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abril 28, 2019

Teresa Poester na Umcebo, França

A galeria Umcebo em Paris e Periferia Projetos apresentam A natureza do gesto, exposição da artista brasileira Teresa Poester, com a curadoria de Beatriz Forti e Lassla Esquivel. A abertura ocorrerá terça-feira, 30 de abril, das 18h às 22h. Às 20 horas, o pianista Aurélien Richard vai tocar no local contracenando com os vídeos da artista projetados na vitrine da galeria.

Depois de uma longa trajetória em desenho e pintura, Teresa Poester dedica-se à pesquisa experimental de diferentes linguagens e mostra pela primeira vez em Paris sua forma particular de combinar o desenho à fotografia, à gravura e ao vídeo.

A artista vive entre Porto Alegre e Eragny sur Epte, “village” perto de Paris. Nascida no pampa, é a paisagem rural de suas memórias que redescobriu em Eragny, onde trabalhou por muitos anos no ateliê de Camille Pissarro.

Seu trabalho não é feito de observação da natureza ou de suas fotografia. Em vez de desenhar a partir da fotografia, fotografa texturas da natureza que remetem a seus desenhos. No seu processo, a fotografia torna-se um espelho do desenho.

A artista utiliza todo o corpo ao desenhar, seu trabalho é extremamente físico. Cada meio exige um gesto diferente: a ponta seca da gravura, um gesto duro, intenso e preciso; o desenho a lápis, um gesto leve, como uma dança frenética; e a caneta Bic, amplamente utilizada por Teresa Poester, cujos desenhos foram vistos recentemente na exposição Collection Bic no Centro cultural Centquatre (104, Paris) confere seu toque suave no papel, permitindo uma troca fluida com o meio. A natureza do seu gesto nasce do desejo de revelar o gesto da natureza.

Posted by Patricia Canetti at 12:28 PM

Ai Weiwei no Oscar Niemeyer, Curitiba

Mostra do artista no Brasil traz obras históricas e outras inéditas nascidas de sua imersão pela cultura no país. Em cartaz no MON, a partir de 2 de maio

Ai Weiwei Raiz é a primeira exibição do artista plástico Ai Weiwei no Brasil e também a maior já realizada por ele. Com projeto desenvolvido e curado por Marcello Dantas, a mostra chega para apresentar no Sul do país a história deste brilhante artista por meio de seus mais icônicos trabalhos, além de obras inéditas nascidas de uma imersão profunda pelo Brasil e suas tradições. Em cartaz a partir das 19 horas do dia 2 de maio no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba.

Realizada pelo MON e apresentada pela Copel, a exposição em Curitiba foi viabilizada pelo governo do Estado do Paraná. O Museu Oscar Niemeyer destinou o seu principal espaço expositivo, o “Olho” para a montagem, o que torna a mostra única. Outro diferencial da exposição “Ai Weiwei Raiz” em Curitiba é a possibilidade de poder contar com a presença do próprio artista.

Essa é a primeira temporada brasileira de exposições da obra de Ai Weiwei, reverenciado como um dos grandes nomes da cena contemporânea mundial e notório devido ao interesse que demonstra pelas questões sociais e humanas. A mostra apresentada no MON reunirá mais de 40 obras e 15 vídeos.

“O MON nos traz um dos maiores e mais profícuos artistas da atualidade. Com suas obras, Ai Weiwei nos fala de temas atuais, com abordagens contundentes. A exposição nos apresenta o artista contemporâneo e desafiador e o MON cumpre com excelência o papel de provocar os pensamentos, de forma múltipla”, afirma o secretário de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José.

A diretora-presidente do museu, Juliana Vosnika, comenta que a arte inspiradora de Ai Weiwei reflete a complexidade da vida do artista. “O fato de acontecer no espaço do Olho do MON, local mais fotogênico de Curitiba, torna a exposição única e ainda mais grandiosa”, diz Juliana.

“A Copel é a maior apoiadora da cultura no Paraná. É com grande alegria que fazemos parte da maior mostra de Ai Weiwei”, comemora o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero.

Ai Weiwei Raiz

Um dos principais nomes da cena contemporânea mundial, Ai Weiwei deixou seu país de origem em 2015 e se destaca no cenário internacional pelo interesse que demonstra por questões sociais e humanas, como a crise global de refugiados e a luta pela liberdade de expressão. Alguns de seus trabalhos mais conhecidos são grandes instalações que muitas vezes tensionam o mundo contemporâneo e os modos tradicionais chineses de pensamento e produção, como sua obra-prima Dropping a Han Dynasty Urn (Deixando cair uma urna da dinastia Han), que mostra o jovem artista derrubando intencionalmente uma urna cerimonial de cerca de 2 mil anos, da Dinastia Han, período da história da civilização chinesa. A ação subversiva e transformadora foi captada e transformada em três imagens que vêm sendo expostas em mostras por todo o mundo. No Brasil, a versão da obra poderá ser vista em peças de Lego.

Outras obras históricas conhecidas mundialmente também estarão expostas, como a Sunflower Seeds (Sementes de girassol), trabalho composto por milhões de “sementes de girassol” de porcelana pintadas à mão por artesãos chineses, levantando a questão da produção em massa e perda da individualidade; Forever Bicycles (Bicicletas Forever) é uma obra de caráter arquitetônico que utiliza bicicletas como blocos de construção, fazendo também alusão à multiplicação e repetição. O nome da instalação é inspirado na famosa marca chinesa de bicicletas, Forever, bastante comum durante a infância do artista, quando este era o principal meio de transporte na China; e Moon Chest (Cofre de lua), uma série de baús feitos em madeira com aberturas em círculos que apresentam as quatro fases da lua aos visitantes que atravessam a instalação.

Já a imersão pelo Brasil contou com a consultoria da designer Paula Dib, que colocou o artista em contato com comunidades, artesãos, manifestações culturais e recursos regionais até então desconhecidos por ele, resultando em trabalhos inéditos, feitos com madeira, sementes, cerâmica, raízes e couro. Ai Weiwei se propôs a desvendar e absorver a cultura local e moldar objetos que representam a biodiversidade, a paisagem humana e a criatividade brasileira. Como na série Sete raízes, na qual o artista utilizou uma técnica de carpintaria chinesa e, junto a carpinteiros brasileiros, produziu sete esculturas feitas com raízes e partes de árvores nativas, encontradas desenterradas na região de Trancoso, na Bahia. Duas dessas estarão expostas no MON. Na mesma região foi descoberta uma árvore de pequi com cerca de 31 metros de altura e mais de mil anos, que foi moldada in loco para ser fundida em ferro. O processo pode ser visto no documentário Uma Árvore, que acompanha também um modelo em 3D do pequi, em escala menor.

Entre os destaques está também um conjunto de trabalhos em madeira, esculpidos à maneira dos ex-votos remontando a iconografia do artista, os quais foram feitos em colaboração com artesãos de Juazeiro do Norte (CE). Outra colaboração com artesãos locais são os moldes de quatro elementos tipicamente brasileiros, desenvolvidos por um ateliê de cerâmica em São Paulo, cujas iniciais dos nomes constroem a palavra FODA: Fruta do Conde, Ostra, Dendê e Abacaxi. Obras feitas com couro, o alfabeto armorial de Ariano Suassuna, além de uma instalação que inclui um molde em gesso do corpo do próprio artista também integram a mostra.

Coproduzida com as fundações Proa (de Buenos Aires, Argentina) e CorpArtes (de Santiago, Chile), que receberam a mostra em formato menor, também com curadoria de Marcello Dantas, “Ai Weiwei Raiz” tem colaboração da Lisson Gallery e apoio de neugerriemschneider e Galleria Continua.

Sobre o MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON) pertence ao Estado do Paraná. A instituição abriga referenciais importantes da produção artística nacional e internacional nas áreas de artes visuais, arquitetura e design, além da mais significativa coleção de arte asiática da América Latina. No total, o acervo conta com aproximadamente 7 mil peças, abrigadas em um espaço com mais de 35 mil metros quadrados de área construída, sendo 17 mil metros quadrados de área para exposições, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.

Posted by Patricia Canetti at 10:33 AM

abril 26, 2019

Projeto Parede: Leda Catunda do MAM, São Paulo

A partir de 30/04, o Museu de Arte Moderna de São Paulo exibirá a instalação Paisagem Moderna da artista Leda Catunda. A atração faz parte do Projeto Parede, que ocupa o corredor entre o saguão do MAM e a Sala Milú Villela.

Leda Catunda, expoente da Geração 80, tem obras que extrapolam os limites entre a pintura e o objeto. O acervo do MAM conta com 18 peças da artista, incluindo paisagens feitas com técnica mista, que misturam materiais como: pelúcia, tecido renda, tinta acrílica e lona, entre outros. “Paisagem Moderna” é uma colagem de 15 x 3,40 metros, feita de tecidos impressos com desenhos e estampas criados pela artista e também com tecidos apropriados, como o que imita o calçadão de Copacabana.

A obra representa uma paisagem brasileira tal como era vista pelos artistas modernos, como Portinari, Tarsila e Guignard, retratando um país tranquilo, de natureza exuberante, ao mesmo tempo em harmonia com símbolos de progresso como a rodovia de alta velocidade ou o calçadão de Copacabana desenhado por Burle Marx. Há também uma referência a alegorias carnavalescas, com uma volumosa coluna de tecidos coloridos que divide as duas partes da parede. Representa assim o “sonho” moderno de uma país ingênuo em ritmo de progresso.

“Venho acumulando, há alguns meses, vários elementos para montar a imagem de uma paisagem na parede. Nesta colagem, o processo foi todo muito livre em consideração ao caráter de efemeridade, uma vez que, finalizada a mostra, a imagem se extingue, fato que ampliou muito as possibilidades plásticas para a execução. Achei interessante a perspectiva de uma paisagem com montanhas, rios e lagos, para ser vista por quem se senta no restaurante Prêt no MAM, que fica em frente. Também se pretende um caráter lúdico com os volumes de tecidos saindo da parede, na coluna que fica no meio”, adianta a artista.

Os artistas participantes da iniciativa, que existe desde 1996, são convidados pelo MAM a criar uma instalação específica para o local, aproveitando suas peculiaridades. A obra de Leda Catunda estará exposta até 28/07 e o público que visitar o museu no período poderá ainda conferir as exposições Passado/Futuro/Presente: arte contemporânea brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo e Os anos em que vivemos em perigo.

Posted by Patricia Canetti at 3:50 PM

Os anos em que vivemos em perigo no MAM, São Paulo

Os anos 1960 foram marcados por movimentos de contestação em vários países do mundo, por motivos diversos – sistemas educacionais, costumes, repressão política, contestação de guerras. No Brasil não foi diferente e, a despeito da censura imposta por um regime de exceção, houve no período uma intensa produção artística, que retratou a atmosfera de tensão e riscos da época.

Para revisitar esse contexto, especificamente o período de 1965 a 1970, o Museu de Arte Moderna de São Paulo exibirá, entre 30/04 e 28/07, a exposição Os anos em que vivemos em perigo, que traz um recorte da coleção focado na segunda metade da década de 1960, um período plural da arte brasileira, que foi fundamental para o desenvolvimento de nossa produção até os dias atuais. Tal cenário transformou o antropofágico caldeirão cultural do país, no mesmo momento em que acontecia a reestruturação do MAM que, em 1969, teve sua nova sede inaugurada, resistindo aos tempos e chegando até o momento atual em que celebra seus 70 anos de história.

Com curadoria de Marcos Moraes, a exposição reúne desde a tendência pop até obras de filiação surrealista, muitas das quais exprimindo as inquietações sociais e comportamentais que marcaram aquela época. São ao todo 50 obras de artistas como Antônio Henrique Amaral, Anna Maria Maiolino, Antônio Manuel, Cláudio Tozzi, Maureen Bisilliat, Wesley Duke Lee, entre outros.

Pinturas, xilogravuras, fotografias e objetos foram selecionados para apresentar imagens associadas ao ambiente cultural vigente como as manifestações, greve, censura, utopia, repressão, desejo e identidade brasileira - um apanhado que apresenta a potencialidade da ampliação de horizontes produzida pela vanguarda brasileira nesta época. A ação educacional do museu também contribuirá para oferecer aos espectadores oportunidades de pensar sobre a cultura daquela década, oferecendo atividades estimulantes que complementam a experiência da visita ao MAM.

“Para a seleção de obras, considerei o contexto, o ambiente efervescente e os acontecimentos que envolveram esses artistas no período dos anos 60 com atitudes radicais frente ao sistema da arte vigente no país, entre eles as exposições: Nova Objetividade Brasileira (MAM RJ), 1ª JAC Jovem Arte Contemporânea (MAC USP), Exposição-não-exposição (Rex Gallery & Sons) e a 9ª Bienal de São Paulo. A proposta desta mostra será refletir sobre esses complexos momentos vividos, tendo como marcos osanos de 1965 e 1970 rebatendo e rebatidos em 2019, suas atmosferas marcadas pela vida e a presença do perigo e da ameaça”, propõe Marcos Moraes.

Sobre o curador

Marcos Moraes é doutor pela FAU-USP e bacharel em Direito e Artes Cênicas pela mesma Universidade, além de especialista em Arte – Educação – Museu e Museologia. Professor de história da arte, é coordenador dos cursos de Artes Visuais da FAAP, da Residência Artística FAAP e do Programa de residência da FAAP, na Cité des Arts, Paris. Integrou o Grupo de Estudo em Curadoria do MAM e o corpo de interlocutores do PIESP. É membro do ICOM Brasil e do Conselho do MAM SP. Curador independente, seus mais recentes projetos curatoriais incluem Jandyra Waters: caminhos e processos;Entretempos e Lotada (MAB Centro, Museu de Arte Brasileira FAAP), além de Imagens Impressas: um percurso histórico pelas gravuras da Coleção Itaú Cultural (São Paulo, Santos, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Brasília, Florianópolis). É responsável por publicações sobre artistas como Luiz Sacilotto, Adriana Varejão, Rodolpho Parigi, Mauro Piva.

Posted by Patricia Canetti at 3:45 PM

Claudio Cretti na Marilia Razuk, São Paulo

Mostrando 11 esculturas e 20 desenhos, todos inéditos, Claudio Cretti apresenta sua sexta exposição individual Quimeras na Galeria Marilia Razuk, a partir de 2 de maio.

As Quimeras são exatamente o que significa o termo: uma combinação heterogênea e muitas vezes desconcertante de vários objetos. A aparente instabilidade remete o espectador a obras ligadas à arte povera italiana e ao pós-minimalismo norte-americano, de acordo com Tadeu Chiarelli.

As esculturas desta exposição são construídas por meio de articulações de objetos não previsíveis, como batutas, arcos de violinos, objetos para limpar instrumentos de sopro e artigos musicais encadeados a cachimbos, zarabatanas, madeira, borrachas, pedras, entre outros materiais. O artista coleciona artefatos populares e indígenas há mais de 2 décadas e os conecta a objetos encontrados em lojas de instrumentos musicais, em Pinheiros, bairro onde mora.

De aparência estranha, a estrutura gráfica que caracteriza as esculturas, não repele a eventual aparência de formas vegetais ou animais, que se refletem também na série de desenhos " kaaysá", realizados durante residência de 1 mês na Mata Atlântica, em Boiçuganga. Quimeras configura uma atitude quase figurativa no trabalho recente do artista.

Claudio Cretti é escultor, desenhista, professor e cenógrafo. Em 1981 estudou no Instituto de Arte e Decoração (Iade) e em 1984 ingressou no curso de artes plásticas da Escola de Belas Artes. Sua abordagem na arte propõe intermediações entre o bi e o tridimensional. Dentre suas exposições individuais recentes destacam-se: “Céu Tombado”, Paço das Artes (2004); “Onde pedra a flora" na Estação Pinacoteca, SP (2006) e “Luz de ouvido”, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2008), “Coisa Livre de Coisa”, Galeria Marilia Razuk, São Paulo (2011); Pandora, site specific no Palácio das Artes, São Paulo (2013); “A Pino”, performance no Redbull Station, São Paulo (2014), "Mesa Posta", curadoria Paula Borghi, Oficina Cultural Oswald de Andrade (2016), "Acaso a Coisa a Casa", curadoria Ana Cândida de Avelar, Casa Niemeyer, Brasília (2018).

Posted by Patricia Canetti at 12:08 PM

abril 25, 2019

Inauguração Oficial da Represa do Pacaembu na Casa Alagada, São Paulo

Os 12 artistas que participam do ateliê coletivo Casa Alagada recebem Alexandre Brandão, Dora Smék, Friedrich Engl, Gui Pondé, Janina McQuoid, João GG, Leandro Muniz, Marcel Darienzo, Paul Setúbal, Rodrigo Arruda, Simon Fernandes e Yasmin Guimarães para uma exposição coletiva no espaço.

O grupo se conheceu durante o programa de residências Pivô Pesquisa no final de 2018. A partir das experiências de trocas, passaram a discutir um projeto de exposição que replicasse a dinâmica de encontros e conflitos daquele contexto, que coincidiu com o turbulento período pré-eleições presidenciais. O grupo discutia regularmente sobre as possibilidades da arte no atual estado político, compreendendo o desejo de estar juntos como estratégia de existência, bem como abertura para uma reflexão compartilhada sobre as relações entre seus trabalhos e o momento político-social atual.

Inauguração Oficial da Represa do Pacaembu é uma exposição de um dia, que celebra o encontro entre os artistas e o público através de esculturas, instalações, vídeos, pinturas e performances especialmente adaptadas para o contexto da Casa Alagada - um casarão onde, além da moradia de alguns artistas, designers e outros agentes do meio cultural, funcionam uma série de ateliês e uma programação de oficinas e eventos.

No mesmo dia, haverá um ateliê aberto com os artistas da casa, expandindo os diálogos e as trocas entre os dois grupos. O resultado final é uma mistura de espaço doméstico, espaço de produção e espaço expositivo, em que os limites entre público e privado, afetivo e profissional são diluídos.

Além da menção indireta aos diversos alagamentos da região do Pacaembu, onde está instalada a casa - que também sofre com vazamentos devido a minas d’água no terreno e à decadência do imóvel - o título da mostra ecoa com ironia a solenidade dos discursos conservadores que vêm surgindo no país e no mundo nos últimos anos. Questões às quais, cada artista a seu modo, articulou na construção coletiva do projeto.

Posted by Patricia Canetti at 4:39 PM

Isis Gasparini no Fasam, Belo Horizonte

A partir desta sexta-feira, 26 de abril, Belo Horizonte se tornará uma cidade que respira ainda mais arte. Isto porque o Escritório de Arte Fasam promoverá na noite de sexta-feira a inauguração de seu novo espaço próprio, voltado para a exposição de obras de arte de artistas consagrados e montagens autorais. Como ação inaugural, a arte Fasam receberá entre os dias 27 de abril e 29 de junho a exposição de fotografias“Era preciso o corpo olhar para fora, da artista Isis Gasparini, inédita na capital mineira.

A inauguração do Arte Fasam cria um novo espaço na cidade dedicado não só a receber e promover exposições, mostras e apresentações de diversas expressões artísticas, mas também de representar jovens artistas com diferentes pesquisas, formar novos públicos apreciadores de arte e dialogar com o circuito artístico e cultural da cidade.

Era preciso o corpo olhar para fora

Estreando a programação, a exposição fotográfica “Era preciso o corpo olhar para fora”, da artista Isis Gasparini e com curadoria assinada por Gisele Bento, apresenta o resultado de uma pesquisa que a artista desenvolve desde 2010, que reflete sobre as estratégias utilizadas pelos museus para orientar os trajetos do público e modular a visibilidade das obras expostas, do espaço expositivo e da paisagem de seu entorno.

“Minha formação artística se iniciou, primordialmente, na minha relação com a dança, o que me trouxe um interesse inseparável pelo movimento dos corpos. Ao longo do período da universidade, percebi que me interessava um tanto mais pela observação do público e suas formas de diálogo com as obras do que propriamente pelos objetos de arte, em algumas exposições que visitava.”, conta Isis Gasparini.

Desta forma, a artista se propõe a questionar como se dá a relação entre espectador e obra; tangendo questionamentos quanto à proximidade ou distância entre os dois; quanto à atemporalidade de um trabalho, dentre outros questionamentos. Assim, por meio de um recorte de imagens fotográficas, a exposição investiga a relação e os efeitos resultantes do movimento do espectador e do deslocamento do percurso do olhar, questionando o fluxo do corpo em espaços expositivos, como os museus e centros culturais.

“Durante toda minha pesquisa percebi que o olhar é algo que passa por todo o corpo, ele é da ordem de um todo e não só propriamente da visão. Uma vez que sempre tive uma vivência muito corporal, foi natural no meu processo artístico desenvolver um trabalho que também tem como ponto de partida o corpo em movimento”, afirma a artista.

Nas palavras da curadora, “o trabalho da artista propõe que o ponto focal deixe de ser a obra de arte em si exposta nas paredes e corredores de museus, mas sim o corpo que olha, percebe e ativa outras percepções e interpretações. O resultado dessa subversão, dos efeitos causados sobre os espectadores que transitavam nos espaços é traduzido em notas suaves e gestos delicados nestas fotografias, evidenciando o olhar para além do que é visto”.

Sobre a artista

Isis Gasparini [São Paulo, 1989] é artista, mestra em Poéticas Visuais (ECA-USP), Bacharel em Artes Plásticas e Especialista em fotografia (FAAP). Seu trabalho compreende os campos da fotografia, coreografia, audiovisual e instalação. Atualmente, desenvolve projetos de pesquisa que investigam os fluxos do corpo no espaço expositivo, suas relações e seu potencial de movimento. Já participou de exposições coletivas em museus e galerias no Brasil e exterior, tem obras que integram os acervos do MAB (Museu de Arte Brasileira-SP), MAC-PR (Museu de Arte Contemporânea do Paraná) e Fototeca Biblioteca Panizzi (Reggio Emilia-Italia). Participou dos programas de Residência Artística na Cité Internationale des Arts (Paris/França, 2014), do 7th Choreographic Coding Lab (Belo Horizonte/Brasil, 2016) e em ateliê no Brooklyn (Nova York/EUA, 2019). Realizou as individuais “Museu mise-en-scène” na Zipper Galeria e “Vértices/Vetores” no EdA (Espaço das Artes, São Paulo), ambas em 2017. Participou em 2018 da SP-Arte/foto, representada pela Zipper Galeria. www.isisgasparini.com.br

Sobre o Escritório de Arte Fasam

O escritório de arte Fasam atua como art advisor e marchand, nos mercados primário e secundário. A intenção é de promover mostras organizadas, em sua maioria, por curadores convidados que participem de encontros e conversas abertas ao público. O escritório tem também interesse na promoção de jovens artistas bem como na formação de novos públicos, tanto de jovens colecionadores como de pessoas interessadas no mundo da arte.

Posted by Patricia Canetti at 2:30 PM

Marina Rheingantz & Mauro Restiffe na Carpintaria, Rio de Janeiro

A Carpintaria tem o prazer de apresentar Rebote, exposição que promove o encontro entre as pinturas de Marina Rheingantz com as fotografias analógicas de Mauro Restiffe. As obras orbitam em torno de interesses comuns aos dois artistas, como a paisagem e a própria pintura, e sugerem percursos narrativos à medida que aproximações e contrastes se revelam. Excertos de séries recentes de Restiffe, como a realizada na vila de Santo Sospir (2018), alternam-se entre registros coloridos e em preto-e-branco. Rheingantz, por sua vez, exibe pinturas a óleo, do pequeno ao grande formato, ao lado de um conjunto de bordados que atuam como a tradução têxtil de sua linguagem pictórica. O dueto, que conta ainda com a colaboração do curador Rodrigo Moura, dá continuidade ao programa experimental da Carpintaria, cuja vocação é a proposição de diálogos entre diferentes criadores, linguagens e formas de expressão.

