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novembro 28, 2019

Berna Reale lança Ginástica da pele

O mais recente trabalho de Berna Reale, Ginástica da pele (2019) aborda questões sociais focadas no preconceito e na crise do sistema prisional brasileiro. Realizada nas ruas de Belém, a performance apresenta cem jovens rapazes que aparecem organizados em cinco fileiras com vinte integrantes cada, dispostos conforme a gradação entre as tonalidades de suas peles: nas primeiras fileiras estão os jovens com o tom de pele mais escuro e nas últimas, aqueles de pele mais clara.

Lançamento na sexta-feira, 29/11, no Instagram de Berna Reale e da Galeria Nara Roesler.

Durante a performance, os jovens realizam uma série de exercícios, conduzidos pela artista que, com um apito, dita o ritmo e a transição entre os movimentos enquanto caminha por entre a formação. As ações remetem ao treinamento físico realizado nas ruas pelas forças armadas e pelas polícias civil e militar, e aos gestos executados pelos suspeitos no momento em que é decretada sua prisão. A ironia presente na fricção entre esses dois contextos nos leva a refletir sobre a realidade de vida de grande parte dos jovens de periferia, principalmente os negros e pardos.

A faixa etária dos participantes da performance, entre 18 e 29 anos, equivale à idade da maior parcela da população carcerária no Brasil, segundo dados oficiais do INFOPEN, órgão oficial de informações sobre o sistema penitenciário nacional. A gradação dos tons de pele dos jovens também é proporcional aos dados levantados pelo mesmo órgão em 2016. Segundo estes, aproximadamente 67% da população carcerária brasileira é composta de negros e pardos e 33% de brancos, sendo que na população total do país a relação é de 53% pessoas de raça negra para 43% de raça branca. Essa disparidade, contudo, não é uma realidade presente apenas no Brasil, mas também observável em muitos outros países, como os Estados Unidos, que apresentam proporções semelhantes em seu sistema prisional.

A performance visa colocar em foco as contradições presentes nesse sistema. Embora hoje o Brasil tenha a quarta maior população carcerária do mundo, certamente não figura entre os países mais seguros. Logo, a estratégia de prender mais não tem sido eficaz na redução da criminalidade.

Segundo Berna Reale, Ginástica da pele, é um dos trabalhos mais elaborados e importantes de sua carreira até o momento. Foram dois anos de preparação e desenvolvimento para que a performance fosse levada a cabo, o que ocorreu em junho de 2019 e contou com a participação e colaboração de mais de duzentas pessoas, entre participantes, equipe técnica, produção e mecenas, que viabilizaram a realização do trabalho. A performance tem como desdobramentos um vídeo e uma série de foto-performances, além das fotografias de registro.

Posted by Patricia Canetti at 6:19 PM

Acervo FCS Mulheres no Palácio das Artes, Belo Horizonte

A PQNA Galeria Pedro Moraleida será ocupada pelo acervo da Fundação Clóvis Salgado de obras produzidas por mulheres. Segundo Uiara Azevedo, o acervo possui obras de 133 artistas homens, e de apenas 51 mulheres. Com intuito de expor a questão, a exposição mostrará ao público parte desse acervo com trabalhaos de Aretuza Moura, Arlinda Corrêia Lima, Fatima Pena, Fayga Ostrower, Juliana Gontijo, Mabe Bethônico, Marcia Xavier, Marina Nazareth e Yara tupynambá.

“Citando Virginia Woolf em Um Teto Todo Seu, ‘a mulher jamais escreve sobre a própria vida e raramente mantém um diário, existe apenas um punhado de suas cartas’. Cito a autora, que se refere à dificuldade de encontrar obras literárias escritas por mulheres nas instituições inglesas, para que compreendamos a necessidade de abordar essa invisibilidade feminina”, diz Uiara. Azevedo também se refere ao trabalho do coletivo artístico feminista Guerrilla Girls, que chama atenção para a discrepância na curadoria das obras de arte nos acervos de museus ao redor do mundo. “O trabalho desse coletivo faz com que outras instituições estabeleçam um olhar crítico sobre as suas coleções, e passem a observar, valorizar e exibir trabalhos produzidos por mulheres”, conclui Azevedo.

Marci Silva – Atua em Belo Horizonte como Curadora Independente e produtora cultural. Coordena e administra a empresa Nuvem Projetos Educativos e é idealizadora do projeto Meu corpo, minha obra: Imersão, vivência e curadoria coletiva para artistas. Compõe a equipe de organização da RAM - Residência artística da Mutuca (Altamira/Nova União-MG). Participou da banca de júri para seleção de projetos do edital de ocupação das galerias da Fundação Clóvis Salgado em Belo Horizonte, março de 2019. Desenvolveu e coordenou o Programa Educativo para a exposição “Museu do Futebol na área” no Centro Cultural Banco do Brasil - Belo Horizonte, 2018. Selecionada para o programa de residência artística do EAC - Espacio de arte contemporâneo de Montevideo - Uruguai, como pesquisadora em arte contemporânea e modos de fazer. Atuou como coordenadora e curadora na galeria de arte Mama/Cadela em Belo Horizonte nos anos de 2015/16. Possui experiência como Arte educadora no Instituto Inhotim de 2008 a 2012, atuando no Intercâmbio Cultural entre Instituto Inhotim (Brumadinho-MG) e Tate Modern Museum (Londres - Inglaterra) 2011/2012. Pesquisadora da I Bienal de artes de Montevideo - Uruguai, 2012.

Uiara Azevedo – Natural de Belo Horizonte, atua como produtora e pesquisadora em artes visuais, tendo como sua principal pesquisa a arte contemporânea brasileira. Formada em Design de Produto pela Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG (2008). Atua no mercado de arte desde 2007. Foi gerente da Celma Albuquerque Galeria de Arte e produtora executiva do Centro de Arte Popular – CEMIG. Desde 2015 é gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado. Participou da banca de júri para seleção de projetos do edital de ocupação das galerias da Fundação Clóvis Salgado em Belo Horizonte, nos anos de 2018 e 2019. Realizou entre suas principais exposições: Arte Frágil: Resistências (2009) no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo em São Paulo. 3 lamas (Aí, pareciam eternas!) do artista paulistano Nuno Ramos (2012) na Celma Albuquerque Galeria em Belo Horizonte. Das edições 31°Bienal de São Paulo - Como (...) coisas que não existem" (2015) – itinerância em Belo Horizonte, 32° Bienal de São Paulo – Incerteza Viva (2017) - itinerância em Belo Horizonte e 33° Bienal de São Paulo – Afinidades Afetivas (2019) - itinerância em Belo Horizonte todas realizadas no Palácio das Artes.

Posted by Patricia Canetti at 2:32 PM

Assim, como acontece no Palácio das Artes, Belo Horizonte

A Galeria Mari’Stella Tristão recebe produções de diversas artistas populares, em retratos que esboçam os inúmeros papéis desempenhados pelo feminino – as obras transitam da representação da maternidade até as mais variadas funções laborativas conquistadas e desempenhadas pelas mulheres. A mostra Assim, como acontece reunirá obras dos coletivos As Bordadeiras do Curtume e Bordadeiras da Vila Mariquinhas, além de obras das artistas Ana do Baú, Ana Ribeiro, Cássia Macieira, Clemência, Dida, Dionisia, Dona Enedina, Dona Irene, Dona Isabel, Eva, Geralda Batista, Ivanete, Maria de Lourdes, Maria Lira, Noemisa, Rosana, Vicentina Julião, Zefa e Zezinha.

As Bordadeiras do Curtume, projeto que valoriza a cultura mineira e fortalece a autoestima das mulheres da comunidade do Curtume, no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, gera renda e apoio à saúde mental das participantes. Os bordados que compõem a exposição são o resultado de um processo de reconexão dessas mulheres com o mundo externo e da diminuição da sensação de abandono. Já as Bordadeiras da Vila Mariquinhas (BH) retratam em suas produções a luta pela moradia própria. Instaladas atualmente numa vila na região Norte de Belo Horizonte, aproveitaram o tempo livre para registrar as próprias experiências através dos bordados.

Um dos destaques da exposição é a mestre Maria Lira Marques Borges, conhecida como Lira, nascida em Araçuaí. Tendo como inspiração o índio e o negro, a artista modela máscaras em barro e faz “pinturas de Terra”, modo como chama as obras em argila sobre o papel. Além de ceramista, Lira é também pesquisadora, se interessa pelas etnias do povo brasileiro, especialmente do Vale do Jequitinhonha.

Já Cassia Macieira, artista plástica e professora do curso da Escola de Design de UEMG, apresenta suas bonecas de pano. Embora a própria artista não se defina como popular e designe sua criação como ocupante de um “não lugar’”, sua criação possui processos de produção e escolha de materiais característicos do universo da mostra.

A exposição também conta com obras de Ana do Baú, Ana Ribeiro, Clemência, Dida, Dionisia, Dona Enedina, Dona Irene, Dona Isabel, Eva, Geralda Batista, Ivanete, Maria de Lourdes, Noemisa, Rosana, Vicentina Julião, Zefa e Zezinha. As artistas exploram além da figura da matriarca das famílias e das cuidadoras domésticas, papéis como a cangaceira, a vendedora, a quituteira, a costureira, a benzedeira e a rendeira. A visão de cada uma sobre a figura feminina e seus cotidianos está impressa nas criações confeccionadas em diversos materiais: cerâmica, bordados e bonecas em tecido.

Posted by Patricia Canetti at 2:16 PM

Efêmera no Palácio das Artes, Belo Horizonte

As paredes da Galeria Aberta Amílcar de Castro ganharão grafites das artistas Artêmis Garrido, Isabel Saraiva, Maria Clara Cheib e Amanda Vilaça (Mona). Cada artista trará diferentes questionamentos que permearão, devido ao suporte artístico, a noção da curta duração, do breve, e do transitório. Efêmera terá uma configuração especial: as artistas se reunirão a partir do dia 25 de novembro (segunda-feira) para iniciar os grafites, e permanecerão desenvolvendo o trabalho até a abertura do Programa, no dia 28 (quinta-feira). O público poderá observar as obras em processo e acompanhar a feitura de todos os painéis.

Ártemis Garrido, que é natural de Ilhéus (BA), viveu e produziu grande parte de seu trabalho em Minas Gerais. Para a artista, a pintura mural surge neste ano, realizando uma tessitura com o trabalho enquanto artista plástica e arte-educadora no Consultório de Rua do SUS, onde explora a arte com a população em situação de rua das regiões Norte/Nordeste de Belo Horizonte. “Poder participar do Arteminas é meu reconhecimento de pertencimento à cidade. A mostra, que dessa vez conta apenas com artistas mulheres, é um recorte necessário para que o público conheça mais sobre as artistas que estão produzindo e as que abriram as portas para que nós estivéssemos aqui”, ressalta Garrido.

Para a mostra Efêmera, a artista explora o conceito do retrato e a oportunidade de pintar, homenagear e dar visibilidade a quem, por vezes, não é visto. “Apresentarei a pintura mural do retrato de Maria, uma mulher que conheço nas ruas a partir do meu trabalho enquanto arte-educadora em BH. Em um dos atendimentos, visitamos uma exposição no Palácio das Artes, e ela revelou que apesar de ter dormido ali em frente por um tempo, nunca tinha acessado a instituição”, conta Garrido. “Pintar o retrato dela, um ano após este acontecimento, é uma homenagem não só para Maria, mas para todas as mulheres em situação de rua”, conclui.

Isabel Saraiva transita por diversas linguagens: do desenho ao lambe, bem como pela pintura mural, a artista explora o contraste entre cores, linhas e texturas. O repertório criativo da artista circunda pesquisas sobre moradas, cidades e lugares imaginários, ideias que Saraiva pretende transpor à parede da galeria.

Já a artista Maria Clara Cheib, que também trabalha com cerâmica, desenho e pintura, diz se sentir muito lisonjeada por participar do Arteminas. “Ocuparei um espaço ao lado de mulheres que tanto admiro e que tanto enriquecem a minha experiência”, conta. Cheib ainda destaca a importância dessa edição do programa, que é, acima de tudo, uma oportunidade para mulheres ocuparem espaços em que, na maioria das vezes, são apenas retratadas. “Acho de suma importância ocupar espaços como autoras, expondo a nossa vivência. Precisamos colocar o nosso corpo alí, de alguma forma, marcar a nossa presença”.

Amanda Vilaça (Mona) teve seu contato com o grafite através dos movimentos de hip-hop e cultura da região do Barreiro, onde mora. Começou a pintar suas letras nas ruas no final de 2016, época que também fez parte do coletivo Fábrica de Sonhos. Desde então, a artista explora a mistura de letras com elementos diversos da natureza em seus trabalhos.

Posted by Patricia Canetti at 2:04 PM

Carolina Bortura, Giulia Puntel e Julia Panadês no Palácio das Artes, Belo Horizonte

As Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima recebem a produção contemporânea das artistas Carolina Bortura, Giulia Puntel e Julia Panadês. A exposição possui curadoria de Laura Barbi e parceria com a GAL Galeria, um projeto da capital mineira voltado à pesquisa e circulação da arte contemporânea que propõe um modelo alternativo ao praticado por galerias e instituições de arte tradicionais. Criando contextos singulares para as exibições, GAL é um projeto desterritorializado e itinerante: leva suas ações para locais em desuso ou ocupa temporariamente espaços culturais.

Em comum, as obras da exposição Híbrida retratam o interesse pelo corpo humano, pela identidade de gêneros e suas diversas formas de representações – desdobramentos simbólicos, relações com as narrativas históricas e religiosas, com a maternidade, com o erotismo e com a natureza feminina.

Segundo a artista Giulia Puntel, que se formou em Belo Horizonte mas teve grande período de atuação artística em São Paulo, a exposição é uma oportunidade de ocupar a cidade de onde veio. “É a primeira vez que exibo meu trabalho na capital mineira, onde nasci, cresci e me formei. Estou muito feliz com o convite e ansiosa pelos desdobramentos que a mostra terá durante os meses em cartaz”, comemora Puntel.

A ocupação das artistas propõe um recorte contemporâneo da produção local, sem caráter retrospectivo ou histórico. A mostra contará com trabalhos em diversas linguagens e suportes – pintura, bordado, objetos, performances, fotografia e escultura. A proposta dessa exposição é ampliar o conhecimento sobre a produção emergente em Belo Horizonte e romper certo silêncio no que diz respeito à arte produzida por mulheres.

Posted by Patricia Canetti at 1:19 PM

Ratos e Urubus no CCSP, São Paulo

Exposição com Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Edu Marin, João Simões, Marcia X, Nuno Ramos, Raphael Escobar e Os Cupins das Artes e Valtemir Miranda reanima manifesto do carnavalesco Joãosinho Trinta no desfile “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia” (1989)

De 23 de novembro de 2019 a 1 de março de 2020, o Centro Cultural São Paulo exibe a exposição “Ratos e Urubus”. Nos 30 anos do desfile “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia” (1989) da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis, concebido pelo artista carnavalesco Joãosinho Trinta, cujo carro abre-alas foi o Cristo Mendigo, esta exposição reaviva esse manifesto com a curadoria de Carlos Eduardo Riccioppo e Thais Rivitti, orientada pelos pontos de contato entre uma seleção de artistas e obras contemporâneas e o carro abre-alas do desfile.

A realização dessa exposição é fruto de um processo de discussão e pesquisa que envolve a colecionadora de arte do carnaval Alayde Alves. A visão crítica da arte contemporânea, e do carnaval como um acontecimento ímpar, momento privilegiado para se pensar a produção artística brasileira, orienta a escolha dos artistas, bem como de suas obras, para que essas discussões, por fim, cheguem a público sob a forma de uma exposição que instiga seus visitantes a pensarem, eles mesmos, os conceitos de arte contemporânea, modo de produção cultural brasileira e suas inter-relações desde meados do século 20 até os dias de hoje.

As obras são reunidas na Sala Tarsila do Amaral sob a égide de um pensamento tributário de Joãosinho Trinta a partir um dos desfiles mais paradigmáticos do carnaval carioca, que ficou em segundo lugar na apuração do ano de 1989. Segundo a curadoria, “antes de que uma simples (embora mais que nunca necessária) homenagem a Joãosinho Trinta, trata-se de reconhecer a atualidade dos problemas mobilizados por ele no desfile, problemas que extrapolam o imediatismo das questões sociais, políticas e econômicas da época, para se replicarem em todos aquelas questões de tomada de posição que constituem as próprias condições de surgimento de uma vida cultural e de uma experiência estética no país: a urgência inquietante dos temas da realidade social – o lixo, a presença cortante das marcas daquilo que “não foi”, que não se realizou, mas que insiste em se projetar para uma utopia nascida da própria adversidade -; a questão da marginalidade da e na cultura brasileira – os modos próprios de constituição de uma cultura urbana no país; a sobrevida dos mitos nacionais da tropicalidade e da sexualidade exuberantes e todas as ambiguidades que podem ainda produzir; a necessidade de se repensar formas de produção de uma sociabilidade coletiva, em face mesmo da dificuldade de constituição de uma tradição pública do debate cultural. Tais questões não são rebatidas pela arte contemporânea quando esta olha para o Carnaval; elas são o próprio nexo de toda produção de cultura no país”.

A mostra começa com a exibição do vídeo do desfile “Ratos e urubus larguem minha fantasia”, cujo carro abre-alas “Cristo Mendigo” fora censurado no primeiro desfile e coberto com sacos de lixo, além de trechos do desfile das campeãs da Beija-Flor, desta vez com o carro descoberto, e também desenhos preparatórios das alegorias, seguindo as ideias do artista e carnavalesco.

Nuno Ramos constrói uma obra in loco para a mostra coletiva, um atrator de urubus. Para tanto, instala no jardim contíguo à sala um mastro que avança a altura do prédio, e que, como um mastro de navio, possui, no alto, uma gávea – espécie de plataforma. Semanalmente, ao longo da exposição, esta gávea é guarnecida de pedaços de carne, à espera de que os urubus que circulam na região alimentem-se deles. Conjuntamente ao alimento, sobem à gávea também livros, textos, discos, que, remexidos pelos urubus enquanto se alimentam, são trazidos de tempos em tempos para a sala expositiva, permanecendo então numa vitrine. Também na gávea há um dispositivo de vídeo que exibe imagens de carnes e animais, como se oferecesse um menu aos bichos – e este mesmo vídeo é exibido na sala expositiva, próximo à vitrine destinada aos objetos recolhidos. Tudo o que acontece em cima do mastro é filmado e transmitido em tempo real na sala expositiva. Além desta obra inédita, o artista exibe uma pintura realizada no ano de 1991.

Arnaldo Antunes prepara para a mostra uma obra sonora cuja concepção parte do samba-enredo do desfile da Beija-Flor e do texto que a escola apresenta como um enredo em forma escrita do que é o desfile – espécie de manifesto que não costuma vir a público, e que é formado pela articulação das mais diferentes imagens e ideias que subjazem à elaboração daquilo que vai para a avenida, formando quase que um gênero literário próprio, entre uma narrativa e uma poesia com ares épicos.

Raphael Escobar e o coletivo Os Cupins das Artes, produzem uma versão própria do carro abre-alas do desfile da escola de samba “Cristo Mendigo”. Desde março de 2018, Escobar coordena um coletivo de marcenaria formado por moradores de rua como parte do Atende 5, equipamento de acolhida da Prefeitura de São Paulo. Na perspectiva da Economia Solidária e da Redução de Danos, o coletivo reutiliza madeira de caixas de fruta e pallets descartados junto ao CEASA, vizinho da instituição, para fabricar móveis e utensílios, a fim de gerar renda para o coletivo, além de indiretamente ajudar a diminuir o uso de álcool e outras drogas. A escolha desse trabalho, segundo Thais Rivitti, se relaciona com a possibilidade da arte contemporânea trabalhar com coletividades.

O trabalho de Edu Marin parte dos painéis e demais mobiliários e equipamentos expositivos disponíveis na Sala Tarsila do Amaral, alguns dos quais são retirados, outros, descascados, revelando suas estruturas internas, e outros, ainda, transformados em outros objetos – como uma arquibancada que, de dentro da sala, observa os passantes do CCSP. A obra do artista se mistura à expografia da mostra, ordenando, também, os demais trabalhos ali exibidos.

Da artista carioca Márcia X, a curadoria selecionou a instalação “Desenhando com terços”, que recobre parte do piso da sala com terços, que formam desenhos, e por fotogramas desses terços realizados em vida pela artista; além dessa obra, a mostra propõe uma maneira de exibir a performance “Pancake”, trazendo, para a exposição, um vídeo de uma de suas apresentações e os objetos que dela restaram junto ao Arquivo X, do MAM-RJ, bem como os demais materiais que a artista utilizava na performance trabalho: ponteira, martelo, sacos de confeitos colorido e latas de leite condensado.

Barbara Wagner e Benjamin de Burca trazem três dípticos fotográficos do trabalho “Swinguerra” (2019), conhecidos por pesquisarem as complexas relações entre manifestações culturais populares, identidade, corpo e gênero. Trata-se de parte do trabalho que ocupa o pavilhão brasileiro Bienal de Veneza, elaborando em vídeo e fotografias a constituição de uma cultura urbana nova, na qual música, dança, narrativa e estilo misturam-se.

Registros fotográficos do cotidiano do galpão da Beija-Flor, feitos pelo fotógrafo Valtemir Miranda, também acompanham as obras dos artistas contemporâneos nessa curadoria, mostrando fotografias suas relativas à preparação do desfile de 1989.

A curadoria selecionou, ainda, como um último núcleo de trabalhos pontuais, que costuram alguns sentidos da mostra, o poema visual “Lixo Luxo”, do poeta e artista visual Augusto de Campos, a obra “Bâtiment, de João Simões, e “ParaNelson (Sei que é doloroso um palhaço)”, de Nuno Ramos, de 2004.

Posted by Patricia Canetti at 12:32 PM

Tinho no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Paço Imperial exibe 16 obras do paulistano Tinho, um dos precursores da street art na América Latina, que projetou para o mundo o grafite brasileiro

Um dos precursores do grafite no Brasil e um dos principais nomes da arte urbana na América Latina, o paulistano Walter Tada Nomura, o Tinho, abrirá exposição no Paço Imperial, no próximo dia 28 de novembro, às 18h. Com curadoria de Saulo Di Tarso, a individual “Os 7 Mares” reunirá 16 trabalhos (15 pinturas e uma instalação) de duas séries complementares do artista, que tem obras espalhadas por muros e paredes de inúmeras cidades mundo afora. A mostra, que ficará em cartaz no Rio até fevereiro de 2020, reafirma o salto formal do grafite na cena da arte contemporânea.

Descendente de japoneses, Tinho vive e produz em São Paulo, apontada como a capital mundial do grafite. Foi aos 12 anos de idade, quando já trabalhava como office-boy no centro da cidade, que o artista visual escreveu pela primeira vez seu nome na rua. É aí que também se inscreve a relação precoce com temáticas urbanas, como a violência e o abandono. O cotidiano vivido nas ruas da maior metrópole do país despertou a percepção do menino para a crueldade e a beleza, e revelou para o mundo o artista que elegeu a street art como poética de resistência.

A partir da década de 80, sua trajetória percorre alguns dos principais movimentos urbanos no Brasil, como o skate, a pichação, o punk e o hip hop. Essa vivência norteia a identidade artística de Tinho e segue presente ainda hoje em sua obra.

Com formação em Artes Visuais pela FAAP, o paulistano da Zona Norte já expôs em países como França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Espanha, Rússia, China, Austrália, Tunísia, EUA e Cuba. Através do projeto ‘Reflexo on Urban Art’, foi convidado a pintar murais em Amsterdã e, em 2006, criou um painel preparativo de grandes dimensões para a Copa do Mundo na Alemanha. Em 2012, conquistou o 2º lugar do prêmio PIPA e hoje integra a Coleção Pinacoteca do Estado de São Paulo.

“Tinho rompeu com regras e influências do grafite americano e passou a pintar mais livremente, experimentando novas técnicas, materiais e suportes; buscando uma estética autoral nas ruas de São Paulo. Por isso, passou a ser considerado o pai do freestyle no Brasil e um dos pioneiros da street art. Durante sua formação, aprendeu a conceituar seu trabalho, buscando um elo entre o que acontecia nas ruas e o que ocupava os espaços formais, os chamados cubos brancos”, afirma o curador Saulo Di Tarso. (ler texto curatorial)

Ao migrar sua poética para paredes institucionais, Tinho se mantém fiel às questões sociais e políticas fundantes de sua obra, sem perder de vista o reconhecido domínio cromático. Seu trabalho indoor ganha nova dimensão, não menos arrebatadora, e suas narrativas seguem pautadas pelo acúmulo de informações urbanas. As imagens registradas como diários visuais por onde o artista circula resultam em pinturas, colagens e instalações que estabelecem um diálogo instigante com o espectador.

A série que dá título à exposição teve início em 2012 e é composta por sete pinturas (em torno de 200 x 150cm, cada), que retratam o vasto repertório imagético do artista. As referências dos “Sete Mares” vão de livros, filmes e discos a shapes de skates e brinquedos, passando pela moda. São as profundezas por onde o inconsciente navega e, possivelmente, também naufraga diante dos excessos. Um oceano que evoca tudo aquilo a que Tinho recorreu como fonte. A série - que flui da figuração à abstração - convoca o espectador a se deixar levar pela correnteza e a identificar-se com ela.

“O processo de criação dos sete mares foi um mergulho intenso, uma visita às subjetividades que me constituíram, um processo de pesquisa racional e calculado a partir dos meus acervos íntimos e também de referências externas. Cada tela levou, em média, um ano pra ser produzida. Quando terminei, veio um sentimento de orfandade, uma experiência de abandono... A partir dessa vivência, surgiu a série complementar ‘Desdobramentos’ em que a abstração assume o espaço pictórico com maior protagonismo”, relata o artista.

Dois bonecos de pano, com três metros de altura cada, criados a partir de refugo de tecidos, também integram a mostra. Marca da obra de Tinho, os bonecos são como uma expansão do estilo gráfico do artista para o espaço tridimensional.

A ideia de pintar figuras infantis surgiu da necessidade de criar um personagem para ilustrar as ruas. Tinho começou pintando fotos de crianças desaparecidas, que logo ganharam a companhia dos bonecos de pano icônicos em sua obra, como forma de aplacar o desamparo. São artesanais e únicos, em oposição aos brinquedos industrializados. São frutos analógicos do início desse milênio, que ruma para uma vida cada vez mais digital, impessoal e urgente.

A obra de Tinho é um chamado para ver e ouvir a cidade. Um grito contra tudo aquilo que nos cega no meio do caos urbano e nos embota os sentidos: impossível não se afetar diante de tamanha visualidade.

Tinho por Carlos Vergara, OsGemeos e Xico Chaves

“Nós conhecemos o Tinho em 1989, na zona norte, onde estávamos pintando um graffiti e ele chegou e se apresentou. Informação naquele tempo era muito escassa, então com essa amizade trocamos o pouco de conhecimento que tínhamos. Tinho sempre foi um visionário, um artista único que retrata o cotidiano e sua vivência nas grandes cidades, questionando diferenças sociais, filtrando esse acúmulo de informações que faz parte de uma cidade fora do controle, como São Paulo.” (OsGemeos)

“Sobre o Tinho só posso falar bem. Além de ter uma pintura dele na minha coleção, com força de pintura pensada, participei a convite dele de um evento de pintura de rua onde aprendi muito e pude ver de perto a incrível aventura de pintar montado em guindastes e transformar o espaço urbano numa coisa, às vezes lúdica e às vezes grave, como um susto de ver imagens em lugares impensados. E como diz o poeta Manoel de Barros: Imagens são palavras que nos faltaram." (Carlos Vergara)

“Tinho consegue ultrapassar os limites de sua origem pictórica no muralismo urbano contemporâneo para o universo da pluralidade dos suportes da pintura e do objeto. Sem perder o domínio harmônico da vibração cromática, seduz e expressa sua origem sensível às questões sociais por meio de uma linguagem universal. Sua obra, coerente com sua própria história, reúne ainda a simplicidade da expressão popular e a complexidade singular de uma ampla abordagem poética.” (Xico Chaves)

Posted by Patricia Canetti at 11:43 AM

novembro 27, 2019

O ovo e a galinha na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro

A partir do conto de Clarice Lispector, o curador Ulisses Carrilho reuniu obras históricas para abrir as comemorações do centenário de Clarisse Lispector (1920-1977)

Simone Cadinelli Arte Contemporânea inaugura a partir de 29 de novembro de 2019, às 19h, a exposição “O Ovo e a Galinha”, que abre as comemorações do centenário de Clarisse Lispector (1920-1977), com obras dos artistas Claudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Roberta Carvalho e Ursula Tautz formando pares com trabalhos emblemáticos de Anna Bella Geiger, Claudia Andujar, Cildo Meireles, Ivens Machado, Leticia Parente, Rubens Gerchman e Waltercio Caldas. O curador Ulisses Carrilho partiu da metafísica do conto “O Ovo e a Galinha” (1964), de Clarice Lispector, para “investigar uma hipótese: a ideia de desejo não é um privilégio humano, opera também entre os objetos”. “Como num duplo fantasmático, trabalhos apresentam-se aos pares. Reflexos e distorções sublinham semelhanças num regime de coincidências, concomitâncias”, comenta Ulisses Carrilho. (ler texto curatorial)

As obras em vídeos, videoinstalações, áudios, pintura, escultura, vinil, matrizes gráficas, pertencem a acervos dos próprios artistas e a coleções públicas e privadas. As duplas de artistas que terão suas obras aproximadas são: Claudio Tobinaga/Rubens Gerchman, Gabriela Noujaim/Anna Bella Geiger, Jeane Terra/Ivens Machado, Jimson Vilela/Waltercio Caldas, Leandra Espírito Santo/Leticia Parente, Roberta Carvalho/Claudia Andujar, e UrsulaTautz/Cildo Meireles.

O curador ressalta que não buscou uma narrativa linear, e que a reunião dos trabalhos acabou por provocar uma atmosfera muito sutil, enevoada, “de uma espécie de descrença e ideia de fim de mundo”. A indefinição entre o que é realidade e absurdo também percorre a exposição. “Há uma impossibilidade de lidar com as coisas no sentido binário como sempre fizemos”, diz. Ele observa que alguns elementos se repetem, como no conto de Clarice, que menciona 148 vezes a palavra “ovo”. “Escombros, barcos, corpos, metafísica, nonsense, sombra”, cita Ulisses Carrilho. A fita de Moebius – criada pelo matemático e astrônomo alemão August Ferdinand Moebius, em 1858 – que passou a simbolizar a ideia de infinito, onde não há “dentro e fora”, também está presente em vários trabalhos. “O ovo é impossível. Resistente e frágil. Forte e fraco. Contém tudo e é contido pela galinha”, lembra.

Ulisses Carrilho observa também que em contraposição à explosão de luz e cores no primeiro andar, o segundo é marcado pela penumbra com luz localizada. “Nem todos diálogos são diretos”, ele ressalta.

OBRAS/ARTISTAS

Logo à entrada, no espaço térreo da galeria, duas pinturas se complementam e se refletem, em uma explosão de cores: a grande instalação pictórica “Banzai” (2019), de Claudio Tobinaga (1982), feita no local, em que os elementos geométricos da tela original de 2m x 1,5m se expandem para a parede e para o chão da galeria. Colocada em frente, está a icônica “Sentinela” (1980), de Rubens Gerchman (1942-2008), em tinta metalizada sobre ferro. As duas pinturas têm em comum, além das cores vibrantes, geometria e superposições, as referências militares. Claudio Tobinaga mescla paisagem urbana e ancestralidade nipônica, navios da Segunda Guerra, e figuras abrasileiradas de mangás, “como o bairro japonês da Liberdade, em São Paulo”, diz Ulisses Carrilho.

As serigrafias “Corpos, presente 2016” (2019), “Vale Sagrado” (2019) e “Corpos Tensionados 01” (2019), de Gabriela Noujaim (1983), que entre outros aspectos discutem sua ancestralidade indígena, apagamentos de memória e questões em torno da mulher, incluindo a violência, conversam com a gravura “Série Lunar I” (anos 1970), de Anna Bella Geiger (1933), que integra sua célebre pesquisa com imagens da NASA. Na exposição, esta gravura também reverbera a frase de Clarice Lispector: “A lua é habitada por ovos”. O estar dentro e fora – no espaço sideral – também é discutido na escultura “Superfície Circular” (2019), de Gabriela Noujaim, em que o gargalo se volta para dentro da garrafa de vidro. No início da escada que leva ao segundo andar da galeria estará um dos vídeos seminais de Anna Bella Geiger, “Passagens II” (1974), em que a artista sobe uma escada, infindavelmente. No alto da escada da galeria será projetado o vídeo “Obstáculos e medidas” (1975), 2'05", de Ivens Machado (1942-2015), em que o artista desenha uma escada.

Jeane Terra, que tem uma pesquisa voltada para a memória, e abrange escombros retirados de determinados locais, criou a escultura “O Voyeur do Cais” (2019) a partir de um pedaço de uma parede recolhido durante a desapropriação do Morro da Previdência, no processo de reurbanização da região portuária do Rio de Janeiro. No escombro, a artista escavou o mapa de onde foi retirado, e recobriu em ouro o que permaneceu intacto no Morro da Previdência. O trabalho discute a ocupação urbana e a história que vai sendo apagada, e se aproxima da escultura “Sem título” (2005), em rede, cordas, gesso e aros de ferro, de Ivens Machado, de sua série de trabalhos com materiais extraídos da construção civil. Na pintura “O Salto” (2017), que integra a coleção do Museu de Arte do Rio (MAR), Jeane Terra incorpora a histórica performance "Leap into the Void" (“Salto no vazio”,1960), de Yves Klein (1928-1962). A obra foi a primeira da artista em que usa a “pintura seca”, com a “pele de tinta” que desenvolveu, feita em vários tons, que depois é recortada em pequenos quadrados e aplicada sobre uma tela demarcada como um bastidor de bordado em ponto em cruz, que para a artista “é um pixel analógico”. O gestual da pintura está presente na construção da pele de tinta, e é desconstruído, ao ser recortado em quadrados.

A questão da fita de Moebius também está na obra “Infiltração II (2015), em papel e tecido, de Jimson Vilela (1987), um livro que cria uma grande curva e se acaba em si mesmo, que se relaciona com o objeto “Como imprimir sombras” (2012), de Waltercio Caldas (1946), um livro de acrílico transparente onde a frase-título está gravada e produz uma sombra. Nos dois livros, não há texto escrito, como um “apagamento”. “Espécie de ovo a ser quebrado”, observa Ulisses Carrilho. De Jimson Vilela também está a obra “Falsa Aparência” (2013), impressão jato de tinta sobre papel algodão.

A instalação “Série Gestos” (“OK”), 2019, de Leandra Espírito Santo (1983), composta por dez peças moldadas em resina transparente a partir das mãos da artista fazendo o gesto afirmativo, será disposta na parede, ocupando três metros de extensão. Ela dialoga com a escultura “Decanter” (2019), de Waltercio Caldas, em que a palavra “figura” está inscrita em um objeto de vidro contendo água. No vídeo “Making off” (2018) – https://vimeo.com/310986930 - Leandra Espírito Santo fez diversas máscaras a partir de moldes do próprio rosto, cada uma com uma expressão diferente. “A ideia é tratar o próprio rosto e suas expressões como máscaras. O vídeo vai mostrando um momento em que vou trocando essas máscaras e me preparando para colocar outras”, diz a artista. O trabalho faz par com o vídeo histórico “Preparação I” (1975), de Letícia Parente (1930-1991), em que a artista desenha seus olhos, boca e nariz em um papel colocado sobre seu rosto. “São dois vídeos de afirmação da subjetiva feminina, a mulher lidando com seu duplo, a imagem como fantasma”, comenta o curador. O link do vídeo é https://vimeo.com/119148500.

Os povos da Amazônia e as questões identitárias são os elementos comuns aos trabalhos da artista Roberta Carvalho (1980) e de Claudia Andujar (1931). Na obra “Ilha” (2019), de Roberta Carvalho, em pigmento mineral sobre papel de algodão, o público poderá ver, com auxílio do celular, a intervenção feita pela artista em Realidade Aumentada. De Claudia Andujar estarão duas fotografias: "Floresta Amazônica, Pará" (série “Sonho Yanomami”), de 1971, e “Desabamento do céu / fim do mundo” (série “Sonhos Yanomami”), de 1976.

VITRINE DA GALERIA, 24 HORAS POR DIA

Na vitrine da galeria, poderá ser vista dia e noite a videoinstalação “Sobre saudades (“Sem lembranças”) para televisores” ou “Saudações a Nam June Paik” (2014-2016), de Ursula Tautz (1968), que reúne vários monitores antigos de televisão. A artista, que tem uma pesquisa sobre sinos, fez a instalação sonora “Chegamos na hora certa” (2019), em que trocou o som da campainha da galeria, de modo a que o visitante ouvirá sons de sinos, ao invés do toque tradicional. A obra se aproxima do trabalho “Mebs/Caraxia” (1970/1971), de Cildo Meirelles (1948), um disco compacto em vinil. A capa do disco será exibida no térreo da galeria, e no segundo andar será ouvido seu áudio, que remete ao espaço sideral. Também no segundo andar estará de Ursula Tautz o vídeo “22.9053° S, 43.2340° W; 22.981043º S, 43.194080º W; 22.58551º S, 43.12408º W” (2016), em que se vê um fantasmagórico cobertor dourado esvoaçando no espaço, e “nos qui nos Credimus uiuos esse?” (2008), a maquete de uma intervenção não realizada em que uma peça de madeira branca de 25 metros de extensão atravessaria o portão de Brandemburgo, em Berlim, coberta por uma monotipia em carvão com imagens de corpos. O curador observa que também Cildo Meireles em sua obra “Arte Física: Cordões/30 Km De Linha Estendidos” (1969) imaginou uma intervenção geográfica nunca realizada.

Posted by Patricia Canetti at 10:35 AM

novembro 26, 2019

Fernanda Gomes na Pinacoteca, São Paulo

Pinacoteca apresenta panorama dos 30 anos de carreira de Fernanda Gomes

Artista carioca transforma sete salas do museu em ateliê temporário ao longo de três semanas de montagem

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo apresenta, de 30 de novembro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020, a exposição Fernanda Gomes, uma grande retrospectiva da artista carioca, reunindo cinquenta obras, desde os anos 1980 até hoje. Com curadoria de José Augusto Ribeiro, curador do museu, a mostra é apresentada na forma de uma grande instalação composta de fragmentos, formato recorrente na prática de Gomes, que se desdobra ao longo das sete galerias temporárias do primeiro andar da Pinacoteca, demandando do observador um papel ativo na leitura do trabalho.

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Formada pela Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, Fernanda Gomes figura, hoje, entre os artistas contemporâneos do Brasil com maior inserção e prestígio internacionais. Sua prática caracteriza-se pelo uso de materiais ordinários — como gesso, madeira e vidro — submetidos a operações manuais como amarrar, juntar ou apenas posicionar e espalhar no espaço. Esses itens são recolhidos da vida doméstica da artista e durante suas andanças pelas ruas e galerias e instituições onde expõe sua produção.

A exposição na Pinacoteca, que tem patrocínio do Itaú, concretiza-se após dois anos desde o convite da instituição. Ao longo desse período, Gomes desenvolveu um plano de ocupação dos espaços, que incluía tanto determinações quanto aberturas para a improvisação, projetando soluções expográficas específicas para cada ambiente. “Daí a manifestação de um processo exigente, meticuloso, que vai além de uma reunião de obras”, define o curador.

O resultado final surgirá após três semanas de trabalho de montagem, durante o qual a artista se colocará em atividade contínua pelas sete salas expositivas, instalando, assim, uma espécie de ateliê temporário, não aberto ao público, procedimento adotado de forma usual por ela. O conjunto apresentado inclui desde trabalhos mais conhecidos – como as esferas de cravos e linha, uma extensão de papéis de cigarro fumados e justapostos, as pinturas feitas com tinta e papel, e algumas de suas esculturas cinéticas – a obras inéditas que serão concebidas in loco.

A total ausência de significação – nem a exposição nem as obras têm nome – com peças pintadas de branco (“essa cor que é todas e nenhuma ao mesmo tempo”, explica Ribeiro) acaba por preservar o aspecto indefinido e instável do conjunto. “As peças tampouco estão identificadas pelas usuais legendas do museu, o que, em última instância, favorece as possibilidades de conexão entre uma e as outras, entre todas e o entorno, sem datá-las nem descrever materiais comuns ou técnicas peculiares, que requerem mais perícia ou labor do que método”, complementa.

A produção institui, assim, as próprias condições de sua exibição: com um sentido forte de unidade, a fim de propor uma experiência integral sem chance de repetir-se, nem em outro tempo ou espaço. Também por essas razões, a famosa dicotomia entre arte e vida é um tópico recorrente nas reflexões de Fernanda Gomes. Em entrevistas e textos de sua autoria, as declarações da artista a respeito do assunto apontam para uma indiferenciação entre as duas noções. Para ela, “as coisas são e estão misturadas”, de forma que “a diferença entre objetos de arte e objetos comuns ainda aparece como um mistério”.

A mostra ocupa um importante papel na programação de 2019 do museu, que vem apresentando, desde o início do ano, uma sequência de artistas pioneiros – Ernesto Neto, Artur Lescher, Hélio Oiticica, entre outros – que contribuíram para expandir o conceito de escultura. A realização desta exposição só foi possível graças ao apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

CATÁLOGO

Fernanda Gomes é acompanhada de um catálogo especialmente concebido pela artista como continuação de sua exposição na Pinacoteca. Da mesma forma que a mostra, as obras são apresentadas como parte de um grande roteiro. “Cada peça se mostra como protagonista de uma linha de pensamento, sempre ativada pelo próprio contexto, e em diálogo com a obra anterior e posterior”, explica Volz. Inclui introdução do diretor geral da Pinacoteca Jochen Volz e texto do curador José Augusto Ribeiro. Português e inglês.

SOBRE FERNANDA GOMES

Nascida em 1960, Fernanda Gomes vive e trabalha no Rio de Janeiro. A artista acaba de realizar uma grande exposição no Secession, Viena, Áustria, em seguida à ampla mostra no Museo Jumex, Cidade do México, México, em 2018. Em 2016, seu trabalho foi selecionado e incluído no livro Vitamin P3: Novas perspectivas em pintura (Phaidon, Londres).

Exposições individuais recentes: Galeria Luisa Strina, São Paulo (2017 e 2014); Alison Jacques Gallery, Londres (2017 e 2013); Peter Kilchmann, Zurique (2015); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, França (2013); Museu da Cidade, Lisboa (2012).

Exposições coletivas recentes: 35º Panorama da Arte Brasileira, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017); OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades, The Warehouse, Dallas (2017); Third Mind. Jiri Kovanda and the (Im)possibility of Collaboration, Galeria Nacional, Praga (2016); Cut, Folded, Pressed & Other Actions, David Zwirner, Nova York (2016); Em polvorosa – um panorama das coleções do MAM, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2016); Accrochage, Punta della Dogana, Veneza (2016); Imagine Brazil, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Ella Fontanals-Cisneros, Miami (2014); Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui, Centre Pompidou, Paris (2014); 13ª Bienal de Istambul (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).

Coleções públicas das quais seu trabalho é parte incluem Centre Pompidou, França; Tate Collection, Inglaterra; Miami Art Museum, EUA; Fundación/Colección Jumex, México; Fundação Serralves, Portugal; Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte Moderna, São Paulo, e Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil; Museum Weserburg, Bremen, Alemanha; Vancouver Art Gallery, Canadá; Centre National des Arts Plastiques, França; Art Institute of Chicago, EUA.


Pinacoteca presents a panoramic show of Fernanda Gomes’ 30-year career

The artist from Rio de Janeiro transforms seven rooms of the museum into a temporary studio, over a three-week installation period

The Pinacoteca de São Paulo, museum of the Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secretary of Culture and Creative Economy) of the state of São Paulo presents, from 30th November, 2019 until 24th February, 2020, the exhibition Fernanda Gomes, a large retrospective of the artist from Rio de Janeiro, bringing together fifty works from the 1980’s up until the present day. Curated by museum curator José Augusto Ribeiro, the show is presented in the form of a large installation, composed of fragments, a recurring format in Gomes’ practice, dispersed throughout seven temporary galleries on the first floor of the Pinacoteca, demanding that the viewer play an active role in their reading of the work.

A graduate of the Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), in Rio de Janeiro, Fernanda Gomes is considered today amongst the Brazilian contemporary artists with the greatest presence and prestige internationally. Her practice is characterised by the use of everyday objects – like plaster, wood and glass – which are subjected to manual operations such as tying, joining or simply being positioned and spread in the space. These items are collected in the artist’s daily life and during walks through the streets and galleries and institutions where her work is exhibited.

The exhibition at the Pinacoteca, which is sponsored by Itaú, was conceived two years after the institution invited the artist to exhibit. Throughout this period, Gomes developed a plan to occupy the spaces, which included both fixed decisions and opportunities for improvisation, planning exhibition-based solutions specific to each environment. “From there, a demanding, meticulous process is manifested, that goes beyond a meeting of works”, explains the curator.

The final result comes after a three-week installation period, during which the artist put herself into constant activity in the seven exhibiting rooms, installing, in this way, a kind of temporary studio, not open to the public, a process commonly adopted by the artist. The set of works presented here includes more well-known works – like spheres of cloves and lines, a length of smoked and juxtaposed cigarette papers, ink and paper paintings, and some of her kinetic sculptures – and previously unseen works, conceived in loco.

The total absence of definitions – neither the exhibition nor the works have a name – with pieces painted white (“the colour which is, at the same time, all and none”, explains Ribeiro) preserves, in the end, the undefined and unstable nature of the set of works. “The pieces are also not identified by the museum’s usual labels, which, ultimately, assists in the possibility of connections being made between them, and between them and their surroundings, without dating them or describing common materials or particular techniques, which are demanding more of skill or labour than of method”, he adds.

The work instils, in this way, the very conditions of its exhibition: with a strong sense of unity, as a means of proposing a complete experience, without the chance of it being repeated, neither in another time, nor in another space. For the same reasons, the famous dichotomy between art and life is a recurrent theme in Fernanda Gomes’ reflections. In interviews and in her own texts, the artist’s statements regarding this subject point to a lack of differentiation between the two notions. For her, “things are and are mixed together”, so that, “the difference between art objects and everyday objects still appears to be a mystery."

The show plays an important role in the museum’s 2019 program, which has presented, since the beginning of the year, a sequence of pioneering artists – Ernesto Neto, Artur Lescher, Hélio Oiticica, amongst others – who have all contributed to expanding the concept of sculpture. The realisation of this exhibition was only possible through the generous support of the Lei Federal de Incentivo à Cultura.

CATALOGUE

Fernanda Gomes is accompanied by a catalogue conceived especially by the artist as a continuation of the exhibition at the Pinacoteca. As in the show, the works are presented as part of a larger scenario. “Every piece presents itself as the protagonist of a line of thought, always made active by its own context, and in dialogue with the works which precede and follow it”, explains Volz. The catalogue includes an introduction by the General Director of the Pinacoteca, Jochen Volz, and a text by the curator, José Augusto Ribeiro, in Portuguese and in English.

ABOUT FERNANDA GOMES

Born in 1960, Fernanda Gomes lives and works in Rio de Janeiro. The artist recently had a major exhibition at Secession, Vienna, Austria, following an extensive show at the Museo Jumex, City of Mexico, Mexico, in 2018. In 2016, her work was selected for inclusion in the book Vitamin P3: New Perspectives in Painting (Phaidon, London).

Recent solo shows include: Galeria Luisa Strina, São Paulo (2017 and 2014); Alison Jacques Gallery, London (2017 and 2013); Peter Kilchmann, Zurich (2015); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, France (2013); Museu da Cidade, Lisbon (2012).

Recent group shows include: 35º Panorama da Arte Brasileira, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017); OSSO – an exhibition-appeal for the right of defence of Rafael Braga, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades, The Warehouse, Dallas (2017); Third Mind. Jiri Kovanda and the (Im)possibility of Collaboration, Galeria Nacional, Prague (2016); Cut, Folded, Pressed & Other Actions, David Zwirner, New York (2016); Em polvorosa – um panorama das coleções do MAM, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro (2016); Accrochage, Punta della Dogana, Venice (2016); Imagine Brazil, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Ella Fontanals-Cisneros, Miami (2014); Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui, Centre Pompidou, Paris (2014); 13ª Bienal de Istambul (2013); 30ª Bienal de São Paulo (2012).

Her work is included in public collections including Centre Pompidou, France; Tate Collection, England; Miami Art Museum, USA; Fundación/Colección Jumex, Mexico; Fundação Serralves, Portugal; Museu de Arte da Pampulha, Museu de Arte Moderna, São Paulo, e Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brazil; Museum Weserburg, Bremen, Germany; Vancouver Art Gallery, Canada; Centre National des Arts Plastiques, France; Art Institute of Chicago, USA.

