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julho 30, 2017
Iran do Espírito Santo na Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo
Iran do Espírito Santo apresenta uma inédita série de desenhos no segundo andar da Fortes D’Aloia & Gabriel. Não escondido, mas despercebido traz doze trabalhos com lápis e guache sobre fotogramas que representam objetos de uso cotidiano em formas concisas. Fechadura, cartão de crédito, tomada e lâmina de estilete são alguns deles, a maioria reproduzida em escala real.
O desenho é prática constante na carreira de Iran do Espírito Santo, influenciando inclusive suas esculturas e instalações de grande escala. A simplicidade das linhas relaciona-se à sua busca pela síntese das formas, de modo que possa explorar a relação entre o objeto real e sua idealização platônica. A fotografia, por sua vez, remete à sua experiência como assistente de laboratório, ainda na adolescência. Esta nova série, portanto, dá continuidade a esses exercícios, ao mesmo tempo que oferece novas narrativas.
Os elementos que Iran elegeu representar pertencem todos a um ambiente doméstico, mas que podem ser lidos também como signos de segurança, fixação, controle. O processo mecânico da fotografia se faz presente na superfície negra e uniforme do fotograma, contrastando com o gesto do desenho. A composição das formas é precisa, mas as variações sutis denotam sua fatura manual, seja com o lápis de grafite, o lápis prateado ou o guache.
Iran do Espírito Santo nasceu em Mococa (SP) em 1963 e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Suas exposições individuais incluem: OMI International Arts Center, Ghent (EUA, 2016), Public Art Fund, Nova York (EUA, 2013); Capela do Morumbi, São Paulo (2013); Estação Pinacoteca, São Paulo (2007); IMMA, Dublin (Irlanda, 2006); MAXXI, Roma (Itália, 2006); Museo de Arte Carrillo Gil, Cidade do México (México, 2004). O artista já participou das seguintes bienais: Bienal do Mercosul (2009 e 2005), Bienal de São Paulo (2008 e 1987), Bienal de Veneza (2007 e 1999), Bienal de Montreal (2007) e Bienal de Istambul (2000). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como MoMA (Nova York), SFMOMA (San Francisco), Cifo (Miami), MACBA (Barcelona), TBA21 (Viena), The Israel Museum (Jerusalém), Inhotim (Brumadinho), MAM (São Paulo), MAM (Rio de Janeiro), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), MAC-USP (São Paulo), entre outras.
Alair Gomes e Robert Mapplethorpe na Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo
A exposição Alair Gomes e Robert Mapplethorpe na Fortes D’Aloia & Gabriel traz uma aproximação inédita entre a obra de Alair Gomes (1921–1992) e de Robert Mapplethorpe (1946–1989). Esta é a terceira exposição de Mapplethorpe na Galeria e a primeira em que o trabalho do célebre fotógrafo americano é visto lado a lado de um artista brasileiro.
O ponto de partida deste diálogo é o desejo – compartilhado por ambos os artistas em textos e entrevistas – de fazer presente em suas obras a experiência de transcendência do sexo. A exposição explora essa relação através do olhar que busca no corpo a perfeição da escultura clássica; na noção de teatralidade presente em Mapplethorpe em oposição ao corpo natural de Gomes; e finalmente na praia como um lugar idealizado do prazer, retratada por ambos os artistas. Dessa forma, os trabalhos são intercalados formando grupos temáticos, sem uma ordem cronológica. Embora as fotografias apresentadas partam de um período próximo, do final da década de 1970 ao início dos anos 1980, essa aproximação é também capaz de marcar algumas diferenças fundamentais entre a produção dos dois. É curioso notar, por exemplo, que enquanto Mapplethorpe nomeia seus personagens, não apenas mostrando seus rostos, mas emprestando-lhes status de celebridade, Gomes opta pelo anonimato total.
Ao longo da maior parede da Galeria, um grupo heterogêneo de imagens de Mapplethorpe trata a praia como um lugar de hedonismo e prazer. O corpo parece integrar-se à paisagem em poses que imitam relevos, fotografados à luz do sol. Outras fotos menos conhecidas revelam o olhar do artista sobre a paisagem crua. Essas imagens são intercaladas com as Sonatinas, Four Feet (1970–1980) de Alair Gomes, realizadas com uma teleobjetiva da janela de seu apartamento em Ipanema. Embora conceda um alcance maior, o uso dessa lente reduz a nitidez das imagens, de modo que as Sonatinas privilegiam a composição geométrica dos corpos em relação à textura contrastada da areia e aos instrumentos de ginástica. O olhar distante procura na ação espontânea uma estrutura geométrica rígida, ao mesmo tempo em que explicita códigos não falados de representação da masculinidade, da interação e da intimidade entre dois homens em público.
Ao fundo da Galeria, fotos de estúdio de Mapplethorpe retratam partes do corpo em recortes precisos, cuidadosamente posados e iluminados com objetivo de realçar suas qualidades escultóricas – volume, peso e superfície estão em evidência. O corpo da fisiculturista Lisa Lyon se mistura aos nus masculinos dessa sequência, denotando a preocupação do artista nas questões de representação de gênero. Ao lado dessas imagens, aparecem os Beach Triptychs (c. 1980) de Gomes que, apesar de sua natureza espontânea, do momento captado sem pose, traduzem a mesma preocupação com a representação clássica de um corpo-escultura.
Um terceiro grupo une imagens de S&M de Mapplethorpe (como Leather Crotch e Frank Diaz, ambas de 1980) com outras onde papéis masculinos e questões de raça são evidenciados por vestimentas. Hooded Man (1980) mostra um homem negro totalmente pelado usando apenas um capuz, numa alusão ao KKK. Esse grupo aparece lado a lado da obra Sonatinas, Four Feet nº 32, talvez a mais explicitamente homoerótica da série.
Robert Mapplethorpe (Nova York, EUA, 1946 – Boston, EUA, 1989) é um dos artistas americanos mais importantes do século XX. Sua produção, catalogada e organizada ainda durante sua vida, continua sendo vista e reexaminada à luz das discussões contemporâneas de gênero. Com o apoio da Robert Mapplethorpe Foundation, criada em 1988, sua obra tem sido tema de retrospectivas em diversas instituições. Destacam-se suas exposições recentes em: Kunsthal Rotterdam (Roterdã, 2017), LACMA (Los Angeles, 2016), Montreal Museum of Fine Arts (Montreal, 2016), Art Gallery of New South Wales (Sydney, 2016); Kiasma Museum (Helsinki, Finlândia, 2015), Bowes Museum (Durham, Reino Unido, 2015), Tate Modern (Londres, 2014), Grand Palais (Paris, 2014). Mapplethorpe está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, entre as quais: MoMA (Nova York), Solomon R. Guggenheim Museum (Nova York), Metropolitan Museum of Art (Nova York), Whitney Museum of Modern Art (Nova York), SFMoMA (San Francisco), Tate (Londres), National Portrait Gallery (Londres), Centre Georges Pompidou (Paris), Stedelijk Museum (Amsterdã), Museum of Contemporary Art (Tóquio).
Alair Gomes (Valença, Brasil, 1921 – Rio de Janeiro, Brasil, 1992), apesar de celebrado por um público seleto, permanece pouco conhecido e estudado, tanto no Brasil quanto fora. Sua obra tem sido resgatada aos poucos, especialmente desde o sucesso de sua exposição na Fondation Cartier, Paris, em 2001. Suas exposições recentes incluem: Young Male, Casa Triângulo (São Paulo, 2016), Muito Prazer, Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro, 2016), Percursos, Caixa Cultural (São Paulo, 2015), 30. Bienal de São Paulo (2012), A New Sentimental Journey, Maison Européenne de la Photographie (Paris, 2009).
Mariannita Luzzati na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Artista apresentará na Galeria Marcelo Guarnieri pinturas, desenhos e vídeos inéditos, que refletem sobre os fluxos migratórios, de pessoas e paisagens
A Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, inaugura no dia 3 de agosto a exposição Mariannita Luzzati – Migrantes, com sete obras inéditas da artista, sendo dois filmes, duas pinturas e quatro desenhos, que refletem sobre a paisagem e os fluxos migratórios. As obras, que foram produzidas em 2016 e 2017, se relacionam entre si. O trabalho atual de Mariannita Luzzati tem sido realizado a partir da pesquisa sobre o movimento constante de migração de plantas que se infiltram em novas paisagens e estabelece uma relação com o fluxo de pessoas que migram por necessidade ou por vontade própria, causando mudanças sociais e culturais nesses cenários.
O ponto de partida da exposição é o filme “Migrantes” (2016), que dá nome à exposição e revela através da paisagem o processo de colonização do Brasil por Portugal durante a expansão marítima. O filme, que mistura paisagens reais e imaginárias (desenhos feitos pela artista), reflete sobre o processo de mudanças e interferências que este fluxo gerou. Ao lado dele, estará um outro filme, que trata sobre o tema da migração e deslocamento da paisagem. “São filmes que fiz de paisagens reais que entram em fusão com paisagens imaginárias que construí (pinturas e desenhos)”, explica a artista.
Na exposição os filmes estarão em diálogo com duas pinturas em grande dimensão (óleo sobre tela) e cinco desenhos (lápis sobre papel). Todos esses trabalhos se relacionam com a sua pesquise anterior, que pensa em uma “restauração” da paisagem, para retorna-las ao seu estado “natural”. A vontade de restauração de que trata Mariannita diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de cores rebaixadas que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de “nublar” os elementos da cena. Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se centenas de camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha.
Os desenhos se comportam de maneira parecida. São feitos com lápis de cor, material rudimentar que carrega consigo o registro da infância, um registro de leveza e ingenuidade. Tal delicadeza, no entanto, precisa negociar com a dureza da ferramenta: o lápis, ao pintar o papel, evidencia as imperfeições de sua superfície e torna grosso o que seria liso. É do mesmo tipo de troca de que se trata, cor e forma: enquanto uma se constrói, a outra se desmancha.
Mariannita Luzzati, 1963. Vive e trabalha em São Paulo e Londres. Dentre as exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas.
Suas obras constam em importantes coleções nacionais e internacionais, dentre as quais a Fundação Itaú Cultural de São Paulo; a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; a Fundação Cultural de Curitiba; a Fundação Padre Anchieta – TV Cultura em São Paulo; o Museu de Arte de Brasília; o Machida City Museum of Graphic Arts em Tóquio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza; Instituto Figueiredo Ferraz em Ribeirão Preto; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone na Itália; British Museum de Londres; Essex Collection em Colcherter na Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc de Londres; Teodore Goddard, em Jersey e Pearson plc, em Nova York.
julho 28, 2017
Cristina Suzuki na Adelina, São Paulo
A partir do dia 1º de agosto, a Adelina Galeria recebe duas novas individuais de artistas representados: The Empty Project, com curadoria de Rodrigo Alonso, é a primeira exposição do argentino Claudio Roncoli no Brasil; Cristina Suzuki apresenta Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas, com curadoria de Ananda Carvalho.
a individual Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas tem como origem a experimentação de Cristina Suzuki no Instagram com o projeto Imprinting (iniciado em 2013). Suzuki começou a explorar a rede social por meio de publicações de projetos com simulações digitais elaboradas para instalações em galerias, museus e outros espaços culturais que possuem alguma espécie de edital de seleção. Ela percebeu que isso causou impacto nos seus seguidores, gerando dúvida sobre o que era ou não real.
Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas discute a qualidade das relações e informações nas redes sociais, mas, principalmente, permite que Suzuki debata o circuito de artes, a validação do artista e o valor de sua obra. Para isso, além de 10 imagens de obras extraídas do seu Instagram, Suzuki também traz uma vídeo-instalação onde brinca com a questão do real e o imaginário.
“A exposição Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas procura refletir sobre os processos de reprodutibilidade na arte e suas possibilidades de pulverizá-la. É na repetição do gesto criador de sistemas que as proposições de Cristina acontecem. A exposição não se detém na materialidade (em que as paredes são pintadas com tinta) ou na veridicidade dos fatos (se os trabalhos publicados no Instagram realmente aconteceram); ela busca colocar em evidência o gesto artístico para propor discussões que vão além de questões formais e estéticas”, contextualiza a curadora.
As exposições terão também uma programação paralela, que inclui conversas com os artistas, curadores e uma oficina com Claudio Roncoli. A partir desse ciclo de mostras, a Adelina Galeria passa a contar também com agendamento de visitas para grupos. As informações estão detalhadas no serviço abaixo.
Cristina Suzuki (São Paulo, 1967) é artista visual, formada em Artes Plásticas pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila (Santo André) em 1990. Já participou de exposições coletivas e individuais em vários estados brasileiros, entre elas, Salão de Arte Contemporânea de Santo André (2016), Edital de ocupação espaços SESI – Suzano (2016), Programa de Exposições Museu de Arte de Goiânia (2015), Programa Anual de Exposições MARP – Ribeirão Preto, SP (2009), Arte Pará e VIII Bienal do Recôncavo (2006). Possui obras nos acervos da Pinacoteca de São Bernardo do Campo, Prefeitura de Santo André e Centro Cultural Victor Brecheret.
Ananda Carvalho (São José dos Campos, 1979) é curadora, crítica de arte e Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (com pesquisa sobre os procedimentos curatoriais em exposições de arte contemporânea). Desde 2009, escreve, pesquisa e produz curadorias de exposições de arte contemporânea. Entre suas curadorias, destacam-se o projeto Instauração (Sesc Belenzinho, 2017), as exposições Em suas Marcas (Espaço Galeria SESI-SP, 2016), toque-me (Funarte Brasília, 2015) e Performatividade|Memória (Paço das Artes, 2014). Desenvolve acompanhamento crítico de projetos como A HISTÓRIA DA _RTE (Rumos Itaú Cultural, 2016-2017) e Tempestade (PROAC Artes Integradas, 2016). Desde 2013, ministra cursos sobre curadoria, processos de criação, projetos e portfólios em diversas cidades brasileiras.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Bate-papo artista e curadora: Cristina Suzuki e Ananda Carvalho
26 de agosto, sábado, às 16h
Vagas: 30
VISITAS EDUCATIVAS
As visitas educativas estimulam a reflexão crítica por meio da arte. Cada visita propõe um diálogo entre os temas abordados nas exposições em cartaz e as experiências particulares dos visitantes, com conteúdos desenvolvidos para escolas, terceira idade e público em geral.
As visitas mediadas são gratuitas e podem ser realizadas para grupos de até 15 pessoas, com duração média de 1h.
Agendamento de grupos: Para agendar uma visita em grupo, basta ligar para 11-3868-0050 ou enviar um e-mail para oi@adelinagaleria.com.br, com as seguintes informações:
- Data e horário da visita
- Número de pessoas do grupo
- Nome do responsável pelo grupo
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas e entender a educação como um pilar fundamental de seu propósito, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado e dirigido pelo empresário Fabio Luchetti, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.
Claudio Roncoli na Adelina, São Paulo
A partir do dia 1º de agosto, a Adelina Galeria recebe duas novas individuais de artistas representados: The Empty Project, com curadoria de Rodrigo Alonso, é a primeira exposição do argentino Claudio Roncoli no Brasil; Cristina Suzuki apresenta Fig. 1 e Fig. 1 espelhada alternadas, com curadoria de Ananda Carvalho.
Na individual The Empty Project, fruto de sua investigação sobre a cultura urbana (projeto iniciado em 2015), Claudio Roncoli nos convida a refletir sobre o nosso ambiente imediato, abordando o vazio de uma época caracterizada pelos excessos. O projeto se desenvolve a partir da abstração de símbolos de marcas comerciais que inundam as grandes cidades com sua presença, em um processo de limpeza de referências textuais para se centrar nas suas cores e formas que monopolizam a nossa atenção.
“Para uma pessoa oriunda de Buenos Aires – uma cidade de inegável tradição europeia – a lógica metropolitana dos Estados Unidos, com suas grandes distâncias e o protagonismo do automóvel, não é tão simples de assimilar. Porém, as diferenças mais notáveis não são de estrutura, mas de organização, explica Rodrigo Alonso, curador da exposição.
“Na Argentina, quando se aproxima uma cidade, os sinais de trânsito orientam para a praça central, que geralmente está rodeado por edifícios comunitários, como uma prefeitura, uma escola ou uma igreja. Nos Estados Unidos, no entanto, percebe-se que se aproxima de uma cidade quando se detecta os cartazes publicitários de certas empresas de consumo’”, refere-se o Roncoli.
As exposições terão também uma programação paralela, que inclui conversas com os artistas, curadores e uma oficina com Claudio Roncoli. A partir desse ciclo de mostras, a Adelina Galeria passa a contar também com agendamento de visitas para grupos. As informações estão detalhadas no serviço abaixo.
Claudio Roncoli (Buenos Aires, 1971) se graduou na Escola Nacional Argentina de Belas Artes Prilidiano Pueyrredón em 1995. Atualmente, vive e trabalha em Miami como artista residente da Bakehouse Art Complex. Em 2016, recebeu apoio da National Endowment for the Arts, na Flórida. Em 2015, Roncoli foi nomeado o artista oficial da 16ª Entrega Anual do Grammy Latino. Já participou de exposições individuais e coletivas na América Latina, Estados Unidos, Europa e Korea.
Rodrigo Alonso (Buenos Aires) é Mestre em Teoria da Arte especializado em arte contemporânea e novos meios. Pesquisador e teórico no campo da arte tecnologia e da performance, é referência da história e presente desta produção na América Latina. Publicou numerosos ensaios e livros sobre o tema. Como curador independente, organizou exposições em diferentes partes do mundo; entre suas exposições recentes se encontram: Ver para no creer (Paris, 2014), Transitio_MX (México, 2013), Pop, realismos y política. Brasil/Argentina 1960s (Buenos Aires, Rio de Janeiro, 2012), Arqueologías a destiempo (Santiago de Chile, 2012), Situating No-Land (Filadelfia, 2011), Relatos de resistencia y cambio (Frankfurt, 2010). Em 2011, foi curador do Pavilhão Argentino da 54ª Bienal de Veneza. É professor universitário de graduação e pós-graduação e assessor de fundações artísticas internacionais.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
Bate-papo artista e curador: Claudio Roncoli e Rodrigo Alonso
5 de agosto, sábado, às 16h
Vagas: 30
Collage + Rock: oficina de colagem com Claudio Roncoli
12 de agosto, sábado, das 15h às 17h
Local: Ateliê Adelina
Vagas: 30
Faixa etária: dos 12 aos 99 anos
Materiais: todos os materiais necessários serão fornecidos pela Adelina Galeria.
Importante: Inscrições até 10/08. O mínimo para realização da oficina é de 10 pessoas.
VISITAS EDUCATIVAS
As visitas educativas estimulam a reflexão crítica por meio da arte. Cada visita propõe um diálogo entre os temas abordados nas exposições em cartaz e as experiências particulares dos visitantes, com conteúdos desenvolvidos para escolas, terceira idade e público em geral.
As visitas mediadas são gratuitas e podem ser realizadas para grupos de até 15 pessoas, com duração média de 1h.
Agendamento de grupos: Para agendar uma visita em grupo, basta ligar para 11-3868-0050 ou enviar um e-mail para oi@adelinagaleria.com.br, com as seguintes informações:
- Data e horário da visita
- Número de pessoas do grupo
- Nome do responsável pelo grupo
A Adelina Galeria, inaugurada em abril de 2017, nasceu como um espaço para comercializar, produzir, conviver, pesquisar e falar sobre arte contemporânea, buscando ampliar seus diálogos, suas possibilidades e seus públicos. Para isso, muitas são as relações com as quais a galeria se compromete a ativar, cultivar e transformar.
Como recorte, a Adelina Galeria representa e trabalha com artistas vinculados à América Latina. Além de propor uma relação mais próxima com os artistas e entender a educação como um pilar fundamental de seu propósito, a galeria busca firmar parcerias de diversos perfis no bairro, reforçando o conceito de território que baseou a sua criação. O espaço, idealizado e dirigido pelo empresário Fabio Luchetti, está localizado em Perdizes, bairro sem tradição de galerias de arte e, por isso mesmo, um bom lugar para se estar e abrir novos circuitos para a arte na cidade.
julho 26, 2017
Limiares no Paço Imperial, Rio de Janeiro
L I M I A R E S - Exposição que reúne os trabalhos dos artistas e curadores dos cursos Imersões Poéticas e Imersões Curatoriais
Uma exposição coletiva;
Uma exposição de resistência;
Uma exposição sobre travessias, ficções, insurgências, bordas e limiares.
Escola sem Sítio e Paço Imperial convidam para LIMIARES, exposição localizada na Praça dos Arcos, andar térreo do Paço Imperial, cuja abertura acontecerá no dia 29 de julho, a partir das 15 horas.
Limiares resulta do trabalho realizado em dois cursos concomitantes voltados para a formação de artistas e curadores. Do curso Imersões Poéticas, doze artistas foram convidadas a participar da exposição, enquanto no curso Imersões Curatoriais, vinte e três alunos refletiram sobre a prática curatorial construindo um projeto de exposição.
Gerou-se assim, em passagens e limiares, esta mostra, em parceria com a Escola sem Sítio, que ocupa o espaço do histórico do Paço Imperial, até 20 de agosto de 2017.
Artistas
Anna Paola Protásio
Bete Esteves
Bia Martins
Cláudia Laux
Denise Calasans
Duda Las Casas
María Andrea Trujillo
Maria Fernanda Lucena
Mercedes Lachmann
Roberta Paiva
Stella Margarita
Stella Mariz
Curadores
Alice da Palma
Aline Beatriz de Souza
Aline Marins
Ana Elisa Lidizia
Beatriz Lopes
Bia Petrus
Bia Salomão
Débora Seger
Diana Magalhães
Ingrid Illner
Ingryd Calazans Affonso
Jacqueline Melo
Joana Martins de Vasconcelos
Joyce Delfim
Leandro Brito de Matos
Leonardo Antan
Matheus Busetto
Matheus Passareli
Mayara Soeiro
Pablo Rogerio de Las Cuevas Duarte
Paula Rodrigues Magalhães Leite
Pedro Ambrosoli
Thiago da Silva Tavares
Orientação
Cadu
Cristina de Pádula
Efrain Almeida
Fernando Leite
Ileana Pradilla
Leila Scaf
Marcelo Campos
Marisa Flórido
Tania Queiroz
Thiago Honório - Augusta: lançamento de livro + bate-papo na Luisa Strina, São Paulo
O livro Augusta, proposto por Thiago Honório para a série “Ponto e Vírgula” a convite da Ikrek Edições, nasceu de anotações, desenhos, cartografias, registros, esboços, mapas, estudos e escritos originalmente realizados há 14 anos, em 2003, em folhas ordinárias de papel manilha, relacionados a nomes e números dos estabelecimentos de uma faixa da rua Augusta, na cidade de São Paulo, que o artista teve diariamente ante seus olhos, a partir de um ponto de observação da janela da cozinha e do parapeito da área de serviço vazada do apartamento onde residiu entre 2002 e 2006. Segundo Thiago Honório: “um ponto onde a agitação das saunas, casas de shows, striptease, dos clubes noturnos, bares, dos pequenos cortiços, do comércio miúdo e de uma diversidade inumerável de outros tantos estabelecimentos comerciais me ensinou algo sobre fluxos e tempos dotados de uma lógica interna própria”.
Passados 14 anos, em 2017, o artista voltou a Augusta — rua, projeto, trabalho, livro, nome, personagem —, e mapeou novamente os nomes e números dessa mesma faixa da rua. A partir desse movimento, a ideia de nome como apagamento é problematizada no livro-obra Augusta à luz de questões como a gentrificação, a especulação imobiliária, a Lei nº 14.223 — Cidade Limpa, o projeto Cidade Linda, as novas feições e denominações a que o lugar seria submetido.
Os 500 exemplares do livro foram enumerados, impressos em folhas de papel manilha — também em franco desuso e em “extinção” no mercado —, trazem os nomes dos estabelecimentos dessa faixa da rua Augusta e, como números de “páginas”, os números desses estabelecimentos, na primeira metade do livro, mapeados em 2003 e, na segunda metade, em 2017. Para Thiago Honório: “um livro de papel-embalagem construído e constituído por números e nomes impressos, com título-nome Augusta”.
julho 25, 2017
Lia Chaia na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho apresenta Pulso, individual de Lia Chaia, de 25 de julho a 26 de agosto de 2017. Paralelamente, a Sala Antonio de projeção exibe a Mostra Lia Chaia, com um conjunto de 18 vídeos de Chaia.
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A produção de Lia Chaia, iniciada no final da década de 1990, é pontuada por sua constante experimentação em diferentes séries de trabalhos realizados nos mais variados suportes, mantendo em si um diálogo contínuo entre o corpo humano e suas relações com o entorno, em especial com a cidade. Suas experimentações com o próprio corpo iniciam-se ainda na faculdade de artes, quando começa a utilizar sua constituição em diversas performances, fotografias e vídeos. O corpo e a cidade – o natural e o construído –, na obra de Chaia, vivem em atrito e fusão. Esse amálgama é por vezes sereno e por outras revolto.
