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novembro 29, 2017
O Canal tem uma proposta para você...
Uma promoção com lance livre!
O Canal Contemporâneo completa 17 anos em 1º de dezembro próximo e tem uma proposta para você contribuir e apoiá-lo.
É tempo de crise, rearranjo de custos e também período de captação de recursos para as iniciativas culturais. E é neste espírito que propomos que você lance uma oferta para assinar um semestre.
Um estímulo efetivado em um lance pago por você é muito importante para o Canal Contemporâneo neste momento.
É aniversário do Canal, vamos comemorar juntos?
Abraço,
Patricia Canetti
Dados bancários para o pagamento*:
Canal Contemporâneo Criações Artísticas em Rede Ltda.
CNPJ: 08.658.479/0001-60
- Banco Inter S.A. (77), agência 0001, conta 7243799-5
novembro 28, 2017
Coletiva inaugura novo endereço da Marcelo Guarnieri, São Paulo
Prestes a completar 4 anos de atividade na capital paulista, a Galeria Marcelo Guarnieri, atualmente com três unidades – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto – apresenta, no próximo dia 30 de Novembro (quinta-feira), em São Paulo, das 17h às 21h, uma exposição de seu acervo para abertura do novo espaço.
Ocupando um espaço maior - com mais dois andares - a galeria que acabou de fechar contrato de representação para todo o Estado de São Paulo com o artista Siron Franco, planeja apresentar exposições simultâneas em diferentes pavimentos, mantendo, em um deles, o seu acervo aberto para visitas. A ideia é montar exposições no térreo e também no segundo andar, exibindo trabalhos não só dos artistas da casa, como também de artistas convidados.
Sobre a Galeria Marcelo Guarnieri
Reconhecido nome da arte moderna e contemporânea em Ribeirão Preto (SP), o galerista Marcelo Guarnieri pertence à geração dos anos 1980 que levou para a cidade no interior de São Paulo exposições e mostras de nomes como Iberê Camargo, Siron Franco, Carmela Gross, João Rossi, Lívio Abramo, Amilcar de Castro, Tomie Ohtake, Volpi, entre outros. Dominada até então pelos artistas locais, em um trabalho de vendas informal, Guarnieri, ao lado de João Ferraz (hoje IFF) e colecionadores de artes, cultivou um espaço que hoje pode ser considerado o resultado de um trabalho de consolidação profissional de imagem e de um olhar estético técnico e apurado.
Por um período de dois anos, Marcelo foi diretor do Museu de Arte de Ribeirão Preto - o MARP – em sua fase inicial. No ano de 2006 nascia a Galeria Marcelo Guarnieri com o desejo de criar um espaço fora do eixo Rio-SP, que dialogasse com nomes das artes moderna e contemporânea. Em dez anos, além das exposições mencionadas acima, a participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, atraíram apreciadores da arte para o endereço. Resultado da experiência e da percepção de Guarnieri e de sua equipe: notaram que, além da apresentação de nomes significativos do último período de produção artística, era necessário fortalecer, cultivar e estimular no público o entendimento da obra, do artista e do seu tempo de produção por meio de visitas e atividades educacionais.
www.galeriamarceloguarnieri.com.br
Regina Vater no MAC, Niterói
MAC Niterói: três novas exposições ocupam Varanda e Salão Principal, com obras de Regina Vater, Bruno Faria e Rafael Alonso
No dia 21 de outubro, sábado, a partir das 10h, três novas exposições serão abertas, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A Varanda e o Salão Principal vão estar totalmente ocupados com obras, fazendo um verdadeiro Percurso artístico, que se complementa com a bela vista para a Baía de Guanabara. São elas: Oxalá que dê bom tempo, de Regina Vater; Versão oficial, de Bruno Faria; e Don’t you (Forget about me), de Rafael Alonso. A curadoria é de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca.
Em “Oxalá que dê bom tempo”, a importante artista carioca Regina Vater apresenta uma retrospectiva da sua longa carreira, que tem mais de cinquenta anos. “Assim como seus companheiros geracionais dos anos 1960, Regina experimentou diversas linguagens no seu percurso. Inicialmente, trabalhou nos campos do desenho, gravura e pintura, e, posteriormente, se dedicou à fotografia, à escultura, ao vídeo e à instalação”, explica Raphael Fonseca.
A exposição conta essencialmente com cinco diferentes áreas do trabalho de Vater: uma parede com trabalhos apenas dos anos 1960 – com uma série de gravuras chamada de Tropicália; a reconstrução de uma escultura mostrada na Bienal de São Paulo de 1969 – chamada Mulher Mutante; um trabalho em vídeo-objeto – Vide o Dolorido; uma série de fotografias intitulada Tina América; a série de fotografias Comigo Ninguém Pode – produzida em torno de 1980; a série de fotografias Natures Mortes –produzida há cerca de 30 anos; a instalação Oxalá que dê bom tempo; três vídeos: Vide O Art, Dancing to the Goddess e Megaron; entre outros trabalhos, que ocuparão o Salão Principal. Importante ressaltar que a maioria destas obras nunca foi mostrada no Brasil antes.
Na ocasião, haverá, ainda, o relançamento do livro X–Range, que foi concebido por Regina Vater e publicado originalmente em 1977, pela Galería Artemúltiple, em Buenos Aires, Argentina. Esta reedição do projeto – da Ikrek Edições, 2017 –, cujos editores são Luiz Vieira e Pedro Vieira, visa colocar novamente em circulação esta obra, que marca as práticas do período e que se tornou também um documento. Em um único objeto, agrega práticas experimentais de Regina e o ambiente doméstico de artistas como Hélio Oiticica, John Cage, Lygia Clark e Vito Acconci. O álbum é composto por 8 lâminas com fotos das casas de Hélio Oiticica, John Cage, Lygia Clark e Vito Acconci e poemas para cada um dos artistas.
Autora: Regina Vater
Edição: Luiz Vieira e Pedro Vieira
Ikrek Edições, 2017
41x41 cm
Preço de capa: R$ 100,00
Rafael Alonso no MAC, Niterói
MAC Niterói: três novas exposições ocupam Varanda e Salão Principal, com obras de Regina Vater, Bruno Faria e Rafael Alonso
No dia 21 de outubro, sábado, a partir das 10h, três novas exposições serão abertas, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A Varanda e o Salão Principal vão estar totalmente ocupados com obras, fazendo um verdadeiro Percurso artístico, que se complementa com a bela vista para a Baía de Guanabara. São elas: Oxalá que dê bom tempo, de Regina Vater; Versão oficial, de Bruno Faria; e Don’t you (Forget about me), de Rafael Alonso. A curadoria é de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca.
Dividindo o espaço da varanda com Bruno, está o Niteroiense Rafael Alonso com a sua individual "Don't you (forget about me)". Tendo em vista a experiência e a trajetória do artista como pintor e, mais do que isso, como alguém nascido e criado em Niterói, Rafael compartilhará com o público uma série de 7 gravuras digitais que vem do interesse na relação entre pintura e paisagem. Majoritariamente um pintor que lida com a abstração e com cores fortes, Alonso apresentará, no museu, uma série, que estabelece uma referência com tipo de visualidade dos anos 80 e 90, mas que a geometria sugere algumas relações com a paisagem que o público vê pela varanda - ou seja, as imagens da própria cidade de Niterói.
Ao optar por não mostrar óleos sobre tela, mas impressões digitais coladas em madeira, as tradições de cartazes de turismo e mesmo de cinema tão comum aos anos 1980 será ecoada nessa série de imagens. Por fim, o próprio título da exposição vem de uma famosa música do Simple Minds, de 1985, "Don't you (forget about me)". “Pode-se sair de Niterói, mas ousar esquecer de sua cultura visual de balneário certamente é difícil”, finaliza Raphael Fonseca.
Bruno faria no MAC, Niterói
MAC Niterói: três novas exposições ocupam Varanda e Salão Principal, com obras de Regina Vater, Bruno Faria e Rafael Alonso
No dia 21 de outubro, sábado, a partir das 10h, três novas exposições serão abertas, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A Varanda e o Salão Principal vão estar totalmente ocupados com obras, fazendo um verdadeiro Percurso artístico, que se complementa com a bela vista para a Baía de Guanabara. São elas: Oxalá que dê bom tempo, de Regina Vater; Versão oficial, de Bruno Faria; e Don’t you (Forget about me), de Rafael Alonso. A curadoria é de Pablo León de La Barra e Raphael Fonseca.
Ocupando parte da varanda do museu está Bruno Faria com a sua “Versão oficial”, uma instalação com dimensões variadas de 2014 a 2017. Trata-se de uma versão reduzida com 88 vinis da sua instalação Introdução à História da Arte Brasileira. Nesse trabalho, o artista reúne discos cujas capas foram feitas por artistas brasileiros, entre os anos 1960 e 1990. A relação entre design, artes visuais e censura (visto que muitos dos vinis foram censurados durante a ditadura) se faz presente.
Em diálogo com a exposição de Regina Vater, o artista propõe um trabalho novo chamado “Versão oficial” – também título da exposição – e que parte de um fato histórico no qual a artista Regina Vater, em 1968, foi convidada para realizar a capa do disco Tropicália ou Panis ET Circensis – de Caetano, Gal, Gilberto Gil, entre outros. Esta capa, porém, não foi publicada e a versão de Rubens Gerchman foi a que ficou conhecida. Para a criação da obra, o artista solicitou a colaboração de Regina que refez o desenho, já que o mesmo se perdeu – a artista o viu pela última vez, em 1972, emoldurado na parede da gravadora Philips. Então, Bruno apresenta, na mostra, a capa que seria a verão oficial. Daí o nome da exposição e da obra, que é acompanhada de um aparelho de toca-discos, o que propiciará ao público ouvir Tropicália. “Essa ideia de recuperar o desenho original da artista, a partir da memória e das impressões de Regina, foi fantástica! O público vai ter a oportunidade de conhecer como poderia ter sido a capa de Tropicália”, explica Pablo León de La Barra.
Elogiamos a Casa que se Abre a Perder de Vista na Bolsa de Arte, São Paulo
Questionamento da paisagem urbana dá o tom de Elogiamos a Casa que se Abre a Perder de Vista, curadoria de Mario Gioia para a Galeria Bolsa de Arte
Coletiva de fim de ano tem abertura no dia 2 de dezembro, a partir das 11h, mesclando artistas do elenco da galeria a nomes novos e estabelecidos
Um dos gêneros clássicos da História da Arte, a paisagem ganha recorte urbano na coletiva de fim de ano que a Galeria Bolsa de Arte abre no dia 2 de dezembro (sábado), das 11h às 16h. Elogiamos a Casa que se Abre a Perder de Vista, com curadoria de Mario Gioia, traz cerca de 30 obras de artistas do elenco da galeria mesclados a nomes novos e estabelecidos.
Entre os representados, figuram Alexandre Wagner, André Lichtenberg, Marina Camargo, Shirley Paes Leme e Vera Chaves Barcellos. Outros nomes, como Bruno Drolshagen, Ding Musa e Marco Maria Zanin completam a seleção de artistas.
A mostra é um desdobramento de Ao Sul, Paisagens, que Gioia exibiu na sede da Galeria Bolsa de Arte em Porto Alegre em 2013. Se lá a perspectiva ambiental enfatizava um certo ideário sulino, com mais prevalência da natureza em cena, na versão paulistana o escrutínio do entorno vale-se da iconografia urbana e de suas tensões.
“Na paisagem urbana, temos sempre ruídos, interferências, quase nunca temos um horizonte limpo visualmente. Percebemos que essa matéria concreta, cinzenta, é algo introjetado. Esse tom está bem presente nos trabalhos”, diz Gioia. Assim, se na exposição anterior Vera Chaves Barcellos teve exposta uma série de fotos dos anos 1970 com um zoom da pele, agora apresenta as nove fotos que enfocam e compõem Usina Nuclear (2007).
Em comum, além da abordagem da paisagem, ambas têm a expografia como proponente de relações amplificadoras dos sentidos das obras, possibilitando o surgimento de linhas temáticas que atualizam a noção de paisagem. “(...) Toda exposição coletiva existe realmente de fato a partir das relações estabelecidas entre as obras a partir de sua disposição no espaço expositivo. O planejamento inicial e as ideias-esboço ganham potência e se 'corporificam' nesse locus da arte contemporânea”, escreveu o curador no catálogo da primeira exposição.
Entre as divisões que compõem a mostra, Paisagem-território traz em seu apelo político a obra inédita de Ding Musa sobre a Palestina, com vídeo e livro de artista. Já em Copo Americano, Gustavo Torrezan enche esse utensílio com a terra da aldeia dos índios Guaranis em São Paulo. Em comum, os dois trabalhos evocam populações desterritorializadas, destituídas de seu solo natal.
No segmento da Paisagem-corpo, a jovem performer Maíra Vaz Valente exibe o vídeo de sua residência em Visconde de Mauá, em que integra seu corpo nu ao entorno, coberto com pequenas bolsas d’água, que são estouradas gradualmente. A Paisagem-natural não está totalmente excluída da mostra, mas surge com interferências da ação humana.
Alexandre Wagner, artista da Galeria Bolsa de Arte, está inserido no núcleo de Paisagem-pictórica ao lado de Roberta Tassinari. Dois artistas estrangeiros observam São Paulo em Paisagem-metrópole: o italiano Marco Maria Zanin, que vive entre SP e Padova, com uma foto de um edifício enorme no Anhangabaú, “uma massa gigante de concreto”; e a portuguesa Rita Castro Neves, que apresenta uma videoinstalação de câmera fixa sobre a ocupação da Rua do Ouvidor, resultado de sua residência no Ateliê Fidalga.
A Paisagem-popular, com forte influência do mercado de massa, é formada por trabalhos tridimensionais, como o de Bruno Miguel. Ele se apropria de restos de adornos de Carnaval ou de badulaques de feiras populares para produzir suas esculturas. Bruno Drolshagen inspirou-se nas feiras de chão da Lapa, em que catadores de lixo vendem objetos coletados na rua, para dar ao cimento forma de enciclopédia e brinquedos, entre outros.
Essas divisões multiplicam-se e entrecruzam-se em outras variações que abarcam as vicissitudes do meio-ambiente das grandes cidades. Nas palavras de Mario Gioia: “Com um olhar calcado na variedade de linguagens - pintura, fotografia, tridimensional, vídeo, livro de artista -, Elogiamos a Casa... traz perspectivas algo cinzentas sobre um dos principais gêneros da história da arte”.
Sobre o curador
Mario Gioia (São Paulo, 1974) é curador independente, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e faz parte do grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas. Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter Lugar para Ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Já fez a curadoria de exposições em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul, Paisagens, Bolsa de Arte, 2013) e Rio de Janeiro (Arcádia, CGaleria, 2016). É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. De 2011 a 2016, coordenou o projeto Zip’Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos de curadoria. Na feira de arte ArtLima 2017, assinou a curadoria da seção especial CAP Brasil, intitulada Sul-Sur.
novembro 26, 2017
Festival Cao Guimarães na Nara Roesler, São Paulo
Em ocasião da mostra Locus: Apichatpong Weerasethakul – Cao Guimarães em exibição no EYE Film Museum, em Amsterdã, até dia 3 de dezembro, e da exposição Ensaio de Tração, em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo até março de 2018, a Galeria Nara Roesler | São Paulo, apresenta o Festival Cao Guimarães, que inclui uma programação especial de duas semanas com sessões de curta e longa metragens, além de conversa com o artista e a pesquisadora Consuelo Lins.
PROGRAMAÇÃO
27 de novembro, segunda-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Andarilho,seguido de conversa entre Cao e Consuelo Lins*.
28 de novembro, terça-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa O fim do sem fim
29 de novembro, quarta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Rua de Mão Dupla
30 de novembro, quinta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa A alma do osso
1 de dezembro, sexta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Acidente
2 de dezembro, sábado
11h - 15h30: seleção de curtas
4 de dezembro, segunda-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Ex Isto
5 de dezembro, terça-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Elvira Lorelay, alma de dragón
6 de dezembro, quarta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Otto
7 de dezembro, quinta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa O Homem das Multidões
8 de dezembro, sexta-feira
10h - 17h30: seleção de curtas
17h30: projeção do longa Andarilho
9 de dezembro, sábado
11h - 15h30: seleção de curtas
Para acessar sinopses dos filmes acesse: www.caoguimaraes.com
* Consuelo Lins é documentarista, professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ. É de sua autoria do texto sobre Cao que integra o catálogo da exposição do EYE Film Museum. Atualmente Consuelo trabalha na produção de um livro sobre uma obra de Cao Guimarães, com previsão de lançamento em 2018.
novembro 25, 2017
Sérvulo Esmeraldo no Ling, Porto Alegre
Abertura da mostra PulsationsPulsações - Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo acontece no dia 28 de novembro, com palestra do curador Ricardo Resende e da viúva do artista, Dodora Guimarães
De 28 de novembro a 31 de março de 2018, o Instituto Ling apresenta PulsationsPulsações - Do arquivo vivo de Sérvulo Esmeraldo, primeira exposição póstuma do artista cearense, falecido em fevereiro deste ano, pouco antes de completar 88 anos. A exposição mostra uma das trajetórias mais originais da arte brasileira: conhecido por seu rigor geométrico-construtivo, Esmeraldo incursionou pela escultura, a gravura, a ilustração e a pintura, tendo sido um dos pioneiros da arte cinética e autor de obras de geometria e luminosidade singulares. A mostra, com curadoria de Ricardo Resende, traz 84 peças - entre gravuras, matrizes, desenhos, estudos, relevos, maquetes, instalações, documentos e fotografias - que fazem parte do arquivo do IAC - Instituto de Arte Contemporânea (São Paulo/SP). Por ocasião da abertura da exposição, na terça-feira, 28 de novembro, às 19h, o curador Ricardo Resende e Dodora Guimarães - viúva do artista e sua companheira por quase 40 anos -, farão uma conversa aberta com o público sobre a obra de Sérvulo Esmeraldo. A entrada é franca, por ordem de chegada (mais informações no serviço abaixo).
Organizada a partir do arquivo de Sérvulo Esmeraldo - atualmente sob a guarda do IAC -, a exposição compreende a fase em que o artista viveu na França (1957-1980). Este arquivo documental e de acervo de Esmeraldo ficou guardado intacto por cerca de 40 anos no ateliê do artista e amigo argentino Júlio Le Parc, em Paris. O material permite mostrar que, por trás do artista que soube manter o espírito da criança em seu interior, existia um pensador comprometido com a pesquisa das linguagens artísticas. "Os arquivos são fonte inesgotável de informações, de experiências e vivências do processo criativo. Guardam o processo da obra e, com ele, é possível conhecer o pensamento do artista", diz Resende em seu texto curatorial. A mostra no Instituto Ling também tem origem na exposição O Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo, realizada em 2014, no IAC.
PulsationsPulsações joga luz sobre o rico processo criativo do artista em seus primeiros anos na França, uma fase de aprendizado, de iniciação nas técnicas da gravura em metal e litografia. Contempla os desenhos e as gravuras em metal que compõem esse período europeu, sob a influência do abstracionismo lírico que vigorava na capital francesa naquele momento, que seria uma resposta à Action Painting nova-iorquina. É acompanhada, ainda, de uma seleção de esculturas e de duas pinturas posteriores a essa fase, quando explorou a topologia das coisas e formas.
"São trabalhos definitivos para a compreensão da importância de sua contribuição para a arte brasileira. O que se vê no arquivo agora exposto é esse mesmo olhar e os mesmos gestos divagantes, que passam por todas as formas de representação artística, principalmente daquelas que não conhecemos. Manchas, ranhuras, rabiscos e linhas, pulsações das quais saem novas formas sobre o papel e sobre o espaço", diz Resende em seu texto curatorial.
A exposição é organizada pelo Instituto Ling e o IAC - Instituto de Arte Contemporânea de São Paulo, com patrocínio da Crown Embalagens e realização do Ministério da Cultura / Governo Federal
Fronteiras da pintura - Fronteiras da ilusão no Museu Correios, Brasília
Museu Correios Brasília recebe mostra coletiva com a participação de onze artistas brasileiros em um diálogo sobre a pintura e suas relações na arte contemporânea
No dia 28 de novembro, terça-feira, às 19h, Piso 4 do Museu Correios Brasília, será inaugurada a mostra coletiva Fronteiras da pintura – Fronteiras da ilusão. A exposição reúne a mais recente produção de 11 artistas visuais brasileiros que dialogam com a pintura. Participam da mostra André Santangelo, Elyeser Szturm, Evandro Soares, Fernando Madeira, Gabi, Grupo TresPe, Helô Sanvoy, Hermano Luz, Pedro Gandra, Talles Lopes e Ursula Tautz. No dia da abertura, às 20h, o Grupo TresPe realizará a performance “Café com leite”. A entrada é franca e livre para todos os públicos.
Com curadoria de Onice Moraes e texto da crítica de arte Angélica Madeira, a mostra “Fronteiras da pintura – Fronteiras da ilusão” fica em cartaz até o dia 24 de fevereiro de 2018, com visitação de terça a sexta, das 10h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. A entrada é franca e livre para todos os públicos. O Museu Correios fica no Setor Comercial Sul Quadra 4 Bloco A Edifício Apolo, Asa Sul, Brasília-DF.
Para a curadora, este é um momento em que é preciso mostrar ao público as mais diferentes possibilidades das artes visuais. Nesse contexto, a seleção de artistas para participar da mostra objetivou cruzar trajetórias, experiências e produções. Os artistas que participam da exposição coletiva utilizam como suporte a pintura, o desenho, a fotografia, a escultura, a performance e o vídeo e que por circunstâncias diversas da natureza dos seus trabalhos, trazem em suas obras uma lógica que, em certos momentos, alude ao pensamento pictórico. Não se pretende traçar uma linha excludente de mídias, nem privilegiar ou hierarquizar outras, e sim propor e dar visibilidade aos cruzamentos que deste viés podem advir por meio de associações e pontos de convergência entre os suportes e as “poéticas” de cada artista.
“O que poderia reunir onze artistas de três gerações biológicas diferentes com itinerários e experiências tão diversas em um mesma exposição?”, questiona a crítica de arte Angélica Madeira, que também assina o texto crítico da mostra. “Eles compartilham ideias, tratam a pintura com naturalidade, com liberdade, reinventando-a, jogando com todo o legado da tradição, com o caráter enigmático das formas, das cores, das matérias e das texturas, remetendo a questões intrínsecas ao universo da pintura”, afirma.
Nos anos 1970, a pintura foi declarada morta por conceitualistas. No entanto, na década de 1980, ela ressurge com força, reinventada e polêmica por meio de uma geração indiferente aos cânones da arte. Desde então, ressalta a crítica, a pintura apresenta-se ao mundo de modos variados, contaminada pelas novas mídias, adotando toda mistura como princípio, telas, papeis, plásticos, veludos e outros tecidos, bordados, rendas, tudo pode servir para pintar, incorporando nódoas, rasuras, tintas escorridas, riscos e acasos. Em “Fronteiras da pintura – Fronteiras da ilusão”, o público irá se defrontar com realidades plásticas que o impulsionam às fronteiras da ilusão. “Os signos pictóricos possuem a propriedade de mobilizar e exacerbar todos os sentidos, concentrando-os no olhar”, aponta a crítica.
Sobre os artistas
André Santangelo nasceu no Rio de Janeiro em 1977. Licenciou-se em Artes Plásticas pela Faculdade Dulcina de Moraes, Brasília, em 1999. Frequentou a EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, entre 1996 e 1998. Com os olhos voltados para o cotidiano e espaços urbanos, utiliza o vídeo e fotografia como forma de reverberação das imagens que instala. Cria ciclos que se repetem sob a ação do fruidor, numa circularidade de tempo e espaço. Desenvolve interferências no cotidiano das cidades. Desenvolve séries de fotografias com trama de reflexos, transparências e refrações onde o corpo se dissolve. Participou de exposições individuais em Brasília, João Pessoa (PB), Goa e Nova Délhi (Índia), além de inúmeras mostras coletivas no Brasil, Portugal, Índia e Inglaterra em instituições como Itaú Cultural, Museu do Conjunto Cultural da República, Dragão do Mar, Funarte, TCU, MAMAM-Recife, entre outros. Foi artista convidado do projeto Itaú Rumos Cultural e foi um dos indicados para o prêmio PIPA 2014 e ao TRASNBORDA Brasília – Prêmio de Arte Contemporânea.
Elyeser Szturm, de Goiânia, GO, vive em Brasília desde 1994. Viveu em Paris de 1989 a 1994 onde fez doutorado em Artes Visuais, Université de Paris VIII a Saint Denis e participou de salões realizando individual na Galerie du Haut Pavé em 1992. Ganhou Prêmio de Viagem ao Exterior do XVI Salão Nacional da Funarte em 1998 e o VII Salão da Bahia em 2000. Participou da Bienal 50 Anos, Brasília, Ruína e utopia, Território Expandido 3 e Faxinal das Artes, entre outras. Participa de salões e exposições desde 1974. Seu trabalho pode ser sintetizado como uma experiência poética e existencial do lugar.
As obras de Evandro Soares dialogam com processos construtivos que envolvem matemática, geometria e serralheria, dando origem a objetos escultóricos que saem das telas para se projetar no espaço. De Mundo Novo (BA), Evandro Soares vive e trabalha em Goiânia (GO). Entre as principais exposições e prêmios mais recentes, em 2017, o artista realizou uma instalação a céu aberto no SESC Thermas, Presidente Prudente – SP, das mostras “Labirinto”, coletiva na Referência Galeria de Arte – DF, e da individual “Metadesenhos”, na galeria Trema, Lisboa (Portugal). Além disso, participou das exposições “Triangulações”, no Centro Cultual UFG (GO); Museu De Arte Da Bahia (Salvador); Dragão Do Mar – MAC Museu De Arte Contemporânea do Ceará – Fortaleza (CE); 6º Salão dos artistas sem galeria (SP). Em 2014, foi premiado no Situações Brasília Prêmio de Arte Contemporânea (DF); ARTIGO RIO Prêmio 2014 Solo Projects Acompanhamento Curatorial (RJ); Arte Londrina 3; 39º Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP); LAB O Saber da Linha – exposição coletiva (SP); entre outros.
Fernando Madeira é artista plástico e arquiteto, formado pela Universidade do Brasil, hoje UFRJ, com especialização em restauração de monumentos históricos/arquitetônicos em Paris. Frequentou diversos ateliês de pintura, desenho e gravura, além de participar de várias oficinas de arte. Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior destacando-se as cidades de Brasília, Goiânia, Rio de janeiro, Curitiba, São Paulo, Lisboa, Silves, Paris e Washington. Expõe regularmente em galerias e Museus de Brasília, participando de diversas coletivas na Referência Galeria de Arte de Brasília, tendo realizado nesta galeria individual em 2003, com a exposição “Vazados”. Em 2017, lançou o livro digital “Obra sobre Papel”, que reúne sua produção em colagem, aquarela, desenhos e aguadas.
Gabi é licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e professora na Secretaria de Educação do Distrito Federal. Participa de exposições coletivas desde 2008. Desenvolve trabalhos em colagem, fotografia e instalação, presentificando o processo e a efemeridade, noções de paisagem e percepções sutis da obra em relação ao corpo situado no espaço. Vive e trabalha em Brasília.
O grupo TresPe é um coletivo formado em Brasília pelas artistas Marcela Campos (GO), Ana Camilia de Almeida (DF) e Marcela Hanna (DF). O grupo busca através da produção poética a pesquisa e o aprofundamento das questões que surgem da relação corpo X objeto, partindo – ou chegando – da ação e da performance. Inicialmente formado por iniciativa de alunas da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, tem suas atividades iniciadas no segundo semestre de 2011 e vem participando regularmente de eventos e exposições como 4º Fora de Eixo (DF), 18º Salão Anapolino (GO) e o Transborda Brasília 2015 (DF), entre outros. O coletivo atualmente agrega artistas de outros estados e formações, ampliando sua variedade de soluções estéticas, provocações poéticas e conceituais trabalhando também com vídeos, instalações e objetos.
Helô Sanvoy é natural de Goiânia-GO (1985), onde vive e trabalha. Licenciado pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG), membro do Grupo EmpreZa desde o ano de 2011, no qual desenvolve pesquisa acentuada sobre a poética do corpo e seus derivados. Como artista individual, realiza pesquisas em diversas linguagens: desenho, vídeo, instalação, objeto. Em sua pesquisa, busca significados através dos diferentes modos de leitura e impossibilidades de comunicação e como diferentes formas de silenciamento são provocadas tanto por situações acerca do indizível como pelo ininteligível. Realizou as exposições individuais: “O que não se pode dizer”, 2017. Galeria Andrea Rehder, São Paulo-SP; “Notícias populares”, 2014. CAL, Brasília-DF; 6X “Simultânea”, 2014. MAC, Goiânia-GO. Dentre as exposições coletivas, destacam-se: “Zona de perigo”, 5ª Prêmio Marcantonio Vilaça, Museu Oscar Niemayer (MON), Curitiba-PR; “Pororoca”: A Amazônia no MAR, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro-RJ. Em 2016, participou da Residência Artística FAAP, SP. Em 2015, da residência Cleaning The House, com Marina Abramovic, em São Paulo-SP.
Hermano Luz nasceu em 1991 em Recife (PE) e atualmente vive e trabalha em Brasília (DF). É bacharel em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília (UnB) e concluiu o mestrado em Práticas Artísticas e Visuais da Universidad de Castilla-La Mancha, na Espanha, em 2016, com bolsa da Fundación Carolina. Estudou em programas de formação na Escola de Artes Visuais Parque Lage e na Casa França-Brasil em 2015 e 2016, respectivamente. Participou dos Programas de Residência Artística do MACS em 2013 e da FAAP em 2015. Participou de exposições individuais em Campo Grande (MS) e Anápolis (GO) e expôs em mostras coletivas em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Distrito Federal, e Minas Gerais. Em 2017, participou da 28ª “Mostra de Artes da Juventude" – SESC-RP – Ribeirão Preto, SP; "Experiência Nº 11" Curadoria: Efrain Almeida e Marcelo Campos – A MESA – Rio de Janeiro, RJ. "Precisamos conversar". Curadoria: Valdson Ramos – MAPA – Anápolis, GO. Através da pintura, Hermano Luz trabalha as imagens e a estética geradas por produções de TV estrangeiras que foram impactantes à memória dos espectadores brasileiros. Na pintura, utiliza ícones que, apesar de serem originalmente de conteúdo estrangeiros, são apresentados como símbolos e representações brasileiras.
Pedro Gandra, 22 anos, nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside e trabalha em Brasília. Em 2007, iniciou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ. Desde 2011, participa de diversas exposições coletivas em diferentes instituições e galerias, entre elas O espaço entre, na Galeria Larga das Artes/Despina, no Rio de Janeiro; SEUmuSEU, no Museu Nacional de Brasília; Pensamento Pictórico, no Martha Pagy Escritório de Arte, no Rio de Janeiro; Somos todos Clarice, na Galeria do Lago, do Museu da República, no Rio de Janeiro e Novas referências, na Referência Galeria de Arte, Brasília. Em 2016, foi selecionado para o 44º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, em Santo André, SP e foi o 3º Premiado no I Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, em Brasília. Em fevereiro de 2017, foi um dos Finalistas do Concurso Garimpo da Revista Dasartes Brasil e venceu o referido Concurso pelo júri popular com matéria e texto publicado sobre sua obra na 58ª edição da Revista.
Como parte de seu processo de composição, tem interesse pela representação da figura humana e sua inserção em uma situação de paisagem imaginada, formada por massas de cores.
Talles Lopes nasceu em Guarujá-SP e atualmente reside em Anápolis-GO onde trabalha como artista visual e estuda Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual de Goiás. Participou de mostras em diferentes espaços, entre elas “Sobre o que agora se pode ver” na R³ Gabinete de Arte, Sertão Urbano na Galeria Potrich, 21º Salão Anapolino de Arte na Galeria Antônio Sibasolly e 42º Salão de Arte de Ribeirão Preto no MARP. Sendo premiado no 22º Salão Anapolino de Arte em 2016 e no 45º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto em Santo André-SP, em 2017. Seu trabalho é marcado pela investigação da cartografia enquanto suporte de construção de discurso junto à exploração de alegorias, personagens pictóricos e grandes estruturas arquitetônicas na forma de micro narrativas.
Ursula Tautz nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. A artista utiliza em sua produção de fotografia, vídeo, objetos e instalações. Cursou a ESPM, além de ter frequentado oficinas da “School of Visual Arts /NY” e, a partir de 2005, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2013 integrou o Programa Projeto de Pesquisa, coordenado por Glória Ferreira e Luiz Ernesto. Participou de várias exposições coletivas, como “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015” e “Aquilo que nos une” no Centro Cultural da Caixa Federal com curadoria de Isabel Portella. Além das individuais “ Frestas por onde Muros escoam” reinaugurando o Jardim da Reitoria da Universidade Federal Fluminense (RJ); “Lugar familiar” no projeto Zip’Up na Zipper Galeria (SP) e “Fluidostática” na Galeria do Lago (Museu da República - RJ). Foi também selecionada pelo crítico Fernando Cocchiarale para o “Programa Olheiro da Arte” e finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, com seleção de Luiza Interlenghi, Jorge Luiz Miguel e Izabel Machado da Costa.
Anna Israel na Central, São Paulo
Central Galeria apresenta primeira exposição individual da artista Anna Israel
A Central Galeria tem o prazer de apresentar Was will das Weib? (O que deseja uma mulher?), primeira exposição individual da artista Anna Israel. A artista expõe, nessa ocasião, uma série de trabalhos de mídias distintas como objetos, fotografias, colagens e desenhos.
O interesse da jovem artista em descobrir novas formas de expressão se faz evidente em como ela cria associações entre as diferentes técnicas, materiais e ideias que compõem seus trabalhos. Os desenhos, muitas vezes reorganizados tornam-se colagens; diferentes coisas justapostas edificam novos objetos.
A experimentação é um meio que possibilita que novos significados, linguagens e perspectivas apareçam, para que dois elementos díspares se influenciem e acabem por transformar um ao outro num terceiro, único.
"Nesta travessia em direção ao jogo livre das formas, a artista deve sair de seu contexto e de suas referências habituais, como acontece com o estranhamento causado pelos objets trouvés, objetos encontrados pela artista e que, descontextualizados, abrem-se para outras definições, alterando seu estado de dicionário. Nada é o que parece ser. A pedra sabão não é uma pedra. Eu é um outro (Rimbaud)." Christophe Kotanyi – Berlin, 2017
Erika Verzutti, Jesse Wine e Lynda Benglis na Carpintaria, Rio de Janeiro
Dando continuidade ao programa experimental da Carpintaria, espaço da Fortes D'Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro, a exposição Opening Night propõe um diálogo entre três artistas de diferentes gerações cujas práticas orbitam majoritariamente em torno da escultura. A norte-americana Lynda Benglis, a brasileira Erika Verzutti e o inglês Jesse Wine apresentam, em conjunto, cerca de vinte obras de suas produções recentes.
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A “noite de abertura” sugerida no título refere-se livremente ao filme homônimo do diretor norte-americano John Cassavetes de 1977, lançado no Brasil como Noite de Estreia. Na trama, uma atriz de meia-idade – vivida por Gena Rowlands – enfrenta uma crise de identidade enquanto ensaia sua nova peça de teatro. A exposição alude ao palco em que se desenrola a história ao apresentar uma única base para dispor todo o conjunto de trabalhos do trio. A plataforma transforma as esculturas em veículos análogos aos atores, ao mesmo em que borra o gap geográfico e geracional dos três artistas para sublinhar suas afinidades.
Relacionando-se entre si, os trabalhos de Lynda, Erika e Jesse transmutam-se em poderosas alegorias da condição da escultura na contemporaneidade – munidas, nesta reflexão, de artifícios como a ironia, o experimentalismo na manipulação dos materiais e um vasto léxico de referências, diretas e indiretas, à história da arte.
Veterana do trio, a produção de Lynda Benglis (Lake Charles, EUA, 1941) está profundamente enraizada na história da arte norte-americana. Seus trabalhos começam a ganhar notoriedade no fim da década de 60, quando sua obra surge como uma resposta à predominância masculina na prática da fusão entre pintura e escultura, oriunda de movimentos como o minimalismo e o process art. Marcadas por uma forte fisicalidade, as esculturas da série Elephant Necklace (2016) criam relações dinâmicas entre massa e superfície, onde a matéria maleável se torna rígida e vice-versa, em um processo de congelamento do gesto. Também integram a exposição duas obras com bronze e pedra da década de 90, Man/Landscape e Lanscape II.
Na produção da paulistana Erika Verzutti (São Paulo, 1971) o gesto também ocupa uma posição elementar. O seu fazer escultórico revela-se na investigação da natureza de objetos mundanos, dentre frutas, vegetais e materiais próprios da prática artística. Repleto de humor, seu exercício de livre associação dá origem a trabalhos que distanciam-se de uma identificação imediata, frequentemente evocando narrativas pessoais e relacionadas à história da arte. Mulher Fruta, por exemplo, alude à idealização do corpo em uma escultura de papel machê e isopor, ao passo que Dieta (2017) retrata, em bronze, uma curiosa torre com ovos e bananas.
A ênfase no material manifesta-se também na obra de Jesse Wine (Chester, Reino Unido, 1983). O jovem artista elege a cerâmica como material predominante e através de técnicas tradicionais desafia noções de composição, forma e narrativa. Trabalhos como Modern Emotion e So Human (ambos de 2017) fazem alusão crítica à representação do corpo na escultura moderna, enquanto Santa Fe (2017) e outros da mesma série trazem arranjos que flertam com a paisagem.
Continuing the experimental program at Carpintaria, Fortes D’Aloia & Gabriel space in Rio de Janeiro, the exhibition Opening Night proposes a dialogue between three artists from different generations whose practices orbit mainly around sculpture. The American Lynda Benglis, the Brazilian Erika Verzutti and the English Jesse Wine present, together, about twenty works from their recent productions.
The “opening night” suggested in the title refers freely to the homonymous film of 1977 by American director John Cassavetes. In the plot, a middle-aged actress – played by Gena Rowlands – faces an identity crisis while rehearsing her new play. The exhibition alludes to the stage on which the story unfolds by presenting a single base whereupon the entire set of works by the trio is displayed. The platform transforms the sculptures into vehicles analogous to the actors, at the same time erasing the geographic and generational gap between the three artists in order to underline their affinities.
Juxtaposed with each other, the works by Lynda, Erika and Jesse are transmuted into powerful allegories of the condition of sculpture in the contemporary world – laden, in this reflection, with artifacts such as irony, experimentalism in the manipulation of materials, and a vast lexicon of references, direct and indirect, to the history of art.
As the veteran of the trio, Lynda Benglis’ (Lake Charles, USA, 1941) production is deeply rooted in the history of American art. Her works began to gain attention in the late 1960s, when her work emerges as a response to masculine predominance within the practice of fusing painting and sculpture, which originated from movements such as minimalism and process art. Marked by a strong physicality, the sculptures of the Elephant Necklace (2016) series create dynamic relationships between mass and surface, where malleable material becomes rigid and vice versa, in a process that freezes the gesture. Also included in the exhibition are two works with bronze and stone from the 90s, Man/Landscape and Landscape II.
The gesture also occupies an important position in the production of the artist Erika Verzutti (São Paulo, 1971). Her sculptural making is revealed through an investigation of the nature of mundane objects, among them fruits, vegetables, and materials proper to artistic practice. Filled with humour, her exercise of free association gives rise to works that distance themselves from an immediate identification, often evoking narratives that are either personal or related to the history of art. Mulher Fruta [Fruit Woman] (2017), for example, alludes to the idealization of the body in a papier-mâché and styrofoam sculpture, while Dieta [Diet] (2017) portrays, in bronze, a curious tower with eggs and bananas.
The emphasis on material also manifests itself in the work of Jesse Wine (Chester, United Kingdom, 1983). The young artist chooses ceramic as the predominant material, and through traditional techniques he challenges notions of composition, form, and narrative. Works like Modern Emotion and So Human (both of 2017) make a critical reference to the representation of the body in modern sculpture, while Santa Fe (2017) and others of the same series present compositions that flirt with the landscape.
Vik Muniz na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler traz para a sua sede carioca Handmade, exposição de Vik Muniz, cuja primeira versão foi apresentada em seu espaço paulistano em 2016. A série Handmade chega ao Rio com obras inéditas nas quais Vik renova caminhos e procedimentos presentes em sua produção, ao investigar a tênue fronteira entre realidade e representação, entre o objeto original e sua cópia. Sem recurso narrativo, as obras revelam explicitamente o processo do trabalho, ao mesmo tempo em que brinca com as certezas do espectador.
Segundo o artista, o que você espera ser uma foto não é, e o que você espera que seja um objeto é uma imagem fotográfica. “Em uma época em que tudo é reprodutível, a diferença entre a obra e a imagem da obra quase não existe”, diz. Em seu texto sobre a série, Luisa Duarte aponta a dificuldade de se distinguir onde termina a cópia e onde começa a intervenção manual do artista. “É nesse limbo das certezas que o artista deseja nos inserir”.
Duarte ressalta que, em Handmade, diferentemente de suas obras realizadas a partir de imagens conhecidas e referências a materiais mundanos, “Vik alude à vasta tradição da arte abstrata, destilando para isso suas fórmulas básicas na criação de maneiras inusitadas de meditar sobre a imagem e o objeto, sobre a ambiguidade dos sentidos e a importância da ilusão”. Em seu texto, Duarte conclui: “Handmade traça a constante preocupação do artista em transcender as dimensões simbólicas da imagem”.
Além da paradoxal relação entre imagem e objeto e do recorrente uso de estratégias ilusionistas – “A ilusão é um requisito fundamental de todo tipo de linguagem”, diz –, esses trabalhos flertam com a arte conceitual e estabelecem um intenso diálogo com a arte abstrata, cinética e concreta. Sobretudo, segundo Vik, pelo interesse comum em relação às teorias da Gestalt, mais especificamente nos campos da psicologia e da ciência.
