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setembro 30, 2019
Renata Egreja na Lume, São Paulo
Feminismo materno é tema de exposição de Renata Egreja na Galeria Lume: Artista apresenta séries inéditas de pinturas e aquarelas e uma instalação interativa
"Empoderamento é um instrumento de luta social que nasce com uma conscientização profunda de quem somos." A afirmação é da escritora Joice Berth e vai ao encontro da mais recente pesquisa de Renata Egreja, produção que nasceu após um período de intensa transformação pessoal, influenciada principalmente pelas ideias feministas e pela maternidade. O resultado é exibido na individual Certezas Transparentes, exposição inédita que estreia em 1º de outubro, na Galeria Lume.
Os últimos quatro anos foram de metamorfose para Egreja: tornou-se mãe, doula, professora e, com isso, deu luz às novas formas do seu fazer artístico. A artista reflete sobre as mais diversas facetas e lugares da mulher na contemporaneidade e convida o público a fazer o mesmo.
Ideia recorrente em Acomodados (2019), instalação interativa que ocupa a sala central da Galeria com um grande tapete vermelho costurado a mão. Sobre ele, almofadas aconchegantes que incitam o visitante a uma pausa de descanso. Em cada almofada, Renata bordou informações da pesquisa Percepções dos homens sobre a violência doméstica contra a mulher, um estudo do Instituto Avon e Data Popular, que traz dados como "43% dos homens brasileiros acham que a mulher é responsável pelo cuidado com a casa". Uma provocação da artista para mostrar o quanto estamos acomodados, muitas vezes inertes, frente a situações de desigualdade de gênero.
Renata Egreja exalta suas ancestrais e as mulheres a sua volta. Conjuga passado e presente e dá vida à série de pinturas Certezas Transparentes (2019), homônimo à exposição, em que mescla pintura, técnica habitual em sua trajetória, e costura, ofício que, segundo ela, é a linguagem das mulheres ancestrais na arte. "Exploro a costura como intenção de pintura e memória do trabalho feminino e a evoco para colocá-la num patamar erudito. É uma memória do trabalho das mulheres", explica a artista.
Certezas Transparentes é também o nome do grupo de mulheres em que Renata leciona feminismo na arte. Um coletivo formado por mulheres de diversas idades e perfis, todas residentes em Ubatuba, no litoral de São Paulo, onde a artista reside.
Ao longo do período expositivo, em 5 de outubro, a Galeria promove uma roda de conversa sobre Comunicação Não Violenta (CNV), tema fundamental para Egreja. O bate-papo será conduzido por Camila Goytacaz, jornalista, escritora e especialista na matéria.
Renata Egreja (1984) vive e trabalha em Ubatuba. É graduada em Artes Plásticas pela École des Beaux Arts de Paris (2010), onde também realizou mestrado. Trabalha com diferentes suportes: instalação, vídeo, escultura, desenho, sendo a pintura o grande eixo de seu trabalho. Ela pinta através de experimentos com processos construtivos. Ganhou premiações como o Prêmio Itamaraty Sanskriti Foundation. Apresentou individuais em instituições como Museu de Arte de Curitiba e MAC Goiânia, e entre suas principais coletivas, estão Residência Artística ( Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, 2014) e Os Primeiros 10 Anos (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2011). Sua obra integra o acervo da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), MAC Sorocaba e Ministério das Relações Exteriores Itamaraty.
setembro 25, 2019
9ª Mostra 3M de Arte no Largo da Batata, São Paulo
9ª Mostra 3M de Arte seleciona trabalhos que exploram a diversidade e celebram novos mundos possíveis
As cinco obras selecionadas por meio de edital ficam expostas no Largo da Batata, em São Paulo, de 28 de setembro a 27 de outubro
Neste ano, renovando seu objetivo de democratizar o acesso à arte, impulsionar a produção artística nacional e gerar reflexões sobre temas contemporâneos relevantes, a 9ª Mostra 3M de Arte selecionou os cinco artistas participantes da edição por meio de edital. Com obras do projeto MINIMUM (David Paz e Patricia Passos) (CE), Lucimélia Romão (MG), Projeto Matilha (Fafi Prado e Pedro Guimarães) (SP), Naine Terena (MT) e Renato Atuati (SP), a mostra aberta ao público acontece a partir do dia 28 de setembro no Largo da Batata, onde permanece por um mês, até 27 de outubro.
A 9ª Mostra 3M de Arte nasce com a temática “Manifestos por outros mundos possíveis”. Pensando em quebrar o paradigma dominante, também abrir espaço para além dos eixos hegemônicos Rio-São Paulo, o conceito definido para reger esta edição da Mostra discute estética e proposição de ações para outros mundos possíveis, que aceite e englobe as diferenças, sejam elas quais forem. Com a provocação do manifesto, constrói novas perspectivas de existências e leva à reflexão. A ideia é dar voz e contemplar pessoas que encorajam e têm uma luta de afirmação de grupos que são minorizados, além de propor a ocupação do espaço público.
Sob curadoria do artista Daniel Lima, bacharel em Artes Plásticas, Mestre em Psicologia e Doutorando em Meio e Processos Audiovisuais pela Universidade de São Paulo, um time de jurados foi convidado para discutir a propositivas dos artistas e selecioná-los a partir da temática. Adriana Barbosa, a mulher por trás de toda a plataforma Feira Preta, que em 2019 se transformou na Plataforma PRETAHUB; Amara Moira, travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora do livro autobiográfico 'E se eu fosse puta' (hoo editora, 2016), além de colunista da Mídia Ninja; Ana Hikari, atriz com inúmeros trabalhos no teatro, ela também foi a primeira protagonista oriental de uma novela na TV Globo, com a personagem Tina na “Malhação Viva a Diferença”; Felipe Brait, curador independente de arte contemporânea, produtor cultural, arte-educador e artista plástico; e, Vera Pallamin, professora livre-docente da FAU-USP, graduada em Arquitetura e Urbanismo e em Filosofia pela Universidade de São Paulo.
A Mostra prioriza as diversidades étnicas para dialogar com todos, visando se expressar dentro da arte contemporânea e debater, de maneira poética, um novo mundo para além do político, social e econômico. A ativação promove a participação do coletivo em espaço público durante o período de um mês de permanência no Largo da Batata, com cinco obras de caráter de denúncia e anúncio, estimulando a observação das nossas próprias contradições, relações, dinâmicas de inclusão e exclusão e intervenções urbanas.
“Mil Litros de Preto II - O Largo está cheio” é a performance que aborda a chacina de jovens negros. O processo da obra começou com a história de Marcos Vinícius da Silva, de 14 anos, quando caminhava até o colégio e foi atingido em uma operação policial no Complexo da Maré. Lucimélia Romão, acordeonista, artista de rua e performer, distante fisicamente do ocorrido, lia Genocídio do Povo Brasileiro de Abdias Nascimento para sua tese na Universidade Federal de São João Del Rey (MG). A partir do caso de Marcos e de sua leitura, a artista se aprofundou nos estudos sobre o genocídio negro no país. Estudando os dados, segundo o mapa do Atlas da Violência de 2017, a cada 25 minutos um jovem negro morreu no Brasil. Os mais atingidos são homens negros de 19 a 29 anos. Após seus assassinatos, sobram mães que, aos poucos, morrem junto com seus filhos, vítimas da violência do estado.
Com mil baldes de 7 litros - quantidade de sangue do corpo humano - de água tingida de vermelho, todos etiquetados com nomes de vítimas mortas violentamente, uma piscina de 7 mil litros será ocupada. Os baldes serão despejados pela autora, Lucimélia, e integrantes do movimento “Mães de Maio”- mulheres que lutam pela justiça dos assassinatos de seus filhos -, no dia da abertura da Mostra, dia 28 de setembro às 16h e tem duração de 1h. A piscina fica exposta ao longo do mês no Largo da Batata até o fim da permanência das obras em 27 de outubro.
Uma grande estrutura preta estabelece a conexão entre o tempo e espaço - futuro, passado e presente. A imagem icônica do filme “2001 Uma Odisséia no Espaço” foi a inspiração para “Monolítico Mnemônico” de dupla MINIMUM formada por David Paz, analista e desenvolvedor de sistemas, artista híbrido e educador, e Patrícia Passos, arquiteta mestre em Arquitetura, Artes e Espaço Efêmeros pela Universidade Politécnica da Catalunha e pós graduada em Design de Interiores pelo Senac São Paulo. A obra é a mais tecnológica da Mostra e conta com caixas de som e pequenos displays. Ela vai ao encontro da temática principal da exposição e valoriza acessibilidade.
Reverenciando a imponente caixa, o objeto vivo interage com as pessoas do entorno através da aproximação em uma instalação artística cyber-urbana. Gestos e palavras ativam as interações de manifestos e memórias através de um banco de dados acionado por inteligência artificial. Além dos ruídos da ocupação do espaço da cidade, a obra também conta com projeção de sons do universo.
Engajada com os movimentos sociais e lutando dos povos nativos, a índigena Naine Terena, doutora em educação pela PUC/SP, mestre em artes pela UNB e comunicóloga pela UFMT, dá vida à obra “Prosperidade”. Sob o questionamento do que é próspero no mundo atual, a artista propõe uma reflexão coletiva sobre a prosperidade através da conexão real, sem bens materiais ou consumo. Com uma mandala construída em acrílico, à primeira vista, a obra é apresentada com simplicidade imensurável na sua construção e proposição. No fim, incita e representa a singeleza do bem viver.
Com elementos da natureza, livros, cartas escritas à mão e outros componentes que relembram a família, alimentos e sabedoria, se comunga a necessidade de fortalecimento do ser humano. Entre as pétalas da criação, espaços para se sentar serão edificados, convidando o espectador a fazer parte da instalação.
Uma árvore da praça compõe o monumento. Localizada no meio da mandala, a instalação vai muito além de um elemento estético, dialogando com processo de mundo que a gente constrói sobre a natureza instigando visão de um futuro potente do país com a maior biodiversidade do planeta.
A proposta da obra “Entre” é de Renato Atuati - formado em Design Gráfico pela Escola Panamericana de Arte e Design, graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pós-graduando em Geografia, Cidade e Arquitetura pela Associação Escola da Cidade – Arquitetura e Urbanismo (AEC). A partir do desejo de explorar as relações entre o espaço público e o privado no contexto do Largo da Batata, o monumento em formato de hexágono conta com vários portões compostos por materiais e modelos diferentes, que podem ser abertos ou fechados pelo público, se transformando em objeto de transição entre o interno e o externo e o individual e o coletivo. O trabalho lança a ideia de um mundo de portões abertos, que seja aberto às diferenças e valorize suas potencialidades por meio da coletividade.
Cruzando com a proposta curatorial, o trabalho lança a ideia de um mundo constituído de portões abertos, que abrace as diferenças e valorize suas potencialidades por meio da coletividade.
“Puxadinho” é uma instalação proposta pelo Projeto Matilha - composto por Fafi Prado, performer e artista educadora, formada em Dança pela Escola Klauss Vianna e Comunicação Social pela FAAP - SP e pós-graduada pelo CEUMA/USP em Linguagens da Arte, e Pedro Guimarães, performer e educador, graduado em História pela UNESP da cidade de Assis, São Paulo. A obra se refere a um termo popular para ampliação de moradia geralmente realizada pelo próprio morador e muitas vezes utilizando sobras de outras construções.
A pequena casa, que será construída no Largo da Batata, pretende formar um ambiente aconchegante que convida o espectador a escrever seus manifestos a partir da pergunta: “Quem é você na história do Brasil?”. Os educadores estarão diariamente guiando visitas das 8h às 20h e convidando o público a participar da provocação, revendo os processos de colonização do país e compreendendo como nos identificamos dentro da nossa história, desafiando os limites das fronteiras de comunicação e incitando a reescrita da história dos livros didáticos de uma forma coletiva. Junto a rodas de conversa sobre políticas de educação e debates sobre afeto e diálogo dentro desses processos, também haverá mesas com livros, plantas, bancos e dispositivos de escrita coletiva. O trabalho convida a todos para compor a proposta em conjunto e trazer uma educação fora da escola. A exposição também conta com audiodescrição para deficientes visuais.
Para a 3M, que patrocina o projeto desde sua primeira edição, o tema “Manifestos por mundos possíveis” tem forte conexão com os pilares que fazem parte de sua essência, valorizando a criatividade, relações de respeito, tolerância, colaboração e com o poder da inovação para transformar o mundo. “Ficamos muito felizes em apoiar novamente a realização desta mostra, fomentando a cultura, em local democrático, como é o Largo da Batata”, completa Luiz Eduardo Serafim, head de marketing da 3M do Brasil.
Para Fernanda Del Guerra, diretora da Elo3, empresa idealizadora e realizadora da Mostra 3M de Arte, “ter uma edição em que todos os artistas foram selecionados via edital por pessoas representativas da sociedade civil juntamente com profissionais do meio artístico é uma grande satisfação pois, ao nosso ver, essa é a melhor forma de tornar a arte acessível, democrática e fiel do nosso desejo em ocupar o espaço público com trabalhos que estejam em diálogo com os cidadãos”.
A 9ª Mostra 3M de Arte acontece, gratuitamente, de 28 de setembro a 28 de outubro e ocupará, pelo terceiro ano consecutivo, o Largo da Batata. Localizado na zona oeste da capital, a região pertence a uma área revitalizada que integra o esforço da sociedade civil para transformar a cidade em um espaço de convívio e ocupação por parte da população. Com circulação diária de aproximadamente 150 mil pessoas, o espaço, que recebe a Mostra tornou-se um símbolo de resistência pública abrigando ocupações, manifestações políticas, blocos de Carnaval e atividades de lazer e entretenimento cotidiano de paulistanos de todas as idades e classes sociais.
13° Primavera dos Museus: visita com artistas à Eu estou aqui agora na FVCB, Viamão
A Fundação Vera Chaves Barcellos promove uma visita guiada com as artistas Dione Veiga Vieira, Fernanda Gassen, Glaucis de Morais e Marlies Ritter à mostra coletiva Eu estou aqui agora, como parte da programação da 13° Primavera dos Museus. Com curadoria de Elaine Tedesco e Luísa Kiefer, a exposição reúne mais de 30 trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros, incluindo fotografias, videoarte, instalações, pinturas, desenhos e esculturas.
28 de setembro de 2019, sábado, das 14h às 16:30h
Fundação Vera Chaves Barcellos
Avenida Senador Salgado Filho 8450, Parada 54, Viamão, RS
Para o evento, a FVCB disponibilizará transporte gratuito, com saídas às 14h, em frente ao Theatro São Pedro. Inscrições e informações pelo info@fvcb.com ou no 51-98102-1059 e 51-3228-1445
SOBRE AS ARTISTAS
Glaucis de Morais Almeida (Lajeado, RS, 1972).
Forma-se em desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, em 1997. Faz mestrado em poéticas visuais pela mesma instituição. Frequenta cursos de intervenção em espaços urbanos e desenho e faz orientação em artes plásticas no Torreão, Porto Alegre. Sua pesquisa faz uma imbricação entre os jogos da arte e a fragilidade das relações. O elo entre pessoas, seja pela ponte da linguagem, seja pela construção da vontade, está precariamente inscrito na superfície da parede ou na estrutura frágil de uma escultura.
Dione Veiga Vieira (Porto Alegre RS - 1954).
Artista visual. Sua obra explora elementos poéticos em alusões ao corpo e ao orgânico com o uso de diversos meios: Instalação, Escultura, Pintura, Desenho, Objeto, Fotografia e Vídeo. A artista enfoca significados em torno dos processos de transformação, ao movimento imperceptível e desaparecimento da matéria, com dicotomias presença/ausência, positivo/negativo, dentro/fora.
Fernanda Gassen (1982, Porto Alegre/RS.)
Doutora e Mestre em Artes Visuais pelo PPGAV/UFRGS com Especialização e Graduação em Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Santa Maria/RS.. Vive e desenvolve seu trabalho artístico em Porto Alegre centrada no desenho, fotografia, criação textual, arte e educação.
Marlies Ritter, Artista visual (1941, Porto Alegre/RS.)
Dedica-se à cerâmica desde 1972, mas, também, sempre experimentando e utilizando outros materiais na concepção de sua poética. Em 1984, foi aluna de Megumi Yuasa e, de 1985 a 1988, estudou modelagem com Vasco Prado e Xico Stockinger. Trabalhou no Atelier Vila Nova, de Xico Stockinger, até 1991. Em 1992, fez curso de Antropologia Plástica com Dr. Fritz Marburg na Clínica Tobias, em São Paulo, e participou de workshops ministrados por Karin Lambrecht e Mauro Fuke. Vive e trabalha em Porto Alegre.
Saiba mais sobre a exposição e curadoras.
Ateliê397 apresenta seu novo projeto chamado Galpão397, São Paulo
Ocupando um galpão de 300m2 na Pompéia, o espaço apresenta seu novo formato, mais plural, como forma de enfrentar a recessão que enfrenta a cultura nacional
Neste domingo, 29/09, o Ateliê393 abre suas portas para apresentar o Galpão397, o novo nome que temos usado a partir da ocupação do espaço todo. Essa ampliação tem possibilitado a troca entre diferentes artistas, profissionais e moradores do bairro dentro e fora do galpão. O evento acontece das 14h às 20h e contará com diversas atividades ligadas aos grupos, residentes e artistas que ocupam o espaço.
O tempo de vida dos espaços independentes, das revistas, dos coletivos talvez nada diga sobre sua qualidade e os diálogos que estabeleceu. Todos esses equipamentos culturais estão sujeitos a desaparecer porque a cultura é sempre um campo de batalha. Por outro lado, cada espaço que sobrevive tem uma razão de ser, uma inserção na discussão e uma decifração do mundo contemporâneo que precisamos entender. A continuidade, pode-se dizer, é mais um teste de validação. As gestoras Carollina Lauriano, Bianca Mantovani, Tania Rivitti e Ana Elisa Carramaschi decidiram aceitar passar por esse teste. E para isso isso têm criado uma série de projetos e atividades para que o Ateliê397 siga na ativa.
A residência artística Temos Vagas! faz parte das comemorações dos 15 anos de resistência e existência do Ateliê397. A programação conta com uma série de ações integradas que visam propor uma imersão dos artistas selecionados. Na ocasião, os ateliês dos 12 artistas residentes - Ana Matheus Abbade, Carlota Mason, Dora Smék, Gayle Forman, Jonas Arrabal, Ju Bernardo, Julia Ângulo, Maria de Los Vientos, Monique Huerta, Paul Sétubal, Pamella Anderson e Rebeca Yun Hee Pak - estarão abertos para que o público entre em conatto com a pesquisa e processos que estão sendo desenvolvidos no espaço.
O Vozes Agudas é um desses projetos que tem continuidade no Ateliê397. Com um ano e meio de existência, o grupo se reúne semanalmente e agora apresenta seu podcast e uma exposição que dialoga com as entrevistas realizadas. O nosso diferencial é sermos um grupo de mulheres que busca dar visibilidade ao trabalho de profissionais do campo da arte. No domingo, o grupo realiza a abertura da exposição Vozes Agudas: nosso corpo, nossa voz, com obras das artistas Ana Teixeira, Fabiana Faleiros e Virgínia de Medeiros, celebrando o lançamento do podcast "Vozes Agudas". As artistas são as três primeiras convidadas do podcast, que fala sobre o lugar da mulher no campo da arte.
Está também no galpão a Escola da Floresta, um espaço de ensino e aprendizagem criado pelo artista Fábio Tremonte. Para a inauguração da escola no Galpão397, contaremos com a participação dos artistas do coletivo Bijari, com exposição no Varal, a Biblioteca emprestada do crítico e curador Leonardo Araújo e o artista Gustavo Torrezan apresenta a Rádio Livre e a Escola da Encruzilhada.
Finalizam as comemorações dessa reabertura o Open Studio 397, com a participação dos artistas com ateliê fixo no espaço. Adriano Franchini, AMNA Filmes, Ana Elisa Carramaschi, Luana Lins, Maria Fernanda Simonsen, Mariana Herrerias Reis, Rodrigo Ferrarezi, Sol Casal, Veridiana Mana e Vinícius Maffei estarão com seus ateliês abertos e trabalhos expostos no espaço.
setembro 23, 2019
Celso Brandão na Caixa Cultural, São Paulo
53 retratos do fotógrafo alagoano revelam a cultura, crenças populares e expressões dos povos do sertão brasileiro.
A Caixa Cultural São Paulo inaugura no dia 31 de agosto, sábado, às 11 horas, a mostra individual “Caixa-Preta”, do fotógrafo Celso Brandão. Curadoria de Miguel Rio Branco traz a público 53 retratos de personagens do sertão, realizados na década 1990, revelando a cultura popular sertaneja, suas nuances, dores e a simplicidade daqueles lutam para sobreviver no Brasil.
Na Caixa-Preta de Brandão, a poesia se exala nas fotos. Os cliques migram pelo interior de Alagoas e registram suas peculiaridades. São índios, negros, brancos, expressões marcantes, realistas e intensas, cultura e crenças populares reveladas com a intensidade dramática, porém não menos realista deste artista que joga com luzes e sombras e colore no preto e no branco. Afinal, o fotógrafo sempre se interessou pelos desamparados, pela dor do povo, pela energia e imaginação que transcende. Nas imagens de Celso, ele dá forma a um mundo que também o forma em troca. Por isto, escolheu o preto e branco como registro destas fotos, que falam por si só e apresentam uma função dramática e dialética.
“O preto e branco é, sem dúvida, a genuína natureza da captação fotográfica, a que mais incisivamente decodifica a realidade que nos cerca. Já o título surgiu por estar resgatando dados de uma determinada trajetória, como de uma caixa-preta de avião, encontrada no abismo do esquecimento”, revela Celso Brandão.
Embora o material desta caixa-preta seja exposto agora, a pesquisa do artista começou em 1990, quando ele percorria Alagoas e seus interiores e registrava mercados, ruas, festas religiosas e blocos carnavalescos em um resultado que deu origem a sua fotografia humanista.
Celso Brandão (Maceió, AL – 1951). Fotógrafo e cineasta é graduado em Comunicação Social (1976). O apreço pela arte sempre esteve presente na vida do alagoano Celso Brandão. Desde criança, Celso se interessou pelo povo, índios, negros, excluídos socialmente – não à toa, diz que em suas veias corre sangue indígena – pela mitologia e cultura que clama nos interiores de sua terra e das diversidades dos Brasis. Vendo sua vocação para arte, seu pai lhe deu uma câmera fotográfica aos 13 anos de idade. E Celso nunca mais parou de registrar a essência da cultura popular brasileira. Como cineasta e documentarista fez documentário em Super 8 “Reflexos”, sobre a Lagoa Manguaba, em Alagoas, produção vencedora do primeiro lugar no Festival de Cinema de Penedo. Assina ainda como diretor “Filé de Pombal da Barra” (1977), “Mandioca da Terra à Mesa”(1977), “Benedito: O Santeiro” (1985), “Dede Mamata” (1988), “Ponto das Ervas”, “A Singeleza da Singeleza”, “A Casa de Santo” (1986), “Memória da Vida e do Trabalho (1ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico), “Chão de Casa” (1982), “Mestra Hilda”, “Mestre Benon, o Treme Terra”, este dele e de Nicolle Freire, além de “O Lambe-Sola”, as opiniões de Celso Brandão sobre o popular poeta Antonio Aurélio de Morais.
Teresa Poester na UFRGS, Porto Alegre
Inéditos de Teresa Poester na Sala Fahrion
Teresa Poester (Bagé, 1954) é a convidada da nova edição do projeto Percurso do artista, promovido pelo Departamento de Difusão Cultural (DDC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), órgão ligado à Pró-Reitoria de Extensão.
A exposição, intitulada Até que meus dedos sangrem, apresenta a partir de 30 de setembro, na Sala João Fahrion, no prédio da Reitoria (Paulo Gama, 110), em Porto Alegre, apenas trabalhos inéditos, concebidos especialmente para a ocasião. Ao mesmo tempo, deve funcionar como uma espécie de apanhado do trabalho da artista ao longo dos últimos dois anos. Na noite de abertura, a partir das 20h, Vagner Cunha executará ao vivo a peça musical que compôs especialmente para a videoperformance Labografias.
Desde que se aposentou como professora do Instituto de Artes da UFRGS, no início de 2018, Teresa está morando na França, país em que já havia cumprido o doutorado (na Universidade de Paris I, Sorbonne) e o pós-doutorado (na Universidade da Picardia Jules Verne). Nesse período, sua produção desdobrou-se de modo bastante profícuo e foi exibida em galerias parisienses.
Reconhecida pela trajetória como pintora e desenhista, Teresa explorando nesses novos trabalhos algumas nuances mais experimentais tanto do desenho como do gesto mesmo de desenhar, fundindo essa linguagem com outras possibilidades estéticas, como gravura, fotografia, impressão digital, performance, videoperformance e animação.
A exposição, com curadoria de Eduardo Veras, exibe dois conjuntos de desenhos de grandes dimensões, construídos parte no ateliê de Teresa em Eragny-sur-Epte, na Normandia, parte em Porto Alegre, combinando lápis de cor e pigmento, em um emaranhado de forte gestualidade. A mostra também inclui vídeos desenvolvidos em parceria com os músicos Vagner Cunha, no Brasil, e Januibe Tejera, na França.
No pergolado que acompanha a Sala Fahrion, voltado para a Avenida Paulo Gama, Teresa apresenta o trabalho que dá título à exposição. Até que meus dedos sangrem é um desenho coletivo, resultante de uma performance que a artista orquestrou no último feriado de 7 de setembro, com a participação de mais de 20 artistas visuais – entre amigos, colegas, alunos e ex-alunos do Instituto de Artes. Vestidos de preto, ao longo de quase seis horas, eles riscaram com canetas esferográficas Bic, na cor vermelha, sobre uma superfície de linóleo fosco com 26 metros quadrados de área. O esforço produziu um desenho de eloquente impacto visual e político.
Além de exposições no Brasil e na França, Teresa já realizou individuais na Argentina, na Espanha e na Bélgica. Iniciou sua trajetória artística nos anos 1970, ligada ao então nascente movimento de arte postal, e em atividades de cenografia, ilustração e artes gráficas. Formou-se pelo Instituto de Artes da UFRGS em 1982. Entre 1986 e 1989, estudou na Universidade Complutense de Madri, na Espanha. Entre 1998 e 2002, cursou o doutorado na Universidade de Paris I, na França. De volta ao Brasil, em 2012, cria o grupo de pesquisa Atelier D43, dedicado à experimentações com desenho, performance e vídeo.
O projeto Percurso do artista está voltado à apresentação de trabalhos de artistas-professores. Já exibiu as produções de Nico Rocha, Luiz Eduardo Robinson Achutti, Eduardo Vieira da Cunha, Flávio Gonçalves e Luiz Gonzaga de Mello Gomes.
Até que meus dedos sangrem será inaugurada às 18h30 do dia 30 de setembro (segunda-feira), na Sala João Farhion, no prédio da Reitoria da UFRGS (Paulo Gama, 110, 2º andar). Pode ser visitada até maio de 2020, sempre às terças e quintas, das 10h às 17h; nas quartas e nas sextas, das 12h às 17h. A exposição não funciona nos fins de semana. A entrada é franca.
Teresa Poester nasceu em Bagé, extremo sul do Brasil, em 1954. O desenho combinado a linguagens e tecnologias contemporâneas é o centro de seu trabalho. Realiza exposições individuais a partir dos anos 80 no Brasil, Argentina, Espanha, Bélgica e França, obtendo premiações de desenho.
Como professora, ensina no Instituto de Artes da Universidade Federal UFRGS em Porto Alegre de 1996 a 2018. Nos anos 80 dedica-se à arte postal trabalhando também como cenógrafa de teatro e cinema, grafista e ilustradora. De 86 a 89 estuda pintura na Universidade Complutense de Madri. Entre 1998 e 2002, realiza doutorado na França, Paris 1-Sorbonne, sobre a relação entre pintura de paisagem e abstração.
Retornando da França, de 2006 à 2009, continua sua pesquisa mesclando o desenho à gravura, à fotografia e ao vídeo. Em 2012, cria em Porto Alegre o Atelier D43, grupo de desenho e performance cujo principal suporte é o vídeo.
Em 2015, realiza pós-doutorado na França sobre sua residência artística com o Atelier D43 no espaço Anis Gras, conhecido centro experimental na periferia de Paris. Neste mesmo ano ministra disciplinas de desenho na Universidade Jules Verne em Amiens.
Atualmente, vive e trabalha em Eragny sur Epte na França.
www.teresapoester.com.br / www.bolsadearte.com.br
setembro 20, 2019
5ª edição do Festival Dobra na Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro
Em 2019 o Dobra – Festival Internacional de Cinema Experimental chega à sua 5ª edição consecutiva carregando a bandeira da resistência cultural.
26 a 28 de setembro de 2019
Cinemateca do MAM
Av. Infante Dom Henrique 85, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
Em 2019 o Dobra – Festival Internacional de Cinema Experimental chega à sua 5ª edição consecutiva carregando a bandeira da resistência cultural. Entre 26 e 28 de setembro o festival trará para a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro um vasto panorama da produção contemporânea de cinema experimental mundial, performances artísticas, workshops de realização cinematográfica e debates, com o intuito de promover a visibilidade e a desmistificação do segmento experimental junto ao público brasileiro. Todas as sessões do Dobra são gratuitas. A abertura do Dobra 2019 acontecerá no dia 25 de setembro no Galpão Ladeira das Artes, e contará com a exibição de um programa especial de curtas em 16mm do duo australiano Nanolab, convidado do festival, e de um programa de curtas extraídos da convocatória de inscrições.
O cinema experimental é uma das vertentes artísticas mais comprometidas com a transformação do mundo e uma ferramenta potente de resistência e questionamento social. Em um momento em que a cultura atravessa uma crise tão severa no Brasil, com cortes de incentivos, realizar um festival de cinema experimental torna-se mais necessário do que nunca.
Dentro desse propósito, o Dobra exibirá 7 programas de curtas-metragens selecionados dentre os 1.291 filmes inscritos na já tradicional convocatória anual de inscrições internacionais. Com curadoria de Cristiana Miranda e Lucas Murari, esses programas traçam um panorama da produção experimental mundial e contém uma bela representatividade de filmes nacionais. Dentro desses programas destacam-se os curtas: “Olhe bem as montanhas”, de Ana Vaz; “Kocapana” de Marcos Bonisson e Khalil Charif; “Rasga Mortalha” de Thiago Martins de Melo.
Neste ano a programação do Dobra apresenta Richard Tuohy e Dianna Barrie. Vindos da Austrália a dupla de artistas ministrará um workshop avançado de processamento manual de imagem em 16mm, no espírito do “faça você mesmo”. A dupla também apresentará uma performance artística em 16mm e um programa de curtas dentro da programação do festival.
O Dobra realizará também uma oficina de realização em 16mm, ministrada pela artista e coordenadora do festival Cristiana Miranda. A oficina propõe uma atividade prática de filmagem com câmera Bolex e revelação da imagem colorida. O grupo de alunos será estimulado a criar um filme coletivo em 16mm a partir de 3 encontros.
Também farão parte da programação duas performances, uma apresentada pelo coletivo argentino-brasileiro Membrana Experimental Fiat Lux, e outra apresentada pela artista mexicana Azucena Losana.
Nas palavras da curadora Cristiana Miranda: “Reafirmando-se como um espaço de resistência através de uma produção experimental de qualidade que compreende o Rio de Janeiro como uma cidade integrada no circuito internacional e consciente da necessidade de pesquisar a história não contada do cinema brasileiro, o Festival Dobra convida o público carioca a fazer da experimentação cinematográfica uma linha de combate na construção de um novo mundo, que o cinema nos dê asas.”
Acesse a programação completa: www.festivaldobra.com.br
Nômada no Oasis, Rio de Janeiro
O Oasis (Organismo de Arte I Saberes I Investigações) – um espaço idealizado por Rodrigo Magalhães, Sonia Salcedo del Castillo e Neno del Castillo, para pesquisa e experimentação artística, situado à Rua Buenos Aires 168, no Centro do Rio de Janeiro - constitui-se como uma plataforma transdisciplinar com o objetivo de oferecer ao público uma rede de intercâmbio entre seus protagonistas (artistas, pesquisadores, estudantes, produtores etc).
Para dar início às suas atividades, a exposição Nômada reúne um conjunto de artistas, cujas produções lidam com as possibilidades da imagem, no caso, relacionadas ao olhar e à imaginação. Interessada nessa espécie de liminaridade, a curadoria investe em obras que transitam entre distintas poéticas retóricas e/ou textuais: do desenho à pintura, perpassando a poesia objectual e/ou performativa, a fotografia e a gravura. A convivialidade entre as obras explora a feição gráfica da imagem em preto e branco, mantendo-se fiel ao conceito curatorial que leva a assinatura de Sonia Salcedo del Castillo.
Artistas: Alex Hamburger, Amanda Lebeis, Andreia Evangelista, Antonio Bokel, Clarice Rosadas, Daniel Castanheira, Floriano Romano, Franklin Cassaro, Inês Cavalcanti, Loio-Pérsio, Marcos Abreu, Marcos Chaves, Mateu Velasco, Neno del Castillo, Pedro Sánchez, Rodrigo Cardoso, Ronald Duarte, Suely Farhy, Thainan Castro, Victor Arruda, Zalinda Cartaxo.
Somos Muit+s Programa de 25 a 29 de setembro na Pinacoteca, São Paulo
A Pinacoteca convida para uma programação especial que acompanha a exposição Somos Muit+s: experimentos sobre coletividade. A mostra, em cartaz até 28 de outubro de 2019, investiga a prática artística como exercício coletivo a partir de experiências pensadas enquanto diálogos, diretos ou indiretos, com a produção de Joseph Beuys e Hélio Oiticica, dois dos mais importantes artistas da segunda metade do século 20. Além deles, participam outros seis artistas/coletivos nacionais e internacionais: Maurício Ianês, Mônica Nador + JAMAC, Coletivo Legítima Defesa, Rirkrit Tiravanija, Tania Bruguera e Vivian Caccuri.
25 de setembro | Quarta-feira
10h30 às 13h30: Núcleo Aqui Mesmo – Ensaio de TransBordAr [Ativações no Octógono]
Ensaio aberto para o desenvolvimento da instalação site specific performática de dança como forma de pesquisar a relação entre a pesquisa coreográfica e a espacialidade. Concepção e direção da dançarina Carmen Morais, também responsável pela criação do grupo, em 2012.
15h às 18h: Povo na Pina - Ponto Firme [Ativações no Octógono]
Em parceria com a Casa do Povo, o projeto propõe a construção de grandes estruturas de crochê utilizando principalmente materiais descartados pela própria Pinacoteca. A oficina é conduzida pelo designer e artesão Gustavo Silvestre com participação dos egressos e ex-alunos do Ponto Firme, projeto que há quatro anos leva aulas de crochê para dentro de uma penitenciária masculina. Aberto à participação do público e visitantes de todas as idades.
