizes Neo-Concretistas, Waltercio recebe, em 1993, o Prêmio Mário Pedrosa, da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Em 2007, representa o Brasil na 47a Bienal de Veneza e participa da 1a Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre. Em 2007, participa da 52a Bienal de Veneza, expondo no Pavilhão Itália, a convite do curador geral da bienal, Robert Storr.
Rumos Itaú Cultural:Brígida Baltar lança site com criações catalogadas
Site reúne filmes digitalizados e obras catalogadas da artista visual Brígida Baltar
Selecionado pelo Rumos Itaú Cultural, o projeto Brígida, realizado pela artista em parceria com o produtor Jocelino Pessoa, organizou o conjunto de sua obra fílmica, guardado em sua mapoteca, contendo também imagens inéditas. A pesquisa resultou, ainda, em um livro inédito – sem previsão de lançamento – com bastidores e detalhes dos filmes da artista
Após três anos de pesquisa em torno da sua obra, a artista visual Brígida Baltar, junto ao produtor Jocelino Pessoa, lança no dia 1 de julho site com todas as suas criações catalogadas. Todo o processo foi realizado dentro do projeto Brígida, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018, que também possibilitou a digitalização de mais de 30 filmes dela, sendo 12 inéditos, criados a partir de imagens encontradas em sua mapoteca. Diante da riqueza que emergiu deste levantamento, posteriormente também será lançado um livro com bastidores e detalhes das obras audiovisuais de Brígida.
A iniciativa de fazer esse arquivamento na web tornou-se ainda mais importante depois do incêndio que, em abril, atingiu o galpão que mantinha obras de diversas galerias de São Paulo, ocasionando a perda de parte da obra da artista, que agora poderá ser vista exclusivamente no site. Para marcar o lançamento, às 19h do mesmo dia, Brígida e Pessoa realizam live no endereço que entrará no ar: https://brigidabaltar.com/. Participam do bate-papo os curadores consultores Giorgio Ronna, Luísa Duarte e Marcio Doctors, a editora Fernanda Bastos e o designer Lucas Bevilacqua, que colaboraram para o projeto.
O desejo de Brígida de organizar fitas e filmes com registros de seu trabalho é antigo. Foi o que impulsionou a realização do projeto, iniciada com o levantamento das mídias: 70 fitas MiniDV, 22 VHS-C, oito fitas VHS, três beta digitais, uma Beta-SP pequena, uma fita beta digital grande e oito rolos de 16 mm. Depois da avaliação e da limpeza mecânica do material, feita por dois estúdios de cinema do Rio de Janeiro, houve a digitalização de todo o conteúdo. Dezenas de horas de gravações vieram à tona para tomarem a forma de filmes, pelas mãos da artista.
Entre os títulos guardados em sua mapoteca estavam alguns conhecidos, como Maria Farinha Ghost Crab e Coletas e outros que foram exibidos apenas como fotografias ou projetados em slides, como Torre, Abrigo, Abrindo a janela e Os 16 tijolos que moldei. Ainda, diante do material digitalizado, foi possível realizar filmes com imagens inéditas do arquivo para marcar esta organização. Assim, surgiram A geometria das rosas, A pergunta de Simone, Casa cosmos, Despercebida, Enterrar é plantar, Lentos frames de maio, O azul profundo e a música que o Matias fez com a Camille, O corvejo, O refúgio de Giorgio, Os mergulhos de, Sem escuridão e Um sopro.
“Brígida é muito atenta ao tempo e à poética própria da tecnologia de captura dos seus filmes”, comenta Pessoa. “Por isso, nesse processo, as películas foram mantidas para garantir a sua exibição projetada. Assim, ela também propõem um debate em torno do digital x analógico.”
Para evidenciar todo o percurso, ela optou pela fidelidade às versões originais, evitando como efeito colateral um indesejado revisionismo. Os que foram apenas recapturados ou sofreram pequenos ajustes de cor e som não tiveram sua ficha técnica modificada. Nesses casos, foi mantida a data original e foram registradas no histórico da obra as pequenas intervenções.
Em raras vezes, Brígida recorre a algum efeito de pós-produção, embora o momento de organizar tenha sido conveniente também para a remasterização – usando recursos inexistentes à época dos filmes –, e para concluir trabalhos inacabados. Neles, foram efetuadas as revisões das datas e dos créditos. “Para mim, sempre serão filmes, independentemente dos modos de capturas e do tempo de duração”, afirma Brígida.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Na edição de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.
Sala de Vídeo: Regina Vater no Masp, São Paulo
Regina Vater (Rio de Janeiro, 1943) é uma das pioneiras do vídeo no Brasil. Depois de estudar pintura nos anos 1960 no Rio, foi convidada em 1974, quando vivia em Paris, para filmar uma peça de teatro. Desde então, os meios audiovisuais marcam grande parte de sua obra, sejam em instalações, registros de happenings ou performances. Nesta mostra, apresentamos três trabalhos da artista que datam dos anos 1970.
Conselhos de uma lagarta (1976) é uma instalação em dois canais. O primeiro compõe-se sobretudo de imagens do rosto de Vater registrado durante meses no mesmo local em sua casa, entre atividades cotidianas. “Toda hora que eu me lembrava da câmera eu corria para frente dela e me filmava, minha premissa era de tentar que ela me surpreendesse”, comentou. O áudio sobrepõe um compasso sonoro bem marcado com falas retiradas do livro Alice no país das maravilhas.
Nas passagens do clássico de Lewis Carroll (1832-1898), Alice e a Lagarta conversam sobre a dificuldade de expressar em palavras o medo da passagem do tempo e das transformações do corpo. Na segunda tela, do lado oposto, vemos uma sequência silenciosa de closes de olhares de várias pessoas, como a artista Lygia Clark (1920-1988) e o poeta Wally Salomão (1943-2003). A obra foi concebida a partir da frase de Clark “Teu olho é meu espelho”, isto é, nas palavras de Vater: “Eu sou o que você me permite ser, pelo jeito com que você me vê”. A artista cria, assim, uma reflexão, por meio de retratos e autorretratos, sobre o modo pelo qual nossa imagem é construída num jogo complexo de percepção e espelhamento através do outro — seja o outro personagem do vídeo, seja o espectador do vídeo como outro. Não por acaso, são duas projeções olhando-se na instalação, algo que se conecta também a este momento particular em que nos comunicamos (e nos vemos) regularmente no computador ou no celular por meio de chamadas em vídeo.
Em duas telas do lado de fora da Sala são exibidos outros dois trabalhos: Vídeo ART e ARTropophagy [ARTropofagia] (ambos de 1978). Nesses vídeos, a artista aparece escrevendo “ART” na areia da praia ou ingerindo e expelindo a mesma palavra em uma bexiga. Desse modo, Regina Vater reafirma o caráter experimental e efêmero da materialidade artística, uma preocupação típica da chamada arte conceitual nos anos 1970. Expressa também o desejo incessante de buscar um certo “reencantamento do mundo” através de suas obras, apontando para o potencial especulativo, mágico, não racional e performativo da arte sobre a realidade da vida.
Curadoria Guilherme Giufrida, curador-assistente, MASP.
Regina Vater
Rio de Janeiro, Brasil, 1943
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.
Em pesquisa que abrange as relações entre sociedade, natureza e tecnologia, Regina Vater desenvolve, ao longo das últimas quatro décadas, um corpo de trabalho complexo e sofisticado que contribui de maneira expressiva para o debate sobre a emergência de uma ecologia midiática nos âmbitos da arte e da vida contemporânea. É a partir dessas relações que surgem algumas de suas reflexões sobre as construções culturais em torno do corpo feminino. Por essa razão, é impossível não situá-la como uma das protagonista de uma geração de artistas brasileiras que conquistaram seu espaço institucional, viajaram, debateram e perseveraram em um circuito ainda dominado pelos homens.
Seu trabalho foi recentemente exibido em mostras individuais no MASP - São Paulo, MAC Niterói, Oi Futuro Flamengo e Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro. Vater participou também de importantes mostras coletivas, como: Radical Women: Latin American Art 1960-1985, organizada pelo Hammer Museum, Los Angeles, Feminist Avant-Garde of the 1970s, organizada pela coleção SAMMLUNG VERBUND, ArteVida - Parque Lage, Rio de Janeiro, Subversive Practices - Kunstverein, Stuttgart e Histórias da Sexualidade - MASP - São Paulo.
Os trabalhos de Regina Vater fazem parte de importantes coleções, como: MoMA (Nova York), Bibliothèque Nationale (Paris), SAMMLUNG VERBUND Collection (Viena), Blanton Museum of Art (Austin, EUA), San Antonio Museum of Art (Texas, EUA), ArtPace Foundation (San Antonio, EUA), Latin America Collection of the University of Essex (Inglaterra), Marvin and Ruth Sackner Visual Poetry Archives (Miami), Long Beach Museum of Art (Los Angeles), CAYC - Centro de Artes Y Comunicación (Buenos Aires), Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro), Museu de Arte Moderna (São Paulo), Museu de Arte Contemporânea - USP (São Paulo) e Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro).
Ao longo de 2021 e de 2022, a programação da Sala de vídeo integra o ciclo das Histórias brasileiras no MASP, e este ano inclui trabalhos de Ana Pi, Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster.
Modo Contínuo na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
A mostra “Modo Contínuo”, em comemoração aos três anos de atividades da galeria, reúne obras inéditas e emblemáticas – em vídeo, pintura, escultura, fotografia, objeto, e instalação – das trajetórias dos artistas Claudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Isabela Sá Roriz, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Pedro Carneiro, PV Dias, Roberta Carvalho e Virgínia Di Lauro.
Simone Cadinelli Arte Contemporânea inaugura no próximo dia 23 de junho de 2021 a exposição “Modo Contínuo”, em comemoração ao seu aniversário de três anos. A mostra apresenta uma seleção de 35 obras dos artistas Claudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Isabela Sá Roriz, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Pedro Carneiro, PV Dias, Roberta Carvalho e Virgínia Di Lauro, representados pela galeria.
A visitação é por agendamento prévio, pelos telefones+55 21 3496-6821 e +55 21 99842-1323 (WhatsApp). As obras, com suas informações específicas, poderão ser vistas também no site da galeria: https://www.simonecadinelli.com
“A galeria partiu do seu próprio conceito de apresentar jovens artistas brasileiros com pesquisas em arte contemporânea da melhor qualidade para dar nome a essa exposição. Esta ‘Modo Contínuo’ representa a renovação de linguagens e produção que esses artistas têm a oferecer ao público”, destaca Simone Cadinelli, diretora da galeria.
