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junho 29, 2017

Programa Gravura: José Damasceno na dotART, Belo Horizonte

A dotART galeria lança, no dia 4 de julho, o “Programa Gravura”, que pretende apresentar uma edição de 10 gravuras de artistas distintos com obras recentes, variando técnicas e conceitos. O programa será levado a público nos intervalos das grandes exposições, como uma maneira de aquecer o olhar e despertar o desejo do visitante.

O primeiro artista participante será José Damasceno, que lança a gravura e os desdobramentos do trabalho RE:PÚBLICA - JD 2017, uma intervenção urbana feita nas ruas do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, com colaboração e parceria da dotART galeria.

Para despertar a curiosidade do público, lambe-lambes com imagens da república, oriundas da nota de um real com intervenções do artista foram espalhados nas cidades. Um trabalho que não denotou claramente sua autoria gerando dúvidas e questionamentos. Agora chegou a hora de revelar que se trata de uma obra de José Damasceno. Na Sala Pensando da galeria, um vídeo desta ação em Belo Horizonte será exibido. “Neste cenário de crise em que o país se insere, uma intervenção chamada re:pública, de gravura e utilizando uma moeda como imagem, não poderia ser mais coerente”, diz Wilson Lazaro, diretor artístico da dotART.

As gravuras têm valor artístico por serem totalmente originais e realizadas artesanalmente. Atualmente a tecnologia é usada para tudo e este meio resgata o bom gosto pelo trabalho artístico, feito manualmente, sem mecanização e em um processo milenar. E ainda se torna uma forma acessível de adquirir uma obra original de um grande artista. Essa técnica resgata uma forma de pensar e produzir arte contextualizando conceitos que estão presentes na arte contemporânea e se fazem ainda mais presentes nas linguagens artísticas que continuam relevantes e predominantes.

O Programa Gravura tem a previsão de acontecer quatro vezes ao ano e entre os nomes cogitados para a próxima edição estão os artistas: Eli Sudbrack e Elvis Almeida. A galeria tem ainda o desejo de, a cada projeto, doar uma gravura para a Biblioteca Nacional, contribuindo assim para atualizar o acervo da instituição.

Sobre RE:PÚBLICA

“Moeda corrente. Em cada cédula a imagem simbólica da República. Aquela iconografia morta, apática e gélida repentinamente ganha vida. Com apenas um traço de caneta abre seus olhos. Em seguida, com a nova escala urbana dos cartazes distribuídos pelas ruas, ganha terreno, amplia espaço e se modifica… Agora efígie desperta, figura esquiva, seu olhar-vigília percorre a cidade e cria uma rede de olhares interconectados… O que ela está vendo? O que ela está elocubrando? Desconfiada? Aflita? Preocupada? Pensativa? Ela está pensando algo, isso é certo. Reflete e pondera, contudo nada sabemos”, José Damasceno.

Posted by Patricia Canetti at 10:17 AM

junho 28, 2017

Fundação Athos Bulcão lança Catálogo do Acervo em Brasília

Publicação bilíngue apresenta obras do artista presentes no acervo da Fundação, entre pinturas, máscaras, projetos, painéis em azulejos emoldurados, gravuras, desenhos, fotomontagens, estudos, objetos e paramentos litúrgicos

Desenvolvido pela equipe de profissionais da Fundação Athos Bulcão, o Catálogo, de 144 páginas, traz em seu conteúdo 283 obras do artista. Trabalhos que constituem boa parte do acervo da Fundação e que foram fotografados, descritos e catalogados, sendo: 28 pinturas, 10 máscaras, 25 projetos, 13 painéis em azulejos emoldurados, 82 gravuras, 12 desenhos, 33 fotomontagens, 72 estudos, 5 objetos e 3 paramentos litúrgicos.

“Grande parte dos trabalhos, apresentados nesta publicação, foi presenteada pelo próprio artista, quando da criação da instituição que levaria seu nome, outras foram doadas por colecionadores, além das adquiridas pela Fundação, o que se alinha ao objetivo de preservar e divulgar o legado deste artista múltiplo que transitou, de forma bastante fluida, através de vários segmentos das artes visuais”, detalha Valéria Cabral, Secretária Executiva da Fundação.

Além de informações completas sobre cada obra, o Catálogo do Acervo da Fundação Athos Bulcão traz ainda textos de dois importantes parceiros da instituição, Marília Panitz e Fernando Cocchiarale, que, para Valéria Cabral, “nos deram a honra de colaborar conosco compartilhando seus conhecimentos sobre o artista, em um projeto que marca o início das nossas comemorações”.

A pesquisa para a formatação desta publicação, se estendeu à consulta de outros projetos, que já homenagearam e divulgaram, inclusive internacionalmente, a obra e a trajetória do artista, a exemplo das exposições Athos Bulcão – 80 anos (1998), Retrospectiva Athos Bulcão (2006/2007), Athos Bulcão – Compositor de Espaços (2009) e Azulejos em Lisboa Azulejos em Brasília – Athos Bulcão e a tradição da azulejaria barroca (2013). “É importante registrar que a Fundação possui ainda um grande número de projetos arquitetônicos que estão em processo de inventariação, dadas as características do suporte”, pontua Rafaella Tamm, coordenadora de pesquisa e projetos da Fundação.

Com o lançamento marcado para o dia 1º de julho de 2017, às 17h, em sua sede, o Catálogo do Acervo da Fundação Athos Bulcão dá início às comemorações do “Século de Athos Bulcão” (o artista completaria 100 anos no dia 2 de julho de 2018). Efeméride de especial importância ao homenagear um artista fundamental na história da arte mundial, pois a integração de sua obra à arquitetura é considerada única, além de configurar entre os responsáveis pela constituição da modernista capital do Brasil, Patrimônio Cultural da Humanidade.

No mesmo dia do lançamento do Catálogo, estreia a mostra “Descobrindo Athos”, com a exposição de releituras de trabalhos do artista, feitas sobre papel, por adolescentes em conflito com a lei das Unidades de Internação de São Sebastião e Brazlândia, resultado de ação socioeducativa conduzida pela Fundação em 2016. Serão realizadas, também, duas turmas da oficina: “Fazendo Arte com Athos” para crianças, adolescentes e adultos, cuja proposta é promover o contato desses públicos com os padrões criados pelo artista e estimulá-los a criar suas próprias composições sobre uma peça de azulejo branco.

Venda e distribuição

Com tiragem de 2.000 exemplares, o catálogo estará à venda na Fundação Athos Bulcão (R$ 20,00). No dia do lançamento, cada comprador leva para casa uma lembrança especial, produzida para as comemorações do centenário. A publicação será enviada para escolas brasileiras de formação em Artes Visuais e Arquitetura, assim como para várias bibliotecas públicas do Distrito Federal.

O Catálogo:
Formato: 20 x 20 cm
144 páginas
Tiragem: 2000 exemplares
Valor: R$ 20,00
Imagem da capa: Fragmentos, 1993 - Acrílica sobre tela, 60,8 x 79,8 cm
Apresentação: Valéria Maria Lopes Cabral
Introdução: Rafaella Tamm
​Textos:
"Athos Barroco, Athos Concreto, Athos Inventor de Formas", Marília Panitz
"A Integração Arquitetônica e a Politecnia em Athos Bulcão", Fernando Cocchiarale
Coordenação Geral e Catalogação: Rafaella Tamm
Organização: Rafaella Tamm, Valéria Maria Lopes Cabral, Vitor Borysow
Design Gráfico e editoração eletrônica: Território Cultural
Assessoria de Imprensa: Território Cultural
Fotos e Tratamento de Imagem: Diego Bresani
Revisão de Textos: Paloma Rio Branco
Tradução: Laís Mendes
Revisão da Tradução: Jorgiana A. N. Souza

Posted by Patricia Canetti at 6:34 PM

Jorge Soledar participa do Acerca do Fracasso das Formas no Galpão Mungunzá, São Paulo

Instalação coreográfica concebida pelo Coletivo Cartográfico em parceria com o artista visual Jorge Soledar é composta por móveis e gesso e ocupa todo um galpão no bairro do Bom Retiro

Revisar a efemeridade do ato coreográfico como ação capaz de transformar o real, a partir de uma instalação com materialidades e objetos, que serão traumatizados irreversivelmente pela ação de artistas, é o ponto de partida de Acerca do Fracasso das Formas, instalação coreográfica, que problematiza e põe em choque as fronteiras entre a dança contemporânea, a performance e a escultura. O espetáculo-instalação de dança contemporânea, novo trabalho do Coletivo Cartográfico, encerra temporada com apresentações até 2 de julho, no Galpão Mungunzá com ingressos gratuitos. No sábado, dia 1º de julho, o artista plástico Jorge Soledar, que criou a instalação ao lado das componentes do Coletivo Cartográfico participa da ação.

Em Acerca do Fracasso das Formas – contemplado na 20ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – o Coletivo Cartográfico, formado em 2011 pelas artistas Carolina Nóbrega, Fabiane Carneiro e Monica Galvão, dá continuidade à pesquisa do grupo, apoiada no embate entre corpo e ambiente.

O novo trabalho, criado em parceria com o artista visual Jorge Soledar, ocupa todo o espaço de um galpão de 230 m2 no bairro do Bom Retiro, com móveis domésticos, gesso e ferramentas de construção civil, criando um ambiente que é ao mesmo tempo uma casa e um canteiro de obras. A cada dia, as três artistas do grupo realizarão roteiros de ação distintos, que irão pouco a pouco corroer a instalação inicial, numa narrativa continuada de destruição, que durará um mês (de 10 de junho a 2 de julho, sábados e domingos das 19 às 22 horas com abertura do galpão às 18 horas). Pode-se chegar ou sair desse acontecimento a qualquer momento nesse intervalo de tempo.

Gelo, isopor, tijolo, metal e lâmpadas

Acerca do Fracasso das Formas é um desdobramento de um trabalho anterior do Cartográfico, a série fracassos, composta por seis performances diferentes, cada uma criada a partir do embate irreversível entre os corpos das artistas e alguma materialidade específica, que definia toda a ação coreográfica, a saber: gelo, isopor, tijolo, metal e lâmpadas. Tratavam-se, portanto, de materialidades brutas e industriais, sem marcas de historicidade, que eram destruídas durante a performance, mas passíveis de serem substituídas por peças idênticas. No atual trabalho, o Coletivo Cartográfico irá forjar um elemento industrial (gesso) a móveis domésticos usados, impossíveis de serem substituídos, sendo sua destruição uma experiência mais evidente de morte.

As integrantes do Coletivo narram o quanto o processo de Acerca do Fracasso das Formas foi atravessado pelo atual esfacelamento da política nacional e internacional, que destruiu a possibilidade de fé numa perspectiva mais igualitária de vida em sociedade através do aprofundamento da social democracia. Segundo elas, esse processo, por hora, não gerou uma ruptura com os modos de existir que vinham sendo tecidos, mas uma continuidade indigesta e dolorosa, sendo essa existência cotidiana decadente e derruída, o pano de fundo da instalação, que apresenta indivíduos em processos de simbiose e destruição de sua própria experiência cotidiana, exposta agora como vazia e arbitrária.

Instalação e ambiente sonoro

O Coletivo Cartográfico encontrou, entre suas pesquisas e as do artista visual Jorge Soledar, o comum interesse pela relação não hierárquica entre corpos e materialidades e a potência escultórica e performativa que resulta desse encontro. Sendo assim, o processo de co-autoria com o artista foi uma via muito potente de aprofundar a mescla entre a coreografia e a escultura. Afinal, Jorge Soledar inclui em suas instalações escultóricas, a presença de corpos humanos como elementos igualados à materialidades e objetos (como gesso, madeira e manequins) mas que também provocam algum tipo de distúrbio à estabilidade da matéria, que é destruída a partir de alguma ação humana.

Também integrará a instalação coreográfica pesquisas de trilha sonora, iluminação e figurino, concebidas por um grupo de artistas convidados a participar do processo de criação do trabalho. A proposta foi a de que esses elementos fossem concebidos a partir de uma lógica performativa e não de uma lógica espetacular ou ficcional.

O músico Gustavo Lemos, que trabalha com ambientes musicais imersivos, irá desenvolver a sonoridade do trabalho junto à ação coreográfica, a partir dos ruídos produzidos por vários microfones de contato que serão engessados junto aos móveis da instalação. A iluminação, assinada por Vinícius Andrade, jogará com a sobreposição dialética do próprio trabalho (a casa e o canteiro de obras), com cômodos iluminados por luminárias domésticas, sobrepostos por uma instalação com luzes industriais. Já Gabriela Cherubini, responsável pela criação dos figurinos, propôs a indumentária também como uma materialidade a ser destruída pela ação das performers, através de roupas usadas compradas em brechós, nas quais o processo de corrosão já foi iniciado pelo desgaste do uso e por pequenos cortes e desfiamentos feitos pela figurinista.

Fomento à dança

Acerca do Fracasso das Formas é o resultado final de um projeto contemplado pela 20a edição do Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo que, assim como a 21ª edição, foram lançadas e iniciadas ainda em 2016. Segundo o Coletivo Cartográfico a atual gestão acaba de destruir este edital, sendo essas duas edições anteriores, as últimas que irão ainda testemunhar um modo de criação em dança que havia sido possível na cidade de São Paulo nos últimos 20 anos, através da luta de muitos artistas da dança. Elas narram que o Fomento era a única política pública existente no município aberta à pesquisa e à experimentação, que permitia aos grupos ultrapassarem muito a visão da linguagem da dança como a de produção de espetáculos. Continuam explicando que, ao cancelar o processo do edital em curso para a 22ª edição e em seguida lançar um novo edital, sem a realização de nenhuma consulta pública, a Secretaria Municipal de Cultura descaracterizou por completo o Fomento, através de uma atitude ilegal e desrespeitosa, que fere os princípios da Lei de Fomento à Dança através de um pensamento super conservador que vê a linguagem apenas como produção e circulação de espetáculos. As artistas do Cartográfico insistem que a justificativa da Secretaria de que essa atitude teria partido de uma necessidade de maior democratização do edital não é verdadeira, pois ela diminui muito as possibilidades da dança enquanto ação política de transformação objetiva e subjetiva da cidade.

Elas contam o quanto o próprio processo de Acerca do Fracasso das Formas se torna impossível de agora em diante, a não ser que a Secretaria revogue sua decisão. Afinal, além da própria instalação coreográfica que será apresentada, o projeto envolveu inúmeras outras ações, elas sim, de democratização, como a residência artística do Coletivo Limiar, um grupo de dança contemporânea de jovens bailarinos do Campo Limpo, periferia da zona sul, formado a partir das orientações de uma das integrantes do Cartográfico oferecidas através do Programa Vocacional. Para que os integrantes do Limiar participassem da residência, de duração de três meses, eles receberam uma bolsa de pesquisa, sem a qual seria impossível que pudessem se deslocar até o centro para trabalhar. Durante o período, o Coletivo Cartográfico e outros artistas que integram a ficha técnica do projeto, partilharam suas práticas, reflexões e modos de existir, buscando a construção de um processo artístico-pedagógico de contágio, que destruísse a noção de autoria e permitisse que o jovem grupo ganhasse autonomia para seguir com a pesquisa a partir de seus próprios interesses. No novo edital lançado isso seria completamente inviável e o Cartográfico defende que a perda desses modos de ação artística na cidade de São Paulo é imensurável e lamentável.

Acerca do Fracasso das Formas
Concepção e Criação de Instalação Coreográfica – Jorge Soledar e Coletivo Cartográfico (Carolina Nóbrega, Fabiane Carneiro e Monica Galvão).
Performance – Coletivo Cartográfico. Concepção de Ambiência Sonora – Gustavo Lemos. Concepção de Iluminação – Vinícius Andrade. Concepção de Figurino – Gabriela Cherubini. Laboratório de Pesquisa Corporal – Maristela Estrela. Design Gráfico – Artefactos Bascos. Produção – Coletivo Cartográfico e Viviane Bezerra. Residência Artística – Coletivo Limiar. Parceria de Produção do Espaço – Cia Mungunzá. Registro de Foto e Vídeo – Bruta Flor Filmes. Parcerias Artísticas – Pontogor, Coletivo Teatro Dodecafônico, Núcleo Cinematográfico de Dança, Subversiva_a festa e Movediça.

Galpão Mungunzá
Rua Rodolfo Miranda 350, Bom Retiro, São Paulo, SP (próximo a estação Armênia do Metrô)
11-96463-1723 ou coletivocartografico@gmail.com
Capacidade: 80 pessoas
Sábado e domingo, das 19 às 22 horas (abertura do espaço às 18 horas). Recomendados para maiores de 10 anos. Grátis.
Abertura no dia 10 de junho, sábado, às 19 horas
Até 2 de julho de 2017

Posted by Patricia Canetti at 4:56 PM

Tracey Moffatt no MASP, São Paulo

A exposição apresenta três vídeos da série Montages da australiana Tracey Moffatt, que atualmente ocupa o Pavilhão da Austrália na 57a Bienal de Veneza.

Feitos com cenas de filmes comerciais e hollywoodianos, os vídeos tratam de questões de raça, gênero e alteridade, em consonância com a temática da sexualidade a qual o MASP se dedica neste ano.


Concomitante à exposição Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer, o MASP inaugura outras duas mostras dedicadas à temática da sexualidade: Toulouse-Lautrec em vermelho, que apresenta 75 obras do francês Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), cujas composições retratam cabarés, maisons closes e personagens da vida noturna parisiense do século 19; e Tracey Moffatt: Montagens, que ocupa a sala de vídeo do 2º subsolo do Museu com três vídeos da série Montages [Montagens] (1999-2015), LIP [Atrevimento] (1999), LOVE [Amor] (2003) e OTHER [Outro] (2009).

A australiana Tracey Moffatt (Brisbane, 1960) realizou a série Montages ao longo de uma década, de 1999 a 2015, com a colaboração do editor Gary Hillberg. A série compreende um total de oito vídeos, que criam novas narrativas a partir de cenas de filmes comerciais, muitos hollywoodianos, mas também clássicos do cinema mundial. Nos três vídeos exibidos no MASP, Moffatt lida com estereótipos e personagens arquetípicos do inconsciente coletivo ocidental, tratando de questões de raça, gênero e alteridade.

LIP apresenta trechos de filmes em que atrizes negras, aborígenes e latinas interpretam papéis de empregadas domésticas, serventes e babás, realizam seus afazeres e interagem com suas “patroas”, geralmente representadas por atrizes caucasianas. Ao som de Chain of Fools e Think, de Aretha Franklin, as trabalhadoras desafiam suas chefes por meio de falas sem restrições, que revelam verdades, sem “papas na língua”. Desses atos, que podem ser interpretados como “atrevimento” pelas empregadoras, deriva o título do vídeo, LIP. A palavra é uma redução da expressão inglesa giving lip, que se refere a atos de insubordinação, nos quais uma pessoa em situação subordinada dirige comentários jocosos e “atrevidos” a um superior. A obra questiona os papéis, frequentemente relegados às mulheres negras, mas também latinas e indígenas, pelo cinema e propõe uma desconstrução de um pensamento colonial, de que este grupo possa, de alguma forma, ser tratado como subserviente.

LOVE é uma compilação de trechos em que um homem e uma mulher interagem entre si, geralmente, em situações de envolvimento afetivo ou sexual. Ao som de (Where Do I Begin?) Love Story, interpretada por Shirley Bassey, o amor romântico é representado por cenas de beijos, carinhos e trocas de olhares apaixonados. A música é então interrompida e as mulheres passam a ser retratadas como desequilibradas e são tratadas como sujeito das causas do fim do amor e do relacionamento. Dá-se uma sequência de cenas em que mulheres são acusadas de traições, de não serem capazes de preencherem papéis de esposas, mães, amantes e donas de casa, e por isso sofrem inúmeras agressões, sendo agarradas pelo braço, empurradas, rejeitadas, humilhadas e abandonas. A partir da metade do vídeo, as personagens reagem e assumem posições ativas: verbalizam suas insatisfações, revidam, lutam, batem, ameaçam, apontam armas de fogo em direção aos homens e, finalmente, atiram. Moffatt apoia-se na ideia do amor como um campo de batalha, atravessado por relações de poder baseadas em gênero e classe social.

Em OTHER, há uma aproximação de questões que tratam de colonialismo, alteridade e sexualidade. O filme é uma compilação de cenas em que há encontros com o outro, sejam esses pautados pela diferença étnica, social, racial ou sexual. A montagem inicia-se com momentos de reconhecimento visual do outro, identificado a partir de signos do vestuário, das marcas e traços corporais, da cor da pele, dos adereços e arranjos de cabelo. Há trocas de olhares e um fascínio estabelece-se entre as duas partes. Seguem-se, então, cenas de reconhecimento físico, em que ambos se tocam sutilmente até o contato transformar-se em abraço, beijos e no ato sexual em si. Moffatt finaliza a edição com imagens de explosões, que servem de metáfora para o clímax sexual e para desconstrução das diferenças que separavam as personagens.

Nos três vídeos exibidos, a sexualidade – eixo central da programação do MASP em 2017 – ganha novas camadas, mostrando que estas histórias também são atravessadas por narrativas coloniais, feministas e de gênero. Por sua vez, as outras duas mostras, Toulouse-Lautrec em vermelho e Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer, estão em diálogo com as outras monográficas, de Teresinha Soares (Araxá, MG, 1927), Wanda Pimentel (Rio de Janeiro, RJ, 1943), Guerrilla Girls, Pedro Correia de Araújo (1874-1955) e Tunga (1952-2016), que compõem a programação do MASP em 2017. Todas essas exposições voltam-se para a mostra coletiva Histórias da sexualidade, ela também reunindo obras de diferentes períodos, territórios, meios, que discutem questões relacionadas à prostituição, ao nu, ao homoerotismo, aos jogos sexuais, ao ativismo feminista e queer, entre outros.

Tracey Moffatt: Montagens tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Isabella Rjeille, assistente curatorial do MASP.

Posted by Patricia Canetti at 2:11 PM

Miguel Rio Branco no MASP, São Paulo

A mostra exibe, pela primeira vez em São Paulo, um conjunto significativo da famosa série fotográfica realizada nos anos 1970, no bairro do Maciel, em Salvador.

A exposição integra o eixo de exposições em torno da temática de Histórias da sexualidade ao longo de 2017, no Museu.

O MASP apresenta, a partir de 29 de junho, Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer, segunda exposição de Miguel Rio Branco (Las Palmas, Espanha, 1946) no Museu, quase 40 anos após sua primeira individual, Negativo Sujo, em 1978. Até 1 de outubro, a mostra exibe uma seleção de 61 fotografias da famosa série Maciel, realizada no bairro homônimo, na região do Pelourinho, em Salvador, que o artista frequentou durante seis meses, em 1979.

