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dezembro 22, 2020
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O acervo do Canal Contemporâneo é especial por armazenar também as relações que se constroem entre os atores do circuito (profissionais, galerias e instituições) a partir de seus eventos em comum. Leia sobre as Memórias e Perspectivas de Canal Contemporâneo.
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Nara Roesler inaugura novo espaço no Chelsea, EUA
NOVA YORK, EUA – Nara Roesler tem o prazer de apresentar Cross-Cuts, exposição em cartaz de 12 de janeiro a 13 de fevereiro de 2021 que se desdobra em cinco instalações diferentes e marca a inauguração do novo espaço da galeria no Chelsea, em Nova York. A mostra se estruturou a partir da riqueza e variedade que constituem o portfólio Roesler, destacando nove artistas significativos: Antonio Dias, Paul Ramirez Jonas, Berna Reale, Cristina Canale, Karin Lambrecht, Maria Klabin, Milton Machado, Artur Lescher e Tomie Ohtake.
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“Cross-Cuts funciona como capítulos que enfocam um corpo específico na obra de cada artista, ou uma conversa entre dois ou três artistas. Acreditamos numa apreciação artística de mente aberta, capaz de descobrir por meio de justaposições relevantes, feitas de forma comparativa e analógica, novos significados que ampliem as ressonâncias estéticas e políticas”, afirma Luis Pérez-Oramas, Diretor Curatorial Sênior.
Cada uma das instalações que compõem a exposição aborda questões que dizem respeito à arte contemporânea no Brasil e nos Estados Unidos. O entrelaçamento entre arte e política nas práticas pós-conceituais é abordado nas pinturas de Antonio Dias em sua icônica série da década de 1970, The Illustration of Art. O diálogo sobre o significado social dos monumentos no espaço público e as políticas da violência se dá por meio de esculturas da série Ventriloquist (2013), de Paul Ramirez Jonas, e da documentação em vídeo e fotografia da performance Palomo (2013), de Berna Reale. A resiliência da pintura figurativa e pós-expressionista contemporânea evidencia-se nas obras de três pintoras brasileiras: as composições de Cristina Canale, entre o figurativo e o abstrato; a representação distintiva da figura e da paisagem em Maria Klabin; e a abstração imersiva multicolorida de Karin Lambrecht. A articulação entre escultura, arquitetura e paisagem no mundo pós-industrial pode ser verificada na escultura de gavetas de metal de Milton Machado, Pilha (2009), e na série Rios (2018-19), de Artur Lescher, com estruturas feitas com tiras de feltro ou aço. A unificação da escrita com a abstração está incorporada nas esculturas caligráficas, assim como nas pinturas em campos de cor e linhas, características da obra tardia de Tomie Ohtake.
Uma seleção de obras de outros artistas atualmente representados pela galeria também será exibida em uma sala adjacente. Ao lado desses trabalhos, haverá uma coleção de publicações, assim como de materiais digitais e impressos sobre a história, os artistas e o programa da galeria.
Fundada em 1989, Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea com espaços em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York, esta última inaugurada em 2015. Representando grandes nomes da arte nacional e internacional que surgiram na década de 1950, assim como artistas proeminentes em meio de carreira e emergentes, a galeria tem defendido a prática de seus artistas através de um ambicioso programa de exposições e editorial, com iniciativas curatoriais independentes e apresentações em importantes feiras de arte internacionais.
Devido às circunstâncias impostas pelos protocolos de saúde relacionados à crise da Covid-19, a galeria será aberta a um número limitado de visitantes. Agendamentos com antecedência são incentivados, mas não obrigatórios.
Cross-Cuts
12 de janeiro a 13 de fevereiro de 2021
Datas específicas das instalações de Cross-Cuts:
Antonio Dias
12 a 16 de janeiro
Paul Ramirez Jonas e Berna Reale
19 a 23 de janeiro
Cristina Canale, Karin Lambrecht e Maria Klabin
26 a 30 de janeiro
Milton Machado e Artur Lescher
2 a 6 de fevereiro
Tomie Ohtake
9 a 13 de fevereiro
NEW YORK, USA – Nara Roesler is pleased to present Cross-cuts, an exhibition unfolding in five different installations to inaugurate the gallery’s new location in New York’s Chelsea neighborhood, on view January 12 through February 13, 2021. The show was envisioned as a means to focus on the richness and variety of the Roesler portfolio by highlighting nine significant artists: Antonio Dias, Paul Ramirez Jonas, Berna Reale, Cristina Canale, Karin Lambrecht, Maria Klabin, Milton Machado, Artur Lescher, and Tomie Ohtake.
“Cross-cuts proposes chapters focusing on a specific body of work by an individual artist or a conversation between two or three artists. We believe in an open-minded observation of art capable of discovering, through meaningful juxtapositions, in a comparative and analogical way, new meanings that could amplify their aesthetic and political resonance,” states Luis Pérez-Oramas, Senior Curatorial Director.
Each of the exhibition’s installations address outstanding issues that concern contemporary art in both Brazil and the United States. The intertwining of art and politics within post-conceptual practices is seen through the paintings of Antonio Dias and his iconic series The Illustration of Art, from the 1970s. The conversation around the social significance of monuments in public space and the politics of violence is examined through sculptures from Paul Ramirez Jonas’ Ventriloquists series (2013) and video and photographic documentation from Berna Reale’s Palomo (2013) performance. The resilience of figurative and post-expressionist contemporary painting is displayed through the works of three Brazilian painters: Cristina Canale’s compositions that embrace the figurative and the abstract; Maria Klabin’s distinct depiction of figure and landscape; and Karin Lambrecht’s multicolor immersive abstraction. The articulation between sculpture, architecture, and landscape in a post-industrial world is implied by Milton Machado’s steel metal drawer sculpture Stack (2009) and Artur Lescher’s Rivers series (2018-19) of works made with straps of felt or steel. The unification of writing and abstraction is embodied in the calligraphic sculptures and color field and line paintings of Tomie Ohtake’s landmark late body of work.
A selection of works by other artists currently represented by the gallery will also be shown in an adjacent gallery. Alongside these works will be a collection of publications and digital and print ephemera about the gallery’s history, artists, and program.
Founded in 1989, Nara Roesler is one of the leading Brazilian contemporary art galleries with locations in São Paulo, Rio de Janeiro, and New York, the latter of which debuted in 2015. Representing major Brazilian and international artists who emerged in the 1950s, as well as preeminent mid-career and emerging artists, the gallery has championed its artists’ practice through an ambitious exhibition and editorial program, independent curatorial initiatives, and presentations at major international art fairs.
Due to the circumstances imposed by the health protocols related to the Covid-19 crisis, the gallery will be open to a limited number of visitors. Advance appointments are encouraged but not required.
Cross-Cuts
January 12 – February 13, 2021
Specific dates of the installations that constitute Cross-Cuts:
Antonio Dias
January 12 - 16
Paul Ramirez Jonas and Berna Reale
January 19 - 23
Cristina Canale, Karin Lambrecht and Maria Klabin
January 26 - 30
Milton Machado and Artur Lescher
February 2 - 6
Tomie Ohtake
February 9 - 13
dezembro 21, 2020
Da Natureza das Coisas na Janaina Torres, São Paulo
Da Natureza das Coisas: mostra traz encontros de afinidades a partir da força expressiva dos materiais
Exposição em duas fases promove "sensíveis recriações da vida" e estreia com diálogos entre os trabalhos de Paula Juchem e Andrey Zignnatto.
Apresentamos com alegria "Da Natureza das Coisas", mostra realizada em dois momentos, que promove encontros de afinidades e diálogos estéticos entre os artistas Paula Juchem e Andrey Zignnatto, na estréia, e Os Manus (Daniela Scorza e Caio de Medeiros) e Kika Levy, na segunda fase.
Entre 12 de dezembro e 05 de fevereiro, Paula Juchem e Andrey Zignnatto exibem poéticas construídas a partir da força expressiva do barro, argila e cerâmica, explorados em suportes como a escultura (Paula) e fotografia (Zignnatto).
Promovem assim “um encontro de afinidades através da força expressiva do material cerâmico e da sua essência cultural milenar, testemunho da trajetória humana”, como define a curadora Heloisa Amaral Peixoto, colaboradora da mostra.
“O pó, a água, o fogo, os pés e as mãos. Fazer e desfazer, modelar e então surgir da argila a forma e o gesto. Em diálogo, os objetos escultóricos de Paula, que reúnem um vocabulário formal tridimensional singular, repleto de alegorias e afetividades e a relação quase mística de Zignnatto com o barro, nas suas imagens fotográficas, impressas de energia, que reafirmam o caráter físico e arqueológico do material natural”, define Heloisa.
No trabalho de Paula Juchem, a cerâmica se desprende de seu caráter utilitário, adquirindo a liberdade e expressividade dos desenhos, também presentes na exposição Da Natureza das Coisas.
Zignnatto exibe registros de intervenções na paisagem, em que as formas do barro, remodelado pelas mãos do artista, são devolvidos à natureza, num gesto com amplos significados políticos e antropológicos.
Assim, cada um à sua maneira, em um ritual empírico e espontâneo, Paula e Zignnatto encenam “sensíveis recriações da vida”.
Entre 20 de fevereiro e 20 de março de 2020, é a vez de Os Manus (Daniela Scorza e Caio de Medeiros) e Kika Levy promoverem novos diálogos.
Campanha de Imposto de Renda do MASP
Neste ano, a campanha de doação de imposto de renda do MASP terá como foco ajudar um dos mais importantes museus de São Paulo a dar continuidade a suas atividades.
O projeto “Adote uma obra” neste ano será chamado de “Apoie o museu”. Ele existe desde 2017 e possibilita que recursos arrecadados por meio de doações de imposto de renda sejam utilizados na preservação do acervo do museu ou, nesse caso, na manutenção das atividades do museu em 2021.
O MASP é uma instituição privada que tem suas receitas vindas majoritariamente de bilheteria, aluguel de espaços e loja, patrocínio de empresas e doações de pessoas físicas. Como o museu ficou fechado por quase sete meses durante o período de isolamento social mais restrito da pandemia de covid-19, suas receitas operacionais foram diretamente impactadas.
É importante lembrar que no período em que ficou fechado, o MASP intensificou todas as suas atividades digitais, produzindo conteúdos exclusivos para o público aproveitar sem sair de casa. E grande parte das ações que foram criadas ou migraram para as redes sociais do MASP no período em que a instituição permaneceu fechada continua.
É o caso da atividade desafio MASP [desenhos] em casa, que convida o público a reinterpretar obras icônicas da coleção do museu; do Diálogos no acervo, que aborda elementos como biografia, contexto e técnica para analisar obras do MASP e das lives com convidados. Uma novidade é a ação Diálogos plurais. Tratam-se de lives nas quais são abordados temas ligados à pluralidade e à diversidade nos museus, na arte e na cultura. Mais em masp.org.br/digital.
Para doar, basta acessar o site do MASP (https://masp.org.br/apoie/doe), clicar no botão “Quero doar” e preencher o cadastro com seus dados e o valor da doação. Na sequência, o museu enviará um e-mail com os dados bancários e, após identificado o pagamento, o museu enviará o recibo de mecenato, que deverá ser anexado à declaração do imposto de renda.
O valor mínimo da doação é de R$ 300. Caso o contribuinte tenha imposto a ser restituído, a doação aumenta o valor da restituição. Pessoas jurídicas também podem apoiar o MASP, como garante a Lei Federal de Incentivo à Cultura, porém com alíquotas de dedução diferenciadas.
Qualquer pessoa pode doar, desde que seja optante pela declaração “modelo completo” e não ultrapasse o limite global de 6% do IR devido.
Neste mesmo link (https://masp.org.br/apoie/doe), o interessado também encontra as respostas para as dúvidas mais frequentes. A data limite para doação é 29 de dezembro de 2020.
As arrecadações da campanha nos anos anteriores possibilitaram o restauro das seguintes obras: “Retirantes” (1944), de Candido Portinari, em 2018, e “O Escolar” (1888), de Van Gogh, em 2017.
Doe seu imposto de renda e apoie a Fundação Bienal!
Ajude a Fundação Bienal a promover arte, cultura e educação!
Chegamos ao fim de um ano desafiador, mas animados para iniciar 2021 com muita confiança e energias renovadas. E para dar continuidade ao nosso trabalho, contamos com você.
Sabia que pode usar até 6% do seu imposto de renda para apoiar a realização da Bienal de São Paulo, que aproxima mais de um milhão de pessoas da arte contemporânea a cada edição?
Faça sua doação para a Fundação Bienal até o final do ano e ela poderá ser integralmente deduzida de seu imposto de renda em 2021, seja pelo abatimento do imposto devido ou pelo acréscimo do valor à restituição!
Quem pode doar
Pessoas físicas que declaram imposto de renda usando o formulário completo.
Quanto doar
Você pode doar até 6% de seu imposto de renda retido ou devido.
Como doar
Faça uma transferência bancária na conta corrente do Plano Bianual 2020/2021 - Fundação Bienal de São Paulo PRONAC: 191925.
Favorecido: Fundação Bienal de São Paulo
CNPJ: 60.991.585/0001-80
Banco do Brasil
AG: 3347-2
C/C: 6388-6
Informe a finalidade do depósito como Doação – Lei Rouanet/Lei de Incentivo. As doações podem ser realizadas até 31 de dezembro de 2020.
Como receber o abatimento
Após o depósito, solicite à Fundação o recibo de mecenato. O valor doado deverá ser informado em sua declaração de imposto de renda em abril de 2021, com o recibo de mecenato anexado à declaração.
Saiba mais em: bienal.org.br/imposto
Apoie o MAM Rio – Doe seu IR
Nós temos bons motivos para você doar seu IR para o MAM Rio
O MAM Rio está junto com milhares de organizações em um grande movimento para incentivar a solidariedade e a doação no Brasil e no mundo. Estamos com uma campanha até o dia 31 de dezembro DE 2020 que dá a oportunidade para você fazer parte da transformação do museu.
A Lei Federal de Incentivo à Cultura possibilita que doações para ações culturais sejam abatidas do Imposto de Renda. Com isso, você pode direcionar parte do seu imposto para causas em que você acredita.
Preparamos uma lista de 3 bons motivos para você fazer a doação do seu IR para o MAM Rio ainda hoje.
# 1 PORQUE VOCÊ PODE ESCOLHER
Quando você paga o seu imposto de renda, não tem como escolher em que o governo vai investir o seu dinheiro. Mas ao fazer uma doação para o MAM Rio, sabe que está ampliando o alcance de ações de arte, cultura e educação. Cada real doado se transforma em ações de acessibilidade, de inclusão e de promoção da diversidade.
# 2 PORQUE É MUITO FÁCIL
Doar para o MAM Rio é fácil, rápido. Nós preparamos tudo para você. A doação pode ser deduzida do imposto devido, e você terá menos imposto a pagar ou mais devolução a receber.
Pessoas físicas que declaram pelo formulário completo podem deduzir doações de até 6% do Imposto de Renda devido, sem prejudicar a dedução de gastos com saúde e educação.
# 3 PORQUE FAZ MUITA DIFERENÇA
Temos muitos projetos para fazer do MAM Rio um museu mais acessível, democrático, inclusivo e acolhedor em 2021. Queremos investir para que todos possam protagonizar processos de educação e criação. E vamos aproveitar todos os nossos recursos, da estrutura física às coleções, para atrair públicos diversos e desenvolver projetos junto com a comunidade.
Mas só vamos conseguir ir longe com a participação e apoio de toda a sociedade. Sua doação, seja ela de R$ 150 ou R$ 1500, faz muita diferença. É o museu e você, juntos por uma causa comum. Vem com a gente. Que a mudança está apenas começando.
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Estamos iniciando uma campanha para você fazer parte da transformação do museu, fazendo uso da dedução do seu imposto de renda. A Lei Federal de Incentivo à Cultura possibilita que doações para ações culturais sejam abatidas do Imposto de Renda. Com isso, você pode direcionar parte do seu imposto para causas que você acredita. Cada real doado se transforma em ações reais de acessibilidade, de inclusão e de promoção da diversidade.
Doar para o MAM Rio é fácil, rápido. Nós preparamos tudo para você. A doação pode ser deduzida do imposto devido, e você terá menor imposto a pagar ou maior devolução a receber.
Pessoas físicas que declaram pelo formulário completo podem deduzir doações de até 6% do Imposto de Renda devido, sem prejudicar a dedução de gastos com saúde e educação.
Como funciona?
1) Preencha a ficha de adesão abaixo. Ela é automaticamentre enviada ao MAM Rio.
2) O MAM Rio informa a você o número da conta para depósito da sua doação.
3) Você efetua o depósito.
4) O MAM Rio emite e envia o recibo de mecenato.
5) A partir de abril, quando você fizer a sua declaração, basta indicar o valor doado.
6) A declaração eletrônica da Receita Federal já calcula automaticamente a sua dedução.
Mais informações: Michèle Fajardo amigos@mam.rio
WhatsApp: +55 21 98849-3159
Telefone: +55 21 3883-5600 – Ramal 5619
Doe seu IR para a EAV Parque Lage
Caro Amigo EAV,
Nós, da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, queremos expressar nossa gratidão por contarmos com o seu apoio. É por meio de doações dos Amigos EAV que conseguimos viabilizar nossa política de bolsas de estudos. É com o seu suporte que poderemos continuar garantindo que, como hoje, um a cada cinco alunos seja beneficiado com bolsa integral.
Com esse programa contribuímos para incluir a arte no cotidiano de muitos brasileiros — não apenas como espectadores, mas como agentes construtores de narrativas e estéticas. Temos certeza de que você, como nós, também sonha com um mundo em que a arte e a cultura sejam um direito de todos e não um privilégio de poucos. Por isso te convidamos a participar de nossa campanha de Doação de Imposto de Renda de Pessoa Física.
Quem declara pelo método completo, pode fazer a doação via Imposto de Renda de Pessoa Física e terá o valor investido ressarcido no ano fiscal seguinte ao ano do incentivo (na forma de abatimento ou restituição no imposto de renda, no limite de até 6% do total do imposto devido). Ou seja: você estará conduzindo esse imposto à gestão da Escola, e nos ajudando a manter esse espaço de criação cada vez mais inclusivo e plural.
Você tem até o dia 29 de dezembro para fazer parte dessa história.
Saiba como clicando aqui e, mais uma vez, muito obrigada.
Yole Mendonça
Diretora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage
amigo@eavparquelage.org.br
www.eavparquelage.rj.gov.br
21-2334-4088
Doe seu Imposto de Renda para Pinacoteca
A Lei Federal de Incentivo à Cultura possibilita que doações para ações culturais sejam abatidas do Imposto de Renda. Os recursos arrecadados por meio de doações incentivadas, são usados para a realização de exposições, atividades educativas: inclusão e acessibilidade, publicações, manutenção do museu, restauro e conservação das obras do acervo da Pina. A doação pode ser deduzida do imposto devido, e você terá menor imposto a pagar ou maior devolução a receber.
Pessoas físicas que declaram pelo formulário completo podem deduzir doações de até 6% do Imposto de Renda devido, sem prejudicar a dedução de gastos com saúde e educação.
O apoiador ainda conta com diferentes benefícios como: Entrada gratuita na Pina, acesso rápido às exposições, visitas exclusivas, desconto na Loja, cursos e cafeterias do museu e muito mais.
Qualquer doação incentivada durante o ano de 2020, até a data limite de 30 de dezembro de 2020, entrará como abatimento/dedução do IR no ano de 2021. Doações após essa data, o abatimento entrará em 2022.
Como funciona?
- Clique em DOE SEU IR, aperte ou digite o valor que deseja doar e preencha a ficha de adesão;
- A Pina informa através do seu e-mail cadastrado o número da conta para depósito da sua doação;
- Você efetua o depósito e envia o comprovante da transação;
- Em 05 dias úteis a Pina emite e envia por e-mail o seu recibo de mecenato;
- A partir de abril, quando você fizer a sua declaração, basta indicar o valor doado;
- A declaração eletrônica da Receita Federal já calcula automaticamente a sua dedução.
Mais informações: Jaqueline Viana - amigosdapinacoteca@pinacoteca.org.br
Museu do Pontal faz campanha de financiamento para o plantio de 30 mil mudas
Plantando o novo Museu do Pontal - Participe da construção dos jardins da nova sede do Museu, na Barra
O Museu do Pontal, a partir do site http://museudopontal.com.br/plantandoofuturo, faz campanha de financiamento coletivo no mês de dezembro, para o plantio de 37 espécies brasileiras, de árvores frutíferas e vegetação tropical às paisagens da caatinga, para os jardins projetados pelo Escritório Burle Marx em sua nova sede, na Barra. A partir de 50 reais, a pessoa participa da construção dos jardins do novo Museu do Pontal, amplia a área verde na cidade, contribuindo para a valorização da diversidade do patrimônio ambiental e cultural brasileiro. A natureza é fundamental para contextualizar as mais de nove mil esculturas criadas por 300 artistas brasileiros, que compõem o maior e mais abrangente acervo de arte popular do país, que o distingue como referência no gênero. A primeira meta é alcançar R$ 75 mil, para plantar parte dos jardins internos do Museu, incluindo mão de obra e material. A segunda meta é atingir R$ 200 mil, com a realização completa da primeira fase dos jardins, internos e externos, serão plantadas mais de 30 mil mudas, em dois mil metros quadrados. Em uma próxima campanha, o foco será o plantio do bosque de dez mil metros quadrados, que contribuirá fortemente na purificação e umidade do ar da região, capturando CO2 e devolvendo oxigênio para a atmosfera.
