|
dezembro 26, 2018
10º Salão dos Artistas sem Galeria na Zipper + Sancovsky, São Paulo
10º Salão dos Artistas sem Galeria exibe obras dos 10 selecionados nas Galerias Zipper e Sancovsky
A 10ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, promovido pelo impresso e portal Mapa das Artes (www.mapadasartes.com.br), realiza, a partir de 15/01/2019 (Zipper Galeria) e 17/01/2019 (Galeria Sancovsky) as duas exposições simultâneas com obras dos 10 artistas selecionados em diferentes técnicas e formatos, como pinturas, instalações, vídeos, colagens e fotografias.
Participam obras de Adriana Amaral (SP), Aline Moreno (SP), André Souza (BA), Carol Peso (MG), Coletivo Lâmina (Gabriela De Laurentiis e João Mascaro; SP), Edu Silva (SP), Fernanda Zgouridi (PR/SP), Iago Gouvêa (MG), Stella Margarita (Uruguai/RJ) e Xikão Xikão (MG). Os artistas foram escolhidos pelo júri formado por Andrés Inocente Martín Hernández (curador e diretor do espaço Subsolo - Laboratório de Arte, em Campinas), José Armando Pereira da Silva (jornalista, escritor, pesquisador e membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte) e Luciana Nemes (educadora, produtora e coordenadora do Museu da Energia de São Paulo). Depois de serem exibidas em São Paulo, a mostra segue para a Galeria Orlando Lemos, em Nova Lima (MG), entre 16/3 e 18/4/19.
A 10ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria recebeu 299 inscrições provenientes de 13 Estados mais o Distrito Federal. São Paulo compareceu com 179 artistas, sendo 138 da capital, 34 do interior, 6 da Grande São Paulo e um do litoral. Rio de Janeiro enviou 59 inscrições (47 da capital e 12 de Niterói e interior do Estado). Em seguida, vieram Minas Gerais (16 inscrições, 15 de BH e uma do interior), Goiás (12, sendo oito de Goiânia), Rio Grande do Sul (nove, sendo seis de Porto Alegre), Paraná (oito, todas de Curitiba), Santa Catarina (quatro, sendo dois de Florianópolis), Distrito Federal (três), Bahia (dois, sendo um de Salvador), Pernambuco (dois de Recife), Espírito Santo, dois, sendo um de Vitória), Ceará (um de Fortaleza), Piauí (um de Teresina) e Mato Grosso do Sul (um de Campo Grande).
O Salão dos Artistas Sem Galeria tem como objetivo avaliar, exibir, documentar e divulgar a produção de artistas plásticos que não tenham contratos verbais ou formais (representação) com qualquer galeria de arte na cidade de São Paulo. O Salão tradicionalmente abre o calendário de artes em São Paulo e é uma porta de entrada para os artistas selecionados no mundo das artes.
dezembro 24, 2018
Recesso de final de ano 2018/2019
As seguintes galerias e instituições informam os seus períodos de fechamento neste final de ano:
A Gentil Carioca: 22/12 a 06/01
Carbono Galeria: 22/12 a 06/01
Casa Triângulo: 24/12 a 07/01
Carpintaria: 29/12 a 07/01
Fortes D’Aloia & Gabriel - galeria e galpão: 22/12 a 07/01
Fundação Iberê Camargo: 24/12 a 04/01
Galeria da Gávea: entre o Natal e o Ano Novo
Galeria Jaqueline Martins: 24/12 a 07/01
Galeria Leme: 22/12 a 08/01
Galeria Luisa Strina: 22/12 a 08/01
Galeria Marcelo Guarnieri: 21/12 a 06/01
Galeria Marilia Razuk: 22/12 a 10/01
Mercedes Viegas Arte Contemporânea: 22/12 a 06/01
Mul.ti.plo Espaço Arte: 23/12 a 02/01
Galeria Millan: 23/12 a 07/01
Galeria Nara Roesler: 22/12 a 06/01
Galeria Vermelho: 22/12 a 13/01
Lurixs: 26/12 a 13/01
Paço Imperial*: 24, 25 e 31/12; e 01/01
Pivô: 22/12 a 13/01
Silvia Cintra + Box4: 22/12 a 06/01
Zipper Galeria: 22/12 a 07/01
* Paço Imperial: 22, 23, 29 e 30 de dezembro: visitação aberta das 12h às 17h
dezembro 16, 2018
Valéria Costa Pinto lança livro na Argumento, Rio de Janeiro
Edição celebra 25 anos de trajetória da artista: livro reúne pesquisa da artista sobre dobras e vincos em diferentes suportes e mídias
Artista visual conceituada, com importante currículo de exposições no Brasil e no exterior, a carioca Valéria Costa Pinto reúne em livro 25 anos de sua trajetória na arte contemporânea brasileira. Com tiragem limitada, tradução em inglês e acabamento de luxo, a edição de arte comemorativa reúne a instigante obra da artista com base em esculturas flexíveis nos mais diferentes suportes – papel, tecido, fotografias, persianas –, além de vasto trabalho em vídeo. Um texto inédito de Luiza Interlenghi percorre o trabalho de Valéria, de 1991 até 2016. Textos de renomados críticos brasileiros mergulham em cada fase de sua carreira. O lançamento do livro acontece no dia 18 de dezembro, às 19h, na Livraria Argumento (Rua Dias Ferreira 417, Leblon, Rio de Janeiro), com a presença da artista.
Com 244 páginas coloridas, a edição debruça-se sobre a incansável e minuciosa pesquisa da artista sobre dobras, vincos e seus desdobramentos em diferentes suportes e mídias, considerando conceitos sobre continuidade, movimento, tempo e simultaneidade. Além de Luiza Interlenghi, que também responde pela organização do livro, assinam os textos críticos: Paulo Sergio Duarte, Adolfo Montejo Navas, Mauricio Lissovsky, Marcia Mello, Masé Lemos e Denise Carvalho. O livro traz, ainda, uma pequena entrevista com Paulo Herkenfoff e uma poesia inédita de Tunga. A publicação, com a coordenação editorial de Nelson Ricardo Martins, tem o selo da Editora Fase 10 – Ação Contemporânea.
Desde sua primeira mostra individual em 1991, na Galeria Millan (SP), Valéria Costa Pinto expôs em instituições como Casa França Brasil, Brazilian American Cultural Institute, Washington (EUA), Galeria Debret, Paris (França), Culturgest, Lisboa (Portugal), Centro Cultural da Light (RJ), Paço Imperial (RJ), Caixa Cultural (Brasília), além de diversas galerias de arte. Foi ganhadora do primeiro Prêmio Icatu de Arte e do Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio, Paço Imperial. Atualmente, é representada no Rio de Janeiro pela Galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea e, em São Paulo, pela Galeria Arte Formatto.
SOBRE VALÉRIA COSTA PINTO
Formada em design e pós-graduada em História da Arte e da Arquitetura no Brasil, Valéria vem trabalhando com arte desde 1983. Seu trabalho artístico transita entre a escultura, o objeto, a fotografia, o vídeo e o desenho, ¬¬¬misturando os diversos meios. Em 1991 realizou sua primeira exposição individual na Galeria Millan, SP, e, em 1993, no Centro Cultural, SP. No Rio, expôs individualmente na Fundação Casa França Brasil, em 1994, e, no ano seguinte, no Palácio das Artes, BH, e, no Brazilian American Cultural Institute, Washington, EUA. Em 1996 ganhou o primeiro Prêmio Icatu de Arte, indo viver em Paris. Expôs na Galeria Debret, ¬¬Paris, FR, e na Culturgest, Lisboa, PT. Realizou inúmeras exposições no Rio e em São Paulo, como na Galeria Candido Mendes, Galeria Silvia Cintra, Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Galeria Tempo, RJ, e na Galeria Rosa Barbosa, SP, e em instituições culturais como Centro Cultural da Light, RJ, Paço Imperial, RJ, e Caixa Cultural, Brasília. Participou de inúmeras exposições coletivas, como no Centro Cultural da Justiça Federal, RJ, Instituto Tomie Ohtake, SP, entre outros. Em 2014 foi uma das vencedoras do Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio, realizando exposição no Paço Imperial, RJ. Atualmente, é representada no Rio de Janeiro pela Galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea e, em São Paulo, pela Galeria Arte Formatto. www.valeriacostapinto.com
SINOPSE
O livro de Valéria Costa Pinto aborda sua trajetória artística nos 25 anos de sua carreira, desde 1991 até 2016. Reúne um texto inédito de Luiza Interlenghi abordando todo o período citado e uma compilação de textos de época realizados por diversos autores durante seu percurso: Paulo Sergio Duarte, Adolfo Montejo Navas, Mauricio Lissovsky, Marcia Mello, Masé Lemos, Denise Carvalho, entrevista com Paulo Herkenfoff e uma poesia inédita de Tunga. Com tiragem limitada de 230 exemplares, a publicação tem o selo da Editora Fase 10 – Ação Contemporânea.
FICHA TÉCNICA
Livro: Valéria Costa Pinto
Textos: Percursos da dobra - Luiza Interlenghi e coletânea de textos de época de diversos autores
Organização editorial: Luiza Interlenghi
Coordenação editorial: Nelson Ricardo Martins
Tradução: Alexandra Joy Forman, Ben Kohn
Editora Fase 10 – Ação Contemporânea
Tiragem 230 exemplares
Preço: R$ 120
Número de páginas: 244
Ano: 2018
Leilão beneficente Michel Groisman na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Renomados artistas doam obras para tratamento de saúde de Michel Groisman, diagnosticado com doença neurodegenerativa.
18 de dezembro de 2018, terça-feira, às 19h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage - Salão Nobre
Rua Jardim Botânico 414, Rio de Janeiro, RJ
As obras estarão em exposição na galeria do subsolo no próprio dia do leilão, das 9h às 19h
Leilão beneficente mobiliza artistas no Parque Lage
Conhecido internacionalmente por suas performances de controle corporal, o premiado artista brasileiro Michel Groisman vem se deparando com a difícil condição de perder o controle sobre o próprio corpo. Groisman foi diagnosticado com uma doença neurodegenerativa que paulatinamente vem limitando seus movimentos. Sensibilizados com sua situação, um grupo de mais de 80 artistas vem doando obras para a realização de um leilão beneficente. O valor arrecadado custeará o tratamento de Groisman num hospital especializado, nos EUA.
Ao longo dos últimos 20 anos Michel Groisman se apresentou em inúmeros centros culturais ao redor do mundo e consagrou-se por suas inusitadas performances de controle corporal com equipamentos agregados ao corpo. Nos últimos anos, no entanto, ele se vê atrelado à execução de uma performance involuntária dentro do seu próprio cotidiano, a de simplesmente tentar levantar-se, andar, mover-se. Uma no-stop performance, na qual o artista precisa de todo seu esforço e concentração para se deslocar dentro de casa e ir de um cômodo a outro. Um ensaio diário, circunscrito ao âmbito privado, do que pode vir a ser a sua última performance.
O leilão que custeará as despesas de seu tratamento médico acontecerá no Salão Nobre da EAV Parque Lage, escola que já abrigou tantas vezes as performances de Groisman ao longo dos anos. As obras à venda podem ser visualizadas no site do artista. No dia do leilão, as obras estarão em exposição na galeria do subsolo, das 9h às 19h.
(quase todos os) ARTISTAS PARTICIPANTES (pois a cada dia novos artistas aderem a causa)
Adriana Tabalipa, Adriana Varejão, Adriano Motta, Afonso Tostes, Alexandre Vogler, Amador Perez, André Alvim, Angelo Venosa, Anna Bella Geiger, Arjan Martins, Arnaldo Antunes, Barrão, Beatriz Berman, Bob N, Cabelo, Cadu, Carla Zaccagnini, Carlos Bevilacqua, Carolina Ponte, Celina Portella, Chelpa Ferro, Chiara Banfi, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Daniel Murgel, Eduardo Berliner, Elvis Almeida, Enrica Bernardelli, Ernesto Neto, Felipe Barbosa, Fernanda Gomes, Fernando de la Rocque, Franklin Cassaro, Gê Orthof, Gisele Camargo, Guga Ferraz, Guilherme Teixeira, Gustavo Speridião, Joao Modé, José Bechara, José Damasceno, Laura Eber, Laura Lima, Lucia Koch, Lucia Laguna, Luiz Zerbini, Luiza Baldan, Luiza Marcier, Marcela Tiboni, Marcius Galan, Marco Veloso, Marcos Chaves, Maria Nepomuceno, Mariana Manhães, Martha Niklaus, Matheus Rocha Pitta, Mauro Espindola, Michel Groisman, Nadam Guerra, Noni Ostrower, Opavivará/Domingos Guimarães, Paulo Vivacqua, Pedro Paulo Domingues, Pedro Varela, Raul Mourão, Ricardo Basbaum, Ricardo Ventura, Rodrigo Andrade, Romano, Stela Barbieri, Suzana Queiroga, Tatiana Grinberg, Thereza Salazar, Valeria Scornaienchi, Vicente de Mello, Vivian Caccuri.
QUEM É MICHEL GROISMAN
Michel começou a desenvolver equipamentos corporais quando frequentava a faculdade de música, onde se formou como professor. Nessa época descobriu que podia inventar seus próprios instrumentos, e que estes não precisavam ser musicais, podiam ser instrumentos de todo tipo, desde que servissem para uma auto-investigação de si mesmo e para a interação com o outro. Em seu processo de criação, Michel Groisman integra diferentes campos: artes visuais, dança, jogos, arte interativa, engenharia, relações interpessoais etc. Foi contemplado com bolsas e prêmios: Rioarte (2004), Vitae (2002) e Uniarte da Faperj (2000), Programa Rumos Artes Visuais (1999), Rumos Dança (2009) e Rumos 2018; Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014, 8o Salão da Bahia (2001) e Prêmio "O Artista Pesquisador" do MAC de Niterói (2001), entre outros. Seu trabalho vem sendo mostrado em museus e festivais ao redor do mundo: MoMA (Nova York, 2014); Worlds Together Conference, Tate Modern (Londres, 2012); Festival Temps D’Image (Paris, 2012); Lig Art Hall (Coreia do Sul, 2012); PS 122 (Nova York, 2011); 29a Bienal de São Paulo (2010); Centro de Arte Reina Sofia (Madri, 2008); Festival In Transit the Berlim Lab (Alemanha, 2001 e 2006); Don't Call It Performance, El Museo Del Barrio (New York, 2004); "Tempo", MOMA (Nova York, 2001); Festival de La Batiê (Geneva, 2002); II Bienal de Lima (Peru, 2000); e Encontros Acarte (Lisboa, 2000), entre outros.
PERFOMANCES DO ARTISTA
Em "Transferência", que teve sua estreia na EAV, em 1999, o artista utilizava velas acopladas ao seu corpo e executava uma série de movimentos para passar o fogo de uma vela para outra. Já em "Criaturas", Groisman e sua parceira utilizavam equipamentos conectados a eletricidade, de modo que quando encostavam um no outro faziam as lâmpadas acenderem. Junto com seu trabalho de performance, o artista também passou a criar obras de arte de engajamento coletivo, dizendo que as relações interpessoais era o que havia de mais revelador. Dentre as suas obras-jogo coletivas estão: Polvo, Máquina de Desenhar, Sirva-se, Risco etc. Uma dessas obras foi premiada pelo programa Rumos 2018, do Itaú Cultural, a Risco#32, que o artista intenta ter condições de realizar no ano que vem. Trata-se de uma máquina de grande dimensões a ser manipulada por 32 pessoas simultaneamente, com o propósito de fazerem juntas um simples desenho num papel. Seria apenas uma coincidência que, assim como o lápis da obra Risco precisa de 32 participantes para riscar um desenho sobre o papel, agora a própria salvação de Groisman dependa também de uma união e engajamento coletivo?
Transferência, em NY
Máquina de Desenhar, na Tate Modern
Sirva-se, no TBA Festival
Risco, nas Cavalariças do Parque Lage
dezembro 15, 2018
Amilcar de Castro na Galeria Aberta Amilcar de Castro, Belo Horizonte
A Fundação Clóvis Salgado dá sequência à série de inaugurações em 2018 e apresenta ao público a Galeria Aberta Amilcar de Castro. O espaço, que está localizado entre as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta, vai abrigar a exposição Corte, uma mostra de média duração que reúne esculturas em diferentes tamanhos de um dos principais expoentes do neoconcretismo brasileiro: Amilcar de Castro. A curadoria é feita por Leonardo de Castro, da Gerência do Instituto Amilcar de Castro.
A inauguração da Galeria Aberta Amilcar de Castro reforça a diretriz da FCS em valorizar a arte produzida em Minas Gerais durante a atual gestão (2015-2018). Neste ano, inclusive, toda a programação artística da instituição é norteada por diferentes manifestos, dialogando diretamente com o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, que completa 90 anos em 2018. A exposição permanecerá até 27 de junho de 2019, data de início da comemoração do centenário de nascimento do artista, um dos signatários do Manifesto Neoconcreto.
De acordo com Augusto Nunes-Filho, Presidente da FCS, apresentar ao público um novo espaço expositivo no Palácio das Artes é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do legado do artista e um olhar mais demorado sobre a produção artística em diferentes suportes, como a escultura. “Amílcar de Castro tem papel importante no cenário artístico brasileiro gozando também, há muito, de reconhecimento internacional. Por ser um escultor de mão cheia, foi justa essa vertente escolhida pela Fundação Clovis Salgado para lhe prestar merecida homenagem com a nomeação do mais recente espaço expositivo do Palácio das Artes, a Galeria Aberta Amílcar de Castro”, destaca o presidente.
CORTE traça uma linha do tempo na história da produção de Amilcar de Castro ao reunir esculturas produzidas em diferentes momentos da carreira do artista. Vindas diretamente do Instituto Amilcar de Castro, em Nova Lima, as obras representam trabalhos em grande e pequena escala, exemplificando a visão que o escultor tinha sobre dimensionalidades, percepções espaciais e manipulação do ferro.
Amilcar ao ar livre – A Galeria Aberta é uma mureta ao ar livre ocupando área total de 328m². A Galeria Aberta está localizada em frente às galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta.
Para Ana de Castro, diretora do Instituto Amilcar de Castro, a exposição é uma grande homenagem ao escultor e uma lembrança daquilo que mais inspirava o trabalho de Amilcar. “Ao explorar com grande intensidade espaços abertos do Palácio das Artes e nomear este espaço de Galeria Aberta Amílcar de Castro, a Fundação Clóvis Salgado faz referência instantânea ao passado do escultor e cria um lugar onde a percepção se exerce mesclando elementos concretos e orgânicos. A prática sensível conduz a vivências de grande apelo visual”.
Um dos destaques do acervo é a obra Estrela, uma escultura em ferro, inspirada em um trabalho anterior de Amilcar de Castro, que concedeu ao artista seu primeiro prêmio. Datada do início dos anos 2000, a obra mescla a força do ferro com a sutileza e a precisão dos cortes característicos do escultor mineiro. Ao contrário das outras obras, a peça ficará exposta no Hall de Entrada do Palácio das Artes.
As demais esculturas que integram a exposição CORTE são obras que perpassam as décadas de 1950 a 1990. Com dimensões variadas, algumas chegando a medir pouco mais de 30cm. Já outras esculturas chegam aos 2m de cumprimento e pesam mais de 5 toneladas.
“CORTE é uma seleção de obras que reúne um amplo e significativo acervo do trabalho de Amilcar. É, também, uma homenagem à trajetória do artista que, aluno da Escola Guignard, observava e se inspirava na paisagem do Parque Municipal. Com essa galeria, celebramos o passado do escultor ao mesmo tempo em que reverenciamos a mistura do concreto, no caso as esculturas de Amilcar, com a leveza de um espaço aberto, de livre circulação e conectado ao parque”, destaca Augusto Nunes-Filho.