O título da mostra origina-se da sentença “Nada levarei qundo morrer, aqueles que mim deve cobrarei no inferno”, que ocupa o centro da composição de uma das obras. Escrita em vermelho, a frase contém lapsos de português e está em uma parede interna, amarelada e desgastada, e cuja palavra inferno quase desaparece em meio a manchas escuras. Essa é a fotografia que abre a mostra e dá o tom da seleção dos demais trabalhos expostos na sala: são cenas de ambientes públicos e privados, como prostíbulos, bares, calçadas e quartos, de personagens que vivem e convivem em uma área estigmatizada e marginalizada pela prostituição, pobreza e criminalidade.

Na sequência, o visitante encontra imagens externas, de fachadas de casas e estabelecimentos comerciais, com paredes gastas pelo tempo, mas saturadas de cor, efeito que Rio Branco atinge ao fotografar em diapositivos. Nas calçadas, os moradores parecem seguir sua rotina, por vezes alheios à câmera do fotógrafo. Em uma imagem, crianças brincam na rua; em outras, homens jogam capoeira ou conversam entre si; e, em inúmeras, mulheres posam sozinhas, como se aguardassem supostos clientes. As marcas de ruína e sujeira, no entanto, são indícios não só do abandono, mas também da resistência daquelas pessoas a permanecerem no local.

A sexualidade permeia as imagens ao longo de toda a mostra. É a partir da segunda parte, todavia, quando os cenários passam a ser os interiores de casas e prostíbulos, que o sexo se torna mais evidente, carnal e, por vezes, agressivo. Veem-se cenas com enquadramentos mais fechados, preenchidos por cicatrizes, partes de corpos nus e rostos que ora fitam a lente, ora se regozijam de prazer. Em planos mais abertos, mulheres nuas se oferecem ao espectador, muitas vezes posando em pé, perto de portas e corredores, ou em cima das camas, em quartos.

Segundo Tomás Toledo, curador assistente da mostra, “As imagens produzidas por Miguel Rio Branco no Maciel denunciam a realidade da região – exuberante e violenta – retratando essa sociedade em determinado período histórico. Mas elas estão longe de ser um registro meramente documental; são carregadas de dramaticidade, encenação, cores imperativas e contrastantes, permeadas por uma pele pictórica. Revelam as trocas que ocorreram entre o fotógrafo e os fotografados, expressadas na franqueza do olhar e na naturalidade dos corpos dos representados.”

Ao longo de toda a mostra, existe um embaralhamento entre os limites do público e do privado. O espaço coletivo da rua invade residências, prostíbulos e estabelecimentos comerciais, e vice-versa. Homens e mulheres entram e saem desses ambientes, em composições que confundem as noções de intimidade e coletividade. Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer, deixa evidente, assim, algumas das muitas expressões da sexualidade daquela comunidade, denunciando, a partir dela, marcas das desigualdades social e racial que sofrem populações marginalizadas no Brasil.

No dia da abertura, o MASP lança o catálogo da mostra, amplamente ilustrado, com textos dos curadores e organizadores da publicação -- Adriano Pedrosa, Rodrigo Moura e Tomás Toledo -- e de autores convidados -- Alexandre Melo, Antonio Risério, Luisa Duarte e Moacir dos Anjos.

Miguel Rio Branco: nada levarei qundo morrer tem curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, Rodrigo Moura, curador-adjunto de arte brasileira, e assistência de Tomás Toledo, curador. A expografia é da METRO Arquitetos Associados.

Posted by Patricia Canetti at 12:50 PM

Valdirlei Dias Nunes na Triângulo, São Paulo

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 1º de julho, a quinta exposição individual de Valdirlei Dias Nunes. A mostra exibe sete pinturas de tamanhos variados e nove relevos que dão prosseguimento às recentes pesquisas do artista.

Tendo surgido na cena paulistana no início da década de 1990, o paranaense Valdirlei Dias Nunes desenvolveu em quase três décadas um trabalho singular e consistente que se distingue, entre outros aspectos, pelo afastamento das grandes tendências artísticas no Brasil e no mundo.

Sua produção sempre esteve na intersecção entre pintura, escultura e desenho, mas nos últimos anos os elementos formais e figurativos foram condensados, expandindo a complexidade do seu campo de ação pictórica para o plano da terceira dimensão. Sob uma contínua redução e precisão, superfícies meticulosamente construídas lidam invariavelmente com a abstração geométrica e figuração, tomando como objeto de representação o jogo entre espaços, planos pictóricos, profundidade de campo e perspectiva.

Para sua nova exposição intitulada Pinturas e Relevos Recentes, apresenta pinturas de delgadas linhas amarelo dourado contra um fundo preto ou branco que sugerem, a princípio, composições geométricas abstratas, mas revelam-se representações de objetos cotidianos como grades e redes. Delicadas e sutis, essas malhas de padrão geométrico tem sua monorritmia alterada por cortes de formatos irregulares, retos ou orgânicos.

A exposição exibe ainda uma série de relevos que consistem em placas retangulares de compensado pintadas de branco, envolvidas totalmente ou parcialmente por estruturas de madeira que se comportam como falsas molduras e que se projetam externamente em diferentes direções. Essas ripas lançadas ao espaço exterior do bloco branco retangular tem algumas das suas extremidades quebradas aleatoriamente, criando assim um certo incomodo visual em oposição ao rigor formal da estrutura.

Muito além de seu denso vazio, essas pinturas e relevos se abrem a novas dimensões para além das preocupações formais da pintura. Sua produção recente parece estar infectada pela materialidade e pela transição entre objetos mundanos para construções aparentemente formais, marcando assim uma passagem coerente da geometria plana para a espacial.

Posted by Patricia Canetti at 10:39 AM

junho 26, 2017

Fabrício Lopez na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

Indicado pela segunda vez ao prêmio PIPA (2017 e 2010), o artista Fabricio Lopez, considerado um dos mais importantes gravadores brasileiros, abre a exposição O Mergulho do Biguá, com trabalhos recentes e inéditos, no dia 28 de junho na galeria Mercedes Viegas. Serão apresentadas duas pinturas, cinco monotipias e nove xilogravuras, produzidas no ateliê do artista, localizado no bairro do Valongo na cidade de Santos, SP.

As obras selecionadas partem de imagens elaboradas da estranha combinação de anotações visuais de percursos pelos canais da cidade. O registro da natureza contida nessa vala aberta que equilibra e conduz informação entre o mar e o mangue, oferecendo à cidade um espelho em lâmina de água contínua, um reverso da vida cotidiana, onde garças, biguás e peixes organizam o espaço”, explica Fabricio.

As manifestações de luz no encontro de todos esses elementos associados ao tempo, resultou na série inédita de xilogravuras, impressas da combinação de diversas matrizes, continuamente regravadas. As impressões feitas em papel kozo recebem diversas camadas de cor e uma carga de tinta que apontam para um caráter pictórico dentro do universo gráfico da xilogravura.

O artista retoma aspectos fundamentais no desenvolvimento de sua obra com duas telas, onde o desenho a carvão convive com aguadas em variações de cinza, formando paisagens orgânicas que alternam-se em movimentos sutis e vigorosos da linha negra que percorre o suporte.

Fabrício Lopez trabalha e vive entre Santos e São Paulo. Mestre em poéticas visuais pela ECA/USP, é membro fundador da AJA (Associação Cultural Jatobá) e do Atêlie Espaço Coringa, que, entre 1998 e 2009, produziu ações coletivas como: exposições, publicações, videos, aulas, intercâmbios e residências artísticas. Realizou diversas exposições individuais institucionais, destacando-se: Estação Pinacoteca, SP; Centro Cultural S.Paulo - “Prêmio aquisição Pinacoteca da Cidade”; Museu Rudolph Duguay Quebec, Canadá; Centro Universitário Maria Antonia, SP. Entre as suas exposições individuais em galerias, podemos citar: no Rio, Mercedes Viegas; em São Paulo, nas galerias, Baró Cruz, Estação, Gravura Brasileira e Marília Razuk. Participou de diversas coletivas nacionais e internacionais como: Trilhas do Desejo, Rumos Itaú Cultural, Rio e São Paulo; X Bienal de Santos (1° prêmio) Novas Gravura; em outros estados. Cité Internationale des Arts, Paris, França; XIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira, Portugal; residência no Atelier Engramme; Québec; Dinamarca, Cuba, México, USA, e Inglaterra. Possui obras nos acervos da Pinacoteca Municipal e do Estado de São Paulo, Casa do Olhar – Santo André, Secretaria Municipal de Cultura de Santos e do Ministério das Relações Exteriores com o 1º prêmio para obras em papel do programa de aquisições do Itamaraty e em 2015 ganhou o prêmio residência artística Arthur Luiz Piza.

Posted by Patricia Canetti at 11:53 AM

Bruno Moreschi no Marcantonio Vilaça, Brasília

A mostra Ordenamentos de Bruno Moreschi inaugura as novas instalações do Espaço Cultural Marcantonio Vilaça no Centro Cultural do TCU, no dia 29 de junho (quinta) às 19 horas. Primeira exposição individual do artista fora do estado de São Paulo, “Ordenamentos” propõe uma apresentação da produção de Moreschi entre 2012 e 2017 a partir dos conceitos de ordenamento e de sistematização como gatilhos para o processo criativo.

"O recorte curatorial da exposição parte da constatação de um procedimento comum ao processo produtivo do artista, de onde vem o título 'Ordenamentos'. A partir da percepção de um modus operandi característico de alguns sistemas institucionalizados, em especial o das artes, o artista cria interferências e disrupções a fim de trazer à tona criticamente seus mecanismos de funcionamento em geral reificados, ou seja, naturalizados, desprovidos de seu caráter histórico", revela a curadora Caroline Carrion.

O conceito de ordenamento também se faz presente na expografia da mostra, que envolve 4 peças de mobiliário especialmente produzidas para a ocasião. Cada vitrine – intituladas “Formação”; “Pesquisa e produção”; “Burocracia”; e “Reza diária do cotidiano” – apresenta materiais de pesquisa e de processo, bem como referências bibliográficas marcantes para o artista e a curadora, além de uma seleção de notícias recentes. "Documentos que geralmente não são de acesso público, como troca de e-mails, projeto submetido ao edital, notas fiscais, entre outros, além de algumas notícias gerais sobre o Brasil, serão disponibilizados ao público para contextualizar a produção da exposição em relação às nossas trajetórias pessoais e também ao contexto político-econômico nacional, que nos influenciou diretamente ao longo desse processo que já leva dois anos”, explica a curadora.

As obras

"O museu está fechado para obras" (2014) apropria-se da pintura "Independência ou Morte", de Pedro Américo, obra integrante do acervo do Museu Paulista (SP). "As experiências propostas por esse trabalho fazem menção ao fato de o Museu estar fechado por vinte anos, período em que ninguém poderá ver a pintura pessoalmente", conta Moreschi.

A obra é uma realização conjunta de Bruno Moreschi com pintores da praça da República e do Parque Trianon-Masp (São Paulo). De comum acordo, os artistas decidiram criar, a partir de imagens encontradas na internet, uma versão da tela original, bem como fragmentos que individualizam as figuras populares, as quais, na pintura (e narrativa) oficial, encontram-se marginalizadas nas bordas da imagem.

"As fotos da obra na internet variam em qualidade e tratamento de cor, assim tivemos que trabalhar com um composto de fotografias e de nossas memórias desta obra tão icônica e ao mesmo tempo tão distante. Foram quatro meses fazendo a pintura maior, durante os quais encontramos certas figuras nos cantos da imagem. Aquilo remeteu ao povo que não participa dos momentos decisivos da história do Brasil. Decidimos, então, fazer alguns estudos destas figuras marginalizadas, obras não completamente finalizadas”, Bruno explica.

"Nesta obra temos a ideia da presença ausente de uma imagem já conhecida. Aqui podemos debater a diferença entre fruir de uma obra ou encará-la como informação. As pessoas observam as obras na internet ou livros e as entendem como informação, de forma que a interpretação original e única que só nasce da vivência, do encontro com a obra de arte, acaba se perdendo. Outro aspecto presente nesta obra, principalmente quando sabemos que ela é constituída também por pinturas menores de personagens populares presentes na obra original, é a percepção de que narrativas históricas são construídas e reafirmadas a partir de circuitos institucionais, dentre os quais se encontra a arte", provoca a curadora.

"Contrate um profissional" (2014-17) parte da constatação de como a história da arte é também a história da fotografia das obras de arte. Aqui o foco é discutir a suposta neutralidade fotográfica ou a fotografia como registro da “verdade”. Desde 2014, Bruno Moreschi tem convidado um número cada vez maior de profissionais habituados a fotografar obras de arte para registrar uma mesma "escultura" de sua autoria: uma pedra de pequeno porte encontrada na rua e que nunca será, de fato, exibida ao público.

A partir dessa proposição, pode-se pensar o que é a fotografia de obra de arte e qual a relevância do registro da obra e do espaço expositivo – registro que, por vezes, torna-se mais importante do que a exposição em si.

Em "Erros: para uso em exposição" (2014), veem-se pregos com defeitos de fabricação, expostos como esculturas e também dispostos em pequenas caixas de metal. "Ao usar esses pregos para montar meus trabalhos, estou espalhando erros pelo espaço da exposição”, afirma Bruno.

"Bruno coleciona pregos com defeitos de fabricação, ou seja, erros de produção, e os usa em suas exposições. Alguns desses pregos são exibidos como esculturas, sendo justamente seus defeitos que os transformam em objetos de interesse plástico; outros são usados na instalação de suas exposições; enquanto outros ainda são colocados em caixas que são distribuídas para profissionais da arte, para que também façam uso destes erros em suas mostras. É um trabalho que tem ramificações inumeráveis. Não há como manter um rastro disto, uma vez que a ação permanece não-anunciada na maior parte das exposições em que os pregos são utilizados", revela Carrion.

Já a obra "Pintores" (2014-17) é composta por 25 faixas coloridas, dispostas ao longo da vitrine e do espaço expositivo, pintadas por cinco trabalhadores de construção civil, atualmente empregados em canteiros de obra próximos ao espaço expositivo. "A cada pintor será entregue uma cartela de cores, que eles poderão combinar para chegar a uma infinidade de tons. Abaixo de cada conjunto de cinco faixas, estará o nome de quem as pintou e sua cidade de nascimento. Esses profissionais anônimos serão, talvez pela primeira vez, creditados pelo seu trabalho, nomeados. Já a cidade de origem oferece um indicativo socioeconômico acerca da distribuição de trabalho na sociedade brasileira contemporânea", descreve Bruno Moreschi.

Com coautoria de Camila Regis, "Procura-se" (2012-13) é uma instalação composta por quinze retratos falados do rosto do artista descrito por uma mesma pessoa aos últimos retratistas policiais que realizam a prática manual no Brasil. Além dos retratos originais, a peça inclui xerocópias disponíveis para o público, que pode se apropriar do material livremente.

"Este trabalho é exemplar do procedimento de catalogação e ativação utilizado por Bruno Moreschi. Ao transformar desenhos que eram apenas documentos policiais em uma obra de arte, o trabalho explora o funcionamento do sistema das artes e o papel de cada agente dentro desse sistema. Além disso, assim como ‘Contrate um profissional’ e ‘Independência ou Morte’, temos aqui imagens de um objeto ausente, desta vez a face do artista, traduzida em palavras e, depois, transformada em imagem por pessoas que jamais o viram", afirma Caroline Carrion.

“At your own risk”

Iniciado em 2012 e finalizado em 2014 como mestrado do artista no Instituto de Artes Visuais da Unicamp, “Art Book” é uma enciclopédia de arte contemporânea de conteúdo ficcional. A publicação apresenta biografias, imagens de obras e declarações de 50 artistas inventados – todos criados a partir da listagem de clichês encontrados em 10 enciclopédias de arte. O conteúdo do livro (inclusive as 311 obras fotografadas, os textos e a diagramação) foi produzido por Moreschi. O resultado é uma publicação em português, inglês e espanhol que se assemelha a outras enciclopédias verdadeiras encontradas em bibliotecas e livrarias.

Esta obra será apresentada em “Ordenamentos” na forma de uma exposição ficcional, intitulada “At your own risk” – título de uma das obras exibidas, de autoria do artista fictício Elliot Ford. No espaço expositivo, tudo se passará como se houvessem duas exposições simultâneas: “Ordenamentos”, individual de Bruno Moreschi, e “At your own risk”, uma coletiva realizada a partir das obras presentes na enciclopédia “ArtBook”.

“At your own risk” contempla obras em diferentes suportes criadas por artistas de diversas nacionalidades. Apresentando-se como um panorama do que há de mais importante e inovador no circuito internacional das artes neste momento, a mostra mimetiza a linguagem (escrita e visual) de exposições com propostas semelhantes. Levando às últimas consequências a proposta de “ArtBook”, as poucas pistas dadas ao visitante acerca da ficcionalidade deste espaço é a disponibilização do “ArtBook” para consulta, bem como dos livros que serviram de base para a pesquisa do artista, além da exibição de materiais de pesquisa e produção da Enciclopédia no mobiliário do espaço expositivo central.

Bruno Moreschi é mestre e doutorando em Artes Visuais pela Unicamp. Seus projetos artísticos já foram exibidos em exposições da Funarte São Paulo, Paço das Artes (São Paulo), Bienal de Montevidéu, CA2M (Madri), Biblioteca Joanina (Coimbra, Portugal), Frestas Trienal (SESC Sorocaba), SESC Ipiranga, MAC Paraná, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Museu de Arte de Goiânia, entre outros. Em 2014, recebeu o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea e a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais. Em 2016, foi premiado pelo Itaú Rumos Cultural. Possui obras em acervos de museus como o MAC USP, MAC Paraná, CCSP São Paulo e Instituto Figueiredo Ferraz. Nasceu em Maringá, 1982, e vive e trabalha em São Paulo, SP. brunomoreschi.com

Caroline Carrion, brasileira radicada em Nova Iorque, é graduada em Jornalismo pela USP, onde também estudou Filosofia. Em 2015, realizou a curadoria e coordenação editorial de “Eccoci!”, projeto de intervenção urbana de Berna Reale em Veneza; e foi uma das curadoras convidadas do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas. Em 2016, foi convidada para integrar o Comitê de Indicação do Prêmio PIPA; concebeu e realizou, com o curador Denis Maksimov, o projeto “Secretaria de Insegurança Pública [de São Paulo]”; e realizou a curadoria da individual da artista Maria do Carmo Carvalho na Galeria Rabieh. É autora de textos publicados no Brasil e no exterior, e é colaboradora fixa da revista online de crítica de arte Newcity Brazil e do espaço de residência artística Residency Unlimited. Atualmente é curadora e diretora da galeria BROADWAY 1602, em Nova Iorque.

A mostra “Ordenamentos, de Bruno Moreschi, tem o apoio da Galeria Pilar e da transportadora ArtQuality Chenue do Brasil.

Posted by Patricia Canetti at 9:24 AM

junho 23, 2017

5 artisti brasiliani geometrici na Um Galeria, Rio de Janeiro

Luiz Dolino, Manfredo de Souzanetto, Maria-Carmen Perlingeiro, Rodrigo de Castro e Suzana Queiroga participam de exposição que começará no Rio de Janeiro e seguirá para Roma, Lisboa, Basel e Bolonha

No dia 27 de junho, a Um Galeria, da marchand Cassia Bomeny, inaugura a exposição 5 artisti brasiliani geometrici, com cerca de 20 obras recentes e inéditas, dentre esculturas e pinturas, dos artistas Luiz Dolino, Manfredo de Souzanetto, Maria-Carmen Perlingeiro, Rodrigo de Castro e Suzana Queiroga. Com curadoria de Luiz Dolino, a mostra traz uma seleção de obras de artistas ligados à linguagem geométrica. A exposição começará na Um Galeria, no Rio de Janeiro, e seguirá ampliada para Roma, Lisboa, Basel e Bolonha.

“O eixo central do argumento se sustenta na vontade de exibir cinco artistas que se aproximam e se tornam íntimos, sem prejuízo da singularidade de suas escolhas diante do ilimitado da expressão. A Geometria – geom, tudo aquilo que em Matemática se ocupa do estudo do espaço e das figuras que podem ocupa-lo – é, na largada, o polo que nos une. O rigor formal permeia o sonho, constrói e desconstrói. Há uma arquitetura que se impõe, que edifica; mas há também uma ordem que deforma, implode, desmonta”, afirma o curador Luiz Dolino. (Leia o texto curatorial.)

Rodrigo de Castro e Luiz Dolino apresentarão pinturas inéditas. Esses dois artistas “perseguem mais de perto a rota euclidiana – exploramos figuras que não possuem volume”, explica o artista e curador Luiz Dolino, que ressalta uma diferença: “Rodrigo ousa dizer que está sempre em busca da cor que melhor se ajuste ao seu propósito. Do meu lado, sou mais direto, cético. Preciso tão somente de quatro cores”, diz.

Manfredo de Souzanetto apresentará obras “onde fragmentação do suporte, os pigmentos naturais de terras brasileiras e a construção da forma determinam o dinamismo da obra no espaço”, conta o artista. Para o curador, vem da obra de Manfredo “o privilégio atribuído à presença do objeto que, antes de tudo, nos surpreende. Mais ainda talvez, nos assusta e perturba com sua arritmia. Extasiamo-nos diante da permanente proposta que visa a recomposição de um imponderável puzzle. Leva e traz. Diz e contradiz. Dialeticamente se impõe: cheios e vazios. O impasse enganoso conduz o nosso olhar para periferia irregular. A percepção sofre reveses. A catedral se estrutura e abriga uma arquitetura arquetípica”.

Maria-Carmen Perlingeiro apresentará uma série de esculturas composta por pedras Mica, colocadas em painéis de acrílico, que parecem flutuar no espaço. “Prismas, cones, segredos, luz e pedra, ouro, são palavras de ordem na compulsão criativa dessa artista que, por meio de delicada magia, impõe expansões da própria forma”, afirma o curador.

Suzana Queiroga também apresentará esculturas. “A experiência proposta ao espectador modifica a sua percepção e promove a expansão dos sentidos, do espaço e do tempo”, diz o curador.

ITINERÂNCIA INTERNACIONAL
Depois do Rio de Janeiro, a mostra será apresentada a partir do dia 2 de novembro no Palazzo Pamphilj, em Roma, em parceria com a produtora italiana ATRIVM. A itinerância da mostra seguirá no próximo ano para a Fundação Medeiros e Almeida, em Lisboa, Portugal, para a Brasilea Stiftung, em Basel, na Suiça, e para Bolonha, na Itália.

SOBRE OS ARTISTAS
Luiz Dolino (Macaé, RJ, 1945. Vive e trabalha no Rio de Janeiro). Dentre suas exposições mais recentes estão a mostra no Espaço Cultural da UFF (2016); no Centro Cultural de Montes Claros (2015); na Galeria Marcantonio Vilaça, em Bruxelas, no ARTMARK, em Viena e na Casa-museu Medeiros e Almeida, em Lisboa (2014). Destacam-se, ainda, as mostras na Jordania Cultural Center (2013); no CCBB Rio e Brasília (2012); no Museum of Young Art, em Viena, no SEGIB, em Madri, no Palácio Maldonado, em Salamanca, no Museu Nacional da Costa Rica e no CCBB Rio, ambas em 2008. Em 2007, expôs na Caixa Cultural de Curitiba e no CCBB Rio, entre muitas outras.

