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janeiro 31, 2020
Alexandre da Cunha na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a exposição inaugural de 2020, Portal, mostra solo de Alexandre da Cunha, a sexta do artista na galeria. Ocupando as duas salas expositivas, pode-se dizer que Da Cunha apresenta duas individuais simultâneas, separadas e distintas. Na sala principal, o artista mostra esculturas baseadas na estrutura de biombos: divisórias feitas de materiais e objetos diferentes, como um pára-quedas, esfregões ou bandejas de alumínio. Já na sala 2, Alexandre expõe duas séries de desenhos que, datadas de 1987 e 1998, pressagiam vários dos temas e inquietações de toda a sua produção posterior.
A maioria das obras estruturadas como biombos é inédita. Existe apenas uma peça dessa nova família de trabalhos que já foi mostrada, em 2017, na exposição do artista no Pivô. “Era uma espécie de porta que na verdade surgiu da apropriação do trabalho manual do cotidiano da indústria do ferro; são placas originalmente utilizadas para recortar pequenos perfis para fazer reparos que, depois de ficarem esburacadas, são descartadas. O que eu fiz foi interromper no meio do processo de cortes uma das chapas que me interessou formalmente, pelos desenhos involuntários gerados pela ação dos operários da indústria”, conta Da Cunha.
Essa espécie de estética involuntária, ou expressividade encontrada, é um dos principais leitmotivs da obra do artista, e está presente também nas esculturas feitas de betoneiras, cujas marcas de amassado não foram feitas pelo artista, mas sim vistas por ele como expressão material de interesse. Na obra exposta no Pivô, intitulada Portal, outro leitmotiv de Alexandre se evidencia: a apropriação da estética da escultura modernista feita em metal, como em Anthony Caro, William Tucker ou Phillip King. Com este último, Alexandre realizou uma exposição em 2018 (Duologue, The Royal Society of Sculptors, Londres).
Na exposição Portal, Alexandre da Cunha apresenta todo o conjunto de obras alinhado, algumas peças presas perpendicularmente às paredes e, outras, autossustentadas sobre o chão, sem diagonais: uma coisa depois da outra. Apesar de terem partido da estrutura de biombo, cada obra possibilita observar através dela, abarcando o conjunto de maneiras diversas, conforme se caminha pelo espaço. “Muita gente fala sobre a criação de um ambiente nas minhas exposições, o que na realidade não é algo que procuro, pois penso cada obra como um elemento autônomo; eu faço esculturas, não faço instalações”, afirma.
Outra característica desta nova série é que a ideia das bordas, das divisões, das fronteiras, já trabalhada de outras maneiras pelo artista, ressurge aqui de forma especial, por causa da inversão proposta por Da Cunha: em lugar de criar uma série que é reconhecível pela escolha dos materiais utilizados, prática mais recorrente em sua obra, na exposição apenas a estrutura se repete, enquanto os materiais e objetos utilizados em sua confecção mudam de uma peça para a outra. “Decidi experimentar essa fricção de um material ‘contra’ o outro. Trata-se de um conjunto definido apenas pela tipologia da peça. São esculturas que dividem o espaço.”
Sobre os desenhos, Alexandre explica que teve uma surpresa ao revisitar esses dois grupos de trabalhos, um que enfatiza a linha do desenho, deliberadamente figurativo e narrativo, o outro constituído de volumes desenhados, algo que se poderia considerar mais próximo da pesquisa pela qual ficou mais conhecido. O que lhe interessou compartilhar desta (re)descoberta foi a presença de temas e de gestos naqueles desenhos que seguem protagonizando a sua obra, como o erotismo, por exemplo.
SOBRE O ARTISTA
“Meu processo de trabalho é baseado na observação de objetos. Eu sempre fiquei intrigado com a enorme quantidade de coisas que precisamos para viver e os papéis dos objetos ao nosso redor. Estou interessado nos processos de design, fabricação e distribuição deles entre nós. Grande parte do meu trabalho consiste em me forçar a aprender sobre as estruturas dos objetos comuns e as narrativas por trás deles, seus usos culturais e suas implicações na sociedade. O método de transformação ou brincadeira com sua aparência geralmente ocorre por meio de alterações muito sutis; Acredito que esse processo tenha mais a ver com o tempo do que com a intervenção física. Trata-se de criar uma plataforma e permitir que o espectador veja algo familiar de um ponto de vista privilegiado.” [Alexandre da Cunha, em entrevista à Jochen Volz para Mousse, 2017]
Exposições individuais recentes incluem: Thomas Dane, Nápoles (programada, 2020); Duologue – colaboração com Phillip King, The Royal Society of Sculptors, Londres (2018); Boom, Pivô, São Paulo (2017); Mornings, Office Baroque, Bruxelas (2017); Free Fall, Thomas Dane Gallery, Londres (2016); Amazons, CRG Gallery, Nova York (2015); Real, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2015).
Entre os trabalhos de intervenção urbana, destacam-se as obras comissionadas pelo Art on the Underground para a estação de metrô Battersea, Northern Line Extension, Londres (2021); para a Berkley Square, Londres (programada, 2020); por Samuels & Associates, Pierce Boston Collection, Boston (2017); pelo MCA Chicago, parte do Plaza Project (2015), e pelo Rochaverá Corporate Towers, São Paulo (2015).
Exposições coletivas incluem: Mostra de inauguração do museu The Box, Plymouth, Inglaterra (programada, 2020); Contemporary Sculpture Fulmer, Buckinghamshire village of Fulmer, UK (2019); Abstracción Textil, Galería Casas Riegner, Bogotá (2018); Everyday Poetics, Seattle Art Museum, Seattle (2017); Histórias da Sexualidade, MASP, São Paulo (2017); Soft Power, The Institute of Contemporary Art, Boston (2016); Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden aan Zee, Haia (2016); British Art Show 8, Leeds Art Gallery, Leeds (2015); Cruzamentos Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus (2014); When Attitudes Became Form Become Attitudes, Museum of Contemporary Art Detroit (2013); Decorum: Tapis et tapisseres d’artistes, Musée d’art Moderne de la Ville de Paris (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).
Possui trabalhos nas coleções Tate Modern, Inglaterra; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil; CIFO Coleção Cisneros, Miami, EUA; Coleção Zabludowicz, Inglaterra; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; FAMA, Itu, Brasil.
Matias Brotas e The Gallery lançam livro de José Bechara da Barléu Edições, Vitória
Matias Brotas Arte Contemporânea e The Gallery promovem lançamento do livro ‘José Bechara – Território Oscilante’ que reúne a produção de 2010 a 2019 do artista carioca
No próximo dia 5 de fevereiro de 2020, quarta-feira, às 19h, será lançado no The Gallery Art Residence (Rua Abiail do Amaral Carneiro, 85, Enseada do Suá, Vitória) o livro ‘José Bechara – Território Oscilante’, da Barléu Edições, que reúne a produção de 2010 a 2019 do artista. A obra se trata de uma exposição permanente e reúne no mesmo espaço e num único tempo a produção de um período, possibilitando inúmeros arranjos entre os trabalhos.
Três críticos de arte e curadores, de diferentes países, fazem uma reflexão sobre os trabalhos criados por José Bechara na última década nessa publicação inédita: António Pinto Ribeiro (Lisboa), Beate Reifenscheid (Alemanha) e David Barro (Espanha). Ao longo deste período de 10 anos, os três acompanharam a produção contínua do artista carioca, extremamente ativo no circuito internacional da arte.
O editor Carlos Leal, que criou e comanda a Barléu Edições, e já publicou mais de 50 livros dedicados à arte, comemora o lançamento que reúne cerca de 90 imagens das obras do artista e do processo de montagem da exposição Território Oscilante.
José Bechara é um artista plástico carioca, conhecido pelo seu caráter experimental e a utilização diversificada de métodos e materiais, o que permite novas experiências no campo pictórico. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) e hoje vive e trabalha no Rio de Janeiro. No início de sua carreira, sua obra era predominantemente pictórica, mas a partir do desenvolvimento de sua linguagem poética, os trabalhos passaram a incluir esculturas e instalações, além dos desenhos e pinturas, e a travar um diálogo mais direto com a arquitetura.
janeiro 30, 2020
Canção Enigmática: ações performáticas no entorno do MAM, Rio de Janeiro
Performances sonoras com entrada gratuita dentro da exposição Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio, com curadoria de Chico Dub.
2 de fevereiro de 2020, domingo, a partir de 15h
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro
Andreas Trobollowitsch (Áustria): Santa Melodica Orchestra
Espaços variados, 15h, 15h40h, 16h20, 17h40
Giuliano Obici: Dissimilation Jardim das Palmeiras, 17h
A Santa Melodica Orchestra, do austríaco Andreas Trobollowitsch, é uma performance sonora para 9 artistas, escaletas, tubos e balões. Enquanto tocam, os artistas balançam seus instrumentos em uma determinada velocidade. Juntos, criam um efeito de arpejo que se altera constantemente, fazendo do grupo um organismo cinético em transformação. A performance será realizada em três apresentações de aproximadamente 15 minutos cada em diferentes locais do MAM Rio.
Baseado em Viena, Andreas Trobollowitsch é compositor, performer e artista sonoro. Atua nas áreas da música eletroacústica e da improvisação, e compõe para dança, teatro, cinema e rádio. Inspirado em sistemas de rotação, vibração e feedback, ele utiliza objetos do dia-a-dia modificados e instrumentos preparados. Recentemente, tem se dedicado principalmente à criação de instalações sonoras.
Dissimulation é uma plataforma multimidiática e participativa para celulares. O trabalho explora recursos técnicos embutidos nos dispositivos móveis, envolvendo os participantes numa operação sonora conjunta. Formado por vários dispositivos conectados em rede, Dissimulation instaura um ambiente eletroacústico participativo, dinâmico, difuso e portátil, cujo resultado é um instrumento instalativo co-depente as ações dos participantes e seus aparelhos.
Giuliano Obici (Maringá 1977) é artista-pesquisador sonoro com formação em artes, comunicação e psicologia. Professor adjunto do Departamento Artes Universidade Federal Fluminense. Tem apresentado e desenvolvido projetos em festivais, galerias, museus, residências artísticas e universidades pelo mundo, entre eles o festival de Arte Sonora Tsonami (Valparaíso), Imatronic (Karlsruhe), Relevante Musik (Berlim), Novas Frequências (Rio de Janeiro), Monteaudio (Montevideo), 319 Scholes (Nova York), Wien Modern (Viena), London University of the Arts, Next Generation (Karlshue), Norwegian Academy of Music, Univesität der Kunst e Technische Universität em Berlim, Gotland School of Composition (Visby), Ultima Academy (Oslo) entre outros. Escreveu o livro "Condição da Escuta: mídias e territórios sonoros" e artigos diversos. Recebeu prêmios como Giga-Hertz-Preis do Centro de Arte e Mídia (ZKM - Karlsruhe) e Experimental Studio (Freiburg), Redbull Station e bolsas de pesquisa do DAAD, FAPESP e CAPES.
O evento faz parte da exposição Canção Enigmática: relações entre arte e som nas coleções MAM Rio, em cartaz no Museu até o dia 1º de março de 2020, com pinturas, fotografias, desenhos, vídeo, objetos sonoros,instrumentos musicais, partituras visuais, esculturas, instalações e discos de vinil. Com curadoria de Chico Dub, a exposição se insere no programa Curador Convidado, criado em 2018 pelo Museu. O título da exposição é retirado do nome da obra de José Damasceno (Rio de Janeiro, 1968), feita em 1997.Ao lado de cada obra haverá um QR Code, que permite ao público acessar pelo seu celular mais informações sobre o artista no site do MAM Rio.
Rebecca Sharp + Condo São Paulo 2020 na Sé Galeria, São Paulo
Abrindo a programação de 2020, a Sé apresenta a primeira individual da artista paulistana, Trago uma mensagem do destino, radicada nos Estados Unidos, Rebecca Sharp (1976). Em seu processo poético-espiritual, combina, por meio de uma afincada dedicação de mais de uma década, as práticas pictórica e meditativa.
Sua obra, feita em transe, trata de uma variedade de planos astrais: insólitos mundos recobertos por abismos de vacuidade em matizes vívidos que convivem de modo vibrante. Cada uma das telas abstratas — marcadas por gestos expressivos a fim de materializar uma outra classe de geometria e luminosidade — funcionam como mensagens codificadas, provenientes de seu espaço anímico. “Como se tivéssemos a capacidade de entrar no subconsciente e tomar um retrato, um slide fotográfico”, descreve Sharp, “de um momento que após um instante se esfumaça”. E, para que ocorra a recepção (kabbalah) dessa mensagem, a artista recorre a um método de esvaziamento psíquico com o fim de que brilhe em máxima luminância tudo aquilo que soube e não pode ser visto.
As obras, em sintonia com o título da mostra, operam como mensagens de origem ancestral ou futura, assim como cometas que voltam a aparecer. Em seu universo, esses astros luminescentes surgem como metáforas de corpos que viajam em diversas velocidades, direções e intensidades em espaço e tempo indefiníveis, e o olhar da artista, como um telescópio, nos aproxima desses fenômenos remotos.
Nesse espaço fantástico, de processos psíquicos-pulsionais, todos os elementos imagéticos e sígnicos apresentados por ela afetam e continuamente são afetados por eles mesmos em um magnetismo surreal, sem sinonímias de alcance claro. No começo de uma nova década, em um estado de guerra eminente, Sharp nos desvela a resistência eficaz que podemos encontrar dentro de nós mesmos: a permissão de iluminar tudo o que sabemos e que não pudemos ver.
Com formação em Drama and Theater Arts na Goldsmiths College em Londres, em 2018 participou da 33o edição da Bienal de São Paulo, Afinidades Afetivas na sessão curada pela artista Sofia Borges. Em 2019, esteve em residência por cinco semanas no consagrado California Institute of the Arts. Com curadoria e texto dramatúrgico de Tiago de Abreu Pinto, a exposição ocupará o primeiro andar do novo espaço da Sé com pinturas inéditas, em sua maioria em pequeno formato, e esculturas em barro.