A dança e a escultura – Integrando seus corpos artísticos às diferentes atividades realizadas ao longo desta gestão, a FCS também vai promover a estreia do espetáculo Corte – Manifesto Neoconcreto, da Cia. de Dança Palácio das Artes. A coreografia, que tem direção de Cristiano Reis e cocriação dos bailarinos da CDPA, dialoga diretamente com o trabalho de Amilcar de Castro e o ambiente da Galeria Aberta. Em uma pesquisa coreográfica que envolveu visitas ao Instituto Amilcar de Castro e estudos sobre o neoconcretismo brasileiro, a proposta da montagem é refletir a respeito da ocupação da dança em diferentes espaços, seja pela união de corpos e obras ou pelo desdobramento entre coreografia e escultura.
De acordo com Cristiano Reis, Corte – Manifesto Neoconcreto é, assim como as obras de Amilcar de Castro, um estudo sobre dimensionalidades. “Essa coreografia não é puramente estética. Ela evoca um corpo em ação, um ato de ocupar um espaço, de trabalhar as dimensionalidades que podemos habitar por meio da dança”, comenta o diretor.
Fábio Retti será o responsável pela iluminação do espetáculo. A ideia é que as luzes sejam aliadas ao ambiente da Galeria Aberta e à própria concepção da montagem. Segundo Cristiano Reis, a luz foi planejada para criar mais dramaticidade à apresentação. “Estamos pegando um pouco da ideia do neoconcreto, de trabalhar a subjetividade da criação artística”, comenta. E a sonoplastia de Corte – Manifesto Neoconcreto será uma espécie de resgate do ateliê de Amilcar de Castro. A trilha sonora se agarra a sons de ferramentas para corte de metais e outras sonoridades características do trabalho de um escultor que tem o ferro como matéria prima de suas obras.
Amilcar Augusto Pereira de Castro (1920 - 2002) – Foi escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo, professor. Mudou-se com a família para Belo Horizonte em 1935, e estudou na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, de 1941 a 1945. A partir de 1944, frequenta curso livre de desenho e pintura com Guignard (1896 -1962), na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, e estuda escultura figurativa com Franz Weissmann (1911-2005). No fim da década de 1940, assume alguns cargos públicos, que logo abandona, assim como a carreira de advogado. Paralelamente, em seus trabalhos, dá-se a passagem do desenho para a tridimensionalidade.
Amilcar foi aluno de Guignard em Belo Horizonte. Da capital mineira mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi um dos signatários do Manifesto Neoconcreto, que marcou a ruptura com o grupo paulista dos Concretos. O escultor mineiro virou referência para os artistas brasileiros e, especialmente, para seus alunos na Escola Guignard. Suas esculturas, fundadas quase exclusivamente em corte e dobra sobre ferro e madeira, impressionam pela economia de meios e pela lição que oferecem sobre a capacidade afirmativa do gesto e o fato de realizarem a passagem do plano para o volume.
Neoconcretismo ou Movimento Neoconcreto – Corrente das artes (plásticas, escultura, performances, literatura) que surgiu em fins da década de 50 no Rio de Janeiro, em oposição ao Movimento Concretista, de São Paulo. O Neoconcretismo, influenciado pelas ideias da fenomenologia do filósofo francês Merleau-Ponty (1908-1961), foi considerado como o “divisor de águas” na história das artes visuais no Brasil, sendo seus precursores o poeta maranhense Ferreira Gullar e a artista plástica mineira Lygia Clark.
O Movimento Neoconcreto (Grupo Frente) surgiu no Rio de Janeiro em prol do subjetivismo da arte e da criação artística, o qual criticava o racionalismo, objetividade e o dogmatismo geométrico dos concretistas paulistas (Grupo Ruptura). Para tanto, essa contradição de ideias foram os elementos propulsores dos ideais dos artistas neoconcretos, ou seja, propor uma arte mais libertária contra o cientificismo técnico, o exacerbado racionalismo da “arte pela arte” em que estavam pautados os concretistas ortodoxos de São Paulo. Os concretistas paulistas acreditavam que a forma era o principal elemento da arte, em detrimento do conteúdo, visto como mais importante pelos artistas neoconcretos.
Burle Marx no MuBE, São Paulo
MuBE inaugura exposição em homenagem a Roberto Burle Marx
Jardim do museu foi projetado pelo paisagista; intitulada Burle Marx: arte, paisagem e botânica, mostra reúne obras inéditas e apresenta faceta polivalente do artista
Natureza, arte e arquitetura convergem na obra de Roberto Burle Marx. O artista transpunha com destreza a linguagem pictórica ao paisagismo, contrapondo formas orgânicas abstratas à rígida geometria da arquitetura. Não à toa, tornou-se um dos maiores paisagistas do século XX, somando ainda, os adjetivos de arquiteto, pintor, escultor, designer, botânico, ecologista e ativista pelas causas ambientais. Em homenagem à sua trajetória, o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) inaugura em 8 de dezembro a mostra Burle Marx: arte, paisagem e botânica.
Com curadoria assinada por Cauê Alves, a exposição é dividida em três núcleos, já enunciadas em seu título, evidenciando a faceta polivalente do artista. No total, são cerca de 70 trabalhos, entre desenhos, pinturas, esculturas, tapeçarias, peças de design, projetos paisagísticos e registros de espécies botânicas e de expedições científicas que realizou ao longo da vida.
"Queremos chamar a atenção para os mais diversos atributos de Burle Marx, mas sem um tom de retrospectiva. Ao contrário, trazemos ao público singularidades pouco exploradas de um artista de múltiplas capacidades. Sem dúvida alguma, o paisagismo foi sua grande contribuição para o mundo, mas ele foi muito mais do que um grande paisagista", pontua Alves.
No núcleo Arte, destaque para as telas que vão do realismo figurativo, como é o caso de uma natureza morta Sem título (s/d), à abstração informal, tal qual o óleo sobre tela Mangue azul (1963). Em outros suportes, Sem título (1984), uma pintura sobre o tecido de uma toalha de mesa, e Sem título (1965), tapeçaria de lã.
Autor de centenas de projetos paisagísticos no Brasil e no mundo, Burle Marx se valeu de plantas, construções, relevos, painéis de azulejos e de mosaicos de tradição portuguesa. À essa produção se volta o núcleo Paisagem. Entre os trabalhos aqui apresentados, duas plantas do projeto criado para o Terraço Itália, no centro de São Paulo. Hoje já descaracterizado, o projeto do restaurante instalado na cobertura do icônico Edifício Itália foi fruto de uma parceria entre o paisagista e o arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Devido a sua fama, Roberto Burle Marx foi inúmeras vezes convidado por nomes da elite brasileira para projetar jardins de suas residências. Foi o caso, por exemplo, de Ema Klabin, figura emblemática do mundo das artes, mecenas e colecionadora. O jardim de sua casa, hoje sede da fundação cultural que leva seu nome, foi uma das criações do paisagista. Situada exatamente à frente do MuBE, o espaço funcionará como uma extensão da exposição.
O grande destaque da seção ficará por conta da remontagem provisória em vinil do monumental mosaico de pedras desenhado pelo artista no primeiro estudo para o jardim do MuBE, instituição que hoje o homenageia. É dele o projeto paisagístico do espaço externo que circunda a também construção modernista de Paulo Mendes da Rocha. A composição do jardim foi elaborada a partir da relação com a cidade e da humanização do urbanismo. Na mostra, o projeto, jamais executado em sua totalidade, será apresentado temporariamente, em tamanho real, ocupando toda a área externa do museu durante o período da exposição.
"Paulo Mendes da Rocha e Burle Marx, a quem coube a questão da ecologia do MuBE, idealizaram um museu integrado com o bairro, que já é um jardim, o Jardim Europa. Ele integra o projeto justamente com a ideia de dar conta desse aspecto que está na origem da instituição. Cidade e natureza estão em diálogo constante em sua obra", comenta o curador.
Filho de pai alemão e mãe pernambucana com descendência francesa, Burle Marx começou a colecionar plantas na infância, com sete anos de idade. Formou-se em artes plásticas e arquitetura nos idos de 1933 e, na mesma década, descobriu a flora brasileira de forma antropófoga, durante uma viagem a Berlim.
Ao longo de sua vida, descobriu cerca de 35 espécies de plantas em suas famigeradas expedições Brasil adentro. O núcleo Botânica reúne os registros destas viagens e traz ao público desenhos, exsicatas e fotografias assinados pelo artista e também trabalhos de contemporâneos influenciados por sua obra, como a britânica Margaret Mee, que se especializou em plantas da Amazônia, e o brasileiro Caio Reisewitz, que retrata o jardim berlinense que despertou no paisagista o olhar apurado para a flora tropical.
Nesse sentido, o curador chama atenção para a íntima relação que Burle Marx nutriu com o meio ambiente. "Ele é um personagem que tem uma relação muito forte com o campo da ciência. Foi militante pelas causas ambientais quando esta não era ainda uma pauta da sociedade brasileira", recorda.
Entre os embates que abraçou, uma ferrenha e crítica oposição à derrubada de árvores para a construção de estradas pelo país nos anos 1970, quando a ação era, inclusive, propagandeada pelo Governo Federal.
"Neste setor cometem-se erros diários. Por diversas vezes naturalistas alertaram contra o fato de se fazer propaganda de grandes obras públicas, como a abertura de estradas (...) Mostram isso como um símbolo de vitória da tecnologia sobre a natureza. (...) Ninguém é contra a derrubada necessária de uma árvore para abrir estrada. O que não se pode aceitar é a propaganda disso com a chancela do próprio chefe da Nação. Esse é um erro tremendo", afirmou Burle Marx em 4 de agosto de 1973, em uma entrevista do O Estado de São Paulo, referindo-se a um vídeo que registrava a derrubada de uma árvore para a construção da rodovia Perimetral Norte, no Rio de Janeiro, ação presenciada pelo então presidente da república e veiculada em programas televisivos e até mesmo no cinema.
Sobre o curador
Cauê Alves é curador geral do MuBE. Doutor em Filosofia, professor do Departamento de Arte da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Foi um dos curadores do 32º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2011) e curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011). Foi membro do Conselho Consultivo de Artes do MAM-SP (2005-2007) e curador do Clube de Gravura do MAM-SP (2006-2016). É autor do livro Mira Schendel: avesso do avesso e da mostra homônima (Bei Editora/ IAC, 2010). Foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza (2015). Foi co-curador da mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria, no Itaú Cultural e Fundação Iberê Camargo (2015-2016), entre outras.
Ana Calzavara e Marina Zilbersztejn na CAL, Brasília
Ana Calzavara e Marina Zilbersztejn ocupam a galeria Acervo (2º andar) com a exposição Teima, artistas que têm em comum pela reiteração e experimentação de práticas gráficas variadas. Calzavara mostra um conjunto de xilogravuras, monotipias e fotografias que giram em torno da ideia de uma não-totalidade: imagens com mínimos desajustes de registro, sobreposições não coincidentes, descontinuidades, ausências, fragmentos. Zilbersztejn explora monotipias e desenhos em suportes diversificados, imagens que partem de uma pesquisa sobre práticas de mapeamento como ferramentas para reconstituir o mundo físico em imagens bidimensionais, tipo mapas topográficos e cartas de navegação que são refeitas por meio do uso de diferentes técnicas gráficas.
Formada em Artes Visuais pela Unicamp e mestre e doutora em Poéticas Visuais pela USP, Ana Calvazara faz uso de linguagens como gravura, pintura e fotografia. Participou de mostras individuais no Centro Cultural São Paulo e no Museu da Imagem e do Som (MIS)/SP e de coletivas como a do VIII Premio Arte Laguna, em Veneza (Itália), em 2014. Tem obras em coleções como MIS/SP e Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.
Formada em Artes Visuais pela USP, Marina Zilbersztejn participou de coletivas no Centro Universitário Maria Antônia (USP), Oficina Cultural Oswald de Andrade e Centro Cultural São Paulo. Atua, também, como designer e desenvolve pesquisa sobre métodos não convencionais de impressão e publicações independentes. Desde 2012, ministra oficinas relacionadas à arte impressa.
Cecilia Mori + Vera Parente na CAL, Brasília
Vera Parente e Cecilia Mori ocupam as galerias da CAL no início de dezembro
Vera Parente gosta de mergulhar na alma das metrópoles e dos seres contemporâneos que as habitam. Arquiteta formada pela Universidade Federal da Bahia e, desde 1996, vivendo em São Paulo, a artista visual chega a Brasília com a exposição Materialidade, selecionada pela Convocatória CAL 2017, para ocupar a galeria CAL (subsolo) da Casa da Cultura da América Latina da UnB, a partir de 5 de dezembro. Composta por gravuras em metal de grande e média dimensão, feitas por meio de técnicas tradicionais e com outros procedimentos híbridos de gravação, colagem e impressão, a mostra compõe uma narrativa visual por meio da abstração e do recorte estrutural.
Nascida em Salvador, a artista fez curso no Atelier Terre e Feu, em Montpellier (França), em 2004, e, em 2009, fez residência internacional de Artes Visuais em Brande (Dinamarca) e vem expondo em importantes espaços e participando de importantes eventos artísticos em várias cidades do país. A artista tem obras nos acervos nos museus de arte de Joinville (SC) e Goiânia (GO) e no Museu de Arte Contemporânea de Jataí (GO).
Franzoi, o curador da exposição diz que “a essência do ser humano, a busca pelo equilíbrio entre o intrínseco e o extrínseco, o orgânico e o concreto estão presentes na mostra” e que Vera Parente apresenta, “impressas em papel, olhares multifacetados de recortes arquitetônicos e profusões entre o homem, a natureza que o cerca e que ele próprio recria”.
Deleite Mínimo para Conquistas Espaciais
Um dos nomes de destaque no circuito de arte contemporânea do Distrito Federal, a artista visual Cecilia Mori mostra na galeria de Bolso da CAL, a partir de 5 de dezembro, a instalação Deleite Mínimo para Conquistas Espaciais, que faz parte do projeto Grande Vidro uma parceria da CAL com a Alfinete Galeria. Com curadoria de Ana Avelar, a obra de site specific (pensada para o espaço da galeria) foi produzida com borracha, latão e cobre.
Ao criar a instalação, Cecilia pensou não apenas no espaço específico da galeria, que pede a relação interior/exterior, mas, também, numa conquista territorial mais ampla - o lado de fora da galeria - espaço marcado pelo descontrole e pela desorganização. “A ideia é fazer com que o público, estando dentro, queira olhar de fora; e, estando de fora, queira entrar. Quase um jogo de ir e vir. Pensei, também, em algo mínimo que possa promover essa expansão”, revela a artista que costuma trabalhar com texturas, volumes e dimensões de materiais como borracha, criando beleza por meio da manipulação desse material “bruto e besta”.
Professora da Faculdade de Artes Visuais da UnB, Cecilia Mori trabalha com linguagens diversas, como instalação, videoarte, desenho, e fotografia, e, nos últimos anos, suas obras têm ocupado inúmeros espaços expositivos de Brasília e de várias cidades do país.
dezembro 12, 2018
Sandra Cinto lança Library of Love na Triângulo, São Paulo
Sandra Cinto convida para o lançamento do livro Library of Love, uma publicação do Ateliê Fidalga, com textos de Paola Fabres, Steven Matjicio, Josué Mattos, e obras de mais de 200 artistas, escritores e curadores.
[scroll down for English version]
Sala de Contemplação CAC: Biblioteca do Amor
O movimento da água tem se tornado cada vez mais importante no trabalho da artista brasileira Sandra Cinto, do agitar marinho e ondas rítmicas oceânicas até a graciosa cascata de passagem glacial. Nesta imersiva instalação ela abre novos caminhos para cultivar a contemplação do tempo e do ser, empregando delicadas lavagens de tinta diluída para transformar a antiga sala de membros do CAC em um santuário multissensorial. Em meio a seu perímetro de cachoeiras nebulosas que flutuam dentro e fora de foco, ela evoca um pavilhão de penhascos e torres de pedra, meticulosamente rendados com caneta e tinta. A intensidade desta linha contrasta com o suave abraço do tapete cor de areia que amortece o passo do visitante e que contorna os assentos de espuma. Como um gesto de hospitalidade e cura, Cinto completa a congregação dos quatro elementos do nosso planeta com o fogo usado para preparar o chá quente que é disponibilizado no espaço. Esta bebida personalizada, à base de plantas, abre o espectro sensorial mais amplo que é ativado na sala pela artista, onde meditações verbais guiadas e paisagens sonoras suaves estão presentes através de fones de ouvido. Tactilidade e considerável sensualidade invadem o ambiente com a Biblioteca do Amor, como uma exposição dentro da instalação e com curadoria de Cinto na qual apresenta trabalhos de mais de 200 artistas de todo o mundo. Cada artista foi convidado a escrever um livro / objeto que reflete a qualidade e a complexidade do amor em suas diversas formas, desde uma abordagem familiar, romântica e de relações humanas às expressadas na/da natureza, animais e nações. Como objetos a serem tocados e histórias para compartilhar, para Cinto a biblioteca tem o objetivo de ampliar, do português, o significado de contemplação, transcender de uma meditação solitária para oferecer uma experiência compartilhada onde damos e presenteamos uns aos outros. Ao refletir sobre aquilo que nos torna fundamentalmente humanos, ela oferece um remédio implícito para as políticas e ideologias que se dividem.
Steven Matijcio, Curador, Contemporary Arts Center of Cincinnati, Ohio [cortesia CAC]
Sandra Cinto invites you to the launch of the book Library of Love, a publication by Ateliê Fidalga, with texts by Paola Fabres, Steven Matjicio, Josué Mattos, and pieces from more than 200 artists, writers and curators.
CAC Contemplation Room: Library of Love
The movement of water has become increasingly important in the work of Brazilian artist Sandra Cinto, from churning seascapes and rhythmic ocean waves to the graceful cascade of glacial passage. In this immersive installation she channels the latter to cultivate the contemplation of time and being – employing delicate washes of diluted paint to transform the former CAC Members lounge into a multi-sensory sanctuary. Amidst its perimeter of misty waterfalls that float in and out of focus she conjures a pavilion of stone cliffs and towers, meticulously rendered with pen and ink. The intensity of this line contrasts with the soft embrace of the sand-colored carpet cushioning one’s step though this space, as well as our seating upon contoured foam chairs. Cinto completes the congregation of our planet’s four elements with the fire used to brew the hot tea which is made available in this space as a gesture of both hospitality and healing. This custom herbal brew also opens up the wider sensory spectrum which Cinto activates in this room, where guided verbal meditations and soft soundscapes are present via headphones. Tactility and the consideration of sensuality enter the environment via the Library of Love, an exhibition within the installation curated by Cinto that features the work of over 200 artists from around the world. Each was invited to author a book/object which reflects the quality and complexity of love in its many forms, from that in families, romance and human relationships to that expressed in/of nature, animals and nations. As objects to be touched and stories to share, this library speaks to Cinto larger objective to channel the Portuguese meaning of contemplation – transcending solitary meditation to offer a shared experience where we give, and are gifts to one another. By reflecting upon that which makes us fundamentally human, she offers an implicit remedy to the politics and ideologies that divide.