“Modo Contínuo” reúne obras recentes e inéditas como as pinturas em acrílica sobre papel “As botas de Joelma” (2021), e “Calypso” (2021), do paraense PV Dias(1994); os vídeos e GIFs “Ela disse que tem de ter peneira em casa – cessar” (2020, 8’21), “Decoração suspenso – 2” (2020, 2’07), “Fazer crescer os intervalos” (2020, 9”) e “Fundir-se” (2019, 18”), de Virgínia Di Lauro (1989), baiana radicada em Porto Alegre; a pintura em acrílica sobre tela “Máscaras efetivas contra governo ineficaz. Educação” (2020), de Pedro Carneiro (1988, Rio de Janeiro); e ainda duas pinturas em monotipia seca sobre pele de tinta de Jeane Terra (1975): “Horizonte Náufrago” (2020) e “À Deriva” (2020).
OBRAS EMBLEMÁTICAS
A exposição traz também trabalhos emblemáticos das trajetórias dos artistas, como as pinturas “Sacrifício” (2018), em óleo sobre tela, de Claudio Tobinaga (Rio de Janeiro, 1982); as em acrílica sobre tela e produzidas em 2020 – “Série ponto de vista (Space Invader), de 2020; “Respirar (Breathe) e “Chorar” – de Pedro Carneiro; e em acrílica sobre papel e outros materiais, “Desmembrar o texto, descascar, repovoá-lo” (2020) e “Sem Título” (2019), de Virgínia Di Lauro (Barra da Choça, Bahia, 1989, e radicada desde 2011 em Porto Alegre).
SERIGRAFIAS, FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E OBJETOS
De Gabriela Noujaim (Rio de Janeiro, 1983) estarão as serigrafias “Raposa Serra Do Sol” (2019) e “Latinamerica” (2020).
Em papel e tecido são duas obras de Jimson Vilela (Rio de Janeiro, 1987, e radicado em São Paulo) ambas de 2015: “Infiltração I”e Infiltração II.
Além da fotografia “Lapso”(2017”, da série “Apagamento”, a exposição traz da artista Leandra Espírito Santo (Rio de Janeiro, 1983, e também radicada em São Paulo) objetos criados em 2019: “Série Natureza morta (salada de frutas)”, “Série Natureza morta (arroz e feijão)”, “Série Gestos (Ok)” e “Terceira Pessoa”, um letreiro com a frase "Só existo em terceira pessoa" em LED.
A carioca Isabela Sá Roriz (1982) mostra o objeto em elastômero “Sem Título”(2018).
A paraense Roberta Carvalho, que mora em São Paulo, está na exposição com as fotografias “Lúmen Essência I” (2013) e “Cinema Líquido 2” (2015).
VITRINE E LANÇAMENTO DE LIVRO
A vitrine da galeria, voltada para a Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, ganha um panorama da artista Leandra Espírito Santo, destacando trabalhos de séries variadas, de 2017 a 2021. Por meio de uma linguagem cômica e irônica, Leandra Espírito Santo faz reflexões sobre nossos procedimentos cotidianos, dos mais comuns aos mais complexos, investigando a relação entre a arte e as diversas técnicas e tecnologias. Ela “relativiza seus usos”, e pensa na relação que mantemos com essas tecnologias, em nosso corpo e comportamento. No final de 2020, a Pinacoteca de Jundiaí, em São Paulo, incorporou ao seu acervo duas obras da artista.
No próximo dia 14 de julho será lançado o livro “Latinameria2020”, da artista Gabriela Noujaim, idealizado e produzido durante a pandemia, no início de seu isolamento voluntário, em abril de 2020. A artista desenvolveu a série “Cov19 Latinamerica”, serigrafias com o mapa da América Latina sobre máscaras cirúrgicas. Os trabalhos foram enviados para profissionais da saúde e para mulheres de diversas regiões e áreas de atuação. A ação com esta obra se completava no ato de vestir a máscara, registrado pelos destinatários, nos apresentando estratégias de coletividades humanas e enfatizando um estado de atenção para as questões sociais e humanitárias. Dessa forma, o trabalho “tangencia o limiar entre vida e obra de arte”. Após as pessoas se auto fotografarem com a máscara, elas enviavam o registro para a artista. Esse material virou um vídeo e teve como desdobramento o livro.
A pesquisa de Gabriela Noujaim é voltada para questões do universo feminino, como forma de união e aproximação. “Um manifesto de força, já que se observou um aumento dos índices de violência doméstica durante o isolamento social”. Populações indígenas são outro interesse da artista. E que também, por suas características específicas e muitas vezes sua situação de vulnerabilidade social, se mostram desamparada diante da pandemia. “As profissionais de saúde, por atuarem na linha de frente do combate à pandemia, acabam sendo atingidas de maneira desproporcional tanto física quanto psicologicamente. Com pautas distintas, mulheres indígenas, mulheres vítimas de violência, profissionais de saúde e de outras áreas de atuação, se unem para um bem comum, tornar um vírus invisível, visível em um país de escassos recursos para o seu combate”.
SOBRE OS ARTISTAS
• Claudio Tobinaga (Rio de Janeiro, 1982)
Desenvolve projetos em múltiplos meios, tendo a pintura como principal suporte de sua produção. Produz imagens em que um universo distópico emerge de fotografias coletadas das redes sociais e de imaginários periféricos, principalmente da Zona Norte do Rio de Janeiro. Suas pinturas apresentam corpos e símbolos da cultura de local e de massa em diferentes contextos, fragmentados e justapostos. Suas principais referências permeiam as influências dos fluxos migratórios ocorridos entre o Japão e o Brasil. Como neto de imigrantes japoneses, suas produções dialogam com imagens de seriados japoneses de Tokusatsu, composições da publicidade e revistas japonesas e de imigrantes. Nesse sentido, suas pinturas, nos apresentam uma identidade fragmentada, uma colagem de referências: um glitchcultural. Participou de exposições no Brasil e no exterior, e é formado pela Escola de Música Villa-Lobos (UFRJ), frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e foi monitor de modelo vivo (EBA-UFRJ) e desenho de observação (EAV Parque Lage) junto ao professor Frederico Carvalho. Desde 2012 é assistente no ateliê da artista Lucia Laguna. Atualmente tem se dedicado à livre docência em pintura e desenho.
• Gabriela Noujaim (Rio de Janeiro, 1983)
A artista tem estruturado sua poética com interesse pela imagem técnica construída a partir de vídeos, fotografias, gravuras e instalação, onde cria possibilidades de futuros, em que as noções de permanência e risco são questionadas. Integrou em 2020 a ARTFEM – WomenArtists 2nd InternationalBiennialof Macau, única bienal no mundo dedicada apenas a artistas mulheres. Participou da exposição "Prêmio Jovens Mestres Rupert Cavendish" (Londres, 2011). Recebeu a Menção Honrosa no festival de videoarte "Lumen EX" (Badajoz, Espanha) e o Prêmio de Aquisição da 39a Exposição de Arte Contemporânea de Santo André, SP (2011). Possui obras na coleção do Museu de Arte do Rio; Instituto Ibero-Americano, Berlim; Centro Cultural São Paulo, Escola de Artes Visuais Parque Lage; Museu de Arte Digital, Valência; Galeria Cândido Mendes, Rio de Janeiro; SESC, Copacabana; Palácio de Las Artes Belgrano, Buenos Aires; Espaço Culturais dos Correios, Rio de Janeiro.
• Isabela Sá Roriz(Rio de Janeiro, 1982)
Isabela Sá Roriz é artista visual, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ. Seus trabalhos trazem à tona toda a sutileza e a impermanência das relações que nos constituem, e que nos rodeiam. Trazem a “afirmação” de que nós e tudo que nos co-habita é instável, e que estruturas são sistemas de equilíbrios frágeis e inconstantes. Pois, corpos e espaços são como processos produtores de conhecimento e, ao mesmo tempo, processos indetermináveis.
• Jeane Terra (Minas, 1975)
Radicada no Rio de Janeiro, Jeane Terra tem treze anos de trajetória, em que participou de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior. frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e cursou por dois anos o bacharelado em artes plásticas na Escola Guignard, em Belo Horizonte, entre outros cursos na área. Foi assistente da artista plástica Adriana Varejão por dez anos. Sua pesquisa está atrelada à memória e suas subjetividades, investigando fragmentos e nuances da transitoriedade das cidades, do apagamento urbano, do crescimento desenfreado das urbes e de sua ocupação. Muitas vezes autorreferente, seu trabalho gravita a usina ruidosa de onde vem a substância de sua memória. Trabalhando com diferentes suportes, se dedica especialmente à pintura, escultura, fotografia e videoarte.
• Jimson Vilela (Rio de Janeiro, 1987. Vive e trabalha em São Paulo)
Doutor em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2020), Jimson Vilela atua como artista visual desde 2008 e tem a palavra, a linguagem e a gramática como parte da sua poética artística, assim como os suportes para tal: o livro e o papel. Possui trabalhos em coleções públicas como MAC Niterói, MAM-RJ, MAR-RJ e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
• Leandra Espírito Santo(Rio de Janeiro, 1983. Vive e trabalha em São Paulo.)
Leandra Espírito Santo é doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP, SP). Nascida no interior do Rio de Janeiro, atualmente, vive e trabalha em São Paulo. Começou sua produção artística em 2010 e desenvolve trabalhos híbridos a partir de meios como performance, vídeo, fotografia e linguagens tridimensionais.
• Pedro Carneiro Pedro Carneiro (1988, Rio de Janeiro)
Pedro Carneiro desenvolve em seu trabalho questões relativas às relações humanas e raciais em conflito nos espaços urbanos. É através de pinturas, intervenções territoriais e espaciais, desenhos e light design que seus trabalhos constroem uma imagem em reflexo a histórias reais/irreais tendo como ponto de partida o reencontro com sua ancestralidade, buscando o seu entendimento como indivíduo negro na sociedade atual. Ao longo de sua trajetória, realizou trabalhos no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Bahia e Mindelo (Cabo Verde). Colaborando com artistas como Rodrigo França, Mateu Velasco, Paulo César Medeiros, Nicolau Mello entre outros.
• PV Dias (Belém, 1994. Vive entre o Rio de Janeiro e o Pará)
Mestrando em Ciências Sociais na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e com formação pela EAV Parque Lage em 2019, sua pesquisa aborda possíveis rasuras na estruturação das imagens de um território. Junto a essa frente, está trabalhando sobre intervenções em violências coloniais dos lugares por onde o artista percorre captando registros, que se dividem entre Amazônia e o sudeste do Brasil. De 2013 a 2015, participou da organização do Festival de Audiovisual de Belém. Em 2019 participou de exposição coletiva “Arte Naif: nenhum Museu a Menos”, na EAV Parque Lage, no Rio, com curadoria de Ulisses Carrilho. Assinou a capa da antologia poética “Poesias para se ler antes das notícias”, da Revista Cult (agosto de 2019), integrou a coletiva no espaço Caixa Preta, em 2019, no Rio de Janeiro, com curadoria de Rafael Bqueer; e, expôs no Instituto Goethe da Bahia, com curadoria do Tiago Sant'Ana e no espaço Pence, com curadoria de Silvana Marcelina 2019. Em 2020, participou da exposição “Estopim e Segredo”, na EAV Parque Lage, com curadoria de Ulisses Carrilho, Gleice Kelly e Clarissa Diniz.