Vik Muniz (1961, São Paulo, Brasil; vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Nova York) destaca-se como um dos artistas mais inovadores e criativos do século 21. Conhecido por criar o que ele descreve como ilusões fotográficas, Muniz trabalha com uma vasta gama de materiais não convencionais – incluindo açúcar, diamantes, recortes de revista, calda de chocolate, poeira e lixo – para meticulosamente criar imagens antes de as registrar com sua câmera. Suas fotografias muitas vezes citam imagens icônicas da cultura popular e da história da arte, desafiando a fácil classificação e a percepção do espectador. Sua produção mais recente propõe um desafio ao público ao apresentar trabalhos que colocam o espectador constantemente em xeque sobre os limites entre realidade e representação, como atesta a obra Two Nails (1987/2016), cuja primeira versão pertence ao MoMA de Nova York.
Vik Muniz iniciou sua carreira artística ao chegar em Nova York em 1984, realizando sua primeira exposição individual em 1988. Desde então, vem conquistando enorme reconhecimento, expondo em prestigiadas instituições em todo o mundo. Podemos destacar entre elas: Vik Muniz: Handmade (Nichido Contemporary Art, NCA, Tóquio, Japão, 2017); Afterglow: Pictures of Ruins (Palazzo Cini, Veneza, Itália, 2017); Vik Muniz (Museo de Arte Contemporáneo, Monterrei , México, 2017); Vik Muniz: A Retrospective (Eskenazi Museum of Art, Bloomington, EUA, 2017); Vik Muniz (High Museum of Art, Atlanta, EUA, 2016); Vik Muniz: Verso (Mauritshuis, The Hage, Holanda, 2016); Lampedusa, 56a Bienal de Veneza (Naval Environment of Venice, Itália, 2015); Vik Muniz: Poetics of Perceptions (Lowe Art Museum, Miami, EUA, 2015); edição de 2000 da Bienal de Whitney (Whitney Museum of American Art); 46ª Exposição Bienal Media/Metaphor (Corcoran Gallery of Art, Washington, EUA, 2000); e da 24ª Bienal Internacional de São Paulo (1998).
Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas como a do Museum of Modern Art, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York; Metropolitan Museum of Art, Nova York; Los Angeles Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Tate Gallery, Londres; Museum of Contemporary Art, Tóquio; Centre Georges Pompidou, Paris; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, entre várias outras no Brasil e no exterior. Em 2001, Muniz representou o Brasil na 49a Bienal de Veneza.
Muniz também é tema do filme Waste Land, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2010, e em 2011, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNESCO.
novembro 24, 2017
Regina Vater na dotArt, Belo Horizonte
Mostras reúnem trabalhos inéditos de dois dos mais importantes artistas da cena contemporânea
Em tempos bicudos de avanço da intolerância no mundo, na arte, na vida, as novas exposições da dotART galeria elegem o belo, o amor como resposta. Desnatureza, de Efrain Almeida e Estórias do Jabuti, de Regina Vater serão inauguradas no dia 28 de novembro, às 18h. Dois grandes nomes da arte contemporânea, com obras inéditas, produzidas especialmente para a mostra na dotART, em Belo Horizonte. Ambos estarão presentes na inauguração, quando Efraim também lança o livro que conta sua trajetória.
O amor pela arte, que movimenta artistas e ativistas em busca de ideias e atitudes que possam mudar a sociedade. O amor que faz dos ateliês dos artistas lugares sagrados - onde suas criações despertam para um mundo poético e vivo - serve como ponto de partida para o tema central das exposições, que ainda passeiam pela saída, diálogo, intervenção, natureza e delicadeza.
Estórias do Jabuti – Regina Vater
Na Galeria 2 e na Sala Pensando, Regina Vater procura a “conhecença” vital da vida, vinda de seres visíveis e invisíveis. “Nesta curiosidade persistente, aprendi muito do pouco que sei. O que me dá certeza de como o Brasil ignora seu tesouro tão rico, espalhado nas franjas de seu poder”, diz a artista. Esta exposição, veio da busca inspirada neste tesouro.
São desenhos inéditos que foram produzidos na década de 70, mas nunca exibidos antes desta exposição na dotART. As obras passaram por um delicado trabalho de limpeza e restauro. “Foi com um projeto de trabalhar nas cosmologias indígenas que ganhei a ‘Guggenheim Fellowship’ em 1981, e creio que até então nenhuma artista mulher brasileira tinha sido contemplada com este prêmio. Antes de mim, no Brasil, já foram receberam Amílcar de Castro e Hélio Oiticica. E agora, pela primeira vez, estou mostrando em Minas Gerais, na galeria dotART, uma série de desenhos (Nova York, 1984/85), à grafite que são resultado estendido deste projeto. Espero que meus amigos mineiros e os amigos mineiros dos meus amigos tenham curiosidade em conhecê-los de perto, conta Regina, que apresenta também algumas instalações e um vídeo na Sala Pensando.
“As questões ecológicas me foram ensinadas pelo meu próprio trabalho. Minha primeira instalação, em 70, feita com lixo da praia; minha obra Nova-iorquina de 73/74 baseada no poema LUXOLIXO do Augusto de Campos... E meu respeito e admiração pela cultura indígena começaram com a curiosidade de saber como essa cultura percebia o tempo. Daí toda a série ‘Estórias do Jabuti’ que é parte de um lendário que guarda em si significantes do tempo. Ontem, hoje e, espero que sempre, a arte é para mim um instrumento de ampliar a consciência do mundo e da existência”, finaliza a artista.
Regina Vater estudou desenho e pintura no ateliê de Frank Schaeffer entre 1958 e 1962, e com Iberê Camargo até 1965, no Rio de Janeiro. No início da década de 60, ingressou na Faculdade Nacional de Arquitetura, da UFRJ. Em 1964 realizou sua primeira individual, na Galeria Alpendre (RJ). Em 1970 participou da Bienal de Veneza, onde teve contato com o artista Joseph Beuys. Em 1972, ganhou o prêmio de viagem ao exterior, concedido pela União Nacional de Arte Moderna, e foi para Nova York, onde realizou trabalhos com Hélio Oiticica. Estudou silkscreen no Pratt Institute. Realizou exposição individual em Nova York, na Galeria do Bleeker Cinema em 1975. É autora, entre outros, dos livros infantis Tungo Tungo e Uma Amizade Bem Temperada, publicados no fim da década de 1970. Organizou a primeira exposição de arte contemporânea e experimental brasileira em Nova York, a Contemporary Brazilian Works on Paper: 49 artists, na Nobé Gallery, em 1979. Em 1983, editou um número da revista Flue, publicada pelo Franklin Furnance Archives, dedicado à arte experimental produzida na América Latina. Em 1998, como integrante do programa de artista em residência da ArtPace Foundation, em San Antonio, Estados Unidos, criou cinco instalações e, no ano seguinte, as exibiu na instituição. Em 2000, ministrou palestra sobre a exposição Blurring the Boundaries, no Blanton Museum, em Austin. Foi curadora da exposição Brazilian Visual Poetry, com participação de 51 artistas, no Mexic-Arte Museum, Austin, 2002.
Efrain Almeida na dotArt, Belo Horizonte
Mostras reúnem trabalhos inéditos de dois dos mais importantes artistas da cena contemporânea
Em tempos bicudos de avanço da intolerância no mundo, na arte, na vida, as novas exposições da dotART galeria elegem o belo, o amor como resposta. Desnatureza, de Efrain Almeida e Estórias do Jabuti, de Regina Vater serão inauguradas no dia 28 de novembro, às 18h. Dois grandes nomes da arte contemporânea, com obras inéditas, produzidas especialmente para a mostra na dotART, em Belo Horizonte. Ambos estarão presentes na inauguração, quando Efraim também lança o livro que conta sua trajetória.
O amor pela arte, que movimenta artistas e ativistas em busca de ideias e atitudes que possam mudar a sociedade. O amor que faz dos ateliês dos artistas lugares sagrados - onde suas criações despertam para um mundo poético e vivo - serve como ponto de partida para o tema central das exposições, que ainda passeiam pela saída, diálogo, intervenção, natureza e delicadeza.
Desnatureza – Efrain Almeida
Ocupando a Galeria 1, Efrain Almeida traz uma série de esculturas desenvolvidas nos últimos três meses, especialmente para esta exposição na capital mineira, onde lança também o livro que leva seu nome. O artista aborda imagens naturais cotidianas, refeitas, descontextualizadas e reapresentadas.
“Os trabalhos partem da observação coisas que me despertam outros sentidos e que me fazem articular pensamentos, que não são somente sobre a simples representação. Olhar um filhote de passarinho que acabou de nascer, imaginar que ele vai abrir os olhos e ter contato com o mundo... Talvez esse pássaro seja a peça que me faz pensar na grande revolução da arte, que nos faz olhar para as coisas como se fosse pela primeira vez”, conta o artista.
A maior parte das esculturas foi desenvolvida na cidade do Porto, em Portugal. Já o Cisne Negro é uma obra menos recente, mas de grande importância na trajetória do artista. Assim como a escultura em faiança, um galho de porcelana com animaizinhos, desenvolvido em um projeto de residência na Fábrica Bordallo Pinheiro, em Caldas da Rainha, no sul de Portugal.
“Já participei de uma mostra em Belo Horizonte, mas faz muito tempo. O trabalho hoje é bem diferente. As esculturas atuais são em bronze, minha história toda é em madeira, mas há alguns anos comecei a usar a madeira apenas como matriz. Mas o conceito continua sendo o meu universo de interesse, animais relacionados à minha história, autorretratos, mas com novas técnicas” finaliza Efraim.
Lançamento de livro
No dia da inauguração da mostra também será lançado o livro de Efrain Almeida, com organização de Ricardo Sardenberg e texto de Moacir dos Anjos (Editora Cobogó). Imbuídas de um sentido lírico, as esculturas de Efrain Almeida tratam de forma sutil e silenciosa questões relacionadas ao corpo, à sexualidade e à religião. Este livro monográfico percorre mais de vinte anos da carreira do artista, com foco principal na exposição “Marcas”, realizada em 2007 na Pinacoteca do Estado de São Paulo. O livro evidencia a importância das imagens da natureza, do universo mitológico e da cultura popular na criação do artista.
O ensaio crítico de Moacir dos Anjos propõe uma interpretação que alia ao imaginário do artista a força autobiográfica da obra, sem rejeitar a técnica do artesanato em madeira e tecido e o uso do espaço expositivo como elemento formal significativo da obra. Com imagens de vistas gerais e também detalhes minuciosos, esta edição bilíngue possibilita uma compreensão profunda da obra de um dos artistas mais importantes da cena contemporânea.
Efrain Almeida de Melo (Boa Viagem CE 1964). Escultor. Transfere-se para o Rio de Janeiro em 1976. Dez anos depois, inicia sua formação artística na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage). Em 1990, participa de curso no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), e inicia pesquisas com diversos materiais, e escolhe a madeira como matéria-prima principal de seus trabalhos, que são compostos de pequenas esculturas. Nesse mesmo ano, trabalha como ajudante do pintor Hilton Berredo (1954). A influência religiosa, recebida na infância em Boa Viagem, e o imaginário popular nordestino são temas presentes em seus trabalhos, que fazem referência a ex-votos. Realiza sua primeira exposição individual, Objetos, no Centro Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, em 1993. Participa da 1ª Bienal do Mercosul, em 1997, e da Bienal Internacional de Buenos Aires, em 2002.
novembro 22, 2017
O MAM Rio inaugura três exposições de longa duração
Ocupando todo o terceiro andar, em uma área total de mais de 1.500 m², o Museu inaugura três exposições de longa duração, com mais de 250 obras de cerca de 90 importantes artistas brasileiros e estrangeiros, todas pertencentes a suas três coleções: a própria, a de Gilberto Chateaubriand e a de Joaquim Paiva. Duas exposições – “Guy Brett – a proximidade crítica” e “Estados da abstração do pós-guerra” –, com curadoria de Paulo Venancio Filho, inauguram o programa Curador convidado. A terceira, “Alucinações à beira Mar”, é organizada por Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM Rio.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 25 de novembro de 2017, das 15h às 18h, em seu terceiro andar, três exposições de longa duração com mais de 250 obras de seu acervo: “Alucinações à beira Mar”, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, e “Guy Brett – a proximidade crítica” e “Estados da abstração do pós-guerra”, com curadoria de Paulo Venancio Filho, que inauguram o programa Curador convidado. São cerca de 90 importantes artistas brasileiros e estrangeiros representados nessas exposições. O MAM Rio possui um total de mais de 16 mil obras, pertencentes a sua própria coleção, e às de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva.
Guy Brett: A proximidade crítica
Com curadoria de Paulo Venancio Filho em colaboração com Luciano Figueiredo, a exposição é um “tributo, homenagem e reconhecimento à longa dedicação intelectual e afetiva do crítico e curador inglês Guy Brett (Richmond, Inglaterra, 18 de outubro de 1942) à arte brasileira”. “Caso raro, talvez único, de crítico que se dedicou mais à arte de outro país do que a de seu próprio, Guy foi um dos pioneiros do reconhecimento das artes plásticas além das fronteiras da Europa e dos Estados Unidos. Quando pouco, ou nada, se conhecia da arte moderna brasileira no âmbito internacional, Guy escreveu sobre, promoveu e agiu como um verdadeiro e sincero admirador daqueles artistas que primeiramente conheceu no início dos anos 1960: Sergio Camargo, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel. Artistas hoje reconhecidos mundialmente que já naquela época, Guy foi capaz de perceber e admirar a originalidade e inventividade de seus trabalhos. Por mais de 40 anos mantém um contato ininterrupto com o que se faz de arte no Brasil – seja in loco ou em intensa correspondência epistolar, Guy foi um interlocutor e amigo de pelo menos três gerações de artistas brasileiros”, explicam os curadores.
A exposição apresenta 36 obras dos artistas Antonio Manuel (1947), Waltercio Caldas (1946), Lygia Clark (1920 – 1988), Carla Guagliardi (1956), Jac Leirner (1961), Cildo Meireles (1948), Hélio Oiticica (1937 – 1980), Lygia Pape (1927 – 2004), Mira Schendel (1919 – 1988) e Tunga (1952 – 2016).
Paulo Venancio Filho deseja que “a exposição seja, principalmente, uma ocasião que propicie a um publico mais amplo o reconhecimento da extraordinária importância de Guy Brett no contexto da arte brasileira, moderna e contemporânea”.
Estados da abstração no pós-guerra
O curador Paulo Venancio Filho destaca que se “há um fenômeno que determina as artes plásticas do século 20, este é a abstração”. “Ao fim da segunda guerra mundial os pioneiros do abstracionismo – Kandinsky, Mondrian, Malevitch – estavam mortos ou relativamente esquecidos; no entanto a abstração tinha se tornado uma linguagem universal, atingindo a maturidade e até mesmo a dispersão idiomática em várias tendências. No pós-guerra é a linguagem que se expande por toda Europa, Américas e mesmo o Oriente, como é o caso do Japão, multiplicando-se em diferentes contextos culturais”, observa.
A exposição pretende ser “um breve resumo desse movimento e suas tendências, reunindo alguns de seus principais artistas”. Não se poderia falar da abstração do pós-guerra sem incluir um Pollock, um Fontana, um Albers, um Cruz-Diez, um Max Bill e vários outros aqui presentes. Tampouco poderia se omitir as sua principais tendências como o Construtivismo, o Expressionismo Abstrato, o Concretismo, o Informalismo.
“Estados da abstração no pós-guerra” reúne 23 obras de 20 importantes artistas nascidos nos EUA – Alexander Calder (1898 – 1976), Jackson Pollock (1912 – 1956) e Robert Motherwell (1915 – 1991); Alemanha – Josef Albers (1888 – 1976), Jean Arp (1886 – 1966) e Hans Hartung (1904 – 1989); Suíça – Max Bill (1908 –1994); Itália – Lucio Fontana (1899 – 1968) e Bruno Munari (1907 – 1998); França – César (1921 – 1998); Jean Fautrier (1897 – 1964); e Pierre Soulages (1919); Argentina – Enio Iommi (1926 – 2013); Venezuela – Carlos Cruz-Diez (1923); Uruguai – María Freire (1917 – 2015); Inglaterra – Ben Nicholson (1894 – 1982); Escócia – Alan Davie (1920); Bélgica – Henri Michaux (1899 – 1984); Eslováquia – Gyula Kosice (1924); e Hungria – Victor Vasarely (1908 –1997).
Alucinações à beira mar
Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a exposição apresenta ao público um panorama da produção artística das últimas décadas a partir de uma seleção de obras das três coleções do MAM Rio: Gilberto Chateaubriand, Joaquim Paiva e a do próprio Museu. São 199 emblemáticos trabalhos de 57 artistas, brasileiros e estrangeiros, reunidos em um espaço de quase mil metros quadrados. O título deriva do trabalho homônimo de Marcos Chaves, de 1994, que por sua vez se refere a um poema do poeta paraibano Augusto dos Anjos (1884-1912).
A exposição “é mais um exercício voltado para enfatizar a diversidade e multiplicidade do acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro”, afirmam os curadores. “Em conjunto, essas pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, vídeos e estudos percorrem mais de um século de produção artística, brasileira e estrangeira”, destacam.
Algumas obras nunca foram expostas no Museu, como os estudos do artista concretista Rubem Ludolf, que integram o acervo desde 2012, mas só agora estão sendo mostrados. Há ainda uma sala dedicada à coleção de trabalhos em vídeo, realizados por artistas brasileiros nas últimas três décadas. A exposição reúne ainda fotografias feitas por Augusto Malta no início do século 20, que registram a vida no Rio de Janeiro e suas mudanças físicas, como o desmonte do morro do Castelo e a Exposição Internacional do Centenário da Independência. A construção e a inauguração de Brasília também estão presentes, por diferentes fotógrafos.
Os brasileiros – ou que tiveram sua trajetória no Brasil – são: Victor Brecheret (1894-1955), Di Cavalcanti (1897-1976), Tarsila do Amaral (1886- 1973), Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), Flávio de Carvalho (1899-1973), Vicente do Rego Monteiro (1899–1970), Anita Malfatti (1889–1964), Maria Martins (1900–1973), José Pancetti (1902–1958), Candido Portinari (1903-1962), Cícero Dias (1907- 2003), Franz Weissmann (1911-2005), Hércules Barsotti (1914–2010), Maria Leontina (1917-1984), Aluísio Carvão (1918-2001), Lygia Clark (1920-1988), Amilcar de Castro (1920–2002), Hermelindo Fiaminghi (1920–2004), Antonio Bandeira (1922-1967), Geraldo de Barros (1923-1998), Luiz Sacilotto (1924-2003), Willys de Castro (1926-1988), Abraham Palatnik (1928), Wesley Duke Lee (1931- 2010), Nelson Leirner (1932), Rubem Ludolf (1932-2010), Anna Bella Geiger (1933), Hélio Oiticica (1937–1980), Carlos Vergara (1941), Rubens Gerchman (1942-2008), Wanda Pimentel (1943), Raymundo Colares (1944-1986), Cláudio Tozzi (1944), Artur Barrio (1945), Daniel Senise (1955), Márcia X. (1959–2005), Beatriz Milhazes (1960), Cristina Canale (1961), Marcos Chaves (1961), Paulo Monteiro (1961), e Adriana Varejão (1964). E fotografias de Marc Ferrez (1843-1923), Augusto Malta (1864-1957), Marcel Gautherot (1910-1996), Mário Fontenelle (1919-1986), Thomaz Farkas (1924-2011), Alberto Ferreira Lima (1932-2007) e Arthur Costa Brasil.
A exposição reúne ainda obras de mestres como Auguste Rodin (1840-1917), Constantin Brancusi (1876-1957), Jacques Lipchitz (1891-1973), Henry Moore (1898-1986), Alberto Giacometti (1901-1966), Victor Vasarely (1908-1997), Vieira da Silva (1908-1992), William Baziotes (1912-1963) e Robert Motherwell (1915- 1991).
Caio Reisewitz + David Claerbout + Dora Longo Bahia na Pinacoteca, São Paulo
Pinacoteca de São Paulo abre três exposições em novembro
Obras de Caio Reisewitz, Dora Longo Bahia e David Claerbout serão expostas no prédio da Luz a partir do dia 25/11
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe, a partir do dia 25 de novembro, três novas mostras no segundo andar do prédio da Luz: uma série de fotografias de Caio Reisewitz, um conjunto de pinturas de Dora Longo Bahia e videoinstalações do artista belga David Claerbout.
As obras de Reisewitz e Longo Bahia foram incorporadas recentemente ao acervo do museu e ainda não haviam sido exibidas. Com as novas aquisições, a coleção de arte contemporânea da Pina cresce e potencializa o seu diálogo com o acervo histórico do museu. Claerbout foi convidado a apresentar seus trabalhos e assim intervir no acervo histórico da instituição.
Oito fotografias de Caio Reisewitz, recentemente adquiridas pela Pinacoteca por meio de doação feita durante a SP-Arte 2016, serão expostas na sala A. Trata-se de uma série intitulada Altamira, em que o artista documenta a região da floresta de Belo Monte, delimitada pelo rio Xingú, que desaparecerá ao término da construção da terceira maior hidrelétrica do mundo na região. As fotografias mostram uma natureza intocada, onde a presença humana parece não existir, expondo o paradoxo de que em breve a floresta não estará mais lá. O trabalho de Reisewitz será mostrado ao lado da sala de pinturas de paisagem da mostra de longa duração da Pina, permitindo a reflexão sobre a representação da natureza no século XIX e na contemporaneidade.
Em ‘Os desastres da guerra’, Dora Longo Bahia, artista que trabalha a partir da apropriação de fotografias de guerra, faz uma releitura da obra homônima de Francisco Goya, realizada no século XIX. O conjunto de 81 pinturas em tinta acrílica sobre pergaminho reproduz imagens de conflitos ocorridos principalmente no século XX, como a I e II Guerras Mundiais, a Guerra Civil espanhola, a Guerra do Vietnã, do Afeganistão, entre outras. A obra foi incorporada ao acervo da Pinacoteca por meio de doação do Programa de Patronos da Arte Contemporânea e será montada na sala D.
Nas salas B e C serão exibidas duas videoinstalações do artista belga David Claerbout (Kortrijk, 1969) sob curadoria de Mariano Klautau. Embora pouco conhecido no Brasil, o artista tem exibido seus vídeos, filmes e fotografias em galerias e museus na Europa, EUA e Ásia, revelando um modo próprio de provocar a imaginação do espectador.
O trabalho de Claerbout se baseia na manipulação digital de imagens fotográficas, permitindo o surgimento de movimentos muito sutis. Projetadas em grandes dimensões, as obras promovem sensação de imersão do observador, colocando-o numa interface entre fotografia, cinema e pintura.
KING é construído tendo como referência uma antiga fotografia do jovem Elvis Presley e Pure Necessity é uma intervenção no desenho animado original The Jungle Book, conhecido no Brasil por Mogli, o Menino Lobo. Segundo Klautau, entre a fotografia e o desenho, por meio de processos digitais e estéticas do cinema e do vídeo, a Pinacoteca irá oferecer de modo inédito ao público um bom exemplo de sua poética. Anteriormente, Claerbout havia exibido dois trabalhos na Bienal de São Paulo em 2010, “The Algier’s Sections of a happy moment” (2008) e “Sunrise” (2009).
As exposições permanecem em cartaz até 05 de março de 2018, todas no segundo andar da Pina Luz – Praça da Luz, 02. A visitação é aberta de quarta a segunda-feira, das 10h00 às 17h30 – com permanência até às 18h00 – os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 anos e adultos com mais de 60 não pagam. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos os visitantes. A Pina Luz fica próxima à estação Luz da CPTM.
Julio Le Parc no Tomie Ohtake, São Paulo
Com mais de 100 obras, incluindo instalações imersivas com luzes e trabalhos raramente vistos no papel, a exposição traça décadas de engajamento do artista em conceitos de percepção e participação
O Instituto Tomie Ohtake traz adaptada para seu espaço a grande retrospectiva de Julio Le Parc, realizada em 2016 no Pérez Art Museum Miami (PAMM). Com a mesma curadoria de Estrellita B. Brodsky e consultoria artística de Yamil Le Parc, a mostra em São Paulo, com patrocínio do Bradesco, apresenta mais de 100 obras que trazem uma centelha de experiências físicas e visuais. Ao incluir as principais instalações e trabalhos raramente vistos em papel e materiais de arquivo, Julio Le Parc: da Forma à Ação é uma exploração da figura central de Le Parc na história da arte do século 20.
“As investigações de Julio Le Parc sobre as maneiras de engajar e empoderar o público redefiniram e reinterpretaram a experiencia da arte”, afirma a curadora Estrellita B. Brodsky. “Movido por um sólido ethos utópico, Le Parc continua a olhar a arte como um laboratório social, capaz de produzir situações imprevisíveis e de ludicamente engajar o espectador de novas maneiras. Seu posicionamento radical continua cada vez mais relevante após seis décadas”.
O artista argentino logo após mudar-se para Paris, tornou-se, em 1960, membro fundador do coletivo de artistas Grupo de Pesquisa de Artes Visuais (GRAV). Ao enfatizar o poder social de objetos e situações de arte não mediados e desorientadores, Le Parc buscou limpar as estruturas e sistemas que separam espectador de obra. Sua inovação no campo da luz, movimento e percepção foi central para os movimentos da arte cinética e ótica da época, enquanto suas teorias de imediatismo e espectadorismo como veículo de mudança social e política, continuaram a integrar a vanguarda parisiense de 1960 adiante.
Esse espírito da arte como ímpeto para empoderamento social move-se pela mostra em três secções temáticas. A primeira, Da superfície ao objeto, reúne trabalhos iniciais em papel e pinturas que mostram o uso de cor como meio de desestabilizar a superfície bidimensional. Estão expostas obras de 1958, com estudos do bidimensional com tinta e guache em papel, assim como pinturas de 1959 até hoje. Também consta nesse segmento, o monumental A Longa Marcha, um grupo de 10 pinturas vibrantes que flutuam ao redor de uma parede arredondada.
Em Deslocamento; Contorções; Relevos, estão os revolucionários labirintos-instalação, de Le Parc exibidos pela primeira vez como parte da participação da GRAV na Bienal de Paris de 1963, as caixas de luz e obras de contorção. A sequência de três cômodos imbuídos de luz oferece aos espectadores uma experiencia sensorial poderosamente desorientadora.
Por fim, Jogo & Política de participação dissolve os muros físicos e ideológicos que separam espectador, obra de arte e instituição. Precursor do movimento de estética relacional, esse período da carreira de Le Parc considera como a arte pode encorajar uma nova consciência sobre o espaço social do indivíduo.
“Acredito que a exposição de Julio Le Parc despertará o mesmo interesse e encantamento do público causado pela mostra de Yayoi Kusama, que realizamos em 2014, por também provocar singular experiência sensorial aos espectadores”, diz Ricardo Ohtake, presidente do Instituto Tomie Ohtake.
O trabalho desenvolvido pela curadora Estrellita B. Brodsky é uma pesquisa retrospectiva da abrangente prática de Le Parc e uma análise de seu impacto tanto em seus contemporâneos na América Latina quanto na Europa vanguardista do pós-Guerra e subsequentes gerações de artistas. Apesar do âmbito histórico, a exposição conversa com força com o presente, demandando presença física e perceptiva do público. Julio Le Parc: da Forma à Ação apresenta o artista à nova geração, permitindo que cada visitante reaja de forma direta e pessoalmente ao trabalho.
Sobre o Artista
Nascido em 1928 em Mendoza, Argentina, Julio Le Parc frequentou a Escuela de Bellas Artes in Buenos Aires, em 1943. Imigrou para Paris em 1958, onde participou do Grupo de Pesquisa de Artes Visuais (GRAV). Representando a Argentina na Bienal de Veneza de 1966, Le Parc ganhou o Grand International Prize for Painting como artista individual. Apesar da dissolução do coletivo GRAV em 1968, Le Parc continuou a trabalhar simultaneamente como artista individual e como parte de coletivos internacionais, particularmente os envolvidos em denunciar regimes políticos totalitários. Sua participação em diversas manifestações sindicais em maio de 1968, fez com que ele fosse expulso do país por um ano.
No seu retorno, Le Parc tornou-se um importante canal entre os ativistas latino-americanos e a cena artística de Paris, mais especificamente por meio da publicação parisiense ROBHO, para a qual cobria os eventos do coletivo Tucumán Arde, na Argentina.
Os trabalhos de Le Parc têm sido assunto de diversas exposições na Europa e América Latina, incluindo o Instituto di Tella (Buenos Aires), Museo de Arte Moderno (Caracas), Palacio de Bellas Artes (Mexico), Casa de las Americas (Havana), Moderna Museet (Stockholm), Daros (Zürich), Städtische Kunsthalle (Düsseldorf) e mais recentemente no Palácio de Tóquio, em Paris.
Sobre a Curadora
Estrellita B. Brodsky, Ph.D., é uma estudiosa e curadora independente. Ela fez seu doutorado em História da Arte no Institute of Fine Arts, na Universidade de Nova York, em 2009, e completou sua tese Artistas Latino-americanos pós Segunda Guerra Mundial II Paris: Jesús Soto e Julio Le Parc, pela qual recebeu o prêmio Outstanding Doctoral Dissertation no campo de cultura visual da América Latina, da Associação de Arte Latino Americana.
Brodsky trabalhou com e escreveu sobre Julio Le Parc no início dos anos 2000, quando começou a pesquisar para sua dissertação. Em 2012, fez a curadoria de uma exposição do artista venezuelano Jésus Soto, chamada Paris and Beyond, 1950-1970, na New York University Grey Gallery e, em 2008, Carlos Cruz-Diez: (In)formed by Color na Americas Society em New York, a primeira retrospectiva de Cruz-Diez nos Estados Unidos.
Brodsky ministrou cursos sobre artistas latino-americanos na Hunter College. Recentemente, fez a curadoria da exposição coletiva Bearing Witness: Art and Resistance in Cold War Latin America, na John Jay College for Criminal Justice.
novembro 21, 2017
Julio Le Parc na Nara Roesler, São Paulo
Paralelamente à grande retrospectiva de Julio Le Parc no Instituto Tomie Ohtake, a sede paulista da Galeria Nara Roesler reúne trabalhos do icônico artista cinético. São dez pinturas recentes da série Alchimie (2016/2017), três esculturas do conjunto Torsion (2004) e a projeção Alchimie Virtuel, que ocupa espaço central na exposição 9 + 3 + RV. Apresentada pela primeira vez na América Latina, a obra, em realidade virtual, atualiza a questão da virtualidade que Le Parc vem explorando há mais de 50 anos, como nas pinturas Réels et virtuels / serie Surface noir et blanc (anos 50), Volume Virtuel (anos 70), e nas esculturas Cercle Virtuel (anos 60).
Por antecipar essa discussão, Le Parc tornou-se reconhecidamente um visionário. Agora, às vésperas de completar 90 anos, com essa obra em projeção, utiliza a tecnologia para, finalmente, mergulhar na realidade virtual. “O trabalho de Julio Le Parc simultaneamente experimental, visionário e lúdico, permanece pertinente no presente, assim como foi nos anos de 1960, e suas preocupações relacionadas à política, ao papel do público, ao artista e ao poder da organização das artes são ainda relevantes e significativas”, escreve o crítico Hans Ulrich Obrist, no catálogo da exposição Bifurcations. Galeria Perrotin, Paris, 2017.
As “alquimias” atuais, em acrílica sobre tela, são trabalhos em grande escala, concebidos a partir de vários estágios de desenhos e de pinturas menores que se expandem em composições modificadas progressivamente. “Em algumas pinturas vemos um grande centro preto que, circulado por uma sobreposição de cores agrupadas e sobrepostas, parece atomizado, o que provoca um efeito simultaneamente desorientador e hipnótico”, diz Le Parc. A série Alchimie foi iniciada em 1988, em forma de pequenos esboços surgidos a partir de observações fortuitas do artista e que, aos poucos, foram concretizadas. “Essas "alquimias" fazem parte da minha viva aventura, expressa em meu trabalho como artista experimental”, afirma Le Parc.
Em Torsion, o artista reafirma essa persistência em uma experimentação contínua, em que cada novo conjunto de obras tem suas raízes no que já desenvolveu. A série de esculturas – que em tamanhos monumentais ocupam espaços públicos de países como, México, Portugal, Estados Unidos – está ligada ao espírito dos primeiros relevos, especialmente dos "volumes virtuais" desenvolvidos nos anos de 70. Ainda que as obras em Torsion não sejam virtuais, mas reais com a contundente presença do aço inox, esse material, por sua superfície acetinada, permite múltiplas mudanças devido a sua maneira de atrair a luz. As esculturas guardam o princípio seminal da produção do artista que corresponde, segundo ele, a um processo simples: um esquema que determina o conjunto. “A maior parte é organizada por sequências que podem ser de deslocamento, de rotação, de ângulos, de posicionamento no espaço etc. A concepção, por sua racionalidade, permite o surgimento de situações visuais que podem ir do simples reconhecimento de um sistema de organização à impressão de caos”, completa.
Artes de ver, imaginar e virtualizar o mundo, palestra de Giselle Beiguelman
9 de dezembro, sábado, às 12h
Giselle Beiguelman é artista e professora da FAU-USP. Seu trabalho inclui intervenções em espaços públicos, projetos em rede e aplicações para dispositivos móveis. Sua prática artística e intelectual se baseia em uma abordagem crítica das mídias digitais e de seus sistemas de informação. Mais informações: www.desvirtual.com
Julio Le Parc (n. 1928, Mendoza, Argentina) vive e trabalha em Cachan, na França. O artista apresenta ao espectador uma visão divertida e desmistificada da arte e sociedade por meio de suas pinturas, esculturas e instalações perceptualmente ilusórias. Le Parc faz interagir cor, luz, sombra e movimento de modo que as formas aparentem movimento, estruturas sólidas se desmaterializem, e a própria luz pareça plástico. Como co-fundador do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), trabalhou para romper os limites na arte e a participação de espectadores contribuiu diretamente com suas famosas esculturas cinéticas e ambientes de luz.
A partir de 1960, no entanto, começou a desenvolver uma série de obras distintas que utilizavam a luz “leitosa”: esses objetos, geralmente construídos com uma fonte lateral de luz branca que era refletida e quebrada por superfícies metálicas polidas, combinavam um alto grau de intensidade com uma expressão sutil de movimento contínuo.
As obras de Le Parc foram tema de inúmeras exposições individuais na Europa, América Latina e Estados Unidos, em instituições como o Pérez Art Museum, Miami, EUA (2016); Museum der Kulturen Basel, Basel, Suíça (2015); Bildmuseet, Umea, Suécia (2015); Malba, Buenos Aires, Argentina (2014); Palais de Tokyo, Paris, França (2013); Biblioteca Luiz Angel Arango, Bogotá, Colômbia, (2007); Laboratorio Arte Alameda, Cidade do México, México (2006); Castello di Boldeniga, Brescia, itália (2004) entre outras. O artista também fez parte de diversas exposições coletivas e bienais como: a Bienal Internacional de Curitiba, Curitiba, Brasil (2015); Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (1999); Bienal de Havana, Havana, Cuba (1984); Bienal de São Paulo (1967), a Bienal de Veneza em 1966 (quando recebeu o Prêmio) e a polêmica exposição do MoMA, The Responsive Eye (1965). Como ato de protesto contra o regime militar repressivo no Brasil, ele se juntou a artistas no boicote da Bienal de São Paulo em 1969 e publicou um catálogo alternativo de Contrabienal em 1971. As obras coletivas posteriores de Le Parc incluem a participação em movimentos antifascistas no Chile, El Salvador e Nicarágua. Recentemente, Le Parc tem sido objeto de grandes retrospectivas, como Form into action no Pérez Art Museum, Miami, EUA (2016), Julio Le Parc na Serpentine Gallery, Londres, Reino Unido (2014); Le Parc: Lumière no MALBA, Buenos Aires, Argentina (2014); Soleil froid no Palais de Tokyo, Paris, França (2013); Le Parc lumière na Casa Daros, Rio de Janeiro, Brasil (2013); e da exposição Dynamo no Grand Palais, Paris, França (2013).
Carlito Carvalhosa na Nara Roesler, São Paulo
Simultaneamente à mostra do Julio Le Parc, a Galeria Nara Roesler traz a segunda individual de Carlito Carvalhosa em seu espaço paulistano, Faço tudo para não fazer nada, com curadoria de Maria do Carmo M. P. de Pontes. São trabalhos produzidos em diferentes momentos da sua trajetória artística, a partir do início dos anos 1990 em diante. A sala principal da exposição abriga uma instalação inédita de grandes proporções, composta por tecidos brancos, cordas e lâmpadas fluorescentes tubulares – note-se, elementos recorrentes em seu vocabulário. Ao contrário de algumas de suas obras em tecido – como, por exemplo, A Soma dos Dias (2010) – aqui o material não se estende até o chão, mas encontra–se amarrado, formando figuras que se assemelham a montanhas invertidas. Tal formato, por sua vez, é reminiscente de outras de suas obras, a exemplo de Já estava assim quando cheguei (2006), uma monumental escultura em gesso que espelha as curvas do Pão de Açúcar. Essa vontade metalinguística de revisitar a própria obra, somada a noções de trompe l’oeil e uma abordagem não-linear do tempo, norteiam a mostra.
Ainda na sala principal encontra-se em exposição uma série de obras de parede, que consiste em chapas de alumínio com percussão, resina e tinta branca; as peças são do período entre 2011 e 2017. A superfície semi-reflexiva do alumínio ecoa trabalhos definidores da produção do artista, em que ele se utiliza de espelhos como base para a pintura. Exemplares dessas obras, que ele vem desenvolvendo desde meados dos anos 2000, estão expostos nas duas salas frontais da galeria. Os espelhos surgiram no vocabulário de Carvalhosa em um momento em que ele sentiu vontade de voltar a pintar – pintura foi a técnica que primeiro o trouxe reconhecimento, nos anos 1980 – mas não sobre tela. Ele conta, “o espelho era uma superfície fugidia, que não está em lugar nenhum; ela permitia um tipo de pintura que ficava ‘entre’. E era espacial, de certa forma, tratava deste assunto do trabalho tomar conta do espaço. Só que é o contrário, na verdade é o espaço que toma conta do trabalho”. O fascínio pelo espelho perdura há anos, e com ele o artista produziu dezenas de peças com as mais variadas cores, tintas, formatos e técnicas.
Outras obras, que compõem as salas frontais, pertencem a uma série de 2000, em que Carvalhosa criou pequenas esculturas em porcelana durante um período na Holanda. A matéria aqui é apresentada bruta, sem pintura, com pequenas variações de seu bege natural entre uma peça e outra. Em sua amorfidade, elas lembram tiras de macarrão caseiro emboladas. Além destas, as salas são também populadas por uma série de esculturas em cera. Enquanto a superfície das obras remete à textura de tecidos com pequenos drapeados, desses planos emergem formas que se assemelham a dedinhos. Novamente aqui, algumas das peças foram produzidas há anos, outras recentemente; ainda que a cor por vezes encardida, ou a superfície desgastada de obras mais antigas revele sua idade, ao expor obras semelhantes feitas com um hiato de tempo Carvalhosa convida o espectador à se imergir em uma perspectiva não linear onde, à exemplo do Aleph, habitam o início, o fim e o meio.
Performance de Arto Lindsay
2 de dezembro, sábado, às 11h
Lindsay apresentará uma performance com sintetizadores e guitarra elétrica na instalação criada por Carlito.
Arto Lindsay é músico experimental e produtor musical, e já trabalhou em parcerias com Caetano Veloso, David Byrne, Marisa Monte, Laurie Anderson, Ryuichi Sakamoto, Arnaldo Antunes, entre outros. Arto também é autor do texto Apagador ou Azul com Branco dá Cinza, sobre Carlito, publicado no livro Carlito Carvalhosa: Nice to meet you, editado pela APC.
Sobre o artista
Carlito Carvalhosa (n. 1961, São Paulo, Brasil) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Carvalhosa despontou na cena artística nacional na década de 1980, como membro do coletivo paulista Grupo Casa 7, ao lado de Rodrigo Andrade, Fabio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro, período em que produziu pinturas de grandes dimensões com ênfase no gesto pictórico. Há mais de vinte anos o artista vem utilizando meios variados e diversos tipos de objetos – incluindo lâmpadas, tecidos, cera, madeira e espelhos — para investigar o espaço arquitetônico, a natureza dos materiais em formas abstratas e a recepção do espectador no contato com eles. De acordo com a curadora portuguesa Marta Mestre, o que interessa ao artista é “a relação entre o espaço e o ato de construir. Mobilizada pelo artista, a construção é um processo para reordenar o mundo à sua frente, suportar seu caos e, assim, diferenciar a atividade perante a natureza”. Mestre ainda destaca que a obra de Carvalhosa é “perpassada pelo pensamento da escultura enquanto construção, adicionando o gesto e retirando o vazio”. Estas observações são evidentes em seus trabalhos mais recentes como A Soma dos Dias, uma monumental instalação site-specific feita para o projeto Octógono na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2010) e para o átrio do MoMA (2011), e a instalação Sala de Espera no MAC-USP (2013), na qual vinte e quatro postes de madeira foram suspensos no espaço expositivo, em conjunção com a arquitetura de Niemeyer.
Carvalhosa participou da Bienal de Havana, Cuba (1986 e 2012); da Bienal do Mercosul em Porto Alegre, Brasil (2001 e 2009); da 18ª Bienal de São Paulo, Brasil (1985). Realizou a ação Rio no MoMA de Nova York (2014) e algumas de suas individuais se deram: no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (2013); no Projeto Contentores, Guimarães, Portugal (2012); e, no MoMA, Nova York, EUA (2011).