26 de setembro | Quinta-feira
11h às 13h: Slam: Palavras e corpos que desobedecem [Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
O encontro aborda a literatura marginal-periférica a partir da estética presente nos slams (batalhas de poesia criadas na década de 1980), trazendo um panorama atual da poesia oral que se manifesta nesse contexto. Com Mídria da Silva Pereira. Inscrições no local. 25 vagas.
15h às 18h - Estudo de caso, com Jaider Esbell e Paula Berbert – PassoapassoMakunaima [Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
15h às 18h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação [Ativações no Octógono]
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha com roupas confortáveis.
27 de setembro | Sexta-feira
15h às 18h: Preparação do Exercício 2, com acompanhamento de Fábio Tremonte [Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
16h às 17h: Aula de Zumba
Ação de mobilização aos colaboradores sobre a importância da atividade física e os benefícios gerados. Venha com roupas confortáveis. 25 lugares.
17h às 18h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação [Ativações no Octógono]
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha com roupas confortáveis.
28 de setembro | Sábado
11h às 13h: Coletivo Mirante - Experimento de Deambulação [Ativações no Octógono]
Formado por artistas visuais e educadores com foco em arte contemporânea e criação coletiva, o grupo propõe um encontro para discutir e experimentar conceitos como coletividade, consenso, empatia, negociação, etc. Por meio dele, os participantes deverão criar um desenho a partir de um som, uma escultura a partir de um cheiro e um som a partir de uma textura. O grupo será incentivado a compartilhar suas impressões para a construção de um único projeto. Grupos de até 20 pessoas, acima de 15 anos. Duração: 2 horas.
14h às 15h30: Slam: Palavras e corpos que desobedecem [Ativações no Octógono]
Como finalização do processo de experimentação do Slam e suas possibilidades de expressão coletivas, será realizada uma competição de poesias a partir da construção coletiva de novos referenciais de inserção de pessoas negras, mulheres, indígenas, LGBTQI+ no mundo. Com Midria da Silva Pereira.
29 de setembro | Domingo
15h às 18h: Povo na Pina - Ponto Firme [Ativações no Octógono]
Em parceria com a Casa do Povo, o projeto propõe a construção de grandes estruturas de crochê utilizando principalmente materiais descartados pela própria Pinacoteca. A oficina é conduzida pelo designer e artesão Gustavo Silvestre com participação dos egressos e ex-alunos do Ponto Firme, projeto que há quatro anos leva aulas de crochê para dentro de uma penitenciária masculina. Aberto à participação do público e visitantes de todas as idades.
Geraldo Zamproni no Alfredo Andersen, Curitiba
Mostra traz fotografias e instalação inflável monumental, que ficará na área externa do museu
Conhecido por suas obras monumentais que interagem com o espaço público, o artista paranaense Geraldo Zamproni inaugura na próxima segunda-feira (23), às 14h30, a exposição "Sobre Aqueles", no Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA).
Além de fotografias que mostram o trabalho do artista em diferentes países do mundo, como Portugal, Estados Unidos, Espanha e Austrália, o artista também desenvolveu uma grande instalação de tecidos infláveis, montada no espaço externo do museu.
As fotografias estarão expostas em um novo local expositivo da Academia Andersen, espaço de cursos de arte do MCAA. A mostra fica em cartaz até 18 de outubro.
Em suas obras, Zamproni costuma fazer referências visuais a objetos do cotidiano, como grandes travesseiros e almofadas. "Uma característica da obra de Zamproni é a interação das instalações com a arquitetura dos locais onde são montadas", diz o curador da mostra, Renan Archer. Ele cita como exemplo um trabalho em Brasília, no Complexo Cultural Funarte, em que as enormes almofadas criaram a ilusão de sustentação do prédio.
"As obras de Geraldo visam alterar visualmente o espaço que as rodeiam, explorando a relação entre objeto, ambiente e observador. Esse emaranhado produz um efeito de estranhamento e instabilidade, um diálogo com o espectador", salienta o diretor do MCAA, Luiz Luiz Gustavo Vardânega Vidal Pinto.
O artista
Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Geraldo Zamproni é artista autodidata há mais de duas décadas. A estética de objetos industriais, como plástico, ferro e tecidos sintéticos são uma marca do seu trabalho, bem como a forte interação com a arquitetura.
O MCAA
O Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA) é um dos equipamentos culturais sob gestão do Governo do Estado do Paraná. O edifício, do fim do século 19, é um dos tesouros do centro histórico de Curitiba e serviu de residência e ateliê para o pintor norueguês Alfredo Andersen. A instituição guarda e exibe parte do seu acervo, com pinturas, desenhos e objetos pessoais. Além disso, o museu conta ainda com um anexo muito importante para o ensino das artes, a Academia Andersen, espaço que oferece cursos de arte para a formação cultural da comunidade. No total, estão disponíveis 32 oficinas, em horários pela manhã, tarde e noite.
Geraldo Souza Dias no Espaço Cultural Contraponto, São Paulo
De 24 de setembro a 5 de outubro de 2019, o Espaço Cultural Contraponto, na Vila Madalena em São Paulo apresentará um conjunto de 68 pinturas a óleo/colagens sobre tela do artista Geraldo Souza Dias, em sua grande maioria produzidas nos últimos cinco anos.
A exposição Ora bolas, ora retângulos tem curadoria conjunta do artista e de seu amigo e colega Sérgio Fingermann e discute principalmente a relação formal do suporte circular na prática pictórica — também chamado de tondo, do italiano rotondo=redondo — face ao formato retangular na pintura contemporânea.
Tanto os trabalhos circulares, com diâmetros que oscilam entre 30 cm a 1,50 m, como os retangulares apresentam composições geométricas e construtivas que remetem à paisagem urbana e mas trazem também elementos ou vestígios figurativos, em grandes ou pequenas dimensões. Ainda que não seja uma retrospectiva, a mostra tenta dar conta da delimitação de uma poética, que vem sendo definida ao longo de mais de quarenta anos de pratica de pintura.
Os trabalhos estarão à venda, com preços a partir de R$900,00 (novecentos reais) a R$8.000,00 (oito mil reais).
setembro 19, 2019
Matias Duville na Luisa Strina, São Paulo
Rotas para a mente que conduzem para o pôr-do-sol. O transito do carvão para a poeira do deserto. Matias Duville descreve assim os desenhos de grandes dimensões feitos em sanguínea (carvão vermelho) que estão reunidos na exposição Projection Soul, sua terceira mostra individual na Galeria Luisa Strina.
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Cada vez que começa uma série com uma matéria prima não utilizada anteriormente, o artista conta que precisa experimentar por longo período o material: “Sinto-me em um novo ambiente e demora até equalizar a estrutura do material com a dos trabalhos; é o começo de uma nova realidade”, explica Duville. Trabalhando com sanguínea há um ano e meio, ele afirma que, após os dez primeiros desenhos, aproximadamente, começou a pensar na sensação de olhar na direção do sol com os olhos fechados. “O elemento propulsor desses trabalhos é o sol, o real. Os caminhos ou estradas que parecem conduzir até o Sol são um grande enigma.”
Antes de iniciar a série Vermelha, Matias havia trabalhado em um grupo de desenhos feitos com lama, durante uma residência artística no Rio de Janeiro, em 2018, quando realizou também uma vivência/workshop com alunos de artes no Parque Lage. “Quando uso lama, eu sou o desenho, porque é um material molhado, rápido e incontrolável. A mente também viaja rápido, sem filtros. Aqui, o material é seco, demorado e lírico”, compara Duville as duas experiências bastante distintas.
“Acredito nessa realidade paralela, em uma percepção aumentada, a amplificação da mente; cada desenho é uma ativação de uma nova área mental para mim ”, conta o artista. Seu interesse reside no fato de que, embora as obras possam ser lidas como oníricas, estão localizadas em um espaço concreto, pertencem a este mundo. Talvez isso tenha guiado a série de esculturas que dividem o espaço expositivo da Galeria Luisa Strina com os desenhos em vermelho.
Feitas em argila fundida em bronze, as peças são criadas a partir de um plano, sobre o qual o artista imprime redes, que criam uma padronagem de grid. “Nas esculturas, você tem uma maneira diversa de visualizar a mesma cena dos desenhos, ou seja, o contraste entre peso e levitação, entre cheio e vazio. São como microuniversos dentro das paisagens.”
Duville explica que quando produz suas esculturas, imagina que está manipulando a matéria total, como se não existisse mais nada e todo o contexto em que está inserido desaparecesse. “As esculturas são um diálogo entre a matéria e o vazio. Sua visualidade é algo intermediário entre objetos que poderiam vir do espaço sideral ou do oceano.” Algumas estão apoiadas, outras perdem seu ponto de gravidade, parecendo gravitar, como asteroides.
SOBRE O ARTISTA
Nascido em Buenos Aires (1974), onde vive e trabalha, Matias Duville é considerado uma referência no desenho contemporâneo latino-americano. Uma das características mais marcantes no trabalho do artista é a reflexão e pesquisa no uso de diferentes materiais, tais como caneta esferográfica, carvão, acrílico, carpete, nos quais ele trabalha seguindo as coordenadas que cada material dita.
Exposições individuais recentes incluem: Desert means ocean, Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA (2019); Arena Parking, Centro Cultural Recoleta – Sala Cronocopios, Buenos Aires, Argentina (2015); Mutações, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil (2015); Espacio, proyectil, Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brasil (2015); Life in an instant, Galerie Georges-Philippe & Nathalie Vallois, Paris, França (2014); Discard Geography, École Nationale Supérieure des Beaux-arts de Paris, France (2013); La Distance Juste, Galerie Georges-Philippe & Nathalie Vallois, Paris, França (2013); Parc solo project, Lima, Peru (2013); Of Bridges and Borders, Valparaiso, Chile (2013).
Seu trabalho faz parte das coleções: Tate Collection, Reino Unido; Blanton Museum, EUA; Patricia P. de Cisneros Collection, EUA; Pierre Huber Collection, Suíça; Fondazione Cassa di Risparmio di Modena, Itália; ARCO Foundation, Espanha; MACRO – Museo de Arte Contemporáneo de Rosario, Argentina; MALBA – Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Argentina; MALI – Museo de Arte de Lima, Peri; MUSAC – Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Espanha; MAMBA – Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Argentina; Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA.
Routes to the mind that lead into the sunset. The journey of charcoal to the dust of the desert. Matias Duville thus describes the large drawings made in sanguine (red charcoal) that are gathered at the exhibition Projection Soul, his third solo show at Galeria Luisa Strina.
Each time the artist begins a series with a previously unused raw material, he says that a period of experimentation with the material is needed for a while: “I feel in a new environment and it takes time to equalize the structure of the material with that of the works; it’s the beginning of a new reality,” explains Duville. Working with sanguine for a year and a half now, he affirms that after about ten drawings, he started thinking about the sensation of looking in the direction of the sun with your eyes closed. “The driving force of these works is the sun, the real one. The paths or roads that seem to lead to the sun are a great mystery.”
Prior to starting the Red series, Matias had worked on a group of drawings made with mud during an artistic residency in Rio de Janeiro in 2018, when he also held an experience / workshop with art students at Parque Lage. “When I use mud, I’m the drawing because it’s a wet, fast and unmanageable material. The mind also travels fast without filters. Here the material is dry, time consuming and lyrical,” Duville compares the two very different quests.
“I believe in that parallel reality, in an augmented perception, the amplification of one’s mind; each drawing is as activation of a new mental area for me”, tells the artist. His interest lies in the fact that, even though the works may be read as oneiric, they are located in a concrete space, they belong in this world. This is perhaps what guided the series of sculptures that share the exhibition space at Galeria Luisa Strina with the red drawings.
Made in clay cast in bronze, the pieces are created from a kind of plan, on which the artist prints nets, that create a grid pattern. “In the sculptures, you have a different way of viewing the same scene of the drawings, that is, the contrast between weight and levitation, between full and empty. They are like microuniverses within the landscapes.”
Duville explains that when he produces his sculptures, he imagines that he is manipulating a kind of total matter, as if there is nothing left and the whole context in which he is inserted disappears. “The sculptures are a dialogue between matter and emptiness. Their visuality is something intermediate between objects that could come from outer space or the ocean.” Some look supported, others lose their gravity point, seeming to gravitate, like asteroids.
ABOUT THE ARTIST
Born in Buenos Aires, where he lives and works, Matias Duville is considered a reference in contemporary Latin American drawing. One of the most outstanding characteristics in the work of the artist is the reflection and research in the use of different materials such as Ball-point pen, charcoal, acrylic, soothe, moquette, conglomerate plates, in which he works following the coordinates that each material dictates.
Important Public Collections holding his work: Tate Modern, London, UK; Blanton Museum. Austin, Texas, USA; Patricia P. de Cisneros Collection. New York, USA; Pierre Huber Collection. Genève, Suisse; Fondazione Cassa di Risparmio di Modena, Italia; ARCO Foundation. Madrid, España; MACRO. Museo de Arte Contemporáneo de Rosario, Argentina; MALBA. Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Argentina; MALI. Museo de Arte de Lima, Perú; MUSAC. Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, España; MAMBA. Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Argentina; Museum of Latin American Art, Long Beach, USA.
Recent solo exhibitions include: Desert means ocean, Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA (2019); Arena Parking, Centro Cultural Recoleta – Sala Cronocopios, Buenos Aires, Argentina (2015); Mutações, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brazil (2015); Espacio, proyectil, Galeria Luisa Strina, São Paulo, Brazil (2015); Life in an instant, Galerie Georges-Philippe & Nathalie Vallois, Paris, França (2014); Discard Geography at École Nationale Supérieure Des Beaux-arts De Paris, France (2013).
Laura Lima na Luisa Strina, São Paulo
A artista Laura Lima realiza a sua terceira individual na Galeria Luisa Strina trazendo um grupo de novas obras com materiais que se transformam, que impactam o ambiente expositivo de maneira multissensorial e evocam o imaginário fotográfico. A exposição “qual” conta com texto-obra assinado por Daniela Castro / Deleuze Was Wrong, em que as substâncias presentes na mostra entabulam um diálogo diagramado em formato de árvore.
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Todas as obras são suspensas. A escolha por esse método de apresentação se explica tanto pela transparência e delicadeza das obras, quanto pela postura sempre questionadora da artista em relação a tudo que se entende como “tradição” na história da arte. O grupo de trabalhos Ágrafo, iniciado em 2015, é quase todo mostrado da mesma maneira; neste caso, por se tratar de peças tridimensionais, a suspensão tem a ver com a possibilidade de observação por ângulos diversos, mas também com a atitude avessa à tradição de colocar esculturas no chão.
Do ponto de vista das experiências da materialidade suspensa na trajetória de Laura Lima, pode-se pensar nos Costumes, nos Portraits e, mais radical de todas, no Balé Literal, que a artista realizou neste ano na encruzilhada d’A Gentil Carioca, no centro do Rio de Janeiro, espécie de ópera bufa protagonizada por objetos que transitavam de um prédio a outro em um fio suspenso, uns mais rápidos, outros mais lentos, configurando a coreografia orquestrada pela artista.
As obras da exposição “qual” são feitas de tule e gelo seco, uma matéria frágil e imaculada, outra instável e mutante. Aqui, o diálogo se estabelece entre as novas obras e os Wrong Drawings (feitos de algodão e carvão), pelo risco iminente de contaminação, um elemento ameaçando o outro. Da perspectiva da materialidade cambiante, importante lembrar das instaurações de HOMEM=CARNE / MULHER=CARNE, em que Laura considera os seres vivos como matéria escultórica.
Para encerrar esta rápida genealogia de obras relacionadas, com o intuito de contextualizar “qual”, falta falar da materialidade fantasmática destas obras, derivadas de seus pensamentos sobre o desenho, “desfocados” pelo efeito fumegante do gelo seco. Nesse aspecto, conversam com o universo do Fumoir (2009/2017), que subverte as regras museológicas e permite contemplar as outras obras envolto em fumaça de charuto, assim como com as obras-fotografias Lugares Colagens, em que elementos esfumaçados ou desfocados habitam ambientes art nouveau aos quais, deliberadamente, não pertencem.
SOBRE A ARTISTA
Nascida em 1971, em Governador Valadares, Laura Lima vive e trabalha no Rio de Janeiro. Desde os anos 1990, a artista ficou conhecida pelo uso de seres vivos (humanos, animais ou plantas) como matéria da arte, construindo relações inesperadas com o espaço e a arquitetura. Seu intuito está em desafiar conceitos do vocabulário especializado, como performance ou instalação. As variações do comportamento humano em relação à complexidade das relações sociais também são objeto de fascinação da artista, o que a leva ao contínuo exercício de construir um léxico particular para abordar este tema.
Exposições individuais recentes incluem: Balé Literal, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2019); I hope this finds you well, Tanya Bonakdar Gallery, Nova York (2019); Alfaiataria, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2018); Cavalo come Rei, Fundação Prada, Milão (2018); The Inverse, ICA Miami (2016); Ágrafo, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2015); El Mago Desnudo, MAMBA Museo de Arte Moderno de Buenos Aires (2015); The Naked Magicien, National Gallery of Denmark, Copenhagen (2015) e Bonnierskonsthall, Stockholm (2014); e The fifth floor, Bonnefantenmuseum, Maastricht (2014).
Exposições coletivas selecionadas incluem: Bienal de Busan (2018); Trienal de Aichi, Toyohashi (2016); Performa 15, Nova York (2015); 15 Rooms, Long Museum, Shanghai (2015); Encruzilhada, Parque Lage, Rio de Janeiro (2015); Por amor a la disidencia, MUAC – Museo Universitario Arte Contemporáneo, Cidade do México (2013); Circuitos Cruzados – Centre Pompidou meets MAM, Museu de Arte Moderna, São Paulo (2013); Ruhrtriennale, Essen (2012); 11ª Bienal de Lyon (2011).
Coleções das quais seu trabalho faz parte incluem: Instituto Inhotim, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Bonniers Konsthall, Suécia; Migros Museum für Gegenwartskunst, Suíça, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil.
The artist Laura Lima presents her third solo show with Galeria Luisa Strina bringing a group of new works with transforming materials that impact the exhibition environment in a multisensory manner and evoke photographic imagery. The exhibition “qual” features an art-text by Daniela Castro / Deleuze Was Wrong, in which the substances present in the exhibition embark on a dialogue diagrammed in a tree-shaped format.
All works are suspended. The choice for this method of presentation is explained both by the transparency and delicacy of the pieces, as well as by the artist’s questioning attitude towards everything that is understood as “tradition” in art history. The Ágrafo group of works, for example, started in 2015, is almost entirely shown in the same way; in this case, because they are three-dimensional pieces, the suspension has to do with the possibility of observation from different angles, but also with the attitude against the tradition of placing sculptures on the floor.
From the point of view of the experiences of suspended materiality in Laura Lima’s trajectory, one can think of Costumes, Portraits and, most radical of all, the Literal Ballet, which the artist presented this year at the crossroads of A Gentil Carioca, in downtown Rio de Janeiro, a kind of puff opera performed by objects that moved from one building to another on a suspended wire, some faster, some slower, configuring the choreography orchestrated by the artist.
The works of “qual” are made of tulle and dry ice, one fragile and immaculate matter, another one unstable and mutant. Here, a dialogue is established between the new works and the Wrong Drawings (made of cotton and charcoal), for the imminent risk of contamination, one element threatening the other. From the perspective of changing materiality, it is important to remember the instaurations of MAN = MEAT / WOMAN = MEAT, in which Laura considers living beings as sculptural matter.
To end this quick genealogy of related works, in order to contextualize “qual”, one has to speak of the ghostly materiality of these works, derived from the artist’s thoughts about drawing, ‘blurred’ by the steaming effect of dry ice. In this respect, they relate to the universe of Fumoir (2009/2017), which subverts the museological rules and allows us to contemplate the other works wrapped in cigar smoke, as well as to the photo-works Lugares Colagens, where smoky or unfocused elements inhabit art nouveau environments to which they deliberately do not belong.
Cildo Meireles no Sesc Pompeia, São Paulo
Exposição Entrevendo, de Cildo Meireles, abre ao público dia 26 de setembro, no Sesc Pompeia, com o maior acervo já exposto do artista na América Latina
Partindo da ideia polissêmica de “sentido”, a antologia com curadoria de Júlia Rebouças e Diego Matos apresenta cerca de 150 obras, dos anos 1960 até os dias atuais, que dialogam com a pluralidade de usos e públicos da unidade projetada por Lina Bo Bardi
A seleção traz grandes instalações nunca expostas no Brasil, como “Amerikkka” e a série completa de “Blindhotland”, além de trabalhos que ganham versões inéditas, como “Missão, Missões (Como construir catedrais)”
O Sesc Pompeia apresenta ao público, de 26 de setembro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020, a exposição Entrevendo, de Cildo Meireles. Com curadoria de Júlia Rebouças e Diego Matos, a antologia reúne cerca de 150 obras dos anos 1960 até os dias atuais. Trata-se do maior acervo de Meireles já exposto na América Latina, preenchendo uma lacuna de quase duas décadas sem uma grande mostra nacional do artista, um dos nomes mais importantes da arte brasileira.
Para Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, “a exposição é um percurso educativo pela obra do artista, que exercita a sensibilidade dos visitantes que perpassam o ambiente livre e acolhedor do Sesc Pompeia, e estimula a reflexão para novas apreensões da realidade propostas pelo olhar sensível do artista”. Danilo complementa afirmando que “a instituição cumpre sua missão ao difundir as Artes Visuais a um ampliado público, confirmando que a cultura é intrínseca ao desenvolvimento humano e mola propulsora de transformações que visam ampliar a qualidade de vida de toda a sociedade”, diz.
“Trabalhamos com um conjunto de obras que não foram mostradas no Brasil, ou que foram montadas há muito tempo - queríamos corrigir um lapso de uma ou até duas gerações, em alguns casos. Ainda que não seja uma retrospectiva, há um escopo de trabalhos bem diverso”, afirma Cildo Meireles.
Para desenvolver Entrevendo, a dupla de curadores teve dois pontos de partida, começando pela ideia polissêmica de “sentido” – sensação, compreensão, sinestesia, escala, direção e propósito, presentes na produção de Meireles. “A visão, que é o sentido mais associado às artes plásticas, é descontruída e desafiada em muitos dos seus trabalhos, que nos propõem perceber o mundo de outras formas e desconfiar daquilo que parece verdade”, afirma Rebouças.
A segunda premissa foi o próprio local da exposição. Para a curadora, levar essa mostra para uma instituição não-museológica, com múltiplos usos e públicos, é um gesto contundente e necessário. “Entrevendo foi pensada para dialogar com essa condição democrática e generosa que vemos no Sesc Pompeia. É importante apresentar a produção de Cildo Meireles para um público grande e diverso, fazê-lo participar e se engajar com sua obra, em diferentes linguagens, suportes e temas”, diz.
Com produção e expografia de Alvaro Razuk, a mostra ocupa uma área de mais de 3000m2 no Sesc Pompeia, entre a Área de Convivência, o Galpão e Deck. “Tendo em vista a qualidade arquitetônica do projeto de Lina Bo Bardi e as diferentes atividades que caracterizam a unidade, o projeto curatorial privilegia o amplo acesso e adequação do espaço físico, evitando a construção de novas estruturas ou a descaracterização do entorno”, fala Matos.
PERCORRENDO A EXPOSIÇÃO
Entrevendo, obra que dá nome à exposição, foi projetada por Cildo Meireles em 1970 e realizada pela primeira vez em 1994. A instalação cilíndrica de madeira convida o visitante a entrar e caminhar em direção a uma fonte de vento quente, enquanto derretem em sua boca gelos de água doce e salgada. Entre o claro e o escuro, o frio e o quente, o doce e o salgado, o visitante experimenta sensações que transbordam o campo da visão e deflagram outras maneiras de perceber.
O trabalho estará na Área de Convivência, livre de salas ou paredes, junto com outras grandes instalações do artista, como Amerikkka (1991/2013). Pela primeira vez no país, a obra que já foi exibida em grandes instituições internacionais, como o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2013, apresenta aproximadamente 17 mil ovos de madeira e 33 mil balas de armas de fogo. Caminhando sobre a plataforma de ovos e sob a placa de projéteis, é possível refletir sobre uma América marcada por guerras, desde os tempos coloniais, até recentes ataques realizados por organizações de extrema-direita, numa referência à Ku Klux Klan, presente no triplo K do título da instalação.
Missão, Missões (Como construir catedrais) (1987/2019) ganha uma nova versão, em formato circular. Exibida na importante exposição Magiciens de la Terre, no Centro Pompidou de Paris, em 1989, o trabalho é constituído por milhares de moedas, ossos de boi, centenas de hóstias e trata dos processos missionários de catequização dos povos indígenas. “Quis construir uma espécie de equação matemática, muito simples e direta, conectando três elementos: poder material, poder espiritual e uma espécie de consequência inevitável e historicamente repetida dessa conjunção, que foi tragédia”, diz Cildo Meireles.
A obra se relaciona com Olvido (1987-1989), que traz uma tenda indígena coberta por cédulas de dinheiro de países americanos. Situada no meio de uma área circular com toneladas de ossos de boi e circundada por uma parede de velas, a tenda abriga um ruído de motosserra, que se propaga pelo espaço expositivo. Esses trabalhos, em conjunto, discutem a história do Brasil e das Américas, marcadas pela violência colonial que repercute ainda hoje nas estruturas sociais e políticas. Para além de lançar um olhar crítico sobre o passado, a obra de Cildo Meireles se atualiza a cada exibição, de modo a ressignificar questões da contemporaneidade.
Outra grande instalação desta mostra é Antes, obra concebida no ano de 1977 e realizada pela primeira vez em 2003, no Musée d'art Moderne et Contemporain de Strasbourg. Em montagem inédita no Brasil, ela permite ao público subir uma escada que leva a uma plataforma com uma cadeira e uma mesa. Sobre seu tampo, é possível observar uma outra escada, em escala menor, que leva a uma segunda plataforma, de onde parte outra escada. Ao criar uma nova relação de escala tanto com o ambiente expositivo, como com o corpo de quem o experimenta, o trabalho altera a percepção espacial do visitante.
A série Blindhotland (1970), por sua vez, será pela primeira vez apresentada na íntegra. Na Área de Convivência está a icônica Eureka/Blindhotland (1970-1975), cujo nome origina-se da interjeição supostamente pronunciada pelo matemático grego Arquimedes, quando descobriu a resposta para o dilema acerca do volume e densidade dos corpos. Na obra, Meireles experimenta diferentes relações entre peso, densidade e volume de objetos, como nas centenas de bolas de borracha aparentemente idênticas, questionando a dominância da percepção visual.
Podem ser vistos ainda neste mesmo espaço projetos, desenhos, ações, objetos e documentos da série Arte Física (1969), os trabalhos Zero Dollar (1978-1984/2013) e Zero Real (2013), a série Malhas da Liberdade (1976/2008), os projetos de Volumes virtuais (1968-1969), e Ocupações (1968-1969), entre outros.
No Galpão, a exposição assume uma proposta museológica com paredes e vitrines, apresentando desenhos e objetos, como Razão/Loucura (1976), Rodos (1978-1981) e Esfera Invisível (2012). Também estará presente parte das séries Espaços virtuais: Cantos (1967-1968/2008/2013), um dos primeiros trabalhos instalativos de Cildo Meireles.
Nesta área do Sesc Pompeia encontra-se ainda a instalação Volátil (1980/1994). Para chegar a uma sala escura, iluminada por uma única vela, o visitante percorre descalço um caminho instável, impregnado de cheiro de gás. Segundo o artista, a obra é “uma tentativa de associar sensação e emoção, produzindo um elo quase instantâneo, também ligado por esta região do medo”.
Com outras duas grandes instalações, a exposição ganha um caráter ainda mais participativo e público no Deck, “quase um jogo ou brincadeira, qualidades que na obra de Meireles abandonam seu caráter meramente lúdico para tratar de negociações entre espaços de poder e relações sociais ”, de acordo com Rebouças.
Blindhotland/Gueto (1975), montada uma única vez na década de 1970, traz bolas esportivas, como de vôlei e futebol, preenchidas por diferentes materiais. Assim como Eureka/Blindhotland, a obra desconstrói a relação direta entre tamanho e peso, provocando no visitante uma desorganização cognitiva e convidando-o a jogar em um território incerto. Já o trabalho (Entre. Parêntesis) (2005/2007) propõe ao visitante entrar entre dois semicírculos e experimentar um momento de digressão, protegido do ambiente externo e das narrativas que o circundam.
SOBRE O ARTISTA
Cildo Meireles (Rio de Janeiro, 1948) é artista multimídia. Iniciou seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Nesse período, cria a série Espaços Virtuais: Cantos, com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos trabalhos Volumes Virtuais e Ocupações (ambos de 1968-1969). É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual lecionou até 1970. O caráter político de suas obras revela-se em trabalhos como Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Coca-Cola (1970) e Quem Matou Herzog? (1970). No ano seguinte, viaja para Nova York, onde trabalha na instalação Eureka/Blindhotland e na série Inserções em Circuitos Antropológicos. Após seu retorno ao Brasil, em 1973, passa a criar cenários e figurinos para teatro e cinema e, em 1975, torna-se um dos diretores da revista de arte Malasartes. Desenvolve séries de trabalhos inspirados em papel moeda, como Zero Cruzeiro, Zero Centavo (ambos de 1974-1978) e Zero Dólar (1978-1994). Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro Cildo Meireles, originalmente publicado, em Londres, em 1999, pela Phaidon Press Limited. Participa das Bienais de Veneza, 1976; Paris, 1977; São Paulo, 1981, 1989 e 2010; Sydney, 1992; Istambul, 2003; Liverpool, 2004; Medellín, 2007; e do Mercosul, 1997 e 2007; além da Documenta de Kassel, 1992 e 2002. Tem retrospectivas no IVAM Centre del Carme, em Valência, 1995; no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York, 1999; na Tate Modern, em Londres, 2008; e no Museum of Fine Arts de Houston, 2009. Recebe, em 2008, o Prêmio Velázquez de las Artes Plásticas, concedido pelo Ministerio de Cultura da Espanha. Em 2009, é lançado o longa-metragem Cildo, sobre sua obra, com direção de Gustavo Moura. Entre a últimas individuais estão no Itaú Cultural, São Paulo (2010); Centro de Arte Reina Sofia, Madrid (2013); Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto (2013-2014); Galeria Luisa Strina, em São Paulo (2014); e Galerie Lelong, em Nova York (2015).
SOBRE OS CURADORES
Júlia Rebouças (Aracaju, Brasil, 1984) é curadora, pesquisadora e crítica de arte. É curadora do 36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, de agosto a novembro de 2019. Foi co-curadora da 32a Bienal de São Paulo, Incerteza Viva (2016). De 2007 a 2015, integrou a curadoria do Instituto Inhotim, Minas Gerais. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, como curadora, na comissão dos 18º e 19º Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9a Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Se o clima for favorável, em 2013. Realiza diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destaca-se a exposição Entrementes, da artista Valeska Soares, na Estação Pinacoteca, São Paulo, de agosto a outubro de 2018, a mostra MitoMotim, no Galpão VB, São Paulo, de abril a julho de 2018 e Zona de instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural Sé, São Paulo, em 2013, e na Caixa Cultural Brasília, em 2014. Integrou o corpo de jurados do concurso que selecionou o projeto arquitetônico e curatorial do Pavilhão do Brasil na Expo Milano 2015, concurso realizado em janeiro de 2014, em Brasília. Escreve textos para catálogos de exposições, livros de artista e colabora com revistas de arte. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (2017).
Diego Matos (Fortaleza, 1979) é pesquisador, curador e professor; mestre (2009) e doutor (2014) pela FAU-USP. Defendeu a tese Cildo Meireles – Espaço, Modos de Usar. É organizador, com Guilherme Wisnik, do livro Cildo: estudos, espaços, tempo (Ubu Editora, 2017). Foi um dos curadores do 20o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (Sesc Pompéia, 2017). Foi coordenador de Acervo e Pesquisa da Associação Cultural Videobrasil (2014-2016). Foi também assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010), sendo editor do site; membro do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2011 – 2013); curador assistente do 18º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2013). Realizou a curadoria das exposições coletivas Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente (Pivô, inauguração da instituição em 2012) e Quem nasce pra aventura não toma outro rumo (Paço das Artes, 19º Festival Sesc_Videobrasil), entre outros projetos curatoriais e de pesquisa. Foi professor substituto da Universidade Federal do Ceará (2005). Atua como professor em centros de ensino de arte e arquitetura em São Paulo (Instituto Tomie Ohtake, Escola São Paulo, Centro de Pesquisa e Formação do Sesc e outras unidades do Sesc São Paulo).
setembro 18, 2019
Somos Muit+s Programa de 18 a 24 de setembro na Pinacoteca, São Paulo
A Pinacoteca convida para uma programação especial que acompanha a exposição Somos Muit+s: experimentos sobre coletividade. A mostra, em cartaz de 10 de agosto a 28 de outubro, investiga a prática artística como exercício coletivo a partir de experiências artísticas pensadas enquanto diálogos, diretos ou indiretos, com a produção de Joseph Beuys e Hélio Oiticica, dois dos mais importantes artistas ativos na segunda metade do século XX. Além deles, participam outros seis artistas/coletivos nacionais e internacionais: Maurício Ianês, Mônica Nador + JAMAC, Coletivo Legítima Defesa, Rirkrit Tiravanija, Tania Bruguera e Vivian Caccuri.
18 de setembro | Quarta-feira
15h às 18h: Povo na Pina - Ponto Firme [Ativações no Octógono]
Em parceria com a Casa do Povo, o projeto propõe a construção de grandes estruturas de crochê utilizando principalmente materiais descartados pela própria Pinacoteca. A oficina é conduzida pelo designer e artesão Gustavo Silvestre com participação dos egressos e ex-alunos do Ponto Firme, projeto que há quatro anos leva aulas de crochê para dentro de uma penitenciária masculina. Aberto à participação do público e visitantes de todas as idades.
19 de setembro | Quinta-feira
11h às 13h: NAE – Slam: Palavras e corpos que desobedecem [Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
O encontro aborda a literatura marginal-periférica a partir da estética presente nos slams (batalhas de poesia criadas na década de 1980), trazendo um panorama atual da poesia oral que se manifesta nesse contexto. Com Mídria da Silva Pereira. Inscrições no local. 25 vagas.
13h às 17h: Projeto Corpos em Luz - Instituto Olga Kos [Ativações no Octógono]
Instituição fundada para o desenvolvimento de projetos artístico-esportivos para atender crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual, apresenta projeto que propõe um estudo e prática de dança a partir dos parangolés, de Hélio Oiticica.