Condo São Paulo - Galeria The Breeder (Atenas) e Galeria Nuno Centeno (Porto)
Pela segunda vez, a Sé será anfitriã no projeto Condo São Paulo e receberá, em seu segundo andar, as galerias The Breeder, de Atenas, e a galeria Nuno Centeno, de Portugal. O Projeto Condo é um programa de exposições colaborativas de larga escala entre galerias internacionais. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com as galerias visitantes, seja co-curando uma exposição ou dividindo seus espaços.
A galeria Nuno Centeno tem destaque em importantes eventos internacionais. Em 2016, com menos de 10 anos de carreira, Nuno Centeno foi nomeado pelo Artnet como um dos 10 galeristas mais respeitados da Europa e em 2018 ganhou o prémio do melhor stand da feira internacional Frieze NY. A galeria visitante traz para o Condo São Paulo o artista português André Sousa. As instalações de Sousa jogam com as noções de valor e com o leque de possibilidades dos contextos da arte e da economia. Seu corpo de trabalho é composto por pinturas de dupla face, grandes contrastes estéticos, materiais e técnicas confrontantes, reproduções de arquitetura vernacular e outros objetos. Em suas pinturas ou vídeos encontramos paisagens, referências literárias, experiências individuais, elementos e apropriações codificadas.
A galeria The Breeder, uma das plataformas culturais pioneiras de Atenas com um time de artistas emergentes e também consolidados, por sua vez, trará o artista grego Angelo Plessas. Partindo do reconhecimento da Internet como potência ambivalente e como algo que se mistura com a realidade cotidiana, o trabalho de Angelo transita entre ambientes digitais e analógicos para evocar suas potencialidades espirituais. Talismãs para afastar os aspectos malignos da tecnologia, seus trabalhos são como convites à celebração do potencial de construção de um novo tipo de espiritualidade em rede.
janeiro 29, 2020
Tiago Tebet na Luciana Brito, São Paulo
A Luciana Brito Galeria abre sua programação de 2020 com a exposição From here to eternity... But not, individual do artista brasileiro Tiago Tebet (São Paulo, 1986). A mostra, com abertura no sábado, dia 1º de fevereiro, segue acompanhada do Condo – projeto participativo internacional, em que Luciana Brito Galeria recebe a argentina Herlitzka + Faria, com a mostra Ellas, com participação de artistas mulheres argentinas.
Se no começo de sua carreira Tiago Tebet investia numa pesquisa mais voltada para as possibilidades e especificidades da representação em pintura, atualmente o artista está mais preocupado com os aspectos informais da construção pictórica e materialidade. Suas composições, minuciosamente construídas, preferem se utilizar de toda a diversidade oferecida pelas imagens ao seu redor, do seu cotidiano. Para essa exposição, justamente, o artista apresenta o resultado de um processo coerente dentro da evolução da sua própria investigação, que prefere priorizar os métodos mecânicos e artesanais para atingir resultados mais espontâneos e promover uma maior variação de linguagens dentro do trabalho. Já o título, From here to eternity but not, faz uma alusão direta ao artista alemão Martin Kippenberger, que ficou conhecido pela maneira provocativa e eloquente com a qual trabalhava, priorizando sempre o estudo da diversidade das mídias, em detrimento de manter um estilo único.
Para esse conjunto inédito de quinze pinturas, Tebet procurou trabalhar questões relacionadas ao estudo da materialidade das cores, por meio de modelos que remetem aos padrões decorativos das texturizações manuais de parede dos anos de 1960 e 70. O que vemos é uma estética mais clássica, com uma paleta de cores mais leve e clara. Seu processo de criação e execução se misturam, respeitando o ritmo orgânico imposto por cada trabalho. Para tanto, aplica camadas e camadas de massa acrílica nas telas, em cores diversas, que posteriormente são escavadas, adquirindo um aspecto parecido com as tramas de rendas manuais. Numa última etapa, essas texturas são lixadas, revelando (ou não) as cores interpostas. O efeito é uma mistura suave de texturas circulares e nuanças cromáticas.
Tiago Tebet (1986, São Paulo. Vive e trabalha em São Paulo, SP) trabalhou como assistente de Paulo Pasta e Leda Catunda. Formou-se no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP-SP, em 2009, e nos anos de 2007, 2008 e 2009, o artista participou de três Anuais (exposições internas da FAAP), sendo selecionado para uma bolsa de estudos. Ainda na faculdade, integrou o grupo de Dora Longo Bahia – Anarcademia – através do qual participou da Bienal de São Paulo (2008), com curadoria de Ivo Mesquita. No mesmo ano, participou da exposição coletiva Casa Vazia, em São Paulo, e em 2010 da mostra Arrebaldes e Arredores, no edifício Lutecia F.A.A.P, e também da Paralela. Em 2011, teve sua primeira exposição individual, Standard, na Luciana Brito Galeria. No mesmo ano, participa do Programa Exposições, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, MARP. Em 2013 a Luciana Brito Galeria realizou sua segunda exposição individual intitulada Overal. No ano de 2015 Tiago Tebet participou das Bienais do Rio de Janeiro e do Mercosul em Porto Alegre, ambas no Brasil, além de ter executado o projeto curatorial da exposição coletiva 30RAT/ART na Luciana Brito Galeria, na qual também expôs obras de Arte.
Ana Teixeira encerra com Batalha de Poesias no Maria Antonia, São Paulo
Para o encerramento da exposição É tarde, mas ainda temos tempo, de Ana Teixeira, faremos um SLAM, sob a regência do poeta Midria, com poetas mulheres cis e trans, homens trans e pessoas não binárias - só não pode homem cis!
2 de fevereiro de 2020, domingo, das 15 às 17h
Centro Universitário Maria Antonia
Rua Maria Antônia 258/294, Vila Buarque, São Paulo, SP
Um SLAM é uma Batalha de Poesias. Criada na década de 80 em Chicago por Marc Kelly Smith teve início no Brasil em 2008 pelas mãos de Roberta Estrela D'Alva e do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. As regras do slam são simples: qualquer pessoa pode participar da competição, bastando ter no mínimo três poesias autorais de até três minutos que ao serem recitadas não podem ter acompanhamento de nenhum objeto cênico, instrumento musical ou figurino. Cinco pessoas dentre o público são escolhidas para ser júri, dando notas de 0 a 10 para cada apresentação: a maior e a menor nota caem e somam-se as três do meio. São três rodadas de competição, uma primeira onde todas as pessoas inscritas participam, uma segunda na qual as cinco pessoas com as maiores médias passam e uma terceira e final com três pessoas que tenham tido as maiores médias ao longo da competição. Na rodada final temos uma vencedora.
Para o encerramento da exposição É tarde, mas ainda temos tempo, de Ana Teixeira, faremos um SLAM, sob a regência do poeta Midria, com poetas convidadxs (mulheres cis e trans, homens trans e pessoas não binárias) e aberto a poetas que se enquadrem nestas categorias (só não pode homem cis!). Poetas que quiserem participar podem fazer sua inscrição no local, com meia hora de antecedência.
O evento é gratuito e aberto ao público em geral.
Cobertura: Cassia Tabatini e Marcelo Alcaide na Casa Triângulo, São Paulo
Durante 48 horas em um telhado no centro de São paulo, a fotógrafa Cassia Tabatini e o diretor de arte Marcelo Alcaide deram início ao projeto Cobertura, onde a presença de amigos, modelos e convidados se misturavam, criando uma articulação única a partir de diversos corpos, corpos que fogem das centradas normas hetero-cis-branco-burguesas, que dissidem pela existência com força, que são o rosto, presença e resultado do período de redemocratização e acesso à informação latente que a juventude brasileira percorreu até meados da década de 10.
Cobertura busca fugir aos modelos formatados de campanha ou ensaio de moda, trazendo à discussão a grife francesa Courrèges, conhecida por seu ethos disruptivo na década de 60, que confrontava os padrões estéticos, religiosos e culturais da sociedade europeia, buscando modos de explorar este DNA “progressivo da marca em tempos de crescente restrição das liberdades civis e ascensão da extrema direita ideologias em escala global”, nas palavras de Kiki Mazzucchelli.
A Courréges, e os seus novos e velhos valores, onde Alcaide também atua, fora um dos ponto de partida desta série de documentação e relação que agora chega ao seu segundo passo. Ampliando o conceito de ‘laje’ e seu espírito subversivo, seu caráter de “lugar não regulamentado que desafia o poder patriarcal” na efetivação de um espaço livre de lazer, outras marcas que refletem esses valores foram trazidas ao projeto através de relação pessoal deste com cada um dos projetos: como Telfar, Y/Project, Vava Dudu e Random Identities, com uma série de novas imagens feitas no Rio de Janeiro e São Paulo na virada de 2019 para 2020. Nesta nova etapa, a rede de colaboradores do projeto se expandiu, desdobrando-se em duas exposição, no Rio e em São Paulo, e uma série de encontros e ações, onde o principal norte é buscar uma expansão orgânica e fluída, onde, horizontalmente diversos suportes possam ser articulados, construindo cada vez mais uma diluição do que é autoria e o conceito de Cobertura, contando com colaboradores como o poeta Grillo, Lucas Ribeiro, Irmãos Brasil, Fabio Kawallys, Dandara Ferreira, Gustavo Mcnair, Price, Mariwo Collective, Squad Brasil entre outros.
Já em Janeiro de 2020, em parceria com Fortes d’Aloia e Gabriel, Casa Triângulo, Cartel 011 e Esponja, em São Paulo, as atividades de expansão dessa rede se iniciam, com um workshop liderado pelo artista Fabio Kawallys na Cartel, onde técnicas de impressão em silkscreen serão ensinadas e aplicadas, já no dia 16 de Janeiro. No dia 17, um shooting e uma gathering e também no 21, com um workshop de vídeo também seguido de um shooting, aplicados por Dandara Ferreira e Gustavo Mcnair convidam a todos que queiram participar a desenvolver peças, vídeos e outros trabalhos na Esponja, em São Paulo, visando a ocupação dos espaços da Carpintaria da Fortes d’ Aloia e Gabriel no Rio de Janeiro no dia 28 de Janeiro e na Casa Triângulo, no 1 de Fevereiro. No dia 7 de fevereiro, também haverá uma apresentação do projeto na Esponja. O projeto Cobertura também visa a elaboração de uma coleção cápsula junto a Cartel O11, ações junto ao centro cultural e abrigo LGBTQI+ CASA 1, em São Paulo, além de exposições itinerantes planejadas para Los Angeles, Berlim, Paris e Lisboa. Cobertura é um projeto continuo.
Mais informações sobre os programas de cada exposição irão ser comunicados devidamente.
Original release
Kiki Mazzucheli
Words
Guilherme Teixeira
CAST
SP I
Weslley Baiano ,Yaminah Mello, Daniel Oliveira, Raquel Bandeira,Tais Benati, Eli Sudbrack, Martina FranchinI Jess, Alexandre Macedo, Angell Dimarra, Bruno Caeres, Izis Aguiar, Uni Correia, Xeriff Matt, Rafael Fonseca, Izis, Jazline Cunha (A Jazz)
RIO I
Gabriel Alves, Erre Dias, Felipe Mendes, Sabrina Ginga, Aurora Eyer, Bruno Fernandes, Joao Pedro, Bernardo Gomes, Clara Motta, Cristina Meireles, Hanna Stlieger
RIO II
Allan Weber, Elaine Rodrigues Weber,Leonardo Cardoso, Nicole Weber de Freitas, Rafael Cardoso, Tom Weber Luiza Mezavila, Renato Santos
RIO III
Irmaos Brasil - Vinícius Oliveira e Victor Oliveira, Grillo, Nina Tomsic, Antonio Saad, Caetana Metsavaht, Daniel Oliveira, Caique Cerqueira, Aya Ibeji, Juliana Araujo, Gabriell Gambini, Santiago, Ikaros Santilhana, Lucas Conceição,Vinicius Martins.
RIO IV
Jonathan Almeida, Yolanda, Jota Santos, Santiago, Ballerich, Vitor, Vinicius, Luana Souza, Bruna Oliveira.
RIO V
Letrux, Arthur Braganti, Marcella Annacleto, Lucas Ribeiro
SP II
Nirvana, Demetrio, Kevin Davale, Renata Brasi, Neguinho da Favela, Nato, Ana Navalha, Arroz, Pujjoll
RIO VI
A ser anunciado depois de dia 29 de Janeiro.
Agradecimentos
Todo o cast, Grillo, Irmaos Brasil, Fabio Kawallys, Lucas Ribeiro, Daniel Oliveira, Gabriel Lima, Ana Ariette, Cecilia Tanure, Allan Weber, Caique Cerqueira, Alex Lemos, Wiliane Jacob, Iury, Victor Tavares, Isabela Vieira, Dandara Ferreira, Gostava Mc SUI, Esponja, Cartel 011, Fortes d’Aloia e Gabriel Carpintaria, Casa Triangulo, Noelson Screen, Kiki Mazzuchelli, Guilherme Teixeira, FORT, FORT Gallery, Courreges, Telfar, Random Identities, Y/Project, Squad, Victor, Isabela, Daiane Nicolleti, Gibo, Noelson Screen & Mais.
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3ª edição do projeto Condo retorna a 6 galerias em São Paulo
Em sua 3ª edição, o projeto Condo retorna a São Paulo, desta vez trazendo 10 galerias internacionais para 6 espaços da cidade. A abertura ocorrerá durante a tarde dos dias 1 e 2 de fevereiro, com encerramentos previstos para 7 e 21 de março de 2020.
Condo é uma exposição colaborativa de larga escala entre galerias internacionais. Edições passadas já ocorreram em Londres, Nova York, Shangai, Cidade do México e Atenas. As galerias anfitriãs compartilham seus espaços com as galerias visitantes - seja co-curando uma exposição ou dividindo e alocando seus espaços. A iniciativa incentiva o debate e reavaliação dos modelos expositivos existentes, reunindo recursos e agindo em conjunto para propor um ambiente mais propício para que galerias experimentais consigam expor internacionalmente.