Manfredo de Souzanetto (Jacinto, MG, 1947. Vive e trabalha no Rio de Janeiro). Estudou arquitetura no Brasil e artes plásticas no Brasil na França. Dentre suas exposições individuais destacam-se a retrospectiva no Paço Imperial (2016), as mostras na Stiftung Brasilea (2013), na Suíça, no Museu Nacional de Belas Artes (2010), no Centro de Arte l’Espal em Le Mans, na França, Kulturtorget em Stavanger, na Noruega (2007), a panorâmica de sua obra no Centro Cultural Correios, na Caixa Cultural em Brasília e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte (2006), a mostra no Instituto Moreira Salles (2005/2006), no Musée National de la Porcelaine Adrien-Dubouché (2000), no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian (1994), no MAM Rio (1982), entre outras.

Maria-Carmen Perlingeiro (Rio de Janeiro, 1952. Vive e trabalha em Genebra). É escultora e seu material de predileção ė o alabastro. Dentre suas exposições individuais destacam-se “Sculpture et rayonnnement”, na Simon Studer Art, em Genebra (2016), as realizadas em Basel (2015), no MAM Rio (2012), na Pinacoteca Cívica de Volterra (2008), na Itália, no Espace Topographie de l'art, em Paris (2007), na França, no Museu da Chácara do Céu (2007), no Paço Imperial (2006) e no CCBB (1999), ambas no Rio de Janeiro, entre outras.

Rodrigo de Castro (Belo Horizonte, MG, 1953. Vive e trabalha em São Paulo). Filho do escultor Amilcar de Castro, iniciou sua carreira na década de 1980. Premiado no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, Funarte, no Rio de Janeiro e agraciado com o Prêmio Principal, no 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, Rodrigo de Castro participou de diversas mostras individuais e coletivas, no Brasil e no exterior, entre elas, uma exposição no MAM Rio, na década de 1990. Sua mais recente exposição foi na Um Galeria, em maio deste ano.

Suzana Queiroga (Rio de Janeiro, 1961. Vive e trabalha no Rio de Janeiro). Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e no MAM Rio. Em 2002, concluiu o Mestrado em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, na UFRJ. Atualmente, expõe no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e é uma das finalistas do Prêmio Marcantonio Vilaça. Recebeu o Prêmio Aquisição na XVIII Bienal da Cerveira, Portugal (2015), o 5º Prêmio Marco Antônio Villaça (2012) e o 1º Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea da Funarte (2005). Participou da exposição Como Vai Você, Geração 80?, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (1984).

SOBRE A GALERIA
Fundada pela colecionadora Cassia Bomeny, a Um Galeria foi inaugurada em dezembro de 2015, com o objetivo de apresentar arte contemporânea, expondo artistas brasileiros e internacionais. A galeria trabalha em parceria com curadores convidados, procurando elaborar um programa de exposições diversificado. Tendo como característica principal oferecer obras únicas, associadas a obras múltiplas, sobretudo quando reforçarem seu sentido e sua compreensão. Explorando vários suportes – gravura, objetos tridimensionais, escultura, fotografia e videoarte.

Com esse princípio, a Um Galeria estimula a expansão do colecionismo, com base em condições de aquisição, bastante favoráveis ao público. Viabilizando o acesso às obras de artistas consagrados, aproximando-se e alcançando um novo público de colecionadores em potencial. A galeria também abre suas portas para parcerias internacionais, com o desejo de expandir seu público, atingindo um novo apreciador de arte contemporânea, estimulando o intercâmbio artístico do Brasil com o mundo.

Posted by Patricia Canetti at 9:43 AM

Jarbas Lopes na Luisa Strina, São Paulo

Galeria Luisa Strina apresenta Circulovisão, segunda exposição de Jarbas Lopes na galeria.

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A união de duas palavras nomeia e traz à tona o sentido da exposição: obras interligadas compartilhando perspectivas para a visão, a física e a poética, entre dualidades que também percebem o espiritual, a pré-visão, a visão ampliada em pergunta e respostas abstratas, intuito principal nas obras Círculo Oráculo e Exposição.

Frutos do exercício contínuo de Jarbas Lopes, os trabalhos se acomodam de forma a reafirmarem a sensação de presença de quem contempla a exposição, fazendo referência a uma instalação, mas que mantém a independência de cada parte. Serão pinturas, que ganham o espaço enfatizando a importância da tela trama como plano e como base, esculturas e objeto.

Exposições individuais recentes incluem: “e a u”, CRAC Alsace, Altkirch, França (2017); Galeria Baginski, Lisboa (2015); Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2013); “Park Central”, Tilton Gallery, Nova York (2010); “Cicloviaérea”, Museo Nacional de Bellas Artes, Santiago (2010); “Padedéu” em colaboração com Laura Lima, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2009).

Exposições coletivas recentes incluem: “Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture”, Museum Beelden aan Zee, Haia (2016); “Provocar Urbanos: Inquietações sobre a Cidade”, Sesc Vila Mariana, São Paulo (2016); “E de novo montanha, rio, mar, selva, floresta”, SESC Palladium, Belo Horizonte (2016); “(de) (re) construct: Artworks from the Permanent Collection”, Bronx Museum, Nova York (2015); “Look.look.again.”, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield (2009); “Desenhos: A-Z”, Museu da Cidade, Lisboa (2009).

Coleções públicas das quais seu trabalho é parte incluem: Instituto Inhotim, Brasil; Victoria and Albert Museum, Inglaterra; The Cisneros Fontanals Art Foundation, EUA; Henry Moore Foundation, Inglaterra; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte da Pampulha, Brasil; Fundación ARCO, Espanha; MoMA Museum of Modern Art, EUA.


Galeria Luisa Strina presents Circulovisão, second exhibition by Jarbas Lopes at the gallery.

The union of two words names and brings out the meaning of the exhibition: interconnected works sharing perspectives for the vision, the physics and the poetics, between dualities that also perceive the spiritual, the pre-vision, the magnified vision in questions and abstract answers, which are the main purpose in the works Círculo Oráculo [Circle Oracle] and Exposição [Exhibition].

As a result of Jarbas Lopes’ continuous practice, the works are accommodated in a way to reaffirm the sensation of presence of those contemplating the exhibition, referring to an installation, but maintaining the independence of each part. There will be paintings, that gain the space emphasizing the importance of the weaved canvas as surface and as base, sculptures and object.

Recent solo shows include: “e a u”, CRAC Alsace, Altkirch, France (2017); Galeria Baginski, Lisboa (2015); Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2013); “Park Central”, Tilton Gallery, New York (2010); “Cicloviaérea”, Museo Nacional de Bellas Artes, Santiago (2010); “Padedéu” in collaboration with Laura Lima, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2009).

Recent group shows include: “Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture”, Museum Beelden aan Zee, The Hague (2016); “Provocar Urbanos: Inquietações sobre a Cidade”, Sesc Vila Mariana, São Paulo (2016); “E de novo montanha, rio, mar, selva, floresta”, SESC Palladium, Belo Horizonte (2016); “(de) (re) construct: Artworks from the Permanent Collection”, Bronx Museum, New York (2015); “Look.look.again.”, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield (2009); “Desenhos: A-Z”, Museu da Cidade, Lisboa (2009).

Public collections holding his work include: Instituto Inhotim, Brazil; Victoria and Albert Museum, England; The Cisneros Fontanals Art Foundation, USA; Henry Moore Foundation, England; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brazil; Museu de Arte da Pampulha, Brazil; Fundación ARCO, Spain; MoMA Museum of Modern Art, USA.

Posted by Patricia Canetti at 8:42 AM

junho 21, 2017

Carolina Paz no Auroras, São Paulo

Trocando histórias por pinturas – Carolina Paz e o ‘acontecimento: desejo motivo’

A casa Auroras, espaço de arte criado por Ricardo Kugelmas no ano final passado, no Morumbi em São Paulo, recebe no dia 24 de junho, sábado, o trabalho Desejo Motivo, da artista paulistana Carolina Paz. Chamado "acontecimento", neste evento a artista entregará pinturas em troca de cartas que recebeu durante o ano passado. As pinturas e textos das cartas estarão em exposição durante o encontro. Também, haverá uma conversa sobre o projeto e seus desdobramentos com críticos e artistas convidados.

"Desejo Motivo" é um trabalho que vem sendo desenvolvido desde o final 2015. Na primeira semana de 2016, Carolina abriu uma chamada pública em redes sociais e também na fachada do seu ateliê, para que interessados enviassem histórias, pedidos, desejos, assuntos, motivos para ela. Foram recebidas 44 cartas até a data que havia estabelecido como limite, em abril do mesmo ano. Para cada carta recebida a artista produziu uma pintura e agora, no que chama de "acontecimento", o resultado desta edição é levado a público.

Ao mesmo tempo que convoca os "solicitantes-autores" que escreveram as cartas para receberem suas "pinturas-respostas" que estarão expostas, durante o evento do dia 24 às 16:30, haverá uma mesa redonda com o curador Divino Sobral, o crítico José Bento Ferreira e a artista Rivane Neuenschwander para uma conversa com Carolina Paz e participantes sobre a experiência deste projeto.

"As pinturas de Carolina Paz poderiam ser admiradas independentemente do conjunto de relações travado em torno delas, mas isso equivaleria a considerar uma obra de arte a despeito do contexto histórico, do posicionamento em relação aos outros, da própria vida dos artistas (as cartas escritas por eles). Não estamos dispostos a sacrificar o mundo da vida, nem mesmo quando nos vinculamos a uma certa visão modernista de arte. Assim, não apenas as cartas, com desejos-motivos, devem ser consideradas partes constitutivas do trabalho, mas também o momento que a artista chama de 'acontecimento', termo que a teoria opõe a 'evento', como algo que irrompe no real de maneira espontânea, inexorável e imponderável." (José Bento Ferreira)

"Em Desejo Motivo, os meandros do processo de troca da narrativa escrita por imagem pintada ativam outro processo de troca entre subjetividades, no qual ocorrem compartilhamentos de intimidades, experiências, vivências, entendimentos e sentimentos. Na verdade, para a artista, o contato com outras pessoas inseridas em seu processo criativo, ao mesmo tempo em que amplia suas relações humanas, substancia e integra as obras da série Desejo Motivo. A conversação inicial, travada por meio de cartas enviadas por dezenas de remetentes a um só destinatário, ao cabo do projeto é aberta por meio da pintura ao público." (Divino Sobral).

Posted by Patricia Canetti at 7:58 PM

Daniel Malva no Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, São Paulo

Numa parceria com a Galeria Mezanino, o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas – Instituto Butantan apresenta a exposição Imaginal do fotógrafo Daniel Malva, com as séries “OJardim”, “Museu de História Natural” e uma obra inédita da série “Desambiguação”. A mostra será aberta no dia 24 de junho de 2017 (sábado), das 10 às 15 horas.

As séries OJardim e Museu de História Natural já foram apresentadas na galeria em 2017, e no Museu da Cidade de São Paulo, Solar da Marquesa em 2015. A visitação da mostra, que tem curadoria de Renato De Cara e texto crítico de Giselle Beiguelman, é livre e pode ser feita até 28 de janeiro de 2018.

Imaginal - Algo que está em outra realidade

Série “Desambiguação” – Composta por duas obras que foram fotografadas com negativos preto e branco 35 mm e grande formato. Nesta mostra será apresentada um políptico com 48 fotografias da arcada dentária humana representando as estrelas mais brilhantes vistas no céu.

Série “OJardim” – Fotografias realizadas com negativos de grande formato, documentando uma coleção de anatomia humana. Série é composta por 24 obras, em tamanhos variados, impressas em papel algodão e montadas com molduras de madeira pintadas de preto.

Série “Museu de História Natural” – Fotografias digitais de coleções particulares e de museus de história natural do interior do estado de São Paulo, incluindo animais taxidermizados, esqueletos e órgãos variados. Série é composta por 96 obras, em tamanhos variados, impressas em papel algodão e montadas com molduras de madeira natural.

“Motivado por uma vontade de adquirir conhecimentos, encontrei através da fotografia um lugar para minha paixão por processos. Este constante movimento deste suporte, conduzido pelo avanço tecnológico, é que estimula minha pesquisa. Nesse ciclo entre aprender e capturar, a minha imagem surge. A busca por novas técnicas me permite conduzir a experimentação e meu aprendizado, me impulsionando a criar minhas próprias ferramentas (construindo lentes, criando novos reveladores de filme, mudando o software de câmeras digitais – inspiradas na curiosidade em explorar como os objetos e processos funcionam e no desejo de participar de todas as etapas de sua execução)”, diz Daniel Malva, que é representado pela Galeria Mezanino [Brasil] e pela galeria Kristin Hjellegjerde [Inglaterra].

Daniel Malva é artista visual, fotógrafo, arte-educador e pesquisador. Nasceu em 1977, Ribeirão Preto (SP). Vive e trabalha em São Paulo. Mestrando em Artes no Programa de Pós-Graduação (UNESP); Tecnólogo em Mecatrônica Industrial (SENAI/2015) e Bacharel em Fotografia (SENAC/2006); Integrante nos grupos de pesquisas GIIP e CAT (certificados pelo Instituto de Artes da UNESP e pelo CNPq); Foi técnico de laboratório no projeto genoma entre 1998 e 2001 no Departamento de Biotecnologia UNAERP (Universidade de Ribeirão Presto/SP). Aqui ele é representado pela Galeria Mezanino e foi incluído na importante coletiva Geração 00, com curadoria de Eder Chiodetto, quem mapeou a nova geração do século XXI na fotografia brasileira. O artista é interessado na catalogação serial de objetos e assuntos variados, dando conotações pessoais para seus registros. Em sua pesquisa busca novas abordagens para seus processos criativos e fotográficos – faz aparte do escopo de sua pesquisa temas híbridos da arte-ciência e arte-tecnologia (mecatrônica, linguística, matemática, biologia, química, programação e física).

Posted by Patricia Canetti at 2:18 PM

Referência Galeria de Arte em nova sede inaugura mostras em Brasília

No próximo dia 22 de junho, quinta-feira, às 17h, a Referência Galeria de Arte inaugura as mostras Labirinto, com obras inéditas de Christus Nóbrega, e Novas Referências, coletiva que apresenta ao público os artistas que passam a ser representados pela galeria com obras de Diego de Santos, Evandro Soares, Henrique Detomi, Patricia Bagniewski, Pitágoras Lopes e Pedro Gandra. A data marca ainda a inauguração do novo espaço da Galeria, na 202 Norte, Bloco B, Loja 11, Subsolo, Brasília-DF, que contará com duas salas de exposições e acervo de obras. As mostras ficam em cartaz até o dia 5 de agosto, com visitação de segunda a sexta, das 12h às 19h, e sábado, das 12h às 17h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos.

Com curadoria de Cinara Barbosa, a mostra “Labirinto”, de Christus Nóbrega, ocupará a Sala Principal da Referência Galeria de Arte. Christus Nóbrega faz parte de uma geração de artistas visuais de Brasília que há pouco mais de 10 anos iniciou uma carreira que vem se desenvolvendo e alcançando espaços importantes no cenário Brasileiro. Este ano, entrou para a seleta lista de artistas que concorrem ao prestigiado Prêmio PIPA. Em 2016, teve uma de suas obras adquirida para o MAR (Museu de Arte do Rio). Tem uma de suas obras em exposição na mostra coletiva Interseções – Entre a arte e o design”, na Caixa Cultural de São Paulo, com curadoria de Marcus Lontra Costa.

Chã dos Pereiras, distrito do pequeno município de Ingá, a cerca de 100 km de João Pessoa, Paraíba. Nessa região, mulheres fazem a tradicional renda labirinto, tecida em linho, uma herança dos tempos do Brasil colônia. Em Chã dos Pereiras, a avó de Christus Nóbrega, viúva, mãe de seis filhos deu a guarda das crianças a familiares para poder mantê-los após perder a pensão do marido. Para se sustentar, passou a revender o trabalho das rendeiras. A partir de fotos de álbuns de família impressas com pigmento mineral sobre as rendas de labirinto, Christus Nóbrega deita camada após camada histórias e relações interpessoais.

Curadora da mostra “Labirinto”, Cinara Barbosa ressalta que a produção de Christus Nóbrega apresenta desdobramentos de pesquisas, onde os vários campos fazem interfaces com o sociológico e os sistemas de investigação da imagem, seu objeto de interesse e parte de sua pesquisa poética. “Ele cruza questões de ordem histórica, geográfica, simbólica, estética, a tradição têxtil, neste caso do labirinto paraibano, e trabalha narrativas polissêmicas dessas imagens a partir do álbum de família dele”, afirma a curadora. Ela ressalta ainda que o artista forma um método próprio de artista viajante, de pesquisa sobre o deslocamento, a errância e da ideia de imersão. Em “Labirinto”, Christus Nóbrega vai ao fundo da memória para resgatar a história que ao mesmo tempo individual é a história universal.

Novas referências
Na Sala Acervo, será inaugurada a mostra “Novas Referências”, com obras de seis artistas visuais que passam a integrar o elenco de artistas representados pela Referência Galeria de Arte. Diego de Santos, Evandro Soares, Henrique Detomi, Patricia Bagniewski, Pedro Gandra e Pitágoras Lopes expõem suas mais recentes produções em desenhos, pinturas, instalações e objeto escultóricos.

Diego de Santos – Desenhos
O desenho é sempre o motivo. A obra parte dele ou atravessa ou termina nele. A pesquisa e a produção de Diego de Santos estão ligadas a questões pessoais do artista: Compreender seu lugar no mundo o fez observar o mundo a partir da perspectiva da casa. Local de moradia, de passagem, de pertencimento. A casa pode ser fixada em um local ou viajante. Quando criou Lar é onde ele está, que investiga o conceito de casa para os caminhoneiros. Entendeu que o mundo pode entrar dentro dela ou ela ir para o mundo. Assim, seus trabalhos apresentam redes de compartilhamento de experiências, visões e perspectivas.

Evandro Soares – Objetos escultóricos / Site specific
Realizar as obras que reúnem suas principais habilidades é o grande elemento motivador de Evandro Soares. Matemática, geometria e serralheria dão origem a seus objetos escultóricos que saltam da parede e ganham novas dimensões ao serem expostos à luz. As sobras oferecem mais camadas e geram novas experiências sensoriais e físicas. O exercício de desenhar traz a liberdade para o artista construir algo para ele. São passagens, escadarias, patamares que remetem à infância, à observação, à construção que levam a um lugar que ele não conhece, mas sabe que deve percorrer para estabelecer uma comunicação com o mundo. Seus trabalhos partem do desenho, passam para as maquetes e seguem para a montagem final sobre chassi ou diretamente no ambiente em que passará a habitar.

Henrique Detomi - Pinturas
A pesquisa atual do artista visual Henrique Detomi traduz sua relação pessoal com a prática de caminhadas fluidas que desprovidas de objetivo colocam seu corpo e a paisagem em constante movimento. Funcionam para o seu processo de criação como um catalizador de ideias e sentimentos. A partir dessas caminhadas, ele tem desenvolvido séries de pinturas que traduzem essas vivencias de forma imagética. Nas pinturas, mostra estradas em meio a natureza selvagem nas quais introduz estruturas como escorregadores/tobogãs, tubos e mais recentemente apenas suas silhuetas. Seu interesse é a construção de uma inter-relação de simbologias, onde a estrada e os tobogãs dizem ao mesmo tempo sobre passagem temporal, fluxo, memória, interno/externo; e o ambiente natural lhe traz a ideia de busca, sobrevivência, desconhecido, selvagem.

Patricia Bagniewski – Esculturas / site specific
O conceito presente nas peças criadas em vidro pela artista visual Patricia Bagniewski joga com a dicotomia da leveza, da dança do olhar durante o processo de produção, o sopro que dá forma ao objeto. Sua produção é equivalente a um parto. A areia, material não transparente, se transforma num líquido que deve ser soprado, que precisa de muito calor. É um trabalho físico difícil. Requer força, tanto física quanto mental, ritmo e disciplina. É um material que instiga a artista visual por ser antagônico, porque ele brinca com os olhos, ao mesmo tempo permite a visão através da matéria e prende o olhar no objeto. Ele é frágil, duro e resistente.

Pedro Gandra - Pinturas
A oportunidade de frequentar as aulas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro desde aos 12 anos permitiu ao artista visual Pedro Gandra experimentar com as mais variadas mídias, do vídeo ao desenho, passando pela gravura e a pintura. Os temas iniciais - grafite, palavras e imagens – surgiram do questionamento sobre como poderia se dar esse embate. Com o tempo essa ideia foi se diluindo e deu lugar à busca por estabelecer um diálogo histórico de caráter abstrato e subjetivo, tendo o tema principal a paisagem. Fragmentada, surge como representação de uma realidade utópica, cuja única conexão com o real é a tela.

Pitágoras Lopes – Desenhos /Pinturas
Para Pitágoras Lopes, que começou no universo das artes pelo teatro, arte por definição é conceito. A partir daí, desenvolve sua obra como um diálogo aberto com a literatura, o teatro, a música, a vida urbana. Tudo é motivo para desencadear o processo produtivo que faz de forma compulsiva, até cansar ou esgotar o pensamento. Nesse momento, surgem as imagens e as cores, sem predefinição de paleta nem de formas. Os elementos apoteóticos – espaço naves, mísseis, criaturas robóticas, pássaros, pessoas – criam um manifesto sobre as relações humanas, a degeneração das cidades e a distopia.

Novo endereço
A partir de agora, a Referência Galeria de Arte passa a ocupar um novo endereço. Na 202 Norte, o espaço de 180m² abrigará duas salas de exposições que permitem a realização de exposições simultâneas de diferentes artistas e linguagens. Os sócios Onice Moraes e Paulo de Oliveira ressaltam que a mudança para o novo endereço surgiu da necessidade de mais espaço para exposições maiores, uma demanda dos artistas, e de abrir um número maior de obras de acervo composto por 38 artistas brasileiros contemporâneos.

Em 21 anos de atuação, consolidada no mercado de artes visuais do País, a Referência Galeria de Arte trouxe para Brasília nomes importantes para arte contemporânea brasileira e realizou projetos que lançaram jovens talentos por meio de exposições, como a “Novas Referências”, “Ocupação Contemporânea”, a “Feira Novos Eixos”, entre outros. Recentemente, criou a Feira Brasília de Arte Contemporânea, realizada de 15 a 18 de setembro, que reuniu 10 galerias e uma editora de arte para apresentar os trabalhos de 80 artistas nacionais e estrangeiros. Como forma de apresentar ao público as obras dos artistas que representa, a galeria participa de feiras pelo país, como ao SP-Arte, a PARTE e a ArtRio.

