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fevereiro 28, 2019
Recesso de Carnaval 2019
As seguintes galerias e instituições informam o seu funcionamento/fechamento no Carnaval:
Fechamento de 2 a 5 de março, retornando na quarta-feira, dia 6, às 14h
Casa Triângulo - reabre às 10h
Galeria Jaqueline Martins
Galeria Luisa Strina
Galeria Marilia Razuk
Galeria Vermelho - reabre às 12h
Fechamento de 2 a 6 de março, retornando na quinta-feira, dia 7
Adelina
Anita Schwartz Galeria
Carbono Galeria
Fortes D’Aloia & Gabriel | Galeria | Galpão | Carpintaria
Galerias Marcelo Guarnieri
Galeria Millan
Galerias Nara Roesler - São Paulo e Rio de Janeiro
Luciana Caravello Arte Contemporânea
MAM Rio de Janeiro
Silvia Cintra + Box 4
Zipper Galeria
Outras datas / horários
Fundação Iberê Camargo - reabre em 16 de março
Galeria Mercedes Viegas - reabre em 11 de março
Lurixs Arte Contemporânea - reabre em 11 de março
MNBA - fechado de 1 a 6 e 9 e 10 de março; aberto 7 e 8, das 10 às 18h
Pinacoteca de São Paulo - fechado em 5 de março e reabre no dia 6, às 12h; funcionamento normal nos outros dias
Pivô - reabre em 13 de março
Funcionamento normal
Galeria Nara Roesler NY
MASP
O Canal Contemporâneo volta a circular depois do Carnaval.
fevereiro 24, 2019
Galeria Karla Osório inaugura espaço no CasaPark, Brasília
Com direção geral de Carlos Silva, espaço dedicado às artes visuais, à arquitetura e ao design será inaugurado no CasaPark com ocupação artística da Galeria Karla Osório
No dia 27 de fevereiro, Brasília recebe o mais novo espaço dedicado às artes visuais. A Galeria Casa, iniciativa criada Valença Empreendimentos e Participações - proprietária do CasaPark -, vai operar no sistema de ocupação. A cada mês, uma galeria de arte da cidade se instalará no espaço para realizar exposições, encontros com artistas e curadores, palestras, visitas orientadas e ateliês abertos com entrada gratuita. A Galeria Casa fica no 1º Piso do CasaPark, no corredor do Espaço Itaú de Cinema. A visitação é de terça a domingo, das 14h às 22h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
À frente da Galeria Casa está Carol Kanj, consultora de novos negócios do CasaPark e que já atuou como responsável por projetos especiais de publicações como Vogue, ELLE, Harper's Bazaar e Bamboo. “O objetivo do empreendimento é ampliar a visibilidade da produção artística local e nacional por meio de galerias e centros culturais independentes junto ao público”, afirma a gestora.
Colabora no projeto o curador independente Carlos Silva, que assume a direção geral do espaço. “A primeira ocupação será feita pela Galeria Karla Osório, um dos espaços de arte consagrados da cidade. A Galeria Casa receberá também espaços novos e experimentais, como a Galeria Alfinete e a Galeria Pilastra”, explica o diretor.
Para a primeira ocupação da Galeria Casa, a Galeria Karla Osório realizará uma coletiva com trabalhos de artistas de renome nacional e mundial. Intitulada “Exercícios do Olhar: plural-singular”, a mostra coletiva apresentará obras de Almandrade, Bené Fonteles, Dirceu Maués, Galeno, José Ivacy e Marcelo Solá, com texto curatorial e visitas mediadas por Marco Antônio Vieira.
A Galeria Casa contará ainda com uma programação dedicada à arquitetura e ao design, com encontros e palestras com arquitetos e designers de renome nacional e internacional. A programação ficará a cargo do escritório de arquitetura Bloco Arquitetos, de Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco. Abrindo a programação, no dia 28 de março, o FGMF – Arquitetos (São Paulo), dos arquitetos Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, que entre outros projetos está a Japan House, em parceria com a Kengo Kuma & Associates. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.
Programação de ocupações 2019-2020
A ocupação da Galeria Casa começa com a Galeria Karla Osório, de 27 de fevereiro a 24 de março. A seguir, a Galeria Clima se instala no espaço de 1º a 21 de abril. Em maio, é vez dos coletivos de fotografia. De 1º a 26 de maio, A Casa da Luz Vermelha e o Plano Imaginário realizam uma mostra com artistas de Brasília que usam a fotografia como linguagem. Em junho, de 1º a 23, fotografia, pintura e desenho compõem a mostra da Galeria Ponto e da Matéria Plástica – Arte Atemporânea.
O segundo semestre de 2019 começa com a ocupação do Elefante Centro Cultural, de 1º a 21 de julho. Em agosto, a Referência Galeria de Arte faz a ocupação da Galeria Casa de 1º a 25. Em setembro, NACO – Núcleo de Arte do Centro-Oeste - e Par de Ideias apresentam as obras de seus artistas visuais de 1º a 22. De 1º a 27 de outubro, ocupam a Galeria Casa o projeto FUGA e a Galeria Pilastra. Em novembro, a Galeria Casa recebe uma galeria de fora de Brasília, como forma de gerar uma troca de informações entre galeristas, artistas, curadores e o público. O nome da galaria que fará a ocupação será divulgada em breve. Encerrando o ano, de 1º a 22 de dezembro, a Oto Reifschneider Galeria e Escritório de Arte realiza uma mostra de artistas representados.
A programação segue em 2020, com a XXX Arte Contemporânea ocupando a Galeria Casa de 10 a 26 de janeiro. E em fevereiro, de 1º a 23, as galerias Alfinete e De Curators ocupam o espaço expositivo.
Projeto Latitude apoia a participação de 10 galerias brasileiras nas feiras de Madri
Oito galerias do projeto Latitude participam da ARCOmadrid e outras duas da JustMad, feiras internacionais de arte que movimentam a capital da Espanha a partir de 26 de fevereiro
O mercado mundial de arte volta seus olhos para Madri no período de 26 de fevereiro a 3 de março de 2019. A tradicional feira ARCOmadrid, em sua 38ª edição, e a 10ª edição JustMad, reúnem 10 galerias brasileiras participantes do projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria entre a ABACT – Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, voltada para a internacionalização da arte brasileira.
Em sua 38ª edição, a ARCOmadrid homenageia o Peru, país andino que vem se notabilizando pela produção artística contemporânea, sobretudo pela fotografia e videoinstalação. A curadoria da seção “Perú em ARCO” está a cargo de Sharon Lerner, do Museu de Arte de Lima – MALI. Neste ano, são esperadas na ARCOmadrid 205 galerias de 31 países. Além do evento propriamente dito, espaços culturais da cidade como o Museu Reina Sofía, o Museu do Prado, Matadero Madrid, entre outros, recebem programação articulada com a organização da feira, em cujo comitê de representação de galerias figura o brasileiro Eduardo Brandão, diretor da Galeria Vermelho.
As galerias associadas à ABACT e os artistas que participam da seção Principal da ARCOmadrid são: Anita Schwartz – estande 9D14, com obras de Cadu, Lenora de Barros, Ivens Machado e Wanda Pimentel; Casa Triângulo – estande 9D10, com Albano Afonso, Ascânio MMM, Eduardo Berliner, Guillermo Mora, Ivan Grilo, Joana Vasconcellos, Mariana Palma, Nino Cais, Pier Stockholm, Sandra Cinto e Vânia Mignone; Cavalo – estande 9C13, com Daniel Albuquerque, Thiago Martins de Melo e Thora Dolven Balke; Fortes D’Aloia & Gabriel – estande 7D05, com Armando Andrade Tudela, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, Erika Verzutti, Ernesto Neto, João Maria Gusmão & Pedro Paiva, Leda Catunda e Sara Ramo; Marilia Razuk – estande 9G08, com Johanna Calle, José Bechara, José Leonilson e Maria Laet; , Vermelho – estande 9D05, com Cinthia Marcelle e Carla Zaccagnini.
Da seção “Diálogos”, curada por Agustín Pérez Rubio e Catalina Lozano, participa a galeria Luisa Strina, que apresenta os artistas Magdalena Jitrik e Anna Maria Maiolino. A paulistana Sé Galeria, por sua vez, exibe obras de Dalton Paula e Michel Zózimo na seção “Opening”, em cuja seleção de curadores estão Ilaria Gianni e o brasileiro Tiago de Abreu Pinto.
O artista Armando Andrade Tudela, representado pela galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, tem mostra individual no Centro de Arte Dos de Mayo de 24 de fevereiro a 25 de agosto.
A feira internacional JustMAD, que completa 10 anos em 2019, é a primeira feira espanhola a se lançar para outros países: em 2012, realizou a feira JUSTMADMIA, em Miami, e JustMX, em Lisboa, em 2018. Como de costume, a feira se realiza no Palacio Neptuno e, nesta edição, conta com a participação da galeria paulistana 55SP e da capixaba Via Thorey. No estande da 55SP estão obras de Alberto Simon, Hugo Frasa, Fabia Schnoor e Marlene Stamm, enquanto no da Via Thorey figuram gravuras de Ernesto Bonato.
Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad
É um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABACT e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 50 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
Histórico
Nestes onze anos de atuação, o número de empresas participantes do Latitude cresceu de 5 para 50, contando com as galerias mais profissionalizadas do Brasil. Para atender ao influxo de novas galerias associadas, muitas delas iniciando seu processo de internacionalização, as ações desenvolvidas diversificaram-se e se tornaram mais complexas, por isso, é oferecido às galerias participantes, um sofisticado programa de mais de 7 modalidades de ações.
O volume das exportações das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007 foram exportados US$ 6 milhões, e em 2015 atingiu-se um pico de quase US$ 70 milhões, quantia quase duas vezes maior àquela de 2014.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assume o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 250 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 23 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Ruy Ohtake no MCB, São Paulo
Um panorama da obra de Ruy Ohtake, desde recém-formado até projetos atuais, poderá ser conferido em duas exposições em São Paulo. Enquanto o Museu da Casa Brasileira exibe Ruy Ohtake - A produção do espaço com cerca de 40 projetos construídos ou em construção, com curadoria de Agnaldo Farias, o Instituto Tomie Ohtake traz Ruy Ohtake: O design da forma com a sua produção como designer, por meio de aproximadamente 25 peças selecionadas pelos curadores Fábio Magalhães, Marili Brandão e Priscyla Gomes. Ocorrendo em simultaneidade, as exposições visam aprofundar dois momentos (arquitetura e mobiliário) que delineiam iniciativas e pesquisas únicas, nas quais o arquiteto debruçou-se com uma inventividade formal pautada pelo risco. A última exposição que situou em perspectiva o trabalho de Ohtake ocorreu em 2008, na FAU-USP para celebrar os 60 anos da faculdade.
A exposição no Museu da Casa Brasileira, feita em associação com o Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, apresenta ao público o singular pensamento espacial de Ruy Ohtake, um dos principais arquitetos brasileiros. Por meio de maquetes, desenhos, plantas, fotografias e vídeos, Agnaldo Farias concentra sua extensa produção de quase 60 anos num conjunto de 42 projetos.
“A mostra ressalta a concepção de Ohtake sobre qual deve ser o papel da arquitetura para o homem contemporâneo, como a sua obra vai assumindo diferentes traduções, conforme a natureza do projeto, o impacto que, pelo imprevisto de sua massa, de suas formas, espaços e cores, pode provocar no trecho da cidade onde se inscreve, entre seus usuários ou simplesmente nas pessoas que passam e se surpreendem”, afirma o curador. Segundo Farias ainda, esse cálculo percorre todos os projetos: “numa casa, num edifício, seja ele residencial ou comercial; numa habitação temporária, como um hotel, que deve mesmo ser fascinante, como compensação a essas viagens que ou somos obrigados ou simplesmente queremos a fazer”.
Entre as obras selecionadas estão projetos urbanísticos, como o Parque Ecológico do Tietê (a canalização do rio foi um dos maiores equívocos urbanísticos cometidos na cidade, somado às congestionadas marginais, transformou a paisagem do rio sem margem / cit. Ruy Ohtake), preserva o curso natural do rio, portanto as margens para recuperação da vegetação, com pequenos núcleos de esporte, lazer, cultura e educação, possibilitando uma São Paulo do futuro ao revalorizar o rio, a paisagem, a ecologia e a história; Parque Ecológico de Indaiatuba, que retoma a dignidade do rio para o qual a cidade dava as costas; Polo Educativo e Cultural e Condomínio Residencial de Heliópolis, cujo principal partido tem sido o diálogo com moradores e onde o arquiteto consegue materializar a igualdade social no cenário de complicada desigualdade; Expresso Tiradentes, infraestrutura de transporte, traçado amarelo de 8 km de extensão que atravessa a cidade a 15 m acima das ruas do centro de São Paulo.
Já entre as edificações, que também deixam a marca do arquiteto na paisagem urbana, estão: Hotel Unique, Complexo Aché Cultural, onde está abrigado o Instituto Tomie Ohtake, caracterizado por um grande saguão que articula 8 salas de exposições e demais complementos da instituição, em São Paulo; Alvorada Hotel, em Brasília; Embaixada do Brasil, em Tóquio; e o Aquário do Pantanal, em Mato Grosso do Sul. “O pensamento espacial de Ruy Ohtake traduz-se em sua arquitetura singular, produção que encara as dificuldades do país e que luta por melhorá-lo não só por meio de respostas técnicas, mas pela beleza que alivia o olho e alimenta a imaginação”, completa o curador.
PROGRAMAÇÃO
Oficinas de concreto
Conhecido por testar materiais nos canteiros de obra ou junto à indústria – como conseguir um vidro que capta plena luminosidade sem a incidência de raios solares –, foi no concreto que desenvolveu as mais variadas experiências. Para que o público possa conhecer estes processos, o Museu da Casa Brasileira realizará laboratórios de concreto voltados tanto ao público especializado, de estudantes e profissionais da área de arquitetura e design, quanto ao público em geral. As oficinas serão orientadas pelo arquiteto e especialistas da área durante o período da exposição.
As oficinas abertas ao público em geral serão divulgadas pelo programa do educativo do MCB ao longo da exposição. As oficinas destinadas ao público especializado, sobretudo nos campos da arquitetura e do design, incluirão projeto de forma e concretagem de pequenas peças utilizando alta tecnologia de concreto, conforme abaixo:
Público: estudantes/profissionais Inscrições: de 26 de fevereiro 05 de março
Vagas: 36
Horário: das 10h00 às 18h00
Datas: 16, 17, 18 e encerramento dia 25 de abril - desforma e entrega das peças
Informações detalhadas pelo site: www.mcb.org.br
Lançamento Livro: Ruy Ohtake, arquiteto
Data: a ser definida no período da exposição
Organizado por Abilio Guerra e Silvana Romano, apresenta a produção arquitetônica do arquiteto a partir de três recortes conceituais: “morar na praça”, texto de Ruth Verde Zein e fotos de Nelson Kon; “arquitetura da cor”, texto de Luís Antônio Jorge e fotos de Tatewaki Nio; “arquitetura do território”, texto de José Tabacow e fotos de Antonio Saggese
Romano Guerra Editora
Ruy Ohtake formou-se na FAU em 1960 e já em 1962 projetou a casa Rosa Okubo, premiada na Bienal de Arquitetura de São Paulo daquele ano. Depois de quase seis décadas de intensa atuação e muitos prêmios, conquistou, em 2007, o Colar de Ouro, maior condecoração do Instituto de Arquitetos do Brasil e foi condecorado como “Arquiteto do Ano 2009”, pela Federação Nacional de Arquitetos. Recebeu os títulos de Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura de Santos e de Professor Honoris Causa da Universidade Braz Cubas. Seu reconhecimento internacional já o levou a fazer parte do seleto grupo de arquitetos convidados do 20º Congresso da União Internacional de Arquitetos (1999), em Pequim, ao lado de Jean Nouvel e Tadao Ando. Na comemoração dos 60 anos da FAU-USP, em 2008, foi o arquiteto convidado a fazer uma exposição no grande espaço projetado por seu mestre Vilanova Artigas.
Agnaldo Farias, um dos curadores e críticos de arte mais reconhecidos do Brasil, responde atualmente pela curadoria do Museu Oscar Niemeyer e da Anozero'19 – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Comandou a 29ª Bienal de São Paulo em 2011 e fez curadorias para o Museu de Arte Contemporânea e o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; para o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul; entre outros espaços. É também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Ruy Ohtake no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo
Um panorama da obra de Ruy Ohtake, desde recém-formado até projetos atuais, poderá ser conferido em duas exposições em São Paulo. Enquanto o Museu da Casa Brasileira exibe Ruy Ohtake - A produção do espaço com cerca de 40 projetos construídos ou em construção, com curadoria de Agnaldo Farias, o Instituto Tomie Ohtake traz Ruy Ohtake: O design da forma com a sua produção como designer, por meio de aproximadamente 25 peças selecionadas pelos curadores Fábio Magalhães, Marili Brandão e Priscyla Gomes. Ocorrendo em simultaneidade, as exposições visam aprofundar dois momentos (arquitetura e mobiliário) que delineiam iniciativas e pesquisas únicas, nas quais o arquiteto debruçou-se com uma inventividade formal pautada pelo risco. A última exposição que situou em perspectiva o trabalho de Ohtake ocorreu em 2008, na FAU-USP para celebrar os 60 anos da faculdade.
No Instituto Tomie Ohtake estão reunidas peças de mobiliário, objetos e materiais de acabamento criados por Ohtake. Conforme Priscyla Gomes, o arquiteto múltiplo é perito em definir com precioso desenho desde projetos de escala urbana até detalhes mais sutis, que configuram uma longa e minuciosa investigação acerca de como se é possível desenvolver, concomitantemente, mobiliário e edificação. Em seus projetos de arquitetura desenha elementos como mesas, estantes, sofás, aparadores e escadas, em concreto. “Há muitos anos o arquiteto tem um modus operandi único, com a arquitetura e o design inseridos no mesmo corpo”, afirma Fabio Magalhães.
A partir de 1995, desloca este seu saber para a indústria. Cria peças nos mais variados materiais: porcelanato, madeira, aço, vidro, porcelana de inovadora resistência e prata. O enfoque da apresentação destas peças no Instituto Tomie Ohtake busca destrinchar atentamente sua proximidade com o estudo dos materiais, seus comportamentos e limites, além de um entendimento atento às etapas de produção.
A mostra reúne além de obras originais, desenhos, modelos volumétricos, vídeos e entrevistas com o arquiteto. Para Priscyla Gomes, os elementos selecionados reiteram associações entre seus raciocínios construtivos, nos quais cortes e dobras acabam por definir aspectos estruturais de sua composição. “A contemporaneidade do arquiteto está alinhada a um pensamento vanguardista no qual estar à frente é decidir com liberdade novos parâmetros à criação”, completa.
PROGRAMAÇÃO
Laboratório com Ruy Ohtake / Outras possibilidades da madeira no design
Além do concreto, o programa que acompanha as exposições, traz também a investigação do arquiteto com a madeira, que será compartilhada com estudantes em um laboratório, realizado em parceria com a Oficina Lab.
Público: Estudantes universitários de cursos de Design.
Vagas: 15
Horário: das 14h às 18h
Datas: 23 de março (com a presença de Ruy Ohtake); 30 de março (com acompanhamento da equipe do Oficina Lab); e 06 de abril (com a presença de Ruy Ohtake)
Inscrições: pelo site do Instituto Tomie Ohtake a partir do dia 28 de fevereiro (www.institutotomieohtake.org.br).