DEDUÇÃO IRPF
A campanha possibilita que as pessoas possam utilizar a renúncia fiscal do governo, e abater em até 6% do total do Imposto de Renda Pessoa Física. Para isso, a doação precisa ser feita até 31 de dezembro de 2020, e assim ser aplicada na declaração do IRPF 2021.
Veja como proceder:
1. Clique em QUERO DOAR
2. Preencha seu cadastro e o valor da doação
3. Você receberá um e-mail com informações sobre o pagamento
4. Após a confirmação da doação, você receberá por email o Recibo de mecenato com seus dados
5. Abata o valor doado na declaração de IRPF 2021
>Para apoios via Pessoa Jurídica ou outras informações, entre em contato pelo email institucional@museucasadopontal.com.br.
Com o novo espaço, em um terreno de 14 mil metros quadrados, próximo ao Bosque da Barra, o Museu do Pontal amplia seu raio de atuação e programação, e se constitui em um dos mais relevantes equipamentos de arte e cultura da Zona Oeste do Rio de Janeiro, promovendo ainda projetos sociais, ambientais e educacionais.
O edifício de 2.600 metros quadrados projetado pelos Arquitetos Associados, responsáveis por algumas galerias de Inhotim, foi construído a partir de um rigoroso estudo de sustentabilidade que verificou o caminho do sol ao longo do ano e o regime de ventos, estabelecendo um pé direito de oito metros, janelas com quebra-sol (brise-soleil) e ventilações cruzadas, que garantem que apenas 30% do prédio precise do uso de ar-condicionado, contribuindo também para a redução da emissão de gases poluentes. E o projeto do Museu do Pontal também prevê o reuso da água de chuva para os jardins e a coleta seletiva de todo o lixo.
RECOMPENSAS
R$ 50 – Arachis
Será a maior presença do nosso jardim, com mais de 3.500 mudas. A arachis, também chamada de grama-amendoim, forma um denso colchão verde, com delicadas flores amarelas. Com a sua contribuição de R$ 50,00, seu nome estará nos agradecimentos em nosso site.
R$ 70 – Liríope
Essa planta será outra forração de nosso jardim, formando arbustos de cor verde escura com flores lilases. Uma linda escolha para a qual você pode contribuir com uma cota de R$ 70,00. Seu nome estará nos agradecimentos em nosso site.
R$ 100 – Estrelítzia
Esta planta de flores laranjas gosta de clima tropical, ventos e salinidade no solo: perfeita para o Museu do Pontal. Para que ela venha florir nossos espaços, sua contribuição pode ser de R$ 100,00. Seu nome estará nos agradecimentos em nosso site.
R$ 250 – Bouganville e Helicônias
O espaço de jardins do novo Museu do Pontal será muito colorido, e grande parte disso virá de Bouganvilles, também conhecidas por Primavera, e de Helicônias. Elas trarão muitas cores aos espaços do Museu. Com R$ 250,00 você contribui com essa cota, e seu nome estará no painel de agradecimentos em nosso jardim durante o ano da inauguração.
R$ 500 – Costela de Adão, Xanadu e Filodendro
Essas plantas, também presentes no jardim da sede histórica, levarão para o novo espaço muita beleza e memórias desses 44 anos de existência. Com uma cota de R$ 500,00 você contribui para o plantio dessas espécies e terá seu nome no painel de agradecimentos em nosso jardim durante o ano da inauguração.
R$ 1 mil – Dimerocostus
Da família Costacae, são plantas que estarão em nossos jardins internos. De uma poesia sem tamanho, a espécie esbanja uma vasta folhagem e flores que lembram o formato de um coração. Além disso, as flores se fecham sempre ao pôr do sol, e renascem a cada semana para uma nova florada. Lindo, não é?! Com uma cota de R$ 1 mil você contribuirá para levar esta beleza ao nosso Museu e terá seu nome no painel de agradecimentos em nosso jardim durante o ano da inauguração.
R$ 2,5 mil – Fruta do pé
Com uma contribuição de R$ 1 mil você será responsável pelo plantio de uma árvore frutífera: pitangueira ou açaí. Presenças ilustríssimas em nossos jardins, as frutíferas, além de atraírem mais pássaros para a área verde do Museu, também possibilitarão para as crianças a experiência de colher frutas do pé. Contribuindo com esta cota, você terá seu nome no painel de agradecimentos em nosso jardim durante o ano da inauguração.
R$ 5 mil – Norantea brasilienses
Também conhecida como rabo de arara, a Norantea foi incluída na Lista Oficial de Espécies da Flora Ameação de Extinção na cidade do Rio de Janeiro e é protegida por um decreto municipal de 1997, pelo seu risco de extinção a médio prazo. Sua escolha passa além da beleza, acreditamos que é importantíssimo tê-la em nossos jardins para garantir a perpetuação da espécie. Com uma cota de R$ 5 mil, você contribui para a preservação da espécie em nosso Museu e terá seu nome no painel de agradecimentos em nosso jardim e em um dos canteiros durante o ano de inauguração.
R$ 10 mil – Pau Brasil
A árvore que já foi símbolo de tanta coisa no Brasil, hoje é bastante rara. Com tons avermelhados, é natural da Mata Atlântica, e pode chegar a até 15 metros de altura. No “Manifesto Pau-Brasil”, de Oswald de Andrade, ele a usa como caminho para defender a cultura brasileira, a revisão crítica do seu passado, a originalidade e a coloquialidade. Com esta cota de R$ 10 mil, você ajudará no plantio das árvores, na defesa da cultura popular brasileira e terá seu nome em um dos canteiros do jardim e no painel de agradecimentos durante dois anos.“O lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportado e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos. O Império foi assim. Eruditamos tudo. Esquecemos o gavião de penacho.”, “Manifesto Pau-Brasil “, de Oswald de Andrade.
R$ 15 mil – Bromélias
As Bromélias sempre estiveram em nossos jardins, desde o começo do Pontal. De muitos tipos, sempre se adaptaram bem ao nosso espaço, sozinhas ou acompanhando outras plantas. Por isso, vêm de uma memória afetiva também a presença dessa planta na nova sede.
Teremos um conjunto delas logo na entrada do Museu e, contribuindo com esta cota de R$ 15 mil, seu nome estará lá, além do painel de agradecimentos no jardim durante dois anos.
Como habitar o presente? Ato 3: Franklin Cassaro na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Em seu primeiro trabalho da pesquisa sobre a China, a que pretende se dedicar, o artista cria “máquinas da prosperidade”, em “atos escultóricos” que ocupam a vitrine da galeria, que dá para a Rua Aníbal de Mendonça, Ipanema. A quase totalidade de objetos, materiais e aparelhos foi comprada na China. Os demais foram construídos pelo próprio artista, que buscou seguir a lógica e a cultura chinesas nessa produção.
Simone Cadinelli Arte Contemporânea apresenta “O Fantasma Chinês”, ocupação feita pelo artista Franklin Cassaro em sua vitrine voltada para a Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema. A instalação integra a exposição “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro”, com curadoria de Érika Nascimento, e poderá ser vista até 16 de janeiro de 2021. Franklin Cassaro inaugura, com este trabalho, sua pesquisa sobre a China. A partir da ópera chinesa, suas cores e sonoridades, ele criou uma cena teatral no espaço de cinco metros quadrados da vitrine da galeria, usando símbolos como Velho Sábio, o dragão, porcelana, alfinetes perolados chineses e cédulas históricas de renmimbi (nome oficial da moeda da China, enquanto a palavra yuan, mais comum, é uma unidade de conta, o valor).
“Esta é uma exposição que fala de prosperidade. O objetivo principal é a produção de máquinas de prosperidade através dos atos escultóricos. Não são peças estáticas, se movimentam com o vento”, explica Franklin Cassaro. “A vitrine é visitável: pode ser vista do lado de fora ou penetrar. É um penetrável pensado para causar uma sensação”.
Érika Nascimento escreve no texto que acompanha a mostra que “Cassaro cria uma espécie de teatro dos objetos, dando vida ao Fantasma Chinês, conhecido como Jiangshi, ou mesmo fantasma viajante ou saltador. Um teatro do encantamento, de uma magia tropeçada”.
Com este trabalho, Franklin Cassaro se despede definitivamente de suas “gaiolas”. “Não faço mais gaiolas. Vendi a última para um colecionador que mora em Paris”, conta. “Quero começar uma nova pesquisa com o vôo dos cubinhos”, avisa, aludindo a uma marca de seu trabalho. Os poucos produtos que não vieram da China foram construídos pelo próprio artista, que aprendeu técnicas como a de usar o bambu, buscou aplicar o raciocínio chinês na montagem dos elementos que sustentam os cubos que voam, e estudou caligrafia “para entender como a pincelada é dada e como são construídas as palavras” em mandarim.
As notas chinesas, autênticas, “zero quilômetro” e com certificado de garantia, foram adquiridas em lojas de numismática. Com elas Cassaro fez seus famosos e delicados “cubinhos”, que evoluem no ar movidos pelo vento. “Prosperidade soprada pelo vento”, conta. Treze desses cubinhos foram feitos de cédulas da Segunda Revolução Chinesa, que trazem estampadas o rosto de Mao-Tsé-Tung (1893-1976). Um outro cubo, maior, foi construído com notas da Primeira Revolução, de 1911.
BOA FORTUNA
O artista embaralha conceitos de sorte/azar, correto/incorreto, e brinca com preconceitos com números que não trariam boa fortuna: na China se evita o “quatro”, pois sua pronúncia se assemelha à da palavra “morto”, ao passo que no ocidente é o “treze” o número temido. Cassaro mistura cédulas chinesas reais com moedas-fantasia, como as usadas no “I Ching”, o oráculo chinês que remonta a Confúcio (551- 479 a.C.), que trazem um quadrado vazado. Da mesma forma, pelos fundamentos do Feng Shui, técnicas de harmonização energética de um ambiente, “não se usaria o preto, que, no entanto, é uma cor adequada para o teatro”. “Fiz uma caixa cênica onde o preto tem a função de desaparecer”, comenta. Ele usou ainda luz negra, para destacar os fios de cobre e de pesca que atravessam o espaço, uma alusão também à rota da seda.
O artista convidou sua filha Lara Cassaro, estudante de design na PUC, para ajudá-lo na pesquisa sobre a simbologia do vento, das nuvens chinesas. Ela é coautora de um dos trabalhos: são discos, feitos de caixa de papelão pintadas de preto, a mesma cor usada na parede, onde ela desenhou bordos dourados como se fossem a louça chinesa.
O material usado para construir a caixa onde os treze cubos estão voando “foi estrategicamente pensado: é o eucalipto, introduzido na China no século 19, e que por destruir as espécies nativas virou uma praga pra eles, e está sendo erradicado, com seu plantio proibido”, explica Franklin Cassaro. Ele observa que “por uma incrível coincidência os chineses estão adquirindo propriedades no Brasil para a aquisição de eucalipto, que está sendo direcionado para a China por ser uma árvore boa para a extração da celulose”.
Franklin Cassaro diz que este trabalho é “o início de um projeto, ligando a China ao Brasil”. Ele quer discutir este temor à China, “o fantasma chinês, como o imperialismo chinês, o comunismo, fantasmas que afligem aqueles que não entendem as coisas e têm fantasias”. “Pensei em exagerar este medo, esta xenofobia, esta sinofobia”, diz. “Não que o trabalho seja uma sinofilia, mas trata de não ter medo de fantasmas, daquilo que pode atrair eventualmente má ou boa sorte”, afirma.
SOBRE O ARTISTA
Franklin Cassaro nasceu em 5 de março de 1962, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Cassaro cria objetos vivos, que se modificam e estão em constante evolução. Elementos como o ar e o vento são fundamentais em muitos de seus trabalhos. As performances do artista surgem como atos escultóricos. Sua obra possui muita influência de Lygia Clark. Fez exposições individuais no MAM Rio, em 2001, na Galeria Cândido Portinari, em 1999, no Museu da República, em 1995, e no IBEU de Copacabana, em 1991, todas no Rio de Janeiro. Participou da Frieze Art Fair, de Londres, em 2006, da Art 35 Basel, em 2004, da Art Basel Miami Beach e da Art 34 Basel, em 2003. Em 2000, integrou a VII Bienal de Havana, a ARCO – Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri, e a Artissima, de Turin, na Itália. Cassaro participou da 11ª Oficina Nacional de Dança Contemporânea, no Teatro Castro Alves, em Salvador, em 1989.
VITRINE
Usada como recursopara levar arte às pessoas que passavam pela rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, durante o período da quarentena em que esteve fechada, a galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea utiliza sua vitrine para experimentações dos artistas, desde a abertura da exposição “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro”, em 13 de outubro passado, quando a galeria passou a abrir para o público, seguindo todos os protocolos de combate ao Covid. Durante o período da exposição, a vitrine já foi ativada por outros dois artistas, cada um com a duração de um mês: o primeiro foi Pedro Carneiro, e depois Virgínia Di Lauro.
EXPOSIÇÃO“COMO HABITAR O PRESENTE?”
A exposição “Como habitar o presente? Ato 3 – Antecipar o futuro” fica em cartaz até 16 de janeiro de 2021, com obras de 21 artistas em diferentes suportes e linguagens, como fotografia, vídeo, instalação, pintura e objetos: Agrade Camíz(Rio), Agrippina R. Manhattan (São Gonçalo, Estado do Rio), Caroline Valansi(Rio), Claudio Tobinaga(Rio),Denilson Baniwa (Mariuá, Amazonas), Efe Godoy (Sete Lagoas, Minas), Fernanda Sattamini(Rio), Fernando Brum (Rio), Franklin Cassaro(Rio), Gilson Plano (Goiânia), Isabela Sá Roriz (Rio), Jimson Vilela (Rio, vive em São Paulo), Leandra Espírito Santo (Rio, vive em São Paulo), Márcia Falcão (Cabo Frio, Estado do Rio), Pedro Carneiro (Rio), Rafael Adorján(Rio), Simone Cupello(Niterói, Rio de Janeiro), Stella Margarita (Treinta y Três Uruguai, radicada no Rio), Virgínia Di Lauro (Barra do Choça, Bahia, vive e trabalha em Porto Alegre), Vitoria Cribb(Rio) e Yhuri Cruz (Rio).
O público poderá ver ainda pessoalmente os 29 vídeos dos 27 artistas que fizeram parte do Ato 1 e do Ato 2, exibidos de julho a setembro na vitrine da galeria, ainda fechada ao público na época, e em seu site. Assim, o Ato 3 engloba os três momentos, somando, ao todo, 62 obras, de 45 artistas.
A exposição também ganhou um tour virtual 3D, para que os amantes da arte possam ver os trabalhos remotamente, como se estivessem visitando o local. Basta acessar o site.
dezembro 17, 2020
Iván Navarro no Farol Santander, São Paulo
Farol Santander recebe ExFinito, primeira grande exposição de Iván Navarro no Brasil, com 14 obras e uma instalação externa, já exibida em Nova Iorque, na Praça Antônio Prado
O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, empreendedorismo, lazer e gastronomia, inaugura em 18 de dezembro (sexta-feira), a exposição ExFinito, primeira grande mostra individual no país do artista chileno Iván Navarro, um dos mais destacados da arte contemporânea. Instalada no 22º andar, a mostra, com curadoria de Marcello Dantas e colaboração de Courtney Smith, artista visual e companheira de Iván Navarro, ficará aberta para visitação até 28 de fevereiro de 2021.
Essa será a primeira vez em que o chileno exibirá no Brasil 14 obras inéditas que foram produzidas localmente, além da instalação de arte pública Escada (Caixa d'Água) que já foi exposta no Madison Square, em Nova York.
"Apresentamos ExFinito, um olhar poético sobre a obra de Iván Navarro, artista chileno, que trabalha com a arquitetura desse espaço no Farol Santander, criando a ilusão de uma expansão significativa de suas dimensões espaciais e concretas. Através de projetos de grande impacto visual como esse, o Farol Santander São Paulo mantém sua missão de entusiasmar, estimular, despertar a curiosidade e a criatividade de um público cada vez mais ávido por experiências inusitadas."; afirma Patrícia Audi, Vice-presidente executiva de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil.
O 22º andar do Farol Santander será transformado em uma grande instalação em forma de labirinto, com obras que exploram luzes e espelhos. A ideia conceitual de ExFinito é provocar dúvidas, potencializar os nossos sentidos e descobrir quem somos e o que refletimos.
Em ExFinito, Iván utiliza elementos como espelhos, luzes, vidros e eletricidade, para o envolvimento do espectador em seu trabalho. Em uma experiência sensorial, o público se vê em um jogo entre corpo e visão, em uma dimensão paralela da realidade, na ilusão de um infinito.
Outro destaque é uma instalação externa na Praça Antônio Prado, também conhecida como Praça dos Engraxates, localizado em frente ao Farol Santander. Essa instalação externa, uma intervenção urbana do artista, se chama Escada (Caixa d'Água) e mede 4,67m de altura x 2,63 de largura e profundidade.
"Usando luzes, espelhos e posicionamentos ambíguos, Navarro cria uma situação na qual sua obra é consumada a partir de nossa posição em relação a tantas reflexões. Essa sensação abissal, de vazios, frestas e perspectivas que se abrem para uma dimensão desconhecida, pode ser a consciência de um universo paralelo, de uma trama secreta ou de um estado de percepção alterado. Viajar pelo labirinto é ter uma clara noção de que existe algo além do mundo das aparências; entender o labirinto nos habilita a enxergar o nosso fim no infinito, e aprender o que é ser EXFINITO."; define Marcello Dantas, curador da mostra.
Iván teve seu trabalho exposto em relevantes museus e instituições culturais de cidades como Londres, Buenos Aires, Bilbao, Nova Iorque, Miami e Santiago, sua cidade natal, e representou o Chile na 53ª Bienal de Veneza, em 2009.
Sua obra está presente em importantes coleções, como a do Museu Guggenheim (Nova York) e a Pinault Collection (Paris), além de integrar as coleções permanentes do Museu Nacional de Bellas Artes do Rio de Janeiro e do Inhotim.
Navarro trabalha com um tipo de material específico, o espelho unidirecional, usado em salas de interrogatório, o que permite que a pessoa veja a imagem somente de um lado.
Outro aspecto fundamental nas obras de Iván Navarro são os usos de palavras refletidas que transformam a leitura de um objeto. Com tipografias da linguagem de neon, os reflexos infinitos produzem efeitos contrários sobre as grafias corretas de um texto.
Protocolos de segurança e saúde
Para zelar pela segurança e saúde de seu público e funcionários, haverá medição de temperatura e tapetes sanitizantes e secantes para ingresso no prédio; será obrigatório o uso de máscaras; dispensers de álcool em gel estarão disponíveis em todos os andares do edifício e o ambiente também contará com sinalizações para que todos respeitem o distanciamento de 1,5 metro. O Farol ainda reforçou o serviço de limpeza e higienização de todo o prédio.
"O acesso à cultura é uma necessidade básica, mas só poderíamos reabrir o Farol Santander quando tivéssemos certeza que a saúde de nossos visitantes e funcionários seria preservada", ressalta Patricia. Seguindo as orientações das autoridades públicas para a reabertura, o Farol funcionará em horário reduzido – das 13h às 19h, de terça a domingo -, com ocupação máxima de 40% da capacidade total do prédio.
Sobre Iván Navarro
Com conteúdo inquietante e aparência cativante, as esculturas elétricas do artista chileno Iván Navarro infundem a expressão máxima da arte ocidental do século XX com camadas de simbolismo político. Radicado em Nova York há mais de 20 anos, Navarro nasceu na cidade de Santiago em 1972 – apenas um ano antes do golpe militar que levou a Junta ao poder por 15 anos. Suas obras carregadas de conteúdo sócio-político compostas de neon, LED e material fluorescente são influenciadas pelas duas identidades do artista: tanto por sua criação sob a ditadura de Augusto Pinochet quanto por sua experiência diária inserido na sociedade contemporânea americana.
O artista começou a trabalhar com luzes ainda enquanto estudante, mas sua mudança para Nova York em 1997 contribuiu enormemente para a consolidação de seu trabalho usando a energia elétrica, tanto como material quanto como conceito. Ali, Navarro descobriu a história da Arte Conceitual, o design de móveis de Gerrit Rietveld e a estética minimalista desenvolvida por nomes como Donald Judd e Dan Flavin. Em termos de forma, as esculturas em neon de Flavin ecoavam as experimentações de Navarro com luzes, mas a natureza apolítica do movimento minimalista em um momento politicamente tumultuado como o da Guerra Fria era fundamentalmente uma antítese à abordagem artística de Navarro. Em relação ao conteúdo, o artista passou, então, a subverter a postura formalista, acrescentando significado às esculturas elétricas projetadas de acordo com os códigos minimalistas.
Sobre Marcello Dantas
Premiado criador interdisciplinar com ampla atividade no Brasil e no exterior. Trabalha na fronteira entre a arte e a tecnologia, produzindo exposições, museus e múltiplos projetos que buscam proporcionar experiências de imersão por meio dos sentidos e da percepção. Esteve por trás da concepção de diversos museus, entre os quais o Museu da Língua Portuguesa e a Japan House, em São Paulo, o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza, no Piauí, e o Museu do Caribe, na Colômbia.