Para a edição deste ano, as seguintes galerias estão confirmadas:
- Casa Triângulo recebe: Instituto de Visión (Bogotá)
- Central Galeria recebe: Galeria Madragoa (Lisboa)
- Galeria Jaqueline Martins recebe: Barbara Thumm (Berlim), Gregor Podnar (Berlim), PM8 (Vigo), Anat Ebgi (Los Angeles)
- Galeria Marilia Razuk recebe: Proyectos Ultravioleta (Guatemala)
- Luciana Brito Galeria recebe: Herlitzka + Faria (Buenos Aires)
- Sé Galeria recebe: Nuno Centeno (Porto) e The Breeder (Atenas)
Condo Project 2020: Elisabeth Wild na Marilia Razuk, São Paulo
A Galeria Marilia Razuk recebe de 01/02 até 07/03, dentro da programação do Condo Project 2020, a exposição da artista austríaca Elisabeth Wild, trazida pela galeria Proyectos Ultravioleta, da Guatemala.
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Aos 97 anos de idade e dona de uma rica biografia, Elisabeth Wild concentra suas fantasias em colagens caleidoscópicas, que ela desenvolve em seu atelier no Lago Atitlán, na Guatemala.
Elisabeth vem de uma família judia de comerciantes de vinhos de Viena que foi para Argentina fugindo nazismo. Lá ela casou com o industrial têxtil August Wild e trabalhava como designer têxtil, eles tiveram uma filha, Vivian Suter, que viria, anos mais tarde, a ser grande parceira artística.
Devido a um clima político determinado pelas políticas de direita de Juan Perón, a família mudou-se para Basileia em 1962, onde Wild administraria uma loja de antiguidades. Em 1996, ela voltou para a América Latina com Vivian para morar em Panajachel, no lago Atitlán. Apesar da beleza da floresta tropical e da vida tranquila, mãe e filha enfrentaram desastres naturais e a crueldade: furacões e deslizamentos de terra danificaram sua propriedade, e o narcotráfico continuou sendo uma ameaça para os moradores.
A prática artística recente de Wild é a colagem, um exercício diário meditativo para folhear e recortar páginas de revistas de estilo de vida, dando forma à experiência interior, possibilitando a fuga do conhecido. Da publicidade de batons à decoração de interiores de luxo e acessórios de moda, tudo pode chamar a atenção da artista. Ela coleta pedaços de brilhos mundanos para libertá-los do sistema de mercadorias e transformar em novas imagens. O trabalho surge como sedimento, coletando e processando imagens através da iconografia da moda.
Elisabeth participou de exposições internacionais em importantes instituições como no Kunsthalle Basel, na Suíça, no Art Institute of Chicago e na Documenta 14, em Atenas na Grécia, e Kassel na Alemanha. Suas exposições mais recentes foram realizadas junto com sua filha, a pintora Vivian Suter.
Galeria Marilia Razuk is pleased to exhibit Austrian artist Elisabeth Wild, within the schedule of Condo Project 2020, from 02.01.2020 to 02.07.2020 brought by the gallery Proyectos Ultravioleta, from Guatemala.
At 97 years of age Elisabeth Wild (Vienna, 1922) lives and works in Lake Atitlán in Guatemala. Although she is best known for her collages made out of magazine cutouts, she has worked in a variety of mediums and formats over the years, which include painting, drawing, ceramics, jewelry, textile and industrial design, and sculpture.
Her recent solo and two-person shows include Canícula (with Vivian Suter), The Power Plant, Toronto (2017); Fantasías, Sterna, Nisyros, Grecia (2018); Fantasía, NuMu, Guatemala City (2017); Monstera Deliciosa (with Vivian Suter), Proyectos Ultravioleta, Guatemala City (2016); Panajachel (with Vivian Suter), The Mistake Room, Los Angeles (2015); Fantasías 2 (with Vivian Suter) Kunsthalle Basel, Basel (2014); and Elisabeth Wild, Proyectos Ultravioleta, Guatemala City (2014). She has participated in museum group shows at the Art Institute Chicago, Museo Tamayo, Mexico City, Mexico; and Museo de Arte y Diseño Contemporáneo, San Jose, Costa Rica, and in documenta14 in Athens,Greece, and Kassel, Germany.
janeiro 28, 2020
Steve Bishop na Jaqueline Martins, São Paulo
Galeria Jaqueline Martins tem prazer em anunciar The Caretaker, a primeira exposição individual do artista canadense Steve Bishop na América Latina.
Após apresentar seu trabalho na Galeria Jaqueline Martins pela primeira vez no contexto da mostra Condo 2018, o artista canadense residente em Londres traz a São Paulo uma videoinstalação e uma seleção de novas colagens que tratam de conservação, da passagem do tempo e da materialização de conformações mentais, utilizando o espaço arquitetônico para refletir estados interiores – temas que permearam a pesquisa de Bishop durante toda sua carreira.
A obra que dá nome à mostra é The Caretaker (O Zelador, 2018), um curta-metragem de 24 minutos filmado numa cidade-fantasma no norte do Canadá e que ocupará a maior parte do espaço da galeria. Construída em 1981 para abrigar os operários de uma mina próxima, a cidade foi abandonada dois anos após a desativação da mina. Na esperança de que as famílias pudessem retornar em breve, um zelador foi contratado pela administração local para conservar as ruas e edificações, numa luta que já dura 36 anos para evitar a retomada da cidade pela mata que a circunda. O filme registra não só os esforços do zelador (que ainda corta os gramados, conserta os telhados das casas e faz a manutenção de seus sistemas de aquecimento), mas também a presença da ocupação humana (o zumbido da iluminação e da eletricidade) contra o forte avanço da natureza.
As colagens são de uma série recente (2019-em andamento), composta de fotos encontradas e páginas retiradas das publicações de uma seita norte-americana de autoajuda fundada em meados da década de 1950, inspirada nas ideologias e métodos da Cientologia, e hoje praticamente esquecida. O grupo, que já foi descrito como um culto, lançou diversas publicações voltadas ao empoderamento individual e à otimização da vida cotidiana.
As páginas selecionadas por Bishop mostram que os slogans e conselhos motivacionais utilizados pelo grupo (sobre temas tão diversos quanto arrumação doméstica e vida eterna) pareciam ajudar aqueles que buscavam blindar seus corpos e mentes contra ideias e sentimentos próprios ou alheios. Visto em conjunção com a cidade canadense, que luta contra o tempo e a deterioração natural, este conceito parece demonstrar que, para Bishop, o anseio por estrutura e por clareza interior e exterior é, ao mesmo tempo, desejável e profundamente frágil.
Steve Bishop (n. 1983 Toronto, CA; vive e trabalha em Londres). Em sua prática, Bishop lida com ambientes espaciais surreais que despertam estados emocionais sutis, evocando universos paralelos oníricos e abstratos. A obra de Bishop foi apresentada em exposições individuais recentes no Kunstverein Braunschweig (2019) e no KW Institute of Contemporary Art em Berlim (2018).
16ª edição da SP-Arte fortalece seus setores e apresenta novas curadorias
Design tem internacional com a vinda inédita da Carpenters Workshop Gallery ao Brasil
Sob curadoria de Maria do Carmo M. P. de Pontes, o Masters apresenta produções de artistas cujas trajetórias se aproximam pela interrupção prematura da vida
De 1º a 5 de abril, a cidade recebe a 16ª SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo – no Pavilhão da Bienal, Parque Ibirapuera. Com o objetivo de contribuir com a formação e aproximação de novos públicos, a SP-Arte oferece programações que aquecem o circuito artístico de São Paulo durante todo o mês de abril. Com mais de 2 mil artistas, apresentados pelos mais renomados expositores de arte e design do Brasil e do mundo, o Festival oferece atividades como visitas guiadas gratuitas pelo Pavilhão, conversas com especialistas e lançamentos editoriais, além dos já tradicionais Circuito Ateliês Abertos e Gallery Night, que abrem uma extensa programação pela cidade durante a semana do evento. Curadorias inéditas, como a de Maria do Carmo M. P. de Pontes, e a estreia de expositores internacionais, como Carpenters Workshop Gallery (Reino Unido) e Garth Greenan Gallery (Estados Unidos), estão entre as novidades deste ano.
"Durante seus 16 anos de existência, a SP-Arte sempre prezou por oferecer uma experiência enriquecedora e genuína, que se confirma ano a ano com o crescimento do público ávido pelo mundo da arte", afirma Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP-Arte. "Agora, em um momento em que captar a atenção de um visitante é cada vez mais desafiador, assumimos a tarefa de trabalhar cuidadosamente nossos setores curados, oferecer programações de qualidade e tornar a navegabilidade pela Feira mais fluída".
Confira o que esperar de cada setor:
Solo
Um dos destaques da edição passada, o setor Solo, é assinado novamente pela curadora chilena Alexia Tala, também responsável pela Bienal de Arte Paiz deste ano, que se realiza na Guatemala. Em 2020, a curadora aprofunda sua pesquisa focada na América Latina e apresenta um projeto inédito, chamado "Camadas de tempo".
Em meio às crises na região, o Solo busca refletir sobre como acontecimentos da metade do século 20 afetaram a estabilidade e autonomia do Sul Global, sobretudo do continente latino-americano, e como formas modernas de dominação impactaram as trajetórias nacionais na região. A partir da apresentação de artistas contemporâneos que exploram as diversas fraturas temporais e geográficas, a curadora busca ainda desmistificar a historiografia da arte tradicional, impactando assim a construção de nossa história e identidade.
Entre os onze artistas já confirmados, oriundos de mais de oito países, destacam-se a peruana Ximena Garrido-Lecca (80m2 Livia Benavides, Peru) e o equatoriano Adrián Balseca (Ginsberg Galería, Chile), integrantes da 34ª Bienal de São Paulo. Garrido-Lecca está entre as exposições individuais que inauguram a Bienal, durante suas atividades iniciais em fevereiro, enquanto Balseca é um dos artistas confirmados na mostra coletiva, em setembro. A participação de produções assim na SP-Arte leva o público a conhecer, ou mesmo reconhecer, artistas em evidência no ano.
Já o paraguaio Joaquín Sánchez (Galería Patricia Ready, Chile), por sua vez, também teve obras expostas em bienais tanto brasileiras quanto internacionais, levando a temática dos conflitos latino-americanos e das comunidades tradicionais indígenas a locais como Valência e Veneza.
Os artistas brasileiros Daniel Jablonski (Janaina Torres Galeria, Brasil), Zé Carlos Garcia (Pasto, Argentina) e Paul Setúbal (C.galeria, Brasil) também integram o setor. Setúbal retorna ao Pavilhão um ano após a conquista da sétima edição do Prêmio de Residência SP-Arte, que proporcionou ao artista a estadia de três meses na Delfina Foundation, umas principais instituições internacionais do gênero.
Masters
Sob a curadoria de Maria do Carmo M. P. de Pontes, o setor Masters reúne obras de artistas que tiveram sua trajetória interrompida devido a uma morte precoce, relacionando-as a produções de artistas que envelheceram, e, portanto, tiveram mais domínio na construção de suas narrativas. Ao reunir nomes cujas semelhanças entre si são tecidas por suas trajetórias pessoais, Pontes busca estabelecer um encontro de estéticas que não passa por noções de tema, técnica ou geração.
Consagrado como uma das notáveis figuras da Op Art, o cubano Ernesto Briel (Arevalo Fine Art Miami, Estados Unidos) é uma das escolhas para o setor. Nascido em 1943, o cubano faleceu em 1992 devido a complicações associadas à síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Entre 2016 e 2018, sua produção foi exposta no El Museo del Barrio, em Nova York e na Sotheby’s S|2 Gallery, em Londres.
Em oposição, a artista Amelia Toledo (Galeria Marcelo Guarnieri, Brasil) espelha em suas criações os diferentes momentos de sua longeva carreira. A raiz construtiva, com elementos geométricos regulares, da década de 1960 se transforma, a partir da década seguinte, em uma produção experimental, com um eixo inspirado nas formas da natureza.
OpenSpace e Performance
Como uma diversificação das formas expositivas do Festival, os setores OpenSpace e Performance extrapolam os limites dos tradicionais estandes e se apropriam do espaço de maneira mais fluída.
"Com o intuito de maximizar o potencial do ambiente em que a SP-Arte é sediada, decidimos inaugurar o setor OpenSpace e levar obras de arte para fora do Pavilhão, expondo-as no Parque Ibirapuera", conta Fernanda Feitosa. Pelo segundo ano, o espaço se firma como uma proposta inovadora de formação artística para o público, acrescentando uma vivência expandida em relação à proporcionada pelos estandes, alocadas no interior do edifício: "Na área externa da Feira, grandes obras recepcionam e introduzem a experiência na SP-Arte, aguçando a curiosidade de todos que frequentam o Parque", completa
A curadoria de Marcos Gallon, diretor artístico da Verbo – Mostra de Performance Arte, dá o tom ao setor Performance pela segunda vez. Destaque na última edição da SP-Arte, as apresentações novamente se espalham ao longo do Pavilhão da Bienal. "Pretendemos apresentar a pluralidade de dinâmicas que constitui o campo da arte performática, evidenciando questões como sua inserção em coleções públicas ou privadas", ressalta o curador.
Em colaboração com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a SP-Arte, mais uma vez, fortalece o circuito artístico, em especial no incentivo à coleção de performances. Por meio do Prêmio Aquisição SP-Arte, um grupo de curadores da instituição elege uma performance da mostra para ser integrada ao acervo do museu.
Design
Em seu quinto ano, o Design ganha mais potência e é constituído por cinco setores. Entre Antiquários, Galerias de Design Moderno e Design Contemporâneo, Designers Independentes e Arquitetos, a SP-Arte abarca uma linha do tempo da história do Design, do século 18 até a contemporaneidade. Somam-se aos destaques brasileiros, a participação da britânica Carpenters Workshop Gallery que aterriza pela primeira vez no Brasil.