Seus trabalhos estão incluídos em importantes coleções públicas, tais como: Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; FUNARTE, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte do Pará, Belém, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil.
Sobre a curadora
Maria do Carmo M. P. de Pontes (São Paulo, 1984; vive e trabalha em Londres) é uma escritora e curadora independente com mestrado em curadoria pelo Goldsmiths College (2011). Projetos e exposições recentes incluem Hallstatt (2016–17), no Galpão Fortes d’Aloia & Gabriel, São Paulo; a curadoria dos Solo Projects da feira ARCOmadrid (2016); Akakor na Baró Galeria, São Paulo (2015); Alter-Heróis no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC–USP) (2014) e Mitologias por procuração no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM–SP) (2013). Em 2014 ela fundou Question Centre, uma plataforma nômade de exposições curtas cujo recorte estabelece relações geracionais entre artistas. Colabora com diversos livros e revistas, e contribui regularmente para Conceptual Fine Arts.
Alvaro Seixas na Cavalo, Rio de Janeiro
Alvaro Seixas abre sua primeira individual na Cavalo com pinturas inéditas
No dia 23 de novembro o artista Alvaro Seixas (Rio de Janeiro, 1982) abre sua primeira individual na Cavalo, Muito Romântico Tour. A exposição reúne trabalhos inéditos do pintor carioca conhecido por suas telas abstratas, instalações e mais recentemente por desenhos críticos ao meio de arte postados nas mídias sociais, em especial o seu Instagram (@alvaroseixas).
Em ‘Muito Romântico Tour’ o artista evoca ideais do Romantismo como a individualidade, o apego ao intimismo e a valores extremados e os desejos de escapismo para traçar paralelos entre o movimento do século XIX e os dias atuais. Ao utilizar no título a palavra ‘Tour’, Alvaro satiriza a realização de mega exposições itinerantes e as ambições de estrelato de jovens artistas. Essa autoconsciência também permeia boa parte de suas obras atuais em forma de pinturas com frases que alfinetam curadores, galeristas, colecionadores e coletivos de arte.
Aos 34 anos, Alvaro Seixas alterna sua vivência no ateliê com o ensino na Escola de Belas Artes da UFRJ, onde em 2015 se formou como Doutor. A experiência acadêmica serve como fonte de inspiração quando o artista explora o que considera, em suas próprias palavras, "uma nova dimensão do Romantismo, um deslocamento do subjetivismo, do individualismo, e da turbulência emocional desse período da História da Arte para uma era de egolatria e intensa proliferação de imagens e informações."
Para a exposição na Cavalo o artista conhecido por seu papel provocador realizou também uma série de obras que se detém ao estudo do gênero natureza-morta, mais especificamente o desenho de arranjos florais. Essas pinturas supostamente anacrônicas conciliam a densa materialidade, gestualismo, e colorismo neon já conhecidos nos trabalhos abstratos anteriores de Alvaro, assim como oferecem uma outra perspectiva à noção do artista como herói romântico.
Laercio Redondo na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Na exposição É preciso ver no escuro, o artista Laercio Redondo retoma a questão da memória coletiva e seus apagamentos em quatro diferentes leituras feitas a partir de fragmentos do seu arquivo pessoal, colecionadas por ele nos últimos 17 anos. Os fragmentos foram coletados pelo artista em diferentes ocasiões, nas quais esses materiais, destinados ao descarte, se encontravam legados à deterioração ou ao desaparecimento por completo.
A exposição é composta de fotografias, cartas, textos e um filme que constrói uma teia delicada de supostos ecos do passado que ressoam no presente. Todos os elementos da exposição têm seu contexto e suporte reelaborados: uma carta escrita em alemão, datada de 1942, que boiava no mar em um porto grego, encontrada pelo artista em 2006; uma série de fotos de um casal que se fotografa mutuamente durante as férias; retratos de uma filha que jamais chega retornar para casa dos pais durante a segunda Guerra Mundial; ou um fragmento de um filme de Super 8 de um baile de debutantes em 1974. Histórias de pessoas e lugares remotos que se conectam e potencializam a história do coletivo sob o ponto de vista individual atribuído a cada um destes personagens.
A exposição, que inaugura dia 23 de novembro, traz ainda um texto do filósofo Pedro Duarte em torno das questões dos vestígios do passado no presente, num diálogo com o trabalho que o artista apresenta na exposição.
Laercio Redondo nasceu em 1967, no Paraná, e atualmente divide o seu tempo entre o Rio de Janeiro e a Suécia. Pós–graduado na Konstfack, University College of Art, Crafts and Design em Estocolmo, Suécia, o artista se dedica a pesquisa da memória coletiva e seus apagamentos na sociedade, e seu trabalho é frequentemente motivado pela interpretação de eventos específicos relacionados com a cidade, a arquitetura e representações históricas.
De entre as exposições individuais, se destacam: “Past projects for the future”, Dallas Contemporary, EUA; “O que termina todos os dias” no MAM-RJ, Brasil (ambas com curadoria de Justine Ludwig); “Contos sem Reis, Casa França-Brasil, Brasil, Fachada. Das coletivas, a da Galeria Nacional de Arte de Zachêta, Varsóvia; “O direito à cidade”, Stedelijk Museum Bureau, Amsterdã; “Os interiores estão no exterior” no SESC Pompeia, São Paulo (com curadoria de Hans Ulrich Obrist) e a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil.
Vanderlei Lopes na Amparo 60, Recife
Vanderlei Lopes realiza sua primeira mostra em Pernambuco na Amparo 60
No próximo dia 23 de novembro, a Galeria Amparo 60 abre a sua última exposição do calendário de 2017. Espelho é a primeira individual do artista paranaense, radicado há 25 anos em São Paulo, Vanderlei Lopes, que passou a fazer parte do casting da galeria este ano. O artista vai apresentar cerca de 20 trabalhos realizados com guache, fogo, lápis de cor, associados ao bronze, numa exposição que ele considera intimista, em relação a outra que acontece ao mesmo tempo em São Paulo.
“Os trabalhos conjugam diversos procedimentos e temporalidades que se articulam no sentido de refletir sobre o contexto e o modo como a obra surge no espaço expositivo”, detalha Vanderlei Lopes. A produção apresentada no Recife teve como ponto inicial sua relação estrangeira com o local. Os espelhamentos da cidade e seus canais produzem uma outra cidade, refletida. São trabalhos que apresentam situações alteradas, um tanto domésticas, mas que lidam com a ideia de percepção de si mesmo e do outro. A ideia do “outro” produzida pelos reflexos se apresenta nos procedimentos e materiais utilizados nas pesquisas do artista. Ao devolver características de papel ou tecido ao objeto fundido em bronze, Vanderlei Lopes deseja problematizar questões de percepção, transformação e produzir atrito entre perpetuação e transitoriedade, tradição e formação cultural.
“Na mostra, os objetos ou situações do cotidiano, transformados, sobretudo a partir de processos de fundição, são dispostos frente a frente, duplicados, justapostos ou emparelhados. Tais encontros atritam-se, apagam-se ou revelam-se reciprocamente, de modo a produzir visibilidade a partir do que não está à vista, por meio de espelhamentos entre matérias e simbologias, duplicações ou inversões”, explica o artista.
A mostra Espelho – cujo texto de apresentação será de Moacir dos Anjos – está relacionada com a mostra Domo, inaugurada no dia 11 de novembro, na capela do Morumbi, em São Paulo. Nesta exposição, uma cúpula foi construída tombada como uma ruína do renascimento encontrada dentro de outra ruína colonial. O que une de modo conceitual as duas mostras é a ideia de lidar com uma imagem provisória, perpetuada naquele momento. Uma imagem que é revelada, em seu processo entrópico de transformação, e a outra que está encoberta, impossibilitando o acesso àquilo que encobre.
Vanderlei Lopes atua nos limites entre diversas linguagens como desenho, fotografia, vídeo, som, e tem se dedicado a explorar questões da escultura reposicionando-a em seus sentidos atuais. O artista lida com ideias de transformação e transitoriedade. Em Cavalo, por exemplo, recentemente exposto no octógono da Pinacoteca, em São Paulo, um animal estampado em bronze, preenchido com terra até transbordar, foi fixado entre o instante em que cai no chão e a iminência de se levantar.
A galerista Lúcia Costa Santos salienta a relevância de trazer um artista como Vanderlei Lopes para o Recife, estreitando sua relação com a cidade e com o público local. “Os pernambucanos ainda não tiveram a chance de conhecer a fundo a poética de Vanderlei. Ele participou com uma obra da nossa coletiva Evóe, mas essa será sua primeira individual por aqui. É uma honra para a Amparo 60 poder representá-lo”, diz. A galerista também adianta que para o início do próximo ano, após o encerramento de Espelho, já estão na pauta duas mostras. Uma reunindo as artistas Juliana Lapa, Isabela Stampanoni, Giovanna Simões, Amanda Melo, Marie Carangi e Regina José Galindo. Depois será a vez do artista Bruno Vilela, ocupar os salões da galeria no Edifício Califórnia.
ALGUNS DOS TRABALHOS DA EXPOSIÇÃO
Imagem
Consiste num tecido pendurado na parede, como aqueles que protegem espelhos ou pinturas de retratos, em momentos tempestuosos, de turbilhão social, associado às figuras importantes, do contexto onde tal situação está instalada. Enrijecido, fundido em bronze e patinado de vermelho, o trabalho torna perpétuo certo estado provisório.
Posse (Sapatos)
Constitui-se num par de sapatos em bronze, pretos por fora e polidos por dentro. O polimento interno produz uma luminosidade alaranjada, espelhada, “empoçada” em seu interior. O trabalho se refere ao religioso, a indicar ali, a presença de um corpo, que, em seu movimento procura rearranjar sua fisicalidade diante da parede.
Cena (para Glauber)
As mãos do artista fundidas em bronze; uma segurando uma vela também em bronze, a outra protegendo do vento uma chama real que tremula e produz luminosidade em seu entorno.
Maiakovsky
Três desenhos realizados em papel pautado amassado, dobrado, fundidos em bronze e patinado de branco, com linhas em grafite e lápis. Os amassados e dobras deixam ver um quadrado, uma cruz, um círculo, evidenciados pelo lápis de cor, numa referência aos trabalhos suprematistas de Kasimir Malevich. O nome foi dado ao trabalho por uma referência à frase: “Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”, que teria sido dita pelo poeta da Revolução Russa de 1917.
“Desenhos de queda”
Uma sequência de desenhos feitos com grafite sobre papel fundido em bronze e patinado de branco apresenta esboços de trabalhos que lidam com situações de queda, realizados em outra épocas, bem como esboço do Domo, apresentado em São Paulo. Domo, Catedral, Cavalo são alguns dos trabalhos que aparecem nos esboços.
Imagem (quatro cantoneiras fundidas em prata)
Trata-se de pequenas cantoneiras fundidas em prata, daquelas utilizadas para proteger cantos de fotografias, fundidas em bronze, desenhando um retângulo vazio, em ambas paredes próximas a janela relacionando a vista para fora da galeria.
O ARTISTA
Nascido em Terra Boa – PR (1973) é formado em artes plásticas pela UNESP em 2000. Entre suas principais exposições individuais destacam-se: Milagre, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2016/17; Monumento, curadoria de Douglas de Freitas, Galeria Athena Contemporânea, 2016; Grilagem, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2014; Tudo que reluz é ouro, curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria Athena Contemporânea, 2014, Rio de Janeiro; Transitorio, Galeria nueveochenta, Bogotá, Colômbia, 2014; Cavalo, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2013; 7 quedas, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2011; Voo, Maus Hábitos, Porto, Portugal, 2007. Entre as exposições coletivas: MUBE, curadoria de Cauê Alves, 2016; Permissão para falar, curadoria de Fernanda Lopes, Galeria Athena Contemporânea, 2016; Gold Rush, De Saisset Museum, Santa Clara, CA – EUA, 2016; Uma coleção particular - Arte Contemporânea no Acervo da Pinacoteca, curadoria de José Augusto Ribeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2015/2016; Fotos contam fatos, curadoria de Denise Gadelha, Galeria Vermelho, São Paulo, 2015; Realidades Desenho ContemporâneoBrasileiro, curadoria de Nazareno, SESC-SP, São Paulo, 2011; Les Cartes Blanches du Silo à l’Emsba, curadoria de Wagner Morales, Beaux-Arts de Paris, l`école nationale supérieure, Paris, 2009; Loop Videoart Barcelona 2009, curadoria de Wagner Morales, Centre Civic Pati Llimona, Barcelona, 2009; Nova Arte Nova, curadoria de Paulo Venancio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, 2008/2009.
Prêmios
1998 – 25º Salão de Arte Jovem, Santos – menção honrosa
2001 – 29º Salão de Arte Contemporânea de Santo André – Prêmio aquisição
2005 – Aquisição – Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, São Paulo
2007 – Selecionado Bolsa Iberê Camargo 2007 - [Revistadigital], Porto Alegre
2016 – Prêmio Pirelli – RioArt Fair [doação de obra ao MAR – Museu de Arte do Rio]
2017 – Prêmio PROAC – Realização de DOMO, capela do Morumbi, São Paulo
Coleções
Acervo Municipal de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, São Paulo
Coleção Itaú, São Paulo
Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto
MAM-RJ - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
MAM-SP - Museu de Arte Moderna, São Paulo
MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
MAC-USP - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo
Prefeitura Municipal de Santo André, Santo André
Heleno Bernardi no IED, Rio de Janeiro
Intervenção de Heleno Bernardi terá cerca de uma tonelada de purpurina dourada aplicada no lendário teatro, cobrindo suas paredes, palco e fosso da orquestra
O IED Rio (Istituto Europeo di Design) e TAL Projects apresentam a exposição Cassino, em que o artista Heleno Bernardi aplicará cerca de uma tonelada de purpurina dourada no lendário teatro do Cassino da Urca, cobrindo suas paredes, palco e fosso da orquestra. Com curadoria de Renato Rezende, a intervenção propõe uma “alusão metafórica aos dias gloriosos, à riqueza que atraía os jogadores, ao brilho dos artistas e também à efemeridade da sorte que girava pelas roletas”.
“A exposição jogará luz sobre o espaço do antigo teatro do Cassino, lembrando as camadas de tempo e história que o revestem, e recuperando a memória afetiva e simbólica de um período importante da cultura carioca”, diz Heleno Bernardi. “Uso a purpurina tentando extrair potência de suas propriedades assumidamente ilusórias”, observa. O artista destaca ainda que pensou neste trabalho como intervenção urbana, apesar de ser realizado dentro de um espaço fechado. “A história deste edifício extrapola suas fronteiras e espelha nossa relação com a própria cidade”, afirma. “Em um momento em que tantas coisas estão sendo demolidas e instituições sendo desmontadas, investir na transformação de uma ruína, buscando criar sentido a partir de seus restos, é uma forma de agir e de refletir sobre o mundo”.
O curador Renato Rezende destaca que “o projeto será uma oportunidade de o público conhecer aquelas ruínas lendárias através de uma exposição de alto impacto visual, revelando e ressignificando seu passado”. “O uso da purpurina dourada como elemento plástico remete à riqueza dos tempos do jogo e se refere, de maneira mais crítica, ao esfacelamento da memória, dos bens culturais e arquitetônicos e ao soterramento a que a história está sujeita”, completa.
Os quase mil quilos de purpurina utilizados no projeto terão reaproveitamento sustentável ao final da exposição. O material será retirado das paredes e piso, triturado juntamente com os resíduos sólidos da obra, e se misturará à massa do novo concreto que será utilizada na reforma que o IED promoverá a partir de 2018, e que terá selo verde.
A intervenção “Cassino” está sendo realizada com a participação e apoio direto de mais de 40 colecionadores de arte e incentivadores, a partir de uma ação colaborativa, que vai além do tradicional crowdfunding. Em um projeto realizado junto com a TAL Projects, galeria que o representa no Rio de Janeiro, o artista desenvolveu uma obra com tiragem limitada, para dar partida ao investimento financeiro e engajar apoiadores no resgate simbólico do espaço do antigo teatro proposto pela exposição.
Heleno Bernardi, 50 anos, é artista visual. Em seu trabalho, aborda o enfrentamento do corpo com a cidade e em relações interpessoais através de intervenções urbanas, instalações, fotografias, objetos, pinturas e outros suportes. Desde 2003 vem realizando exposições individuais (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Basel, Nice, Amsterdam, Lisboa, Frankfurt e Hamburgo, entre outras cidades) e participando de mostras coletivas no Brasil e em outros países. Em 2005, participou do Ano do Brasil na França, com exposição na Galerie Alain Couturier, Nice. Em 2013, A convite do Ministério da Cultura e da Funarte, integrou o grupo de artistas que apresentaram obras durante o Ano Brasil Portugal, com mostras individuais em cinco instituições portuguesas. Em 2016 participou da exposição “Brésil, Corps et Culture”, no Musée Olympique (Lausanne, Suiça), como parte das atividades culturais dos Jogos Olímpicos. Em 2016, fez parte do projeto Rio-Hamburg, exposição reunindo artistas brasileiros e alemães em Hamburgo, Alemanha. A intervenção “Cassino” se soma à trajetória do artista, que vem realizando intervenções urbanas desde 2007. Um de seus projetos mais conhecidos é a série “Enquanto Falo, As Horas Passam”, em que instala colchões em forma de corpos em espaços públicos ou de passagem e os coloca à disposição do espectador. O projeto já foi apresentado mais de 50 vezes em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte. Mais sobre o artista pode ser visto no site www.helenobernardi.com.
Renato Rezende é autor de “No contemporâneo: arte e escritura expandidas” (com Roberto Corrêa dos Santos, 2011), “Experiência e arte contemporânea” (com Ana Kiffer, 2012), “Conversas com curadores e críticos de arte” (com Guilherme Bueno, 2013), “Poesia e vídeoarte” (com Katia Maciel, Bolsa FUNARTE 2012), “Poesia brasileira contemporânea – crítica e política” (2014) e “Flávio de Carvalho” (com Ana Maria Maia, 2015), entre outros. Tem apresentado trabalhos de artes visuais em diferentes suportes em eventos como a Draw_drawing_london biennale (2006), o festival de poesia de Berlim (com o coletivo GRAP = rap + poesia + grafitti, 2007), o Anarcho Art Lab, em Nova Iorque (2011), e o Urbano Digital, no Parque Lage, Rio de Janeiro (2009). Em 2014 assinou, em parceria com Armando Lôbo, a obra musical “Noiva – esboço de uma ópera”. Em parceria com Dirk Vollenbroich apresentou em 2010 a intervenção urbana “My Heart In Rio”, no Oi Futuro de Ipanema (curadoria de Alberto Saraiva), e em 2015 “S.O.S Poesia”, no MAR – Museu de Arte do Rio (curadoria de Paulo Herkenhoff e Clarissa Diniz).
Lin Lima no Parque das Ruínas, Rio de Janeiro
O Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas inaugura no dia 25 de novembro a terceira edição do Projeto Passagem que apresenta a exposição Distante és la galaxia vecina do artista Lin Lima com curadoria de Gabriela Dottori. A mostra é composta pelo objeto denominado de “burrinho sem rabo” e, por desenhos feitos pelo artista. Trazendo aquilo que insiste em acossá-lo, Lin abrange sua temática com trabalhos que apontam para a mensuração das distâncias e as quantificações do “absurdo” num desdobramento da sua série 100 horas.
O Projeto Passagem tem o intuito de promover exposições mensais de arte contemporânea no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, mais especificamente no local denominado Galeria Túnel. A proposta consiste em convidar artistas a fim de consolidar uma ocupação ética e estética do espaço provocando sua ativação. Trata-se de ampliar as plataformas expositivas não tradicionais pelo desejo de despertar contatos, conexões e afetos através do trânsito poético feito por esta passagem.
Lin Lima, natural de Cambuci, RJ, 1976. Vive e trabalha em Niterói, RJ. Formado na Escola de Belas Artes da UFRJ é representado pela Portas Vilaseca Galeria. O artista possui dois ramos em sua produção. O primeiro deles é o estudo visual em texturas orgânicas feitas em desenho, às vezes diretamente na parede ou vidro, às vezes sobre papel, telas ou madeira. A segunda está relacionada à produção de assemblages feitas com lápis, trazendo um sentido de arte cinética ou referências topográficas.
novembro 19, 2017
Aqui, bem ao Sul no MAB-Centro, São Paulo
Mostra ocorre na extensão do museu na Praça do Patriarca, o MAB Centro, com obras de artistas em residência artística
Mostras simultâneas em diversos espaços culturais ao redor do mundo movimentam o circuito artístico até meados de dezembro. Trata-se da 1ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea na América do Sul (Bienalsur). A Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) participa da programação com a exposição Aqui, bem ao Sul, que abre na próxima segunda-feira (30/10), no MAB-Centro, extensão do Museu de Arte Brasileira, localizado no Edifício Lutetia, centro de São Paulo.
A mostra reunirá obras de diferentes artistas - quatro brasileiros e três estrangeiros - que estão na Residência Artística FAAP e seguem a proposta da Bienalsur, que é a de refletir sobre a condição de estar na região sul do globo. Nesse sentido, apresentará distintos olhares, da vida urbana e da cidade, desses artistas, que estão em São Paulo desde agosto deste ano.
"Propomos, na mostra, a reflexão sobre esses processos de criação, em deslocamento, como forma contemporânea de produção, na qual conceitos como participação, troca e vida coletiva se tornam peças fundamentais", diz o professor Marcos Moraes, coordenador da Residência Artística FAAP e dos cursos de Artes Visuais.
Os artistas que participam da mostra são: Cristina Dias (EUA/Brasil), Rui Dias Monteiro (Portugal / Fundação Calouste Gulbenkian), Laura Belém (Brasil), Federica Andreoni (Itália), Antoine Guerreiro do Divino Amor (Brasil), Rafael Salim (Brasil), Zoroastra Infinita (Portugal).
Processos de trabalho
Além das obras dos artistas residentes, o público terá ainda a oportunidade de assistir, no 8º andar do Edifício Lutetia, ao videodocumentário com depoimento e o registro do processo de trabalho da artista italiana Margherita Isola.
A artista, que passou pela Residência Artística FAAP em 2016, produziu uma série de gravuras com a participação de refugiados, com os quais teve contato quando esteve em São Paulo. O trabalho da artista é voltado à investigação com processos gráficos, em particular com litografia, tendo como tema os processos de imigração forçada e deslocamentos.
Margherita Isola é uma das selecionadas pelos curadores da Bienalsur, entre 2.500 projetos provenientes de 78 países.
Residência Artística Internacional OCA: Sergio Pinzón na CAL UnB, Brasília
Artistas latino-americanos expõem resultados de da Residência Artística
Esvin Alarcón Lam, da Guatemala, e Sergio Pinzón, colombiano estabelecido em São Paulo, apresentam trabalhos inéditos
Para Ana Avelar, “Esvin Alarcón Lam e Sergio Pinzón são artistas jovens, porém experientes, cujos trabalhos se voltam para as contradições da cidade contemporânea e que, em Brasília, encontraram um território paradoxal onde operar. Entretanto, cada um deles desenvolve poéticas bastante distintas e particulares. No site-specific proposto por Esvin, há uma apresentação de peças resultantes da coleta de vestígios da cidade que tensionam a história heroica da capital, destacando o processo violento que a caracteriza. Sergio está interessado em modos de representação contemporâneos, que são veiculados por meio de imagens sedutoras produzidas pelo turismo. Em Brasília, o artista oferece ao visitante a experiência de uma residência artística por meio da recriação da própria ficção que é vendida pela plataforma AirBnB -- que promete a vivência em qualquer cidade como um “morador local”.
No marco da primeira edição da Residência Artística Internacional OCA, realizada pela Casa de Cultura da América Latina – CAL / UnB, o artista Sergio Pinzón, por sua vez, propôs a criação de um espaço de residência que segue o modelo usado pela plataforma Airbnb, para posteriormente oferecê-lo nessa rede social e receber possíveis hóspedes dispostos a passar alguns dias na cidade.
O trabalho opera, em princípio, como repetição, um espelhamento do próprio programa de residência onde o artista está inserido, uma residência dentro da residência. Brasília, cidade bastante turística, é ainda um lugar que recebe muita gente de passagem: funcionários públicos e políticos, além daqueles que buscam a maquinária administrativa do país.
A arte, como o Airbnb, constrói também experiências e ficções, onde podemos atuar de maneira crítica, pensar nos processos econômicos que estão por trás dela, os imaginários criados, as dinâmicas às quais responde, as consequências que produz.
Há uma outra camada no trabalho, que versa sobre a estética e a representação, tanto dos espaços de acomodação, quanto da própria cidade de Brasília. O trabalho faz uma mistura de estilos entre o mobiliário moderno dos anos 1960 produzido a partir de material reaproveitado (pallets) e objetos diversos como pinturas, souvenires e fotografias.
O artista propõe, assim, criar uma experiência ‘aconchegante’ e confortável, a partir de elementos que são contraditórios ou opostos, e que convivem tanto na cidade, quanto na decoração de espaços na atualidade. Na visão do artista, é comum falar sobre as contradições do projeto modernista no que diz respeito a suas origens e ideais, mas é preciso vir a Brasília e vivenciá-la para que se tornem evidentes as oposições que a constroem e permeiam, mas que são ao mesmo tempo ocultas pela monumentalidade e imposição da sua arquitetura.
“Em termos de paisagem, Brasília se insere no meio do cerrado, que contrasta com a própria vontade de construir a capital do país nesse ambiente. Á ideia de uma cidade eficiente, racional, de fluxos e linhas retas, de um território e uma natureza modelada, se contrapõe a uma paisagem hostil, de onças e escorpiões.” Nesse mesmo sentido, Pinzón percebe profecias e visões que apontam para Brasília como a cidade escolhida para a formação de uma nova civilização, como é o caso do São João Bosco, ou do vidente italiano Pietro Ubaldi, “mas tanta religiosidade e misticismo parecem se contrapor a um projeto que se supõe racional e, ainda mais, de cunho socialista”, diz.
Assim, o trabalho Quarto Ideal: estilo e espaço no centro de Brasília pretende reunir algumas dessas contradições ideológicas e culturais a partir das suas representações populares e cotidianas, e fazer com que convivam no contexto da ambientação de um quarto para hospedagem. Um jogo que traslada a relação desses elementos no âmbito da decoração, uma operação de escala que questiona a imagem de uma Brasília que é mais complexa do que aquela que vemos nos cartões postais.
Sergio Pinzón nasceu em Bogotá, Colômbia, e vive e trabalha em São Paulo, Brasil. É formado em Artes Plásticas pela Universidad de los Andes (2010) e mestre em Poéticas Visuais da Universidade de São Paulo (2014). Possui especialização em Gestão de Projetos Culturais do Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (CELACC). Desde 2013 integra a gestão do espaço independente de arte contemporânea Ateliê397. Em 2016, participou da Temporada de Projetos 2016, Paço das Artes, com a exposição individual “Projeto de Ciclorama #2”.
Ana Avelar é crítica, curadora e professora de Teoria, Crítica e História da Arte na Universidade de Brasília (UnB). É curadora da Casa de Cultura da América Latina da UnB (Cal) e também tem realizado exposições no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), onde desenvolveu seu pós-doc. Este ano foi finalista do prêmio Marcantonio Vilaça e membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa.
SOBRE O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA ARTÍSTICA OCA
A Residência Artística Internacional OCA, realizada pela Casa de Cultura da América Latina – CAL / UnB, é pioneira em Brasília por trazer para a capital federal seis artistas de países latino-americanos, selecionados entre mais de 120 inscritos de toda a América Latina – os selecionados são da Colômbia, Guatemala, México e Peru, além do Brasil. Os artistas passam um mês investigando aspectos sociais e culturais de Brasília, cidade símbolo do modernismo brasileiro e de suas contradições. O objetivo é aproximar as artes e os artistas desse espaço diverso, e que os artistas apresentem, ao final de um mês, suas vivências nessa residência.
Segundo o diretor da Casa da Cultura da América Latina, ligada ao Decanato de Extensão da Universidade de Brasília, Alex Calheiros, esse programa foi pensado para que os artistas possam ter contato com o cenário artístico e cultural da cidade, incentivando a troca de visões e experiências, mas, sobretudo, como proposta de “revitalização do Setor Comercial Sul, uma região onde prevalecem prédios comerciais e órgãos públicos, com pouca vida noturna ou cultural”.
Residência Artística Internacional OCA: Esvin Alarcón Lam na Casa Niemeyer, Brasília
Artistas latino-americanos expõem resultados de da Residência Artística
Esvin Alarcón Lam, da Guatemala, e Sergio Pinzón, colombiano estabelecido em São Paulo, apresentam trabalhos inéditos
Para Ana Avelar, “Esvin Alarcón Lam e Sergio Pinzón são artistas jovens, porém experientes, cujos trabalhos se voltam para as contradições da cidade contemporânea e que, em Brasília, encontraram um território paradoxal onde operar. Entretanto, cada um deles desenvolve poéticas bastante distintas e particulares. No site-specific proposto por Esvin, há uma apresentação de peças resultantes da coleta de vestígios da cidade que tensionam a história heroica da capital, destacando o processo violento que a caracteriza. Sergio está interessado em modos de representação contemporâneos, que são veiculados por meio de imagens sedutoras produzidas pelo turismo. Em Brasília, o artista oferece ao visitante a experiência de uma residência artística por meio da recriação da própria ficção que é vendida pela plataforma AirBnB -- que promete a vivência em qualquer cidade como um “morador local”.
Na quarta semana da Residência Artística Internacional OCA, realizada pela Casa de Cultura da América Latina – CAL / UnB, o artista guatemalteco Esvin Alarcón Lam apresenta a mostra Detrito Federal, com curadoria de Ana Avelar. Uma forma de trazer novamente uma proposta que iniciou anos atrás na Guatemala.
A prática do artista envolve frequentemente cultura material, história, noções de espaço em seu sentido tanto formal como conceitual, e consequentemente envolve uma relação com a vida social e política.
Em seu processo artístico, apropria-se de materiais que carregam uma história e, nesse sentido, aludem à passagem do tempo e aos traços de precarização que estão presentes em marcas visíveis que concebe como registros das condições em que a vida pública e privada urbana coexistem e ocorrem.
Esvin explica sua proposta de produção de um site-specific na cidade de Brasília. “Para este projeto, escolhi a ideia do monocromo como uma narrativa dentro da história da arte, mas não é necessariamente uma proposta autorreferencial e, portanto, é uma proposta que não tem só a ver com essa história. É uma exposição que faz alguns comentários sobre a vida nesta cidade que tem uma aparência quase monocromática. Habita nessa particularidade uma dinâmica entre presença e ausência, muito perceptível aos sentidos; uma relação dialética que de uma forma ou de outra é repetida em minhas obras.”
A exposição será realizada na Casa de Niemeyer, um espaço cujo caráter e história públicos e privados carregam um peso para o artista, que se posiciona como visitante, interferindo ao instalar pedaços de resíduos estruturais, peças que pertenciam a edifícios agora demolidos. A proposta é apresentar elementos que nos fazem pensar a cidade, sua destruição, sua estranheza e aspecto monocromático.
Esvin Alarcón Lam é de origem Guatemalteca, estudou na Escola Nacional de Artes da Guatemala e na Universidade Rafael Landívar. Seu interesse perpassa temas relacionadas a abstração e materialidade, especialmente por aquela que é parte das forças sociais no mundo. Também tem trabalhado com imagens de arquivos, instalações efêmeras no espaço público e no espaço privado, usando o seu próprio corpo como suporte, etc. Participante de diversas bienais, este ano apresentou dois trabalhos nos Estados Unidos, "Acts of Aggressions", Pollock Gallery, SMU, em Dallas, Texas, e "Displacements & Reconstructions", na galeria Henrique Faria, em Nova York.
Ana Avelar é crítica, curadora e professora de Teoria, Crítica e História da Arte na Universidade de Brasília (UnB). É curadora da Casa de Cultura da América Latina da UnB (Cal) e também tem realizado exposições no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), onde desenvolveu seu pós-doc. Este ano foi finalista do prêmio Marcantonio Vilaça e membro do comitê de indicação do Prêmio Pipa.
SOBRE O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA ARTÍSTICA OCA
A Residência Artística Internacional OCA, realizada pela Casa de Cultura da América Latina – CAL / UnB, é pioneira em Brasília por trazer para a capital federal seis artistas de países latino-americanos, selecionados entre mais de 120 inscritos de toda a América Latina – os selecionados são da Colômbia, Guatemala, México e Peru, além do Brasil. Os artistas passam um mês investigando aspectos sociais e culturais de Brasília, cidade símbolo do modernismo brasileiro e de suas contradições. O objetivo é aproximar as artes e os artistas desse espaço diverso, e que os artistas apresentem, ao final de um mês, suas vivências nessa residência.
Segundo o diretor da Casa da Cultura da América Latina, ligada ao Decanato de Extensão da Universidade de Brasília, Alex Calheiros, esse programa foi pensado para que os artistas possam ter contato com o cenário artístico e cultural da cidade, incentivando a troca de visões e experiências, mas, sobretudo, como proposta de “revitalização do Setor Comercial Sul, uma região onde prevalecem prédios comerciais e órgãos públicos, com pouca vida noturna ou cultural”.
novembro 18, 2017
Lenora de Barros na Millan, São Paulo
Anexo Millan recebe em novembro exposição que marca nova fase na carreira de Lenora de Barros
A artista visual examina a crescente presença da violência e do medo na vida contemporânea
A artista visual Lenora de Barros expõe sua produção mais recente, de 22 de novembro a 20 de dezembro de 2017, após uma temporada de pesquisa em Nova York. Pisa na Paúra ocupa o Anexo Millan e examina temas como violência e medo por meio de diferentes suportes, incluindo vídeo, instalação, lambe-lambe e cerâmica.
A palavra “paúra”, que é sinônimo de medo, tem a mesma raiz de “pavor” e de “espanto”: pavere, em latim, significa “estar tomado de pavor ou espanto, estar possuído”. A artista adentra as dimensões etimológicas daquela palavra para engendrar um conjunto de obras inéditas que marca uma nova fase em sua carreira. Ela se lança agora a novos desafios ao dedicar-se ao ofício manual, em especial a cerâmica, pesquisa que levou a cabo durante seis meses no Sculpture Space, em Nova York, nos Estados Unidos.
Na entrada do espaço expositivo, Lenora cobrirá duas grandes paredes (de 6,5 x 11 m) com lambe-lambes com a expressão “pisa na paúra” escrita à mão. O texto repete-se de forma obsessiva e rítmica e sobrepõe-se até quase atingir o estado entrópico. O remate é uma passagem poética e radical da linguagem verbal para o desenho.
No centro da mesma sala, os visitantes serão convidados a pisar nas letras da palavra “paúra”, feitas de argila, que evocam literalmente o sentimento do título da exposição, a ideia de pisar no medo. A cerâmica também surge numa série de pequenas esculturas intitulada Máscaras de Mão (2017), cujo formato e escala se assemelham a luvas de boxe, mas também sugerem rostos desfigurados.
O processo para sua realização partiu de um insight da artista ao explorar a matéria por dentro, seu aspecto visceral. “Essa situação primitiva do barro e como isso poderia se prestar a minha poética me interessam. No início, tinha medo do processo de criar a forma, e esse sentimento me fez resgatar um poema que escrevi em 1972”, conta ela, referindo-se a MEDO DA FORMAAMORFA. A visceralidade já era um elemento recorrente em sua trajetória, mas agora assume caráter mais sensitivo.
Numa linha de pesquisa que se desenvolvia paralelamente e em diálogo com as peças de cerâmica, a artista vinha fazendo experimentos com alvos utilizados em academias de tiro – um elemento incômodo e perturbador num tempo em que a violência se dissemina de maneira assustadora e se volta contra alvos determinados, mas também aleatórios. Durante o processo de pesquisa, Lenora decidiu recolher no lixo de uma academia de tiros em São Paulo alguns exemplares de alvos usados, que serão apresentados na mostra. “Chamou minha atenção a carga de violência contida nessas figuras em ‘decomposição’ após os tiros que receberam – imagens de corpos que nunca viveram, mas morreram de forma violenta”, comenta.
As peças também serviram como ponto de partida para o vídeo Alvos, que foi gravado numa das salas dessa academia, no qual a artista posiciona a figura do alvo no próprio rosto. “O que se destacou nessa imagem é o fato de o ponto que direciona o tiro estar situado em cima da boca. Essa conexão com a língua e a linguagem me interessa”, explica, e complementa: “O intrigante é que essa figura possui uma expressão impávida, cujo significado é justamente o oposto de ‘paúra’”.
Lenora de Barros realizou seus primeiros trabalhos na década de 1970, num campo de pesquisas que privilegiava as relações entre palavra e imagem. Filha do artista Geraldo de Barros (1923-1998), ela conheceu de perto o ambiente do construtivismo paulista. “Cresci nesse meio estimulante interagindo com artistas e poetas, sob a influência do concretismo, da cultura pop e do clima de experimentalismo e transgressão de setores do meio cultural na época em que o Brasil vivia sob uma ditadura militar. Tudo isso me influenciou e estimulou o desenvolvimento de meu trabalho, que veio a se encontrar com o ambiente mais amplo da arte contemporânea.”
Lenora de Barros (São Paulo, SP, Brasil, 1953) é formada em linguística pela Universidade de São Paulo. Realizou exposições individuais em importantes espaços na cidade, como Paço das Artes, Oficina Cultural Oswald de Andrade (2016); Pivô (2014); no Rio de Janeiro, na Oi Futuro (2010) e Paço Imperial (2006).
Entre as coletivas, destacam-se: Radical Women: Latin American Art, 1960-1985, Hammer Museum, Los Angeles, EUA (2017); 17 a, 24 a e 30 a Bienal de São Paulo (1983, 1998 e 2013), São Paulo; 4 a Thessaloniki Biennial of Contemporary Art, Tessalônica, Grécia, e 17ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013); 11 th Biennial of Lyon, Lyon, França (2011), e For You, The Daros Latinamerica, Zurique, Suíça (2009); MAM(na)OCA, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP e Desidentidad, Institut Valencià d’Art Moderne – Ivam, Valência, Espanha (2006); 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2005/2009); Visual Poetry, Mexic-Art Museum, Austin, EUA, e Diverse Works Foundation, Houston, EUA (2002); Arte e Esporte na Sociedade Contemporânea, Palazzo Arengario, Milão, Itália (2001).
Foi premiada na 1ª Mostra RioArte, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ, com a instalação sonora Deve Haver Nada a Ver, em 2001. Recebeu, em 2002, a bolsa da Fundação Vitae, São Paulo, SP quando realizou o projeto de livro e cd Para Ver em Voz Alta, e foi indicada à 11a edição do Grants & Commissions Program da Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA (2015). Também participou como artista-curadora da Radiovisual, 7ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2009). Obras em coleções públicas incluem: Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha; Daros Latinoamerica, Zurique, Suíça; Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras instituições.
Décio Pignatari na Millan, São Paulo
Galeria Millan recebe em novembro exposição que destaca a produção artística de Décio Pignatari
Na mostra curada por João Bandeira, serão apresentados trabalhos pouco conhecidos do artista, e público poderá manipular e levar fac-símiles para casa
A Galeria Millan recebe, de 22 de novembro a 20 de dezembro de 2017, a exposição Décio Pignatari – Na Arte Interessa O Que Não, com curadoria de João Bandeira. A singularidade da mostra se caracteriza pela apresentação de uma maioria de trabalhos menos conhecidos, incluindo alguns há muito fora de circulação, produzidos entre os anos 1950 até os 2000, sem deixar de fora exemplos dos clássicos da produção de Décio Pignatari, num conjunto de cerca de trinta obras.
Também serão exibidos manuscritos e datiloscritos originais, cartas, fotografias e outros documentos, alguns deles jamais vistos publicamente, e ainda material sonoro e audiovisual. A exposição, que ocupa os dois andares da galeria, se propõe a dar um panorama conciso mas multifacetado da produção artística de Décio, que amplia a compreensão de sua obra para além do reconhecimento como um dos fundadores da poesia concreta ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos.
Ao longo de mais de meio século de atuação no meio cultural do país, Décio Pignatari explorou nos seus trabalhos não apenas a dimensão semântica, mas também sonora e principalmente visual da linguagem. Nome-chave da poesia visual no Brasil, ficou conhecido por sua inquietude criativa, sendo também autor de peças de teatro, contos e um romance, sempre com alto grau de experimentação, além de uma série de textos de referência nas áreas da semiótica e da teoria da comunicação.
Parte da sua rica produção artística poderá ser vista na exposição, incluindo originais de época de poemas visuais como Terra (1958) e o icônico Beba Coca-Cola (em versão serigráfica assinada por Décio em 1991), além de obras como Pelé e Agora, da série Poemas Semióticos (1964) e uma tiragem fac-símile de Cr$isto é a Solução (1967) — que o público poderá levar pra casa — que dialogam de perto com o contexto atual do país. Em meio a uma variedade de técnicas e suportes – impressos em offset e em serigrafia, objetos, gravações de áudio e outros – os visitantes terão acesso a dois importantes poemas-livro, Life (1958) e Organismo (1960), disponibilizados em réplicas que poderão ser manipuladas no espaço expositivo.
O curador João Bandeira considera que a obra de Décio Pignatari “é como um continente ainda mal conhecido”. E completa: “o trabalho do Décio ao lado dos irmãos Campos na criação da poesia concreta nos anos 1950 e a discussão sobre isso que ele encampou com eles é, com certeza, uma herança fundamental. Mas a originalidade e a amplitude da produção dele não se esgotam aí. Ele tinha uma coragem de arriscar que eu acho admirável. Além do Décio designer de linguagem naquele padrão suíço mais conhecido, tem também o Décio “udigrudi”, que trocava figurinhas com, por exemplo, Hélio Oiticica ou Júlio Bressane, e que criou com Rogério Duprat o impagável ‘Marda – Movimento de Arregimentação Radical em Defesa da Arte’, pautado pela mais ácida irreverência, de onde saíram roteiros para fotonovelas e coisas como happenings ao som do jingle Brazil, My Mother (de 1970), que, aliás, vai estar também nesta exposição na galeria Millan”.
