|
setembro 27, 2017
Marco Maria Zanin no Pivô, São Paulo
A primeira edição do Pivô Recebe de 2017, programa dedicado a acolher projetos previamente formatados por artistas, curadores ou produtores culturais e que dividem afinidades conceituais com o programa da instituição, recebe a exposição As obras e os dias do artista italiano Marco Maria Zanin com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti.
A exposição questiona como povos distintos se relacionam com a memória e com a passagem de tempo através de suas ruínas, no caso o artista elegeu especificamente a Itália e o Brasil. O primeiro âmbito, inclusive do ponto de vista biográfico, é a paisagem rural do Veneto, região do Norte da Itália de onde é originária a família do artista e onde radicam suas lembranças mais antigas, muitas delas ligadas a rituais e tradições milenários, nos quais as crenças, os saberes e as necessidades da lavoura estão indissoluvelmente entrelaçados. O segundo âmbito é o da cidade de São Paulo, onde Marco tem residido por largas temporadas, fascinado pela temporalidade totalmente distinta da megalópole, com sua vocação quase patológica para o futuro, que a torna, afinal de contas, refém de uma crônica falta de conhecimento de seu próprio passado. O que o artista testemunha e revela, ao se colocar conceitual e fisicamente no limiar entre esses dois universos, é o choque entre visões de mundo radicalmente distintas e aparentemente irreconciliáveis, mas que apesar de tudo, e principalmente apesar dos lugares comuns sobre a contemporaneidade, convivem.
Apropriando-se de detritos desses mundos, dois tipos tão distintos de ruínas, Zanin reproduz os escombros das demolições dos edifícios no centro de São Paulo em porcelana, como se fossem tesouros a serem preservados. Já os objetos pertencentes à antiga civilização rural do Vêneto, são cortados, e revelando formas que lembram objetos de culto das religiões afro-brasileiras. Nesses gestos de transformação da memória, Zanin investiga a possibilidade da ruína revelar a existência de outras temporalidades e narrativas sob a dominante, e propõe o exercício criar camadas históricas hipotéticas em detritos quaisquer.
Grande parte das obras em exposição foram produzidas pelo artista no contexto do programa de residência Pivô Pesquisa. No ano passado, Zanin passou um longo período no centro de São Paulo, em que tomou contato com a dinâmica e o contexto sócio-político da região que circunda o edifício Copan, que, apesar de abrigar uma população extremamente diversificada , não deixa de ser ele próprio uma espécie de ruína do pensamento moderno, em que camadas de tempo e de história se sobrepõem e se ressignificam.
Marco Maria Zanin (Padova, Italia, 1983). Formou-se primeiro em Literatura e Filosofia, e depois em Relações Internacionais, obtendo um Mestrado em Psicologia. Ele recebeu prêmios e prêmios italianos como Level 0 em ArtVerona (2016) e Agarttha Arte (2014), uma menção honrosa no Prêmio Fabbri (2016) e em 2016 foi selecionada para o Prêmio Talento. As exposições colectivas recentes incluem Attualità di Morandi, MAMBO, Bolonha; Giovane Fotografia Italiana, Fotografia Europea, Musei Civici, Reggio Emilia; De Objeto a Exposição, TRA, Treviso; Uno Sguardo Italiano, Rencontres d'Arles, Arles; Duas Naturezas, Galeria Central, San Paolo; Lo Spazio del Demiurgo, Palazzo Madama, Torino; Wenn wir dich nicht sehen, siehst du uns auch nicht, Huize Frankendael, Amsterdã; Show Off, Salsali Private Museum, Dubai. As exposições individuais recentes incluem Dio è nei frammenti, com curadoria de Daniele De Luigi, Galleria Civica di Modena, Modena; Demonumento, com curadoria de Alessandra Mauro, Ambasciata del Brasile, Galleria Candido Portinari, Roma; O lado direito do avesso, com curadoria de Paulo Miyada e Julia Lima, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo. Em 2015, fundou em Padova, Itália, Humus Interdisciplinary Residence, um programa de artista em residência destinado a fundir o mundo da arte contemporânea e as áreas suburbanas que ainda estão ligadas ao solo. Vive e trabalha entre Padova e São Paulo.
Jacopo Crivelli Visconti (Nápoles, Itália, 1973) é crítico e curador independente. Doutor em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Novas derivas (WMF Martins Fontes, São Paulo, 2014; Ediciones Metales Pesados, Santiago, Chile, 2016). Como curador da Fundação Bienal de São Paulo (2007-2009), foi responsável pela participação oficial brasileira na 52a Biennale di Venezia (2007).
Entre seus trabalhos recentes mais representativos como curador de arte contemporânea, estão: Memórias del subdesarrollo (2017), no Museum of Contemporary Art (San Diego, EUA), Museo de Arte de Lima (Peru) e Museo Jumex (México); Héctor Zamora – Dinâmica não linear (2016), no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo; Sean Scully (2015), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Brasil); 12a Bienal de Cuenca (2014), em Cuenca (Equador). É colaborador regular de revistas de arte contemporânea, arquitetura e design, além de escrever para catálogos de exposições e monografias de artistas.
Vivemos na melhor cidade da América do Sul na FIC, Porto Alegre
Fundação Iberê Camargo debate noções de tropicalidade e identidade nacional
Baby, de Caetano Veloso, inspira mostra coletiva que repercute os 50 anos do tropicalismo
No dia 30 de setembro, a Fundação Iberê Camargo inaugura a exposição Vivemos na melhor cidade da América do Sul. Com curadoria de Bernardo José de Souza e Victor Gorgulho, a exposição apresenta obras de mais de 32 artistas. O projeto investiga noções contraditórias de tropicalidade, identidade nacional, corpo e violência, partindo da paisagem estética e política do Rio de Janeiro. A mostra exibe pinturas, esculturas, fotografias, instalações, vídeos e performances que especulam sobre o mito da "cidade maravilhosa". Durante os finais de semana, os programas públicos incluem seminários, ciclos de cinema, debates, música, performances e atividades em diálogo com outros campos do conhecimento. A exposição poderá ser visitada até o dia 17 de dezembro.
Embora a máxima “vivemos na melhor cidade da América do Sul" permaneça até hoje como uma grande dúvida - Caetano Veloso não apenas omite da letra qual seria esta cidade como também vivia em São Paulo quando escreveu a canção -, os curadores decidem adotar o Rio de Janeiro como se fosse essa cidade. Segundo de Souza e Gorgulho, "ao relativizar a imagem consolidada nos cartões postais, a mostra ora reforça as tintas idílicas que banham o Rio, ora mapeia as zonas cinzentas do espaço urbano e da geografia natural que funcionam como suposta síntese do Brasil".
Tropicália, instalação de Hélio Oiticica, emprestou seu nome ao movimento musical que acabou por difundir a imagem de um Brasil tão arcaico quanto moderno, e que neste ano completa seus 50 anos. Entre as artes visuais e a música brasileira, as obras da exposição questionam os impulsos utópicos irradiados ao longo das últimas décadas pelo tropicalismo e por Baby, canção que seria celebrizada por Gal e pelos Mutantes.
Em paralelo à exposição, os programas públicos que acompanham a mostra também buscarão tensionar percepções diversas sobre Porto Alegre, os gaúchos e sua realidade multicultural, muitas vezes relegada à sombra do passado e da tradição.
O seminário proposto pela Fundação Iberê Camargo para este novo projeto - Sob o sol dos trópicos: prazer e violência na esfera contemporânea – terá início dia 14 de outubro e conta com participação de Pablo León de la Barra, atual curador do MAC Niterói e curador do Museu Solomon R. Guggenheim para a fase latino-americana da Guggenheim UBS MAP Global Art Initiative. Outros nomes já confirmados para o seminário são Lisette Lagnado e Fausto Fawcett.
ATIVIDADES PARALELAS
30/09 – SÁBADO
16h | Performance “Rodinha de abertura”, com Miúda
O coletivo de artistas cariocas reproduz uma conversa de bar e muita cantoria em uma mesa montada em meio ao espaço expositivo, ironizando as área VIPs e desconstruindo o ideal de celebridade.
17h | Performance “Lava Jato – Lavagem integral”, com a artista Maria Sabato
Na performance, a artista argentina Maria Sabato lava carros do público, dançando ritmos latinos e brasileiros.
14/10 - SÁBADO
15h | Seminário Sob o sol dos trópicos: prazer e violência na esfera contemporânea, com Pablo León de la Barra
Este seminário busca especular sobre o princípio do prazer e o ritmo perverso e acelerado que orienta a vida e o trabalho no mundo contemporâneo, questionando as noções de hedonismo relacionadas ao mundo tropical diante de uma sociedade marcada pela lógica da punição, da violência, da discriminação e da produtividade.
Pablo León de la Barra (nascido em 1971, na Cidade do México) é um curador independente, radicado em londres e em Nova York. Atualmente, é curador no Museu Solomon R. Guggenheim para a fase latino-americana da Guggenheim UBS MAP Global Art Initiative. León de la Barra recebeu seu Ph.D em História e Teoria da Architectural Association School of Architecture, em Londres. Ele fez curadoria ou co-curadoria de exposições em diversas localidades internacionais, incluindo a Apexart, The Architecture Foundation, Art in General, o Centre d’Art Contemporain Genève, Centro Cultural de España, a David Roberts Foundation, a Kunsthalle Zürich, a Luis Barragán House and Studio, e o Museo Tamayo. Em 2012, foi o primeiro beneficiário do Prêmio Coleção Patricia Phelps de Cisneros de Viagem pela América Central e Caribe.
Emanoel Araújo, Gilvan Samico e Mário Cravo Neto na Base, São Paulo
Obras de Emanoel Araújo, Gilvan Samico e Mário Cravo Neto compõem a mostra
A Galeria Base, de Fernando Ferreira de Araújo e Daniel Maranhão, exibe Geníaco, composta por 17 obras – esculturas, xilogravuras e fotografias - de Emanoel Araújo, Gilvan Samico e Mário Cravo Neto, sob curadoria de Paulo Azeco. A coletiva busca valorizar a cultura nacional - no sentido mais impactante e restrito que este conceito possa ter -, destacando a simbologia, o etéreo e as religiosidades portuguesa e africana, elementos em comum na produção destes artistas e presentes no imaginário do povo brasileiro.
“Ser Poeta é ser um geníaco, um filho assinalado das Musas.” A citação de Ariano Suassuna, em "O Romance d`A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta" (marco inicial do Movimento Armorial no Brasil), não somente permeia o título da nova mostra da Galeria Base, como também é essencial para compreendê-la e as conexões que são estabelecidas entre os três artistas participantes. "Suassuna idealizou tal movimento como forma de valorização da cultura nordestina, agregando artes visuais, música e literatura a um tronco comum, no qual se encontravam as influências indígenas e aquelas das diásporas africanas e portuguesas na região. Uma forma peculiar de representar o país, seu povo e cultura, através da junção do erudito ao regional", comenta Paulo Azeco.
Gilvan Samico apresenta sua obra fundamentada na Xilogravura, importante técnica da produção nordestina, tendo o Cordel como inspiração primordial. Nas palavras do curador, "O seu detalhamento, plano discursivo compartimentado e cores, remetem às iluminuras medievais europeias, contudo apresentam todo o universo lírico de causos, lendas e mitos de sua região".
Ao longo de sua carreira, Emanoel Araújo pesquisou a geometrização ancestral dos africanos e a tomou como elemento principal de sua produção, com presença forte da Xilogravura - reflexo também da influência regionalista. Na exposição, são exibidas três esculturas que se desenvolvem a partir de uma matriz xilográfica e avançam à tridimensionalidade, revelando signos da cultura negra e sua relação com o Brasil.
Já a Fotografia de Mário Cravo Neto atinge seu ápice nas imagens em branco e preto, as quais retratam a sua Bahia e formulam questionamentos acerca dos pontos mais sensíveis na formação antropológica da região. Participa de "Geníaco" a premiada série “The Eternal Now”, em que documenta o Candomblé através de imagens impregnadas de emoção, como as que sugerem o momento de epifania no contato entre o carnal e a divindade.
"Suassuna costumava falar em entrevistas sobre a internacionalização da nossa cultura. Valorizar esse tipo de produção artística, brasileira e autoral, é sem dúvida urgente e necessário." Paulo Azeco
Gilvan Samico (Recife, PE, 1928 - idem 2013)
Gravador, pintor, desenhista, professor. Em 1952, Gilvan Samico funda, juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), idealizado pelo gravador Abelardo da Hora (1924-2014). Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). No ano seguinte, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde cursa gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Dedica-se à realização de texturas elaboradas com ritmos lineares em seus trabalhos. Em 1965, fixa residência em Olinda. Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba (UFPA). Em 1968, com o prêmio viagem ao exterior obtido no 17º Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), permanece por dois anos na Europa. Em 1971, é convidado por Ariano Suassuna (1927-2014) a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina e à literatura de cordel. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização criativa da xilogravura. Suas gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas locais, assim como por animais fantásticos e míticos. Com a apresentação de uma nova temática, introduz uma simplificação formal em seus trabalhos, reduzindo o uso da cor e das texturas.
Emanoel Araújo (Santo Amaro da Purificação, BA, 1940)
Escultor, desenhista, ilustrador, figurinista, gravador, cenógrafo, pintor, curador e museólogo. Aprende marcenaria com o mestre Eufrásio Vargas e trabalha com linotipia e composição gráfica na Imprensa Oficial, em Santo Amaro da Purificação, Bahia. Realiza sua primeira exposição individual em 1959. Na década de 1960, muda-se para Salvador e ingressa na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde estuda gravura com Henrique Oswald (1918-1965). Em 1972, é premiado com medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália. Recebe, no ano seguinte, o prêmio de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Entre 1981 e 1983, instala e dirige o Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, e expõe individualmente no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Em 1988, é convidado a lecionar artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York. De 1992 a 2002, exerce o cargo de diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pesp) e é responsável pela revitalização da instituição. É, entre 1995 e 1996, membro convidado da Comissão dos Museus e do Conselho Federal de Política Cultural, instituídos pelo Ministério da Cultura. Em 2004, é curador e diretor do Museu Afro-Brasil, aberto nesse ano, em São Paulo, com obras de sua coleção.
Mário Cravo Neto (Salvador, BA, 1947 - idem 2009)
Fotógrafo, escultor e desenhista. Recebe as primeiras orientações no campo do desenho e da escultura de seu pai, Mario Cravo Júnior. Acompanhando o pai, que participa do programa Artists on Residence, patrocinado pela Ford Foundation, viaja para Berlim em 1964. Nessa cidade mantém contato com o artista italiano Emilio Vedova e com o fotógrafo Max Jakob. Em 1968, muda-se para Nova York e estuda na Arts Students League, com orientação de Jack Krueger, um dos precursores da arte conceitual na cidade. Nesse período, realiza a série de fotografias em cores On the Subway e produz suas primeiras esculturas de acrílico. Retorna ao Brasil em 1970. Sofre um acidente automobilístico em 1975, e interrompe sua atividade profissional por um ano. Posteriormente, dedica-se à fotografia de estúdio, cria instalações e realiza trabalho fotográfico com temática relacionada ao candomblé e à religiosidade católica. Publica, entre outros, os livros Ex-Votos, 1986, Salvador, 1999, Laróyè, 2000, Na Terra sob Meus Pés, 2003, e O Tigre do Dahomey - A Serpente de Whydah, 2004. Recebe o Prêmio Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte - Funarte, em 1996, o Price Waterhouse, no Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, em 1997; e o prêmio de melhor fotógrafo do ano da Associação Paulista dos Críticos de Arte - APCA, São Paulo, em 1980, 1995 e 2005.
Paulo Azeco
Goiano, 34 anos, graduado em Artes Visuais - Design Gráfico pela Universidade Federal de Goiás, com ênfase em fotografia modernista brasileira. Trabalhou com Thomaz Farkas. Especialista em Artes Aplicadas pela École Boulle em Paris e pós-graduação em curadoria e museologia. Em 2011, desenvolve o projeto curatorial da Galeria Impar, em São Paulo, e em 2012 inaugura o Gris Escritório de Arte, com foco em arte contemporânea e intercâmbio artístico entre Brasil e Bélgica. Trabalha há dez anos no grupo Micasa, sendo atualmente diretor artístico da Galeria Houssein Jarouche, além de atuar como curador independente.
Marco Veloso na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
Um olhar poético sobre a sociedade contemporânea, a intimidade da vida e o contexto da cidade. A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea abre, no dia 28 de setembro, 5a feira, a exposição de Marco Veloso "anoitecer, amanhecer: desalerta", com 22 desenhos com tinta óleo sobre madeira, inéditas.
O desenho de Marco Veloso, que até agora se caracterizava por intensos contrastes – seja entre o preto, o branco e os tons de cinza ou entre a tinta preta e a amarela - encaminha-se, neste momento, em direção a uma luminosidade leve e pacífica. Com a utilização de linhas amarelas sobre fundo branco, os contrastes são reduzidos, as linhas descansam e as composições evidenciam forte unidade espacial.
As obras da nova mostra despertam o espectador para significativas contradições de nosso tempo: uma época marcada pelo olhar intimidador dos aparelhos eletrônicos, mas também por uma visão humana da realidade sensivelmente singular.
"Vivemos numa cidade em permanente estado de alerta. O contraste entre um certo romantismo e as diversas formas de tensão social procura trazer à luz o estado de espírito de nossa busca por uma dignidade humana".
Embora os desenhos do artista pareçam surgir rapidamente, sem hesitação, em realidade eles são densamente elaborados, até estarem impregnados da espontaneidade necessária. Para cada desenho da exposição, foram feitos dezenas de esboços, conta Veloso. Sobre isso, o colecionador Gilberto Chateaubriand certa vez afirmou:
"Diferentemente de artistas que se destacam pela perfeição formal ou pela delicadeza dos procedimentos, o que me atraiu de imediato foi a impulsividade aparentemente de Marco, o alto grau de expressividade, obtida após longa reflexão, e não por qualquer descontrole deliberado".
Carioca, nascido em 1959, Marco Veloso é um dos mais destacados nomes da arte do desenho no Brasil e tem realizado importantes mostras solo ao longo dos últimos 20 anos. Desde 2013, o artista teve uma transformação de grande importância em sua obra. Conhecido pelas séries de desenhos em carvão, iniciadas em 1999 e que já ultrapassaram o número de cem, Veloso agora apresenta o feliz encontro entre a pintura e o desenho. Entre suas individuais em instituições públicas estão: “Desenhos na Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, em 2000, 2003 e 2008, “Contigo na Distância”, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 2010, além de duas no Paço Imperial: "Se as palavras... ", em 1999, e Jogando com Armadilhas, em 2016.
setembro 26, 2017
Gerben Mulder no Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo
Gerben Mulder retorna a São Paulo para sua quarta exposição com a Fortes D’Aloia & Gabriel. Desta vez, o artista holandês ocupa o Galpão, na Barra Funda, com doze pinturas inéditas repletas de personagens excêntricos que evocam imagens épicas e narrativas oníricas.
O artista explora um repertório arquetípico do subconsciente e o materializa através de pinceladas vigorosas e velozes, de forma que as narrativas presentes se revelam não apenas nas imagens, mas no próprio tecido da pintura. Em Massacre of the Innocents [O Massacre dos Inocentes], uma composição turbulenta que beira o abstrato, o movimento decompõe os elementos figurativos em um vórtex.
Euforia e melancolia se sobrepõem entre fundos sombrios e disparos de cores elétricas. É o caso de End to an Affair [O Fim de um Caso] e Happy Campers [Campistas Felizes]. O artista também explora a teatralidade nessas pinturas, articulando seus personagens como em um palco. Em The Blind Leading the Blind [O Cego Guiando o Cego], dois personagens soturnos caminham em uma procissão, enquanto as outras figuras se mesclam com o fundo.
Outras obras da exposição revelam personagens grotescos em cenas absurdas. As narrativas não são o mote ou a razão de ser destas pinturas; são, principalmente, uma maneira de criar conexões entre as figuras que “surgem” ao longo do processo criativo, sempre envoltas pelo vocabulário fantasioso (e muitas vezes sarcástico) do artista. Seu humor peculiar transparece através de títulos como Donkey’s Ride of Shame [O Passeio da Vergonha do Burro] ou Fleeing Gondolas, a Brutal Attack by 8 Legged Birds on Unsuspecting Masses [Gôndolas Fugidias, um Ataque Brutal de 8 Aves com Pernas a Missas Insuspeitas]. Lado a lado, é como se as pinturas fossem capítulos de um romance fantástico – uma história repleta de fúria e lirismo –, mas também apontam para a intensa aceleração da visualidade contemporânea refletida no cinema, na TV e nas redes sociais.
Gerben Mulder nasceu em Amsterdã, Holanda, em 1972, mas vive e trabalha em Nova York há mais de vinte anos. Ele tem participado de diversas exposições ao redor do globo, entre as quais destacam-se as individuais: Works on Paper, Galerie Frank Taal (Roterdã, Holanda, 2013); The Tucson Work, MOCA – Museum of Contemporary Art in Tucson (Tucson, EUA, 2011); Flowers, Newman Popiashvili Gallery (Nova York, EUA, 2010); Galerie Akinci (Amsterdã, Holanda, 2009); Gallery K4 (Munique, Alemanha, 2009).
setembro 25, 2017
Agora somos todxs negrxs? no Galpão VB, São Paulo
Agora somos todxs negrxs?, que inaugura em 31 de agosto no Galpão VB, é a primeira exposição a reunir a jovem produção negra brasileira a artistas consagrados.
Com curadoria de Daniel Lima, a mostra conta com 15 artistas nascidos, em sua maioria, nas três últimas décadas do século 20. Trabalhando com frequência na interseção entre as questões raciais e de gênero, elas e eles mostram mais de 20 obras (entre vídeos, fotografias, desenhos, esculturas, instalações e performances) que refletem o amadurecimento da discussão sobre as identidades e negritudes no Brasil – marcada, nos últimos anos, pela pluralidade e pelo crescente protagonismo do feminismo negro e do transfeminismo nas lutas sociais e estéticas.
A inspiração para o título da exposição é o Artigo 14 da Constituição do Haiti, de 1805, que reestruturou as leis do país a partir da única revolta escrava que tomou o poder na América. Nas palavras de Daniel Lima, a retomada do enunciado haitiano “aponta para uma nova situação política, na qual lutamos, em cada prática artística individual e coletiva, pela expressão de uma voz historicamente silenciada”. A mostra pretende colocar em perspectiva o papel de negras e negros na sociedade brasileira, reelaborando símbolos da história nacional.
Ao longo de todo o período da exposição estão programadas diversas atividades abertas ao público, como encontros e debates com o curador, artistas e pensadores negras e negros, além de apresentações e performances de coletivos de artistas. As ações têm como objetivo ampliar o repertório mobilizado na exposição, contribuindo para a elaboração de novas formas de militância política e estética.
Assista depoimento de Daniel Lima sobre Agora somos todxs negrxs?
Agora somos todxs negrxs? é parte de um trabalho contínuo do Videobrasil, que há mais de três décadas busca lançar luz sobre temas, artistas e práticas muitas vezes negligenciados pelo mundo das artes. A mostra encerra a programação de 2017 do Galpão VB, que tem buscado refletir sobre as relações entre arte e política. A partir de 3 de outubro, desdobramentos dessas questões ganharão destaque também no 20º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, que trará a São Paulo as cosmovisões e as lutas políticas e estéticas de 50 artistas oriundos de 25 países do Sul Global.
