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junho 29, 2018
Suzana Queiroga na Cassia Bomeny, Rio de Janeiro
No dia 5 de julho, Cassia Bomeny Galeria inaugura exposição individual da artista plástica Suzana Queiroga, totalmente dedicada à pintura. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, curador do MAM Rio, serão apresentados cerca de quinze trabalhos inéditos, que tratam do cromatismo, da propagação de luz e remetem à ideia de infinito e continuidade, em um desdobramento da pesquisa da artista sobre os fluxos.
A exposição terá pinturas em tamanhos variados, que vão desde 40 cm X 40 cm até 1,20 m X 2,40 m. A palheta de cores passa pelo azul, pelo verde e pelo violeta. “São cores ligadas imenso, aos grandes espaços como o céu e o mar, e as relaciono com a ideia de infinito”, explica Suzana Queiroga. Artista multimídia, ela sempre produziu em todos os suportes, como pintura, desenho, vídeo e instalação, mas há sete anos não fazia uma exposição somente de pinturas. “Eu comecei minha trajetória artística pintando e nunca deixei de pintar. Estava devendo a mim e ao Rio de Janeiro uma exposição dedicada exclusivamente à pintura“, conta.
“Conforme as anotações da própria artista, é possível concluir que sob as notáveis transformações experimentadas por sua pintura permanece, alinhavando-as, a diferença alternativa de sua fatura luminosa em relação à fatura matérica que frequentemente marcou a produção daqueles que promoveram a retomada da pintura na década de 1980”, ressalta o curador Fernando Cocchiarale.
Há 10 anos a artista pesquisa a questão do fluxo e do tempo. Em sua recente exposição no Paço Imperial, realizada de março a maio deste ano, essas questões se desenvolveram muito ligadas à cartografia das cidades e à paisagem. Nos trabalhos que serão apresentados na exposição na Cassia Bomeny Galeria, a questão dos fluxos continua presente, mas se desenvolve de outra forma, como passagens de tempo e propagações de luz. Nas pinturas, feitas em tinta a óleo ou em tinta acrílica, estão presentes feixes de luz, que parecem “correr no espaço, como uma fotografia do instante”. Há também obras ligadas à questão do infinito, como as formas se subdividem, dando a ideia de que podem continuar se dividindo infinitamente.
Todos os trabalhos são inéditos, mas as ideias já existem há muito tempo na cabeça da artista, sem terem sido desenvolvidas. “As ideias para esses trabalhos estão presentes no meu sketbook desde 2004. Uso o caderno como um lugar de pensamento, sem barreiras ou travos, sem comprometimento com um projeto, de maneira orgânica, no cotidiano“, diz Suzana Queiroga, que afirma, ainda, que as questões presentes no caderno muitas vezes são resolvidas anos depois, em trabalhos em diferentes suportes. Quando resolve que é hora de tirar essas questões do caderno, a artista faz um pequeno estudo, que serve apenas de base, mas a pintura é feita diretamente na tela: “é lá que resolvo as questões da pintura“, afirma.
Suzana Queiroga (Rio de Janeiro, 1961) atua nas artes plásticas desde a década de 1980 e suas poéticas atravessam a ideia de fluxo e tempo. Traz à tona questões da expansão da pintura e do plano dialogando com diversos meios, entre os quais instalações, performances, infláveis, audiovisual e escultura. Participou de importantes exposições, no Brasil e no exterior, como “Miradouro”, no Paço Imperial (2018), “ÁguaAr”, no Centro para Assuntos de Arte e Arquitetura, em Guimarães, Portugal (2015), onde também foi artista residente e a individual “Prelúdio”, na Galeria Siniscalco, em Nápolis (2014); realizou uma individual para o Projeto Ver e Sentir do Museu Nacional de Belas Artes (2017). Acumulou cerca de 12 prêmios como o Prêmio de Aquisição na XVIII Bienal de Cerveira, em Portugal (2015); 5º Prêmio Marcantônio Vilaça/Funarte para aquisição de acervos (2012), pelo qual apresentou a individual “Olhos d’Água no Museu Nacional de Arte Contemporânea de Niterói no ano seguinte; o I Prêmio Nacional de Projéteis de Arte Contemporânea/Funarte (2005) e a bolsa RIOARTE (1999). Foi também finalista do 6º Prêmio Marcantônio Vilaça para as Artes Plásticas, cuja coletiva aconteceu no Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (2017). Foi artista residente na Akademia der Bildenden der Künste Wien, na Áustria (2012), no Instituto Hilda Hilst, em São Paulo (2012), na IV Bienal del Fin del Mundo, na Argentina (2014), entre outros.
junho 28, 2018
Albano Afonso na Casa Bandeirante, São Paulo
Casa Triângulo tem o prazer de anunciar que o Museu da Cidade de São Paulo apresenta Luz encarnada em corpo/Corpo evanescido em luz, exposição individual de Albano Afonso, com curadoria de Douglas de Freitas (ler texto curatorial), na Casa Bandeirante.
Ocupada por uma série de instalações com objetos fundidos em bronze, cristais e espelhos, que se movem e multiplicam em luzes e sombras, os ambientes da Casa Bandeirante ficam imersos numa atmosfera construída por projeção e refração.
Em Anatomia da luz nº 3, por exemplo, galhos de árvores se juntam a cristais e ossos espelhados. As formas se misturam e se complementam, gerando outras formas. Suspensas, essas peças se movem delicadamente, rebatendo a luz nelas projetada. Surge então um espaço em constante movimento, de embate entre formas definitivas e provisórias. As peças que compõem a obra permanecem as mesmas, mas a movimentação delas rebate luzes inconstantes, que dançam pelo espaço.
Albano Afonso [1964, São Paulo, Brasil . Vive e trabalha em São Paulo, Brasil] cria instalações e fotografias, nas quais mistura impressões fotográficas, esculturas e imagens projetadas no espaço. Por meio da luz e do movimento, um jogo de percepções desvela imagens que exploram o espaço construído como parte ilusória da realidade. Entendendo a luz como elemento pictórico, configura diferentes perfis plásticos, revisitando as referências clássicas desde outros pontos de vista, criando arquiteturas renovadas para uma mesma paisagem de luzes e sombras. Destacam-se as exposições individuais e coletivas realizadas no Contemporary Arts Center [Cincinnati, EUA], no Centro Cultural São Paulo e no Paço das Artes [São Paulo, Brasil], no Oi Futuro [Rio de Janeiro, Brasil], no Palais des Beaux-Arts [Bruxelas, Bélgica], no CarpeDiem Arte e Pesquisa [Lisboa, Portugal], no Invaliden1 Galerie [Berlim, Alemanha], no Espace Beaujon [Paris, Franca], assim como a I Bienal Internacional de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo e a 29ª Bienal de São Paulo [São Paulo, Brasil].
junho 27, 2018
Andressa Cantergiani na Ecarta, Porto Alegre
A Galeria Ecarta, espaço dedicado à arte contemporânea e à experimentação produzida no Rio Grande do Sul, apresenta nova exposição com abertura na quinta-feira (28/06). A mostra Aorista - Andressa Cantergiani destaca a produção da artista gaúcha no campo da performance.
Nos últimos anos, Andressa vem se destacando por uma série de ações performadas em espaços públicos e institucionais de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Berlim e Lisboa.
A performance — também chamada artes do corpo — caracteriza-se por ser um tipo de modalidade artística que ocorre ao vivo diante do público, deixando depois apenas registros como imagens, vídeos e objetos. Para apresentar um olhar curatorial sobre esse tipo de produção artística, o curador da exposição, Francisco Dalcol, toma a noção de "aoristo" como mote conceitual. De acordo com o curador, “aoristo” é um tempo verbal remoto, existente em grego e no sânscrito, que se refere a um passado indefinido e indeterminado. “Ao emprestar o sentido de uma ação ou um acontecimento sem que se defina seu tempo de ocorrência ou duração, a expressão é mobilizada pela curadoria como estratégia de abordagem para revisitar performances que serão apresentadas na exposição por meio de fotografias, vídeos e objetos, com interesse na performatividade própria ao devir desses vestígios", explica.
A exposição individual, com abertura às 19h, conta com uma seleção curatorial de trabalhos produzidos em anos recentes por Andressa, que serão apresentados na galeria por meio de fotografias, projeções e exibições de vídeo. Além das obras com imagens fixas e em movimento, serão exibidos objetos tridimensionais relacionados às ações da artista, que, segundo o curador, na mostra assumem um caráter de esculturas performadas.
Integram o projeto expositivo novas ações e trabalhos que Andressa desenvolverá no contexto da mostra na Galeria Ecarta. Um dos destaques é Combate, uma performance duracional, no Museu do Exército de Porto Alegre (Rua dos Andradas, 630), de 10 a 18 de julho, em que a artista passará o período vivendo entre tanques de guerra, carros de combate e objetos bélicos. Haverá transmissão ao vivo pela internet, no canal da artista no YouTube, com acesso na Ecarta por meio do QR code:
“Com a performance Combate, proponho um vivência caminhando entre tanques e outros objetos bélicos, usando uma veste branca. A ação propõe estabelecer uma ponte entre instituições que se dedicam a fazer exposições, seus diferentes públicos e minhas próprias experiências performáticas mais recentes”, comenta a artista.
Também está programada uma conversa com Andressa e Dalcol, em 24 de julho, às 18h, na Ecarta. Todas as atividades paralelas têm entrada franca.
junho 26, 2018
Daniel Duda na Candido Portinari, Rio de Janeiro
A exposição Sobre o Cálculo das Superfícies entra em cartaz no dia 29/06, na Galeria Candido Portinari e é a última mostra selecionada pelo edital para a ocupação da Galeria em 2016.
A mostra de Daniel Duda tem como objetivo abordar os conceitos relacionados à maneira como o mundo digital está diretamente ligado ao cotidiano dos seres humanos e ao mundo.
A exposição é dividida em duas partes: a primeira utiliza vídeos e objetos que possuem uma linguagem digital; como máquinas de impressão 3D; recortes a laser e vídeos com manipulação digital para delimitar como a tecnologia afeta a percepção de mundo do homem e a forma como ele interage no espaço que ocupa.
Em seguida, a série Sólidos trata de um processo físico de troca, no qual o artista vai até o local, retira uma pedra, traduz sua forma em dados, imprime os mesmos utilizando um polímero biodegradável e os recoloca ‘informados’ de pedra no mesmo local. Fazendo, por fim, um registro exposto junto à pedra original. A presença da pedra (objeto inanimado dentro da historicidade do museu) e o ponto vermelho da imagem (pedra estranha no meio do caminho) criam um fenômeno: um ser que aparece, mas permanece ausente.
Sobre o Cálculo das Superfícies permanece em cartaz até 10/08, na Galeria Candido Portinari, sempre de segunda a sexta, de 10h às 20h. A entrada é franca e a classificação é livre.
Tunga no MAR, Rio de Janeiro
O Museu de Arte do Rio – MAR, sob gestão do Instituto Odeon, abre ao público Tunga – o rigor da distração. Tendo como eixo central a produção em desenhos do artista, a mostra reúne cerca de 200 obras, muitas delas inéditas, criadas entre 1975 e 2015. O projeto foi realizado pelos curadores Luisa Duarte e Evandro Salles, diretor cultural do MAR, em parceria com o Instituto Tunga, guardião do conjunto da obra do artista. Esculturas, filmes, fotografias e textos (pensados pelo artista como obras) completam a mostra, que acontece 12 anos depois da última individual do artista no Rio de Janeiro e é a primeira após o seu falecimento, em 2016, na cidade em que escolheu viver.
Organizada cronologicamente, a mostra revela que Tunga não era especialista em apenas uma linguagem. “Em Tunga, o desenho era tomado como o seu espaço de elaboração. É a partir deles que, muitas vezes, nascem e se desenvolvem as poéticas fundamentais de sua obra, que depois se expandem para outras mídias, como fotografias, performances, vídeos e textos ficcionais”, conta Evandro Salles.
O público poderá acompanhar esse processo ao longo de um percurso que inclui desde trabalhos dos anos 1970, quando já se anunciava o forte vínculo de Tunga com a psicanálise, passando por núcleos que apresentam momentos marcantes da obra, como as séries “Xifópagas Capilares” (1984) e “Semeando Sereias” (1987) e, mais recentemente, as aquarelas “Quase Auroras” (2009). Estarão ainda em exibição uma série de estudos – desenhos que se relacionam com obras escultóricas por vir.
Outro aspecto que fica evidente são as parcerias feitas pelo artista ao longo da vida. No vídeo “Resgate” (2001) estão presentes o compositor e poeta Arnaldo Antunes e a coreógrafa Lia Rodrigues. O filme em 16 mm “Heaven Hell’s/Hell’s Heaven" (1999) traz a respiração de Marisa Monte e Arnaldo Antunes como trilha sonora. Já o filme “Nervo de Prata” (1986), por sua vez, é uma parceria com Arthur Omar.
A exposição traz também uma cronologia da obra do artista e diversos fragmentos de seu pensamento através de entrevistas em vídeo e trechos de falas inscritos nas paredes. A ideia é promover um encontro do público com a potência do pensamento de Tunga. “São várias as entrevistas nas quais o artista descreve a si mesmo como um clínico geral e teórico. Ou seja, alguém que tinha um programa poético que podia ser desdobrado em inúmeras linguagens – escultura, desenho, performance, filme, texto, etc. Tunga pensava muito bem e de forma muito clara, tanto sobre seu próprio trabalho como sobre a arte em geral. Acho que esse pensamento tem um poder de atração imenso”, comenta Luisa Duarte.
Segundo a curadora, o título da exposição, retirado de um escrito do próprio artista, reflete o interesse de Tunga pela aliança entre inconsciente e programa poético: “O rigor da distração condensa uma ideia importante para o artista, qual seja, a de valorizar o que acontece enquanto estamos distraídos ou mesmo dormindo, sonhando – quando o inconsciente emerge – e conectar isso a um rigor, um fazer que possui um programa poético extremamente sofisticado tanto em termos formais quanto em temos conceituais”, finaliza Luisa.
Nascido em Pernambuco e radicado no Rio de Janeiro, Tunga tornou-se um dos nomes mais importantes de sua geração. Integrou a X Documenta de Kassel, 1997, com curadoria de Catherine David. Tunga também foi o primeiro artista contemporâneo a ter uma obra exposta na pirâmide do Museu do Louvre, Paris, em 2005.
junho 25, 2018
O Lugar enquanto espaço na Baró, São Paulo
Nova coletiva com curadoria de Francisco Dalcol propõe reflexão sobre concepção relativa a visualidade e pensamento que se faz espacial
A partir do da 30/06 a Baró galeria apresenta O Lugar enquanto espaço, exposição coletiva com curadoria de Francisco Dalcol que conforme definido pelo próprio curador: “é uma mostra coletiva que intenta compartilhar um pensamento que se faz espacial à medida que se pratica o lugar de exposição. Praticar em duplo-sentido: na colaboração entre artistas e este crítico — ora curador — na concepção da visualidade que se quer dar a ver; mas também pela experiência do espectador que adentra esse campo de sentidos e o percorre conforme seus parâmetros de acesso e navegação.”
A reflexão proposta por Dalcol será refletida dos dois ambientes da galeria. Em sua primeira sala, o visitante poderá vivenciar o interligamento de equilíbrios, pesos e densidades do trabalho de Túlio Pinto, que apresentará duas obras site specific para a exposição.
O segundo ambiente da exposição, localizado nos fundos da galeria, traz trabalhos de Frantz – que se utiliza da pintura para abordar uma série de embaralhamentos que incidem sobre uma reconfiguração do olhar.
Já no Baró container, anexo da galeria, o visitante poderá vivenciar o diálogo entre poéticas distintas e diferentes abordagens artísticas propostas no encontro de obras de Bruno Borne, Guilherme Dable, o duo Io, Lilian Maus, Diego Passos e Letícia Lopes.
Embora os nove artistas selecionados tenham a mesma procedência artística, sendo todos de Porto Alegre – capital Gaúcha, isso não deve servir como base para determina-los (ou suas obras.) Afinal, conforme afirmado por Dalcol: “Melhor é compreendê-lo como uma coordenada entre momento e lugar que informa mais sobre onde se deu o encontro e a partilha entre os seus afetos, e também a partir de onde passam a se cruzar ao longo de suas trajetórias individuais, como é o caso da circunstância oferecida por esta coletiva.”
Sobre os artistas
Bruno Borne
Nasceu em Porto Alegre, Brasil, em 1979, Vive e trabalha em Porto Alegre.
Produz obras relacionadas especificamente com o ambiente de exposição conectando arquitetura, obra e espectador através da computação gráfica. É mestre em Poéticas Visuais no PPGAV UFRGS, graduado em Artes Visuais e Arquitetura e Urbanismo. Realizou exposições individuais na Galeria Mamute (2015), MACRS – Museu de Arte Contemporânea do RS (2014), Atelier Subterrânea (2013), Galeria Maurício Rosenblatt (2013) e Galeria Lunara (2010), em Porto Alegre. Recebeu prêmio adquisição no 43º Salão de Arte Contemporânea de Santo André (2015); e prêmio de adquisiçãono no 65º Salão Paranaense (2014); Vencedor no 2ª Prêmio IEAVI – Incentivo à produção de Artes Visuais (2013); ganhou o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas em (2011, 2014, 2015 e 2016)Tem obras no Acervo artístico da Prefeitura de Santo André, SP; Acervo do MACPR – Museu de Arte Contemporânea do Paraná; MACRS – Museu de Arte Contemporânea do RS e Acervo Artístico da Prefeitura de Porto Alegre, Pinacoteca Aldo Locatelli. Suas principais exposições coletivas foram: Do abismo e outras distâncias(2017) em Galeria Mamute, Porto Alegre, RS; MAC/MON: um diálogo (2016) em Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR; Trio Bienal. Reflexões sobre o Reflexo – Dinâmicas do Cinetismo no Tridimensional (2015), Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ; Cor Luz e Movimento – Projeto Arte e Indústria (2014), Prêmio Marcantônio Vilaça CNI Sesi Senai – Edição Especial no Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, RJ; Entre: Curadoria de A-Z (2013), no MACRS; Mirante (2013) na MUV Gallery, Rio de Janeiro; Idades Contemporâneas (2012) no MACRS; Espelho Refletido (2012) no Centro Cultural Hélio Oiticica, Rio de Janeiro; Fazer e Desfazer a Paisagem(2012) no MACRS, Casa de Cultura da UFJF, MARP em Ribeirão Preto ePinacoteca da Feevale, Novo Hamburgo; Cartão de Visita (2011) na Galeria Gestual, Porto Alegre, RS; Pequenos Formatos (2011) no Atelier Subterrâ.
Diego Passos
Nasceu em Porto Alegre,1987. Vive e trabalha em Porto Alegre.
Artista visual, mestre em Poéticas Visuais (2014) pelo Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, bacharel em Artes Visuais (2010) e, atualmente, licenciando em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da mesma universidade. Participou do Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre (2015). Bolsista da Escuela de Verano da Universidad Complutense de Madrid, onde desenvolveu o projeto Un ayuda por favor (2014). Em 2013 participou das exposições Espaços Independentes na Galeria Flávio de Carvalho (FUNARTE) em São Paulo, BR116: Circuitos Independentes em Trânsito no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e Poéticas em Devir na Galeria Mamute em Porto Alegre; e Interiores Compartilhados no Casarão 6 e Transferências Temporárias na Casa Paralela em Pelotas/RS. Realizou em colaboração com Krishna Daudt a performance Travessia entre Guaíba e Rio Grande (2015). Em 2016 apresentou a exposição Obra com Juliano Ventura na Fundação Cultural Badesc em Florianópolis e na Galeria dos Arcos da Usina do Gasômetro em Porto Alegre. Coeditor da edições agua para cavalos, projeto editorial baseado em táticas de apropriação e autopublicação que desde 2015 participa de feiras de artes gráficas e publicações de artista, como a Feira Tijuana de Arte Impressa (Casa do Povo, São Paulo), Feira Miolo(s) (Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo), Folhagem - Feira de impressos e publicações (Casa Baka, Porto Alegre), flamboiã ~ feira de publicações (Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis) e a Parque Gráfico - Feira de Arte Impressa (Museu da Escola Catarinense, Florianópolis).
Frantz
Nasceu em Rio Pardo (RS) em 1963. Vive e mora em Porto Alegre.