Fazem parte do acervo, as obras de Adriana Vignoli, Alex Cerveny, Alex Flemming, Alice Lara, Amilcar de Castro, Ana Michaelis, André Santangelo, Arnaldo Battaglini, Carlos Vergara, Clarice Gonçalves, David Almeida, Diego de Santos, Diô Viana, Fernando Luchesi, Francisco Galeno, Fábio Baroli, Gê Orthof, Haruo Mikami, Henrique Detomi, João Angelini, Lêda Watson, José Roberto Bassul, Luiz Áquila, Luiz Hermano, Luiz Mauro, Marcelo Solá, Paulo Whitaker, Pedro Gandra, Pedro Ivo Verçosa, Pitágoras Lopes, Ralph Gehre, Raquel Nava, Renato Rios, Rodrigo de Almeida Cruz, Rodrigo Godá, Rogério Ghomes, Sanagê, Virgílio Neto e Walter Goldfarb.

Posted by Patricia Canetti at 10:36 AM

junho 19, 2017

Romain Dumesnil na Zipper, São Paulo

A partir do próximo dia 22 de junho, o artista Romain Dumesnil transforma a sala expositiva do piso superior da Zipper Galeria em uma espécie de ecossistema vivo para sua individual O animal que logo sou. Com curadoria de Michelle Sommer, a mostra reflete sobre a noção de matéria e ser vivo e aponta para temas relacionados a cosmogonias e denominações comuns do natural e artificial, humano e não humano. A exposição é a terceira abrigada pelo projeto Zip’Up neste ano, programa criado em 2011 que se dedica a projetos curatoriais inéditos de nomes em emergência na cena artística atual.

Romain cria “corpos-trabalhos” que mantêm entre si interrelações narrativas e físico-químicas: uma planta encontrando seu espaço na galeria; um quilate de diamante, transformado em vapor em um laboratório, é espalhado ao longo da exposição; um pequeno pássaro multicolor (diamante-de-gould) vive livremente no espaço; estalactites de seiva de árvore escorrem pelo teto da sala, propiciando também a experiência olfativa no espectador.

"A partir de uma série de trabalhos que procuram 'contaminar' e 'ser contaminados', agindo como espécies de corpos metamórficos, a mostra busca tencionar e revelar mecanismos possíveis de hibridação materiais e simbólicas entre os elementos do espaço expositivo, como a arquitetura, artefatos da arte, visitantes ou elementos naturais externos", reflete o artista.

Romain Dumesnil (França).Vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 2011. Atualmente, é artista residente na FAAP em São Paulo. Formado pela Sciences Po (França) e pela EAV Parque Lage, onde integrou o programa PAC II sob direção da Lisette Lagnado em 2015. No Brasil, apresentou exposições individuais no espaço EMCB (RJ 2015, 2016) e participou entre outras das coletivas Abre Alas 13 na Galeria A Gentil Carioca (RJ 2017), 41° Salão de Artes de Ribeirão Preto (SP 2016), 66° Salão Paranaense (PR 2017), 35° salão Arte Para com curadoria de Marcelo Campos e Paulo Herkenhoff (PA 2016), Feira Art Rio 2016 com a Galeria Bernard Ceysson Paris (RJ 2016), 'Quarta-Feira de Cinzas' com curadoria de Luisa Duarte no Parque Lage (RJ 2015), 'Primavera nos dentes' com curadoria de Bernardo Mosqueira e Ulisses Carrilho na Galeria Lume (SP 2016), 'Caso o Acaso' na Central Galeria (SP 2016), 'Unanime Noite' com curadoria de Bernardo José de Souza na Galeria Bolsa de Arte (SP 2016), 'Cultivar o deserto como um pomar as avessas' no Centro de Artes da UFF (RJ 216). Participou também de coletivas na Europa, no Centre d'Art Contemporain Villa Arson (FR 2016), Primo Piano Paris (FR 2016) e ' Frameless Gallery (RU 2015) entre outras. Romain também é co-fundador do espaço Átomos, espaço independente de arte, no Rio de Janeiro.

Michelle Sommer. Pós-doutoranda em Linguagens Visuais na EBA/PPGAV/UFRJ (2017). É doutora em História, Teoria e Crítica de Arte pelo PPGAV/UFRGS (2012-2016), com estágio doutoral junto à University of Arts London / Central Saint Martins (2015). É mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo PROPUR/UFRGS (2003-2005) na área de cidade, cultura e política e arquiteta e urbanista pela PUCRS (1997-2002). É autora do livro Práticas Contemporâneas do Mover-se (2015) e Territorialidade Negra: a herança africana em Porto Alegre, uma abordagem sócio-espacial (2011). Integra o corpo docente na Escola de Artes Visuais Parque Lage / RJ e é co-curadora, juntamente com Gabriel Pérez-Barreiro, da exposição ‘Mário Pedrosa: de la naturaleza afectiva de la forma’, atualmente em ocorrência no Museu Reina Sofia / Madri, de abril à outubro de 2017. Contribui regularmente para publicações nacionais e internacionais e realização de projetos de artes visuais em diversos formatos. Atua no ensino, pesquisa, crítica e curadoria de artes visuais.

Posted by Patricia Canetti at 1:53 PM

I'll be your mirror no Breu, São Paulo

Entre os dias 17 de junho e 19 de agosto o Espaço Breu apresenta a exposição I’ll be your mirror com curadoria de Leandro Muniz. Cinco artistas de diferentes gerações e linguagens nos levam a refletir sobre os conflitos e tensões das relações entre o eu e o outro.

O título vem diretamente de uma letra de Lou Reed conhecida na interpretação da banda Velvet Underground & Nico de 1966. Num outro contexto e mesmo num momento político conturbado, como o que estamos vivendo, discutir sobre o lugar que a subjetividade ocupa na vida social é uma das possibilidades de abertura que a arte nos oferece. Olhar para a lógica interna dos afetos é um modo de perceber uma das dimensões da experiência que ao mesmo tempo é a sedimentação, mas também é estruturante da esfera social.

Ao longo da exposição acontecerão debates, palestras e apresentações musicais em torno da questão dos espelhamentos entre o eu e o outro, de modo a criar um campo de discussão com diferentes perspectivas sobre um mesmo assunto.

Posted by Patricia Canetti at 10:41 AM

junho 14, 2017

Daniel Santiago no MAMAM, Recife

A partir do próximo dia 20 de junho, o artista Daniel Santiago vai ocupar o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) com a exposição Daniel Santiago em dois tempos. A mostra, que conta com o apoio do Funcultura, é composta por cerca de 30 obras, muitas inéditas, selecionadas pela curadora Joana D´Arc Lima, que vê essa mostra como uma espécie de celebração e reconhecimento da trajetória do artista de 78 anos que começou sua carreira na década de 1960 e, hoje, 50 anos depois, segue atuando com uma enorme potência criativa.

O pavimento térreo do Museu será tomado por Um sonho de Ezra Pound, composta por 20 camas de solteiro prontas para receber os sonolentos que por lá passarem. O artista, cuja última individual na cidade aconteceu em 2011, conta que a ideia dessa obra nasceu quando ele ficou sabendo que o poeta Ezra Pound dizia que a realidade não é essa que vivemos, na verdade, a realidade é quando sonhamos. “Aqui, nós estamos lutando pela sobrevivência para poder sonhar. Nós estamos lutando para sobreviver e quando temos tempo vamos para a realidade que é exatamente o sonho. Queria levar as pessoas para essa realidade, e, para sonhar, é preciso dormir, por isso imaginei logo as camas”, conta.

Em diálogo com seu modo colaborativo de trabalhar, a produção da exposição decidiu fazer uma chamada pública via redes sociais para conseguir as 20 camas que compõem a obra, que, na verdade, mais que uma instalação ou performance, se apresenta como um happening. “Numa performance o artista domina, quando o público começa a interferir transforma-se num happening. Dormir, essa é a proposta”, pontua o artista que estará devidamente vestido com um pijama e que pretende passar a noite no museu. O ambiente terá uma iluminação e um clima propício, a partir do designer de montagem proposto pela também artista Beth da Mata.

Alguns colegas artistas receberam um convite especial para se engajar no happening e também passar a noite por lá. Mas, segundo ele, o convite a pernoitar no Mamam se estende a todo o público que também deve comparecer ao vernissage com o dress code proposto: pijama. Toda essa movimentação na inauguração será documentada em vídeo e passará a compor a mostra.

Para Joana D´Arc, esse formato e a escolha do happening tem total conexão com as questões que Daniel Santiago vem operando ao longo de sua trajetória, contando sempre com essa participação do outro. “Daniel é um artista incrível, que não para de criar. Em toda sua trajetória ele soube transitar por diversos suportes, desde os mais tradicionais como o desenho e a pintura, passando pela arte conceitual e as performances. Ele se adaptou muito bem aos novos meios e sabe explorá-los muito bem. Tem artistas que, ao longo do tempo, ficam presos no seu modo de criar ou ficam focados em atender a um certo mercado, mas Daniel está totalmente fora disso. Se há algo central na sua obra, é essa necessidade do outro, de ter essa interlocução”, pontua.

Dentro dessa proposta, foi preciso deixar as camas literalmente prontas para receber os convidados. A produção das fronhas e lençóis - feitos em tecido de algodão - ficou a cargo do também artista visual Carlito Person, que está compondo os 20 jogos de cama, utilizando técnica de estamparia artesanal com carimbos, cujas imagens remetem a personagens flutuantes que parecem caminhar para dentro de um sonho, naquele estado intermediário de vigília, que antecede a entrada no sono profundo. “Eu criei 11 figuras diferentes e fiz carimbos num tipo de borracha que dá ao trabalho um resultado próximo ao da xilogravura”, detalha Carlito. Também foi formatado um kit (numerado), composto pelo jogo de cama e um tapa olho, que pode ser adquirido pelo público.

Já no primeiro andar, será apresentada uma seleção de obras do artista desenvolvidas ao longo de sua carreira. Diante da diversidade de suportes, projetos, ideias e conceitos que perpassam o trabalho de Daniel, a produção optou por unificar o modo de apresentação dos mesmos. “Ao invés, de expor desenhos, pinturas, instalações, registros de performances, trazemos ao público essas 20 obras em lambe-lambe, no formato 90 x 120, além da exibição de seis vídeos”, explica a curadora, lembrando que também serão apresentadas algumas capas de livro feitas por Daniel Santiago quando ela atuava como designer da Prefeitura do Recife, entre 1984 e 2000.

Durante os últimos meses, ela iniciou uma vasta pesquisa no ateliê do artista e em seus arquivos para selecionar aquilo que iria compor a exposição. Nesse processo de seleção, não foram escolhidas apenas obras finalizadas, mas também projetos nunca realizados, rejeitados numa Bienal, por exemplo. “Pretendemos fazer certo deslocamento, trazer outros 'Danieis'. São ideias que muitas vezes não chegaram a ser materializadas, mas que tem força e fazem de seu arquivo algo pulsante”, diz Joana D´Arc. Para ela, entrar no universo de Daniel Santiago é perceber a sua sofisticação poética singular, que busca quase sempre referências na literatura, passando por Fernando Pessoa, Augustos dos Anjos, Becket, Hemingway, e o próprio Ezra Pound, fonte inicial para o desenvolvimento do happening dessa exposição. “O seu gesto poético é muito forte”, resume a curadora.

Posted by Patricia Canetti at 12:27 PM

Traplev na Funarte, Brasília

Sistemas de estruturas e elementos de fachada, sala 7

Traplev, artista visual catarinense que vive no Recife, inaugura na Funarte Brasília-DF, exposição que convida os visitantes à reflexão sobre temas do cotidiano e questões filosóficas que circundam as artes, a política, a saúde, a segurança, a história, entre outros.

No próximo dia 21 de junho, quarta-feira, às 17h, o Ministério da Cultura e a Funarte trazem para Brasília a mostra Sistemas de estruturas e elementos de fachada, sala 7, do artista visual catarinense Traplev. Selecionada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Atos Visuais Funarte Brasília, a exposição apresenta dispositivos críticos aplicados a mobiliários urbanos com os quais o artista conduz o público à reflexão crítica sobre processos históricos no Brasil. A mostra, com curadoria e texto de Germano Dushá e projeto pedagógico de Cayo Honorato, fica em exibição até o dia 6 de agosto, na Galeria Fayga Ostrower, com visitação de terça a domingo, das 10h às 21h. O Complexo Cultural Funarte Brasília fica no Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural. A entrada é franca e livre para todos os públicos.

Os “Dispositivos” dos quais Traplev apropria-se dizem respeito a objetos e ou conceitos aplicados a mobiliários e móveis para um campo de reflexão estética e subjetiva. Para a mostra na Funarte Brasília, o artista utiliza mobiliário urbano de memória do corpo, além de espaços e princípios que fazem parte do campo de atuação da comunicação, manchetes de jornais e anúncios publicitários, para provocar questionamentos entre os visitantes. Arte, política, educação, segurança, saúde pública, história, cultura e questões filosóficas atravessam seus trabalhos/dispositivos e incitam o público à uma reação: ler os códigos das imagens, decifrar textos e subtextos, a atuar como público ativo ou passivo, encontrar um percurso ou percursos e ações dentro da sala de exposição.

Possibilidades

Em “NOVOPROTESTO”, obra de 2013 que compõe o site-specific da mostra que o artista propõe em Brasília, o artista apresenta um aspecto em delay, um certo “já ouvi isso antes” que traz à tona algumas posições no aspecto de discussão pública, reflexão e questionamentos políticos. “5 ideias” desencadeia outro “play” para ativar outro aspecto da mostra, as possibilidades subjetivas.

As instalações que serão apresentadas em Brasília colocam o visitante frente ao dilema de qual caminho percorrer, se da passividade ou da interatividade. A exposição não procura respostas para as indagações. Ela apresenta um leque de possibilidades para jogar esses temas em um campo mais amplo, o dos questionamentos. “Caberá à audiência decidir como se indagar frente às proposições estéticas”, afirma Traplev. Ao longo do período da exposição haverá encontros com o artista, interações na Galeria Fayga Ostrower e, também, em centros de formação de interesse cultural.

Sobre o artista

Catarinense de Caçador, residente no Recife, PE, Traplev (Roberto Moreira Junior), 1977 é bacharel (1999\2003) e mestre (2005\2007) em artes visuais pelo Centro de Artes da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Florianópolis. O artista ainda é co-fundador e editor geral da publicação recibo de artes visuais desde 2002. Sua prática artística concentra ações no contexto da crítica e proposições de difusão e circulação das ideias também em projetos de colaboração e formação. Com a publicação recibo já distribuiu mais de 70 mil exemplares por todo o país em 18 números publicados. Por meio da experimentação de linguagens e dispositivos para um modo de difusão pública de questões inerentes ao inconsciente coletivo político e social, atua também através de múltiplos de distribuição, difusão e outras inserções no tecido social para além do circuito da arte. Traplev é representado pela Galeria Sé em São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 9:23 AM

Remanso na Funarte, Brasília

A Marquise da Funarte-Brasília recebe instalações que remetem a feiras-livres e redes de descanso criando modos de o espectador se relacionar com o espaço por meio de estruturas

O Ministério da Cultura e a Funarte trazem para Brasília a mostra coletiva Remanso, dos artistas visuais João Modé, Alê Gabeira e Raísa Curty. Selecionada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Atos Visuais Funarte Brasília para ocupar a Marquise do Complexo Cultural Funarte – Brasília-DF, a exposição apresenta trabalhos interagindo com os fluxos urbanos que cruzam o espaço da cidade. São duas instalações que conversam entre si por meio de operações estruturais e conceituais. Com curadoria de João Paulo Quintella, a exposição será inaugurada no dia 21 de junho, quarta-feira, às 17h, e ficará em exibição até o dia 6 de agosto, com visitação de terça a domingo, das 10h às 21h. O Complexo Cultural Funarte Brasília fica no Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural entre a Torre de TV e o Centro de Convenções. A entrada é franca e livre para todos os públicos.

O site-specific compreende duas instalações em diálogo com a configuração espacial da Marquise da Funarte – Brasília, e busca operar sobre os modos de se relacionar com a arquitetura da cidade. Remanso – que significa cessão de movimento, quietação, sossego – é o indicativo do estado de suspensão temporal e recondicionamento do espaço público proposto pelos trabalhos dos artistas João Modé e da dupla Alê Gabeira e Raísa Curty.

A primeira instalação, intitulada Feira-livre, de João Modé, apresenta estruturas semelhantes às usadas em feiras de rua, reajustando sua escala e extensão para o perímetro específico das instalações da Funarte. Essa estrutura registra uma mimese funcional com a situação de abrigo gerada pela Marquise. Ambas as estruturas prevêem uma ocupação temporária e provisória, um espaço a recorrer em uma circunstância específica buscando a proteção do corpo, no caso da Marquise, ou das frutas e alimentos no caso das feiras. Enquanto no âmbito funcional existe um pareamento entre a Marquise e a feira livre, no âmbito construtivo há uma oposição: o status permanente do concreto, sua rigidez, em contato com o efêmero e a maleabilidade dos toldos, gera novas formas de perceber e se relacionar com o espaço. A estrutura pré-existente, imutável, é, portanto, resignificada a partir de materiais mais dinâmicos que caracterizam um uso humano específico, remetendo diretamente a uma vitalidade intrínseca a experiências sociais.

A segunda instalação, Alvorada Nordestina, de Alê Gabeira e Raísa Curty, aproveita tanto a zona de sombras criada pelo trabalho de João Modé quanto o próprio abrigo da Marquise, propondo uma requalificação do espaço público, alterando seu caráter de passagem e promovendo um estar à vontade em um terreno antes pouco convidativo a permanência. O descanso das redes sobre a estrutura rígida desloca por si só a percepção da estrutura e, sobretudo, convida o passante a uma nova experiência do espaço.

“Remanso” tem lançamento de catálogo, conversa com artistas e curador e exibição de filme

No sábado, 29 de julho, às 16h, acontece o lançamento do catálogo da mostra “Remanso”, com obras de João Modé e de Alê Gabeira e Raísa Curty. Com distribuição gratuita, o catálogo apresenta textos críticos de João Paulo Quintella e de Laila Melchior, além de fotos de Thiago Sabino / Estúdio Carbono e Laila Melchior. Na ocasião, os artistas e o curador da exposição, João Paulo Quintella, participam de uma conversa aberta ao público, seguida da apresentação do filme “Alvorada Nordestina”, de Alê Gabeira e Raísa Curty.

O filme “Alvorada Nordestina” é o registro do processo criativo e de produção da obra homônima de Alê Gabeira e Raísa Curty, que junto com a instalação “Feira-livre”, de João Modé, compõe a mostra “Remanso”. O documentário de 15 minutos apresenta a viagem da dupla de artistas visuais a Boqueirão, no interior da Paraíba, onde as redes foram confeccionadas por um grupo de tecelões, e como a obra se relaciona com o público de Brasília.

Sobre os artistas

João Modé nasceu em Resende, RJ. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Seu trabalho articula-se por uma noção plural de linguagens e espaços de atuação. Participou da 28ª Bienal de São Paulo [2008], da 7ª e 10ª Bienal do Mercosul [2009/2015] e da Trienal de Aichi, Nagóia, Japão [2016]. Alguns projetos, como REDE – desenvolvido em diversas cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Berlim e Rennes – e Constelações, envolvem a participação direta do público. Participou do Panorama da Arte Brasileira de 2007. Entre as exposições individuais: O passado vem de frente numa brisa, Museu do Açude, Rio de Janeiro; Land, die raum, Berlim, Alemanha [2014]; Para o silêncio das plantas, Cavalariças do Parque Lage no Rio de Janeiro [2011-2012]; MAMAM, Recife [De Sertão, 2010] e na Fundação Eva Klabin no Rio de Janeiro [2009]. Entre as exposições no exterior, estão: Bahar / The Istanbul off-site Project for Sharjah Biennial 13, Istambul, Turquia [2017]; The Spiral and the square, Bonniers Konsthall, Estocolmo, Suécia [2011-2012], SKMU e Trondheim Kunstmuseum, Noruega; connect – A Gentil Carioca na IFA Galerie de Berlim e Stuttgart [2010-2011]; Brazilian Summer. Art & the City, Museum Het Domein, Sittard, Holanda [2008]; Stopover, Kunsthalle Fribourg, Suíça [2006]; Unbound, Parasol Unit, Londres [2004]; Entre Pindorama, Künstlerhaus Stuttgart [2004]; e Slow, Shedhalle, Zurique [2003]. Desenvolveu projetos com Capacete Entretenimentos [Rio], Le Centre du Monde [Bruxelas], Casa Tres Patios [Medellin], Watermill Center [NY], entre outros. Foi membro fundador do grupo Visorama, que promoveu debates acerca das questões da arte contemporânea entre o final dos anos 1980 e a década de 1990.

Raísa Curty é artista visual e artista educadora, mas não diferencia uma atividade da outra. Seu trabalho é motivado pelo desejo de estar e deixar à vontade no mundo. Para isso, se empenha em recriar suas mitologias pessoais e em reinventar os seres humanos. Frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e recentemente graduou-se na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalhou como artista educadora no CCBB e hoje desenvolve um projeto que leva escolas públicas para visitação das galerias de arte de seus bairros. Em 2014, foi assistente do artista Roberto Cabot em seu projeto de pintura para a Bienal de Taipei, com curadoria de Nicolas Bourriaud.

A trajetória de Alê Gabeira nas artes visuais é precedida pelo seu trabalho como cineasta, fotógrafo e jornalista. A partir de 2008, documenta processos de artistas e produz vídeo arte para exposições no Espaço Furnas Cultural, Centro Cultural da Justiça Federal - CCFJ e Largo das Artes. Desde então, em seus seis anos de atuação, desenvolve um trabalho que se apropria constantemente da precariedade e o constrói num encontro com materiais incertos. Em 2010, realiza uma residência artística no Instituto Nacional de Belas Artes de Tetuan, no Marrocos, com o Radiografia Project. No Rio de Janeiro, foi fomentador dos projetos de atelier coletivo FixosFluxos e ÁS - Atelier Sustentável. Seu trabalho no FixosFluxos (2012-2013), abrangeu experimentações em diversos campos, exposições coletivas e a sua segunda individual. No ÁS desenvolve, desde 2012, uma pesquisa onde agrega ao seu trabalho a utilização de materiais naturais e reafirma nele o uso do reaproveitamento no processo compositivo de suas obras.

Raísa Curty e Alê Gaberia forma a dupla Residência Artística Móvel (RAM). Para a mostra na Funarte-Brasília, as artistas estão viajando de João Pessoa, na Paraíba, rumo à capital federal de Bicicleta. Na bagagem, trazem as redes que farão parte da instalação na Marquise.