Referência internacional do design, a Carpenters participou das principais feiras do exterior como Design Miami/Basel, PAD, Tefaf e Maison et Objet. Conhecida por desenhos que extrapolam o formato tradicional, a galeria também realizou projetos em espaços institucionais, a exemplo do "Dysfunctional", na Galleria Giorgio Franchetti, em Veneza, durante a 58ª Bienal de Arte. Na obra criada por 21 artistas, a Carpenters questionou os limites entre arte e design.
Essa fronteira é um das principais discussões levantadas pela SP-Arte em sua 16ª edição. A Feira, que nasceu dedicada exclusivamente à arte, hoje abraça o design em suas diversas formas, assim como diferentes agentes do setor.
O setor Arquitetos se renova com a estreia de Patrícia Anastassiadis e Fernanda Marques. Entre as novas apostas dos Designers Independentes, estão Mel Kawahara, Lattoog e MoBu Atelier, para além dos veteranos Ana Neute, Noemi Saga Atelier, F.Studio e Alva Design.
Os contemporâneos, Ovo e Jacqueline Terpins Design retornam ao evento, assim como Hermann Miller, que apresenta luminárias de George Nelson. Arte Marcela Bartolomeo participa pela primeira do setor em uma parceria inédita. Já os expositores de design moderno Passado Composto Século XX, Herança Cultural e Apartamento 61 apresentam suas peças mais raras nesta edição, enquanto a ETEL traz reedições de nomes seminais do mobiliário brasileiro como Zanine Caldas e Jorge Zalszupin.
Programação
A 16ª SP-Arte têm uma programação direcionada ao debate e à compreensão da arte contemporânea, realizando, portanto, conversas com especialistas, curadores e colecionadores no Talks, além de Visitas Guiadas gratuitas pelo evento. Para além do Pavilhão da Bienal, as atividades do Festival tomam conta da cidade por meio de programações como Gallery Night e Circuito Ateliês Abertos.
O Circuito Ateliês Abertos ocorre no fim de semana anterior à Feira, promovendo um contato mais próximo entre os artistas e o público. Enquanto isso, o Gallery Night é um circuito realizado por dezenas de galerias na cidade de São Paulo, que promovem aberturas de importantes exposições, visitas guiadas com curadores e conversas com artistas.
Mais informações sobre os setores e a programação da 16ª SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo serão divulgadas em breve.
16a edição da SP-Arte
Datas abertas ao público: 1º a 5 de abril
Quarta-feira, das 17h às 21h
Quinta-feira a sábado, das 13h às 21h
Domingo, de 11h às 19h.
Local: Pavilhão da Bienal – Parque Ibirapuera, Portão 3 – São Paulo, Brasil
Entrada: R$ 50,00 [geral]
R$ 25,00 [estudante] *estudantes, portadores de deficiência e idosos com mais de sessenta anos [necessária a apresentação de documento]. Crianças até dez anos não pagam entrada.
A bilheteria encerra suas atividades 30 minutos antes do término do evento.
janeiro 27, 2020
Dança-instalação Aquilo que foge no Sesc Pinheiros, em São Paulo
Dança-instalação da artista Babi Fontana, em colaboração com a coreógrafa carioca Dani Lima, une dança, artes visuais e música experimental, circulou por Rio de Janeiro e São Paulo em 2019 e faz curtíssima temporada no Sesc Pinheiros.
28 e 29 e 30 de janeiro de 2020, terça, quarta e quinta-feira, às 20h30
Sesc Pinheiros - Sala de oficinas, 2º andar
Rua Pais Leme 195, Pinheiros, São Paulo - Metrô Faria Lima
Duração de 50 minutos, 30 lugares por sessão
Ingressos gratuitos, retirada com uma hora de antecedência
"Como as tecnologias digitais remediam nossas experiências de voz? Feito de quatro partes nas quais a experiência visceral da perda de voz se encena por meio da dança, imagens de cordas vocais em movimento se projetam sobre uma tela grande, argila moldada à forma de uma orelha é saltada pela força de um falante e áudios que relatam reminiscências de vozes que fazem falta tocam em falantes distribuídos pelo espaço de encenação, Aquilo que foge explora os complexos mecanismos de produção, transmissão e lembrança de voz"
Victoria Adams, Centre of Latin American Studies, University of Cambridge
"Se trata aqui de sair do pavor que a morte suscita para ser receptivo ao finito, reter uma lâmina: a singularidade como extrato do infinito múltiplo que nos circunda. O múltiplo n'Aquilo que foge se expressa, também nas múltiplas vozes de ausência que compõem a cena"
Hélia Borges, Faculdade Angel Vianna
Nesta dança-instalação Babi Fontana se debruça sobre as memórias de sua avó, a também artista Maria do Carmo Bauer*, que como consequência de uma lesão cerebral perdeu a fala nos últimos anos de vida, e sobre a obra " Não eu", do dramaturgo irlandês Samuel Beckett. O trabalho conta com a colaboração da bailarina e coreógrafa carioca Dani Lima. Paisagem sonora, desenho de luz, live sonora e dramaturgia também foram criados em colaboração com outros artistas.
Babi é artista da dança e trabalha em diálogo com diversas outras linguagens. Em 2018, exibiu Outras Derivas (documentário sobre produção de arte contemporânea no interior de São Paulo) no Festival de cinema latino-americano de São Paulo. Em 2019, estreou e fez temporadas com a dança-instalação Aquilo que foge no Rio de Janeiro, em São Paulo e no interior paulista.
Para compor a performance, que conta com mais de 80 vozes, Babi reproduz áudios de WhatsApp em auto-falantes analógicos ligados à uma live sonora. Quando os auto-falantes desligam, Babi emite a paisagem sonora com seu próprio corpo, ligado a aparelhos portáteis de reprodução de som.
Aquilo que foge é "uma coleção de vozes, um inventário de vozes de vários idiomas. Uma coleção de biografias sonoras povoadas por paisagens audiovisuais. A ideia é experimentar o discurso e o não-discurso através de diferentes linguagens, movimentos, sons e gestos. Experimentar a ideia de eu como construção narrativa. É sobre o falar e o não-falar”, segundo Babi Fontana.
Criação e dança: Babi Fontana; colaboração artística: Dani Lima e Emílio Fontana Filho; colaboração na dramaturgia: Victor Costa; paisagem sonora: Dallanoras; desenho de luz: Laura Salerno; colaboração na instalação sonora e operação som: Andreson Kaltner; direção de produção: Aline Grisa | Bufa Produções; produção: Minotauro Produções.
Sobre Babi Fontana
Coreógrafa, bailarina e pesquisadora. Nos últimos anos desenvolveu trabalhos na fronteira entre a dança o cinema e as artes visuais. Mestranda em Artes da Cena pela Unicamp, no interior de São Paulo, e pós-graduada na Faculdade de Dança Angel Vianna, na cidade do Rio de Janeiro. Em 2019 apresentou sua performance Colisões na Fábrica de Arte Cubana, em Havana, e recebeu em 2018 o Prêmio Proac de Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Dança - executado em 2019 como Aquilo que foge. Colaborou com a/os artistas Dani Lima, Cristian Duarte, Marcio Abreu, Denise Stutz, Alex Cassal, Fernando Belfiore, Esther Arribas e Anne Leigniel. Além de cidades do Brasil e em Cuba, já apresentou seus trabalhos em Londres e Berlim.
* Maria do Carmo Bauer (1928-2010). Na década de 1950 se formou na EAD (Escola de Arte Dramática). Foi uma das fundadoras do Pequeno Teatro Popular, primeiro curso livre de teatro da cidade de São Paulo, onde passou a trabalhar de modo pioneiro com preparação vocal para artes da cena. Ganhou prêmios como atriz e trabalhou como preparadora vocal de diversos espetáculos de teatro, como Macunaíma e Eduardo III, de Antunes Filho. Nos anos de 1970 cursou fonoaudiologia na PUC-SP e por mais de dez anos lecionou interpretação vocal na Escola de Comunicação e Artes (ECA-USP).
Luiz Dolino: exposição e livro na Referência, Brasília
O pintor carioca lança livro na Referência Galeria de Arte. Com textos de Ana Luísa Marinho, Frederico Morais e Nélida Piñon, a publicação passa em revista a produção do artista e os impactos causados pelos deslocamentos em sua obra
Na próxima terça-feira, 28 de janeiro, às 18h30, a Referência Galeria de Arte realiza o lançamento do livro “Agora e antes”, que apresenta um panorama da produção do pintor Luiz Dolino. A publicação de 120 páginas estará à venda por R$ 40,00. Na ocasião, será inaugurada a mostra homônima que traz um recorte da produção do artista carioca, radicado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A mostra fica em exibição até o dia 1º de fevereiro. A entrada é gratuita e livra para todos os públicos. Visitação, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Brasília DF. Telefone: (61) 3963-3501.
Em seu texto sobre a produção de Dolino, a produtora musical Ana Luísa Marinho descreve sua aproximação e a apreciação da obra do artista a partir de um paralelo com a construção de uma pauta musical. “... Dolino pinta música. São pinceladas rápidas como semicolcheias, ou esticando uma espátula como se fosse uma nota longa, combinando as cores como as notas certas num acorde”, escreve Ana Luísa.
A escritora e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras Nélida Piñon ressalta em seu texto os efeitos multiplicadores da linguagem pictórica de Dolino. Os dois se conheceram em Buenos Aires (Argentina), ainda na década de 1970, “O límpido cromatismo de um universo cujo porvir de sua gramática ajustava-se a novos conceitos, construía e desfazia ícones, mitos sob o julgo de irrestrita fidelidade a uma sintaxe geométrica, atrás da qual se escondiam labirintos lógicos, previstos pelo artista”, diz Nélida Piñon.
Ao analisar a obra do artista desde seus primeiros anos como pintor, o historiador, curador e crítico de arte Frederico Morais afirma que para Dolino, a arte é um processo de decantação de emoções e pressões da vida diária. “Para Dolino, a arte nunca teve um caráter de urgência expressiva”, escreve Frederico. O crítico lembra que o artista teve um início de carreira trabalhando com o figurativo. Esse flerte logo foi substituído por pesquisas com matérias e texturas, provavelmente sob influências da pintura formal, “que, como uma avalanche, inundou o mundo da arte no final dos anos 1950 início dos anos 1960, inclusive no Brasil”, afirma Frederico.
Luiz Dolino inicia seus estudos na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues, em 1961. Quatro anos depois, estuda no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com Ivan Serpa, passando a incorporar as formas geométricas ao seu próprio trabalho. Por volta de seus 20 anos, trabalha como funcionário do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Entre 1973 e 1984, reside em diversos países da América Latina, tais como México e Argentina. Em 1984, muda-se para a Costa do Marfim, de onde retorna ao Brasil em 1987, fixando residência na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, realiza o painel “Loco por ti” para o Palácio dos Bandeirantes e, em 1989, é responsável pela capa e pelo projeto gráfico do livro “A Lição do Amigo”, de Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), editado pela Editora Record. Um ano depois, a Editora Salamandra, do Rio de Janeiro, publica o livro “Dolino”, com uma coleção de trabalhos seus. Realiza exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1997. Em 2000, publica o livro “Allegro Affettuoso – memórias”. Ainda neste ano, realiza exposição individual no Museo de la Revolución, em Havana.
Frederico Morais afirma que essa longa permanência fora do Brasil reverberou em sua obra. De um lado, diz, “o distanciamento do país natal permitiu-lhe realizar um trabalho que não sofre a pressão do circuito da arte local... De outro lado, para não perder sua identidade nacional, apegou-se Às suas raízes culturais”, completa.
Galeria Risofloras-Jovem de Expressão ocupa a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
Para abrir a programação de exposições de 2020, a Galeria Casa será ocupada pelo programa Jovem de Expressão, com fotografia, pintura, graffiti, muralismo, performance, instalação e site specific. Adriane Oliveira, Dani Dumoulin, Mayra (an6trais), Ester Cruz, Gu Da Cei, Hud Artes, Kelly França, Key Amorim, Luiz Ferreira, Marconi Cristino, Mayron Ricarte (Vanz), Rayane Soares, Tais Geburt e Tatiana Reis são artistas periféricos que produzem no Distrito Federal e no Maranhão, com repercussão no Brasil e no mundo, mas que em Brasília ainda são pouco conhecidos. A coletiva “Deslocamentos” apresenta a obra desses artistas que abordam as questões éticas e estéticas pertinentes às artes visuais a partir de um olhar distanciado do centro, tantos das grandes metrópoles como dos grandes centros irradiadores e consumidores de arte. Com curadoria de Tatiana Reis e Rayane Soares, a mostra será inaugurada no dia 8 de janeiro, às 17h, e fica em cartaz até o dia 31 de janeiro, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e a classificação indicativo é livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no casapark, 1º Piso, ao lado do Espaço Itaú de Cinema. Telefone: (61) 3403-5300.
Segundo a curadora da mostra e artista visual Tatiana Reis, a mostra coletiva que será apresentada na Galeria Casa aborda as questões da ocupação do que é o espaço público e do encontro entre o periférico e o central. “O que é nosso, deslocar para ocupar o centro, a galeria, a história. “Deslocamentos” traz para esse espaço uma nova geração de artistas, das cidades do Distrito Federal, todes fora do eixo, das asas de Brasília, da cidade planejada”, afirma. A partir dessa perspectiva, as obras tangem questões etnográficas e geográficas, de presença, protagonismo e de visibilidade.
A mostra coletiva reúne 15 artistas visuais que trabalham com os mais variados suportes e linguagens, da fotografia à pintura, passando pela performance e a instalação. “Alguns dos artistas estão vinculados ao programa Jovem de Expressão, outros, por serem periféricos, se relacionam com a proposta de resistir entre os poucos espaços culturais existentes na Ceilândia, a cidade satélite mais populosa do Distrito Federal. A mostra apresenta a produção de cada um dos artistas em sua subjetividade, no trânsito pelo urbano, na recriação das memórias afetivas, ressignificando espaços, reorganizando fronteiras, compartilhando outras narrativas.