Lia Chaia
Em Pulso, sua sétima individual na Vermelho, Lia Chaia ressalta sua reflexão sobre o corpo humano, em especial, sob duas óticas: a situação do corpo frente às pressões originadas pela sociedade e o afastamento gradativo da relação homem- natureza. Embora tais tensões perpassem todos os trabalhos, a artista detém-se agora nas especificidades que compõem o organismo humano como sinal da vitalidade, enfatizando o aspecto pulsante do corpo.
Assim, em Pôster (2017), Lia Chaia parte de mapas de anatomia humana típicas de livros de medicina, nos quais o corpo é padronizado e estruturado dentro de uma fisiologia esquemática, e interfere sobre eles com elementos que lembram células sanguíneas ou órgãos humanos. As “células” escapam o traçado dos mapas, refletindo o imponderável da compreensão da morfologia humana.
Em Articulações (2017), as mesmas partículas sanguíneas surgem por cima de telas de nylon cinza, delimitando perímetros que evocam corpos humanos. Há aí um jogo de inversões; os glóbulos e plaquetas que se mantém no interior do corpo, percorrendo seu perímetro e estrutura se tornam superfície, e as telas de nylon (conhecidas como fachadeiras), comumente usadas para proteger edificações em construção - como peles - se tornam estrutura. A série faz referência ao corpo humano fragilizado e mutável da contemporaneidade.
Cabeças (2017) são cubos sobrepostos a bases que simulam o porte de Chaia. Os cubos, com seus emaranhados de cabos e fios elétricos, rompem com a perfeição esperada da forma geométrica. Os cabos pendentes sugerem veias expostas que escorrem até o chão.
O vídeo Faces (2016) enquadra um humano multifacetado. O recurso das máscaras que se sucedem aponta para o estado que é ao mesmo tempo alheado e atento na sociedade atual. Com Faces Lia Chaia volta a colocar o próprio corpo em performance para a câmera de vídeo e, junto a Mostra Lia Chaia 2000-2016, na Sala Antonio, a Vermelho exibe 19 vídeos de Chaia durante Pulso.
Pele (2017) é uma ação registrada em fotografia que situa o corpo no cenário da metrópole. No embate entre o urbano e o natural, a sobrevivência depende da permanência e proteção da pele feita do natural. Ou da capacidade e insistência em trocar a própria pele para suportar tal embate.
Em Camuflagem (2017), duas fotografias apresentam corpos fundidos com a paisagem natural. As imagens combinam o humano com o ambiente natural em uma unidade orgânica.
Ainda compõem a exposição as obras Tiras (2017) e Setas trançadas (2017), que tratam da circulação em um ambiente hibrido, natural e urbano ao mesmo tempo, assim como na instalação sonora Assobio (2017). No áudio, um som corriqueiro de rua marca um caminhar despretensioso. Trata-se de instalação que se esparrama pelo espaço da galeria.
Mostra Lia Chaia
A produção em vídeo de Lia Chaia inicia-se durante seus anos como estudante de artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado, FAAP, (São Paulo, Brasil) e segue até hoje como uma constante em sua produção. Do robusto corpo de trabalhos da artista nessa mídia, a Vermelho apresenta aqui um recorte de 18 obras em sequência cronológica.
O uso da mídia por Chaia remonta ao inicio da videoarte no Brasil entre fins de 1960 e inicio dos anos 1970, quando o acesso a câmeras portáteis se iniciou no país com câmeras Portapak que eram trazidas do exterior. Essas câmeras eram alimentadas por baterias e podiam ser carregadas por apenas uma pessoa, ao contrário dos equipamentos então utilizados pela televisão, que eram grandes e, portanto, tinham sua mobilidade reduzida. A portabilidade introduzida pela Portapak permitia gravações externas a estúdios e, assim, permitiam menos planejamentos e mais experimentações. As câmeras também permitiam registro de performances contestadoras em situações privadas em um contexto aonde a ditadura militar e a censura predominavam.
A câmera de Lia Chaia é também testemunha das experiências com o (próprio) corpo realizadas pela artista. Seus planos são predominantemente estáticos e, ou, sequenciais, e reforçam a experiência vivida na situação registrada como dado principal dos trabalhos, tendo como antagonistas constantes sua própria constituição e o entorno. Corpo e entorno se traduzem em natureza e construção, primitivo e engenharia; uma oposição que está presente no próprio fazer, em um confronto entre Lia Chaia e o aparelho de gravar.
Ao confrontar os trabalhos cronologicamente, podemos perceber as influencias do rápido avanço tecnológico das filmadoras na produção de Chaia. Com o desenvolvimento dos equipamentos, a artista introduz preocupações formais na elaboração de seus planos, como podemos observar em 2010, com Glam, e em 2013 com Piscina e com Aleph. Em Aleph, temos a primeira ação não realizada pela própria artista registrada em um de seus vídeos. Dessa vez Chaia permanece por trás da câmera, gravando a ação executada por Fabíola Salles sob sua direção.
Lia Chaia em 2015 produz o vídeo Para GB, uma homenagem a Geraldo de Barros. Ali, Chaia retoma seu corpo como instrumento em uma ação registrada em contexto privado, aproximando-se da poética do homenageado e reaproximando-se de um dado primitivo de sua produção.
Bolas, de 2016, retoma outra característica da obra de Lia, registrando seu percurso pela cidade durante uma performance, como notou Priscyla Gomes em seu texto sobre a exposição É como dançar sobre a artquitetura, realizada por Chaia no Instituto Tomie Ohtake em 2016: “O vídeo Bolas (2016), registra o percurso do corpo da artista agigantado pelo acúmulo de bolas, remetendo a ações cômicas de um clown e devolvendo ao corpo-pedestre certa espontaneidade, humor e proteção.”
EXPOSIÇÃO
Lia Chaia – Pulso (salas 1 e 2)
Lia Chaia – Mostra Lia Chaia 2000-2016 (Sala Antonio)
Programa
Big Bang – 2000 / 2’45’’
Um.bigo – 2001 / 59’47’’
Ressonâncias – 2001 / 10’19’’
Desenho-corpo – 2001 / 49’51’’
Com a sorte dos que gozam – 2001 / 2’18’’
Circulando pinheiros – 2002 / 2’13’’
Cidade pictórica – 2003 / 33’52’’
Comendo paisagens – 2005 / 29’26’’
Minhocão – 2006 / 18’07’’
Ascensão – 2008 / 2’59’’
Argola – 2008 / 3’10’’
Rodopio – 2009 / 5’03’’
Skeleton Dance – 2010 / 5’23’’
Glam – 2010 / 10’14’’
Piscina – 2013 / 6’50’’
Aleph – 2013 / 2’53’’
Para GB – 2015 / 8’55’’
Bolas – 2016 / 4’14’’
Classificação: Livre
Capacidade: 30 Lugares
Galeria Vermelho is presenting Pulso [Pulse], a solo show by Lia Chaia, from July 25 through August 26, 2017. In parallel with this, the Sala Antonio screening room is showing Mostra Lia Chaia [Lia Chaia Screening], with a selection of 18 videos by Chaia.
Lia Chaia’s production, begun in the late 1990s, has involved constant experimentation in various series of works made in a wide range of media, maintaining a continuous dialogue between the human body and its relationships with its surroundings, especially with the city. Her experiments with her own body began when she was still a student of art, when she started using it in various performances, photographs and videos. In Chaia’s work, the body and the city – the natural and the constructed – live in a relation of clashing and fusion. This amalgam is sometimes serene, sometimes turbulent.
Lia Chaia
In Pulso, her seventh solo show at Galeria Vermelho, Lia Chaia highlights her reflection about the human body from two viewpoints: the situation of the body in relation to the pressures arising from society, and the gradual distancing in the human-nature relationship. Although these tensions have pervaded all her works, the artist is now focusing on the specificities that compose the human organism as a sign of vitality, emphasizing the body’s pulsing aspect.
Thus, in Pôster [Poster] (2017), Lia Chaia bases her work on the human anatomy charts typically found in medical books, in which the body is standardized and structured within a schematic physiology, and interferes on them with elements that resemble blood cells or human organs. The “cells” escape from the outlines of the charted bodies, reflecting the unfathomable aspects of the understanding of human morphology.
In Articulações [Articulations] (2017), the same blood particles arise on gray nylon screens, delimiting parameters that evoke human bodies. In a game of inversions, the globules and platelets normally confined to the body’s interior, running through its perimeter and structure, become a surface, and the nylon screens, normally used to envelop buildings under construction – like skins – become a structure. The series makes reference to the human body in its fragilized and mutating state in contemporaneity.
Cabeças [Heads] (2017) are cubes set atop bases that simulate Chaia’s height. The cubes, with their tangles of electrical wires and cables, rupture the expected perfection of the suggested geometric form. The hanging cables refer to exposed veins running down to the floor.
The video Faces (2016) features a multifaced human. The successive appearance of masks points to the simultaneously unaware and attentive state found in current society. With Faces Lia Chaia returns to placing her own body in the performance for the video camera and, together with the screening entitled Mostra Lia Chaia, in Sala Antonio, Galeria Vermelho is showing 19 videos by Chaia during Pulso.
Pele [Skin] (2017) is an action recorded in photography that situates the body within the scenario of the metropolis. In the clashing between the urban and the natural, survival depends on the permanence and protection of the skin made from the natural - or on the ability and insistence to exchange one’s own skin in order to endure that clashing.
In Camuflagem [Camouflage] (2017), two photographs present bodies fused with the natural landscape. The images combine the human with the natural environment in an organic unit.
The exhibition also features the artworks Tiras [Strips] (2017) and Setas trançadas [Braided Arrows] (2017), which deal with circulation in a hybrid, simultaneously natural and urban environment, as is also found in the sound installation Assobio [Whistle] (2017). In the audio, an everyday sound heard in the street marks an unpretentious walk. It is an installation that spreads through the space of the gallery.
Mostra Lia Chaia
Lia Chaia’s video production began during her years as an art student at Fundação Armando Alvares Penteado, FAAP, (São Paulo, Brazil) and has continued until today as a constant in her production. From the robust body of works by the artist in this media, Galeria Vermelho is presenting here a selection of 18 video works in chronological order
Chaia’s use of this media goes back to the beginning of video art in Brazil between the late 1960s and early 1970s, when access to portable cameras began in this country with the Portapak cameras that were brought from abroad. These were battery-powered cameras that could be carried by a single person, unlike the cameras used up to then by television, which were large and, therefore, had reduced mobility. The portability introduced by the Portapak allowed for recordings to be made outside of studios and therefore with less planning, thus permitting more experimentation. The cameras also allowed for the recording of contestation performance videos filmed in private situations within a context ruled by oppressive censoring and a military dictatorship.
Lia Chaia’s camera also witness experiments the artist carries out with the body (her own). She shoots her scenes with predominantly static and/or sequential takes that reinforce the experience lived within the situation recorded as a main content of the works, always with her own constitution in clashing with the surroundings. Body and surroundings are translated into nature and construction, the primitive and the engineered – an opposition that is present in her own artistic practice, in a confrontation between Lia Chaia and the recording device.
By comparing the works chronologically, we can perceive the influences of the rapid technological advance of the video cameras in Chaia’s production. With the development of the devices, the artist has introduced formal concerns in the elaboration of her footage, as we can observe in 2010, with Glam and in 2013 with Piscina [Pool] and Aleph. With Aleph, we have the first action not realized by the artist herself in one of her videos. This time Chaia remains behind the camera, recording the action executed by Fabíola Salles under her direction.
In 2015, Lia Chaia produced the video Para GB [For GB], an homage to Geraldo de Barros. There, Chaia once again takes her body as an instrument in an action recorded in a private context, approaching the poetics of the honored artist and re-approaching a primitive element of her production.
Bolas [Balls], from 2016, assumes another characteristic of Lia’s artwork, recording her walk through the city during a performance, as noted by Priscyla Gomes in her text on the exhibition É como dançar sobre a artquitetura, held by Chaia at Instituto Tomie Ohtake in 2016: “The video Bolas records the path of the artist’s body greatly enlarged by the accumulation of balls, referring to the comic actions of a clown and lending the body-pedestrian a certain spontaneity, humor and protection.”
EXHIBITION
Lia Chaia – Pulso (rooms 1 and 2)
Lia Chaia – Lia Chaia Video Screening (Sala Antonio)
Program
Big Bang – 2000 / 2’45’’
Um.bigo – 2001 / 59’47’’
Ressonâncias – 2001 / 10’19’’
Desenho-corpo – 2001 / 49’51’’
Com a sorte dos que gozam – 2001 / 2’18’’
Circulando pinheiros – 2002 / 2’13’’
Cidade pictórica – 2003 / 33’52’’
Comendo paisagens – 2005 / 29’26’’
Minhocão – 2006 / 18’07’’
Ascensão – 2008 / 2’59’’
Argola – 2008 / 3’10’’
Rodopio – 2009 / 5’03’’
Skeleton Dance – 2010 / 5’23’’
Glam – 2010 / 10’14’’
Piscina – 2013 / 6’50’’
Aleph – 2013 / 2’53’’
Para GB – 2015 / 8’55’’
Bolas – 2016 / 4’14’’
Rating: All ages
Seating capacity: 30
julho 24, 2017
Mats Hjelm no MAM, Rio de Janeiro
Em sua primeira individual no Brasil, o artista sueco Mats Hjelm mostra videoinstalação em que discute o Atlântico como lugar de passagem, diáspora, e pós-colonialismo.
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta no dia 25 de julho de 2017, às 19h (para convidados) e no dia seguinte para o público a exposição A Outra Margem, uma videoinstalação do artista sueco Mats Hjelm, nascido em 1959 em Estocolmo, onde vive e trabalha, e com forte presença internacional. Esta é sua primeira individual no Brasil. Seu trabalho investiga a relação entre videoinstalação e cinema documental, tendo como temas recorrentes a relação da arte com movimentos de justiça social, e o entrelaçamento das pequenas historias particulares e das grandes narrativas globais. Em “A Outra Margem” (2017), especialmente concebida para o espaço do MAM, Mats Hjelm propõe uma reflexão sobre o Atlântico como lugar de passagem, e suas histórias de diáspora e colonização. O trabalho discute a busca de identidade no percurso de volta à terra-mãe, e o mistério da libertação através da navegação para “outro” lugar. O artista também tirou proveito do fato de o MAM estar localizado próximo ao mar, junto à Baía de Guanabara, aberta para o oceano Atlântico, que é o personagem principal da obra.
A videoinstalação em quatro canais, 45’, em loop, consiste em uma dupla projeção de sete metros de comprimento, em cada um dos dois lados de uma parede central do espaço expositivo. De um lado, o público verá imagens de água, mar, margens e costas de diversos pontos do Atlântico Norte e do Atlântico Sul. No outro lado, serão projetados ensaios visuais com depoimentos, imagens documentais, paisagens, textos, e música. Assim, a obra mistura cinema documental e narrativo em um trabalho de grande escala.
Mats Hjelm introduz uma meditação sobre o mar ao utilizar, por exemplo, a peça “As Cinzas”, de Samuel Beckett (1959), escrita para rádio, em que um homem idoso tem alucinações com memórias do pai e o mar, ao passo que se recusa a abrir a porta para uma visita em sua casa. Tomado por alucinações nostálgicas e momentos de euforia, o velho representa para Mats a velha Europa em declínio tentando se ater a uma grandeza que não existe mais.
Em suas incursões recentes pela África ocidental, o artista vem investigando o percurso de movimentos afro-americanos na região, e acompanhado a questão complexa da reconquista da identidade ancestral africana dentro de um contexto pós-colonial. Desde o início de sua trajetória, os direitos civis americanos são temas de seu interesse, e o trabalho mostrado no MAM se inscreve dentro do debate de resgate da memória da escravidão na atualidade. Outro tema latente de seus trabalhos é a relação de interdependência entre África e Europa, e música e imagem são elementos usados por Mats Hjelm nesta instalação para comentar o assunto. A Europa em delírio simbolizada por Beckett definha diante da vitalidade e jovialidade do novo mundo. Mats se interessa tanto pela África ancestral (como se vê na trilha musical do filme que usa música milenar do Mali, com o instrumento khora) tanto na nova África que surge após os movimentos de descolonização ou guerras civis, como no caso da Libéria. No filme, Mats revela algumas das contradições e as violências da colonialidade de forma poética. Isto sempre com o mar ao fundo, e a água como elemento comum.
No filme alternam-se imagens da Europa, Libéria, Detroit, e as praias do Rio de Janeiro – lugares que Mats Hjelm tem percorrido nos últimos anos com seus projetos de arte e documentário. Ouvimos, por exemplo, o depoimento de Preston Jackson, o personagem principal de um documentário que vem fazendo desde 2012 na Libéria, contar sobre o momento em que viu o Atlântico pela primeira vez. Não tendo visto o horizonte antes, ainda menino acreditou ingenuamente na história contada por seu tio que o mar era um infinito campo de futebol. Da mesma Libéria vemos imagens do luxuoso Ducor Hotel da capital Monróvia em ruínas, construído para sediar a conferência pan-africana nos anos 1970 que visava a uma unificação maior dos países africanos, e, posteriormente destruído durante a sangrenta guerra civil que terminou em 2002. Desde então o país encontra-se em lenta reconstrução, evidenciado em outras imagens.
Em outro momento, conhecemos Kojo, um americano que viaja com a missão religiosa de sua igreja pan-africana em Detroit para a Libéria, refletindo sobre a função da religião em sua vida, e da África como a terra-mãe. Em seguida, um ensaio poético lembrando o mito sebastianista lusobrasileiro – o rei que surge das águas para libertar o povo cativo – é falado por uma mulher com imagens da costa africana e brasileira em alternância. O texto lembra a descoberta do mar por Preston, quando diz que o mar tem o gosto inusitado de sal para quem nunca sentiu.
Mats Hjelm é artista visual e documentarista. Nasceu em 1959 em Estocolmo, onde vive e trabalha. Seu trabalho investiga a relação entre videoinstalação e cinema documental, tendo como temas recorrentes a relação da arte com movimentos de justiça social, e o entrelaçamento de histórias particulares e narrativas da política global. Há mais de vinte anos trabalha na Europa, Estados Unidos e África Ocidental, África do Sul, e mais recentemente no Brasil. É escultor formado pela Konstfack University na Suécia, assim como em Cranbrook Academy of Fine Art nos Estados Unidos.
O trabalho de Mats Hjelm já foi exibido em mostras individuais e coletivas no Moderna Museet em Estocolmo; Museum of African American History, Detroit, EUA; Biennale Africaine de la Photographie, Bamako, Mali; Dubai International Film Festival; Museum of Contemporary Art, Chicago; Walker Art Center, Minneapolis; Bienal de Veneza; Yokohama Triennale, entre outros. Tem obras nas coleções do Moderna Museet, Malmö Art Museum, Uppsala Art Museum e The National Public Arts Council Sweden. As atividades de Mats Hjelm incluem cursos em vídeo e cinema dentro da arte contemporânea. Hjelm é também cinegrafista, colorista, programador e especialista em videoinstalações para diversos fins.
José Bechara no MAM, Rio de Janeiro
Exposição no Salão Monumental do MAM Rio, com trabalhos inéditos, celebra os 60 anos do artista, e sua trajetória iniciada em 1992
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 25 de julho de 2017 a exposição Fluxo Bruto, com trabalhos inéditos do artista José Bechara (1957, Rio de Janeiro), que celebra seus 60 anos e sua trajetória iniciada em 1992. A curadoria é de Beate Reifenscheid, curadora e diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha.
A mostra reúne trabalhos tridimensionais em grande escala, realizados em alumínio, mármore, madeira e vidros planos, além de pinturas sobre lona. O conjunto é formado por trabalhos inéditos, alguns deles desenvolvidos a partir de obras anteriores, que ganharam “novas ativações, contaminados pelas demais peças e pelo espaço arquitetônico”, comenta o artista.
José Bechara diz que “Fluxo Bruto” propõe uma “mirada para trabalhos em permanente alteração. Em estado bruto, esses trabalhos movimentam-se no curso da produção, e devem se concluir na obra a seguir”.
“Com exceção das pinturas, todos os demais trabalhos serão ‘construídos’ no espaço expositivo durante os dias de montagem, a partir de escolhas frente às relações espaciais e de vizinhança entre as obras”, explica o artista. Na grande parede branca do Salão Monumental, com trinta metros de comprimento, estarão três diferentes trabalhos com vidros planos, pertencentes ao que o artista chama de “pesquisa recente”.
Beate Reifenscheid afirma que “José Bechara é um dos artistas mais interessantes da cena de arte contemporânea brasileira. Iniciou a carreira como pintor, com uma forma de linguagem radicalmente reduzida, compromissada, ainda hoje, com a arte concreta no sentido mais amplo da palavra. São a sua noção e o seu entendimento profundos das estruturas construtivas que formam o esqueleto interno de suas pinturas, que modulam cores num tipo de espaço flutuante, ilimitado”. Ela observa que “fica claro também que o foco do artista está sempre em penetrar o espaço e compreender suas dimensões em percepção. O concreto e o não concreto estão fundamentados diretamente no nível das perspectivas possíveis”. A curadora destaca que “na arte contemporânea, o vidro é um material recém-explorado e artistas famosos, como Pierre Soulages, Gerhard Richter e Ai Weiwei, fizeram experiências com ele. As obras em vidro de José Bechara salientam a percepção conceitual do construtivismo brasileiro e a transferem para uma abordagem contemporânea”.
O primeiro, “Rabiscada”, utilizará cerca de dez placas – transparentes e leitosas – algumas suspensas e outras apoiadas no piso com cerca de 3,5m de altura e 10m de largura. Em meio às placas, uma linha geométrica formada por cerca de 20 varas finas, com 2m cada, na cor laranja percorrerá toda a extensão do trabalho desenhando por vezes à frente, por trás e também suspensas ou apoiadas na parede.
O segundo trabalho em vidro, “Sobre brancos”, abrange quatro placas de vidro suspensas contra a parede branca principal do Salão monumental. A obra contém outros elementos de “variados tons de branco, incluindo papel vegetal e finas lâmpadas brancas de neon também na cor branca”.
O terceiro trabalho em vidro, com o título provisório “Ângelas”, é o que exigirá maior logística na montagem, e demandará um guindaste para içar ao local expositivo três esferas maciças de diferentes mármores, pesando a maior cerca de 1,6 tonelada e as duas menores 250 kg cada, aproximadamente. Todos os elementos (vidros e esferas) estarão suspensos a alturas entre 2 metros e 30 cm do piso.
Na grande parede de concreto, ao fundo do Salão monumental, estará uma nova versão da peça “Miss Lu Super-Super (2009-2017)”, que terá sua volumetria ampliada e ganhará elementos “intrusos” também em alumínio, chegando ao tamanho aproximado de 10m X 10m X 3m.
Na parede que faz face ao terraço, estarão três pinturas inéditas de aproximadamente 1,7m0 X 3,30m cada, além de um díptico “Visto de frente é infinito“, de cerca de 1,80m X 5m, pertencente à coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, e outras duas pinturas da coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.
Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM, observam no texto que acompanha a exposição, que os trabalhos de José Bechara, em alumínio, mármore, madeira, placas de vidro, tinta e oxidação de emulsões de cobre e ferro, são “tridimensionais que se confundem com pinturas, bidimensionais que se aproximam de esculturas”. “Trabalhos inéditos por estarem, de fato, sendo vistos pela primeira vez ou por reunirem peças realizadas em anos anteriores em outros arranjos, como a ampliação da volumetria original ou a adição de elementos intrusos, pensados a partir da relação com o espaço arquitetônico ou do diálogo com o conjunto da exposição”, comentam.
CONVERSA EM TORNO DA EXPOSIÇÃO
No próximo dia 27 de julho, das 15h às 18h, haverá uma conversa gratuita e aberta ao público, com o artista José Bechara e os curadores Beate Reifenscheid, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM Rio. A distribuição de senhas será feita a partir das 14h, na bilheteria do Museu. A palestra será ministrada em língua inglesa, sem tradução. Capacidade 50 pessoas.
TRAJETÓRIA
José Bechara iniciou sua trajetória com uma exposição individual no Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro, em 1992, mesmo ano em que integrou as coletivas “Gravidade e Aparência”, e “Diferenças”, ambas no Museu Nacional de Belas Artes, e “9X6”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, todas no Rio de Janeiro.
“Só me lembro dessa coisa de 25 anos de trabalho quando alguém me pergunta. Como todos os dias acontece alguma coisa nova, tem sempre um ‘acidente’ novo no ateliê, eu não penso nisso. Dou mais atenção ao que pode acontecer do que o que aconteceu. Todo dia se parece com o primeiro dia. Quanto à idade, é a mesma coisa, já que todo dia tenho um novo plano. Estou sempre pensando em fazer alguma coisa que precisa de tempo pra ser feita, então acho que não tenho muito interesse em idade. Tenho uma leve obsessão pelo porvir. Ainda”, diz o artista.