SOBRE O CURADOR
Daniel Lima é bacharel em artes plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), mestre em psicologia clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutorando em meios e processos audiovisuais pela ECA-USP. Desde 2001 cria intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. Membro fundador dos coletivos A Revolução Não Será Televisionada, Política do Impossível e Frente 3 de Fevereiro. Dirige a produtora e editora Invisíveis Produções. www.danielcflima.com
ARTISTAS
Ana Lira (Caruaru, PE, 1977)
Fotógrafa, artista visual e pesquisadora independente, é pós-graduada em teoria e crítica de cultura pela Universidade Federal de Pernambuco. Seu trabalho se debruça sobre as relações de poder e suas implicações nas dinâmicas de comunicação. Mostras: Pinacoteca do Estado de São Paulo (2017); 31ª Bienal de São Paulo (2014); Museu do Estado de Pernambuco (2008). Vive e trabalha em Recife.
Ayrson Heráclito (Macaúbas, BA, 1968)
Artista, curador e professor, é doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP. Suas obras lidam com os mitos, medos e marcas que acompanham a cultura afro-brasileira. Mostras: 57ª Bienal de Veneza (2017); Afro-Brazilian Contemporary Art, Europalia.Brasil (Bruxelas, 2012); Trienal de Luanda (Angola, 2010). Vive e trabalha em Salvador. http://ayrsonheraclitoart.blogspot.com.br/
Dalton Paula (Brasília, DF, 1982)
É formado em artes visuais pela Universidade Federal de Goiás. Sua obra parte do corpo como elemento basilar, reapresentando corpos negros em outras histórias e estruturas, e faz referências às religiões de matriz africana. Mostras: 32ª Bienal de São Paulo (2016); Instituto Superior de Arte de Havana (2016); Museu Bispo do Rosário (Rio de Janeiro, 2016); Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2014). Vive e trabalha em Goiânia. https://daltonpaula.com/
Daniel Lima (Natal, RN, 1973)
Veja nota biográfica sobre o curador.
Eustáquio Neves (Juatuba, MG, 1955)
Artista visual e fotógrafo autodidata, aborda em sua produção questões sociais, raciais e temáticas relativas à identidade e à memória da cultura afrodescendente. Mostras: Bienal de São Paulo-Valência (2007); 5° Rencontres de la Photographie Africaine (Bamako, 2003); 6ª Bienal de Havana (1997); Pinacoteca do Estado de São Paulo (1996 e 1998). Vive e trabalha em Diamantina.
Frente 3 de Fevereiro (São Paulo, SP, 2004)
Grupo transdisciplinar de pesquisa e ação direta com foco no racismo na sociedade brasileira. Formado por: Achiles Luciano, André Montenegro, Cássio Martins, Cibele Lucena, Daniel Lima, Daniel Oliva, Eugênio Lima, Felipe Teixeira, Felipe Brait, Fernando Alabê, Fernando Coster, Fernando Sato, João Nascimento, Julio Dojcsar, Maia Gongora, Majoí Gongora, Marina Novaes, Maurinete Lima, Pedro Guimarães, Roberta Estrela D’Alva e Will Robson. Mostras: Museu de Arte do Rio (2015); Museo Universitario Arte Contemporáneo (Cidade do México, 2014); Living as Form (Nova York, 2011). O coletivo é baseado em São Paulo. http://www.frente3defevereiro.com.br/
Jaime Lauriano (São Paulo, SP, 1985)
Artista visual, graduado em artes pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Sua produção evidencia os processos de subjetivação moldados pelas instituições de poder, propondo uma revisão e reelaboração coletiva da história. Mostras: 10th Bamako Encounters (2015); Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015); 2nd Biennale of Young Art (Moscou, 2010). Possui obras nas coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte do Rio. Vive e trabalha em São Paulo. http://jaimelauriano.com/
Jota Mombaça (Natal, RN, 1991)
Ensaísta e performer, parte do corpo como vetor de criação e de ação para abordar as relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir (queer), giros descoloniais, interseccionalidade política e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado. Participação em residência artística junto ao Capacete 2017, na documenta 14 (Atenas; Kassel). Performances: Instituto Goethe (São Paulo, 2014); Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte (Natal, 2013); Casa Selvática (Curitiba, 2013). Vive e trabalha em Natal.
Luiz de Abreu (Araguari, MG, 1963)
Bailarino e performer cujo trabalho investiga os estereótipos relacionados ao corpo negro. Apresentou-se em festivais de dança contemporânea na França, Alemanha, Portugal, Croácia, Cuba, Espanha e Brasil. Performances: Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); Mostra Sesc de Dança (São Paulo, 2001). Sua peça O samba do crioulo doido integra o acervo de videodança do Centre Georges Pompidou, em Paris. Vive e trabalha em São Paulo.
Moisés Patrício (São Paulo, SP, 1984)
Artista visual e arte educador, formado em artes plásticas pela USP. Membro fundador do Coletivo Artístico Dialéticas Sensoriais (CADS). Sua produção aborda paisagens urbanas da periferia das metrópoles e elementos da cultura latina e afro-brasileira. Mostras: 12ª Bienal de Dacar (2016); Museu Afro Brasil (São Paulo, 2014); Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (Rio de Janeiro, 2014). Vive e trabalha em São Paulo. http://moisespatricio.weebly.com/
Musa Michelle Mattiuzzi (São Paulo, SP, 1983)
Performer, escritora e pesquisadora, graduada em artes do corpo pela PUC-SP. Seus trabalhos se apropriam do e subvertem o lugar exótico atribuído ao corpo da mulher negra pelo imaginário cisnormativo branco, que o transforma numa espécie de aberração, entidade dividida entre o maravilhoso e o abjeto. Em 2012 e 2013, colaborou com os coletivos GIA, da Bahia, e Opavivará, do Rio de Janeiro. Em 2017, participou como residente do Programa Capacete no Programa Público da documenta 14, com curadoria de Paul B. Preciado. Vive e trabalha em Salvador. http://musamattiuzzi.wixsite.com/musamattiuzzi
Paulo Nazareth (Governador Valadares, MG, 1977)
Artista visual e andarilho, percorreu longos trajetos por diversos países, acumulando vivências, objetos e imagens, e realizando atos performáticos. Mostras: 55ª Bienal de Veneza (2013); 12ª Bienal de Lyon (2013); Bienal de Montevideo (2013); Museu de Arte de São Paulo (2012); Centro Cultural São Paulo (2009). Vive e trabalha em Belo Horizonte.
Rosana Paulino (São Paulo, SP, 1967)
Artista visual, pesquisadora e educadora, com doutorado em artes visuais pela USP e especialização em gravura pelo London Print Studio. Sua obra tem como principal preocupação a posição da mulher negra na sociedade. Mostras: Goodman Gallery (Cidade do Cabo, 2017); Galeria Superfície (São Paulo, 2016); Galería Fernando Pradilla (Madri, 2016); Pinacoteca do Estado de São Paulo (2015); Espace Culturel Fort Griffon (Besançon, 2014). Vive e trabalha em São Paulo.
http://www.rosanapaulino.com.br/
Sidney Amaral (São Paulo, SP, 1973 – São Paulo, SP, 2017)
Pintor, escultor e desenhista, formado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Sua obra se apropria de cenas e objetos do cotidiano com elementos de estranhamento, ironia e sarcasmo, tocando em questões sociais e raciais. Exposições: Pinacoteca do Estado de São Paulo (2017); Galeria Tato (2016); Central Galeria (2015); Museu Afro Brasil (2015); Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2014); 11ª Bienal de Dacar (2014).
Zózimo Bulbul (Rio de Janeiro, RJ, 1937 – Rio de Janeiro, RJ, 2013)
Cineasta, produtor e ator cuja carreira despontou no Cinema Novo brasileiro. Foi o primeiro protagonista negro em uma telenovela brasileira (1969). Insatisfeito com a representação da população negra no cinema, passou a escrever e dirigir seus próprios filmes, como Alma no olho (1974), Aniceto do Império (1981), Abolição (1988), Samba do trem (2000) e Pequena África (2002). Fundou o Centro Afro Carioca de Cinema (Rio de Janeiro, 2007) para promover a cultura afro-brasileira e seus artistas.
http://afrocariocadecinema.org.br/zozimo-bulbul/
PROGRAMAS PÚBLICOS
ABERTURA
Debate com Ana Lira e Dalton Paula, com mediação de Daniel Lima
31/08 (quinta), 19h às 22h
ZAP
Com Claudinei Roberto, DJ Eugênio Lima e Grupo Legítima Defesa
mediação de Daniel Lima
16/09 (sábado), 14h às 18h
O ZAP – Zona Autônoma da Palavra reúne poetas, MCs e escritores para disputar, mensalmente, um campeonato de poesia falada. O júri, formado pelo público, escolhe o melhor slammer, poeta-competidor que concorre ao prêmio de poeta do ano.
O programa inclui performance musical com discotecagem do DJ Eugênio Lima; debate com Claudinei Roberto e convidados, mediado por Daniel Lima; e participação do Grupo Legítima Defesa.
AFRO-T
com Moisés Patrício e Frente 3 de Fevereiro e Afro-T
mediação de Daniel Lima
14/10 (sábado), 14h às 18h
O AfroTranscendence nasceu em 2015 como um programa de imersão em processos criativos para promover a cultura afro-brasileira contemporânea, tendo como prática a constante experimentação na construção de um espaço e um conceito em trânsito para imersão entre os tempos. O programa inclui performance musical; debate com Moisés Patrício e Frente 3 de Fevereiro, mediado por Daniel Lima; e roda de conversas com o Afro-T.
EXPLODE!
com Jaime Lauriano e Thiago de Paula
mediação de Daniel Lima
18/11 (sábado), 14h às 18h
Explode! é uma plataforma que pesquisa e experimenta noções de gênero, raça e classe baseada em práticas artísticas e culturais socialmente entendidas como periféricas, cruzando também os campos da pedagogia e da justiça social. Com uma rede nacional e internacional de colaboradores, é representada pelos artistas, pesquisadores e curadores Cláudio Bueno e João Simões.
O programa inclui debate com Jaime Lauriano e Thiago de Paula, mediado por Daniel Lima.
VCA ABDOULAYE KONATÉ
16/12 (sábado), 15h às 18h
Exibição do documentário integrante do título a ser lançado pelo selo Videobrasil Coleção de Autores, que reúne o pensamento e o processo de trabalho de artistas contemporâneos de relevo na cena internacional.
setembro 21, 2017
Rodrigo Linhares na Adelina, São Paulo
No próximo dia 27 de setembro, a Adelina Galeria abre duas novas individuais: Partituras, exposição de Marcelo Armani, com curadoria de Lucas Bambozzi; e Algorab, exposição de Rodrigo Linhares, com curadoria de Nathalia Lavigne. Com narrativas e suportes distintos, os dois artistas trazem em comum o teor crítico que reflete em seus trabalhos as suas relações com o mundo.
Recentemente premiado no 42° SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto (SP), Rodrigo Linhares apresenta um conjunto de imagens que explora a noção de espelhamento e propõe um jogo de representações capaz de desorientar o olhar na mostra “Algorab”. Nesse trabalho, um novo elemento assume um papel central no processo de contaminação de imagens criado pelo artista: a figura de um corvo. Associado a uma série de significados simbólicos, o pássaro negro aparece na exposição tal como foi surgindo em seus primeiros indícios para o artista: uma sequência de imagens acumuladas nas paredes do ateliê da Adelina Galeria ao longo da sua permanência no espaço.
Explorando um aspecto quase labiríntico da fotografia, o artista se autorretrata no próprio ambiente expositivo – como é o caso de uma fotografia em grande formato que ocupa a parte externa da galeria. Como reforça a curadora Nathalia Lavigne: “imagens que parecem se acumular em diversas camadas de representação ou autorretratos que atuam em um limite entre a superexposição e o desaparecimento são algumas das ferramentas utilizadas por Rodrigo Linhares em sua produção”.
Rodrigo Linhares (Santa Maria, Rio Grande do Sul, 1977), é graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Santa Maria (2003). Foi premiado no 42º SARP (2017) e no 44º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (2016). Participou da coletiva “Para que eu possa ouvir”, exposição inaugural da Adelina Galeria, em 2017. Como artista residente do Projeto Fidalga, expôs a individual “Desaparecimento: Primeiros Estudos” (2016). Vive e trabalha em São Paulo desde 2002.
Nathalia Lavigne (Rio de Janeiro, RJ, 1982) é crítica de arte, pesquisadora e curadora independente. Doutoranda no programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, é mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London. Escreve para publicações como ArtReview, Artforum, Select, entre outros. Foi uma das pesquisadoras do projeto “Observatório do Sul”, plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, Goethe-Institut e Associação Cultural Videobrasil.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Conversa na Adelina: Rodrigo Linhares e Nathalia Lavigne
Rodrigo Linhares e Nathalia Lavigne conversam com o público sobre o processo de criação e curadoria da mostra “Algorab”.
28 de outubro, sábado, às 16h
Adelina Galeria, Rua Cardoso de Almeida 1285, Perdizes
OFICINAS
Oficina de Autorretrato com técnica de desenho lavado com Rodrigo Linhares
Nessa oficina de autorretrato, Rodrigo Linhares ensina ao público a técnica do desenho lavado no ateliê da Adelina Galeria.
21 de outubro, sábado, às 15h
Ateliê Adelina, Rua Cardoso de Almeida 1372, Perdizes
OPEN STUDIO
Open Studio – Ateliê aberto com Rodrigo Linhares
O artista Rodrigo Linhares estará no Ateliê Adelina para receber o público, apresentar seus processos de pesquisa e trabalhos desenvolvidos para a exposição “Algorab”.
Datas e horários: todos os sábados de outubro (7, 14, 21 e 28), das 11h às 15h.
Ateliê Adelina, Rua Cardoso de Almeida 1372, Perdizes
Marcelo Armani na Adelina, São Paulo
No próximo dia 27 de setembro, a Adelina Galeria abre duas novas individuais: Partituras, exposição de Marcelo Armani, com curadoria de Lucas Bambozzi; e Algorab, exposição de Rodrigo Linhares, com curadoria de Nathalia Lavigne. Com narrativas e suportes distintos, os dois artistas trazem em comum o teor crítico que reflete em seus trabalhos as suas relações com o mundo.
O artista sonoro Marcelo Armani apresenta duas obras em São Paulo. Ruidógrafo – que já esteve em Montevidéu (Uruguai), Curitiba (PR) e Londrina (PR) – chega a São Paulo em uma versão criada especificamente para a exposição. Um papel sobre uma mesa capta as vibrações do som através de um sistema desenvolvido pelo próprio artista e, nesse processo, são criados desenhos que Marcelo chama de “ruidografias”. Para a mostra na Adelina Galeria, Armani fez algumas modificações na estrutura da obra, criando um conjunto de cinco linhas de informação, como numa partitura musical. O público da mostra também poderá intervir e produzir seus próprios desenhos, fazendo uso do processo do artista.
Já a instalação sonora Concerto Diplomático tem uma proposta de crítica política. Uma parede e quadros de madeira rachados compõem o ambiente que será permeado por ruídos e discursos políticos polêmicos de figuras como Donald Trump e Fernando Coelho Filho, mesclados ao som produzido pela rachadura da madeira. “Os trabalhos indicam formas distintas de ver e perceber o som para além da predominância do aparelho auditivo. O acontecimento sonoro é ampliado de forma a sugerir uma escrita que não apenas revela tensões e ruídos mas transforma-se fisicamente em partituras, linhas de ressonância e incisões nas superfícies envolvidas nas obras”, comenta Lucas Bambozzi.
Marcelo Armani (Carlos Barbosa, 1978) é artista sonoro e produtor eletroacústico autodidata. Possui registros fonográficos editados por gravadoras na América Latina. Atualmente é representado pela gravadora espanhola Luscinia Discos e pela Adelina Galeria, São Paulo, SP. Se projeta no campo das artes visuais a partir de 2011, participando de mostras e residências artísticas por países da América Latina, Europa, África e Estados Unidos. Entre mostras e prêmios se destacam o 66º Salão Paranaense, Curitiba, PR; Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG; 10ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS; 16º Rumos Itaú Cultural 2013-2014, São Paulo, SP; programa Radiophrenia, CCA, Glasgow, UK; II Prêmio SESI de Arte Contemporânea, Curitiba, PR; Here.Now.Where? By Saout radio 5º Bienal de Marrakesh; Sala Taller IV – EAC, Montevideo, URU; III Bienal Arts Actuels, Réunion, Oceano Índico, França e 10ª SPA das Artes, MAMAM no Pátio, Recife, PE. Atualmente mora e trabalha em Canoas, RS onde também trabalha na produção sonora para cinema e vídeo arte.
Lucas Bambozzi (Matão, São Paulo, 1965) é artista, documentarista, pesquisador em novos meios e curador. Trabalha em meios diversos como vídeo, cinema, instalação e mídias interativas, com exibições em mostras em mais de 40 países. Foi curador de projetos como Life Goes Mobile (2004 e 2005), Multitude (Sesc Pompeia, 2014), Visualismo (RJ, 2015), ON_OFF (Itaú Cultural, 2012-2017) e AVXLab (2017). É um dos criadores do Festival arte.mov - Arte em Mídias Móveis e do projeto Labmovel. Concluiu seu MPhil na Universidade de Plymouth, Inglaterra, é doutorando na FAU USP e professor no curso de artes visuais na FAAP, em São Paulo.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Conversa na Adelina: Marcelo Armani e Lucas Bambozzi
Marcelo Armani e Lucas Bambozzi conversam com o público sobre o processo de criação e curadoria da mostra “Partituras”.
4 de outubro, quarta-feira, às 19h30
Adelina Galeria, Rua Cardoso de Almeida 1285, Perdizes
OFICINAS
Ambiente Aberto: Práticas Estendidas à Sons e Ruídos com Marcelo Armani
Nessa oficina, Marcelo Armani aborda conceitos e técnicas empregadas no campo da Arte Sonora no ateliê da Adelina Galeria.
7 de outubro, sábado, às 15h
Ateliê Adelina, Rua Cardoso de Almeida 1372, Perdizes
PERFORMANCE
Performance: Marcelo Armani convida Da Haus
No último dia das exposições, Marcelo Armani realiza uma performance sonora em parceria com Lucas Bambozzi e outros artistas convidados da Da Haus – espaço de ação colaborativa criado por um grupo de artistas e produtores culturais que tem Bambozzi como um de seus diretores.
4 de novembro, sábado, às 15h.
Adelina Galeria, Rua Cardoso de Almeida 1285, Perdizes
setembro 20, 2017
Move Cine Arte no Itaú Cultural, São Paulo
Itaú Cultural exibe filmes do festival internacional Move Cine Arte. São apresentadas 11 obras entre curtas, médias e longa metragens ligadas à arte, como criações artísticas e biografias; algumas sessões são seguidas por debates com a presença dos curadores do festival, diretores de filmes ou especialistas em cinema.
21 a 24 de setembro de 2017, quinta-feira a domingo
Itaú Cultural - Sala Itaú Cultural
Avenida Paulista 149, Estação Brigadeiro do Metrô
11-2168-1776/1777
Classificação indicativa: 14 anos
Acesso para pessoas com deficiência
APRESENTAÇÃO
De 21 a 24 de setembro (quinta-feira a domingo), o Itaú Cultural apresenta 11 filmes da segunda edição do Move Cine Arte, festival internacional de cinema dedicado à exibição de filmes de arte e sobre arte, que retratam processos de criação artística, biografias de artistas ou obras de linguagens diversas: arquitetura, pintura, escultura, teatro, fotografia, dança, gastronomia, poesia, literatura, música, design, moda, performance, videoarte, entre outras. Algumas sessões no instituto serão seguidas de debate.
O festival tem curadoria do brasileiro Andre Fratti Costa e do italiano Steve Bisson e recebeu inscrições de mais de 250 trabalhos de todas as partes do mundo. Os filmes premiados foram exibidos em Veneza no dia 10 de junho. Depois de São Paulo, serão exibidos em Paris, em novembro. Ao todo, foram selecionados 28 filmes para o Move Cine Arte, entre curtas, médias e longas metragens que tratam da contaminação do cinema pelas outras formas de expressão artística. Em São Paulo, o Itaú Cultural exibe 11 deles, e os outros 17 serão apresentados no B_arco Centro Cultural Contemporâneo e no Espaço Marieta.
Entre os destaques da exibição no Itaú Cultural está o filme nacional A Deusa Branca, de Alceu França – vencedor no júri internacional do Move Cine Arte 2017 como a melhor narrativa investigativa de arte e um dos projetos contemplados pelo Rumos Itaú Cultural 2012/2014. A obra resgata o material filmado durante uma expedição à região amazônica, em 1958, na qual o artista Flávio de Carvalho pretendia realizar um filme que uniria pesquisa etnográfica e drama ficcional de toques surrealistas sobre uma menina branca raptada por índios, mas que foi um enorme fracasso. Destaque também para o média-metragem norte-americano Amarillo Ramp, vencedor na categoria de melhor diálogo entre arte e vídeo, e para o filme argentino El coral que trajimos de Brasil, vencedor como melhor filme.
Os filmes apresentados no instituto, na Sala Itaú Cultural, são: Master and Tatyana, A Deusa Branca, Monument, 15 Attemps, Amarillo Ramp, Catawba, Silent Spring, DOVNQSNOAN, El coral que trajimos de Brasil, The Karamazoffs (A walk on the SoHo years) e Along Chapel Road. A classificação indicativa é de 14 anos.
Sessões seguidas de debates
Três produções contam com debates após a sua exibição. Monument, no dia 22 de setembro (sexta-feira), a partir das 20h, tem a presença do curador brasileiro do festival e do professor Reinaldo Cardenuto, historiador de Cinema e participante do júri do Move Cine Arte. No sábado, 23 de setembro, após a exibição do filme El coral que trajimos de Brasil, o debate acontece com o diretor argentino Martin Sierra e com os dois curadores Fratti e Bisson. Eles também realizam a conversa após a sessão do longa Along Chapel Road, no dia 24 de setembro (domingo), finalizando a etapa das exibições dos filmes do Cine Move Arte em São Paulo.
PROGRAMAÇÃO
21 de setembro, quinta-feira, às 20h
Master and Tatyana (duração: 82 min)
22 de setembro, sexta-feira, a partir das 20h
A Deusa Branca (duração: 30 min)
Monument (duração: 50 min) – sessão seguida de debate
23 de setembro, sábado
Às 17h
15 Attemps (duração: 50 min)
Amarillo Ramp (duração: 24 min)
Às 19h
Catawba (duração: 5 min)
Silent Spring (duração: 18 min)
DOVNQSNOAN (duração: 3 min)
El coral que trajimos de Brasil (duração: 29 min) – sessão seguida de debate
24 de setembro, domingo
Às 16h
The Karamazoffs (duração: 85 min)
Às 18h
Along Chapel Road (duração: 96 min) – sessão seguida de debate
Sala Itaú Cultural (224 lugares)
Distribuição de ingressos:
Público preferencial: 2 horas antes do espetáculo (com direito a um acompanhante)
Público não preferencial: 1 hora antes do espetáculo (um ingresso por pessoa)
Estacionamento: Entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108
Com carimbo no tíquete na recepção do instituo: 3 hs, R$ 7; 4 hs, R$ 9; 5 a 12 hs, R$ 10.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
LINKS – TRAILERS & SINOPSES
DIA 21 DE SETEMBRO (quinta-feira)
Master and Tatyana (Giedre Zickyte, Lituânia, 2014, 82 min)
Trailer: https://vimeo.com/139710313
Um retrato interessante do fotógrafo lituânio Vitus Lucks (1943-1987), que nunca recebeu o reconhecimento que merecia. Alguns o chamavam de louco, outros de gênio não só porque ele tinha como animal de estimação um leão, mas também porque ele foi o primeiro a ultrapassar as fronteiras da Lituânia e documentar a realidade espontânea das repúblicas soviéticas. Ele trabalhava tanto quanto bebia, vivia em Vilnius com sua esposa Tatyana – eles eram um típico casal vibrante da década de 60. Tão vibrante como a sua casa, sempre cheia de gente, vinho, conversas que duravam a noite inteira, visitantes vindos dos lugares mais distantes da união soviética. Ele era dominado por sua paixão pela verdade e pela fotografia.