Posted by Patricia Canetti at 10:57 AM

Estruturas encontradas na Nara Roesler, São Paulo

Encerrando o calendário 2019 de exposições da galeria, a mostra coletiva reúne trabalhos de nove artistas

A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar Estruturas Encontradas, exposição coletiva que reúne trabalhos dos artistas Brígida Baltar, Cao Guimarães, Fabio Miguez, Lucia Koch, Milton Machado, Paulo Bruscky, Raul Mourão e Sérgio Sister, além do artista convidado Marlon Azambuja. Encerrando o calendário de exposições de 2019, a mostra é um exercício curatorial de Luis Pérez Oramas, que a partir de 2020 atuará oficialmente como Diretor Artístico do novo projeto curatorial da galeria.

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Partindo da noção moderna de ‘objeto encontrado’ em que uma obra de arte não seria produto da técnica, mas do acaso, em Estruturas Encontradas, Pérez-Oramas propõe a olhar, em suas palavras, “aquilo que já estava ali, encontrando, ao acaso, vínculos nas e entre as obras, assim como confluências de significado, analogias inesperadas, deslocamentos de sentido e novas interpretações”.

Segundo o curador, o conceito de ‘objeto encontrado’ – ‘objet trouvé’, em francês – atravessou o legado da modernidade por inteiro: da invenção da ‘collage’, nos primórdios do Cubismo, à instituição do ‘ready-made’ por Marcel Duchamp até a invenção do ‘parangolé’ por Hélio Oiticica, revolucionando assim, o pensamento estético ocidental, que até então era determinado puramente pela técnica e pela vontade de representar.

Muitas vezes é no cotidiano que os artistas vão encontrar as estruturas e formas que servem de mote para a realização de seus trabalhos. Paulo Bruscky percebe poemas nos moldes de revistas de moda feminina, assim como Lucia Koch transforma embalagens e caixas de produtos em espaços arquitetônicos. Cao Guimarães cataloga, na série Gambiarras, a infinidade de soluções criativas tipicamente brasileiras para contornar pequenos problemas do dia-a-dia. Raul Mourão e Sérgio Sister apreendem estruturas como grades de segurança ou engradados de madeira, e as utilizam como pontos de partida para a criação de trabalhos visuais a partir de investigações cinéticas ou cromáticas.

Marlon Azambuja contrapõe pássaros de porcelana, que nos remetem a bibelôs, a impessoais cubos de concreto. Milton Machado e Brígida Baltar ressignificam os elementos cotidianos a partir de novos arranjos, ao passo que Fábio Miguez busca na própria história da pintura as estruturas para suas composições. Nas obras presentes na mostra, o acaso, que propicia o encontro dos artistas com essas formas e objetos no mundo, emerge mais uma vez, agora pelo seu oposto: a articulação entre as obras, faz surgir encontros inusitados a partir de suas configurações formais e temáticas.

Em Estruturas Encontradas, é explorada a possibilidade de pensar a lacuna entre as obras e as relações criadas ao acaso entre elas, como geradoras de sentido. Segundo Pérez-Oramas, é a partir desse espaço que “a significação de uma obra de arte pode transcender seu ‘programa’, e, até mesmo, o regime de intenções que a produziu; é assim que as obras de arte podem significar para além de seu tempo e espaço originários.”

Luis Pérez-Oramas

Escritor, poeta e historiador da arte. Cursou Doutorado em História da Arte sob orientação de Louis Marin e Hubert Damisch na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris (EHESS, 1994). Curador-chefe da 30ª Bienal de São Paulo (2012); curador de arte latino-americana no Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York (2003-2017); curador da Coleção Patricia Phelps de Cisneros, em Caracas (1995-2002).

Pérez-Oramas foi curador e co-curador de inúmeras exposições, principalmente durante seu período no MoMA: Transforming Chronologies: An Atlas of Drawings (2004), retrospectiva de Armando Reverón (2007); New Perspectives in Latin American Art: 1930-2006 (2007); O alfabeto enfurecido: León Ferrari e Mira Schendel, na Fundação Iberê Camargo (2009), em Porto Alegre, e no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) (2010), em Madri; Lygia Clark. O Abandono da Arte (2014); Joaquín Torres-García. The Arcadian Modern (2015), no Museo Picasso, em Barcelona; e Tarsila do Amaral. Inventando Arte Moderna no Brasil, no The Art Institut of Chicago (2017), em Chicago, e no Museum of Modern Art (2018), em Nova York.

Professor de História da Arte na Université de Haute Bretagne-Rennes 2 e na École Regional Regional de Beaux Arts Nantes, na França (1987-1993); Professor de História e Teoria da Arte no Instituto de Estudios Superiores de Artes Plásticas Armando Reverón, na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, Venezuela (1995-2002). Pérez-Oramas foi convidado a palestrar em diversas universidades e museus, mais recentemente na INHA e na EHESS, em Paris (2013); no Barnard College-Columbia University (2016); na Princeton University (2017-2018-2019); no Museo del Prado (2015- 2017); no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), em Madri, e na Gainsville University, Flórida (2019). Pérez-Oramas é o autor de sete coletâneas de poesia (sendo a mais recente La dulce astilla, 2015, Editorial Pre-textos) e cinco coletâneas de ensaios (mais recentemente Olvidar la Muerte. Pensamiento del toreo desde América, 2016, Editorial Pre-textos), assim como de inúmeras contribuições para catálogos de exposições e publicações de arte especializadas. A Editorial Pre-textos (Valência, Espanha) publicará em 2020 uma coletânea de ensaios intitulada A inactualidad de la pintura y vericuetos de la imagen.

A Galeria Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil. Representa artistas brasileiros e internacionais, estabelecidos e em início de carreira, e conta com sedes em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a Galeria fomenta o desenvolvimento e a difusão dos trabalhos de seus artistas através de um consistente programa de exposições, sólidas parcerias institucionais e diálogo constante com curadores de destaque no cenário artístico contemporâneo. Desde 2002, a galeria desenvolve anualmente o projeto Roesler Hotel, que tem como objetivo promover o diálogo entre as comunidades artísticas nacional e internacional, convidando curadores e artistas a realizar experimentos em seu espaço.


Closing the gallery’s 2019 exhibition program, this group show brings together artworks by nine artists

It is with great pleasure that Galeria Nara Roesler | São Paulo presents Estruturas Encontradas [Found Structures], a group exhibition bringing together artworks by Brígida Baltar, Cao Guimarães, Fabio Miguez, Lucia Koch, Milton Machado, Paulo Bruscky, Raul Mourão and Sérgio Sister, as well as contributions by invited artist Marlon Azambuja. Closing the 2019 exhibition program, the show is a curatorial exercise conceived by Luis Pérez Oramas. From 2020, Pérez-Oramas will officially take on the role of Artistic Director for the gallery’s new curatorial project.

Taking as a starting point the modern notion of ‘found object’, according to which an artwork is not the outcome of technique but a product of chance, Pérez-Oramas incites us “to look at things that are already there, in the artworks and between them, in order to unearth random links, converged meanings, unexpected analogies, displaced senses and new interpretations”.

According to the curator, the concept of the ‘found object’ – objet trouvé, in French – has cut across the entire legacy of modernity: from the invention of collage in the early stages of Cubism, to Marcel Duchamp’s ‘ready made’ and Hélio Oiticica’s Parangolés, ultimately revolutionizing Western aesthetics, which had previously been dominated by technique and a desire to represent.

It is often in their everyday lives that artists find the structures and forms that shape their works. Paulo Bruscky creates poems based on women’s fashion magazines; Lucia Koch transforms product packaging and boxes into architectural spaces. In his series Gambiarras, Cao Guimarães catalogs an infinite array of typically Brazilian creative solutions to minor everyday problems. Raul Mourão and Sérgio Sister incorporate common structures, such as security fences and wooden boxes, as a starting point to create visual works that draw on kinetic or chromatic investigations.

Marlon Azambuja contrasts porcelain knick-knacks in the shape of birds with impersonal concrete cubes. Milton Machado and Brígida Baltar re-signify everyday elements into new arrangements, whilst Fábio Miguez delves into the history of painting to find the framework for his compositions. The element of chance, which has allowed the artists to establish a connection with these forms and objects in the world, emerges once again in the artworks featuring in this exhibition, but this time this is conjured as contrast: the interactions between the artworks trigger unexpected links based on formal and thematic configurations.

Found Structures explores the possibility of considering the gap between the artworks and the relationships that are randomly activated between them, as a way of generating meaning. According to Pérez-Oramas, it is in this gap that ‘the meaning of an artwork can transcend its ‘agenda’ as well as the intentional system that has produced it. This is how artworks can signify something beyond their original time and space’.

About Luis Pérez-Oramas (b. Caracas, 1960)

Writer, poet and art historian. He received a PhD in History of Art, under the direction of Louis Marin and Hubert Damisch, from the Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, Paris (EHESS, 1994). Chief-Curator of the 30th Bienal de São Paulo (2012); Latin American Art Curator at the Museum of Modern Art (MoMA), in New York (2003-2017); Curator of the Patricia Phelps de Cisneros Collection, in Caracas (1995-2002).

Pérez-Oramas was the curator and co-curator of a number of exhibitions, particularly during his role at MoMA, including: Transforming Chronologies: An Atlas of Drawings (2004), a retrospective of the work of Armando Reverón (2007); New Perspectives in Latin American Art: 1930-2006 (2007); O alfabeto enfurecido: León Ferrari e Mira Schendel, at Fundação Iberê Camargo (2009), in Porto Alegre, and at the Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS) (2010), in Madrid; Lygia Clark. O Abandono da Arte (2014); Joaquín Torres-García. The Arcadian Modern (2015), at the Museo Picasso, in Barcelona; and Tarsila do Amaral. Inventando Arte Moderna no Brasil, at The Art Institute of Chicago (2017), in Chicago, and at the Museum of Modern Art (2018), in New York.

He taught Art History at the Université de Haute Bretagne-Rennes 2 and at the Ecole Supérieure de Beaux Arts de Nantes, in France (1987-1993). He taught Art History and Theory at the Instituto de Estudios Superiores de Artes Plásticas Armando Reverón and at the Universidade Central da Venezuela, in Caracas, Venezuela (1995-2002). Pérez-Oramas has been invited to lecture at several universities and museums, including, recently, at the INHA and EHESS, in Paris (2013); Barnard College-Columbia University (2016); Princeton University (2017-2018-2019); Museo del Prado (2015- 2017); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), in Madrid and the Gainesville University, Florida (2019). Pérez-Oramas is the author of seven collections of poems (of which the most recent is La dulce astilla, 2015, Editorial Pre-textos) and five collections of essays (of which the most recent is Olvidar la Muerte. Pensamiento del toreo desde América, 2016, Editorial Pre-textos), as well as his numerous collaborations in exhibition catalogs and specialized art publications. In 2020, Editorial Pre-textos (Valencia, Spain) will publish a collection of his essays entitled A inactualidad de la pintura y vericuetos de la imagen.

Galeria Nara Roesler is a leading Brazilian contemporary art gallery, which represents established and prominent emerging Brazilian and international artists, with headquarters in São Paulo, Rio de Janeiro, and New York. Founded by Nara Roesler in 1989, the gallery has fomented the development and the diffusion of its artists’ work through a consistent exhibition program, solid institutional partnerships and constant dialogue with leading curators in the contemporary art scene. Since 2002, the gallery fosters the Roesler Hotel program, which is aimed at promoting dialogues between national and international art communities, inviting artists and curators to develop artistic experiments at the gallery space.

Posted by Patricia Canetti at 9:22 AM

novembro 25, 2019

Pedro Veneroso no Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte

Pedro Veneroso entre linguagens, mídias e disciplinas: Mostra Recodificações reúne produção do artista mineiro em arte, ciência e tecnologia

Após circular pelo mundo com obras que exploram as relações entre a arte, a ciência e a tecnologia, Pedro Veneroso volta a expôr em Belo Horizonte com a mostra individual Recodificações, abrigada pelo Centro Cultural UFMG entre 19 de novembro e 12 de janeiro de 2020. A prolífica produção do artista nessa área, exibida em diversos países – entre os quais a Espanha, os Estados Unidos, a França e o México – e cidades brasileiras – como Rio de Janeiro, São Paulo e Belém –, até então permanece, em grande parte, inédita em Belo Horizonte. O artista, um dos expoentes da atual geração de arte eletrônica e digital brasileira, se propõe a reunir nesta mostra uma parte destacada de sua produção na área, abrangendo linguagens como a instalação, a net art, a arte computacional, o vídeo, a fotografia, a gravura e a literatura e tangenciando alguns dos temas centrais às suas pesquisas. As investigações das relações entre espaço e tempo e entre diferentes códigos, linguagens e notações humanas – assuntos que atravessam a carreira do artista desde o início – são acompanhadas por explorações mais recentes, como os sistemas complexos, os algoritmos generativos e a teoria das redes, fruto das pesquisas acadêmicas do artista formado pela UFMG.

Veneroso iniciou sua carreira em 2006, quando desenvolveu uma série de fotografias que inaugurou suas pesquisas nas zonas de interseção entre a arte, a ciência e a tecnologia. Utilizando as técnicas de light painting, em que é possível registrar rastros de luz em uma única imagem, e múltipla exposição, que permite sobrepor diversas cenas, as obras dessa série consistem em experimentos com técnicas que aprofudam as dimensões espaço-temporais das fotografias. Nesse contexto, uma fotografia não representa o registro de um instante, mas de durações, e se desliga da mera representação da realidade concreta. Essa produção embrionária influenciaria a atuação do artista nos anos seguintes, quando se uniu a André Mintz e Aline Xavier para criar o Marginalia Project, coletivo de arte e tecnologia fundado em 2008, e o Marginalia+lab, laboratório internacional de arte e tecnologia coordenado pelo coletivo que, sediado em Belo Horizonte, realizou inúmeras exposições, residências, workshops, encontros e publicações entre 2009 e 2012.

O período entre 2011 e 2012 – época em que Veneroso foi artista residente no Museu da Imagem e do Som de São Paulo – marcou uma importante transição na carreira do artista. Nesse momento, a sua produção em arte, ciência e tecnologia se tornou mais constante e aprofundou as relações entre técnicas tradicionais e contemporâneas. Representante de uma cultura maker, guiado pelo princípio do faça-você-mesmo, o artista utiliza suas obras como modos de pesquisa de técnicas, temas e linguagens, integrando a prática e a teoria artística a conhecimentos e técnicas de outras disciplinas. Não por acaso, no atelier do artista, localizado na região da Pampulha, computadores, câmeras e impressoras compartilham espaço com instrumentos de marcenaria e de laboratório, projetores, livros, placas e monitores de áudio, microscópios e componentes eletrônicos. Aspectos formais da arte, como cor e composição, situam-se lado a lado com o domínio de linguagens de programação, eletrônica e práticas acadêmicas e científicas, em relação de experimentação e contaminação permanente. As relações entre linguagens, mídias e disciplinas sempre estiveram presentes nas obras e pesquisas do artista, mas foi a partir dessa época que ganharam protagonismo em sua produção, tornando-se temas centrais de muitos trabalhos posteriores. Daí o conceito Recodificações, que dá nome a esta exposição e busca sublinhar os modos como as obras de Veneroso desconstroem sistemas de códigos convencionais e propõem novos modos de ver e interpretar o mundo.

A exposição se concentra justamente nesse período, com obras desenvolvidas a partir de 2012 e foco na produção mais recente do artista. Os destaques da parcela retrospectiva da mostra são as instalações Gogoame, de 2016, e Tempo: cor, lançada este ano no FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, importante evento de arte e tecnologia que acontece em São Paulo e completou 20 anos nesta edição. Gogoame, nome que em japonês significa chuva à tarde, trata-se de um projeto de net art – desenvolvido para visualização e interação na web – que promove a interseção entre texto e imagem, criando uma chuva de letras onde se formam palavras e frases. Já Tempo: cor, exibida como uma instalação imersiva, aprofunda a pesquisa do artista sobre o tempo e o espaço com o desenvolvimento de um conjunto de relógios cromáticos que convertem horas em cores. Dessa forma, os visitantes podem imergir na representação das horas, experimentando a notação do tempo de modo espacial e sensorial.

Transitando pelas cinco salas que compõem a exposição, é possível apreender os modos como as pesquisas do artista são interligadas e os trabalhos se nutrem mutuamente. Nota-se, ainda, que vertentes da arte e da cultura contemporâneas – como a arte conceitual, a arte política, as instalações e a poesia concreta – são recuperadas e ressignificadas. A exposição é composta por 15 obras, entre as quais somente uma foi exibida anteriormente em Belo Horizonte. Dois trabalhos inéditos ainda serão lançados na mostra, a série de fotografias Contagem binária, desenvolvida em 2015 e finalizada recentemente, e a instalação generativa Estado das coisas, cujo protótipo será mostrado. Contagem binária propõe um modo de se contar de 0 a 31 nos dedos de uma mão, enquanto a instalação inédita Estado das coisas, se utiliza de algoritmos generativos e de análises de redes sociais em tempo real para controlar as rotações de imagens que se comportam como de bússolas descompassadas, em um comentário sobre a situação política e social do mundo na atualidade – do desmatamento na Amazônia brasileira à imigração entre a África e a Europa. Promovendo as relações entre som e imagem, Veneroso se une a Sara Não Tem Nome para a realização da apresentação audiovisual Ruínas, que mescla elementos da produção de vídeos de Veneroso com a prática musical de Sara. A performance acontecerá durante a abertura da exposição, às 20h, e, após o evento, a instalação continuará a funcionar pelo restante do período de visitação da exposição.

Pedro Veneroso é doutorando em Artes, mestre com distinção em Estudos Literários e bacharel em Artes Visuais, todos pela Universidade Federal de Minas Gerais. Ele investiga as interseções entre a arte, a ciência e a tecnologia a partir de perspectivas práticas e teóricas. Atualmente, pesquisa as aplicações dos sistemas complexos e da teoria da redes nas experiências humanas do espaço-tempo em ambientes virtuais e concretos. Entre 2009 e 2012, foi um dos coordenadores e curadores do Marginalia+lab – laboratório de arte e tecnologia sediado em Belo Horizonte. Foi curador e coordenador da exposição Polímatas, que reuniu dezenas de obras transdisciplinares na UFMG em 2019. Foi premiado no 4º Filme em Minas (Belo Horizonte), nomeado para o 8º Prêmio Sergio Motta (São Paulo), finalista do 7º Concurso Transitio_MX (Cidade do México, México) e semifinalista do 12º Prêmio Arte Laguna (Veneza, Itália). Participou de exposições nacionais e internacionais em instituições como MAM Rio e CCJF (Rio de Janeiro), MIS, Red Bull Station e Centro Cultural FIESP (São Paulo), Museu de Arte da Pampulha e Palácio das Artes (Belo Horizonte), El Museo Cultural Santa Fe, Indiana University e Washington University (Estados Unidos), Laboratório Arte Alameda (México), Centro Cultural Galileo e Mini HUB (Espanha), Forum Altice Braga (Portugal), Jingxi Province Museum (China), Monash University (Austrália) e Mains D'Oeuvres (França). Entre 2017 e 2019, foi professor do curso de Cinema de Animação e Artes Digitais na Escola de Belas Artes da UFMG.

Mais informações: Portfolio do artista e Site da exposição

Posted by Patricia Canetti at 10:50 AM

Franz Weissmann no Itaú Cultural, São Paulo

A essência de Franz Weissmann em todas as escalas de sua obra

Passados 10 anos desde a última exposição do artista realizada em São Paulo, o Itaú Cultural encerra as grandes mostras de sua programação em 2019, com Franz Weissmann: o vazio como forma. Mais de 800 peças apresentam a magnitude de sua obra – desde desenhos desconhecidos do público a seus trabalhos mais icônicos, os Amassados, esculturas em pequena e grande escala e uma obra em realidade virtual.

De 27 de novembro de 2019 a 9 de fevereiro de 2020, a obra magistral de Franz Weissmann (Knittelfeld, Áustria, 1911 - Rio de Janeiro, 2005) permanece assentada nos três andares do espaço expositivo do Itaú Cultural, 1º, - 1 e - 2. Com curadoria de Felipe Scovino e parceria do Instituto Franz Weissmann (IFW), a exposição Franz Weissmann: o vazio como forma se sustenta em cerca de 800 peças dispostas em cada andar, sem ordem cronológica, mas de forma antológica. Em um dos pisos, estão as obras em maior escala. Desenhos, a passagem do figurativo para o abstrato, Amassados e cubos, em outro. Por fim, maquetes e estudos, linha do tempo e uma obra pública em realidade virtual ocupam o -2. Em toda a mostra, tem ferramentas de acessibilidade.

Traduzido em números, são mais de 50 esculturas, entre pequeno, médio e grande porte; 10 Amassados, cujo suporte são placas de alumínio, aço e outros metais; cerca de 50 desenhos; 730 maquetes; 14 obras originais acessíveis (táteis, para os visitantes cegos ou de baixa visão) e, em realidade virtual, Monumento à Paz – uma obra destinada ao espaço público, porém nunca exposta. Há, também, dois audiovisuais sobre ele e um terceiro vídeo com depoimentos de familiares, do curador e do historiador, jornalista e crítico de arte Frederico Moraes. Tudo é acompanhado de uma linha do tempo, com fotos da vida e obra do artista e de quatro obras de coleções privadas.

Como em uma extensão da mostra, um mapa criado pela equipe do Itaú Cultural indica a localização das obras públicas realizadas pelo artista e instaladas a céu aberto em São Paulo – no hotsite o mapeamento se estende às obras existentes nas ruas do Rio de Janeiro. Ele sempre foi instigado pela colocação de suas obras nas ruas, de modo a ampliar os meios de contato do público com a arte, modificando a sua relação com o espaço urbano. Ainda, em uma ação que também transborda as paredes do instituto, realizada em parceria do Itaú Cultural, o IFW e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, está em exibição no Parque Prefeito Mario Covas a obra Cubo Azul (1978-2011) para visitação do público até 9 de fevereiro. Uma publicação, um catálogo e um hotsite complementam a exposição.

“Passaram-se cerca de 10 anos desde a última mostra de obras de Weissmann em São Paulo, significando que muitos não tiveram acesso a uma exposição deste artista de grande magnitude”, observa Scovino. Com esta ideia, ele partiu para o desenho de uma linha curatorial antológica. “Nela celebramos tanto as obras icônicas do artista, como os vazados, os Amassados e outras pouco conhecidas do público, como suas maquetes, protótipos, estudos e desenhos que ele realizou vivendo no Rio de Janeiro e na Espanha em meados dos anos de 1960 e nunca exibidos ao público”, conta.

De acordo com o curador, Franz Weissmann: o vazio como forma parte de um caráter reflexivo e acompanha, de ponta a ponta, o trabalho do artista desde a sua gênese: dos anos de 1940 e 1950, quando foi professor na Escola Guignard, até as suas últimas produções realizadas no começo do século 21, quando realizou a série de obras conhecidas como pinças e mondrianas, esculturas que invadiram o espaço público.

Acessibilidade

Ferramentas de acessibilidade estão totalmente inseridas nas atividades do Itaú Cultural e não seria diferente em suas exposições. Em Franz Weissmann: o vazio como forma, há mapas, piso e obras táteis. Acompanhando obras e vídeos, também tem áudio e videodescrição.

Os mapas táteis encontram-se nos três andares da exposição. Em cada um deles, há, também, audiodescrição dos trabalhos e um percurso acessível para 11 obras originais, que podem ser tocadas. Além delas, três maquetes táteis permitem a quem tem baixa visão ou é cego que perceba desenhos do artista. Os três vídeos que estão na mostra, ainda, são complementados por videodescrição, assim como a obra apresentada em realidade virtual, Monumento à Paz.

Instituto Franz Weissmann (IFW)

O instituto foi criado em 2008, tendo como fins associativos essenciais criar, ampliar, preservar, estudar e difundir o legado criativo e a memória histórica do artista no Brasil e no exterior. Este repositório compreende milhares de suas esculturas, provas, protótipos, maquetes, estudos e relevos tridimensionais, além de desenhos e projetos. O IFW guarda, preserva, cataloga e divulga os registros bibliográficos, arquivísticos, iconográficos e documentos pessoais de Franz Weissmann.

Posted by Patricia Canetti at 10:05 AM

Lançamento do livro Rio XXI - Vertentes Contemporâneas na FGV, Rio de Janeiro

A Fundação Getulio Vargas realiza o lançamento do livro Rio XXI - Vertentes Contemporâneas, organizado e dirigido pelo crítico de arte Paulo Herkenhoff, com coordenação geral de Silvia Finguerut, o livro conta com textos de Bernardo Mosqueira, Eliana Sousa Silva, Heloisa Buarque de Holanda, Isabela Souza da Silva, Leno Veras, Marcelo Campos, Paulo Herkenhoff, Silvia Finguerut, Tania Rivera e Vera Saboya.

28 de novembro de 2019, quinta-feira, às 18h

Fundação Getulio Vargas
Rua Jornalista Orlando Dantas 36, Botafogo, Rio de Janeiro

A primeira edição da obra é composta por 15 capítulos, nos quais especialistas, curadores, críticos e acadêmicos dialogam sobre o histórico vigor estético do Rio de Janeiro e a vocação da cidade em receber a arte dos mais variados artistas, sendo um lugar privilegiado de experimentação do país. Os artigos trazem imagens conceituais, que têm como eixo interdisciplinaridade criativa entre as diversas expressões de artistas locais ao longo do século XXI.

Rio XXI propõe uma reflexão acerca de um Rio de Janeiro como foco da arte contemporânea ao dialogar com artistas de todo o país. A publicação bilíngue reúne obras de mais de 100 artistas, todos que atuam ou já atuaram na cidade do Rio de Janeiro. A expectativa é que haja um segundo volume do livro.

O evento contará com a apresentação do grupo musical Ensemble Carioca, formado por jovens integrantes do projeto Ação Social pela Música do Brasil (ASMB).

Sobre o organizador

Paulo Herkenhoff é consultor de arte da FGV, curador e crítico de arte, tendo atuado como diretor do Fundação Nacional de Artes (Funarte), curador-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM), curador adjunto do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), diretor do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, diretor do Museu de Arte do Rio (MAR), entre outras atribuições.

Posted by Patricia Canetti at 9:30 AM

Anna Bella Geiger no MASP e Sesc Avenida Paulista, São Paulo

MASP e Sesc Avenida Paulista correalizam exposição sobre Anna Bella Geiger

A maior exposição da artista carioca já realizada em São Paulo, reúne cerca de 180 obras e parte de seu trabalho mais icônico, “Brasil nativo/Brasil alienígena”, para apresentar sua produção

Ativa desde os anos 1950 como artista e desde os anos 1960 como professora no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Anna Bella Geiger participou das primeiras exposições de arte abstrata no Brasil e é um nome pioneiro na introdução do vídeo e das práticas conceituais no cenário artístico brasileiro.

A exposição Brasil nativo/Brasil alienígena, que abre para o público no dia 29 de novembro no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e no dia 30 de novembro no Sesc Avenida Paulista, abrange um arco temporal extenso da artista, desde a década de 1960 até os anos 2000.

A mostra toma emprestado o nome de uma de suas séries mais conhecidas, Brasil nativo/Brasil alienígena, para apresentar obras que discutem criticamente a história e a realidade social do país, como o passado colonial, a identidade nacional, a representação dos povos indígenas e questões ecológicas, ainda hoje tão atuais, atravessadas por uma perspectiva e narrativa autobiográficas.

A curadoria é de Tomás Toledo, curador-chefe do MASP, e de Adriano Pedrosa, diretor artístico do museu. No MASP, a exposição se insere no ciclo temático “Histórias das mulheres, histórias feministas”, que guia toda a programação da instituição em 2019. No Sesc, a exposição dá continuidade a um relacionamento com a artista que já expôs em diversos projetos da rede. Outro motivo de celebração para o Sesc é o fato de algumas obras de Anna Bella terem sido incorporadas ao Acervo Sesc de Arte Brasileira.

Geiger tem como marcas a experimentação, a prática artística como ferramenta questionadora de sistemas políticos, sociais e da própria arte, além do uso constante de autorreferências; os visitantes poderão observar que seus suportes e seus temas vêm e vão.

Sua formação acadêmica teve forte influência em sua produção, assim como o regime militar no Brasil (em vigor no país de 1964 a 1985) e é a partir desse episódio que ela passa a refletir sobre o papel da arte frente a um Estado autoritário e violento, preocupação que transparece em diversos trabalhos presentes na exposição.

Aos 16 anos, teve aulas no ateliê de Fayga Ostrower (1920-1991), com a qual também estudaram Lygia Pape (1927-2004) e Décio Vieira (1922-1988).

Posteriormente, nos anos 1950, mudou-se para Nova Iorque onde frequentou o curso de Hanna Levy-Deinhard (1912-1984), na New York University. De volta ao Brasil, formou-se em Línguas Anglo-Saxônicas na Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro, em 1957. Na década seguinte, iniciou seus trabalhos como professora no MAM Rio, envolvimento que cresceu ao longo dos anos, já que, de 1971 a 1973, foi membra do conselho administrativo da instituição.

Nestes papéis, sempre defendeu o museu como um espaço experimental, de encontro e de debate entre artistas.

Aos 86 anos, continua produzindo e dando aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), Rio de Janeiro, onde vive, e no Higher Institute for Fine Arts (HISK), em Gent, na Bélgica.

No MASP, a mostra está dividida em nove salas, no segundo subsolo do museu, configurando seis núcleos temáticos e não necessariamente cronológicos: Visceral, Macios e Noturnos, Autorretrato, Mapas, Sobre a arte e História do Brasil. No Sesc Avenida Paulista, são apresentados três trabalhos instalativos históricos (Circumambulatio, 1972; Mesa, friso e vídeo macios, 1981 e Indiferenciados, 2001) que cobrem momentos distintos da produção da artista e foram remontados especialmente para a exposição. Além das instalações, são exibidos três vídeos (Telefone sem fio, 1974, e Passagens I e II, 1974). As duas instituições possuem obras da artista em seus acervos e estão a 1.500 metros de distância uma da outra, reforçando a parceira entre ambas e o potencial cultural da Avenida Paulista.

No museu, a exposição tem início com a apresentação de gravuras da fase conhecida como Visceral (anos 1960), nas quais representa órgãos do corpo humano. Se, por um lado, a série aponta para um olhar mais intimista e introspectivo, voltado para as entranhas do corpo, por outro pode ser tomada também como um reflexo do exterior e metáfora das vísceras que regem as entranhas de um outro corpo, o corpo político. Também estão presentes na mostra as apropriações de elementos da cartografia, da geografia e da matemática no núcleo dedicado aos mapas em séries como Local da ação (anos 1970-1980), Polaridades (anos 1970), Equações (anos 1970-80), Variáveis (anos 1970) e Rolinhos (anos 1990-2000), além dos conjuntos de cadernos de artista com referências a materiais didáticos (anos 1970); diferentes obras da série Burocracia (anos 1970-2000); e um conjunto de trabalhos em pintura, da série Macios (anos 1980).

Um grande eixo da mostra é dedicado aos mapas, tema recorrente na trajetória de Geiger. Com eles, no geral, a artista reflete sobre ideias aparentemente opostas entre si, como noções de polaridades, centro versus periferia, norte versus sul, a parte versus o todo, e questiona não só as próprias representações cartográficas, para além das coordenadas, mas também conceitos filosóficos politicamente orientados. A partir de um ponto de vista geopolítico, reflete sobre as hegemonias políticas e suas ideologias, sobre os ideais construídos pela sociedade moderna ocidental.

Já em Brasil nativo/Brasil alienígena (1976-1977), trabalha com postais, que alcançaram grande circulação no século 20. Eram, à época, considerados uma das formas de conhecer determinado local ou povo e de adquirir conhecimento sobre diferentes culturas, e circulavam com frequência nas Exposições Universais que ocorriam na Europa. O “Brasil nativo” dos postais vendidos em bancas de jornal no Brasil e apropriados por Anna Bella mostrava os indígenas idealizados e exotizados, nus caçando com arco e flecha, em rituais ou socializando e realizando atividades cotidianas. Porém, essa visão simplificada e aparentemente aprazível ignorava a violência de estado que acometia os povos indígenas no país durante o regime militar. Complementando a apropriação dos postais, a artista criou novas imagens, imitando e reinterpretando as cenas das originais, lançando a pergunta sobre o que é nativo e o que alienígena, colando em jogo o seu próprio local de mulher branca, de classe média alta, de família estrangeira e origem judaica.

O humor e a ironia também são recursos frequentes utilizados pela artista. Em uma das obras do núcleo de Autorretratos, por exemplo, ao questionar o lugar da arte e do artista, em clara referência à Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, marco do renascentismo europeu, coloca-se como modelo misteriosa com a favela carioca do Santo Amaro ao fundo.

A comicidade repete-se em séries como Burocracia e Ideologia. A primeira consiste em pinturas, serigrafias e vídeos com os dizeres “Sobre a arte” e nos quais quatro figuras femininas pronunciam a palavra BU-RO-CRA-CIA, em uma imagem muito próxima àquela vista em uma propaganda da época de um creme íntimo para mulheres. Esse trabalho instaura questões como os modelos de feminilidade e a produção de imagens do feminino nas artes visuais e a burocracia e o sistema de funcionamento da arte em relação às mulheres, assim como do sistema burocrático das artes como um todo.

Circumambulatio, um de seus trabalhos mais enigmáticos, estará no Sesc Avenida Paulista. A obra surge em suas aulas no MAM, quando junto aos seus alunos propõe-se realizar investigações sobre o conceito de centro nas diferentes sociedades e épocas. Disso surgem experiências realizadas fora do museu e longe dos agentes da censura, na então distante lagoa de Marapendi, no Rio de Janeiro, onde praticavam uma série de processos criativos, usando a terra como suporte principal.

Essas ações foram registradas, editadas e exibidas em formato de escritos, fotos e filme super-8 na primeira vez que a instalação foi montada, nos anos 1970. A cada montagem, no entanto, a obra se renova, já que a artista adiciona novas referências, como na última montagem em 2019, no MAM Rio.

Outras duas instalações audiovisuais históricas da artista serão remontadas no Sesc Avenida Paulista: Friso, mesa e vídeos macios, apresentada uma única vez na 16ª Bienal de São Paulo (1981) e Indiferenciados, elaborado para uma grande mostra de Geiger no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001. As instalações serão complementadas com uma sala de vídeo que irá exibir trabalhos de diferentes períodos da artista.

Friso, mesa e vídeos macios consiste em uma sala com uma mesa central na qual são impressas manchas que podem tanto ser mapas quanto camuflagens. E nas paredes desse espaço se repetem espécies de mapas do Brasil. Além disso, dois monitores de televisão reproduzem esses mesmos padrões sendo manuseados. Neste trabalho, ela investiga, por meio da visão, o tato. Brincando com os sentidos a artista explora também a visualidade como um todo.

Na sala de vídeo serão exibidos trabalhos como Telefone sem fio (1974) e Passagens I e II (1974). No primeiro, ela, Fernando Cocchiarale (crítico de arte, curador e professor) e outros amigos fazem, como o nome do trabalho sugere, a conhecida brincadeira do “telefone sem fio”. Mas, na ocasião, as frases que são ditas entre os participantes remetem ao universo da arte. E esses questionamentos, ao serem passadas de um ouvido ao outro, se perdem: tanto no sentido do receptor se enganar no que ouviu quanto do enunciador mudar o que está sendo dito.

Já Passagens I e II são vídeos curtos nos quais ela sobe uma escada. Reproduzidos em looping dão a impressão improvável de que ela está eternamente fazendo o mesmo movimento. Feitos nos anos 1970, evidenciam um interesse dela e de outros artistas contemporâneos pelo vídeo, que começava a ser explorado.

Catálogo

A publicação homônima será lançada na abertura da exposição no Sesc Avenida Paulista no sábado, dia 30, às 11h, e será vendida nas duas instituições. O catálogo, organizado pelos curadores e coeditado pelas Edições Sesc, inclui um texto conjunto de Adriano Pedrosa e Danilo Santos Miranda, além de ensaios inéditos de Tomás Toledo, Bernardo Mosqueira, Zanna Gilbert, Estrella de Diego, Philippe Van Cauteren, e uma entrevista de Geiger com Pedrosa. Todos os trabalhos da exposição serão reproduzidos no livro que conta com nota biográfica de Gabriela de Laurentiis.

Posted by Patricia Canetti at 9:15 AM

novembro 24, 2019

Sala de Vídeo: Laure Prouvost no Masp, São Paulo

Com curadoria de María Inés Rodríguez, exposição apresenta três vídeos da artista, que neste ano representou a França na Bienal de Veneza

A linguagem, em seu sentido mais amplo, permeia o trabalho em vídeo, som, instalação e performance de Laure Prouvost, próxima artista a ocupar a sala de vídeo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) a partir do dia 28 de novembro. O trabalho de Prouvost se insere no ciclo temático do MASP, Histórias das mulheres, histórias feministas, que guia toda a programação do museu em 2019.

Conhecida por suas instalações imersivas e multimídias, que se conectam de maneira bem-humorada ao espectador, ela aproveita-se de fissuras na comunicação e converte ideias do real para o ficcional e vice-versa. Utilizando-se da linguagem como ferramenta para a imaginação, a artista busca embaralhar narrativas lineares e associações evidentes entre palavras, imagens e significado. Para Prouvost, realidade e irrealidade são caminhos enevoados.

“Ao envolver todos os sentidos do visitante, os vídeos buscam ampliar a imaginação e expandir os limites da realidade visual. Eu brinco com um léxico que envolve cheiros, texturas, sons, cultura de massa ---produzindo 3D sem tecnologia 3D--- e imagens para provocar emoções. Nos vídeos, o espectador torna-se um protagonista”, diz Prouvost.

Nascida em Lille, na França, Laure Prouvost graduou-se na Central St. Martins e tornou-se mestra pela Goldsmiths College, em Londres. Logo após o término do mestrado, em 2010, Prouvost começou a chamar a atenção do circuito artístico por trabalhar com referências íntimas de sua vida —sendo elas falsas ou não— em instalações cômicas que, em um primeiro momento, podem gerar estranheza. Atualmente, a artista trabalha entre a cidade portuária de Antuérpia, na Bélgica, e Londres, na Inglaterra.

Combinando memórias pessoais existentes e imaginadas com referências artísticas e literárias para criar instalações e vídeos cinematográficos, a artista busca sempre estar no limite daquilo que é sedutor e ambíguo.

Por seus trabalhos, foi contemplada pelos prêmios Max Mara Art Prize for Women, em 2011; Turner Prize, em 2013; e, em 2019, Prouvost representou a França na Bienal de Veneza. Além dos prêmios, a artista possui instalações no Palais de Tokyo, em Paris, na Serpentine Sackler Gallery, em Londres, e Witte de With Center for Contemporary Art, em Roterdã.

Com curadoria de María Inés Rodríguez, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea do MASP, a mostra apresenta os três títulos selecionados em três telas: duas laterais, e uma central, seguindo o mesmo modelo da mostra antecessora, que apresentou trabalhos de Anna Maria Maiolino.

“A exposição de Laure Prouvost faz parte do programa de 2019 dedicado às histórias das mulheres, histórias feministas. Mostraremos uma série de vídeos de diferentes períodos, nos quais podemos observar o interesse da artista pela experimentação da imagem e som. A presença da linguagem, escrita no roteiro, permeia seu trabalho e gera múltiplas leituras, além de possíveis relacionamentos com outros artistas que encontramos nas exposições no museu”, afirma Rodríguez.

Em Swallow (2013, 12’6’’), o visitante depara-se com imagens sedutoras, que oferecem uma leveza agradável. O espectador é bombardeado por uma série de impressões que se desdobram: mulheres nuas tomando banho em um lago azul, o fluxo da água que sai de uma fonte de mármore, a superfície lisa e alaranjada da tangerina sendo penetrada por dedos, a silhueta de um pássaro contra o céu.

Através da composição associativa de Swallow, Prouvost pontua o consumo insaciável das imagens apresentadas. Isso também ocorre em Going Higher (2014, 2’35’’) onde, do início ao fim, espectadores são expostos à uma série de colagens de registros: uma criança tomando um banho de piscina, exaustores expelindo fumaças, uma garrafa de espumante sendo aberta, uma ave preparando-se para voar.

Já It, Heat, Hit (2010, 7’21’’) é uma sobrecarga sensorial na qual texto, cortes rápidos, som surround e jogos semióticos catapultam o espectador para uma narrativa desorientadora. Vídeo e texto criam uma espécie de sinestesia. Unidos de forma incisiva, as imagens vêm e vão em um ritmo deslumbrante. O tom do filme se torna progressivamente mais sombrio e ameaçador e quando, finalmente, chega o clímax, a artista pede ao espectador que preste atenção ao que é exibido, pois os personagens contidos no filme precisam disso para existir.

Posted by Patricia Canetti at 2:22 PM

Artista, o Substantivo no Feminino ArtEEdições, São Paulo

Presença feminina na arte é tema de mostra coletiva que convida o público a refletir sobre a atuação das mulheres na arte contemporânea

Reflexões sobre o arquétipo feminino na arte permeiam a exposição Artista, o Substantivo no Feminino, mostra coletiva que estreia em 28 de novembro, na ArtEEdições Galeria, com Catherine Yass, Cris Rocha, Elizabeth Magill, Leda Catunda, Sonia Gomes e Rachel Whiteread.

“Como sugere o título, nesta exposição, o substantivo se apresenta apenas no feminino. Subvertendo a compreensão etimológica da palavra, salientamos sua fonética no feminino e despertamos uma reflexão a partir de um gênero do sujeito artista”, explica Marília Borges, que assina o texto da exposição.

De pesquisas diversas, o corpo de artistas eleito convida o público a refletir sobre a presença das mulheres na arte contemporânea. É uma imersão em diferentes cenários, nos quais são contadas histórias criadas por mulheres plurais a partir da mesma posição: ser artista.

A partir de um livro de fábulas dos anos 1950, Sonia Gomes apresenta três edições nas quais explora tecidos carregados de histórias, colagens, costuras e desenhos. Trata-se de Livro de Fábulas II (2019), série em que Gomes agrega seu imaginário quimérico ao caráter fantástico da publicação.

Com xilogravuras, Leda Catunda dá continuidade à ideia de construções em camadas dominadas por formas maleáveis, sobreposições e, sobretudo, a atmosfera lúdica onde cada elemento compete com o outro, até preencher cada centímetro do espaço à disposição.

Linhas sinuosas, formas ondulantes e transparências são exploradas através dos processos tradicionais de gravura utilizados por Cris Rocha em Moléculas (2019). A partir de chapas de monoprint, técnica utilizada também na gravura, Elizabeth Magill editou a série Venice (2009), em que diferentes cores resultam em obras que envolvem o visitante pela narrativa romântica da imagem.

Películas descartadas de um filme mudo de 1932 são ressignificadas por Catherine Yass. A artista exibe Safety Last (2011), composta por oito gravuras em metal que intensificam a drama e o suspense originais do longa-metragem.

As duas obras de Rachel Whiteread presentes na exposição dialogam com as esculturas feitas a partir de moldes de objetos de seu cotidiano, sugerindo novos significados a essas réplicas permeadas por memórias.

Posted by Patricia Canetti at 1:02 PM

MAR Vive, MAR Aberto – Artistas abraçam o Museu de Arte do Rio

Abaixo-assinado em defesa da permanência do Museu já reuniu mais de 30 mil assinaturas

Artistas, curadores, escritores, pensadores, pesquisadores, produtores, profissionais da arte e da cultura organizaram um movimento de defesa do Museu de Arte do Rio de Janeiro – MAR –, que passa por uma indefinição de seu futuro. O grupo convoca o público para um “abraçaço” na próxima terça-feira, dia 26 de novembro de 2019, às 15h, em frente ao Museu. Apoiada por um abaixo-assinado que já reuniu mais de 30 mil assinaturas em defesa do MAR, foi enviada no dia 19 de novembro de 2019 uma carta ao Secretário de Cultura do Rio de Janeiro, Adolfo Konder, solicitando que ele agendasse um encontro com representantes do movimento de apoio ao MAR com o Prefeito Marcelo Crivella.

A comissão de representantes do movimento de apoio ao MAR que irá se reunir com o Prefeito, assim que o encontro for agendado, é formada por: Clarissa Diniz, Eliana Sousa Silva, Ernesto Neto, Heloísa Buarque de Hollanda, Mauricio Dias , Milton Guran, Paula Trope e Rosana Palazyan.

Inaugurado em 2013, o MAR se notabilizou por uma programação de excelência e de grande alcance popular, que discute a cidade, sua formação, cultura e a região onde está instalado, a área portuária do Rio. Nesses seis anos, o MAR se tornou o segundo museu mais visitado do país – atrás apenas do MASP – recebendo desde sua abertura mais de três milhões de visitantes. Apenas em 2019, até novembro, 557 mil pessoas já foram ao MAR, 40% a mais do que o registrado no ano passado. Com visibilidade internacional, o MAR estimula o turismo, gera empregos e renda para o Município. O MAR se consolidou com uma das importantes instituições culturais da cidade.

Desde sua inauguração, o MAR realizou 60 exposições, em que seu setor educativo da Escola do Olhar recebe alunos da rede pública, vindos de todos os pontos do Grande Rio, da Zona Oeste à Baixada Fluminense, além de oferecer regularmente cursos de formação para professores dos ensinos fundamental e médio. Ao longo desses seis anos, cerca de 92 mil crianças e jovens participaram dessas atividades, e aproximadamente 270 mil pessoas integraram as visitas educativas. O MAR mantém ainda programas em parceria com universidades. Todas essas ações têm papel importante e complementar à educação ministrada nas escolas.

O acervo do MAR consiste em mais de nove mil obras, e 20 mil itens de arquivo, de amplo perfil histórico, com obras emblemáticas – e algumas raras – de arte brasileira e estrangeira, da Antiguidade, da Arte Indígena, do Barroco, do Modernismo e do Contemporâneo, além de preciosidades da iconografia do Rio de Janeiro. Um bem público estimado em 150 milhões de reais. Esta potente coleção, uma das mais importantes do país, foi construída em grande parte por doações realizadas por artistas, galeristas e colecionadores, que o fizeram pela confiança nas diretrizes do MAR. Garantir a integridade desse notável acervo é uma responsabilidade ética e material do MAR.

O MAR tem uma proposição de amor à nossa cidade. Inclusivo, aberto à diversidade e à pluralidade de nossa cultura, proporciona à população um espaço de aprendizado e lazer. Suas atividades e exposições atraem visitantes de um perímetro urbano ampliado, que antes raríssimas vezes tinham essa oportunidade. Práticas educativas orientadas para as trocas simbólicas fazem o público se sentir representado e voltar ao Museu.

Mais informações: Abaixo-assinado, Facebook e Instagram

Posted by Patricia Canetti at 12:14 PM

Lançamento do livro de José Bechara na Lurixs, Rio de Janeiro

Lançamento do livro “José Bechara – Território Oscilante” [Barléu Edições], com textos dos críticos e curadores António Pinto Ribeiro (Portugal), Beate Reifenscheid (Alemanha) e David Barro (Espanha), a publicação tem cerca de 90 imagens das obras do artista, e do processo na montagem de suas exposições.

26 de novembro de 2019, terça-feira, às 19h

Lurixs: Arte Contemporânea
Rua Dias Ferreira 214, Leblon, Rio de Janeiro
21-2541-4935

No próximo dia 26 de novembro de 2019, às 19h, será lançado na Lurixs: Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, o livro “José Bechara – Território Oscilante” [Barléu Edições], que reúne a produção de 2010 a 2019 do artista. Três críticos de arte e curadores, de diferentes países, fazem uma reflexão sobre os trabalhos criados por José Bechara (1957, Rio) na última década: António Pinto Ribeiro (Lisboa, 1956), Beate Reifenscheid (Gelsenkirchen, Alemanha, 1961) e David Barro (Ferrol, Espanha, 1974). Os três, ao longo deste período, acompanharam a profícua produção de José Bechara, artista extremamente ativo no circuito internacional da arte.

Seus trabalhos podem ser vistos atualmente na coletiva “Walking Through Walls”, que celebra os 30 anos da queda do Muro de Berlim, com curadoria de Sam Bardaouil e Till Fellrath, na Gropius Bau, na capital alemã (até 19 janeiro 2020); na Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra – A Terceira Margem, com curadoria de Agnaldo Farias, Lígia Afonso e Nuno de Brito Rocha, em Portugal (até 29 de dezembro de 2019); e na edição da BIENALSUR 2019 realizada no Museu Nacional de Riyadh, Arábia Saudita, com a coletiva “Recovering Stories, Recovering Fantasies”, em curadoria de Diana Wechsler (até 5 de dezembro de 2019). Até o próximo dia 15 de dezembro está em cartaz na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, “José Bechara – Território Oscilante”, uma grande mostra dedicada a sua obra, com curadoria de Luiz Camillo Osorio.

O editor Carlos Leal, que criou a Barléu em 2002, e já publicou mais de 50 livros dedicados à arte, comemora: “Este é sem dúvida o mais bonito!”. “É o único em que usei a quinta cor, que vai trazer um grande impacto visual ao leitor”, afirma. “O livro é gostoso de ler, e as esculturas, pinturas e instalações de José Bechara são belíssimas, e bem destacadas na publicação”.

Com capa dura, 240 páginas e trilíngue (português/inglês/espanhol) – foi mantido o idioma original de cada texto: em alemão, espanhol e português –, projeto gráfico de Rico Lins, formato: 26 x 27cm e tiragem de dois mil exemplares, o livro será distribuído para as principais livrarias de todo o Brasil. O preço será de R$ 125.