Local: Oficina Lab – Rua Dr. Ribeiro de Almeida, 166 – Barra Funda
Os interessados devem fornecer no ato da inscrição: dados pessoais; documento que comprove estar matriculado em curso de design universitário; portfólio em PDF com até 3 páginas contendo estudos de projetos ou imagens de projetos já realizados.
Lançamento livro: O Design da forma
Data: 26 de março às 19h, com conversa com Ruy Ohtake
Textos dos curadores Fabio Magalhães, Marili Brandão e ensaio fotográfico de Ruy Teixeira
Editora Olhares, 200 páginas, preço: R$95,00
Ruy Ohtake formou-se na FAU em 1960 e já em 1962 projetou a casa Rosa Okubo, premiada na Bienal de Arquitetura de São Paulo daquele ano. Depois de quase seis décadas de intensa atuação e muitos prêmios, conquistou, em 2007, o Colar de Ouro, maior condecoração do Instituto de Arquitetos do Brasil e foi condecorado como “Arquiteto do Ano 2009”, pela Federação Nacional de Arquitetos. Recebeu os títulos de Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura de Santos e de Professor Honoris Causa da Universidade Braz Cubas. Seu reconhecimento internacional já o levou a fazer parte do seleto grupo de arquitetos convidados do 20º Congresso da União Internacional de Arquitetos (1999), em Pequim, ao lado de Jean Nouvel e Tadao Ando. Na comemoração dos 60 anos da FAU-USP, em 2008, foi o arquiteto convidado a fazer uma exposição no grande espaço projetado por seu mestre Vilanova Artigas.
Fábio Magalhães, curador, museólogo e pintor, estudou no Institut d'Art et Archéologie de Paris. Exerceu diversos cargos, entre os quais diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1979/1982), secretário da Cultura do Município de São Paulo (1983), presidente da Embrafilme (1988), curador-chefe do MASP (1989/1994), presidente da Fundação Memorial da América Latina (1995/2003) e curador das 2ª e 3ª bienais de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre (1998/2001). Foi também professor do Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) e lecionou nas faculdades de Arquitetura da Universidade de Brasília, da Universidade Católica de Campinas e do Instituto Mackenzie. Magalhães integra os conselhos da Fundação Padre Anchieta, da Fundação Bienal de São Paulo, do Instituto Itaú Cultural, do Editorial da Unicamp, do Museu da Casa Brasileira, da revista Política Externa (Paz e Terra).
Marili Brandão, designer com especialização pelo IED Milão e mestrado pela FAU-USP. Foi designer na Philips do Brasil. Lecionou História do Design e Projeto na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e Ecodesign e Sustentabilidade no curso de pós-graduação da FAESA, ES. Realizou sete edições da mostra Design & Natureza. Escreve sobre design, desde 1987 tendo sido correspondente da revista italiana Abitare e da Folha de São Paulo. Em 2001 foi curadora de design da Bienal 50 Anos – uma homenagem a Ciccillo Matarazzo e em 2006 do painel de design contemporâneo da Bienal Brasileira de Design. Idealizadora e realizadora do projeto Brasil Faz Design. Curadora de Design 80/90 no IED SP em 2018.
Priscyla Gomes, arquiteta formada pela FAU-USP onde concluiu seu Mestrado em Teoria e História das Artes. Atualmente, é curadora associada do Instituto Tomie Ohtake e integra seu Núcleo de Pesquisa e Curadoria (NPC) participando, entre outras atividades, da concepção e juris dos Prêmios de Arquitetura e Design da instituição. Foi curadora de exposições como: Projeto Cavalo (2018), É como dançar sobre arquitetura (2017), Eduardo Berliner: Corpo em muda (2016), entre outras. Em 2018, teve seu projeto curatorial selecionado como uma das propostas finalistas para a XII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
Djanira no Masp, São Paulo
Artista abre ciclo dedicado às “Histórias das mulheres, histórias feministas” no Masp
Museu resgata a obra de uma das mais importantes artistas brasileiras, na maior exposição monográfica dedicada a ela desde a sua morte, há 40 anos
O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – Masp, dá início à sua programação 2019, pautada pelo eixo temático “Histórias das mulheres, histórias feministas”, com uma grande mostra dedicada a Djanira da Motta e Silva (Avaré, 1914 - Rio de Janeiro, 1979). Uma das maiores artistas brasileiras, com carreira internacional e reconhecimento da crítica ainda em vida, Djanira teve pouca visibilidade após sua morte, em 1979. Maior exposição monográfica dedicada à artista nesses 40 anos, com cerca de 70 obras e curadoria de Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, Djanira: a memória de seu povo busca revisitar e reposicionar seu trabalho no cenário artístico brasileiro. A mostra abre ao público dia 1º de março e segue em cartaz até 19 de maio, no MASP. Entre junho e outubro, será apresentada no Rio de Janeiro pela Casa Roberto Marinho, co-organizadora da exposição.
O recorte curatorial proposto pela exposição Djanira: a memória de seu povo enfoca a busca da artista por uma pintura nativista e os temas da cultura popular aos quais se dedicou ao longo de toda a sua carreira - e onde reside sua contribuição mais original para o modernismo brasileiro. De origem social trabalhadora, Djanira retratou suas vivências e seu entorno social, pintando amigos e vizinhos, operários e trabalhadores rurais, paisagens do interior e manifestações sociais, culturais e espirituais, como religiões afro-brasileiras, populações indígenas e danças folclóricas. “A ideia de uma pintura brasileira que refletisse e forjasse a identidade cultural da nação é o que de fato sempre buscou”, diz o curador Rodrigo Moura.
Organizada cronologicamente e em torno de núcleos temáticos que surgiram ao longo dos seus anos de viagens e pesquisas, a mostra abrange quatro décadas da produção de Djanira, possibilitando tanto uma análise ampla de sua trajetória como das mudanças de linguagem pelas quais passou ao longo da carreira. Autodidata, Djanira da Motta e Silva surge e se relaciona com a segunda fase do modernismo no Brasil, quando o diálogo com as vanguardas europeias já não é uma questão tão importante e o interesse dos artistas se volta para a transposição de suas experiências para as suas obras.
De ascendência austríaca por parte de mãe e indígena por parte de pai, Djanira da Motta e Silva teve uma infância marcada por deslocamentos. Antes de se casar pela primeira vez, trabalhou em lavouras de café e foi vendedora ambulante em São Paulo. Aos 23 anos, contraiu tuberculose e foi internada em Campos do Jordão, no interior de São Paulo, onde começou a fazer seus primeiros desenhos. Mudou para o Rio no final dos anos 1930 e, estimulada pelo convívio com pintores na pensão em que vivia em Santa Teresa, entre eles o refugiado romeno Emeric Marcier (1916-1990), matriculou-se em um curso noturno no Liceu de Artes e Ofícios, que frequentou por pouco tempo. Em 1942, participou pela primeira vez do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio, e, no ano seguinte, realizou sua primeira mostra individual.
Nos anos 1940, embarcou por conta própria para Nova York, onde passaria uma temporada. Em 1946, expôs nas galerias da New School for Social Research. A exposição seria visitada e comentada, com grande entusiasmo, pela então primeira-dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt (1884-1962) em seu programa de rádio e coluna de jornal, e repercutida por outros veículos da imprensa nova-iorquina. Antes de voltar ao Brasil, Djanira faria ainda uma exposição na União Pan-americana em Washington.
No seu regresso, Djanira viajaria pelo país, visitando diversas regiões a partir dos anos 1950, sobretudo a Bahia, onde manteve um ateliê e registrou cenas do comércio popular e se aproximou da cultura afro-brasileira. Para o concurso Cristo de Cor, promovido pelo Teatro Experimental do Negro, pintou Jesus como um homem negro escravizado sendo açoitado no Pelourinho de Salvador, um ambiente que remonta à colonização brasileira. Esta tela estará em exposição no MASP. Também dos anos 1950, data o painel Candomblé (1954), encomendado por Jorge Amado e pintado para o apartamento do escritor no Rio de Janeiro. A obra será apresentada pela primeira vez em uma mostra de museu.
Em comum com o romancista, Djanira também tinha um forte engajamento político, que a aproximou do Partido Comunista Brasileiro (PCB), a levou à União Soviética (URSS) e também a pintar cenas de trabalhadores Brasil afora. Da coleção da Casa Roberto Marinho, entram na exposição quadros como Casa de Farinha (1956) e Serradores (1959), em que o trabalho é seu principal tema.
“Os trabalhos que ela produz a partir das viagens pelo país, entre os anos 1950 e 1970, são testemunhas de um Brasil em acelerada transformação”, diz a curadora Isabella Rjeille. “Djanira via a pintura como uma linguagem profundamente engajada com a realidade social e cultural do país, sem abrir mão de certo rigor formal.”
Em 1964, Djanira foi presa nos primeiros meses da ditadura militar. O episódio teve profundo impacto sobre a artista, que a partir daí se retirou da vida pública, passando 14 anos sem realizar uma exposição individual. Nesse período, a artista não deixou de pintar, recebendo colecionadores pessoalmente e se afastando do mercado de arte tradicional, refugiando-se no seu sítio em Paraty ao lado de seu companheiro, José Shaw da Motta e Silva. O retorno da artista se deu com uma mostra de cerca de 200 obras, organizada pelo Museu Nacional de Belas Artes, em 1976, sua última grande exposição em vida.
“Djanira teve uma significativa exposição pública e manteve intensa relação com a crítica em vida. Contudo, sua obra teve pouca circulação desde sua morte. Esta exposição tem como missão reparar essa ausência, apontando não apenas para a potência e complexidade de seu trabalho, mas também para sua inquestionável relevância hoje”, diz Rodrigo Moura.
Catálogo
Organizado por Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, o catálogo será lançado na abertura da exposição, com edições em português e inglês. A publicação inclui ensaios inéditos encomendados aos críticos e curadores Carlos Eduardo Riccioppo, Frederico Morais Kaira Cabañas, Luiza Interlenghi, e textos republicados de Mario Pedrosa, Mark Berkowitz, Flávio de Aquino, Clarival do Prado Valladares e Lélia Coelho Frota, além de textos inéditos dos organizadores.
Este livro também inclui uma seleção inédita de recortes de jornais, catálogos e folders de exposições que foram guardados pela própria artista ao longo de sua vida e serão reproduzidos de maneira fac-similar no catálogo. Os documentos – muitos deles com anotações de próprio punho da artista – foram doados pelo marido de Djanira, José Shaw da Motta e Silva, para o arquivo da Funarte, onde estão conservados desde 1981.
Pedro Motta no Centro Cultural Fiesp, São Paulo
Nessa mostra individual, Pedro Motta propõe novos desmembramentos de sua pesquisa em torno da relação entre elementos naturais e comportamento humano, seus atritos e convergências. A exposição Estado da Natureza apresenta cerca de 45 trabalhos de três grandes séries:
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Naufrágio Calado, 2016/2018, em que barcos e trailers parecem ser dragados pela superfície de um terreno arruinado e destituído de vida. Essas imagens podem ser interpretadas como vivências de um estado de decadência, no qual natureza e sociedade são destituídas de seus valores. As fotografias são resultado de várias estratégias: a representação direta, a apresentação material e a construção ficcional.
Falência # 2, 2016, são imagens de diversos tipos de erosões resultantes das águas das chuvas. Suas formas são provenientes de um tempo oculto em que a natureza demonstra sua força e beleza pela destruição. Pequenas quantidades de terra são inseridas dentro da moldura, como se o espaço superficial da foto se esvaísse para um lugar no campo do infinito, uma espécie de ampulheta.
Já Sumidouro, 2016, faz uma metáfora do espaço em que foi concebido, o Rio das Mortes, em São João del-Rei. Importante rio da região do Campo das Vertentes, é famoso pelas histórias de garimpo e batalhas territoriais. Nesse cenário, o fotógrafo inseriu elementos digitalmente, que sugerem pontos misteriosos de escoamento no curso do rio.
Sobre o artista
Pedro Motta (Belo Horizonte, 1977) graduou-se em desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2002. Iniciou sua atividade artística pesquisando as relações entre cidade e indivíduo; ampliando em seguida seu interesse para questões ambientais e o embate entre natureza e cultura. Entre suas principais mostras solo destacam-se Estado de Natureza, Centro Cultural FIESP, São Paulo (2019); Jardim do Ócio, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2018), Naufrágio calado, Bendana-Pinel Art Contemparain, Paris (2018), Natureza das coisas, 9º BES Photo, Museu Coleção Berardo, Lisboa (2013) e Reacción natural, Centro de Exposiciones Subte, Montevidéu (2011).
Participou de coletivas como Past/Future/Present, Phoenix Art Museum (2017); Feito poeira ao vento – fotografia na Coleção MAR, Museu de Arte do Rio (2017); Les imaginaires d’un monde intranquille, Centre d’Art Contemporain de Meymac (2017); Soulèvements, Jeu de Paume (Paris, 2016); TRIO Bienal, Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (2015); 18º Festival Sesc_Videobrasil – Panoramas do Sul, São Paulo (2013); 1ª Bienal de Fotografia do Masp, São Paulo (2013); Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011); Peso y Levedad, Photoespaña, Instituto Cervantes, Madri (2011); 2ª Bucharest Biennale (2006); e Fotografia Contemporânea Brasileira, Neue Berliner (2006).
Motta foi contemplado com o 6º Prêmio Marcantônio Vilaça (2017), a Bolsa ICCo/SP-Arte (2015), a residência Flora ars+natura (2013), o 9º BES Photo Museu Coleção Berardo (2011), o Prêmio Ibram de Arte Contemporânea (2011) e a Residency Unlimited/Nova York (2011). Seus trabalhos integram acervos de instituições como MAM-SP; MAM-RJ; MAM-BA; MASP; Sesc-SP; MAR-RJ; Museu Coleção Berardo (Lisboa); Centro de Fotografia de La Intendência de Montevideo; Musée d’Art Modern et Contemporain, Liége, Bélgica and Itaú Cultural. Em 2010, lançou o livro Temprano (Funarte), uma retrospectiva de mais de dez anos de trajetória. Foi lançado pela Ubu, em 2018, o livro Natureza das Coisas, que reúne seu percurso recente.
In this solo show, Pedro Motta proposes new developments in his research around the relationship between natural elements and human behavior, its frictions and convergences. The exhibition Estado da Natureza presents about 45 works from three major series:
Naufrágio Calado [Silent Shipwreck], 2016/2018, in which boats and trailers seem to be dredged by the surface of a ruined -and devoid of life- land. These images can be interpreted as experiences of a state of decay, in which nature and society are devoid of their values. The photographs are the result of several strategies: direct representation, material presentation and fictional construction.
Bankruptcy # 2, 2016, are images of various types of erosions resulting from rainwater. Its forms come from a hidden time in which nature demonstrates its strength and beauty by destruction. Small amounts of earth are inserted inside the frame, as if the surface space of the photo has been drawn to a place in the field of infinity, a kind of hourglass.
Finally, Sumidouro, 2016, is a metaphor for the space in which it was conceived, the Rio das Mortes, in São João del Rei. An important river in the region of Campo das Vertentes, it is famous for mining stories and territorial battles. In this scenario, the photographer digitally inserted what look like mysterious drainage points in the course of the river.
About the artist
Pedro Motta (Belo Horizonte, 1977) graduated in Drawing at Fine Arts School of the Federal University Of Minas Gerais (UFMG) in 2002. He began his artistic activity researching the relations between city and individual; then expanding his interest in environmental issues and the clash between nature and culture. Most relevant solo shows include Estado de Natureza, Centro Cultural FIESP, São Paulo (2019); Jardim do Ócio, Galeria Luisa Strina São Paulo (2018), Naufrágio calado, Bendana-Pinel Art Contemparain, Paris (2018), Natureza das coisas, 9º BES Photo, Museu Coleção Berardo, Lisboa (2013) e Reacción natural, Centro de Exposiciones Subte, Montevidéu (2011).
The artist took part in important group exhibitions, such as Past/Future/Present, Phoenix Art Museum (2017); Feito poeira ao vento – fotografia na Coleção MAR, Museu de Arte do Rio (2017); Les imaginaires d’un monde intranquille, Centre d’Art Contemporain de Meymac (2017); Soulèvements, Jeu de Paume (Paris, 2016); TRIO Bienal, Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (2015); 18º Festival Sesc_Videobrasil – Panoramas do Sul, São Paulo (2013); 1ª Bienal de Fotografia do Masp, São Paulo (2013); Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011); Peso y Levedad, Photoespaña, Instituto Cervantes, Madri (2011); 2ª Bucharest Biennale (2006); and Contemporary Brazilian Photography, Neue Berliner (2006).
Motta was awarded the 6th Marcantônio Vilaça Prize (2017), Bolsa ICCo/SP-Arte (2015), the Flora ars+natura residency (2013), the 9th BES Photo Museu Coleção Berardo (2011), the Ibram Contemporary Art Prize (2011) and Residency Unlimited/New York (2011). Collections holding his work include: MAM-SP; MAM-RJ; MAM-BA; MASP; Sesc-SP; MAR-RJ; Museu Coleção Berardo (Lisbon); Centro de Fotografia de La Intendência de Montevideo; Musée d’Art Modern et Contemporain, Liége, Bélgica and Itaú Cultural. In 2010, the book Temprano was launched (Funarte), a retrospective of more than ten years of work. In 2018, Ubu publishing house released the book Nature of Things, which gathers his recent artistic trajectory.
fevereiro 21, 2019
Visitas ao Acervo – 2 na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
“Visitas ao Acervo – 2” busca uma aproximação das obras, de modo a que surjam relações de afinidades, expandidas pelo olhar do público visitante
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a exposição Visitas ao Acervo – 2, que ocupa até 30 de março o térreo e o segundo andar da galeria. A mostra tem entrada gratuita, e reúne 46 obras do acervo da galeria, criadas por 22 artistas de várias gerações.