Assinou a curadoria de exposições de artistas estrangeiros de renome como Ai Weiwei, Anish Kapoor, Jenny Holzer, Michelangelo Pistoletto, Peter Greenaway, Rebecca Horn, Bill Viola e Laurie Anderson. Foi também diretor artístico do Pavilhão do Brasil na Expo Shanghai 2010, do Pavilhão do Brasil na Rio+20, da Estação Pelé, em Berlim, na Copa do Mundo de 2006 e integra o corpo de curadoria da Bienal de Vancouver desde 2014.
Sobre o Farol Santander São Paulo
Desde sua inauguração, em janeiro de 2018, o Farol Santander já recebeu mais de 750 mil pessoas, com 18 exposições nos eixos temáticos e imersivo. As atrações do Farol Santander ocupam 18 andares dos 35 do edifício de 161 metros de altura que, por um longo período, foi a maior estrutura de concreto armado da América do Sul.
As visitas começam pelo hall do térreo aonde os paulistanos e turistas que passarem pelo Farol acabaram de ganhar mais um espaço de conveniência. O espaço possui a Loja da Cidade, onde os visitantes poderão encontrar itens oficiais do Farol e de suas exposições; e mais uma unidade do Suplicy Cafés Especiais, que já ocupa o Mirante do 26º desde janeiro de 2018.
Do 2º ao 5º andar os visitantes podem conhecer a história do prédio e da própria cidade, no espaço Memória que tem com mobiliários originais feitos pelo Liceu de Arte e Ofícios em salas de reuniões e presidência. No 4º andar, uma instalação permanente e exclusiva do Farol Santander: Vista 360º, desenvolvida pelo renomado artista brasileiro Vik Muniz.
No subsolo do edifício, está instalado o Bar do Cofre SubAstor, que tem previsão de reabertura em novembro, onde funcionava o cofre do Banco do Estado de São Paulo, desde 1947 (tombado pelo Patrimônio Histórico). O bar é ambientado com as características da época e pitadas contemporâneas em design e mobiliários, com cartas de drinks especiais, além de comidinhas.
Ascânio MMM na Galeria 111, Portugal
Ascânio MMM [Maria Martins Monteiro] está em cartaz na Galeria 111, em Lisboa, até 9 de janeiro de 2021, com a individual intitulada Quacors e Prismas: três esculturas de chão [Prismas] e oito relevos de parede [Quacors], todos em alumínio, da produção mais recente do artista.
As esculturas de Ascânio invocam espaços arquitetônicos, que instigam o espectador a um encontro com a obra, como as peças de dimensões maiores desta mostra. Já nos relevos de parede, os Quacors, o alumínio inerte se transforma em malhas leves e parcialmente diáfanas, com áreas de cores sólidas.
Há 20 anos, o artista começou a trabalhar com o alumínio como alternativa de material mais resistente para seus trabalhos de grandes dimensões destinados a espaços externos. Desde então, experimenta cortes, cores e fixações variadas, excedendo o uso convencional do material, mantendo, porém, os princípios da matemática e a inspiração do neoconcretismo, que norteiam sua produção.
As Piramidais de madeira dados anos 1990 deram lugar a uma geração de piramidais em alumínio. Nesse momento, Ascânio se surpreendeu com as novas possibilidades do material, mais sólido ou mais vazados, de acordo com o ponto de observação do espectador. Nas décadas seguintes explorou a flexibilidade e a transparência do alumínio.
Assim, MMM reforçou o aspecto da escultura que mais lhe interessa: o convite para que o observador se movimente, se aproxime, se questione e procure seu melhor lugar.
O catálogo de Quacors e Prismas, a ser lançado em janeiro, tem texto da crítica de arte Cristiana Tejo.
Ascânio MMM tem obra em coleções públicas dos principais museus brasileiros e em coleções particulares como as do arquiteto inglês Norman Foster, do fundador da MacLaren, Ron Dennis, de Gilberto Chateaubriand, Sergio Fadel e Manuel de Brito [Lisboa].
Sobre o artista
Ascânio MMM nasceu em Fão, Portugal, em 1941. Mora e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil entre 1963 e 1964 e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, de 1965 a 1969, onde se graduou. Trabalhou como arquiteto até 1977, quando passou a se dedicar exclusivamente à escultura.
Em 1966, participou do I Salão de Abril no MAM Rio com escultura. Participou também de vários salões no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e de exposições em Portugal e Londres e, ainda, das Bienais Internacionais de São Paulo de 1969 e 1979.
Sua primeira individual foi em 1969, no Rio de Janeiro. Depois no MAM Rio (1996); no Palácio das Artes (1994), em Belo Horizonte; na Galeria 111 (1989 e 1995) em Lisboa; Galeria Zen (1990) no Porto, além de outras exposições em diversas galerias no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Em 1972 ganhou o Grande Prêmio para Escultura no IV Panorama da Arte Atual Brasileira, no MAM São Paulo e, em 1979, o Prêmio Viagem ao Exterior no I Salão Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura, além de vários prêmios aquisição.
Ascânio tem esculturas de grandes dimensões em espaços públicos, entre eles: Edifício Matarazzo, Sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, Jardim da Luz, Pinacoteca do Estado de São Paulo; Edifício Daniel Maclise, no Cosme Velho, RJ; Centro Empresarial Rio, Praia de Botafogo; Hotel Royalty em Copacabana; Hotel Royalty na Barra da Tijuca; GlaxoSmithKline, Jacarepaguá; Edifício Nissin em Tóquio, Japão; Edifício Sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa; Largo do Cortinhal, na Vila de Fão em Portugal; Jardim da sede da Prefeitura do Rio de Janeiro, na Avenida Presidente Vargas.
dezembro 16, 2020
Obra de Tarsila do Amaral vai a leilão com lance mínimo recorde de 47 milhões de Reais
Marcado para 17 de dezembro, evento da Bolsa de Arte inclui a visitação pública do quadro e reafirma status da artista como pintora brasileira mais valorizada no mundo
Em 1923, em carta enviada à família, a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973) dizia: “Quero, na arte, ser a caipirinha de São Bernardo, brincando com bonecas de mato, como no último quadro que estou pintando”. A artista se referia à fazenda onde cresceu e à pintura A caipirinha (óleo sobre tela, 60 cm x 81 cm), produzida naquele ano, um após a Semana de Arte Moderna, e que agora vai a leilão por conta de uma penhora judicial. Com lance mínimo de 47 milhões de reais, recorde para um(a) artista brasileiro(a), a obra estará disponível para arremate em 17 de dezembro, em evento realizado pela Bolsa de Arte. A partir do dia 8, terça-feira, A caipirinha estará disponível para a visitação pública (ver serviço).
"Nunca houve uma obra dessa relevância e deste valor sendo vendida no Brasil, por isso o leilão deve gerar uma grande expectativa. Até então, os dois recordes de vendas públicas no país eram de Superfície Modulada nº 4, de Lygia Clark, que alcançou R$ 5,3 milhões em 2013, e Vaso de flores, de Guignard, arrematada dois anos depois por R$ 5,7 milhões em valores da época", destaca Jones Bergamin, o Peninha, presidente da Bolsa de Arte.
Um dos nomes centrais da pintura brasileira do século 20, Tarsila garantiu sua posição no olimpo das artes visuais ainda em vida. Participou das bienais de São Paulo (1951,1952 e 1963) e Veneza (1964), a mais importante do mundo, e foi tema de duas grandes retrospectivas no Brasil - uma no MAM SP, em 1950, e outra (Tarsila, 50 anos de pintura, com curadoria de Aracy Amaral) dezenove anos depois, no MAM carioca e no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Mas foi só postumamente que suas obras atingiram cifras extraordinárias.
O marco dessa escalada se deu em 1995, quando o empresário argentino Eduardo Costantini adquiriu o Abaporu (1928) por US$ 1,3 milhão (cerca de US$ 2,2 milhões em valores atuais) durante um leilão em Nova York. Presente de Tarsila para o marido e poeta Oswald de Andrade e ícone inaugural do Movimento Antropofágico idealizado por ambos, o trabalho passou a integrar a coleção do Malba - Museu de Arte Latina de Buenos Aires, fundado por Costantini em 2001, do qual se tornou a principal atração.
Em 2018, o MoMa - Museu de Arte Moderna de Nova York realizou a exposição retrospectiva Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil, com curadoria de Luis Pérez-Oramas e Stephanie D’Alessandro, que reuniu uma centena de trabalhos e foi a primeira no país dedicada à artista. No ano seguinte, o museu incorporou à sua coleção a obra A Lua (1928), por um valor que, especula-se, beirou os US$ 20 milhões (cerca de R$ 100 milhões). Ainda em 2019, foi a vez do MASP – Museu de Arte de São Paulo realizar Tarsila Popular, a mais ampla exposição já dedicada à artista no Brasil, com 92 obras, e recorde de público na história do museu, com 403 mil visitantes. Em novembro de 2020, a pintura Idílio (1929) esteve à venda na versão online da Tefaf – The European Fine Art Fair por US$ 7 milhões.
“Muitos desses eventos foram importantes para a valorização da obra da Tarsila, pois mostram que os estrangeiros olham para ela como uma artista fundamental na história da Arte Moderna no mundo. Ela está presente em alguns museus internacionais, como o Hermitage, em São Petersburgo (Rússia), o Reina Sofía, em Madrid, e o Musée de Grenoble, na França, além do próprio MoMa. Isso confirma que Tarsila não é importante somente aos olhos de colecionadores brasileiros; ela tem uma grande importância no cenário internacional”, defende Thiago Gomide, consultor do projeto.
A Caipirinha de 47 milhões
Finalizada durante sua segunda viagem a Paris, na década vista por especialistas como a mais importante de sua trajetória, A Caipirinha evidencia a intenção crescente da artista, hoje considerada figura central do Modernismo, em transformar-se em uma “pintora de sua terra”, regularizando sua técnica cada vez mais em direção a uma arte que se propunha nacional. A convivência com grandes nomes do modernismo parisiense, como Blaise Cendrars, Constantin Brancusi, Jean Cocteau e Fernand Léger, teve grande influência sobre sua produção, abrindo os caminhos para que essa arte nacional se assumisse também moderna.
“Sou profundamente brasileira e vou estudar o gosto e a arte dos nossos caipiras. Espero, no interior, aprender com os que ainda não foram corrompidos pelas academias”, declarou Tarsila em sua volta ao país, quando passou a explorar as cores e temas do Brasil profundo.
A Caipirinha pode ser considerada um dos trabalhos expoentes desse período de sua produção. Com marcada inspiração cubista, a composição geométrica de seus elementos é responsável por apresentar uma condição expressamente bidimensional. As formas justapostas e recortadas que descrevem o cenário trazem ainda, segundo registrou o curador Tadeu Chiarelli, um caráter lúdico à pintura: “a artista o faz como se as colasse de maneira ‘errada’ (sobretudo o retângulo sobre a casa e a árvore) [à esquerda na tela]”.
Entretanto, nota-se na obra, frente à inauguração da técnica moderna em sua produção, traços capazes de manter ainda sua característica “brasileira” fundante em meio ao mar artístico europeu que cruzava. A paisagem descritiva —a vegetação, o lago, a construção—, bem como o uso de um tonalismo vivo, expõem o uso estratégico de elementos naturalizantes. Assim, a artista apropriava-se do moderno de maneira singular, uma vez que instaurava “uma utopia da brasilidade tropical”, conforme observado pelo historiador paulista Nicolau Sevcenko (1952-2014).
Se o cubista Léger lançava mão de metonímias mecânicas e industriais, a produção de Tarsila do Amaral abrange símbolos do espectro da tropicalidade, étnicos e de uma narrativa da história brasileira. A obra parece evocar ainda uma espécie de alter ego da própria artista, que nasceu numa família abastada de fazendeiros mas foi educada à maneira francesa. Nos versos do poema Atelier, publicado em 1925, o então marido Oswald de Andrade sintetiza em uma frase o cosmopolitismo da parceira interiorana, que costumava se vestir em Paris com criações exclusivas do famoso costureiro francês à época Paul Poiret (1879-1944).
“Caipirinha vestida por Poiret / A preguiça paulista reside nos teus olhos... um cheiro de café / no silêncio emoldurado”.
Saudades, caipirinha
Em 1974, um ano após a morte da artista, a Folha de São Paulo publicou um depoimento de Tarsila concedido em 1971 ao Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), sob o título Saudades, caipirinha. Na publicação revela-se o destino inicial de A caipirinha: o pavilhão modernista de Olivia Guedes Penteado, na rua Duque de Caxias, na capital paulista.
As palavras de Tarsila demonstram, no depoimento, sua escolha particular sobre o rumo da obra: “Ela [Olívia Guedes Penteado] transformou sua antiga cocheira naquele salão. Colocou todos os quadros no pavilhão e eu fiz um especialmente para dar a ela, um dos meus melhores quadros, era A Caipirinha”.
Próxima de artistas como Tarsila, Anita Malfatti e Heitor Villa-Lobos, Olivia teve uma trajetória de grande incentivo à arte brasileira, além de sua perseverança na luta pelo voto feminino, que culminou na primeira eleição de uma mulher para a constituinte, a dra. Carlota Pereira de Queiroz. Sob a guarda inicial da mecenas, A caipirinha seguiu na linhagem da família Penteado por mais alguns anos, passando, após sua morte, à sua filha Carolina Penteado da Silva Telles.
Tarsila pop
Considerada unanimemente como um dos expoentes da arte brasileira, a figura de Tarsila do Amaral vem sendo cada vez mais celebrada, desde a década de 1980. Sua representação na cultura está presente no audiovisual, no teatro, na moda e até mesmo na astronomia.
Foi interpretada no cinema por Esther Góes em Eternamente Pagu (1987), de Carla Camuratti; e por Eliane Giardini nas minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006), na Tv Globo.
No teatro, foi tema da peça Tarsila (2001-2003), de Maria Adelaide Amaral, publicada como obra literária em 2004, após as apresentações.
Em 2008, a União Astronômica Internacional a homenageou batizando uma cratera do planeta Mercúrio como Amaral.
Este mesmo ano marca o lançamento do Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, compilando a obra completa da artista em três volumes, uma realização da Base7 Projetos Culturais, em parceria com a Pinacoteca de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado de São Paulo.
Em 2017, as pinturas de Tarsila estamparam uma das mais bem-sucedidas coleções da grife carioca Osklen, uma iniciativa conjunta entre o diretor criativo da marca Oskar Metsavaht e a família da artista. Esgotada naquela mesma temporada, algumas das peças da coleção voltaram a ser vendidas no Masp por ocasião da mega exposição Tarsila Popular.
VISITAÇÃO E LEILÃO
Leilão da obra ‘A Caipirinha’ (1923), de Tarsila do Amaral
* Valor aproximado do lance inicial: R$ 47.165.773,80, na data-base de 01nov2020, a ser atualizado, na data do leilão, pelo índice do TJSP a ser divulgado em dez/2020
Bolsa de Arte
R. Rio Preto, 63 - Cerqueira César
São Paulo - SP, 01426-010
Tel (11) 3062.2333
Visitação: de 8 a 17 de dezembro, das 11 às 19 horas.
Entrada franca. Máximo de 10 visitantes por vez no salão.
Leilão: dia 17 de dezembro, quinta-feira, às 20 horas
Para registro e lances:
Telefones (11) 3062.2333 e (11) 94348.3506
Para mais informações, acesse www.bolsadearte.com
dezembro 15, 2020
Recesso de final de ano 2020/2021
As seguintes galerias e instituições informam os seus períodos de fechamento neste final de ano:
A Gentil Carioca: 19/12 a 10/01
Carbono Galeria: 24/12 a 10/01
Carpintaria: 22/12 a 12/01
Casa Roberto Marinho: fechado em 24 e 25/12 e 31/12 e 01/01
Casa Triângulo: 21/12 a 10/01
EAV Parque Lage: fechado em 25/12 e 01/01; nos dias 24/12 e 31/12, o palacete vai fechar às 14h, mas o parque seguirá aberto até às 17h, como de costume.
Fortes D’Aloia & Gabriel - galpão fechado para reforma, reabre em 20/03
Fundação Iberê Camargo: 27/12 a 07/01
Galeria de Arte dotArt: 25/12 a 10/01
Galeria de Arte Mamute: 23/12 a 10/01
Galeria Jaqueline Martins: 20/12 a 10/01
Galeria Leme: 23/12 a 10/01
Galeria Luisa Strina: 20/12 a 10/01
Galeria Marcelo Guarnieri, RP e SP: 21/12 a 10/01
Galeria Millan: 20/12 a 10/01
Galeria Nara Roesler: 22/12 a 05/01
Galeria Vermelho: 19/12 a 10/01
Lurixs Arte Contemporânea: 24/12 a 03/01
MAM Rio: fechado em 24 e 25/12 e 31/12 e 01/01
marieloisa1003 / martinat + sassi: 23/12 a 05/01
Mercedes Viegas Arte Contemporânea: 24/12 a 04/01
Pinacoteca de São Paulo: fechado em 24, 25 e 31/12 e 01/01
Pivô: 23/12 a 04/01; em janeiro, o espaço estará em montagem
Silvia Cintra + Box4: 23/12 a 10/01
Zipper Galeria: 19/12 a 04/01
Desktop Aberto encerra o Ciclo III do Pivô Pesquisa 2020
Artistas residentes apresentarão propostas para os canais digitais do Pivô
O Desktop Aberto, versão online do evento Ateliê Aberto, encerrará o Ciclo III / Beck's do Pivô Pesquisa 2021 com uma série de propostas idealizadas pelos artistas residentes para os canais digitais do Pivô entre os dias 14 e 20 de dezembro de 2020. A programação apresentará desdobramentos das discussões e processos experimentados durante as 12 semanas de residência e conta com mostra de vídeos, podcast visual, oficina, conferência, um jogo e propostas para o blog e as redes sociais do Pivô.
O Ciclo III / Beck's, realizado em modo remoto entre 28 de setembro e 19 de dezembro, tem participação de Adriano Machado, Aline Martinez, Davi Pontes, Diego Crux, Estêvão Parreiras, Julliana Araújo, Kauam Pereira, Samuel Tomé, Val Souza e Yara Pina.
Durante as 12 semanas de residência, sob o acompanhamento curatorial de Thiago de Paula Souza, artistas apresentaram, discutiram e refletiram sobre suas produções em atividades coletivas e individuais, algumas delas abertas ao público. Jota Mombaça, Aline Motta, Amanda Carneiro, Vivian Crockett, Isabella Rjeille, Luiza Proença, Mário Llanos, Rafael RG, Paola Ribeiro e Dalton Paula participaram do ciclo como interlocutores convidados.
PROGRAMAÇÃO
Adriano Machado e Kauam Pereira
Podcast visual em capítulos apresentando mensagens de áudio trocadas entre os dois artistas desde o início da residência, além de diversas referências visuais. Os episódios tratam de temas como decolonialidade, processos criativos e devaneios distópicos pandêmicos.
Diego Crux
O que já nem lembramos por quase saber de cor é uma conversa-processo entre o artista e sua mãe que apresenta fragmentos de uma pesquisa sobre as cores de seus avós maternos, Rosa e Esmeraldo.
Estêvão Parreiras
O artista, que utiliza os cadernos enquanto linguagem de construção artística e poética, apresentará um pequeno recorte de imagens e textos produzidos durante os três meses de residência.
Julliana Araújo
AvulSo parte do exercício diário de organizar o acervo de vestuário da artista: "Pude notar semelhanças no processo de armazenar o acúmulo de materiais com a minha prática artística. Percebi que cuidar-curar desse material me propiciou conhecimento sobre acabamento, modelagem e tecnologia têxtil, mas também como essa proximidade constrói diálogos entre o produto como objeto escultórico e instalativo".
Samuel Tomé
A morte e a vida são dois espelhos que se olham apresenta desenhos e imagens da série Bicharal em formatos variados e técnicas mistas.
Val Souza
Tudo no sigilo, tá tudo no esquema é um jogo que revela e oculta conversas cruzadas e secretas dos participantes do Ciclo III / Beck’s do Pivo Pesquisa 2020. Ao apresentar as conversas realizadas durante o ciclo, a artista expõe a intimidade coletiva: "O que decidi cobrir e por qual motivo? Me estimula que essas conversas atravessem aqueles que as lerem e diante disso haja outros diálogos e vias de interpretação".
Quarta, 16/12, 16h
Paola Ribeiro e Rafael RG
Deixei as cartas na chuva
Partindo da obra "Pensamentos não ditos, então esquecidos" do artista holandês Bas Jan Ader, Paola Ribeiro e Rafael RG propõem uma reflexão poética sobre as vulnerabilidades da fala e do não dito, pensando principalmente no ofício do artista: falar, comunicar através de imagens, objetos, sons. O encontro traz desdobramentos de propostas elaboradas durante a oficina ministrada pela dupla para os participantes do Ciclo III / Beck’s do Pivô Pesquisa 2020.
Quinta, 17/12, 15h
Aline Martinez
Mineração de dados/Mineração da Vida
A oficina convida à reflexão sobre o acervo, coleção e curadoria de nossas informações no universo digital. Dados disponíveis online passam a ser colocados a serviço da exploração a partir da mineração e de análises algorítmicas de inteligência artificial, sendo utilizados para nos avaliar como seres sociais. Duração: 1h30. Número de participantes: 20
Quinta, 17/12, 17h
Davi Pontes
Conferência-coreográfica: Delirar o imaginário ou racial ↔ não-local
O artista investiga as condições de racialidade e a formação da coreografia, ambos como uma invenção peculiar da modernidade. A ação procura colocar a dança na posição de responder às suas próprias condições ontoepistemológicas de possibilidade: a primeira questão é apresentada pela filósofa Denise Ferreira da Silva e a segunda surge do professor André Lepecki. Duração: 40'
Sábado, 19/12, 18h30
Val Souza
Armadilha ou apenas a anunciação de um corpo em liberdade? Vocês estão prontos pro rolé? Vocês tão prontos pronto mesmo? Qualé que vai ser da ladaia? Ainnnn que gostoso, fala comigo! Eiiii, quando cê entrar liga a cam e fecha a porta! *Informação importante: os participantes devem trazer uma garrafa cheia da bebida preferida, que será usada durante o jogo. Duração: 40'-1h. Número de participantes: 20. Classificação indicativa: +18.