TEXTOS/AUTORES

Em “Para nadar é preciso vencer o mar”, António Pinto Ribeiro, pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, chama a atenção para as esculturas em vidro, e o fato de José Bechara se aproveitar de vários níveis da percepção. “Ele configura em camadas os níveis espaciais, e conduz a sua pintura para a racionalidade da experiência física, e conserva as emoções que podem detonar cores, luz e a profundidade espacial no observador”. A recente instalação do artista “Ângelas” (exibida em 2017 na grande individual no Museu de Arte Moderna) ganhou também destaque do crítico: “O artista conduz o espaço da realidade terrena para a cósmica quando, em sua instalação faz flutuar três bolas de mármore e, mais uma vez, insere as vidraças na frente e no meio, como se fossem filtros. O peso das bolas de mármore e das vidraças se torna perceptível e palpável, sendo, ao mesmo tempo, negado pela flutuação no espaço. De novo, os reflexos provocados na superfície dos vidros brincam com a falta de nitidez do próprio espaço em que o observador se encontra, pois os numerosos reflexos são como que inseridos no continuum de realidade e reflexos nas camadas e nos níveis espaciais que o observador percebe e dos quais quer se apropriar, ordenando-os. As esferas de mármore lembram inevitavelmente os planetas, e o fato de flutuarem no espaço sugere o movimento dos astros na infinitude do universo”. “Nesse trabalho, José Bechara abarca as fantasias de dimensões espaciais que, no universo, parecem se dissolver na falta de limites. É a ideia do cosmos como espaço da absoluta falta de limites, da supressão de todas as formas de limites e fronteiras. No plano espiritual, ele é assim para muita gente que crê na ação divina, e ao mesmo tempo, como realidade física”.

Beate Reifenscheid, diretora do Ludwig Museum em Koblenz, Alemanha, aborda em seu texto “Janela para o universo” o fato de o artista, “em planos bem diferentes e por meio de múltiplos meios técnicos, voltar a desafiar a percepção do tempo e do espaço, conduzindo o observador até fronteiras desconhecidas da arte”. Ela faz um rápido retrospecto da trajetória de José Bechara, desde suas pinturas “cuja finalidade parece ser texturas pictóricas abstratas”, mas que “à maneira dos artistas da arte concreta, bem como dos representantes da arte povera, inclui novos materiais, “sobretudo óxidos de ferro, que com o tempo e determinadas condições ambientais, se transforma em um traçado enferrujado”. “Durante o processo de oxidação com oxigênio, este adquire outra coloração. Assim como nas esculturas feitas em aço cortén, surge na tela uma pátina rebelde que possibilita e integra no próprio quadro a ocorrência de processos de mutação”. “Em seu cerne, a pintura sempre gira em torno dessa diferença entre espaço concreto e abstrato, provocado pelo jogo entre linhas retas – as quais, como nos contextos arquitetônicos, são capazes de criar perspectivas – e amplas áreas pintadas que, só pelas superfícies coloridas e as profundidades que lhe são imanentes, fazem imaginar o espaço”.

Beate observa que é “nas instalações esculturais de Bechara que se torna especialmente evidente com que intensidade o artista se preocupa com a penetração do espaço”. “O alumínio prateado adapta as cores do espaço à volta, absorvendo-as totalmente, por vezes, ou então refletindo e ofuscando a clara luz do sol. Com seus cubos abertos, Bechara encena o espaço como sistema modular, possibilitando diversos níveis de percepção, como em sua pintura”.

Para David Barro, curador e fundador da editora Dardo, onde coordenou mais de 60 livros nos últimos cinco anos, o aspecto que o seduz no trabalho de José Bechara “é sua maneira particular de invocar o acidente”. Em seu texto “Na tensão do olhar”, o crítico espanhol salienta que o artista “consegue que o olhar desdobre seu tempo, até que o processo reflexivo do ato de criar se imponha como método para atingir uma harmonia, uma ordem criativa”. “A priori, pode não parecer algo complexo, mas com certeza não há nada mais difícil que abraçar o inesperado, outorgando ao olhar esse protagonismo. Seguramente é a maneira mais efetiva de encarar as complexidades do século 21, avançando sem deixar de olhar pelo retrovisor, assumindo a história, nesse caso sendo capaz de percorrer a vanguarda europeia, o construtivismo brasileiro e todo tipo de derivação que pertence à tradição da pintura e da escultura”, comenta.

Ele aponta ainda que “nas obras de José Bechara, o contexto se converte em conteúdo”. “Estamos falando da parede, do solo, da arquitetura. Não se trata de uma questão menor, se observarmos o que acredito que tenha sido o ponto de inflexão mais agudo do seu trabalho, quando este passou a evidenciar-se sobretudo como uma experiência estética. Refiro-me à sua intervenção ‘A casa’ (2002), em Faxinal do Céu, no Paraná. Uma experiência real. De dentro para fora. Como se a casa vomitasse seus móveis. O espaço estava saturado”.

“José Bechara continua trabalhando com o peso, com a escala, com o equilíbrio, com as esculturas, mas nos últimos tempos introduz a gravidade e a leveza, características que, mesmo estando presentes, foram mais invisíveis em outros momentos de sua trajetória”, assinala.

MINIBIOGRAFIAS DOS AUTORES

António Pinto Ribeiro (Lisboa, 1956) é pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Foi diretor artístico e curador responsável em várias instituições culturais portuguesas, como a Culturgest e a Fundação Calouste Gulbenkian. Foi comissário geral de "Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura 2017". Seu foco de pesquisa é a arte contemporânea, especialmente a africana e a sul-americana. É autor de vários livros.

Beate Reifenscheid (Gelsenkirchen, Alemanha, 1961) é diretora do Ludwig Museum em Koblenz, Alemanha, professora honorária da Universidade Koblenz-Landau, e presidente do ICOM da Alemanha (Conselho Internacional de Museus). Historiadora da Arte, crítica e curadora, é especializada no século 20, relações artísticas entre Europa e China e o papel dos museus. Obteve seu Ph.D em História da Arte pela Ruhr-Universität Bochum, Alemanha.

David Barro (Ferrol, Espanha, 1974) é curador e fundador e codiretor da editora Dardo, onde coordenou mais de 60 livros nos últimos cinco anos. Desde 2017, é diretor administrativo da Fundação DIDAC (Instituto de Design e Artes Contemporâneas da Fundação Dardo) e desde 2015 é professor do Mestrado em Estudos Avançados da Universidade de Salamanca. Este à frente de várias instituições e eventos, e foi curador de mais de 50 exposições individuais, além de mostras coletivas. É membro do conselho de administração da Associação de Diretores de Arte Contemporânea da Espanha.

FICHA TÉCNICA

José Bechara – Território Oscilante [Barléu Edições]
Obras de 2010 a 2019 – esculturas, pinturas e desenhos
Textos: António Pinto Ribeiro (“Para nadar é preciso vencer o mar”, Beate Reifenscheid (“Janela para o universo”), e David Barro (“Na tensão do olhar”)
Projeto gráfico: Rico Lins
Formato: 26 x 27cm
Páginas: 240
Imagens: 87
Capa dura
Preço: R$ 125
Trilíngue: port/esp/ing

Posted by Patricia Canetti at 12:03 PM

Vaivém no CCBB, Rio de Janeiro

Através de 350 obras de 141 artistas, Vaivém exibe representações da rede de dormir entre os séculos 16 e 21, para além do simples objeto de repouso, no CCBB Rio, a partir de 27 de novembro.

A mostra, sob curadoria de Raphael Fonseca, conta com 32 artistas indígenas contemporâneos que produziram trabalhos inéditos para o evento.

Vaivém é a coletiva que o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta de 27 de novembro de 2019 a 17 de fevereiro de 2020, com 350 itens de 141 artistas, dos séculos 16 ao 21, sob curadoria do historiador de arte Raphael Fonseca. A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil, com coordenação geral da arte3 conceito, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

“Longe de reforçar os estereótipos da tropicalidade, esta exposição investiga as origens das redes e suas representações iconográficas: ao revisitar o passado conseguimos compreender como um fazer ancestral, criado pelos povos ameríndios, foi apropriado pelos europeus e, mais de cinco séculos após a invasão das Américas, ocupa um lugar de destaque no panteão que constitui a noção de uma identidade brasileira”, argumenta o curador, que pesquisou o tópico durante cinco anos para o seu doutorado em História da Arte na Universidade Estadual do Rio de Janeiro [UERJ].

Para além da interpretação mais corrente de indolência, a rede de dormir se apresenta em Vaivém com outros tantos enfoques: da arte, da subsistência, resistência e permanência: de Debret e Rugendas a artistas contemporâneos como Hélio Oiticica e Tunga, Paulo Nazareth e Opavivará!, passando pelo Zé Carioca de Walt Disney, deitado na rede, para marcar a identidade brasileira do personagem, e a imensa produção indígena de representações deste objeto criado pelos ameríndios antes da chegada dos europeus às Américas.

Naine Terena, professora doutora da Universidade Federal do Mato Grosso, escreve em dos textos do catálogo da mostra: “Não cabe mais ver as redes como espaço de descanso e decoração. Necessita-se admirar sua representação e compreender que materialidade é a prova da resistência ameríndia. Que por trás da beleza e da forma existem focos de resistência. Que tecer ou criar a partir delas é arte, ativismo. É atividade. É sobrevivência. É ser”.

Enquanto objeto material, a rede de dormir é um tipo de tecido com alças. Originalmente de fibras naturais, passou a ser feita de algodão com franjas pelas mãos das mulheres portuguesas, pós-invasão do país. Hoje, elas são fabricadas de formas
e materiais diversos. Os elementos são os mesmos desde sempre: o pano em forma retangular, onde se deita ou senta, as cordas que ligam o pano aos punhos, em forma de aro, encarregados de sustentar o peso que o pano recebe e manter a rede suspensa pelas extremidades em armadores ou ganchos. O quarto elemento é a franja nas laterais, chamada varanda.

Encontro com o curador

Acontece dia 18 de dezembro de 2019, às 18h30, o bate-papo ilustrado com o curador de Vaivém, Raphael Fonseca, sobre “Construções do Brasil no vaivém da rede de dormir: de pesquisa acadêmica para uma exposição transhistórica".

Vaivém está estruturada em seis núcleos temáticos e transhistóricos. São eles:

Resistências e permanências

A rede de dormir é pensada por artistas indígenas, na maioria, que a associam a uma marca da luta pela sobrevivência das culturas originárias brasileiras. Aqui o objeto rede pode ser visto como signo de resistência e permanência: “Mesmo com séculos de colonização e com as recentes crises políticas quanto aos direitos indígenas, elas [as redes] se perpetuaram como uma das muitas tecnologias ameríndias”, avalia o curador.

Neste segmento, a maior parte das obras é produzida por artistas indígenas contemporâneos, como Arissana Pataxó. No vídeo inédito Rede de Tucum, ela documenta Takwara Pataxó, a Dona Nega, única mulher da Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro [BA], que ainda guarda o conhecimento sobre a produção das redes feitas com fibras das folhas da palmeira Tucum.

A autoditada Carmézia Emiliano começou a pintar em Roraima. Ela ficou conhecida por telas que registram o cotidiano dos indígenas Macuxi. Na mostra, Carmézia apresenta trabalhos feitos para Vaivém e outros mais antigos.

Também da etnia Macuxi, Jaider Esbell criou para a exposição a instalação A capitiana conta a nossa história. A uma rede de couro estão presos um texto de autoria do artista e documentos sobre as discussões em torno das áreas indígenas em Roraima.

Outro destaque é Yermollay Caripoune, que, vivendo na região do Oiapoque, entre a aldeia e a cidade, participou de poucas exposições fora do Amapá. Na série de seis desenhos, especiais para Vaivém, ele registra a narrativa dos Karipuna sobre a origem das redes de dormir.

Ainda neste núcleo, trabalhos de artistas consagrados e ativistas das causas indígenas, como Bené Fonteles e Claudia Andujar, e o objeto de Bispo do Rosário – Rede de Socorro, uma pequena rede de tecido onde se lê o título da obra.

A rede como escultura, a escultura como rede

Toda rede de dormir, pensada para o uso do corpo humano, é também uma escultura no espaço. Este núcleo coloca em diálogo redes criadas por associações de artesãs indígenas e não indígenas e trabalhos de artistas reconhecidos pelo sistema da arte contemporânea.

No foyer do CCBB Rio, estará Rede Social, uma instalação interativa do coletivo carioca Opavivará!, com oito redes unidas umas às outras, que convidam o público a se deitar e balançar ao som de chocalhos presos a elas.

Uma animação do jovem artista Gustavo Caboco, de Curitiba, filho de mãe indígena, que discute seu pertencimento à cultura ameríndia no Brasil, e o vídeo de selfies enviadas por mulheres em redes de dormir, de Salissa Rosa, nascida em Goiânia, e de pai indígena, estão neste espaço.

De Hélio Oiticica foram selecionadas fotografias da menos conhecida série Neyrótika e, de Ernesto Neto, um conjunto de obras do início de sua carreira, nos anos 1980, onde redes não aparecem literalmente, mas são sugeridas em uma dinâmica de tensão e equilíbrio. A ação Trabalho, de Paulo Nazareth, ganha aqui nova versão. Através de uma oferta de emprego anunciada em jornal, o artista contratou um funcionário, que deverá permanecer deitado em uma rede instalada no CCBB Rio durante oito horas por dia, até o fim da mostra.

Ainda neste segmento, há uma homenagem a Tunga, com uma nova versão da instalação Bell’s Fall, de Tunga que inaugurou o CCBB São Paulo, em 2001. A obra usa uma rede vazada para içar elementos inertes. Ainda de Tunga, os registros fotográficos da performance 100 Rede, realizada em 1997 na Avenida Paulista, com 100 figurantes munidos de uma rede cada um com utensílios de cozinha, milho, ossos e uma galinha viva, circulando, para se encontrarem em um ponto da avenida onde paravam para deitar em redes na calçada.

Olhar para o outro, olhar para si

As redes chamaram a atenção dos europeus desde o início da invasão das Américas. Sendo uma tecnologia desconhecida por eles, sua forma foi disseminada em mapas, pinturas, livros de viajantes e, posteriormente, fotografias e filmes. Este núcleo traz documentos e imagens de artistas históricos e viajantes, como Hans Staden, Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas, que registram aspectos da vida local durante a colonização, mas também criam narrativas fantasiosas, porque havia então a prática da cópia e da adaptação sobre gravuras de outros autores.

A partir da pergunta como diferentes artistas contemporâneos indígenas olham para si e para
as redes de dormir, o curador propôs a este grupo desconstruir
a visão eurocêntrica dessas imagens de seus antepassados e propor novas narrativas.

Entre eles estão, do Amazonas – a pintora Duhigó, que apresenta a inédita tela Nepũ Arquepũ (Rede Macaco), sobre o ritual de nascimento de um bebê Tukano, e Dhiani Pa’saro, que expõe a marchetaria Wũnũ Phunô (Rede Preguiça), composta por 33 tipos de madeira e inspirada em duas variações de grafismos indígenas, o “casco de besouro” (Wanano) e o “asa de borboleta” (Ticuna).

O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), do Acre, criou para Vaivém uma pintura mural que faz referência ao canto Yube Nawa Aibu, para trazer força e abrir os caminhos em cerimônias tradicionais. Já Denilson Baniwa, vencedor Prêmio PIPA online 2019, nascido no Amazonas e residente no Rio de Janeiro, fez intervenções digitais e físicas sobre obras de artistas brancos que retrataram povos indígenas.

Disseminações: entre o público e o privado

A praticidade das redes como mobiliário para viajar e no âmbito doméstico foi apropriada pelos portugueses, franceses e holandeses que invadiram o Brasil. Neste segmento, estão obras em que as redes são associadas a aspectos cotidianos, de meio de transporte a práticas funerárias. Devido à abertura dos portos a não portugueses em 1808, houve aumento do número de publicações sobre o país e disseminação da rede de dormir por meio de gravuras.

Um dos destaques contemporâneos aqui é Dalton Paula, pintor afro-brasileiro de Goiás, que lança um olhar sobre as narrativas a respeito da negritude no Brasil desde a colonização, e nas fotografias de Luiz Braga estão as redes de dormir em cenas do dia-a-dia no Pará.

Modernidades: espaços para a preguiça

As redes começaram a ser vistas como algo que ia contra o processo civilizatório e o desejado progresso industrial da jovem nação, depois da proclamação da república em 1889. Foi nesta época que surgiram publicações que ligavam a rede à preguiça. Esta associação se perpetuou no nosso imaginário social. O núcleo começa com essas imagens e reflete sobre como, a partir do começo
do século 20, as redes foram relacionadas não apenas à preguiça, mas à estafa e à necessidade de descanso decorrentes do trabalho braçal e do calor tropical.

Lugar importante desse percurso histórico é ocupado por Macunaíma (1928), livro de Mário 
de Andrade, em que o personagem principal passa grande parte da narrativa em uma rede. Representações de Macunaíma aparecem aqui em diversas linguagens.

Em exposição estão as primeiras ilustrações para a publicação Macunaíma por Carybé, um desenho pouco exibido de Tarsila do Amaral – Batizado de Macunaíma – e a adaptação da história para HQ por Angelo Abu e Dan X, lançada em 2016.

Joaquim Pedro de Andrade dirigiu o longa-metragem que, estrelado por Grande Otelo, completa 50 anos em 2019. Neste espaço também estão Djanira, com o raro autorretrato Descanso na rede, e peças de mobiliário desenhadas por Paulo Mendes da Rocha e Sergio Rodrigues.

Invenções do Nordeste

Neste núcleo estão trabalhos que convertem em imagens mitos da relação entre as redes e a região geográfica, como a associação delas à seca e à migração para o sudeste. Outros ítens expostos são um elogio ao nordeste, tendo a rede como símbolo de orgulho da potente indústria têxtil local.

Destaque para uma série de fotografias de Maureen Bisilliat pelo sertão nordestino e as cerâmicas de Mestre Vitalino que retratam grupos de pessoas enterrando entes dentro de redes.

O Rio de Janeiro é a terceira itinerância de Vaivém, que já passou por São Paulo e Brasília, e daqui segue para o CCBB Belo Horizonte.

Posted by Patricia Canetti at 10:59 AM

Maxwell Alexandre no MAR, Rio de Janeiro

Museu de Arte do Rio recebe ‘Pardo é Papel’, a exposição de Maxwell Alexandre que ocupou o Museu de Arte Contemporânea de Lyon

Evento de abertura também conta com performance dos rappers BK’ e Baco Exu do Blues

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura na próxima terça-feira, dia 26, às 10h, “Pardo é Papel”, individual do jovem artista carioca Maxwell Alexandre. A exposição reafirma a vocação que o MAR conquistou em seis anos de existência: enfrentar o espelho, se reconhecer, escutar, afirmar o que interessa e prosseguir. Essas são tarefas para um museu que se coloca em diálogo com a cidade e sua vizinhança.  O evento de abertura terá entrada gratuita e contará ainda com performance musical dos rappers BK’ e Baco Exu do Blues nos pilotis, às 20h. 

Importante: As pulseiras que darão acesso às performances de BK’ e Baco Exu do Blues deverão ser retiradas com antecedência na bilheteria do museu, neste fim de semana (dias 22, 23 e 24 de novembro), entre 9h30 e 17h.

Aos 29 anos, Maxwell Alexandre retrata em sua obra uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir de sua vivência cotidiana pela cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Com obras no acervo do MAR, Pinacoteca de São Paulo, MASP, MAM-RJ e Perez Museu, Maxwell apresenta “Pardo é Papel” no Brasil após levar sua primeira exposição individual ao Museu de Arte Contemporânea de Lyon, na França. Resultado de uma residência do artista na Delfina Foundation, em Londres, a mostra é promovida pelo Instituto Inclusartiz, de Frances Reynolds, e tem patrocínio da PetraGold.

O início de ‘Pardo é Papel’ remete a maio de 2017, quando o artista pintou alguns autorretratos em folhas de papel pardo perdidas no ateliê. Nesse processo, além da sedução estética potente, ele percebeu o ato político e conceitual que está articulando ao pintar corpos negros sobre papel pardo, uma vez que a “cor” parda foi usada durante muito tempo para velar a negritude. “O desígnio pardo encontrado nas certidões de nascimento, em currículos e carteiras de identidades de negros do passado, foi necessário para o processo de redenção, em outras palavras, de clareamento da nossa raça. Porém, nos dias de hoje, com a internet, os debates e tomada de consciência e reivindicações das minorias, os negros passaram a exercer sua voz, a se entender e se orgulhar como negro, assumindo seu nariz, seu cabelo, e construindo sua autoestima por enaltecimento do que é, de si mesmo. Este fenômeno é tão forte e relevante, que o conceito de pardo hoje ganhou uma sonoridade pejorativa dentro dos coletivos negros. Dizer a um negro que ele é moreno ou pardo pode ser um grande problema, afinal, Pardo é Papel”, ressalta Maxwell.

“Tenho o enorme prazer e orgulho de apresentar este jovem talento. Maxwell é um líder natural, tem grande capacidade de atrair jovens de outras linguagens, conseguindo aglutinar as forças e todas as novas experiências dos jovens que são o futuro do Brasil. A belíssima obra de Maxwell marca uma sensibilidade da realidade social do Rio de Janeiro”, analisa Frances Reynolds, presidente e fundadora do Instituto Inclusartiz, que busca trazer um diálogo entre todos os segmentos da sociedade e os artistas, especialmente os jovens, fomentando a sua carreira e os apoiando estrategicamente no âmbito internacional.

Para Marcelo Campos, curador associado do MAR, o museu, ao o trazer essa itinerância, ratifica os modos, sensações e lugares com os quais interessa dialogar: a escola, a diversão, o museu, a laje, a sala familiar, a rua, a igreja. “Tudo isso se apresenta nas pinturas do artista. O museu, então, se repensa como signo de distinção, e nele a inclusão passa a ser meta. Lugar historicamente de ostentação de bens, o museu que nos interessa continuar deve reverter a periferização, transformando-a em autoestima”, afirma Marcelo.

O Museu de Arte do Rio – MAR

Uma iniciativa da Prefeitura do Rio em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o MAR tem atividades que envolvem coleta, registro, pesquisa, preservação e devolução à comunidade de bens culturais. Espaço proativo de apoio à educação e à cultura, o museu já nasceu com uma escola – a Escola do Olhar –, cuja proposta museológica é inovadora: propiciar o desenvolvimento de um programa educativo de referência para ações no Brasil e no exterior, conjugando arte e educação a partir do programa curatorial que norteia a instituição. 

O MAR é gerido pelo Instituto Odeon, uma organização social da Cultura. O museu tem o Grupo Globo como mantenedor, a Equinor como patrocinadora master, a Bradesco Seguros como patrocinadora, o BNDES como apoiador financeiro e a Rede D’Or São Luiz como apoiadora de exposições e o Itaú como apoiador por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A Escola do Olhar conta com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Dataprev, TNA, Grupo In Press e BNY Mellon, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS e do Machado Meyer Advogados via Lei Federal de Incentivo à Cultura. O MAR conta também com o apoio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e realização do Ministério da Cidadaniae do Governo Federal do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Posted by Patricia Canetti at 10:16 AM

Alvaro Seixas na Cavalo, Rio de Janeiro

Alvaro Seixas abre no dia 28 de novembro a exposição A Importância do Demônio, sua segunda individual na galeria Cavalo. O artista carioca conhecido por sua postura crítica e postagens cômicas que alfinetam curadores, galeristas, colecionadores e coletivos de arte apresenta obras inéditas no espaço em Botafogo. O título, homônimo a um ensaio de 1932 escrito pelo espanhol José Bergamin, defende a relevância do papel de agente provocador e desafiador no meio de arte.

Em ‘A Importância do Demônio’ Alvaro apresenta um repertório de pinturas produzidas em 2019, com motivos que vão desde abstrações expressionistas à cenas mitológicas reinterpretadas, passando por personagens cartunescos e frases sobre o universo artístico. Para tanto, Seixas evoca desde os demônios dos poetas românticos ingleses John Milton e William Blake até o imaginário exotizado de Jean-Baptiste Debret, pintor que retratou o cotidiano do Brasil colonial.

Seixas continua sua pesquisa em pintura instalativa, escolhendo disposições pouco usuais das obras no espaço. Dessa vez o artista utiliza recursos novos à sua produção, como impressões gráficas sobre papel, tecidos, e fundos fotográficos, ampliando e contradizendo seu título de pintor. A dinâmica de imagens digitais dos smartphones são, ao lado da tradição da pintura, sua fonte de inspiração.

Em seu texto homônimo, o poeta José Bergamin faz um elogio à ambiguidade. Esse também é um tema central da nova produção de Alvaro, que exercita sua ironia para satirizar o sistema de arte e a partir dele refletir sobre figuras de poder, moralidade e a dimensão das figuras de mártir e de traidor. “Como ser pop e popular sendo impopular, ou seja, traindo o meio de arte?” o artista se questiona. ‘Como se opor ao sistema de arte no interior desse próprio sistema? Como criticar e flertar com o sistema sendo um de seus agentes?’

Em uma época de instabilidade política global, as frases de efeito e textos debochados, trágicos, românticos, revoltados e niilistas de Seixas tentam trazer ao chão obras endeusadas da arte brasileira e mundial. A exposição permanece até o dia 18 de janeiro.

Posted by Patricia Canetti at 9:38 AM

novembro 21, 2019

Meta-Arquivo: 1964–1985: encontro e autógrafos com Giselle Beiguelman no Sesc Belenzinho, São Paulo

O Sesc Belenzinho promove encontro com Giselle Beiguelman, artista da exposição Meta-Arquivo: 1964-1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura, que inclui sessão de autógrafos de seu recente livro lançado pelas Edições Sesc: Memória da Amnésia.

23 de novembro de 2019, sábado, às 18h

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino 1000, Belenzinho, São Paulo, SP
11-2076-9700

A mostra, que encerra temporada no dia 24 de novembro de 2019, vem promovendo atividades gratuitas, complementares aos temas abordados, realizadas por meio de Programação Integrada (já finalizada) e Programas Públicos.

No último evento dos Programas Públicos (encontros com artistas, abertos aos visitantes e interessados), Beiguelman conversa com o público sobre a tradução do texto, até então inédito em português, An archival impulse, do historiador e crítico de arte, Hal Foster, publicado na revista estadunidense de crítica de arte October. Em sua publicação, batizada Agosto, Giselle indaga a partir da obra de três artistas brasileiros, Bruno Moreschi, Bianca Turner e Tiago Sant’ana, o impulso historiográfico, que levaria o artista do Sul Global contemporâneo de volta à história e ao (re)processamento dos documentos.

Essa tradução é parte complementar de sua obra Gaveta de Ossos, exposta em Meta-Arquivo: 1964-1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura, com o título de Impulso Historiográfico. O trabalho da artista na mostra reflete sobre as histórias reveladas pela medicina forense e seus procedimentos na busca de mortos e desaparecidos, a partir de acompanhamento do grupo de trabalho da exposição sobre a Vala de Perus, descoberta no Cemitério Dom Bosco, em 1990, com 1.047 ossadas enterradas clandestinamente.

Giselle Beiguelman (SP) é artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP). Pesquisa a preservação de arte digital, arte e ativismo na cidade em rede e as estéticas da memória no século 21. Desenvolve intervenções artísticas no espaço público e com mídias digitais. Entre seus projetos artísticos recentes destacam-se Odiolândia (2017); Memória da Amnésia (2015); e as exposições individuais Monumento nenhum (2019), Cinema Lascado e Quanto pesa uma Nuvem? (2016). É autora de Memória da Amnésia: Políticas do Esquecimento (Edições Sesc, 2019), entre outros livros, artigos e ensaios.

A exposição Meta-Arquivo: 1964-1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura, com curadoria e pesquisa de Ana Pato e em parceria com o Memorial da Resistência, reúne nove obras inéditas, elaboradas a partir dessas pesquisas junto aos arquivos públicos sobre o período da Ditadura Civil Militar Brasileira (1964-1985). Com caráter pedagógico, a mostra surge como um espaço expandido de aprendizado, cujo objetivo primordial é despertar a reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?

Posted by Patricia Canetti at 9:55 PM

Varanda Sonora: Pedra Pomes na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro

Para a 7ª edição do Varanda Sonora, os curadores Franz Manata e Saulo Laudares convidaram o duo de arte transmídia Pedra Pomes (Marta Supernova e Anicca), que concebeu a instalação sonora Cada um tem um mar - composição sonora para as conchas.

22 de novembro de 2019, sexta-feira, às 19h

Escola de Artes Visuais do Parque Lage - Varanda da biblioteca
Rua Jardim Botânico 414, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ

Pedra Pomes é um duo de arte transmídia composto por Marta Supernova e Anicca. Através do cruzamento entre arte contemporânea e pista de dança, o duo propõe ao corpo - em transe e trânsito - deslocamentos táteis, audíveis e visuais através de trabalhos em artes visuais, vjing e dj sets.

O duo entende a arte - e o espaço de celebração - não como foco, mas como forças motrizes que embalam as relações, impulsionando novos formatos de interação e seus trabalhos são construídos de forma a envolver, alegrar, restaurar, tranquilizar e, também, propor ao público uma "fruição intelectualmente implicada, um transe político".

Para o sétimo Varanda Sonora, Pedra Pomes concebeu a instalação sonora Cada um tem um mar - composição sonora para as conchas.

Segundo o duo:

"É uma instalação sonora que tem como ponto de partida a capacidade física da concha de captar os sons residuais, marginais do ambiente e transmiti-los como um som outro, uma outra identidade formada pela reunião do que sobra, do que ficou de lado, instigando e revelando a delicadeza das sensações através de uma composição sonora para as conchas do mar.

A experiência sensorial proporciona um momento de contemplação e imersão a partir da interação do toque do som no corpo que é visual e audivelmente evidenciada através da cortina de conchas que tilintam, mexem e ressoam com a pressão sonora de uma Composição dedicada à beleza da sutileza e à delicadeza das guardiãs do som do mar."

Sobre o programa

Varanda Sonora é um encontro na varanda da biblioteca da Escola de Artes Visuais do Parque Lage que busca contribuir para a expansão na noção de convivência, uso e produção de conteúdo de uma biblioteca de arte, hoje.

Os encontros têm o som - e suas diversas manifestações - como questão e podem assumir diversos formatos, que vão desde apresentações musicais, leitura de poemas, entrevistas ou debate sobre o assunto, instalações sonoras-espaciais e todas as possibilidades que podem estabelecer um diálogo com a arquitetura da Escola e seu meio ambiente.

A cada edição os professores e artistas Franz Manata e Saulo Laudares recebem um convidado para compartilhar seu percurso, pesquisas e experiências. Os encontros são transmitidos, gravados e disponibilizados, gratuitamente, na forma de podcasts e mixtapes no site: exst.net/artesonora.

Já passaram pelo Varanda Sonora a artista multimídia Leandra Lambert, a poeta e professora Katia Maciel, a pianista Jocy de Oliveira o artista e escritor Ricardo Basbaum, o músico Arto Lindsay e o poeta, músico e compositor Fausto Fawcett.

Histórico

O Varanda Sonora é um desdobramento do programa Arte Sonora, que é parte da prática dos artistas e professores Franz Manata e Saulo Laudares. O projeto teve início em 2009 como um curso e happening na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e, ao longo dos anos, assumiu diferentes formatos e se constituiu numa importante plataforma de discussão e um banco de dados sobre arte e som.

O projeto já assumiu diversos formatos, como: workshops, happenings, podcasts, exposições, publicações, programas de rádio, residências e o site (exst.net/artesonora)

O site foi criado em 2012, de forma independente, para abrigar o conteúdo gerado a partir dos workshops e happenings. Com o intuito de criar documentos que pudessem ser acessados pelo público em geral.

Já foram produzidos mais de trinta programas sobre o tema, divididos em: 08 programas históricos sobre o século XX, que apresentam a formação do campo sensível, suas principais questões, artistas e obras; 15 podcasts monográficos, que mostram o pensamento e obras dos principais artistas e pensadores brasileiros que investigam o mundo através do som e suas interfaces; e 12 Mixtapes, que abordam o universo sonoro e a influência da música no trabalho de artistas, críticos e pensadores da cultura contemporânea.

Organizadores

Franz Manata é artista, curador e professor, Saulo Laudares é artista e DJ produtor. O duo começou suas atividades em 1998, a partir da observação sobre o universo do comportamento e da cultura da música eletrônica contemporânea. Os artistas vem realizando programas de residência e participando de mostras individuais e coletivas dentro e fora do país e são representados pela Sé Galeria, SP.

Posted by Patricia Canetti at 9:28 PM

Anna Bella Geiger e Anna Maria Maiolino na Galeria Base, São Paulo

Em “Anna”, dois expoentes da cultura brasileira exibem trabalhos que atestam a importância e o desafio do feminino

A Galeria Base, de Daniel Maranhão, exibe a mostra Anna, com cerca de 25 obras de Anna Bella Geiger e Anna Maria Maiolino e curadoria de Paulo Azeco. Nesse momento, faz-se por bem destacar a presença feminina na construção e na crítica sociocultural da nação. Como posiciona o curador,” são arquitetas de sua história e fazem parte do importante capítulo da arte Latina como peças fundamentais da luta feminista”.

O fato de estarem ligadas a efervescente cena cultural da cidade Nova Iorque dos anos 1950 e 1960, e absorverem a revolução estética causada pela Bienal “Pop” de São Paulo de 1967, é ponto chave para o início dessa exposição. A escolha dos trabalhos priorizou o papel como suporte, tanto com obras únicas como múltiplos, da década de 1960, onde sua produção é de inquestionável importância.

“Burocracia”, de Anna Bella Geiger, produzida no período da ditadura militar, “questiona a função e a natureza da obra de arte no âmbito do capitalismo, refletindo sobre o poder coercivo da arte como instituição, inquirindo sobre a função, a natureza e o poder repressor do Estado brasileiro” diz Paulo Azeco. Esse trabalho vem acompanhado de um importante guache da série visceral, onde a artista sobrepôs cartões recortados.

Anna Maria Maiolino participa com algumas “obras únicas de séries consagradas, como “Cartilhas”, “Marcas da Gota” e as xilogravuras produzidas em 1967 - Ecce Homo, Glu Glu e Anna – que marcam sua incursão pelo cordel e pela Pop Arte”, diz Daniel Maranhão.

“Ações falam mais que palavras”, dizem as ruas. Então, o melhor registro da importância das artistas agora são os eventos nos quais ou protagonizam ou estão envolvidas. “Geiger, acaba de encerrar a exposição individual “Aqui é o Centro”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), e se prepara para uma grande individual o MASP, com abertura prevista para o próximo dia 29 de novembro, intitulada “Brasil nativo/Brasil alienígena”. Já Maiolino, atualmente está com 9 vídeos em exposição no MASP, além de uma grande mostra individual na premiada Whitechapel Gallery, em Londres. Ambas têm obras nos mais importantes museus do mundo, a exemplo do MoMa, Tate, Centre Pompidou, Reina Sofia, além dos nacionais MASP, MAM/RJ, MAM/SP, Pinacoteca de SP, dentre outros”, especifica Daniel Maranhão.

“As Annas dessa exposição empunham sua arte de maneira sistemática, cada qual a sua maneira, como ferramenta de denúncia de uma cultura misógina ao mesmo tempo que apontam no feminino o norte dos novos tempos”, define Paulo Azeco.

Anna Maria Maiolino (Scalea, Itália, 1942).
Pintora, escultora, artista multimídia e desenhista. Muda-se em 1954, devido à escassez provocada pelo pós-guerra, para Caracas, Venezuela, onde estuda na Escuela de Artes Plásticas Cristóbal Rojas entre 1958 e 1960, ano em que se transfere para o Brasil. Tem como destaque da sua trajetória o Prêmio Mário Pedrosa por melhor exposição do ano de 1989. Em 2012, foi contemplada com o 1º prêmio MASP Mercedes-Benz de Artes Visuais; em 2017 teve sua obra apresentada numa retrospectiva no MOCA Los Angeles, além da participação na 13ª Documenta de Kassel, 14ª Bienal de Lyon e 24ª e 29ª Bienal de São Paulo.

Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, RJ, 1933).
Escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos.Tem como individuais marcantes, Here is The Center, Wallach Art Gallery, Columbia University, Nova York (2018); Gavetas de Memórias, Caixa Cultural São Paulo, SP (2018); Geografía Física y Humana, MUNTREF, Buenos Aires (2018), La Casa Encendida, Madrid (2017), Centro Andaluz de Arte Contemporáneo, Seville (2016). Das coletivas que participou, temos Radical Women, Latin American Art, The Brooklyn Museum, Nova York (2018); América Latina 1960 - 2013, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris (2013); Modern Women Single Channel 5 Artists, MoMA PS1, Nova York (2011); 39th Venice Biennale, Veneza (1980); PROSPECTIVA 74; Bienais de São Paulo, São Paulo (1961 - 1967).

Posted by Patricia Canetti at 6:53 PM

Malka Borenstein na Oswald de Andrade, São Paulo

Instalação da artista visual Malka Borenstein estimula sensações afetivas: Estrutura metálica, dividida em sete módulos, é uma experiência do corpo

O artista visual Malka Borenstein apresenta a instalação "Vai Passar", a partir de 23 de novembro de 2019 [sábado], das 15h às 18h, no espaço externo da Oficina Cultural Oswald de Andrade, no Bom Retiro, em São Paulo. A mostra, que segue aberta à visitação até 23 de dezembro de 2019, tem produção do Projeto.Asp e texto crítico de Marcio Harum.

A instalação é composta por uma estrutura dividida em sete módulos com três camadas cada; cada qual preenchido com materiais distintos - tecidos de vários tipos como lycra, malhas, borrachas, fios de cobre, ocorrendo enfrentamento para adentrar e ultrapassar pelas camadas em sequência.

A instalação “Vai Passar” é uma experiência do corpo que no trajeto do percurso vai fazendo uma relação com o espaço e com o próprio corpo, reconhecendo contornos, limites e fronteiras.

Sobre a artista

Malka Borenstein nasceu em São Paulo/SP, em 1967, onde vive e trabalha. Formou-se em Administração de Empresas, em 1989, e fez Pós-Graduação em Práticas Artísticas Contemporâneas, entre 2016-2017, ambas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Atualmente cursa Licenciatura em Artes Visuais, 2019-2022, na mesma instituição.

Sua produção se divide em pinturas e performances e está dedicando sua pesquisa a experiências do corpo e suas sensações, individual e coletivamente.

Participou de diversas coletivas, entre elas “Exercício”, curadoria de Marcio Harum, na Galeria Jaqueline Martins, São Paulo; e “Respirar Sem Oxigênio”, curadoria de Regina Parra, na Galeria Millan, São Paulo, ambas em 2017.

Realizou as individuais “Recortes”, na Galeria de Arte Maria de Lourdes Cândido de Almeida, no Rio de Janeiro, em 2017, e "Cicatriz", no Museu de Arte de Blumenau - Salão Oficial, em Santa Catarina, em 2015.

Posted by Patricia Canetti at 2:25 PM

novembro 20, 2019

Tiago Sant'Ana no no Senac Lapa Scipião, São Paulo

Exposição “Aquém-mar” de Tiago Sant’Ana lança olhar afro-centrado sobre tempos históricos

O artista visual Tiago Sant’Ana abrirá a sua nova exposição “Aquém-mar” no dia 25 de novembro às 19 horas no Senac Lapa Scipião. Essa é a primeira mostra individual do artista baiano em São Paulo e reúne uma série de trabalhos produzidos nos últimos três anos nas linguagens da performance, fotografia, vídeo e desenho.

O artista, que frequentemente debate em suas produções questões ligadas à memória e à história sob um ponto de vista negro, mostrará um conjunto de obras que trazem à cena a necessidade de uma revisão histórica quando o assunto é a colonização brasileira.

Os trabalhos de Sant’Ana trazem com constância o açúcar para debater sobre os usos históricos desse produto e a continuidade dos sistemas de exploração da colonização ainda na atualidade.

Em algumas obras, o artista adensa a sua pesquisa compondo ações em antigos engenhos de açúcar, hoje, desativados e em estado de ruína. Em criações como “Passar em branco”, em que o artista usa um ferro de passar elétrico num desses lugares, o passado e o presente são justapostos na tentativa de pensar quais imagens, papeis e estereótipos estão associados às populações negras no Brasil ainda hoje.

“É uma exposição que elenca uma série de procedimentos, técnicas e perspectivas que utilizo na composição dos meus trabalhos recentes”, comenta o artista, que neste ano foi o vencedor do Prêmio Foco ArtRio – uma iniciativa que visa valorizar a produção de artistas do Brasil com menos de 15 anos de carreira.

O nome da exposição tem relação com as travessias atlânticas e os fluxos históricos implicados pela diáspora negra conforme ressalta Sant’Ana: “Aquém-mar é uma mirada para o Atlântico feita pelo lado de cá, do Brasil. É uma palavra-chave para pensar na história, mas também se questionar sobre como existem chagas coloniais que ainda doem. Há muitas ruínas, de diversas ordens, naufragadas no Atlântico”, analisa.

Essas feridas ainda vistas na contemporaneidade, podem ser encontradas em obras como “Apagamento #1”, em que o artista se fotografa durante um mês dentro do seu próprio quarto registrando o crescimento do seu cabelo que apaga o nome de uma comunidade de Salvador raspada na cabeça. O trabalho faz menção à chacina do Cabula em que 12 jovens negros foram assassinados pela polícia militar baiana em 2015.

“Cabula também foi a região de um antigo quilombo, que foi reprimido e desmontado pelas forças armadas. Nesse trabalho estou tratando de uma estrutura contínua repressiva contra a população negra e da permanência do braço da violência estrutural do Estado”. O trabalho, que foi mostrado na exposição Histórias Afro-Atlânticas, agora terá uma outra configuração com as fotografias originais que compõem o vídeo.

“Aquém-mar” seguirá em cartaz até o dia 23 de janeiro de 2020. O Senac Lapa Scipião planejou a exposição como uma das atividades do ciclo “Poéticas Negras” organizado pela unidade. O Senac fica localizado na Rua Scipião, 62, no bairro da Lapa, e tem horário de funcionamento de segunda a sexta das 8 às 21 horas e sábado das 8 às 14 horas. O acesso à exposição é gratuito e a classificação é livre.

Tiago Sant’Ana (Santo Antônio de Jesus/BA, 1990) é artista visual, curador e doutorando em Cultural e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras, entendendo as dinâmicas coloniais que envolvem a produção da história e da memória. Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018 e vencedor do Prêmio Foco ArtRio 2019. Participou de festivais e exposições como “Rio dos navegantes” (2019, Museu de Arte do Rio), “Histórias Afro-Atlânticas” (2018, MASP e Instituto Tomie Ohtake), “Axé Bahia: The power of Art in an afrobrazilian metropolis” (2017, Fowler Museum) e “Reply All” (2016, Grosvenor Gallery).

Posted by Patricia Canetti at 3:33 PM

Marcia Pastore na Pina Estação, São Paulo

Retrospectiva de Marcia Pastore na Pinacoteca percorre quase 30 anos de sua prática escultórica

Conjunto de 40 trabalhos situa-se na intersecção entre as artes plásticas e a arquitetura, enfatizando as relações poéticas entre força, matéria e espaço

A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo apresenta, de 23 de novembro de 2019 a 6 de abril de 2020, a exposição Marcia Pastore: contracorpo, que exibe um recorte da produção da artista paulista reunindo, no quarto andar da Pinacoteca – Edifício Pina Estação, 40 trabalhos produzidos ao longo de quase três décadas. Com curadoria de Ana Maria Belluzzo, o conjunto de peças situa-se na intersecção entre as artes plásticas e a arquitetura ao enfatizar as relações poéticas entre força, matéria e espaço.

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A prática escultórica de Pastore indaga sobre qualidades intrínsecas de materiais muito diversos (borracha, gesso, ferro, etc) e atravessa tempos e técnicas distintas ao revisitar tanto tradições escultóricas como técnicas de fabricação e de moldagem. Para tanto, a artista parte, não do desenho, mas do embate direto dos materiais, do lugar e da experimentação, valendo-se de uma linguagem que remete a procedimentos da engenharia civil, sem perder de vista a articulação orgânica dos materiais. Em sua obra, as formas surgem tanto como iminência de algo que está por acontecer como rastro de uma presença corpórea.

Na mostra realizada na Pinacoteca, o visitante é convidado a percorrer esses devires e rastros que parecem emergir da própria arquitetura. Entre eles, quatro trabalhos inéditos, concebidos especialmente para a exposição, incluindo Linha-d´água e Linhas de força. Ambos integram também o conjunto obras marcantes em sua trajetória, a exemplo do relevo Sem título (1999) – feito em bronze com banho de prata e pertencente ao acervo do museu — e Peso contrapeso, apresentado pela primeira vez na Funarte, em 2012.

Para estabelecer um diálogo entre esse último e a arquitetura do edifício da Pinacoteca, a artista abriu janelas no forro do teto do museu, de modo que os cabos que sustentam o trabalho fossem pendurados no cruzamento dos caibros e das tesouras que desenham o telhado, conquistando sua estabilidade a partir da interação entre os tubos de metal, a roldana e a anilha. “Era necessário que esse jogo se desse com as forças estruturais arquitetônicas do lugar”, comenta Pastore.

Esse interesse pela dinâmica dos materiais remete tanto aos conceitos da arte povera, corrente artística que também privilegia a poética das relações entre as coisas, como à adolescência da artista. Aos 16 anos, Pastore começou a trabalhar em uma marcenaria que desenvolvia projetos de móveis para decoração. “Eu acompanhava toda a execução, desde o desenho ao desenvolvimento do produto. Isso começou a me dar uma experiência sobre o comportamento dos materiais e os recursos que eu podia tirar deles”, ela conta.

A distribuição das peças no espaço foi pensada pela artista e pela curadora Ana Maria Belluzzo a fim de prescindir de uma ordem cronológica. “O que se pretende destacar na mostra é a forma como a artista realiza o manejo do corpo da obra, que se encontra em situação de interdependência com meio no qual se localiza, tornando instigante o momento de equilíbrio e de sustentação de cada peça no espaço”, reflete Belluzzo.

Tal equilíbrio entre matéria e espaço é tensionado muitas vezes até seu ponto máximo. Em Risco (2013), por exemplo, cada tubo traz em sua ponta superior um grafite enquanto a ponta inferior é seca, como a de um compasso, garantindo certo atrito com o chão. “Alguns tubos estão quase deitados. É muito impressionante continuarem parados. Eu levo os trabalhos a esse limite: é até aqui que ele aguenta ficar de pé, é aqui que ele vai ficar. Não deixo uma margem de segurança, essa iminência do movimento ou do perigo deixa tudo em suspensão”, finaliza a artista.

Marcia Pastore nasceu em São Paulo, em 1964, onde vive e trabalha. Expôs por duas vezes no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro [1993 e 2010] e no Centro Cultural Maria Antônia [2002 e 2010]; uma vez no Museu de Saúde Pública Emílio Ribas [2010], no Centro Cultural São Paulo [2000], no Museu de Arte Contemporânea da USP [1990], na Caixa Cultural, de Fortaleza [2012], na Funarte de São Paulo [2012], na Biblioteca Mario de Andrade [2015] e no MuBE [2017]. Integrou importantes exposições coletivas no Museu de Arte Contemporânea da USP [1992], no Museu de Arte Moderna de São Paulo [1990] e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte [1990]. Em 1998 e em 2000, participou da Arco – Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madrid, e em 2004 da inauguração do Vestfossen Kunst Laboratorium [Oslo, Noruega]. Suas obras estão em coleções como na Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Pinacoteca Municipal de São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea da USP, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.


The Pinacoteca de São Paulo, museum of the Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secretary of Culture and Creative Economy) of the state of São Paulo presents, from November 23rd, 2019 until April 6th, 2020, the exhibition Marcia Pastore: counterbody, display a selection of the native São Paulo artist’s production, bringing together, on the 4th floor of Pinacoteca – Edifício Pina Estação, 40 works produced over the course of almost three decades. Curated by Ana Maria Belluzzo, the set of pieces lies at the intersection between visual arts and architecture, emphasising the poetic relationships between force, material and space.

Pastore’s sculptural practice investigates the intrinsic qualities of very diverse materials (rubber, plaster, iron etc), and traverses distinct times and techniques, revisiting both sculptural traditions and manufacturing and casting techniques. For this, the artist starts, not from drawing, but from a direct clash of materials, place and experimentation, acquiring a language that refers to civil engineering processes, without losing sight of the organic articulation of the materials. In her work, the forms arise from both a sense of imminence and from traces left by the presence of a body.

In the show at the Pinacoteca, the visitor is invited to explore these imminences and traces, which appear to emerge from the architecture itself. Among the works, are four that have never been shown before, conceived especially for the exhibition, including Linha-d´água and Linhas de força. Both are also part of a set of significant works in the artist’s career, including for example the relief Untitled (1999) – made in bronze and silver plated, and belonging to the museum’s archive – and Peso contrapeso, which was shown for the first time at Funarte, São Paulo, in 2012.