• Roberta Carvalho (Belém do Pará, 1980. Vive e trabalha em Belém do Pará e São Paulo)
Mestranda em Artes da UNESP (PPGARTES), desenvolve trabalhos no trânsito entre a imagem, a intervenção urbana, a videoprojeção e a videoarte.Seus trabalhos inserem a imagem digital fotográfica ou em vídeo no espaço público, seja urbano ou rural. Várias imagens construídas e projetadas são de personagens comuns e muitas vezes às margens da sociedade, refletindo uma relação simbólica com o entorno onde a ação artística acontece, suscitando questões identitárias e sociais, como em “Symbiosis, série iniciada em 2007, onde faces de ribeirinhos amazônicos são projetadas em áreas verdes nestas próprias comunidades. É idealizadora do Festival Amazônia Mapping, iniciado em 2013. Suas obras integram os acervos do Museu de Arte do Rio (primeira obra em realidade aumentada do Museu), Museu de Arte Contemporânea Casa das 11 Janelas (PA) e Museu da Universidade Federal do Pará.
• Virgínia di Lauro(Barra da Choça, Bahia, 1989. Vive e trabalha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)
A partir do corpo, incluindo o seu próprio, a poesia, a memória, os sonhos, processos internos, Virgínia di Lauro desenvolve suasproduções nos mais diversos suportes como vídeos, fotografias, GIFs e pinturas. Mora em Porto Alegre desde 2011, onde cursa Artes Visuaispela UFRGS – depois de ter cursado Design de Moda e História da Arte. Em 2018 realizou a exposição individual “Tramas no Vazio” no Instituto Estadual de Artes Visuais. Em 2019 participou da exposição coletiva, Artistas Mulheres Tensões e Reminiscências, na Pinacoteca Rubem Berta, Porto Alegre, RS, com curadoria das Mulheres no Acervo. Em 2020 participou da residência artística “Caminhos para uma Imagem”, no Rio de Janeiro, com o artista Frederico Arêde, e frequentou o curso Creativity Master Class com Charles Watson na Escola de Artes Visuais (EAV), Parque Lage
julho 9, 2021
Galerias brasileiras participam da ARCOmadrid 2021
Luciana Brito Galeria e Galeria Luisa Strina marcam presença no evento, com apoio do projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
A ARCOmadrid, uma das principais feiras de arte do mundo, celebra sua 40ª edição entre os dias 7 e 11 de junho, com a participação de 131 galerias de 27 países. Entre elas estão as brasileiras Luciana Brito Galeria e Galeria Luisa Strina, que contam com o apoio do projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
Neste ano, a presença de galerias da América Latina ganha um novo protagonismo com a inclusão de uma seção especial, produzida junto a Mariano Mayer, que traz a possibilidade de exibição de obras que não precisam necessariamente ser transportadas, ação necessária frente às restrições de circulação impostas pela pandemia.
Com um cenário de melhora dos índices da pandemia e altos índices de vacinação na Europa, a feira acontecerá de forma híbrida com seção online ARCO E-XHIBITIONS, recebendo em seus três primeiros dias exclusivamente profissionais do setor de arte contemporânea, mas abrindo ao público durante o final de semana.
A Luciana Brito Galeria participa da seção especial dedicada à América Latina “Remitente. Arte Latinoamericano”, e na seção online ARCO E-XHIBITIONS, apresentando os vídeos “Campo” (1977), de Regina Silveira, e “Photokinetic” (2020), de Héctor Zamora. “Campo” é o primeiro projeto em vídeo de Regina Silveira (1939, Brasil), e um dos primeiros em videoarte no Brasil, realizado com o apoio do MAC-USP no final dos anos 1970. O vídeo foi produzido em uma única tomada, sem qualquer edição, e apresenta o gesto simples de percorrer os limites da tela com a ponta de um dedo.
“Photokinetic”, 2020, de Héctor Zamora (1974, México) traz a interpretação audiovisual do artista para a sua instalação site specific “Lattice Detour” (2020), comissionada pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York para o roof garden do museu. Com a câmera estática, o vídeo apresenta a cadência dos movimentos gerados pelas sombras dos visitantes do outro lado do muro de blocos de cobogó, durante o pôr do sol.
A Galeria Luisa Strina, que participa da seção online ARCO E-XHIBITIONS, apresenta os trabalhos de Fernanda Gomes e Jarbas Lopes. O trabalho de Jarbas Lopes transita entre pintura, escultura, desenho, livros de artista e performance. Muitos de seus trabalhos são participativos ou sensoriais, e o artista encoraja os participantes a tocarem, segurarem, movimentarem e virarem páginas.
Já Fernanda Gomes lida com uma ampla gama de processos e procedimentos, articula uma linguagem de extenso vocabulário, sempre em expansão. A paleta de brancos e dos materiais crus assumem uma visão radical da cor, que inclui a luz como matéria. A reunião dos trabalhos no espaço é tratada como obra em si, em exposições irrepetíveis, que reagem a contextos diversos. Ainda assim, a artista acredita em obras de arte autônomas, em seu sentido mais primitivo de objeto vivo. Os materiais modestos, a escala humana, a dimensão lúdica, contribuem para uma significação aberta e pessoal para cada observador.
Sobre o Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
O Latitude é um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 58 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
O volume das exportações definitivas e temporárias das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007, foram exportados US$ 6 milhões e, de acordo com a última Pesquisa Setorial Latitude publicada, em 2017 atingiu-se mais de US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor no ano.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assumiu o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Emanoel Araujo na Simões de Assis, Curitiba e São Paulo
Emanoel Araujo ocupa as duas sedes da Simões de Assis, com trabalhos históricos e recentes, revelando a potência de uma obra fundamental para um entendimento ampliado e renovado sobre a arte-afrobrasileira
A Simões de Assis apresenta, pela primeira vez em sua história, duas exposições simultâneas de um mesmo artista nas salas principais de seus espaços, em São Paulo e em Curitiba. Emanoel Araujo, artista de grande reconhecimento nacional e internacional, protagoniza as duas mostras com trabalhos recentes e históricos, acompanhados por um ensaio crítico assinado pela antropóloga, historiadora e pesquisadora Lília Moritz Schwarcz. O artista – que também atua extensa e intensamente como colecionador, curador, crítico, gestor cultural, cenógrafo, conservador e museólogo – é um nome fundamental na história da arte contemporânea no país, com uma pesquisa singular sobre a identidade e a cultura afro-brasileira.
Araujo nasceu em Santo Amaro da Purificação, em uma tradicional família de ourives, estudando também artes gráficas na Imprensa Oficial local. Ainda jovem, começou a desenvolver seus primeiros trabalhos, a aprender marcenaria e linotipia, realizando sua primeira individual em 1959. Na década de 1960, Araujo mudou-se para Salvador para estudar na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura. Dali em diante, trilhou uma carreira brilhante, com uma obra coesa que pensa e repensa a reestruturação do universo da arte e da cultura negra, enfatizada em seus trabalhos por meio de formas e volumes geométricos aliados a contrastes acirrados, ângulos marcados e cores fortes.
A mostra na sede de São Paulo, com abertura prevista para 26/06, recebe o título de “Cosmogonia dos Símbolos”, e apresenta três diferentes séries de Araujo – Orixás, Relevos, e Navios. A mostra estabelece um diálogo com quatro pinturas de outro artista baiano: Rubem Valentim, que deixou parte de seu legado a Emanoel. Assim, algumas obras inacabadas de Valentim foram incorporadas a trabalhos da série Orixás – esculturas totêmicas de parede que articulam diferentes elementos incorporados e apropriados, como espelhos, conchas, miçangas, fotografias e objetos, para além das telas de Valentim.
Esses são trabalhos que contam com uma escala monumental, imponente, e que erguem-se em planos geométricos cheios de movimento, laqueados por cores vibrantes. Os totens são ladeados por outras pinturas históricas de Valentim que pontuam o espaço expositivo, reverberando essas mesmas formas e cores em composições mais sintéticas e mínimas, o que contribui para uma ampliação do potente diálogo entre os dois artistas, intensificado com esse pareamento.
Por entre os orixás apresenta-se também “Navio”, obra que integra um grande conjunto de trabalhos que lidam com a questão histórica dos navios negreiros. Essas embarcações, segundo Schwarcz, “representaram um símbolo maior da perversidade do sistema escravocrata”, de acordo com Schwarcz. “Cosmogonia dos Símbolos” também traz dois “Relevos” de Araujo, trabalhos icônicos do artista em sua articulação da geometria construtiva que marca grande parte de sua produção.
Também de acordo com Schwarcz, no ensaio crítico que acompanha as exposições: “(...) as obras de Emanuel Araujo revelam o quão profundas, profícuas e frequentes foram e são as relações entre a África e o Brasil, e vice-versa também. Pensado nesses termos, o trabalho desse artista polígrafo parece ocupar o lugar de Exu que, no candomblé, é o orixá ‘mensageiro”, intermediário entre seres humanos e divindades.”
Em Curitiba, a partir de 03/07, a Simões de Assis também apresenta uma seleção de obras pensada a partir dessa verve construtiva do artista. A mostra, intitulada “Construção Simbólica”, reúne um conjunto expressivo de relevos e esculturas de Araujo, revelando seu olhar ímpar para uma geometria construtiva que conversa com diversos materiais, com destaque para o emprego da madeira e do metal.
Mas as construções do artista não se resumem apenas aos seus aspectos construtivos e geométricos: de acordo com Schwarcz, as esculturas verticais e relevos de parede “estabelecem uma comunicação com os objetos votivos de religiões africanas da época dos negreiros. As obras acomodam referências gráficas e pintura cromática com alegorias às divindades da cosmologia Iorubá e à simbologia do Candomblé”.
Essa mostra traz para Curitiba, pela primeira vez, obras icônicas desse vasto conjunto como “Totem dos losangos pretos”, feita em madeira com pintura automotiva, de 2015, e o “Pendente Vermelho”, de 2017, feito em madeira policromada e metal, que fica suspenso no coração da primeira sala expositiva. Além disso, também destaca-se a peça que fica exposta na fachada externa da galeria – a escultura de metal, sem título, datada 2021, que enfatiza o apelo e a natureza pública da obra de Emanoel.
Reconhecendo a importância da vida e obra de Araujo, a Simões de Assis celebra o artista e sua contribuição histórica, sua longa e prolífica carreira, seu incomparável legado e seu incansável trabalho. Juntas, as duas exposições, configuram-se como um esforço de abarcar a complexidade e a diversidade da multifacetada e vasta produção de Emanoel Araujo, revelando um conjunto potente em sua simbologia, materialidade, discurso e história.
Geométricas: Perspectivas Femininas na Lurixs, Rio de Janeiro
A Lurixs: Arte Contemporânea tem o prazer de apresentar Geométricas: Perspectivas Femininas. A primeira exposição coletiva com curadoria e texto de Christiane Laclau, inaugura também a agenda 2021 da galeria. A abertura acontece na terça-feira, 6 de julho. Para a segurança e bem-estar de todos, a visitação será mediada por um agendamento online. A entrada e permanência no local está condicionada ao uso de máscara que cubra o nariz e a boca.