Frantz dedica-se a varias técnicas , mas as discrições pictóricas são as mais importantes em seu trabalho. Sua primeira exposição individual foi no MARGS em 1982, expos individualmente na Galeria Macunaima ( 1987), Galeria Bolsa de Arte ( 2001) , Fundação Vera Chaves Barcellos (2007). Participou da 10 Bienal do Rio Grande do Sul, e foi premiado em vários salões na década de 80, entre eles o salão Nacional da Funarte , Salão Paranaense entre outros. Atualmente participa da exposição O Tempo das Coisa na Pinacoteca Rubem Berta.
Guilherme Dable
Nasceu em Porto Alegre (RS) em 1976. Vive e trabalha em Porto Alegre.
É Mestre em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS. Entre as individuais realizadas destacam-seFiz ele soletrar seu nome, na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro (2017), The radio was always on in the kitchen, Belmacz, Londres (2016), Um desenho enorme, Galeria da UFCSPA, Porto Alegre (2015), As coisas que não levam a nada são de grande importância, Galeria Gestual, Porto Alegre, Noticiário, Instituto Estadual de Artes Visuais, Porto Alegre, Deste lugar entre meio-dia e duas horas da tarde, Roberto Alban Galeria, Salvador (2014). Entre as coletivas, incluem -seApologue, Un-Spaced, Paris (2018),Aã, Fundação Vera Chaves Barcellos, Porto Alegre (2017), Em Polvorosa, MAM, RJ (2016), Ficções, Caixa Cultural, RJ (2015), Bar for the Future, Belmacz, London, Secret Garden, NARS Foundation, New York, Volúpia Construtiva, MAC/RS, Porto Alegre, Novas Aquisições Prêmio Marcantônio Vilaça, MAM, RJ (2014). Suas obras estão presentes nas coleções MAM/RJ, MARGS/Porto Alegre, Fundação Vera Chaves Barcellos, entre outras. Foi artista residente no Vermont Studio Center, Estados Unidos, em 2015
Ío
Ío é um duo de artistas formado por Laura Cattani (Les Lilas, 1980) e Munir Klamt (Porto Alegre,1970), ambos doutorandos em Poéticas Visuais (UFRGS). A Ío desenvolve trabalhos plásticos com diversos meios, contextos e plataformas, tais como vídeos, instalações, desenho, web art, performance ou fotografia. Vivem e trabalham em Porto Alegre/RS, Brasil.
Letícia Lopes
Nasceu em Campo Bom (RS) em 1988. Vive e trabalha em Porto Alegre.
É Bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS (2015). Reside e trabalha em Porto Alegre. Participou de várias exposições coletivas como:"A Novíssima Geração - 2017 (Museu do Trabalho/RS), "Arte Contemporânea do RS" (Czech Center/República Tcheca - 2017), "Ainidades Eletivas", com curadoria de Daniela Name (C.Galeria/Rio de Janeiro - 2017), "Scènario", com curadoria de Mario Gioia (Galeria Aura/SP - 2017), ͞Memória do que vem, futuro do que foi", (MAVRS/Passo Fundo - 2017), "MOODBOARD" (Museu de Arte Contemporânea do RS - 2016), "The Unique Institutional Critique Pop-up Boutique" (chamada de Jonas Lund, Galeria Cavalo/ RJ - 2016), "Planos Densos"(Paço Municipal,POA/RS - 2016), "Faturas" (Memorial do RS - 2016), "Exigências do Desenho" (Acervo Independente, POA/RS - 2015), 20° Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (Palácio das Artes, Praia Grande/SP, 2013). Em 2018 realizou a individual ͟A hora mágica͟ na Galeria Aura (SP) com curadoria de Gabriela Motta. Em 2016 foi selecionada pelo Programa RS Contemporâneo, que lhe rendeu a individual "Presença Sinistra", realizada no Santander Cultural, com curadoria de Marcelo Campos (UFRJ). No ano anterior foi contemplada com o Edital para Artes Visuais – Edição 2015 da Fundacão Ecarta (POA/RS) com a individual "Ode a Phobos - ou como é bom não ter memória". No mesmo ano, realizou a individual "Exagerar já é um começo de invenção ", na Casa Paralela (Pelotas, RS) e, em 2014, foi premiada no 3° Prêmio do Instituto Estadual de Artes Visuais do RS por melhor exposição com "Em minha fome mando eu͟, individual na Galeria Virgílio Calegari (Casa de Cultura Mário Quintana, POA - RS). Em 2016 foi indicada nas categorias "Destaque em Pintura" e "Artista Revelação" na X Edição do Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (POA/ RS). Foi premiada melhor artista pelo júri de "A Novíssima Geração - 2017 e em julho de 2018 realizará uma individual no Museu do Trabalho (POA/RS). "A gaúcha Letícia Lopes tem seu pictórico amparado no fragmento, no ver em cacos. No entanto, a atmosfera de mistério e, de modo ambivalente e deliberado, do cotidiano, termina por construir uma obra altamente inventiva. Tal como explicitado no título de sua mais importante individual, ͞Presença Sinistra͟, a tessitura de suas imagens também recolhidas em veículos diversos gera, vista em conjunto, uma sensação de de desassossego no espectador, que se assemelha a um ator involuntário participando de uma narrativa sempre bifurcada e longe de um im. Dioramas, o mundo pré-histórico, as páginas em desmanche de enciclopédias empilhadas em sebos, fotograias com contornos tíbios e os 'assuntos', materiais, texturas e procedimentos típicos da pintura, juntos, alimentam uma obra visual das mais inquietas." (Mario Gioia)
Lilian Maus
Nasceu em Salvador (BA) em 1983. Vive e trabalha em Porto Alegre.
É artista visual e professora/pesquisadora do Instituto de Artesda UFRGS. Doutora em Poéticas Visuais e Mestre em História, Teoria e Crítica de Arte. Foi gestora do Atelier Subterrânea (2006-2015) e vem participando residências artísticas de exposições no Brasil e no exterior desde 2004. Ganhou diversos prêmios da Funarte e recentemente foi contemplada com o Prêmio Açorianos de Melhor Exposição Coletiva (Prefeitura de Porto Alegre) pela mostra Salta d'água, onde apresentou o trabalho "Memorial de um Pé-de-pera", que exibe na Baró. Possui obras nos acervos públicos do Instituto Figueiredo Ferraz, MACRS, IEAVI-RS, Pinacotecas Aldo Locatelli e Barão de Santo Ângelo e Museu do Trabalho.
Túlio Pinto
Nasceu em Brasília, Brasil, 1974. Vive e trabalha em Porto Alegre, Brasil.
Em suas instalações e esculturas, o equilíbrio das peças é conseguido através do jogo entre pesos, densidades e tamanhos de materiais como concreto, chapas de ferro e vidros. A produção gira em torno do conceito de efemeridade e transformação explorados a partir das características próprias dos materiais trabalhados: “As coisas já têm seu potencial escultórico. Sou muito mais um articulador, já que repotencializo esta força inerente a elas, colocando em evidência essas aproximações e anulações que são geradas”, o artista define.
junho 23, 2018
Verbo 2018 na Vermelho e Galpão VB, São Paulo
A 14ª edição da Verbo - Mostra de Performance Arte, que acontecerá de 3 a 6 de julho na Galeria Vermelho e no dia 7 de julho no Galpão VB, conta com a participação de mais de 40 artistas brasileiros e estrangeiros. A seleção de projetos ficou a cargo da artista da dança, professora universitária e pesquisadora, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Ana Teixeira, e pelo diretor artístico da Verbo, Marcos Gallon. Durante a Verbo 2018 será lançada a plataforma de residências artísticas Verbo SLZ (São Luís), uma parceria entre a Verbo e o projeto CHÃO, em São Luiz (Maranhão).
Desde sua criação em 2005, a Verbo sempre procurou apresentar um panorama abrangente da Performance Arte programando ações de artistas brasileiros e estrangeiros com diferentes formações, idades e atuantes em campos distintos da arte atual. O objetivo sempre foi o de alargar o conceito de Performance Arte herdado do século 20, programando ações de artistas e de grupos atuantes no campo das artes visuais, dança, teatro, poesia e literatura, música, grafite e ativismo. Por conta disso, nunca foi determinado um recorte curatorial a priori.
Na Verbo de 2018, entretanto, essa dinâmica foi alterada. Decidiu-se estabelecer um terreno conceitual amplo com o objetivo de criar uma reflexão focada no atual momento de conflito ético e de mudança de paradigmas que caracteriza a vida no Brasil e no mundo. Nesse sentido, foram selecionadas palavras-chave a partir das quais os artistas interessados em participar dessa edição poderiam elaborar seus projetos. Foram aceitos também projetos criados a partir de 2016 que dialogassem com uma ou várias das palavras-chave: censura, corrupção endêmica, cultura, desobediência civil, ditadura, Estado de direito e Estado de exceção, ética, extremismo religioso, pós-feminismo, gênero, gentrificação, justiça, levante, LGBTQI, manipulação da notícia, patrulha intelectual, pobreza, polícia, populismo, pós-verdade, racismo e violência.
As questões acima dialogam por meio de diferentes construções, narrativas e poéticas com as ações, filmes, fotografias, textos e vídeos que compõem o programa da Verbo 2018.
Como mencionado acima, o programa da Verbo 2018 inclui o lançamento da plataforma de residências artísticas Verbo SLZ (São Luís), uma parceria entre a Verbo e o CHÃO, em São Luís, no Maranhão. Criado em 2015 por um grupo de artistas e curadores em um casarão histórico no centro de São Luís, o CHÃO ocupa também desde 2017 um galpão na Praia Grande, em São Luís. O CHÃO tem como objetivo criar um ambiente propício para a troca de conhecimentos de forma horizontal por meio de parcerias com artistas, instituições e projetos independentes. A parceria entre Verbo e CHÃO busca proporcionar um contato mais alongado entre a cena artística local e os artistas convidados para a residência, gerando, a partir dessa experiência de afecção, desdobramentos no formato de ações que integrarão o programa da Verbo 2019. O programa da Verbo SLZ será apresentado pela curadora e gestora cultural Samantha Moreira, pelo curador mexicano Rodrigo Campuzano e pelo diretor artístico da Verbo Marcos Gallon, em uma das mesas de discussão que integram a Verbo 2018.
A parceria estabelecida entre a Verbo e a Temporada de Dança Videobrasil, em 2017, continua em 2018 com a apresentação de dois programas de filmes de duas iniciativas francesas para a dança: Ciné-Corps (Paris-Rennes-Montréal), festival de filmes e vídeos sobre o corpo e suas possibilidades através da dança, e do Centre National de la Danse (CND), de Paris. O festival de filmes e vídeos Ciné-Corps participa com um programa de curtas-metragens contemporâneos. Já do Centre National de la Danse (CND), que integrou o programa da Verbo 2016 com a mostra “Screening and Live Actions: French Scene”, chega um programa histórico composto por filmes curtos das décadas de 1920 e 1930, de coreógrafos que exerceram grande influência e impacto sobre a produção francesa de dança ao longo da história.
LISTA DE ARTISTAS
Ana Pi (Brasil-França), Andrea Dip & Guilherme Peters (Brasil), Andrés Felipe Castaño (Argentina), Bianca Turner (Brasil), Charlene Bicalho (Brasil), Chico Fernandes (Brasil), Clara Ianni (Brasil), Cris Bierrenbach (Brasil), Depois do Fim da Arte (Brasil), Desvio Coletivo (Brasil), Dora Longo Bahia (Brasil), Egle Budvytyte & Bart Groenendaal (Holanda), Élcio Miazaki (Brasil), Elisabete Finger & Manuela Eichner (Brasil), Emanuel Tovar (México), Etcetera & Internacional Errorista (Argentina), Fernanda Brandão & Rafael Procópio (Brasil), Gabriela Noujaim (Brasil), Gabrielle Goliath (África do Sul), Gabinete Homo Extraterrestre (México), Gian Cruz & Claire Villacorta (Filipinas), Grupo MEXA, Dudu Quintanilha, Luisa Cavanagh e Rusi Millan Pastori (Brasil-Argentina), Grupo Trecho (Brasil), Guilherme Peters (Brasil), Josefina Gant, Juliana Fochtman e Nicole Ernst (Argentina), Julha Franz (Brasil), Lia Chaia (Brasil), Lyz Parayzo (Brasil), Marcelo Cidade (Brasil), Martín Soto Climent (México), Patrícia Araujo & Valentina D’Avenia (Brasil-Suíça), Paulx Castello (Brasil), Pedro Mira & Javier Velázquez Cabrero (México), Rubens C. Pássaro Jr. (Brasil), SPIT! (Sodomites, Perverts, Inverts Together!) (Colômbia-EUA) e Stephan Doitschinoff (Brasil).
junho 22, 2018
Construções Sensíveis no CCBB, Rio de Janeiro
A mais representativa arte abstrata da América Latina chega ao CCBB-Rio em exposição pensada especialmente para o Brasil
O Centro Cultural Banco do Brasil inaugura em junho, uma mostra abrangente da mais representativa arte abstrata da América Latina. A exposição Construções Sensíveis, que abre para o público em 27 de junho, foi montada a partir da coleção Ella Fontanals-Cisneros pelos curadores Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez, da Arte A Produções. Estarão expostas 120 obras, de 60 autores, de sete países da América Latina, em uma variedade de suportes: pinturas, desenhos, esculturas, objetos, instalações, fotografias e vídeos que tomarão todo o primeiro andar e o foyer do CCCBB-Rio, que recebe o site specific do artista cubano Alexandre Arrechea. A entrada é gratuita e a mostra permanece até 17 de setembro deste ano. "A exposição traz ao Brasil um recorte da abstração no nosso continente. Junto ao importante legado do concretismo e neoconcretismo brasileiros, são apresentadas as poéticas abstratas que prosperaram em outros países a partir dos anos de 1930”, explica Ania. Vários nomes têm reconhecimento internacional e muitos deles influenciaram e foram influenciados por latinoamericanos que encontraram em Paris ou Nova Iorque, pontos comuns de contato, intercâmbio e informação.
Essa rara oportunidade de conhecer, num único evento, tantos e tão instigantes autores e obras só foi possível porque Ella Fontanals-Cisneros construiu, a partir de 1970, uma coleção de arte abstrata geométrica e concreta, que já reúne mais de 2,6 mil obras, produzidas entre 1920 e 1982. Com a instalação, em 2002, da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals (CIFO, The Cisneros Fontanals Art Foundation) criaram-se condições para apoiar artistas latino-americanos, tanto em suas produções, quanto na realização de exposições e promoção de arte e cultura.
A colecionadora, nascida em Cuba e criada na Venezuela, faz questão que o público tenha acesso ao que ela conseguiu reunir. “A coleção tem abrangência global, mas a arte geométrica latino-americana ocupa uma parte importante. Para mim, é fundamental que esse acervo esteja a disposição do público” comenta Ella Fontanals-Cisneros. A exposição “Construções Sensíveis” oferece ao público a oportunidade de apreciar o diálogo entre os artistas e grupos formados em países como Brasil, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Colômbia e México, potencializado pela exposição.
Desde a sua fundação, a CIFO já doou mais de um milhão de dólares para mais de 120 artistas da América Latina, para ajudar na criação e exibição de novos trabalhos. E organizou exibições da coleção de Ella Fontanals-Cisneros em várias instituições, de diversos países. Esse ambiente de estímulo aos criadores e apreço pela arte, desenvolvido pela presidente da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals encontrou, na Arte A, a parceria adequada para desenvolver o projeto da exposição brasileira. Mostras realizadas com sucesso — Los Carpinteros, considerada uma das exposições de arte contemporânea mais visitadas no mundo no ano passado, de acordo com levantamento realizado anualmente pela publicação inglesa The Art Newspaper, Kandinsky, Carlos Garaicoa e Virada Russa, para citar algumas — e a afinidade que os curadores Ania e Rodolfo têm com o panorama artístico da América Latina foram fundamentais para estabelecer o diálogo, que resultou na concretização dessa exposição.
”Construções Sensíveis soma-se a uma linha de trabalho que Arte A Produções já tinha iniciado no Brasil, com duas exposições que apresentaram ícones precursores da arte abstrata, Kandinsky, com obras do mestre russo, e Virada Russa com artistas como Malevich, Tatlin e Rodchenko. Com a atual mostra, reforça-se o diálogo entre os artífices da vanguarda histórica e a sua repercussão no panorama da arte em nosso continente”, destaca Rodolfo de Athayde.
Ania destaca, que “Construções Sensíveis é uma exposição pensada especialmente para o Brasil, e presta uma sutil homenagem à mostra Arte Agora III, América Latina: Geometria sensível, que em 1978 ocupou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e fora destruída por conta de um trágico incêndio. Muitos dos artistas apresentados naquela histórica ocasião estão presentes aqui, como representação das tendências pioneiras na região, agora junto a artistas contemporâneos que apontam para os rumos da abstração hoje”.
Naturalmente, os abstratos brasileiros estão representados, com Bichos de Lygia Clark e Tteia de Lygia Pape, o Metaesquema de Hélio Oiticica e as fotografias de Thomas Farkaz e Geraldo de Barros, dentre outras obras relevantes.
A história do abstrato na América Latina, com seus paradoxos e contradições, é suscetível a estereótipos e mal-entendidos, mas, ao mesmo tempo, carente de uma pesquisa mais extensa, que registre suas conquistas e alcance, a partir de suas concepções particulares. A exposição Construções Sensíveis é um passo importante na abertura desses horizontes, ao colocar ao alcance agora dos cariocas esse elenco impressionante de artistas.
A curadora Ania Rodríguez considera que mesmo nos casos em que não existem vínculos históricos comprovados entre artistas de diferentes latitudes, "os nexos podem ser estabelecidos a partir de uma sensibilidade comum evidente, que filia as tendências derivadas do construtivismo como paradigma estético”.
Para aquela parcela do público que ainda não está habituado às obras abstratas e sinta alguma dificuldade em “entender" propostas não figurativas, talvez seja útil uma frase de Ella Fontanals-Cisneros: “Penso que a arte abstrata é algo sofisticado, cujo gosto e apreciação se vai adquirindo com o tempo”. A exposição “Construções Sensíveis” é uma excelente oportunidade para aprimorar essa sensibilidade.
A exposição segue para o CCBB Belo Horizonte em 12 de outubro, onde ficará em exibição até 7 de janeiro 2019.
Tiago Sant'ana no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Açúcar e colonização inspiram exposição no Paço Imperial
Tiago Sant’Ana explora as ruínas da escravidão no Recôncavo da Bahia para criar performances que serão exibidas em mostra individual. O artista é um dos indicados ao Prêmio PIPA 2018, uma das principais premiações das artes visuais brasileiras.
No próximo dia 28 de junho, às 18h30, o Paço Imperial abrirá a exposição Casa de purgar do artista visual Tiago Sant’Ana. A mostra reúne trabalhos em performance, fotografia e vídeo - tendo os antigos engenhos de açúcar do Recôncavo baiano como principal lugar de investigação. Para o artista, o açúcar ainda carrega consigo uma metáfora para discutir as estratificações sociais e raciais do Brasil: “O açúcar moveu durante séculos a máquina colonial, sobretudo na Bahia, que se apoiava não somente na ideia do lucro e da propriedade, mas também da subjugação e escravização de povos negros”, contextualiza.
A mostra ressalta a necessidade de olhar os fluxos contemporâneos tomando a memória e o patrimônio como universos produtivos. Assim, as estruturas dos antigos engenhos coloniais servem como espaço de imersão para o artista realizar uma série de performances que chamam atenção para o trabalho negro e o espaço que ele ocupa tanto no passado colonial quanto na contemporaneidade. “Em um dos trabalhos, eu realizo a ação de passar roupas continuamente nas construções de um antigo engenho. O ferro elétrico, os instrumento que utilizo, são atuais. Mas, a ação de estar naquele lugar desempenhando aquela atividade remete a um passado de escravismo colonial pautado no racismo e na exploração que permanecem ainda hoje”.
A exposição é uma composição poética de crítica decolonial num momento em que a história e a arte tentam revisitar as narrativas do passado brasileiro a partir de um outro viés que se afasta de um olhar eurocêntrico. A ideia de colonialidade é central para a composição dos trabalhos reunidos na exposição. Colonialidade pode ser entendida a permanência de uma chaga colonial, mesmo depois do desembarque da máquina portuguesa no Brasil. Ou seja, a sociedade contemporânea permanece vivendo sob uma égide colonial mediante as desigualdades raciais e sociais ainda presentes.
A exposição “Casa de purgar” tem início a partir de um achado do Inventário de Acervo Cultural da Bahia feito pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC) publicado em 1975. A partir dessa publicação, o artista selecionou alguns engenhos e instalações coloniais, realizando uma espécie de rota do açúcar - ao cartografar antigos engenhos e seus arredores na região do Recôncavo, local onde o artista nasceu.
