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maio 31, 2021
Di Cavalcanti no Tomie Ohtake, São Paulo
Esta exposição inédita organizada pelo Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Ivo Mesquita, busca enfatizar a produção de murais e painéis de Di Cavalcanti (1897, RJ – 1976, RJ), dedicada à gente brasileira, como toda a sua obra. A brasilidade moderna de Di Cavalcanti está impressa nos 23 trabalhos dispostos em ordem cronológica “de 1925 a 1950” e “de 1950 a 1976”, nos quais pode-se perceber como vai sendo construída a sua figuração, as estratégias no implante das composições, as elaborações formais da sua plástica para essa arte.
A mostra, patrocinada pelo Bradesco, traz os painéis ProBel Trabalhadores (óleo sobre tela, 1955) e Brasil em 4 fases (óleo sobre tela, 1965) e mais 19 pinturas (óleo sobre tela) em grandes dimensões que aludem à mesma técnica e temas utilizados pelo artista para a composição de murais e painéis. Entre as pinturas exibidas estão Serenata e Devaneio, ambas de 1927, que preconizaram o primeiro mural modernista brasileiro, criado por Di em 1929 para o Teatro João Caetano, o díptico Samba e Carnaval, representado na mostra por duas reproduções em vinil na mesma escala. Para que o público possa identificar essa produção, quase impossível de ser transportada, a exposição conta com uma linha do tempo que recupera datas e locais em que as peças foram instaladas.
Conforme a pesquisa de Mesquita, após os murais para o Teatro João Caetano - que ainda permanecem lá -, Di Cavalcanti realiza mais três outros na década de 1930: no Cassino do Quartel do Derby, no Recife, na Escola Chile, no Rio de Janeiro, ambos em 1934 e pintados diretamente na parede, e o painel para o Pavilhão da Cia. Franco-Brasileira de Cafés na Exposição Internacional de Artes e Técnicas na Vida Moderna, em Paris. Este último parece estar desaparecido, mas ganhou medalha de ouro no evento enquanto o do Cassino do Derby foi destruído pelos militares em 1937, período em que o artista depois de preso, exilou-se na França (1936 e 1940). A grande produção dessa arte por Di Cavalcanti se desenvolve no início da década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a rápida industrialização do país e a construção de um Brasil moderno e democrático.
Como aponta o curador, Di Cavalcanti no lugar da retórica dramática de outros muralistas seus contemporâneos, privilegiou narrativas líricas e sensuais, em formas e cores exuberantes. “Sejam esses murais paisagens com mulheres, pescadores, operários, malandros ou candangos, em situação de festa ou trabalho, transmitem sempre certa leveza em levar a vida, a despeito da realidade social que evocam. É o artista inserido no coletivo, reconhecendo-se como parte dele. Di Cavalcanti foi um grande vocal da gente das ruas, dos mercadores e trabalhadores urbanos – incluindo as prostitutas –, de suas famílias, pequenas alegrias, afetos, tragédias e desejos. ”
Debruçado sobre a obra de Di Cavalcanti, Mesquita em seu ensaio para a exposição reflete, entre vários aspectos, sobre a relação do artista com os muralistas mexicanos, Diego Rivera, Orosco e Siqueiros, iniciada em 1922 no Rio Janeiro, um ano antes de sua primeira viagem à Paris, assim como com seu contemporâneo Portinari. “Portinari configura o pintor heroico, solitário, militante, comprometido com a gente humilde e despossuída, narrador eloquente da injustiça e da desigualdade, que morre envenenado pelo chumbo de suas tintas. Di Cavalcanti, por sua vez, foi um artista boêmio, o pintor das mulatas, do samba, do carnaval e das festas populares, num mundo de formas sensuais, perverso, que, a seu modo, provocava o maniqueísmo moralista das normas e regras sociais. Dono de uma alma brejeira, hedonista, é o trovador da mestiçagem, o pintor que dá visibilidade à vida dos invisíveis, à força de trabalho suburbana na base da sempre desigual sociedade brasileira.”
Segundo o crítico ainda, o caráter figurativo da produção de Di Cavalcanti destinada aos edifícios e espaços públicos, com base no programa do Muralismo histórico, representava um esforço contrário aos programas da arquitetura moderna, racional e funcionalista, que se desenvolveu no Brasil sobretudo a partir da Segunda Guerra Mundial, e que se associava a uma arte abstrata, autônoma, sem narrativas, que se integrasse à lógica da forma e do espaço. “Daí que, talvez por conta disso, entre o final dos anos 1940 e a década de 1960, seus painéis e murais tenham sido mais encomendados para projetos em edifícios particulares do que da administração pública”, completa.
Fayga Ostrower na Estação Pinacoteca, São Paulo
Mostra conta com 130 trabalhos de uma das pioneiras da gravura abstrata no país e marca centenário de nascimento da artista polonesa radicada no Brasil
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura a programação 2021 com exposição sobre Fayga Ostrower, uma das artistas mais marcantes do século XX. A mostra Fayga Ostrower- Imaginação Tangível, com curadoria de Carlos Martins, que conta com patrocínio do Bradesco, estará em cartaz, a partir do dia 1 de fevereiro, na Estação Pinacoteca e apresentará, em 130 trabalhos, um panorama de uma das pioneiras da gravura abstrata no Brasil. Autodidata, inovadora e múltipla em suas realizações, o público poderá apreciar a pluralidade das obras que se relacionavam com a literatura, estamparia, arquitetura, ampliando os limites tradicionais das técnicas de xilogravura e gravura em metal, criando um vocabulário muito particular.
A exposição, que faz parte das celebrações do centenário de nascimento de Fayga, está organizada pelos interesses que norteavam suas preocupações. Em um primeiro momento, os Anos de Formação, onde é visível o uso das narrativas literárias pela artista que se inspirava nos livros para criar imagens e aprimorar o aprendizado da gravura. E mesmo sendo em caráter de experimentação artística, algumas séries acabaram sendo descobertas e publicadas. É o caso de uma edição da obra O cortiço, de 1948, que conta com a ilustração de doze gravuras de Fayga, realizadas em 1944. Logo os seus trabalhos ganham destaques e a mostra trará alguns exemplares, inclusive de encomendas de editoras, como as ilustrações para as obras “Invenção de Orfeu” e “Terra Inútil”, onde Fayga foi responsável até mesmo pela capa. A artista também realizou contribuições sistemáticas para suplementos de arte de alguns jornais da época, onde teve a chance de colaborar com outros artistas importantíssimos como Mario de Andrade e Cecília Meirelles.
Em um segundo momento da mostra, quando a artista já está segura de sua opção pela linguagem abstrata, é possível observar uma Fayga obtendo reconhecimento nacional e internacional, como as gravuras que fizeram com que ela ganhasse o Grande Prêmio Internacional de Gravura na Bienal de Veneza em 1958, além da grande virada da carreira dela. Na década de 50, a artista abandona a figuração e parte para abstração, para composições mais livres. Um dos marcos dessa fase é a edição de um álbum com 10 gravuras, cinco delas serão mostradas. “São raríssimas, muitas dispersaram e não existem mais, temos essas cinco que são do próprio acervo da Pinacoteca. É interessante porque essa seleção é um divisor de águas na carreira dela, pois determina o caminho que Fayga quer seguir, suas propostas estilísticas, como ela mesma dizia, e a partir de então, são traços que privilegiam forma, ritmo e cor, em composições puramente gráficas”, explica o curador da exposição, Carlos Martins, que acompanha as obras de Fayga desde 1983.
Os trabalhos agora impactam pela harmonização das cores e das composições. As estampas, também produzidas a partir desta época, reverberam na libertação da geometria. Acompanhando o impulso que a arquitetura no Brasil passava no período, com o surgimento de construções mais modernistas, Fayga passa a produzir tecidos como arte aplicada que poderiam ser usados em estofamento, decoração de interiores.
Como as estampas eram abstratas, a produção não foi aceita pela indústria e Fayga, junto com um sócio, passou a produzir sem o apoio das fábricas. Na exposição, uma seleção inédita de 19 mostruários, confeccionados entre 1951 a 1956, exemplifica as características desses trabalhos, como o pouco uso das cores, o cuidado em criar estampas que simbolizassem “conforto” para que o público pudesse conviver durante muito tempo nos ambientes. As amostras das estampas pertencem ao acervo da família.
Em um terceiro núcleo, a mostra nos conduz a Expressões Gráficas, onde o visitante perceberá a aproximação de Fayga, já no final dos anos 60, com outras técnicas de trabalho, como serigrafia e litografia. Em Produções Gráficas estão apresentados os cartazes de divulgação das suas exposições desenhados por ela mesma. “Fayga tinha essa curiosidade de imagem impressa, sem preconceito, o que interessava para ela era a multiplicação da imagem, fazer uma proposta visual que possa e tenha caráter, mesmo que multiplicado sobre o papel por qualquer tipo de mídia…, veículo para utilizar as técnicas mais variadas de expressão gráfica”, completa Carlos Martins.
Catálogo
Para esta exposição, um catálogo bilíngue (português e inglês), foi produzido com imagens das obras da Fayga, mostrando sua trajetória, desde os desenhos e gravuras figurativos, de pequeno formato, às xilogravuras e gravuras em metal, como composições abstratas que comprovam sua inesgotável capacidade inventiva, e ainda as serigrafias e litografias, produzidas em maior intensidade a partir dos anos 1970. Textos do curador da exposição, Carlos Martins, e da jornalista, curadora especializada em design e professora Adélia Borges também integram o material.
Fayga Ostrower
Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, a polonesa Fayga Ostrower chegou ao Rio de Janeiro em 1934, acompanhada de seus pais e mais três irmãos, a família fugia das perseguições nazistas na Alemanha. Autodidata e mesmo sem possibilidades de frequentar universidades, se tornou uma das personalidades artísticas mais importantes do Brasil no século 20. Inovadora e muito fiel aos seus propósitos e crenças, enfrentou a indústria e os críticos da arte ao enveredar pelo abstracionismo. O esforço lhe valeu a fama e o reconhecimento nacional e internacional, não raro as suas exposições sempre tinham público.
Múltipla em sua produção, tinha uma vocação educacional e intelectual que a levou a publicar livros e a dar cursos ou proferir palestras em várias universidades brasileiras, e também no exterior, como a Spellman College, em Atlanta, EUA, ou na Slade School da Universidade de Londres, Inglaterra. A convite do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, lecionou, por 16 anos, diferentes cursos de história e teoria da arte. Em sua trajetória também se destacam os prêmios: Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo, 1957, o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza, 1958.
A artista morreu em 2001 aos 81 anos. Fayga Ostrower-Imaginação Tangível é toda realizada a partir da própria coleção da Pinacoteca de São Paulo, na sua maioria obras doadas pelos filhos da artista Anna Leonor e Karl Ostrower, e alguns trabalhos do acervo da família. No exterior, obras da artista podem ser vistas em museus da Europa e dos Estados Unidos.
Bradesco e a Cultura
Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. Além do Teatro Bradesco, o banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte. São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros. Assim como o Teatro Bradesco, muitas instituições e espaços culturais apoiados pelo banco promoveram ações para que o público possa continuar se entretendo – ainda que virtualmente – durante a pandemia da Covid-19. Em 2020, o banco lançou o Bradesco Cultura, plataforma digital que reúne conteúdo relacionado às iniciativas culturais que contam com o patrocínio da instituição. Visite em cultura.bradesco.
Boas-vindas na Referência, Brasília
A Referência dá as “Boas-vindas” a 10 novos artistas
Pintura, desenho, fotografia e objetos tridimensionais fazem parte da mostra que apresenta ao público os novos representados para Referência Galeria de Arte e aborda o aborda o funcionamento do sistema de arte
De 31 de maio a 10 de julho de 2021, a Referência Galeria de Arte realiza a mostra coletiva “Boas-vindas” para apresentar os novos artistas representados. Com trabalhos em pintura, desenho, fotografia e objetos tridimensionais, a exposição traz trabalhos produzidos nos ateliês em diferentes regiões e cidades do país. De caráter didático, a mostra aborda a multiplicidade de linguagens, técnicas e suportes que os artistas desenvolvem em seus ateliês e a importância do trabalho de curadores, críticos, pesquisadores, colecionadores e galeristas para manter o sistema da arte funcionando. Com visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h, a Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Sala 11, Subsolo – Brasília-DF. Telefones: (+55 61)3963-3501 e (+55 61) 98162-3111. A entrada é gratuita, livre para todos os públicos, mas sujeita à lotação de 10 visitantes por vez.
““Boas-Vindas” é o que desejamos aos novos artistas representados pela Referência Galeria de Arte. A inclusão dos novos artistas é resultado do trabalho diário que fazemos na Referência de conhecer e acompanhar a produção de artistas de várias partes do país, tanto jovens recém começando na carreira como os que já têm uma trajetória consolidada”, afirma a galerista Onice Moraes. “Para chegar até os artistas, mantemos uma conversa constante com curadores, artistas com quem já trabalhamos, pesquisadores e colecionadores. São pessoas atuantes que nos alimentam com informações e nós as informamos de nossas pesquisas e dos artistas que acompanhamos. É uma relação intensa que ajuda a manter os artistas produzindo”.
Participam da mostra Alessandra França (Manaus/Brasília), Helena Trindade (Brasília), Júlio Lapagesse (Brasília/São Paulo), Marcela Campos (Brasília), Rafael Vicente (Niterói), Rodrigo Zeferino (Ipatinga), Rogério Nogueira (Brasília), Sidney Tendler (Rio de Janeiro/Bélgica), Valdson Ramos (Anápolis) e Veridiana Leite (Ribeirão Preto). “São artistas que trabalham com diferentes linguagens e suportes, cujos processos criativos contribuem para o diálogo com os artistas que já fazem parte do acervo da galeria”, explica a galerista.
“Boas-vindas” é uma mostra que fala da essência do colecionismo, da incessante busca do colecionador pelo que os artistas produzem em seus ateliês. “Fala do desafio do galerista em se permitir conhecer, visitar, ampliar os horizontes, trabalhar incansavelmente para que o trabalho dos artistas seja conhecido pelo maior número de pessoas e que possam viver de seu trabalho”, completa Onice Moraes.
Encontro com o artista
No dia da abertura da mostra, 31 de maio, segunda-feira, às 18h, o artista Rafael Vicente estará na Referência para uma conversa com o público sobre a relação de seu trabalho com sua pesquisa sobre a paisagem urbana, pesquisa essa que o curador Marcos Lontra chama de “Construindo pontes”. Devido à continuidade da pandemia, o encontro com o artista acontecerá de forma híbrida: presencialmente e com transmissão pelo Instagram @referenciaarte. Para a participação presencial, serão disponibilizadas 10 vagas que deverão ser agendadas previamente pelo e-mail referenciagaleria@gmail.com ou pelos telefones 61-3963-3501 e 61-98162-3111.
Conheça os artistas
Alessandra França é artista visual/fotógrafa, 52 anos, formada em Administração de Empresas. Seu trabalho é voltado para o cotidiano e as memórias afetivas. Atualmente, dedica-se a trabalhos com intervenções, mesclando fotografias, bordados, materiais diversos e de reuso.
Helena Carvalho Trindade, Brasília, é graduada em Arquiteta e Urbanista pela Universidade de Brasília (UnB) (2013) e mestre em Arquitetura pela Oxford Brookes University, Reino Unido (2015). Seu trabalho se relaciona com a cartografia de Brasília e traduz suas experiências adquiridas durante o período do mestrado, quando a artista desenvolveu inúmeros projetos com a técnica do corte a laser.
Júlio Lapagesse,1985, de Brasília, é Bacharel em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalha principalmente com desenho, colagem e desdobramentos dessas duas linguagens. Atualmente vive e trabalha em São Paulo (SP). Foi integrante e fundador do Espaço Laje (DF), do Ateliê Nova (DF) e do Espaço BREU (SP).
Marcela Campos é licenciada em Artes Plásticas e pós-graduada em História da Arte na Faculdade Dulcina de Moraes (Brasília). Sua pesquisa individual é pautada em performance e video e pintura. Fundadora do coletivo de performance TresPe, busca através da produção poética, a pesquisa e aprofundamento das questões da performance, participando de Transborda Brasília (DF; 2015), Diálogo sobre o Feminino (DF; 2016), prêmio do Salão de Jatai (GO; 2012). Membro do Grupo EmpreZa (GO), participa intensamente das suas últimas atividades.
Rafael Vicente mora e trabalha no Rio de Janeiro onde possui um atelier na antiga Fábrica Bhering. Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ, Rio de Janeiro. Frequentou o curso de Análise e inserção na produção contemporânea com Iole de Freitas EAV, Parque Lage (RJ) e fez cursos teóricos com Agnaldo Farias, Fabiana de Moraes e Suzi Coralli. Seu trabalho tem forte influência da paisagem urbana, com o uso de perspectivas e de uma paleta de cores que remete ao ambiente de grandes metrópoles.
Rodrigo Zeferino começou a fotografar na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas, em 1998. Em 2006 realizou sua primeira individual. Atualmente, dedica-se ao curso de especialização em Artes Plásticas e Contemporaneidades pela Escola Guignard (UEMG), em Belo Horizonte. Recorrendo frequentemente à técnica de fotografia de longa exposição, seus trabalhos discutem questões contemporâneas diversas, mas está no cerne de todos eles o propósito de evidenciar como a geoeconomia mundial - e suas reverberações na industrialização, urbanização e exploração ambiental - impõe situações de condicionamento a várias camadas da sociedade, que são forçadas a se submeter a circunstâncias pouco favoráveis à existência humana e do ambiente como um todo.
Rogério Nogueira é músico e cientista da computação, e vive em Brasília desde 1991. Seu trabalho segue uma linha figurativa e uma abordagem em que predomina a representação da natureza. Artista autodidata, passa da fotografia para o desenho e, posteriormente, para a pintura. Apresentado no estande d’A Casa da Luz Vermelha na feira BAZARTE, 2017, teve duas obras selecionadas para o Emerging Talent Award 17’ LensCulture [Competition Gallery] e Exposure Awards 18' LensCulture [Competition Gallery], Amsterdã, , consecutivamente. Em 2020 uma obra é apresentada na mostra coletiva “Uniqlo Tate Lates”, Tate Modern, Londres.
Sidnei Tendler é formado em arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro. Durante sua formação, frequentou os cursos de Semiologia com o professor Umberto Eco e o curso de História do Urbanismo com o professor Leonardo Benévolo. Após graduar-se, mudou-se para Nova York onde frequentou cursos de design na Parsons School of Design. Desde o ano 2000, vive e trabalha na Bélgica, onde mantém seu ateliê. Seu trabalho em pintura reflete sua busca por imagens criadas por experiências sensoriais.
Valdson Ramos é pintor e aquarelista. Seus trabalhos têm como referências o imaginário da religião católica, principalmente aquele relacionado com a iconografia da crucificação de Jesus Cristo, sudários, cravos, coroa de espinhos, corpo sacrificado. Os materiais adotados, como vinho canônico e água benta, integram a poética. De Formoso/GO, vive e trabalha em Anápolis/GO. Licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás. Arte educador pela Secretaria de Educação de Goiás. Participou de diversas exposições coletivas e realizou exposição individual: Eu + o tempo, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis/GO (2008). Recebeu as premiações: 15º Salão Nacional de Artes de Jataí, MAC, Jataí/GO (2016); 21º Salão Anapolino de Arte, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis/GO.
Veridiana Leite (Ribeirão Preto, 1979) é formada em Comunicação Social pela ESPM (São Paulo), em Artes Visuais pela Escola Massana (Barcelona) e pós-graduada em Teatro do Sentidos pela Universidade de Girona. A pintura é seu principal meio de expressão, mas trabalha também com escultura e fotografia. Fez residências artísticas em Berlim, na Tailândia, Rio de Janeiro e Lisboa. Participou do 36º SARP (Ribeirão Preto, 2012) e do Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (2019). Entre suas mostras coletivas constam “Nowhere“(Lisboa), “Black Tie” (Espaço Cultural do BNDES, 2013), Catarse (Fábrica Bhering RJ, 2014). Realizou a exposição individual “Azul” na galeria Adearte, (Ribeirão Preto, 2013). Vive e trabalha entre São Paulo e Lisboa.
maio 28, 2021
Vídeo mapping celebra 13 anos da Fundação Iberê Camargo
Exposição a céu aberto de obras de Iberê Camargo celebra o aniversário da Fundação que leva o nome do artista
No próximo dia 30 de maio, o prédio da Fundação Iberê completa treze anos de portas abertas. Construído num terreno de uma antiga pedreira desativada, às margens do Guaíba, o centro cultural tornou-se uma das imagens referenciais de Porto Alegre para o Brasil. A arquitetura do português Álvaro Siza, ganhador do Prêmio Pritzker em 1992, captou o espírito angustiado e complexo de Iberê Camargo, materializado na espacialidade interna labiríntica de passarelas suspensas. O caráter expressionista e sombrio das obras do artista contrasta com a brancura do espaço. A Fundação é o único trabalho de Siza no país e de efetivo impacto internacional desenvolvido a partir de 1998.
Para celebrar a data, neste sábado, 29 de maio, das 19h às 22h, a Fundação e o Grupo WOC/Visual apresentam um vídeo mapping no próprio prédio (avenida Padre Cacique, 2000), a partir de uma seleção de obras de Iberê e de suas frases mais marcantes. Segundo o diretor-superintendente Emilio Kalil, o evento é um presente aos porto-alegrenses, em especial, aos frequentadores da orla, que fazem do entorno um cartão postal da cidade.
Um sonho de Iberê
Por toda a vida, Iberê Camargo e Maria Coussirat Camargo tiveram todos os cuidados para que as obras perpetuassem intactas. Trataram de formar uma coleção completa, documentaram cada passo, chamaram bons fotógrafos e deixaram todas as pistas para uma boa reconstituição biográfica.
O sonho de ter a própria Fundação estava delineado antes mesmo da morte do pintor, em 1994, e sua viabilização foi muito rápida. No ano seguinte já ocupava a casa-atelier de Iberê, no bairro Teresópolis. Artistas convidados mantinham a prensa de gravuras funcionando, curadores selecionavam obras para expô-las na "casa-fundação" e pesquisadores, curadores e críticos foram envolvidos em um processo de pesquisa, catalogação e discussão dos destinos do centro cultural.
Siza chegou a Porto Alegre, em maio de 2000, com a maquete do projeto pronta. “Temos que trabalhar como um alfaiate aqui”, disse o arquiteto na época, ao se referir à necessidade de ajustar um espaço museográfico condizente com as obras de Iberê. O terreno que abriga a fundação também era outra dificuldade para Siza: "Estou trabalhando numa parte muito especial da cidade, com uma vista belíssima para o Guaíba, em um terreno localizado na encosta com vegetação e que tem quer ser ocupada por um edifício por não dispor de muito espaço. Isso criou uma grande dificuldade no projeto. Mas os projetos se desenvolvem melhor a partir de grandes dificuldades".
Nesses 8.250 m² de área total, a construção também faz questão de reforçar a importância do entorno, com janelas emolduradas para o Guaíba como se fossem quadros vivos. A indicação é que os visitantes subam de elevador ao quarto andar assim que chegam à instituição. De lá, a própria construção guia a visita pelas rampas que entram e saem do edifício como se fossem braços.
A Fundação Iberê tem o patrocínio de OleoPlan, Grupo Gerdau, Itaú, Grupo GPS, CMPC Brasil, Vero Banrisul, Lojas Renner, Sulgás, Renner Coatings e Dufrio, e apoio de Unifertil, Ventos do Sul Energia, Dell Tecnologies, DLL Group, Viação Ouro e Prata, Laguetto Hoteis, Nardoni Nasi e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.
maio 27, 2021
Paulo Whitaker na Millan, São Paulo
Paulo Whitaker revisita pesquisas em torno da relação entre pintura e desenho
A Galeria Millan tem o prazer de apresentar, de 29 de maio a 26 de junho de 2021, a exposição A ressignificação da forma dessignificada, primeira individual do artista Paulo Whitaker na galeria. Com organização de Ricardo Kugelmas, a mostra reúne um conjunto de 8 pinturas em óleo em grande formato acompanhadas de um grupo de menor tamanho, elaborados durante uma residência artística na Art Farm Project, em São Paulo, em outubro de 2019, que revisitam pesquisas realizadas pelo artista em torno da relação entre a pintura e o desenho.
Os trabalhos de Whitaker trazem uma contribuição singular para o cenário da arte brasileira, por meio de um processo de experimentação marcadamente dinâmico, desde os anos 1980. Na década seguinte, sua prática apresenta uma importante inflexão a partir de seu contato com a obra de Terry Winters (1949, Nova York, EUA), passando a incorporar, ao desenvolvimento pictórico, elementos presentes no pintor e gravador norte-americano como o acúmulo de decisões tomadas, mudanças de percurso e tentativas demarcadas na superfície da pintura.
Nos anos que se seguem, Whitaker passa a trabalhar um "povoamento da tela", em sua própria definição, agregando mais elementos e novos repertórios e experimentando variações com a técnica do estêncil ao fundir procedimentos de uso da tinta spray com a tinta óleo, alternando entre as pinceladas contidas pela máscara e a liberdade de borrar seus contornos. Neste processo, ampliou também as possibilidades das formas pintadas, num movimento rítmico em que ora estas aproximam-se, ora sobrepõem-se em uma configuração escultórica ou distanciam-se para voltar ao caráter plano.
Nesse sentido, a relação entre a pintura e o espaço é crucial para demarcar cada passo dado e cada nova direção. Para o crítico Tadeu Chiarelli, a produção de Whitaker mostra-se “como uma espiral que vai e volta sobre si mesma – que segue para depois retornar –, (...) se constituindo entre e a partir de convulsões cíclicas que de repente fazem retornar crostas antes submersas, novas formações, configurando assim um dos territórios mais movediços e intrigantes por onde a arte brasileira atual se afirma.”
O artista menciona que, à maneira da música instrumental, que se constrói a partir de seus elementos básicos (melodia, harmonia e ritmo), deixa de fora a narração e a literatura. Assim age Whitaker, "dessignificando" as formas que cria, para ressignificá-las mais adiante, através da pintura. Da unicidade da linguagem pictórica é que muitos caminhos de significados possíveis são explorados, sem lançar mão de narrativas pré-estabelecidas, senão daquilo que é mais fundamental em seu ofício: forma e cor, figura e fundo. Neste último corpo de trabalhos, a espiral retorna para o ponto de esvaziamento do real, em que a superfície, enquanto devir, é ela própria o palco para o acontecimento. "Sigo buscando imagens que me deixem em estado de suspensão, uma situação estável / instável, que me criem um certo desconforto e alguma plenitude (se temporária ou permanente, o tempo me vai dizer)", conclui o artista.
SOBRE PAULO WHITAKER
Paulo Whitaker nasceu em 1958, São Paulo, SP, onde atualmente vive e trabalha. Pintor e desenhista, forma-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - UDESC/SC, em 1984. Entre diversas exposições, participa da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, em 2002. Entre 1991 e 1992, é artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg na Alemanha e em 1993 recebe o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Em 1999, participa de residência no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Neste mesmo ano participa da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel, no MAM, em São Paulo; em 2001 da 3ª BIENAL DO MERCOSUL em Porto Alegre e, em 2007, da Biennale de Montreal, no Canadá. Suas obras integram acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP, Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR, Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado – MAB/Faap, Pinacoteca de São Paulo, entre outros.
The Resignification of the Designified Form, first solo show by the artist Paulo Whitaker at the gallery, is organized by Ricardo Kugelmas and brings together a set of 8 large-format oil paintings accompanied by a smaller group, elaborated during a residency at Art Farm Project, in São Paulo, in October 2019, that revisit a research conducted by the artist around the relation between painting and drawing.
Whitaker's work has made a unique contribution to the Brazilian art scene, through a markedly dynamic process of experimentation since the 1980s. In the following decade, his practice presents an important inflexion after his contact with the work of Terry Winters (1949, New York, USA), starting to incorporate to the pictorial practice elements present in the work of the American painter and engraver, such as the accumulation of taken decisions, changes of course and demarcated attempts in the painting's surface.
In the following years, Whitaker began to work on "populating the canvas," in his own definition, adding more elements and new repertoires and experimenting with variations on the stencil technique by merging usage procedures of spray paint and oil paint, alternating between brushstrokes contained by the mask and the freedom to blur its outlines. In this process, he also expanded the possibilities of the painted forms, in a rhythmic movement in which they sometimes come closer, sometimes overlap in a sculptural configuration, or distance themselves to return to a flat character.
In this sense, the relation between painting and space is crucial to demarcate each step taken and each new direction. For critic Tadeu Chiarelli, Whitaker's production shows itself "like a spiral that goes back and forth on itself - that follows and then returns -, (...) constituting itself between and from cyclical convulsions that suddenly make previously submerged crusts return, new formations, thus configuring one of the most shifting and intriguing territories through which current Brazilian art asserts itself."
The artist mentions that, as with instrumental music, which is built from basic elements (melody, harmony and rhythm), his practice is free from narration and literature. This is how Whitaker acts, "designifying" the forms he creates, in order to resignify them later on, through painting. It is from the uniqueness of the pictorial language that many paths of possible meanings are explored, without making use of pre-established narratives, but of what is most fundamental in his craft: form and color, figure and background. In this most recent body of work, the spiral returns to the point of emptying the real, where the surface, as a becoming fact, is itself the stage for the event. "I keep searching for images that leave me in a state of suspension, a stable / unstable situation, that create a certain discomfort and some plenitude (whether temporary or permanent, time will tell)," concludes the artist.
Rodrigo Sassi na Central, São Paulo
A Central Galeria tem o prazer de apresentar Caminhos incertos, horizonte imprevisível de Rodrigo Sassi, sua primeira individual no espaço desde que passou a ser representado pela galeria em 2018. Testando os limites plásticos de materiais como concreto, madeira, ferro e pedras, os sete trabalhos tridimensionais que compõem a mostra exprimem o fluxo caótico das grandes metrópoles em sua essência viva e suscetível a transformações constantes.
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O trabalho de Sassi tem seu ponto de partida na relação com a arquitetura urbana e os processos da construção civil, ressignificando os fragmentos, rejeitos e ruínas que coleta em suas caminhadas pela cidade. O curador Marcos Moraes – que acompanha a trajetória do artista desde sua graduação há quinze anos – observa que os novos trabalhos, porém, demonstram uma mudança nesse processo. No texto criado para a exposição, Moraes discorre: “A impossibilidade de ir para as ruas e continuar a coletar materiais para o trabalho levou Rodrigo Sassi a desviar-se para a interioridade de seu ateliê e a valer-se de tudo o que estava nele disponível devido ao acúmulo de coisas, materiais, fragmentos e restos. Um ciclo de trabalho e de experimentações em condições com as quais está familiarizado se encerra; ambiguamente, porém, permite que outro de lá se erga.”
Nessa produção pandêmica, confinada no estúdio, Sassi emprega materiais diversos como extintores de incêndios, pedras de pavimentação e vergalhões de ferro. Moraes identifica ainda a água como um componente oculto desses trabalhos, fazendo-se presente em diversas etapas do processo – seja nas fôrmas de concreto, na oxidação do ferro ou na técnica de curvar as placas de madeira. Dessa forma, é a água que, a despeito da rusticidade dos materiais usados, traz contornos fluidos e orgânicos para a exposição, imbuindo uma dimensão poética à brutalidade da cidade.
Rodrigo Sassi nasceu em 1981 em São Paulo, onde ainda vive e trabalha. Graduado em Artes Plásticas pela FAAP (São Paulo, 2006), recebeu o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (Brasília, 2013) e realizou diversas residências artísticas como Campo (Garzón, Uruguai, 2019), Sculpture Space (Utica, NY, 2016) e Cité Internationale des Arts (Paris, 2014/2015), entre outras. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: Tríptico, FAMA (Itu, 2019); Esquinas que me atravessam, CCBB-SP (São Paulo, 2018); Mesmo com dias maiores que o normal, CCSP (São Paulo, 2017); Prática comum segundo nosso jardim, Caixa Cultural (Brasília, 2016); In Between, Nosco Gallery/Frameless Gallery (Londres, 2015) e MDM Gallery (Paris, 2015); Ponto pra fuga, MAMAM (Recife, 2012). Seu trabalho está presente em diversas coleções importantes como: MAR (Rio de Janeiro), MAB (São Paulo), FAMA (Itu), entre outras.
Além de sua exposição na Central, Sassi também inaugura neste mês uma obra pública na Ciclovia do Rio Pinheiros, em São Paulo, intitulada Escultura parcialmente funcional. Parte da iniciativa Ciclo Cultural, a obra está localizada entre as estações Jurubatuba e Socorro e é a primeira de uma série de três esculturas permanentes que o artista desenvolveu para a ciclovia. O projeto foi contemplado pelo ProAC, Lei Aldir Blanc, na categoria Prêmio por Histórico de Realização em Artes Visuais.
Central Galeria is pleased to present Caminhos incertos, horizonte imprevisível (Uncertain Paths, Unpredictable Horizon), Rodrigo Sassi’s first solo show at the venue since he’s been represented by the gallery in 2018. Pushing the aesthetic boundaries of materials such as concrete, wood, iron and stone, all seven pieces that comprise the exhibition express the chaotic flow of great metropolises at their lively core, open to constant change.