A seleção de cerca de 35 obras, que ocupam as duas galerias do prédio da Lurixs no Leblon, propõe um diálogo entre diferentes conceitos, pesquisas, propostas e abordagens de seis artistas — três delas representadas pela galeria: Amalia Giacomini, Elizabeth Jobim e Renata Tassinari e três convidadas: Alice Gelli, Marina Rodrigues e Marina Caverzan — em torno de um universo comum: o abstracionismo geométrico.
A curadora aposta “no frescor e na leveza poética de sua interpretação aos olhos da sensibilidade de mulheres” em contraponto ao pensamento tradicional da racionalidade geométrica, no qual ela destaca “predominava o universo masculino”.
As provocações estéticas, éticas e filosóficas estão no interesse conceitual e plástico de Alice Gelli pela desconstrução, que altera a percepção ordinária dos planos e, assim como Renata Tassinari, faz uso da estrutura como assunto da obra. Na ressignificação artística de materiais mundanos que marca tanto a produção de Marina Rodrigues quanto a intrigante configuração espacial de Amalia Giacomini. Na experiência tátil que nos desperta Elizabeth Jobim ao se valer do linho colorido para elaborar suas novas pinturas a partir das sensações motivadas pela necessidade de recolhimento e precaução. Ou ainda, no limite entre o abstrato e o etéreo que as investigações de Marina Caverzan engendram por meio de linhas e formas geométricas simples que sensibilizam uma dimensão invisível aos olhos.
Deste modo, Laclau acredita que a exposição se impõe como uma forma de saudar e celebrar a coragem, o talento e a ousadia destas artistas, que levam adiante a geometria feminina nos caminhos abertos pelas pioneiras Lygia Clark e Ligia Pape, herdeiras das tradições construtivas do Stjil, da Bauhaus e do construtivismo russo.
Christiane Laclau é fundadora da plataforma Artmotiv (@artmotiv.brasil) e membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa. Formada em comunicação social e pós-graduada em crítica de arte e curadoria pela UCAM-EAV, entrou no mundo da arte em 2012. Há 6 anos coordena viagens culturais, visitas guiadas e o curso Artmotiv Now, onde apresenta os nomes internacionais, com produção a partir dos anos 2000, que se destacam em feiras, bienais e galerias. Também está à frente do projeto Art Wall, do Shopping Leblon, no qual já exibiu nomes como Rafael Alonso, Gustavo Prado, Gabriela Machado, Heberth Sobral, Lin Lima e Frida Baranek.
Nemer no Tomie Ohtake, São Paulo
A mostra Nemer – aquarelas recentes, com curadoria de Agnaldo Farias, traz a singular destreza do artista mineiro que faz do manejo astuto e delicado das pinceladas uma verdadeira apologia à aquarela. Segundo o curador, os trabalhos de José Alberto Nemer propiciam um intermitente confronto entre uma orientação construtiva e um impulso orgânico. Diluídos na água, seus pigmentos correm pela folha, adivinhando suas minúsculas fissuras e revelando o acidentado da topografia do papel. A dimensão construtiva de suas obras se expressa, continua Farias, no recurso a figuras geométricas variadas, veloz e cuidadosamente executadas com lápis de grafite duro, com o apoio de régua, compasso.
Nesta mostra patrocinada pela CEMIG, a sensibilidade de suas composições, marcadas por cores que aliam vivacidade e transparência, chamam atenção pela escala. Quadrados, retângulos, grelhas, hachuras, círculos, trapézios, elipses, cruzes, arcos, pirâmides etc. povoam as 20 peças de pequenos formatos, divididas entre duas dimensões, 7 x 10 cm e 7,5 x 12 cm. Parte desse repertório de formas está presente nas 22 peças de formato maior, que também integram a exposição, começando nos 100 x 100 cm, até o inusual, pelas grandes dimensões, formato de 150 x 200 cm. Farias destaca que nessas maiores, a geometria é rarefeita, despojada, com círculos e retângulos quase perfeitos, posto que quase não são feitos por instrumentos, mas com a mão nua.
“Pensando na presença e no uso do elemento orgânico do trabalho de Nemer, frise-se que ele comparece já no emprego da aquarela, técnica intrincada, sujeita às idiossincrasias da água e dos pigmentos nelas dissolvidos, mais ou menos pesados, e que têm na transparência seu maior predicado. O domínio do artista nessa linguagem é impressionante, suas peças, especialmente as maiores, afiguram-se como celebrações”, completa o curador.
Medidas de segurança: Obrigatório uso de máscara / Medição de temperatura / Tapetes sanitizantes / Álcool em gel disponível em diversos pontos / Distanciamento mínimo de 1,5m entre os visitantes / controle de público, de 2 a 10 pessoas, dependendo da sala / percurso único / guarda-volumes desativado.
José Alberto Nemer (1945, Ouro Preto, MG) é artista plástico e doutor em Artes Plásticas pela Université de Paris VIII. Lecionou em universidades brasileiras e estrangeiras, como a UFMG (1974 a 1998) e a Sorbonne (1974 a 1979). Pertencente à geração dos chamados desenhistas mineiros, que se afirmou no cenário da arte brasileira a partir da década de 1970, Nemer participa de salões e bienais no Brasil e no exterior. Sua obra obteve, entre outros, o Prêmio Museu de Arte Contemporânea da USP (1969), Prêmios Museu de Arte de Belo Horizonte (1970 e 1982), Prêmios Museu de Arte Contemporânea do Paraná na Mostra do Desenho Brasileiro (1974 e 1982), Grande Prêmio de Viagem à Europa no Salão Global (1973), Prêmio Museu de Arte Moderna de São Paulo no Panorama da Arte Brasileira (1980). Incluído pela crítica e por júri popular entre os dez melhores artistas de Minas Gerais na década de 1980, Nemer foi o artista homenageado, com Sala Especial, no Salão Nacional de Arte Edição Centenário, realizado no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte (1997/1998). Entre suas exposições, destacam-se a do Centro Cultural Banco do Brasil/CCBB Rio (2000), a dos espaços culturais do Instituto Moreira Salles, em circuito itinerante pelo País (2003 a 2005), e a da Galeria Anna Maria Niemeyer, no Rio (2009). Num ensaio sobre a obra do artista, intitulado Razão e Sensibilidade (2005), Olívio Tavares de Araújo diz: “Só um virtuose da aquarela – a mais exigente de todas as técnicas, a mais inflexível, na qual é impossível enganar – conseguiria dar este enorme salto de escala sem atraiçoar-lhe em absolutamente nada a essência. Ao que eu saiba, ninguém nunca, em qualquer tempo, fez aquarelas das dimensões dessas, de Nemer. Mas, a despeito do tamanho, elas permanecem, definitivamente, aquarelas. Conservam sua natureza de música de câmara, e não sinfônica, delicada, econômica, sempre transparentemente instrumentadas. Parece-me terem fluído com a naturalidade, quase, de uma fonte”.
Enciclopédia Itaú Cultural completa 20 anos com reformulação de site
Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira completa 20 anos e celebra com reformulação visual para simplificar o acesso do visitante
Criada para utilizar a informática como suporte tecnológico para os processos de difusão artística e cultural, a Enciclopédia traz a inovação em seu DNA e não para de se atualizar. Ao completar duas décadas de nascimento, ganha novo layout que amplia a interação entre público e instituição e facilita ainda mais a pesquisa e navegação.
No dia 14 de julho, o site da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira https://enciclopedia.itaucultural.org.br/ ganha novo layout em comemoração aos seus 20 anos na Internet. As novidades facilitam a navegação entre os cerca de 220 mil verbetes compostos por textos, imagens, vídeos e links, os quais se mesclam – remetendo uns aos outros, nos casos de complementaridade – e ampliam a rede de informações sobre o termo pesquisado. São registros de mais de 90 mil personalidades do universo artístico e cultural brasileiro, mais de 40 mil obras, além de perto de 18 mil instituições, grupos, coletivos, termos e conceitos e cerca de 60 mil eventos, entre exposições e espetáculos teatrais.
Criada como um banco de dados informatizado, a enciclopédia remonta à origem do próprio Itaú Cultural, mantendo em seu DNA o uso da tecnologia para a difusão artística.
Desde 2001, permanece em constante expansão e as informações são regularmente atualizadas, apuradas, validadas e tratadas por uma equipe multidisciplinar de consultores, pesquisadores, especialistas, redatores e revisores.
Na busca pela excelência de conteúdo da Enciclopédia, a equipe responsável pela sua manutenção e renovação também procura facilitar cada vez mais a navegação do usuário. Depois de passar por uma reformulação em 2014 e outra em 2017, o novo layout, que comemora seus 20 anos de existência, facilita ainda mais a busca, a navegação e o cruzamento das informações de forma abrangente e dinâmica dentro da plataforma.
O desenho das páginas se tornou mais clean do que nas versões anteriores. A barra de pesquisa traz novos recursos, como filtros e ordenação por relevância, cronologia ou ordem alfabética, gerando respostas mais eficientes. A busca por material audiovisual também é facilitada, já que as mídias ganharam um carrossel na home, possibilitando ao usuário navegar por todos os vídeos presentes no site.
Também, pensando em uma melhor comunicação com o público, o novo desenho simplificou o campo Fale com a Enciclopédia, para que o foco principal esteja na demanda do usuário por meio de suas dúvidas, sugestões e apontamentos. Com essa procura de aproximar quem faz o site das pessoas que o acessam, surge o Editores da Enciclopédia Itaú Cultural dentro de cada verbete. Neste espaço, futuramente as pessoas terão acesso a informações de todos os envolvidos na pesquisa, redação, revisão e publicação de cada registro, além de acessar a política editorial.
Outra inserção é o campo Novidades na Enciclopédia, no qual o público acessa os últimos registros atualizados. Dentro do verbete aparece em tópicos que são abertos ou fechados de acordo com o interesse de pesquisa. Algumas informações, que antes estavam ao longo da página, ganham visualização lateral, propiciando um mapeamento inicial de todas as informações que o leitor pode encontrar.
A ferramenta atinge todos os públicos, embora tenha como perfil o estudantil do ensino fundamental II até a pós-graduação. Portanto, também conta com o Espaço do Professor, um canal de divulgação de conteúdos exclusivos para educadores. Atualmente, é composto por 34 Cadernos do Professor, lançados mensalmente e criados para contribuir com alternativas pedagógicas e ferramentas multidisciplinares para a formulação de aulas. Um exemplo é o Caderno As cores e formas de Beatriz Milhazes, lançado em 16 de março, que teve mais de 12 mil leituras até o mês de junho.