[scroll down for English version]

Sobre os artistas

Marina Rheingantz (Araraquara, 1983) vive e trabalha em São Paulo. Suas exposições individuais recentes incluem: Várzea, Bortolami Gallery (Nova York, 2018); Galope, Zeno X Gallery (Antuérpia, 2017); Terra Líquida, Galeria Fortes Vilaça (São Paulo, 2016); Dot Line Line Dot, Nichido Contemporary Art (Tóquio, 2016). Entre as mostras coletivas, destacam-se: On Landscapes – Biennial of Painting, Museum Dhondt-Dhaenens (Deurle, Bélgica, 2018); Mínimo, múltiplo, comum, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2018); Projeto Piauí, Pivô (São Paulo, 2016); Soft Power, Kunsthal KAdE (Amersfoort, Holanda, 2016); Prêmio PIPA, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2015). Seu trabalho está presente em importantes coleções como: Museu Serralves (Porto), Taguchi Art Collection (Tóquio), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM Rio (Rio de Janeiro), Itaú Cultural (São Paulo), entre outras. Rheingantz terá também uma exposição em junho no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, em São Paulo.

Mauro Restiffe (São José do Rio Pardo, 1970) vive e trabalha em São Paulo. Dentre suas recentes exposições individuais estão: São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (São Paulo, 2018 – Rio de Janeiro, 2014); Álbum, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2017); Post-Soviet Russia 1995/2015, Garage Museum (Moscou, 2016); Obra, MAC-USP (São Paulo, 2013). Destaque ainda para suas participações em: Bienal de Gwangju (2018), Trienal de Aichi (Nagoya, Japão, 2016); Bienal de Cuenca (Equador, 2014); Bienal de São Paulo (2006); Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2013 e 2005). Sua obra está presente em diversas coleções, como: MoMA (Nova York), Bronx Museum of the Arts (Nova York), SFMOMA (San Francisco), Tate Modern (Londres), Inhotim (Brumadinho), Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), MASP (São Paulo), MAC-USP (São Paulo), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado (São Paulo), entre outras. Em novembro deste ano, Restiffe realizará ainda uma exposição na OGR Torino, na Itália, para a qual está desenvolvendo um novo projeto.


Carpintaria is pleased to present Rebote [Rebound], an exhibition that proposes an encounter between Marina Rheingantz's paintings and Mauro Restiffe's analog photographs. The works revolve around interests shared by both artists, such as the landscape genre and painting itself. Convergences and contrasts are revealed through a narrative path. Excerpts from recent series by Restiffe, such as the one developed at the villa Santo Sospir (2018), alternate between the color and black&white registers. Rheingantz, on the other hand, shows small and large format oil paintings alongside a set of embroideries, which represent a textile embodiment of her pictorial vocabulary. Moreover, the duo relies on the collaboration of curator Rodrigo Moura, who also wrote a curatorial essay. The exhibit is in line with Carpintaria's experimental program that continues to promote dialogues between creators, languages and forms of expression.

About the artists

Marina Rheingantz (Araraquara, 1983) lives and works in São Paulo. Recent solo shows include Várzea, Bortolami Gallery (New York, 2018); Galope, Zeno X Gallery (Antwerp, 2017); Terra Líquida, Galeria Fortes Vilaça (São Paulo, 2016); and Dot Line Line Dot, Nichido Contemporary Art (Tokyo, 2016). Notable group shows include On Landscapes – Biennial of Painting, Museum Dhondt-Dhaenens (Deurle, Belgium, 2018); Mínimo, múltiplo, comum, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2018); Projeto Piauí, Pivô (São Paulo, 2016); Soft Power, Kunsthal KAdE (Amersfoort, Netherlands, 2016); Prêmio PIPA, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2015). Her work is present in the following collections: Museu Serralves (Porto), Taguchi Art Collection (Tokyo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM Rio (Rio de Janeiro), Itaú Cultural (São Paulo), among others. Rheingantz will have a solo show at Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel, in São Paulo, in June 2019.

Mauro Restiffe (São José do Rio Pardo, 1970) lives and works in São Paulo. Recent solo shows include: São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (São Paulo, 2018 – Rio de Janeiro, 2014); Álbum, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2017); Post-Soviet Russia 1995/2015, Garage Museum (Moscow, 2016); and Obra, MAC-USP (São Paulo, 2013). Restiffe participated in major group show such as: Gwangju Biennial (2018), Aichi Triennial (Nagoya, Japan, 2016); Cuenca Biennial (Ecuador, 2014); São Paulo Biennial (2006); and Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2013 and 2005). His work is part of the following collections: MoMA (New York), Bronx Museum of the Arts (New York), SFMOMA (San Francisco), Tate Modern (London), Inhotim (Brumadinho), Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), MASP (São Paulo), MAC-USP (São Paulo), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado (São Paulo), among others. In November 2019, Restiffe will have a solo show at OGR Torino, in Italy.

Posted by Patricia Canetti at 10:20 AM

abril 24, 2019

Berna Reale na Nara Roesler NY, EUA

A artista Berna Reale terá uma exposição individual em Nova York entre os dias 24 de abril e 15 de junho de 2019. No período, a Galeria Nara Roesler | New Yok receberá a mostra While You Laugh / Enquanto você ri, que marca a estreia da paraense na sede nova-iorquina da galeria. Com curadoria de Claudia Calirman, a mostra será composta por quatro fotografias e dois vídeos, todos centrados em “Bi”, uma personagem não-binária criada por Reale.

Bi é um corpo cor de rosa, com o objetivo de provocar discussões sobre a aceitação de gêneros, fomentando reflexões sobre o assédio, o preconceito e as minorias. De acordo com Calirman, “essa personagem retrata a exclusão sistemática, pela sociedade, dos já excluídos. O trabaho de Reale é vigoroso, cru, e contundente, na medida em que ela expõe, de maneiras lúdicas porém radicais, diversas formas das injustiças infligidas pelo capitalismo selvagem, pela brutalidade policial, pelas milícias e pelos crimes de ódio”.

Considerada uma das artistas mulheres mais importantes no atual cenário contemporâneo do Brasil, Berna se destaca com suas performances, fotografias, vídeos e instalações que abordam os aspectos materiais e simbólicos da violência e os processos de silenciamento presentes nas mais diversas instâncias da sociedade.

Entre seus últimos trabalhos estão a exposição individual “Gula”, realizada em São Paulo em outubro de 2018, que retratou a violência aliada ao prazer da comida em seis séries fotográficas e uma instalação. Suas obras também fazem parte de coleções institucionais, como: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), São Paulo/SP, Brasil; Museu de Arte de Belém, Belém/PA, Brasil; e Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro/RJ, Brasil.

Berna Reale nasceu em Belém do Pará, no Brasil, em 1965, onde vive e trabalha. Exposições individuais e coletivas recentes incluem: Brasil. Navalha na Carne, na Padiglione d'Arte Contemporânea Milano (PAC-Milano), Milão, Itália (2018), na qual apresentou Camuflagem (2018), sua primeira performance realizada fora de sua cidade natal; Palestra/Performance e Exibições: Berna Reale, no Museu de Arte + Design do Miami Dade College (MDC MOAD), Miami/FL, EUA (2017); Vídeo Arte na América Latina, no LAXART, West Hollywood/LA, EUA, parte do Horário Padrão do Pacífico: LA/LA (2017); e Vão, um solo no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), São Paulo/SP, Brasil (2017). Em 2015 seu trabalho foi incluído em É tanta coisa que nem cabe aqui no Pavilhão Brasileiro na 56ªª Bienal de Veneza. Nesse mesmo ano, ela também participou do 34º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo/SP, Brasil. Seu trabalho é mantido nas coleções permanentes do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), São Paulo/SP, Brasil, do Museu de Arte de Belém, Belém/PA, Brasil, e do Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro/RJ, Brasil.

A Galeria Nara Roesler é uma das principais galerias de arte contemporânea brasileira, representando artistas brasileiros e internacionais seminais que surgiram na década de 1950, bem como proeminentes artistas emergentes e em meio de carreira que dialogam com as correntes apresentadas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria fomentou consistentemente a prática da curadoria, mantendo a máxima qualidade na produção artística. Isso foi ativamente colocado em prática através de um programa de exposições seleto e rigoroso criado em estreita colaboração com seus artistas, a implementação e fomento do programa Roesler Hotel, uma plataforma para projetos de curadoria e apoio contínuo a artistas para além do espaço da galeria, trabalhando com instituições e curadores em exposições externas. Em 2012, a galeria duplicou o espaço expositivo de São Paulo, em 2014 expandiu-se para o Rio e, em 2015, foi inaugurada em Nova York, continuando sua missão de oferecer a melhor plataforma para seus artistas exibirem seus trabalhos.

Posted by Patricia Canetti at 1:08 PM

abril 21, 2019

Bruno Novaes + Manuel Carvalho em Paço das Artes no MIS, São Paulo

O Paço das Artes — instituição Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo — inaugura no dia 2 de abril duas exposições simultâneas da Temporada de Projetos, Sussura para que eu escute, de Manuel Carvalho, e O professor deverá ser o último a se retirar, mesmo nos dias de chuva, de Bruno Novaes. A mostra fica em cartaz até 9 de junho no MIS — Museu da Imagem e do Som — e tem entrada gratuita. Também será lançado o livro da Temporada de Projetos 2018, inaugurando o selo da coleção “ArteHoje!” do Paço das Artes.

“Sussurra para que eu escute” do mineiro Manuel Carvalho, expõe trabalhos da série “Anacoluto” que vem sendo desenvolvida desde 2014. A série explora as possibilidades de composição através da sobreposição de camadas de pintura e pressiona os limites e capacidade de acumulação de informações conceituais e formais no plano pictórico. Para a Temporada de Projetos, o artista exibe obras inéditas que ainda tratam das mesmas referências já exploradas anteriormente, todas apropriadas do arquivo do Museu Mineiro: a fotografia de um escravo; a de uma criança segurando uma boneca; e uma pintura de São Francisco do mineiro barroco Manuel Ataíde.

“O professor deverá ser o último a se retirar, mesmo nos dias de chuva”, do artista visual Bruno Novaes, convida o espectador a pensar sobre as regras — invisíveis ou disfarçadas — que formatam o ensino no Brasil, revelando as rachaduras, os abismos e as falências que permeiam o sistema. Para ele, “diante do retrocesso e das manifestações de endurecimento e repressão na esfera escolar nos últimos anos e, considerando o cenário político instável em que o país está [inserido], apontar para tais questões continua sendo urgente e necessário”.

Paralelamente à abertura, será lançado o livro da Temporada de Projetos 2018, que inaugura o selo ArteHoje!, coleção que vai reunir todas as publicações do Paço das Artes. Nove nomes ligados ao universo artístico fazem parte do conselho científico do novo selo: Jane de Almeida (University of California, San Diego), Jorge La Ferla (Universidad de Buenos Aires), Márcio Seligmann-Silva (Universidade Estadual de Campinas), Nydia Gutierrez (Curadora-chefe do Museu de Antioquia), Octavio Zaya (Diretor da Antlántica - Journal of Art and Thought), Priscila Arantes (Diretora artística e curadora do Paço das Artes), Patricia Moran (Universidade de São Paulo), Paulo Bernardino de Bastos (Universidade de Aveiro) e Simone Osthoff (Pennsylvania State University).

Sobre a Temporada de Projetos

A vocação experimental do Paço das Artes é constatada, principalmente, por meio da Temporada de Projetos, que foi criada com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem. Concebida em 1996, a Temporada de Projetos teve sua primeira exposição realizada em 1997 e se tornou, ao longo dos anos, um rico celeiro para a cena da jovem arte contemporânea brasileira.

Anualmente, a Temporada abre uma convocatória nacional selecionando nove projetos artísticos e um projeto de curadoria para serem desenvolvidos e produzidos com o respaldo do Paço das Artes. Os selecionados recebem acompanhamento crítico, a publicação de um catálogo sobre suas obras e um cachê de exibição. Desde seu surgimento, quando ainda era bienal (tornando-se anual em 2009), o programa possibilita a emergência de inúmeros artistas, curadores e críticos, muitos deles presentes na cena artística contemporânea. O júri da atual Temporada é composto por Ana Pato, Hugo Fortes, Márcio Harum, Priscila Arantes e Thereza Farkas.

Em 2014, o Paço das Artes lançou a plataforma digital MaPA (mapa.pacodasartes.org.br), concebida por Priscila Arantes, que reúne todos os artistas, curadores, críticos e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.

Posted by Patricia Canetti at 2:56 PM

Guilherme Peters na Vermelho, São Paulo

A Vermelho apresenta, de 23 de abril a 25 de maio, Não pense em crise, trabalhe!, a terceira exposição individual de Guilherme Peters na galeria. Peters exibe novas aquarelas e instalações, e apresenta uma nova performance no dia da abertura da exposição.

Na Sala Antonio de projeção, a Vermelho exibe Le Retour des Sans-Culottes, filme iniciado por Peters em 2013 e atualizado até 2016 a partir de episódios políticos ocorridos no Brasil e no mundo durante esse período. O filme estreou em 2014, no Kunsthaus de Wisbade, na Alemanha, durante a exposição ‘The part that doesn't belong to you, Wiesbaden’, sob curadoria de Paulo Miyada. Le Retour des Sans-Culottes é exibido pela primeira vez no Brasil.

Guilherme Peters _ Não pense em crise, trabalhe!

Em sua terceira exposição individual na Vermelho, Guilherme Peters trabalha em torno de episódios políticos ocorridos no Brasil a partir de 2013 e seus desdobramentos até a chegada ao governo federal dos presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em um conjunto de 21 aquarelas, Peters combina fatos das duas administrações com ícones presentes em pinturas históricas de Jean Baptiste Debret, Théodore Géricault, Jacques-Louis David e Joseph Albers, além de fazer referência às primeiras representações da fauna e flora brasileiras feitas por pintores holandeses após a colonização do território. Episódios que alimentaram a polarização política enfrentada pela sociedade brasileira são combinados com as figuras históricas em um diálogo que ecoa a frase de Karl Marx "a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

As relações históricas com os mais recentes governos brasileiros, nas obras, também se dão com as duas ditaduras vividas no Brasil do século passado, a Era Vargas (1930-1945) e a Ditadura Militar do Brasil (1964-1985), além do escravismo implementado nos períodos Colonial (1500-1815) e Imperial (1822-1889) do Brasil. A primeira aparece apontada pela presença do personagem Zé Carioca, criado pelos Estúdios Disney em 1942, quando apareceu no filme de animação ‘Alô, Amigos”’. O papagaio antropomórfico representaria o “brasileiro típico” sob a ótica norte-americana: alegre, amigável, receptivo e esperto. O personagem, no contexto da Segunda Guerra Mundial, foi instrumental na política de “boa vizinhança” entre os governos de Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt. Dos outros períodos vêm representações de procedimentos de tortura e punição física.

A interpretação de uma história cíclica, destaca declarações do atual presidente que demostram sua simpatia pela prática de tortura. Algumas práticas de obtenção de confissões por via da dor física ou psicológica empregadas durante a Ditadura Militar do Brasil e durante o escravismo aparecem representadas junto aos ícones históricos da arte, da política ou de representações de um Brasil de natureza exuberante. Algumas aquarelas trazem QR Codes em suas imagens, levando a conteúdo adicional online. A internet, e em especial os aplicativos para smart phones, foram veículo para as narrativas que permearam as últimas eleições para presidente no Brasil e, são para Peters, o terreno onde as obras se completam.

Além das conexões históricas presentes nas aquarelas, Guilherme Peters reflete a respeito do atrito atual entre os Três Poderes do Brasil em duas instalações. Na fachada da Vermelho, o artista apresenta Três poderes (2019), um desenho feito com arame farpado que sobrepõe três cubos vazados. Na sala 1 da galeria, Penalty (2019) propõe um possível jogo de futebol, com um gol pintado em cada parede da sala. A bola que fica disponível para os lances ao gol é, no entanto, feita de cimento maciço.

‘Negativo do ato’ (2019) se divide entre as salas 1 e 2 da galeria. A frase título da exposição foi gravada em uma placa de ferro, utilizando sua própria oxidação a partir de banhos de ácido. A placa foi, então, usada como matriz para estampar, também com a oxidação do ferro, uma tela de pintura com a frase espelhada. “Não pense em crise, trabalhe”, foi uma frase dita pelo presidente Michel temer ao assumir a presidência após o processo de impeachment que tirou Dilma Roussef do comando do executivo na metade de seu segundo mandato. Temer disse que viu a frase estampada em um outdoor em um posto de gasolina e considerou que o mantra ajudaria a reverter o “clima de crise” do país, assumindo-a como um slogan informal de seu governo. Um jornalista localizou o autor do outdoor preso no município de Guareí, no estado de São Paulo, por uma condenação de homicídio depois de atirar em um desafeto. João Mauro de Toledo Piza foi acusado, ainda, de vender combustível adulterado no posto de gasolina que inspirou o presidente.

Performance _ Retrato do presidente

‘Retrato do presidente’ se organiza como um exercício de desenho de modelo vivo: uma pessoa posa, outra a desenha. A pessoa que posa, segura um cassetete, veste um terno, a faixa presidencial brasileira e uma máscara de couro que restringe sua visão. O desenhista está na sua frente, sentado à uma mesa, com a mão que desenha atada a uma corda que passa por uma roldana e sustenta o peso de um capacete militar preenchido com cimento e veste uma máscara de couro com um microfone embutido, que capta e distorce o som da sua respiração. As duas mascaras estão presas por uma corda que passa por um sistema de roldanas que conecta uma pessoa a outra, fazendo com que o movimento de um influa no movimento do outro. Ao longo a ação a pessoa que é desenhada bate com o cassetete na mesa, podendo golpear a mão de quem desenha, que segue desenhando repetidamente quem a golpeia. Assim, os desenhos vão se deformando ao decorrer da ação, tanto pelo sistema de amarrações quanto pelos golpes sofridos na mão de quem desenha.

Le Retour des San-Culottes

‘Le Retour des Sans-Culottes’ (2013-2016) se propõe a investigar o contexto político do Brasil e do mundo a partir de 2013, com base em movimentos populares que surgiram a partir desse período. O filme se apropria de representações do primeiro grupo de guerrilha urbana da história, os “sans-culotte”, que tiveram grande influência política durante a Revolução Francesa e que sucumbiram pelas mãos das próprias pessoas que apoiaram. ‘Le Retour des Sans-Culottes’ reflete sobre a ressignificação e apropriação de movimentos, símbolos e palavras de ordem, reproduzindo o processo de desestruturação das narrativas inerentes à própria democracia.

Com: Alexandre Correa Kissajikian, Eduardo Nince, Eduardo Correa Kissajikian, Felipe Galli, Guilherme Peters, Iason Pachos, Luisa Doria Kiddo, Matheus Wiggers, Pedro Catellani, Roberto Winter, Rodrigo Thenopholo, Ricardo Tuti // Operadores de câmera: Eduardo Correa Kissajikian, Iason Pachos, Cae Oliveira, Alexandre Correa Kissajikian // Tradução: Gabriela Felice Godói, Vinícius Girnys // Fotografia de Still: Cae Oliveira // Correções de cor: Bruno Shintate // Desenhos: Guilherme Peters // Figurino: Veridiana Piovezan, Ana Olyveira, Eduardo Rodrigues // Fotografia: Eduardo Correa Kissajikian // Roteiro, Edição e Direção: Guilherme Peters – 2013-2016.

Sobre o artista

Guilherme Peters nasceu em São Paulo, em 1987. Vive e trabalha em São Paulo. Peters já teve seu trabalho exposto em instituições e exposições internacionais como Institute of Contemporary Art of Singapore (Singapura, 2019), Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, Brasil, 2018), Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil, 2018-2017), Museu de Arte Moderna de São Paulo [MAM SP] (São Paulo, Brasil, 2018), Do Disturb – Palais de Tokyo (Paris, França, 2018), XXXV Festival internacional do Uruguay - Cinemateca Uruguaya (Montevideo, Uruguai, 2017), Wiesbaden Kunsthaus (Wisbaden, Alemanha, 2014), Oi Futuro (Rio de Janeiro, Brasil, 2014), Museu de Arte do Rio [MAR] (Rio de Janeiro, Brasil, 2014), Zacheta National Gallery (Varsóvia, Polônia, 2013) 1a Bienal de Montevideo (Montevideo, Uruguai, 2012), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo, Brasil, 2012), 17° Festival Internacional de Arte Contemporânea Videobrasil (São Paulo, Brasil, 2011) e 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil)

Peters recebeu os prêmios Especial do Juri, Prêmio Edt. De Montagem e Invenção e Prêmio ABD de melhor longa pelo filme Proxy Reverso (compartilhado com Roberto Winter), na VII Semana dos Realizadores (Rio de Janeiro, Brasil, 2015). Seu trabalho está presente na Coleção Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, Brasil) e na Colección Konex (Buenos Aires, Agentina), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 1:51 PM

O Rio do samba: resistência e reinvenção no MAR, Rio de Janeiro

O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, encerra a temporada de sucesso da exposição O Rio do samba: resistência e reinvenção no domingo, 28 de abril, exatamente um ano após a abertura. O evento de encerramento será embalado por uma programação especial, que inclui apresentação da Estação Primeira de Mangueira, show do grupo Papagaio Sabido, lançamento de livros em homenagem a Martinho da Vila e Bezerra da Silva e um Slam que exaltará clássicos desses dois mestres.

Programação

- 10h às 17h - Último dia de visitação da exposição "O Rio do samba: resistência e reinvenção". Entrada gratuita.

- 14h30 - Lançamento de dois livros idealizados pela FLUP - Festa Literária das Periferias, em parceria com a Funarte. “Conta Forte, Conta Alto” traz 28 contos criados a partir da releitura de canções de Martinho da Vila. Já “90 Anos de Malandragem” reúne 25 narrativas curtas escritas com base no repertório de Bezerra da Silva. Haverá sessão de autógrafos com os autores. Entrada gratuita.

- 15h - Slam do Samba, onde público e autores se revezarão para performar as letras mais marcantes da história do samba e o público dará nota para as performances. Entrada gratuita.

- 16h - Show do grupo Papagaio Sabido.

A banda nasceu em 2013, reunindo as tribos do cancioneiro nacional, e desde então festeja a música brasileira levando o samba, bossa nova, chorinho, forró e MPB por onde passa. Composto por Alan de Deus, Diego Moreira, Thiago Oliveira, Guilherme Pimenta, Pedro Santos e Thiago Gama; Papagaio Sabido constrói sua identidade sonora na criação autoral, priorizando arranjos bem trabalhados e paralelamente revê grandes autores da cena popular. Entrada gratuita.

- 17h - Samba nos pilotis com a Estação Primeira de Mangueira e participação da Mangueira do Amanhã e Tantinho da Mangueira. Entrada gratuita.

O Rio do samba: resistência e reinvenção

A mostra de longa duração vai ocupar o museu por um ano, dos pilotis à Sala de Encontro, e terá como espaço principal o terceiro andar da instituição, área dedicada a investigar a história do Rio de Janeiro. Para explorar os aspectos sociais, culturais e políticos do mais brasileiro dos ritmos, os curadores Nei Lopes, Evandro Salles, Clarissa Diniz e Marcelo Campos reuniram cerca de 800 itens.