Kauam Pereira (feat. Adriano Machado)
Samba da saudade | 2020 | 2'22
Canção: Kauam Pereira
Vídeo e edição: Adriano Machado
Davi Pontes e Wallace Ferreira
Mata leão, Morto vivo | 2020 | 08’56
Mata leão, morto vivo são duas imagens utilizadas para tratar da violência sem se autodestruir. Pois além das grandes revoltas, teremos que ser capazes de pensar em revoltas menores, gestos de recusa e fuga.
Samuel Tomé
Caçadores | 2019 | 7'26
Diário de imagens criado a partir de mídias locativas, principalmente em territórios de socialização de indivíduos da comunidade LGBTQI+. A caça por sexo confunde-se com outros temas, numa atmosfera onde política, consumo de drogas, escatologias, selfies, filtros e gifs colaboram entre si numa atuação de desejos íntimos tornados parcialmente públicos.
Diego Crux e Gian Spina (com colaboração de Pedro Santiago)
Calabouço e os arrasamentos quando morro | 2020 | 19'16
O vídeo é uma colagem audiovisual que sobrepõe os significados da palavra-lugar "calabouço" nas penumbras de uma casa de tortura no período colonial, num restaurante estudantil cenário do assassinato de um jovem racializado durante a ditadura militar, nas atualizações dessas tecnologias de violência e nas semelhanças em suas práticas no presente. As vozes silenciadas e os gritos abafados nos aterramentos, nas peles alvejadas, nos braços que ardem.
Sobre o Pivô Pesquisa
O Pivô Pesquisa é o programa de residências artísticas do Pivô que está em atividade permanente desde 2013, sediado no edifício Copan, no centro de São Paulo. Ao longo dos anos, o Pivô Pesquisa acumulou ampla experiência na formação de artistas a partir do acompanhamento crítico de projetos e na facilitação de desenvolvimento de trabalhos, tendo estabelecido uma rede de profissionais que colaboram frequentemente com o programa. Mais de 150 artistas, entre brasileiros e estrangeiros passaram pela residência do Pivô. Em 2020 foi instituída a participação gratuita no programa, que se divide em 3 ciclos por ano, com duração de 12 semanas, recebendo até 12 artistas por ciclo. O acompanhamento curatorial dos residentes é conduzido por um um curador convidado a cada ciclo. O programa inclui uma série de atividades individuais e em grupo, como palestras, oficinas e conversas, algumas delas abertas ao público.
Sobre o curador
Thiago de Paula Souza (Taboão da Serra, SP), curador e pesquisador com formação em Ciências Sociais. Atualmente é membro da equipe curatorial da 3a edição de Frestas – Trienal de Artes de Sorocaba, organizada pelo SESC - SP. Participou do programa Propositions for Non-Fascist-Living, organizado pela BAK (base voor actuele kunst), em Utrecht. Na mesma instituição também foi responsável pela curadoria de Tony Cokes: To Live as Equals , a primeira exposição individual do artista nos Países Baixos. Com a curadora Gabi Ngcobo, criou a plataforma I've seen your face before, parte do projeto Ecos do Atlântico Sul, do Goethe-Institut. Foi educador do Museu Afro Brasil, em São Paulo, e membro da equipe curatorial de We don't need another hero, a 10a Bienal de Berlim. Sua prática curatorial e colaborativa está interessada em como a arte contemporânea pode articular plataformas de negociação, que mesmo de maneira efêmera contribuam para a reorganização da maneira como entendemos o mundo hoje.
Sobre o Pivô
Fundado em 2012, o Pivô é um espaço de arte autônomo que oferece uma plataforma para a experimentação artística e o pensamento crítico de artistas, curadores, pesquisadores e público em geral. O programa é composto por exposições, residências, palestras públicas e publicações de artistas locais e internacionais. A instituição já realizou mais de 150 residências nos últimos anos e os recentes comissionamentos incluem os artistas Katinka Bock, Eduardo Navarro, Erika Verzutti, Mário Garcia Torres, Letícia Ramos, Rodrigo Hernandez e a mostra coletiva “imannam” de Ana Maria Maiolino, Ana Linneman e Laura Lima. Devido à pandemia de covid-19, o Pivô suspendeu por tempo indeterminado todas as atividades públicas realizadas em sua sede no edifício Copan. Parte da programação foi adaptada para o ambiente digital, a exemplo do programa de residências Pivô Pesquisa que vem sendo conduzido em modo remoto.
dezembro 14, 2020
Tá me vendo? Tá me ouvindo? Narrativas do digital na Casa Niemeyer, Brasília
Casa Niemeyer abre em dezembro a exposição digital Tá me vendo? Tá me ouvindo? Narrativas do digital
Exposição digital tem participação de mais de 30 artistas residentes no Brasil
A Casa Niemeyer, museu de arte contemporânea da Universidade de Brasília - UnB, abre em 16 de dezembro a exposição digital Tá me vendo? Tá me ouvindo? Narrativas do digital. A mostra, que tem curadoria de Ana Avelar, é composta por trabalhos de mais de 30 artistas estabelecidos no Brasil, que utilizam em suas produções suportes digitais e refletem sobre temas atuais que impactam a sociedade brasileira a partir da cibercultura e da arte digital. A exposição seguirá até julho de 2020 com diversas ativações educativas por meio das redes sociais da Casa Niemeyer. Todas as obras expostas passarão a fazer parte do acervo permanente de arte contemporânea da UnB.
A abertura digital da exposição será realizada no dia 16, às 20 hs, no Instagram da Casa Niemeyer. No evento, a equipe organizadora e artistas da mostra participarão de uma conversa aberta, que contará com ação performática do artista Bruno Kowalski. Na abertura também será apresentada a plataforma que hospedará a exposição e, para finalizar o evento, será exibida a obra resultado da primeira residência digital Transmetatlanticus: Residência Artística Internacional Oca, realizada em setembro de 2020 pela Casa Niemeyer, quando artistas estabelecidos no Brasil e em Portugal discutiram aspectos da comunicação entre ambos territórios.
A exposição Tá me vendo? Tá me ouvindo? Narrativas do digital nasce durante o período do isolamento social em virtude de pandemia de Covid-19, buscando refletir os atuais debates sobre o virtual e o digital, ao mesmo tempo que apontando novas perspectivas para museus, em especial no que tange à construção de expografias e à ação dos educativos no ambiente virtual diante da precariedade digital ainda presente em muitas instituições brasileiras dedicadas às artes. “Essa compreensão também nos demonstrou o lugar periférico conferido aos desdobramentos da chamada arte-mídia no cenário nacional, indicando-nos como essa vertente deveria constituir lugar privilegiado de nossas reflexões. Nesse sentido, Tá me vendo? Tá me ouvindo? Narrativas do digital apresenta uma nova coleção de arte-mídia da Casa Niemeyer, valorizando produções nem sempre visibilizadas pela arte contemporânea ao lado de linguagens mais presentes no cenário. Diante disso, reunimos videoarte à intervenção digital, arte digital ao design digital e à ilustração aos quadrinhos digitais", destacou Avelar.
Tá me vendo? Tá me ouvindo? toma partido a partir de conceitos apresentados pela pesquisadora argentina Paula Sibilia, que em sua obra O show do eu: a intimidade como espetáculo traz importantes provocações como a derrocada das narrativas e a ascensão da informação, a transformação de indivíduos em objetos de consumo (a partir das redes sociais) e a espetacularização das intimidades. Com esse, e outros aportes teóricos que serão apresentados ao longo da mostra, a exposição propõe uma reflexão sobre como nascem, sobrevivem e interagem as narrativas (artísticas ou não) do digital.
A mostra é composta por obras dos mais diversos formatos digitais: vídeos, ilustrações, fotografias, gifs, modelagem 3D, sites, áudios, entre outros. Participam da mostra artistas de diferentes regiões do país, gerações e realidades: Adriana Aranha, Aleta Valente, Arielle Martins, Bruno Kowaski, Caramurú Baumgartner, Carlos Monroy, Carol Ito, Cristina Elias, Motta&Lima, Helô D’Ângelo, Ilê Sartuzi, Laís Ezawa, Lia Chaia, Língua Fora, Lua Cavalcante, Luisa Callegari, Maurício Chades, Mavi Morais, Mulambö, Naiana Magalhães, Nídia Aranha, Orlando Maneschy, Paloma Barbosa, Paulo Bruno, PV Dias, Shima, Sonia Guggisberg, Verena Smit e Vitória Cribb.
dezembro 11, 2020
Jogos atávicos na AM Galeria, São Paulo
Juntos e em diferentes períodos, os três artistas ressaltam a importância da produção que envolve o genuíno, sem se esquecerem das linhas, cores e proporções. Com curadoria de Ana Carolina Ralston, exposição poderá ser visitada presencialmente, em São Paulo, e online, no site da Galeria
A AM Galeria exibe em São Paulo a mostra Jogos Atávicos, exposição com curadoria de Ana Carolina Ralston que une produção artística de Amilcar de Castro, Antonio Bokel e Ricardo Homen, até dia 12 de dezembro. Além da exposição física, o público poderá visitar virtualmente, por meio do site da galeria.
Aclamado principalmente por sua obra escultórica, o artista mineiro Amilcar de Castro (1920 - 2002) era diretor da escola Guinard, em Belo Horizonte, quando seu conterrâneo Ricardo Homen frequentava o espaço. A convivência incentivou Homen a aprofundar seus estudos na forma e na cor, fazendo de sua trajetória um desdobramento da linguagem neoconcreta, que posteriormente o levou a desenvolver suas reconhecíveis pinturas-objeto.
Outro aspecto da obra de Ricardo Homen é a conversa com a tradição da arquitetura popular e a urbanidade periférica, que dialoga com a reflexão sobre o espaço urbano presente na produção de Antonio Bokel. Arqueólogo da cidade, encontra nas texturas e marcas da civilização contemporânea as referências que transpõe em suas criações.
Bokel, assim como Amilcar de Castro, transita por diversos gêneros artísticos, como o desenho, a pintura e a escultura em um jogo de ilusão de ótica. O material rígido se contrapõe à leveza do objetivo que mimetiza. A desconstrução das linhas é produzida pelo spray, que rompe a barreira entre os universos da arte contemporânea.
"O gesto, a forma e a matéria unificam-se aqui, na AM Galeria, para acompanhar três diferentes formas de criar, mas com um objetivo em comum, a de desenvolver uma linguagem tão profunda que retorna a tocar o mais atávico que temos em nós: a simplicidade", reflete a curadora.
O público pode visitar a mostra mediante agendamento pelo telefone (11-3071-2770 | 98181-6888) ou e-mail (escritorio@amgaleria.com.br). A Galeria segue o protocolo orientado pelos órgãos públicos de saúde para prevenir o contágio e disseminação do Covid-19. A AM funciona em horário especial, de segunda a sexta, das 12h às 19h, e aos sábados, das 12h às 14h.
A maior exposição monográfica de Beatriz Milhazes no Itaú Cultural e MASP, São Paulo
Mostra cobre produção da artista entre os anos 1990 e 2020; pinturas e esculturas estarão no MASP, gravuras e colagens, no Itaú Cultural
Com a abertura da mostra Beatriz Milhazes: Avenida Paulista – em 12 de dezembro no Itaú Cultural e em 18 de dezembro no MASP –, uma das mais importantes artistas brasileiras da atualidade ganha a maior exposição monográfica de sua carreira no Brasil. De caráter panorâmico e retrospectivo, a exposição reúne cerca de 170 trabalhos. Entre pinturas em grandes e pequenos formatos e esculturas, que serão vistas no museu, e gravuras, colagens e acrílicas, no Itaú Cultural, algumas obras são inéditas e a maioria vêm de coleções privadas, sendo reveladas ao público pela primeira vez.
O título da mostra remete a uma pintura de Milhazes do início dos anos 2000 (“Avenida Brasil”) e faz referência ao endereço das duas instituições que co-organizam essa exposição – celebrando, de certa forma, essa parceria inédita. “Avenida Paulista” também é o nome de uma obra que a artista realizou especialmente para ser exibida no MASP.
No Museu de Arte de São Paulo, a curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico da instituição, com assistência de Amanda Carneiro, curadora assistente no museu; no Itaú Cultural, a curadoria é de Ivo Mesquita. Tanto Pedrosa quanto Mesquita têm uma longa relação com Milhazes e acompanham sua carreira há anos.
“Esta é a maior exposição dedicada a Beatriz Milhazes, possível apenas em razão da colaboração inédita entre duas instituições como o MASP e o Itaú Cultural. A mostra cobre mais de três décadas de sua produção de pinturas, colagens, gravuras, desenhos, têxteis, bem como amplo material documental. Nesse sentido, é uma oportunidade verdadeiramente única para se conhecer e compreender o trabalho dessa que é uma das principais artistas brasileiras vivas, com uma obra já amplamente consolidada no panorama internacional”, diz Adriano.
Milhazes é uma das artistas brasileiras mais importantes no cenário artístico nacional e internacional. Reconhecida por sua produção icônica, ela trabalha com um complexo repertório de imagens associadas a diversos motivos, origens e fontes, oscilando entre a abstração e a figuração, a geometria e a forma livre.
A artista nasceu no Rio de Janeiro, em 1960, e estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no início da década de 1980, quando participou da exposição Como vai você, Geração 80? junto a um grupo heterogêneo de artistas que, de forma resumida, buscou retomar a pintura em contraposição à vertente conceitual da arte brasileira dos anos 1970.
As pinturas, gravuras, colagens e esculturas de Milhazes refletem formas e cores brasileiras e registram histórias e culturas artísticas desde o barroco até o modernismo, passando pelo dito popular até o erudito. Suas obras também estabelecem relações entre a artista e seu entorno mais próximo, da sua cidade Rio de Janeiro e do bairro onde fica seu ateliê, o Jardim Botânico.
Atualmente, suas obras estão em instituições como Centre Pompidou, Paris; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri; The Museum of Modern Art, Nova York; Tate Modern, Londres e Museum of Contemporary Art, Toquio.
A mostra simultânea nas duas instituições, cobre a produção da artista entre os anos 1990 e 2020, iluminando os desdobramentos da técnica que inventou e cunhou de monotransfer em torno da transferência e da impressão, que permeia seu pensamento e intervenção nos diferentes suportes e linguagens artísticas com os quais trabalha. A exposição está dividida em dois grandes núcleos: pinturas e esculturas no MASP; gravuras, colagens e acrílicas no Itaú Cultural – embora não exclusivamente.
Nos dois locais, o público poderá conferir, pela primeira vez de forma tão abrangente, as transformações do trabalho de Milhazes desde a década de 1990 e, ainda, ter acesso a uma produção bastante recente que foi pouco vista em instituições culturais. Nesse período, a artista produz suas primeiras gravuras com a Durham Press que, apresentadas no Itaú Cultural, possibilitam notar como a interlocução entre impressões e colagens com a pintura transformou sua prática artística. Na mesma década, em parceria com sua irmã e coreógrafa Márcia Milhazes, a artista passa a desenvolver trabalhos para espetáculos de dança, em uma frutífera relação que a aproxima da escultura.
No MASP, a mostra está inserida em um ano de exposições e programas públicos dedicado às histórias da dança e apresentará, de maneira inédita, uma inversão desse processo colaborativo entre as Milhazes: Márcia quem ocupará o espaço do museu – Beatriz foi quem sempre ocupou o palco. Por conta da pandemia do novo coronavírus, as apresentações de dança da companhia de Márcia que estavam previstas para 2020 tiveram de ser adiadas e devem ocorrer em 2021.
No museu, a galeria do segundo subsolo irá contemplar 50 pinturas de grandes dimensões em estruturas autoportantes que permitem a visualização das obras frente e verso. Do teto, penderá a escultura “Gamboa” (2010-20), que será também o cenário para o palco das apresentações da Márcia Milhazes Companhia de Dança.
No mezanino, serão apresentadas 12 pinturas de pequenos formatos, de até 1 metro, em uma atmosfera mais intimista que servirá de caminho para a galeria do primeiro subsolo, onde mais pinturas estarão expostas junto a uma série de 7 desenhos intitulada “Aleluia”, de 2020, e a tapeçaria “Carioca” (2007-08). Serão apresentadas ainda as colagens que resultaram de uma série de oficinas que retoma o Club Infantil de Arte do museu e em que artistas do circuito contemporâneo são convidados a propor uma atividade artística com as crianças.
No Acervo em transformação, no primeiro andar, foram instaladas a escultura “Marola” e a pintura “Avenida Paulista”, esta realizada especialmente para a exposição e que junto a outras 10 pinturas inéditas serão vistas pela primeira vez pelo público visitante.
Em um total de 79 obras, os três pisos do espaço expositivo do Itaú Cultural estarão dedicados à obra da artista. O foco são suas gravuras e colagens, que estão na base do pensamento e processo de criação de Beatriz, mas também apresenta três acrílicas – “Com quantos paus se faz uma canoa”, 1993, “O Campo”, 2001, e “Wild Potato”, 2013. Por lá, Ivo Mesquita se concentrou principalmente nos procedimentos de trabalho dela. O primeiro piso, por exemplo, apresentará 13 colagens e quatro gravuras que revelam como ela constrói suas composições. Um minidocumentário, sobre a artista e sua obra, com cerca de 20 minutos, realizado pelo Núcleo de Audiovisual da instituição e o fotógrafo Manuel Águas, reforça essa apresentação.
No 1S, 21 obras ocuparão todo o andar organizado em torno dos círculos contidos no trabalho de Beatriz. Estes trabalhos permitem a compreensão do modo como ela usa as estruturas das rosáceas, compassos, formas circulares, anéis e como, a partir desses elementos, a artista cria e desenvolve uma dinâmica que movimenta a composição no primeiro plano e faz com que suas pinturas, gravuras e colagens alcancem forte apelo ótico. “Não tem repouso do olhar nos trabalhos de Bia, sempre tem movimento, um giro, uma linha, e o observador se prende no que vê no primeiro plano sem perceber o que está por trás”, observa Mesquita.
Por fim, o 2S traz 40 obras que envolverão o andar com um caráter mais didático. Elas revelarão, por exemplo, como, no trabalho de Beatriz, uma ideia se desdobra em outra: uma pintura pode ser reestrutada como uma gravura diversa para, a partir dali, surgirem novas colagens. O público poderá perceber como um mesmo motivo é revisitado e utilizado por ela em outro trabalho, às vezes com intervalos de anos de um para o outro.
Segundo Mesquita, um dos pontos mais interessantes é mostrar como a artista consolidou linguagem, estilo e imaginário próprios. “Por um lado, existe racionalidade, matemática, precisão, determinação, mas ela também se arrisca”, afirma Mesquita. “O trabalho da Bia não é o que você vê, mas o que está por atrás”, completa. Amanda destaca a maestria com que a artista manipula formas e cores. “Para o público mais jovem essa exposição é uma surpresa boa e positiva. Há uma nova geração de observadores e visitantes que vão entrar em contato com a obra dela ao vivo pela primeira vez e podem se aproximar dessas características mais técnicas”, diz Carneiro.
CATÁLOGO
Organizado e coordenado pelo MASP e publicado em parceria com o Itaú Cultural, o catálogo tem duas edições, em português e em inglês. A publicação, uma das mais abrangentes sobre a obra da artista, apresenta novas conexões e olhares para seu trabalho, abordando a partir de outros pontos de vista sua relação tanto com o modernismo brasileiro como europeu. Além dos curadores, a publicação traz ensaios Estrella de Diego, Isabel Carlos, Jo Applin, Luiza Interlenghi e Yuko Hasegawa. Elaine Ramos foi a responsável pelo projeto gráfico. Estará à venda no MASP.
Beatriz Milhazes no Itaú Cultural e MASP, São Paulo
Nos vídeos, a própria artista fala sobre as cores e títulos que escolhe para as suas obras. Jean-Paul Russell, gravador, da Durham Press, explica o complexo processo de impressão das gravuras e serigrafias de Beatriz. Amanda Carneiro, curadora pelo MASP e Ivo Mesquita, curador da mostra no Itaú Cultural fazem breve relato sobre a exposição.
Itaú Cultural e MASP realizam, em conjunto, grande exposição panorâmica da obra de Beatriz Milhazes
Mostra, que abre no dia 12 de dezembro no Itaú Cultural e 18 no MASP, reúne cerca de 170 obras entre pinturas, gravuras, colagens, esculturas e desenhos da artista. Ela acontece no mês em que a Avenida Paulista completa 129 anos, que, hoje convertida em corredor cultural, abriga as duas instituições.
Beatriz Milhazes: Avenida Paulista, exposição que o Itaú Cultural e o Museu de Arte de São Paulo (MASP) realizam em conjunto, percorre o arco de produção da artista entre 1989 a 2020 e revela o desdobramento de seu trabalho para outros suportes além da pintura. Com cerca de 170 obras, a mostra contém obras inéditas nas duas instituições e torna-se a maior exposição de Beatriz já vista pelo público. Abre no dia 12 de dezembro (sábado), no Itaú Cultural, e 18 (sexta-feira), no MASP.