Sassi’s work stems from the relationship with urban architecture and construction processes, giving new meaning to fragments, debris and ruins he collects around the city. Curator Marcos Moraes – who keeps track of the artist’s path since his graduation, 15 years ago – notes the most recent works indicate a change in this process. In the exhibition essay, Moraes elaborates: “The impossibility of going out to collect materials for working have taken Rodrigo Sassi to a detour towards his studio interiority, and to make use of everything available there, from the accumulation of things, materials, fragments and remains. A work cycle ends, one of experimentation under conditions with which his acquainted, but it ambiguously allows for that other one there to rise”.
Confined in the studio, Sassi employs various materials on this pandemic production, like fire-extinguishers, paving stones and iron beams. Moraes also identifies water as a hidden component in these pieces, being there in many phases of the process – ranging from the concrete molds, through iron oxidation, to the bending technique applied to the wooden boards. Therefore, despite the rusticity of the materials employed, water is the one to bring fluid organic features to the exhibition, imbuing the brutality of the city with a poetic quality.
Rodrigo Sassi was born in 1981 in São Paulo, where he lives and works. BFA in Fine Arts at FAAP (São Paulo, 2006), he has been granted Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (Brasília, 2013) and participated in many artistic residencies, such as Campo (Garzón, Uruguay, 2019), Sculpture Space (Utica, NY, 2016), Cité Internationale des Arts (Paris, 2014/2015), and others. Among his solo shows, stand out: Tríptico, FAMA (Itu, 2019); Esquinas que me atravessam, CCBB-SP (São Paulo, 2018); Mesmo com dias maiores que o normal, CCSP (São Paulo, 2017); Prática comum segundo nosso jardim, Caixa Cultural (Brasília, 2016); In Between, Nosco Gallery/Frameless Gallery (London, 2015) and MDM Gallery (Paris, 2015); Ponto pra fuga, MAMAM (Recife, 2012). His work is part of many important collections, such as the ones from: MAR (Rio de Janeiro), MAB (São Paulo), FAMA (Itu), among others.
In addition to his exhibition at Central, Sassi will also unveil a public work at Ciclovia do Rio Pinheiros, in São Paulo, titled Escultura parcialmente funcional (Partially Functional Sculpture). A part of Ciclo Cultural’s initiative, the work is placed in between Jurubatuba and Socorro stations, and it’s the first one from a series of three permanent sculptures the artist has developed for the cycle path. The project has been selected by ProAC, Lei Aldir Blanc, for its History of Achievements in Visual Arts.
Alex Cerveny e Efrain Almeida na Carpintaria, Rio de Janeiro
A Carpintaria tem o prazer de apresentar sua nova exposição, um diálogo entre Alex Cerveny (São Paulo, 1963) e Efrain Almeida (Ceará, 1964). O interesse por narrativas do corpo, da natureza e de origem mitológica ou sacra é um dos pontos de conexão mais evidentes entre as obras dos artistas. Em pinturas, aquarelas, esculturas e bordados, Cerveny e Almeida conjugam referências históricas de origens diversas a narrativas biográficas. A interlocução costura-se tanto através de obras recentes quanto da presença pontual de trabalhos dos anos 1990 e 2000, evidenciando em ambas produções um apreço pelo labor manual, uma fatura essencialmente marcada pelas mãos dos artistas -- seja nas minúcias das pinturas de Cerveny ou nos detalhes das esculturas de Almeida.
Em sua obra, Alex Cerveny dá conta de referências que vão da iconografia à narrativas mitológicas, de elementos cotidianos a referências contemporâneas - eruditas ou prosaicas. Suas pinturas situam-se suspensas no espaço-tempo, habitadas por figuras humanas que transcendem o plano físico, por vezes materializando-se enquanto presenças espirituais, cósmicas. O habitat destes seres são cenários de tintas apocalípticas, onde a representação da natureza muitas vezes aparece envolta por fogo e fumaça, no desejo figurativo de uma espécie de “terra arrasada”.
Já na obra de Efrain Almeida, a representação visual de animais como beija-flores é imbuída de uma alta carga simbólica, tema recorrente na obra do artista. Aqui, seus colibris reaparecem tanto sobrevoando os campos geométricos de cor das aquarelas da série Prisma (2021) quanto arquitetando voos escultóricos em Flying (2021), escultura em bronze. O artista investiga a cor a partir do fenômeno da iridescência destes animais, uma vez que suas penugens coloridas revelam-se a partir – e apenas – da reflexão da luz do sol. A autorrepresentação do corpo, outra temática frequente de sua produção, também aparece no conjunto. Ao esculpir sua própria imagem em Autorretrato (2014-2020) o artista faz referência aos ex-votos, típicos das igrejas católicas do Nordeste do país, evidenciando a dimensão biográfica de sua obra.
A proposição de uma conversa entre as produções artísticas desses dois artistas reforça a vocação da Carpintaria em estimular exercícios amplos de pensamento entre diferentes autores, formas de expressão e linguagens.
Sobre os artistas
Alex Cerveny [São Paulo, Brasil, 1963. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Dentre suas exposições individuais nos últimos anos, destacam-se: Todos os Lugares, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil; Palimpsesto, uma retrospectiva de sua obra gráfica no Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil (2019); Glossário dos Nomes Próprios, Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Casa Triângulo, São Paulo, Brasil (2015) e a III Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2012). Dentre as exposições coletivas nos últimos anos, destacam-se: Nous Les Arbres, Fundação Cartier, Paris, França (2019); Da Tradição à Experimentação, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil (2019) e Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil (2018).
Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem (Ceará, 1964) e vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre suas exposições recentes, destacam-se: Uma pausa em pleno voo, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2015); Lavadeirinhas, SESC Santo Amaro (São Paulo, 2015); O Sozinho, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2013); 29. Bienal de São Paulo (2010); 10. Bienal de Havana (2009); Marcas, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2007). Sua obra está presente em diversas coleções públicas e privadas do Brasil e do mundo, entre as quais: MoMA (Nova York), MAM São Paulo, Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha), Toyota Municipal Museum of Art (Toyota, Japão), Pinacoteca do Estado (São Paulo), entre outras.
maio 26, 2021
Electric Dreams na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Mostra coletiva com curadoria de Raphael Fonseca reúne obras de artistas de diferentes gerações na Nara Roesler Rio de Janeiro
Electric Dreams reflete sobre a importância da imaginação e do sonho no momento em que as incertezas do isolamento parecem raptar nossa capacidade de projetar um futuro
Nara Roesler Rio de Janeiro apresenta a exposição coletiva Electric Dreams, com curadoria de Raphael Fonseca. A mostra apresenta um grupo de dez artistas de diferentes gerações e regiões do país, cujos trabalhos trazem em seu cerne a dimensão do estímulo sensorial, remetendo-nos à fisicalidade e ao corpo humano, ao mesmo tempo em que evocam uma atmosfera onírica.
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O título da exposição, Electric Dreams – ‘sonhos elétricos’, em português – faz referência a duas fontes que encontram-se estreitamente relacionadas. A primeira, é o filme de ficção científica de mesmo título, dirigido por Steve Barron. O longa, lançado em 1984, narra a rivalidade entre um arquiteto e seu computador, ambos apaixonados pela moradora do apartamento de cima. A segunda, é a música composta especialmente para o filme,Together in Electric Dreams, de Giorgio Moroder e Philip Oakey, intérprete e vocalista da banda The Human League.
Como uma máquina poderia experimentar o amor, o prazer e o sexo se ela não possui um corpo humano? Para Fonseca, o dilema dessa narrativa cinematográfica se complementa com a canção que, segundo o curador, “nos convida a dançar e lembrar das dádivas que são a vida e a capacidade de sonharmos”. O sonho torna-se, então, o espaço de encontros que nos parecem impossíveis, o lugar onde vivenciamos experimentações sensoriais movidas pelo desejo, sem limitações da matéria.
A exposição Electric Dreams, por sua vez, aborda essa ideia ao apresentar uma diversidade de práticas artísticas capazes de evocar diferentes sensações. Para isso, os artistas se valem das mais diversas estratégias, principalmente o uso de cores vibrantes, como nos trabalhos de J.Cunha, Thiago Barbalho e Victor Arruda; ou pela atmosfera de dissolução das formas, encontrada nas obras de Ana Almeida e Cristina Canale, em que a expressividade das manchas e dos gestos parecem escapar de qualquer vontade figurativa; ou ainda os mecanismos de repetição de imagens, de serialidade de um mesmo objeto, em Lia Menna Barreto, ou da variação incessante de um mesmo tema, em Renato Pera e Virgílio Neto; por fim, o próprio corpo como tema, mas transformado, seja nas figurações oníricas de Kauam Pereira, ou no grotesco de Maya Weishof.
O corpo, lembra Fonseca, aparece não só como tema nos desenhos, pinturas e instalações que ocupam a galeria, mas também como indício de um gesto criador, da fatura que passa pela mão, que demanda negociações entre dois corpos, o do artista e o do suporte. Nesse contexto, as imagens apresentadas tornam-se potenciais materializações dos sonhos dos artistas, carregando traços de individualidade que não deixam de convocar o público a partilhar delas, a sonhar junto.
Electric Dreams nos conduz a refletir sobre a importância da imaginação e do devaneio no momento em que as incertezas do isolamento parecem raptar nossa capacidade de projetar um futuro ao mesmo tempo em que reduzem os estímulos físicos à repetição do cotidiano, transformando o corpo em uma espécie de máquina. Nesse sentido, sonhar torna-se não um escape da realidade, mas um modo de resistir à crueza do cotidiano e de gerar encontros.
Electric Dreams faz parte do Roesler Curatorial Project, iniciativa que, sob direção de Luis Pérez-Oramas, reafirma o compromisso da galeria com projetos inovadores e experimentais, estimulando o diálogo entre diferentes agentes do circuito artístico. A exposição é a segunda mostra curada por Raphael Fonseca na galeria: a primeira, Sobre os ombros de gigantes, inaugurou o calendário expositivo de 2021 em São Paulo e será apresentada na Nara Roesler Nova York em junho deste ano.
Group exhibition curated by Raphael Fonseca brings together works by artists from different generations at Nara Roesler Rio de Janeiro
Electric Dreams reflects on the importance of imagination and dreams at a time when the uncertainties of isolation seem to prohibit us from projecting a future
Nara Roesler Rio de Janeiro is proud to announce the opening of the exhibition Electric Dreams, curated by Raphael Fonseca, on May 29 2021. The presentation includes works by ten artists of different generations and from different regions of Brazil, whose works converge in their engagement with sensorial stimulation, physicality and the human body, while also evoking the oneiric realm.
The title of the exhibition, Electric Dreams, is derived from two intricately related sources. On one hand, it refers to a fiction film of the same title directed by Steve Barron and released in 1984 that narrates the rivalry between an architect and his computer, both passionately taken by the upstairs neighbor. Electric Dreams also refers to the music created specifically for the film titled Together in Electric Dreams, composed by Giorgio Moroder and Philip Oakey, best known for being the lead singer of the band The Human League.
How can a machine experience love, pleasure and sex, without a human body? According to Fonseca, the music complements the dilemma embedded in the cinematographic plot of the film, which he says "invites us to dance and remember the gift that is life and our capacity to dream." The dream is thus a space of seemingly impossible encounters, a place where we undergo sensorial experiences shaped by desire, and free of the limitations imposed by matter.
The exhibition engages with this idea in showcasing an array of different artistic practices, all of which are able to evoke different sensations. Each artist has developed their own strategies in the strive to achieve such effects, notably including the use of vibrant colors, as is the case in the work of J.Cunha, Thiago Barbalho and Victor Arruda; or the dissolution of forms, as can be seen in the work of Ana Almeida and Cristina Canale, where the expressivity of the strokes and gestures seem to escape figurative intentions; or even techniques of image repetition, of seriality, in the work of Lia Menna Barreto, and of incessant variations within a same theme, in that of Renato Pera and Virgílio Neto; or finally, in engaging with the body as a theme, transforming it through oneiric figures as did Kauam Pereira, or through the grotesque as did Maya Weishof.
Fonseca notes that the body not only emerges as a theme in the drawings, paintings and installations exhibited in the gallery, but also as evidence of the creative gesture, of the handmade, which requires a negotiation between two bodies, that of the artist and of the medium. In this sense, the works presented take on the potential of embodying the artists' dreams, carrying traces of individuality that simultaneously invite the public to join in, to dream together.
Electric Dreams encourages us to reflect on the importance of imagination and reverie, in times where the uncertainty of isolation seems to forbid us from projecting the future, while also reducing our physical stimuli to the repetition of an everyday routine, transforming the body into somewhat of a machine. In this sense, dreaming becomes an escape from reality, a form of resisting the cruelty of the quotidian, and of generating new encounters.
Electric Dreams is part of the Roesler Curatorial Project, directed by Luis Pérez-Oramas, which asserts the gallery's commitment to supporting innovative and experimental projects, stimulating the dialogue between different agents of the artistic circuit. The exhibition is curator Raphael Fonseca's second presentation at Nara Roesler, following On the shoulders of giants, which kicked off the gallery's 2021 exhibition program in São Paulo and will continue on to Nara Roesler New York in June 2021.
maio 25, 2021
Enciclopédia Negra na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca de São Paulo inaugura exposição sobre personalidades negras invisibilizadas na história do Brasil
Pela primeira vez, a exposição Enciclopédia negra torna pública as 103 obras realizadas por artistas contemporâneos para um livro homônimo de autoria dos pesquisadores Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz e do artista Jaime Lauriano
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, reitera o compromisso com a visibilidade e a pluralidade de histórias e movimentos que se propõe a contar por meio da arte e inaugura Enciclopédia negra. Pela primeira vez, a exposição torna pública as 103 obras realizadas por artistas contemporâneos para um livro homônimo de autoria dos pesquisadores Flávio Gomes e Lilia M. Schwarcz e do artista Jaime Lauriano, publicado em março de 2021 pela Companhia das Letras. A mostra é um desdobramento da publicação e também se conecta com a nova apresentação da coleção do museu que se apoia em questionamentos contemporâneos e reverbera narrativas mais inclusivas e diversas.
No livro, estão reunidas as biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos. Muitos desses personagens tiveram as suas imagens e histórias de vida apagadas ou nunca registradas. Para interromper essa invisibilidade, 36 artistas contemporâneos foram convidados a produzir retratos dos biografados. São eles: Amilton Santos, Antonio Obá, Andressa Monique, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Bruno Baptistelli, Castiel Vitorino, Dalton Paula, Daniel Lima, Desali, Elian Almeida, Hariel Revignet, Heloisa Hariadne, Igi Ayedun, Jackeline Romio, Jaime Lauriano, Juliana dos Santos, Kerolayne Kemblim, Kika Carvalho, Lidia Lisboa, Marcelo D’Salete, Mariana Rodrigues, Micaela Cyrino, Michel Cena, Moisés Patricio, Mônica Ventura, Mulambö, Nadia Taquary, Nathalia Ferreira, Oga Mendonça, Panmela Castro, Rebeca Carapiá, Renata Felinto, Rodrigo Bueno, Sonia Gomes e Tiago Sant’Ana.
A exposição Enciclopédia negra apresenta todos os 103 trabalhos inéditos, sendo que alguns deles já fizeram parte do caderno de imagens do livro. As obras especialmente produzidas para o projeto foram doadas ao museu pelos artistas e integrarão a coleção da Pinacoteca de São Paulo, criando uma importante intervenção no que diz respeito à busca por maior representatividade.
Diferente da organização alfabética da publicação, a mostra está dividida em 6 núcleos temáticos: Rebeldes; Personagens atlânticos; Protagonistas negras; Artes e ofícios; Projetos de liberdade; e Religiosidades e ancestralidades. Esses núcleos misturam biografias de tempos históricos diversos, nas quais ressaltam aspectos em comum. Há registros de quem liderou movimentos de resistência; negociou condições de emprego e de vida; das mulheres que tiveram de ser separadas de seus filhos; das que, com seu trabalho, conseguiram comprar as alforrias; dos mestres curandeiros, dos professores, advogados, artistas, entre outros.
Sinergia com a coleção
Além dos núcleos temáticos, Enciclopédia negra se integra a nova apresentação da coleção da Pinacoteca. O visitante poderá conferir 10 obras em cartaz na exposição Pinacoteca: Acervo que dialogam com as questões abordadas na mostra temporária. Isso ocorre em obras de nomes como Arthur Timóteo da Costa e Heitor dos Prazeres, fundamentais para o repertório da Enciclopédia.
Para as salas da mostra temporária também foram deslocadas três obras que já eram do acervo: Estudos para imolação, de Sidney Amaral; uma obra sem título do Mestre Didi; e Objeto emblemático 4, de Rubem Valentim. Há ainda o caso de Baiana, famosa pintura com autoria desconhecida do Museu Paulista da Universidade de São Paulo em comodato com a Pinacoteca.
Revisar narrativas consolidadas na história social e institucional, no que se refere a representatividade de gênero e raça, tem sido uma das principais missões da Pinacoteca atualmente. Na nova apresentação do acervo, por exemplo, o número de obras de artistas negros mais do que triplicou se comparado com a exposição anterior. Antes eram 7 e agora são 26. A chegada da Enciclopédia negra gera um grande aporte nesse processo, que passará de 26 para 129 obras.
Patrocínio
A exposição Enciclopédia negra tem patrocínio de Vivo (Cota Platinum), BNY Mellon (Cota Ouro), Mattos Filho (Cota Prata), Allergan (Cota Prata) e Havaianas (Cota Bronze). A mostra ocupa 3 salas no segundo andar da Pina Luz e segue até novembro de 2021.
O projeto Enciclopédia negra é uma parceria com a Companhia das Letras e conta com o apoio do Instituto Ibirapitanga e com a colaboração do Instituto Soma Cidadania Criativa.
maio 24, 2021
Parede Gentil 37 | Arte, substantivo feminino na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro
A Gentil Carioca apresenta de 18 de maio a 30 de julho de 2021 a Parede Gentil 37: Arte, substantivo feminino, uma instalação composta por obras de 23 artistas mulheres de distintas gerações, classes sociais e naturalidades, mobilizadas para dar visibilidade e arrecadar recursos para o Milhas Pela Vida das Mulheres, uma iniciativa de apoio ao acesso ao aborto legal e seguro para as mulheres brasileiras. Com curadoria assinada por Gabriela Davies, Maíra Marques e Paula Borghi, esta edição conta o Gentil Apoio de Thiago Barros e MA Marcenaria.
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Aleta Valente, Agrade Camíz, Anitta Boa Vida, Anna Costa e Silva, biarritzzz, Caroline Valansi, Débora Bolsoni, Enrica Bernardelli, Fabiana Faleiros, Fernanda Gomes, Juliana dos Santos, Kalor, Kitty Paranaguá, Laura Lima, Lenora de Barros, Livia Flores, Luciana Whitaker, Maria Antonia, Maíra Marques, María Sabato, Moara Brasil Tupinambá, Rosângela Rennó e Val Souza.
Arte, substantivo feminino, é uma ação artístico-política-afetiva, criada a partir da força do trabalho de mulheres, destinado à vida das mulheres.
Milhas Pela Vida das Mulheres
Todo ano, no Brasil, entre 500 mil e 1 milhão de mulheres passam pela experiência do abortamento. Delas, apenas 1600 de modo legal. A grande maioria se submete às alternativas clandestinas, acompanhada da culpa, do medo e do risco. Não à toa, o aborto inseguro representa o quarto motivo de morte materna no país.
Milhas Pela Vida das Mulheres foi uma campanha lançada por Juliana Reis em 2019 que se transformou numa entidade sem fins lucrativos. Hoje é uma rede de mulheres, proativa, advogando e atuando em diversas frentes pelo direito de escolha no Brasil, que já garantiu a centenas de brasileiras o acesso ao aborto seguro e legal dentro do Brasil, nos casos previstos em lei, ou em países vizinhos com legislações mais amplas. Tem como um dos principais objetivos promover a liberdade e saúde para milhares de mulheres, e consolidar uma rede de solidariedade e de transformação no seio da sociedade brasileira.
A mostra, além de apresentar o trabalho das artistas numa ação pública promovida na Parede Gentil, celebra também o lançamento da Coleção Pela Vida das Mulheres, uma coletânea de múltiplos das 23 artistas, com edição limitada de 10 exemplares, assinados e numerados, que contém o trabalho de cada uma delas, que tem como finalidade arrecadar recursos que serão doados integralmente para o Milhas.
Mulheres apoiando mulheres: Quem pode ajuda quem precisa; quem quer mudar a lei ajudando quem não pode esperar por essa mudança!
Saiba sobre outras formas de apoio clicando aqui
Parede Gentil | Edições anteriores
Desde 2005, A Gentil Carioca recebe diversos convidados para realizar obras especiais na parede externa da galeria, localizada no centro histórico do Rio de Janeiro, que permanecem expostas por aproximadamente quatro meses. Entre artistas, coletivos e curadores, a Parede Gentil já recebeu nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D'Almeida, Guga Ferraz, Carla Zaccagnini, Nico Vascellari, Gabi Gusmão, Maria Nepomuceno, Arjan Martins, OPAVIVARÁ!, Carlos Garaicoa e muitos outros. Para a realização de cada edição, a galeria também convida um colecionador para apoiar e subsidiar o projeto, com o intuito de transformar uma coleção de obras de arte em algo público. Uma boa coleção de arte legitima seu tempo e permite que um maior número de pessoas tenha acesso à obra.
A Gentil Carioca is pleased to present the Parede Gentil 37 [Gentil Wall 37], Art, feminine noun, an installation composed of works by 23 women artists of different generations, social classes and nationalities, mobilized to give visibility and raise funds for MILHAS PELA VIDA DAS MULHERES (Miles for the Lives of Women), an initiative to support access to legal and safe abortion for Brazilian women.
Art, feminine noun is an artistic-political-affective action created from the power of women's work, destined for the lives of women, curated by Gabriela Davies, Maíra Marques and Paula Borghi, that presents works by: Aleta Valente, Agrade Camíz, Anitta Boa Vida, Anna Costa and Silva, biarritzzz, Caroline Valansi, Débora Bolsoni, Enrica Bernardelli, Fabiana Faleiros, Fernanda Gomes, Juliana dos Santos, Kalor, Kitty Paranaguá, Laura Lima, Lenora de Barros, Livia Flores, Luciana Whitaker, Maria Antonia, Maíra Marques, María Sabato, Moara Brasil Tupinambá, Rosângela Rennó and Val Souza.
We also celebrate the launch of the Coleção Pela Pela Vida das Mulheres (For the Lives of Women Collection), a collection of multiples made by 23 artists, in a limited edition of 10 (ten) copies, signed and numbered, composed by the work of each of them and whose purpose is to collect resources that will be donated in full to MILHAS.
maio 21, 2021
Instalação site specific de C. L. Salvaro no Jardim Paulistano, São Paulo
C. L. Salvaro / Antes de afundar, flutua
Rua Dr. Oliveira Pinto, 59 / Jardim Paulistano / São Paulo
Sábado–Domingo, 11h–17h, visitação apenas com agendamento
A Central Galeria apresenta Antes de afundar, flutua, projeto especial do artista C. L. Salvaro. A obra consiste em uma instalação site specific ocupando todo o andar térreo da casa que lhe serve de residência e ateliê em São Paulo. O imóvel, prestes a ser demolido, tornou-se palco de uma série de experimentações ambiciosas com a arquitetura e a natureza, culminado em um trabalho que, por sua própria impermanência, reflete a instabilidade política e social dos tempos de pandemia.
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Usando telas de arame, entulhos e materiais de construção, Salvaro criou um plano intermediário entre o chão e o teto, permitindo que a vegetação crescesse em meio aos escombros. Giselle Beiguelman, que assina o texto da exposição, observa que “aqui, a natureza rebela-se contra o paisagismo, submetendo a arquitetura às raízes que brotam rizomaticamente e nos colocam diante de um equilíbrio instável. Elas dançam sobre finos fios e, com qualquer movimento que fazemos, lembram-nos de que tudo está prestes a sucumbir.”
Antes de afundar, flutua foi recentemente selecionado para a programação da Liste Showtime 2021, versão online da feira de arte suíça que acontecerá em setembro, através da qual também recebeu o prêmio Impact da fundação Eckenstein-Geigy.
C. L. Salvaro nasceu em Curitiba, em 1980. Suas exposições incluem individuais em: Central Galeria (São Paulo, 2018), Ybakatu Espaço de Arte (Curitiba, 2018 e 2007), Memorial Minas Gerais Vale (Belo Horizonte, 2015), CCSP (São Paulo, 2005), entre outros. Entre suas coletivas recentes, destacam-se: Frestas – Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, 2017); Region 0 - The Latin Video Art Festival, New York University (Nova York, 2013) e Museo de Arte Contemporánea de Vigo (Vigo, Espanha, 2013); 6ª VentoSul – Bienal de Curitiba (Curitiba, 2011); Biennale de Québec - Manif d’art 5 (Quebec, 2010). Seus prêmios e residências incluem: Prêmio Foco Bradesco ArtRio (Rio de Janeiro, 2017), Geumcheon Artspace (Seul, 2018), Bolsa Iberê Camargo – Fundação Iberê Camargo/CRAC Valparaiso (Chile, 2013), Bolsa Pampulha (Belo Horizonte (2010-2011). Sua obra está presente nas coleções: MAR (Rio de Janeiro), MAC-PR (Curitiba) e MuMA (Curitiba).
C. L. Salvaro / Before Sinking, It Floats
Rua Dr. Oliveira Pinto, 59 / Jardim Paulistano / São Paulo
Saturday–Sunday, 11am–5pm, by appointment only
Central Galeria is presenting Antes de afundar, flutua (Before Sinking, It Floats), a special project by C. L. Salvaro. The work consists of a site-specific installation occupying the entire ground floor of the house that serves as the artist’s residence and studio in São Paulo. This property, slated to be demolished, became the site of a series of ambitious experiments with architecture and nature, culminating in a work which, in light of its impermanence, reflects the political and social instability of these times of pandemic.
Using wire netting along with construction materials and rubble, Salvaro created an intermediary plane between floor and ceiling, allowing the plant life to grow amidst the debris. Giselle Beiguelman, who authored the exhibition’s text, observes that, “Here, nature rebels against landscaping, submitting the architecture to the roots that sprout rhizomatically and place us before an unstable balance. They dance on thin wires and, with any movement we make, remind us that everything is ready to plunge downward.”
Antes de afundar, flutua was recently selected for the programming of Liste Showtime 2021, the online version of the Swiss art fair that will take place in September, through which this installation also received the Impact Award from the Eckenstein-Geigy Foundation.
C. L. Salvaro was born in Curitiba, Brazil, in 1980. Among his recent exhibitions, stand-out the solo shows at Central Galeria (São Paulo, 2018), Ybakatu Espaço de Arte (Curitiba, 2018 and 2007), Memorial Minas Gerais Vale (Belo Horizonte, 2015), and CCSP (São Paulo, 2005), in addition to the group shows: Frestas – Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, 2017); Region 0 - The Latin Video Art Festival, New York University (New York, 2013) and Museo de Arte Contemporánea de Vigo (Vigo, Spain, 2013); 6ª VentoSul – Bienal de Curitiba (Curitiba, 2011); Biennale de Québec - Manif d’art 5 (Quebec, 2010). Awards and residences include: Prêmio Foco Bradesco ArtRio (Rio de Janeiro, 2017), Geumcheon Artspace (Seoul, 2018), Bolsa Iberê Camargo – Fundação Iberê Camargo/CRAC Valparaiso (Chile, 2013), Bolsa Pampulha (Belo Horizonte (2010-2011). His work is present in the public collections of MAR (Rio de Janeiro), MAC-PR (Curitiba) and MuMA (Curitiba).
Solar dos Abacaxis cria Fundo Colaborativo em parceria com mais cinco instituições culturais independentes
Solar dos Abacaxis cria Fundo Colaborativo em parceria com mais cinco instituições culturais independentes: Casa do Povo e Pivô, em São Paulo, Chão SLZ em São Luís do Maranhão, Galeria Maumau em Recife, e JA.CA em Belo Horizonte.
As seis instituições irão trabalhar em uma rede colaborativa para apoiar artistas emergentes em situações de vulnerabilidade. A primeira ação, “Brotar”, beneficiará até setembro 36 artistas.
O Instituto Solar dos Abacaxis, dirigido por Bernardo Mosqueira e Adriano Carneiro de Mendonça, e integrado também por Catarina Duncan, curadora, e Ana Clara Simões Lopes, curadora-assistente, entre outros nomes, cria o Fundo Colaborativo, que será gerido por uma coligação formada por mais cinco instituições parceiras: Casa do Povo e Pivô, em São Paulo; Chão SLZ (São Luís); Galeria Maumau (Recife); e JA.CA (Belo Horizonte). A primeira ação é o programa Brotar, em que seis artistas de diversas regiões do país receberão, cada um, fomento de R$800. Por sua vez, cada um desses artistas indicará um outro para também receber este fomento, formando assim uma corrente de cuidado que se estenderá a mais seis ciclos, totalizando 36 beneficiados. “Dessa forma, os próprios artistas são responsáveis pelo desenvolvimento dessa rede de cuidado, troca, aprendizado e solidariedade”, explica Catarina Duncan.
Esta iniciativa é desdobramento do Fundo Colaborativo Emergencial para Artistas e Criadorxs, ou FunColab, criado pelo Solar dos Abacaxis em abril de 2020, como uma frente de ação diante da pandemia, e que “nasceu como uma rede de cuidado e solidariedade com o objetivo de apoiar artistas emergentes em situações de vulnerabilidade, tendo realizado até agora quatro grandes ações de distribuição de recursos, beneficiando 31 artistas, três coletivos, e oito instituições, com um total de R$ 280 mil arrecadados”, contam Bernardo Mosqueira e Adriano Carneiro de Mendonça.
DO COSME VELHO AO CENTRO DO RIO
Inaugurado em dezembro de 2015 em uma casa centenária no Cosme Velho, bairro da Zona Sul do Rio, o Solar dos Abacaxis ganhou notoriedade no circuito brasileiro e no internacional da arte a partir das dezenas de eventos realizados até fevereiro de 2020, frequentados por artistas, curadores, e líderes de instituições brasileiras e estrangeiras, que passaram por lá para ver as inventivas curadorias e novas formas de se estar junto por meio da arte.
Agora o Instituto Solar dos Abacaxis busca espaços no Centro da Cidade e na região portuária para ter sua nova sede, que não mais é no imóvel no Cosme Velho. A falta de entendimento quanto ao objetivo comum do uso daquela propriedade, entre o Instituto e os demais membros do grupo que se reuniu para a aquisição conjunta do imóvel no final de 2019, motivou a decisão.
“O Instituto Solar dos Abacaxis é uma instituição cultural vibrante, democrática, engajada e colaborativa, e vemos uma grande oportunidade de sinergia com a ideia de retomada de atenção da Prefeitura à zona central do Rio”, destacam Bernardo Mosqueira e Adriano Carneiro de Mendonça. “Sempre colaboramos muito com artistas, criadores, coletivos e instituições do Centro da cidade, que junto com a Região Portuária são territórios de imensa produção cultural, com histórias e questões que se relacionam muito com nossas práticas. Nos interessam também a presença de importantes espaços públicos de convivência, e a articulação com sistemas modais de transporte, que aumentariam enormemente o acesso às nossas atividades. Estamos buscando locais e parceiros para isso”, complementam.
“Somos muito gratos pelo nosso encontro com a casa no Cosme Velho, em 2015. A experiência de imaginar as nossas ações a partir dela permitiu construir o que seria antes impensável. Sonhando junto à casa, pudemos realizar mais de trinta e cinco exposições e uma dúzia de outros programas, colaborando com mais de 200 artistas de diversas regiões do país e do mundo”, relata Bernardo Mosqueira “. “Mas, depois de cinco anos de discussões sobre o imóvel – tanto para garantir sua posse quanto sua manutenção física – percebemos que seria mais proveitoso usarmos nosso tempo, energia e afeto cuidando das relações com artistas e com a programação que oferecemos para as comunidades que nos formam”, completa Adriano Carneiro de Mendonça.
MANJAR
Dentre as várias ações que congregaram milhares de pessoas, uma das mais marcantes é o Manjar, uma plataforma expositiva experimental que reúne e comissiona trabalhos de arte, música, performance, dança, educação e gastronomia para proporcionar experiências “onde o aprendizado se dá de maneiras interdisciplinares e indisciplinares”, comentam. Em 37 edições, o Manjar reuniu mais de 200 artistas e 23 curadores, pesquisadores e educadores de 24 países e 19 estados brasileiros, recebendo no total mais de 35 mil pessoas. Ao longo desse período, o Solar articulou doações de obras realizadas para edições do Manjar para as coleções do Museu de Arte do Rio (MAR) e do MAC Niterói, por artistas como o cubano Carlos Martiel, o dominicano Engel Leonardo e o mineiro Thiago Honório, entre outros.