A história do samba carioca desde o século XIX até os dias de hoje será contada através de obras de Candido Portinari, Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres, Guignard, Ivan Morais, Pierre Verger e Abdias do Nascimento; fotografias de Marcel Gautherot, Walter Firmo, Evandro Teixeira, Bruno Veiga e Wilton Montenegro; gravuras de Debret e Lasar Segall; parangolés de Helio Oiticica, e uma instalação de Carlos Vergara desenvolvida com restos de fantasias. O prato de porcelana tocado por João da Baiana e joias originais de Carmem Miranda são algumas das raridades em exibição.

Haverá ainda cinco obras comissionadas pelo MAR, criadas especialmente para “O Rio do Samba”. A convite dos curadores, Ernesto Neto e o carnavalesco da Mangueira, Leandro Vieira, criaram uma instalação interativa, que terá lugar de destaque na Sala de Encontro. Jaime Lauriano fará uma intervenção logo na entrada do museu, gravando nas pedras portuguesas do chão dos pilotis os nomes das etnias africanas escravizadas no Brasil. A passarela que leva o visitante à sala de exposições será tomada por letras de música que falam sobre o próprio samba e ambientada por uma peça sonora criada pelo músico Djalma Corrêa, inspirada na batida do coração. Gustavo Speridião ocupará uma parede com uma obra inspirada na geografia do samba no Rio e João Vargas apresentará uma videoinstalação sobre o samba enquanto dança do corpo individual e coletivo.

Da herança africana ao Rio negro

A mostra é dividida em três momentos. O primeiro, “Da herança africana ao Rio negro”, apresenta a trajetória de indivíduos oriundos, em razão da escravidão, de diversas nações africanas ao Brasil e que trazem consigo uma a diversidade cultural que será reinventada no território da então colônia portuguesa. Na zona portuária da cidade, onde estão os terreiros e as casas das tias, que terão papel central no surgimento do samba carioca. Ainda hoje algumas personagens locais representam essa forte cultura do matriarcado. Para homenagear essas mulheres, tia Lúcia – moradora da região e integrante do programa Vizinhos do MAR – verá suas obras na exposição.

Aqui o visitante poderá conhecer objetos usados pelos negros na lavoura, como o pão de açúcar – utilizado para carregar o produto e que, por seu formato, deu origem ao nome do famoso ponto turístico da cidade. Também entram em cena as festas rurais e religiosas: ao mesmo tempo que os instrumentos do candomblé se confundem com os do samba, manifestações como jongo e congada são encenadas em festejos como a Folia de Reis.

Da Praça XI às zonas de contato

Com o aumento da população, o centro da cidade começou a ter um alto custo de moradia. Iniciou-se, então, o movimento de expansão para os subúrbios. O núcleo “Da Praça XI às zonas de contato” trata dos aspectos que levaram à marginalização dos sambistas; do desenvolvimento da linha férrea que deu origem à Estação Primeira de Mangueira; da criação do samba moderno no Estácio; da entrada do ritmo nos programas da Rádio Nacional; do surgimento do “samba de andar” nos desfiles da Avenida Central, Rio Branco e Presidente Vargas; do projeto de nacionalismo da Era Vargas, quando o ritmo foi tomado como identidade nacional e intensamente difundido nas rádios.

Fazem parte deste núcleo fotografias de rodas no morro registradas por Marcel Gautherot e instrumentos do candomblé incorporados ao samba pelos músicos que transitavam pelo Estácio. Pandeiros, caxixis e agogôs estarão expostos no mesmo ambiente de obras que retratam esses encontros, como “Orquestra”, de Lasar Segall. Aqui o visitante verá também figurinos criados por Di Cavalcanti para o balé “Carnaval das crianças brasileiras”, de Villa-Lobos.

O Samba Carioca, um patrimônio

A transformação do samba em espetáculo e o processo de retomada das origens fazem parte do último núcleo. “O Samba Carioca, um patrimônio” retrata a tradição das escolas enquanto voz de uma comunidade que usa o samba e seus elementos para representação social; a grandiosidade dos desfiles, passando pela construção do sambódromo; o avanço do mercado fonográfico e a relação com a produção das composições: os ritmos que derivam do samba; a reafricanização; a retomada dos quintais do samba; a revitalização da Lapa e a oficialização do samba como patrimônio cultural imaterial.

Joãosinho Trinta ganha destaque com fotografias de Valtemir do Valle Miranda, especialmente uma imagem inédita da alegoria Cristo-Mendigo sem o plástico que a cobriu durante o desfile da Beija-flor, em 1989. Nesse contexto, também aparece a homenagem a Martinho da Vila e ao desfile “Kizomba, festa da raça”, que em 1988 rendeu à Vila Isabel o título de campeã do carnaval dos Cem Anos da Abolição da escravatura no Brasil.

A evolução da indústria fonográfica será representada por uma espécie de árvore do samba. Uma parede da galeria será ocupada por 70 capas de discos raros e fotografias que se relacionam com a produção desse material. Aqui, finalmente, os compositores ganham voz e gravam canções, que poderão também ser ouvidas pelo visitante em uma playlist. A exposição termina com o retorno das rodas para os quintais. O processo social de ressurgimento e fortalecimento das rodas de samba, o surgimento do Fundo de Quintal, a criação do pagode e a ocupação da Lapa, como novo reduto do samba e revelando cantoras como Teresa Cristina e Ana Costa. Finalmente, o ritmo como patrimônio cultural imaterial aparece para mostrar o samba como condição de vida para além do carnaval. Esses indivíduos são representados em uma série fotográfica de Bruno Veiga e em um filme inédito do cineasta Lula Buarque, produzido especialmente para ser exibido em “O Rio do Samba: reinvenção e resistência”.

Posted by Patricia Canetti at 1:22 PM

Entre artes e ofícios, centros e arrabaldes na André, São Paulo

A Galeria de Arte André comemora 60 anos em 2019 e realiza uma série de eventos celebrando a data. No dia 23 de abril, acontece o primeiro deles, a abertura da exposição coletiva Entre artes e ofícios, centros e arrabaldes, com curadoria de Mario Gioia. Com cerca de 50 obras, a mostra se divide entre artistas do chamado Grupo Santa Helena - com Aldo Bonadei, Alfredo Rizzotti, Clóvis Graciano, Francisco Rebolo e Fulvio Pennacchi - e os Nipo-brasileiros, com Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Jorge Mori, Kazuo Wakabayashi, entre outros.

Entre os destaques - e raridades - da exposição, está Casario, de Alfredo Rizzotti, considerado pelo curador uma síntese do Grupo Santa Helena, uma obra mais intimista que mostra o subúrbio da época. “Além da raridade em ser exposta, sintetiza de certa forma algumas linhas-mestras de excelência da produção do grupo”, afirma Mario Gioia. O artista integrou o Grupo Santa Helena a partir de 1937, do qual já faziam parte Francisco Rebolo, Mario Zanini, Fulvio Pennacchi, Alfredo Volpi, entre outros.

Todos do grupo tinham origem proletária e praticavam pintura, desenho e modelo vivo nas horas livres. Eles se reuniam nos ateliês de Rebolo e Zanini, situados no Palacete Santa Helena, um edifício na Praça da Sé – demolido posteriormente para a construção da estação Sé do Metrô. Foram chamados por Mario de Andrade de “Artistas Proletários”, alcunha que os caracterizou dentro do movimento modernista.

Outras raridades são duas obras de Francisco Rebolo, fundador do grupo, intituladas “Arvoredo” e “Casa Azul”, todas de sua fase final, feitas nos anos 1970. Do ítalo-brasileiro Fulvio Pennacchi, está “Colheita”, obra de grandes dimensões, que mostra características marcantes do pintor, como o equilíbrio entre o clássico e a modernidade, e a suavidade e delicadeza nas composições, além da simplicidade do tema. O artista tinha muita proximidade com a Galeria de Arte André, tendo inaugurado sua filial na Rua Estados Unidos, em exposição realizada em novembro de 1982.

Nipo-brasileiros

Parte fundamental da exposição é constituída pelos artistas nipo-brasileiros, cuja representatividade no acervo e na história da galeria é seminal. A galeria fomentou e ainda é espaço importante para encontrar peças de pioneiros como Yoshiya Takaoka, passando pelos abstratos de ressonância internacional, como Manabu Mabe, Tikashi Fukushima e Tomie Ohtake, até nomes que cultivaram trajetória no Brasil mais recentemente, como Yutaka Toyota, Kazuo Wakabayashi, Michinori Inagaki e Kenji Fukuda, ou que cultivaram produções pouco afeita a modismos, como Jorge Mori.

Alguns desses artistas realizaram exposições individuais na Galeria de Arte André, como Mabe (1977, 1983 e 1995), considerado pioneiro do abstracionismo no Brasil; Fukushima (1985, 1988), também considerado um dos maiores abstracionistas do país, e Mori (1977 e 1985).

Entre as raridades estão duas gravuras de Tomie Ohtake, ambas “Sem título”, produzidas em 2008, além de uma escultura. Morta em 2015, aos 101 anos, a artista plástica japonesa naturalizada brasileira foi uma das mais profícuas de sua geração, sendo uma das principais representantes do abstracionismo informal.

Como características comuns do Grupo Santa Helena e o dos pintores nipo-brasileiros destacados na exposição estão a origem imigrante, o trabalho árduo e distante dos salões da sociedade paulistana mais estabelecida, a formação técnica, sobretudo no Liceu de Artes e Ofícios, a vivência no Centro da cidade e passeios em grupo para pintura ao ar livre, como destaca o curador Mario Gioia.

Mario Gioia (São Paulo, 1974), curador independente, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Integrou o grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2016, a mostra Topofilias, com sua curadoria, no Margs (Museu de Arte do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, foi contemplada com o 10º Prêmio Açorianos, categoria desenho. É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas. Na ArtLima 2017 (Peru), assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur, e fez o texto de Territórios Forjados (Sketch Galería, 2016), em Bogotá (Colômbia). Em 2018, assinou a seção dedicada ao Brasil na Pinta (Miami, EUA) e a curadoria de Esquinas que me atravessam, de Rodrigo Sassi (CCBB-SP).

60 anos da Galeria de Arte André

Para celebrar seu aniversário de 60 anos, a galeria realiza quatro exposições ao longo de 2019. Dentre elas, duas são coletivas – a primeira e a última do ano - com curadoria assinada pelo crítico de arte Mario Gioia, reconhecido no Brasil e exterior.

A primeira delas é a mostra coletiva Entre Artes e Ofícios, Centros e Arrabaldes, com abertura em 23 de abril, que reúne trabalhos de diversas gerações de artistas do Grupo Santa Helena e de nipo-brasileiros.

Em junho, acontece a exposição individual de Sônia Menna Barreto, artista apresentada ao mercado pela Galeria de Arte André. A terceira mostra, por sua vez, é realizada em setembro e traz obras do artista Cássio Lázaro. Finalmente, em novembro, o encerramento das comemorações se dá por meio de uma mostra coletiva histórica e pelo lançamento do livro que conta a história da galeria.

Posted by Patricia Canetti at 12:21 PM

Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical no ITO, São Paulo

A exposição-ensaio, realizada pelo Instituto Tomie Ohtake e organizada pelos seus curadores Paulo Miyada e Luise Malmaceda, parte da obra do artista paranaense Miguel Bakun (1909-1963) para refletir sobre a representação da paisagem subtropical brasileira. “Trata-se de uma paisagem tantas vezes desconsiderada pelo imaginário eminentemente litorâneo, quente e praieiro de um país cujos cartões postais concentram-se ao norte do trópico de Capricórnio”, afirmam os curadores.

Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical, como sugerem Miyada e Malmaceda, trata-se de uma imersão pela "estética do frio", conceito elaborado pelo músico gaúcho Vitor Ramil em livro de título homônimo, cuja mediadora são as obras de Bakun, balizadas pelo apreço à paisagem cotidiana de uma Curitiba dos anos 1940, às vésperas de sua modernização e ainda atravessada por indícios de seu entorno rural. Segundo os curadores ainda, o pintor paranaense, ao depositar sobre tela ágeis pinceladas utilizando uma restrita paleta formada pelas cores amarela, azul e verde entremeadas por branco puro, foi capaz de materializar esse imaginário de Brasil adverso às representações da natureza exótica e vibrante historicamente interpretada por viajantes estrangeiros, ou mesmo pelo cânone moderno, e exportada como imagem-ideal do país.

“Em pinturas de fatura energética, extrapolou a apreensão do real para formar estudos de uma paisagem interna amparada na subjetividade, disparadoras de reflexões sobre tempo, atenção, singeleza, interior, intuição e silêncio - protagonistas desta exposição, que costura nessa trama temporalidades e poéticas entre artistas de diferentes gerações”, completam.

A mostra, com patrocínio do Banco Barigui, Grupo Barigüi, Tradener e Moageira Irati, se propõe apresentar, de forma inédita em São Paulo, um amplo recorte da produção de Bakun, contextualizada na história da arte brasileira. Em diálogo com o artista protagonista, a exposição se divide em três grandes núcleos: um primeiro que contempla a especificidade da paisagem do Sul, sobretudo do Paraná, formado por obras de Alfredo Andersen (1869 – 1935), Bruno Lechowski (1887– 1941), Caio Reisewitz (1967 –) e Marcelo Moscheta (1976 –); um segundo dedicado a circunscrever Bakun no interior do modernismo brasileiro, ao lado de Alberto da Veiga Guignard (1896 – 1962), Alfredo Volpi (1896 – 1988), Iberê Camargo (1914 – 1994) e José Pancetti (1902 – 1998); e um terceiro núcleo de artistas contemporâneos que, assim como Bakun, têm na paisagem fonte de inesgotável pesquisa, como Marina Camargo (1980 –), Lucas Arruda (1983 –) e Fernando Lindote (1960 –).

Miguel Bakun (Marechal Mallet, PR 1909 – Curitiba, PR, 1963) é considerado um dos principais artistas modernos do Paraná. Autodidata, sua incursão nas artes plásticas se dá no final dos anos 1920 por influência do pintor José Pancetti, ambos marinheiros no Rio de Janeiro. Em 1930 é desligado da Marinha e volta para Curitiba, onde trabalha em diversas frentes para manter o próprio sustento e inicia uma obra pictórica intensa. No início dos anos 1940 instala ateliê em prédio cedido pela prefeitura a vários artistas, momento em que estabelece maior convívio com o meio cultural da cidade, que nunca o integrou plenamente. É o período mais produtivo do artista: dedica-se à pintura de retratos, naturezas-mortas, marinhas, e, sobretudo, à pintura de paisagem. A liberdade com a qual apreendeu a paisagem fez com que fosse superada sua complexa condição de trabalho, que incluía desde barreiras técnicas à precariedade dos materiais utilizados, como a paleta reduzida de cores e a tela preparada com estopa. A combinação ousada de amarelos, azuis e verdes, bem como as pinceladas energéticas de densas massas de tinta, fizeram de Bakun um pioneiro da arte moderna no Paraná, ainda que tal reconhecimento tenha se dado postumamente. A difícil situação econômica do artista, assim como a pouca penetrabilidade de sua produção do sistema de artes local, levou ao seu suicídio em 1963, aos 54 anos.

Posted by Patricia Canetti at 11:46 AM

abril 16, 2019

Visões de Iberê Camargo sobre o Parque da Redenção na FIC, Porto Alegre

A exposição Visões da Redenção apresenta um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas) de árvores e frequentadores do parque, que se desdobraram nas famosas séries Fantasmagoria, Ciclistas e Ecológica (Agrotóxicos). A mostra pode ser visitada até o dia 21 de abril, no segundo andar. Entrada franca.

Para celebrar os 247 anos de Porto Alegre, a Fundação Iberê inaugura no dia 16 de março a exposição Visões da Redenção. A mostra traz um recorte de 77 obras de Iberê Camargo (66 desenhos, três gravuras e oito pinturas), produzidas no início dos anos 1980 - quando o artista retornou à Capital gaúcha, após um período de 40 anos vivendo no Rio de Janeiro. A abertura de Visões da Redenção ocorre às 14 horas e pode ser visitada até o dia 21 de abril, no segundo andar. A entrada é franca.

Frequentador assíduo do Parque da Redenção, Iberê gostava de observar o ir e vir das pessoas: anônimos, músicos, palhaços, ciclistas, moradores de rua e performers. De simples registros desses passeios, logo as anotações do artista ganharam um significado maior. Os “personagens” da Redenção foram convidados para aturem como modelos vivos em seu ateliê, e, muitos deles, desdobraram-se nas famosas séries Fantasmagoria, Ciclistas e Ecológica (Agrotóxicos).

Teatro de rua - Em 1985, Iberê Camargo assistiu a performance A dúzia suja, do grupo Ói Nóis Aqui Traveiz, se encantou com a apresentação e, durante um final de semana, transformou a Terreira da Tribo - como é chamado o espaço do grupo - em ateliê. Lá desenhou os atores vestidos com o figurino do espetáculo para Ecológica. A única exposição individual com o conjunto completo da série (mais de 20 guaches) foi realizada em 1986, na Galeria Tina Zappoli, em Porto Alegre. Parte dela foi exposta em outras capitais do Brasil e Uruguai e, hoje, encontra-se em coleções particulares.

Para trabalho, o artista expressou as formas da natureza e da condição humana, atingidas pela vida, por meio de árvores fantasmagóricas e de figuras que habitavam a cena, sem rumo. O parque mais tradicional da cidade – e palco para as mais diversas manifestações sociais, culturais e políticas – revelou-se como um portal, um deslocamento da realidade para outra ordem no tempo. Delírio e devaneio – um novo estar no mundo. "Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida, que é minha vida, e tua vida, é nossa vida nesse caminhar no mundo. Pinto porque a vida dói." [Iberê Camargo]

"Acompanhei inúmeras jornadas de Iberê pela procura dessas imagens que nos ferem com delicadeza, cheias de visualidade e significados. Esses rascunhos, por si só, são maravilhosos, mas serviam para recriações na volta ao estúdio. Surgiam daí guaches sobre papel, elementos novos nas pinturas e potentes gravuras em metal. Foi num dia desses, quando o artista ainda morava na rua Lopo Gonçalves, que saímos a pé para mais um percurso no Parque da Redenção. Chegamos na fonte entre árvores, naquele momento riscada pela luz do sol: um cenário de filme. À volta dela vários mendigos conversavam e lavavam as suas roupas. O artista pareceu iluminado. Apenas com os olhos e a mão em movimento, executou desenhos lindos e fluidos como música. Depois num gesto de gratidão pagou os modelos: entregou uma nota de dinheiro a cada um deles e fomos embora. Nesse dia uma figura me provocou a atenção: o homem flagrado de frente, curvado sobre o espelho d’água da fonte, com o olhar fixo no artista e suas costas acima da própria cabeça, passava uma sensação simultânea de dignidade e sofrimento, como se estava pronto para carregar o peso do mundo", conta o artista plástico Gelson Radaelli.

Posted by Patricia Canetti at 10:38 AM

Claudio Cretti na Cassia Bomeny, Rio de Janeiro

Em exposição na Cassia Bomeny Galeria, o artista visual apresenta esculturas inéditas que propõem reflexão sobre a presença dos objetos no mundo

Materiais de origens distintas, aparentemente impossíveis de se relacionar, são interligados, criando um novo corpo e ganhando novos sentidos na exposição Quimeras - trabalhos recentes de Claudio Cretti, que abre dia 16 de abril na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema. Com curadoria do crítico e historiador Tadeu Chiarelli, a exposição apresenta um recorte bem específico da obra de Cretti – são oito esculturas, todas inéditas –, instigando um pensamento livre sobre o trabalho do artista, e ao mesmo tempo propondo uma reflexão sobre as lembranças e a presença dos objetos do mundo.

“Estou trabalhando nessas esculturas desde 2015, mas só estão ficando prontas agora. Até saírem do ateliê, vou manipulando as obras, que são feitas com materiais diversos, a partir de um esqueleto de madeira e borracha”, conta Cretti.

As madeiras são sempre oriundas de peças de artesanato da cultura material popular brasileira – desde artefatos indígenas a objetos dos caipiras do interior paulistano, como cachimbos. Cretti cria uma conexão entre as peças através de artefatos industriais, especialmente borrachas usadas em motores industriais, de máquinas grandes ou de carros.

“Os cachimbos fazem parte de uma coleção minha, eu os comprava e guardava porque gostava do desenho. Depois comecei a adquirir essas ligações de borracha e percebi que muitas vezes os objetos que eu colecionava se encaixavam perfeitamente nessas conexões. Assim, o material me deu o caminho”, explica o artista, ressaltando que o universo do artista caminhante também começa a aparecer no seu trabalho. “Incorporo galhos e ‘plantas estranhas’ secas, numa mistura que lembra, de algum modo, uma pesquisa etnográfica de ‘coisas monstros’, como uma quimera mitológica”.

A exposição fica em cartaz até 28 de maio, com entrada franca.

Claudio Cretti, Belém, PA, Brasil, 1964. Vive e trabalha em São Paulo. Escultor, desenhista, professor e cenógrafo. Estudou no Instituto de Arte e Decoração (Iade, 1981) e fez o curso de artes plásticas da Escola de Belas Artes (1984). Dentre suas exposições individuais recentes destacam-se: “Céu Tombado”, Paço das Artes (SP), como artista convidado (2004); “Onde pedra a flora" na Estação Pinacoteca (SP, 2006), “Luz de ouvido”, Palácio das Artes (Belo Horizonte, 2008), “Coisa Livre de Coisa”, Galeria Marilia Razuk (SP, 2011); “Pandora”, Palácio das Artes (SP, 2013); “A Pino”, performance no Redbull Station (SP, 2014), "Mesa Posta", curadoria DE Paula Borghi, Oficina Cultural Oswald de Andrade (SP, 2016), "Acaso a Coisa a Casa", curadoria Ana Cândida de Avelar, Casa Niemeyer, Brasília (2018).

Participou de mostras coletivas no Instituto Tomie Ohtake, MAM SP e Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras. Em 2004, a TV Cultura e a rede SESI-SENAC realizam um documentário sobre sua produção para a série “O mundo da Arte”. Em 2009, concebe e realiza a exposição coletiva “Desenhar Lugares” (Galeria Marilia Razuk, SP). Em 2011, faz a curadoria da exposição “Assim é, se lhe parece” no Paço das Artes (SP). Em 2013, a Editora WF Martins Fontes lança o livro “Claudio Cretti”, uma seleta crítica da obra do artista.

Posted by Patricia Canetti at 7:26 AM

abril 15, 2019

Adriana Varejão no MAM Bahia, Salvador

Um dos nomes mais respeitados das artes visuais do Brasil, Adriana Varejão terá pela primeira vez um conjunto significativo de sua obra exposto em Salvador. Adriana Varejão – Por uma retórica canibal é a mostra itinerante que circulará neste ano em cidades brasileiras fora do eixo Rio-São Paulo, começando pela capital baiana, onde será aberta no dia 16 de abril, às 19h30, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), tendo visitação gratuita que se prolonga por dois meses, até 15 de junho. O MAM é vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura, autarquia da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).

Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição faz parte de um projeto que pretende descentralizar o acesso a importante produção da artista carioca, exibindo 20 obras dos seus mais de 30 anos de trajetória, realizadas entre 1992 e 2016. Trata-se de um conjunto significativo de sua produção, que inclui trabalhos seminais como “Mapa de Lopo Homem II” (1992-2004), “Quadro Ferido” (1992) e “Proposta para uma Catequese”, em suas Partes I e II (1993).