José Bechara se programa para participar, em setembro, da Bienalsur, em Buenos Aires, em outubro, da Bienal de Beijing, e em dezembro apresentará uma individual na galeria norte-americana Diana Lowenstein, por ocasião da Art Basel Miami. Em fevereiro de 2018, fará um projeto especial para a galeria XF Projects, em Madri.
O artista expôs este ano em Portugal, com curadoria de Miguel Sousa Ribeiro, no Espaço Adães Bermudes, em Alvito, no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Esteve presente na ARCO 2017 (Feira de Arte Contemporânea), em Madri, nos espaços da galeria espanhola XF Projects (Palma de Maiorca e Madri), e das galerias portuguesas Mario Sequeira, na cidade de Braga, e Carlos Carvalho, em Lisboa. Em 2016, integrou a exposição “(In) Mobiliario”, na Galeria Habana, em Havana; “The agony and the ecstasy – Latin American art in the collections of Mallorca; A review based on contemporaneity”, no Museo d’Art Modern i Contemporani de Palma, em Palma de Mallorca, Espanha; “Este lugar lembra-te algum sítio? – 1º momento”, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura, Guimarães, Portugal; e a premiada “Em polvorosa – Panorama das Coleções MAM Rio”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Em novembro de 2015, o Ludwig Museum fez uma grande individual do artista, com curadoria de Beate Reifenscheid.
José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde trabalha e reside. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), localizada na mesma cidade. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo; 29ª Panorama da Arte Brasileira; 5ª Bienal Internacional do MERCOSUL; Trienal de Arquitetura de Lisboa de 2011 e das mostras “Caminhos do Contemporâneo” e “Os 90” no Paço Imperial–RJ. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Eva Klabin–BR; Culturgest–PT; Instituto Figueiredo Ferraz–BR; Fundação Iberê Camargo–BR; MEIAC–ES; Instituto Valenciano de Arte Moderna–ES; MAM Rio de Janeiro–BR; MAC Paraná–BR; MAM Bahia–BR; MAC Niterói–BR; Instituto Tomie Ohtake–BR; Museu Vale–BR; Ludwig Museum (Koblenz)–DE; Haus der Kilturen der Welt–DE; Ludwig Forum Fur Intl Kunst–DE; Kunst Museum–DE; Museu Brasileiro da Escultura (MuBE)-BR; Centro Cultural São Paulo–BR; ASU Art Museum–USA; Museo Patio Herreriano (Museo de Arte Contemporáneo Español)–ES; MARCO de Vigo–ES; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma–ES; Carpe Diem Arte e Pesquisa–PT; CAAA–PT; Musee Bozar–BE; Museu Casa das Onze Janelas–BR; Casa de Vidro/Instituto Lina Bo e P.M. Bardi–BR; Museu Oscar Niemeyer–BR; Centro de Arte Contemporáneo de Málaga (CAC Málaga)–ES; Museu Casal Solleric–ES; Fundação Calouste Gulbenkian–PT; entre outras. Possui obras integrando coleções públicas e privadas, a exemplo de MAM Rio de Janeiro – coleção Gilberto Chateaubriand–BR; Pinacoteca do Estado de São Paulo–BR; Museu Oscar Niemeyer-BR; Centre Pompidou-FR; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma–ES; Instituto Figueiredo Ferraz–BR; MAC Niterói – Coleção João Sattamini–BR; Instituto Itaú Cultural–BR; MAM Bahia–BR; MAC Paraná–BR; Ludwig Museum (Koblenz)–DE; Culturgest–PT; Benetton Foundation-IT; CAC Málaga-ES; ASU Art Museum USA; MOLAA–USA; Ella Fontanal Cisneros–USA; Universidade Cândido Mendes–BR; MARCO de Vigo–ES; Brasilea Stiftung–CH; Fundo BGA–BR, entre outras. Para saber mais sobre o artista, visite o site http://josebechara.com.
Beate Reifenscheid é historiadora da arte, crítica de arte e curadora, especializada em arte contemporânea e do século 20, e nas relações artísticas entre Europa e China, e no papel dos museus e suas exposições. Ela estudou História da Arte, Estudos Alemães, Jornalismo e Comunicação na Ruhr-University, em Bochum, Alemanha, e na Universidade de Madri. Em 1985 se tornou mestre em arte, e em 1988 recebeu seu PhD em história da arte, pela Ruhr-University Bochum. De 1989 a 1991 ela integrou a equipe do Saarland Museum, em Saarbrücken, Alemanha, onde chefiou, de 1991 a 1997, o Departamento de Pinturas e Desenhos, e também o de Comunicação. Desde 1997 é diretora do Ludwig Museum, em Koblenz, Alemanha, e desde 2000 ele dá conferências em diversas instituições, e desde 2013 é professora honorária na Universidade de Koblenz-Landau, na Alemanha. Preside o ICOM (Comitê Internacional de Museus) da Alemanha.
julho 19, 2017
Botner & Pedro na Gentil Carioca, Rio de Janeiro
Colcha de retalhos é costura, restos tecidos por uma ou mais pessoas enquanto a memória conversa.
O cinema sempre foi montagem, tesoura, corte e cola na tentativa de implicar a memória do espectador em fios narrativos. “A memória é como uma ilha de edição” (Wally Salomão).
Como no cinema dos primeiros tempos, Marcio Botner e Pedro Agilson sempre fixaram o fragmento de um filme expandindo o efeito de movimento na fotografia entre planos intermitentes.
Na instalação Abrigo os artistas celebram o cinema como acolhimento.
Abrigo, como em Gimme Shelter dos Rolling Stones, hospeda os medos, as fantasias e os conflitos do visitante. E nós cada vez mais editados como Frankensteins permanecemos suspensos nas asas de nossos desejos.
O olho do artista funciona como o nó de uma rede de relações de um plano acentrado em que o sentido das imagens se multiplicam envolvendo o espectador nas várias superfícies de imagens estendidas.
00 olhar
01 amor e sexo
02 celebração
03 conflitos
04 medos e fantasmas
05 ser ou não ser
06 sonhos e fantasias
07 viver
O olho sempre no centro como marca daquele que vê e que é visto e que sobretudo vigia todos os filmes que passaram, que passarão, enquanto estamos ao abrigo da duração suspensa a nos acolher. Como em uma colcha de retalhos de memórias do cinema projetadas no escuro das salas iluminadas por um fio de luz que insiste em passar uma imagem de cada vez.
Visita Dialogada em Do Abismo e Outras Distâncias na Mamute, Porto Alegre
Visita Dialogada com a curadora Bruna Fetter e artistas da mostra coletiva do "abismo e outras distâncias"
A Galeria de Arte Mamute promove, dia 20 de julho, a partir das 19h, Visita Dialogada com a curadora Bruna Fetter e artistas representados da Mamute, na mostra coletiva Do Abismo e outras distâncias. O evento propõe estabelecer, através de trocas descontraídas e um passeio entre as obras da exposição "Do Abismo e outras distâncias", um diálogo reflexivo a respeito das questões exploradas pela curadoria e poéticas dos artistas. A atividade integra a exposição coletiva "Do Abismo e Outras Distâncias", que comemora os cinco (5) anos da Galeria de Arte Mamute e exibe obras inéditas dos seus dezoito (18) artistas representados.
Na visita, a curadora da mostra Bruna Fetter conduzirá o público entre as obras, e juntamente com os artistas participantes - Antônio Augusto Bueno, Bruno Borne, Claudia Barbisan, Claudia Hamerski, Clovis Martins Costa, Dione Veiga Vieira, Emanuel Monteiro, Fernanda Gassen, Frantz, Hélio Fervenza, Hugo Fortes, Grupo Ío, Letícia Lampert, Marília Bianchini, Mariza Carpes, Pablo Ferretti, Patrícia Francisco e Sandra Rey – trarão a público o processo curatorial, o conceito de construção da mostra, bem como o processo de criação dos artistas para produção das obras expostas.
Voragem na Amparo 60, Recife
Nova exposição da galeria, com curadoria de Eder Chiodetto, discute o apagamento das pessoas que vivem à margem
A Galeria Amparo 60 recebe, a partir do próximo dia 22 de julho, a sua segunda exposição coletiva deste ano, intitulada Voragem, em sua nova casa no Edifício Califórnia. A mostra, que tem curadoria de Eder Chiodetto, reúne tanto artistas que fazem parte do casting (Bárbara Wagner e Benjamin de Búrca, Gilvan Barreto, José Paulo, Lourival Cuquinha, Paulo Bruscky e Isabella Stampanoni), como outros convidados especialmente para essa ocasião (André Hauck, Ivan Grilo, Jonathas de Andrade).
Chiodetto conta que já havia trabalhado em outras exposições cujos artistas participantes refletiam sobre a relação entre o poder institucionalizado e as pessoas mais desassistidas. Mas o atual momento vivido no Brasil foi o impulso para conceber Voragem para a Amparo 60. O nome da mostra remete aos redemoinhos que se formam nas águas, arrastando tudo para baixo, de forma truculenta. “O nome Voragem vem justamente desses ciclos de movimentos à direita, à esquerda, instantes de maior liberdade civil e tolerância racial, religiosa, comportamental e outros momentos de refluxos que levam parte dessas conquistas para trás sob a sombra do obscurantismo”, explica o curador.
O ponto de partida foi a obra Postcards from Brazil, de Gilvan Barreto, que ganhou recentemente o Prêmio Pierre Verger. A obra mapeia as belezas naturais que serviram de cenário para crimes da ditadura militar e toda a sua violência institucionalizada, a tortura e o desaparecimento de corpos. "Gilvan trabalha de modo contundente a forma dissimulada com a qual os brasileiros lidam com o passado, especialmente com os assassinatos cometidos durante o período da ditadura militar. A série propõe imagens muito bem articuladas, capazes de expor as feridas do mal estar histórico que continuamente voltam a cobrar uma tomada de posição, uma coerência, uma reflexão sem concessões", diz Chiodetto.
Partindo da ideia de apagamento, ocultação e esquecimento, o curador foi em busca de artistas cujos trabalhos trouxessem esse debate social e político. Esses corpos que não importam, que são esquecidos e marginalizados, estão presentes na mostra, ainda que não apareçam diretamente. Os trabalhos reunidos apontam que, apesar deles não encontrarem legitimação social, de serem excluídos, eles não desaparecem.
“Ao ocultar os corpos o silêncio ficou ensurdecedor. O grupo de trabalhos é muito incômodo. Não se trata de uma exposição contemplativa, é um barril de pólvora com o pavio aceso e alguns coquetéis molotov à espreita. Falamos do ocaso da política, do diálogo, da mediação, da temperança”, reflete Chiodetto.
AMPARO 60 CALIFÓRNIA
Desde março, a Galeria Amparo 60 funciona na sobreloja do Edifício Califórnia. A estreia do novo espaço aconteceu com a exposição coletiva Evoé, que reuniu obras dos mais de 30 artistas do casting e ficou em cartaz até o fim de junho. A galerista Lúcia Costa Santos acredita que esse novo espaço consegue integrá-la ainda mais à cidade e aos mais diversos públicos. “Teremos um espaço mais enxuto, porém com um maior diálogo com a cidade, num ponto onde circulam mais pessoas. O projeto arquitetônico é mais moderno e prático, facilitando o funcionamento diário da galeria. Estamos agregando cultura e arte num espaço interessante do Recife”, diz.
julho 17, 2017
Miragens no CAHO, Rio de Janeiro
Que cidades uma cidade abriga? Que imagens nos aguardam após a esquina, que cheiros exalam de ruas, casas e corpos? Que histórias nos contam e esquecem seus muros e porões? De diásporas dos povos que aqui chegaram e de acolhidas, de violências e miragens, de sonhos e desenganos? Quantas línguas são faladas por aquelas ruas, lojas, casas? Quantas escritas tecem os relatos das vidas que a habitam? Que céus a cobrem ou se quedam? Que chãos se levantam e se abrem? Que ritmos a aceleração da vida, as rotinas diárias e o acaso produzem na cidade e se imiscuem nos tempos coletivos e individuais? Que encontros acontecem na distração das massas, no anonimato e impessoalidade dos espaços de passagem, nas trocas comerciais, na ausência de lugar? Quantas margens desafiam o centro? Quantos centros possuem a margem? Que horizontes nos prometem e nos frustram? Quantas Babilônias e Jerusaléns, Babéis e Juazeiros, Atlântidas e Cidades proibidas guardam esta cidade? Que altares e tambores, Édens e terreiros a guardam?
Miragens tem como mote de investigação a Saara e adjacências, região em que o Centro de Artes Hélio Oiticica se localiza. Traz, por meio de pinturas, objetos e instalações, a invasão da cidade para o espaço expositivo; traz suas desordens e poesia, seus conflitos e negociações, suas imagens e suas contradições. A exposição reúne obras de 7 artistas realizadas especialmente para a mostra. Estes enfrentam, cada um a seu modo, as inquietações que perpassam e enlaçam e a vida contemporânea e a prática pictórica: no colapso e reenlace entre imagens e narrativas, nos transtornos de tempo-espaço, nas relações entre público e privado, as formas de vida, nos sistemas de trocas, etc.
Para alguns (Rafael Prado, Fernanda Leme, Talita Tunala, Jean Araújo), trata-se de se apropriar e retirar as imagens do fluxo vertiginoso e do imediatismo com que as consumimos. São imagens colhidas da percepção cotidiana (por desenhos ou fotografias), de sua imaginação, dos resíduos da memória, ou de filmes e das redes sociais. À artesania da pintura associam-se a montagem e a edição do cinema e de tecnologias eletrônicas. São fragmentos visuais e narrativos, superfícies-testemunho de encontros e histórias (talvez improváveis) a serem contadas; mas são, também, a um só tempo, a interrupção das narrativas usuais e obstrução nos fluxos das imagens condicionantes.
Para outros (Gilberto Martins, Cláudia Lyrio, Eduardo Garcia), dá-se o inverso: objetos e mercadorias do Saara, pigmentos em processos alquímicos, couros e terras - as coisas em sua concretude invadem o universo da arte, como se buscassem a carne da imagem, a pele do mundo, o olho que a tateia. Por vezes são uma inserção virótica nos sistemas de troca (de capital, imagens e informações) e de comunicação, causando pequenas panes em suas engrenagens e conexões. Buscam o apagamento das tagarelices vãs que não cessam de ecoar. Um quase silêncio como exigência de sobrevivência.
O título Miragens suscita em sua dupla acepção as questões que atravessam a exposição: as cidades veladas e subjacentes sob a ótica da pintura (o espelho e a ficção). “Miragem” ou “espelhismo” é o efeito óptico produzido pela reflexão da luz solar que ocorre nas horas mais quentes, especialmente nos desertos e rodovias e alto-mar, em que por vezes se refletem imagens. Mas miragem é também ilusão, quimera, sonho.
ARTISTAS
Cláudia Lyrio - Pintora e gravadora. Mestre em Literatura e especializada em História da Arte. Participou de diversas exposições, entre as quais, "Além da Imagem" (Sem Título Arte/Fortaleza CE), "Imersões"(Casa França Brasil), 1ªBienal de Gravura e Arte Impressa (Museu Emílio Caraffa - Córdoba/Argentina) e dos Salões de Vinhedo, Guarulhos e Rio Claro.Pesquisa processos de expansão das linguagens Pintura e Gravura.
Eduardo Garcia - Artista Visual e economista. Em seus trabalhos investiga as operações pertencentes e decorrentes dos sistemas econômicos e financeiros do capitalismo contemporâneo. Entre as exposições que participou: “Além da Imagem”, na Sem Título Arte (Fortaleza); “Imersões”, na Casa França – Brasil e “Intersecção de Conjuntos”, no Espaço Saracura (Rio de Janeiro). De Uberlândia, vive e trabalha em Niterói.
Fernanda Leme - Artista e arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula–RJ. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV-RJ), em 2009 se dedicando à pintura. Entre as exposições que participou: 2017-"Abre-Alas "- A Gentil Carioca; "Imersões " na Casa França Brasil; " Mais Pintura" centro cultural da Justiça Federal –RJ. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde nasceu.
Gilberto Martins - Artista visual e advogado. Formação em Arte no MAM/RJ, EAV - Parque Lage e Casa França-Brasil. Entre as exposições que participou: individual em 2016 na Sala Djanira (RJ); coletivas em 2017 na Casa França-Brasil e na Sem Título Arte (Fortaleza); em 2016 no Solar dos Abacaxis (RJ) e na EAV - Parque Lage.
Jean Araújo - Artista visual. Graduando em Artes Visuais pela UCAM (RJ). Entre suas exposições, destacam-se: individual “Nada mais me importa” no (Espaço Furnas Cultural, RJ); coletivas, “Imersões” na Casa França Brasil(RJ); Salão de Artes Visuais de Vinhedo (SP); 23º Salão de Artes Visuais de Mococa (SP), Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (SP); “Além da Imagem” na Sem Título Arte em Fortaleza(CE). Nasceu em Vitória da Conquista (BA), vive e trabalha em Niterói (RJ).
Rafael Prado - Artista visual e designer Gráfico. Formação em Artes na EAV - Parque Lage (curso com Charles Watson e outros) e Casa França-Brasil. Entre as exposições que participou: 2017 coletiva "Imersões" na Casa França Brasil (RJ) e “Além da imagem” na Sem Título (Fortaleza); em 2016 no Salão do MARP. Nasceu em Porto Velho, Rondônia; vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 2013.
Talita Tunala - Artista e psicóloga vem participando de exposições desde 2014. Em 2017 participou das exposições coletivas "Imersões" na Casa França Brasil/RJ e "Além da Imagem" na Sem Título Arte em Fortaleza/CE. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde nasceu.
CURADORA
Marisa Flórido Cesar - Crítica de arte e curadora independente, Prof adjunta do Instituto de Arte da UERJ. Publicou livros e textos sobre artes visuais no Brasil e exterior. Realizou curadorias no país e exterior. Vive no Rio de Janeiro, onde nasceu.
Leonardo Mouramateus na Sem Título Arte, Fortaleza
Primeira exposição individual de Leonardo Mouramateus. Abertura dia 18 de julho, às 19 horas, na Sem Título Arte
Leonardo Mouramateus - Embaralhando os planos: o cinema de Mouramateus, Sem Título Arte, Fortaleza, CE - 19/07/2017 a 18/08/2017
Expor o cinema de Leonardo Mouramateus nas paredes da galeria é antes de tudo produzir o diálogo entre o cinema e as artes visuais. Fazer do espaço expositivo lugar de encontros para as múltiplas formas do cinema se deixar ver. Afinal, o cinema, que tem por marco inicial o século 19, não nasceu na sala escura. Foi a indústria cinematográfica que padronizou não apenas as salas de exibição como dispositivo arquitetônico mas, sobretudo, impôs a experiência cinema, definindo assim um modo industrial de sentir o mundo.
Nos primeiros cinemas, até a virada do século 20, não havia uma forma padronizada de exibição, nem mesmo um modelo de produção. O quinetoscópio, aparelho criado por Thomas Edson, exibia cinema em visores únicos e individuais que eram projetados em loop e por trás de uma pequena tela. O loop, esse modo de exibição em tempo continuo, sem pausa, e em múltiplas metragens, não entrou na sala da indústria. O intervalo entre as sessões dos filmes passou a ser um modo dominante para a operação comercial.
O cinema de padrão industrial criou uma tipologia de longa-metragem e um modo de fruição em sala fechada e escura, com projeção que não se deixa ver, uma tela como aparato de rebatimento virtualizado e a constituição de um mundo aparte, uma ilha de ilusões óticas e sonoras. Os filmes de artistas, os cinemas experimentais, por sua vez, chamaram para si as múltiplas experiências que as imagens em movimento e som possibilitam. Sem métrica nem forma, é no campo das experiências de artistas que imagem e som viram matéria de reinvenção.
As múltiplas telas, os vários projetores, as projeções frontais ou por trás, as imagens em fusões, superposições, em janelas simultâneas fundaram os primeiros cinemas e dão a ver seus rasgos estéticos na produção contemporânea.
O que se inscreve em Embaralhando os planos, a primeira exposição individual reunindo trabalhos de Leonardo Mouramateus, é uma forma de fissurar seus filmes em planos. Decompor e afastar suas partes para traçar outros cruzamentos possíveis. É um método de leitura do seu mundo-cinema, de suas insistências: a presença de sua própria voz; a disputa dos corpos; a embriaguez dos retratos; a ocupação do território; sua inserção na cena como um quase-comentário. É ainda um modo de colocar em diálogo através da remontagem os filmes entre si, fazendo roçar um pedaço no outro. Como no cinema aberto do início das imagens em movimento, quando os filmes chegavam aos pedaços, em rolos de fitas separados, a exposição como gesto do projecionista a embaralhar seus planos.
No cinema de Leonardo Mouramateus, o mundo jorra seus detritos nas entranhas do morar, na árvore mutilada, na destruição do espaço urbano, entre os cães que ocupam as ruas. Mas a festa empurra esse mundo para dimensões paralelas. Entre corpos que lutam e dançam e as montanhas da destruição que faz cenário, Mouramateus encontra pistas para permanecer em si inventando, se colocando na frente da tela metálica e desnuda do outdoor, que diz muito do seu próprio cinema. É esse cinema que luta e dança, como uma mesma linha de força, que trapaceia a ordem do mundo nos rostos de seus personagens, que Leonardo Mouramateus desloca tudo quanto teima imobilizar-se e que produz nos corpos regimes de pulsação.
Leonardo Mouramateus (1991, Brasil) é artista e realizador de dezenas de curtas-metragens. Os filmes “Mauro e Caiena” (2013) e “A Festa e os Cães” (2015) são vencedores do festival “Cinéma du Réel”, França. Mouramateus vive hoje em Lisboa e seus trabalhos foram expostos em museus tais como Centro Georges Pompidou, em Paris, e Museu de Arte de São Paulo. Em 2015, a Cinemateca Francesa apresentou uma retrospectiva da obra fílmica do realizador cearense. Ele integra o coletivo Praia à Noite. "Antonio, Um, Dois, Três” (2017), inédito no Brasil, marca sua estreia em longas-metragens.
Os Filmes
História de uma pena;
A festa e os cães;
Vando vulgo vedita;
Fui à guerra e não te chamei;
Lição de esqui;
Lagoa Remix;
Estrela distante;
Completo Estranho;
Mauro em Caiena;
Charizard;
Europa.
julho 14, 2017
Entre nós - A figura humana no acervo do MASP no CCBB, Brasília
Exposição traz ao Centro Cultural Banco do Brasil Brasília obras dos grandes mestres de todos os tempos
Apresentação de duas obras recentemente adquiridas: ‘Candombe’, de Pedro Figari, circa 1930, e ‘O Artista’, de Heitor dos Prazeres, 1959
Van Gogh, Gauguin, Goya, Velászquez, Manet, Modigliani, Degas, Renoir, Picasso são alguns dos grandes nomes da arte mundial que estarão unidos a mestres brasileiros como Candido Portinari, Djanira, Vicente do Rego Monteiro, Carlos Prado, Burle Marx e José Pancetti na exposição Entre nós – A figura humana no acervo do MASP. A mostra poderá ser vista de 18 de julho a 18 de setembro nas Galerias 1 e 2 do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília. Oportunidade rara para conferir de perto obras antológicas como Ressurreição de Cristo, de Rafael, Ecce Homo ou Pilatos apresenta Cristo à multidão, de Jacopo Tintoretto, A arlesiana, de Vincent Van Gogh, Êxtase de São Francisco com os estigmas, de El Greco, dentre muitas outras obras-primas. A entrada é franca.
O MASP – Museu de Arte de São Paulo detém a maior coleção de arte da América Latina. Em Entre nós – A figura humana no acervo do MASP, os curadores Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, da equipe de curadores do MASP, oferecem um grande e rico passeio pela história da arte. A ideia é apresentar a transformação da sociedade e da própria arte ao longo dos séculos tendo como referência a representação da figura humana. Estarão expostas obras de alguns dos grandes nomes da arte em diferentes movimentos artísticos, desde a arte pré-colombiana à fotografia moderna, passando por ícones da arte Yorubá e pela arte dos períodos do Pré-Renascimento, Renascimento, Iluminismo, Impressionismo, Pós-Impressionismo, Modernismo e arte contemporânea.
A mostra tem o patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre e, antes do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília, passou pelos CCBBs do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Em Brasília, a exposição ganha um diferencial: a presença das duas mais recentes obras adquiridas pelo MASP por meio de recursos aportados pelo Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, via Lei Rouanet. As pinturas Candombe, de Pedro Figari, circa 1930, e O Artista, de Heitor dos Prazeres, 1959, passaram a integrar a coleção em abril deste ano e poderão ser vistas no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
“Viabilizado por meio da Lei Rouanet, o patrocínio à exposição e a aquisição das obras são um marco para a história da seguradora, pois tangibilizam a missão e o foco do Grupo, que há seis anos se dedica a apoiar projetos que ampliam o acesso à arte no nosso país. A companhia trilha um caminho de contínuo apoio à cultura, reforçando a importância para o fomento dos cenários artísticos e cultural no Brasil”, reflete Fatima Lima, diretora de Marketing e Sustentabilidade do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre.