To establish a dialogue between the latter work and the architecture of the Pinacoteca building, the artist opened windows in the ceiling of the museum, so the cables supporting the work were hung from the intersection of the rafters and trusses that make up the design of the roof, gaining stability from the interaction between the metal tubes, pulleys and weights. “This game had to be with the structural architectural forces of the place”, comments Pastore.

This interest in the dynamics of materials relates both to concepts of Arte Povera, the artistic movement that also favours the poetics of the relationships between things, and to the artist’s adolescence. At 16, Pastore started working in a woodwork shop that developed furniture projects for interior design. “I followed the whole execution process, from the design right through to the development of the product. This gave me an experience of how materials behave, and of the resources that I could draw from them”, she says.

The distribution of the pieces within the space was developed by the artist and by curator Ana Maria Belluzzo as a way of dispensing with a chronological order. “The intention of the show is to highlight the way in which the artist handles the body of the work, which is found in a state of independence in the middle of its environment, so that the point of balance and support of each piece within the space becomes in itself an instigator”, reflects Belluzzo.

This balance between material and space is often at the point of maximum tension. In Risco (2013), for example, every tube has graphite at its upper point, whilst its lower end is a dry point, like that of a compass, guaranteeing a certain friction with the floor. “Some tubes are almost laying down. It’s very impressive that they stay still. I bring the works to this limit: it is until here that it can stay still, it is here that it will stay. I don’t leave a margin of security, this imminence of movement, or of danger, leaves everything in suspense”, concludes the artist.

Marcia Pastore was born in São Paulo in 1964, where she now lives and works. She has exhibited twice at both the Centro Cultural Banco do Brasil in Rio de Janeiro (1993 and 2010) and at the Centro Cultural Maria Antônia (2002 and 2010); and once at the Museu de Saúde Pública Emílio Ribas (2010), at the Centro Cultural São Paulo (2000), at the Museu de Arte Contemporânea da USP (1990), at the Caixa Cultural, Fortaleza (2012), at Funarte de São Paulo (2012), at the Biblioteca Mario de Andrade (2015) and at MuBE (2017). She was part of major group shows at the Museu de Arte Contemporânea da USP (1992), the Museu de Arte Moderna de São Paulo (1990) and the Palácio das Artes, in Belo Horizonte (1990). In 1998 and in 2000, she participated in Arco – International Contemporary Art Fair in Madrid and, in 2004, at the opening of Vestfossen Kunst Laboratorium (Oslo, Norway). Her works are included in collections including at the Pinacoteca do Estado de São Paulo, the Pinacoteca Municipal de São Paulo, the Museu de Arte Contemporânea da USP, the Museu de Arte Moderna de São Paulo and the Instituto Figueiredo Ferraz, in Ribeirão Preto.

Posted by Patricia Canetti at 2:11 PM

Tony Cragg no MuBE, São Paulo

MuBE abre a primeira mostra institucional de Tony Cragg no Brasil, com itinerância organizada pela Dan Galeria

Com um conjunto de 43 esculturas e 70 desenhos, a exposição apresenta obras emblemáticas realizadas a partir da década de 1980 até os dias de hoje

Expoente da arte contemporânea e reconhecido internacionalmente por sua obra escultórica, o artista britânico Tony Cragg apresenta um representativo conjunto de sua produção na exposição Espécies Raras, a partir de 23 de novembro, no MuBE - Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia. A Dan Galeria, que representa Tony Cragg no Brasil, é responsável pela vinda do artista e organização da itinerância da mostra em museus do país.

Esta exposição enfatiza a produção realizada a partir dos anos 2000, mas traz ainda peças emblemáticas feitas nas décadas de 1980 e 1990. São 43 esculturas e cerca de 70 desenhos provenientes da coleção do próprio artista e que permitem ao público uma imersão no processo criativo de Cragg.

“A produção de Tony Cragg revela uma relação íntima entre os materiais escolhidos e a aparência final de cada peça, mesmo que algumas cores fortes talvez nos iludam”, reflete Cauê Alves, curador chefe do MuBE. “Ao lado de desenhos, campo do exercício do pensamento, as obras tridimensionais do artista ganham uma história, como se pudéssemos ver as linhas e os planos que deram origem as suas estruturas. O desenho, mesmo que tenha sua autonomia como obra, é uma espécie de matriz do pensamento e, também, um desdobramento de sua pesquisa atual”, completa.

Multidisciplinar, Cragg trabalha com uma diversidade de materiais e processos criativos. O artista se empenha constantemente na busca por novas relações entre pessoas e o mundo material, não havendo limites para as ideias ou formas que possa conceber, ele investiga os limites dos volumes, linhas e superfícies. Faz uso de materiais como madeira, bronze, gesso e cerâmica, além de plástico, poliestireno, aço e vidro.

Na mostra a ser exibida no MuBE, figuram importantes obras históricas, a exemplo de Minster (1988), feita de anéis e engrenagens de aço; Eroded Landscape (1999), uma escultura construída por várias camadas de objetos de vidro como: copos, vasos, lustres, garrafas; Secretions (1995), construída a partir de dados colados. Estas obras revelam um processo construtivo a partir da justaposição de objetos pré-existentes. Outras séries de esculturas utilizam materiais diversos como madeira, bronze, fibra de vidro, alumínio, de tal modo que o próprio material da escultura conduz às soluções formais e estéticas das mesmas.

“Os títulos indicam caminhos para aproximações, mas não deixam de abrir outras possibilidades e manter algo de indeterminado. Suas formas são simultaneamente naturais e artificiais, orgânicas e geométricas, simples e elaboradas", diz Cauê Alves.

Ao longo de seu processo de criação, Cragg instiga uma dupla movimentação ontológica: um corpo que antes não existia passa a estar no mundo com sua forma e matéria, ao mesmo tempo em que os corpos viventes e falantes transformam-se.

Sobre o Artista

Tony Cragg nasceu em Liverpool, no Reino Unido, em 1949, e desde 1977 vive e trabalha em Wuppertal, Alemanha. Frequentou a Wimbledon School of Art, em Londres, no Reino Unido em 1973 onde recebeu o seu título de bacharel e depois, em 1977, seu mestrado na Royal College of Art. É um escultor que se empenha constantemente para encontrar novas relações entre as pessoas e o mundo material, não havendo limites para as ideias ou formas que ele possa conceber. Assim, as obras com objetos dispostos no piso e na parede, que ele começou a fazer na década de 1980, obscurecem a linha entre paisagens artificiais e naturais: elas criam um esboço de algo familiar, onde as partes contribuintes se relacionam com o todo.

Cragg realizou exposições individuais em instituições como o Museu do Estado Hermitage, em São Petersburgo, Rússia (2016), Museu Benaki, Atenas, Grécia (2015), Centro Heydar Aliyev, Baku, Azerbaijão (2014), Museu CAFA em Pequim, China (2012), Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo, Reino Unido (2011). Representou a Grã-Bretanha na 43ª Bienal de Veneza em 1988 e no mesmo ano recebeu o Prêmio Turner na Tate Gallery, Londres. Foi professor da École Nationale Supérieure des Beaux Arts, Paris, França (1999-2009) e professor na Kunstakademie, Dusseldorf, Alemanha (2009-presente). Foi eleito um Acadêmico Real em 1994; recebeu o Praemium Imperiale para Escultura, Tóquio, Japão (2007) e recebeu a 1ª Ordem de Classe de Mérito da República Federal da Alemanha (2012).

Posted by Patricia Canetti at 1:06 PM

Carlos Eduardo Uchôa na Capela do Morumbi, São Paulo

Instalação “Sursum corda” Carlos Eduardo Uchôa abre diálogo com o a memória e ocupações da capela do Morumbi

No dia 23 de novembro de 2019, a Capela do Morumbi, unidade vinculada ao Museu da Cidade de São Paulo e à Secretaria Municipal de Cultura, abre a instalação “Sursum corda”, de Carlos Eduardo Uchôa.

De acordo com Henrique Siqueira, Coordenador do Núcleo de Curadoria do Museu da Cidade: “A montagem de ‘Sursum corda’ revigora o programa curatorial da Capela do Morumbi, desenhado por Sonia Salzstein em 1991. Voltado às instalações articuladas com este sítio histórico, o programa é o mais longevo do Museu da Cidade de São Paulo, instituição à qual a Capela do Morumbi está vinculada. Vinte anos após ter realizado sua primeira instalação neste espaço (“Infinitos”, 1999), Carlos Eduardo Uchôa retorna nutrido de expressão precisa e obra cerzida em diálogo com a memória do prédio, suas ocupações, e seu tempo.”

“Infinitos” foi uma experiência marcante com o espaço, para o artista e também para aqueles que visitaram a Capela, pela força e da exigência do lugar. Agora, o artista propõe outra obra, muito diferente da primeira, do ponto de vista visual, mas inteiramente conexa quanto às questões de partida.

“A ‘Capela’ apresenta uma densidade de experiência espacial muito diferenciada. Suas medidas e sua constituição em taipa são como uma cápsula de memória vivencial, histórica e artística onde se cruzam temporalidades as mais contrastantes e inúmeras matrizes de relação entre o sujeito que a experiencia e o próprio espaço denso, seja pela matéria constituinte, seja pela alternância sensível com o entorno, o ar, o céu, a vegetação, a elevação da colina, o bairro, e a pertinência ao passado e ao presente desdobrado em inúmeras experiências artísticas que já fazem parte de sua vitalidade”, diz Uchôa.

Propõe-se, portanto, ativar essa potência do próprio espaço através de uma intervenção escultórica sólida de grande porte, ascensional, que por sua vez só poderá ser plenamente apreendida à medida em que o deslocamento perceptivo do fruidor vá percorrendo a obra central, vivenciando os contrastes entre o aço bruto e a taipa, as aberturas e as limitações, os cheios e os vazios, as elevações e o rebaixamento ao solo, os escapes das aberturas ao exterior e à luz, e os enclausuramentos entre a parede e a escultura.

A grande escultura em aço corten – que resiste à corrosão atmosférica e proporciona visual rústico – com 10 m de comprimento, 1,80 m de largura e 3,50 m de altura na parte mais elevada, estará situada ao longo do eixo principal da capela, tendo ao fundo, junto à parede, um espelho de 4,50 m de altura e 1,80 m de largura, acima do qual se insere a inscrição feita em neon branco, com letras de 0,40 m de altura, contendo a frase “Sursum corda”.

A citação latina remete a uma longuíssima tradição e quer dizer “corações ao alto”, reduplicando a experiência espacial e de memória vivencial a que a escultura remete, mas agora num plano não só do logos, mas também da luminosidade artificial que aponta à luz do céu filtrada pelas brechas dos orifícios da taipa e das janelas circulares (óculos). “Dentro e fora, escuro e claro, continuidade e ruptura ao mesmo tempo. Essa reduplicação de sentido contida na verbalização da experiência sinestésica, multissensorial, cria uma quebra de plano de significação, levando paradoxalmente à brisura, rotura e juntura ao mesmo tempo, à presença-ausência, ao centro da questão da obra. Obra que opera relações. Relações de visibilidade-invisibilidade, presença-ausência, possibilidade-impossibilidade, ascensão-rebaixamento, ocultamento-desvelamento”, explica o artista.

Esta instalação não é redutível a uma imagem, nem é pura sensorialização nem memoração, mas tudo ao mesmo tempo. Uma escultura enorme, de 10 m de comprimento, que é de algum modo invisível.

Posted by Patricia Canetti at 12:44 PM

Alex Cerveny na Triângulo, São Paulo

Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Todos os Lugares, sétima exposição individual de Alex Cerveny na galeria.

A mostra traz mais de uma centena de desenhos e pinturas sobre papel, linho, pergaminho e aramida (fibra sintética muito leve e resistente). Em contraste com a amplitude da galeria, a exposição reúne uma coleção de obras elencada pela qualidade do traço, e que portanto, devem ser vistas de perto.

A seleção de desenhos e pinturas inéditas registra o olhar sobre um extenso período na produção do artista, trazendo uma aquarela de 1999 em contraposição às duas pinturas mais recentes do artista que em que se lê "Tanto importa o não ser, como haver sido", verso extraído da poesia Ao dia do juízo do baiano Gregório de Mattos (1639-1696). São escolhas reveladoras de sua habilidade em encontrar o equilíbrio entre coerência e diversidade ao longo do tempo.

Sobre o trabalho de Alex Cerveny, Renato Rezende observa: "Ancorado em uma técnica exímia e paciente, seu trabalho, compreendendo perfeitamente e comentando com astúcia e certa compaixão a complexidade e a ridícula sublimidade do mundo contemporâneo, é capaz, no entanto, de transubstanciá-lo em narrativas plenas de espiritualidade, sentido e humanidade".

A obra-chave, eixo poético de toda exposição, apresenta-se em um alfabeto de capitulares criado para o livro Todos os lugares que o artista lança ainda este ano pela editora Circuito. Cada letra possui em seu desenho uma especulação sobre o corpo masculino em aquarelas de rara minúcia.

Outros destaques da mostra são a pintura inédita José interpretando os sonhos do faraó, e uma cena de caça na ancestral Jacarepaguá. Na primeira, o tema bíblico e a referência à psicanálise tornam-se secundários diante do transbordamento onírico que ela nos oferece. Alex levou sete anos trabalhando nessa tela que exibe uma "cápsula do tempo" honrando uma extensa lista de nomes de atores como Rainer Werner Fassbinder, Pier Paolo Pasolini junto a atores brasileiros, entre paisagens insinuadas. É uma obra que evidencia como poucos a pulsão narrativa do artista. Na segunda, um precioso altar de 30 cm, a escolha do suporte, painéis de aramida para confecção de colete à prova-de-bala, nos diz algo sobre a naturalização do estado de violência em que vivemos.

Além dos trabalhos originais de próprio cunho poético, Alex apresenta ilustrações para um livro de contos de Valter Hugo Mãe; para A Origem da Espécies, de Charles Darwin e para um romance de José Eduardo Agualusa, parcerias editoriais recentes.

Alex Cerveny [São Paulo, Brasil, 1963. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil]. Dentre suas exposições individuais nos últimos anos, destacam-se: Palimpsesto, uma retrospectiva de sua obra gráfica no Museu Lasar Segall, São Paulo, Brasil (2019); Glossário dos Nomes Próprios, Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Casa Triângulo, São Paulo, Brasil (2015) e a III Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2012). Dentre as exposições coletivas nos últimos anos, destacam-se: Nous Les Arbres na Fundação Cartier, Paris, França (2019); Da Tradição à Experimentação, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil (2019); Queermuseu - cartografias da diferença na arte brasileira, Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil (2018); Homo Ludens, com curadoria de Ricardo Sardenberg, Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2016); Os Muitos e o Um, curadoria de Robert Storr, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2016); Clube de Gravuras: 30 Anos, curadoria de Cauê Alves, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil (2016); En y entre geografias, Museo de Arte Moderno de Medellín, curadoria de Emiliano Valdes, Medellín, Colômbia (2015); Figura Humana, curadoria de Raphael Fonseca, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil (2014); 30a Bienal de Artes Gráficas de Ljubljana, Liubliana, Eslovênia (2013); Trienal Poli/Gráfica de San Juan, San Juan, Porto Rico (2012).

Em 2012, recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça, da Fundação Nacional de Artes (Funarte) pelos 64 originais em cliché-verre do livro Pinóquio, a história de um boneco, lançado pela editora Cosac Naify no ano anterior. Em 2016, foi um dos vencedores do Prêmio ProAC Livro de Artista com o projeto O desenho visto do céu, um relato fotográfico e literário sobre as expedições às Linhas de Nazca de que participou entre 2005 e 2011 junto com a equipe da Associação Maria Reiche, da Universidade de Ciências Aplicadas (HTW) de Dresden, Alemanha.

Posted by Patricia Canetti at 11:45 AM

novembro 18, 2019

Encontro sobre Eu estou aqui agora com Alexandre Copês e Glaucis de Moraes no MARGS, Porto Alegre

A Fundação Vera Chaves Barcellos promove um encontro integrando a programação da exposição Eu estou aqui agora. Participando da conversa teremos a presença do Artista Alexandre Copês, e da artista Glaucis de Moraes. O objetivo do encontro é proporcionar o diálogo dos artistas com o público, abordando questões conceituais e poéticas em relação aos trabalhos que compõem a exposição.

20 de Novembro de 2019, quarta-feira, às 18h30

MARGS - Auditório
Praça da Alfândega s/n, Centro Histórico, Porto Alegre, RS
Entrada gratuita, será fornecido certificado aos participantes

SOBRE OS CONVIDADOS

Glaucis de Morais Almeida (Lajeado, RS, 1972)
Forma-se em desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, em 1997. Faz mestrado em poéticas visuais pela mesma instituição. Frequenta cursos de intervenção em espaços urbanos e desenho e faz orientação em artes plásticas no Torreão, Porto Alegre. Sua pesquisa faz uma imbricação entre os jogos da arte e a fragilidade das relações. O elo entre pessoas, seja pela ponte da linguagem, seja pela construção da vontade, está precariamente inscrito na superfície da parede ou na estrutura frágil de uma escultura.

Alexandre Copês (São Gabriel, RS, 1988)
Vive e trabalha em Porto Alegre. Graduado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Artes Visuais desta Universidade, desenvolve sua pesquisa em cruzamento com o vídeo, a fotografia, o desenho e outro meios, buscando interconexões entre o campo das artes visuais e demais áreas de conhecimento, como a geografia humanista, a história, o cinema e a literatura. Além disso, atua como produtor cultural e assistente de atelier do artista Carlos Pasquetti. Realizou exposições no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS), Museu dos Direitos Humanos (RS), Instituto Tomie Ohtake (SP), Espaço Saracura (RJ), Aliança Francesa de Belo Horizonte (MG), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 10:53 AM

JR na Nara Roesler, Rio de Janeiro

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de apresentar a exposição JR: Patamar, primeira mostra individual do aclamado artista francês no Brasil, que inaugura no dia 21 de novembro na sede carioca da galeria, com trabalhos que tratam da questão dos fluxos migratórios atuais ao redor do mundo. Na ocasião, o artista comemora também os dez anos da Casa Amarela, espaço cultural situado no Morro da Providência, idealizado e inaugurado por JR em 2009.

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Conhecido principalmente por seus projetos de arte urbana de grande escala, JR já espalhou sua arte em edifícios do subúrbio francês, em muros do Oriente Médio, em pontes e trens na África e em favelas do Brasil. Sua produção cria conexões e aproxima pessoas em locais de conflito ou vulnerabilidade social, onde atores e espectadores da cena artística se confundem.

Patamar refere-se, nas palavras do artista, “ao momento em que as coisas estão mudando e as pessoas estão a caminho de dar um próximo passo”. O conceito presente no título da exposição e que remete à ideia de entrada, de limiar, perpassa todos os trabalhos que compõem a mostra, como pode ser observado nas obras inéditas e criadas especialmente para o espaço da galeria, compostas por remos de madeira que, à maneira de JR, receberão a aplicação de impressões fotográficas. Usados para realizar o movimento de um lugar a outro, os remos se referem aos deslocamentos realizados por imigrantes e simbolizam um passo para uma nova vida.

Compõem também a mostra desdobramentos das ações da série GIANTS [Gigantes], realizadas por JR no Rio de Janeiro em 2016, durante as Olimpíadas. Nela, o artista retratou atletas imigrantes e criou esculturas gigantes com andaimes, que davam ênfase ao corpo dos desportistas em movimento e que se inseriam diretamente na paisagem urbana.

A relação de JR com a cidade do Rio de Janeiro não é de hoje, começou em 2009, mais precisamente no Morro da Providência, com o projeto Women are Heroes (Mulheres são Heroínas), iniciado no ano anterior, na África. O que levou o artista francês até a primeira favela do Rio de Janeiro foi a história que ganhou repercussão internacional, de três jovens da comunidade, que, sequestrados por militares, foram entregues como troféu a traficantes da favela rival, onde foram torturados e mortos.

Como parte do projeto Women are Heroes, JR cobriu grande parte das fachadas e muros da favela, com imagens de grande formato dos olhos e faces de mulheres da comunidade ligadas aos rapazes assassinados, incluindo suas mães e avós. De repente, a partir dos bairros privilegiados da cidade, era possível avistar os olhares daquelas mulheres e então, o morro da Providência passou a chamar a atenção da mídia para além das notícias sobre miséria e violência. A comunidade não ganhou um rosto, mas também uma voz. “A cidade via este lugar como um local violento, viam seus moradores como monstros. O poder da arte é mudar a percepção das coisas. Não dá respostas, mas gera muitas perguntas”, disse o artista ao El Pais em 2017.

Também em 2009, em parceria com o fotógrafo e historiador Mauricio Hora, JR criou a Casa Amarela, um espaço cultural situado no alto do Morro da Providência que oferece aulas de inglês, arte, música e leitura para as crianças da comunidade. A iniciativa, que este ano completa 10 anos, contou com envolvimento de diversos artistas ao longo de sua história: suas fachadas são envolvidas por uma instalação realizada pelos artistas Takao Shiraishi e Diirby, além de contar com pinturas d’OSGEMEOS. Em 2017, a Lua – um novo espaço dedicado a residências de artistas e workshops para a comunidade –, foi construída no topo da casa como símbolo do que a Casa Amarela busca: fazer com que as pessoas da comunidade cheguem até a Lua.

sobre JR

Após encontrar uma câmera fotográfica no metrô de Paris em 2001, JR, que, até aquele momento se dedicava ao grafitti, decidiu viajar pela Europa para conhecer aqueles indivíduos que se expressavam em muros e fachadas de prédios, fazendo e expondo seus retratos nas ruas. JR tornou-se simultaneamente fotógrafo, artista urbano e ativista. Através da fotografia, ele torna visível fenômenos e pessoas que costumamos ignorar. Ele cria retratos radicalmente simples com expressões questionadoras, penetrantes, observadoras e solenes que chamam nossa atenção e permanecem na nossa consciência por muito tempo depois de vê-las. Em colaboração com New York City Ballet, OSGemeos, Agnès Varda, Robert De Niro e muitos outros artistas, ele concebeu filmes, instalações, intervenções e outros trabalhos em diferentes meios.

Ao desenvolver seu processo, JR se esforça para envolver as populações locais na realização de suas proposições. JR cria chama a atenção do público, para além dos visitantes típicos de museus, ao se espalhar nos edifícios das periferias de Paris, nas paredes do Oriente Médio, nas pontes quebradas da África ou nas favelas do Brasil. Em cada um de seus projetos, ele procura atuar como testemunha de uma comunidade. Eles não apenas veem os trabalhos, eles também os fazem. Mulheres idosas se tornam modelos por um dia; crianças se transformam artistas por uma semana. A prática de JR não separa atores de espectadores e promove o encontro entre o sujeito/protagonista e o transeunte/intérprete, levantando questões, criando vínculos sociais, reunindo comunidades, conscientizando pessoas, sem deixar de lado o humor.

JR nasceu em Paris, em 1983. Ele vive e trabalha entre Paris e New York. Algumas das últimas exposições e projetos individuais incluem: JR: Chronicles, no Brooklyn Museum, The Chronicles of San Francisco, no San Francisco Museum of Modern Art (SF MoMA) (2019), em San Francisco, Estados Unidos; Momentum. La Mécanique de l’Épreuve, na Maison Européenne de la Photographie (2018), em Paris, França; Chroniques de Clichy-Montfermeil, no Palais de Tokyo (2017), em Paris, França; JR at the Louvre, no Musée du Louvre, em Paris, França; Kikito, uma instalação temporária na fronteira México/Estados Unidos. Exposições coletivas recentes incluem: JR, Adrian Piper, Ray Johnson, no Museum Frieder Burda (2019), em Berlim, Alemanha; Refuge, no 21c Museum (2019), em Bentonville, Estados Unidos; Post No Bills: Public Walls as Studio and Source, no Neuberger Museum of Art (2016), Purchase, nos Estados Unidos; e Tu dois changer ta vie, no Tripostal (2015), em Lille, Franç. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas, tais como: Museum of Modern Art (MoMA), Nova York, Estados Unidos.


French street artist JR uses his camera to show the world its true face, by pasting photos of the human face across massive canvases. At TED2011, he makes his audacious TED Prize wish: to use art to turn the world inside out.

It is with great pleasure that Galeria Nara Roesler presents JR: Patamar, the first solo show by the renowned French artist in Brazil. The exhibition, opening on November 21 at the gallery in Rio de Janeiro, features works that deal with the global issue of migration flows. The artist is also celebrating the 10th anniversary of Casa Amarela, a cultural space conceived and founded by JR in 2009, in the carioca neighborhood of Morro da Providência.

Known mainly for his large-scale urban art projects, JR has spread his art on buildings in the French banlieues, walls in the Middle East, bridges and trains in Africa and favelas in Brazil. His practice creates connections and brings people together in places affected by conflict or social vulnerability, blurring the frontiers between art actors and spectators.

In the artist’s own words, Patamar refers to “the moment when things change and people are about to take the next step”. The concept behind the exhibition title, which in Portuguese evokes the idea of an entrance or threshold, encompasses all the artworks that make up the show, as we can see in the brand-new pieces specially commissioned for the gallery. These are wooden rows, onto which photographic prints are applied, in typical JR style. As a tool to move people from one place to another, the rows evoke the displacement of migrants and symbolize a step towards a new life.

The exhibition expands on the series Giants, produced by JR in Rio de Janeiro in 2016, during the Olympic Games. Here, the artist portrayed migrant athletes, creating giant sculptures with scaffolding, which showcased athletic moving bodies inserted into the urban landscape.

The relationship between the city of Rio de Janeiro and JR is not something new. It began in 2008 in Morro da Providência, with the project Women are Heroes, which began the previous year in Africa. The French artist was attracted to the favela in Rio de Janeiro by the internationally notorious story of three local young men who were kidnapped by the military police and handed as trophies to the drug dealers of the rival favela, where they were tortured and killed.

As part of the project Women are Heroes, JR covered a large portion of the favela’s façades and walls with large-scale images of the eyes and faces of local women who were in some way connected to the murdered youths, including their mothers and grandmothers. All of a sudden, the gaze of these women could be seen from the wealthier neighborhoods meaning Morro da Providência hit the news for something other than misery and violence. The community not only gained a face but a voice. “The city saw the area as a violent place, the dwellers were seen as monsters. The power of art is to change the perception of things. It does not provide answers, but it generates lots of questions”, said the artist in El País in 2017.

In 2009, with the help of photographer and historian Mauricio Hora, JR created Casa Amarela, a cultural space on top of the hill where Morro da Providência is located. The site offers English, art, music and reading lessons for local children. The initiative, which is marking its 10 years anniversary, has benefited from the engagement of several artists: its façade is covered by an installation by artists Takao Shiraishi and Diirby, as well as paintings from OSGEMEOS. In 2017, Lua [moon, in Portuguese] – a new space dedicated to art residencies and community workshops – was built on the roof of the house as a symbol of Casa Amarela’s mission: to help dwellers reach the moon.

about JR

After finding a camera in the subway of Paris in 2001, JR decided to travel Europe to meet those who express themselves on walls and facades, making their portraits and exhibiting them in the streets. Thanks to his large scale installations on the urban space, he forces us to see phenomena and people that we usually ignore. He creates drastically simplified portraits with enquiring, penetrating, watchful yet solemn expressions that draw our attention and remain in our conscience long after we have seen them. Collaborating with New York City Ballet, OSGemeos, Agnès Varda, Robert De Niro, and many other artists he conceived films, installations, interventions, a nd other works in different medias.

Through his process, JR stroves to involve the local population in the development of his projects. JR catchs the attention of people who are not typical visitors of a museum, spreading unsolicited works on the buildings of slums around Paris, on walls in the Middle-East, on broken bridges in Africa or the favelas in Brazil. In each of his projects, he seeks to act as a witness for a community. And their members don’t just see them, they make them. Elderly women become models for a day; kids turn into artists for a week. JR practice do not separate the actors from the spectators and promotes the encounter between the subject/protagonist and the passer-by/interpreter, raising questions, creating a social link, bringing communities together, making people more aware, always preserving humour.

JR was born in Paris, in 1983. He lives and works between Paris and New York. Some of his latest solo shows and projects include: JR: Chronicles, at Brooklyn Museum (2019), in New York, USA; The Chronicles of San Francisco, at San Francisco Museum of Modern Art (SF MoMA) (2019), in San Francisco, USA; Momentum. La Mécanique de l’Épreuve, at Maison Européenne de la Photographie (2018), in Paris, France; Chroniques de Clichy-Montfermeil, at Palais de Tokyo (2017), in Paris, France; Kikito, a temporary installation at the Mexican/US border (2017); JR at the Louvre, at Musée du Louvre (2016), in Paris, France. Recent group shows include: JR, Adrian Piper, Ray Johnson, at Museum Frieder Burda (2019), in Berlin, Germany; Refuge, at 21c Museum (2019), in Bentonville, USA; Post No Bills: Public Walls as Studio and Source, at Neuberger Museum of Art (2016), in Purchase, USA; and Tu dois changer ta vie, at Tripostal (2015), in Lille, France. His works are included in major public collections such as those of: Museum of Modern Art (MoMA), New York, USA; Palais de Tokyo, Paris, France; Hong Kong Contemporary Art Foundation, Hong Kong, China; among others.

Posted by Patricia Canetti at 9:19 AM

Cildo Meireles na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro

Depois de 10 anos, Cildo Meireles abre exposição no Rio de Janeiro, com obras de diversos períodos, entre as surpresas estão quatro obras inéditas, que só serão reveladas no dia da inauguração

Sem expor no Rio de Janeiro há cerca de 10 anos e em uma galeria carioca há mais de 30, Cildo Meireles inaugura a mostra Múltiplos Singulares na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon. Com curadoria de Paulo Venâncio, a individual traz objetos e gravuras de diferentes formatos e materiais, produzidos ao longo de cinco décadas. Algumas peças são inéditas, recém-saídas do forno, e serão apresentadas ao público pela primeira vez. De importância fundamental na internacionalização da arte brasileira, Cildo é o mais conceituado artista brasileiro na cena contemporânea mundial, com obras no acervo da Tate Modern (Londres, Inglaterra), Centro Georges Pompidou (Paris, França), MoMA (Nova York, EUA), Museu Reina Sofía (Madri, Barcelona), entre outros. A exposição “Múltiplos Singulares” abre dia 19 de novembro, às 19h, com entrada franca, ficando em cartaz até janeiro.

Aos 71 anos de idade, o carioca Cildo Meireles fez sua última retrospectiva no Rio no ano 2000, quando apresentou uma grande mostra no Museu de Arte Moderna. Na exposição da Mul.ti.plo, que vem sendo gestada há dois anos, o público carioca poderá ver de perto um conjunto importante de obras, que lidam com noções da física, da economia e da política, temas recorrentes na obra dele. Entre as 16 peças reunidas, quatro são inéditas e estão sendo produzidas em segredo. As surpresas só serão reveladas no dia da abertura.

“A ideia da mostra se consolidou há dois anos, no meu ateliê, com o Paulo Venâncio, a partir de um objeto criado há décadas que sintetiza a instalação-performance ‘Sermão da Montanha: Fiat Lux’, apresentada há exatos 40 anos, em 1979, no Centro Cultural Candido Mendes. Foi uma provocação à ditadura militar, durando apenas 24 horas. Muito pouca gente viu. Desde então, guardo essa maquete e agora, finalmente, concluí o trabalho”, explica o artista. “Eu também já tinha combinado uma exposição na Mul.ti.plo com o meu amigo Maneco Müller”. Sócio da galeria, Maneco dá uma pista de outra obra surpresa da mostra: a participação da locutora Iris Lettieri, cuja voz ecoou por décadas, anunciando as partidas e chegadas no aeroporto do Galeão, no Rio. “Um dia, Cildo me revelou um projeto, concebido nos anos 70, que só poderia ser realizado com a voz única dela. Não perdi tempo. Fui ao encontro de Iris e conseguimos realizar o desejo do Cildo, com a mesma fala impecável e inesquecível”, explica Maneco.

“A exposição apresentará múltiplos de Cildo Meireles, que trazem em si o pensamento das grandes instalações do artista”, explica o curador. Uma delas, por exemplo, tem ligação com “Metros”, trabalho apresentado numa emblemática exposição na Documenta, em Kassel (Alemanha, 2002). “Os objetos e gravuras reunidos exemplificam o pensamento de grandes trabalhos de Cildo, sendo alguns pouco vistos”, diz ele. O público poderá conferir de perto também uma nova edição das notas de “Zero Dólar” (1978-1994).

Considerado um dos artistas mais importantes de sua geração, o premiado Cildo Meireles possui obras no acervo de uma das maiores instâncias de consagração da arte contemporânea do mundo, a Tate Gallery. O artista expôs lá, ao lado de Mark Rothko, em 2008. Obras do artista fazem parte também da Coleção Cisneros (NY, Caracas), do Pérez Art Museum (Miami, EUA), da Fundação Serralves (Lisboa, Portugal), de Inhotim (Brumadinho, Brasil), do MAC (Niterói, Brasil) etc. Com sucessivas participações na Bienal de Veneza (Itália), na Documenta (Kassel, Alemanha), Cildo traz no currículo ainda mostras individuais no MoMA e no Metropolitan, em Nova York. Atualmente, o artista está também com uma grande exposição na capital paulista, que vem lotando o SESC Pompeia. “Para essa individual no Rio, procurei reunir o mais significativo conjunto de múltiplos do Cildo, numa espécie de retrospectiva, de forma que as duas se complementassem”, conclui Paulo Venâncio.

Cildo Meireles (Rio de Janeiro, RJ, 1948)

Inicia seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Começa a realizar desenhos inspirados em máscaras e esculturas africanas. Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda por dois meses na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Nesse período, cria a série Espaços Virtuais: Cantos, com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos trabalhos Volumes Virtuais e Ocupações (ambos de 1968-1969). É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual leciona até 1970. O caráter político de suas obras revela-se em trabalhos como Tiradentes - Totem-monumento ao Preso Político (1970), Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Coca-cola (1970) e Quem Matou Herzog? (1970). No ano seguinte, viaja para Nova York, onde trabalha na instalação Eureka/Blindhotland, no LP Sal sem Carne (gravado em 1975) e na série Inserções em Circuitos Antropológicos. Após seu retorno ao Brasil, em 1973, passa a criar cenários e figurinos para teatro e cinema e, em 1975, torna-se um dos diretores da revista de arte Malasartes. Desenvolve séries de trabalhos inspirados em papel moeda, como Zero Cruzeiro e Zero Centavo (ambos de 1974-1978) ou Zero Dólar (1978-1994). Em algumas obras, explora questões acerca de unidades de medida do espaço ou do tempo, como em Pão de Metros (1983) ou Fontes (1992). Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro Cildo Meireles, originalmente publicado, em Londres em 1999, pela Phaidon Press Limited. Participa das Bienais de Veneza, 1976; Paris, 1977; São Paulo, 1981, 1989 e 2010; Sydney, 1992; Istambul, 2003; Liverpool, 2004; Medellín, 2007; e do Mercosul, 1997 e 2007; além da Documenta de Kassel, 1992 e 2002. Tem retrospectivas de sua obra feitas no IVAM Centre del Carme, em Valência, 1995; no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York, 1999; na Tate Modern, em Londres, 2008; e no Museum of Fine Arts de Houston, 2009. Recebe, em 2008, o Prêmio Velázquez das Artes Plásticas, concedido pelo Ministério de Cultura da Espanha. Em 2009, é lançado o longa-metragem Cildo, sobre sua obra, com direção de Gustavo Moura. No mesmo ano, expõe no Museu d´Art Contemporani de Barcelona, Espanha, e no MUAC – Museu Universitário de Arte Contemporáneo, na Cidade do México. Em 2011, realiza a Ocupação Cildo Meireles, com curadoria de Guilherme Wisnisk, no Itaú Cultural, São Paulo. Em 2013, expõe no Centro de Arte Reina Sofía, Palácio de Velásquez, com curadoria de João Fernandes, em Madri, Espanha; e também no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal. Em São Paulo, apresenta mostra no Centro Universitário Maria Antonia, com curadoria de João Bandeira. Em 2014, expõe em Milão, Itália, no HangarBicocca, com curadoria de Vicente Todolí. No Brasil, expõe na Galeria Luisa Strina, São Paulo; na Dinamarca, na Kunsthal 44 Møen. Em 2015, expõe na Galerie Lelong, Nova York, EUA. Em 2019, abre a grande exposição “Entrevendo”, no SESC Pompeia, São Paulo.

Sobre Paulo Venâncio

Curador, crítico de arte, professor titular na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do CNPq. Publicou textos sobre vários artistas brasileiros, entre eles Antonio Manuel, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Lygia Pape, Waltércio Caldas, Mira Schendel, Franz Weissmann, Iole de Freitas, Carlos Zilio, Anna Maria Maiolino, Eleonore Koch e Nuno Ramos. Foi curador das seguintes exposicões: O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas 1972-1997 (MAM-SP, 1997/Paço Imperial, 1997), Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis (Tate Modern, Londres, 2001), Iberê Camargo: Diante da Pintura (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003), Soto: A construção da imaterialidade (CCBB, Rio de Janeiro, 2005/Instituto Tomie Othake, 2006/MON, Curitiba, 2006), Anna Maria Maiolino: Entre Muitos (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2005/Miami Art Central, 2006), Fatos/Antonio Manuel (CCBB, São Paulo, 2007), Time and Place: Rio de Janeiro 1956-1964 (Moderna Museet, Estocolmo, 2008), Nova Arte Nova (CCBB, Rio de Janeiro, 2008), Hot Spots (Kunsthaus Zürich, 2009), Cruzamentos (Wexner Center for the Arts, Columbus, 2014), Possibilities of the Object: Experiments in Brazilian Modern and Contenporary Art (The Fruitmarket Gallery, Glasgow, 2015) e Piero Manzoni (MAM-SP, 2015).

Posted by Patricia Canetti at 8:44 AM

novembro 17, 2019

Taigo Meireles na Hill House, Brasília

Na Hill House – casapark - mostra inédita de pinturas e desenhos do artista nascido em Brasília abordam questões subjacentes etimologia da palavra e suas reverberações na produção pictórica. Junto com a inauguração da exposição, acontece a apresentação da vitrine criada pelo designer e arquiteto Guilherme Torres e uma conversa com o artista

No próximo dia 20 de novembro, quarta-feira, às 19h, a Hill House inaugura a mostra Ecrã – As origens da palavra trama, de Taigo Meireles. O pintor apresenta 30 pinturas e cinco desenhos inéditos que surgem do embate entre fios, tramas, urdiduras, chassis, tintas e pincéis, que enredam conteúdos etimológicos e disparam cores e linhas contra as lógicas dos sentidos. No dia da inauguração, Taigo Meireles participa de uma conversa com o público junto com o designer e arquiteto Guilherme Torres, que assina a vitrine conceito. A mostra fica em cartaz até o dia 30 de janeiro de 2020, com visitação de segunda a sábado, das 10h às 22h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Hill House fica no casapark, Piso Térreo, lojas 125/126, Brasília-DF. Telefone: (61) 3363-5273.

Ao longo de oito meses, Taigo Meireles trabalha incessantemente para a mostra que agora apresenta na Hill House. Para abordar o tema, o pintor mergulhou na etimologia da palavra que nomeia o principal suporte para sua produção, a trama que forma a tela. Em “Ecrã – As origens da palavra trama”, o artista coloca em relevo tudo o que serve para garantir que você não veja algo, ou para que você não seja visto. Daí, cortinas, telas – de pintura e de cinema -, tecidos, panos, entre outros. São coisas que escondem e contém. É, também, por associação, palavra que remete a trauma, de origem grega, que significa ferida, dano ou avaria e, que por sua vez, dá origem à palavra trama.

Segundo o pintor, o interesse por destrinchar as origens da palavra e suas associações repousa nas questões que reverberam e que mostram princípios e sistemas de vivências específicas, acúmulos da vida que se constituem como trama e a força conceitual e poética. “A pintura supera as implicações literais do conceito. Acredito que a experiência pictórica é capaz de redimir a experiência do sujeito enquanto capaz de dissolver o emaranhado, uma espécie de redenção”. O trauma que a série evoca em todo o seu potencial poético é resultado de um desornamento dos fios da trama, causando uma perturbação na uniformidade. Pela avaria, revelam-se enredos.

Sobre o artista

Taigo Meireles é pintor nascido no Distrito Federal e é mestre em artes visuais pelo Instituto de Artes da Universidade de Brasília – UnB. Foi professor de pintura na Faculdade de Artes Dulcina de Morais. Tem desenvolvido trabalhos em pintura, com interesse em figuração e que exploram o choque entre os meios tradicionais da pintura, e a estética nas imagens nas mídias contemporâneas. As pinturas recentes flertam com a tradição onde a atmosfera pictórica é confrontada pelos excessos das imagens digitais. Reside e produz em seu sítio, localizado em Brazlândia, DF. Suas obras integram coleções particulares e institucionais, compõem o acervo permanente do Palácio do Itamaraty e Palácio do Planalto.

Vitrine e conversa

No dia 20 de novembro, às 19h, junto com a inauguração da mostra, será apresentada a vitrine criada pelo designer e arquiteto Guilherme Torres. Como parte da programação, Taigo Meireles e Guilherme Torres participam de uma conversa aberta ao público, com entrada gratuita e classificação indicativa livre para todos os públicos.

Sobre Guilherme Torres

Guilherme Torres é um perfeccionista, com a devida licença poética, tendo parte dela derramada sobre a pele. Uma de suas tatuagens estampa os dizeres “Work it harder, better, faster, make it over”, trecho de uma canção do duo francês Daft Punk, numa forma de celebração ao trabalho, por assim dizer. O arquiteto, que fundou a companhia que leva seu nome em 2001, adora trabalhar cercado por jovens criativos e entusiastas. O pool multidisciplinar de profissionais que suas companhias arregimentam – de fotógrafos a engenheiros – confere condições de cuidar dos projetos de seus clientes em formatos não explorados pela maioria de outros escritórios. Se projetam um edifício, produzem desde as imagens como podem gerir todo o material de vendas, toda a programação visual. Quando projetam casas, podem assessorar a escolha do terreno a entrega da obra com interiores projetados simultaneamente - tudo dentro do mesmo pensamento e estética. Ainda exploram outras linguagens, como expografia, cenografia e cinema, e em breve terão uma galeria de arte para promover cultura, como um pequeno museu privado. Em 2017 sua mais recente empreitada foi estabelecer uma filial em Nova York. Irreverência, vontade de transgredir e a busca pela excelência profissional – trabalhando duro, fazendo melhor e mais rápido.

Posted by Patricia Canetti at 9:11 PM

Monica Barki na Cândido Mendes Ipanema, Rio de Janeiro

Síndrome da Paixão é o título da exposição que a artista carioca Monica Barki inaugura no dia 19 de novembro, terça-feira, às 19h, na Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida, no Centro Cultural Cândido Mendes de Ipanema. Com a curadoria de Luiza Interlenghi, a mostra é composta de 26 obras entre desenhos, litografias, fotografias, colagens, uma vídeo-performance, uma pintura e um gif. Simultaneamente à exposição, durante a inauguração, a artista apresenta ‘Casório’, sua mais nova performance.

“São cenas e cenários que brotam do meu imaginário, sempre com personagens em ação. Procuro fazer com que as imagens falem por mim. Crio situações inusitadas, embaralhando realidade e ficção. Muitas vezes sou espirituosa nos trabalhos, como também sinto prazer em transgredir, subverter a moral, os padrões estéticos e sociais. Em se tratando de arte, tudo é (ou pelo menos deveria ser...) possível.” – Monica Barki

Observações contundentes sobre o que une os casais, parceiros desiguais que se atraem e, por vezes, se enfrentam, estão no centro de “Síndrome da Paixão”. Monica Barki ilumina modos de dominação, entrega ou fuga que desafiam a suposta harmonia de cada encontro, sejam as uniões tradicionais ou as provisórias e marginais. Traça um arco poético, que liga a série inédita de desenhos dedicada ao Shibari * a pinturas, gravuras, desenhos, vídeos e performances realizados desde 1981. Examina a potência e as variações do corpo feminino e sua contraparte, para além dos padrões vigentes de beleza e sedução – corpos que pesam, lutam, se agigantam ou flutuam amarrados nas cordas do Shibari.

“Nos desenhos da série ‘Paixão e Glória’, uma experiência do sublime emana da relação de confiança e entrega entre duas parceiras no Shibari. A cor, o enquadramento das posições corporais, seus vínculos, toques e amarrações sublinham a entrega, o paradoxal afeto no domínio e o caráter erótico que coexistem na tentativa de superação dos próprios limites, no limiar do sofrimento”, afirma a curadora.

Monica Barki nasceu no Rio de Janeiro em 1956. É pintora, gravadora e artista multimídia. Expôs suas obras em importantes instituições como o Paço Imperial, 21ª Bienal Internacional de São Paulo, IPC-International Print Center of New York, Centro Cultural Recoleta em Buenos Aires na e 11ª Bienal Ibero-Americana de Arte no México. Suas obras estão nas coleções: MAM Rio (coleção Gilberto Chateaubriand), MAR-Museu de Arte do Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Itaú Cultural, Museu de Arte da Pampulha, MAC (coleção João Sattamini), entre outras.

*A palavra Shibari significa ‘atar’ em japonês e tem origem na técnica dos antigos Samurais de amarrar e imobilizar pessoas com cordas. Esta prática tem uma forte implicação na cultura japonesa que envolve sua história, religião, teatro tradicional, artes marciais e seu sentido profundo de honra e sagrado. A experiência de amarrar alguém ou ser amarrado possui uma dimensão emocional e psicológica, provocando diferentes sensações particulares.

Posted by Patricia Canetti at 6:43 PM

II Leilão de Arte Contemporânea da AAMACRS no Palácio Piratini, Porto Alegre

A Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporânea do RS organiza leilão de arte e coquetel beneficente na ala residencial do Palácio Piratini em prol da construção da nova sede do MAC no IV Distrito de Porto Alegre. Evento reunirá as principais galerias de arte da cidade e mais de 100 artistas que doaram obras para leilão de arte contemporânea.

19 de novembro de 2019, terça-feira, das 21h às 23h

Palácio Piratini - Salão de Verão
Praça Mal. Deodoro s/n, Centro Histórico, Porto Alegre/RS
Evento aberto a colecionadores e público interessado mediante cadastramento prévio pelo telefone 51-99114 2033

Com a missão de arrecadar fundos em prol da construção da nova sede do MACRS, a Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporânea do RS, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, realizará o seu II Leilão de Arte Contemporânea, na ala residencial do Palácio Piratini.

Nomes reconhecidos no campo da arte como Walmor Correa, Xadalu, Claudia Hamerski, Élida Tessler, Heloisa Crocco, Tulio Pinto, Maria Tomaselli, Zoravia Bettiol, Paula Plim e Oskar Metsavaht estão entre mais de uma centena de artistas (lista completa abaixo em ordem alfabética) que se engajaram na causa e doaram integralmente suas obras para a ocasião. Também o experiente leiloeiro Daniel Chaieb e as principais galerias de arte da cidade doaram suas comissões em apoio ao projeto do novo MAC no IV Distrito. Galerias tradicionais no mercado de arte local participam ainda com obras dos mestres Iberê Camargo, Vasco Prado, Xico Stockinger e Danúbio Gonçalves.

O projeto da nova sede do MACRS no IV Distrito (Rua Comendador Azevedo, 256, Bairro Floresta), transcenderá os tradicionais espaços expositivos, rompendo paradigmas de intervenção e interação urbana, transformando a relação das pessoas com o Museu e representará uma nova experiência no campo social da arte.

De estilo neoclássico, a ala residencial da sede do governo do RS, é um espaço exclusivo e que nunca serviu de cenário para um evento aberto à comunidade - portanto trata-se de uma oportunidade rara comparecer ao leilão. O prédio, localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, é patrimônio cultural, levou quase 20 anos para ser concluído e foi feito com material vindo da França, dos alicerces ao gesso. O leilão será antecedido de um coquetel beneficente, das 19h às 21h, assinado pelo Grupo Press Gastronomia, reinaugurando o Salão de Verão e jardim da residência oficial, cujo ingresso, no valor simbólico de R$ 500,00, será doado ao projeto do Museu. Personalidades gaúchas atentas à causas culturais e filantrópicas poderão adquirir o convite e fazer sua doação através do telefone (51) 99114 2033, com Aline. A DJ e performer Julha Franz será responsável pela playlist musical que recepcionará os convidados benemerentes pré-leilão e o comunicador Tulio Milman colaborará na descrição dos excepcionais lotes artísticos a serem arrematados.

A Associação é uma instituição privada de caráter público, sem fins lucrativos, e trabalha voluntariamente para desenvolver projetos que repensam o papel do Museu no século XXI. “Com a finalidade de integrar as ações que buscam recursos para garantir a sustentabilidade econômica do MACRS, que atualmente abriga mais de 1300 obras, contamos com amplo apoio das principais galerias de arte da cidade e de expressiva representação dos artistas” - completa o arquiteto Marcio Carvalho, presidente da AAMACRS.

Através desta rede de diferentes colaboradores, o objetivo é colecionar gestos de doação que possibilitam transformar o MACRS IV Distrito em um museu vivo e aberto à manifestações contemporâneas em torno da arte, cultura e ação social: “Um museu educativo, inclusivo e dedicado ao desenvolvimento humano, trabalhando diretamente com os artistas e os diversos públicos locais para receber visitantes de todos os lugares” - explica André Venzon, artista visual e diretor do MACRS.