Em muitos desses lugares inventariados pelo IPAC o que há, na maioria das vezes, são ruínas ou a própria inexistência de vestígios que evidenciem a presença de uma máquina colonial e suas complexas relações de exploração.
A trajetória artística de Tiago Sant’Ana está intimamente atravessada pela questão das representações e narrativas da negritude. Desse modo, o artista traça em “Casa de purgar” uma conexão entre a pesquisa cartográfica desses lugares históricos coloniais com a sua poética recorrente - cruzando e pondo em tangência como esses antigos engenhos carregam memórias que explicitam a condição da negritude na contemporaneidade.
“A casa de purgar era o lugar onde o açúcar passava pelo processo de refino e branqueamento. É onde se separa um açúcar puro de outros julgados como de menos qualidade. Então, essa imagem da casa de purgar serve como um dado para a exposição já que envolve relação de trabalho, separação e estratificação”, ressalta o curador da exposição Ayrson Heráclito, também artista visual e professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Além disso, purgar, enquanto verbo e ação, significa purificar, limpar. Para a exposição, há um exercício de tornar límpidas essas memórias coloniais, agora sob uma perspectiva negra, identificando o quanto havia um processo perverso nas dinâmicas dos engenhos e ressaltar a continuidade disso”.
A exposição tenta materializar por meio das performances ações recorrentes nesses espaços no passado, mas que voltam numa condição de fantasmas e aparições efêmeras a partir de um desejo de revisitação da história.
“Casa de purgar” já foi realizada neste ano no Museu de Arte da Bahia e é a primeira exposição individual do artista que neste ano foi indicado ao Prêmio PIPA, uma das principais premiações de artes visuais do Brasil. Tiago Sant’Ana é o único artista que vive e trabalha na Bahia indicado ao PIPA.
A exposição de Tiago Sant’Ana fica aberta ao público no Paço Imperial até o dia 5 de agosto. A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre. O museu funciona de terça a domingo das 12 às 19 horas.
Tiago Sant’Ana é artista da performance, doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas em performance e seus possíveis desdobramentos desde 2009. Seus trabalhos como artista imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras – tendo influência das perspectivas decoloniais. Realizou recentemente a exposição solo “Casa de purgar” (2018), no Museu de Arte da Bahia. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” (2017-2018), no Fowler Museum at UCLA, "Negros Indícios" (2017), na Caixa Cultural São Paulo, “Reply All” (2016), na Grosvenor Gallery, e “Orixás” (2016), na Casa França-Brasil.
Martha Niklaus no Paço Imperial, Rio de Janeiro
A exposição Histórias de peixes, iscas e anzóis reúne, pela primeira vez, uma seleção de obras da artista carioca Martha Niklaus realizadas entre 1993 e 2018. Com curadoria de Paula Terra-Neale, serão mostradas esculturas, vídeos, fotografias, objetos e instalações de diferentes projetos - Livro, Capturas, Rosáceas, Histórias ilustradas de peixes, iscas e anzóis, Bandeira de Farrapos, Choque de Cores, Horizonte Negro e Azul. Histórias de peixes, iscas e anzóis fica em cartaz no Paço Imperial de 28 de junho a 26 de agosto (terça a domingo).
“As obras falam sobre as relações com o outro e com o coletivo. Subvertendo a ordem das coisas e criando novos sistemas, elas trazem uma reflexão do nosso estar e fazer no mundo, nos diferentes papéis que desempenhamos como ‘peixes, iscas e anzóis”, comenta Martha Niklaus. Nas quatro salas do último andar do Paço Imperial, o público poderá entrar em contato com trabalhos marcantes da artista como o livro “Histórias ilustradas de peixes, iscas e anzóis” (2009), que foi criado a partir da obra “Rosáceas” (2002-2009) e contém 1023 tipos humanos apresentados em grupos cromáticos, além de uma seleção classificada por ‘tipos, profissões e atitudes’; as esculturas “Casca” (1997), feita com malha de croché moldada e retirada de um corpo, “Crescente” (1997), uma tarrafa de pesca composta por 2.500 bonecos de chumbo aplicados na malha de fio de nylon, e “Memória do fogo” (1998), resultado da queima de uma fogueira que teve suas toras de madeira envolvidas em tela de arame; as vídeoinstalações “Choque de Cores” (2015), intervenção urbana realizada na praia de Ipanema, e “Horizonte Negro” (2015), obra manifesto que teve a participação 26 embarcações de velejadores da Marina da Glória, na Baía de Guanabara; e vídeos relacionados a diversos trabalhos. Além do inédito projeto “Azul”, desenvolvido nos últimos quatro anos durante viagens imersivas pelos rios Tapajós e Arapiuns, no Pará.
A curadora Paula Terra-Neale destaca que “O trabalho de Martha Niklaus opera nas zonas limítrofes dos encontros que se dão entre o individual e o coletivo; entre o real absoluto da experiência e as imagens que engendramos para fixá-las; entre a memória como arquivo e rastro de nossa humanidade e a possibilidade de um futuro utópico construído pela arte. Combinando aspectos da arte conceitual, minimalista e experimental, incorporando a performance e vídeo-arte; trabalhando com materiais diretamente extraídos da natureza, do nosso cotidiano ou ainda com sucatas, esta obra não quer se restringir a uma escola, movimento ou tendência artística. Dentre algumas assemelha-se às produções iniciadas nos anos 60/70, como o Neoconcretismo aqui no Brasil e a arte Povera na Itália”. A exposição Histórias de peixes, iscas e anzóis é um projeto curatorial da Terra-Arte.
Durante o período da exposição, será realizada uma visita guiada, aberta ao público em geral, com tradução simultânea para a linguagem de LIBRAS. A artista Martha Niklaus oferecerá também, para alunos e professores da rede pública de ensino, a oficina gratuita “Um Mundo de Classificações”.
O projeto da exposição está sendo viabilizado pelo patrocínio de pessoas físicas, através da Lei Rouanet/MinC, e pelo financiamento coletivo lançado no site da artista.
Martha Niklaus vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formada em Licenciatura em Artes, pela PUC-RJ, frequentou, desde criança, a Oficina de Arte Maria Teresa Vieira e o atelier do escultor José Cesar Branquinho. Nos anos 80, ingressou no Atelier de Escultura do Ingá e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Desde 1982, realizou diversas obras e participou de várias mostras coletivas internacionais. Seus últimos trabalhos apresentados no Rio de Janeiro foram: “Horizonte Negro”, coreografia náutica na Baía de Guanabara (2015); “Cabo de Guerra”, performance no evento “Maremoto”, na favela da Maré (2014); “Livro”, vídeoinstalação no Museu da República (2013); e “Choque de Cores”, intervenção urbana na Praia de Ipanema (2011). De 2014 a 2017, Martha fez viagens de imersão nos rios Arapiuns e Tapajós, no Pará, desenvolvendo os projetos “Azul” e “Online-Offline” (com crianças de comunidades ribeirinhas). Ganhou vários prêmios, sendo o mais recente o Redes de Artes Visuais da Funarte - 12ª edição, em 2015.
Cristina de Pádula no Paço Imperial, Rio de Janeiro
No dia 28 de junho, será inaugurada no Paço Imperial a exposição aqui, não com obras recentes da artista visual Cristina de Pádula, que ocuparão duas salas do segundo andar do Paço Imperial. Como diz o curador da mostra Cezar Bartholomeu, “O título da instalação de Cristina de Pádula sugere uma enorme negatividade, o que é confirmado por certo esvaziamento centrípeto do lugar de exposição, mas sobretudo pelo negror do material de que faz uso para construir seus trabalhos, sejam eles desenhos, fotos, vídeos, objetos de cena, elementos construtivos do espaço ou mesmo acúmulos de seus restos quase sem forma.”
Na primeira sala o visitante irá se deparar com uma instalações com desenhos, dois vídeos e uma série com dez fotografias. A primeira obra, a instalação Desenho-círcular, o visitante poderá ver 700 desenhos amassados que demarcam um lugar de experiência errática da matéria acumulada. Como desdobramento desta obra, o vídeo Ao cabo de alguns segundos tudo recomeça, apresenta uma ação sem fim de buscar dentro dos desenhos, por algo que não sabemos o que possa ser.
Seguindo pela mesma sala série de fotografias Incidente-nichos apresenta registros de uma estante tombada com a matéria negra. Nestas fotografias dípticas há um jogo com a estrutura da estante que cria outros espaços de difícil comprreensão, senão esclarecidos pela presença, ao final da sala de exposição, do vídeo Incidente, no qual seu som invade parte da exposição junto às fotografias.
Na segunda sala da exposição o visitante encontra matéria de parafina negra, cerca de 700 quilos com a instalação aqui, não que ocupará uma área de 80 metros quadrados. Esta instalação com a parafina negra acumula restos de trabalhos que foram construídos e destruídos ao longo de mais de 20 anos de trabalho. Trata-se da mesma matéria sempre reutilizada, adquirindo distintas configurações e sentidos a cada novo trabalho.
Como diz a artista sobre sua instalação, “com a obra aqui, não, apresento um espaço difícil de estar. Deslocando-se pela sala, numa penumbra, o visitante encontrará cinzas e resíduos informes, índices de formas que outrora foram destruídas. A presença de duas escadas maciças de parafina negra não esclarece nada a respeito daqueles restos. Encontramos, ainda, placas quebradas pelo chão, na mesma escala que a das tábuas de madeira da sala expositiva, insinuando uma proximidade com o lugar onde estão, embora nos pareça difícil compreender a relação. Outras pequenas placas de parafina, em formato de tacos, remetem a um imaginário lugar, que não sabemos se existe ou existiu. Novamente, não há nenhuma narrativa que possa esclarecer a presença de tais fragmentos”.
Cristina de Pádula, Rio de Janeiro, 1972.
Artista visual. Atualmente é Doutoranda em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde 1995, trabalha produzindo instalações, desenhos, fotografias e vídeos a partir de uma mesma matéria de parafina negra. Participa de exposições coletivas, salões de arte e exposições individuais desde 1994. Em 2013 participou de uma residência artística em Munique na galeria Gedok. Em setembro deste ano tem ainda outra exposição individual agendada no Centro de Artes Hélio Oiticica, onde também apresentará outras obras inéditas.
Ana Kesselring no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Depois de dois anos sem expor no Brasil, artista apresenta peças, tridimensionais, em cerâmica
A artista visual Ana Kesselring abre, no dia 28 de junho, quinta, às 18h30, a exposição inédita Corpos Estranhos, no Paço Imperial. A mostra apresenta cerca de 15 esculturas em cerâmica, produzidas entre 2016 e 2018, entre São Paulo e Lisboa, criadas especialmente para esta exposição. O processo de produção é de cerâmicas de várias procedências, brasileiras e portuguesas, esmaltadas em alta temperatura. As esculturas estarão expostas sob plintos e pranchas em madeira, em um projeto de montagem exclusivamente criada pela artista e pelo arquiteto Alvaro Razuk para esta exposição.
Morando na Europa há 12 anos, desde que ganhou a Bolsa Cité des Arts, em 2006, da FAAP, e passou a residir e trabalhar em Paris, Ana fica entre Lisboa – onde vive atualmente – e São Paulo, e, agora, Rio. Na capital paulista, a artista apresentou sua última individual, intitulada “Os corpos do mundo”, sobre as possibilidades de representação do corpo em sentido expandido, também com a utilização da cerâmica.
A cerâmica sempre agradou a artista, mas foi em 2014, quando se mudou para Lisboa, que a motivação em trabalhar com este material se intensificou. “Mudei-me para Portugal para ingressar em uma residência artística numa escola de arte chamada Ar.Co, onde comecei a desenvolver estas peças. Até hoje faço meu trabalho num atelier dentro desta escola, que é em Almada, do outro lado do rio Tejo, e é muito prestigiada. Os principais artistas portugueses passaram por ela. Nesta exposição de agora, no Paço, o público vai poder ver esculturas individuais que se conectam e dialogam, sempre tendo em comum uma temática, que tem a ver com o corpo”, explica a artista.
Em Paris, Ana Kesselring já tinha começado a voltar sua atenção para a porcelana, mas foi mesmo em Portugal que ela sentiu a necessidade de se expressar tridimensionalmente. “Algumas mostras que vi em Paris, me despertaram para cerâmica, como o trabalho do belga Johan Creten, da sueca Clara Kristalova ou da artista Ana Maiolino, que vi na Documenta de Kassel”, diz. Também o trabalho do ceramista português Bordalo Pinheiro foi uma influência forte. Este uso da cerâmica segue uma tendência da arte contemporânea atual, na qual o material tem sido cada vez mais procurado pelos artistas.
Também em Paris Ana começou a trabalhar em torno da questão do corpo. Em “Corpos Estranhos”, há uma relação entre as formas desenvolvidas pela artista e diversos corpos: humano, animal, vegetal, mineral, já que as esculturas que ela executa se dão em grande parte a partir de moldes que ela faz de legumes, frutas, pedras, conchas, ossos moldados e outros elementos da natureza. “Estas formas que eu coloco e tiro destes moldes, eu monto no que chamo de ‘Barrigas’ ou nas ‘Colunas’, e nas outras peças. O resultado disso acaba tendo analogias como o corpo humano visto por dentro, como uma anatomia, mas desorganizada, ou reorganizada e inventada por mim.
Eu construo ‘corpos’ supostamente de seres vivos, que lembram órgãos internos, usando elementos da natureza ‘estranhos’ a estes corpos”, fala, deixando interpretações no ar. É um corpo no sentido expandido, pois a artista acredita que tudo está interligado, ou seja, o corpo humano está inexoravelmente ligado ao corpo dos vegetais e dos animais.
Ligia Canongia, que assina o texto de parede e o texto crítico desta mostra, escreve: “A transfiguração dos seres reais nas agregações obscuras e ambivalentes de Ana Kesselring - ao mesmo tempo, naturais e artificiais, familiares e bizarras, rígidas e sensuais - atesta não somente o estranhamento produzido pela troca de seus contextos lógicos, como, principalmente, pela capacidade poética de fazer a realidade delirar e sair de sua estratificação normal. O que antes eram simples vegetais, frutas, mariscos ou conchas, ganha excentricidade e se envolve em uma atmosfera absurda, comparável à das figuras espantosas de Arcimboldo ou às deformações surreais.
Cada espectador é único e, portanto, muitas visões distintas vão surgir. Cada olhar é próprio e, sendo assim, diversas analogias se fazem necessárias. E esta também é a ideia da mostra: deixar o público livre para interpretar o que mais se adequa ao seu olhar no momento. “Há muitas maneiras de ver aquelas esculturas ou, se quisermos, aqueles corpos, ou aquelas peças, por vezes abertos, como que mostrando as vísceras - num paralelo do que acontece inclusive hoje de violência na cidade, mas também através de uma questão mais ecológica, que é a conexão do homem com a natureza e com o mundo natural que a civilização moderna perdeu e vem tentando resgatar. O artista nunca cria a partir de uma única ideia, há vários elementos que determinaram que eu chegasse a estes trabalhos”, finaliza Ana Kesselring.
Mais sobre a artista
Graduada em 2006 pela FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado, São Paulo, Brasil. Antes desta data realizou exposições em diversos locais, como no Centro Cultural São Paulo e no Centro Universitário Maria Antonia. Em 2007, recebeu pela mesma FAAP a Bolsa Cité Internationale des Arts em Paris, França, com subvenção para produção de seu trabalho. Em Paris, onde viveu até 2014, na mesma época realizou individual, na Sycomoreart Galerie e na Cité des Arts, em Paris. Participou, ainda, coletivas como “Mundo Sem Molduras”, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, entre outras. Nos anos seguintes, completou Mestrado na Université Paris VIII. Vive atualmente entre São Paulo e Lisboa, onde desenvolve pesquisa em cerâmica na AR.CO. Expõe regularmente na Europa e no Brasil, e seu trabalho faz parte de coleções neste eixo.
junho 20, 2018
O tridimensional na coleção Marcos Amaro na FMA, Itu
Fundação Marcos Amaro abre mostra permanente em Itu
Com curadoria de Ricardo Resende, exposição reúne trabalhos de nomes como Adriana Varejão, Cildo Meireles, Iole de Freitas, Mestre Didi, Nelson Leirner e Nuno Ramos
Um panorama abrangente da arte brasileira, com trabalhos dos mais importantes artistas nacionais. Com esse mote, a Fundação Marcos Amaro inaugura a exposição permanente O tridimensional na coleção Marcos Amaro: frente, fundo, em cima, embaixo, lados. Volume, forma e cor, em sua sedem na Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA),em Itu, a partir de 23 de junho.
Com curadoria de Ricardo Resende, a mostra traz um recorte do acervo do colecionador, artista e empresário que dá nome à instituição. A exposição reúne cerca de 50 trabalhos entre pinturas, esculturas, relevos e instalações. São criações de artistas de gerações e influências distintas, do Barroco à contemporaneidade, passando ainda pelos modernistas.
“A exposição apresenta um acervo em construção que tem interesse no ato escultórico, da categoria artística voltada para o tridimensional. Desde um Aleijadinho, com uma escultura entalhada na madeira de Nossa Senhora das Dores, dramática e que revoluciona a Arte Barroca, à Nuno Ramos, com sua ‘coluna de cal’ erguida no espaço da exposição, em que fala de materialidade e urgência das coisas que tomam forma e se transformam em objetos pulsantes, equilibrados, entre a transitoriedade e permanência da matéria”, conta Resende.
O recorte de caráter permanente marca a inauguração da Sala Almeida Júnior, espaço expositivo da FAMA que homenageia o ituano José Ferraz de Almeida Júnior, artista plástico brasileiro que viveu entre 1850 e 1899. O pintor é reconhecido pela crítica como o primeiro a incluir a figura do homem comum do povo brasileiro às artes plásticas, figurando seus costumes e cores e adotando a luminosidade regional em suas telas, ainda que dentro de uma técnica academicista.
A mostra se expande para além dos limites deste espaço. Os jardins da fábrica serão tomados por esculturas monumentais dos artistas Caciporé Torres, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, José Resende, José Spaniol, Marcos Amaro, Mário Cravo, Mestre Didi e Sérgio Romagnolo.
Sobre o acervo da FMA
Com cerca de mil obras, a coleção de Marcos Amaro tem sido construída ao longo dos últimos dez anos. A primeira aquisição foi uma obra de Cândido Portinari. De lá para cá, o colecionador tem investido em obras dos mais importantes artistas, com foco maior nos brasileiros. São pinturas, esculturas e fotografias que, juntas, compõem um acervo potente e expressivo da arte brasileira.
Em 2012, o empresário criou a Fundação Marcos Amaro, instalando-se em Itu, cidade a 100 quilômetros da capital. A sede no interior tem como intuito permitir e fomentar a descentralização da arte. A iniciativa é abrigada em uma área de 20 mil metros quadrados, onde no século XIX funcionou a Fábrica São Pedro, importante polo da indústria têxtil, c om relevância histórica e cultural para a região.
É lá que hoje funciona a Fábrica de Arte Marcos Amaro (FAMA), projeto e complexo que abraça não apenas o espaço expositivo que possibilitará ao público o acesso ao acervo da Fundação, mas que também abriga ateliês, ocupações e residências artísticas promovidas por meio de editais.
Sobre a FMA
A Fundação Marcos Amaro é uma organização cultural privada sem fins lucrativos, que tem como objetivos incentivar a criação artística contemporânea, investigar criticamente e documentar os caminhos da arte, e, ainda, possibilitar ao público o acesso ao acervo do colecionador e artista Marcos Amaro.
Entre as iniciativas que promove, estão um criterioso programa de exposições, um edital anual de apoio a artistas, uma premiação anual de destaque para melhor produção criativa, o estímulo contínuo à pesquisa acadêmica, além da promoção de debates e projetos especiais em espaços públicos.
junho 19, 2018
Transformers no Auroras, São Paulo
A apropriação de imagens é uma prática que se intensificou drasticamente nas ultimas décadas. Desde então, incorporar imagens das mais diversas origens é uma das características da produção contemporânea, frequentemente misturando diferentes materiais e técnicas. A exposição Transformers, no auroras, destaca o uso diverso da imagem que é articulada por Leda Catunda, Arthur Chaves, Pedro França e Robert Rauschenberg.
Num momento onde a circulação de imagens ultrapassa quaisquer limites estabelecidos, a noção de autoria e originalidade são esgarçadas. A ideia de propriedade intelectual é ultrapassada por um uso livre das imagens. A partir da década de 1960, a incorporação de imagens da alta e da baixa cultura passaram a povoar o panorama artístico, esgarçando os limites de “gosto”.