Steven Matijcio, Curator, Contemporary Arts Center of Cincinnati, Ohio [courtesy CAC]
Sandra Cinto . Library of Love
15 de dezembro de 2018, sábado, 12-17h
Casa Triângulo
Rua Estados Unidos 1324, Jardim América, São Paulo, SP
Encerramento do ano letivo na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
O público poderá visitar a exposição final dos alunos, no palacete, incluindo uma feira gráfica que exibirá trabalhos de conclusão do curso “laboratório impresso”. Alunos do Curso de Formação e Deformação também vão expor nas cavalariças, na capelinha e em outros pontos do parque. Para celebrar, o dia encerra com shows no palacete, com André Sampaio e os Afromandingas, e dj set dos artistas e professores da EAV Franz Manata e Saulo Laudares. O convidado especial será o artista plástico Cabelo, com seu show-performance.
16 de dezembro de 2018, domingo, a partir das 11h
Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414, Rio de Janeiro, RJ
Visitação até 20 de janeiro de 2019, de segunda a domingo, das 12h às 18h (fechado em 25/12 e 01/01)
Programação
18h: André Sampaio e os Afromandingas
O groove da música negra universal permeia o trabalho de André Sampaio desde quando integrou a banda de reggae Ponto de Equilíbrio. Em carreira solo, ele coloca o fuzz de sua guitarra no candomblé, no coco, no afro-funk e traz um novo show ainda mais explosivo e dançante, aonde ancestralidades africanas e da diáspora dialogam com a sonoridade contemporânea de suas canções. A banda que o acompanha são Os Afromandinga: Maurício Bongo na bateria, Rico Bass no baixo, Romulo Nardes na percussão e Marcelo Martché nos teclados. Som profundo e dançante, ritmos como o candomblé Ketu e o coco se combinam às guitarras mandinga, ao rock psicodélico e ao afro-funk. Música da alma para ecoar nas almas do mundo.
19h: Show do artista plástico Cabelo
20h: Manata Laudares
O duo de artistas e professores da EAV, Franz Manata e Saulo Laudares, apresentará ThePlace. Espaço de imersão - realizado há vinte anos em vários países - onde os artistas sinalizam o local da ação e “deslocam” a pista de dança, articulando noções de afeto, compartilhamento, autoria, horizontalidade e questões estéticas específicas da arte. “O som é elemento agregador, não fala somente aos especialistas. E nós ousamos como uma forma de propor uma experiência objetiva”, comentam os artistas.
Bazar no Galpão da Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo
A Fortes D’Aloia & Gabriel encerra suas atividades de 2018 com o Bazar do Galpão. Diversos produtores convidados – de roupas, cerâmica, acessórios, entre outros – ocupam o espaço na Barra Funda para exibirem suas novidades em meio a uma seleção especial de obras dos artistas representados pela galeria.
14 e 15 de dezembro de 2018, sexta e sábado, das 12h às 20h
Fortes D’Aloia & Gabriel | Galpão
Rua James Holland 71, Barra Funda, São Paulo, SP
11-3392-3942
Entre os produtos, o Bazar do Galpão apresenta: peças da nova coleção de Isabela Capeto; roupas sem gênero e sustentáveis de Marco Barboza; livros de arte e cultura da Editora Cobogó; cerâmica utilitária de Nelise Ometto; vasos em cerâmica para bonsai de Sandra Arruda; acessórios de tribos nômades garimpados por Vivi Pelo Mundo; blends de chá orgânico de Sta Julieta Bio; pão de queijo artesanal de Lim Cozinha; artesanato em frivolité de Maria Amália da Cruz Oliveira.
Saiba mais sobre as marcas convidadas:
Isabela Capeto. A estilista leva peças da sua nova coleção. Seu trabalho tem inspiração em museus e livros, nunca em tendências pré-determinadas. Cada peça é como uma obra de arte: feita à mão, sempre bordada, tingida ou plissada, com muitas aplicações de rendas antigas, paetês, tules ou passamanarias.
Krixina por Marco Barboza. Vestuário atemporal e sem gênero em linho, crochê e tricô. Acabamento em alfaiataria desconstruída, resgatando técnicas manuais. Peças amplas com conforto e estilo de vida sustentável.
Editora Cobogó. Atualmente comemorando seus 10 anos de atividade, a editora tem seu foco em publicações sobre arte e cultura contemporâneas. Publica regularmente monografias sobre artistas visuais – Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Nuno Ramos, Laura Lima e Sonia Gomes estão entre os muitos títulos –, além de livros sobre música e teatro.
Nelise Ometto. O atelier de cerâmica exibe peças utilitárias, entre travessas e pratos de autor.
Sandra Arruda. Designer de produto especializada em móveis há mais de 30 anos, apresenta sua nova coleção em cerâmica: vasos para a arte do bonsai.
Vivi Pelo Mundo. Marca idealizada pela artista plástica Viviane Almeida, que dedica-se à procura de tesouros em tribos das mais diversas culturas ancestrais do mundo. Trazidas de suas viagens, as peças incluem como joias, objetos de decoração e acessórios cheios de história e significados.
Sta Julieta Bio. Fazenda de produtos orgânicos localizada em Santa Cruz da Conceição (SP), traz uma linha de infusões composta por quatro blends de ervas orgânicas, produzidas artesanalmente.
Maria Amália da Cruz Oliveira. Marcadores de livros feitos em frivolité, a arte de fazer renda em nós.
Apropriações, Variações e Neopalimpsestos: lançamento de catálogo e encerramento na FVCB, Viamão
No dia 15 de dezembro de 2018, a partir das 14h, a Fundação Vera Chaves Barcellos encerra a exposição coletiva Apropriações, Variações e Neopalimpsestos que reúne trabalhos de mais de 30 artistas, entre brasileiros e estrangeiros, pertencentes ao acervo artístico da FVCB. A mostra conta também com obras dos artistas Ismael Monticelli, Romy Pocztaruk, Virginia de Medeiros e do Coletivo Slavs and Tatars, especialmente convidados para a exposição.
No mesmo dia, teremos o lançamento do catálogo da mostra. Amplamente ilustrada, a publicação possui 84 páginas e apresenta o texto curatorial em português e em inglês. A curadoria da exposição Apropriações, Variações e Neopalimpsestos é da equipe da Fundação.
Para o evento a FVCB disponibilizará transporte gratuito às 14h, com saída em frente ao Theatro São Pedro, Centro Histórico de Porto Alegre. Inscrição prévia por telefone (51-3228-1445 / 51-98102-1059), ou email.
SOBRE A EXPOSIÇÃO
Utilizando como ponto de partida o procedimento de apropriação artística e a partir de uma nova perspectiva, a mostra é uma continuidade da exposição A Condição Básica, apresentada no primeiro semestre desse ano.
Integram a nova mostra: fotografias, vídeos, serigrafias, livros de artista, obras gráficas e objetos, além de pinturas, esculturas e colagens que problematizam a questão da apropriação no universo das artes visuais na contemporaneidade. Entendemos a apropriação em arte como o ato de apropriar-se de imagens ou de objetos, dando-lhes novas funções e alterando as suas possibilidades de significação. Essa maneira de operar continua em expansão no século XXI, quando os artistas apropriam-se com ainda mais ímpeto e criatividade, utilizando-se das novas tecnologias disponíveis.
Como os antigos pergaminhos, que eram raspados pelos escribas para reutilizá-los, revitalizá-los e ressignificá-los, as obras apresentadas na exposição são o que poderíamos nomear Neopalimpsestos. Arte enquanto ressonância de contextos socioculturais, que, mesmo separados pelo tempo, possuem ligações entre si, desvendadas pelo recorrente fazer dos artistas visuais. Nesse sentido, as apropriações, as variações e os neopalimpsestos, re-raspados incessantemente durante a longa história da cultura, estabelecem uma continuidade transtemporal que tem assegurado a vitalidade da arte. Geopolítica, economia, comunicação, literatura, história da arte e a memória são alguns dos disparadores para a exposição Apropriações, Variações e Neopalimpsestos.
dezembro 11, 2018
Quimera na Galeria do Lago, Rio de Janeiro
A Galeria do Lago encerra o ano com uma abertura: Quimera reúne três gerações de com quatro artistas e curadoria compartilhada de Isabel Sanson Portella com Ricardo Kugelmas, curador do espaço Auroras em São Paulo. Ana Prata, Bruno Dunley, Veío e Liuba Wolf são os artistas que expõem suas pinturas, esculturas e desenhos a partir do dia 15 de dezembro, sábado, no Museu da República. Trata-se, primeiramente, de um diálogo de gerações onde a exaltação imaginativa em diferentes técnicas aparece como destaque. A Quimera mitológica, símbolo complexo de criações imaginárias do inconsciente, representa a força devastadora dos desejos frustrados, dos sonhos que não se realizam, da utopia e fantasias incongruentes. Monstros fabulosos alimentam, desde sempre, a imaginação do homem com devaneios necessários à expansão da alma.
“O diálogo que se estabelece entre os quatro artistas resulta numa mostra de identidades e poéticas que se aproximam enquanto falam de desejos e expectativas. Embora as práticas sejam distintas existe a mesma procura pela excelência, pela abstração e simplicidade das formas. A eles interessa o prazer criativo, a ‘brincadeira séria’ e a liberdade de sonhar”, avalia uma das curadoras, Isabel Sanson Portella, que também é diretora da Galeria do Lago.
SAIBA MAIS SOBRE OS ARTISTAS
Ana Prata
A artista entende a pintura como meio de experimentação e linguagem. Seus trabalhos apresentados em Quimera trazem algumas propostas bastante significativas nesse diálogo de gerações e lugares de fala. A procura pela liberdade, o prazer criativo e a imaginação são pontos em comum nos quatro artistas selecionados. Para Ana Prata é importante variar, criar sempre algo novo para que outros sentimentos aflorem. Sua obra está aberta a novas propostas e respostas. E é sempre no olhar do expectador que a narrativa se completará.
Bruno Dunley
Sua prática é voltada para a abstração gestual, sem, entretanto, perder o foco na representação dos objetos. Para ele existe uma mudança fundamental na função da imagem que deixa de ser forma única de apresentação de uma idéia. As cores utilizadas, delicadas mesmo quando as imagens são violentas, aparecem ora em manchas, ora como fundo para os desenhos. Quase sempre há uma cor predominante, pastel seco aplicado com vigor além de traços em carvão. Bruno não procura a beleza perfeita e absoluta, mas cada vez mais pensa em uma beleza possível, direta. Algo que faça o espectador apurar o olhar e criar sua própria experiência sensorial.
Liuba Wolf
Inserida na tradição da escultura moderna desde os anos 1950, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir. Inicialmente figurativa, a artista passou, a partir dos anos 1960, por uma significativa mudança formal que a levou à “quase abstração”, tendo a figura do animal como referência. Suas obras, como a própria artista afirma, vêm do inconsciente e são uma “simbiose entre vegetal e animal.” A força e beleza de seus trabalhos inspirou, certamente, toda uma geração de artistas que se seguiu.
Véio
Artista sergipano dos mais destacados na arte popular brasileira, utiliza a madeira para representar o seu olhar crítico sobre o homem e a vida no sertão nordestino. Transforma restos de troncos da beira do rio, em esculturas coloridas, seres imaginários e personagens místicos que surgem das histórias de assombração ouvidas na infância. O universo de Véio, autodidata e muito enraizado em sua terra natal, é povoado pela tradição popular que o faz perceber o poder da transformação e da luta pela forma pura.
Regina Parra na Marcos Amaro, Itu
Na exposição Eu me levanto, a artista investiga o erotismo e a vulnerabilidade como meios para criação de novas potências; Parra é a terceira artista contemplada pelo edital de ocupação da Fundação Marcos Amaro
Um corpo potente e lascivo e, ao mesmo tempo, vulnerável. O erotismo e a vulnerabilidade aqui são sinais de resistência. Uma estrutura capaz de superar limitações e transcender. Diante disto, a indagação: como transformar e adaptar esses movimentos? É o que a artista Regina Parra investiga em Eu me levanto, exposição que será apresentada a partir de 15 de dezembro na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA) em Itu, no interior de São Paulo.
Concebida para o edital de ocupação da Fundação Marcos Amaro (FMA) e curada por Galciani Neves, a mostra empresta o título de um poema da escritora, poeta e ativista norte-americana Maya Angelou (Still I rise) e reúne trabalhos sobre um tema constante na pesquisa de Parra: o corpo feminino. A artista explora a vulnerabilidade do corpo como um meio para criação de novas potências. "É um corpo que escolhe se abrir ao invés de se blindar", ela explica.
Regina Parra provoca através das dualidades. O corpo passivo e afogado de Ofélia - personagem de Shakespeare na obra Hamlet, uma figura nobre, frágil e doce - ressurge na série de pinturas de autorretratos Tenho medo que sim (2018), mas com gestos ambíguos que oscilam entre a devassidão e a sentença.
O retrato é um gênero da pintura que, tradicionalmente, destacava a representação de figuras públicas que detinham poder político, econômico ou social. Ao longo da história, os homens foram os mais registrados, enquanto era comum que as mulheres fossem retratadas com alusão às mitologias e à iconografia cristã. "Todas refletiam ideais restritivos de beleza que apagavam a subjetividade feminina", diz Parra.
Não à toa, Ofélia, aqui sob a pele da artista, transcende as formas tradicionais de retratismo e é apresentada não mais como a frágil e dócil amante de Hamlet. Como um jogo erotizado, seus movimentos agora criam uma combinação de sensualidade e violência implícita.
A artista suscita um corpo com novas sensibilidades frente às intempéries políticas, culturais e afetivas da vida contemporânea. E é um corpo que, bem como no poema de Angelou, ainda se levanta.
Em Lasciva, série coreográfica inédita de sua direção em parceria com Bruno Levorin, Regina permeia questões que atravessam o erotismo, a sensação, a vulnerabilidade e a força, estabelecendo gestos, imagens e palavras produzidas na relação entre duas mulheres.
Na coreografia, Parra procura falar sobre o feminismo da atualidade e busca a distinção das palavras urgência de velocidade. É um convite para que o público reflita acerca das formas, estruturas e os usos implicados na performatividade dos gêneros. A apresentação de Lasciva acontecerá durante a abertura da mostra e será dividida em dois atos, com intervalo de 40 minutos entre cada um.
Série coreográfica Lasciva
Movimento número 1 - para cuidar do imaterial
Duração: 40'
Primeira sessão: 11:00
Segunda sessão: 13:30
Movimento número 2 - verbo
Duração: 30'
Primeira sessão: 12:30
A exposição de Regina Parra é o terceiro projeto premiado pelo Edital de Ocupação da FAMA, promovido pela Fundação Marcos Amaro a fim de fomentar a produção artística contemporânea. Edith Derdyk e Eduardo Frota foram, nessa ordem, os primeiros contemplados pelo Edital.
Sobre a artista
Regina Parra (São Paulo, 1984) é mestre em Teoria e Crítica da Arte pela Faculdade Santa Marcelina e bacharel em Artes Plásticas pela FAAP. Nos últimos anos, apresentou individuais nas Galerias Millan e Leme, nos espaços Pivô, Centro Cultural São Paulo e no Paço das Artes, todos situados em São Paulo; na Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco e na Galeria Effearte, em Milão.
Entre as coletivas que participou, destacam-se projetos como Sight and Sounds, no The Jewish Museum, em Nova York; FUSO - Festival Internacional de Videoarte, curado por Lisette Lagnado e Museu Nacional de Arte Antiga, ambos em Lisboa; OnCurating Project Space, em Zurique; Arquitetura e Paisagem Urbana, com curadoria Cauê Alves, no MuBE; Rumos Artes Visuais, com curadoria de Agnaldo Farias no Itaú Cultural, em São Paulo e Brasile.II coltello nella carne, no Padiglione D'arte Contemporânea (PAC), em Milão, com curadoria de Jacopo Crivelli.
Recebeu em 2006 o Prêmio da Anual de Artes da FAAP; em 2009, ganhou o Prêmio Destaque da Bolsa Iberê Camargo; em 2011, o I Prêmio Ateliê Aberto Videobrasil. Recebeu, ainda, o Prêmio de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco e foi indicada ao Prêmio de Artistas Emergentes da Fundação Cisneros, ambos em 2012. No ano de 2017, foi contemplada com o Prêmio de Residência Artística (Residency Unlimited/NY) da SP-Arte.
Em 2018, a artista ganhou destaque com É preciso continuar (2018), trabalho inédito que apresentou depois de selecionada pelo primeiro edital aberto da Mostra 3M. Instalada no centro do Largo da Batata, a obra trazia um grande luminoso em neon vermelho, exibindo um trecho inspirado no romance O inominável, escrito pelo irlandês Samuel Beckett no contexto do pós-Segunda Grande Guerra em 1953. Sua obra faz parte do acervo de instituições como Pinacoteca de São Paulo, Instituto Figueiredo Ferraz, VideoBrasil, entre outras.
Ronaldo do Rego Macedo no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Ronaldo do Rego Macedo apresenta 40 pinturas inéditas em óleo sobre tela e sobre papel na individual, intitulada Fissão][Tectônica, um segmento de sua produção dos anos 2010, que ocupa três salas do Paço Imperial, sob curadoria de Sonia Salcedo Del Castillo.
[Fissão = (Física nuclear) Divisão de um núcleo de átomo pesado em dois ou vários fragmentos, determinada por um bombardeamento de nêutrons, e que liberta uma enorme quantidade de energia e vários nêutrons]
A mostra reúne trabalhos abstratos de dimensões que variam de três metros a 30cm de lado. As telas menores se organizam em mosaicos na montagem da exposição. Completam o circuito vitrines com esculturas em aço corten de pequenos formatos e com dezenas de estudos para as obras em exibição.
A pintura recente do artista carioca, professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é a continuidade de uma pesquisa de décadas, em que a cor constitui pura presença física e a obra não se refere a qualquer objeto extra-plástico. Cores vibrantes e criadas pelo artista, como azuis, vermelhos e roxos, são “soterradas” por camadas muito espessas de tinta a óleo de tons de branco variados, aplicadas com pincel, trincha, vassoura ou a mão diretamente. Nas telas grandes e pequenas, há vestígios das camadas de cor implacavelmente cobertas pelos brancos, nos quais a marca das “pinceladas” se faz evidente.
Em algumas pinturas aparecem frases, palavras soltas e grafismos, mais legíveis ou ilegíveis mesmo, que tendem à invisibilidade. Ronaldo do Rego Macedo diz que “não são para serem lidos facilmente ou nem serem lidos. São propositalmente fugidios, diferentes dos graffiti de um Cy Twombly ou Basquiat que são afirmativos, são mensagens decifráveis prontamente”.
“Estou sempre girando em torno do tema da invisibilidade, do silêncio, do vazio. Sempre há algo que nunca se revela inteiramente, fica à sombra […]. A pintura vem para a frente, ela quer nos abraçar, mas há alguma coisa que chama atenção para o que é fluido e recessivo. O título, quando aparece inscrito na pintura, […] é, muitas vezes, é um signo vazio, que nada significa, ainda bem. E que tem sempre um apagamento, que contradiz essa presença da área pintada”, entrega Rego Macedo.
Sobre o apagamento a que o artista se refere, curadora Sonia Salcedo Del Castillo abre assim o texto de apresentação da mostra: “Embora Ronaldo do Rego Macedo aspire ao desaparecimento, em sua virtuosa poética pictórica – interessada na invisibilidade do silêncio, do vazio... –, o vigor impresso à fatura de suas telas resulta em espaço e presença pulsantes. Há nela tal frescor que, por vezes, parece sugerir sabor à sua pintura.”
Não por outro motivo ela intitulou o texto “ ... tão vivas que até dá vontade de comê-las”.