“Salvador e Cachoeira são cidades fundamentais na construção da minha obra. Nessas cidades, eu encontrei referências importantíssimas do período barroco que usei em muitos de meus trabalhos, especialmente nos que se referem à azulejaria”, afirma Adriana Varejão. “O claustro do Convento de São Francisco, no Pelourinho, e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Cachoeira, além de um sem fim de relíquias como os caquinhos de louça das índias e o teto em estilo chinês pintado por Charles Belleville no Seminário de Nossa Senhora de Belém, me ofereceram elementos para construção de muitos dos meus trabalhos que, pela primeira vez, estarão expostos aqui. Fazer essa exposição é como finalmente retornar à casa da mãe depois de uma longa viagem”, completa a artista.

O título da exposição faz referência ao vínculo da obra de Adriana Varejão com a tradição barroca. A retórica é uma estratégia recorrente do barroco, sendo um procedimento que busca a persuasão. Se o método rendeu obras e discursos suntuosos e exuberantes, a favor da narrativa cristã e do projeto de colonização europeu, a retórica canibal, ao contrário, se apresenta como um contraprograma, uma contracatequese, uma contraconquista. Trata-se de uma ruptura com as formas ocidentais modernas de pensamento e ação, em busca dos saberes locais, como o legado da antropofagia. Saem de cena o ouro e os anjos, entram em cena a carne e toda uma cultura marcada pela miscigenação.

Assim, o público tomará contato com uma produção que visita de maneira constante o passado para trazer à luz histórias ocultas, pouco visitadas pela história oficial. A seleção de trabalhos revela ainda a rede de influências que atravessa a obra da artista: do citado barroco à China, da azulejaria à iconografia da colonização, da história da arte à religiosa, do corpo à cerâmica, dos mapas à tatuagem, vasto é o mundo que alimenta a poética de Adriana Varejão. Ao longo da exposição comparecem trabalhos de quase todas as séries produzidas pela artista, tais como: “Terra incógnita”, “Proposta para uma Catequese”, “Acadêmicos”, “Línguas e cortes”, “Ruínas de Charques” e “Pratos”. Na composição da expografia, como ferramenta de mediação com o público, textos curtos descrevem e contextualizam as obras.

“É com muita satisfação que participamos desse importante projeto, que valoriza uma das mais importantes artistas brasileiras da contemporaneidade. Essa parceria sustenta nosso compromisso com a arte e com a democratização da cultura a um número cada vez maior de pessoas”, afirma Antonio Almeida, sócio-diretor da Galeria Almeida e Dale. “Por meio desta itinerância, levaremos a arte singular de Adriana Varejão para cidades que ficam fora do eixo Rio-São Paulo e que, até então, nunca haviam recebido uma exposição da artista”, reforça Carlos Dale, também sócio-diretor da galeria.

Para pensarem em conjunto a exposição, no próprio dia 16 de abril, às 16h, Adriana Varejão, junto com Luisa Duarte, se une ao artista visual baiano Ayrson Heráclito e à antropóloga paulista Lilia Schwarcz, referências dos estudos da história e cultura afro-brasileiras, para uma conversa pública, também gratuita, no Museu de Arte da Bahia (MAB). Ambos os museus, vinculados ao IPAC e Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), são parceiros nesta realização. Adriana Varejão é representada pelas Galerias Fortes D’Aloia & Gabriel, Gagosian e Victoria Miro.

Museu de Arte Moderna da Bahia – O Museu de Arte Moderna da Bahia é vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura, autarquia da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA). Possui importante acervo de obras e de documentação sobre momentos da cultura baiana e brasileira. Está instalado no Solar do Unhão, um sítio histórico tombado e banhado pela Baía de Todos os Santos. As relações deste sítio com a comunidade, com a cidade e seus contextos históricos, urbanísticos, sociais, políticos e econômicos, influenciaram diretamente o projeto da italiana Lina Bo Bardi para implantação do MAM, resultando em uma proposta de abertura ampla do espaço, marcada pela expressão artística como instrumento crítico para compreensão do mundo.

Posted by Patricia Canetti at 11:04 AM

abril 10, 2019

Projeto Latitude apoia a participação de cinco galerias brasileiras na feira arteBA 2019, Argentina

Capital argentina promove sua 28ª tradicional feira de arte com a participação de cinco galerias do projeto de internacionalização de arte brasileira da Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT

A 28ª edição da feira de arte portenha arteBA, que acontece no histórico pavilhão de exposições La Rural, entre os dia 11 e 14 de abril, contabiliza 400 artistas de mais de 80 galerias de 25 cidades do mundo, das quais cinco galerias são brasileiras: 55SP, Casa Triângulo, Central Galeria, Portas Vilaseca Galeria e Vermelho. Elas participam do projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil voltada para a internacionalização da arte brasileira.

A Sección Principal da arteBA tem curadoria de Eduardo Brandão (diretor da Vermelho, Brasil), Ana Castella (México), Henrique Faria (Nova York), Florencia Malbran (Buenos Aires) e Julián Mizrahi (Buenos Aires).

Galerias brasileiras, estandes e artistas representados na feira:

55SP. Estande no setor Utopia – U9. Apresenta trabalhos dos artistas Gabriella Garcia e Ricardo Castro. [www.55sp.art/].

Casa Triângulo. Estande C14. Apresenta os artistas Max Gómez Canle e Nino Cais. [www.casatriangulo.com/]

Central Galeria. Setor Utopia - U17. Apresenta trabalhos de C. L. Salvaro. [www.centralgaleria.com/].

Portas Vilaseca Galeria. Setor Stage - S3. Leva à feira obras dos artistas Claudia Hersz, Ismael Monticelli e Mano Penalva. [www.portasvilaseca.com.br]. A artista brasileira Raquel Nava, representada pela Portas Vilaseca, participa da coletiva “Luto Tropical”, na Pasto Galeria, em Buenos Aires durante o mês de abril. [http://www.portasvilaseca.com.br/]

Vermelho. Exibe trabalhos de Nicolás Robbio, Nicolás Bacal, Carlos Motta, Henrique Cesar, Iván Argote, Dias & Riedweg, Marcelo Cidade e Lia Chaia no estande C1 da seção Principal. [www.galeriavermelho.com.br/]. Nicolás Robbio e Carla Zaccagnini, ambos representados pela galeria Vermelho, inauguram mostras individuais no Museo Sívori e no Museo de La Inmigración no mesmo período.

Além do apoio habitual, as representantes das galerias Central e 55SP também participaram do Projeto Incubadora, uma ação de capacitação disponibilizada às galerias Latitude que tem como objetivo orientá-las a partir do processo de inscrição nas feiras até as suas participações efetivamente.

Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad

É um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 48 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.

Histórico

Nestes doze anos de atuação, o número de empresas participantes do Latitude cresceu de 5 para 48, contando com as galerias mais profissionalizadas do Brasil. Para atender ao influxo de novas galerias associadas, muitas delas iniciando seu processo de internacionalização, as ações desenvolvidas diversificaram-se e se tornaram mais complexas, por isso, é oferecido às galerias participantes, um sofisticado programa de mais de 7 modalidades de ações.

O volume das exportações das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007 foram exportados US$ 6 milhões, e em 2015 atingiu-se um pico de quase US$ 70 milhões, quantia quase duas vezes maior àquela de 2014. Desde abril de 2011, quando a ABACT assume o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou seis edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.

Posted by Patricia Canetti at 12:20 PM

Carlos Vergara na Referência + CCBB, Brasília

Dois dos mais importantes espaços expositivos de Brasília recebem em abril as obras de um dos mais importantes artistas brasileiros da atualidade. A Referência Galeria de Arte e o Centro Cultural Bando do Brasil (CCBB Brasília) expõem simultaneamente trabalhos inéditos e recentes em escultura, pintura, desenho, fotografia e monotipia.

No dia 13 de abril, sábado, a partir das 16h, a Referência Galeria de Arte abre ao público a primeira parte da mostra “Natureza inventada”, de Carlos Vergara, com obras em desenho, acrílica sobre tela, monotipia, fotografia e escultura em aço inox. No domingo, 14 de abril, às 16h, será inaugurada a segunda parte da mostra “Natureza inventada”, com esculturas em aço corten instaladas no Jardim do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Brasília). Nas duas inaugurações, o artista e o curador Felipe Scovino conversarão com o público sobre as obras apresentadas. A entrada é franca e livre para todos os públicos.

Na Referência Galeria de Arte, a mostra fica em cartaz até o dia 18 de maio, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referência fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 - Subsolo, Brasília-DF. Telefone: (61) 3963-3501. No CCBB Brasília, a mostra “Natureza inventada” fica em exposição até o dia 28 de julho, com visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. O CCBB fica no SCES – Setor de Clubes Esportivos Sul Trecho 2 Lote 22 – Asa Sul, Brasília – DF.

“A possibilidade de apresentar ao público a multiplicidade da obra de Carlos Vergara e sua importância para a arte contemporânea brasileira levou a Referência Galeria de Arte a realizar uma exposição abrangente em dois espaços expositivos diferentes e, ao mesmo tempo, complementares”, afirma Onice Moraes, proprietária da Referência Galeria de Arte e organizadora da mostra tanto na Referência como no CCBB Brasília. “As pessoas que ainda não conhecem seu trabalho de mais de cinco décadas vão se surpreender com a vitalidade e a atualidade de sua produção. Os que já o acompanham, vão se deparar com um artista em constante reinvenção de linguagem, matérias e técnicas”, completa a galerista.

Para a mostra que abre ao público na Referência serão apresentados 16 trabalhos em escultura, pintura, desenho, monotipia e fotografia, em diferentes tamanhos. Já no CCBB, Carlos Vergara apresentará cinco esculturas em aço corten de tamanhos variados, com alturas de até 2,5m. “As obras das séries “Bodoquena” e “Natureza Inventada”, em especial, refletem a proximidade plástica e conceitual das suas pinturas com o tridimensional. A origem das suas mais recentes esculturas, motivo de uma exposição no jardim do CCBB, está diretamente associada a um pensamento bidimensional”, afirma Felipe Scovino, curador da mostra. Ele ressalta que estas nascem do plano e em particular pelo interesse que Vergara tem pela natureza. Os recortes no aço corten criam uma conexão quase que instantânea com caules. Suas estruturas vazadas criam um convívio harmônico entre obra, espectador e paisagem.

Segundo Scovino, é importante ressaltar a forma como a representação da natureza e a sobreposição de camadas e vetores de distintos materiais nas pinturas e fotografias presentes na Referência criam uma intersecção de imagens que estão associadas às formas orgânicas e livres das esculturas instaladas no CCBB. “Essa atmosfera quase “líquida” do seu trabalho - no sentido em que aparecem frequentemente o vazado, o translúcido, o nanquim que favorece o escorrimento da tinta pelo plano – é reflexo, suponho, da sua relação fértil e crítica com a natureza. Interessa a Vergara coletar ações e métodos, diria, biológicos e transpô-los, tão poeticamente quanto eles realmente são, para o mundo da arte”, completa.

Encontro com o público

A inauguração da mostra de Carlos Vergara terá ainda conversa com o público e visita às obras acompanhada pelo artista e o curador Felipe Scovino. Na Referência Galeria de Arte, a conversa acontece no sábado, 13 de abril, às 16h, na Galeria Principal. No CCBB Brasília, a conversa acontece no domingo, 14 de abril, às 16h, no Hall do Museu Banco do Brasil, com visita mediada pelo artista e o curador. Ambas têm entrada gratuita e classificação indicativa livre para todos os públicos.

Sobre Carlos Vergara

Nascido na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1941, Carlos Vergara iniciou sua trajetória nos anos 60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em 1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante da realidade social e política da época. A partir dessa exposição se formou a Nova Figuração Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias, Rubens Gerchman e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político. Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 180 exposições individuais e coletivas de seu trabalho.

Sobre Felipe Scovino

Professor adjunto da Escola de Belas Artes e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Felipe Scovino escreveu ensaios sobre arte contemporânea para as revistas Artforum, Art Review, Dardo Magazine, Flash Art, L’Officiel Art, Third Text, Arte & Ensaios, Concinnitas, Das Artes, Santa Art Magazine, Tatuí e ZUM. Escreveu regularmente para o caderno Ilustríssima da Folha de S. Paulo entre 2015 e 2016. É organizador dos livros Arquivo Contemporâneo (7Letras, 2009), Cildo Meireles (Azougue Editorial, 2009) e Carlos Zilio (Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 2010). É coautor de Coletivos (Circuito, 2010). Entre 2014 e 2016 escreveu verbetes para a Enciclopédia de Artes Visuais do Instituto Itaú Cultural. Foi curador das exposições Lygia Clark: Pensamento mudo (Dan Galeria, São Paulo, 2004), Luiza Baldan: Sobre umbrais e afins (Plataforma Revólver, Lisboa, 2010), Estética da gambiarra (Cavalariças, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2012), Maria Laet: La Voix/Voie des Choses (MdM Gallery, Paris, 2013), O guardião de coisas inúteis (MAMAM, Recife, 2014), Diálogos com Palatnik (MAM, São Paulo, 2014), Gonçalo Ivo: a pele da pintura (MON, Curitiba, 2016). Juntamente com Paulo Sergio Duarte, foi curador de Lygia Clark: uma retrospectiva (Itaú Cultural, São Paulo, 2012), que recebeu o prêmio de Melhor Retrospectiva 2012 pela APCA. Foi curador de Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura (CCBB, Brasília, 2013; MON, Curitiba, 2014; MAM, São Paulo, 2014; Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, 2015; CCBB, Rio de Janeiro, 2017) que recebeu o prêmio de melhor exposição pela APCA em 2014. Desde 2017 é curador do Clube de Gravura do MAM-SP.

Posted by Patricia Canetti at 11:39 AM

Ernesto Neto: Ativação da obra - Para cultuar nossas mães na Pinacoteca, São Paulo

Ha'i Miri'ī Kuery pe Ka bo íyá wa | Para cultuar nossas mães
As mães são aquelas que garantem a continuidade da humanidade, necessárias para fazer girar o ciclo da vida. A transformação feminina do mundo garante um balanço social e ecológico. Propõe-se assim um encontro e rito com as nossas mães primordiais, de origem indígena e africana, a fim de ampliar a possibilidade da emergência de novas formas de interação com nosso corpo físico e social.

13 de abril de 2019, sábado, das 11h às 16h

Pinacoteca de São Paulo
Praça da Luz 2, Centro, São Paulo, SP

APRESENTAÇÃO

A obra de Ernesto Neto envolve um constante imaginar outras possibilidades de estar no mundo, outros modos de convivência entre as pessoas e delas com o ambiente, a natureza, a espiritualidade. Neste sentido, suas instalações mais recentes têm sido concebidas para acolher celebrações coletivas em reverência à essas esferas a partir de saberes ancestrais.

A instalação inédita Cura Bra Cura Té, concebida por ele especialmente para o Octógono da Pinacoteca, faz referências às diversas culturas que moldaram o Brasil. Essa traz como elemento central uma peça de madeira de três metros de altura, semelhante à um tronco, instrumento oficial de tortura, que simboliza um sistema escravocrata contemporâneo encoberto que, segundo o artista, ainda rege a estrutura econômica nacional e internacional.

Uma de suas extremidades tem como “raiz” um tapete com o mapa territorial do Brasil, rodeado de cores que aludem à mestiçagem nacional. O tronco, oco, foi preenchido por mercadorias que tem sido protagonistas da economia brasileira ao longo da história (açúcar, café, ouro, soja). Suspensa sobre a outra extremidade do tronco, há uma “copa” de crochê em formato de gota carregada de folhas curativas provenientes de culturas indígenas e afro-brasileiras.

Ao longo do período expositivo, o artista propõe uma ativação da obra por meio de quatro ciclos que incluem um “banho”, momento no qual o tronco é envolvido pela gota simulando uma cópula – a fusão entre feminino e masculino – assegurando aos participantes uma restauração energética. Após o ato, o tronco é cortado. Até o fim da exposição, este será eliminado totalmente.

Este corte carrega uma intenção de cura individual, coletiva e histórica, ao fazer referência aos processos de violência e espoliação vividos no país por séculos. Essa cura se vale primordialmente do reconhecimento e do respeito à sabedoria dos povos tradicionais africanos e indígenas.

Todos estão convidados a participar.

PROGRAMAÇÃO

11:00h – Meditação com Yemisi (30 min)
11:45h – Banho - movimento da obra (15 min)
12:00h – Fala sobre Alimentação + Almoço com EBÉ (1:30h)
13:30h – Fala sobre Luísa Mahin e Luiz Gama com Ligia Ferreira (30min)
14:00h - Cura com Jerá Guarani e Mãe Celina de Xangô (1h)
15:00h – Roda de conversa (1h)
16:00h – Finalização

PARTICIPANTES

Jerá Guarani
Professora e líder do povo Guarani Mbya, nascida na aldeia indígena Tenonde Porã, hoje vive na aldeia Kalipety. Localizada no extremo sul da cidade de São Paulo no bairro de Parelheiros. Se dedica ao trabalho de recuperação das espécies de sementes e alimentos do povo Guarani. Fundada em 2010, a Kalipety é uma aldeia preocupada em fortalecer a cultura indígena.

Mãe Celina de Xangô
Celina Rodrigues, mais conhecida como Mãe Celina de Xangô, é produtora de rádio e cultural. Gestora do Centro Cultural Pequena África, na Região Portuária do Rio de Janeiro e cofundadora da lavagem do Cais do Valongo. Está à frente do CCPA há 12 anos, com a missão de recontar e preservar as raízes ancestrais africanas.

Yemisi
Composta pela dupla Juliana Luna e Lígia Lima, tem como busca o aprofundamento de estudos ligados ao bem-estar bem como torna-lo acessível às pessoas negras. O projeto nasce de um forte desejo da dupla de compartilhar o conhecimento adquirido graças ao Yoga, ao Reiki e aos estudos da consciência – as quais elas se referem como “Tecnologias Ancestrais e Contemporâneas”.

EBÉ - Escola Brasileira de EcoGastronomia
Escola formada por Daniela Lisboa, especialista em Economia Solidária e Escolas de Alimentação Viva; Cassia Cazita, que tem em experiência em movimentos de ocupação cultural e de rua e Fabiana Sanches, ligada à Articulação Agroecológica e militante do movimento Slow Food. O encontro resultou em projetos como o Convívio Slow Food ComoComo, a primeira grande Campanha de Combate ao Desperdício de Alimentos e o Festival Disco Xêpa 2014. A Ebé desenvolveu um cardápio especial — em parceria com agricultores locais, nutricionistas e chefs indígenas e de origem africana — para o almoço disponível aos participantes da ação. R$ 20 por pessoa.

Próximos ciclos: 04.05, 01.06, 29.06 e 13.07
Programação de cada ciclo será divulgada na semana anterior.

Ernesto Neto - Sopro, Pinacoteca de São Paulo - 31/03/2019 a 15/07/2019

Posted by Patricia Canetti at 10:42 AM

Rosana Paulino no MAR, Rio de Janeiro

O Museu de Arte do Rio – MAR inaugura no dia 13 de abril a exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória. Após temporada de sucesso na Pinacoteca, em São Paulo, a maior individual da artista já realizada no Brasil chega à cidade com 140 obras produzidas ao longo dos seus 25 anos de carreira. Assinada por Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu paulistano, a mostra reúne esculturas, instalações, gravuras, desenhos e outros suportes, que evidenciam a busca da artista no enfrentamento com questões sociais, destacando o lugar da mulher negra na sociedade brasileira.

Rosana Paulino surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz única de sua própria geração. Os trabalhos selecionados, realizados entre 1993 e 2018, mostram que sua produção tem abordado situações decorrentes do racismo e dos estigmas deixados pela escravidão que circundam a condição da mulher negra na sociedade brasileira, bem como os diversos tipos de violência sofridos por esta população.

Um dos destaques da mostra é a “Parede da Memória”. Realizada quando a artista ainda era estudante, a instalação é composta por 11 fotografias da família Paulino que se repetem ao longo do painel, formando um conjunto de 1.500 peças. As fotos são distribuídas em formatos de “patuás” – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana. O mural se transforma em uma denúncia poética sobre a invisibilidade dos negros e negras que não são percebidos como indivíduos. Quando os 1.500 pares de olhos são postos na parede, “encarando” as pessoas, eles deixam de ser ignorados.

A exposição também conta com uma série lúdica de desenhos feitos por Rosana Paulino, na qual a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto são feitos e comparados com as mutações no corpo feminino, por exemplo. A instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.

Em alguns de seus trabalhos a relação de ciência e arte é destacada, como em Assentamento (2013). A série retrata gravuras em tamanho real de uma escrava feitas por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz, que tinha como objetivo mostrar a superioridade da raça branca às demais. Para Paulino, “a figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa”, finaliza a artista.

SOBRE ROSANA PAULINO

Doutora em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP, é especialista em gravura pelo London Print Studio, de Londres e bacharel em gravura pela ECA/USP. Foi bolsista do programa bolsa da fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e CAPES de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália.

Como artista vem se destacando por sua produção ligada a questões sociais, étnicas e de gênero. Seus trabalhos têm como foco principal a posição da mulher negra na sociedade brasileira e os diversos tipos de violência sofridos por esta população decorrente do racismo e das marcas deixadas pela escravidão.

Possui obras em importantes museus tais como MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM - University of New Mexico Art Museum e Museu Afro-Brasil – Pão Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 10:12 AM

abril 9, 2019

Marcelo Cipis na Anita Schwartz, Rio de Janeiro

Artista paulistano mostra mais de 40 obras em sua primeira individual no Rio, percorrendo 25 anos de sua trajetória, entre trabalhos inéditos e outros históricos

Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura no próximo dia 13 de abril, às 14h, a exposição DeaRio, que irá ocupar todo o espaço expositivo do térreo e do segundo andar com mais de 40 obras do artista paulistano Marcelo Cipis (1959), entre pinturas, desenhos, objetos, instalações, inéditos ou emblemáticos nos últimos 25 anos de sua trajetória. Esta é a primeira individual no Rio de Janeiro do artista, que integrou a 21ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1991, duas edições da Bienal de La Habana (1991 e 1994), e em 2017 expôs na galeria Spike Berlin, com curadoria de Tenzing Barshee, na capital alemã.

No texto crítico que acompanha a exposição, Adolfo Montejo Navas destaca ser “tão problemático quanto inquietante o lugar obrigatório e crítico da pintura na globalização visual”. “Sobretudo para obras que falam com uma sintaxe estética paradoxal (composições, figurações, cromáticas), que parecem procurar uma inocência, uma recuperação de certo elã vital das coisas, mas que fazem respirar uma suspeita instalada mais embaixo, a de que esta imagética é distópica e utópica ao mesmo tempo!”, enfatiza. “Não em vão, ‘A utopia é aqui’ (pintura feita por Marcelo Cipis em 2019, especialmente para a exposição), por exemplo, repotencializa pinoquiamente um nariz ampliado, que pode ter alguma alegoria política próxima”, observa.

Marcelo Cipis diz ser “utópico, otimista, embora com momentos de pessimismo”. “Acredito que não é possível permanecermos nessa barbárie do mundo atual ad eternum. A arte tem uma vocação de apresentar essas questões, e eu me aproveito disso, de uma maneira leve, não agressiva, digamos, zen”, comenta. “Os ideais das vanguardas do século 20 estão presentes em um clima de utopia e otimismo constantes. O foco na cor, na beleza, se é que posso falar de beleza... Penso ser necessário algum deleite, percorrer superfícies que têm um registro cromático e gráfico, que podem suscitar um prazer visual, espiritual. Pretendo provocar isso. Um convite a uma parada, uma reflexão. É um mecanismo, uma estratégia para a criação de um mundo melhor”, afirma.