A tinta, que permeia com mais ou menos intensidade todas as obras, serve, frequentemente, para alinhavar os diversos campos imagéticos e materialidades que foram aproximadas quase que bruscamente. Isto é, funciona também como um elemento que atravessa os mais diferentes tipos de tecidos e materiais como uma espécie de amálgama da composição.
Cada artista dessa exposição articula espaços distintos, em um campo mais ou menos delimitado. Dessa maneira, as ideias raramente se ordenam de modo linear, e essa espécie de desordem é parte de sua lógica construtiva. Através de ideias de sampling e détournement, os artistas convocam imagens das mais diferentes naturezas, que vão de Albrecht Dürer (1471 – 1528) a imagens de gatinhos, colcha de espaçonaves, e máscaras de super-heróis. É sintomático que essas imagens ocupem um mesmo ambiente, reforçando um achatamento de tudo que se constrói na cultura visual.
junho 18, 2018
Manata Laudares encerram mostra com apresentação de ThePlace na Sé Galeria, São Paulo
Sábado, 23 de junho das 12h as 20h, acontece o encerramento da mostra After Nature, do duo Manata Laudares, e a Sé apresenta ThePlace.
Após ocuparem a galeria Sé com trabalhos históricos e alguns inéditos produzidos nos mais diversos suportes, os artistas ativam ThePlace, espaço de imersão e compartilhamento, realizado há vinte anos em vários países que, agora, tem sua primeira edição em São Paulo.
Essa edição contará com a participação de artistas, DJs e produtores parceiros de longa data do duo. Bruno Queiroz, Ju Frontin, Marcelo Mudou, Pedro Victor Brandão e Sávio de Queiroz apresentarão DJ sets e live PAs.
SOBRE O TRABALHO
ThePlace nasce da vivência dos artistas junto ao universo cultural da música eletrônica e é um convite para compartilhar experiências sonoras. Neste trabalho, o duo desenvolve uma operação simples, porém subversiva, ao propor o deslocamento da pista de dança para o espaço da arte, intensificando o trânsito característico da cultura contemporânea.
O trabalho teve início em 1998 e foi realizado em várias cidades, dentro e fora do país, como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Praga (República Tcheca), Brest (França), e Berlim (Alemanha).
“ThePlace parte da crença na impotência do objeto artístico frente ao local que se propõe manifestar, ou seja, na cultura. Este espaço, considerando toda sua complexidade, possibilita vivências tão surpreendentes, que tornam esta produção plástica contemporânea atrelada à história da arte, incapaz de disputar alguma credibilidade ou interesse fora de seu círculo. O trabalho é a construção de uma pequena parte deste universo, que aqui propomos ser performado no espaço da arte", afirmam os artistas.
O trabalho se dá em dois momentos: o primeiro no campo da negociação entre artistas, instituição e comunidade local, quando o duo os instiga a participar desta rede de trocas. E o segundo acontece no campo da apropriação, sinalização* e disponibilização do espaço e equipamentos.
Para os artistas, “O som é o elemento agregador, pois não fala apenas aos especialistas. Nós o usamos como uma forma de propor uma experiência objetiva, em contraste à subjetividade largamente utilizada na arte contemporânea".
No final dos anos 1990, os artistas questionam "como viver, produzir arte, distribuí-la e transmitir seu conhecimento num contexto da economia da informação". Instigados por um aforisma de Roland Barthes publicado em “Incidentes”, em que descreve a potência de sua experiência no clube parisiense Le Palace na véspera de sua viagem ao Marrocos, o duo cria ThePlace na busca de uma experiência que tivesse "intensidade e duração".
Naquele momento, relatam os artistas, "nem sabíamos direito se estávamos fazendo arte". Mas ao compreender a potência do que faziam, começaram a pensar em questões como: qual é o papel do artista nesse novo desenho da sociedade e a relação entre arte e som, e passaram a articular noções de afeto, compartilhamento, copyleft, autoria, horizontalidade, além de problemas estéticos específicos da arte, como a noção de programa e processo, espaços de imersão etc. Questões que atravessam toda "prática" do duo.
Para Lisette Lagnado, os artistas são “pioneiros na introdução da síntese entre o espaço da arte e a pista de dança, vislumbrada na arte brasileira desde a Cosmococa CC2 ONOOBJECT (1973), de Hélio Oiticica, Manata Laudares vem mapeando a produção sonora contemporânea e nos entregam agora sua versão fria e coerente com nossa distopia”.
*O espaço é demarcado com a malha de quebra-cabeça cego para indicar o local da ação e tornar os presentes parte da experiência.
SOBRE OS ARTISTAS
O duo Manata Laudares teve início em 1996, em Belo Horizonte, a partir da observação dos artistas sobre o universo do comportamento e da cultura da música eletrônica contemporânea.
Os artistas afirmam seu interesse em atuar na “economia política da arte” criando espaços de convivência e troca de informações que podem assumir vários formatos (residências, workshops, instalações e programas em processo). A estratégia passa pela utilização de signos universais, tais como: cantos de pássaros, batidas do coração, quebra-cabeças, a forma do alto falante ou o próprio objeto, como artifícios utilizados na construção de uma rede que aguça os sentidos dos participantes.
“Atuamos na membrana do sistema e na formação de artistas, gostamos de agir como ‘catalisadores’, acelerando os processos”, ressalta Manata.
O som, no trabalho do duo, atua como “dispositivo social” e tem valor agregador e possibilitador. Ele promove um resgate da memória e o intercâmbio cultural, sem pedir especialistas, ao mesmo tempo em que é tratado como um canal de afeto.
“Nossas atividades sonoras agregam tanto iniciados quanto os que não têm acesso aos discursos acadêmicos e aos espaços específicos do sistema, como as galerias e salões”, diz Laudares. Os artistas propõem arte contemporânea na forma de "mediação e intervenção pública" ao afirmar: “Nós somos o Sistema de Som”.
junho 17, 2018
Daniel Moreira e Leandro Gabriel no Palácio das Artes, Belo Horizonte
A Fundação Clóvis Salgado promove a exposição Sob o Céu Que Nos Protege, dos artistas Daniel Moreira e Leandro Gabriel, na PQNA Galeria do Palácio das Artes. A mostra retrata, de maneira poética, um recorte sobre a rotina dos moradores do Vale das Ocupações, no Barreiro, em que os sonhos de uma moradia digna se cruzam e se conectam pelo olhar de Daniel e Leandro. Ao longo de 45 dias, Daniel Moreira e Leandro Gabriel conviveram com os moradores das ocupações Eliana Silva, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Nelson Mandela e Horta.
O resultado dessa imersão artística é um Site-específic. Uma obra criada especificamente para ocupar o espaço físico da galeria, que conta com fotografias dos moradores em situações corriqueiras capturadas em uma câmera analógica de grande formato. As imagens se apresentam ao público suspensas na galeria por entre um emaranhado de fios elétricos e leitores de água e energia.
De acordo com os artistas, o conceito de reunir fotografias, fios e leitores de energia e hidrômetros é uma forma de instigar o público a refletir sobre estruturas básicas e essenciais que faltam à população de baixa renda.
“Percebemos que há uma organização muito grande dessas pessoas nas ocupações. Apesar do grande esforço demandado por elas em manter a ocupação funcionando, deu para notar que há uma sensação de invisibilidade, como se elas não existissem perante o poder público. Além do registro e da memória que a exposição oferece, queremos despertar o interesse para a vida em cadeia que acontece por ali e as suas demandas como parte integrante de uma sociedade”, comenta Daniel Moreira.
Para Leandro Gabriel, é importante discutir a questão da ocupação urbana, mas, acima de tudo, é importante sabermos quem são as pessoas que ocupam esses espaços. “Penso ser uma questão de responsabilidade de todos. Por isso os cabos de energia e medidores de água e luz simbolizam o direito de todos aos serviços básicos. Estão lá para demostrar que só por meio da atenção da atenção de todos, os moradores serão respeitados e escutados, livrando-se, assim, dos preconceitos muitas vezes manifestados por outras ‘camadas sociais’”, destaca.
O contato dos artistas com as ocupações se deu por intervenção dos Padres Agostinianos, que atuam em parceria com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Para Leonardo Péricles, morador da ocupação Eliana Silva e integrante da coordenação nacional do MLB, a presença dos artistas registrando a rotina das ocupações é uma forma de inserir os moradores em um universo que contemple a arte e a cultura.
“Essa questão da arte nos marca muito, porque nós temos tentado desenvolver atividades diferentes. A presença deles (Leandro e Daniel), além de ter representado uma experiência bastante rica para nós, estimula a comunidade a ver a arte e a cultura de forma mais constante e isso também inspira nossos moradores. Nós passamos a ver tudo o que a gente faz de maneira mais potente”. Leonardo complementa que um trabalho artístico pautado nas ocupações desperta o olhar das pessoas para o que acontece nesse ambiente. Para ele, os próprios moradores têm se organizado na busca de melhorias, transformando o espaço em uma grande comunidade.
“Muita coisa boa vem surgindo nestes territórios, desde um trabalho autogestionado em relação ao estado, parcerias fantásticas e inovadoras com acadêmicos progressistas, e na junção disto tudo, a construção de sistemas de esgoto, água, creche, horta, um projeto de parque de preservação ambiental, escola popular, segurança pública, até o reconhecimento por parte do poder público, depois de anos de pressão do MLB e dos moradores a conquista de ligação oficial de energia elétrica e saneamento básico”, finaliza.
O título da exposição é uma alusão ao filme O Céu Que Nos Protege (1990), de Bernardo Bertolucci. No drama, um casal nova-iorquino viaja para o continente africano logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Por lá, buscam encontrar um novo sentido para a vida e para o casamento, tendo, como única proteção, o céu, que sempre se faz presente, mesmo nos momentos de maior fragilidade humana.
junho 14, 2018
Campos Gerais na Adelina, São Paulo
Daniel Caballero, Manuella Karmann e Miguel Penha trazem diferentes pontos de vista sobre a pintura de paisagem embebidos de um alerta para preservação dos biomas brasileiros
No próximo dia 20 de junho, a Adelina inaugura sua próxima mostra, a coletiva Campos Gerais, que tem curadoria assinada por Josué Mattos e traz obras de Daniel Caballero, Manuella Karmann e Miguel Penha. Em comum, os três artistas trazem visões muito particulares de paisagens que fazem parte dos biomas brasileiros, atuando diretamente sobre áreas de risco.
Josué Mattos, o curador da exposição, reconhece a importância do encontro dos três artistas pelo fato de "residirem áreas em que os biomas sofrem grande degradação. Daniel Caballero e Miguel Penha preservam interesses pela paisagem do cerrado, colocando o assunto em voga em suas investigações. Manuella Karmann, por sua vez, atua diretamente na Serra da Mantiqueira, em área de reflorestamento, resistindo à frenética transformação do bioma em pastagem."
Os cerrados paulistas são o tema de interesse de Daniel Caballero, que pesquisa sobre o apagamento desta paisagem, que está em acelerado processo de extinção em virtude de sua invisibilidade. O artista realiza desenhos de catalogação de espécies, transplantando-as na praça que ele nomeou Cerrado Infinito, projeto de longo fôlego que desenvolve na região oeste de São Paulo e funciona como um ateliê-viveiro em plena praça pública.
Manuella Karmann mora na serra da Mantiqueira e atua em um projeto de sua família responsável pelo reflorestamento de aproximadamente trinta e cinco mil plantas ao longo das últimas décadas. A artista trabalha com pinturas e desenhos que reúnem uma ampla variedade de espécies em um mesmo espaço, com um trabalho minucioso e cheio de detalhes. “Embora o fascínio pelo cenário idílico das "matas do topo" prevaleça por seu horizonte expandido, não escapa ao domínio das gigantescas pastagens e ocupações desordenadas, que transformam a serra em pequenas ilhas, fazendo surgir verdadeiros arquipélagos florestais, constituídos por áreas remanescentes que evitam a queda de encostas.”, de acordo com Josué Mattos.
Miguel Penha reside na Chapada dos Guimarães e tem ascendência indígena, das etnias xiquitano e bororo. Suas pinturas, quase sempre em grandes formatos, retratam o cerrado do Centro-Oeste brasileiro e a floresta amazônica com o objetivo de manter preservada sua forte carga mítica, com um sentido de profundidade evanescente, construído, algumas vezes, com névoas que apontam para a transitoriedade da paisagem representada.
SOBRE OS ARTISTAS
Daniel Caballero (São Paulo, 1972) é artista visual, vive e trabalha em São Paulo. Sua relação pessoal com a cidade é o campo de experimentação onde atua como observador ativo. Seu trabalho se manifesta em diversas mídias, que vão de suportes tradicionais, como desenho, instalação ou vídeo, a ações fora do espaço expositivo institucional, tentando novas formas de engajamento da obra e do espectador. Desde junho de 2015 desenvolve o projeto Cerrado Infinito, um trabalho de intervenção urbana. Seu objetivo é criar territórios para reconhecimento, vivência e sensibilização sobre a paisagem paulistana dos Campos de Piratininga. No final de 2016, lançou o livro “Guia de campo dos Campos de Piratininga ou O que sobrou do cerrado paulistano ou Como fazer seu próprio Cerrado infinito”.
Manuella Karmann (São Paulo, 1991) vive e trabalha em São Bento do Sapucaí. Em sua primeira exposição, Manuella Karmann apresenta um conjunto de obras desenvolvido depois de residir na Índia, na cidade de Nathdwara, onde estudou a prática da pintura Pichwaii que remonta ao século XV. Desde 2012, a artista estuda com Ghanshyam Sharma, exímio artista da pintura Pichwaii, produzida com metais preciosos e pigmentos preparados no ateliê, aplicados sobre algodão engomado. De retorno ao Brasil, instalou-se na área rural de São Bento do Sapucaí, colaborando com um projeto de reflorestamento e proteção ao bioma, existente desde a década de 1980. Em contato com as montanhas e a biodiversidade da Serra da Mantiqueira, Manuella iniciou um processo que consiste em aproximar a narrativa da pintura Pichwaii com a paisagem que ela estuda minuciosamente. O convívio com a Mantiqueira fornece à artista um repertório visual com variadas formas de vida, algumas das quais em processo de extinção. Em seu ateliê, a artista coleta diferentes espécies encontradas na floresta, que ela introduz em sua pintura, de modo a redefinir a carga simbólica e espiritual da produção artística do Rajastão, fortemente marcada em sua prática.
Miguel Penha nasceu em Cuiabá (1961), vive na Chapada dos Guimarães (Mato Grosso) e sua obra, desenvolvida ao longo dos últimos 15 anos em meio à natureza, traz uma nova visão própria em relação à pintura de paisagens, trabalhando com questões como a luz e a profundidade. Em suas telas, essas questões centrais são transportadas e ganham uma visão singular no ambiente onde ele vive e trabalha, resultando em composições em formatos variados, reforçando a sacralidade da natureza, ideia cara aos povos indígenas. Participa, desde a década de 1980, de exposições em diferentes museus e centros culturais brasileiros, como 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (Sesc Pompéia, 2017). Realizou a individual Samaúma (2017), no CAC W, em Ribeirão Preto. Sua exposição individual Dentro da Mata foi aprovada na Temporada de Projetos do Paço das Artes, em 2014, tendo sido mostrada em várias cidades, em São Paulo, no Paço das Artes, em Blumenau (SC), além de itinerar pela região norte do país. Em 2009, foi contemplado pelo Prêmio Marcantonio Vilaça da Fundação Nacional de Artes.
SOBRE A ADELINA
Em abril de 2017, o executivo Fabio Luchetti criou o projeto Adelina, no Bairro Perdizes. Com ampla atuação no circuito de arte e educação contemporâneas, o projeto promove a difusão, produção e compartilhamento de conhecimento, por meio de encontros, debates, oficinas, publicações, além de cursos interdisciplinares, exposições de artistas contemporâneos e ações extramuros. O objetivo do projeto é firmar-se como um espaço para a concepção, formação e difusão da arte. Em suas muitas ações, a ideia é atingir os mais diversos perfis, favorecendo o intercâmbios entre artistas, curadores e amantes da arte. Desde a sua fundação, a Adelina pretende aproximar a arte e educação, participando ativamente da formação livre de públicos variados, entre os quais estão professores da rede de ensino público, estudantes, crianças, adolescentes e idosos.
Luzes indiscretas entre colinas cônicas na Simone Cadinelli, Rio de Janeiro
Ipanema ganha novo espaço de arte: Galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea abre com exposição sob a curadoria de Marcelo Campos
O casarão amarelo da Aníbal de Mendonça, no conhecido “quadrilátero dourado” de Ipanema, abriga a partir de 20 de junho a galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea. A proposta do espaço é ser um centro propulsor da arte, com exposições, mas também performances, workshops, visitas guiadas, numa programação diversificada.
“Queremos inovar, romper padrões e promover a arte.”, explica Simone Cadinelli. A arquiteta, colecionadora e incentivadora das artes explica que a escolha do local teve importância fundamental: “A edificação é um elemento de partida por conta da minha formação. O espaço tem tradição.”
A exposição de inauguração Luzes indiscretas entre colinas cônicas tem curadoria de Marcelo Campos e reúne obras de 13 artistas que têm em comum temas relacionados a luz, corpo e paisagem.
A ESTREIA COM MARCELO CAMPOS
Simone diz que trazer Marcelo Campos para a primeira exposição: “se conectava com nossa proposta. Sua atuação institucional e acadêmica congrega com nosso projeto de associar artistas de renome com novos nomes. Estamos muito felizes”.
Marcelo também está bastante animado com o desafio. “Recebi o convite e todo o material dos artistas e logo percebi o interesse da galeria sobre discussões atuais e sociais. A exposição inaugural vai trazer um pouco da consciência de assuntos do presente, cedendo espaço para artistas atuais.”
LUZES INDISCRETAS ENTRE COLINAS CÔNICAS
A proposta de Marcelo Campos com esta exposição é unir trabalhos que tratem de ideias relacionadas à luz, ao corpo e a paisagem. Ele se baseou no relato de viajantes que se deparavam com as cidades brasileiras e em três conceitos que se tornaram evidentes: a luz, a transbordante paisagem e o gentio.
“Mário de Andrade, em O turista aprendiz, destaca a luz das manhãs no subúrbio do Rio de Janeiro e uma ‘certa’ característica ‘indiscreta’ nas pessoas, nas ruas. George Gardner, em Viagem ao interior do Brasil, inicia seu trabalho de campo no litoral e não se furta em valorizar a transbordante beleza da natureza, a cidade por entre ‘colinas cônicas’,” conta Marcelo deixando escapar o jeito didático do professor de história da arte.
Partindo dessas constatações o curador pensa na paisagem como uma clareira de luz na mata. “Os artistas desta exposição olham a cidade como se fôssemos mergulhar de trampolim em direção ao pleno viver. Porém, há outras luzes que transcendem e atravessam esta observação, a luz da noite, das encruzilhadas, dos paraísos artificiais, dos néons, dos espelhos”, acrescenta.
Delson Uchôa na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 20 de junho de 2018, às 19h, a exposição Autofagia – Eu Devoro Meu Próprio Tempo, com seis trabalhos inéditos em grande formato do artista Delson Uchôa, nascido em 1956 em Maceió, onde vive e trabalha. Reconhecido e celebrado por sua pintura multicolorida, em que alia elementos da cultura popular e erudita, ele mostrará trabalhos inéditos de sua pesquisa iniciada em 2005, em que produz pinturas sobre uma camada de resina aplicada no chão de lajotas de cerâmica crua de seu ateliê, e que depois de meses é descolada dali, formando um “manto de pele” que serve de suporte para novas pinturas. Assim, trabalha sobre uma fina pele que habitou por meses o piso de seu ateliê, e que contém resíduos de terra e os desgastes sofridos com o uso do tempo. O público poderá tocar e manusear as obras, e muitas delas têm dupla face.
Esta é a primeira exposição do artista na Anita Schwartz Galeria, e a primeira individual do artista na cidade desde 2005, quando expôs na extinta Galeria Anna Maria Niemeyer. Desde então, suas obras têm sido vistas em mostras coletivas na cidade, como no Museu de Arte do Rio. Com forte presença em exposições no Brasil e no exterior, Delson Uchôa tem trabalhos em importantes instituições, como Inhotim, em Minas, Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), em Recife, Coleção Gilberto Chateuabriand/MAM Rio, Coleção João Sattamini/MAC Niterói, e Museu Nacional de Belas Artes. Na Alemanha, suas obras integram em Berlim as coleções York Stack e Vogt, e, em Koblenz, o acervo do Ludwig Museum. Em 1993, fez uma residência artística na Alemanha, onde expôs na galeria Springer, em Berlim. Participou da XXIV Bienal de São Paulo, em 1998, com curadoria de Paulo Herkenhoff, e da mostra "Como vai você, Geração 80?", organizada por Marcus de Lontra Costa e Paulo Roberto Leal, na EAV Parque Laje, em 1984.