Sobre o curador

João Paulo Quintella - Doutorando em História da Arte e Arquitetura pela PUC-Rio. Mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pela UERJ. Atualmente integra a equipe de curadoria e pesquisa permanente da Casa França-Brasil. Curador do projeto Permanências e Destruições, proposta de ocupações artísticas em locais cujos processos de erosão e/ou transformação sejam latentes, no Rio de Janeiro. Curador do projeto Além Terreno, realizado no espaço de arte independente Átomos. Curador do projeto Remanso, contemplado pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015. Curador da exposição "Teu Osso é Pedra", individual de Beatriz Carneiro. Integrou o corpo curatorial do programa Novas Poéticas, desenvolvido junto à UFRJ pelo curador Philipe F. Augusto. Curador do projeto Primaverinha, proposta de ocupação do pátio do Oi Futuro Flamengo. Colaborador frequente da revista SeLecT, de São Paulo. Já escreveu para a Edições Sesc São Paulo, para o catálogo da exposição Fummés e para o Canal Contemporâneo. Participou de diversas mesas e seminários, como o Desiilha - Seminário Nacional de Arte e Cidade e Ser Urbano - Semana de Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio. Sua prática investiga as relações entre arte, arquitetura e experiência, investindo sobre modos expositivos a partir do cruzamento de diferentes linguagens e disciplinas.

Posted by Patricia Canetti at 9:05 AM

junho 12, 2017

Judith Lauand na Driscoll Babcock, EUA

Exposição de Judith Lauand em Nova York percorre 60 anos de sua trajetória artística

A Driscoll Babcock Galleries apresenta, em Nova York, Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro, a segunda pesquisa dedicada a esta renomada artista e uma oportunidade para examinar a duradoura contribuição desta distinta figura da abstração do pós-guerra e da arte latino-americana. Judith Lauand (1922, Pontal, São Paulo), que no Brasil é representada pela Galeria Berenice Arvani, foi uma participante formativa no projeto construtivista brasileiro de longa data, que inclui carreiras de notáveis mulheres contemporâneas, particularmente Lygia Clark, Lygia Pape e Mira Schendel, todas as quais atingiram o nível internacional de atenção crítica. Em uma luz semelhante, Lauand emergiu internacionalmente como uma artista que negociou as restrições sociais de sua posição como mulher e as inovadoras estratégias pictóricas que ela definiu no discurso racional do Concretismo. As abstrações de Lauand são uma leitura cuidadosamente calibrada de linha, forma e espaço, e sua aplicação autoral da linguagem e da geometria é igualmente guiada pela objetividade, rigor matemático e precisão.

Na década de 1950, seu sincretismo estético com o Concretismo em São Paulo proporcionou oportunidades de trocar ideias e apresentar seus trabalhos como a única mulher entre o proeminente grupo de artistas que formaram o movimento de vanguarda chamado Grupo Ruptura. Ao usar um vocabulário construtivo, Lauand, como muitos de seus colegas paulistas, voltou-se para as ideias e obras influentes de Max Bill e Josef Albers. Esta pesquisa explora seis décadas da prática do artista, entre a década de 1950 até 2008, apresentando exemplos significativos do uso experimental de materiais sintéticos e industriais, grades modulares e estruturas em série, vértices radiativas, além de padrões óticos e ilusórios.

Os círculos cortados na superfície de esmalte da obra “Concreto 33” (1956) amplificam o uso de preto, vermelho, branco e verde como modelo dinâmico. A investigação sustentada de sistemas geométricos de Lauand é evidente na geração de formas e estruturas soltas que são posteriormente desenvolvidas em múltiplas versões em cadernos, litografias, desenhos e pinturas. As espirais em expansão e contração no trabalho “Concreto 66” (1957) são metodicamente examinadas tanto em guache, quanto em gravuras em papel, como também em painéis esmaltados em partículas.

Judith Lauand também explorou a capacidade de formar rotações infinitas com a espiral logarítmica, sugerindo uma visualização intuitiva da representação da experiência e do espaço temporal. Os raios desenroláveis ​​de Lauand na obra “Do círculo ao oval” (1958), utilizam tinta e argamassa na tela, desenhando a delimitação de Waldemar Cordeiro das propriedades científicas das espirais em sua importante série “Ideia Visível”. Esse padrão radial colorido retorna com a obra “Sem título”, de 2001. Mesmo que a artista revise seu conjunto de formas principais ao longo de sua carreira, a abordagem libertadora de Lauand para o quadro estrutural e teórico do Concretismo ampliou nossa definição do termo histórico de ruptura.

Lauand participou como monitora de galeria e de docentes na já celebrada II Bienal de São Paulo, realizada desde o final de 1953 até o início de 1954. A segunda bienal - a exposição internacional com mais de trinta e dois países participantes da Europa, das Américas, do Médio Oriente e Ásia - também coincidiu com a comemoração do quarto centenário da cidade no recém-construído Parque do Ibirapuera pelo seminal arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. No mesmo ano, Lauand declarou seu compromisso com os princípios do Concretismo que visavam determinar um novo conceito de realidade alinhado com os desenvolvimentos práticos do design moderno, da arquitetura e da estética da máquina.

Lauand teve sua primeira exibição individual em 1954 e posteriormente participou de coletivas históricas, incluindo a III Bienal de São Paulo em 1955-56; A Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956; E a retrospectiva internacional sobre Concretismo, (Arte de Concreto: 50 Anos de Desenvolvimento), organizada por Max Bill em Zurique em 1960. Lauand foi objeto de uma retrospectiva importante, “Judith Lauand: Experiências”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2011, e a recente pesquisa, “Judith Lauand: 1950 e Construção de Geometria”, no Instituto de Arte Contemporânea, São Paulo Paulo, em 2015.

Posted by Patricia Canetti at 6:34 PM

Thomas Jeferson no Paço Imperial, Rio de Janeiro

O objetivo da exposição Constelação Mídia de Thomas Jeferson é apresentar sua obra mais recente. Há alguns anos que o artista intervém em dispositivos tecnológicos obsoletos (televisores com tubo catódico, toca-discos, máquinas de escrever e de calcular, entre outros) por meio da técnica artesanal milenar da marchetaria.

Tal objetivo informa o conceito da mostra: expor trabalhos que investigam poeticamente a tensão entre artesanato e máquina, surgida desde os primeiros sinais da revolução industrial ao final do século XVIII.

Em nossa época os dispositivos eletrônicos de alta tecnologia invadiram todas as esferas do cotidiano de parte significativa da humanidade – época em que o trabalho manual foi, praticamente, reduzido à esfera digital – muitos artistas têm reagido criticamente a essa euforia, produzindo artefatos radicalmente contemporâneos.

A crítica poética de Thomas não possui qualquer sentido retrógrado, já que não propõe recuo nostálgico ao período pré-industrial. Ao contrário sua crítica incide sobre o maniqueísmo dos cultores acríticos da revolução tecnológica que consideram superadas todas as conquistas técnico -oficinais da humanidade, posto que a fé destes cultores na redução de todo o passado à obsolescência é, sobretudo, preconceituosa.

Ao marchetar dispositivos tecnológicos ultrapassados Thomas Jeferson conjuga num único aparelho o que os repertórios atuais tendem a separar em artesanais e industriais. Tal conjugação supera este cisma integrando-os em novos dispositivos poéticos.

Posted by Patricia Canetti at 2:11 PM

Monica Barki + Thomas Jeferson no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Artista discute temas como a condição feminina e os jogos de poder na exposição que reúne cerca de 60 obras, do final dos anos 1970 até os dias de hoje

Artista em constante atividade, Monica Barki usa a arte como libertação. Experimenta, incorpora e transita com versatilidade entre os mais variados suportes. É com a força de seu trabalho que traz à tona temas como a condição feminina, os jogos de poder e as relações conflituosas. A partir de 13 de junho ela apresenta a exposição Eu me declaro, no Paço Imperial, com curadoria de Frederico Dalton. A mostra reúne cerca de 60 obras, entre desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, vídeos, assemblages e máquinas em diferentes dimensões, produzidas no final dos anos 1970 até o início de 2017.

“Com esta exposição declaro todo o meu amor à arte. Ela expressa o que sou e sinto. É o modo mais sincero que encontrei de me comunicar com as pessoas”, diz a artista, justificando o título da mostra. Eu me declaro ocupa as quatro salas do segundo andar do Paço com trabalhos inéditos e obras impactantes nunca vistas pelo público. “Monica trabalha muito bem em inúmeras linguagens e quis valorizar isso. O público vai poder penetrar o trabalho da artista em múltiplas direções e redescobri-lo em novos contextos”, explica o curador Frederico Dalton.

Na Sala Sínteses, a primeira e maior área da exposição, estão as obras mais recentes, produzidas nos últimos três anos. No espaço, a artista sintetiza em pinturas obras previamente realizadas em diferentes suportes. Nestes trabalhos ela explora sua fase mais erótica, colocando-se como mulher guerreira, dominadora e sensual. Monica volta a pintar a óleo depois de 30 anos reelaborando cenas de suas performances, que também serão mostradas em vídeo.

A artista mostra também fotografias, muitas delas parte da série Desejo e de sua mais recente exposição, Arquitetura do secreto, nas quais é a própria protagonista de performances feitas em vários motéis da cidade. “O desejo está sempre implícito. E em meu trabalho busco constantemente o autoconhecimento ”, diz.

O conjunto de reflexões que transcendem o real e abordam a condição humana estão reunidos na Sala Metafísica. “Este espaço destaca os aspectos macabros do imaginário da artista. São apresentados desenhos, gravuras, ataduras impressas e assemblages mais antigos agora mostrados sob um novo ângulo”, explica o curador. A Sala das Máquinas, a terceira, reúne três obras que utilizam mecanismos animados por motor para fazer girar trabalhos impressos em lona ou pintados a mão.

Para encerrar, a artista propõe uma volta no tempo. A sala Origem mostra algumas de suas primeiras pinturas, produzidas ainda no final dos anos 1970, que já evidenciavam questões relativas à posição da mulher na sociedade. “Monica se faz representar por sua arte”, resume Frederico Dalton.

Monica Barki - Graduada em Comunicação Visual e em Licenciatura em Artes Plásticas pela PUC-RIO. Entre 1970 e 1976 frequentou o Centro de Pesquisa de Arte, sob orientação de Ivan Serpa e Bruno Tausz. Na década de 1980, fez cursos de cerâmica, litografia e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2009 e 2010 estudou Arte e Filosofia com Fernando Cocchiarale, no Rio.

Entre as principais exposições individuais estão Desejo, Galeria TAC (Rio de Janeiro, 2014), Arquivo sensível, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, 2011), Colarobjeto, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas, Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 1992). Monica Barki também participou de diversas coletivas no Brasil e no exterior, entre elas, The Role of image, TerrArte Gallery, Buckinghamshire (Londres, UK, 2016), Contemporary Brazilian Printmaking, International Print Center New York (Nova Iorque, 2014), Colarobjeto, Centro Cultural Recoleta (Buenos Aires), Gravura em campo expandido, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2012), Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM-RJ (2005), 11ª Bienal Ibero-Americana de Arte (México,1998) e 21ª Bienal Internacional de São Paulo (1991).

Suas obras estão presentes em diversas coleções, entre elas MAM-RJ, MAM-SP, Itaú Cultural (São Paulo), IBM (São Paulo e Rio), Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte) MAC-Niterói/RJ (coleção João Sattamini), Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar (Fortaleza), Museus Castro Maya (Rio), e Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba).

Posted by Patricia Canetti at 1:35 PM

Marcel Gautherot no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Exposição de fotografias de Gautherot revela riqueza da cultura brasileira

A maior mostra das obras do fotógrafo francês Marcel Gautherot já exibida no Brasil será aberta ao público no próximo dia 13 de junho, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro (RJ). Com curadoria de Samuel Titan e Sergio Brugi, a exposição Marcel Gautherot – Brasil: Tradição, Invenção apresenta o olhar sensível do artista, assim como revela a profundidade com que documentou as especificidades geográficas e culturais brasileiras.

As fotografias fazem parte do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS). A instituição atua em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio do Centro Cultural Paço Imperial, para promover a exposição que permanece até 20 de agosto. São mais de 300 imagens representativas da imensa diversidade temática e da qualidade estética desenvolvidas por Gautherot ao longo de sua carreira cinquentenária no Brasil. A atividade integra as comemorações dos 80 anos de criação do Iphan e da institucionalização da política de proteção do patrimônio cultural brasileiro.

O artista trabalhou com nomes fundamentais da cultura brasileira, como Rodrigo Melo Franco e Lucio Costa, no Serviço Nacional do Patrimônio (Sphan); Edison Carneiro, na Comissão Nacional de Folclore; Oscar Niemeyer, fotografando os principais projetos do arquiteto, incluindo a construção de Brasília; e Roberto Burle Marx, documentando seus projetos de paisagismo mais importantes.

A diversidade da obra

A obra completa de Marcel Gautherot, Adquirida pelo Instituto Moreira Salles em 1999, compõe-se de cerca de 25 mil imagens, que abrangem muitos temas – o folclore brasileiro, a arquitetura moderna e barroca, a natureza do país e sua paisagem humana –, situando o fotógrafo entre os nomes fundamentais da fotografia brasileira no século XX.

Gautherot fotografou as gentes das palafitas, das embarcações e dos mercados na Amazônia; os índios Assurinis do Xingu; o movimento do Ver-o-Peso e a devoção no Círio de Nazaré em Belém; a vida intensa do Rio São Francisco, com suas gaiolas e carrancas; e a crença dos romeiros em Bom Jesus da Lapa. Inventariou as pescas e os pescadores, da coreografada puxada de rede do xaréu na Bahia ao cenográfico jogo das velas de jangadas no Ceará.

O artista também explorou Salvador e suas tradições: a procissão do Nosso Senhor dos Navegantes, a lavagem de Nosso Senhor do Bonfim, a festa para a mãe Iemanjá, a roda de capoeira, o carnaval de rua e os tabuleiros das baianas. Ele olhou com o mesmo interesse os garimpeiros de João Monlevade e os profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (MG). Encontrou vida e gente nas cidades históricas de Minas Gerais. Em Alagoas, celebrou o nascimento do Menino Jesus com guerreiros e outras personagens do reisado. Registrou o Bumba Meu Boi do Maranhão e Boi Bumbá do Pará. Ainda em São Luis (MA), retratou o Tambor de Crioula ou Punga, em louvar a São Benedito.

No Rio de Janeiro, além do carnaval e da paisagem, dedicou-se a fotografar a arquitetura contemporânea de Lucio Costa, de Oscar Niemeyer, de Carlos Leão, de Jorge Moreira, de Affonso Eduardo Reidy, de Ernani Vasconcellos e de Roberto Burle Marx, entre outros. Por fim, Gautherot encontrou em Brasília terreno fértil para a sua arte plena: tradição e modernidade reunidas na construção de um patrimônio e de uma cidade.

Curadoria

De acordo com os curadores, a obra de Marcel Gautherot teve uma influência considerável nas representações e no imaginário moderno brasileiros, tanto no próprio país quanto no estrangeiro. Seu projeto documental de proporções monumentais sobre o país foi concebido com uma sensibilidade imensa e uma extraordinária consciência formal, constituindo um patrimônio durável para a cultural brasileira e um testemunho importante dos elos que unem o Brasil e a França. Ao mesmo tempo, o conjunto da obra é um ensinamento precioso para compreender a importância da fotografia como linguagem nômade e internacional, na construção da modernidade e da contemporaneidade.

Ainda assim, o trabalho de Marcel Gautherot ficou desconhecido do grande público por muito tempo. Uma difusão mais ampla de seu trabalho junto ao público teve início a partir de 2001, com uma importante exposição e a publicação do catálogo O Brasil de Marcel Gautherot. Muitas outras publicações e exposições aconteceram nos vinte anos que se seguiram a sua morte, em 1996, concentrando-se em precisar detalhadamente seu status de fotógrafo essencial da arquitetura moderna no Brasil, assim como sua maneira de documentar com profundidade as especificidades geográficas e culturais brasileiras.

Publicação

O livro que acompanha a exposição Marcel Gautherot – Brasil Tradição, Invenção foi editado em quatro idiomas e traz textos de Michel Frizot, grande historiador da fotografia, Jacques Leenhardt, sociólogo e crítico de arte, além de textos dos organizadores da publicação, Samuel Titan Jr. e Sergio Burgi, e outro de Lorenzo Mammì, curador de programação e eventos do IMS. A edição francesa sai pela prestigiada Hervé Chopin e as versões em inglês e alemão pela editora suíça Scheidegger & Spiess. A edição brasileira será lançada pelo Instituto Moreira Salles. O livro estará à venda na livraria Arlequim, que fica no Paço Imperial.

Posted by Patricia Canetti at 12:50 PM

Bastidores da Criação – Carnaval sem Máscara no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Conhecido mundialmente e expressão da cultura popular brasileira, o carnaval carioca que desfila na Marquês da Sapucaí envolve um trabalho da comunidade que vai desde a concepção do samba enredo à produção das peças que materializam a história contada na avenida. Todo esse processo transformado nos exuberantes desfiles será apresentado na exposição Bastidores da Criação – Carnaval sem Máscara, disponível ao público de 13 de junho a 20 de agosto, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.

O projeto idealizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é resultado de uma parceria com a Estação Primeira de Mangueira, que abordou este ano na Sapucaí o sincretismo da fé no Brasil, um dos elementos marcantes de uma nação construída a partir de sua miscigenação cultural.

A ideia de abordar essa herança nacional representada na crença popular partiu do carnavalesco Leandro Vieira, com o enredo Só com a Ajuda do Santo, e contou com o apoio do Iphan na pesquisa histórica, social, fotográfica e antropológica sobre o assunto, aproximando a escola de samba das comunidades tradicionais. O objetivo do projeto, uma das atividades em celebração aos 80 anos do Instituto, é apresentar o processo ancorado em uma das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro – o samba enredo – registrado pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil, em 2007.

De acordo com a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, “os 80 anos de trabalho do Iphan na defesa, preservação, salvaguarda e fomento da memória nacional estão refletidos em apresentações como essa que, cada vez mais, expressam o reconhecimento e confirmam o apoio da sociedade à nossa atuação. As diversas manifestações religiosas apresentadas no sambódromo pela Verde e Rosa ressaltam, para além da herança cultural, o mosaico plural que compõe a identidade brasileira”, afirma.

O carnavalesco Leandro Vieira destaca que o sincretismo urdido de elementos cristãos, afro-brasileiros e indígenas - seu catolicismo plural e festivo - representam uma criação relevante da cultura popular. “Ao lançarmos luz em rico e intrincado mosaico que caracteriza a religiosidade brasileira, encontramos marcas de diversidade e pluralidade que correspondem a contingências históricas e a conjunturas sociais e culturais das mais diversas origens”, completa.

Na exposição, o público poderá conferir dos desenhos que deram vida às fantasias, às maquetes de carros alegóricos utilizados no Sambódromo. Também poderá assistir ao vídeo, no estilo making off, produzido pela equipe do Iphan, mostrando os saberes do carnaval concebidos pelos operários do samba.

Posted by Patricia Canetti at 11:22 AM

junho 9, 2017

Derik Sorato e Thales Noor na Alfinete, Brasília

Poética do corpo e do espaço perpassa as duas novas exposições da Alfinete Galeria

No sábado, dia 10 de junho, a partir das 18h, a Alfinete Galeria abre duas exposições que, embora compostas de substratos distintos dialogam entre si. Na Sala Um, Na medida do possível, tudo saiu como não deveria revela o trabalho dos jovens artistas Derik Sorato e Thales Noor a partir de uma provocação: a arquitetura que se fragmenta e rompe os limites de seu significado.

Na Sala Dois, o espaço será tomado pela obra da artista visual Bia Medeiros com a exposição “Bia Medeiros: per-fura, per-muta, per-verte”. Conhecida por sua atuação à frente do Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos (que ela coordena desde 1992), Bia Medeiros é Pós-doutora em Filosofia pelo Collège International de Philosophie e Doutora em Arte e Ciências da Arte na Universidade Paris 1-Sorbonne. Na mostra, ela percorre da gravura à performance, chegando ao desenho íntimo.

A convite da Alfinete Galeria os artistas Derik Sorato e Thales Noor apresentam a série de trabalhos intitulada "Na medida do possível, tudo saiu como não deveria", que através de desenhos, recortes e encaves sobre papel une poéticas individuais revisitadas na experiência da produção coletiva.

O fundo temático da exposição passa por uma idéia de arquitetura que se fragmenta, convergindo para a situação onde a afirmação das formas depara-se com imposições meramente estruturais, suspendendo os limites de seus significados.

A exposição aponta métodos que colocam limites para a apreensão de imagens, mas acaba tornando-se livre experiência que tensiona sua representação de espaço.

Negando o anteprojeto, a elaboração dos estudos preliminares que deveria constituir a mostra é subvertida. E de um panorama onde todas as ações são planejadas, deslocam-se a um cenário de desorganização cirúrgica, onde não seguir os moldes planejados deixa de ser um problema para ser um recurso.

Thales Noor, 27 anos, vive e trabalha em Brasília. Diplomado em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, atualmente cursa Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição e segue sendo um entusiasta do estudo da Geografia e suas possibilidades de subversão poética. No momento intercala suas atividades entre a produção das artes plásticas e tarefas pragmáticas voltadas ao fazer arquitetônico.

Derik Sorato (1990), vive e trabalha em Brasília. Cursou Bacharelado em Artes
Plásticas pela Universidade de Brasília, tendo como foco de sua pesquisa o desenho e a pintura. Os assuntos de seus trabalhos, por vezes passam pelas ideias de noite, natureza, arquitetura, lugar e caminho, se utilizando de uma tensão significante entre o possível e o impossível.

Posted by Patricia Canetti at 9:23 AM

junho 8, 2017

É Tudo Nosso na Casa da Cultura da América Latina, Brasília

Exposição de arte contemporânea reúne em Brasília 19 artistas em torno do universo LGBT - A mostra faz parte da programação de seminário sobre o tema promovido pelo Congresso Nacional

A arte é o meio catalisador que reúne as expressões e representações mais visíveis do universo gay, lésbico, transexual e de muitos indivíduos que não se enquadram nos padrões impostos. Por meio da arte, os artistas expõem sua visão de mundo, se afirmam diante da sociedade, reclamam direitos e conquistam compreensão para suas demandas. Esse universo transformador vai estar presente na exposição É Tudo Nosso, uma realização da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e da Casa da Cultura da América Latina do Decanato de Extensão, da Universidade de Brasília. A mostra faz parte da programação do 14º Seminário LGBT do Congresso Nacional, que ocorre no próximo dia 13 de junho, das 9h às 18h, no Auditório Nereu Ramos, Anexo 2 da Câmara dos Deputados. A exposição abre oficial no mesmo dia 13 à noite, e fica em cartaz até 28 de junho.