GALERIAS DE ARTE E MOLDURARIAS QUE APOIAM A NOSSA CAUSA
Arte&Fato, Bella Vista Arte & Molduras, Bolsa de Arte, Calafia, Delphus, Edelweiss, Galart, Galeria Duque, Galeria Gravura, Genuína Obra, Gestual, Mamute e Martini Arte.

ARTISTAS QUE DOARAM (Total 106)
Adriana Giora, Alenyr Avila, Alexandre Pinto Garcia, Allan Seabra, Amélia Brandelli, Ana Mahler, Ananda Kuhn, André Venzon, Andréa Bracher, Antônio Augusto Bueno, Beatriz Balen Susin, ,Bina Monteiro, Britto Velho, Bruno Borne, Bruno Noveli, Camila Elis, Carla Barth, Carlos Leão, Carlos Scliar, Celo Pax, Celso Chitollina, Cláudia Barbisan, Cláudia Hamerski, Claudio Tozzi, Clóvis Dariano, Daniel Escobar, ,Danúbio Gonçalves, Denise Haesbaert, Diego Medina, Djalma do Alegrete, Eduardo Haesbaert, Elida Tessler, Emanuel Monteiro, Ena Lautert, Esther Bianco, Felipe Caldas, Fernanda Valadares, Flávio Gonçalves, Fukuda, Gelson Radaelli, Geraldo Markes, Gilberto Perin, Glauco Rodrigues, Gonzaga, Guilherme Dable, Guilherme Soffi, Gus Bozzetti, Heloisa Crocco, Henrique Fuhro, Iberê Camargo, Ivan Pinheiro Machado, João Otto Klepzig, Jorge Menna Barreto, Júlio Ghiorzi, Karen Axelrud, Leonardo Fanzelau, Leopoldo Plentz, Letícia Lampert, Leticia Lopes, Leticia Remião, Lisette Guerra, Lou Borghetti, Louise Kanefuku, Luiz Barth, Luiz Felkl, Magna Sperb, Marcos Fioravante, Maria Tomaselli, Marilice Corona, Mario Röhnelt, Maristela Salvatori, Mariza Carpes, Marros, Martha Penter, Milton Kurtz, Neca Sparta, Nico Rocha, Oskar Metzavah, Otto Sulzbach, Patrícia Langlois, Paula Plim, Paulo Amaral, Renina Katz, Ricardo Aguiar, Romy Pocztaruk, Roseli Jahn, Rubem Ludolf, Sandra Rey, Sandro Ka, Silvia Brumm, Teresa Poester, Teti Waldraff, Theo Felizzola, Tonico Alvares, Trindade Leal, Túlio Pinto, Ubiratã Fernandes, Vasco Prado, Walmor Correa, Walter Karwatzki, Xadalu, Xico Stockinger, Zetti Neuhaus e Zoravia Bettiol.

LEILOEIRO OFICIAL
Daniel Chaieb – Agência de Leilões e Espaço Cultural Porto Alegre

APOIO: Brascril, Grupo Press Gastronomia, Molduras Santos e Project Som

Posted by Patricia Canetti at 6:32 PM

Rumos Itaú Cultural: Elilson lança Mobilidade [inter]urbana-performativa na Vermelho, São Paulo

Artista pernambucano lança livro e apresenta performance sobre as inter-relações entre arte da performance e mobilidade urbana

Mobilidade [inter]urbana-performativa é resultado do projeto de mesmo nome assinado por Elilson e selecionado pelo Rumos Itaú Cultural, com o qual realizou performances nas ruas de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, que abordavam temas como o planejamento urbano das cidades, cenário político, discursos de ódio, antimilitarismo

No dia 19 de novembro, o artista Elilson lança Mobilidade [inter]urbana-performativa, seu segundo livro, na Galeria Vermelho, às 20h, durante a abertura da exposição individual de Rosângela Rennó, Documento-Monumento, Monumento-Documento. A publicação é a etapa conclusiva do projeto homônimo desenvolvido com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018. Ao longo de 10 meses, Elilson percorreu as cidades do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo realizando performances em espaços públicos, como expansão da pesquisa que desenvolve desde 2012 acerca das inter-relações entre arte da performance e mobilidade urbana, transitando entre os papéis de performer, espectador e escritor. No livro, as 224 páginas reúnem fotografias das performances, crônicas e relatos multivocais que o artista escreve a partir dos encontros com os transeuntes, além de trechos de sua dissertação Vulnerabilidade Vibrátil: arte da performance e mobilidade urbana, desenvolvida no Mestrado em Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na ocasião, Elilson apresenta a performance Arte Panfletária: exposição oral, que consiste na leitura de um dos textos que compõem a série Arte Panfletária. Nesta ação, o artista caminhou por até oito horas nos centros urbanos à procura das panfleteiras e panfleteiros que trabalham nas ruas e calçadas. Aceitou todos os discursos e anúncios distribuídos nas cidades, oferecendo a cada trabalhador um alfinete de segurança para que este decidisse em que área de sua roupa anexar o panfleto. Enquanto as roupas e as fotografias registram visualmente a performance, os textos congregam os encontros em diálogos que suscitam questões como memórias familiares, distâncias geográficas, fluxos migratórios e precarização do trabalho.

Elilson

Performer e professor. Mestre em Artes da Cena – performance pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, experimenta principalmente com performance, escrita e instalação. Integrou exposições coletivas, mostras e festivais em cidades como Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). Antes de Mobilidade [inter]urbana-performativa, publicou o livro Por uma mobilidade performativa, pela Editora Temporária, em 2017. Em 2018, foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural e pelo prêmio EDP nas Artes, do Instituto Tomie Ohtake, realizando por meio deste, em 2019, uma residência nos ateliês do programa R.A.R.O – Buenos Aires.

Sobre o Rumos Itaú Cultural

Um dos maiores editais de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 64,6 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas mais de 1,4 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.

Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.

Nesta edição de 2017-2018, os 12.616 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país.

Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 21 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 109 projetos, contemplando todos os estados brasileiros.

Posted by Patricia Canetti at 6:19 PM

Rosângela Rennó + Tania Candiani + Elilson na Vermelho, São Paulo

O trabalho que toma todo o térreo da galeria, Good Apples | Bad Apples [proposta para um documento-monumento], chega ao Brasil depois de ter versões apresentadas na Argentina, em Singapura, em Portugal e na França.

Na Sala Antonio de projeção, a Vermelho exibe Monumentos efêmeros, de Tania Candiani. O projeto desenvolvido para a 13ª Bienal de Havana (2019), investiga o projeto revolucionário cubano a partir do ponto de vista do esporte enquanto instrumento político.

No dia da abertura, a Vermelho recebe o artista Elilson, que apresentará a performance Arte panfletária e lançará seu novo livro, Mobilidade [inter]urbana-performativa. A publicação é a etapa conclusiva do projeto homônimo que ele desenvolveu com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018.

[scroll down for English version]

Em sua 7ª individual na Vermelho, Documento-Monumento | Monumento-Documento, Rosângela Rennó apresenta novos trabalhos que investigam a natureza da imagem e o lugar da imagem fotográfica na contemporaneidade a partir de um ponto de vista iconoclasta em torno da perpetuação memorialística de signos, símbolos e ícones.

Good Apples | Bad Apples [proposta para um documento-monumento] (2019)

No térreo da Vermelho, cerca de 800 pequenas molduras vermelhas, pretas e brancas organizam e classificam a pesquisa de dois anos de Rosângela Rennó em torno de imagens de monumentos erguidos em homenagem a Lenin. As classificações incluem uma busca pela compreensão do destino de cada monumento após a fim da União Soviética. Cada imagem coletada traz em si códigos e anotações feitas pela artista a respeito da origem ou história de cada monumento. São, como coloca Rennó no texto que acompanha a montagem, “observações a partir do ato de colecionar fotos de estátuas de Lenin”.

A imagem persistente (2019)

Em A imagem persistente, Rennó colecionou objetos que emulam câmeras fotográficas mecânicas sem qualquer funcionalidade ligada ao registro de imagens. São canecas, camisetas, latas de armazenamento, bibelôs, esculturas, e uma série de outros objetos, que trazem ou que se configuram com a forma das câmeras analógicas. Rennó fotografou esses 76 objetos (a coleção continua a crescer) e ampliou as imagens reproduzindo o tamanho real dos objetos. Rennó escreve sobre a transformação do equipamento fotográfico: “se os celulares de hoje são as câmeras de ontem, as câmeras de hoje não precisam mais fotografar nada. Elas servem, porém, como ilustração ou como signo; e estão por todos os lados”. Sobre os objetos colecionados, ela diz: “São como uma febre: mais do que objetos insistentes, são artefatos inocentes cuja finalidade é fazer com que a lembrança da imagem da câmera persista. A sua função está perdida (para sempre?) mas ainda conseguem acalmar a angustia do homem comum”.

Hercule & Hippolyte #2 (2019)

O díptico de 2019 presta homenagem a dois dos inventores do processo fotográfico, Hercule Florence e Hippolyte Bayard.

Rennó conta em texto escrito sobre o trabalho: “Entre 1836 e 1839, Hippolyte Bayard (1801-1887) conseguiu desenvolver um processo fotográfico para a obtenção de ‘desenhos’ sobre papel fotossensível, mas não conseguiu o reconhecimento do governo e nem do público, tendo sido eclipsado pelo invento de Louis Daguerre. [...] O frances radicado no Brasil, Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), conseguiu imprimir ‘desenhos’, através de uma camera obscura, sobre papel embebido em nitrato de prata em 1833. Um ano depois, ele nomeou o próprio experimento de ‘photographie’, alguns anos antes de John Herschel cunhar de maneira independente o termo ‘photography’ e ter sido reconhecido por isso. Por estar muito longe da Europa, o invento de Hercule Florence foi ignorado”.

Rennó fotografou os túmulos de ambos inventores com câmeras mecânicas, ampliou as fotografias e selou as câmeras que as registraram. Ela apresenta agora, imagens e câmeras juntas, e diz sobre o processo analógico: “Hoje, essa fotografia e sua parafernália mecânica e química parecem ter sido quase definitivamente enterradas, vencidas pela indústria que decretou a morte da imagem analógica em detrimento da digital. Algumas questões ontológicas relacionadas com o caráter indicial das imagens sobre papel ou filme parecem ter sido engavetadas, como ossos são guardados em caixas ou recobertos por uma lápide.”

Killing CHE (2019)

Na obra, Rosângela Rennó organiza uma coleção de maços de cigarro da marca Che e um isqueiro com a imagem e nome do revolucionário marxista Ernesto Guevara (1928 – 1967). Todos os objetos carregam em sua identidade gráfica a icônica imagem de Guevara registrada por Alberto Diaz “Korda,” em 5 de março de 1960, intitulada “Guerrilheiro Heroico”. A imagem estilizada de Che foi utilizada pelo designer Jim Fitzpatrick em um cartaz que teve 2 milhões de cópias vendidas em 6 meses. Rennó lança a questão: “Teria o “Che”, sendo inimigo implacável do capitalismo, feito alguma objeção ao tratamento e à monetização de sua imagem?”

E sobre o uso da imagem pela marca de cigarros escreve: “: por que a imagem de um líder revolucionário acabaria ilustrando um maço de cigarros, vendido em várias partes do mundo? O proveito da indústria pode representar um dano, um esvaziamento ainda maior da imagem mas até mesmo a indústria sofre com certas determinações do mercado. Então, nós, consumidores, assistimos a ações perversas, alheias tanto ao universo ao qual aquela imagem pertencia, quanto à própria indústria que se beneficiou dela, durante muitos anos. Quando algumas sociedades decidem que certo produto é de tal maneira danoso ao ser humano que justifica a inserção de mensagens explícitas, visuais e textuais, a imagem da marca acaba sendo reduzida, eclipsada, chegando até ao seu completo desaparecimento”.

Exercícios de 3D (transparência) #4 (2019)

O trabalho utiliza dispositivo ótico de visualização de fotografia três dimensões, criado em 1840, substituindo as imagens normalmente utilizadas na visualização por placas com textos do projeto Arquivo Universal. Iniciado por Rennó em 1992, o Arquivo Universal compila textos jornalísticos sobre imagens fotográficas. Em Exercício 3D (transparência) os textos do Arquivo Universal aplicados a tecnologia 3D, causam desconforto, não apenas pelo esforço em conseguir ‘ver’ apenas um texto com palavras que parecem flutuar diante dos olhos, mas, também convertê-los em imagens, depois da leitura do mesmo. Algumas fotografias são facilmente reconhecíveis ou decifráveis a partir dos textos. Outras, se desconhecidas, vão solicitar ao leitor o exercício da construção mental ou da invenção.

Aucune Bête au Monde (2019)

Aucune Bête au Monde é um livro editado em 1959, composto por textos do então Coronel francês Marcel Bigeard e por fotos do Sargento-Chefe Marc Flament, sobre a longa guerra pela independência da Argélia (1954-1962). Rennó interviu sobre o livro com tinta cinza, apagando das imagens qualquer militar que tenha sido retratado. A artista também eliminou com recortes, os textos que identificavam o local onde as imagens foram capturadas. Rennó escreve sobre os apagamentos: “Os apagamentos nas imagens e nas próprias páginas pretendem sugerir um aspecto de universalidade na documentação de uma guerra específica”.

Rosângela Rennó

Rosângela Rennó Gomes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1962) estudou arquitetura e Artes em Belo Horizonte (Brasil), e obteve seu doutorado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Valendo-se de fotografias de arquivo de uma variedade de fontes vernáculas (jornais antigos, álbuns de família, barracas de mercados de pulgas), Rennó compõe e transforma essas imagens encontradas em composições maiores em forma de colagens, instalações, e livros de artista. Sua obra chama a atenção à duração finita dos intervalos temporais, à capacidade humana do esquecimento e ao apagamento sistemático do passado. A obra perturbadora e poderosa da artista desafia um dos preceitos centrais da fotografia: a de que ela esteja a serviço da memória. Rennó já expôs na Fondation Cartier, Paris, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, e no Fotomuseum Winterthur, entre outros. Em 2014, a artista recebeu o prêmio Paris Photo–Aperture Foundation pelo melhor livro de fotografias do ano. Já participou de importantes exposições como 29ª Bienal de São Paulo (2010), 7ª Bienal do Mercosul (2009), 50ª Bienal de Veneza (2003), 2ª Bienal de Berlin (2001) e 6ª Bienal de Havana (1997), entre muitas outras. Seu trabalho está presente em importante coleções como Museo Reina Sofia (Espanha), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil), Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (Espanha), Guggenheim Museum - New York (EUA), Tate Modern (Inglaterra), Museum of Moderna Art – New York (EUA), entre outras.

Tania Candiani: Monumentos efímeros

O projeto Monumentos efímeros [Monumentos efêmeros], de Tania Candiani, apresentado originalmente durante a 13ª Bienal de Havana, consiste em uma série de obras feitas a partir de uma performance executada por atletas profissionais cubanos no Centro Esportivo José Martí (Havana), dos quais a Vermelho exibe um conjunto de fotografias e desenhos e um vídeo em sua sala de projeção. A ação consistia em criar e sustentar construções corporais efêmeras que exploram formas de solidariedade, união e resistência. As construções simbolizam um exercício de confiança e esforço coletivo, onde, se um dos participantes falha, tudo cai.

As instalações esportivas deterioradas da cidade de Havana, Cuba, são o ponto de partida deste ensaio visual, no qual algumas ideias sobre o movimento arquitetônico moderno, o esporte como bandeira ideológica e o abandono da infraestrutura pública se entrelaçam.

Monumentos efímeros é um projeto que aponta as correspondências entre a resistência física e emocional dos atletas ao colapso de seu ambiente.

Tania Candiani

Tania Candiani (1974, Cidade do México) emprega em sua obra uma variedade de mídias e de práticas que operam na interseção entre diferentes linguagens, incluindo a fônica, gráfica, linguística, simbólica e tecnológica. A tradução entre diversos sistemas de representação é fundamental na produção da artista. Candiani desenvolve grupos de trabalho interdisciplinares em vários campos, consolidando combinações entre arte, design, literatura, música, arquitetura e ciência, com ênfase nas tecnologias em desuso e sua história na produção de conhecimento. Candiani recebeu o Guggenheim Fellowship for the Arts (2011), o National System of Art Creators in Mexico Fellowship (2012) e uma bolsa de pesquisa da Smithsonian Institution (2016). Candiani representou o México na 56ª Bienal Internacional de Veneza em 2015. Seu trabalho foi exibido em museus, instituições e espaços independentes em todo o mundo e faz parte de importantes coleções públicas e privadas. Monografias sobre seu trabalho incluem Cinco variações de circunstâncias fonéticas e uma pausa (2014), Habita Intervenido (2015), Possuindo a natureza. Pabellón de México. Bienal de Venecia (2015); e Cromática (2018).

Elilson: Arte Panfletária: exposição oral + lançamento: Mobilidade [inter]urbana-performativa.

Na abertura das novas exposições da Vermelho, a galeria recebe Elilson para o lançamento de seu novo livro, Mobilidade [inter]urbana-performativa.

A publicação é a etapa conclusiva do projeto homônimo que ele desenvolveu com apoio do programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018. Ao longo de dez meses, Elilson percorreu as cidades do Rio de Janeiro, Recife e São Paulo realizando performances em espaços públicos, como expansão da pesquisa que desenvolve desde 2012 acerca das inter-relações entre arte da performance e mobilidade urbana, transitando entre os “papéis” de performer, espectador e escritor. No livro, as 224 páginas reúnem as fotografias das performances, as crônicas e relatos multivocais que o artista escreve a partir dos encontros com os transeuntes, além de trechos de sua dissert_ação Vulnerabilidade Vibrátil: arte da performance e mobilidade urbana, desenvolvida no Mestrado em Artes da UFRJ.

Arte Panfletária, 2018

Na ocasião do lançamento, Elilson apresentará a performance Arte Panfletária: exposição oral. Trata-se da leitura de um dos textos que compõem a série “Arte Panfletária”. Nesta ação, o artista caminhou por até 8 horas nos centros urbanos à procura das panfleteiras e panfleteiros que trabalham nas ruas e calçadas. Aceitou todos os discursos e anúncios distribuídos nas cidades, oferecendo a cada trabalhador um alfinete de segurança para que este decidisse em que área de sua roupa o panfleto deveria ser anexado. Enquanto as roupas e as fotografias registram visualmente a performance, os textos congregam os encontros – dimensão crucial na poética que Elilson vem experimentando – em diálogos que suscitam questões como memórias familiares, distâncias geográficas, fluxos migratórios e precarização do trabalho.


The work that takes the galleries’ whole ground floor, Good Apples | Bad Apples [Proposal for a document-monument], arrives in Brazil after being shown in Argentina, Singapore, Portugal and France.

In the Sala Antonio projection room, Vermelho will exhibit Monumentos efímeros, by Tania Candiani. Developed for the 13th Havana Biennial (2019), the work investigates the Cuban Revolutionary Project through the point of view of sport as a political tool.

On opening day, Vermelho welcomes artist Elilson, who will present a performance titled Pamphletary Art and will launch his new book, Mobilidade [inter]urbana-performativa [[inter]Urban-performative Mobility – in free translation]. The publication is the concluding stage of the project of the same name that artist developed with the support of the Rumos Itaú Cultural 2017-2018 program.

In her 7th solo show at Vermelho, Documento-Monumento | Monumento-Documento, Rosângela Rennó presents new works which investigate the nature of image and the place for photographic image in contemporaneity from an iconoclastic point of view around the memorialist perpetuation of signs, symbols and icons.

Good Apples | Bad Apples [Proposal for a document-monument] (2019)

In the ground floor of Vermelho, around 800 small red, white and black frames organize and classifies the two yearlong research carried out by Rosângela Rennó around images of monuments build in homage to Lenin. The classifications include a search for understanding de destiny of each monument after the end of the Soviet Union. Each collected image brings in itself notes on the history of each monument. They are, as expressed by Rennó in the text written by her to accompany the work: “notes on the process of collecting photos of Lenin statues on the internet”.

The Persistent Image (2019)


For The Persistent Image, Rennó collected objects that emulate mechanical photographic cameras without any functionality linked to the capturing of images. Among them are mugs, t-shirts, storage cans, adornments, sculptures, and a series of other objects that represent or that are built in the shape of analogic cameras. Rennó photographed those 76 objects (the collection is still growing) and printed the images in such a way that the size of the objects is reproduced in life size. The artist writes about the transformation of the photographic equipment: “If cellphones today are yesterday's cameras, today's cameras no longer need to shoot anything. They serve, however, as illustration or sign; they are everywhere”. About the collected objects she says: “They are like a fever: more than persistent objects, they are innocent artefacts whose only purpose is to keep our memory of the image of the camera alive. They have lost their function, but still manage to calm the anguish of the common man”.

Hercule & Hippolyte #2 (2019)

The 2019 diptych pays homage to two of the less known inventors of the photographical process, Hercule Florence and Hippolyte Bayard.

Rennó writes about the work: “Between 1836 and 1839, Hippolyte Bayard (1801-1887) succeeded in developing a photographic process for obtaining 'drawings' on photosensitive paper, but failed to gain government and public recognition and was eclipsed by the invention of Louis Daguerre. [...] Frenchman living in Brazil, Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), was able to print 'drawings' through an obscure camera on silver nitrate-soaked paper in 1833. A year later he named his experiment ‘photographie’, a few years before John Herschel independently coined the term 'photography' and being recognized for it. Being so far from Europe, Hercule Florence's invention was ignored. ”

Rennó photographed both inventor’s tombs using mechanical cameras, enlarged the images and sealed the cameras used in the process. She now presents images and cameras together and comments on the analogic process: “Today, this photography and its mechanical and chemical paraphernalia appear to have been almost permanently buried, defeated by the industry that decreed the death of analog over digital. Some ontological issues related to the indexical character of images on paper or film seem to have been shelved, like bones kept in boxes or covered by a tombstone. ”

Killing CHE (2019)

Na obra, Rosângela Rennó organiza uma coleção de maços de cigarro da marca Che e um isqueiro com a imagem e nome do revolucionário marxista Ernesto Guevara (1928 – 1967). Todos os objetos carregam em sua identidade gráfica a icônica imagem de Guevara registrada por Alberto Diaz “Korda,” em 5 de março de 1960, intitulada “Guerrilheiro Heroico”. A imagem estilizada de Che foi utilizada pelo designer Jim Fitzpatrick em um cartaz que teve 2 milhões de cópias vendidas em 6 meses. Rennó lança a questão: “Teria o ‘Che’, sendo inimigo implacável do capitalismo, feito alguma objeção ao tratamento e à monetização de sua imagem?”.

A respeito do uso da imagem pela marca de cigarros, ela escreve: “Por que a imagem de um líder revolucionário acabaria ilustrando um maço de cigarros, vendido em várias partes do mundo? O proveito da indústria pode representar um dano, um esvaziamento ainda maior da imagem, mas até mesmo a indústria sofre com certas determinações do mercado. Então, nós, consumidores, assistimos a ações perversas, alheias tanto ao universo ao qual aquela imagem pertencia, quanto à própria indústria que se beneficiou dela durante muitos anos. Quando algumas sociedades decidem que certo produto é de tal maneira danoso ao ser humano que justifica a inserção de mensagens explícitas, visuais e textuais, a imagem da marca acaba sendo reduzida, eclipsada, chegando até ao seu completo desaparecimento”.

In the work, Rosângela Rennó organizes a collection of Che brand cigarette packs and a lighter with the image and name of the Marxist revolutionary Ernesto Guevara (1928 - 1967). All objects carry in their graphic identity the iconic image of Guevara recorded by Alberto Diaz “Korda,” on March 5, 1960, entitled “Heroic Guerrilla”. Che's stylized image was used by designer Jim Fitzpatrick on a poster that sold 2 million copies in 6 months. Rennó raises the question: "Would Che, being a ruthless enemy of capitalism, object to the treatment and monetization of his image?"

Regarding the use of the image by the cigarette brand, she writes: “Why would the image of a revolutionary leader end up illustrating a pack of cigarettes sold in various parts of the world? Industry profits may be damaging, even further draining the image, but even industry suffers from certain market determinations. So, we consumers are watching perverse actions, unconnected to both the universe to which that image belonged, and the industry itself that has benefited from it for many years. When some societies decide that a product is so harmful to humans that it justifies the insertion of explicit, visual and textual messages, the brand image ends up being reduced, eclipsed, until its complete disappearance ”.

Exercises on 3D (miroir) #3 (2019)

The work uses a three-dimensional optical photo viewing device, created in 1840, and replaces the images traditionally used on them for text plates from the Universal Archive project. Started by Rennó in 1992, the Universal Archive compiles journalistic texts that refers to photographic images. In 3D Exercise (transparency) the Universal Archive texts, applied to 3D technology, cause discomfort not only from the effort to “see” the texts with words that seem to float before your eyes, but also to convert them into images after reading them. Some photographs are easily recognizable or decipherable from the texts. Others, if unknown, will demand from the reader the mental exercise of construction or invention.

Aucune Bête au Monde (2019)

Aucune Bête au Monde is a book published in 1959, composed of texts by then-French Colonel Marcel Bigeard and photos of Sergeant-Chief Marc Flament on Algeria's long war for independence (1954-1962). Rennó made an intervention in the book with gray paint, erasing from the images any military man who was portrayed. The artist also eliminated, with cut-outs, the texts that identified the place where the images were captured. Rennó writes about the erasures: "The erasures in the images and the pages themselves are intended to suggest an aspect of universality in the documentation of a specific war."

Rosângela Rennó

Rosângela Rennó Gomes (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1962), studied architecture and fine arts in Belo Horizonte, Brazil, and earned a PhD from the School of Communication and Arts at the University of São Paulo. The haunting and powerful work of Rosângela Rennó challenges a central precept of photography: that it works in the service of memory. Using archival photographs from a variety of vernacular sources (old newspapers, family albums, flea-market stalls), Rennó composes and transforms these found images into larger compositions taking the forms of collages, installations, and artists’ books. Her work draws attention to the finite duration of temporal intervals, the human capacity for forgetting, and the systematic erasure of the past. She has exhibited at the Fondation Cartier, Paris, the Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon, the Fotomuseum Winterthur, and elsewhere. In 2014, Rennó received the Paris Photo–Aperture Foundation award for the best photobook of the year.

She took part in importante exhibitions around the globe such as: 29ª Bienal de São Paulo (2010), 7ª Bienal do Mercosul (2009), 50ª Biennale di Venezia (2003), 2ª Berlin Biennale (2001) e 6ª Bienal de la Habana (1997), among many others. Her work is presente in relevant collections such as: Museo Reina Sofia (Spain), Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brazil), Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León (Spain), Guggenheim Museum - New York (USA), Tate Modern (UK), Museum of Moderna Art – New York (USA), among others.

Tania Candiani: Monumentos efímeros [Ephemeral Monuments]

The Ephemeral Monuments project, originally presented by Tania Candiani at the 13th Havana Biennial, is based on a series of works developed from a performance carried out by professional Cuban athletes at the José Martí Sports Center (Havana). From the series’ works, Vermelho exhibits now a set of photographs and drawings and a video at the Sala Antonio projection room. The action was orchestrated around building and sustaining ephemeral bodily constructions which explores ideas of solidarity, union and resilience. The constructions symbolize an exercise of trust and collective effort: if one of the participants fails, everything collapses.

The deteriorated sports facilities in the city of Havana, Cuba, are the starting point of this visual essay in which some ideas about the modern architectural movement, sports as an ideological flag and the abandonment of public infrastructure interwoven.

Monumentos efímeros (Ephemeral monuments) is a project that points out the correspondences between the physical and emotional resistance of athletes to the collapse of their environment.

Tania Candiani

Tania Candiani (born 1974, Mexico City) works in a variety of media and practices at the intersection of different languages systems, including phonic, graphic, linguistic, symbolic, and technological. The translation between diverse systems of representation is key in the creation of her work. She has created interdisciplinary working groups in various fields, consolidating intersections between art, design, literature, music, architecture, and science, with an emphasis on early technologies and their history in the production of knowledge. She received a Guggenheim Fellowship for the Arts (2011), a National System of Art Creators in Mexico Fellowship (2012), and an Artist Research Fellowship from the Smithsonian Institution (2016). Candiani represented Mexico at the 56th International Venice Biennial in 2015. Her work has been exhibited in museums, institutions, and independent spaces around the world and is part of important public and private collections. Monograph books about her work include Cinco variaciones de circunstancias fónicas y una pausa (2014); Habita Intervenido (2015); Possessing Nature. Pabellón de México. Bienal de Venecia (2015); and Cromática (2018).

Elilson: Arte Panfletária: exposição oral + lançamento: Mobilidade [inter]urbana-performativa.

On opening day, Vermelho welcomes artist Elilson that will present a performance piece and will launch his new book Mobilidade [inter]urbana-performativa [[inter]Urban-performative Mobility – in free translation].

The publication is the conclusion of the homonymous project developed by him with the support of Rumos Itaú Cultural 2017-2018 program. For 10 months, Elison traveled through the cities of Rio de Janeiro, Recife and São Paulo presenting performance pieces on the public space as an expansion of the research he is developing since 2012 on the inter-relations between performance art and urban mobility, moving through the “roles” of performer, spectator and writer. The 224 pages of the book gather photographical register of the performances, the chronicles and multivocal reports that the artist writes from the meetings with transeunts, besides excerpts from his dissert_ação Vulnerabilidade Vibrátil: arte da performance e mobilidade urbana, developed during his Fine Arts Master Degree held at UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

On the occasion of the launching, Elilson will present the performance Pamphletary Art: oral exhibition. The piece is articulated around the reading of one of the texts that make up the Pamphletary Art series. During the inception of the piece, the artist walked for up to 8 hours in urban centers looking for the pamphleteers working on the streets and sidewalks. He accepted all speeches and adverts distributed in the cities, handing to each worker a safety pin to decide in which area of his clothing the flyer should be attached. While clothes and photographs visually record the performance, the texts bring together the encounters - a crucial dimension in the poetics Elilson has been experiencing - in dialogues that raise issues such as family memories, geographical distances, migratory flows, and precarious work.

Posted by Patricia Canetti at 5:50 PM

Maurcio Parra na Zipper, São Paulo

A partir do dia 21 de novembro, as paisagens do artista Mauricio Parra tomam o espaço do programa Zip’Up. A exposição individual Se Você Não Vem Comigo Nada Disso Tem Valor, com curadoria de Renato De Cara, reúne uma parcela da produção recente do artista, que revela sua obstinação por observar, ler e reler a paisagem natural. São 45 pinturas em madeira, em pequeno formato, que compõem um painel em que predomina as relações entre experiência, lugar, contemplação e memória afetiva.

A pintura de observação direta acompanha o artista desde o início de sua produção; desde 2017, o objeto desta observação passou a ser majoritariamente a paisagem. Muitas vezes, Mauricio Parra revisita as mesmas paisagens para, a partir das mesmas perspectivas, produzir registros diferentes. Em outros casos, produz a partir de pinturas já realizadas, como se buscasse neste ato de repetição o lugar na memória na produção pictórica. A este processo ele dá o nome de “observação indireta da paisagem”.

Emprestado de um verso da canção “Além do Horizonte”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, o título da exposição amarra a dimensão afetiva na produção do artista. “Estas pinturas remetem ao campos do cuidado e do afeto. Veja nelas relações de amizade, amor, carinho. Da preparação dos materiais e suportes à finalização da pintura, tudo é ao mesmo tempo criterioso e emotivo”, diz Mauricio Parra.

Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos oito anos, somam mais de cinquenta exposições e cerca de 70 artistas e 30 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.

Sobre o artista

Mauricio Parra (São Paulo, 1976) é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Unitau. Utiliza-se das técnicas da pintura a óleo, da gravura em metal para representar o universo de interesse de seu olhar. Freqüentou os ateliês de artistas como Rubens Matuck, com quem aprendeu sobre suportes, pintura a óleo e aquarela, o ateliê de gravura do museu Lasar Segall, onde se aprofundou no aprendizado das técnicas de gravura em metal, e o ateliê do mestre impressor Roberto Grassmann. Participa de exposições e salões dentro e fora do Brasil desde 2006. Em 2007, recebeu Premio especial na 3ºBienal de Nacional Gravura de Atibaia. Em 2009, recebeu menção Honrosa na Internacional Small Engraving Salon, na Romênia e no mesmo ano o premio de Jovens Artistas realizado pelo Espaço Cultural Citi Bank. Realizou residências em Gludsted (Dinamarca, 2013), em Marianowo (Polônia, 2015) e no Mosteiro Zen, no Morro da Vargem (Brasil, 2018). Como resultado das residências, fez duas exposições na Galeria Mezanino, SP. “Memórias do sol as 21h30” em 2014 e “Um Verão em Marianowo” em 2015 e “A Vista do Morro” na OÁ Galeria em Vitória, ES, em 2018. Em 2016, realizou a exposição individual “A ausência é um estar em mim” na Galeria Mezanino. Em 2018, participou da Coletiva EscapLand na Galeria Marta Traba no Memorial da América Latina. E, em 2019, realizou a exposição individual “Paisagem, Tempo e Memória”, na OÁ Galeria, em Viória, ES.

Sobre o curador

Renato De Cara (Lins, 1963) é curador independente, crítico de arte e gestor cultural especializado em estética contemporânea. Foi diretor e curador da Galeria Mezanino de 2006 a 2018. Dirigiu o Departamento de Museus da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo entre 2017 e 2019. Atualmente, é consultor e curador de arte da Galeria Virgíiio e do B_arco Centro Cultural. Também responde pelas relações curatoriais e coleções para o mercado da arte global na plataforma digital Artboom.

Posted by Patricia Canetti at 2:34 PM

Ricardo van Steen na Zipper, São Paulo

A intuição toma a frente da racionalidade discursiva na segunda exposição individual de Ricardo van Steen na Zipper Galeria, aberta a partir do dia 21 de novembro. Em Escapes, o artista se distancia do contexto de polarizações e busca guarida em ambientes onde mantém intensas relações afetivas. Com curadoria de Daniela Bousso, a exposição reúne oito aquarelas em grande formato, nas quais o virtuosismo técnico e o diálogo entre os movimentos artísticos figuram como características centrais.

Os trabalhos em “Escapes” se referem a dois lugares rotineiramente frequentados pelo artista: os espaços de arte (especialmente museus) e os da natureza. No caso dos museus, as obras se originam de registros fotográficos realizados pelo artista e se realizam em situações arquitetônicas configuradas pelo artista. Já as aquarelas de paisagens são produzidas em expedições de Ricardo van Steen ao ambiente natural, em uma relação entre esforço físico e observação que impregnam o resultado.

“Quando toma um fôlego, uma distância dos procedimentos maquinais do fazer artístico, Ricardo van Steen oferece uma alternativa à atualidade global e assume uma atitude que afasta os contágios que provém de matrizes moldadas em padrões homogêneos. Ao atuar na construção de um micro-espaço dentro do sistema das artes, o artista escapa do lugar-comum com uma pausa no tempo e com um aguçar perceptivo; ele cria uma série de escapes ou lugares de fuga como forma de reinserir uma camada idílica no mundo e quem sabe, reordená-lo”, escreve a curadora Daniela Bousso, que assina o texto crítico sobre a série.

Sobre o artista

Ricardo van Steen (São Paulo, Brasil, 1958) é artista visual e cineasta. Sua produção se dá uma ampla gama de suportes, como desenho, fotografia, pintura, escultura, objeto e instalação, nos quais o virtuosismo técnico e o diálogo entre os movimentos artísticos figuram como características centrais. Diretor de filmes como “Shoot Yourself” (2012), “Noel - Poeta da Vila” (2007), “Tinta Fresca” (2005), o artista tem obra na Coleção Pirelli/MASP de Fotografia. Principais exposições individuais: "Noir", Zipper Galeria, São Paulo, Brasil (2013), Galeria Millan, São Paulo, Brasil (1997). Principais exposições coletivas: "Cidades Invisíveis", Masp- Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, Brasil (2014), "7ª Bienal do Mercosu", Porto Alegre, Brasil (2009).

Sobre a curadora

Daniela Bousso é curadora, crítica de artes visuais, dirigente cultural e docente. Escreve e organiza livros de arte. É Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC. Dirigiu o Paço das Artes e o MIS – Museu da Imagem e do Som em simultaneidade, onde trabalhou na concepção e implantação do projeto de reposicionamento do MIS-SP. Foi curadora das sete primeiras edições do Prêmio Sérgio Motta de Arte e Tecnologia. Também coordenou a primeira edição do Projeto Rumos Visuais do Itaú Cultural, entre 1997 e 1998. Também foi curadora de mais de 70 exposições realizadas e recebeu diversos prêmios, como: APCA “Curadora Revelação” e “melhor programação do ano” (1992); APCA, Projeto Ocupação, 2004, Paço das Artes SP.

Posted by Patricia Canetti at 2:12 PM

Caragh Thuring na Luisa Strina, São Paulo

Em sua primeira individual no Brasil, a artista britânica Caragh Thuring mostra 11 pinturas recentes, feitas sobre linho tecido a partir de imagens de seus trabalhos anteriores

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“O fato de as palavras ‘texto’ e ‘têxtil’ compartilharem uma raiz linguística – fazer é tecer e escrever é tecer – é uma combinação útil de partes. Linhas de tecido encenam um tipo de desenho enlouquecido, puxando milhares de voltas entrelaçadas em um emaranhado de caminhos, intuição e ação. Como se capitalizasse com essa coincidência semântica, Thuring usa pinturas documentadas existentes e outras fotografias que ela tirou como arquivos de impressão de baixa resolução para tecelagem produzida digitalmente. Dessa maneira, suas telas são transformadas em antropologia gráfica, um índice de marcas e imagens próprias. Aqui, um atalho ou tautologia estranha significa que os gestos do autor, do pintor, são incorporados à tela muito antes de o ‘trabalho’ pictórico ter começado. Esta é uma reciclagem complexa de imagem e pincelada, um tipo de linguagem da pintura que usa simetria e ressonância como a composição de uma história visual”, escreve a artista Helen Marten em ensaio para uma exposição recente da colega Caragh Thuring.

Em sua primeira exposição individual no Brasil, a artista baseada em Londres reúne obras que sintetizam todo o seu léxico recente de imagens recicladas: vulcões, navios, tartan, tijolos, silhuetas apropriadas de anúncios de moda, e até mesmo um fragmento fotografado de uma pintura de Frans Hals. Sobre esta pintura em particular, intitulada The Golden Age (2019), Caragh conta que a obra surge de uma fotografia feita com seu telefone do canto emoldurado de uma pintura no Museu Frans Hals, em Haarlem, na Holanda: “Uma chuva de moedas cai de cima para baixo na imagem e habita uma variedade de planos na imagem. Algumas parecem estar na pintura ou emergir dela. Outras, do lado de fora, caindo sobre a moldura ou entre a moldura e a pintura. Pode ser uma chuva de ouro ou Danaë e Zeus”.

Um aparente paradoxo entre, de um lado, uma preocupação com o enigma da profundidade nas pinturas, e, de outro, um elogio da superficialidade, como se as pinturas pretendessem discutir o vazio de nossas vidas digitais, ou mesmo a complexidade da superfície, é um dos principais interesses de Thuring: “Acho que o trabalho funciona para todos esses paradoxos. Estou constantemente interessada no que está por trás, por baixo ou além, e não no que me é apresentado em qualquer circunstância em particular. As imagens funcionam muito espacialmente, bem como em um nível de superfície plana. Crio planos e ambientes diferentes, em camadas e co-habitando a mesma tela. Estes trabalhos tecidos, particularmente, oscilam entre profundidade e planaridade. A tela tem uma imagem já incorporada pela própria natureza da tecelagem, sobre a qual eu pinto. Há também uma enorme quantidade de espaço e tempo que se condensa na superfície. Estou usando a tecnologia de tecelagem antiga e as tecnologias digitais atuais para fazer essas fotos que, no final, são basicamente o mesmo …. 0 e 1. A obra discute todos esses aspectos à medida que coexistem e são impossíveis de separar”.

Chuchu (2019), única obra da exposição com título em português, possui uma gênese curiosa, que exemplifica a liberdade temática das obras da artista. “Vi um chuchu na casa de um amigo e pensei que parecia particularmente uma antiga escultura de fertilidade ou uma estatueta de Vênus. Acabei moldando o chuchu e fazendo uma pequena escultura de cera, e agora ele está na pintura!”, revela.

Ainda abordando as pinturas como composições de uma história visual, Helen Marten prossegue, em seu texto intitulado Motor Metaphors: Notes on the Paintings of Caragh Thuring (2019), “essa é uma característica preservada de maneira semelhante pela poesia, pelo fogo ou pelo estranho deslizamento de nuvens no céu: os contornos estão lá, mas são fugazes, de modo que a plotagem empírica está fora de alcance. A música também aciona gatilhos semelhantes. É cheia de uma vida misteriosa, contornos não totalmente perceptíveis de objeto ou imagem, mas abstrações da pluralidade óptica. Os episódios se sobrepõem, o que significa que a linha do tempo convencional de uma ‘pintura finalizada’ torna-se, aqui, elástica, porque o conteúdo foi pré-configurado”.

SOBRE A ARTISTA

Nascida em Bruxelas, Bélgica (1972), Thuring vive e trabalha em Londres, Inglaterra, e Argyll, Escócia, e tem dez anos de consistente trajetória; no momento, participa da mostra Slow Painting, exposição itinerante da Hayward na Leeds Art Gallery (24 de outubro 2019 – 12 de janeiro 2020), que viaja para The Levinsky Gallery, Plymouth (25 de janeiro – 29 de março 2020) e para Inverness e Thurso, na Escócia. No ano passado, ela teve obras incluídas nas mostras Criminal Ornamentation, Attenborough Arts Centre, Leicester, Inglaterra [com itinerância para: Royal Albert Memorial Museum, Exeter, Inglaterra; Longside Gallery, Arts Council Collection, Wakefield, Inglaterra; Southampton Art Gallery, Southampton, England]; e Virginia Woolf, An exhibition inspired by her writings, Tate St Ives, St Ives, Cornualha; [com itinerância para: Pallant House, Chichester, Inglaterra; Fitzwilliam Museum, Cambridge, Inglaterra]. Coleções públicas: Tate Gallery, Londres, Inglaterra; Arts Council Collection, Inglaterra; Kistefos, Oslo, Noruega; Government Art Collection, Inglaterra; Albright-Knox Art Gallery, Buffalo NY.


In her first solo show in Brazil, British artist Caragh Thuring shows 11 recent paintings, made on linen woven from images of her previous works

“That the words ‘text’ and ‘textile’ share a linguistic root – to make is to weave and to write is to weave – is a useful conflation of parts. Lines of thread act out a crazed type of drawing, pulling thousands of strung-together loops in a tangle of paths, intuition and action. As though capitalising on this semantic coincidence, Thuring uses existing documented paintings and other photographs she has taken as the low-resolution print­files for digitally produced weaving. In this way, her canvases are transformed into a graphic anthropology, an index of owned marks and images. Here a shortcut or strange tautology means that the gestures of the author, of the painter, are built into the canvas long before painterly ‘work’ has even begun. This is a complex recycling of image and brushstroke, a kind of language-ing of painting that uses symmetry and resonance as a composite visual history”, writes artist Helen Marten in an essay for a recent exhibition by her colleague Caragh Thuring.

In her first solo exhibition in Brazil, the London-based artist brings together works that synthesize all her recent lexicon of recycled images: volcanoes, ships, tartan, brickwork, appropriated silhouettes of fashion ads, and even a photographed fragment of a painting by Frans Hals. About this particular painting, titled The Golden Age (2019), Caragh says the work comes from a photograph taken with her telephone of the framed corner of a painting at the Frans Hals Museum in Haarlem, the Netherlands: “A shower of coins falls into the picture from the top and inhabit a variety of planes within the picture. Some appear to be in the painting or emerging out of it. Others outside, falling over the frame or tucked in between the frame and the painting. It could be a golden shower or Danaë and Zeus.”

An apparent paradox between, on the one hand, a concern with the enigma of depth in paintings, and on the other, a compliment of superficiality, as if the paintings were intended to discuss the emptiness of our digital lives, or even the complexity of the surface, is one of Thuring’s main interests: “I think the works functions for all of these paradoxes. I am consistently interested in what is behind, underneath or beyond, not what is presented to me in any particular circumstance. The pictures do function very spatially as well as on a flat surface level. I create differing planes and environments, layered onto and co-habiting the same canvas. These woven works particularly, oscillate between depth and flatness. The canvas has an image already built into it by the very nature of the weaving, upon which I then paint. There is also a huge amount of space and time that condenses onto the surface. I am using ancient weaving technology and current digital technologies to make these pictures which in the end are basically the same…. 0 and 1’s. It discusses all these aspects as they co-exist and are impossible to separate.”

Chuchu (2019), the only work of the exhibition with title in Portuguese, has a curious genesis, which exemplifies the thematic freedom of the artist’s works. “I saw a chayote at a friend’s house and thought it particularly looked like an ancient fertility sculpture or Venus figurine. I ended up casting it and making a small wax sculpture and now it’s in the painting!”, she reveals.

Still approaching the paintings as compositions of a visual history, Helen Marten continues in her text entitled Motor Metaphors: Notes on the Paintings of Caragh Thuring (2019), “this is a trait preserved similarly by poetry, by fire or the weird skid of clouds across the sky: the outlines are there, but they are fleeting such that empirical plotting is just out of reach. Music too pulls similar triggers. It is full of a mysterious life, not fully perceptible outlines of object or image, but rather abstractions of optical plurality. Episodes overlap and overlay one another, meaning the conventional timeline of a ‘finished painting’ is made elastic because content is pre-loaded”.

ABOUT THE ARTIST

Born in Brussels, Belgium (1972), Thuring lives and works in London, England and Argyll, Scotland, and has ten years of consistent artistic career; she is currently included in Slow Painting, a Hayward Touring exhibition at Leeds Art Gallery (24 Oct 2019 – 12 Jan 2020), then travelling to The Levinsky Gallery in Plymouth (25 Jan – 29 Mar 2020) and Inverness and Thurso in Scotland. Last year, she had works included in the group shows Criminal Ornamentation, Attenborough Arts Centre, Leicester, England [travelling to: Royal Albert Memorial Museum, Exeter, England; Longside Gallery, Arts Council Collection, Wakefield, England; Southampton Art Gallery, Southampton, England]; and Virginia Woolf, An exhibition inspired by her writings, Tate St Ives, St Ives, Cornwall; [travelling to: Pallant House, Chichester, England; Fitzwilliam Museum, Cambridge, England]. Public collections: Tate Gallery, London, England; Arts Council Collection, England; Kistefos, Oslo, Norway; Government Art Collection, England; Albright-Knox Art Gallery, Buffalo NY.

Posted by Patricia Canetti at 12:37 PM

novembro 14, 2019

Chiharu Shiota no CCBB, São Paulo

Com curadoria de Tereza de Arruda, Linhas da Vida reúne trabalhos que datam do início da carreira de Shiota, em 1994, até instalações inéditas inspiradas no Brasil

A transitoriedade dos ciclos da vida, a memória e a própria experiência pessoal inspiram a obra da japonesa Chiharu Shiota. Conhecida principalmente por seus trabalhos site specific em grande escala, frequentemente compostos por emaranhados de linhas, Shiota é autora de uma obra multidisciplinar, desdobrada em suportes diversos: são instalações, performances, fotografias e pinturas. A artista terá sua extensa obra celebrada na mostra retrospectiva Linhas da Vida, a partir de 13 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo (CCBB SP). Com curadoria de Tereza de Arruda e produção da Base7 Projetos Culturais, a exposição também será exibida nas unidades do CCBB em Brasília (03 de março a 10 de maio de 2020) e no Rio de Janeiro (10 de junho 06 a 31 de agosto 08 de 2020).

Nascida em Osaka e radicada há 23 anos em Berlim, Shiota iniciou sua carreira artística em 1994, tomando a pintura como principal suporte. Todavia, logo descobriu que o espaço bidimensional era limitado para seu processo criativo e expandiu para as outras linguagens. Linhas da Vida reúne cerca de 70 obras que datam desde o início de sua produção artística aos dias atuais.

“Há certos motivos que acompanham Chiharu Shiota por toda sua carreira e surgem paralelamente em sua produção, a exemplo de objetos pessoais como chaves, vestuário, cartas, mobiliário e, ainda, elementos ícones da transitoriedade, como barcos”, explica a curadora. “Fotografias, vídeos, desenhos, gravuras e objetos foram selecionados meticulosamente para uma imersão no universo de Chiharu Shiota”, completa.

Organizada em cinco núcleos, a exposição é um convite de Shiota para que o visitante faça reflexões sobre a vida, seu propósito, conexões e memória. “Quero unir as pessoas no Brasil, não importando sua origem, status social, formação educacional, nacionalidade ou qualquer outro fator divisor. Como humanos, devemos vir juntos e questionar o nosso propósito na vida e por que aqui estamos”, afirma a artista.