DIA 22 DE SETEMBRO (sexta-feira)
A Deusa Branca (Alfeu França, Brasil, 2014, 30min53)
Teaser: https://vimeo.com/102858685
Em 1958, o artista e arquiteto Flávio de Carvalho integrou uma expedição à região amazônica. Seus planos eram de realizar um filme de pinceladas surrealistas que uniria pesquisa etnográfica e o drama ficcional de uma menina branca que teria sido raptada por índios. A produção se revelou um enorme fracasso e o longa metragem jamais foi concluído. Valendo-se do precioso material filmado durante a expedição, “A Deusa Branca” resgata esse obscuro episódio da vida desse genial artista brasileiro.
* Prêmio júri internacional MOVE CINE ARTE 2017 de Melhor narrativa Investigativa de arte.
Monument, de (Igor Grubić
, Croácia, 2015, 50min)
Trailer: https://vimeo.com/151037590
Durante os anos de 1990, a Croácia sofreu uma destruição sistemática em seus monumentos anti-fascistas. Com a combinação de imagens desses incríveis trabalhos de escultura abstrata com uma natureza potente que os cerca, o filme Monument cria uma poderosa metáfora visual.
DIA 23 DE SETEMBRO (sábado)
15 Attemps (Aliona van der Horst, Holanda, 2014, 50min04)
Trailer: https://vimeo.com/102710935
Suchan Kinoshita é uma artista holandesa com descendência japonesa e alemã. Ela é fascinada pelo sentimento de não entender algo e se deixar levar das expectativas. Ela diz: “Compreender é superestimado, é preciso tomar como ponto de partida o sentimento de não entender para se ter um relacionamento com as coisas que nos cercam.” Cineasta e artista Aliona van der Horst realizou esse filme, ou “tentou 15 vezes” (15 attempts) levando isso conta. Durante esses riscos humorados, a cineasta começa a fazer parte da exploração da protagonista, porque “poesia concreta é o que está na sua frente”. Cada tentativa chega cada vez mais perto do que é primordial no trabalho de Kinoshita: a confusão que essas tentativas causam proporcionam um espaço para que se tenha uma abordagem surpreendente sobre a existência.
Catawba (Rob Carter, Estados Unidos, 2014, 5min56)
Trailer: https://vimeo.com/208505950
Em homenagem aos Kawahcatawbas - “o povo do rio” - o Rio de Catawba é uma fonte fundamental das Carolinas (do Norte e do Sul dos Estados Unidos), principalmente devido ao rápido desenvolvimento do subúrbio de Charlotte. O rio, que possui muitas barragens, é uma importante fonte de hidreletricidade e fornece água tanto para força nuclear quanto para usina de carvão. O vídeo é um pequeno retrato do rio e de sua reforma completa no último século.
El coral que trajimos de Brasil (Martin Serra, Argentina, 2017, 29min03)
Trailer: https://vimeo.com/206615184
Depois de 45 anos, o pintor argentino Guillermo Roux e sua esposa Franca Beer assistem, pela primeira vez em um laptop, um filme mudo de 16mm esquecido em sua casa realizado pelo cineasta Simon Feldman no verão de 1968 ou de 1969. Suas emoções mudam a cada segundo. No filme, eles (e nós) assistimos a um jovem Guillermo trabalhando e pintando em uma piscina vazia e muitas pessoas em volta da mesma piscina, agora cheia, em uma tarde de verão. Esse é o ponto inicial do filme no qual eles irão refletir sobre a passagem de tempo, os anos felizes, a velhice e a história de 50 anos atrás na Argentina.
Prêmio júri internacional MOVE CINE ARTE 2017 de Melhor Filme
DIA 24 DE SETEMBRO (domingo)
The Karamazoffs (A walk on the SoHo years) (Juan Gamero and Carmen Rodríguez, Espanha, 2016, 85min51)
Trailer: https://vimeo.com/186322864
Na década de 1960, fábricas abandonadas no bairro de SoHo em Nova York era ocupadas por artistas de todo o mundo, transformando o bairro no coração da arte experimental, com o crescimento rápido de estúdios, arte conceitual, acontecimentos, performaces e vídeo arte. Os Karamazoffs é um grupo de artistas renomados de Barcelona (Muntadas, Miralda, Zush e Rober Llimós, entre outros) que começaram suas carreiras em Nova York no começo dos anos 70 e construíram uma amizade que existe até hoje. Juntos e com outros pioneiros daquela época como Jonas Mekas e Jaime Davidovich, eles relembram as origens e a ascensão e a queda de um dos períodos mais coloridos na arte contemporânea. Com a ajuda de cenas excepcionais vintages contando com Charlotte Moorman, Yoko Ono, Nam June Park, Fluxus, Lou Reed e Velvet Underground, Andy Warhol, Mekas, Davidovich, SoHo cable Tv, George Maciunas, Laurie Anderson e os Karamazoffs.
Along Chapel Road (André Schreuders, Holanda, 2016, 96min07)
Teaser: https://vimeo.com/173036460
Um cineasta que encontrou seu asilo em um romance, tenta mediante a esperança extrair desse mundo uma realidade. O resultado é um diálogo de imagens e palavras entre o escritor e o cineasta, sobre sonhar em vão e a urgência de persistir compulsivamente em criar arte para consolação e evocação. Sobre o pequeno precioso momento que muda nossa perspectiva. E, desta forma, é tudo que é. Com excertos da famosa novela “Chapel Road” do Louis Paul Boon.
Sobre o Move Cine Arte
A primeira edição do festival Move Cine Arte aconteceu Monte Verde, Minas Gerais, com sessões itinerantes em São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro ao longo dos anos 2012 e 2013. Cerca de 20 filmes brasileiros e internacionais foram exibidos na mostra competitiva gratuitamente, prestigiando produções de países como a Dinamarca, Espanha, Itália, França, Inglaterra, contando com a presença de diretores brasileiros, teóricos e especialistas que intermediaram discussões pertinentes a cada filme, criando uma reflexão sobre a produção mundial de filmes sobre arte. A segunda edição do festival acontece em Veneza, no mês de junho, em São Paulo, no mês de setembro e em Paris, em novembro.
Sobre os curadores e debatedores
Andre Fratti Costa é cineasta, escritor e professor universitário de Cinema e Artes Visuais e de pós-graduação em Documentário na FAAP-SP. Dirigiu diversos filmes documentais premiados sobre artes visuais e arquitetura. É idealizador, curador e diretor artístico do Move Cine Arte e especialista em avaliação de projetos cinematográficos, tendo atuado em editais do MinC e da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Steve Bisson é italiano, vive em Asolo, região do Veneto na Itália. Curador, professor de fotografia formado em urbanismo, Steve é coordenador do portal internacional de fotografia Urbanautica e diretor do portal FilmeEsssay de filmes de arte. É curador e diretor artístico do Move Cine Arte 2017 e trabalha com diversos projetos de curadoria na Itália, França, Grécia e Hong Kong.
Reinaldo Cardenuto é formado em Jornalismo pela PUC e Ciências Sociais pela USP, mestre em Ciências da Comunicação (ECA) e Doutor em Meios e Processos Audiovisuais (ECA). Professor de História do Cinema Mundial e História do Cinema Brasileiro no curso de graduação em Cinema, também coordena o curso de pós-graduação em Argumento e roteiro para cinema e televisão, da FAAP, ministrando as aulas de Estética do Audiovisual e de Adaptação de literatura para cinema e televisão. Também foi Júri do edital público da Prefeitura de São Paulo para seleção de projetos cinematográficos de curta e média duração: editais de curta-metragem, Doc. Bairro e Crônicas da Cidade de São Paulo (2012), da primeira edição do Move Cine Arte (2012) e de pré-seleção do primeiro e do segundo Concurso NetLAbTv (2013 e 2014).
Martin Serra é diretor de cinema argentino, é autor do filme El coral que trajimos de Brasil, obra vencedora do principal prêmio (Melhor Filme) do Move Cine Arte 2017. Dirigiu também o documentário longa-metragem Maradona, Médico da Selva, em 2012.
Célia Euvaldo na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto
Após 25 anos trabalhando a pintura a partir das cores preta e branca, Célia Euvaldo apresenta em sua primeira exposição individual na Galeria Marcelo Guarnieri (Ribeirão Preto), obras realizadas entre 2015 e 2017 que extrapolam esse padrão. O peso da tinta a óleo e da cor negra sempre marcantes em suas telas, dá agora espaço a cores mais vivas como o amarelo e o laranja, e também mais rebaixadas como o cinza e o lilás. Sem sair de cena, o preto carregado em cor e densidade negocia com a alegria de outros tons e com a leveza de outras texturas. Seriam, afinal, como diz a própria artista, duas matérias inter-relacionando-se.
A matéria da tinta a óleo preta, densa, estriada, ao se encontrar com a da tinta diluída, evidencia, em sua consistência, pinceladas que percorreram direções variadas, em velocidades, intensidades e durações também variadas; enquanto isso, a parte lavada da pintura fornece uma indicação sutil da aplicação da tinta - agora muito delicada - em uma só direção. Na fricção produzida pelo contato entre as duas matérias e entre dois momentos - um mais conturbado, o outro mais silencioso - ocorre às vezes a contaminação de uma pela outra. A configuração é repetitiva, com o preto denso muitas vezes na parte de baixo, como se lá estivesse para evitar que a matéria fluida se volatizasse, retendo-a com seu peso, outras vezes ao lado, como que a escorar ou ser escorado pela área rala. Para que essas duas matérias se afirmem como coisas, partes da tela são deixadas sem pintar: cada uma tem sua configuração própria, o branco da tela que sobra funcionando como luz.
Segundo o crítico Paulo Sergio Duarte, no texto Raro Rigor, escrito sobre a atual produção da artista: “Temos então duas relações simultâneas e opostas quando estamos diante dessas obras. O preto como se sempre estivesse lá, uma arte que estaria no mundo antes de nós tal a força de sua presença, enquanto a aguada nasce, vem ao mundo, no momento mesmo em que a olhamos. Toda uma nova experiência poética surge nesses novos trabalhos de Célia Euvaldo.”
Célia Euvaldo (1955 - São Paulo, Brasil) vive e trabalha em São Paulo. Das diversas exposições individuais realizadas pela artista, destacam-se nas seguintes instituições: Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo; Estação Pinacoteca, São Paulo; Centro Cultural São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Suas exposições coletivas mais recentes, incluem: Cut, Folded, Pressed & Other Actions, David Zwirner, Nova York, EUA; A revolução tem que ser feita pouco a pouco, Galeria Raquel Arnaud, São Paulo; V Bienal do Mercosul, Porto Alegre; VII Bienal Internacional de Pintura de Cuenca, Equador. Suas obras fazem parte das seguintes coleções instituições: Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu do Estado do Pará, Belém; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Pinacoteca Municipal de São Paulo; Centro Cultural São Paulo e Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto.
Mário Ishikawa na Jaqueline Martins, São Paulo
Cerca de 70 trabalhos – alguns inéditos – entre xerox, colagens e arte postal, desenvolvidos entre 1968 e 1983, estarão reunidos pela primeira vez em exposição na galeria Jaqueline Martins a partir do dia 23 de setembro
Criadas para circular ideias e mensagens a partir de notícias dos jornais no final da década de 1960 até meados de 1980, período de ditadura militar no Brasil, a obra do artista Mario Ishikawa estará reunida pela primeira vez - Torneio Democrático - a partir do dia 23 de setembro, na galeria Jaqueline Martins.
Para o texto da exposição, o pesquisador Yudi Rafael pensou num formato diferente: perguntas e respostas feitas ao artistas em conjunto por Christine Mello, Jeffrey Lesser, Lais Myrrha, Mirtes Marins de Oliveira e Pedro Barbosa.
A partir do xerox, colagens, arte postal, Ishikawa se apropriou de imagens e, interferindo sobre elas, criou códigos com o intuito de fazer circular e manifestar a insatisfação de uma geração que clamava pelo fim do sistema ditatorial. Abaixo, um breve resumo, com a pergunta de Christine Mello, dá o tom da produção e do seu tempo amargamente atual.
Christine Mello: Durante os anos de chumbo, você trabalhou com o efêmero, com o invisível e com os fluxos midiáticos. Como você observa hoje trabalhar com tais questões? Que caráter tradutório tem entre o peso e a leveza no seu trabalho?
Mario Ishikawa: Nas circunstâncias em que foram produzidos estes trabalhos, eu não estava preocupado com sua permanência e preservação. Me preocupava o presente, veicular a informação, comunicar um ponto de vista. Pra mim é importante a idéia do anartístico. Eram da ordem do descartável, por isso os trabalhos eram dados, distribuídos gratuitamente.
[...]
Trabalhei com atitudes da época do chumbo: queimar, rasgar, jogar fora, descartar. Como o panfleto, que carrega uma informação, seja sobre assembléia, greve, reivindicações. Na época, os panfletos eram comuns e circulavam de forma clandestina, por baixo dos panos. Como alguém que se comporta de modo a não levantar suspeitas e entrega algo a alguém, ou faz uso de códigos cifrados, como na guerra se faz uso de criptografia.
[...]
Não julgava importante a permanência destes trabalhos, já que faziam parte de um período que tinha que acabar. Na Espanha houve o mesmo problema, e os exilados espanhóis no México, na época do Franco, ficavam apostando: “este ano cai”. Esse era um gesto de convicção. A efemeridade e a impermanência tinham a ver com este momento, que eu queria que acabasse, que esperava que fosse cair. Era para o momento, no sentido de responde-lo, e não para ser preservado para o futuro.
Mário Noboru Ishikawa (Presidente Prudente, SP, 1944). Pintor, desenhista, artista intermídia e professor. Ainda como estudante, participou da 1ª Bienal de Artes Plásticas em Salvador e do 15º Salão Paulista de Arte Moderna, em 1966. Em 1968, formou-se em desenho pela Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo. Entre 1968 e 1977, foi professor da Faculdade de Belas Artes, na mesma cidade. Na Pinacoteca do Estado, realizou a mostra Lugar Comum, em 1977, e integrou as exposições Xerografia, em 1980, e Arte Xerox Brasil, em 1984, em São Paulo, entre outras. Lecionou artes plásticas na Faap entre 1970 e 1989. Participou da Bienal Internacional de São Paulo em 1967 e 1989. Ministrou aulas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), de 1971 a 1978, e integra o corpo docente do Departamento de Artes Plásticas da Universidade São Judas Tadeu desde 1995. Apresentou trabalhos na individual Discurso Político & Memórias, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em 1984. Durante a década de 1990, expôs em diversas mostras no Brasil e no Japão.
Ana Mazzei na Jaqueline Martins, São Paulo
A artista apresenta trabalhos inéditos em desenho, escultura e instalação e experimenta pela primeira vez um diálogo com a música feita ao vivo por performers convidados
A artista Ana Mazzei propõe novas experimentações em sua segunda individual marcada para abrir dia 23 de setembro na galeria Jaqueline Martins, no centro de São Paulo. “Serão três conjuntos de trabalhos com uma abordagem mais intuitiva e que sugerem a participação do espectador”, conta ela. Trabalhando com madeira e tecido, Ana escolheu também o corpo humano como parte implícita nos trabalhos, e músicos irão fazer uma performance nos dias da abertura e encerramento.
O título, DramaFobia, ela conta que surgiu durante uma conversa com o dramaturgo e diretor de teatro Roberto Alvim, que colaborou com um ensaio que compõe o folder da exposição. A intenção é traçar um percurso que envolva o espectador em ambientes distintos, “um conjunto não fluido, não hierárquico, não histórico e transcultural de ideias, objetos e imagens”, completa.
A mostra ocupará o segundo andar da galeria e, entre as obras, pequenos desenhos que apontam os desdobramentos de projetos anteriores. Assim, cria um percurso de leitura entre ideia, projeto e resultado final que se confundem de maneira complexa e muitas vezes incompleta.
Na fachada da galeria, do lado de fora, a artista pensou ainda numa intervenção, uma estrutura toda de ferro, que remeta a um portal. “Como se quem entrasse seguisse para um outro lugar, um novo ambiente”, diz. A apresentação musical, composta especialmente para a exposição, também tem intenções claras: “Proponho uma ativação sonora, um outro sentido se incorporando à criação, que vai além da simples observação”, completa.
José Patrício no Mepe, Recife
Há 11 anos sem realizar uma individual em Pernambuco, o artista José Patrício vai ocupar os salões de exposição temporária do Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), a partir do dia 27 de julho. A exposição Precisão e Acaso tem curadoria do carioca Felipe Scovino e reúne cerca de 40 obras produzidas pelo artista nos últimos sete anos – muitas já exibidas em feiras de arte, mostras coletivas e individuais no Brasil e no exterior, porém, na sua quase totalidade, inéditas no circuito artístico do Recife –, além de outras do início de sua carreira nunca antes apresentadas.
A última mostra individual de José Patrício na cidade aconteceu em 2006, na extinta Galeria Mariana Moura. De lá para cá, ele vem trilhando caminhos diversos, utilizando outros materiais, indo além dos dominós que se tornaram um ícone dentro de sua produção. Segundo Felipe Scovino, a exposição pode ser compreendida como uma espécie de antologia, termo que ele julga adequado por estar ligado à criação e produção de poesias, de imagens. “A curadoria quer que o público conheça e reflita sobre as fases mais recentes da produção do artista; o seu interesse por novos materiais; as pesquisas cromáticas e cinéticas que vem investigando assim como as características centrais do seu trabalho que passam pela ampliação do termo construtivo, o caráter lúdico e participativo e a ideia de coleção ou arquivo de materiais cada vez mais difíceis de serem encontrado”, explica.
Nos últimos anos, Patrício vem utilizando materiais diversos, como botões, peças de quebra cabeças de plástico, dados, pregos, tachas, alfinetes, fios de eletricidade e de telefonia. São objetos simples, de pequeno valor (alguns fadados ao desaparecimento), garimpados por ele nos mais diferentes lugares, que, ressignificados em obras, terminam formando um painel rico sobre a cultura brasileira e seu dia a dia. “Trata-se da apropriação de elementos modulares encontrados na vida cotidiana. Interessam-me na medida em que contribuem para compor as obras a partir da sua acumulação, deslocamento das suas funções originais e inserção no contexto da arte”, comenta o artista que completa: “O lúdico permeia toda a minha produção. Seja na escolha de materiais diretamente relacionados com os jogos, seja nas estratégias que utilizo para a criação artística”.
As suas obras realizadas nos últimos anos refletem o desenvolvimento de uma pesquisa que discute os conceitos de diferença e repetição, por meio de estruturas fixas passíveis de variação formal a partir das características dos elementos que as compõem e das inúmeras possibilidades de configuração. Scovino diz que a produção de Patrício pode ser categorizada como uma forma de pintura, que não é feita com tinta, mas com as mãos e a experiência performática e evocadora de uma sensibilidade muito própria.
Em seu processo de criação, o artista parte sempre de uma regra, cria uma espécie de “método” de trabalho. Apesar dessa precisão, o resultado final é desconhecido, é o acaso, daí o nome da mostra (Precisão e Acaso) ter se centrado nesses dois polos aparentemente antagônicos. “Outra forma de aparição do acaso é a qualidade cinética dessas obras. O acúmulo, a ordem e o excesso provocam um distúrbio. Somos 'sequestrados' pela obra, pois ao querer desvendar a sua organização lógica, somos duplamente surpreendidos: por uma vibração óptica das intermitentes figuras virtuais e pela larga quantidade de pequenos objetos acumulados que deixam o nosso olhar à deriva. O foco não está mais no centro da obra, mas perdido, tentando dar conta das várias possibilidades de entrada que a obra oferece para decifrarmos sua lógica interna. E dependendo da perspectiva que adotamos em relação a obra, somos surpreendidos com novas qualidades cromáticas e estruturais. O trabalho se faz também pela qualidade em ser dinâmico, veloz e mutante”, explica o curador.
Para ele, a obra de José Patrício segue um caminho de coerência dentro da história das linguagens construtivas no Brasil, mas vai além contribuindo no alargamento do conceito de construtivo nas artes no mundo contemporâneo. A produção do artista possui um pensamento racional, uma precisão, regras e modos muito próprios de construção e observação das peças e elementos do qual faz uso. Mas, a despeito disso, o acaso também se faz presente. A pesquisa de Patrício se dá numa estrutura de obra aberta, suas escolhas no uso da cor, dos objetos, da organização e articulação entre eles, proporcionando ao espectador uma experiência vigorosa.
“Sua obra, portanto, é um constante acontecimento. Cabe ao espectador escolher se a sequência numérica está crescendo ou decrescendo, e ainda em que ponto do trabalho se apreende essa velocidade e faz essa escolha. Estamos constantemente envolvidos por escolhas, caminhos, formas e cores que induzem movimentos, traços, rumos e territórios. E é exatamente essa qualidade de caos que particularmente me anima. Experimentar o fato de que a razão também pode provocar novos caminhos e sentidos, muitas vezes não esperados, ainda mais se levando em conta que essa experiência parte (supostamente) de um dado concreto, matemático e assertivo”, conclui Scovino.
José Patrício nasceu no Recife, Pernambuco, Brasil em 1960. Formou-se em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco em 1982. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Pernambuco / Universidade Federal da Paraíba, 2014. Estudou na Escolinha de Arte do Recife, 1976/1980.Vive no Recife.
Mariana Palma na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo tem o prazer de apresentar Soma, quarta exposição individual de Mariana Palma na galeria. Entre pinturas, fotografias e aquarelas ineditas, a exposição aprofunda temas e referências caros à artista sugerindo ao mesmo tempo novos desdobramentos. A mostra é acompanhada por texto de Paulo Miyada.
A produção mais recente, segundo o crítico, intensifica a procura da artista por um espaço pictórico singular, traçado pela convivência simultânea de superfícies aquosas de texturas e imbricações de figuras e objetos incompletos. Isso decorre do próprio processo de pintura: Mariana inicia suas obras mergulhando a tela em água coberta por pigmentos, em um processo similar à marmorização de papel. Com isso, produz padrões intrincados de cores, linhas e pontos, sobre os quais pinta laboriosamente partes de tecidos estampados, elementos arquitetônicos e plantas. Assim, com cores intensas e enorme quantidade de estímulos visuais, as pinturas procuram seduzir o olho e estabelecer com o espectador relações de fascínio, repúdio, identificação e estranhamento.
“São imagens abundantes e com muitos focos compositivos, que podem ser lidas em partes ou como conjunto, acelerada ou detidamente”, descreve Miyada. Segundo a própria artista, os novos trabalhos a óleo e acrílico são mais abertos e integrados. “Comecei a ocupar mais o espaço da tela. Tudo invade, tudo se abre. A composição interage mais com o fundo”.