15h às 18h - Aula-oficina, com María Eugenia Cordero - Barda del Desierto, Argentina [Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
20 de setembro | Sexta-feira
14h às 15h30: Lançamento de livro Trajetórias de vidas: mulheres da Luz [Ativações no Octógono]
A publicação, organizada por Cleone Santos, da ONG Associação Agentes da Cidadania, reúne relatos de nove mulheres em situação de prostituição que ocupam o Parque da Luz. Haverá roda de conversa com quatro participantes. 25 lugares.
15h às 18h - Preparação do Exercício 2, com acompanhamento de Fernanda Pitta
[Tania Bruguera – Escola de Arte Útil]
21 de setembro | Sábado
11h às 12h: Lançamento do Livro às Voltas com Lautréamont de Laymert Garcia dos Santos [Ativações no Octógono]
Lançamento do livro publicado pela editora N+1, conversa com o autor e leitura de trechos de Os cantos de Maldoror, de Lautréamont, por Nereu Santos.
16h às 17h30: Show de Cornucópia Desvairada [Ativações no Octógono]
Grupo musical de instrumentos de sopro e percussão inspirado na diversidade cultural presente na cidade de São Paulo, apresenta repertório que abrange gêneros conhecidos da música brasileira como carimbó, forró, samba, axé, funk e brega em celebração à chegada da primavera.
22 de setembro | Domingo
11h às 12h: Povo na Pina – Coral Tradição [Ativações no Octógono]
O Coral Tradição canta exclusivamente na língua ídiche e desenvolve suas atividades na Casa do Povo desde 1988. Regido pela maestrina Hugueta Sendacz, o repertório do Coral é composto por músicas folclóricas e populares. Seu objetivo é preservar as canções e outros valores culturais criados em ídiche para transmiti-los às novas gerações.
14h às 18h: Povo na Pina – Ateliê Vivo [Ativações no Octógono]
Organizado pela Casa do Povo, o encontro propõe que os participantes levem peças de roupas e tecidos que possam ser recortados para servir de matéria prima para a construção do painel cujo tema será “O que é um coletivo para você hoje?”. As peças de roupa e tecidos das pessoas vão se misturar e, juntos, com costura a mão e bordado, o grupo fará uma colagem têxtil.
23 de setembro | Segunda-feira
_17h às 18h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação [Ativações no Octógono]
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha com roupas confortáveis.
Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural no MAM, Rio de Janeiro
MAM Rio recebe a mostra Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural
A exposição traz um recorte deste acervo, com obras audiovisuais brasileiras que exploram e ampliam a linguagem do cinema e do vídeo produzidas nos últimos 60 anos. São trabalhos de pioneiros como Leticia Parente, Rafael França e Regina Silveira. Ainda, a mostra marca a retomada da parceria entre o instituto paulistano e o museu carioca.
De 31 de agosto a 10 de novembro de 2019, o Itaú Cultural e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro exibem a exposição itinerante Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural. Com curadoria de Roberto Moreira S. Cruz, a mostra apresenta 22 obras brasileiras representativas de videoarte, realizadas entre 1973 e 2015, que perpassam os últimos 40 anos de produção deste gênero artístico no país. Os trabalhos compõem um recorte do acervo do instituto, acrescidos de duas obras da coleção do museu – Aqui você pode sonhar (2009), de Clara Ianni, e Cruzada (2011) de Cinthia Marcelle. Ambas dialogam diretamente com a proposta curatorial, dividida em três núcleos temáticos: Pioneiros da Videoarte Brasileira, Corpo como Metáfora e Visualidade.
Parte das iniciativas do Itaú Cultural que tem como proposta recuperar, preservar e difundir a memória e a produção artísticas brasileiras, a mostra reúne trabalhos que estão entre o audiovisual e as artes visuais – dos pioneiros até os artistas contemporâneos. Neste panorama, ela traça o caminho percorrido desde as primeiras experiências dos artistas, nos anos de 1970, até a atualidade, com trabalhos que reconfiguram e ampliam os limites desse meio.
A abertura da mostra, no sábado, 31, às 15h, é precedida de uma visita guiada pelo curador. Ela se estende ao público e começa às 14h30, bastando retirar uma senha meia hora antes do início. Em setembro, na sexta-feira, dia 20, às 15h, Cruz dá palestra ao lado do curador do MAM Rio, Fernando Cocchiarale, e da artista Brígida Baltar.
No eixo Pioneiros da Videoarte Brasileira estão trabalhos das décadas de 1970 e de 1980, em VHS, Super 8, 16 mm e portapack, recuperados e remasterizados. Segundo o curador, essa foi uma fase difícil para os artistas por não existir um mercado que pudesse dar visibilidade a este tipo de produção, em primeiro lugar. Também porque o cenário cultural brasileiro estava fortemente submetido à censura imposta pelo regime militar.
“Os filmes e vídeos mais originais e inventivos, realizados neste contexto, permaneceram durante muito tempo desconhecidos do público e praticamente abandonados nas gavetas dos estúdios e ateliês dos próprios artistas”, observa Roberto Cruz. De acordo com ele, a década de 1970 foi determinante para a produção audiovisual no Brasil e no mundo. Foi a partir deste período que, pela primeira vez, a arte contemporânea se aproximou do campo do cinema e do vídeo. Assim, artistas visuais passaram a transitar por estas áreas com obras experimentais.
Neste núcleo tem trabalhos de Letícia Parente, de quem se apresenta Marca Registrada (1975), na qual, em um único plano-detalhe, filmado por Jom Tob Azulay, a artista borda a frase Made in Brasil na sola do próprio pé. O vídeo é considerado historicamente um dos mais importantes de sua trajetória e o que representa mais precisamente a relação entre estética e política no contexto artístico brasileiro nos anos de exceção provocados pela ditadura militar no Brasil. Sem Título, série Não Possui (1975), é de Sonia Andrade no qual se assiste a performances contundentes, em que seu corpo é o principal instrumento de criação, em gestos e atitudes de interferência na realidade. Tem, ainda: Passagens #1 (1974), de Anna Bella Geiger, uma das pioneiras de videoartistas brasileiros; After a Deep Sleep (Getting Out) (1985), de Rafael França; A Arte de Desenhar (1980), de Regina Silveira; e M3x3 (1973), de Analívia Cordeiro.
Em Corpo como Metáfora, o foco está em obras contemporâneas realizadas a partir de 1990 até os dias atuais por uma nova geração de artistas. Esses trabalham com o audiovisual, têm inserção no mercado e o usam como suporte para criar sons, imagens e linguagens muito particulares. Entre eles, está Translado (2008), de Sara Ramo. Neste vídeo, com projeção em single channel, se vê um quarto vazio onde tem apenas uma mala de viagem da qual a artista retira uma infinidade de objetos. Ela se apropria de elementos e cenas do cotidiano, desloca-os de seus lugares de origem e os rearranja.
No mesmo núcleo, em Coletas (1998-2005), Brígida Baltar cria uma relação intrínseca entre a performance e seu registro em vídeo. A obra mostra a artista coletando na paisagem, em pequenos frascos, a neblina, a maresia e gotas de orvalho. Neste eixo se encontra, também, uma das obras pertencentes à coleção do MAM Rio: Aqui você pode sonhar (2009), de Clara Ianni, na qual em um espaço público, em plano médio, a artista inicia uma construção sobrepondo tijolos e cimento. Durante o tempo de duração do vídeo, ergue-se um muro entre o espectador e ela criando uma metáfora da opacidade entre o real e a representação.
Encontram-se neste eixo, ainda, Ymá Nhandehetama (Antigamente Fomos Muitos), trabalho realizado em 2019 por Armando Queiroz que registra uma história narrada por Almires Martins – indígena do povo Guarani, cortador de cana em usinas de açúcar e álcool. Ele remete a uma memória coletiva, expressa subjetividade e perspectiva crítica e legitima a universalidade da tradição dos povos originários brasileiros. O núcleo também exibe Amoahiki (2008), de Gisela Motta e Leandro Lima; Homenagem a Steinberg – Variações sobre um Tema de Steinberg: as Máscaras Nº 1 (1975), de Nelson Leirner; Xeroperformance (Xerofilme), criado por Paulo Bruscky em 1980; e L'Arbre d'Oublier (A Árvore do Esquecimento) , trabalho de 2013 assinado por Paulo Nazareth.
No terceiro eixo, Poética da Visualidade, as obras são de Eder Santos, Cinema (2009); Thiago Rocha Pitta, Planeta Fóssil (2009); Rubens Gerchman, Triunfo Hermético (1972); Aline Motta, Poupatempo (2015); Letícia Ramos, Mar (2008), e Cinthia Marcelle, Cruzada – mais uma obra pertencente à coleção do MAM Rio.
Em Cinema, Santos transforma aspectos prosaicos do cotidiano em fenômenos poéticos, explorando o tempo próprio de uma série de objetos e situações registrados no interior de Minas Gerais. Em Planeta Fóssil, Pitta cria um ambiente no qual a água, o fogo e a terra se encontram em plena mutação. Por sua vez, Gerchman faz, em Triunfo Hermético, uma síntese de seu pensamento tendo como referência as grandes esculturas de palavras que começou a construir em 1971. Aline apresenta, em Poupatempo, uma praça no centro de São Paulo como cenário de uma reflexão sobre a imagem do transeunte.
Letícia compôs, em MAR, com uma caixa de madeira, como um farol que emite luz, que projeta imagens do mar em uma metáfora poética da importância que o cinema adquiriu na cultura brasileira. Por fim, em Cruzada, Cinthia reúne 16 músicos que surgem dos quatro cantos de um cruzamento, vestidos, cada um, de amarelo, vermelho, azul e verde e divididos em seções instrumentais. Frente a frente, iniciam um embate que termina em uma coreografia na qual os músicos trocam de lugar, formando quatro bandas de cores e instrumentos mesclados até partirem, espalhando-se, cada qual no seu tempo, pelas quatro vias.
Sobre a itinerância
Antes do Rio de Janeiro, Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural passou por Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Belém (PA), Recife (PE), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Ribeirão Preto (SP) e no próprio instituto na capital paulistana. Para cada uma destas cidades, o curador Roberto Cruz preparou um recorte diferente.
Sobre Roberto Cruz
Cruz é consultor da Coleção de Filmes e Vídeos do Itaú Cultural e assinou a curadoria de Cinema Sim: narrativas e projeções (Itaú Cultural, 2008); Fluxus 2011 (Oi Futuro - BH); Fluxus Black and White (Oi Futuro - BH, 2012) Coleção Itaú Cultural de Filmes e Vídeos (em São Paulo e itinerâncias).
Sobre a Coleção Itaú Cultural
Esta coleção compõe o Acervo de Obras de Arte do Itaú Unibanco, que abrange aproximadamente 15 mil pinturas, gravuras, fotografias, esculturas, instalações e outras peças reunidas por cerca de 60 anos. Representativo da história da arte nacional, é o maior acervo artístico de uma companhia privada na América Latina.
Programação
Abertura: 31 de agosto, sábado, das 15h às 18h
Visita guiada com o curador Roberto Cruz, às 14h30
Os interessados em participar da visita guiada devem retirar senhas às 14h
Palestra: dia 20 de setembro, sexta-feira, às 15h
Com Roberto Cruz, Fernando Cocchiarale, curador do MAM Rio e Brígida Baltar
De 31 de agosto a 10 de novembro
Visitação: de terça-feira a sexta-feira, das 12h às 18h.
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h.
Ingressos: R$14; estudantes maiores de 12 anos: R$7; maiores de 60 anos:
Amigos do MAM e crianças até 12 anos: entrada gratuita
Quartas-feiras: entrada gratuita
Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$14
setembro 17, 2019
Lia do Rio no Correios, Niterói
Lia do Rio expõe no Espaço Cultural Correios Niterói: Mostra abre dia 21 de setembro, em celebração ao Dia da Árvore
Uma das primeiras artistas a trabalhar com temas ligados à natureza no Rio de Janeiro, dentro mesmo da natureza, Lia do Rio foi a convidada do Espaço Cultural Correios de Niterói para celebrar o Dia da Árvore. Em 21 de setembro (sábado), a artista inaugura a exposição “Natureza” com cerca de 18 trabalhos de pequena e média dimensões, sendo alguns inéditos. Instalação, esculturas, objetos, fotografias, colagens e desenhos de Lia do Rio podem ser conferidos de perto até 23 de novembro de 2019, com entrada franca.
Em atividade desde a década de 80, Lia do Rio acaba de celebrar 40 anos de trabalho com uma grande mostra no Museu Nacional da República, em Brasília. Em sua pesquisa sobre "tempo e natureza", Lia do Rio utiliza em suas obras materiais perecíveis, como folhas secas, sementes, troncos ou pedras. Segundo ela, o uso da natureza como vivência plástica, nessa data comemorativa, procura promover a compreensão dos significados biológicos, sociais e psicológicos do ser humano, que se esqueceu de que também é natureza, daí as suas angústias. “A ideia não é tornar a árvore visível; é tornar visível o invisível da árvore”, diz ela.
Na mostra, o público estará diante de questões que abordam a natureza, o tempo e a cultura, fio condutor do trabalho da artista. Para Lia do Rio, o uso de materiais perecíveis tem a ver com um mundo sempre em mutação, no qual nada morre, tudo se transforma. Por isso, caos, ordem, desordem, transformação, continuidade e possibilidade são temas que permeiam o trabalho dela. “O ser humano esqueceu-se de que também é natureza. Que estranho o comportamento do homem, parasita da Terra, sem predadores. Será ele predador de si mesmo?”, questiona ela.
SOBRE LIA DO RIO
Nasceu em São Paulo, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É Bacharel pela Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ; tem Pós-Graduação em Arte e Filosofia, e Pós-Graduação em Filosofia Antiga, PUC-RIO. No início de sua trajetória artística, foi aluna de Abelardo Zaluar, Quirino Campofiorito e Mário Barata. A partir de seu ingresso na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em 1982, teve como orientadores Fernando Cocchiaralle, Ricardo Basbaum, Paula Trope, Tunga, Celeida Tostes, Reinaldo Roels Jr, entre outros. Inicia-se em pintura, mas logo seus trabalhos adquirem tridimensionalidade. Ao longo de quatro décadas participou de centenas de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior (EUA: Nova York e São Francisco; Japão: Tóquio e Kobe; Guatemala; Alemanha; França e Kioto). Foi selecionada para diversos salões, com destaque para o Novos-Novos, o XX, Macunaíma 90, os XXº e XXIIº Salão Nacional de Belo Horizonte, e o Le Dejeuner sur L'Art (premiada por 4 vezes). Recebeu diversos prêmios, como Intervenções Urbanas; Brahma Reciclarte; Prêmio FIAT 89 (RJ) e Meditronic de Artes Plásticas (SP). Seus trabalhos fazem parte de diversos acervos, no Brasil e exterior, como o Parque Nacional da Tijuca (RJ), o Jardim Botânico (RJ), a Fundação Cândido Mendes (RJ) e o Museu da República (DF). Ao longo do tempo, como professora de arte, lecionou em importantes instituições, como o Parque Lage e o Instituto Calouste Gulbenkian. Coordena exposições, workshops e palestras, e faz acompanhamento de diversos artistas. Seu livro Lia do Rio: Sobre a Natureza do Tempo foi editado, em 2015, pela editora Fase 10.
Bienal de Curitiba: Mauro Espíndola no Museu Paranaense, Curitiba
Animalis Imaginibvs apresenta estudos sobre a animália em relação a aspectos da natureza humana e encarna um heterônimo do artista, Emanoel Leichter, necroinventariante do bestiário do antigo moinho que habita. Na exposição para a Bienal de Curitiba, no Museu Paranaense, estão à mostra gravuras experimentais – Biogravuras (geradas com material microescamoso das asas de borboletas e mariposas encontradas mortas no moinho); duas vitrines – Contracampvs (corpos dos lepidópteros utilizados nas Biogravuras) e dois livros – Codex Papilonis Imaginibvs Vol I e Vol II, editados por Moinho Ed Limitadas.
Mauro Espíndola (RJ, 1962) é artista visual e vive desde 2014 no Moinho da Picada 48, habitação rural construída por imigrantes alemães no século XIX, Rio Grande do Sul, onde se forma um museu imaginário, lugar de heteronímias e catalogações pseudocientíficas. Sua atual proposta, Animalis Imaginibvs (2018/19), apresenta estudos sobre a animália em relação a aspectos da natureza humana, questões que fazem parte de seu repertório como nos projetos Victal & Sons (2002/06), The Mirror Method (2007/09) e Stepchildrenland (2011/13). O artista é um dos fundadores da galeria Durex Arte Contemporânea (2003/11), atua na plataforma audiovisual BASE-film e é coeditor de Moinho Edições Limitadas.
www.mauroespindola.com
www.youtube.com/basefilmprojects
www.instagram.com/moinhoedicoeslimitadas
Comigo Ninguém Pode na Jaqueline Martins, São Paulo
Galeria Jaqueline Martins discute o feminino com grande exposição de artistas mulheres: pesquisas de artistas e intelectuais atuantes em diversas linguagens atestam e dão continuidade ao impacto das práticas emancipadoras dos anos 1960.
A Galeria Jaqueline Martins tem orgulho em apresentar Comigo Ninguém Pode, exposição coletiva que reúne trabalhos realizados por artistas e intelectuais mulheres desde os anos 1960 até a atualidade. A mostra, realizada em colaboração com a curadora Mirtes Marins de Oliveira, com a a ocupa dois andares da galeria e terá sua abertura no sábado, dia 21 de setembro, às 14 horas.
A partir de obras de artistas como Amelia Toledo, Ana Mazzei, Georgete Melhem Isabela Capeto, Letícia Parente, Lydia Okumura, Maria Noujaim, Marta Minujín, Martha Araújo, Paula Garcia, Regina Vater, Lenora de Barros, Flora Rebollo e Ubu Editora., a mostra busca questionar entendimentos sobre a noção de feminino, caracterizado pelos atributos de delicadeza, intuição, intimidade, acolhimento, afeto, que são, em geral, apontados como oposição ao universo da racionalidade, força, organização e precisão.
A mostra apresenta em justaposição, confronto e sobreposição, produções de diferentes momentos históricos, linguagens e temáticas divergentes, realizadas a partir de perspectivas individuais e/ou sociais, verificando de que forma a produção de artistas dos anos 1960/1970 (e mesmo em períodos anteriores) reverbera nas práticas contemporâneas. Como emblema dessas relações, o trabalho “Comigo ninguém pode”(1981), de Regina Vater, dá nome ao evento por evidenciar o interesse da artista em discutir categorias limitadoras e excludentes, a partir de uma pesquisa sobre cultura popular. Temas caros aos dias atuais.
A exposição, realizada em colaboração com a curadora Mirtes Marins de Oliveira, conta ainda com seleção exclusiva de publicações e livros de artistas mulheres, organizada por Desapê, e conta com uma mostra especial de obras em vídeo feita em parceria com a Associação Cultural Videobrasil. Para fundamentar o pano de fundo histórico da mostra são apresentados textos feministas, com destaque para os manifestos feministas futuristas de Valentine de Saint-Point (1875-1953) e “A mulher é uma degenerada” (1924), de Maria Lacerda de Moura.
Mirtes Marins de Oliveira é curadora, crítica de arte, doutora em Educação, História e Filosofia. É docente e pesquisadora na Universidade Anhembi Morumbi e Pós-Doutora pela FE-USP
setembro 16, 2019
Coletiva Romance na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Com curadoria de Gabriela Davies, serão apresentadas cerca de 50 obras, em diversos suportes, como pintura, desenho, colagem, fotografia, escultura e instalação, que tratam dos diversos tipos de romance.
No dia 20 de setembro, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição coletiva “Romance”, com cerca de 50 obras de 31 artistas: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Sequeira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Eduardo Kac, Elle de Bernardini, Fernando Lindote, Gabriel Giucci, Gê Orthof, Gisele Camargo, Guler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musati, João Louro, Jonas Arrabal, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.
Com curadoria de Gabriela Davies, a exposição, que terá apenas oito dias de duração, apresentará obras em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Os trabalhos abordam os diversos tipos de romance, atravessando o romance da memória, o romance da história, o romance clichê e também o romance erótico.
“Se a quebra do romance permeia os dias de hoje, as histórias de bom-mocismos também ficaram em patamares passados. Mas a verdade é que o romance não deixou de existir, o conceito foi resignificado. Nosso novo romance é descobrir nossos verdadeiros desejos, nossas identidades, nosso sexo, a vontade de ser nossa própria força. Estamos lutando contra estereótipos sociais rígidos”, afirma a curadora Gabriela Davies.
A exposição apresenta trabalhos recentes e inéditos, sendo que muitas obras foram produzidas especialmente para esta exposição, como é o caso dos trabalhos de Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Elle de Bernardini, Ferrnando Lindote, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.
OBRAS EM EXPOSIÇÃO
Nas pinturas de Alan Fontes, aparecem palácios e casarões históricos, que nos remetem a beleza de outras épocas, enquanto Daniel Escobar produz colagens com diversos elementos ressaltados de páginas demonstrando a bela flora brasileira. “Ambas tentativas românticas exaltando desejos de mundos mais sensíveis, mas compreendendo que estes beiram o esquecimento (já não vemos mais estas construções em suas formas majestosas, e nas notícias apenas as chamas flamejantes que tomaram nossa imensa floresta da Amazônia)”, diz a curdaoria Gabriela Davies. Já Marcelo Macedo, através do mesmo suporte, o livro, ao recortar página após página no mesmo polígono, “revela pequenas lâminas de cada página, sem nos revelar o seu verdadeiro conteúdo dando-nos a responsabilidade de criar sua história com o que achamos próprio”.
Os romances também aparecem nas pinturas de Daniel Lannes, que retratam sessões de análise, “onde expressamos nossos desejos mais profundos, mas logo os reprimimos ao sair do consultório – que no caso da pintura, parece mais um ‘talk-show’ de grande audiência que uma sessão particular”, ressalta a curadora.
Em uma sala separada no terceiro andar, haverá, ainda, trabalhos com temas eróticos.
As fotografias de Eduardo Kac apresentam uma grande passeata nudista pela praia de Ipanema. “Uma atividade que é repetidamente repudiada por moralistas, mas que na verdade expressa a vontade de ser em liberdade”, diz a curadora. Em paralelo, Güler Ates, uma fotógrafa turca, também se apropria do seu corpo registros fotográficos, mas, por sua vez, encoberta por uma manta de seda que revela apenas uma sugestão de figura feminina. “Esse desaparecimento atrás do véu, uma tradição da religião muçulmana, estimula um senso erótico no imaginário do espectador que é contrário ao propósito do encobrimento”, conta a curadora. Já artista Élle de Bernardini cria sua série “Formas Contrassexuais”, em que abrange os diferentes campos de gênero e sexualidade, “possibilitando inúmeras classificações (a insenção de) para o descobrimento de nossos ‘eus’”.
LUCIANA CARAVELLO ARTE CONTEMPORÂNEA
O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.
Vera Chaves Barcellos na Bolsa de Arte, São Paulo
Mostra percorre 40 anos de pesquisa fotográfica na produção da artista gaúcha
A galeria Bolsa de Arte tem o prazer de apresentar Inéditos e Reciclados, uma exposição sobre a investigação fotográfica na produção da artista gaúcha Vera Chaves Barcellos. A mostra, que inaugura em 21 de setembro, das 11h às 16h, reúne seis grupos de trabalhos, exemplos da produção mais recente da artista, assim como trabalhos anteriores das décadas 1970 e 1980, revistos e apresentados de forma distinta.
Artista de grande importância para a história da arte contemporânea brasileira, o trabalho de Vera Chaves Barcelos tem como fio condutor a experimentação e a linguagem fotográfica, que ela usa como meio para investigar a imaginação, a memória e processos intelectuais de percepção. Nesta exposição, séries mais recentes se referem a alguns aspectos da história da arte moderna e da arquitetura, fazendo uma homenagem à fotografia analógica, pois muitas das obras representadas tiveram nesta sua origem.
Para Vera, que trabalha com o suporte há mais de 40 anos, seu interessa pela fotografia vai muito além do simples registro, considerando seu caráter diverso, suas possibilidade de manipulação, resinificação e os jogos visuais.
Em “Insignificados” (2018), Vera se apropria de uma coleção de imagens em PB reproduzindo objetos absolutamente banais. As imagens fazem referencia a um conto infantil do autor alemão Peter Bischsel, onde um individual solitário resolve trocar a denominação dos objetos do seu cotidiano. Por fim, ele acaba esquecendo todo o vocabulário original e termina não podendo mais de comunicar com os outros. A série resultou em um divertido jogo visual de estética pop, pelas cores vivas e pelo material, impresso sobre uma brilhante superfície acrílica.
Outro destaque da exposição é “Testare 1” (1974), na qual a artista revisita sua obra apresentada na representação brasileira da Bienal de Veneza, em 1976. A série de pequeno formato de fotografias analógicas acompanhadas de textos de psicologia projetiva agora são exibidas em grandes dimensões
A mostra se completa com as séries “Mies” (2019), onde Vera manipula imagens simétricas captadas com a câmera de seu celular; “ Q.T.M.D.L.C.?” (2018) (Quem tem Medo de Lygia Clark), obra criada em colaboração com o artista Flavio Pons, onde materiais descartados formam esculturas sem projeto prévio, mas que se assemelham com as obras da série “Bichos”, de Lygia Clark. Tais esculturas, ao contrário das obras referidas da artista mineira, não existem como objetos, já que são desfeitas a cada gesto de suas sucessivas configurações, somente existem como imagens. A artista exibe ainda “Zócalo” (2013), série na qual a artista manipula fotografias das ruínas astecas, cravadas no centro da Cidade do México.
Vivian Caccuri na Gentil Carioca, Rio de Janeiro
No próximo dia 21 de setembro, A Gentil Carioca tem o prazer de apresentar Febre Amarela, a primeira exposição individual da artista Vivian Caccuri na galeria
Em Febre Amarela, Vivian propõe uma nova relação ambiental com os mosquitos. O mosquito, que foi pivô das maiores epidemias do Brasil ao longo de toda sua história – a febre amarela, a dengue, a zika –, está de novo no centro das angústias, medos, crises urbanas e ambientais, seja como um resultado inevitável do desflorestamento ou como forma de vida quase inquestionável das grandes cidades brasileiras.
Porém, em Febre Amarela o brasileiro é uma nova cultura que venceu o medo dos mosquitos – a começar por seu incômodo som, superou as doenças e aprendeu a lidar com estes insetos em um novo mundo tomado por eles, desenvolvendo uma nova imunidade.
Para o prédio n. 17 da galeria, a artista cria ficções e reflete sobre as raízes históricas da população de mosquitos americanos, apresentando as obras Sesmaria Soundsystem e Templo do Mosquito.
Compreendendo que as primeiras epidemias de febre amarela e doenças transmitidas por mosquitos tiveram seu epicentro na economia açucareira colonial, a artista e a sua equipe desenvolveram um soundsystem de rapadura que ecoa o incômodo som dos mosquitos, acompanhado da folhagem e da queimada típica do canavial, além das flautas mestiças de “pife” que surgiram nessa mesma época. Sesmaria Soundsystem é uma reinterpretação do material da rapadura para os meios de reprodução sonora.
O Templo do Mosquito, uma tela de mosquiteiro de 230 cm por 405 cm, que participou da Bienal de Kochi na Índia, mostra o encontro do sexo dos mosquitos com diferentes figurações do corpo humano: o mosquito é um dos designers do que se entende por “humanidade”.
Em toda a exposição é possível ver desenhos de paisagens, com figurantes que pairam perdidos sobre essa natureza destruída e modificada: Brumadinho, Mariana, são cenas da mais nova paisagem brasileira, agora mais marcante que a natureza vibrante e densa. No entanto, os sujeitos ainda vivem e prosperam à sua maneira, como sempre aconteceu na história do Brasil.
Os pagodes, parte importante do trabalho de Vivian Caccuri já há alguns anos, estão presentes pela primeira vez em cor amarela, aludindo ao estado febril desta doença colonial que volta em momento de crise nacional. O material, uma tela plástica que protege contra partículas e insetos, está presente também na parte mais disruptiva de Febre Amarela, “Rapadura”: uma coleção desenvolvida em parceria com Victor Apolinário, que será apresentada num desfile e comercializada numa pop-up store dentro do espaço da galeria.
Febre Amarela é uma narrativa otimista no caos, onde o neo-brasileiro assimilou a polarização política, voltou à cultura do artesanato de forma tecnológica e adquiriu conhecimentos de diversas origens para sua autoproteção.
Simultaneamente à abertura da exposição, será inaugurada a 34ª edição da Parede Gentil por Paulo Bruscky com o gentil apoio de Susan & Michael Hort e lançaremos a Camisa Educação nº 84, de Alexandre Colchete e Pedro Paulo Rezende.
A Parede Gentil, em sua trigésima quarta edição, traz um fac-símile em grande escala da obra Pelos Nossos Desaparecidos e Vende-se ou Aluga-se, do artista Paulo Bruscky. Na primeira, Bruscky denuncia o desaparecimento de pessoas durante o regime militar e o flerte ditatorial do atual governo. As fotos de negativos de lambe-lambe, pela sua mutação/ deterioração com o tempo, é uma referência direta aos mortos e desaparecidos políticos de ontem e hoje, e uma homenagem à Comissão da Verdade. O trabalho faz parte de uma série realizada pelo artista desde 1976. Vende-se ou Aluga-se faz alusão direta à atual situação política do Brasil. Nela, Bruscky joga com slogans e símbolos oficiais para desestabilizar o discurso da ordem. O painel é completado por duas frases em que o artista ressalta o caráter libertário da arte.
A octagésima quarta Camisa Educação, O Corte, realizada pela dupla de artistas Alexandre Colchete e Pedro Paulo Rezende, deixa em suspenso o artigo constitucional que garante o direito à Educação enquanto dever de Estado, fazendo uma alusão aos cortes de investimentos promovido pelo Ministério de Educação do atual Governo Federal.
Para a Celebração dos Dezesseis Anos, Laura Lima, Elsa Ravazzolo, Ernesto Neto e Márcio Botner – artistas, amigos, sócios e idealizadores da Gentil – convidam a todos para comemorar o aniversário da galeria com uma programação transbordante de amor e um delicioso bolo criado pelo artista Edmilson Nunes. A noite dançante fica por conta da DJ Valesuchi, uma das representantes da sempre boa safra de artistas chilenos de música eletrônica.
setembro 15, 2019
Somos Muit+s Programa de 11 a 17 de setembro na Pinacoteca, São Paulo
A Pinacoteca convida para uma programação especial que acompanha a exposição Somos Muit+s: experimentos sobre coletividade. A mostra, em cartaz de 10 de agosto a 28 de outubro, investiga a prática artística como exercício coletivo a partir de experiências artísticas pensadas enquanto diálogos, diretos ou indiretos, com a produção de Joseph Beuys e Hélio Oiticica, dois dos mais importantes artistas ativos na segunda metade do século XX. Além deles, participam outros seis artistas/coletivos nacionais e internacionais: Maurício Ianês, Mônica Nador + JAMAC, Coletivo Legítima Defesa, Rirkrit Tiravanija, Tania Bruguera e Vivian Caccuri.
11 de setembro | quarta-feira
_15h às 18h: Povo na Pina - Ponto Firme
Em parceria com a Casa do Povo, o projeto propõe a construção de grandes estruturas de crochê utilizando principalmente materiais descartados gerados pela própria Pinacoteca. A oficina é conduzida pelo designer e artesão Gustavo Silvestre com participação dos egressos e ex-alunos do Ponto Firme, projeto que há quatro anos leva aulas de crochê para dentro de uma penitenciária masculina. Aberto à participação do público e visitantes de todas as idades. Traga seus materiais recicláveis
12 de setembro | quinta-feira
_10h às 12h: Estudo de caso, com Beatriz Lemos – Lastro – Escola de Arte Útil
_16h às 17h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha com roupas confortáveis - Octógono
13 setembro | sexta-feira
_15h às 18h: Preparação do Exercício 2, com acompanhamento de Fernanda Pitta – Escola de Arte Útil
14 de setembro | sábado
_15h às 15h30: Show de Beatbox Nacional - Thiago Mautari - Octógono
Trabalhando com beatbox desde os 5 anos, o artista autodidata possui influência de Fernandinho Beatbox e vem se destacando no Hip Hop nacional por meio da realização de atividades formativas, apresentações e organização de batalhas.
15 de setembro | domingo
_11h às 13h: Povo na Pina – Ateliê Vivo - Octógono
Organizado pela Casa do Povo, o encontro propõe que os participantes levem peças de roupas e tecidos que possam ser recortados para servir de matéria prima para a construção do painel cujo tema será “O que é um coletivo para você hoje?”. As peças de roupa e tecidos das pessoas vão se misturar e, juntos, com costura a mão e bordado, o grupo fará uma colagem têxtil.
_14h às 18h: Saravajam - Octógono
O espaço recebe o grupo Saravajam para uma roda de conversa, dança e música com intuito de tecer novas relações acerca da cultura afro-brasileira. Participam Danna Lisboa, Juli Ana Nunes e Ledah com mediação de Marcio Dantas e discotecagem de Dj Ledah e Jab Cut.
16 de setembro | segunda
_10h às 13h: Projeto Corpos em Luz - Instituto Olga Kos - Octógono
Instituição fundada para o desenvolvimento de projetos artístico-esportivos para atender crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual, apresenta projeto que propõe um estudo e prática de dança a partir dos parangolés, de Hélio Oiticica.
_16h às 17h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação - Octógono
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha com roupas confortáveis.
As performances acontecem na obra untitled 2019 (demo station n.7) do artista tailandês Rirkrit Tiravanija. O palco aberto com estrutura em espiral foi pensado para uma experiência teatral performática e ficará ao longo da exposição à disposição para a livre ativação dos visitantes.
[classificação indicativa] livre
setembro 13, 2019
Ana Maria Tavares na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
A artista plástica mineira Ana Maria Tavares inaugura no próximo dia 17 de setembro sua terceira mostra individual na galeria. Em O Real Intocável, Ana apresentará dez trabalhos inéditos que exploram a relação entre arte e arquitetura, temática constante de toda a sua obra.
Além da arquitetura que é sempre o ponto de partida de Ana, outro aspecto que é fundamental em sua produção é a cultura industrial presente na feitura de suas obras, que são sempre criadas em fábricas. ‘O território que mais me inspira é a indústria. Os lugares que me levam realmente a ter grandes ideias são sempre esses das técnicas, porque quanto mais eu sei como fazer, mais eu posso expandir aquilo que eu quero fazer”, ressalta a artista.
Embora esse rigor industrial seja visível nas obras, o fazer das mesmas obedece outro ritmo, quase artesanal. Ana entra na fábrica e altera o que seria uma produção em série, criando novas cores, novos materiais e técnicas. O resultado final são obras de aspecto industrial, mas com um caráter único, próprio de uma obra de arte.