Décio Pignatari (Jundiaí, 1927 – São Paulo, 2012) foi poeta, tradutor, semioticista, ensaísta e professor. Seus primeiros poemas publicados apareceram em jornais de São Paulo e na Revista de Novíssimos, em 1949. No ano seguinte, lançou o livro de poemas Carrossel, e em 1952 formou o grupo Noigandres com os irmãos Haroldo e Augusto de Campos. Em 1956, participou da Exposição Nacional da Arte Concreta, no MAM, São Paulo. Em 1958, foi um dos autores do manifesto Plano-piloto para poesia concreta, e em 1960, integrou a equipe Invenção, que publicava uma página semanal no Correio Paulistano, embrião da revista de vanguarda de mesmo nome da qual Décio será o diretor responsável. Foi colunista da Folha de S. Paulo e colaborador de diversos outros jornais da capital paulista e do Rio de Janeiro. Em 1986, publicou o livro de contos O Rosto da Memória, em 1992 o romance Panteros, e em 2000 o volume de prosa memorialística Errâncias. Também escreveu as peças Céu de Lona (2003) e Viagem Magnética (2007). Interlocutor de Umberto Eco, Roman Jakobson, Pierre Boulez e outros intelectuais e artistas de renome internacional, Décio publicou, como teórico da comunicação, os livros Informação, Linguagem e Comunicação (1968), Contracomunicação (1971), Semiótica e Literatura (1974), Signagem da Televisão (1984), Letras, Artes, Mídia (1995) e Cultura Pós-Nacionalista (1998), além de traduzir obras de Marshall McLuhan e de dar aulas na ESDI – Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de Janeiro, na FAU-USP e na PUC de São Paulo, entre outras instituições. Boa parte de sua produção poética está coligida em Poesia pois é Poesia (1977, com edições posteriores). Traduziu obras de Dante, Shakespeare, Goethe, Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé, Pound e de muitos outros autores, reunidas nos livros Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 31 Poetas 214 Poemas (1997).
João Bandeira estudou música e artes visuais, graduou-se e pós-graduou-se em Letras pela Universidade de São Paulo. Escritor e crítico de arte, foi Coordenador e membro do Conselho Curador do Centro Maria Antonia da USP, em São Paulo (2005 a 2016), e atualmente é Coordenador do Espaço das Artes da ECA-USP. Autor e organizador de diversos livros, como Rente (Ateliê Editorial, 1997), Arte Concreta Paulista – Documentos (Cosac Naify, 2003), Arte Contemporânea Brasileira – Ensaios e Conversas (org. com Sônia Salzstein, USP/ICC, 2011) e Quem Quando Queira (Cosac Naify, 2015), foi também editor do Caderno SP Arte (SP Arte/OESP, 2006) e da Revista SP Arte (SP Arte/Cosac Naify, 2007). Escreveu textos para catálogos de exposição de artistas como Waltercio Caldas, Regina Silveira, Iole de Freitas, Fernanda Gomes, Jac Leirner, Paulo Monteiro, Bruno Dunley e David Batchelor. Foi curador de exposições coletivas como Concreta ’56 – A Raiz da Forma (com Lorenzo Mammì, MAM-SP, 2006) e Paisagens Fugidias (com Marta Bogéa, Maria Antonia, 2016) e individuais de, entre outros, Evgen Bavcar (Itaú Cultural, 2003), Maurício Nogueira Lima (Maria Antonia, 2008), Geraldo de Barros (Sesc Pinheiros, 2009), Nuno Ramos, Cildo Meireles (ambas no Maria Antonia, 2013) e Lina Bo Bardi (Sesc Pompeia, 2014).
Anna Bella Geiger na Murilo Castro, Belo Horizonte
Exposição em Belo Horizonte percorre a história da videoarte no Brasil na obra de Anna Bella Geiger. Será a maior mostra de vídeos da artista já realizada fora do circuito instiucional no país.
Mostra que reúne praticamente toda a obra da artista, organizada em vários programas definidos por questões conceituais e temporais diversas, será realizada na Galeria Murilo Castro, entre os dias 23 de novembro e 22 de dezembro de 2017
Se a arte nasce das inquietações humanas, pode-se dizer que Anna Bella Geiger fez uma verdadeira revolução nos meios e formas de expressão artística no Brasil. Com um olhar voltado sempre para o novo, ela expandiu sua capacidade criativa, inaugurando no país, no início de 1974, um movimento de vanguarda que mais tarde se consolidaria em definitivo: a videoarte. Toda essa narrativa será retratada na exposição A história da vídeoarte no Brasil na obra de Anna Bella Geiger, promovida pela Galeria Murilo Castro, em Belo Horizonte, a partir do próximo dia 23 de novembro.
Experimental por natureza, Anna Bella, que nasceu em 1933 e ainda hoje produz obras de relevância inquestionável no Brasil, deu forma a uma arte que foi do moderno ao contemporâneo como poucos conseguiram fazer. Contudo, após os anos 1960, ela se viu limitada por linguagens já exploradas, como explica o galerista Murilo Castro. “Anna estava em pleno processo de ampliação inventiva e já era muito conhecida no meio artístico, porém, a certa altura da carreira, viu sua criatividade ser desafiada pelos meios usuais e decidiu, então, incorporar o vídeo ao plástico da sua obra. Dessa forma, ela desenvolveu uma linguagem inovadora no país expressa por meio do audiovisual”, pontua.
A história da videoarte no Brasil se confunde com a trajetória de Anna Bella. Precursora dessa técnica no país, ela foi uma dos quatro artistas nacionais que tiveram acesso, na década de 1970, ao Portapak, equipamento de gravação importado dos Estados Unidos. “Foi nesse momento que ela começou a capturar e reproduzir imagens de suas pinturas, objetos, gravuras, criando um conceito que oferecia novas possibilidades para a sua arte. Com isso, ela deu vida a obras que a colocaram em uma posição única e grandiosa no cenário da arte”, destaca Castro.
Com obras como “Mapas Elementares”, “Passagem” e “Circa”, a videoarte de Anna Bella Geiger aborda questões contemporâneas, como o contexto social, imagem da mulher e aspectos do próprio universo artístico, aproximando a arte do pensamento crítico. “Nesse sentido, ela se utiliza de redundâncias, loopings e outras técnicas para compor sua obra audiovisual, levando o espectador a questionar o tempo, e passear entre o presente e o futuro”, afirma o galerista.
Toda essa história e os fatos sobre a vida e carreia de Anna Bella Geiger – que também é escultora, pintora, gravadora, desenhista e professora – poderão ser conferidos até o dia 22 de dezembro, na Galeria Murilo Castro. “Os visitantes irão se encantar com uma grande montagem dedicada a essa artista transcultural que dividiu a história da arte no Brasil e poderão se inspirar com vídeos de performance e uma extensa produção intermidiática”, finaliza Castro.
Água no Sesc Belenzinho, São Paulo
O Sesc São Paulo apresenta ao público: Água, exposição itinerante apresentada este ano em Genebra no Dia Mundial da Água. Com 23 artistas de diversas partes do mundo, conta com a curadoria de Adelina von Fürstenberg, uma das principais curadoras da atualidade, ganhadora do Leão de Ouro na 56ª Bienal de Veneza (2015). A exposição tem a missão de despertar a consciência sobre questões fundamentais, como sua escassez, por meio da arte contemporânea.
Os artistas participantes propõem por meio de suas obras de arte - instalações, vídeoinstalações, vídeo-projeções, fotografias, esculturas, desenhos e pinturas, incluindo produções específicas para o local e novas obras - uma reflexão sobre a água, em que o gerenciamento é um dos maiores desafios e objetivo prioritário para o século XXI. A abertura acontece no próximo dia 22 de novembro, quarta-feira, das 20h às 22h, no Sesc Belenzinho. As obras tratam de questões de meio ambiente, biodiversidade, ecossistemas, mudanças climáticas e conservação da água como um recurso vital.
A mostra enfatiza a responsabilidade coletiva em relação ao elemento água na sociedade contemporânea. A água é essencial para os organismos vivos; portanto, tratar dessa temática é uma questão urgente, logo, tornou-se um dos mais importantes desafios globais de nosso mundo. Afinal, de quem é a água? A água é um bem privado ou um recurso público?
Para o Diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda,“a abordagem e o enfrentamento de problemas dessa magnitude não estão circunscritos aos círculos científicos, como demonstra a exposição Água, proposição no campo cultural que dá a ver o engajamento dos artistas frente a ameaças que nos rondam num mundo que, em nome da geração ilimitada de produtos e capitais, parece propenso a consumir a si próprio, numa espécie de autofagia. Comprometido com leituras críticas da realidade, o Sesc acredita na capacidade de sensibilização da arte frente a urgências que tocam a todos nós enquanto agentes de transformação” comenta em texto sobre a exposição.
ALGUNS DESTAQUES
A exposição apresenta uma série de reflexões sobre a água, comentadas pelos próprios artistas, como, por exemplo, a questão da sacralidade no filme L’Eau – Ganga (algo como “A Água – Ganges”), de Velu Viswanadhan, ou da secura em One More Garden, One More Circle (Mais um Jardim, Mais um Círculo), instalação efêmera de Maria Tsagkari feita inteiramente de cinzas.
A poluição fica especialmente enfatizada na videoinstalação de Noritoshi Hirakawa sobre as consequências da catástrofe de Fukushima, em 2011 e a contaminação radioativa das águas.
Já o filme de Nigol Bezjian, Me, Water, Life (Eu, Água, Vida), trata a escassez de água nas zonas de conflito, como em um campo de refugiados sírios no Líbano, ou a série de obras Palavras, de Stefano Boccalini, sobre este debate inflamado e de grande atualidade: a água – bem público ou propriedade privada?
Destacamos também a obra de Jonathas de Andrade, Maré (Tide),2014, formada por 111 gravuras em tinta UV sobre madeira de bordo, mostrando imagens de um velho iate clube de Maceió, estado de Alagoas (onde Jonathas nasceu). E também Ondas d’Água, de Guto Lacaz, criada especialmente para a praça do Sesc Belenzinho em sua inauguração, incorporada a esta exposição, por se tratar da mesma temática.
Em Arrasto, Marcelo Mosqueta realizou uma expedição pelo rio mais importante de São Paulo, o Rio Tietê, onde coletou pedras, argila, areia e vários minerais, documentando e classificando os elementos encontrados nas margens e compondo um depósito de lembranças, relatos para um pequeno museu de curiosidades, cada uma compartilhando seu lado do leito fluido.
De Dan Perjovschi destacamosNotes and Postcards on Water (Notas e Postais sobre Água), 2017. Usando sua típica ferramenta de expressão – desenhos nas paredes baseados em tópicos políticos, sociais e culturais – o artista fala sobre questões da água em nossa vida cotidiana, inserindo páginas ou anúncios de jornais. Além disso, apresenta uma coleção de postais encontrados em lojas para turistas e bazares de lugares que ele visitou, que incluem elementos como lagos, rios e fontes e foram enviados diretamente para São Paulo pelo Correio.
A videoinstalação Theatrum Orbis Terrarum, de Salomé Lamas, apresenta-se como um filme de exploração, uma viagem sensorial, uma história vertiginosa, e, com certeza, como um filme de aventura. Segundo a definição da artista, “when I look at the sea for long, I lose interest on what happens on land” (quando olho o mar por muito tempo, deixo de me interessar por aquilo que acontece em terra).
A exposição é um projeto de ART for The World, ONG (Organização Não Governamental) afiliada ao UNDPI (Departamento de Informação Pública das Nações Unidas), produzido e executado pelo Sesc São Paulo, instituição com a qual colabora regularmente.
novembro 17, 2017
Guilherme Dable na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Em suas pinturas, vídeo e intervenção feita especialmente para o espaço da galeria, o artista gaúcho traz a memória de sua infância, das músicas ouvidas no rádio a azulejos modernistas. Com esta exposição, a galeria inaugura programa de individuais de artistas jovens já reconhecidos no circuito de arte.
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 22 de novembro de 2017 a exposição Fiz ele soletrar o seu nome, com trabalhos inéditos e recentes do artista Guilherme Dable (Porto Alegre, em 1976), ativo no circuito nacional e internacional de arte. Com curadoria de Daniela Name, a mostra reunirá 20 pinturas abstratas de formatos variados, uma intervenção criada especialmente para a parede de vidro que divide a sala do segundo andar da área externa da galeria, onde será exibido no contêiner o vídeo "O rádio sempre estava ligado na cozinha (ou) the hammer of the gods”, principal trabalho da exposição homônima realizada em 2016 na Belmacz Gallery, em Londres. No mesmo ano o artista integrou a coletiva “Em Polvorosa: um panorama das Coleções MAM Rio”, com curadoria Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Daniela Name comenta que “Dable vem construindo uma carreira em que mistura as linguagens da pintura e do desenho a trabalhos híbridos, com forte influência da música e eventualmente permeados por objetos cotidianos”. Ela explica que na intervenção feita especificamente para o espaço da galeria, Guilherme Dable “se relaciona diretamente com uma memória de infância – a das padronagens vibrantes e populares dos azulejos que decoravam banheiros e cozinhas brasileiros nos anos 1970, mesclando essas estampas com uma vegetação tropical transformada em muxarabi e vitral do espaço expositivo”.
O artista destaca que os azulejos têm profunda relação com o rádio a que se refere o vídeo exibido no contêiner. “Há o azulejo que, de certa forma, assina parte do projeto modernista brasileiro, com Athos Bulcão. Do ponto subtropical onde cresci, estes praticamente inexistiam: a estética moderna estava nas cores berrantes e na geometria setentista dos azulejos da cozinha, que ecoavam o som das rádios populares e ‘suavam vapor de sopa quente’, como diz uma canção interpretada por Romulo Fróes”.
Daniela Name destaca a “curiosa ponte que o artista realiza entre esse seu arquivo pessoal, subjetivo, e uma espécie de sismógrafos do momento que o país atravessa”. “Há um Brasil constantemente apartado pelas elites que se infiltra e se impõe, não apenas nesses trabalhos, mas também através deles na própria história do Dable como artista. O rádio ouvido pelas empregadas domésticas, o som com Odair José e Roberto Carlos vindo da área de serviço se mistura a essa explosão popular de cores, tão brasileira, mas nem sempre confortável para a autonomeada ‘inteligência nacional’. Esse país abafado ferve como a chaleira do vídeo apresentado na exposição. Os ruídos aparentemente desordenados indicam que o caldo social e simbólico pode derramar a qualquer momento”.
A individual de Guilherme Dable inaugura um programa dedicado aos artistas jovens da Anita Schwartz Galeria de Arte. Já estão previstas as mostras de Marcela Florido, em janeiro de 2018, e Arthur Chaves, em março.
Guilherme Dable nasceu em 1976 em Porto Alegre, onde vive e trabalha. É cofundador do Atelier Subterrânea, espaço independente que atuou baseado na capital gaúcha entre 2006 e 2015.
novembro 16, 2017
Carla Chaim na Athena, Rio de Janeiro
Artista paulistana apresentará trabalhos inéditos, pensados a partir do espaço expositivo da galeria, que buscam ultrapassar os limites da concepção tradicional de desenho
A galeria Athena Contemporânea apresenta, a partir do dia 21 de novembro de 2017, a exposição Carla Chaim – óleo fita carbono, com obras inéditas, pensadas especialmente para esta mostra, a partir do espaço expositivo da galeria. As obras buscam ultrapassar os limites da concepção tradicional de desenho, explorando-o não como risco, mas como pensamento. Na mostra, será apresentada uma videoinstalação, composta de dois vídeos, em que a artista usa o próprio corpo como ferramenta para o desenho, explorando o espaço expositivo da galeria. Serão apresentados, ainda, desenhos-objetos, feitos em papel-carbono a partir da arquitetura do espaço.
A ideia da exposição parte de uma pesquisa recente da artista, iniciada em 2015, em que ela usa o espaço expositivo como matéria-prima para as obras. A planta da galeria chamou a atenção da artista por ter a forma de U, com dois lados separados e iguais no tamanho. A partir disso, ela criou as obras da exposição. Os desenhos-objetos, intitulados “Desenhos falsos”, foram feitos com várias camadas de papéis-carbono recortados nesse formato. “Penso o desenho não como linha, mas como forma, como pensamento. É o mesmo processo do desenho, é um esboço, um exercício de pensamento”, afirma a artista.
“Trata-se de uma exposição basicamente em preto-e-branco e que se utiliza de uma das linguagens mais tradicionais da história da arte, porém de uma maneira mais experimental onde noções de controle e acaso se chocam”, diz o curador Raphael Fonseca.
Para a videoinstalação, ela percorreu todo o espaço da galeria, com um bastão oleoso na mão, riscando as paredes por onde passava, fazendo com o seu próprio corpo o desenho do U. Em cada uma das salas havia uma câmera, que registrou a ação. O desenho foi apagado em seguida e na mostra será apresentado apenas o registro em vídeo. Os filmes das duas salas serão colocados “um de costas para o outro”. Para vê-los, será necessário circular as imagens, fazendo também um movimento com o corpo, assim como o que foi feito pela artista. “O espectador tem parte no trabalho, dando a volta nas projeções para compreender o todo. É um labirinto cíclico”, diz a artista.
Mais do que um suporte para o desenvolvimento de uma ideia, ou um esboço inicial de um trabalho a ser criado, o desenho na obra de Carla Chaim aparece essencialmente como um vestígio da ação de um corpo em um determinado suporte, um rastro de sua presença ou mesmo o remanescente sinal de um gesto. A artista usa o próprio corpo como uma ferramenta de trabalho, pensando-o também como um lugar de discussão conceitual, explorando seus limites físicos e sociais. “Uso o espaço e o movimento do corpo para imprimir um desenho, que é o próprio movimento em si”, ressalta Carla Chaim, que diz que os trabalhos não tentam criar narrativas ou contar histórias, eles são o próprio fazer. “O mais importante é o processo, os trabalhos não são pensados para ter uma forma final, isso vai depender do processo de execução”.
Carla Chaim (São Paulo, 1983. Vive e trabalha em São Paulo). Graduada em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP (2004), onde também fez pós-graduação em História da Arte (2007). Carla participou de diversas residências artísticas, entre elas Arteles, Finlândia (2013) e The Banff Centre for the Arts, Canadá, (2010). Dentre suas exposições individuais mais recentes estão “White Flag”, este ano, no LambArts, em Londres; “Objetos notáveis”, na Galeria do Lago, Museu da República, no Rio de Janeiro; “Colapso de Onda”, no CCBB Rio de Janeiro, entre outras. Seu trabalho foi apresentado em exposições coletivas incluindo: Frucht & Faulheit, Lothringer13 Halle, Munique, Alemanha; CODE, Osnova Gallery, Moscou, Rússia (2017); Ao Amor do Público I, Museu de Arte do Rio - MAR, Rio de Janeiro, Brasil (2016); Film Sector, Art Basel, Miami, EUA (2015); Ichariba Chode, Plaza North Gallery, Saitama, Japão (2015); Impulse, Reason, Sense, Conflict, Cisneros Fontanals Art Foundation – CIFO, Miami, USA (2014).
Carla Chaim recebeu diversos prêmios, como CCBB Contemporâneo, Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea e Prêmio Energias na Arte. Em 2016, Carla foi nomeada para o Future Generation Art Prize, onde em 2017 apresentou instalações e fotografias no Pinchuk Art Centre, Kiev, Ucrânia, e no Palazzo Contarini Polignac, Veneza, Itália, em um evento colateral à Bienal de Veneza. Sua obra faz parte de coleções como Ella Fontanals-Cisneros, Miami, USA; Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, Brasil; e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília, Brasil.
Fernanda Gomes na Luisa Strina, Rio de Janeiro
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de anunciar a exposição individual de Fernanda Gomes (Rio de Janeiro, 1960). Em sua oitava mostra na galeria, a artista apresenta trabalhos recentes e inéditos, prosseguindo sua pesquisa singular que engloba pintura e escultura, luz e espaço. (ler texto da artista)
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Exposições individuais recentes incluem: Alison Jacques Gallery, Londres (2017); Peter Kilchmann, Zurique (2015); Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, França (2013); Alison Jacques Gallery, Londres (2013); Museu da Cidade, Lisboa (2012), Galerie Emmanuel Hervé, Paris (2012); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011), Centro Cultural São Paulo, 2011.
Exposições coletivas recentes incluem: 35o Panorama da Arte Brasileira, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017, até 17 dez ); Ready Made in Brasil, Centro Cultural Fiesp, São Paulo (2017, até 28 jan ); OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); “Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades”, The Warehouse, Dallas (2017); “Third Mind. Jiri Kovanda and (Im)possibility of a Collaboration”, Galeria Nacional, Praga (2016); “Cut, Folded, Pressed & Other Actions”, David Zwirner, Nova York (2016); “Accrochage”, Punta della Dogana, Veneza (2016); “Imagine Brazil”, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); “Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui”, Centre Pompidou, Paris (2014); 13a Bienal de Istambul, Turquia (2013); 30a Bienal de São Paulo, Brasil (2012).
Coleções públicas das quais seu trabalho é parte incluem Centre Pompidou, França; Tate Collection, Inglaterra; Art Institute of Chicago, EUA; Miami Art Museum, EUA; Fundación/Colección Jumex, México; Fundação Serralves, Portugal; Museum Weserburg, Alemanha; Vancouver Art Gallery, Canadá; Centre National des Arts Plastiques, França; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna, São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Em 2016, seu trabalho foi incluído no livro Vitamin P3: Novas Perspectivas em Pintura (Phaidon, Londres).
Galeria Luisa Strina is pleased to announce Fernanda Gomes’ solo show at our space (Rio de Janeiro, 1960). On her eighth exhibition at the gallery, the artist presents recent and never seem works, pursuing her singular research that includes painting and sculpture, light and space. (read the artist statement)
Recent solo exhibitions include: Alison Jacques Gallery, London (2017); Peter Kilchmann, Zurich (2015); Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Centre International de l’art et du Paysage, Vassivière, France (2013); Alison Jacques Gallery, London (2013); Museu da Cidade, Lisbon (2012), Galerie Emmanuel Hervé, Paris (2012); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011), Centro Cultural São Paulo (2011).
Recent group shows include: 35th Brazilian Art Panorama, MAM Museu de Arte Moderna, São Paulo (2017, until 17 December); Ready Made in Brasil, Centro Cultural Fiesp, São Paulo (2017, until 28 January); “OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2017); “Doubles, Dobros, Pliegues, Pares, Twins, Mitades”, The Warehouse, Dallas (2017); “Third Mind. Jiri Kovanda and (Im)possibility of a Collaboration”, Galeria Nacional, Praga (2016); “Cut, Folded, Pressed & Other Actions”, David Zwirner, New York (2016); “Accrochage”, Punta della Dogana, Venice (2016); “Imagine Brazil”, DHC/ART, Montreal (2015), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015), Musée d’Art Contemporain de Lyon (2014), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2013); “Une histoire, art, architecture et design, des années 80 à aujourd’hui”, Centre Pompidou, Paris (2014); 13th Istambul Biennial, Turkey (2013); 30th São Paulo Biennial (2012).
Public collections holding her work include Centre Pompidou, France; Tate Collection, England; Art Institute of Chicago, USA; Miami Art Museum, USA; Fundación/Colección Jumex, Mexico; Fundação Serralves, Portugal; Museum Weserburg, Germany; Vancouver Art Gallery, Canada; Centre National des Arts Plastiques, France; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna, São Paulo; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
In 2016 her work was included in the book Vitamin P3: New Perspectives in Painting (Phaidon, London).
Coletiva Ma na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura, no dia 22 de novembro de 2017, a exposição coletiva Ma, com cerca de 20 obras recentes e inéditas, que tratam da importância da pausa e do silêncio, em um mundo com tantas informações. Com curadoria de Luisa Duarte, serão apresentadas pinturas, esculturas, objetos e intervenções de 19 artistas.
As obras da exposição possuem uma geometria sensível, paletas rebaixadas, com cores de baixa intensidade, que se contrapõem ao mundo atual, onde temos sempre muitas imagens, muitas cores e muitas informações por todos os lados. “São obras que caminham na contramão de um presente marcado pelo regime do espetáculo, da aceleração e da hipervisibilidade”, afirma a curadora Luisa Duarte.
A maioria das obras da exposição é recente ou inédita e algumas, como dos artistas Paloma Bosquê, Manoela Medeiros, Rodrigo Cass e Vivian Caccuri, foram produzidas especialmente para a mostra. Mesmo seguindo esta linha, a curadora optou por também incluir a obra “Buraco ao Lado”, de Anna Maria Maiolino, que faz parte da série “Desenho Objeto”, de 1976/2005. O emblemático trabalho, que foi incluído por se enquadrar na proposta da mostra, é composto por diversos papeis brancos sobrepostos e recortados, que são colocados dentro de uma caixa de madeira com vidro.
Alguns dos trabalhos da exposição possuem cores neutras e delicadas, como é o caso das obras de Fernanda Gomes, feitas com madeira e tinta branca, e Valdirlei Dias Nunes, que apresenta dois relevos em que placas de mdf são envoltas por uma fina camada de madeira de cedro, como se fossem quadros.
Em outros, a ideia da pausa aparece em obras que parecem ter tido o movimento interrompido, como “Cumplicidade #5”, de Túlio Pinto, em que uma grande barra de concreto e uma bola de vidro são segurados por uma corda, e “Corpo de prova n 17”, de Lucas Simões, em que um bloco de concreto não está totalmente apoiado no chão. Em ambas, a sensação é de que os objetos podem se movimentar a qualquer momento. Este também é o caso de “Ponto de Fuga” (2015), de Marcius Galan, em que o artista faz um rasgo na parede, onde coloca uma barra de ferro, que também é apoiada no chão.
“Em meio a uma época na qual a arte é convocada a escolher e verbalizar, constantemente, uma posição sobre o mundo, ou seja, possuir um discurso, escolher um lado, narrar situações do âmbito real, ‘Ma’ surge recordando a importância da pausa, do intervalo, do vazio necessário para que algo possa, novamente, ser dito de forma potente”, diz a curadora.
O nome da exposição vem da palavra japonesa Ma, que pode ser traduzida como a experiência do espaço que inclui elementos temporais e subjetivos. A exposição é a continuação de um projeto recente da curadora Luisa Duarte, que já realizou outras duas mostras seguindo esta mesma linha de pesquisa. O nome da mostra surgiu a partir de um texto da crítica e curadora Kiki Mazzuchelli sobre a obra de Paloma Bosquê, que estava presente em uma dessas mostras.
Lista de artistas participantes
Alexandre Canonico (Pirassununga, SP, 1974), Ana Linnemann (Rio de Janeiro, 1958), André Komatsu (São Paulo, 1978), Anna Maria Maiolino (Scalea, Calábria, Itália, 1942), Daniel Steegmann Mangrané (Barcelona, 1977), Fernanda Gomes (Rio de Janeiro, 1960), Leticia Ramos (Santo Antônio da Patrulha, RS, 1976), Lucas Simões (Catanduva, SP, 1980), Manoela Medeiros (Rio de Janeiro, RJ, 1991), Marcius Galan (Indianapolis, EUA, 1972), Maria Laet (Rio de Janeiro, 1982), Mira Schendel (Zurique, 1919 - São Paulo,1988), Nicolás Robbio (Mar del Plata, Argentina, 1975), Paloma Bosquê (Garça, SP, 1982), Rodrigo Cass (São Paulo, 1983), Romain Dumesnil (França, 1989), Túlio Pinto (Brasília, 1974), Valdirlei Dias Nunes (Bom Sucesso, Paraná, 1969) e Vivian Caccuri (São Paulo, 1986).
Luisa Duarte é crítica de arte e curadora independente. É crítica de arte do jornal O Globo, desde 2009. Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-SP. Doutoranda em Teoria da Arte pela UERJ em 2017. Foi por cinco anos membro do Conselho Consultivo do MAM-SP (2009-2013). Foi curadora de diversas exposições e do programa Rumos Artes Visuais, Instituto Itaú Cultural (2005/ 2006); integrou a equipe de curadoria de Hans Ulrich Obrist para a mostra “The Insides are on the Outside”, Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, São Paulo, 2013; Foi organizadora, com Adriano Pedrosa, do livro ABC – Arte Brasileira Contemporânea, Cosac & Naify, 2014.
novembro 14, 2017
Ana Linnemann na Periscópio. Belo Horizonte
Com peças exclusivas, "Exposição de galeria + Anotações sobre a prática" é a última mostra individual do ano no espaço
A Galeria de Arte Contemporânea Periscópio apresenta a última mostra individual do ano, a inédita Exposição de galeria + Anotações sobre a prática da renomada artista Ana Linnemann, dia 28/10, de 11h às 17h. Trata-se de uma versão expandida do projeto Exposição de galeria, acrescida de trabalhos reunidos sob o título de Anotações sobre a prática com um total de 20 obras transitando entre a pintura e a escultura. A exposição examina formatos comuns ao universo das galerias: pinturas e desenhos em condição de discordância. Ela tem uma carreira consolidada e é referência artística. “Teremos uma máquina que chuta a parede em intervalos regulares, cuja denominação é “O artista”, sendo o ponto de partida de minha exposição”, conta Ana Linnemann.
O diretor da Galeria Periscópio Rodrigo Mitre explica que um dos motivos da mostra está na importância da artista para o cenário cultural. “A nossa proposta é sempre trabalhar com artistas de gerações distintas e Ana se encaixa em uma turma com um longo período de carreira, cuja produção é madura e já tem um caminho estabelecido com uma produção singular referencial também para muitos artistas em BH”, afirma.
A artista trabalha a partir de uma trama de materiais, objetos e técnicas para verificar os formatos de pintura e desenho através de uma ótica de inversão. “À princípio, escolhi o alvo como imagem das pinturas por ser um motivo básico do universo produtivo (o alvo como meta), além das inúmeras referências à história da arte, como Jasper Johns, entre outros. Ao mesmo tempo, o alvo é uma estrutura que não sai de si mesma e, sendo a mesma sob qualquer ponto de vista, oferece uma narrativa sempre circular. As pinturas-alvo são o resultado de uma relação entre essa imagem e um processo de corte e dobra, subtraindo de um formato em que o valor é medido pelo tamanho e, dessa forma, permite pensar sobre o sistema de apreçamento ou a ideia de originalidade”, revela.
Ana Linnemann teve suas obras apresentadas em instituições, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), Museu de Arte do Rio (MAR), Paço Imperial (RJ), Museu Histórico Nacional, Galeria Laura Alvim (RJ), Centro Cultural Maria Antônia (SP), Centro Cultural São Paulo (SP), Sculpture Center (Nova Iorque), Museo del Barrio (Nova Iorque), Long Island University (Nova Iorque), MALBA (Buenos Aires), o Oslo Kunstforening (Oslo) e o Museu Imperial de Petrópolis.
A artista já recebeu diversos prêmios, como o Pró-Artes Visuais da Secretaria de Cultura da cidade do Rio de Janeiro para a produção da monografia Ana Linnemann Ultra Normal (Cosac Naify), ganhou as bolsas Vitae (São Paulo) e Pollock-Krasner (Nova Iorque) e foi uma das artistas contempladas pelo prêmio Arte e Patrimônio, Iphan, MinC.
José Patrício no Ling, Porto Alegre
Mais de 12 mil pessoas já visitaram a mostra do artista pernambucano José Patricio, que está em cartaz até o dia 18 de novembro, com entrada franca
Até o dia 18 de novembro (sábado), o Instituto Ling apresenta a exposição Explosão Fixa, do artista pernambucano José Patricio. Desde sua abertura em agosto, a exposição recebeu mais de 12.500 visitantes. Foram realizadas também cinco ações pedagógicas, contemplando 113 alunos de escolas públicas e universidades. A mostra tem entrada franca.
Explosão Fixa traz dezenove obras que perpassam os 40 anos de carreira artística de José Patrício. Na mostra em Porto Alegre/RS, que tem a curadoria de Eder Chiodetto, estão telas e instalações representativas de seu universo criativo: empregando materiais diversos e banais – como tachas, botões, fios elétricos, dados e quebra-cabeças de plástico –, o artista remove o uso tradicional desses materiais e os reorganiza para criar intrincados mosaicos que exploram a dimensão lúdica do cotidiano. A exposição apresenta também um conjunto de fotografias inéditas do artista.
Conhecido principalmente por suas instalações de chão da série Ars combinatoria (1999) – composta por milhares de peças de jogo de dominó –, José Patrício é influenciado pelos movimentos artísticos geométrico e concreto brasileiros. O artista fundamenta seus trabalhos em combinações numéricas lógicas, sugerindo que mesmo a mais rígida das fórmulas matemáticas tem o potencial de conter sua própria expressividade. Dessa forma, sua obra enfatiza a relação frágil entre ordem e sua possível dissolução. Para Chiodetto, Patrício “cria um lugar original no campo da arte, na fronteira entre a pintura, o desenho e a assemblage” e realiza “um exercício libertário, uma nova e inspiradora forma de ser e estar no mundo”.
Quanto ao conjunto de fotografias inéditas, o curador sinaliza uma nova postura do artista: “Ao sair do ateliê, onde trabalha incessantemente na construção de suas obras, para percorrer o mundo como um andarilho errante que porta uma máquina fotográfica, seu olhar se volta para a cultura popular, as vitrines e momentos de tensão entre forma, luz e arroubos cromáticos”. (ler o texto curatorial)
A exposição Explosão Fixa tem entrada franca e fica em cartaz na Galeria do Instituto Ling até o dia 18 de novembro de 2017, com patrocínio da Crown Embalagens e realização do Ministério da Cultura / Governo Federal.
Manfredo de Souzanetto na Galeria A2 + Mul.ti.plo: Armazém das Videiras, Petrópolis
Mul.ti.plo abre mostra de Manfredo de Souzanetto no Vale das Videiras
Manfredo de Souzanetto, Galeria A2 + Mul.ti.plo, Petrópolis, RJ - 19/11/2017 a 14/01/2018
Uma das propostas da Mul.ti.plo Espaço Arte, galeria carioca de arte contemporânea situada no Leblon, é não ficar restrita às suas paredes. Desta vez, o rumo é a Região Serrana do Rio: a partir de 18 de novembro, em parceria com a Galeria A2 + Mul.ti.plo, leva para o Vale das Videiras a obra de Manfredo de Souzanetto, considerado como um dos artistas mais destacados e criativos desde sua primeira individual realizada em Belo Horizonte, em 1974. Serão apresentados ao todo 15 trabalhos, entre eles, 14 da série dos “Tacapes” (madeira, cobre e pintura), realizados entre os anos de 1997 e 2016, e uma pintura recente (pigmentos e resina acrílica sobre tela e madeira), de 2017.
A obra de Manfredo de Souzanetto se desenvolve como um jogo de virtualidade e concretude, onde muitas vezes a moldura ultrapassa o limite da pintura e o suporte se fragmenta, refletindo a busca de novas possibilidades. Manfredo se utiliza de materiais diversos, como madeira, cobre, pigmentos de terra e resina acrílica. Com eles constrói composições abstratas e geométricas de grande densidade visual; são obras em que a pintura é um dos elementos constituintes e que procuram atuar no espaço real, buscando a tridimensionalidade. O artista produz os pigmentos, tirados de minérios das Minas Gerais, responsáveis por seus únicos e incontestáveis tons de rosas, ocres, vermelhos, amarelos e cinzas.
“Longe de significar o que o nome poderia sugerir, os Tacapes de Manfredo desarmam, com sua pintura tão singular, as expectativas tão em moda de uma espetacularização da pintura. Ao contrário, há em cada um desses Tacapes uma dimensão de leveza e poesia, ambas guardadas pela chave do silêncio de sua paleta”, afirma Maneco Müller, consultor de arte da Mul.ti.plo.
Pintor, desenhista e escultor, Manfredo de Souzanetto nasceu na pequena Jacinto (MG), em 1947, e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começa a estudar desenho aos 16 anos. Em 1967, muda-se para Belo Horizonte e ingressa na Escola Guignard em 1969. Estuda arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais de 1972 a 1975. Em 1974, expõe no 5° Salão de Arte Universitária, em Belo Horizonte, e recebe como prêmio uma bolsa para estudar na França. Mora em Paris entre 1975 e 1979 e freqüenta a École Nationale Louis Lumière, onde estuda fotografia, e a École Nationale Supérieure des Beaux Arts. Em Paris, descobre a pintura abstrata americana, o construtivismo russo e tem contato com o trabalho do grupo Suporte-Superfície. Retorna ao Brasil em 1980 e passa a viver no Rio de Janeiro. No ano seguinte, ingressa na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde conclui o curso de gravura. Nessa década, começa a trabalhar com telas e madeiras recortadas em formas geométricas, nas quais aplica pigmentos obtidos de amostras de terra coletadas em Minas Gerais. No fim dos anos 90, o significado de sua obra é ampliado pela utilização de materiais não pictóricos cujo objetivo é falar de cor, matéria e textura, vocabulário por excelência do fazer pictural, retirando da pintura seu caráter de superfície colorida. Em sua carreira, já participou de mais de 50 exposições, entre elas a 12ª Bienal Internacional de São Paulo, na década de 70, coletivas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna de São Paulo, na década de 80, e individuais no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 2010 e na Fundação Brasilea em Basel, Suíça, em 2013.
Lais Myrrha no Museu do Louvre Pau-Brazyl, São Paulo
Dia 18 de novembro, sábado, às 15h, o museu do louvre pau-brazyl apresenta a performance “ Desdito” da artista Lais Myrrha
O museu do louvre pau-brazyl, projeto artístico-curatorial que se desenvolve desde janeiro de 2016, surge da relação entre o Edifício Louvre, desenhado por Artacho Jurado, localizado na Avenida São Luís no 192 e o Museu do Louvre em Paris. O prédio é considerado um ready-made de museu, desde o começo de sua concepção nos anos 50 os blocos que estão localizados com vista para a avenida-boulevard recebem o nome de pintores importantes da História da Arte: Da Vinci, Rembrandt, Velásquez e Renoir. Em alusão ao mu seu parisiense, o Edifício Louvre exibe desde sua inauguração uma reprodução da Mona Lisa em um dos halls de entrada – e outros quadros, como a Dama com Arminho e As Meninas.
Os blocos do fundo, por sua vez, não receberam essa distinção. Todos os cinco foram designados univocamente pelo nome de Pedro Américo; todavia, esses só aparecem nomeados nos desenhos das plantas e em um anúncio publicitário de época. Atualmente, esses blocos são diferenciados apenas por números, sem nenhum rastro do pintor no espaço.
A segunda edição do museu do louvre pau-brazyl se dá com uma individual da artista visual Lais Myrrha, após um ano de pesquisa junto à curadoria sobre os possíveis desdobramentos para o projeto. A performance Desdito foi concebida em parceria com Vão Arquitetura, e será realizada junto ao fotógrafo Pio Figueroa e às fanfarras de rua convidadas.
Neste segundo momento, o foco está no pintor ausente do Edifício Louvre, o brasileiro Pedro Américo. Interessa-nos, de partida, refletir sobre a divisão estrutural do prédio, o que podem significar as diferenças entre a parte nobre afrancesada olhando para a avenida-boulevard arborizada e marcada com nomes icônicos da História da Arte e o fundo generalizado na figura de um pintor brasileiro que aprendeu seu ofício com a Missão Artística Francesa.
A performance parte do quadro Independência ou Morte (1988) de Pedro Américo, imagem forjada para representar a independência do Brasil, coloca-o pela primeira vez de frente para a Avenida São Luís e para os jardins da Biblioteca, trazendo a História do Brasil como tema central de discussão: questiona-se os eventos oficiais do país como a nossa Independência e as construções imagéticas que surgem para retratá-los, influenciando de forma direta como as Narrativas Históricas são formadas.
* A performance começará no horário, às 15h, com duração de aproximadamente 30 minutos.
** A performance acontecerá uma única vez; ponto de encontro: guarita do prédio. O registro da performance ficará exposto na escadaria do museu do louvre pau-brazyl de 1/12 a 21/12, de segunda à sexta, das 8h às 18h. Visitas no fim de semana podem ser agendadas por email.
Tatiana Stropp na Adelina, São Paulo
Cultura oriental e estudos sobre luz e cores estão presentes nas próximas exposições da Adelina Galeria
A partir de 16 de novembro, a Adelina Galeria recebe duas novas exposições: Entre(meios, com obras de Erica Kaminishi e curadoria de João J. Spinelli, e 16.02I27.09l19.10lCuritiba: A Coisa em Si, de Tatiana Stropp e curadoria de Paulo Gallina. Erica Kaminishi, que também expõe um dos seus trabalhos no Japanese American National Museum (que aparece em vídeo na galeria), em Los Angeles e representa a Adelina na PARTE Feira de Arte Contemporânea, apresenta ao público toda a influência da cultura oriental em seu trabalho e sua constante busca pela identidade. Já Tatiana pesquisa novos tamanhos de suas peças pintadas em alumínio, além de interferências, continuando a pesquisar luz e combinação de cores.
Tatiana Stropp traz oito trabalhos que nunca estiveram em exposição e, parte deles, produzidos especialmente para a mostra. A artista que sempre usou chapas de alumínio lisas, com algumas dobras, começa a testar novos tamanhos e também a introduzir algumas texturas ou ruídos nas obras. Nessa exposição, Tatiana produz dando continuidade à sua pesquisa baseada na relação das cores e na luz. Porém, com a introdução de novos elementos, as suas chapas de alumínio ganham uma ativação a mais no suporte e ganham um reforço na sua materialidade.