Segundo afirma o diretor de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, Alexandre Alves, “é um orgulho receber a exposição Entre nós – A figura humana no acervo do MASP nos Centros Culturais do Banco do Brasil. Primeiro, porque esta parceria permite ao Banco do Brasil expor o acervo de um museu genuinamente brasileiro, valorizando o maior acervo de arte da América Latina. E também porque, por meio desta mostra, levamos para cidades como Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte obras de riqueza ímpar, que até então estavam disponíveis para visitação apenas em São Paulo. Não temos dúvidas de que a mostra terá uma grande aceitação por parte do público que frequenta os nossos Centros Culturais”.
A EXPOSIÇÃO
Na História da Arte, a representação da figura humana foi um meio de demonstração de poder do clero e da aristocracia, de adoração a deuses e santos, de mimetização do real e até de questionamentos ligados ao conceito de arte. É esta diversidade que a mostra Entre nós – A figura humana no acervo do MASP apresenta ao público. São cerca de 100 obras do maior acervo de arte da América Latina.
Abrangendo um arco histórico que começa nos anos 900-1200 D.C., com as peças pré-colombianas, e chega aos dias de hoje, a exposição estabelece um recorte cronológico e um diálogo entre as distintas formas de representação e culturas. O percurso começa com peças do acervo que reúnem as interpretações do sagrado na arte da Europa Medieval, da África e da América pré-colombiana, compondo um diálogo entre os diferentes eixos da coleção do MASP.
Da Europa pré-renascentista, a mostra traz Virgem com o menino Jesus (1310-20), atribuída ao Maestro de San Martino alla Palma, e Cristo Morto (1480-1500), de Niccoló di Liberatore dito l’Alunno. O Renascimento, momento em que a pintura se volta para o humanismo, está representado nas obras de artistas holandeses como Oficial Sentado, 1631, de Frans Hals, e Retrato de um desconhecido, (1638-40), de Anton Van Dyck.
O pintor e gravador espanhol Francisco Goya y Lucientes está presente com Retrato da condessa de Casa Flores (1790-1797) em diálogo com A educação faz tudo (1775-1780), do francês Jean-Honoré Fragonard. As obras, em composição com dois dos principais nomes da pintura acadêmica brasileira do século 19 – Interior com menina que lê (1876-1886), de Henrique Bernardelli, e O pintor Belmiro de Almeida (século 19), de José Ferraz de Almeida Junior – evocam o surgimento do Iluminismo europeu e a busca por um ideal civilizatório brasileiro durante o Segundo Reinado.
A partir dos séculos 19 e 20, os artistas trabalham a sensibilidade da cor e da forma, explorando a experiência plástica, como em Banhista enxugando a perna direita (1910), de Pierre-Auguste-Renoir, e A amazona – Retrado de Marie Lefébure (1870-75), de Edouard Manet. Nus (1919), da pintora francesa Suzanne Valadon, tem como referência a concepção da cor puramente decorativa do pós-impressionismo para expressar o desejo de liberdade e a comunhão com a natureza como ideais femininos.
Pablo Picasso, Busto de homem (O atleta), 1909, questiona de maneira provocadora os gêneros e limites da tradição pictórica. Desta época, a mostra traz, ainda, obras emblemáticas de Vincent Van Gogh, A arlesiana (1890); Paul Gauguin, Pobre pescador (1896); Amadeo Modigliani, Retrato de Leopold Zborowski (1916-19); e uma série de esculturas de Edgar Degas que mostra a evolução dos movimentos de uma bailarina – Quarta posição para frente, sobre a perna esquerda, Bailarina descansando com as mãos nos quadris e a perna direita para a frente, Bailarina olhando para a planta de seu pé direito (todas realizadas entre 1919-1932), dentre outras, e obras como Mulher saindo da banheira (fragmento), 1919-1932.
O Modernismo brasileiro está presente em obras de Carlos Prado, Varredores de rua (Os garis), 1935; Roberto Burle Marx, Fuzileiro naval (1938) e Vendedora de flores (1947), obra doada ao museu durante a SP-Arte/2015; Candido Portinari, São Francisco (1941); e Maria Auxiliadora da Silva, com Capoeira (1970).
As marcas dos intensos conflitos sociais e políticos do início do século 20 estão na obra do pintor e muralista mexicano Diego Rivera, O carregador (Las Ilusiones), 1944. A mostra inclui ainda a obra Duas amigas (1943), do pintor ítalo-alemão Ernesto de Fiori, que deixou a Alemanha fugindo da repressão nazista e se tornou um nome influente do modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940.
A criação de um acervo fotográfico também tem sido uma constante na história do museu, que as sistematizou, entre 1991 e 2012, por meio das doações da coleção Pirelli MASP, com trabalhos de fotógrafos brasileiros ou que possuam ligações com o Brasil. É o caso da fotógrafa de origem suíça Claudia Andujar, cuja série Yanomami (1974), feita a partir de longos períodos de imersão nesta cultura indígena, dialoga na mostra com a fotografia de João Musa, Barbara Wagner, Miguel Rio Branco e Luiz Braga.
A exposição, com patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, se encerra com a instalação de Nelson Leirner, Adoração (Altar para Roberto Carlos), 1966, que remete a uma nova forma de sagrado nos dias atuais.
Zip'Up: Sheila Oliveira na Zipper, São Paulo
A artista Sheila Oliveira volta a expor na Zipper, agora com a individual De onde emergem os nervos, aberta a partir de 20 de julho. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra reúne composições fotográficas que refletem sobre a sensação de estranhamento que acomete o sujeito quando este se distancia do objeto, proporcionando novos olhares e potenciais criativos. A exposição integra o projeto Zip’Up, que, desde 2011, abriga projetos experimentais e propostas curatoriais inéditas. Em 2015, Sheila havia participado da coletiva “Constelações, Intermitências e Alguns Rumores”, também com curadoria de Eder.
Os trabalhos da artista partem da hipótese de que a vida contemporânea mecanizada tem distanciado a consciência sobre corpo e nossas atitudes, estabelecendo uma relação automatizada. De modo que o propósito de Sheila é retomar o caminho, dissecar de onde emergem os nervos. “Acessar o corpo através da atenção às sensações, apesar de parecer primário, nos dá ricas possibilidades do ver. Estender o olhar para a pele, a boca e os ouvidos, torna-se uma experiência completa”, ela sustenta.
Nestas experiências buscadas a partir da fotografia – e, muitas vezes, protagonizadas pelo próprio corpo da artista – Sheila mistura referências de seu processo de investigação, materializando sobreposições de ideias. “Por meio destas imagens sonhadas, registramos as vozes silenciosas de um corpo que, por vezes, suplica carinho, entendendo-o como obra de arte e então ouvindo sua linguagem poética através da percepção de um simples tocar e sentir de pele”, reflete.
Sheila Oliveira (São Paulo, 1968), graduada em Biblioteconomia e Documentação, fotografa profissionalmente desde 1995. Usa a fotografia como fio condutor para seu entendimento do mundo, muitas vezes utilizando o próprio corpo como elemento na construção de seu trabalho. Principais exposições individuais: "Rastro visto de coisa só ouvida”, Fauna Galeria, 2014; RAYCUERA, Espaço Cultural do Banco Central do Brasil (1996). Principais exposições coletivas: Constelações, intermitências e alguns rumores, 6º Festival de Fotografia de Tiradentes FOTO EM PAUTA, (2016); Bienal Internacional Fotográfica de Bogotá (2015); La Quatrième Image (2015). Prêmios: Prêmio Aquisição Casa do Olhar, 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (2014); Prêmio Aquisição Casa do Olhar, 39º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (2011). Coleções institucionais: FOTOMUSEO Bogotá (Colômbia), Fundação Cultural de Beijing (China), Casa do Olhar (Brasil), Museu UNESP (Brasil).
Eder Chiodetto é curador especializado em fotografia, com mais de 70 exposições realizadas nos últimos 10 anos no Brasil e no exterior. Mestre em Comunicação e Artes pela ECA/USP, jornalista, fotógrafo, curador independente e autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô/Funarte), entre vários outros. Nos últimos anos tem realizado a organização e edição de livros de importantes fotógrafos como Luiz Braga, German Lorca, Criatiano Mascaro, Araquém Alcântara e Ana Nitzan, entre outros. É curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006.
Sobre o Zip’Up
Idealizado em 2011, um ano após a criação da Zipper Galeria, o programa Zip’Up é um projeto experimental voltado para receber novos artistas, nomes emergentes ainda não representados por galerias paulistanas. O objetivo é manter a abertura a variadas investigações e abordagens, além de possibilitar a troca de experiência entre artistas, curadores independentes e o público, dando visibilidade a talentos em iminência ou amadurecimento. Em um processo permanente, a Zipper recebe, seleciona, orienta e sedia projetos expositivos, que, ao longo dos últimos seis anos, somam mais de quarenta exposições e cerca de 60 artistas e 20 curadores que ocuparam a sala superior da galeria.
André Penteado na Zipper, São Paulo
Em sua primeira individual na Zipper Galeria, o artista André Penteado investiga as reminiscências e os desdobramentos visuais da delegação que desembarcou no Rio de Janeiro no início do século 19 com a meta de instituir a Academia Imperial de Belas Artes, primeira instituição oficial de ensino de artes no país. A exposição Missão Francesa tem texto crítico assinado por Moacir dos Anjos e apresenta um recorte da produção incluída em fotolivro homônimo do artista, também lançado neste mês. A mostra na Zipper fica em cartaz até 16 de agosto.
A nova série é a segunda fase do projeto “Rastros, Traços e Vestígios”, em que o artista pretende retratar cinco temas da história brasileira. Já concluiu dois – Cabanagem (2014) e Missão Francesa (2017) – e tem um em andamento – Farroupilha, previsto para o próximo ano. “Não sou historiador e não pretendo explicar os processos. Minha intenção é gerar uma sensação do presente a partir de vestígios do passado”, reflete.
O artista, no entanto, afirma haver um paralelo entre historiadores e fotógrafos: “Ambos partem da realidade, mas suas construções são sempre ideológicas”. Em uma dessas construções, ele questiona a importação de matrizes para sanar questões nacionais. “No Brasil, ainda hoje vinga o ideário de que a importação de modelos podem resolver nossos problemas”, ele afirma.
Em seu método próprio de investigação, André se aproxima do trabalho arqueológico. “Eu junto as imagens e busco uma conexão entre elas, experimentando relações, em tentativas e erros, para formar alguma coerência narrativa”. Esta abordagem “técnica” fica evidente nos aspectos formais dos trabalhos. Produzidas com tripé e uso de flash, as fotografias remetem às máquinas automáticas. São duras, estruturadas, cruas – o que, propositalmente, transmite a racionalidade com que o artista confronta a realidade. “Os temas são complexos e envolvem muita paixão. Eu busco o oposto no meu trabalho. É quase uma fotografia forense”, analisa.
Trabalhos da mesma série estão também na mostra coletiva Antilogias, em cartaz na Pinacoteca do Estado até sete de agosto. Ainda neste mês, o artista realiza uma exposição individual sobre a Missão Francesa no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que abriga a mais importante coleção sobre o período. Na Zipper, “Missão Francesa” fica em cartaz até 16 de agosto.
Sobre o artista
A obra de André Penteado (São Paulo, 1970) se baseia na ideia de que a fotografia, dada a sua banalidade no mundo de hoje, é uma das mais interessantes e complexas mídias para o desenvolvimento de trabalhos de arte. Produzindo desde 1998, o artista já realizou nove exposições individuais e participou de mais de vinte coletiva no Brasil, Argentina, Espanha e Inglaterra, onde viveu por sete anos. Em 2013, venceu o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger com o trabalho O Suicídio de meu pai; em 2014, teve seu projeto Tudo está relacionado selecionado para o Rumos Itaú Cultural 2013-2014. Tem quatro fotolivros publicados: O suicídio de meu pai (2014), Cabanagem (2015), Não estou sozinho (2016) e Missão Francesa (2017).
Texto crítico
Crítico de arte, pesquisador e curador, Moacir dos Anjos foi curador do pavilhão brasileiro (Artur Barrio) na 54ª Bienal de Veneza (2011), curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010), co-curador da 6ª Bienal do Mercosul, Porto Aelgre (2007), e curador do 30º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna (2007), em São Paulo. Foi curador da mostra coletiva Cães sem Plumas (2014), no MAMAM e de exposições retrospectivas dos trabalhos de Cao Guimarães (2013), no Itaú Cultural, e de Jac Leirner (2011), na Estação Pinacoteca, ambas em São Paulo. Publica regularmente em revistas acadêmicas e catálogos de exposição. É autor, entre outros, dos livros Local/Global. Arte em Trânsito (Zahar, 2005) e ArteBra Crítica. Moacir dos Anjos (Automátia, 2010), além de editor de Pertença, Caderno_SESC_Videobrasil 8, São Paulo (SESC/Videobrasil, 2012).
julho 13, 2017
Eduardo Kac na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
Luciana Caravello Arte Contemporânea apresenta a exposição “Em Órbita: Telescópio Interior”, primeira individual de Eduardo Kac na galeria, que inaugura no dia 20 de julho às 19 horas.
A exposição centra-se na obra Telescópio Interior (Inner Telescope), concebida por Eduardo Kac e realizada no espaço em 2017 em colaboração com o astronauta francês Thomas Pesquet.
Feito de materiais disponíveis na estação espacial, “Telescópio Interior” é um instrumento de observação e reflexão poética que nos leva a repensar nossa relação com o mundo e posição no universo. A obra, criada especificamente para gravidade zero, consiste em uma forma que não tem parte superior ou inferior, direita ou esquerda, tampouco frente ou verso. Dependendo do ponto de vista, a obra pode ser vista como uma palavra ou como uma forma visual.
Desde a década de 1980, Eduardo Kac tem escrito e produzido obras de arte e poesia que desafiam os limites da gravidade, como por exemplo seus poemas holográficos. Em 2007 o artista publicou o manifesto "Poesia Espacial". Por fim, em 2017, realiza seu sonho de criar uma obra de arte diretamente no espaço a bordo da Estação Espacial Internacional.
A exposição apresenta uma seleção de obras — desenhos, bordados, vídeo e fotografias — através das quais o artista revela sua visão da arte e da cultura espacial do futuro.
Eduardo Kac realizou “Telescópio Interior” com apoio do Observatoire de l'Espace (que é o laboratório de arte-ciência da Agência Espacial Francesa), da Agência Espacial Europeia, e da Fundação Daniel et Nina Carasso.
A exposição termina em 19 de agosto.
Carlos Zilio na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Obras inéditas e recentes do importante artista partem de um tema em comum: o tamanduá.
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 19 de julho, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição Carlos Zilio – Pinturas, desenhos e objetos, com trabalhos inéditos do importante artista nascido em 1944, no Rio de Janeiro. Presença constante em exposições no Brasil e no exterior, como “Transmissions: Art in Central Europe and Latin America, 1960-1980”, no MoMA de Nova York, em 2015, Zilio vai mostrar cerca de quinze trabalhos recentes, dentre pinturas, desenhos e objetos, todos desenvolvidos a partir de um tema básico: o tamanduá.
A imagem do tamanduá surgiu pontualmente na produção de Carlos Zilio em meados dos anos 1980, com a morte de seu pai. Na época, Zilio se lembrou de uma história restrita ao ambiente familiar. Quando pequeno, seu pai tinha um tamanduá de estimação, no interior do Rio Grande do Sul. Para onde ia, o tamanduá ia junto, como animal doméstico. Em uma viagem, o menino não pode levar seu bicho de estimação, e a volta à casa foi retardada por um forte temporal. O tamanduá ficou triste com a ausência de seu dono, ao ponto de morrer. O garoto, claro, ficou arrasado quando chegou em casa e soube do ocorrido. Com a morte do pai, esta história ressurgiu, e Zilio chegou a fazer alguns trabalhos usando a figura de um tamanduá. Mas somente vinte anos depois, em 2008, retomou o tema, e como formato básico para representar o animal usou uma figura encontrada por acaso no piso manchado do corredor de acesso ao ateliê em que trabalhou por 25 anos, em Botafogo, que pertenceu ao pintor Iberê Camargo, do qual foi aluno. “Tem a ver com perdas, indagações e questionamentos em torno das ausências. A materialização de uma ausência”, comenta o artista.
Para a exposição na Anita Schwartz Carlos Zilio criou três formatos semelhantes de tamanduá, que são usados como máscaras nas pinturas e nos desenhos. Os trabalhos recebem várias camadas de tinta – óleo e color jet nas pinturas sobre tela, e color jet sobre papel e acetato nos desenhos – em um longo processo, e trazem variadas texturas e transparências. Os tamanhos variam de 110cm a 330cm.
Os trabalhos fazem referência à memória do artista, como a repetição de elementos que utilizou em produções anteriores – as linhas onduladas, presentes em obras dos anos 1980, ou as setas da pintura "Cerco e Morte” (1974), adquirida em 2014 pelo MoMA de Nova York. Da mesma forma, utensílios e ferramentas que convivem com o artista em seu ateliê – agora instalado em Laranjeiras – e acabaram “ganhando intimidade com o tempo”, se transformaram em objetos que serão expostos. É o caso da chaleira usada por Iberê Camargo, potes que trazem no fundo as inscrições “ontem”, “hoje” e “amanhã”, dispostos em degraus de uma escada, ou ainda "Ryman’s pie", como uma homenagem irônica ao artista que só usa branco (Robert Ryman, 1930), criada com restos de camadas de tinta branca, que aludem a um glacê de torta.
Em 2008, quando Anita Schwartz construiu o prédio de três andares com 700 metros quadrados que abriga sua galeria no Baixo Gávea, inaugurando então um novo patamar para espaços de arte na cidade, escolheu Carlos Zilio para sua mostra inaugural.
Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo. Participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960 – “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, por exemplo, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –, e de mostras com repercussão internacional, como as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição “Tropicália”, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Desde seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais “Arte e Política 1966-1976”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997), “Carlos Zilio”, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), que abrangeu sua produção dos anos 1990, e “Pinturas sobre papel”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).
Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.
No ano passado, o MAM Rio de Janeiro remontou exatamente no mesmo local sua histórica exposição “Atensão”, realizada em 1976, dentro do programa Área Experimental, que o Museu manteve até 1978. Em 2011, o artista fez também no MAM Rio uma individual com trabalhos recentes. Também se destacam dentre suas recentes exposições as realizadas em 2010 no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo) e no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba).
As mais recentes exposições coletivas que integrou foram: "60/70: Um panorama-mostra do acervo”, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, este ano; “Em Polvorosa”, no MAM Rio, “Uma História da Pinacoteca de São Paulo, Galeria Roger Wright, anos 60”, na Pinacoteca de São Paulo, “A cor do Brasil”, no Museu de Arte do Rio (MAR), em 2016; “Transmissions: Art in Central Europe and Latin America, 1960-1980”, no Museum of Modern Art NY (MoMA), em 2015; “Brazil Imagine”, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, em 2014; e “Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art”, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh.
Carlos Zilio foi professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro “Carlos Zilio”, organizado por Paulo Venâncio Filho, sobre a sua produção.
Débora Bolsoni na Athena, Rio de Janeiro
Artista apresentará na Athena Contemporânea obras inéditas, que fazem uma reflexão sobre o movimento e a quietude. Exposição foi pensada em conjunto com a mostra que a artista apresenta no Drawing Lab, em Paris.
A galeria Athena Contemporânea apresenta, a partir do dia 20 de julho de 2017, a exposição Débora Bolsoni – Pra Aquietar, com cerca de 30 obras inéditas, dentre desenhos e esculturas, da artista carioca radicada em São Paulo. Débora Bolsoni acaba de voltar de Paris, onde realizou uma residência na Cité Internacionale dês Arts e uma exposição no Drawing Lab, o primeiro centro de arte contemporânea da França dedicado ao desenho. Com curadoria de Claudia Rodriguez-Ponga, as exposições do Rio e de Paris foram pensadas em conjunto, em um projeto que surgiu há mais de um ano. Muitas obras da exposição no Rio foram pensadas em Paris e alguns elementos que compõem as obras foram encontrados na cidade francesa, tanto na rua quanto em lojas de material de construção.
Débora Bolsoni é conhecida por seus trabalhos com formas tridimensionais e que se relacionam com a arquitetura dos espaços e o urbanismo das cidades. Nesse projeto, no entanto, a curadora quis focar na relação da artista com o desenho, com a sua poética. “Mesmo nas esculturas, há o desenho. Os trabalhos fazem uma reflexão sobre a quietude e o movimento. O movimento que fica contido nas obras, que a qualquer momento podem se mexer, podem mudar”, afirma a curadora.
Débora Bolsoni se apropria de elementos que vê na rua e encontra muitos objetos para o seu trabalho em lojas de material de construção. Tanto em Paris quanto no Rio, há obras da série “No names, but names”, que é composta por “carrinhos” usados para transporte de mochilas infantis e venda ambulante. No lugar deles, a artista coloca caixas feitas por ela em papel cartão, que são banhadas de parafina, onde a artista faz desenhos usando pastel oleoso. “Os carrinhos são suportes para os desenhos, é um desenho-escultura ou uma escultura-desenho. É uma ideia sobre circulação, sobre algo que passeia entre as coisas. Há uma tensão de que um movimento que está prestes a acontecer”, diz a artista. “Os carrinhos são um movimento interrompido, assim como os desenhos”, ressalta a curadora.
Na exposição “Pra Aquietar” haverá um “carrinho” menor chamado “Sônia a Paquetá”, que faz referência à época em que Sônia Braga foi morar em Paquetá. Os desenhos dessa obra representam pegadas no chão. Esse trabalho, assim como outros da exposição, foram pensados em Paris. Para Débora, a cidade é muito feminina e ela passou a observar como as mulheres experimentam o espaço público. Com isso, lembrou de atrizes que representam essa feminilidade e lhe veio à cabeça a Sônia Braga recebendo o prêmio no Festival de Cannes, no ano passado, e do tempo em que ela foi morar em Paquetá, “um lugar mágico”, segundo Débora.
Com isso, também surgiu o título da exposição “Pra Aquietar”, que foi retirado da música homônima de Luiz Melodia, de 1973, em que ele também faz referência a Paquetá e à calma das coisas. “Como nas paradinhas da música de Luiz Melodia que dá título à exposição, estes cortes no tempo são, na verdade, a chave de qualquer movimento, sua essência inesgotável”, diz a curadora. “Para criar minhas obras, trago outras expressões artísticas, como a música, e não só as artes visuais”, conta a artista.
A exposição terá, ainda, outros trabalhos que possuem elementos urbanos como referência, como “Shelf with Poteau”, que foi inspirada nas barras de ferro que impedem que os carros estacionem nas calçadas de Paris, e “Veneziana”, que é composta por um capacho preto, que imita ferro, que foi achado pela artista na capital francesa. Na obra, que será colocada no chão da galeria, ela fez intervenções com tinta branca.
Em uma das paredes da galeria estará uma roda vermelha, criada pela artista com carpete e parafina. “Ela estará representando a roda, um ícone do movimento”, afirma a curadora. Também na parede estará a obra "Inutile d’ajouter" onde, em uma pequena barra de ferro a artista apoia uma placa de linho e um azulejo verde com trechos do “manifesto surrealista”, de André Breton (França, 1896 - 1966). Haverá, ainda, uma caixa com textos e azulejos que a artista compra em lojas de materiais de construção usados. “São objetos que já tem uma história”, diz.
Na exposição, haverá, ainda, desenhos feitos em grafite, ecoline e lápis de cor sobre papel, de 2012, que se relacionam com a questão do movimento e com as demais obras. Os desenhos são muito sutis, com pequenos elementos e, às vezes, algumas frases. “Eles trazem silhuetas, que na verdade é uma presença e determina algo que já foi”, explica a curadora.
Débora Bolsoni (Rio de Janeiro, 1975. Vive e trabalha em São Paulo). É Mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo e Bacharel em Gravura pela Universidade de São Paulo. Estudou, ainda, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Saint Martin School of Art, em Londres. Possui obras em importantes coleções, como Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte da Pampulha; Museu de Arte de Ribeirão Preto; Instituto Figueiredo Ferraz; Pinacoteca Municipal de São Paulo e Remisen-Brande Art Collection.
Dentre suas principais exposições individuais estão “No names, but names” (2017), no Drawing Lab, em Paris; “Urbanismo Geral” (2015), na Athena Contemporânea; “Fazer Crer” (2007), no MAMAM, em Recife; “Gruta Pampulha” (2006), no Museu de Arte da Pampulha; “Débora Bolsoni, Programa de Exposições do CCSP’’ (2005), no Centro Cultural São Paulo; “Individual e simultânea” (2001), no Centro Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo, entre outras.