Com um título de expressão afirmativa de confiança, de ocupar para conquistar, “É Tudo Nosso” é formado por vídeos, arte eletrônica, fotografias, desenhos e pinturas, assinados por 19 artistas que atuam no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba. São eles: Alair Gomes, Antonio Obá, Bia Leite, Camila Soato, Christus Nóbrega, Fabio Baroli, Felipe Olalquiaga, Isadora Valença, João Henrique, Léo Tavares, Lukas Delfino, Matheus Opa, Odinaldo Costa, Paula Petit, Pedro Lacerda, Rodrigo D’Alcântara, Rodrigo de Oliveira, Rosa Luz e Victor Arruda.

Pelo menos quatro desses artistas já concorreram ao maior prêmio de arte contemporânea do Brasil, o Prêmio PIPA. Antonio Obá e Christus Nóbrega este ano e Camila Soato e Fabio Baroli em anos anteriores.

“É Tudo Nosso” apresenta uma produção que transita por ativismo, erotismo, poesia, crítica social, e afeto, em um recorte afirmativo de identidade e cidadania. Este é o segundo ano que a exposição é organizada por Clauder Diniz, que orientou sua curadoria a partir da sintonia com a jovem produção contemporânea e com alguns trabalhos que tratam os assuntos, sempre muito difíceis, com sutileza e poesia.

A exposição “É Tudo Nosso” ficará aberta à visitação na Casa da Cultura da América Latina, em Brasília, entre os dias 13 e 28 de junho. A entrada é gratuita.

Posted by Patricia Canetti at 10:13 AM

junho 7, 2017

66ª edição do Salão Paranaense no MON, Curitiba

Salão Paranaense abre sua 66ª edição no Museu Oscar Niemeyer

A 66ª edição do Salão Paranaense, um dos mais importantes eventos de artes visuais do país, abre no dia 8 de junho, quinta, às 19h, no Museu Oscar Niemeyer (MON). Os 25 artistas foram selecionados por uma comissão curatorial composta por três membros: Cauê Alves, Danillo Villa e Gaudêncio Fidelis. São 85 obras como vídeos, instalações, fotografias, pinturas, desenhos e objetos.

Criado em 1944, o Salão Paranaense é realizado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC-PR) desde a década de 1970. Neste ano, a edição será realizada no MON, com um número expressivo de inscrições. Ao todo, foram 823 propostas enviadas por artistas de 22 estados da federação.

Para o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani, o Salão Paranaense é uma oportunidade de se revelar novos artistas, mas também é um momento de consolidar nomes já consagrados. Um momento único para a cultura. “É com muita satisfação que vamos abrir a 66ª edição do Salão Paranaense, um dos mais importantes eventos das artes visuais do país. Conseguimos realizar essa mostra de uma maneira forte e acredito que ela trará excelentes frutos para as artes visuais do país”.

“O Salão Paranaense tem um papel fundamental como incentivador da produção artística nacional e oferece este ano, ao público do Museu Oscar Niemeyer, a oportunidade de conhecer as obras de artistas contemporâneos, selecionados por meio de um rigoroso crivo curatorial”, ressalta a diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika.

Os artistas provêm de diversos estados do Brasil: Alexandre Brandão (SP), Alice Ricci (SP), Aline Dias (ES), Anna Israel (SP), Beto Shwafaty (SP), Claudia Lara, Giovana Casagrande e Leila Alberti (PR), Constance Pinheiro (PR), Daniel Frota (SP), Eduardo Custódio (PR), Efigênia Rolim (PR), Elke Coelho (PR), Gilson Rodrigues (MG), Jan Moraes Oliveira (SC), João Gonçalves (SP), Marcelo Armani (RS), Maurício Adinolfi (SP), Nelson Sebastião (PR), Raquel Nava (DF), Renato Castanhari (SP), Rodrigo Sassi (SP), Romain Dumesnil (RJ), Silvio de Bettio (PR), Simone Fontana Reis (SP), Tom Lisboa (PR) e Wagne Carvalho (SP).

“Esta grande adesão é uma mostra clara da necessidade do artista de buscar oportunidades para apresentar sua produção, e de que o Salão - que se caracteriza como um evento democrático - continua tendo um papel relevante a desempenhar nesse sentido”, diz a diretora do MAC-PR, Lenora Pedroso.

A mostra fica em cartaz até o dia 10 de setembro. A visitação pode ser feita de terça a domingo, das 10h às 18h. Maiores de 60 e menores de 12 anos têm entrada franca.

Posted by Patricia Canetti at 2:29 PM

Laura Vinci na Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a segunda exposição individual de Laura Vinci em sua unidade Ribeirão Preto, Morro Mundo

Em Morro Mundo, Laura Vinci ocupa a galeria com uma suave massa de fumaça branca, propondo ao visitante a experiência de, gradualmente, desorientar-se no espaço e reorientar-se no corpo. Vinci apresenta uma máquina programada para soltar fumaça, antes de ser expelida, no entanto, essa fumaça percorre tubos de vidro que atravessam o espaço expositivo de fora a fora. Diferente de outros trabalhos com vapor d’água, aqui ele é anunciado antes de se dispersar no ar, o que faz dos tubos não só um tipo de mensageiro a nos preparar para alguma experiência, como também uma espécie de vitrine por onde o olho pode captar a fumaça em situação de controle. Depois de expelida, então, é ela, a fumaça, quem domina o espaço, tornando as tubulações quase invisíveis para aquele que assiste a cena e que é também engolido por sua névoa. Vagarosamente, enquanto preenche o volume do espaço expositivo, provocando um estado hipnótico no espectador, o vapor desestrutura, de maneira sutil, suas noções de tempo e espaço, colocando esse corpo em estado de suspensão.

Saber a que altura está o teto e a que distância estão as paredes torna-se pouco provável. Não fossem os objetos dourados, pendendo nas escoras que se distribuem pelo espaço, reluzindo feito farol em alto mar, talvez estivéssemos ainda mais perdidos. Esses pequenos objetos configuram-se como ampulhetas, bússolas, mapas e outras ferramentas de medição, que podem nos ajudar a seguir viagem, ainda que um pouco mareados. Carregam consigo pequenas amostras de granada, pedras que simbolizam o impulso e a determinação, explosivas, evocam um desejo de transformação. Imersas na mesma situação em que nos encontramos, onde tempo e espaço parecem retidos, as escoras metálicas, imóveis e bem firmes, nos sugerem que nada pode desabar: nem o prédio, nem nós mesmos. A duração da travessia em meio a bruma, rumo ao fundo da sala expositiva, talvez seja agora duas vezes a de uma experiência anterior. Reacostuma-se o corpo como reacostuma-se o olho no escuro, devagar, no tempo do vapor, aprende-se a caminhar.

Morro Mundo nos coloca diante de um estado de espírito dos tempos atuais, propondo a experiência da confusão e do esgotamento em um espaço de silêncio e vazio. Pode ser que o grande volume de informações e imagens ao qual somos expostos diariamente não consiga dar conta da realidade. Ou ainda, que a realidade já não signifique mais o que por muito tempo significou. Pode ser que outra linguagem e outro tempo precisem ser inventados: novas palavras, gestos e formas de ação. O que Laura Vinci nos propõe aqui é uma pausa, um deslocamento aos porões da superestrutura, um olhar atento aos processos de transformação: da temperatura e pressão, dos estados da matéria, dos corpos e dos espaços.

Laura Vinci nasceu em 1962 em São Paulo, onde vive e trabalha. Participou de diversas exposições individuais e coletivas desde a década de 1980, destacando-se: Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil; Bienal de São Paulo, Brasil; Bienal de Cuenca, Equador; Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil; Malba, Fundación Constantini, Buenos Aires, Argentina; ArtCenter/South Florida, Miami, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil; Museo Del Barrio, Nova York, EUA; MAC Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil; RMIT University, Melbourne, Australia; Fundação Caloste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Haus der Kulturen der Welt: HKW, Berlim, Alemanha

Coleções que possuem seus trabalhos: Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte de Brasília, Brasil; Centro Cultural São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil

Posted by Patricia Canetti at 1:25 PM

Temporada de Projetos 2017: Renan Marcondes em Paço das Artes no MIS, São Paulo

Falta de afeto inspira mostra de Renan Marcondes que chega em junho ao Paço no MIS

A próxima exposição da Temporada de Projetos do Paço das Artes une performance, vídeo e escultura. No dia 10/6, às 15h, a instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo inaugura a mostra Protetores de proximidade humana (unidades Valsa e Beijo), de Renan Marcondes, no térreo do MIS (av. Europa, 158). Na abertura, o artista participa de um bate-papo com o crítico Marcio Harum e a diretora artística e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes.

A mostra reúne as obras Protetor de proximidade humana para valsa (bem como danças de casal em geral que não empreguem rodopios) e Protetor de proximidade humana para beijos (bem como para trocas de fluidos corporais em geral). Os trabalhos são compostos por objetos acompanhados de vídeos e textos explicativos fictícios. A série é desdobramento direto de uma pesquisa em performance desenvolvida por Renan Marcondes desde 2011, que usa a ficção como recurso. “Por meio de objetos que impossibilitam o toque, o contato e a comunicação entre as pessoas, de vídeos e textos fictícios, Renan Marcondes coloca em cena a falta de afeto, que permeia o mundo contemporâneo”, diz Priscila Arantes.

Protetor de proximidade humana para valsa (bem como danças de casal em geral que não empreguem rodopios) é constituído por uma estrutura de madeira com bocal e estacas nas extremidades. “A estrutura serve supostamente para distanciar os corpos do casal que dança, além de impedir qualquer tipo de comunicação verbal ou contato entre as bocas”, diz o artista. A obra é acompanhada por um suposto vídeo promocional, que compara um casal dançando sem a estrutura e com ela, entrecortado por frases de efeito como “Sem a fala sussurrada”, e por um falso texto de parede que situa historicamente o objeto entre os anos de 2010 e 2020.

Já Protetor de proximidade humana para beijos (bem como para trocas de fluidos corporais em geral) é composto por duas máscaras de madeira que impedem que os olhos vejam o outro rosto. Os objetos são ligados por um tubo desenhado para que apenas as línguas se encontrem. Uma almofada suspensa na altura do quadril completa a obra e pode ser apertada ao longo do beijo.

O vídeo, que completa o trabalho, apresenta depoimentos fictícios sobre seu processo de criação, entrecortados por demonstrações de seu uso e eficácia. “A estrutura desse vídeo oferece possibilidades de não apenas ver o objeto em funcionamento, mas de criar imagens que ultrapassem a lógica da propaganda e evidenciem a estranheza desse suposto produto (dando, por exemplo, extrema atenção para a ação das línguas dentro do tubo ou para as mãos que apertam uma almofada ao invés de tocar o outro corpo)”, afirma o artista.

Por fim, o texto de parede irá “explicar” o contexto e os motivos de surgimento do objeto. “Um cenário higienista e preconceituoso será o principal argumento para a criação desse objeto no qual se beija sem se ver, se tocar e se afetar”, completa.

Renan Marcondes é artista plástico, performer e pesquisador representado pela Adelina Galeria (SP). Doutorando pela ECA/USP, membro do corpo editorial da e Revista performatus e membro fundador do Pérfida Iguana, pólo de produção em dança e performance. Suas principais exposições incluem Contra corpo (individual na Oficina Cultural Oswald de Andrade); mostra VERBO de performance art; [per-forma] (SESC Bom Retiro); MOVIMENTA #1 e #2 (Galeria Mezanino), dentre outras. O artista foi premiado no Setor de performance da sp-arte 2015, no Salão de Arte da Juventude do SESC Ribeirão Preto e no Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André).

Posted by Patricia Canetti at 11:13 AM

Roesler Hotel: A pureza é um mito na Nara Roesler, São Paulo

A pureza é um mito: o monocromático na arte contemporânea, curadoria de Michael Asbury

A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar A Pureza é um Mito: O monocromático na arte contemporânea, com curadoria de Michael Asbury, na 27a edição de Roesler Hotel. O projeto Roesler Hotel foi criado pela galeria em 2002 para promover o diálogo entre as comunidades artísticas nacional e internacional, convidando curadores e artistas a realizar experimentos no espaço da galeria.

A Pureza é um Mito: O monocromático na arte contemporânea apresenta mais de 50 trabalhos de 43 artistas em mídias diversas, como instalação, fotografia e pintura. A exposição tem como proposta olhar o monocromo sob pontos de vista diversos, enfatizando a diversidade onde geralmente se presume haver uniformidade. O título tem origem numa frase de Hélio Oiticica no interior de uma das cabines (Penetrável PN2) do ambiente Tropicália, exposto pela primeira vez em 1967, na mostra Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Embora inclua obras produzidas entre 1950 e os dias atuais, a exposição não pretende ser antológica, e sim sobrepor modos de prática e potenciais conceituais do monocromo.

A persistência do monocromo na atualidade talvez seja mais relevante para o legado da arte conceitual nas práticas contemporâneas do que a morte da pintura que o próprio pretende anunciar. No entanto, se a arte contemporânea é uma arte pós-conceitual, como muitos afirmam, as práticas recentes e atuais que empregam a monocromia também tendem a problematizar uma categorização tão estreita. Em outras palavras, o monocromo tanto desafia quanto enriquece a genealogia da arte conceitual na história da arte, já que, por sua própria natureza, evoca o conceito em detrimento da forma. A ausência de forma exige que seja assim. Se pensarmos em Malevich ao invés de Duchamp, por exemplo, reconherecemos outra fonte óbvia das práticas conceituais e, por extensão, da arte contemporânea em si.

Hoje em dia, os artistas fazem colidir essas genealogias, subvertendo – muitas vezes ludicamente – a tradição da pintura supostamente séria ao mesclar ready-mades e cores, intervenções cromáticas site-specific, objetos efêmeros e, até mesmo, a imaterialidade da luz. Assim, ao mesmo tempo em que ironiza a seriedade do discurso da história da arte, o monocromo produz um enunciado potente acerca das teorias atuais da arte contemporânea (ou da ausência delas). Assim como as premissas de Oiticica para a arte contemporânea, apresentadas no ensaio “Esquema Geral da Nova Objetividade” (1967), a exposição em cartaz tenta ressaltar as diferenças de procedimento e as diversas genealogias da prática que pressupõem a precedência histórica, e, por extensão, a legitimidade contemporânea que ela implica, com base em considerações puramente estéticas. Associações fáceis como essa devem ser contestadas, já que a pureza é um mito.

Posted by Patricia Canetti at 10:40 AM

Paulo Bruscky Nara Roesler, São Paulo

Santos Dumont disse (…): “Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão realizar”. - Paulo Bruscky

A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de apresentar quatro performances e seus respectivos registros, de autoria de Paulo Bruscky (n. Recife, Brasil, 1949). Artista multimídia, poeta e pioneiro da “arte-comunicação”, Bruscky surgiu no cenário artístico brasileiro nas décadas de 1960 e 1970, as mais turbulentas do regime militar que sufocou a liberdade de expressão no país. Mais de 50 anos depois, o artista continua questionando o status quo e provocando as pessoas a pensar o que é a arte e para que ela serve.

A exposição na Galeria Nara Roesler marcará a estreia da série inédita Festa, que inclui uma performance intitulada Carnaval (2017), o díptico Traques I e II (2011) e a obra em tela Bom Dia (2017). Também serão apresentadas as performances Poema Amassado (2016) e Sentimentos: um poema feito com o coração (1976/2017). O artista realizará ainda um workshop sobre a obra Xeroperformance (1977/1980/1982/2017), em que o público será convidado a colaborar por meio de fotocopiadoras. As quatro performances serão filmadas e exibidas durante toda a exposição.

Após a abertura às 11h, no sábado, 10 de junho, segue a seguinte programação: 11h30 - Performance | Sentimentos: Poema feito com Coração; 12h30 - Workshop | Xeroperformance; 13h30 - Performance | Poema Amassado; 14h30 - Performance | Carnaval.

Proponente ativo do movimento internacional da arte postal e membro do Fluxus, o artista realiza experimentos heterodoxos com sistemas de comunicação, como livros de artista, anúncios classificados, telegramas, telefax, fax, internet e a fotocopiadora. Em seus primeiros experimentos com a fotocopiadora, Bruscky manipulou a luz para criar distorções e sobreposições, efeitos que só podiam ser obtidos com uma máquina de Xerox. A subjetividade gerada pelo processo acabou por levar o artista a apontar a fotocopiadora como coautora em seus catálogos. Dessas primeiras investigações surgiu Xeroperformance (1977/1980/1982/2017), série de obras em que Bruscky registrou seus gestos corporais na placa de vidro de uma copiadora, incorporando sua fisicalidade ao trabalho. Durante o workshop, os convidados terão a oportunidade de juntar-se ao artista e utilizar a máquina para registrar suas expressões. Bruscky afirma: “Eu estudo equipamentos para ver como posso subvertê-los, retirá-los de sua função — quer dizer, torná-los nossos aliados, certo”?

O interesse de Bruscky por arte e tecnologia foi ainda mais estimulado pelo fato de o artista ter trabalhado a maior parte de sua vida no setor da saúde. Após atuar na administração de hospitais, Bruscky foi diretor de Recursos Humanos do Ministério da Saúde em Pernambuco. Sua familiaridade com profissionais da saúde e equipamentos médicos permitiu tornar o mundo dos raios-X, encefalogramas e ecocardiogramas seu domínio criativo. Sentimentos: um poema feito com o coração (1976/ 2017) é uma reedição, quarenta anos depois, de sua primeira performance com um ECG, realizada quando Bruscky era funcionário de um hospital público, o Hospital Agamenon Magalhães, em 1976. Na performance, o artista registra seus batimentos cardíacos com um eletrocardiógrafo e apresenta os resultados como uma expressão de suas emoções. A obra é baseada no desejo de Bruscky não só de investigar os meios de comunicação, mas de desafiar o status quo. Em suas palavras, “na troca de informações entre artista e cientista, um aprende com o outro. Considero essa troca de informações essencial. Cada um em sua área, sem ser absorvido. É mais fácil subverter o cientista do que o contrário. Somos cientistas também”. Ao subverter um documento científico, apontando a subjetividade da experiência individual, o artista faz uma crítica implícita, porém mordaz, aos métodos científicos objetivos de catalogação de dissidentes utilizados por Estados totalitários, como registros de arcadas dentárias.

A subjetividade da experiência individual é parte integrante da poética do artista, o que reflete a influência não só da espontaneidade e da visão de arte enquanto experimento características do Fluxus, mas também do movimento neoconcreto brasileiro. Inspirando-se em Poema Enterrado (1959), proposição poética de Ferreira Gullar que Hélio Oiticica procurou realizar no quintal da casa de sua família e incluiu posteriormente em seu Projeto Cães de Caça (1961), Bruscky criou o Poema Amassado (2016), apresentado pela primeira vez no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) em 2016. O ponto de partida da performance é uma instalação composta de revistas e jornais amassados que convida o espectador a contribuir com a pilha e adentrar seu espaço. O ambiente permite ao público vivenciar o objeto artístico, como no poema concebido por Gullar e realizado por Oiticica, um conjunto de cubos enterrados no quintal. Ao serem manuseados, os cubos revelam a palavra “rejuvenesça”. Bruscky coopta essa abordagem neoconcreta neoconstrutivista para a poesia, criando uma barreira semelhante entre espectador e mensagem e mantendo um elemento lúdico. Segundo o artista, a “subversão só faz sentido se a obra não é entendida como uma ordem autoritária, se ela permite a recreação/recriação”.

Em Festa (2017), Bruscky incorpora a energia lúdica inerente às festividades brasileiras. Em Traques I e II (2011), ele recorda sua infância e as Festas de São João no Norte do Brasil, região onde nasceu. Bom Dia (2017) apresenta restos de fogos de artifício usados por todo o Brasil para comemorar o Ano Novo. Finalmente, durante a exposição, Bruscky produzirá Carnaval (2017), performance em que o confete simboliza a data. Num artigo intitulado Pernambuformancefolia, o artista discorre sobre o significado do carnaval, e sua definição também se aplica às festividades populares brasileiras em geral. Bruscky escreve, “Tão antiga quanto a história da humanidade, é na carnavalizAÇÃO que a performance assume, de uma forma prática/contínua… Num palco chamado Pernambuco, cada folião é um performático, inventando gestos, quebrando conceitos, criando estéticas, mesclando linguagens, assumindo/teatralizando o seu personagem...”.

A exposição acontece simultaneamente à participação do artista na 57ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, “Viva Arte Viva”, com curadoria de Christine Macel. Durante o mesmo período, a Galeria Nara Roesler | Nova York apresenta uma exposição de performances e anúncios classificados de Bruscky, em cartaz até 24 de junho.

Posted by Patricia Canetti at 9:30 AM

junho 6, 2017

Michel Groisman na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro

A exposição Risco, de Michel Groisman, será aberta no dia 10 de junho, nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Como é conviver com o outro? Viver com outras pessoas, com as plantas, os animais, as estrelas e tudo mais. Como é isso? A obra “Risco” fala a este respeito, ou melhor, convida o público a experienciar esse convívio. O convite se dá através de uma proposta bem simples: desenhar, junto com o outro, uma linha. Desenhar em dupla, ou em grupo de quatro, de oito, ou até mesmo de 16 pessoas. E desenhar sem dizer ao outro o que ele deve fazer (isto é possível?), descobrindo meios não-verbais de entrar em sintonia.

Para esta simples proposta de desenhar uma linha, um “risco”, o artista Michel Groisman criou uma enorme parafernália: 16 carros de madeira, conectados por canos que ligam um carro ao outro. Um maquinário que ocupará quase que inteiramente os 80m2 das Cavalariças. Entre os carros de madeira, são posicionadas peças de carvão que registram no piso da galeria o movimento dos carrinhos. O público é convidado a se sentar nestes carrinhos e a mover-se com eles para desenhar com o próprio movimento do corpo. Porém, se os participantes se afastam ou se aproximam demais uns dos outros, um mecanismo da instalação faz com que o carvão seja suspenso do piso, interrompendo o desenho. Isto funciona como um jogo, que convida os participantes ora a olhar para o desenho, ora a olhar para os outros, abrindo-se para uma atenção integrativa.

“Risco” é um projeto totalmente híbrido, que combina diferentes campos, como dança, artes visuais, engenharia, processos relacionais, arte-educação, etc. As Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, espaço de tradição de experimentação artística, incrustado na natureza exuberante da Mata Atlântica, é o local escolhido para a realização do projeto, através de instalação experiencial.

Datas e horários de funcionamento (sempre aos sábados e domingos):

10 e 11 de junho, das 11h às 13h e das 15h às 17h
17 e 18 junho, das 11h às 13h e das 15h às 17h
24 e 25 junho, das 11h às 13h e das 15h às 17h

Ao longo deste período serão realizadas diversas sessões, sempre acompanhadas pelo artista criador da obra e de sua equipe.

Público: livre
Entrada: franca

Este projeto foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2014. Essa peça foi coproduzida pelo Panorama Carioca na Cidade das Artes, em uma parceria do Festival Panorama e a Fundação Cidade das Artes.