CIPIS TRANSWORLD

A emblemática instalação “Cipis Transworld”, mostrada na 21ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1991, será lembrada na exposição em duas microinstalações, uma no térreo e outra no segundo andar. Os dois conjuntos contêm “produtos corporativos da ficcional firma industrial Cipis Transworld”, conta Montejo Navas. O nome Cipis está gravado em duas barras de sabão, e impresso em silk screen em três camisas nas cores vermelha, amarela e azul, e em um cortinado no mesmo tecido. No térreo, quatro cortinas – amarela, vermelha e duas azuis – formam um trapézio, com um espaço dentro.

Formando uma grande diagonal, em um dos cantos do salão térreo, estará uma pintura de 3m x 6m, feita em 2017 a pedido do curador Paulo Miyada, para uma exposição do artista no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. O painel é a recriação do cenário original do “filme publicitário” da “Cipis Transworld”, que integrou a instalação na Bienal de 1991, e poderá ser visto em um monitor na mostra na Anita Schwartz Galeria.

Adolfo Montejo Navas chama a atenção também para as pinturas “Mulher Legér” (2016) e “Jeff Koons suprematista” (2010), “cuja formulação irônica, humorística rebaixa qualquer pompa estética a mais, seja institucional, mercadológica ou simplesmente coisificadora”.

Ele aponta ainda que a obra de Marcelo Cipis “transita despretensiosa, aliada a sua sofisticação”. “Os seus signos, escritura-desenho-pintura-objetos, prometem uma transversalidade além dos gêneros paralelos com os que convive (ilustração, comic, propaganda, publicidade, design...). Na verdade, sua poética funciona como uma convocatória poética, de nuances e sutilezas, formas de enxergar através do muro da realidade quando ele é mais opaco. E, por isso, a conquistada sensação de leveza, a sua respiração quase transparente”, observa. “A superfície de suas telas é muito explícita, não joga com perspectiva, tridimensionalidade dentro dela, e sim fora, com quadros-fractais que se constelam de forma fragmentária, ou obras que escamoteiam o todo como solução, sempre ingênua. E nesse jogo das formas e dos imaginários combinados, de escritura pictórica tão enfaticamente visual em sua cultura, nós, seus contemporâneos, saímos ganhando”.

No Rio, Marcelo Cipis participou das edições de 1999 e 2000 do projeto “A imagem do som”, no Paço Imperial, dedicado a Chico Buarque e Gilberto Gil, respectivamente, e de coletivas no Palácio Gustavo – Projeto Macunaíma, em 1999, e Macunaíma Reflexões, em 2000 – e ainda do 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no MAM, em 1985, entre outras mostras.

SOBRE MARCELO CIPIS

Nasceu em 1959, em São Paulo, onde vive e trabalha. Graduado em 1982 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Em 1980, participa do 3º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Em 1984, participou da 11ª Bienal de Artes Gráficas de Brno, Tchecoslováquia. Presente em várias edições do Salão Paulista de Arte Contemporânea, em 1984, 1985, 1986 e 1987. Em 1985, participa do 8º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1989, integra a 20ª Bienal Internacional de São Paulo na sala especial “Arte em Jornal”. Em 1991, participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1994, da 5ª Bienal de La Habana, em Havana. Em 1999, participa do Projeto Macunaíma, Galeria Sérgio Milliet/ Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, e da coletiva “A imagem do som de Chico Buarque”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Publica o livro “530g de Ilustrações” (Ateliê Editorial). Em 2000, participa da coletiva “Macunaíma Reflexões”, no Centro de Artes da Funarte, no Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro, e da exposição “A imagem do som de Gilberto Gil”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, ganha bolsa para artistas da Pollock-Krasner Foundation, Nova York, Estados Unidos. Em 2010 publicou “Some Contemporary Art Themes”, uma “revista de artista”, com tiragem de dois mil exemplares em offset, em que aproxima a linguagem da ilustração com a das artes visuais. Em 2013 fez a individual “Pinturas em geral”, no Centro Cultural São Paulo. Em 2013, é o artista convidado do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, e ganha o Prêmio FUNARTE de Arte Contemporânea 2013, e faz a exposição individual “Rostos à procura de um rosto”, na Sala Flávio de Carvalho, Funarte, São Paulo. Em 2014 integra “Arbeit und freundshaft”, no Espaço Pivô, São Paulo. Em 2017, faz a individual “A maravilhosa Cipis Transworld”, curada por Tenzing Barshee, no espaço Spike Berlin, em Berlim. Participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo, com a instalação Cipis Transworld, das 4ª e 5ª edições da Bienal de Havana, Cuba. Recebe, em 1994, o Prêmio Jabuti pela capa do livro Como Água para Chocolate, de Laura Esquivel, publicado pela Editora Martins Fontes. Em 2000 ganha bolsa da Pollock-Krasner Foundation em São Paulo. Em 2013, é o artista convidado do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, e ganha o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2013, em que faz a exposição individual “Rostos à procura de um rosto”, na Sala Flávio de Carvalho, Funarte, São Paulo. Em 2014 integra “Arbeit und freundshaft”, no Espaço Pivô, São Paulo. Em 2017, faz a individual “A maravilhosa Cipis Transworld”, curada por Tenzing Barshee, no espaço Spike Berlin, em Berlim. Participa, com Pedro Wirz e Tiago Tebet, da exposição “Fábula, frisson, melancolia”, curada por Paulo Miyada, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo.

Ganhou os prêmios Bolsa da Pollock-Krasner Foundation, Nova York, EUA (2000), Prêmio VASP, 4º Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo (1986) e Prêmio aquisição, 2º Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo (1984).

Suas ilustrações para jornais, revistas e livros infantis lhe valeram, em 1994, o Prêmio Jabuti pela capa do livro “Como Água para Chocolate” (Martins Fontes), de Laura Esquivel. É autor de vários livros infantis.

Posted by Patricia Canetti at 3:46 PM

Zip’Up: Marilde Stropp na Zipper Galeria, São Paulo

Fotografia, chumbo e gravura fundem-se nas obras híbridas de Marilde Stropp reunidas em Tempo Quando, exposição individual da artista na Zipper Galeria, abrigada no programa Zip’Up. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra apresenta 20 trabalhos inéditos, entre fotografias, objetos, instalação e livros de artista. A mostra inaugura no dia 13 de abril e fica em cartaz até 4 de maio.

O trabalho de Marilde revela uma poética original ao investigar pontos de contato e colisões entre linguagens como fotografia, objeto e gravura e materiais como chumbo, papel e tecido. “É por meio desse amálgama que ela consegue nos levar para um território inesperado de grandes embates entre formas, texturas e tonalidades gris, sintetizando sensações que apontam para a passagem do tempo e a matéria daquilo que fica impregnado na paisagem e na memória", comenta o curador Eder Chiodetto.

O título da exposição foi inspirado no poema “Poética” (1954), de Vinícius de Moraes, que diz: : “Passo por passo: / Eu morro ontem / Nasço amanhã /Ando onde há espaço: / - Meu tempo é quando”. “A fotografia me faz enfrentar o desmedido das imagens, criar o provável, ver o que existe se o invisível fosse visível. As imagens são interrogações que me levam a investigar os significados do tempo”, afirma a artista.

Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.

Sobre a artista
A produção de Marilde Stropp (1943) fica no limite entre a fotografia e o objeto, desenvolvendo obras híbridas que, muitas vezes, fundem linguagens como fotografia, objetivo e gravura e suportescomo chumbo, papel e tecido. Principais exposições: 6º Festival de Fotografia de Tiradentes (2016); Constelações, Intermitências e alguns Rumores, Curadoria Eder Chiodetto e Fabiana Bruno, Zipper Galeria, São Paulo (2015); Livro de Artista, Casa Contemporânea, São Paulo. (2014); Escenarios de mujer, exposição coletiva Brasil-Argentina-Colômbia-Cuba. (2013); Escenarios de mujer, exposição coletiva Brasil-Argentina-Colômbia. (2012); Uma coisa são duas, Galeria Impar, São Paulo. (2011); O Lado de Dentro, Galeria Ybakatu, Curitiba. (2009).

Sobre o curador
Eder Chiodetto é curador especializado em fotografia, com mais de 70 exposições realizadas nos últimos 10 anos no Brasil e no exterior. Mestre em Comunicação e Artes pela ECA/USP, jornalista, fotógrafo, curador independente e autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô/Funarte), entre vários outros. Nos últimos anos tem realizado a organização e edição de livros de importantes fotógrafos como Luiz Braga, German Lorca, Criatiano Mascaro, Araquém Alcântara e Ana Nitzan, entre outros. É curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006.

Posted by Patricia Canetti at 10:06 AM

Felipe Seixas na Zipper, São Paulo

A matéria, bruta ou incorpórea, ocupa um papel dominante no trabalho de Felipe Seixas. Materiais industriais, como concreto, aço, asfalto e neón, luzes produzidas a partir de dispositivos digitais gráficos e corpos orgânicos, como o carvão vegetal, são submetidos pelo artista a ordens composicionais em sua investigação formal. E, a partir das características e do posicionamento de cada um dos elementos na estruturação dos trabalhos, o artista estabelece situações dialéticas das quais seu discurso emerge.

Agora em escalas amplificadas, Felipe Seixas realiza sua segunda individual na Zipper. Com curadoria de Douglas de Freitas, a mostra inaugura no dia 13 de abril, às 12h. “Esta produção recente tem uma importância singular porque representa o momento em que constituí um amplo espaço para desenvolver e conceber os trabalhos. Daí a nova dimensão das obras”, conta o artista.

A nova série de trabalhos busca extrair o máximo dos materiais. “Meu interesse é inserir dentro da forma a noção dialética entre o que é matéria e o que é imaterial, o que é efêmero e o que tem duração indeterminada”, ele afirma. Estabelecendo dicotomias, Felipe Seixas mira o equilíbrio entre o corpóreo e o intangível. Gráficos digitais impalpáveis coexistem com a matéria robusta; elementos que emitem luz se relacionam diretamente com materiais opacos e escuros; líquidos e gases, partículas em justaposições, repousam sobre corpos robustos.

A individual de Felipe Seixas na Zipper segue em cartaz até 4 de maio.

Sobre o artista
Felipe Seixas (São Bernardo do Campo, 1989) explora a relação entre materiais na construção da forma. Concreto, carvão, areia, asfalto, argamassa, aço, madeira, pigmento figuram em sua pesquisa escultórica muitas vezes em contrapostos à imaterialidade das novas tecnologias, incorporadas em sua produção mais recentes. O artista é bacharel em Comunicação Social com habilitação em Design Digital (2011) pela Universidade Anhanguera, São Paulo. Participou dos cursos "A escultura como objeto artístico do século XXI", com Ângela Bassan (2015), e "Esculturas e Instalações: possibilidades contemporâneas" (2016), com Laura Belém, ambos na FAAP; e integrou o grupo de acompanhamento de projetos do Hermes Artes Visuais, com Nino Cais e Carla Chaim. Entre suas principais exposições estão 250º Summer Exhibition – Art Made Now, Royal Academy of Arts, Londres, Inglaterra (2018), Salon de Videoarte Joven Latinoamericano, Espacio a2, Lima, Peru (2018), Hagase la Luz - Fundación ArtNexus, Bogotá – Colômbia (2017), XIX Bienal Internacional de Arte de Cerveira 2017, Portugal (2017), 2ª Bienal Caixa de Novos Artistas, Caixa Cultural São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, Brasil (2017) e 28° Mostra de Arte da Juventude SESC Ribeirão Preto (Prêmio) (2017).

Sobre o curador
É bacharel em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina. Entre 2006-2008 foi estagiário da curadoria de artes visuais do Centro Cultural São Paulo. Desde 2008 trabalha na curadoria de artes visuais do Museu da Cidade de São Paulo, rede de exemplares arquitetônicos tombados pelo patrimônio histórico, onde realizou a performance de Maurício Ianês (2011), as instalações de Tatiana Blass (2011), Lucia Koch (2012), Iran do Espírito Santo (2013), e Felipe Cohen (2013) na Capela do Morumbi; e a instalação de Sandra Cinto (2013), na Casa do Sertanista. Entre 2010 e 2012 foi coordenador do Edital de Arte na Cidade da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que realizou sete projetos de grande escala em espaços públicos. Foi selecionado na Temporada de Projetos 2012 do Paço das Artes (SP) com projeto na categoria Curadoria. A mostra Instável reúne obras de Ana Paula Oliveira, Laura Belém, Laura Vinci, Marcelo Mosqueta, Geórgia Kyriakakis, Maurício Ianês e Marina Weffort. Também em 2012 realizou a curadoria da exposição ‘Película’ do artista Júnior Suci, na Galeria Virgílio; e em 2013 a curadoria da exposição ‘Jogo de Memória’, do artista Reynaldo Candia, no mesmo espaço. Em 2013 foi premiado pela Funarte com curadoria da exposição da artista Carolina Paz a ser realizada em 2014 na Sala Nordeste de Artes Visuais de Recife.

Posted by Patricia Canetti at 10:02 AM

abril 7, 2019

Ivan Grilo lança livro na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro

Com 150 exemplares, numerados e assinados, o livro-obra “Não me lembro bem,” (Familia Editions), do artista plástico Ivan Grilo será lançado no dia 5 de abril de 2019, na SP-Arte, em São Paulo, e no dia 10 de abril de 2019, na Escola de artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage), no Rio de Janeiro. Com design de Maria do Lago, a bem-cuidada edição pretende traduzir visualmente a poética da criação de Ivan Grilo.

O livro é uma peça inédita e singular, criada através de um formato editorial onde a comunhão de materiais, as técnicas e a narrativa visual foram desenvolvidas em colaboração entre o artista e a editora. O diálogo surgiu da intenção de interpretar em papel as cartas representadas nas placas de bronze de Ivan Grilo, combinadas com a imagética da simbologia da história do Brasil “esquecida”, “escondida”.

A sequência de páginas, alternando textos desenvolvidos pelo artista e imagens de seu acervo pessoal, flui em harmonia através do contraste dos diferentes materiais escolhidos. O texto é impresso em baixo relevo em papel de algodão artesanal de alta gramatura e as fotos, em papel transparente, produzido com fibra de bananeira, encadernadas em dobra francesa, criam o efeito de imagens “escondidas”.

Com apoio da Luciana Caravello Arte Contemporânea, galeria que há sete anos representa o artista, os livros são produzidos artesanalmente no Brasil, impressos manualmente em letterpress, sobre dois tipos de papéis artesanais, fabricados por encomenda e são encadernados à mão, com capa mole em tecido e costura japonesa.

SOBRE O ARTISTA
Ivan Grilo (Itatiba, 1986. Vive e trabalha em Itatiba, São Paulo) é graduado em artes visuais pela PUC-Campinas (2007). Tem como núcleo central de pesquisa a relevância de arquivos históricos e orais, juntamente com as diferentes possibilidades de leitura sobre um mesmo fato. Tomando como ponto de partida a fotografia principalmente como forma de documentação e registro de tempo, o artista busca dissecar os papéis representativos, políticos, narrativos, conceituais e estéticos da imagem, às vezes questionando ou mesmo reescrevendo de outro ângulo o material original, sutilmente embaçando a memória e a ação do tempo.

Dentre suas principais exposições individuais estão: “Preciso te contar sobre amanhã” (2016), na Luciana Caravello Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; “Quando cai o céu” (2014), no Centro Cultural São Paulo; “Ninguém” (2011), no Paço das Artes, USP, São Paulo, além de integrar o Projeto Cofre com a mostra “Estudo para medir forças” (2015), na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro.

Dentre as exposições coletivas estão: “Il coltello nella carne”, curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e Diego Sileo no PAC – Padiglione d’arte contemporanea di Milano em 2018, além das itinerâncias do Prêmio Marcantonio Vilaça, na curadoria de Josué Mattos: “Verzuim Braziel” (RJ/CE/GO) e também a exposição “Lugares do Delírio”, no SESC Pompeia, curadoria de Tania Rivera. Em 2017 participou de duas exposições dentro da “BIENALSUR - Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul”, e no ano anterior da exposição “Avenida Paulista”, com curadoria de Adriano Pedrosa e Tomás Toledo, no MASP - Museu de Arte de São Paulo, além de “A cor do Brasil”, curadoria de Paulo Herkenhoff e Marcelo Campos no Museu de Arte do Rio. Já em 2015, foi convidado por Pablo León de la Barra para “Tempos Difíceis” na Casa França-Brasil, e em 2012 participou da “2nd Ural Biennial of Contemporary Art” com curadoria de Raphael Fonseca na Rússia.

Recebeu, em 2012, o “XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia”, em 2013 o “PROAC Artes Visuais – Governo do Estado de São Paulo”, em 2015 o “Prêmio illy sustainArt – SP/arte”, em 2016 o “Prêmio Foco Bradesco ArtRio”, e em 2017 o “Prêmio Fundação Marcos Amaro – SP/Arte”, além de indicações ao prêmio PIPA - Prêmio Investidor Profissional de Arte.

Nos últimos anos participou de residências no Maranhão (Chão São Luís), Portugal (Triangle Network) e Itália (Humus Interdisciplinary Residence).

Sua obra integra importantes coleções, como: Solomon R. Guggenheim Museum, Fundación ARCO - CCA2M - Centro de Arte Dos de Mayo de la Comunidad de Madrid, Itaú Cultural, MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo, MASP - Museu de Arte de São Paulo, MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro, MAM/RJ - Col. Gilberto Chateaubriand, Fundação Bienal de Cerveira e Museo de la Universidad de Tres de Febrero.

SOBRE A EDITORA
Familia Editions é uma editora independente, especializada em edições limitadas de artistas brasileiros com foco no mercado internacional. Criada por Maria Lago - carioca residente em NY – editora, designer e diretora de arte com vasta experiência em projetos editorais artísticos.

O evento no Parque Lage apresenta a editora com seus 4 livros até hoje publicados. São os livros de artista de: AVAF (AVAF, 2018 – lançado em SP na galeria Casa Triângulo); Demian Jacob (Devaneios, 2018 – lançado na Paris Photo 2018); Dalton Paula (Anotações Visuais, 2019 – inédito, a ser lançado na SP Arte e no Parque Lage); e Ivan Grilo (Não me lembro bem,,2019 - inédito, a ser lançado na SP Arte e no Parque Lage). A editora e os artistas estarão presentes no evento.

SOBRE A LUCIANA CARAVELLO ARTE CONTEMPORÂNEA
O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

Lançamento do livro “Não me lembro bem,”, de Ivan Grilo
São Paulo
Dia 5 de abril de 2019, às 16h
SP-Arte, Sessão editorial
Pavilhão da Bienal, São Paulo

Rio de Janeiro
Dia 10 de abril de 2019, às 19h
Salão Nobre, EAV Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Rio de Janeiro

150 exemplares, numerados e assinados
Formato 18,5cm X 22cm
28 páginas.
R$1.200,00
Design: Maria Lago
Impressão: Estúdio Baren
Encadernação: Gabriela Irigoyen
Papéis: Moinho Brasil

Posted by Patricia Canetti at 8:17 AM

Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM, Rio de Janeiro

O MAM Rio inaugura no próximo dia 6 de abril de 2019, a partir das 15h, a exposição Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, que reúne mais de 40 obras – entre pinturas, esculturas, vídeos, fotografias e instalações – produzidas por 39 artistas de diferentes gerações. A exposição dá continuidade às investigações de gêneros da pintura a partir dos acervos do Museu, mostradas em “Constelações – O Retrato nas Coleções MAM Rio” e “Horizontes – A Paisagem nas Coleções MAM Rio”, em cartaz até o próximo dia 12 de maio de 2019.

Com o mesmo título de um backlight fotográfico de Adriana Varejão, de 1999, a exposição busca revelar não só a dimensão mais histórica do gênero natureza-morta, mas também “possibilidades de releituras contemporâneas desse conceito”, informam os curadores. O conjunto de obras não foi reunido “somente com base no enquadramento estrito das obras nas características evidentes deste gênero, mas também na livre correlação dos trabalhos com o sentido mais geral da exposição”, explicam. “Sob tal licença, ‘Alegria’ também transborda do âmbito da pintura, da gravura, do desenho e da fotografia, para aquele, expandido, da escultura, do vídeo e de instalações para traçar um panorama aberto desse gênero da pintura no Brasil no exterior”, contam Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.

Os artistas que integram a exposição são de várias gerações, como Guignard, Milton Dacosta, Vicente do Rego Monteiro, a portuguesa Lourdes Castro, Wilma Martins, Ivens Machado, Karin Lambrecht, Artur Barrio, Raul Mourão e Adriana Varejão.

NATUREZA-MORTA
A natureza-morta, da mesma forma que o retrato e a paisagem, foi um dos grandes gêneros da pintura europeia, entre os séculos 15 e 16, na Renascença. “Esses gêneros ganharam corpo como alternativa às pinturas de cenas religiosas, proibidas nos países que aderiram à reforma protestante, como a Holanda, que viu nascer o primeiro mercado de arte de que se tem notícia”, dizem os curadores. “As naturezas-mortas podem ser caracterizadas pela representação de objetos inanimados, vistos de uma curta distância. Sua escala intimista, somada à composição feita com base em motivos banais, mas agradáveis – frutas, flores, alimentos e objetos familiares ao olhar burguês – não significava, porém, que tais pinturas tivessem um teor laico-secular, apenas contemplativo, função que somente se consolidaria no começo do modernismo. Ainda que tratassem de cenas domésticas, essas pinturas, a despeito de sua fatura naturalista, tinham um teor simbólico então acessível a todos: evocavam o agradecimento pelo pão nosso de cada dia, conquistado pelo trabalho humano, sob a bênção divina”.

O gênero atravessou os tempos, e na segunda metade do século 19 as naturezas-mortas já haviam se libertado de sua simbologia protestante inicial, e se tornaram “fundamentais para a revolução que permitiu à pintura superar a ênfase no tema que a havia marcado no romantismo e no neoclassicismo – batalhas, coroações, funerais e casamentos reais, pintados em formatos grandiosos que direcionavam o olhar para a narrativa e não para a própria pintura”. Os curadores complementam: “A banalidade temática das naturezas-mortas abriu caminho para a contemplação exclusiva de elementos cromáticos, formais, espaciais e compositivos, que não só se tornaram essenciais para a fruição modernista, como abriram caminho para a arte abstrata com Wassily Kandinsky, em 1910”.

ARTISTAS NA EXPOSIÇÃO
Adriana Varejão (1964, Rio de Janeiro)
Alberto da Veiga Guignard (1896, Nova Friburgo –1962, Belo Horizonte,)
Aldo Bonadei (1906 – 1974, São Paulo)
Alfredo Volpi (1896, Lucca, Itália – 1988, São Paulo)
Anna Bella Geiger (1933, Rio de Janeiro)
Artur Barrio (1945, Porto, Portugal, radicado no Brasil) – quatro trabalhos
Brígida Baltar (1959, Rio de Janeiro)
Claudia Jaguaribe (1955, Rio de Janeiro)
Edgard de Souza (1962, São Paulo)
Eduardo Costa (1940, Buenos Aires) – três trabalhos
Efrain Almeida (1964, Boa Viagem, Ceará)
Felipe Barbosa (1978, Niterói)
Franklin Cassaro (1962. Rio de Janeiro)
Glauco Rodrigues (1929, Bagé, Rio Grande do Sul – 2004, Rio de Janeiro)
Iberê Camargo (1914,Restinga Seca, Rio Grande do Sul –1994, Porto Alegre)
Ivens Machado (1942, Florianópolis – 2015, Rio de Janeiro)
Jorge Barrão (1959, Rio de Janeiro)
José Damasceno (1968, Rio de Janeiro) – dois trabalhos
Julio Bernardes (Belo Horizonte)
Karin Lambrecht (1957, Porto Alegre)
Katia Maciel (1963, Rio de Janeiro)
Lourdes Castro (1930. Funchal, Portugal)
Luis Humberto (1934, Rio de Janeiro)
Marcos Chaves (1961, Rio de Janeiro)
Maria Leontina (1917,São Paulo –1984, Rio de Janeiro)
Milton Dacosta (1915, Niterói–1988, Rio de Janeiro)
Raul Mourão (1967, Rio de Janeiro)
Roberto Huarcaya (Lima, 1959) – três trabalhos
Rodrigo Braga (1976, Manaus)
Vicente do Rego Monteiro (1899 – 1970, Recife)
Vilma Slomp (1952, Paranavaí, Paraná)
Waltercio Caldas (1946, Rio de Janeiro) – dois trabalhos
Wanda Pimentel (1943, Rio de Janeiro)
Wilma Martins (1934, Belo Horizonte) – quatro trabalhos

Posted by Patricia Canetti at 7:57 AM

Piti Tomé no Paço Imperial, Rio de Janeiro

O Paço Imperial inaugura, no dia 11 de abril, a exposição 90 tentativas de esquecimento, com mais de 100 obras inéditas da artista carioca Piti Tomé, que faz sua primeira exposição individual em uma instituição. A artista, que começou sua trajetória em 2012, já participou de exposições coletivas no MAM Rio, onde possui obras na coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; na Casa França-Brasil; no Museu da República; no Parque Lage; no Espaço Cultural BNDES, entre muitos outros.