Itaú Cultural
Com curadoria de Ivo Mesquita, o recorte exposto no Itaú Cultural apresenta gravuras, colagens e algumas acrílicas. No Masp, os curadores Adriano Pedrosa e Amanda Carneiro, reuniram pinturas, em grandes e pequenos formatos, além de esculturas e desenhos.
“Esta exposição traz uma ampla panorâmica do trabalho de Beatriz e permite que o público veja grande número de trabalhos feitos por ela em diferentes etapas, confrontando pintura, gravura e colagem”, diz Ivo Mesquita. “Os visitantes perceberão como ela oferece uma experiência única que se descola do momento e a forma como ela pensa e produz, se reinventa, testa fazer na pintura o mesmo efeito da gravura ou colagem”, conta ele. “Nas colagens, por exemplo, têm justaposições de gravuras que formalmente são parecidas, mas tem intervalos de cinco anos entre uma e outra.
A artista comemora a mostra, que vem sendo idealizada desde 2018, não somente pela sua abrangência e diversidade, como também pelo que representa neste momento. “Depois de tanto tempo de clausura, vivenciada no mundo todo, entrar em contato com a arte abre outras perspectivas, alegria, esperança, poesia”, diz ela. “A arte tem esse poder e vamos procurar reforçá-lo tentando modificar esse momento, nem que seja por instantes.”
No Itaú Cultural, Beatriz Milhazes: Avenida Paulista ocupa os três andares do espaço expositivo, com 79 obras –três delas, inéditas: Havaí em amarelo vibrante, Cor de pele e Giro horizontal. Entre colagens, gravuras e um minidocumentário sobre a obra da artista, realizado pelo Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural, no piso 1 se alinham 18 trabalhos de modo amostrar as estratégias da artista na construção do plano nos diferentes suportes.
Neste andar, o espectador verá trabalhos mais antigos, como Sabor de Cereja, de 2005, e os mais recentes, como Dovetail, a maior e última gravura produzida pela artista até agora, com quase dois metros de comprimento. Esta peça, de 2019, é um dos destaques, sendo um claro exemplo do desdobramento do trabalho de Beatriz entre as diversas linguagens artísticas. Trata-se de uma serigrafia, em madeira de topo e folha de ouro, impressa na Durham Press – ateliê de gravação da Pensilvânia que elabora a maior parte desses trabalhos dela –, e possibilita notar como a interlocução entre impressões e colagens com a pintura se transformou em sua prática criativa. “É um corte na madeira como se faz nos trabalhos de marchetaria, encaixando de forma triangular e é toda montada a partir de artes de outras gravuras que se juntam e encaixam”, conta Mesquita.
O piso 1S acolhe 21 obras e o espaço se desenvolve com trabalhos em torno da exploração dos círculos. São oito colagens, 12 gravuras e uma pintura acrílica que ocupam todo o andar, entre estruturas das rosáceas e do compasso, das formas circulares e anéis tão características na produção de Beatriz. Elas demonstram como a artista vai criando e desenvolvendo o movimento da composição no primeiro plano, resultando no forte apelo ótico de seus trabalhos.
Outras 40 obras, entre colagens gravuras, pinturas, livros de artista e uma edição da revista Parkett, estão no piso 2S de caráter mais didático e ilustrativo, acentuando os processos de trabalho da artista na gravura e na colagem e os momentos de interação entre elas e a pintura. Elas mostram como uma se transforma em outra e como uma ideia se desdobra em outra. Elipses revelam como uma mesma matriz, ou as aparas de antigas gravuras, formam um motivo em um suporte e aparecem em nova composição em outro. Um exemplo disso é a serigrafia Bibi, realizada em 2003, cujo buquê, localizado no centro, aparece em pedacinhos em muitas outras colagens.
MASP
O título da mostra remete a Avenida Brasil, uma pintura da artista, do início dos anos 2000. Hoje, ela faz referência ao endereço das duas instituições que co-organizam essa exposição. Avenida Paulista também é o nome de uma obra que a artista realizou especialmente para ser exibida no MASP.
“Esta é a maior exposição dedicada a Beatriz Milhazes, possível apenas em razão da colaboração inédita entre duas instituições como o MASP e o Itaú Cultural. A mostra cobre mais de três décadas de sua produção de pinturas, colagens, gravuras, desenhos, têxteis, bem como amplo material documental. Nesse sentido, é uma oportunidade verdadeiramente única para se conhecer e compreender o trabalho dessa que é uma das principais artistas brasileiras vivas, com uma obra já amplamente consolidada no panorama internacional”, diz Adriano.
Ali, a mostra está inserida em um ano de exposições e programas públicos dedicado às histórias da dança e apresenta, de maneira inédita, uma inversão desse processo colaborativo entre as Milhazes: é Márcia quem ocupará o espaço do museu – Beatriz foi quem sempre ocupou o palco. Por conta da pandemia do novo coronavírus, as apresentações de dança da companhia de Márcia que estavam previstas para 2020 tiveram de ser adiadas e devem ocorrer em 2021.
No museu, a galeria do segundo subsolo contempla 50 pinturas de grandes dimensões em estruturas autoportantes que permitem a visualização das obras frente e verso. Do teto, pende a escultura Gamboa (2010-20), que será também o cenário para o palco das apresentações da Márcia Milhazes Companhia de Dança.
No mezanino do MASP, são apresentadas 12 pinturas de pequenos formatos, de até 1 metro, em uma atmosfera mais intimista que servem de caminho para a galeria do primeiro subsolo, onde mais pinturas estão expostas junto a uma série de sete desenhos inéditos intitulada Aleluia, que ela fez durante o período que permaneceu em isolamento social, a gravura Jamaica (2006-7) e a tapeçaria Carioca (2007-08). Serão exibidas, ainda, as colagens que resultaram de uma série de oficinas que retoma o Club Infantil de Arte do museu e em que artistas do circuito contemporâneo são convidados a propor uma atividade artística com as crianças.
No Acervo em transformação, no primeiro andar, encontra-se a escultura Marola (2010-15) e a pintura Avenida Paulista, esta realizada especialmente para a exposição e que junto a outras 10 pinturas inéditas pode ser vista pela primeira vez pelo público.
dezembro 10, 2020
MAM Rio convida a comunidade surda para eleger o sinal que identificará o museu em Libras
Instituição convida a comunidade surda para eleger o sinal que a identificará em Libras. Iniciativa é parte da oficina pública de dezembro, proposta pelo projeto Zona Aberta
Para ampliar as ações de inclusão e acessibilidade, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) convida a comunidade surda para o evento público Escolhendo um sinal para o MAM, que integra a edição de dezembro do projeto regular Zona Aberta, a ser realizado por Daniel Bruno (Educador - MAM Rio) em parceria com Mariana Gon (Educadora - Museu de Arte do Rio) e Ana Carla Cássia (Professora de Libras), no dia 12 de novembro, sábado, das 14h às 16h, no pilotis do museu.
Alguns museus e centros culturais da cidade, como o Museu de Arte do Rio (MAR), o CCBB, o Museu Histórico Nacional e o Museu dos Quilombos Urbanos e Favelas já têm seus sinais. Eleger um específico para o MAM Rio é um passo importante nos seus 72 anos de história. Os sinais são escolhidos sempre por uma pessoa surda, que busca sintetizar ou expressar através de um gesto as qualidades visuais ou simbólicas de um determinado espaço. A partir do momento em que um sinal é divulgado, passa a representar a identidade da respectiva instituição dentro da Libras e da comunidade surda.
A ação integra a programação de dezembro do projeto Zona Aberta, um ateliê móvel regular do MAM Rio, que propõe atividades artístico-pedagógicas nos jardins e demais áreas externas do museu, e visa a integração e participação de pessoas que frequentam o Aterro do Flamengo, a partir de diferentes formas de vivenciar, conviver e se apropriar do MAM. Nesta edição, a equipe de educação convida o público para uma oficina de desenho:
“Que relações pode haver entre o desenho e a língua brasileira de sinais, a Libras? Queremos convidar o público para uma oficina em que vamos aprender formas de pensar e de nos comunicar com a língua de sinais, a partir da observação de imagens e desenhos. Na ocasião, escolheremos ainda, a partir das trocas entre o grupo, o sinal que identificará o MAM Rio em Libras”, explica Gleyce Heitor, gerente de Educação e Participação do museu.
Realce no MAM, Rio de Janeiro
MAM Rio inaugura a primeira mostra do acervo com curadoria de Keyna Eleison e Pablo Lafuente
No dia 12 de dezembro de 2020, a partir das 10h, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) vai inaugurar a primeira apresentação do acervo realizada pela nova Direção Artística da instituição. A mostra Realce reflete o processo pessoal de aprendizado e familiarização da dupla Keyna Eleison e Pablo Lafuente, que assumiu em setembro desse ano, com as obras da coleção e a arquitetura dos espaços expositivos.
Com mais de 50 trabalhos de vertentes e períodos variados, a exposição revela a abrangência e a diversidade do acervo, e busca novos olhares em diálogo com os espaços do museu. São pinturas, esculturas, gravuras, instalações e objetos de artistas consagrados como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Cícero Dias, Cildo Meireles, Djanira, GTO, Heitor dos Prazeres, Ivan Serpa, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Mira Schendel, Rubens Gerchman,Tunga e Véio, entre outros.
“Realce é a primeira aproximação da Direção Artística com as coleções e a arquitetura dos espaços no MAM Rio. São exercícios de reflexão sobre as escolhas individuais e coletivas, e sobre o que pode ser dito e mostrado das coleções em várias perspectivas“, avalia Keyna.
Para Lafuente, os desafios expográficos seduzem o pensamento: "Essa apresentação de obras dos acervos se propõe a pensar os trabalhos em relação com o prédio e a paisagem, respondendo à luz que entra pelos vidros do Bloco Expositivo, agora descobertos. A intenção é promover olhares curiosos e sem muitas certezas. E, se for possível, aproximar as peças e a arquitetura como se fossem novas para cada um de nós“, almeja Lafuente.
O projeto expográfico foi desenvolvido com a arquiteta Juliana Godoy, a partir das paredes modulares criadas para o museu por Karl Heinz Bergmiller, em 1978. Juliana trabalhará durante 2021 com a Direção Artística na revisão do projeto expográfico permanente do MAM Rio.
Os artistas
Adriana Varejão, Aluísio Carvão, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Henrique Amaral, Antônio Maia, Antonio Manuel, Antonio Poteiro, Bruno Munari, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Cícero Dias, Cildo Meireles, Claudio Tozzi, Dionísio Del Santo, Djanira, Edgar Negret, Edival Ramosa, Efrain Almeida, Farnese de Andrade, Frans Krajcberg, Gilvan Samico, Glauco Rodrigues, GTO, Heitor dos Prazeres, Hélio Melo, Ivan Serpa, Ivens Machado, Jean Arp, Josef Albers, Le Corbusier, Leda Catunda, Luiz Paulo Baravelli, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Manabu Mabe, Marepe, Maria Martins, Mario Cravo Junior, Max Bill, Mira Schendel, Nelson Félix, Rubens Gerchman, Tunga, Véio e Waltercio Caldas.
Sobre o MAM Rio
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), fundado em 1948, é voltado às vanguardas e à experimentação nas artes, cinema e cultura. Seu acervo de cerca de 15 mil obras forma uma das mais importantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina. O museu realizou inúmeras exposições que marcam até hoje as expressões e linguagens das artes visuais e abrigou múltiplos movimentos artísticos brasileiros.
O MAM Rio é uma instituição cultural constituída como uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e por empresas, que tem atualmente a Petrobras, o Itaú e a Ternium como mantenedores por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e o Grupo PetraGold como patrocinador.
Desde janeiro de 2020, a nova gestão do MAM Rio, liderada pelo Diretor Executivo Fabio Szwarcwald, com o apoio do corpo de conselheiros do MAM e das demais áreas do museu, deu início a um processo de profunda transformação institucional envolvendo novas ideias, novos fluxos de trabalho e novas atitudes. As ações do processo de transformação buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Um movimento de potencialização das ações já realizadas no museu, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca visitaram a instituição.
Sempre é de novo a primeira vez na Danielian Galeria, Rio de Janeiro
Verso da canção Anna Bella (2006), de Antonio Cícero e Marina, inspira a coletiva que marca o início do trabalho de Marcus Lontra Costa como diretor artístico do espaço de arte na Gávea. A mostra reúne trabalhos de diferentes linguagens e campos poéticos, de artistas de várias gerações e regiões brasileiras: Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Nelly Gutmacher e Manfredo de Souzanetto – que já fazem parte da história da arte no país – , Marçal Athayde, Josafá Neves, Geraldo Marcolini, Christus Nóbrega e Fernando Lindote, que agora passam a ser representados pela galeria, e Jorge Guinle(1947-1987) e Glauco Rodrigues (1929-2004), de quem a Danelian é responsável por seus legados artísticos.
A Danielian Galeria apresenta a partir de 12 de dezembro de 2020 a exposição Sempre é de novo a primeira vez que marca o início do trabalho de Marcus Lontra Costa como diretor artístico do espaço de arte na Gávea. Junto com o curador-adjunto Rafael Peixoto, ele selecionou trabalhos de onze artistas, “de diferentes linguagens, campos poéticos, gerações e regiões do país”: Anna Bella Geiger, Carlos Vergara, Nelly Gutmacher e Manfredo de Souzanetto – “que já fazem parte da história da arte brasileira”, salientam – Marçal Athayde (1962), Josafá Neves (1971), Geraldo Marcolini (1969), Christus Nóbrega (1976) e Fernando Lindote (1960), representados pela galeria, e de Jorge Guinle (1947-1987) e Glauco Rodrigues (1929-2004), de quem a Danelian é responsável por seus legados artísticos. Os curadores destacam que a exposição estabelece “diálogos e conversas curatoriais entre muitas áreas da produção artística atual brasileira”, afirmam.
O título da exposição é retirado de um verso da música “Anna Bella”, de Antonio Cícero e Marina Lima, lançada em 2006. Na canção, a dupla de irmãos descreve uma conversa imaginária com Anna Bella Geiger. “O verso aparece como inspiração primeira dessa exposição coletiva que se desenvolve a partir de uma homenagem à Anna Bella Geiger, para mim é a mais importante artista brasileira viva”, explica Marcus Lontra Costa.
Ele explica que a exposição reforça a proposta da Danielian Galeria de atuar com artistas de diversas gerações, e também em sintonia com seu trabalho como curador ao longo dos anos. “Desde a exposição ‘Como vai você, Geração 80?’, em 1984 (a primeira que organizou) até os dias de hoje, sempre acreditei que a arte brasileira deve refletir a pluralidade estética e cultural do país”. “Sempre defendi que um país complexo e rico como o Brasil deve ter igualmente uma arte complexa, rica e diversificada”, conta. “Durante toda minha trajetória profissional sempre procurei sair do eixo dominador econômico da arte brasileira que é o eixo Rio-São Paulo. Fiz trabalhos em Brasília, Salvador, Recife, entendendo que é a partir desta compreensão e desta apropriação de todas as experiências de todas as regiões brasileiras que se consegue retratar e refletir o Brasil”. Ele acrescenta que esta percepção está muito presente em seu trabalho como curador do Prêmio Marcantônio Vilaça, onde “procuramos o olhar nacional, valorizando os artistas de Rio e São Paulo, mas também das diversas regiões brasileiras”.
Assim, a exposição “Sempre é de novo a primeira vez” propõe mais do que uma linha curatorial de sentido estrito, e sim “a implantação de um campo de reflexão e de pensamento”. Marcus Lontra Costa destaca que se interessa “em propor conversas e diálogos, ao invés de trazer relações fechadas entre essas diferentes abordagens poéticas”.
ARTISTAS E OBRAS
Além da pintura “Burocracia” (1998), estarão de Anna Bella Geiger três trabalhos inéditos que ela produziu durante a quarentena, no Rio de Janeiro, que integram a série “Rose Sélavy”, iniciada em 1997. Nesses trabalhos novos, a artista faz interferências em três páginas de um jornal. “O aspecto referencial também é parte fundamental de toda a trajetória artística de Anna Bella”, observam os curadores. “Mas para além disso Geiger também discute as relações e tensões entre corpos e espaços políticos, culturais e físicos”.
Para os dois curadores, “a questão do corpo como território tanto de manifestação artística e política como suporte para a ação poética está presente também nas obras de Nelly, Jorge Guinle e Josafá, em que o corpo é um espaço de ação e resistência.
“As noções tradicionais da paisagem se ressignificam em obras como as de Manfredo e de Vergara, em um processo de desfragmentação e de recomposição material. Enquanto Marcolini traz piscinas vazias e cheias de reflexos, Marçal flagra, como um flâneurde zonas periféricas e do Centro do Rio, cidade fragmentada e caótica, como um caleidoscópio da urbe carioca. Lindote e Glauco se relacionam através de um conceito artístico carregado de referências históricas, numa provocação a respeito do lugar do sujeito no mundo. Os trabalhos de Christus Nóbrega resgatam fotografias que, costuradas e puídas, surgem como farrapos de memórias”, destacam.
CENÁRIO PANDÊMICO
Marcus Lontra Costa e Rafael Peixoto salientam que questões como “a relação entre o sujeito e o espaço, entre os corpos e os territórios, fazem parte de um questionamento amplo que vem desde a modernidade, e que no atual cenário pandêmico essas inquietações alcançam desafios ainda mais desconhecidos”.
“Os diálogos poéticos que surgem na relação dessas diferentes manifestações artísticas sugerem um deslocamento constante entre os corpos e territórios. São apropriações, corporificações, reflexos, abstrações e fragmentações que atravessam de diferentes formas a produção desses artistas e que o olhar curatorial, como linha que costura sem arrematar, aponta como manifestação pulsante das reflexões artísticas atuais”, comentam.
Marcus Lontra Costa e Rafael Peixoto assinalam que “o ambiente curatorial dessa mostra, mais do que propor conclusões e conceitos, sugere a instauração de um campo de reflexão e pensamento como parte de uma necessidade cultural que urge”.
CUIDADOS CONTRA O COVID
A Danielian Galeria seguirá todo o protocolo de proteção contra o covid. O uso de máscara será obrigatório, e as visitas serão agendadas, pelo email, telefone (21-2522-4796) ou site da galeria, com grupos pequenos, mantendo o distanciamento social. Os ambientes terão permanente higienização e álcool gel disponível. Caso um visitante esteja passando em frente à galeria, e não houver nenhuma visita agendada naquele momento, ele será recebido, lembrando que o uso da máscara é obrigatório.
Hélio Oiticica: a dança na minha experiência no MAM, Rio de Janeiro
Parangolés são o ponto de partida da individual que ocupará o MAM Rio de dezembro a março. Exposição terá programação paralela curada por Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira, e mostra de filmes pela Cinemateca
“Meu interesse pela dança, pelo ritmo, no meu caso particular pelo samba, veio de uma necessidade vital de desintelectualização, de desinibição intelectual, da necessidade de uma livre expressão.” (Trecho do texto ‘A dança na minha experiência‘, escrito por Hélio Oiticica em 1965, que dá nome à exposição)
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) abrirá a exposição individual Hélio Oiticica: a dança na minha experiência no dia 12 de dezembro de 2020, sábado, às 10h. Correalizada com o Museu de Arte de São Paulo (MASP), a mostra reúne cerca de cem obras do carioca Hélio Oiticica (1937-1980) relacionadas ao ritmo, à música e à dança, sob a curadoria de Adriano Pedrosa e Tomás Toledo, respectivamente diretor artístico e curador-chefe da instituição paulista.
Inspirada pela produção experimental e pioneira dos períodos de investigações geométricas, rítmicas e cromáticas, a exposição tem como ponto de partida os Parangolés (1964 - 1979): as “anti-obras de arte”, como o próprio Oiticica as definia. Um dos trabalhos mais radicais do artista, os Parangolés revelam sua estreita relação com a Estação Primeira de Mangueira e com o samba. E são estas capas, faixas e bandeiras construídas com tecido colorido – que podem exibir sentenças de natureza política ou poética - que conduzem o público a uma retrospectiva da trajetória de HO desde os Metaesquemas (1956-1958) aos Relevos Espaciais (1959-1960), Núcleos (1960-1966), Penetráveis (1961-1980) e Bólides (1963-1979).
"Com uma formação artística que mesclou, de forma bastante particular, o rigor da abstração geométrica com os fluxos e ritmos das ruas do Rio de Janeiro, Oiticica criou uma obra potente e radical, inicialmente marcada por investigações de ordem formalista, mas que cada vez mais se encaminharam para experimentações conceituais e sensoriais, tendo no corpo seu maior meio de expressão”, comenta Tomás Toledo, curador-chefe do MASP.
Em paralelo à exposição, a Cinemateca do MAM vai apresentar de dezembro a março a mostra "Em torno de Hélio Oiticica", com nove filmes realizados pelo artista, outros filmes sobre ele e sua obra, e outros ainda sobre assuntos importantes de seu universo cultural. Inclui as primeiras experiências fílmicas de Jack Smith, referência fundamental e frequentador do Loft#4, residência de Hélio Oiticica em Nova York no início dos anos 1970; "Câncer", de Glauber Rocha, filmado no apartamento de Oiticica no Rio de Janeiro; e registros da presença de Oiticica em eventos artísticos e culturais e em produções de amigos.