Michel Groisman é artista multi-disciplinar, transita pelos mais variados campos de experimentação, norteado pela criação de propostas lúdicas interativas. Criador de performances, máquinas, jogos, e equipamentos corporais. Recebeu o apoio de diferentes bolsas de pesquisa: Rioarte (2004), Vitae (2002) e Uniarte da Faperj (2000); Programa Rumos Artes Visuais (1999), Rumos Dança (2009), Rede Nacional Funarte Artes Visuais 12a Edição; Premio Funarte Klauss Vianna de Dança 2014, 8o Salão da Bahia (2001), e "O Artista Pesquisador" do MAC de Niteroi (2001). Michel Groisman vem apresentando seu trabalho pelo mundo : MoMA (New York, 2014); Worlds Together Conference, Tate Modern (Londres, 2012); Festival Temps D’Image (Paris, 2012); Lig Art Hall (Coreia do Sul, 2012); PS 122 (New York, 2011); 29a Bienal de São Paulo (2010); Centro de Arte Reina Sofia (Madri, 2008); Festival In Transit the Berlim Lab (Alemanha, 2001 e 2006); Don't Call It Performance, do El Museo Del Barrio (New York, 2004); Tempo exibition, MoMA (New York, 2001); Festival de La Batiê (Geneva, 2002); II Bienal de Lima (Peru, 2000); e Encontros Acarte (Lisboa, 2000) entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 12:26 PM

Mostra AVX Lab no CCSP, São Paulo

Mostra AVXLab discute audiovisual experimental e vídeoarte com obras imersivas no Centro Cultural de São Paulo (CCSP)

Entre 9 e 11 de junho, público poderá conferir o resultado da residência de cinco artistas com obras que exploram múltiplas linguagens, além de performances e seminário


Para apresentar novas pesquisas de linguagem e discutir perspectivas do chamado audiovisual expandido, o Centro Cultural de São Paulo recebe a primeira Mostra do AVXLab entre os dias 9 e 11 de junho, com entrada gratuita. A programação apresenta obras instalativas e performáticas inéditas de cinco artistas residentes e de convidados. A Mostra AVXLab tem patrocínio da Spcine e busca explorar novas fronteiras da construção narrativa, das experiências imersivas, e do diálogo da arte com a linguagem audiovisual contemporânea, que extrapola os limites do cinema e da televisão.

As obras deste universo mais experimental se valem de inovações técnicas e de linguagens para vídeo mapping, videoarte, live cinema, realidade virtual, ambientes interativos, além de manifestações que dialogam com a dança, a performance, o teatro, música e também com o espaço urbano. A própria arquitetura do Centro Cultural fará parte dessa experiência audiovisual.

O AVXLab é um laboratório de ideias, de metodologias e de experimentação de linguagens expandidas do audiovisual brasileiro, uma iniciativa que nasceu de integrantes do ALTav (Rede Audiovisual Expandido) para atuar na produção de projetos voltados à experimentação e a geração de conhecimento, que valorizam não apenas as apresentações finais mas colocam o processo e a pesquisa de criação como parte fundamental de uma obra. “O audiovisual hoje funciona em redes, infinitas telas conversam com máquinas e a gente está explorando estas outras possibilidades. Buscamos nessa Mostra discutir, a partir da experiência prática, não só a forma, mas também a lógica do uso do audiovisual contemporâneo”, comenta Demétrio Portugal, co-curador e diretor executivo da Mostra AVXLab.

Dentre os artistas que participam da Mostra estão Letícia Ramos, que vem de uma série de exposições e residências e também estará com exposição individual aberta na galeria Mendes Wood em São Paulo; a dupla Mirella Brandi X Muep Etmo desenvolve um projeto audiovisual que tem a luz como linguagem autônoma; o artista digital, músico e curador mineiro Henrique Roscoe, que explora, junto com Caio Fazolin, caminhos da arte generativa e música visual, investigando as relações entre som, imagem e narrativas simbólicas.

Para Lucas Bambozzi, co-curador e diretor artístico do projeto, os artistas escolhidos para essa primeira experiência dialogam com uma gama de linguagens. “Dentre as várias possibilidade de se enxergar obras envolvendo espaços informacionais estamos colocando foco em três vertentes: uma ligada a ambientes sensoriais, o que seria um tipo de cinema sem imagens, uma outra associada a algoritmos e banco de dados, e outra ligada a uma influência mútua entre cinema e artes visuais”. As escolhas dos curadores tanto para os nomes dos artistas, como para os temas do seminário, refletem essas práticas. A Mostra é resultado de cinco anos de ações de fortalecimento do setor de audiovisual expandido junto ao Poder Público, conduzidas por integrantes do grupo ALTav.

Instalações
Nos três dias, das 10 às 22 horas, o público poderá conferir as instalações no espaço Missão e Oficinas do CCSP, com trabalhos de Caio Fazolin, Leticia Ramos e Henrique Roscoe, além de obras de artistas convidados. Caio e Henrique estão desenvolvendo juntos, durante a residência artística, a obra “Protocolo” a partir de dados disponíveis na internet.

Caio Fazolin é artista audiovisual, programador e VJ (Micra), pesquisa linguagens computacionais e sua relação com a cultura. Bancos de dados, linhas de códigos e sistemas computacionais são a fonte para a pesquisa que se desdobra em performances audiovisuais generativas, instalações imersivas e interativas, além de grandes projeções urbanas. Já passou por importantes festivais de novas mídias como: On_Off, FAD, URBE, Live Cinema, Visualismo, Eletronika, Festival Amazônia Mapping e Multiplicidade.

Já Letícia Ramos fará a instalação “Arapuca” no jardim central do Centro Cultural. Em suas obras de investigação artística ela cria aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento. Suas obras já foram expostas em espaços artísticos como Tate Modern e no Nouveau Musée National de Mônaco.

Além das obras produzidas especificamente para o AVXLab, a Mostra inclui também trabalhos do artista e cineasta argentino Andrés Denegri, que trabalha com loops de filmes super-8, e do artista uruguaio radicado no Brasil, Fernando Velázquez, com trabalhos que dialogam com os temas explorados no conjunto de atividades do AVXLab.

Performances
No Auditório Adoniran Barbosa, no sábado, dia 10, e no domingo, dia 11, das 19 às 20 horas, a dupla paulistana de artistas Mirella Brandi X Muep Etmo apresentará a performance inédita CONTEXST: Context Contest Shapes Content Project.

Mirella Brandi é artista multimídia e designer de luz e Muep Etmo é músico, compositor e engenheiro de som. Juntos, exploram através da imagem e do som sua capacidade narrativa e de transformação perceptiva em instalações e performances imersivas desde 2006.

Camadas Informacionais
Nos três dias de Mostra do AVXLab o público poderá participar do seminário “Camadas Informacionais” na Sala Paulo Emilio, do Circuito Spcine, em mesas que reunirão pesquisadores, artistas, intelectuais e interessados para reflexões sobre processos artísticos, tecnológicos e fluxos informacionais, entre outros temas. Serão disponibilizadas 80 vagas por dia. A participação é gratuita e a inscrição pode ser feita diretamente no site avxlab.org

No dia 9, a abertura da Mostra acontecerá das 18 às 19 horas. A primeira mesa do seminário, das 19 às 22 horas discutirá o cinema em sua essencialidade e formas mais abstratas. Estarão presentes Mirella Brandi x Muep (artistas residentes do AVX Lab), Claudio Bueno (artista e pesquisador), Mario Ramiro (artista, professor ECA USP), Lucia Koch (artista) e Lucas Bambozzi (artista, co-curador do AVXLab, atuando como mediador).

No sábado, das 15 às 18 horas, o tema abordado será o cinema gerado por sistemas complexos a partir de dados informacionais. Nesta mesa estarão presentes Henrique Roscoe e Caio Fazolin (artistas residentes do AVXLab), Fabio Malini (pesquisador UFES) e Eduardo Fernandes (diretor técnico do AVXLab, atuando como mediador).

No último dia, domingo, o seminário debaterá as inter-relações entre cinema e artes visuais, enfatizando a criação de obras físicas influenciadas pelo uso da película, sistemas de projeção e de objetos físicos com o processo artístico em convívio com a desmaterialização acentuada pelos processos digitais e em modo online. Na mesa de encerramento, o seminário contará com a presença de Letícia Ramos (artista residente AVXLab), Andres Denegri (BIM - Bienal de la Imagen en Movimiento), Fernanda Pessoa (artista, cineasta), Roberto Cruz (curador independente, idealizador da Duplo Galeria), Demétrio Portugal (co-curador do AVXLab, atuando como mediador).

Sobre o ALTav
Hoje o ALTav possui mais de 200 integrantes ativos. Ela é formada por artistas, curadores, produtores e gestores culturais do Brasil, todos com o objetivo comum de promover o desenvolvimento da cena do audiovisual expandido, sua interação com a paisagem urbana, a participação em circuitos artísticos voltados à tecnologia e novas linguagens e dessa forma pretende criar interesse e aproximar as pessoas desse movimento cultural global.

Sobre a Spcine
A Spcine é a empresa de cinema e audiovisual de São Paulo. Atua como um escritório de desenvolvimento, financiamento e implementação de programas e políticas para os setores de cinema, TV, games e novas mídias. O objetivo é reconhecer e estimular o potencial econômico e criativo do audiovisual paulista e seu impacto em âmbito cultural e social. A empresa é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

Posted by Patricia Canetti at 11:20 AM

Solon Ribeiro na Sem Título Arte, Fortaleza

O olhar que espreita por meus olhos: exposição individual do artista Solon Ribeiro abre no dia 8 de junho, às 19 horas, na Sem Título Arte

Não há vida sem espectador, a vida é uma grande encenação coletiva, é o que nos apresenta o artista Solon Ribeiro na exposição O olhar que espreita por meus olhos. O seu fascínio por esse espetáculo do comum, do familiar, surge como discurso para pensar o mistério da imagem e as questões da fotografia. Solon atua na investigação de cruzamentos entre a fotografia, o cinema, a cenografia, a instalação e a performance. Através da recontextualização de imagens e fotogramas cinematográficos oriundos de montagens narrativas, o artista problematiza o estatuto do arquivo a fim de desmontar sua relação íntima com o passado. O intuito é “liberar” a imagem a novas formas e significações, explorando seus aspectos mágicos e metafísicos.

Na nova série que reunirá na exposição, entre público e privado, entre o olhar que deseja e o que é desejado, o artista toma um lugar de ambivalência onde ora é o personagem projetado no trabalho, ora é espectador. Assim, vai compondo o seu roteiro fotográfico. Solon expõe esse espetáculo da visão que difere da pintura, que é construída. A fotografia capta o momento, estanca o tempo e assim carrega o fascínio. Quem olha, olha de algum lugar e esta áurea das imagens se transforma em desejo de ser visto, de ver e de participar da engrenagem que age como uma máquina de formar os olhares para a ilusão.

Solon Ribeiro usa a fotografia como testemunho material do glamour de imagens originais, para apresentar o esplendor do que antes poderia ser insignificante: o olhar do outro sobre a imagem. Constrói afetos por meio da sobreposição das imagens, originalmente desconectadas, ao transformar a potência caótica do entrelaçamento em documentos de vida. São como capítulos de um filme que desvenda o íntimo em seu contexto particular e público, quase um documentário performativo dirigido à subjetividade social e aos vínculos entre a fotografia, o fotografo e o fotografado.

O primeiro capítulo desta narrativa é um conjunto de três fotos, um alter ego do artista. A partir de um boneco, uma miniatura de um fotógrafo a postos para o primeiro clique, que sai pelas ruas fotografando sombras, Solon homenageia o fotógrafo francês Eugene Atget cuja fotografia das mais conhecidas, denominada “Au petit Dunkerque, quai de Conti,3º”, realizada no ano de 1900, apresenta a entrada de um bistrô parisiense do ponto de vista de um pedestre. Na porta central, abaixo do nome do restaurante, surge uma figura fantasmagórica, de irreconhecíveis feições humanas, que contrasta com a precisão dos detalhes da arquitetura daquele lugar. A fantasmagoria, aliás, é um recurso que caracteriza não só essa fotografia, mas toda a obra do francês. Solon Ribeiro então fotografa sua própria sombra sendo fotografada por esse pequeno fotógrafo. Evidências do desejo de se distanciar do ato de fotografar, uma vez que quem está fotografando é seu alter ego. O artista transgride, assim, o que era específico da arte: os princípios de autenticidade e presença.

Na parede oposta há uma sequência de imagens do interior de uma casa, no entanto, este ambiente está desconstruído, podendo ser também um ambiente externo a essa residência. As imagens foram invadidas por fungos, o que vai interessar ao artista no caso é a matéria do suporte fotográfico. Se na sequencia anterior a cena fotografada pelo artista é uma projeção de si, nesta é o ambiente que surge no reflexo do espelho presente na cena retratada. O espelho cria um duplo, onde o fora torna-se reflexo do dentro. Um recurso que perpassa toda a narrativa da exposição.

Jacqueline Medeiros, curadora da exposição, contextualiza: “Sabemos que a imagem também é espelho e desde o período Renascentista pintava-se nos olhos uma pequena janela, dava-se ao espelho dentro do quadro um lugar privilegiado e era também por ele que o autor via-se na própria tela. O ato de perceber confunde-se com o objeto da percepção. A magia do espelho se estende à magia do olhar e ser olhado nas fotografias de Solon Ribeiro, como olho desejante capaz de despir, devorar ou exaltar, desconstruir e transformar a imagem. A maioria das fotos foi realizada pelo artista nos anos de 1990, quando morava em Paris. Solon olha para trás e revisita o seu olhar, como o espelho de Alice que a faz retornar ao País das Maravilhas.”

Na sequência, um conjunto de imagens se inicia homenageando a obra de Gustave Courbert, “A origem do mundo”. Solon parte para a rua, surgem novos horizontes: manifestações estudantis, liberdade sexual, movimento punk e performances/happening. Para o artista “era um mundo em festa”. Nesse conjunto, a fotografia volta a ser o tema com seus modelos nas praças parisienses e o teatro que surge em algumas imagens para nos dizer que a vida é um grande espetáculo.

No próximo capítulo, um conjunto de cinco fotogramas com imagens de grandes divas do cinema, apropriados dos anos de 1950, perde sua áurea ao serem desconstruídas por um grupo de artistas do ateliê Gaia, do Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMASJM) e do Museu Bispo do Rosário, no Rio de Janeiro. Solon se interessa pelo olhar dessas pessoas sobre as imagens glamourosas, o ato de profaná-las por meio de interferências com a pintura. Que imagem está sendo profanada? São retratos de personagens do cinema, não são retratos pessoais, é uma representação da áurea do cinema que volta à condição de fotografia para serem interferidas, se transformarem em pintura e retornarem como objetos da exposição.

Recurso que Solon reproduz, de certa maneira, com quatro retratos de família comprados nas feiras de Paris. São retratos oficiais, quase pinturas, sujeitas a reagentes químicos e a intervenções físicas, que emergem de outra forma, trazendo apenas indícios da pintura original. É a dissolução da forma e a instauração de novas relações a partir das quais é possível produzir realidades. Há também uma certa revolta e profanação da memória, diferente das imagens anteriores, aqui são retratos pessoais, o que também se configura numa luta contra os conceitos da fotografia. O espelho ressurge em mais reflexos do artista na última imagem que abre caminho para a projeção do vídeo em homenagem ao artista Bispo do Rosario. E a narrativa é reiniciada.

Entender as fotografias de Solon Ribeiro é pensar como a documentação de acontecimentos pode restituir a força e o valor de ruptura próprios da origem da fotografia.

Solon Ribeiro, artista e professor, graduado em arte e comunicação, com especialização em fotografia pela L’École Superieure des Arts Decoratifs, Paris (1991). É autor dos livros Lambe­Lambe: Pequena história da fotografia popular; Fotografia Contemporânea: Linguagem e Pensamento e Perdeu a Memória e Matou o cinema. Atualmente integra a mostra coletiva Lugares do Delírio, no Museu de Arte do Rio - MAR. Participou em 2016 das mostras coletivas: Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras, Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro; Marimbondo e Orquídea, MAC-CE; “Encontros”, Galeria Indica Arte e Design, Rio de Janeiro; ‘Bângala Yaka Aye’, Galeria Gentil Carioca, Rio de Janeiro. Panoramas Do Sul, 19º Festival de Arte Contemporânea, Sesc,Videobrasil, São Paulo; Tempo Movimento - VI Premio Diário Contemporâneo de Fotografia – Espaço Cultural Casa das Onze Janelas – Belém –PA, em 2015 e em 2014; Mostra Artistas Comprometidos? Talvez - Fundação Calouste Gulbenkian – Lisboa - Portugal e “Tatu” - Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro. Participou de outras mostras no Itaú Cultural, em São Paulo (2011) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011); no Museu de Arte Moderna de São Paulo (2007 e 2000). Apresentou individualmente “Quando o cinema se desfaz em fotograma”, FUNARTE, Rio de Janeiro (2009). Vive e trabalha em Fortaleza. Solon possui obras nos acervos do Museu de Arte Moderna de São Paulo (São Paulo/SP), Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar (Fortaleza/CE), Funarte- Fundação Nacional de Arte (Rio de Janeiro/RJ). Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza/CE), Museu de Belas Artes (Rio de Janeiro/RJ) e Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Recife/PE).

Posted by Patricia Canetti at 10:06 AM

junho 5, 2017

Marcelo Solá no Arte k2o, Brasília

Terça-feira, 6 de junho, 19h, inaugura mostra individual do goiano Marcelo Solá, na galeria Gabinete de Arte k2o. A exposição reúne obras inéditas e recentes do artista goiano Marcelo Solá, um conjunto de 12 desenhos / pinturas com técnica mista em grandes formatos sobre papel fabriano.

Menos centrado no preto e branco, o artista evolui em seu desenho irreverente agregando cores vibrantes e liberdade gestual, marcada pela influência da poética urbana. Seus planos e sobreplanos se multiplicam, a tinta espessa aparece mais em grandes manchas ou escorre no plano que se multiplica progressivamente.

Cria-se um caos harmonioso, pulsando entre o traço, a cor, o texto e o grafismo. Seu universo é denso e amplo, sua língua livre, sua linguagem própria. As composições ora suaves, ora explosivas, são plenas de potência criativa, envolventes e sedutoras, trazendo elementos lúdicos ou dramáticos, muitos pontos de luz que se alternam. Há ironia, há humor, há tensão. Há um exercício contínuo em busca da liberdade na pintura, que ele consegue expressar como poucos.

No ano 2000, Solá, teve sua primeira individual em Brasília, sob curadoria de Karla Osorio que o apresentava à cidade e publicou seu primeiro livro (Coleção Artistas 21). À época a crítica carioca Ligia Canongia ressaltava algo ainda muito atual e verdadeiro sobre seu trabalho, dezoito anos depois. Seu “...desenho é vivo, com as formas inacabadas de um universo em explosão, onde as coisas passar a ser apenas vestígios do que foram ou do que poderia ser... são pedaços de uma memória remota e existencial, seguida de lapsos, muitos lapsos”...

Por outro lado, o curador paulista Agnaldo Farias há pouco tempo lembrava que em seus desenhos ...”uma profusão de cores florescem no papel, e também aquém e além dele. Justapostos, intercalados, embora em alguns casos haja interpenetrações e mesmo sobreposições, os motivos como que se ajustam preenchendo os espaços no preto. Há formas arquitetônicas, algumas nítidas outras embaralhadas, que se despacham para o fundo, abrindo perspectivas no plano escuro; há silhuetas e rabiscos, contornos retráteis que se encolhem ou se exaltam em reverberações semelhantes às que encontramos à tona dos lagos; há palavras, letras e números, sentenças variáveis, datas e lugares, que nos levam a espaços mentais e temporais, fazendo-nos deslizar em outros sentidos, como é típico da linguagem escrita; há, por fim, o plano chapado das cores... invadindo o espaço que separa nosso olhar da folha de papel ou puxando-nos para o seu interior...”

Apreciar este conjunto atual evidencia uma evolução na obra do artista, aponta para um caminho de nova identidade. Constata-se que ele deixa de lado algumas referências fundamentais em sua obra como Joseph Beyus, Cy Twombly ou Jean Michel Basquiat. Seu estilo e sua identidade são cada vez mais próprios, tornam-se história, viram sua própria referência que há de se multiplicar e evoluir por muito ainda.

Solá é cada vez mais Solá !

Marcelo Solá nasceu em 1971 e vive e trabalha em Goiânia. Seu trabalho orienta-se para a nova área limítrofe do desenho. Desenho-pintura, desenho-instalação, as vezes com objetos, sempre como atividade ampliada, quase obsessiva, que ganha características fora do gênero. Já há alguns anos sua obra recebe atenção da crítica especializada, inclusive no exterior. Já participou de diversas exposições coletivas e das individuais, destacam-se as realizadas na Galeria Casa de Cultura Laura Alvin, 2010; Nova Arte, 2009; Centro Cultural Banco do Brasil, 2009; Galeria Virgilio, 2009; MAMAM no Pátio, Recife, 2009; Espaço Cultural Contemporâneo – ECCO, 2009; Funarte, Brasília, 2005; no Museu de Arte Contemporânea, Goiânia, na Galeria Casa Triangulo, São Paulo, em 1999; no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; no Centro Cultural São Paulo, São Paulo, em 1997. Recentemente iniciou também o meio editorial, apoiando publicações sobre artistas emergentes.

MURO#5 e VITRINE#6
O convidado especial será o artista Pedro Kastelijns, artista visual e compositor, muito jovem e residente na Holanda. Na VITRINE, fará pocket show com suas composições de música eletrônica e lançará livro sobre sua obra “Assim Nascem as Amoras”, publicado pela Editora Hidrolands Grafish Atelier. No MURO, realizará pintura (grafitti) sobre lona em grande dimensão como intervenção urbana num dos pavilhões, criado especialmente para dialogar com a obra de Marcelo Solá.

Posted by Patricia Canetti at 1:07 PM

Consciência Cibernética [?] no Itaú Cultural, São Paulo

A hipotética consciência das máquinas em mostra de arte cibernética no Itaú Cultural

O instituto apresenta 10 obras de artistas brasileiros e internacionais, que refletem sobre a evolução das máquinas, cada vez mais complexas e rápidas, capazes de realizar funções como as executadas por cérebros biológicos; nos dois primeiros dias da mostra, é realizado simpósio internacional para debater esta temática tão contemporânea; a exposição conta, ainda, com recursos de acessibilidade


Íris mecânicas reagem às variações da luz, da imagem e à presença dos observadores; formas de vida sintéticas, tridimensionais, brilhantes e falantes se comunicam entre si e silenciam ao receber o alerta de que um visitante se aproxima; atores cibernéticos com inteligência artificial incorporam personagens de Dom Casmurro, de Machado de Assis, em conversa com o público; uma viagem em 3D em uma nave-cubo pelo infinito do céu e caminhos labirínticos. Isto é real e é apenas um exemplo das 10 obras apresentadas na mostra Consciência Cibernética [?], que ocupa os três pisos do espaço expositivo do Itaú Cultural e cujo conceito é assinado por Marcos Cuzziol, gerente de Inovação do instituto. Abre no dia 7 (quarta-feira), para convidados, e fica em cartaz de 8 de junho a 6 de agosto.