Artistas
Adriane Oliveira é artista visual e tatuadora, nascida no Gama-DF onde vive e trabalha. Tem como linguagem a pintura, gravura, fotografia e colagem. A maior parte da sua produção se concentra em pinturas a óleo, acrílico, guache e aquarela, mas também explora a fotografia, a ilustração e monotipia. Atuando há 3 anos como tatuadora, sua pesquisa em arte tem como foco questões do feminino, maternidade, sexualidade, melancolia, morte e vida. Busca através de signos da sacralidade como as representações das santas questionar idealizações do feminino.
Mayra, mais conhecida como An6trais desenha desde criança. Aos 16 começou a produzir obras voltadas para a temática da cultura negra, sobre a diáspora e a indígena. Também se interessa em abordar o sagrado feminino em seus trabalhos mais recentes. A técnica que utiliza é a aquarela.
Dani Dumoulin, artista visual, arte-educadora, zineira, produtora e fotografa. Reside em São Sebastião e caminha pela poética do cotidiano das periferias, buscando os entremeios e as miudezas das histórias vividas em diálogo com a gestualidade artesanal. Gestora e coprodutora do ateliê itinerante título provisório, grupo de produção, circulação e mediação de ações formativas. Em Fragmentos a artista cria a partir de história vividas no concreto do dia a dia. Recolhendo pedaços de paredes de obras e reconstrói em desenho esses locais. É um trabalho em construção constante iniciado em São Sebastião, mas com desdobramentos possíveis.
Ester Cruz natural de Ceilândia, é fotógrafa e web designer. Formada em fotografia no Instituto Iesb. Desenvolve seu trabalho a partir da estética negra, tendo como projetos: Deus é Negra (2018), Consciência Negra (2019), Re'torno (2019) e 365negro (2019).
Gu Da Cei é artista visual, bacharel em Comunicação Social com habilitação em Comunicação Organizacional pela Universidade de Brasília (UnB) e Tecnólogo em Marketing pelo Centro Universitário Internacional. Discute vigilância, imagem, direito à cidade e desenvolve o seu trabalho artístico no âmbito da intervenção urbana, performance e vídeo, além de buscar compreender as possibilidades dialógicas entre processos históricos e contemporâneos da fotografia, bem como seus espaços de exibição e circulação. Vencedor do Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea. Curou a exposição Ceilom(bra) e alguns de seus trabalhos também podem ser conferidos no livro "O Direito Achado na Rua: Introdução Crítica ao Direito à Comunicação e à Informação" e na exposição "TRIANGULAR - arte deste século", do acervo da Casa da Cultura da América Latina (CAL), em exibição na Casa Niemeyer.
Hud Artes mora em Samambaia, trabalha com arte urbana, arte gráfica, grafite no estilo afro ancestral e old school. Promove oficinas e intervenções urbanas, além de revitalizar e reutilizar espaços pela cidade com arte residente de rua.
Kelly França, é historiadora, educadora e também estudante de Teoria, Critica e História da Arte, busca referências vindas da história oral, do Griô, patrimônio imaterial e também das investigações acerca dos lugares de memórias e da construção dessas, através do caminhar e da transgressão à invisibilidade por meio da agência, intenção e causação que promove a identidade espacial. Por meio da fotografia e vídeo-arte, realiza registros de uma narrativa incomum. A partir de uma cadeira protagonista de vivências, que saí de seu lugar utilitário para ver e vir a ser o mundo e construir caminhos, a obra intitulada Memória em Repouso, revela uma busca pelo diálogo com reminiscências e com a construção de memórias, por meio “do caminhar diante da agência de um objeto inanimado, banal ou apenas utilitário”.
Key Amorim, natural de Ceilândia, começou sua trajetória artística ainda na infância, estudou teatro e ballet na adolescência através de projetos sociais, mas foi após ser acometida por uma síndrome rara que encontrou no graffiti a forma de expressar suas vivências com arte. Após o diagnóstico de síndrome de Guillain Barré teve que se adaptar a uma nova realidade de vida, novas limitações e aprender novas formas de se expressar e realizar diversas tarefas. Durante o tratamento, o novo aprendizado e a superação de cada obstáculo, o graffiti, veio como um trampolim para expressar seu o amor pela arte, suas vivências e encarar essa fase. Seu trabalho é focado no empoderamento negro, feminino, superação de barreiras e inclusão social trazendo fortes personagens femininos em murais cheios de cor
Luiz Ferreira cresceu no Recanto das Emas sempre foi fascinado por imagens, memória, histórias, materialidade e como o mundo é. Em suas produções investiga as relações do tempo, espaço e memória promovendo uma experiência da reminiscência através de registros fotográficos e intervenções com a materialidade. É graduando em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e está ligado às áreas de percussão, artes cênicas e design gráfico. Em 2018 foi selecionado para expor na Patchogue Arts Council no estado de New York, nos Estados Unidos, além de ter trabalhado para a VICE Brasil, Panta Magazine publicada em Londres, Berlim e Portugal Seu último trabalho desenvolvido foi o “Refazimento”, sobre cortar a raiz sem perder a raiz, é ressignificação do corpo negro através de uma reflexão sob às opressões diante desse corpo político. É sobre desatribuir e reconstruir feridas deixadas nesse corpo póscolonial.
Marconi Cristino é morador da Ceilândia, estudante de Artes Cênicas da UnB. Fotógrafo e ator, desenvolve seu trabalho a partir de suas vivências como corpo negro e periférico. Trabalha com intervenções urbanas em espaços de poder onde a representatividade de corpos negros historicamente, foi e é ocupada em sua maioria por corpos brancos. Atualmente, além de dedicar em realizar trabalhos autorais, é integrante do Coletivo DUCA (Departamento Urbano de Criação e Arte), formado por jovens de Ceilândia e de outras cidades periféricas da Ceilândia. O coletivo em questão desenvolve trabalhos nos campos das artes visuais e comunicação, atividade de produção, design gráfico, fotografia cinema, ilustração, intervenção urbana, Jornalismo e ativismo.
Rayane Soares, é pedagoga, membra da Rede Urbana de Ações Socioculturais – RUAS, ativista pelo asseguramento dos direitos da Juventude periférica. Atualmente faz parte da gestão do Programa Jovem de Expressão localizado na Ceilândia-DF. É curadora e administra a Galeria Riso Floras que também integra o Programa Jovem de Expressão. Em sua obra Desclocamento de Equilíbrio pretende provocar a reflexão a respeito dos olhares referentes às produções culturais urbanas periféricas, marginalizadas. Devido todo o preconceito estigmatizante criado sobre essa cultura, ser um jovem negro acaba sendo um ato de resistência. O nome da obra é inspirado no Princípio de Le Chatelier, onde fala sobre “quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força.
Taís Geburt é artista visual autodidata e graduanda em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Maranhão. Trabalha com técnica mista, técnica aguada e tinta óleo, materiais como Terra cal e tinta óleo sobre algodão. Em suas produções explora as dificuldades e burocracias envolvidas para a obtenção de moradias de moradias no espaço urbano. Representa a casa através dos véus de ciganas, muitas vezes estampados por azulejos portugueses, detalhes que remetem a sua cidade de origem, São Luís, Maranhão; Seu trabalho é inspirado pela dificuldade de sua mãe, mulher negra, ainda inquilina em busca do sonho da casa própria Além disso, carrega afetividade ao ser carregado por ciganas (ou povo Romani), cuja cultura demonstra grande respeito ao passado, mas nenhum compromisso em carregar consigo coisas que já se foram, nem coisas, nem sentimentos.
Tatiana Reis é artista visual, graduanda em Teoria Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasília. Seu trabalho tem origem em memórias, cartografia afetiva e limites do corpo. O corpo deslocado. Tem sua pesquisa voltada para as relações de gênero e História da Arte. Após a experiência com a maternidade, começou a documentar o puerpério, o corpo materno e sua relação com a filha através de fotografias e textos e esculturas. Participa de um coletivo de artistas mães que questiona romantização e questões invisibilizadas da maternidade. Trabalha também como curadora e é a curadora dessa mostra chamada Deslocamentos.
Mayron Ricarte, mais conhecido como Vanz, é artista visual desde 2008, muralista, grafiteiro e artista plástico. Originário da Ceilândia desenvolve seu trabalho em arte urbana, usando técnicas mistas. Em ascensão tem trabalhos espalhados por vários estados brasileiros além de países da Europa e na América.
Sobre o Programa Jovem de Expressão
O Jovem de Expressão é uma iniciativa da Caixa Seguradora, em parceria com a Rede Urbana de Ações Socioculturais, RUAS. Está presente na cidade de Ceilândia, no Setor. M EQNM 18/20 Praça do Cidadão, Bloco C. No local, promove a saúde de jovens entre 18 aos 29 anos, realizando ações de prevenção à violência, ao crime e ao uso de drogas. Oferecendo gratuitamente à comunidade amplas atividades formativas e culturais. Aula de teatro, fotografia, audiovisual, produção cultural, cenografia, música. Em 2018 o espaço ganhou outro prédio, através do esforço colaborativo dos integrantes do RUAS que ocuparam e reformaram um antigo posto policial abandonado, vizinho à sede do projeto. O novo prédio abriga teatro de bolso e uma galeria de arte, a Risofloras. A galeria já recebeu 10 exposições sempre com chamamentos abertos à comunidade além das mostras resultantes das oficinas culturais. O programa Jovem de Expressão fica no Setor M EQNM 18/20 Praça do Cidadão, Bloco C - Ceilândia, Brasília. Telefone: (61) 33720957.
janeiro 22, 2020
MASP anuncia aquisição de 296 trabalhos de artistas mulheres em 2019
Em 2019, o MASP dedicou toda sua a programação de exposições, publicações, oficinas, cursos e palestras ao eixo temático "Histórias das mulheres, histórias feministas". As mostras individuais incluíram as artistas Akosua Adoma Owusu, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Catarina Simão, Djanira da Motta e Silva, Gego, Jenn Nkiru, Laura Huertas Millán, Laure Prouvost, Leonor Antunes, Lina Bo Bardi e Tarsila do Amaral, além de duas coletivas, "Histórias das mulheres: artistas até 1900" e "Histórias feministas: artistas depois de 2000".
Nesse contexto, todas as aquisições de obras do ano passado tiveram em comum o objetivo de aumentar a presença de mulheres artistas no acervo do museu. O resultado se traduz agora em 296 trabalhos de 21 artistas contemporâneas, um coletivo e artistas do século 19. São obras de Aline Motta, Ana Mazzei & Regina Parra, Anna Bella Geiger, Carolina Caycedo, EvaMarie Lindahl & Ditte Ejlerskov, Kaj Osteroth & Lydia Hamann, Leonor Antunes, Lucia Guanaes, Luiza Baldan, Lyz Parayzo, Marcela Cantuária, Ruth Buchanan, Sallisa Rosa, Santarosa Barreto, Serigrafistas Queer, Tuesday Smillie, Valeska Soares e Virgínia de Medeiros assim como mulheres (ou grupos de) artistas do Egito, Grã Bretanha, Marrocos, Império Otomano, Filipinas, Estados Unidos e Uzbequistão. Além disso, um comodato da obra "Composição (Figura só)", 1930, de Tarsila do Amaral, possibilitou que a obra fosse agregada ao acervo do museu. Atualmente, ela é exibida em um dos cavaletes de cristal do "Acervo em Transformação", a exposição de longa duração do MASP.
Para Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu, "o ano de 2019 foi extraordinário para o MASP no que diz respeito a aquisições e programação, já que tantos artistas que se identificam com o gênero feminino passaram a compor a coleção. O impacto dessas aquisições vai de encontro a missão do museu ao se tornar, cada vez mais, uma instituição inclusiva, diversa e plural".
Segundo Isabella Rjeille, curadora de "Histórias feministas: artistas depois de 2000" e responsável pela maioria das aquisições, "esse é um passo histórico para o museu rumo a uma representação menos desigual na História da Arte em nosso acervo, conhecido principalmente pelas presenças brancas, masculinas e de origem europeia".
Grande Cortejo Modernista no aniversário de São Paulo
Música, teatro, circo e dança preenchem de arte e cultura as ruas, edifícios e palcos localizados no centro histórico da cidade, durante “O Grande Cortejo Modernista”. Com dez horas de duração, o espetáculo itinerante tem início no Pateo do Collegio e termina na Praça da República. Apresentam-se artistas como Elba Ramalho, Karol Conka, Rashid e Ney Matogrosso; os grupos Bixiga 70, Skank, Demônios da Garoa, Aerogroove, Coral Indígena Guarani Amba Vera, Orquestra Sinfônica Municipal, Coro Lírico, Coral Paulistano, Balé da Cidade, bonecos da Cia. PiA FraUs, além dos Blocos Pagu e Baixo Augusta. O cortejo promove uma verdadeira viagem pela história do Modernismo e suas manifestações na capital paulista. Para dar vida a personagens históricos, foram convidados os atores Pascoal da Conceição, Rosi Campos, José Rubens Chachá, Virgínia Cavendish, Marcos Palmeira e Marcelo Airoldi.
25 de janeiro de 2020, sábado, de 12 às 22h
Pateo do Collegio
Praça Pateo do Collegio 2, Centro, São Paulo
PROGRAMAÇÃO
12h – Pátio do Colégio: abertura do espetáculo com José Rubens Chachá como Oswald de Andrade e Pascoal da Conceição como Mário de Andrade anunciando o Grande Cortejo Modernista.
Apresentação do Coral Paulistano com o Coral Guarani Amba Vera;
13h – Pátio do Colégio: Início do cortejo com Elba Ramalho e banda Bixiga 70;
14h – Largo São Bento: no berço do Hip hop, show com Karol Conka, Rashid, bboys, bgirls e DJs;
Pela Líbero Badaró, intervenções aéreas com dançarinos , performers e os personagens Di Cavalcanti (Marcelo Airoldi) e Tarsila do Amaral (Rosi campos) dialogam das sacadas de Prédios Históricos.
No Edifício Sampaio Moreira, sede da Secretaria Municipal de Cultural (SMC), os personagens Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) e Anita Malfatti (Virgínia Cavendish) celebram os 45 anos de criação da SMC e sobre a primeira exposição de Anita.
15h – Praça do Patriarca: O Balé da Cidade apresenta coreografias inspiradas na obra da artista plástica Tarsila do Amaral, ao som da banda aérea da Cia-K Aerogroove.