“Cheguei ao uso do alumínio meio que por acaso, quando conheci uma serralharia próxima de casa. Porém, fui me interessando sobre o efeito da tinta nesse material, como ele reage a cor e a luz e seu reflexo. Agora, resolvi também testar outros tamanhos e também incluir um relevo ou textura, o que me leva a novos desafios”, explica Tatiana.
O suporte em alumínio, segundo o curador Paulo Gallina, reforça que a pesquisa de Tatiana vai muito além da pintura. “Tratando-se de uma técnica histórica, a pintura que estamos comentando inova na base que recebe o pigmento e a emulsão. A artista cria sobre telas de alumínio, recortadas e dobradas antes do processo em pintura iniciar-se. Esta subversão retorna ao espaço tridimensional uma técnica que anula a notação da perspectiva falseada dos italianos do século XV. A dobra no suporte é também uma linha, atravessando a superfície pictórica”, explica.
Programação paralela
Além das exposições, as artistas Erica Kaminishi e Tatiana Stropp convidam o público a um contato mais próximo com suas técnicas e obras, por meio de bate-papos e oficinas ministradas durante o período que as mostras estarão em cartaz. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público mediante inscrição.
Conversa na Adelina: Tatiana Stropp e Paulo Gallina
Tatiana Stropp e Paulo Gallina conversam com o público sobre o processo de criação e curadoria da mostra “A Coisa em Si”.
Data: 23/11 (quinta-feira), às 19h30.
Local: Adelina Galeria (Rua Cardoso de Almeida, 1285, Perdizes)
Oficina Caderno de Cores
Nessa oficina, Tatiana Stropp trabalha a questão das cores com o público.
Data: 25/11 (sábado), às 11h.
Local: Ateliê Adelina (Rua Cardoso de Almeida, 1372, Perdizes)
Biografias
Tatiana Stropp (Campinas, São Paulo, 1974) é bacharelada no curso de Pintura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Possui obras em acervos de importantes instituições como o Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte da Universidade Federal do Paraná e Fundação Romulo Maiorana, além de ter participado de exposições pelo Brasil, Madrid e Palma de Mallorca na Espanha. Foi indicada ao Prêmio PIPA nos anos de 2012 e 2013 e também faz parte da plataforma de pesquisa em Arte Contemporânea Latino Americana Abstraction in Action. A artista trabalha com chapas de alumínio e sua pesquisa envolve, além de questões como limites e proximidades, o uso da cor e suas relações cromáticas. Suas obras trazem diferentes tons que aparecem por meio da técnica de velatura, com camadas tênues de tinta sob o alumínio, criando efeitos de opacidade e transparência, incorporando a luz ambiente na própria superfície da pintura.
Paulo Gallina (Piracicaba, SP, 1985) crítico de arte e curador independente, formado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Durante sua formação, participou do Grupo de Estudos de Crítica e Curadoria da ECA-USP orientado pelo professor doutor Domingos Tadeu Chiarelli (2009-2012). Colaborou com os espaços independentes: Ateliê OÇO (2010) e o Ateliê 397 (2013); como crítico residente, além de atuar como crítico e curador do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2010-2013). Ministrou cursos sobre história da arte em instituições culturais como o Insituto Tomie Ohtake (2013) e o Instituto Itaú Cultural (2014). Nos últimos anos curou as exposições: Nino Cais: Das Bandeiras e dos Viajantes (SESC, São Carlos, Ribeirão Preto e São Paulo, 2013); Primeira Leitura (Zipper Galeria, São Paulo, 2014); O saber da linha (LAB570, São Paulo, 2014/PINTA LONDON, Londres, 2015); Alguma coisa descartável (Museu de arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2014); Estruturas precárias (Galeria Paralelo, São Paulo, 2015); Apagamentos (Caixa Cultural, São Paulo, 2016); Soluções duradouras (Tal Galeria, Rio de Janeiro, 2017); A vida das pessoas extraordinárias (MNAV, Montevidéu, 2017); Máquina sem palavras (MFCC, Curitiba, 2017); Tudo que está coberto (Galeria Aura, São Paulo, 2017); entre outras. Tem textos publicados em livros e catálogos, destacando as leituras críticas do e-book O MAC essencial II e o ensaio elaborado para o catálogo da exposição Os primeiros 10 anos, realizada no Instituto Tomie Ohtake, na qual também foi um dos curadores.
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado empresário Fabio Luchetti e dirigido por ele e sua equipe, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.
Erica Kaminishi na Adelina, São Paulo
Cultura oriental e estudos sobre luz e cores estão presentes nas próximas exposições da Adelina Galeria
A partir de 16 de novembro, a Adelina Galeria recebe duas novas exposições: Entre(meios, com obras de Erica Kaminishi e curadoria de João J. Spinelli, e 16.02I27.09l19.10lCuritiba: A Coisa em Si, de Tatiana Stropp e curadoria de Paulo Gallina. Erica Kaminishi, que também expõe um dos seus trabalhos no Japanese American National Museum (que aparece em vídeo na galeria), em Los Angeles e representa a Adelina na PARTE Feira de Arte Contemporânea, apresenta ao público toda a influência da cultura oriental em seu trabalho e sua constante busca pela identidade. Já Tatiana pesquisa novos tamanhos de suas peças pintadas em alumínio, além de interferências, continuando a pesquisar luz e combinação de cores.
Em Entre(meios, Erica Kaminishi busca dar nova aparência para os materiais que utiliza, fazendo com a tela pareça papel e o papel pareça cerâmica, por exemplo, além de trazer uma estética própria da cultura oriental, em que o dourado e o azul são as cores predominantes. O trabalho de Kaminishi é baseado na busca constante de identidade e a artista (que atualmente mora na França) traz dois elementos que representam a dualidade e ambiguidade entre aparência e essência da cultura nipo-brasileira ou nikkei: o poema como referência à língua materna e simbologias da cultura japonesa tradicional. A exposição é composta por telas e uma instalação com esculturas que recriam um jardim japonês. Em todas as obras, Erica transcreve, repetidamente, poemas de Fernando Pessoa.
“Ao re-trabalhar elementos culturais que remetem à minha origem, trago para a superfície confrontos relacionados às questões sobre identidade, território e simbologias voláteis, que sempre defino como ausentes ou vazias, pois se modificam de acordo com o tempo e espaço. São desconstruções de simbologias cultivadas ao longo do tempo; iconizadas como realidade pulsante e denominadoras de uma identidade. Mas que atualmente, sofrem mudanças de valores”, explica.
Mais do que uma pesquisa sobre o seu, na visão de João Spinelli, curador de Kaminishi, seu trabalho traz novos significados para elementos culturais nipônicos tradicionais. “Associações e ou contradições destas culturas presentificam-se em suas obras. A criadora sutilmente incorpora, desvenda e ressignifica idéias-máximas nipônicas fundamentais: WABI-SABI-MA-MONO NO AWARE e a elegância refinada do MIAYBI, reconfigurados pela artista à contemporaneidade. Memórias e resíduos culturais seculares são visíveis em suas criações tridimensionais. Distantes de padrões convencionais relacionam-se, integram-se no espaço expositivo em instalações diferenciadas: releituras coetâneas, sintéticas dos tradicionais jardins japoneses zen-budistas (que eram pensados para conduzir o espectador a um estado de meditação calma, contemplativa, considerados até hoje, por especialistas como uma das modalidades artísticas mais sublimes da cultura oriental) agora são reformulados pela percepção estética de Erica Kaminishi à atualidade.
Programação paralela
Além das exposições, as artistas Erica Kaminishi e Tatiana Stropp convidam o público a um contato mais próximo com suas técnicas e obras, por meio de bate-papos e oficinas ministradas durante o período que as mostras estarão em cartaz. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público mediante inscrição.
Conversa na Adelina: Erica Kaminishi e João J. Spinelli
Erica Kaminishi e João J. Spinelli conversam com o público sobre o processo de criação e curadoria da mostra “Entre(Meios”.
Data: 16/11 (quinta-feira), às 19h30.
Local: Adelina Galeria (Rua Cardoso de Almeida, 1285, Perdizes)
Oficina Cartografia poética
Nessa oficina, Erica Kaminishi trabalha com os participantes a produção de um mapa poético baseado na memória e história de cada um, valendo-se de cartas, fotos, mapas, poemas e livros pessoais.
Data: 18/11 (sábado), às 15h
Local: Ateliê Adelina (Rua Cardoso de Almeida, 1372, Perdizes)
Biografias
Erica Kamishi (Rondonópolis, Paraná, 1979) se formou em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná e se pós-graduou em Artes Visuais e Cinema na Nihon University (Tóquio/Japão), onde também fez seu mestrado na mesma área. Já participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Japão e Canadá. Atualmente, tem uma instalação no Japanese American National Museum, em Los Angeles (EUA). A artista usa o desenho como parte do seu repertório, buscando elementos na poesia da palavra escrita (sejam textos dela ou de outra pessoa). Além de usar as palavras como uma ideia contextual, Erica também as transforma em formas que acabam compondo seus desenhos. Em seus trabalhos atuais, os desenhos continuam lá, mas estão inseridos em um contexto mais amplo, que inclui esculturas e vídeos, além de obras interativas. A pesquisa de Erica trabalha muito sua relação com a cultura japonesa e brasileira, sempre em busca de uma identidade pessoal da artista.
João J. Spinelli (Ibitinga, SP, 1949) desde pequeno manifestou interesse pelo desenho e pela pintura. Ainda jovem, mudou-se para São Paulo para se preparar para o vestibular. Atraído pelas artes plásticas, gostava de freqüentar galerias de arte. Um dia, visitando uma exposição de quadros, conheceu o pintor Aldo Bonadei, que o convidou para ter aulas de pintura em seu ateliê. Por recomendação do professor, o jovem artista passou a estudar na Sala de Artes da Biblioteca Mário de Andrade.Seguiu os estudos no curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e a Biblioteca continuou a ser o seu ponto de referência para os estudos de artes. Segundo ele, a Sala de Artes contava com um dos melhores acervos da América Latina. Trabalhou como professor de desenho em escolas da periferia, deu aulas de artes no extinto Colégio Sacré-Coeur, na Faculdade Municipal de Santo André e na FAAP. Concluiu o mestrado e o doutorado na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade São Paulo (USP). Depois foi professor na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e dedicou-se a inúmeras curadorias dentro e fora do país, organizando montagens em vários espaços, inclusive na Biblioteca Mário de Andrade.
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado empresário Fabio Luchetti e dirigido por ele e sua equipe, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.
novembro 13, 2017
Adriano Amaral na Jaqueline Martins, São Paulo
Primeira individual de Adriano Amaral na Galeria Jaqueline Martins abre dia 11 de novembro
Em Rurais, elementos naturais encontram produtos artificiais numa alegoria do corpo humano. Vídeos, instalações e diversos materiais compõem a última exposilção do ano na galeria
O trabalho de Amaral é marcado por um exame aprofundado sobre a natureza das coisas que nos cercam. O corpo humano como uma entidade fechada e simultaneamente porosa, nossas percepções de espaço arquitetônico e o valor dos objetos cotidianos são a base de sua pesquisa artística. Em seu trabalho, vários materiais e estados de matéria se misturam. Elementos naturais como água, luz, ar e terra de carvão encontram produtos artificiais como silicone, maquiagem, roupas, alumínio, fragmentos de máquinas, resina artificial ou concreto. Esses materiais e substâncias contrastantes são freqüentemente empregados para evocar conexões ou para atuar como partes normais do corpo humano.
O video realizado em uma fazenda durante a noite, com um drone nos barracões de alimentos, produtos, máquinas, é o ponto de partida da exposição. O som são fragmentos de ASMR (Autonomous sensory meridian response) coletados na internet e inseridos de forma desconexa nas imagens, nos apresenta um universo especifico, construído, entre o som e o pesadelo, pós-apocalíptico, pós-humano. Com o contraste entre as imagens vazias de humanos e os sons produzidos por humanos, Amaral impõe um distanciamento em relação a origem do som, o transformando em algo máquinal.
Uma série de novos trabalhos incorporados em um conceito espacial criam fusões igualmente inesperadas entre seres humanos, materiais e arquitetura, nesta primeira individual de Amaral na galeria.
Adriano Amaral nasceu em 1982 em Ribeirão Preto, SP. Vive e trabalha entre São Paulo e Amsterdam. Estudou no De Atelier, Amsterdam 2014 – 2016; MA Royal College Of Art em Londres 2012; BA ESPM, São Paulo 2002-2006.
Exposições Individuais:
2017: Skinny goat, Galeria Múrias Centeno, Lisbon, Portugal Alloy Alloy, Vleeshal Zusterstraat, Middelburg, Netherlands Alloy Alloy, Bielefelder Kunstverein, Bielefeld, Alemanha
2016: Fixed Action Pattern, SpazioA, Pistoia, Itália Potlatch, De Atelier, Amsterdam, Netherlands Adriano Amaral, año 35, Tabacalera, Madrid, Espanha
2015: Traysforflotation, Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil Never from concentrate, Galeria Múrias Centeno, Porto, Portugal
2014: Soft matter, Space in Between, London, Reino Unido
2012: Embaixo da terra o céu de novo, Transversal, São Paulo, Brasil
Coletivas:
2017: Bearable lightness of being, Grimm Gallery, Amsterdam, Netherlands Alluring shapes, tempting spaces, Galerie Eva Meyer, Paris, França A Gentil Carioca Jaqueline Martins, Galeria Jaqueline Martins, São Paulo, Brasil
2016: Centres of indetermination, Sixty Eight Art Institute, Copenhagen, Dinamarca Sempre um ponto de identidade, sempre distinção, Galeria Jaqueline Martins, São Paulo, Brasil Lonesome wife, Seventeen Gallery, London, Reino Unido Hyperconnected, Biennial of Young Art, Modern Art Museum, Moscou, Rússia Brasil, beleza?!, Beelden Aan Zee, The Hague, Netherlands
2015: Hipótese e horizonte, Observatório, São Paulo, Brasil Aparição, Caixa, Rio de Janeiro, Brasil Wintermute, Grimm Gallery, Amsterdam, Netherlands The infinite lawn, Tenderpixel, London, Reino Unido Pictures and cream, Cristina Guerra, Lisbon, Portugal The place of disquiet, f2, Madrid, Espanha
2014: New participants, De Ateliers, Amsterdam, Netherlands Flet, SpazioA, Pistoia, Italy Postcodes – kind, Coletor, São Paulo, Brasil Degree show, Royal College of Art, London, Reino Unido A sense of things, Zabludowicz Collection, London, Reino Unido Aparição, Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil
2013: Brutalidade jardim, Marília Razuk, São Paulo, Brasil Open cube, White Cube Gallery, London, Reino Unido In conversation, Hillary Crisp Gallery, London, Reino Unido Back fill, Royal College of Art, London, Reino Unido Brasil, beleza?!, Beelden Aan Zee, The Hague, Netherlands
2012: Whip Show, Royal College of Art, London, Reino Unido Solo objects, Arco Madrid, Madrid, Espanha Programa exposições, MARP, Ribeirão Preto, Brasil
Prêmios: Kenneth Armitage Young Sculpture Prize
Rogerio Ghomes na Ybakatu, Curitiba
A Galeria Ybakatu apresenta a exposição individual de Rogerio Ghomes “Se pudéssemos ser estranhos outra vez” com curadoria de Fábio Luchiari. Na abertura da exposição, no dia 10 de novembro às 19h, haverá também o lançamento do livro “Preciso acreditar que ao fechar os olhos o mundo continua aqui” de Rogerio Ghomes.
A exposição Se pudéssemos ser estranhamos outra vez traz ao púbico a instalação “Profano Sudário”, último trabalho realizado pelo artista quanto vivia em Curitiba e apresentado na VI Bienal de Havana de 1987, álbuns/múltiplos das séries: “Incrível como um distúrbio afeta a credibilidade”, “Sonhos” e “Árbol”.
No mezanino da galeria o artista apresentará um conjunto de obras inéditas intituladas “Memórias Sequestradas”, que foram capturadas em antiquários em diferentes cidades e rearranjadas em formato de altares, que sentenciam a dualidade entre espiritualidade e materialidade, onde o artista nos faz refletir sobre quais nossos valores e princípios estamos tendo perante nossa vida.
Segundo o curador da mostra, Fábio Luchiari, “na exposição, o público terá uma oportunidade de apreciar a remontagem da instalação “Profano Sudário” de 1987 e a atual produção de 2017, num espaço que compreende 20 anos, e perceber como o artista se mantém fiel ao seus questionamentos e coerente com sua poética visual”.
O livro “Preciso acreditar que ao fechar os olhos o mundo continua aqui” apresenta um panorama da produção do artista visual paranaense Rogerio Ghomes, num recorte que vai de 1987 até a série ‘Barroc’, apresentada na Bienal Internacional de Curitiba [2015]. Tem tiragem limitada de 500 exemplares, numerados e assinados.
O livro tem apresentação do crítico pernambucano Moacir dos Anjos, e compilação de três ensaios críticos de autoria de Eder Chiodetto, Ricardo Resende e Tadeu Chiarelli, sobre a produção do artista, em distintos momentos da sua trajetória.
O livro, que tem tiragem limitada de 500 exemplares numerados e assinados, é trilíngue (português, inglês e espanhol) e publicado pelo selo Expressão Artística da EDUEL – Editora da Universidade Estadual de Londrina, com patrocínio do Programa Municipal de incentivo à Cultura, PROMIC.
Rogerio Ghomes é artista visual e pesquisador nas áreas das artes visuais e design. Doutor em tecnologias da inteligência e design digital pela PUC-SP, participou de inúmeras exposições nacionais e internacionais, entre elas “Preciso acreditar que ao fechar os olhos o mundo continua aqui”, “Não Confie na sua memória”, “Donde estoy, estoy a esperar te”. Suas obras integram as coleções de renome como: Coleção Joaquim Paiva, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Coleção McLaren, Fundação Cultural de Curitiba, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu Oscar Niemeyer, Pirelli - Museu de Arte de São Paulo, Pinacoteca de São Paulo. Entre as premiações por sua obra estão Prêmio Brasil Arte Contemporânea na ARCO Madrid 2010 e a indicação ao Prêmio PIPA 2012, o mais importante do País, quando foi um dos finalistas na votação online. Em 2015, foi contemplado no Programa Rede Nacional Funarte de Artes Visuais com o projeto “Campo expandido: narrativas da imagem”.
novembro 10, 2017
Artur Lescher, Carlito Carvalhosa e Marco Maggi na Nara Roesler NY, EUA
A Galeria Nara Roesler | Nova York apresenta Theory of the Inevitable Convergence, coletiva dos artistas Artur Lescher, Carlito Carvalhosa e Marco Maggi que tem como motivação evidenciar pontos de contato ainda não explorados entre as poéticas dos três artistas.
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Para além de intersecções relacionadas a aspectos formais, as obras escolhidas para integrar a exposição carregam importantes questões colocadas recorrentemente ao público pelos artistas, tal como a maneira em que estes articulam suas obras ao espaço, seja pela forma como interferem e atuam nele, seja através da sugestão de um lugar desconhecido, vinculado ou não ao real. Esse procedimento convida o público a experimentar novas circunstâncias e talvez repensar sua relação com o mundo.
Lescher apresenta Finials, pequenas esculturas em pedestais que fazem referência à estruturas arquitetônicas: a extremidade uma igreja ou templo, de um prédio corporativo ou - como o artista ironicamente coloca - a ponta de um míssil, evocando justamente o poder e a eloquência do homem. Já seus Pêndulos lembram instrumentos vibratórios e fontes magnéticas, sensíveis às perturbações do espaço arquitetônico e ao trânsito do observador. Por estarem sujeitos à força da gravidade os pêndulos poderiam atuar como instrumentos de uma escrita invisível, sugerindo incessantemente uma nova história/memória ao espaço e aos trabalhos que os circundam.
A instalação de Carvalhosa, por sua vez, é composta por óleos sobre alumínios espelhados pendurados ou encostados em lâmpadas tubulares dispostas simetricamente na parede. As peças de alumínio espelhado propõem uma experiência singular: o espectador é impedido de ver a totalidade de seu reflexo, sendo apenas capaz de experimentá-lo parcialmente ou de forma distorcida, uma vez que as superfícies são pintadas. Dado o contexto atual, em que se vê e compartilha imagens de si constantemente nas redes, a instalação de Carlito causa estranheza e uma pausa instantânea é criada para o espectador, que é colocado em um "não-lugar", onde a falta de narrativa pode ser algo desconcertante.
Maggi apresenta Podium, um tríptico do qual fazem parte três painéis de diferentes tamanhos e cores - ouro, prata e bronze, sendo cada um deles composto por signos esculpidos com precisão e delicadeza sobre folhas metálicas colocados dentro de armações de slide. Se de imediato, o título e as cores sugerem uma narrativa, ao se aproximar da obra, o espectador percebe que cada slide oferece uma imagem abstrata única que pode ganhar diferentes significados. Nas palavras do artista: "se não há cumplicidade com o espectador, o trabalho não existe" e "quando as pessoas me perguntam o que eu faço, qual é a minha profissão, eu respondo que sou um promotor de pausas". Podium é, portanto, um convite a outra temporalidade, e cria a oportunidade de se perder e se deixar levar pela narrativa abstrata do artista.
O rigor formal presente na geometria delicada da obra de Maggi, está presente também na obra de Lescher, com suas formas precisas, sem excessos. Estas, por sua vez, compostas por superfícies essencialmente reflexivas, encontram um contraponto nos alumínios pintados de Carvalhosa, enquanto ao mesmo tempo, Maggi recorre a esta mesma questão, por meio de seus recortes em folhas metálicas.
Partindo destes encontros, mas evidenciando sobretudo a diferença entre suas produções, os artistas convidam o público a descobrir novas possibilidades e percursos. Nas palavras de Maggi: “We deserve a pause, and an insignificant drawing can work like a perfect training ground to increase our capacity to live in an illegible context”, enquanto Lescher reforça que “é o fluxo do pensamento em seus vários estados de percepção que constrói os sentidos. Um tempo cíclico encontra seu lugar” e Carvalhosa conclui: “No lugar do jardim das veredas que se bifurcam, está a Teoria da Convergência Inevitável!”.
SOBRE OS ARTISTAS
Há mais de trinta anos, Artur Lescher apresenta um sólido trabalho como escultor, resultado de uma pesquisa em torno da articulação de matérias, pensamentos e formas. Neste sentido, o artista tem no diálogo singular, ininterrupto e preciso com o espaço arquitetônico e o design, e na escolha dos materiais, que passam pelo metal, pedra, madeira, feltro, sais, latão e cobre, elementos fundamentais para reforçar a potência deste discurso. De acordo com o Historiador da Arte Matthieu Poirier “a qualidade principal das obras finamente produzidas por Artur Lescher é que elas produzem um campo de força tangível, de natureza magnética, pode-se dizer, considerando os metais que ele utiliza [...] mas é, sobretudo, de natureza perceptiva." Ao mesmo tempo que o trabalho de Lescher está atrelado fortemente a processos industriais, atingindo requinte e rigor extremos, sua produção não tem por fim único a forma, está para além dela. Essa contradição abre espaço para o mito e a imaginação, ingredientes essenciais para a construção da sua Paisagem mínima (Galeria Nara Roesler, 2006). Ao escolher nomear obras como Rio Máquina, Metamérico ou Inabsência (Projeto Octógono, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012), Lescher propõe uma extensão do trabalho, sugerindo uma narrativa, por vezes contraditória ou provocativa, que coloca o espectador em um hiato, em um estado de suspensão. Artur Lescher participou das edições de 1987 e 2002 da Bienal de São Paulo e da edição de 2005 da Bienal do Mercosul em Porto Alegre, Brasil. Expôs em diversas mostras na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos, além de duas mostras individuais, a primeira no Instituto Tomie Ohtake (2006), em São Paulo, e a segunda no Palais d’Iéna (2017), em Paris.
Carlito Carvalhosa (n. 1961, São Paulo, Brasil) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Carvalhosa despontou na cena artística nacional na década de 1980, como membro do coletivo paulista Grupo Casa 7, ao lado de Rodrigo Andrade, Fabio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro, período em que produziu pinturas de grandes dimensões com ênfase no gesto pictórico. Há mais de vinte anos o artista vem utilizando meios variados e diversos tipos de objetos – incluindo lâmpadas, tecidos, cera, madeira e espelhos — para investigar o espaço arquitetônico, a natureza dos materiais em formas abstratas e a recepção do espectador no contato com eles. De acordo com a curadora portuguesa Marta Mestre, o que interessa ao artista é “a relação entre o espaço e o ato de construir. Mobilizada pelo artista, a construção é um processo para reordenar o mundo à sua frente, suportar seu caos e, assim, diferenciar a atividade perante a natureza”. Mestre ainda destaca que a obra de Carvalhosa é “perpassada pelo pensamento da escultura enquanto construção, adicionando o gesto e retirando o vazio”. Estas observações são evidentes em seus trabalhos mais recentes como A Soma dos Dias, uma monumental instalação site-specific feita para o projeto Octógono na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2010) e para o átrio do MoMA (2011), e a instalação Sala de Espera no MAC-USP (2013), na qual vinte e quatro postes de madeira foram suspensos no espaço expositivo, em conjunção com a arquitetura de Niemeyer. Carvalhosa participou da Bienal de Havana, Cuba (1986 e 2012); da Bienal do Mercosul em Porto Alegre, Brasil (2001 e 2009); da 18ª Bienal de São Paulo, Brasil (1985). Realizou a ação Rio no MoMA de Nova York (2014) e algumas de suas individuais se deram: no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (2013); no Projeto Contentores, Guimarães, Portugal (2012); e, no MoMA, Nova York, EUA (2011).
Marco Maggi (n. 1957, Montevidéu, Uruguai), vive e trabalha em Nova York e Montevidéu. A presença do papel e a maneira artesanal de lidar com ele são duas constantes no trabalho de Marco Maggi, mesmo em suas instalações de grandes dimensões. Suas criações, como Global Myopia (Pavilhão Uruguai na 56ª Biennale di Venezia), encorajam o público a diminuir o ritmo, prestando atenção às obras para poder entrar dentro delas, desdobrando seus possíveis significados, repensando o ambiente e a sociedade em que vivem. Em relação à Global Myopia, Maggi afirma que: " longe de uma atitude muito século XX, que foi ter soluções para todos e para sempre, atualmente, creio que as únicas esperanças são pequenas e de aproximação, de proximidade. A atitude míope, que é quando se olha algo que se põe muito perto e se olha com atenção e lentamente." Maggi exibiu seus trabalhos na Bienal de Cuenca, Equador (2011); Bienal da 17ª Guatemala (2010); 29ª Bienal de Pontevedra, Espanha (2006); 8ª Bienal de Havana, Cuba (2003); e a 25ª Bienal de São Paulo, Brasil (2002). Suas individuais recentes ocorreram no MOLAA - Museu de Arte Latino Americana, Long Beach, EUA (2013); Vassar College Museum, Nova York, EUA (2013); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2012); Dorsky Museum, Nova York, EUA (2011).
Galeria Nara Roesler | New York presents Theory of Inevitable Convergence, an exhibition of works by Carlito Carvalhosa, Artur Lescher, and Marco Maggi that highlights untapped points of convergence between the narratives of the three artists.
In addition to formal artistic intersections, the chosen works evoke important questions that the three artists have recurrently posed to the public, including the ways in which their works relate to the surrounding space, be it through interference and disruption or through suggesting an unknown place, linked or not to the physical realm. The works thus invite the viewer to experience newcircumstances and, perhaps, rethink their relationship to the world around them.
Arthur Lescher presents Finials, small sculptures on pedestals meant to reference architectural structures: the apse of a church or temple, a corporate building, or—as the artist ironically puts it—the tip of a missile, evoking the power and eloquence of man. Also on display are the artist’s Pendulums, which resemble vibrating instruments and magnetic sources, sensitive to the disturbances of the space around them as well as the transient state of the observer. Subject to the force of gravity, the pendulums could act as instruments of an invisible writing, incessantly suggesting a new history/memory for both the space in which they are situated and the works that surround them. Carlito Carvalhosa’s installation, in turn, comprises oils on mirrored aluminum, hanging or leaning against tubular lamps symmetrically arranged on the wall. The mirrored pieces offer a singular experience: the viewer is prevented from seeing his/her full reflection, only able to experience it partially or in a distorted manner due to the almost fully painted surfaces. Given the current social context, in which everyone constantly sees and shares images of themselves on different networks, Carvalhosa’s installation triggers a strange feeling within the viewer, who instantly pauses and enters something of a “non-place,” where the lack of narrative can be disconcerting.
Marco Maggi presents Podium, a triptych of three panels, each a different size and color—gold, silver, and bronze. To create the work, the artist precisely and delicately carved signs into metallic sheets, which he then placed inside slide frames. Although the title and colors immediately suggest a narrative, when approaching the work, the viewer realizes that each slide offers a unique abstract image that has the ability to gain different meanings. In the words of the artist: “If there is no complicity with the spectator, the work does not exist.” He goes on to say, “When people ask me what I do, what my profession is, I answer that I am a promoter of pauses.” Podium is therefore an invitation to another temporality, creating the opportunity to lose oneself and get carried away by the abstract narrative of the artist. The formality and rigor present in Maggi’s delicate geometric creation is also present in Lescher’s works, throughout their precise forms, which lack excess. These forms, composed of essentially reflective surfaces, in turn find a counterpoint in Carvalhosa’s painted aluminum while at the same time circling back to Maggi, who poses the same questions through his carvings in metallic sheets.
Using these convergences as starting points while simultaneously allowing the differences between their works to shine through, the artists invite the public to discover new possibilities and routes. In Maggi’s words, “We deserve a pause, and an insignificant drawing can work as a perfect training ground to increase our capacity to live in an illegible context.” Lescher emphasizes that “it is the flow of thought in its various states of perception that builds the senses. A cyclical form of time finds its place.” Carvalhosa concludes, “In the garden of the paths that bifurcate, there is the Theory of the Inevitable Convergence!”
Artur Lescher (b. 1962, São Paulo, Brazil) lives and works in São Paulo. For more than thirty years, Lescher presents a solid work as a sculptor, which results from a research around the articulation of materials, thoughts and forms. In this sense, the artist has on the particular, uninterrupted and precise dialogue with both architectonic space and design, and on his choice of materials, which can be metal, stone, wood, felt, salts, brass and copper, fundamental elements to highlight the power of this discourse. According to the Art Historian Matthieu Poirier “The main quality of Artur Lescher’s pared-down, finely crafted works is that they produce a tangible field force—a magnetic field, one might say, considering the metals he uses [...] But it is, above all, a perceptual matter.” Even if Lescher's work is strongly linked to industrial processes, achieving extreme refinement and rigor, his production does not have the form as the only purpose, actually, it goes beyond it. This contradiction opens space for myth and imagination, essential elements for the construction of his Minimal Landscape (Galeria Nara Roesler, 2006). By choosing names for his artworks, such as Rio Máquina, Metamérico or Inabsência (Projeto Octógono, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2012) Lescher proposes an extension of the work, suggesting a narrative, sometimes contradictory or provocative, that places the spectator in a hiatus, in a suspended condition. Artur Lescher participated in the 2005 edition of the Bienal do Mercosul in Porto Alegre, Brazil and in the 1987 and 2002 editions of the Bienal de São Paulo. He took part in several exhibitions in Latin America, Europe and in the United States, as well as in two solo shows, one at the Palais d'Iéna (2017), in Paris, and the other one at Instituto Tomie Ohtake (2006), in São Paulo.
Carlito Carvalhosa (b. 1961, São Paulo, Brazil) lives and works in Rio de Janeiro. Recognized widely throughout Brazil, he emerged in the Brazilian art scene in the 1980s as a member of the São Paulo based collective Grupo Casa 7, alongside Rodrigo Andrade, Fabio Miguez, Nuno Ramos and Paulo Monteiro, period in which he produced large paintings with emphasis on the pictorial gesture. For more than twenty years the artist has been using diverse mediums and many kinds of objects—including electric lights, fabric, wax, wood and mirrors—to explore architectural space, the nature of materials in abstract forms and the spectator’s response to all of them. According to Portuguese curator Marta Mestre, what interests the artist is "the relationship between space and the act of building. Mobilized by the artist, the building is a process of reordering the world, supporting its chaos, thus, differentiating the activity in face of nature". In addition, Mestre emphasizes that through Carvalhosa’s artworks "lies the thought of sculpture as construction, adding gesture and removing the void." These observations are clear in Carvalhosa’s recent works, such as Sum of Days (2011), a monumental site-specific installation for the MoMA’s atrium, and Sala de Espera (2013) installed at Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, in which throughout the space, twenty-four wooden street posts were suspended in dialogue with Niemeyer’s architecture. Carvalhosa exhibited at the Havana Biennial, Cuba (in 1986 and 2012); the Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brazil (2001 and 2009); and the 18th Bienal de São Paulo, Brazil (1985). Some of his recent solo shows took place at Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil (2013); Projeto Contentores, Guimarães, Portugal (2012) and MoMA, New York, USA (2011).
Marco Maggi (b. 1957, Montevideo, Uruguay) lives and works in New York and Montevideo. The presence of paper and the artisanal way of dealing with it are two constants in the work of Marco Maggi, even in his large installations. His creations, such as Global Myopia (Uruguayan Pavillion at the 56th Biennale di Venezia), encourage the public to slow down the pace, paying attention to the works in order to be able to get inside of them, unfolding its possible meanings, rethinking the surroundings and the society in which they live in. Regarding Global Myopia, Maggi states that: “far from a very twentieth-century attitude, in which it was expected to have solutions for everybody and always, nowadays, I believe that hopes are small and revealed with proximity. Myopic attitude, which is when you look at something and you place it closely in order to look slowly and attentively”. He exhibited his works at the Cuenca Biennial, Ecuador (2011); the 17th Guatemala Biennial (2010); the 29th Pontevedra Biennial, Spain (2006); the 8th Havana Biennial, Cuba (2003); and the 25th Bienal de São Paulo, Brazil (2002). His recent solo shows took place at MOLAA - Museum of Latin American Art, Long Beach, USA (2013); Vassar College Museum, New York, USA (2013); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2012); Dorsky Museum, New York, USA (2011).
Notas de Subsolo no Paço Municipal, Porto Alegre
Trabalhos refletem sobre a condição e o lugar de subsolo como metáfora para distintos processos de criação
Dia 16 de novembro de 2017 inaugura a exposição Notas de Subsolo, no Porão do Paço Municipal de Porto Alegre (Praça Montevidéu, 10). A mostra coletiva reúne obras de 17 artistas-pesquisadores ligados ao curso de Doutorado em Artes Visuais do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da UFRGS (PPGAV/UFRGS). Apresentando diferentes trabalhos, entre práticas convencionais e linguagens mais atuais, como desenho, pintura, objeto, performance, fotografia, instalação e videoarte, as proposições atestam a multiplicidade da produção de conhecimento na arte contemporânea. A atividade, que integra a programação do 31º. Festival de Arte Cidade de Porto Alegre, é uma iniciativa dos artistas-pesquisadores numa parceria entre o PPGAV/UFRGS e a Secretaria Municipal de Cultura.
Como parte do processo investigativo, os trabalhos dos artistas refletem modos singulares de pensar e apresentar seus projetos de pesquisa no campo das poéticas visuais a partir da metáfora do subsolo como uma camada subterrânea de criação e produção. As obras são propostas como ensaios e notas processuais que se encontram em momentos distintos de experimentação, apresentadas como questões elaboradas nos subsolos do saber, nos subsolos da existência, subsolos de novos horizontes de vida em arqueologias debruçadas entre os tempos, entre os corpos. Diferentes pesquisas realizadas na universidade que resultam em ações que se compõem com a cultura em seus aspectos sociais, políticos e estéticos.
De longa duração, Notas de Subsolo encerrará suas atividades com um seminário aberto ao público em março de 2018, no qual serão apresentadas as pesquisas relacionadas aos trabalhos referentes à exposição e as dos doutorandos com ênfase no campo da história, teoria e crítica da arte.
SOBRE OS ARTISTAS
Alice Porto - Artista visual e pesquisadora. Doutoranda em Poéticas Visuais na UFRGS, formada em Gravura pelo Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas. Nascida em Pelotas, atualmente reside e trabalha em Porto Alegre.
Andressa Cantergiani - Doutoranda em Artes Visuais pelo PPGAV/UFRGS. Mestre em Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Graduada em Arte Dramática pela UFRGS/RS. Estudou Performance art na Universidade das artes em Berlin UDK/ALEMANHA. É fundadora, artista e gestora da Galeria Península.
Bethielle Kupstaitis - Bacharel em Artes Visuais pela UFRGS (2011) e mestre em Artes Visuais pela UFPel (2014). Atualmente é doutoranda em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS, na qual vincula-se à linha de pesquisa em Poéticas Visuais. Realizou três exposições individuais e participa de exposições coletivas desde 2009.
Carla Borba - Artista visual e arte-educadora, doutoranda no PPGAV\IA\UFRGS (Bolsista CAPES); Mestre em Poéticas Visuais (2012) e bacharel em Artes Plásticas (2003) na mesma instituição. Entre 2014-2016 foi professora substituta na UFES\DAV. Participou de encontros de performances e exposições entre as quais destacam-se: “Instauração”, Sesc Belezinho, São Paulo\SP (2017); “Boteco da Diversidade: Feminismo”, Sesc Pompéia, São Paulo/SP (2017); Humanas Interlocuções, FVCB, Viamão/RS (2016); “DeIGeneradas”, SESC Santana, São Paulo/SP (2015); em 2002 recebeu a Bolsa Iberê Camargo. Possui obras no acervo da FVCB, MAC-RS e MARGS-RS.
Carlos Donaduzzi - Artista visual. Doutorando em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais/PPGAV/UFRGS desenvolvendo pesquisa nas áreas de fotografia e vídeoarte.
Daiana Schröpel - Artista visual e pesquisadora. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais - UFRGS. Mestra (2016) e Bacharela em Artes Visuais (2013) pelo Instituto de Artes - UFRGS. Investiga transversalidades entre artes visuais, ciência e ficção, seus veículos e desdobramentos na contemporaneidade. Participa de exposições desde 2012, nas modalidades instalação, fotografia e desenho.
Elias Maroso - Natural de Sarandi, Rio Grande do Sul. Doutorando em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS), ênfase em Poéticas Visuais, linha de pesquisa Linguagens e Contextos de Criação. Com formação em Artes Visuais – bacharelado em Desenho e Plásticas (UFSM), Estéticas Contemporâneas (Universidad de la República – Montevidéu, Uruguai), Design de Superfície – Especialização (PGDS/UFSM) e Mestrado em Arte e Tecnologia, Poéticas Visuais (PPGART / UFSM). Desenvolve pesquisa individual em artes visuais voltada ao desenho artístico, objeto e intervenção. Membro-fundador da Sala Dobradiça, de Santa Maria/RS, onde atua como gestor e artista. Pela Sala Dobradiça, participou da 7ª e 8ª Bienal do Mercosul, em 2009 e 2011, respectivamente. Realizou exposições em cidades como Santa Maria, Porto Alegre, Florianópolis, São Paulo, Montevidéu, Maldonado (Uruguay), Viseu (Portugal) e Florença (Itália).
Emanuel Monteiro - Artista e professor no curso de Artes Visuais do Departamento de Artes da UFPR. Doutorando em Artes Visuais no PPGAV-UFRGS (2016 - atualmente). Mestre em Artes Visuais pelo PPGAV-UFRGS (2015). Possui graduação em Educação Artística pela UEL (2011). Trabalha principalmente com as linguagens do desenho, pintura e livro de artista, produzindo trabalhos que variam de pequenas a grandes dimensões. Aborda em seus trabalhos questões sobre o informe, a paisagem e modos de inscrição do tempo. Artista representado pela Galeria de Arte Mamute, Porto Alegre/RS.
Glaucis de Morais - Doutoranda em Poéticas Visuais na UFRGS, é mestre em Artes Visuais e graduada em artes pela mesma instituição. Mestre em Recherche en Arts Plastiques, mention Art Contemporain et Nouveaux Médias na Paris 8 - Vincennes - Saint-Denis. Pro-fessora na Universidade Feevale (2007/11) e na Universidade Estadual de Santa Catarina (2004/2006). Participa de exposições de artes visuais e mostras de vídeo desde 1994. Tem experiência na área de artes visuais com ênfase em artes digitais, fotografia, gravura, per-formance e video arte.
Lilian Hack - Doutoranda em Artes Visuais pelo PPGAV/UFRGS, na área de concentração de História, Teoria e Crítica de Arte. Mestre pela mesma instituição com a dissertação intitulada Escavar, Escrever: Buracos na Linguagem – Dos processos de criação entre a palavra e a imagem. Integra os grupos de pesquisa Fundar: grupo de pesquisa sobre instauradores da arte contemporânea; Vida Que Vem: Arte, Política e Processos de Subjetivação; Laboratório de Pesquisa em Psicanálise, Arte e Política. Foi professora substituta na UFPel (2014-2016). Em suas pesquisas dedica-se às relações entre palavra e imagem nos processos de escrita, arte e vida, processos de subjetivação e processos de criação. Interessa-se pelo pensamento de autores como Georges Didi-Huberman, Maurice Blanchot, Gilles Deleuze e Michel Foucault.
Luciane Bucksdricker - Artista visual e pesquisadora. Doutoranda em Poéticas Visuais pela UFRGS (Bolsista CAPES), mestre em Poéticas Visuais (UFRGS) e graduada em Comunicação social (PUCRS). Sua pesquisa versa principalmente com fotografia e instalação, pesquisando de maneira geral a percepção do cotidiano na cidade urbana e os desdobramentos da imagem. Participa de exposições desde 2007.