Para a mostra da galeria os materiais trabalhados pela artista são impressões fotográficas sobre materiais espelhados e transparentes e filetes e placas de mármores. A partir deles são criadas obras que Ana considera como “ruínas do futuro, cartografias contaminadas, a fim de criar um universo que transita entre o arqueológico, o urbanismo antinatural, a geometria e a vida orgânica.”
Cela Luz na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Em sua primeira exposição individual, Cela Luz expõe série de pinturas que rearranjam fragmentos de paisagem. Curadoria de Pollyana Quintella
Cela Luz apresenta na mostra Deixa Ventar uma série de pinturas que rearranjam fragmentos de paisagem. De pequenos formatos – que reforçam o pictórico como gesto íntimo – a pinturas maiores, somos imersos em perspectivas em movimento, horizontes que escapam como memórias fugidias. Cela parece operar com capturas temporárias, aparições e lampejos prestes a se reconfigurar, entre o referencial e a abstração.
Trata-se também de uma pintura sinestésica. A paleta luminosa, com a textura impositiva do óleo, por vezes sugere cheiros, sabores, deleites impressos na imagem. Uma boca se enche d’água diante das gordas Jabuticabas, enquanto A Noite na Estrada nos atravessa com um golpe de ar.
“Aprendi a viver em pleno vento”, diz Sophia de Mello Breyner em um de seus poemas. A pintura de Cela Luz caminha com essa lição: chacoalha horizontes, deixa ventar.
Texto escrito pela curadora Pollyana Quintella*
Cela Luz nasceu em 1986 no Rio de Janeiro. Mestre em artes visuais com foco em pintura, pela School of Visual Arts, NY, em 2017. Cela vem participando de exposições entre Brasil e EUA, como: ‘Cognitive Dissidence’, com curadoria de Dan Cameron (New Museum), no Ray Smith Studio (New York, 2017); ‘Transfiguration’, com curadoria de Carl Auge, na SVA Flatiron Gallery, (New York, 2017); ‘Fragmentos de um discurso pictórico’, com curadoria de Mario Gioia, na Galeria Roberto Alban (Salvador, 2017); ‘Partilhas, Presenças, Projetos’ com curadoria de Mario Gioia, na Galeria Blau (São Paulo, 2017); ‘The Head is Round’ na Lazy Susan Gallery (New York, 2018) com curadoria de Gisela Gueiros; ‘Elas por Elas’ na Galeria Mercedes Viegas (Rio de Janeiro, 2019), com curadoria de Isabel Portella. Além das participações nas feiras SP Arte - 2018; e Art Rio - 2018. Em 2015, recebeu pela School of Visual Arts, bolsa mérito para concluir seu mestrado. Atualmente, Cela vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Pollyana Quintella é curadora assistente do Museu de Arte do Rio e pesquisadora independente. Formou-se em História da Arte pela UFRJ e é mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ, com pesquisa sobre o crítico Mário Pedrosa. Atuou na equipe de curadoria da Casa França-Brasil (2016), foi coeditora da revista USINA e curou exposições em instituições e espaços independentes no Rio de Janeiro e em São Paulo, com especial interesse para a interseção entre poesia e artes visuais.
Chelpa Ferro na Cavalo, Rio de Janeiro
Coletivo multimídia Chelpa Ferro apresenta na Cavalo instalação inédita no Rio de Janeiro
No vocabulário do rock e do pop, ‘supergrupo’ é a classificação dada às bandas organizadas por integrantes já notórios, cultuados desde antes da formação destas. É a partir dessa fórmula musical que os artistas Barrão, Luiz Zerbini e Sergio Mekler criaram em 1995 o Chelpa Ferro. Em setembro o trio apresenta, em parceria com a galeria Vermelho, a sua primeira exposição na galeria Cavalo, homônima à instalação multimídia ‘Spacemen/Cavemen’. A obra, criada em 2011 e inédita no Rio de Janeiro, foi apresentada recentemente em Milão e Londres.
Duas estranhas máquinas pairam a poucos centímetros do chão, suspensas por cordas e tiras fixadas nas paredes da sala expositiva. Esses objetos flutuantes pouco-identificáveis foram construídos com pedras, lâmpadas, isopor, equipamentos sonoros, sucatas e fios emaranhados. As hastes que atravessam cada um deles, similares a antenas improvisadas, dão ares de projeto científico pós-apocalíptico. Operando, parecem se esforçar para conversar em línguas distintas.
Spacemen/Cavemen é presenciada como um diálogo dissonante, onde a variação luminosa e os barulhos não-melódicos criam ritmos e cenários que ditam o clima da galeria. Tanto o título da obra quanto o caráter das mídias indicam o encontro de temporalidades ancestrais e futuristas. Hibridismos como este costumam ser vistos nos trabalhos do coletivo, que constantemente utiliza detritos descartados junto a instrumentos tradicionais, materiais sintéticos com substâncias naturais, e sonoridade noise com orquestras sinfônicas.
Sem uma individual em sua cidade natal desde 2015, quando abriram a série de exposições do Prêmio CCBB Contemporâneo com a instalação Sonorama, Chelpa Ferro planeja uma performance inaugural no espaço da Cavalo em Botafogo durante a feira ArtRio. Para mais informações contate a galeria por email ou no telefone 21-2267-7654.
Chelpa Ferro é um coletivo multimídia composto pelos artistas Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler. Realizam um trabalho que mistura experiências com música eletrônica, esculturas e instalações tecnológicas em apresentações ao vivo e exposições para mostrar os ruídos que não cabem nos limites usuais da esfera da música. O grupo já participou das bienais de Veneza (2005), São Paulo (2002 e 2004), MERCOSUL (2009) e Havana (2003). Contabiliza, desde sua criação, em 1995, exposições nacionais e internacionais, quatro álbuns, shows, trilhas sonoras e projetos especiais.
setembro 12, 2019
Elizabeth Jobim na Lurixs, Rio de Janeiro
A Lurixs Arte Contemporânea abre em sua sede no Leblon a individual “Frestas” de Elizabeth Jobim na terça-feira, 17 de setembro, às 18h.
A exposição traz 14 trabalhos – 10 pinturas e 4 esculturas –, que trazem manifestações recentes do vocabulário visual da artista: concreto pigmentado e planos de cor.
“A mostra de Elizabeth Jobim […] aproxima, noutro patamar, questões adormecidas entre arquitetura e arte” diz o crítico Lauro Cavalcanti em seu texto escrito especialmente para a exposição na Lurixs.
Simultaneamente, no Paço Imperial, Variações apresenta obras que envolvem experimentos da artista com mistura de cores e cimento.
“A exposição na Lurixs reúne vários materiais e técnicas. O pincel reaparece nas telas, assim como indícios dos gestos de pintar” pontua Lauro.
A obra de Elizabeth Jobim tem origem na observação de pedras que a artista dispõe sobre a mesa do ateliê e, em seguida, transforma em desenhos ou pinturas sobre papel. Suas referências vão de Iberê Camargo, Philip Guston e Morandi a Willys de Castro, Lygia Clark e Amilcar de Castro.
Nascida no Rio de janeiro em 1957, Elizabeth Jobim inicia sua produção nos anos 1980, década em que realiza estudos de desenho e pintura com Anna Bella Geiger, Aluísio Carvão e Eduardo Sued, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. Conclui Comunicação Visual na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, onde também cursa, em 1989, pós-graduação em História da Arte e Arquitetura. Em 1992, conclui mestrado em Belas Artes na School of Visual Arts de Nova York e, em 1994, leciona desenho e pintura na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage.
Entre suas mais importantes exposições, estão Blocos (2013), no MAM do Rio de Janeiro, Em Azul (2010), na Estação Pinacoteca de São Paulo, e Endless Lines (2008), na Lehman College Art Gallery, em Nova York. Participa da coletiva Art in Brazil (1950-2011), no festival Europalia, em 2011, em Bruxelas, e da 5ª Bienal do Mercosul, em 2005. A artista vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Lançamento do livro Existência Numérica no Oi Futuro, Rio de Janeiro
Fruto da exposição Existência Numérica realizada no final de 2018, livro organizado por Doris Kosminsky, Barbara Castro e Luiz Ludwig, com coedição da Rio Books, reúne textos e imagens sobre a fascinante área da ciência da computação que usa a arte para mostrar ao público uma imensa quantidade de dados
12 de setembro de 2019, quinta-feira, das 18h30 às 20h
Oi Futuro
Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo, Rio de Janeiro
21-3131-3060
O Oi Futuro lança no próximo dia 12 de setembro de 2019, das 18h30 às 20h, o livro “Existência Numérica”, resultado da exposição homônima que ocupou dois andares da instituição entre setembro e novembro do ano passado. Organizado pelos curadores Barbara Castro, Luiz Ludwig e Doris Kosminsky, o livro coeditado pela Rio Books tem 288 páginas, com imagens de obras de arte criadas a partir da visualização de dados, área emergente da ciência da computação, e textos de especialistas brasileiros e estrangeiros. Com capa dura, e formato de 25,5cm x 19,5cm, a publicação bilíngue (port/ingl) é dividida em três grandes temas – Visualização, Questionamentos e Existência, e reúne artigos dos brasileiros César Pessoa Pimentel (doutor em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela UFRJ), Fernanda Glória Bruno (membro-fundadora da Rede Latino-Americana de Estudos em Vigilância, Tecnologia e Sociedade/LAVITS), Guto Nóbrega (fundou e coordena o NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos) e Hermano Vianna (antropólogo e roteirista de TV), e os estrangeiros Ben Fry (diretor da Fathom, Boston), Catherine D’Ignazio (pesquisadora afiliada do MIT Center para Civic Media e do MIT Media Lab), Carey Williamson professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Calgary, Alberta, Canadá), Fernanda Viégas (colíder, com Martin Wattenberg, do grupo de visualização de dados “Big Picture” do Google), Giorgia Lupi (cofundadora da Accurat, Milão), Johanna Drucker (professora Breslauer de Estudos Bibliográficos no Departamento de Estudos da Informação da UCLA), Lev Manovich (professor de Ciência da Computação no The Graduate Center, da City University de Nova York, e diretor do Cultural Analytics Lab), Marian Dörk (codiretor do Urban Complexity Lab, Potsdam, Alemanha), Martin Wattenberg (colíder, com Fernanda Viégas, do grupo de visualização de dados “Big Picture” do Google, parte da equipe do Google Brain), Mimi Onuoha (artista e pesquisadora nigeriano-americana, residente no Brooklyn), Roy Ascott (artista, fundador da Planetary Collegium, Universidade de Plymouth, Inglaterra), Sara Diamond (presidente da OCAD University, Canadá), Sheelagh Carpendale (líder do grupo de pesquisa Inovações em Visualização, InnoVis, Universidade de Calgary, Alberta, Canadá).
SUMÁRIO
INSTITUCIONAL | Institutional
APRESENTAÇÃO | Foreword
TEXTOS | Texts
1. VISUALIZAÇÃO / Visualization
O que é visualização? [2010] – Lev Manovich
What is visualization? [2010] – Lev Manovich
Design e redesign em visualização de dados [2015] – Fernanda Viégas, Martin Wattenberg
Design and Redesign in Data Visualization [2015] – Fernanda Viégas, Martin Wattenberg
Visualização de dados: materialidade e mediação [2011] – Sara Diamond
Data Visualization: Materiality and Mediation [2011] – Sara Diamond
Aprendendo com Lombardi [2009] – Ben Fry
Learning from Lombardi [2009] – Ben Fry
2. QUESTIONAMENTOS / Questionings
Abordagens das ciências humanas para exibição gráfica [2011] – Johanna Drucker
Humanities Approaches to Graphical Display [2011] – Johanna Drucker
Sobre conjuntos de dados ausentes [2015] – Mimi Onuoha
On Missing Data Sets [2015] – Mimi Onuoha
Como seria a visualização de dados feminista? [2015] – Catherine D’Ignazio
How Would Feminist Data Visualization Look Like? [2015] – Catherine D’Ignazio
Inteligência artificial antropófaga [2017] – Hermano Vianna
In defense of an anthropophagic Artificial Intelligence [2017] – Hermano Vianna
3. EXISTÊNCIA / Existence
Humanismo de dados, a revolução será visualizada [2017] – Giorgia Lupi
Data Humanism, The Revolution Will Be Visualized [2017] – Giorgia Lupi
A vida no banco de dados: a visibilidade do corpo informacional e a previsão das
individualidades [2005] - César Pessoa Pimentel, Fernanda Glória Bruno
Life in the Database: The Visibility of the Informational Body and the Prediction of Individualities [2005] – César Pessoa Pimentel, Fernanda Glória Bruno
A ambiguidade do self: vivendo em uma realidade variável [2009] – Roy Ascott
The Ambiguity of the Self: Living in a Variable Reality [2009] – Roy Ascott
Consciência numérica [2018] – Carlos Augusto M. da Nóbrega (Guto Nóbrega)
Numeric Consciousness [2018] – Carlos Augusto M. da Nóbrega (Guto Nóbrega)
O flâneur da informação: um novo olhar sobre a busca de informações [2011] – Marian Dörk, Sheelagh Carpendale, Carey Williamson
The Information Flaneur: A Fresh Look at Information Seeking [2011] –
Marian Dörk, Sheelagh Carpendale, Carey Williamson
BIOGRAFIA DOS AUTORES
• Ben Fry
Ben Fry é o diretor da Fathom, uma consultoria de design e software localizada em Boston. Ele recebeu seu doutorado do Grupo de Estética + Computação no Laboratório de Mídia do MIT, onde sua pesquisa concentrou-se em combinar campos como ciência da computação, estatística, design gráfico e visualização de dados como um meio para entender informações. Depois de concluir sua tese, ele passou um tempo desenvolvendo ferramentas para visualização de dados genéticos como pós-doutorado com Eric Lander no Instituto Eli & Edythe L. Broad do MIT e Harvard. Com Casey Reas, da UCLA, ele atualmente desenvolve o Processing, um ambiente de programação de software livre para ensinar design computacional e esboçar software de mídia interativa.
• Catherine D’Ignazio
Catherine D’Ignazio é uma acadêmica, artista/designer e desenvolvedora de software que se concentra em literacia de dados, tecnologia feminista e engajamento cívico. Seus projetos de arte e design foram premiados pela Fundação Tanne, pela Turbulence.org e pela Knight Foundation, e expostos na Bienal de Veneza e na ICA Boston. D’Ignazio é professora assistente de Mídia Cívica e Visualização de Dados no Emerson College, bolsista sênior do laboratório Engagement Lab e pesquisadora afiliada do MIT Center for Civic Media e do MIT Media Lab.
• Carey Williamson
Carey Williamson é professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Calgary, Alberta, Canadá. Ele é membro do Networks Research Group (“Grupo de Pesquisa de Redes”). De 2010 a 2016, Williamson foi chefe do Departamento de Ciência da Computação. De 2006 a 2011, ele ocupou uma cadeira iCORE (Círculo de Informática de Excelência em Pesquisa, em inglês) em Redes Sem Fio de Banda Larga, Protocolos, Aplicativos e Desempenho. Antes disso, ele ocupou um cargo de professor iCORE em Redes de Banda Larga Sem Fio (2001-2006), e ocupou cadeira de pesquisa industrial do NSERC em Modelagem de Tráfego de Internet Sem Fio (2004-2009). Williamson é PhD em Ciência da Computação pela Universidade de Stanford.
• César Pessoa Pimentel
César Pessoa Pimentel holds a doctorate in Psycho-sociology of Communities and Social Ecology from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ, in the Portuguese acronym, 2008) and a postdoctoral in Communication Theory (ECO/UFRJ). He was a visiting professor and a collaborating professor at UFRJ, and professor at the Castelo Branco University. He is currently a professor at the Foundation for the Support of Technical Schools of the State of Rio de Janeiro. He is experienced in the area of Psychology, with emphasis on basic psychological processes: cognition, contemporary technologies and subjectivity.
• Fernanda Glória Bruno
Fernanda Glória Bruno é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura e do Instituto de Psicologia da UFRJ. Concluiu o doutorado em Comunicação pela UFRJ em 2001. Foi pesquisadora visitante na Sciences Po, Paris (2010-2011) e atualmente coordena o MediaLab.UFRJ. É pesquisadora do CNPq desde 2007 e membro-fundadora da Rede Latino-Americana de Estudos em Vigilância, Tecnologia e Sociedade/LAVITS. Suas áreas de interesses e pesquisa são: tecnologia, subjetividade, corpo, tecnologias de comunicação, cibercultura, cognição, vigilância e visibilidade.
• Fernanda Viégas
Fernanda B. Viégas é uma designer computacional cujo trabalho se concentra nos aspectos sociais, colaborativos e artísticos da visualização da informação. Ela é co-líder, com Martin Wattenberg, do grupo de visualização de dados ‘Big Picture’ do Google, parte da equipe do Google Brain. Antes de começar no Google, ela e Wattenberg fundaram a Flowing Media, Inc., um estúdio de visualização focado em projetos voltados para a mídia e o consumidor. Viégas tem doutorado e mestrado do Media Lab no MIT. Suas visualizações artísticas foram exibidas em locais como o Museu de Arte Moderna de Nova York, o Instituto de Arte Contemporânea de Boston, e o Museu Whitney de Arte Americana.
• Giorgia Lupi
Giorgia Lupi é uma designer de informação, artista e empreendedora. Ela é co-fundadora da Accurat, uma empresa de design orientada por dados, da qual é diretora de criação. Depois de receber seu mestrado em arquitetura, ela obteve um PhD em Design no Politecnico di Milano. Seu trabalho faz parte da coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York. Recentemente se tornou membro no Conselho do Diretor MIT Media Lab. Ela é co-autora de Dear Data (juntamente com Stefanie Posavec), um livro de visualização de dados desenhado à mão que explora os detalhes mais escorregadios da vida cotidiana por meio de dados, revelando os padrões que informam nossas decisões e afetam nossos relacionamentos.
• Guto Nóbrega
Carlos (Guto) Nóbrega é doutor (2009) em Interactive Arts pelo programa de pós-graduação Planetary Collegium (antigo CAiiA-STAR), da Universidade de Plymouth, Reino Unido. Sua pesquisa de caráter transdisciplinar, nos domínios da arte, ciência, tecnologia e natureza, investiga como a confluência desses campos têm informado a criação de novas experiências estéticas. Este estudo traz como resultado uma intervenção prático-teórica no campo da arte com foco nas ideias de interatividade, telemática, teorias de campo e hiperorganismos. Guto Nóbrega é professor associado da Escola de Belas Artes/UFRJ. Fundou e coordena o NANO – Núcleo de Arte e Novos Organismos, espaço de pesquisa para investigação na intersecção entre arte, ciência, tecnologia e natureza.
• Hermano Vianna
Hermano Vianna é antropólogo e roteirista de TV.
• Johanna Drucker
Johanna Drucker é professora Breslauer de Estudos Bibliográficos no Departamento de Estudos da Informação da UCLA. Ela é internacionalmente conhecida por seu trabalho na história do design gráfico, tipografia, poesia experimental, arte e humanidades digitais. Atualmente ela trabalha em memórias de banco de dados, ALL, no Museum of Writing on-line, em colaboração com a University College London e o King’s College, e em um projeto de tipografia intitulado Stochastic Poetics. Um trabalho escrito de forma colaborativa, Digital_Humanities, com Jeffrey Schnapp, Todd Presner, Peter Lunenfeld e Anne Burdick, em breve será publicado pela MIT Press.
• Lev Manovich
Lev Manovich é professor de Ciência da Computação no The Graduate Center, da City University de Nova York, e diretor do Cultural Analytics Lab. Manovich nasceu em Moscou, onde estudou artes plásticas, arquitetura e programação de computadores. Ele tem um mestrado em Ciências Visuais e Psicologia Cognitiva (NYU, 1988) e um PhD em Estudos Visuais e Culturais (University of Rochester, 1993). Manovich tem trabalhado com mídia computacional como artista, animador, designer e programador desde 1984. Ele é muito procurado como palestrante sobre tópicos de cultura digital em todo o mundo. Desde 1999, apresentou mais de 600 palestras, seminários e aulas magnas na América do Norte e do Sul, Ásia e Europa.
• Marian Dörk
Marian Dörk é professor de Pesquisa de Visualização da Informação no Institute for Urban Futures da Universidade de Ciências Aplicadas de Potsdam. Sua pesquisa e seu ensino concentram-se em torno de novas visualizações para apoiar práticas de informação exploratória em uma variedade de contextos. Dörk é co-diretor do Urban Complexity Lab, um grupo de pesquisa transdisciplinar situado entre design, computação e humanidades. Ele é PhD em Ciência da Computação pela Universidade de Calgary, onde trabalhou no grupo InnoVis e no Interactions Lab.
• Martin Wattenberg
Martin Wattenberg é cientista da computação e artista. Ele é co-líder, com Fernanda Viégas, do grupo de visualização de dados “Big Picture” do Google, parte da equipe do Google Brain. Antes de entrar para a Google, ele e Viégas fundaram a Flowing Media, Inc., um estúdio de visualização focado em projetos para mídia e consumidores. De 2005 a 2010, Wattenberg fundou e gerenciou o Visual Communication Lab da IBM. Ele é PhD em matemática pela UC Berkeley. Wattenberg é conhecido por seu trabalho de arte baseado em visualização, que foi exibido em locais como o Instituto de Artes Contemporâneas de Londres, o Museu Whitney de Arte Americana e o Museu de Arte Moderna de Nova York.
• Mimi Onuoha
Mimi Onuoha é uma artista e pesquisadora nigeriano-americana residente no Brooklyn, cujo trabalho examina as implicações da coleta de dados e categorização computacional. Ela usa código, escrita, intervenções e objetos para explorar dados ausentes e as formas pelas quais as pessoas são resumidas, representadas e classificadas. Onuoha fez uma residência no Eyebeam Art & Technology Center, no Studio XX, no Data & Society Research Institute, no Tow Center da Columbia University e no Royal College of Art. Onuoha obteve seu mestrado de estudos profissionais do Programa de Telecomunicações Interativas da NYU Tisch, onde atualmente ela leciona (as aulas que ela ministra podem ser encontradas no GitHub).
• Roy Ascott
Roy Ascott é um artista cuja pesquisa se concentra no impacto das redes de comunicação digital na consciência. Desde a década de 1960, seu trabalho baseia-se na cibernética e no desenvolvimento da arte interativa e telemática. Ele fundou o Planetary Collegium na Universidade de Plymouth em 2003, e assessorou novas organizações de artes de mídia no Brasil, Japão, Coreia, Europa e América do Norte, além da UNESCO. Em 2012, foi nomeado De Tao Mestre em Artes Tecnoéticas na De Tao Masters Academy, em Xangai, na China, e Doutor Honoris Causa na Universidade Ionian, na Grécia. Ascott recebeu o prêmio Pioneiro Visionário da Artes de Mídia 2014 pelo Prix Ars Electronica Golden Nica. Seu trabalho está na coleção permanente da Tate Gallery e em outras notáveis conexões britânicas.
• Sara Diamond
Sara Diamond é a presidente da OCAD University, no Canadá. Ela é PhD em Computação, Tecnologia da Informação e Engenharia pela University of East London, com mestrado em Teoria de Mídia Digital pela University of the Arts de Londres e bacharel em História e Comunicação pela Simon Fraser University. É membro da Ordem de Ontário e da Sociedade Real Canadense de Artistas, e ganhadora da Medalha de Jubileu de Diamante da Rainha, e do Prêmio de Pioneiro Digital da GRAND Networks of Centers of Excellence. Diamond é pesquisadora de visualização de dados, tecnologia vestível e mídia móvel, artista, designer e cientista.
• Sheelagh Carpendale
Sheelagh Carpendale é professora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Simon Fraser. Ela lidera o grupo de pesquisa Inovações em Visualização (InnoVis). Ela é uma pesquisadora bem conhecida em visualização de informações e interação multi-touch, pelos quais recebeu muitos prêmios, incluindo o IEEE Visualization Career Award, o E.W.R. NSERC STEACIE Memorial Fellowship; e um BAFTA (Prêmio Interativo da Academia Britânica de Artes de Cinema e Televisão). Ela assumiu muitas funções organizacionais na comunidade internacional de pesquisa e atualmente preside o Comitê Gestor da IEEE InfoVis.
ARTISTAS EXPOSIÇÃO
Biografias / biographies
PEDRO MIGUEL CRUZ
Designer de visualizações de dados que explora novas metáforas na comunicação de informação. É doutor em Ciência e Tecnologia da Informação pela Universidade de Coimbra e é atualmente Professor Adjunto na Northeastern University, em Boston, onde dá aulas no Mestrado em Design de Informação e Visualização. Anteriormente, foi professor convidado na Universidade de Coimbra onde dava aulas na interseção do design com a tecnologia. Foi também estudante de doutorado no MIT Senseable City Lab nas cidades de Cambridge e Cingapura. O seu trabalho esteve presente em várias exposições, como a Bienal de Design de Londres, a Bienal Ibero-Americana de Design, o Consumer Electronics Show em Las Vegas, a exposição “Talk to Me”, no MoMA de Nova York, e no festival de animação computadorizada da SIGGRAPH. Seus trabalhos também apareceram em vários livros e revistas especializadas, como a “Fast Company” e a “Wired”. Em 2013, Pedro foi nomeado como um dos dez designers de informação mais influentes do mundo pelo jornal italiano “Corriere della Sera”.
BARBARA CASTRO
Artista-pesquisadora e programadora. É fundadora e diretora do estúdio Ambos&& que une design, arte e tecnologia para projetos culturais e educativos. Desde 2018, Barbara Castro é professora do Departamento de Artes & Design da PUC-Rio. Doutora em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da UFRJ, mesma instituição em que defendeu seu mestrado em 2013 em parceria com o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Além disso, atuou como designer de visualização de dados do Laboratório de Visualidade e Visualização (Labvis) da UFRJ para o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Sua pesquisa em arte e tecnologia já foi apresentada na França, Dinamarca, Portugal, Colômbia e no Brasil em locais como Museu de Arte Moderna (RJ), Museu Nacional da República (DF), Instituto Inhotim (MG), entre outros. Seus trabalhos já foram citados em diversas revistas acadêmicas e eventos internacionais como ‘Siggraph Asia’ na China, por exemplo. Após a co-idealização da exposição Existência Numérica no Oi Futuro, foi co-curadora da exposição Data Corpus na Casa Firjan, duas grandes iniciativas da popularização da visualização de dados no Rio de Janeiro.
TILL NAGEL E CHRISTOPHER PIETCH
Realiza projetos relacionados à visualização de dados urbanos e culturais. Seus projetos enfocam o uso de big data de cidades inteligentes e buscam criar métodos inovadores de visualização interativa para compreensão de dados complexos. O laboratório faz parte do Departamento de Design e da Universidade de Ciências Aplicadas de Potsdam (FH Potsdam). O Laboratório de Complexidade Urbana é um espaço de pesquisa entre o Departamento de Design e o Instituto de Estudo Aplicados para Futuros Urbanos, e é parcialmente apoiado pela cooperação HERE.
DORIS KOSMINSKY E CLAUDIO ESPERANÇA
Professora associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro onde atua no Curso de Comunicação Visual Design, no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (Linha Poéticas Interdisciplinares - PPGAV) e no Programa de Pós-Graduação em Design (PPGD) da Escola de Belas Artes da UFRJ, onde também coordena o Laboratório da Visualidade e Visualização - LabVis / EBA-UFRJ (labvis.eba.ufrj.br). Possui graduação em Desenho Industrial pela ESDI-UERJ (1982), mestrado (2003) e doutorado (2008) em Design pela PUC Rio com Menção Honrosa no Prêmio Capes de Tese de 2009. Recentemente, concluiu estágio pós-doutoral sênior na Universidade de Calgary, Canadá (2018), como pesquisadora visitante. Trabalhou como editora de arte no jornalismo da TV Globo. Desde 2010 tem concentrado suas pesquisas na área de visualização de dados, através da publicação de artigos, cursos e orientações, e da colaboração no desenvolvimento de visualizações sobre dados de energia para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e para o National Energy Board do Canadá – NEB.
LUIZ LUDWIG
Designer e professor. Mestre em Design Gráfico pela universidade Maryland Institute College of Art (MICA), em Baltimore, Estados Unidos (2001-2013) – tendo como orientadora a premiada Ellen Lupton, curadora de design contemporâneo do Cooper-Hewitt, National Design Museum, em Nova York – atualmente é professor na PUC Rio no curso de Design. Em 2011 recebeu Menção Honrosa na competição “Visualizing Marathon”, em Nova York. Recentemente foi responsável pelo design interativo da exposição “Visões na Coleção Ludwig”, no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, e pelo design expográfico da mesma exposição no CCBB do Rio de Janeiro e no CCBB de Belo Horizonte. Com alguns de seus trabalhos interativos, Luiz foi citado em livros e publicações especializadas, como “Type on Screen: A critical guide for designers, writers, developers, & students”, e na revista francesa “Étapes: design graphique & culture visuelle”. Foi fundador, junto com Barbara Castro, o estúdio Ambos&& que une design, arte e tecnologia para projetos culturais e educativos.
ALICE BODANZKY
Designer, cenógrafa e artista. Tem como foco de sua investigação a convergência entre computação e materialidade. Trabalha na interseção entre arte, ciência e tecnologia, buscando através do design paramétrico e da fabricação digital integrar a fluidez computacional no desenvolvimento de produtos e de ambientes. Formada em Design (ESDI / UERJ) e em Cenografia (UNI-RIO), fez mestrado na Holanda em Media Technology (Leiden University), e atualmente é doutoranda no laboratório NEXT (PUC Rio). Passou por empresas como YDreams Brasil, Mediamatic (Amsterdam) e ART+- COM (Berlim) e por centros de pesquisa, incluindo Hyperbody/TUDelft e Visgraf/ IMPA. Apresentou trabalhos em conferências internacionais da área, tais como SIGGRAPH, CAe, CHI Sparks e TEI. Recebeu o prêmio Most Creative Design na Microsoft Research Faculty Summit 2005 pelo projeto “Saudade” e menção honrosa no Red Dot Design Award 2015 pelo “Mater”.
O Pequeno Colecionador na Carbono, São Paulo
Carbono Galeria e Brinquedos do Mundo apresentam a mostra O Pequeno Colecionador, com curadoria de Artur Lescher e Mariane Klettenhofer. A exposição reúne trabalhos lúdicos que vão do objeto à performance, de autoria de 21 artistas. Alguns deles conceberam brinquedos pela primeira vez, especialmente para a mostra, enquanto outros já desenvolvem esta temática em suas pesquisas.
A exposição é um desdobramento do projeto Brinquedos do Mundo — um canal de pesquisa e comércio virtual que busca identificar e trazer brinquedos produzidos por diversas culturas ao redor do globo, com o intuito de assim valorizar a produção manual e os saberes locais de diversas tradições.
Além de trazer como referência brinquedos realizados por artistas populares, O Pequeno Colecionador se inspira também na produção de brinquedos de artistas e arquitetos mundialmente conhecidos como Alexander Calder, Pablo Picasso e Paul Klee, que produziram brinquedos para seu uso pessoal e familiar, ou Ray & Charles Eames e Joaquín Torres García, que chegaram a comercializar alguns deles.
Estes exemplos suscitam questões sobre o fazer artístico. O processo criativo pode ser pensado como algo similar a uma brincadeira? Seriam as atividades da infância determinantes na formação da linguagem artística?
O objetivo de O Pequeno Colecionador é pensar o brinquedo como uma forma de expressão, como um exercício de imaginação e reflexão sobre o mundo, onde é oferecida aos mais novos a oportunidade de adentrar no universo da cultura dos adultos — seja nos jogos de imitação ou no ato de colecionar — e aos mais velhos a chance de relembrar e se divertir mais uma vez com as brincadeiras das crianças.
A exposição é sobretudo um convite à brincadeira: um movimento de artistas que oferecem aos mais novos, aos mais velhos e a si mesmos uma oportunidade de se aventurar nesse universo.
Artistas participantes: Antonio Vespoli, Carolina Velasquez, Deco Farkas, Dudi Maia Rosa, Eduardo Basualdo, Gisela Motta, Guga Szabzon e Taygoara, Guto Lacaz, Hernán Soriano, Hilal Sami, Icaro Lira, Joaquin Torres Garcia, Julio Villani, Laura Vinci, Leandro Lima, Leda Catunda, Marcelo Cipis, Marcelo Zocchio, Mestre Cunha, Milton Cruz, Sandra Javera.
Os trabalhos estarão à venda e parte do lucro será investido em projetos educacionais.
Lenir de Miranda no MARGS, Porto Alegre
Comemorando mais de quatro décadas de trajetória e produção, a artista visual inaugura a individual “Pintura périplo”, com curadoria de Icleia Cattani e Paula Ramos
O projeto também envolve o lançamento de livro dedicado à obra da artista, além de um seminário que abordará a pintura e suas conexões com os campos da cultura
O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) recebe a exposição Lenir de Miranda – Pintura périplo, que traz a público a obra da artista visual gaúcha, concentrando-se na sua produção mais recente – pinturas realizadas entre 2017 e 2019 –, além de contemplar alguns trabalhos anteriores. Ocupando as galerias João Fahrion, Angelo Guido e Pedro Weingärtner, com a reunião de cerca de 60 obras, a mostra individual tem curadoria das historiadoras e críticas de arte Icleia Borsa Cattani e Paula Ramos (ler texto curatorial). A abertura será no sábado 14.09.2019, às 11h.
Além da exposição, o projeto, que celebra as mais de quatro décadas de trajetória e produção de Lenir de Miranda, envolve o lançamento de livro homônimo, de autoria das curadoras. O lançamento da publicação se dará durante o seminário “Pintura contemporânea em relações”, nos dias 29.11 e 30.11.2019, no MARGS, abordando a pintura e suas conexões com diversos campos da cultura.
A exposição “Lenir de Miranda – Pintura périplo” segue em exibição até 8 de dezembro de 2019. O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas por e-mail.
SOBRE A ARTISTA
Lenir de Miranda (1945) é natural de Pedro Osório, mas trabalha e reside em Pelotas desde os 7 anos, onde realizou formação inicial em Pintura na Escola de Belas Artes Dona Carmen Trápaga Simões (1964–1967). Mais tarde, cursou Jornalismo na PUC-RS (1970–1975), instituição onde também fez Especialização em Artes Plásticas – Teoria e Práxis (1985). Antes disso, em Pelotas, cursou Especialização em Desenho e em História da Arte (1980–1983) no Instituto de Letras e Artes da UFPel. A artista também tem Mestrado em Artes Visuais – Ênfase em Poéticas Visuais, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS (2002–2003), com dissertação intitulada Nostos – A nostalgia de todos nós, pautada no romance Ulisses, de James Joyce.