No Paço Imperial, a artista apresentará mais de 100 obras, produzidas em 2018 e 2019, que discutem questões sobre a memória e o esquecimento. “A exposição é um estudo sobre a imagem. Pretende explorar a fotografia em um campo expandido, refletindo sobre suas ‘funções’, sua perenidade, seus significados e sua história”, conta a artista.

Com curadoria de Efrain Almeida, a exposição estará dividida em dois espaços, com trabalhos inéditos que dialogam entre si. No primeiro, estará a obra “90 tentativas de esquecimento”, que dá nome à exposição. Em duas grandes mesas-vitrines estarão 90 pequenos objetos que, a partir de fotografias, refletem sobre a memória e o esquecimento. Ali estão reunidos trabalhos inéditos, produzidos recentemente, mas que trazem elementos recorrentes da pesquisa da artista, como fotografias em que os rostos são recortados, versos de fotos com frases, objetos que remetem à ideia da passagem do tempo, como lenços e botões de roupas, que são mesclados com as fotografias, além de polaroides e imagens retiradas do Instagram, impressas em papel de algodão. Há, ainda, um daguerreótipo, um dos primeiros equipamentos fotográficos, inventado no século XIX. Algumas fotos são da própria artista, outras garimpadas em feiras de antiguidade, em viagens e até pela internet. Os textos que acompanham alguns dos objetos são autorais, mas também apropriados de músicas, textos literários e poemas.

“É um trabalho de construção de novas narrativas em cima de memórias próprias e alheias, através, principalmente, da fotografia e sua íntima relação com a memória. É sobre o meio fotográfico, mas também sobre pequenos acontecimentos do cotidiano, sobre lembranças e esquecimentos e sobre como tentamos, a duras penas, costurar os fragmentos do passado para nos constituir enquanto indivíduos”, conta Piti Tomé.

Os 90 trabalhos friccionam a ideia de memória e esquecimento, próprios do meio fotográfico. E serão expostos numerados, a partir da ordem em que foram feitos. A ideia de catalogação se relaciona, também, com o princípio da fotografia, que é uma tentativa de catalogar instantes. “É o fracasso de levar a cabo esta função – de catalogação e permanência – que interessa ao trabalho. Como tudo que é material, a fotografia também está fadada a um fim. Seja enquanto conteúdo, quando perde seus significados, seja enquanto matéria, quando se deteriora. É no embate entre essas questões - permanência e impermanência, memória e esquecimento - intrínsecas ao meio fotográfico, que construo novas narrativas para essas imagens, atribuindo-lhes uma sobrevida”, afirma a artista.

No segundo espaço estarão obras da série “Natureza morta”, que mescla fotografias de paisagens apropriadas com objetos da natureza, como galhos, folhas, troncos e pedras. “Há algo que os une, os indícios de algo que já viveu e que agora se apresenta como cadáveres. Tanto as fotos como as partes da natureza aqui apresentadas são naturezas mortas”, diz a artista.

Neste mesmo espaço, estará outra série, composta por cinco impressões em vidro, dentro de caixas de madeira, que ficarão no chão. Para a artista, as caixas remetem a gavetas, a lembranças guardadas na memória. O vidro, por ter uma transparência, uma liquidez, também se relaciona com as lembranças, que muitas vezes são fluidas, embaçadas e parciais. Juntas, as caixas formam uma narrativa. Há três imagens de paisagens, um retrato do rosto de uma mulher e uma carta que revela uma historia sobre a mulher e a paisagem, que termina com a afirmação “hoje, enxergo que aquelas paisagens éramos nós”. “Esta é uma narrativa sobre os afetos e os vazios contidos em fotografias”, ressalta a artista.

EXPOSIÇÕES SIMULTÂNEAS
Paralelamente à mostra no Paço Imperial, Piti Tomé também apresenta a exposição “Here I am waiting for your reply”, na C. Galeria, no Jardim Botânico, até o dia 3 de maio de 2019. A exposição também gira em torno da pesquisa da artista e da experimentação com a imagem, mas através de outro viés, com séries inéditas que versam, principalmente, sobre a solidão na contemporaneidade.

SOBRE A ARTISTA
Piti Tomé (Rio de Janeiro, 1984) é mestranda em Processos Artísticos Contemporâneos na UERJ. Graduada em cinema e historia da arte, tem pós-graduação em direção de fotografia. Seu trabalho gira em torno da fotografia em um campo ampliado e da experimentação com a imagem. Sua pesquisa aborda a relação da fotografia com a formação da identidade e a estreita relação do meio fotográfico com o tempo. Desta forma, o trabalho tangencia questões sobre a formação de identidade, a passagem do tempo, infância, afetos e, em última instância, a morte. Assim, o interesse da artista pela fotografia reside no fato desta ser sempre pretérito, um corte na realidade, pequenas mortes.

Dentre suas principais exposições coletivas, destacam-se: “Imersões” (2017), na Casa França-Brasil; “Arte em revista – Revista Das Artes” (2016), no Espaço Cultural BNDES; “Somos todos Clarice” (2016), no Museu da Reopublica; “29 de setembro” (2015), no Largo das Artes; “Contextos contemporâneos” (2015), no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea; “Coletiva 2014” (2014), no Parque Lage; “Novas aquisições – Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio” (2014); “Novíssimos” (2014), na Galeria de Arte IBEU; “Salão de abril” (2014), no Centro Cultural do Banco do Nordeste, entre outras. Realizou, ainda, duas exposições individuais: “Repetições” (2015) e “Entre uma e outra coisa todos os dias são meus” (2014), ambas na Muv Gallery, no Rio de Janeiro.

Posted by Patricia Canetti at 7:14 AM

abril 6, 2019

Marcelo Conrado no Museu Oscar Niemeyer - MON, Curitiba

O que é original? é o nome da exposição do artista Marcelo Conrado, uma realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), que será inaugurada na quinta-feira, 11 de abril. Mais do que isso, a mostra também é uma indagação que o artista faz ao seu público, instigando uma discussão sobre o conceito de autoria na arte contemporânea.

“Marcelo Conrado instiga a reflexão sobre o uso e o direito da imagem e esse é o papel do museu”, Juliana Vosnika.

“Conrado vem construindo sua carreira quase como quem faz uma escrita e vai relatando a memória”, diz o secretário de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José.

Artista formado no Centro Juvenil de Artes Plásticas de Prudentópolis, foi depurando seu estilo e tem duas fases distintas: a fase inicial cromática, com intensidade de cores, e a fase em preto e branco, onde ele consegue impor um novo percurso. “É um artista já reconhecido, mas que precisa ter suas obras revisitadas constantemente”, afirma o secretário.

Com propriedade, o artista questiona, através de sua obra, a autoria na arte. Doutor em Direito pela UFPR e professor da mesma universidade, Conrado explica que a exposição reúne reflexões próprias de suas duas vertentes profissionais: arte e Direito.

“Temos aqui uma discussão sobre os conceitos de autoria, anonimato, apropriação e originalidade na arte”, explica o artista. Para isso, ele utiliza 20 fotografias licenciadas de bancos de imagens, sobrepostas a frases anônimas, retiradas de pichações, redes sociais ou conversas casuais. “É um diálogo entre a apropriação de textos e imagens. Do duplo anonimato, das fotografias de banco de imagens e de frases, reivindico a autoria das obras”, informa.

Em outro espaço da exposição, Conrado apresenta ao público 13 pinturas em grandes formatos. Estas, por sua vez, ao serem produzidas, receberam influência de outros artistas, o que mantém vivo o questionamento central da mostra. No espaço dedicado às pinturas, a autoria se faz presente por meio da mão do artista. Aqui não é possível delegar, diferente da sala dedicada às fotografias, onde a autoria é evidenciada pela via da apropriação.

“Conrado se equilibra em duas vertentes. Na pintura, exercita sua expressão, emoção e subjetividade”, explica a curadora Maria José Justino. “A inclinação de Conrado pela fotografia e pela citação busca explorar outras possibilidades que os novos meios emprestam à arte.”

Ao se apropriar de ideias e citações, o artista alarga a fotografia e possibilita outro universo simbólico, novos sentidos a serem habitados, segundo informa a curadora.

A mostra conta ainda com um painel de LED com frases em movimento, que remete a locais públicos de grande circulação que utilizam tal ferramenta de comunicação. Ao final, uma obra interativa convidará o público a deixar contribuições para possíveis futuros trabalhos do artista.

Posted by Patricia Canetti at 5:17 PM

Ivens Machado no Museu Oscar Niemeyer - MON, Curitiba

Realizada pelo Museu Oscar Niemeyer (MON), a mostra individual de Ivens Machado Mestre de Obras será aberta na quinta-feira, 11. São desenhos, esculturas, fotografias e vídeos relacionados a diferentes períodos da trajetória do artista, procurando criar um diálogo entre as várias vertentes. Ivens Machado foi um dos artistas mais importantes de sua geração e um dos pioneiros da vídeoarte no Brasil.

“Parte do legado de um dos artistas mais importantes de sua geração está agora acessível ao público do Paraná e do Brasil, graças a essa imperdível realização do Museu Oscar Niemeyer”, disse o secretário de Estado da Comunicação Social e da Cultura, Hudson José”.

“A exposição apresentada pelo Museu Oscar Niemeyer apresenta ao público um conjunto expressivo de obras desse importante artista brasileiro, que influenciou várias gerações”, comentou a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika. “Com genialidade, ele conseguiu extrapolar a matéria, permitindo que seu trabalho evoque sensações”, disse.

Trajetória

No início da década de 1970, Ivens Machado produziu obras em papel utilizando cadernos pautados ou quadriculados, onde realizou interferências.

Na década seguinte, sua obra é marcada por um envolvimento maior com a escultura. Em grande parte de seu trabalho escultórico, utiliza materiais da construção civil, trabalhando com formas e superfícies irregulares.

Produzida pelo MON, a exposição apresenta de forma abrangente e expressiva a obra do artista em Curitiba. Com mais de (nº de obras) trabalhos, alguns mostrados poucas vezes no Brasil, a mostra será para o público uma experiência inédita e de grande intensidade artística.


“A mostra reúne o conjunto de sua obra, atravessando meio século de uma produção marcada pela sua força, sua crueza e também sua delicadeza e alegria”, diz a curadora Mônica Grandchamp. Ela explica que, num primeiro momento o impacto da obra pode trazer desconforto, mas com um segundo olhar, encontra-se a fantasia, a sutileza e a delicadeza.

Segundo a curadora, há uma série de obras ainda pouco vistas pelo público e que são desconhecidas da geração mais jovem, bem como obras icônicas que influenciaram diversos artistas como Adriana Varejão, Ernesto Neto, dentre outros.

“Ivens Machado não se filiou a nenhuma escola e sim criou seu próprio caminho, solitário e particular, fundamental no desenvolvimento da arte contemporânea brasileira”, diz Mônica.

O conjunto de obras da exposição pretende mostrar toda a diversificação do trabalho de Ivens Machado, que se mantém atual e desconhecido do público.

Posted by Patricia Canetti at 5:09 PM

abril 5, 2019

Daniel Senise no Ling, Porto Alegre

De 9 de abril a 13 de julho, o Instituto Ling apresenta a exposição Museu, do artista carioca Daniel Senise. Por ocasião da abertura da exposição, na terça-feira, 9 de abril, às 19h, o artista e a curadora Daniela Name farão uma conversa aberta com o público. A entrada é franca, por ordem de chegada.

Museu reúne um conjunto de nove obras recentes - seis pinturas em grandes formatos e três trabalhos em papel - criadas entre 2017 e 2019. São monotipias que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo - como a National Gallery (Londres), a Frick Collection (Nova Iorque), o Rijksmuseum (Amsterdã) e o Museu Nacional de Belas Artes (RJ) -, e aquarelas que reproduzem a padronagem dos pisos de madeira de instituições culturais, como o Museu de Arte Antiga de Lisboa.

Ao longo dos seus mais de 30 anos de atividade trabalhando nos limites da figuração na pintura, Daniel Senise é considerado um dos maiores expoentes da chamada "Geração 80" e se afirma como um nome importante na cena internacional contemporânea. Para a curadora Daniela Name, nessa exposição Senise reinveste na questão fundamental de sua obra: a ênfase no ausente. As telas representam os espaços vazios dos museus, vestígios e fragmentos que evocam a memória desses locais. "O conjunto de obras reunidas em Museu evidencia como a imagem latente - ela que não está - atinge uma força radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las. Ela é talvez mais presente em sua ausência do que seria em sua representação", afirma Daniela em seu texto curatorial (ler o texto na íntegra).

Daniel Senise nasceu em 1955 no Rio de Janeiro. Em 1980, se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo ingressado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no ano seguinte, onde participou de cursos livres até 1983. Foi professor na mesma escola de 1985 a 1996. Desde os anos oitenta, o artista vem participando de mostras coletivas, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de La Habana, a Bienal de Veneza, a Bienal de Liverpool, a Bienal de Cuenca, a Trienal de Nova Delhi, entre outras realizadas no MASP e no MAM de São Paulo; no Musee d'Art Moderne de la Ville de Paris; no MoMA, em New York; no Centre Georges Pompidou, em Paris; e no Museu Ludwig, em Colônia, na Alemanha. Daniel Senise também tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, entre eles o MAM do Rio de Janeiro; o MAC de Niterói; o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; a Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro; o Museum of Contemporary Art Chicago; o Museo de Arte Contemporáneo, em Monterrey, no México; a Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro; a Ramis Barquet Gallery e a Charles Cowley Gallery, em Nova York; a Galerie Michel Vidal, em Paris; a Galleri Engström, em Estocolmo; a Galeria Camargo Vilaça, em São Paulo; a Pulitzer Art Gallery, em Amsterdam; a Diana Lowenstein Fine Arts Gallery, em Miami; a Galeria Silvia Cintra, no Rio de Janeiro; a Galeria Vermelho, em São Paulo; a Galeria Graça Brandão, em Lisboa; e a Galeria Nara Roesler de Nova York. Atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Daniela Name nasceu no Rio de Janeiro, em 1973. É crítica e curadora de arte, doutora em Comunicação e Cultura e mestre em Histórica e Crítica da Arte pela UFRJ e autora dos livros Norte - Marcelo Moscheta (2012), Almir Mavigner (2013) e Amelia Toledo - Forma fluida (2014). É crítica-colaboradora do jornal O Globo; editora da Revista Caju, uma publicação online dedicada a ensaios e críticas de arte e cultura (www.revistacaju.com.br); e assessora de Cultura e Arte da Associação Redes da Maré.

Posted by Patricia Canetti at 3:57 PM

abril 3, 2019

Claudia Andujar no IMS Paulista, São Paulo

A retrospectiva da obra de Claudia Andujar dedicada aos Yanomami, indígenas ameaçados de extinção, ocupa dois andares do IMS Paulista com aproximadamente 300 imagens e uma instalação da fotógrafa e ativista, além de livros e documentos sobre a trajetória do povo em busca de sobrevivência. O conjunto traça um amplo panorama do longo trabalho de Andujar junto aos Yanomami, retomando aspectos pouco conhecidos da luta da fotógrafa pela demarcação de terras indígenas, militância que a levou a unir sua arte à política. A seleção do material exposto é resultado da pesquisa de muitos anos realizada pelo curador Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do IMS, no acervo de mais de 40 mil imagens da artista.

Claudia Andujar (1931) cresceu na Europa, na região da Transilvânia, de onde escapou para a Suíça durante a Segunda Guerra Mundial. Sua família paterna, de origem judaica, foi morta nos campos de concentração de Auschwitz e Dachau. Emigrou da Suíça para os Estados Unidos e depois, em 1955, para o Brasil. Aqui, começou a fotografar e construiu uma carreira bem-sucedida no jornalismo. Em 1971, aos 40 anos, registrou os Yanomami pela primeira vez para a revista Realidade. O encontro mudou a vida da fotógrafa, que voltou numerosas vezes ao território para documentar aquela cultura ainda relativamente isolada.

O primeiro andar do IMS Paulista apresenta a fase inicial da carreira de Andujar, com fotografias produzidas entre 1971 e 1977 na região do Catrimani, em Roraima. São registros das atividades diárias na floresta e na maloca, dos rituais xamânicos, dos indivíduos. O mergulho entre os Yanomami foi possível graças a uma bolsa da Fundação John Simon Guggenheim. Segundo o curador Thyago Nogueira, “os anos de dedicação profunda fizeram com que Andujar transformasse o interesse jornalístico e antropológico em uma interpretação radicalmente original da cultura, feita com imagens”.

Ainda nessa parte da exposição, é possível acompanhar as primeiras viagens de Andujar ao território Yanomami, sua aproximação com a nova cultura e o amadurecimento do trabalho, conforme passava mais tempo na floresta. Com a ajuda do missionário Carlo Zacquini, que vivia há muito entre os Yanomami, ela pode aprofundar-se na rotina, acompanhar viagens, festas e expedições de caça: “É claro que cortar um animal é algo sangrento, mas não sei, acho que já me acostumei com isso, não me choca mais e nem acho estranho. É o jeito que as coisas são. Para falar a verdade, estou há tanto tempo com os índios que não acho mais nada estranho. Sempre olho e tento entender. As coisas são do jeito que são”, descreve ela em um áudio gravado na época em plena mata e disponível na exposição.

Um dos conjuntos mais impactantes do período é o registro das festas reahu, as complexas cerimônias funerárias e de aliança intercomunitária, marcadas por ritos específicos e pela fartura de comida. Para produzir as fotos, tentando relacionar o que via com a dimensão mística presente nos rituais, Andujar desenvolveu experimentos fotográficos em São Paulo, com flashes, lamparinas e filmes infravermelhos, que depois aplicou na mata. As imagens traduzem o universo espiritual, dando forma concreta a um mundo abstrato. “Ao interpretar com imagens, e não palavras, como faziam a antropologia e o jornalismo, Andujar também oferecia uma nova camada de significados”, afirma Nogueira.

Entre 1974 e 1976, Andujar ainda produziu centenas de retratos dos Yanomami que conheceu, formando um conjunto de rostos de crianças, jovens e adultos emergindo de um fundo negro. O conjunto, presente na mostra em 48 retratos, revela fisionomias e elementos culturais, como a tanga feminina ou o cordão cintural dos rapazes. As fotos foram feitas utilizando apenas a luz natural que penetrava nas malocas, e cada sessão consumiu um filme inteiro, medida necessária para criar intimidade.

Depois de algum tempo, a aproximação com os Yanomami também levou a fotógrafa a propor que eles próprios representassem seu universo. Em 1974, com a ajuda de Zacquini, levou ao Catrimani papéis e canetas hidrográficas e deu início a um projeto de desenho, ampliado dois anos depois com uma bolsa da Fapesp. Cerca de 30 desenhos originais de mitos e cenas do cotidiano Yanomami serão apresentados na mostra. Em 1977, Andujar foi expulsa e impedida de voltar à área indígena pela Funai.

O segundo andar da exposição concentra-se no contato radical da civilização branca com a indígena, e na história de luta empreendida pela fotógrafa para proteger o povo que adotara como família. Entre os anos 1970 e 1980, o garimpo e os planos de desenvolvimento da Amazônia durante o governo militar introduziram um rastro de doenças, violência e poluição que aniquilou comunidades indígenas inteiras, despreparadas para enfrentá-lo.

Diante da tragédia, Andujar cria com o missionário Carlo Zacquini e o antropólogo Bruce Albert a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) em 1978. Durante 13 anos a CCPY travou uma batalha incansável pela demarcação contínua da terra indígena, vista como a única maneira de garantir a sobrevivência dos Yanomami e de seu ecossistema. Contra forças econômicas poderosas, finalmente, em 1992, a terra foi homologada às vésperas da conferência-geral da ONU sobre o clima (Rio-92), tornando-se um dos mais bem-sucedidos exemplos de luta política.

Durante a campanha, Andujar mobilizou organizações nacionais e estrangeiras, levantou fundos, escreveu manifestos e correu o mundo para denunciar o descalabro. Sua fotografia passou a instrumentalizar a mobilização política. Também desenvolveu programas de saúde e educação, com os quais percorreu toda a extensão da terra indígena.

Em uma de suas séries mais conhecidas, fotografou Yanomami de várias regiões para identificar os cadastros de saúde e vacinação. As fotos numeradas se transformaram na série Marcados, exibidas na 27ª Bienal de Arte de São Paulo e no exterior. A retrospectiva no IMS Paulista apresenta novos conjuntos dessa série, com uma contextualização sobre os lugares onde os retratos foram feitos.

Esses retratos numerados evocam momentos sombrios da história do século XX, como o Holocausto, associado à trajetória da própria artista. “Criamos uma nova identidade para eles, sem dúvida, um sistema alheio à sua cultura. São as circunstâncias desse trabalho que pretendo mostrar por meio destas imagens feitas na época. Não se trata de justificar a marca colocada em seu peito, mas de explicitar que ela se refere a um terreno sensível, ambíguo, que pode suscitar constrangimento e dor”, afirma a fotógrafa.

Outro destaque da mostra é uma nova versão da instalação Genocídio do Yanomami: morte do Brasil (1989/ 2018), manifesto audiovisual em 16 telas. A obra foi exibida pela primeira vez em 1989 como reação aos decretos assinados pelo então presidente da República, José Sarney, que demarcavam a terra indígena em 19 “ilhas” isoladas. Feita com fotos do arquivo de Andujar, refotografadas com luzes e filtros, a projeção conduz o espectador por um mundo em harmonia, paulatinamente destruído pelo progresso da civilização branca. A compositora Marlui Miranda criou a trilha sonora que combina música instrumental americana, japonesa e cantos Yanomami. A instalação apresenta uma retrospectiva do trabalho de Andujar, incluindo fotos tiradas entre 1972 e 1984.

A mostra no IMS Paulista reúne também livros, documentos e um mapa detalhado do território Yanomami no Brasil. Em cartaz até 7 de abril de 2019, a exposição retoma a trajetória da ativista e sua luta constante pela proteção de povos que, ainda hoje, permanecem em risco. Uma das maiores artistas vivas, Andujar rompeu os limites entre arte e política para não abrir mão de seu compromisso ético com a vida. “Estou ligada ao índio, à terra, à luta primária. Tudo isso me comove profundamente. Tudo parece essencial. Talvez sempre procurei a resposta à razão da vida nessa essencialidade. E fui levada para lá, na mata amazônica, por isso. Foi instintivo. À procura de me encontrar”, afirma a artista.