Newton Goto - Artista visual, ativista cultural, pesquisador e produtor, com ênfase em arte experimental, contextual, relacional; socioambiental, circuitos autônomos, espaço público, cartografia participativa. Doutorando em Poéticas Visuais pela UFRGS. Mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ. Especialista em História da Arte do Século XX pela EMBAP e Bacharel em Pintura pela mesma faculdade. Coordenador dos projetos Circuitos Compartilhados, Livre-troca , Rotação de culturas e Galerias Subterrâneas, Jardinagem territorialidade CEU Campo Largo (junto com Faetusa Tezelli) e Descartógrafos (junto com coletivo E/Ou). Outras ações e exposições artísticas: Coisa Pública, Cidade vazia, Desligare e Ocupação. Orientador de fluxos do organismo artístico EPA! Expansão Pública do Artista. Em 2017 está desenvolvendo em Curitiba o projeto Rios marginais e produzindo programas de TV do projeto Circuitos compartilhados para a UFPRTV.
Ricardo Ayres - Professor, pesquisador e artista visual. Doutorando e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Bacharel em Artes Visuais pela FURG. Leciona nos cursos de Artes Visuais da EMBAP/UNESPAR. Suas pesquisas e práticas artísticas orbitam a arte contemporânea e suas interseções com o corpo, a aids, a sexualidade e o cotidiano.
Sandro Ka - Artista visual, designer gráfico e agente cultural. Doutorando e mestre em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS) e bacharel em Artes Plásticas (DAV/UFRGS). Desde 2003, realiza exposições individuais e participa de exposições coletivas em vários estados brasileiros, desenvolvendo produções nos campos da Escultura/Objeto, Desenho e Intervenção Urbana. Premiado no 1o. Premiado no concurso Aliança Francesa de Arte Contemporânea 2017 e Prêmio Açorianos de Artes Plásticas 2009, possui obras em importantes acervos como MARGS, MACRS e FVCB.
Tula Anagnostopoulos - Ddoutoranda em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, também, Mestre em Poéticas Visuais (2011-2014) pelo mesmo programa e instituição na qual graduou-se em Artes Plásticas (1993-1997) com ênfase em Gravura. Possui graduação em Cinema (1998-2000) no curso regular, com ênfase em Edição, pela Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños, em Cuba. Como artista, tem voltado sua produção mais recente para a poética audiovisual, tendo participado de uma série de exposições.
Viviane Gueller - Doutoranda pelo PPGAV/UFRGS (2016-) e mestre em Poéticas Visuais (2014) na mesma instituição. Foi premiada pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11ª edição (2015) e indicada ao VIII Prêmio Açorianos de Artes Plásticas (2014). Em 2012, participou da Mobile Radio da 30ª Bienal de São Paulo. Foi selecionada para o 58º Salão de Abril, 29º Salão do Pará e II e VIII Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia e premiada no 16º Salão da Câmara Municipal de Porto Alegre. Possui uma obra no acervo do MACRS.
Voyage na Bergamin & Gomide, São Paulo
Bergamin & Gomide experimenta novo formato a partir do olhar do artista Alexandre da Cunha
Voyage, última exposição de 2017, oferece ao espectador mais perguntas do que respostas. A coletiva apresenta obras de diversos artistas, entre eles Lygia Clark, Marisa Merz e Jac Leirner
Caragh Thuring, Julius Heinemann e Samara Scott criarão obras inéditas especialmente concebidas para a mostra que abre no dia 15 de novembro
Alexandre da Cunha é atualmente um dos mais importantes artistas brasileiros. Como curador da exposição Voyage, ele divide algumas de suas inquietações através das obras de 15 artistas selecionadas por ele. O título, inspirado na comédia francesa Voyage Surprise, de Pierre Prévert (1947), traduz a sua proposta: “Mais do que um tema, a exposição aborda a ideia de viajar em um sentido mais amplo e suas possíveis associações: sonhos, expectativas, idealização, fantasia, fuga, frustração, medo do desconhecido”.
No filme, um motorista de ônibus aposentado comanda uma viagem surpresa onde passageiros desconhecem o destino final. Na mostra, da Cunha convida artistas, que possuem proximidade formal com o seu próprio trabalho, a criarem uma situação onde as obras se relacionam de uma forma fluida. “Meu papel como curador neste projeto funciona como um mediador, que sintetiza questões que surgiram no curso da montagem da exposição”.
Voyage será composta por obras de diversos períodos de artistas brasileiros e internacionais apresentando também artistas jovens como Thiago Barbalho, Camila Sposati, Joel Croxson e Pablo Accinelli.
O público, por sua vez, completa a exposição: assim como os passageiros do filme, o espectador é convidado a embarcar na quebra das estruturas preestabelecidas na maioria das exposições coletivas: “O espectador geralmente é confrontado com uma grande quantidade de informações, uma ansiedade conceitual corre acima da possibilidade de ler os trabalhos de forma mais intuitiva; Nesta exposição as perguntas são mais importantes do que as respostas e as imagens são mais importantes que o texto que acompanha”, acrescenta Alexandre da Cunha.
Bet Katona e Roberta Cani no CCJF, Rio de Janeiro
Duas rotas, duas artistas e muitas histórias. Histórias que serão contadas na exposição Mil histórias, duas rotas, que as artistas visuais Bet Katona e Roberta Cani vão abrir, com curadoria de Ivair Reinaldim, no dia 14 de novembro, terça-feira, às 19h, no Centro Cultural Justiça Federal, no Rio.
São cerca de 34 obras, todas pinturas, entre acrílica sobre tela e óleo sobre tela. Apresentam um recorte das trajetórias de Bet e de Roberta, que muitas vezes se cruzam, mas constituem uma narrativa em aberto. Como explica Ivair, “as rotas traçadas por meio das pinturas das artistas sugerem diferentes combinações possíveis, a partir dos percursos que cada espectador fará na exposição. Sejam duas ou mil, variáveis são as rotas e as histórias a serem identificadas nessa trama”. (ler texto curatorial)
As duas artistas têm o mesmo enfoque do urbano em suas obras. Enquanto Bet cria observando elementos da cidade, seja ao vivo ou por meio de fotos, ou ‘viajando’ pela internet, Roberta elabora seus temas por meio de filmes aos quais assiste. Ela é cinéfila! “Assisto a diversas produções, tanto antigas, quanto atuais, captando aqueles frames que mais me impactam e os fotografo. Minha pesquisa também está na representação da expressão de instantes que marcam meu olhar, a partir de uma cena ou imagem do cotidiano urbano (na maioria, fotos autorais), onde me relaciono com a arquitetura numa experiência de tempo-espaço –ação”, explica Roberta.
Outro traço marcante nas obras de Bet Katona é a geometria. Roberta já não a utiliza tanto. “Minhas obras são elaboradas a partir da observação do cotidiano, mas também a partir de lembranças minhas. O semáforo, a caixa d’água, o posto de gasolina, a paisagem com postes em perspectivas, entre outros elementos, são desenhos de memória”, adianta Bet.
“Mil histórias, duas rotas” é uma pequena mostra sobre o pensamento e as vivências das artistas. “O que une os meus trabalhos aos da Roberta é o olhar sobre o urbano e o contraste da feitura, do modo de pintar que faz um contraponto curioso de ver e de apreciar. Roberta é realista e quase fotográfica e eu sou sintética e iconográfica”, resume.
Katona tem como motivação central pintar, produzir imagem de algo que a perturba. Algo que tem a dizer. E esse dizer tem que ser registrado em imagem. A pintura é a narrativa, que o público pode perceber a maneira dele, mas a mensagem está lá, registrada. “A minha fala não é emotiva, e sim expressiva. Se provoca emoção, é uma opção de quem vê”, diz e complementa: “venho tratando da arte, da pintura, da memória, dos fatos que perturbam o cotidiano, da escultura contemporânea na paisagem, entre outras motivações. A imagem reproduzida é para não ser apagada da memória, uma maneira de não ser tão facilmente ‘deletada’”.
Assim é a exposição: obras que dialogam entre si e com o urbano, mas que contam histórias e vivências distintas. “Aproprio-me de imagens em movimento ou passageiras e estabeleço uma linha de pensamento para organizar as minhas pinceladas. Uso a tinta como matéria enquadrada num frame recortado, apenas com o que me interessa daquele instante, transformando-o na minha própria iconografia. O resultado está na construção de uma imagem permanente. Aquele momento torna-se único, pois, apesar de já conhecido do publico, está sob minha ótica, permitindo aos outros, incorporarem minhas emoções às suas próprias”, finaliza Roberta Cani.
Mais sobre as artistas
Bet Katona (Maria Erzsébet Katona) nasceu em Pécs, cidade no sul da Hungria, em 1954 e veio ao Brasil em 1962. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. O interesse pela pintura se manifestou na adolescência e os estudos de arte mais tarde correram paralelos à medicina que exerce. Na pintura atual, busca a simplificação e geometrização da forma, retirando o rastro da pincelada e reduzindo o adorno. Procura a síntese das imagens de paisagens, notadamente urbanas ou de interiores.
Com formação foi na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Os professores que mais a influenciaram e foram primordiais para o seu trabalho foram Gianguido Bonfante, José Maria Dias da Cruz e João Magalhães no desenho, estudo da cor e na pintura. Na gravura com João Atanásio e Evany Cardoso. Simultaneamente, cursou aulas teóricas e técnicas. Em ocasiões especiais participou dos “DynamicEncounters” de Nova Iorque, Veneza, Kassel e Inhotim, sob orientação do professor Charles Watson. Frequentou aulas com formato de análises críticas das obras com os professores João Magalhães, Luiz Ernesto, Bruno Miguel e com a crítica de arte Daniela Labra. Fez parte do grupo de estudos do artista Milton Machado e do crítico de arte Ivair Reinaldim. Atualmente, com a professora Daniela Name.
Abriu diversas exposições individuais – sendo a última “Shoefiti”, em 2016, na Galeria Tolouse, na Gávea – e coletivas. Possui obras na Coleção João Sattamini (MAC – Niterói) e na Coleção Gilberto Chateaubriand (MAM – RJ).
Roberta Cani nasceu no Rio de Janeiro em 1961, cidade onde vive e trabalha. Estudou artes na Escola de Artes Visuais Parque Lage (2007/2011). Os professores que mais a influenciaram em pintura foram João Magalhães e Ronaldo Rego. Cursou história da arte e filosofia, com Fernando Cocchiarale, Pedro França e Guilherme Bueno. Frequentou cursos de análises críticas das obras com João Magalhães, Suzana Queiroga, Beth Jobim, Luiz Ernesto e Bruno Miguel.
Atualmente, estuda técnica de pintura a óleo com José Luiz Carlomagno e sua pesquisa está em torno da representação da expressão de instantes que marcam seu olhar a partir de uma cena ou imagem do cotidiano essencialmente urbana – na maioria fotos autorais –, onde se relaciona diretamente com a arquitetura dentro de uma experiência de tempo/espaço/ação. Também é inegável a influência do cinema, uma paixão, onde encontra espaço para criar a partir de frames apropriados, recortados e transformados por mudanças de escalas criando novos elementos e construindo, assim, sua própria icnografia.
Participou de diversas exposições. No ano de 2017, foram duas: “Soma” e "Espaço Conceito, ambas na Fábrica Bhering.
novembro 8, 2017
Feira PARTE no clube A Hebraica, São Paulo
Paixão pela arte move colecionadores
Pesquisa realizada pela Feira PARTE mostra que colecionadores valorizam relacionamento pessoal com artistas e galeristas e compram movidos por seu gosto pessoal
A PARTE, consolidada como uma das principais feiras de arte contemporânea da América Latina, divulga dados inéditos de uma pesquisa realizada com colecionadores e visitantes do evento, cuja próxima edição acontece entre os dias 8 e 12 de novembro de 2017, em São Paulo, no Clube A Hebraica.
A pesquisa mostra que o principal fator para comprar uma obra de arte é o gosto pessoal dos colecionadores, apontado por 83% das pessoas, seguido do preço (47%), enquanto itens como o potencial de valorização (18%) e a compra para decoração de espaços (10%) tem menor importância. Esses números mostram que a maior parte dos colecionadores são movidos pela paixão e pelo entusiasmo pela produção contemporânea atual.
Dentre os pesquisados, 28% afirmaram que já compraram obras de arte pela internet. Apesar de ser uma tendência crescente, a compra online ainda é pequena, o que mostra a importância das feiras e das vernissages para o mercado de arte, pois a maioria dos colecionadores ainda preferem ver as obras pessoalmente e manter um relacionamento mais próximo aos galeristas e artistas.
Esse relacionamento foi o principal fator apontado pelos colecionadores quando questionados como se informam sobre a produção atual. 60% afirmaram conversar com galeristas e artistas frequentemente, 44% leem artigos e matérias na imprensa e 36% conversam com amigos. A contratação de consultores de arte ou arquitetos, segmentos que também têm crescido, foram apontados por 7% e 4% das pessoas, respectivamente.
Sobre a PARTE
Referência no calendário de artes visuais da cidade, a PARTE é o evento com maior impacto na renovação e amadurecimento do mercado de arte no Brasil, com público médio de 12 mil pessoas. Desde 2011, a feira tem como foco novos talentos na arte, muitos deles não presentes em outros eventos do gênero. São escolhidas para expor na PARTE galerias de arte com propostas ousadas, selecionadas por um comitê independente, nesta edição formado por Aloisio Cravo, Carlos Bitú Cassundé, Raphael Fonseca, Regina Pinho de Almeida e Rejane Cintrão.
O evento reúne colecionadores experientes, que buscam novidades promissoras, e pessoas que iniciaram suas coleções mais recentemente ou estão em busca da sua primeira obra de arte. A PARTE acredita que transparência e informação democratizam o acesso à arte. Uma das premissas da feira é exibir dados sobre todas as obras expostas e seus artistas, assim como os preços, de forma transparente, o que deixa o público à vontade para perguntar e escolher.
PROGRAMAÇÃO
DIA 9/11, QUINTA-FEIRA
15:00 – CONVERSA COM AMANDA DE LA GARZA MATA
Mesa realizada pelo Programa Latitude e pela ABACT
AMANDA DE LA GARZA MATA é curadora adjunta do Museu Universitário de Arte Contemporânea (MUAC-UNAM). Recebeu o “Emerging Curators Prize, Frontiers Biennial” (2015) e o International Curatorial Projects Grant, Fundación Gilberto Alzate Avendaño (Colombia, 2015). Curadora, historiadora da arte e poeta, estudou Sociologia na UNAM – Universidad Nacional Autónoma de Mexico, é mestre em Sociologia (UAM-Iztapalapa) e Estudos Curatoriais (UNAM). Foi curadora de inúmeras mostras de destaque nos últimos anos e escreve com frequência para diversas publicações.
17:00 – FOTOGRAFIA POLÍTICA
BRUNO MORAIS é fotógrafo e iniciou sua carreira festas populares brasileiras. Fundou o Coletivo Pandilla em 2009 e passou a integrar a Escola de Fotógrafos da Maré e a Agência Imagens do Povo em 2010. Em seus estudos se interessa pela possibilidade de construir uma linguagem documental não afirmativa e imaginária onde o espectador tenha espaço para completar a obra segundo sua própria bagagem cultural. Expôs trabalhos na Galeria 535, FotoRio, Paraty em Foco, Lagos Photo, San Jose Foto, Encontros da Imagem e Festival de Fotografia de Tiradentes.
IATÃ CANNABRAVA é fotógrafo e coordenador do Estúdio Madalena. Dedicou parte de sua carreira para registrar o exílio político nos países por onde passou. Participou de mais de 40 exposições, recebeu os prêmios P/B da Quadrienal de Fotografia de São Paulo (1985), Marc Ferrez da FUNARTE (1987), e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (1996 e 2006). Tem livros publicados e trabalhos nas principais coleções dedicadas a fotografia.
JULIANA GOLA, jornalista especializada em projetos culturais e fotográficos, fará a mediação.
19:00 ACERVO E COLECIONISMO
MARIA CECÍLIA MACHADO é graduada em História pela PUC e pós-graduada em museologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Especialista em história da arte e em história da indumentária. Trabalha com memória institucional há 20 anos.
MARILÚCIA BOTALLO é museóloga, Mestre em Artes e Doutora em Ciências da Informação pela USP. Diretora Técnica do IAC - Instituto de Arte Contemporânea, atua no MAM/SP, Pinacoteca do Estado/SP, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, National Museum of American Art/Smithsonian Institution e no Centro de Memória da Fundação Bunge.
LIÈGE GONZALEZ JUNG, Diretora da DASARTES, portal e revista sobre arte, fará a mediação.
DIA 10/11, SEXTA-FEIRA
15:00 - ARTE EM FORMAÇÃO
KÁTIA SALVANY é artista plástica e performancer. Mestre em Artes e Doutora em Poéticas Visuais pela ECA/USP. Atualmente leciona desenho, gravura e litografia no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
ANGUS VALENTE é artista híbrido, Doutor e Mestre em Artes pela ECA/USP, onde também se graduou em Artes Plásticas. Atualmente leciona Artes na Universidade Estadual de São Paulo.
FABIO DELDUQUE é artista multidisciplinar. Participa de salões de arte, mostras individuais, espaços culturais e galerias. Atua em projetos de música, teatro e cenografia. É curador e diretor do Festival de Arte Serrinha desde a sua criação em 2002.
MAIKON RANGEL é produtor do Ateliê397. Graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia – MG, foi produtor executivo do grupo Buzum e do Paço das Artes.
RICARDO RESENDE, curador, produtor, museógrafo e arte-educador. Mestre em História da Arte pela ECA/USP e Arte-educador, tem carreira centrada na área museológica. Atuou no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
17:00 – TERRITÓRIOS NÃO ÓBVIOS
FÁBIO LUCHETTI é idealizador e fundador da Adelina Galeria - espaço para comercializar, produzir, conviver e pesquisar sobre arte, buscando ampliar seus diálogos, possibilidades e públicos – e do Instituto Adelina – que integra o propósito educativo da galeria com residência artística, oficinas e ateliês – propositadamente instalados fora do eixo usual das galerias paulistanas. Formado em Administração de Empresas e especializado em Museologia, Curadoria e Colecionismo pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, fez atualização profissional em Alta Performance em Liderança (Madrid) e na Adigo (São Paulo), onde teve contato com a Antroposofia e arquétipos que acompanham seu estilo de gestão.
JACQUELINE MEDEIROS coordena o Centro Sem Título, em Fortaleza. É responsável desde 2003 pelo gerenciamento do acervo e pelas políticas de artes visuais de Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza. Entre 2015 e 2016, foi articuladora de artes visuais da Política Nacional das Artes pela Funarte e Ministério da Cultura. Possui diversos artigos e livros publicados e participou de inúmeras comissões de premiação e salões de arte. Bacharel em artes visuais pela Universidade Grande Fortaleza, mestre e doutoranda em História da Crítica da Arte pela UERJ.
JOSUÉ MATTOS é historiador da arte e curador. Dirige o MASC - Museu de Arte de Santa Catarina e está implantando o Centro Cultural Veras, ambos em Florianópolis. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça 2017-2018 na categoria curadoria. Graduou-se em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X Nanterre, onde obteve o título de Master 1 e 2 em História da Arte Contemporânea. Em 2009, concluiu o mestrado em Práticas Curatoriais, na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Desde 2010, realiza ateliês de acompanhamento de projetos de arte, debates e júris de salão de artes. É editor da Revista Binômios, projeto contemplado pelo Prêmio Redes Nacional Funarte Artes Visuais.
19:00 ESCULTURA NO ESPAÇO ATUAL
GILBERTO SALVADOR é pintor, desenhista, gravador e escultor. Nos últimos 45 anos, foi selecionado para 10 Bienais internacionais, representando o Brasil em Pequim, Havana, Cidade do México e San Juan.
SERGIO ROMAGNOLO é escultor, pintor, desenhista, artista intermídia e professor. Mestre e Doutor em Artes pela ECA/USP, leciona artes na Universidade Estadual Paulista (UNESP).
JOSÉ SPANIOL é pintor, desenhista, gravador, escultor e professor. Nos últimos anos tem trabalhado com escultura e instalações. Mestre e Doutor em Artes pela ECA/USP, atualmente leciona no Instituto de Artes da Unesp em São Paulo. Entre 1990 e 1993, estudou na Academia de Artes de Düsseldorf como bolsista do DAAD.
RICARDO RESENDE, curador, produtor, museógrafo e arte-educador. Mestre em História da Arte pela ECA/USP e Arte-educador, tem carreira centrada na área museológica. Atuou no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e o Museu de Arte Moderna de São Paulo.
CARLOS SAMBRANA (mediador), jornalista especializado em economia e negócios, é redator-chefe das revistas Istoé Dinheiro e Dinheiro Rural. Eleito como um dos 50 jornalistas de economia, negócios e finanças mais admirados do Brasil pelo ranking do Jornalistas & Cia e Maxpress.
PROGRAMAÇÃO INFANTIL
11 e 12/11, SÁBADO E DOMINGO
Horário de abertura ao público
Atividades sobre o universo de Arthur Bispo do Rosário / Caixa dos Escolhidos
A Caixa dos Escolhidos é uma caixa de conhecimento que traz um conjunto de jogos pedagógicos, uma publicação e um filme em formato DVD. Idealizada para contribuir de forma lúdica e crítica para a formação de crianças, jovens e adultos em ambientes formais e não-formais de educação, o objeto amplia a difusão da cultura e da história da arte através do universo poético da obra de Arthur Bispo do Rosário. A Caixa dos Escolhidos exige dos seus participantes a exploração da percepção visual e do uso dos demais sentidos, da capacidade de estabelecer relações que a obra de Arthur Bispo do Rosário é capaz de transversalizar.
Social Board
O skate que não tem começo e não tem fim, um ouroboros, uma serpente alquímica, um símbolo do eterno. Um brinquedo de criança, um esporte sem competição. Um veículo que se move e não vai a lugar algum, quanto mais rápido você corre mais parado você fica. Um objeto de arte. Uma escultura cinética interativa. Inspirado no skateboard, o objeto criado por Guilherme Teixeira precisa de duas, três, quatro, cinco ou mais pessoas para funcionar em toda a sua plenitude: um skate coletivo. De mãos dadas, o objeto transforma-se num “gira-gira”, onde as pessoas ficam de pé, num surpreendente equilíbrio compartilhado. Arte no coletivo.
Marilá Dardot na Filomena Soares, Portugal
No início de 2017, Marilá Dardot (nascida em Belo Horizonte, em 1973, e atualmente radicada em Lisboa) foi convidada pela Câmara Municipal de Lisboa e pelas Galerias Municipais da EGEAC para participar do programa Capital Ibero-americana de Cultura – Lisboa 2017 para uma residência artística durante um ano no complexo dos ateliês municipais dos Coruchéus. O projeto Interdito iniciou-se com uma pesquisa acerca dos 900 livros que foram proibidos ou censurados em Portugal, entre 1933 e 1974. Em abril de 2017, Dardot convidou o livreiro Luís Alves e os autores António Mota Redol, José Viale Moutinho, Manuela Tavares, Maria Antónia Palla, Modesto Navarro e Sérgio Ribeiro para uma conversa aberta ao público, que aconteceu na Galeria Quadrum, no dia 5 de abril.
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Para a sua primeira exposição individual no nosso país, a artista desenvolveu um conjunto de trabalhos que abordam as várias dimensões da atuação da censura na produção e difusão literária em Portugal, a partir de uma seleção de quinze livros escritos por escritoras, dramaturgas e poetisas que foram proibidos e confiscados durante o regime do Estado Novo (1933–1945). Natália Correia, Maria Teresa Horta, Pamela Moore, Nita Clímaco, Rosa Luxemburgo, Violette Leduc e Maria Archer são alguns dos nomes que compõem esta coleção.
Ocupando a totalidade dos espaços expositivos da Galeria Filomena Soares, Dardot, uma das mais importantes artistas brasileiras da sua geração, apresenta-nos uma nova perspetiva sobre os diversos temas e problemáticas que definem a sua prática artística desde meados dos anos 2000, para explorar a relação entre o silêncio e o interdito, entre o dito e o não dito, entre o poético e o político.
(Versão adaptada do texto de Inês Grosso no âmbito da exposição)
Beginning of 2017, Marilá Dardot (born in Belo Horizonte, Brazil in 1973, and currently living in Lisbon) was invited by Lisbon’s municipality and the EGEAC Municipal Galleries to participate in the programme Iberian-American Capital of Culture – Lisbon 2017 for a one year artist residency at the municipal studios of Coruchéus. The project Interdict started as a research related to 900 books which were forbidden or censored in Portugal between 1933 and 1974. In April 2017, Dardot invited bookseller Luís Alves and authors António Mota Redol, José Viale Moutinho, Manuela Tavares, Maria Antónia Palla, Modesto Navarro and Sérgio Ribeiro to a public talk at Quadrum gallery in Lisbon.
For her first solo exhibition in Portugal, the artist developed a series of works that approaches the various dimensions of censorship on the levels of literary production and distribution in Portugal, generated from a selection of fifteen books written by female writers, playwrights and poets, that were forbidden and confiscated during the regime of the so-called Estado Novo (New State, from 1933 to 1945). Natália Correia, Maria Teresa Horta, Pamela Moore, Nita Clímaco, Rosa Luxemburgo, Violette Leduc and Maria Archer are some of the names included in this collection.
Dardot, one the most important Brazilian artists of her generation, occupies both exhibition spaces of Galeria Filomena Soares where she presents a new perspective on a number of themes and issues which have been defining her artistic practice since the mid 2000’s and explores the relationship between silence and Interdict, between the said and the unsaid, between poetry and politics.
Ding Musa na Raquel Arnaud, São Paulo
Em do discurso político brasileiro, Ding Musa apresenta uma série de fotografias que surgem do convívio do artista, ao longo de dez anos, com Brasília, em viagens por ocasião de outros trabalhos. Como ressalta Ding, um espaço projetado para ser “palco das mais altas decisões nacionais”, remetendo ao texto de Juscelino Kubitscheck gravado em relevo na parede dourada no Palácio da Alvorada, suposta morada do presidente em exercício, de onde se pode avistar o Congresso e o começo da Esplanada dos Ministérios.
O artista, ao retratar prédios emblemáticos, busca explorar o aspecto discursivo imbuído na espacialidade construída para ser a capital de um país. “O que podemos ver é uma visão, não muito difundida, dos prédios em manutenção, de funcionários que ali trabalham e desses espaços pensados para proferir discursos e projetar uma ideia de nação”, afirma Ding.
Fazem parte da mostra, além das fotografias, um livro de artista com imagens compiladas do ensaio realizado e dois objetos, concebidos com réguas de medição, que dialogam com trabalhos mais recentes. A exposição reverbera preocupações estéticas e alude a produção de Ding Musa de forma mais ampla.
Carlos Nunes na Raquel Arnaud, São Paulo
Em Fototaxia, exposição do artista plástico Carlos Nunes, as técnicas são diversas: colagem, assemblage e performance. Em todas, as energias da luz, do fogo, do campo gravitacional, da impulsão geométrica formam a poética do artista. Como afirma o curador, Ricardo Sardenberg, a imaginação reverbera essas forças naturais em sua maioria em objetos industriais. Em Lampejos o artista por meio de uma ação direta, como numa performance solitária – que pode ser vista em vídeo na exposição –, imprime no papel o resultado de pequenos curtos-circuitos. “Lampejos são registros sobre papel de um clarão momentâneo, ou uma ideia fugaz, na hora do colapso de um sistema”, ressalta Sardenberg.
Já em outra série concebida ao longo da data que lhe dá o nome 03/01/2017 a 27/09/2017, Nunes deixa papéis dobrados durante nove meses à mercê da luz do dia. A expansão do tempo vai determinar a geometria e os tons que a dobra provocou no papel. O curador ressalta que, no campo oposto a Lampejos, esta obra absorve energia num tempo expandido que age de forma a apagar aquilo que antes podíamos ver. “Se na primeira ação, em Lampejos, temos a interferência do artista sobre o papel mediada pela performance de induzir um curto-circuito, na segunda temos o oposto, o repouso, a negação do artista em agir. Quem age é o tempo. São as sequências de dias que finalizam a obra”, diz o curador.
Entre Lampejos e 03/01/2017 e 27/09/2017, a exposição se desdobra em “ações que torcem a energia, ou a atividade do trabalhar, assim mesmo no infinitivo, como matéria escultórica própria à obra do artista”. Uma bolinha de papel queima e de suas cinzas Nunes cria um desenho geométrico; folhas de papel manteiga sobrepostas provocam um campo geométrico gravitacional que ora atrai para dentro, ora para fora do papel; elásticos são suspensos e tensionados pela pressão de um sanduíche de vidro; em vídeo, a palha de aço acoplada ao motor de um ventilador desenha fosforescências no ar. “Nunes é um escultor que por vezes entalha ou cinzela a pedra invisível da energia, deixando marcas, objetos e ações ao longo do caminho”, completa Sardenberg
Vanderlei Lopes na Capela Morumbi, São Paulo
Artista instala cúpula em barro dentro de construção tombada do século XVII. Entrada gratuita. De novembro de 2017 a abril de 2018
O Museu da Cidade de São Paulo inaugura na Capela do Morumbi no dia 11 de novembro de 2017, sábado, às 11 horas, a instalação inédita Domo do artista brasileiro Vanderlei Lopes. O trabalho apresenta um domo e sua torre, com diâmetro de 4 metros por 9,5 metros de comprimento, pesando 5 toneladas. Tombado no chão em diagonal no interior da sala principal da capela, foi construído em barro, madeira e ferro. Na sala lateral, duas mesas apresentam anotações e reflexões em papéis diversos, fundidos em bronze e pintados com guache, grafite e lápis de cor. Trata-se de uma inversão em que “grande obra” surge de modo ambíguo, tombada como ruína, enquanto sobre as mesas, os esboços de caráter diverso são apresentados perpetuados em bronze.
Domo é uma estrutura de teto presente em diversas culturas. Esse elemento arquitetônico confere solenidade, poder e importância às construções que encima. Sua relação com as “esferas celestes” acrescenta dimensões sagradas a essas edificações. Para a construção de “Domo”, Vanderlei criou uma base de doze faces, número que remete ao ideal de perfeição e às diversas formas de estruturação, adotadas pela humanidade para organização do tempo como, por exemplo, as doze horas do relógio, do dia ou da noite, doze meses do ano etc.
O “Domo” da Capela do Morumbi é uma escultura de fragmento arquitetônico ideal. Foi construído a partir de elementos baseados em tipologias gótico/renascentistas. A escolha dos materiais tem o intuito de produzir fricção entre o imaginário solene que o domo evoca, e um repertório arcaico, terreno, a que o barro remete.
Construído em escala monumental e tombado no chão como uma ruína, ele preenche o interior da capela. Sua tipologia renascentista alude a um período permeado por certo otimismo. A cultura se volta para a antiguidade afim de olhar um homem mais engenhoso e a ciência valorizada deixa para trás uma era dominada, sobretudo, pelo obscurantismo religioso.
Originária de um tempo mais recente, a Capela foi construída por Gregori Warchavchik, no final dos anos 1940, sobre ruínas em taipa de pilão, típico modo de construção colonial predominante entre os séculos XVI e XVIII. Como numa cronologia reversa, o trabalho de Vanderlei Lopes produz uma colisão espaço-temporal que, à medida que o visitante adentra a capela, promove um encontro com um passado precioso, ainda mais longínquo.
“É como se a capela estivesse impregnada de um passado que, alheio a ela, se apresenta como um presente”, declara o artista. Nesse sentido, “Domo” articula, por meio desse fragmento arquitetônico, uma reflexão sobre a formação cultural, a tradição e suas relações com a fugacidade contemporânea.
Vanderlei Lopes
Nascido em Terra Boa – PR (1973), é formado em Artes Plásticas pela UNESP em 2000. Entre suas principais exposições individuais destacam-se: “Monumento”, Galeria Athena Contemporânea, 2016; “Grilagem”, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2014; "Tudo que reluz é ouro”, com curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria Athena Contemporânea, 2014, Rio de Janeiro; “Transitório”, Galeria nueveochenta, Bogotá, Colômbia, 2014; “Cavalo”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2013; “7 quedas”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2011; “Vôo, Maus Hábitos”, Porto, Portugal, 2007.
Entre as exposições coletivas mais relevantes: “Gold Rush”, De Saisset Museum, Santa Clara, CA – EUA, 2016; “Uma coleção particular - Arte Contemporânea no Acervo da Pinacoteca”, curadoria de José Augusto Ribeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2015/2016; “Fotos contam fatos”, curadoria de Denise Gadelha, Galeria Vermelho, São Paulo, 2015; “Realidades – Desenho Contemporâneo Brasileiro”, curadoria de Nazareno, SESC-SP, São Paulo, 2011; “Les Cartes Blanches du Silo à l’Emsba”, curadoria de Wagner Morales, Beaux-Arts de Paris, L`École Nationale Supérieure, Paris, 2009; “Loop Videoart Barcelona 2009”, curadoria de Wagner Morales, Centre Civic Pati Llimona, Barcelona, 2009; “Nova Arte Nova”, curadoria de Paulo Venancio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, 2008/2009.
Possui obras nas seguintes coleções: Coleção de Arte da Cidade de São Paulo; Coleção Itaú, São Paulo; Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto; MAM-RJ - Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; MAM-SP - Museu de Arte Moderna, São Paulo; MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; MAC-USP - Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.
Capela do Morumbi
Uma das unidades do Museu da Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, a Capela do Morumbi situa-se em um terreno que pertencia à antiga Fazenda do Morumbi, importante produtora de chá do início do século XIX. Na década de 1940, a Cia. Imobiliária Morumby efetivou o loteamento de suas últimas glebas. Fazia parte deste loteamento a antiga casa-sede da fazenda e, em suas proximidades, uma edificação em ruínas de taipa de pilão. A atual edificação foi construída à maneira de uma capela pelo arquiteto Gregori Warchavchik em 1949 sobre estas ruínas. No final dos anos 1970 foi convertida em espaço para realização de eventos culturais sob a administração da Secretaria Municipal de Cultura e desde 1991 abriga exposições que estabelecem relação de aproximação entre a arte contemporânea e o patrimônio histórico, consolidando-se como espaço para instalações site specific na cidade de São Paulo.
A Capela do Morumbi recebeu 115 projetos desde o início dos anos 1990, quando passou a ser utilizada como espaço artístico sob os cuidados da Secretaria Municipal de Cultura. Entre os artistas que ali realizaram trabalhos destacam-se Carlos Fajardo, Iole de Freitas, Dudi Maia Rosa, Sergio Sister, Carmela Gross, Carlos Vergara, José Resende, Leonilson, Nelson Leirner, Albano Afonso, Sandra Cinto, Daniel Acosta, Carlos Eduardo Uchôa, Wagner Malta Tavares, Ana Paula Oliveira, Guto Lacaz, Laura Vinci, José Spaniol, Marcelo Moscheta, a dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, Alexander Pilis, Maurício Ianês, Tatiana Blass, Lucia Koch, Iran do Espírito Santo, Felipe Cohen, Laura Belém e Sara Ramo.
Renata Padovan + Nova Dança Nova na Casa Nova Arte, São Paulo
A Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea apresenta a exposição "Terreno" da paulistana Renata Padovan e a mostra “Nova Dança Nova” com as coreógrafas Thelma Bonavita e Patrícia Bergantin.
Durante a programação do Artweekend São Paulo as mostras questionam temas presentes como fronteiras, territórios e corpo como um reflexo da sociedade contemporânea.
São Paulo, outubro de 2017 – Entre os dias 11 e 12 de novembro a Casa Nova Arte inaugura a individual Terreno e paralelamente a mostra de dança Nova Dança Nova.
O destaque é para a exposição da artista Renata Padovan, que volta ao trabalho manual através da pintura, depois de ter passado um período de tempo envolvida com processos escultóricos, fotográficos, gráficos, instalativos e sonoros que envolvem diferentes técnicas digitais. Quando a artista retorna à pintura parece que sua longa pesquisa sobre fronteiras e territórios adquire um status essencial da linguagem visual: a abstração na composição pictórica.
Sua pesquisa com as linhas – fronteiras entre países, bordas de objetos do mundo, limites entre os materiais, silhuetas de montanhas – define-se como a essência de sua produção visual. Na exposição “Terrenos” o intuito é mostrar a trajetória da artista desde os anos 90 até 2017 como um mapa composto pelas construções de espaços e territórios fictícios e reais, desenvolvidos pela artista.
Na nova série de pinturas “Subtrações” Padovan chega a uma maturidade da sua longa pesquisa com a linha. Nessa série os limites entre pintura e desenho se expandem criando uma abstração própria da linguagem pictórica, aonde as linhas adquirem uma potência abstrata que gera uma nova fase de investigação. As paisagens de montanhas e terrenos, que com suas particularidades geológicas tomavam diversas formas escultóricas, aqui são problematizadas em uma superfície bidimensional. À seu modo, a artista deixou de lado uma representação mais literal e encontrou na pintura uma temática expandida com o auxilio da abstração pictórica.
Outro destaque são as inéditas esculturas em madeira de Jequitibá, uma das árvores mais antigas do Brasil: “A grande linha” e “A Parte Que Te Cabe”. A primeira é a união dos territórios que demarcam as fronteiras do Brasil com os outros países da América do Sul, que aborda a divisão do continente sul-americano desde o Tratado de Tordesilhas (1494), um acordo entre colonizadores espanhóis e portugueses que define até hoje nosso ambiente geopolítico. A segunda resulta do mesmo procedimento formal com as linhas e expõe a problemática da divisão arbitrária de territórios, nesse caso o da África depois de sua colonização Europeia.
Em ambas obras o arbítrio histórico que definiu a divisão territorial entre colonizadores e colonizados é o resultado das relações de supremacia e submissão dos países com maior ou menor poder econômico e político. Com isso, a exposição pergunta: Qual é o significado dessas divisões hoje, em tempos que discursos pós-coloniais estão ganhando força e representação? Obras de arte que se convertem em poderosas ferramentas de conhecimento e se transformam em atos de resistência.
NOVA DANÇA NOVA
Outra novidade é a mostra “Nova Dança Nova”, com curadoria de Júlia Abs, propõe ao público assistir à coreografias criadas a partir do contexto do “cubo branco” em diálogo com as artes visuais.
As duas artistas brasileiras convidadas Thelma Bonavita e Patrícia Bergantin representam gerações de coreógrafas que atuam na investigação de uma linguagem autoral. Bonavita desenvolve em seu trabalho multidisciplinar reflexões à partir do corpo, sempre em contato com a moda e as artes visuais. Dessas aproximações a artista elabora um corpo contemporâneo. No evento será apresentada a peça “Arqueologia do Desejo_Fleshion” convidando o público a navegar pelas politicas e poéticas propostas em torno do conceito da aparência. Em sua obra este tema formata uma “performance-coleção” aonde a artista se coloca no mesmo plano que as roupas e assume um status único na representação destes elementos.
Outra artista a se apresentar é a jovem coreógrafa Patrícia Bergantin. A obra apresentada será um site-specific aonde a artista experimenta, dentro de um espaço delimitado, uma situação de corpo em estado de pré-linguagem, tensionando as possibilidades de relação nesse momento de clausura. Sua capacidade de intérprete se destaca no Brasil já feito colaborações com outros profissionais da área como Ismael Ivo e Jérome Bel e com o grupo “Perversos Polimórfos”.
A mostra Nova Dança Nova acontece no final de semana de 11 e 12 de novembro de 2017, durante o Art Weekend SP, com as seguintes apresentações:
Sábado, dia 11
16h | 18h - "Sem Título" com Patrícia Bergantin e música de André Teles.
17h | 19h - "Arqueologia do Desejo_Fleshion com Thelma Bonavita e música de Piero Bonavita Basile
Domingo, dia 12
14h | 16h - "Arqueologia do Desejo_Fleshion" com Thelma Bonavita e música de Piero Basile
15h | 17h - "Sem Título" com Patrícia Bergantin e música de André Teles
SOBRE AS ARTISTAS
Renata Padovan nasceu em São Paulo onde vive e trabalha. Graduada em Comunicação Social pela FAAP, ganhou a bolsa Virtuose em 2001 para mestrado na Chelsea College of Art and Design em Londres. Participou de diversos programas internacionais como artista residente, entre eles Banff Centre for the Arts, Canada; Nagasawa Art Park, Japão, Braziers international arists workshop na Inglaterra e NES em Skagaströnd, Islândia. Entre as exposições individuais: Galeria Baró, Galeria Eduardo H. Fernandes, Galeria Thomas Cohn, Centro Cultural São Paulo, Galeria Millan, Galeria Valu Oria, Museu Brasileiro da Escultura em São Paulo, e no Rio de Janeiro no Espaço Cultural dos Correios, Paço Imperial e Museu do Açude. Seu trabalho tem sido mostrado em exposições coletivas e festivais, internacionais e no Brasil.
Elaborada pela artista e coreógrafa Thelma Bonavita, radicada na Alemanha, a performance “Arqueologia do Desejo_ Fleshion” é um recorte do material da peça Fleshion [aparências], que contou com Marcela Reichelt (bailarina e coreógrafa) e Katrina Burch (arqueóloga e sound designer) como colaboradoras e foi apresentada na Bienal de Dança Sesc, Campinas, São Paulo, setembro, 2017. O trabalho artístico de Bonavita existe no trânsito entre coreografia, artes visuais e moda. Co-fundadora do estúdio Nova Dança em 1995, integrante do Ced ( centro de estudos em dança) PUC e articuladora do Como clube, cuja última apresentação se deu na 31º Bienal de São Paulo, em 2014.
Patrícia Bergantin é artista da dança. Atualmente dirige a residência Contágio e o trabalho de dança Égua, com Josefa Pereira, e é performer de Monstra e Montagem, de Elisabete Finger. Em 2016 foi performer em Gala, de Jerôme Bel e apresentou Duplos, a convite de Talita Florêncio e Tiago Salas. Em 2015 participou do Lote Osso como convidada, e em 2014 estreou Projeto para Exercício de Atenção, pelo Edital Site Specific do CCSP. Foi performer da Cia. Perversos Polimorfos por 6 anos e assistente de direção de Shine. Trabalhou com Marta Soares, Jorge Garcia e também em produções de Tino Sehgal, Angie Hiesl & Roland Kaiser e Yvonne Rainer. Formada em Balé Clássico pela Escuela Nacional de Cuba, está se formando no curso de Letras da USP e é resenhista da revista Antro Positivo.