NOVO SITE + PROJETO CICLO SOLAR 2021
Com lançamento previsto ainda neste semestre, o novo site do Solar dos Abacaxis projetado pelo coletivo O Grupo Inteiro abrigará toda a memória do Solar e será uma plataforma expositiva online experimental para novas ações, incluindo a possibilidade de se transformar para receber obras comissionadas especialmente para esta interface interativa. O site contará ainda com espaço para acessar portfólios, publicações e referências relativas aos artistas que colaboraram com a instituição nos últimos cinco anos, tornando-se também um espaço para pesquisa, troca e aprendizado.
Outro importante projeto em andamento é o Ciclo Solar 2021, que prevê a realização de três edições de uma experiência artística em espaços públicos do Rio e na nova plataforma digital do Solar. Cada um dos ciclos se propõe a pensar a cidade do Rio de Janeiro a partir de diversos ângulos, como um espaço expositivo em que a arte ocupa locais não usuais, e acessa o público de maneira inusitada. Com as instituições fechadas e artistas isolados em suas casas e ateliês, a ideia é pensar novas formas para ativar o espaço virtual e expandir a experiência da arte para o espaço da cidade. “Tanto o corpo da cidade como os espaços virtuais são territórios de disputa, negociação, expressão e invenção. Nos interessa trabalhá-los como plataformas importantes de troca e criação”, explica Bernardo Mosqueira.
Cada ciclo parte de uma curadoria convidada do Brasil e de outros países da América Latina, reunindo artistas para desenvolverem outros projetos de mundo exercitados em espaços urbano e digital. Ao mesmo tempo em que serão apresentadas obras de artistas contemporâneos em espaços públicos no Rio, haverá desdobramentos na plataforma digital. Haverá ainda um programa pedagógico para as atividades digitais e físicas, além de ações sociais com foco em educação para crianças de oito a doze anos. O projeto, previsto para o próximo verão, foi aprovado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e está na fase de captação de patrocínio.
INSTITUIÇÃO AUTÔNOMA E COLABORATIVA
O Instituto Solar dos Abacaxis é uma instituição autônoma e colaborativa, voltada à experimentação em arte e educação. “Desde o começo de nossas atividades, partimos do questionamento das maneiras convencionais de propor encontros com a arte para desenvolver uma prática institucional como ‘exercício experimental da liberdade’. Para o Solar, é crucial garantir que o senso crítico e inventivo, tão importantes para o fazer artístico, também estejam presentes nos trabalhos da iluminação, da montagem, da mediação, do design, da limpeza, da arquitetura, da alimentação, do financeiro etc. Nossas questões não estão isoladas na esfera discursiva do programa. Mais do que aspirar mudanças no futuro, nos interessa sobretudo propor no tempo presente outras formas de relação entre pessoas, espaços e obras de arte”, afirma Bernardo Mosqueira. “Por meio de processos artísticos de natureza coletiva e colaborativa, buscamos ser uma associação cultural cada vez mais aberta, acolhedora, vibrante, inventiva e sustentável, comprometida com uma educação libertadora e com a transformação social”, complementa Adriano Carneiro de Mendonça.
De 2015 a fevereiro de 2020, quando foi realizado o último evento físico no Cosme Velho, o Solar dos Abacaxis ganhou notoriedade não apenas no circuito brasileiro da arte, como também no internacional. Foram muitos os artistas, curadores, e líderes de instituições brasileiras e estrangeiras que passaram por lá para conferir as curadorias e novas formas de estar junto por meio da arte propostas pela instituição.
Dentre as várias ações que congregaram milhares de pessoas, uma das mais marcantes é o Manjar, uma plataforma expositiva experimental que reúne e comissiona trabalhos de arte, música, performance, dança, educação e gastronomia para proporcionar experiências “onde o aprendizado se dá de maneiras interdisciplinares e indisciplinares”, comentam. Em 37 edições, o Manjar reuniu mais de 200 artistas e 23 curadores, pesquisadores e educadores de 24 países e 19 estados brasileiros, recebendo no total mais de 35 mil pessoas. Ao longo desse período, o Solar articulou doações de obras realizadas para edições do Manjar para as coleções do Museu de Arte do Rio (MAR) e do MAC Niterói, por artistas como o cubano Carlos Martiel, o dominicano Engel Leonardo e o mineiro Thiago Honório, entre outros.
As quatro grandes ações de distribuição de recursos dentro do FunColab foram:
1. Para nossos vizinhos de sonhos – Com o título inspirado em uma célebre obra de José Leonilson (1957-1993), “Para meu vizinho de sonhos”, de 1991, o programa distribuiu aportes financeiros a artistas que foram convidados a compartilharem suas práticas e pesquisas nas redes sociais do Solar. Cada participante pôde ainda indicar um outro artista para também receber recursos. As doações diretas de pessoas físicas beneficiaram 25 artistas, em três ciclos da ação: AyaIbeji (RJ), Joseane Jorge (MG), Luana Vitra (MG), Marta Supernova (RJ), Maya Quilolo (BA), Saracura Três Potes (MG), Aislan Pankararu (DF), Dayane Tropicaos (BH), Denilson Baniwa (AM/RJ), Diambe (RJ), Edgar Calel (Guatemala), Ítalo Augusto (MG), Jade Zimbra (RJ), Jéssica Senra (RJ), Luana Fonseca (RJ), Lucas Carvalho (BA), Maria Palmeiro (RJ), Massuelen Cristina (MG), Max Willa Morais (RJ), Walla Capelobo (MG) e Yacunã Tuxá (BA).
2. Local da Ação – A partir do desejo de estimular o trabalho de coletivos artísticos que utilizam o espaço público como meio de suas ações artísticas, e “também fazer frente à dicotomia existente entre o isolamento social e a necessidade de manifestar-se politicamente diante dos absurdos que marcaram a atuação do desgoverno federal”, foram convidados três coletivos para elaborarem intervenções urbanas, com toda a liberdade e o protocolo adequado de saúde. Os três participantes foram Coletivo Carni (Recife), Galeria ReOcupa (São Paulo) e Tupinambá Lambido (Rio de Janeiro). O resultado também foi visto nas redes sociais do Solar dos Abacaxis, ativadas pelos coletivos durante o período do projeto. O título foi inspirado na série homônima de Anna Bella Geiger (iniciada em 1979) em que ‘locais de ação’ são locais ‘entre’, locais-movimento, locais que resistem à objetividade e à representação, locais de ambiguidade e opacidade, locais que revelam contradições na ordem do mundo, locais-transformação. A iniciativa, feita a partir de 01 de agosto de 2020, foi financiada integralmente pelas doações realizadas pela Portas Vilaseca Galeria ao FunColab, por meio de seu programa Arte+Care!
3. Afluente – A partir de obras únicas e múltiplos doados por oito artistas colaboradores - Cinthia Marcelle, Cristiano Lenhardt, #CóleraAlegria, Dalton Paula, Daniel Steegmann Mangrané, Max Wíllà Morais, Regina Parra, Rivane Neuenschwander e Yuli Yamagata - o projeto distribuiu recursos para oito instituições que lidam diretamente com algumas das maiores crises que vivemos simultaneamente no país. Realizado na ArtRio 2020, em parceria com a Act (Art Consulting Tool), o projeto beneficiou as seguintes organizações: Instituto Arara Azul, Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX), Aula de Boa, Casa Chama, Hutukara Associação Yanomami (HAY), Lanchonete <> Lanchonete, Ilê Iemanjá Ogunté e Quilombo Alto do Santana.
4. Ntú –Artistas foram convidados a apresentar a relação entre suas práticas e três conceitos cruciais para nosso tempo: rua, terra e cura. O resultado foi também compartilhado nas redes sociais do Solar dos Abacaxis e, novamente, cada um dos três participantes também pode convidar um outro artista para receber recursos e compartilhar seus trabalhos e reflexões. Nos primeiros dois ciclos desta ação, participaram os artistas:
Ciclo I – Arthur Doomer (PI), HarielRevignet (GO) e Eliane Amorim (PE)
Ciclo II – Vanessa Nunes (PI), Roberta Rox (BA) e Maria Macêdo (CE) – em andamento
BREVE HISTÓRIA DO SOLAR DOS ABACAXIS
Batizando a antiga “Casa dos Abacaxis”, como era conhecida, com o nome “Solar dos Abacaxis”, as atividades culturais e educativas gratuitas no Cosme Velho foram inauguradas em 8 de dezembro de 2015, com o consentimento dos herdeiros então proprietários do imóvel. Construído em 1843, o imóvel estava abandonado havia mais de dez anos. Nos anos 1950 e 1960, o casarão havia sido um ponto de encontro das artes e do pensamento brasileiro, frequentado por Carlos Drummond de Andrade, e Lucio Costa, entre outras personalidades. Joia arquitetônica, primeiro edifício neoclássico desenhado por um arquiteto brasileiro, Jose Maria Jacintho Rebello, aprendiz de Grandjean de Montigny, líder da Missão Artística Francesa, o casarão do Cosme Velho é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e protegido pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).
Em 2019, após mais de três anos de negociações com o grupo de herdeiros para a aquisição do imóvel pelo Instituto, os proprietários decidiram anunciar a casa à venda. Neste momento, o Solar já possuía reconhecimento institucional público, como o destaque dado em 2018 pela Revista Select, que apontou a exposição “Anna Bella Geiger – Circa MMXVIII”, com curadoria de Bernardo Mosqueira, uma das melhores individuais do ano no país.
Em setembro de 2019, durante sua participação na ArtRio, o Instituto Solar dos Abacaxis anunciou uma campanha para a aquisição da casa que foi apoiada por outras instituições participantes da ArtRio, como o MAM Rio e EAV Parque Lage.
Porém, no final de 2019, o casarão do Cosme Velho foi inesperadamente posto em leilão judicial, por dívidas antigas de IPTU anteriores à gestão do Instituto Solar dos Abacaxis. Um grupo de empresários se formou em parceria com o Instituto Solar dos Abacaxis para arrematar o imóvel no leilão, a fim de dar continuidade às atividades culturais do Instituto no casarão. Porém, a pandemia acentuou a falta de entendimento entre o grupo e o Instituto quanto ao uso do imóvel, o que acarretou a decisão de o Instituto Solar dos Abacaxis se retirar do imóvel e buscar novas possibilidades.
EQUIPE DO SOLAR DOS ABACAXIS
Diretor Artístico: Bernardo Mosqueira
Curador, escritor e professor. Responsável por dezenas de exposições no Brasil e no exterior, foi laureado com o Prêmio Lorenzo Bonaldi 2017/2018. Idealizador e diretor do Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, e considerado um dos 20 jovens curadores mais influentes da América Latina pelo portal Artsy. Atualmente cursa o mestrado em Curatorial Studies pela CS Bard, em Nova York. Fundador do Solar dos Abacaxis.
Diretor Executivo: Adriano Carneiro de Mendonça
Arquiteto e professor, graduado e mestre em Arquitetura pela PUC-Rio. Sócio-fundador do Estúdio Chão, tem ampla experiência em projetos culturais, incluindo a coordenação técnica do novo Museu da Imagem e do Som, RJ. E Supervisor de Tecnologia da Construção do Dep. de Arquitetura da PUC-Rio, onde leciona. Fundador do Solar dos Abacaxis.
Curadora: Maria Catarina Duncan
Curadora e programadora cultural, formada em História da Arte pela Goldsmiths College, University of London. Já trabalhou com artistas como Marina Abramovic, Ernesto Neto e Antony Gormley. Integrou a equipe curatorial da 32ª Bienal de São Paulo e do 36o Panorama de Arte Brasileira no MAM-SP. Desenvolveu projetos de residência na Guatemala, Bolívia, Dubai, Pernambuco e Rio de Janeiro. E colaboradora do Solar dos Abacaxis desde 2018.
Consultora Estratégica: Eleonora Santa Rosa
Jornalista, produtora, estrategista e gestora cultural, tem larga experiência em planejamento, captação, implantação e gestão de equipamentos culturais. Fundadora e diretora do Alef Cultural / Santa Rosa Bureau Cultural, realizou diversos projetos de destaque no Brasil. Foi Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e Diretora Executiva do Museu de Arte do Rio - MAR, e atualmente presta consultorias para o setor
cultural. www.santarosacultural.com.br
Curadora Assistente: Ana Clara Simões Lopes
Coordenador Financeiro: Marcos Stefan
Assistente Financeiro: Rafael Vieira
Assessoria Jurídica: Machado Meyer
CONSELHO DELIBERATIVO
Marcos Chaves – Artista visual, formado em arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, atua em diversas mídias, entre objetos, fotografias, vídeos, desenhos, palavras e sons. Participou de diversas exposições, entre elas a Manifesta 7 (Itália) e 25a Bienal de São Paulo, e em instituições de renome, como Mori Museum (Tóquio) e Martin- -Gropius-Bau (Berlim), entre outras.
Rony Rodrigues – Fundador da Box 1824, principal empresa de pesquisa e tendências de consumo na A. Latina, e sócio de empresas nas áreas de comunicação, estratégia, games e moda. Trabalhou para empresas como Unilever, InBev, Embraer, Nike, RedBull, Fiat, Grendene, Rede Globo e C&A. Foi o curador do Pavilhão do Brasil na Expo em Milão 2015. Em 2016 cofundou a Yöne em NY.
Vivian Caccuri – Artista, utiliza o som como veículo por meio de objetos, instalações e performances. Escreveu o livro “O que Faço é Música”, vencedor do Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música. Participou de inúmeras exposições, incluindo a Bienal de Veneza 2019. Recentemente lançou seu primeiro disco de vinil e seu segundo livro, pela Bloomsbury NYC.
João Paulo Vasconcelos – Advogado, especializado em operações societárias, fusões e aquisições (M&A), é sócio do escritório Leoni Siqueira Guerra & Doin. Mestre em Direito LL.M. pela Harvard Law School; Especialista em Direito Empresarial e Mercado de Capitais pela FGV e Bacharel pela PUC-Rio.
Sil Bahia – Codiretora executiva do Olabi, por onde coordena a iniciativa PretaLab – projeto de estímulo às mulheres negras nas tecnologias e inovação. É mestre em Cultura e Territorialidades pela UFF e pesquisadora associada do Grupo de Arte e Inteligência Artificial da USP e do Grupo de Pesquisa em Políticas e Economia da Informação e Comunicação da UFRJ.
CONSELHO FISCAL
Pedro Ortigão – Contador formado pela UFRJ e pós--graduado pela FGV em “Controladoria, Auditoria e Compliance”. Analista sênior da empresa KPMG, umas das quatro grandes multinacionais na prestação de consultoria e serviços de audit, tax e advisory services
Wellerson Paroschi – Consultor estratégico, formado em engenharia de automação pela UFSC e MBA em business administration pelo INSEAD. É Gerente Sênior da consultoria
de estratégia de negócios multinacional Accenture, atuando principalmente com grandes empresas nos setores de mídia e telecomunicações.
maio 20, 2021
Projeto Brotar - Fundo Colaborativo para artistas e profissionais das artes em todo país
Instituições autônomas de artes de vários estados se unem e formam o Fundo Colaborativo para Artistas e Criadores
Primeira ação da iniciativa é o BROTAR, projeto de fomento destinado a artistas e profissionais das artes de diversas regiões do Brasil
Diante da grave escassez de recursos e da atualmente constante ruptura dos laços institucionais que visam a ordem democrática, criar redes de apoio mútuo e promover suas continuidades são formas de preservar as vidas de quem constrói a cultura compartilhada com o seu próprio fazer artístico. E neste momento de grave crise econômica intensificada tanto pela pandemia do Covid-19 quanto pelo total descaso governamental e sua falta de políticas públicas nacionais, a criação de redes de apoio sistêmicas torna-se cada vez mais urgente.
Desenvolvido a partir do FunColab, iniciativa do Solar dos Abacaxis (Rio de Janeiro) lançada em março de 2020, o Fundo Colaborativo é fruto da soma de experiências, perspectivas e tecnologias sociais com outras cinco instituições culturais autônomas brasileiras: Casa do Povo (São Paulo), Chão SLZ (São Luís), Galeria Maumau (Recife), JA.CA (Belo Horizonte), Pivô (São Paulo). Cada uma das seis instituições colaboradoras oferece suas ferramentas para o cultivo desse solo comum: um terreno fértil de saberes coletivos, de onde brota o Fundo Colaborativo para reunir e compartilhar recursos materiais e imateriais.
Com o objetivo de captar doações e distribuí-las para artistas e profissionais das artes de todo o país, o Fundo Colaborativo se estabelece como uma rede viva, sempre aberta para mais apoiadores que compartilhem dos mesmos princípios e motivações.
TROCA COLETIVA
“A pergunta que nos levou a criar o Fundo foi: ‘o que podem as instituições de arte diante de situações extremas como uma pandemia?’ Espaços autônomos são instituições que trabalham muito próximas aos artistas e isso nos torna verdadeiros laboratórios da cultura, lugares de experimentação, de desenvolvimento de pesquisa, de troca, de aprendizado. São instituições que trabalham em rede naturalmente”, explica Bernardo Mosqueira, diretor artístico do Solar dos Abacaxis (Rio de Janeiro).
Ele ainda comenta que o Fundo Colaborativo é fruto desse processo de troca coletiva entre essas seis instituições que, no sistema da arte brasileiro, ocupam lugares semelhantes, ainda que distintos. “Essa ampliação do Fundo foi um motivo de muita alegria. Esse encontro nos torna capazes de reunir mais recursos e de distribuir de melhores formas”, enfatiza Mosqueira.
O diretor artístico ainda ressalta que a intenção, agora, a partir desse movimento inicial de desdobramento, seja alcançar outras parcerias. E parcerias maiores. “Estamos abertos e desejantes por apoios individuais, de empresas, e institutos tanto do Brasil quanto do exterior. Pra gente é muito importante que cada campanha de distribuição de recurso seja acompanhada por uma campanha de arrecadação de recursos para que possamos dar sempre movimento a esse Fundo e às nossas atividades”, diz.
Samantha Moreira, fundadora e coordenadora do Chão SLZ (São Luís) e coordenadora do JA.CA (Belo Horizonte), comenta que o desejo de unir os espaços já existia há muito tempo. “Com a criação do Fundo Colaborativo, conseguiremos ter articulações de diferentes regiões do Brasil e propormos, juntos, ações que possam fortalecer e ampliar ainda mais essa rede de artistas e criadores”, afirma.
BROTAR
A primeira ação do Fundo Colaborativo é BROTAR, que nasce do desejo coletivo de se formar novas redes de cuidado e troca. A iniciativa surge com a intenção de estimular a continuidade de processos criativos por meio de diversas vias de incentivo a artistas e profissionais das artes de todo o Brasil.
CORRENTE DE APOIO
BROTAR se inicia pela indicação de seis artistas de diversas regiões do país. Cada participante, após receber um fomento no valor de R$800,00, é convidado a compartilhar suas práticas e pesquisas por meio das redes sociais do Fundo Colaborativo e então indicar um próximo artista para também receber recursos.
Dessa forma, sucessivamente, elabora-se uma corrente de apoio de cuidado que se desdobra em ciclos de seis participantes. Dessa maneira, os próprios artistas são responsáveis pela criação dessa rede, que, nesse primeiro ato, apoiará um total de 36 artistas.
Para o multiartista Layo Bulhão, que integra o Brotar, o projeto é como um alimento para as raizes. “Assim como a raiz de uma bananeira brota e faz nascer outra bananeira ao lado, o projeto é muito importante porque ele fortalece um artista, que vai fortalecer outro artista e essa rede vai sendo construída como uma grande floresta de arte. E esses frutos, não necessariamente, precisam ser colhidos agora, mas no momento em cada árvore estiver preparada. Então, não existe uma pressão sobre essa árvore. Existe um cuidado. Um cuidado com essas árvores que ainda são brotos, mas que podem florescer a qualquer momento”, explana.
Layo é nascido em São Luís (MA) e se atravessa por diversos campos da ciência-arte, integrando tudo no contexto da vida, das lutas e dos encontros. Atualmente, mora na zona rural, berçário de plantas e águas, espaço sagrado Tupinambá, e busca ativar memórias coletivas e saberes/fazeres ancestrais através de objetos e diálogos com os anciãos da terra e do mar daquele lugar.
Para Linga Acácio, artiste que também faz parte do Brotar, há uma guerra biológica em curso: o genocídio enquanto prática do estado. “Fortalecer nossas redes e investir no campo do cuidado são pontos fundantes dessa resistência, é assumir um pacto pela vida", afirma.
Linga vive e trabalha em Fortaleza. É pesquisadorx, artista visual e desenhadorx gráfico. Mestre no Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. Desde de 2012, atua como diretorx de fotografia em longas e curtas metragem. Sua pesquisa se contamina na performance, dissidência de gênero e das implicações entre corpo e espaço nos processos de resistência anticolonial.
DOAÇÕES ON-LINE
Paralelamente ao BROTAR, o Fundo Colaborativo lançou uma campanha de doações on-line. Com a contribuição de uma rede crescente de doadores, será possível manter a continuidade desse projeto de solidariedade e cuidado com artistas e profissionais das artes.
CONHEÇA AS INSTITUIÇÕES QUE FAZEM PARTE DO PROJETO:
Casa do Povo (São Paulo)
A Casa do Povo é um centro cultural que revisita e reinventa as noções de cultura, comunidade e memória. Habitada por uma dezena de grupos, movimentos e coletivos, alguns há décadas e outros mais recentes, a Casa do Povo atua no campo expandido da cultura. Sua programação transdisciplinar, processual e engajada entende a arte como ferramenta crítica dentro de um processo de transformação social. Sem grade fixa de programação e com horários flexíveis, a Casa do Povo se adapta às necessidades de cada projeto, de forma a atender tanto associações do bairro quanto propostas artísticas fora dos padrões. Seus eixos de trabalho (memória, práticas coletivas e engajadas, diálogo e envolvimento com o seu entorno) são pensados a partir do contexto contemporâneo em relação direta com suas premissas históricas, judaicas e humanistas. Nessa empreitada, o público não é alvo, mas participante ativo que, além de visitar, também propõe atividades fazendo do espaço um local de encontro, de formação e de experimentação: um monumento vivo, um lugar onde lembrar é agir.
Contato: Ana Druwe
ana@casadopovo.org.br
11 993255544
Chão SLZ (São Luís)
O Chão SLZ surge da intenção de irradiar sentidos e ambientes propícios para o diálogo, processos elásticos de ampliação e troca direta de conhecimentos com o público, universidades, espaços independentes, instituições parceiras e manifestações do entorno, acerca da pesquisa no contexto da cultura visual e cultura contemporânea.
Como projeto, o Chão SLZ baseia-se nas ações espontâneas de sua rede de contatos bastante consolidada e na hipótese de existência de um novo terreno de atuação crítica junto à vida coletiva, desejando apresentar um formato de programação continuamente alternada, contemplando todas as faixas etárias e que inclui: conferências, debates, cursos e oficinas, exposições, mostras de filmes e vídeos, performances, música e dança, encontros com comida, festas, residências, expedições, publicações impressas e online, ações políticas, sociais e de resistência.
Contato: Samantha Moreira
samoreirinha@gmail.com
19 99723-8278
Galeria Mau Mau (Recife)
Espaço de convergência e experimentação artística, a Maumau está localizada na cidade do Recife, Pernambuco, Brasil. Resistindo amorosamente à intensa especulação imobiliária e à crescente verticalização empreendida em seu entorno, a Maumau é um oásis inserido em um dos principais gargalos de trânsito existentes na cidade. Estabelecendo um diálogo entre as diversas linguagens da arte contemporânea e o ativismo político, as ações vivenciadas na Maumau estimulam a criação e articulação de redes de colaboração entre agentes que compõem o circuito independente de artes. De caráter orgânico, suas atividades priorizam ainda a desaceleração. Um tempo para a criação mais natural, mais humano!
A Maumau é destinada ao compartilhamento de ideias, saberes, experiências e afetos. Falar da sua história é falar de parcerias.
Contato: Irma Brown
galeriamaumau@gmail.com
81 8661-7559
JA.CA (Belo Horizonte)
O JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que realiza e fomenta pesquisas, projetos e experimentações no campo das artes, em diálogo estreito com a educação, a arquitetura e o design. Desenvolve atividades em sua sede, situada no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), assim como em outras localidades e instituições parceiras. Atualmente, além de se dedicar às dinâmicas do bairro, o JA.CA prepara a inauguração do espaço cultural Arrudas, no hipercentro da capital mineira, e realiza o Programa CCBB Educativo nas quatro sedes do Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Contato: Francisca
francisca@jaca.center
31 9946-5090
Pivô Arte e Pesquisa (São Paulo)
O Pivô é uma associação cultural sem fins lucrativos, fundada em 2012 e que atua como plataforma de intercâmbio e experimentação artística a partir do seu espaço no Edifício Copan, no centro de São Paulo. O objetivo principal da instituição é fomentar e divulgar a produção artística local e criar um espaço livre e aberto para a interlocução entre diversos agentes do campo da cultura contemporânea, em esfera nacional e internacional. A instituição conta com uma série de parcerias institucionais nacionais e internacionais e com o apoio de várias pessoas físicas e jurídicas para viabilizar propostas artísticas e curatoriais desafiadoras e manter seu espaço em pleno funcionamento.
Contato: Paula Signorelli
paula@pivo.org.br
11 98136-1384
Solar dos Abacaxis
Solar dos Abacaxis é uma instituição voltada à experimentação em arte e educação, propondo encontros livres entre os que constroem um mundo mais justo e afetuoso.
O Solar dos Abacaxis é uma instituição autônoma e colaborativa, voltada à experimentação em arte e educação. Fundado em 2015 no Rio de Janeiro, o Solar vibra a potência dos encontros livres, dedicando-se à reunião de indivíduos e coletivos que buscam um mundo mais justo, saudável, livre e afetuoso. O Solar se constrói sobre os fundamentos da hospitalidade radical e da coragem institucional, centrando em nossas práticas a solidariedade e o cuidado com os corpos que produzem e se relacionam com a arte que apresentamos. Somos uma organização de acolhimento comprometido com uma educação libertadora e com a transformação social. Solar se realiza como uma ponte de reverberações e fricções entre as cenas artísticas carioca, brasileira e mundial, sobretudo do Sul Global. Uma associação privada e sem fins lucrativos, o Solar mira a construção de uma prática cada vez mais autônoma, vibrante, inventiva e sustentável.
Contato: Bernardo Mosqueira
bernardomosqueira@gmail.com
+1 (845) 706-9964
maio 19, 2021
Flavia Ribeiro na Marcelo Guarnieri, São Paulo
A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar, entre 22 de maio e 26 de junho de 2021, "Continuum", segunda exposição individual da artista Flávia Ribeiro na sede da galeria em São Paulo. A mostra, que tem curadoria de Henrique Xavier, reunirá trabalhos em escultura, desenho e fotografia produzidos entre 2014 e 2021. Por mais de quarenta anos, Ribeiro vem examinando as possibilidades plásticas e simbólicas da matéria, construindo um universo de formas e composições que revisita com frequência. Seus objetos parecem estar sempre em trânsito, pulando da terceira para a segunda dimensão, ou da segunda para a terceira. Assumem múltiplas formas de existência, sendo papelão e parafina para logo então ser bronze, ou ser guache para depois ser veludo. Podem articular-se em módulos como peças soltas, o que lhes permite infinitas combinações e também podem pender a partir de pontos de apoio fixados na parede. A exposição incorpora esse espírito metamórfico e se organiza em torno do desejo de provocar novas leituras aos trabalhos produzidos em diferentes períodos através das relações espaciais criadas entre eles.
A Sala 1 recebe apenas duas obras: a fotografia "Duplo Figurado" e a escultura "A Casa", ambas produzidas em 2014. A imagem do acolhimento nesse primeiro ambiente é direcionada a uma ideia de introspecção, tanto pela imagem de um corpo, que aparece de costas na imagem fotográfica, quanto do objeto que segura em suas mãos, uma peça muito semelhante à própria escultura "A Casa", ainda sem divisórias. A casa e o corpo, duas arquiteturas que configuram um abrigo, parecem impessoais quando desprovidas de um rosto ou de sua mobília, mas mesmo sendo evasivas de um sentido fixo, tais obras convidam a uma relação, permitindo ao espectador preencher aquela ausência.
A dupla existência da peça de bronze enquanto objeto e enquanto imagem já anuncia operações semelhantes que se repetirão ao longo da exposição: transições entre mídias que provocam aparições e desaparições. Esse é o caso de "Corpo", peça de veludo e bronze recostada na parede da segunda sala que, embora possua as mesmas dimensões e mesma silhueta de "Duplo Figurado", já não revela imagem nenhuma além da pátina negra absoluta sobre a superfície do bronze. Entre o desenho e a escultura, há um interesse pela variação de escalas, tanto daquela que pode caber nas mãos, como daquela que ultrapassa a dimensão do corpo humano. No campo tridimensional, é possível pensar nessa relação a partir da maquete, já que a artista se utiliza dela como uma ferramenta prática e poética. Prática no momento da montagem da exposição, pois sua escala reduzida lhe permite dimensionar o espaço expositivo e visualizar as relações entre os trabalhos, poética quando tem sua função de projeto subvertida, adquirindo autonomia enquanto objeto escultórico, como em "A casa" e "Planinhos".
A Sala 2 é aquela que recebe, além de "Planinhos", outras obras que exploram as ambiguidades do pequeno formato, como "Existências mínimas" e "Campo para pensar I". A primeira é uma série de objetos realizados com tocos de madeira, galhos secos de ipê e pedras que a artista encontrou durante os dois meses de confinamento que passou em um sítio, no ano passado. A segunda é composta por uma placa de parafina onde repousam estruturas que remetem graficamente a alguns de seus trabalhos, formadas por arame, fio de cobre, organza de seda, espinhos, sementes e estanho. Ambas dividem uma bancada e assemelham-se a pequenas arquiteturas, sendo resultado de um processo autorreflexivo e ao mesmo tempo criativo, dado seu caráter referencial e serial. Ainda na mesma sala serão apresentados nove desenhos sobre papel manteiga, papel croqui e feltro produzidos entre 2016 e 2021 que também configuram-se como campos para pensar. Devido a sua translucidez, o papel croqui permite à artista trabalhar com sobreposições e rearranjos, aludindo imediatamente à ideia do esboço, daquilo que está em processo de elaboração e portanto passível de mudança.
Desde os anos 2000 Flávia Ribeiro explora o bronze como material de trabalho, mas foi durante os últimos oito anos que dedicou maior atenção a ele, produzindo algumas das peças que integram a exposição e que ganham maior destaque na terceira e última sala. As conotações monumentais e hierárquicas historicamente atribuídas a esse material são perturbadas através de aproximações formais que a artista estabelece entre suas peças fundidas e as irregulares estruturas e superfícies de materiais orgânicos, como gravetos e sementes. Em diálogo constante com a tradição da arte moderna, que tem a estrutura visual da grade como um de seus grandes emblemas, a artista não adere totalmente ao silêncio ou à autonomia que foram associados a esse esquema construtivo, incorporando a matéria orgânica em seu trabalho não só formalmente ou materialmente, mas também conceitualmente, a partir de sua condição efêmera que supõe movimento e transformação, nunca imobilidade.
A Sala 3 reúne, além de peças em bronze e estanho produzidas neste ano de 2021, outras peças em bronze de caráter mais instalativo produzidas entre 2016 e 2018 e “99 desenhos”, um conjunto de desenhos produzidos entre 2017 e 2019 que fazem referência a outras de suas esculturas e que ocupa a totalidade de uma das paredes da sala. A simultaneidade de tempos provocada pelo encontro de todos esses trabalhos na Sala 3 pode ser materializada em "Coisas com tempo", gravura em metal impressa a partir de uma matriz produzida na década de 1980 e que vem sendo retrabalhada desde o ano passado. O processo consistiu em intervir com água tinta sobre a matriz gravada em diversos tons de preto e em formato de grid, aludindo a ideia de aprisionamento da imagem anterior, e após a impressão da gravura, trabalhar sobre o papel com a tinta Ecoline em cores como o amarelo ouro, o vermelho e o azul.
Para a segurança de todos e melhor controle do espaço, recomendamos que agende sua visita. Pedimos que nos envie um e-mail (info@galeriamarceloguarnieri.com.br)
com o seu nome completo indicando o dia e horário de sua preferência. A visitação poderá ser realizada de segunda a sexta-feira das 10h às 19h e sábado das 10h às 17h, respeitando todas as recomendações das autoridades de saúde, como o uso de máscaras e distanciamento social.
Flávia Ribeiro nasceu em São Paulo em 1954, onde vive e trabalha. Frequentou a Escola Brasil, no início dos anos 1970, onde foi aluna de Carlos Fajardo, José Resende, Frederico Nasser e Luiz Paulo Baravelli. Em 1978, mudou-se para Londres, onde frequentou o curso de gravura na Slade School of Fine Art. Posteriormente, em 1996, voltou a morar em Londres com o apoio da Fundação Vitae e do British Council.
Principais exposições individuais: "Uma Circunstância", Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; "Mecânica", Projeto Parede, MAM, São Paulo, Brasil; "Atravessamentos", Galeria Millan, São Paulo , Brasil; "Gabinete de Leitura", Galeria vermelho, São Paulo, Brasil; "Reliquiae Rerum", Capela do Morumbi, São Paulo, Brasil.