Quanto às fotografias, Mariana retoma o conceito da montagem de plantas em estágios variados de apodrecimento e elementos artificiais de plástico. O resultado, segundo Miyada, é a criação de híbridos, muitas vezes evocações de alguma espécie de cópula. A artista aprofunda o tema das composições fotografadas frente a um fundo infinito preto. A novidade é a série de fotografias com fundo branco, onde as composições floreais são mergulhadas no leite. “O leite é um fundo mais ativo que o papel. Traz incômodo, claustrofobia, uma cegueira do fundo, um fundo ruim”, reflete a artista. Algo parecido acontece nas aquarelas, onde Mariana retoma o tema da criação de híbridos erotizantes com maior liberdade imaginativa e delicadeza.
Em cartaz até 4 de outubro de 2017, a exposição é permeada por texto poético de Miyada. Segundo o autor, uma tentativa de aproximação à miríade de desejos da artista, ao combinar, por colagem, trechos de poemas como “Elegia: Indo para o leito” (John Donne, tradução de Augusto de Campos), “Poema do amor sem exagero” (Joaquim Cardozo), “Objeto” (Paulo Leminski) e “Mel” (Waly Salomão).
setembro 18, 2017
Performances do Guerrilla Girls na Frestas, Sorocaba
Guerrilla Girls no Brasil: coletivo de artistas feministas dos EUA comanda o “Departamento de Reclamações” no Sesc Sorocaba nos dias 21, 22 e 23 de setembro, encerrando a participação com uma apresentação performática
Criado nos Estados Unidos, em 1985, para denunciar o sexismo e o racismo no mundo da arte, o coletivo de artistas Guerrilla Girls vem mais uma vez ao Brasil. Depois da 29ª Bienal de Artes de São Paulo (2010), quatro integrantes da formação atual do grupo estarão no país para uma participação na 2ª edição de Frestas – Trienal de Artes, em Sorocaba, e a abertura de uma retrospectiva de seus cartazes no MASP (Museu de Artes de São Paulo).
Usando máscaras de gorilas e pseudônimos como Frida Kahlo e Gertrude Stein, elas estarão em Sorocaba nos dias 21, 22 e 23 de setembro para comandar o “Departamento de Reclamações” (clique aqui para conferir os horários). Instalado desde 12 de agosto na área expositiva do edifício principal do Sesc, o trabalho foi realizado pela 1ª vez no ano passado, na Tate Modern, em Londres, e em Frestas convida os visitantes a entrarem em um espaço de 100 m2 e registrarem qualquer tipo protesto ou reivindicação. A versão online está no ar em www.departamentodereclamacoes.com.
A participação presencial das Guerrilla Girls na 2ª Trienal de Artes – que segue até 3 de dezembro – será encerrada com uma apresentação performática no dia 23 de setembro, sábado, às 20h, no Teatro da unidade.
Elas contarão ao público como elaboraram, em mais de 30 anos de carreira, cartazes, painéis e ações que utilizam dados estatísticos, humor e visual extravagante para denunciar a discriminação de gênero e étnica na arte. A apresentação trará imagens e vídeos dos projetos, incluindo as últimas intervenções em museus e ruas ao redor do mundo e o vídeo-manifesto “O Guia das Guerrilla Girls para Comportar-se Mal, Algo que Se Deve Fazer na Maior Parte do Tempo no Mundo como o Conhecemos”. Ao final, os participantes poderão fazer perguntas às artistas. Para mais informações, acesse esse link.
A partir de 29 de setembro, estará em cartaz no MASP a retrospectiva “Guerrilla Girls: Gráfica, 1985-2017”. A primeira individual das artistas no Brasil reunirá mais de 100 de seus icônicos cartazes.
Daniel Acosta na Pinacoteca, São Paulo
Uma plataforma redonda de madeira com oito metros de diâmetro e dez centímetros de altura que vai girar muito lentamente ao redor do seu próprio eixo, desenvolvida por Daniel Acosta, é o próximo trabalho a ocupar o Octógono da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. A instalação, Rotorama – Sistema de Giroreciprocidade, inspirada em um trabalho exposto pelo artista em 2008, é inédita e foi desenvolvida exclusivamente para este espaço.
Uma vez dentro da plataforma, as pessoas poderão ficar de pé, sentadas ou deitadas. São cerca de dez minutos até que a estrutura dê uma volta completa, velocidade tão lenta que pode causar no visitante a impressão de estar parado. Aos poucos, entende-se que não. A mostra tem curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pina, e patrocínio do Iguatemi São Paulo.
A obra quase desaparece, como um tapete, frente a verticalidade do espaço. Sem qualquer atrativo, além da possibilidade de “subir” na obra, a atenção se volta toda para o público. “São os visitantes que conferem volume ao trabalho. A proposta do Daniel não é criar uma peça para ser colocada no Octógono, mas um dispositivo para que o próprio público seja protagonista do trabalho. Além disso, há a surpresa, para quem olha de cima, de uma espécie de poema visual que se forma a partir de grafismos na plataforma”, explica Piccoli.
A proposta é criar uma condição de percepção especial que pode gerar ambiguidade e certa perda das referências. “Algo bem parecido com o que acontece quando lavamos o carro naquelas máquinas com escovas giratórias do posto de gasolina. Estamos parados, mas sentimos como se estivéssemos em movimento. Acontece também quando você está na rodoviária sentado dentro do ônibus e o ônibus do lado sai. Uma experiência muito curiosa”, explica Daniel Acosta.
A instalação de Daniel Acosta permanece em cartaz até 5 de fevereiro de 2018.
Os trabalhos de Daniel Acosta (Rio Grande, RS, 1965) combinam repertórios da arte, do desenho industrial, da arquitetura e dos espaços urbanos. Suas obras propositadamente se colocam na fronteira entre a escultura e a peça de mobiliário. O desenho de cada peça obedece a uma padronização e a uma coordenação modular que não se presta à funcionalidade prática, mas à representação e ao engano.
Daniel Senise na Nara Roesler NY, EUA
A Galeria Nara Roesler | Nova York tem o prazer de anunciar Printed Matter, primeira exposição individual de Daniel Senise na sede da Galeria Nara Roesler em Nova York e a primeira exposição na cidade desde 2004. Com curadoria da Dra. Isobel Whitelegg, historiadora da arte, palestrante e professora na Universidade de Leicester, a exposição irá mostrar quinze obras nas quais Senise reapropria-se de páginas de livros antigos. O artista recolheu material de fontes que vão desde monografias de artistas a livros religiosos, criando uma nova plataforma pictórica, aproveitando o poder retido pelo material e abordando a questão da matéria versus tempo. Quatro obras apresentam papel reciclado ou em tiras, enquanto as onze peças restantes utilizam papel para construir uma paisagem geométrica sobre base de alumínio. Conhecido como pintor, o artista sempre esteve mais interessado pela imagem do que pelo processo da pintura, portanto esta exposição exemplifica como o artista transcende a categoria artística de "pintor", mantendo a linguagem visual pela qual ele é conhecido. Uma série de eventos e workshops na galeria foram organizados para acompanhar a exposição.
Galeria Nara Roesler | New York is pleased to announce Printed Matter, Daniel Senise’s first solo exhibition at Galeria Nara Roesler’s New York outpost and first exhibition in New York since 2004. Curated by Dr. Isobel Whitelegg, art historian, lecturer and curator at the University of Leicester, the exhibition will showcase fifteen works in which Senise re-appropriates pages of vintage books. The artist collected material from sources ranging from artist monographs to religious books, creating a new pictorial platform, tapping into the power retained by material and addressing the question of matter vs. time. Four works feature recycled or shredded paper, while the remaining eleven pieces utilize paper to build a geometric landscape on an aluminium base. Known as a painter, the artist has always been more interested in the image over the process of painting, therefore this show exemplifies how the artist transcends the artistic category of "painter" while retaining the visual language for which he is known. A series of events and workshop at the gallery have been organized to accompany the exhibition.
Pedro Reyes na Luisa Strina, São Paulo
Luisa Strina tem o prazer de anunciar a segunda exposição individual do artista mexicano Pedro Reyes.
Pedro Reyes consegue misturar os domínios da utopia e da função, fantasias individuais e aspirações coletivas através do domínio da forma dentro de uma noção expandida de escultura. Formado em arquitetura, seu trabalho é impregnado com esquemas simbólicos e físicos para melhorar a comunicação humana e a criatividade. Ele explora as formas nas quais um espaço permite momentos individuais de libertação ou ativa a interação entre um grupo de pessoas, com o propósito de liberar a criatividade de limitações comuns.
Para sua exposição na Galeria Luisa Strina, Reyes apresentará uma série de esculturas inéditas de pedra, concreto, bronze e ferro forjado. Embora técnicas como esculpir diretamente na pedra tenham praticamente desaparecido da prática contemporânea, é de interesse de Reyes reconectar-se com a longa tradição da escultura ao longo do tempo e geografia.
As Litófonas são blocos monolíticos de mármore preto com cortes paralelos de diferentes comprimentos e profundidades, resultando em objetos que produzem notas musicais diferentes quando tocados. Nessas obras, a volumetria não é apenas uma presença visual, mas também acústica e participativa, uma vez que requerem a intervenção de um músico ou de um participante para serem ativadas e experimentadas.
Nu em espiral explora a figura reclinada, um tema central na escultura do século XX. Henry Moore esteve particularmente interessado no Chac-mool (tipo de escultura pré-colombiana meso-americana apoiada nos cotovelos, com a cabeça virada de lado e uma tigela descansando no colo) para elaborar grande parte de suas figuras reclinadas; mostrando que grandes transformações na escultura moderna foram inspiradas na estatuária arcaica.
Exposições individuais recentes incluem: “Doomocracy – House of Political Horrors”, Creative Time, Nova York (2016); “Domingo Salvaje”, La Tallera / Sala de Arte Público Siqueiros, Cuernavaca (2016); Dallas Contemporary, Dallas (USA); “pUN: The People’s United Nations”, Hammer Museum, Los Angeles (2015)”; “Sanatorium”, The Power Plant, Toronto (2014), Whitechapel Gallery, Londres (2013) e Solomon R. Guggenheim Museum, Neova York (2011); “The Permanent Revolution”, Museu Jumex, Cidade do México (2014); “Pharmasphere”, Boston Museum of Fine Arts (2013); “Os Terráqueos”, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2013); “Baby Marx”, Walker Art Center, Minneapolis (2011).
Exposições coletivas recentes incluem: Paiz Art Biennial, Cidade da Guatemala (2016); “The Revolution will not be gray”, Aspen Art Museum, Aspen (2016); “Hors Pistes”, Centre Pompidou, Málaga / Paris (2016); “El orden natural de las cosas”, Museu Jumex, Cidade do México (2016); “Transformers”, MAXXI Museum, Roma (2015); “Who interprets the world?”, 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa (2015); “Invento – Revolutions that Invented Us”, OCA, São Paulo (2015); “Station to Station”, Barbican Centre, Londres (2015); “Ciclo”, CCBB, São Paulo (2014); “PER/FORM How to do things with[out] words, CA2M Centro de Arte Dos de Mayo, Madri (2014); “El Teatro del Mundo”, Museo Tamayo, Cidade do México (2014); “In the Spirit of Utopia”, Whitechapel Gallery, Londres (2013); 12a Bienal de Sharjah (2013); Bienal de Liverpool (2012); Bienal de Gwangju (2012); dOCUMENTA(13), Kassel (2012); Bienal de Istambul (2012).
Coleções das quais seu trabalho é parte incluem: 21st Century Museum of Contemporary Art, Kanazawa, Japão; Brooklyn Museum, Nova York; Colección Jumex, México; ICA Institute of Contemporary Art, Miami; Kadist Art Foundation, São Francisco; Bronx Museum, Nova York; Carnegie Museum, Pittsburgh; La Tallera / Sala de Arte Público Siqueiros, Cuernavaca / Cidade do México, México; MAXXI National Museum of the 21st Century Arts, Roma; Mac/Val Musée d’Art Contemporain du Val-de-Marne, Vitry-sur-Seine, França; Museo Rufino Tamayo, Cidade do México; MUAC Museo Universitario de Arte Contemporáneo , Cidade do México; MFA Museum of Fine Arts, Boston; Walker Art Center, Minneapolis.
setembro 13, 2017
Sobre Pacific Standard Time LA/LA
Uma Celebração Além Fronteiras
Pacific Standard Time: LA/LA é uma vasta e ambiciosa exploração da arte latino-americana e latina em diálogo com Los Angeles. Dirigido pelo Getty, Pacific Standard Time: LA/LA é o mais recente esforço colaborativo de instituições de artes no sul da Califórnia.
Através de uma série de exposições temáticas, o Pacific Standard Time: LA/LA [Horário Padrão do Pacífico: LA/LA] apresentará uma grande variedade de importantes obras de arte, muitas delas novas para o público do sul da Califórnia. Embora a maioria das exposições tenha uma ênfase na arte moderna e contemporânea, também haverá exposições cruciais sobre o mundo antigo e a era pré-moderna. Com temas como objetos de luxo nas Américas pré-colombianas, arte afro-brasileira do século 20, espaços alternativos na Cidade do México e práticas de cruzamento de fronteiras de artistas latinos, as exposições vão desde estudos monográficos de artistas individuais até pesquisas amplas que atravessaram vários países.
Enquanto as exposições se concentrarão nas artes visuais, os programas do Pacific Standard Time: LA/LA expandirão para incluir música, performance, literatura e até culinária. Pacific Standard Time: LA/LA será um evento multifacetado que transformará Los Angeles e a Califórnia do Sul por cinco meses; e nossa compreensão da arte moderna e contemporânea para sempre.
Abraçando organizações de todos os tamanhos e tipos - dos maiores museus aos museus menores, das galerias universitárias aos centros de artes cênicas - as exposições e programas do Pacific Standard Time: LA/LA terão lugar no sul da Califórnia, de Santa Bárbara a São Diego, de Santa Monica a Palm Springs.
Com suas raízes históricas na América Latina e seus dados demográficos atuais, Los Angeles pode ser descrito como a capital de amanhã. De uma maneira que só é possível em Los Angeles, o Pacific Standard Time: LA/LA aumentará implicitamente questões complexas e provocativas sobre as relações atuais nas Américas e sobre o tecido social e cultural em rápida mudança do sul da Califórnia.
Traduzido do original em inglês.
Instauração no Sesc Belenzinho, São Paulo
Mostra de performances no Sesc Belenzinho apresenta a diversidade desta linguagem e reflexões sobre o contexto atual
Com curadoria de Ananda Carvalho, a mostra Instauração engloba performances dos artistas Alexandre D’Angeli, Carla Borba, Dora Smék e Paul Setúbal, Grasiele Sousa - A.K.A. Grasiele Cabelódroma, Leandra Espírito Santo, Renan Marcondes, Tom com Pombo e Pontogor, e Shambuyi Wetu entre setembro e novembro
A mostra Instauração apresenta um panorama diverso da performance: ações artísticas que utilizam o(s) corpo(s) como ferramenta, relacionando-o(s) aos modos de vivenciar o espaço e às possibilidades de trocas com o público. Considerando que a performance não possui definições fechadas e é uma manifestação artística complexa, o Sesc Belenzinho promove apresentações gratuitas com o intuito de aproximar o público desta linguagem e também provocar reflexões sobre questões sociais e políticas atuais.
O título do projeto Instauração faz referência ao artista Tunga (que utilizou o termo para pensar o seu próprio trabalho com o desejo de somar o que a “performance” e a “instalação” não davam mais conta em suas compreensões isoladas). Essa referência é ativada justamente para evidenciar a amplitude do campo da performance nas Artes Visuais e também tem o desejo de pensar as possibilidades de desconstrução do que já foi institucionalizado ou consolidado como performance na História da Arte. Por esse viés, considera também o próprio significado de “instauração” encontrado no dicionário que consiste em “processo ou resultado de criar algo”, procurando fomentar o acesso a performance como manifestação artística para todos os públicos. E, em tempos tão complexos, o projeto Instauração procura relembrar que os nossos corpos são a última instância de resistência e liberdade, apresentando ações que acontecem nos espaços de fluxo e de convivência do Sesc.
Programação novembro
Bate-papo com os artistas Leandra Espírito Santo e Renan Marcondes. Mediação: Ananda Carvalho
11 de novembro, 11h às 13h
Alguém Está Vociferando Desde Ontem com Tom, Pombo e Pontogor
11 de novembro, 13h às 16h
Performance que manipula gravadores para produzir sons. Sons do passado e do presente, gravações das próprias vozes e de vozes de outrem. A ideia é trabalhar tanto com vozes alheias (como aulas de línguas, discursos políticos, canções de ópera, exercício de hipnose) quanto com a própria voz, que irrompem em fluxos de textos não planejados, diálogos, palavras soltas e sons não verbais.
Tom é artista e seu trabalho se desenrola na zona fronteiriça entre diferentes linguagens artísticas. Borrando a fronteira entre performance, vídeo, som e literatura, investiga as zonas de atrito entre corpo e linguagem, biologia e cultura, voz e identidade. Tem certa obsessão por situações que provocam aporias linguística, como o ventriloquismo, a parapsicologia e a possessão
Negativo com Dora Smék e Paul Setúbal
15 de novembro, 10h às 20h
Performance que consiste na exposição em ação do procedimento escultório de reproduzir moldes do corpo humano e apresentar a forma do molde como produto a ser exposto em diferentes locais do Sesc Belenzinho. A moldeira, ou forma, é o negativo do volume do corpo, ou seja, a marca de sua ausência.
Dora Smék é Mestranda em Artes Visuais pela Unicamp e graduada Artes do Corpo pela PUC- São Paulo. Sua produção atual se expande para performances, instalações, objetos, vídeos, áudios e fotografias, sempre abordando questões referentes aos moldes do corpo. Em 2017 apresentou Transbordação na Galeria Vermelho em São Paulo, em 2016 no Sesc Bom Retiro e em 2015 no Sesc Campinas–SP. Participou de exposições em São Paulo-SP, Florianópolis-SC e Brasília-DF ao longo do ano de 2017. Atuou no Teat(r)o Oficina (2011-2012) e no Batucada (Demolition Inc.), em São Paulo-SP, Teresina-PI, Bruxelas e Frankfurt (2014-2015).
Paul Setúbal é Licenciado em Artes Visuais, mestre e doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG, atua no campo das culturas das imagens e processos de mediação. É integrante do Grupo EmpreZa. Sua pesquisa se desenvolve por meio de múltiplas linguagens, como pintura, desenho, objeto, vídeo, fotografia, instalações e performances. Sua produção tem como eixo as problemáticas do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de abuso e poder. Seu próprio corpo é explorado como suporte geográfico e território de conflitos. Utiliza-se de materiais diversos para a produção das obras como seu sangue, lona crua, fogo e ferro.
Passando a Limpo com Grasiele Sousa – A.K.A. Grasiele Cabelódroma
25 de novembro, 14 às 16h
Nesta performance inédita, o público será convidado à colaborar na criação de um "inventário" de ocupações realizadas por mulheres de seu convívio. Seguindo a lógica da construção de um banco de dados (nome, idade, atividade), a artista e participantes irão registrar as informações sobre uma extensa peça de tecido, utilizando um lápis/giz de costura cuja principal característica é poder ser apagado tão logo se passe o ferro sobre ele.
Grasiele Cabelódroma é dançarina e performer. Mestra em psicologia clínica pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade Contemporânea da PUC/SP e graduada em educação artística pelo Instituto de Artes da Unesp (2003). Pesquisa ações corporais, em particular para o cabelo, autobiografia e reperformance. É membro fundadora da extinta associação Brasil Performance BrP desde (2010-2015). Desenvolve os projetos Cabelódromo e Cia. Subdesenvolvida de Dança. Já apresentou suas performances no Brasil e no exterior.
Bate-papo com os artistas Tom, Dora Smék, Paul Setúbal, Grasiele Cabelódroma. Mediação: Ananda Carvalho
25 de novembro, 17h às 19h
Programação outubro
Projeto Invisível por Renan Marcondes
21 de outubro, 11h às 17h, na área de convivência.
Esta ação engloba duas performers silenciosas - Tetembua Dandara e Carolina Callegaro - que trajam estranhos óculos de madeira com objetos no lugar das lentes. Caso alguém do público tente conversar com alguma das performers, apenas receberá um pequeno papel com um conteúdo secreto. A performance reflete sobre a função dos objetos nas relações de visibilidade e afeto humanas. Esse trabalho pensa o óculos como aparato de segurança em relação ao olhar do outro ao mesmo tempo em que é elemento de destaque e interesse, repelindo e atraindo os corpos.
Renan Marcondes é artista visual, performer e pesquisador, representado pela Adelina Galeria (SP/Brasil), Doutorando em Artes Cênicas pela ECA-USP, Mestre em Poéticas Visuais pela UNICAMP. Seu trabalho alia procedimentos de repetição coreográfica, literatura e objetos escultóricos que alteram a movimentação do corpo, impedem gestos e representam condições bizarras e patéticas da existência do homem, criando futuros hipotéticos nos quais o ser humano não mais se compreende como centro do mundo.
Incubadora com Leandra Espírito Santo
21 e 22 de outubro, 17h às 19h, na área de convivência.
Nesta performance/instalação, a artista cria o ambiente de uma fábrica de objetos inúteis e inusitados: balões de látex preenchidos com bolinhas de isopor. Durante a performance, a artista realiza as tarefas de acionar repetidamente essas máquinas, num esquema de produção que nos remete à produção fordista dos tempos modernos. Ao fazer o corpo se movimentar, essas máquinas recuperam uma relação analógica e orgânica com a produção e seus meios. A performance reflete sobre os modos de trabalho – considerando a relação entre a arte, o artesanal, o científico e o industrial – e seus impactos no corpo e no comportamento humano.
Leandra Espírito Santo é artista visual, doutoranda e mestre em Artes Visuais pela ECA-USP. Seu trabalho transcorre por diversas mídias como performance, instalação, fotografia, vídeo, escultura/objeto, intervenção urbana. Através de uma linguagem lúdica e irônica, a artista se propõe a trazer reflexões sobre nossos procedimentos, dos mais cotidianos e comuns aos mais complexos.
Programação setembro
Bagagem, Não à Guerra do Congo e A Natureza com Shambuyi Wetu e convidados
02 de setembro, 17 às 19h, na área de convivência
Para apresentar as 3 ações, Shambuyi desenvolveu vestimentas que procuram ativar reflexões sobre as migrações, as situações dos refugiados, as guerras no Congo e a relação entre natureza e cultura. Como “criaturas”, o performer e 2 artistas convidados caminharam pelo Sesc conversando com o público que os seguia em busca de fotos e conversas.
Shambuyi Wetu é artista congolês, vive em São Paulo desde 2014. É refugiado. Estudou artes na Academia de Beaux-Arts, em Kinshasa (Congo), onde fazia pinturas e esculturas. Desde que chegou ao Brasil, trabalhou na construção civil, mas a necessidade de se expressar por meio de sua arte continua e vem realizando performances em alguns eventos na cidade de São Paulo.
O que você tem a dizer? com Carla Borba
16 de setembro, 19h às 21h, na área de convivência
A ação proposta por Carla Borba foi elaborada com o objetivo de suscitar uma reflexão a respeito dos abusos sofridos por mulheres na fase da infância e\ou adolescência. Enquanto a artista escreve com pirógrafo sobre papel japonês, ela faz a leitura em voz alta de diversos relatos de assédio que tomaram conta das redes sociais, principalmente em 2015, devido a campanha “Primeiro Assédio”. Durante toda a ação a expressão “O que você tem a dizer?” é repetida. Segundo a artista, “a escrita com fogo remete à ideia de que os relatos tanto queimam e ardem a memória da vítima quanto de quem participa da performance”.
Carla Borba é artista visual, doutoranda pelo PPGAV/UFRGS, bolsista CAPES; Mestre em Poéticas Visuais (2012) e bacharel em Artes Plásticas (2003) na mesma instituição. Sua pesquisa envolve as relaçõess entre performance, imagem, processos colaborativos e questões de gênero.