Em Pelotas, foi professora de Pintura no Instituto de Letras e Artes da UFPel de 1979 a 1993, sendo uma das incentivadoras, naquela cidade, das pesquisas e das novas proposições artísticas, a partir de iniciativas não somente em pintura e livros de artista, mas em arte postal, performance, vídeo e instalação.
As relações com os mitos e a literatura são uma constante em sua obra, assinalada pelo trânsito de diversos materiais e linguagens. Trabalhando há mais de quatro décadas, Lenir traz em seu currículo cerca de 40 exposições individuais e 120 coletivas, em países como Alemanha, Inglaterra, Itália, Irlanda, Uruguai e Rússia, onde apresentou, em 2014, a individual Fragments of land – Painting, installation (2014), no State Darwin Museum.
A obra de Lenir de Miranda está representada em várias instituições, fundações e coleções públicas, com destaque para: Fundação Vera Chaves Barcellos (Viamão, RS), James Joyce Centre (Dublin, Irlanda), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) (Porto Alegre, RS), Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS) (Porto Alegre, RS), Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, RJ), Pinacoteca Barão de Santo Angelo do Instituto de Artes da UFRGS (Porto Alegre, RS), State Darwin Museum (Moscou, Rússia), entre outros.
SOBRE AS CURADORAS
Icleia Borsa Cattani
Crítica de Arte. Professora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS. Pesquisadora 1A do Cnpq. Doutora em História da Arte pela Universidade de Paris I – Pantheon – Sorbonne (1980); Professora-visitante na Università di Bologna (2018–2019); Estágios Sênior na University of the Arts London (2011) e na Universidade de Paris I (1994). Professora visitante da ECA–USP (1988), da Universidade de Paris I (1995 e 2002), da Universidade de Montreal e de Laval (2005). Editora da Revista Porto Arte (1991–1999) e da Coleção Visualidade (1995–1999). Criadora do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS (1991) e Coordenadora do mesmo entre 1995 e 1999. Coordenadora de acordo Capes-Cofecub com a Universidade de Paris I (1995–1999) e da Bienal Interuniversitária UFRGS, Universidade de Paris I e PUC do Chile (1997–1999). Principais publicações: Icleia Cattani (Org. Agnaldo Farias) (Rio de Janeiro: Funarte, 2004); Mestiçagens na arte contemporânea (Org.) (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007); Paisagens de dentro (Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009); Arte moderna no Brasil (Belo Horizonte: C/Arte, 2011); Artes visuais na Universidade (co-autoria) (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2012); Iberê Camargo Século XXI (co-autoria) (Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2014); Pela arte contemporânea (co-autoria) (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017; Néon: Pinturas de Gelson Radaelli (Porto Alegre: Bolsa de Arte, 2017). Tem diversos capítulos de livros e artigos, publicados principalmente no Brasil e na França. Foi Membro do Conselho Editorial do The Journal of Contemporary Painting”, Middlesex University (2012–2016). Entre as curadorias, destaque para Iberê Camargo: Trajetória e Encontros (1985), exibida no Margs, MAM-Rio, Masp, e Galeria do Teatro Nacional, em Brasília; Representação Brasileira Bienal de Cuenca (1998), Equador; Mestiçagens (2007), no Margs; Iberê Camargo Século XXI (2014), na Fundação Iberê Camargo. Foi agraciada com o Prêmio Fapergs de Pesquisa (1999) e o Prêmio Açorianos de Artes Visuais – Destaque em Curadoria (2008).
Paula Ramos
Paula Ramos (Caxias do Sul, RS, 1974) é historiadora da arte, crítica de arte e curadora. Bacharel em Comunicação Social/Jornalismo (1996) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com Mestrado (2002) e Doutorado (2007) em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte, pela mesma IFES, ambos subsidiados com bolsa CNPq. Em 2005, realizou doutorado-sanduíche junto à Kassel Universität, na Alemanha, com bolsa CNPq/DAAD. No mesmo país, realiza seu Estágio Sênior (2018–2019; 2020–2021) na Hochschule Hannover, com bolsa da Fundação Alexander von Humboldt.
É Professora Associada do Departamento de Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, onde implantou o Bacharelado em História da Arte, coordenando-o nos seus cinco primeiros anos (2010–2015). Atua nos cursos de História da Arte e Artes Visuais, bem como no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS).
Assina diversas curadorias em arte moderna e contemporânea, muitas das quais agraciadas com prêmios. É autora e organizadora de várias publicações no segmento de cultura e artes visuais, com destaque para A madrugada da modernidade (1926) (Porto Alegre: UniRitter, 2006), A fotografia de Luiz Carlos Felizardo (Porto Alegre: FestFotoPoA, 2011) e Walmor Corrêa – O estranho assimilado (Porto Alegre: Dux; São Paulo: Livre, 2015). Também integrou a Comissão Editorial que organizou a publicação Pinacoteca Barão de Santo Ângelo – Catálogo Geral (1910–2014), nas comemorações dos 80 anos da UFRGS (Porto Alegre: UFRGS, 2015), um trabalho de ensino, pesquisa e extensão, que envolveu dezenas de estudantes e professores do Bacharelado em História da Arte da UFRGS. Em 2016, publicou A modernidade impressa – Artistas ilustradores da Livraria do Globo – Porto Alegre (Porto Alegre: UFRGS, 2016), reunindo as pesquisas desenvolvidas durante seu Mestrado e Doutorado. Contemplado pelo edital Petrobras Cultural – Memória das Artes 2012, o livro foi lançado com exposição homônima, realizada no Margs. Como um todo, o projeto A modernidade impresa recebeu oito prêmios em âmbito regional e nacional, com destaque para o Prêmio Açorianos de Literatura 2016 – Livro do Ano, o Prêmio ABEU 2017 – Ciências Sociais e da Expressão, e o Prêmio Jabuti 2017, 1º lugar na categoria Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia.
Lançamento de Múltiplos no Museu do Açude, Rio de Janeiro
Há dois anos, houve o primeiro encontro entre os Museus Castro Maya e a Mul.ti.plo Espaço Arte. Há nesses encontros sempre a chance das ideias caminharem para um projeto e foi assim que o primeiro passo precipitou-se.
O projeto constitui-se em um conjunto de múltiplos especialmente concebidos por cinco artistas que possuem obras em caráter permanente no Museu do Açude. Os artistas que participam do projeto são: Angelo Venosa, Eduardo Coimbra, Iole de Freitas, Nuno Ramos e Waltercio Caldas.
A proposta traz consigo um evidente caráter Institucional que visa fomentar a visibilidade e visitação tanto das obras permanentes, como também do acervo e programação desses museus. Não seria possível chegar ao resultado de excelência desses múltiplos, se não houvesse o empenho dos artistas que iluminam esses objetos multiplicados tornando-os condutores de uma alta voltagem poética.
Fica aqui registrado nosso agradecimento aos autores por irem ao longe, tornando suas novas obras maiores que o próprio projeto. E o nosso convite para o lançamento a ser realizado neste próximo domingo, dia 15 de setembro das 12h às 15h no Museu do Açude.
setembro 11, 2019
Jimson Vilela na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Sombra e transparência são as referências de Longe dos olhos, individual de Jimson Vilela que ocupará os dois pavimentos da galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, com abertura no dia 16 de setembro, às 19h, durante a programação do CIGA ArtRio (Circuito Integrado de Galerias de Arte).
‘Longe dos olhos’ apresenta conexões entre escultura e literatura, com obras que dialogam e ressignificam o prazer e o fazer literário através de uma escrita artística espacial. Jimson utiliza materiais como acrílico, metal, papel e espelho, transformados em formas significantes e literais de mesas, livros e lâmpadas.
Os livros são a base do trabalho de Jimson e se apresentam de diferentes maneiras, sem palavras, em formas de colunas infinitas e objetos retorcidos. As transparências, oriundas das bases de acrílico, preservam as imagens e formas transmitidas. Elas também estão presentes nas caixas da série ‘Unidade tripartida’, conjunto de colagens compostas com fitas de textos Loren Ipsun que se contorcem em formas sinuosas, fechadas, uma dentro da outra. “É uma espécie de destruição da potência da linguagem”, afirma Glória Ferreira, que assina o texto crítico da exposição que fica em cartaz até o dia 14 de novembro.
Sobre Jimson Vilela
Carioca, radicado em São Paulo, Jimson é doutorando em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2020), Mestre em Poéticas Visuais (ECA/USP, 2015) e Bacharel em Artes Visuais (IART/UERJ, 2010). Atua como artista visual desde 2008. Autor de ‘Adaptável ao espaço que as palavras ocupam’ (2015) e ‘Narrativa’ (2018), ambos lançados pela editora Nunc. Vilela possui trabalhos em coleções públicas como MAC Niterói, MAM-RJ e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Gabriela Noujaim na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Gabriela Noujaim discute mudanças climáticas em exposição individual no Rio
Imersiva em suas pesquisas acerca de ancestralidades e heranças socioambientais dos povos da floresta no Brasil, Gabriela Noujaim apresenta a exposição ‘Maraca’, no espaço Anexo da galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea. A mostra individual da artista, sob acompanhamento curatorial de Michaela Blanc, será aberta ao público no dia 16 de setembro, durante o CIGA ArtRio (Circuito Integrado de Galerias de Arte), evento paralelo à uma das maiores feiras de arte da América Latina.
Em ‘Maraca’, a artista situa sua prática na interseção entre arte e ativismo, e explora os interesses cinemáticos em quatro trabalhos inéditos que mesclam filme, videoinstalação e experiências sonoras para compor o espaço. Neles, Gabriela comenta os desequilíbrios ecológicos e mudanças climáticas que ocorrem em escala planetária, assim como a resiliência da natureza em relação aos modelos de consumo e descarte que experimentamos hoje.
Sobre Gabriela Noujaim
Formada em Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2007, a artista se insere em uma tradição de exploração dos limites e possibilidade da gravura, e vem estruturando sua poética a partir do interesse pela imagem técnica construída a partir de vídeos, fotografias e, mais inicialmente, a gravura, e pela ideia de fixar uma imagem no tempo.
Zanine 100 anos no MAM, Rio de Janeiro
Mostra homenageia o centenário do consagrado arquiteto, designer e artista, com obras de sua emblemática produção do “móvel-denúncia”, em que de maneira pioneira alertava para o desmatamento das florestas brasileiras.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a partir de 14 de setembro de 2019 a exposição Zanine 100 anos – Forma e Resistência, com 18 obras feitas pelo consagrado arquiteto, designer, artista, paisagista e professor José Zanine Caldas (1919-2001), dentro de sua profunda pesquisa sobre nossas madeiras. Com curadoria de Tulio Mariante, curador de design do MAM, as obras selecionadas integram a emblemática e profícua produção de Zanine entre o final dos anos 1960 e 1980, conhecida como “móvel-denúncia”. As peças, feitas em madeira maciça, denunciavam de maneira pioneira o desmatamento das florestas brasileiras. Tulio Mariante destaca que Zanine “coletava as madeiras em restos de abates, muitas vezes irregulares, como forma de denúncia, como forma de resistência”.
Mais do que apenas móveis, os especialistas consideram esses trabalhos como esculturas funcionais, maneira de o artista expressar sua percepção de nossa cultura. O processo de criação era lento, com a utilização de ferramentas tradicionais como serrote, enchó, formão, plaina, e tendo como mão de obra os canoeiros da Bahia. Várias das peças expostas foram criadas no período em que Zanine Caldas viveu em Nova Viçosa, Bahia, anos 1970 até 1980, onde instalou uma oficina que se tornou ponto de encontro de grandes nomes da cultura brasileira, como Oscar Niemeyer, Carlos Vergara, Chico Buarque, Amelia Toledo, Odete Lara entre outros. Lá, ele construiu a famosa casa na árvore para o artista Frans Krajcberg.
Com esta homenagem, é a terceira vez que o MAM realiza uma exposição sobre José Zanine Caldas. Sua primeira mostra individual no Museu foi em 1975, e a segunda em 1983, quando construiu, junto aos jardins, uma casa de madeira.
A produção de “Zanine 100 anos – Forma e Resistência” é da família de Zanine Caldas, com o apoio de Etel Design e Escritório de Arte Marcela Bartolomeo.
São destaques da exposição as peças “Namoradeira”, o “Redário”, a escultura em madeira pequi, a mesa de jantar e o aparador com tampo de vidro criados em Nova Viçosa nos anos 1970, o sofá feito em ilhéus em 1980, entre outras.
AUTODIDATA
Nascido em 1919 na cidade baiana de Belmonte, Zanine era autodidata, e começou sua carreira como maquetista dos principais arquitetos modernos brasileiros, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. “Quando maquetista, Zanine foi autor de modelos de alta qualidade, e criador capaz de propor aos arquitetos soluções para impasses em seus projetos. Seu talento o levou a percorrer os caminhos da arquitetura e do desenho de móveis que acabaram por lhe conferir o título de Mestre da Madeira”, explica o curador Zanine obteve reconhecimento não apenas no Brasil, mas também no exterior.
CONVERSA E EXIBIÇÃO DE FILME SOBRE ZANINE CALDAS
No dia 19 de setembro de 2019, às 18h30, na Cinemateca do MAM, será realizada uma conversa aberta com o artista Carlos Vergara – que está com a exposição “Prospectiva” em cartaz no MAM, e era amigo de Zanine Caldas, tendo convivido com ele em Nova Viçosa, na Bahia – e Fernanda Borges, que foi casada com o arquiteto, e é mãe do designer Zanini de Zanine, que estará também presente.
Após a conversa, haverá exibição do documentário sobre Zanine Caldas: "Arquitetura de Morar" (1974, 12’), de Antonio Carlos da Fontoura, com trilha musical de Antonio Carlos Jobim, sobre, três casas projetadas por Zanine Caldas na Joatinga.
Ficha técnica
Arquitetura de Morar (1974, 12’)
Formato: 35 mm, cor
Roteiro e direção: Antonio Carlos da Fontoura
Fotografia: Pedro Morais
Trilha musical: Antonio Carlos Jobim
Narração: Júlio Graber
Montagem: Rafael Valverde
Produção: Canto Claro Produções Artísticas
LANÇAMENTO DE LIVRO
Por ocasião da exposição “Zanine 100 anos – Forma e Resistência”, será lançado no dia 5 de outubro, das 15h às 18h, o maior e mais abrangente livro sobre sua trajetória. Publicado pela Editora Olhares e R&Company Gallery, de Nova York, o livro será bilíngue (port/ing), com capa dura e formato 25cm x 30cm, terá 300 páginas, e textos de Amanda Beatriz de Palma Carvalho, Lauro Cavalcanti e Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, com ensaio fotográfico de André Nazareth. Depois será lançado em diversas cidades.
SOBRE O ARTISTA
Nasceu em Belmonte, Bahia, em 1919. Zanine iniciou a vida profissional como maquetista dos mais importantes arquitetos modernos no Brasil nos anos 1940. Tempos depois, ele mesmo se tornou um expoente da arquitetura nacional, com uma leitura muito particular das influências modernas. No design de mobiliário, conduziu a experiência da Móveis Z, fundada em fins dos anos 1940, em São Paulo, apostando na industrialização para apoiar – e aproveitar – a difusão de um novo estilo de vida trazido pelos ventos de modernidade. Nos anos 1950, foi paisagista e teve uma loja de vasos e arranjos de flores na Av. Paulista. No final da década se mudou para Brasília para produzir in loco maquetes dos prédios da nova capital em construção. Na década de 1970, viveu entre o Rio de Janeiro, onde praticamente inventou o bairro da Joatinga, e Nova Viçosa, no sul da Bahia, de onde trazia as grandes toras de madeira que marcam sua arquitetura e onde produziu uma linha de móveis pesados, que deixavam se expressar com toda força a madeira descartada no processo de devastação da Mata Atlântica que acontecia na região. Eram chamados de “móveis-denúncia”. Além disso, em sua inquietude, Zanine se envolveu em muitos projetos sociais, teve importante presença na vida acadêmica, mesmo não tendo um diploma, e circulou por diversos países – em especial a França, onde teve exposição individual no Museu de Artes Decorativas do Louvre, em 1989, estabelecendo trocas culturais e de conhecimento técnico. Morreu em Vitória, em 2001.
Carlos Vergara no MAM, Rio de Janeiro
O celebrado artista ocupa o Espaço Monumental do Museu com quatro conjuntos de obras que percorrem seu trabalho iniciado em 2003, em que busca os sinais do sagrado. Entre os seus trabalhos inéditos e criados especialmente para a exposição estão pinturas de grande formato – as maiores já realizadas pelo artista – a partir de monotipias feitas no Cais do Valongo, na zona portuária carioca, onde chegaram os escravizados vindos da África, e nos trilhos do bonde em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde fica seu ateliê. E ainda as resultantes de sua recente viagem no sul da França, pelo caminho do sagrado feminino, que teria sido trilhado pelas Três Marias – Maria Madalena, Maria Jacobé (ou Jacobina, mãe de Tiago), e Maria Salomé – e Santa Sara, a escrava egípcia que se tornou padroeira dos ciganos.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a partir de 14 de setembro de 2019 em seu Espaço Monumental a exposição Carlos Vergara – Prospectiva, que percorre a produção do celebrado artista, desde 2003 até obras recentes e inéditas, como as pinturas em grande formato – as maiores já realizadas por ele – a partir de monotipias feitas no Cais do Valongo e nos trilhos do bonde em Santa Teresa, bairro carioca onde mantém seu ateliê, no Rio de Janeiro. Outros destaques da exposição são as novas obras da série “Sudário”, com monotipias colhidas em sua viagem ao sul da França em maio último, quando percorreu o caminho do sagrado feminino, que teria sido trilhado pelas Três Marias – Maria Madalena, Maria Jacobé (ou Jacobina, mãe de Tiago), e Maria Salomé – e Santa Sara, a escrava egípcia que se tornou padroeira dos ciganos, em fuga dos romanos. A curadoria da exposição é de Carlos Vergara.
Um dos grandes nomes da arte brasileira, Carlos Vergara nasceu em 1941 em Santa Maria, Rio Grande do Sul, e é radicado no Rio de Janeiro desde a adolescência. Sua última individual no MAM Rio foi “A Dimensão Gráfica”, há dez anos.
Carlos Vergara explica o título da exposição: "Minha ideia é olhar pra frente, viver o presente e propor através do trabalho, e do encontro com o público, novas possibilidades e perspectivas”.
São quatro os grandes conjuntos de obras na exposição: “Sudários”, “Natureza Inventada”, “Prospectiva” e “Empilhamento”. A mostra será acompanhada de uma série de ações, tanto encontros e conversas, como expandidas para fora do Museu, com intervenções dos artistas Lynn Court e Xadalu.
Os “Sudários” são monotipias realizadas desde 2003, quando o artista iniciou seu trabalho sobre os sinais do sagrado nos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul, até o momento, com obras inéditas produzidas a partir de uma viagem feita no sul da França, onde percorreu santuários dedicados ao sagrado feminino, que remontam aos primeiros cristãos e também aos povos ciganos. Ao longo deste período, este trabalho levou o artista a diversos locais, como Istambul e Capadócia, na Turquia (2006-2008); Pompeia, Itália (2009); Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul (2017); Caminho de Santiago de Compostela, Espanha (2015); Cazaquistão, na Eurásia (2010); e Rio Douro, Portugal (2018). Os 200 lenços da série “Sudário” estarão suspensos, dispostos em um percurso labiríntico para o público.
Carlos Vergara destaca que seu trabalho “não é um projeto cristão ou antropológico”. “Esses lugares todos têm sinais do inefável, do sagrado. Não estou atrás de religião. São caminhos do sagrado, sinais do sagrado”, afirma o artista.
No núcleo “Natureza Inventada”, estarão dez esculturas em aço cortén e duas pinturas com 3m x 6m e 2m x 6m, em torno de uma grande mesa escultórica, também em aço, com 12 cadeiras criadas pelo artista e designer Zanini de Zanine. Esse será um espaço de encontros a ser ativado em conjunto com o público, a partir de ações e conversas abertas.
A série que dá nome à exposição, “Prospectiva”, é composta por três pinturas recentes e inéditas de grande formato, as maiores já feitas por Vergara – 5,40m x 5,40m cada – a partir de monotipias feitas no Cais do Valongo, e nos trilhos de Santa Teresa, onde tem seu ateliê. O Sítio Arqueológico Cais do Valongo, na antiga área portuária do Rio de Janeiro, é reconhecido pela Unesco por sua importância histórica, por ser o local onde cerca de 900 mil africanos escravizados chegaram à América do Sul.
Carlos Vergara fala da importância do bonde, dos caminhos, das encruzilhadas: “Trilhos indicam sempre uma dupla ação: trazer ou levar. No Rio Grande do Sul visitei Restinga Seca, onde nasceu Iberê Camargo (1914-1994), cujo pai era motorneiro de trem. Fiz então uma monotipia no trilho que o levou ao mundo. A imagem dos trilhos sempre é eloquente pra mim. Em 1950 visitei a Bienal de São Paulo de bonde. Ia muito de bonde do Jóquei para o Bar 20, no Rio de Janeiro. Hoje com os bondes infelizmente circulando apenas dos arcos da Lapa até os Prazeres, Santa Teresa tem esses desenhos dos trilhos que são incríveis e sempre me vêm à cabeça. Deste que é o bonde elétrico mais antigo do Brasil. Hora de colocar esses sudários no mundo”.
No último bloco estará uma releitura de sua icônica obra “Empilhamento”, uma grande coluna formada por bonecos de papel kraft e papel corrugado empilhados, que chegará ao terceiro andar do Museu, como uma torre de babel.
TEXTOS
Estarão na exposição textos críticos inéditos sobre a produção do Vergara, assinados pelos críticos e curadores Luísa Duarte, Paulo Sérgio Duarte, Luiz Camillo Osorio, Mauricio Barros de Castro, Keyna Eleison, Marc Pottier, e Felipe Scovino.
MOSTRA PARALELA
Paralelamente à exposição “Prospectiva”, será exibido no terceiro andar do Museu, dentro da mostra “Alucinações à beira-mar”, um conjunto de obras de Carlos Vergara pertencente às Coleções do MAM, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.
AÇÕES NA RUA
Carlos Vergara expandiu a exposição, desde sua produção, para além do MAM. Convidou dois artistas, a carioca Lynn Court, que está produzindo 200 cartazes sobre a exposição para o mobiliário urbano, a partir de intervenções sobre a exposição “Sagrado Coração”, que Carlos Vergara fez no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2008. Outro artista convidado é Xadalu, de origem guarani, que chegou a viver nas ruas de Porto Alegre, até que ganhou uma bolsa de estudos gráficos e começou a desenvolver um trabalho com forte representação e manifestação das causas indígenas e já ganha reconhecimento e presença em exposições internacionais. Ele fará uma residência artística no Rio, onde fará intervenções em Santa Teresa.
ROTEIRO SAGRADO NO SUL DA FRANÇA
Em maio, Carlos Vergara percorreu o sul da França, seguindo um caminho que teria sido trilhado pelos primeiros cristãos em fuga dos romanos: as Três Marias – Maria Madalena, Maria Salomé (mãe dos apóstolos João e Tiago) e Maria Jacobina (ou Jacobé), irmã de Maria de Nazaré, além de Santa Sara, ex-escrava egípcia de São José de Arimatéia que se tornou padroeira dos ciganos. O ponto de partida foi o porto de Saintes-Maries-de-la-Mer, na costa mediterrânea, por onde teriam chegado os cristãos. De lá, Vergara percorreu cerca de 250 quilômetros para leste, até Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, onde após uma subida de mais de três horas a pé chegou à gruta que acredita-se contém as relíquias de Maria Madalena.
Em Saintes-Maries-de-la-Mer, no dia 24 de maio, sem ter planejado, o artista participou da grande festa realizada em honra à Santa Sara, uma peregrinação mundial dos povos ciganos.
Por todo o trajeto, passando por santuários e pontos de reverência para várias crenças, Vergara fez diversas monotipias, no chão de terra, nas pedras, ou ainda nos monumentos, recolhendo os sinais do sagrado. Dentre os vários locais por onde passou nessa travessia estava o Château La Coste, a quinze quilômetros de Aix-en-Provence, o grande museu a céu aberto composto por pavilhões projetados pelos arquitetos Tadao Ando, Frank O. Gehry, Jean Nouvel e Renzo Piano. Entre as obras dos grandes nomes da arte, Vergara esteve no conjunto de esculturas “Psicopompos” (2011), de Tunga (1952-2016), seu amigo. Em Camargue, Vergara fez monotipia na fachada da capela onde está o símbolo dos navegantes, que se assemelha ao Sagrado Coração trabalhado pelo artista em sua residência na Missão de São Miguel, Rio Grande do Sul, em 2003. Em Camargue, ele se encontrou com o músico Canut Reyes, um dos fundadores dos Gipsy Kings, que o levou a conhecer trilhas emblemáticas para os ciganos. Em Arles, esteve no icônico Moulin Ribet, conhecido como Moulin de Daudet (escritor francês Alphonse Daudet, 1840-1897), construído em 1814, e em Marselha visitou o Mucem (Musée des civilisations de l’Europe et de la Méditerranée).
Carlos Vergara viajou acompanhado do crítico e curador Marc Pottier, e de João Vergara, filho do artista e coordenador de seu ateliê, com apoio do Consulado da França do Rio de Janeiro.
Leonilson por Antonio Dias na Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro
A exposição reúne 38 desenhos e pinturas de Leonilson (1957-1993) pertencentes a seu amigo Antonio Dias (1944-2018), e começou a ser idealizada em outubro de 2015 em Fortaleza, por ocasião da individual de Antonio Dias na Galeria Multiarte. Ele, sua mulher Paola Chieregato e Max Perlingeiro iniciaram ali a ideia do projeto. A mostra dá sequência à programação da Pinakotheke que aborda a amizade entre artistas
A Pinakotheke Cultural abre para o público a partir de 13 de setembro de 2019 a exposição Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção, que reúne 38 desenhos e pinturas de Leonilson (1957-1993) que pertenciam a seu amigo Antonio Dias (1944-2018). A quase totalidade das obras é dos anos 1980. A exceção é a pintura “o biblioteca; o espelho”, de dezembro de 1992, com uma dedicatória a Antonio Dias, e enviada por Leonilson junto com uma carta em 1993, pouco antes de sua morte. A ideia da exposição surgiu em outubro de 2015, em Fortaleza, quando Antonio Dias preparava sua individual na Galeria Multiarte. Na ocasião, ele, sua mulher Paola Chieregato e Max Perlingeiro deram partida ao projeto.
“Esta era a vontade de Antonio, além de mostrar esta coleção, contar a história de sua amizade pelo ‘Leo’, e sua visão. Tudo começou no outono de 1981, em Milão, Itália. Madrugada fria. Estação de trem. Desembarca Leonilson, vindo de Madri. Depois de beber algumas xícaras de café para acordar, resolve ligar: ‘Antoim! É o Zé! Zé Leonilson’. ‘E quem te deu meu telefone?’, pergunta Antonio. ‘Foi o Piza’. ‘Então vem pra cá!, responde Antonio’”, relata Max Perlingeiro.“Leonilson havia conhecido Arthur Luiz Piza (1928-2017) em Paris, por intermédio de Geraldo Holanda Cavalcanti, embaixador do Brasil junto à Unesco (Paris 1978-1981)”, conta. Dali em diante começou uma grande amizade, com respeito mútuo, confiança, afeto, que durou até a morte de Leonilson.
Complementam a exposição quatro obras pertencentes a outras coleções particulares.
Acompanha a exposição o livro “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção” (Edições Pinakotheke), com capa dura, bilíngue (port/ingl), 120 páginas, com textos de Paola Chieregato e Max Perlingeiro (ler texto). O livro conterá ainda uma entrevista com Luiz Zerbini, também amigo do artista, e uma cronologia da trajetória de Leonilson, além das imagens das obras da exposição.
SÁBADOS NA PINAKOTHEKE
Em torno da exposição “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção”, a Pinakotheke Cultural realizará ao longo de alguns sábados, sempre das 11h às 13h, atividades gratuitas para crianças em seu jardim, ou, em caso de chuva, no espaço expositivo.
Reflexões sobre espaço e tempo na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Galeria Nara Roesler apresenta coletiva de artistas Brasileiros e Internacionais em sua filial do RJ
Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra Reflexões sobre espaço e tempo reúne obras de 14 artistas para discutir o conceito de espaço e fugacidade do tempo
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta Reflexões sobre espaço e tempo, mostra coletiva com curadoria de Agnaldo Farias, que reúne trabalhos dos artistas Abraham Palatnik, Alicja Kwade, Angelo Venosa, Artur Lescher, Bruno Dunley, Carlito Carvalhosa, Claude Lévêque, Daniel Buren, Eduardo Navarro, Isaac Julien, Hicham Berrada, Laura Vinci, Lucia Koch e Marco Maggi. A abertura da exposição acontece no dia 16 de setembro e se firma como um dos destaques da programação paralela à ArtRio.
Contando com trabalhos em diferentes linguagens - como escultura, pintura, vídeo e instalação - a mostra, como sugere o título, tem como norte diferentes reflexões sobre o espaço e o tempo, tais como nossa percepção da fugacidade e do entorno imediato, além de uma autorreflexão sobre o tema. Não à toa, há uma forte presença de espelhos nos trabalhos.
Um exemplo deste pensamento é a obra da artista polonesa Alicja Kwade, que se concentra na subjetividade do tempo e do espaço. Através de processos químicos, Kwade manipula materiais comuns como madeira, vidro e cobre para explorar a efemeridade do mundo físico. A artista, que inaugurou recentemente a escultura ParaPivot no rooftop do MET – Metropolitan Museum of Art, em Nova York, mencionou na ocasião, que seu "trabalho é sobre estruturas. E o tempo é uma estrutura".
Em outro sentido, artistas como Hicham Berrada e Laura Vinci conseguem criar em seus trabalhos um ecossistema autônomo nos quais o ser humano parece estar ausente. Em seu vídeo Celeste (2014), Berrada cria uma fumaça azul cobalto que submerge de um prado tranquilo, transformando o bucolismo do local em uma paisagem pictórica animada, convidando o espectador a uma viagem contemplativa.
Laura Vinci, por sua vez, traz para o interior da galeria um galho e uma talha, que sucitam reflexões sobre a evidente oposicão entre o galho já sem vida, e que por princípio deveria ser leve, e a talha, ferramenta utilizada para realizar a locomoção de objetos extremamente pesados. Os galhos fundidos dão uma nova dimensão à pesquisa desenvolvida pela artista com elementos da natureza, que se iniciou através de pequenas folhas fundidas e banhadas a ouro. Chamadas pela artista de "relíquias de um futuro", estas obras buscam refletir sobre algo urgente em nosso momento atual: o modo como estabelecemos uma relação cada vez mais distante com a natureza.
As relações de espaço presentes na discussão central da mostra podem ser facilmente encontradas nos trabalhos dos artistas Daniel Buren e Lucia Koch. Em Photo-souvenir: Prismas e Espelhos, alto-relevo - n°4, trabalho situado (2017), Buren explora os efeitos de profundidade, superfície e reflexão do espaço em que se insere. Em outras palavras, de acordo com o vocabulário artístico de Buren, cada criação depende absolutamente do local em que aparece e da presença, aqui e agora, do visitante.
Já a produção de Lucia Koch possui uma relação estreita com o espaço construído da arquitetura e deste com o usuário. A artista investiga questões de luz e espacialidade através de intervenções com filtros, telas, vídeos e fotografias. Em Carta (1996/2019), Lucia intervém no espaço através de pequenas estruturas metálicas com películas translúcidas que, fixadas à parede, filtram a luz e projetam sombras coloridas em sua superfície, de acordo com a luz presente no ambiente.
Reflexões sobre tempo e espaço é um desdobramento da mostra de mesmo nome apresentada em abril deste ano em São Paulo, fruto de uma colaboração com a galeria francesa Kamel Mennour. A versão a ser apresentada na Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro conta com uma nova seleção de trabalhos que abordam a questão da percepção do tempo de do espaço de maneira diversa. A Galeria Nara Roesler agradece a galeria kamel mennour pela parceria e pela troca entre os artistas nacionais e internacionais.
Sobre a Galeria Nara Roesler
Considerada uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, a Nara Roesler representa artistas influentes da arte moderna e contemporânea, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada em 1989 por Nara Roesler, a galeria tem a missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos. Para tanto, desenvolve um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; e mantém o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais, e apoia seus artistas continuamente. Além do espaço da galeria, trabalha em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012 e inaugurou novos espaços no Rio, em 2014, e em Nova York, em 2015.
Nature - between Desire and Reality no Haus für Kunst Uri, Suiça
The international group exhibition Nature – between Desire and Reality is part of a transdisciplinary project that is bringing together art and science in dialogue. It is the cooperative work of Barbara Zürcher, Director of Haus für Kunst Uri, the freelance curator Dr. Bruno Z’Graggen, Zurich (Video Window), 36 Swiss and international artists and the literary and cultural scientist Prof. Dr. Boris Previšić of the University of Lucerne. The project consists of the exhibition, an accompanying publication, a three-day conference and a block seminar in the autumn semester of 2019.
The group exhibition From Amazonia to the Alps is curated by Barbara Zürcher and Dr. Bruno Z’Graggen. It demonstrates the great variety of ways in which contemporary art is questioning concepts of nature as well as the aesthetic approaches and poetic energy generated by such work. The exhibition spans a broad arc from Amazonia to the Alps. By illustrating global interrelationships it seeks to encourage us to reflect upon our own perception of nature against the background of accelerating climate change.
The almost 70 works in the exhibition represent a full range of artistic media: painting, drawing, sculpture, perfor- mance, photography, film, video and installation. One focus is provided by six artists from Brazil. The majority of the 27 positions are from Switzerland. Venezuela, the Democratic Republic of Congo and Belgium are each also represented by one artist.
Alongside global relationships, local references are also highly present in the exhibition: on the one hand, in the shape of the landscape around Uri and the imposing mountain ranges that surround Haus für Kunst Uri and where the impact of climate change is becoming increasingly clear; on the other hand, through the historical connection with Heinrich Danioth (1896–1953), one of Uri’s most important artists, who spent his entire lifetime fascinated by Uri’s mountain landscape and people. Haus für Kunst Uri preserves a large part of his oeuvre on behalf of the Dätwyler Stiftung. A pavilion in the museum bears his name.
The accompanying publication by the curatorial team and Prof. Dr. Boris Previšić is published by edition pudelundpinscher (Wädenswil). This takes the form of an open dialogue between illustrations of the works and essays by four academics from the University of Lucerne in the areas of literary, cultural, legal and historical studies. These are complemented by texts from a Columbian expert in the field of forensic architecture from Goldsmiths University in London and the Vice Director of the Swiss Alpine Museum in Bern.