Relação de Artistas e Obras
Ana Holck (1977, Rio de Janeiro)
“Pré-moldados VI” (2016), monotipia sobre seda, 90cm x 90cm
Arthur Chaves (1986, Rio de Janeiro)
“Sem Título” (2017), técnica mista, 188cm x 122cm
Artur Lescher (1962, São Paulo)
“Sem título”, série “Metaméricos” (5 segmentos), 2008, madeira e latão, 200cm x 2,5cm x 2,5cm
Bruno Vilela (1977,Recife)
“Ordem Terceira dos Arcanjos Azuis” (2018), óleo sobre tela, 125cm x 195cm
Cadu (1977, São Paulo)
“Tratores da Roma x Pistões do Méier” (2018), óleo sobre alumínio, 50cm x 50cm
“Tratores da Roma x Pistões do Méier IX” (2018), grafite e óleo sobre papel Canson 300g, 130cm x 162cm
Carla Guagliardi (1956, Rio de Janeiro)
“Mais do que cheia II” (2012), vidro, balões de látex, 151cm x 71cm x 120cm
Carlos Bevilacqua (1965, Rio de Janeiro)
“Alpha 365” (2005), aço e madeira, 185cm x 105cm x 80cm
Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944)
“Julgamento de Páris” (2003), resina plástica, gesso, silicone em base de mármore, em cúpula de acrílico, edição 1:7 + PA, 14cm x 26cm x 11cm
Daisy Xavier (1956, Rio de Janeiro)
“Piége” (2018), agulha, prego e fio de metal, 51cm x 97cm
Eduardo Climachauska (1958, São Paulo)
“Sem Título” (2018), mármore, chumbo e fórmica, 50cm x 70cm x 30cm
“Sem Título 2” (2018), mármore, chumbo e fórmica, 50cm x 70cm x 30cm
Eduardo Frota (1959, Fortaleza)
“Sem Título”, série “Nós” (1999), angelim, pedra com cobre, 120cm x 70cm
Estela Sokol (1979, São Paulo)
Conjunto de dez obras da série “Ibiza” (2018), arenito e tinta acrílica, edição: 1/1+2 PA, 25cm x 25cm x 5cm
Guilherme Dable (1976, Porto Alegre)
“Sem Título” (2017), acrílica sobre tela, 130cm x 130cm
Ivan Navarro (1972, Santiago do Chile)
“Nowhere Man II” (2009), lâmpada fluorescente e energia elétrica, 180,3cm x 236,2cm x 8,9cm
Lenora de Barros (1953, São Paulo)
Sete trabalhos da série “Mão Dupla” (2017), impressão em jato de tinta, edição: 1/3 + PA, 45cm x 30,5cm (cada)
Três obras da série “Máscara de Mão” (2017), cerâmica esmaltada e base de madeira, 18cm x 13cm x 16,5cm (escultura), 90cm x 25cm x 25cm (base)
Marcela Flórido (1988, Rio de Janeiro)
“Hyperplexia” (2017), carvão sobre papel, 121cm x 96cm
Marcelo Cipis (1959, São Paulo)
“Me parece que o projeto humano faliu” (2016), acrílica sobre tela, 193cm x 155cm
Maria Lynch
“Sem Título” (2018), acrílica sobre tela, 36cm x 45,5cm
“Sem Título” (2018), acrílica sobre tela, 30cm x 40,5cm
Nuno Ramos (1960, São Paulo)
“Sem Título”, série “Rocha de Gritos 27” (2017), tinta a óleo, vaselina, pigmento, pastel seco, carvão e grafite sobre papel, 207cm x 171cm (com moldura)
Otavio Schipper (1979, Rio de Janeiro)
“Empty Voices 21” (2012), bronze, edição 1: 3, 120cm x 20cm x 10cm
“Óculos para Ernst Lanzer #4” (2013), prata e lentes, edição 2:3, 70cm x 15cm x 15cm
Rochelle Costi (1961, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul)
“Bella” 2014, série “Passageiros”, jato de tinta sobre papel de algodão, moldura de madeira laqueada, livro e conto, edição 1:4, 80cm x 65 cm
Rodrigo Braga (1976, Manaus)
“Sem Título” (2018), fotografia com impressão com pigmentos minerais sobre papel algodão, edição 1:5, 110cm x 100cm
“Cego” (2018), fotografia com impressão com pigmentos minerais sobre papel algodão, edição 1:5, 110cm x 100cm
Waltercio Caldas (1946, Rio de Janeiro)
“OH 25*” (2010), aço inoxidável, edição 25 : 40, 40cm x 100cm
fevereiro 20, 2019
Zip’Up: Luisa Brandelli na Zipper, São Paulo
Imagens e objetos que figuram como reminiscências desgastadas de um universo pop consumido até seu quase esfacelamento. Esta é a tônica da individual Caraíva, da artista Luisa Brandelli, a primeira abrigada pelo programa Zip’Up em 2019. Com texto crítico de Paulo Miyada, a mostra fica em cartaz na Zipper só até sábado, 23 de fevereiro.
A exposição é composta por trabalhos em suportes diversos, como fotografias em pôster (de imagens apropriadas, detalhes de fotos de divas pop), pinturas, roupas, estampas e objetos. As obras se equiparam no aspecto da qualidade baixa, com pouca resolução técnica, presença de sujeiras e arranhados, além de possuírem elementos visuais que se repetem, tanto nos materiais, quanto nas imagens e símbolos.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
Luisa Brandelli (Porto Alegre, 1990) vive e trabalha em São Paulo. Artistas visual, é mestranda em práticas artísticas na Universidade Paulista Estadual (Unesp). Sua obra faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS). Exposições individuais: “Cruise Collection 2016”, na Fundação Ecarta, Porto Alegre (2016). Principais exposições coletivas: “Abre Alas 12”, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2016); “Primeira de Muitas”, Espaço Saracura, Rio de Janeiro (2016); “Às vezes é melhor fazer uma sopa”, Espaço Saracura, Rio de Janeiro (2016); “Foreign Affairs”, KM 0.2, San Juan, Porto Rico (2017); “Agora Que São Elas”, Unibes Cultural, São Paulo (2018).
Paulo Miyada é curador e pesquisador de arte contemporânea. Possui mestrado em História da Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAU-USP), SP, pela qual também é graduado. É curador do Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, onde coordena o Núcleo de Pesquisa e Curadoria. Também no Instituto, co-coordena o programa de cursos da Escola Entrópica, em que é professor. Foi assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2010) e integrou a equipe curatorial do “Rumos Artes Visuais” do Itaú Cultural (2011-2013) e da edição retrospectiva desse programa realizada em 2014. Foi curador das mostras coletivas “A parte que não te pertence”, Wiesbaden, Alemanha (Kunsthaus Wiesbaden, 2014), “A parte que não te pertence”, Madri, Espanha (Galeira Maisterravalbuena, 2014), “Boletim”, São Paulo, SP (Galeria Millan, 2013), “É preciso confrontar as imagens vagas com os gestos claros” e “Em direto” (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2011 e 2012), entre outras.
Ícaro Lima e Virginia de Medeiros no Mab Centro, São Paulo
O Museu de Arte Brasileira da FAAP abre em sua unidade na Praça do Patriarca, o MAB Centro, a exposição coletiva Componentes e constelações de uma cidade partida. Gratuita, a mostra reunirá, a partir de 16 de fevereiro, obras dos artistas Ícaro Lima e Virginia de Medeiros.
“Cabendo as devidas particularidades, ambos partem de processos documentais e de pesquisa para a criação de seus trabalhos, desencadeando narrativas no limite entre a realidade e a ficção, a veracidade e a fabulação. Imantadas de memórias e fragmentos de histórias, as obras se desdobram a partir das relações criadas entre cada um dos artistas com pessoas, objetos e contextos específicos”, explica a curadora Ana Paula Cohen, coordenadora da pós-graduação em Estudos e Práticas Curatoriais da FAAP.
A exposição está sendo realizada em colaboração com os alunos da pós-graduação, como parte do currículo do curso. “É atividade essencial para que os alunos aprendam e exercitem a principal prática curatorial, que é fazer uma exposição de arte”, explica a curadora.
“Componentes e constelações de uma cidade partida” poderá ser apreciada até 23 de março. O MAB Centro está instalado no Edifício Lutetia, que também abriga a Residência Artística FAAP, local que hospeda artistas estrangeiros e brasileiros – de outros Estados – por um período de até seis meses, para pesquisas e produção de obras na cidade.
Sobre os artistas convidados
Ícaro Lira
O artista cearense analisa as implicações e desdobramentos de acontecimentos históricos no país por meio de obras que combinam documentos já existentes e/ou produzidos pelo artista (textos, livros, filmes), objetos recolhidos, registros de viagens de pesquisa pelo Brasil e relatos construídos a partir do encontro com as pessoas de cada contexto trabalhado. Ícaro estudou Cinema e Vídeo na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, Montagem e Edição de Som pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro, e participou dos Programas de Fundamentação e Aprofundamento na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e do Programa Independente do MASP (PIMASP), São Paulo (2016/2017). Integrou, ainda, o Programa de Residência Artística FAAP, de agosto a dezembro de 2018.
Virginia de Medeiros
Natural da Bahia, dissolve os limites entre arte e vida, entre performance artística e performatividade dos corpos no espaço real, entre veracidade e fabulação. A artista vive intensamente as experiências a que se propõe em cada um dos seus projetos e produz obras resultantes de registros filmados, relatos falados ou escritos e de vivências experimentadas com pessoas em alto nível de vulnerabilidade social, que são convidados para participar de suas concepções. Virgínia é mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA, em Salvador. Foi coordenadora do curso de pós-graduação em Artes Visuais: Cultura e Criação da Rede-EAD, Senac, Bahia, e professora do Departamento de História da Arte e Pintura na Escola de Belas Artes – UFBA.
Sobre a curadora
Ana Paula Cohen é coordenadora da Pós-graduação em Estudos e Práticas Curatoriais da FAAP, além de curadora independente, editora e escritora. Foi diretora do Programa para artistas Bolsa Pampulha, 4ª edição, em Belo Horizonte, professora visitante no programa de mestrado do California College of the Arts, em San Francisco (2011 a 2013), e co-diretora do PIESP – Programa Independente da Escola São Paulo – edição 2013/2014. Ana Paula trabalhou como curadora residente do Center for Curatorial Studies – CCS, Bard College, em Nova York, foi co-curadora da 28ª Bienal de São Paulo, “em vivo contato”, com Ivo Mesquita, e co-curadora do Encuentro Internacional de Medellín – MDE07, na Colômbia. Recentemente curou exposições como: “Embodied Archeology of Architecture and Landscape”, no Tel Aviv Museum, e “On Cohabitation: films by Yael Bartana”, no Banff Centre for the Arts, Canada.
fevereiro 15, 2019
Mabe + Tomie na Cassia Bomeny, Rio de Janeiro
Principais expoentes do abstracionismo informal, Manabu Mabe e Tomie Ohtake têm obras expostas na galeria Cassia Bomeny, a partir de 19 de fevereiro
Conciliando vigor e delicadeza, Oriente e Ocidente, obras de Manabu Mabe (1924-1997) e Tomie Ohtake (1913-2015) estarão na exposição Mabe + Tomie, na galeria Cassia Bomeny, em Ipanema, de 19 de fevereiro a 6 de abril. Na exposição, são apresentadas 5 pinturas de Mabe, sendo quatro óleo sobre tela e um sobre madeira, e outros três óleo sobre tela de Tomie, além de uma escultura de alumínio naval e pintura automotiva. As obras levantam questões referentes a cor, superfície, dimensionalidade, matéria e forma.
“A importância dos artistas abstratos informalistas nipo-brasileiros há muito são objeto de estudos e análises históricas. Suas caligrafias marcantes distinguem suas linguagens de outros grupos que adotaram a abstração informal no Brasil e no mundo, os afastando em especial do tachismo europeu”, ressalta Cassia.
Um dos artistas plásticos brasileiros de maior sucesso internacional, Manabu Mabe nasceu em Kumamoto, no Japão, em 1924. Com dez anos de idade, veio para o Brasil com os pais e três irmãos para trabalhar numa lavoura de café em Lins (SP), onde começou a pintar.
Em meados da década de 40, já pintava naturezas mortas e paisagens num ateliê improvisado no próprio cafezal. Em 1956, foi convidado a participar da Bienal de Arte do Japão. Em 1958, mudou-se para São Paulo, onde criou a maioria de suas obras.
Já em 1959, Mabe recebeu o prêmio de melhor pintor nacional da V Bienal de São Paulo e o de destaque internacional na Bienal de Paris, razão pela qual a revista americana "Time" dedicou ao artista uma matéria intitulada "1959: The Year of Manabu Mabe" (1959: O Ano de Manabu Mabe).
Em 1986, o artista lançou um livro com 156 reproduções de seu trabalho. Mabe morreu em 1997, em São Paulo.
Já a “dama das artes plásticas brasileira” Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936, fixando-se em São Paulo. Em 1952, iniciou seus interesses pela pintura através do artista Keisuke Sugano.
No ano seguinte, integrou-se ao Grupo Seibi, do qual já participavam Manabu Mabe, Teikashi Fukushima, Flavio-Shiró e Tadashi Kaminagai, entre outros. Tomie definiu-se rapidamente pelo abstracionismo, pesquisando diversas linguagens sobre papel. Desses exercícios, surgiram suas primeiras pinturas de formas orgânicas.
Na década de 60, Tomie viajou para os Estados Unidos e se deparou com os trabalhos do russo Mark Rothko. De volta ao Brasil, desenvolveu uma série de criações sob essa inspiração. Nas décadas seguintes, aumentou a leveza das linhas e a intensidade das cores, demarcando sua obra em fases.
Dedicou-se também à escultura e realizou muitas delas para espaços públicos de várias cidades do Brasil e do mundo. Em 1995, foi agraciada com o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura, pelo conjunto de sua obra.
Em 2000 foi criado o instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Até a sua morte, em 2015, aos 101 anos, seguiu trabalhando.
Frederico Filippi na Athena, Rio de Janeiro
A partir da relação de atrito, o artista faz uma metáfora da situação de disputa do território amazônico e chama atenção para os conflitos da região.
No dia 19 de fevereiro, a Galeria Athena inaugura a exposição Cobra Criada, com cerca de 20 obras inéditas de Frederico Filippi, que ocuparão todo o espaço expositivo da galeria. Os trabalhos tratam da questão do desmatamento e dos conflitos gerados pelo embate entre o poder econômico e os modos de vida não hegemônicos, em desenhos e uma instalação que enfatizam os materiais utilizados – metal e madeira – e os atritos geradores de fluxos invisíveis, como uma metáfora política. “De alguma forma esse confronto entre materiais enseja choques comuns nas paisagens amazônicas”, afirma o antropólogo, jornalista e curador Fábio Zuker no texto que acompanha a mostra.
As obras da exposição são um desdobramento da pesquisa que o artista vem desenvolvendo há alguns anos com temáticas relativas às fricções presentes nas relações invisíveis dos processos civilizatórios. A pesquisa, que antes era focada na América, atualmente tem se concentrado na Amazônia. Os trabalhos surgem a partir da reflexão sobre a constante disputa de território causada pelo desmatamento desenfreado das reservas ambientais, pela industrialização, pela exploração mineral e pelas rotas de contrabando de drogas.
“Frederico rejeita o problemático lugar de ‘falar sobre’, para experimentar pensar esses processos de destruição a partir dos próprios materiais; como se as próprias palavras não bastassem, fossem insuficientes, ou mesmo desprovidas de significado”, diz Fábio Zuker.
TRABALHOS EM EXPOSIÇÃO
No grande salão da galeria, que tem 140m² e pé direito de 6,5m, estarão trabalhos feitos em metal. Dez grandes chapas de aço da série “Se uma lâmina corta um olho uma selva azul escorre dele” estarão neste espaço, apoiadas na parede. As chapas são pintadas com spray preto e arranhadas com metais, formando desenhos abstratos a partir do atrito dos materiais. “Esses trabalhos têm um caráter abrasivo, de atrito, como uma metáfora da situação atual de conflito”, afirma o artista, que diz, ainda, que a abstração é proposital para enfatizar os materiais.
“A escolha dos materiais não é fortuita. Embora ambos sirvam de suporte ao desenho, território em que Frederico se sente à vontade e se identifica, os materiais estão em patente confronto, e tudo se passa como se os trabalhos fossem resultados desses embates. No caso das lâminas pretas, a agressividade do material libera seus próprios fluxos de imagens, quer como desenhos, aleatórios (próprios ao corte e manejo das chapas), quer pela mão do artista”, ressalta Fábio Zuker.
Nas paredes desta mesma sala estará a obra “Cobra Criada”, que dá nome à exposição e é feita com correntes de motosserra dispostas como se fossem palavras. Ao olhar de longe, a sensação é de haver uma frase escrita, mas de perto descobre-se que são objetos cortantes. “Trato do discurso das autoridades em relação à questão do desmatamento e dos projetos de infraestrutura que desestabilizam a ordem anterior. Se a motosserra corta, o trator perfura, o discurso vazio dispara esse processo escondido em relações públicas. Os textos são como uma dissolução da gramática e falam sobre uma linguagem não decifrada”, ressalta o artista.
“Ao se aproximar daquilo que de longe aparenta ser um conjunto de frases articuladas na parede da primeira sala da exposição, Cobra Criada, o espectador se depara com diferentes níveis alinhados de correntes de motosserra. Diante dessa ferramenta de destruição e construção (destruição de mundos, e construção de outros sobre as ruínas do que antes existia), os discursos articulados e a palavra escrita, se tornam vazios”, diz Fábio Zuker.
Na sala menor da galeria estarão os trabalhos em folhas de madeira, feitos com carvão e tinta asfáltica. Diversas lascas de madeira recebem desenhos pretos. “Nesses trabalhos utilizo materiais primários. O carvão é a transformação da madeira e a tinta asfáltica é o subsolo, de onde vem o metal”, conta o artista. “É como se cada fragmento de folhas de madeiras nativas fossem um fragmento de lembrança, uma testemunha viva. Ou, como diz o ditado, ‘a floresta tem mais olhos que folhas’”, ressalta.
SOBRE O ARTISTA
Frederico Filippi (São Carlos, SP, 1983. Vive e trabalha em São Paulo). Dentre suas principais exposições individuais destacam-se: “O sol, o jacaré albino e outras mutações” (2016), na Athena Contemporânea, “Fogo na Babilônia”(2015), Pivô, em São Paulo e “Próprio Impróprio,” (2016), na Galeria Leme. Dentre as exposições coletivas mais recentes estão: “Com o ar pesado demais para respirar” (2018), na Galeria Athena; “Caixa Preta” (2018), na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; “in Memoriam” (2017), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Cities and Memory - Biennial for photography and film” (2016), na Dinamarca; “Aparição” (2015), na Caixa Cultural Rio de Janeiro, entre outras. Realizou diversas residências: Despacio (2018), em San Jose, Costa Rica; Intervalo-Escola (2017), em Rios Tupana e Igapó Açu, Amazonas; KIOSKO (2015), em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia; El Ranchito (2014), em Matadero, Espanha; 5a edição da Bolsa Pampulha (2013/2014), no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte; La Ene (2013/2014), em Buenos Aires, Argentina; Ateliê Aberto #6 (2011/2012), na Casa Tomada, em São Paulo.
Juliana Stein na Sim Galeria, São Paulo
Com Não está claro até que a noite caia, a SIM Galeria traz a São Paulo a primeira individual de Juliana Stein. A artista paranaense, que no ano passado participou da Bienal do Mercosul, apresenta ao público paulista um recorte de sua individual de mesmo título, realizada também em 2018, no MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, a convite do curador Agnaldo Farias.
O crítico acompanha a obra de Stein há quase duas décadas. Quando foi curador da 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, selecionou a sua obra Sim e Não, composta por retratos de homens vestidos de mulher. Uma destas séries, Caverna, que retrata vestígios da ocupação de celas em prisões, fez parte da mostra Atlas do Império, na 55ª Bienal de Veneza, em 2013, no Pavilhão do Instituto Italo-Latino Americano.
“A fotografia tem este caráter de traço, de ter estado em frente ao objeto e, apesar disto de funcionar dentro de um circuito enquanto algo lhe falta”, afirma Stein. Nesta mostra na galeria, também com curadoria de Farias, a artista sublinha seu pensamento sobre a questão da imagem - dos riscos e lacunas operados no processo da produção de sentido. Como questão seminal, indaga: Existe uma palavra para cada imagem? E existe uma imagem para cada palavra? “Tomando um lugar em relação a esta nebulosa verdade de que algo esteve ali da fotografia, recorro ao que ali está disposto como estatuto de letra, traço unário da escrita e que aparece como um saber que não se sabe’, completa.