Rosi Campos como Tarsila do Amaral apresenta os bonecos gigantes da Cia. PiA FraUs, inspirados em obras do modernismo brasileiro.
15h30 – Nas sacadas do Edifício Matarazzo, o grupo Demônios da Garoa apresenta clássicos do Samba Paulistano.
Pelo Viaduto do Chá, Leda Cruz em Voz e Piano com bailarinos fazem uma performance aérea.
16h30 – Nas sacadas do Theatro Municipal, os modernistas encontram com Marcos Palmeira que interpreta o Maestro Heitor Villa-Lobos para anunciar as comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna de 22.
Villa-Lobos e João Carlos Martins regem a Orquestra Sinfônica Municipal, com os musicistas usando chinelos, em alusão ao ocorrido na Semana de 22;
Do saguão do Teatro Municipal surge o Bloco Pagu, composto por 100 mulheres homenageando a escritora e jornalista Patricia Galvão, um dos ícones de Modernismo. Ao som do Bloco, o cortejo segue até o Largo do Paissandu.
18h – Na chegada ao Largo do Paissandu, Zezé Motta surge da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, para falar da memória negra do território ao som do bloco afro-afirmativo Ilú Obá de Min.
A lado do Boneco gigante do Palhaço Piolin, circenses e a banda aérea da Cia K - Aerogroove tocam hits modernos e milhares de bolas coloridas são jogadas para o público brincar.
19h – Na Galeria do Rock Oswald de Andrade anuncia a banda Skank, que faz um show especial, revisitando seus grandes sucessos.
O Bloco Pagu com os Modernistas conduzem o público até o cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João;
20h – Na esquina mais famosa de São Paulo, Ney Matogrosso faz show de voz e piano (Leandro Braga);
21h – Pela Avenida Ipiranga, o Bloco Baixo Augusta embala os participantes com ritmos carnavalescos até a Praça da República anunciando o Carnaval de Rua de São Paulo.
DESTAQUES
Marcos Palmeira como Heitor Villa-Lobos
Rosi Campos como Tarsila do Amaral
José Rubens Chachá como Oswald de Andrade
Pascoal da Conceição como Mário de Andrade
Marcelo Airoldi como Di Cavalcanti
Virginia Cavendish como Anita Malfatti
Projeto Verão #1 na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria realiza o Projeto Verão #1, com uma programação intensa: performances diversas, com música, poesia, acrobacia, instalações sonoras, exposições-cápsulas, cinema, aula de modelo vivo e bar temático, de 22 de janeiro a 14 de março de 2020, das 19h às 22h, com entrada gratuita.
Participarão do projeto mais de 20 artistas, como Alexandre Vogler e Cadu, representados pela galeria, Botika, Paulo Tiefenthaler, Amora Pera, Guga Ferraz, e outros artistas visuais, bailarinos, músicos, poetas e cineastas. O escritor Nilton Bonder fará uma conversa aberta após a exibição do documentário “A Alma Imoral”, de Silvio Tendler, e durante todas as noites do período funcionará no terraço o Bar Pinkontolgy, de Gabriela Davies, curadora da Vila Aymoré, com drinques criados especialmente para o Projeto Verão #1,
Enquanto o “cubão branco” no térreo, com seus sete metros de altura, receberá às quartas-feiras uma programação de performances, o último andar abrigará duas exposições: Bebendo Água no Saara, com trabalhos de Laís Amaral (22 de janeiro a 8 de fevereiro), e Milanesa, de Felipe Barsuglia (12 de fevereiro a 14 de março).
As performances que vão ocupar o grande espaço térreo são:
22 de janeiro, das 19h às 21h – “Onda (sonata de|s|encontro)”, com Jéssica Senra.
Nesta instalação-performance, o corpo é o centro de uma experiência que busca em sonhos a construção de múltiplas temporalidades, em que a “onda” é vista como água, estado utópico, caminho de abertura, para uma construção – imagética e sonora – em expansão, em que cria sua própria realidade.
29 de janeiro, das 19h às 21h – Encontrão de poetas, com curadoria de Ítalo Diblasi, e coordenação de Bianca Madruga e Letícia Tandeta,do coletivo MESA
A ação busca transformar a palavra falada em obra de arte, deixar que a poesia encontre o espaço em branco e o ocupe.Criada pelas artistas em 2015, no Morro da Conceição, a MESA é integrada também pela curadora Pollyana Quintella e a pesquisadora e doutoranda em filosofia Jessica Di Chiara. Participarão os poetas Guilherme Zarvos, Julia de Souza, Laura Liuzzi, Marcelo Reis de Mello, Mariano Marovatto, Nina Zur e Rita Isadora Pessoa.
5 de fevereiro, das 19h às 21h – Aplique de Carne, de Alexandre Vogler, Botika e Paulo Tiefenthaler.
Projeto multidisciplinar que reúne artes plásticas, cinema, performance e rock and roll, construído sob estrutura literária – a fábula de Aplique de Carne.
Elenco: Aplique de Carne – Nana Carneiro da Cunha; Apliquete – Amora Pera; Apliquete – Botika; Apliquete – Flavia Belchior; Namorado – Guga Ferraz
Músicos: Bernardo Botkay, Emiliano 7, Flavia Belchior, Nana Carneiro
Ficha técnica e música
REPERTÓRIO N.1 [TEASER] from Davi Pontes on Vimeo.
12 de fevereiro, das 19h às 20h – “Repertório N.1”, com Davi Pontes e Wallace Ferreira – Indicação etária: 18 anos
A obra nomeia uma trilogia de práticas coreográficas que investem na ideia de dança enquanto um treino de autodefesa. O movimento pode ativar a memória dos corpos subalternos que foram enterrados sob códigos hegemônico? O movimento visto como um dilema da modernidade, de que maneira se pode reivindicar uma outra temporalidade dançada, menos contaminada pelos cacos da “história da dança”? A assistência de dramaturgia é de Bruno Reis.
19 de fevereiro, das 19h às 21h – Aula aberta de modelo vivo, com Cadu
Material sugerido: bloco de papel e lápis. Inscrições prévias por email ou pelo telefone: 2540.6446.
11 de março, das 19h às 21h – Exibição do documentário “A Alma Imoral” (1h58’), de Silvio Tendler, seguida de conversa aberta com Nilton Bonder, autor do livro homônimo – Indicação etária: maiores de 14 anos
Silvio Tendler aborda questões sobre a possibilidade de se impulsionar a própria vida; as diferenças entre a concepção científica e a concepção bíblica na interpretação da vida; o que é alma e corpo? O filme propõe uma conexão entre as, não importando suas crenças. Apoio: LZ Studio (móveis)
Para Nilton Bonder, a “transgressão é o elemento capaz de renovar a vida, de impulsioná-la a um novo horizonte de possibilidades”. “Essa transgressão está localizada na alma”. “Alma Imoral” é um projeto instigador, poético e filosófico, com a direção de Silvio Tendler, trazendo o best-seller do Rabino Nilton Bonder para as telas. Bonder, personagem condutor, partirá numa jornada na busca da Alma Imoral pelo Brasil, EUA e Israel, entrevistando destacados transgressores do pensamento e da atualidade em sua própria "tribo". Tratando o particular como modelo para o universal, como o fez no sucesso da obra teatral, Bonder parte de seu próprio mundo e tribo para abordar adultério, ateísmo, homossexualidade, traição, rompimento e inovação na diversidade da política, religião, arte e ciência. As entrevistas são entremeadas por coreografias da Cia de Danças Debora Colker. Passagens e mitos bíblicos revelam a arte de transitar no território da interdição e da transgressão e trazem uma nova reflexão sobre o que é lícito e apropriado, sobre o tabu e sua quebra. Um filme sobre a importância da transgressão para impulsionar a vida. Entre os entrevistados estão: Frans Krajcberg, Michael Lerner, Rebbeca Goldstein, Etgar Keret, Uri Avneri, Reb Zalman Schachter, Rabino Steven Greenberg, Noam Chomsky, e irmãos Rosenberg.
EXPOSIÇÕES-CÁPSULAS
No espaço expositivo do segundo andar, ao lado do terraço, será inaugurada no dia 22 de janeiro Bebendo Água no Saara, com seis pinturas de Laís Amaral (1993, São Gonçalo, Rio de Janeiro), que ficará em cartaz até 8 de fevereiro. O texto que acompanha a exposição é de Agrippina Manhattan. A artista parte de processos de desertificação e embranquecimento da natureza para fazer um paralelo com o ser humano, “dada a imposição de um sistema de organização de mundo moderno-colonial”. Para ela, “Bebendo água no Saara” se revela como uma busca de expandir possibilidades de existir e comunicar, um processo de fertilização subjetiva, onde umedecer acontece pelo gesto da manifestação plástica”. “Tal experiência está diretamente conectada a mistérios de uma realidade sensível que permeia a memória e o agora”, afirma.
No dia 12 de fevereiro, será aberta no segundo andar a exposição “Milanesa”, com seis pinturas de Felipe Barsuglia (1989, Rio de Janeiro), artista conhecido por transitar por várias mídias. O texto que acompanhará a mostra é de Germano Dushá, e a exposição fica até 14 de março.
Instalação de Tadeu Jungle na fachada do MAC USP, São Paulo
O Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta, a partir do dia 25 de janeiro, às 11 horas, a instalação "Você está aqui", do cineasta, fotógrafo, poeta e artista visual Tadeu Jungle, montada nos 555 m² da empena do edifício do Museu. Será a primeira vez que o Museu vai ocupar a sua empena com uma obra de arte. E esta instalação configura-se como o maior poema visual impresso já feito no Brasil.
A ideia do poema surgiu em uma viagem pela Europa em 1981, quando Tadeu Jungle chegou a uma estação e não conseguiu se localizar pois não havia o clássico sinal - "Você está aqui" - no mapa. “De nada adianta o mapa sem o sinal! Ou seja, se você não sabe onde está, fica difícil saber para onde ir”, lembra o artista. A ideia seguiu em suas anotações até que em 1997, criou o poema na forma de um pequeno adesivo que poderia ser colado em qualquer lugar. “Eu o chamei de um grafitti de plástico, por manter as características anônimas dos grafiteiros e ao mesmo tempo ser uma manifestação de arte urbana pública. "Você está aqui" ganhou a versão "You are here" e eu o colei pelo mundo todo”, conta Jungle. Para Daniel Rangel, curador e mestre em artes visuais pela ECA USP, “a afirmação embutida em "Você está aqui" torna o leitor um cúmplice invariavelmente consciente do significado da frase. No ato da fruição ativa-se uma percepção do aqui e do agora, um dos preceitos do budismo, que fez com que o autor o denominasse de ‘poema zen’”.
Ainda em 1997, convidado para uma exposição individual na Galeria Valu Oria, Tadeu Jungle ampliou as possibilidades de aplicação do adesivo, que ganhou diversos suportes como camisetas, caixas de fósforos, copos, relógios, descanso de tela de computador e foi exibido em painel de led no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Em 2012, "Você está aqui" foi apresentada como uma performance aérea, com uma faixa sendo puxada por um avião na orla das praias do Rio de Janeiro. Um ano depois se transformou numa instalação site specific na exposição Videofotopoesia no Instituto Oi Futuro.
Tadeu Jungle tem a multidisciplinaridade e a inquietude criativa como características centrais de sua produção e personalidade. Desde o começo de sua trajetória, vem explorando diferentes linguagens para se expressar. Realizou vídeos em que além de dirigir, muitas vezes atuou; poemas visuais em distintos suportes, como pichações, adesivos e objetos poéticos, além de serigrafias, fotografias, pinturas e instalações cujas palavras e imagens se encontram com frequência. Agora chega ao MAC USP com seu poema "Você está aqui". Para o curador, a dimensão da obra causa um impacto ao ambiente e no seu entorno. “Além da mensagem exibida em meio ao caos da urbis, o poema deve criar uma tensão de palavras-coisa no espaço-tempo fazendo com que as pessoas se perguntem: onde estou agora? A resposta virá como um poema visual concreto: objetivo, impactante e direto – "Você está aqui"”.
Regina Silveira inaugura novo Paço das Artes, São Paulo
Paço das Artes comemora 50 anos inaugurando sede nova em antigo casarão paulistano com exposição de Regina Silveira e programação totalmente gratuita
Na exposição de inauguração, o Paço das Artes apresenta Limiares, mostra inédita da multifacetada artista Regina Silveira, uma das criadoras com maior presença na arte contemporânea brasileira. A exposição, com curadoria de Priscila Arantes, diretora da instituição, fica em cartaz de 25 de janeiro até 10 de maio com entrada gratuita.
O título “Limiares” foi escolhido por Priscila Arantes não somente por conta da obra “Limiar”, presente na exposição, mas também pela simbologia do significado da palavra, que remete a idéias de começo, de estágios iniciais, como a ocasião especial de inauguração da nova e definitiva sede da instituição. Além disso, o processo de Regina Silveira, muitas vezes, apresenta características pensadas para o espaço onde as obras são alocadas, como no caso de “Dobra” e “Cascata”, trabalhos inéditos criados para o Paço das Artes. Ambas as obras se relacionam com a arquitetura do ambiente onde serão instaladas e problematizam as questões da perspectiva, dialogando diretamente com o novo espaço onde o Paço das Artes estará funcionando, explorando a potência deste local e todo o seu contexto territorial.
A escolha – também simbólica – por uma artista do sexo feminino faz parte de uma visão e estratégia curatorial que sempre considerou e contemplou a representatividade das mulheres no campo das artes. Desta forma, a opção pelo trabalho de Regina Silveira nesta ocasião se dá naturalmente em função do histórico de seus projetos realizados na instituição, especialmente durante o longo período (de mais de duas décadas) em que o Paço das Artes esteve na USP.
Na obra “Dobra” a artista faz um resgate dos trabalhos que subvertem o sistema de perspectiva que realiza desde os anos 1980, quando, algumas vezes, utilizava imagens originadas a partir de fotografias como na série “Anamorfas” em que objetos cotidianos tomavam, se observados de certa altura ou determinados ângulos, novas formas ou redesenhavam suas imagens rompendo com a ideia de perspectiva linear renascentista. Em “Dobra”, por exemplo, é possível visualizar um banco de jardim na área externa do Paço, a partir de um certo ponto de observação.