The texts tell of the gap between our perception of rapid climate change and the lack of effective political action, of the role of social solidarity and justice in sustainability, of legal, cultural and economic conflicts in the exploitation of the rainforest in Ecuador and Columbia, of changes in the use of Alpine forests since 1700 and of a future in which the Alps will be almost ice-free. All the texts address the existential question: What is the future of humanity and of the sustainable use of natural resources on our planet?
The international conference, which is being organised by the Stiftung Lucerna, is being held between 30th September and 2nd October 2019, two weeks after the opening of the exhibition. It is taking place in cooperation with the University of Lucerne, Prof. Dr. Previšić, Dr. Bruno Z’Graggen (Video Window) and Haus für Kunst Uri in three parts: the opening evening with the screening of five videos in the stattkino Luzern, a day at the University of Lucerne and a day at the exhibition in Haus für Kunst Uri. Keynote lectures will be delivered by the authors of the publication together with a specialist sustainability researcher from Stockholm and a Brazilian artist, who is also represented in the exhibition.
The block seminar from Prof. Dr. Boris Previšić at the University of Lucerne on the subject of “Nature and perception” rounds off the project in the autumn semester of 2019. One session of the seminar also takes place away from the university in Haus für Kunst Uri at the exhibition. Dr. Bruno Z’Graggen is accompanying the seminar. He is presenting an event by Video Window at the university that features works by Ursula Palla during which he is moderating a discussion with the artist, who addresses a broad range of nature-based subjects and is participating in the exhibition.
Nature – between Desire and Reality
From Amazonia to the Alps
Haus für Kunst Uri, Altdorf
Saturday, 14th September 2019, 17h30
15th September to 24th November 2019
Barbara Zürcher & Dr. Bruno Z’Graggen
36 Positions: Georg Aerni (CH), Judith Albert (CH), Claudia Andujar (BR), John Armleder CH), Caroline Bachmann (CH), Sammy Baloji (RDC), Mabe Bethônico (BR), Rodrigo Braga (BR), Mayo Bucher (CH), Chalet5 (CH), Heinrich Danioth (CH), Caetano Dias (BR), Quynh Dong (CH), Hanna van Dyck (BE), Saskia Edens (CH), Marianne Engel (CH), Lorenz Gelpke (D/CH), Cao Guimarães (BR), Marianne Halter & Mario Marchisella (CH), huber.huber (CH), Leiko Ikemura (CH), Silvan Kälin (CH), Stefan Karrer (CH), Isabelle Krieg (CH), Simon Ledergerber (CH), Katja Loher (CH), Cinthia Marcelle (BR), Ursula Palla (CH), Peter Regli (CH), Marcel Reuschmann (CH), Doris Schmid (CH), Roman Signer (CH), Jürg Stäuble (CH), Javier Téllez (VE), Daniel Wicky (CH), wiedemann/mettler (CH)
setembro 9, 2019
NACO / IdA (UnB) e Par de Ideias ocupam a Galeria Casa no CasaPark, Brasília
Um centro de pesquisa em artes visuais e um centro de formação de artistas participam da sétima ocupação da Galeria Casa no casapark com obras de 16 artistas que estão em processo de produção e trabalhos prontos
No dia 3 de setembro, a partir das 17h, a Galeria Casa recebe a Ocupação 7 com a participação de dois centros de formação de artistas visuais. No salão central, o NACO (Núcleo de Artes do Centro-Oeste) em conjunto com o Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB) traz ao público obras em processo de nove artistas que participaram de uma residência artística com orientação do professor e artista visual Christus Nóbrega, que divide a curadoria da mostra com Renata Azambuja, coordenadora de Artes Visuais do espaço NACO. No fundo e na saleta, o Par de Ideias apresentará as obras de sete artistas visuais que participam das atividades do espaço, entre professores e alunos. As mostras ficam em cartaz até o dia 26 de setembro, com visitação de terça a sábado, das 14h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Galeria Casa fica no 1º Piso do CasaPark, no corredor do Espaço Itaú de Cinema.
NACO / IdA (UnB) – Mostra de processos em residência artística
A mostra Experiência Olhos d’água - processos em residência artística, fruto da parceria entre NACO e IdA (UnB), traz ao público as obras produzidas e acabadas e também as que estão em processo de realização dos alunos de Pós-Graduação em Artes Visuais da UnB na disciplina de “Residência Artística”. Segundo Christus Nóbrega, a Residência Artística é um procedimento de pesquisa em que o artista sai de seu atelier e viaja para um outro lugar, com o objetivo de viver uma imersão em um diferente contexto geográfico e sociocultural. “Um novo lugar traz outras paisagens, outras histórias, outras pessoas, outra arquitetura, outras trocas, outros estímulos... Traz ‘um outro’ que é fundamental para a ativação dos processos criativos artísticos”, completa.
Entre os artistas que participaram da Residência Artística no NACO estão José de Deus, Rodolfo Ward, Janaína Moraes, Luiz Olivieri, Julia Godoy, Raísa Curty, Rafael Hiran, João Teófilo e Thaís Kury. Na Ocupação 7 da Galeria Casa eles apresentam obras em pintura, fotografia, instalação, animação, vídeo, instalação sonora e arte postal.
Par de ideias – Mostra de trabalhos de professores e alunos produzidos em ateliê
Inaugurado em 2013 e idealizado pelas artistas plásticas Julia Gonzales e Maisa Ferreira, o Par de Ideias reúne várias experiências criativas em um só lugar. É um espaço especializado em artes visuais e áreas afins. Oferece serviços para quem produz, ensina e aprecia arte. Espaço de formação, o Par de Ideias é uma iniciativa autônoma que busca a sustentabilidade financeira a partir do compartilhamento de um espaço por artistas e empresas envolvidos na economia criativa. Seu foco está no desenvolvimento pessoal e artístico e na valorização da cultura e das artes visuais no Distrito Federal. O centro de formação apresentará parte da produção dos artistas/professores residentes no espaço e dos estudantes que o frequentam. Em Corpo cru / Olho nu, o grupo apresenta obras que abordam a "representação" da figura humana em distintos modos como: a observação de modelo vivo, o autorretrato, a ilustração e a anatomia.
Entre os artistas do Par de Ideias que participam da Na Ocupação 7 da Galeria Casa estão Julia Gonzales, Maisa Ferreira, Francisco Pinheiro, Sara Rosa, Isadora Jochims, Cynara Navarro e Julia Vianna. Eles apresentarão obras acabadas em pintura, desenho em nanquim e aquarela, escultura e gravura.
Sobre os artistas do NACO / IdA (UnB)
José de Deus nasceu em Ceilândia em 1993. Graduou-se em Artes Visuais pela Universidade de Brasília e cursou Mestrado na linha de pesquisa Deslocamentos e Espacialidades, pelo mesmo departamento e mesma instituição. Participa de exposições coletivas regularmente desde 2015. Em sua pesquisa, tem interesse em investigar manifestações culturais massivas e populares brasileiras e sua relação com questões políticas a partir de diálogos criados entre imagens produzidas por diversas mídias de comunicação a suportes precários, que são retirados do cotidiano e conversam com a linguagem midiática.
Programador Visual da Universidade de Brasília – UnB, Rodolfo Ward é doutorando e mestre em Artes Visuais na linha de pesquisa: Arte e Tecnologia pelo Instituto de Artes da UnB (2019). Pós-Graduado em Análise Política e Políticas Públicas pelo Instituto de Ciência Política - IPOL/UnB (2018). Cursou como aluno regular o Mestrado em Ciências do Ambiente, linha de pesquisa: Natureza, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2015). Possui MBA em Marketing Estratégico pela Universidade Federal do Tocantins - UFT (2012/2014). Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Universidade Católica de Brasília - UCB/Ulbra Universidade Luterana do Brasil (2005). Autor da obra Wawekrurê: distintos olhares, editado pela editora do Senado Federal e do livro Narrativas e Representatividades: a interdisciplinaridade na comunicação, editado pela Editora da Universidade Federal do Tocantins - EDUFT. Foi Primeiro Secretário da Associação de Artistas Visuais do Estado do Tocantins, Avisto e Membro do Conselho de Cultura do Município de Palmas-TO. Participou de mais de 30 exposições no Brasil e exterior.
Janaína Moraes é artista da dança e trabalha com improvisação na dança contemporânea. Mestre em Artes Cênicas pela UnB (2019-2017) na linha de pesquisa Processos Composicionais para a Cena, investiga poéticas relacionais a partir de convites coreográficos. É pós-graduada em Estudos Contemporâneos da Dança pela UFBA (2017) e Licenciada em Dança pelo Instituto Federal de Brasília (2010-2014). Fundadora do Abrindo a Sala, ajuntamento de pessoas-criadoras-[não]artistas que se organizam no intuito de alargar percepções, deslocando modos de ver, fazer e pensar mundos (im)possíveis, propondo criações elaboradas por comunidades temporárias. Como uma das frentes dessas ações, coordena ciclos de residências artísticas em busca de uma poética do convite. Foi artista residente em: Olhos D'água/GO na residência artística "Processos em residência" com Christus Nóbrega (2018); Brasília/DF na residência Ouvidoria com Luciana Paz e na residência Solos Performáticos com Semolina Tomik (ES/CR) (2018); Guanajuato/México na residência artística "Afecto Societal" (2018); Brasília/DF na residência artística com Herman Diephuis (FR) (2016); e em Ipatinga/MG na residência artística "Corpografias"(2013). Morou na Austrália - 2014 a 2016, onde desenvolveu trabalhos que investigam o que denomina Processos Abertos na Composição, sendo alguns: Waiting Room (Fringe World Festival/Perth Centre for Photography), Encounters (Short Cuts/STRUT Dance) e A Picnic (The Kiss Club/CIA Studios). Em Perth/WA atuou no Centro Nacional para Desenvolvimento Coreográfico STRUT Dance e participou da equipe do Festival Proximity.
Luiz Olivieri nasceu em Brasília. Bacharel em Artes Visuais, Mestre em Poéticas Contemporâneas e doutorando em Métodos e Processos em Arte pelo PPG-UnB. Artista-pesquisador integrante do grupo de pesquisa vaga-mundo: poéticas nômades. Trabalha com arte sonora, videoarte e escultura. Em 2017, realizou a exposição individual “Espaço Ressonante”, na Alfinete Galeria, em Brasília. Participou de diversas exposições coletivas em espaços como Alfinete Galeria, Espaço Cultural Elefante, Museu da República, Espaço Cultural Marcantonio Vilaça e Espaço Piloto da UnB. Em 2018, foi indicado ao prêmio Investidor Profissional de Arte (Pipa). Em 2016, foi selecionado para o I Prêmio Vera Brant e para o Prêmio Transborda, em Brasília. No exterior, participou da exposição Obranome no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal. Recebeu o segundo lugar no Salão de Arte Contemporânea do Iate Clube de Brasília. Em Gramado, recebeu o Kikito de melhor trilha sonora.
Júlia Godoy é formada em Letras/Russo pela Universidade de São Paulo. – USP). Mudou-se para Brasília há uns anos onde decidiu estudar fotografia. Ela afirma que ao voltar os olhos “para janela, conheci a Arte e foi um caminho sem volta”. Ela faz mestrado na linha de Métodos, Processos e Linguagens no Instituto de Artes da UnB. Sua pesquisa se situa entre linguagens, ficção e realidade, método e escrita. Escreve, produz vídeos e fotografias. Gosta de ter muitos livros por perto, uma vez que todo o seu trabalho demanda a presença deles. “Isso me faz uma acumuladora entusiasmada com o tanto que eu ainda não sei e não entendi. É o que eu faço, me construo com as coisas que me rodeiam e deixo qualquer descoberta virar uma fábula. O esforço imaginativo sempre me leva à fantasia”, ressalta.
João Teófilo é brasiliense por usucapião, possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (2010) e bacharelado em Artes Visuais (2015), ambos pela Universidade de Brasília, atuando em ambas as áreas. Atualmente é mestrando da linha de pesquisa Deslocamentos e Espacialidades do programa de pós-graduação do Instituto de Artes da UnB.
Raísa Curty é artista visual e artista educadora, mas não diferencia uma atividade da outra. Mestranda em Artes Visuais pela UNB na linha de pesquisa Espacialidades e Deslocamentos e bacharel em Pintura pela UFRJ. Desde 2014 pesquisa a expedição artística como método de ocupação sensível do trajeto. Se interessa por happenings, performances, grafismos, feminismos, anarquismos e nomadismos. Participou da exposição coletiva “Não Matarás”, no Museu Nacional da República (DF - 2017), “Remanso”, na Marquise da Funarte (DF - 2017) e “Arte Para uma Cidade Sensível”, no Museu Mineiro (MG, 2017), e “Novas Poéticas”, na UFRJ (RJ, 2015). Realizou residência artística no Núcleo de Arte do Centro Oeste (GO, 2017), Centro Cultural Elefante (DF, 2017) e no Arquipélago de Abrolhos em parceria como ICMBio (BA, 2015).
Rafael Hiran é carioca da Lapa, Bacharel em Teologia, formado pelo STBSB (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil), no Rio de Janeiro. Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ / IFCS- Instituto de Filosofia e Ciências Sociais). Licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/IFCS- Instituto de Filosofia e Ciências Sociais). Pós-graduado em Processos criativos na UFG/FAV (Universidade Federal do Goiás, na Faculdade de Artes Visuais). Cursando Mestrado em Artes na UnB (Universidade de Brasília), sendo orientado pela Professora Dra. Luisa Gunther na linha de Pesquisa Deslocamentos e Espacialidades, cujo o título é Investigar o Rolê, #Angatus, tendo como foco a intervenção artística como estratégia de pertencimento geográfico, o deslocamento no espaço como uma poética da ambiguidade, a residência artística como um modo de inserção, fazendo a cartografia da #Angatus e o registro como método de investigação.
Thaís Kury é multiartista residente em Brasília, atuando em artes visuais, dança e teatro. Nas artes visuais, seu trabalho transita entre o corpo-performance e objeto, passando também pela arte digital. Mestranda no programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade de Brasília, na linha de pesquisa Deslocamentos e espacialidades, investiga as residências e propõe a criação de uma iniciativa pautada em princípios da ecologia profunda e do pensamento sistêmico, idealizando o projeto Cerrado Ecoarte (2019), residência artística voltada para a criação no/para o bioma cerrado. Desde 2011 atua como produtora e criadora em projetos de difusão, criação e educação em arte, circulando pelo Distrito Federal. Realizou a performance Enquanto Eles Passam Ela Pássara (2015) em diversas cidades do Brasil, Europa, e nos Estados Unidos. Em 2017 iniciou o ciclo Mulheres que Dançam com os Lobos, vivência em Arte terapêutica para mulheres, que contou com 11 edições. A partir de 2018 atua no sistema socioeducativo propondo projetos artísticos para a ressignificação das trajetórias individuais de adolescentes em conflito com a lei.
Sobre o NACO
Inaugurado em 2014, o Naco - Núcleo de Arte do Centro-Oeste, sediado em Olhos d’Água, município de Alexânia, Goiás, está a 120km de Goiânia e a 90km de Brasília/DF. Concebido como um centro de artes aberto às trocas nacionais e internacionais, o Naco é um espaço singular dentro da comunidade em que está situado, vinculada a tradições regionais. Desde a sua inauguração o Naco atua na difusão da arte e cultura e por meio das suas residências promove o diálogo entre artistas, possibilitando a troca de conhecimentos, métodos e experiências estéticas. Os artistas em residência têm a possibilidade de elaborar oficinas, seminários, workshops, mostras e palestras para a comunidade. Nesse período o Naco realizou diversas oficinas e três residências. Como resultado da primeira residência produziu uma exposição na Galeria Athos Bulcão, TNCS, junto com um catálogo, Imersão em Território Olhos d’Agua, contemplada pelo Projeto Funarte Conexões Visuais/MinC. Produziu um catálogo da segunda residência Ficções Rurais, uma parceria do Naco com o Programa Mais Cultura nas Universidades/UnB. Em 2015, o Naco participou da exposição Ondeandaonda no Museu Nacional da República. Em 2016, recebemos a artista Eneida Sanches para uma residência em parceria com o Instituto Sacatar, como parte do projeto de intercâmbio regional, o artista Virgílio Neto foi selecionado para ir para Itaparica/Sacatar.
Sobre Renata Azambuja
Pesquisadora em história e teoria da arte, curadora independente e arteeducadora, atuou, de 1999 a 2011, como professora colaboradora de disciplinas dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais no Instituto de Artes da Universidade de Brasília - UnB pelo convênio SEEDF/FUB. De 2012 a 2015 exerceu a função de Coordenadora Intermediária de Ensino Médio na SEEDF. Desde 2014 é coordenadora do Núcleo de Arte do Centro-Oeste - NACO, localizado em Olhos d’agua, GO. Atualmente é doutoranda em Teoria e História da Arte pelo Instituto de Arte da Universidade de Brasília. É licenciada em Artes Plásticas pela UnB e mestre em Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea pelo City College of the City University of New York, onde defendeu a tese "Cildo Meireles: A Física do Espaço Social". Desempenhou a função de assessora de Artes Visuais na Secretaria de Cultura do DF de 1997 a 1998, produzindo uma série de eventos, entre eles as exposições Enzo Cucchi, Yoko Ono: WishTrees for Brasil e Goya.
Sobre Christus Nóbrega
Artista e Professor Adjunto do Departamento de Artes Visuais (VIS), do Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB), Christus Nóbrega é Doutor e Mestre em Arte Contemporânea pela UnB. Leciona e orienta nos cursos de Pós-Graduação em Artes e Design da mesma instituição. Vem participando regularmente de exposições nacionais e internacionais. Tem obras em acervos e coleções privadas e institucionais, a exemplo da Fondation Cartier - Paris e no Museu de Arte do Rio (MAR) - Rio de Janeiro. Autor de livros e artigos científicos na área de artes e arte/educação. Premiado pelo Programa Cultural da Petrobras (2004 e 2011) e pelo Museu da Casa Brasileira (2004). Em 2015, representou o Brasil na China pelo Programa de Residência Artística do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na universidade chinesa Central Academy of Fine Arts (CAFA) e em 2018 na Austrália no Canberra Contemporary Art Space.
Sobre os artistas do Par de Ideias
Julia Gonzales é artista visual, professora e atua na produção e administração do espaço Par de Ideias há seis anos. Suas pesquisas, estudos e obras, transitam entre bordado, escultura e desenho. Ela busca sua inspiração nas vivências pessoais, além de utilizar o autorretrato e a figura humana como temas de seus trabalhos. Com um caderno sempre em mãos, vai coletando impressões e visões íntimas de seu cotidiano. "O encontro com o outro é o que provoca meu processo criativo e revela meu avesso e minhas inquietações."
Maisa Ferreira é professora há oito anos e uma das idealizadoras do espaço Par de Ideias. Bacharel e licenciada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). Ao longo de sua trajetória acadêmica desenvolveu trabalhos nas áreas de criação em moda, ilustração científica e calcogravura. Atualmente, dedica-se à pintura, tatuagem e docência em Artes Visuais. Ao longo de sua trajetória artística desenvolveu pinturas explorando poses incomuns e abordando a figura humana de forma expressiva. Francisco Pinheiro, formado em artes plásticas pela UnB, se dedicou desde o início a pesquisa do desenho da figura humana e as técnicas tradicionais trabalhando também com pintura e gravura. Atualmente como Ilustrador e artista busca sempre trabalhar com uma técnica mista, aproveitando um pouco do que cada linguagem pode trazer para dentro do trabalho. Atua no Par de Ideias como professor há 4 anos e como artista e Ilustrador há 6 tendo participado de publicações de revistas, livros, artigos e exposições coletivas. Em seu trabalho traz sempre uma preocupação com o diálogo e a narrativa, utilizando-se da figuração para tecer imagens que evocam o onírico. “Desenho é antes de tudo uma linguagem e como tal é importante buscar um diálogo permitindo no próprio trabalho espaço para que o espectador participe do diálogo."
Francisco Pinheiro, formado em artes plásticas pela UnB, se dedicou desde o início a pesquisa do desenho da figura humana e as técnicas tradicionais trabalhando também com pintura e gravura. Atualmente como Ilustrador e artista busca sempre trabalhar com uma técnica mista, aproveitando um pouco do que cada linguagem pode trazer para dentro do trabalho. Atua no Par de Ideias como, professor há 4 anos e como artista e Ilustrador há 6 tendo participado de publicações de revistas, livros, artigos e exposições coletivas. Em seu trabalho traz sempre uma preocupação com o diálogo e a narrativa, utilizando-se da figuração para tecer imagens que evocam o onírico. “Desenho é antes de tudo uma linguagem e como tal é importante buscar um diálogo permitindo no próprio trabalho espaço para que o espectador participe do diálogo."
Sara Rosa é artista visual, ceramista e professora. Suas pesquisas e explorações permeiam diversas mídias, mas desde 2015 a argila é sua principal fonte de criação, com foco em escultura e (in)utilitários cerâmicos. Em seus objetos tridimensionais – seja um jogo de jantar, para uso cotidiano, ou um pequeno ser imaginário em miniatura – busca sempre trabalhar a simplicidade das cores e formas.
Isadora Jochims, médica reumatologista, há 4 anos buscou na arte um refúgio para as densidades da prática médica. No Par de Ideias teve o contato com uma forma diferente de estudar o corpo e a descoberta de uma nova relação com a figura humana. Em seu trabalho pode ser encontrado representações de estruturas corporais com simbologias relacionadas a transformações ocasionadas pelo contato direto com o adoecimento e a morte. “Através da arte posso trabalhar no meu imaginário o contato diário com o corpo humano. Do exame físico à escultura e pintura minha relação com a arte figurativa é inevitável e íntima. Algo necessário e natural”, diz Isadora.
Cynara Navarro é redatora publicitária e, há 4 anos, decidiu incluir as artes visuais em seu processo criativo. Com o desenho e a aquarela, encontrou uma nova forma de explorar e dar voz à sua beleza. Nos últimos 2 anos, tem se dedicado ao estudo da figura humana, na turma regular de aquarela com modelo vivo no Par de Ideias. Em parceria com a origamista Ludmila Magalhães, lançou em 2019 a série "Brasília: amor ao quadrado", que combina aquarela e origami para recriar paisagens brasilienses com leveza e originalidade.
Julia Vianna nasceu em Salvador em 1986 e mora em Brasília há 20 anos. Formada em Ciência Política pela UnB e trabalhando na área, divide os dias com o desenho. Trabalha com arte analógica explorando técnicas com nanquim, aquarela, pintura em porcelana e murais. Recentemente tem explorado a arte digital para retratar figura humana, além de criação de estampas, tatuagens removíveis, logomarcas e arte para rótulos. Julia gosta de buscar formas diferentes de retratar o corpo, abordando de forma frequente temáticas cotidianas – por meio das séries em nanquim Pequenos Prazeres e Desgostos Diários.
André Griffo na Athena - Botafogo, Rio de Janeiro
Pinturas que opõem religião e questões sociais são o tema de André Griffo na Galeria Athena
Em sua terceira exposição individual na Galeria Athena, o artista reúne um conjunto de pinturas inéditas na exposição intitulada A quem devo pagar minha indulgência?
A Galeria Athena apresenta, a partir de 12 de setembro, a exposição individual A quem devo pagar minha indulgência?, do artista visual André Griffo. São 11 pinturas inéditas que ocupam todo o espaço expositivo da galeria. Produzidas neste ano, as obras são resultados da pesquisa do artista que relaciona questões sociais à História da Arte e da Arquitetura. Religião, poder e violência são alguns dos temas centrais dos trabalhos.
As pinturas selecionadas especialmente para a exposição apontam o interesse de Griffo pela apropriação de espaços que, embora não se revelem identificáveis num primeiro olhar, são criados e impregnados com elementos contemporâneos. Lugares inabitados, de passagem ou mesmo pinturas ícones da História da Arte ocidental são recriados pictoricamente pelo artista, que os recontextualiza para a conjuntura atual.
De acordo com André Griffo “ao cruzar informações, tento falar sobre a estrutura social e religiosa, eventos políticos recentes, e, principalmente, valores historicamente consolidados”.
Trabalhos em exposição
Na sala Cubo, com cerca de 140 m2 e 6,5 m de pé direito, estarão sete grandes pinturas predominantemente em óleo sobre tela. Os títulos das obras remetem ao enfoque que o artista escolheu: poder, glória, pecado, começo e fim, sorte e azar, entre outros. Todos essas temáticas fazem parte de uma liturgia religiosa que na exposição ganham um tom crítico e de contestação.
A quem devo pagar minha indulgência? é a pergunta título da exposição e de uma das pinturas, cujo pano de fundo é um espaço público do cotidiano com a questão pichada na parede. Durante a Idade Média, a Igreja Católica, que detinha um enorme poder político e econômico, ficou conhecida pela venda de indulgências, ou seja, concedia o perdão divino para qualquer pessoa que pagasse por isso. Trazendo para o contexto atual, o artista questiona quem são os outros com quem estamos em dívida e a quais poderes e controles sociais estamos submetidos diariamente.
Para isso, André Griffo resignifica lugares impregnados pela passagem do tempo, adicionando a eles símbolos e signos contemporâneos que destacam as problemáticas cotidianas. Aparecem atributos da segurança pública e da violência, como o brasão da Polícia Civil e punhos com arma; símbolos da religião, como oratórios e imagens de pastores; signos da prostituição, com anúncios colados em paredes; entre outros tipos de ícones que dizem respeito à realidade atual.
Já na sala Casa, expõem-se quatro pinturas da série “Anunciação Vazia”, uma releitura dos tradicionais afrescos da Anunciação do pintor renascentista Fra Angélico. Nessa série, André Griffo propõe a representação dos espaços renascentistas clássicos sem a presença dos personagens originais. Como são conhecidas, as anunciações narram a história do anjo Gabriel no momento em que revela à Maria que ela fora escolhida para ser mãe de Cristo. Ao suprimir as figuras, o espaço vazio dirige a atenção para a arquitetura. Em contrapartida, o título da obra enaltece o elemento chave desta série: a assimilação da anunciação vazia traz à tona a crença na existência de um poder ou princípio superior, fundamentada a partir de uma narração imaginária.
A fim de incitar confrontos e comparações de diferentes momentos da nossa história, bem como expor valores enraizados, “os trabalhos permitem expor os pensamentos dos indivíduos de uma determinada sociedade, seus valores e mudanças, e, em certas ocasiões, testemunhar a imutabilidade das coisas”, conforme afirma Griffo.
Sobre o artista
André Grio (Barra Mansa, 1979. Vive e trabalha no Rio de Janeiro), formado em Arquitetura e Urbanismo, dedica-se exclusivamente às Artes Visuais desde 2009.
Neste ano, foi selecionado para a 21ª Bienal de Arte Contemporânea SESC Video Brasil (São Paulo, Brasil) e contemplado com uma bolsa para realizar a residência artística do Vermont Studio Center (Johnson, E.U.A.). Em 2013, foi bolsista no Programa de Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro, Brasil) com os professores Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e Marcelo Campos. Em 2012, recebeu o prêmio Leitura Pública e Análise de Portfólios no 44º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba (Piracicaba, Brasil).
Dentre suas principais exposições individuais, destacam-se: 2017 - Objetos Sobre Arquitetura Gasta (Centro Cultural de São Paulo - São Paulo, Brasil); 2015 - Intervenções Pendentes em Estruturas Mistas (Palácio das Artes - Belo Horizonte, Brasil); Predileção pela Alegoria (Galeria Athena - Rio de Janeiro, Brasil).
Dentre as exposições coletivas mais recentes estão: 2018 - Com o ar pesado demais para respirar
(Galeria Athena -Rio de Janeiro, Brasil); 2016 - Intervenções (Museu da República - Rio de Janeiro, Brasil); 2015 - Ao Amor do Público I (Museu de Arte do Rio - Rio de Janeiro, Brasil); Aparições (Caixa Cultural - Rio de Janeiro, Brasil).
Participa de duas coleções: Coleção Instituto PIPA (Rio de Janeiro, Brasil) e coleção do Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, Brasil).
Mano Penalva na Portas Vilaseca, Rio de Janeiro
A Galeria Portas Vilaseca tem o prazer de apresentar Casa de Andar, abertura 12 de Setembro, exposição individual do artista Mano Penalva, com texto crítico de Pollyana Quintella.
Em Casa de Andar, Penalva apresenta um conjunto de trabalhos inéditos, produzidos entre 2018 e 2019, a partir de um olhar sobre um lugar entre a Casa e a Rua. Materiais e objetos do cotidiano são arranjados, estruturados ou encostados a partir de pequenos deslocamentos; palhinhas, paninhos, muxarabis, pratos e xícaras são reorganizados como fragmentos de uma composição precisa, uma espécie de “quebra da normalidade” dos objetos – capacidade de reconfiguração surpreendente e inesperada, quando os mesmos deixam suas funções primeiras e imprimem novas possibilidades e formas de pensar a sua existência.
O nome Casa de Andar é uma lembrança da sua Cidade natal (Salvador -BA) para nomear moradias que saem do piso térreo e ganham um andar/lance ou mais. Assim, a galeria que ocupa um sobrado em Botafogo passa a ser habitada por um corpo de trabalhos que dialogam com a arquitetura e aspectos culturais e formais de uma relação que transita entre o privado e o público.
Ao andar pela Casa de Mano Penalva, o expectador se depara com trabalhos nomeados como os espaços de casa (1 Quarto, 2 Quartos, 3 Quartos e Kitnet - esculturas compostas por suportes de madeira, moringas e quartinhas) ou por um mobiliário doméstico revisitado como os trabalhos Tribeira e Centopéia.
Em Casa de Andar, o ornamento ocupa um lugar de cuidado e investimento afetivo, diz Pollyana Quintella que assina o texto da exposição. Nas Bailarinas, capas para botijão de gás, galão d'água, liquidificador, puxa-saco, entre outros utensílios, são costuradas formando uma estrutura entre o totem e o traje de baile, levando o expectador a pensar no caráter ritual e performático do fazer artesanal. O mesmo pode ser observado no caso das palhinhas, rendas e treliças que compõem a série Ventana.
O trabalho de Mano Penalva parte do estudo da Cultura Material, mudanças de comportamento e efeitos da globalização. Sua produção é deliberadamente não-representativa, permitindo que os materiais ditem a forma e se unam quase que por conta própria, a partir de um desejo de existirem no mundo. O artista explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano, trabalhando com diferentes mídias como pintura, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Ao criar os trabalhos, subverte o valor dos objetos do cotidiano, propondo novos agrupamentos estéticos a partir da relação das estratégias de venda do varejo, das suas experiências de coleta e da observação de relações que transitam entre a Casa e a Rua. Mano Penalva realça com seus trabalhos a ideia que a exponencial proliferação de objetos e imagens não se destinam a treinar a percepção ou a consciência, mas insistem em fundir-nos com eles.
Linhas de força – Superfícies em transe na Referência, Brasília
Linhas de força – Superfícies em transe chega à Referência Galeria de Arte
Mostra coletiva de nove artistas mulheres que trabalham com diversos suportes e linguagens ocupará os dois andares da galeria
A partir do próximo dia 10 de setembro, às 17h, a Referência Galeria de Arte apresenta a continuação da mostra Linhas de força – Superfícies em transe, que reúne as obras de nove artistas mulheres que produzem e/ou residem em Brasília. Participam da mostra Adriana Vignoli, Alice Lara, Bruna Neiva, Luciana Paiva, Karina Dias, Patrícia Bagniewski, Raquel Nava, Yana Tamayo e Zuleika de Souza. Artistas de gerações diferentes, trazem para a galeria obras em diversas linguagens e suportes como a pintura, a escultura, a videoinstalação, a fotografia, a performance e a escultura. No dia da abertura, as artistas falarão ao público sobre seus trabalhos, suas linhas de pesquisa de matérias e linguagens e modos de produção. A mostra fica em cartaz até o dia 4 de outubro, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referências Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Asa Norte, Brasília-DF. Telefone: (61) 3961-3501
“A multiplicidade de linguagens e suportes é uma das características desta mostra. A outra, o tema sobre o qual cada artista se debruça: meio-ambiente, direitos dos animais, direitos humanos, arquitetura, tempo, memória, deslocamento, arte”, explica a galerista e curadora da mostra Onice Moraes. Trata-se de um recorte importante da produção de artistas mulheres de Brasília. “São artistas de gerações e trajetórias diversas e produções reconhecidamente relevantes, com obras em acervos de museus nacionais e internacionais e em importantes coleções privadas”, completa.
Parte da mostra “Linhas de força – Superfícies em tensão” foi apresentada em agosto passado durante a ocupação da Referência Galeria de Arte na Galeria Casa. Nesta continuação da exposição, algumas obras foram substituídas e outras acrescidas. “Como são dois espaços expositivos diferentes, a montagem teve de ser repensada”, afirma Onice. Além disso, várias obras foram vendidas, levando a uma reorganização da mostra. “O público poderá observar que os trabalhos ganham um outro olhar a partir do espaço em que estão inseridos”, completa a galerista.
Conversa com o público
No dia 10 de setembro, às 19h, as artistas Adriana Vignoli, Bruna Neiva, Karina Dias, Patrícia Bagniewski, Yana Tamayo e Zuleika de Souza conversam com o público e realizam uma visita à mostra. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Sobras as artistas e suas produções
Adriana Vignoli apresenta trabalhos que tratam de suas relações com a arquitetura, a natureza e a materialidade. Graduada em Arquitetura e mestrado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília. Entre 2013 e 2014, morou em Berlim e expôs na Nassauischer Kunstverein de Wiesbaden, no Pavilhão na Milchhof, Berlim, e na Hochschule für Bildende Künste Dresden (Faculdade Técnica em Artes Visuais de Dresden). Adriana apresenta na Ocupação 6 com a Referência obras em desenho sobre pedra e escultura em concreto, vidro, terra e borracha. “Utilizo o desenho como meio de pensamento sobre o objeto no tempo e no espaço. O uso do grafite revela o tempo e o espaço pela maneira em que o esforço da linha e também na colagem feita da reconfiguração de fragmentos de desenho figurativo de pedras paleolíticas”, diz Adriana.
Alice Lara pesquisa sobre a linguagem da pintura acerca da condição do animal-não-humano. “Penso também sobre as relações que a humanidade estabelece com eles. Relações essas transitantes entre sentimentos dispares como curiosidade, interesse, amor e desprezo. Para mostrar essa realidade me inspiro em histórias, relatos e vivências pessoais, buscando traduzir a condição animalesca, em sua diversidade, complexidade e mistério”, afirma a artista. “Animais são minha obsessão temática. Sempre lanço um olhar para nossos misteriosos companheiros sobre a Terra, e espero na reciprocidade um entendimento desta relação cuja alteridade é distintiva tanto para eles como para a humanidade”, completa. Nascida em Brasília, em 1987, cidade onde fez sua formação em Artes Visuais em licenciatura e bacharelado. Atualmente, faz mestrado em Artes Visuais na Universidade de São Paulo (USP).