Dentre suas exposições coletivas destacam-se: “Miniatures, Models, Voodoo and Other Political Projections” (2017), no Blau Project, em São Paulo; “A spear a spike a point a nail a drip a drop the end of the tale” (2016), na Ellen de Brujine Projects, em Amsterdan; “Aparição” (2016), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Condor Project” (2015), na The Sunday Painter Gallery, em Londres; “Tout Doit Disparaître” (2015), na La Maudite, em Paris; “Southern Panoramas-19 Art Festival SESC Videobrasil” (2015), no SESC Pompéia; “Alimentário” (2014), no MAM Rio e na OCA, São Paulo; “Imagine Brazil, artist’s books” (2013), na Astrup Fearnley Museet, em Oslo; “Betão à Vista” (2013), no MuBe, em São Paulo; “O Retorno da Coleção Tamagnini” (2012), no MAM São Paulo; “Dublê” (2012), no CCSP; “Mostra Paralela – A Contemplação do Mundo” (2010), no Liceu de Artes e Ofício, em São Paulo; “Corsário Cassino Museu” (2010),no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte; “Absurdo” - 7ª Bienal do Mercosul (2009); “Quase Liquido” (2008), no Itaú Cultural, em São Paulo; “Cover – Reencenação + Repetição” (2008), no MAM São Paulo; ‘’Contraditório – Panorama da arte brasileira’’ (2007), no MAM São Paulo, entre outras.
julho 12, 2017
Diálogos Contemporâneos no MNBA, Rio de Janeiro
Exposição Diálogos Contemporâneos aborda a vivência francesa na formação de artistas brasileiros
Nesta sexta 14 de julho, data nacional da França, o Museu Nacional de Belas Artes, Ibram e MinC inauguram, em conjunto com o Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, a exposição Diálogos Contemporâneos. A abertura será a partir das 15h e o visitante poderá vislumbrar os frutos do rico e diversificado entrelaçamento cultural entre o Brasil e a França, ao longo de décadas.
Num diálogo que envolve artistas braslleiros que foram acolhidos na terra de Poussin, Jacques-Louis David, Ingrés, Monet, Rodin, Yves Klein, entre outros, a fim de estudar e aperfeiçoar num país conhecido pelo grande legado deixado para a história da arte, de antes e do agora.
A mostra, com curadoria da diretora do Paço Imperial Claudia Saldanha e da pesquisadora e diretora do MNBA, Monica Xexéo, privilegia um recorte do acervo do Museu Nacional de Belas Artes, que se situa entre os anos 1920 até o contemporâneo, espelhando alguns ângulos da influência francesa na vivência de artistas modernos e contemporâneos brasileiros.
Reunindo cerca de 100 obras, entre pinturas, esculturas, desenhos e gravuras, a exposição Diálogos Contemporâneos contém alguns módulos como o das Premiações, enfocando artistas que depois de premiados puderam aprimorar sua obra em instituições lendárias como Academie Julian ou na Academie de la Grande Chaumière; o dos Olhares Estrangeiros, no qual artistas estrangeiros no Brasil puderam estudar na França, e ainda o dos Autônomos, que espontaneamente buscaram o desenvolvimento do seu trabalho em solo francês.
Na exposição Diálogos Contemporâneos, poderão ser vistos trabalhos de nomes como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Flavio Shiró, Antonio Bandeira, Gonçalo Ivo, Flávio Shiró, Sérvulo Esmeraldo, Antonio Bandeira, Luiz Áquila, Jorge Mori, e Lasar Segall, dentre vários outros artistas.
André Penteado no MNBA, Rio de Janeiro
Mostra foi criada a partir de seu novo livro, Missão Francesa, no qual o artista procura no Rio de Janeiro atual resquícios de uma formação que se iniciou em 1816
André Penteado fotografou o Rio de Janeiro de fevereiro de 2015 até janeiro de 2017 para o segundo livro da trilogia Rastros, Traços e Vestígios, que será lançado em maio pela editora Madalena. Missão Francesa busca relacionar passado e presente a partir da formação de artes no Brasil, pelos franceses, em locais emblemáticos como o Museu Nacional de Belas Artes, o Museu D. João VI e o solar Grandjean de Montigny, e a personificação do que esse processo representou, em retratos de alunos e professores da Escola de Belas Artes da UFRJ, retratos de descendentes de Nicolas-Antoine Taunay e desenhos, pinturas e esculturas dos artistas que compuseram a Missão, assim como de seus alunos, pertencentes aos acervos das instituições visitadas.
“Para os livros do projeto Rastros, traços e vestígios, escolhi temas que considero relevantes na história do país e que são anteriores à invenção da fotografia, logo não possuem iconografia fotográfica de época. Acredito que existe um paralelo entre o trabalho do fotógrafo e do historiador: se tanto a fotografia quanto a historiografia partem da realidade, é possível dizer que ambas são resultado de decisões ideológicas daqueles que as criam. Sendo assim, nestes livros, quero que a fotografia do presente sirva como um instrumento para reflexão sobre a construção das narrativas do nosso passado”, afirma o autor.
A ideia é que fotografia sirva como uma mola propulsora para a reflexão do leitor. Em cada livro, o artista inclui também textos historiográficos selcionados. Estes textos não são explicativos da obra mas sim parte dela. “No livro reproduzi em tamanho maior do que o original uma publicação de uma carta do líder da Missão Joachim Lebreton, que foi traduzida pelo historiador Mário Barata para a edição de 1959 da Revista do Patrimônio Histórico e Artístico e Histórico Nacional”, completa.
O livro é dividido em três partes: na primeira, que representa o tempo presente, o leitor se depara com uma série de imagens, todas relacionadas de alguma forma com a história da Missão Francesa (há legendas no fim do livro que identificam cada uma delas), e que sugerem uma reflexão sobre a ideia de que copiar modelos resolverá os problemas e a dificuldade em seguir com o planejamento de projetos; a segunda, representando o passado, contém a reprodução do Plano de Lebreton para o estabelecimento de uma escola de Belas Artes no país, o documento fundamental desta história; e a terceira, apontando para o futuro, contém retratos de alunos da Escola de Belas Artes da UFRJ, instituição que “descende” diretamente da Academia Imperial de Belas Artes, mas traz também uma interrogação: “Se os diversos espectros da sociedade brasileira estão também nas escolas de artes, alguma mudança ocorreu, mas, se o prédio da Universidade está depauperado, qual educação está sendo oferecida a eles?”, se pergunta o fotógrafo.
Para a exposição de Missão Francesa no MNBA, André Penteado selecionou um grupo de trinta e três fotografias que resumem as discussões levantadas no livro. Estas imagens serão impressas em tamanhos diferentes, variando entre 48,8 x 60 cm e 136,5 x 110 cm. Os diferentes tamanhos e a disposição nas paredes das fotografias buscam permitir ao observador uma narrativa visual diferente do livro mas que busca manter sua complexidade.
“André Penteado, da geração de novos fotógrafos brasileiros, é quem sabe um dos mais interessantes, pela leitura complexa que faz de nossa sociedade. Sua trilogia trata da história do Brasil sem o glamour de outrora ou a depressão das muitas crises. A sua sutileza transforma histórias de um período não fotográfico, ou seja, do ontem, em algo que poderia ser comparada a uma exposição de artefatos arqueólogo, onde resquícios encontrados são colocados lado a lado em busca do sentido e impacto que a chegada dos artistas franceses teve na cultura nacional”, afirma Iatã Cannabrava, coordenador editorial da trilogia.
André Penteado (1970) nasceu e trabalha em São Paulo. Voltado principalmente para a fotografia, sua obra é centrada na ideia de que esta mídia, dada a sua ubiquidade no mundo de hoje, é uma das mais interessantes e pertinentes ferramentas para a discussão das complexas questões do mundo contemporâneo. Produzindo desde 1998, André vem desenvolvendo projetos que investigam temas da história brasileira – como a Cabanagem e a Missão Francesa –, momentos de grande intensidade emocional – como a perda do pai – e também a própria natureza da imagem fotográfica. André já realizou oito exposições individuais e participou de mais de duas dezenas de coletivas, muitas no exterior. Em julho de 2017, lançará seu quarto livro, Missão Francesa. Seu trabalho pode ser visto em detalhes no site www.andrepenteado.com.
Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto na Funarte, Belo Horizonte
O trabalho dos artistas Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto traz para dentro do espaço de exposição algumas ações cotidianas do ambiente da construção civil
O projeto Ação para erguer colinas, proposta dos artistas plásticos Luis Arnaldo e Marcelino Peixoto (Coletivo Xepa), é um dos vencedores do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea de 2015 e ocupa o Galpão 5 da sede da instituição em Belo Horizonte no período de 15 de julho à 31 de agosto. O projeto é composto por duas ações de desenho, Erguer Colinas e Exílio, que serão realizadas a partir da inserção de 80 m³ de areia no espaço e a distribuição em 8 colinas. “Queremos fazer da galeria e seu entorno um canteiro para construção, tornando possível ao espectador perceber o trabalho e o acontecimento como fatos sensíveis, palpáveis e intelectivos”, afirmam.
De acordo com Luis Arnaldo, a ação “Erguer Colinas” é a primeira e terá duração determinada pelo esforço dos próprios artistas no transporte da areia do pátio central para o interior do Galpão 5. “A partir da entrada no espaço, iremos desenhar de forma silenciosa, em um trabalho contínuo”, explica Luis. A ação inclui, no dia de abertura da exposição, programada para as 06 horas da manhã do dia 15 de julho, o próprio transporte da jazida até a sede da Funarte MG.
Após o início do deslocamento das colinas de areia, os artistas começam a segunda ação de desenho, Exílio. Com lápis grafite, Marcelino e Luis irão desenhar sobre as paredes da galeria, usando como referência projeções fotográficas dos montes que restaram do lado de fora, e que ainda serão erguidos no interior do galpão. “Iremos projetar colinas que ainda serão formadas”, explica Marcelino. Para realizar todo este trabalho, do segundo até o último dia de exposição, os artistas trabalharão cinco horas diárias, entre erguer colinas de areia e desenhá-las nas paredes.
As ações de desenhar, encher, carregar, erguer e derramar areia têm como meta produzir uma paisagem desértica, uma oposição ao ruidoso contexto urbano onde localiza-se a Funarte MG. “Oferecendo assim uma instância de desaceleração que se assemelha muito a prática de ateliê. Estamos também propondo uma aproximação dos fazeres cotidianos, no caso, o trabalho em um canteiro de obra, como sinônimo do trabalho do artista”, ressalta Marcelino.
A programação do projeto também inclui a doação da areia a partir do dia 12 de agosto. O material poderá ser retirado, por qualquer pessoa interessada, no próprio pátio da Funarte MG mediante agendamento prévio pelo telefone (31) 99221-7316. Com isso os artistas procuram convocar o público e incluí-lo na condição de atores do trabalho, principalmente os profissionais da construção civil, agentes fundamentais na formação de nossas cidades. Mais informações sobre o projeto.
Luis Arnaldo, Campinas (SP), 1985. Vive em Belo Horizonte (MG). É bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG (2010) e em Artes Plásticas pela UEMG (2016). Tem como principal objeto de interesse o Espaço e seus agentes formadores. São exposições individuais recentes: Ação de Desenhar o que Resta, SESC Palladium, Belo Horizonte/MG, 2015; Partituras, Fundação Cultural Badesc, Florianópolis/SC, 2016; e Acidente geográfico, Museu de Arte Contemporânea (MARCO-MS), Campo Grande/MS, 2016. Dentre as premiações destaca-se o Prêmio Arte e Patrimônio 2013, do MinC/IPHAN/Paço Imperial, RJ. São programas de residência artística nos quais participou recentemente: Seoul Art Space Geumcheon, Seul/Coreia do Sul (2017); e Embassy of Foreign Artists, Genebra/Suíça (2016).
Marcelino Peixoto, Alvarenga (MG), 1971. Vive em Belo Horizonte (MG). É mestre em Artes Visuais e Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG. Professor de Desenho do curso de Artes Plásticas e professor da disciplina Arte, Ação e Acontecimento na Pós-graduação em Arte e Contemporaneidade, ambos na Escola Guignard da UEMG. Desde 2005 integra o Xepa* . Entre as participações em mostras, destacam-se: Daqui a um Século, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte/MG, 1997; Visitantes, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte/MG, 2002; Prato Feito, FAOP, Ouro Preto/MG, 2006; X, Centro Cultural da UFMG, Belo Horizonte/MG, 2007; Parabrisas, Espaciocentro, Córdoba/Argentina, 2007; e O que temos para o almoço, Funarte MG, Belo Horizonte/MG, 2014. São exposições individuais importantes: Riscos Contínuos, BDMG Cultural, Belo Horizonte/MG, 2007; Arqueologia, Galeria da Copasa, Belo Horizonte/MG, 2007; : aquarela : entre : aquarela :, Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG, 2008; Transferência, Galeria de Arte da CEMIG, Belo Horizonte/MG, 2009; Ação de Desenhar o que Resta, SESC Palladium, Belo Horizonte/MG, 2015; e Partituras, Fundação Cultural Badesc, Florianópolis/SC, 2016.
OSSO Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga no Tomie Ohtake, São Paulo
Diante de questões humanitárias urgentes, o Instituto Tomie Ohtake se oferece como plataforma para a realização de um projeto singular, ao unir os territórios da Arte e da Justiça, em parceria com o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e com a adesão de um grupo de artistas.
Em OSSO – Exposição-apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga, as obras reunidas e os debates propostos pretendem iluminar o tema em destaque na sociedade brasileira: igualdade de direitos constitucionais básicos.
O Instituto Tomie Ohtake busca incluir em seu programa propostas que, além das artes visuais, alcancem outros campos da cultura, como literatura (José Saramago: a consistência dos sonhos); teatro (Arena conta Arena 50 anos), cinema (Kurosawa – criando imagens para cinema) e ciência (A Arte e a Ciência – Nós entre os extremos).
EXPOSIÇÃO
Para a exposição, o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, convidou e contou com a adesão imediata de 29 dos mais relevantes artistas brasileiros. O título “osso” justifica-se por terem sido escolhidas obras produzidas a partir de elementos mínimos, que podem aludir de forma sintética à fragilidade e a crueza dessa questão “o direito de defesa”. Segundo Miyada, “A experiência sensível desta exposição será de vastidão e emergência: o deambular por um amplo espaço ocupado pontualmente por proposições precisas – ora pontuais como um toque, ora afiadas como um bisturi. Não são apenas obras-discurso, mas obras-atitude”. Todos os artistas responderam diretamente ao convite para integrar a exposição com esta causa.
Cerca de dois terços dos artistas participam com obras existentes, os demais com obras inéditas ou feitas especialmente para a exposição. Cildo Meireles, por exemplo, mostra Cruzeiro do Sul (1969), cubo de madeira de madeira de 9 mm apresentado diretamente sobre o chão em uma sala vazia; ele é composto de uma secção de pinho e a outra de carvalho, madeiras utilizadas por povos indígenas para produzir fogo por fricção. Carmela Gross irá refazer o desenho em grafite sobre parede Águia (1995), originalmente parte de instalação da artista na antiga Cadeia Municipal de Santos. Paulo Bruscky irá remontar simbolicamente a exposição em que apresentou seu Manifesto Nadaísta (1974) – lançado à época como uma forma de protesto mudo contra a censura. Nuno Ramos mostrará Balada (1995/2015) livro de 896 páginas em branco perfurado por um tiro de pistola, cujo projétil se encontra alojado no interior do mesmo.
No conjunto de convidados, há representantes de diferentes gerações e regiões do país – desde Bené Fonteles (1953, Bragança, Pará. Vive em Brasília) até Gustavo Speridião (1978, Rio de Janeiro), por exemplo. Uma parcela significativa dos participantes destaca-se pela contínua dedicação a debates sobre preconceito e violência, como Rosana Paulino, Jaime Lauriano, Paulo Nazareth, Dalton Paula e Moisés Patrício.
Lista de artistas participantes: Adriano Costa, Alice Shintani, Anna Maria Maiolino, Bené Fonteles, Carmela Gross, Cildo Meireles, Clara Ianni, Dalton Paula, Fabio Morais, Fernanda Gomes, Graziela Kunsch, Gustavo Speridião, Ícaro Lira, Iran do Espírito Santo, Jaime Lauriano, Jonathas de Andrade, Maria Laet, Miguel Rio Branco, Moisés Patrício, Nelson Félix, Nuno Ramos, Pablo Lobato, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Raphael Escobar, Rosana Paulino, Sonia Gomes, Tiago Gualberto e Vitor Cesar.
Além das obras em exposição, em uma sala adjunta, serão apresentados documentos ligados direta e indiretamente ao caso de Rafael Braga – a compilação e edição de dados e textos nasce também da parceria das equipes do Instituto Tomie Ohtake com o IDDD.
DEBATES
No primeiro sábado após a abertura da mostra, 1 de julho de 2017, um amplo debate será realizado, com introdução por Paulo Miyada e Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, e participação dos convidados Geraldo Prado, Professor de Direito da UFRJ, magistrado aposentado do Tribunal de Justiça RJ e consultor jurídico; Suzane Jardim bacharela em História pela USP, pesquisadora de gênero e dinâmicas raciais e uma das organizadoras da campanha 30 Dias por Rafael Braga e Cidinha da Silva, escritora e ativista, autora de nove livros, incluindo #Parem de nos matar! (São Paulo: Editora Ijumaa, 2016). Outras atividades estão sendo programadas pelo Núcleo de Cultura e Participação do Instituto Tomie Ohtake – entre elas, uma série de oficinas de cartazes a serem realizadas no CDP Pinheiros III.
SOBRE RAFAEL BRAGA
O jovem negro carioca, era catador de latas quando, nas manifestações de junho de 2013, foi levado à prisão por portar dois frascos plásticos, um de desinfetante e outro de água sanitária. A acusação dizia que ele portava materiais inflamáveis que seriam utilizados para produzir explosivos, mas cuja aptidão incendiária foi contestada por um laudo do Esquadrão Antibomba da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil. Ainda assim, Rafael foi o único cidadão brasileiro preso no contexto dos atos que foi condenado à pena de prisão. Condenado à pena de quatro anos e oito meses em regime inicial fechado, em dezembro de 2015, progrediu ao regime aberto, por preencher os requisitos legais.
Rafael trabalhava como auxiliar de serviços gerais no Centro do Rio de Janeiro e utilizava tornozeleira eletrônica, quando, em janeiro de 2016 foi preso novamente. Segundo a versão policial, o jovem caminhava pela Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro, quando teria sido flagrado com 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína, além de um rojão. Rafael, que nega todas as acusações, alega ter sido vítima de violência e extorsão policial. Há contestações sobre a veracidade do flagrante e foi registrada contradição entre os depoimentos de policiais militares, únicas testemunhas da acusação. A testemunha da defesa, que afirma que Rafael não portava as drogas no momento da detenção, teve seu depoimento desacreditado pelo juiz. No final de abril de 2017, Rafael Braga foi condenado a 11 anos e 3 meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas.
Apesar do acúmulo de infortúnios que colaboraram para a relativa publicização desse caso, ele não está isolado nas estatísticas brasileiras. Para Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, “o jovem é um símbolo da crescente população prisional brasileira. A história de Rafael é semelhante àquelas de tantos outros jovens que não conseguem se livrar de um direito penal cada vez mais amplo e violento. Rafael representa, ainda, o angustiante destino cíclico da população periférica egressa do sistema prisional”.
SOBRE O IDDD
Em julho de 2000, preocupados com a intolerância ao direito de defesa e à presunção de inocência, foi fundado por um grupo de advogados criminalistas o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), organização da sociedade civil de interesse público.
Desde a sua fundação, o principal desafio do IDDD é o de sensibilizar a sociedade para o cuidado que se deve ter com acusações injustas e julgamentos açodados, demonstrando que essa precaução é critério a nos afastar de um Estado totalitário e opressor. E que esse é o pressuposto da liberdade humana, que não pode ser de qualquer forma flexibilizado, sob pena de se colocar em risco a própria democracia.
Para o IDDD, apresentar à sociedade a necessidade desse debate, significa propiciar ampla discussão acerca do que é o processo de criminalização e de que maneira o direito penal e o encarceramento em massa são as maiores demonstrações do agravamento dos conflitos sociais.
PROGRAMA DE ATIVIDADES
VISITAS AGENDADAS
Mediadas por educadores, incluem conversa na exposição, seguida de atividade poética em ateliê.
Quintas-feiras, 10h às12h; 14h às 17h
Sextas-feiras, 14h às 17h
MESA DE ABERTURA
1 de julho, sábado, 18h
Debate apresentado pelo curador Paulo Miyada e por Hugo Leonardo, vice-presidente do IDDD, com a participação de Geraldo Prado, professor de Direito da UFRJ, magistrado aposentado do Tribunal de Justiça RJ e consultor jurídico; Suzane Jardim bacharela em História pela USP, pesquisadora de gênero e dinâmicas raciais e uma das organizadoras da campanha 30 Dias por Rafael Braga e Cidinha da Silva, escritora e ativista, autora de nove livros, incluindo #Parem de nos matar! (São Paulo: Editora Ijumaa, 2016).
ATELIÊ ABERTO DE CARTAZES
Sábados, 1, 8, 15, 22 e 29 de julho, 14h às 17h
Produção de cartazes relacionados ao tema da exposição a partir de técnicas como serigrafia, estêncil e carimbo.
CONVERSAS EM FLUXO
Exibição de filmes, conversas e apresentações relacionadas ao tema da exposição
PROGRAMAÇÃO
6 de julho, quinta-feira, 19h
Apresentação da peça Macacos - é um monólogo que se desenvolve a partir do relato de um homem negro em busca de respostas para o racismo que rodeia o seu cotidiano e a história de sua comunidade. É como um fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que remete à história do Brasil e de grandes artistas negros, como Elza Soares, Machado de Assis e Bessie Smith, refletindo também sobre o presente por meio de relatos e estatísticas atuais sobre o encarceramento e execução de jovens negros no país.
A Cia do Sal é um grupo formado por artistas-amigos que se conhecem há 10 anos e que valorizam em suas criações artísticas o empoderamento político-social, bem como a participação do público para a construção de suas obras. O repertório da Cia do Sal discute temas de urgência como o racismo e o genocídio negro no Brasil, procurando sempre afinar o seu discurso horizontalmente, muitas vezes optando por convidar artistas, parceiros ou aprendizes para atuar junto aos membros com formação em Teatro, Dança, Iluminação e Direção Cênica.
13 de julho, quinta-feira, 19h
Exibição da websérie “O filho dos outros” (4 episódios com duração total de 68 minutos), produzido pelo coletivo Rebento, seguido de debate.
“O filho dos outros” é uma websérie produzida pelo coletivo Rebento que traz discussões sobre a redução da maioridade penal no Brasil. Além de abordar o tema de forma direta, traz dados e informações que enriquecem a reflexão acerca do assunto e a complexidade que o acompanha, como os direitos da criança e do adolescente no Brasil, o conceito de infância, o sucateamento da educação pública e outros problemas estruturais da sociedade. A série discute, também, as possíveis conseqüências da redução da maioridade penal na sociedade brasileira.
O coletivo Rebento nasceu em 2015 já pensado para o desenvolvimento da websérie “O filho dos outros”. O coletivo tem como objetivo ter estrutura para fazer trabalhos voltados para problemas sociais e, assim, contribuir com o debate público.
Evento Gratuito.
20 de julho, quinta-feira, 19h
Exibição do documentário “ Mulheres negras: projetos de mundo” (25 min), de Day Rodrigues e Lucas Ogasawara, seguido de debate com a diretora.
Dirigido pela produtora cultural, escritora e feminista negra Day Rodrigues em parceria com Lucas Ogasawara, o documentário conta com depoimentos de nove mulheres negras abordando a experiência de vida a partir da raça, do gênero e da classe, apresentando discussões do feminismo negro e da resistência da mulher negra através dos anos.
Day Rodrigues é produtora cultural e escritora, tem Licenciatura em Filosofia e Especialização em Gestão Cultural pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Produziu e escreveu o documentário “Ouro Verde: a Roda de Samba do Marapé” e o curta-metragem “Ponto Final”.
Exibição do documentário “Universo Preto Paralelo” (12 min), de Rubens Passaro, seguido de conversa com o diretor.
Por meio da comparação de obras do século XIX e depoimentos dados à Comissão Nacional da Verdade, o documentário, dirigido por Rubens Passaro, traça um paralelo entre as violações de direitos humanos do passado escravocrata brasileiro e da ditadura militar.
Rubens Passaro é formado em Midialogia pela Unicamp, atua na área de criação e produção de audiovisual, que inclui trabalhos de web e multimídia. É sócio da Tropeiro Produções, que inclui no portfólio produções como “Crack: repensar” e “Di Melo - O Imorrível”.
Evento Gratuito.