Já no térreo, o público vai se deparar com a grande instalação Além da Memória (2019), obra inédita, que poderá ser vista a partir de todos os andares. A inspiração vem da diversidade do povo brasileiro e de um diálogo com a arquitetura monumental e histórica do CCBB-SP. Suspensa, com 13m de altura e em forma de uma espécie de nuvem, a instalação é composta por mais de mil folhas de papel em branco. É um convite para que o público idealize sua própria história e resguarde sua memória.

Os destinos da vida são questões recorrentes no processo de criação de Shiota e nas obras que ocupam o subsolo do CCBB-SP. Ela tece as linhas de sua vida e convida o público a fazer o mesmo. Essa é a ideia presente em Linha Vermelha (2018), obra que lança luz à produção manual da artista, uma de suas principais características. Em outro momento, dois barcos escuros surgem em meio a emaranhados de cordas vermelhas como alusão aos caminhos da vida. Trata-se de Dois barcos, um destino (2019), uma metáfora da artista sobre as formas de avançar, viajar, sem necessariamente saber qual é o ponto final, tal qual o percurso da vida. “Os barcos simbolizam os portadores de nossos sonhos e esperanças, levando-nos através de uma jornada de incerteza e admiração”, diz Arruda.

Chiharu divaga sobre a ideia de uma conexão universal de todos os seres. Transforma sua história em uma linguagem artística de caráter singular, sublime e tomada de elementos triviais. É disto que nasce o conjunto de esculturas e edições organizados em Conectada com o universo (2016 - 2019), núcleo exibido no primeiro andar do CCBB-SP. As gravuras aqui expostas têm como ponto de partida um ser conectado ao universo por um fio, espécie de cordão umbilical simbolizando o início da vida antes mesmo do nascimento. Em outras obras, a artista sugere que este mesmo ser se vê imerso ou submerso em um buraco ou invólucro sem perspectiva de saída e, assim, sua conexão com o mundo externo passa a ser realizada por vias imaginárias ou mesmo espirituais.

A presença do hermetismo não é ao acaso. Em dado instante de sua trajetória, Shiota tomou uma decisão existencial e parou de pintar - na época, seu principal suporte - porque não sentia que sua vida e sua criação artística estavam conectadas, entrelaçadas. Sonhou que se via dentro de uma pintura e foi assim que concebeu a icônica performance Se transformando em pintura (1994), cujo registro é exibido no segundo andar.

A tinta usada por Shiota nesta performance era tóxica e a artista sentiu imediatamente sua pele queimar e o pigmento só desapareceu de sua pele depois de alguns meses. Passados cerca de 20 anos, a artista voltou a utilizar a tela, porém não como um suporte pictórico convencional, mas, sim, como suporte de sua assinatura pessoal, sobre a qual aplica a trama de lã originariamente utilizada em suas instalações.

Ainda no segundo andar, a artista exibe A chave na mão (2015), instalação que esteve na 56ª Bienal de Veneza, na qual Chiharu representou seu país no pavilhão do Japão. A obra é composta por dois barcos que lembram, segundo a artista, duas mãos receptoras prestes a agarrar ou deixar de lado uma oportunidade, postos em um emaranhado de 180 mil chaves.

“O montante foi coletado por Shiota em uma campanha internacional, ato que a comoveu porque as pessoas normalmente dão suas próprias chaves aos outros em quem confiam. E para artista, as chaves estão associadas a memórias pessoais que nos acompanham em nossas vidas cotidianas”, conta Tereza de Arruda. A lã vermelha usada para montar a trama que emaranha os barcos simboliza os vasos sanguíneos do corpo e conecta a multidão dos proprietários das chaves.

No último andar do CCBB-SP, um núcleo de trabalhos pautados no Corpo, tema que aparece desde os primórdios na criação de Shiota. São obras em que a artista investiga questões ligadas à identidade, memória, corpo, fragilidade e doenças.

“O trabalho de Shiota evolui a partir de uma dinâmica orgânica de fazer e criar. Nota-se aqui que dentro de uma mesma temática há uma abrangência de obras distintas, como filmes resultantes de performances intimistas, tendo a artista como única protagonista em um relato pessoal, objetos compostos de roupas, que na perspectiva de Shiota existem como uma segunda pele humana a carregar em si os traços e vestígios da experiência humana e memória aí vivenciada, ou ainda objetos de vidro representando órgãos do corpo humano sãos ou dilacerados. Estes gestos e objetos artísticos referem-se à vida humana de forma geral”, finaliza a curadora.

Simultaneamente à retrospectiva no CCBB-SP, Chiharu Shiota expõe na Japan House São Paulo a mostra Internal Line, composta por um site specific que representa a memória como tema central.

Nascida em Osaka, em 1972, atualmente vive em Berlim. A inspiração de Chiharu Shiota muitas vezes brota de uma emoção ou experiência pessoal, que ela então expande para questões humanas universais, como a vida, a morte e as relações entre os indivíduos. A artista redefine os conceitos de memória e consciência, reunindo objetos corriqueiros, como sapatos, chaves, camas, cadeiras e vestidos, e inserindo-os em enormes estruturas feitas de fios. Explora em suas instalações a sensação de uma “presença na ausência”, mas também apresenta emoções intangíveis em suas esculturas, em seus desenhos, vídeos de performances, nas telas e fotografias. Em 2008, recebeu o Prêmio de Incentivo aos Novos Artistas, do Ministério de Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão. Seus trabalhos têm sido expostos em mostras individuais em instituições de todo o mundo, como: Museu de Arte Mori, Tóquio (2019); Gropius Bau, Berlim (2019); Galeria de Arte do Sul da Austrália (2018); Parque de Esculturas de Yorkshire, Reino Unido (2018); Usina de Arte, Xangai (2017); K21 Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf (2015); Galeria Arthur M. Sackler da Smithsonian Institution, Washington DC (2014); Museu de Arte de Kochi (2013); Museu Nacional de Arte, Osaka (2008), entre outros. Também participou de várias exposições internacionais, como o Festival Internacional de Arte de Oku-Noto (2017); a Bienal de Sydney (2016); a Trienal de Arte de Echigo-Tsumari (2009) e a Trienal de Yokohama (2001). Em 2015, Shiota foi escolhida para representar o Japão na 56a Bienal de Veneza.

Tereza de Arruda é mestre em História da Arte, formada pela Universidade Livre de Berlim. Vive desde 1989 entre São Paulo e Berlim. Como resultado de um acompanhamento contínuo da produção de Chiharu Shiota nos últimos anos, foi curadora de diversas exposições da artista, entre elas a sua primeira mostra retrospectiva realizada na Alemanha, Under the Skin, na Kunsthalle Rostock (2017), acompanhada da monografia publicada pela editora Hatje Cantz; a mostra coletiva In your Heart/In your City, com a participação de Chiharu Shiota, Takafumi Hara, Tatsumi Orimoto e Yukihiro Taguchi, no Køs Museum of Art in Public Spaces, na Dinamarca (2016), assim como a primeira mostra individual de Chiharu Shiota na América Latina, realizada no Sesc Pinheiros, em São Paulo (2015). Foi curadora da mostra 50 Anos de realismo -- do fotorrealismo à realidade virtual, realizada no CCBB São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro (2018/2019), além da mostra Índia -- Lado a lado, no CCBB Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília (2011/2012). Como curadora independente, colabora internacionalmente com diversas instituições e museus na realização de mostras coletivas ou monográficas, como Ilya e Emilia Kabakov: Two Times, no Kunsthalle Rostock (2018) ou Sigmar Polke -- The Editions, no Me Collectors Room Berlin (2017) e no Museu de Arte Assis Chateaubriand de São Paulo (MASP) (2011). Desde 2016 é curadora associada da Kunsthalle Rostock. Em 2018, tornou-se conselheira do programa de residência da Fundação Reinbeckhallen em Berlim. É curadora convidada e conselheira da Bienal de Havana desde 1997 e cocuradora da Bienal Internacional de Curitiba desde 2009. (www.p-arte.com)

Posted by Patricia Canetti at 1:45 PM

Projeto FUGA / Atelier Valéria Pena-Costa e A Pilastra ocupam a Galeria Casa no CasaPark, Brasília

A Galeria Casa recebe em novembro as obras de 15 artistas convidados em um encontro de gerações de artistas das mais variadas regiões do Distrito Federal em uma cocuradoria do Projeto FUGA / Atelier Valéria Pena-Costa e A Pilastra

No próximo dia 6 de novembro, às 17h, a Galeria Casa recebe a Ocupação 9, com a mostra coletiva de 15 artistas visuais de diferentes gerações que produzem em Brasília. Atravessamentos é o resultado da parceria entre o Projeto FUGA / Atelier Valéria Pena-Costa e a galeria A Pilastra que realizam a exposição de trabalhos em vários suportes e linguagens. Pintura, escultura, instalação, site-especific, desenho dos artistas Andrea Campos de Sá e Walter Menon, Bia Medeiros, Brunetty BG, Carppio de Morais, Fernanda Azou, Gustavo Silvamaral, Jamila Maria, Lua Cavalcante, Miguel Simão, Rafael da Escócia, Rosa Luz, Wagner Barja, Waleska Reuter e Xibi Rodrigues. A mostra fica em cartaz até o dia 24 de novembro, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no 1º Piso do CasaPark, no corredor do Espaço Itaú de Cinema.

“Atravessamentos” é uma exposição que tem como curadores Mateus Lucena, da galeria A Pilastra, e Valéria Pena-Costa, do Projeto FUGA. Os artistas que participam da mostra foram convidados pelos curadores, cada qual seguindo seus critérios. “Foi uma curadoria bem pessoal”, afirma Valéria que convidou os artistas Andrea Campos de Sá e Walter Menon, Bia Medeiros, Carppio de Morais, Miguel Simão, Wagner Barja e Waleska Reuter. “São artistas de longa trajetória, trabalhos indiscutivelmente maduros e de forte expressão, e meu gosto por cada um deles”, explica a curadora.

Mateus Lucena explica que convidou artistas que estão distantes dos centros para onde converge o universo da arte. Participam Brunetty BG, Fernanda Azou, Gustavo Silvamaral, Jamila Maria, Lua Cavalcante, Rafael da Escócia, Rosa Luz e Xibi Rodrigues. “Eles fazem parte de uma geração de artistas contemporâneos que têm o Distrito Federal como berço da produção, artistas que migram diariamente para se aprimorarem, batalham nas garras o espaço que lhes foi negado. Geração do atravessamento afrontoso, do dedo na ferida do estabelecimento”, ressalta Mateus.

A mostra se configura ao mesmo tempo como um confronto e uma amálgama de artistas que trabalham com diferentes linguagens e, acima de tudo, de percursos diferentes. “Mestres ou alunos, o que os equipara são as obras como suporte para a reflexão e veículo para a coragem”, sentencia Valéria Pena-Costa.

Sobre os artistas do Projeto FUGA / Atelier Valéria Pena-Costa

O Projeto FUGA / Atelier Valéria Pena-Costa é um lugar íntimo e de imersão da artista e ao mesmo tempo um espaço para a ocupação coletiva. O local intimista e de imersão da artista é também um espaço para o coletivo, com a realização do projeto de ocupação artística F U G A, em parceria com a Galeria Alfinete.

Andrea Campos de Sá vive e trabalha em Brasília. Professora Adjunta do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, iniciou sua trajetória artística na linguagem da gravura, realizando diversas exposições coletivas. Desde 2001 desenvolve trabalho com fotografia, na qual lança mão da autorrepresentação para a criação de personagens. Walter Menon vive e trabalha em Belo Horizonte. Professor adjunto de Filosofia na UFMG, participou da primeira edição do Rumos Itaú, além de várias exposições coletivas e individuais. Como teórico publicou, em 2010, L'Oeuvre d'Art, l'Expérience Esthétique de la Vérité pela editora l'Harmattan, Filosofia da Mente pela editora intersaberes em 2016, além de inúmeros artigos em periódicos no Brasil e no exterior. Juntos desenvolvem trabalho em colaboração desde 2003. Juntos, participaram de diversas exposições entre as quais “100 anos de Athos Bulcão” (CCBB,2018), “A observação do limite” (Alfinete Galeria, 2017), “Do sofrimento, das injurias e da verdadeira paciência” (deCurator s, 2019), Brasília Síntese das Artes (2012).

Bia Medeiros é artista, professora e pesquisadora na Universidade de Brasília. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Brasília realizando desenhos, performances, composições urbanas. Coordenadora do Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos desde 1992. O mais conhecido trabalho do Corpos Informáticos é o Kombeiro (8 Kombis instaladas na L4 Norte desde 2011).

Carppio de Morais nasceu em João Pinheiro, MG. Artista, vive e trabalha em Brasília. Com 35 anos de atuação na área artística, vem participando de inúmeras coletivas no Brasil e no exterior e realizando exposições individuais. Sempre em busca de novos materiais de pesquisa, desenvolve seu trabalho questionando as relações humanas conflituosas desde a colonização do Brasil até os dias de hoje. As obras do artista estão em acervos de museus e coleções privadas do país e exterior.

Miguel Simão nasceu em Araguari - MG no ano de 1960, é radicado em Brasília desde 1979. É professor escultura no Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes Universidade de Brasília, dedica-se às práxis da escultura e participado de exposições e mostras de arte de âmbito local e nacional, sempre quando a idade máxima pré-fixada lhe permite o acesso. Paralelamente desenvolve pesquisa em processos escultórico, garantidos nas boas práticas de ateliê e também tem estudos na área de equipamentos e instrumentos para arte, além do envolvimento profundo com a gastronomia. Dentro da universidade, o seu destaque foi a criação da Galeria de Arte Espaço Piloto no ano de 2006. Atualmente desenvolve o Projeto Escultura e o Espaço Público ligado à disciplina Escultura 2 que tem como objetivo a criação, o planejamento e construção de esculturas para exposição no campus da universidade. Em 2017 realizou no Museu Nacional da República, na Galeria Acervo, a exposição individual "Aquários, Escafandros e Outros Dispositivos de Imersão. Em 2018 participou como convidado da exposição "ACT - Arte, Ciência e Tecnologia" realizada no Museu Nacional da República.

O artista visual Wagner Barja é natural do Rio de Janeiro. Há 30 anos radicado em Brasília. Participou de inúmeras coletivas e realizou individuais no Brasil e no exterior. A última mostra em Brasília, em 2015, Experiência Tumulto III, no CCBB em 2015 recebeu 70 mil visitantes. As obras do artista estão em acervos de museus e coleções privadas - Museu de Arte de Rio de Janeiro MAR, Museu Nacional de Belas Artes RJ, Museu de Arte de Brasília MAB, Museu ONCE de Madri/ES - Coleção Cândido Mendes RJ, Coleção Sérgio Carvalho DF, Coleção José Rosildete de Oliveira e Onice de Moraes, Coleção Murilo Lôbo, entre outras.

Waleska Reuter nasceu em Linhares-ES, e é graduada em artes visuais pela Universidade de Brasília. Participou de diversas mostras na cidade, entre elas Libido Dominandi, na Casa de Cultura da América Latina; O Círculo, no Museu Nacional (2007); Arqueologia do Plástico, no Espaço Piloto (2008); 1922 Semana Sísmica - Correspondências Modernas, no Museu Nacional dos Correios (2012); SEUmuSEU Expoexperimento (2013), e Melhor de 3, no Museu Nacional; Eróticas, na Galeria deCurators (2014); Quarto Escuro, na Alfinete Galeria; Ondeandaaonda, no Museu Nacional; Ciclo Bicho-Bicha, na Galeria deCurators; Ocupação 2.0, no Elefante Centro Cultural (2015); Ondeandaaonda II (2016); Não Matarás (2017), no Museu Nacional(2016); Projeto Fuga, no Atelier de Valéria Pena Costa (2017), Ondeandaaonda III, Espaço Cultural Renato Russo (2018), performance Homenagem a Eiko Hanashiro, na Galeria deCurators, performance Isto Não É uma Obra de Arte, II Salão Mestre D’Armas, Ocupação Contém, Brasília 60 – Novas Candangas, na Piscina Com Ondas, Parque da Cidade (2019). Em 2014, foi indicada ao Prêmio Pipa e, em 2019, participou da série UM.ARTISTA exibida pelo canal Arte1, e ganhou o primeiro prêmio no II Salão Mestre D’Armas, em Planaltina-DF, com a performance Isto Não É Uma Obra de Arte.

Sobre os Artistas da galeria A Pilastra

A Pilastra foi criada em 2017, pelo fotógrafo e arte-educador Mateus Lucena para receber as obras de artistas que estão fora do circuito de artes visuais tradicional. Desde sua criação, já realizou inúmeras mostras, performances e oficinas no local

Com sua origem no teatro, a artista Brunetty BG sentiu a necessidade de explorar seus horizontes e assim se especializou em canto popular e na performance. Graduanda em artes cênicas na Universidade de Brasília, atuou e foi uma das fundadoras do coletivo O Culto das Malditas, atualmente trabalha com a banda de AnarcoFunk Rainhas do Babado.

Fernanda Azou é artista de 20 e poucos anos que faz da pintura a principal mídia de propagação de seus deboches. Sua pesquisa surge a partir de observações do comportamento geracional, mais especificamente de sua geração, os Millennials, cujo principal interesse são as situações de risco que norteiam as ações destrutivas, pessoas que estão em constante perigo, abuso de drogas, sangue, cortes, feridas, violência gratuita e melancolia. Seus temas variam de punk suave à gore trashera.

Gustavo Silvamaral nasceu em Brasília em 1995. Graduando Artes Visuais na Universidade de Brasí­lia, participa desde 2015 do grupo de pesquisa Corpos Informáticos coordenado por Bia Medeiros, e também é assistente da artista Iracema Barbosa. A pesquisa do artista que vem se desdobrando em uma série de ações, objetos, instalações, desenhos e pinturas. A pictorialidade, ou seja, os elementos e formas de representação fundamentais da pintura que a tornam um meio específico de produção e circulação de imagens e imaginários são esmiuçados, tensionados e aprofundados no processo do artista.

Jamila Maria é formada em Cinema e Mídias Digitais pelo Centro Universitário IESB, com especialização em Direção de Fotografia pela AIC. Seu trabalho consiste em explorar os sentidos, sentimentos, memória e relações humanas através do corpo e palavras; bem como, natureza e objetos como forma de linguagem, além da pesquisa e interação entre diversos materiais; discursos via metáforas imagéticas, da relevância do conceito, de buscar na materialidade caminhos de pensamento, de investigar relações entre materiais e linguagens, de produzir deslocamentos de sentido, de trazer para o contemporâneo questões relevantes para a arte conceitual, como a linguagem verbal, ainda que ela se manifeste mais como sugestão discursiva do que como escrita de fato, e como é um trabalho de reflexão sobre as relações da autobiografia com questões universais.

Lua Cavalcante é tecnóloga em Fotografia formada com honrarias pelo Instituto de Educação Superior de Brasília, Lua Cavalcante é fotógrafa e arte educadora à frente do Grupo de Trabalho Acessibilidade - DF para o Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia, atuando no Centro Cultural Banco do Brasil. Lua participou da Sétima Mostra São Paulo de Fotografia, junto aos integrantes do curso Ponto Convergente, ministrado pelo Estúdio Madalena, no qual desenvolveu funções como colaboradora. Integrou a equipe de Orientadores de Público do Instituto Moreira Salles em São Paulo. Sua linguagem artística é a produção de experimentações poéticas em autorretrato, desenvolvendo investigações fotográficas sobre as particularidades e deslocamentos de seu corpo, denominado deficiente.

Rafael da Escóssia é artistão e juristinha. Formou-se em Direito pela Universidade de Brasília e atualmente pesquisa narrativas interdisciplinares que articulam expectativas, relações institucionais e corpo. Interessa-se por engenharias jurídicas e suas configurações contemporâneas, especialmente quanto a processos de legitimação e oficialidade. Trabalha de maneira multimidiática, com ênfase nos desdobramentos da noção de ‘colagem’ a partir do gesto performático, valendo-se frequentemente de recursos como mimese, paródia e comicidade. Foi selecionado para o II Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea e para o II Salão Mestre D’Armas. Realizou duas exposições individuais na galeria XXX Arte Contemporânea e vem participando de exposições coletivas desde 2018 tais como, ‘Pilastrianes’, na galeria A Pilastra; ‘Atentxs e fortes’, na Casa da Cultura da América Latina (CAL-UnB); ‘ONDEANDAONDA3’, no Espaço Cultural Renato Russo; e ‘Se eu fosse dizer que é aqui’, em NAVE arte projeto pesquisa.

Rosa Luz tem 23 anos, nasceu no Gama – Distrito Federal e atualmente mora em São Paulo. É artista visual, tendo participado de exposições individuais e coletivas no Brasil e no Reino Unido em locais como Museu da República, Museu da Diversidade Sexual, Galeria Transarte, ONU BR, Paço das Artes, SP- Arte, NN Contemporary, etc. Em 2017 lançou seu primeiro EP, Rosa Maria Codinome Rosa Luz, fruto de financiamento coletivo. Também participou do TEDxBrasília, SofarSounds Latin America, Festival Latinidades, Favela Sounds, entre outros festivais de música Brasil afora. Também produz conteúdo para internet sobre rap, artes visuais e transexualidade, postando conteúdo semanal no canal Rosa Luz. Seu som pode ser encontrado em todas as plataformas digitais.

Rayza Targino Rodrigues, ou Xibi Rodrigues, é artista visual, poetisa e produtora. Nascida no estado do Maranhão é moradora e agente cultural em São Sebastião, DF. Trabalha com diversos suportes como pintura, gravura, muralismo e tatuagem, tendo como base o desenho. As obras apresentadas na mostra Linha Curva apresentam a estética contemporânea de vivências periféricas, principalmente da mulher negra trabalhadas pela artista.

Posted by Patricia Canetti at 12:18 PM

Cruz-Diez no Porto Seguro, São Paulo

Com curadoria de Rodrigo Villela, exposição faz percurso imersivo em diferentes fases do artista e traz obras inéditas no Brasil

Figura de singular trajetória na arte contemporânea, o franco-venezuelano Carlos Cruz-Diez (1923 - 2019) dedicou sua vida ao estudo da cor nas artes contemporâneas. Artista profícuo, autor de pinturas, fotografias e instalações, foi aos poucos afastando suas criações das formas, anedotas, símbolos e até mesmo signos, num radical mergulho na cor em si - liberta ao máximo do aspecto decorativo ou secundário na representação artística. Sua extensa obra é agora celebrada na mostra Cruz-Diez: a liberdade da cor, exposição em cartaz de 9 de novembro a 2 de fevereiro, no Espaço Cultural Porto Seguro, com curadoria de Rodrigo Villela.

Nascido em Caracas, na Venezuela, Cruz-Diez interessou-se pela cor ainda criança, ao admirar a dança luminosa das garrafas que seu pai fabricava artesanalmente. Manteve a paixão pelas cores e pela potência expressiva dos fenômenos luminosos por toda a vida. Em meados de 1950, iniciou suas experimentações artísticas com a cor, o movimento e a luz e, na década seguinte, mudou-se para França, onde residiu e produziu incessantemente até seu recente falecimento, em julho deste ano.

Com um conjunto de 8 obras, além de 20 fotos, a exposição faz um percurso imersivo em diferentes fases do trabalho do artista, apresentando sua pesquisa e pensamento para além da arte cinética, movimento no qual é reconhecido como expoente pela crítica mundial.

No espaço térreo da instituição, quatro obras emblemáticas da trajetória de Cruz-Diez, três fisicromias e uma transcromia, abrem a mostra.Oriundos de coleções brasileiras, são trabalhos que introduzem o público a alguns dos fenômenos perceptivos e procedimentos fundamentais na pesquisa cromática de Cruz-Diez.

Inédita no Brasil, Labirinto Transcromia (1965/ 2017), instalação exibida no mezanino, é um convite à interação dos visitantes, que se tornam agentes criativos na mostra. Estruturas com tiras coloridas translúcidas presas ao teto, organizadas em distâncias variadas e em uma ordem específica, envolvem o espectador. Ao caminhar entre elas, surgem as mais variadas combinações e efeitos, frutos do fenômeno físico conhecido como síntese subtrativa, em que diferentes pigmentos coloridos sobrepostos produzem novas cores e, eventualmente, chegam ao preto.

Nas palavras de Rodrigo Villela, curador da exposição: "Cruz-Diez fez um percurso bastante tocante em busca da cor como potência singular. A questão é que, normalmente, nossa experiência das cores se liga a algum suporte, ou seja, a cor é percebida como um aspecto de algo, o que muitas vezes pode tender ao decorativo. Um exemplo é quando colorimos uma forma qualquer desenhada, uma flor, por exemplo, como se a cor fosse um recurso que dá mais beleza e graça. Mas o desenho da flor poderia existir sem a cor e continuaríamos entendendo o que é", explica. "É nesse sentido que Cruz-Diez se afasta gradualmente das formas e procura um contato direto com a vibração da cor e seus efeitos, algo que não depende necessariamente de uma forma. Os ambientes de cromossaturação, presentes na mostra, são um bom exemplo. E é em homenagem a esse belo mergulho, fundamental também para a arte contemporânea e a chamada pintura abstrata, que escolhemos ‘A Liberdade da Cor’ como título da exposição", completa.

No subsolo da instituição, um ambiente cromointerferente alude à transfiguração do espaço por meio da cor. Nele, quatro objetos - um cilindro, uma esfera e dois pedestais cúbicos - tem sua percepção transformada pela projeção cruzada de quatro feixes luminosos, cada um com uma cor diferente, formando uma trama de luz colorida. Em um percurso cada vez mais imersivo, ao sair desse primeiro espaço o espectador encontra a obra Cromossaturação (1965/2015), instalação composta por três salas contíguas mas com cores diferentes - vermelho, verde e azul. Não por acaso essas cores correspondem às frequências do espectro luminoso que estimulam os três tipos cones em nossa retina, células responsáveis por nossa percepção cromática. A experiência cria diferentes efeitos em nosso sistema perceptivo, habituado a receber uma ampla gama de cores simultaneamente.

Também no subsolo, uma seleção de fotografias em preto-e-branco clicadas por Cruz-Diez ao longo de sua vida, especialmente na Venezuela , nunca exibidas no Brasil. "A seção das fotografias mostra a humanidade do olhar de Cruz-Diez para com o mundo ao seu redor, e ao mesmo tempo já evidenciam seu gosto pela geometria e pelas composições equilibradas de luz e sombra - elementos clássicos da fotografia que em si tendem à abstração", reflete Rodrigo Villela. Ainda no subsolo, duas projeções: a primeira apresenta fotos de trabalhos do artista em arquitetura, como praças, prédios e monumentos ao redor do mundo. A segunda traz vídeos com depoimentos do próprio Cruz-Diez falando sobre alguns aspectos de sua trajetória e pesquisa.

A mostra ultrapassa a área expositiva da instituição com uma obra inédita, agregada à arquitetura externa do prédio, podendo ser vista tanto da rua quanto da praça do Espaço Cultural Porto Seguro. "O trabalho que eu realizo em áreas e edifícios urbanos faz parte de um discurso gerado no tempo e no espaço que cria situações e eventos cromáticos, e muda a dialética entre o espectador e o trabalho", afirmava o artista.

Sobre Carlos Cruz-Diez

Cruz-Diez (Caracas, 1923 - Paris, 2019) é considerado um dos principais expoentes da arte contemporânea. Iniciou sua pesquisa sobre a cor junto ao movimento cinético dos anos 1950-60. O desenvolvimento de sua reflexão plástica ampliou nosso entendimento sobre a cor, demonstrando que a percepção do fenômeno cromático não está associada à forma. Cruz-Diez concebeu essa proposição no que ele qualifica como estruturas espaciais, "cromoestruturas" ou suportes para eventos cromáticos, dando origem ao que conhecemos como "Fisicromia", "Transcromia", "Indução Cromática", "Cor Aditiva" e "Cromosaturação". Em suas obras, demonstra que a cor, ao interagir com o espectador, converte-se em um acontecimento autônomo capaz de invadir o espaço sem o recurso da forma, sem anedotas, desprovida de símbolos.

Foi premiado na França, na Argentina e na Venezuela, e suas obras estão em diversos acervos: Archer M. Huntington Art Gallery, University of Texas (Austin); Casa de las Américas (Havana); Collection of Latin American Art, University of Essex (Colchester); Daros Latinamerican Collection (Zurique); Museum of Modern Art (Nova York); Irish Museum of Modern Art (Dublin); Josef Albers Museum Quadrat Bottrop; Musée d’Art Contemporain de Montréal; Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris; Musée national d’art moderne - Centre Georges Pompidou (Paris); Museo de Arte Contemporáneo (Bogotá); Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber; Museo de la Solidaridad Salvador Allende (Santiago); Museum of Contemporary Art (Sydney); Museum of Fine Arts, Houston; Museum of Modern Art (Sydney); Muzeum Sztuki (Lodz); National Taiwan Museum of Fine Arts (Taichung); Neue Pinakotheke (Munique); Palais de l’Unesco (Paris); Sonja-Henie Museum of Modern Art (Hovikodden); Tate Gallery (Londres); The Blanton Museum of Art (Austin).

No Brasil, suas obras estão no acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Suas mais recentes exposições no país são: Cruz-Diez - A Cor no Espaço (Pinacoteca, 2012) e Cruz-Diez: circunstância e ambiguidade da cor (Galeria Raquel Arnauld, 2012).

Posted by Patricia Canetti at 11:41 AM

Fausto Fawcett, Marcos Bonisson e Khalil Charif na Artur Fidalgo, Rio de Janeiro

Fausto Fawcett, Marcos Bonisson e Khalil Charif, se reunem na mostra V.E.R.V.E., onde apresentam o filme Kopacabana e outros trabalhos.

Contando com vários imaginários poéticos, V.E.R.V.E. traz uma série de colagens de Fausto Fawcett, parte de uma produção inédita que ele tem desenvolvido ao longo dos anos, e que agora é desvelada.

O filme Kopacabana, de Marcos Bonisson e Khalil Charif, é um trabalho experimental elaborado através de uma colagem de imagens de atuais e de arquivo (em Super 8 e digital), ambientada numa Copacabana como epicentro de experiências interculturais, sociais e sensoriais. Narrado pela fala significante do poeta Fausto Fawcett, e sonorizado pelo músico Arnaldo Brandão.

O curta-metragem, que foi lançado no final de Junho deste ano, já tem despertado grande interesse, tendo sido premiado e exibo em mais de 30 festivais no Brasil e exterior. Agora, é apresentado aqui pela primeira vez em uma exposição, a ser inaugurada no próximo dia 12 de Novembro, na Artur Fidalgo galeria, em Copacabana.

Kopacabana (2019) – participação em Festivais (seleção)
2019 – “6 th The Americas Film Festival of New York”, Instituto Cervantes, New York, USA. (première)
2019 – “23 rd Internationale Kurzfilmtage Winterthur”, Winterthur, Switzerland. (*Oscar/Bafta qualifying Festival)
2019 – "29 th Festival Curta Cinema - Rio de Janeiro International Short Film Festival". (*Oscar/BAFTA qualifying Festival)
2019 – “LIDF19 - The London International Documentary Festival”, 12 nd Ed., London, UK. (*Oscar/BAFTA qualifying Festival)
2019 – “30 th New Orleans Film Festival”, New Orleans, USA. (*Oscar qualifying Festival)
2019 – “17 th Bogotá Short Film Festival – BogoShorts”, Bogota, Colombia. (*Oscar qualifying Festival)
2019 – “21 st Soria International Film Festival”, Soria, Spain. (*Goya qualifying Festival)
2019 – “13 th TiSFF – TESS International Short Film Festival”, Thessaloniki, Greece. AWARD: Cinematic Achievement Award 2019.
2019 – “32 nd Exground Filmfest”, Wiesbaden, Germany.
2019 – “30 th São Paulo International Short Film Festival”, São Paulo, Brazil.
2019 – “8 th Winchester Film Festival”, Winchester, UK.
2019 – “19 th aluCine Latin & Media Arts Festival”, Toronto, Canada.
2019 – “Shorts México – 14 th Festival Internacional de Cortometrajes de México”, Mexico City, Mexico.

Fausto Fawcett é escritor e compositor, cantor, letrista, romancista, contista, dramaturgo, jornalista, ator e roteirista, conhecido por suas frequentes colaborações com o também músico Laufer e por ser um grande expoente do rap e da literatura no Brasil. Suas composições mais famosas são o sucesso de 1987 "Kátia Flávia, a Godiva do Irajá"; "Rio 40 Graus", gravada por Fernanda Abreu em 1992; e "Balada do Amor Inabalável", gravada pelo Skank em 2000.
http://www.instagram.com/faustofawcettrobosefemeros/

Marcos Bonisson é artista e mestre em Ciência da Arte (UFF). Nasceu e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. É graduado em Letras e pós-graduado em Arte e Cultura. Estudou gravura, desenho, cinema e fotografia na EAV Parque Lage (1977–1981) onde leciona, atualmente. Participou da 27ª Bienal Internacional de São Paulo (2006), da XIX Bienal Internacional de Cerveira em Portugal (2017) e da BienalSur (2019). Tem participado em diversas mostras coletivas e festivais de filmes experimentais no Brasil e no exterior. Os mais recentes são: Americas Film Festival of New York (2019). Exposição: O Rio dos Navegantes (MAR / 2019). Exposição: A Paisagem no acervo do MAM-RJ (2019). O artista publicou o Livro Arpoador (Editora Nau, 2011), o Catálogo Pulsar (Editora Binóculo, MAM, 2013) e o Livro ZiGZAG publicado pela Editora Bazar do Tempo e lançado no Paris-Photo em 2017. Suas mais recentes exposições individuais foram no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2013, na Maison Européenne de la Photographie (MEP-Paris) em 2015 e na Galeria do Parque Lage em 2018.
http://www.marcosbonisson.com

Khalil Charif é artista, nascido no Rio de Janeiro. No final dos anos 90, estudou na Parsons School e New York University. Mais tarde, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e obteve Especialização em História da Arte na PUC-Rio (com estudos posteriores em Arte-Filosofia). Foi um dos contemplados com os prêmios: “Prêmio Interações Florestais 2011” (Brasil), “ExperimentoBIO 2013” (Espanha), Prêmio Especial "Art Nova 100" em "Arte Laguna Prize 2017" (Itália). Entre suas exposições estão: "Triennale of Contemporary Art”, Rep. Tcheca, 2008; "Dublin Biennial", Irlanda, 2014; "XIX Bienal de Cerveira", Portugal, 2017; "BIENALSUR", Argentina, 2019.
http://www.khalilcharif.com.br

Posted by Patricia Canetti at 10:54 AM

novembro 12, 2019

Minha terra tem palmeiras na Caixa Cultural, São Paulo

Mostra discute a formação da memória cultural do país a partir do poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias

A Caixa Cultural São Paulo recebe, de 12 de novembro de 2019 a 19 de janeiro de 2020, a exposição Minha terra tem palmeiras. Com curadoria de Bruno Miguel, a mostra reúne 40 obras de 15 artistas contemporâneos brasileiros para discutir a formação da memória cultural do país. A exposição tem patrocínio da Caixa e do Governo Federal.

São exibidas obras de Afonso Tostes, Anna Bella Geiger, Armando Queiroz, Ayrson Heráclito, Carlos Zilio, Daniel Murgel, Flávia Junqueira, Ivan Grilo, Jaime Lauriano, Marcos Cardoso, Raquel Versieux, Rodrigo Braga, Rodrigo Andrade, Vicente de Mello e Virginia de Medeiros, num recorte de algumas décadas de arte contemporânea brasileira.

O ponto de partida da exposição é o poema “Canção do exílio”, ícone do primeiro momento do romantismo brasileiro, escrito por Gonçalves Dias em 1857. Trafegando por diferentes mídias, como pintura, fotografia, gravura, desenho, escultura, instalação, objeto e assemblage, esses artistas convidam o público a uma reflexão sobre a identidade nacional, das suas origens românticas no século XIX até os dias de hoje.

Histórias e memórias

O curador Bruno Miguel destaca que artistas contam histórias e criam memórias – visuais e poéticas – sobre aspectos que geralmente passam desapercebidos pela maioria. Segundo ele, um dos principais objetivos da mostra é justamente relacionar a pluralidade de um Brasil de variados campos de pensamento artístico com temas como memória, política e ancestralidade.

“Distância é espaço e tempo. Lembrança é experiência vivida, ou não, pelo próprio ou pelo outro”, explica o curador. “Não apenas os indivíduos se lembram das coisas, mas também grupos, sociedades e nações. Lembrar e esquecer passaram a ser reconhecidos como aspectos importantes tanto da convivência em sociedade quanto também da política”, completa.

Posted by Patricia Canetti at 7:22 PM

Iris Helena na Caixa Cultural, São Paulo

Impressões sobre recibos de cartão de crédito, marcadores de página, papel higiênico, lembretes autoadesivos são suportes para os trabalhos da artista paraibana, radicada em Brasília. De 12 de novembro de 2019 a 19 de janeiro de 2020. Entrada gratuita.

A Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 12 de novembro, terça-feira, às 19 horas, a mostra da artista Iris Helena intitulada Práticas de arquivo morto - Notas. Curadoria de Agnaldo Farias, traz a público um recorte de cerca de 20 trabalhos da artista paraibana, residente em Brasília, produzidos nos últimos dez anos.

As obras de Iris Helena são produzidas a partir do uso de materiais perecíveis, e bastante presentes em nosso cotidiano, como marcadores plásticos de página, lembretes autoadesivos, papel higiênico, e recibos de cartão de crédito, que são convertidos em suportes para impressões térmicas ou a jato de tinta de fotografias ou imagens de arquivo e também na montagem de instalações de caráter narrativo. Sua pesquisa caracteriza-se pela investigação crítica, filosófica, estética e poética da paisagem urbana a partir de um diálogo entre a imagem da cidade e as superfícies escolhidas para materializá-la. Os suportes precários e ordinários são muitas vezes retirados de seu consumo cotidiano e possibilitam a (re)construção da memória atrelada ao risco, a instabilidade, sobretudo, ao desejo do apagamento.

Perecimento, fugacidade e transformação são termos caros à artista, em cuja série “Lembretes” (2009-2019), uma fotografia de paisagem de João Pessoa (PB) impressa em centenas de post its amarelos colados à parede se desfaz à medida que os adesivos se descolam da parede, abrindo espaços na instalação. A série “Ruínas” (2015), por sua vez, é feita de segmentos de papel higiênico convertidos em suporte para a impressão de fotografias de ruínas urbanas. Enquanto em “Trepidantes” os papéis são afixados à parede da galeria, as obras “Catálogo de Ruínas” são arranjadas em livros de artista, cujas fotos em jato de tinta colorido sobre papel higiênico de folha única são presas por dobradiças metálicas de porta, podendo, inclusive, ser manipuladas pelo público.

No trabalho intitulado “Diários” da série “Arquivo Morto” (2012-2019), Iris mapeia as ações do seu cotidiano nos anos de 2012, 2013 e 2014, espetando em pinos de metal centenas de notas esmaecidas de cartão de crédito, e criando uma espécie de escultura contábil. “Capital” (2014), também desta série, traz imagens de 25 monumentos brasilienses impressas em jato de tinta sobre recibos de cartão de crédito, cuja impressão térmica se apaga à medida que é exibida.

Da série paisagística “Paraísos Fiscais” são exibidas “Arqueologias Possíveis” (2016), a escultura de chão “Quadrantes | Desertos” (2016), quatro pôsteres da subsérie “Vista”, “Indício | Queda”, além de “Indício | Noturno”, obra em que recibos coloridos de supermercado sensíveis a temperatura são enegrecidos com o calor e arranjados em uma composição na parede da galeria.

“Grifos” e “Apontadores”, da série “Monumentos” (2015), são realizados com centenas de marcadores de plástico autoadesivos de página coloridos com impressões de fotografias de monumentos e ícones da arquitetura mundial. Em “Imaginário cartográfico de uma cidade brasileira”, por sua vez, Iris cria uma espécie de mapa a partir de cascas coloridas de paredes de casas como suporte de impressão fotográfica, trazendo para o frágil suporte sua reflexão acerca da formação dos núcleos urbanos brasileiros.

Ao final da exposição, a artista apresenta dois trabalhos resultantes de duas residências artísticas: a primeira, na Alemanha, traz a série chamada “Aliança” (2016), a artista se apropria de imagens do centro da cidade de Frankfurt destruída durante a Segunda Guerra Mundial combinadas às fotografias históricas da construção de Brasília impressas sobre painéis de madeira com dobradiças metálicas.

Como último trabalho, são exibidos vídeo e registros da residência artística no município de Sena Madureira (AC), realizada em 2012, onde a artista realiza uma intervenção em calendário cívico, monumento alusivo à proposição da criação do “Dia da Contemplação”, no dia 09 de agosto na cidade.

Iris Helena (João Pessoa, PB - 1987)

Teve trabalhos premiados, selecionados e expostos em diversos espaços, instituições e galerias em várias cidades do Brasil e do mundo tais como João Pessoa e Sousa (PB), e Brasília (DF), Anápolis (GO), São Paulo (SP), Rio de janeiro (RJ), Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Ekaterinburgo (Rússia), Madrid (Espanha), Miami (EUA), Bogotá (Colômbia), Santiago (Chile) e Lima (Peru).

Sua pesquisa caracteriza-se pela investigação crítica, filosófica, estética e poética da paisagem urbana a partir de um diálogo entre a imagem da cidade e as superfícies/suportes escolhidos para materializá-la.

A obra de Iris Helena possui a rara capacidade de dialogar com o tempo presente, as raízes e as marcas do que forjam a nossa história e as indagações sobre o que nos traz o porvir. A passagem de Iris Helena por diversos lugares marcou sua trajetória artística e pessoal - João Pessoa, Paraíba, onde nasceu - Brasília, cidade onde reside há 7 anos, Sena-Madureira, a pequena cidade do Acre onde desenvolveu ação poética com alunos de artes; Frankfurt na Alemanha, Olhos D'Água em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro, cidades que a receberam para residências artísticas e que seguem ecoando nos trabalhos que desenvolve.

Produziu cinco exposições individuais, participou de inúmeras exposições coletivas nacionais e internacionais, como o II Prêmio EDP nas Artes, no instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2011), City as a Process na II Ural industrial Biennial of Contemporary Art, em Ekaterinburgo na Rússia (2012). Participou do programa Rumos Artes Visuais edição 2011-2013 do Itaú Cultural. em 2017 foi contemplada como o Prêmio FOCO Bradesco na ArtRio Fair. Participou de residências artísticas na cidade de Sena Madureira, Acre (2012), Frankfurt, Alemanha (2013), Brasília, DF (2014) e Olhos D'agua, GO (2015) e é integrante do grupo de artistas pesquisadores VAGA-MUNDO (CNPq).

Posted by Patricia Canetti at 6:47 PM

Animal na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto e São Paulo

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto a exposição Animal: uma reedição da exposição que ocorreu na galeria de Ribeirão Preto em 2010, com texto de apresentação novamente assinado pela pesquisadora e cientista Anette Hoffmann. A partir da inclusão de novos trabalhos, a reedição pretende ampliar a leitura sobre o fascínio que, em todas as épocas, o animal despertou na mente humana. Poderão ser vistas obras em linguagens diversas como pintura, fotografia e escultura produzidas em um período que compreende meados da década de 1930 até o ano de 2016 em diferentes partes do mundo, do Vietnã de Pierre Verger às Ilhas Galápagos de Claudia Jaguaribe. Os bichos que compõem a mostra se apresentam em múltiplas configurações, de um despojado sapo à giz de cera de um Volpi da década de 1950 a um complexo "Autorretrato como gato coruja" de Luiz Paulo Baravelli.

O caráter das relações que se estabeleceram entre o homem e o animal ao longo da história foram das mais diversas. Mágicas, sangrentas, sagradas ou violentas, foram sendo construídas por nós a partir da necessidade de compreendermos a nossa própria humanidade – ou animalidade – e o nosso elo com o divino ou sobrenatural. Do consumo de sua carne, couro e força de trabalho, passando por sua dominação e domesticação progressiva, até a sua clonagem em laboratório, é possível observar uma dinâmica em que o animal ocupa uma posição de subalternidade. No entanto, no imaginário ou até mesmo no cotidiano de muitas culturas, as fronteiras entre o homem e o animal foram frequentemente cruzadas.

As obras reunidas na exposição nos convidam a refletir tanto sobre questões ancestrais quanto tecnológicas, nos localizando na iminência de um futuro pós-humano e nos conclamando a rever nosso conceito de humanidade. Anette Hoffmann, em seu texto de apresentação comenta: "como muitos viajantes que no passado aportaram no Novo Mundo, Ivan Serpa constrói um bestiário pessoal, numa espécie de inquietante transgenia poética. Marcello Grassmann percebe o animal como um espelho no qual se refletem as múltiplas facetas de seu próprio ser. Valeu-se desta percepção para desenvolver a capacidade de evadir-se em outras vidas, num procedimento metamórfico capaz de levá-lo ao fundo de si próprio. Dentro de uma concepção anímica, muito presente em sua produção artística, Mario Cravo Neto promove fusões que propiciam ao homem acesso, mediado pelos animais, ao sagrado imanente na natureza."

Artistas participantes: Alfredo Volpi, Ana Elisa Egreja, Ana Paula Oliveira, Claudia Jaguaribe, Cristina Canale, Edu Simões, Eleonore Koch, Ernesto De Fiori, Gabriela Machado, Guima, Guto Lacaz, Ivan Serpa, Julio Villani, LIUBA, Luiz Paulo Baravelli, Lygia Clark, Marcelo Grassmann, Marianita Luzzatti, Mario Cravo Neto, Milton Dacosta, Niobe Xandó, Paola Junqueira, Pierre Verger, Ranchinho, Renato Rios, Rodrigo Braga, Rogério Degaki, Silvia Velludo, Siron Franco, Tarsila do Amaral, Tatiana Blass, Thomaz Ianelli, Victor Brecheret, Vincent Ciantar, Yamamoto Masao.

Posted by Patricia Canetti at 4:38 PM

Luiza Gottschalk na Praça das Artes, São Paulo

Entre 13 de novembro e 17 de dezembro de 2019 acontece na Praça das Artes, em São Paulo, a exposição “Ensaio Aberto”, individual da artista Luiza Gottschalk em conversa com a curadora Ana Paula Cohen. Realizada na Sala de Exposições do complexo cultural, no edifício da atual sede da Escola de Dança de São Paulo, a exposição cria um espaço de inter-relação entre artes visuais e cênicas (dança, teatro e música) partindo de pinturas inéditas desenvolvidas pela artista e da criação de uma coreografia, elaborada junto a um grupo de bailarinos no decorrer das cinco semanas de exposição.

Serão apresentadas pinturas inéditas de grande escala, feitas a partir de uma técnica desenvolvida pela artista recentemente. Usando pigmento e água sobre dois tecidos sobrepostos, os trabalhos são posteriormente separados, criando assim desdobramentos não idênticos de uma mesma imagem. Na Sala de Exposições da Praça das Artes, tombada pelo seu valor histórico, as obras contam com expografia desenvolvida pela curadora e pela artista em parceria com o arquiteto Tito Ficarelli, do arkitito.

Acompanhando a instalação de pinturas, a artista propõe ativar a exposição com uma coreografia inicial criada por Emilio Rogê a partir da pintura “A boneca de lata”, de 2015. Os ensaios, acompanhados por um grupo de dançarinos – formado por convocatória aberta em escolas de dança –, serão realizados durante as cinco semanas de exibição, duas vezes por semana, e seguidos por ensaios abertos com discussão sobre a coreografia. Todo o processo acontecerá no espaço de exposição, nos períodos em que estará aberto ao público.

Nestes encontros, a relação do público com as pinturas será tanto contemplativa quanto ativada pela experiência da dança, da música e dos espelhos instalados no espaço. Os dançarinos estenderão a coreografia inicial junto ao coreógrafo e à artista, a partir de relações estabelecidas no embate com as pinturas apresentadas, de forma que cada dia de trabalho seguido de ensaio aberto e discussão seja usado como material disparador para o próximo ensaio. O primeiro ensaio aberto será no dia da abertura da exposição, dia 12 de novembro, às 19hs.

Luiza Gottschalk Pesquisa a relação entre pintura e espaço dramático, trabalhando a intersecção de linguagens como a pintura, o teatro e a dança. Foi artista criadora da companhia de Teatro Os Satyros e Satyros Cinema, onde trabalhou de 2008 a 2018, atuando como atriz, cenógrafa, produtora, diretora e educadora em 48 trabalhos dentro da Companhia. Fez sua primeira exposição individual como artista visual, Acidente, na Estação Satyros (2016). Participou das 46º, 47º e 49º Anual de Arte, na FAAP, São Paulo, ganhando segundo e terceiro prêmios. É formada em Artes Cênicas (2002) pelo Teatro-Escola Célia Helena, graduada em Artes Plásticas (2014) e pós-graduada em Artes Visuais (2018) pela FAAP.

Ana Paula Cohen é curadora independente, editora e escritora. Foi curadora residente do Center for Curatorial Studies – CCS, Nova York; co-curadora da 28ª Bienal de São Paulo; e co-curadora do Encuentro Internacional de Medellín – MDE07, na Colômbia. Recentemente curou exposições como: Embodied Archeology of Architecture and Landscape, no Tel Aviv Museum, Israel, e On Cohabitaon: films by Yael Bartana, no Banff Centre for the Arts, Canada. Cohen foi co-diretora do PIESP – Programa Independente da Escola São Paulo; professora visitante no programa de mestrado do California College of the Arts, em San Francisco, Estados Unidos; e diretora do Programa para artistas Bolsa Pampulha, 4ª edição, em Belo Horizonte. Atualmente é coordenadora da Pós-graduação em Estudos e Práticas Curatoriais, que criou na FAAP, e doutoranda no Núcleo de Estudos da Subjetividade, na PUC, em São Paulo.