SOBRE A CASA NOVA
A Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea é um espaço localizado no Jardim Paulista, em São Paulo, que promove a convergência de negócios, exposições e ações voltadas a todas as vertentes culturais contemporâneas. Mantém uma programação regular dentro e fora do seu local expositivo com foco na pesquisa curatorial e discursiva da arte contemporânea em parceria com outros espaços de arte do Brasil e do exterior.
novembro 7, 2017
Zip'Up: Filipe Acácio na Zipper, São Paulo
“Zona de remanso” define uma porção de água que, ao ocupar um recorte na margem de um rio ou no litoral, forma uma pequena enseada tranquila. Por analogia, a expressão figura também como repouso, algo que teve o movimento cessado. É a partir de ações de resistência e permanência em zonas de remanso no litoral de Fortaleza que o artista cearense Filipe Acácio reúne em sua individual Zona de remanso: exercícios de permanência registros de performances, dejetos e desenhos que investigam uma potente tensão entre ir e ficar. Com curadoria de Galciani Neves, a exposição é mais uma abrigada pelo projeto Zip’Up e inaugura no dia 11 de novembro.
A mostra sintetiza uma pesquisa realizada pelo artista entre 2011 e 2017 no litoral de Fortaleza, Ceará, nos muros de contenção construídos entre o mar e a cidade. “Os trabalhos buscam estabelecer uma noção de vizinhança acompanhar o fluxo de marés”, afirma o artista. Como na videoinstalação “O farol, a parede, o porto”, em que o artista discute a resistência do corpo com exercícios de permanências em Serviluz, região portuária no litoral cearense, que registou uma série de chacinas entre 2015 e 2016. Ou nas séries fotográficas “Detrito” e "Futuro anunciado", que formam composições de imagens produzidas a partir de mergulhos e da coleta de objetos à deriva. A montagem inclui, ainda, desenhos e estudos produzidos durante o processo.
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
“Zona de remanso: exercícios de permanência” fica em cartaz até 16 de dezembro.
Sobre o artista
Filipe Acácio (1985) é cearense. Mestre no Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. Desde de 2012, atua como diretor de fotografia em longas e curtas metragem. Em 2014, foi artista residente do Laboratório em Arte Contemporânea oferecido pelo Centro Cultural Banco do Nordeste/Fortaleza e do Laboratório Olhares em Conexão – Itinerários Formativos em Fotografia Contemporânea. Em 2015, participou da residência Fotografia contemporânea: Criação e estudos avançados. Integrou exposições como o 67º e 66º Salão de Abril, Mostra Triangulações, Unifor Plástica 2015, Estou cá: Sempre algo entre nós e Mostra Bienal CAIXA de Novos Artistas 2015/2016. Em 2016, recebeu o Prêmio Chico Albuquerque de Fotografia 2016 - SECULT - CE. Atualmente é pesquisador no Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema.
Sobre a curadora
Galciani Neves é curadora, professora e pesquisadora no campo das artes visuais. Possui mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP. Atualmente, é professora do curso de Artes Visuais, da Pós-Graduação em Fotografia e da Pós Graduação em Práticas Artísticas Contemporâneas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), no Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. É co-coordenadora da Escola Entrópica (Instituto Tomie Ohtake - SP). É autora do livro “Exercícios críticos: gestos e procedimentos de invenção”(EDUC, 2016). Desenvolve projetos curatoriais e educativos, atividades relacionadas à crítica, acompanhamento de artistas.
Felipe Cama na Zipper, São Paulo
A nova série de trabalhos de Felipe Cama foge do suporte tradicional da pintura – telas únicas, quadrangulares ou retangulares – para formar mosaicos cartográficos criados a partir do método próprio do artista: a investigação sobre os processos de produção, distribuição e consumo de imagens e a representação digital da vida cotidiana. Os trabalhos estão reunidos em Você chegou ao seu destino, primeira individual do artista na Zipper, que inaugura no dia 11 de novembro. A abertura da exposição acontece durante o Art Weekend São Paulo, um roteiro artístico em que as galerias da cidade funcionam em horário estendido e oferecem programação especial.
As pinturas põem em confronto – ou em diálogo – as concepções de abstração e figuração na arte. “Os trabalhos apagam a fronteira que haveria entre o abstrato e o figurativo. Eles são ambos ao mesmo tempo”, reflete o artista. Paralelamente, refletem sobre os territórios mapeados pelas novas tecnologias e o controle que grandes corporações de tecnologia exercem sobre cada um de nós a partir do smartphone e o GPS, ferramentas hoje banalizadas.
Com um celular à mão, Felipe registrou durante anos seu deslocamento diário em serviços de geoposicionamento online – que monitoram em tempo real a trajetória realizada pelo usuário; depois, o artista verificou o traçado resultante pelo deslocamento em um dia, que foi tomado como ponto de partida para as telas. “Grande empresas de tecnologias monitoram nosso cotidiano, onde vamos, o que vemos, o que consumimos, e oferecem os dados para que outras empresas formulem suas estratégias comerciais. Os trabalhos refletem sobre privacidade e liberdade”, afirma o artista. Sua individual levanta, ainda, questões ligadas à fragmentação na era digital. As pinturas não são compostas como peças únicas. São chassis individuais que, montados como peças, formam a totalidade do trabalho. Com texto crítico de Giselle Beiguelman, a mostra fica em cartaz até 16 de dezembro.
Sobre o artista
Felipe Cama (Porto Alegre, 1970, vive em São Paulo) examina os processos de produção, distribuição e consumo de imagens no mundo contemporâneo. Para tanto, apropria-se de representações em diversos meios – desde imagens digitais que circulam pela internet, fotografias publicitárias, fotos encontradas em álbuns de viagem virtuais e reproduções em livros de História da Arte – para compor obras em suportes como a pintura, a fotografia, a colagem e o vídeo. Seu trabalho consta em importantes coleções institucionais: Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Instituto Figueiredo Ferraz, Museu de Arte de Porto Alegre, Centro Cultural Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa) e Universidade de Arte de Musashino (Tóquio).
Texto crítico: Giselle Beiguelman
Giselle Beiguelman investiga a estética da memória e desenvolve projetos de intervenções artísticas no espaço público e com mídia digital. É professora associada do Departamento de Arquitetura Histórica e Estética do Projeto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Universidade de São Paulo (FAU-USP). Beiguelman é o autora de vários livros e artigos sobre o nomadismo contemporâneo e as práticas da cultura digital. Ela foi chefe do Curso de Design da FAU-USP de 2013 a 2015, onde tem ensinado desde 2011. Entre seus projetos recentes estão “Memories of Amnesia” (2015), “quão pesada é uma nuvem?” (2016) e a curadoria da “Arquinterface: a cidade expandida pelas redes”. Ela é membro do Laboratório de OUTROS Urbanismos (FAU-USP) e do Laboratório Interdisciplinar de Informação de Imagem - Humboldt-Universität zu Berlin. Suas obras de arte estão em coleções de museus do Brasil e no exterior, como a ZKM (Alemanha), a coleção latino-americana da Universidade de Essex, MAC-USP e MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro), entre outros.
Raquel Garbelotti na Marilia Razuk, São Paulo
O título da exposição - o visitante, o invasor - refere-se às formas de atuação possíveis quando nos relacionamos com os espaços e com os outros; quer seja como visitantes, quer seja como invasores, atravessamos fronteiras, negociamos posições. O visitante, ou invasor, refere-se àquele ou àquilo que nos afeta ou por nós é afetado.
Em sua exposição individual a artista Raquel Garbelotti apresentará três núcleos de trabalhos que, embora se refiram a projetos distintos, quando aproximados, podem oferecer leituras mais complexas sobre questões de fronteiras e vizinhanças, poder e autoritarismo.
Em um deles haverá um projeto desenvolvido há muitos anos por ela no porão da casa de Mário de Andrade, situada na esquina das Ruas Lopes Chaves e Margarida, em São Paulo, que era um espaço inacessível aos visitantes da casa quando o escritor lá habitava. A convite de Rosa Artigas, na época gestora do espaço, a artista desenvolveu um projeto de intervenção no porão da casa – pintando-o de preto e trabalhando em colaboração com o fotógrafo Mauro Restiffe, que fez um ensaio sobre a luz no espaço. Para a atual exposição na Galeria Marilia Razuk, Garbelotti trabalhou em colaboração com o arquiteto Bruno Massara Rocha na construção de uma maquete 3D do porão, de forma a criar uma estratégia de visualização do espaço que não é dada ao espectador da obra de imediato: é preciso buscar frestas na maquete para projetar-se sobre o lugar, apontando assim novamente para o lugar mais inacessível da casa do poeta. Outra obra que faz parte deste conjunto, intitulada O Porão, é um vídeo com as imagens feitas pelo fotógrafo Mauro Restiffe registrando apenas o que a luz natural que atravessava as exíguas janelas e respiradouros revelou durante o dia da documentação. Nas imagens veem-se parcelas do espaço, mas nunca o todo. Cabe ao visitante da obra completar as lacunas – tanto da maquete quanto das imagens oferecidas a ele como convite ao espaço inacessível.
No segundo núcleo de trabalhos, intitulado Wind Fence, há uma maquete da casa da artista tomada pelo minério de ferro, material bruto extraído no estado do Espírito Santo. Um vídeo mostra esse processo de invasão do pó de minério na maquete. Ambos, filme e maquete dão a ver o perigo das invasões da modernidade e sua herança desenvolvimentista e os impactos na paisagem e na vida das pessoas. No filme, a arquitetura da casa toda branca vai se revelando aos poucos à medida que o minério vai adentrando o espaço e tomando os cômodos. Wind Fence refere-se, portanto, a uma cerca que não barra o vento, mas que faz o minério adentrar ou invadir todas as casas e edifícios em Vitória, no Espírito Santo. Para desenvolver a estratégia de contenção e desbordamento do minério na maquete física, a artista contou com a colaboração da arquiteta Clara Sampaio.
Por fim, no último núcleo, a artista apresenta uma série de cobogós de concreto desenvolvidos em escala 1 : 5 que invadem o espaço da galeria rememorando tanto a herança modernista quanto a implantação de um modelo de modernismo tropical no Brasil, e seu desenvolvimentismo às avessas, permissivo a impactos e extrações indiscriminadas. Os cobogós fora de escala de uso e função dividem as parcelas do espaço da galeria apresentando, assim, situações de separação e vizinhança entre os visitantes da exposição.
Raquel Garbelotti participou de diversas exposições individuais e coletivas como, (2015) Do Objeto para o Mundo – Coleção Inhotim, curadoria de (curated by) Rodrigo Moura. INHOTIN, Brumadinho/MG, Brasil. (2014) Anos 90 | 00 E Novíssimos, Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. (2011) Brutalidade Jardim, curadoria de (curated by) Kiki Mazzucchelli, Galeria Marilia Razuk, São Paulo. (2013) Tempo Suspenso – Prólogo, curadoria de (curated by) Luisa Duarte, Brazil Art Fair, Miami, E.U.A. (2011) Juntamentz, 8aBienal do Mercosul. Ensaios de Geopoéticas, Porto Alegre, Brasil, curadoria de (Cureted by) José Rocca. (2011) Cinemaquete: Western. (2007) 7a Bienal do Mercosul. Grito e Escuta, Projeto Capacete, Porto Alegre. (2011) 32º Panorama de Arte Brasileira, CINEMA DE ARTISTA (publicação/palestra), curadoria de (curated by) Cauê Alves e Cristina Tejo, Museu de Arte Moderna, São Paulo. (2008) Estado de Exceção - Venha ver a Coréia (Ver Você), curadoria de Marcelo Resende, Paço das Artes, São Paulo. Paisagem Sucessiva, Casa Triângulo, São Paulo. (2002) 25ª Bienal de São Paulo. (2001) Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM. (2001) II Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo. (2000) 26a Bienal de Pontevedra, Espanha, entre outras. Raquel Garbelotti é docente/pesquisadora na UFES, Brasil. Doutorado pela ECA/USP.
novembro 6, 2017
32ª Bienal - Itinerâncias: Fortaleza no Dragão do Mar, Fortaleza
Parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura apresenta obras de 15 artistas e coletivos da última Bienal de São Paulo. Abertura terá presença do curador e show da banda Baião de Dub
Com realização no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, uma nova etapa nacional das itinerâncias da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva acontece de 7 de novembro de 2017 a 28 de janeiro de 2018. Trazendo um recorte de 15 artistas e coletivos, a mostra terá abertura no dia 7 às 18h, com mediação do curador Jochen Volz – responsável pela última edição da Bienal, em 2016. Às 21h, o Dragão do Mar realiza show com o grupo Baião de Dub, no Ateliê dos Museus.
Foram selecionados para integrar a exposição: Antonio Malta Campos (Brasil), Bárbara Wagner (Brasil), Charlotte Johannesson (Suécia), Felipe Mujica (Chile), Francis Alÿs (Bélgica), Gilvan Samico (Brasil), Güneş Terkol (Turquia), Grada Kilomba (Portugal), Jonathas de Andrade (Brasil), Michal Helfman (Israel), Misheck Masamvu (Zimbábue), Mmakgabo Helen Sebidi (África do Sul), Pierre Huyghe (França), Rachel Rose (EUA), Vídeo nas Aldeias (Brasil) e Wilma Martins (Brasil). A curadoria geral de Jochen Volz foi responsável pela última edição da Bienal, em 2016.
Intitulada Incerteza Viva [Live Uncertainty], a 32a Bienal tem como eixo central a noção de incerteza a fim de refletir sobre atuais condições da vida em tempos de mudança contínua e sobre as estratégias oferecidas pela arte contemporânea para acolher ou habitar incertezas. A exposição se propõe a traçar pensamentos cosmológicos, inteligência ambiental e coletiva assim como ecologias naturais e sistêmicas. A mostra foi concebida em torno das obras de 81 artistas e coletivos sob curadoria de Jochen Volz e dos cocuradores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México).
Em 2017, o programa de mostras itinerantes da 32ª Bienal de São Paulo circula com seleções de obras da 32ª Bienal por doze cidades no Brasil e duas no exterior: Campinas/SP, Belo Horizonte/MG, São José dos Campos/SP, Cuiabá/MT, São José do Rio Preto/SP, Ribeirão Preto/SP, Garanhuns/PE, Palmas/TO, Santos/SP, Itajaí/SC, Fortaleza/CE, Vitória/ES, Bogotá/Colômbia e Porto/Portugal.
Ações educativas
As itinerâncias da Bienal de São Paulo trazem ainda uma série de ações educativas realizadas em parceria com o Núcleo Educativo do MAC-CE e a Escola Porto Iracema das Artes. Em 6 de novembro (segunda-feira), o curador da Bienal Jochen Volz apresenta a palestra "Incerteza Viva: Conceitos e Artistas", às 19h, no Auditório do Porto. A palestra abrange uma breve apresentação da história da Fundação Bienal de São Paulo e o processo de desenvolvimento e conceitos da 32ª Bienal. Também serão abordadas as pesquisas de artistas que integram a itinerância em Fortaleza.
Na mesma semana, serão realizados ainda dois laboratórios, com partida no Porto Iracema. Em 7 de novembro (terça-feira), das 14h às 17h, o laboratório "Narrativas que constroem mundos" debate a relação entre narrativas pessoais e a multiplicidade de existências possíveis, com base nas obras dos artistas da Bienal. Em 8 de novembro (quarta-feira), o laboratório "Processos criativos em educação" propõe aproximar processos criativos de artistas e de professores, relacionando ações educativas e obras da 32ª Bienal.
As inscrições para os laboratórios devem ser realizadas no link http://bienal.org.br/evento.php?i=4377.
Ao longo do período da exposição, o Núcleo Educativo do MAC-CE realiza ainda uma série de oficinas gratuitas, aos finais de semana. A programação segue em anexo.
Arte é liberdade
Em novembro, o Centro Dragão do Mar celebra o mês da cultura, realizando o ciclo programático “Arte é Liberdade”, atento aos debates urgentes da arte contemporânea. “Em meio a turbulências reacionárias, se impõe nos debates sobre arte reafirmar a importância de proteger esse lugar enquanto território de expressão essencialmente livre. Afinal, a liberdade é inerente ao fazer artístico”, define o presidente do Instituto Dragão do Mar, Paulo Linhares.
Durante o ciclo programático “Arte é Liberdade”, em novembro, o Dragão do Mar recebe ainda os festivais Feira da Música, com show do cantor pernambucano Otto; Ponto.CE, com shows de bandas de todos o País; Festival do Circo do Ceará, com programação gratuita para todas as idades; Festival Internacional do Folclore e FOR RAINBOW – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual.
Tem também show de Zé Ramalho, no dia 25, na Praça Verde; e a Temporada de Arte Cearense (TAC), com espetáculos do Coletivo Artístico As Travestidas, Cia Vidança e a exposição "Você Mereceu", da artista Marília Oliveira, na Multigaleria, entre outros espetáculos distribuídos ao longo do mês. A programação completa estará disponível no site www.dragaodomar.org.br, a partir do dia 1º de novembro.
Artistas e obras
ANTONIO MALTA CAMPOS 1961, SÃO PAULO, BRASIL. VIVE EM SÃO PAULO, BRASIL Na trajetória de Antonio Malta Campos, iniciada em meados dos anos 1980, observa¬-se uma pesquisa plástica contínua em torno do desenho e da pintura, valendo¬-se de um amplo repertório visual que se estende desde os paradigmas artísticos modernistas até as linguagens da cultura de massa. Tanto em seus dípticos de grande dimensão, quanto no conjunto de pequenos exercícios gráficos – denominados “misturinhas” – ficam evidentes o apuro técnico do artista e sua insurgência contra o conforto visual das precisões geométricas e das distinções entre o abstrato e o figurativo. Para a 32ª Bienal, Malta apresenta um conjunto de pinturas criado entre 2015¬/2016 que faz colidir a tradição harmônica do formalismo pictórico com uma ironia gráfica, promovendo anamorfismos, contrastes cromáticos e alterações de escala.
BÁRBARA WAGNER 1980, BRASÍLIA, BRASIL. VIVE EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL O brega é música, dança, cena cultural e economia criativa na periferia do Recife. Em duas linhagens, funk e romântico, constitui uma cadeia de MCs, DJs, bailarinos, produtores, empresários e público. Seus hits – eróticos, irônicos, lamuriosos e, em alguns casos, ainda machistas – extrapolam os limites socioeconômicos dos bairros e participam da paisagem sonora de uma cidade convulsiva em suas diferenças. A artista Bárbara Wagner, em parceria com Benjamin de Burca, desconstrói esse fenômeno no filme Estás vendo coisas (2016) e o analisa tornando visíveis as singularidades, as errâncias e também algumas relações entre seus agentes. A boate Planeta Show abrigou o experimento de um retrato coletivo e filmado, que, nessa condição, desafia o caráter preciso da fotografia. O resultado não deixa de ser documental, mas é parcialmente ofuscado pela luz artificial de estúdio, camarim, palco e tela, com personagens que encenam a si mesmos.
CHARLOTTE JOHANNESSON 1943, MALMÖ, SUÉCIA. VIVE EM SKANÖR, SUÉCIA Instruída em tecelagem, Charlotte Johannesson começou a fazer tapeçarias como arte nos anos 1970. Seus trabalhos satirizavam a política tradicional e muitas vezes consistiam em comentários feministas e engajados sobre acontecimentos globais. Como reação ao golpe militar do general Augusto Pinochet em 1973, por exemplo, ela produziu Chile Echoes in My Skull [O Chile ecoa no meu crânio] (1973/2016), no qual se põe na posição de testemunha atormentada e tece uma imagem de sangue derramando de veias abertas da América Latina. Em 1978, Johannesson trocou seu tear por um Apple II Plus, a primeira geração de computadores pessoais. Aprendendo a programar sozinha, ela adotou as mesmas medidas que usava no tear para o computador (239 pixels na horizontal e 191 pixels na vertical). Financiada pelo Departamento Nacional Sueco de Tecnologia e Desenvolvimento, ela fundou o Digital Theatre [teatro digital] com seu parceiro Sture Johannesson, em Malmö, na Suécia. Enquanto existiu, entre 1981 e 1985, o Digital Theatre foi uma tecno-utopia em miniatura e o primeiro laboratório de arte digital da Escandinávia. Charlotte Johannesson se dispôs a criar “micro-performances”: gráficos digitais em tela e impressos, e experimentos com computadores em tempo real.
FELIPE MUJICA 1974, SANTIAGO, CHILE. VIVE EM NOVA YORK, EUA Os projetos de Felipe Mujica se organizam a partir de duas formas principais de atuação: de um lado, sua pesquisa visual, que envolve a criação de instalações de painéis de tecido móveis e interativos; de outro, a organização colaborativa de exposições, publicações e gestão de espaços culturais. Permeia essa atuação a investigação sobre o passado recente da arte latino-americana, com interesse específico por experiências que aproximam educação e arte moderna. Aspecto fundamental de seu método de trabalho é a abertura da obra ao diálogo com outros artistas, com o público e com comunidades. No projeto Las universidades desconocidas [As universidades desconhecidas] (2016), Mujica trabalha em parceria tanto com os artistas brasileiros Alex Cassimiro e Valentina Soares, como com o grupo Bordadeiras do Jardim Conceição, formado por cerca de quarenta moradoras desse bairro na cidade de Osasco. A partir de desenhos realizados pelo artista, os grupos de colaboradores criaram e confeccionaram as cortinas que compõem a instalação. Produzidas com os mesmos materiais e técnicas distintas, as peças costuram saberes pessoais formados por diferentes repertórios e experiências, unidos agora como lados complementares de uma mesma realidade: o trabalho criativo coletivo.
FRANCIS ALŸS 1959, ANTUÉRPIA, BÉLGICA. VIVE NA CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO A obra de Francis Alÿs baseia-se em ações propostas ou praticadas pelo artista, que se desdobram em vídeos, fotografias, desenhos e pinturas. Frequentemente evocando uma sensação de absurdo ou insensatez, seus trabalhos pesquisam criticamente situações políticas, sociais e econômicas na vida contemporânea. A instalação concebida para a 32ª Bienal consiste em pinturas de paisagem e um filme de desenhos animados, todos Untitled [Sem título] (2016). Esses elementos estão instalados em paredes de espelhos, que revelam o verso dos desenhos e pinturas, fixados com alguma inclinação. As imagens refletidas do público e do espaço expositivo tornam-se também parte integrante do projeto, o que nos convida a questionar qual é a nossa relação – e do ambiente institucional e urbano em que estamos inseridos – com as diferentes situações e noções de catástrofe discutidas por Alÿs.
GILVAN SAMICO 1928, RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL – 2013, RECIFE O artista apresenta em suas gravuras mitos e cosmologias repletos de simbologias. Suas composições têm a simetria e a verticalidade como valores que organizam narrativas sobre a natureza – sendo homens e mulheres parte desse ambiente – e instâncias sagradas que se relacionam com a vida terrena. Iniciou sua prática artística como autodidata no Recife, mas depois estudou sob tutela de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi. A impressão de suas gravuras era feita de forma minuciosa e manual. A produção de cada peça presente na 32ª Bienal levou um ano de trabalho do artista, entre 1975 e 2013. Influenciado pela arte popular nordestina, Samico tem como referência a literatura de cordel e o Movimento Armorial, sendo o encontro com o escritor Ariano Suassuna um importante ponto de inflexão em sua trajetória. Partindo de narrativas locais, Samico traça uma história visual que engloba cosmologias sobre a formação do mundo e o estudo de livros como a trilogia Memoria del Fuego, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, publicada entre 1982 e 1986. Assim, os títulos das obras funcionam como chaves de leitura que, junto às imagens, revelam camadas que pertencem e povoam o imaginário de tantas culturas.
GÜNEŞ TERKOL 1981, ANKARA, TURQUIA. VIVE EM ISTAMBUL, TURQUIA Güneş Terkol desafia os imaginários relacionados ao feminino a partir de histórias pessoais ou coletivas compartilhadas por mulheres em oficinas que organiza para sua pesquisa e processo de trabalho. O bordado, prática culturalmente atribuída ao ambiente doméstico e ao labor da mulher, ganha camadas públicas e políticas em sua produção. Na 32ª Bienal, são apresentadas as séries Couldn’t Believe What She Heard [Não posso acreditar no que ela ouviu] (2015) e The Girl Was Not There [A menina não estava lá] (2016), essa última comissionada para a exposição. Na primeira, em uma montagem aberta, Terkol cria imagens nas quais elementos relacionados ao estereótipo do “universo feminino” – unhas esmaltadas, cabelos, sapatos – são contrastados com fragmentos de corpos cujo sexo não é possível identificar. Na segunda série, a artista resgata o caráter místico e idílico da natureza. A coloração se origina de materiais orgânicos, como cebola, folhas de tabaco, abacate e beterraba, e compõe paisagens ou cenas que mesclam elementos ornamentais, molduras vazias e figuras inventadas. O tecido utilizado subverte a aparente fragilidade das obras e sua transparência possibilita entrever as composições, multiplicando e desconstruindo os imaginários do feminino e da natureza.
GRADA KILOMBA 1968, LISBOA, PORTUGAL. VIVE EM BERLIM, ALEMANHA
Grada Kilomba é uma escritora, teórica e artista que ativa e produz saber descolonial ao tecer relações entre gênero, raça e classe. Sua obra dispõe de formatos e registros distintos, como publicações, leituras encenadas, performances-palestras, videoinstalações e textos teóricos, criando um espaço híbrido entre conhecimento acadêmico e prática artística. É partindo do gesto duplo de descolonização do pensamento e de performatização do conhecimento que Kilomba salta do texto à performance e dá corpo, voz e imagem a seus escritos. Na 32ª Bienal, a artista mostra The Desire Project [O projeto desejo] (2015-2016), uma videoinstalação dividida em três momentos: While I Speak, While I Write e While I Walk [Enquanto falo, Enquanto escrevo e Enquanto ando], vídeos cujo principal elemento visual é a palavra e que indicam a aparição de um sujeito enunciador historicamente silenciado por narrativas coloniais.
JONATHAS DE ANDRADE 1982, MACEIÓ, ALAGOAS, BRASIL. VIVE EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL O artista trabalha com suportes variados, como instalação, fotografia e filme, em processos de pesquisa que têm profundo caráter colaborativo. Sua obra discute a falência de utopias, ideais e projetos de mundo, sobretudo no contexto latino-americano, especulando sobre sua modernidade tardia. Em seu trabalho, afetos que oscilam entre a nostalgia, o erotismo e a crítica histórica e política são agenciados para abordar temas como o universo do trabalho e do trabalhador, e a identidade do sujeito contemporâneo, quase sempre representado pelo corpo masculino. O filme O peixe (2016), apresentado pela primeira vez na 32ª Bienal, acompanha pescadores pelas marés e pelos manguezais de Alagoas, que utilizam técnicas tradicionais de pesca, como rede e arpão, na espera pelo tempo necessário para capturar a presa. Cada pescador encena uma espécie de ritual: eles retêm os peixes entre seus braços até o momento da morte, uma espécie de abraço entre predador e presa, entre vida e morte, entre o trabalhador e o fruto do trabalho, no qual o olhar – do pescador, do peixe, da câmera e do espectador – desempenha papel crucial. Situada num território híbrido entre documentário e ficção, a obra dialoga com a tradição etnográfica do audiovisual.
MICHAL HELFMAN 1973, TEL AVIV, ISRAEL. VIVE EM TEL AVIV Michal Helfman trabalha com escultura, desenho, instalação, performance, dança e filme. Para a 32a Bienal, a artista apresenta a videoinstalação Running Out of History [Esgotando a história] (2015-2016), filme ficcional com roteiro baseado em entrevistas reais da artista com a ativista israelense Gal Lusky, que criou uma organização não governamental atuante em lugares nos quais a entrada de ajuda humanitária internacional é dificultada por seus regimes políticos. O filme traz uma narrativa sobre justiça, construção histórica, arte, política e práticas ativistas. As discussões giram em torno de temas como contrabando, semelhanças e diferenças entre ativistas e artistas, figuras que podem inspirar e influenciar a realidade. As conversas são moderadas por dois dados impressos em 3D, cada face contém uma palavra da frase “Não perdoaremos, não esqueceremos” – cunhada em Israel acerca do Holocausto, mas que também serviu para legitimar atos de violência praticados por autoridades estatais. Na impressora 3D, uma dançarina se movimenta de acordo com as direções da máquina. O filme é parte de uma instalação que inclui barreiras e dispositivos, como caixas de transporte e esculturas. Dentro dela está uma escultura de chapa de metal com a imagem de uma balança, sugerindo um signo de ponderação, pesos e medidas ante a condição histórica e política tratada por Helfman.
MISHECK MASAMVU 1980, MUTARE, ZIMBÁBUE. VIVE EM HARARE, ZIMBÁBUE Misheck Masamvu é conhecido por suas pinturas provocadoras, que são consideradas reflexões e comentários sobre a paisagem sociopolítica pós- independência do Zimbábue e o lugar desse país no imaginário mundial. Embora tenha nascido no início do processo de independência do Império Britânico, as cenas de Masamvu visualizam um mundo caótico similar ao retratado no romance "The House of Hunger" (1978), do falecido escritor zimbabuense Dambudzo Marechera – o artista descreveu sua literatura como um “tratamento de choque literário”. O mesmo pode ser dito das pinturas de Masamvu: são declarações de um estado político estagnado e fraturado. Ainda que sedutoras em seu tratamento de cores e formas, podem ser lidas como uma forma de combate. A guerra aqui é tanto política como espiritual, feita para redimir a apatia humana diante do sofrimento e da dor, condições que levam à exaustão espiritual. Comissionadas pela 32ª Bienal, Midnight [Meia-noite] (2016) e Spiritual Host [Anfitrião espiritual] (2016) foram criadas em um contexto de transformação política no Zimbábue, onde protestos recentes contra o governo mostram um povo exigindo uma nova realidade.
MMAKGABO HELEN SEBIDI 1943, MARAPYANE, ÁFRICA DO SUL. VIVE EM JOANESBURGO, ÁFRICA DO SUL Nascida na vila de Marapyane, Mmakgabo Helen Sebidi aprendeu com a avó técnicas tradicionais de pintura em parede e cerâmica. Mudou-se para Joanesburgo adolescente e, entre as décadas de 1970 e 80, participou de cursos e ateliês em espaços que proporcionaram o contato com outros artistas e um ambiente politizado, o que impactaria a temática de seus trabalhos. Sebidi retrata experiências cotidianas e sabedorias ancestrais, assim como mostra o sofrimento infringido pelo contexto do apartheid, especialmente para mulheres negras. De seus professores e colegas artistas ela absorveu técnicas de colagem e elementos abstratos, gerando o emblemático díptico Tears of Africa [Lágrimas da África] (1987-1988), presente na 32ª Bienal. A obra, produzida em carvão, tinta e colagem, trata de conflitos continentais assim como da aspereza das relações humanas no cotidiano da cidade grande e suas decepções, agravadas pela degradação das estruturas familiares e pelo regime de segregação que vigorou oficialmente na África do Sul de 1948 a 1994. Mais uma pintura, criada durante sua residência artística em Salvador, na Bahia, e presente na exposição, gera uma conversa entre o Brasil e o continente em que Sebidi nasceu e ativa um diálogo entre os dois trabalhos.
PIERRE HUYGHE 1962, ANTONY, FRANÇA. VIVE EM SANTIAGO, CHILE E NOVA YORK, EUA Os trabalhos de Pierre Huyghe desafiam as fronteiras entre ficção e realidade. Sua obra se materializa em meios como filme, situações ou exposições, operando, por vezes, como ecossistemas. Huyghe inclui em sua prática elementos que expandem a noção de objeto de arte. Em Cerro Indio Muerto [Colina Índio Morto] (2016), vê-se em primeiro plano um esqueleto humano caído próximo ao sulco deixado no solo por um riacho seco, tendo ao fundo uma colina. Seu título faz referência ao local onde a fotografia foi feita pelo artista, na região do deserto do Atacama, no Chile. Os restos mortais, ali encontrados por Huyghe, fundem-se à paisagem árida do deserto, em um cruzamento entre tempo humano e tempo natural. Assim como o nome da colina remete ao extermínio, histórico e atual, dos povos indígenas nas Américas.
RACHEL ROSE 1986, NOVA YORK, EUA. VIVE EM NOVA YORK Em seus vídeos e instalações, Rachel Rose constrói narrativas por meio de processos de edição, utilizando a livre e abundante circulação e associação de vídeos e imagens. A sobreposição de camadas, procedimento comum à pintura, é aplicada aqui a arquivos digitais, criando uma imagem híbrida com forte potencial sinestésico. A Minute Ago [Um minuto atrás] (2014) é uma reflexão sobre a experiência da catástrofe, que mescla um vídeo encontrado no YouTube de uma súbita tempestade de granizo em uma praia com relatos do arquiteto americano Philip Johnson em sua Casa de Vidro, que, por sua vez, são confrontados com a reprodução da pintura "O funeral de Phocion" (1648), do francês Nicolas Poussin, entre outros elementos.
VÍDEO NAS ALDEIAS CRIADO EM 1986. BASEADO EM OLINDA, PERNAMBUCO, BRASIL Há três décadas, o Vídeo nas Aldeias tem mobilizado debates centrais aos povos indígenas e à produção e difusão audiovisual. O projeto tem como um de seus objetivos a formação de realizadores indígenas, desestabilizando narrativas forjadas com base no olhar externo. Questões éticas e escolhas estéticas são entrelaçadas em seus projetos, que tratam de assuntos como rituais, mitos, manifestações culturais e políticas, e experiências de contato e de conflito com os brancos. Fundado pelo indigenista Vincent Carelli, Vídeo nas Aldeias capta recursos e circula seus trabalhos, realiza exibições em comunidades indígenas, festivais de cinema, televisão, internet e elabora materiais didáticos. Para a 32ª Bienal, Ana Carvalho, Tita e Vincent Carelli criaram a instalação inédita O Brasil dos índios: um arquivo aberto (2016), que configura um espaço de imersão em imagens, gestos, cantos e línguas de vinte povos distintos, entre eles os Xavante, Guarani Kaiowá, Fulni-ô, Gavião, Krahô, Maxakali, Yanomami e Kayapó. Reunidos por sua força discursiva e imagética, os trechos constituem mais um ponto de resistência coletiva às tentativas de invisibilidade e apagamento de grupos indígenas e provocam uma ampla reflexão sobre alteridade e convenções de perspectivas culturais.
WILMA MARTINS 1934, BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS, BRASIL. VIVE NO RIO DE JANEIRO, BRASIL A artista relaciona-se com seu entorno por meio de desenhos, gravuras e pinturas. Na série Cotidiano (1975-1984), seu processo de trabalho consiste em vários estágios, nos quais desenhos e pinturas vêm de e voltam para seus cadernos, como revisitações – ora os desenhos são esboços de pinturas posteriores, ora são registros de uma composição que já nasceu na tela. Os espaços domésticos, aparentemente ordinários, são habitados por animais silvestres e cobertos por matas e rios que “esparramam-se” ou surgem por frestas do dia a dia, como uma pia repleta de louça e as dobras de um cobertor. Jogando com escalas e cores, a artista torna visível a coexistência de universos supostamente incompatíveis. Em sua obra, o que poderia estar à espreita no inconsciente emerge para atravessar inesperadamente a rotina e ocupá-la com uma atmosfera insólita. Morando no Rio de Janeiro desde a década de 1960, Martins contempla vistas a partir de sua casa, hábito que cultiva para criar as telas das paisagens.
Implosão: Trans(relacion)ando Hubert Fichte no MAM Bahia e CAHO, Salvador e Rio de Janeiro
Obra de figura chave do underground literário alemão dos anos 1960 chega finalmente ao Brasil, com lançamento de livro e exposição que reúne trabalhos inspirados nas viagens erótico-etnográficas do escritor pelo país
Fichte gostava de sexo. E gostava de viajar. Gostava particularmente do Brasil e dos brasileiros. Um dos maiores autores cults alemães, poeta maldito e cronista do submundo de Hamburgo, Hubert Fichte (1935-86) ganha exposições de arte e edições de sua obra em diversos países. Um grande projeto internacional, concebido por Anselm Franke e Diedrich Diederichsen, lançado na Alemanha pela Haus der Kulturen der Welt (HKW) em parceria com o Goethe-Institut, leva o legado de Fichte às cidades que ele visitou e sobre as quais escrevia: Lisboa, Salvador, Rio de Janeiro, Dakar, Nova Iorque, Santiago do Chile, entre outras. No Brasil, a mostra Implosão: Trans(relacion)ando Hubert Fichte, com curadoria do filósofo Max Jorge Hinderer Cruz e do artista Amilcar Packer, será aberta na capital baiana em 7 de novembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia, seguindo até 17 de dezembro; e, nas terras cariocas, no dia 25 de novembro, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, onde permanece até 13 de janeiro de 2018. Em ambas as cidades, será lançado um dos livros seminais para compreensão do trabalho do autor, “Explosão. Romance da Etnologia”, com tradução para o português de Marcelo Backes e selo da editora Hedra. “Explosão” também será lançado em São Paulo, em 28 de novembro, no Goethe-Institut, seguido de pocket show com o compositor e instrumentista Negro Leo e participação do artista alemão Diedrich Diederichsen.
A mostra “Implosão: Trans(relacion)ando Hubert Fichte” reúne trabalhos de artistas contemporâneos, principalmente brasileiros, convidados a incursionar no universo de Fichte, desdobrando-o em criações inéditas ao lado de trabalhos históricos. A exposição propõe um questionamento sobre os olhares, posições, preconceitos e lugares de fala do poeta libertário alemão, judeu, homossexual, que procurou no Brasil novas alianças minoritárias, tanto nos terreiros quanto nos banheiros públicos. Participam Ayrson Heráclito (BA), Coletivo Bonobando (RJ), Letícia Barreto (SP), Michelle Mattiuzzi (SP/BA), Negro Leo (MA), Pan African Space Station (África do Sul) e Rodrigo Bueno (SP). Além disso, a mostra apresentará instalações e obras de arquivo que se alinham com o próprio olhar de Fichte em seu contexto histórico, assinadas por Hélio Oiticica, Leonore Mau e Alair Gomes.
Juntamente à edição do livro de Fichte em português, será também lançada uma publicação de título homônimo à exposição, editada por meio de uma colaboração entre a dupla de curadores da mostra e a pesquisadora Cíntia Guedes. São reunidos textos, conversas e entrevistas com alguns dos artistas participantes, assim como com figuras relevantes do cenário político e intelectual brasileiro, como Indianara Siqueira, a performer e ensaísta Jota Mombaça, Mateus Ah, a fotógrafa e diretora de cinema Vanessa Oliveira, o antropólogo Sérgio Ferreti, o Coletivo Bonobando, a antropóloga e diretora de teatro Adriana Schneider e o músico Negro Leo.
Em Salvador, o projeto ainda se vincula ao XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema, onde irá exibir quatro foto-filmes de Fichte e Leonore Mau, no dia 9 de novembro. A sessão será acompanhada de mais um momento de lançamento do livro “Explosão. Romance da Etnologia”, com uma leitura do Coletivo Bonobando.
SOBRE HUBERT FICHTE (21 de março de 1935, Perleberg/Alemanha – 8 de março de 1986, Hamburgo/Alemanha) – Escritor alemão, bi-/homossexual, de pai judeu e criado durante a Segunda Guerra, é uma figura chave do underground literário alemão dos anos 1960, também frequentemente relacionado ao universo beatnik. Após a fama do seu romance “Die Palette” (1968), decidiu viajar pelo mundo seguindo as rotas das diásporas africanas pelo Senegal, Benin, Nigéria, Togo, Haiti, República Dominicana, Granada, Venezuela, EUA e, sobretudo, pelo Brasil, escrevendo seu ciclo inacabado de 18 romances e ensaios sob o título “A História da Sensibilidade”. Fichte viveu os últimos anos de sua vida com HIV/AIDS, principalmente em Hamburgo, e faleceu em 1986 depois de complicações de saúde.
No Brasil, circulou principalmente pelo Rio de Janeiro, Salvador e São Luís, por três extensos períodos entre 1969, 1971-72 e 1981-82, desenvolvendo o que chamou de “antropologia experimental” ou “etnopoesia”. Percebido como escritor polêmico, Fichte sem dúvida fez sua contribuição ao mundo literário por meio de um impressionante compêndio de pesquisas sobre as religiões afro-americanas no Brasil, como o candomblé e o Tambor de Mina, e ao mesmo tempo desenhou vastas cartografias do submundo gay nas metrópoles brasileiras, durante o período militar. Dessa interseção complexa nasce uma “outra” poesia, uma “outra” etnografia, uma “outra” forma de jornalismo e comentário político; uma magnífica obra por descobrir e que ao mesmo tempo exige “outras leituras” e um desafio “transrelacional” para o leitor contemporâneo, ainda mais para o leitor brasileiro em 2017.
SOBRE O LIVRO – “Explosão. Romance da Etnologia” é um dos romances centrais da “História da Sensibilidade” fichteana. O livro resume as viagens e andanças de Fichte pelo Brasil – Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, Recife, Belém, Manaus –, visitando terreiros, mães de santo, celebridades da antropologia, banheiros públicos, os “cinemões” da época – lugares de encontro gay –, ladeiras estreitas e praças escuras. No Brasil, ele tem sua primeira edição pela editora Hedra, com tradução do escritor, professor, tradutor e crítico literário Marcelo Backes.