AUTOFAGIA, PELE, CORPO, MEDICINA, PINTURA
Uma característica desta produção de Delson Uchôa é o que ele chama de “autofagia”. Frequentemente ele volta a um trabalho antigo e o amplia, enxertando outras pinturas ou pedaços de seu “banco de pele”, as sucessivas camadas de pintura sobre resina retiradas do chão. “Eu me alimento de mim mesmo, do meu próprio tempo, e a pintura se alimenta dela própria”, explica o artista. Ao longo dos meses, a pintura sobre a resina no chão acaba por se tornar um palimpsesto, o método de raspagem de um pergaminho para receber novo texto ou ilustração. Formado em Medicina, que abandonou para seguir seu caminho como artista, Delson Uchôa faz aproximações entre seu trabalho e o corpo humano. Lembra que a pele é o maior órgão de nosso corpo, e que seu processo é inicialmente pictórico “e depois cirúrgico”. “Faço um escalpelamento, um transplante, um enxerto, um implante, construindo uma nova pintura”, ao trabalhar contínua e incessantemente sobre seu “banco de pele”, recortando e recriando novas pinturas. “São mutilações, apagamentos, alargamentos contínuos das pinturas”, diz. Ele acrescenta dizendo que ainda usa agulha e linha, e que faz tipos de suturas, um “chuleio ancorado ou simples, como em uma cesariana. A isso chamo de autofagia”.
Na parede frontal do grande espaço térreo da galeria, estará a pintura “Flor do Cerrado”, com quase quatro metros de altura por cinco de largura, pesando 44 quilos. Nela, Delson incrustou com costura uma pintura de 1985, “Murano com Flores”. “Flor do Cerrado” contêm uma repetição em série da emblemática forma do Palácio da Alvorada, projetado por Oscar Niemeyer. “Eu queria uma forma geométrica que fosse reconhecida imediatamente em qualquer lugar do mundo”, explica Delson Uchôa sobre a obra.
Ele comenta que em seu trabalho há uma dualidade: “ou falo do peso, da matéria, da condição carnal da pintura, ou da alma, seu caráter espiritual, da cor e da luz”. “São testemunhos que foram feitos do cinto luminoso do planeta, pois meu ateliê fica em Maceió, que está a 9 graus da linha do equador”. Para uma das pinturas que está em Inhotim, ele fotografou o céu e imprimiu na resina aderida ao chão, que meses depois de ser retirada continha de um lado imagens do céu e do outro os vestígios da terra. “A fina camada da pintura então é como a frase de Shakespeare, em que entre o céu e a terra há mais coisas do que supõe nossa vã filosofia”, diz o artista.
Nas demais paredes do grande espaço térreo da galeria Anita Schwartz estarão outras quatro pinturas: “Oitavo Horizonte” (2017), com 210 x 220 cm; “Jardim Inventário” (2017), de 175 x 240 cm; “A Linha Alinha o Chão” (2006 / 2018), com 340 x 374 cm; e “Pequeno Corrupio” (2017), com 2,44m x 2,16m.
INSTALAÇÃO-PINTURA E VÍDEOS
O segundo andar da galeria será ocupado pela obra “Instalação Pintura-Objeto (2018)”, definida pelo artista como “escultura composta por couro, pele e membrana de tinta para o feitio de organelas na condição de pintura, posto que a matéria-prima é pigmento e resina”. A instalação cobrirá o chão, onde estarão objetos geométricos feitos com os recortes da pintura sobre resina.
No contêiner, no terraço da galeria, serão projetados vídeos mostrando o processo criativo do artista.
INTRATOSFERA – COLETIVO LOBA
Na abertura da exposição, haverá uma performance inédita do coletivo Loba, das artistas Flora Uchôa e Laura Fragoso. Dentro da pesquisa que fazem em torno da experiência sonora “como um resgate da experiência primitiva do ser humano”, elas apresentarão “Intratosfera”, com participação do guitarrista Victor Nogueira.
SOBRE DELSON UCHÔA
Delson Uchôa nasceu em 1956 em Maceió, onde vive e trabalha. Formou-se em Medicina em 1981, quando paralelamente iniciou seus estudos de pintura na Fundação Pierre Chalita. Viajou para a França, onde conhece as pinturas dos grandes mestres. Ao retornar ao Brasil vive por um período em Belo Horizonte e fixa residência no Rio de Janeiro, quando integra a mostra "Como vai você, Geração 80?", organizada por Marcus de Lontra Costa e Paulo Roberto Leal, na Escola de Artes Visuais do Parque Laje, em 1984. A partir daí passa a fazer parte dos artistas da Galeria Saramenha, onde realiza duas importantes individuais em 1985 e 1988, com texto do pintor Jorginho Guinle. Depois, a Galeria Thomas Cohn realiza duas individuais do artista em 1990 e 1993.
Retorna por breves períodos a Maceió durante essa temporada carioca, e ganha uma bolsa de estudos e a oportunidade de realizar uma exposição na galeria berlinense Springer, em agosto de 1993, resultado do Workshop 93, patrocinado pela Academia Teuto Brasileira de Verão (Deutsh-Brasilianische Kulturelle Vereinigung, DBKV)/Instituto Goethe/Fundação Pierre Chalita.
Volta da Alemanha e passa a morar em Maceió, com a intenção de reunir sua produção até então. Em 1996, realiza sua maior exposição individual em dois grandes Armazéns de Açúcar em Jaraguá, que abrange um período aproximado de quinze anos de pintura, desde a geração 80 até os trabalhos de 1996, denominados de "mestiços de última geração", e cujo convite feito ao público foi através de outdoors espalhados pelos principais pontos da cidade para dar uma mostra da escala e da dimensão de seus trabalhos.
Em 1998, participa da XXIV Bienal de São Paulo sob curadoria de Paulo Herkenhoff, que recoloca a questão antropofágica no intuito de discutir a pluralidade cultural e insere o trabalho de Delson Uchôa no projeto do Núcleo Histórico na questão da cor e latitude que vai do modernismo, passando pelo neoconcretismo até a contemporaneidade. Em 2001, a TV Senac realiza um documentário sobre sua obra, exibido na série Arte brasileira. Em 2002, participa do histórico programa de residência artística Faxinal das Artes, com curadoria de Agnaldo Farias e Fernando Bini, na vila serrana Faxinal do Céu, distante mais de 300 quilômetros de Curitiba. No ano seguinte é convidado por Agnaldo Farias para expor no Instituto Tomie Ohtake, em uma grande mostra junto a outros dois pintores de posições distintas: Caetano de Almeida e Cássio Michalany. Em 2005 ocupa os espaços do MAMAM (Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães), em Recife, sob curadoria de Moacir dos Anjos, mesmo ano em que passa a integrar o acervo do Museu de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro. Seus trabalhos integram ainda as importantes coleções Gilberto Chateaubriand/MAM Rio, João Sattamini/MAC Niterói, MAMAM Recife e da Infraero, que adquiriu um painel para o novo aeroporto internacional de Maceió.
junho 13, 2018
Marcos Chaves na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Marcos Chaves – artista que inaugurou em 2014 a sede carioca da Galeria Nara Roesler com a exposição Academia, que também esteve em cartaz de abril a junho deste ano no Parque Lage – traz desdobramentos inéditos de sua obra Eu só vendo a vista, apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 2017.
Como afirmam os curadores do museu carioca, Pablo León de la Barra e Raphael Fonseca, a exposição na galeria é uma apropriação daquele site specific, no qual o artista cobriu com adesivo preto as janelas do museu voltadas para a vista mais icônica do Rio de Janeiro e recortou a frase Eu só vendo a vista. Somente através do vazio de cada letra era possível alcançar a paisagem. A instalação partiu de outra obra do artista de 1996, em que a mesma frase estava inserida em um cartão postal do Pão de Açúcar. “Essa nova versão do trabalho potencializou uma camada de significado da frase que até então era subliminar: o tapar a vista, colocar uma venda na paisagem. Dessa forma, o expectador só a vê através do recorte das letras. Uma espécie de olho mágico, um peep-show”, diz o artista.
Na exposição em Sendo dado, Marcos Chaves se apropria fotograficamente de sua grande instalação do MAC-Niterói, em três narrativas distintas com cada letra da frase Eu só vendo a vista. Em uma das salas da galeria, as letras são apresentadas separadamente em fotos de grandes formatos dispostas sobre paredes negras. Em outro espaço, o trabalho que dá nome à exposição é uma homenagem do artista carioca a Marcel Duchamp, o mais célebre apropriador da história da arte, como destacam Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca, autores do texto que acompanha a mostra.
Em uma composição de fotos menores, com as mesmas letras de sua instalação, Chaves escreve Étant donnés (Sendo dado), título da emblemática obra do artista francês, na qual só é possível avistar um corpo nu feminino com um fundo de paisagem através de dois buracos em uma porta de madeira. “É proposto, portanto, o encontro entre a instalação de Chaves e uma das mais célebres obras das artes visuais no século XX, o Étant donnés, apresentada ao público em 1969”, acrescentam Léon de la Barra e Fonseca.
Para completar seus experimentos, em um terceiro inédito trabalho, Chaves utilizando-se de um estereoscópio e um disco circular de slides, tecnologia analógica e contemporânea ao Étant donnés, convoca o público a acionar ativamente o seu corpo para ler cada letra que compõe “Só vendo”. “Só vendo (e lendo) para crer na força das imagens e das palavras”, ressaltam os curadores. Neste trabalho, que se aproxima de outra maneira da obra do artista francês, não é necessário incluir na sentença “a vista”, uma vez que a ela já está nos espaços de luz dentro das letras. “A frase “só vendo”, presta novamente homenagem à visão, esse sentido tão essencial à pesquisa de Chaves”, completam os curadores.
Marcos Chaves (n. 1961, Rio de Janeiro, Brasil) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua carreira artística no início da década de 1980. Artista conceitual, Chaves trabalha com fotografia, vídeo, assemblage e instalações de grandes dimensões, transformando experiências cotidianas e materiais comumente ignorados em objetos artísticos. Com leveza e paródia, suas obras empregam o humor para ocultar uma sensibilidade trágica e poética. “O humor abre caminhos”, afirma. “Às vezes, você pode rir de algo, mas aquilo pode não ser tão engraçado assim. O humor pode nos fazer parar para pensar”. Chaves sobrepõe textos a fotos, registra suas próprias intervenções em fotografia e vídeo e instala objetos não-artísticos preexistentes em contextos artísticos, numa abordagem que lembra Marcel Duchamp. Em Academia, criou uma academia ao ar livre que habitantes do Rio de Janeiro podiam usar para se exercitar, com cimento, tubos de ferro, madeira e barras. O título é um trocadilho com a centralidade do samba e das academias no cotidiano dos cariocas. Suas individuais recentes incluem: (incluir academia no Pq Laje),ARBOLABOR (Centro de Arte de la Caja de Burgos, Espanha, 2015); Academia (Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro, Brasil, 2014); Narciso (Oi Futuro, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); I only have eyes for you (Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); e Pieces (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2011). Participou da 1ª e da 5ª edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1997 e 2005), e da 25ª Bienal de São Paulo (2002), todas no Brasil; da 17ª Bienal de Cerveira, em Portugal (2013) e da 54ª Bienal de Veneza, Itália (2011), entre outras.
Randolpho Lamonier na Zipper, São Paulo
A Zipper Galeria recebe, a partir de 21 de junho, a primeira exposição individual do artista mineiro Randolpho Lamonier em São Paulo. Abrigada no projeto Zip’Up, a mostra É tarde e chove, mas os ratos não têm medo do escuro reúne novos trabalhos que refletem sobre as relações entre os fluxos no espaço urbano e a formação da identidade, a partir do descolamento do artista entre os bairros periféricos onde cresceu, na cidade de Contagem, e o centro urbano polarizador, Belo Horizonte, ambas em Minas Gerais. Com curadoria de Raphael Fonseca, a mostra fica em cartaz até 28 de julho.
A reflexão sobre diferentes geografias urbanas e espaços de sociabilidade fundamenta a investigação do artista. “Trago um estado de deriva que prioriza a experiência ao invés da captura analítica dos fatos e me coloco em um estado de atenção onde a reflexão é fruto de uma experiência afetiva, física e quase sempre coletiva”, afirma o artista, que atualmente também está participando da coletiva “MITOMOTIM”, no Galpão Videobrasil.
A narrativa oscilante é refletida nos formatos e técnicas variados, que acompanham as ambiguidades da experiências cotidiana. Em vídeos, fotografias e pinturas em têxtil, o artista explora os temas com elementos de seu repertório visual e afetivo. “São trabalhos em que as relações entre imagem e palavra, autobiografia e ficção se misturam e convidam o público a refletir existencialmente sobre a solidão das grandes cidades e o silêncio das cidades-dormitório”, analisa o curador.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
Randolpho Lamonier (Contagem, MG, 1988) desenvolve sua pesquisa visual a partir de diversas mídias e processos, num acúmulo de signos e gestos que refletem sobre a urgência na construção de identidades individuais e coletivas. Indicado ao Prêmio Pipa (2018), recebeu o “Prêmio Residência” no Festival Camelo de Arte Contemporânea (2016), “Prêmio Incentivo- Bienal Naïfs do Brasil” (2016) e o “Prêmio Memória da Casa- de Dentro e de Fora” (2013). Principais exposições individuai: “Vigília”. Palácio das Artes, Belo Horizonte- 2017; “Carbono 14”. Centro Cultural Francisco Firmo de Matos. Contagem- 2016; “Diários em Combustão”, Galeria Orlando Lemos, Nova Lima- 2014. Principais exposições coletivas: “MITOMOTIM”. Galpão Videobrasil. São Paulo. 2018; “Bienal Naifs do Brasil”. Sesc Belenzinho. São Paulo- 2017; ”Bad Video Art Festival”. Moscou, Rússia- 2017; “Tudo é Tangente”. Memorial Minas Gerais Vale. Belo Horizonte- 2017; "AVI- Video Art Festival". Tel Aviv, Israel. 2016.
Raphael Fonseca é pesquisador nas áreas da curadoria, história da arte, crítica e educação. Curador do MAC-Niterói e professor do Colégio Pedro II. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente na Manchester School of Art (Maio-Agosto de 2016). Foi um dos autores convidados para o catálogo da 24a Bienal de São Paulo (com curadoria de Jochen Volz). Escreve regularmente para a revista ArtNexus. Entre suas exposições recentes, destaque para "The sun teaches us that history is not everything" (Osage Foundation, Hong Kong 2018); "Dorminhocos - Pierre Verger" (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); "Bestiário" (Centro Cultural São Paulo, 2017); "Dura lex sed lex" (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017).
Fernando Velázquez na Zipper, São Paulo
Dando sequência à sua pesquisa no campo da arte e tecnologia, o artista Fernando Velázquez apresenta sua terceira exposição individual na Zipper Galeria. Aberta no dia 21 de junho, Iceberg apresenta um conjunto de novos trabalhos que remetem ou exploram alegoricamente a figura do iceberg. “Enxergamos uma porção ínfima da totalidade do iceberg já que a maior parte da sua massa encontra-se submersa. Alegoricamente, poderíamos pensar que o nosso entendimento da realidade se assemelha a um iceberg já que necessariamente o campo do que conhecemos será infinitamente menor que o campo do que seria possível conhecer. O inconsciente, por exemplo, poderia ser a parte invisível de um iceberg chamado consciência", afirma o artista.
Ao admitir que o conhecimento a respeito de qualquer fenômeno será sempre relativo, parcial e incompleto, Velázquez se dispõe a pensar questões da contemporaneidade relacionadas ao crescente impacto da tecnologia no cotidiano e na nossa capacidade de estabelecer um diálogo crítico neste cenário. A exposição ocupa a galeria principal com uma instalação multimídia na qual lasers acoplados a totens de madeira desenham um grid ortogonal, como paralelos e meridianos em um mapa, em alusão à geografia e ao território.
Cada totem – cuja estrutura formal remete à vegetação do mangue – é uma pequena estação inteligente que conta com um microcomputador e um sensor. Em conjunto, os totens se comunicam entre si, via wifi. Utilizando dados da movimentação do público na sala, como velocidade, posição e distância, um algoritmo de inteligência artificial altera a posição dos feixes de laser modificando a configuração do território. Por baixo dos feixes de laser, no chão da galeria, é projetado uma animação em vídeo que apresenta de maneira alegórica e sintética o conhecimento acumulado pela humanidade – alfabetos, mapas, patentes, documentos, fórmulas, fotografias – em assim um sistema que contrasta a inteligência artificial dos algoritmos e máquinas com a inteligência humana.
Complementa a experiência imersiva uma trilha sonora espacializada em 4 canais, sincronizada aos lasers e à animação em vídeo. A trilha sonora será edição em um álbum em vinil, cujo rótulo permite a leitura por realidade aumentada.
Um filme em realidade virtual em 360º (no qual icebergs flutuam e se modificam em um ambiente de gravidade não convencional) e um letreiro em neon com a inscrição "loop (mente a mente)” – sentença que emula a sintaxe de uma linguagem de programação e sugere que o entendimento da realidade é mediado pela mente e suas inerentes contradições e agenciamentos – completam o conjunto de trabalhos.
PROGRAMAÇÃO
No sábado, 11 de agosto, às 15h, o artista Fernando Velázquez faz visita guiada, lança o catálogo eletrônico da exposição Iceberg, com textos de Daniela Bousso e Josué Mattos, e o álbum digital da exposição pelo selo Contour Editions, com curadoria de Richard Garet (Nova Iorque). Acompanhe no evento do Facebook.
Fernando Velázquez (Montevidéu, Uruguai, 1970 - vive e trabalha em São Paulo desde 1997) é artista multimídia. Suas obras incluem vídeos, instalações e objetos interativos, performances audiovisuais e imagens geradas com recursos algorítmicos. Explora a relação entre natureza e cultura, colocando em diálogo dois tópicos principais: as capacidades perceptivas do corpo humano e a mediação da realidade por dispositivos técnicos. Mestre em Moda, Arte e Cultura pelo Senac-SP, pós graduado em Video e Tecnologias On e Off-line pelo Mecad de Barcelona, participa de exposições no Brasil e no exterior com destaque para The Matter of Photography in the Americas, Cantor Arts Center, Stanford University (EUA, 2018); Reinventando o Mundo, Museu da Vale, (Vitória-ES, Brasil, 2013), Emoção Art.ficial Bienal de Arte e Tecnologia, Itaú Cultural (São Paulo, Brasil, 2012), Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 2009), Mapping Festival (Suiça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011) e o Pocket Film Festival no Centro Pompidou (Paris, 2007). Recebeu, dentre outros, o Premio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Mídias Locativas Arte.Mov (Brasil, 2008) e o Vida Artificial (Espanha, 2008). Foi professor convidado na PUC-SP, FAAP-SP e Senac-SP e ministra palestras e workshops em instituições públicas, privadas e do terceiro setor como, Stony Brook University (Nova Iorque), Cyberfest (São Petesburgo, Rússia), Naustruch (Sabadell, Espanha), Visiones Sonoras (Morelia, México). Foi curador dentre outros do Festival Motomix (2007) e do Festival Manobra (2009), e das exposições Adrenalina (2014) e Periscopio (2016). Desde 2015 é o curador e diretor artístico do Red Bull Station em São Paulo.
Elisa Bracher na Raquel Arnaud, São Paulo
Depois de Luctus Lutum, exposição realizada em 2015, na qual homenageou sua falecida mãe com uma grande instalação feita de taipa de pilão que pesava 30 toneladas, Elisa Bracher retorna à Galeria Raquel Arnaud com um novo recorte de sua produção. Encarnadas traz a público uma seleção de 30 desenhos desenvolvidos pela artista desde 2008, em papel de arroz, com tamanhos que variam de A4 a grandes dimensões (3,00 x 2,10m). São obras, a maioria inédita, que tomam seu ateliê, paredes, chão e atravessam o espaço, pendurados em varais, devido ao processo de secagem. As tintas pesadas, próprias da gravura em metal, junto ao giz litográfico, o bastão oleoso e outras tintas são de lenta absorção pelo papel japonês.