O trabalho “Cascata” é uma versão criada para o Paço das Artes, utilizando métodos já apresentados pela artista em outras obras como em “Lumem” no Palácio de Cristal, organizado pelo Museu Reina Sofia em Madri. Ali, explorava-se o universo das luzes e das sombras em diálogo com a luz natural e a transparência do palácio partindo das formas arquitetônicas reais e expondo seu conceito de distorção, assim como em “Clara Luz”, exibida no CCBB de São Paulo, onde ela abordou a questão da desconstrução, do real e do virtual. “Cascatas” apresentará a reprodução múltipla das janelas originais do prédio do novo imóvel onde o Paço das Artes está abrigado.
As videoinstalações “Limiar” e “Lunar”, além de integrarem a exposição, serão doadas ao Paço das Artes para inaugurar seu acervo, como mencionado anteriormente, o primeiro de arte contemporânea de São Paulo exclusivamente digital e de obras reprodutíveis. Assim, o Paço das Artes avança em sua missão de promover o diálogo entre o público e a arte contemporânea com o lançamento de seu acervo, integrando-o ao projeto MaPA, plataforma digital de arte contemporânea, que reúne todos os artistas, críticos, curadores e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.
Em “Limiar” a artista trabalha a questão plástica da luz, fascínio de vários artistas e bastante presente em seus projetos. Nela, a palavra “luz” é exibida em 76 idiomas, dilatando-se e virando luz, dando a ideia de pausa, de respiração, da vida que pulsa, do começo. E que, na visão da curadoria, faz alusão à nova vida do Paço das Artes naquele espaço. Já “Lunar” é uma espécie de balé de duas esferas, numa coreografia com luz e sobra, inserida num espaço básico e que brinca com as noções de percepção e perspectiva do observador.
Além de “Limiar” e “Lunar”, os visitantes poderão conferir, na exposição, as outras obras em vídeo doadas por Regina Silveira. São elas: “Campo” (1977), “A arte de desenhar” (1980) e “Morfa” (1981).
Regina Scalzilli Silveira (Porto Alegre, 1939) é artista multimídia, gravadora, pintora, professora. Concluiu, em 1959, bacharelado em pintura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFGRS), onde estudou com Aldo Locatelli (1915-1962) e Ado Malagoli (1906-1994), entre outros. No início da década de 1960, teve aulas de pintura com Iberê Camargo (1914-1994), e de gravura com Francisco Stockinger (1919-2009) e Marcelo Grassmann (1925-2013), no Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Como bolsista do Instituto de Cultura Hispânica, em 1967, estudou na Faculdade de Filosofia e Letras de Madri. Em 1969, foi convidada a ministrar cursos na Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Porto Rico. Voltou para o Brasil em 1973, e coordenou até 1985 o setor de gravura da Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Em 1974, passou a lecionar na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Na mesma instituição, defendeu dissertação de mestrado em 1980 e, em 1984, obteve o título de doutora. De 1991 a 1994, permaneceu em Nova York, com bolsas de estudo concedidas pela John Simon Guggnheim Foundation (1991), pela Pollock-Krasner Foundation (1993) e pela Fullbright Foundation (1994). Em 1995, recebeu bolsa de artista residente da Civitella Ranieri Foundation. Recebeu, em 2000, o Prêmio Cultural Sergio Motta.
Priscila Arantes (São Paulo, 1966) é curadora e diretora artística do Paço das Artes desde 2007. É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA) e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. É pesquisadora, crítica de arte, professora e vice-coordenadora do curso Arte: História, Crítica e Curadoria da PUC-SP. Em 2007 foi finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Editora Senac/Fapesp). É autora de Reescrituras da arte contemporânea: história, arquivo e mídia (Editora Sulina, 2015), Arte: história, crítica e curadoria (org. Educ) entre outros. Entre suas curadorias, destacam-se ISSOÉOSSODISSO (Lenora de Barros - Paço das Artes, 2016), Migrações (Marcelo Brodsky – Paço das Artes, 2016) e O ciclo da intensidade (Charly Nijensohn – Paço das Artes, 2017).
janeiro 19, 2020
Visões Cotidianas do Brasil Moderno no BNDES, Rio de Janeiro
O Espaço Cultural BNDES, no Rio de Janeiro, inaugura dia 21 de janeiro, das 18h às 21h, a exposição Visões Cotidianas do Brasil Moderno. A mostra, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, apresenta 40 obras da antiga Coleção Banerj que hoje integra o acervo do Museu do Ingá, em Niterói. Serão exibidas pinturas, aquarelas, gravuras e desenhos dos principais artistas do cenário modernista nacional, como Di Cavalcanti, Djanira, Lasar Segall, Goeldi, Iberê Camargo, Guignard, Fayga Ostrower, Rebolo, Anita Malfatti, Aldo Bonadei, Antonio Bandeira, Milton Dacosta, Burle Marx, Marcelo Grassmann, Carlos Scliar, Pancetti, Flávio Shiró, etc.
O recorte feito pela curadoria, dentre os 876 trabalhos que compõem a Coleção, busca revelar particularidades talentosas e também a possibilidade de contextualizar os procedimentos da arte moderna dentro de esferas culturais determinadas pela história. Serão exibidos juntos, pela primeira vez no Rio de Janeiro, os monumentais painéis Brasil em quatro fases, de Di Cavalcanti; Crônicas do Rio, de Emeric Marcier; e Cena campestre, de Enrico Bianco. As emblemáticas obras monumentais composta por enormes painéis, foram realizadas por encomenda do governador Carlos Lacerda, em 1965, para a festa do 4º Centenário da Cidade do Rio de Janeiro.
A Coleção Banerj, nome do extinto Banco do Estado do Rio de Janeiro, foi iniciada em 1964, quando Lacerda decidiu formar uma coleção para o BEG - Banco do Estado da Guanabara –, em comemoração aos 400 anos do Rio de Janeiro. Na época a cidade acabara de perder o status de Distrito Federal, entretanto, reafirmava-se como capital cultural do país. As primeiras aquisições tinham como objetivo embelezar as agências bancárias, porém, mais tarde, nos anos 1980, a iniciativa se transformou em política cultural da instituição que fundou a Galeria de Arte Banerj, na Av. Atlântica, em Copacabana. No final da década de 1990, por ocasião da liquidação do banco, foi firmado um convênio com a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro para que a coleção ficasse sob a guarda do Estado e integrasse o acervo do Museu do Ingá. Esta iniciativa garantiu que as obras permanecessem no Rio – na época, uma grande preocupação dos artistas e produtores locais.
Para o curador Marcus de Lontra Costa, “a Coleção BANERJ é um patrimônio importante para a arte brasileira e a sua presença na cidade de Niterói - RJ, em meio a essa paisagem fundamental para a construção da linguagem moderna em nosso país, reafirma a importância da cidade para as artes, na qual a tradição caminha integrada com o contemporâneo”. “Resgatar a memória artística e apresentar um recorte dessa rica coleção de artes visuais na cidade do Rio de Janeiro, com entrada franca e classificação livre, permite o acesso igualitário do público ao patrimônio cultural e bens artísticos, hoje mantido e resguardado pelo Museu do Ingá”, completa o curador.
Os artistas integrantes da mostra são dos mais valorizados pintores e gravadores brasileiros e têm obras nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo. São artistas apaixonantes de grande importância para a cultura nacional, considerados mestres da arte moderna no Brasil, e influenciam até hoje uma grande geração de novos talentos. Ainda que diferentes no que diz respeito às técnicas, suas obras em conjunto afirmam a construção da sua linguagem nacionalista, reunindo influências externas para criar uma arte autenticamente brasileira, partindo de imagens subjetivas, mas construindo suas obras objetivamente.
A exposição desta coleção no Espaço Cultural BNDES é de fundamental importância para a consolidação do corredor cultural das artes visuais entre o Rio de Janeiro e Niterói. O projeto foi selecionado através de concurso público promovido pelo BNDES, realizador da exposição.
O vermelho e o preto na Lurixs, Rio de Janeiro
No dia 16/12, a galeria Lurixs inaugura a exposição coletiva O vermelho e o preto, a partir das 18h. A exposição, como já revela o título, exibe uma investigação da interação das cores preto e vermelho, sob a perspectiva de dezesseis artistas diferentes.
A mostra reúne abstrações, fotografi a e objetos de artistas consagrados, como Wanda Pimentel, Ubi Bava e Tomie Ohtake; e também inclui trabalhos de artistas representados pela galeria, como Mauricio Valladares e Renata Tassinari e Raul Mourão.
Não é a primeira vez que obras são exibidas a partir de uma linha curatorial baseada na cor como motivação principal – o Salão Preto e Branco, de 1954, é apenas uma das várias exposições onde esquemas cromáticos foram protagonistas.
Esse diálogo surge da vontade de celebrar e investigar a cor por si só, de maneira autônoma – proposta tão presente no acervo de obras da galeria, cujo enfoque inicia-se no movimento neoconcreto brasileiro, perpetua-se na contemporaneidade.
A seleção apresentada emerge da necessidade de explicitar uma frequente combinação de cores, cuja marca é o forte contraste entre a saturação alarmante do vermelho, que reafi rma o plano, e a tranquila profundidade do preto, que distancia nosso olhar para uma noite infinita. Assim, o espectador encontrará, através dos mais diversos temas e suportes, um conjunto de obras dinâmico, vibrante e potente, que estabelece um território pleno para experienciar a cor como forma visual pura.
A exposição toma lugar no segundo andar da galeria e ocorre simultaneamente à individual de Raul Mourão, Sobre o Pênalti e outras jogadas, no térreo.
Raul Mourão na Lurixs, Rio de Janeiro
‘Sobre o Pênalti e outras jogadas’ é a primeira exposição em que o artista reúne apenas obras criadas a partir do futebol, tema sobre o qual se debruça há 25 anos
O artista Raul Mourão inaugura na próxima segunda feira, dia 16 de dezembro, a partir das 19h, sua oitava exposição individual na galeria Lurixs. A mostra Sobre o Pênalti e outras jogadas reúne 13 trabalhos realizados entre 1999 e 2019 a partir de um tema constante na obra do artista: o futebol.
“Em 1993, produzi a primeira escultura representando o futebol e, desde então, o tema se repetiu em diferentes momentos e suportes. No início, era o desenho do campo, depois os cartões de advertência e expulsão. São imagens que estão profundamente impregnadas na visualidade e na emoção de enorme parte da população brasileira e mundial”, diz Mourão, que é fascinado pelo esporte desde sempre.
O artista apresenta esculturas, desenhos e pinturas em que as linhas brancas do campo e as cores dos cartões são deslocados do seu ambiente usual. Tais elementos também têm suas dimensões alteradas ou sofrem quebras em sua confi guração original, como em Campo Todo Fraturado (ano), em que Mourão brinca com as formas geométricas que surgem das delimitações do campo do jogo. Essa fragmentação também gera trabalhos como Meia Lua (ano), Círculo Central (ano) e A Pequena Área (ano), em que esses desenhos do jogo podem ser confundidos com abstrações minimalistas.
Essa ambiguidade apresentada nas obras convida o espectador a experienciar elementos que já lhe são familiares, desta vez com uma leitura voltada para a estética e a forma, não mais exclusivamente para a sua função original. “Já são mais de 25 anos criando obras a partir do futebol, mas eu nunca havia feito uma exposição exclusiva sobre o tema”, conclui Raul.
Cities in Dust na Carpintaria, Rio de Janeiro
A Carpintaria tem o prazer de apresentar a coletiva de verão Cities in Dust, de 23 de janeiro até 4 de outubro. O título é aqui emprestado da música lançada em 1985 pela banda inglesa Siouxsie and the Banshees. A mostra inclui obras do acervo que compartilham um interesse na morfologia do urbano e seus fenômenos contemporâneos. São fotografias, pinturas e esculturas de 14 artistas representados pela Fortes D’Aloia & Gabriel.
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Enquanto a canção descreve a destruição da cidade de Pompéia pelo vulcão do monte Vesúvio causada por fenômenos naturais em 79 a.C., nossa era é caracterizada pelo ser humano como principal fomentador de catástrofes. Acadêmicos como Eduardo Viveiros de Castro denominaram tal período como Antropoceno. Alguns milênios antes, em terras brasileiras, animais como preguiças gigantes escavavam paleotocas, túneis que serviam como abrigos subterrâneos; o termo titula a escultura de resina de Barrão com moldes recortados de papelão, madeira e uma possível caixa de ferramentas: abrigos temporários para utensílios rotineiros. Carlos Bevilacqua nos faz voltar ao presente. A tensão constante entre passado e futuro é o fio condutor de "Paletas e Fantasmas": objetos são ressignificados de seu uso comum, explicitando a fragilidade de um equilíbrio arquitetônico.
Iran do Espírito Santo, que há mais de vinte anos transforma objetos corriqueiros e industriais em totens contemplativos, participa com "Quatro lâmpadas”. A relação centra-se entre a trivialidade aparente destes objetos no uso comum e a aproximação visual aumentada e utópica que o artista insere em sua prática. Objetos cotidianos também servem como matéria prima para as fotografias abstratas da série "Mancha de Óleo", de Rivane Neuenschwander, produzida em 2012 a partir de imagens de satélites de derramamento de óleo. A obra remete imediatamente ao vazamento de petróleo ocorrido nas praias do Nordeste. Já o "Tríptico", de Luiz Zerbini, incorpora grids inspirados nas janelas do edifício Copan em São Paulo, que nos lembra de quando o projeto modernista de Niemeyer representava a utopia de um futuro otimista que nunca chegou. O antropólogo francês Lévi-Strauss sintetizou esta rápida decadência numa frase hoje mais reconhecida pela canção "Fora Da Ordem" de Caetano Veloso e apropriada na obra de Cerith Wyn Evans: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína.” A consolidação da falha deste projeto brasileiro é ilustrada em "Perimetral" de Mauro Restiffe, que documenta a polêmica implosão do elevado carioca. "Planos de Fuga" são retratos dos centros paulistanos característicos de qualquer cidade do mundo: camisas sociais, gravatas, maletas, mochilas - impermanências constantes que se repetem de segunda à sexta. Da mesma forma, na série "New Ads for São Paulo", Franz Ackermann insere fachadas coloridas na cinzenta megalópole que poderia ser confundida com Xangai ou Nova Iorque. Tais fenômenos de fluxos contemporâneos geram consequências catastróficas sociais e ecológicas que hoje são amplamente questionados.