Vestindo Hiatos com Alexandre D’Angeli
30 de setembro e 01 de outubro, 13h às 19h, na área de convivência
Alexandre D’Angeli apresenta uma performance de longa duração inédita. De acordo com o artista, “Vestindo Hiatos propõe pensar acerca dos fenômenos de vacância e especulação imobiliária, e sua relação com os processos de ocupação organizada e de gentrificação”. A partir de uma pesquisa de 5 meses em diversas ocupações da Frente Livre por Moradia (FLM), o artista propõe uma ação em que doze camisas brancas previamente bordadas com pontos soltos podem ter suas tramas desfeitas pela audiência ao longo da ação. Vestidas uma a uma ao longo de cada hora, as peças bordadas apresentam plantas arquitetônicas de edificações ocupadas ou que estão em perímetro de especulação imobiliária.
Alexandre D’Angeli é performer e ator com graduação em Artes Cênicas. Especializou-se em Mímica Corporal Dramática e Acrobacia Teatral pela École International de Mime Corporel Gestuel Dramatique de Paris. Interessa-se especialmente pelas linguagens mais diretamente relacionadas ao corpo, e que operam no cruzamento entre a performance e o teatro.
+ Bate-papo com a curadora Ananda Carvalho e os artistas Shambuyi Wetu, Carla Borba e Alexandre D’Angeli:
07 de outubro, 11h.
Serviço:
Local: Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho
Todas as atividades são gratuitas. Não é necessário retirada de ingresso.
O projeto continua em novembro em diversas datas e horários. Para saber mais, acompanhe a programação no site http://www.sescsp.org.br.
Sobre a curadora
Ananda Carvalho é curadora, crítica de arte e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (com pesquisa sobre os procedimentos curatoriais em exposições de arte contemporânea). Desde 2009, escreve, pesquisa e produz curadorias de exposições de arte contemporânea contempladas por editais de instituições públicas e privadas, em galerias comerciais e em espaços independentes. Entre suas curadorias destacam-se "Instauração" (Sesc Belenzinho, 2017), "A HISTÓRIA DA _RTE" (Rumos Itaú Cultural, 2017), "Em suas Marcas" (Espaço Galeria SESI-SP, 2016), "Tempestade" (PROAC Artes Integradas, 2016) e "toque-me" (Funarte Brasília, 2015).
Frauenpower na Houssein Jarouche, São Paulo
"Frauenpower" aborda questões sobre a figura da mulher e a construção de padrões estéticos impostos pela mídia
A Galeria Houssein Jarouche exibe Frauenpower, com curadoria de Paulo Azeco e 32 obras de diversos artistas que estão relacionados ao universo da Pop Art, como Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Claudio Tozzi, Ivan Serpa, Marina Abramović, Nelson Leirner, entre outros. A mostra busca resgatar um percurso histórico das representações visuais da mulher, a partir das vanguardas da década de 1960, e discutir a idealização do corpo feminino, a criação de padrões estéticos, considerando os aspectos sociais e antropológicos dessas imagens.
Ao longo da década de 1970, a artista austríaca (radicada em NY) Kiki Kogelnik desenvolveu a série "Woman", na qual formulava críticas sobre a imagem feminina tal qual era retratada na publicidade da época - ora frágil, ora sexualizada -, em trabalhos discretamente feministas, irônicos e com forte carga imagética Pop. Reconhecendo a arte como veículo de significação e comunicação visual, "Frauenpower" - expressão alemã utilizada para designar poder feminino - nasce de uma pesquisa sobre a produção desta artista, no intuito de investigar a figura da mulher e a influência da mídia na construção de um imaginário do corpo feminino.
Arquétipo da Vênus de Botticelli, o ideal de beleza e perfeição surge como referência para a construção dos processos de auto-imagem e consequente afirmação e negação. Este conceito é visto nos trabalhos de Marina Abramović, Sandra Gamarra e Lenora de Barros, os quais depositam, na figura da musa, seu contraponto. Além da imagem, o consumo também é abordado, no que se refere à objetivação dos corpos, sexualização e misoginia, além da influência imagética feminina sobre a figura masculina, levando à transcendência de limitações de gênero - como se observa também nas obras de Vânia Toledo, Nan Goldin e Carlos Vergara.
Nas palavras do curador Paulo Azeco: "Por fim, não se trata de uma mostra com cunho feminista, e sim uma celebração da força visual da mulher. Entender o encantamento que fez dessa figuração um dos principais temas de toda a História da Arte, analisando um espectro mais profundo que apenas a beleza do retrato".
Rodrigo Sassi no CCSP, São Paulo
Flertando com técnicas e materiais da construção civil, site-specific explora sistemas prediais criando releituras de concreto armado com jogo de luzes e sombras
O Centro Cultural São Paulo tem o prazer de apresentar, a partir de 16 de setembro, Mesmo com Dias Maiores que o Normal, uma instalação criada pelo artista Rodrigo Sassi, especialmente para o espaço. Contemplada pelo Proac, a obra tem como objetivo criar releituras de concreto armado com um sistema de auto-iluminação, produzindo sombras que agregam forma e volume ao conjunto escultórico.
A relação entre arte e cidade se condensa e se confunde na produção de Sassi, marcada pelo desenvolvimento e pela prática de poéticas visuais que permeiam o cenário urbano, a arquitetura e a construção civil. Tendo a madeira e o concreto armado como matérias-primas, o artista busca retratar o descontrole e a expansão das grandes metrópoles, transformando tais materiais em arquiteturas livres que se expandem e se contorcem em possibilidades, assim como as cidades.
Nesta obra inédita, as madeiras que antes foram usadas na fabricação de fôrmas de concreto armado para a construção de edifícios ganham movimento e sinuosidade. O concreto que preenche seu interior faz companhia a conduites de fiação elétrica, levando energia para holofotes distribuídos estrategicamente pela obra. Apropriando-se de técnicas e materiais da construção civil, a obra “Mesmo com Dias Maiores que o Normal” cria uma sensação de leveza que se contrasta com a brutalidade e rigidez da madeira e do concreto. O movimento das curvas e a iluminação formam um jogo de luzes e sombras que desenham o espaço.
Realizado ao longo de 8 semanas, o processo de produção deste trabalho é exibido em um vídeo em time lapse, que completa a exposição e registra o processo de criação da obra e de transformação desses materiais.
Victor Mattina no Paço Imperial, Rio de Janeiro
O trabalho de Victor Mattina não permite a zona de conforto; explora a surpresa e o espanto e mostra de antemão que o artista não acredita na obra feita meramente para embelezar o mundo. Faz parte da estética fundamental do artista escolher situações relacionadas a zombarias, rituais, crimes, saúde mental e morte.
Em Antes do Fórum, várias telas de diferentes tamanhos dão forma a uma intensa narrativa pictórica. Baseadas em fotografias criminais de peritos forenses, as obras podem ser vistas como uma película de cinema editada com vários cortes, incluindo os espaços reflexivos da parede em branco. Apesar do jogo de associações criado invariavelmente pelo espectador a partir da ambiguidade entre a visão técnica do perito forense e a obra, cada uma das telas é individual e tem valor particular como corte incisivo em uma realidade carregada de ameaças, um campo de atuação cheio de vestígios – parte do texto de Evangelina Seiler
SOBRE O ARTISTA
Entre 2012 e 2015, instigado pelo olhar antropológico de Jean Rouch e os escritos sobre o êxtase de Georges Bataille, sua pintura oscilou entre a alteridade do devir xamânico e a manipulação transgressora de corpos-objetos por agentes marginais, como serial killers e fetichistas eróticos.
Utiliza a pintura, consciente de seu peso arcaico frente às novas mídias, acrescida de recortes e ângulos cinematográficos. Propõe realizar uma pintura distante e por vezes anêmica, resultante da hiperrealidade niilista baudrillardiana onde o simulacro é apenas o que existe. Atualmente investiga as heterotopias foucaultianas em cemitérios, fazendo o paralelo entre estatuárias e as casas dos entes ainda vivos.
CURRÍCULO
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em design gráfico pela ESPM (RJ, 2008). Atualmente pesquisa as relações entre a estética forense e os vestígios da violência.. Mostras individuais: Delta, galeria Cosmocopa, Rio de Janeiro, RJ, 2012; Dublê, Pequena Galeria da UCAM, Rio de Janeiro, RJ, 2010.
MOSTRAS COLETIVAS:
2017_ A Luz que Vela o Corpo é a mesma que Revela a Tela – Curadoria de Bruno Miguel – Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ.
2016_ x4 – Curadoria de Marcelo Campos e Efrain Almeida– Solar Grandjean de Montigny, PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ.
2016_ Abre Alas 12 – Curadoria de André Sheik, Adriana Varejão e Paula Borghi – A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ.
2015_ Mais Pintura – Sesc Quitandinha, Petrópolis, RJ.
2014_ Mais Pintura – EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ;
2013_ Mais Pintura – Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, RJ.
2013_ O Mal dos trópicos – Centro Cultural Banco Central, Rio de Janeiro, RJ.
2013_ Siga o Coelho Branco – Instituto Cultural Germânico, Niterói, RJ.
2012_ “Atemporal” – Espaço Atemporal, Rio de Janeiro, RJ;
RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS
2017_4ª Concurso Residências Artísticas da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife – PE. (orientação de Moacyr dos Anjos)
2016_ 6ª Edição da Bolsa Pampulha no MAP de Belo Horizonte, MG. Nesta residência, sob orientação de Luisa Duarte, Moacir dos Anjos, Mabe Bethônico e curadoria de Cauê Alves, pesquisou os hospitais mineiros da saúde mental e fotografou quartos, corredores, lavanderias, pátios etc. A partir deste material, fundiu as dependências em espaços impossíveis. Desde então seu trabalho faz parte do acervo do museu mineiro.
Viajando o Mundo no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Exposição no Rio reúne 400 obras da Alemanha dividida e reunificada
Seis décadas de história estão representadas na mostra “Viajando o Mundo” (Weltreise), com parte do acervo do IFA trazida pelo Goethe-Institut à cidade
Cerca de 400 obras de arte produzidas ao longo de 60 anos, na Alemanha, desembarcam no Rio de Janeiro na mostra Viajando o Mundo (Weltreise), trazida pelo Goethe-Institut. A exposição, que estará em cartaz no Paço Imperial de 16 de setembro a 19 de novembro, conta a história tanto do país dividido (1945-1989), ao término da Segunda Guerra Mundial, quanto da nação reunificada. E inova ao colocar lado a lado os olhares de Leste e Oeste - República Federal da Alemanha e República Democrática da Alemanha.
A coleção, que inclui pinturas, desenhos, fotografias, esculturas e outras peças manufaturadas desde 1949, pertence ao acervo do Instituto para as Relações Culturais Internacionais (IFA) da Alemanha. Chegam ao Brasil, obras de artistas alemães reconhecidos internacionalmente e também daqueles que começam a emergir na cena germânica. Entre os expoentes, estão nomes como Joseph Beuys, considerado um dos artistas contemporâneos mais importantes da Alemanha; Willi Baumeister e Hermann Glöckner, censurados como muitos outros durante o regime nazista; e Sibylle Bergemann, fotógrafa que documentou a construção do monumento a Karl Marx e Fredrich Engels, em Berlim.
Os curadores Matthias Flügge e Mathias Winzen, nascidos respectivamente no leste e no oeste da Alemanha, foram responsáveis por selecionar as 400 obras entre as 23 mil do acervo do IFA. Eles apresentam uma visão geral dos movimentos artísticos mais importantes do país, passando pelos acontecimentos políticos, sociais e históricos da região. A mostra já passou pela Alemanha, Rússia, Coreia do Sul, Israel e México.
setembro 11, 2017
Projeto Respiração: Bispo do Rosário na Eva Klabin, Riode Janeiro
Arthur Bispo do Rosário ganha exposição na Casa Museu Eva Klabin
“Flutuações” marca retorno à Zona Sul das obras inesquecíveis de um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira
A Casa Museu Eva Klabin traz de volta à Zona Sul obras de Arthur Bispo do Rosário em Flutuações, exposição que marca a 22ª edição do projeto Respiração. Considerado uma das maiores referências da arte contemporânea brasileira, Bispo do Rosário é o primeiro artista morto a ser convidado para participar do projeto, que faz parte do circuito vip do ArtRio e abre as portas dia 14 de setembro.
Em Flutuações, nada na Casa será tirado do lugar e as obras de Bispo do Rosário não encostarão em nenhum objeto já presente. As doze obras selecionadas ficarão suspensas, como se estivessem flutuando, espalhadas pela sala renascença, hall principal, sala inglesa, sala de jantar, sala verde, quarto de dormir, closet e banheiro. No auditório com capacidade para 80 pessoas, será exibido o filme “O Prisioneiro da Passagem” (Hugo Denizart, 1982), onde é possível conferir depoimentos e imagens exclusivas de Bispo do Rosário.
A História de Arthur Bispo do Rosário:
Nascido em 1909, Bispo do Rosário viveu os últimos 50 anos de sua vida como interno na Colônia Juliano Moreira, até 5 de julho de 1989. Foi lá, por volta dos anos 60, após receber um “chamado divino”, que iniciou o seu processo de fazer “um levantamento de todas as coisas do mundo”, como costumava dizer. Um enorme inventário que representasse sua passagem pela terra, como um verdadeiro testemunho.
Um rico, detalhado, autêntico e genuíno registro de um cotidiano fisicamente limitado, composto por coleções de utensílios como talheres, pratos, copos, potes, vasos, pneus, roupas, vassouras, sapatos, vidros, telhas, e moedas, até estandartes mantos minuciosamente bordados com descritivos de situações da sua vida.
Mesmo sem se considerar um artista, mas um fazedor de coisas, Bispo do Rosário foi apreciado e admirado, ainda em vida, pelo meio da arte. Após sua morte é consagrado como um dos mais inventivos artistas brasileiros, graças à primeira exposição abrangente realizada sobre sua obra, em 1989, por Frederico Morais, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea é o guardião do acervo do artista e está localizado dentro do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Vale ressaltar, ainda, que suas disputadas obras já foram expostas nos maiores e mais relevantes museus de todo o mundo, como Pompidou, em Paris, e o New Museum de Nova Iorque.
Nas palavras do curador Marcio Doctors:
“Flutuações” nos traz dois personagens que viveram em uma mesma época, numa mesma cidade, atravessaram o mesmo tempo, mas que eram totalmente distintos. Com diferentes perspectivas e percepções do mundo que os cercava, criaram suas próprias realidades, que podem ser interpretadas a partir de suas particularidades e diferenças sociais, nos deixando um legado singular de suas passagens pelo mundo. Hoje, duas grandes potências espirituais, Eva Klabin e Arthur Bispo do Rosário se encontram, sem se encostar, como foi assim em vida, em uma intervenção reflexiva e emocionante, marcando a 22ª edição do Respiração.
Sobre o Respiração
Programa de longa duração, iniciado em 2004, pelo curador Marcio Doctors, o projeto tornou-se referência cultural pelo inusitado e singularidade de sua proposta, que é a de trazer uma nova respiração para a Casa, com o intuito de fazer com que o legado de Eva Klabin faça sentido para as novas gerações, verdadeiros herdeiros desse patrimônio.
O Respiração foi se firmando pela qualidade dos 28 artistas que participaram ao longo de 13 anos e 21 edições. Podem ser citados alguns nomes como: Anna Maria Maiolino, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Ernesto Neto, Claudia Bakker, Eduardo Berliner, Rosangela Rennó, Regina Silveira, Rui Chafes, entre outros. Todos os detalhes são encontrados no link: www.evaklabin.org.br/projetorespiracao.
O Respiração conta com o apoio de Klabin S/A |DHBC advogados | ArtRio | e é uma realização em parceria com o Museu Bispo do rosário Arte Contemporânea
Festival Artes Vertentes, Tiradentes
Festival Artes Vertentes apresenta obras de artistas nacionais e internacionais em exposições em torno do tema Crenças
Nelson Leirner, Pierre Verger e Eder Santos são alguns dos destaques da exposição “A Traição das imagens” que integram a programação do Festival Artes Vertentes em setembro de 2017.
Propondo uma reflexão em torno da palavra CRENÇAS em seus diversos aspectos, a sexta edição do Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes - será realizada de 14 a 24 de setembro, na charmosa cidade mineira de Tiradentes. O princípio curatorial do festival, que busca analogias entre as diversas linguagens artísticas, faz com que o Artes Vertentes venha se firmando como um dos mais importantes festivais de artes integradas do país. Em 2017, o evento apresenta uma consistente programação que abrange música, literatura, cinema, artes cênicas e artes visuais. Durante toda a programação, músicos, atores, diretores, escritores e artistas visuais de vários países promovem, junto com o público, um intenso diálogo sobre o mote curatorial, através de concertos, espetáculos, filmes, exposições, leituras e palestras.
A exposição coletiva A Traição das Imagens reúne obras de artistas brasileiros e estrangeiros. A exposição abora a palavra Crença nos seus vários aspectos, mas sobretudo, aborda a Crença na Representação, traço perene na História da Humanidade desde a Antiguidade, como por exemplo na Alegoria da Caverna, de Platão, ou nas obras do naturalista Plínio, o Antigo. Este é o principal eixo curatorial abordado pela exposição, que tem a curadoria de Luiz Gustavo Carvalho e é composto por obras de artistas de renome internacional, tais como Nelson Leirner, Eder Santos, Siri e Pierre Verger.
A exposição apresenta 5 obras de Nelson Leirner, nome de grande relevância em âmbito internacional, que construiu uma obra marcada por críticas irônicas ao sistema da arte. Durante toda a sua trajetória, ele sempre buscou atingir as ruas de forma a criar indagações nas pessoas. Para isso, utiliza várias estratégias estéticas e/ou comportamentais de forma experimental, mesmo que cause estranhamento às pessoas. Hoje, é um dos mais expressivos representantes do espírito vanguardista dos anos 60 no Brasil e no exterior. Sua ideia central é popularizar o objeto de arte e introduzir a participação do público.
Eder Santos, cujas obras Ex-Votos e Santos também integram a exposição, já foi apontado como o artista que inventou a vídeo arte brasileira. Formado em belas-artes e comunicação visual pela Universidade Federal de Minas Gerais, começou a carreira em 1983, realizando vídeos sobre obras e processos criativos de outros artistas. Seu trabalho tornou-se gradativamente mais autoral, com interferências sobre as imagens, as narrativas e o ritmo delas. Se no início o uso de ruídos tensionava a linguagem videográfica tradicional, aos poucos transforma-se em experimentos com projeções sobre as mais diversas superfícies.
Política, a obra de Eder Santos traz também influências do Barroco Colonial. “Meu trabalho sempre teve um sentido politico, obras com o imaginário religioso, por exemplo, ganham sentido mais político em tempos de crescimento da bancada fundamentalista, perseguição aos cultos afro-brasileiros e aos homossexuais”, argumenta o artista.
A Crença, no seu contexto religioso também estará presente na exposição. “A crença no seu aspecto religioso é presente na exposição através das três crenças que tiveram uma importância primordial na formação do povo brasileiro: as crenças indígenas, as crenças africanas (e posteriormente) afro-brasileiras e as crenças dos colonizadores portugueses.”, comenta o curador. Assim, a coleção de Ex-Votos de Celma Albuquerque, uma das mais importantes coleções do gênero no país, integra o recorte curatorial, assim como objetos de arte indígena das etnias Karajás e Wayana-Aparai, além da série Orixás, de Pierre Verger.
Marcada por um humanismo perene e por um cuidado em retratar os aspectos religiosos das culturas e crenças africanas e afro-brasileiras, a obra de Pierre Verger é constitui o mais importante legado visual sobre o candomblé. Tendo passado grande parte da sua vida na cidade de Slvador, na Bahia, o fotógrafo francês Pierre Verger, realizou também inúmeras pesquisas na África. Realizou um trabalho fotográfico de grande importância, além de ter produzido uma obra escrita de referência sobre as culturas afro-baiana, voltando seu olhar de pesquisador para os aspectos religiosos do candomblé e tornando-os seu principal foco de interesse.
O sincretismo religioso é também o tema da instalação visual-sonora Sincretismo Religioso, de Siri. O artista vem realizando importante carreira na arte sonora, sendo convidado a realizar exposições e performances no Brasil e exterior (Victoria and Albert Museum – Londres , NBK Gallery – Berlim e Portikus – Frankfurt, entre outros). As obras deste artista ganham estruturas e formas em vídeos, fotografias, esculturas e, principalmente, na materialização da sua música, rompendo uma evolução musical do abstrato para o concreto, surgindo em um outro nível de existência. Siri farám ainda, uma performance no dia 14, primeiro dia do festival, no Jardim de Centro Cultural Yves Alves.
Cabe ressaltar ainda a presença do artista visual francês François Andes, cuja obra Les Prépratifs também integra a exposição. Através de desenhos e objetos cênicos, Andes tem nas analogias entre diferentes mitologias o seu principal foco de interesse. Em 2016, foi o principal artista do Salão DDessin, em Paris. Em Tiradentes, o artista realizará ainda uma residência com a bailarina Jacqueline Gimenes, uma das principais bailarinas do Grupo Corpo. O resultado desta residência, aberta ao público através de workshops, será apresentada no dia 23 (sábado), na performance BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão.
Na exposição serão exibidas ainda obras de Cildo Meireles, OSSO vídeoarte e da jovem artista Ísis Alcântara.
Em parceria com Museu Sant´Anna, a exposição “Santas mulheres – as heroínas da fé” faz parte da programação do Festival. A exposição reúne imagens de artistas populares e eruditos que deram enorme contribuição à arte sacra brasileira, como Aleijadinho, Mestre de Piranga, Frei Agostinho de Jesus, Francisco Vieira Servas. São imagens brasileiras, datadas dos séculos XVII, XVIII e XIX, pertencentes a coleções privadas e, até hoje, nunca expostas ao público.
O Festival Artes Vertentes exibe ainda, no Museu Casa de Padre Toledo, a exposição “A crença na liberdade”. A exposição apresenta os trabalhos das crianças de Tiradentes, desenvolvidos durante todo o ano através das Aulas de Desenho e Pintura da Ação Cultural do Festival Artes Vertentes. A curadoria é assinada por Ricardo Coelho, que é também o professor e coordenador destes cursos.
Intervenções Bradesco ArtRio no MAM, Rio de Janeiro
O MAM Rio, o Ministério da Cultura e o Bradesco apresentam, de 12 a 17 de setembro de 2017, a exposição Intervenções Bradesco ArtRio, projeto que já está em sua quinta edição. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a exposição tem como ponto de partida “a própria ideia de pluralidade inerente ao urbano”. O conjunto dos dez artistas convidados – Débora Bolsoni, Floriano Romano, Guga Ferraz, Gustavo Prado, Joana Cesar, João Loureiro, João Modé, Jorge Soledar, Lais Myrrha e Maya Dikstein – é marcado pela diversidade: “são de diferentes gerações, apresentando maneiras variadas de lidar com o espaço urbano e com a produção artística”. “Todas as propostas lidam com a questão escultórica, não só através de objetos tridimensionais (de diferentes escalas), mas também através do som e do corpo, incorporando, por exemplo, o espaço (físico e institucional), a arquitetura e a paisagem (natural e humana)”, observam os curadores.
LOCALIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES
Nos Pilotis
Lais Myrrha [Belo Horizonte, 1974]
“Esquema para bases sólidas #2” (2015/2017)
coluna inclinada, em cimento e isopor de alta densidade
Coleção da artista
Descrição: Pilar quadrado, em cimento e isopor, piso/teto, apoiado nos pilotis.