Segundo Elisa Byington, curadora da mostra, os desenhos surgidos na elaboração de um projeto de escultura para espaço público, inicialmente eram volumes plásticos de contornos bem definidos e formas geométricas que buscavam colocação espacial estável sobre a página. “Mas logo, a intenção projetual cedeu lugar a uma diversa investigação formal, na qual, uma certa tridimensionalidade, se alguma havia, era dada apenas pelo papel translucido que deixava entrever o espaço além da superfície”.
Antes referente apenas ao granito dos blocos que construiriam a escultura, a cor, nesta série, é protagonista. “Para a artista habituada a uma cromia rigorosa e restrita ao preto, branco e ocre, que exercitou a distância da imagética antropomórfica, a cor vermelha, encarnada, que se impõe como fio condutor, imprime ao trabalho uma inusitada dimensão orgânica, fluida, sinuosa, delicada, dolorida, visceral, erótica, e postula de modo diferente a questão da visualidade”, afirma Byington.
Além dos desenhos/pinturas vermelhas em papel arroz, a exposição reúne inéditos trabalhos em pedra, madeira e vidro, que se conectam às formas desenvolvidas nas pinturas vermelhas; e esculturas em madeira, reveladoras de uma produção que convive com múltiplas linguagens e técnicas. Completa a individual, ocupando o segundo andar da galeria, uma projeção de imagens fotográficas retrabalhadas em técnica mista, que “repropõe o universo primordial das vermelhas em outra dimensão”.
Elisa Bracher (São Paulo, 1962), conhecida por suas grandes esculturas de madeira, espalhadas por vários espaços públicos, possui uma produção artística que permeia quatro meios distintos – desenho, gravura, escultura e fotografia – que não acontecem de maneira independente, estando interligados em sua poética. Sua formação em artes plásticas deu-se na Fundação Armando Álvares Penteado (1989), sendo complementada por um curso de gravura em metal com Evandro Carlos Jardim. Sua carreira despontou inicialmente no campo da gravura, meio pelo qual foi premiada em diferentes momentos. No inicio dos anos 1990 envereda também pelo campo da escultura e passa a experimentar a arte com diversos materiais, em especial a madeira. A artista toma partido da condição plástica dos materiais, o que comparece com a clareza em seu trabalho realizado em adobe (taipa de pilão), empregado pela primeira vez na exposição “ Experimentando Espaços”, no Museu da Casa Brasileira, em 2009.
junho 12, 2018
Hilma af Klint na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca de São Paulo estreia o calendário de exposições 2018 com individual da sueca Hilma af Klint
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abre dia 3 de março Hilma af Klint: Mundos Possíveis, sua primeira exposição do calendário de 2018 e um dos grandes destaques do ano. Com patrocínio de Banco Bradesco e Ultra e apoio da Embaixada da Suécia no Brasil e da Câmara de Comércio Sueco-Brasileira, chega pela primeira vez na América Latina uma mostra individual da pintora sueca Hilma af Klint (1862-1944), cujo trabalho vem sendo reconhecido como pioneiro no campo da arte abstrata e que passou despercebido durante grande parte do século XX.
af Klint frequentou a Real Academia de Belas Artes, principal centro de educação artística da capital sueca, mas logo se distanciou do seu treino acadêmico para pintar mundos invisíveis, influenciada por movimentos espirituais como o Rosa-cruz, a Teosofia e, mais tarde, a Antroposofia. Ela integrou o “As cinco”, grupo artístico composto por mulheres que acreditavam ser conduzidas por espíritos elevados que desejavam se comunicar por meio de imagens e já experimentavam desde o final do século XIX a escrita e o desenho automático, antecipando as estratégias surrealistas em mais de 30 anos.
A exposição inclui 130 obras. Destaque para a série intitulada “As dez maiores”, realizada em 1907 e considerada hoje uma das primeiras e maiores obras de arte abstrata no mundo ocidental, já que antecede as composições não figurativas de artistas contemporâneos a af Klint como Kandinsky, Mondrian e Malevich. Além deste conjunto, a mostra em São Paulo contará com algumas séries de obras que nunca foram apresentadas ao público.
A mostra da Pinacoteca tem curadoria de Jochen Volz, diretor geral da instituição, em parceria com Daniel Birnbaum, diretor do Moderna Museet, e é uma colaboração com a Hilma af Klint Foundation. “O trabalho de Hilma af Klint dialoga de certa forma com o sincretismo e a pluralidade de cosmovisões tão presente na cultura do Brasil. A serialidade encontrada em sua obra também aparece na arte brasileira, em especial no concretismo e neoconcretismo”, explica Volz.
O trabalho de af Klint foi exposto pela primeira vez em 1986 na mostra “The Spiritual in Art: Abstract Paintings 1890–1985”, realizada no Los Angeles County Museum of Art. Mas apenas a grande retrospectiva organizada pelo Moderna Museet de Estocolmo em 2013 e, consequentemente, a sua itinerância pela Alemanha, Espanha, Dinamarca, Noruega e Estônia permitiu que o trabalho de af Klint fosse reconhecido internacionalmente pelo grande público. Desde então, suas obras participam de exposições realizadas na Europa e Estados Unidos.
A Pinacoteca prepara um catálogo bilíngue (português-inglês) que reunirá três textos inéditos escritos pelos autores Jochen Volz, Daniela Castro, curadora independente, e Daniel Birnbaum. O livro trará ainda reproduções das obras expostas e uma cronologia escrita por Luciana Ventre, pesquisadora brasileira que lança nos próximos meses uma biografia de Hilma af Klint.
Marcia de Moraes na Leme, São Paulo
A Galeria Leme apresenta a quarta exposição individual de Marcia de Moraes em seu espaço. Intitulada História do Olho, a mostra apresenta a produção mais recente da artista através de um conjunto inédito de desenhos, colagens e esculturas em cerâmica.
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O espaço expositivo é ocupado por uma grande instalação formada por 15 metros contínuos de desenhos feitos com grafite e lápis de cor. Este conjunto se relaciona com 4 colagens nas quais a artista explora a justaposição de planos bidimensionais de desenho, criando complexas composições de tramas e cores vivas. Essa exploração tridimensional culmina na apresentação, pela primeira vez, de 10 esculturas de cerâmica, nas quais está presente o vocabulário imagético que Marcia vem desenvolvendo há dez anos em seus desenhos e colagens: línguas, dentes, ovos, cordões umbilicais, estruturas cilíndricas e circulares, ossos, caules, caudas, entre outros.
O título da exposição faz uma referência ao livro “A História do Olho” escrito pelo escritor francês Georges Bataille em 1928, que narra as intensas e exóticas aventuras sexuais de um jovem casal, descrevendo de forma detalhada os seus desejos e peripécias envolvendo outros parceiros. Tamanha intensidade leva um dos personagens a sofrer uma síncope e enlouquecer totalmente. Mas os trabalhos desta exposição não foram feitos como uma ilustração do livro. Segundo a artista, a relação destas obras com o livro se tornou evidente a partir dos resultados que ela obteve com a argila e os esmaltes usados nas esculturas. As suas formas exalam erotismo e visceralidade, parecem pedaços de carne cheios de reentrâncias e de penetrações. O acabamento envidraçado e brilhante das peças lhes confere ainda mais organicidade, pois à primeira vista parecem molhadas.
Apesar das suas diversas formalizações, há uma grande coerência entre as obras de Marcia de Moraes nas suas explorações entre os espaços cheios e vazios das composições, assim como no encontro entre cores intensas com formas fluidas e gestuais. Tal fio-comum garante à sua obra uma filiação, por mais que indireta, ao legado das vanguardas abstratas brasileiras, que têm na cor e na sugestão de movimento dois de seus fundamentos. Os seus desenhos em grande escala, as suas colagens intrincadas e as suas esculturas viscerais, são manifestações de diferentes negociações rítmicas espaciais que exprimem cadências psíquicas às imagens. Ao ver os trabalhos juntos, tem-se a sensação que as formas e cores vibrantes saíram dos papéis e agora pertencem ao mundo tridimensional, ou vice-versa. Assim, a exposição convida o público a criar suas histórias com os seus próprios olhos.
Marcia de Moraes
São Carlos, Brasil, 1981. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Dentre suas exposições individuais destacam-se: O Sopro, Centro de Arte Contemporânea W, Ribeirão Preto, Brasil (2018); Os fósseis ou as laranjas, Marcia de Moraes, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, Brasil (2016); Atos Falhos, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2015); Elaine Arruda e Marcia de Moraes: Cheio de Vazio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2014), entre outras.
Exposições coletivas tais como: Intercâmbios/ Tempos Cruzados, SESC Quitandinha, Petrópolis, Brasil; Acervo MARP- Aquisições Recentes. MARP 25 Anos, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil (2018); Library of Love, Contemporary Arts Center, Cincinnati, EUA; Kogan Gallery Expose La Collection de Carpe Diem, Kogan Gallery, Paris, França (2017), entre outras. Em 2011 ganhou o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo, e em 2016 a Bolsa Pollock Krasner Foundation, Nova York, EUA.
O seu trabalho integra coleções públicas tais como: Acervo permanente do Ministério das Relações Exteriores, Brasília, Brasil; MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto, Brasil. Teve um livro sobre sua obra publicado pela editora Cobogó em 2017.
Galeria Leme presents the fourth solo exhibition by Marcia de Moraes in its space. Entitled "Story of the Eye", the show presents the artist's most recent production through an unprecedented series of drawings, collages and ceramic sculptures.
The exhibition space is occupied by a large installation consisting of 15 meters of continuous drawings made with graphite and colored pencils. This set is correlated to 4 collages in which the artist explores the juxtaposition of two-dimensional planes of drawing, creating complex compositions of traces and vivid colors. This three-dimensional exploration culminates in the first-hand presentation of 10 ceramic sculptures, in which the imaginative vocabulary that Marcia de Moraes has been developing over the last ten years in her drawings and collages is further explored, such as: tongues, teeth, eggs, umbilical cords, cylindrical and circular structures, bones, stems, tails, among others.
The title of the exhibition references the book "Story of the Eye" written by the French author Georges Bataille in 1928. The story narrates the intense and exotic sexual adventures of a young couple, describing in detail their desires and endeavors involving other partners. Such intensity causes one of the characters to suffer a syncope and become completely mad. But the works featured in the exhibition were not made as illustrations of the book. According to the artist, the relation of these works with the book became evident from the results she obtained with the clay and the enamels used in the sculptures. Their forms exude eroticism and viscerality, they look like pieces of flesh full of recesses and penetrations. The glazed finish of the pieces gives them even more organicity, because, at first sight, they seem to be wet.
In spite of their various formalizations, there is a great coherence between Marcia de Moraes’ works in their studies of the relation between the empty and full spaces of the compositions, as well as in the encounter between intense colors with fluid and gestural forms. This common thread makes her work affiliated, however indirectly, to the legacy of the Brazilian abstract avant-gardes, which have in color and in the suggestion of movement, two of its foundations. Her large-scale drawings, intricate collages and visceral sculptures, are manifestations of different spatial rhythms that express psychic cadences to the images. By looking at the set of works within the exhibition space, one has the feeling that the shapes and colors have stepped out of the sheets of paper and now belong to the three-dimensional world, or vice versa. Thus, the exhibition invites the audience to create their stories with their own eyes.
Marcia de Moraes
São Carlos, Brazil, 1981. Lives and works in São Paulo, Brazil.
Among her solo shows: O Sopro, Centro de Arte Contemporânea W, Ribeirão Preto, Brazil (2018); Os fósseis ou as laranjas, Marcia de Moraes, Oswald de Andrade Cultural Workshop, São Paulo, Brazil (2016); Atos Falhos, Galeria Leme, São Paulo, Brazil (2015); Elaine Arruda and Marcia de Moraes: Cheio de Vazio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2014), among others.
Group shows such as: Intercâmbios/ Tempos Cruzados, SESC Quitandinha, Petrópolis, Brazil; Acervo MARP- Aquisições Recentes. MARP 25 Years, Museum of Art of Ribeirão Preto, Brazil (2018); Library of Love, Contemporary Arts Center, Cincinnati, USA; Kogan Gallery Exhibition La Carpe Diem Collection, Kogan Gallery, Paris, France (2017), among others. In 2011 she won the Funarte Prize for Contemporary Art, São Paulo, and in 2016 the Pollock Krasner Foundation Grant, New York, USA.
Her work integrates public collections such as: the Permanent Collection of the Ministry of Foreign Affairs, Brasília, Brazil; MARP - Art Museum of Ribeirão Preto, Brazil. She had a book about her work published by Cobogó in 2017.
junho 11, 2018
Bené Fonteles na Karla Osorio, Brasília
A Galeria Karla Osorio apresenta a exposição individual de Bené Fonteles, novo artista representado, em mostra antológica, que inclui obras produzidas entre 2000 e 2018.
Esta é a primeira individual do artista na cidade desde 2005, quando expôs no Conjunto Cultural da Caixa. Sua última individual nacional foi no Museu de Santa Catarina (Florianópolis,2012). Algumas obras já foram expostas em importantes espaços culturais e museus pelo Brasil, mas grande parte é recente, produzidos em residência artística da galeria.
A exposição Antologia Poética aborda a poesis que permeia o trabalho de Bené, em que objetos do afetivo discorrem sobre a passagem do tempo sobre as coisas, estabelecem diálogos instigantes e interculturais relacionando o corpo, na arte e na espiritualidade.
Fonteles recria (des)objetos cheios de artesania do humano e de elementos do natural. Reúne componentes menosprezados e sem utilidade aparente ou imediata. Frequentemente, sem nenhuma preocupação com a matéria. Está interessado na oportunidade de enobrecê-la, ao revelar nos mesmos função poética, para que outros, assim como o artista, se encantem pela possibilidade da poesia, sempre refazendo-se ao recriar o mundo.
Em visita guiada na abertura da exposição, Júlia Rebouças co-curadora da 32º Bienal de SP (Incerteza Viva, 2016 – quando Bené teve participação histórica) afirmou: “há um fio condutor em sua obra, a aproximação de universos distintos, de relação de matérias e culturas. É lindo como na ficha técnica das obras entendemos que, na composição escultórico sofisticada de suas peças, dá-se o encontro de elementos achados, coletados, descobertos, oriundos de diferentes contextos. Ali estão artefatos que se aproximam e se distinguem em textura, forma, cheiro, tempo, e sobretudo, origem, entendendo origem não apenas como a localização no tempo e no espaço, mas também como o grande repositório cultural que gera aquele objeto”.
O curador do Instituto Tomie Ohtake (SP), Paulo Miyada, por sua vez, entende que o artista é “pioneiro do debate ecológico e indigenista no Brasil, sendo responsável por toda uma experimentação "artivista" - como ele mesmo designa sua conjunção de arte e ativismo - sem paralelos em um país infelizmente cego para sua origem e seu destino. O que não é tão fácil perceber, senão em presença de suas obras, é que Bené Fonteles também é um dos mais aguçados realizadores de obras tridimensionais na arte brasileira. Ao agregar alguns tantos elementos cotidianos, rastros e fragmentos de certas culturas materiais, ele consegue inventar novos sentidos, formas e objetualidades. Não é simples apropriação e assemblage, pois a invenção é profunda, passa por uma enorme capacidade de síntese e produz renovações quase alquímicas dos significados engendrados. Tal liberação exponencial de energia a partir de matéria aparentemente pouca é acompanhada muitas vezes de grande sensibilidade na escolha de palavras e conceitos poéticos. Se isso ainda não foi devidamente reconhecido pelo campo da arte contemporânea no país, é apenas pela enorme assimetria no tratamento de artistas de acordo com sua proximidade de certos pólos, formas e temas”.
Bené Fonteles (PA) – Nasceu em 1953 em Bragança-PA, vive e trabalha em Brasília. É artista plástico, jornalista, editor, escritor, poeta e compositor. Iniciou sua carreira em 1971, participando do 3º Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará. Desde então, transita entre a arte e o artesanato, baseando seu trabalho na transformação de materiais simples e muitas vezes frágeis, naturais ou pouco trabalhado pelo o homem, como pedras, pedaços de troncos, cordas, tecidos rústicos, arames, entre outros. Por cinco vezes participou da Bienal de São Paulo, com destaque para a 32ª edição, com o projeto Ágora: OcaTaperaTerreiro, sob convite de Julia Rebouças, assim como do Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de SP e mostras experimentais no Museu de Arte Contemporânea da USP. De suas exposições individuais, podem ser destacadas as mostras, “Sudários” no Espaço Cultural Contemporâneo – ECCO em Brasília, “Audiovisuais” e “Terra” realizadas na Pinacoteca do Estado de São Paulo, “Bené Fonteles” no Parque Lage no Rio de Janeiro e diversas outras. Também está presente em coleções privadas e em diversos acervos públicos e institucionais em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza, Belém, Cuiabá, Paris e Nova Iorque. Além do trabalho autoral como artista visual, já organizou e publicou diversos livros e catálogos sobre artistas como Rubem Valentim, Mario Cravo Neto, Athos Bulcão etc. Faz curadorias e projetos de expografia em artes visuais. Foi diretor do Museu de Arte da UFMT e Museu de Arte de Brasília e recebeu do Ministério da Cultura e da Presidência da República a Ordem do Mérito Cultural.
junho 10, 2018
Alexandre Canônico na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Como vão as coisas é a primeira individual do artista paulistano Alexandre Canônico no Rio de Janeiro. O título escolhido reflete exatamente a ideia que permeia todos os trabalhos da mostra e sua pesquisa artística, que é como um material se relaciona em relação a outro no espaço.
Arquiteto de formação, Canônico parte sempre de materiais que são facilmente encontrados no nosso cotidiano, mais precisamente em lojas de construção. Arruelas, espumas, barras de ferro, chapas de compensado e areia são o ponto de partida de suas esculturas. O encontro, ou desencontro, entre essas partes é que compõe cada obra.
A instalação “Campo”, a maior obra da exposição, ocupa toda a parede do fundo da galeria com grandes arruelas que são cobertas por barras de aço pintadas. As mesmas arruelas estão presentes em dois outros trabalhos, onde elas “percorrem” e desenham em compensados de madeira. Fazem parte da mostra ainda duas séries de gravuras e uma escultura de tubos de aço contorcidos e perfurados.
Alexandre Canônico é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo e atualmente vive em Londres onde está fazendo pós-graduação na Royal Academy. Sua prática é fortemente influenciada pela lógica e estética do desenho arquitetônico e da abstração geométrica. Formalmente, os trabalhos tendem a uma resolução simples e a uma economia de gestos.
junho 8, 2018
Alcides e Leda Catunda na Estação, São Paulo
A Galeria Estação tem convidado, além de críticos, artistas para a curadoria das exposições de seu acervo, como Paulo Pasta (José Antonio da Silva e Julio Martins da Silva) e Rodrigo Bivar (Neves Torres e Manuel Graciano). Desta vez, convidou Leda Catunda e propôs um novo modelo: a artista-curadora escolhe um nome do elenco da galeria para dialogar com sua própria produção. Nesse contexto surge Alcides e Leda Catunda: onde estamos e para onde vamos, mostra que reúne cerca de 10 pinturas de Alcides e 20 obras de Leda, entre pinturas, gravuras, colagens e aquarelas.
Como ressalta Leda, Alcides (1932, Rui Barbosa - BA / 2007, São Paulo – SP) buscou a representação de seu tempo e de seu lugar. O pintor assistiu ao desenvolvimento da indústria automobilística, ao lançamento de foguetes, como a marcante viagem do homem à lua, e aos mistérios que rondavam os submarinos da Guerra Fria. Quando morava em Mato Grosso criava imagens de casas, praças, jardins, plantações e animais. Ao mudar-se para São Paulo, na década de 90, a sua pintura de original geometria passa a retratar modelos de carros, motos, embarcações, aeronaves, fábricas e paisagens urbanas
Para a artista-curadora, assim como a poética de Alcides parece girar em torno do desejo de um mundo organizado, seguramente compartimentado em categorias, ela nutre um carinho especial pela organização das coisas da vida. “Busco representar as coisas da vida em minha obra, escolhendo imagens arquetípicas como a estrada, a montanha, a casinha e o laguinho, além de cachoeiras e animais, como símbolos dos tempos em que vivemos, baseados na mesma mitologia de progresso e de um suposto conforto que deveria resultar do esforço de se ordenar racionalmente a existência”.
Leda compartilha ainda o fascínio de Alcides por veículos, ao pertencer a uma geração encantada por carros, sentimento estimulado pelas corridas e heróis da fórmula1. Segundo a artista, foi daí que desenvolveu um gosto especial pelos desenhos dos circuitos de corrida e suas sofisticadas e coloridas pinturas de solo que servem de sinalização. Pensando nos veículos de Alcides, Leda concebeu para esta exposição ‘Pista I’ e ‘Pista 2’, pinturas-objeto recortadas em madeira com estradas asfaltadas para carros, motos e caminhões e com rios e lagos para barcos, balsas e submarinos.