Emílio Rogê é diretor de teatro certificado pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Atua como diretor de teatro e encenador, coreógrafo e arte-educador. É fundador e diretor artístico do Ínfimo Teatro. Dirigiu, ao lado de Luiza Gottschalk, o espetáculo [ENTRE], peça percurso que cumpriu temporada na Escola Estadual Alarico Silveira (2019), e coreografou o espetáculo circense Queerbaret, dirigido por Luh Maza e criado especialmente para o Festival Internacional de Circo da Cidade de São Paulo (2019). Na Cia de Teatro Os Satyros, dirigiu e assinou a dramaturgia do espetáculo Hora de Brincar e foi coreógrafo dos espetáculos Pink Star e Cabaret Trans Peripatético (2017/2018). Mineiro, vive e trabalha na cidade de São Paulo desde 2016.

Posted by Patricia Canetti at 1:47 PM

novembro 7, 2019

Aleta Valente + Marcela Cantuária na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro

A galeria A Gentil Carioca tem o prazer de convidar a todes para a abertura das exposições individuais Superexposição, de Aleta Valente, e La larga noche de los 500 años, de Marcela Cantuária, que acontecerá no dia 9 de novembro, sábado, a partir das 19h.

Em Superexposição, Aleta Valente relaciona duas investigações: a primeira remete ao fenômeno que ocorre na fotografia quando a abertura do diafragma da câmera permite a entrada de luz sob longa duração, conferindo espectros, movimento e até mesmo borrões no extracampo da imagem; a segunda seria a autorrepresentação como forma de repensar a imagem da mulher na sociedade capitalista e o modo como seus corpos crescem balizados pela influência da mídia, tornando-se suportes para qualquer tipo de venda ou violação. O trabalho de Aleta derrete essas narrativas através de obras fotográficas, vídeos, instalações e arte digital - características imersivas de sua primeira conta no Instagram @ex_miss_febem que durou 2 anos (Jan/2015 a Jan/2017), com produção diária de autorretratos, vulgo selfies, propondo também uma reflexão sobre a efemeridade e a materialização na arte contemporânea.

Em La larga noche de los 500 años, Marcela Cantuária apresenta trabalhos que resultam de seu interesse em evidenciar narrativas que partem de múltiplas perspectivas, tecendo aproximações entre as esferas do social, do político e do onírico. Suas pinturas geram pontos de contato entre temporalidades distintas, inserindo rastros de disputas simbólicas sobre o acirramento da luta entre as classes sociais, a exploração de recursos naturais e manifestações que aludem às urgências das lutas feministas. Ao mesmo tempo Marcela entrecruza a luta pela dignidade dos povos originários, tensionando eventos relacionados ao terrorismo de gênero. A mostra de Cantuária traz um texto especial concebido por Aldones Nino.

A programação não para por aí!

Seguiremos para Encruzilhada Gentil, celebrando uma noite bem quente e agitada. Se liga na programação:

Assumindo o "sampling" como método-base de criação, vibraremos ao som do rapper Joca João Caetano S. da Costa, que reconstruirá a narrativa de suas vivências ao tocar músicas de seu primeiro álbum "A Salvação é Pelo Risco: O Show do Joca".

Além disso, dançaremos todes ao som de µrsinho, DJ e artista visual de El Salvador, mais conhecido como Herbert De Paz, que traz para encruza muito reggaeton, cumbia, pop, reggae e dancehall para embalar a noite.

Paralelamente vamos lançar a octogésima quinta Camisa Educação, edição especialmente criada por Antoine Guerreiro Do Divino Amor, vencedor do Prêmio Pipa 2019. É a camisa da Supereducação Supergentil Superioca das civilizações Supersuperiores Superpálidas.

Posted by Patricia Canetti at 2:23 PM

Regina Silveira na Luciana Brito, São Paulo

Pela primeira vez em sua trajetória são apresentadas em conjunto as obras em porcelana e vidro realizadas pela artista nas últimas décadas

A Luciana Brito Galeria tem o prazer de anunciar a exposição individual de Regina Silveira, Coisas. A mostra, com abertura em 9 de novembro – final de semana em que acontece o Art Weekend – reúne, pela primeira vez, um panorama da produção em porcelana da artista, linguagem que há décadas desenvolve em paralelo às suas conhecidas instalações e exposições. A mostra inclui, ainda, uma instalação inédita em vinil na fachada do Anexo.

Em Coisas, são apresentadas mais de 30 obras de Regina Silveira, produzidas entre a década de 1990 e 2018: peças de porcelana e vidro de uso doméstico, de que a artista se apropria e sobre as quais intervém, deslocando seu significado. Essas obras – que são todas peças únicas – são entendidas pela artista como uma transformação de objetos banais do cotidiano, deslocados do campo da experiência e do uso, por sua intervenção. Para Silveira, seu trabalho com azulejos e todo o conjunto de obras em porcelana e vidro enquadram-se dentro de seu modo abrangente de usar os meios. Apropriar-se de um objeto do cotidiano para alterar o seu significado é, também, uma operação constante em sua poética.

Essas obras acompanham há décadas a pesquisa da artista, que vê, nelas, o mesmo interesse que em fazer gravuras, atribuindo a cada uma um tema, conexão e propósito próprios. Algumas delas foram apresentadas em exposições institucionais, no contexto do projeto ou série de que fazem parte. É o caso, por exemplo, das porcelanas com sobrevidrado da série Crash – pratos, sopeiras, jarras e vasos que simulam ter sido alvo de tiros de revólver – na sua individual homônoma no Museu Oscar Niemeyer – MON, Curitiba, em 2015. Outro exemplo presente em Coisas é a obra Matar a sede, de 2017, criada a partir do convite para participar da exposição Yoko Ono: O céu ainda é azul, você sabe..., realizada no Instituto Tomie Ohtake, onde Silveira exibiu uma jarra de cristal sobre a qual foram escritos todos os pecados capitais.

Desde os anos 1960, Silveira – que receberá uma grande retrospectiva no MAC USP em 2020 – desenvolve uma obra avessa a catalogações simples, e esta mostra não é diferente. Em sua visão conceitual, Regina Silveira encara a técnica como meio, não como fim, e concilia uma vontade racional de apreensão da realidade através dos sistemas clássicos de representação com um impulso surrealista pelo qual questiona e gera estranhamentos dentro desses mesmos sistemas. Agora, em Coisas, suas obras em porcelana e vidro ganham uma camada adicional de significação não apenas ao serem agrupadas, mas ainda ao serem exibidas na residência de arquitetura moderna que abriga a Luciana Brito Galeria – uma construção de Rino Levi também originalmente concebida para uso doméstico e transformada em espaço expositivo.

Regina Silveira (n. 1939, Porto Alegre. Vive em São Paulo, SP) Bacharel em Arte pelo Instituto de Artes do Rio Grande do Sul (1959), Mestre (1980) e Doutora em Arte (1984) pela Escola de Comunicações e Artes da USP, sua carreira docente inclui o ensino no Instituto de Artes do Rio Grande do Sul (1964-1969), na Universidade de Puerto Rico em Mayaguez (1964-1973), na FAAP SP (1973-1985) e na ECA USP, de 1974 até o presente. Desde os anos 60 realiza exposições individuais e participa de coletivas selecionadas, no Brasil e exterior. Artista convidada pela Bienal de São Paulo (1981, 1983, 1998), Bienal Internacional de Curitiba (2013 e 2015) e Bienal do Mercosul (2001, 2011), participou da Bienal de La Habana, Cuba (1986, 1998 e 2015), da Médiations Biennale, em Poznan, Polônia (2012), da 6th Taipei Biennial (2006), da 2nd Setouchi Triennale, Japão (2016) e da 1 a BienalSur, em Buenos Aires, Rosário, San Juan (Argentina, 2017). Coletivas recentes são: Walking Through Walls, Martin Gropius Bau, Berlim, (2019); O Poder da Multiplicação/Die Macht der Vervielfáltigung, MARGS, Porto Alegre (2018) e Spinnerei Halle, Leipzig (2019); Mixed Realities, Kunst Museum, Stuttgart (2018); Imprint, Academy of Fine Arts, Varsóvia (2017); Future Shock, Site Santa Fe, (2017); Radical Women in Latin America, Hammer Museum, Los Angeles (2017), Brooklyn Museum (2018) e Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018); Consciência Cibernética (?), Itaú Cultural (2017). Individuais recentes são: Não Feito, Alexander Gray Associates, Nova York, EUA (2019); Octopus Wrap, Seattle Art Museum, Seattle, USA (2019); UP THERE, Santander Farol, São Paulo (2019), EXIT, Museu Brasileiro da Escultura – MuBE (2018); Todas as Escadas, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto (1918); Crash, Museu Oscar Niemeyer – MON, Curitiba (2015); El Sueño de Mirra y Otras Constelaciones, Museo Amparo, Puebla, México (2014); 1001 Dias e Outros Enigmas, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2011); e Abyssal, Atlas Sztuki Gallery, Lodz, Polônia (2010). Entre suas premiações estão o Prêmio MASP (2013), o Prêmio ABCA pela carreira (2012) e o Prêmio Fundação Bunge (2009). Foi bolsista das fundações Fulbright (1994), Pollock-Krasner (1993) e Guggenheim (1990). Sua obra está representada em inúmeras coleções públicas e privadas, no Brasil e no exterior.

Posted by Patricia Canetti at 1:55 PM

Destaque na 58ª Bienal de Veneza, Swinguerra será exibido na Fundação Iberê, Porto Alegre

A obra documental-musical dos artistas Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, comissionada pela Fundação Bienal para representar o Brasil em Veneza, acompanha três grupos de dança da periferia de Recife.

No dia 10 de novembro, domingo, o Cine Iberê exibe dois filmes em diálogo com a 33ª Bienal de São Paulo - Itinerância Porto Alegre. Às 16h tem A vingança do cinegrafista (La Revanche du Ciné-opérateur), de Ladislas Starevich, com música composta e executada ao vivo por Vagner Cunha. E às 17h, sessão comentada do curta Swinguerra, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, com a jornalista Gabriela Almeida.

Com curadoria da produtora de cinema e artes visuais curadoria de Marta Biavaschi, a proposta do Cine Iberê é apresentar filmes raros sempre relacionados às exposições da Fundação.

Curta, mudo e animado de 1912

A Vingança do Cinegrafista é um filme mudo de animação realizado em stop-motion e protagonizado por besouros. Uma fábula sobre ciúme e infidelidade, com toques de cinismo. A obra integrou a exposição Stargazer II [Mira-estrela II], com curadoria da sueca Mamma Andersson, na Bienal de São Paulo de 2018.

Ladislas Starevich (1882-1965) é cineasta, roteirista, diretor de arte e fotógrafo russo radicado na França. Funcionário do Museu de História Natural, o pioneiro da animação em stop-motio utilizava insetos e outros animais como protagonistas de suas histórias.

Vagner Cunha é compositor, arranjador e multi-instrumentista e atua nos mais diversos estilos na cena musical contemporânea. Atualmente, é diretor musical da Camerata Ontorte Recanto Maestro e dedica-se às apresentações da Ópera O Quatrilho, composição de sua autoria, com libreto de José Clemente Pozenato.

Swinguerra

Sucesso de público e de crítica, Swinguerra acompanha três grupos de dança da periferia de Recife e apresenta um retrato complexo e empático do Brasil. O título foi inspirado pela swingueira, movimento popular de dança do nordeste brasileiro, em fusão com a palavra guerra.

Conhecidos pela pesquisa sociológica e estética de músicas e danças populares, Bárbara e Benjamin optaram por dar protagonismo a este movimento cultural que nasce de uma mistura inusitada: o frevo já impregnado nos corpos junta-se à dança que se estrutura a partir das quadrilhas de São João, enquanto a trilha sonora traz uma seleção de canções do pagode baiano, e os grupos, de 10 a 50 bailarinos, são avaliados em competições sob os mesmos critérios dos desfiles de escolas de samba.

Gabriela Almeida é Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS, com estágio na Universidad Autónoma de Barcelona. Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA, é professora e coordenadora do curso de Jornalismo da UniRitter (RS) e integra a rede de pesquisadores e artistas Radical Film Network e a Latin American Studies Association (LASA). Coordena o GP Estéticas, Políticas do corpo e Gêneros da Intercom, e, como pesquisadora e docente, tem como temas cinema não-ficcional, ensaio fílmico e interseções entre cinema e artes visuais.

PROGRAMAÇÃO

Auditório
10 de novembro, domingo

16h - Cinema Mudo com Música ao Vivo
A vingança do cinegrafista
Ladislas Starevich, 13min, 1912, França
Música composta e executada ao vivo por Vagner Cunha
Classificação indicativa: 16 anos
Entrada gratuita (por ordem de chegada)
Agradecimento especial: Vagner Cunha

17h - Sessão Comentada
Swinguerra
Bárbara Wagner e Benjamin de Burca, 23min, 2019, Brasil
Sessão comentada com Gabriela Almeida
Classificação indicativa: 14 anos
Entrada gratuita (por ordem de chegada)
Cortesia: Fortes D'Aloia e Gabriel, São Paulo e Rio de Janeiro
Agradecimentos especiais: Bárbara Wagner, Benjamin de Burca, Cacilda Teixeira da Costa, Gabriela Almeida e Fundação Bienal de São Paulo

Posted by Patricia Canetti at 1:12 PM

Art Weekend: Referência Galeria de Arte ocupa Galeria Rabieh, São Paulo

Durante a 4ª edição da Art Weekend de São Paulo, a Referência Galeria de Arte de Brasília ocupará uma sala de exposição na Galeria Rabieh com obras de Julio Lapagesse, Pedro Ivo Verçosa e Virgílio Neto

De 8 a 10 de novembro, a Referência Galeria de Arte de Brasília participa da 4ª edição da Art Weekend de São Paulo, com a mostra “Conexão Cerrado” que apresenta as obras de Júlio Lapagesse (desenho e colagem), Pedro Ivo Verçosa (pintura à óleo) e Virgílio Neto (desenho), fundadores do Espaço Breu, na Barra Funda. A mostra leva à Galeria Rabieh três artistas brasilienses que iniciaram suas trajetórias artísticas na capital federal e hoje moram e produzem em São Paulo.

Há 11 anos no mercado de arte, a Galeria Rabieh, localizada na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 147, recebe a Referência Galeria de Arte, de Brasília, uma das seis galerias de fora de São Paulo a participar do evento que reúne 45 galerias da cidade. “É uma forma interessante de o público de São Paulo conhecer o que artistas de outras regiões do país estão produzindo, em espacial em Brasília”, afirma a galerista Onice de Moraes, da Referência.

Julio Lapagesse, Pedro Ivo Verçosa e Virgílio Neto, que hoje vivem e produzem em São Paulo, trabalham juntos há cerca de uma década, desde quando moravam em Brasília compartilhavam o ateliê coletivo Laje e mais tarde, o Nova. “São artistas jovens com uma trajetória ascendente e cujas obras já fazem parte de coleções privadas e de instituições públicas com importantes prêmios no currículo”, explica Onice Moraes. Hoje, os três artistas trabalham em seus ateliês no Espaço Breu, onde também dão cursos, realizam exposições e recebem artistas que estão residindo temporariamente em São Paulo e precisam de um ateliê para trabalhar.

A visitação à mostra “Conexão Cerrado” acontece na sexta, das 10h às 16h, sábado, das 11h às 20h, e domingo, das 12h às 18h. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre para todos os públicos. No sábado e no domingo, a Art Weekend realiza circuitos de visitação às galerias participantes do evento com transporte gratuito em vans.

Sobre os artistas

Formado em Bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, Julio Lapagesse tem como suas principais pesquisas a memória afetiva, as enciclopédias e a colagem na arte contemporânea. Foi integrante dos ateliês Espaço Laje e Nova em Brasília. Atualmente, Julio mora em São Paulo e gerencia, junto a outros 5 artistas, o Espaço Breu, um ateliê expandido, onde esses artistas buscam ampliar suas atividades para além de suas produções individuais. Em sua trajetória como artista visual, realizou inúmeras mostras individuais e coletivas. Em 2006, participou da exposição Artessários 4ª Edição - Museu de Arte de Brasília. Em 2010, participou da 2ª edição da Contrast vs Bigup! Artshow; e do Salão Universitário da UnB - Espaço Piloto. Em 2013, Centerfolder, Galeria Referência de arte; Sem Registro 2 – Espaço Laje; e Kohë Dhe Kujtesë: Gravura Bashkëkohore Braziliane – Albânia. Em 2016, participou da mostra Combos, na Hill House, da mostra Individual Nomes Antigos - Espaço F/508 de Fotografia; e foi selecionado e participou da mostra do Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea, Caixa Cultural Brasília. Em 2018, 100 Anos de Athos - Centro Cultural Banco do Brasil Brasília e São Paulo; Dialetos 2 - Centro Cultural São Paulo; e Desaguar - Espaço Breu SP.

Pedro Ivo Verçosa nasceu em 1985, natural de Brasília, reside em São Paulo há cerca de quatro anos. É artista plástico formado pela UnB. Seu principal trabalho é de pintura e fotografia, onde pesquisa a percepção do tempo e seu registro. Foi integrante do espaço Laje em Brasília de 2011 a 2015. Participou de uma exposição individual em Brasília (DF) e inúmeras mostras coletivas em espaços no Brasil, Portugal e Inglaterra em instituições como Espaço Piloto- UnB, Museu Nacional do Conjunto da República, Espaço Ecco, MAMAM-Recife, entre outros. Foi selecionado para o Salão de Artes do Iate Clube e recebeu o primeiro lugar no I Salão Universitário Prêmio Espaço Piloto em Brasília. Foi finalista do Transborda Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea é um dos fundadores do Espaço Breu, em São Paulo.

Virgílio Neto é artista plástico e desenvolve seu trabalho utilizando como principal suporte a linguagem do desenho. Desde 2008 tem participado constantemente de exposições em galerias, instituições e espaços independentes em várias cidades do Brasil. Em 2011 foi selecionado para participar do projeto Rumos do Itaú Cultural. Em 2012 ficou em primeiro lugar no Prêmio EDP nas Artes do Instituto Tomie Ohtake, também no mesmo ano teve seu livro Talvez o Mundo Não Seja Pequeno publicado pela Bolha Editora. Em 2013 realizou duas exposições individuais: The White Crash no Banff Centre no Canadá e Ausente Presente pelo Prêmio de Arte Contemporânea da Funarte em Brasília. Em 2014 foi indicado pela segunda vez ao Prêmio Pipa Investidor de Arte. Em 2016 foi um dos ganhadores do Prêmio Transborda Brasília. Em 2019 participou da Temporada de Projetos do Paço das Artes em São Paulo com uma exposição individual. Foi um dos sócios fundadores do Espaço Cultural Laje, em Brasília, que funcionou de 2011 a 2015 e hoje participa do Espaço Breu, em São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 12:51 PM

Amilcar de Castro, Franz Weissmann e Waltercio Caldas no MAM, Rio de Janeiro

Esculturas feitas em aço pelos grandes artistas Amilcar de Castro (1920-2002), Franz Weissmann (1911-2005) e Waltercio Caldas (1946) ocupam cerca de 1.800 metros quadrados no segundo andar do MAM

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a partir de 9 de novembro de 2019 a exposição Força Precisão Leveza – aço e criação artística, que destaca o uso do aço como material na produção de três grandes artistas, de diferentes gerações:Amilcar de Castro (1920-2002), Franz Weissmann (1911-2005) e Waltercio Caldas (1946). Com curadoria de Franklin Espath Pedroso, as cerca de 30 esculturas – reunidas em uma área de 1.800 metros quadrados no segundo andar do Museu – pertencem ao Instituto Amilcar de Castro, Instituto Franz Weissmann, Waltercio Caldas, Pinakotheke Cultural, ao próprio Museu e à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio, entre outros acervos.

A exposição celebra “o ingresso da Ternium como mantenedora do Museu”, informam Paulo Albert Weyland Vieira e Henrique J. Chamhum, diretores do MAM. A mostra tem ainda o apoio do IED (Istituto Europeo di Design), que desenvolveu a programação visual e, junto com o curador, o projeto expográfico.

“Força Precisão Leveza – aço e criação artística”propõe ao público uma reflexão sobre o uso do aço nas obras desses grandes artistas, seus diferentes processos e abordagens, e de que maneira eles desenvolveram questões como leveza, equilíbrio, geometria e matemática. O curador buscou aproximações sutis entre os trabalhos, ao invés de agrupar as obras por artistas. As obras percorrem um arco de tempo dos anos 1950 aos 2000.

“São três artistas de diferentes gerações e com um rico universo, e reunimos pela primeira vez este conjunto de esculturas, em que o público poderá observar a versatilidade e o desenvolvimento deste material neste período da história da arte brasileira”, diz Franklin Pedroso. “Vale lembrar que todas as obras aqui reunidas tiveram origem naqueles elementos brutos e primários que, submetidos à ação transformadora da ciência e da indústria, resultaram em um elemento chamado aço, ao qual cada um desses três artistas conferiu nova e diferente significação através de seus respectivos processos criativos”. O curador conclui afirmando que “nada transforma mais do que a arte. A arte transforma a vida e transforma o público, que por sua vez também transforma a obra de arte, que só adquire sua plena significação em virtude dessa interação com o espectador”.

OBRAS/ARTISTAS

De Amilcar de Castro estarão 11 obras, de tamanhos variáveis, a mais antiga delas de 1955: “Shiva” (1955), em ferro, 90x150x155cm, que há décadas não era vista em exposições. Além do acervo do Instituto Amilcar de Castro, esculturas do artista pertencentes à Pinakotheke Cultural e à Coleção do MAM integrarão a exposição. Nos jardins projetados por Burle Marx (1909-1994), estará ainda uma escultura bem conhecida do público:“Sem título” (2000), de 240cm x 194,5 x 94 cm, doação feita ao Museu pelo poeta e crítico Ferreira Gullar (1930-2016).

Franklin Pedroso destaca que Amilcar de Castro “quase sempre utiliza placas densas e grossas de aço e simplesmente as dobra com tamanha suavidade como se fossem simples folhas de papel. Ele apenas faz incisões como se fossem linhas e dobra o aço. Com essas incisões cria os espaços vazios que às vezes o olho comum não é capaz de perceber em um primeiro instante”.

De Franz Weissmann estarão as obras históricas “Coluna concreta” (1951/2003), de 224 x 60 x 60 cm, um ícone da história da arte brasileira, e “Torre” (“Coluna neoconcreta I”, 1957), de 140 x 55 x 55 cm, além de “Sem título” (1957/2003), e outras das décadas de 1970, 1980 – como “Flor tropical” (1980) –, 1990 e a mais recente, “Espaço circular” (2004/2011), de 206 x 187 x 115 cm. Weissmann é o artista brasileiro com mais obras em espaços públicos.

O curador destaca que Weissmann “foi um dos grandes nomes do projeto construtivo brasileiro e sua obra é uma referência para muitos”. “Ele costuma trabalhar com placas de aço mais finas, mas nem por isso com menor força. Ele corta e as une com solda. São milhares de combinações num grande jogo de encaixes e repetições”, aponta.

De Waltercio Caldas estarão obras pouco conhecidas no Brasil, como “Mar de Exemplo” (2014), só vista no ano de sua criação no Sesc Belenzinho, em São Paulo, em aço inoxidável e acrílico, que ocupará uma área de 30m x 15m, e “O Incidente” (1995), nunca vista no Brasil. E complementam esculturas emblemáticas do artista que combinam aço inoxidável e fio de algodão ou lã, dos anos 1990 e 2000.

Franklin Pedroso afirma que “as obras de aço de Waltercio Caldas são sempre muito bem polidas e de grande precisão. Muitas vezes ele as combina com outros elementos que aparentemente são opostos ao aço: um simples fio de lã ou algodão ou até mesmo o vidro. Meticulosamente planejadas e executadas, suas obras expõem bem sua narrativa poética. São excepcionais, de pura harmonia e plenas de significados”.

“Maior produtora de aço da América Latina, a Ternium opera, desde 2016, na cidade do Rio de Janeiro, sua maior unidade operacional, gerando mais de nove mil empregos e promovendo ações e projetos sociais no seu entorno”, apontam Paulo Albert Weyland Vieira e Henrique J. Chamhum, diretores do MAM.

PROJETO EDUCATIVO

O programa educativo Eu, Você e o MAM irá realizar atividades artístico-educacionais desenvolvidas especialmente para que se vivencie a exposição “Força Precisão Leveza – aço e criação artística”, disponibilizando inclusive transporte a escolas públicas e entidades sem fins lucrativos cadastradas, de toda a área do Grande Rio.

Fernanda Candeias, Gerente de Relações com a Comunidade da Ternium, ressalta a importância de apoiar ações que promovem arte e cultura. “A nossa prioridade é sempre incentivar o desenvolvimento social na cidade do Rio de Janeiro, em especial na comunidade de Santa Cruz. Ficamos muito felizes com a oportunidade de colaborar com a realização desta exposição, fomentando assim, arte e cultura para o nosso município”, disse.

Posted by Patricia Canetti at 12:27 PM

David Lamelas na Jaqueline Martins, São Paulo

Galeria Jaqueline Martins tem orgulho em apresentar Nomadic Architecture, de David Lamelas. A primeira exposição individual do artista a ser realizada em uma galeria brasileira. A abertura está marcada para 8 de Novembro, das 17 às 21 horas.

A mostra é a primeira parte do projeto Gallery Share, realizado em conjunto com as galerias Herlitzka + Faria (Buenos Aires) e Jan Mot (Bruxelas). Em 2020, será a vez da Galeria Jaqueline Martins levar um artista brasileiro à capital argentina.

Seria fácil classificar David Lamelas (Buenos Aires, 1946) como um artista conceitual. Flexível e nômade, seu trabalho é avesso a grandes teatralidades e propõe deixar clara sua materialidade e organização processual. Organizada em torno da instalação site-specific Folded Walls (1994/2018), a exposição apresenta desenhos e esculturas que buscam questionar quais as potencialidades criticas e curatoriais existentes no (aparentemente) simples deslocamento de um trabalho artístico de uma cidade para o outra. O evento de abertura apresentará também uma performance que se relaciona com os trabalhos em exposição.

Folded Walls foi concebida pela primeira vez em 1994 quando Lamelas, que então morava em Nova York, foi convidado a expor em Buenos Aires. Após solicitar e receber as dimensões das paredes do espaço onde seria organizada a sua exposição, o artista decidiu por reproduzir (em uma imensa folha de papel em tamanho real) uma das paredes do espaço argentino. Em seguida, meticulosamente dobrou a reprodução em tamanho real, guardou-a dentro de uma caixa-mala e levou-a para Buenos Aires, onde a reprodução foi exibida por cima da parede real. A embalagem, agora posicionada aberta junto à parede real e à reprodução, soma-se à instalação e propõe uma discussão acerca do lugar da arte e dos problemas/potencialidades inerentes à transferência de trabalhos site-specific. Folded Walls é, portanto, uma obra nômade que pode ser realizada num local diferente por meio de uma simples questão curatorial. É uma obra minimalista na qual o cubo branco, enquanto espaço branco neutro ideal para a exibição da arte em si, é desvelado pelo frágil papel dobrado, num aceno crítico destinado a guiar a experiência por meio de uma proposta que é concreta e totalmente desprovida de ilusão.

David Lamelas nasceu em Buenos Aires, em 1946, e estudou pintura e escultura na Academia Nacional de Belas Artes da Argentina. No fim dos anos 60, sua pesquisa se distanciou do ambiente Pop Art da época e se aproximou de metodologias conceituais mais relacionadas à apropriação de tecnologias e estratégias de comunicação de massa. Em 1967, Lamelas exibiu sua instalação Dos Espacios Modificados na 9ª Bienal de São Paulo, onde foi premiado com destaque.

Após representar a argentina na Bienal de Veneza de 1967, David Lamelas seguiu uma intensa carreira internacional, em plena atividade até hoje. Expôs na Documenta de Kassel em 1972 e na maioria das grandes instituições internacionais, como o Kunstmuseum (Basel, Suiça), MoCA (Los Angeles), Secession (Viena) e o MoMA (Nova York). O artista também integra a coleção do Instituto Inhotim (Brumadinho, Brasil).

Posted by Patricia Canetti at 11:10 AM

Três Paisagens na Casa do Parque, São Paulo

Casa de Cultura do Parque traz pesquisas sobre paisagem em mostra inédita

Com curadoria de Cauê Alves, exposição aborda a subjetividade paisagística através de obras de Ana Paula Oliveira, Daniel Caballero e Fernando Limberger

Para além de um espaço ou território determinado, a paisagem é uma construção que agrega elementos naturais e geográficos e, ainda, algo da história e da cultura. Reflexões sobre a temática permeiam a mostra Três Paisagens, coletiva com os artistas Ana Paula Oliveira, Daniel Caballero e Fernando Limberger e direção artística de Claudio Cretti. A exposição tem abertura em 9 de novembro e fica em cartaz até 26 de janeiro, na Casa de Cultura do Parque.

“A paisagem está ligada às projeções, ao que ainda irá acontecer, ao porvir, e também ao devir”, diz o professor e curador Cauê Alves. “Seja natural ou artificial, a paisagem está diante ou ao redor de nós e portanto é indissociável do ambiente em que vivemos”, completa.

A diversidade retratada nos trabalhos de Oliveira, Caballero e Limberger, concebidos a partir de intervenções no ambiente expositivo ou de elementos recolhidos da natureza, visa contribuir para a ampliação da consciência do mundo e para a superação das adversidades ambientais.

Segundo o curador, a paisagem sempre foi objeto de investigação das ciências e das artes, desde os naturalistas na América do Sul, como Karl Friedrich Philipp von Martius e Alexander von Humboldt, até os contemporâneos. Entre os modernistas, ele destaca a pesquisa de Roberto Burle Marx, que ao longo de sua trajetória, além da Mata Atlântica, trabalhou com plantas do cerrado, espécies amazônicas e do sertão nordestino.

Três Paisagens segue essa investigação. A exemplo de Dark Tropicália (2019), de Daniel Caballero, série de quatro pinturas em lonas de caminhão, com fragmentos de árvores e cipós. O preto, cor predominante das obras, representa a tropicalidade da Mata Atlântica e chama a atenção para o obscurantismo da contemporaneidade em relação às florestas.

Viajante, o artista está envolvido desde 2015 com pesquisas em terrenos baldios e remanescentes do planalto paulista. O estudo resultou em materiais para o projeto Cerrado Infinito, composto por vídeos que caminham entre performance e documentário e apontam para investigação de uma natureza em colapso. O trabalho, com um viés de ativismo político, aborda a resistência de espécies vegetais desvalorizadas, reforça o posicionamento contra a homogeneização da paisagem e reabre a discussão sobre ambiente e construção de vistas urbanas.

Além de artista, Fernando Limberger é paisagista profissional e propõe uma relação entre paisagem e paisagismo. Com a instalação Paisagem reflexa: Parque Villa-Lobos (2019), ele constrói um espelhamento do parque vizinho na área externa na Casa de Cultura do Parque. O vínculo é estabelecido pela coleta, tratamento e plantio das sementes de espécies do Villa-Lobos, semeadas sobre um desenho de inspiração modernista que nunca vai se completar, pois algumas sementes não vão germinar e outras requerem mais tempo que os três meses da exposição. O reflexo do título também se aplica à ideia de reflexão sobre o projeto paisagístico e o local onde o parque foi implantado – um antigo aterro de materiais de construção, lixo e material de sedimentação retirado do Rio Pinheiros. Após o término da mostra, as mudas dispostas na “sementeira” serão distribuídas para pessoas interessadas em cultivá-las.

Limberger também exibe a Série verde, ambientes (2018), nove desenhos criados com penas tingidas de preto sobre papel em tonalidades esverdeadas. Semelhante à instalação, os desenhos aludem a vistas aéreas de projetos paisagísticos, plantações, áreas aradas, caminhos e outras paisagens manejadas.

Em Tempo Hábil (2019), Ana Paula Oliveira inventa paisagens a partir de 5 mil origamis de cigarras e peças de madeira-de-lei retiradas de antigas ferroviárias. Suspensas e presas por cintas que amarram carga de caminhão, elas apoiam as leves dobraduras que invadem o espaço. Na mostra, a artista faz uso de animais metalizados, naquim sobre o papel e demais materiais para representar linhas e casulos semelhantes a fósseis, que evidenciam a interrupção da vida.

No dia 30 de novembro, às 16h, acontece um bate-papo sobre Três Paisagens, com o curador e os artistas. Em janeiro, a Casa de Cultura do Parque também promove uma série de ações educativas de férias em torno da exposição.

Posted by Patricia Canetti at 10:46 AM

Dan Coopey na Estação, São Paulo

A obra de Dan Coopey, inglês que vive entre São Paulo e Londres, chamou a atenção de Vilma Eid, diretora da Galeria Estação, não só pela particular qualidade, mas também, pelo diálogo que estabelece com parte de seu elenco: uma arte produzida a partir de elementos singelos. São cestarias de formas orgânicas, trançadas artesanalmente pelo artista, e composições concebidas por meio da apropriação de objetos fabricados. Com curadoria do professor Raphael Fonseca, curador do MAC Niterói, a exposição Sunday divide-se em três núcleos: uma que dá continuidade ao seu fazer com a cestaria; e outras duas com trabalhos construídos com lápis de cor e caixas de fósforos.

Segundo o curador, as formas orgânicas e fechadas da cestaria produzida anteriormente por Dan Coopey dão espaço a um caráter mais indefinido. “Pensando na relação entre o tempo e o fazer, é como se o artista convidasse o público a completar as tramas que pendem ainda como fios desses objetos”. São trançados em materiais tão diferentes como o sisal, o papel, fibra de banana e os cordões de plástico, com tamanhos, cores e curvas que se movimentam de acordo com os limites da matéria.

As outras duas séries de trabalhos dão continuidade tanto ao uso de objetos industriais quanto a uma apreensão do tempo. Em um primeiro olhar chama atenção o cromatismo dos lápis, mas quando o espectador se aproxima, múltiplas narrativas se apresentam devido à relação entre os textos impressos e as imagens mentais que podem ser criadas. “Um dos trabalhos é composto por uma série de lápis com a divulgação da Paçoquinha Paulista e logo abaixo a frase que poderia ter sido extraída de um meme contemporâneo: ‘sempre invejada nunca igualada’, destaca Fonseca.

Com os trabalhos feitos com caixas de fósforos, as narrativas vão além dos nomes das marcas. Coopey abre as caixas e as coloca lado a lado fazendo uma colagem das respectivas imagens publicitárias: desejos de boas festas, promoções, tipografias das mais variadas e figuras humanas. Encostados na parede, os fósforos de diversas cores constroem uma espécie de círculo cromático incompleto. “Esses novos trabalhos do artista, portanto, não deixam de também fazer um comentário sobre a própria história de São Paulo e sua posição central na história do capitalismo e da industrialização no Brasil”.

Para Fonseca, esta exposição parece tornar possível perceber o lugar central que o tempo ocupa na produção de Dan Coopey, que se dá não apenas no seu interesse pelo fazer ancestral da cestaria, mas também na maneira como o artista discretamente cria tramas com objetos e imagens de diferentes temporalidades. “Um olho explora os mistérios da organicidade de um material frágil e efêmero, ao passo que o outro manipula objetos que desejavam a vida eterna e que já podem ser vistos como ruínas. Entre um e outro olhar, algo em comum: uma indagação a respeito da permanência”, completa o curador.

Dan Coopey (1973, Stroud, Reino Unido) vive e trabalha entre São Paulo e Londres. No Brasil apresentou Interiors, na Pivô, São Paulo, (2017) e participou da coletiva (o), com curadoria de Catarina Duncan, na Galeria Leme, São Paulo (2018). Com curadoria da brasileira Fernanda Brenner, fez parte da mostra Neither, no espaço da galeria Mendes Wood DM, em Bruxelas (2017). Entre outras individuais estão Dry, Kubikgallery, Porto (2017), lalahalaha, Belmacz Gallery, Londres (2015), Laura UpsideDown, Institute of Jamais Vu, Londres (2012); Position 1, Agency Gallery, Londres (2010); e Doodad, Hayward Gallery, Londres (2009). Em 2011 foi artista comissionado do Up Projects and Arts Council England para produzir uma instalação itinerante. Já entre projetos e mostras coletivas recentes estão Mingei Now, com curadoria de Nicolas Trembley, Stokton Gallery, Quioto (2018); Amaranthine, Kupfer, Londres (2018); In the Peaceful Dome, The Bluecoat, Liverpool (2017); A Merman I Should Turn To Be, Bartlett Gallery, Londres (2014); Fourth Drawer Down, Nottingham Contemporary (2014); The World is Almost 6000 Years Old, The Collection, Lincoln Museum, com curadoria de Tom Morton (2013).

Posted by Patricia Canetti at 10:21 AM

Meta-Arquivo: 1964–1985: encontros no Sesc Belenzinho, São Paulo

Sesc Belenzinho promove encontros com artistas da exposição Meta-Arquivo: 1964–1985 – Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura.

9 e 23 de novembro de 2019

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino 1000, Belenzinho, São Paulo, SP
11-2076-9700

Em cartaz no Sesc Belenzinho, até o dia 24 de novembro de 2019, a exposição Meta-Arquivo: 1964-1985 - Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura, conta com os Programas Públicos (saiba mais), que são atividades grátis, complementares aos temas abordados. Nestes encontros, os artistas Ana Vaz, Grupo Contrafilé, O grupo inteiro, Giselle Beiguelman, Ícaro Lira, Mabe Bethônico, Paulo Nazareth, Rafael Pagatini e Traplev buscam aprofundamento e reflexão acerca das pesquisas realizadas para a criação das obras expostas.

A exposição, com curadoria e pesquisa de Ana Pato e em parceria com o Memorial da Resistência reúne nove obras inéditas, elaboradas a partir dessas pesquisas junto aos arquivos públicos sobre o período da Ditadura Civil Militar Brasileira (1964-1985). Com caráter pedagógico, a mostra surge como um espaço expandido de aprendizado, cujo objetivo primordial é despertar a reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?

Próximas atividades dos Programas Públicos

Obra: Memória e Resistência
Encontro com Traplev e Marília Bonas
Dia 9 de novembro de 2019. Sábado, às 18h.
Local: Galpão. Grátis. Livre.

A partir de sua pesquisa sobre a memória das organizações clandestinas do período de 1960 a 1970 que lutaram contra a Ditadura Civil Militar no Brasil, Traplev propõe uma conversa com Marília Bonas, historiadora e coordenadora do Memorial da Resistência.

Traplev (SC) realiza pesquisas sobre outras formas de narrar os acontecimentos políticos, e o artista discute as estratégias de comunicação da grande mídia, a partir da apropriação e da interferência gráfica em material jornalístico e notícias compartilhadas em redes sociais. É editor geral e cofundador da publicação Recibo, com mais de 74 mil exemplares distribuídos gratuitamente de 2002 a 2016. Entre as exposições recentes, destacam-se as Individuais Novas Bandeiras entre Almofadas Pedagógicas, na Sé Galeria, e Sistemas de Estruturas e Elementos de Fachada, Sala 7, na Galeria Fayga Ostrower em Brasília (DF) / Funarte, e as coletivas Mitomotim, no Galpão Videobrasil, e Trienal Frestas de Arte Contemporânea, em Sorocaba (SP).

Obra: Impulso Historiográfico
Encontro com Giselle Beiguelman
Dia 23 de novembro. Sábados, às 18h.
Local: Galpão. Grátis. Livre.

Giselle Beiguelman toma como ponto de partida o texto, ainda inédito em português, An Archival Impulse, de Hal Foster, publicado na revista estadunidense de crítica de arte October. A artista propõe uma tradução, em forma de paráfrase e fac-símile, indagando, a partir da obra dos brasileiros Bruno Moreschi, Bianca Turner e Tiago Sant’ana, o impulso historiográfico, que levaria ao artista do Sul Global contemporâneo de volta à história e ao (re)processamento dos documentos.

Giselle Beiguelman (SP) é artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU USP). Pesquisa a preservação de arte digital, arte e ativismo na cidade em rede e as estéticas da memória no século 21. Desenvolve intervenções artísticas no espaço público e com mídias digitais. Entre seus projetos artísticos recentes destacam-se Odiolândia (2017); Memória da Amnésia (2015); e as exposições individuais Monumento nenhum (2019), Cinema Lascado e Quanto pesa uma Nuvem? (2016). É autora de Memória da Amnésia: Políticas do Esquecimento (Edições Sesc, 2019), entre outros livros, artigos e ensaios.

Posted by Patricia Canetti at 7:58 AM

Hello.Again: Daniel Albuquerque no Pivô, São Paulo

Sobre o que falamos quando apresentamos tecidos como obras de arte? Há uma opção quanto à fatura destas obras: elas são feitas à mão. O tempo humano entra na equação por essa porta. Os tecidos estão no mundo, não são virtualidade. São simultaneamente matéria presente e resíduo processual.
Daniel Albuquerque

No dia 9 de novembro, às 15h, o Pivô inaugura a exposição Cômodo, de Daniel Albuquerque. A mostra integra o programa Hello.Again, em que projetos inéditos de artistas em início de carreira são apresentadas na recepção da instituição, uma vitrine de 70 m2 no térreo do edifício Copan. Albuquerque explora as potencialidades do espaço para dar continuidade à investigação sobre as implicações do uso do tecido como matéria de produção poética.

Cômodo reúne uma série de composições feitas em tricô sustentadas por correntes tensionadas por pesos pendendo do teto até o chão. As linhas verticais e horizontais que formam o quadro são distorcidas pela relação de forças criada pelos materiais distintos que compõem suas partes. Segundo Albuquerque, submetido às condições do espaço e da gravidade, o tricô pode ser entendido como um corpo presente, mas também como índice de seu processo de feitura.

Denominados Quartos, os trabalhos desta série enfrentam o problema da perspectiva espacial como construção cultural que orienta nossos modos de ver. Afinal, a maneira que enxergamos o mundo é intrínseca à visão ou aprendemos a enxergar dessa forma?

Albuquerque está interessado em explorar as diferentes percepções provocadas no espaço da recepção do Pivô: uma vitrine, lugar que se situa em posição intermediária entre exterior e interior. Além disso, a trama do tricô permite que se enxergue através dele, integrando os vazios à composição espacial. Para o artista, o positivo (a matéria) é entendido como continuidade do negativo do espaço vazado. Transparente e opaco se complementam.

Daniel Albuquerque (Rio de Janeiro, 1983) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Mestrando em História Social da Cultura, na PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ. Foi residente no programa Pivô Pesquisa em 2015/2016. Exposições individuais recentes: “Oral”, BFA Boatos Fine Arts, São Paulo, SP, 2017 e “Good Day”, Projeto especial, Galeria Cavalo, Rio de Janeiro, RJ, “To Daddy”, curadoria Marina Coelho, Kunsthalle São Paulo, São Paulo, SP e “Bikini Projects #2”, curadoria Marina Coelho, Kubik Gallery, Porto, Portugal, 2016. Coletivas de destaque: “36º Panorama de Arte Brasileira: Sertão”, curadoria Julia Rebouças, MAM-SP, 2019; “Circularidade vã”, curadoria Guilherme Marcondes e João Paulo Quintella, Espaço Foz, Rio de Janeiro, RJ; “A terceira mão”, curadoria Erika Verzutti, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, SP; “Daniel Albuquerque & Puppies Puppies”, BFA Boatos Fine Arts, Milão, Itália, 2017 e “Lastro em campo”, curadoria Beatriz Lemos, SESC Consolação, São Paulo, SP; “Permanências & Destruições”, curadoria João Paulo Quintella, Rio de Janeiro, RJ; e “Choro e lágrimas não têm sotaque” , curadoria Fernanda Brenner, Camden Arts Council, Swiss Cottage Library, Londres, Inglaterra, 2017.

O programa Hello.Again tem como objetivo receber o visitante com intervenções realizadas na recepção do Pivô, promovendo um diálogo entre a rua, o Edifício Copan, as exposições em cartaz e os programas de formação de artistas. Em Hello. Again, os artistas são convidados a desenvolver projetos que levem em consideração o ambiente físico onde serão realizados e a realidade observada no entorno do Copan.

Posted by Patricia Canetti at 7:23 AM

novembro 6, 2019

Rodrigo Linhares no MAC USP, São Paulo

O Museu de Arte Contemporânea da USP apresenta a exposição Rodrigo Linhares | Vivências por Reflexo, com mais de cem trabalhos realizados pelo artista desde meados dos anos 2000 até os dias de hoje. A curadora Adriana Dolci Palma explora o processo de formação e afirmação do artista por meio das relações que, direta ou indiretamente, ele estabeleceu com o pensamento e as obras de intelectuais e artistas vinculados à trajetória do próprio MAC USP. “As vivências reveladas em seus trabalhos – disparados e gestados por meio de suas relações com literatura, cinema, política e a própria arte, entre outras problemáticas – vem atingindo crescente amadurecimento e expressividade”, ressalta a curadora.

Rodrigo Linhares é formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Santa Maria (RS). Trilhando as linguagens da arte conceitual já em seus primeiros trabalhos, sua produção é marcada pela fotografia, pela manipulaçao de imagens digitais e pelo uso do próprio corpo na formação dessas imagens. “Procuro compor experimentações que questionam as relações entre as narrativas e os jogos de linguagem. Na prática, estas experimentações tratam de colocar em cheque a presença concreta das coisas numa tentativa de refletir sobre o papel do sujeito que vivencia a experiência a partir da experiência vivenciada pelo o outro, a experiência por reflexo”, define o artista.

Em 2018, Rodrigo Linhares apresentou uma exposição individual no Museu de Arte de Ribeirão Preto e participou da mostra coletiva [DIS]TRÓPICOS#2 na Funarte, além de ter sido indicado ao Prêmio PIPA de Artes Visuais. Nos anos anteriores recebeu o Prêmio Aquisição no 44º Salão de Arte Luiz Sacilotto (2016) e o Prêmio Aquisição no 42º Salão de Arte de Ribeirão Preto (2017). “O amadurecimento permitiu-lhe deixar apenas recentemente um processo de intensa aparição da própria imagem nas obras, para sua presença sintetizar-se na fusão integral com o mundo, seja o mundo humano, animal, científico ou das paixões”, avalia a curadora. Destaca-se, nesse contexto, uma obra inédita que Rodrigo produziu especialmente para essa mostra.

A exposição é uma das três selecionadas pelo MAC USP após chamada pública realizada no final de 2018 para exposições temporárias. O trabalho de seleção teve como parâmetros a vinculação da proposta à política de exposições do Museu, o seu ineditismo e a sua coerência conceitual. O Museu recebeu 190 propostas e selecionou três projetos, nas modalidades curadoria (Rodrigo Linhares | Vivências por Reflexo, de Adriana Dolci Palma), mostra individual (Universo Invisível, de Paulo Nenflídio) e mostra coletiva (Carma Ideológico, Grupo Empreza).

Posted by Patricia Canetti at 8:26 PM

Leonilson por Antonio Dias na Pinakotheke, São Paulo

Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção: A exposição reúne 38 obras de Leonilson pertencentes a seu amigo Antonio Dias

Depois de passar por sua sede no Rio de Janeiro, que só na primeira semana recebeu mil visitantes, a Pinakotheke Cultural traz para São Paulo a exposição que celebra a amizade entre Leonilson (1957-1993) e Antonio Dias (1944-2018). Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção dá sequência a uma programação que vem abordando a amizade entre artistas, como em Estética de Uma Amizade –Alfredo Volpi e Bruno Giorgi, realizada no primeiro semestre de 2019, no espaço paulistano.

As 38 obras reunidas, entre desenhos e pinturas e objetos, foram concebidas nos anos 1980, exceto a tela em feltro e algodão “o biblioteca: o espelho” (dezembro, 1992), envida por Leonilson em 1993, pouco antes de sua morte, com dedicatória e uma carta para Dias. A ideia da mostra surgiu em outubro de 2015, em Fortaleza, quando Antonio Dias preparava sua individual na Galeria Multiarte. Na ocasião, ele, sua mulher Paola Chieregato e Bia e Max Perlingeiro iniciaram o projeto.

Era vontade do artista paraibano que aos 14 anos mudou-se para Rio de Janeiro, além de mostrar esta coleção, contar a história de sua amizade com Leonilson, que começou no outono de 1981, na Itália, como conta Perlingeiro. Ao chegar na Estação de trem em Milão, vindo de Madri, Leonilson, resolve ligar para Antonio cujo contato lhe foi passado por Arthur Luiz Piza (1928-2017) em Paris, por intermédio de Geraldo Holanda Cavalcanti, embaixador do Brasil junto à Unesco (Paris 1978-1981). Na ligação, imediatamente Antonio diz “vem pra cá”. “Dali em diante começou uma grande amizade, com respeito mútuo, confiança, afeto, que durou até a morte de Leonilson”, completa Perlingeiro.