Débora Bolsoni [Rio de janeiro, 1975]
“Feira de estampas” (2015)
Ferro e cerâmica
Galeria Athena Contemporânea
Descrição: Moldura vazada, piso/teto, onde estará enquadrada a paisagem voltada para o mar.
Guga Ferraz [Rio de Janeiro, 1974]
“Até Onde o Mar Vinha. Até Onde o Rio ia \ Baía de Guanabara”
Coleção do artista
Descrição: Instalação sonora, com o barulho do mar captado entre o MAM e a Marina da Glória.
Maya Dikstein [Rio de Janeiro, 1988]
“Vão” (2017)
Voz e Movimento
Coleção do artista
Descrição: Performances na abertura, no dia 12 de setembro, das 15h às 18h, em que cantará com outros artistas árias de ópera. Um registro em vídeo das ações será transmitido em looping no monitor informativo na entrada do MAM.
Área entre o MAM e a passarela
João Loureiro [São Paulo, 1972]
“Bandeiras 6, 7, 8 e 9” (2016)
impressão sobre Polyester
Coleção do artista
Descrição: Nos quatro mastros próximos ao pequeno lago, estarão bandeiras com diagramas gráficos, como cheques em branco, onde no lugar de letras e números estará a letra “xis”.
Nos jardins
Joana Cesar [Rio de Janeiro, 1974]
“Acinesia Morosa” [2017]
caixa de areia e caneta permanente sobre pedra
Descrição: O espaço retangular em meio ao jardim de pedras será coberto de areia e pedras desenhadas.
Acesso à Cinemateca
Floriano Romano [Rio de Janeiro, 1969]
“Muro de som” (2016)
madeira, alto-falantes, gravação de voz
Coleção do artista
Descrição: Na parede de tijolos estará um objeto de onde se ouvirá a respiração do artista, semelhante ao vento.
Parede lateral Bloco-Escola
João Modé [Resende, RJ, 1961]
“Feira livre” (2014)
lonas de ráfia com polietileno
Coleção do artista
Descrição: Dois toldos, como os de feira livre, cobrirão uma área externa.
Jardins de esculturas
Gustavo Prado [São Paulo, 1981]
“Vem a pé” (2017)
escultura metal, concreto, espelho
Coleção do artista
Descrição: Em metal e espelho, a escultura sugere pessoas caminhando.
Local a ser definido
Jorge Soledar [Porto Alegre, 1979]
“Torrão” (2017)
açúcar branco e prensado, 1 metro cúbico
Coleção do artista
Descrição: um totem feito de açúcar prensado
setembro 10, 2017
Marcius Galan na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Em sua terceira individual na galeria Silvia Cintra + Box 4, o artista paulistano apresenta uma série de objetos que dialogam com a pintura, arquitetura e o desenho. São obras que provocam o olhar do espectador criando elementos de tensão entre os materiais e sugerindo uma reflexão sobre as relações de desarmonia e conflito.
Partindo de superfícies com pinturas automotivas, de cores neutras, o artista cria desenhos geométricos propondo uma interação entre esses objetos e a arquitetura. O desenho formado pelo atrito de objetos nessas pinturas tem a delicadeza de um traçado mínimo, mas também mostra uma agressividade ao violar a superfície de acabamento industrial.
Martelinho de Ouro é o nome do serviço especializado em reparar os pequenos riscos nas pinturas dos automóveis. Na exposição, o incômodo do risco da chave na pintura do carro novo e o som que esse atrito produz é justamente o ponto de partida das obras. Ora utilizando elementos de construção que saem da parede e agridem a superfície lisa da pintura, ora utilizando a parede como suporte para o desenho feito por estes materiais.
Além dessa série de pinturas, a exposição ainda apresenta três esculturas em ferro (vergalhões de construção), dispostas sobre bases com pintura automotiva. O movimento da escultura sobre esta base produz um desenho geométrico que neste caso deixa de ser um incômodo e se mostra como um movimento intencional de “riscar” a superfície com precisão.
Marcius Galan vive e trabalha em São Paulo. Participou de mostras importantes como a 29º Bienal de São Paulo e a 8º Bienal do Mercosul e tem mostrado sua obra com frequência nos principais museus do Brasil e do exterior, como Inhotim, MASP, MAM de SP e do RJ, Pinacoteca de SP, Palais de Tokyo, Museu Serralves, MALBA, Museum of Fine Arts Houston, Guggenheim Bilbao entre outros. Em 2012 Marcius foi o vencedor do Prêmio Pipa.
Sandra Gamarra na Leme, São Paulo
A Galeria Leme apresenta em seu espaço a quinta exposição individual da artista Peruana Sandra Gamarra. Apesar de usar a pintura como eixo central do seu trabalho, a obra de Gamarra parece constantemente contradizer e subverter aquilo que é esperado deste suporte bidimensional que muitos consideram ultrapassado e esvaziado. Para a artista, expor as suas peças é apenas o ponto de partida para ressignificar o formato em que trabalha e o espaço em que a sua obra é experienciada. Como construtora de imagens em um mundo em que estas se multiplicam constantemente, Sandra Gamarra as recicla e reincorpora para investigar as suas origens e especular sobre seu possível destino.
Para a exposição Paisagem entre Aspas a artista revisita o gênero de paisagem, característico da pintura, através da apropriação de fotografias de paisagens Peruanas e Brasileiras publicadas na imprensa e de reproduções de obras de arte de diferentes períodos. Através da justaposição de diversas fontes imagéticas a artista não só subverte e re-significa um gênero que caiu numa profunda obsolescência, mas também questiona o papel histórico e sócio-político deste tipo de representação da natureza e do território. Por outro lado, Gamarra cria uma interseção entre a forma de representação da natureza a partir do ponto de vista do Ocidente, e uma outra particular às culturas pré-colombianas, herança ancestral de seu país natal, o Peru.
A pintura de paisagens foi sempre mais do que uma forma de entender e registrar as especificidades de um determinado lugar ou meio através do qual o se tentam reproduzir as forças sublimes da Natureza. Tal como o mapa, a representação da paisagem serviu e serve para editar e re-enquadrar o real a partir da perspectiva dos sujeitos que a elaboram. Desta forma, à representação, a priori objetiva, de algo existente, é imposta uma lógica humana externa, que deforma e domestica o real, moldando-o segundo as crenças, desejos, e intenções do Homem e deturpando a "objetividade" de tal ferramenta de registro. A partir desta perspectiva, a paisagem nunca é uma representação fiel, mas um reflexo subjetivo do indivíduo que lhe deu forma assim como de seu contexto social e suas aspirações ideológicas.
Desta forma, as "paisagens" que Sandra Gamarra coloca entre aspas jogam com a justaposição de diferentes tempos e noções de História, história da arte, autobiografia e imaginação como meio para reconsiderar um conjunto de relações sócio-políticas responsáveis pela formação do corpo social e pela estruturação física do espaço que lhe corresponde. Indagando também sobre a forma como a paisagem tem sido instrumentalizada e confinada à ação do homem e quais as repercussões que tal situação causa na nossa relação com o entorno e nos nossos modos de pensá-lo e entendê-lo.
Sandra Gamarra (Lima, Peru, 1972. Vive e trabalha em Madri, Espanha.)
Expôs individualmente em instituições tais como: Bass Museum of Art, EUA; Sala Luis Miró Quesada Garland, Peru; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil, entre outras. Desenvolveu um trabalho site-specific para o Museo Artium, Espanha e participou de exposições coletivas como: Doublethink Double vision, Pera Museum, Istambul, Turquia (2017); Permit Yourself to Drift…, Santa Mónica Centro de Arte, Barcelona, Espanha (2016); Don´t Shoot the Painter, Galleria de Arte Moderno, Milão, Itália (2015); The Marvelous Real, Museum of Contemporary Art, Tóquio, Japão (2014); Setting the scene, Tate Modern, Londres, Inglaterra (2012); XI Bienal de Cuenca, Equador; 29ª Bienal Internacional de São Paulo, Brasil (2010); 31° Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Mundus Novus, Pavilhão da IILA, 53ª Bienal de Veneza, Itália (2009); Pipe, Glass, Bottle of Rum: The Art of Appropriation, MoMA, Nova Iorque, EUA (2008), entre outras.
O seu trabalho faz parte de coleções tais como: MoMA, Nova Iorque, EUA; Tate Modern, Londres, Inglaterra; MUSAC, León, Espanha; MALI, Lima, Peru; MAR, Rio de Janeiro, Brasil; Coleção de Arte UBS; Deutsche Bank Art Collection, entre outras.
setembro 6, 2017
Laura Vinci na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar Morro Mundo, exposição individual de Laura Vinci. A artista irá preencher a galeria com uma suave névoa de fumaça branca, que se apresenta ao visitante através de tubos de vidro antes de se espalhar pelo espaço. A instalação traz também pequenos objetos dourados: ampulhetas, bússolas, mapas e outros equipamentos de aferição presos a escoras. Fazendo referências à incerteza, o diálogo de "Morro Mundo" com o presente é intenso.
Uma programação especial de “diálogos” acompanha a exposição: no dia 17 de outubro, o editor e poeta Carlito Azevedo irá propor uma interação com o espaço proposto pela artista e no dia 18 de outubro, acontece o diálogo "Máquinas do Mundo", um projeto em andamento idealizado por Laura Vinci e desenvolvido pelo núcleo de arte da mundana companhia de Teatro. Partindo do texto "O delírio de Brás Cubas", de Machado de Assis, o experimento reúne narrativa, ação ao vivo e instalação em movimento.
- Diálogo #1 | Carlito Azevedo
17.10.2017 - 19h
- Diálogo #2 | Máquinas do Mundo | Laura Vinci + Mundana Cia de Teatro
18.10.2017 - 19h
Adriana Rocha na Rabieh, São Paulo
A contemporaneidade traz o rápido descarte e substituição de objetos, tema que resulta em exposição inédita.
Nunca houve tanta necessidade pela substituição, como hoje. Os objetos, a arquitetura, as relações, estão continuamente flertando com a urgência pelo descarte, num movimento aparentemente infindável de construção e destruição.
Refletindo essa intensidade da alta velocidade com que tudo é descartado e substituído, a artista plástica Adriana Rocha abre a exposição Still Life, dia 16 de setembro (sábado), às 11h, na Galeria Rabieh, produzindo pinturas e objetos que tratam de memórias, silêncio e contemplação.
Como já dizia o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “os seres humanos estruturam as suas vidas na atualidade. Muito mais preocupante que a maneira como comprar coisas novas, na mentalidade atual, está a importância de poder descartar o mais rapidamente possível aquilo que consumimos, assim, abre-se espaço para essa incessante e insatisfatória busca por aquilo que é novo”. Exemplos da “Modernidade Líquida”, muito defendido por Bauman, são os rápidos cenários que se transmutam em cidades, cada vez mais sem memória, conforme Adriana relata, “uma arquitetura desfigurada pelo uso de estruturas padronizadas, ou efêmeras, as quais riscam da paisagem urbana a história, ao optarem pela reposição constante de seus elementos”.
Adriana Rocha buscou justamente um movimento contrário aos tempos contemporâneos, resultando na nova série Still Life, criando pinturas que podem ser vistas como reescrituras, onde as imagens se traduzem com colagens.
Essa exposição é o resultado da experiência vivenciada em uma comunidade da periferia de São Paulo, da passagem do tempo e desgaste de lugares onde o tempo parece ser eterno, paisagens imutáveis, utópicas em sua beleza e silêncio. Desertos, espaços vazios, mares, céus, lugares abandonados, fotos apagadas, nuvens, cuja imagem está em constante mutação.
A origem desse projeto artístico
Há cerca de 30 anos a artista trabalha em uma ONG, em uma comunidade, que atende crianças e jovens em situação de vulnerabilidade oferecendo alternativas promissoras às suas vidas. Para que isso aconteça, é preciso que eles tenham apenas o básico para reconstruírem suas vidas e isso inclui uma moradia digna e com o mínimo necessário de segurança e conforto. Dentro desse projeto de vida, mais de 500 casas foram construídas, ou reformadas nesses anos.
Foi assim que surgiu a série STILL LIFE, “achei importante trazer também a experiência da construção dessas casas, da destruição dos antigos barracos, do erguimento de pequenas e novas casas. Pedi então, aos moradores, que me dessem qualquer pedaço da moradia anterior, uma parede de madeira, um pedaço do chão, um tecido que servia como porta. Munida desse material como base de trabalho, escolhi imagens de plantas e vegetais como denominador comum e trabalhei sobre ele com desenhos e pequenas pinturas”, explica Rocha.
O motivo escolhido trouxe a ideia de renascimento de algo que brota e se transforma. Isso se aplica a uma semiótica e seus ressignificados: algo que era lixo transformado em objeto de contemplação. Exatamente como a vida de pessoas em suas novas casas e como a arte, que também continua a se reinventar ininterruptamente transformando e se recriando, assim como todos os ciclos da vida.
A exposição descreve a relação da sociedade moderna com o tempo, espaço, memória, construção e destruição transmutada em arte. Serão apresentadas 15 pinturas, 8 desenhos e 8 objetos.
Amelia Toledo na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Exposição apresentará pinturas e esculturas da série “Horizonte”, produzidas nas duas últimas décadas
Um dos principais nomes da arte brasileira dos anos 1960, Amelia Toledo, 91 anos, ganhará exposição na Galeria Marcelo Guarnieri, no Rio de Janeiro, a partir do dia 11 de setembro de 2017. Na mostra, serão apresentadas obras da série “Horizontes”, produzidas nas duas últimas décadas, sendo três esculturas e quatro pinturas. Em setembro, a artista também participará da exposição “Radical Women: Latin American Art, 1960–1985”, no Hammer Museum, em Los Angeles, que seguirá para o Brooklyn Museum, em Nova York, no próximo ano.
Na Galeria Marcelo Guarnieri serão apresentadas obras da série Horizontes, iniciada nos anos 1990, com pinturas e de onde descendem esculturas. A série é resultado da investigação da artista sobre a paisagem, tanto do espaço pictórico, quanto do espaço físico. A linha do horizonte tem uma presença marcante na tradição da pintura ocidental figurativa, servindo como ponto de referência na construção da imagem e da relação que nosso corpo estabelece com ela. “Fatia de Horizonte”, escultura formada por uma chapa de aço inox em formato retangular, sendo ¼ dela polido e os outros ¾ oxidados, é uma peça que parece embaralhar categorias da dimensão espacial no momento em que produz uma espécie de elevação da linha do horizonte. A faixa espelhada da peça vertical alcança uma altura que a permite refletir aquilo que está acima de nossas cabeças, levando-nos a reorganizar nosso senso de direção no espaço. Podemos também circular por um conjunto de “Fatias de Horizonte” e nos perder entre elas: a experiência imersiva é uma frequente na produção de Amelia Toledo.
As pinturas são compostas por duas faixas de cores que ocupam, cada, uma metade da tela. O formato paisagem de alguns quadros - esse que tem a forma retangular onde a altura é menor que o comprimento - nos leva a associar os dois campos de cor às faixas do céu e da terra de uma pintura figurativa. O que vemos nas telas de Amelia Toledo, contudo, é uma investigação sobre a própria pintura, pelo uso e extroversão de seus padrões esquemáticos que se dá pela cor. O tensionamento entre tons de cores tão próximas dividindo o mesmo retângulo produz um tipo de vibração que, embora cause um efeito mais imediato à visão, mobiliza também, a um olhar mais demorado, outros sentidos.
Amelia Toledo (São Paulo, 1926. Vive e trabalha em São Paulo).
Sua produção é marcada pelo uso de materiais distintos como bolhas de espuma, líquidos coloridos, pedras, conchas, chapas de alumínio ou acrílico e evidenciam um interesse profundo pelas questões da matéria, seja ela orgânica ou industrial.
Transitando constantemente entre o controle formal e a intuição, Toledo investiga as relações que construímos com o espaço a partir da nossa sensibilidade às cores, substâncias, volumes, texturas e dimensões. Há nisso uma reflexão filosófica sobre os aspectos da linguagem, e que passa também por uma curiosidade científica sobre as estruturas não só do pensamento e dos sentidos, como também da própria natureza. Seu envolvimento com a ciência vem desde muito pequena, quando aprendeu, ainda criança, a manipular microscópios com seu pai que era cientista. Amelia Toledo, no entanto, gosta sempre de lembrar: "Se meu trabalho tem algo com a ciência, é com uma ciência ligada à intuição e a outros enfoques que não o racionalista".
Pascale Marthine Tayou na Gentil Carioca, Rio de Janeiro
CARNAVAIS / CARNAVAL (S)
grande desvio nas pistas do mundo,
curtas caminhadas nas praias aqui e noutros lugares,
Copacabana Leblon através de Knokke, Dakar ou Miami.
Ao deslizar o rio Amazônia
vamos extrair o fogo do ouro puro da terra Brasil,
pesquisar os mistérios proibidos de segredos dos deuses indígenas
emprestar algumas penas de papagaio e esculpir nosso próximo 'Iceberg'.
CARNAVAIS / CARNAVAL (S)
é uma grande porta no alto do mundo,
é um pequeno tour no extremo norte dos Camarões e sua fantasia
ligar um certo quotidiano Africano ao dos cariocas em um jogo visual onde as favelas
brasileiras estão sempre perto dos “matitis" de Libreville.
CARNAVAIS/ CARNAVAL (S),
tributo plástico para o mundo inteiro e seu quotidiano,
expressões plásticas de diferenças sem indiferença.
Pmtayou @ Ghent 21/07/2017
Com estas palavras de Pascale Marthine Tayou, A Gentil Carioca tem o prazer de apresentar o seu primeiro show solo na galeria, onde o artista exibirá novas obras concebidas especificamente para os espaços nas ruas Gonçalvez Lêdo 11 e 17, Rio de Janeiro.
Tayou nos induz, através da aparência de suas obras de arte, a reduzir a distância geográfica entre o Brasil e o resto do mundo. Fazendo uso de diferentes meios, o artista Tayou coloca-se como o ponto de partida de suas composições.
As origens das instalações residem na experiência pessoal e no uso de materiais ou imagens encontrados e se relacionam com a circulação contínua de indivíduos e objetos no mundo.
Tayou nasceu em Nkongsamba, Camarões, em 1966 e atualmente mora e trabalha em Ghent, na Bélgica e em Yaoundé, Camarões.
Ele apresentou shows solo no MACRO (Roma, 2004 e 2013), S.M.A.K. (Ghent, Bélgica, 2004), MARTa Herford (Herford, Alemanha, 2005), Milton Keynes Gallery (Milton Keynes, Reino Unido, 2007), Malmö Konsthall (Malmö, Suécia, 2010), Mudam (Luxemburgo, 2011), La Villette (Paris, França, 2012), KUB (Bregenz, Áustria, 2014), Fowler Museum (Los Angeles, EUA, 2014), Serpentine Sackler Gallery (Londres, Inglaterra, 2015), Bozar (Bruxelas, Londres, 2015), Musée de L'Homme (Paris, 2015), CAC Málaga (Espanha, 2016) e Love City (Varberg, Suécia, 2017).
Ele também contribuiu para uma série de grandes exposições internacionais e eventos artísticos, como Documenta 11 (2002), Trienal de Turim (2008), Tate Modern (2009), Bienais de Gwangju (1997 e 1999), Santa Fe (1997). ), Sydney (1997), La Havane (1997 e 2006), Liverpool (1999), Berlim (2001), São Paulo (2002), Munster (2003), Istambul (2003), Lyon (2000 e 2005), Veneza (2005 e 2009) e mostrou seu trabalho em museus ao redor do mundo.
Franz Weissmann na Pinakotheke, São Paulo
O artista considerado essencial para a renovação da escultura brasileira no século XX é homenageado pela Pinakotheke São Paulo em exposição com curadoria de Fernando Cocchiarale e Max Perlingeiro. Com cerca de 80 trabalhos, a mostra Franz Weissmann (1911-2005), ao reunir também desenhos, estudos e maquetes, traça um percurso em que se revela o processo da arte de Franz Weissmann. De seus fios, cubos, torres e amassados, até trabalhos que apontam o retorno ao construtivo da cor, estão presentes neste panorama da produção do escultor, que traz ainda um documentário no qual ele fala sobre Lygia Clark. A diretora produziu o documentário a partir da última entrevista gravada por ela com Franz Weissmann em 2005.
A gênese da reestruturação do pensamento plástico do signatário do manifesto neoconcreto está em suas construções com fios de aço. São como rascunhos que contêm os princípios básicos de sua escultura: modularidade, ortogonalidade, eliminação de bases, apoio em três pontos, enlaces infinitos, etc. Os fios deram origem ao Cubo Vazado (1951), trabalho criado a partir de uma pequena maquete de arame e considerado uma das primeiras esculturas construtivas brasileiras. Dos quadrados planos unidos em fitas surgiria o Cubo Aberto.
A proposição ancestral do modulo repetido verticalmente até o infinito ganhou com as torres ou colunas de Weissmann novas e surpreendentes soluções por meio do uso de fios, barras, perfis, chapas e chapas vazadas em circulo. Com uma de suas torres, o artista foi premiado como “Melhor Escultor” na 4ª Bienal de São Paulo, em 1957. “... a verticalidade como tema e as colunas como forma são características que distinguem Weissmann de outros artistas modernos brasileiros”, observa Perlingeiro.
Já a série de amassados sublinha particular experimentalismo. O escultor golpeia chapas metálicas até o limite da destruição de sua superfície que chega algumas vezes a romper o suporte. Os amassados foram iniciados por volta de 1964, quando o artista estava na Espanha apoiado pelo Prêmio de Viagem ao Exterior conferido anualmente pelo Salão Nacional de Arte Moderna, então realizado no Rio de Janeiro. “As esculturas geométrico-construtivas e os planos metálicos martelados por Weissmann têm liames espaciais discursivamente estabelecidos e, portanto, invisíveis para o olhar comum. A dissolução da planaridade de cada parte que compõe os trabalhos de estruturação da construção equivale à dissolução do plano de alumínio para torná-lo coisa. Praticamente inéditos, os amassados, antípodas morfológicos das esculturas geométricas podem ter novos sentidos, se tratados como paisagens diferentes de uma mesma estrada, de um mesmo caminho poético”, destaca Cocchiarale. A exposição inclui, também, os inéditos blocos de alumínio prensados com experiências de introdução da cor.
Completam o conjunto de obras peças que indicam o retorno ao construtivo e a cor, de formas livres, porém, fiéis à geometria, nas cores verde, vermelha, amarela, azul e as ferrugens, que ocupam a área externa da galeria.
A exposição apresenta ainda o curta-metragem: “Franz Weissmann vive e fala sobre Lygia Clark”, de Lucia Novaes, e um catálogo ilustrado bilíngue, com textos de Fernando Cochiaralle, um ensaio inédito sobre os “Amassados” de autoria do arquiteto espanhol e professor da Universidade de Zaragoza Ignacio Moreno Rodríguez e uma entrevista com o artista feita pela critica de arte e jornalista Angélica de Moraes publicada no O Estado de São Paulo em 20 de maio de 1995.