A mostra Claudia Andujar – A luta Yanomami será exibida no IMS Rio a partir de julho de 2019. Esta exposição dá sequência à pesquisa realizada para a mostra Claudia Andujar – O lugar do outro (IMS Rio, 2015), que apresentou a primeira parte da trajetória profissional da fotógrafa e também teve curadoria de Thyago Nogueira.

Claudia Andujar – A luta Yanomami foi realizada com apoio e consultoria do Instituto Socioambiental (ISA) e colaboração da Hutukara Associação Yanomami (HAY).

Posted by Patricia Canetti at 2:00 PM

Lançamento dos livros Arquitetura de exposições: Lina Bo Bardi e Gisela Magalhães e Tarsila do Amaral na SP-Arte 2019, São Paulo

Edições Sesc São Paulo realizam eventos de lançamento durante a SP-Arte 2019: Arquitetura de exposições, de César Augusto Sartorelli, e Tarsila do Amaral, a modernista, de Nádia Battella Gotlib.

6 de abril de 2019, sábado, às 16h

15ª edição da SP-Arte - Pavilhão da Bienal
Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera, portão 3, São Paulo, SP

Dois títulos relacionados ao universo das Artes ganham eventos especiais na 15ª edição da SP-Arte: Arquitetura de exposições, de César Augusto Sartorelli, e Tarsila do Amaral, a modernista, de Nádia Battella Gotlib

As Edições Sesc São Paulo realizam dois eventos de lançamento durante a 15ª edição da SP-Arte - Festival Internacional de Arte de São Paulo. No dia 6 de abril, às 16h, os autores das obras Arquitetura de exposições: Lina Bo Bardi e Gisela Magalhães e Tarsila do Amaral, a modernista estarão no Pavilhão da Bienal para sessões especiais de autógrafos no Lounge de Lançamentos, localizado no setor Editorial.

Arquitetura de exposições: Lina Bo Bardi e Gisela Magalhães, de César Augusto Sartorelli, é um livro de referência sobre a arquitetura expositiva, a atividade de planejar e ressignificar o espaço onde uma exposição é construída. O autor define essa linguagem arquitetônica, relacionando-a à história da museografia, e a seguir analisa a trajetória de duas grandes arquitetas curadoras: Lina Bo Bardi (1914-92) e Gisela Magalhães (1930-2003). Ao detalhar as principais exposições de cada uma em ordem cronológica, busca estabelecer similaridades e diferenças. Leitura fundamental para arquitetos, curadores e artistas.

Já Tarsila do Amaral, a modernista, da professora e ensaísta Nádia Battella Gotlib, é uma biografia que recria a trajetória libertária de Tarsila do Amaral, debruçando-se sobre sua vida privada, sua formação artística, o circuito modernista, o movimento Pau-brasil e a Antropofagia, detalhando o empenho e a resistência da pintora em prol de sua diversidade tanto artística quanto afetiva-pessoal. Modelo de ruptura nas artes visuais e na literatura, Tarsila do Amaral influenciou a produção artística brasileira e teve um papel de vanguarda na ascensão social feminina. Este livro oferece ao leitor a possibilidade de conhecer toda a intensidade de sua vida e também de sua obra, decifrando-as em sua complexidade, originalidade e visão de mundo.

Sobre a SP-Arte

Criada em 2005, a SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo – é um dos mais importantes eventos do mercado global de artes. Consagradas galerias trazem mais de 2 mil artistas do Brasil e do mundo e se reúnem, com museus e instituições culturais, num encontro criativo anual entre colecionadores, profissionais e amantes da arte.

Durante o evento, que se espalha pela cidade, há conversas sobre o fazer artístico, além da presença de revistas, editoras e lançamentos de livros no Pavilhão da Bienal, que compõem um panorama do circuito contemporâneo.

Posted by Patricia Canetti at 11:29 AM

Mostra de filmes mundo árabe contemporâneo no Tomie Ohtake, São Paulo

Como parte da exposição Taswir - A fotografia árabe contemporânea, esta mostra de filmes, realizada com o apoio do Consulado Geral da França no Brasil e do Institut Français, traz produções de diferentes nacionalidades buscando retratar a realidade política, social e cultural dos países que integram o mundo árabe. Parte-se de diretores argelinos, tunisianos, egípcios, iraquianos, marroquinos e israelenses buscando dar um panorama da produção cinematográfica árabe contemporânea. A seleção não se restringe a produções que abordam as questões políticas e religiosas que perpassam os conflitos locais, mas busca no cotidiano de seus personagens realizar uma imersão nessas culturas tão plurais.

6, 7, 13 e 14 de abril de 2019

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201, Pinheiros, São Paulo

PROGRAMAÇÃO

6 ABRIL

19h
A PEINE J'OUVRE LES YEUX [Assim que abro os olhos] de Leyla Bouzid
2014 / 1h42min / Tunísia / Drama
Verão de 2010 na Tunísia, alguns meses antes da Revolução. Farah, uma garota de 18 anos, se junta a uma banda de rock politizada e descobre o álcool, o amor e os protestos. Indo contra a vontade da mãe, que conhece os tabus do país, Farah mergulha cada vez mais nesse mundo, sem suspeitar do perigo de um regime político que a observa e se infiltra em sua privacidade.
Classificação etária: 16 anos

21h
YEMA de Djamila Sahraoui
2012 / 1h30min / Argélia / Drama
Depois de anos de ausência, Ouardia volta para o campo argelino para enterrar o filho. Ela suspeita que seu outro filho, Ali, dirigente de uma milícia islamita, o tenha matado.
Classificação etária: 16 anos

7 ABRIL

18h
FIÈVRES [Febre] de Hicham Ayouch
2013 / 1h29min / Marrocos, França / Drama
Benjamin, 13 anos, está em guerra com a vida, os adultos e si mesmo. Com sua mãe presa, ele passa a viver com seu pai, que até então não conhecia. Este é um homem falido de mais de 40 anos que ainda vive com os pais nos subúrbios de Paris.
Classificação etária: Livre

20h
LA VIERGE, LES COPTES ET MOI [A Virgem, os Coptas e eu] de Namir Abdel Messeeh
2011 / 1h31min / Egito / Documentário, comédia
Namir viaja para o Egito, sua pátria, para fazer um filme sobre as aparições milagrosas da Virgem no seio da comunidade copta cristã. Rapidamente, a pesquisa lhe serve de pretexto para rever a família.
Classificação etária: 14 anos

13 ABRIL

19h
BRÛLE LA MER [Queime o Mar] de Nathalie Nambot, Berchache Maki
2014 / 1h15min / França / Documentário
Fragmentos de histórias da luta de jovens tunisianos após a queda da ditadura de Ben Ali. Um filme ensaio situado no limite da energia da revolução da antiga terra e a união a um mundo europeu dominado por relações capitalistas.
Classificação etária: Livre

21h
MY SWEET PEPPER LAND [Minha doce Pepper Land] de Hiner Saleem
2013 / 1h35min / Iraque / Drama
Baran tenta ser um policial justo em um território sem lei que faz fronteira com o Irã, Iraque e Turquia. Govend é uma nova professora que desafia os costumes do lugar. Ambos terão que enfrentar um líder corrupto, autoritário e implacável.
Classificação etária: 14 anos

14 ABRIL

18h
FIVE BROKEN CAMERAS [Cinco Câmeras Quebradas] de Emad Burnat, Guy Davidi
2011 / 1h34min / Israel / Documentário
Palestino registra a resistência de seu vilarejo contra a construção de assentamentos israelenses. O título refere-se ao fato de Burnat ter tido cinco de suas filmadoras destruídas durante os seis anos em que trabalhou no documentário. Aclamado pela crítica, "5 Broken Cameras" recebeu uma nomeação ao Oscar de melhor documentário.
Classificação etária: Livre

20h
LE CHALLAT DE TUNIS [O Navalha de Tunis] de Kaouther Ben Hania
2013 / 1h30min / Tunísia / Ficção
Em Túnis, a capital da Tunísia, um homem desconhecido conhecido por Challat anda de moto e, com uma lâmina, fere as mulheres que julga estarem vestidas desadequadamente. O criminoso é uma lenda urbana, também conhecido como “o retalhador”. Uma década depois dos ataques, na primavera árabe, uma jovem investiga o caso e procura a identidade de Challat.
Classificação etária: 14 anos

Posted by Patricia Canetti at 11:05 AM

José Damasceno no MAM, Rio de Janeiro

Obras do artista inauguram projeto em que se dará visibilidade, por meio de mostras individuais com obras pertencentes ao acervo do Museu, a nomes consagrados e também aos poucos vistos ou lembrados, que também são importantes na história da arte brasileira.

O MAM Rio inaugura no próximo dia 6 de abril de 2019, a partir das 15h, a exposição Programa Solo – José Damasceno, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra é a primeira do Programa Solo, em que o Museu realiza individuais de artistas brasileiros com obras pertencentes as suas coleções. De José Damasceno, artista carioca nascido em 1968, com reconhecimento no circuito nacional e internacional da arte, serão mostradas sete obras, entre elas “Cartograma” (2000), uma estrutura de linhas de metal apoiada em nove compassos que “revela o interesse do artista pelo espaço real e nos chama a atenção para sua dimensão móvel, instável, com o equilíbrio frágil que articula as peças e sustenta o objeto”, apontam os curadores. Estará também na mostra a obra “Elemento cifrado subitamente revelado” (1998), composta por estantes para partitura.

Desenhos a nanquim, hidrocor e esferográfica sobre papel, dos anos 1990, integram a mostra, assim como a litografia “Sem Título” (1987), considerada pelo artista o ponto de partida de seu trabalho, quando ainda era estudante da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O trabalho “já anuncia o estranhamento como um dos procedimentos que vai acompanhar seu trabalho até os dias de hoje. Aqui somos colocados diante de um conjunto de figuras de aspecto quase primitivo, algo raro na sua produção, que se misturam e se atravessam. Um desenho que deixa de lado ideias como estudo, preparação, escala, em favor da noção de autonomia”, dizem os curadores.

“Na produção de Damasceno tem algo do desenho que não se realiza como objeto, assim como há algo do objeto que não se captura como desenho”, observam Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. “Como artista, ele constrói objetos e instalações que se interessam pelos limites da forma escultórica com materiais industriais, como a estopa, a madeira, o concreto e o alumínio, que ganham novo significado”. Eles afirmam ainda que a poética do artista “envolve questões de superfície e profundidade, de solidez e gravidade. Isso não só nas peças tridimensionais, mas também no desenho, encarado pelo artista como local possível para simular, modelizar e inventar”.

“Reunir essas obras é revelar ao público questões como essas que se reconfiguram ao longo do tempo na produção de José Damasceno, e também celebrar sua presença em nosso acervo e sua contribuição para a leitura desse imenso conjunto de obras e artistas”.

José Damasceno nasceu em 1968 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Dentre suas exposições destacadas estão as individuais no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri (2008); no MAM Rio (2011); na Thomas Dane Gallery, Londres (2018); no Santander Cultural, Porto Alegre (2015); na Holborn Library, Londres; e na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2014).

José Damasceno representou o Brasil na Bienal de Veneza com “Viagem à Lua” (2007), e participou da Bienal de Sydney, Austrália (2006); L’Esperienza dell’Arte na Bienal de Veneza, Itália (2005); Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2003); e 30ª Bienal de São Paulo (2002), além de exposições coletivas no Phoenix Art Museum, Arizona, EUA (2017); no Museum of Fine Arts, Boston, EUA (2014); Fundament Foundation, Tilburg, Holanda (2009); Centre Pompidou, Paris, França (2008); Museum of Contemporary Art, Chicago, EUA (2004); Museu Serralves, Porto, Portugal (2001).

No MAM Rio, obras de José Damasceno estiveram em várias exposições, como as individuais em 2011 e 2001, e as coletivas: “Em Polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio” (2016), “Arte Contemporânea Brasileira nas coleções do Rio” (2004), “Novas aquisições da Coleção Gilberto Chateaubriand/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro” (2004 e 2000), “Transparências” (1996), “Panorama da Arte Brasileira” (1995)

Seus trabalhos estão em relevantes coleções públicas, como MAM Rio, MAM São Paulo, Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO, em Miami, EUA), Colección Jumex (México), Daros Latinamerica AG (Zurique, Suíça), Fundación Arco (Madri), Fundación La Caixa (Barcelona, Espanha), Helga de Alvear (Caceres, Espanha), Inhotim – Centro de Arte Contemporânea (Brumadinho, Minas), Museu d’Art Contemporania de Barcelona (MACBA, Espanha), MoMA (Museum of Modern Art, Nova York, EUA), The Israel Museum (Jerusalém, Israel).

Posted by Patricia Canetti at 10:12 AM

Gustavo Rezende na Casa do Bandeirante, São Paulo

Gustavo Rezende inaugura instalação inédita na Casa do Bandeirante em São Paulo

Artista ocupa imóvel construído entre os séculos XVII e XVIII com instalação de 40 metros de extensão, realizada com 70 toneladas de pedra de brita.

A Casa do Bandeirante – Museu da Cidade, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura, recebe a instalação temporária A lógica do lugar, de Gustavo Rezende, a partir do sábado, dia 06 de abril. A estrutura tridimensional de 40 metros de comprimento, feita de pedras de granito, atravessa a casa histórica, evidenciando seus aspectos vernaculares e também seu uso.

Com a implantação do muro de 1, 2 m de altura, e cerca de 70 toneladas, Gustavo Rezende associa arquitetura, espaço e história, realizando sua maior instalação ao ar livre até hoje. A instalação, que avança 16 metros além da extensão da casa, coloca em evidência diversas camadas de significados e procedimentos ligados à construção e uso da mesma, enfatizando as relações sociais e estéticas que permeiam aquele espaço, segundo Rezende.

“Essa ponte entre o edifício construído entre os séculos XVII e XVIII e a arte contemporânea oferece uma nova leitura para esse sítio histórico, renovando sua importância à medida que o reconecta com a nossa realidade. A casa incorpora a obra e cria um novo lugar”, declara o artista.

Com a instalação, o público que frequenta a Casa do Bandeirante não acessa seu interior, e é justamente esse impedimento que o faz atentar para o uso da arquitetura como obra, que ora funciona como intervenção urbana, propondo uma discussão sobre arte, arquitetura e lugar, bem como as implicações entre essas disciplinas.

Gustavo Rezende (1960) vive e trabalha em São Paulo. É graduado em arquitetura pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, possui mestrado pelo Goldsmith’s College (Londres), e doutorado em Poéticas Visuais pela ECA-USP. Desde os anos 1980, vem exibindo trabalhos em mostra individuais e coletivas em importantes instituições museológicas. Coleções privadas e públicas conservam diversas obras de sua autoria, com destaque para o acervo do MAM-SP, MAC-USP, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAM-RJ. Atualmente, leciona na Escola de Artes Visuais e Arquitetura na FAAP.

Sobre o Museu da Cidade de São Paulo

O Museu da Cidade de São Paulo é uma rede de casas históricas distribuídas nas várias regiões da cidade. Atualmente, seu acervo arquitetônico é composto pelo Solar da Marquesa de Santos, Beco do Pinto, Casa Nº 1/Casa da Imagem, Casa do Bandeirante, Casa do Sertanista, Capela do Morumbi, Casa do Tatuapé, Sítio da Ressaca, Sítio Morrinhos, Casa do Grito, Monumento à Independência, Casa Modernista e Chácara Lane. Também possui acervos de grande valor histórico como o acervo Fotográfico; Bens Móveis; História Oral e Documental.

Posted by Patricia Canetti at 8:56 AM

abril 2, 2019

Claudio Goulart na FVCB, Viamão

No dia 6 de abril de 2019, a partir das 11h, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura a exposição individual Claudio Goulart | Quando o horizonte é tão vasto, com curadoria de Fernanda Soares da Rosa. A exposição reúne mais de 60 trabalhos do artista brasileiro, incluindo fotografias, videoarte, instalações, livros de artista, arte postal, colagens, registros de intervenção urbana, de exposições e de projetos em vídeo. Parte desses trabalhos foram desenvolvidos para projetos maiores que Goulart exibiu em diversos países. As obras foram recentemente incorporadas ao acervo artístico da FVCB através da doação realizada pela Fundação Art Zone — instituição holandesa criada ainda em vida por Goulart.

Em 2015, a Fundação Vera Chaves recebeu a doação de quase a totalidade das obras de Claudio Goulart (1954-2005), artista brasileiro, natural de Porto Alegre, que desenvolveu sua carreira em Amsterdã, na Holanda, onde viveu desde a segunda metade da década de 1970.

O acervo artístico e documental doado pela Fundação Art Zone — instituição holandesa criada ainda em vida por Goulart e até então legatária de sua obra — revelou o caráter arquivista e colecionador do artista que, ao longo de sua trajetória, reuniu em fotografias, escritos, registros e obras de arte, um arquivo muito próprio e pessoal.

No limiar dos horizontes possíveis de serem visualizados através da obra de Goulart, há caminhos, paisagens, diálogos e interlocuções. Nesses trabalhos, realizados nas mais diferentes linguagens e suportes, e apresentados em diversos países, encontra-se uma pluralidade de leituras a temas ligados à história mundial e da arte, e que ainda suscitam questões acerca da memória individual e coletiva, além de questões políticas e sociais.

Claudio Goulart | Quando o horizonte é tão vasto é a primeira exposição individual póstuma do artista no Brasil, realizada na Sala dos Pomares, no primeiro semestre de 2019. A FVCB, assim, tem o intuito de apresentar e refletir sobre essa rica produção, exibindo, inclusive, diversas obras inéditas, nunca antes apresentadas pelo artista.

Para o dia de abertura, a FVCB disponibilizará transporte gratuito em dois horários: às 11h e às 14h, com saídas em frente ao Theatro São Pedro, Centro Histórico de Porto Alegre. Inscrição prévia: info@fvcb.com, 51-3228-1445 e 51-98102-1059.

A visitação segue até dia 20 de julho, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas por e-mail ou pelo telefone 51-98229-3031.

Claudio Goulart, artista brasileiro, nascido em Porto Alegre, em 1954, desenvolveu seus estudos em Arquitetura, na Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) e em Artes Visuais, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1976, aos 22 anos de idade, mudou-se para a Europa com o intuito de aperfeiçoar seus estudos. Fixou residência em Amterdã até seu falecimento, em decorrência da aids, em 2005. Durante todo esse período residindo na Europa, Goulart participou de diversas exposições e projetos artísticos em países, como: Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Cuba, México, Japão, entre outros. Voltou ao Brasil durante breve período, no final da década de 1970, para realizar alguns projetos, como a exposição Claudio Goulart no N.O., em 1979, no Espaço N.O., em Porto Alegre.

Fernanda Soares da Rosa é graduada em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FFCH-PUCRS) e mestre em Artes Visuais, área de concentração em História, Teoria e Crítica, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGAV-UFRGS). Em sua pesquisa de mestrado investigou questões referentes a arquivos e a memória na arte contemporânea, através da produção do artista Claudio Goulart. Atua como Historiadora no Acervo Artístico da Fundação Vera Chaves Barcellos, trabalhando com a catalogação de obras de arte, pesquisa sobre Arte Contemporânea, curadoria e organização de exposições.

INFORMAÇÕES SOBRE ALGUMAS OBRAS

Los juguetes, 1997. A obra exibida na Sala dos Pomares é um recorte da instalação apresentada na VI Bienal de Havana, em 1997. Formada por repetidos autorretratos do artista, seus olhos vendados por fitas coloridas dividem espaço com imagens apropriadas e diversos símbolos, delimitados em giz branco sobre o peito. A obra aborda conflitos identitários e temas importantes para Goulart, como as diferentes versões da história, as imagens de guerras e conflitos armados, o colonialismo ocidental, o dinheiro, as manipulações da mídia, os mitos criados pelo cinema, a situação social dos povos oprimidos, entre outros.

Dialogs, 1980. Vídeo que tem origem em uma performance realizada em parceria com o artista Flavio Pons, em 1978, na galeria Bedaux, em Amsterdã. Nele, os artistas apresentam dois aspectos dos mais caros à existência humana: a incomunicabilidade e a passagem do tempo. Os artistas utilizam uma fita de tecido como metáfora do conteúdo de suas falas, aquilo que vai e vem, que é assimilado ou não, devolvido ao bel prazer dos dois interlocutores, expressando nessa troca, diversas potências comunicacionais possíveis entre duas pessoas. Durante a videoarte, os artistas também colocam vendas os olhos: o olhar sobre o outro, enquanto o aceitar o outro, e o não olhar, como o desprezar aquilo que o outro exprime. Falar e ser escutado — e não apenas ouvido — e escutar quando o outro fala são dois pressupostos essenciais ao sucesso da comunicação humana.

Excerpts from/ Fragments of a Landscape, 1986. Um projeto realizado nos caminhos que o artista traçou entre Amsterdã e Almelo, esta última cidade localizada a cerca de 150 km de distância da capital holandesa. As fotos escolhidas para compor o projeto passaram por um processo de fotocópia e de ampliação; dessas ampliações, as imagens foram dispostas em fragmentações e unidas novamente com uma fita branca, delicadamente colada no verso. São fragmentos das paisagens condensados pelo olhar do artista.

Da série The Printout, 2000. The Printout é uma série produzida a partir de imagens apropriadas e colagens. Com Printout, Claudio utiliza como ferramenta a web para disponibilizar um projeto inteiramente de domínio público. Produzindo uma série pensada e desenvolvida para um espaço não convencional do campo das artes, como galerias e museus, dessacralizando o objeto artístico, tornando-o totalmente acessível, gratuito e de certa forma atemporal. Toda a série está disponível no site da Fundação Art Zone (www.artzone.nl/) para download e livre utilização.

Posted by Patricia Canetti at 12:16 PM

Tarsila do Amaral no MASP, São Paulo

Exposição de Tarsila do Amaral no Masp se volta para relação de sua obra com o popular brasileiro

"Tarsila popular" propõe ainda um novo olhar em direção aos temas, personagens e narrativas presentes no trabalho da artista, especialmente no que diz respeito a questões políticas, sociais, e raciais; catálogo com textos inéditos será lançado na abertura

Tarsila do Amaral (1886-1973), artista que foi figura central do modernismo brasileiro em sua primeira fase, a partir dos anos 1920, ganha sua primeira grande mostra no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) a partir de 5 de abril. Tarsila popular, com curadoria de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, reúne cerca de 120 obras da artista, entre pinturas e desenhos. A abertura de Tarsila popular será simultânea à da exposição Lina Bo Bardi: Habitat, sobre a arquiteta ítalo-brasileira que projetou, entre outros, o edifício que abriga o MASP. As mostras integram o ciclo “Histórias das mulheres, histórias feministas”, eixo temático que guiará a programação da instituição ao longo de 2019.

O “popular” do título refere-se tanto ao recorte da obra de Tarsila, pelos curadores, como ao programa de revisão da produção de nomes centrais do modernismo brasileiro, empreendido pela atual direção artística do MASP. Em 2016, por exemplo, o museu realizou Portinari popular, uma seleção de trabalhos de Candido Portinari (1903-1962) relacionados com a cultura popular brasileira. Assim como Portinari, a obra de Tarsila está na base da construção de uma identidade nacional nas artes, ao lado de nomes como Lasar Segall (1891-1957) e Anita Malfatti (1889-1964).

Sem abdicar por completo da matriz modernista europeia e formal da qual fez parte, Tarsila voltou-se para personagens, temas e narrativas ligados ao popular no Brasil. Esse aspecto se manifestou em diversos trabalhos, como é possível observar em suas cenas de Carnaval, favelas e feiras ao ar livre, além da relação de sua obra com a religiosidade e, ainda, com as lendas populares e indígenas -- caso das obras "A cuca" (1924), "Abaporu" (1928) e "Batizado de Macunaíma" (1956).