Bruna Neiva é artista visual, pesquisadora em arte e produtora cultural. Possui mestrado na linha de Poéticas Contemporâneas do Instituto de Artes pela Universidade de Brasília, onde desenvolveu sua pesquisa em arte contemporânea, linguagem e memória, voltada para a fotografia e performance. O trabalho de Bruna Neiva transita pela performance e tem a fotografia como suporte para suas ações. Nas obras presentes na mostra - "Terra inscrita" e "não te moves de ti #3" -, Bruna se reporta à inconcretude da realidade e à solidez do sonho como matérias poéticas. A artista constrói nesses trabalhos à força inscrições em um espaço, pensando o corpo como território.
Artista visual e professora do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, Karina Dias atua na graduação e pós-graduação. Pós-doutora em Poéticas Contemporâneas (UnB), Doutora em Artes pela Université Paris I – Panthéon Sorbonne. Trabalha com vídeo e intervenção urbana, expondo no Brasil e no exterior. É autora do livro “Entre visão e invisão: paisagem (por uma experiência da paisagem no cotidiano)”. Coordena o grupo de pesquisa vaga-mundo: poéticas nômades (CNPq). Para a mostra na Referência, Karina apresenta dois vídeos “L’air de montagne”, 2016, e “(a)cordada”, 2013-2014, além de 15 fotografias da série “Diário de bordo “, 2013-2016.
Luciana Paiva é artista visual, vive e trabalha em Brasília. É doutora em Artes pela Universidade de Brasília com a tese: “Frente-verso-vasto: por uma topografia da página” (2018) orientada por Karina Dias. Cursou o Programa Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 2011 e participou do Rumos de Artes Visuais 2011-2013. É uma das artistas indicadas ao prêmio PIPA 2019 e também foi selecionada para o programa de exposições do Centro Cultural São Paulo deste mesmo ano. Foi uma das artistas premiadas no II Salão Mestre D'Armas em Planaltina -DF. Em sua produção investiga as relações entre escrita e espaço a partir de mídias e materiais diversos, com principal interesse pelo uso dos elementos da escrita (livros, páginas e letras) como matéria. Na mostra “Linhas de força – Superfícies em transe”, Luciana apresenta as obras “Vértice n2” e “Dobra”, onde recortes de papel, madeira, acrílico. “A série “Vértice” parte da minha pesquisa sobre os elementos visuais que compõe os espaços da escrita. As peças realizadas nesta série propõem-se como páginas a serem contempladas”, informa a artista.
Patrícia Bagniewski é formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB). ”Durante o período que estudei lá, tranquei a faculdade e fui morar em Londres, onde fiz meus primeiros cursos com o material vidro, que é o material principal que trabalho”, afirma a artista. Apaixonada pelo material, fez workshops, cursos e estágios em fábricas de vidro soprado na Grã-Bretanha, na Suécia, no Brasil e no Japão, onde fez mestrado para continuar com suas pesquisas. O conceito presente nas peças criadas em vidro pela artista joga com a dicotomia da leveza, da dança do olhar durante o processo de produção, o sopro que dá forma ao objeto. Sua produção é equivalente a um parto. A areia, material não transparente, se transforma num líquido que deve ser soprado, que precisa de muito calor. É um trabalho físico difícil. Requer força, tanto física quanto mental, ritmo e disciplina. É um material que instiga a artista visual por ser antagônico, porque ele brinca com os olhos, ao mesmo tempo permite a visão através da matéria e prende o olhar no objeto. Ele é frágil, duro e resistente.
Raquel Nava investiga o ciclo da matéria orgânica e da inorgânica em relação aos desejos e hábitos culturais, usando taxidermia e restos biológicos de animais justapostos à materiais industrializados em suas instalações, objetos e fotografias. A variação cromática com a qual trabalha nos objetos e fotografias, se aproxima da paleta utilizada na sua produção de pintura. A diversidade de sua produção está nos experimentos com técnicas e materiais, mas sempre surge uma referência aos órgãos ou aos organismos. Formada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (2007), obteve título de mestre em Poéticas Contemporâneas pela mesma instituição (bolsa Capes 2010-12) e foi aluna da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (2005). Expõe com regularidade desde 2006, tendo realizado mostras no Brasil e exterior. Indicada ao Prêmio Pipa 2018 e ao 7º Prêmio Industria Nacional Marcantonio Vilaça 2019.
Yana Tamayo é artista visual, educadora e curadora independente. É sócia-fundadora da Nave, espaço autônomo de arte onde desenvolve projetos de pesquisa e formação em arte, curadoria e execução de exposições. Doutora em Arte na linha de pesquisa Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília - UnB [2015], é mestre pela mesma instituição e linha de pesquisa [2009] e especialista pela Universidad Complutense de Madrid [2006]. Desde 2015 coordena na Nave um grupo de estudos por ano fazendo acompanhamento de projetos artísticos, o Laboratório. Desde abril de 2018 é coordenadora local do Programa CCBB Educativo – Arte e Educação no CCBB Brasília. Vive e trabalha em Brasília. Para a mostra “Linhas de força – Superfícies em transe”, Yana apresenta “Terra Nullius (As margens da alegria)” em que propõe um diálogo poético entre memórias de palavras e de imagens que de alguma forma conectem histórias de fundação e narrativas divergentes sobre os mesmos fatos: a ocupação do território central brasileiro. A partir da coleta de palavras presentes em histórias dos nomes de cidades localizadas nas fronteiras do estado do Tocantins – acessíveis no banco de dados do IBGE – e do conto “As Margens da Alegria”, de Guimarães Rosa, propõe um emaranhado-poema que possa ser escrito e reescrito por quem se depara com o trabalho.
Zuleika de Souza é fotojornalista com passagens por importantes veículos nacionais como o Correio Braziliense, as revistas Veja, IstoÉ, Senhor, Manchete, Vogue, Casa Cláudia, entre outros. Participou de publicações como “Processo constituinte” e “100 fotógrafos fotografam o Brasil nos 500 anos”. Realizou sua primeira exposição individual no CCBB Brasília com a mostra “Chão de flores”, onde abordou a arquitetural vernacular de uma Brasília pouco conhecida. Em 2016, apresentou a mostra “Entrequadras”, na Galeria Alfinete, e em 2018, “W3-divergentes Brasílias”, no Espaço Renato Russo. Nesta mostra, Zuleika apresenta sua mais recente série de fotografias-objetos que abordam a fragilidade das memórias, assim como os bibelôs. “Sou uma colecionadora de imagens, memórias e objetos. Estou sempre tentando fazer inventários de lembranças”, afirma.
setembro 8, 2019
Ana Elisa Egreja no MAM, Bahia
Em sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia, realizada pela Galeria Leme/AD, Ana Elisa Egreja apresenta um conjunto de pinturas que marcaram a sua trajetória desde 2008, ano que foi uma das ganhadoras do 15º Salão da Bahia, no mesmo local.
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Cobogós é um trabalho inédito feito para esta exposição. Com 3,3 x 5,9 m, pode se chamar de uma pintura-instalação composta por 169 telas, representando o jardim de uma casa abandonada e seu reflexo num espelho d’água, através dos cobogós, elemento típico da arquitetura moderna brasileira.
Fabulações, título da exposição, exprime a essência daquilo que seria o elemento principal do trabalho da artista - a criação de uma narrativa fantástica, marcada pela composição complexa e pela reprodução minuciosa de materiais e texturas. Suas telas materializam cenas nas quais as idéias de domesticidade e de abandono convivem com a presença arquitetônica e os gêneros clássicos da história da arte, como a natureza morta e a pintura de interior.
Projetos como Jacarezinho,92, 2017 e Casa Campo Verde/Rino Levi, 2018, no entanto, mostram um novo modo de produção das pinturas, que passaram então a retratar instalações encenadas nestas casas. Cada um dos projetos deu origem a uma serie de pinturas, como Poça II e Cobogós - o alagamento da casa Campo Verde. Mais uma vez o trabalho tem origem no convívio com as memórias guardadas na arquitetura, os traços de presença familiar e o silêncio dos interiores abandonados.
Sobre a artista
Ana Elisa Egreja. São Paulo, Brasil, 1983. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Formada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado.
Exposições individuais: Interiores, SESC, Ribeirão Preto, Brasil; Jacarezinho 92, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2017); Da Banalidade: vol.1, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2016); Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2013), Dark Room, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil (2010); Temporada de Projetos, Paço das Artes, São Paulo, Brasil (2010).
Exposições coletivas: Crossing the borders of photography, Somerset House, Londres, Reino Unido (2019); Through the looking glass, Palazzo Capris, Turim, Itália; 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, São Paulo, Brasil); Toda janela é um projétil, é um projeto, é uma paisagem, Galeria SIM, Curitiba, Brasil; Vértice - Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brasil (2016); Seven Artists from São Paulo, CAB Contemporary Art, Bruxelas, Bélgica (2012); Os primeiros dez anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; Arte Lusófona contemporânea, Memorial da América Latina, São Paulo, Brasil (2011); Projeto Tripé, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil; Energias na arte – Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2009); 2000 e oito. Novos artistas para novas pinturas, Sesc Pinheiros, São Paulo, Brasil (2008); entre outras.
O seu trabalho integra coleções tais como: Franks-Suss Collection, Londres, Inglaterra; MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil; Coleção Santander, Brasil; Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, Turim, Itália; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil e MAR, Rio de Janeiro, Brasil.
In her first solo exhibition at the Museum of Modern Art of Bahia, held by Galeria Leme/AD, Ana Elisa Egreja presents a set of paintings that marked her career since 2008, year when she was one of the winners of the 15th Salon of Bahia, in the same place.
Cobogós is an unprecedent work done for this exhibition. With 3.3 x 5.9m, it can be called a painting-installation composed of 169 canvases, representing the garden of an abandoned house and its reflection in a water mirror, through the cobogós, typical element of modern Brazilian architecture.
Fabulations, title of the exhibition, expresses the essence of what would be the main element of the artist's work - the creation of a fantastic narrative, marked by the complex composition and detailed reproduction of materials and textures. His canvases materialize scenes in which the ideas of domesticity and abandonment coexist with the architectural presence and classic genres of art history, such as the still life and the interior painting.
Projects such as Jacarezinho, 92, 2017 and Casa Campo Verde/Rino Levi, 2018, however, show a new mode of production of paintings, which then portrayed staged installations in these houses. Each of the projects gave rise to a series of paintings, such as Poça II and Cobogós - the flooding of the Campo Verde house. Once again the work has its origins in living with the memories stored in the architecture, the traces of family presence and the silence of the abandoned interiors.
About the artist
Ana Elisa Egreja. São Paulo, Brazil, 1983. Lives and works in São Paulo, Brazil. Graduated in Fine Arts by the Armando Álvares Penteado Foundation.
Solo exhibitions: Interiors, SESC, Ribeirão Preto, Brazil; Jacarezinho 92, Galeria Leme, São Paulo, Brazil (2017); Da Banalidade: vol.1, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2016); Galeria Leme, São Paulo, Brazil (2013); Dark Room, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brazil (2010); Temporada de Projetos, Paço das Artes, São Paulo, Brazil (2010).
Group exhibitions: Crossing the borders of photography, Somerset House, Londres, Reino Unido (2019); Through the looking glass, Palazzo Capris, Turin, Italy; 20th Contemporary Art Festival Sesc_Videobrasil, São Paulo, Brazil; Toda janela é um projétil, é um projeto, é uma paisagem, Galeria SIM, Curitiba, Brazil; Vértice - Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brazil (2016); Seven Artists from São Paulo, CAB Contemporary Art, Brussels, Belgium (2012); Os primeiros dez anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil; Arte Lusófana contemporânea, Memorial da America Latina, Sao Paulo, Brazil (2011); Projeto Tripé, Sesc Pompéia, São Paulo, Brazil; Energias na arte – Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2009); 2000 e oito. Novos artistas para novas pinturas, Sesc Pinheiros, São Paulo, Brazil (2008); among others.
Her work integrates collections such as: Franks-Suss Collection, London, England; Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, Turin, Italy; MAM – Museum of Modern Art of Bahia, Brazil; Santander Collection, Brazil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil and MAR – Museum of Art, Rio de Janeiro, Brazil.
Leandra Espírito Santo na Fernanda Perracini Milani, Jundiaí
No próximo dia 10 de setembro abre na Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani (anexa ao Teatro Polytheama), em Jundiaí, a exposição individual Só existo em terceira pessoa da artista visual Leandra Espírito Santo, com curadoria da crítica de arte, curadora e pesquisadora Paola Fabres. A exposição foi uma das três contempladas no edital de chamamento de exposições individuais da galeria, realizado pela prefeitura de Jundiaí.
“Só existo em terceira pessoa” trata do tema da autorrepresentação, fazendo parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida pela artista desde 2017 e aborda o tema em seus diversos aspectos. Os trabalhos partem do corpo da artista para problematizar questões de um cenário mais plural e coletivo, como as relações em meio às redes sociais, a produção excessiva de imagens de si que vem tomando os espaços virtuais, a padronização de identidades e de comportamentos. A partir de trabalhos produzidos em diversas linguagens, como foto-performance, videoarte e instalação, o conjunto de obras propõe ainda agenciar um pensamento crítico a respeito da maneira como se dá, atualmente, a relação entre corpo, imagem, e as diferentes tecnologias tais como celulares, computadores que nos cercam.
Durante a exposição, serão realizadas atividades gratuitas junto ao público: uma conversa entre a artista e a curadora - que vai tratar do processo de construção dos trabalhos e da exposição-, e uma oficina onde a artista vai ensinar uma das técnicas aplicadas em trabalhos da exposição. A participação em ambas atividades é gratuita, porém, será necessário fazer inscrição para a oficina.
Leandra Espírito Santo é artista visual e trabalha entre Rio de Janeiro, São Paulo e Jundiaí. É representada pela Galeria Simone Cadinelli no Rio de Janeiro. Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense, é mestre e doutoranda do programa de Artes Visuais da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Desenvolve seus trabalhos artísticos em diversas linguagens. A partir de sua produção artística visa provocar reflexões acerca do corpo e de suas relações com as diversas tecnologias. Em 2019, participou do programa de residência Pivô Pesquisa (SP), e recebeu o prêmio de exposição individual no edital da Galeria Fernanda Perracini. Foi indicada ao Prêmio Pipa 2016 do MAM Rio, tendo sido uma das 10 finalistas do Pipa online do mesmo ano. Recebeu o prêmio estímulo no Salão de Santo André (2014), e foi premiada na chamada Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Niterói (2014). Desde 2010, participa de exposições, salões, eventos e prêmios dentro e fora do país, tendo seu trabalho divulgado em diversas publicações.
Paola Fabres (Natural de Porto Alegre, atualmente mora em São Paulo). Curadora e crítica de arte. É doutoranda em Artes Visuais pela ECA-USP (São Paulo, BR) e mestre em História, Teoria e Crítica de Arte pela UFRGS (Porto Alegre, BR). Atualmente, desenvolve pesquisas direcionadas ao debate sobre práticas artísticas dialógicas e sobre o estado da crítica de arte. Já colaborou com publicações como E-flux, DASartes, Select, Dardo e é co-editora da revista Arte ConTexto (2013-), junto com Talitha Motter. Foi consultora de conteúdo de arte contemporânea do Frestas: Trienal de Artes (em 2017), é coordenadora do programa de residência Comunitaria (na Argentina), integra o Grupo de Crítica do Centro Cultural São Paulo e o comitê de Acervo e Curadoria do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS, Brasil).
Ficaremos Bem (?) na Marilia Razuk, São Paulo
A Galeria Marilia Razuk apresenta a exposição Ficaremos bem(?), com curadoria de Fernando Mota e Mariana Lorenzi. A mostra conta com trabalhos dos artistas Bel Falleiros, Laura Gorski, Maria Laet, Vanderlei Lopes, Verena Smit e Wagner Malta Tavares.
Diante de uma era repleta de tensões políticas, esgotamento ambiental e intenso compartilhamento de informações, a pergunta/afirmação do título da exposição – que toma de empréstimo o nome do trabalho em neon da artista Verena Smit –, aponta um caminho de fragilidades e incertezas. Os trabalhos apresentados se reúnem em torno da questão de como o indivíduo se coloca no mundo contemporâneo, em especial como tece suas relações de afeto com os outros, com o entorno, com a memória e consigo mesmo. São obras em diversos formatos e mídias que vão desde o desenho ao vídeo, passando pela escultura e fotografia que, dialogando entre si, proporcionam de forma poética um momento de reflexão.
A mostra será realizada na sala 2 da Galeria Marilia Razuk (Rua Jerônimo da Veiga 62, Jardim Europa), e marcará uma retomada deste espaço para realizar exposições temporárias, circulando o acervo e flertando com outros artistas e curadores.
Carlito Carvalhosa na Nara Roesler NY, EUA
A Galeria Nara Roesler | Nova York tem o prazer de apresentar I Want To Be Like You [Eu quero ser como você], exposição que reúne uma seleção de obras de Carlito Carvalhosa, realizados na década de 1990 e após 2015, aspirando ser lugar de diálogos e tensões.
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“Como é que eu vim parar neste lugar?“, “O que me trouxe até aqui?“, são algumas das perguntas que o artista lança sobre sua própria trajetória profissional. Para ele, ser um artista nunca foi sobre seguir uma rota preestabelecida “foi acontecendo”, explica. A trajetória de Carvalhosa não pode ser narrada linearmente, em termos de causalidade, mas, sim, através de caminhos irregulares em que elementos podem desaparecer e reemergir após lapsos temporais.
“A ideia é pegar trabalhos dos anos 90 e refazê-los e então criar uma espécie de trabalho que é uma cópia de algo que eu já fiz, mas que tem um tempo muito grande entre eles”, explica o artista, que acrescenta que “[...] é esse desafio que faz a exposição ser interessante, uma espécie de lugar onde as coisas estão em confronto e, embora falem coisas diferentes, conseguem se comunicar entre si. “
Em seus primeiros trabalhos com cera a pesquisa estava centrado nas possibilidades da luz em oposição a criação de zonas opacas, a partir da sobreposição de camadas de cera, resina e parafina. Com o tempo, a coloração e irregularidades na superfície da obra se tornam índices de suas existências. Já na sua prática atual, o uso de cores e a tensão entre pintura e escultura prevalecem.
No que tange os trabalhos em alumínio espelhado, Carvalhosa aponta para o fato de que a tela é o lugar onde projetamos coisas, enquanto o espelho faz precisamente o contrário, provocando uma inquietude que o interessa, uma vez que normalmente espera-se que o espelho seja uma superfície incólume, que reflita perfeitamente o entorno. Carvalhosa pinta o que não se espera que seja pintado. “O espelho não existe como plano e tem uma espécie de tensão que a pintura apaga. A pintura acaba por não estar em lugar nenhum. Ela está flutuando. “
Uma inclinação escultórica pela criação de volumes que atesta a maleabilidade dos materiais é um dos aspectos basilares das obras em I Want To Be Like You [Eu quero ser como você]. Nas ceras nota-se, por exemplo, marcas da manipulação do artista entre outros resquícios enquanto nos espelhos temos marcas de martelo. “Sem isso [o espelho] é simples reflexão”, afirma Carvalhosa. Já com o uso da cera, que tem características formais quase contrárias ao alumínio espelhado, pode-se abrir mão de ferramentas e usar os próprios polegares ou punhos para manipular o material, criando impressões que depois são cobertas com manchas de cor."
Essa atenção voltada à superfície é um aspecto presente em toda a trajetória do artista, expressando "a impossibilidade de sentir uma superfície sem espessura ou, inversamente, de adivinhar um volume, sem ambiguidades, pela superfície", como escreveu o crítico Lorenzo Mammi. Passadas quase duas décadas, é o próprio artista quem chama a atenção para o fato de que aquilo que se vê em seus trabalhos não é aquilo que se toca; aquilo que se toca não é o que se vê. "Uma série de sinais cruzados que fazem com que o trabalho valha não só pelo o que está dentro, mas também pelo o que está no entorno dele e na relação entre os trabalhos." Carvalhosa também menciona a presença de “uma brutalidade na imagem e uma sofisticação na pintura que gera uma tensão estranha: aquela superfície fica vibrando”.
Carlito Carvalhosa nasceu em São Paulo em 1961 e vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua obra envolve predominantemente pintura e escultura, de uma maneira que atribui profunda eloquência à materialidade do meio, sem por isso deixar de transcendê-lo e abordar questões mais amplas. Nos anos 1980, Carvalhosa integrou o Grupo Casa 7, de São Paulo, com Rodrigo Andrade, Fábio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro. Como eles, produziu pinturas de grandes dimensões, com ênfase no gesto pictórico. No fim dessa década, realizou quadros com cera pura ou misturada a pigmentos. Posteriormente, passou a realizar esculturas com materiais diversos e predominantemente de aparência orgânica e maleável. Em meados da década de 1990, realizou as “ceras perdidas” e esculturas de porcelana. Carlito Carvalhosa vem buscando expandir de diferentes formas os campos das pesquisas pictóricas e escultóricas, seja nas suas esculturas em gesso, seja nas pinturas sobre espelhos, que o curador Paulo Venancio Filho descreve como “pinturas que colocam nossa presença dentro delas”.
Suas principais exposições individuais recentes são: O comércio das coisas, na Silvia Cintra + Box 4 (2019), no Rio de Janeiro, Brasil; Faço tudo para não fazer nada, na Galeria Nara Roesler (2017), em São Paulo, Brasil; Possibility Matters, na Sonnabend Gallery (2014), em Nova York, Estados Unidos; e Carlito Carvalhosa, na Kukje Gallery (2013), em Seoul, Coréia do Sul. Entre suas exposições coletivas recentes estão: Passado/futuro/presente: arte contemporânea brasileira no acervo do MAM, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) (2019), em São Paulo, Brasil, e no Phoenix Art Museum (2017), em Phoenix, Estados Unidos;Troposphere – Chinese and Brazilian Contemporary Art, no Beijing Minsheng Art Museum (2017), em Beijing, China; Everything You Are, I Am Not: Latin American Contemporary Art From Tiroche Deleon Collection, na Mana Contemporary (2016), em Jersey City, Estados Unidos; 30 x Bienal, Fundação Bienal de São Paulo (2013), São Paulo, Brasil; 11ª Bienal de La Habana, Havana, Cuba (2011). Suas obras fazem parte de importantes coleções tais como: Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), Miami, Estados Unidos; Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil.
A Galeria Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea brasileira, representando artistas brasileiros e internacionais seminais que surgiram na década de 1950, bem como proeminentes artistas emergentes e em meio de carreira que dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria fomentou consistentemente a prática da curadoria, mantendo a máxima qualidade na produção artística. Isso foi ativamente colocado em prática através de um programa de exposições seleto e rigoroso criado em estreita colaboração com seus artistas, a implementação e fomento do programa Roesler Hotel, uma plataforma para projetos de curadoria e apoio contínuo a artistas para além do espaço da galeria, trabalhando com instituições e curadores em exposições externas. Em 2012, a galeria duplicou o espaço expositivo de São Paulo, em 2014 expandiu-se para o Rio e, em 2015, foi inaugurada em Nova York, continuando sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas exibirem seus trabalhos.
Galeria Nara Roesler | New York is pleased to present I Want to be Like You, an exhibition featuring a selection of works by Carlito Carvalhosa produced in the 1990s and after 2015, that aspire to be territories of both tension and dialogue.
‘How did I end up here?’ and ‘What brought me here?’ are some of the questions that Carvalhosa raises about his path as an artist. For him, being an artist has never been about following a preconceived route: “It was something that gradually happened”, he explains. However, Carvalhosa’s trajectory cannot be told in linear terms of cause and effect but rather through uneven paths, where elements can disappear and reemerge after a time gap.
“The idea was to take works from the 1990s and revisit them in order to create pieces that are a copy of something I have already done, but with a significant time difference between them”, explains the artist, adding that “[…] it is this challenge which makes the exhibition interesting - it is a place where things clash and, although they narrate different subjects, they can communicate amongst themselves”.
In his early wax works the research was centered on the possibilities of light in opposition to the creation of opaque zones, via the overlapping of layers of wax, resin and paraffin. Over time, coloration and creases on the surface of the artworks became indexes of their lifetime. Whereas in his recent practice, the use of color and the tension between painting and sculpture became more prevalent.
In regards to the works on mirrored aluminum, Carvalhosa points to the fact that the canvas is the place where things are projected, while the mirror does precisely the opposite, unleashing a sense of disquiet that interests him. We normally expect mirrors to be pristine surfaces that perfectly reflect their surroundings. Meanwhile, Carvalhosa paints what isn’t expected to be painted: “The mirror does not exist, it has a sort of tension that the painting erases. The painting ends up being nowhere. It floats”.
A sculptural inclination for testing the malleability of materials is a seminal aspect of the artworks in I Want to be Like You. In the wax objects, for instance, we can observe traces of the artist’s manipulation whilst we note hammer marks on the mirrors. ‘Without the marks [the mirror] is mere reflection’, states Carvalhosa. “In turn, with the use of wax, which has formal qualities that are almost the opposite to mirrored aluminum, tools are not necessarily required, since you can use your thumbs and fists to handle the material, creating impressions that are subsequently covered with spots of paint.”
A concern with the surface is recurrent in Carvalhosa’s artistic trajectory, expressing “the impossibility to feel a surface with no thickness or, conversely, to unambiguously guess an object’s volume by looking at its surface”, as explained by critic Lorenzo Mammi, is recurrent in Carvalhosa’s work. After almost two decades, it is the artist himself who observes that in his works, what we see is not what we touch, and what we touch is not what we see. “A series of intertwined signs make the work stand for, not only for what is inside, but also for what is around it and what is the relationship between works.” Carvalhosa also mentions the presence of an “image brutality and painting sophistication that generate a strange friction: the surface starts to vibrate”.
Carlito Carvalhosa (born 1961, São Paulo, Brazil) lives and works in Rio de Janeiro and is one of Brazil’s most celebrated contemporary artists. In sculptures and ambitious installations, Carvalhosa uses diverse mediums and found objects—including electric lights, fabric, wax, and mirrors—to explore architectural space and the nature of materials. He began his career creating abstract paintings that blended painterly gestures with an emphasis on materiality, and continued to explore his fascination with materials with work in sculpture, applying the Egyptian lost-wax method and working with porcelain. Carvalhosa’s more recent work has involved architectural interventions and interactive installations, his best-known piece being Sum of Days (2011), a monumental site-specific installation for the MoMA’s atrium. Hanging a white, translucent material from the ceiling and a system of microphones that recorded and replayed the accumulation of each day’s ambient noise, he placed viewers in an experience of total spatial and sonic immersion.
some of Carlito Carvalhosa’s most significant works
• Rio, performance art at MoMA, New York City, USA (2014)
• Sala de espera [Waiting Room], MAC USP, São Paulo, Brazil (2013)
• A soma dos dias [The Sum of Days], MoMA, New York City, USA (2011), and Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brazil (2010)
• Já estava assim quando cheguei [It Was Already Like This When I Arrived], (2006).Installed in 2019 at Sesc Guarulhos, Guarulhos, SP, Brazil
a selection of permanent collections
• Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), Miami/FL, USA
• Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro/RJ, Brazil
• Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo/SP, Brazil
• Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo/SP, Brazil
a selection of recent shows
• Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo/SP, Brazil, 2018
• Beijing Minsheng Art Museum, Beijing, China, 2017-2018
• Centro Cultural Fiesp, São Paulo/SP, Brazil, 2017-18
• Phoenix Art Museum, Phoenix/AZ, USA, 2017
• Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), São Paulo/SP, Brazil, 2016-17
participation in biennials
• 2nd and 11th editions of the Bienal de la Habana, Havana, Cuba (1986 and 2012)
• 3rd and 7th editions of the Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brazil (2001 and 2009)
• 1st Bienal Internacional de Pintura, Cuenca, Ecuador (1987)
• 18th Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brazil (1985)
Galeria Nara Roesler is a leading Brazilian contemporary art gallery, which represents established and prominent emerging Brazilian and international artists, with headquarters in São Paulo, Rio de Janeiro, and New York. Founded by Nara Roesler in 1989, the gallery has fomented the development and the diffusion of its artists’ work through a consistent exhibition program, solid institutional partnerships and constant dialogue with leading curators in the contemporary art scene. Since 2002, the gallery fosters the Roesler Hotel program, which is aimed at promoting dialogues between national and international art communities, inviting artists and curators to develop artistic experiments at the gallery space.
setembro 5, 2019
Bispo do Rosário e Louise Borgeois na Fama, Itu
Bispo do Rosário e Louise Borgeois são celebrados em exposições no museu FAMA
Com curadoria de Ricardo Resende, as mostras individuais reúnem obras emblemáticas dos artistas que marcaram o século XX
A parisiense Louise Bourgeois (1911-2010) e o sergipano Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) marcaram a história da arte com suas obras autobiográficas criadas a partir de costura e tecido. Nada mais emblemático, portanto, que exibir uma seleção icônica da obra desses artistas na antiga fábrica têxtil do interior paulista onde hoje funciona o mais inventivo museu do estado. 50 obras de Bispo e 17 de Louise, inéditas no país, estarão à mostra na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), em Itu, a partir deste sábado, 7 de setembro, e com grande evento de inauguração.
Ambas com curadoria de Ricardo Resende, as exibições criam um diálogo entre a subjetividade e as matérias-primas que coexistem nas obras dos dois artistas. Louise Bourgeois usou seus traumas e memórias para problematizar temas caros ao corpo feminino, como identidade, angústia e anseio por liberdade em suportes variados. Na FAMA, ocupam uma sala expositiva toda a escultura de tapeçaria Femme (2004), que costurou à mão, e os 16 desenhos que compõem a suíte Do Not Abandon Me (2009-2010). Esta, em parceria com a artista britânica Tracey Emin, retrata cenas e pensamentos íntimos e cheios de polêmica, seja de grávidas, seja de mulheres que beijam, habitam e até se enforcam em falos eretos. Já Femme é uma boneca sem cabeça nem membros que possui apenas curvas e um buraco no fim do torso – das mais valiosas obras do acervo da FAMA, que conta também com exemplares de Aleijadinho e Tunga.
No espaço expositivo ao lado, trabalhos de Bispo do Rosário pendem entre a loucura e a genialidade na exposição Bispo do Rosário: As coisas do mundo. São obras criadas na Colônia Juliano Moreira, um dos maiores pólos manicomiais do Brasil, onde Bispo, diagosticado esquizofrênico, viveu por 50 anos. Séries tipológicas de objetos cotidianos (que intitulava “vitrines”) organizam o mundo ao modo do artista. Além de pertences envoltos de azul, que Bispo mumificava com a linha dos uniformes do hospício, que desfiava delicadamente. “Refiava, costurava, bordava e recobria com linha azul. Organizava essas coisas, serializando-as, como se estivesse na linha de produção de uma fábrica – de tecidos, quiçá”, reflete o curador.
Foi tecendo que Arthur Bispo deu origem ao Manto de Apresentação (s.d.), um dos destaques da mostra, considerada pela crítica como sua obra-síntese, adorno que ele usaria quando chegasse ao Céu. A obra condensa todo o universo de Bispo: do lado de fora, imagens e textos de seu universo particular, por dentro, nomes de pessoas queridas, eleitas por ele para serem apresentadas a Deus. As mostras de Bispo e Louise criam um paralelo com a FAMA. No século passado, o local abrigava a Fábrica São Pedro de tecidos, cuja produção se destacou em pouco tempo – já em 1912, operava com mais de 150 teares; em 1944, contava com 2 mil operários e foi a que mais empregou na cidade de Itu nesse setor. Hoje, são 25 mil metros quadrados nos quais residem as obras de artes da FAMA, um acervo que vem avolumando a cada dia.
Celebração
No dia 7 de setembro, a FAMA também promove um circuito de palestras com especialistas em arte contemporânea e inaugura exposições individuais de José Spaniol, Samuel de Saboia, Pola Fernandez e Iza Figueiredo. Além do novo recorte curatorial da exposição de longa duração da coleção do museu, desta vez, compreendendo também "mulheres que, assim como Louise e Bispo, acostumaram-se a tecer o mundo”, como explica Resende – caso da paulistana Carmela Gross (1946), que evoca a imagem do divino com sua Asa (1995), peça de tecido e betume, e A Negra (1977), a mulher envolta em panos, flutuando tal qual uma sombra. Sua conterrânea Nazareth Pacheco (1961) explora a própria experiência em O Quarto (2003), instalação aos moldes de seu antigo dormitório. Enquanto a mineira Sonia Gomes (1948) ressignifica elementos como o toco de madeira retorcida de Súplica (2018), que mais parece um animal fossilizado, adornando com linhas de lã colorida e impregnada de história.
Somos Muit+s Programa de 4 a 9 de setembro na Pinacoteca, São Paulo
A Pinacoteca convida para uma programação especial que acompanha a exposição Somos Muit+s: experimentos sobre coletividade. A mostra, em cartaz até 28 de outubro de 2019, investiga a prática artística como exercício coletivo a partir de experiências pensadas enquanto diálogos, diretos ou indiretos, com a produção de Joseph Beuys e Hélio Oiticica, dois dos mais importantes artistas da segunda metade do século 20. Além deles, participam outros seis artistas/coletivos nacionais e internacionais: Maurício Ianês, Mônica Nador + JAMAC, Coletivo Legítima Defesa, Rirkrit Tiravanija, Tania Bruguera e Vivian Caccuri.
TANIA BRUGUERA – ESCOLA DE ARTE ÚTIL
5 de setembro | Quinta-feira_sala 6
_11h às 13h_NAE – Slam: Palavras e corpos que desobedecem
Slams são batalhas de poesia criadas na década de 80 por Marc Smith em Chicago e que chegam ao Brasil em 2008 pelas mãos de Roberta Estrela D’Alva e do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Nesse encontro o intuito é apresentar o movimento de literatura marginal-periférica, a partir da estética presente nos slams, trazendo um panorama atual da poesia oral que se manifesta nesse contexto. Compreendendo a potência dos slams enquanto espaços de pluralização de vozes e narrativas, esse é o início de um ciclo de atividades em diálogo com a exposição Somos Muit+s. Com Mídria da Silva Pereira. Inscrições no local. 25 vagas.