A partir de janeiro, em paralelo à mostra, serão realizados um programa público com oficinas, um ciclo de performances, um fórum de debates e um seminário. O carnavalesco Leandro Vieira, da Estação Primeira de Mangueira, é o curador convidado a ocupar o museu durante a exposição e a pensar esta programação, que contará com a participação de integrantes da tradicional escola de samba carioca, em parceria com a equipe de educação do MAM Rio.
Em sua obra, Oiticica abriu a possibilidade de plena participação do público fazendo emergir a figura do participador*, que deve ser estimulado a circular e a vivenciar o espaço expositivo. Considerando a proposição pioneira, a montagem do MAM Rio convida o público a explorar os diversos ângulos das composições rítmicas e vibrantes do artista.
“Aceitamos o convite que o título da mostra nos deu para pensar a expografia. Os espaços do MAM e do MASP são radicalmente diferentes e estamos propondo uma ‘dança‘ entre os trabalhos e o público“, diz Pablo Lafuente, que divide a direção artística do museu carioca com Keyna Eleison. “Os trajetos da exposição vão fazer o público se movimentar muito. Pensamos em alturas e soluções diferentes para cada trabalho, a ideia é dar uma nova vivência à proposta“, informa Eleison.
A individual vai ocupar o Espaço Monumental e uma segunda sala diretamente ligada à mostra Cosmococa, também montada no MAM Rio, que exibe uma seleção de imagens criadas por Oiticica em 1973, em Nova York, em parceria com o cineasta Neville D’almeida. Completa a exposição um filme de Ivan Cardoso, “Heliorama”.
*Por medidas de segurança sanitária, em virtude da pandemia de Covid-19, as obras não poderão ser usadas pelo público.
HO e o MAM Rio
Hélio Oiticica iniciou seus estudos no Museu de Arte Moderna do Rio com Ivan Serpa, em 1954. À época, suas obras dialogavam com as experiências concretistas: o artista participou do Grupo Frente, entre 1955 e 1956, e foi um dos signatários do Manifesto Neoconcreto, em 1959. A partir daí, HO estabeleceu o corpo como motor de sua obra, que se abriu também para o contexto da rua e do cotidiano, apontando para uma relação entre arte e vida.
Em 1965, Oiticica participou da exposição Opinião 65, no MAM Rio, considerada um marco na história da arte brasileira, quando apresentou pela primeira vez, na área externa do MAM, os Parangolés, obras que têm o participador como veículo e intérprete.
“As capas Parangolés eram estruturas que você tinha que vestir no corpo, que se tornavam extensões do corpo... a experiência da pessoa que veste para a pessoa que está fora vendo a outra se vestir, ou das que vestem simultaneamente as coisas, são multiexperiências, não se trata assim do corpo como suporte da obra; pelo contrário, é a total incorporação do corpo na obra e da obra no corpo... eu chamo de in-corporação.” (Hélio Oiticica – Trecho de entrevista publicada no catálogo da exposição, editado pelos curadores Adriano Pedrosa e Tomás Toledo)
Na ocasião, as capas foram usadas pelo artista e por sambistas e instrumentistas da Mangueira, escola de samba que Hélio passou a frequentar em 1964. A Estação Primeira foi um divisor de águas na vida e na obra do artista: a aproximação o levou a aprofundar reflexões sobre experiências estéticas para além das artes visuais, bem como das artes plásticas tradicionais, incorporando relações sensíveis ao seu trabalho através do ritmo e da dança. Durante a Opinião 65, quando Oiticica chegou ao MAM com os integrantes da Mangueira, em uma espécie de “procissão-festiva”, foram todos impedidos de entrar e acabaram por realizar a “obra-festa” na área externa do museu.
Dois anos mais tarde, em 1967, Oiticica voltou ao MAM Rio na exposição Nova Objetividade Brasileira, quando apresentou o penetrável Tropicália, cujo percurso lembrava muito as “caminhadas pelo morro”, de acordo com o artista. Experimental e crítica, a obra inspirou o nome do disco clássico de Caetano Veloso e Gilberto Gil (1968), e do importante movimento artístico e cultural liderado pelos baianos.
Sobre as séries exibidas
Metaesquemas (1956-1958): composta por mais de 400 trabalhos, esta série consiste em exercícios metódicos, rigorosos, em pequeno formato, em sua maioria em guache sobre cartão, privilegiando experimentações com cores, formas abstratas geométricas e espaço. A grande quantidade de trabalhos atesta o rigor, a disciplina e o engajamento do jovem Oiticica no sentido de explorar ao máximo as incontáveis possibilidades circunscritas a um vocabulário e um meio aparentemente reduzidos. A exposição apresenta mais de 50 Metaesquemas.
Relevos Espaciais (1959-1960): podem ser compreendidos como uma tridimensionalização dos elementos geométricos presentes nos Metaesquemas. São chapas de madeira sobrepostas, pintadas de amarelo e vermelho, que resultam em uma estrutura complexa, com relevos e reentrâncias. São objetos que flutuam no espaço, pendurados no teto, e podem ser vistos de diferentes ângulos, o que ressalta seu aspecto corporal, uma preocupação fundamental de Oiticica no início dos anos 1960. A mostra exibe três Relevos Espaciais.
Núcleos (1960-1966): na trajetória rigorosa, poética e coerente de Oiticica, os Núcleos ampliam a noção de “corpo da cor” ao criarem ambientes cromáticos elaborados com formas geométricas compostas por chapas de madeiras pintadas em nuances variadas da mesma cor. A mostra exibe três Núcleos.
Penetráveis (1961-1980): são instalações manipuláveis construídas a partir de diferentes tecidos e placas, espontaneamente atravessadas por corpos vivos. Exploravam um novo território para produção de arte coletiva, com o objetivo de estimular diferentes formas de comportamento social, pensamento ético e modos criativos de improvisação. Um exemplar será exposto.
Bólides (1963-1979): são uma porta de entrada para os temas de cunho social e político. Os Bólides operam como um recipiente para a cor, a luz, a energia e o entorno. Neles, Oiticica explora questões como a solidez, o vazio, o peso e a transparência. São uma espécie de síntese de todas as investigações formais, espaciais e cromáticas de trabalhos anteriores. Hélio Oiticica: a dança na minha experiência apresenta 19 Bólides.
Parangolés (1964-1979): a exposição culmina com a exibição de 12 Parangolés, anti-obras de arte; capas, faixas e bandeiras construídas com materiais diversos.
Sobre o MAM Rio
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), fundado em 1948, é voltado às vanguardas e à experimentação nas artes, cinema e cultura. Seu acervo de cerca de 15 mil obras forma uma das mais importantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina. O museu realizou inúmeras exposições que marcam até hoje as expressões e linguagens das artes visuais e abrigou múltiplos movimentos artísticos brasileiros.
O MAM Rio é uma instituição cultural constituída como uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e por empresas, que tem atualmente a Petrobras, o Itaú e a Ternium como mantenedores por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e o Grupo PetraGold como patrocinador.
Desde janeiro de 2020, a nova gestão do MAM Rio, liderada pelo Diretor Executivo Fabio Szwarcwald, com o apoio do corpo de conselheiros do MAM e das demais áreas do museu, deu início a um processo de profunda transformação institucional envolvendo novas ideias, novos fluxos de trabalho e novas atitudes. As ações do processo de transformação buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Um movimento de potencialização das ações já realizadas no museu, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca visitaram a instituição.
dezembro 9, 2020
10 anos da Galeria Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
Galeria celebra seu 10º aniversário com exposição a partir do dia 11 de dezembro
Mostra reúne obras dos artistas Célia Euvaldo, Eduardo Sued e Maria-Carmen Perlingeiro, os mesmos que inauguraram o espaço há uma década
Apesar dos desafios, a Mul.ti.plo Espaço Arte completa 10 anos de atividade neste mês de dezembro. Para celebrar a data, a galeria apresenta uma mostra com os artistas que participaram da inauguração do espaço, em 2010: Célia Euvaldo, Eduardo Sued e Maria-Carmen Perlingeiro. Com texto crítico de Paulo Sérgio Duarte, a exposição de aniversário abre em 11 de dezembro e fica em cartaz até 16 de janeiro. Os visitantes serão recebidos de acordo com os protocolos de saúde contra a Covid-19.
A paulista Célia Euvaldo traz seis pinturas em óleo sobre tela, em variados formatos, todas confeccionadas em 2020 e produzidas com seu permanente rigor. Célia é uma das raras artistas que domina a escala de suas pinturas e resolve cada novo trabalho através de um singular embate poético.
O carioca Eduardo Sued, que completou este ano 95 anos de idade e continua em plena atividade, apresenta um panorama de sua produção dos anos 80 até 2020. Dono de uma obra única, notável colorista e um dos maiores artistas brasileiros, Sued exibe nove pinturas.
Carioca radicada em Genebra, na Suíça, com formação na prestigiada École Supérieure d’Art Visuel, Maria-Carmen Perlingeiro apresenta suas translúcidas esculturas em pedra, especialmente o alabastro. Unindo materiais inesperados, Maria-Carmen afirma-se na cena da Arte Contemporânea brasileira bem como mundo afora como uma importante escultora. Nessa exposição, ela reúne um conjunto de objetos flutuantes que parecem negar a gravidade.
De 11 a 18 de dezembro, a Mul.ti.plo receberá os visitantes com um brinde de aniversário, das 14h às 18h, de segunda a sexta; e sábado, das 11h às 14h, sempre seguindo os protocolos exigidos pela saúde pública.
Célia Euvaldo
Nasceu e vive em São Paulo. Começou a expor em meados da década de 1980. Suas primeiras exposições individuais foram na Galeria Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, 1988), no Museu de Arte Contemporânea (São Paulo, 1989) e no Centro Cultural São Paulo (1989). Ainda em 1989 ano ganhou o I Prêmio no Salão Nacional de Artes Plásticas da Funarte. Desde então tem exposto regularmente em mostras individuais e coletivas em galerias e instituições. Participou, notadamente, da 7ª Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador (2001); e da 5ª Bienal do Mercosul (2005). Realizou exposições individuais no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 1995, 1999 e 2015/16), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006), no Centro Cultural Maria Antonia (São Paulo, 2003 e 2010), no Museu de Gravura da Cidade de Curitiba (2011) e no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2013), entre outros. Em 2016, participou da mostra coletiva Cut, Folded, Pressed & Other Actions, na David Zwirner Gallery, em Nova York. Em 2017, realizou exposições individuais no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e Ribeirão Preto; em 2018, na Galeria Raquel Arnaud, em São Paulo; e, em 2020 na Galeria Simões de Assis em Curitiba. Possui obras nas coleções públicas do Museu de Arte do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu do Estado do Pará, Belém; Coleção de Arte da Cidade de São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; e Fundação Cultural, Curitiba.
Links: www.youtube.com/watch?v=leK10nVZ9ew
www.youtube.com/watch?v=ckcHmRdEc6Y
www.youtube.com/watch?v=aXUmdVj7zgg
Eduardo Sued - Rio de Janeiro, RJ, 1925
Pintor, gravador, ilustrador, desenhista, vitralista e professor. Gradua-se na Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro, em 1948. No ano seguinte, estuda desenho e pintura com Henrique Boese (1897-1982). Entre 1950 e 1951, trabalha como desenhista no escritório do arquiteto Oscar Niemeyer (1907). Em 1951, viaja para Paris, onde frequenta as academias La Grande Chaumière e Julian. Retorna ao Rio de Janeiro em 1953 e frequenta o ateliê de Iberê Camargo (1914-1994), tornando-se seu assistente. Leciona desenho e pintura na Escolinha de Arte do Brasil, em 1956, e, no ano seguinte, transfere-se para São Paulo, onde ministra aulas de desenho, pintura e gravura, na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, de 1958 a 1963. Em 1964, volta a morar no Rio de Janeiro. O artista não se vincula a nenhum movimento se mantendo alheio aos debates da época. Sua carreira teve uma breve etapa pautada no figurativismo, mas logo se encaminha para abstração geométrica. Nos anos de 1970, aproxima-se das vertentes construtivas, desenvolvendo sua obra a partir da reflexão acerca de Piet Mondrian (1872-1944) e da Bauhaus. Entre 1974 e 1980, ministra aulas de gravura em metal no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Links: www.youtube.com/watch?v=pBr7l35a7Bg
www.youtube.com/watch?v=Q2TAtccoup4
Maria-Carmen Perlingeiro - Rio de Janeiro, 1952
Estudou na Escola de Belas Artes da UFRJ e formou-se na École Supérieure d’Art Visuel, em Genebra, Suíça. A escultora também estudou em Nova York. Ao visitar o ateliê de Sérgio Camargo, descobriu as possibilidades escultóricas do mármore. No entanto, a matéria prima de sua escolha foi o alabastro da Toscana, que possui uma transparência permeada por manchas e ondas. Na década de 90, ganhou o prêmio do Banco Darier Hentsch & Cie, em Genebra, concorrendo com 249 artistas de todo o mundo. Suas exposições coletivas e individuais levaram suas obras a países como Brasil, França, Suíça e Itália. Participou da 13ª e 14ª edições da Bienal de São Paulo.
Links: www.youtube.com/watch?v=9n-POUdUtTU
maria-carmenperlingeiro.com/?lang=en
www.youtube.com/watch?v=2os3u5sOTxo
Mul.ti.plo Espaço Arte
Inaugurada em 7 de dezembro de 2010, a Mul.ti.plo Espaço Arte tornou-se ao longo do tempo mais do que uma galeria, onde as obras ficam expostas para a apreciação do público. A Mul.ti.plo se tornou ponto de encontro entre artistas, estudiosos, colecionadores e apreciadores da arte contemporânea. Movida pelo desejo constante de oferecer ao público formas diferentes se relacionar com a obra de arte, cada exposição montada é fruto de um trabalho dedicado, cuidadoso e apaixonado, que busca sempre desafiar o olhar do visitante, despertar a reflexão e incentivar a fruição estética. Ao longo de 10 anos, a galeria se consolidou como um espaço que investe no lançamento de edições exclusivas e cultiva preciosidades. Aqui, artistas consagrados e novos talentos oferecem o melhor de sua criação. Com múltiplos, obras em papel, objetos e pinturas, além de projetos especiais, de importantes artistas brasileiros e estrangeiros, a proposta é não só enriquecer coleções já estruturadas, como atrair também não especialistas e despertar novos colecionadores. Em 2017, a galeria expandiu-se para o Vale das Videiras, com a inauguração da A2 + Mul.ti.plo, em Petrópolis. Entre os momentos mais emblemáticos da galeria nesses 10 anos, estão as exposições de Waltercio Caldas (2012), Antonio Dias (2013), Pedro Cabrita Reis (2014), Cildo Meireles (2019), Carlos Vergara e Roberto Magalhães (2019), entre outros. Destacam-se também performances, instalações, mostras e oficinas que expandiram-se para novos espaços e outras manifestações artísticas: Chelpa Ferro (Teatro Tom Jobim, 2012); José Pedro Croft (galeria e terreiro do Paço Imperial, 2015), pintura mural de Célia Euvaldo (Oficina Mul.ti.plo Videiras, 2017), exposição e peça de teatro no centenário de Lygia Clark (Fazenda Cachoeira, 2019, Itaipava), O Real Resiste (intervenção nas ruas do Rio de Janeiro, 2020) etc.
Nove Horizontes na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
A Galeria Mercedes Viegas apresenta a sua última exposição do ano, nove horizontes. Reunindo seis pintoras e três pintores entre seus 26 e 39 anos de idade, a mostra apresenta nove caminhos recém-traçados na pintura contemporânea brasileira. Nove horizontes estará aberta a visitas agendadas entre os dias 10 de dezembro de 2020 e 30 de janeiro de 2021 (no novo endereço no Horto). Telefone para agendamento: 21-96736-5295
A seguir, um trecho do livro “Olhar À Margem”*, de Luiz Camillo Osorio, que serviu de inspiração na concepção de nove horizontes:
" Desde pelo menos a década de 1960, foi se formando um consenso de que experimentação e pintura teriam se divorciado completamente. A pintura teria perdido o 'trem' da história, tornando-se uma prática repetitiva, tradicional e sem surpresas. […]
A arte pop caracterizou-se por uma efetiva inserção das técnicas de reprodução e projeção de imagens no universo das artes visuais. A fotografia, o super-8 e o vídeo tornaram-se meios mais acessíveis. Cada vez mais a captação de imagens através de procedimentos técnicos foi suplantando os processos de figuração produzidos pela ação do homem sobre uma superfície. De que modo o pensamento sobre o visível resiste à forma constituída da imagem e ainda se deixa mobilizar pela força constituinte de um acontecimento pictórico? A experimentação pictórica procurando situar-se no momento precário de constituição da visibilidade, do tornar-se visível.
Mas essa especificidade da experiência visual que requer um olho que vai se formando junto ao tempo do acontecimento pictórico foi sendo negligenciada pelo ritmo vertiginoso das imagens tecnológicas. A questão é menos de recuo a um olho contemplativo e mais de uma pergunta sobre o que de fato se pretende ver no ritmo frenético e inflacionado de imagens. Como resguardar um vinculo entre o olho e o espírito se não há retenção, sedimentação, decantação? Ainda faz sentido no mundo atual a reivindicação de um olho que pensa? Como seria esse pensamento? Não se trata de negar os novos meios tecnológicos de produção da imagem, mas de podermos pensar o visível para além deles, de sua imediatez e sedução. […]
A pintura é uma reserva diante da manipulação desenfreada das coisas. Um dar-se do mundo para o olho, que também o produz, assim como um dar-se da verdade ao pensamento, que também a inventa. Sem nostalgia de nenhuma ordem, a dimensão experimental da pintura é a perseverança de uma espera criativa."
*OSORIO, Luiz Camillo. Olhar À Margem. São Paulo: SESI SP Editora, 2016, pp. 129 - 133.
Joan Jonas: Cinco Décadas na Pinacoteca, São Paulo
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, apresenta Joan Jonas: Cinco Décadas, primeira exposição individual na América do Sul da pioneira da videoarte e da performance, Joan Jonas. Com curadoria de Berta Sichel, os trabalhos poderão ser vistos nas salas de exposição do 4° andar da Estação Pinacoteca. A mostra é uma co-realização com Phi Projetos e faz parte da rede de colaborações da 34ª Bienal de São Paulo, ficando em cartaz até 8 de fevereiro de 2021.
Em 10 de dezembro, quinta-feira, às 17h, acontece uma conversa online entre a artista Joan Jonas, a curadora Berta Sichel e o diretor da Pinacoteca Jochen Volz, com transmissão pelo Canal do YouTube da Pinacoteca.
A exposição é formada por 11 obras, dentre elas três instalações de grande escala: Volcano Saga [A saga do vulcão] (1985-89-94-2011), originalmente apresentada ao vivo com a narração da artista, e hoje transformada em videoinstalação, baseia-se em um conto islandês sobre uma mulher chamada Gudrun, que tem sonhos misteriosos e precisa dos serviços de alguém que preveja o futuro, como um oráculo. A história se passa sobreposta à imagens de paisagens sobrenaturais da Islândia.
Stream or River, Flight or Pattern [Riacho ou rio, voo ou padrão] (2016-17) é uma instalação multimídia que foi produzida durante um workshop que Joan ministrou junto com outros artistas convidados na Espanha. O trabalho foi apresentado pela primeira vez na Fundación Botín. Durante o curso, ela explorou a vegetação da região da Cantábria, no norte da Espanha, onde encontrou árvores que despertaram seu interesse, entre elas castanheiras centenárias, que aparecem no vídeo. Usou papel de parede, pela primeira vez em seu trabalho, para reproduzir uma floresta habitada por pássaros, propondo uma reflexão sobre os danos causados ao meio ambiente, exibindo o que poderia ser uma paisagem natural atual, se a conservação dos recursos naturais acontecesse de fato.
Por último, Moving Off the Land II [Saindo da terra II] (2019/2020), apresentado pela primeira vez em Veneza no ano passado, também se volta à natureza ao mostrar a realidade dos ambientes marinhos. Resultado de três anos de pesquisa em aquários de todo o mundo e encomendado pela TBA21 – Academy, (instituição que fomenta iniciativas artísticas, pesquisas, expedições voltadas aos oceanos), a instalação inclui vídeo, escultura, desenho e som mostrando a importância ecológica e espiritual que os oceanos representam para as diversas culturas.
“A arte de Joan Jonas é fundamental para o desenvolvimento de muitos gêneros artísticos contemporâneos, como performance, vídeo, arte conceitual e crossovers para teatro e dança. Ela tem influenciado gerações de artistas e há muito se faz necessário apresentar seu trabalho em profundidade ao público brasileiro”, afirma Jochen Volz, diretor-geral da Pinacoteca.
Joan Jonas: Cinco Décadas terá uma seleção de vídeos com algumas performances mais importantes realizadas pela artista em sua carreira, como Organic Honey’s Visual Telepathy [A telepatia visual de Organic Honey] (1972), Mirage [Miragem] (1976) e Double Lunar Dogs.
A exposição ainda apresenta a série I Know Why They Left (2019), que consiste em desenhos pequenos, leves e vibrantes feitos a partir de fotografias suas registrando as representações de animais do acervo do Gardner Museum, em Boston, e Kites (2018), uma instalação com 15 pipas feitas à mão em papel, tinta e madeira.
Joan Jonas: Cinco Décadas tem patrocínio do Credit Suisse e a data de abertura para visitação ainda será definida.