Mais acessados
Biografias, análises de obras, informações sobre termos e conceitos empregados no universo da arte, histórico de grupos e movimentos artísticos estão entre os temas dos verbetes presentes no site. Os mais visitados são de artes visuais, indo do modernismo no Brasil à pintura moderna de Anita Malfatti e ao conceitual Hélio Oiticica, passando por estilos e tempos variados como o de Mestre Vitalino, Beatriz Milhazes, Frans Krajcberg, Tarsila do Amaral, Arthur Bispo do Rosario, Aleijadinho, Lygia Clark, Alfredo Volpi e Rubem Valentim, até movimentos como o barroco brasileiro, artes pública e conceitual, arts and crafts, performance e happening.
Quando o tema é o audiovisual, a busca também é variada. Os filmes mais procurados, são, por exemplo, Bicho de sete cabeças, dirigido por Laís Bodanzky, em 2000, Nós que aqui estamos, por vós esperamos, longa-metragem documental dirigido por Marcelo Masagão em 1999, ou a série de TV, exibida em quatro episódios pela Globo em 2003, A Terra dos Meninos Pelados, baseada no primeiro livro infantil de Graciliano Ramos (1892 -1953) sob a adaptação de Cláudio Lobato e Márcio Trigo.
O território da música tem, entre os artistas mais acessados, Hermeto Pascoal, Leo Canhoto e Martinho da Vila. Na literatura, as pesquisas mais frequentadas são sobre o romancista, poeta e autor de livros didáticos Elias José (1936-2008) e o escritor e um dos fundadores do modernismo no Brasil Mario de Andrade (1893-1945). Aliás, quando se trata do tema literário mais buscado na Enciclopédia Itaú Cultural é justamente o Modernismo Segunda Geração.
Nas artes cênicas, as pesquisas vão além dos atores e atrizes com grande busca sobre os teatros Experimental do Negro, do Absurdo e de Arena. Por sua vez, na dança, recaem em maior quantidade na Videodança, no bailarino e coreógrafo Klauss Vianna e em Companhias Oficiais de Danças Brasileiras.
História da Enciclopédia
Publicada na internet em abril de 2001 – mesmo ano de surgimento da Wikipédia – a primeira versão da Enciclopédia Itaú Cultural era dedicada exclusivamente às artes visuais e continha à época, mais de três mil verbetes, criados com base nas informações reunidas nos bancos de dados da instituição. Foi a primeira a disponibilizar um vocabulário de artes junto ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) e Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a ter uma biblioteca.
Inaugurado em 1989, o Banco de Dados colocou à disposição do público informações obtidas a partir de ações de pesquisa, coleta e tratamento e informatização de dados sobre a pintura no Brasil. O acesso era realizado na sede do Itaú Cultural e em outras instituições da cidade de São Paulo e do interior do estado. Essas bases eletrônicas representavam um avanço tecnológico, pois – em uma época anterior à popularização da internet – permitiam a consulta a um grande repertório de informações.
Herdeira desse trabalho, a então Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais teve como objetivo articular esse acervo de dados, ampliando o acesso e atendendo uma diversidade maior de público. A escolha do modelo enciclopédico, disponível de forma gratuita na internet, foi determinante para que o projeto se concretizasse em toda a sua potencialidade, pois favorecia o tratamento das informações de maneira relacionada, integrando conhecimentos e estabelecendo possibilidades de leitura de diferentes perfis de público.
A partir de 2004, norteados pelo desejo do Itaú Cultural de expandir sua atuação no campo das artes e da cultura no Brasil, iniciou-se a formulação de novas enciclopédias em teatro, publicada em 2004; arte e tecnologia e literatura, ambas lançadas em 2007; e cinema, dança e música, em 2014. Em 2009, teve início o processo de criação da atual Enciclopédia que integra o conteúdo de todas essas áreas de expressão anteriormente publicadas em sites próprios.
Para garantir a uniformidade na coleta desses dados e a coerência do material produzido em cada área, foram estabelecidos critérios comuns para a inclusão e seleção dos verbetes e foi criado um vocabulário controlado que orienta a indexação e a ordem de apresentação dos verbetes.
Confinamentos no Videobrasil Online
Videobrasil Online prorroga exposição ‘Confinamentos’ até o dia 11 de julho com curadoria assinada pela escritora Juliana Borges
Uma questão cronicamente desafiadora - e que ganha contornos inesperados em tempos de pandemia - fundamenta a seleção criada pela escritora Juliana Borges para a Videobrasil Online. Em ‘Confinamentos’, que foi prorrogada e fica disponível para o público até 11 de julho, mostra lança um olhar abrangente para três décadas de acervo histórico da plataforma, selecionando obras que põem em pauta as diversas formas de cerceamento físico e psicológico a que estamos submetidos, indo do encarceramento em massa aos interditos do racismo, da ideia de manicômio às prisões políticas, da criminalização da homossexualidade à perversidade do monitoramento digital.
Composta por obras de personalidades como Coco Fusco, Frente 3 de fevereiro, Kiko Goiffman, Megan-Leigh Heilig, Lucila Meirelles, Juvenal Pereira e Alyona Larinokova, programação inclui documentários, intervenções performáticas, vídeo-montagem fotográfica e uma série de narrativas visuais que somam uma ampla gama de indagações ao tema da política criminal, campo de especialização da curadora e foco de seus livros ‘Encarceramento em Massa (2019) e ‘Prisões: Espelhos de Nós’ (2020). “Como pensar nas condutas criminalizadas e nos corpos marcados por essa criminalização? O que configura um sujeito suspeito e o outro cidadão de bem? Quais são as variáveis possíveis de confinamento? Não apresentamos respostas, mas antes um ponto de reflexão e inflexão para superarmos as fronteiras e os muros das verdades relativas, construídas por interesses alheios aos direitos inalienáveis que nos são usurpados cotidianamente. Esse é um convite para nos olharmos no espelho, romper silêncios e preconceitos, superar confortos e ser ponto fora do lugar”, ela ressalta na apresentação.
O resultado, para Solange Farkas, diretora do Videobrasil, desenha um exemplo acabado de como uma questão contemporânea pode ser iluminada por um acervo histórico e vice-versa. “É importante destacar que se nos vemos hoje em um ambiente pouco propício à expansão das parcerias e dos projetos culturais marcados pela defesa da diversidade, da liberdade, do pensamento comunitário e da ampliação das consciências, por outro nunca tivemos tanta certeza da importância de manter vivo – e ativo – um dos acervos mais significativos da produção em vídeo do Sul geopolítico do mundo. Que é, ainda, uma fonte inestimável de pesquisa sobre uma produção artística que tem como marca fundadora e traço recorrente justamente um uso político, combativo e libertário do vídeo”.
Os potentes trabalhos de Caco Souza, Erin Coates, Fernanda Gomes, Luciana Barros, Marcello Mercado, Maria de Oliveira, Marta Nehring e Nilson Araújo também estão na exposição.
Mini biografia dos artistas
Alyona Larionova (Moscou, Rússia, 1988)
Artista formada e baseada em Londres, cria vídeos, instalações, esculturas e peças sonoras que questionam o papel das narrativas nas relações humanas e as estratégias que usamos para nos proteger do imprevisto. Participou da Bienal Videobrasil (2017), da Moscow International Biennale for Young Art (2010) e do 35º Kasseler Dokfest, Kassel (2018).
Caco Souza (São Paulo, Brasil, 1961)
Cineasta e documentarista, dirigiu longas como Quatrocentos contra um: história do comando vermelho (2010), e o recente Alípio (2021), sobre o padre português Alípio de Freitas, que lutou por justiça social no Brasil da ditadura, premiado pelo 13ª Los Angeles Brazilian Film Festival. Foi codiretor de Eliane (2002), Amor é Um Lugar Vazio (2001) e Tereza (1992).
Coco Fusco (Nova York, EUA, 1960)
Escritora e artista multidisciplinar baseada em Nova York, é mestre em pensamento moderno e literatura e doutora em artes e cultura visual. Combinando performance e meios digitais, seus trabalhos tratam do estranhamento entre culturas, de racismo e da violência política. Participou das bienais de Veneza, do Whitney Museum (NY) e de Xangai, entre outras mostras.
Erin Coates (Albany, Austrália, 1977)
Artista visual, sua pesquisa explora as relações entre corpo e espaço. Trabalha com vídeo, escultura, desenho e instalação, explorando mesclas de linguagens. Suas obras foram vistas em exposições individuais no Perth Institute of Contemporary Arts, na Austrália (2014), seu país de origem, e no Museu de Arte Contemporânea de Hiroshima, Japão (2018), entre outros espaços.
Fernanda Gomes (Belo Horizonte, Brasil, 1975)
Artista, pesquisadora e professora, mostrou instalações, performances e vídeos em eventos e espaços como MECAD/Barcelona (2002), European Media Art Festival (2003), Videobrasil e Parque Laje, Rio de Janeiro (2010). Integra o grupo de pesquisa Arte, Arquitetura e Sociedade Digital, ligado à Universidade de Barcelona, e dirige a Fabric, com projetos de criação em mídias contemporâneas.
Frente 3 de fevereiro
Grupo transdisciplinar de pesquisa e ação direta criado em 2004 em São Paulo, tem como alvo o racismo estrutural brasileiro. Alinhado a uma vertente histórica de interação entre espaço urbano e resistência negra, participou de exposições no IMS/SP (2020), Galpão Videobrasil (2017) e Museo Universitario Arte Contemporáneo, Cidade do México (2014), entre outras.
Geraldo Anhaia Mello (São Paulo, Brasil, 1955-2010)
Jornalista, artista, agitador cultural e performer, formou-se na School of Visual Arts, em Nova York. Trabalhando com vídeo a partir do início dos anos 1980, criou obras que questionavam os limites entre arte e reportagem, vistas em festivais e mostras no Brasil e no exterior. Suas experiências com vídeo-reportagem ajudaram a renovar a linguagem do telejornalismo comercial brasileiro.
Juvenal Pereira (Romaria-MG, Brasil, 1946)
Fotojornalista com passagem pelos principais veículos de comunicação do país, sua produção cobre uma ampla gama de temas e personagens. Expôs em instituições brasileiras e em Moscou, Washington e São Francisco. Sua obra integra coleções como MASP-Pirelli. Pioneiro no ensino da fotografia contemporânea, fundou o núcleo que organiza o Mês Internacional da Fotografia em São Paulo.
Kiko Goifman (Belo Horizonte, Brasil, 1968)
Artista, cineasta e diretor de TV, dirigiu os longas 33 (2004), Atos dos homens (2006), Filmefobia (2008), Olhe Pra Mim de Novo (2011), Periscópio (2013) e Bixa Travesty (2018), exibidos e premiados em festivais como Nantes, Locarno, Rio e Berlim. Participou com instalações, performances e web arte das bienais de São Paulo e do Mercosul, entre outras mostras.
Luciana Barros (Bambuí-MG, Brasil, 1977)
Realizadora independente, trabalha com documentário e experimentais. Derivado de minha beleza, parceria com Fernanda Gomes, recebeu o prêmio da crítica no Festival de Internacional de Curtas do Rio de Janeiro e participou do 1º Festival Internacional de Belém.