PROGRAMAÇÃO DE ENCERRAMENTO
27 de julho, quinta-feira, 19h
Mesa de discussão com o tema "Encarceramento em massa e seletividade penal'
28 de julho, sexta-feira, 19h
Exibição do documentário 'Sem pena' (1h29m), de Eugênio Puppo, seguida de debate
29 de julho, sábado, 13-20h
Ateliê aberto de cartazes, apresentação de vídeo, conversa e sarau.
julho 11, 2017
Fronteiras, limites, interseções: entre a Arte e o Design na Caixa Cultural, São Paulo
Exposição com 57 participantes estabelece o diálogo entre artistas plásticos e designers brasileiros de diferentes gerações
A Caixa Cultural São Paulo abre no dia 27 de maio, sábado às 11h, a exposição inédita Fronteiras, limites, interseções: entre a Arte e o Design, com curadoria de Marcus de Lontra Costa, que permanece em cartaz até 30 de julho. A mostra busca investigar as relações entre o fazer artístico e o design ao reunir obras de artistas plásticos brasileiros modernos e contemporâneos e colocá-las em franca negociação com trabalhos de designers notórios e emergentes do nosso país. A exposição tem entrada franca e o patrocínio da Caixa Econômica Federal.
A mostra procura apresentar as diferentes linguagens e visões criativas dos artistas e designers, reunindo obras de diversos períodos e estilos que evidenciam a heterogeneidade e a pluralidade das criações de artistas visuais e designers brasileiros, num rico panorama da produção nacional compreendendo um recorte com obras marcadamente influenciadas pelo contato com as vanguardas históricas internacionais. A exposição apresenta um conjunto de obras de diferentes mídias, como: mobiliário, escultura, instalação, desenho, pintura, objeto, fotografia, estudo, gravura, cerâmica, etc. pertencentes a coleções públicas, particulares e do acervo dos artistas, herdeiros, galerias e instituições.
Se o design nasce com o compromisso da utilidade, sua capacidade de redesenhar o mundo em termos conceituais e tecnológicos se deve absolutamente a processos de questionamento e investigação artística. A mostra utiliza as obras e trajetória dos artistas plásticos e designers do mais alto renome brasileiro para promover a indução intelectual e inserção do público nas artes visuais, difundindo suas obras como fonte de referência única e vanguardista, além da sua inserção na arte nacional e internacional.
O viés curatorial alinhava a poética de diferentes artistas e designers com linguagens distintas e permite criar conexões e estabelecer um diálogo harmônico entre as obras. Questões relacionadas à gênese criativa, investigação e experimentação artística, provocações estéticas, humanização e avanço tecnológico, perpetuação dos objetos de design, seu poder comunicativo e sua capacidade de representar anseios subjetivos individuais e coletivos estão entre as reflexões suscitadas no desenho curatorial. Trabalhos históricos de Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Amilcar de Castro, Artur Barrio, Cildo Meireles, Franz Weissmann, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Irmãos Campana, Joaquim Tenreiro, Lina Bo Bardi, Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Roberto Moriconi, Sérgio Rodrigues, Tunga, Ubi Bava, Waltercio Caldas, Zanine Caldas, artistas e designers que marcaram um período da produção nacional juntam-se à recente e vibrante produção contemporânea de figuras recentes ou da novíssima geração, como: Adriana Varejão, Angelo Venosa, Artur Lescher, Barrão, Beatriz Milhazes, Brigida Baltar, Carlos Motta, Eduardo Coimbra, Emmanuel Nassar, Ernesto Neto, Estela Sokol, Felipe Barbosa, Fernanda Gomes, Hugo França, José Bechara, José Rezende, Maneco Quinderé, Marcelo Rozembaum, Mariana Manhães, Nazareth Pacheco, Nuno Ramos, Raul Mourão, entre outros.
A mostra Fronteiras, limites, interseções: entre a Arte e o Design apresenta obras tendo como ponto de partida quatro eixos conceituais, que visam explorar e investigar diferentes modalidades da relação arte e design. A exposição não estará dividida - nítida e espacialmente - em tais eixos, já que obras com abordagens conceituais distintas estarão aproximadas, objetivando certa porosidade para essas quatro ideias chave e uma maior interlocução entre as produções de designers e artistas. Os quatro eixos são: Artistas cujas obras investigam os limites entre a arte e o design, ao realizarem trabalhos cuja materialidade ou modo de operar se relaciona intimamente com a produção industrial, explorando de que modo determinados insumos ou restos industriais e artigos utilitários do quotidiano podem ser convertidos em poderosos dispositivos de provocação estética.
O segundo eixo é dos designers cujos trabalhos incorporaram procedimentos técnicos e questionamentos conceituais oriundos de períodos ou movimentos artísticos, em especial do século XX cujos objetos utilitários dialogam diretamente com as experimentações artísticas de movimentos como a Pop Art e o Novo Realismo francês.
Artistas que realizaram incursões na área do design, ao conceberem produtos declaradamente utilitários, com a finalidade da produção em série formam o terceiro eixo. E o último, designers que realizaram obras de arte, descompromissadas com a finalidade utilitária, mas que se relacionam intimamente com o pensamento plástico e a abordagem conceitual de suas obras arquitetônicas e/ou suas peças de mobiliário.
“Uma peça ou estrutura de design traz consigo a preocupação marcante de seu criador com a interface humana, orgânica, sensível e psicológica, que irá dialogar diariamente com as suas criações. Os aspectos sensoriais e simbólicos do design que nunca antes foram tão valorizados são responsáveis por identificar determinada cadeira, aparelho de celular ou peça de roupa como sendo de um indivíduo ou grupo específico e não simplesmente universais, escapando assim do lado perverso da massificação industrial”, comenta o curador Marcus Lontra.
A lista total de artistas e designers selecionados pelo curador é composta por importantes nomes de diferentes períodos e estilos, evidenciando a pluralidade e heterogeneidade da produção artística nacional, são eles: Abraham Palatnik, Adriana Varejão, Amelia Toledo, Amilcar de Castro, Angelo Venosa, Artur Barrio, Artur Lescher, Athos Bulcão, Barrão, Beatriz Milhazes, Brigida Baltar, Carlos Motta, Christus Nóbrega, Chu Ming Silveira, Cildo Meireles, Coletivo Moleculagem, Daisy Xavier, Eduardo Coimbra, Emmanuel Nassar, Ernesto Neto, Estela Sokol, Felipe Barbosa, Fernanda Gomes, Floriano Romano, Franklin Cassaro, Franz Weissmann, Gustavo Bittencourt, Hildebrando de Castro, Hugo França, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Irmãos Campana, Joaquim Tenreiro, José Bechara, José Rezende, Lina Bo Bardi, Maneco Quinderé, Marcelo Rozembaum, Mariana Manhães, Martha Medeiros, Maurício Bentes, Nazareth Pacheco, Nelson Félix, Oscar Niemeyer, Osmar Dilon, Paulo Mendes da Rocha, Paulo Roberto Leal, Raul Mourão, Renato Bezerra de Mello, Roberto Moriconi, Sérgio Rodrigues, Tunga, Ubi Bava, Vera Martins, Waltercio Caldas, Wilson Piran e Zanine Caldas.
A produção executiva da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira da ADUPLA Produção Cultural, empresa que vem realizando importantes exposições itinerantes pelo Brasil, como: Athos Bulcão, Farnese de Andrade, Rubem Valentim, Milton Dacosta, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Raymundo Colares, Bandeira de Mello, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Mário Gruber, Abelardo Zaluar, Antonio Bandeira, Manoel Santiago, Nazareno, Bruno Miguel, Analu Cunha, Denise Cathilina, Cezar Bartholomeu, Regina de Paula, entre outras.
Tiago Mestre na Millan, São Paulo
Escultura, instalação e vídeo compõem o conjunto de 60 obras do artista português radicado em São Paulo desde 2010
Artista português que vem ganhando destaque na cena artística brasileira, Tiago Mestre expõe, entre 12 de julho e 12 de agosto, pela primeira vez na Galeria Millan. A mostra Noite. Inextinguível, inexprimível noite. empresta seu título do poema “Lugar II” do poeta português Herberto Helder (1930-2015) e reúne um conjunto de cerca de 60 obras que exploram a questão da forma e do mito do projeto moderno, no âmbito da escultura. Materiais como argila, bronze e gesso dão corpo a obras que se posicionam numa constante negociação entre projeto e imprevisibilidade, entre programa e liberdade expressiva.
O conjunto de obras inclui esculturas de diferentes escalas, vídeo, intervenções na arquitetura da galeria e uma grande instalação (elemento paisagístico que organiza toda a exposição). Estes trabalhos remetem aos primeiros intentos humanos de assimilar o natural dentro de um pensamento projetual, mapeando o processo de assimilação da paisagem a partir do intelecto. “A ideia de projeto como pano de fundo, como orquestração de um sistema”, explica Mestre. Outra obra, de caráter mais arquitetônico, será realizada no corredor da galeria, onde Mestre redefinirá o percurso expositivo habitual.
Cada uma das esculturas parece evidenciar um fazer sumário, claramente manual, como se estivesse inacabada ou em estado de puro devir, deixando, muitas das vezes, uma filiação ambígua quanto à sua natureza disciplinar. O uso da cor surge pontualmente, não tanto como sistema, mas antes como recurso que acentua, corrige ou esclarece questões pontuais do trabalho. Essa indefinição semântica, ou transversalidade programática é um dos eixos do trabalho. A problematização da capacidade performática de cada uma das obras é tornada evidente (senão parodiada) em situações como a da escultura de dois morros (obra que a dois tempos é escultura paisagística e nicho para outras obras menores).
O vídeo, que se apresentará no andar superior da galeria, coloca-se como uma espécie de síntese geral da mosta. A imaterialidade deste suporte contrasta de maneira decisiva com o lado predominantemente objetual dos restantes trabalhos. Nele assistimos a uma transmutação lenta, silenciosa e interminável de formas geométricas e orgânicas, numa referência “apática” ao mito da arquitetura brasileira, à sua relação singular com a natureza e a paisagem.
Embora alguns dos procedimentos da arquitetura estejam envolvidos em seu processo — a exemplo dos croquis e as maquetes de estudo — o olhar de Mestre volta-se mais para a percepção da experiência dos corpos no espaço, sejam eles naturais, escultóricos, ou arquitetônicos. Parece ser essa intimidade entre natureza, espaço e forma, que a presente mostra de Mestre propõe desvelar.
Tiago Mestre (Beja, Portugal, 1978) formou-se em Arquitetura, pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa (2001) e fez mestrado na FAU/USP (2016), estudou pintura no Ar.co e participou do Programa Independente de Estudos de Artes Visuais da Maumaus, Lisboa, Portugal. Realizou diversas exposições individuais sendo as mais recentes: Fundação, com texto de Jacopo Crivelli Visconti, Paço das Artes, São Paulo, Brasil (2016); La Californie, com texto de Bruno Mendonça, Centro Cultural São Paulo, Brasil (2016); Asa Nisi Masa, Galeria Central, São Paulo, Brasil (2015); All the Things You Are, com curadoria de Marina Coelho, Kunsthalle, São Paulo, Brasil (2014); Speech, curadoria de Paulo Miyada, Galeria Virgílio, São Paulo, Brasil (2013) e Specific Sunset, Wiels Residency Projects, Bruxelas, Bélgica (2009). Exposições coletivas incluem Completely something else, curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, Point Centre for Contemporary Art, Nicosia, Chipre (2016); Festival Arte Atual – Coisas sem Nomes, curadoria de Paulo Miyada, Inst. Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2015); Escape, curadoria de Jurgen Bock, Lund’s Konsthall, Suécia (2011); O dia mais longo do ano, curadoria de Pedro Calapez e Marta Mestre, Teatro de Almada, Almada, Portugal (2010), Liquid Archives, curadoria de Anna Schneider, Platform3, Munique, Alemanha (2009) e XV Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, Portugal (2009).
julho 10, 2017
13a edição da Verbo na Vermelho e Galpão VB, São Paulo
Mostra anual criada pela Vermelho em 2005, a Verbo chega à sua 13ª edição com a apresentação de ações de artistas brasileiros e estrangeiros selecionados a partir de 220 projetos recebidos entre os meses de dezembro de 2016 e março de 2017. A seleção dos projetos ficou a cargo de Thereza Farkas, diretora de programação da Associação Cultural Videobrasil, de Carolina Mendonça, diretora de teatro e coreógrafa, e do diretor artístico da Verbo, Marcos Gallon. Mendonça e Gallon foram responsáveis também pela escolha da coreógrafa e dançarina Clarissa Sacchelli para a 1ª edição do projeto “Temporada de Dança Videobrasil”.
Com formato interdisciplinar, o projeto busca fomentar aproximações entre dança, performance e artes visuais a partir de um período de imersão e pesquisa no acervo de obras do Videobrasil. O resultado da pesquisa realizada por Sacchelli nos últimos quatro meses será apresentado no Galpão VB, sede do Videobrasil, nos dias 6 e 8 de julho, às 20h, e no dia 15 de julho às 18h30 como parte do programa da Verbo 2017.
A programação da Verbo 2017 conta ainda com uma mostra de vídeos, organizada por Thereza Farkas, a partir de obras do Acervo Videobrasil. Farkas selecionou 5 trabalhos que dialogam diretamente com o conteúdo dos projetos enviados para a seleção da VERBO 2017, da qual a curadora fez parte. O programa Acervo Videobrasil para VERBO 2017 será apresentado na Sala Antonio da Vermelho.
11 a 15 de julho de 2017
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais 350, São Paulo, SP
11-3138-1520
Galpão VB
Av. Imperatriz Leopoldina 1150, São Paulo, SP
11-3645-0516
PROGRAMAÇÃO VERMELHO
11 de julho, terça-feira
VÍDEOS
20 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: O Corpo Erótico
Alice Miceli (Brasil): Jerk Off 02 – Projeto dízima periódica (2007) 1’47’’
AÇÕES
20 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015).
Mauro Giaconi (Argentina): Línea Necia (2016).
Victor del Moral (México): Puro rollo, bla, bla, bla ... (to be titled) (2012-2016)
Guilherme Peters: Escola sem partido (2017).
Bruno Moreno, Isabella Gonçalves e Renato Sircilli (Brasil): ninguém (2017)
Grupo EmpreZa (Brasil): Defumação (2014).
Grupo EmpreZa (Brasil): Vila Rica (2009-2017).
12 de julho, quarta-feira
VÍDEOS
13 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Auto-imagem
Rodrigo Cass (Brasil): Narciso no Mijo (2006). 6’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
20 às 23h
Dora Smék (Brasil): Transbordação (2015)
Jorge Lopes (Brasil): O Falecimento da Escuta (2017)
Julha Franz (Brasil): Mulher-espinho (2017)
Victor del Moral (México): Livro-máscara (2017)
Flavia Pinheiro (Brasil): Diafragma: dispositivo versão Beta (2014)
13 de julho, quinta-feira
13 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Trans
Luiz Roque (Brasil): Ano Branco (2013). 6’49’’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
17 às 23h
Alexandre D’Angeli (Brasil): Vestindo Hiatos (2017)
20 às 23h
Célia Gondol (França): Slow (2014)
Aurore Zachayus (França/ Brasil), Janaina Wagner, Pontogor (Brasil): Mágica (2017)
Arnold Pasquier (França): O amor moderno [Minhocão], (2017).
Anthony Nestel (Bélgica/ Holanda): The Seafroth Knows Neither Pain nor Time (2017)
14 de julho, sexta-feira
15 às 23h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: Gesto em Relação
Akram Zaatari (Líbano): The End of Time (2013). Video 14’14’’
AÇÕES
13 às 23h
Carlos Monroy (Colombia): Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015)
20 às 23h
Rose Akras: Blank (2017).
Rodrigo Andreolli (Brasil): Remote Dance (2017).
Cristian Duarte em Companhia (Brasil): O que realmente está acontecendo quando algo acontece? (2017)
Old Masters (Suiça): Constructionisme (2015)
Luanda Casella (Brasil/ Bélgica): Short of Lying (2017)
Grupo EmpreZa (Brasil): Contrato (2017)
Maurício Ianês (Brasil): Velar (2017)
15 de julho, sábado
11 às 17h
Sala Antonio: Acervo Videobrasil para VERBO 2017: O corpo ritualístico
Tiécoura N’Daou Mopti (Mali): Danse des Masques en Pays Dogon (2014). 9’40’’
PROGRAMAÇÃO GALPÃO VB
Temporada de Dança Videobrasil
15 de julho, sábado
17h
Julia Viana e Luciano Favaro (Brasil): Exposição rodante solo sul (2017).
Clarice Lima (Brasil): Coreografia (2016).
Jorge Lopes (Brasil): O Falecimento da Escuta (2017).
Clarissa Sacchelli (Brasil): Boas Garotas (2017).
Conversa aberta ao público com Clarissa Sacchelli e Isabelle Danto, curadora do Centro Georges Pompidou, mediada por Carolina Mendonça.
AÇÕES (em ordem alfabética por artista)
Alexandre D’Angeli: Vestindo Hiatos (2017)
Performance com duração de 8 horas consecutivas, Vestindo Hiatos estabelece uma reflexão acerca dos fenômenos de vacância e especulação imobiliária, e sua relação com os processos de ocupação organizada e de gentrificação. Com base nessas ideias, o artista propõe uma ação em que doze camisas brancas previamente bordadas com pontos soltos podem ter suas tramas desfeitas pelo observador ao longo da ação. Vestidas uma a uma ao longo de cada hora, as peças bordadas apresentam plantas arquitetônicas de edificações ocupadas ou que estão no perímetro da especulação imobiliária.
Anthony Nestel: The Seafroth Knows Neither Pain nor Time, (2017)
Coreografia: Esther Arribas
Na ação, o artista convida o público a refletir acerca de questões contemporâneas relacionadas com o atual deslocamento de refugiados e sobre o racismo que constitue a pauta da extrema direita em acensão nos dias de hoje.
Arnold Pasquier: O amor moderno [Minhocão], (2017).
A ação, que mistura cinema e performance, integra a série intitulada pelo artista Modern Love. A série propõe a invenção de um caso de amor relacionado a paisagem e a arquitetura específica de determinadas cidades. Nesse caso, a cidade é São Paulo e o local, o polêmico Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), onde o artista captará todo o conteúdo filmografico num único plano sequência.
Aurore Zachayus, Janaina Wagner, Pontogor: Mágica (2017).
Tendo como gatilho os acordos e inversões conceituais e visuais inerentes ao ato de executar uma mágica – no universo da mágica o espectador do truque sabe que será enganado, aceita ser enganado, entrega-se ao engano, abisma-se com o engano e diverte-se com o engano. Para a ação foram elaborados cinco truques de mágica. Ursula Southeil, a mágica, jogará um jogo do além, trucado, em que cada previsão narrativa levará a uma mistura espectral onde passado, presente e porvir estarão mesclados num emaranhado de histórias, verdades, mentiras e fatos.
Bruno Moreno, Isabella Gonçalves e Renato Sircilli: ninguém (2017).
“Duas pessoas entram em um acordo de não proteção pelo desejo de alcançarem um corpo que se permita agir para nada. Uma tentativa de abandonar o que se é, em busca do milagre de se tornar ninguém.”
Carlos Monroy: Re-Formando a Fé: 33 Reformances invisíveis (2015).
Série de 33 Reformances idealizadas uma para cada ano de vida do artista. Todas elas têm como característica principal a invisibilidade e o passar do tempo. Durante a ação, Monroy disponibilizará fichas com informações sobre cada um das 33 Reformances para que o observador faça sua escolha. Depois disso, ele deverá fotografar Monroy com uma câmera Polaroid. A imagem produzida será imediatamente exposta no hall de entrada da galeria, onde ocorrerá a ação. Além disso, o observador poderá também ligar para um número de telefone e ouvir de uma assistente de Monroy textos escritos por diferentes pessoas sobre o conteúdo de cada ação.
Célia Gondol: Slow (2014)
Slow é uma peça de dança que qualquer pessoa pode facilmente experimentar por não estar relacionada com um contexto específico de coreografia. A ação propõe de maneira simples uma relação de afeto, sedução e de ternura: duas pessoas se movendo simultaneamente durante uma canção.
Assistant for Verbo: Lynda Rahal
Clarice Lima: Coreografia (2016).
Coreografia é um dispositivo criado para tencionar as coreografias involuntárias que usamos para nos deslocar em espaços de convivências de galerias, museus, teatros, centros culturais e demais áreas de grande afluxo de pessoas.
Clarissa Sacchelli: Boas Garotas (2017).
Boas garotas investiga relações entre vídeo e performance, entre público e trabalho artístico, explorando o erotismo como modo de questionar e excitar as ligações entre ver e ser visto.
De Clarissa Sacchelli em colaboração com Carolina Callegaro, Luisa Puterman e Renan Marcondes.
Cristian Duarte em companhia: O que realmente está acontecendo quando algo acontece? (2017).
A combustão inicial provoca uma rápida ascensão, que a certa altura explode violentamente.
Dora Smék: Transbordação (2015).
Um paredão de mulheres lado a lado, em pé, vestindo calças e roupas sóbrias inspiram e expiram em uníssono.
Transbordação pretende trazer para o campo expositivo a efemeridade da performance e dos tempos fisiológicos do corpo; traduzir em experiência estética coletiva a multiplicidade, com o objetivo de problematizar a posição da mulher no contexto atual.
Flavia Pinheiro: Diafragma: dispositivo versão Beta (2014).
Diafragma dispositivo versão beta é uma performance manifesto construída a partir de dispositivos low tech e de tecnologias obsoletas. A ação exacerba a obsolescência desses dispositivos ao trabalhar com a impossibilidade. O movimento quando funciona já não serve mais. Um elogio à gambiarra e a precariedade.
Grupo EmpreZa: Defumação (2014).
Oito performers trajando vestimentas empresariais, roupas e máscaras de couro rústico fazem uma “procissão” percorrendo os espaços internos e externos da galeria. A procissão é guiada pelos defumadores, que carregam no turíbulo incenso e esterco seco de vaca.
Grupo EmpreZa: Vila Rica (2009-2017).
Dualidade, polos, extremos, fronteiras, margens...
Carne, sangue, vísceras, fluidos, vontades...
Oito corpos formalmente trajados. Duração, evento, público, horário, eixo.
Ouro em folhas, pedras brancas, rio vermelho, vila rica.
Maleta em mãos, nos permite?
Gotas marcam o caminho ou secam em pedra quente.
A carne, os corpos, as normas o VERBO que se faz vermelho.
Grupo EmpreZa: Contrato (2017).
Sobre uma pedra aquecida durante horas em uma fogueira, performers vestidos com trajes formais se unirão por meio de sangue e fogo.
Guilherme Peters: Escola sem partido (2017).
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo legalmente constituído de João Goulart. Escola sem Partido retoma esse fato histórico para abordar o golpe de Estado perpetrado por parlamentares – deputados e senadores – envolvidos em casos de corrupção, em 2016.
Jorge Lopes: O Falecimento da Escuta (2017).
O falecimento da escuta é uma ação criada a partir de movimentos que aparecem com frequência em autorretratos. O artista interage com terra fazendo alusão à sua descendência. Segundo ele, o ato de expandir e contrair o próprio corpo sugere uma crítica à quase ausência de artistas negros no campo da arte atual.
Julha Franz: Mulher-espinho (2017).
Com mil e cem percevejos, a artista se transforma em Mulher-espinho. O corpo nu gera defesas, uma armadura como resposta a ataques de gênero e a violência cometida contra a mulher.
Julia Viana e Luciano Favaro: Exposição rodante solo sul (2017).
Exposição rodante solo sul é uma exposição móvel e temporária que consiste em abordar os conceitos de território e fronteira a partir da experiência de atravessamento, tendo como dispositivo a presença dos artistas e do próprio automóvel, que percorreu o continente sul-americano, onde são expostos vídeos, fotografias, uma horta e uma biblioteca.
Luanda Casella: Short of Lying (2017).
Short of Lying é uma performance sobre bullshit (enganação, trapaça, impostura, deturpação, falcatrua, distração, blefe). São diversas as estratégias retóricas aplicadas ao discurso do bullshitter — o manipulador da mídia, o político corrupto, o impostor profissional, o neurocientista marketeiro, o empresário da indústria farmacêutica, o líder religioso, o vidente. Neste trabalho, essa forma de discurso é abordada por uma perspectiva literária e comparada ao discurso de diversos narradores ficcionais não confiáveis: aqueles que fornecem informação imprecisa, contraditória ou questionável ao leitor para evocar sua simpatia, muitas vezes obscurecendo as esferas da ética, do conhecimento e da percepção de maneira altamente criativa.
Maurício Ianês: Velar (2017).
Velar é uma ação concebida para ser executada por um grupo de participantes que irão, aos poucos, lotar o espaço expositivo, de modo que nele não sobre nenhum espaço vazio. Os visitantes da exposição que estiverem no espaço serão capturados em meio aos participantes. Uma vez que a sala estiver lotada, os participantes começarão um movimento de respiração intenso e contínuo. A ação instaura um jogo de poder entre indivíduos e coletivo, revelando as relações entre obra, espectador, corpo e espaço institucional.
Mauro Giaconi: Línea Necia (2016).
As intervenções de Mauro Giaconi invadem o espaço expositivo criando um conflito na estrutura arquitetônica do local. Misturando-se com os elementos funcionais da edificação, as ações de Giaconi apontam para um dilema entre realidade e representação.