_15h às 18h
Aula-oficina, com Germano Dushá – O Fora
6 de setembro | Sexta-feira_sala 6
_15h às 18h
Apresentação do Exercício 1, com acompanhamento de Fernanda Pitta
PALESTRA RABINO ALEXANDRE LEONE + SPIRITUAL JAZZ JAM
VIVIAN CACCURI – ODE AO TRIÂNGULO
7 de setembro | Sábado_15h às 17h_sala 6
A prática de Caccuri vale-se do som como matéria artística para debater condicionamentos históricos e sociais. Para a exposição, a artista concebeu uma espécie de memorial, reunindo elementos ligados à música, à espiritualidade e ao simbolismo, que será ativado por meio de uma série de ações que acontecerão durante o período expositivo. Neste dia, haverá palestra sobre a geometria sagrada no judaísmo, com o rabino Alexandre Leone, e jam misturando spiritual jazz, poesia e improviso com Kiko de Sousa (teclados), Glauber Marques (percussão) e Samuel Porfírio (voz).
ATIVAÇÕES NO OCTÓGONO
O artista tailandês Tiravanija apresenta um palco aberto - untitled 2019 (demo station n.7) - com estrutura em espiral pensado para uma experiência teatral performática, que ficará à disposição para a livre utilização dos visitantes. Confira a programação para o período:
4 de setembro | Quarta-feira
_10h30 às 13h30: Núcleo Aqui Mesmo – Ensaio de “TransBordAr”
Ensaio aberto para o desenvolvimento da instalação site specific performática de dança como forma de pesquisar a relação entre a pesquisa coreográfica e a espacialidade. Concepção e direção da dançarina Carmen Morais, também responsável pela criação do grupo, em 2012.
_15h às 18h: Povo na Pina - Ponto Firme
Em parceria com a Casa do Povo, o projeto propõe a construção de grandes estruturas de crochê utilizando principalmente materiais descartados gerados pela própria Pinacoteca. A oficina é conduzida pelo designer e artesão Gustavo Silvestre com participação dos egressos e ex-alunos do Ponto Firme, projeto que há quatro anos leva aulas de crochê para dentro de uma penitenciária masculina. Aberto à participação do público e visitantes de todas as idades.
5 de setembro | Quinta-feira
_10h30 às 13h30: Núcleo Aqui Mesmo – Ensaio de “TransBordAr”
Ensaio aberto para o desenvolvimento da instalação site specific performática de dança como forma de pesquisar a relação entre a pesquisa coreográfica e a espacialidade. Concepção e direção da dançarina Carmen Morais, também responsável pela criação do grupo, em 2012.
7 de setembro | Sábado
_11h30 às 12h15: Grupo Arena Circus – Pocket-Show do espetáculo “Magnific”
Inspirado em grandes espetáculos de teatro, o grupo revisita clássicos da dramaturgia circense com abordagem contemporânea e sofisticada.
_15h às 15h30: Intervenção poético-performática OH, MANA – TRANSCRIATIVAS
Declamação de textos poéticos em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e performances com instrumentos musicais acústicos. Para surdos e ouvintes com interpretação em Libras.
8 de setembro | Domingo
_15h às 17h30: Baile Malukos na Pina – Tamyres
Grupo propõe um baile de dança de salão aberto ao público com apresentações, coreografias e uma equipe preparada para interagir com o público, incluindo aqueles que nunca tiveram contato com a dança.
9 de setembro | Segunda
_13h às 16h: Núcleo Aqui Mesmo – Ensaio de “TransBordAr”
Ensaio aberto para o desenvolvimento da instalação site specific performática de dança como forma de pesquisar a relação entre a pesquisa coreográfica e a espacialidade. Concepção e direção da dançarina Carmen Morais, também responsável pela criação do grupo, em 2012.
_16h às 17h: Aula de Hatha Yoga voltada para meditação
Com a professora Luciana Cardoso. Traga seu mat e venha de roupas confortáveis.
Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos no Rio de Janeiro
Com programação que inclui exposições, seminários, feiras livres e shows, espaço público localizado no centro da cidade celebra 23 anos em setembro e apresenta programação completa para todos os sábados do mês
Localizado na Praça Tiradentes, coração do centro da cidade, em setembro o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos em atividades desde a abertura. Para celebrar o marco, o espaço oferece uma programação completa para os quatro sábados do mês de setembro. Shows, abertura de exposições, feiras livres, seminários e até a distribuição de um bolo de 2,30 metros são algumas das atividades já confirmadas para os quatro dias.
Fundado em 1996, o espaço recebeu até 2009 o acervo de Hélio Oiticica (1937 - 1980), em convênio com o Projeto HO. O prédio histórico se destaca por também abrigar a primeira intervenção permanente do artista Richard Serra realizada na América Latina e inaugurada na ocasião da exposição Rio Rounds. Ao longo dos anos, exibiu mostras de artistas brasileiros e estrangeiros, expoentes da arte contemporânea, como Mira Schendel, Iole de Freitas, Sonia Andrade, Lygia Pape, Antonio Manuel, Daniel Buren, Luciano Fabro, Tehching Hshieh, entre outros.
“Como um espaço que tem o compromisso em democratizar as experiências artísticas a partir de um diálogo amplo com a sociedade, a proposta da programação é promover atividades que possam dialogar tanto com o público habitual do espaço, quanto com a população do entorno, como moradores, trabalhadores e outros, propondo um centro cultural cada vez mais vivo” diz Alice Alfinito, diretora do centro cultural.
E se a proposta é diversificar, as atividades vêm para confirmar as expectativas. No primeiro sábado, 07.09, o destaque vai para Guga Ferraz, artista em projeção no cenário nacional e que inaugura a exposição Gabinete de Soluções. Para o segundo e terceiro sábado do mês, 14.09 e 21.09, os destaques são a sessão de abertura da Mostra do Filme Marginal e o retorno do Interlocuções Martha Alkimin convida Leila Danziger para um bate papo sobre arte e poesia. E para encerrar a programação, o último sábado do mês começa com o Slam Negritude, dessa vez em formato de intervenção poética, segue com a feira aberta Junta Local e o show de Jeza da Pedra.
Confira a programação completa:
07.09
> Abertura da exposição individual Gabinete de Soluções, do artista Guga Ferraz
> Edição Qual é o Parangolé? feira de desapegos promovido pelo Projeto GIRA. Além de bate papo e oficina livre de experimentação têxtil promovido pelo Movimento Fashion Revolution - Rio de Janeiro
> Apresentação da cena Pretofagia, na exposição individual do artista Yhuri Cruz
> Abertura da instalação sonora Rádio Saara, do artista Carlos Gabriel
14.09
> Encerramento da residências artística Descarregue-se
> Sessão de Abertura da 3ª Mostra do Filme Marginal
21.09
> Inauguração da Residência Banca Carrocinha
> Sessão Cine Cluba
> Martha Alkimin convida Leila Danziger no Interlocuções - Plataforma de Emergência
28.09
> Visita mediada com Luiz Baltar, Laura Burroco, Paulo Vinícius e Vitória Cribb em suas exposições individuais
> Encerramento da Exposição Pretofagia, do artista Yhuri Cruz
> Encontro Cidade Ocupada, com Guga Ferraz, Alexandre Vogler, Clara Zúñiga, Ducha Ronald Duarte e Thiago Fernandes
> Bolo de aniversário com 2 metros e 30 centímetros, um oferecimento Mandala Residência Gastronômica
> Feira Junta Local
> Show de encerramento com DJ, Intervenção Poética com Slam Negritude e apresentação de Jeza da Pedra
Fernando Diniz e Josef Hofer na Estação, São Paulo
Individuais de Fernando Diniz e Josef Hofer, artistas cujas divergências da mente e do corpo não encontram limites na arte
A duas mostras são desdobramentos do Seminário Internacional “A arte como construção de mundos", que acontece paralelamente à mostra “Bispo do Rosário: As coisas do mundo”, na Fundação Marcos Amaro, em Itu, dia 7 de setembro, evento apoiado pela galeria Estação que traz como uma das palestrantes a Dra. Elisabeth Telsnig, tutora da obra de Josef Hofer e curadora da exposição do artista em São Paulo.
Fernando Diniz (1918, Aratu, Bahia – 1999, Rio de Janeiro, RJ) está entre os artistas forjados no ambiente da Dra. Nise Da Silveira, hoje reunidos no Museu de Imagens do Inconsciente, instituição parceira da Galeria Estação na realização desta individual em sua homenagem. Com curadoria de Luiz Carlos Mello e Eurípedes Junior, a mostra institucional traz um recorte de pinturas da produção de Diniz estimada em cerca de 30 mil peças, entre telas, desenhos, tapetes e modelagens. Com sua obra tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 2003, o reconhecimento do artista é ainda saudado pelas inúmeras exposições no Brasil e no exterior, prêmios, publicações, filmes e vídeos.
“Não sou eu, são as tintas”, esta era a sua resposta, quando frequentava, a partir de 1949, a Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Pedro II, criado por Dra. Nise. Segundo os curadores, Diniz mescla o figurativo e o abstrato, abarcando das mais simples às mais complexas estruturas de composição. “Presença constante é o geometrismo, marcado muitas vezes pela imagem do círculo, que representa as forças ordenadoras, curativas, da psique”.
Além de ter produzido intensamente – de quatro a seis trabalhos por dia –, Fernando Diniz recolhia todo tipo de papel que encontrasse no hospital e em suas cercanias, levando-os para o seu quarto. Ali, utilizava esses materiais como suporte para suas criações, denominando-as “Reciclados”. Velhos lençóis lançados ao lixo pela administração hospitalar foram recuperados por ele: costurando-os, construiu suportes para as pinturas de grandes dimensões que denominou Tapetes digitais.
Os curadores destacam a ânsia por conhecimento do artista, que chegou a imaginar o hospital como uma universidade. “A sua paixão pelos livros fazia-o constantemente atualizado com os acontecimentos e descobertas científicas. Manifestava interesse por astronomia, química, física nuclear e informática, revelando-se um pesquisador incansável”. Sua curiosidade pelo conhecimento levou-o ao cinema. Foi a sua participação no filme Em busca do espaço cotidiano, de Leon Hirszman, que despertou seu interesse pelo movimento da imagem. Esse interesse resultou no premiado desenho animado Estrela de oito pontas, para o qual criou mais de 40 mil desenhos sob a orientação do cineasta Marcos Magalhães.
Em 1992 o Museu de Imagens do Inconsciente realizou uma grande retrospectiva de sua obra, O universo de Fernando Diniz, ocupando com mais de duas centenas de trabalhos os espaços do Paço Imperial da Praça XV, no Rio de Janeiro.
“Do espaço para o tempo, do inorgânico para o orgânico, do geométrico para o figurativo ou vice-versa, Fernando ia tecendo seu universo. Visitou os espaços interiores da casa sonhada, e as amplidões das paisagens; fragmentou ou reconstruiu o corpo humano, submetendo-o aos movimentos dos jogos, dos esportes; esquematizou objetos e seres, imaginou objetos científicos, executou verdadeiros tornados geométricos prenhes de formas cuja multiplicidade extrema por vezes levou-o ao caos, de onde sempre retornava trazendo novas e inesperadas imagens, como os seus últimos abstratos, onde logomarcas, fórmulas químicas, signos e símbolos se misturam para criar um luxuriante universo de coisas, um inventário do mundo”, concluem Luiz Carlos Mello e Eurípedes Junior.
Josef Hofer (1945, em Wegscheid, Bavária), hoje considerado um “clássico” da Art Brut, tem sua obra conhecida na Áustria, Alemanha, França, Mônaco, Holanda, Bélgica, Inglaterra, Suécia, Dinamarca, Itália, Espanha, Portugal, Polônia, República Checa, Eslováquia, Estados Unidos, Japão e agora no Brasil. Difícil imaginar como artista chegou hoje aos seus 74 anos diante de tantas dificuldades. Começou com seu nascimento, em março de 1945, quando, até agosto do mesmo ano, esteve em vigência na Alemanha a Lei para Proteção da Saúde Genética do Povo Alemão, que exigia a médicos e parteiras o relato imediato do nascimento de uma criança com deficiência. As consequências eram a morte do recém-nascido e a esterilização pelo menos da mãe. Embora suas características físicas divergentes fossem visíveis desde o início, nada foi informado às autoridades de saúde.
Mais tarde, isolado com a família em uma fazenda, também com problemas de audição causados pelas inúmeras infeções de ouvido que acabaram afetando também a fala, não pode frequentar a escola, como seu irmão mais velho. Este, mesmo com deficiência intelectual, trazia para casa lápis e tocos de lápis de cor com os quais Hofer costumava desenhar sobre uma folha de jornal.
Com a morte do pai, Hofer foi levado pela mãe para Kirchschlag, perto de Linz, onde ficou sob a guarda de uma sobrinha. Desde 1992 vive em Lebenshilfe em Ried im Innkreis. Lebenshilfe,organização social para pessoas com deficiências físicas e intelectuais, onde conheceu a historiadora de arte Elisabeth Telsnig, em 1977. “Cerca de trinta pessoas participavam de meu ateliê, entre elas Josef, e notei de imediato seus desenhos. Eles eram diferentes de qualquer coisa que eu já tinha visto”, afirma Telsnig.
“Como não pode ouvir nem se fazer entender verbalmente, Josef Hofer se comunica com o mundo exterior por meio de sua arte. Está envolvido criativamente consigo mesmo e com seu corpo e, assim como no modo como está envolvido com seu reflexo no espelho, ele se envolve igualmente com as posturas e posições do corpo representado, e supera, ou até mesmo triunfa sobre sua deficiência através dos corpos que desenha”, completa.
Elisabeth Telsnig é curadora, doutora em história da arte e chefe do workshop de atividades criativas das instalações comunitárias de Lebenshilfe Oberösterreich em Ried (Áustria), onde Josef Hofer participa semanalmente. Ela é tutora do artista desde 1997.
Sobre Seminário Internacional: “A arte como construção de mundos".
Local: Fundação Marcos Amaro / Itu / 7 de setembro
O encontro – organização ARTE!Brasileiros – tem como objetivo apresentar para o público a enorme riqueza e diversidade de artistas portadores de sofrimento psíquico no Brasil e no mundo, ligados ao movimento inicialmente nomeado pelo pintor francês Jean Dubufett como Art Brut, e debater sobre a beleza e a força contida na produção das obras de artistas asilares.
Participam do evento Elisabeth Telsnig (representante do trabalho do artista austríaco Josef Hofer), Savine Faupin (curadora-chefe responsável por Arte Bruta no Museu de Arte Moderna, Contemporânea e Arte Bruta de Lille, França), Tânia Rivera (psicanalista, doutora em Psicologia e professora da Universidade Federal Fluminense) e Raquel Fernandes (diretora geral do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro). A conversa será mediada por Ricardo Resende (curador da Fundação Marcos Amaro e do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea).
setembro 3, 2019
Guga Ferraz no Hélio Oiticica, Rio de Janeiro
Artista também propõe série de encontros a serem desenvolvidos ao longo do período de exposição
Gabinete de Soluções, exposição individual de Guga Ferraz no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, é um desdobramento da investigação do artista sobre a cidade. A mostra busca ressignificar a ideia de “gabinete de crise”, que costuma ser organizado pelas autoridades para atender a demandas urgentes, e abre a programação de comemoração de 23 anos de atividades do CMAHO.
A crise é o status quo na cidade e no país como um todo. Enraizada no cotidiano, essa palavra tão repetida nas mídias de massa parece não provocar surpresa nos brasileiros. Uma vez que evidenciar um estado de crise seria redundante, Guga Ferraz apresenta soluções e convida o público a fazer o mesmo. A mostra é composta por projetos de soluções do artista para problemas urbanos, alguns deles utópicos – apresentados por meio de desenhos –, como um projeto de reconstrução do Morro do Castelo, e outros já realizados – apresentados por meio de registros -, como um tobogã que permite ao público deslizar na paisagem para acessar a praia.
Desde o início de sua trajetória, ao participar da ação coletiva Atrocidades Maravilhosas, no ano 2000, o principal objeto de investigação de Guga Ferraz é a cidade. Há quase vinte anos trabalhando, sobretudo, com intervenções em espaços públicos, o artista levanta questões como a violência urbana, problemas habitacionais, processos de exclusão na cidade, relações entre o indivíduo e o meio urbano e a própria cidade como lugar. Um bloco da exposição apresenta vestígios de suas interferências na paisagem urbana realizadas desde o início da década de 2000, como o emblemático Ônibus Incendiado (2003), produzido a partir da colagem de adesivos em formato de chamas em placas de sinalização de pontos de ônibus, como forma de sinalizar os recorrentes casos de incêndios a veículos que ocorriam no Rio de Janeiro. Guga também apresenta interferências que realizou nos transportes públicos, como Proibido ser cadeirante (2011), que denuncia a falta de acessibilidade nos ônibus, e Em caso de assalto, ao avistar uma arma de fogo, não reaja (2006), que oferece instruções aos passageiros sobre como (não) reagir diante de um assalto. A apresentação desses trabalhos produz uma pequena retrospectiva que visa apontar para a atualidade dos temas abordados pelo artista ao longo de sua trajetória.
Além de projetos e vestígios de intervenções na cidade, Guga apresenta desenhos, pinturas e esculturas - em grande parte inéditas e produzidas especialmente para a exposição – onde observamos desdobramentos de seu pensamento sobre a cidade. Pela primeira vez, o artista apresenta trabalhos em vídeo, mídia que começou a experimentar durante a preparação da mostra.
A exposição pretende tornar-se um lugar de convívio e trocas. Ao longo do período expositivo, convidados de diversos campos ocuparão a galeria, junto ao público, para promover debates sobre a cidade, expor ideias e soluções. No dia 28 de setembro, será realizado no auditório do Centro Municipal de Arte Hélio Oititica o encontro “Cidade Ocupada”, com convidados cujas trajetórias esbarram na de Guga e marcam o cenário artístico carioca dos anos 2000.
A curadoria da exposição é assinada por Thiago Fernandes, historiador da arte que há alguns anos vem desenvolvendo pesquisas sobre o trabalho de Guga Ferraz e sobre a geração de artistas cariocas que utilizou as ruas como campos de ação na virada do século XXI.
Encontro Cidade Ocupada
A exposição individual de Guga Ferraz, Gabinete de Soluções, apresenta em sua programação o encontro Cidade Ocupada. O artista em exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica faz parte de uma geração que, no início dos anos 2000, em meio a um circuito artístico incipiente no Rio de Janeiro, decidiu criar seus próprios circuitos atuando em coletivos e tomando as ruas como campos de ação. O encontro Cidade Ocupada toma emprestado o nome do livro de Ericson Pires, poeta, artista e grande pensador falecido em 2012, que acompanhou essa geração e transitou entre coletivos que menciona em seu livro.
O evento, que será realizado no auditório do CMAHO, consiste em um encontro de amigos que fizeram parte das histórias contadas por Ericson em seu livro e possuem papel importante na trajetória artística de Guga. Entre as presenças confirmadas estão Alexandre Vogler, André Amaral, Clara Zúñiga, Ducha e Ronald Duarte, além de Guga Ferraz e do curador Thiago Fernandes, que fará a mediação do evento. O encontro pretende contextualizar o trabalho de Guga e contribuir com pesquisas sobre a arte carioca dos anos 2000, além de prestar homenagem a Ericson Pires, figura de extrema importância para essa geração de artistas.
Localizado na Praça Tiradentes, coração do centro da cidade, em setembro o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica completa 23 anos em atividades desde a abertura. Para celebrar o marco, o espaço oferece uma programação completa para os quatro sábados do mês.
Jardinalidades no Sesc Parque Dom Pedro II, São Paulo
Exposição sobre a complexa relação entre a natureza e a cidade chega ao Sesc Parque Dom Pedro II
A conturbada relação entre a natureza e a cidade é o ponto de partida da exposição Jardinalidades, que traz obras que dialogam com o Sesc Parque Dom Pedro II e seu entorno. A exposição acontece a partir de 7 de setembro, de quarta a domingo e feriados, das 10h às 17h45, na área de exposições, até o dia 8 de dezembro. A curadoria é feita por Gabriela Leirias e Faetusa Tezelli.
Jardinalidades é uma plataforma de pesquisa e produção voltada a poéticas contemporâneas, ações artísticas e ativistas que se debruçam sobre o conflito e a relação entre a natureza e a cidade.
Iniciado em 2014, a pesquisa abrange uma série de produções artísticas e críticas que vem sendo realizadas por artistas de diferentes regiões do Brasil. Contempla noções de jardinagens, cultivo, ações e interações com espécies de vegetais e práticas simbólicas que dela podem ocorrer, bem como a criação de territorialidades e o potencial de intervenção nas dinâmicas urbanas.
Para o Sesc Dom Pedro II foram convidados Daniel Caballero, Fernando Piola, Gustavo Caboco, Grupo Fora, Thislandyourland, Laura Gorski, Laura Lydia, (se)cura humana, Teresa Siewerdt e Bijari. Artistas de São Paulo, Bahia, Florianópolis e outros estados que propõem diferentes poéticas sobre o contraponto entre a materialidade da cidade e a natureza. Apresentando experimentações que discutem cultivos, urbanismo, ecologia, política e pedagogia com uma diversidade de linguagens e suportes a partir da temática da interação com espécies de vegetais.
Além dos 10 artistas e grupos participantes ao longo da exposição haverá uma chamada pública para um artista a ser selecionado para participar de uma imersão no local.
A Ocupação Jardinalidades conta com a exposição, e uma programação com diversas atividades paralelas com os artistas e convidados.
Minha terra tem palmeiras na Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Mostra discute a formação da memória cultural do país a partir do poema Canção do exílio, de Gonçalves Dias
A Caixa Cultural Rio de Janeiro recebe, de 8 de setembro a 20 de outubro de 2019 (terça-feira a domingo), a exposição Minha terra tem palmeiras. Com curadoria de Bruno Miguel, a mostra reúne 50 obras de 15 artistas contemporâneos brasileiros para discutir a formação da memória cultural do país. A exposição tem patrocínio da Caixa e do Governo Federal.
São obras de Afonso Tostes, Anna Bella Geiger, Armando Queiroz, Ayrson Heráclito, Carlos Zilio, Daniel Murgel, Flávia Junqueira, Ivan Grilo, Jaime Lauriano, Marcos Cardoso, Raquel Versieux, Rodrigo Braga, Rodrigo Andrade, Vicente de Mello e Virginia de Medeiros, num recorte de algumas décadas de arte contemporânea brasileira.
O ponto de partida da exposição é o poema Canção do exílio, ícone do primeiro momento do romantismo brasileiro, escrito por Gonçalves Dias em 1857. Trafegando por diferentes mídias, como pintura, fotografia, gravura, desenho, escultura, instalação, objeto e assemblage, esses artistas convidam o público a uma reflexão sobre a identidade nacional, das suas origens românticas no século XIX até os dias de hoje.
Histórias e memórias
O curador Bruno Miguel destaca que artistas contam histórias e criam memórias – visuais e poéticas – sobre aspectos que geralmente passam desapercebidos pela maioria. Segundo ele, um dos principais objetivos da mostra é justamente relacionar a pluralidade de um Brasil de variados campos de pensamento artístico com temas como memória, política e ancestralidade.
“Distância é espaço e tempo. Lembrança é experiência vivida, ou não, pelo próprio ou pelo outro”, explica o curador. “Não apenas os indivíduos se lembram das coisas, mas também grupos, sociedades e nações.Lembrar e esquecer passaram a ser reconhecidos como aspectos importantes tanto da convivência em sociedade quanto também da política”, completa.
setembro 1, 2019
Zip’Up: Helô Mello na Zipper, São Paulo
A paisagem – como espaço vivido, imaginado ou mediado por dispositivos técnicos – é o objeto central da artista Helô Mello em sua individual Horizonte Suspenso, abrigada no projeto Zip’Up. A mostra reúne fotografias nas quais o processo criativo é pautado por incertezas, acasos e incidentes: a experimentação se dá a partir de fotos analógicas, produzidas com uma máquina de poucos recursos e precisão; no momento da captura, os quadros do filme – eventualmente envelhecido - são sobrepostos, registrando, também, diferentes tempos em uma mesma imagem. Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição inaugura no 5 de setembro, às 19h.
“Películas vencidas, câmeras erráticas, justaposições feitas às cegas e a incorporação de ruídos gerados por um processo criativo crivado de acasos, formam o léxico da pesquisa que a artista tem desenvolvido nos últimos anos”, afirma o curador Eder Chiodetto. Estes horizontes em suspensão se formam a partir imagens caóticas, que flutuam na presença de um passado intangível. A imprevisibilidade do gesto é incorporado no conceito dos trabalhos, que visa criar paisagens inventadas oriundas de tempos subjetivos. “O filme, num só tempo, vela e revela a memória em flagrante desconstrução. Minhas imagens visam reconstituir o momento impreciso no qual a imagem engole o tempo”, reflete a artista.
“Horizonte Suspenso” fica em cartaz até 5 de outubro.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos oito anos, somam mais de cinquenta exposições e cerca de 70 artistas e 30 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
A artista Helô Mello (SP, 1960) é formada em Comunicação Social, MBA, e Mediação de Conflitos, atividade que exerce. Dedica-se à fotografia contemporânea, em especial à temática do tempo e da memória. Desenvolve pesquisa experimental a partir de arquivos anônimos, familiares e paisagens inventadas. Suas intervenções ocorrem na captura das imagens (negativo de vidro, filmes vencidos, entre outras), no suporte (lixa, colagem, tinta, etc.), e na manipulação digital, incorporando o acaso como estratégia criativa. Participou das coletiva Quimeras, Apólogos e Algumas Fábulas (DOC Galeria, 2017); Uma coisa são Duas (Galeria Ímpar, 2015), e CaraHavana (IQ, 2007). Uma grande piscina abandonada em Águas da Prata serviu para a instalação de sua obra, interagindo com o público (II Fest Imagens, 2015). Seu trabalho fotográfico foi exibido em vídeo no festival Tiradentes em Pauta (2017). Participa desde 2014 do Grupo de Estudos Avançados de Fotografia dirigido por Eder Chiodetto e Fabiana Bruno no Ateliê Fotô, e de ateliês de aquarela e desenho. Foi selecionada para leitura de portfolios no V Fórum Latino Americano (São Paulo, 2019).
Eder Chiodetto é curador especializado em fotografia, com mais de 100 exposições realizadas nos últimos 15 anos no Brasil e no exterior. Mestre em Comunicação e Artes pela ECA/USP, jornalista, fotógrafo, curador independente e autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô/Funarte), entre vários outros. Nos últimos anos tem realizado a organização e edição de livros de importantes fotógrafos como Luiz Braga, German Lorca, Criatiano Mascaro, Araquém Alcântara e Ana Nitzan, entre outros. É curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006 e publisher da Fotô Editorial.
Camille Kachani na Zipper, São Paulo
Solilóquio, terceira exposição individual de Camille Kachani na Zipper Galeria, se estrutura a partir de diálogos: primeiro, do artista consigo próprio, como o título da mostra sugere (um ato de verbalizar, em primeira pessoa, aquilo que se passa na consciência do anunciador); segundo, do artista com diversos momentos da arte contemporânea, estabelecendo relações entre as produções de Kachani e a de outros artistas; por fim, da natureza com a civilização, aqui numa revisão crítica em relação a, muitas vezes, este diálogo ser simplesmente impossibilitado. Com curadoria de Taisa Palhares, a mostra inaugura no dia 05 de setembro e reúne nova série de esculturas relacionadas a processos de transformação e deslocamentos.
Em sua exposição anterior na galeria – “Encyclopaedia Privata”, 2016 –, Camille Kachani partiu da memória para refletir sobre a formação da identidade. Agora, esta reflexão é expandida: em que ponto nos situamos entre sermos entes tecnológicos e entes pertencentes à natureza? “Os materiais e soluções estéticas utilizados parecem ecoar a incompatibilidade entre preservação e exploração dos recursos disponíveis. Esta série de trabalhos, revela a impossibilidade de diálogo entre a civilização e a natureza. Esta cisão, mesmo que não absoluta ou definitiva, evidencia o profundo antagonismo de interesses entre estes polos”, analisa o artista.
Em “Solilóquio”, procedimentos diversos são aplicados nas esculturas, de modo a incitar os debates propostos pelo artista. A organicidade da madeira é substituída pela racionalidade formal; a geometria dos cubos ganha a distorção dos seres viventes; ícones da pintura ocidental são atravessados por formações orgânicas, como se elas próprias contivessem o germe de sua destruição. Aqui, o fio condutor não é plástico, mas conceitual: das formas improváveis que adquire a madeira, tudo aponta para uma equação em aberto, em que a busca por um denominador comum permanece como uma pretensão ilusória, ainda que necessária.
A exposição “Solilóquio” fica em cartaz até 5 de outubro.
Camille Kachani (Beirute, Líbano, 1963) desenvolve um processo inventivo de possibilidades relacionadas ao processo de transformação da natureza. Suas obras são objetos híbridos, que investigam as condições originais e primitivas dos elementos naturais. Seu trabalho utiliza materiais e objetos cotidianos, conferindo-lhes novas leituras, redimensionando suas escalas e funções originais. Principais exposições individuais: FUNARTE (São Paulo, 2008); Temporada de Projetos, Paço das Artes (São Paulo, 2007); TRAJETÓRIAS, Fundação Joaquim Nabuco, (Recife, 2007); Instituto de Arte Contemporânea (Recife, 2005), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2004). Principais exposições coletivas: “Doações recentes (2012-2015)”, MAR (Rio de Janeiro, 2016); Bienal Internacional de Curitiba, MAC/PR (Curitiba, 2015); “A Casa”, MAC/USP (São Paulo, 2015), “Esculturas Monumentais”, Praça Paris (Rio de Janeiro, 2014), XIV Biennale Internationale del’Image (Nancy, França, 2006). Principais coleções institucionais: MAC-USP/SP, MAC-Niterói, MAM-RJ, MAM-SP, MAR (Museu de Arte do Rio), MAC-PR, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Museum of Latin-American Art (Los Angeles), Colección Metropolitana Contemporanea (Buenos Aires), Centro de Arte Contemporáneo Wilfredo Lam (Havana), Fundação Joaquim Nabuco (Recife), Instituto de Arte Contemporânea (UFP, Recife).
Taisa Palhares é professora de Estética no Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Campinas (IFCH/Unicamp). Possui graduação (1997), mestrado (2001) e doutorado em Filosofia (2011) pela Universidade de São Paulo (USP). Realiza estudos nas áreas de estética e artes visuais, com ênfase na pesquisa sobre a fundamentação da obra de arte desde a Modernidade. De 2003 a 2015, foi pesquisadora e curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo, sendo responsável pelo projeto de exposição retrospectiva "Mira Schendel" (2013/2014), em parceria com a Tate Modern. É autora do livro "Aura: a crise da arte em Walter Benjamin" (Fapesp/ ed. Barracuda, 2006). Desde 2000, atua como crítica de arte, e foi uma das idealizadoras e co-editoras da revista independente de arte e crítica "Número" (2003-2010).
Featuring no Massapê, São Paulo
O massapê projetos tem o prazer de apresentar a coletiva featuring dos artistas Leandro Muniz, Marcelo Pacheco e Thomaz Rosa, com texto de apresentação da artista Ana Prata. A exposição surge da percepção de elementos comuns à produção dos artistas como a ênfase no aspecto objetual da pintura, o uso de padrões e campos de cor, além do desejo central de propor um projeto colaborativo.
O título vem de uma prática comum aos músicos de “tocar junto” e é transposto para o campo das artes plásticas, na medida em que um participa com o outro de uma apresentação em conjunto. Featuring (ou feat.) pode ser traduzido como apresentar, expor, realçar ou marcar e seu uso no universo da música comercial, como o pop ou o rap, aponta para as relações dos artistas com outras linguagens e com uma dimensão vernacular da cultura, se apropriando tanto de referências eruditas quanto cotidianas e banais.
Leandro Muniz apresenta dois grupos de trabalhos. Em Os Sóis e A Noite, pinturas sobre lonas soltas são trabalhadas com uma cor predominante com os mais diversos materiais disponíveis no ateliê - guache, tinta acrílica, pastel, lápis de cor etc - gerando múltiplas associações na relação entre formas, títulos e a instalação das obras no espaço. Na série Varal, pinturas sobre tecidos estampados são feitas nos dois lados do plano: em uma das faces apenas campos de cor e na outra, imagens. O trabalho é apresentado suspenso por cabos de aço formando um “espaço de cor” dentro da arquitetura e cada peça individualmente recebe um título evocado pelas relações entre as imagens, cores e formas (Piquenique, Tempestade com Flores, Blue Sunset, etc), em uma sutil operação conceitual de pintar manualmente padrões parecidos com aqueles disponíveis na indústria.
Marcelo Pacheco se apropria de trechos de outras pinturas para construir um vocabulário composto de padrões e elementos decorativos que fazem referência à Matisse, Giotto ou a elementos da vida cotidiana, como os tecidos de ponchos peruanos. Pela primeira vez o artista expande sua produção sobre tela para a construção de um toldo, sobre o qual são pintados uma trama azul e branco e uma barra de triângulos pretos e brancos, fazendo as vezes de uma bambinela, instalado na fachada do espaço. Suas medidas e inclinações não correspondem exatamente às da indústria, fazendo do objeto algo entre o funcional e o ficcional, além de extrapolar as cores chapadas e os padrões listrados dos toldos comuns, ao aplicar sobre esse objeto um intenso trabalho de fatura, com muitas camadas de pintura.
Thomaz Rosa utiliza uma grande gama de recursos pictóricos, de composições geométricas, a uma gestualidade que evoca cadernos de anotações, alternando entre uma fatura com grossas camadas de tinta e um tratamento mais fino e delicado. Suas pinturas, de média e pequena escala, discutem a própria história da pintura ao longo do século XX e na situação contemporânea. Na exposição, o artista apresenta uma série de “céus” de pequenas dimensões na qual utiliza recursos pictóricos diversos para a produção da sensação diáfana, como trechos de tinta diluída, empastamentos etc e uma série de pinturas monocromáticas nas quais os pregos também integram a composição.
No texto da exposição, Ana Prata discute o aspecto doméstico da produção dos artistas e levanta questões como identidade, gênero, desejo e afeto em tempos de autoritarismo. Ao convidar uma artista para escrever o texto, o projeto reitera o interesse por estabelecer dinâmicas colaborativas entre os próprios artistas tanto na produção quanto na circulação de seus trabalhos. Também são estabelecidas relações entre a produção de Muniz, Pacheco e Rosa e alguns aspectos da obra de Prata, como a grande variação estilística, conexões com referências heterogêneas e uma reflexão sobre pintura que associa livremente diferentes campos de produção de imagem e formas de pintar.
O interesse pela tela enquanto objeto, como sua trama ou os lados do suporte, se expande para pinturas sobre tecidos soltos, objetos apropriados ou construídos. Três camisetas de papel foram produzidas em conjunto, respeitando a singularidade de cada um dos artistas, em uma extensão do pensamento central da mostra. Aspectos como domesticidade, afeto, conforto e humor também permeiam a produção dos artistas, em um trânsito entre as relações físicas e a dimensão reflexiva da produção, utilizando citações e apropriações de diversas referências como modo de construção de um universo próprio.