Lucila Meireles (São Paulo, Brasil, 1953)
Artista, performer e curadora, tem uma produção pioneira de videoarte. Dedicou sua pesquisa de mestrado ao trabalho de José Roberto Aguilar e à arte conceitual dos anos 1970. Recentemente, dirigiu Rito de Amor Selvagem (2019), documentário experimental sobre o espetáculo homônimo de José Agrippino de Paula e Maria Esther Stockler, marco da contracultura no fim dos anos 1960.
Marcello Mercado (Córdoba, Argentina, 1963)
A relação entre biologia, tecnologia e arte está na base da extensa obra interdisciplinar do artista, que transita entre pintura, videoarte, objeto, instalação, robótica e arte sonora. Participou de festivais internacionais como Videobrasil, Videoformes e Melbourne International Film & Video Festival, e expôs na Bienal de Veneza e no Museo Nacional y Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.
Maria de Oliveira (São Paulo, Brasil)
Maria de Oliveira Soares was born in São Paulo and has worked as an advertising producer. She is the co-director and one of the characters of 15 filhos. She currently resides in New York.
Marta Nehring (São Paulo, Brasil, 1964)
Roteirista e diretora de documentários, é mestre em teoria literária e doutora em cinema pela USP. Roteirizou e dirigiu a série documental A Batalha do Cerrado (TV Brasil, inédita), foi premiada pelo roteiro do documentário Eu eu eu José Lewgoy (2011), e integrou a equipe de texto da novela Tititi.
Megan-Leigh Heilig (Nelspruit, África do Sul, 1993)
Artista visual sul-africana, utiliza múltiplas linguagens para abordar questões sociopolíticas a partir de sonhos, lembranças e histórias pessoais. Participou da Bienal de Kampala (2016) e de festivais de cinema e vídeo em países como Camarões, Espanha, Inglaterra e Japão.
Nilson Araújo (Brasília, Brasil)
Documentarista, interessa-se sobretudo pelas dinâmicas sociais brasileiras. Em 1988, ano do centenário da abolição da escravatura, dirigiu Raça Negra, sobre a condição do negro no Brasil contemporâneo, documentário que ainda hoje é referência nos debates sobre o assunto. Também é autor de Como era velha a Nova República, de 1987, e Brasileiros em Nova York, de 1998.
Sinopses das obras
15 filhos
Maria Oliveira, Marta Nehring, 1996
Vídeo, 18’42”
Filhos e filhas de mortos ou desaparecidos na ditadura militar brasileira relatam lembranças e sentimentos de revolta e indignação. Mostra o impacto do cárcere na vida de sujeitos/as políticos: mais do que dos corpos torturados fisicamente, estamos diante de psicologias e subjetividades violentadas. Os quinze relatos oferecem um espectro de enfoques dos quais podemos extrair reflexões profundas sobre essa tecnologia de repressão em franca expansão. Fazem pensar se haveria, por exemplo, diferença entre presos políticos e comuns: quais são as violações de direitos e atravessamentos psíquicos nas crianças nascidas nos presídios brasileiros e separadas das mães? O vídeo recebeu menção honrosa na 11ª edição do Videobrasil.
Bare Life Study #1
Coco Fusco, 2005
Performance, 14’09”
Inspirada pelas torturas impostas pelo exército norte-americano na Base Naval de Guantánamo, Cuba, a performance mostra como as prisões são espaços de disciplinamento dos corpos encarcerados, expondo uma rotina militarizada, abusiva e humilhante, de controle absoluto de movimentos e pensamentos. Reflete sobre a necessidade de confrontar uma dinâmica autoritária e hierárquica, que violenta pessoas e comunidades ao dizimar pertencimentos e identidades. Uma das performances comissionadas pelo 15º Videobrasil, foi realizada em frente ao consulado dos Estados Unidos em São Paulo.
Derivado da minha beleza
Fernanda Gomes, Luliana Barros, 2004
Vídeo, 7’18”
Famoso nos anos 1970, o travesti Cintura Fina faz parte da história de Belo Horizonte. Ao mergulhar em seu universo, o vídeo apresenta as derivações de uma vida de precariedades, e o cárcere como espaço de aprofundamento de violações de direitos. O trajeto do personagem é um exemplo do processo de construção das “classes perigosas”, cujo combate é uma política constante no Brasil.
Nove
Fábio Almeida, Juvenal Pereira, 1994
Vídeo, 6’15”
Emblemático, lida com um dos episódios mais criminosos de violação de direitos humanos da história do país: o massacre policial que matou 111 detentos do Pavilhão 9, no presídio do Carandiru, São Paulo, em outubro de 1992. Suscita reflexões sobre o ambiente de pânico, sufoco, angústia e dor das prisões, a luta dos familiares de pessoas em situação prisional, as chacinas e as políticas de morte.
Pivete
Lucila Meirelles, Geraldo Anhaia Melo, 1987
Vídeo, 5’40”
Gravado na extinta Febem do Tatuapé, então maior complexo de detenção de menores de idade em São Paulo, mostra os meninos se expressando livremente. A linguagem poética, que valoriza gestos e olhares, tenta romper com a perspectiva institucional sobre o jovem infrator, e lança outro olhar sobre a nocividade do cárcere. Visto hoje, o vídeo lembra que, mais que buscar novas nominações para adolescentes em conflito com a lei e os cárceres destinados a eles – “reeducandos”, “sistema socioeducativo”, “retenção” –, cabe refletir sobre o engano dos modelos que preterem a mediação de conflitos com reconhecimento, responsabilização, reparação e, mais importante, garantia de direitos. Obra premiada na 5ª edição do Videobrasil.
Politik
Marcello Mercado, 2001
Performance, 14’08”
É possível falar em politização do cárcere? A política criminal punitiva e repressora é produto político, social e econômico de Estados violentos e sociedades altamente hierarquizadas. Cárcere é, também, uma tecnologia autoritária que tem a tortura no cerne. O artista argentino coloca o corpo no centro de uma discussão sobre manipulação, vigilância e violência, aludindo à tortura da ditadura argentina e suscitando reflexões sobre a imposição do medo e a relação entre confinamento físico e simbólico. Obra apresentada na 13ª edição do Videobrasil.
Raça negra
Nilson Araújo, 1988
Vídeo, 22’25”
Políticos, estudiosos e pessoas comuns falam de escravidão, discriminação e racismo em documentário que investiga a condição do negro no Brasil no centenário da abolição da escravatura. Mostra como, em um país constituído pela escravização e pela racialização hierárquica de povos inteiros, não há como pensar prisões e encarceramento sem debater o racismo estrutural. Ligado ao processo de marginalização do negro na sociedade brasileira e às tecnologias e políticas de controle da população negra e periférica, o sistema de justiça criminal opera como um dos mecanismo mais importantes para a manutenção das desigualdades baseadas em hierarquias raciais no país.
Senhora liberdade
Caco Souza, 2004
Vídeo, 18’6”
Em um longo depoimento no presídio de Ilha Grande, William da Silva Lima fala do Comando Vermelho, potência do crime organizado carioca que ajudou a fundar. O filme oferece a ótica da pessoa em situação prisional sobre questões como as dinâmicas internas da prisão, a garantia da segurança interna nesse ambiente e o surgimento de facções. Uma discussão sobre um sistema retroalimentado, no qual o Estado garante o “público” que servirá de bases a novas facções.
Stultifera Navis
Clodoaldo Lino, Eduardo Medrado, 1987
Vídeo, 38’20”
O que é o louco? Por que ele é posto à margem? Como se percebe e como é percebido? Com o nome de um capítulo de História da loucura, de Michel Foucault, o documentário reflete sobre a colônia psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, ouvindo internos, filósofos, psiquiatras e psicanalistas. Em pleno fortalecimento da luta anti-manicomial, no ano da criação do Movimento Nacional por uma Sociedade sem Manicômios, discute as vozes autorizadas a determinar o normal, o controle pela medicalização, o disciplinamento pela norma e a padronização das formas de viver. Obra premiada na 5ª edição do Videobrasil.
Tereza
Caco Souza; Kiko Goifman, 1992
Vídeo, 16’
Os múltiplos sentidos do nome Tereza estão entre as revelações que os presidiários fazem no documentário, entremeadas com textos de Jean Genet, Percival de Souza e outros. A partir de cenas gravadas em duas prisões paulistas, revela múltiplas faces do cárcere, discutindo aspectos como disputas internas, a invenção como sobrevivência, leis e linguagem próprias e populações LGBTQ. Obra premiada na 10ª edição do Videobrasil.
Across Lips
Alyona Larinokova, 2016
Vídeo, 11’9”
Como levar a discussão sobre confinamento além do campo prisional? Como se aprimoram as tecnologias da punição? Como pensar as prisões na era digital, com sistemas cada vez mais sofisticados de monitoramento, vigilância e coleta de informação, inclusive biológica? E como pensar o acesso aos nossos dados como um direito humano? O vídeo propõe a improvisação característica do jazz como metáfora da presença hegemônica dos sistemas de guarda, organização e troca de informação na vida social e subjetiva. Mostra como estamos presos pela dinâmica da era digital – encarcerados, pela algoritmização da vida, em bolhas cada vez mais emaranhadas.
Driving to the Ends of the Earth
Erin Coates, 2016
Vídeo, 11’22’’
A artista e seu cão fazem uma longa viagem de carro. Ambos parecem ignorar a sucessão de cenários catastróficos que veem pelos vidros. Nessa viagem fictícia e cômica rumo a um fim de mundo imprevisível, o que importa é seguir, mesmo que isso implique ignorar muita coisa. O vídeo nos provoca a pensar sobre como moldamos nossa experiência, como nos submetemos a confinamentos, por quais lentes vemos o mundo. Estaria a dinâmica do “seguir em frente” das sociedades ocidentais e ocidentalizadas nos limitando a nos relacionar segundo lógicas hegemonizadas, como a cultura masculinizante do automóvel, que deteriora o direito à cidade?
Racismo policial
Frente 3 de fevereiro, 2004
Vídeo, 14’51”
Na zona sul de São Paulo, perto do batalhão de polícia mais violento da cidade, os coletivos Frente 3 de Fevereiro e A Revolução Não Será Televisionada distribuem cartazes com a pergunta: “Racismo policial – Quem policia a polícia?”. Parado em frente a uma delegacia, o artista Daniel Lima desafia o conceito de “atitude suspeita”, segunda maior causa de morte de civis por policiais militares. A ação ostensiva da Polícia Militar nas periferias brasileiras, diretamente relacionada ao encarceramento, serve-se de parâmetros e conceitos obscuros: o que determina quem deve ser abordado? O que é perfil ou conduta suspeita? Alimenta, assim, estereótipos que ajudam a criminalizar grupos sociorraciais, tornando-os inimigos penais a ser combatidos em guerras internas – que estabelecem a violência como gramática do cotidiano em territórios majoritariamente negros e indígenas.