Com a série composta por pequenos textos impressos em placas de acrílico, Stein opera uma mudança radical em seu percurso que, segundo o curador, ajudam a compreender a sua dimensão intelectual e reforçam a diluição das fronteiras no campo da arte. Para Farias ainda, as cerca de 13 obras reunidas na galeria demonstram uma compreensão alargada da fotografia, visto que frases, palavras ou desenhos têm, direta ou indiretamente, relação com a fotografia e com o ato de ver. “Mas na medida em que se comportam como estruturas abertas, convites à reflexão, as imagens, palavras e textos selecionados são eminentemente poéticos, e a exposição é, acima de tudo, de poesia visual”, completa o curador.
Juliana Stein nasceu em Passo Fundo/RS, formou-se em Psicologia pela UFPR em 1992, viveu por dois anos em Firenze e Veneza (onde estudou história da arte, técnica em aquarela e desenho) e trabalha com fotografia desde o final dos anos 1990. Com uma obra reconhecida no Brasil e no exterior. Além de participar das já citadas 55a Bienal Internacional de Veneza e da 29a Bienal de São Paulo, participou de coletivas internacionais, como na Crone Gallery em Berlim, onde teve a sua primeira mostra individual nesta cidade, ShangART Gallery em Xangai, Carreau du Temple, em Paris, ShangART Gallery em Xangai, Carreau du Temple, em Paris, Bienal de Quebec, no Canadá, Kaunas Fhoto Festival of Light, na Lituânia, entre outras. As suas obras fazem parte de acervos como Museu da Fotografia de Braga, Portugal; Brasil Museum of 21 Century, Langenlois, Austria; e MON – Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte e Fundação Cultural, em Curitiba.
Agnaldo Farias, um dos curadores e críticos de arte mais reconhecidos do Brasil, responde atualmente pela curadoria do Museu Oscar Niemeyer. Comandou a 29ª Bienal de São Paulo em 2011 e fez curadorias para o Museu de Arte Contemporânea e o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; para o Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e para o Museu de Arte do Rio Grande do Sul; entre outros espaços. É também professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Leonilson na Fiesp, São Paulo
Mostra reúne mais de 120 obras, várias inéditas em São Paulo; seleção é resultado de pesquisa e publicação de catálogo raisonné do artista, lançado em 2017
Expoente da arte contemporânea brasileira, José Leonilson (1957-1993) é autor de uma obra singular e autobiográfica. O artista cearense radicado em São Paulo tomou os sentimentos, a sexualidade e as relações amorosas de si e daqueles que o cercavam para refletir sobre a condição humana. Como páginas de um diário, seus trabalhos expunham aquilo que tinha de mais íntimo e de mais sensível. A partir do dia 20 de fevereiro, o público poderá conferir de perto seu universo em Leonilson: arquivo e memória vivos, exposição gratuita que a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp recebe até 19 de maio.
Com curadoria de Ricardo Resende, organização e produção da Base7 Projetos Culturais e apoio do Projeto Leonilson, a mostra reúne mais de 120 obras, várias inéditas, entre pinturas, desenhos e bordados, parte delas restrita por décadas a coleções particulares e institucionais, pouco ou nunca antes vistas em São Paulo. A seleção apresentada é resultado da pesquisa e publicação do catálogo raisonné do artista, lançado em 2017. Por ocasião da exposição, será lançado e comercializado pelo Projeto Leonilson um trabalho inédito, de edição póstuma: uma linoleogravura sobre papel japonês, com 100 exemplares numerados*.
"O trabalho de Leonilson é excepcionalmente sensitivo. É no uso do repertório gráfico que ele expressa a sua visão de mundo, inconfundível no manejo dos símbolos, no desenho das palavras, no formato dos textos e nas histórias que criava", afirma o curador, para quem o artista constituía uma cartografia imagética do afeto. "Ao mesmo tempo que toca pela delicadeza e simplicidade dos materiais utilizados, por outro lado fere como uma punhalada com suas verdades incontestes", completa Resende.
Já realizada em Fortaleza, a exposição desembarca em São Paulo no espaço que recebeu a primeira grande individual de Leonilson. Em 1995, a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, na época chamada de Galeria de Arte do Sesi, sediou a mostra São Tantas as Verdades, organizada por Lisette Lagnado. Foi naquele momento que se descobriu um conjunto de trabalhos do artista, mostrando Leonilson em sua potência máxima.
De caráter retrospectivo, tal como no catálogo raisonné, a exposição divide-se em três núcleos cronológicos, acompanhando a carreira do artista: anos 1970, anos 1980 e, por fim, os anos 1990 (Leonilson faleceu jovem, aos 36 anos de idade, em decorrência da Aids).
Da fase inicial, a exposição traz o primeiro trabalho do artista de que se tem conhecimento: uma pintura sem título, datada de 1971, que traz o desenho de um peixe. Leonilson tinha apenas 14 anos quando pintou a tela em acrílica, provavelmente executada para a disciplina de Educação Artística do antigo curso ginasial. É daqueles trabalhos que ficariam guardados como lembrança, como se estivesse esperando para ser resgatado no futuro e pudesse vir a despertar interesse para a compreensão do conjunto de sua obra.
A década seguinte marcou a segunda fase da carreira do artista, coincidindo com o abandono da universidade e a sua participação em exposições institucionais, no Brasil e no exterior. Desta fase, nota-se a presença constante de desenhos de montanhas, imagens que se repetem ao longo de sua obra. Ora surgem sozinhas, ora aparecem em dupla.
Tal como vulcões, ilhas, rios e cachoeiras, as montanhas aparecem como símbolos que modelam os eventos psíquicos de Leonilson e podem também ser vistos como autorretratos. Um conjunto dessas representações, que para o curador tem o sentido de proteção para Leonilson, foi selecionado e organizado no centro do espaço expositivo. "Tal como uma pausa, silêncio que inspira e acalma todo o entorno constituído pelos demais trabalhos", pontua Resende.
A terceira e última fase de Leonilson é a mais cultuada pelos críticos de arte. Momento mais intenso e dramático de sua obra, o artista toma coragem para tratar de sua doença e da morte - temas ainda hoje tabus. Seus trabalhos tornam-se então dilacerantes: por meio de palavras, desenhos e figuras, Leonilson expressa uma dolorosa ansiedade quando defronte à finitude de sua vida.
O bordado 1.a., c. 1991, é um dos muitos autorretratos que o artista executou ao longo dos seus pouco mais de 13 anos de carreira. O recurso da palavra é mínimo, como se quisesse deixar toda a extensão do trabalho para esta pequena inscrição no lado esquerdo. Seu significado, entretanto, não se sabe ao certo. O número um, ponto, a letra a e o ponto final, podem significar juntos alguma data - talvez de um relacionamento, de uma paixão ou mesmo da enfermidade que ocupava seu corpo.
O período é marcado por uma simplificação minimalista que reduz os objetos, as formas e as cores em poucas ou únicas palavras a darem um sentido ao estado da alma, em ações e em pensamentos. Uma invenção romantizada e melancólica de sua autobiografia, com os pequenos sentimentos desenhados e pintados, expondo o espírito de sua época.
Ainda no espaço expositivo, a exibição em looping de Leonilson, sob o Peso dos Meus Amores, média-metragem de Carlos Nader que traz entrevistas com figuras próximas ao artista, entre as quais a irmã Ana Lenice da Silva, a amiga Leda Catunda, e os curadores Adriano Pedrosa, Lisette Lagnado e Ricardo Resende.
Sobre o artista
Nascido em Fortaleza, em 1957, Leonilson mudou-se com a família para São Paulo ainda pequeno e logo cedo começou a demonstrar interesse pela arte. Fez cursos livres na Escola Panamericana de Arte e cursou Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado, largando o curso incompleto para iniciar sua trajetória artística.
Na década de 1980, fez parte do grupo de artistas que retomou a prática da pintura, conhecido como "Geração 80". Participou de importantes mostras no Brasil e no exterior, como Bienais, Panoramas da Arte Brasileira, e a emblemática Como vai você, Geração 80?.
Viajante apaixonado, Leonilson morou na Europa durante um período de sua vida e viajava frequentemente pelo Brasil e pelo exterior, mantendo-se sempre em contato com os movimentos que agitavam o cenário cultural-artístico da época.
O artista faleceu jovem, em decorrência do vírus HIV, na cidade de São Paulo, em 1993, aos 36 anos de idade. Sua obra e memória é preservada pelo Projeto Leonilson, associação comandada pela família do artista, que cataloga sua obra e promove exposições em parceria com diversas instituições.
Leonilson deixou cerca de 3.400 obras, além de múltiplo acervo documental. Em 2017, com apoio da Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza (CE), o Projeto Leonilson lançou um catálogo raisonné, publicação que apresenta a obra completa do artista, com informações catalogadas desde a sua morte. Na ocasião, a exposição Leonilson: arquivo e memória vivos foi apresentada no Centro Cultural Unifor, na capital cearense.
Ação Educativa e Cultural
Em meio à exposição, haverá um espaço educativo dedicado ao bordado. Ali, durante todo o período expositivo, o público terá à disposição tecidos, linhas, agulhas e bastidores que poderão ser utilizados para bordados livres, inspirados pela potência e delicadeza da obra de José Leonilson.
A programação contemplará ainda leituras dramáticas de textos pessoais do artista, em datas a serem divulgadas em breve.
* Para mais informações sobre a gravura inédita, lançada em ocasião da exposição, contatar o Projeto Leonilson pelo e-mail projetoleonilson@projetoleonilson.com.br ou pelo telefone (11) 5572-1534.
Cia. dos Atores faz leitura de cenas e conversa na Carpintaria, Rio de Janeiro
No sábado 16 Fevereiro, 19h, a Carpintaria recebe a Cia. dos Atores. A companhia realizará uma leitura de cenas selecionadas do texto Insetos, de Jô Bilac, seguida de conversa entre o autor, o elenco e as psicanalistas Isabel do Rêgo Barros Duarte, Maricia Ciscato e Renata Martinez (EBP/AMP). A mediação será do curador Victor Gorgulho e da editora Isabel Diegues.
Em Insetos, Jô Bilac dá voz aos bichos para tratar de questões sociais e políticas contemporâneas. Como uma fábula, através de uma grande polifonia de diferentes insetos, o texto muito bem-humorado traça paralelos entre a natureza e os dilemas humanos, revelando comportamentos coletivos e individuais. Ao longo das cenas, convivência, medo e manipulação tornam o colapso evidente. O texto foi adaptado para o teatro pela Cia. dos Atores com direção de Rodrigo Portella, e publicado na Coleção Dramaturgia da Editora Cobogó.
A Cia. dos Atores, criada em 1988, é atualmente formada por Cesar Augusto, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle, Susana Ribeiro e Bel Garcia (in memoriam). Com mais de vinte peças montadas, diversos prêmios e uma carreira nacional e internacional consolidada, a Cia. dos Atores firmou um caminho de pesquisa e renovação permanentes. Após a montagem do premiado espetáculo Conselho de classe, também, escrito por Jô Bilac, Insetos vem comemorar os 30 anos do grupo.
A programação integra a mostra coletiva Perdona que no te crea, que explora o cruzamento entre artes visuais e teatro. Em cartaz até 9 de março na Carpintaria (R. Jardim Botânico 971, Rio de Janeiro).
fevereiro 12, 2019
Quatro novas aquisições na Pinacoteca, São Paulo
Obras dos brasileiros Marcius Galan, Regina Parra, Débora Bolsoni e Matheus Rocha Pitta poderão ser vistas em diálogo com a exposição de longa duração do acervo do museu
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, exibe ao público do museu, de 16 de fevereiro a 17 de junho de 2019, pela primeira vez, quatro obras incorporadas recentemente à sua coleção. Com patrocínio da Água Ama, as obras de Marcius Galan, Débora Bolsoni, Regina Parra e Matheus Rocha Pitta ocupam quatro salas (A, B, C e D) contíguas à exposição de longa duração no 2º andar da Pina Luz. Com curadoria do Núcleo de Pesquisa e Curadoria da Pinacoteca, o conjunto propõe um contraponto entre o histórico e o contemporâneo a partir do próprio acervo da instituição.
Na sala A, será apresentada Seção diagonal (prisma fumê), 2012, de autoria de Marcius Galan, que integra uma série de trabalhos nos quais o artista cria ilusões óticas a partir de intervenções em ambientes com linhas traçadas no espaço, combinadas a um jogo cromático e ao uso da luz como elemento pictórico. A obra, que foi adquirida pelo programa de Patronos da Arte Contemporânea do museu, dispõe de certa complexidade visual e estabelece um espaço ambíguo e instável, demandando uma inspeção cuidadosa por parte do espectador. Nascido em 1972, nos Estados Unidos, e radicado no Brasil, Galan transita por diversos suportes, incluindo esculturas, instalações, fotografias, colagens e desenhos. Tem participado de grandes exposições nacionais e internacionais como a Bienal de Vancouver (Canadá) e a 30ª Bienal de São Paulo, além de ter recebido, em 2011, o Cisneros Fontanals comission Prize, e em 2012, o Prêmio PIPA, que o levou a uma residência artística na prestigiada Gasworks, em Londres.
Na sala B, será exposta Lição de mímese (2004-2006), de autoria da carioca Débora Bolsoni, doada ao museu pelo Iguatemi no contexto da SP-Arte 2017. Considerado um trabalho crucial na trajetória da artista, é composto de várias lousas recortadas em diferentes formatos e emolduradas em madeira, à semelhança de espelhos. Esses espelhos que nada refletem, podem, no entanto, receber desenhos riscados com giz, o que traz à discussão o efeito mimético da arte e sua capacidade de duplicar a realidade. Nascida em 1975, no Rio de Janeiro, Bolsoni é Mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes – USP (2014), estudou na EAV Parque Lage no Rio de Janeiro (1991 a 1993) e na Saint Martin School of Art, em Londres (1993).
Já Chance (2015-2017), da paulista Regina Parra, adquirida também por meio do programa de Patronos da Arte Contemporânea, chegou a ser instalada em meio à Mata Atlântica do Parque Laje e no Parque do Ibirapuera, e agora é exibida na sala C. O trabalho, o primeiro que o museu adquire da artista, traz a frase “A grande chance” em neon vermelho, e apresenta-se como um portal ambíguo podendo tanto ser interpretado como uma promessa quanto uma ameaça. Nascida em São Paulo em 1981, Parra é Mestre em Teoria e Crítica de Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Plásticas pela FAAP. A artista participou de dezenas de mostras incluindo Sights and Sounds, no The Jewish Museum, Nova York; cães sem plumas, no Museu de Arte Moderna de Recife e a 17º Festival Internacional SESC Videobrasil.
E, por fim, na sala D, o mineiro Matheus Rocha Pitta apresenta a instalação interativa composta de cubos de concreto Primeira pedra (2015-2016), doada ao museu pelo próprio artista e pela galeria que o representa. Com tamanho ideal para acomodar-se em uma mão e dispostos no chão do espaço sobre folhas de jornal do dia anterior, os cubos são oferecidos ao público não por dinheiro, mas por uma outra pedra: para possui-los, o visitante deve sair do museu e trazer a primeira pedra que encontrar.
A obra radicaliza o conceito de múltiplo no qual cada peça poderá ser levada pelo visitante como obra para casa, afirmando-se, dessa forma, um vínculo entre o museu e a cidade por meio do gesto de cada indivíduo. Também serão exibidas quatro obras da série Acordo, que é constituída de lajes que trazem um arquivo de fotografias recortadas de jornais, retratando pessoas performando acordos – gestos como apertos de mão, abraços, beijos.
Ao longo de sua trajetória artística, Rocha Pitta (Tiradentes, 1980), sedimentou interesses e estratégias que permitem identificar, em uma prática que se adensa a cada nova apresentação, um enunciado crítico sobre os mecanismos de troca que regem a vida comum. Em 2014, o artista participou da Bienal de Taipei e da coletiva Blind Field no Kunst IM Tunnel de Dusseldorf e em 2013 realizou a individual Acordo, Fondazione Morra Greco, Napoli, Itália.
Marcelo Amorim no MARP, Ribeirão Preto
Em exposição individual no MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi, o artista Marcelo Amorim explora a normatividade em imagens e textos de cartilhas e livros didáticos brasileiros utilizados em todo o Brasil na primeira metade do século XX
O que aprendemos sobre as normas, estruturas e relações que organizam a sociedade durante todo o nosso processo de alfabetização na escola? Que visões de mundo estão presentes nos textos e imagens dos livros didáticos que nos ensinam a ler?
Esta é uma das muitas questões que atravessam a produção do artista goiano Marcelo Amorim em sua exposição individual Escola Normal, com abertura no dia 15 de fevereiro, às 20h30, no MARP e reúne a produção do artista em forma de desenhos, vídeos e um livro de artista.
Para fazer os desenhos e o livro de artista que integram a exposição Escola Normal, o artista Marcelo Amorim tomou como ponto de partida a série Proença de livros didáticos publicados entre as décadas de 1920 e 1950 pela editora Melhoramentos. Este material, utilizado por gerações de professores de alfabetização de escolas em todo o Brasil, apresentou a professores e estudantes não apenas o “be-a-bá” do funcionamento da Língua Portuguesa, mas também consolidou valores e visões de mundo por meio de textos, historietas, personagens, exercícios e ilustrações.
Nas cartilhas e livros de leitura e interpretação de texto, Marcelo Amorim garimpou vestígios da história da educação nacional e reconstruiu aspectos de um processo histórico complexo, considerando permanências, fragilidades, condicionamentos sociais e culturais ao redor da educação escolar e dos elementos curriculares de quem os livros didáticos são veículo. Apropriando-se de imagens, trechos de textos e frases, Amorim, que tem formação como editor e designer, explora em suas obras alguns procedimentos de edição que aliam estratégias de justaposição, síntese e colagem, dando origem a sequências narrativas surpreendentes.
Para o artista: "É importante ler essas imagens diacronicamente. Não se trata apenas de constatar o passado mas de percebê-lo em sua evolução no tempo. Rever estas imagens deixa claro que a função social da escola e do livro didático pode ser considerada como um poderoso instrumento pela manutenção de regras, comportamentos, padrões sociais até os dias de hoje".
A mostra e a programação têm a curadoria da educadora e escritora Valquíria Prates e do diretor do MARP Nilton Campos e reúne um recorte de trabalhos de diversas épocas, entre desenhos, pinturas e vídeos que têm em comum a educação formal, tema que o artista Marcelo Amorim vem investigando em sua produção desde 2009.
Durante os dois meses de duração da exposição Escola Normal, o artista seguirá periodicamente editando novas publicações a partir de uma seleção de cópias de páginas de materiais didáticos antigos e raros de sua coleção, em um ateliê instalado dentro da mostra. Esta ação faz parte da investigação e criação de um novo trabalho do artista, em processo durante a exposição.
Neste mesmo espaço de ateliê, serão realizados encontros de formação de professores, conversas, debates e outras proposições em torno dos assuntos suscitados pela mostra. Um grupo de educadores do MARP receberá escolas, grupos e outros visitantes para conversas diariamente.
Para maiores informações e agendamentos de grupos, entrar em contato com o MARP.
Bate-papo no MARP
Tradicionalmente o MARP faz um bate-papo na manhã seguinte à abertura de exposição. No sábado, 16 de fevereiro, às 10h, com a presença do artista Marcelo Amorim, da curadora Valquíria Prates e do curador e diretor do MARP Nilton Campos, além da participação especial do artista Nino Cais (São Paulo-SP).