“A exposição e o catálogo que a acompanha pretendem promover reflexões mais abrangentes sobre Tarsila, articulando sua vida e obra no contexto de uma visão política, social e racial da cultura brasileira e do modernismo -- um movimento que, no Brasil, raramente é abordado sob esses prismas”, diz Fernando Oliva, curador da exposição.

Nascida em uma fazenda no interior paulista, em 1886, Tarsila fez parte da aristocracia brasileira. Estudou as técnicas acadêmicas tradicionais na Europa, onde conviveu com pintores como André Lhote (1885-1962) e Fernand Léger (1881-1955). Desse período, chamam atenção retratos que já apontavam para uma ideia de modernidade -- na pincelada, na representação não-realista e na tentativa de captar o emocional dos modelos --, como em “Autorretrato com vestido laranja” (1921).

Apesar disso, foi ao voltar ao Brasil, em 1922, que Tarsila aderiu às ideias vanguardistas europeias, incorporando-as à sua maneira de representar o Brasil. Foi apresentada por Anita Malfatti ao escritor Mário de Andrade (1893-1945), ao futuro marido Oswald de Andrade (1890-1954) e ao poeta e pintor Menotti del Picchia (1892-1988), formando com eles o Grupo dos Cinco.

Guiados pela ideia de encontrar e definir uma arte "verdadeiramente nacional", os cinco fizeram uma viagem de redescoberta do país pelas cidades coloniais mineiras, acompanhados pelo poeta franco-suíço Blaise Cendrars (1887-1961). Dessa expedição, resultaram desenhos de observação de Tarsila que estarão na mostra.

É nesse momento que se inicia o período conhecido como “Pau-Brasil”, uma das três principais fases da carreira de Tarsila, ao lado dos períodos “Antropofágico” e “Social”, todos presentes na mostra. A fase “Pau-Brasil” é marcada por telas de cores e temas acentuadamente tropicais, como a exuberância da fauna e da flora locais, pintadas ao lado de máquinas e trilhos, símbolos, por sua vez, da modernidade urbana do país. Desse momento, são singulares obras como “Estrada de Ferro Central do Brasil” (1924), “Vendedor de frutas” (1925) e “Um pescador” (1925), pintura que faz parte do acervo do museu Hermitage, na Rússia, e será exposta pela primeira vez no Brasil.

Foi ainda nos anos 1920 que Tarsila deu início à fase “Antropofágica”, em que conseguiu criar algo de único e particular. Em 1926, Tarsila casou-se com Oswald e apresentou sua primeira individual, em Paris. Dois anos depois, pintou “Abaporu”, cujo nome de origem indígena significa “homem que come carne humana -- tipo de ritual praticado por algumas tribos brasileiras, especialmente os tupinambás. A obra inspirou o Manifesto Antropófago, de Oswald, que propunha a apropriação e deglutição, pela cultura nacional, do legado cultural europeu, para devolvê-lo ao mundo sob a forma de uma produção cultural própria, brasileira. Trabalhos como “Urutu” (1928) e “Antropofagia” (1929) estarão na mostra.

A chamada fase “Social”, que se segue a “Pau-Brasil”, e “Antropofágica”, deixa clara a aproximação de Tarsila com as questões políticas e sociais. No início da década de 1930, a artista, empobrecida pela perda da fortuna da família na crise de 1929, teve de se desfazer de obras de sua coleção particular. Assim, reuniu recursos para viajar à União Soviética, acompanhada pelo então marido, o psiquiatra Osório César. Juntos, foram para Moscou, Leningrado e Berlim, entre outras cidades. De volta ao Brasil, foi presa, considerada suspeita de “atividades subversivas” por ter visitado países comunistas. Esses eventos marcaram sua fase de temática social, representada por obras como “Segunda classe” (1933) e “Operários” (1933).

Histórias das mulheres, histórias feministas

Tarsila popular integra um ano de exposições, simpósios, palestras, workshops, filmes e publicações em torno do tema “Histórias das mulheres, histórias feministas”. O ciclo temático de 2019 agrega diversas mostras monográficas, com nomes da arte contemporânea internacional, caso de Gego e Leonor Antunes, ao lado de artistas brasileiras dos séculos 20 e 21, como Lina Bo Bardi, Djanira da Motta e Silva e Anna Bella Geiger, além de duas mostras coletivas, Histórias das mulheres, artistas antes de 1900 e Histórias das mulheres, artistas depois de 2000.

Catálogo

Organizado por Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, a publicação será lançada na abertura da exposição, com edições em português e inglês, e inclui ensaios de Adriano Pedrosa, Amanda Carneiro, Fernando Oliva, Irene Small, Mari Rodríguez Binnie, Maria Bernardete Ramos Flores, Maria Castro, Michele Greet, Michele Petry, Paulo Herkenhoff, Renata Bittencourt, Sergio Miceli.

O catálogo pode ser adquirido no MASP Loja, ponto de vendas do museu com entrada gratuita, independente das exposições. Valores: R$ 139 (brochura) e R$ 169 (capa dura).

Posted by Patricia Canetti at 11:21 AM

Lina Bo Bardi no MASP, São Paulo

Livro e mostra em 3 países reveem multiplicidade de Lina Bo Bardi

Arquiteta italiana que adotou o Brasil, rompeu hierarquias entre as artes e moldou uma nova linguagem do modernismo, agregando uma visão própria e radical com referências da cultura brasileira terá exposição em abril no MASP. Em 2020, mostra segue para o México e EUA

Lina Bo Bardi (1914-1992) gostava de ser chamada de architetto, substantivo que em italiano, sua língua materna, tem um único gênero. A inflexibilidade da palavra não podia destoar mais da trajetória de Lina, uma arquiteta múltipla que atuou em frentes tão diversas quanto a produção de revistas, a educação, os museus e o que ela chamava de “arquitetura ambiental”: uma arquitetura que buscava se relacionar com o seu contexto e com o entorno tropical do Brasil. A amplitude de sua produção e de seu pensamento é o cerne de Lina Bo Bardi: Habitat, exposição que abre dia 4 de abril no MASP, acompanhada do mais completo catálogo já produzido sobre a obra e o legado da arquiteta. O livro, como a mostra, terá versões em três línguas -- português, espanhol e inglês -- e a co-organização do Museo Jumex, na Cidade do México, e do Museum of Contemporary Art (MCA) de Chicago. As instituições receberão a exposição em janeiro e junho de 2020, respectivamente.

A abertura de Lina Bo Bardi: Habitat será simultânea à da exposição Tarsila popular, sobre a artista que foi figura central do modernismo brasileiro em sua primeira fase, a partir dos anos 1920. As mostras integram o ciclo “Histórias das mulheres, histórias feministas”, eixo temático que guiará a programação da instituição ao longo de 2019.

A mostra, de perfil panorâmico, terá diferentes configurações em cada país. Em todos, como o título indica, ela contará com exemplares da revista de arquitetura Habitat, produzida por Lina enquanto dirigia o MASP ao lado do marido, o marchand e crítico italiano Pietro Maria Bardi, diretor-fundador do MASP. A exposição e o livro, porém, vão além da revista -- apenas uma das frentes de atuação de Lina, embora fundamental para pavimentar suas criações no campo da arquitetura e das artes. O habitat do título diz respeito também ao mergulho empreendido pela arquiteta no contexto brasileiro, que procurou entender antes de aplicar aqui as ideias modernistas trazidas da Itália. O casal chegou ao Brasil em 1946, deixando para trás uma Europa arrasada pela guerra, e adotou o país em definitivo em 1951, ao se naturalizar.

“Não se trata de uma exposição somente sobre o trabalho de Lina Bo Bardi como arquiteta, mas, sobretudo, de uma oportunidade de mostrá-la como uma pensadora que atuou tanto na arquitetura e no design quanto no campo editorial, na pedagogia, na crítica e na curadoria”, diz Tomás Toledo, curador-chefe do MASP e um dos três curadores da exposição, ao lado de Julieta González, no Museo Jumex, e José Esparza Chong Cuy, no MCA Chicago.

Os temas principais da exposição giram em torno dos projetos fundamentais da carreira da arquiteta, bem como de momentos decisivos de sua trajetória pessoal. Tanto a mostra como o catálogo são divididos em três capítulos.

O primeiro deles, “O Habitat de Lina Bo Bardi”, conta com os quinze primeiros exemplares da revista. Lina e Pietro trabalharam nela entre 1951 e 52, quando se afastaram para tocar outros projetos, sobretudo na Bahia, estado que impactaria de modo decisivo o trabalho da arquiteta. “Foi em Habitat que Lina, que trazia da Itália experiência em revistas, desenvolveu e desdobrou seus interesses. A revista falava de arte popular, de mobiliário, da educação como transformação social e política, e de sua visão de arte, não eurocêntrica ou estadunidense. Sem dúvida, a revista Habitat é um grande registro da multiplicidade e da amplitude da atuação de Lina no campo da prática e da teoria”, diz o curador. No catálogo, esse capítulo é complementado por textos de Lina publicados em outros veículos -- prolífica, a arquiteta também produziu um grande volume de escritos.

“Repensando o museu”, a segunda parte, revê o envolvimento de Lina com o MASP desde a sede da 7 de Abril, dos Diários Associados, grupo de mídia do empresário e mecenas Assis Chateaubriand, fundador do MASP, com destaque para o edifício-sede da avenida Paulista e sua radical pinacoteca com cavaletes de vidro. Revê também sua proposta didática e de uma função social para o museu, com a organização de exposições que dessacralizavam obras e expografias e a criação do Instituto de Arte Contemporânea (IAC).

O capítulo repassa ainda a experiência da arquiteta na Bahia, onde criou o Museu de Arte Moderna (MAM-BA) nos escombros de um incendiado Teatro Castro Alves, e o Museu de Arte Popular do Solar do Unhão, edifício cuja escada, feita à maneira dos encaixes de carros de boi, se imortalizou na história da arquitetura brasileira. Foi na Bahia em que Lina abraçou de vez o popular, em uma vivência que resultaria nas exposições Bahia no Ibirapuera, realizada em 1959 no local que viria a abrigar o MAM-SP, Nordeste, que inaugurou o Solar do Unhão, em 1963, e A mão do povo brasileiro, aberta em 1969 no MASP da avenida Paulista.

A parte final da mostra e do livro, “Da Casa de Vidro à Cabana”, trata da trajetória de Lina como projetista. Sua trajetória se inicia com uma influência mais acentuada do modernismo europeu, com projetos como o da Casa de Vidro, sua primeira obra construída e sua residência até a morte, e com o passar do tempo agrega referências da cultura popular brasileira e das técnicas vernaculares de construção, características que podem ser observadas em projetos como a Casa Valéria Cirell, a Igreja Espírito Santo do Serrado e o SESC Pompéia, um de seus principais projetos.

No MASP, onde terá lugar no primeiro subsolo, Lina Bo Bardi: Habitat será realizada de 4 de abril a 28 de julho, em paralelo à mostra Tarsila Popular, no primeiro andar, e Djanira: a memória de seu povo, que abriu em 1º de março e vai até 19 de maio.

50 anos de ‘A mão do povo brasileiro’

Lina Bo Bardi: Habitat marca também os 50 anos da abertura do MASP ao público. Inaugurado em 7 de novembro de 1968 com a presença da rainha Elizabeth II, o prédio só abriria a sua primeira exposição temporária em 7 de abril de 1969: A mão do povo brasileiro, organizada por Lina Bo Bardi, com colaboração de Glauber Rocha, Martim Gonçalves e Pietro Maria Bardi.

De certa forma o resultado das experiências anteriores da arquiteta, como diz Tomás Toledo, a mostra reunia carrancas, imagens de santos, roupas de vaqueiro, objetos de uso cotidiano. Era como uma carta de intenções da arquiteta, que ali mostrava sua rejeição às hierarquias nas artes, sua ideia de museu como um espaço diverso e múltiplo. Como ela própria.

No México e nos Estados Unidos, Habitat contará com cavaletes de vidro expondo obras da coleção do MASP e a reconstrução de uma parte de A mão do povo brasileiro, mostra já reeditada pelo MASP em 2016.

Histórias das mulheres, histórias feministas

Lina Bo Bardi: Habitat integra um ano de exposições, simpósios, palestras, workshops, filmes e publicações em torno do tema “Histórias das mulheres, histórias feministas”. O ciclo temático de 2019 agrega diversas mostras monográficas, com nomes da arte contemporânea internacional, caso de Gego e Leonor Antunes, ao lado de artistas brasileiras dos séculos 20 e 21, como Lina Bo Bardi, Djanira da Motta e Silva e Anna Bella Geiger, além de duas mostras coletivas, Histórias das mulheres, artistas antes de 1900 e Histórias das mulheres, artistas depois de 2000.

Catálogo

Com edições em português, inglês e espanhol, Lina Bo Bardi: Habitat, o livro, vai reunir textos dos três curadores da exposição: Tomás Toledo, curador-chefe do MASP, Julieta González, diretora artística do Museo Jumex, na Cidade do México, e José Esparza Chong Cuy, arquiteto que foi curador do Museum of Contemporary Art Chicago (MCA) e hoje é diretor executivo e curador chefe da Storefront for Art and Architecture, em Nova York.

Amplamente ilustrado, o catálogo inclui materiais de arquivo, traduções de uma seleção de escritos de Lina Bo Bardi e ensaios de Adriano Pedrosa, Antonio Risério, Beatriz Colomina e Mark Wigley, Esther da Costa Meyer, Guilherme Wisnik, Jane Hall e Luis Castañeda.

O catálogo, com 352 páginas pode ser adquirido no MASP Loja, ponto de vendas do museu com entrada gratuita, independente das exposições. Valores: R$ 139 (brochura) e R$ 159 (capa dura).

Posted by Patricia Canetti at 11:14 AM

Nuno Ramos no Fortes D’Aloia & Gabriel - Galpão, São Paulo

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de apresentar a nova exposição de Nuno Ramos no Galpão. Sol a pino toma a pintura como elemento central, resgatando seu protagonismo na poética do artista, e reúne ainda uma série de desenhos inspirados na tragédia Antígona, além de vídeos de performances recentes. Ao longo da mostra, testemunhamos sua inquietação ante as transformações do mundo atual, ora tentando apreendê-las, ora extrapolando-as em potência criativa.

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Nuno é um artista multifacetado. Sua prática transita entre pintura, escultura, instalação, desenho, performance e vídeo. A destacada trajetória nas artes visuais é entremeada por uma atuação consistente também no teatro e na literatura, com livros premiados em prosa e poesia, além de colaborações frequentes como letrista – e não são raras as ocasiões em que todas as facetas se mesclam e se confundem. Em meio a esse turbilhão, Nuno tem indagado nos últimos anos a posição que a pintura ocupa em seu núcleo poético, presença constante desde o início da carreira na década de 80, no ateliê Casa 7.

As pinturas da série Sol a pino partem desse questionamento e apontam para o que ele descreve como “desejo de solarização”, uma tentativa desesperada de alegria em tempos soturnos. São obras com cerca de 250 quilos cada, nas quais ele emprega uma versão particular da encáustica – uma mistura de tinta óleo, parafina, vaselina e pó – para materializar cores elétricas em superfícies pantanosas. O método é feito a quente, isto é, o tempo curto de resfriamento do material exige ações rápidas e cada etapa ganha um ritmo aflito. Essa talvez seja uma das razões para Nuno voltar-se à pintura: o apreço por colocar-se sempre em risco, no limiar do controle sobre os materiais. Feitas no chão, as obras recebem ainda uma variedade de objetos como pelúcia, tecidos, câmara de pneus, placas de cobre e alumínio. Nuno os adiciona para construir uma topografia, subindo relevos e abrindo leitos, em um processo que ele relata como “equalização das diferenças”.

A potência solar das pinturas tem seu contraponto nos vídeos e nas obras sobre papel da exposição, que trazem temas mais mundanos. A série de desenhos evoca a figura de Antígona para tratar do embate dos desejos individuais ante o arbítrio do Estado. Na tragédia grega narrada por Sófocles, a personagem luta pelo direito de enterrar seu irmão morto Polinices, a despeito das ordens do Rei Creonte. Nuno apropria-se dos “pensamentos de poeira” (verso da peça) de Antígona como dispositivo para criar os desenhos: ele espalha pó de grafite sobre o papel em uma alusão ao sepultamento. Fragmentos de homens e coroas são figuras frequentes na série e ganham forma à medida que ele subtrai os vestígios do pó com máscaras de fita ou adiciona o guache para solapar a composição. Como é comum na poética de Nuno, o uso da palavra dá origem a um vocabulário visual autônomo, que expande seu significado para além da página.

Completando a mostra, os vídeos são registros das performances teatrais Aos Vivos, trilogia concebida para acontecer em paralelo aos debates de TV das eleições presidenciais do último ano. A premissa consistia em munir os atores no palco com fones de ouvido para que reproduzissem as falas dos candidatos em tempo real. Na ausência do debate no segundo turno, foram usados os áudios da programação televisiva do horário. Em cada uma das peças, Nuno adicionou um elemento externo para interferir nos discursos: no primeiro debate, uma bailarina rodopiava no centro do palco como um dervixe; no segundo, trechos de Antígona eram sussurrados através de tubos de vidro; no terceiro, os diálogos e a trilha sonora do filme Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967) faziam a contraposição. É latente no projeto o empenho de Nuno em captar o real enquanto ele ainda acontece, como se a representação por si só não fosse o bastante para compreender a urgência das transformações em curso. Na exposição, seu esforço ganha forma e peso, e os vídeos são exibidos em telas incrustadas em pedras. Se nas pinturas é notável o desejo de transformar a matéria inerte em algo vivo, nesses trabalhos o movimento é oposto: a experiência volátil do agora é solidificada no mármore.

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Suas exposições individuais recentes incluem: O Direito à Preguiça, CCBB (Belo Horizonte, 2016); O Globo da Morte de Tudo, em parceria com Eduardo Climachauska, SESC Pompeia (São Paulo, 2016) e Galeria Anita Schwartz (Rio de Janeiro, 2012); HOUYHNHNMS, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2015); Ensaio Sobre a Dádiva, Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Anjo e Boneco, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013); 3 lamas (ai, pareciam eternas!), Galeria Celma Albuquerque (Belo Horizonte, 2012), Fruto Estranho, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2010). Destacam-se ainda suas participações na Bienal de São Paulo (2010, 1994, 1989 e 1985) e na Bienal de Veneza (1995). Sua obra está presente em grandes coleções institucionais como: Tate Modern (Londres), Walker Art Center (Minneapolis), Inhotim (Brumadinho), MAC-USP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), entre outras.

Em 16 de Abril, Nuno Ramos lança seu mais novo livro, Verifique se o mesmo, no espaço Tapera Taperá (Av. São Luís 187, Loja 29, São Paulo). Publicado pela Editora Todavia, o livro reúne ensaios diversos sobre a cultura brasileira.


Fortes D’Aloia & Gabriel is delighted to present Nuno Ramos’ Sol a pino* at Galpão. The show features painting as a central element, and retrieves its pivotal role in the artist’s work. Also on view are a series of drawings inspired by the Antigone tragedy, and videos of recent performances. Throughout the exhibit, one witnesses the artist’s latent concern for the transformations taking place in the world. Ramos either attempts to assimilate those changes, or he extrapolates and transforms them into a creative conduit.

Ramos is a multifaceted artist. He works in painting, sculpture, installation, drawing, performance and video. Furthermore, his outstanding path in the visual arts is interspersed by steady performances in the theater and literature, with prized prose and poetry books, as well as frequent collaborations as a lyricist. There are instants when all of these facets come together and become indistinguishable from one another. In the midst of this turmoil, Ramos has begun to reminisce about painting – a constant in his practice since the early 80’s when he was part of the “Casa 7” studio – and its role in his oeuvre.

The paintings in Sol a pino take stock from his ruminations on the medium and point to what he describes as an intrinsic “desire for solarization”, which is a desperate attempt to remain joyful in the gloomiest of times. Each painting weighs about 250 kilos. Ramos has developed a version of encaustic painting – a mixture of paint oil, paraffin, Vaseline and powder – to materialize electrical colors on marshy surfaces. This ancient technique calls for a short cooling time, and so requires quick action, giving each step an agitated rhythm. This is perhaps one of the reasons for his return to painting: a desire to put himself at risk, at the threshold of control over materials. Made on the ground, the paintings also receive a variety of objects such as plush, fabric, tire chambers, copper plates and aluminum. Ramos applies them to the surface building a topography, raising reliefs and opening beds, in a process he defines as the “equalization of differences.”

The solar power of the paintings has its counterpoint in the videos and works on paper, which bring more mundane themes to fore. The series of drawings evokes the figure of Antigone to deal with the clash of individual desires before the State. In the Greek tragedy narrated by Sophocles, the character fights for the right to bury her dead brother Polynices, in spite of King Creon’s orders. Ramos appropriates Antigone’s “thoughts of dust” (a verse in the play) as a device to create the drawings: he sprinkles graffiti powder on the paper in an allusion to the burial. Fragments of men and crowns recur in the drawings and take shape as he subtracts the traces of powder with masking tape or adds gouache to increment the composition. As is common in Ramos’ work, written words give rise to an autonomous visual vocabulary that expands its meaning beyond the page.

Completing the show, the videos are records of the theatrical performances Aos Vivos, a trilogy designed to run parallel to the TV debates of last year’s presidential elections. The premise was to have actors on stage with headphones so they could reproduce the speeches of the candidates in real time. In the absence of a debate in the second round of the elections, the audios of the television program of the given time slot were used. In each of the plays, Ramos added an external element to interfere with the speeches. In the first debate, a dancer swirled in the center of the stage like a dervish; in the second, excerpts from Antigone were whispered through glass tubes; in the third, dialogs and the soundtrack of Terra em Transe [Glauber Rocha’s 1967 film] counterpoised the play. Ramos’ commitment to capture reality in real time is the driving force behind this project, as if representation alone could not capture the urgency of the ongoing transformations. Throughout this exhibition, his efforts gain form and weight, and the videos are displayed on screens incrusted in stones. If in the Sol a pino paintings, there is a notable desire to transform inert matter into a living thing, in Aos Vivos the volatile experience of the now is solidified in marble.

Nuno Ramos was born in 1960, in São Paulo, where he lives and works. Recent solo shows are: O Direto à Preguiça, CCBB (Belo Horizonte, 2016); O Globo da Morte de Tudo, with Eduardo Climachauska, SESC Pompeia (São Paulo, 2016) and Galeria Anita Schwartz (Rio de Janeiro, 2012); HOUYHNHNMS, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2015); Ensaio Sobre a Dádiva, Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Anjo e Boneco, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013); 3 lamas (ai, pareciam eternas!), Galeria Celma Albuquerque (Belo Horizonte, 2012); and Fruto Estranho, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2010). Noteworthy groups shows include the São Paulo Biennial (2010, 1994, 1989 and 1985), and the Venice Biennial (1995). His work is present in the following collections: Tate Modern (London), Walker Art Center (Minneapolis), Inhotim (Brumadinho), MAC-USP (São Paulo), MAM-SP (São Paulo), among others.

On April 16, Nuno Ramos will launch his latest book, Verifique se o mesmo, at Tapera Taperá (Av. São Luís 187, Loja 29, São Paulo). Published by Editora Todavia, the book brings together a collection of essays on Brazilian culture.

* “Sol a pino” refers to the moment the sun achieves its highest point in the sky. The phenomenon happens twice a year in the tropics, but the figure of speech is widely used to allude to the blazing hot midday sun.

Posted by Patricia Canetti at 10:22 AM