The politics of choice and the possibility of leaving
Megan-Leigh Heilig, 2018
Vídeo, 15’
A artista documenta os dias que precederam sua viagem da África do Sul à Bélgica, onde iria viver. Sua namorada, por sua vez, depois de anos vivendo na África do Sul, teria de voltar a seu país natal, a Namíbia, onde a homossexualidade é criminalizada. Tratando dos confinamentos e fronteiras estabelecidas a partir da sexualidade, em uma situação de norma hetero-cis-gênera imposta como padrão, a obra faz pensar na realidade sufocante de milhões de pessoas impedidas de viver a plenitude da existência. Como discutir esse confinamento a padrões e a possibilidade de construir vidas em liberdade? A abolição de modelos impositivos e punitivos recai sobre os que são diretamente impactados por políticas limitadoras, mas, sem dúvida, libertaria a todos nós também.
julho 8, 2021
25 anos de Temporada de Projetos no Paço das Artes, São Paulo
Paço das Artes inaugura segunda exposição da Temporada de Projetos, com obras de nove artistas contemporâneos, instituição segue celebração dos 25 anos do edital
Depois da primeira mostra da Temporada de Projetos em 2021, “Táticas de Desaparecimento” da curadora selecionada Nathalia Lavigne, é a vez de o Paço das Artes – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – inaugurar a segunda exposição do ano, agora com nove projetos artísticos. A mostra, gratuita, abre no próximo dia 10 de julho às 12h.
A Temporada de Projetos – um dos mais longevos e importantes editais de arte contemporânea nacional – em sua última convocatória, recebeu mais de 300 projetos de todo o Brasil. A seleção dos trabalhos por um júri especializado aconteceu em 2019, mas em função da pandemia do novo coronavírus, a exibição prevista para 2020 teve que ser adiada para este ano. Os projetos selecionados foram: “Encontro Marcado II” de Amanda Mei, “Um dia com os Friesser” de Ana Caroline de Lima, “Lembranças de Paisagem” de Bruno Faria, “Objetos Funcionais” de Fábio Menino, “Força Volátil” de Fernando Soares, “Todo fragmento parte de um todo. Todo tempo é também fragmento.” De Gabriel Torggler, “Simbiose” de Higo Joseph, “Rebote” de Rodrigo Linhares e “Peso da Biblioteca Ausente” de Simone Moraes.
Com linguagens e técnicas artísticas variadas, a mostra apresenta obras que vão desde pinturas e esculturas, até fotografia e videoinstalação. Em “Encontro Marcado II”, por exemplo, Amanda Mei propõe uma instalação com imagem e esculturas que sugerem o momento da explosão de pedras e meteoros. Já Ana Caroline de Lima em “Um dia com os Friesser”, apresenta uma série de fotografias do cotidiano de uma família boliviana que vive em uma sociedade cujo estilo de vida e vestimentas remetem o visitante a outros tempos, apesar de as fotos terem sido feitas em 2019.
Em uma referência a feiras de segunda mão, o artista pernambucano Bruno Faria, em “Lembranças de Paisagem”, criou dezenas de flâmulas em tecido, apresentando um panorama de paisagens de cidades brasileiras, enquanto Fábio Menino em “Objetos Funcionais”, traz um conjunto de pinturas cujas referências brincam com a “funcionalidade da arte” em objetos do cotidiano fabricados em escalas industriais.
Os trabalhos de Fernando Soares para a Temporada de Projetos, fazem parte de “Força”, uma série que explora a natureza do material utilizado nas obras onde conceitos de pintura, objeto e escultura são fundidos. Gabriel Torggler em “Todo fragmento parte de um todo. Todo tempo é também fragmento.” apresenta um conjunto de desenhos partindo do vazio do papel e da ideia de sua ocupação total através do desenho com bico de pena.
Na obra “Simbiose”, Higo Joseph propõe uma videoinstalação em quatro canais, com esculturas virtuais imaginadas e feitas a partir de software de modelagem 3D e reproduzidos em formato de vídeo em TVs distribuídas em uma sala. O público circula entre os monitores ouvindo o som de cada escultura que, inicialmente, são massas quase abstratas que flutuam e giram de forma lenta e contínua.
“Rebote”, do gaúcho Rodrigo Linhares, é formado por um conjunto de dez imagens, concebidas a partir da técnica chamada de desenho lavado. A palavra rebote foi escolhida a partir de investigações sobre sinônimos associados a rechaço, a refutar, associados àquilo que retorna e nos derruba, a ricochete, a reação e a destruição. Imagens que retornam de tempos em tempos em busca de novas leituras, uma inquietação sobre algo reconhecível, mas aterrorizante, que foge à racionalidade. As figuras mais recorrentes na pesquisa de Rodrigo são imagens dos corvos e autorretratos. Para a exposição, o artista mostra, pela primeira vez retratos de pessoas, todas de costas, como uma espécie de ato simbólico - dar as costas à morte. São retratos de amigos e familiares que teve contato durante o período de isolamento na pandemia, entre os meses de março e dezembro de 2020. Faz parte do conjunto um retrato em grandes dimensões de um pássaro preto morto.
Por fim, em “Peso da Biblioteca Ausente”, Simone Moraes apresenta uma instalação composta por um vídeo e livros que derivam de uma ação realizada na residência no MARP entre os anos de 2017 e 2019. O projeto tem o intuito dar luz – a partir de sua experiência e contato com os 4301 livros do acervo – aos livros escritos por mulheres que constituem menos de 5% da coleção e, com isto, não somente questionar a ausência de mulheres nos espaços institucionais, mas também valorizar e expor a produção de conteúdo existente desenvolvidos pelas mesmas.
julho 2, 2021
Erika Verzutti no Masp, São Paulo
Mostra é a primeira da artista paulistana em um museu brasileiro e reunirá 79 trabalhos produzidos entre 2003 e 2021; exposição integra o eixo temático das Histórias brasileiras
O MASP abre, em 2 de julho, a exposição Erika Verzutti: a indisciplina da escultura, com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e André Mesquita, curador no MASP. A mostra faz parte do biênio das Histórias brasileiras, que irá guiar a programação do museu em 2021 e 2022. Neste ano, todas as exposições do museu serão de artistas mulheres: Conceição dos Bugres, Maria Martins, Gertrudes Altschul, Ione Saldanha, Ana Pi, grupo Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster, além de Verzutti.
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“Dentro do ciclo curatorial das Histórias brasileiras, o trabalho de Verzutti vem para aprimorar o pensamento e o lugar da escultura no campo da produção brasileira atual. Por meio dessa exposição, queremos produzir novas leituras sobre a produção da artista”, afirma Mesquita.
“Mais do que dar respostas definitivas sobre os efeitos dessas histórias brasileiras, o trabalho de Verzutti traz associações inusitadas de referências que partem do nosso cotidiano e da cultura em geral, desde o seu diálogo com obras de artistas como Tarsila do Amaral até seu interesse em trazer nas esculturas as formas de elementos encontrados na natureza (como vegetais e frutas) tão elementares ao contexto brasileiro. Em trabalhos mais recentes, especialmente seus relevos de parede, Verzutti aponta poeticamente por meio dos títulos de seus trabalhos para condições sociais e políticas atravessadas nos país, como no caso de trabalhos feitos em 2020, A Guerra do Brasil, A Era da Inocência acabou e Esperança equilibrista”, completa o curador.
A abertura de Erika Verzutti: a indisciplina da escultura coincide com a da Sala de Vídeo: Regina Vater. Nela, a instalação Conselhos de uma lagarta (1976), de Regina Vater, uma das pioneiras da videoarte no Brasil, será remontada. Neste trabalho, um dos mais icônicos da artista, Vater intercala sua imagem, filmada durante meses no mesmo ponto de sua casa, com trechos do livro Alice no país das maravilhas em que a protagonista e a lagarta conversam sobre a passagem do tempo e as transformações do corpo. Ademais, serão mostrados os dois vídeos da série ART (1978), Vídeo ART e ARTropophagy, da fase conceitual da artista. A curadoria é de Guilherme Giufrida, curador-assistente, comunicação e marketing, MASP.
No MASP, a exposição de Verzutti irá reunir 79 trabalhos, entre esculturas e relevos de parede, produzidos entre 2003 e 2021 – a obra Torre de cacau é inédita, desenvolvida por ela em 2021. O trabalho escultórico de Verzutti cria associações entre elementos reais e objetos cultuados como símbolos ancestrais e de valor ritualístico, flertando com a arqueologia, a monumentalidade das esculturas totêmicas e as formas orgânicas da natureza e dos corpos. Para produzir suas esculturas, a artista utiliza materiais diversos como papel machê, bronze, plástico, gesso, cimento e isopor.
“Realizar esta exposição no MASP neste momento traz emoções fortes e complexas: o MASP foi o primeiro museu de arte que visitei e onde nunca sonhei ter uma mostra. É uma sensação de reconhecimento do meu trabalho e, ao mesmo tempo, está presente a inquietude do momento em que vivemos no Brasil. A percepção de que metros acima das esculturas, o museu é ponto de encontro para as manifestações do povo por causas muito urgentes”, declarou a artista.
Verzutti, que completou 50 anos em 2021, nasceu e vive em São Paulo. É graduada em desenho industrial pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1991), com um mestrado em Fine Arts pela Goldsmiths – University of London. Verzutti também participou de cursos livres ministrados por artistas como Leda Catunda, Carlito Carvalhosa e Sérgio Romagnolo.
Os trabalhos de Verzutti apresentam-se em uma linha tênue entre a realidade e a ficção. Suas obras fazem referência direta a outros artistas, por meio de títulos, forma ou conceito, e, simultaneamente, dialogam com o cotidiano das novelas, tutoriais na internet e vídeos nas redes sociais. Daí vêm a indisciplina, segundo Mesquita, que inspirou o nome da exposição. Tudo que está ao redor dela torna-se referência, mas sem nenhum tipo de hierarquia.
Além disso, “embora ela dialogue com preceitos fundamentais da escultura, como a sensorialidade e a forma, ela consegue reatualizar tal prática, apresentando, por exemplo, a abstração em elementos da natureza, causando no espectador uma estranheza. Verzutti convida para um olhar mais atento para suas esculturas, que não podem ser decifradas de cara, e convida também para um mergulho interno na busca por respostas”, diz Mesquita.
Para dar conta de tantas referências, a exposição no MASP estará dividida em sete núcleos. Devir-animal reunirá as esculturas dos animais de Verzutti. Nele, estarão obras como Cisne com pincel (2003-12), na qual um cisne equilibra sua cabeça em um pincel que se dobra pela pressão aplicada pelo pescoço, e Cisne com martelo (2013). Nela, há um martelo no lugar do pincel anterior, que exibe a frase: “a arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo”, do poeta russo Vladímir Maiakóvski (1893-1930).