Principais exposições coletivas: "Oito décadas de abstração informal", Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil; "O espírito de cada época", IFF - Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; "Ouro", CBBB - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; "18° Festival de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil", SESC Pompéia, São Paulo, Brasil; "Gravura Extrema", Centre de la Gravure et de L’Image Imprimé, Bélgica; "Entre/Aberto", XI Bienal Internacional de Cuenca, Equador; "Gabinete de Desenho", Museu de Arte Moderna, São Paulo; "Modernos, Pós Modernos, Etc", Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; "Calming the Clouds", The Foundation 3.14, Bergen, Noruega; "Arte Cidade III", Indústrias Matarazzo, São Paulo, Brasil; "V International Istambul Biennial", Imperial Mint, Istambul, Turquia; "A Little Object", Centre for Freudian Analysis and Research, Londres, Inglaterra; XX e XXIII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Coleções que possuem seus trabalhos: Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil; Coleção do Itamaraty, Brasília, Brasil; Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife, Brasil; CACI, Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil.
A margem é mais larga que o vão na Central, São Paulo
A Central Galeria tem o prazer de apresentar A margem é mais larga que o vão, coletiva com curadoria de Talita Trizoli. Reunindo obras de artistas mulheres, cis e trans, a mostra propõe uma reflexão sobre a experiência do corpo feminino no contexto urbano, destacando as diferentes estratégias, desejos e limitações que mediam a presença desses corpos nos espaços de convivência.
No texto da exposição, Trizoli declara: “Não, nem todo corpo está autorizado a experienciar a multitude de espaços! Seja num breve deslocamento para afazeres cotidianos, seja na possibilidade do passeio, do lazer ou mesmo da tomada política das ruas, vivenciar a grade urbana é diretamente mediado por índices sociais: se o gênero é feminino ou dissidente, se o corpo não se adequa a padrões de desejo, se a pele não é alva ou se há signos de indicação de classe social de labor ou fragilidade, não há tomada das ruas, mas negociação de deslocamento”. Após reconhecer essas diferenças, prossegue a curadora, “resta a indagação de quais estratégias são mobilizadas para reclamar a presença desses indivíduos nos espaços de ruídos e atritos.”
O questionamento encontra diferentes respostas possíveis ao longo da mostra. A fonte invertida de Raphaela Melsohn (São Paulo, 1993), inspirada em monumentos públicos, traça um paralelo entre o fluxo da água e os desejos do corpo. Já Fabiana Faleiros (Pelotas, 1980) apresenta uma biruta de sinalização – similar àquelas de ambientes comerciais como postos de gasolina e empreendimentos imobiliários – tremulando em formato de bunda. O desejo também é explorado no trabalho de Natali Tubenchlak (Niterói, 1975), tanto no seu estandarte carnavalesco, quanto nas suas gravuras pornográficas impressas sobre recibos.
A condição do corpo trans, assim como suas estratégias de visibilidade e sobrevivência, são narradas nas performances musicais de Ros4 Luz (Gama, 1995), que exibe dois vídeos na exposição, e na produção “anarcatransfeminista” de Bruna Kury (1987), que apresenta uma série de capas de DVD de seus filmes eróticos.
Outros trabalhos lidam com a dimensão arquitetônica do corpo, como nas esculturas de Carolina Marostica (Porto Alegre, 1991), construídas a partir da premissa de contaminação e escape de elementos amorfo-orgânicos. Na pintura Kátia Fiera (São Paulo, 1976), a representação de edifícios icônicos salienta os contrastes entre as classes sociais e suas tragédias. Aline Motta (Niterói, 1974), por sua vez, retrata a paisagem de São Paulo emoldurada pelo cosmograma bakongo, iconografia milenar de marcação do tempo-espaço da tradição centro-africana.
José Resende inaugura o segundo espaço expositivo da Bergamin & Gomide, a Casa Flávio de Carvalho
A individual de José Resende inaugura o segundo espaço expositivo da Bergamin & Gomide, a casa projetada em 1933 pelo artista e arquiteto Flávio de Carvalho. Tendo já exposto na Galeria Bergamin em 2005, esta é a primeira mostra do artista na galeria sob a direção de Antonia Bergamin e Thiago Gomide. A exposição conta com dois trabalhos que Resende produziu para a ocasião, um externo na fachada lateral e um interno que ocupa a área central da nave da Casa – além de uma seleção de obras que datam desde 1975. José Resende, também um artista arquiteto, se interessa pela obra de Flávio de Carvalho no que ela tem de original dentro projeto de construção da modernidade no país. É com isso em mente que concebe as duas peças inéditas aqui expostas, na esteira de suas produções que dialogam intensamente com o espaço urbano e com a arquitetura.
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O trabalho concebido por José Resende para a área externa da Casa busca, conforme o conceito de site-specific formulado por Rosalind Krauss, interpelar o outro que circula pela rua de modo que essa construção, até então obliterada pelos edifícios ao seu redor, salte aos olhos mediante o estranhamento da sua presença em meio a uma paisagem banal – ou seja, a obra, uma vez ali instalada, aporta uma particularidade antes inexistente. Além disso, a peça dirige o olhar do transeunte para cima, o que contribui para que o chapéu de sol na cobertura da Casa seja mais notado. Para Resende, esse é um elemento importante da construção por rebater a forma do volume que está sob ele – que, por sua vez, também é rebatida na forma do degrau que fica ao nível do chão na frente da porta de entrada. Ressaltar esse deslocamento de planos ainda chama atenção para a coluna que parte do solo, atravessa o volume e vai sustentar a pequena laje circular do chapéu de sol.
A obra no interior da Casa se situa em seu principal cômodo. Quem entra vê apenas parte dela – em seguida, subindo a escada que leva ao piso superior, se tem uma visão lateral. Ao percorrer a estreita balaustrada que circunda o mezanino, é possível se ter uma visão à cavaleiro. Assim, ver o trabalho implica fazer um percurso passando por todos os principais espaços da Casa. Resende busca enfatizar ao espectador a intenção de, através da sua intervenção, propor um modo de se percorrer e perceber esse lugar. A escolha pelo latão como material de ambas as obras lhes confere uma conotação mais escultórica – distanciando-as do repertório da construção civil e fazendo, assim, com que se destaquem e se individuem no contexto da Casa.
Os trabalhos de José Resende, ainda que se realizem em técnicas e dimensões variadas, guardam procedimentos em comum que, como comenta Rodrigo Naves em seu texto Mágicos & Trapezistas (2021), norteiam a sua produção desde os fins da década de 1970. Entre eles está a noção de continuidade na estrutura das obras, que são construídas de modo que suas partes apareçam como um todo, sem evidenciar a secção e colagem dos materiais combinados de modo a compor uma peça única – o que se verifica, por exemplo, em uma de suas “esculturas lineares” datada de 1980 (figura 1): “É possível que saibamos que os tubos de cobre e de borracha pertenceram a unidades maiores, que foram cortadas, entrelaçadas etc. A direção e a flexão de dois tubos com maleabilidade opostas produzem, então, um passe de mágica: torna-se possível vergar um tubo de cobre sem amassá-lo, como se fosse feito de borracha”, diz Naves.
O que interessa a José Resende é estabelecer uma experiência autêntica com a matéria e com as tensões que cria ao distribuí-la no espaço, sem imputar símbolos e significados exteriores. É desse modo que o artista exerce aquilo que Rodrigo Naves identifica, dessa vez em texto de 1985, como um “entrave à prolixidade da expressão” – o seu poder de síntese é o que leva a sua obra longe. E quão longe! Contando com um currículo notável, Resende foi contemplado, em 1985, com importante bolsa da Fundação Guggenheim, expôs diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9ª, 17ª, 20ª e 24ª), na 11ª Bienal de Paris com menção honrosa, na 43ª Bienal de Veneza, na Documenta IX, na 11ª Bienal de Sydney e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de cinquenta anos de carreira.
Dito isso, o encontro da obra de José Resende com a arquitetura de Flávio de Carvalho é um evento que nos atenta para o legado mais precioso do projeto modernista brasileiro, que se estende e se transforma através de artistas dotados de originalidade que ainda encontram ali direções e sentidos. Para José Resende, a Vila Modernista de Flavio Carvalho configura o marco histórico de um projeto moderno que visava fundar o novo homem, algo tão importante de ser lembrado em um momento de retrocessos políticos no país. Assim, os trabalhos de Resende, ao conversarem com o nosso passado, buscam nos lembrar de um futuro, aquele futuro em que acreditamos.
Bergamin & Gomide inaugura segundo espaço expositivo em São Paulo
Em 22 de maio, a Bergamin & Gomide inaugura seu segundo espaço expositivo, localizado a poucos metros da tradicional galeria no bairro dos Jardins, em São Paulo. A casa, que permitirá à galeria dobrar seu programa de exposições, foi projetada em 1933 pelo multifacetado artista Flávio de Carvalho e apresenta um ensaio de Guilherme Wisnik, crítico de arte e arquitetura.
O espaço abre ao público com a primeira exposição individual de José Resende na Bergamin & Gomide, que acontece de 22 de maio a 3 de julho de 2021. A exposição conta com duas instalações inéditas produzidas pelo artista, uma externa na fachada lateral e uma interna que ocupa a área central da nave da Casa, além de uma seleção variada de obras que datam desde 1975. As instalações que José Resende concebeu para a Casa sugerem ao público a intenção de realizar um percurso pelo espaço e chamam atenção de quem passa pela rua, dirigindo o olhar do transeunte para a laje circular do chapéu de sol na entrada da galeria.
Com mais de 50 anos de carreira, José Resende possui extenso currículo, participou de quatro Bienais de São Paulo (1967, 1983, 1989, 1998), da 43ª Bienal de Veneza (1988) e da Documenta IX (1992). A produção do artista-arquiteto - assim como Flávio de Carvalho - é caracterizada pelo interesse em estabelecer uma experiência autêntica entre a matéria e as tensões desta com o espaço, que são notáveis pelo poder de síntese da forma. A prática do artista é predominantemente escultórica, na qual investiga materiais e seus desdobramentos. A partir do constante diálogo entre a arquitetura e o espaço urbano, José Resende produziu ao longo de sua trajetória relevantes obras públicas como a escultura Passante (1996) do Largo da Carioca, ou Sorriso (2015) criada para a sua individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
“Uma casa branca, com um volume semicircular protuberante na fachada, coroado por uma marquise redonda apoiada numa coluna central, que atravessa todo o volume da casa e se solta no andar térreo, marcando o plano de entrada. Assim a construção demarca sua curiosa presença na cidade.” Guilherme Wisnik
Para os sócios Antonia Bergamin e Thiago Gomide, abrir um espaço expositivo em uma casa histórica sempre foi um sonho. A indicação de uma amiga de que a Casa estava disponível era o que faltava, ao visitarem o espaço foi amor à primeira vista, ali seria o segundo espaço da Bergamin & Gomide.
A renovação buscou, criteriosamente, preservar as características modernistas do imóvel que faz parte de um conjunto de 17 residências projetadas e incorporadas por Flávio de Carvalho em um terreno de sua família, entre a Alameda Lorena e a Alameda Ministro Rocha Azevedo. A Vila América - atualmente conhecida como Vila Modernista - é hoje um polo de arte e cultura onde se encontram galerias de arte e escritórios de arquitetura.
Para Wisnik, “É louvável que, nos dias de hoje, instituições privadas, como galerias de arte, estejam empenhadas em restaurar obras residenciais que são patrimônios da nossa arquitetura moderna, devolvendo-as à fruição coletiva.” Com efeito, a estratégia em abrir um novo espaço faz parte de um investimento no futuro da cultura e da arte em São Paulo. Embora galerias de arte ainda sejam vistas como espaços de luxo, os sócios almejam que a expansão contribua para uma maior disseminação da expressão cultural na cidade e que atinja a pluralidade do público apreciador de arte.
Considerando a situação que o Brasil experimenta, como as graves consequências econômicas em decorrência da pandemia da Covid-19 - aliada ao desmonte federal dos bens culturais, da arte e da pesquisa - a expansão da galeria ganha contornos ainda mais ousados.
Se para o radical e provocador Flávio de Carvalho a cidade seria a verdadeira casa do “homem de amanhã”, abrir este espaço depois de mais oitenta anos de sua inauguração significa para a Bergamin & Gomide preservar a memória da cidade e contribuir para que arte e a cultura continuem estimulando a construção do pensamento crítico de hoje e de amanhã.
Ensaio de Guilherme Wisnik sobre a Casa Flávio de Carvalho
Uma casa branca, com um volume semicircular protuberante na fachada, coroado por uma marquise redonda apoiada numa coluna central, que atravessa todo o volume da casa e se solta no andar térreo, marcando o plano de entrada. Assim a construção demarca sua curiosa presença na cidade. Importante expoente do movimento modernista em São Paulo, essa casa-óvni, inaugurada em 1938, faz parte de um conjunto de 17 residências feitas para aluguel, projetadas e incorporadas por Flávio de Carvalho em um terreno de sua família no bairro dos Jardins, entre a Alameda Lorena e a Alameda Ministro Rocha Azevedo, que antes pertencia ao pai do poeta Oswald de Andrade. A Vila América – também conhecida como Vila Modernista – possui uma rua interna, que integra todos os imóveis do conjunto, tornando-se, idealmente, uma espécie de quintal coletivo dos moradores-inquilinos. Morador ele mesmo da casa situada na esquina do conjunto, Flávio manteve uma loja no térreo da vila, chamada “Vaca”, na qual vendia laticínios produzidos na sua fazenda em Valinhos.
Radical e provocador, Flávio de Carvalho era um feroz crítico dos costumes burgueses, e acreditava que a cidade seria a verdadeira casa do “homem de amanhã”, que ele chamava de “homem nu”. Daí o sentido de coletividade da vila, que confronta o individualismo dos lotes privados fazendo casas muito próximas e/ou geminadas. O que, nos arranjos internos das plantas acaba levando à supressão de corredores, à maior integração entre áreas sociais e de serviço, à criação de cômodos com dimensões modestas, à sugestão do uso de cortinas (ao invés de paredes) para a separação de alguns ambientes, tornando-os flexíveis, e à preparação de uma cuidadosa bula com instruções de uso correto das casas. Bula com normativas pedagógicas visando a educação do novo homem a surgir, menos afeito aos padrões de conforto burgueses e, portanto, mais apto a se tornar um ativo habitante da cidade.
As paredes masseadas e pintadas de branco, as estruturas de concreto armado, e o recurso ao uso de delicados perfis metálicos para caixilhos e guarda-corpos são alguns dos índices que remontam à ideia de casa como “máquina de habitar”, tal como proposto por Le Corbusier nos anos 1920. Na São Paulo da década de 30, as casas modernistas projetadas por Gregori Warchavchik e Flávio de Carvalho apareceram como provocativas aberrações. Isto é, como se objetos voadores não-identificados tivessem pousado em meio aos ornamentados sobrados de feição eclética que dominavam a paisagem dos bairros da elite paulistana. Incompreendido, o conjunto de Flávio acabou sendo vendido e descaracterizado, perdendo, com isso, tanto a capacidade de educar o novo homem, como pretendia o irreverente artista-arquiteto, quanto o sentido de coletividade. Ainda assim, nas décadas de 1980, 90 e 2000, essa casa (número 1052 da Alameda Ministro Rocha Azevedo) abrigou lojas de design de móveis como a Nucleon 8, e escritórios de arquitetura e design como o Studio Arthur Casas.
É louvável que, nos dias de hoje, instituições privadas, como galerias de arte, estejam empenhadas em restaurar obras residenciais que são patrimônios da nossa arquitetura moderna, devolvendo-as à fruição coletiva. No caso dessa obra, uma das poucas casas razoavelmente preservadas do conjunto, trata-se de uma construção cujo espaço central tem um generoso pé-direito duplo, com paredes de cantos arredondados, e uma alternância calculada entre peitoris opacos e planos vazados com leves barras horizontais de ferro, dando a esse vazio central um caráter fortemente cinético. Característica que será, certamente, muito bem explorada por artistas em trabalhos site-specific que venham a ser feitos aqui.
Diferentemente de Warchavchik, próximo da Bauhaus, Flávio de Carvalho tinha um espírito libertário e experimental, muito mais identificado ao dadaísmo. Na sede da Fazenda Capuava, que projetou e construiu para si mesmo em Valinhos, o arquiteto-artista combina um léxico moderno com referências a culturas ancestrais, como a egípcia, articulando o progressismo das vanguardas a uma heterodoxa pulsão erótica de vida. Aqui, no bairro dos Jardins, ele tentou se adequar às regras do mercado, de maneira a poder subvertê-lo. Mas o mercado resistiu. Oitenta anos depois, com o seu espaço aberto a experimentações artísticas, uma dessas casas ganha uma inesperada sobrevida. Que venham outras!
Sobre José Resende
O artista José Resende (São Paulo, 1945), em resposta à pergunta o que te instiga, o que te move?, enuncia sem hesitar: a vida. Com um percurso artístico iniciado há quase seis décadas, Resende progressivamente buscou, através de suas esculturas, uma intervenção no espaço público urbano que pudesse agir no cotidiano dos passantes de modo a confrontar a tendência dessensibilizante que reside na repetição dos dias. Dessa forma, obras como o Passante (1996) do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, e a Vênus (1991) localizada na Rua do Rosário, no Rio de Janeiro, tornaram-se personagens da cidade, interagindo com quem passa por ali, seja no ir e vir da rotina de trabalho, seja dançando junto, movendo-se com os trancos dos corpos dos foliões nos ensaios e saídas de blocos carnavalescos. Para Resende, todas essas ativações e impactos recebidos e causados pelas obras a partir do lugar em que elas estão situadas são os aspectos que dão sentido à sua presença no espaço comum, que completam, complementam e adicionam camadas de significação ao seu trabalho.
Seja através dessas obras que preenchem o espaço através de placas de cobre, metal, aço, através de contêineres e vagões suspensos, empilhados ou blocos de concreto orquestrados em uma edificação da alternância; seja através do que o artista chamou de “desenhos tridimensionais”, linhas de tensão formando ângulos agudos entre fios de couro, barras de ferro, pedregulhos e espaços vazios – o trabalho de José Resende convoca o outro em uma experiência corporal que começa por um estranhamento mental, dada a dificuldade de colar à maioria de suas obras atribuições do comum, de um repertório de imagens e construções pré-estabelecidas. O seu interesse vem do que na obra é desconhecido, a convocatória vem do que o trabalho tem a ensinar sobre a imaginação do impossível, sobre a manipulação das coisas duras, sobre o fascínio da tensão. Nesse sentido, há momentos em que cruza com o chamamento corporal dos neoconcretos como Hélio Oiticica e Lygia Clark, mas as propostas logo se distanciam quando estes não abdicam do comum como recurso e como convite à experiência corpórea que conta sobretudo com os sentidos e com o movimento que o outro agrega à obra.
De importância incontornável no cenário contemporâneo brasileiro, o comprometimento de José Resende para com a arte sempre foi exercido não só através da sua produção, mas também do seu engajamento no debate por meio da participação e fundação de jornais, revistas como a Malasartes (1975-76), A Parte do Fogo (1980) e o Centro de Experimentação Artística Escola Brasil (1970-74), tendo iniciando sua atividade profissional na Rex Gallery & Sons, que existiu entre junho de 1966 a maio de 1967. Podendo ser associado a diversas correntes artísticas relevantes do século XX, como a arte minimalista, conceitual e povera, devido à variedade de dimensões e formas das quais lançou mão e ao uso de materiais de naturezas distintas, como a parafina e o concreto, como o vidro e o aço, o que mais chama a atenção no trabalho de José Resende é a sua singularidade que nunca permitirá restringi-lo ao programa de um movimento específico. Nesse ponto, Resende reivindica à sua obra aquilo que sua grande amiga e artista Mira Schendel também reivindicou: um poder de autonomia e síntese, um descompromisso com a comunicabilidade imediata, já que ambos exercitam, por meios distintos, a linguagem artística como potência condensada.
José Resende’s solo show opens Bergamin & Gomide’s second exhibition space, the house projected by artist and architect Flávio de Carvalho in 1933. Having exhibited at Galeria Bergamin in 2005, this is the first of Resende’s exhibitions at the gallery under the direction of Antonia Bergamin and Thiago Gomide. The exhibition contains two works that Resende produced for the occasion, one external, on one of the side walls, and another internal, occupying the central area of the house’s atrium – apart from a selection of works dating as far back as 1975. José Resende, who is himself an artist-architect, is interested in Flavio de Carvalho’s work for its originality within the construction of Brazil’s project of modernity. It is with this in mind that the two works shown here were conceived, following from Resende’s production, which carries out an intense dialog with urban space and architecture.
The work conceived by José Resende for the outside area of the house, according to Rosalind Krauss’ site specific concept, seeks to interpolate the other who circulates on the street, so that the construction, which thus far had been obliterated by the surrounding buildings, may stand out to the gaze, given its presence amid a banal landscape – that is to say, the work, once installed, brings a previously nonexistent particularity. Furthermore, the piece directs the pedestrian’s gaze upward, making the circular awning on the house’s rooftop area more noticeable. For Resende, this is an important element of the construction since it bounces off the form of the volume above it – which, in turn, bounces off the form of the steps on the ground level, in front of the doorway. Highlighting this displacement between planes also draws attention to the column which starts from the ground, crosses through the volume and supports the small circular awning on the rooftop.
The work inside the house is situated in its main room. Whoever walks in sees only a part of it – later, walking up the stairway to the upper level, it can be seen laterally. When walking along the narrow balustrade that circles the mezzanine, it is possible to regard it from a circular perspective in movement. Thus, seeing the work implies following a course through all the main spaces in the House. Resende seeks to emphasize to the spectator the intention of, through his intervention, proposing a way of roaming and perceiving this place. The choice for brass as the material of both works gives them a more sculptural connotation – distancing them from the repertoire of civil construction and allowing them to stand out and individualize in the context of the House.
José Resende’s works, while made from a number of different techniques and dimensions, bear common procedures that, as Rodrigo Naves remarks in his text Mágicos & Trapezistas (2021) , give direction to his production since the late 1970s. Among these is the notion of structural continuity between works, built in such a way that each of their parts appear as a whole, without evidencing the sections or collages of combined materials composing a single piece – which can be seen, for example, in his “linear sculptures”, from 1980 (figure 1): “It is possible to know that the copper and rubber tubes belong to larger units, which have been cut, interwoven, etc. The direction and bending of the two tubes with differing points of malleability produce, then, a magic trick: it becomes possible to bend a copper tube without denting it, as if it were made of rubber”, says Naves.
What interests José Resende is the establishment of an authentic experience with matter and the tensions created when distributing it in space, without imposing exterior symbols and significations. It is in this manner that the artist exercises that which Naves identifies, this time in a 1985 text, as a “blockade to the prolixity of expression” – his synthetic power is what takes his work to new distances. And to what distances! Boasting a notable resumé, Resende received in 1985 the prestigious Guggenheim Foundation scholarship, has exhibited many times at the São Paulo Biennial (9th, 17th, 20th and 24th), at the 11th Paris Biennial, where he received an honorable mention, at the 43rd Venice Biennial, at Documenta IX, at the 11th Sydney Biennial and in important national and international institutions throughout his more than 50 years of activity.
That being said, the encounter between José Resende’s work and the architecture of Flávio de Carvalho is an event that draws our attention to the most valuable legacy of the Brazilian modernist project, which extends and transforms through original artists who still find in it new directions and meanings. For José Resende, Flávio de Carvalho’s Vila Modernista configures the historical mark of a modern project that sought to establish a new man, something crucial to be remembered at this moment of political regression in the country. Thus, Resende’s works, in dialog with our past, remind us of a future, that future in which we believe.
Guilherme Wisnik about the House of Flávio de Carvalho
A white house displaying a protruding semicircular bulge on its facade, crowned by a round marquee supported by a center column that spans the entire volume of the house and descends to the ground floor, defining the front porch plan. Thus, the construction marks its curious presence in the city. An important exponent of the modernist movement in São Paulo, this UFO-house, inaugurated in 1938, is part of a development of 17 built-for-rent houses, designed and developed by Flávio de Carvalho on his family lot in the Jardins neighborhood, between Alameda Lorena and Alameda Ministro Rocha Azevedo, which previously belonged to the father of the poet Oswald de Andrade. Vila América - also known as Vila Modernista - has an internal street, which integrates all the properties in the complex, becoming, ideally, a kind of collective backyard for tenant-residents. A resident of the house located on the corner of the complex, Flávio maintained a store on the ground floor of the Villa, called “Vaca”, where he sold dairy products produced on his farm in Valinhos.
Radical and provocative, Flávio de Carvalho was a fierce critic of bourgeois habits and believed the city was the true home of the “man of tomorrow,” who he referred to as “the naked man.” Hence the Villa’s sense of community that challenges the individualism of private lots, designing semi-detached and/or row houses. Which, within the interior layout of the houses’ blueprints ends up leading to the suppression of hallways, a greater integration of social and service areas, the creation of modestly-sized rooms, the suggestion of curtains (instead of walls) to divide some rooms, making them flexible, and the drafting of careful instructions for the correct usage of the houses. Pedagogical regulation instructions aiming to educate the new man to come, less inclined to bourgeois standards of comfort and therefore more apt to become an active inhabitant of the city.
The plastered walls painted white, the reinforced concrete structures, and the expedient of employing thin metal profiles in window frames and guardrails are some of the features that date back to the idea of the house as a “machine for living”, as devised by Le Corbusier in the 1920s. In 1930s São Paulo, the modernist houses designed by Gregori Warchavchik and Flávio de Carvalho emerged as provocative aberrations. In other words, it was as if UFOs had landed amid the ornate two-story houses with eclectic features that dominated the landscapes in São Paulo’s elite neighborhoods. Misunderstood, Flávio’s development ended up being sold and disfigured, thus losing both its ability to educate the new man, as intended by the irreverent artist-architect, and its sense of community. Even so, in the 1980s, 90s and 2000s, this house (number 1052 on Alameda Ministro Rocha Azevedo) housed furniture design stores like Nucleon 8, and architecture and design offices such as Studio Arthur Casas.
It's commendable that nowadays private institutions such as art galleries are committed to restoring residential projects that are part of our modern architectural heritage, returning them to collective fruition. In the case of this project, one of the few reasonably preserved houses from the development is a structure whose central space has high ceilings, walls with rounded corners and a calculated alternance of opaque windowsills and open plans displaying thin horizontal iron bars, providing this empty center with a highly kinetic character. A feature which will certainly be explored to the fullest by artists in site specific works created here.
Unlike Warchavchik, who was closer to Bauhaus, Flávio de Carvalho was an experimental free spirit, much more identified with Dadaism. At the headquarters of Fazenda Capuava, which he designed and built for himself in Valinhos, the artist-architect combines a Modern lexicon with references to ancient cultures, like the Egyptians, conveying the avant-garde’s progressivism and an unorthodox erotic life drive. Here in Jardins, he tried to adapt to the rules of the market, in order to be able to subvert it. But the market resisted. Eighty years later, with its space open to artistic experimentation, one of these houses is now given unexpected new life. Let's hope there will be others!
José Patrício na Nara Roesler, São Paulo
A Nara Roesler São Paulo apresenta, de 22 de maio a 24 de julho de 2021, a mostra individual José Patrício: Potência criadora infinita, com curadoria de Paula Braga. A exposição reúne obras produzidas recentemente pelo artista pernambucano, que se consagrou pela utilização de procedimentos emprestados da matemática e de objetos retirados do cotidiano para a construção de composições hipnóticas.
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Desde o final da década de 1990, Patrício vem explorando metodicamente materiais do dia a dia, como bonecos de plástico, botões, dados e dominós. A aparente banalidade desses objetos poderia facilmente remeter à esfera lúdica do jogo e da fantasia infantil, contudo, o arranjo sistemático os esvazia de sua função, transformando-os em imagens surpreendentes.
Para além do gesto de apropriação e de deslocamento de objetos da esfera comum para o universo da arte, o serialismo e a reprodutibilidade são também elementos estruturantes de sua prática. Reunir, em uma mesma composição, uma vasta quantidade de um único elemento determina um movimento duplo. Assim, esse objeto pode tanto manter-se identificável em sua individualidade quanto ser descaracterizado, em função da abundância assombrosa de semelhantes unidos pela regularidade do gesto composicional.
Em sua sexta exposição na Galeria Nara Roesler, José Patrício se aprofunda na busca, já recorrente em sua prática, pelo potencial estético de objetos comuns modificando suas configurações de forma a ampliar suas possibilidades formais, fazendo transparecer, por exemplo, ritmos e cores.
O elemento eleito para suas composições são pequenas peças cúbicas de plástico, cuja tonalidade passa do branco ao preto, percorrendo uma ampla escala de cinzas. Contudo, a variedade dos 22 tons torna-se uma ferramenta econômica. Ao excluir a profusão cromática, a estrutura dos trabalhos fica ainda mais pronunciada e deixa transparecer as impressões de movimento, dinâmica e ritmo.
Esse fato mostra-se evidente nessa nova série, na qual os próprios títulos dos trabalhos – circuito tonal, trajetória sobre preto, trajetória sobre branco – ressaltam o caráter de fluxo que vibra em seus arranjos. O movimento está incorporado em sua prática não só como desenvolvimento de uma pesquisa artística, mas na abertura às possibilidades combinatórias, que não se esgotam. Mesmo utilizando poucos elementos, que, em cada quadro, recebem uma sequência fixa, a diversidade de arranjos não tem fim.
Segundo a curadora Paula Braga, essas composições excêntricas e concêntricas que capturam o olhar do público, mais do que o resultado da insistência do artista no processo criador, são uma reflexão sobre o próprio tempo, que, finito para nós, torna-se visível a partir da impossibilidade de esgotamento de todas as variedades combinatórias.
Sobre o artista
José Patrício nasceu em 1960, em Recife, onde vive e trabalha. Participou de bienais como a 22ª Bienal de São Paulo (1994) e a 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre (1994), ambas no Brasil,; e a 8ª Bienal de Havana, Cuba (2003). Participações recentes em exposições coletivas incluem: Ars Combinatoria, no Hong Kong International Art Fair, em Hong Kong (2012); Art in Brazil, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, Bélgica (2011); e Bahia, 50 anos de arte brasileira, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, Brasil (2009). Suas mais recentes mostras individuais são: A espiral e o labirinto, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo (2012); José Patrício: O Número, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro (2010); e Expansão Múltipla, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2008), todas no Brasil. Suas obras fazem parte de coleções como a da Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, França; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães e Fundação Joaquim Nabuco, ambos no Recife; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Banco Itaú S.A., São Paulo;, e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Coleção Gilberto Chateaubriand, todas no Brasil.
Sobre a galeria
A Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, representa artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; e apoiou seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.
Galeria Nara Roesler | São Paulo is pleased to announce the opening of the exhibition José Patrício: Potência criadora infinita, a solo show curated by Paula Braga, on view from May 22 until July 24, 2021. The presentation will showcase the artist’s most recent production. For decades, the artist has dedicated his work to incorporating mathematical procedures in his compositions, using and organizing everyday objects into hypnotic designs.
Since the end of the 1990s, Patrício has continuously and methodically explored ordinary materials such as plastic figurines, buttons, dice and dominoes. These objects’ apparent banality conveys a certain playfulness, while the artist’s systematic compositions strips them from their function, redefines their purpose and transforms them into unusual images.
Apart from the act of re-appropriation of objects, shifting from the everyday to the universe of visual arts, the questions of seriality and reproduction are also key aspects of Patrício’s practice. Indeed, the artist assembles, within a single composition, huge quantities of the same object - as such, the item becomes both, identifiable in its singularity, and de-characterized by the abundance in numbers and the artist’s imposed compositional function.
On the occasion of his sixth exhibition at Galeria Nara Roesler, José Patrício has chosen to further his investigation into the search for and understanding of the potential beauty of everyday objects, creating configurations that seek to amplify the items’ formal possibilities by unveiling, often inherent, rhythms and colors.
Specifically, his most recent series consists of a body of works composed of small plastic cubes, whose colors vary from white to black, going through all the grays in between, totaling in twenty-two different tonalities. By focusing specifically on grayscales, and excluding other colors, the structure of the work becomes even more pronounced, with a sense of movement, dynamism and rhythm transpiring ever so strongly.
Patrício’s new works are titled so as to further emphasize the series’ focus on motion and cadence, with names such as circuito tonal [tonal circuit], trajetória sobre preto [black trajectory], trajetória sobre branco [white trajectory]. Ultimately, movement is incorporated into the artist’s practice, not only as a path for his artistic research, but also as a source of endless possibilities and combinations. Though the series uses very few elements, employing variations of the same object, each work presents a different sequence alluding to the idea that compositional options are infinite.
According to the curator Paula Braga, the fact that the eccentric and concentric compositions capture the public’s eye more effectively than the artist’s creative process, reveals that time becomes visible when showing the impossibility of exhausting compositional possibilities.