Franz Weissmann nascido na Áustria em 1911 vem com os pais para o Brasil aos 10 anos e aqui se torna brasileiro, carioca, escultor e professor. A partir de 1950 começa a abandonar a execução de estatuas representando figuras humanas e passa a elaborar esculturas abstratas e geométricas. Substitui os materiais que se podem esculpir (mármore, pedra sabão, madeira) ou moldar (gesso, cerâmica, bronze) pelo emprego dos que permitem construir, como os fios, vergalhões, barras, tubos, cantoneiras e chapas de metais como o alumínio, cobre, latão ou aço, de origem e uso industrial. Refletindo a mudança do país de agrícola a industrial o escultor se transformou de artesão em projetista, elaborando maquetes e estudos que eram levados a oficinas e fundições para serem executados ampliados. Nos anos 70 instala seu atelier dentro da gigantesca fábrica de ônibus Ciferal em Ramos, da qual seu irmão era sócio. Quando falece em 2005 havia implantado 30 esculturas públicas.
setembro 4, 2017
O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas no CCBNB, Fortaleza
Exposição e encontros com pesquisadores sobre a relação cinema-performance. Abertura no dia 5 de setembro, às 18 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza (CE).
O que há na imagem em movimento que interessa ao artista? A proposta da exposição é tentar compreender o que acontece com as obras fílmicas quando elas são produzidas para o circuito das artes. O intuito é estabelecer relações entre a produção de artistas brasileiros e de outros países, em especial aqueles que trabalham no campo em que se inscreve o cinema instalado no espaço expositivo.
O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas, que tem curadoria de Beatriz Furtado, Janaina de Paula e Caroline Louise, nasce do interesse em pensar as tensões narrativas, estéticas, políticas e na forma fílmica entre o cinema e a performance. Todas as obras trazem para o espaço expositivo um tipo de fazer cinema das artes contemporâneas. Dar a ver esses trabalhos é ainda instaurar um pensamento sobre essas novas formas de artes visuais.
A exposição foi contemplada pelo Edital Ceará de Incentivo às Artes, da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
Obras em suportes fílmicos
Desde o final dos anos 1990, o circuito das artes chamou para si a produção em suporte fílmico, incorporando de fato o que inicialmente se chamou de cinema expandido, o que faz com que esta especificidade (um modelo de cinema) já não tenha força para dizer dessa produção artística. As grandes exposições internacionais selecionam obras em suportes fílmicos sem uma diferença entre as demais categorias. A Documenta de Kassel, 10ª edição, apresentou trabalhos de cineastas (Farocki, Akerman, Godard, Marker, os Straubs, Sokurov). O mesmo ocorreu na 29ª Bienal de São Paulo, com Lígia Pape, Apichatpong Weerasethakul, Chen Chieh-Jen, Gordon, Jonas Mekas, Pedro Costa, Beckett, Yael Bartana, McQueen, Ronald Duarte e outra vez Harun Farocki e Godard).
Essa expressiva quantidade de obras fílmicas se instituem não mais como uma presença do cinema nas artes contemporâneas. São obras com formatos orientados para o espaço expositivo, realizadas com e na experiência com o material fílmico, com as suas questões (planos, movimentos, texturas, formatos de projeções etc.). Percebemos que essa vertente das artes não resulta de uma simples operação de continuidade em relação ao movimento da vídeo-arte, quando nos anos 50/60 a tecnologia abriu essa possibilidade expressiva, cujo fundador é Nam June Paik. Não se trata apenas da apropriação e reconfiguração dos meios eletrônicos, mas de uma derivação do fazer fílmico que saiu da sala escura.
‘O fazer cinema das artes visuais – performances fílmicas’ é uma proposição sobre a relação cinema-performance, estabelecendo alguns diálogos entre trabalhos artísticos de performances que se realizam como obras fílmicas. Elegemos artistas brasileiros e estrangeiros para compor esse diálogo: Milena Travassos (PE), Frederico Benevides (CE), Filipe Acácio (CE), Juliane Peixoto (DF) e Raoni Shaira (CE), do Brasil, e dois artistas estrangeiros, Maya Watanabe (Peru) e Mihai Grecu (Romênia). Todos trabalham com os campos das artes-performance, obras instaladas, em profundo diálogo com o cinema. O interesse é por um desenho expositivo que coloca em questão o fazer cinema das artes visuais.
Obras integrantes:
1. Filipe Acácio – “O farol, a parede, o porto” (https://vimeo.com/191305894);
2. Frederico Benevides – “26 postais para Dica” (https://vimeo.com/107281339) e “Revolvimento I: anastomose”;
3. Milena Travassos – “Presságio”, da série “O animal habita o Quarto” (http://www.milenatravassos.com.br/Coruja);
4. Maya Watanabe – “Escenarios” (https://vimeo.com/128301126);
5. Mihai Grecu – “Exland” (https://vimeo.com/54949824);
6. Juliane Peixoto e Raoni Shaira – “Caulim” (https://vimeo.com/187702630).
Em cada uma dessas obras há um embate que é do cinema e da ação performática, às vezes como um problema da performance com o esforço físico, outras entre a performance e a mise en scène, assim como a performance e as rememorações. São dessas tensões entre o cinema e a performance que esta proposta de exposição se faz. Todas as obras trazem para o espaço expositivo um tipo de fazer cinema das artes contemporâneas. É essa natureza comum, nas tensões narrativas, estéticas, políticas e na forma fílmica que nos interessa pensar.
Relações Transatlânticas: projeção de videoarte + conversa com curador suiço Bruno Z’Graggen na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Escola de Artes Visuais integra o programa de vídeoarte do curador suíço Bruno Z’Graggen
Pro Helvetia e Associação Cultural Videobrasil anunciam o programa de vídeoarte proposto pelo curador suíço Bruno Z’Graggen. Cinco sessões de filmes irão juntar a plataforma de vídeo arte VÍDEO WINDOW, dirigida por Bruno Z’Graggen, em Zurique, projetos anteriores ligados à sua pesquisa sobre fotografia em Moçambique e sua residência de seis meses em São Paulo dentro do Acervo Histórico do Videobrasil. O projeto de pesquisa de Bruno parte de uma análise crítica do acervo do Videobrasil em que questões relacionadas ao passado colonial do Brasil e a África podem surgir. As apresentações dos filmes do acervo fazem com que essa pesquisa se torne pública e possibilita uma reflexão sobre a produção de vídeoarte e fotografia em um nível transatlântico na América do Sul, na Europa e na África.
As cinco sessões acontecerão em diferentes espaços na cidade de São Paulo entre o início de julho e outubro, 2017. Acompanhadas por conversas, a sequência de eventos inclui um programa de vídeoarte com nove artistas suíços selecionados por Bruno Z’Graggen, seu documentário sobre o precursor fotógrafo moçambicano, Ricardo Rangel (1924-2009), e os resultados deste projeto de pesquisa em sessões dedicadas a filmes do Acervo Histórico do Videobrasil. A quarta sessão do programa, intitulada ‘Migração e Território’ é a única sessão fora da cidade de São Paulo e acontecerá na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro.
‘Relações Transatlânticas’ é um projeto da fundação suíça para cultura Pro Helvetia em parceria com a Associação Cultural Videobrasil, dentro do programa de intercâmbio Pro Helvetia na América do Sul 2017-2020. O programa visa promover o intercâmbio cultural e iniciar parcerias entre a Suíça e os países da América do Sul.
Sessão 4: ‘Migração e Território’ curadoria de Bruno Z’Graggen, 2017
Bouchra Khalili (*Casablanca, Marrocos; vive e trabalha em Berlim, Alemanha.)
Vue panoramique, 2005
14:48, cor
Vue Panoramique descreve uma trajetória circular entre dois litorais. O espectador vê as chegadas e partidas de um barco, o balanço lânguido de embarcações ancoradas, a atividade dos passageiros e a espera. Ao mesmo tempo, uma voz feminina descreve um passeio por uma vila cercada pelo mar.
Bakary Diallo (Mali, 1979–2014)
Tomo, 2012
6:53, cor
O significado literal da palavra Bambara – um território que a guerra deixou deserto e devastado – inspira esta história. Através dos olhos de uma personagem perturbada, que parece lutar para respirar, vemos um vilarejo abandonado que foi tomado pelas almas daqueles que um dia ali viveram. Representados como fantasmas e figuras flamejantes, continuam a desempenhar suas atividades diárias, como se agarrados à realidade. A obra trata da violência simbólica da guerra e do modo como destrói a mente e a alma dos que são tocados por ela.
Michael MacGarry (*Durban, África do Sul; vive e trabalha em Johannesburgo.)
Excuse me, while I disappear, 2014
19:10, cor
A obra se debruça sobre Kilamba Kiaxi, empreendimento urbanístico em Luanda, e sobre a jornada de trabalho de um jovem, para assinalar o impacto do fluxo internacional de capitais no mercado global. O surreal desfecho do filme parece sublinhar a inadequação de Kilamba Kiaxi como projeto imobiliário – oferecendo apartamentos a um preço impossível para a grande maioria da população de Angola – e, ao mesmo tempo, refletir sobre as absurdas condições de trabalho do sistema neoliberal contemporâneo.
César Meneghetti, Elisabetta Pandimiglio (BR / Roma, Itália)
Sem terra, 2001
12:30, p/b, cor
Uma vida marcada por um evento fora do comum: nascer no meio do mar. A história de um homem que passou a vida inteira procurando uma terra e uma mulher às quais pertencer.
Dias & Riedweg (BR / Suiça; vivem e trabalham no Rio de Janeiro.)
Juksa, 2006
29:42, p/b, cor
Os três últimos habitantes de uma pequena ilha no Pólo Norte contam sobre 33 anos de suas vidas. Reflexões universais sobre o tempo e o envelhecimento, embaladas por uma música de Henry Purcell cantada ao vivo, numa íntima sessão.
Prêmio Aquisição - Estado da Arte - 16º Videobrasil
Bruno Z’Graggen nasceu em Zurique, onde vive e trabalha é PhD em história da arte e social e em educação em gestão cultural. Trabalha como curador freelance no campo da arte contemporânea desde 2000. Seu grande primeiro projeto de exposição foi uma coletiva de fotógrafos Moçambicanos em 2002 intitulada Iluminando Vidas em torno de Ricardo Rangel. Em 2012 realizou o documentário em homenagem a Ricardo Rangel intitulado SEM FLASH. Após muitos projetos, ele vem focando na produção de vídeo arte e dirige a plataforma VIDEO WINDOW em Zurique onde apresenta e discute sobre trabalhos de vídeo artistas baseados na Suíça. Ano passado realizou um projeto de workshop e sessão de filme com três artistas Suíços em Maputo, Moçambique. Além de suas atividades curatoriais, ele trabalha na Universidade de Luzerna nos últimos onze anos onde é responsável por promover pesquisas. www.brunozgraggen
Abertura de Roland Gebhardt e bate-papo com Biogio D’Angelo e Paulo Herkenhoff na Karla Osorio, Brasília
Segunda-feira, 4 de setembro às 19h30 inaugura Semântica do Vazio, a primeira exposição do autêntico minimalista holandês/ americano Roland Gebhardt (1939), residente em Nova Iorque (EUA). A mostra reúne dezenas de obras em diversas técnicas, muitas históricas (anos 70 e 80), época em que participou de exposições institucionais com artistas como Agnes Martin,, Carl André, Donald Judd, Richard Serra, Sol Lewitt etc. Serão exibidas também obras inéditas, concebidas durante sua residência artística em Brasília, em materiais como zinco, alumínio, papel museológico, madeira, mármore e pedras. O uso do vazio (void) tem sido o eixo central de sua pesquisa e produção por décadas. Mas, para Roland, o corte é elemento de união, substitui a linha e o traço tradicional. A tridimensionalidade é também característica marcante de sua obra, mesmo em esculturas efêmeras as vezes como feitas com frutos e vegetais, que geraram série de fotos também parte da mostra.
A abertura do evento será com bate papo com a presença do crítico e grande curador Paulo Herkenhoff abordando a relação entre o Minimalismo e o Neoconcreto.
O texto curatorial da mostra é de autoria de Biagio d’Angelo, professor italiano, atualmente na UnB, cujo texto deu título à exposição. Segundo ele nos lembra a obra do artista tem uma “linguagem minimalista: uma metódica e obsessiva repetição de objetos e temas, uma predileção pelos volumes e sua natureza enigmática. O artista “interfere” utilizando cortes e incisões, que oferecem a ideia de que a arte pode ainda intervir em materiais rígidos ou orgânicos, como pedra, madeira, aço, papel, e livros. Os cortes reescrevem a história da matéria, a desnaturalizam, criando novas linhas geométricas, fora do pensamento do desenho tradicional, que preenchem um “vazio” (eis o “vazio linear”, assim como denominado pelo artista), que funciona como conexão original entre volumes ou elementos....
...
A obra de Gebhardt nos obriga a repensar a nossa identidade em relação ao vazio. A partir de uma sugestiva leitura filosófica e ontológica, o vazio não é um nada, enquanto o EU é ainda uma pergunta pensante. Sua identidade lida com a efemeridade. Sua semântica pretende ser preenchida. O minimalismo, como arte conceitual e das ideias, não cessa de interrogar-nos com insistência sobre as questões que não pertencem apenas ao âmbito da história da arte, mas redefinem todo o nosso conceito sobre a história da cultura e suas relações em um mundo plural e sem barreiras epistemológicas.
Sobre o artista
Nascido em Paramaribo, Suriname (1939), educado na Holanda, Suíça e Alemanha. Mestre em Artes pela Academia de Arte de Hamburgo (1964). Gebhardt é um artista minimalista por excelência desde os anos 70, produzindo obras em diversos materiais como mármore, pedra, aço, madeira, alumínio e papel. Participou de diversas mostras coletivas com seus contemporâneos da época como Agnes Martin, Brice Marden, Carl André, Donal Judd, Richard Serra, Sol Lewitt etc.. Conhecido por suas esculturas monolíticas entre 1970-1980, que exploram o conceito do vazio linear e por obras públicas em grande escala (ex: Wave Hill e Storm King, em Nova Iorque). Produziu série de máscaras, explorando a identidade e colaborou com artistas de outras disciplinas, inclusive na peça multimídia "A Única Tribo", no Art & Technology Center 3LD em Nova Iorque (2008). Em 2014, apresentou "Troféus" colaboração única entre a escultura, dança e música que explora questões de identidade e transformação do ser vivo no Museu de Arte de Erie, Pensilvânia. Atua em atividades comunitárias especialmente relacionadas à preservação da cidade, ao planejamento e à arquitetura, sobretudo Nova Iorque. Durante muitos anos dedicou-se ao design, participou de projetos nos Estados Unidos, Europa e Japão. Nunca deixou de produzir obras autorais como artista, mas deixou de mostra-las por mais de 3 décadas. Nos últimos anos desenvolveu a série de desenhos tridimensionais em papel e impactantes esculturas em aço cortén, alumínio e zinco, mantendo a tradição do minimalismo e da escultura conceitual.
Galeria Karla Osorio
A galeria Gabinete de Arte k2o, criada em 2013, passa a partir de setembro a chamar “Galeria Karla Osorio”. Mantendo e reforçando os ideais de sua criação, para inserção de artistas contemporâneos no mercado e na cena institucional. Privilegia a produção mais inovadora em arte, com programa de exposições temporárias que fomenta várias linguagens e técnicas. Representa artistas brasileiros e estrangeiros, tanto a nível nacional, quanto internacional. Participa de feiras de arte em vários países, sendo a única galeria de Brasília em algumas das melhores feiras do mundo como Basiléia, Miami, Nova York, Chicago, entre outros. Apoia pesquisas e projetos inovadores, tem programa de cursos, palestras, parcerias com outros espaços e instituições, além de intervenções no espaço público. Desenvolve projetos com curadores visitantes e oferece residência artística com atelier, em espaço privilegiado. Atua também no mercado secundário. Além da sede em Brasília no SCS, possui espaço expositivo no Lago Sul e escritório em São Paulo.
A invenção da praia: cassino no IED, Rio de Janeiro
As ruínas do antigo Cassino da Urca recebem, em todo seu espaço, a intervenção de doze artistas
O Istituto Europeo di Design (IED) abre no próximo dia 9 de setembro a exposição A invenção da praia: cassino, com intervenções de doze artistas: Bruno Faria, Caio Reisewitz, Chiara Banfi, Giselle Beiguelman, Katia Maciel, Laercio Redondo, Laura Lima, Lula Buarque de Hollanda, Maria Laet, Mauricio Adinolfi, Nino Cais e Sonia Guggisberg. Com curadoria de Paula Alzugaray, arquitetura e expografia de Paula Quintas, e identidade visual de Celso Longo e Daniel Trench, a exposição ocupará todo o espaço das ruínas do antigo Cassino da Urca.
“A invenção da praia: cassino” tem como ponto de partida conceitual os desenhos preparatórios da arquiteta Lina Bo Bardi para um “Museu à Beira do Oceano”, que seria construído sobre as areias da praia de São Vicente, no litoral sul paulista, para abrigar uma coleção de arte brasileira. Sobre este tema, a curadora Paula Alzugaray realizou em abril de 2014, no Paço das Artes, em São Paulo, a mostra “A invenção da praia”, com a participação de artistas brasileiros e estrangeiros que reinventavam, dentro do espaço expositivo, a natureza da praia.
“O Museu de Lina não saiu do papel, mas o edifício que de 1933 a 1946 abrigou o Cassino da Urca, construído sobre as areias da Praia da Urca, será convertido em um autêntico Museu à Beira do Oceano, com trabalhos de doze artistas brasileiros, pensados e realizados especificamente para o local”, explica a curadora.
“A invenção da praia: cassino” é um projeto de arte, memória, ficção e arqueologia, observa ela. “Doze artistas foram convidados a escavar o passado, desenterrar mistérios e reescrever as histórias do edifício e de seus personagens, por meio de trabalhos realizados em performance, som, instalação, fotografia, texto e publicação”, conta.
Paula Alzugaray comenta que Joel Rufino dos Santos, historiador carioca que nos anos 1980 “ensinou aos brasileiros a valorizar a cultura africana ainda na fase embrionária do movimento negro no Brasil”, dizia acreditar “mais na literatura que na história, como instrumento capaz de contar a saga do povo brasileiro”. “A arte e a ficção são os meios utilizados neste projeto para reinventar histórias camufladas nas paredes e nichos das ruínas do antigo Cassino”, afirma.
PROGRAMAÇÃO
Alto Mar (2017, Ed 7 Letras), criado por Katia Maciel
Programação leituras/performances poemas por suas autoras, sempre às 19h
Sessão 1: 9 de setembro, sábado
Katia Maciel
Laura Liuzzi
Catarina Lins
Sessão 2: 11 de setembro, segunda-feira
Janice Caiafa
Maria Bogado
Daniela Mattos
Anna Costa e Silva
Sessão 3: 12 de setembro, terça-feira
Ana Carolina de Assis
Rita Isadora Pessoa
Claudia Sehbe
Mariana Vieira
Sessão 4: 13 de setembro, quarta-feira
Luana Carvalho
Ana Costa Ribeiro
Gab Marcondes
Sessão 5: 14 de setembro, quinta-feira
Maria Isabel Iório
Bianca Ramoneda
Maria Eduarda Castro
Maria Cecília Brandi
Sessão 6: 15 de setembro
Lu Menezes
Masé Lemos
Ana Kiffer
Sessão 7: 16 de setembro
Júlia Studart
Danielle Magalhães
Tereza Seiblitz
Alice Sant’anna
Julia Klien
SOBRE CURADORA E ARTISTAS
Paula Alzugaray é curadora independente, critica de arte e jornalista especializada em artes visuais. Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da USP. É diretora de redação da revista de arte e cultura contemporânea seLecT. É autora do livro "Regina Vater: Quatro Ecologias" (Oi Futuro/Fase 3, 2013). Entre seus projetos curatoriais recentes incluem-se as exposições “A Invenção da Praia”, no Paço das Artes SP (Abril -junho 2014), “Circuitos Cruzados – Centre Pompidou Encontra o MAM”, no MAM SP (Jan-Mar 2013); "+2 - Katia Maciel e André Parente", na Caixa Cultural de Brasília (Setembro de 2012); "Latin America Uncontained", na LOOP Fair Barcelona (Maio 2012); “Video Brésilienne: un Anti-Portrait", no Centro Georges Pompidou (Paris, outubro de 2010) e “Observatórios”, no Itaú Cultural, em Belo Horizonte e Vitória (2009). É autora do documentário “Tinta Fresca” (2004), prêmio de Melhor Media Metragem na 29ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e de "Shoot Yourself" (2012), documentário realizado durante residência no Centre International d’accueil et d’échanges des Récollets, em Paris, Prêmio em Poéticas Investigativas, no Cine Move Arte 2012.
Bruno Faria nasceu em Recife (PE), em 1981, vive e trabalha entre Recife e São Paulo. Mestre em poéticas visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG, desenvolve trabalhos em diferentes mídias como desenho, escultura, instalação, intervenção e publicação. Seus projetos partem de contextos específicos, no quais revelam seu olhar crítico sobre o mundo que vive.
Caio Reisewitz, fotógrafo brasileiro, exibiu extensivamente em seu país de origem, bem como em toda a América do Sul e Europa, ganhando reconhecimento por suas imagens em grande formato. Suas composições retratam paisagens exuberantes da Mata Atlântica, da expansão urbana e dos efeitos do crescimento econômico, bem como o patrimônio arquitetônico do país, que vão desde estruturas período colonial até exemplos do modernismo do século 20. Trabalhando em uma escala menor, Reisewitz também constrói fotocolagens de efeito desorientador inesperado sobre o espectador. Reisewitz representou o Brasil na Bienal de Veneza de 2005, e seu primeiro solo show solo nos Estados Unidos foi realizado no International Center of Photography, em Nova York, em 2014. Vive e trabalha em São Paulo.
Chiara Banfi é formada em 2003 pelo curso de Artes Plásticas da FAAP. Realizou individuais e participou de exposições coletivas em Paris, Nantes (França), Berlin, Aichi (Japão), Middelburg (Holanda), Brasília, São Paulo, Rio, Recife, Lima (Peru), entre outras. Fez residência em Art in Residency Programme at Gasworks Gallery em Londres, Inglaterra, como vencedora em 1° lugar Prêmio Chamex de Arte Jove em 2005 e em 2008 Mountain School of Arts em Los Angeles, EUA. Desenvolve uma pesquisa plástica e musical. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Giselle Beiguelman é artista e professora livre-docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Atua na criação e desenvolvimento de aplicações digitais desde 1994 e na área de preservação de obras de artemídia. É coordenadora do Grupo de Pesquisa Estéticas da Memória no Século 21, membro do Laboratório para Outros Urbanismos (FAU-USP) e do Interdisciplinary Laboratory Image Knowledge da Humboldt-Universität zu Berlin. É autora das obras O Livro Depois de Livro, Nomadismos Tecnológicos (com Jorge La Ferla) e Futuros Possíveis: Arte, Museus e Arquivos Digitais (com Ana Gonçalves Magalhães).
Katia Maciel é artista, cineasta e poeta, pesquisadora do CNPq e professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1994. Em 2001 realizou o pós-doutorado em artes interativas na Universidade de Walles na Inglaterra. Realiza filmes, vídeos, instalações e participou de exposições no Brasil, na Colômbia, no Equador, no Chile, na Argentina, no México, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França, na Espanha, na Alemanha, na Lituânia, na Suécia e na China. Recebeu, entre outros, os prêmios: Prêmio da Caixa Cultural Brasília (2011), Funarte de Estímulo à Criação Artística em Artes Visuais (2010), Rumos Itaucultural (2009), Sérgio Motta (2005), Petrobrás Mídias digitais (2003), Transmídia Itaúcultural (2002), Artes Visuais Rioarte (2000). Seus trabalhos operam com a repetição nos códigos amorosos e seus clichés e com desnaturezas. Vive e trabalha no Rio.