Os fins do sono na Oma, São Bernardo do Campo
Exposição Os fins do sono reúne importantes nomes da arte contemporânea, com curadoria de Paula Braga e Aléxia Bretas, mostra inédita discute o sono como território de recusa à gestão capitalista do tempo
Levamos um modo de vida no qual tentamos constantemente nos adequar ao tempo que nos resta e à necessidade de estar sempre despertos: daí, para muitos, o sono ter se tornado sinônimo de ócio improdutivo e perda de tempo. Sabemos, no entanto, que o estado de sono proporciona não apenas uma pausa, interrupção ou descanso para o “eu” consciente, como também exerce um papel fundamental para a sobrevivência e o bem-estar do corpo e da mente, sobretudo, em meio à cultura da vigilância e da gestão produtivista do tempo durante vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
Trazendo à luz importantes questões sobre os propósitos e a finitude do sono, a exposição terá sua abertura na sexta-feira, dia 15 de fevereiro, às 19 horas, na Oma Galeria. Intitulada Os fins do sono, a mostra reúne cerca de 11 obras, entre desenhos, fotografias, instalações, audiovisuais, montagens e plotagens. Sob curadoria das professoras e também pesquisadoras Paula Braga e Aléxia Bretas, a mostra coletiva explora o sono como reserva existencial e política, trazendo para o Grande ABC importantes nomes da arte contemporânea, como Ana Teixeira, Beanka Mariz, Fernando Velázquez, Dani Tranchesi, Gustavo Von Ha e Ricardo Basbaum.
Segundo as curadoras, “as obras da exposição tratam dos aspectos curativos do sono, tanto no âmbito individual quanto coletivo. Dormir é transgressor pois estabelece um território de recusa à lógica do capitalismo tardio”. O espectador que visitar a exposição terá a oportunidade de se deparar com diferentes nexos e sensações produzidas pelas múltiplas tensões entre o dormir, o sonhar, a insônia e o despertar.
Na obra da artista Ana Teixeira, o desenho plotado na parede se reporta à gravura “O sono da razão produz monstros” do artista espanhol Francisco Goya, seguido de uma frase de Fernando Pessoa que contradiz o senso comum, indicando importantes afinidades entre o sonho e o raciocínio lógico. A carioca Beanka Mariz expõe uma cama hospitalar junto a um soro intravenoso, que alude à patologia da convivência com a insônia. “Penso o meu trabalho como uma investigação incessante entre Natureza e Método – bata-se ou não, a porta sempre se abrirá”, observa a artista.
As fotografias de Dani Tranchesi nos remetem a espectros que perambulam em meio a um parque de diversões torturante numa espécie de pesadelo recorrente, enquanto no vídeo de Gustavo Von Ha, depoimentos exaltam os delírios provocados pelos sonhos. Já Ricardo Basbaum apresenta um áudio e diagramas plotados na parede, a nos lembrar que dormir não é a única estratégia para estar no aqui e agora: “sem sonho, sem sono”. É preciso resistir à normatização dos comportamentos também na vigília, recuperando uma racionalidade desperta, que recusa o imperativo do consumo e da vigilância no ritmo 24/7.
Fernando Velázquez, o último aqui apresentado, explora a luz do néon que atua como impeditivo do sono, em uma espécie de loop de um contínuo estado de vigília. “Os humanos têm a capacidade de articular dados objetivos e subjetivos sobre o mundo exterior de uma forma particularmente densa e intrincada”, afirma o artista. Revelando um lado poético entre linguagens, Velázquez trabalha livremente alguns aspectos abordados pela mostra, principalmente pela ótica de uma sociedade cada vez mais individualista e seduzida pelos excessos.
A exposição “Os fins do sono” é a primeira exposição da Oma Galeria em 2019. Com entrada gratuita de terça a sábado, a mostra ficará aberta para visitação até o dia 23 de março.
Lucia Mindlin Loeb na Marilia Razuk, São Paulo
A partir de 16 de Fevereiro, a Galeria Marilia Razuk apresenta a exposição Questões do dia, segunda individual de Lucia Mindlin Loeb, com curadoria de Denise Gadelha.
A trajetória da artista reflete um pensamento cíclico, que procura ressignificar a memória por meio de apropriações trazidas do universo dos livros. Nesta exposição a artista trabalha a desconstrução e a reconstrução do livro, trazendo temáticas do cotidiano popular brasileiro. Ela se apropria de livros tirados do contexto da comunicação, como listas telefônicas, livros de receitas, periódicos e gravuras. Fazendo referência a obras do período colonial.
Sua linguagem artística relaciona a construção da imagem à estrutura sequencial intrínseca ao livro. Ações repetidas e combinações de múltiplas variações são alguns dos recursos que Lucia Mindlin Loeb emprega em seus trabalhos recentes que, ao serem associados à bandeira nacional, denotam sua frustração diante do testemunho de um país que reproduz eternamente os velhos comportamentos problemáticos herdados com a colonização.
Lucia Mindlin Loeb (1973, São Paulo, SP). A fotografia e o livro são seus objetos de pesquisa e trabalho. É graduada em desenho gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes, São Paulo. Mestra em poéticas visuais pela ECA, USP. Ingressa no programa de doutorado em poéticas visuais da ECA, USP. Participou da 1ª Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba (1996) e da 2ª Bienal Internacional de Fotografia de Tóquio, Japão (1997). Expôs no Centro Cultural São Paulo (1997), Funarte/Rio de Janeiro (2000), Galeria Vermelho e Itaú Cultural, São Paulo (2010), Museu Lasar Segall, São Paulo, SP (2011), Centro Universitário da USP, Maria Antônia, São Paulo SP (2011/2012), Astrup Fearnley Museet, Olso, Noruega, (2013), A tara por livros ou a tara por papel, Galeria Bergamin, São Paulo, SP (2014), Memória Fotográfica, Galeria Marilia Razuk, São Paulo, SP (individual, 2014), Edições Tijuana – Publishing in the Frontier, Paris, França (2015), Paisagem Liquida, Galeria 321, São Paulo, SP. Em 2012 foi indicada ao prêmio PIPA.
Arquiteturas do Imaginário na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta Arquiteturas do Imaginário, mostra coletiva que faz uma abordagem sobre o espaço construído e sua relação com o público a partir de uma seleção de 15 artistas: Abraham Palatnik, Alberto Baraya, Alexandre Arrechea, Artur Lescher, Dan Graham, Daniel Senise, Eduardo Coimbra, Fabio Miguez, Lucia Koch, Marco Maggi, Marcos Chaves, Paulo Bruscky, Philippe Decrauzat, Raul Mourão e René Francisco.
Acompanhada de texto de Paulo Sergio Duarte, a mostra possibilita um passeio pela história da arte contemporânea e seu diálogo com a arquitetura, mostrando como artistas de diferentes origens, gerações, tendências e práticas imaginam possibilidades que promovem conexões entre a obra, o espaço e seu público. Segundo o crítico, “não podemos esquecer que a arquitetura é, antes de tudo, a arte de organizar espaços, portanto, é, também, a arte de moldar o vazio.”
O título da exposição deriva da obra Arquitetura do Imaginário (1982), de Paulo Bruscky (Recife, 1949). Realizado originalmente em super-8 durante a estadia do artista em Nova York, viabilizada pela Bolsa Guggenheim, concedida pela instituição no ano anterior, o vídeo consiste numa série de registros da paisagem urbana local, destacando as marcas de demolição de algumas edificações. Estes vestígios, detalhes inusitados do espaço urbano que normalmente passariam desapercebidos, funcionam como uma memória das estruturas arquitetônicas existentes anteriormente.
Esse olhar perpicaz sobre o espaço construído e a apropriação de elementos do cotidiano – ou da paisagem urbana – na elaboração das obras é o fio condutor que permeia a seleção que compõe a coletiva.
fevereiro 8, 2019
Claudio Edinger na Lume, São Paulo
Em Machina Mundi NYC, fotógrafo convida o público a olhar Nova York sob um ângulo raro; artista também apresenta obras de série clicada nos anos 1990
O caos e a beleza de Nova York revelados por uma nova perspectiva sob as lentes do fotógrafo Claudio Edinger. Imagens que parecem ter sido capturadas pelo próprio olho: um objeto central nítido e seu entorno desfocado. O todo, por vezes, aludindo a uma cena onírica. Edinger olha o mundo de perto, de forma intensa, e convida o público a fazer o mesmo. É o que ele propõe em Machina Mundi NYC, exposição que apresenta entre 12 de fevereiro e 23 de março, na Galeria Lume em São Paulo.
As vistas aéreas de Claudio Edinger descortinam uma harmonia por vezes inacessível a olhos apressados. Ao desviar a visão do plano próximo ao chão às alturas, o fotógrafo oferece ao espectador uma experiência etérea do mundo que, pouco a pouco, traz à tona os signos cotidianos. "Ele aproxima a visão da imagem captada daquela de nossos olhos, como se olhássemos com mais atenção", afirma Paulo Kassab Jr., curador responsável para mostra.
Machina Mundi NYC é parte de uma série homônima, iniciada em 2009, na qual Edinger busca enquadramentos jamais vistos de diversas cidades do mundo, entre as quais São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa e Veneza. A escolha por Nova York não foi ao acaso. A cidade foi sua casa por 20 anos, de 1976 a 1996, período que lhe propiciou uma vivência fundamental para sua formação pessoal e fotográfica.
A exposição reúne um conjunto de 14 obras. Destas, 12 são inéditas, registros de uma Nova York ínfima, clicados de um helicóptero e com a utilização de uma técnica precisa que Edinger desenvolve há cerca de 19 anos – o foco seletivo, recurso que desfoca o fundo da imagem e destaca um ponto escolhido.
Somadas a esses trabalhos, quatro imagens de New York 1994, série produzida na época em Claudio residia na cidade. "É o contraste entre a visão pés no chão de um fotógrafo que, cada vez mais, consolida sua carreira e a visão de cima, dos sonhos e das distantes lembranças", pontua o curador.
Sobre o artista
Claudio Edinger é filho de pai alemão e mãe russa, nasceu no Rio de Janeiro e hoje vive em São Paulo. Tem graduação em Economia, mas seu espírito irrequieto o levou para a fotografia. Começou a fotografar no início dos anos 1970, enquanto estudava na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Em 1975, teve sua primeira exposição individual no MASP, com fotografias do prédio Martinelli. No ano seguinte se mudou a Nova York, onde morou até 1996. Durante os anos nos Estados Unidos, deu aulas de fotografia na Parson's School of Design e no International Center of Photography. Ainda em terras americanas, publicou 11 livros, como Chelsea Hotel (1983) e Venice Beach (1985), ambos reconhecidos com o prêmio Leica Medal Of Excellence. Recebeu importantes premiações, como Hasselblad, Prêmio Abril de Fotografia, One of The Year's Best Books (revista American Photo por Old Havana) e Prêmio Ernst Haas.
Suas obras foram exibidas no ICP, em Nova Iorque; no Pompidou, em Paris; na Photographer's Gallery, em Londres; no Perpignan Photo Fest, na França; no Higashikawa Photo Fest, no Japão; no Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu da Imagem e do Som (MIS), Instituto Cultural Itaú, Casa da Cultura Judaica e Centro Cultural Banco do Brasil, todos em São Paulo. Seu trabalho integra diversas coleções particulares e públicas.
A obra de Claudio Edinger já foi publicada em renomados veículos do mundo, como Stern, The New York Times, London Sunday Times, Vanity Fair, Frankfurter Allgemeine, El País, Time, Paris Match, Newsweek, entre outras. É autor de 14 livros fotográficos e um romance.
fevereiro 7, 2019
Armarinhos Teixeira no Museu Nacional da República, Brasília
Curadoria de Marcus Lontra destaca os limites entre a natureza e a arte na produção do artista
A Secretaria de Estado da Cultura, por meio do Museu Nacional da República, inaugura no dia 6 de fevereiro de 2019, quarta-feira, às 19 horas, a exposição Colônia, de Armarinhos Teixeira. Nesta individual, são apresentadas 12 esculturas inéditas de grande porte, elas todas produzidas in loco pelo artista.
Armarinhos Teixeira faz uso de materiais incomuns ao circuito tradicional de arte em seu processo criativo. “São materiais fora de circulação social”, resume o artista. Matérias-primas industriais nobres, utilizadas em processos de fabricação de diversos produtos do nosso cotidiano. Assim, mantas de poliéster, aço e borracha, fardos de algodão não beneficiado, argila, couro, entre tantos mais, ganham vida a partir do engenho do artista, que imprime diversas camadas de significados às grandes esculturas que ora apresenta no museu brasiliense.
O visitante que adentra o espaço do projetado por Oscar Niemeyer depara-se com sete enormes estruturas, algumas medindo 7 metros de altura, nas quais Armarinhos instala seus trabalhos. Essas esculturas autoportantes causam estranhamento e fascínio ao mesmo tempo, dado o arranjo harmônico ou “orgânico” que o artista lhes confere. “É como se ele tomasse posse do lugar, colonizando esse território com suas ideias e formas”, declara o curador da mostra Marcus Lontra. A estas, somam-se uma obra de parede e quatro esculturas de chão, como aquela em que se lê “Aquilo que circula, emerge”, frase do artista que sintetiza sua necessidade premente de trazer movimento e vida à aparente inércia das coisas e, por que não?, dos indivíduos.
“É preciso que eu esteja íntegro, ou seja, em estado sólido, líquido e gasoso, para que o fenômeno criativo aconteça. A criação dos meus trabalhos depende da minha percepção do território, os espaços e seus recursos, sejam eles orgânicos ou inorgânicos”, declara Armarinhos.
Armarinhos Teixeira
Artista plástico, Armarinhos Teixeira, vive e trabalha em São Paulo. Em seu trabalho, estuda desde 1990 a morfologia das coisas que estão entre a cidade, a mata e as áreas áridas. Numa via de expressão de intensidade, a construção de novos amparos, que se espalham como uma miragem contemporânea. A partir daí, criam em extensão: esculturas, instalações, desenhos e interrogativas em outras mídias, formando-se, assim a bioarte.
MASP recebe vídeo de Jenn Nkiru sobre a experiência negra
Diretora, conhecida por trabalhos como a direção artística de ‘Apeshit’, clipe gravado por Beyoncé e Jay-Z no Louvre, estreia ‘Rebirth is necessary’ na Sala de Vídeo em 7.2
A Sala de Vídeo do MASP recebe a partir de 7 de fevereiro Rebirth is necessary (2017, 10min38seg, 8mm, 35mm, digital), vídeo da cineasta anglo-nigeriana Jenn Nkiru vencedor no ano passado da categoria Melhor Curta Documentário do Festival de Cinema Independente de Londres e da categoria Melhor Curta de Arte do prêmio Voice of a Woman, em Cannes. A obra, uma colagem de trechos de vídeos de diversos autores e épocas, fala sobre a experiência negra no mundo —e a necessidade de discuti-la e reinventá-la. Em cartaz até 24 de março no segundo subsolo do museu, o trabalho faz parte da transição entre “Histórias afro-atlânticas” e “Histórias das mulheres, histórias feministas”, eixos temáticos da instituição em 2018 e 2019, respectivamente.
Jenn Nkiru vive e trabalha Estados Unidos e Inglaterra, onde nasceu, e dedica sua obra a um retrato amplo, investigativo e reflexivo sobre a condição negra desde a diáspora africana. É autora de videoclipes, curtas-metragens e videoinstalações. Na música, se destacou no ano passado como diretora artística de segunda unidade para o visual do clipe Apeshit, que o casal de músicos pop Beyoncé e Jay-Z gravou no Louvre. O vídeo, dirigido por Ricky Saiz, traz sequências que questionam a relação hierárquica entre brancos e negros, o papel relegado aos afro-descendentes e o eurocentrismo das histórias da arte e dos museus, como o Louvre.
Em Rebirth is necessary, Nkiru faz uso de imagens próprias e de autores diversos. A maioria das cenas é datada dos anos 1960 e 70, período que registrou o ápice do movimento por direitos civis nos EUA e o surgimento do afrofuturismo. O movimento estético-artístico, que só ganharia este nome nos anos 1990, foi retomado por Hollywood no ano passado com o blockbuster Pantera Negra. Sua proposta é misturar fantasia, tecnologia e referências africanas pré-diáspora para tecer narrativas afrocentradas que apontem tanto para o passado como para o futuro, e inverter a narrativa dominante no mainstream, capitaneada por brancos.
No curta, há trechos de filmes, de comerciais de TV e de clipes. O resultado são sequências oníricas em que surgem ora anônimos ora a organização política dos Panteras Negras e os jazzistas Alice Coltrane e Sun-Ra, considerado um dos pilares do afrofuturismo. A justaposição de passado, presente e futuro, de símbolos de resistência e transcendência, resulta em algo novo e provocativo, e também universal.
“Jenn Nkiru tem fortes referências da música, do cinema africano e do cinema diaspórico. Ela faz parte de uma geração de negros que busca recompor a sua ancestralidade, criou uma linguagem própria ao imprimir velocidade na edição de imagens e alcançou protagonismo em um meio ainda muito dominado por homens brancos”, diz Horrana de Kassia Santoz, assistente de mediação e programas públicos do MASP e responsável pela curadoria desta mostra. “Tem uma linguagem própria e encontra consonância entre os dois ciclos.”
Beto Shwafaty na Luisa Strina, São Paulo
Galeria Luisa Strina anuncia a segunda exposição individual de Beto Shwafaty, intitulada Amanhã não lembrarei de nada, de 14 de fevereiro a 23 de março. O artista mostrará uma série de trabalhos inéditos: obras morfologicamente diversas, que apresentam porém gestos, características e raciocínios similares. Atuando ao mesmo tempo como alegorias e sintomas de uma crise de memória e de identidade, que influenciam concepções sobre a realidade, as obras criam pontes entre acontecimentos históricos e o conturbado o momento nacional atual, em que ataques contra os direitos civis, sociais e trabalhistas vem sendo orquestrados.
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A tridimensionalidade é constante fundamental que atravessa essa exposição. As obras apresentadas se amalgamam como assemblagens de signos, de procedimentos e de linguagens que articulam conceitos ligados tanto às artes (a escultura, o objeto, a instalação), quanto aos acontecimentos sociopolíticos e culturais recentes. Assuntos ligados à monumentalidade, progresso, abstração, citação, história, memória e violência são evocados por essas novas produções do artista.
Como em projetos e produções anteriores, Shwafaty emprega uma gama diversa de materiais, linguagens e procedimentos para articular processos de apropriação, justaposição, tradução e transformação. Através do uso de materiais brutos, objetos encontrados e apropriados, da articulação e ocupação do espaço expositivo, do uso de formas e palavras, o artista nos propõem uma reflexão acerca das implicações da cultura como palco, e alvo, de inúmeras disputas, assim como de subsequentes revoluções.
Sobre o artista
Beto Shwafaty (1977 – São Paulo) produz instalações, vídeos e objetos escultóricos, utilizando diversos materiais e metodologias, como pensamento curatorial, estratégias institucionais, críticas e pesquisa de arquivos. Seus projetos são informados pelas noções de apropriação, deslocamentos e tradução, gerando trabalhos que são desenvolvidos por longos períodos de tempo. Em sua prática, ele muitas vezes se concentra no modo como os episódios históricos podem deixar rastros na cultura e repercutir em objetos, espaços e estruturas socioculturais, que por conseqüência produzem significados e comportamentos compartilhados publicamente. Nesse sentido, tem se interessado por temas ligados à história, sociopolítica, arquitetura e design, assumindo-os como elementos narrativos e evidências que podem nos informar sobre diversos aspectos do nosso tempo presente.