Catálogo
A exposição é acompanhada de um catálogo bilíngue, português e inglês, com apresentação de Jochen Volz, texto crítico da curadora Berta Sichel e um ensaio inédito do artista conceitual americano Robin Winters. Contará também com a republicação de três textos, traduzidos para o português pela primeira vez, sendo uma entrevista feita por Andrea Lissoni, Julienne Lorz e João Ribas com a artista por ocasião da retrospectiva de Joan Jonas na Tate Modern de Londres e ensaios de Marina Warner e Gregory Volk. A publicação também inclui reproduções fotográficas e frames de vídeos das mais importantes obras da carreira de Joan Jonas.
Joan Jonas
Joan Jonas nasceu em 1936, em Nova Iorque, nos Estado Unidos, onde vive e trabalha. Considerada uma das artistas de maior prestígio da sua geração, desde os anos 70 é reconhecida por seu trabalho com performances, instalações, vídeos, esculturas, desenhos e por sua intensa colaboração com músicos e bailarinos.
A artista é formada em história da arte e escultura, estudou na Escola do Museu de Belas Artes de Boston (School of the Museum of Fine Arts) e também completou mestrado em escultura na Universidade da Columbia (Columbia University). Jonas ensina no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desde 1998, onde é professora emérita no Programa de Arte, Cultura e tecnologia. Dentre as premiações, destaca-se o Anonymous Was A Woman Award, programa de incentivo a mulheres com mais de 40 anos na arte, que tem como objetivo combater o sexismo no setor; o Grants to Artists da Fundação Contemporânea de Artes FCA (Foundation for Contemporary Arts), o Kyoto, principal prêmio privado no Japão para realizações em âmbito global nas áreas de tecnologia avançada, ciências fundamentais e artes e filosofia, o Maya Deren Award para vídeos e filmes de artistas independentes do Instituto do Filme Americano AFI (American Film Institute).
A arte de Joan já foi apresentada em museus de todo o mundo com passagens pela Alemanha, Canadá, Nova Zelândia, Estado Unidos, Holanda, na Bienal de Veneza, Portugal, Espanha, Itália, Austrália, Japão e Suíça.
Bolsa de Arte comemora seus 40 anos com exposições e livro
A mostra “Avante” acontece simultaneamente nas sedes de Porto Alegre e São Paulo
A Galeria Bolsa de Arte celebra seus 40 anos de atuação com duas exposições simultâneas em suas sedes de Porto Alegre (1º de dezembro de 2020 a 12 de fevereiro de 2021) e São Paulo (10 de dezembro de 2020 a 12 de fevereiro de 2021) e lança um livro sobre a trajetória e o pioneirismo da galeria nesses 40 anos dedicados a impulsionar e consolidar o mercado de arte no Brasil.
A comemoração é marcada pelo lançamento de um livro amplamente ilustrado narrando sua trajetória, além de contar com depoimentos de 50 nomes importantes para a galeria: artistas, curadores e outros agentes que acompanharam sua atuação pioneira desde os anos oitenta. A edição bilíngue tem 160 páginas e teve coordenação editorial e pesquisa de Henrique Menezes, que também assina a curadoria das exposições.
A galeria representa hoje 39 artistas, contando com nomes fundamentais da arte contemporânea nacional, como Nelson Leirner, Carlos Vergara, Regina Silveira, Hugo França, Carlos Pasquetti, José Bechara, Saint Clair Cemin e Maria Tomaselli — em uma lista exaltando as relações mais longevas. Em quatro décadas, foram muitos os artistas que também passaram pela Bolsa de Arte: Wesley Duke Lee, Rubens Gerchman, Bruno Giorgi, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Mário Cravo Neto, Gilvan Samico, Antonio Henrique Amaral, Daniel Senise, Angelo Venosa, Karin Lambrecht e Alex Flemming são alguns dos que estiveram à frente de exposições na galeria.
Artistas participantes das mostras
Amélia Brandelli, Ananda Kuhn, Andre Lichtenberg, André Severo, Begonã Egurbide, Carlos Pasquetti, Carlos Vergara, Christiana Carvalho, Clovis Dariano, Cristiana Canale, Desenhomatic LTDA, Eduardo Haesbaert, Elida Tessler, Fabio Cardoso, Fabio Zimbres, Francisco Faria, Gelson Radaelli, Hugo França, Jeanete Musatti, José Bechara, Leopoldo Plentz, Luiz Carlos Felizardo, Luiz Felkl, Luzia Simons, Marcos Chaves, Maria Tomaselli, Marilice Corona, Nara Amelia, Nelson Leirner, Patrício Farías, Regina Silveira, Saint Clair Cemin, Teresa Poester, Tom Fecht, Valdir Cruz, Vera Chaves Barcellos, Kadalu Tupã Jekupé, Zed Nesti.
dezembro 8, 2020
Plataforma Extrato faz mapeamento interativo da produção pernambucana de artes visuais
Projeto alinha-se à tendência internacional de art techs, em que startups vem gerando redes disruptivas entre artistas, curadores, colecionadores e investidores
Um mapeamento interativo da produção pernambucana de artes visuais, feito a partir de um exercício de curadoria coletiva. A partir dessa proposta, acaba de ser lançada a plataforma Extrato (https://extrato.art/), iniciativa de base tecnológica em que artistas podem criar e atualizar seus portfólios, compartilhar trabalhos, biografias e links da sua produção artística e publicar textos e eventos no campo da arte.
Um happening de lançamento acontece no dia 10 de dezembro, quinta-feira, às 20h. No encontro virtual que acontece dentro da própria plataforma, um vídeo chat promoverá a navegação e conversa entre equipe, artistas e público.
A inovação foi criada e produzida por um time que conta com a artista visual Isabela Stampanoni, o web designer Diogo Andrade e o arte-educador Hassan Santos. O nome Extrato remete ao conceito de concentrar, reunir e listar informações a fim de propiciar pesquisa, discussão e difusão da arte. "É um espaço de convergência para que artistas compartilhem entre si e com o público suas narrativas e poéticas diversas", observa Isabela Stampanoni.
Selecionado para fomento pelo edital Funcultura Geral (2017/2018), o projeto nasceu para suprir a ausência de um espaço virtual que concentrasse essas informações. "A maior parte do conteúdo relativo à produção contemporânea de artes visuais está nas mídias sociais, fragmentados em ilhas não indexadas por buscadores como o Google, o que dificulta a disseminação", observa Diogo Andrade.
No processo de curadoria coletiva, artistas são convidados a experimentar os recursos disponíveis na plataforma e podem convidar outros artistas, compartilhando convite/senha que permitem cadastramento gratuito. O conteúdo é aberto ao público, para que se dissemine via sistemas de busca e funcione como espaço de fruição e pesquisa, gerando conexões organicamente.
Apesar de ter sido concebido sem fins comerciais, o Extrato já revela potencial para alinhar-se à tendência internacional de art techs, em que startups têm se dedicado à formação de redes disruptivas, gerando pontes entre artistas e demais atores do mercado, como curadores, colecionadores e investidores.
"Estamos abrindo uma nova janela, não prevista no projeto inicial: a possibilidade de ofertar obras à venda via da plataforma. O artista poderá escolher se deseja lidar diretamente com o interessado na compra ou se prefere o intermédio da equipe do Extrato para negociar. Ainda em desenvolvimento.", comenta Diogo Andrade.
Usufruindo do alcance global da internet a estratégia de divulgação do projeto irá oferecer a arte pernambucana para além das fronteiras do estado e do país. Uma campanha online pretende atingir o público de cidades do Brasil e de capitais internacionais: Nova Iorque, Milão, Tóquio, Ottawa, Paris e Berlim.
Na Espera: Produção no isolamento na Nara Roesler, São Paulo
Na Espera: Produção no isolamento reúne trabalhos desenvolvidos na quarentena por artistas representados por Nara Roesler. O debate sobre a reclusão traz à tona posições tradicionalmente opostas: muitos a consideram um inconveniente e a principal causa de ansiedade, outros acreditam que a condição proporciona uma perspectiva inigualável. Como escreveu a poeta e escritora Tishani Doshi: “A solidão tudo exagera – beleza, perigo, terror, calma. A solidão é, de fato, uma busca por intimidade, uma busca por nós mesmos.” A exposição surge da difícil tarefa de apresentar obras que emergem como uma miríade de respostas a essa situação, circunscrevendo-as em um critério temporal ou contextual sem impor nem expectativas, nem preconceitos a sua recepção, ao mesmo tempo em que se evita um mero recorte cronológico.
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Busca-se evitar um tom dominante, seja de positividade, esperança, sofrimento ou melancolia, pois essa atitude viria a se contrapor a um dos aspectos mais intrigantes da produção artística desta época: a de como cada indivíduo passou a se envolver, lidar e responder às circunstâncias únicas que se abateram sobre nós. Na Espera: Produção no isolamento é um exercício de abordagem de trabalhos surgidos em decorrência do prolongado período de distanciamento social obrigatório durante a pandemia que, mesmo sob diferentes formas, partilham uma característica comum justamente por terem surgido das particularidades instauradas nos últimos meses. A mostra busca apresentar a natureza multifacetada dessa experiência recente, evocando sua monotonia, solidão, isolamento, assim como o modo em que levou artistas a sonhar com espaços abertos, a olhar para si mesmos, seus tetos e pisos, e a revisitar trabalhos abandonados há muito tempo.
Em Na Espera: Produção no isolamento, três abordagens abrangentes se delineiam de modo determinante em meio à variedade de práticas e experiências na quarentena. A primeira refere-se ao processo de olhar para dentro. Nesse sentido, Fabio Miguez nos fala da preguiça, do tédio, da ociosidade, por meio das quais olhava para o interior de seu ateliê, passando a investigar as padronagens do tapete, assim como sua inerente banalidade. As fotografias de Laura Vinci são instantâneos de ervas secando em sua própria cozinha, uma espécie de natureza-morta improvisada no espaço escuro, calmo e silencioso da solidão. Já os 120 dias de Marco Chaves são, como prenuncia o título, resultado de 120 dias de isolamento, durante os quais o artista produziu uma fotografia por dia, captando tanto o interior da sua casa, como o exterior visto de dentro, criando uma série que incorpora a cadência da quarentena, a quietude que convoca a atenção para os mínimos detalhes do nosso entorno, trazendo à tona o ordinário que, muitas vezes, passa despercebido.
O segundo modo de reação provém do desejo pelo ar livre, ou talvez, de modo mais amplo, pela liberdade. O Jardim, de Maria Klabin, por exemplo, é uma pintura de uma paisagem onírica em grande escala, que parece habitar o limite entre consolidação e a dissolução, incorporando os sentimentos de hesitação e incerteza na espera por tempos melhores. Vik Muniz especulou sobre um lugar que transcende o contexto físico e geográfico, sendo capaz de existir temporariamente – e com exclusividade – na memória de alguém, ao evocar a mente como espaço a ser explorado livremente quando nos encontramos fisicamente restritos.
Por outro lado, o isolamento, a impossibilidade de troca com o exterior, desencadeou o desejo de olhar novamente para aquilo que já se possuía, assim como de mergulhar mais fundo e intensamente em trabalhos pré-existentes. Imbuída de uma nova perspectiva, Virginia de Medeiros retornou aos seus arquivos antigos, o que lhe permitiu completar uma série não finalizada. Brígida Baltar encontrou novas formas de trabalhar com os icônicos tijolos extraídos das paredes de sua casa na década de 1990, criando, com o material, uma série de esculturas de seios, que, em sua individualidade, captam a diversidade das experiências femininas ao mesmo tempo em que oferecem um reflexão sobre seus possíveis significados durante esse tempo, sem desvencilhar-se da própria biografia da artista.
Em última análise, Na Espera: Produção no isolamento traz a oportunidade de mergulhar em variadas experiências de reclusão, identificando como a natureza sem precedentes das circunstâncias deste ano moldou a comunidade artística da Galeria Nara Roesler. Talvez, diante desse cenário inusitado, a mostra seja capaz de apresentar uma combinação de propostas artísticas tão variadas entre si, propondo diálogos entre artistas que nunca ou raramente foram mostrados lado a lado; mas cuja justaposição, à luz da pandemia, passou a fazer sentido. Suas obras se unem pela experiência compartilhada mas infinitamente diversa de 2020, oferecendo uma reflexão sobre as múltiplas compreensões, internalizações e expressões, assim como as consequências do cotidiano moldado por esse ano.
Lista completa de artistas
Brígida Baltar, Cao Guimarães, Daniel Senise, Fabio Miguez, Karin Lambrecht, Laura Vinci, Lucia Koch, Marcelo Silveira, Marco Chaves, Maria Klabin, Milton Machado, Paulo Bruscky, Raul Mourão, Rodolpho Parigi, Sérgio Sister, Vik Muniz e Virginia de Medeiros
In Waiting: Works Produced in Isolation brings together a selection of works produced during isolation by various artists represented by Nara Roesler—thoughts about seclusion have traditionally been in opposition, many have considered it to be an inconvenience and cause for anxiety, while others believe the condition allows for one to achieve unequaled perspective—ultimately, as poet and author Tishani Doshi wrote 'Solitude exaggerates everything—beauty, danger, terror, calm. Solitude is in effect, a search for intimacy, a search for ourselves.' The result is a myriad of responses and with this, the exhibition comes as a result of undertaking the difficult task of presenting works according to a time or situational criteria, without imposing a certain expectation or preconception in the type of reaction one seeks to showcase, while also seeking to avoid a mere chronological cutout. One does not want to define a tone of either positivity, hope, suffering, or melancholy, as this would go against perhaps the most intriguing aspect of the artistic production of this time, that is how every individual has come to engage, deal and respond to the unique circumstances that have befallen us. In Waiting: Works Produced in Isolation is an exercise in presenting works that came about due to the prolonged period of mandatory isolation during the pandemic, in whatever form, but that share a common characteristic in having emerged due to the particularities of the past few months. The exhibition works to present the multi-faceted nature of the recent experience, it evokes its monotony, its solitude, its insulation, and how it encouraged some to dream of wide-open spaces, some to stare at themselves, their ceilings or floors, and others to revisit long lost work.
Amidst the wide variety of practices of and engagements with the quarantine, it is interesting to note that there seems to have been three overarching approaches within In Waiting: Works Produced in Isolation. The first takes shape in a process of looking inwards. In this sense, Fabio Miguez speaks of a feeling of laziness, of boredom, of idleness, whereby he stared into the interior of his studio and began experimenting with the patterns and physicality of his carpet, and its inherent banality. Laura Vinci's photographs are snaps of drying herbs in her own kitchen—like an impromptu still life—in a dark, lull, and silent space of solitude. While Marco Chaves's 120 Dias [120 days] is the result of one-hundred-twenty days in isolation, during which the artist produced one photograph per day capturing the interior of his home, as well as the exterior seen from the inside, creating a series that embodies the cadence of the quarantine, and the stillness that draws attention to the minute details of our surroundings, bringing into focus the often unperceived ordinary. The second form of reaction stems from a longing for the outdoors—or perhaps more widely for freedom—for example, Maria Klabin's Jardim [Garden] is a large-scale painting of an oneiric landscape appearing to be on the verge of either consolidating or dissolving, embodying the sentiment of waver and uncertainty embedded in the process of waiting for better times. Vik Muniz reflected upon a place that transcends physical or geographical context, but rather is able to temporarily exist exclusively in someone’s memory, evoking the mind as a place to explore freely, when one is physically restricted. Alternatively, isolation, or the lack of exchange with the external, triggered in others a desire to look back into what they already had, and delve deeper and more intensely into pre-existing bodies of works. Notably, Virginia de Medeiros returned to earlier, unfinished archives with a new perspective, allowing her to complete a series she had previously been unable to. Brígida Baltar found new ways of engaging with her iconic house bricks, extracted from the walls of her home in the 1990s, in a series of brick sculptures of breasts, which in their individuality capture the diversity of the female experience, and offer a reflection not only on the artist's own biography, but also on its significance during this time.
Ultimately, In Waiting: Works Produced in Isolation brings an opportunity to delve into the different experiences of seclusion, and how the unprecedented nature of this year's circumstances molded practices within Nara Roesler's artistic community. Perhaps, in view of such an unusual scenario, the exhibition presents an unusual combination as well, proposing dialogues between artists that have never or have rarely been shown side by side; but, whose juxtaposition, in light of the pandemic, come to make sense. Their works unite under the common, yet infinitely diverse experience of 2020, offering a reflection on the multi-faceted understandings, internalizations, and expressions of the year's day-to-day and its consequences.
Complete list of artists
Brígida Baltar, Cao Guimarães, Daniel Senise, Fabio Miguez, Karin Lambrecht, Laura Vinci, Lucia Koch, Marcelo Silveira, Marco Chaves, Maria Klabin, Milton Machado, Paulo Bruscky, Raul Mourão, Rodolpho Parigi, Sérgio Sister, Vik Muniz e Virginia de Medeiros
Lançamento do livro sobre Rubens Gerchman e a experiência pedagógica na EAV Parque Lage
Em parceria com o Instituto Rubens Gerchman, EAV Parque Lage sedia lançamento do primeiro livro acerca do projeto pedagógico-artístico de seu fundador e gestor, nos anos 1970
Documentário ‘Rubens Gerchman – Com a demissão no bolso’ será exibido durante o lançamento presencial
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), em parceria com o Instituto Rubens Gerchman (IRG), apresenta o lançamento do livro “Espaço de Emergência, Espaço de Resistência – Escola de Artes Visuais do Parque Lage 1975/1979, uma experiência radical e coletiva idealizada e dirigida por Rubens Gerchman”. A publicação - com organização de Clara Gerchman, Isabella Rosado Nunes e Sergio Cohn, da editora Azougue – aborda o projeto pedagógico-artístico de Rubens Gerchman (1942-2008), fundador e gestor da EAV Parque Lage, nos anos 1970.
“Espaço de Emergência, Espaço de Resistência” é a primeira publicação a reunir a trajetória da EAV Parque Lage. O livro destaca o período em que Gerchman criou e esteve à frente da instituição, a partir de falas do artista, além de documentos, cartas, recortes de jornal, material gráfico e depoimentos. Os princípios e práticas pedagógicas da escola, que se consolidou como um espaço de liberdade e cruzamento de meios e disciplinas, são apresentados em textos de jornalistas, críticos e curadores. Na publicação, o leitor tem acesso a histórias coletivas contadas por artistas e profissionais que fizeram parte da EAV, e conhece o pensamento de Gerchman como “artista–educador”.
No sábado, 12 de dezembro, durante o lançamento, a EAV vai exibir publicamente o documentário “Rubens Gerchman – Com a demissão no bolso”, de Bernardo Pinheiro Motta e Pedro Rossi. O filme, de 40 minutos, reúne depoimentos de amigos e parceiros do artista, como Helio Eichbauer, Heloisa Buarque de Hollanda, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Sérgio Santeiro, Xico Chaves, Rosa Magalhães, Frederico Moraes, Luiz Ernesto, Jards Macalé, Bernardo Vilhena e Walter Carvalho.
Um debate on-line com os organizadores e autores do livro, às 15h do dia 9 de dezembro, precede o lançamento presencial marcado para o dia 12 de dezembro de 2020, às 15h, no Salão Nobre do palacete do Parque Lage, respeitando todos os protocolos sanitários e exigências de prevenção à Covid-19. O debate, com transmissão ao vivo pelo YouTube da EAV, contará com autores do livro: Suzana Velasco (BRA), Evandro Salles (BRA), Claudia Calirman (BRA), a autora e organizadora Isabella Rosado Nunes (BRA), a organizadora Clara Gerchman (BRA) e também a diretora da EAV Parque Lage, Yole Mendonça (BRA). A mediação é de Ulisses Carrilho, curador da escola.
O lançamento da publicação é o quinto e último ciclo do seminário “Emergência e Resistência – Pedagogias Radicais”, uma série de cinco encontros remotos gratuitos sobre pedagogias experimentais no ensino das artes. A primeira mesa ocorreu no dia 16 de setembro, com troca de investigações sobre as pedagogias no contexto da América Latina. A programação prosseguiu em outubro e novembro focando nas experiências regionais dentro do Brasil e Rio de Janeiro, abordando a Escola de Artes Visuais enquanto projeto de artista.
O artista e ex-diretor da EAV, Xico Chaves, que foi também professor e instigador da instituição desde os tempos do Gerchman, fará uma participação no dia 12, às 16h, com a ativação “Memorial - Poema".
Uma curadoria especial selecionou documentos de arquivos do projeto Memória Lage e do Instituto Rubens Gerchman, que seguem disponíveis no Tumblr, além de registros dos encontros anteriores e reflexões críticas elaboradas pela coletiva de pesquisa curatorial NaPupila.
A concepção e organização do seminário é da EAV Parque Lage em parceria com o Instituto Rubens Gerchman e Isabella Rosado Nunes. O livro é uma realização do Instituto Rubens Gerchman (IRG), da ArtEdu Stiftung e da Azougue Editorial, com organização de Clara Gerchman, Isabella Rosado Nunes e Sergio Cohn.
Sobre o livro
Em 2007, Rubens Gerchman pediu à filha Verônica que gravasse depoimentos seus sobre a fundação da EAV Parque Lage, assim como sobre o pensamento pedagógico em que baseou o desenvolvimento das atividades, idealizadas de forma coletiva com seus parceiros artistas e professores.
“Espaço de Emergência, Espaço de Resistência” é a primeira publicação a reunir a trajetória da EAV. O livro destaca o período em que Gerchman criou e esteve à frente da instituição, a partir de falas do artista, além de documentos, cartas, recortes de jornal, material gráfico e depoimentos. Os princípios e as práticas pedagógicas da instituição, que se consolidou como espaço de liberdade e cruzamento de meios e disciplinas, são apresentados em textos de jornalistas, críticos e curadores.