Em Vereda tropical serão apresentadas as esculturas articuladas com base em elementos encontrados na natureza, como plantas, frutas, pedras e minerais, enfatizando a união ou organização desses elementos em termos ritualísticos ou como objetos carregados de memória. Alguns exemplos são Tartaruga moderna (2007), um abacaxi de bronze com patas de massa de modelar que remete ao réptil, e Cemitério com franja (2014), que acumula sobras de trabalhos não usados de esculturas de pepinos, ovos, abóboras e jacas encontradas em seu ateliê e unidos por paralelepípedos. Do modo como são ordenados, passam a impressão de artefatos descobertos em um sítio arqueológico.
O núcleo Metáfora do mundo traça relações de afinidade com os outros dois núcleos da mostra já citados aqui. O elemento principal das esculturas expostas é a presença do ovo como um objeto renovado em diversas obras e como metáfora do mundo. Nele, estará, por exemplo, Egg tower [Torre de ovo] (2013), que faz referência às estruturas modulares da coluna infinita do romeno Constantin Brancusi (1876-1957).
Já Totemizar o tabu conecta grupos de esculturas que impactam pela força do feminino, da sexualidade e do erotismo. Fará parte deste núcleo a escultura Venus #Freethenipple (2017), que esteve na exposição coletiva Histórias da sexualidade (MASP) e pertence à coleção do museu. Ela contempla a reivindicação do discurso ativista de igualdade de gênero e da imagem do mamilo feminino como potência, e não como tabu, comumente atacado como algo escandaloso e quase sempre censurado pela onda sexista nas redes sociais e nas ruas.
Modernismo selvagem será composto por uma famosa família de esculturas feitas em bronze de Verzutti e em forma de jaca. Elas receberam o nome de Brasilia e propõem uma captura intuitiva das linhas e dos planos associados à arquitetura dos edifícios de Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998). “Quando fiz o primeiro corte”, conta a artista, “senti como se estivesse atacando algo selvagem. Pensei que essa era uma imagem bem da arquitetura brasileira, aquele corte exato, moderno!”
Sob o sol de Tarsila (e outras histórias) baseia-se nas tramas e conexões entre o trabalho de Verzutti e referências a obras de artistas canonizados pela história da arte. Ela revisita esses artistas fazendo um movimento que consiste em deslocar, recombinar ou transmutar as cores e elementos visuais dessas obras, emaranhando e profanando os fios entre histórias da arte, natureza e fenômenos contemporâneos. Por meio de Verzutti, estarão lá as formas de Tarsila do Amaral (1886-1973) e Maria Martins (1894-1973), as cores de René Magritte (1898-1967), os relevos de Sérgio Camargo (1930-1990), e outros.
Estranho-familiar é o núcleo que organiza a produção mais recente da artista com seus híbridos entre pintura e escultura, criados entre 2011 e 2020, e denominados “relevos de parede”. É o caso de Esperança equilibrista (2020), feita durante a pandemia, cujo título evoca o trecho da letra de “O bêbado e o equilibrista” (1979), música composta por João Bosco e Aldir Blanc (1946-2020) e interpretada por Elis Regina (1945-1982).
CATÁLOGO
A publicação com versões em português e inglês terá 256 páginas e estará disponível para venda na inauguração da mostra, na loja física do MASP e pelo site do museu. O catálogo incluirá textos de André Mesquita, curador da mostra, Fernanda Brenner, Dorota Biczel, Paulo Herkenhoff e Ruba Katrib, que trazem leituras inéditas do trabalho da artista.
The exhibition is the first by the artist from São Paulo in a Brazilian museum and will bring together 79 oeuvres produced between 2003 and 2021; the show is part of the thematic axis of Brazilian Histories
On July 2, MASP opens the exhibition Erika Verzutti: the indiscipline of sculpture, curated by Adriano Pedrosa, artistic director, MASP, and André Mesquita, curator, MASP. The show is part of the biennium of Brazilian Histories, which will guide the museum’s program throughout 2021 and 2022. This year, all of the museum’s exhibitions will be by female artists: Conceição dos Bugres, Maria Martins, Gertrudes Altschul, Ione Saldanha, Ana Pi, Teto Preto group, Regina Vater, Zahy Guajajara, and Dominique Gonzalez-Foerster—besides Verzutti.
“Within the curatorial cycle of Brazilian Histories, Verzutti’s work comes to improve the thinking and place of sculpture in the field of current Brazilian production. Through this exhibition, we want to enable new readings of the artist’s production”, says Mesquita.
“Rather than giving definitive answers about the effects of those Brazilian histories, Verzutti’s work brings unusual associations of references from our daily lives and culture in general. Her sculptures dialogue with works by artists such as Tarsila do Amaral and include the forms of elements found in nature (such as vegetables and fruit)—so elementary to the Brazilian context. In more recent oeuvres, especially her wall reliefs, Verzutti works’ titles poetically draw attention to social and political conditions experienced by the country, as in the case of her 2020 works A Guerra do Brasil, A Era da Inocência Acabou, and Esperança Equilibrista [Funanbulist’s Hope]”, adds the curator.
The opening of Erika Verzutti: the indiscipline of sculpture coincides with that of the Video Room: Regina Vater, where there will be a new display of the installation Conselhos de uma lagarta (1976) by Regina Vater, one of the artist’s most iconic works. In this installation—a pioneer of video art in Brazil—Vater intersperses her image, filmed for months in the same spot in her house, with excerpts from the book Alice in Wonderland, in which the protagonist and the caterpillar talk about the passage of time and transformations of the body. The two videos from the ART series (1978), Video ART and ARTropophagy, from the artist’s conceptual phase, will also be shown. The curator is Guilherme Giufrida, assistant curator and member of MASP’s communication and marketing department.
Verzutti’s exhibition at MASP will bring together 79 oeuvres, among sculptures and wall reliefs, produced between 2003 and 2021—Torre de cacau, developed in 2021, has never been shown before. Verzutti’s sculptural work creates associations between real elements and objects worshiped as ancestral symbols of ritualistic value, flirting with archeology, the monumentality of totemic sculptures, and the organic forms of nature and bodies. The artist uses different materials such as papier-mâché, bronze, plastic, plaster, cement, and EPS foam to produce her sculptures.
“Holding this exhibition at MASP at this moment raises strong and complex emotions: MASP was the first art museum I ever visited, and I never dreamed of having an exhibition there. It is a feeling of recognition for my work and, at the same time, the restlessness of the moment we live in Brazil is there—the perception that, just a few meters above the sculptures, the museum is a meeting point for people’s demonstrations for very urgent causes”, declared the artist.
Verzutti, who turned 50 in 2021, lives in São Paulo, where she was born. She holds a degree in industrial design from Universidade Presbiteriana Mackenzie (1991) and a Master of Fine Art from Goldsmiths – University of London. Verzutti also participated in open courses taught by artists such as Leda Catunda, Carlito Carvalhosa, and Sérgio Romagnolo.
Verzutti's works stand in a fine line between reality and fiction. Her works make direct reference to other artists through titles, form or concept, and simultaneously dialogue with the daily life of soap operas, Internet tutorials, and social media videos. Everything around her becomes a reference, but without any hierarchy. Hence the indiscipline that, according to Mesquita, inspired the name of the exhibition.
Moreover, “although she dialogues with fundamental precepts of sculpture, such as sensoriality and form, she manages to update this practice and unsettle the public by presenting, for example, abstraction in elements of nature. Verzutti invites us to take a closer look at her sculptures, which one cannot decipher right away, and also invites us to delve into the search for answers,” says Mesquita.
In order to account for so many references, the exhibition at MASP will be divided into seven nuclei. Devir-animal will gather Verzutti’s animal sculptures. It will feature works such as Cisne com pincel (2003-12), in which a swan balances its head on a brush that bends under the pressure of its neck, and Cisne com martelo [Swan with Hammer] (2013). In it, a hammer replaces the brush and reads the phrase: “art is not a mirror to reflect the world, but a hammer with which to forge it,” by Russian poet Vladimir Mayakovski (1893-1930).
In Vereda Tropical, articulated sculptures based on elements found in nature, such as plants, fruits, stones, and minerals, will be presented, emphasizing the union or organization of these elements in ritualistic terms or as objects charged with memory. Some examples are Tartaruga Moderna [Turtle Modern] (2007), a bronze pineapple with modeling clay legs that resembles the reptile, and Cemitério com franja [Cemetery with Fringe] (2014), which accumulates leftovers from unused sculptures featuring cucumbers, eggs, pumpkins, and jackfruit found in her studio and combined with cobblestones. Their disposition reminds us of artifacts discovered in an archaeological site.
The third nucleus of the exhibition, Metáfora do Mundo, draws affinities with the previous two. The main element of this display is the presence, in several works, of the egg as a renewed object—as a metaphor for the world. They include, for example, Egg tower (2013), which references the modular structures of the infinite column by the Romanian artist Constantin Brâncuși (1876-1957).
Totemizar o tabu, on the other hand, connects groups of sculptures that impact through the strength of the feminine, sexuality, and eroticism. The sculpture Venus #Freethenipple (2017), which was in the collective exhibition Histories of sexuality (MASP) and belongs to the museum’s collection, will be part of this nucleus. It contemplates the activist discourse’s claim for gender equality and the image of the female nipple as potency rather than a taboo commonly attacked as something scandalous and almost always censored by the sexist wave on social media and in the streets.
Modernismo selvage will be composed of a famous family of bronze, jackfruit-shaped sculptures by Verzutti. They were named Brasilia and propose an intuitive capture of the lines and plans associated with Oscar Niemeyer’s (1907-2012) and Lúcio Costa’s (1902-1998) architecture. “When I made the first cut,” says the artist, “I felt like I was attacking something wild. I thought this was a very good image of Brazilian architecture, that precise, modern cut!”
Sob o sol de Tarsila (e outras histórias) draws on the plots and connections between Verzutti’s work and references to works by artists canonized by art history. She revisits these artists, making a movement that consists of dislocating, recombining, or transmuting these works’ colors and visual elements, tangling and profaning the threads between art histories, nature, and contemporary phenomena. Through Verzutti, the shapes of Tarsila do Amaral (1886-1973) and Maria Martins (1894-1973); the colors of René Magritte (1898-1967); the reliefs of Sérgio Camargo (1930-1990); and others will be there.
Estranho-familiar is the nucleus that organizes the artist’s most recent production, with hybrids between painting and sculpture created between 2011 and 2020 and called “wall reliefs.” Such is the case of Esperança equilibrista [Funanbulist’s Hope] (2020), made during the Covid-19 pandemic, whose title evokes the lyrics of “O bêbado e o equilibrista” (1979), a song composed by João Bosco and Aldir Blanc (1946-2020) and performed by Elis Regina (1945-1982).
CATALOG
With Portuguese and English versions, the 256-page publication will be available for sale at the exhibition’s opening, at MASP’s store, and on the museum’s website. The catalog will include texts by André Mesquita, curator of the exhibition, Fernanda Brenner, Dorota Biczel, Paulo Herkenhoff, and Ruba Katrib, which bring new readings of the artist’s work.