About the artist
José Patrício was born in 1960 in Recife, where he lives and works. Recent solo shows include: José Patrício: Algorithm in ‘Object Recognition’, at Pearl Lam Galleries (2018), in Hong Kong, China; Precisão e acaso, at Museu Mineiro (2018), in Belo Horizonte, and at Museu Nacional Honestino Guimarães (MUN) (2018), in Brasília, Brazil; Ponto zero, at Sesc Santo Amaro (2017), in São Paulo, Brazil; Explosão Fixa, at Instituto Ling (2017), in Porto Alegre, Brazil. He featured in biennials such as the 22nd Bienal de São Paulo (1994) and the 3rd Mercosul Visual Arts Biennial, in Porto Alegre (1994), both in Brazil; and the 8th Havana Biennial, in Cuba (2003). Recent group shows include: Ateliê de Gravura: da tradição à experimentação, at Fundação Iberê Camargo (FIC) (2019), in Porto Alegre, Brazil; Géométries Américaines, du Mexique à la Terre de Feu, at Fondation Cartier pour l’art contemporain (2018), in Paris, France; Asas e Raízes, at Caixa Cultural (2015), in Rio de Janeiro, Brazil; Le Hors-Là, at Usina Cultural (2013), in João Pessoa, Brazil. His work is included in the collections of: Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, France; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM) and Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), both in Recife, Brazil; Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), Salvador, Brazil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brazil.
About the gallery
Galeria Nara Roesler is a leading Brazilian contemporary art gallery, which represents established and prominent emerging Brazilian and international artists, with headquarters in São Paulo, Rio de Janeiro, and New York. Founded by Nara Roesler in 1989, the gallery has fomented the development and the diffusion of its artists’ work through a consistent exhibition program, solid institutional partnerships and constant dialogue with leading curators in the contemporary art scene.
maio 18, 2021
Webinário no MAC USP aborda processos curatoriais
Curadoria em debate: a pesquisa em museus universitários
Este webinário aborda desafios da prática curatorial em museus universitários de diversas tipologias, com a participação de palestrantes do Brasil e do exterior. Trata-se de atividade integrante do Projeto FAPESP “Coletar, identificar, Processar, Difundir. O Ciclo Curatorial e a produção do conhecimento”, que reúne docentes e pesquisadores do Museu de Arte Contemporânea, do Museu de Zoologia, do Museu Paulista, do Museu de Arqueologia e Etnologia e do Instituto de Física – todos da USP – e do Instituto de Artes da Unicamp.
20 e 21 de maio de 2021, 14 às 18 horas
Evento gratuito, sem necessidade de inscrição prévia
Transmissão em português - youtube.com/macuspvideos
Programa completo em https//sites.usp.br/ciclocuratorial/
Informações - curadoriaemdebate@gmail.com
PROGRAMA
20 de maio, quinta-feira
14h - ABERTURA
Ana Magalhães (MAC USP)
14h15 - CURADORIA DIGITAL
Corrie Saux Moreau (Cornell University)
Compartilhando o poder das coleções através da digitalização
Dalton Lopes Martins (UnB)
O desafio da memória em tempos de cultura digital: dos objetos digitais às redes semânticas
Bruno Moreschi (FAU USP)
A desmaterialização não está exposta – Arte e tecnologia como parte estruturante (ou desestruturante) de práticas curatoriais
Mediadora: Solange Lima (MP USP)
Debatedora: Ana Carolina Maciel (IA COCEN Unicamp)
16h20 - INTERAÇÕES DISCIPLINARES: TECNOLOGIAS DE IDENTIFICAÇÃO
Cynthia Schwarz (Yale University)
Patrimônio cultural e colaboração: Conservação na Universidade de Yale
Carlos Appoloni (UEL)
O Laboratório de Física Nuclear Aplicada e o trabalho com coleções museais
Mediadora: Ana Magalhães (MAC USP)
Debatedora: Márcia Rizzutto (IF USP)
21 de maio, sexta-feira
14h - SABERES COMPARTILHÁVEIS, ALTERIDADES E POLÍTICAS CURATORIAIS
Marília Cury (MAE USP)
Museologia Crítica, Museologia Social e Museologia Compartilhada na pauta da descolonização
Gustavo A. Ortiz Serrano (MAC Bogotá)
A espiral digital, curadoria durante e pós-pandemia
Maria Dulce Gaspar (MN UFRJ), Cilcair Andrade (Artefato Arqueologia & Patrimônio) e Claudia Vitalino (UNEGRO)
Ações dialógicas e vivências compartilhadas – o cotidiano da Educação Patrimonial para a legitimação dos espaços de memória
Mediadora: Maria Isabel Landim (MZ USP)
Debatedor: Camilo de Mello Vasconcellos (MAE USP)
16h10 - REPATRIAÇÃO DE ACERVOS E AÇÕES DE REPARAÇÃO
Rodrigo Christofoletti (UFJF)
Restituição como reparação histórica: o que vale para um, vale para todos?
Benoît de L'Estoile (École Normale Supérieure, Paris)
Restituindo, reivindicando, compartilhando: alguns desafios para museus etnográficos
Antoine Gournay (Sorbonne Université)
Obras de arte asiáticas em museus: Tesouros nacionais, mas de quem?
Mediadora: Helouise Costa (MAC USP)
Debatedor: Paulo César Garcez Marins (MP USP)
18h - ENCERRAMENTO
Carlos Roberto F. Brandão (MZ USP)
Lucas Lenci na Carbono, São Paulo
A série Still Life é fruto de uma extensa pesquisa do fotógrafo Lucas Lenci acerca da taxidermia por um período de cinco anos, que originou o livro premiado pelo Festival de Belfest em 2021. A partir daí, nascem os dois polípticos exclusivos para a Carbono.
“Em seus trabalhos anteriores, o artista Lucas Lenci criou ensaios fotográficos que tensionavam a natureza silenciosa e estática da fotografia. Agora, em Still Life, Lenci aprofunda essas questões ao criar um paralelo entre fotografia e taxidermia, nos conduzindo a reflexões filosóficas bem engendradas sobre os binômios vida e morte, existência e resistência, arquivo e sobrevivência, still e life. Tais reflexões permeiam a razão de existir das imagens, da beleza fugaz dos pássaros e, em última instância, de nós mesmos.”
Eder Chiodetto
SOBRE O ARTISTA
Lucas Lenci estudou Desenho Industrial na Faculdade de Belas Artes, de São Paulo e Fotografia na Escola Panamericana de Artes. Trabalhou muitos anos na produção de imagens com importantes nomes da fotografia brasileira e estrangeira, tanto para o mercado publicitário como editorial.Em 2005, viveu por um tempo em Nova York, período que teve grande influência em seu trabalho pessoal.
Seu trabalho já foi exposto em mostras em importantes instituições como o Palais des Nations (Genebra), o SESC Santana (São Paulo), a Novíssimas Escuelas Latinoamericanas de Fotografia Creativa (Madri), o Museu Brasileiro de Escultura (São Paulo). Seu livro “Desaudio" (2013) foi finalista do Prêmio Jabuti 2014 e terceiro colocado no Prix de la Photographie de Paris.
Como autor, possui quatro foto-livros publicados, todos celebrados internacionalmente, tendo feito lançamentos em Paris e Nova York.
Idealizou o projeto “Quarentena Books”, onde 8 fotógrafos e 8 designers criaram livros de forma remota durante a quarentena, e cujos lucros foram doados a comunidades mais expostas a pandemia.
Atualmente divide seu tempo atuando também como executivo na Fundação Stickel, organização sem fins lucrativos em São Paulo que promove melhoria na formação de pessoas mais vulneráveis através das artes.
Iberê Camargo - O Fio de Ariadne no Tomie Ohkake, São Paulo
A Fundação Iberê chega a 2021 expandindo sua presença no Brasil, com a exposição Iberê Camargo – O Fio de Ariadne em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, até o dia 11 de julho.
Com curadoria de Denise Mattar e Gustavo Possamai, a mostra revela 36 cerâmicas e oito tapeçarias de grandes dimensões, obras que não eram expostas há cerca de 40 anos e que estão espalhadas em coleções públicas e particulares de Lisboa, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. Acompanham a mostra cartões e gravuras e uma linha do tempo em referência à urdidura feminina que apoiou o trabalho do pintor ao longo de sua história.
A itinerância é complementada com uma tapeçaria localizada recentemente em uma coleção particular de Belo Horizonte. Trata-se de uma obra de 140 x 225 cm, produzida no início dos anos 1980, que faz par com o cartão que serviu de base para a sua criação, pertencente a uma coleção de São Paulo.
Em diálogo com a exposição, o Instituto exibe o filme “Dédale”, do artista e diretor francês Pierre Coulibeuf. A obra, que integra o acervo da Fundação, foi produzida em 2009 a partir de filme 35mm, inspirada no universo artístico e criativo de Iberê Camargo e realizada através de um projeto curatorial de Gaudêncio Fidelis. “Dédale” é uma construção circular e descentrada, na qual o prédio representa uma mise en abyme, uma reflexão infinita para dentro de si na visão asfixiante, contundente e poética de Coulibeuf.
Presente para a família de Clarice Lispector – Quem visitar “O Fio de Ariadne” poderá ver de perto uma pintura de Iberê Camargo feita para o filho de Clarice Lispector, Paulo Gurgel, e sua esposa, em 1976. O presente de casamento foi doado pela família da escritora ao acervo da Fundação.
“Ao conceber a exposição em Porto Alegre, entramos em contato com a família da escritora, pedindo autorização para usar uma foto de Clarice, e fomos surpreendidos com a doação da obra", recorda Gustavo Possamai, responsável pelo Acervo da Fundação Iberê.
Iberê e Clarice se conheceram no meio artístico do Rio de Janeiro, que contava ainda com nomes como Carlos Scliar, Burle Marx, Bruno Giorgi e Aloísio Magalhães. Em 1969, o pintor gaúcho foi um dos entrevistados dos “Diálogos possíveis com Clarice Lispector”, uma seção da revista Manchete.
“Um homem alto, um pouco curvo, olhar manso, pele morena, o ar ascético de um monge: eis diante de mim Iberê Camargo, um dos nossos grandes pintores. Era impossível não conversarmos sobre o calor: fazia 40,9 graus à sombra. Eu estava no ateliê do pintor que fica numa cobertura na Rua das Palmeiras: como Iberê nota, parece que o terraço é um tombadilho e que, em breve, vamos zarpar. Bebemos água, bebemos café requentado – até que mais tarde, sua esposa Maria, uma das mais simpáticas das Marias, vem e nos faz um café expresso que me lembra a Itália. Enquanto isso, Iberê me dá uma toalha de rosto para eu enxugar de quando em quando o suor que me escorre pela testa, pelo rosto. Bebemos mais água. E a entrevista começa. O que me impressiona logo de início é o ar de honestidade, modéstia e, simultaneamente, de confiança em si próprio que Iberê transmite.” (Clarice Lispector)
Para ler a entrevista na íntegra, escaneie o QR Code em http://iberecamargo.org.br/criar-um-quadro-e-criar-um-mundo-novo/
Durante as décadas de 1960 e 1980, além de sua intensa produção em pintura, desenho e gravura, Iberê Camargo realizou trabalhos em cerâmica e tapeçaria. Eles respondiam a uma demanda do circuito de arte, herdada da utopia modernista que preconizava o conceito de síntese das artes; uma colaboração estreita entre arte, arquitetura e artesanato.
Com assessoria técnica das ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck, o artista realizou, nos anos 1960, um conjunto de pinturas em porcelana com resultados surpreendentes. Na década seguinte, selecionou um conjunto de cartões que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias.
A mostra é complementada por uma cronologia ilustrada, apresentando algumas das mulheres que marcaram presença na vida de Iberê, por meio de fotos, biografias e depoimentos: a esposa Maria Coussirat Camargo; as artistas Djanira, Regina Silveira e Maria Tomaselli; a tapeceira Maria Angela Magalhães; as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck; as gravadoras Anna Letycia, Anico Herskovits e Marta Loguercio; a escritora Clarice Lispector; a galerista Tina Zappoli; a produtora cultural Evelyn Ioschpe; a cantora Adriana Calcanhotto e a atriz Fernanda Montenegro.
Três Artistas de Engenho de Dentro no Museu de Imagens do Inconsciente, Rio de Janeiro
Museu de Imagens do Inconsciente realiza a exposição virtual Três Artistas de Engenho de Dentro – Adelina Gomes, Fernando Diniz e Octávio Ignácio
O Museu de Imagens do Inconsciente (MII) apresenta a partir do dia 18 de maio de 2021, às 18h30 – Dia Internacional dos Museus e Dia Nacional da Luta Antimanicomial – a exposição virtual “Três Artistas de Engenho de Dentro”, com um recorte inédito, que reúne 90 obras muito pouco conhecidas pelo público, de Adelina Gomes(1916-1984), Fernando Diniz (1918-1999) e Octávio Ignácio (1916-1980). Com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, Luiz Carlos Mello e Eurípedes Gomes da Cruz Júnior, o maior desafio foi selecionar obras dentro da vasta produção dos três artistas. O formato digital permite valorizar a força de cada um dos trabalhos, que “reconta de certa forma suas trajetórias, traço característico do resultado do trabalho criado e desenvolvido pela Dra. Nise da Silveira (1905-1999)”, comenta Marco Antonio Teobaldo. A exposição poderá ser vista no link https://mii.org.br/3artistas.
Marco Antonio Teobaldo destaca que esta tarefa só foi possível graças ao profundo conhecimento que Luiz Carlos Mello e Eurípedes Gomes da Cruz Júnior têm do Museu, a que estão ligados há quase cinco décadas, e que, além de terem convivido com os artistas, “possuem a habilidade de resgatar as memórias contidas nos trabalhos”. Luiz Carlos Mello é diretor do MII, e ganhou o Prêmio Jabuti com o livro “Caminhos de uma psiquiatra rebelde”, e Eurípedes Júnior, músico e museólogo, é vice-presidente da Sociedade Amigos do MII, e curador do Museu Nacional de Belas Artes.
Os três artistas eram negros, de origem humilde. Marco Antonio Teobaldo salienta na apresentação da exposição que “não há como separar a figura dos criadores de suas respectivas produções artísticas, porque o processo de construção dessas obras e seus códigos estão diretamente relacionados com a história de vida de cada um deles”. “Esta exposição proporciona ao observador um mergulho em três universos distintos, que transitam entre feminino e masculino, sistemas e organização de imagens, cores saturadas e linhas. Impossível não se emocionar com tamanha beleza!”, afirma.
Na abertura da exposição haverá uma conversa virtual com a presença dos curadores e ainda de Erika Silva, diretora do Instituto Municipal Nise da Silveira, Heloísa Helena Queiroz, gerente de Museus da Secretaria Municipal de Cultura, Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras. A conversa estará disponível, ao vivo, no canal youtube.com/c/museudeimagensdoinconsciente.
EXPOSIÇÃO VIRTUAL DE LONGA DURAÇÃO
A exposição virtual será de longa duração, e é bilíngue (português/inglês), para ampliar o acesso a este raro e singular acervo, uma referência mundial do assunto. O Museu fundado por Nise da Silveira em 1952, no bairro Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, possui um acervo de 400 mil obras, o maior de seu gênero. Resultado da produção feita pelos pacientes psiquiátricos nos ateliês criados em 1946 pela Dra. Nise, essas obras atestam não apenas um trabalho pioneiro na psiquiatria mundial, que inspirou a Reforma Psiquiátrica brasileira – dotando o país de uma das legislações mais avançadas no mundo nessa área – como revelam seu valor artístico. Na 11ª Bienal de Berlim, em 2020, estiveram 26 dessas obras, dos artistas Adelina Gomes (1916-1984) e Carlos Pertuis (1910-1977).
“Três Artista de Engenho de Dentro” traz imagens de 30 obras de Adelina Gomes,30 obras de Fernando Diniz, e 30 de Octávio Ignácio. Cada imagem é acompanhada de informações de seu tamanho, técnica empregada pelo artista, e o ano de criação.
A exposição traz ainda minibiografias dos três artistas, textos críticos sobre o trabalho de cada um deles, além da apresentação de Marco Antonio Teobaldo. Comentários da própria Nise da Silveira sobre os artistas também estão na exposição.
O pesquisador e historiador da arte Raphael Fonseca conta que conheceu o trabalho de Adelina Gomes pelo cinema, no filme “Imagens do Inconsciente”, obra-prima de Leon Hirszman filmada entre 1983 e 1986 no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro, lançado em 1988, após a morte da artista. No filme, o episódio dedicado à artista tem o título “No reino das mães”, e “aponta para as análises feitas por Nise da Silveira, que associa sua produção às relações com figuras femininas no decorrer de sua biografia”.
“Gosto de olhar para a produção da artista e para sua famosa frase citada por Nise da Silveira nesse documentário – ‘Eu queria ser flor’ – de maneira ampla e trans-histórica: que as metamorfoses de Adelina se cruzem tanto com aquelas descritas por Ovídio, quanto com as transformações sugeridas por Hayao Miyazaki. Propondo uma conversa com uma produção mais recente de arte no Brasil, que seus ecos da busca pelo ‘corpo-flor’ possam ser escutados nas poéticas de Castiel Vitorino Brasileiro e Tadaskia. Não nos prendamos a uma forma – entreguemo-nos ao movimento e à incerteza das transformações, assim como Adelina nos ensina até hoje”, escreve Raphael Fonseca.
O curador e crítico de arte Márcio Doctors escreveu sobre Fernando Diniz no catálogo da “Mostra do Redescobrimento – Imagens do Inconsciente”, na Bienal de São Paulo, em 2000. “A pintura de Fernando Diniz é deslumbrante. Não há outro adjetivo que qualifique melhor o vigor de sua imagem, que brilha com a precisão de quem constrói um abrigo para se proteger. É desse envolvimento reconfortante que trata sua obra. Há luxo. Há calma. Há volúpia nas suas imagens”. “É como se perseguisse um ideal burguês ao qual nunca teve acesso, mas do qual retirou a palpitação que alimenta seu imaginário. Alijado, mas prisioneiro, devolve, através de sua arte, uma profunda compreensão e admiração àquilo que nunca lhe foi dado ter. Sua pintura é expressão de seu desejo de penetrar esse universo”, analisa.
Eurípedes Gomes da Cruz Junior lembra que conheceu o Museu de Imagens do Inconsciente em “meados dos anos 1970, levado pelo meu inseparável amigo e irmão Luiz Carlos Mello, que depois tornar-se-ia o principal colaborador da Dra. Nise da Silveira”. Jovem estudante de música, Eurípedes Júnior recuperou um velho harmônio que lá havia e passou a tocar “longos improvisos durante as atividades do ateliê de pintura”. De Octávio Ignácio ele destaca que “era um diferencial no ateliê: os outros frequentadores eram internados, vestiam uniformes e cumpriam a triste rotina do hospício – enfermaria, pátio, ateliê, enfermaria... ele era um participante externo, vinha de sua casa e trajava roupas comuns”. “Octávio esbanjava alegria e se mostrava quase sempre extrovertido, jovial e brincalhão. Hoje vejo claramente a força simbólica que esse fato representava naquele momento. Depois de doze internações, ele começou a desenhar e pintar, e depois disso não foi mais reinternado. Octávio representava o futuro, a transição entre o velho e cruel sistema da psiquiatria tradicional e a revolução iniciada por Nise, baseada no afeto e na liberdade: hoje, nos ateliês do Museu de Imagens do Inconsciente, todos estão livres da prisão asilar! Essa personalidade irrequieta e alegre reflete-se em seu trabalho criativo”, pontua.
CATALOGAÇÃO E DIGITALIZAÇÃO DE 64 MIL OBRAS
O Museu de Imagens do Inconsciente foi selecionado por dois anos seguidos pela chamada pública para Emenda Parlamentar do Dep. Marcelo Calero. Enquanto aguarda a liberação dos recursos pelo governo federal para os selecionados de 2020, o Museu finaliza as ações possíveis graças à verba recebida pela Emenda em 2019. Está em processo final a construção de um site bilíngue com 400 obras e textos informativos; um inventário de 22 mil obras do lote das 128 mil tombadas pelo IPHAN. Do universo de 400 mil obras de seu singular acervo, apenas 16 mil estão inventariadas. O Museu está assim exercendo seus objetivos principais, que são o de inventariar, preservar, pesquisar e disponibilizar para divulgação, nos mais diferentes formatos – exposições, publicações, seminários, cursos etc. –, este universo imenso e único que é seu acervo. “Este novo sopro de dinamismo é uma poderosa ferramenta para produção de conteúdos para projetos que auxiliam na redução de estigmas das pessoas portadoras de transtornos mentais, além de contribuir fortemente na inclusão social de uma comunidade extremamente rejeitada e estigmatizada”, destaca Eurípedes Júnior.
Assim que for liberada a verba para os contemplados em novembro de 2020, o Museu
alcançará a catalogação e digitalização de 64 mil obras – a metade do conjunto tombado pelo IPHAN – de seu acervo, de reconhecimento mundial, resultante do trabalho pioneiro a que Dra. Nise da Silveira (1905-1999) dedicou sua vida. Este projeto é fundamental para a segurança deste inestimável patrimônio, bem como para permitir o amplo acesso a ele. O edital possibilitará ainda a digitalização de três dos quinze documentários realizados pela equipe do Museu sob a supervisão da própria Dra. Nise, e dirigidos por Luiz Carlos Mello: “Emygdio: um caminho para o infinito” (45'), “Os Cavalos De Octávio Ignácio (30') e “Arqueologia da Psique” (75')
A Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente (SAMII) foi criada em 1974 para incentivar e apoiar as iniciativas científicas e culturais do Museu. Ao longo de sua trajetória de mais de 45 anos, a SAMII realizou diversos convênios com entidades públicas e privadas, cujos resultados alavancaram o Museu e permitiram a realização de inúmeras iniciativas tais como: mais de 200 exposições no Brasil e no exterior; cerca de 50 publicações, além de documentários, vídeos e filmes, seminários, conferência, cursos. A atual diretoria da Sociedade de Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente, presidida por Marcos Lucchesi, grande amigo da Dra. Nise, tomou posse em 2018, e tem como vice-presidente o compositor e museólogo Eurípedes Júnior, que trabalhou com ela e que lançará, ainda em 2021, o livro "Do asilo ao Museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura", sua tese de doutorado.
Outro livro, editado em 2020 e com data de lançamento previsto para este semestre, é "Cartas a Spinoza", com textos de Nise da Silveira, em uma terceira edição revista, com dois mil exemplares impressos graças ao apoio de Max Perlingeiro, do Conselho Deliberativo da Sociedade de Amigos do Museu. O livro foi escrito por Nise da Silveira por incentivo de Marcos Lucchesi. Nise foi uma admiradora e estudiosa de Spinoza desde a juventude.
Outros três livros – “O Mundo das Imagens” e “Imagens do Inconsciente” – têm novas edições previstas pela editora Vozes, pois estão esgotados e são muito solicitados por estudiosos, pesquisadores e interessados pelo assunto. Assim como o livro "Do asilo ao Museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura", de Eurípedes Junior, sua tese de doutorado, previsto também para 2021.
Para 2022, dentro do Projeto 4000, o Museu está planejando a exposição “Ocupação Nise”, um projeto do Itaú Cultural, que inaugurará a ampliação da sede do Museu, comemorando os 70 anos de sua criação.
maio 17, 2021
Futuro e memória nas poéticas contemporâneas no Oi Futur, Rio de Janeiro
Coletiva com obras de 10 artistas de seis estados brasileiros abre dia 26 de maio para visitação presencial com agendamento e todos os protocolos de segurança sanitária
O Oi Futuro inaugura dia 26 de maio, quarta-feira, a exposição coletiva Arte, Cidade e Patrimônio: futuro e memória nas poéticas contemporâneas, sob curadoria de Adriana Nakamuta, com 10 artistas de seis estados brasileiros, em que se debate memória e futuro através de poéticas urbanas, apresentadas em diversas plataformas, que vai ocupar todos os andares do Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
Acompanham a mostra um catálogo-livro e atividades paralelas, como palestras, conversas, vídeo-depoimentos dos/das participantes sobre seus trabalhos e visitas mediadas virtuais.
As/os artistas Beatriz Rauscher (MG), Clara Cavendish (RJ), Claudia Renault (MG), Denilson Baniwa (AM/RJ), Guto Nóbrega (RJ), Lucas Landau (RJ), Mariana Guimarães (RJ), Mauricio Pokemon (PI), Thiago Honório (MG/SP) e Thiago Martins de Melo (MA/SP) foram convidados a apresentar uma produção inédita em suportes e linguagens diversos, contemporâneos, múltiplos, mas conectados com a cidade e nossas diversas esferas de patrimônio, tendo como inspiração a cidade do Rio de Janeiro – Primeira Capital Mundial da Arquitetura, sede do Congresso Mundial de Arquitetos (UIA 2021) e Patrimônio Cultural Mundial na categoria Paisagem Urbana, ambos títulos concedidos pela Unesco.
A exposição justifica-se também pela realização do 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA), que seria realizado no Rio de Janeiro em 2020 pela primeira vez no Brasil. A UIA foi adiada para este ano, e em função da continuidade da pandemia, está ocorrendo em formato remoto e virtual, com agenda global.
Segundo a curadora, esses artistas “trazem para o espaço expositivo do Centro Cultural Oi Futuro a materialidade da arte contemporânea e ativam as experiências visuais em sua diversidade, para a construção e a reconstrução de memórias e redes de relações com o patrimônio e o território das cidades brasileiras”.
CURADORA
Doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com estágio de pesquisa no Instituto Nacional de História da Arte de Paris, na França. Possui graduação em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia, MG, mestrado em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade de São Paulo, especialização em Patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e UNESCO. Em 2018 concluiu o estágio e a pesquisa de Pós-Doutorado Júnior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico na UFRJ. Atualmente é Líder Nacional da Área de Educação da YDUQS, professora do Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural do IPHAN e da Especialização em História da Arte Sacra da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro.
ARTISTAS
BEATRIZ RAUSCHER: Artista mineira, professora e pesquisadora em poéticas visuais da Universidade Federal de Uberlândia. Seu trabalho questiona o patrimônio histórico e cultural pelo viés do valor natural, a partir das palmeiras imperiais, como elemento da tradição e história cariocas. A instalação “Distinção e poder” enfileira 178 mudas deste tipo de árvore, sobre um banco, desenhado em forma sinuosa, que se “oferecem” em adoção. Este é o número de palmeiras da Rua Paissandu, no bairro do Flamengo, RJ. Projetado sobre o telão de LED do espaço, o vídeo “Promenade tropical” mostra diferentes alamedas de palmeiras nesta cidade.
CLARA CAVENDISH: Pintora carioca, participou da exposição “Como vai você geração 80”, em 1984, no Parque Lage. Suas telas de “Rio em Postais” reproduzem flashes de um Rio de Janeiro turístico. Essa série de pinturas confronta visões da malha urbana, envolvendo as populações e seus habitats improvisados das comunidades, com a vegetação dos morros, a geografia carioca e o diálogo da produção arquitetônica neste contexto.
CLAUDIA RENAULT: Mineira, curadora e professora da Escola Guignard da Universidade Estadual de Minas Gerais, trabalha com a memória e a materialidade dos elementos construtivos. Com “Solidão, Esquecimento e Vestígio”, Renault traz uma arqueologia urbana dos becos, ruas e lugares esquecidos, recolhendo matérias-primas originalmente utilizadas em construções, edificações e ornamentações das cidades. A artista mostra aqui restos de janelas, portas e troncos recolhidos no espaço urbano, redefinidos na sua instalação.
DENILSON BANIWA: artista do povo indígena Baniwa, natural do Rio Negro. Vive e trabalha entre Amazonas e Rio de Janeiro. Seus trabalhos mesclam referências tradicionais e contemporâneas. Em “Repovoamento da memória de uma cidade-floresta”, lambe-lambes que ocupam duas paredes em L, o artista traz o movimento do sopro de um pajé para reestruturar e ressignificar o lugar dos povos formadores na construção de memórias coletivas e de identidades culturais.
GUTO NÓBREGA: artista visual e professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, investiga a intersecção de arte e ciência. Ele chama atenção para a realidade vegetal da nossa memória, necessária ao futuro. Guto associa o vegetal, o natural e o artificial em “Aquário bolha plantado”, fazendo uma confluência entre realidades hiperconectadas.
LUCAS LANDAU: Fotógrafo carioca, autor da foto que viralizou no Ano Novo 2020/2021, de uma Praia de Copacabana quase deserta. Ele tem um olhar sensível às questões sociais e afetivas que envolvem o campo da arquitetura, das cidades e do patrimônio. No vídeo “Matermônio”, Landau desconstrói a definição de patrimônio como “herança paterna”, no propósito de uma construção coletiva que ressignifique o feminino no campo do patrimônio.
MARIANA GUIMARÃES: Artista carioca, educadora e pesquisadora de arte no Colégio de Aplicação da UFRJ. Ela apresenta a instalação “Caquinhos”, composta por cerca de 7.000 fragmentos de demolição, coletados nas ruas e caçambas da cidade do Rio de Janeiro. Mariana redesenha, pelo viés do descarte e da substituição do ambiente interno construído, a poética visual de uma narrativa de vidas.
MAURÍCIO POKEMON: Artista visual, natural de e residente em Teresina, tem em sua produção a construção de narrativas visuais de questões urbanas, como a gentrificação e a especulação imobiliária. Pokemon parte do estudo do movimento do corpo como poética significativa para o debate sobre memória e identidade. Da série “Braço Nacional”, ele mostra nesta exposição um políptico de 48 registros dos movimentos corporais de Idalina e Seu Cidinha, piauienses que vieram trabalhar no Rio de Janeiro. É o coroamento simbólico das memórias de um patrimônio nacional construído por trabalhadores nordestinos que migram para outras regiões em busca de uma suposta vida melhor.
THIAGO HONÓRIO: artista mineiro, radicado em São Paulo, professor da Fundação Armando Álvares Penteado. Transitando da matéria ao material, da extração do pictórico, Honório esquadrinha uma geometria de texturas em “Pintura de parede”, com lixas gastas usadas na pintura das paredes da residência do artista. Este conjunto de pinturas se dá pela extração de matéria e não pela adição de tinta. Seu trabalho nos conecta com o ato de restaurar edifícios históricos e de remover as múltiplas camadas que os revestem.
THIAGO MARTINS DE MELO: artista de São Luís do Maranhão, residente em São Paulo. Na animação stop motion [4” loop] desta exposição, “A queima do tempo do conhecimento”, trata do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, sob duas faces: Luzia [o fóssil humano mais antigo da América do Sul] e Dom Pedro II. O trabalho coloca em evidência as lutas travadas por territórios e poder. Lembra-nos que toda ação de preservação é também um ato político, em que vidas e histórias compõem batalhas na teatralização da memória e na projeção do futuro.
Arte, Cidade e Patrimônio: Futuro e Memória nas Poéticas Contemporâneas, em cartaz até 25 de julho de 2021, vem acompanhada de um catálogo-livro que fará parte da coleção Arte e Tecnologia do Oi Futuro.
A visitação segue todos os protocolos de segurança sanitária previstos pelos órgãos responsáveis e deve ser agendada por meio do site https://oifuturo.org.br/agendamentocentrocultural/ ou por telefone 21-3131-3060. A entrada é gratuita.
De quarta a domingo, com agendamento disponível para os seguintes horários:
12h às 13h30
14h às 15h30
16h às 18h
Patrocínio: Oi, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura; realização: Automatica.
Material de imprensa realizado por Meise Halabi
maio 13, 2021
Flávia Junqueira no Farol Santander, Porto Alegre
A mostra Revoada, inédita em Porto Alegre, ocupa o Grande Hall do edifício com 70 balões de vidro explorando a arquitetura local
Acervo de fotos com trabalhos realizados por Flávia Junqueira em teatros do Brasil também compõe a exposição, com destaque para as intervenções no Theatro São Pedro, de Porto Alegre, e no Theatro Guarany, em Pelotas
O Farol Santander, centro de cultura, empreendedorismo e lazer de Porto Alegre, abre sua temporada de exposições em 2021 com a mostra Revoada, da artista visual Flávia Junqueira, um dos principais nomes do cenário da arte contemporânea no Brasil. Inédita em Porto Alegre, Revoada tem curadoria de Paulo Herkenhoff e produção de Angela Magdalena (Madai) e Julia Brandão (Ayo). A mostra fica em exibição de 02 de fevereiro até 25 de abril de 2021 na capital gaúcha.
A jovem artista paulistana ocupará o Grande Hall do histórico edifício com a instalação “Revoada”, homônima à exposição e que consiste em uma cenografia lúdica e imersiva, com aproximadamente 70 balões de vidro, medindo de 90cm a 40cm, coloridos e suspensos a partir do teto. A suspensão dos balões será realizada com cabos de aço que dão a sensação dos objetos estarem voando pelo ar.
Essa instalação proposta por Flávia Junqueira potencializa as cores do vitral do Grande Hall e introduz novas colorações, estimulando uma sinergia singular entre a poética da artista e a arquitetura do espaço.
Reconhecida no cenário artístico nacional por utilizar balões como elemento poético, Flávia Junqueira convida o público a uma volta ao período em que vivenciamos e processamos nossas primeiras descobertas como seres humanos. A exposição Revoada provoca sensações conectadas ao universo das nossas primeiras descobertas.
“Depois de uma passagem de sucesso por São Paulo, apresentamos a exposição Revoada – exclusivamente produzida e adaptada à beleza desse espaço. Por meio de fotografias, vídeos e instalações que fazem referência a jogos, brincadeiras e atividades criativas, a renomada artista Flávia Junqueira cria uma obra na qual o grande protagonista é o universo visual da infância.”; ressalta Patricia Audi, vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil.