Ronaldo do Rego Macedo [Rio de Janeiro, 1950] fez sua primeira individual aos 23 anos no Rio, à qual se seguiram outras 12 em capitais brasileiras. Desde os 19 anos participa de coletivas no Brasil e Montevideu, Buenos Aires, Cidade do México, Toronto, Pully [Suíça], Viena e Linz [Áustria], Paris, Bruxelas, Cairo, Rabat e Tóquio.
O artista esteve na Bienal Internacional de São Paulo de 1973 e de 1987, quando ganhou Sala Especial, e no Salão Nacional de Arte Moderna de 1972 e 1973. Sua pintura está nas coleções particulares de Gilberto Chateaubriand, João Sattamini e nos acervos do MAM Rio e do Museu Nacional de Belas Artes (RJ). Seu mestre foi Aluisio Carvão, com quem estudou três anos no MAM Rio. Foi ainda aluno de Lygia Pape e Cildo Meireles também no MAM Rio.
Lúcio Costa + Luiz Roque no MAC, Niteroi
Duas novas exposições serão abertas no MAC Niterói, no dia 15 de dezembro, às 10h. São elas: Riposatevi (“Relaxem” ou “Descansem”, em tradução livre), de Lúcio Costa (1902–1998), no Salão Principal, que será mostrada pela primeira vez no estado do Rio de Janeiro; e Televisão, do artista Luiz Roque, no Mezanino. A curadoria de ambas as mostras é de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca.
Riposatevi
Remontagem de uma instalação que o grande arquiteto e urbanista Lucio Costa abriu na Trienal de Milão de Arquitetura, em 1964, quando o Brasil participou pela primeira vez. A abertura se deu após o golpe militar do mesmo ano e quatro anos depois de Brasília ser inaugurada.
“Cada país era livre para pensar a sua participação nessa edição da Trienal. O tema era ‘Tempo livre’ e, dentro disso, cada pavilhão respondeu de maneira diferente ao desafio. Em relação ao Brasil, na época, a verba era curta e o espaço era pequeno. A ideia que o Lúcio Costa, então, foi a de ocupar o local com 14 redes de dormir – com cores diferentes e varandas brancas –, violões espalhados, plantas e o público era convidado a usufruir e participar ativamente da obra. Deitar, dormir, tocar o instrumento e contemplar o espaço”, explicou Raphael Fonseca, um dos curadores da mostra. Nas paredes, para fazer uma espécie de ilustração do Brasil, o arquiteto e urbanista colocou imagens, registradas pelo fotógrafo francês Marcel Gautherot de dois lugares: a praia de Aquiraz, no Ceará, em que as pessoas trabalhavam com barco à vela; e da construção de Brasília. “Era isso que ele queria apresentar: um Brasil moderno e concreto, por um lado, com uma nova capital; e um outro Brasil, de outra região, associado ao artesanato, à vida praiana e a um tempo diferente da capital de concreto”, exemplifica Raphael. Como dizia o próprio Lúcio Costa: “o mesmo povo que dorme na rede constrói em 3 anos uma capital no meio do deserto”.
Para o MAC, como o espaço é bem maior do que o utilizado na cidade italiana, serão dispostas mais redes (28), as fotos nas paredes, plantas e os violões. Importante ressaltar que esta é a primeira remontagem da mostra no Estado do Rio de Janeiro – só foi exposta anteriormente em Milão, em Brasília e em São Paulo e, agora, em Niterói. É válido frisar, ainda, que esta é a primeira vez, depois da Itália, que as redes serão montadas com as fotografias. “Lúcio Costa faz um grande elogio ao repouso. Trata-se de uma homenagem histórica; uma remontagem importante, dentro de uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, aquele que o ajudou a projetar Brasília. A exposição fica até o 2019, então, também é uma comemoração aos 55 anos da instalação”, finaliza o curador.
Televisão
Essa é uma exposição de filmes, vídeos e um objeto-vídeo novo, do artista gaúcho Luiz Roque, representado pela galeria Mendes Wood DM. Trata-se de uma mostra antológica composta por oito trabalhos de diferentes momentos do percurso de cerca de quinze anos do artista. Os trabalhos tem curta duração e esse tamanho pequeno dialoga com outros formatos audiovisuais como aqueles vistos nas televisões desde os anos 1980, além de um ritmo mais próximo aos videoclipes.
Os suportes são diferentes: Tvs de cubo, Tvs de LCD, projeções grandes e um novo trabalho que é meio escultura, meio vídeo. Há uma série de maneiras de pensar o vídeo. “Luiz Roque trabalha muito com a ideia de distopia, de um futuro trágico, utópico, já em ruínas. Vários trabalhos dele também têm uma relação ficcional com a escultura e arquitetura modernas. Corpos orgânicos dessas esculturas são mesclados com diferentes tipos de corpos humanos. A incerteza quanto ao futuro e o desejo de continuar vivo perante as adversidades são algumas das constâncias de seus personagens”, pondera Raphael Fonseca.
Entre os trabalhos apresentados, estão: ‘Modern’ cita uma escultura de Henry Moore, ao passo que ‘Novo Monumento’ cita Amilcar de Castro; ‘Rio de Janeiro’, sobre o incêndio no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; entre outros. Temos, então, uma série de trabalhos que pensam na carga do modernismo que queria ser o futuro e que configura como o presente. Uma mostra que lida com o tempo e pergunta: como a imagem em movimento pode ficcionalizar este tempo histórico? Há desde trabalhos cujas narrativas se passam na década de 70, como o incêndio no MAM-RJ, até os de 2048, que são obras futuristas. Esta é a primeira vez que o Mezanino abre uma exposição exclusivamente de vídeos.
dezembro 10, 2018
Isaque Pinheiro + Roberto Freitas na dotArt, Belo Horizonte
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A dotART galeria comunica com pesar que a maior parte das obras do artista Isaque Pinheiro, da exposição “AcorDo Rei”, inaugurada no último sábado (1°), foram furtadas quando estavam sendo trazidas do Rio de Janeiro para Belo Horizonte. O caminhão que transportava as obras foi abordado na altura de Belford Roxo e encontrado pela polícia vazio, horas depois, no Complexo do Chapadão, no Rio de Janeiro. Foram furtadas mais de 50 obras que passaram pelo Paço Imperial em setembro, com grande sucesso de público e crítica. Na exposição da dotART ficaram duas obras da mesma série, que o artista produziu especialmente para a galeria, além de seis obras que não entraram na mostra do Paço, por serem de um porte maior que o espaço comportava. Foi uma exposição belíssima e acabou se tornando efêmera. As obras que sobraram dão a dimensão da série e se tornaram, com este fato, ainda mais importantes. A mostra “Desejo de preto ou como desafinar o coro dos contentes”, de Roberto Freitas, segue em exposição na íntegra.
Observação: A dotART galeria pede, ainda, que caso alguém veja ou saiba o paradeiro das obras, que comunique imediatamente à direção por e-mail.
Cartas de baralho em madeira, esculturas flutuantes e pinturas contemporâneas. Esses são alguns dos elementos das duas novas exposições da dotART galeria, ambas com abertura marcada para 1° de dezembro e com temáticas politizadas: AcorDo Rei, do artista português Isaque Pinheiro; e Desejo de preto ou como desafinar o coro dos contentes, do portenho Roberto Freitas, que vive e trabalha em Belo Horizonte. A visitação gratuita acontece até 19 de março.
Idealizada e produzida para o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e com curadoria de Marcelo Campos, “AcorDo Rei” marca a estreia de Isaque Pinheiro em Belo Horizonte, cidade que, nas palavras dele, “faz parte do mapa da arte contemporânea”. Ambientada na galeria 2, a mostra traz cerca de 60 peças inéditas, entre esculturas e xilogravuras em cedro, que representam o “Rei”, a valiosa carta de baralho. Ele é o pretexto para provocar reflexões sobre o poder, a verticalidade dos signos, a imposição e a rarefação da legitimidade das autoridades. Imperfeita, a imagem nunca se apresenta por completo nas representações do artista, à exceção de uma, marcada por uma dobra, como se estivesse desgastada pelo tempo. Não se pode desprezar também a natureza geométrica da exposição, um caráter modernista para imagens medievais.
“Ao olhar para a imagem de um rei numa carta de jogo, compreendo que é composta de várias cores. Ao separar cada uma dessas cores, consigo entender melhor o espaço que cada uma delas ocupa no todo. Quando volto a juntá-las, se uma delas não estiver presente, tenho noção da sua falta, de como seria se lá estivesse. Tudo isto pode ser visto como links entre o poder de conseguir ver as coisas e a arte de conseguir gerar dúvida, inquietação, provocar discussão e, talvez, tirar conclusões. Só quando todas as cores políticas estão presentes no mesmo universo e se relacionam é que poderemos ambicionar ter um governante ou um governo pleno”, pondera o artista. “AcorDo Rei” também fabrica metáforas relacionadas às cores e aos naipes das cartas: o branco e o negro incitam o público a pensar em conceitos de etnia, enquanto o naipe de paus, escolhido pelo artista, se aproxima da classe dos trabalhadores.
Na galeria 1, a mostra “Desejo de preto ou como desafinar o coro dos contentes” exibe mais de 50 pinturas, desenhos e esculturas inéditos de Roberto Freitas. Com curadoria de Wilson Lazaro, a exposição reúne parte da produção do artista ao longo de 2018, um flerte com a cisão social provocada pelo complexo contexto político brasileiro. “‘Desejo de preto’ flerta com as vozes dissonantes, que desejam, pela via da poesia, corroborar com gritos silenciosos de um mundo cindido. As pinturas e esculturas foram pouco a pouco ficando mais espessas e negras. Mas não que eu ache que a crise em que entramos seja negra. Ao contrário, é uma crise de representação dos brancos de classe média”, descreve Freitas.
Há um ano e meio trabalhando para esta mostra, Freitas exibe pinturas pela primeira vez. Contudo, ele diz que não ver muita diferença entre a linguagem pictórica e a da escultura, já que, para o artista, a tela não é sobre representação e, sim, uma apresentação, um gesto quase performático. “Meu procedimento em arte é um exercício real de liberdade, na perspectiva que o ato de produzir é espiritual, meditativo e sistemático. Como arte e vida são confusamente misturados para mim, inevitavelmente medito no trabalho sobre estar no mundo e sobre o mundo que me contém”, declara. Nesse sentido metafísico, a exposição também trará esculturas sonoras, criando uma poética do ilusionismo e de surpresa.
Isaque Pinheiro nasceu em Lisboa, em 1972, e vive no Porto. O artista trabalha com esculturas e faz uso de objetos do cotidiano descontextualizados – o princípio do ready made –, sempre guiado pelo ofício, pelo domínio das formas e do material e por uma novidade na hora de manipular referências e assumir a história conceitual e expandida da escultura moderna. Tem no currículo exposições individuais no Paço Imperial (Rio de Janeiro, RJ), Galeria Presença (Porto, Portugal), Galeria Caroline Pagès (Lisboa, Portugal), Galeria Mário Sequeira (Braga, Portugal), Galeria Esther Montoriol (Barcelona, Espanha), Galeria Marsiaj Tempo (Rio de Janeiro, RJ), Galeria Ybakatu (Curitiba, PR), entre outras. Também participou de diversas coletivas, a exemplo do Museu Stenersen (Oslo, Noruega), Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha) e Caixa Cultural Rio de Janeiro (RJ). Suas obras estão em importantes coleções, como a Coleção de Arte Fundação EDP (Lisboa), a Fundação Edson Queiroz (Fortaleza, CE) e acervos privados em Portugal, Brasil, Austrália, Espanha, Dinamarca, França e Bélgica.
Roberto Freitas nasceu em Buenos Aires, em 1977, e vive e trabalha em Belo Horizonte (MG). Artista desde 2002, produz trabalhos que flertam livremente entre problemáticas típicas de linguagens como cinema, dança, música, escultura, performance, desenho e pintura. Tem bacharelado em Artes Plásticas e mestrado em Teoria da Arte, ambos realizados na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Entre 2003 e 2008, geriu a Arco, um espaço dedicado a exposições de arte contemporânea, em Florianópolis (SC). Tem no currículo exposições individuais no Sesc Palladium (Belo Horizonte), no Sesc Pompeia (São Paulo, SP), na Galeria Virgílio (São Paulo), no MIS Campinas (SP), no MIS Santa Catarina (Florianópolis), no Museu Victor Meirelles (Florianópolis), entre outros. Também participou de coletivas na Espanha, na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Venezuela, no Peru, na Colômbia, na Sérvia, no México e em outros países. Conquistou prêmios como o Rumos Itaú 2015-2016, o Elisabete Anderle Artes Visuais 2015 e o Projeto Redes Artes Visuais Funarte 2014. Fez residências na Sérvia, no México, na Dinamarca, na Argentina e no Brasil, como o Red Bull Station e o JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia.
Tinho na Movimento, Rio de Janeiro
O artista paulistano explora a infância em pinturas, shapes de skate e bonecos de pano para provocar a reflexão sobre a realidade
Colorida, lúdica e ao mesmo tempo reflexiva, a nova exposição de Tinho - um dos grandes nomes da arte urbana no Brasil - faz uma homenagem à infância. Estes instigantes trabalhos aprofundam as ideias contidas na obra Mar de Brinquedos – tela que compõe a série Sete Mares - na qual o artista explora suas referências oriundas da moda, discos, livros, shapes, filmes e obras de artes.
Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, Quem me navega é o mar apresenta pinturas a óleo em que os brinquedos são o fio condutor para uma viagem pela subjetividade infantil. Tinho expõe estes novos trabalhos na Galeria Movimento, entre os dias 29 de novembro e 5 de janeiro.
“Escolhi o Mar de Brinquedos para ser o primeiro desdobramento das sete telas que compõem a série porque uma das minhas pesquisas é a respeito da formação do ser humano no ambiente metropolitano. É com os brinquedos que a criança faz experimentos de coisas que ela observa no mundo real em um ambiente imaginário”, explica o artista.
As 16 obras revelam o imaginário infantil por meio de diversos símbolos das primeiras idades, como o velocípede, o cavalo de pau e o carrossel, entre outros. A navegação segue na companhia de um dos ícones da obra do artista – o Boneco de Pano. Representado de várias formas, ele provoca a imaginação do público em 16 versões espalhadas pela galeria. Shapes de skates também ganham destaque entre as peças.
“O Boneco de Pano também é um brinquedo artesanal, feito em casa. Na exposição, quando eu falo de brinquedos, não estou me referindo somente aos industrializados. Em algumas obras mostro brinquedos em que as crianças criam com a sua própria imaginação. Um exemplo é quando a criança pega uma caixa de papelão e imagina uma casa, um carro ou até mesmo um avião”, revela Tinho.
Ao abordar este âmbito onírico, o artista convida o público adulto à reflexão Ele acredita que por meio da fantasia e dos mitos, as pessoas transformam suas realidades para lidar melhor com suas questões internas e problemas.
Pai de um menino de nove anos e uma menina de sete meses, o artista se inspirou menos em sua infância e mais na de seus filhos. “Minha inspiração vem mais da tentativa de entender o funcionamento da cabeça deles do que a da minha própria infância, já que as minhas lembranças já são mais escassas”, conta Tinho.
O público é convidado a interagir com a exposição por meio da doação de brinquedos. O artista vai criar uma instalação no átrio do prédio Cassino Atlântico, em Copacabana, onde está localizada a Galeria Movimento. Os objetos doados farão parte de uma grande obra social. Após o término da exposição, todos os brinquedos arrecadados serão entregues ao Instituto da Criança (https://institutodacrianca.org.br/) e distribuídos para crianças carentes.
Sobre o artista
“Tinho, que elabora trabalhos de forte impacto visual associando com precisão informações diretas oriundas da pop art com cenários impactantes, metáforas de mundo no qual convivem o fantástico, o onírico, o real e a técnica impecável. A obra de Tinho é esse caldeirão de informações: Japão e América Latina, centro e periferia, mangás, comics que abraçam vigorosamente referências artísticas e eruditas”, afirma o curador Marcus de Lontra Costa.
Finalista do Prêmio Investidor Profissional da Arte (PIPA Online), em 2012, Tinho realizou diversas exposições individuais na Galeria Movimento, no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília. No exterior expôs em Londres e em diversas cidades da França. Desde 1994, o artista participou de muitas exposições coletivas e festivais no Brasil e no mundo, como o Outdoor Festival em (Roma, Itália), no ano de 2015; Graffiti Fine Arts (Los Angeles, EUA), em 2013; Bienal de Havana (Havana, Cuba), em 2009, entre outros.
Sobre a série Sete Mares
É composta por diferentes temas. Suas referências partem de livros, discos, brinquedos, obras de arte, moda, filmes e a cultura do skate. Os mares propostos por Tinho não são mares externos. São internos, que fazem referência às suas vivências, aos seus repertórios imagéticos. São mares de inspiração. As sete obras desta série serão apresentadas juntas no Museu Paço Imperial, no segundo semestre de 2019.
As pinturas, que para o artista é a realização de um sonho, constituem‐se como uma forma de agradecimento e homenagem a todos aqueles que alimentaram e continuam alimentando seu imaginário. É o seu próprio fascínio diante de tais imagens. Os mares latentes em Tinho se apresentam como um convite ao expectador para adentrar em seu universo e entender como cada objeto influenciou sua formação pessoal, profissional e artística. Conhecer os Sete Mares aqui, é conhecer o mundo de Tinho.
Casa de Afeto na Arte Solar, Rio de Janeiro
Única galeria no Rio de Janeiro situada dentro de uma comunidade, a Arte Solar inaugura exposição no dia 13 de dezembro. A mostra traz obras de sete artistas cariocas, entre objetos, assemblages, desenhos, fotografias e esculturas, com curadoria de Lia do Rio. A coletiva Casa de Afeto reúne trabalhos de Claudia Malaguti, Clautenes Aquino, Gilda Lima, Guta Moraes, Hudson Lima, Júnia Azevedo e Ligia Calheiros. Instalada no Solar Meninos de Luz, instituição que atende crianças e adolescentes do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Copacabana, a mostra acontece até 23 de fevereiro, com entrada franca.
A ideia da curadoria é reunir cerca de 20 trabalhos inspiradores que remetam à identidade da casa como local de afeto e acolhimento. “No interior da galeria, os artistas constroem com paredes imaginárias um espaço ‘arquiteturado’ dividido em cômodos, com a aspiração de revelar o inusitado da vida cotidiana e acrescentar a ela uma dimensão poética”, explica Lia do Rio. A mostra contempla também oficinas de arte para crianças e adolescentes, tendo como referência obras expostas na galeria.
Coordenada por Osvaldo Carvalho, a exposição abre no mesmo mês no qual o Solar Meninos de Luz completa 35 anos, e dois meses após o falecimento da criadora do projeto, Dona Iolanda. Atendendo a famílias em situação de vulnerabilidade, a instituição é uma organização civil, filantrópica, que promove educação integral, cultura, esportes, cuidados básicos e assistência social às famílias com maior nível de desestruturação na comunidade.
Sobre os artistas
Claudia Malaguti – Natural do Rio de Janeiro, tem formação em joalheria, programação visual e especialização em Arte-filosofia (PUC - Rio). Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e Studio ÖkO. Além de mostras coletivas e individuais no Brasil, expôs em Paris e Normandia, França. Seu trabalho compreende a transformação inusitada de objetos, com o uso de ceras e metais.
Clautenes Aquino - Natural de Fortaleza (CE), expôs em diversas cidades brasileiras, entre as quais Fortaleza, Natal (RN), Rio de Janeiro (RJ) e Niterói (RJ). Formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage - RJ e pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, atualmente dedica-se às técnicas de aquarela e à criação de esculturas em barro, isopor e papelão.