Laercio Redondo, nascido no Brasil, terminou sua pós–graduação na Konstfack, University college of Art, Crafts and Design em Estocolmo, Suécia. Sua pesquisa envolve a memória coletiva e seus apagamentos na sociedade, seu trabalho é freqüentemente motivado pela interpretação de eventos específicos relacionados com a cidade, a arquitetura e representações históricas. Realizou exposições individuais na casa França Brasil (RJ), Die Raum (Berlin), Galeria Silvia Cintra + Box 4 (RJ), Kunsthalle Göppingen (Alemanha), entre outros. Vive e trabalha em Estocolmo e no Rio.
Laura Lima é formada em Filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro. Fundou em 2003, com os artistas Ernesto Neto e Márcio Botner, a galeria de arte A Gentil Carioca. Participou de exposições nacionais e internacionais, coletivas e individuais, entre elas, a 24ª e 27ª Bienal de São Paulo; 2ª e 3ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS; Instâncias To Age, Chapter Art Centre, Cardiff, País de Gales; A Little Bit of History Repeated, Kunst Werke, Berlim, Alemanha; Alegoria Barroca na Arte Contemporânea, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ; Troca Brasil PNCA, Portland Oregon, EUA; Panorama da Arte Brasileira 2001, 2007, Prêmio Aquisição; La Centrale, Montreal, Canadá; Casa França Brasil, no Rio de Janeiro, 11 Rooms, Manchester, Inglaterra.entre outras. Artista-Curadora Adjunta da 7 Bienal do Mercosul Grito e Escuta do Pavilhão Absurdo. Foi a primeira artista brasileira a ter adquiridas obras na categoria “Performance” (sic) por um Museu Brasileiro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Seu trabalho está em diversas coleções nacionais e internacionais.
Lula Buarque de Hollanda é cineasta e artista. Um dos fundadores da Conspiração Filmes, diretor dos premiados filmes “Pierre Verger: Mensageiro entre Dois Mundos” (1998), “O Mistério do Samba” (2008) e “O Vendedor de Passados”(2015). Participou também da exposição coletiva “Destricted.br” na Galeria Fortes Vilaça (2011), Loop Fair Barcelona (2014) e Cidade Matarazzo (2016). Produziu a instalação “Transbarroco” de Adriana Varejão (2015) e “The Ghost in Between” de Janaina Tschape (2014). Seu próximo filme “O Muro” tem estreia prevista para o fim de 2017.
Maria Laet realizou residência artística na Schloß Balmoral (Bad Ems, Alemanha, 2009), no Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa, 2010), e na Residency Unlimited (Nova York, 2014). Mostrou seu trabalho individualmente e participou de exposições coletivas no Rio de Janeiro, em São Paulo, Paris, Lisboa e Milão. Sua obra integra coleções como MAM, Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro; MAC Niterói; FRAC Lorraine, Metz, França; MSK, Museu de Belas Artes, Gent, Bélgica; Coleção AGI Verona, Itália; Coleção Cisneros, Patricia Phelps de Cisneros, Nova York; e MoMA, Nova York. vive e trabalha no Rio.
Mauricio Adinolfi é graduado em Filosofia na Unesp. Doutorando em Artes Visuais no I.A. Unesp/bolsista Capes. Seus estudos se desenvolvem em lugares caracterizados pela estreita relação com o rio, o mar e que enfrentam situações críticas decorrente das transformações sociais e exploração regional. São trabalhos compartilhados e instalações, realizados em parceria com barqueiros e populações litorâneas. Atualmente realiza pesquisa como artista convidado do Projeto Arte Cidade/Linha Metálica.
Nino Cais é formado em Artes Plástica pela Faculdade Santa Marcelina (FASM). Foi artista convidado da 31ª Bienal de São Paulo, com curadoria de Luis Pérez Oramas. Participou da mostra Trilhas do Desejo, que apresenta trabalhos dos selecionados no Rumos Itaú Cultural 2008-2009, na sede do Instituto, em SP. Foi premiado neste mesmo ano pelo 15º Salão da Bahia. Em 2016, realizou exposição individual na Fridman Gallery, em Nova York. Vive e trabalha em São Paulo.
Sonia Guggisberg é suíço-brasileira, nascida em São Paulo. Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP – Bolsa Fapesp) e Mestre em Artes pela Universidade Federal de Campinas. Guggisberg atua como artista e pesquisadora. Hoje se dedica ao projeto de pesquisa: Subsolo urbano e social em São Paulo apresentando questões sobre o redesenhar da cidade e de suas identidades. Já realizou 16 exposições individuais no Brasil, e expôs nos EUA, Alemanha, México, Colombia, Espanha e França. Possui obras nas no acervo do Museu Lasar Segal, Museu de Arte Contemporânea de SP, Instituto Figueiredo Ferraz entre outros.
IED: OBRAS DE REVITALIZAÇÃO
O prédio que do teatro do antigo Cassino será totalmente revitalizado, com previsão de início das obras ainda este ano, em um processo que abrangerá restauro e modernização de seu espaço para instalação do IED Lab – Centro de Inovação em Design. O antigo teatro abrigará um moderno auditório, para múltiplos usos.
O IED é uma rede internacional de onze escolas de design em três países (Itália, Espanha e Brasil), com sede em Milão. Com 1.900 professores, todos inseridos no mercado, mais de mil parcerias com empresas e instituições em todo o mundo, já formou mais de 150 mil profissionais desde a sua fundação, em 1966. O IED é uma rede de ensino que proporciona intercâmbio de culturas e de constante aprimoramento do saber. “Saber é saber fazer” é a proposta que projetou a instituição, em seus mais de 50 anos de atividade, como centro de propostas inovadoras em design.
DOKA_ na Virgilio, São Paulo
Orientação do fotógrafo Marcelo Greco resulta em mostra "DOKA_”, com livros de artista e cerca de 80 trabalhos inéditos de grupo de oito fotógrafos na galeria paulistana.
A Galeria Virgilio inaugura no dia 5 de setembro, terça-feira, às 19:30, a mostra coletiva de fotografia DOKA_, com livros de autor e 80 obras de oito fotógrafos do grupo formado por alunos e egressos do curso “Fotografia Autoral”, ministrado por Marcelo Greco no Museu de Arte Moderna de São Paulo. São eles: Alex Fernandez, Ciça Calasans, Luciana Dal Rii, Paola Vianna, Paula Carpi, Re’gis de Gasperi, Selma Perez e Vicente de Carvalho.
O nome “DOKA_” vem do holandês “donker kammer” [“câmara escura” em português], um índice da influência da passagem de Machiel Botman, artista com quem o professor Marcelo Greco promove eventuais intercâmbios culturais. O apreço pela construção de narrativas poéticas, calcadas na literatura, a partir do uso da fotografia e seus processos, são marcas distintivas do curso semestral, ministrado há 12 anos no museu paulista.
Nas salas da galeria são apresentados conjuntos com ampliações de dimensões variadas de obras de todos os artistas, ora também alçados à condição de autores, tendo em vista que alguns deles apresentam livros de artista artesanais, além dos trabalhos fotográficos inéditos.
“Procuro promover aproximações entre a literatura e a produção de imagens a partir da técnica fotográfica para que cada um dos alunos desenvolva sua ‘escrita’ individual e, por conseguinte, sua própria narrativa visual”, arremata Marcelo Greco ao ver seus alunos promoverem a iniciativa.
Grupo “DOKA_” e seus membros: Reunidos sob o nome de “DOKA_”, os membros do grupo vêm de formações bastante heterogêneas. Alex Fernandez (1963) é fluminense, ex-membro das Forças Armadas, e desenvolve um trabalho em torno da representação do espaço na série “Souvenir”, com 9 fotografias. Ciça Calasans (1973) é baiana, diretora de arte, e na instalação e livro “Sobre.voo” expressa seus conflitos sobre o pertencimento e o desapego. Exibe também o fotografias da série “Das Metades”. Luciana Dal Rii (1984), artista paranaense, expõe sua narrativa de sensações orgásticas em uma sanfona com 13 imagens chamada "A Pequena Morte". Paola Vianna (1983), tem carreira em fotografia publicitária, e exibe 9 obras da série "Entre Chiens et Loups" ["Entre Cães e Lobos" em português], sobre a fragilidade e a vulnerabilidade da vida. Paula Carpi (1988) paulistana, recém-radicada em Florianópolis, fotógrafa de família, dá luz a série e livro “Frágil” com 11 obras. Re’gis de Gasperi (1974) é advogado e exibe 14 fotos da série “70x7” e um recorte de 6 de “Thereafter”. Selma Perez (1969) é roteirista e montadora de filmes e nos 13 trabalhos da série “Andar o Tempo” retrata um universo íntimo que traz a tensão entre o desejo e a impossibilidade de reter o presente. E Vicente de Carvalho (1944), por fim, é médico, e fotógrafo nas horas vagas, e participa da coletiva com 5 obras da série "Vazantes" e 4 de "Percursos".
setembro 3, 2017
Lin Lima na Portas Vilaseca, Rio de Janeiro
Leituras, rabiscos, anotações e cochilos desenham a exposição do artista plástico
Lin Lima abre sua décima exposição individual com uma inquietante sequência de obras que remetem à mobilidade e imobilidade de nossos dias. Em 100 horas, a matéria prima é o tempo, aquele que se considera perdido entre as idas e vindas no trânsito de uma grande cidade.
O artista - que soma mais de 50 coletivas e trabalhos expostos na França, Suíça e Colômbia – realiza sua primeira parceria com a crítica de arte e curadora da exposição, Daniela Name.
A partir de 05 de setembro, o público poderá conferir o resultado da pesquisa que mescla o caos e o universo onírico das viagens de ônibus entre a cidade de Niterói à Zona Oeste do Rio, em desenhos que fazem referência a pequenos devaneios de Lin durante os cochilos que tirou ao longo de seu percurso. A exibição fica até outubro na Portas Vilaseca Galeria, que acolhe e representa Lin Lima pela segunda vez.
"Em 100 horas, Lin Lima expande a ideia de desenho para pensar as cartografias e mobilidades em uma cidade. É uma mostra que trata de movimento, mas também de nossa dificuldade para sair de nosso lugar de origem, nossa imobilidade. Nesse conjunto de trabalhos, Lin explora o desenho como uma reflexão sobre o lugar que ocupamos no mundo, índice de uma cartografia subjetiva e imaginária que construímos dia após dia", diz Daniela Name.
Lin conta que a ideia do novo projeto surgiu quando viu, pela janela do ônibus, um homem, puxando um “burrinho sem rabo”, pedir passagem ao motorista do BRT. “Bem-humorado, o senhor que aparentava ter por volta de 60 anos, sorrindo, pedia uma forcinha para o colega de cargas. Ao sinal do motorista, atravessou correndo com seu carrinho em meio ao caos do trânsito do subúrbio carioca. Poucos minutos depois, em outro sinal, deparei-me com uma academia, onde pessoas mal-humoradas e carrancudas “caminhavam” em suas esteiras, algumas olhando impacientes para o relógio, contando os minutos para sair daquele sofrimento... Esse contraste, aliado ao fato de eu já ter calculado meu tempo mensal de 100 horas em trânsito, levou-me à peça central da exposição, que também dialoga com nosso atual momento político, caduco e polarizado".
Daniela Name completa: “Creio que as pessoas que vierem visitar a exposição vão achar que estão vendo um outro Lin Lima. Mas é o mesmo artista, apenas apresentando novas potências das inquietudes que norteiam o seu trabalho".
setembro 1, 2017
Athena Contemporânea apresenta duas exposições do artista Matheus Rocha Pitta no Rio de Janeiro
Partindo de um arquivo de imagens de protestos, que varreram o mundo todo, as mostras realizadas pela galeria Athena Contemporânea, tanto em seu espaço como em uma casa na Glória, trazem à tona questões atuais e sugerem uma reflexão sobre os novos tempos.
O artista visual Matheus Rocha Pitta coleciona desde a adolescência uma série de recortes de jornais, em um arquivo que hoje tem cerca de 10 mil imagens. Uma seleção desse arquivo, com fotos sobre as manifestações que ocorreram em diversas cidades do Brasil, foi o ponto de partida para as exposições The Fool’s Year, que o artista inaugura no dia 5 de setembro, na galeria Athena Contemporânea, e O Reino do Céu, no dia 9 de setembro, em uma casa no bairro da Glória. “As duas mostras tratam de questões urgentes e trazem uma reflexão sobre os acontecimentos atuais”, diz Matheus Rocha Pitta.
THE FOOL´S YEAR
Na galeria Athena Contemporânea, será apresentada uma única instalação, que dá nome à mostra. A obra é um grande calendário, com 365 dias, onde, no lugar de cada dia, há uma foto de jornal de manifestantes com cartazes ou bandeiras. O artista substituiu as demandas politicas pela data 1o de abril, repetindo esse mesmo dia em todo o calendário. “O 1o de abril não é só o dia da mentira, mas sim o dia em que a verdade e a mentira se confundem. Se vivemos no tempo da pós-verdade então habitamos um eterno primeiro de abril”, afirma o artista. O calendário foi mostrado em Berlin, onde Matheus passou um ano na residência Kunstlerhaus Bethanien. O dia da mentira em inglês se chama “Fool’s Day”, portanto, o calendário, realizado em Berlin, se chama “Fool’s Year”. A mostra será acompanhada de um texto da crítica de arte Luisa Duarte.
O REINO DO CÉU
Num galpão no bairro da Glória, uma igreja é montada: “O Reino do Céu”, ambiente onde imagens de gás lacrimogênio lançados sobre civis são articuladas em torno de um vocabulário cristão, tais como uma cruz e uma pia batismal. “O público é convidado a percorrer a instalação, que tem um caráter imersivo, semelhante a um caminhar nas nuvens”, afirma. Rocha Pitta faz uma comparação entre as nuvens da iconografia cristã com as nuvens de gás das policias de todo o mundo. “Descontextualizadas, a articulação das imagens no ambiente da igreja apontam pra uma leitura perturbadora do nosso cenário politico”, ressalta. A mostra será acompanhada de um texto do crítico de arte Ulisses Carrilho.
Matheus Rocha Pitta nasceu em Tiradentes, Minas Gerais, em 1980. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Aos Vencedores as Batatas”, no Kunstlerhaus Bethaniene, e “The Fool’s Year”, no SOX, ambas em Berlim, Alemanha, este ano; “Golpe de Graça”, na Casa França-Brasil, em 2016; a mostra na Fondazione Morra Greco, em Nápoles, Itália, em 2013; “Dois Reais”, no Paço Imperial, em 2012; “Galeria de Valores”, no CCBB Rio, e “Olho de Peixe”, no Oi Futuro, ambas em 2010, entre outras.
Dentre as exposições coletivas estão “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, no Museu da Cidade | OCA, em São Paulo, este ano; “What Separate Us”, na Sala Brasil, em Londres, “A Queda do Céu”, no Sesc Rio Preto e “Ao Amor do Público”, no Museu de Arte do Rio, ambas em 2016; “Quarta-feira de Cinzas”, na EAV Parque Lage, “A Queda do Céu”, no Paço das Artes, em São Paulo, “Do Valongo à Favela”, no Museu de Arte do Rio e “Alimentário”, no Museu da Cidade | OCA - São Paulo, ambas em 2015; “Bienal de Taipei: The Great Acceleration | Art In The Anthopocene”, no Museu de Belas Artes de Taipei, “Medos Modernos”, no Instituto Tomie Ohtake, “Prêmio Arte e Patrimônio”, no Paço Imperial, “Cães Sem Plumas”, no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, em Recife, e “140 Caracteres”, no MAM São Paulo, ambas em 2014, entre outras.
Nuno Ramos na Anita Schwartz , Rio de Janeiro
O múltiplo artista mostra pela vez na cidade uma série de pinturas em grande formato, feitas com vaselina, cera de abelha, pigmentos, tinta a óleo e outros materiais, com a técnica encáustica (a quente), que retoma depois de vinte anos. É a primeira exposição na galeria desde “O globo da morte de tudo”, em 2012.
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 5 de setembro próximo a exposição Grito e Paisagem, de Nuno Ramos (1960, São Paulo), um dos mais celebrados artistas da cena contemporânea, com pinturas e desenhos inéditos e recentes, em grande formato. A mostra reúne no grande espaço térreo quatro pinturas com 1,85m de altura e 2,75m de largura, e profundidade em torno de 30 centímetros. A quinta pintura é maior, com 2,75 de altura e 3,70m de largura. Todas são feitas com vaselina, cera de abelha, pigmentos, tinta a óleo, tecidos, plásticos e metais sobre madeira.
Esta é a primeira vez que Nuno Ramos mostra no Rio de Janeiro suas pinturas com vaselina e tinta a óleo, em encáustica – técnica milenar de mistura a quente de pigmentos e cera – pesquisa que o destacou no cenário da arte nos anos 1980, e que abandonou no final da década seguinte. A partir de então, a produção de pintura do artista foi dedicada a seus “relevos”, imensas massas de materiais diversos que se lançavam para fora do suporte em uma profundidade de até quatro metros – que pode ser vista na premiada individual “Mar Morto”, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2009.
Há três anos, a pintura voltou a ocupar o centro de seu interesse. Nuno Ramos retomou seu trabalho com encáustica e óleo. O resultado esteve em cinco pinturas mostradas na individual “Houyhnhnms”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2015. Este processo se deu em continuidade a sua pesquisa da dádiva, da oferenda, da troca, existente em sociedades primitivas, que caracterizou a exposição "Um ensaio sobre a dádiva", na Fundação Iberê Camargo em 2014, e que também permeou sua exposição “O globo da morte de tudo”, realizada junto com o artista e parceiro Eduardo Climachauska, na Anita Schwartz Galeria de Arte, em 2012. “Comecei a fazer um sistema de trocas entre as duas pinturas, a com vaselina, parafina e tinta a óleo, e os relevos”, conta Nuno. “A pintura vinha pedindo para habitar de novo”.
Os trabalhos atuais, nos quais está mergulhado desde dezembro do ano passado, “são muito diferentes dos quadros originais, dos anos 1980”, mas retomam em alguma medida essa espécie de “pântano de origem, um território onde as coisas afundam ou emergem, que me caracteriza desde o início e ao qual de alguma foram ainda sou fiel", diz. “Agora tem muito mais cor. A outra pintura era mais monocromática, diferenciando-se apenas pela matéria e pelos objetos incluídos. As atuais são já diferenciadas desde o início, dada a presença da cor. Por isso, de alguma forma, apesar de bastante caóticas, parecem talvez mais organizadas”. As camadas sucessivas de massa pictórica chegam a pesar 300 quilos, e Nuno utiliza às vezes uma vassoura como unidade de pincelada dessa massa que atinge até 30 centímetros de profundidade, a que acrescenta outros elementos como metais, plásticos e tecidos. “Tem algo de uma paisagem literal, feita mesmo de matéria, uma exacerbação da matéria que precisa virar som, virar onda, grito, meio como ‘O Grito’ de Munch”, explica, se referindo à icônica obra do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). "Na verdade, talvez pudesse caracterizar meu trabalho como um todo como uma tentativa obsessiva para surpreender essa transformação da matéria em sentido, ou da paisagem em grito – por isso gostei tanto do título de Ungaretti."
O título da exposição, “Grito e Paisagem”, faz referência à obra do poeta Giuseppe Ungaretti (1888-1970), um dos mais importantes do século 20. Filho de italianos, nasceu em Alexandria, no Egito, e lecionou na USP entre 1936 a 1942, tendo convivido com grandes intelectuais brasileiros da época. Foi em São Paulo que Ungaretti perdeu um filho de oito anos, em decorrência de apendicite, dor manifestada em alguns de seus lancinantes poemas. Em 1952, Ungaretti publicou “Un grido e paesaggi” (“Um grito e paisagens”, com ensaio de Piero Bigongiari e desenhos de Giorgio Morandi, Editora Schwarz, Milão).
"Adeus, cavalo", o livro de ficção que Nuno Ramos lança em agosto, pela Editora Iluminuras, tem Ungaretti como personagem, ao lado de Procópio Ferreira e Nelson Cavaquinho.
Para o artista, sua produção atual representa um momento de convívio com uma questão original de todo o seu trabalho. Esta exposição na Anita Schwartz Galeria de Arte contrasta com a realizada no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, em 2016, “O direito à preguiça”, “que era mais política, atual, ardida”. “Estou vendo o que faço com a pintura, essa substância que sempre esteve em mim, e que estou recuperando, mexendo neste pântano, nesta matéria verdadeira e antiga para mim”, diz. Nuno Ramos conta que este processo o tem deixado “loucamente alegre”. “A maior vingança, todo mundo sabe, é a alegria”, afirma.
DESENHOS
Nuno Ramos destaca que nos últimos dez anos continuou desenhando muito, mas que este é um processo “espontâneo e muito rápido” – “de 3 a 10 minutos” – muito diferente do tempo despendido em uma pintura. No segundo andar expositivo da galeria estarão desenhos da série “Rocha de gritos” (2017), em pastel, grafite e carvão sobre papel, também em grande formato. O nome da série vem de um verso de Ungaretti: "A vida mais não é,/ Detida no fundo da garganta,/ Que uma rocha de gritos" ("Tudo Perdi", na publicação “Daquela Estrela à Outra”, tradução de Haroldo de Campos e Aurora F. Bernardini, Editora Ateliê Editorial, 2004).
SOBRE NUNO RAMOS
Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico e escritor, participou de várias bienais, como a de Veneza, em 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das edições de 1985, 1989, 1994 e 2010 da Bienal Internacional de São Paulo. Também integrou a 5ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, em 2005, e a 2ª Bienal de La Habana, Havana, em 1989. Outras mostras coletivas de destaque são em “Moving – Norman Foster on Art”, no Carré d’Art Museum, Nîmes, França, em 2013, e “First Escape and Rescue Plan for the Rhine-Main Region”, na Künstlerhaus Mousonturm, em Frankfurt, Alemanha, em 2014.
Entre suas exposições individuais, destacam-se “Morte das Casas”, Centro Cultural Banco do Brasil (2004); “Nuno Ramos”, Instituto Cultural Tomie Ohtake (2006); “Mar Morto”, Galeria Anita Schwarz, Rio de Janeiro (2009), ganhadora do Prêmio Bravo! – Melhor exposição do ano; “Fruto Estranho”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2010); “O globo da morte de tudo”, em parceria com Eduardo Climachauska, na Galeria Anita Schwartz, no Rio de Janeiro e “3 Lamas (Ai, pareciam eternas!)”, na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte, em 2012; “Ensaio Sobre a Dádiva”, na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, em 2014; e “Houyhnhnms”, na Estação Pinacoteca em São Paulo, em 2015.
Ganhou diversos prêmios, incluindo o Grand Award (pelo conjunto da obra) – da Barnett Newmann Foundation (2007). Ganhou, como escritor, os Prêmios Portugal Telecom dos anos 2009 (pelo livro "Ó", Melhor livro do ano) e 2012 (pelo livro "Junco", Melhor livro de Poesia).
Publicou em 1993 o livro “Cujo”, pela Editora 34; “Minha Fantasma” (edição de autor, 2000); “O Pão do Corvo” (Editora 34, 2001); “Ensaio Geral” (Editora Globo, 2008); “Ó” (Editora Iluminuras, 2009), ganhador do Prêmio Portugal Telecom de Literatura; “O Mau Vidraceiro” (Editora Globo, 2010); “Nuno Ramos” (Editora Cobogó, 2011); “Junco” (Editora Iluminuras, 2011); e “Sermões” (Editora Iluminuras, 2015).
Podemos encontrar ainda em sua produção gravuras, pinturas, fotografias, instalações, vídeos e canções.