Além da instalação com os 70 balões, Flávia exibirá no Farol Santander Porto Alegre mais de 15 fotos de aproximadamente 120cm x 150cm, com intervenções artísticas realizadas em grandes salas e teatros do país, como: Theatro São Pedro (RS), Theatro Guarany (RS), Theatro Amazonas (AM), Theatro Municipal de São Paulo (SP), Sala São Paulo (SP), Theatro São Pedro (SP), Farol Santander São Paulo (SP), Teatro Coliseu de Santos (SP), Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), Theatro Municipal de Niterói (RJ), Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA), Theatro da Paz (PA), Theatro José de Alencar (CE). Junto às fotos, três vídeos inéditos e de making of das instalações promovidas pela artista nos teatros também serão parte da mostra Revoada.
As ocupações destes teatros também são características do trabalho da artista, que catalogou uma série de espaços importantes em todas as regiões do Brasil, para promover, a partir de suas arquiteturas e importância histórica, a união entre a relevância cultural destes ambientes com a provocação lúdica dos elementos conectados a infância, mas próximos das fábulas, sonhos e fantasias da imaginação.
Revoada é apresentada pelo Ministério do Turismo e Santander, com patrocínio via Lei de Incentivo à Cultura. Realização da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Farol Santander Porto Alegre.
Sobre Flávia Junqueira
Flávia Junqueira (São Paulo, Brasil, 1985) lida principalmente com fotografia. O universo visual da infância e a construção de um imaginário sobre este período permeiam a obra da artista desde o início de sua produção.
Doutoranda em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo (USP), pós-graduada em fotografia e bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Integra o Atêlie Fidalga sob coordenação de Sandra Cinto e Albano Afonso.
Participou do projeto do programa de residências da Izolyatsia’s Platform for Cultural Initiatives na cidade de Donestk na Ucrânia com curadoria de Boris Mikailov (2011), da residência Cité Internationale des Arts em Paris com apoio da FAAP (2011), integrou o Programa PIESP da Escola São Paulo (2010) e atuou como assistente de cenografia no Espaço Cenográfico de São Paulo de J.C.Serroni.
Entre os principais projetos e exposições coletivas que participou destacam-se: Culture and Conflict, IZOLYATSIA in Exile; Palais de Tokyo, The World Bank Art Program; Kaunas Photo festival; Exposição Individual “Tomorrow I will be born again” na Cité Dês Arts; coletiva “Una mirada latino Americana” do projeto Photo España; temporada de projetos Paço das Artes; prêmio Energias na Arte no Instituto Tomie Otahke, programa Nova Fotografia no MIS; Concurso Itamaraty; Residência RedBull House of Art; Atêlie Aberto da Casa Tomada, entre outros.
Algumas de suas obras integram o acervo de museus e espaços culturais como: MAR- RJ, MAM-SP, MIS-SP, MAB-FAAP, Museu do Itamaraty, Instituto Figueiredo Ferraz, RedBullStation entre outros. Flávia Junqueira é representada pela Galeria Zipper em São Paulo, pela Galeria Quadra no Rio de Janeiro, pela Reiners Contemporary Art na Espanha e Estudio Arara em Paris e Lisboa.
Protocolos de segurança e saúde
Para zelar pela segurança e saúde de seu público e funcionários, haverá medição de temperatura e tapetes sanitizantes e secantes para ingresso no prédio; será obrigatório o uso de máscaras; dispensers de álcool em gel estarão disponíveis em todos os andares do edifício e o ambiente também contará com sinalizações para que todos respeitem o distanciamento de 1,5 metro. O Farol ainda reforçou o serviço de limpeza e higienização de todo o prédio. A capacidade total atual está a 25% de visitantes.
Sobre o Farol Santander Porto Alegre
O Farol Santander, centro de empreendedorismo, cultura e lazer em Porto Alegre completou, em março de 2020, um ano de atividades.
No período, recebeu cinco exposições de artes visuais: “Contemporâneo, sempre: Coleção Santander Brasil”; “Roda Gigante – artista Carmela Gross”, “Saramago – os pontos e a vista”, “Estratégias do Feminino” e “GIGANTAS – uma experiência por Nonotak Studio”.
Foram exibidos 15 programas especiais no Cine Farol Santander, com destaque para a mostra “Cinema Atual Espanhol”; realizou encontros relevantes, como com o filósofo francês Luc Ferry e debates sobre moda e gastronomia.
O Farol Santander Porto Alegre também possui um Espaço Memória que traz a história da cidade, do prédio e da política monetária brasileira, além do Restaurante Moeda; todos concentrados no subsolo da instituição. Vale destacar a dinâmica de eventos, que disponibiliza todos os espaços do Farol Santander para locação.
Histórias brasileiras: Conceição dos Bugres no MASP, São Paulo
MASP abre biênio de Histórias Brasileiras com exposição de Conceição dos Bugres, que pretende resgatar e reposicionar obra de artista que atuou no Mato Grosso do Sul e se especializou na produção dos bugres, estatuetas feitas em madeira e pedra sabão
Conceição Freitas da Silva (Povinho de Santiago, Rio Grande do Sul, 1914 – Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 1984), mais conhecida como Conceição dos Bugres, é a artista escolhida para dar início ao biênio das Histórias brasileiras no MASP. A exposição Conceição dos Bugres: tudo é da natureza do mundo começa em 14 de maio de 2021 e fica em cartaz até 30 de janeiro de 2022. Por causa da pandemia de covid-19, o museu precisou reorganizar sua grade de exposições. Neste ano, elas serão menores em número e maiores em duração. A partir do segundo semestre, essa mostra irá coincidir com as individuais de Erika Verzutti e Maria Martins (1894-1973), enfatizando o papel das mulheres para a linguagem escultórica no Brasil.
“Nesse país tão plural e diverso como é o Brasil, muitas histórias e agências ficaram à margem, por isso é tão fundamental iniciar esse ciclo de exposições com uma artista cuja produção tem um valor ainda a ser reconhecido e reposicionado na história da escultura em nosso país. Este projeto reafirma uma posição de Conceição dos Bugres como parte de um cenário amplo e inclusivo, ressaltando sua valiosa contribuição para a arte brasileira”, afirma Amanda Carneiro, curadora assistente no museu e curadora da exposição ao lado de Fernando Oliva, curador no MASP.
A mostra em questão se encaixa em um movimento que o MASP vem fazendo desde 2016 ao apresentar obras de artistas que ficaram fora das histórias oficiais da arte com o objetivo de reposicioná-los. É o caso, por exemplo, das exposições Agostinho Batista de Freitas (2016), Maria Auxiliadora: vida cotidiana, pintura e resistência (2018) e Djanira: a memória de seu povo (2019).
“A trajetória da Conceição dos Bugres sofreu um processo de apagamento como a de muitos artistas da chamada ‘arte popular brasileira’. Há uma tentativa de inserção dela nesse grande escaninho, o que nem sempre é algo positivo para o artista”, explica Oliva.
Conceição foi uma artista ímpar para a história da escultura no Brasil, reconhecida por sua produção dos chamados “bugres”, trabalhos geralmente esculpidos em madeira e cobertos por cera de abelha ou parafina e tinta, mas que também podem ser feitos em pedra sabão e arenito.
O termo “bugre” tem sido questionado por sua dimensão pejorativa, principalmente por ser utilizado em referência à própria origem da artista; é indiciário do processo de discriminação contra as populações indígenas no país. No Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, organizado por Antônio Geraldo da Cunha, quer dizer “designação genérica dada ao índio, especialmente o bravio e/ou guerreiro, por extensão, rude e grosseiro”. No entanto, com o tempo, o nome das peças passaram a nomear também a artista, numa relação ambígua entre a artista e suas esculturas.
Os bugres de Conceição, por sua vez, figuram personagens de tipo característico fundamentados na repetição do uso dos materiais e formas e na especificidade de seus traços. Apesar de apresentarem um padrão que as define, suas esculturas têm subconjuntos variados e são dotadas de fortes e singulares personalidades, distinguíveis em relação a sutis e apuradas modificações na forma, mas também à expressão, revelando a excelência da artista.
Segundo Oliva, a mostra é justamente baseada nessa fricção entre a repetição e a diferença. “As obras dela, supostamente, se parecem, mas existem também muitas particularidades que ainda não foram estudadas”, diz. “Como é uma artista que foi deixada à margem, existem alguns clichês sobre a obra dela, e a repetição é um deles”, completa. Assim como as comparações com os ex-votos do nordeste brasileiro e as aproximações com o minimalismo de Brancusi. O diferencial, no MASP, além da exposição em si, que já é uma novidade, será olhar para as diferenças entre as obras dela e ressaltá-las.
A expografia irá contribuir nesse propósito: uma das paredes do primeiro subsolo será ocupada por um grande painel que irá reunir todas as obras na mesma superfície, mas em diferentes alturas, criando um sentido de conjunto mas, ao mesmo tempo, chamando atenção para as especificidades de cada núcleo.
A artista teve certo reconhecimento nos anos 1970, ainda em vida. Roberto Pontual (1939-1994) foi um de seus principais divulgadores, seguindo caminho aberto por Humberto Espindola e Aline Figueiredo. Com mais de 50 anos, ela participou da exposição Arte/Brasil/Hoje: 50 anos depois (Rio de Janeiro, 1972) e da III Bienal Nacional (São Paulo, 1974). Essa visibilidade, por outro lado, não se converteu em ganhos financeiros e ela morreu pobre, em 1984.
Seu trabalho foi seguido por seu marido Abílio Freitas da Silva e, ainda hoje, seu neto, Mariano Antunes Cabral Silva, continua produzindo os bugres. Atualmente, Conceição é figura emblemática no Mato Grosso do Sul e sua imagem é comumente vinculada à produção artística do estado.
A exposição irá reunir 113 obras da artista, a maioria vinda de coleções particulares. Há pouquíssimas obras dela em acervos públicos, fato que também diz sobre esse processo de apagamento. Hoje, o trabalho dela se encontra apenas nas coleções do Museu Afro Brasil e do Itaú Cultural.
Catálogo
A publicação bilíngue e ilustrada (R$ 149) terá 240 páginas e estará disponível para venda na inauguração da mostra, na loja física do MASP e pelo site do museu. O catálogo incluirá textos dos curadores, Amanda Carneiro e Fernando Oliva, Julia Bryan-Wilson, Fernanda Pitta, Isabella Amizo e Naine Terena. A ideia, com o livro, é contribuir para ampliar o conhecimento da biografia sobre a artista, ainda muito restrita, além de difundir sua obra e despertar novas leituras de seus trabalhos.
maio 12, 2021
Mostra Pulso inaugura espaço expositivo da plataforma Bica
Mostrando trabalhos apenas na linguagem do GIF, Pulso inaugura o programa de exposições da Bica Plataforma, refletindo sobre formatos de imagens de alta circulação
Focada no uso do gif, Pulso discute um formato de alta circulação pela internet para testar suas possibilidades estéticas, críticas e políticas.
O título evoca diversas associações, das quais destaca-se a ideia de pulsação, sugerindo o processo de vida e morte das imagens. Entre os temas tratados pelos artistas estão desde os princípios básicos de repetição do gif, até discussões sobre sexualidade, violência, linguagem e identidade.
Alguns dos artistas, como George Teles, Yná Kabe Rodríguez Olfenza e Maura Grimaldi, já haviam trabalhado com essa linguagem anteriormente, mas a grande maioria não. “Me interessa pensar como a lógica da repetição ou o uso de materiais e imagens reprodutíveis já estavam presentes nos lambes de Lenora de Barros ou nas esculturas de João Loureiro, encontrando um nexo com o formato gif no interior dessas pesquisas”, diz o curador.
Para instrumentalizar todos os artistas participantes para a esse novo desafio na produção, a Bica ofereceu uma oficina de Gif, com a designer Nina Lins, aliando o programa de cursos e laboratórios da plataforma com o projeto de exposições.
Misturando artistas de diferentes gerações, localidades e linguagens, Pulso embaralha artistas jovens e estabelecidos, assim seus temas e discussões. Utilizando um recursos próprio do meio digital, a cada nova atualização da página do projeto, novas relações entre as imagens serão propostas aleatoriamente.
Desde o começo da pandemia, a necessidade de migrar para o virtual levou a uma profusão de estratégias de transposição do espaço físico para o digital, assim como o alto investimento em pesquisar seu potencial estético. Pulso busca utilizar um dos materiais e linguagens mais banais da internet para testar suas possibilidades formais, reflexivas e críticas.
SOBRE O CURADOR
Leandro Muniz (São Paulo, 1993) atua como artista e pesquisador e é formado em artes plásticas pela USP. Repórter na revista seLecT desde 2019, fez parte do grupo de estudos Depois do Fim da Arte, coordenado por Dora Longo Bahia. Já expôs em espaços e projetos como o Museu de Arte do Rio, Galeria Aura, DAP Londrina, Espaço das Artes USP, Sesc, Fábrica Bhering, Casa Alagada, Ateliê397, entre outros. Foi curador das mostras Torrente (Galeria Karla Osório, 2020), Esquadros (Partilha, 2020), migalhas (Galeria O Quarto, 2019), Lampejo (Galeria Virgilio, 2019), Disfarce (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2017), entre outras. Seus textos podem ser encontrados em publicações e portais como Arte que acontece, Relieve Contemporáneo, Terremoto e Revista Rosa.
SOBRE A PLATAFORMA BICA
Bica é um meio, água que corre de uma fonte inesgotável.
Em abril de 2021 surge BICA, um espaço virtual para propostas de vivência e compartilhamento de arte.
Trata-se de um lugar de investigação artística que propõe experiências expositivas, web residências e projetos de imersão com ênfase em experimentações e processos de criação. É uma plataforma de mediação, reflexão, diálogo e aprendizagem que acontece através de experiências entre artistas, investigadores e demais interessados em pensar projetos transdisciplinares que dialoguem com ações artísticas em ambiente digital.
Como lugar para reflexão crítica do contemporâneo, BICA oferece CURSOS de média e longa duração; LABS, encontros de um a dois dias como palestras e performances; WEB RESIDÊNCIAS com acompanhamento de curador convidado; EXPOSIÇÕES, experiências de ocupação da plataforma; e ON LINE ON SITE, ocupações artísticas semanais em ambiente digital.
Dia 7 de maio, BICA inaugura a programação de EXPOSIÇÕES com a mostra PULSO, com curadoria de Leandro Muniz. O título evoca diversas associações, das quais destaca-se a ideia de pulsação, sugerindo o processo de vida e morte das imagens. Entre os temas tratados pelos artistas estão desde os princípios básicos de repetição do gif, até discussões sobre sexualidade, violência, linguagem e identidade. Participam da exposção artistas de diversas gerações abordando o gif: Lenora de Barros, Giovanna Langone, faemyna, Sindy Paloma, Yná Kabe, Rodriguez Olfenza, Flora Leite, Wisrah Villefort, Maura Grimaldi, Bruno Alves, Renato Pera + Caio Fazolin, Marina da Silva, João Loureiro e George Teles.
Inaugurando a programação de CURSOS dia 4 de maio, BICA lança NFTs: três histórias entre arte, mercadoria e arte, proposto pelo pesquisador Pedro Silveira. Os LABS começaram com Gifs, ministrado por Nina Lins, aberto ao público, contou com a participação dos artistas que estão na exposição PULSO.
A primeira edição da WEB RESIDÊNCIA, mediada por Tarcísio Almeida, começou dia 05 de maio e traz como proposta criar situações de diálogo entre profissionais do campo da arte, e contribuir com sua formação e seus posicionamentos frente às dinâmicas de seus próprios processos de criação. São 10 vagas, com duração de 2 meses e os encontros semanais serão realizados entre maio e junho de 2021. Os processos de criação dos artistas residentes estarão disponíveis no site da BICA.
Como lugar de criação construído coletivamente por parceiros e colaboradores, BICA está aberta a propostas de intervenções artísticas a serem realizadas no site, e nos seus canais do Instagram, Spotify e Youtube. Os interessados devem entrar em contato através de bicaplataforma@gmail.com.
maio 11, 2021
1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira no CCBB, Rio de Janeiro
CCBB RJ apresenta a exposição 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira
Exposição inédita traz um panorama da arte contemporânea brasileira dos últimos 40 anos, a partir de uma das mais importantes coleções de arte privada do mundo
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta, a partir do dia 14 de abril de 2021, a exposição inédita 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira, com 119 obras de 68 artistas, pertencentes à magnífica coleção do casal carioca, radicado em São Paulo há mais de 30 anos. Nos últimos anos, Andrea e José Olympio constam na lista publicada anualmente pela prestigiosa revista ARTnews como um dos 200 maiores colecionadores de arte do mundo.
O CCBB RJ está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on-line (eventim.com.br), controle da quantidade de pessoas no prédio, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.
O conceito desta mostra chama a atenção para a importância do colecionismo no Brasil. “Arte é o alimento da alma, ela amplia o mundo, te leva para lugares, te leva a sonhar. O colecionismo é fundamental, além de sustentar a produção artística, é também uma forma de cuidar das obras, uma grande responsabilidade”, diz o casal, que começou a coleção na década de 1980 de forma despretensiosa, estudando e visitando exposições e leilões de arte. Hoje, possuem cerca de 2.500 obras. “Temos na coleção somente trabalhos com os quais estabelecemos alguma relação. Pode ser uma obra que nos toca ou nos perturba, mas que mexe de alguma forma conosco. Poder expor a coleção é um privilégio para nós. É uma oportunidade de dividir a coleção com o grande público, de rever algumas obras e de vê-las em diálogo com outras, ganhando um novo significado”.
O curador Raphael Fonseca foi convidado a pensar uma narrativa para a exposição a partir da coleção. A mostra ocupará as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ a partir de núcleos temáticos, com obras de importantes artistas, de diferentes gerações, cobrindo um arco de 40 anos de arte contemporânea brasileira. A exposição conta com obras em diferentes linguagens, como pintura, instalação, escultura, vídeo e fotografia. “A ideia é que o público veja cada sala como uma exposição diferente e que tenha uma experiência distinta em cada uma delas. Os contrastes e a diversidade da arte brasileira serão visíveis a partir da experiência do espectador”, afirma Raphael Fonseca.
Sem seguir uma ordem cronológica, a exposição traz desde trabalhos produzidos em 1981, como a escultura “Aquário completamente cheio”, de Waltercio Caldas, e a fotografia “Maloca”, de Claudia Andujar, até a pintura “De onde surgem os sonhos” (2021), de Jaider Esbell, mais recente aquisição da coleção. Obras raras, como pinturas de Mira Schendel (1919 -1988), produzidas em 1985, também integram a mostra, que apresenta, ainda, obras pouco vistas publicamente, dos artistas Jorge Guinle, Laura Lima, Marcos Chaves e da dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.
PERCURSO DA EXPOSIÇÃO
A exposição será dividida em oito salas, intituladas a partir do nome de obras presentes em cada um dos espaços. “Os trabalhos que dão título às salas norteiam o tema e os demais, criam um diálogo ao redor, sendo alguns mais literais e outros nem tanto”, diz o curador Raphael Fonseca.
Na primeira sala, intitulada “A Coleção”, estará uma única obra: a instalação homônima do artista paulistano Pazé. Feita em adesivo vinilico, ela cobrirá todas as paredes do espaço com a imagem de uma coleção de pinturas, onde, nos diversos quadros, há personagens que olham para os visitantes. A instalação, de 2009, é apresentada de forma inédita na exposição, com novos elementos. “É um trabalho que pensa a coleção, assim como a exposição”, afirma o curador.
A segunda sala, “Coluna de Cinzas”, parte da escultura de Nuno Ramos, de 2010, em madeira e cinzas, medindo 1,87m de altura, para falar sobre o tempo, sobre a morte e sobre a brevidade da vida. Desta forma, no cofre estará o vídeo “O peixe” (2016), de Jonathas de Andrade, sobre uma vila de pescadores onde há o ritual de abraçar os peixes após a pesca, como um rito de passagem. Nesta mesma sala estarão as obras “Isto é uma droga” (1971/2004), de Paulo Bruscky, uma assemblage de caixas de remédio; “Stereodeath” (2002), de Marcos Chaves, composta por fotografia e relógio, e o vídeo “Nanofania” (2003), de Cao Guimarães, em Super 8, onde, cadenciados por uma pianola de brinquedo, pequenos fenômenos acontecem, como a explosão de bolhas de sabão e o salto de moscas.
A terceira sala da exposição é a maior de todas, com 42 obras, e chama-se “Costela de Adão”, inspirada na pintura de Marina Rheingantz, de 2013. “É um núcleo basicamente sobre paisagem, tema que tem bastante destaque na coleção”, afirma o curador Raphael Fonseca. Nesta sala, estão obras de Amelia Toledo, Ana Prata, Brigida Baltar, Claudia Andujar, Daniel Acosta, Daniel Steegmann Mangrané, Efrain de Almeida, Fabio Morais, Jaider Esbell, Janaina Tschape, Jorge Guinle, Leonilson, Lucas Arruda, Lucia Laguna, Marina Rheingantz, Mauro Restife, Paulo Nazareth, Paulo Pasta, Paulo Nimer Pjota, Rodrigo Andrade, Rosana Ricalde, Sandra Cinto, Vania Mignone e Waltercio Caldas.
“War” é a quarta sala, cujo nome vem da obra do artista Rodrigo Matheus, que faz uma alusão ao clássico jogo de estratégia. Esse núcleo traz obras com o tema da violência e conflito, como as pinturas em óleo sobre tela “Azulejaria com incisura vertical” (1999), de Adriana Varejão, e “Caveira” (2007), de Antonio Malta Campos, além da fotografia “Sem título (for sale)”, de 2011, de Paulo Nazareth, do neón “Sex,War & Dance” (2006), de Carmela Gross, da obra “Batalha naval” (2004), também de Rodrigo Matheus, e o “Painel de ferramentas grandes” (2013), de Afonso Tostes.
Seguindo, chega-se à quinta sala, intitulada “Saramandaia”, que é uma escultura em bronze policromado da artista Erika Verzutti, de 2006. “Neste núcleo, é pensando o corpo estranho nas artes visuais, ou seja, o monstro, a mistura entre humano e animal, com um caráter mais surrealista, que podemos encontrar nos desenhos do Cabelo e nas obras da Laura Lima e do Véio”, explica o curador. Nesta sala, estarão 34 obras dos artistas Adriano Costa, Alex Cerveny, Anna Israel, Bruno Novelli, Cabelo, Eduardo Berliner, Erika Verzutti, Gilvan Samico, Ivens Machado, José Bezerra, Laura Lima, Odires Mlázsho, Paulo Monteiro, Tunga, Véio (Cícero Alves dos Santos) e Walmor Corrêa.
Trabalhos que pensam a relação entre documento e ficção, verdade e mentira, estão na sexta sala, “Como se fosse verdade”, cujo nome veio da instalação da dupla Bárbara Wagner e Benjamim de Burca, de 2017, onde retratos de pessoas que passavam por um terminal de ônibus foram transformados em capas de CDs, partindo de um questionário onde esses personagens definiram os cenários, os temas e as expressões que melhor os representariam. Além da instalação, nesta sala também estão obras de Fábio Morais, Iran do Espírito Santo, Laura Lima, Leda Catunda, Leonilson, Maureen Bisilliat, além do trabalho “Carmen Miranda - uma ópera da imagem” (2010), do artista paranaense radicado na Suécia e no Rio de Janeiro, Laércio Redondo, que aborda os problemas da representação do corpo performático de Carmen Miranda, através da obra composta por ripas de madeira, com objetos diversos, e alto-falantes, que transmitem um texto sobre a cantora.
A série de fotos “Blue Tango” (1984/2003), de Miguel Rio Branco, que retrata crianças jogando capoeira, dá nome à sétima sala, cujo tema é o movimento, a dança, “tanto em obras que trazem o corpo quanto na abstração”, ressalta o curador. Neste núcleo também estão obras de Carla Chaim, Emmanuel Nassar, Enrica Bernadelli, Ernesto Neto, Iole de Freitas, Jarbas Lopes, Luciano Figueiredo, Luiz Braga, Dias & Riedweg, Miguel Rio Branco, Mira Schendel e Rodrigo Matheus.
Na oitava e última sala estará a obra “Menos-valia” (2005-2007), da artista Rosângela Rennó, composta por objetos adquiridos na feira Troca-troca, na Praça XV, no Rio de Janeiro. Os objetos foram seccionados de acordo com os respectivos níveis de depreciação no ato da negociação. Desta forma, os objetos mais negociados aparecem multiplicados na obra. “É um trabalho que também pensa o colecionismo, mas de forma oposta da obra de Pazé, que está na primeira sala. Se ali o olhar dele se voltou para o fantasma da tradição da pintura ocidental, o de Rennó se volta para aquilo que é visto como algo a ser reciclado e, talvez, nunca reutilizado. São formas diferentes de se pensar criticamente uma coleção”, diz o curador Raphael Fonseca.
A exposição será acompanhada de um catálogo, que será lançado ao longo da mostra.
SOBRE A COLEÇÃO
Com cerca de 2.500 obras, com foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual, a coleção Andrea e José Olympio Pereira é uma das mais destacadas do mundo. A visão cultural que o casal tem de sua coleção vai muito além de ceder obras para mostras individuais e coletivas em museus no Brasil e no exterior. Em 2018, com o intuito de não só acondicionar e guardar parte das obras, mas de dar acesso a pessoas, artistas e estudantes de arte, eles alugaram um antigo armazém de café do século XIX e o converteram em um espaço expositivo – o Galpão da Lapa. A proposta é convidar, a cada dois anos, um curador para montar uma exposição a partir das obras da coleção.
O casal não costuma adquirir uma só obra de cada artista. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade. Conseguimos entendê-lo melhor desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como um livro, no qual não é possível entender a história só com uma página”.
José Olympio Pereira contribui para vários museus no Brasil e no exterior, participando dos conselhos dessas instituições. No Brasil, é presidente da Fundação Bienal de São Paulo e participa do conselho do Museu de Arte de Sâo Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Em Nova York, participa do The International Council of The Museum of Modern Art (MoMA); em Londres, do International Council da Tate Modern e, em Paris, do Conselho da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea (Fondation Cartier pour l'Art Contemporain). José Olympio também faz parte do Conselho da ONG SOS Mata Atlântica. Andrea participa do conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e é presidente da ONG Americas Amigas, que luta contra o câncer de mama.
SOBRE O CURADOR
Raphael Fonseca é pesquisador da interseção entre curadoria, história da arte, crítica e educação. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Mestre em História da Arte pela UNICAMP. Graduado e licenciado em História da Arte pela UERJ. Trabalhou como curador do MAC Niterói entre 2017 e 2020.
Entre suas exposições, destaque para “Vaivém” (CCBB SP, DF, RJ e MG, 2019-2020); “Lost and found” (ICA Singapore, 2019); “Riposatevi - Lucio Costa” (MAC Niterói, 2018); “A vida renasce, sempre - Sonia Gomes” (MAC Niterói, 2018); “Dorminhocos – Pierre Verger” (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); “Regina Vater – Oxalá que dê bom tempo” (MAC Niterói, 2017); “Bestiário” (Centro Cultural São Paulo, 2017); “Dura lex sed lex” (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017); “Mais do que araras” (SESC Palladium, Belo Horizonte, 2017), “Quando o tempo aperta” (Palácio das Artes – Belo Horizonte e Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro, 2016); “Reply all” (Grosvenor Gallery, Manchester, Inglaterra, 2016); “Deslize" (Museu de Arte do Rio, 2014), "Água mole, pedra dura" (1a Bienal do Barro, Caruaru, 2014) e "City as a process" (Ural Federal University, II Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rússia, 2012).
Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente do Institute Contemporary Arts Singapore (2019) e da Manchester School of Art (2016). Integrante do comitê curatorial de seleção da Bienal Videobrasil (2019). Jurado do Prêmio Pipa (Brasil, 2019) e do Prêmio Mariano Aguilera (Quito, Equador, 2017). Participante do comitê de indicação do Prêmio Prima (2018 e 2020). Autor convidado para o catálogo da 32a Bienal de São Paulo (2016).
Desenho de Lina Bo Bardi é tema de semana no MASP
Estudo preliminar - Esculturas praticáveis do Belvedere do Museu de Arte Trianon, 1968, de Lina Bo Bardi, é a escolha do mês de maio para o desafio masp desenhos em casa. Tanto adultos quanto crianças podem participar: basta fazer a própria versão da obra e publicar no Instagram marcando o @masp e utilizando a #maspdesenhosemcasa até as 23h59 de domingo, 16 de maio. Na segunda, dia 17, o museu irá selecionar alguns desenhos na mesma rede social. Os autores receberão um Amigo MASP, que dá direito a frequentar o museu gratuitamente por um ano.
Lina Bo Bardi (1914-1992) formou-se em arquitetura em Roma, Itália, e, transferindo-se para Milão, foi editora da revista Domus, importante periódico de arquitetura e design. Em 1946, casou-se com o crítico e marchand Pietro Maria Bardi (1900-1999) e mudou-se com ele para o Brasil para trabalhar na fundação do MASP. Bo Bardi projetou as instalações do museu em sua antiga sede, na rua 7 de Abril, além de participar de sua programação como curadora, arquiteta, designer e editora. Em 1957, começou o projeto da sede do MASP na avenida Paulista, inaugurada em 1968. No desenho Estudo preliminar—Esculturas praticáveis do belvedere Museu Arte Trianon (1968), Bo Bardi apresenta suas ideias para o Vão Livre do MASP, pensado como uma praça para uso livre e lúdico da população, criando uma interface entre o museu e a cidade.
O trabalho também será tema do Diálogos no acervo na quarta, 12 de maio, às 16h. O projeto apresenta, por meio de encontros virtuais no Instagram, obras do acervo do museu abordando elementos como biografia do artista, contexto histórico e técnica. A live será com Waldiael Braz, assistente de mediação e programas públicos, MASP.
Zeuler R. Lima, professor, arquiteto, artista, pesquisador e curador, e Guilherme Giufrida, curador assistente, comunicação e marketing, MASP, conversam sobre vida e obra de Lina Bo Bardi, principalmente sobre seus desenhos, na próxima quinta, 13 de maio, às 18h. Zeuler lançou em 7 de maio, pela Companhia das Letras, a biografia “Lina Bo Bardi - O que eu queria era ter história”, fruto de 20 anos de pesquisa sobre a arquiteta ítalo-brasileira.
Zeuler R. Lima, professor da Washington University in St. Louis, é arquiteto, artista, pesquisador e curador com formação em arquitetura e urbanismo pela FAUUSP e pós-doutorado em literatura comparada pela Columbia University. Escreveu extensamente e curou exposições internacionais sobre a vida e a obra da arquiteta Lina Bo Bardi, tendo sua pesquisa sobre ela recebido o Prêmio Bruno Zevi de história e crítica da arquitetura.
Parceiros estratégicos: Itaú e Vivo / Patrocinador do projeto Desenhos em Casa em conexão com Diálogos no Acervo: EMS
maio 10, 2021
Danielle Fonseca lança seu primeiro livro de poesia e prosa com bate-papo com Marisa Mokarzel
Em 10 de maio de 2021, segunda-feira, às 19h, a artista visual e escritora Danielle Fonseca lança seu primeiro livro de poesia e prosa, e junto com a curadora Marisa Mokarzel, fará um bate papo falando sobre seu processo de escrita, sobre literatura e canções também. Temas que povoam o conteúdo do livro. O título foi retirado da canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil “As Ayabás”, é uma canção que pra mim é um pedido de passagem, pedido de licença a literatura para que eu possa me apresentar nesse território literário, dessa vez com meu primeiro livro.
Danielle conta que escreve desde a adolescência, já publicou em coletâneas, sites, blogs e revistas literárias, mas somente agora publicará seu primeiro livro que terá poesia e prosa. O projeto de reunir alguns textos surgiu durante o ano passado, devido a esse período de suspensão, de pandemia, a artista pôde organizar os textos e finalmente publicar os textos. O livro me ajudou a enfrentar melhor esse período que ainda estamos vivendo, na verdade foi um exercício de resistência e sobrevivência. Nele estão minhas referências literárias, musicais e memórias. Tem um pouco de Caetano, Augusto de Campos, Gertrude Stein, Virgínia Woolf, e Eneida de Moraes.
Além do livro, Danielle fez uma ação onde convidou algumas pessoas para ler em vídeo um dos poemas do livro, participaram do projeto: a cantora e atriz Cida Moreira, a curadora Marisa Mokarzel, a historiadora Bárbara da Fonseca Palha, a escritora Rosane Preciosa, o escritor Júlio Mendonça, o cantor e compositor Péricles Cavalcanti, a artista visual Juliana Notari. Foi uma maneira de interagir e dialogar mesmo que à distância com alguns amigos e amigas ligadas as artes e literatura. Sobre o livro a curadora e escritora Marisa Mokarzel escreveu na apresentação Não consegui me distanciar da trama, do poema. Móvel, fui de palavra em palavra, de imagem em imagem ao encontro dos múltiplos rostos de Danielle. Não havia uma artista, uma poeta, havia tantas que tive de reconhecer que para navegar mares, rios e terras tinha que me deixar ir, fluir com o vento, fosse tempo de tempestade ou calmaria.