Gilda Lima - Gilda Lima, psicóloga, trabalha com fotografia e vídeo. Selecionada para o 5° Salão de Outono da América Latina em 2017, recebeu o prêmio de vídeo Amis du Salon d'Automne de Paris, em São Paulo.
Guta Moraes - Arte educadora e mestre em Comunicação e Cultura na ECO/ UFRJ. Trabalhou como professora de música, na coordenação de animadores culturais dos Cieps e na coordenação de diversos projetos culturais e sócio culturais em comunidades no Rio de Janeiro.
Hudson Lima – Natural de Volta Redonda (RJ), foi assistente de vários artistas, como Jorge Guinle, João Grijó, Charles Watson e Tony Moore. Ao longo de 18 anos, trabalhou como aderecistas em várias escolas de samba. No campo social, foi dinamizador em arte em comunidades como Mangueira, Formiga, Macaco etc. Hoje dedica-se a seu trabalho autoral e também trabalha com ajustes e reparos de adereços em escolas de samba, durante o Carnaval.
Júnia Azevedo - Nascida no Rio de Janeiro, formou-se em Comunicação Social pela PUC-RJ. Em 2014, publicou o romance O Ser-se, que se desdobrou em projeto de arte visual sobre a formação de estereótipos femininos. Já expos seus objetos no Midrash Centro Cultural (2017) e no Espaço Cultural Correios Niterói (2018).
Ligia Calheiros - Natural do Rio de Janeiro, é formada em Licenciatura em Artes Visuais. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ) e participou das coletivas: "O Feminino", Museu da República (1997); "Novíssimos", Galeria IBEU (1998); e "Lugar de Luz", Centro Cultural Light (2017).
Sobre a curadora
Lia do Rio nasceu em São Paulo, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É Bacharel pela Escola Nacional de Belas Artes da UFRJ, tem Pós-Graduação em Arte e Filosofia, e Pós-Graduação em Filosofia Antiga, PUC-Rio. Participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, EUA, Japão, Guatemala, Alemanha, França, Áustria, Inglaterra e Suécia. Possui obras em acervos de importantes instituições, como Jardim Botânico (obra tombada), FUNARTE e Floresta da Tijuca, entre outros. Seu livro Sobre a Natureza do Tempo, foi lançado em 2015, no Rio e em SP.
Galeria de Arte Solar
A Galeria de Arte Solar é a primeira e única galeria estruturada com curadoria e calendário de mostras anual, situada em uma comunidade no Rio de Janeiro. A sala, inaugurada em 2007 já realizou mais de 40 exposições. Só nos dois últimos anos, recebeu mais de 9 mil visitantes. As mostras duram dois meses em média e são intercaladas entre as dos artistas convidados pelo curador e as dos alunos do Solar Meninos de Luz. Todo artista que expõe na Galeria é convidado a ministrar uma oficina aos alunos, com o mesmo tema e técnica da sua própria mostra. Os artistas doam 50% do valor alcançado pelas suas obras para a manutenção da instituição.
Solar Meninos de Luz
O Solar Meninos de Luz completará 35 anos de assistência a famílias e à comunidade em 24 de dezembro de 2018 e completou, em 18 de agosto de 2018, 27 anos do Programa de Educação Integral para crianças e jovens. Ex-alunos, atualmente já formados e com bons empregos e alunos do Solar tornaram-se construtores da paz e modelos de autoestima e autonomia, influenciando no crescimento da comunidade. O Solar já provou que brasileiros antes excluídos, se participarem de bons programas de educação, cultura, esporte, saúde e desenvolvimento de valores ético-morais cristãos, em um clima de extremado amor, conquistarão as melhores oportunidades sociais – e poderão se tornar, um dia, assim, como esses maravilhosos “Meninos de Luz”!
A frente e o verso do olho na Ecarta, Porto Alegre
Galeria Ecarta recebe última exposição do ano: Imagens, desenhos, pinturas e instalações compõem o sexto projeto expositivo do ano selecionado por edital. A abertura conta com audiodescrição.
Na quinta-feira (13.12), a exposição A frente e o verso do olho ganha abertura na Galeria Ecarta. Os artistas Carlos Donaduzzi, Elias Maroso e Emanuel Monteiro propõem diferir da ideia de buscar nas imagens um avesso capaz de restituir um verdadeiro sentido ao que se vê. A mostra foi selecionada em edital e tem curadoria de Paula Luersen. A abertura acontece às 19h com audiodescrição, recurso dimensionado de forma poética para ser compreendido como parte da proposta.
A exposição parte dos escritos do romancista austríaco Robert Musil, autor que situa a imagem como um fremir de pálpebras, isto é, vibrações que tomam o pensamento por trás dos olhos fechados. Tal qual a reflexão sobre a linguagem inaudível que figura nos livros de Musil, o projeto expositivo trata das fronteiras entre o pensamento e sua fixação. “Mostrar que imagens realizadas podem guardar apenas de longe as feições do que as motiva e, ao mesmo tempo, continuar a ser pensamento em ato”, constatam os artistas.
De acordo com eles, não se trata de revelar o que está por trás das imagens. “O significado subjacente, o não dito velado pela aparência das coisas. O que se quer ao considerar as imagens pelo avesso do olho, é tratar do que ocupa o pensamento quando este se faz imagem, além do que não se fixa, e continua a restar para além do que se resolve em imagem”, refletem.
O trabalho de Elias Maroso revela que no confinamento dos objetos em espaço artístico, há imagens e forças capazes de atravessar paredes. Maroso parte das paredes da Ecarta e busca formas de transpor os limites do próprio recinto, projetando quebraduras e sinalizações, além de construir dispositivos que emitem energia eletromagnética que cruzam as paredes. “A arte não está apenas em um tipo de lugar e não se restringe aos espaços de exposição. Não se trata apenas de mostrar imagens e, sim, de produzir fenômenos do atravessamento”, ressalta.
O espaço imediato em que se dá a relação com telas de telefones, computadores e outros dispositivos é retratado por Carlos Donaduzzi. As imagens abordam a textura invisível e impregnada de silêncio que perpassa as ações nas redes. “Vídeo e fotos sublinham gestos mínimos, deixando dúvidas no que se desenrola à frente ou no verso dos olhos em cada cena retratada, concentrando a percepção do que se fixa e se perde no entorno das telas”, explica.
O artista Emanuel Monteiro trabalha as relações entre imagem e memória na produção de paisagens em desenho, pintura, livro de artista e instalações. “Recorro com frequência a materiais de origem orgânica e mineral na tentativa de evocar sensações táteis, somados ao uso da palavra escrita. A partir de fragmentos na construção de uma espécie de teatro da memória, as palavras, imagens e artefatos têm um lugar incerto, ambíguo e precário”, avalia.
A audiodescrição será transmitida dentro e fora da Ecarta, em um perímetro de 20 metros. O acesso é por aparelho de rádio sintonizado na faixa 88.8 FM. Os dispositivos desenvolvidos pelo artista Elias Maroso são dimensionados para destacar o não visível da imagem, além de entender a arte como força que não é restrita aos limites físicos e disciplinares dos lugares especializados.
A mostra faz parte do edital de seleção da Ecarta que contou com comissão julgadora formada por Francisco Dalcol, Mônica Zielinsky e Vera Pellin. A visitação é gratuita e encerra em 26 de janeiro na Ecarta (av. João Pessoa, 943).
Um pouco mais sobre os artistas e o local
Emanuel Monteiro (Londrina/PR, 1988) - artista visual e professor no curso de Artes Visuais, da UFPR. Está no doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs e conquistou o 4° Prêmio Incentivo à produção de Artes Visuais do RS e o 13° Salão Nacional de Arte de Jataí, em Jataí (Goiás).
Elias Maroso (Sarandi/RS, 1985) - artista visual e doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs. Desenvolve pesquisa individual em artes visuais voltada ao desenho artístico, objeto e intervenção. É um dos fundadores e atua como gestor e artista na Sala Dobradiça, em Santa Maria. Participou em duas edições da Bienal do Mercosul e realizou exposições em Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, além de Montevidéu e Maldonado (Uruguai), Viseu (Portugal) e em Florença (Itália).
Carlos Donaduzzi (Santa Maria/RS, 1989) - artista visual e doutorando em Artes Visuais pela Ufrgs. Foi premiado no Salão Latino-Americano de Artes Plásticas, promovido pelo Museu de Arte de Santa Maria, em 2014, com menção honrosa no mesmo evento em 2017. Há oito anos, participa de exposições coletivas e individuais em Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, São Paulo e Montevidéu com trabalhos em fotografia e vídeo.
Paula Luersen (Três de Maio/RS, 1988) – pesquisadora e doutora em Artes Visuais. Atuou na coordenação do espaço Quiosque da Cultura, em Gravataí (RS), onde deu início ao Prêmio de Incentivo à Produção em Artes Visuais. Foi mediadora em bienais e em outros eventos de arte contemporânea. Conta com artigo na revista Arte & Ensaio e tem participação no livro Outro ponto de vista.
Galeria Ecarta – dedicada à arte contemporânea e à experimentação produzida no Rio Grande do Sul. Completou 13 anos recebendo, em média, seis exposições anuais. Promove também itinerâncias, laboratórios de curadoria e montagem, entre outras atividades próprias e em parceria com instituições de âmbito local, regional e nacional. A coordenação é do artista, curador e gestor cultural, André Venzon.
Catarina Simão na Sala de vídeo MASP, São Paulo
Portuguesa explora relação entre a independência de Moçambique, educação e Paulo Freire
O último trabalho a estrear na sala de vídeo do MASP em 2018 será a videoinstalação da artista portuguesa Catarina Simão, Effects of wording [Efeito e redação] - The Mozambique Archive Series (2014), que trata das lutas de independência de Moçambique contra o colonialismo português, na década de 1960.
Catarina investiga a memória dos documentos históricos, fotografias e desenhos e propõe uma análise sobre a importância da educação nesse processo. O Institute of Mozambique, escola da FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique - alfabetizou um grande número de jovens africanos no período, tendo como referência as metodologias de ensino do pedagogo brasileiro Paulo Freire (1921-1997).
Em 2019, a sala de vídeos do MASP recebe, ainda como parte do ciclo de histórias afro-atlânticas, trabalhos de Jenn Nkiru e Akosua Adoma Owusu.
Sala de vídeo: Catarina Simão
13/12/2018 - 27/1/2019
Local: Segundo subsolo
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); terça-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$ 35 (entrada); R$ 17 (meia-entrada)
dezembro 9, 2018
Pedro Figari no MASP, São Paulo
A nostalgia e a herança africana de Pedro Figari
Mostra reúne 63 telas do pintor modernista uruguaio, que refaz em pinceladas imprecisas a memória e os costumes da população afro do Uruguai
Reconhecer o legado africano para além do mundo do trabalho, da natureza e do erotismo, como é comum na pintura do modernismo brasileiro, foi uma grande contribuição de Pedro Figari (1861-1938), intelectual, advogado, escritor e pintor uruguaio que ganha exposição no MASP. Ao longo de 63 trabalhos, distribuídas por seis conjuntos temáticos, Pedro Figari: nostalgias africanas apresenta de 14 de dezembro de 2018 a 10 de fevereiro de 2019 as cenas do passado do seu país através de obras que trazem o sempre incerto olhar da memória. No mesmo dia, o museu abre a exposição Lucia Laguna: vizinhança. As mostras encerram o ciclo de histórias afro-atlânticas, eixo temático que guiou a programação do museu neste ano.
Os dois primeiros conjuntos da mostra são dedicados às festas e danças populares, com destaque para o candombe, importante ritmo afro-uruguaio que é o tema maior parte das pinturas, a exemplo da tela Candombe, adquirida pelo museu em 2017.
É também no primeiro grupo de obras que se encontra aquela que dá nome à exposição, Nostalgias africanas, outra a apresentar uma cena de candombe.
“Se a ideia de nostalgia carrega em si a própria idealização do passado, a distinção entre lembrança e imaginação se torna tão vacilante quanto a pintura”, diz Mariana Leme, curadora da exposição ao lado de Pablo Thiago Rocca, diretor do Museo Figari, que recebe a mostra a partir de março de 2019. “Sobre cartões porosos, as pinceladas rápidas criam uma atmosfera de movimento e sonho; de nostalgia”, como diz o pintor.
De fato, nem o próprio Figari se lembrava ao certo em que medida havia testemunhado as cenas que pintou nos anos 1920 e 1930, quando a população do Uruguai já havia sofrido um intenso processo de perseguição e invisibilidade. Além de fugidia, a memória é criadora —e é, por isso, também ficção. Mas suas obras, mesmo que não sejam documentos de um determinado grupo social, certamente descortinam a complexidade de sua existência.
“Ainda que as cenas que Figari pintou não possam ser consideradas um registro histórico fiel, elas representam o desejo de reconhecer a importância histórica e cultural das populações uruguaias de origem africana em contexto urbanos”, afirma Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP. “A exposição inclui uma profusão de cenas do cotidiano, conferindo dignidade aos afro-uruguaios —há grupos que dançam candombes e bailongos, convivem nos pátios das moradias coletivas ou realizam cerimônias fúnebres tradicionais.”
O terceiro conjunto temático é voltado para as cenas de interior nos conventillos, habitações coletivas que funcionavam como verdadeiros centros de resistência negra, com forte presença em Montevidéu entre o final do século 19 e o começo do século 20.
O quarto e o quinto conjuntos reúnem flagrantes de festas de casamento e cerimônias fúnebres, como na pintura Entierro [Enterro], nesse caso realizado fora do cemitério, simbolizando a segregação social entre brancos e negros também na hora da morte. O sexto e último bloco se volta à nefasta instituição da escravidão, mas também celebra sua abolição, proclamada no Uruguai em 1842 —46 anos antes do Brasil. Com uma gama muito rica de tons terrosos, Figari representa um grupo de pessoas que festeja o episódio na rua, com lenços vermelhos e um vistoso estandarte, como se compartilhasse com aquelas pessoas a alegria de ter a liberdade assegurada.
As pinceladas soltas —que o levaram a ser comparado aos impressionistas franceses, embora estes tratassem de captar a fugacidade do momento presente e de retratar a classe burguesa— criam uma fluidez e uma imprecisão que passam longe da inconsistência, como lembra Mariana Leme. “Na verdade, tornam-se justamente uma potência, na medida em que o passado jamais pode ser apreendido a partir de uma suposta verdade assertiva e monolítica”, diz a curadora. “Figari não está interessado em detalhar semblantes ou criar uma narrativa bem-acabada, mas articular historicamente o passado, ao resgatar toda a riqueza da população afro-uruguaia, com suas festas e candombes que certamente existiram, e existem.”
A exposição é organizada pelo MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, em parceria com o Museo Nacional de Artes Visuales e o Museo Figari, ambos de Montevidéu, e tem curadoria de Mariana Leme, curadora assistente do MASP, e Pablo Thiago Rocca, diretor do Museo Figari.
Histórias afro-atlânticas
A exposição ocorre em um ano inteiro dedicado às trocas culturais em torno do Atlântico, envolvendo África, Europa e Américas ---que incluiu mostras individuais de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, Maria Auxiliadora e Emanoel Araujo, que ocorreram no primeiro semestre, a coletiva Histórias Afro-atlânticas e a monográfica de Melvin Edwards, realizadas no segundo semestre, assim como as exposições de Sonia Gomes e Rubem Valentim, no museu até março de 2019.
Na sala de vídeo também serão apresentados, ao longo de 2018, autores de diferentes nacionalidades, gerações e origens capazes de contar outras histórias da diáspora negra. Os artistas que participam do programa são: Ayrson Heráclito (19/4 a 17/6), John Akomfrah (28/6 a 12/8), Kahlil Joseph (23/8 a 30/9), Kader Attia, (11/10 a 25/11), Catarina Simão (13/12 a 27/01/19), Jenn Nkiru (08/02 a 24/03/19) e Akosua Adoma (14/6 a 18/7/2019).
Catálogo
A publicação Pedro Figari: nostalgias africanas, com organização editorial da curadora Mariana Leme, será lançada no dia da abertura, com edições separadas em português, inglês e espanhol, incluindo reproduções de todos os trabalhos expostos e textos de autores convidados a produzir novas reflexões sobre a obra de Figari, caso de Jean‐Arsène Yao, Olga Picún, Patricia M. Artundo e Yamandú Acosta, além dos próprios curadores da mostra, Leme e Pablo Thiago Rocca. Uma nota biográfica foi escrita pela pesquisadora Camila B. Ruskowski.
Lucia Laguna no MASP, São Paulo
A paisagem observada da janela do ateliê inspira obra de Lucia Laguna
A artista produziu para a mostra uma obra que dialoga com a coleção do MASP e os cavaletes de Lina Bo Bardi
Em paralelo a Pedro Figari: nostalgias africanas, o MASP abre ao público, em 14 de dezembro, Lucia Laguna: vizinhança. A mostra é uma seleção de 21 obras da produção mais recente da artista, de 2012 a 2018. Laguna passou a se dedicar à pintura nos anos 1990, depois de se aposentar como professora de língua e literatura portuguesa e latina e se descobriu artista plástica ao frequentar os cursos livres da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, no Rio de Janeiro.
As pinturas de Laguna são inseparáveis do local onde foram feitas: o ateliê-casa onde vive a artista de 77 anos e os arredores do bairro de São Francisco Xavier, zona norte do Rio de Janeiro, que podem ser vistos pela janela de seu estúdio. A artista conta que encontrou sua maneira de pintar a partir da observação de seu entorno: “Eu estava tentando encontrar um caminho em que eu me sentisse segura e dissesse: vou desenvolver isso. E eu só encontrei isso quando olhei para minha janela, para as empenas dos prédios [...]. Estou na frente do morro da Mangueira, deixa eu olhar isso de uma outra maneira, com um outro olhar”. A artista divide sua produção em três principais temas: Jardim, Estúdio e Paisagem, que, segundo Isabella Rjeille, curadora da exposição, “(...) definem e ampliam sua vizinhança. A partir de suas telas, a artista reconstrói o espaço ao redor de si, onde não há distinção entre dentro e fora, entre a casa e a cidade”.
Está dentro do último tema a obra criada pela pintora especialmente para a exposição no
MASP, Paisagem nº 114 (2018), na qual se veem diversas referências a obras da coleção do museu. “Com o mesmo movimento centrípeto que caracteriza seu processo, Laguna absorve o espaço de seu ateliê, de seu jardim, do MASP e da coleção da instituição para a tela”, diz Isabelle Rjeille. Nessa pintura, fragmentos de quadros presentes no MASP se confundem com as plantas do jardim da artista, o desenho sintético de uma vista lateral do edifício feito por Lina Bo Bardi convive com o guardião chinês de 618-907 d.C., uma das primeiras esculturas que avistamos ao entrar no segundo andar do museu, onde encontra-se a exposição Acervo em transformação, nos cavaletes de vidro.
“Há também duas referências à coleção kitsch, que não estão expostas nos cavaletes, mas integram a plural coleção do museu: um prato de porcelana com enfeites em relevo no formato de peixes e um sapato de plataforma, borrando distinções entre o que é tido como ‘alta’ e ‘baixa’ cultura”, afirma a curadora. “Todo o quadro é, por fim, seccionado por linhas que aludem às bordas dos vidros dos cavaletes de Bo Bardi, que, em registros fotográficos, marcam sua presença fantasmagórica.”