O livro, uma imersão na EAV da segunda metade da década de 1970, apresenta o pensamento de Gerchman como “artista-educador” e revela histórias coletivas contadas por profissionais e artistas que fizeram parte da instituição. Composto por ensaios inéditos de Isabella Rosado Nunes, da jornalista Suzana Velasco, da curadora e escritora Claudia Calirman, além de uma entrevista com o curador Evandro Salles, a publicação reúne ainda a edição de 22 entrevistas com profissionais que participaram da criação da tradicional escola.
O livro é uma realização do Instituto Rubens Gerchman (IRG), da ArtEdu Stiftung e da Editora Azougue. Um registro histórico que faltava sobre uma iniciativa de alta relevância no cenário da arte e da educação no Brasil.
Sobre o documentário
Em seus últimos três meses de vida, o artista Rubens Gerchman pediu à filha Verônica que gravasse em vídeo depoimentos dele sobre seu período à frente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Esses registros, inéditos, foram o ponto de partida para o documentário feito especialmente para a exposição “Rubens Gerchman – Com a demissão no bolso”, na Casa Daros, em 2014.
Bernardo Pinheiro Motta e Pedro Rossi, diretores do filme de 40 minutos, com produção da Zohar, inseriram imagens da época e colheram depoimentos de amigos e parceiros do artista, como Helio Eichbauer, Heloisa Buarque de Hollanda, Carlos Vergara, Roberto Magalhães, Sérgio Santeiro, Xico Chaves, Rosa Magalhães, Frederico Moraes, Luiz Ernesto, Jards Macalé, Bernardo Vilhena e Walter Carvalho.
Através do filme, resgata-se o pensamento do artista, sua formação, seu período em Nova York, sua participação no movimento Nova Figuração, a arte conceitual e reflexiva, e a prática da EAV Parque Lage como um exercício de liberdade, de cruzamento de meios e disciplinas, a ideia radical de “nunca fechar”, e um local em ebulição, onde chegaram a funcionar 40 oficinas simultaneamente.
O documentário reúne trechos de vários filmes, cedidos por seus realizadores, como os curtas-metragens “Triunfo hermético”(1972, 35 mm), de Rubens Gerchman; “VereOuvir” (1967), de Antonio Carlos Fontoura, sobre Gerchman, Roberto Magalhães (1940) e Antonio Dias (1944); “Arte Pública” (1967), de Jorge Sirito e Paulo Martins; “Noite acesa”, de Luiz Alphonsus (1976, Super 8), sobre o lançamento da antologia "26 Poetas Hoje", no Parque Lage; “Morto no exílio” (1979), drama sobre o martírio de Frei Tito (1945-1974), com Nelson Xavier, feito pelos alunos do cineasta Sérgio Santeiro em sua oficina na EAV (roteiro e direção: Daniel Caetano e Micheline Bondi, e fotografia: Fernando Duarte); e “Uirapuru” (1976, Super 8), de Neide Dias de Sá, registro do happening de Helio Eichbauer no Parque Lage, a partir do poema sinfônico de Villa-Lobos.
Sobre Rubens Gerchman
Rubens Gerchman nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1942. Estudou desenho no Liceu de Artes e Ofícios do RJ e cursou a Escola de Belas Artes em 1962. Participou de importantes exposições, como Opinião 65 e Nova Objetividade Brasileira. Em 1967, assinou a Declaração de princípios básicos da vanguarda. Foi um dos editores da revista Malasartes (1975-1976). Entre 1975 e 1979, assumiu a direção do antigo Instituto de Belas Artes na Escola de Artes Visuais, ao qual transformou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É considerado um dos maiores artistas visuais da sua geração. Faleceu em 29 de janeiro de 2008.
Sobre a EAV Parque Lage
A Escola de Artes Visuais foi criada em 1975, pelo artista Rubens Gerchman, para substituir o Instituto de Belas Artes (IBA). Seu surgimento acontece em plena Guerra Fria na América Latina, durante o período de forte censura e repressão militar no Brasil. A EAV afirma-se historicamente por seu caráter de vanguarda, como marco da não conformidade às fronteiras e categorias, e propõe regularmente perguntas à sociedade por meio da valorização do pensamento artístico.
Alguns exemplos marcantes da história do Parque Lage são a utilização do palacete como sede do governo da cidade de Alecrim em Terra em Transe, dirigido por Glauber Rocha em 1967; e a exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, que reuniu 123 jovens artistas de diferentes tendências numa mostra que celebrava a liberdade e o fim do regime militar. O palacete em estilo eclético também palco de “Sonhos de uma noite de verão”, clássico shakespeariano, e serviu como locação para Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade.
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage está voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, com ênfase em seus aspectos interdisciplinares e transversais. Abrange também outros campos de expressão artística (música, dança, cinema, teatro), assim como a literária, vistos em suas relações com a visualidade. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais.
A EAV Parque Lage configura-se como centro educacional aberto de formação de artistas e profissionais do campo da arte contemporânea. Como referência nacional, com uma consistente imagem no meio da arte, a EAV busca criar mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitam um diálogo produtivo com a cidade e com o circuito de arte nacional e internacional. A instituição integra a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado do Rio de Janeiro.
Ficha técnica
“Espaço de Emergência, Espaço de Resistência – Escola de Artes Visuais do Parque Lage 1975/1979, uma experiência radical e coletiva idealizada e dirigida por Rubens Gerchman”
Organização: Clara Gerchman, Isabella Rosado Nunes e Sergio Cohn
Editora: Azougue
Preço: R$ 48
Para comprar: o livro estará à venda na EAV Parque Lage ou através do Instagram @local_amigoeav
Programação
Lançamento: sábado, dia 12 de dezembro de 2020, às 15h, no Salão Nobre
Debate on-line: quarta-feira, dia 9 de dezembro, das 15h às 17h
Link: Canal do Youtube da EAV
Escola de Arte Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Rio de Janeiro, RJ
Fotografia Modernista Brasileira, da Coleção Itaú Cultural, abre na plataforma Google Arts & Culture
Com curadoria do Núcleo de Artes Visuais e organização do Núcleo de Acervo da organização, este recorte da Coleção Itaú Cultural apresenta nomes do movimento, como Geraldo de Barros, German Lorca e Gertrudes Altschul, com destaque para a produção do histórico Foto Cine Clube Bandeirante, criado em 1939. O Google Arts & Culture, plataforma onde a mostra permanecerá exposta por tempo indeterminado, permite uma navegação fluida e recursos para acessar entrevistas, vídeos educativos com interpretação em Libras, zoom dinâmico e links para os verbetes sobre esses artistas na Enciclopédia Itaú Cultural de arte brasileira
No dia 8 de dezembro, terça-feira, às 9h, o Itaú Cultural, abre na plataforma Google Arts & Culture a exposição virtual Fotografia Modernista Brasileira, com um recorte de 70 obras assinadas por 25 artistas. Elas integram a Coleção Itaú Cultural, que reúne, no total, 160 fotografias, de 38 artistas, deste segmento. A curadoria é do Núcleo de Artes Visuais e a organização, do Núcleo de Acervo do instituto. As imagens reunidas nessa mostra virtual destacam os trabalhos realizados entre as décadas de 1940 e 1970 e reforçam a ruptura formal, promovida pelo modernismo fotográfico, com as normas tradicionais apresentadas até então.
As obras escolhidas para a exposição refletem o olhar de fotógrafos e fotógrafas. Apresenta com destaque obras de mulheres, como Palmira Giró e Alice Kanji, que integraram o departamento feminino do Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB), quase uma década após sua fundação. Entre eles e elas, o conjunto de artistas mudou conceitos ao observar as grandes cidades e as transformações do espaço urbano brasileiro, ilustrando a coerência do discurso estético difundido em seus encontros e rede de contatos.
Fotografia Modernista Brasileira é dividida em sete eixos de apresentação. O primeiro, chamado O Foto Cine Clube Bandeirante, traz um panorama das convenções ali criadas. Na sequência, em Dos Fotoclubes aos Museus, o foco passa a ser a produção fotográfica realizada entre as décadas de 1940 e 1950, destacando fotógrafos que já não eram tão influenciados pelo pictorialismo e buscavam a construção de uma nova linguagem, como é o caso de Geraldo de Barros e German Lorca.
Mulheres no Foto Cine Clube Bandeirante, retrata o ingresso das fotografas no clube paulistano de fotografia, trazendo nomes como Dulce Carneiro, Gertrudes Altschul, Palmira Giró e Alice Kanji. O eixo Estética Modernista trata da forte influência que sofreu a fotografia moderna brasileira dos movimentos de vanguarda da Europa e dos Estados Unidos, com destaque para obras do Grupo Ruptura. O quarto eixo, Formas, contém obras que ressaltam a ruptura estética proposta pelo movimento de artistas modernistas no campo da fotografia. Seu sucessor, Primor da Técnica, vai no mesmo embalo e exacerba a experimentação de técnicas e materiais, que é uma forte característica da produção fotoclubista. Do Objetivo à Subjetividade mostra as cidades, temas e sujeitos que influenciaram os fotógrafos.
Fotógrafos participantes
Ademar Manarini, Alice Assis Kanji, André Carneiro, Chakib Jabôr, Délcio Capistrano, Dulce Carneiro, Eduardo Enfeldt, Eduardo Salvatore, Francisco Albuquerque, Gaspar Gasparian, Georges Radó, Geraldo de Barros, German Lorca, Gertrudes Altschul, Gunter E.G. Schroeder, José Oiticica Filho, José Yalenti, Marcel Giró, Mario Fiori, Osmar Peçanha, Palmira Giró, Paulo Pires, Rubens Teixeira Scavone, Thomaz Farkas, Tufi Kanji
Sobre a navegação
Esta exposição virtual apresenta, além de fotografias e textos, conteúdos diferenciados sobre a coleção. A navegação é fluida e com a ferramenta zoom dinâmico, o espectador pode aproximar a imagem e observá-la em detalhes, podendo, muitas vezes, perceber as intervenções manuais realizadas por alguns artistas em suas obras, como fez Geraldo de Barros, por exemplo.
Também estão presentes links para os verbetes dos artistas na Enciclopédia Itaú Cultural, entrevistas em vídeo com os artistas, bem como vídeos educativos em Libras, legendas comentadas das obras e algumas curiosidades. Em uma das seções da exposição, destinada à presença dos artistas no Foto Cine Clube Bandeirante, o público pode navegar no verso de algumas imagens originais, visualizando a assinatura dos artistas, os selos e os carimbos de salões e festivais de arte pelos quais as imagens circularam no Brasil e no exterior.
Exposição virtual - Fotografia Modernista Brasileira, na Coleção Itaú Cultural
Na plataforma Google Arts & Culture
Abertura: 8 de dezembro, às 9h, com permanência na plataforma por tempo indeterminado
Acesso gratuito em https://artsandculture.google.com/exhibit/fotografia-modernista-brasileira/3gJSVcF9SyfOKg
dezembro 4, 2020
Canal Contemporâneo faz 20 anos por Patricia Canetti
Canal Contemporâneo faz 20 anos
Participei da Documenta 12 em duas ocasiões distintas: em junho, para a abertura da mostra, e em julho, para participar com o Canal Contemporâneo do programa Palestras no Almoço do Projeto Magazines. Cada visita foi marcada por uma imagem da Friedrich Platz, a praça principal de Kassel, em torno da qual ocorre a Documenta. Em junho, a praça estava vazia, seus canteiros de flores cheios de terra seca, chamuscada pelo calor então intenso, um solo em que era difícil imaginar a instalação da artista croata Sanja Iveković, “Poppy Field” [1]. Na segunda visita, desci do bonde na praça e, quando levantei a cabeça, encontrei um mar de papoulas vermelhas irradiando ao sol do final da tarde. Simplesmente glorioso. Esse contraste entre as imagens de junho e julho da Friedrich Platz é uma espécie de alegoria para os sentimentos contraditórios despertados pela Documenta 12 e seu Projeto Magazines [2]. [3]
“Parece que foi ontem!” Ouvi muito isso na terça-feira sobre o aniversário do Canal Contemporâneo, criado em 1º de dezembro de 2000. Também foi dito que “poucas são as publicações que chegam aos 20 anos neste país”. “Resistir é preciso” e “Vida longa ao Canal” são desejos que muito me emocionam.
Confesso que, enquanto nos aproximávamos dessa efeméride, pensei em algumas alternativas para esse 2020, mas passei longe do que estamos vivenciando, é claro.
Novamente as imagens do “Poppy Field” reaparecem. Dessa vez elas piscam freneticamente – alternando o esturricado e o radiante – e contraditoriamente instauram uma instabilidade inabalável. Não se trata mais da reação a um único evento, mas de um contexto amplo, do lar de cada indivíduo às diferentes regiões do planeta: um momento agitado constantemente por promessas do passado e incertezas do futuro.
A pandemia e a suspensão dos eventos de arte (pela primeira vez em duas décadas, imaginem o que é isso?) estacionaram o Canal neste ritmo frenético e instável, como em um disco de vinil arranhado, em que não é possível desenvolver o pensamento calmamente sobre um tópico, sem ser interrompido por vários outros (e sempre os mesmos). A ruína do país, o desmonte das políticas culturais, a utopia cibernética sendo engolida pelas fake news, tendências totalitárias pelo mundo afora e uma pandemia a nos confinar e ressaltar diferentes reações à ciência e ao conhecimento; cada um deles um ruído a nos tirar a concentração. Reserve.
Na semana passada aconteceu uma discussão sobre imprensa, crítica de arte e mercado, em postagem [4] do crítico e curador de arte Tadeu Chiarelli no Facebook. Tadeu coloca que a “crítica” de jornal é dependente e subserviente de exposições em galerias. Muitos comentários ampliam a noção de subserviência para outros atores do sistema de arte. Termos como atrelada e venda casada esvaziam ainda mais a “crítica”. Outros comentários ressaltam a falta de espaço para a crítica de arte.
O estar dependente a exposições me lembrou a “Quebra de padrão” [5] tão sonhada e nunca atingida pelo Canal. Sim, continuamos submetidos a eventos, a aberturas, movidos a convites e releases, pelo menos até o início da pandemia... Na introdução do texto mencionado, cito a pesquisadora e artista Diana Domingues [6]: “A revolução digital determina formas de vida expandida pelas tecnologias, e se constitui numa verdadeira revolução antropológica que modifica o cenário social.” Dezessete anos após a publicação de ambos os textos, podemos nos perguntar: que modificações ocorreram no cenário social da arte contemporânea brasileira?
Na minha opinião, uma das mudanças mais significativas, para o bem e para o mal, foi a vivência do circuito de arte como um sistema, com seus agentes e atores permanentemente interconectados. O que era conhecido em teoria passou a ser vivido com mais intensidade na prática. Os laços se estreitaram, os jogos de poder também, chegando a causar um certo sufocamento, como a exemplo da referida falta de espaço para a crítica de arte na atualidade. Com um universo de zettabytes disponíveis na Internet, de que outra maneira poderíamos explicar essa falta de espaço? Por um segundo sufocamento?
As grandes redes sociais sequestraram a Internet e tornaram-se locais de mercado (marketplaces), seguindo o passo das grandes lojas estrangulando as pequenas e os shoppings sufocando as lojas de rua. A economia dos aplicativos avança em ritmo acelerado e parece demonstrar que a revolução digital foi confiscada pela área de negócios. No entanto, nesse cenário, não tivemos modificações significativas nas áreas de negócios da arte contemporânea: nas duas primeiras décadas do milênio, mesmo no formato digital, continuamos basicamente com os mesmos modelos, usando as galerias, leilões e feiras para vendas e as publicações e instituições como vitrines (para além de suas funções de memória, preservação e pesquisa).
Esse contexto de locais de mercado, que tomou conta da Internet, e a falta de um impulso inovador, em nossa área de atuação, são duas chaves importantes para pensar passado, presente e futuro do Canal Contemporâneo.
Voltemos agora no tempo para lembrar do extraordinário ímpeto do Canal Contemporâneo, ao se lançar no espaço cibernético. (Recomendo aos que não participaram desde o início, que leiam na minha dissertação de Mestrado [7] a introdução e o primeiro capítulo sobre a origem do Canal, ou pelo menos o primeiro tópico desse capítulo sobre o início.) O pioneiro envio de convites digitais, a partir da demanda da comunidade para ser distribuída a ela mesma, forjou uma rede social profissional anos antes delas virem a ser inventadas. A troca de informação era acompanhada de discussões, críticas, manifestações, protestos, além de muita arte e encontros.
Naquela primeira década do milênio, o Brasil vivia um momento especial e profícuo para a cultura; tínhamos mais instituições, galerias e iniciativas de artistas acontecendo e o Canal nos permitia interagir com as diferentes regiões do país. Mas, financeiramente, a cultura mantinha-se frágil.
Logo no segundo ano de existência, o Canal lançou um programa de assinaturas/associações para custeá-lo, com uma significativa participação de profissionais da área – veja aqui neste e-nforme de 2002 [8]. Na sequência, para avançar tecnologicamente, tornou-se um projeto convidado da Petrobras, incentivado na Lei Rouanet em 2005. Dois planos foram apresentados: uma plataforma de comunidade digital e uma agenda de eventos. A Petrobras escolheu a segunda opção, mesmo assim a seção Comunidade seria desenvolvida nos anos seguintes de patrocínio [9].
Ao longo de oito anos de patrocínio, com uma verba anual média de R$ 150 mil, chegamos a ter uma equipe editorial de 4 profissionais da área, trabalhando em esquema de rodízio em todas as funções editoriais. Construímos um arquivo único da arte do século XXI, editando e armazenando o material recebido da comunidade e produzindo textos e vídeos – www.canalcontemporaneo.tv.
No período em que estávamos com patrocínio, com tranquilidade financeira, tentei pensar novos modelos de negócio para nós. Fiz uma tentativa junto a Petrobras para organizar um encontro com este objetivo, envolvendo outros projetos e áreas culturais, e paguei por uma consultoria. Nenhuma das duas iniciativas resultou. O aporte financeiro das assinaturas, após os anos de patrocínio, ganhou um novo desenho com maior peso de quem paga para enviar do que de quem paga para receber, nos aproximando do perfil de revistas e jornais e nos distanciando de nossa identidade original de comunidade.
Esforço, abnegação, persistência, garra, consistente, superação, resiliência, resistência, tenacidade, determinação, perseverança, guerreira, são algumas das palavras usadas nos comentários da postagem [10] que fiz no Facebook na terça-feira. Essas características não são apenas minhas, mas também da coletividade que dá vida ao Canal. É certo que já fomos mais combativos e eu não saberia explicar onde foi parar o nosso ativismo do início dos anos 2000...
Creio que a instabilidade que descrevi no início, juntamente com o conjunto de incertezas que estamos vivenciando, vai nos exigir acima de tudo muita paciência. Me sinto apenas tateando um novo terreno. Depois do choque inicial, veio a percepção de que essa turbulência provocará novos pontos de vista, mas para tanto um novo ritmo se impõe; temos muito trabalho pela frente.
Sejam bem-vindos aos anos 20 do Canal Contemporâneo!
Patricia Canetti [11]
Pesquisadora, artista e criadora do Canal Contemporâneo
PS: o Canal está e sempre esteve aberto para a crítica de arte.
NOTAS
1 The Friedrichsplatz between lightning red and songs of revolution. In: documenta 12 16/06 – 23/09 2007. Review 100 days. Kassel: Documenta Kassel, 2007. Disponível em: https://www.documenta12.de/en/100-tage/100-tage-archiv/allgemein/poppy-field.html. Acesso em: 3 dez. 2020.
2 Apresentação. In: documenta 12 magazines. magazines. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/documenta12magazines/_v2/sections.php?id=1. Acesso em: 3 dez. 2020.
3 CANETTI, Patricia K.; SANTOS, L. P. Magazines Field or The Next Documenta Should Be Curated by Magazines. Radical Philosophy, p. 43-45, 1 nov. 2007. Disponível em: https://www.radicalphilosophy.com/article/magazines-field. Acesso em: 3 dez. 2020.
4 As artes só aparecem nos jornais atreladas a exposições em galerias. In: Facebook. Tadeu Chiarelli. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.facebook.com/TChiarelli/posts/10158705071134346. Acesso em: 3 dez. 2020.
5 A quebra de padrão. Canal Contemporâneo, Rio de Janeiro, 4 ago. 2003. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog/archives/000004.html. Acesso em: 3 dez. 2020.
6 DOMINGUES, Diana. Cibermundos: o corpo e o ciberespaço. In: LYRA, Bernadette; SANTANA, Gelson. (org.) Corpo & Mídia. São Paulo: Editora Arte & Ciência, 2003. p. 24.
7 CANETTI, Patricia K. Canal Contemporâneo: Memórias e Perspectivas. 2015. Dissertação (Mestrado em Pesquisa Design Digital e Inteligência Coletiva) – Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/18178. Acesso em: 3 dez. 2020.
8 Hora de crescer 6 - A mudança. Canal Contemporâneo, Rio de Janeiro, 10 nov. 2002. E-nformes, Ano 2 N. 229. Disponível em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/e-nformes.php?codigo=388. Acesso em: 3 dez. 2020.
9 (CANETTI, 2015, p. 33)
10 Acreditem, o Canal Contemporâneo faz 20 anos hoje. In: Facebook. Patricia Kunst Canetti. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.facebook.com/pcanetti/posts/10157977329879247. Acesso em: 3 dez. 2020.
11 Patricia Kunst Canetti. In: CNPq. Currículo Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/5006506741939894. Acesso em: 3 dez. 2020.