O livro teve a capa e o design gráfico feito pelo poeta, tradutor e designer gráfico André Vallias, a editoração de Elaynia Ono, a revisão de Bárbara da Fonseca.
O livro foi selecionado através do Edital Livro e Leitura da Lei Aldir Blanc, fundamental apoio aos artistas nesse período tão difícil de produção artística em geral.
Lançamento de livro com bate-papo com Danielle Fonseca e Marisa Mokarzel
Nenhum outro som no ar pra que todo mundo ouça
10 de maio, segunda-feira, às 19h
Plataforma Zoom e YouTube
Informações e vendas: @banzaipipelineproducoes
maio 6, 2021
Projeto Latitude leva galerias brasileiras às edições de Frieze New York e NADA House
Galerias brasileiras participam de feiras de Nova Iorque com apoio do Projeto Latitude. Com formato presencial e online, as edições de Frieze New York e NADA House 2021 têm início em 5 e 8 de maio, respectivamente.
Em maio a cidade de Nova Iorque irá abrigar algumas feiras de arte contemporânea, como a Frieze New York e a NADA House. Cinco galerias brasileiras participam destas feiras com o apoio do projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria da ABACT (Associação Brasileira de Arte Contemporânea) e Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
FRIEZE NEW YORK
Quatro galerias brasileiras participam do evento, que realiza sua 10ª edição, de 5 a 14 de maio, agora em novo local, o The Shed, que fica na região de Manhattan. Frieze retorna após sua edição presencial cancelada por conta da pandemia em 2020, com atrações presenciais em menor formato de 5 a 9 de maio, mas conta também com exposições online na Frieze Viewing Room entre os dias 5 e 14 de maio.
Entre as galerias participantes estão a Fortes D’ Aloia & Gabriel, Galeria Marília Razuk, Galeria Nara Roesler e Mendes Wood DM. Mais informações sobre a feira podem ser encontradas em: www.frieze.com/fairs/frieze-new-york e http://frieze.com/viewingroom.
A Fortes D’Aloia & Gabriel preparou um projeto especial para a Frieze, intitulado ‘Unnamable (Inominável)’. São fotos, pinturas, esculturas e produções audiovisuais que retratam o zeitgeist abordando questões do colonialismo, violência, religião, censura, e o retrato, através da arte, dos caminhos da sociedade brasileira. Os artistas participantes deste projeto são: Mauro Restiffe, Tiago Carneiro da Cunha, Yuli Yamagata, Ivens Machado, Ernesto Neto, Erika Verzutti, Adriana Varejão, Cristiano Lenhardt, Márcia Falcão, Tamar Guimarães, Kasper Akhoj, Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.
A Galeria Marília Razuk apresenta ‘Poéticas Para Adiar o Fim do Mundo’, que tem produções de artistas que foram destaque na segunda metade do século XX. As obras são um reflexo de interações pessoais de cada um com o mundo à sua volta. Entre os artistas estão José Leonilson, Eleonore Koch, Johanna Calle, Maria Laet, Vanderlei Lopes e Mariana Serri.
A Galeria Nara Roesler apresenta nos formatos presencial e online da Frieze um diálogo das diferentes práticas no retrato do “eu” pelo ponto de vista de três artistas brasileiros: Cristina Canale, Carlito Carvalhosa e Amelia Toledo. A seleção de obras traz a oportunidade de entender como as diversas formas do retrato de si acabam se coincidindo. A exposição conta com trabalhos icônicos de Carlitos no espelho, o engajamento de Cristina com retratos abstratos, e as obras interativas de Amelia com sons. O objetivo é mostrar a pluralidade e liberdade que deve existir quando houver a narrativa de construção da própria imagem.
A Mendes Wood DM também estará na Frieze de forma híbrida (presencial e online) e apresenta uma seleção especial de obras de alguns artistas representados pela galeria: Solange Pessoa, Sonia Gomes, Rubem Valentim, Paulo Monteiro, Marina Perez Simão, Giangiacomo Rossetti, Maaike Schoorel, Wallace Pato, Paulo Nazareth, Matthew Lutz-Kinoy, Paloma Bosquê, Lynda Benglis, Sofia Borges e Neïl Beloufa.
NADA HOUSE
Outra feira que acontece no mês de maio em Nova Iorque é a NADA House (do grupo The New Art Dealers Alliance), que promove sua 3ª edição neste ano. Serão cerca de 66 galerias e mais de 100 artistas participando no evento a ser realizado em formato presencial, de 08 de maio a 01 de agosto. As exposições serão montadas em cerca de 50 salas em prédios localizados em diferentes bairros de Nova Iorque. A galeria brasileira CASANOVA participa deste evento. Mais informações sobre a feira podem ser encontradas em: www.newartdealers.org/programs/nada-house/
Na NADA House, a CASANOVA apresenta uma instalação que conecta os trabalhos de Ignacio Gatica e Martin La Roche. Ignacio apresenta uma seleção de relógios de coleção usados em campanhas presidenciais dos EUA, programados para tocar em horários específicos, relacionados a eventos históricos nos quais as intervenções do país americano no resto do mundo acabaram moldando o presente. Já Martin traz pedaços de palavras cruzadas em diferentes idiomas formando uma grande arquitetura que possibilita ao espectador ressignificar as palavras cruzadas como uma tecnologia para medir as palavras e os significados que nos rodeiam. Ambas apresentações fazem o público pensar sobre o que dita a maneira como usamos nossa memória e, especificamente, quais dessas memórias e eventos moldaram o escopo de nosso olhar.
Sobre o Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
O Latitude é um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com quase 60 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
O volume das exportações definitivas e temporárias das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007, foram exportados US$ 6 milhões e, de acordo com a última Pesquisa Setorial Latitude publicada, em 2017 atingiu-se mais de US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor no ano.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assumiu o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Antonio Bokel no Correios, Niterói
Espaço Cultural Correios Niterói exibe obras inéditas do artista carioca que questionam a relação homem, natureza e tecnologia
A literatura sempre pautou o trabalho de Antonio Bokel. A poesia concreta de Augusto de Campos foi um importante disparador de sua obra, bem como os escritos de Fernando Pessoa, José Saramago e Carlos Drummond de Andrade. O conflito entre Deus e Satã narrado em Paraíso Perdido, épico do poeta inglês John Milton (1608-1674), foi a leitura de Bokel durante o início da quarentena, no ano passado. Em dez mil versos sobre a criação do mundo, o clássico relata a vingança dos anjos expulsos do Paraíso em confronto com a criação divina: o homem. Publicado em 1667, esse marco da literatura ocidental dá título à exposição que será aberta no Espaço Cultural Correios Niterói, no dia 20 de março. Com curadoria de Ana Carolina Ralston, a individual O Paraíso Perdido reunirá cerca de 30 obras realizadas, em sua maioria, a partir da pandemia.
“Em 2020, ao longo do período de isolamento social, iniciei um projeto de estudo sobre a difícil relação entre o homem, a natureza e a tecnologia. A partir desse mergulho, criei trabalhos que dialogam com os paradoxos desta problemática. Por trás de pinturas, fotografias e esculturas contextualizadas no momento de mudanças em que a humanidade se encontra, há o desejo de apontar um novo caminho. A pandemia me trouxe aprendizados fundados na observação da natureza e do que há de transcendente em seus fenômenos. A transformação é necessária e acredito que o resgate de uma dinâmica cotidiana mais simplificada e afetiva é uma via de saída”, reflete Bokel.
Outro elemento que funda a trajetória de Antonio é a rua. Pode se dizer que a estética das intervenções gráficas urbanas foi uma constante em seu percurso até aqui. Em tempos de propagação acelerada da Covid-19, em que o recolhimento é garantia de vida, além de determinante ético diante do coletivo, como se estabelecem a prática e os processos deste artista, longe da poética das ruas? “Me isolei na região serrana do Rio, num sítio no meio da mata. O contato com a terra e a convivência com as pessoas de lá ensinam uma filosofia de vida e trabalho que faz muito mais sentido”, revela.
Questionador e de produção compulsiva, Bokel passou a trafegar, há cerca de oito anos, no eixo Rio-Itaipava onde criou uma extensão de seu ateliê. Os reflexos da aproximação direta com a terra e a paisagem natural desaguam plasticamente em sua obra: alguns trabalhos tridimensionais evocam as dissonâncias da relação homem X natureza, sob a forma de manifestos visuais. É o caso da série ‘Cura’, de 2016, e da instalação ‘Ciclo vida e morte’, de 2018, em bronze, cimento e semente de abacate. Ambas integram a mostra Paraíso Perdido que, além da produção recente, revisita trabalhos mais antigos.
A pesquisa por materiais alternativos, outra característica recorrente, revela a inquietude estética do artista indicado ao Prêmio Pipa em 2015 e 2019. A escultura ‘Tri pé’, de 2021, foi construída com cimento, tripé, terra e planta. Elementos geométricos de intensa força cromática também são frequentes, como na pintura construtivista ‘Além da imaginação’ (2021). A natureza cíclica da vida e a temática da fertilidade, ligada à terra, surgem em formas circulares ou mais literalmente, como na tela ‘Grávidas’ (2021).
Para Ana Carolina Ralston, “a dualidade disruptiva da obra de Bokel ressalta a intersecção desse conturbado território que busca habitar: as metrópoles contemporâneas, a linguagem da arte de rua, a tecnologia, a mistura de traços e gestos que vai de encontro a referências naïf ligadas à essência humana e à vida simples e autossustentável. Com a natureza colocando a existência em cheque, o artista reforça a união dessas duas vertentes como único meio para nossa salvação”, analisa a curadora. “Assim como o poeta inglês, Bokel busca através de sua obra um paraíso perdido. Há anos, seu corpo e mente se uniram na tentativa de fazer coexistir o rural e o urbano em sua produção. O resultado dessa transfusão de realidades deu origem à exposição que será aberta no Espaço Cultural Correios Niterói”, conclui.
Antonio Bokel nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. Formou-se em Design Gráfico pela Univercidade, em 2004. Realizou sua primeira exposição individual em 2003, na Ken’s Art Gallery, em Florença, Itália, onde residiu e fez cursos de fotografia e história da arte. No Rio de Janeiro, teve aulas de modelo vivo com Bandeira de Mello e fez cursos de pintura, com João Magalhães e com Luiz Ernesto, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Nos últimos 20 anos, tem apresentado seu trabalho no Brasil e no exterior.
Principais exposições: 2012, exposição Gramática Urbana, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, curadoria Vanda Klabin, Rio de Janeiro. 2013 Transfiguração do Rastro, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica curadoria Bruno Garcia. 2014 individual Na Periferia do Mundo, Centro Cultural da Justiça Federal, curadoria Vanda Klabin. Rio de Janeiro. 2015 La Nature d’or galeria Mercedes Viegas, curadoria Mario Gioia, Rio de Janeiro. 2014 Novas aquisições MAM, museu de arte moderna do Rio de Janeiro curadoria Luiz Camillo Ozorio. 2016 Nada Além das Palavras Galeria Matias Brotas, curadoria Daniela Name, em Vitória. 2016 exposição Point of View / site specific, nos jardins do Palácio da Pena em Sintra, Portugal. 2017 Exposição Tudo que está coberto, galeria Aura, curadoria Paulo Galinna, São Paulo. 2018 Exposição Ver Rever, Centro Cultura dos Correios, curadoria Vanda Klabin, Rio de Janeiro. 2018 Exposição Inquiet(ação), AM Galeria, Belo Horizonte. Pinta Plattaforms Project. Curadoria de Roc Laseca. Miami 2019. Residências Artísticas: AAAAA No Thing But Truth, na Sid Lee Collective Gallery, Amsterdam, Holanda. ARTUR - Artistas Unidos em Residência, em Lagos, Portugal. Cidadela Art District, Cascais, Portugal. React Contemporary, Angra do Heroismo, Ilha terceira, Açores.
Indicado ao Prêmio Pipa em 2015 e 2019, o artista integra os acervos do Museu de Arte do Rio e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Vânia Mignone na Casa Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar a décima segunda exposição individual de Vânia Mignone na galeria, coincidindo com o lançamento do novo livro da artista. A publicação, primeira monografia da artista, foi editada pela Piña Cultura e conta com texto introdutório e entrevista com o curador Gabriel Pérez-Barreiro.
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Vânia Mignone é reconhecida por suas pinturas que exploram um universo infinito e particular, mas que, ao encontrar os olhos do observador, acabam por se tornar plurais. Não há como se confrontar com a obra da artista sem confrontar a si próprio. Há, em suas retratações, uma forte semelhança com a fotografia; o recorte de uma cena efêmera é aqui trabalhado e imbuído de significados que não só evidenciam um questionamento intenso sobre o humano, mas também o faz refletir sobre si. A artista traz à luz da consciência situações e momentos aparentemente casuais, mas que carregam toda uma narrativa oculta que ela faz questão de explorar. Mignone evidencia por meio de suas obras o desconforto no que por nós já é conhecido e familiar.
Através dos seus recortes e colagens, Vânia traz profundidade ao que é colocado sobre a lupa observadora da artista que o esmiúça ativamente; o completa com palavras e símbolos, como observado por Gabriel Pérez-Barreiro: “o texto também tem um papel central na obra de Mignone. Quase todas as pinturas incluem uma palavra ou uma frase curta que nunca é descritiva, mas sempre altamente evocativa. Tais palavras servem quase como letras musicais de uma composição visual, e trazem referências que são poéticas e expansivas. Esses enunciados são parte integral do trabalho, incorporados à composição, e agem como elementos inseparáveis em nossa leitura visual da obra como um todo. As palavras não são legendas nem títulos, mas algo entre ambos, com peso físico e presença atmosférica que as tornam parte efetiva da cena em que estão”.
A mostra será composta por obras recentes e obras publicadas no livro, permitindo uma imersão visual sobre a sua trajetória.
Vânia Mignone [Campinas, 1967. Vive e trabalha em Campinas] é bacharel em publicidade e propaganda pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brasil, e bacharel em Educação Artística pela UNICAMP, Campinas, SP, Brasil. Em 2016 recebeu o Prêmio Jabuti na categoria ilustração. Entre suas exposições individuais destacam-se: “Ecos”, no Museu de Artes Visuais da UNICAMP, em Campinas, SP, Brasil em 2019; “Eu poderia ficar quieta mas não vou”, curadoria de Danillo Villa, no SESC Presidente Prudente, em São Paulo, SP, Brasil, e Vânia Mignone, na Casa Triângulo, em São Paulo, SP, Brasil, ambos em 2017. Participou de diversas coletivas como: “1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira Na Coleção Andrea e José Olympio Pereira”, curadoria de Raphael Fonseca, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, RJ, Brasil, em 2021; “Proximidades Desiguais”, no Pavão Cultural, em Campinas, SP, Brasil, e “Dia, noite, noite” Coleção Andréa e José Olympio Pereira, curadoria de Júlia Rebouças, Galpão da Lapa, em São Paulo, SP, Brasil, ambas em 2020; “Itinerâncias – 33a Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas”, curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, em Campinas, Brasília, Porto Alegre e Vitória, Brasil, e “Inequívoco”, na Fundação Canaria para el Desarrollo de la Pintura, em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, ambos em 2019; 33a Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas, curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, Fundação Bienal, em São Paulo, SP, Brasil, em 2018. As obras da artista estão presentes em coleções como: The UBS Art Collection; Museu Afro Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo e na Coleção Gilberto Chateaubriand do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, entre outros.
Casa Triângulo is pleased to present Vânia Mignone's twelfth solo exhibition at the gallery, coinciding with the launch of the artist's new book. The publication, artist's first monograph, was edited by Piña Cultura and has an introductory text and an interview with the curator Gabriel Pérez-Barreiro.
Vânia Mignone is recognized for her paintings that explore an infinite and particular universe, but which, when meeting the eyes of the observer, end up becoming plural. There is no way to confront the artist's work without confronting yourself. In her portrayals, there is a strong resemblance to photography; the cutout of an ephemeral scene is worked on and imbued with meanings that not only show an intense questioning about the human, but also make one reflect on yourself. The artist brings to the light of consciousness situations and moments that are seemingly casual, but carry a hidden narrative that she is keen to explore. Mignone shows through her works the discomfort in what is already known and familiar to us.
Through her clippings and collages, Vânia brings depth to what is placed on the artist's observing magnifying glass that actively scrutinize it down; she completes it with words and symbols, as observed by Gabriel Pérez-Barreiro: “the text also plays a central role in Mignone's work. Almost all paintings include a word or a short phrase that is never descriptive, but always highly evocative. Such words serve almost as musical lyrics for a visual composition and bring references that are poetic and expansive. These statements are an integral part of the work, incorporated into the composition, and act as inseparable elements in our visual reading of the work as a whole. The words are not subtitles or titles, but something between them, with physical weight and an atmospheric presence that make them an effective part of the scene they are in”.
The exhibition will consist of recent works and also the ones published in the book, allowing a visual immersion on its trajectory.
Vânia Mignone [Campinas, 1967. Lives and works in Campinas] has a degree in advertising and marketing from Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP, Brazil, e also a degree in Artistic Education from UNICAMP, Campinas, SP, Brazil. In 2016 received the Jabuti Award at illustration category. Among her solo exhibitions, the following stand out: “Ecos”, at Museu de Artes Visuais da UNICAMP, in Campinas, SP, Brazil, in 2019; “Eu poderia ficar quieta mas não vou”, curated by Danillo Villa, at SESC Presidente Prudente, in São Paulo, SP, Brazil, and Vânia Mignone, at Casa Triângulo, in São Paulo, SP, Brazil, both in 2017. She took part in several group exhibitions: “1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira Na Coleção Andrea e José Olympio Pereira”, curated by Raphael Fonseca, at Centro Cultural Banco do Brasil, in Rio de Janeiro, RJ, Brazil, in 2021; “Proximidades Desiguais”, at Pavão Cultural, in Campinas, SP, Brazil, and “Dia, noite, noite” works from the collection of Andréa e José Olympio Pereira, curated by Júlia Rebouças, Galpão da Lapa, in São Paulo, SP, Brazil, both in 2020; “Itinerâncias – 33a Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas”, curated by Gabriel Pérez-Barreiro, in Campinas, Brasília, Porto Alegre and Vitória, Brazil, and also “Inequívoco”, at Fundación Canaria para el Desarrollo de la Pintura, in Las Palmas de Gran Canaria, Spain, both in 2019; 33a Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas, curated by Gabriel Pérez-Barreiro, Fundação Bienal, in São Paulo, SP, Brazil, in 2018. Her works are part of collections such as: The UBS Art Collection; Museu Afro Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo and at Coleção Gilberto Chateaubriand of Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, among others.
maio 5, 2021
Estado bruto no MAM, Rio de Janeiro
Fechado por 45 dias, MAM Rio reabre ao público no dia 6 de maio com a maior exposição de esculturas do acervo já montada pela instituição
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) será reaberto ao público no dia 6 de maio de 2021, com a exposição Estado bruto, que transforma a totalidade do Salão Monumental e algumas áreas do terceiro andar numa espécie de jardim de esculturas. Reunindo 125 obras tridimensionais do acervo, entre elas 24 peças não exibidas há mais de 20 anos, a mostra explora as possibilidades deste encontro e a unidade que dele resulta. O conjunto selecionado – de 106 artistas de diferentes épocas, geografias e linguagens – revela a abrangência e a diversidade das coleções do museu.
Com curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente, a exposição assume a configuração de uma multitude e suscita reflexões sobre os processos de colecionismo, conservação e compartilhamento de arte por parte de instituições com seus acervos. A mostra dá continuidade ao processo de familiarização com as coleções do MAM Rio iniciado pela Diretoria Artística e Curadoria Adjunta incorporadas ao museu no final de 2020.
Diferentes poéticas de artistas como Amilcar de Castro, Alberto Giacometti, Auguste Rodin, Angelo Venosa, Celeida Tostes, César, Cildo Meireles, Constantin Brancusi, Franz Weissman, Lina Kim, Lydia Okumura, Lygia Clark, Márcia X, Maria Martins, Mestre Didi, Nelson Leirner, Nuno Ramos e Tunga se agrupam de modo a criar paralelos entre o espaço expositivo e a reserva técnica. Com a visão do conjunto, será possível apreciar o volume gerado pelos processos de acúmulo patrimonial, favorecendo a reflexão sobre os efeitos que esses processos têm na escrita ou no esquecimento de histórias sobre arte e cultura.
“Estado bruto é uma exposição que trata da materialidade escultórica e do ambiente das reservas técnicas de um museu. Aqui nos interessa evidenciar o acúmulo como ponto de reflexão e potencializar a imagem da multidão. A montagem nos possibilita vivenciar uma outra espacialidade entre espectador e obras, ao trazer grandes volumes escultóricos na altura do chão ou em agrupamentos por núcleos. As reservas do MAM Rio foram abertas para que obras pouco conhecidas do grande público, ou que não foram expostas há décadas, possam respirar e ser vistas”, avalia a curadora Beatriz Lemos.
Para Keyna Eleison, que divide a direção artística do MAM Rio com Pablo Lafuente, “a exposição propõe um encontro entre corpos diversos, incluindo aí o público, num momento em que os corpos precisam se afastar”. A diretora ressalta ainda a dinâmica contundente com a equipe de museólogas da instituição: “Nada seria possível sem essa troca direta, decisiva e definitiva. Não há espaço suficiente para identificar com toda a propriedade sua importância. Nomear a potência intelectual para que tudo nesta exposição exista é fundamental. As atitudes de permanência não seriam possíveis sem Cátia Loureiro, Manuela Pereira, Camila Pinho e Ana Beatriz Cascardo”, afirma Eleison.
Sobre o MAM Rio
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), fundado em 1948, está construído no tripé arte-educação-cultura. Seu acervo de cerca de 15 mil obras forma uma das mais importantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina. O museu realizou inúmeras exposições que marcam até hoje as expressões e linguagens das artes visuais e abrigou múltiplos movimentos artísticos brasileiros.
O MAM Rio é uma instituição cultural constituída como uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e por empresas, que tem atualmente, como parceiro estratégico, o Instituto Cultural Vale e como patrocinador master o Grupo PetraGold, a Petrobras e a Ternium.
Desde janeiro de 2020, a nova gestão do MAM Rio, deu início a um processo de profunda transformação institucional envolvendo novas ideias, novos fluxos de trabalho e novas atitudes. As ações do processo de transformação buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Um movimento de potencialização das ações já realizadas no museu, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca visitaram a instituição.
Maxwell Alexandre no Tomie Ohtake, São Paulo
O Instituto Tomie Ohtake recebe Pardo é Papel, primeira individual de Maxwell Alexandre em São Paulo. A exposição, que tem 13 obras, levou 60 mil visitantes ao Museu de Arte do Rio - MAR em sua inauguração (2019) e passou recentemente pela Fundação Iberê, em Porto Alegre. 'Pardo é Papel' tem a realização do Instituto Inclusartiz, também responsável pela turnê da mostra.
Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, o artista carioca apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França. Resultado de uma residência do artista na Delfina Foundation promovida pelo Instituto Inclusartiz, em Londres, a mostra tem patrocínio do Grupo PetraGold.
Com a agenda internacional aquecida, Maxwell Alexandre ainda conta com outras exposições este ano, como a mostra do artista do ano 2020 eleito pelo Deutsche Bank, que acontecerá em setembro em Berlim, no Palais Populaire, e sua primeira individual em Paris, no maior centro de arte da Europa, o Palais de Tokyo. A itinerância de ‘Pardo é Papel’ continuará circulando e vai passar pela Bienal da Tailândia em julho, além de constar na agenda do The Shed, o grande centro cultural de Nova York, em 2022.
O início de ‘Pardo é Papel’ remete a maio de 2017, quando o artista pintou alguns autorretratos em folhas de papel pardo perdidas no ateliê. Nesse processo, além da sedução estética potente, ele percebeu o ato político e conceitual que está articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude.
“O desígnio pardo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidades de negros do passado, foi necessário para o processo de redenção, em outras palavras, de clareamento da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com a internet, os debates e tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a exercer sua voz, a se entender e se orgulhar como negro, assumindo seu nariz, seu cabelo, e construindo sua autoestima por enaltecimento do que é, de si mesmo. Este fenômeno é tão forte e relevante, que o conceito de pardo hoje ganhou uma sonoridade pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema, afinal, Pardo é Papel”, ressalta Maxwell.
“Tenho o enorme prazer e orgulho de apresentar este jovem talento. Maxwell é um líder natural, tem grande capacidade de atrair jovens de outras linguagens, conseguindo aglutinar as forças e todas as novas experiências dos jovens que são o futuro do Brasil. A belíssima obra de Maxwell marca uma sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro. A mostra teve um impacto importantíssimo na cidade, assim como em todo o país e também no mundo. Ela foi inaugurada durante um período crítico de crise econômica no Rio de Janeiro e da tentativa do fechamento do museu. O resultado foi a visitação de um público amplo e diverso, incluindo muitas pessoas que não tinham o hábito de frequentar museus”, analisa Frances Reynolds, presidente e fundadora do Instituto Inclusartiz, que busca trazer um diálogo entre todos os segmentos da sociedade e os artistas, especialmente os jovens, fomentando a sua carreira e os apoiando estrategicamente no âmbito internacional.
“Quando fomos convidados a apoiar o projeto não tinha ideia do quanto ia me encantar. Estamos muito felizes por participar deste momento”, celebra Eduardo Wanderley, presidente do Grupo PetraGold.
Sobre o Instituto Tomie Ohtake
Inaugurado em novembro de 2001, o Instituto Tomie Ohtake destaca-se por ser um dos raros espaços da cidade especialmente projetado, arquitetônica e conceitualmente, para realizar mostras nacionais e internacionais de artes plásticas, arquitetura e design. Em homenagem a artista que lhe dá o nome, o Instituto desenvolve exposições que focalizam os últimos 60 anos do cenário artístico, ou movimentos anteriores que levam a entender melhor o período em que Tomie vem atuando, organizando mostras inéditas da produção nacional e internacional, como Louise Bourgeois, Josef Albers, Yayoi Kusama, Salvador Dalí, Joan Miró, Yoko Ono, Julio Le Parc, entre outras.
Além de um programa de exposições marcante na cena cultural brasileira e que se desdobra em outras atividades como debates, pesquisa, produção de conteúdo, documentação e edição de publicações, o Instituto Tomie Ohtake desenvolve, desde a sua fundação, ampla pesquisa no ensino da arte contemporânea. Foi pioneiro na criação de novos processos para a formação de professores e de alunos das redes pública e privada, além de realizar uma série de atividades dirigidas ao público em geral e projetos de estímulo ao desenvolvimento da produção contemporânea. Completa o seu conjunto de atuação, um inédito programa de acessibilidade para repensar questões como acesso à cultura e diversidade, com foco no atendimento de públicos que não têm garantidos seus direitos sociais.
Sobre o Instituto Inclusartiz
Criado no Rio de Janeiro, em 1997, por Frances Reynolds, o Instituto Inclusartiz – que até 2005 chamava-se Fundação Arte Viva – é uma iniciativa de fomento à arte, cultura e educação no Brasil e no mundo. Idealizada com o propósito de tornar a arte mais acessível a todos, a organização desenvolve exposições e projetos educacionais com o intuito de promover vínculos socioculturais e a troca de conhecimento.
Em 2000, após diversas iniciativas de sucesso em seu país de origem, o Instituto ampliou suas fronteiras para Buenos Aires e, dois anos depois, expandiu para Madri, com uma série de mostras, sempre acompanhadas de programas educativos. A partir de 2005, a sede brasileira do Instituto Inclusartiz acrescentou às suas atividades o programa internacional de residências artísticas, que recebe artistas, escritores, intelectuais e curadores internacionais, ao longo de temporadas no Rio de Janeiro, para a realização de estudos e pesquisas, além da produção de novos trabalhos.
José Roberto Bassul lança fotolivro na Referência, Brasília
No dia 7 de maio, sexta-feira, o fotógrafo José Roberto Bassul lança seu mais recente fotolivro “Sobre Quase Nada”. Nas 128 páginas, o livro traz 97 fotografias das séries “Poéticas mínimas” e “Quase nada” e textos de Márcia Mello e Marília Panitz. A publicação recebeu os prêmios Fotolivro do Ano no Moscow International Foto Awards 2020 e Ouro no Prix de la Photographie Paris 2020. No dia do lançamento, o público terá acesso a um vídeo do artista sobre a publicação e sobre sua produção como fotógrafo, em parte exposta na mostra “Cidade – Paisagem”. Os interessados devem adquirir antecipadamente o livro por e-mail ou pelo Wpp +55 61 8162-3111 e agendar o dia e a hora da retirada da publicação autografada pelo autor. Valor: R$ 90,00.
O lançamento do fotolivro é parte da programação da mostra coletiva “Cidade Paisagem | Fotografia”, em exibição na Referência Galeria de Arte até o dia 15 de maio, com visitação de segunda a sexta, das 11h às 20h, e sábado, das 11h às 16h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte, Bloco B, Loja 11 – Subsolo, Brasília – DF. Telefone: (61) 3963-3501.
Obra-Arquivo MAB: residência artística, mostra e mesas-redondas online
Catálogo com trabalhos de 18 artistas que participaram de residência artística realizada durante a reforma do Museu de Arte de Brasília com curadoria de Cinara Barbosa será lançado no aniversário da cidade. Os trabalhos serão apresentados em uma mostra virtual no Instagram do projeto com curadoria de Gisel Carriconde Azevedo e Mariana Destro
No dia 21 de abril de 2021, quarta-feira, às 11h, quando Brasília completa 61 anos, acontece o lançamento do catálogo impresso e a abertura da mostra Obra-Arquivo MAB, resultado da residência artística realizada em 2019, com a participação de 18 artistas visuais que moram e produzem em Brasília. Devido às medidas restritivas para o combate à pandemia, tanto o lançamento do catálogo como a inauguração da mostra coletiva dos trabalhos serão realizadas online pelo canal do projeto no Instagram @obraarquivomab. A mostra coletiva segue até 20 de maio, e como parte da programação serão realizadas mesas-redondas com os artistas, com transmissão pelo canal do Youtube do projeto. Os encontros ficarão gravados e poderão ser acessados após o fim das transmissões. O projeto Obra-Arquivo MAB tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura - FAC/ Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal.
A residência artística do projeto Obra-Arquivo MAB propôs aos artistas o registro da obra de reforma do MAB, com o objetivo de criar um arquivo de memórias poéticas da transformação das ruínas em um espaço que seria entregue à população. Em 2019, durante o período das obras, os artistas foram divididos em três grupos para acompanhar por algumas semanas todo o processo de revitalização do espaço. Idealizado por Gisel Carriconde Azevedo, o projeto tem curadoria e acompanhamento crítico de Cinara Barbosa. Participaram da residência artística os artistas visuais Adriana Vignoli, Cintia Falkenbach, Gisel Carriconde Azevedo, Hilan Bensusan, Igu Krieger, Krishna Passos, Leci Augusto, Lino Valente, Lis Marina Oliveira, Luciana Ferreira, Mário Jardim, Matias Mesquita, Maurício Chades, Nivalda Assunção, Raísa Curty, Suyan de Mattos, Valéria Pena-Costa e Yana Tamayo.
De acordo com Cinara Barbosa, a curadoria do projeto assumiu novos parâmetros para criar um “livro-exposição”, que registra e preserva a memória por meio das linhas de pesquisa dos artistas em 2019. “A residência teve um caráter especial, uma vez que os artistas moram na cidade e experimentaram a vivência no espaço de reforma e construção do canteiro de obra no museu”, ressalta a curadora. O acompanhamento crítico buscou preservar a especificidade das linhas de pesquisa de um e de outro, uma vez que ao longo da residência os artistas se encontraram e produziram no mesmo espaço ao mesmo tempo. “No canteiro de obras, eles mergulharam na possibilidade do estranhamento com o espaço e do espaço com a cidade. Foi um processo de ativação de memórias de forma ampla”, diz a curadora.
Essa percepção é variada, uma vez que o grupo reúne artistas que já se relacionavam com o MAB a partir da sua abertura, os que conheceram durante o funcionamento, mas mais próximo ao período de fechamento, os que participaram da ocupação em 2017 e os que nunca estiveram no espaço. Para o catálogo, a curadora estabeleceu quatro blocos norteadores conceituais, aos quais chamou de Planos. Neles estão reunidos os artistas que compartilham alguma relação dinâmica arquivista entre suas produções.
O Plano Acesso abriga os trabalhos de Suyan de Mattos, Gisel Carriconde Azevedo, Hilan Bensusan, Luciana Ferreira e Lis Marina Oliveira. No Plano Guarda Provisória, estão as obras de Cintia Falkenbach, Nivalda Assunção, Raísa Curty e Igu Krieger. O Plano Amostragem reúne as obras de Leci Augusto, Adriana Vignoli, Valéria Pena-Costa, Krishna Passos. E o Plano Documento Público estão Lino Valente, Maurício Chades, Mário Jardim, Matias Mesquita e Yana Tamayo.