No entanto, sua vizinhança não informa apenas os temas das pinturas, mas também o seu processo, suas escolhas formais e referências. A artista, que desde o final dos anos 1990 dedica-se ao estudo minucioso das técnicas de pintura, mistura referências da História da arte com elementos encontrados no seu entorno e integra ativamente seus assistentes no processo. Eles iniciam as telas, esboçando as primeiras imagens, que mais tarde serão cobertas, redesenhadas, transformadas, rotacionadas ou capazes de reaparecer, ao retirar-se a fita adesiva que servia de máscara para a aplicação da tinta. “Esse processo coletivo trouxe para Laguna não apenas uma dinâmica própria na elaboração de suas telas, mas desafios formais a serem resolvidos em diálogo, além da incorporação de outros vocabulários ao seu léxico formal”, acrescenta Isabella Rjeille.
Ao escrever sobre Lucia Laguna para o catálogo da exposição, Fabiana Lopes assinala que ela “se tornou uma jovem artista aos 54 anos, começando sua prática após concluir seu ciclo como professora de português e literatura. A passagem para a pintura foi ancorada em prática assídua – Laguna dedicava de cinco a seis horas diárias à pintura – e em estudo das obras daqueles que considera sua ‘família artística’, sob a orientação de Charles Watson, pintor e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro”.
Os nomes dessa ‘família’ estão listados em lugar bem visível do ateliê de Lucia Laguna e dela fazem parte, por exemplo, Sean Scully, Richard Diebenkorn, John Baldessari, Henri Matisse, Giorgio Morandi, Paolo Uccello, Paula Rego, Beatriz Milhazes, Julie Mehretu, Cristina Canale, Vânia Mignone e Cathy de Monchaux, entre outros.
Histórias afro-atlânticas
A exposição ocorre em um ano inteiro dedicado às trocas culturais em torno do Atlântico, envolvendo África, Europa e Américas ---que incluiu mostras individuais de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, Maria Auxiliadora e Emanoel Araujo, que ocorreram no primeiro semestre, a coletiva Histórias Afro-atlânticas e a monográfica de Melvin Edwards, realizadas no segundo semestre, assim como as exposições de Sonia Gomes e Rubem Valentim, no museu até março de 2019.
Na sala de vídeo, também serão apresentados, ao longo de 2018, autores de diferentes nacionalidades, gerações e origens capazes de contar outras histórias da diáspora negra. Os artistas que participam do programa são: Ayrson Heráclito (19/4 a 17/6), John Akomfrah (28/6 a 12/8), Kahlil Joseph (23/8 a 30/9), Kader Attia, (11/10 a 25/11), Catarina Simão (13/12 a 27/01/19), Jenn Nkiru (08/02 a 24/03/19) e Akosua Adoma (14/6 a 18/7/2019).
Catálogo
A publicação Lucia Laguna: Vizinhança, com organização editorial da curadora Isabella Rjeille, será lançada no dia da abertura, com edições separadas em português e inglês, incluindo reproduções de todos os trabalhos expostos e textos de autores convidados a produzir novas reflexões sobre a obra de Laguna, como Bernardo Mosqueira, Fabiana Lopes, Marcelo Campos e a própria curadora da mostra.
dezembro 5, 2018
Denise Gadelha na FIC, Porto Alegre
Abertura terá visita guiada com a artista, no sábado, às 15h
No dia 8 de dezembro, sábado, a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre/RS, inaugura a exposição Náufragos na Correnteza do Tempo, da artista visual Denise Gadelha. A mostra – selecionada pelo Edital para Exposições Temporárias 2018 – apresenta sete projetos de base fotográfica, incluindo três instalações de grandes dimensões. Na abertura, às 15h, a artista realiza uma visita guiada aberta ao público. A entrada é franca, sem inscrições prévias.
A exposição parte de um acidente sofrido pela artista – que perdeu suas obras em um vazamento de água devastador em seu apartamento. Entendendo que a degradação faz parte do processo de crescimento, Denise transmuta o caráter trágico do acidente ao encarar as perdas com otimismo e construir novos trabalhos a partir do que restou. As obras abordam a transformação física de imagens que sofreram desgaste pela ação da água, variação de temperatura e proliferação de mofo. A passagem do tempo sobre a matéria, mesmo aquela destinada ao registro da memória – como no caso da fotografia – é o tema desta exposição.
Apenas duas obras originais que sobreviveram ao acidente compõem a mostra. Os demais projetos, de caráter instalativo, foram na maioria especialmente concebidos para o espaço da Fundação. A exceção é a obra Espaço-tempo permeável que foi comissionada para a exposição Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca, em 2017. Apesar de ter sido incorporada ao acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, será apresentada na Fundação em uma nova montagem.
A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio de Itaú, Grupo GPS, IBM, Oleoplan, Agibank, BTG Pactual, Banrisul e apoio SLC Agrícola, Sulgás e DLL Group, com realização e financiamento do Ministério da Cultura / Governo Federal. Hotel oficial: Ibis Styles Porto Alegre. Serviços de tradução: Traduzca. Patrocinador do projeto Iberê nas Praças: Corsan – Companhia Riograndense de Saneamento. Apoiador da exposição Subversão da Forma: Unisinos.
Denise Gadelha nasceu em Belém do Pará em 1980, mas viveu em Porto Alegre de 1981 a 2010. Hoje vive e trabalha em São Paulo. É mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais do Instituto de Arte da UFRGS. Atua como artista, professora, curadora e organizadora de programas culturais vinculados à arte contemporânea, fotografia e publicações independentes. Com o auxílio do Prêmio Marc Ferrez da Funarte coordenou o projeto de pesquisa entrevistando mais cem artistas de Norte a Sul do Brasil ao longo de dois anos, que culminou na exposição “Fotos contam Fatos” na Galeria Vermelho (2014-15), e a disponibilização online da catalogação dos 222 itens que compuseram a mostra. Em 2017, o desdobramento desta pesquisa intitulado “Photo-Paged” foi apresentado no Centre de la Photographie Genève, Suíça. Neste ano também organizou a Plataforma Brazil na programação da MIA-Photo em Milão, com a curadoria da exposição “TransNaturae”. Atuando como artista, em 2017 participou das mostras “Antilogias: o fotográfico na Pinacoteca” (Pina_SP), participou do coletivo Marginalia Museum, na mostra “De Rerum Natura”, no espaço Camera F em Lugano, Suíça, e, da mostra “O que a Imagem Não Revela”, no espaço independente Isla, São Paulo, SP. Ainda em 2017, foi a idealizadora e organizadora do evento “Livrotecagem + Escambo”, realizado na Galeria Vermelho como parte das atividades itinerantes da SP-Arte/Foto.
Matias Mesquita + Grupo Em Branco na Referência, Brasília
Referência Galeria de Arte celebra 23 anos de arte com as mostras inéditas de Matias Mesquita e grupo Em Branco
Para comemorar os 23 anos de fundação, a Referência Galeria de Arte inaugura no próximo sábado, 8 de dezembro, às 17h, as mostras Intempéries permanentes, de Matias Mesquita com curadoria de Cinara Barbosa, e Ultramar, do grupo paulistano Em Branco. As duas exposições trazem ao público obras inéditas dos artistas, que apresentam novos processos construtivos e de produção. No dia da abertura das mostras, às 17h, o grupo Em Branco - formado pelos artistas Adriana Rocha, Ana Michaelis, Celso Orsini, Cris Ioschpe, Patricia Furlong e Reynaldo Candia - participa de uma conversa aberta ao público.
Em “Intempéries permanentes”, Matias Mesquita dá continuidade à sua pesquisa com materiais de construção, estruturais e arquitetônicos, ampliando o leque de suportes possíveis para receber sua pintura. Para a mostra que apresenta na Referência Galeria de Arte, o artista agrega à sua produção novos materiais como: chapas de alumínio, caixas de ferro, placas de concreto e de terra vermelha do Cerrado, blocos de concreto, de tijolos e de alvenaria. A matéria prima opera como indício de nossa realidade urbana, destrinchando sua condição social, massificada e industrial.
É na imersão contemplativa dentro do cotidiano corriqueiro que Matias Mesquita encontra a primeira força motriz para o desenvolvimento de seus trabalhos. A livre associação de situações do dia a dia gera imagens e reflexões que começam a dar contorno às ideias e ao conceito das obras. No contraste entre as delicadas pinceladas e a brutalidade dos suportes, justaposição que ora funciona como complemento simbólico, ora como jogo de opostos, transmuta-se a poética essencial do trabalho do artista. Rompem-se, portanto, os limites que delimitam a fronteira entre a instalação, a escultura e a pintura para percebermos a vertente de um trabalho híbrido.
A curadora Cinara Barbosa acompanha a produção de Matias Mesquita desde 2016. Ela afirma que o processo de construção desta mostra partiu do interesse e da expertise do artista em pintura sobre materiais diversos. Segundo a curadora, existe a preocupação em apresentar pelo menos a trajetória de um processo que já se encontra em outras etapas, mas em que se podem conferir as nuances dessa origem e dos novos apontamentos da pesquisa. “Ao longo de dois anos, desenvolvemos uma serie de interlocuções pensando em projetos de exposição. Muitas questões foram discutidas durante o processo que partiam do interesse do Matias e de sua expertise da pintura sobre materiais diversos”, afirma.
Sobre Matias Mesquita
Graduado em Desenho Industrial /Comunicação Visual pela PUC-Rio em 1998, Matias Mesquita inicia sua carreira profissional na produção de video-clipes de animação, alguns deles premiados pela MTV Video Music Awards Brasil, e trabalhou em animações do Estúdio 2D Lab. Em 2009 começa a frequentar o curso “ARTE HOJE: Atitudes contemporâneas”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e inicia sua carreira como artista plástico. Segundo a curadora Cinara Barbosa, Matias Mesquita carrega consigo uma consciência dos limites e do alcance da pintura fruto de uma história familiar da mãe, a pintora e restauradora Maria Ines Alvarez, e do pai, pintor e membro do grupo de arte geométrica Arte Nuevo.
Desde que começou a trabalhar como artista plástico, Matias Mesquita participa de exposições coletivas no Rio de Janeiro, nas galerias A Gentil Carioca, Luciana Caravelo e AmareloNegro. Em São Paulo, nas galerias Emma Thomas e Oscar Cruz. E, em Phoenix, Arizona (EUA), na phICA. Em 2011, foi agraciado com o terceiro lugar no Prêmio 20º Encontro de Artes de Atibaia/ São Paulo e com o Prêmio IBRAM Feira ArtRIO. A partir de então decidiu dedicar-se exclusivamente às artes plásticas. No ano seguinte, em 2012, fez sua primeira exposição individual, “Incontáveis”, em A Gentil Carioca, Rio de Janeiro. Seguindo em 2013 com a exposição “O que pesa mais”, também em A Gentil Carioca. Em 2014, fez “Impermanência”, no Elefante Centro Cultural, Brasília. Em 2015, abre a individual “Traços de Impermanência”, na Zipper Galeria, São Paulo. Desde 2013 mora e trabalha em Brasília, onde fundou junto com a gestora cultural Flavia Gimenes o Elefante Centro Cultural.
Ultramar - grupo Em Branco
Formado pelos artistas visuais Adriana Rocha, Ana Michaelis, Celso Orsini, Cris Ioschpe, Patricia Furlong e Reynaldo Candia, o grupo Em Branco apresenta a mostra “Ultramar”. Em exibição até o dia 26 de janeiro na Sala Acervo, a exposição traz obras dos artistas em óleo e acrílica sobre tela e colagens. O título da mostra é emprestado da cor azul ultramar. “Ainda que não exista a interferência de um artista sobre a obra de outro, esta é uma linha que costura a organização da exposição. É uma cor recorrente em nossas obras, mesmo quando estão sob camadas de veladuras ou são apenas fios”, afirma Adriana Rocha.
Adriana Rocha lida com o conceito da ruína como destruição ou apagamento da memória, sendo a própria pintura constituída por um movimento contínuo de construção e destruição. Como em uma reescrita, a imagem restante, construída, traduz essa colagem de tempos e de memórias. Ana Michaelis constrói paisagens imaginárias, desabitadas, misteriosamente guardadas atrás das diluídas camadas de tinta branca, na busca do silêncio. A série "Fractal” são pinturas que sugerem um sentindo de tempo alongado, infinito, criando um ambiente de reflexão.
Celso Orsini, cujo trabalho sempre foi bastante inspirado pela simbólico mineiro, aborda a questão temporal na pintura, compondo imagens geométricas através da sobreposição de camadas. O assunto da pintura é o espaço e a cor. Cris Ioschpe atuando na área da gravura e da pintura. Seus trabalhos mais recentes são criados a partir da fragmentação e fusão de imagens. Nas pinturas atuais, o azul do céu e da água são protagonistas. De caráter intimista, pinceladas criam uma atmosfera invernal, uma luz do amanhecer ou do anoitecer. Não se trata de preencher o vazio, é preciso evidenciá-lo.
Em 2005, o interesse da artista Patricia Furlong pela paisagem urbana cedeu espaço para a paisagem natural, principalmente a de jardins. Ela continua a pesquisa que vinha desenvolvendo ao investigar o significado simbólico dessa paisagem em procedimentos como a pintura de cavalete, a fotografia e a colagem. Com isso a reinvenção de significados característica de sua obra ganha nova dimensão. Atualmente, dedica-se a aprofundar as questões pictóricas suscitadas pela abordagem incessante de seu objeto de estudo. Reynaldo Candia desenvolve sua pesquisa artística através do desvio da bidimensionalidade e de objetos que possuem carga de memória e abandono. Colagem, construção, camada e cor são algumas de suas inquietações, além do uso de materiais diversos que atendam a sua escolha.
O grupo Em Branco começou a atuar em 2004, como resultado do encontro de um grupo de artistas com o intuito de trocar experiências e debater ideias no campo da arte contemporânea. A partir de então, parte deste grupo, cuja maior característica era justamente a heterogeneidade de seus trabalhos, passou a realizar mostras em um circuito expositivo que vem resinificando suas poéticas desde então.
Segundo Celso Orsini, o que une os integrantes é o interesse pela discussão sobre a arte, as técnicas que cada um dos membros desenvolve e a empatia. “Funcionamos muito bem nas discussões, sem interferir na produção dos outros. O contato com os colegas de grupo não afeta fisicamente nossas produções. Quando fazemos as exposições em grupo, queremos mostrar a diferença de linguagem e os caminhos que cada um toma”, afirma o artista. “Trabalhamos em separado. Cada um tem um ateliê, uma galeria diferente. Quando nos reunimos, observamos as produções uns dos outros, como forma de levarmos adiante a discussão sobre arte”, completa Orsini.
O grupo já realizou projetos em Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Atualmente, está em cartaz com a mostra “Ato contínuo”, que reúne pinturas e instalações, resultado de 45 dias de residência artística e ateliê aberto na Casa do Tatuapé / Museu da Cidade de São Paulo.
A mostra “Intempéries permanentes” fica em cartaz até o dia 23 de fevereiro de 2019 na Sala Principal da Referência Galeria de Arte. “Ultramar”, fica em exibição até o dia 26 de janeiro de 2019 na Sala Acervo. A visitação é de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11 – Subsolo, Brasília-DF. Telefone (61) 3963-3501.
23 anos de Referência
A Referência Galeria de Arte é uma das mais longevas e atuantes galerias de arte do Distrito Federal. Em 23 anos, realizou importantes exposições de artistas contemporâneos brasileiros e de Brasília. Em sua trajetória, foi responsável por apresentar ao público do País e do mundo a produção de artistas jovens e consagrados que produzem há pelos menos quatro décadas.
No elenco de artistas que têm obras no acervo da Referência estão Adriana Rocha, Adriana Vignoli, Alex Cerveny, Alice Lara, André Santangelo, Carlos Vergara, Celso Orsini, Christus Nóbrega, Claudio Tozzi, Cris Ioschpe, David Almeida, Diego Santos, Elyezer Szturm, Evandro Soares, Fernando Lucchesi, Galeno, Gê Orthof, Helô Sanvoy, Henrique Detomi, Jaques Faing, João Angelini, João Teófilo, João Trevisan, José Roberto Bassul, Luiz Áquila, Luiz Galina, Luiz Mauro, Marcelo Feijó, Marcio Borsói, Patrícia Bagniewsky, Patricia Furlong, Paulo Torres, Paulo Whitaker, Pedro Gandra, Pedro Ivo Verçosa, Pitágoras Lopes, Ralph Gehre, Raquel Nava, Rodrigo de Almeida Cruz, Rodrigo Godá, Rogério Ghomes, Talles Lopes, Ursula Tautz, Valdson Ramos, Virgílio Neto, Walter Goldfarb e Zuleika de Souza.
Alice Vinagre no Mamam, Recife
Depois de sete anos sem realizar uma individual no Recife, artista ocupa o museu com a exposição Com olhos de náufrago ou onde fica o próximo porto
No próximo dia 6 de dezembro, às 19h, Alice Vinagre inaugura a exposição Com olhos de náufrago ou onde fica o próximo porto, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Com curadoria de Julya Vasconcelos, a mostra reúne mais de 30 trabalhos, que vão desde telas pintadas durante as décadas de 1980 e 1990, até produções recentes, algumas pensadas especialmente para a exposição. Além de pinturas, Alice também exibe fotografias, um vídeo e duas instalações, sendo uma delas inédita. Esta é a 14ª exposição solo da artista, que não faz uma individual em Recife desde 2011.
O título da mostra, escolhido pela artista, também batiza um dos trabalhos em exposição. Segundo Alice - em referência ao trabalho, que retrata um pequeno barco navegando um mar agitado - “a imagem desse barco no mar revolto fala de uma jornada espiritual, o risco da busca pelas terras desconhecidas”, evocando as ideias da monja budista Pema Chödrön, uma de suas referências. “O risco do naufrágio como metáfora da busca espiritual e do náufrago como uma espécie de alegoria da condição humana é um dos eixos possíveis de leitura da exposição, e também o naufrágio em seu sentido prosaico, de afundamento nas águas, e as sensações e imagens que podem se despregar daí. Há um maciço uso dos translúcidos, do espaço vazio, do azul, dos barulhos e dos silêncios, que remetem a esse significado”, explica a curadora.
A exposição se estrutura em dois momentos. O primeiro, que se inicia no grande salão térreo, é uma espécie de preâmbulo, um passeio pela obra mais explosiva e colorida de Alice. Nesse primeiro momento, que opera um recorte de trabalhos mais antigos da artista, estão concentradas produções dos anos 80, 90 e começo de 2000. Muitos destes trabalhos não são expostos há décadas, e alguns nunca foram vistos pelo público recifense. “São trabalhos que tem uma presença em termos de cor e de ruído. São mais barulhentos. Alguns remetem ao grafite, à charge, ao rabisco, a movimentos espontâneos”, explica a artista.
Depois dessa introdução, toda a exposição passa a trafegar por um fio condutor que remete sempre à fluidez, à agua, ao silêncio, ao mar. Aqui estão sobretudo as obras mais recentes de Alice, que vem desenvolvendo uma longa série que tem a água como elemento central e o uso do azul como recurso expressivo. O vídeo, feito com filmagens de uma câmera de celular, e mostrado apenas uma vez em João Pessoa, dialoga fortemente com a instalação que toma o primeiro andar do museu. A artista também expõe algumas referências literárias e filosóficas nas paredes do último andar do espaço, como forma de abrir o universo criativo e processual dos trabalhos.
Berna Reale na Sem Título Arte, Fortaleza
A presença de uma das mais importantes artistas contemporâneas do Brasil marca a participação da Sem Título Arte no Foto Festival Solar
Grito Mudo dá nome a exposição que a artista paraense Berna Reale inaugura em Fortaleza no dia 7 de dezembro, na Sem Título Arte, sob a curadoria de Ângela Berlinde. A data será marcada por dois eventos com a presença da artista: uma visita guiada por ela pela exposição, às 11h, e a abertura a partir das 18h.