SOBRE O PROJETO – O grande projeto internacional, batizado como “Hubert Fichte: amor e etnologia”, foi concebido por Anselm Franke, curador do departamento de artes plásticas da HKW, e o autor e crítico Diedrich Diederichsen, que respondem pela direção artística da iniciativa. Sua primeira exposição foi inaugurada em 23 de setembro de 2017 em Lisboa, Portugal. Depois do Brasil, seguirá para Chile, Senegal e EUA, terminando na Alemanha, em 2019. Cada mostra que compõe o projeto geral conta com curadores locais, gerando, assim, exposições singulares, que levam em consideração as especificidades de cada contexto, assim como as particularidades dos escritos de Fichte em relação a cada cidade.
“Hubert Fichte: amor e etnologia” é uma realização da Haus der Kulturen der Welt (HKW), Berlim, e do Goethe-Institut, em parceria com a Forberg-Schneider Stiftung e S. Fischer Stiftung, tendo apoio institucional do Museu de Arte Moderna da Bahia, vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), e do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Secretaria Municipal de Cultura e Prefeitura do Rio de Janeiro.
“IMPLOSÃO: TRANS(RELACION)ANDO HUBERT FICHTE”
ARTISTAS CONVIDADOS e OBRAS CRIADAS
AYRSON HERÁCLITO (Macaúbas, BA) – Artista visual, curador e professor, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (CAHL/UFRB). Suas obras transitam pela instalação, performance, fotografia e audiovisual, lidam com frequência com elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões entre a África e a sua diáspora na América e já foram vistas e premiadas na Bahia e em mostras, festivais e bienais internacionais, em países como Bélgica, Angola e Portugal. Foi curador-chefe da 3ª Bienal da Bahia. Possui obras em acervos do Brasil e do exterior.
OBRA: O sagrado e a visibilidade (fotografia e vídeo) – O desejo explosivo de Hubert Fichte em revelar os segredos dos rituais do Candomblé no Brasil motiva a criação de uma produção artística contemporânea que apresenta as tensões e negociações entre distintos extratos sociais na Bahia da década de 1970.
COLETIVO BONOBANDO (Rio de Janeiro, RJ) – Bando de artistas autônomos, criado em 2014. É formado por artistas de diversos lugares do Rio de Janeiro, com formações, idades, vivências e experiências distintas. Busca conectar a cidade, ocupando espaços: a rua, o beco, a praça e também o teatro. Por meio de relações em rede, o Bonobando trabalha para a construção do conhecimento compartilhado, abordando questões contundentes do Brasil contemporâneo e redimensionando as fronteiras entre estética e política.
OBRA: Etno-Fetiche (performance cênica e instalação) – Apresenta situações, compostas por cenas, ações e instalações, que atritam, em exercício descolonizador, a obra de Hubert Fichte.
LETÍCIA BARRETO (Sorocaba, SP) – Como bolsista da Fundação Rotary Internacional, estudou Artes Plásticas no Instituto Lorenzo de Medici, em Florença, Itália. Lá, fez cursos de formação e especialização para professores em artes plásticas. É mestre em Artes Visuais e Intermédia pela Universidade de Évora, Portugal. O seu trabalho artístico desenvolve-se através de vários meios de expressão, privilegiando a pintura, o desenho, a fotografia, a analogia visual, a intervenção sobre objetos e a intervenção urbana. Participa desde 1992 de exposições coletivas e individuais, tendo já exposto no Brasil, Itália, Estados Unidos, Equador e Portugal. Em 2007, emigrou para Lisboa a convite do Nextart, onde trabalhou por seis anos. Entre 2013 e 2016, coordenou o projeto Nextart Brasil em Sorocaba, São Paulo. Em 2017, voltou a Portugal, para dar continuidade ao seu trabalho artístico e como arte educadora.
OBRA: Entre torres de marfim e deuses de ébano (pintura) – Para além de investigar o racismo e sua construção histórica, o interesse da artista está especialmente em reconhecer o papel da “branquitude” nesse contexto. Em sua obra, a reação química da água sanitária sobre o tecido alude metaforicamente a um “branqueamento do pensamento”, marcadamente etnocentrista. A marca do preconceito, assim como a da água sanitária, é profunda e permanente. Nesse processo de apagamento, de despigmentação das superfícies, a artista tenta, emprestando uma expressão de Fichte, “chegar às camadas mais profundas de si”, ao investigar a própria identidade branca e racismo, herdado das sociedades onde nasceu e vive, racismo institucionalizado e entranhado na cultura e nos hábitos cotidianos, estrutural na formação social. As pinturas foram concebidas a partir de fotografias históricas, onde os aspectos do exótico/erótico são bastante evidentes. No discurso sobre a baianidade, quem é realmente o “outro”?
MICHELLE MATIUZZI (Nascida em São Paulo, SP, vive e trabalha em Salvador, BA) –Performer e escritora negra. Residente do programa CAPACETE em Atenas, em colaboração com a Documenta 14, 2017.
OBRA: Whitenografy (vídeo-performance) – Um processo que se inicia com a experiência numa residência artística internacional na cidade de Atenas, na Grécia, que tem como pano de fundo a Documenta 14. Trata-se de um desejo de criar narrativas e imagens que apontem os paradigmas estéticos, éticos e políticos da branquitude, como parte de uma pesquisa inscrita no marco dos estudos deste tema.
NEGRO LEO (São Luís, MA) – Compositor e instrumentista, tem oito discos lançados. Entre 2014 e 2015, lançou “Ilhas de Calor” e “Niños Heroes”, discos que lhe renderam resenhas no The New York Times, na revista Playboy norte-americana e o levaram a palcos prestigiados no mundo, como Cafe Oto e Counterflows Festival. Atuou como compositor da trilha sonora do filme “Intuito”, de Gregorio Gananian.
OBRA: Coisado (instalação sonora) – A instalação sonora proposta é resultado de sons captados em ambientes públicos e privados. O título “Coisado”, expressão corrente em várias regiões do Brasil, refere-se ao efeito de “coisa” (no sentido mágico) sobre algo ou alguém, algo que pretendemos aplicar ao dispositivo de investigação. O artista reuniu gravações de campo da festa de bumba meu boi, tambores de crioula, sons urbanos de São Luís (MA), coro gravado em ambiente controlado, e, depois, inseriu esses sons numa interface que os tornasse tocáveis simultaneamente com uma banda, por sua vez, mesclada de instrumentos convencionais e não convencionais, como piano e um tocador de fitas cassete. Assim como os aspectos normativos da língua são inconscientemente assimilados pelo uso, a intenção aqui é levar ao espectador o resultado da investigação sonora através do uso imaginativo e mágico do dispositivo. A opção pela investigação de manifestações culturais da diáspora negra e sua consequente imaginação sônica é devir do sonho do autor. Tudo isso transformado por processos mágicos.
PAN AFRICAN SPACE STATION (África do Sul) - Fundada pela Plataforma Chimurenga em 2008, a Estação Espacial Pan Africana (PASS) é um periódico, um estúdio de rádio em tempo real, um espaço de performance e exposição; uma plataforma de pesquisa e arquivo vivo, bem como uma estação de rádio na internet.
OBRA: Refavela: Brazil at FESTAC ‘77 (podcast) – O podcast é uma exploração da participação do Brasil no 2º World Black and African Festival of Arts and Culture (FESTAC '77), que foi realizado em Lagos, Nigéria, em janeiro e fevereiro de 1977. FESTAC '77 é considerado como um importante momento do Brasil no seu processo de “tornar-se africano”, e o trabalho examina o impacto desse evento por meio de gravações que resultaram dele, como os álbuns “Refavela”, de Gilberto Gil, e “Bicho”, de Caetano Veloso.
RODRIGO BUENO (Campinas, SP) – Artista à frente do Ateliê Mata Adentro, um galpão no bairro paulistano da Lapa, onde articulam-se diversos processos criativos que recuperam resíduos da cidade e os transformam em ambientes, encontros, pinturas e jardins que falam da continuidade da vida, do eixo que sustenta o todo, da cultura em constante movimento. Coordena a criação de espaços dinâmicos verdes, fundamentados na recuperação de materiais, encontro, cultivo, ritual e celebração no Goethe-Institut, em unidades do SESC e principalmente em seu atelier. Participou de residências em diferentes localidades do mundo, foi convidado da Bienal de São Paulo 2008 e expôs em importantes instituições brasileiras e em galerias e instituições em Bruxelas, Londres, Nova Iorque, São Francisco, Paris, Buenos Aires, Bogotá e Lima.
OBRA: Rebentos (instalação) – Eixo cósmico da sala central do térreo. Deslocamentos em turbulência assentam-se. Rebentos gravitam suspensos pelo espaço. Em expansão, mapa de tensões. Piso, paredes e teto – o desenho desafiado. Através. Condutores da trama. O que foi limite de território, divisão e medo, agora se desdobra como abertura – movimento e possibilidade. Ferramentas de Ogum, Iansã e Ossain emergem na Madeira, Ferro e Fogo. Potência dinâmica. Chamada ancestral. O Rebento nasce agora como objeto livre, transcendente em nova função. Reflexo.
Christus Nóbrega no CCBB, Brasília
Com a exposição “Dragão Floresta Abundante”, o artista Christus Nóbrega traz impressões muito particulares da China e propõe obra com participação especial do público
Mostra é resultado de uma aventura de um artista viajante que esteve a descobrir e a conhecer um território pouco conhecido e repleto de lacunas
Serão promovidas atividades complementares nos fins de semana, que incluem oficina de caligrafia, dobraduras e desenho com GPS
A partir de 7 de novembro, entra em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília a exposição multimídia Dragão Floresta Abundante, que traz a produção de Christus Nóbrega, realizada durante o período em que o artista esteve participando de um programa de residências artísticas do Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Central Academy of Fine Arts – CAFA, em Pequim, entre outubro e dezembro de 2015. Essa é a primeira experiência do gênero realizada com a participação de um artista brasileiro na China. Dragão Floresta Abundante permanece até o dia 14 de janeiro de 2016.
O título da exposição associa o nome do artista, em chinês, à ideia de uma narrativa de aventura na qual um personagem vive situações extraordinárias. Os logogramas que representam o seu nome são pronunciados como Lóng Pèi Sen. O primeiro logograma significa dragão, o segundo abundante e o terceiro floresta. Em uma tradução livre significa "aquele que faz coisas bem-aventuradas e grandiosas".
Com curadoria da historiadora da arte Renata Azambuja – atuante em residências artísticas –, Dragão Floresta Abundante propõe uma rede de reflexões sobre diferentes tecnologias, desde as mais arcaicas – como o mapa e a pipa – até as mais modernas como o GPS de celular.
O conceito curatorial está vinculado ao tipo de experiência que surge quando o artista se encontra em estado de trânsito, condicionada, de alguma maneira, às circunstâncias postas pela residência e que são somadas ao background que ele carrega, estabelecendo ao final do processo, um universo visual pleno de camadas discursivas.
A exposição trata da poética artística resultante do encontro do artista com a China. Seu discurso é parte essencial para compor um panorama complexo e vibrante, sobre um país com 1.3 bilhões de habitantes e que é recheado de mitologias para o público ocidental, não só pelo idioma pouco acessível, mas também em razão da censura aplicada à mídia.
“O que vemos na exposição é o resultado de uma aventura de um artista viajante que esteve a descobrir e a conhecer um território pouco conhecido e repleto de lacunas, propício para a invenção artística. Lacunas que deixam entrever questões compartilhadas pela atualidade global, como gênero, modos de produção de trabalho e meio ambiente e que não escapam ao olhar de Christus”, afirma a curadora.
Dragão Floresta Abundante apresenta uma reflexão sobre a produção de arte contemporânea brasileira, sobre a arte chinesa e sobre residência artística e possibilita o acesso a facetas da cultura chinesa desconhecidas do grande público. Além disso, mostra um trabalho realizado durante uma residência artística, tipo de iniciativa ainda pouco difundida, tanto por quem atua no meio artístico quanto pelo público em geral.
As obras da mostra compõem oito séries que transitam entre as linguagens de fotografia, registros de performances e desenhos feitos com GPS, recorte laser, algoritmos. A ideia é que o público possa se aproximar da vivência do artista e da ainda desconhecida milenar cultura chinesa por meios diversos em que tradição e contemporaneidade são conjugadas fazendo uso de tecnologia.
Baseada no conto ocidental de Hans Christian Andersen a obra A Roupa Nova do Rei problematiza o encontro das duas culturas. Trata-se de uma série de autorretratos dos artistas, cujos corpos são recobertos com mantos de papel recortados por artesãs chinesas e afixados sobre as imagens com 500 alfinetes de ouro. Paper cutting é a arte chinesa de cortar papel, prática milenar iniciada desde que o papel foi inventado por Cai Lun, durante a dinastia Han. Por isso, a China é reconhecida como a criadora e é o único país onde essa técnica foi reconhecida pela UNESCO como parte da cultura Imaterial. Os chineses acreditam que o ‘papel recortado’ em vermelho na porta traz boa sorte e felicidade para toda a família. Os cortes de papel também são dados como presentes para os amigos ou membros da família e usados em diversas celebrações.
Em Passeio Controlado centenas de pipas são dispostas com fotos de chineses que conseguem aumento da renda familiar trabalhando como modelos para artistas. Soma-se a instalação documentos, cartas e bilhetes trocados por familiares chineses que por motivos políticos, de saúde ou de trabalho tiveram que ser separados forçosamente. As pipas nasceram na China por volta do ano 1200 a.c. Foram utilizadas como dispositivo de sinalização militar. Hoje a pipa faz parte da tradição cultural chinesa. Em dias de vento, velhos e crianças ocupam os parques para empiná-las.
Passeio Controlado convida o público a participar de forma interativa por meio de uma Fábrica de Pipas, performance que funcionará com a presença de monitores, das 9h às 19h. O público participa por ordem de chegada. Para isso ele deverá assinar o “contrato de trabalho” e cadastrar sua digital no relógio de ponto. Não há limite para quantidade de vezes que alguém participe da atividade. A obra pretende não só trazer a mitologia da pipa como atividade lúdica, mas para chamar a atenção sobre os percalços da produção industrial e da desvalorização da mão de obra no mundo contemporâneo. A cada 11 pipas fabricadas, o visitante pode levar uma pipa para si com o carimbo da fábrica e do artista.
A obra 89 Passos. 89 Linhas. Desenhos sobre a Paz parte do Protesto na Praça da Paz Celestial, liderado por estudantes na República Popular da China em 1989. O protesto ficou famoso por meio da ação de um jovem solitário e desarmado que invade a Praça da Paz Celestial e faz parar uma fileira de tanques de guerra. A identidade e o paradeiro do jovem são desconhecidos até hoje. O artista esteve no local e com o GPS ativado registrou sua caminhada em reflexão ao ocorrido. Nos exatos 89 passos desenhou cada uma das 89 linhas retas que constituem a obra.
Fábrica de Nuvens é resultado das observações e reflexões do artista acerca de sua experiência frente à poluição do ar na China, cujos altos índices atingiram novos recordes e milhões de pessoas em 2016. A obra parte da fotografia da chaminé de uma empresa que liberava fuligem noite e dia e vista por Christus da janela de seu aposento na Universidade, onde residia.
Ao estudar mandarim, idioma de gramática simplificada, mas extremamente complexa em termos fonéticos e caligráficos, o artista ficou particularmente tocado pelos processos de construção de algumas palavras que se dão pela conexão com outras. Nesse contexto, descobriu que muitas palavras utilizam o radical ‘mulher’para serem construídas, como por exemplo os termos barulho, intriga, ciúme, monstro,escravo, prostituta, estupro, entre outros. Essa foi a referência para a criação da obra Dicionário Feminino.
A exposição conta ainda com as obras Expedição Empório Celestial e Agitações concêntricas, sistêmicas e organizadas em lago verde.
No mês de janeiro, a exposição promoverá atividades complementares nos fins de semana. Serão desenvolvidas quatro oficinas durante todos os sábados do mês: Oficina de Caligrafia, Dobraduras e Desenho com GPS, todas gratuitas. As inscrições serão feitas pelo email dragaoflorestaabundante@gmail.com. As vagas não preenchidas poderão ser ocupadas por público espontâneo presente no local.
Christus Nóbrega - Artista e Professor Adjunto do Departamento de Artes Visuais (VIS), do Instituto de Artes (IdA) da Universidade de Brasília (UnB). Doutor e Mestre em Arte Contemporânea pela UnB. Leciona e orienta nos curso de Pós-Graduação em Artes e Design da mesma instituição. Vem participando regularmente e exposições nacionais e internacionais. Tem obras em acervos e coleções privadas e institucionais, a exemplo da Fondation Cartier - Paris e no Museu de Arte do Rio (MAR) - Rio de Janeiro, Embaixada do Brasil na China - Itamaraty, Central Academy of Fine Arts Museum (CAFA) - Pequim, Embaixada da Alemanha no Brasil, Museu Nacional, entre outras. Autor de livros e artigos científicos na área de artes e arte/educação. Premiado pelo Programa Cultural da Petrobras (2004 e 2011) e pelo Museu da Casa Brasileira (2004). Em 2015, representou o Brasil na China pelo Programa de Residência Artística do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, na universidade chinesa Central Academy of Fine Arts (CAFA).
novembro 1, 2017
Jaime Lauriano na Leme, São Paulo
A Galeria Leme apresenta em seu espaço a segunda exposição individual de Jaime Lauriano, um dos ganhadores do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça 2017. Em Assentamento, o artista apresenta obras inéditas resultantes de pesquisas desenvolvidas durante os últimos dois anos.
Em seus trabalhos, Lauriano discute as estruturas envolvidas na constituição do espaço público e o processo histórico de formação do estado brasileiro. Utiliza-se de estratégias presentes em produções audiovisuais contemporâneas, como a propaganda, de materiais de arquivo e pesquisa de campo para alavancar suas discussões em uma produção marcada por um exercício de síntese entre o conteúdo das pesquisas e estratégias de formalização, articulada em trabalhos audiovisuais, objetos e textos críticos.
Emprestado das lutas por terra no Brasil, e dos cultos afro-brasileiros, o termo que dá titulo a exposição foi utilizado por Jaime Lauriano como elemento central para organizar o mais recente capitulo de sua cartografia da violência no Brasil. Com desenhos, objetos, intervenções e colagens, “Assentamento” transita entre passado e presente para tencionar como as desigualdades, e as violações de direitos humanos, tão presentes no atual momento da sociedade brasileira resultam, em grande parte, da construção de um projeto higienista de nação, que para se sustentar faz uso deseu aparato simbólico e bélico para aniquilar aqueles que se revoltam contra as suas normas. Assim, dividida conceitualmente em dois atos, “Assentamento” evidencia como a História do Brasil é escrita de maneira a sustentar e atualizar aspectos do seu passado colonial.
A exposição será acompanhada por um texto crítico desenvolvido pelo curador Bernardo Mosqueira.
Jaime Lauriano
São Paulo, Brasil, 1985. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Exposições individuais: Nessa terra, em se plantando, tudo dá, CCBB Contemporâneo, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Autorretrato branco sobre preto, Galeria Leme, São Paulo, Brasil (2015); Impedimento, CCSP - Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2014); Em Exposição, Sesc Consolação, São Paulo, Brasil (2013).
Exposições coletivas: São Paulo não é uma cidade, invençōes do centro (curadoria de Paulo Hernkehoff), SESC 24 de Maio, São Paulo, Brasil; Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos, (curadoria de Paulo Herkenhoff, Thais Rivitti e Leno Veras), Oca, São Paulo, Brasil; Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, São Paulo, Brasil; Prêmio Marcantonio Vilaça, MuBE - Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo, Brasil; Metrópole: Experiência Paulistana (curadoria de Tadeu Chiarelli), Estação Pinacoteca, São Paulo, Brasil (2017); Jogo de Forças, Temporada de Projetos 2016, Paço das Artes, São Paulo, Brasil; Sempre algo entre nós (curadoria de Galciane Neves), SESC Belenzinho, São Paulo, Brasil; A Cor do Brasil (curadoria de Paulo Herkenhoff, Marcelo Campos e Clarissa Diniz), MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2016); Territórios: artistas afrodescendentes no acervo da Pinacoteca (curadoria de Tadeu Chiarelli), Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; 10th Biennale Africaine de la Photographie (curadoria de Bisi Silva e Yves Chatap), Museu Nacional, Bamako, Mali; Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2015).
O seu trabalho integra coleções tais como: Acervo Banco Itaú, São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Schoepflin Stiftung: The Collection, Lörrach, Alemanha.
Situ#7: Ana Dias Batista na Leme, São Paulo
A Galeria Leme apresenta a 7ª edição do projeto SITU que integra a programação oficial da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo e dá continuidade a uma pesquisa sobre o diálogo entre arte, arquitetura e cidade como ferramenta para a análise e problematização das dinâmicas urbanas. Para esta edição a artista brasileira Ana Dias Batista cria uma obra site-specific - Errata - que sublinha as tensões e contradições da relação entre o edifício da galeria e a cidade, intervindo diretamente na fronteira entre o espaço público e o privado, nomeadamente nas fachadas principais do edifício e no pátio que se abre entre elas.
Sobre o conjunto de pichações, desenhos e escritos que foram sendo acumulados ao longo do tempo nas fachadas cegas da galeria, a artista acrescenta uma outra pintura comumente encontrada pela cidade. A linguagem é o grafite e o motivo é o de um muro de pedras, um tipo de desenho normalmente encomendado por indivíduos que desejam refrear pinturas indesejadas sobre as paredes de suas propriedades. Ao contrário da pichação, tais grafites são legalmente permitidos e socialmente aceitos. Assim, usam estrategicamente um tipo de linguagem para evitar uma outra congênere, jogando com um código de conduta que existe entre aqueles que pintam (legal ou ilegalmente) as paredes da cidade. Mas, apesar de suas semelhanças formais com os demais, o muro encomendado por Ana Dias Batista parece operar segundo uma outra lógica. Ele chega tarde para evitar qualquer tipo de desenho ilícito e parece conviver de igual para igual com estes. Ao ser interrompido pelo pátio da galeria o muro bidimensional transforma-se, fragmentando-se em inúmeros obstáculos viários de concreto distribuídos pelo chão desse espaço, que apesar de ser aberto à cidade, normalmente é usado como estacionamento privado. Mas tais obstáculos também não parecem cumprir a sua função original de ordenar e limitar o trânsito automotivo. A sua quantidade é excessiva, o seu posicionamento é ilógico e redundante e tampouco impede a circulação de veículos naquele lugar.
Ao perturbar a normalidade de elementos cuja função é regrar determinadas ações do cidadão no seu trato com a cidade, Ana Dias Batista evidencia o caráter paliativo e contraditório de tais estratégias. Ao embaralhar quais territórios devem ser protegidos e quais atores devem ser coibidos, a artista vai na contramão de um determinismo característico da atual política de higienização sócio-espacial consumada através da atuação direta na cidade, seja através de seu suposto embelezamento ou da obliteração de espaços e discursos que escapam à norma oficial. Dentro desta forma de se entender o espaço urbano, o grafite de muro de pedras, difundido pelo gosto popular, parece ganhar ainda mais sentido, já que esse muro é o elemento arquétipo da separação territorial, a base para a definição do limite entre o público e o privado, entre uns e outros, entre o que pode ser visto e o que se pretende ocultar, sendo assim causa e consequência de uma sociedade “murada”.
Ana Dias Batista, 1978, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Graduada, mestre e doutora em artes visuais pela ECA-USP. Apresentou exposições individuais no Centro Cultural São Paulo (2001), no Centro Universitário Maria Antônia (2004), no Museu de Arte da Pampulha (2007), na Estação Pinacoteca (2009), no Ateliê 397 (2015) e nas galerias Adriana Penteado, Mendes Wood, Ybakatu e Marilia Razuk. Recebeu a Bolsa Pampulha e os prêmios Conexão Artes Visuais (Funarte, 2008) e PROAc (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, 2009 e 2015). Recentemente integrou as mostras coletivas Avenida Paulista (MASP, São Paulo), In Memoriam (Caixa Cultural, Rio de Janeiro), Temporary Contemporary (Bass Museum, Miami), Tout doit disparaître (La Maudite, Paris), Imagine Brazil – Artists’ Books (DHC/ART Fondation pour l’Art Contemporaine, Montréal), Huna, Hunak / Here, There (Al Riwaq Exhibition Space, Doha, Catar) e Alimentário (Oca, São Paulo e MAM, Rio de Janeiro).
Bruno de Almeida, 1987, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal (2009). Mestre em Arquitetura pela Accademia di Architettura, Mendrisio, Suíça (2013). Desenvolveu projetos com instituições tais como: Harvard University, Graduate School of Design, Cambridge, EUA; New Museum - IdeasCity Arles, Nova Iorque, EUA; Independent Curators International, Nova Iorque, EUA; Storefront for Art and Architecture, Nova Iorque, EUA; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil, entre outras. Sua pesquisa e projetos foram publicados em: ARTFORUM International Magazine, EUA; ATLÁNTICA Journal of Art and Thought, Centro Atlántico de Arte Moderno, Espanha; TELLING #2, T+U Architectural Publications, Portugal; Revista aU – Arquitetura & Urbanismo, São Paulo, Brasil, entre outras.
Oscar Niemeyer – Territórios da Criação na Pinakotheke Cultural, Rio de Janeiro
A Pinakotheke Cultural Rio de Janeiro apresenta a exposição Oscar Niemeyer – Territórios da Criação, que celebra 110 anos de nascimento do genial arquiteto com um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário feitos por ele. Com curadoria de Marcus Lontra e Max Perlingeiro, a exposição reúne ainda obras dos artistas Portinari, Bruno Giorgi, Burle Marx, Tenreiro, Athos Bulcão, Ceschiatti, Franz Weissmann e Tomie Ohtake, amigos de Niemeyer que trabalharam junto com ele em seus emblemáticos projetos.
“Oscar Niemeyer – Territórios da Criação” terá ainda uma sala especial com retratos do arquiteto feitos pelos reconhecidos fotógrafos Antônio Guerreiro, Bob Wolfenson, Edu Simões, Evandro Teixeira, Juan Esteves, Luiz Garrido, Marcio Scavone, Nana Moraes, Nani Góis, Orlando Brito, Ricardo Fasanello, Rogerio Reis, Vilma Slomp, Walter Carvalho e Walter Firmo. As fotografias, em tamanho 50cm x 60cm, também constituirão uma caixa para colecionador, em tiragem limitada a trinta exemplares.
Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1907, e morreu na mesma cidade em 5 de dezembro de 2012. “Ao longo de sua vida, Niemeyer produziu intensamente e afirmou-se não apenas como arquiteto, como a primeira referência estética brasileira reconhecida em todo mundo, mas também como artista e intelectual respeitado, atuando em várias frentes do conhecimento humano”, afirma Marcus Lontra.
SÁBADOS NA PINAKOTHEKE
Aos sábados, das 11h às 13h, a Pinakotheke Cultural promove atividades gratuitas para crianças em seu jardim (em caso de chuva, transferimos para a sala de exposição).
11 de novembro – Planejando cidades | Crie sua própria arquitetura com material reciclado
18 de novembro – Lançamento do livro “Quando João ficou sem palavras”, de Ana Helena Rotta Soares e Ilustrações de Paula Delecave | Contação de histórias e oficina
25 de novembro – Oficina de Retratos | Se inspire nos retratos realizados por grandes fotógrafos
2 de dezembro – Apresentação musical e jogos iogues | “As aventuras do menino Iogue” com Antonio Tigre
9 de dezembro – Cidades em linhas | O contorno das paisagens e arquiteturas de Niemeyer em linhas
16 de dezembro – Esculturas em fios | Desenhando no ar como Niemeyer
Edu Simões na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Fotógrafo apresenta um novo olhar sobre o Rio de Janeiro, na Galeria Marcelo Guarnieri, inspirado por obras da literatura brasileira
A Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, inaugura, no dia 8 de novembro de 2017, a exposição Edu Simões – Clichê/Rio, com 36 imagens feitas pelo fotógrafo paulistano em cartões-postais do Rio de Janeiro. O fotógrafo, no entanto, lança um novo olhar sobre esses lugares, inspirado nos romances, contos, crônicas e poemas de grandes nomes da literatura brasileira, como Clarice Lispector, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Millôr Fernandes e Carlos Heitor Cony. As fotos são todas em preto e branco e foram produzidas entre 2000 e 2012.
“O Rio de Janeiro é uma das cidades mais fotografadas do mundo. Existe uma fórmula de se ver o Rio, por meio das alegorias do carnaval, das praias, das belezas naturais. O meu desejo, nesta exposição, é mostrar outros espaços não imaginados, tendo como inspiração o que a literatura brasileira pode oferecer na busca por outras formas”, explica o fotógrafo Edu Simões, motivado pelo desafio de enfrentar o que mais “assusta” um fotógrafo: o clichê.
Na exposição, o encontro entre a fotografia e a literatura evidencia-se, por exemplo, nas imagens dedicadas ao mineiro Carlos Drummond de Andrade, no ano de 2012. A praia de Copacabana, bairro onde residiu o poeta e escritor, ganha contornos modernistas, no qual a preocupação é o rigor geométrico, evidenciado pela perspectiva das linhas quadradas de uma trave de futebol na areia da praia, ou, ainda, na arquitetura do hall do Palácio de Capanema, antiga sede do Ministério da Educação, local em que Drummond trabalhou, bem como serviu de cenário a alguns de seus contos e crônicas.
Uma passagem de “O Búfalo”, conto de Clarice Lispector, descreve o peso natural do corpo de um elefante e o contraste de sua docilidade ao se deixar ser conduzido para um circo. Na poética visual de Edu Simões, o trecho transforma-se na imagem de uma tromba de elefante apoiada num muro branco no Jardim Zoológico da Quinta da Boa Vista. Num outro sentido de “animalidade”, desta vez artificial, a imagem “O Cisne” (2000/2001), mostra uma Lagoa Rodrigo de Freitas, presente nas crônicas de Carlos Heitor Cony, como o cenário de um filme noir; ao invés de destacar as águas envolvendo as ruas do bairro, Simões opta por colocar em primeiro plano a estrutura de um pedalinho de cisne e todos os seus detalhes.
Fotojornalista experiente, Edu Simões foi convidado em 2001 por uma publicação especializada em literatura para revelar, pela fotografia, a cidade do Rio de Janeiro como personagem, a partir da escrita de autores nacionais, como Clarice Lispector, Carlos Heitor Cony, Rubem Braga, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Millôr Fernandes, que imortalizaram, de forma direta ou indireta, os cartões-postais, ruas, morros, praias e paisagens da cidade. Para isto, o fotógrafo lia toda a obra do escritor, e roteirizava o que aparecia naquela obra literária. Com o mapa traçado, Simões saía, como um flâneur, em busca do inesperado daquele local, que, quase sempre, já havia sido retratado por outros artistas da imagem.
Simões acumulou, ao longo destes anos, um grande acervo de imagens, que materializam a procura de um Rio que não seja apenas um ideal de paisagem, mas uma personagem, a partir da incursão pelas letras e imaginários de nomes como Clarice Lispector, Carlos Heitor Cony, Rubem Braga, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e Millôr Fernandes. Desse modo, Simões foi quase como guiado por suas histórias na escolha de seus assuntos e lugares, mantendo, em algumas dessas fotografias, o espírito da época da qual falavam. Um tipo incomum de viagem no tempo que tais imagens nos proporcionam: voltar ao passado a partir de um retrato do presente.
Edu Simões (São Paulo, 1956. Vive e trabalha em São Paulo) fotografou grandes nomes da cena política, cultural e artística brasileira, entre 1970 e 1990, como editor de fotografia de revistas como Bravo, República e fotógrafo dos Cadernos da Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles. Ainda no período de 1970-80, teve uma forte atuação no campo das hard news, fotografando os movimentos populares que desaguaram no fim da ditadura militar, sobretudo as greves do ABC e de São Paulo, ganhando em 1981, o prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos. A partir dos anos 2000, Simões assume um trabalho mais independente e autoral, que embora se distancie dos preceitos do fotojornalismo, ainda guarda algumas de suas marcas.
Seus trabalhos integram importantes coleções, como Coleção Pirelli/MASP, São Paulo; MAM-São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu da Imagem e do Som, São Paulo; Centro de La Imagen de México e Maison Européenne de la Photographie, França.
Das diversas exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se: Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio], MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2016); Amazônia, La Quatrieme Image, Espace des Blancs-Manteaux, Paris, França (2014); Eu tenho um sonho, exposição à céu aberto na favela da Rocinha, Rio de Janeiro (2013); Trois Photographes de FotoRio – Gastronomie pour une dure journée de labeur, Maison Européenne de la Photographie, Paris, França (2011); Vestígios: O Rio de Machado de Assis, FotoRio, Centro Cultural dos Correios, Rio de Janeiro (2009); Sons e imagens da terra, Santander Cultural, Porto Alegre, Brasil (2006); Eine Sammlung – Die Photographische Sammlung des Museu de Arte Moderna de São Paulo, Galeria 68Elf, espaço cultural Exit Art, Colônia, Alemanha (2001); Fotojornalistas Brasileiros, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (1990); Fotografia Brasileira Contemporânea, SESC Pompéia, São Paulo (1993); Brésil des Brésiliens, Centre Pompidou, Paris, França (1983).
Vista Parcial na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Mercedes Viegas abre exposição que reúne o olhar de cinco artistas sobre a paisagem
A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre, no próximo dia 7 de novembro, a exposição de fotografias Vista Parcial, reunindo cinco artistas plásticos: Jaqueline Vojta, Julio Villani, Regina de Paula, Luiza Baldan e Maria Baigur. Os três primeiros são representados pela galeria há mais de cinco anos. Já o trabalho de Luiza pertence ao acervo da galeria e Maria Baigur é artista convidada. Os trabalhos têm em comum um olhar sobre a paisagem, seja ela urbana, ou sobre a natureza.
A série "Vista parcial", de Julio Villani, que dá nome à exposição, tem o Rio de Janeiro antigo como pano de fundo. A fotografia foi reproduzida em vários exemplares, e cada um deles retrabalhado através de colagens em papel e tinta óleo. Ao intervir diversas vezes sobre a mesma imagem matriz, o artista encontrou uma forma de colocar sua pintura em movimento e atribui a cada tiragem uma singularidade, uma forma própria. As obras estão publicadas no livro "Julio Villani 1 + 1 + 1", editado no Brasil pela Martins Fontes.
Nas fotografias de Jaqueline Vojta, sua formação como pintora está presente na escolha temática, ao fotografar o campo, no vale de Dedham, em Essex, Inglaterra, onde o artista do século XIX John Constable viveu e pintou a maioria de suas paisagens. A artista não faz aqui uma fotografia documental, recuperando a exata visão do pintor, mas busca capturar a atmosfera do lugar. Seguindo o mote de Constable, Jaqueline fotografa também o lugar onde vive, o Rio de Janeiro, em locais onde a natureza se faz presente, resistindo em meio à selva urbana.
Regina de Paula participa com quatro fotografias que abordam questões relacionadas à colonização e catequese, mas que, segundo a artista, não se reduzem a esses âmbitos, pois não pretendem direcionar ou reduzir a dimensão reflexiva que a imagem na arte pode, enquanto potência, enunciar. Algumas delas foram feitas na Aldeia Maracanã, junto às ruínas do Museu do Índio, onde ficam acampados índios de todo Brasil.
Luiza Baldan apresenta uma fotografia que faz parte da série “A uma casa de distância da minha”, feita em Portugal. A artista fez road trip percorrendo o litoral português de norte a sul, em busca de resquícios do estilo arquitetônico chamado “Português Suave”, que foi incorporado pelo regime fascista como símbolo nacional e adaptado à linguagem propagandista política. Seu olhar sobre os vazios, em meio a um mundo sedento por presença e completudes, é uma espécie de imagem paradigmática daquilo que deveria reger a relação com a vida, ou seja, a busca pela surpresa, o inesperado, e não pelo seguro e já conhecido.
A jovem Maria Baigur participa da mostra com fragmentos das séries de fotografias “Dramas ordinários” e “Serenus”. São imagens como anotações da vida urbana, usando o centro ressoante − a cidade − para compor séries que falam das pluralidades, delicadezas, dramas, traumas e fetiches da vida contemporânea. Os nomes das séries vieram de leituras de Nelson Rodrigues e de visitas a farmácias em busca de calmantes vendidos sem receita. “Pequenos segredos que todos dividimos”, segundo a artista.
ARTISTAS
Jaqueline Vojta
Nascida no Rio de Janeiro, formada em Economia pela PUC-RJ, Jaqueline estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) em 1998. Entre os anos 2001 e 2006, morou em Nova York, onde concluiu o Mestrado em História da Arte no Hunter College - City University of New York em 2004 e trabalhou no MoMA PS1. Exibe seu trabalho regularmente. Expôs no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, e Paço das Artes, em São Paulo. Participou das coletivas Art Link - International Young Art e P(ART)ies em Nova York e da mostra Posição em 2004 na EAV, Rio de Janeiro. Apresentou a individual Tramas, no Centro Cultural da Justiça Federal, em 2007. Foi selecionada pelo programa Rumos Itaú Cultural em 2009/2010 e participou da exposição Trilhas do Desejo em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Apresentou exposição individual no Largo das Artes, Rio de Janeiro, em 2010. Participou da coletiva Fronteiriços na Galeria Emma Thomas, São Paulo, em 2011. Em 2015 apresentou a exposição individual de fotografia, Coming Home, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea. Em 2013 recebeu o III Prêmio Itamaraty Arte Contemporânea. Possui obras na Coleção Gilberto Chateaubriand MAM-RJ, Coleção Figueiredo Ferraz, IFF-SP, Museu de Arte do Rio de Janeiro MAR-RJ.
Julio Villani
Villani se formou em São Paulo, onde cresceu, e em Paris, onde forjou sua identidade de artista; ele vive e trabalha entre as duas cidades há mais de 30 anos. Seu duplo percurso se reflete na relação de suas exposições que se sucedem de um lado e do outro do Atlântico. MAM de Paris, MAM de São Paulo; Pinacoteca de São Paulo, Centre d’Art Contemporain 10 Neuf em Montbéliard; Paço Imperial no Rio de Janeiro e Musée Zadkine em Paris… Fio, linha, risco, laço, rede, nó... a arte de Julio Villani é habitada pela ideia de vínculo. Ela estrutura todos os trabalhos do artista, lhe é consubstancial. Sua arte se caracteriza consequentemente pela ideia de polo, de contraponto, às vezes de oposição – e se constrói a partir da organização de um vai-volta.
Luiza Baldan
Luiza Baldan é doutoranda e mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro, RJ) e bacharel em Artes Visuais pela Florida International University (Miami, EUA). A artista investiga dinâmicas urbanas que se estabelecem entre o homem e a arquitetura, a memória e a cidade. Suas imagens e textos resultam da inter-relação com o entorno, numa espécie de performance dilatada pelos lugares onde reside e por onde passa. Dentre as residências, aparecem os icônicos edifícios “Copan”, em São Paulo, e “Pedregulho”, no Rio de Janeiro, além de outros endereços pertencentes ao imaginário coletivo. Dentre os projetos em andamento ou recém-concluídos estão a série fotográfica “Leituras de um lugar valioso”, realizada no Chile desde 2012; “Perabé”, desenvolvido ao longo de travessias entre a cidade de São Paulo e a Baixada Santista (2014-2015); e “Vórtice”, pelas águas da Baía de Guanabara, previsto para conclusão no segundo semestre de 2016. Das exposições recentes, destacam-se as individuais “Entre Lugares”, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG, 2016); “Perabé”, Centro Cultural São Paulo (SP, 2015); e “Build Up”, MdM Gallery (Paris, França, 2014); e as coletivas “Vértice: Coleção Sérgio Carvalho”, Museu Correios (Brasília, GF: Rio de Janeiro, RJ e São Paulo, SP, 2015-2016); e “Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil”, The Wexner Center for the Arts (Columbus, EUA, 2014). Indicada ao PIPA em 2010, 2011 e 2012. Finalista do PIPA 2016.
Maria Baigur
Utiliza a arquitetura, o cinema, a fotografia, vídeos e instalações como suportes para suas pesquisas. Estudou desenho técnico, processo criativo e vídeo-arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi vencedora do Prêmio Reynaldo Roels Jr. em 2016, realizado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage e pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Dentre as exposições, apresentou a individual “Arrebentação”, na Galeria de Fotografia da UFF (RJ, 2017), e participou, entre outras, das coletivas “Soma”, na Fábrica da Bhering (RJ, 2016 e 2017), Parque Lage Extra Muros (RJ, 2016), “A Alegria do Caos”, na Fábrica da Bhering (RJ, 2016) e “Nada mais daquilo Tudo – Uma expo-conversa entre Maria Baigur e Hugo Inglez” (Fábrica da Bhering, RJ, 2015).
Regina de Paula
Nascida em Curitiba, Regina de Paula, vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde desenvolve trabalhos em diversas mídias: fotografia, vídeo, objetos, desenhos etc. É mestre em Artes pela Columbia University, doutora em Artes Visuais pela EBA/UFRJ e professora adjunta do Instituto de Artes /UERJ e Escola de Artes Visuais do Parque Lage (Rio de Janeiro).Dentre suas individuais destacam-se:O cubo paisagem, nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (2009),Não-habitável (SSCC),na Galeria Novembro Arte Contemporânea (2006), Não-habitável, no Museu do Telephone/ Espaço Telemar (2000),todas no Rio de Janeiro. Foi artista residente do Centro d’ArtPasserelle, em Brest, França (2005). Tem participado regularmente de coletivas em instituições como: Projeto Cofre, Casa França Brasil (Rio de Janeiro), Paradigmas ArtContemporani (Barcelona), SESC Pìnheiros (São Paulo), Caixa Cultural (Rio de Janeiro), Art in General e BronxMuseumoftheArts (Nova York). Foi contemplada com o Prêmio Brasília de Artes Visuais (1998) e o VI Salão da Bahia (1999). Foi indicada para o Prêmio Pipa 2011.