“Estradas, veículos e viagens fazem pensar numa sugestão metafórica de mudança. Deslocamento de um ponto a outro, sair de uma situação para outra nova. Assim podemos pensar que Alcides que foi pedreiro, pintor de paredes, barbeiro e sapateiro tenha alcançado através da sua arte um novo lugar. Sintetizando sonho e desejo nas imagens que produziu, mudou seu mundo, a sua maneira”, completa Leda.
junho 6, 2018
Julia Kater no MON, Curitiba
Museu Oscar Niemeyer (MON) inaugura dia 7 de junho, quinta, às 19 horas, a mostra Breu, de Julia Kater. Nascida em Paris, a artista vive atualmente em São Paulo, e trabalha com fotografias, instalações, desenho e vídeos.
A mostra, com curadoria de Paulo Miyada, apresenta cerca de 20 obras que questionam e propõem pautas baseadas em sua pesquisa como artista e como pedagoga. O público poderá ver a instalação “Desenhos livres sobre temas impostos”, o vídeo “Breu”, que dá nome à exposição, textos e recortes.
O curador Miyada analisa o trabalho. “O que Julia Kater propicia são exercícios de condensação poética e plástica dos limiares de entendimento e desentendimento. Por toda parte, emanam presenças de coisas sem nomes. O aspecto da linguagem mais presente, tanto na enunciação quanto na percepção das obras e dos espaços entre elas, é a metonímia. A parte pelo todo; a parte inferida pelo trabalho sobre o todo; a matéria pela coisa; a autoria pelo sentido; a parte que se denuncia pelos efeitos que produz”.
A exposição fica em cartaz até dia 16 de setembro, na sala 6. No dia e horário da abertura a entrada é franca. A visitação é de terça a domingo, das 10h às 18h, com acesso até 17h30, e os ingressos custam R$20,00 e R$10,00 (meia-entrada). Maiores de 60 e menores de 12 anos têm sempre entrada franca, e nas quartas a entrada é gratuita para todos.
Julia Kater participa regularmente de exposições no Brasil e no exterior, como França, Estados Unidos e Portugal. Suas exposições mais recentes são: Rencontres Internacionales Paris/ Berlin - New Cinema and Contemporary Art, Gaîté Lyrique (França, Paris 2017); Da banalidade - volume 1, Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, Brasil - 2016); I Bienal de Assunção (Assunção, Paraguai - 2015); No lugar que chegamos, MAC Jataí (Goiás, Brasil - 2016); O que resta, SESI Tiradentes (Minas Gerais, Brasil - 2016); e Frestas - Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, Brasil – 2014); SIM Galeria (Curitiba, Brasil - 2014).
Daniel Santiago, Gil Vicente e Marcelo Silveira no Museu do Trem, Recife
A partir do próximo dia 9 de junho, o Museu do Trem, no centro do Recife, vai receber a exposição Caleidoscópio que reúne três artistas de diferentes gerações numa mostra conjunta. Daniel Santiago, representante da geração 1960, Gil Vicente, dos anos 1970, e Marcelo Silveira, da década de 1980. Apesar de terem despontado na cena artística em momentos distintos e trabalharem com uma poética também diferente, pode-se buscar pontos de convergência e diálogo entre eles. A mostra, que tem curadoria de Joana D´Arc Lima, e é patrocinada pelo Funcultura, fica em temporada até 29 de julho. A exposição já passou por Petrolina e Garanhuns e encerra sua circulação agora no Recife.
Os três artistas guardam entre eles uma conversa, uma proximidade e uma cumplicidade notadamente revelada nessa exposição pelo ato de produzir imagens com base no gesto de criação lúdico e experimental. Em suas trajetórias e experiências de formação, as biografias desses criadores se entrelaçam na dinâmica do campo artístico em Pernambuco, convivem juntos, estabelecem proximidades e distancias, similitudes e diferenças, se tocam em muitos fazeres das artes visuais contemporânea e da história da arte brasileira.
Frequentaram os mesmos espaços de formação da cidade do Recife em épocas diferenciadas, expuseram juntos, ocuparam os espaços de exibição, enfim, habitam o mesmo território. Todos os três, à sua maneira, produziram em alguns dos seus trabalhos invenções lúdicas e maneiras de brincar com os materiais, com formas, espaços e com os participantes, o que a curadora chamou de poética lúdica.
Nessa esteira interpretativa consideramos que o brincar tem uma analogia direta com as imagens produzidas pelo caleidoscópio. "As múltiplas visões, possibilitadas pela transformação contínua de combinações e encontros de formas, cores e composições, numa rede de relações harmônicas, se assemelham à forma de encarar a vida sob a perspectiva das possibilidades, da sensibilidade, da criação, da invenção e reinvenção do mundo. A ideia de caleidoscópio, como brinquedo de adulto e criança ao mesmo tempo, com suas infinitas combinações, cai bem com a ideia de conhecimento, como algo plural (que também contêm o singular) dos diversos pontos de vista de uma mesma realidade. Brincar – por que não dizer? – é uma forma mais bela de se ver o mundo!”, explica Joana D´Arc.
O mote para a exposição foi a potencialidade do caleidoscópio, que forma imagens virtuais à medida que o objeto é manipulado manualmente. Trata-se de um instrumento óptico que serve para criar efeitos visuais simétricos com o auxílio de um conjunto de espelhos e vidros coloridos. “Imagens fragmentadas, fraturadas, irreais, obtidas por meio da manipulação do outro e ou do gesto dos artistas interessam estar presentes nessa exposição. Juntar, justapor, manipular, inventar, enganar o olhar, construir um fractal – estrutura geométrica complexa cujas propriedades, em geral, repetem-se em qualquer escala – são gestos que resultam em trabalhos que estarão presentes na exposição”, detalha a curadora.
O artista Daniel Santiago criou o seu próprio caleidoscópio (uma escultura de madeira com espelhos, 120 x 50 cm). A obra é um objeto interativo que o público poderá manusear produzindo uma sorte de imagens. Um vídeo apresenta ao público um experimento de Daniel, que colocou uma câmara fotográfica dentro do caleidoscópio e transformou-a no seu personagem central, na sua Câmera Atriz, como foi batizada a obra. Gil Vicente vai expor a série de desenhos recentes Espelho Meu, a série Cartemas (que se inspira em Aloísio Magalhães e traz a ideia do duplo) e uma coleção de pequenos objetos escultóricos. Marcelo Silveira acompanha os colegas e também propõe um trabalho que aposta na variação das imagens, algo que está no cerne do conceito de Caleidoscópio, porém perturbando o espaço físico da mostra. Ele apresenta uma obra inédita composta de 18 portas que se entrelaçam e formam um grande círculo, formando um espaço que só pode ser alcançado pelo olhar que sorrateiramente espreita por meio de brechas. Novamente aqui a força do olhar e do movimento do corpo são colocados em movimento na busca de ver o que não se pode alcançar com os pés.
Também Marcelo Silveira construirá uma" espécie de caleidoscópio" dentro do espaço expositivo. Uma grande parede espelhada será composta por ele, numa tentativa de transformar o espaço físico que abrigará a mostra num grande caleido que captura os movimentos dos visitantes e os demais trabalhos dos artistas presentes. Uma pequena instalação com placas de acrílico (quase um penetrável) será instalada no espaço, provocando sempre o olhar e o movimento do corpo. O formato final dessa montagem é sempre uma surpresa, pois a exposição Caleidoscópio tira partido do espaço físico. Certamente o resultado será diferente das montagens feitas em Petrolina e em Garanhuns.
“As múltiplas visões, possibilitadas pela transformação contínua de combinações e encontros de formas, cores e composições, numa rede de relações harmônicas, se assemelham à forma de encarar a vida sob a perspectiva das possibilidades, da sensibilidade, da criação, da invenção e reinvenção do mundo”, pondera Joana D´Arc. Etimologicamente, a palavra caleidoscópio se originou a partir da junção dos termos gregos kallós (“belo”, “bonito”); eidos (“imagem”); e skopeo (“olhar para”, “observar”). Assim, o significado original da palavra grega seria “ver belas imagens”.
A partir dessas referências, a proposta da mostra é reunir processos criativos e poéticas de três artistas para sobrepô-las em suas identidades comuns e nas suas diferenças. Segundo a curadora, as ideias de sobreposições de poéticas, o fazer junto, a cooperação, o fundir-se, o associar-se e o separar-se serão operados enquanto movimentos de criações coletivas. “Todas essas dimensões que permitem as invenções coletivas e as visibilidades individuais serão ampliadas para o público visitante, que será entendido como participador das obras construídas ampliando, por meio de seu toque e gesto, sentidos de cada um dos trabalhos expostos. Um jogo entre artista, participador, funcionários. Achamos que a arte, em seu horizonte maior, serve para aproximar, juntar, sobrepor, separar e abrir conversas. Por isso Caleidoscópio nos parece importante no contexto atual da contemporaneidade”, detalha Joana D' Arc.
DANIEL SANTIAGO
Nasceu em Garanhuns - PE em 1939. Aprendeu a desenhar com um tio, Saul Santiago, pintor de propaganda da cachaça Chica Boa, nas paredes da cidade de Catende, Pernambuco. De 1962 a 1966 Daniel Santiago viveu na Bahia onde aprendeu a fazer xilogravura, influenciado por Hansen Bahia e Emanoel Araújo, trabalhou na Mesbla – Salvador - BA, desenhando anúncios para jornais e televisão. Em 1967 lecionou desenho na Escola Nacional de Desenho em Curitiba - PR. É professor de artes plásticas formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco em 1977. Jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco em 1980. Fez Curso de Especialização de Desenho (1970), Curso de Pintura (1971 e 1972), Curso de Escultura (1973) e Curso de Teatro (1974) no Festival de Inverno da Universidade Federal de Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto. Foi professor de Desenho na Escola de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco e no SENAC- Recife. É professor de Pintura Publicitária. Foi professo de Planejamento Gráfico nos Cursos de Jornalismo e no Curso de Relações Públicas da Universidade Católica de Pernambuco. Foi professor de Desenho e de Educação Artística em colégios públicos e particulares. Foi professor da Equipe de Treinamento de Professores da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Foi professor de Desenho Artístico no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães. Foi professor do Curso de Pintura para professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em Natal. Participou de várias comissões julgadoras em salões de arte. É artista plástico com catálogos de participação em mais de cem exposições no Brasil e no exterior. Biografia artística no Diário de Pernambuco on-line, de 07 de março de 2005. O percurso de Daniel Santiago (1939) altera o sentido de uma noção estabelecida de herança artística calcada em uma linhagem reta e vertical, que implica a existência de pais fundadores e filhos seguidores. Passa-se, em Santiago, a uma horizontalidade que se efetiva em uma ação multidirecional, não hierárquica e anárquica das relações de influência. Sua obra demonstra a potência da vida coletiva, a multiplicação de um capital cultural, social e afetivo por meio de parcerias por afinidade com outros artistas e obras.
GIL VICENTE
Gil Vicente nasceu em 1958, no Recife, onde mora e trabalha. Entre 1972 e 1981 estudou na Escolinha de Arte do Recife e nos cursos livres da UFPE e da Escola de Belas-Artes de Paris. Em 1975 recebeu o 1º Prêmio do Salão dos Novos, no Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, e em 1981 o Prêmio MEC/FUNARTE do Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, no Museu do Estado. Realizou mostras individuais no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no MAM da Bahia, no MAC de Porto Alegre e no Mamam do Recife (1998-2000). Participou da Bienal do Mercosul em 2001, da Bienal de São Paulo em 2002 e 2010, e do Panorama da Arte Brasileira, no MAM-SP e em Madrid, em 2007. Integrou também as mostras Blue Connection e Fragile Helden, em Frankfurt. Em 2014 participou da exposição Cães sem plumas, no MAMAM, e também da mostra Iberê Camargo Século XXI, na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre. E suas mostras individuais mais recentes foram Estudos e Rabiscos, no Museu Murillo La Greca, em 2012, Segunda Parábola, na Quadrum Galeria, Belo Horizonte, em 2013. Em 2014, recebeu da Funarte o Prêmio de Artes Plásticas Marcantônio Vilaça - 7ª Edição, através do qual doou a série Inimigos ao Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães
MARCELO SILVEIRA
Marcelo Silveira produz trabalhos com repercussões tanto no campo da escultura quanto dos objetos apropriados. Com sua hibridez local, o trabalho do artista ocupa um espaço entre: metade dentro e metade fora do museu. A acumulação é uma das suas estratégias favoritas: objetos reminiscentes de aparelhos domésticos descaradamente esvaziados de qualquer uso funcional, mas que parecem carregar significados; esferas feitas de vários materiais e tamanhos diversos, imóveis, como se esperassem algum evento anunciado; centenas de objetos de vidro (copos, garrafas ou meros cacos)... Esses objetos convergem nas grandes coleções e livros de artista de Marcelo Silveira. De fato, a idiossincrática organização do artista é fundamental para sua produção, permitindo, por meio de uma certa ordem, que o outro entre no seu trabalho.Armazém república (2004) é uma instalação composta de, no mínimo, dois segmentos distintos, que compartilham, com exceção do nome, a mesma estratégia de construção. Em um desses segmentos, uma centena de peças esculpidas em madeira são prendidas ao teto com faixas de couro, esperando por algum uso improvável. Em outro segmento, uma centena de objetos (copos, potes, espelhos, garrafas, vasos, lâmpadas e cacos quebrados) são organizados em prateleiras, formando um painel vertical e frágil contraposto pela horizontalidade opaca e robusta dos objetos de madeira pendurados acima. Marcelo Silveira nasceu em 1962, em Gravatá, Pernambuco. Vive e trabalha em Recife. Participou da 1ª Bienal Internacional de Artes Plásticas de Buenos Aires, Argentina (2000); da 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Brasil (2005); da 4ª Bienal de Valência, Espanha (2007); da 29ª Bienal de São Paulo (2010); além das mostras coletivas O Guardião das coisas inúteis (MAMAM, Recife, Brasil, 2014); Além da biblioteca (Frankfurter Buchmesse, Frankfurt, Alemanha, 2013); Coleção Itaú de fotografia brasileira (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2013; Palácio das Artes, Belo Horizonte, Brasil, 2013); MAC 50: doações recentes 1 (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2013); Travessias 2 (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); Nova arte nova (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, 2009; Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil, 2009); Panorama da arte brasileira — contraditório (Alcalá 31, Madri, Espanha, 2008); Geração da virada: 10 + 1 (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil, 2006). Entre suas exposições individuais recentes estão: Chronos (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2012); Arquitetura de interiores (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2008); e Marcelo Silveira (Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo, Brasil, 2005).
Felippe Moraes na Caixa Cultural, Fortaleza
A Caixa Cultural Fortaleza apresenta de 9 de junho a 12 de agosto a estréia da inédita mostra Imensurável, um panorama abrangente da jovem e prolífica produção do artista carioca Felippe Moraes, um dos expoentes da mais recente arte contemporânea brasileira e internacional. A exposição, com entrada franca, patrocinada pela Caixa e Governo Federal, traz aproximadamente 40 obras que se utilizam da engenharia, da matemática, da química, da geometria e da alquimia para discutir questões poéticas sobre a existência e a transcendência da matéria, nas quais as tensões da matéria com a linguagem se tornam propositoras para uma compreensão de existências sublimes e imateriais.
A exposição “Imensurável” é um recorte sobre um aspecto relevante da obra de Felippe Moraes, em que discute a materialidade na qual habitamos e todos os trabalhos pretendem dialogar com tais questões citadas, de maneira que a própria compreensão sobre processos lógicos seja questionada. A mostra tem curadoria de Alexandre Sá, atuante e aclamado crítico da nova geração, com coordenação de produção de Anderson Eleotério da Adupla.
Na abertura ao público, que acontece no dia 9 de junho (sábado) às 11h, o artista Felippe Moraes fará visita guiada pela mostra.
Reflexões e sensações múltiplas
As obras selecionadas foram produzidas pelo artista entre 2009 e 2018. Variam em técnicas e dimensões, tendo esculturas, instalações, objetos, fotografias, interferências, desenhos e até pinturas, a mais recente abordagem de Moraes sobre os assuntos supra-científicos que lhe interessam, trazendo ainda a tecnologia sonora/visual a interferir visualmente na galeria e interagir com o público. Aliás, um dos potenciais da mostra é exatamente essa interação, proporcionando reflexões e sensações múltiplas a partir da diversificada seleção de mídias artísticas.
Na tendência de fusão de mídias na arte contemporânea, a exposição “Imensurável” reúne no ambiente vivencial da Caixa Cultural Fortaleza instalação, música, tecnologia, ciência, ritual, arte, matemática e conceito, mas tudo de forma dinâmica e social. O curador Alexandre Sá exalta que “ao mensurar, tencionar, cortar e apreender a materialidade, esta é colocada em cheque para que o público compreenda o seu lugar no universo das experiências e dos sentidos”.
O curador ainda distingue que as obras de Felippe Moraes possuem uma certa paradoxalidade em que, “por meio de paradigmas propostos sobre a realidade, o ambiente material e a existência física passam a ser compreendidos de uma maneira exótica, dispondo não só reflexão pouco ortodoxa sobre a matéria, mas desdobramento conceitual no universo do intangível e do sutil”.
“Imensurável” propõe nas discussões da matéria, encontrar a sutileza de tudo aquilo que é invisível, mas que ao mesmo tempo, é inerente ao físico. O conjunto de obras reunidas do artista Felippe Moraes na Caixa Cultural Fortaleza ainda agrega valores especiais por atuar diretamente no exercício da cidadania por meio da diversificação dos temas apresentados.
“A arte contemporânea de Felippe Moraes é ousada e comprometida com um discurso sério e consistente, e essa mostra respalda ainda mais a pesquisa e sua importância no aprofundamento e alargamento dos limites da nova arte brasileira, levando em consideração a trajetória do artista e suas obras, ricas em referências e ineditismo conceitual e tecnológico”, conclui o curador Alexandre Sá.
Sobre Felippe Moraes
Nascido há 29 anos (1988) no Rio de Janeiro, vivendo e trabalhando entre Brasil e Portugal, onde atualmente é doutorando em arte contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, Felippe Moraes se destaca na sua geração pela produção artística com eloquência e habilidade discursiva, trazendo abordagens inéditas às questões da imaterialidade e às questões filosóficas da existência física, por meio da arte conceitual. Na utilização de artefatos poéticos pouco usados na arte contemporânea brasileira, Moraes vem demonstrando e promovendo um crescente reconhecimento institucional e acadêmico.
Selecionado em 2011 para a Temporada de Projetos do Paço das Artes em São Paulo, tendo apenas 22 anos, Felippe Moraes tornou-se um dos mais jovens artistas na história do prêmio. No mesmo ano, recebeu a bolsa do Santander Universities para cursar mestrado MA Fine Art na The University of Northampton (Reino Unido), concluído com distinção em 2013. Durante o período na Inglaterra, fez duas exposições individuais: a primeira, “On Becoming” (2011), na The Fishmarket Gallery em Northampton; e a segunda, “Matter”, na MK Gallery, em Milton Keynes, considerada uma das 10 galerias públicas mais conceituadas do Reino Unido. Nesse período foi eleito pela respeitada publicação de artes da University of Nottingham como um dos mais promissores artistas com menos de 30 anos da região central da Grã-Bretanha.
Na Europa, ainda participou de mostras como a “City as a Process” na 2ª Bienal Industrial dos Montes Urais, em Ekaterinenburg na Rússia, e a “N°1”, na galeria Collective Collaborations. Ao retornar ao Brasil, Felippe se estabelece como forte promessa do novo cenário artístico carioca, e com apenas 25 anos de idade promove debates e encontros em seu ateliê, além de ampliar a carreira com importantes participações artísticas. Na primeira e única vinda ao Nordeste, em 2014, veio a Fortaleza expor obra no 65º Salão de Abril.
No mesmo ano, integrou a exposição “Ordem”, na Baró Galeria, em São Paulo, onde em 2017 também fez a mostra “Cosmografia”. Em 2016, sob curadoria de Alexandre Sá, levou “Os Elementos” ao Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica e dispôs a escultura “Monumento ao Horizonte” em caráter permanente no Caminho Niemeyer, em Niterói. Já em 2017, sua escultura “Monumento a Euclides” foi atração permanente na cidade romena de Slanic Moldova, e em 2018 já apresentou sua “Proporción” no Espacio de Arte Contemporáneo, em Montevideu (Uruguai).