Berna Reale é uma das artistas de maior destaque no atual cenário contemporâneo do Brasil e reconhecida internacionalmente por suas performances como Rosa púrpura (2014 - performance | vídeo) em que ela e um grupo de 50 colegiais marcham pelas ruas de Belém, seguidas por uma banda militar. Todas estão vestidas com uniformes típicos de colégios tradicionais – blusas justas e saias de prega, mas na cor pink –, carregando na boca próteses que remetem a bonecas infláveis. No trabalho, a artista reuniu ainda depoimentos de algumas das participantes em que descrevem suas experiências com a violência e a coação sexual.
A curadora Ângela Berlinde percebe a obra da artista como “um verdadeiro campo de batalha, um manifesto visual no qual a tensão com o real traz à tona a sua relação conflituosa com o caos do mundo. Aqui nada é tranquilo. A autora prende-nos em uma rede de inquietações que nos atira da inércia para uma ação estética, através de um vivo discurso político que quebra a continuidade pacífica do real. É uma boca em chamas, um grito mudo contra a violência na sociedade contemporânea. Grito esse que vibra mudo numa evocação da loucura, da perda de controle diante do caos, dos altos índices de violência com os quais a artista, que é também perita criminal, lida diariamente”.
Reale atua entre as artes visuais e a perícia criminal, sua produção é composta por performances, fotografias, vídeos e instalações e é marcada pela crítica a aspectos materiais e simbólicos da violência e os processos de silenciamento presentes na sociedade. A exposição na Sem Título Arte, que integra a programação do Foto Festival Solar, reúne as alegorias e as parábolas de Berna Reale sobre os impasses do presente, imagens que são também registros das suas performances. Na mostra, a curadoria junta fotografia e vídeo em um universo de abismo, tensão e vertigem.
Na série “Retratos" encena-se três alegorias da sociedade brasileira - “a morte, o mito e a mulher” -, a partir do acúmulo de elementos de mise-en-scène meticulosamente definidos pela artista. Através dos videos-performance, Berna traz para o campo da arte o gesto político de propagar alegorias que se referem às realidades sociais do Brasil: co-rrupção, arbitrariedade policial, destruição ambiental, criminalidade, violência contra as mulheres. A artista é protagonista de seus vídeos e entrega o “corpo às balas” atuando com o rosto inerte, alheia ao seu entorno, como se estivesse para além do bem e do mal. Apesar de toda a solidão que a rodeia, Berna é alguém que se entrega à multidão.
Berna Reale nasceu em Belém do Pará/PA, Brasil, 1965, onde vive e trabalha. Formou-se em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém.
Principais individuais e coletivas recentes incluem: GULA, Galeria Nara Roesler | São Paulo, São Paulo/SP, Brazil ; III Beijing Photo Biennial – Confusing Public and Private, Central Academy of Fine Arts (CAFA Art Museum), Beijing, China; I Mostra de Filme de Artista, Espaço Cultural Porto Seguro (ECPS), São Paulo/SP, Brasil Brasile; Knife in the Flesh, Padiglione d'Arte Contemporanea Milano (PAC), Milan, Italy. Achados e Perdidos, Jacaranda, Villa Aymoré, Rio de Janeiro/RJ, Brasil.
Foi uma das representantes do Brasil na 56ª La Biennale di Venezia, Veneza, Itália (2015), participando também do 34º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), São Paulo/SP, Brasil (2015), da Bienal de Fotogra a de Liège, Liège, Bélgica (2006) e da 13a Bienal de Arte de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, Portugal (2005). Recebeu as seguintes premiações: 5a Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas, Brasil (2015); Prêmio PIPA Online 2012, Rio de Janeiro/RJ, Brasil (2012); e Grande Prêmio do Salão Arte Pará, Belém/PA, Brasil (2009). As suas obras fazem parte de coleções institucionais, como: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), São Paulo/SP, Brasil; Museu de Arte de Belém, Belém/PA, Brasil; e Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro/RJ, Brasil.
Ângela Ferreira (a.k.a. Berlinde) - Porto, Portugal, 1975 - é artista e curadora com Doutorado em Fotografia e atua sobre as formas híbridas da fotografia. É uma das curadoras convidadas da Photo Biennial de Beijing 2018, na China, e atualmente é consultora e diretora artística para a área de Fotografia na Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, Brasil.
Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929) na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca apresenta mostra que investiga a importância da representação do artista e de seu trabalho na arte brasileira
Conjunto de 120 obras, produzidas entre o século 19 e início do século 20, de 33 diferentes artistas, traz imagens de ateliê, retratos e autorretratos que demonstram a preocupação com a legitimação do trabalho do artista no Brasil
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta, de 8 de dezembro de 2018 até 25 de fevereiro de 2019, a exposição Trabalho de artista: imagem e autoimagem (1826-1929), que ocupa quatro salas do 1º andar da Pina Luz. Com concepção curatorial de Fernanda Pitta, da Pinacoteca de São Paulo, e cocuradoria de Ana Cavalcanti (UFRJ) e de Laura Abreu (MNBA), a exposição apresenta um conjunto com cerca de 120 obras – pinturas, esculturas, gravuras e desenhos. São 33 autores, mulheres e homens, que representaram seu trabalho e suas figuras de artista, entre o século 19 e início do século 20, período em que se constitui o sistema artístico moderno no Brasil.
A exposição, patrocinada pelo Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, foi organizada em torno de quatro eixos: Criação e ofício, O ateliê como motivo, A persona do artista (retratos e autorretratos) e O artista e a modelo. O conjunto traz obras que, mais do que o simples exercício da representação de retratos e autorretratos ou de cenas pitorescas de ateliê, representam o esforço de gerações de artistas para apresentar ao público sua imagem e seu trabalho, sua persona e seu universo de criação, legitimando sua presença na cultura brasileira. Obras como Longe do lar (1884), de Benedito Calixto, e O importuno (1898), de Almeida Júnior, ambas pertencentes à coleção da Pinacoteca, são testemunhos da autoconsciência dos artistas em construir uma imagem pública de si e de seu ofício.
Integram também obras provenientes de 25 coleções privadas e públicas, incluindo o Museu D. João VI (Rio de Janeiro), Museu de Arte de Belém e o Museu de Arte de São Paulo. Além delas, a mostra apresenta ainda fotografias de ateliês, revistas ilustradas com reportagens sobre a vida de pintores e escultores brasileiros, álbuns de artistas, e os primeiros livros dedicados à história da arte e dos artistas no Brasil, como Belas Artes: estudos e apreciações (1885), de Felix Ferreira, A arte brasileira: pintura e escultura (1888), de Gonzaga Duque, e a primeira edição da biografia de Antonio Parreiras, História de um pintor contadas por ele mesmo (1881-1926), de 1926.
O conjunto propõe demonstrar que a estratégia, usada pelos artistas da época, de construir uma imagem de si mesmos e de seu trabalho significava elevar seu próprio status na sociedade brasileira, tradicionalmente marcada pela desvalorização de todos os ofícios ligados ao artesanato e ao esforço manual. Evidencia também as exigências contraditórias de uma formação artística oferecida pelo sistema acadêmico, dirigida para a pintura de história ou para o monumento público, que ao mesmo tempo requisitava ao artista que se afirmasse como profissional “em exposição”, que deveria construir sua imagem e reputação para concorrer num mercado pouco a pouco em expansão.
Rosana Paulino na Pinacoteca, São Paulo
Primeira retrospectiva de Rosana Paulino percorre vinte e cinco anos de sua produção
Mostra da artista paulista, que coloca em discussão o lugar da mulher negra na sociedade contemporânea e a herança da escravidão, encerra o ano dedicado às artistas mulheres na Pinacoteca
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta, de 8 de dezembro de 2018 até 4 de março de 2019, a exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória, que ocupa três salas do 1º andar da Pina Luz. Com curadoria de Valéria Piccoli e Pedro Nery, curadores do museu, trata-se da maior exposição individual da artista em uma grande instituição no país. Reconhecida pelo enfrentamento de questões sociais que despontam da posição da mulher negra na sociedade contemporânea, a artista apresenta mais de 140 obras produzidas ao longo de vinte e cinco anos. A mostra encerra o ano dedicado às artistas mulheres na Pinacoteca.
Ao revolver o início de sua história pessoal, Rosana Paulino observa que o problema da representação dos negros traduz-se na sua quase ausência nos mais variados aspectos da vida dos brasileiros e na história, sobretudo na história das artes visuais. A artista surge no cenário artístico nos anos 1990 e se distingue, desde o início de sua prática, como voz única de sua própria geração, ao abordar de forma afiada temas socais, étnicos e de gênero. Questões perturbadoras no contexto da sociedade brasileira.
A produção de Paulino tem abordado situações decorrentes do racismo e dos estigmas deixados pela escravidão que circundam a condição da mulher negra na sociedade brasileira, bem como os diversos tipos de violência sofridos por esta população. A artista se vale de técnicas diversas – instalações, gravuras, desenhos, esculturas, etc – e as coloca a serviço do questionamento da visão colonialista da história que subsidia a (falsa) noção de democracia racial brasileira. Esses fundamentos embasaram o conhecimento científico e biológico dos povos e da natureza dos trópicos, contaminaram as narrativas religiosas até atingir o foro doméstico, servindo como eixo para a legitimação da supressão identitária dos africanos e africanas no Brasil.
A exposição Rosana Paulino: A Costura da Memória reúne obras produzidas entre 1993 e 2018, como Bastidores (1997) e Parede da memória (1994-2015), decisivas do início de sua carreira. Estas remontam à sua narrativa pessoal e se apresentam como ponto de partida do percurso expositivo. Situadas na sala principal, a primeira traz, como no título, uma série de suportes para bordar com figuras de mulheres de sua família impressas em tecido cujos olhos, bocas e gargantas estão costurados, indicando o emudecimento imposto às mulheres negras, muitas vezes fruto da violência doméstica.
Parede da memória, que pertence à coleção da Pinacoteca, é composta de 1500 “patuás“ – pequenas peças usadas como amuletos de proteção por religiões de matriz africana – que traz onze retratos de família que se multiplicam, uma forma natural da artista investigar a própria identidade a partir de seus ancestrais. Antigas fotos de família são então transformadas em uma poética e poderosa denúncia sobre a invisibilidade dos negros e negras, que não são percebidos como indivíduos mas como um grupo de anônimos.
Na sala seguinte, estarão expostos vários conjuntos de desenhos, “um aspecto pouco abordado na obra de Rosana Paulino, mais conhecida pelas instalações e obras em gravura”, comenta a curadora Valéria Piccoli. Nesses desenhos, a artista revela sua fascinação pela ciência e, em especial, pela ideia da vida em eterna transformação. Os ciclos da vida de um inseto se aproximam nessas obras das mutações no corpo feminino, por exemplo. As séries de desenhos serão expostas junto da instalação Tecelãs (2003), composta de cerca de 100 peças em faiança, terracota, algodão e linha, que leva para o espaço tridimensional o tema da transformação da vida explorado nos desenhos.
A iconografia da natureza brasileira do século XIX – incluindo ilustrações científicas de plantas, animais e pessoas – também tem servido como fonte material para Paulino. Ao retrabalhar essas imagens, que circularam principalmente em livros de autoria de viajantes europeus, a artista investiga como a ciência, mas também a religião e as noções de progresso serviram como justificativa para a colonização, a escravidão e o racismo. Este interesse pode ser visto nas colagens feitas com impressões, gravuras e monotipias, A Geometria à brasileira chega ao paraíso tropical (2018) e Paraiso tropical (2017), que se encontram na terceira e última sala da exposição.
Junto a elas está a instalação Assentamento (2013), composta de figuras em tamanho real de uma escravizada retratada por Ausgust Sthal para a expedição Thayer, comandada pelo cientista Louis Agassiz. Essas imagens monumentais impressas em tecido, material predominante na prática mais recente de Paulino, são acompanhadas de vídeos e fardos de mãos. Os tecidos, suturados de forma grosseira, denunciam o trauma da escravidão e a necessidade de “refazimento”, como estratégia de sobrevivência, destes homens e mulheres que aqui aportaram.
”A figura que deveria ser uma representação da degeneração racial a que o país estava submetido, segundo as teorias racistas da época, passa a ser a figura de fundação de um país, da cultura brasileira. Essa inversão me interessa”, comenta a artista. O título da obra, que encerra a exposição, traz um duplo sentido: é tanto a fundação de uma cultura, de uma identidade , quanto a energia mágica que mantém o terreiro, segundo as religiões de raiz africana. “É onde se encontra a força da casa, seu ´axé´, finaliza a artista.
Rosana Paulino, nascida em São Paulo, em 1967, é Doutora em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Eca/USP, é Especialista em Gravura pelo London Print Studio, de Londres e Bacharel em Gravura pela Eca/USP. Foi bolsista do programa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008 e Capes, de 2008 a 2011. Em 2014 foi agraciada com a bolsa para residência no Bellagio Center, da Fundação Rockefeller, em Bellagio, Itália e em 2017 foi vencedora do dos Prêmio Bravo e ABCA – Associação Brasileira dos Críticos de Arte, na modalidade Arte contemporânea. Possui obras em importantes museus tais como MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; UNM - University of New Mexico Art Museum, New Mexico, USA e Museu Afro-Brasil – São Paulo. Tem participado ativamente de diversas exposições, tanto no Brasil como no exterior, das quais se destacam a individual Atlântico Vermelho, no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, Portugal (2017) Mulheres Negras – Obscure Beauté du Brésil. Espace Cultural Fort Grifoon à Besançon, França (2014); e participações nas exposições coletivas: South-South: Let me Begin Again. Goodman Gallery, Cidade do Cabo, África do Sul (2017); Territórios: Artistas Afrodescendentes no Acervo da Pinacoteca, Pinacoteca de São Paulo, SP (2015); Incorporations. Europália 2011, La Centrale Eletrique, Bruxelas, Bélgica; Roots and more: the journey of the spirits. Afrika Museum, Holanda (2009); IV Bienal do Mercosul, Rio Grande do Sul, RS; Côte à Côte - Art Contemporain du Brasil - Capcmusée d´Art Contemporain – Bordeaux, França.
Projeto 1:1 - Ricardo Basbaum na Jaqueline Martins, São Paulo
A Galeria Jaqueline Martins apresenta a terceira edição do projeto 1:1 com uma obra inédita do artista brasileiro Ricardo Basbaum e curadoria de Bruno de Almeida. A abertura da exposição Sistema-cinema: êxtase & exercício está marcada para 8 de dezembro.
A cada edição do projeto um artista é convidado a conceber um trabalho que ocupe uma sala de exposição da galeria e um segundo estabelecimento com seus próprios usos e funções no bairro da Vila Buarque, centro de São Paulo, onde a galeria se localiza. Para esta edição, Ricardo Basbaum escolheu correlacionar o espaço expositivo a uma série sequencial de espaços domésticos que variam ao longo da exposição.
A relação entre o espaço de exposição e o residencial é estabelecida através de um sistema de câmeras de vídeo de circuito-fechado que capta imagens em cada um dos locais e as transmite em tempo real de um para o outro. O enquadramento das câmeras não mostra a totalidade desses lugares, ao invés, foca em um objeto criado pelo artista, duplicado, colocado em cada um dos espaços. Ambas as peças são exatamente iguais, suas formas são familiares, aproximam-se do corpo, mas não remetem diretamente a nada conhecido; possuem também um forte apelo tátil que é evidenciado pela sua materialidade, convidando ao toque. Tanto os usuários dos espaços domésticos quanto os da galeria são convidados a exercitar-se a partir do livre manuseio das peças, ação que é capturada pelas câmeras e transmitida ao vivo para o outro espaço. Desta forma, manipular o objeto torna-se um ato performativo face a um receptor ou público distante, acompanhado pela possibilidade voyeurística de observar a ação (ou falta dela) realizada no outro local.
As imagens transmitidas não só geram uma tensão entre o “ver” e o “ser-visto” e entre o “eu” e o “outro”, mas intersectam duas esferas aparentemente opostas, a privada do espaço doméstico e a (semi)pública do espaço expositivo. A dicotomia entre público e privado é ainda sublinhada pelas condições de circulação entre ambos os lugares. Ao contrário de edições anteriores do projeto 1:1 onde a visitação das obras localizadas fora do espaço da galeria era facilitada pelo caráter semi-público dos estabelecimentos, nesta edição a possibilidade de visitação dos espaços domésticos não é um dado adquirido e passará pela mediação da galeria assim como por uma contínua negociação com cada um dos seus diferentes moradores.
Ricardo Basbaum, São Paulo, Brasil, 1961. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Artista, escritor e professor, Basbaum investiga a arte como um dispositivo intermediário e plataforma para a articulação entre experiência sensorial, sociabilidade e linguagem. Desde o final da década de 1980, ele criou um vocabulário específico para seu trabalho, aplicando-o de maneira particular a cada novo projeto. Estes, se manifestam como desenhos, instalações, vídeos e intervenções urbanas. Basbaum é autor de uma instalação permanente na New Tate Modern, Londres e teve exposições em importantes instituições como a Documenta XII em Kassel, Museu de Arte Contemporânea de Chicago, Bienal de São Paulo, entre outras. Sua produção de Diagramas (uma modalidade de intervenção site-specific que reúne palavras, desenhos e instruções) foi agrupada no livro “Diagramas, 1994 - on going” (Errant Bodies Press, 2016). Basbaum é também o autor de “Manual do artista-etc” (Azougue, 2013), “Ouvido de corpo, ouvido de grupo” (2010) e “Além da pureza visual” (Zouk, 2007). Professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense de Niterói, também trabalhou no Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1998-2016) e como Professor Visitante na Universidade de Chicago (2013).
Bruno de Almeida, 1987, Brasil/ Portugal. Arquiteto e curador. Integra o Programa Curatorial 2018/19 da instituição De Appel, Amsterdã, Países Baixos. Fundador e curador dos projetos 1:1 (2018-) em colaboração com a Galeria Jaqueline Martins, e SITU (2015-2017) em colaboração com a Galeria Leme, ambas em São Paulo, Brasil. Desenvolveu outros projetos/exposições com instituições tais como: Harvard University, Graduate School of Design, Cambridge, EUA; Storefront for Art and Architecture, Nova Iorque, EUA; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil, entre outras. Participou das residências: TATE Intensive, TATE Modern, Londres, Inglaterra; Ideas City Arles, New Museum (NYC) em colaboração com LUMA Foundation, Arles, França; Curatorial Intensive Accra, Independent Curators International (NYC), Acra, Gana, entre outras.
Leilão beneficente na AlinaAlice, Rio de Janeiro
Leilão de arte contemporânea inédito no Rio revela os autores das obras somente após a compra
No dia 8 de dezembro acontece o AlinoEscuro, leilão de obras de artistas contemporâneos que se uniram com a doação de seus trabalhos para ajudar na manutenção do AlinaAlice, espaço que há dois anos abriga eventos voltados à arte contemporânea num charmoso casarão na Rua Alice, em Laranjeiras.
No leilão AlinoEscuro, todos os trabalhos estão expostos sem a identificação do autor. O comprador interessado, ao se cadastrar, recebe uma cartela de adesivos numerados para dar seus lances nas fichas ao lado de cada trabalho. Às 20h, o perfomer Lucas Guimarães será o leiloeiro, encerrando as vendas de cada trabalho e revelando o nome do artista por trás de cada obra. O lance inicial de cada trabalho é de 300 reais e cada lance posterior deve superar em 100 reais o lance anterior.