Suas recentes exposições incluem: 35o Panorama da Arte Brasileira, MAM São Paulo; Contrato de Risco, Galeria Luisa Strina, São Paulo; Hablemos de Reparaciones, Prometeogallery, Milão; A Matriz Fantasma (Estruturas Antigas, Novas Glórias), Projeto Situ, São Paulo (todos 2016); 19º Video Brasil, Sesc, São Paulo; Amor e ódio a Lygia Clark, Galeria Nacional Zacheta, Varsóvia; Peças em Conversação, NBK, Berlim; Se o Clima for Favorável, 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre; P33_Unicas formas de Continuidade no Espaço (33o Panorama da Arte Brasileira), MAM São Paulo. realizou residências na Gassworks (Londres), Villa Vassilief (Paris), Lugar a Dudas (Cali), Residence Unlimited (Nova Iorque) e RES-Ò (Turin).
Galeria Luisa Strina announces the second solo show of Beto Shwafaty, titled Tomorrow I’ll remember nothing, from February 14 to March 23. The artist will present a series of new works: pieces morphologically diverse, however presenting similar gestures, characteristics and reasonings. By acting at once as allegories and as symptoms of a crisis of memory and identity, which influence conceptions of reality, they create bridges between historical events, disturbing the current national moment, in which attacks against civil, social and labor rights have been orchestrated.
Three-dimensionality is the fundamental constant that crosses this exhibition. The works presented are amalgamated as assemblages of signs, procedures and languages that articulate concepts related to both the arts (sculpture, object, installation) and to recent sociopolitical and cultural events. Subjects related to monumentality, progress, abstraction, citation, history, memory and violence are evoked by these new productions of the artist.
As in previous projects and productions, Shwafaty employs a diverse range of materials, languages, and procedures to articulate processes of appropriation, juxtaposition, translation, and transformation. Through the use of raw materials, found and appropriated objects, the articulation and occupation of the exhibition space, the use of forms and words, the artist proposes to us a reflection about the implications of culture as a stage, and target, of numerous disputes, as well as of subsequent revolutions.
About the artist
Beto Shwafaty (1977 – São Paulo) produces installations, videos and sculptural objects, using various materials and methodologies, such as curatorial thinking, institutional strategies, criticism and archival research. His projects are informed by the notions of appropriation, displacements and translation, generating works that are developed over long periods of time. In his practice, he often focuses on how historical episodes can leave traces in culture and impact on objects, spaces and sociocultural structures, which consequently produce publicly shared meanings and behaviours. In this sense, Shwafaty has been interested in themes related to history, sociopolitics, architecture and design, assuming them as narrative elements and evidences that can inform us about various aspects of our present time.
Shwafaty’s recent exhibitions include: 35th Brazilian Art Panorama, MAM São Paulo; Risky Contract, Galeria Luisa Strina, São Paulo; Hablemos de Reparaciones, Prometeogallery, Milan; The Phantom Matrix (Old Structures, New Glories), Situ Project, São Paulo (all 2016); 19th Video Brasil, Sesc, São Paulo; Love and Hate to Lygia Clark, Zacheta National Gallery, Warsaw; Pieces in Conservation, NBK, Berlin; If the weather permits, 9th Mercosur Biennial, Porto Alegre; 33th Brazilian Art Panorama, MAM São Paulo. Shwafaty has been in residencies at Gassworks (London), Villa Vassilief (Paris), Lugar a Dudas (Cali), Residence Unlimited (New York) and RES-Ò (Turin).
Anna Maria Maiolino na Luisa Strina, São Paulo
A segunda mostra individual de Anna Maria Maiolino na galeria antecede em poucos meses uma grande retrospectiva que está sendo preparada para o PAC – Padiglione d’Arte Contemporanea, de Milão. Intitulada O amor se faz revolucionário [28 de março a 09 de junho], a exposição é a maior já realizada pela artista em seu país natal, e segue do PAC Milano para a Galleria d’Arte Moderna di Palermo, na Sicília [julho a setembro], e para a Whitechapel Gallery, em Londres [outubro de 2019 a janeiro de 2020]. Celebração dos 60 anos de trajetória da artista – que engloba mais de 50 mostras individuais, além de participações em mais de 300 exposições coletivas –, O amor se faz revolucionário envolve todas as mídias com as quais Maiolino trabalha: desenho, escultura, vídeo, performance, arte sonora, instalação, fotografia e gravura, e na mostra em Milão ela apresentará uma performance inédita.
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Antes de embarcar para a Itália, Maiolino realiza Em tudo - Todo. A mostra individual na Galeria Luisa Strina é composta de 19 obras e tem como protagonista a linha, com seus pontos constitutivos, tanto nas esculturas como nos desenhos expostos. São 4 peças da série Cobrinhas, realizadas em 2018, trabalhos escultóricos que a artista vem desenvolvendo há quase 30 anos com a mesma metodologia e técnica, em que o gesto de confeccionar rolinhos (como linha), repetido, configura as esculturas, finalizadas em cimento estrutural branco e pó de mármore. Completam a mostra 15 trabalhos sobre papel, pertencentes às séries Conta-Gotas (2016); Pulsões & Traços (2015); Meandros (2014); Projetos de Escarificações (2012); e Vestígios (2012).
“Do ponto e da linha já nos falou Kandinsky lindamente, basta recordar seus pensamentos como: ‘Tudo começa num ponto, e nasce a linha’. É ela que confere a materialidade dos rolinhos ou cobrinhas, e é ela também que compõe as experiências gráficas dos desenhos – e do desenho de todos os tempos, mas que se renova na poética aqui apresentada”, explica a artista. Maiolino já discorreu, em diferentes oportunidades, sobre a importância da linha em seu trabalho. Em uma conferência proferida em Nova York, em 2010, a artista esclarece: “Tomo como ponto de partida a linha desenhada. Pois o desenho foi e é a primeira ferramenta a ser utilizada, que me serve de ponte para agenciar minha mente do imaterial para o tangível e faz com que eu diga: ‘existo porque desenho’. Pois, quem desenha, desenha seus próprios desejos, na conjunção com as experiências do viver”.
No curso deste “ver originário” e se apoiando em sua própria experiência de artista, Maiolino reafirma que o desenho é produto do agenciamento da mente com as funções e as ações básicas do viver humano. “Estas funções e ações tão ancestrais tornam o desenho UNO com as possibilidades da construção da linguagem – substrato do nosso código genético. Construindo a linguagem, materializando sentimentos, damos e recebemos, numa relação simbiótica de intercâmbios. Nesse sentido, a percepção – atividade originária da consciência – faz eclodir e manifesta a significação junto com o objeto. (…) Os surrealistas diziam que o desenho é o ECO das nossas pulsões e dos nossos sonhos. Para mim ele é isso, mas é também construção de materialidade, porque a linha materializada pode ocupar as múltiplas dimensões do espaço real.”
Em 2017, uma ampla retrospectiva da obra de Maiolino foi apresentada no MoCA Los Angeles, como parte do projeto Pacific Standard Time: LA/LA, patrocinado pela Getty Foundation. Em 2010, uma importante retrospectiva itinerante foi apresentada na Fundação Antoni Tàpies, Barcelona, viajou para o Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela, Espanha, e para o Malmö Kunsthalle, na Suécia (2011). A obra de Maiolino integra mais de 30 coleções de museus e instituições culturais no Brasil e no exterior, entre os quais se destacam MoMA, MoCA Los Angeles, MASP, Malba, Reina Sofia, Centre Pompidou, Tate Modern e Galleria Nazionale di Roma.
As suas principais exposições individuais a partir da década de 2000 incluem Errância Poética [Poetic Wanderings], Hauser & Wirth, Nova York (2018); TUDO ISSO, Hauser & Wirth, Zurique (2016); CIOÈ e performance in ATTO, Galleria Raffaella Cortese, Milão (2015); Ponto a Ponto, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Afecções, Prêmio MASP Mercedes–Benz de Artes Visuais, MASP, São Paulo (2012); Continuum, Camden Arts Centre, Londres (2010); Territories of Immanence, Miami Art Center, Miami (2006); Muitos, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2005); Vida Afora/A Life Line, The Drawing Center, Nova York (2002); e N Times One (da série Terra Modelada), Art in General, Nova York (2002).
Entre as mostras coletivas de que participou em anos recentes, destacam-se Mulheres Radicais, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2018); Radical Women: Latin American Art, 1960–1985, Hammer Museum, Los Angeles (2017); Delirious: Art at the Limits of Reason, 1950-1980, MET Breuer, Nova York (2017); Lugares do Delírio, MAR – Museu de Arte do Rio (2017); Resistence Performed – Aesthetic Strategies under Repressive Regimes in Latin America, Migros Museum, Zurique (2015); The EY Exhibition: The World Goes Pop, Tate Modern, Londres (2015); International Pop, Walker Art Center, Minneapolis (2015); The Great Mother, Palazzo Reale, Milão (2015); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Art Space, Miami (2015); Artevida, MAM Rio de Janeiro e Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2014); dOCUMENTA 13, Kassel (2012); On Line: Drawing Through the Twentith Century, MoMA, Nova York (2010); 29ª Bienal de São Paulo (2010).
Anna Maria Maiolino’s second solo show in the gallery precedes, by a few months, a major retrospective that is being prepared for PAC – Padiglione d’Arte Contemporanea, in Milan. Entitled Love is made revolutionary [March 28 to June 9] and curated by Diego Sileo, this is the artist’s biggest exhibition in her native country and after Pac Milan, it goes to the Whitechapel Gallery, in London [October 2019 to January 2020]. Celebrating the artist’s 60 years trajectory – with more than 50 solos exhibitions besides participation in more than 300 group shows; Love is made revolutionary involves all the medias which Maiolino works with: drawing, sculpture, video, performance, sound art, installation, photography and etching, and in the exhibition in Milan she will show a never before seen performance.
Before travelling to Italy, Mailolino materializes Em tudo - Todo [In everything – all]. The solo show in Luisa Strina Gallery is composed of 19 pieces and its main subject is the line, with their forming points in the sculptures as well as in the drawings in exhibition. They are 4 pieces in the series Cobrinhas (Little Snakes), concluded in 2018, which are sculpture works that the artist has been developing for almost 30 years using the same methods and techniques, when the repeated gesture to make rolls (line) sets up the sculptures, having a finishing of white cement and marble dust. Completing the show, there are 15 works on paper that belong to the series Conta-gota (Eye dropper, 2016); Pulsões & Traços (Drive & Traces, 2015); Meandros (Windings, 2014); Projetos de Escarificações (Scarification Projects, 2012); and Vestígios (Vestiges, 2012).
“About dots and lines, Kandinsky has already spoken beautifully, all it is needed is to recall his thoughts as: ‘Everything begins in a dot, and the line is born’. It is what grants materiality to the rolls or little snakes, and it is what composes the drawings graphic experiences – and for the drawing of all times, but which is renewed in the poetic here shown”, the artist explains. Maiolino has already spoken, in different occasions, about the importance of the line in her work. In a conference in New York in 2010, the artist made this clear: “I start with a drawn line. As drawing is the first tool to be used, that I use as a bridge to manage my mind from the immaterial to the tangible and it makes me say: ‘I draw therefore I am’. Whomever draws, they draw their own wishes, aligned with the living experiences”.
In the course of this “imaginary seeing”, and using her own experience as an artist, Maiolino states that drawing is the product of a mind’s acts in relation to the basic actions of human living. “These ancestral functions and actions make drawing ONE with the language construction possibilities – substrate from our genetic code”. As we build language and materialize feelings, we give and take in a symbiotic relation of exchanges. In this sense, perception – a conscience originated activity – hatches and manifests meaning with the object. (…) Surrealists used to say that drawing is the ECHO of our drive and dreams. To me, it is really that, but also the building of materiality, because the materialized line can occupy multiple dimension in the real space”.
In 2017, a major retrospective on Maiolino’s work was presented at the MoCA Los Angeles, as part of the Pacific Standard Time: LA/LA project, sponsored by the Getty Foundation. In 2010, an important itinerant show was presented at the Antoni Tàpies Foundation, in Barcelona, travelling then to Centro Galego de Arte Contemporânea (Galician Contemporary Art Center), in Santiago de Compostela, Spain, and to Malmö Kunsthalle, in Sweden (2011). Maiolino’s work is present in over 30 museum and cultural institutions collections in Brazil and abroad, among them, notably: MoMA, MoCA Los Angeles, MASP, Malba, Reina Sofia, Centre Pompidou, Tate Modern and Galleria Nazionale di Roma.
Among her major solo exhibitions from the decade of 2000 there are: Errância Poética [Poetic Wanderings], Hauser & Wirth, New York (2018); TUDO ISSO [ALL OF IT], Hauser & Wirth, Zurich (2016); CIOÈ and performance in ATTO, Galleria Raffaella Cortese, Milan (2015); Ponto a Ponto [Point to Point], Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Afecções [Affections], Visual Art Prize MASP Mercedes–Benz, MASP, São Paulo (2012); Continuum, Camden Arts Centre, London (2010); Territories of Immanence, Miami Art Center, Miami (2006); Muitos [Many], Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo State Public collection, 2005); Vida Afora/A Life Line, The Drawing Center, New York (2002); and N Times One (from the series Terra Modelada [Modelled Earth]), Art in General, New York (2002).
Among the group shows she has participated in recent years, remarkably: Mulheres Radicais [Radical Women], Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo State Public collection, 2018); Radical Women: Latin American Art, 1960–1985, Hammer Museum, Los Angeles (2017); Delirious: Art at the Limits of Reason, 1950-1980, MET Breuer, Nova York (2017); Lugares do Delírio [Places of delirium], MAR – Museu de Arte do Rio (Rio Art Museum, 2017); Resistence Performed – Aesthetic Strategies under Repressive Regimes in Latin America, Migros Museum, Zurich (2015); The EY Exhibition: The World Goes Pop, Tate Modern, London (2015); International Pop, Walker Art Center, Minneapolis (2015); The Great Mother, Palazzo Reale, Milan (2015); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Art Space, Miami (2015); Artevida, MAM Rio de Janeiro (Rio de Janeiro Modern Art Museum) and Casa França-Brasil (France-Brazil House), Rio de Janeiro (2014); dOCUMENTA 13, Kassel (2012); On Line: Drawing Through the 20th Century, MoMA, New York (2010); 29ª Bienal de São Paulo (2010).
fevereiro 5, 2019
Conversas em Gondwana no CCSP, São Paulo
Conversas em Gondwana é uma plataforma de pesquisa e experimentação em arte contemporânea entre países do Sul. Para a primeira edição do projeto, as curadoras Juliana Caffé e Juliana Gontijo convidaram cinco duplas formadas por artistas da África do Sul e do Brasil para se corresponderem durante um ano sobre temas de interesse mútuo. Essas trocas resultaram na criação de obras colaborativas inéditas que serão expostas no Centro Cultural São Paulo (CCSP), entre 7 de fevereiro e 7 de abril de 2019, com realização do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Cultura.
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As duplas são formadas pelos artistas: Aline Xavier e Haroon Gunn-Salie; Ana Hupe e Gabrielle Goliath; Clara Ianni e Mikhael Subotzky; Daniel Lima e Ismail Farouk; Paulo Nimer Pjota & Siwa Mgoboza. Partindo da perspectiva decolonial, seus trabalhos propõem repensar a história, questões de identidade, gênero e dinâmicas urbanas de exclusão. Todos os artistas sul-africanos virão ao Brasil para o desenvolvimento e ativação das obras em parceria com seus respectivos parceiros brasileiros. Além do intercâmbio e da residência oferecida aos artistas, Conversas em Gondwana também apresenta uma programação pública que inclui uma série de conversas abertas e performances.
A exposição conta ainda com uma seleção de trabalhos intitulada “Arquipélago”, da qual fazem parte: Cinthia Marcelle e Jean Meeran, Kemang Wa Lehulere, Marcelo Moscheta, Penny Siopis, Renata de Bonis e Thiago Rocha Pitta. Tal como ilhas, estas obras estabelecem relações de proximidade com os conceitos desenvolvidos pelas duplas e perpassam questões levantadas pelo projeto, ampliando a dimensão colaborativa que é intrínseca à Conversas em Gondwana.
“Gondwana” é o nome do supercontinente que há cerca de 200 milhões de anos reunia as massas continentais do que hoje chamamos América do Sul, África, Antártica, Austrália e Índia. Ao fazer alusão a este passado geológico distante, o projeto busca intensificar o fluxo de práticas e pesquisas entre os artistas, curadores e pesquisadores da região, que é caracterizada por uma conexão geográfica perdida e uma história explicitamente interligada.
ARTISTAS EM DIÁLOGO
Aline Xavier (Belo Horizonte, Brasil, 1984) é uma artista envolvida em pesquisas interdisciplinares, colaborativas e conduzidas por processos. Tem pós-graduaçao em Arte Contemporânea: Crítica e Curadoria na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Instituto Inhotim(2010) e graduação em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (2006). Suas obras foram exibidas em instituições como a Mohsen Gallery no Irã, Goodman Gallery na África do Sul, Marta Moriarty Gallery na Espanha, Centro Georges Pompidou na França, Cinemateca do Uruguai no Uruguai, Itaú Cultural, Container Art, Oi Futuro, Centro Cultural Banco do Brasil, Gasômetro, Centro Cultural FIESP, SESC, Mostra de Cinema de Tiradentes, no Brasil. Compartilhou a direção de O Bagre Africano de Ataléia (2012) e Vão dos Buracos (2006), trabalhando com comunidades locais em Minas Gerais. Ela foi uma das curadoras e diretoras do laboratório de arte e tecnologia Marginalia+Lab (2009-2012) e é fundadora e diretora executiva do 88 Art Cinema (2006-em curso). Os prêmios recebidos incluem o 19º Prêmio Videobrasil (2015), Prêmio Especial do Júri no 13º Festival de Cinema de Vitoria (2008) e Prêmio Especial do Júri no 8º Festival de Cinema de Goiânia (2008). As residências de arte incluem Thami Mnyele Foundation (Amsterdã, 2017), Kooshk (Teerã, 2016) e Motomix (São Paulo, 2006). Atualmente vive entre Brasil e África do Sul.