O catálogo impresso será lançado no dia 21 de abril, quarta-feira, às 11h, junto com a abertura da exposição virtual pelo Instagram @obraarquivomab. Vídeos da curadora geral Cinara Barbosa e da idealizadora do projeto e curadora da mostra virtual Gisel Carriconde Azevedo apresentarão o projeto de residência, o catálogo e a mostra virtual. A participação é gratuita e livre para todos os públicos. O vídeo ficará no IGTV do projeto e poderá ser acessado a qualquer momento.
Mostra coletiva, mesas-redondas virtuais
Com curadoria de Gisel Carriconde Azevedo e co-curadoria de Mariana Destro, a mostra coletiva virtual Obra-Arquivo MAB apresenta os trabalhos realizados ao longo das residências artísticas e os processos de produção das obras presentes no catálogo. A mostra virtual acontece no Instagram @obraarquivomab e poderá ser vista até o dia 20 de maio. Como parte da programação da mostra, serão realizadas três mesas-redondas onde os artistas apresentarão seus projetos e, com a mediação da curadora do projeto, Cinara Barbosa, farão uma avaliação dos seus processos artísticos e das residências. Com duração média de 1h30, as transmissões acontecem pelo canal do projeto no Youtube shorturl.at/pvxDH e terão tradução simultânea em libras
No dia 29 de abril, quinta-feira, às 19h30, acontece a mesa-redonda 1 com a participação dos artistas Adriana Vignoli, Igu Krieger, Krishna Passos, Lis Marina, Matias Mesquita e Hilan Bensusan. A mesa-redonda 2, no dia 6 de maio, quinta-feira, às 19h30, traz os artistas Luciana Ferreira, Mário Jardim, Maurício Chades, Valéria Pena-Costa, Lino Valente e Yana Tamayo. Na quinta-feira, 13 maio, às 19h30, Suyan de Mattos, Leci Augusta, Cintia Falkenbach, Nivalda Assunção, Gisel Carriconde Azevedo e Raísa Curty participam da mesa-redonda 3.
Sobre a curadora geral e coordenadora editorial
Cinara Barbosa é Professora Adjunta do Departamento de Artes Visuais (VIS) da Universidade de Brasília (UnB). É curadora e pesquisadora de arte contemporânea brasileira. Idealizadora e coordenadora do Plano das Artes, projeto voltado para o desenvolvimento e fortalecimento do sistema das artes envolvendo: circuitos por espaços autônomos de arte do Distrito Federal, formação de arte-educadores e produção artística. Foi diretora e curadora do Elefante Centro Cultural (DF). Homenageada pelo Prêmio Vera Brandt 2019. Membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa 2019. Em suas pesquisas, interessa-se por produções artísticas de revisitação crítica à história da arte, poéticas arquivísticas, de coleção e memória. Entre as pesquisas mais recentes decorrentes de estudos curatoriais estão a mediação educativa em espaços expositivos associados às práticas institucionais.
Sobre a idealizadora e curadora da mostra virtual
Gisel Carriconde Azevedo trabalha com instalação, objetos e pintura e tem sua produção artística associada à curadoria. Formada em artes pela Universidade de Brasília (1992), com mestrado e doutorado na Universidade de Brighton (1997) e na Universidade do Leste de Londres (2012), respectivamente. Entre 2000 e 2016, trabalhou com design de exposição no Museu de Valores, onde o contato próximo com a museologia despertou sua atenção para as relações entre espaço, objeto e público. A partir de 2003 passou a trabalhar com instalação e a pensar o espaço expositivo como uma poética em si. Desde 2014 está à frente do deCurators, espaço de arte independente e não comercial dedicado a explorar novas maneiras de exibir, apreciar e discutir arte contemporânea.
maio 3, 2021
Osesp MASP B3: Apresentação musical conecta Di Cavalcanti a Tchaikovsky e Villa-Lobos
Transmissão será ao vivo pelo canal do MASP no YouTube
Em 5 de maio, quarta-feira, às 18h, acontece a próxima edição do concerto Osesp MASP B3. Como ocorreu no segundo semestre de 2020, em razão das medidas de isolamento social impostas pela pandemia de Covid-19, as apresentações serão online. O concerto ocorrerá no MASP Auditório e o público poderá acompanhá-lo pelo perfil do MASP no YouTube.
O projeto, promovido pelo MASP e pela Osesp desde 2015, tem como objetivo estabelecer diálogos entre arte e música, relacionando similaridades estéticas e históricas entre ambas. Cada apresentação é comentada por um especialista convidado, que faz a conexão entre obras de arte da coleção do MASP com composições musicais.
Para a próxima apresentação foi escolhida a obra Mulata/Mujer (1952), de Emiliano Di Cavalcanti, pertencente ao Comodato MASP B3. O palestrante convidado, Sérgio Molina, estabelecerá paralelos entre a pintura e peças de Tchaikovsky e Heitor Villa-Lobos, ambas interpretadas pelo Quarteto Osesp, grupo formado pelos violinistas Emmanuele Baldini e Davi Graton, pelo violista Peter Pas e pelo violoncelista Rodrigo Andrade.
Sérgio Molina é compositor e professor, graduado em Composição, mestre em Musicologia e doutor em Música pela Universidade de São Paulo (USP).
Até o mês de julho as apresentações mensais terão o patrocínio exclusivo da B3, a bolsa brasileira. Dentro dessa parceria, as obras que dialogarão com a música poderão ser tanto do acervo do MASP quanto do Comodato MASP B3.
O Comodato MASP B3 possibilitou a cessão por um período de trinta anos de 66 obras de 28 artistas pertencentes às coleções das antigas BM&F e Bovespa. As obras abarcam um período de cerca de cem anos de arte brasileira. A iniciativa foi uma homenagem da B3, a bolsa brasileira, aos ex-conselheiros da BM&F e Bovespa.
PROGRAMA
Quarteto Osesp
Emmanuele Baldini - violino
Davi Graton - violino
Peter Pas - viola
Rodrigo Andrade - violoncelo
Pyotr Il’yich Tchaikovsky [1840-1893]
Quarteto nº 1 em Ré Maior, Op. 11 [1871]
1. Moderato e semplice
2. Andante cantabile
3. Scherzo: allegro non tanto e con fuoco
4. Finale: allegro giusto
29 min
Heitor Villa-Lobos [1887-1959]
Quarteto de Cordas nº 17 [1957]
1. Allegro non troppo
2. Lento
3. Scherzo: allegro vivace
4. Allegro vivace (con fuoco)
20 min
Palestrante
Sérgio Molina
Obra
Emiliano Di Cavalcanti
Mulata/Mujer, 1952
Comodato MASP B3 – BRASIL, BOLSA, BALCÃO, em homenagem aos ex-conselheiros da BM&F e BOVESPA
Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes no Correios, Rio de Janeiro
Obra de Murilo Mendes é inspiração para a exposição “Sentado à Beira do Tempo”, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro
O Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, abre, no dia 05 de Maio , das 16h às 19h, a exposição Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes, do Acesso Arte Contemporânea, que está na sua 7a edição, e é formada pelos curadores Marilou Winograd, Gilda Santiago e Aline Toledo. Petrillo é o artista /curador convidado desta edição para os artistas mineiros. O texto critico é do escritor e ensaísta Silviano Santiago.
Participam da exposição 57 artistas do Rio de Janeiro, de Juiz de Fora, de Belo Horizonte, de Curitiba, de São Paulo, de Porto Alegre e de Lisboa para apresentarem, na mostra, 64 obras bi e tri dimensionais – entre pinturas, desenhos, gravuras, fotos, colagens, esculturas, objetos, vídeos e performances – que estabelecem um diálogo com a poética de Murilo Mendes (1901 – 1975).
Cada artista escolheu um poema/aforismo/verso para contextualizar, através da sua poética pessoal, o pensamento muriliano no seu trabalho visual.
“A proposta curatorial é romper os limites, ampliando à escolha temática um desafio ao diálogo, ao contato, às interseções e às correspondências entre as obras. Ao propor uma referência para o criar, a exposição transforma-se em espelho facetado do tema, onde as imagens compõem um caleidoscópio de significados e questionamentos, explica Marilou Winograd.
“A mostra provoca questionamentos e reflexões sobre um poeta irrequieto e, ao mesmo tempo, demonstra como os artistas contemporâneos reagem a essa reflexão, além de revelar ao público uma outra dimensão da arte, por meio da poesia”, destaca Gilda Santiago.
“Sentado à beira do tempo | Olhando o meu esqueleto | Que me olha recém-nascido |Tenso espírito do mundo, vai destruir e construir | Até retornar ao princípio. | O motor do mundo avança.” Os versos premonitórios de Murilo Mendes, poeta brasileiro e expoente do surrealismo no movimento modernista brasileiro, parecem prever o momento de pandemia do novo coronavírus.
O planeta está Sentado á Beira do Tempo, imobilizado Olhando meu esqueleto¨, Que me olha recém-nascido, enquanto o ¨Tenso espirito do mundo, vai destruir e construir ¨. ¨Até retornar ao principio¨. Tempo que não volta, ¨o motor do mundo avança¨...
Sentado À beira do tempo¨, presente na obra de Murilo Mendes, em uma analogia com o momento presente. Não é interior e nem exterior. É um lugar limite.
“A mostra não poderia ser mais atual. É também uma ação política, um ato artístico. Murilo Mendes sempre teve uma relação tão intrínseca com as artes plásticas como nenhum outro, além de ser um crítico de arte e grande colecionador de obras”, explica Aline Toledo.
“Murilo anuncia, em 1934, que seus versos passam a ser escritos por ‘um novo olhar’. Olhar que vem a ser outro pela presença fulgurante em sua vida do artista plástico Ismael Nery. Uma pequena parcela do mundo, o transitório, é suplementada pela totalidade do mundo, o essencial.”, comenta o escritor Silviano Santiago. Um encontro entre a poesia e as artes visuais.
Ao longo dos anos, o Acesso Arte Contemporânea escolheu, como tema para cada exposição, obras/artistas, que deslocaram o fazer artístico para uma área do pensamento mais instigante e ousada. Um projeto baseado em pesquisa e informação.
A exposição segue em itinerância para o Museu De Artes Murilo Mendes, em Juiz de Fora, MG.
Segundo o artista plástico Ricardo Cristofaro, Superintendente do Museu de Artes Murilo Mendes – MAMM, “na obra de Murilo Mendes, as associações entre poesia e artes visuais são de grande amplitude e evidenciam-se, sobretudo, nas analogias entre procedimentos próprios a cada uma das linguagens, na organização e na inclusão de elementos gráficos para a construção de certos poemas. Além disso, é importante destacar que foi através da visão que Murilo Mendes estruturou grande parte de seu universo poético, manifestando grande interesse pelas questões da visualidade”.
Sobre Acesso Arte Contemporânea
Acesso Arte Contemporânea nasceu, em 2012, da preocupação das artistas visuais, Lúcia Avancini e Marilou Winograd, em ocupar espaços para reunir em um mesmo evento diversas linguagens e expressões artísticas, em clima lúdico e de total liberdade.
Esta prática de ocupação, um exercício experimental de extrema liberdade, produz sua própria potência transformadora, necessária a novas ideias, significados e suas relações com as instituições e com o próprio pensamento.
Uma ação política, um ato artístico
A proposta do Acesso é romper os limites, ampliando à escolha temática um desafio ao diálogo, ao contato, às interseções e às correspondências entre as obras. Ao propor uma referência para o criar, a exposição transforma-se em espelho facetado do tema, onde as imagens compõem um caleidoscópio de significados e questionamentos.
Homenagem a Lucia Avancini (in memoriam)
“Conviver com a artista Lúcia Avancini foi penetrar nos questionamentos da arte e da vida, mergulhar na ousadia e se superar em criatividade. Lúcia foi um ser político, engajada em seu tempo, irrequieta, buscava o novo, o audacioso e vivia na arte toda sua metamorfose. Transitou na multiplicação de olhares do cenário artístico, da pintura figurativa ao videoarte, passando pelas artes gráficas, construindo objetos e montando instalações, usando o corpo como suporte e como ação, tudo para ecoar sua fala, sua força e sua arte”. (Acesso Arte Contemporânea)
Dora Smék na Central Galeria, São Paulo
A Central Galeria tem o prazer de apresentar A dança do corpo sem cabeça de Dora Smék. Em sua primeira individual na galeria, a artista empreende uma investigação acerca do corpo em situações de oposição, movimento, tensão e fluxo. Abordando o inconsciente e a sexualidade, seus trabalhos revelam um corpo fragmentado: dedos, braços, articulações e ossos são usados como moldes na fundição de esculturas em ferro, bronze e alumínio.
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Oriunda da dança, Dora evoca elementos desse universo para guiar possíveis narrativas. Veronica Stigger, convidada para escrever o texto da exposição, observa que sua obra “se fundamenta numa tensão entre limite e extravasamento, contenção e expansão. Como num duo em que os bailarinos se enfrentassem em vez de dançarem juntos, mesas e tubos parecem querer conter o corpo, que, por sua vez, busca escapar ao limite que lhe é imposto.”
Dora Smék (Campinas, 1987) vive e trabalha em São Paulo. Graduou-se em Artes do Corpo na PUC-SP (São Paulo, 2011) e fez Mestrado em Artes Visuais na Unicamp (Campinas, 2019). Dentre as exposições de que participou recentemente, destacam-se: Arte em Campo, Estádio do Pacaembu (São Paulo, 2020); No presente a vida (é) política, Central Galeria (São Paulo, 2020); Polissemia Política – Arte Londrina 8 (Londrina, 2020); Hinter dem Horizont, Reiners Contemporary Art /Sammlung Jakob (Freiburg, Alemanha, 2020); Cuerpos Atravesados, Reiners Contemporary Art (Marbella, Espanha, 2020); Mulheres na Arte Brasileira: Entre Dois Vértices, CCSP (São Paulo, 2019); 47. Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, 2019); Triangular – Arte Deste Século, Casa Niemeyer (Brasília, 2019); 13. Verbo, Galeria Vermelho (São Paulo, 2017).
Central Galeria is pleased to present The Dance of the Headless Body (A dança do corpo sem cabeça), by Dora Smék. For her first solo at the gallery, the artist undertakes a research on the body in situations of opposition, movement, tension and outflow. Approaching sexuality and the unconscious, her pieces reveal a fragmented body: fingers, arms, joints and bones are used as mold for sculpture castings in iron, bronze and aluminum.
Formerly a dancer, Dora evokes elements from this area to navigate potential narratives. Veronica Stigger, asked to write the exhibition statement, notes that her work is “based on this tension between limitation and extravasation, contention and expansion. Like a duo performance in which dancers confront each other instead of dancing together, tables and pipes seem to try and constrain the body, which, for its part, attempts to escape the constraints imposed.”
Dora Smék (Campinas, 1987) lives and works in São Paulo. Graduated in Artes do Corpo at PUC-SP (São Paulo, 2011), she holds a MFA degree from Unicamp (Campinas, 2019). Among her recent exhibitions, stand-out the group shows: Arte em Campo, Estádio do Pacaembu (São Paulo, 2020); No presente a vida (é) política, Central Galeria (São Paulo, 2020); Polissemia Política – Arte Londrina 8 (Londrina, 2020); Hinter dem Horizont, Reiners Contemporary Art /Sammlung Jakob (Freiburg, Germany, 2020); Cuerpos Atravesados, Reiners Contemporary Art (Marbella, Spain, 2020); Mulheres na Arte Brasileira: Entre Dois Vértices, CCSP (São Paulo, 2019); 47. Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, 2019); Triangular – Arte Deste Século, Casa Niemeyer (Brasília, 2019); 13. Verbo, Galeria Vermelho (São Paulo, 2017).
maio 2, 2021
Jeane Terra na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
A galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea reabre ao público para visitação da exposição Jeane Terra – Escombros, peles, resíduos, com agendamento prévio. A mostra tem curadoria de Agnaldo Farias, e segue em cartaz até o dia 29 de maio de 2021.
Além do protocolo anticovid que a galeria já vem adotando – obrigatoriedade do uso de máscaras, tapete sanitizante na entrada, e frascos de álcool gel – será necessário agendamento prévio, pelos telefones +55 21 3496-6821 e +55 21 99842-1323 (WhatsApp), ou email.
A galeria está aberta de segunda a sexta, das 13h às 18h, com entrada gratuita, e a exposição Jeane Terra – Escombros, peles, resíduos pode ser vista ainda por um tour virtual, disponível no site www.simonecadinelli.com, para que os amantes da arte possam ver os trabalhos remotamente, como se estivessem visitando o local.
A exposição “Escombros, peles, resíduos”, com trabalhos inéditos da artista Jeane Terra, criados a partir de várias técnicas e processos singulares que ela vem desenvolvendo nos últimos anos – incluindo os meses do isolamento social – tendo como ponto de partida os escombros das casas do Pontal de Atafona, praia no norte fluminense que está sendo tragada pelo mar. A exposição ocupará toda a galeria, onde além das pinturas secas – ou “pele de tinta”, processo que criou e que agora está patenteado – e as “monotipias secas”, estarão reunidas esculturas, fotografias, um bordado e duas instalações: uma escavação na parede e uma ocupação da vitrine, que dá para a Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema.
O público poderá ver, reunidos, em curadoria de Agnaldo Farias, os trabalhos poéticos desta artista singular, que discute a memória habitada em destroços de casas, e agora, de maneira mais ambiciosa, de quarteirões inteiros. Os trabalhos expostos são resultantes da imersão que a artista fez em janeiro de 2020 em Atafona.
Agnaldo Farias, curador da exposição e autor do texto crítico, destacou, em um bate-papo virtual com a artista em dezembro, que acompanha o trabalho de Jeane Terra “desde quando ela era ainda apenas uma promessa”. “O trabalho dela tem muita força, e é um privilégio fazer esta viagem por ele”, diz. Ele acha “impressionante o fato de ela se chamar Jeane Terra, e ter esta pesquisa muito particular”. “Não acredito em coincidências”, diz ele. “Esta ideia de resíduos, peles, escombros tem a ver com construções e com uma arquitetura que é reivindicada pela própria terra para a condição de ruína, para que esta construção volte à própria terra”, observa.
Agnaldo Farias afirma que “este é um momento lindo, em que não apenas a artista pode ver reunidos seus trabalhos, que ficavam espalhados no ateliê, como o público poderá tomar contato com toda a riqueza, a fertilidade e a amplitude de sua pesquisa, e isso é um privilégio muito grande”.
MONOTIPIAS EM PELE DE TINTA
Com o isolamento social imposto pela pandemia, Jeane Terra se concentrou em seu ateliê, onde pode se dedicar a várias experiências que vinha fazendo. Deste período surgiu uma nova técnica inventada por ela, que chama de “monotipias em pele de tinta”, ou “monotipia seca”, e oito desses trabalhos estarão também na exposição. Nesta série, a pele de tinta é usada inteira em grande formato, até 1,10m, como suporte para uma monotipia seca, em que a artista transfere uma imagem em um delicado e complexo processo, que resulta em uma “aparência de pergaminho, de documento antigo”. As imagens impressas são fotografias que a artista fez em Atafona. “Quis tatuar, marcar, inscrever na pele, e no processo de transferência da imagem para a pele ela se fragmenta, se dilacera, como a memória. Parece que o tempo desgastou”, observa.
PANORÂMICA DA EXPOSIÇÃO
Mineira radicada no Rio, Jeane Terra transforma seu ateliê em laboratório. “Tudo é experimental. Sempre estou buscando algo novo. Gosto da dificuldade, de trabalhar o erro e o acerto, da surpresa que me aguarda diariamente no ateliê. São muitas frustrações, e a busca até descobrir o caminho certo é o que me faz me sentir viva como artista. O ateliê é um laboratório. Me sinto uma artista alquimista”, diz.
Ver reunido este conjunto de obras será uma excelente oportunidade de percorrer o universo desta artista inventiva, que se por um lado tem na memória – a sua, familiar, a de casas específicas, e agora bairros inteiros –, um agente propulsor, por outro é movida pela inquietação diária em estar sempre procurando processos, técnicas, materiais não existentes até então.
PELE DE TINTA, MONOTIPIA SECA, PONTO CRUZ
Três obras darão a dimensão para o público desses processos, pois trazem a mesma imagem, mostrada na fotografia “Miragem” (2020) feita pela artista – em impressão fine art em papel algodão, de 50 x 65cm –, a de um barranco cavado pelo mar, onde restos de casas se mantêm equilibradas no topo. Esta cena está em “Miragem Tecida” (2020), um bordado em ponto cruz sobre entretela, de 57 x 87cm,feito pela própria artista, e em “Pele Mirada” (2020), uma “pintura seca”, ou “pele de tinta”, técnica criada pela artista que chamou a atenção de críticos e curadores como Paulo Herkenhoff, que incorporou à coleção do Museu de Arte do Rio (MAR) a obra “O Salto” (2017), a primeira em que Jeane Terra usou este processo. Cada trabalho desses pode demorar até quatro meses para ser finalizado. Primeiro, a artista produz suas “peles de tinta” – uma combinação de pigmentos de tinta e aglutinantes, agora patenteada. Depois, ela recorta pequenos quadrados de 1x1cm, e aplica um a um na tela previamente quadriculada, com a paleta de cores já determinada pela artista. “É como um bastidor de ponto em cruz. Um pixel analógico”, observa. O ponto cruz surgiu da memória de sua avó fazendo bordados para o enxoval das mulheres da família, e Jeane aplica de várias maneiras em seu trabalho.
Desenvolvendo sua busca pela tridimensionalidade, Jeane quis transformar a pele de tinta em suporte, em tela, para outras intervenções. A artista então trilhou um longo caminho, que começou no final de 2019 e atravessou 2020, para alcançar a consistência necessária para criar peles em grande formato, e depois realizar monotipias neste material. Foi dificultoso encontrar as condições adequadas para realizar a transferência de imagem. Estarão na exposição sete dessas “monotipias secas”, entre elas “Receita” (2020), 56 x 85cm, que traz a imagem do programa de bastidor, em ponto cruz, usado pela artista em seus trabalhos. As monotipias se assemelham a pergaminhos antigos, que o tempo desgastou.
ESCOMBROS, MEMÓRIA ETERNIZADA
A memória das casas é outro assunto de interesse para Jeane Terra. Ao guardar pedaços de escombros da casa da família, que foi demolida em Belo Horizonte, “com aquela chuva de poeira de memória”, ela sem saber dava início a toda uma série de trabalhos, a partir da ideia de que as casas guardam memórias. Quando foi para Atafona, atraída pelo fato de o local estar há décadas sendo engolido pelo mar, ela ampliou a escala deste interesse: “Agora não se tratava de uma casa apenas, mas de todo um bairro desaparecido”, conta. Além das séries de pinturas, estarão na exposição uma série de objetos e duas instalações a partir desta necessidade da artista em eternizar a memória contida nos fragmentos das casas.
Na entrada da galeria Simone Cadinelli, Jeane Terra fará uma escavação na parede que percorrerá fragmentos de escombros que estarão instalados ali. A escavação que a artista irá folhear a ouro, obedecerá ao desenho do mapa do Pontal de Atafona, que não existe mais. No último dia da exposição, a artista fará uma “cerimônia de apagamento” da escavação, encobrindo o trabalho, que dessa forma desaparecerá, mas ficará “incrustado na parede”, como uma memória.
No chão do espaço térreo estarão totens, colunas de paredes em que Jeane escavou e folheou a ouro mapas aéreos de catorze ruas encobertas pelo mar. Na outra parede, uma fotografia feita pela artista em Atafona, e outra que revela “receita” do ponto cruz, o “bastidor digital” usado nos trabalhos da artista.
MONOTIPIAS EM ESCOMBROS SUBMERSOS
Jeane Terra observou que quando a maré baixava, e o mar recuava, era possível ver semienterrados muitos destroços do que haviam sido casas. Ela mediu o tempo da maré baixa, e fez monotipias em pedaços de escombros, usando silicone. A partir deste molde, a artista recriou os escombros submersos em concreto, “uma camada fina como uma pele”, com interferências em folha de ouro. “É uma máscara mortuária”, comenta. Esses trabalhos poderão ser vistos no segundo andar da galeria Simone Cadinelli, e Máscara Gold(2020) é um deles, medindo 50 x 27 x 3 cm.
As monotipias em pele de tinta estarão também neste espaço, assim como “Fáscia 2” (2020), com 58 x 47cm, em que Jeane Terra bordou e desenhou sobre pele de tinta.
FENÔMENO EM ATAFONA
Em um processo iniciado ainda em fins dos anos 1960, com o assoreamento do rio Paraíba do Sul, e a consequente perda de pressão em sua foz, Atafona, distrito do município de São João da Barra, próximo de Campos, e a cerca de 300km do Rio de Janeiro, é originalmente uma aldeia de pescadores, foi um porto, se transformando depois em local de veraneio da região. São várias as causas estudadas para o fenômeno da invasão do mar.
Jeane Terra explica que o mar escava a areia, desestruturando as construções e árvores, que desabam. Ela registrou a queda de uma árvore, e recebeu de uma moradora fotografias de um hotel, de quatro andares, que ruiu. A população, ao perceber que suas casas serão atingidas em breve, retiram além de seus móveis, pias, portas, azulejos, o que podem, para transferir para outro local.
Agnaldo Farias comenta que Atafona significa “moinho de grãos”. “Não é coincidência, é destino a escolha desta cidade por Jeane. A cidade está sendo moída pelo mar. Ali deságua o Paraíba do Sul, que etimologicamente quer dizer ‘rio difícil’ em tupi. Este rio enfrentava o mar, era uma queda de braço, mas a ocupação predatória, nossa característica, foi assoreando o rio e ele foi perdendo sua força, e deixou de ser um rio difícil. O mar entra”. Ele também aponta um aspecto que observou sobre as obras da artista que serão expostas.“É como se o trabalho bifurcasse: apontasse para o passado, que é o da avó fazendo o ponto cruz, e o aqui e o agora, e o ponto de confluência é este mundo que está se desfazendo”.
SOBRE A ARTISTA
Artista mineira (1975) radicada no Rio de Janeiro, Jeane Terra frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e cursou por dois anos o bacharelado em artes plásticas na Escola Guignard, em Belo Horizonte, entre outros cursos na área. Foi assistente da artista plástica Adriana Varejão por dez anos. Sua pesquisa está atrelada à memória e suas subjetividades, investigando fragmentos e nuances da transitoriedade das cidades, do apagamento urbano, do crescimento desenfreado das urbes e de sua ocupação. Muitas vezes autorreferente, seu trabalho gravita a usina ruidosa de onde vem a substância de sua memória. Trabalhando com diferentes suportes, se dedica especialmente à pintura, escultura, fotografia e videoarte.
Com treze anos de trajetória, participou de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior, das quais se destacam: “Como habitar o presente? Ato 1 – É tudo nevoeiro codificado” (julho e agosto de 2020) e “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro” (outubro de 2020 a 16 de janeiro de 2021), Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “O ovo e a Galinha”, Galeria Simone Cadinelli, Rio de Janeiro, “Exposição 360”, Museu da República, no Rio de Janeiro, “Brasil Arte Contemporânea”, Museu Ettore Fico, Turim, Itália, “Abre Alas ”, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro(2019); “Projeto Montra”, em Lisboa, em 2013; “Nova Escultura Brasileira- Herança e Diversidade”, na Caixa Cultural Rio de Janeiro, em 2011; e, Biwako Biennale, Japão, em 2010; individual “Um olhar Invisível”, no Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, e a individual “Inventário”, na Cidade das Artes, Rio de Janeiro, em 2018.
maio 1, 2021
Hábito | Habitante na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
EAV Parque Lage inaugura exposição coletiva e interativa no Dia do Trabalhador, com obras de mais de 40 artistas brasileiros de diferentes gerações. Montada nas Cavalariças e na Capelinha, mostra transforma os espaços em estúdio com fundo infinito e amplia possibilidades de intervenção virtual.
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage) inaugura, no próximo dia 1º de maio de 2021, Dia do Trabalhador, a mostra coletiva Hábito/Habitante, cujo nome toma por empréstimo dois termos de uma série de 1985, de Martha Araújo, artista plástica alagoana e ex-aluna da instituição.
Nas Cavalariças e na Capelinha, a exposição reúne obras de mais de 40 artistas brasileiros de diferentes gerações e apresenta um arco de trabalhos que partem da década de 1960 e apontam para as coletividades. A curadoria de Ulisses Carrilho é pautada por conceitos como vigilância, controle e captura dos corpos, discutidos em “1984”, o clássico livro de George Orwell, tão presentes em tempos pandêmicos. São cerca de 60 obras que aludem a discursos sociais e refletem sobre ideias como “hábito”, “repetição” e “distância”, que foram radicalmente reorientadas pela pandemia da Covid-19.
Inicialmente elaborada para integrar a programação da UIA 2020 RIO - 27º Congresso Mundial de Arquitetos, a exposição propõe uma reflexão sobre as diferentes formas de habitar o espaço – físico ou virtual – e exibe trabalhos de artistas de diferentes gerações, como Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Diambe, Ernesto Neto, Guga Ferraz, Hudinilson Jr. (1957-2013), Martha Araújo, PV Dias, Ricardo Basbaum, Tadáskía, Wanda Pimentel (1943-2019) e 3nós3.
Para não incentivar a aglomeração, as Cavalariças e a Capelinha dão lugar a uma espécie de estúdio, em que os projetos de arte, artistas e o público reduzido compõem um grande cenário. Ao invés do “cubo branco”, o espaço foi pintado em verde chroma key, onde a grande tela atua como suporte para que os visitantes, com seus celulares, absorvam o conteúdo disponível numa plataforma digital. Uma aplicação desenvolvida especialmente para a exposição será disponibilizada como filtro de Instagram. Ao vivo, ao adicionar suas próprias imagens como pano de fundo dos trabalhos apresentados, o espectador assume a função de “diretor” deste espaço de transmissão, capaz de ampliar o acesso para todo o Brasil.
Para Carrilho, Hábito/Habitante reforça a importância das coletividades, com uma investigação sobre como o cotidiano dos espaços influencia e dá forma às pessoas: “Para além dos aspectos práticos, objetivos e diretivos, nos interessa pensar a arte como articulação coletiva. Esta mostra é a favor do isolamento, mas contra a solidão”, comenta o curador. Ulisses aponta ainda que a arte pode agir através da força e resistência dos artistas e por isso a exposição será inaugurada no Dia do Trabalhador. “É momento de entendermos e renegociarmos a maneira como criamos e exercemos alianças. E como, apesar das distâncias, vamos exercitar a coletividade”, reflete.
“Criar é uma estratégia para habitar o mundo. Essa não é uma mostra sobre arquitetura, pandemia ou história da arte, mas sobre os indivíduos, os usos das imagens e dos espaços. Não há ‘corpo médio’ e nem normalidade. Certos corpos nunca foram convidados à coletividade”, analisa o curador.
A realização da mostra Hábito/Habitante coroa uma série de iniciativas artísticas e educacionais da EAV Parque Lage para ampliar o acesso à arte e a um ensino de qualidade mesmo em tempos de isolamento. Atualmente, os cursos da Escola seguem de modo remoto.
Para Yole Mendonça, diretora da instituição, o esforço realizado para manter em atividade os cursos da EAV no ano passado, a levou para o universo digital, nacionalizando sua atuação: “Hoje, temos alunos em 21 estados brasileiros mais o Distrito Federal, o que nos tornou ainda mais responsáveis pela fruição das experiências artísticas que acontecem na EAV. Desse modo, além da garantia de segurança física aos visitantes presenciais, por meio do agendamento on-line que visa à manutenção do ambiente expositivo sem aglomeração, transformamos a exposição num espaço de transmissão, no qual tanto nossos alunos, quanto os visitantes de todo o país poderão, por meio de seus celulares, ter uma experiência diferenciada com a exposição como se a estivessem visitando in loco”, avalia a diretora.
A exposição Hábito/Habitante integra o Plano Anual de Atividades da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, patrocinado pelo Instituto Cultural Vale.
Sobre a Escola de Artes Visuais
A Escola de Artes Visuais foi criada em 1975, pelo artista Rubens Gerchman, para substituir o Instituto de Belas Artes (IBA). Seu surgimento acontece em plena Guerra Fria na América Latina, durante o período de forte censura e repressão militar no Brasil. A EAV afirma-se historicamente por seu caráter de vanguarda, como marco da não conformidade às fronteiras e categorias, e propõe regularmente perguntas à sociedade por meio da valorização do pensamento artístico.
Alguns exemplos marcantes da história do Parque Lage são a utilização do palacete como sede do governo da cidade de Alecrim em Terra em Transe, dirigido por Glauber Rocha em 1967; e a exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, que reuniu 123 jovens artistas de diferentes tendências numa mostra que celebrava a liberdade e o fim do regime militar. O palacete em estilo eclético também foi palco de “Sonhos de uma noite de verão”, clássico shakespeariano, e serviu como locação para Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade.
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage está voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, com ênfase em seus aspectos interdisciplinares e transversais. Abrange também outros campos de expressão artística (música, dança, cinema, teatro), assim como a literária, vistos em suas relações com a visualidade. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais.
A EAV Parque Lage configura-se como centro educacional aberto de formação de artistas e profissionais do campo da arte contemporânea. Como referência nacional, com uma consistente imagem no meio da arte, a EAV busca criar mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitam um diálogo produtivo com a cidade e com o circuito de arte nacional e internacional. A instituição integra a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado do Rio de Janeiro.