Old Masters: Constructionisme (2015).
Com a ação Constructionisme, Marius Schaffter e Jérôme Stünzi propõem assumir o poder sobre a construção da realidade. Antes da apresentação pública da ação, os artistas criam objetos de estudo a partir do zero, dando-lhes forma numa perspectiva radical de artesania. Quando chega o momento, Marius Schaffter apresenta, analisa e disseca as esculturas produzidas. Meticuloso, erudito e apaixonado, ele reconstrói o significado que está no fundo - ou na superfície - desses objetos.
Rodrigo Andreolli: Remote Dance (2017).
Uma dança-ritual realizada à distância, de forma remota, na qual duas ou mais pessoas, em localidades diferentes, movem-se simultaneamente numa tentativa de comunicação sutil no invisível. Os corpos são ativados como instrumentos em uma composição de autoria indeterminada, compartilhada por aqueles que dançam e também por aqueles que observam. A partir do exercício da escuta profunda (deep listening), esta prática busca uma improvisação emergente do continuum espaço-tempo e apoia-se nos efeitos da teoria sobre o emaranhamento quântico dos corpos. Neste plano de existência, somos todos afetados pelas ações uns dos outros, a informação circula e está acessível em diferentes graus de sensibilidade. Como treinar nossos corpos para podermos ampliar a superfície de contato? Como mover-se dentro deste plano pode alterar o nosso movimento?
Rose Akras: Blank (2017).
Sem pintura, sem escrita, sem cor, sem formatação.
Victor del Moral: Puro rollo, bla, bla, bla ... (to be titled) (2012-2016)
O artista lê do topo do prédio da Vermelho um poema de uma única linha escrito em um rolo de papel de 100 metros de comprimento. O papel se acumula sobre a caixa de som que propaga a voz do artista. A linearidade do texto é quebrada. Não há outro acesso a ele além da sua própria fragmentação. O texto torna-se escultura.
Victor del Moral: Livro-máscara (2017).
A ação consiste na leitura coreografada de textos que abordam o ato de ler e escrever. “Quero enfatizar a casa como livro, o livro como casa, e o livro como máscara para encarar a realidade”.
PROGRAMA ACERVO VIDEOBRASIL PARA VERBO 2017 - Sala Antonio Galeria Vermelho
A programação da VERBO 2017 conta ainda com uma mostra de vídeos, organizada por Thereza Farkas, a partir de obras do Acervo Videobrasil. Farkas selecionou 5 trabalhos que dialogam diretamente com o conteúdo dos projetos enviados para a seleção da VERBO 2017, da qual a curadora fez parte. O programa Acervo Vidoebrasil para VERBO 2017 será apresentado na Sala Antonio da Vermelho e contará com obras de Alice Miceli, Rodrigo Cass, Luiz Roque, Akram Zaatari e Tiécoura N’Daou Mopti.
11 de julho, terça-feira, 20 às 23h
O Corpo Erótico
Alice Miceli: Jerk Off 02 – Projeto dízima periódica (2007) 1’47’’
Como figurar o espaço infinito entre dois pontos? Fazendo referência ao clássico filme De Andy Warhol Blow Job (1964), a obra, integrante da série Dízima Periódica, parte deste princípio matemático para criar uma imagem do gozo sexual, situação ligada aos limites da experiência e da imaginação. Recusando a lógica do instantâneo, investe na imagem do que não é retratável. Afastando compreensões ingênuas do tempo presente, nos apresenta uma medida estilhaçada por uma das mais universais e cotidianas atividades humanas.
12 de julho, quarta-feira, 13 às 23h
Auto-imagem
Rodrigo Cass: Narciso no Mijo (2006). 6’
O artista urina no chão e com o reflexo cria um autorretrato. Fugindo do trágico fim do mitológico Narciso, o autor seca a urina com um ferro de passar, e sua imagem desaparece com o vapor.
13 de julho, quinta-feira, 13 às 23h
Trans
Luiz Roque: Ano Branco (2013). Vídeo 6’49’’
Ao ampliar sua pesquisa artística, pontuada pela obra O Novo Monumento, o artista põe em evidência a interdependência entre corpo e espaço e, por conseguinte, entre sexualidade e espaço — este entendido sob todas as suas dimensões. De uma suposta palestra de Paul B. Preciado, em que sexo, gênero e sexualidade são reconhecidos pelos seus usos políticos, ao enredo em que uma transexual vivencia o ano de 2031, o filme coloca a liberdade do corpo como elemento-chave na definição das próprias liberdades individuais. Em um momento de conturbação sociopolítica, ilustra-se o ambiente das clínicas públicas para o tratamento de transexuais, lugar que brevemente será extinto e no qual a personagem é examinada. Simbolicamente, a desativação desses ambientes oficiais e a absorção das clínicas estéticas dos tratamentos de mudança de gênero e sexo passam a ser registradas na história como o Ano Branco, momento de radicalização política e autonomia do corpo.
14 de julho, sexta-feira, 15 às 23h
Gesto em Relação
Akram Zaatari: The End of Time (2013). 14’14’’
Nesta coreografia para dois amantes, encenada por três figuras, o artista cria um retrato silenciosamente poético de romances abortados entre homens que tentam se amar e dividir seus pertences. O trabalho aborda as dinâmicas do desejo masculino como uma cadeia infinita de começos e fins, que tristemente aponta para a impossibilidade de manter viva a paixão diante do tempo e da realidade. Os encontros entre os amantes se desenrolam sempre em um espaço branco, abstrato, enquanto o som indica que outro mundo existe para além desse não-lugar, infinito como um cenário de sonho. A doação dos pertences que encerra os diálogos, no entanto, guarda uma esperança e um aceno ao futuro, representado pelo conjunto de fotografias que – heranças do desejo –, um amante invariavelmente dá para o outro.
15 de julho, sábado, 11 às 17h
O corpo ritualístico
Tiécoura N’Daou Mopti: Danse des Masques en Pays Dogon (2014). 9’40’’
A obra mostra uma das mais importantes cerimônias da região do Dogon, no Mali: a procissão de mascarados que acontece durante o funeral de um patriarca. Os mascarados simbolizam os espíritos das florestas e prestam homenagem ao falecido com um ritual de dança chamado Dama, que o auxiliaria em seu caminho rumo à terra dos antepassados. No final do filme, os meninos parecem brincar, ensaiando participações futuras no ritual da cultura que os viu nascer.
LOCAIS
Galeria Vermelho - Rua Minas Gerais 350, São Paulo - Tel.: 11-3138-1520
Galpão VB - Av. Imperatriz Leopoldina 1150, São Paulo – Tel.: 11-3645-0516
julho 5, 2017
Falência na Cavalo, Rio de Janeiro
No dia 6 de Julho, Cavalo abre Falência: exposição coletiva com os artistas Ignas Krunglevičius, Janaína Wagner, Mauro Giaconi, Maya Watanabe e Pontogor.
Com o argumento sobre um estado de espírito perplexo dos últimos tempos, a mostra traz imagens de colapsos, catástrofes, crise de instituições, frustrações e pessimismo, tanto em uma escala generalizada quanto em uma dimensão íntima. Na galeria, localizada em um antigo casarão em Botafogo, as obras se encontram na penumbra, em um ambiente dramático criado pela projeção de videoinstalações como ‘TV-Love’ (2008) do lituano Ignas Krunglevičius, onde a própria TV parece falar e dominar o público através de palavras de ordem num jogo de sedução e controle.
Outra artista que apresenta um trabalho em vídeo nessa exposição é a peruana Maya Watanabe, com obras já expostas em instituições como Palais de Tokyo em Paris, Museu Reina Sofía em Madri e no 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil. Na Cavalo, Maya exibe ‘Sceneries II’, uma panorâmica ambientada em um grande campo em Lima onde um carro aparece incendiado apesar dos poucos indícios de presença humana.
Além dessas, a paulista Janaína Wagner exibe a obra ‘O Curso do Império”, uma instalação composta de reproduções em papel carbono da obra do pintor do século XIX, Thomas Cole, que retrata o ciclo de uma civilização, da sua construção à ruína.
Participam também da exposição o carioca Pontogor e o argentino baseado na cidade do México Mauro Giaconi, com trabalhos épicos sobre a segregação e marginalização dos corpos e visões dos nossos futuros escombros.
Renata Har na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
O alabastro é uma formação natural calcária que foi tomada como ponto de partida pela artista para sua primeira individual na galeria. Na mostra Alabastro, que conta com curadoria de Caique Tizzi, a artista desvenda através de alegorias visuais e poéticas a relação do alabastro com a sua materialidade geológica e as suas múltiplas interpretações.
A exposição é uma grande instalação composta de mídias variadas. Uma grande pintura sobre carpete com tinta spray, pigmento, tinta e colagem de objetos; outra pintura em tela com betume, lantejoulas, farinha e goma damar; esculturas em gesso com purpurina, vidro e neon e ainda uma série de monotipias sobre papel.
Uma grande banheira de ferro com pintura preta naval e óleo e outra escultura feita com tecido e balões prateados vazios também fazem parte da mostra e serão usados por Renata em uma ação performática na noite de abertura.
Alabastro também conta com o vídeo Guerra e Esbórnia feito em parceria com o cineasta Karim Aïnouz a partir de imagens de arquivo encontradas na internet que mostram a formação geológica do alabastro. Esse vídeo funciona como texto curatorial e descreve um mundo onde a água se transformou em calcário.
Além de ser a primeira mostra individual da artista na galeria, é também a sua primeira exposição no Brasil, país que deixou para estudar na École des Beaux-Arts de Paris sob a tutela do francês Christian Boltanski. Desde 2012 Renata vive em Berlim, onde também atua, junto com Caique Tizzi, em um coletivo de artistas chamado Agora.
Fest Contrapedal SP: Veias Abertas Audiovisuais no CCSP, São Paulo
Mostra reúne obras visuais transdisciplinares e inéditas durante dois dias no Centro Cultural São Paulo
O território de artes visuais do Fest Contrapedal SP no Centro Cultural São Paulo, alude ao mesmo tempo que se desprende da expressão que dá título à obra literária de Eduardo Galeano, Veias Abertas da América Latina*. Partindo da premissa de que as obras audiovisuais expostas são provenientes do contexto histórico e político do continente, se propõe um deslocamento para a dimensão pessoal do artista, adentrando as suas disputas criativas, dimensões afetivas e estratégias descolonizantes. Cinco artistas que trabalham o audiovisual de modo expandido e transcidiplinar, apresentam obras processuais e abertas além de inéditas e atuais. Simultaneamente aos lugares, cores, sons e memórias contidas nestas veias abertas audiovisuais se exibe uma obra interativa de visualização de informação, atualizada em tempo real a partir de fontes de dados abertos sobre a América Latina. O território vídeo expositivo se completa com um módulo de ativação das obras, onde os vídeo criadores apresentam seus trabalhos em performances audiovisuais em diferentes formatos como Live Cinema, Vjing, Vídeo Mapping ou em diálogo com linguagens cênicas. Veias Abertas Audiovisuais e Contrapedal SP exibem também uma mostra de peças artísticas do artista plástico e músico uruguaio Dani Umpi, que participa da programação musical do festival.
* Veias Abertas da América Latina é um livro do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano lançado em 1971 considerado um texto clássico para os seguidores de filosofias anti-imperialistas na América Latina durante os últimos 40 anos. Galeano analisa a história da América Latina desde o período da colonização europeia até a Idade Contemporânea, argumentando contra a exploração econômica e a dominação política do continente, primeiramente pelos europeus e seus descendentes e, mais tarde, pelos Estados Unidos.
OBRAS E AUTORES
Anna Turra (BRA)
Choque térmico
Um estudo audiovisual entre duas narrativas paralelas e a princípio idênticas, que sofrem abruptas mudanças de percurso quando o som e/ou a cor se impõem com novas tonalidades. Anna Turra propõe uma construção processual e poética, trabalhando transversalmente os parâmetros do áudio e do vídeo.
Anna Turra (São Paulo) é uma artista e designer multidisciplinar que atua na criação de projetos audiovisuais em diferentes formatos. Possui graduação pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Seu trabalho contempla ainda criações em iluminação, tanto para cena quanto para exposições, bem como cenografia. Entre seus projetos se destacam Amplitude: performance audiovisual em duo com o músico Guilherme Kastrup, vídeo-cenografia e iluminação para Elza Soares na turnê "A Mulher do Fim do Mundo” e iluminação e cenografia para diferentes shows e turnês de Arnaldo Antunes.
Audiovisualismo (Flavio Reis) (BRA)
Cidade Homicida
A cidade violenta os sonhos, constrói, corrói e distribui gratuitamente a miopia dos sentidos. Recortes de uma leitura com foco no olhar e na ilusão de que tudo se realiza num sonho; apenas num sonho. A inspiração para a peça audiovisual "Cidade Homicida" veio de uma pesquisa sobre à vida nas cidades e o impacto da morte dos espaços urbanos. O trabalho versa sobre lugares moldados pelo medo e suas micro realidades permeadas por memórias e conflitos espaço-afetivos e psicogeográficos.
Audiovisualismo é um estúdio de motion graphics e de direção de arte fundado em 2009 em São Paulo por Flavio Reis. Com o foco em grafismo para filmes, documentários e séries de TV, o estúdio também explora outros gêneros de obras audiovisuais, como o video mapping e VJing.
Caio Fazolin (BRA)
Dados Abertos da América Latina
“A primeira condição para mudar a realidade consiste em conhece-la” (Eduardo Galeano, “Veias abertas da América Latina). Dados Abertos da América Latina é um projeto audiovisual inédito de dataviz (visualização de dados) que através de uma aplicação generativa captura em tempo real grandes quantidades de informações espaço–temporais sobre a América Latina utilizando distintas estratégias visuais para exibi-las.
Caio Fazolin (São Paulo) é artista audiovisual, programador e VJ, pesquisa linguagens computacionais e sua relação com a cultura. Bancos de dados, linhas de códigos e sistemas computacionais são fontes para a sua pesquisa que se desdobra em performances audiovisuais generativas, instalações interativas e projeções urbanas em grande escala. Já passou por importantes festivais como: On_Off, FAD, URBE, Live Cinema, Visualismo, Eletronika, Festival Amazônia Mapping, Multiplicidade e AVXlab.
Dani Umpi (URU)
Parangolés Rígidos
“Parangolés Rígidos” é um work in progress composto por obras e ações, iniciado em 2014 pelo artista interdisciplinar uruguaio Dani Umpi. O trabalho referencia os artistas neoconcretistas brasileiros Hélio Oiticica e Lygia Clark assim como faz alusões a cabala, ao ocultismo, a numerologia, tradição hermética, alquimia e a cultura dragg. As peças que compõem a exposição estão inspiradas nos parangolés, uma espécie de capa que se veste e se vivencia como uma obra-ação-multissensorial, criado em 1964 pelo artista Hélio Oiticica.
Dani Umpi é um artista uruguaio nascido na cidade de Tacuarembó em 1974 e radicado em Montevidéu. Seu trabalho multidisciplinar abarca a música, moda, literatura, artes cênicas e artes plásticas. É formado em publicidade e comunicação artística-recreativa pela Universidad de la República del Uruguay. Realizou mostras individuais no Uruguai, Argentina, Brasil, Costa Rica e França. Participou da Bienal de São Paulo 2010 e da Primeira Bienal de Montevideo em 2012.
Fernando Falci (BRA)
Contrapontos Latinoamericanos
América Latina, terra explorada desde sua colonização até os dias de hoje. As grandes cidades são os ícones de diferenças brutais que fragmentam o homem, o espaço e a sociedade. Nesta obra audiovisual aberta que correlaciona som, música, imagem e animação abstrata é construído um discurso composto por texturas e fragmentos apresentando contrapontos que favorecem a reflexão sobre o continente e o comportamento de pilhagem enraizado.
Fernando Falci (São Paulo) é doutor e mestre em música pela Universidade Estadual de Campinas na área de Interfaces Tecnológicas para Processos Musicais. Realizou residências no centre for Musical Research, Bath Spa University (Inglaterra), Input Devices for Music Interaction Lab (IDMIL) e McGill University (Canadá). Desenvolve obras audiovisuais em diversos suportes como mídia fixa, performance em tempo real e instalações interativas.
Karina Montenegro (BRA)
Das coisas não vividas que vivem em mim
A artista em luto iniciou um processo de escaneamento de uma coleção com mais de 7000 slides que datam do começo da infância do seu falecido pai. Em madrugadas de dor e alegria foi descobrindo e redescobrindo a sua própria história e origem através destas memórias não vividas, mas que a habitam. Rumo a construção de novos significados e de uma nova ordem pessoal Karina Montenegro, através do ambiente de programação max/msp, cria recortes a partir dos slides, gerando composições irregulares que remetem à dificuldade de lidar com algo tão frágil e belo, e que se não for bem manipulado pode romper-se.
Karina Montenegro (São Paulo) atua na convergência das arte, tecnologias e novas mídias. Diretora de arte de diversos filmes foi premiada no Festival vídeo f.lux pelo seu trabalho no filme HTTPvideo. Participou de festivais como Mostra Live Cinema (SP e RJ), The Creators Project (SP), Festival de Arte Digital (BH), Artemov (PA), COMA (BH), Mutek (Barcelona), Vídeo Guerrilha, Visual Brasil (Barcelona) e Continuum (Recife). Desenvolveu vídeo cenários para Mark Ronson, MNDR, Mobius Collective, e Taylor MacFerrin. Expos trabalhos no Paço das Artes, Galeria Emma Thomas, Casa de Cultura de Uberlândia, Museu da UFB, La Chambre Blache (Quebec), Eyebeam (NY) entre outros espaços.
Nacho Durán (ESP/BRA)
Veias Abertas
Veias Abertas, vivas, esburacadas, entupidas, abafadas, coloridas, exuberantes, quentes, turbulentas e escorregadias da América Latina. Nacho Duran apresenta uma reinterpretação dessas veias/vías a partir de uma malha de vídeos abertos carregados de vida e memória e compostos pelo sangue que percorre as veias, os pixels que percorrem o vídeo e os bits que percorrem a internet.
Nacho Durán nasceu nas Astúrias (Espanha) e residiu no Brasil por 15 anos. Pesquisa e desenvolve projetos em novas mídias em diferentes formatos e campos como micro-cinema, interatividade, mobilidade e VJing, produzindo videoclipes, documentários e vídeos experimentais para televisão, celular e internet, assim como instalações multimídia, intervenções urbanas, aplicativos e performance. Participou de festivais e mostras como: Circuito Arte.mov, Salão Xumucuís de Arte Digital (Belém do Pará), Eletrônika (Belo Horizonte), Visual Brasil (Barcelona), RoadWeb.tv (Benidorm), Pocket Films Festival (Paris) e Dance.Off (Belfast).
CURADORIA E COORDENAÇÃO
Daniel Gonzalez Xavier é gestor cultural e curador especializado em arte, tecnologia, audiovisuais e projetos educativos multi-plataformas. Formado em Comunicação Social pela FAAP é Master em Gestão Cultural pela Universidad Carlos Tercero de Madrid. Foi mediador cultural do programa de arte, tecnologia, ciência e sociedade, Medialab-Prado (Espanha) e coordenador de comunicação da ONG Casa da Árvore. Entre seus trabalhos curatoriais se destacam: AV_BR na Feira Internacional de Arte Contemporânea ARCO (Madri), AVLAB (Madri, Santiago Córdoba e São Paulo), o módulo de arte interativa do Decibelio: Festival de Artes Experimentais da Comunidade de Madri e Hipersônica – FILE (São Paulo). Foi coordenador de produção da exposição internacional Ecossistemas Humanos (Sesc Vila Mariana) e bolsista das instituições Casa de Velazquez (Madri) e Centro Nacional de Artes Plásticas da França (Paris), obtendo a ajuda à criação contemporânea da Instituição Intermediae/Matadero (Espanha). Desenvolveu a Plataforma Cultural online Arquivo Vivo do Centro Cultural da Espanha em São Paulo. Publicou diversos artigos e é palestrante e mediador de simpósios, colóquios e congressos internacionais.
On_Off Experiências em Live Image no Itaú Cultural, São Paulo
O Itaú Cultural apresenta de 6 a 9 de julho (quinta-feira a domingo) a 11ª edição do On_Off Experiências em Live Image, colocando o público em contato com experimentações audiovisuais e sonoras inéditas feitas ao vivo. Com curadoria do artista e pesquisador Lucas Bambozzi, o festival conta com a participação de sete artistas brasileiros e dois estrangeiros, que prepararam trabalhos exclusivos ou renovados para apresentar no instituto, a partir de provocações da curadoria para buscarem no universo audiovisual tudo o que escapa do digital e é sensível ao analógico, como ruídos, instabilidades e interferências.
“No digital não é permitida a interferência. Já no universo analógico, ela acontece e esse ruído interessa”, observa Bambozzi. “Viver nesse mundo de interferências requer imaginação para criar um diálogo entre o analógico e o digital”, completa. De acordo com ele, a iniciativa de instigar os artistas a criarem algo especial para esta edição do On_Off, com trabalhos em parceria, foi para ir além das obras tradicionais em live image. “Não queríamos apenas reverbera-las, mas possibilitar a pesquisa e o desenvolvimento de algo novo, para que essa cena se fortaleça com novidades.”
Dando seguimento à proposta do curador, esta edição do On_Off abre na quinta-feira, dia 6, às 20h, reunindo, pela primeira vez no palco, a performer e pesquisadora brasileira Paola Barreto e a artista multidisciplinar e live performer polonesa Kasia Justka, em Electric Ladies and the Cooking Orchestra. Com colaboração de Kadija de Paula e Helô Duran, elas transformam o palco em uma cozinha, usando as interferências domésticas como matéria prima para modificarem as imagens por meio do calor gerado pelos eletrodomésticos, por distorções causadas por sinais de rádio e tudo o que poderia parecer dispensável à cena.
A programação da sexta-feira, 7, também às 20h, traz ao público novas versões das performances KATHODD, AFTERSHOCK e DUST, assinadas por Herman Kolgen, artista canadense que nos últimos 30 anos vem atuando de forma frequente no campo do cinema expandido e das esculturas sonoras.
Capítulos diferentes de uma mesma narrativa, em KATHODD, o artista usa tubos de raios catódicos, presentes nas tevês de tubo, para criar traços de luz que são capturados por fotorresistores e transformados em ondas sonoras. Por meio de simulações tridimensionais do desenvolvimento de sistemas instáveis, em AFTERSHOCK são desenhados visuais cinéticos de grande escala, permeados por cenários pós-humanos. DUST inspira-se em Criação de Poeira – fotografia de 1920 de Man Ray, que retrata a escultura O Grande Vidro, de Marcel Duchamp – para explorar alterações no estado da matéria, com pigmentos suspensos em um campo magnético para criar objetos hipnóticos.
“Nestes trabalhos, Kolgen usa da tecnologia para criar um pensamento sobre o mundo catastrófico”, o curador. “Ele é um artista que vem do mundo analógico e fez essa passagem para o digital. Ele conseguiu se reinventar nessa mudança e tem um trabalho que vai além do audiovisual, extremamente ligado à produção contemporânea”, complementa.
Duos e solo
A noite do On_Off no dia 8, sábado, a partir das 20h, é de trabalhos estritamente brasileiros. Para começar, o público assiste à performance Ouroboros – Buraco de Minhoca, parceria entre a artista multimídia Bianca Turner e a criadora multiplataforma, artista gráfica, VJ e videocenarista Astronauta Mecanico (Veruscka Girio). No palco, TVs de tubos de raios catódicos e projeções representam Buracos de Minhoca, conceito da física quântica evidenciado na apresentação por um sistema de retroalimentação de sinais de áudio e vídeo. As projeções se distendem e se comprimem em movimento contínuo.
Na sequência, incertezas explora efeitos de cintilação, pós-imagem e persistência retiniana em performance com luzes, clarões, palavras, sons e imagens em movimento assinada pelo artista, curador e pesquisador Marcus Bastos e pelo artista sonoro e multimídia, músico, compositor, performer e produtor musical Dudu Tsuda. Com participação especial de Camille Laurent, o trabalho utiliza a oscilação entre alta e baixa luminosidade e os contrastes que levam o espectador a pensar na credibilidade atribuída ao que se vê e ao que escapa.
O encerramento da programação no domingo, 9, às 19h, traz dois trabalhos. Excuta, realizado pelo produtor musical e artista visual Felipe Julián e pela cantora e performer Sandra Ximenez. Para explorar hipóteses sobre a origem ancestral da audição e suas decorrências culturais e políticas ao longo da evolução humana, eles combinam várias técnicas da edição ao vivo, processando ainda o som em tempo real e difundindo em soundsystem e quadrifonia, o sistema multicanal.
Em seguida, Herman Kolgen volta ao palco do Itaú Cultural, fechando o On_Off com SEISMIK, performance inspirada por abalos de placas rochosas, deslizamentos de terrenos e terremotos. Na apresentação, modelagens geológicas invocam um ambiente de desestabilização no qual sinais de alta tensão e estática interferem nas imagens por meio de deslocamentos e vibrações sísmicas.