O objetivo é buscar estimular novos e antigos colecionadores, e também fazer circular o trabalho de jovens e conhecidos artistas. O detalhe é que nenhuma das obras possui ficha técnica, e os autores só serão revelados após a aquisição. Ou seja, o trabalho de um artista conhecido pode sair pelo lance mínimo, assim como o trabalho de um artista iniciante pode ser disputado e ter seu preço catapultado às alturas.
Esse formato de leilão já aconteceu diversas vezes em São Paulo, no Ateliê 397, criado por Marcelo Amorim e Thaís Rivitti. Lá, obras de artistas consagrados chegaram a sair por um preço bem abaixo do mercado, enquanto os preços de alguns trabalhos de jovens artistas dispararam.
A exposição dos trabalhos começa no próprio sábado, dia 8 de dezembro, a partir das 16h, e a finalização do leilão começa às 20h.
Nesta primeira edição no Rio de Janeiro, o leilão conta com a participação dos seguintes artistas confirmados até o momento: Agrippina Manhattan, Aleta Valente, Alexandre Vogler, Aline Couri, Ana Linnemann, Ana Miguel, Anna Costa e Silva, Bianca Madruga, Bob N, Brígida Baltar, Caio Pacela, Carolina Veiga, Cristina Salgado, Daniel Duda, Elisa de Magalhães, Érica Magalhães, Evandro Machado, Fábio Tremonte, Fernanda Junqueira, Fernanda Mafra, Gabriel Gimmler Netto, Gabriele Gomes, Hugo Houayek, Ian R., Isabela Sá Roriz, Joana Traub Csekö, João Modé, João Paulo Racy, Joelson Bugila, Julia Csekö, Leo Ayres, Livia Flores, Marcelo Amorim, Marcos Abreu, Marcos Bonisson, Maria Helena Bastos, Mariana Moysés, Mario Grisolli, Marta Jourdan, Monica Barki, Natali Tubenchlak, Nazareno Rodrigues, Paula Dager, Pedro Gallego, Pedro Victor Brandão, Rafael Adorjan, Regina de Paula, Renato Bezerra de Mello, Renato Ranquine, Simone Cupello, Simone Michelin, Suely Farhi, Vinicius Davi, Vinicius Monte, Wallace Ramos.
dezembro 2, 2018
Jantar leilão da Fundação Iberê Camargo arrecada R$ 2,5 milhões
Em evento realizado na última terça-feira, 27 de novembro, em Porto Alegre, a instituição promoveu grande leilão de obras doadas por importantes artistas e colecionadores e lançou o Clube Iberê. Mais de 700 pessoas participaram do jantar, que aconteceu na Casa NTX
Com o objetivo de arrecadar fundos para viabilizar a sua programação artística em 2019, a Fundação Iberê Camargo promoveu, na noite da última terça-feira, 27 de novembro, o seu primeiro grande jantar leilão, realizado na Casa NTX, em Porto Alegre/RS. Em um esforço de organização coletivo dos Conselheiros e Diretores da instituição – liderados pelos empresários Jorge Gerdau Johannpeter e Justo Werlang, respectivamente – o evento arrecadou cerca de R$ 2,5 milhões – entre obras de arte arrematadas, doações em dinheiro e adesão ao Clube Iberê – novo programa da Instituição que foi lançado por ocasião do evento.
Cerca de 730 pessoas participaram do jantar, que teve a presença de nomes importantes como Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand - presidente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM, a jornalista e consultora de moda Gloria Kalil, os galeristas Luisa Strina e Renos Xippas e os artistas Daniel Senise, Nuno Ramos, Iole de Freitas, Artur Lescher, José Bechara e Vik Muniz – que fez uma saudação inicial aos participantes, falando da importância social da arte e da mobilização da sociedade em prol da cultura.
O leilão comandado pelo empresário Nelson Sirotsky e pelo leiloeiro Jones Bergamin “Peninha” ofereceu 15 obras de importantes artistas do cenário da arte brasileira, como José Bechara, Daniel Senise, Nuno Ramos, Vik Muniz, Cildo Meireles, Artur Lescher, Iole de Freitas, Siron Franco, Karin Lambrecht e Maria Tomaselli, além de três telas e duas gravuras de Iberê Camargo. As obras foram doadas pelos próprios artistas – com exceção das obras de Karin Lambrecht, Siron Franco e de Iberê Camargo, que foram doadas por colecionadores. A peça que atingiu o maior valor arrecadado foi a escultura em vidro de Murano, intitulada Individuals (Goblet 18) (2017), de Vik Muniz, que foi arrematada pelo empresário Pedro Bartelle por R$ 270 mil. A obra de Muniz foi seguida por uma das telas de Iberê, que foi arrematada pelo empresário Ricardo Malcon por R$ 200 mil (veja aqui a lista de obras e os respectivos valores lançados) e pela obra da série anjo e boneco 53 (2013), de Nuno Ramos, que foi vendida por R$ 200 mil para Dagoberto Zanon, dono da empresa Dufrio, uma das patrocinadoras da Fundação.
Uma comissão de mulheres liderada pela Cônsul honorária da Holanda, Ingrid de Kroes, mobilizou a sociedade gaúcha para o evento e comercializou cerca de 650 convites para o jantar, que também contou com o patrocínio das empresas Dufrio (patrocinador Master), Meta, Somma Investimentos, Carpena Advogados, Urban Advisors e Pestana Leilões, e o apoio de Laghetto Hotéis e NB Eventos. As empresas assumiram todos os custos para a realização do evento, permitindo que todo o valor arrecadado com a venda dos ingressos – cerca de R$ 320 mil – pudesse ser revertido inteiramente para a Fundação.
Na ocasião, também foi lançado o Clube Iberê – um projeto que tem como objetivo a criação de um sistema de governança sustentável para a FIC, entregando para seus associados uma série de experiências culturais exclusivas. Durante o evento, o Clube Iberê teve 11 adesões, nas duas categorias de associação: o Sócio Clube e o Sócio Patrono. Os benefícios oferecidos aos sócios vão desde previews de exposições apresentadas na Fundação Iberê, recebimento de gravuras inéditas de artistas de renome nacional, acesso exclusivo a feiras de arte no Brasil e exterior, até o direito de uso de espaço da instituição para eventos corporativos.
Sobre a Fundação Iberê Camargo
A Fundação Iberê Camargo é uma instituição privada sem fins lucrativos, criada em 1995, a partir de um desejo do próprio artista e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e com o apoio de amigos e empresários de Porto Alegre.
Há 22 anos, a Fundação desenvolve ações culturais e educativas com a missão de preservar o acervo, promover o estudo, a divulgação da obra de Iberê Camargo e estimular a interação de seu público com arte, cultura e educação, por meio de programas interdisciplinares. Seu acervo é formado por um núcleo documental, composto de documentos e imagens relacionadas à vida e à obra do artista, e um núcleo com a coleção Maria Coussirat Camargo, que inclui pinturas, gravuras, guaches, desenhos e estudos de Iberê Camargo, obras que o casal acumulou durante a vida.
A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio de Itaú, Grupo GPS, IBM, Oleoplan, Agibank, BTG Pactual, Banrisul e apoio SLC Agrícola, Sulgás e DLL Group, com realização e financiamento do Ministério da Cultura / Governo Federal. Hotel oficial: Ibis Styles Porto Alegre. Serviços de tradução: Traduzca. Patrocinador do projeto Iberê nas Praças: Corsan – Companhia Riograndense de Saneamento. Apoiador da exposição Subversão da Forma: Unisinos.
Karin Lambrecht no Tomie Ohtake, São Paulo
Com Karin Lambrecht, o Instituto Tomie Ohtake dá prosseguimento ao projeto “Nossas Artistas”, uma sequência de mostras individuais dedicadas a mulheres que fizeram e fazem a história da arte brasileira. Iniciado em 2016, com “I love you baby”, de Leda Catunda, vencedora do Prêmio Bravo de melhor exposição individual do ano, agora o programa contempla a obra da pintora gaúcha, também egressa da geração 80.
Com curadoria de Paulo Miyada e patrocínio do TozziniFreire Advogados, a mostra reúne obras de diferentes momentos da carreira de Lambrecht: desde alguns desenhos realizados do início dos anos 1990 até pinturas mais recentes, que constituem a maior parte da seleção. “Trata-se de uma oportunidade para gradualmente imergir no universo visual e reflexivo de uma artista singular na nossa arte, cuja obra oferece uma densa alternativa ao frenesi do consumo de imagens descartáveis que caracteriza os tempos vigentes”, comenta o curador.
As telas da artista sugerem particular interesse pelo transcendental, pelo espiritual e pelas religiões a partir de uma paleta obstinada em auscultar a natureza da linguagem dos mais diversos materiais. Além das tintas, outros substratos pictóricos ocupam a superfície de suas pinturas, como ouro, mel, lona, cera de abelha, terra, grafite, linho, pigmento e pastel. Segundo Miyada, a simples ampliação de recursos para além da trivial “tinta a óleo sobre tela” não seria digna de nota não fosse pela clareza e pelo escrúpulo com que cada matéria atua no campo pictórico. “Mesmo que não seja sempre óbvio qual o material utilizado pela artista, é sempre possível distinguir quais signos, texturas, cores e formas correspondem a recursos distintos, manipulados com uma gestualidade adequada a sua dureza, peso e maleabilidade. O princípio de acumulação dessas substâncias não é, portanto, o da mistura indiferenciada, mas sim o da articulação de órgãos em um organismo visual”.
A exposição constrói propositalmente um percurso. O primeiro núcleo de trabalhos é constituído por sete pinturas realizadas entre 1990 e 2013 dispostas sob visibilidade tênue, resultante praticamente dos rebatimentos da luz. Ao ultrapassar este ambiente, o visitante adentra uma clareira como uma ampla nave de fundo semicircular, onde a iluminação é projetada de tal forma que a resplandecência parece nascer das 17 pinturas suspensas, concebidas de 1990 a 2018. “No vértice entre o desejo de saber e a necessidade de crer, alguém imagina uma clareira de silêncio”, escreve Miyada.
Na sessão final da exposição, ao atravessar uma cortina de voil, o espectador depara-se com um ambiente claro e branco ocupado por cadernos, desenhos e pequenas pinturas da artista. Um conjunto de temas, palavras e símbolos que refletem a escala íntima do contato com as obras.
“As próprias pinturas, desenhos e cadernos de Karin Lambrecht almejam ser laço e passagem. Presenças imanentes, quer dizer, materialidades que se inserem na experiência possível e compartilhável. Evocações suprassensíveis, ou seja, chamados à contemplação de aspectos invisíveis da existência humana”, conclui o curador.
Karin Lambrecht (1957, Porto Alegre. Vive e trabalha em Porto Alegre.), graduou-se em desenho e gravura na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mudando-se logo em seguida para a Alemanha, onde realizou parte significativa de sua formação como pintora. No retorno ao Brasil, participou das ações desenvolvidas no Espaço N.O., das artistas Ana Torrano e Vera Chaves Barcellos; integrou a importante exposição “Como vai você, Geração 80?” (Parque Lage, 1984) e dedicou sua produção a realizar uma pintura que borra as fronteiras entre a colagem, o trabalho escultórico e a performance. De caráter sentimental e espiritual, sua produção lida com questões de espiritualidade, acerca da vida e da morte e aplica o texto de maneira simbólica.
Projeto Latitude apoia a participação de 20 galerias brasileiras nas feiras de arte em Miami
A cidade de Miami se converte no centro mundial das artes e do design, com a realização de dezenas de feiras internacionais que congregam as principais galerias do mundo, no período de 4 a 9 de dezembro. O Projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, uma parceria entre a ABACT – Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil, apoia a participação de 20 galerias na Art Basel Miami Beach, Design Miami, Pinta Miami e Untitled Miami Beach.
Neste ano, a 12ª Pinta Miami reúne ao todo 60 galerias em sua seção principal, apresentando mais de 300 artistas. A produção latino-americana se destaca na “Countries Sections", que homenageia cinco países da região: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México. A “Brazilian Section” tem curadoria do brasileiro Mario Gioia e conta com a participação de cinco galerias: Boiler Galeria (Curitiba, PR) apresenta obras das artistas Maya Weishof e Thalita Hamaoui; Galeria Estação (São Paulo, SP) leva a seu estande uma seleção de obras do artista piauiense Santídio Pereira; Galeria de Arte Mamute (Porto Alegre, RS), Goia Mujalli; Janaina Torres Galeria (São Paulo, SP), Luciana Magno e Thalita Rossi; Galeria Murilo Castro (Belo Horizonte, MG), Anna Bella Geiger, Amelia Toledo, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo e Vitor Mizael.
Mario Gioia escreve: “A repetida expressão ‘país do futuro’ acompanha quase que como uma sina os caminhos pouco lineares que o Brasil vai desenhando para si mesmo. País de dimensões continentais vai forjando a sua identidade por vezes de modos mais conflitantes, por vezes com incorporações menos ruidosas. Na visualidade contemporânea do país, um certo estado de constante construção, que se assemelha a uma busca quase utópica, torna, então, elementos como a ruína (depois de uma frágil edificação de algo), o processo (e menor importância a resultados finais mais sedimentados), os impasses de diferentes ordens (políticos, culturais, de gênero etc) e as reinvenções de anteriores discussões visuais-conceituais (o abstrato e o figurativo, o desordenado e o construtivo, o incompleto e o estanque etc) como vetores e eixos poéticos de relevante presença no debate (contínuo) neste campo. Por meio de obras de diferentes linguagens e investigações, ‘Em construção’ pretende ser mais um espaço desta discussão ainda longe de um encerramento definitivo.
Já na consagrada Art Basel Miami Beach, participam da seção Galleries, a principal da feira, as associadas: A Gentil Carioca (estande B17), com obras dos artistas Arjan Martins, Cabelo, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Opavivará!, Pascale Marthine Tayou, Paulo Paes e Rodrigo Torres; Casa Triângulo (G29) com Albano Afonso, Alex Cerveny, Ascânio MMM, assume vivid astro focus, Eduardo Berliner, Ivan Grilo, Joana Vasconcelos, Lucas Simões, Mariana Palma, Rodolpho Parigi, Sandra Cinto e Vânia Mignone; Fortes D’Aloia & Gabriel (C25), com Iran do Espírito Santo e Nuno Ramos; Galeria Luisa Strina (D20), Alessandro Balteo-Yazbeck, Alexandre da Cunha, Alfredo Jaar, Anna Maria Maiolino, Bernardo Ortiz, Beto Shwafaty, Brian Griffiths, Caetano de Almeida, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Clarissa Tossin, Eduardo T. Basualdo, Federico Herrero, Fernanda Gomes, Gabriel Sierra, Jarbas Lopes, Jorge Macchi, Juan Araujo, Laura Belém, Laura Lima, Leonor Antunes, Lygia Pape, Magdalena Jitrik, Marcius Galan, Marepe, Mateo López, Miguel Rio Branco, Muntadas, Nicolás Paris, Olafur Eliasson, Pablo Accinelli, Pedro Motta, Pedro Reyes, Renata Lucas, Robert Rauschenberg, Thiago Honório, Tonico Lemos Auad; Mendes Wood DM (A12), Adriano Costa, Antonio Obá, Matthew Lutz-Kinoy, Paulo Nazareth, Solange Pessoa, Sonia Gomes; Galeria Nara Roesler (B10), Arthur Lescher, Julio Le Parc e Vik Muniz; e Vermelho (C33), André Komatsu, Carmela Gross, Chelpa Ferro, Claudia Andujar, Dias & Riedweg, Dora Longo Bahia, Edgard de Souza, Iván Argote, Lia Chaia, Marcelo Cidade, Marcelo Moscheta, Odires Mlászho, Rosângela Rennó e Tania Candiani.
Da seção Nova, destinada a trabalhos produzidos nos últimos três anos, participam as galerias Anita Schwartz Galeria de Arte (estande N27), com as artistas Estela Sokol, Lenora de Barros e Wanda Pimentel, e Silvia Cintra + Box 4 (N23), com Chiara Banfi e Pedro Motta. A seção Positions é voltada para trabalhos individuais e conta com a participação da SIM Galeria (P11), com obras de Marcelo Moscheta. Na seção Survey, voltada a projetos históricos, a Galeria Jaqueline Martins exibe trabalhos de Regina Vater.
Como única representante Latitude no âmbito do design, a Galeria Karla Osorio participa da Design Miami com mobiliário do artista Roland Gebhardt na "Curio", uma nova seção da feira que apresenta criações que fogem dos projetos comuns, unindo tecnologia ao trabalho manual.
Por fim, a feira Untitled, Art, criada em 2012, tem 133 galerias participantes de 30 países e conta com curadoria de Omar López-Chahoud. Em sua sétima edição, reúne com as galerias brasileiras: Mercedes Viegas Arte Contemporânea (Rio de Janeiro, RJ) exibe Elvis Almeida; Portas Vilaseca Galeria (Rio de Janeiro, RJ), Deborah Engel e Mano Penalva; Zipper Galeria (São Paulo, SP), Ayrson Heráclito, João Castilho, Janaina Mello Landini, Fernando Velázquez e Mario Ramiro.
Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad: É um programa desenvolvido por meio de uma parceria firmada entre a Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT, e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, para promover a internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea. Criado em 2007, conta hoje com 50 galerias de arte do mercado primário, localizadas em sete estados brasileiros e Distrito Federal, que representam mais de 1000 artistas contemporâneos. Seu objetivo é criar oportunidades de negócios de arte no exterior, fundamentalmente através de ações de capacitação, apoio à inserção internacional e promoção comercial e cultural.
Histórico
Nestes dez anos de atuação, o número de empresas participantes do Latitude cresceu de 5 para 51, contando com as galerias mais profissionalizadas do Brasil. Para atender ao influxo de novas galerias associadas, muitas delas iniciando seu processo de internacionalização, as ações desenvolvidas diversificaram-se e se tornaram mais complexas, por isso são oferecidas às galerias participantes um sofisticado programa de mais de 7 modalidades de ações.
O volume das exportações das galerias do projeto Latitude vem crescendo significativamente. Em 2007 foram exportados US$ 6 milhões, e em 2017 atingiu-se um a cifra de quase US$ 65 milhões. As galerias Latitude foram responsáveis por 42% do volume total das exportações do setor em 2017.
Desde abril de 2011, quando a ABACT assume o convênio com a Apex-Brasil, foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais, com aproximadamente 300 apoios concedidos a galerias Latitude. Neste mesmo período, foram trazidos ao Brasil aproximadamente 200 convidados internacionais, entre curadores, colecionadores e profissionais do mercado, em 20 edições de Art Immersion Trips. Além dessas ações, o Latitude realizou cinco edições de sua Pesquisa Setorial, com dados anuais sobre o mercado primário de arte contemporânea brasileira.
Art Basel Miami Beach
Local: Miami Beach Convention Center | 1901 Convention Center Drive | Miami Beach
Visita privada (com convite): quarta-feira, 5 de dezembro, das 11h às 20h
Abertura (com convite): quinta-feira, 6 de dezembro, das 11h às 15h
Período expositivo: 6 a 9 de dezembro, das 12h às 20, exceto no domingo, até 18h
Pinta Miami
Local: Midtown Miami – Wynwood | 2217 NW 5th Avenue, Miami
Visita privada (com convite): terça-feira, 4 de dezembro, das 18h às 21h
Abertura (com convite): quarta-feira, dia 5 de dezembro, das 17h às 21h
Período expositivo: 6 a 8 de dezembro, das 12h às 20h; e, no dia 9, das 12h às 19h
Untitled, Miami Beach
Local: Ocean Drive and 12th Street in Miami Beach
Visita privada e imprensa: terça-feira, 4 de dezembro, das 13h às 20h
Período expositivo: 5 a 8 de dezembro, das 11h às 19h; e, no dia 9, das 11h às 17h