Performance de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Nuno Ramos e Eduardo Climachauska fazem performance durante seis horas seguidas, no último dia da exposição “5 + 5”, na Anita Schwartz Galeria, na Gávea, Rio de Janeiro
Os artistas Nuno Ramos e Eduardo Climachauska apresentarão a performance inédita "Cassandra 1", no próximo dia 9 de junho de 2018, das 12h às 18h, na Anita Schwartz Galeria de Arte. A ação dos dois artistas encerra a exposição “5 + 5”, que reuniu desde 4 de abril último trabalhos dos dois artistas e de mais quatro duplas: Arthur Chaves/Cadu, Estela Sokol/Marcelo Cipis, Luiza Baldan/Lenora de Barros, e Rochelle Costi/Fernando Limberger.
Na performance, Nuno Ramos e Eduardo Climachauska lerão integralmente, da primeira à última palavra, a edição do dia do jornal "O Globo". Os dois estarão de costas para o público, e de frente para as paredes da galeria, microfonados, de modo a serem ouvidos. Entre eles estará um relógio usado em campeonatos de xadrez, também com o som amplificado. A cada vez que surgir uma palavra que remeta ao sentido de tempo ou duração, a leitura será interrompida e o relógio acionado.
Nuno Ramos (1960, São Paulo) e Eduardo Climachauska (1958, São Paulo) são amigos e parceiros de longa data, e já compuseram juntos dez músicas e realizaram três filmes: “Iluminai os terreiros” (2007), “Casco” (2004) e “Para Nelson – Luz Negra” e “Duas Horas” (2002), os dois primeiros com o cineasta Gustavo Moura.
Na exposição “5 + 5”, Nuno Ramos (1960, São Paulo) está com os trabalhos “Algo mais espantoso ainda/ Na noite seguinte eu vou matá-la” (2006), uma escultura em mármore, cobre, vidro soprado, vaselina e vaselina líquida, e o desenho “Rocha de Gritos 28” (2017), em vários materiais sobre papel. Eduardo Climachauska mostra um conjunto de quatro caixas compostas por chumbo e mármore.
Nuno Ramos fala sobre Climachauska: “Gosto de uma mistura perfeita de imaginação e rigor formal. Além do que, acho que o trabalho do Clima é um desses tesouros da arte brasileira, subdimensionado, ainda a ser descoberto. Quem achar, verá”.
junho 5, 2018
Ana Dias Batista na Marilia Razuk, São Paulo
Em Às avessas, sua segunda exposição individual na Galeria Marilia Razuk, a artista paulistana Ana Dias Batista mostra instalações inéditas construídas especificamente para a galeria, que modificam a circulação pelo espaço e fazem referência a outro estabelecimento comercial, as lojas de tapetes.
Partindo de soluções de organização típicas dessas lojas, a artista utiliza materiais como tapete, forração, nylon e cordão de seda, organizados em pilhas, enrolados e encostados às paredes ou aplicados nos forros e rodapés. Com poucos movimentos, os trabalhos subvertem esses elementos, afastando-os de seus destinos habituais e produzindo novas associações, o rodapé de seda transforma-se em linha de desenho, tapetes enrolados tornam-se canudos agigantados, um forro revestido imita uma grande tela de televisão e carpetes empilhados e recortados formam, em negativo, pilhas de tapetes dispostas pelo espaço. Uma publicação, no formato de um catálogo de tecidos, completa o conjunto, articulando algumas das narrativas construídas nos outros trabalhos.
Por meio de rebatimentos e inversões, como o título sugere, as obras em exposição propõem uma ficção: a transformação do ramo de atuação da galeria.
Ana também está em cartaz na cidade com a individual: “Chão comum”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Sobre a Artista
Ana destaca objetos do cotidiano e cria trabalhos que os incorporam ou adotam suas formas ou funções, e incluem operações como reescalonamento, mimetismo, reflexão, duplicação, inversão e repetição. O sentido crítico de suas obras advém da ambiguidade gerada pelo objeto de arte em relação à funcionalidade ou finalidade dos objetos originais, recontextualizados. Formada em Artes Visuais pela Escola de Artes Visuais da Universidade de São Paulo, onde concluiu o doutorado em 2014. No mesmo ano participou com um projeto Solo na Pinta London e no setor Art Public em Art Basel Miami Beach, trabalhando com as relações de escala e função, com referência aos parques de diversão e outros jogos. Em 2016 participou com um projeto Solo em Art Basel Miami Beach.
A artista já apresentou exposições individuais no Centro Cultural São Paulo (2001), no Centro Universitário Maria Antônia (2004), no Museu de Arte da Pampulha (2007), na Estação Pinacoteca (2009), no Ateliê 397 (2015), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018) e nas galerias Adriana Penteado, Mendes Wood, Ybakatu, Leme e Marilia Razuk. Recebeu a Bolsa Pampulha e os prêmios Conexão Artes Visuais (Funarte, 2008) e PROAc (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, 2009 e 2015). Recentemente integrou as mostras coletivas Avenida Paulista (MASP, São Paulo), In Memoriam (Caixa Cultural, Rio de Janeiro), Temporary Contemporary (Bass Museum, Miami), Tout doit disparaître (La Maudite, Paris), Imagine Brazil – Artists’ Books (DHC/ART Fondation pour l’Art Contemporaine, Montréal, Canadá), Huna, Hunak / Here, There (Al Riwaq Exhibition Space, Doha), Alimentário (Oca, São Paulo e MAM, Rio de Janeiro), OEI #79: redigera/publicera/distribuera! (Moderna Museet, Stockholm) e Que barra (Ateliê 397, São Paulo).
Guto Lacaz na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Distribuídos em um quadrado de setenta centímetros, vinte e quatro ponteiros vermelhos giram sem parar. Em outro quadrado de setenta centímetros, giram em tic tac outros vinte e quatro também ponteiros, também vermelhos. São os Relógios para perder a hora de Guto Lacaz, dois dos trabalhos que integram a exposição art lab, na Galeria Marcelo Guarnieri em São Paulo. As duas peças formam uma imagem clara do que se apresenta na mostra: objetos animados cumprindo funções absurdas, hipnóticas e humoradas que te convidam para uma dança sem hora pra acabar. O tempo nesta exposição seria algo semelhante ao tempo das crianças, um tempo tomado completamente pela brincadeira, em que a repetição e o delírio se fazem necessários no processo de aprendizagem.
Neste caso, uma desaprendizagem, pois aqui adentramos o universo dos objetos que deixaram de ser servos de seu próprio destino: a funcionalidade. Lacaz constrói com tais objetos uma relação tão íntima, que parece ouvir deles os seus desejos mais sórdidos, então retorce os seus sentidos e os liberta da chatice de serem úteis. Em alguns casos o artista vai além, dissecando suas objetidades de tal modo que acabam reduzidos a engrenagens de formas e cores e assim viram coisas: coisas ópticas, cinéticas, elétricas, lunáticas.
É o caso de Dauquad cinético, uma espécie de carrossel manipulável formado por quadrados de acrílico coloridos e de superfícies espelhadas que se refletem e projetam cores em diversos ângulos. Ou de Bossa Nova, um conjunto de peças quadradas e brancas que formam um painel também quadrado de dois metros e meio em lento e constante movimento, semelhante ao das ondas do mar. Os títulos dos trabalhos de Lacaz também são algo para se ter em conta, às vezes surgem como contraponto ao que se vê nas obras, às vezes funcionam como chaves de acesso.
Tudo o que for produto da criação humana, seja na ciência, na indústria ou na arte, pode virar assunto, em uma abordagem menos celebrativa e talvez mais crítica, certamente bem humorada. Há uma descrença não só pela ideia de progresso científico, mas também pelos grandes símbolos e certezas inventadas pela humanidade. Desse modo, Guto Lacaz convoca em alguns de seus trabalhos elementos clássicos das obras de figuras como Marcel Duchamp e Nam June Paik e os apresenta em novas situações, dando a eles o poder de performar a sua própria existência.
Paik Line, trabalho inédito, é constituído por uma torre de televisores modificados. A peça faz referência a Zen for TV, obra de 1963 do artista Nam June Paik, na qual reduz a imagem da tela a um feixe de luz, privando a televisão de sua própria forma e função. O desenho gerado pela linha que atravessa uma extremidade à outra do visor e a posição vertical do aparelho remetem a uma estrutura totêmica, reforçando o caráter contemplativo e imersivo da TV, agora de um jeito anormal. A partir daí Lacaz exagera e multiplica essa ação por seis, construindo um grande totem de mais de dois metros.
Em art lab tudo se movimenta e ainda que em curto-circuito, nos movimentamos também. A exposição é a primeira individual de Guto Lacaz na unidade São Paulo da Galeria Marcelo Guarnieri e marca os 40 anos de produção do artista."Pra mim arte é energia. Importante distinguir arte de obra de arte. Arte é o que está entre a obra de arte e o espectador, algo meio fluido, um plasma. É isso que eu acho que é energia, quando você passa por uma obra de arte e essa obra te capta, é pura energia o que está acontecendo entre você e a obra de arte.", conclui Guto.
Guto Lacaz
1948 - Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Artista multimídia, arquiteto, designer e cenógrafo, Guto Lacaz vem investigando, desde fins dos anos 70, as possibilidades da arte, da ciência e da tecnologia a partir de uma aproximação com os objetos de uso cotidiano. Bem humoradas e às vezes absurdas, suas obras buscam desestabilizar comportamentos e leituras automáticas comuns em nossa interação com a materialidade e a espacialidade. Sempre interessado na relação com o espectador, desenvolve seu trabalho em desenhos, objetos, performances, ilustrações, livros, instalações e intervenções em espaços públicos. Guto inventa um mundo torto e maravilhoso onde um batalhão de aspiradores de pó mantém bolas de isopor suspensas no ar e onde cadeiras enfileiradas de um auditório vazio flutuam silenciosas sobre as águas de um lago. Em 2017 ganhou o prêmio APCA na categoria "Fronteiras da Arquitetura".
junho 4, 2018
Hello.Again: Gokula Stoffel no Pivô, São Paulo
Gokula Stoffel é a artista convidada para a primeira edição do programa Hello.Again em 2018. Stoffel está desde março desenvolvendo seu projeto para programa dentro da residência do Pivô. O espaço a ser ocupado é localizado na recepção da instituição, um local de transição entre a rua e o interior do Pivô, e que funciona também com um espaço expositivo para abrigar projetos de artistas no início de carreira.
A produção de Gokula investiga os desdobramentos possíveis do “pictórico” em objetos e no espaço; sua inquietação com a função da imagem na atualidade se evidenciam em suas pinturas, que, em realidade, vão para além da “pintura”: Gokula aplica técnicas dessa mídia em materiais industriais remanescentes, pedaços de vidro e tipos de tecidos variados, a fim de criar colagens espaciais fragmentadas que se assemelham com o movimento de scroll das telas digitais.
Em sua exposição, Para-sol, Gokula trabalha com as janelas, brincado com as transparências e entradas de luz nesse espaço de vitrine da recepção. Esse procedimento é notado, por exemplo, criando tapeçarias especiais – feitas com malhas soltas que permitem a entrada de luz – que cobrem toda a extensão das janelas, ou por tornar a porta de correr que divide o Pivô e o restaurante La Central em uma paisagem de múltiplas cores, produzida com diferentes tipos de insulfime que confundem a percepção dos visitantes de ambos os lados do vidro. O objetivo principal de Gokula é de criar um local que pode ser experimentado de todos os seus lados à todo momento, assim, as composições espaciais são feitas para serem vistas também pelo lado externo e a luz da exposição ficará acessa todo o tempo, criando uma presença fantasmagórica enquanto a instituição estiver fechada.
Através da formulação de um novo ponto de interesse nesse espaço – por criar uma espécie perversa de “olhar tátil” – Stoffel procura quebrar o aspecto duro e asséptico da arquitetura moderna. Mas esse espaço completamente texturizado, de múltiplas camadas e acolhedor é, de certa forma, inalcançável; há sempre uma tela, uma chapa de vidro ou uma barreira que separa a imagem do visitante.
As intervenções de Gokula para o Hello.Again levam sua pesquisa sobre imagens mais adiante, por incluir agora em sua lógica pictórica particular a arquitetura e a circulação de pessoas no centro de São Paulo.
Sobre o Programa
Este programa tem como objetivo introduzir o espaço e saudar o visitante do Pivô. O titulo é inspirado pela obra, também intitulada “Hello. Again”, do artista israelense Haim Steinbach, que anuncia um reencontro. As intervenções no térreo promovem um diálogo contínuo entre a rua do edifício Copan, o ambiente do restaurante La Central e as exposições e programas do Pivô, instigando os pedestres através dessa vitrine, sempre acesa dia e noite.
Sobre a artista
Gokula Stoffel (Porto Alegre, 1988) realizou a exposição individual “Madona Ansiosa” no Galpão Fortes D’Aloia e Gabriel e participou das coletivas “Um tufo de pelos preso fortemente a um cabo”, curadoria Bruno Mendonça no Epicentro Jardins e “A terceira mão”, curadoria Erika Verzutti na Galeria Fortes D’Aloia e Gabriel.
Rocambole no Pivô, São Paulo
O Pivô tem o prazer de apresentar a exposição coletiva Rocambole como parte do seu Programa Anual de Exposicções, com os artistas Flora Rebollo, Thiago Barbalho e Yuli Yamagata. A proposta, que ocupa a galeria no segundo andar da instituição, é resultado do encontro e de trocas entre os artistas durante sua participação no programa de residências Pivô Pesquisa entre 2017 e 2018.
De algum modo, a forma em espiral do rocambole está presente na produção dos três artistas, tanto nas formas sinuosas dos trabalhos de Yamagata, quanto nos desenhos multicoloridos de Rebollo e Barbalho. A mostra, no entanto, não pode ser considerada “temática”. A imagem da “espiral doce” veio à tona do entrelace afetivo dos três artistas, que desenvolveram novas relações entre seus trabalhos e o espaço. Os artistas produziram boa parte das obras da exposição em um ateliê compartilhado no Pivô e o que será visto no espaço expositivo é o resultado dos diálogos e os conflitos entre suas práticas.
A sedução cromática e tátil destes trabalhos, ou o riso que podem despertar, a primeira vista, são rapidamente substituídos por uma certa sensação de desconforto. As cores ácidas dos desenhos de Barbalho; vertigem, no movimento sugerido nos desenhos de Rebollo; e pelo estranhamento, nas formas antropomórficas de Yamagata desestabilizam ao mesmo tempo em que atraem o espectador. As formas idiossincráticas criadas pelo trio, oscilam entre a doçura e o desconforto.
Rebollo e Barbalho partem do desenho para criar, cada um a sua maneira, um vocabulário visual complexo que revela uma rede de pensamentos, formas e palavras interconectadas. A matriz de suas composições pode partir desde um acaso gestual ou a vontade de testar um material, até um diagrama de formas previamente planejadas, no caso de Barbalho. Yamagata, por sua vez, realiza uma operação semelhante ao sobrepor e costurar tecidos sintéticos estampados para criar formas orgânicas que invadem o espaço ou se penduram nas paredes.
No espaço desconcertante criado pelos artistas, há trabalhos que sugerem relações com as artes aplicadas e o design. Por exemplo, Rebollo apresenta um de seus desenhos abstratos de grandes dimensões com diversas sobreposições de materiais e recursos gráficos sobre uma base no chão, como um tapete a ser olhado de cima. Enquanto Yamagata apresenta uma cortina de 4 metros em diálogo com a arquitetura, na qual são vazadas diversas formas de olhos, além de uma arara recoberta com massa de biscuit e uma série de calças jeans, desde calças infantis, até peças de tamanhos grandes, estufadas e montadas numa estrutura circular. Numa tentativa similar de lidar com a arquitetura, Barbalho retoma sua prática com o desenho, mas desta vez recobrindo uma escultura inspirada na fita de Moebius e na garrafa de Klein, que anulam as noções de espaço. A peça é instalada de modo a se fundir com espaço e coberta com hachuras, massas de cores e diversos materiais de desenho que também se espalham para as paredes e para o chão.
“Rocambole” é um projeto elaborado conjuntamente pelos próprios artistas em diálogo constante com a equipe e o espaço do Pivô. Também é uma oportunidade de experimentação, pois além de seus trabalhos mais conhecidos, pela primeira vez Yamagata realiza um trabalho em grande escala, Thiago realiza uma escultura como suporte para seus desenhos e Rebollo está fazendo pinturas.
Sobre os artistas
Flora Rebollo, 1983, vive e trabalha em São Paulo
Flora Rebollo é formada em artes plásticas pela USP e utiliza o desenho como mídia central em sua produção. Entre suas principais exposições se destacam as individuais “Burubu” na Galeria Pilar e “meta-in-proto-pluri- sin-preter-en-forme” no programa de exposições do Centro Cultural São Paulo.
Thiago Barbalho, 1984, vive e trabalha em São Paulo
Thiago Barbalho é formado em filosofia e atua como escritor e artista. Publicou os livros “Thiago Barbalho vai para o fundo do poço”, “Doritos” e “Um homem bom” pela editora Iluminuras. Em 2017 participou da exposição coletiva “Voyage” com curadoria de Alexandre da Cunha.
Yuli Yamagata, 1989, vive e trabalha em São Paulo
Yuli Yamagata é formada em artes plásticas pela Universidade de São Paulo e já realizou diversas exposições individuais como “Tropical Extravaganza: Paola e Paulina”, no Sesc Niterói, “Honra ao mérito”, no Fórum UFRJ, “X-Caça ao tesouro”, na Pinacoteca de São Bernardo, e coletivas como “Disfarce”, na Oficina Cultural Oswald de Andrade e “Arranjos” e “Arranjos II”, no SAO Espaço de Arte. Em 2016 participou do programa de exposições do Centro Cultural São Paulo, bem como do projeto de Individuais Simultâneas do Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP).
junho 1, 2018
A Lesson Loosely Learned na Cavalo, Rio de Janeiro
Cavalo inaugura coletiva com artistas internacionais
Na quarta-feira 06 de Junho, a Cavalo inaugura A Lesson Loosely Learned, exposição com os artistas Basim Magdy (Assiut, Egito, 1977), Pablo Pijnappel (Paris, França, 1979), Rafaël Rozendaal (Amsterdam, Holanda, 1980) e Thora Dolven Balke (Oslo, Noruega, 1982). A coletiva reúne obras que livremente abordam o uso de regras e manuais de instruções e maneiras de subvertê-los.
O artista egípcio Basim Magdy exibe uma espécie de paródia pessimista de filmes educativos com o vídeo ‘13 essential rules for understanding the world’ (2011). Na obra, rostos expressivos rabiscados em tulipas apresentam alguns mandamentos cínicos que tratam de questões como isolamento, abandono e insignificância da humanidade. O absurdo presente nessas regras passam a torná-las cômicas, como no caso da sexta regra ‘nunca se deixe adormecer’ ou da oitava ‘nunca use lógica’.
Thora Dolven Balke, que vive e trabalha entre Oslo e Rio de Janeiro, expõe uma série de cinco ampliações de polaróides que incorporam os erros acidentais ou propositais da revelação. A aplicação imperfeita da técnica fotográfica resulta em cenas enigmáticas, onde elementos como calor, umidade, pressão dos dedos da artista e radiação dos detectores de aeroportos interferem na reação química e deformam as imagens.
O holandês-brasileiro Rafaël Rozendaal emprega a fórmula dos Haiku, os tradicionais poemas de três linhas japoneses, em obras que descrevem situações banais, refletem sobre frustrações do mundo atual e questionam o modo de vida moderno. Seus Haiku são pinturas monocromáticas na parede dispostas como páginas de um livro aberto.
Outra obra parte da exposição, a vídeo instalação ‘Exercícios Sensuais’ de Pablo Pijnappel, é baseada em dois livros clássicos de auto-ajuda entitulados ‘The Sensuous Woman’ e ‘The Sensuous Man’. Publicados nos Estados Unidos em 1968 e 1971, respectivamente, eles serviam como manuais de sensualidade para uma sociedade ainda atordoada com as novidades da revolução sexual. Ao transportar esses conselhos para o contexto do Rio de Janeiro contemporâneo, o artista enfatiza as posições conservadoras presentes nesses guias de comportamento.
‘Exercícios Sensuais’, estreou na feira Arco Madrid desse ano junto com trabalhos da paulista Marina Weffort e deu à galeria o prêmio de melhor stand do setor Opening. Essa obra e as demais serão exibidas no Rio de Janeiro pela primeira vez. A exposição, que fica em cartaz na galeria até 14 de julho, tem entrada livre.