PROGRAMAÇÃO
* Atenção para a programação dos dias 6 e 7 que já foi alterada abaixo!
Dia 6 de julho (quinta-feira), às 20h
KATHODD
AFTERSHOCK
DUST
As três apresentações são de Herman Kolgen
Duração aproximada: 65 minutos
Classificação indicativa: Livre
Dia 7 de julho (sexta-feira) 20h
Electric Ladies and The Cooking Orchestra: Feeding Audiovisual Performance
Com Kasia Justka e Paola Barreto
Duração aproximada: 60 minutos
Classificação indicativa: Livre
Dia 8 de julho (sábado), às 20h
Ouroboros | Buraco de Minhoca
Com Bianca Turner e Astronauta Mecanico (Veruscka Girio)
incertezas
Com Dudu Tsuda e Marcus Bastos. Participação de Camille Laurent.
Duração aproximada: 80 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
A performance faz uso de luz estrobo, que pode afetar pessoas com fotossensibilidade.
Dia 9 de julho (domingo), 19h
Excuta
Com Felipe Julián e Sandra Ximenez
SEISMIK
Com Herman Kolgen
Duração aproximada: 75 minutos
Classificação indicativa: Livre
PARTICIPANTES
Astronauta Mecanico (Veruscka Girio) (BRA)
Criadora multiplataforma, artista gráfica, VJ e videocenarista. Sua pesquisa foca transcomunicação – a comunicação entre vivos e mortos – e discute arte, ciência e espírito, assim como tempo, espaço e rotina.
Bianca Turner (BRA)
Artista multimídia, bacharel em design e prática de performance pela Central Saint Martins College of Art & Design e mestre em cenografia pela The Royal Central School of Speech and Drama, ambas em Londres, na Inglaterra. Também atua como diretora de arte e videoprojeção no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e é integrante-diretora do coletivo Manifesto Impromptu.
Dudu Tsuda (BRA)
Artista multimídia, artista sonoro, músico, compositor, performer, produtor musical e professor convidado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) desde 2010. Também pela PUC/SP, é mestre em tecnologias da inteligência e design digital e graduado em comunicação em multimeios.
Felipe Julián e Sandra Ximenez (BRA)
Felipe Julián é produtor musical e artista visual, e Sandra Ximenez é cantora e performer. Lançaram quatro discos em conjunto, sendo o mais recente Turbulência (2016). Nas artes visuais montaram, entre outras obras, as instalações sonoras Eu Preciso Dessas Palavras Escritas, no Museu Bispo do Rosário, no Rio de Janeiro, e Suite Yemanja, na coletiva Vestígios de Brasilidade, no Santander Cultural em Recife. Colaboram com artistas e grupos de intervenção urbana ou performance, como o Coletivo Dodecafônico.
Herman Kolgen (CAN)
Artista multidisciplinar com mais de três décadas de experiência em projetos de artemídia. A partir da relação íntima entre som e imagem, cria peças que assumem a forma de instalações, filmes, performances audiovisuais, apresentações multimídia e esculturas sonoras.
Kasia Justka (POL)
Artista multidisciplinar e live performer. Trabalha com vídeo, luz e som. Por meio de circuitos e da eletricidade, propõe a desconstrução de estruturas e cria experiências que realçam a beleza dos fenômenos naturais em um mundo complexo.
Marcus Bastos (BRA)
Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e da Universidade de São Paulo (USP). Escreveu Limiares das Redes e Cultura da Reciclagem, além de organizar várias outras obras.
Paola Barreto (BRA)
Seus trabalhos se desdobram em filmes, instalações e performances, explorando na materialidade dos suportes as relações entre corpos, memórias e imagens. Pesquisadora e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tem interesse por circuitos de vídeo, sistemas híbridos e autoria coletiva.
CURADOR
Lucas Bambozzi
Artista e pesquisador de meios que oscilam entre o digital e o analógico. Fez "vídeo ao vivo" e transmissões simultâneas no final dos anos 80 e hoje faz um pouco de cinema, videoarte, instalações e outros formatos de arte considerados instáveis e talvez em vias de desaparecerem.
GNR Presents na Nara Roesler NY, EUA
A Galeria Nara Roesler | Nova York tem o prazer de anunciar a exposição coletiva multimídia GNR Presents:, que reúne uma grande variedade de obras e representa sua posição singular como uma das maiores galerias de arte contemporânea do Brasil, com 30 anos de experiência no Hemisfério Sul, porém presente há menos de dois anos no Hemisfério Norte. A mostra contribui para a dupla missão da galeria, de promover a arte brasileira no exterior e ao mesmo tempo contribuir ativamente para a internacionalização da cena artística local por meio de um rigoroso programa internacional. A mostra será acompanhada de uma série de conversas e workshops na galeria e em outros espaços em Nova York.
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A seleção de obras reúne artistas de diversas gerações, do Norte e do Sul global, para refletir sobre questões formais como a função da cor, espacialidade, e a relação entre público e obra de arte. A mostra inclui trabalhos de grandes nomes da arte brasileira, como Hélio Oiticica, Sergio Camargo, Lygia Clark e Tunga, e de importantes artistas internacionais que também investigam o espaço e a percepção, entre eles Daniel Buren. Há ainda obras de artistas jovens e em ascensão que lidam com essas questões formais – Bruno Dunley e Eduardo Navarro. A obra de Dunley investiga a linguagem representacional inerente à pintura; os projetos de ação participativa de Navarro ativam a presença do público. A mostra GNR Presents: também reflete sutilmente sobre os conceitos de Norte e Sul global, com obras dos latino-americanos Vik Muniz e Alexandre Arrechea, que homenageiam Nova York retratando símbolos da cidade como o Museu Guggenheim e o edifício Chrysler.
O tema da cor perpassa toda a exposição, com uma presença espacial e física que gera relações de correspondência entre diferentes trabalhos. Alguns artistas utilizam a cor visivelmente, em superfícies planas, para investigar a forma no espaço; outros apresentam estratégias semelhantes em campos tridimensionais. Os Metaesquemas (1957 – 1958) de Hélio Oiticica e os Planos em Superfície Modulada (1957) de Lygia Clark, por exemplo, são esboços monocromáticos de formas geométricas que geram uma interação entre figura e fundo. Essas obras contestam sua própria bidimensionalidade, sugerindo instabilidade, movimento (no caso de Oiticica) e profundidade (no de Lygia). Oiticica obtém esses efeitos pelo emprego parcial de uma estratégia rítmica de “espelhamento” na qual seus padrões se repetem. A instalação Prisms and Mirrors, High Reliefs (2017), de Daniel Buren, segue a mesma linha de experimentação, buscando realçar a cor e a luz pela espacialidade, mas Buren vai mais longe ao permitir a participação ativa do espectador e de seu espaço.
Também há uma correspondência entre Sem Título (2016), de Abraham Palatnik, e Sem Título (1999), da série Escalpo, de Tunga. As duas obras testam as capacidades cognitivas de mídias fragmentadas, mas Palatnik o faz sobrepondo os potenciais pictóricos da madeira e da tinta; Tunga, por sua vez, trabalha com fios maleáveis de latão que lembram cabelo em pentes. Outro diálogo acontece entre o relevo escultural branco de Untitled # 268 (1970), de Sérgio Camargo, e os sistemas minúsculos de Marco Maggi em Language in Residence (2016). A escultura de Camargo incorpora a polaridade entre superfície e escultura, permitindo que a luz incida sobre as formas suaves contidas na madeira; já Marco Maggi revela um sistema formado por baixos-relevos diminutos.
A exposição inclui obras de: Abraham Palatnik, Alexandre Arrechea, Artur Lescher, Bruno Dunley, Cristina Canale, Daniel Buren, Eduardo Navarro, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Marco Maggi, Milton Machado, Sérgio Camargo, Tunga, Vik Muniz, Xavier Veilhan.
Junte-se a nós para celebrar a abertura de GNR Presents: na sexta-feira, 7 de julho, das 16h às 19h.
GNR Presents: Eventos de Verão
Sexta-feira, 7 de julho | das 16h às 19h | Coquetel
na Galeria Nara Roesler | Nova York
Junte-se a nós para celebrar a abertura de GNR Presents:
Sexta-feira, 21 de julho | das 20h às 22h | Performance, O Grivo, na Triple Canopy
264 Canal Street, 3W, Nova York, Nova York
A obra apresentada na Triple Canopy é a mesma que será encenada na exposição “Soundtracks”, do SFMOMA, com curadoria Rudolf Frieling e Tanya Zimbardo, em cartaz de 15 de julho de 2017 a 1º de janeiro de 2018
Terça-feira, 25 de julho | 18h | Summer Guests #1: Colecionismo: Jovens e Latinos
na Galeria Nara Roesler | Nova York
Conversa sobre colecionismo com Kaeli Deane, Diretora de Vendas de Obras Latino-Americanas da casa de leilões Phillips, e Joey Lico, curador e diretor de programação para as Américas do clube de artes The Cultivist
Quinta-feira, 27 de julho | 18:30h | Performance, “Paul Ramirez Jonas: Half-Truths”, no New Museum
235 Bowery, 5º andar, Nova York, Nova York
A performance especial será apresentada durante a mostra “Paul Ramirez Jonas: Half-Truths” no New Museum, com curadoria de Johanna Burton, Shaun Leonardo e Emily Mello, em cartaz de 5 de julho a 17 de setembro de 2017
Terça-feira, 8 de agosto | 18:30h | Summer Guests #2: Workshop com Marco Maggi
na Galeria Nara Roesler | Nova York
Marco Maggi convida o público a desacelerar e redirecionar sua atenção, criando uma obra de arte em colaboração informal com o artista
Terça-feira, 22 de agosto | 18:30h | Summer Guests #3: Alexandre Arrechea no Art Outside
na Galeria Nara Roesler | Nova York
Alexandre Arrechea debate o poder de expressão da arquitetura e da arte pública, tema que aborda com frequência em obras como o monumental projeto Katrina Chairs, apresentado no Festival Coachella em 2016
Galeria Nara Roesler | New York is delighted to announce GNR Presents:, a multimedia collective show that brings together a wide range of works representing the gallery’s remarkable position as a leading Brazilian contemporary art gallery with 30 years of experience in the Global South, yet whose presence in the North spans barely two years. The exhibition encompasses the gallery’s twofold mission to promote Brazilian art abroad while actively contributing to the internationalization of the Brazilian art scene through a rigorous international program. A series of talks and workshops at the gallery and throughout New York City has been organized to accompany the exhibition.
GNR Presents: convenes a cross-generational group of artists, from the Global North and South, whose works reflect on formal concerns such as the role of color, spatiality, and the public. Presenting works by seminal Brazilian artists such as Hélio Oiticica, Sérgio Camargo, Lygia Clark, and Tunga, the exhibition also showcases works by key international artists who similarly experiment with space and perception, including Daniel Buren. In addition, it features works by young and up-and-coming artists who share these formal concerns, namely Bruno Dunley and Eduardo Navarro. While the former’s body of work considers the representational language inherent in painting, the latter’s participatory action projects activate the audience’s presence. GNR Presents: also subtly reflects on the concept of a Global North and South in its presentation of pieces by Latin American artists Vik Muniz and Alexandre Arrechea, who pay tribute to New York City in their depictions of iconic buildings including the Guggenheim Museum and the Chrysler Building.
Color extends as a thread throughout the exhibition, establishing a spatial and physical presence, which fosters corresponding relationships between works. While some artists visibly yield color on flat surfaces to reflect on form in space, others present similar strategies in three-dimensional fields. For instance, Hélio Oiticica’s paintings Metaesquema (1957–1958) and Lygia Clark’s Planos em Superficie Modulada (1957) are monochromatic sketches of geometric shapes that create an interplay between figure and background. These works challenge their own two-dimensionality by evoking a sense of instability, movement (as in Oiticica’s work), and depth (as in Clark’s.) Oiticica achieves these effects by partially applying a rhythmic “mirroring” strategy, whereby he replicates his patterns. Daniel Buren’s installation, Prisms and Mirros: High Reliefs (2017)follows this line of experimentation by seeking to enhance light and color through spatial arrangements, while going further by allowing the viewer and his space to become active participants in the work.
Another correspondence takes place between Abraham Palatnik’s Untitled (2016) and Tunga’s Untitled (1999), the latter of which pertains to the artist’s “Scalp” series. Both works test the cognitive capabilities of fragmented media, yet Palatnik accomplishes this by juxtaposing the pictorial potential of the wood with that of paint, while Tunga assembles pliable threads of brass so as to evoke hair held by combs. Also on display is Sérgio Camargo’s Untitled #268 (1970), whose white sculptural relief interacts with the minute systems in Marco Maggi’s Language in Residence (2016). While Camargo’s work straddles the polarity of surface and sculpture by allowing light to shine on the smooth forms that lie within the wood, Maggi’s reveals a system within minutely low reliefs.
Artists whose works are in the exhibition include: Abraham Palatnik, Alexandre Arrechea, Artur Lescher, Bruno Dunley, Cristina Canale, Daniel Buren, Eduardo Navarro, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Marco Maggi, Milton Machado, Sérgio Camargo, Tunga, Vik Muniz, Xavier Veilhan.
Please join us for our Summer Events and Summer Drinks on Friday, July 7, from 4pm to 7pm, to celebrate the opening of GNR Presents:.
GNR Presents: Summer Events
Friday, July 7th | 4pm to 7pm | Summer Drinks
at Galeria Nara Roesler | New York
Join us to celebrate the opening of GNR Presents:
Friday, July 21st | 8pm to 10pm | Performance, O Grivo at Triple Canopy
264 Canal Street, 3W, New York, New York
The piece presented at Triple Canopy will be the same as O Grivo will perform at the exhibition “Soundracks” at SFMOMA, curated by Rudolf Frieling and Tanya Zimbardo, on view from July 15th, 2017 to January 1st, 2018
Tuesday, July 25th | 6:00pm | Summer Guests #1: Collecting: Young & Latin
at Galeria Nara Roesler | New York
A conversation about collecting with Kaeli Deane, Head of Sale of Latin American Art at Phillips, and Joey Lico, curator and director of programming for the Americas at The Cultivist
Thursday, July 27th | 6:30pm | Performance, “Paul Ramirez Jonas: Half-Truths” at New Museum
235 Bowery, 5th floor, New York, New York
The special performance will be presented within the exhibition “Paul Ramirez Jonas: Half-Truths” at New Museum, curated by Johanna Burton, Shaun Leonardo and Emily Mello, on view from July 5th, 2017 to September 17th, 2017
Tuesday, August 8th | 6:30 pm | Summer Guests #2: Workshop with Marco Maggi
at Galeria Nara Roesler | New York
Marco Maggi invites the audience to slow down and refocus their attention by creating their own piece in a casual collaboration with the artist
Tuesday, August 22nd | 6:30pm | Summer Guests #3: Alexandre Arrechea on Art Outside
at Galeria Nara Roesler | New York
Alexandre Arrechea delves into the expressive power of architecture and public art, a topic he has often approached in works such as the monumental project Katrina Chairs, notably installed at Coachella 2016
julho 4, 2017
(Dis)placement no Espaço Jacarandá, Rio de Janeiro
Sucesso em Londres, a mostra (dis)placement (deslocamento), chega ao Brasil, à partir do dia 8 de julho, e se instala no Espaço Jacarandá, na Villa Aymoré, na Glória. A exposição reúne mais de 20 trabalhos, entre pinturas, fotografias, gravuras, poemas e vídeos de 14 artistas internacionais de 10 nacionalidades, como: croatas, coreanos, australianos, americanos, brasileiros... A mostra foi criada a partir de um edital, onde artistas e escritores apresentaram seus trabalhos produzidos sobre o tema. (Dis)placement divaga sobre o que é "ser estrangeiro", abrangendo barreiras físicas e emocionais, como a dificuldade de se adaptar a novos ambientes e consequentemente sair da "zona de conforto".
“Os trabalhos expostos sugerem, muitas vezes, diferenças culturais, de identidade pessoal em relação ao ambiente em que estão. Ou seja: o que é estar em casa, ter casa, encontrar casa...”, explica Gabriela Davies, idealizadora do projeto.
A exposição foi viabilizada através de um crowdfunding que angariou fundos - via internet – atingindo a meta de £10,000 (o equivalente a 45 mil reais), através de 58 doadores. Os mais de 50 trabalhos inscritos no edital foram selecionados por um grupo de 5 profissionais que atuam em diferentes ramos da arte. São eles: Goia Mujalli, artista plástica que está acabando seu mestrado em pintura na Royal College of Art, em Londres; Julia Clemente, marchand que trabalha na galeria White Rainbow, em Londres; Lucrecia Vinhães, diretora do Instituto Pipa; Sara Pearce, que atua como consultora de arte contemporânea; e Sarah Elson, além de diretora-fundadora do Launch Pad, plataforma que promove residências de artistas emergentes em Londres, criou o seu próprio prêmio de arte contemporânea, em Londres.
“Seguindo o próprio tema da exposição, acreditamos que seria interessante que ela viajasse para outros cantos do mundo, como o Rio de Janeiro”, finaliza Gabriela.
Artistas em Exposição:
Alice Quaresma; brasileira; www.alicequaresma.com
Andrea Castilho; americana; www.andreacastillo.net
Angela Chen; chinesa; www.angelachen6.weebly.com
Dana Davenport; coreana; www.danadav.com
Ismene King; grega; ismeneking.wix.com/artistportfolio
Jill Miller; americana; www.jillchristinemiller.com
Kalium Graves; australiano; www.kailumgraves.com
Kiriaki Hajiloizis; inglês; kiriakih.wix.com/kiriakih
Luiz D’Orey; brasileiro; www.ldorey.com
Manoela Medeiros; brasileira; www.manoelamedeiros.com
Marcia Thompson; brasileira; www.marciathompson.com
Marko Zubak; croata; www.markozubak.com
Mercedes Lachmann; brasileira; www.mercedeslachmann.com
Romain Dumesnil; francês; www.romaindumesnil.com
Sobre Gabriela Davies
Desde que se formou na faculdade de Central Saint Martins (Londres) em Curadoria e Comunicação, em julho de 2016, Gabriela, 23 anos, organizou exposições com artistas jovens e emergentes, tanto em Londres quanto no Rio de Janeiro. Além do (dis)placement, atua também como curadora e organizadora de eventos culturais na Villa Aymoré, na Glória, promovendo palestras e atividades de arte. Além disso, está finalizando mestrado em História da Arte na University College London, na capital britânica.
julho 2, 2017
Almandrade na Arte k2o, Brasília
Esta primeira mostra individual do artista Almandrade, representado pela galeria Gabinete de Arte k2o, reúne uma seleção do seu trabalho elaborado em mais de quatro décadas de utilização do objeto de arte para estimular o pensamento e provocar a reflexão, segundo critérios fundamentados na racionalidade, na materialidade e, não por acaso, na economia de dados, sem deixar que conceitos se sobreponham ao fazer artístico. O artista compromete-se com a pesquisa de linguagens artísticas que envolve artes plásticas, poesia e conceitos.
A mostra reúne obras em diversas linguagens e suportes como pinturas, desenhos, gravuras, instalação e poemas visuais, além de objetos e esculturas em grande dimensão para o espaço urbano. Dentre as esculturas algumas inéditas, realizadas a partir de maquetes dos anos 80 até agora nunca executadas em grande formato no qual foram concebidas.
Em seu percurso, destaca-se a passagem pelo concretismo e pela arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente com a incessante busca de uma linguagem singular, limpa, de vocabulário gráfico sintético. Seu trabalho sempre se diferenciou da arte produzida na Bahia, aproximando-se mais do Neo Concreto e da Poesia Visual na herança de Lygia Pape e Hélio Oiticica, entre outros.
Sua obra, tanto pictórica, quanto linguística, se impõe como um lugar de reflexão, solitário e à margem do cenário cultural brasileiro. Após ensaios figurativos, no início da década de 70, sua pesquisa plástica se direcionou para o concretismo e a arte conceitual. Como poeta, mantém contato com a poesia concreta e o poema/processo, produzindo poemas visuais. É um dos principais nomes da poesia visual e experimental no Brasil. Desenhos em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente cerebrais, calcados de modo primoroso de tratar questões práticas e conceituais, marcam a produção do artista na segunda metade da década de 70. Redescobre a cor nos anos 80, quando suas obras - sejam pinturas ou objetos e esculturas -, ganham uma dimensão lúdica, sem perder a coerência e a capacidade de divertir com inteligência.
É um escultor que trabalha com a cor e com o espaço e um pintor que medita sobre a forma, o traço e a cor no plano da tela. A arte de Almandrade dialoga com certas referências da modernidade, transita entre o construtivo, a arte conceitual e a poesia visual, mantendo uma coerência com os diversos suportes até a palavra e reinventando novas leituras.
Como dizia Décio Pignatari “Almandrade capricha nas miniaturas de suas criaturas, cuja nudez implica mudez, límpido limpamento do olho artístico, já cansado da fantástica história da arte deste século interminável, deste milênio infinito.” (1995). Século que já é passado. A coerência e o rigor do artista em lidar com diferentes suportes, incluindo a palavra (poesia), fazem de Almandrade, um pensador que se utiliza desses suportes para produzir reflexões.
Que ninguém duvide: a economia de elementos e de dados não se dá por acaso, é uma opção estética, inteiramente coerente com sua tendência à síntese, ao traço essencial, ao quase vestígio. Um nada, cuja gênese reside na totalidade absoluta. Assim também é sua poesia. Wilson Rocha, em 2000 já indicava que “Simplificar as formas e geometrizar a vida parece ser a vontade de Almandrade, artista dos mais representativos para a arte contextual da Bahia no momento. Suas investigações apontam para a epistemologia da construtividade, onde as formas geram um saber, uma arquitetura de signos ou um poder de experimentação. A apreensão do espaço é uma instância e também uma educação, demonstram uma intencionalidade e fundamenta no encontro linha/espaço determinações lógicas, geométricas, representações e imagéticas. Ele acredita que uma obra se constitui da relação desses elementos com o espaço e o observador”.
Almandrade, artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano e poeta. Participou de várias mostras coletivas, entre elas: XII, XIII e XVI Bienal de São Paulo; "Em Busca da Essência" - mostra especial da XIX Bienal de São Paulo; IV Salão Nacional; Universo do Futebol (MAM/Rio); Feira Nacional (S.Paulo); II Salão Paulista, I Exposição Internacional de Escultura Efêmeras (Fortaleza); I Salão Baiano; II Salão Nacional; Menção honrosa no I Salão Estudantil em 1972. Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior. Um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista "Semiótica" em 1974. Realizou cerca de vinte exposições individuais em Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo entre 1975 e 1997; escreveu em vários jornais e revistas especializados sobre arte, arquitetura e urbanismo. Prêmios nos concursos de projetos para obras de artes plásticas do Museu de Arte Moderna da Bahia, 1981/82. Prêmio Fundarte no XXXIX Salão de Artes Plásticas de Pernambuco em 1986. Editou os livretos de poesias e/ou trabalhos visuais: "O Sacrifício do Sentido", "Obscuridades do Riso", "Poemas", "Suor Noturno" e Arquitetura de Algodão". Prêmio Copene de cultura e arte, 1997. Tem trabalhos em vários acervos particulares e públicos, como: Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Moderna de Recife e Pinacoteca Municipal de São Paulo.
Daniel Murgel na Portas Vilaseca, Rio de Janeiro
Segunda mostra individual de Daniel Murgel na Portas Vilaseca Galeria
Portas Vilaseca Galeria acolhe pela segunda vez uma mostra individual do artista Daniel Murgel: Pintura de Parede e elemento vazado. Com atelier localizado no bairro da Gamboa; o artista preparou uma escultura em grande formato – “Caramujo de Ângulos Retos” (2017) –, feita com madeiras coletadas das obras recentemente ocorridas na zona portuária em processo de revitalização/gentrificação. A mostra também engloba uma série de desenhos aquarelados, os quais servem de projetos para construção de novas esculturas, fazendo referência a formas híbridas em que o elemento da “escada” está sempre presente. Por fim, as paredes da galeria foram caiadas em várias camadas de cores contrastantes, criando uma pintura efêmera, ao mesmo tempo em que formam uma ambientação em alusão à maneira popular pela qual os casebres das periferias são pintados. Todas as peças da exposição foram elaboradas neste ano, sendo inéditas.
“Em ‘Pintura de Parede e Elemento Vazado’, Daniel Murgel reinventa formas de ocupar e habitar o espaço, dialogando com o mobiliário e a tradição da pintura. A transparência, o acúmulo, a transposição de escalas e a valorização do erro são meios encontrados para desconstruir as funções dos objetos e reviver a herança histórica de um tempo cíclico. A arte popular e a erudita se aproximam no delírio formal e sintético do móvel-escultura e da pintura sobre parede. Um barroco tímido, porém superdimensionado, revela um universo de cores pastéis e expõe, igualmente, nossa maneira de construir espaços, memórias e histórias.” Juliana Gontijo, curadora.