Ana Hupe (Rio de Janeiro, Brasil, 1983) vive entre Rio de Janeiro e Berlim. Sua pesquisa localiza-se na fronteira entre escrita e artes visuais e atravessa situações sociais ligadas a práticas de descolonização e fluxos migratórios, reunindo uma contra-memória do arquivo colonial. Ela experimenta modos analógicos e digitais de ler e escrever fronteiras geopolíticas, práticas de descolonização, territórios utópicos e leis de cidadania. Ana entrelaça o real, o virtual e a ficção em obras que buscam dar conta do que é intuído, mas não relatado; ou seja, da invisibilidade das histórias. É doutora em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo feito um ano de pesquisa na Universität der Künste (Berlim, 2015). Entre as exposições realizadas, destacam-se: Malungas, na Gallery Mario Kreuzberg (Berlim) e no Paço das Artes (São Paulo, 2017); Muito futuro para uma só memória, Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2017); Leituras para mover o centro, CCBB-RJ (Prêmio CCBB de Arte Contemporânea, 2016). http://cargocollective.com/anahupe
Clara Ianni (São Paulo, Brasil, 1987). Seu trabalho explora a relação entre arte e política, através do uso de diferentes mídias - vídeo, instalações, ações e textos. Sua pesquisa se interessa pelo diálogo entre cultura material e performance. Clara graduou-se em Artes Visuais na Universidade de São Paulo. Suas exposições incluem Utopia/Distopia, MAAT Lisboa(2017), Jakarta Bienal (2015), 31a Bienal de São Paulo(2014), Yebisu Festival, Tokio (2015), 19th Panorama VideoBrasil, 33º Panorama de Arte Brasileira, MAM São Paulo (2013), 12th Istanbul Biennal, Istanbul (2011). Entre as residências que realizou estão AIR Residency, Centre for Contemporary Art Ujazdowski Castle, Varsóvia, Polônia, HIWAR I Conversations in Amman, Jordan (2013) e Bolsa Pampulha, Museu da Pampulha, Belo Horizonte (2011). Suas obras constam nas coleções do MOMA-NY, FRAC Paris e MAM- RJ. Clara é curadora do programa “Futuro da Memória - Poéticas de Memória e Esquecimento na América Latina”, junto com o Goethe Institute, e trabalhou como assistente do curador do Museu do Louvre, Regis Michel, e na 7 Bienal de Berlin, curada por Artur Zmijewski junto com Joanna Warsza e Voina. http://www.claraianni.com/
Daniel Lima (Natal, Brasil, 1973). Vive e trabalha em São Paulo. Bacharel em artes plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP e mestre em Psicologia Clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP. Desde 2001, cria intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. Membro fundador da “A revolução não será televisionada”, “Política do impossível” e “Frente 3 de Fevereiro”. Dirige a produtora e editora Invisíveis Produções. http://www.danielcflima.com/
Gabrielle Goliath (Kimberley, África do Sul, 1983) é uma artista multidisciplinar conhecida por suas negociações sensíveis em torno de temas sociais, particularmente em relação a questão de gênero e a violência sexual. Com base na música como elemento comemorativo capaz de evocar memórias nostálgicas, sua pesquisa atual visa explorar as possibilidades de performar uma memória traumática “compartilhável”, especificamente no que diz respeito a traumas vividos, e constantemente revividos, por sobreviventes de estupro na África do Sul. Goliath é atualmente Ph.D. no Instituto de Artes Criativas da Cidade do Cabo, e possui mestrado em Belas Artes (Universidade dos Witwatersrand). Ela exibiu amplamente em diversas exposições, e em 2012 participou da Bienal Dak’Art, no Senegal. O seu trabalho apresenta várias coleções públicas e privadas, incluindo a Iziko South African National Gallery, a Johannesburg Art Gallery e o Wits Art Museum. http://gabriellegoliath.com
Haroon Gunn-Salie (Cidade do Cabo, África do Sul, 1989). A prática multidisciplinar de Haroon Gunn-Salie enfoca as formas de colaboração na arte contemporânea com base no diálogo e no intercâmbio social. Gunn-Salie completou sua graduação em escultura na Escola de Belas Artes Michaelis da Universidade de Cape Town em 2012. A exposição de Gunn-Salie, intitulada Witness, apresentou trabalhos site-specific sobre questões ainda não resolvidas relacionadas a remoções forçadas durante o apartheid, trabalhando com residentes veteranos do Distrito Seis e traduzindo histórias orais da comunidade em intervenções e instalações artísticas. Seu trabalho foi exibido em exposições e projetos significativos, como: After the Thrill is Gone (2016/2017), Simon Castets, e o projeto 89-plus de Hans Ulrich Obrist, Making Africa: A Continent of Contemporary Design, no Vitra Design Museum e no Museu Guggenheim de Bilbao (2015); What Remains is Tomorrow, no Pavilhão da África do Sul na Bienal de Veneza (2015). As exposições individuais incluem: On The Line (2016), na galeria Mendes Wood DM; Agridoce (2016), no Galpão Videobrasil e Museu de Congonhas no Brasil; e History after apartheid (2015), na Goodman Gallery na África do Sul. Gunn-Salie esteve entre os cinco primeiros colocados do Sasol New Signatures art competition em 2013. No 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil em 2015, recebeu o Prêmio SP-Arte / Videobrasil. Haroon Gunn-Salie atualmente vive entre Joanesburgo e Belo Horizonte.
Ismail Farouk (Durban, África do Sul, 1973) é um artista multidisciplinar e professor de arte da Universidade de Tecnologia de Durban. Seu trabalho integra diversas coleções, publicações, plataformas e exposições pelo mundo. Farouk questiona a partir de sua pesquisa modalidades e tecnologias de poder que reproduzem no cotidiano processos coloniais ainda operantes. Seu trabalho cria espaços para brincar, olhar, discutir, falar e performar com arquivos alternativos e ocultos. O artista investiga a maneira com a qual questões de gênero, raça, sexualidade, classe e corpo se cruzam com alimentos e comidas e revelam como a colonialidade resiste, é reproduzida e reimaginada no presente. Ismail quer investigar esses espaços do íntimo, o visceral, o comido, o comestível e as práticas de consumo, a fim de desestabilizar suas próprias geografias sensoriais e epistêmicas de significado para imaginar possibilidades alternativas. http://ismail-farouk.tumblr.com
Mikhael Subotzky (Cidade do Cabo, África do Sul, 1981). Suas obras são os resultados de suas tentativas em posicionar-se em relação às narrativas sociais, históricas e políticas que o cercam, tanto em seu país natal, a África do Sul, como em suas viagens frequentes. Como artista, Subotzky vem trabalhando com mídias como o cinema, instalação de vídeo e fotografia, e mais recentemente com colagem e pintura com o intuito de se engajar criticamente com a política contemporânea de representação. Em “Beaufort West” (2006-08), uma série que estreou no MoMA, Subotzky investiga a Beaufort West Prison, fazendo uma relação entre os prisioneiros e moradores das cidades vizinhas, entre profissionais do sexo e moradores de subúrbios privilegiados. Outra série, “Ponte City” (2008-), retrata residentes do prédio residencial de mesmo nome em Johanesburgo. Esse trabalho opõe a arquitetura claustrofóbica e distópica do edifício com cenas pungentes da vida familiar que o habita. As obras de Subotzky são ao mesmo tempo altamente introspectivas e reveladoras das injustiças sistêmicas causadas pelo legado colonialista da África do Sul. http://www.subotzkystudio.com
Paulo Nimer Pjota (São José do Rio Preto, Brasil, 1988). Atualmente vive e trabalha na cidade de São Paulo, onde é representado pela Galeria Mendes Wood DM. O trabalho de Paulo Nimer Pjota se concentra num estudo profundo sobre iconografia popular. Seu interesse é, sobretudo, pelos mecanismos e processos que produzem, editam e difundem manifestações humanas numa época de internet e ultra comunicação. Suas obras carregam uma seleção de imagens, cores, símbolos e suportes que dialogam com princípios socioculturais emergentes próprios a regiões periféricas. Através de pequenos resquícios objetuais, arquitetônicos e simbólicos, costumeiros a estas localidades, investiga as estreitas relações entre cultura e sobrevivência e como estas permeiam a estética e a vida. http://paulopjota.com
Siwa Mgoboza (Cidade do Cabo, África do Sul, 1993). Mgoboza, que na maior parte do tempo viveu no exterior - viveu por seis anos em Lima, no Peru; e quatro anos em Warsaw, na Polônia - hoje vive e trabalha na sua cidade natal, para onde retornou para concluir seus estudos em artes plásticas. O trabalho de Mgoboza trata do “eu africano” globalizado, da cultura atravessada pela pelos valores ocidentais, e dos espaços em que essa identidade aflora. A partir da desconstrução de esteriótipos, Mgoboza investiga os conflitos que surgem do encontro entre culturas e suas respectivas histórias, e questiona o significado de modelos e rótulos identitários. Desde 2015, Mgoboza tem se destacado em diversas exposições coletivas e individuais na África, Europa e Canada, e integrou importantes coleções publicas e privadas.
ARTISTAS NO ARQUIPÉLAGO
Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, Brasil, 1974). Destacou-se em 2003 quando contemplada com a Bolsa Pampulha e selecionada para o programa de residência Very Real Time, Cidade do Cabo, onde desenvolveu sua primeira série fotográfica, Capa Morada, exibida na IX Bienal de Lyon (2007). Entre 2004-2005, produziu vídeos de inserções no circuito urbano, dentre eles, Confronto, premiado na V Mostra do Programa de Exposições do CCSP (2005), exibido na IX Bienal de Havana (2006) e na coleção MAM na Oca (2006). A partir de 2006, projetou-se internacionalmente quando tirou o primeiro lugar no International Prize for Performance of Trento (2006). Nos anos seguintes, sua pesquisa voltou-se para a invenção de imagens de síntese como no vídeo Fonte 193, exibido no Panorama da Arte Brasileira (2007-2008) e na coletiva Nova Arte Nova (2008). https://galeriavermelho.com.br/artista/87/cinthia-marcelle
Jean Meeran (Pietermaritzburg, África do Sul, 1973). Meeran é artista e produtor criativo de filmes na Team Tarbaby, um coletivo de artistas, cineastas e músicos da Cidade do Cabo e Cidade do México. Possui mestrado em cinema pelas Universidades da Cidade do Cabo e de Nova York. Entre os projetos desenvolvidos destacam-se o Binger Lab em Amsterdã, Produire Au Sud, MNET New Directions, Hot Docs-Blue Ice e Rotterdam Producers Lab 2015. Os prêmios de bolsas acadêmicas incluem a Fulbright e a Mellon Foundation. Os prêmios incluem Goteborg Best Pitch Sithengi 2001 (PIG), FNB-Vita 1999 (PIG), Festival Mundial de Cinema da Cidade de Newporters 2005 (Katechetik), Comitê AVA e Prêmio da Crítica 2007 (The Brown Europe Pageant / Round One) e IDFA Most Promising Prêmio Doc Durban FilmMart 2013 (Kom Haal My). Entre as exposições destacam-se as das Galerias Goodman e Bell-Roberts, National Gallery SA, e o Whitman Independant. Expôs suas fotografias na Galeria Vermelho, São Paulo, Contraditório, Madri, Lyon Bienalle 2007 e Spier Contemporary 2010. https://teamtarbaby.wordpress.com/85-2/
Kemang Wa Lehulere (Cidade do Cabo, África do Sul, 1984). Wa Lehulere envolve em suas obras diversas mídias e plataformas, objetos comuns, desenhos de giz, filmes e pinturas são alguns elementos que são utilizados em suas instalações. Seu processo de pesquisa se refere a temas relacionados à sua própria história pessoal complexa e à sua profunda relação com a do seu país, a África do Sul. As questões referentes à educação e à sala de aula, o seu nascimento e crescimento no sistema do apartheid - que permanece mesmo depois com o advento das eleições democráticas, permeiam o seu trabalho. Entre as exposições individuais destacam-se: Deutsche Bank KunstHalle (2017); Instituto de Arte de Chicago (2016); Gasworks, Londres (2015); Lombard Freid Projects, Nova Iorque (2013); Goethe-Institut, Joanesburgo (2011). Wa Lehulere foi co-fundador do Gugulective (2006), um coletivo liderado por artistas, baseado em Cape Town, e um membro fundador do Centro de Reconstituições Históricas em Joanesburgo. http://www.stevenson.info/artist/kemang-wa-lehulere
Marcelo Moscheta (São José do Rio Preto, Brasil, 1976). Um fio condutor na obra de Moscheta é a grande fascinação que tem pela natureza, assim como a sua disposição aberta à viagem e o enfrentamento com os elementos retirados da paisagem. Essa experiência de viajar e conviver em ambientes agrestes despertou seu interesse em retratar a memória de um lugar, elaborando um procedimento de classificação similar ao arqueológico e que questiona, por meio da arte, as fronteiras do território, da geografia e da física. Destacam-se em seu currículo as exposições individuais 1.000 km, 10.000 anos (2013), na Galeria Leme e a instalação Contra.Céu (2010) realizada na Capela do Morumbi. Comissionado pela 8 Bienal do Mercosul (2011), realizou sua pesquisa em toda a extensão da fronteira entre Brasil e Uruguai. Também em 2011 participou de residência artística à bordo de um veleiro em Spitsbergen, no Pólo-Norte, resultando na exposição NORTE (2012), realizada no Paço Imperial. Em 2010 foi ganhador do I Prêmio Pipa Júri Popular, com exposição no MAM Rio de Janeiro. Em 2009 foi premiado na Bienal de Gravura de Liège e fez residência em Vila Nova de Cerveira para a Bienal de Portugal, tendo participado também da 4a. edição do Rumos ItaúCultural. http://www.marcelomoscheta.art.br
Penny Siopis (Vryburg, África do Sul, 1953) vive e trabalha na Cidade do Cabo e é professora honorária na Michaelis School of Fine Art, na University of Cape Town. Ela expôs amplamente localmente e internacionalmente e participou das bienais de Veneza, Taipei, Sydney, Joanesburgo, Guangzhou, Havana e Kwangju. Uma grande pesquisa de seu trabalho, Time and Again: Uma exposição retrospectiva de Penny Siopis, foi apresentada na Galeria Nacional da África do Sul e no Wits Art Museum, em 2014 e 2015. Exposições individuais recentes incluem Restless Republic, Stevenson, Cape Town, Incarnations, ICA, Oceano Índico, Maurício e Penny Siopis: Filmes, galeria Erg, Bruxelas e obras foram incluídos na recente exposição coletiva África do Sul: A Arte de uma Nação, o Museu Britânico, em Londres. https://pennysiopis.com/
Renata De Bonis (São Paulo, Brasil, 1984). Vive e trabalha entre São Paulo e Maastricht. Atualmente está concluindo seu doutorado em Processos e Procedimentos em Arte Contemporânea na UNESP, São Paulo. Em seu trabalho existe a necessidade tornar evidente o que é aparentemente invisível, esquecido e insignificante, como um canal de reflexão em meio ao imediatismo de nossos estilos de vida acelerados dentro do antropoceno. Suas manobras sugerem e constroem uma variedade de estratégias estéticas e soluções formais que vão desde investigações esculturais a peças sonoras investigativas e efêmeras em paisagens sublimes e ecologias estéticas; desde a apropriação de fragmentos de flora, desde geografias específicas embutidas em determinadas narrativas até o uso de materiais reaproveitados para construção civil; de pinturas orientadas pelo tempo para impressões que se utilizam da cianotipia; tudo em uma tentativa de desencadear estados contemplativos de percepção para o espectador em meio à atmosfera hiper-imediata da experiência humana contemporânea competitiva. http://renatadebonis.com
Thiago Rocha Pitta (Tiradentes, Brasil, 1980). A prática diversificada de Thiago Rocha Pitta está conectada a uma fascinação profunda com as sutis transformações do seu entorno - a lenta erosão e alteração da areia do deserto, a descida de uma neblina e as flutuações de formações subaquáticas. Suas instalações, vídeos e pinturas têm capturado a vibração de um planeta vivo por meio do treinamento do olhar do observador acerca das lentas transformações materiais, as progressões físicas de minúsculas partículas de um território e as alterações repentinas do tempo. Foi vencedor dos prêmios Marcantonio Vilaça, Brasil (2005), e Open Your Mind Award, Suíça (2009). Em 2011 foi um dos finalistas do prêmio EFG Bank & ArtNexus Acquisition Award Nomination. Em 2014 participou do programa de residência artística Circulating AiR, organizado pela Stiftelsen 3,14, Noruega. http://www.galeriamillan.com.br/artistas/thiago-rocha-pitta
Conversations in Gondwana is a platform of research and experimentation in contemporary art between countries of the global South. For the first edition of the project, curators Juliana Caffé and Juliana Gontijo invited five duos formed by artists from South Africa and Brazil to keep in contact during a year. These exchanges resulted in the creation of collaborative works of art that will be exhibited for the fist time at São Paulo Cultural Center (CCSP), between February 7 and April 7, 2019, with the support of São Paulo State Government.
The duos are formed by the artists: Aline Xavier and Haroon Gunn-Salie; Ana Hupe and Gabrielle Goliath; Clara Ianni and Mikhael Subotzky; Daniel Lima and Ismail Farouk; Paulo Nimer Pjota & Siwa Mgoboza. Considering the decolonial perspective, their works address questions of history, identity, gender and urban dynamics. All the South African artists will be going to Brazil in order to develop and activate the pieces in collaboration with their Brazilian partners. In addition to the exchange and residency programs offered to the artists, Conversations in Gondwana also features a public program with a series of open conversations and performances.
The exhibition also includes a selection of works entitled "Archipelago", which includes the artists: Cinthia Marcelle and Jean Meeran, Kemang Wa Lehulere, Marcelo Moscheta, Penny Siopis, Renata de Bonis and Thiago Rocha Pitta. Just like islands, these works establish close relations with the concepts developed by the duos of Brazilian and Soyth African artists, expanding the collaborative aspect of Conversations in Gondwana.
"Gondwana" is the name of the supercontinent that about 200 million years ago united the continental masses of what we now call South America, Africa, Antarctica, Australia and India. In reference to this distant geological past, the project seeks to intensify the artistic practices and investigations among artists, curators and researchers of this region, which is characterized by a lost geographical connection and an interconnected history.
Charbel-joseph H. Boutros na Jaqueline Martins, São Paulo
Em sua segunda exposição na Galeria Jaqueline Martins, Charbel-joseph H. Boutros opera uma colisão equilibrada de narrativas aparentemente distantes e estanques, gerando um ambiente inédito e um modelo alternativo de produção de conhecimento.
Organizada ao redor de 10 novos trabalhos conceitualmente conectados, a exposição The gallerist, the letter and the garden está marcada para abrir no dia 9 de fevereiro.
O delicado entrelaçamento de temas esparsos, imbricando o íntimo e esferas geográficas e históricas, é um dos principais recursos da prática multicamadas de Boutros. Embora tenha nascido durante a Guerra Civil libanesa, Boutros intencionalmente não empreende reflexões históricas e políticas de modo explícito. Para ser mais exato, seus trabalhos são assombrados por aqueles componentes, utilizando a invisibilidade como ferramenta narrativa.
Composto por 3 temas geográficos e materializado em 3 diferentes áreas acarpetadas, o espaço da exposição poderia ser descrito como um jardim, onde uma passarela suspensa será a única passagem através da qual a galerista e sua equipe poderão circular durante toda a duração da exposição.
Pela primeira vez, galerista e visitantes não utilizarão o mesmo espaço: terão suas próprias passagens para caminhar pela exposição. Para Boutros, a exposição é um local único no qual a arte derruba e toma o lugar das estruturas rígidas da realidade. Galerista, artista e visitantes tornam-se um só corpo, que se entrelaça ao corpo da exposição.
Uma galerista que nunca pisará o solo de sua própria galeria.
Um e-mail sentimental enviado ao artista 5 anos antes por sua namorada, aparece aqui redigitado no mesmo computador de então...
O nome do primeiro visitante a entrar e observar a mostra será gravado num bloco de mármore, para a eternidade.
A lágrima esquerda do artista se dilui em água do Oceano Atlântico, e a direita cai sobre o Mar Mediterrâneo...