O excesso de informação e estímulo nos tornam condicionados à softwares que nos afastam da experiência do real. A escultura de Barrão "A+B" ilustra tal fenômeno: a organicidade dá lugar à rigidez das máquinas e telas que mediam cada vez mais nossas relações, e a cor cinza utilizada pelo artista pode ser interpretada como a monocromia usual dos materiais urbanos, como o concreto. "Forma" de Rodrigo Matheus e "Copa" de Leda Catunda usam a literalidade como ferramenta para explicitar os vícios de comunicação do mobiliário das cidades. "Epitácio Pessoa", de Damián Ortega, traz tridimensionalidade aos pixos observados pelo artista na avenida homônima - os tags no universo do grafite reivindicam individualidade e presença no espaço público.
Já Bárbara Wagner, em sua série "Mestre de Cerimônias" documenta a produção de clipes do Funk Ostentação paulista confundindo as noções de fantasia e realidade: seria essa uma metáfora de nossos tempos?
Carpintaria is pleased to present the summer group show Cities in Dust. The title is borrowed from British band Siouxsie and the Banshees’ song released in 1985. The exhibit is comprised of photos, paintings and sculptures by 15 of the artists represented by Fortes D’Aloia & Gabriel, which share a particular focus on urban morphology and its contemporary phenomena.
While the song describes the destruction of the city of Pompeii by Vesuvius, caused by natural phenomena in 79 B.C., our era is typified by human presence as the main enabler of disasters. Scholars like Eduardo Viveiros de Castro have named such period as Anthropocene. A few millennia earlier, in Brazilian territory, animals such as giant sloths dug paleoburrows, tunnels used as underground shelter; Barrão’s resin sculpture, entitled Paleotoca which borrows its title from the latter, is made with molds cutout from cardboard, wood and what seems to be a toolbox – temporary shelters for ordinary utensils. Carlos Bevilacqua brings us back to the present day. The constant tension between past and future works as a common thread in Paletas e Fantasmas [Palettes and Ghosts] – objects get new meanings that differ from their common usage, highlighting the fragility of architectural balance.
Iran do Espírito Santo, who’s been turning ordinary industrial objects into contemplative totems for over 20 years now, joins in with Quatro Lâmpadas [Four Light Bulbs]. The relationship stands between the apparent triviality of these objects with their common usage and the utopic enlarged visual approach the artist adds to his practice. Ordinary objects are also used as building materials in Rivane Neuenschwander’s series of abstract photos Oil Spills, made in 2012 from satellite images. The piece directly refers to the recent incident in Brazil’s northeast coast. Luiz Zerbini’s Tríptico [Triptych] integrates grids inspired by Copan building windows in São Paulo that remind us of times when modernist Oscar Niemeyer would stand for the utopia of an optimistic future that has never come into being. French anthropologist Lévi-Strauss summarized this rapid decay in a well-known sentence that was incorporated by Caetano Veloso in his song Fora da Ordem and later appropriated by Cerith Wyn Evans: Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína [Here Everything Seems Still Under Construction and Is Already a Ruin]. The consolidation of the failure of the Brazilian modernist project is illustrated in Perimetral, by Mauro Restiffe, which documents the controversial demolition of an overpass in Rio. Restiffe’s Planos de Fuga [Escape Plans] are portraits taken in downtown São Paulo, but also representative of any big metropolis: dress shirts, ties, briefcases, backpacks – continued fluctuations replayed Monday to Friday. Likewise, in the series New Ads for São Paulo, Franz Ackermann incorporates colorful façades onto the greyish megalopolis that could be mistaken for Shanghai or New York. Such contemporary influx phenomena create disastrous social and environmental consequences that are, nowadays, widely disputed.
The information and stimuli overload make us dependent on softwares that push us away from reality. Barrão’s sculpture A+B illustrates such phenomenon – organicity gives way to the rigidity of machinery and screens that increasingly mediate our relationships, and the grey color used by the artist may be interpreted as the customary monochrome scheme of urban materials, such as concrete. Rodrigo Matheus’ Forma [Shape] and Leda Catunda’s Copa use literality as a tool to highlight communication flaws on cities’ street furniture. Epitácio Pessoa, by Damián Ortega, brings three-dimensionality to the graffiti spotted by the artist in the namesake avenue – in the graffiti scene tags vindicate individuality and presence within public space.
As for Bárbara Wagner, she documents the production of funk ostentação music videos in São Paulo, blurring the lines between fantasy and reality in her series Masters of Ceremony: could it be a metaphor for nowadays?
janeiro 16, 2020
Zip’Up: Cristina Suzuki na Zipper, São Paulo
A Zipper Galeria inaugura a temporada 2020 do programa Zip’Up com a individual “Padrão”, da artista Cristina Suzuki. Com curadoria de Julia Lima, a mostra abre no dia 18 de janeiro, às 11h, e reúne três séries da artista - “Imprinting” (2019),“Novos e Velhos Clichês para Era Contemporânea” (2011-2019) e “Coleção de Verão Para Panos de Chão” (2016) - que refletem sobre a repetição e a reprodutibilidade como procedimentos criadores de novas poéticas visuais.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos oito anos, somam mais de cinquenta exposições e cerca de 70 artistas e 30 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
Sobre a artista
Cristina Suzuki (São Paulo, 1967) é artista visual, formada em Artes Plásticas pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila (Santo André) em 1990. Já participou de exposições coletivas e individuais em vários estados brasileiros, entre elas, Salão de Arte Contemporânea de Santo André (2016), Edital de ocupação espaços SESI – Suzano (2016), Programa de Exposições Museu de Arte de Goiânia (2015), Programa Anual de Exposições MARP – Ribeirão Preto, SP (2009), Arte Pará e VIII Bienal do Recôncavo (2006). Possui obras nos acervos da Pinacoteca de São Bernardo do Campo, Prefeitura de Santo André e Centro Cultural Victor Brecheret.
Sobre a curadora
Julia Lima é curadora, pesquisadora e tradutora. Gradou-se pela PUC-SP em Arte: História, Crítica e Curadoria, e participou da Summer School do Courtauld Institute, em Londres. Atuou como educadora da Fundação Bienal de São Paulo e como assistente de curadoria e produtora de exposições independentes. Foi membro do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, onde permaneceu por três anos. Fez parte do júri da 5a. edição do Prêmio EDP e do júri da 1a Residência do Instituto Adelina; hoje é curadora da 2a edição do programa. Entre seus principais projetos de exposição estão as coletivas “Eu queria ser lida pelas pedras”, ganhadora do edital da Galeria Guaçuí; “Formas de Voltar para Casa”; e “Ministério da solidão”, que será realizada na Casa da Luz em 2020. Atualmente desenvolve projetos curatoriais, ministra cursos de história da arte e coordena grupos de acompanhamento de artistas com Bruno Novaes.
janeiro 8, 2020
Isidora Gajic na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Inaugura no dia 16 de janeiro a primeira exposição individual na galeria da jovem fotógrafa sérvia, Isidora Gajic. A mostra Flutuações reúne imagens dos últimos anos da produção da artista e grande parte delas foi publicada no livro Ecume, publicado em Paris pela L'editeur du Dimanche.
O ponto de partida para a seleção das obras da exposição foi a composição de Claude Debussy – La Mer: Sirenes. Um submundo oceânico se mistura com imagens da noite criando um novo universo de sonho entre espuma do mar, salinas, estrelas, água e animais marinhos.
Os polípticos e dípticos criam uma conexão visual entre todos os elementos que estão em movimento e que cercam o nosso dia a dia. O vai e vem das marés, a respiração e as batidas do coração podem ser sentidas através dessas imagens.
Isidora não usa a fotografia de forma estática, registrando um momento específico. Sua obra trata da fotografia como uma linguagem fluida, que através de conexões e composições criam uma narrativa pulsante.
Há 8 anos morando no Brasil, a artista sérvia está atualmente em cartaz com a mostra Habaneras – Diálogos com Miguel Rio Branco no SESC Quitandinha em Petrópolis.
Tangerina Bruno na Kogan Amaro, São Paulo
O duo de artistas Tangerina Bruno apresenta pesquisa recente na qual investigam narrativas rotineiras
Capturar a fugacidade dos episódios cotidianos é o que move o duo Tangerina Bruno. Os irmãos gêmeos compartilham o encantamento pela expressividade impressa nas cenas corriqueiras que parecem dizer muito sobre a existência humana. É essa pesquisa que eles apresentam a partir de 11 de janeiro na mostra Estados Cotidianos, na Galeria Kogan Amaro.
A dupla iniciou sua carreira em 2013 em Porto Ferreira, interior de São Paulo, centralizando sua produção artística na pintura. De 2018 em diante os irmãos passaram a fazer experimentos com outras linguagens como fotografia, desenho, escultura e objeto.
Com curadoria de Ana Carolina Ralston, a exposição reúne cinco telas inéditas que trazem narrativas rotineiras do âmbito doméstico. “É possível receber as vibrações dos gestos dos personagens não só pelo que a cena nos induz, mas também ao nos debruçarmos nas micronarrativas que acontecem em detalhes da tela, pintadas em uma colcha de cama desarrumada ou num móvel que compõem a sala”, reflete Ralston.
Em Rosa dos Ventos (2019), os artistas retratam o ritual de acrescentar uma pitada de sal de maneira tão precisa que remete a um frame fotográfico ou storyboard de uma peça audiovisual. Já a tela As cores primárias são as cores do fogo (2019) convida o espectador a completar a narrativa mentalmente.
As quatro mãos e duas cabeças concebem obras que apresentam situações suspensas envoltas por mistério, memória e identificação. Um convite à imaginação que mapeia a psique humana.
Sobre os artistas
Tangerina Bruno é o sobrenome dos irmãos Letícia e Cirillo que se transformou no vocativo artístico da dupla. Sua formação foi pautada por cursos livres como Meios e Processos, orientado pela artista Katia Salvany na Fábrica de Arte Marcos Amaro; o Ciclo Jundiaí no Sesc, com orientação de Ana Paula Cohen, Thiago Honório e Andrey Zignnatto; o Grupo de Estudo e Produção de Arte Contemporânea no Instituto Tomie Ohtake com orientação de Paulo Miyada e Pedro França e acompanhamento com o crítico Mario Gioia em Ribeirão Preto. Destacam-se as participações da dupla na individual “Piruá" no Centro de Arte Contemporânea W e nas coletivas em instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte de Ribeirão Preto, no espaço Auroras em São Paulo, a Mostra de Artes da Juventude (Sesc) e salões como o Novíssimos (Galeria IBEU) e o Salão de Praia Grande.
Fernanda Figueiredo na Kogan Amaro, São Paulo
A artista paulistana exibe telas inéditas e apresenta diálogo entre obra de Max Bill e concretistas brasileiros
Foi o contato com o concretismo do artista multidisciplinar suíço Max Bill (1908-1994) que catalisou a mais recente produção da artista Fernanda Figueiredo. Para somar, os encontros de Figueiredo com a poética de expoentes do movimento concretista no Brasil, como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape, ancoraram ainda mais seus processos criativos. O resultado dessa pesquisa simbiótica será exibido em A Visita de Max Bill, mostra individual em cartaz a partir de 11 de janeiro, na Galeria Kogan Amaro.
Fernanda Figueiredo reside há mais de uma década em Berlim, cidade que também abrigou a figura que inspira sua atual criação, Max Bill. Assim como ele, a artista paulistana faz valer da vivacidade em pinceladas de tinta acrílica, mas a linguagem e a temperatura dos trópicos seguem constantes em seus trabalhos.
O caminho que levou Figueiredo até Max Bill foi seu encantamento pelos concretistas brasileiros e sua imersão nos grupos Frente e Ruptura, que têm como denominador comum o legado de Bill. Expoente da Bauhaus e um dos fundadores da Escola de Ulm, Bill é autor de uma obra carregada de clareza, simplicidade e lógica em meio às formas geométricas e cores sólidas.
“Essas alusões aparecem desconstruídas, multiplicadas, recompostas e muitas vezes envoltas na natureza exuberante que ela recria e que nos remete ao Brasil, fazendo menção, inclusive, ao emblemático paisagismo de Burle Marx”, afirma a curadora Ana Carolina Ralston.
Fernanda funde essas referências com elementos de obras de artistas brasileiros e convida o visitante a encontrá-las em meio a um labirinto de cores. Ideia recorrente na tela Bulcão/Bill (2019), que como o nome sugere, traz a inspiração da artista nos padrões dos azulejos criados por Athos Bulcão, consagrado artista que alcançou prestígio por seus grandes murais em Brasília. As referências às obras de Bill também estão presentes nos pigmentos e padronagens. Em Castro/Mavignier/ Clark/Oiticica/Bill (2019) é possível conferir desenhos dos bichos de Ligia Clark, traços dos Metaesquemas de Helio Oiticica e elementos concretistas de Almir Mavignier.
Fernanda Figueiredo cursou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Artes Visuais na Fundação Armando Alvares Penteado em São Paulo. Após graduar-se trabalhou ativamente em duos com outros artistas utilizando majoritariamente suportes como a pintura e o desenho. Em 2015 mudou-se para Berlim, iniciou sua carreira solo e se interessou pelas narrativas Latino Americanas, o pós colonialismo, a biodiversidade tropical e compreendeu a importância de trazer essas pautas para o seu trabalho. Participou de exposições no Museu de Arte Moderna in Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia em Salvador, e Galerie im Körnerpark and Kunstquartier Bethanien em Berlim.