A exposição apresenta também registros entre os dois artistas, cartas e fotografias, e se completa com quatro obras pertencentes a outras coleções. O projeto se desdobra em um livro homônimo (Edições Pinakotheke, capa dura, bilíngue (port/ingl), 120 páginas), com textos de Paola Chieregato e Max Perlingeiro, um depoimento com Luiz Zerbini, a pedido do Antonio, uma entrevista com Thomaz Cohn, galerista e amigo dos dois artistas, e uma cronologia da trajetória de Leonilson, além das imagens das obras da exposição.

JOSÉ LEONILSON BEZERRA DIAS (Fortaleza, CE, 1957-1993) está entre os principais nomes da arte contemporânea brasileira. Participou de importantes mostras no Brasil e no exterior, como Bienais, Panoramas da Arte Brasileira e a emblemática “Como Vai Você, Geração 80?”. Precocemente falecido em 1993, com apenas 36 anos, tem tido sua memória preservada pela Sociedade Amigos do Projeto Leonilson, considerada centro de referência da vida e da obra do artista. Foi fundada em 1995 por seus amigos e familiares, notadamente por sua irmã, Ana Lenice Dias, presidente da instituição. Segundo a crítica Lisette Lagnado, grande estudiosa da obra do artista, cada peça realizada por Leonilson é construída como uma carta para um diário íntimo. Manifestou-se em diferentes linguagens: pintura, bordado, desenho, instalação, figurino, cenário teatral e textos. Em suas obras, dizia que o texto era tão importante quanto a figura. A solidão e o amor foram os grandes temas investigados por Leonilson. “Em sua trajetória podem ser destacados três núcleos formativos: a primeira etapa (1983-88) busca uma definição estética por meio do ‘prazer da pintura’; em seguida (1989-91), o artista encontra um ponto de firmeza no tema do ‘abandono’ e em sua inclinação para os valores românticos; nos dois últimos anos de sua vida, a alegoria da doença domina por completo a linguagem”, afirma Lagnado.

Até 1986, o traço do desenho consiste em envolver as formas com um contorno mais escuro, à maneira do graffiti norte-americano. A partir de tal ano, e de sua amizade com Albert Hien, incorpora dados “metafísicos”. O período de 1989 a 1993 é de intensa produtividade. Nele, surgem os bordados e as costuras, como em “anotações de viagem”, trabalhos feitos com botões, pedras semipreciosas e bordados exibidos na Galeria Luisa Strina, em São Paulo. O universo da costura é familiar a Leonilson, por ser filho de um comerciante de tecidos e ter, também, o hábito de ver a mãe bordar. Para Lagnado, além desses dados, em sua obra há certas similitudes com os shakers, membros de seita religiosa norte-americana, como o uso marcante de mapas ou o costume de bordar a roupa de cama com iniciais ou números.

Posted by Patricia Canetti at 7:17 PM

Hilal Sami Hilal na Marilia Razuk, São Paulo

A exposição Tudo bem, do artista capixaba Hilal Sami Hilal, tem como fio condutor o trecho de uma música de Bob Dylan, que o artista sempre guardou em sua memória:

“Tudo bem, meu filho?
Tudo bem, mamãe, só estou sangrando”

As palavras se repetem como um mantra em diversos trabalhos da exposição "Tudo bem". Um grande painel feito de cobre e oxidação, mostra a forma de uma cruz, um “curativo”, que remete à uma ferida. Os trabalhos em pequena dimensão surgem a partir de pedaços deste, pequenas gravações são tiradas da obra maior.

A ideia central é falar sobre a linguagem como principal vergalhão de nossa existência, nossa sustentação, fazendo referência a um ambiente trágico, doentio, em sua poesia.

Traços psicanalíticos e biográficos estruturam a trajetória de Hilal Sami Hilal. Os materiais utilizados pelo artista criam uma atmosfera sombria mas também brilhante, com o uso de cobre, ouro, pós de metal, oxidantes e tramas.

Outro conjunto de trabalhos presente na exposição, começou a se desenhar há 2 anos atrás. “Alepo”, cidade natal do pai do artista, foi palco da guerra na Síria, e dá título à esta série. Trata-se de um tecido de massa de papel e pó de ouro, as marcações feitas com pedras e cacos de ladrilho, lembram furos de bala, evocando as situações de catástrofe da guerra, elevando o título da exposição, tão simples e corriqueiro, a um paradoxo, um enigma típico da poética do artista. A origem árabe do artista se evidencia em sua obra através da profusão de enigmas e palavras, bem como a presença de arabescos e uma profusão de dourado e oxidação.

As obras de Hilal Sami Hilal nos levam a um lugar de fascínio e beleza próximo do êxtase religioso, e sua profunda experiência em métodos de gravura, dão às obras um caráter de revelação.

Posted by Patricia Canetti at 9:02 AM

novembro 5, 2019

Gabi e Luciana Ferreira na CAL, Brasília

“Nada me disseram sobre a fragilidade das coisas” ocupa a galeria de Bolso da CAL a partir de 5 de novembro

A exposição Nada me disseram sobre a fragilidade das coisas resulta da colaboração em uma micro-residência artística realizada pelas artistas visuais Gabi e Luciana Ferreira na Galeria de Bolso da CAL, com acompanhamento curatorial de Yana Tamayo. Durante o período de duas semanas as artistas desenvolveram um trabalho a partir das características oferecidas pelo espaço: sua materialidade arquitetônica, as relações históricas que atravessam a existência deste espaço na cidade, a cultura e as relações sociais que se colocam a partir dele.

Em 2017, Gabi e Luciana foram alunas do 3o grupo formado pelo Laboratório da Nave - grupo de acompanhamento crítico orientado por Yana Tamayo que tem como foco a experimentação e o estudo sobre as pesquisas dos artistas participantes. Desde então – e como é comum acontecer com outros artistas que descobrem no grupo mais espaços de troca e colaboração intelectual -, elas descobriram afinidades de pesquisa sobre as quais decidiram trabalhar juntas, desde então.

Gabi traz para o espaço gestos que emergem do desenho, das superfícies planas, tratando os rígidos elementos da arquitetura como se pudessem alcançar as possibilidades das folhas de papel; Luciana observa o espaço em suas possibilidades narrativas: da matéria às histórias, das histórias da matéria, do mínimo detalhe ao maior ruído presente. A partir de procedimentos e linguagens distintas, porém aproximadas numa escuta do espaço, as duas artistas constroem juntas, nessa exposição, um diálogo entre suas poéticas e as invisibilidades guardadas pelo tempo em cada superfície, em cada parede, no chão e no teto.

Gabi é graduada em Artes Plásticas e participa de exposições coletivas, desde 2008. Desenvolve trabalhos em colagem, fotografia e instalação. Atualmente, produz seus trabalhos no ambiente expositivo utilizando a materialidade do próprio local, presentificando no processo relações com o tempo e a efemeridade, noções de paisagem e percepções sutis da obra situada no espaço. Vive e trabalha no Distrito Federal.

Luciana Ferreira é artista visual. Atualmente, faz doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília na linha de pesquisa Deslocamentos e Espacialidades da área de concentração Métodos, processos e linguagens. Seus trabalhos envolvem intervenções em livros, subversões de leituras, ações registradas em vídeos e experiências sonoras com ruídos. Todas essas frentes propõem algum tipo de desconstrução narrativa. Faz exposições de seus trabalhos, desde 2011, tendo participado também de ações de ocupação artística, intervenção urbana e residência. Integra o coletivo Espaços da Escrita.

Yana Tamayo é artista visual, educadora e curadora independente. É sócia-fundadora da Nave, espaço autônomo de arte onde desenvolve projetos de pesquisa e formação em arte, curadoria e execução de exposições. Doutora em Arte na linha de pesquisa Poéticas Contemporâneas pela UnB [2015], é mestre pela mesma instituição e linha de pesquisa [2009] e especialista pela Universidad Complutense de Madrid [2006] com o Máster de Teoría y Práctica en Artes Plásticas Contemporáneas. Desde 2010, sua prática como artista se associa, de maneira cada vez mais intrínseca, às práticas educativas e curatoriais em projetos expositivos e formativos. Desde 2015 coordena na Nave um grupo de estudos por ano fazendo acompanhamento de projetos artísticos, o Laboratório. Desde abril de 2018 é coordenadora local do Programa CCBB Educativo – Arte e Educação no CCBB Brasília, onde desenvolve a programação, gestão local do projeto e articulação institucional. Vive e trabalha em Brasília.

Posted by Patricia Canetti at 10:23 AM

Para quem se abrem as portas... no Correios, Rio de Janeiro

Para quem se abrem as portas... Poderia ser uma frase comum... Com um ponto de interrogação no final viraria uma indagação a ser decifrada... Mas trata-se do título da exposição que será aberta, no dia 6 de novembro de 2019, às 19h, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Curadoria de Marilou Winograd e texto de apresentação de Alexandre Sá.

Na exposição, cerca de 40 obras – entre pinturas, aquarelas, fotografias, instalações e performances – demonstram as particularidades de cada autor, cada qual com sua linguagem. O público vai poder fazer um passeio pelas trajetórias visuais de cada artista e descobrir a relação que os trabalhos têm com a filosofia de Gaston Bachelard no livro ‘A Poética do Espaço’.

As obras ocuparão os salões laterais e a sala redonda do 3º piso.

Cada artista elegeu uma obra icônica na história da arte como referência aos seus trabalhos com a intenção de fazer uma cartografia do contemporâneo na exposição “Para quem se abrem as portas...”. E fica uma pergunta: aquele que abre uma porta é o mesmo que a fecha?

Nas delicadas e sensuais aquarelas em papel Fabriano e telas de John Nicholson, a figura da mulher está presente em sua intimidade, na casa. Mulher delicada, em repouso ou em afazeres, sempre com sua bela e densa cabeleira em movimento, banhada por uma luz quente e intensa. Nas obras de Pierre Bonnard (1867/1947) as portas nos quadros se abrem para o jardim, para a intimidade do casal e quase exclusivamente para a intimidade da esposa sozinha. Embora os desenhos de Nicholson sejam muito diferentes das cenas de Bonnard, boa parte do espírito das obras dele está presente.

Já Marco Cavalcanti tem sua trajetória pautada pela formação da imagem em matéria, calcada pela pesquisa em acidentes estéticos. De sua pesquisa em pintura, apareceram os recursos que permitem criar processos criativos, que possam anular a atuação do superego no resultado final. O trabalho apresentado é uma intensa e dramática colagem de algumas dezenas de camadas transparentes obtidas pela fotografia. Do contato com o inconsciente surge o prazer e a felicidade momentânea. Prolongar essa sensação é algo inerente à postura estética do artista. Sua obra teve como referência Arthur Clark, com o conto ‘A sentinela’, que deu origem ao filme ‘2001 - A Odisséia no Espaço de Stanley Kubrick’.

Marilou Winograd: “O enigma do interior e do exterior sempre me fascina, as portas fechadas me provocam, as entreabertas me intimidam, as abertas me libertam. O que esta além da porta? Marilou apresenta a série ‘Mise en Abîme - InteriorExterior’, que, através de fotos/colagens impressas em grandes sedas ou enclausuradas em pequenas caixas de espelhos, abordam limites, reconstruções, fronteiras e utopias, em um universo de portas conceituas em movimento constante mas que em contraponto com a sua artista referência Francesca Woodman (1958/1981) nunca permanecerão fechadas. Francesca W. - artista jovem que se suicidou aos 22 anos e deixou uma obra imagética dramática e contundente.

A porta que Mário Camargo aborda em seus trabalhos é a entreaberta, que só permite o voyeurismo, a hesitação e a espreita. São os Muxarabis ou Jalousies, portas árabes. Neste caso específico, para quem se abrem as portas? Elas se abrem para o mundo dos Homens propriamente dito ou para o mundo da Solidão, o mundo das Mulheres.
Mário, nesta exposição, pauta seus trabalhos no artista Frank Stella. Na sua trajetória, ele demonstra que não existem portas que não possam ser abertas. Todas se abrem com vigor artístico. o que serve de referência para o caminho na arte de Mário.

As pinturas digitais de Mark Engel têm como base imagens e fotografias pré-existentes. Manipulando esses artefatos culturais, ele desenvolve uma pesquisa do abstrato dentro do concreto, criando abstrações com novos significados metafóricos que refletem questões sociais, políticas e econômicas. Nesses trabalhos, Mark fez uma pesquisa e releitura contemporânea das thangkas Tibetanas, pinturas em tecido, geralmente representando uma divindade, cena ou mandala budista iconografia furiosa nas tradições mahayana e tântricas do budismo. Mark faz uma conexão desses trabalhos com a Porta do Inferno de Auguste Rodin não só através dos símbolos da morte e inferno, mas também dos conceitos inerentes de julgamento final e justiça universal.

Para Pedro Paulo Domingues, a porta que se abre, ou melhor, se entreabre é uma mental, que liga um trabalho específico ‘La Voie Humide’ de (Tunga 2014) à grande instalação apresentada na mostra ‘O Fator Psíquico no Mecanismo da Ereção’ (2008). Eles, de certa forma, conversam entre si apesar da diferença cronológica e da pequena fresta por onde um trabalho vislumbra o outro. Pedro Paulo ocupará a sala redonda do 3º andar.

Em relação a Petrillo, as mazelas, as incongruências e a instauração do caos foi o que o motivou a realizar o link com a obra do artista francês Auguste Rodin - intitulada a Porta do Inferno. Estabeleceu um diálogo com a tragédia da Barragem de Fundão em Brumadinho/MG. Após refletir para elaboração da instalação que irá compor a mostra, criou a tensão entre o que restou das histórias e o que seria possível reconstruir – a esperança e o recomeço. A partir dessa materialidade do espaço ou até mesmo do próprio recomeço, o refazer de histórias e de páginas que foram apagadas do diário sucumbido pela lama, portais de narrativas que se foram, elaborou – a partir deste material poético – uma instalação com mil desenhos de topografias. Eles têm a intenção de redesenhar o locus geográfico interno de cada indivíduo.

Mais sobre os artistas

John Nicholson - nasceu nos EUA no ano de 1951. Reside no Rio de Janeiro desde o ano de 1977.Durante os anos 1980-1984, 1992-1994, e 2002-2004 foi professor na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro. Nos anos 1981 até o presente, fez 38 exposições individuais no Brasil, Suíça, Alemanha, França e Mônaco. Participou de inúmeras Coletivas no Brasil, na Suíça e em Paris, e das Feiras de Arte de Genebra, Dresden, Mônaco, Zurich, Shanghai e Beijing.

Marco Cavalcanti - pintor, fotógrafo experimental e designer gráfico. Sua trajetória tem se pautado pela formação da imagem em matéria, calcada pela pesquisa em acidentes estéticos. Busca suas possibilidades estéticas no contato intencional com o inconsciente. Ao se deparar com a presença dele acontece a ordem do caos. Este fenômeno que pouco se conhece é fundamental na obra do artista, que sabe lidar com ele através de processos seletivos posteriores. Prolongar essa sensação é algo inerente a postura estética do artista.

Marilou Winograd – Cairo – Egito. Chegou ao Rio de Janeiro em 1960. Formação em Artes no Centro de Arte Contemporânea, IBA, Instituto de Belas Artes e EAV, Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro. Participa de exposições individuais, coletivas, congressos, seminários no Brasil e no exterior - 1971/2019.
É uma das curadoras do projeto Zona Oculta – entre o publico e o privado, com 350 artistas mulheres - 2004/14, do projeto Acesso Arte Contemporânea com 179 artistas visuais - 2011/19. Publicou o livro ‘O silêncio do branco’, em 2004, relato visual da sua viagem a Antártica num contraponto com a sua obra. Participou de exposições no Brasil, França, Itália, Alemanha e Argentina.

Mário Camargo – artista brasileiro do Rio de Janeiro. Participou das seguintes exposições: Espaço Cultural dos Correios ; Galeria de Arte IBEU ; FCC Memorial de Curitiba; Galeria Candido Portinari em Roma; Aeroporto Jonh Kennedy, New York; XI Florence Biennale of the International Contemporany Art ; Ver[a]cidade - Centro Cultural Caixa Econômica , Rio de Janeiro; Museu Nacional de Bellas Artes Santiago do Chile.
Recebeu os seguintes prêmios de viagem: Concurso Latino Americano de Pintura – no Chile, New York - Estados Unidos, patrocínio da Varig e Paris - Intercâmbio Cultural França / Brasil, Patrocínio Rotary Club Internacional.

Mark Engel – É um artista brasileiro-americano. Nascido no Rio de Janeiro, mora e trabalha em Nova York. Ele recebeu seu BFA da Parsons School of Design. O trabalho de Mark foi apresentado em exposições coletivas e individuais desde 1993 em locais como MAR (Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil), Arte em Geral (Nova York, NY), Centro Cultural Candido Mendes (Rio de Janeiro) , Brasil), Universidade do Norte do Texas (Denton, TX), e Austin Museum of Art (Austin, TX) entre outros. Mark faz um extenso trabalho criativo e pioneiro com pinturas digitais a partir de 1995. Sua obra apresenta questões de abstração versus representação, práticas de arte contemporânea, história da arte, questões sociais / políticas e humor. Seu trabalho está incluído em coleções privadas e institucionais no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.

Pedro Paulo Domingues - Nasceu no Rio de Janeiro, formou-se em Arquitetura e frequentou a Oficina de Escultura do Ingá sob a orientação de Haroldo Barroso. Recebeu os seguintes prêmios: Prêmio Icatu – residência na Cité des Arts – Paris - 1998, Prix UNESCO pour la Promotion des Arts – Paris - 1993, melhor exposição do ano realizada na Galeria do Ibeu “Tempo” – 1992, 28º premiação do Instituto de Arquitetos do Brasil – melhor projeto de residência unifamiliar – 1992, Menção pela escultura ‘Objeto Escroto’ no Salão Carioca de humor – 1989. Realizou exposições individuais na Galeria Coleção de Arte, Espaço Cultural Sergio Porto, Galeria Durex, Centro Cultural São Paulo, Galeria Ibeu, Paço Imperial e Projeto Macunaíma, entre outros. Participou de exposições individuais e coletivas na França, Finlândia, Alemanha e Áustria.

Petrillo – Realizou diversas individuais, entre as quais: Centro Cultural da UFMG – Belo Horizonte - MG (2002), Fundação Cultural de Blumenau-SC (2003), Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro –RJ (2003), Centro Cultural Bernardo Mascarenhas – Juiz de Fora – MG (2004), Museu Chácara D. Catarina – Cataguases – MG (2004), Landscapes - Galeria Almacén – Rio de Janeiro – RJ (2004), Centro Cultural Candido Mendes – Rio de Janeiro – RJ (2005), Museu de Arte Moderna de Resende – RJ (2005), Fundação Don André Arcoverde- Valença –RJ Homenageado (2006), Centro Cultural da Justiça Federal – Rio de Janeiro –RJ (2007), Consórcio de Arte Buenos Aires - Argentina (2008), Centro Cultural Candido Mendes - Rio de Janeiro - RJ (2014) e Geometria do Lugar – Galeria Almacén – Rio de Janeiro - RJ (2016). Participa também de diversas coletivas.

Posted by Patricia Canetti at 9:44 AM

novembro 4, 2019

Temporada de Projetos: Maria Luiza Mazzetto + Virgílio Netto em Paço das Artes no MIS, São Paulo

Paço das Artes inaugura suas últimas mostras no MIS

Na última edição de 2019 da Temporada de Projetos, os artistas Maria Luiza Mazzetto e Virgílio Neto apresentam seus distintos trabalhos: Dentro do Corpo e Tudo que não invento é falso. As mostras ficam em cartaz a partir do dia 05 de novembro, às 19h e fecham a estadia do Paço das Artes no MIS, pois a instituição se mudará para a sede definitiva em Higienópolis no ano de 2020.

Com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem, o Paço das Artes, — instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo — realiza a Temporada de Projetos desde 1996 com exposições de artistas da cena da jovem arte contemporânea brasileira. Na última exposição de 2019, os artistas Maria Luiza Mazzetto e Virgílio Neto apresentam seus distintos trabalhos: Dentro do Corpo e Tudo que não invento é falso a partir do dia 05 de novembro na sede provisória do Paço das Artes, no Museu da Imagem e do Som. A entrada é gratuita.

Um universo de ficção acerca do mundo natural poderá ser encontrado na exposição Dentro do Corpo, de Maria Luiza Mazzetto. São construções ou apropriações de cenas que podem aludir à natureza, florestas, fundos de mares ou o interior de um organismo vivo. Essas imagens podem abrir uma via de acesso para se pensar relações, limites ou fronteiras entre o natural e o artificial, entre o real e o surreal, entre legítimo e o fake. O corpus do trabalho pensa o corpo, sua transformação, sua deterioração, sua finitude, decomposição e o “vir a ser” em um mundo em que o natural convive com o artificial, com o manipulado. Um corpo em que há ingestão ou inalação de resíduos químicos, corantes e conservantes. Um mundo em que se opera o transgênico e o transplante. Um mundo incerto e ambíguo.

Em Tudo que não invento é falso, o artista Virgílio Neto apresenta duas séries inéditas de trabalhos – Imbróglios e Miúdos – e o desenho-instalação Cascas, feito especialmente para o Paço das Artes. Os trabalhos foram desenvolvidos a partir de um imaginário composto de formas e texturas que o artista coleta em seu cotidiano. Dessa forma, nasceram da observação de objetos esquecidos ou descartados; de elementos da natureza; de fragmentos, restos, sobras ou pedaços. O artista se utiliza da linguagem do desenho para criar composições condensadas, combinando esses fragmentos e explorando as texturas, os brilhos, os contrastes e as graduações de cada material.

SOBRE A TEMPORADA DE PROJETOS

A vocação experimental do Paço das Artes é constatada, principalmente, por meio da Temporada de Projetos, que foi criada com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem. Concebida em 1996, a Temporada de Projetos teve sua primeira exposição realizada em 1997 e se tornou, ao longo dos anos, um rico celeiro para a cena da jovem arte contemporânea brasileira. Anualmente, a Temporada abre uma convocatória nacional selecionando nove projetos artísticos e um projeto de curadoria para serem desenvolvidos e produzidos com o respaldo do Paço das Artes. Os selecionados recebem acompanhamento crítico, a publicação de um catálogo sobre suas obras e um cachê de exibição. Desde seu surgimento, quando ainda era bienal (tornando-se anual em 2009), o programa possibilita a emergência de inúmeros artistas, curadores e críticos, muitos deles presentes na cena artística contemporânea. O júri da atual Temporada é composto O júri da atual Temporada é composto por Ana Pato, Hugo Fortes, Márcio Harum, Priscila Arantes e Thereza Farkas. Em 2014, o Paço das Artes lançou a plataforma digital MaPA (mapa.pacodasartes.org.br), concebida por Priscila Arantes, que reúne todos os artistas, curadores, críticos e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.

Posted by Patricia Canetti at 12:20 PM

Clima e Giovanni Tristacci em Ride, Palhaço! no Centro da Terra, São Paulo

Clima apresenta nova performance: Ride, Palhaço! - é uma mescla de performance e show com a participação do cantor lírico Giovanni Tristacci, que estará representando um pierrô. Em seguida acontece um show com o próprio Clima, acompanhado por Rodrigo Campos e Sérgio Machado, executando canções dos álbuns La Commedia é finita e Monumento ao Soldado Desconhecido.

5 de novembro de 2019, terça-feira, às 20h

Centro da Terra
Rua Piracuama 19, Perdizes, São Paulo, SP
11-3675-1595
Capacidade: 100 lugares
Você escolhe quanto acha adequado pagar pelo seu ingresso

O artista plástico, compositor e cineasta Clima (Eduardo Climachauska) apresenta dia 5 de novembro, terça-feira, às 20h, nova performance no Centro da Terra. Ride, Palhaço! é uma mescla de performance e show com a participação do cantor lírico Giovanni Tristacci, que estará representando um pierrô. Em seguida acontece um show com o próprio Clima (voz e guitarra), Rodrigo Campos (guitarra) e Sérgio Machado (bateria) executando canções do recém lançado álbum La Commedia é finita, além de canções do álbum anterior, o Monumento ao Soldado Desconhecido.

Na performance, o cantor lírico Giovanni Tristacci estará representando um pierrô. Do outro lado do palco, um duplo, um outro pierrô, representado pelo próprio Clima, que em uma ação tragicômica, ao som da ária Vesti la Giubba, da ópera Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo – com ameaçadores quadros de luz, compridos fios de cobre e muita fumaça –, realizam uma cena inesperada com a plateia, que é convidada a participar desde o início, numa ação combinada.

Sobre Eduardo Climachauska (Clima)

Nascido em 1958, vive e trabalha em São Paulo. Formado em cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP (1976-1980), vem realizando exposições, filmes e vídeos exibidos em importantes museus, instituições culturais e galerias de arte no Brasil e no exterior. Como compositor, tem mais de cem canções gravadas por nomes como Elza Soares, Gal Costa, e Mariana Aydar, entre outros. É parceiro constante de Romulo Fróes e Nuno Ramos e tem parcerias com nomes como Jards Macalé, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci, Thiago França, Guilherme Held, Marcelo Cabral e Cacá Machado. Como artista solo, gravou dois álbuns: Monumento ao soldado desconhecido (2016) e La commedia é finita (2019).

Sobre Giovanni Tristacci

Além de ser bacharel em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, estudou em escolas de música, como a Chapelle Musicale Reine Elizabeth, em Bruxelas (Bélgica), Centro de perfeccionamento Placido Domingo, em Valência (Espanha) e Conservatorio del Liceu, em Barcelona (Espanha). Integrou os elencos das óperas O Cientista, do compositor Silvio Barbato, Gianni Schicchi, e atuou em um Concerto de Gala em Bruxelas ao lado do barítono Jose van Dam. Participou também das temporadas do Teatro São Pedro, em São Paulo e do Theatro Municipal de São Paulo. Foi solista da Nona sinfonia de Beethoven, acompanhado pela orquestra Sinfônica da Bélgica, e em 2013, foi solista com a Orquestra Filarmônica de Luxemburgo.

Espaço de experimentação

O show Ride, Palhaço! integra a programação de Música do Centro da Terra. O espaço cultural abre as portas para receber apresentações de teatro, música, dança e performance, além de trabalhos de artes visuais naquilo que mais lhe parece óbvio: o experimentar. Sem a busca por produtos definitivos ou meras apresentações circunstancias para cumprir temporadas, os artistas são convidados a construírem experiências cênicas e musicais, estéticas, dramatúrgicas, coreográficas, performáticas e conceituais.

A área de música, com curadoria de Alexandre Matias, ocupa dois dias da semana: segundas, em que um músico/banda realiza uma temporada de quatro segundas-feiras seguidas, e terças, com uma proposta mais livre, mas também focada no experimental. “A ideia, o que artisticamente visa atrair músicos e público, é a criação de noites únicas, de experiências que podem ou não ser repetidas em outra oportunidade. No palco do Centro da Terra, repertório de discos como Gaya, da Tiê, e Vida Ventureira, de Tatá Aeroplano e Barbara Eugênia, foram mostrados ao vivo pela primeira vez”, conta o curador.

Sobre o Centro da Terra

O Centro da Terra é um espaço cultural independente sem fins lucrativos mantido por Keren e Ricardo Karman. Inaugurado em 2001 e reformado em 2015, suas instalações abrangem um teatro com palco italiano, um ateliê, uma praça de convivência com um café, um terraço e salas multiuso. O teatro situa-se doze metros abaixo da superfície terrestre e foi aberto, após dez anos de obras e escavações no quarto e quinto subsolos de um edifício, no bairro de Perdizes, na capital paulista. Seu nome vem da sua localização subterrânea e é, também, uma homenagem ao espetáculo Viagem ao Centro da Terra realizado, em 1992, pela Kompanhia do Centro da Terra.

A programação é dirigida a todos os públicos, focada em produções, apresentações e ações de formação em Música, Artes Cênicas e Visuais que priorizem a linguagem contemporânea, e que dialoguem com a pesquisa da Kompanhia do Centro da Terra. A escolha da programação é feita por uma equipe de curadores que, a partir de suas pesquisas autorais, trazem para o Centro da Terra trabalhos experimentais de artistas emergentes e/ou consagrados, lançamentos, remontagens, temporadas pós estreia e projetos especiais. O local também abriga a escola de Arte Grão do Centro da Terra, que desenvolve um curso livre em que crianças e adolescentes participam de experiências nas diversas linguagens artísticas e que tem como fundamento a liberdade de criação, a ludicidade e a participação coletiva em percursos singulares. Atualmente o espaço conta com o Edital de Apoio aos Espaços Independentes da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 11:53 AM

novembro 2, 2019

Bruce Conner na Bergamin & Gomide, São Paulo

Na quarta exposição do ano, a Bergamin & Gomide apresenta Breakaway a individual do artista norte-americano Bruce Conner, entre os dias 5 de novembro a 20 de dezembro de 2019, reunindo mais de 20 obras ao longo da trajetória do artista que revolucionou a vídeo-arte e a produção de filmes.

Bruce Conner (1933-2008) trabalhou com desenho, assemblage, escultura, pintura, gravura, colagem e fotografia, mas foram seus filmes que marcaram definitivamente a originalidade de sua obra, reconhecido como uma das figuras mais importantes da contracultura do século XX. Além de fotografias e desenhos, será construída uma estrutura especial para a exibição do filme BREAKAWAY (1966), uma espécie de caixa-instalação dentro da galeria, proporcionando a experiência de imersão no universo de Bruce Conner.

No filme que inspirou o título da exposição, Conner apresenta Toni Basil, sua amiga, dançarina, coreógrafa e cantora, dançando em frente um fundo preto. Usa zooms de câmera vertiginosos, efeitos estroboscópicos e cortes rápidos que transformam a coreografia de Basil em um espetáculo psicodélico de movimentos pulsantes e hipnotizantes.

Segundo Basil, o filme nasceu de um processo colaborativo, uma parceria entre os dois artistas que mesclaram as formas vanguardistas de liberação social, sexual e artística. Surgiu como uma obra híbrida de filme de dança ou ciné-dance, cinema underground e vídeo-arte, aproveitando as aspirações utópicas que permeavam a cultura pop norte-americana na década de 1960.

A carreira de Toni Basil também transcendeu o trabalho realizado em BREAKAWAY. Recentemente foi convidada pelo cineasta Quentin Tarantino para coreografar seu filme recém lançado “Era Uma Vez em Hollywood”. Em entrevista ao The New York Times, Tarantino declarou que considera Basil a “Deusa do Go-Go”, estilo de dança que nasceu em clubes noturnos nos anos 60.

Simultaneamente à exposição “BREAKAWAY” na Bergamin & Gomide, o IMS Paulista - Instituto Moreira Salles apresentará uma programação especial dedicada a obra do artista Bruce Conner. O evento inclui palestras com a participação de Michele Silva, representante do espólio de Bruce Conner, e ainda, uma retrospectiva da filmografia do artista, apresentando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros.

SOBRE O ARTISTA

Brune Conner nasceu em 1933, na cidade McPherson, estado do Kansas, nos Estados Unidos da América. Iniciou sua carreira no fim dos anos 1950 como um artista multimídia, reconhecido por suas assemblages, esculturas surrealistas, filmes de vanguarda, pinturas, gravuras e desenhos.

Conectado aos movimentos revolucionários e de contracultura do século XX, como os poetas Beat e a cena da música punk, realizou trabalhos inovadores, muitas vezes utilizando montagens de imagens existentes e incorporando música pop nas trilhas sonoras. Sua estética singular e experimentalismo inspiraram gerações de cineastas.

Embora tenha sido um dos precursores do gênero de videoclipe, chamado de “o pai da MTV”, Conner evitou ao longo da trajetória esquemas de classificação sobre sua própria produção artística, jamais cedeu ao mainstream, mantendo-se fiel ao seu conteúdo visual e conceitual.

Bruce Conner deixou um extenso legado, realizou ao longo de sua trajetória diversas exposições individuais e coletivas. Recentemente o conjunto de sua obra foi apresentado em retrospectivas no Museu de Arte Moderna de São Francisco - SFMoMA, no MoMA de Nova York e no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madri. Faleceu ao lado de sua mulher e parceira Jean Conner, aos 74 anos, em 2008, na cidade de São Francisco, Califórnia.

Posted by Patricia Canetti at 9:08 AM

Daisy Xavier na Anita Schwartz, Rio de Janeiro

A artista carioca ocupa todos os espaços expositivos da galeria com obras inéditas, pinturas e desenhos feitos com pó de ferrugem, folha e fios de latão, ácido, petróleo, e uma grande instalação com fios de metal e uma casa de vespas.

Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura no próximo dia 6 de novembro a exposição Sobre como as coisas caem, com mais de 20 obras inéditas da artista Daisy Xavier, que ocuparão todos os espaços expositivos do prédio na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Ulisses Carrilho, as obras que integrarão esta que é a maior individual da artista na galeria são pinturas em grande formato, em pó de ferrugem, folha e fios de latão, ácido, petróleo e ecoline sobre tela, desenhos com diversos materiais (muitas vezes os mesmos usados nas pinturas), monotipias, e 100 esculturas em metal, articuladas, que junto com uma casa de vespa formam uma grande instalação que leva o nome da exposição.

Daisy Xavier conta que o título foi extraído de uma passagem do livro “Sete lições de física”, do físico italiano Carlo Rovelli, que aborda a questão da queda passando pela teoria da relatividade de Einstein até a física quântica. A artista explica que este conceito “rege todas as obras”. Ela ressalta que se interessa pela questão da queda em um “sentido muito amplo”, tanto do ponto de vista da física, “que vem desde Aristóteles”, até a “corrosão em toda a materialidade, pele, metais e mesmo no percurso de vida e morte, das coisas irem caindo, se despencando, se corroendo”. “Me interessa muito também a queda no mundo contemporâneo, dos valores, dos sentidos, dos parâmetros que estão se perdendo, como se o futuro tivesse um vetor de as coisas irem se dissolvendo. Vamos precisar pensar com novos parâmetros, porque os já estabelecidos, de espaço e tempo, estão se dissolvendo”, afirma. Ela ressalta que vê a dissolução “com bom sentido, sem nostalgia nenhuma. “O que dá problema é se resistir à evolução”, afirma. “Me interessa mais acolher, do que resistir à questão da queda”. Para ela, “o grande problema não são as coisas se dissolvendo, mas as resistências que se faz a isso. Esse movimento regressivo tenta conter essas mudanças. Dessa resistência vem racismo, vem todo esse excesso de religiosidade, esse moralismo que estamos vivendo. A arte é uma bela ferramenta para acompanhar essas quedas, essas mudanças”.

ARQUITETURA HUMANA X ARQUITETURA DOS INSETOS

O disparador dessas questões se deu quando a artista acompanhou a construção de seu ateliê em meio à mata na serra de Petrópolis. Lá pode confrontar a arquitetura humana, em sua grandiosidade de malhas de ferro, de tijolos, de cimento e vidros, com a natureza e seus “sons, insetos, aves, folhas e sementes diferentes, outra configuração de espaço”. Ao ver uma colmeia de vespas que caiu de um fogão de lenha, se maravilhou com sua arquitetura que “parecia um edifício de Gaudí”. “Delicada, precisa, sutil, oposta à monumentalidade da arquitetura humana”. “Uma muito forte, violenta, e a outra muito delicada... as duas me interessam, mas o detonador dessa exposição foi essa experiência de construção e descobertas”, explica.

INSTALAÇÃO METÁLICA, VAZADA

Presentes desde o início de sua trajetória, em 1992, as redes inicialmente tricotadas, com fio de metal por grandes agulhas de madeira, e depois feitas com ponto de rede de pesca, perderam sua ondulação, e representação quase topológica, gravitacional. O fio de metal, agora esticado, forma ângulos precisos, em esculturas vazadas, transparentes, que, articuladas, compõem uma grande instalação, em três dimensões. “Tem uma coisa mais geométrica, aguda, e me interessa essa agudez desses ângulos”, conta. “Agora é um trabalho mais arquitetônico”. Mas de alguma forma a exposição atual se relaciona com aquelas redes primordiais, que eram penduradas: “Impressionante como tem muita relação com esta agora, muita coisa virada pelo avesso”. “O que gosto é que é vazado e leve, meio flutuando, preparado para cair”, observa.

Daisy Xavier incorpora em suas obras sobre tela e papel folhas de metal em que previamente desenhou com petróleo e aplicou ácido, em seu próprio ateliê. Uma placa de metal, matriz de uma gravura criada em um laboratório a partir de uma fotografia de uma semente, estará exposta individualmente. Além de servir de demarcador e isolante nos desenhos em metal antes de receber o ácido, o petróleo é usado também em seus trabalhos como pigmento. “O petróleo emerge das profundezas, está no fundo. Aristóteles dizia que as coisas caíam do mundo ideal no céu porque buscavam o centro do universo, que era o centro da Terra...”. “Além de ser um elemento de disputa internacional, e atrair um poder em torno de si, o petróleo é um fóssil e isso me interessa”, afirma.

Posted by Patricia Canetti at 8:35 AM

Julio Le Parc & OSGEMEOS na Carpintaria, Rio de Janeiro

A Carpintaria tem o prazer de apresentar Julio Le Parc & OSGEMEOS, exposição com curadoria de Pedro Alonzo que dá continuidade ao programa experimental do espaço, cuja vocação é a proposição de diálogos entre diferentes criadores, linguagens e formas de expressão. Tomando a abstração geométrica como eixo central deste encontro, a mostra reúne pinturas e instalações que enfatizam as afinidades criativas destes artistas de gerações distintas. Le Parc – consagrado artista argentino radicado em Paris, pioneiro da arte cinética –, exibe obras que vão desde a década de 1950 até as mais atuais, incluindo um grande móbile reflexivo criado em 2018. Por sua vez, OSGEMEOS – artistas paulistanos, donos de um estilo único desenvolvido através de grandes murais e exposições imersivas – apresentam trabalhos inéditos, entre pinturas sobre madeira e uma instalação com vasos de cerâmica.

IMPORTANTE: Visitação somente com agendamento prévio no Sympla

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A obra de OSGEMEOS é frequentemente caracterizada por um estilo figurativo arrojado, imediatamente reconhecível, que tem origem em suas pinturas murais nas ruas de São Paulo. No entanto, um olhar mais atento revela também uma atenção especial no emprego da abstração geométrica, presente nos padrões coloridos que estampam seus cenários e as roupas de seus típicos personagens amarelos. Essa desconstrução do trabalho de OSGEMEOS leva a uma aproximação com Julio Le Parc, um artista de uma geração anterior, não apenas no uso da cor e da abstração geométrica, mas também na intenção de romper as barreiras que separam a arte da sociedade. Outras similaridades podem ser observadas nos grandes ambientes imersivos que empregam cor, geometria e elementos em movimento, compartilhadas pelos artistas. Demonstra-se ainda no comprometimento mútuo para engajar o público através de encantamento e surpresa, atenuando o limite entre realidade e fantasia para desafiar sua percepção.

Ao estabelecer um diálogo entre Julio Le Parc e OSGEMEOS, é fundamental considerar noções de arte e ciência, contemplando a aparente distinção entre a abordagem científica de Le Parc e o processo reconhecidamente intuitivo de OSGEMEOS. Em última instância, a exposição realça as afinidades formais e conceituais que existem entre os artistas, assim como questiona as aparentes distinções entre método científico e o processo artístico. Para obter sucesso na ciência ou na arte, há de se combinar pesquisa, intuição e principalmente a liberdade para experimentação.

Julio Le Parc nasceu em Mendoza, Argentina, em 1928. Vive e trabalha em Paris desde 1958. Recentemente, sua obra tem sido o tema de grandes retrospectivas em instituições, tais como: The Metropolitan Museum of Art (Nova York, 2018), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2017); Perez Art Museum (Miami, 2016), Serpentine Galleries (Londres, 2014), Malba (Buenos Aires, 2014), Palais de Tokyo (Paris, 2013). Seus trabalhos estão presentes em diversas coleções, tais como: Albright-Knox (Buffalo), Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami), Daros Collection (Zurique), MAM-SP (São Paulo), Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris (Paris), MoMA (Nova York), Tate (Londres), Walker Art Center (Minneapolis).

A dupla OSGEMEOS é formada pelos irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, nascidos em 1974 em São Paulo, onde vivem e trabalham. Seus projetos recentes incluem exposições individuais em: Frist Art Museum (Nashville, 2019), Hamburger Bahnhof (em colaboração com Flying Steps) (Berlim, 2019), Mattress Factory (Pittsburgh, 2018), Pirelli HangarBicocca (Milão, 2016), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro, 2015), ICA (Boston, 2012). Suas obras estão presentes em coleções importantes ao redor do mundo, como: MOT (Tóquio), Franks-Suss Collection (Londres), MAM-SP (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro).

Pedro Alonzo é um curador independente baseado em Boston. Atualmente curador adjunto no Dallas Contemporary, ele já foi curador adjunto no ICA Boston (2011–2013) e no Instituto de Artes Visuais da Universidade de Wisconsin, Milwaukee (1996–2002). Desde 2006, especializou-se em produzir exposições que transcendem os limites das paredes dos museus e espalham-se pela paisagem urbana, apresentadas em várias instituições como: Museo Tamayo (Cidade do México City), Baltic Centre for Contemporary Art (Newcastle), Pinchuk Art Centre (Kiev), Museum of Contemporary Art (San Diego), MARCO (Monterrey).


Carpintaria is delighted to announce Julio Le Parc & OSGEMEOS, an exhibition curated by Pedro Alonzo. The show is in line with the gallery's experimental program, whose vocation is to promote dialogues between different creators, languages and forms of expression. Taking geometric abstraction as the central axis of this encounter, the selection of works includes paintings and installations that seek to highlight the creative affinities between the artists. Le Parc – renowned Argentinian artist based in Paris, pioneer of kinetic art – presents works from 1950s to the present, including a large-scale reflective mobile from 2018. São Paulo duo OSGEMEOS – owners of a unique style developed through large-scale murals and immersive exhibitions – feature new paintings on wood and an installation made from ceramic vases.

IMPORTANT: Visit only by appointment in Sympla

OSGEMEOS work is notably characterized by a bold figurative style derived from painting in the streets of São Paulo. However, upon closer inspection the use of colorful patterns and geometric abstraction are evident in their backgrounds and in the clothing worn by their signature yellow characters. Deconstructing the painting of OSGEMEOS reveals affinities with Julio Le Parc, an artist of an earlier generation, not only in terms of the use of color and geometric abstraction but also in the intention of breaking down the barriers that divide art and society. Further similarities can be found in their large-scale immersive environments, which employ color, geometry, and moving elements. They also demonstrate a mutual commitment to engaging the public through awe and surprise, thus challenging perception by blurring the line between reality and illusion.

In establishing a dialogue between Le Parc and OSGEMEOS, it is critical to consider notions of art and science, and to face the apparent distinctions in Le Parc’s scientific approach and OSGEMEOS’s notoriously intuitive process. Ultimately, this exhibition focuses on the formal and conceptual kinship that exists between the artists, and dismantles the divide between scientific method and artistic process. In order to be successful in science or art one must combine research, intuition, and most importantly, the freedom to experiment.

Julio Le Parc was born in Mendoza, Argentina, in 1928. He lives and works in Paris since 1958. Recently, he was the subject of major institutional retrospectives including: The Metropolitan Museum of Art (New York, 2018), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2017); Perez Art Museum (Miami, 2016), Serpentine Galleries (London, 2014), Malba (Buenos Aires, 2014), Palais de Tokyo (Paris, 2013). Le Parc’s works are included in several important collections such as: Albright-Knox (Buffalo), Cisneros Fontanals Art Foundation (Miami), Daros Collection (Zürich), MAM-SP (São Paulo), Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris (Paris), MoMA (New York), Tate (London), Walker Art Center (Minneapolis).

The duo OSGEMEOS is formed by brothers Otávio and Gustavo Pandolfo, born in 1974 in São Paulo, where they live and work. Their most recent projects include solo exhibitions at: Frist Art Museum (Nashville, 2019), Hamburger Bahnhof (in collaboration with Flying Steps) (Berlin, 2019), Mattress Factory (Pittsburgh, 2018), Pirelli HangarBicocca (Milan, 2016), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro, 2015), ICA (Boston, 2012). Their works figure in important collections around the globe, such as: MOT (Tokyo), Franks-Suss Collection (London), MAM-SP (São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), Museu Casa do Pontal (Rio de Janeiro).

Pedro Alonzo is a Boston-based independent curator. Currently an adjunct curator at Dallas Contemporary, he was formerly an adjunct curator at the ICA Boston (2011–2013) and the Institute of Visual Arts, University of Wisconsin, Milwaukee (1996–2002). Since 2006, he has specialized in producing exhibitions that transcend the boundaries of the museum walls and spill out onto the urban landscape, which has been presented in many institutions like: Museo Tamayo (Mexico City), Baltic Centre for Contemporary Art (Newcastle), Pinchuk Art Centre (Kiev), Museum of Contemporary Art (San Diego), MARCO (Monterrey).

Posted by Patricia Canetti at 7:44 AM

novembro 1, 2019

Luiz d'Orey na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

Indicado ao prêmio PIPA 2019, Luiz d’Orey transforma comentários das redes sociais em arte em sua nova exposição na Mercedes Viegas Arte Contemporânea

O fluxo constante de informações que circulam na internet são a matéria-prima para o jovem artista Luiz d’Orey, que se apropria sistematicamente de comentários opinativos das redes sociais para criar suas obras. O carioca, que atualmente se divide entre Rio e Nova York e foi um dos indicados ao prêmio PIPA 2019, traz para a cidade natal a exposição “Eu não falei?”, depois de uma temporada na Big Apple. A abertura acontece no próximo dia 7 de novembro, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea, na Gávea.

São cerca de 20 peças, que incluem um vídeo, uma instalação sonora e obras da série “Cascade”. O nome não é à toa. Referência às várias janelas abertas na tela de um computador, como em cascata, serve perfeitamente para explicar também a maior parte das obras expostas. Trabalhos criados a partir de múltiplas camadas de papel cortadas a laser - algumas delas pintadas com spray e outras impressas - que quando sobrepostas criam uma espécie de trama onde as texturas coloridas se misturam aos comentários - criando um visual um tanto pixelado que ora remete a imagens distorcidas, ora a códigos binários... numa tentativa de captura do fluxo de conteúdo proveniente da internet.

- Seleciono comentários do Twitter e Facebook e não faço qualquer curadoria. Meu objetivo não é discutir o conteúdo, mas a forma como ele é compartilhado e como as opiniões navegam nas redes sociais – explica o artista.

Para trazer essa discussão à tona, d’Orey cria, além dos trabalhos em tela, obras também com jornal. Nesse caso, as primeiras páginas são invadidas por comentários retirados de redes sociais como Twitter e Facebook sobre os assuntos em destaque no dia.

- Hoje os antigos leitores do jornal, telespectadores e ouvintes do rádio disputam, com as grandes emissoras, o mesmo espaço nas redes sociais. Todos temos acesso às ferramentas de comunicação em massa, o que faz com que tudo ganhe um tom argumentativo ou esteja sujeito à dúvida. O que me interessa é a forma como cada pessoa usa retalhos das informações disponíveis para afirmar sua própria narrativa - diz.

Outro destaque da exposição é uma instalação sonora criada com fitas multicoloridas. Usadas pelo artista como máscara para as camadas de papel pintadas com spray, as fitas se acumulavam em seu ateliê. Mas acabaram ganhando uma nova função: uma escultura que traz embutida o som de muitas vozes opinando ao mesmo tempo. Como uma espécie de burburinho.

Trabalhar com mídias e sobreposições, aliás, não é uma novidade para d’Orey. Em sua primeira individual no Rio, “quase plano”, realizada em 2017, ele havia escolhido outro método de comunicação não convencional. Para a construção de cada imagem, que tinha como ponto de partida fotos tiradas de construções e da arquitetura da cidade de Nova York, o artista utilizou pôsteres, do tipo lambe-lambe, arrancados dos tapumes como o seu principal material. Depois de terminar cada pintura, fotografar e reproduzir sua imagem em um papel de pôster, ele colava novamente no tapume de obra. Após um registro diário fotográfico e de vídeo, Luiz arrancava o seu trabalho e o reutilizava sobre a imagem da pintura como início de um novo trabalho.

Sobre Luiz d'Orey

Nascido no Rio de Janeiro em 1993, Luiz d'Orey mudou-se para Nova York em 2012, onde graduou-se bacharel em Belas Artes na School of Visual Arts, em 2016. Atualmente, se divide entre as duas cidades. Um dos indicados ao prêmio PIPA 2019, acaba de apresentar a exposição Rumor na Elga Wimmer Gallery em Nova York. Durante os quatro anos como aluno da SVA, recebeu da instituição as premiações 727 Award (2016), Sillas H Rhodes Award (2016) e Gilbert Stone Scholarship (2015) e trabalhou como assistente dos artistas Carlos Vergara (em suas vindas ao Rio) e Raul Mourão (em seu ateliê em Nova York). Seu currículo conta com mostras coletivas em Nova York, Londres e no Rio de Janeiro; individuais no Rio, Belo Horizonte e Nova York, além de participações em feiras como Pulse Art Fair (Miami), SP-Arte e ArtRio.

Posted by Patricia Canetti at 8:03 AM