Marco Giannotti na Raquel Arnaud, São Paulo
Em Através, o artista Marco Giannotti (São Paulo, SP – 1966) reúne pinturas e relevos que versam sobre a relação entre o desenho e a cor na pintura ocidental desde o Renascimento. Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra traz um conjunto inédito com cerca de 20 obras em que Giannotti utiliza esquemas de perspectivas em contraponto a uma gama cromática variada, aplicada em várias técnicas tais como pintura à óleo, têmpera e esmalte com graffiti. A perspectiva indica uma forma de ver e reconstruir uma cidade. “No momento presente, várias perspectivas podem ser lançadas com as novas tecnologias: Através é o lugar onde o artista dá lugar a sua imaginação”, afirma Giannotti. Para ele, ainda, os espaços aludem a fragmentos de cidades ideais ou utópicas, as vezes labirínticas e atemporais. “A dimensão projetiva dos trabalhos abre, assim, possibilidades para refletir sobre o lugar da pintura no mundo contemporâneo, onde cada vez mais o espaço o espaço virtual se sobrepõe ao espaço real”, conclui o artista.
“Essas pinturas de Giannotti são tomadas por malhas retorcidas, arquiteturas aéreas, túneis aparentados com construções gráficas digitais, afunilando-se em direção a pequenas áreas de escape quadradas, módulos retraídos à pequena escala em virtude da distância; há também, em casos mais radicais, telas compostas por composições divergentes, algumas fundadas em contrapontos de perspectivas, outros em sobreposições desalinhadas, todos produtos instáveis, inquietos, ruidosos”, afirma Farias.
Ao ser além de artista, professor e tradutor, a obra de Giannotti reflete a sua natureza de estudioso e pesquisador. Nesta série de trabalhos que compõe a exposição Através, o artista debruçou-se sobre os studioli de Urbino e de Gubbio, onde se realizavam importantes estudos de perspectivas e filosofia na renascença italiana. Farias aponta que os artistas do Renascimento inventaram a perspectiva como modo de organizar o mundo segundo o ponto de vista de quem contemplava a tela. “Mas o mundo de hoje não se organiza a partir de um ou dois ou três pontos de fuga, mas de n variáveis. E não se o enfrenta de fora, mas de dentro, submerso nele, no meio do redemoinho”, conclui.
Pintor e professor da escola de Comunicação e artes da USP. Entre 1977-1980, Giannotti frequenta o ateliê de Sérgio Fingermann, onde aprende desenho e gravura em metal. Entre 1980 e 1982, faz cursos de arte no Metropolitan Museum of Art em Nova York. De volta ao Brasil, participa dos IX e X Salões Nacionais de Artes Plásticas em São Paulo, nos quais ganha o prêmio Aquisição. Em 1987, recebe a bolsa Ivan Serpa, da FUNARTE, e em 1988 realiza sua primeira individual na Galeria Paulo Figueiredo. Em 1988, forma-se em Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Defende, em 1993, Mestrado em filosofia na FFLCH/USP com a tradução e introdução crítica da Doutrina das Cores, de Goethe. Neste ano, realiza uma individual no MASP intitulada "Fachadas".
Participa de importantes exposições nacionais como: "Arte Contemporânea São Paulo: perspectivas recentes", no Centro Cultural São Paulo em 1989, "Panorama da Arte Atual Brasileira", no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 1990 e 1993, "Arte/Cidade: cidade sem janelas" em 1994 e Artecidadezonaleste em 2002, bem como de exposições internacionais como a II e a III Bienal do Mercosul em 1999 e 2001, Bienal de Cuenca no Equador em 1987, "Brazil Projects 90", no Municipal Art Gallery, em Los Angeles, em 1990, "Arte Contemporânea Brasileira", no Liljevaclchs Konstahall, em Estocolmo, em 1991, "Quase Nada", no Centro Cultural de Wiesbaden, na Alemanha.
Em 1997, recebeu o prêmio de pintura da Associação Paulista dos Críticos de Arte – APCA. Em 2007, realizou uma exposição individual na Pinacoteca do Estado e lançou o livro Passagens, que foi editado pela editora Cosac Naify. Em 2008, passa a ser representado pela Galeria Raquel Arnaud, onde apresenta, em 2009, a série Contraluz. Em 2010, realiza a exposição "Arte e Espiritualidade" no Mosteiro São Bento em parceria com José Spaniol e Carlos Uchoa, eleita a melhor exposição do ano pela APCA. Em 2011, a editora espanhola Dardo publica uma nova antologia de trabalhos mais recentes com textos de David Barro e Ronaldo Brito.
Em 2008, Marco Giannotti foi professor visitante em Yale e, de março de 2011 a março de 2012, lecionou na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto. Após esse período de intensa pesquisa sobre a cultura japonesa, o artista publicou, em 2013, o livro Diário de Kioto (WMF Martins Fontes, com apoio da Embaixada do Brasil no Japão). Em 2013, fez sua segunda mostra individual na nova sede da Galeria Raquel Arnaud, Penumbra. Atualmente, Marco Giannotti continua a ministrar aulas na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo, onde coordena o grupo de pesquisas cromáticas e é presidente da Comissão de Relações Internacionais.
Geórgia Kyriakakis na Raquel Arnaud, São Paulo
Seca, individual de Geórgia Kyriakakis na Galeria Raquel Arnaud, reúne três séries de desenhos e duas instalações. Segundo a artista, são trabalhos que pulsam de seu próprio viver: “vulnerabilidade às turbulências, ilusão de estabilidade, impotência, irreversibilidade das ações, iminência do dano – que pode manchar o papel...desfazer uma instalação... ou destruir uma nação”.
Além de suscitar uma condição climática severa, relacionada a desertificação, aridez, esterilidade e rudeza, a palavra seca relaciona-se aqui, também, com materiais usados na produção das obras. Na instalação Arquipélagos, a artista dispõe pedras, cadernos de anotação, livros, mapas e outros objetos de trabalho sob uma mesa, cobrindo-os de pigmento em pó. Já nas séries inéditas de desenhos Área de Dispersão e Trabalho Sujo, Kyriakakis usa o pastel seco sobre papel de algodão, enquanto na também inédita Série Uma Zona, a artista usa grafite sobre papel. Em comum, os três elementos – pigmento, pastel seco e grafite – são naturalmente ressecados, desidratados e tornam-se pó.
Os títulos dos trabalhos – Arquipélagos, Zona de controle/segurança, Área de dispersão, etc, apontam ainda como questões geográficas, sociais e políticas influenciam a obra de Kyriakakis, algo presente em toda a trajetória da artista. Ao se apropriar de tais questões, Kyriakakis busca estabelecer aproximações e analogias com a atual situação política e social no Brasil e no mundo.
Quase não há cor nos trabalhos. Prevalecem o preto e o branco tanto nos desenhos sobre papel como na superfície aveludada criada com pigmento em pó sobre mesas de formas e tamanhos variados. A cor é uma presença sutil: ela pode estar soterrada, ser quase imperceptível, ou ainda ser ativada pela memória.
Geórgia Kyriakakis (Ilhéus, BA, 1961). Vive e trabalha em São Paulo. Geórgia é formada em Artes Plásticas pela FAAP, mestre e doutora em Artes pela USP. Leciona desde 1997 na Faculdade de Artes Plásticas da FAAP e no Centro Universitário Belas Artes, onde também atua na pós-graduação. Dentre as exposições, vale mencionar “Espelhos e Sombras”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro (1994 e 1995 respectivamente); a 23ª Bienal Internacional de São Paulo (1996); as exposições “Beelden uit Brazilie”, no Stedelijk Museum de Schiedam, e “De Huit Van Witte Dame” (ambas na Holanda, 1996); a terceira edição do projeto “Arte/Cidade” (São Paulo, 1997); a exposição “Caminhos do Contemporâneo”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2001); e as mostras “São Paulo – 450 Anos – Paris”, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), e “Heterodoxia”, na Galeria Artco (Lima, Peru), ambas em 2004. Em 2008, participou da mostra “Parangolé – Fragmentos desde los 90”, no Museo Pateo Herreriano, em Valladolid, na Espanha. No mesmo ano, a editora espanhola Dardo/DS lançou, em parceria com a Galeria Raquel Arnaud, uma monografia trilíngue sobre seu trabalho. Em 2014 realizou a individual “Tectonicas” na Galeria Raquel Arnaud, que a representa desde 2001.
Tony Camargo na Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Num Logo Lugar, a quinta exposição individual de Tony Camargo na galeria. Depois de ganhar uma grande retrospectiva de seus 20 anos de trajetória no Museu Oscar Niemeyer, em 2018 - uma das exposições mais visitadas do museu nos últimos anos - , Tony Camargo apresenta, em São Paulo, sua mais recente produção de pinturas, esculturas, objetos e vídeos.
A produção de Tony Camargo reflete como a pintura pode ser atravessada por novas tecnologias. Conjugando sistemas poéticos aparentemente opostos, explorando os limites do espaço e transcendendo a linguagem e a materialidade, os trabalhos de Tony nos revelam descobertas entre a relação de linhas e planos, cores e formas, através do desbravamento do interior das coisas, transformando o real em pura visualidade.
Em seus vídeos, o artista faz uso da ironia humorística, nos quais induz a capacidade humana de rir diante do inesperado e de questionar os preceitos conceituais e visuais que pautam a contemporaneidade. Em ações performáticas que se passam em cenários cotidianos, como depósitos e garagens, Tony recria esses ambientes com objetos que passam a ter uma vocação pictórica, por meio de sua própria imagem, forma e cor.
Com a ajuda da tecnologia, busca criar suas próprias cores, ácidas e descomedidas, que não se imprimem de maneira precisa em catálogos. Através de cores computadorizadas e do rigor formal da geometria, suas pinturas transcendem a realidade material.
Para o artista, suas pinturas e vídeos pertencem a uma atmosfera poética que surge do embate entre o rigor plástico de suas pinturas geométricas de origem construtiva e o caos criativo de suas performances personalistas, diretamente conectadas a imprevisibilidade da vida. O resultado é uma profunda investigação sobre a espacialidade do mundo real.
Stephen Dean na Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar a terceira individual do artista franco-americano Stephen Dean na galeria. Intitulada Rehearsal with Props (Ensaio com Acessórios), a mostra reúne trabalhos criados em vidro dicroico e aquarela que continuam a expandir os limites da cor ao entrelaçar as noções de transparência e duração. Paralelamente à exposição (em Março), Dean apresentará a instalação “Enigma of Arrival” (“Enigma de Chegada”) nas janelas da Hermes no Shopping Iguatemi.
Interessado nas características conceituais e perceptivas do vidro, o artista utilizou o material ao longo de toda a sua carreira. Vidro, para Dean, encarnado em suas qualidades de reflexibilidade, transparência e mutabilidade fluida, realça a transitoriedade temporal do mundo observado.
Na galeria, sua famosa escultura “Ladder” (Escada), uma escada sem base fixa com painéis de vidro dicroico, ao mesmo tempo reflexivos e translúcidos, parece estar em constante estado de transformação. A obra é uma escultura para além de si. Vista de perto, percebe-se densidade e saturação estranhas. Mesmo sua estrutura, toda preta, muda de tonalidade. Quando vista mais de longe, a obra se espalha no ambiente deixando difícil distinguir suas reflexões, suas projeções e suas sombras.
Na série “Rehearsal with props”, Dean põe em cena uma sintaxe quebrada ao justapor elementos de vidro e aquarelas. Etéreos e reminiscentes de fenômenos naturais, o fundo pintado entra em choque com o reflexo colorido do vidro, nunca revelando uma figura completa. Sua aparente simplicidade esconde o fato de que esses trabalhos operam de modo sofisticado: de movimentos sutis a gestos extraordinários - acompanhados sempre de instabilidade.
“As obras de Dean lidam de modo abstrato com o espaço, tanto geográfico quanto conceitual. O que conecta sua série é uma combinação de identificação comunal e especificidade no contexto das condições técnicas que nos cerca". Sara Reisman, diretora da Rubin foundation, Nova Iorque.
Os trabalhos do artista foram amplamente exibidos. Algumas exposições coletivas incluem: “The World’s Game”, no Perez Museum of Art Miami; “Shock of the News”, no National Gallery of Art, Washington D.C.; “Les Maitres du Désordre”, Musée du quai Branly, Paris; “Double Down: Two Visions of Las Vegas”, San Francisco Musem of Modern Art; “Mouth Open, Teeth Showing: Major Works from the True Collection”, Henry Art Gallery, Seattle. Dean também participou de inúmeras bienais. Entre estas estão a Whitney Biennial, a Seville Biennial, a Istambul Biennial, a 51st Venice Biennial, a SITE Santa Fe Biennial e a Moscow Biennial.
Suas instalações, esculturas e obras em papel podem ser encontradas nas coleções permanentes do Solomon R. Guggenheim Museum (Nova Iorque); do Whitney Museum of Art (Nova Iorque); da National Gallery of Art (Washington D.C.); da Fond National d’Art Contemporain (Paris) e da Fundacion Jumex (Cidade do México). Em 2017, a Percent for Art/New York City Department of Cultural Affairs comissionou ao artista uma instalação permanente de 23 metros intitulada de “Crosswords” (Caça-palavras) para a parede de uma escola pública no Brooklyn.
Em 2018 ele recebeu o prêmio Peter S. Reed para arte de mídia mista. Em Março, Dean apresentará a instalação “Enigma of Arrival” (Enigma de Chegada) nas janelas da Hermes no Iguatemi.
fevereiro 1, 2019
Katie Van Scherpenberg no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro
Oi Futuro abre a exposição de Katie Van Scherpenberg que vai exibir série fotográfica, instalação e vídeos no centro cultural no Flamengo
O Oi Futuro inaugura, no dia 4 de fevereiro às 19h, a exposição Olamapá com trabalhos de Katie Van Scherpenberg, sob a curadoria de Gabriel Perez-Barreiro. A artista vai exibir os vídeos Menarca e Landscape painting, a série de fotografias Esperando papai e a instalação Síntese. As obras referem-se à pesquisas pictóricas, sentimentos e a história dos 20 anos em que viveu na floresta amazônica com seu pai.
A obra de Katie van Scherpenberg é fundamental para poder entender o desenvolvimento da arte brasileira desde a década de 1980 até hoje. Com forte fundamento na pintura, seu trabalho transita por diversas linguagens como instalação, vídeo, arte ambiental e fotografia. A exposição Olamapá resgata um conjunto de trabalhos realizados sobre a região do Amapá (Amazonas), onde passou a maior parte da infância e retornou por alguns anos quando adulta. Nas obras mostradas articulam-se uma série de questões sobre a vida, o tempo, a matéria e a arte que fazem de sua obra referência chave na arte contemporânea.
Artista Plástica e professora, Van Scherpenberg iniciou seus trabalhos experimentais de intervenção na paisagem na década de 1980, utilizando-se de praia, rios, jardins e florestas como suporte para suas pinturas. “Tudo o que faço é pintura. Os trabalhos não são feitos no sentido happening ou uma instalação Em cada intervenção examino aspectos, técnicas e problemas estéticos da pintura: o preto e branco em Síntese, a questão da luz em Esperando Papai, a aquarela em Menarca (pigmento se dissolvendo na água). No vídeo Landscape painting, fiz intervenções na própria natureza lembrando as expedições artísticas e cientificas do século XIX. A pintura é a técnica que eu uso para pensar e sentir. Uma busca constante de crescimento, alastramento, densidade, absorção e profundidade. Eu nunca sei exatamente o que vai acontecer, o conceito e a poesia vem depois. Quando comecei estas obras, nunca pensei em mostrá-las. Eram ensaios que eu realizava para mim. Depois, quando associei os estudos com minhas pinturas é que decidi expô-las”, declara a artista.
Para o curador da mostra, Gabriel Perez-Barreiro, também curador da edição 2018 da Bienal Internacional de São Paulo, “a obra de Katie nos ensina ou nos faz lembrar que a arte e a vida não são categorias distintas – a arte não é uma reflexão sobre a vida, mas uma parte inseparável dela, feita da mesma materialidade e dos mesmos rumos. Olhar um trabalho de Katie van Scherpenberg é entregar-se a uma experiência de pathos no seu sentido mais exato, gerando uma resposta emocional por meio de um sentimento de rendição. Um trabalho que registra um processo implacável de decadência inevitável que nos faz conscientes da nossa própria mortalidade, um fato, aliás, da mais profunda indiferença para o mundo que nos cerca."
Obras | Intervenções | Ensaios visuais
Menarca | 2000-2017
A artista utiliza-se de pigmento vermelho para “pintar” a água, fazendo referência à menarca, primeiro fluxo menstrual feminino. Usando a água como tela a artista deixa uma marca passageira na natureza que se encarrega de dissolve-la. Trabalho realizado na praia de Boa Viagem em Niterói.
Esperando por papai | 2004
Sequência de fotos realizadas no Rio Negro, Amazonas. A personagem está sentada ao lado de uma mesa, num final de tarde com a água pela cintura. Sobre a mesa, também parcialmente encoberta pela água, um lampião aceso. As imagens captam o pôr do sol e a substituição da luz natural pela iluminação de uma lamparina, enquanto se aguarda...
Síntese | 2004-2019
Remontagem do trabalho realizado em uma pequena praia ribeirinha do Rio Negro, Amazonas. Quadrados de sal grosso dispostos à margem do rio são dissolvidos aos poucos pelas águas. Gradativamente ficam cobertos de gravetos de carvão, arrastados pelas águas, vindos das árvores destruídas pelas queimadas. O sal muito branco em contraste com a areia negra da praia amazônica e a fuligem oriunda da floresta.
Landscape painting | 2004
Registro da artista pintando folhas de árvores da floresta Amazônica às margens do Rio Negro, fazendo da paisagem sua tela e a própria obra.
Sobre a artista
Katie Van Scherpenberg (1940), filha de pai alemão naturalizado holandês e mãe norueguesa, nasceu em São Paulo, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pintora, desenhista, gravadora e professora. Passou a infância na Inglaterra e veio com a família para o Brasil em 1946. Entre 1958 e 1960, estudou pintura com Catherina Baratelli, no Rio de Janeiro e em 1961 ingressou o na Academia de Belas Artes da Universidade de Munique, na Alemanha. Foi também aluna do pintor Oscar Kokoschka (1886 - 1980), em 1963, em Salzburg na Áustria. De volta o Brasil, em 1966, estudou gravura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Foi uma das fundadoras da ABAPP – Associação Brasileira de Artistas Plásticas Profissionais e do Núcleo Experimental de Arte em Petrópolis. Foi professora da Universidade Santa Úrsula e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Também deu aula na Universidade do Texas, realizou conferências em Estocolmo, Roma e Madrid, além de todo o território nacional.
Participou de exposições nos Museus Blanton em Austin,Texas, do Telefone do Rio de Janeiro, MAM do Rio de Janeiro, Paço Imperial do Rio de Janeiro, MAC de Niterói, MAC de S.Paulo, Liljevalchs, Estocolmo, Accademia de Francia, Villa Medici, Roma, entre outros. Participou das Bienais de S.Paulo de 1981, 89 e 98. Recebeu bolsas do governo Alemão (1962, 63) além de prêmio em escultura (1963). No Brasil recebeu Isenção de Júri no XXV Salão de Nacional de Arte Moderna (1976), Prêmio Sul América no XXV Salão do Paraná (1983) e Prêmio do Ministério da Cultura e do Esporte no XL Salão do Paraná (1986). Participou do Prêmio Brasília em 1991 e do III Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea (2013). Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções no Brasil e no exterior.