Consciência Cibernética [?] é composta de trabalhos assinados por Regina Silveira, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, José Wagner Garcia, Heloisa Candello, Claudio Pinhanez e Paulo Costa, além de uma obra realizada pela equipe de Inovação do próprio Itaú Cultural e processada em ferramenta do Google, entre os brasileiros. De fora do país, há obras dos americanos e Andrew H. Fagg, dos austríacos Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, do australiano Jon McCormack, do francês Pascal Dombis e do irlandês Ruairi Glynn.

Assim, o instituto retoma junto ao público a temática cibernética sob a linguagem artística. Vale lembrar, que o Itaú Cultural foi uma instituição pioneira na pesquisa e divulgação deste gênero de obra visual. Até 2012, realizou seis edições da bienal Emoção Art.Ficial, introduzindo essa produção na arte contemporânea, até que ela deixou de ser parte isolada deste universo. Passados cinco anos, Consciência Cibernética [?] desenvolve reflexões levantadas naquele momento e revela, em linguagem artística e interativa, a evolução das máquinas, que cada vez mais assumem funções antes só alcançadas pelo cérebro humano.

A íris mecânica citada é parte da obra inédita Auto-Iris, de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, na qual o visitante se depara com imagens fractais complexas geradas por mecanismos de câmeras e projetores digitais, sem o uso de computadores. O público é imerso em um ambiente de luzes e vídeos para acompanhar as manifestações físicas dessas íris eletrônicas que reagem às variações da luz e da imagem.

Em Bion, de Adam Brown e Andrew H. Fagg, centenas de pequenas esculturas tridimensionais, luminosas e sonoras, pendentes do teto, se comunicam entre si e fazem contato com o público. Quando uma pessoa se aproxima, um deles recebe o alerta de sua presença, passa a informação para os demais sinalizando que um estranho se aproxima e todos ficam em silêncio. Quando se acostumam com a presença do visitante, reagem como se ele fosse parte do ecossistema e o incorporam à sua dinâmica anterior.

Na instalação audiovisual interativa Café com os Santiagos, Heloisa Candello, Claudio Pinhanez e Paulo Costa, usam a tecnologia de processamento de conversação natural do IBM Watson Development Cloud. Eles recriam diálogos extraídos do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis (1839-1908), por meio de atores cibernéticos que dão vida aos personagens Capitu, Bentinho e Escobar e podem responder perguntas e conversar com o público visitante.

Eden, de Jon McCormack, é um ecossistema artificial interativo e autossuficiente em que um mundo celular é povoado por uma coleção de criaturas virtuais em evolução. Elas se movimentam, emitem sons, se reproduzem, se alimentam e reagem à presença dos visitantes humanos, aprendendo maneiras de mantê-los interessados e próximos à obra. Em Fearful Symmetry (Terrível Simetria), de Ruairi Glynn, uma luminária em forma de tetraedro desliza no ar para brincar com o público, precipitando-se para baixo e voltando a subir para se afastar quando muita gente se aproxima.

Um diálogo entre arte e biologia sintética encontra-se em Lifeless (Nano) Biomachines, de José Wagner Garcia, que simula, em tempo real, a programação de fibras biológicas por meio de nanomáquinas. Por sua vez, Pascal Dombis, usa a busca do Google no processo criativo de sua obra, Meta-Google. Para ele, esta é a representação visual mais acessível sobre como os algoritmos, os megadados e a inteligência artificial afetam e impactam nossas vidas hoje.

A instalação interativa Neuro Mirror, de Christa Sommerer e Laurent Mignonneau, lida com a imagem que temos de nós mesmos e dos outros. Nesta obra, o visitante se vê em três telas, dispostas como um tríptico. A do meio mostra o rosto do participante em tempo real, enquanto a da esquerda revela sua imagem do passado e a da direita representa a do futuro.

Regina Silveira criou um ambiente imersivo em realidade virtual. A sua obra, Odisseia, foi desenvolvida em colaboração técnico-criativa do Itaú Cultural com o High Performance Computing Center (HLRS), da Universidade de Stuttgart, na Alemanha. Trata-se de uma experiência estética em realidade virtual através dos famosos labirintos da artista, dessa vez definidos em 3D por um supercomputador do HLRS. Nela, o visitante faz uma viagem ambientada em céu diurno, aberto e infinito, em que um grande cubo opera como nave espacial transparente. Com entradas e saídas em cada face e uma disponibilidade alternada de caminhos, o público se sente em uma passagem pelo interior de um espaço vítreo e labiríntico, no qual é possível caminhar sem gravidade em direção às possíveis saídas do lugar.

Sonhos Urbanos é o trabalho realizado pela equipe do Itaú Cultural. Trata-se de um vídeo produzido com cenas urbanas da Avenida Paulista e processado pelo software Deep Dream, do Google. O resultado são imagens surreais geradas pela aplicação do algoritmo dessa ferramenta, que tem uma base muito grande de padrões encontrados em imagens da internet.

Simpósio

Nos dias 8 e 9 de junho (quinta-feira e sexta-feira), o Itaú Cultural realiza o simpósio aberto ao público Consciência Cibernética [?], tradução simultânea, interpretação em Libras e com transmissão online. Começa às 15h da quinta-feira com uma apresentação do professor de mídias sociais no Centro Universitário Belas Artes e roteirista Nicolau Centola, seguida de mesa artística com os artistas Pascal Dombis, Christa Sommerer, Laurent Mignonneau, Jon McCormack e Regina Silveira. Às 19h, é realizada keynote sobre inteligência artificial, com Marcus Vinícius Ferreira, também conhecido como Mv, é arquiteto de soluções da AWS. Proveniente da área de biológicas, é um entusiasta de redes, bancos de dados e servidores. Seus projetos atuais incluem a adoção do uso da Nuvem por grane universidades e pesquisadores.

O dia 9 abre às 15h, com mais uma mesa artística. Esta conta com a participação dos artistas, Claudio Pinhanez, Rejane Cantoni, Leonardo Crescenti, José Wagner Garcia e Ruairi Glynn. O simpósio é encerrado com a keynote com o físico Paulo A. Nussenzveig, membro do International Council da Optical Society (OSA). Editor da revista Optics Letters e Editor Associado do Brazilian Journal of Physics, é, ainda, professor titular no Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Atualmente é presidente da Comissão de Pós-Graduação e Coordenador do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Física da USP. Suas áreas de interesse são Ótica Quântica, Física Atômica e Informação Quântica.

Acessibilidade da exposição

Com um projeto de acessibilidade assinado pela Arteinclusão Consultoria em Ação Educativa e Cultural, a exposição tem recursos de acessibilidade para o público cego, de baixa visão e surdo. São disponibilizadas audiodescrições das 10 obras da exposição, além dos mapas táteis. O visitante encontra fones de ouvido em diversos pontos do espaço expositivo – indicados por paradas de alerta no percurso de visita acessível com piso podotátil–, onde ele encontra todas as informações sobre as obras selecionadas.

Também são disponibilizados recursos táteis das obras Eden e Meta-Google, para as quais são produzidos jogos sensoriais montados a partir de peças de acrílico texturizadas. Além da obra Bion, para as quais os artistas disponibilizaram para o toque do público cego algumas das esculturas que compõe a instalação. Para o público surdo, janelas de Libras acompanham as legendas da exposição. Além dos videoguias que, produzidos pelo núcleo de educação e distribuídos pelo piso expositivo, apresentam ao público um roteiro que apresenta os conceitos discutidos em cada uma das obras apresentadas na exposição.

Posted by Patricia Canetti at 10:16 AM

junho 2, 2017

Lecuona & Hernández na Adelina, São Paulo

Inaugurada em abril, a Adelina Galeria renova suas exposições nesse mês de junho e recebe duas individuais: a dupla Lecuona y Hernández traz peças criadas no ateliê da Adelina especialmente para a exposição, com a curadoria de Raphael Fonseca, e Andrei Thomaz, em Luz inscrita, imagem incerta, apresenta obras inéditas com a curadoria de Giselle Beiguelman. As duas mostras serão inauguradas no dia 6 de junho, às 19 horas.

Os artistas das Ilhas Canárias Beatriz Lecuona e Óscar Hernández estão no País desde março em busca de uma relação com a cidade de São Paulo para a criação das obras da individual Falso Histórico. A exposição dá continuidade ao processo de investigação da dupla a respeito da relação entre imagem, tridimensionalidade, espaço e cultura. Durante o período de um pouco mais de um mês, alguns dos elementos que mais chamaram a sua atenção foram os limites físicos e simbólicos entre o espaço público e o privado. Dialogando com essa questão, os artistas refletem sobre algo que aparece em alguns de seus trabalhos anteriores: o higienismo e sua relação com o desaparecimento e a morte.

“São Paulo, assim como qualquer grande cidade latino-americana, passou por um voraz processo modernizador que foi capaz de conjugar os traumas advindos do fim da escravidão africana no Brasil e o desejo de ter uma experiência urbanística eficiente e moderna segundo padrões europeus. Não é à toa que a cidade possui, assim como outras capitais do Brasil, um bairro chamado Higienópolis - era preciso almejar a assepsia para se fazer a manutenção dos diferentes estratos sociais pós-abolição da escravidão. Esse desejo de limpeza observado em diversos momentos de sua experiência pública na cidade também pode ser refletido no espaço privado, por exemplo, através do uso de tapetes e outros acessórios domésticos que são usados para limpeza do corpo e para esconder elementos indesejados da privacidade”, contextualiza Raphael Fonseca.

Beatriz Lecuona (Santander, 1978) e Óscar Hernández (Garachico, 1978) decidiram apostar em uma carreira artística profissional e formar uma dupla ainda na universidade, em 1999. Formados em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes pela Universidad de La Laguna (2000). Vivem e trabalham em Tenerife, nas Ilhas Canárias (Espanha). Entre suas exposições individuais, destacam-se “Coming soon”, na Casa de los Coroneles em Fuerteventura (2015), "Testigos", na Sala de Arte Contemporáneo em Tenerife (2011) e “Todo Hielo” no Espaço Canarias em Madrid (2009). Participaram de importantes bienais internacionais como a XI Bienal de la Habana, Cuba (2012), a X Bienal Internacional de Cuenca, Equador (2009) e a Bienal Dakar Off no Senegal (2006), também fizeram parte de mais de 50 exposições coletivas, tais como: ‘Crisis? What Crisis? (¿tiene forma la catástrofe?)’, no espaço TEA, em Tenerife (2016), “Sin escala", no DA2, em Salamanca (2013), "El Columpio Español", na Ascaso Gallery em Miami (2013), ""Moře, Kterým plujeme" na Galerie Chodovská tvrz em Praga (2011) e "The Old Soldier Action" no Centro de Cultura Contemporánea de Valencia (2010).

Raphael Fonseca (Rio de Janeiro, 1988) é crítico, curador e historiador da arte. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas na categoria curador (2015) e foi curador residente na Manchester School of Art (2016). Doutor em História e Crítica da Arte (UERJ) e professor de Artes Visuais no Colégio Pedro II, atualmente, Raphael trabalha como curador no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, no Rio de Janeiro, e escreve para a revista ArtNexus.

Posted by Patricia Canetti at 12:16 PM

Andrei Thomaz na Adelina, São Paulo

Inaugurada em abril, a Adelina Galeria renova suas exposições nesse mês de junho e recebe duas individuais: a dupla Lecuona y Hernández traz peças criadas no ateliê da Adelina especialmente para a exposição Falso Histórico, com a curadoria de Raphael Fonseca, e Andrei Thomaz apresenta obras inéditas com a curadoria de Giselle Beiguelman. As duas mostras serão inauguradas no dia 6 de junho, às 19 horas.

A individual Luz inscrita, imagem incerta, de Andrei Thomaz, nos mostra imagens que nunca existiram, feitas a partir de paisagens urbanas capturadas por uma câmera fotográfica, modificadas em tempo real por softwares desenvolvidos por ele. Elementos como a escolha da paisagem, o enquadramento, a luz e outros são definidos pelo artista. Mas, a partir daí, perde-se qualquer previsibilidade sobre o que poderá acontecer com essa imagem. “Não se trata de uma edição ou de um efeito, mas de uma leitura algorítmica das cores”, conta Giselle Beiguelman, curadora da mostra.

A exposição traz, em sua maioria, trabalhos inéditos com a temática da interferência a variação da luz e do tempo sobre as paisagens. São três séries que reúnem imagens criadas com o software “Relógio de vela” e um vídeo gerado pelo software “Timelapse”. Em comum, as obras trazem um registro único que, como diz Giselle, vai além do olho e leva ao limite a relação do natural com a tecnologia: “O resultado é desconcertante. As imagens nos estranham assim como as estranhamos. É que estamos diante de imagens puramente algorítmicas. Elas já não dizem respeito à natureza, mas às linguagens de programação”.

Andrei Thomaz (Porto Alegre, 1981) é artista visual e professor. Mestre em Artes Visuais pela ECA/USP e formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Sua produção artística abrange diversas mídias, digitais e analógicas, envolvendo também várias colaborações com outros artistas, entre as quais encontram-se performances sonoras e instalações interativas. Foi um dos ganhadores do Prêmio FIAT Mostra Brasil (2006), do Prêmio Atos Visuais da Funarte (2007) e um dos premiados no 63° Salão Paranaense (2009). Ganhou o Prêmio de Ocupação dos Espaços da Funarte (2010), com o projeto Lugares/ Representações, junto com Daniel Escobar e Marina Camargo, e a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção em Artes Visuais (2014). Vive e trabalha em São Paulo.

Giselle Beiguelman (São Paulo, 1962) é artista, curadora e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Pioneira no campo da arte digital e no uso da internet e redes móveis para intervenções artísticas. Suas obras integram coleções de museus nacionais e internacionais como ZKM (Alemanha), coleção de Arte Latino Americana da Universidade de Essex (Inglaterra) e MAC-USP. Entre outros prêmios, recebeu o Prêmio ABCA 2016 (categoria Destaque).

Posted by Patricia Canetti at 11:56 AM

junho 1, 2017

Flávio de Carvalho - Expedicionário na Caixa Cultural, Brasília

Exposição apresenta as expedições de Flávio de Carvalho como obras de cunho experimental: Fotografias, documentos, cadernos de viagem, matérias de jornal, e a projeção de uma edição do filme ‘A Deusa Branca’

Para Oswald de Andrade, ele era “o antropófago ideal”. Engenheiro civil, arquiteto, cenógrafo, artista plástico, escritor, performer, estilista... é difícil encontrar uma área de criação em que Flávio de Carvalho não tenha se aventurado. Segundo ele mesmo afirmava, o artista é como um arqueólogo, e ele, de certa forma, dá continuidade à herança expedicionária fundadora do Brasil. Esta faceta exploratória do homem que encarnou a vanguarda estará em foco na exposição Flávio de Carvalho - Expedicionário, que a Caixa Cultural Brasília apresenta de 7 de junho a 20 de agosto, na Galeria Vitrine.

Sob a curadoria de Amanda Bonan e Renato Rezende, foram reunidos resíduos e vestígios deixados por uma série de projetos de cunho experimental e expedicionário levados a cabo pelo artista modernista que se dedicou a quebrar regras, alargar os horizontes, romper as formas academicistas de tratar a arte. Flávio de Carvalho é sinônimo de invenção e polêmica.

A exposição será acompanhada de uma mesa-redonda a ser realizada no dia 10 de junho, contando com a mediação de Renato Rezende e a participação dos pesquisadores Ana Maria Maia, Veronica Stigger e Luiz Camillo Osório.

A EXPOSIÇÃO

Nos últimos dez anos, uma série de exposições e publicações tem revisitado a obra visionária de Flávio de Carvalho e sua relevância para o contemporâneo. Apontado como um titã da modernidade, um fenômeno da genialidade, Flávio de Carvalho continua provocando o mundo com seu pensamento contestatório. A imagem do artista passeando pelas ruas de São Paulo com o New Look, traje que ele criou como sendo ideal para o homem dos trópicos – saia de pregas, blusa de mangas bufantes, meia arrastão e sandália de couro – ainda hoje é capaz de chocar os incautos. Flávio de Carvalho é diverso e impossível de catalogar.

Flávio de Carvalho - Expedicionário propõe um olhar original sobre o pensamento múltiplo e incontido do artista. O objetivo da exposição é jogar luz sobre o aspecto expedicionário como abordagem estética intrínseca à obra de Flávio de Carvalho. O artista costumava se definir como “um arqueólogo malcomportado” (“com mais probabilidades de compreender o não-tempo”), que vasculhava as mais profundas camadas de sensibilidade, sem reverenciar o que ele chamava de “catecismo científico”. Na mostra está o pensamento deste que estabeleceu pontes para as práticas libertárias da arte brasileira.

A exposição é dividida em expedições, como a Viagem à Europa, 1934-1935, que rendeu os relatos do livro Os Ossos do Mundo (um verdadeiro caleidoscópio de questões e especulações que o artista desenvolveu a partir de observações sobre cada país), ou Rumo ao Paraguai (1943-1944) e Viagens aos Andes (1947), contendo dados e documentos dessa incursão do artista à América Latina. São fotografias, recortes de jornais e reproduções de partes de originais escritos à máquina. Há também a Viagem à Amazônia (1956), com projeção de uma edição do filme A Deusa Branca -- Flávio de Carvalho se integrou a uma expedição à região amazônica, para realizar um filme que uniria pesquisa etnográfica e drama ficcional de tons surrealistas, sobre uma menina branca raptada por índios.

O ARTISTA

Inquieto, controverso, performático, anedótico, Flávio de Carvalho não respeitou regras ou convenções para manifestar seu espírito livre e suas ideias visionárias. Nascido em família aristocrática na cidade de Amparo de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, em 1899, viveu de 1911 a 1922 na Inglaterra, onde ser formou em Engenharia Civil, ao mesmo tempo em que fazia um curso noturno de artes plásticas na King Edward Seventh School of Fine Arts. Foi nesta época que teve os primeiros contatos com os vanguardistas europeus.

De volta ao Brasil, não consegue de adaptar ao estilo formal do mercado de construção da época. Em 1926, emprega-se como ilustrador no Diário da Noite, onde conhece Di Cavalcanti, então atuando como caricaturista do jornal, que o apresenta ao grupo antropofágico de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Um ano depois, participa do concurso para o Palácio do Governo de São Paulo, com um projeto bastante discutido, que se destaca pelo aspecto monumental do edifício, marcado pela decomposição dos volumes e pela intensidade dramática dos jogos de luzes dos holofotes. Flávio de Carvalho participaria ainda de vários concursos, sem nunca ser premiado – entretanto seus projetos são considerados pioneiros da arquitetura moderna do Brasil.

Pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo, decorador, escritor, teatrólogo, engenheiro e performer, Flávio de Carvalho tinha fascínio pelo nu feminino (que ele explorou em traços de grande erotismo) e pelo retrato. Apresentou seu trabalho pela primeira vez em 1931, durante o Salão Revolucionário da Escola de Belas Artes, ao lado de artistas como Portinari, Cícero dias, Lasar Segall. No mesmo ano, realiza o polêmico Experiência nº 2, em que caminha com boné na cabeça de forma desafiadora, em sentido contrário ao de uma procissão de Corpus Christi. Sua intenção era testar os limites de tolerância e a agressividade de uma multidão religiosa. Foi quase linchado.

Em 1932, luta a favor da Constituição na Revolução Paulista, abre um ateliê e funda o Clube dos Artistas Modernos – CAM, ao lado de Antonio Gomide, Di Cavalcanti e Carlos Prado. Em 1933, cria o Teatro da Experiência, com o qual encena o espetáculo de dança-teatro Bailado do Deus Morto. No ano seguinte, faz sua primeira individual, que é fechada pela polícia sob a acusação de “atentado ao pudor” e só é reaberta após ordem judicial.

Nova polêmica viria em 1947, quando realiza os desenhos da Série Trágica, na qual retrata a morte da própria mãe. A exposição lhe rendeu a alcunha de “pintor maldito”. Em 1950, representa o Brasil na Bienal de Veneza. Em 1953, desenha os figurinos e o cenário do bailado A Cangaceira, de Camargo Guarnieri. Nas décadas de 1950 e 1960, pinta nus femininos, dedica-se ao desenho, à aquarela e à gravura.

Em 1956, para concluir uma série de artigos sobre moda na coluna ‘Casa, Homem, Paisagem’, para o Diário de São Paulo, lança o famoso New Look, o traje que ele mesmo criou como sendo o ideal para o homem dos trópicos, desfilando pelas ruas de São Paulo, causando escândalo e chocando a multidão.

Irreverente, provocador, sua pintura, desenho e escultura estão permeadas pelas propostas surrealistas e expressionistas. Falecido em 1973, em seus últimos trabalhos, utiliza novos materiais, como tinta fosforescente para luz negra. É considerado um precursor do artista multimídia e da performance no Brasil.

CURADORIA

AMANDA BONAN
Mestre em História da Arte pela UERJ, é produtora cultural, curadora e pesquisadora em artes visuais, cinema e novas midias. Dentre as principais curadorias estão O Gráfico Amador, exposição na Caixa Cultural São Paulo, em 2017; as mostras de cinema Cinecittà: a fábrica de sonhos, em 2016, e O Cinema verdade de Pennebaker e Chris Hegedus, em 2015, na Caixa Cultural Rio de Janeiro; entre outros projetos pelo Brasil. Trabalhou também na equipe de curadoria no projeto Europalia Brasil, na Bélgica e foi consultora da UNESCO no setor cultural.

RENATO REZENDE
Escritor, curador e artista visual, é autor de vários livros, entre eles: No contemporâneo: arte e escritura expandidas (com Roberto Corrêa dos Santos), Experiência e arte contemporânea (com Ana Kiffer), Conversas com curadores e críticos de arte (com Guilherme Bueno), Poesia e vídeoarte (com Katia Maciel), Poesia brasileira contemporânea – crítica e política e Flávio de Carvalho (com Ana Maria Maia), entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 3:07 PM

A Bela e a Fera na Central, São Paulo

A Central apresenta “A Bela e a Fera”, exposição coletiva sob curadoria de Leda Catunda revela como os artistas, partindo de sua visão subjetiva, lidam com os atuais conceitos do belo e do feio

A Central Galeria tem o prazer de apresentar, a partir de 6 de junho, das 18h às 22h, A Bela e a Fera, exposição coletiva sob a curadoria da artista Leda Catunda, na qual participam 8 artistas: Bruno Dunley, Edgar de Souza, Erika Verzutti, Luiz Roque, Mano Penalva, Paulo Monteiro, Pedro França e Sofia Borges.

A mostra reflete as mudanças no conceito sobre o belo e o feio nos dias de hoje. A ideia de beleza, poucas vezes na história, foi tão chacoalhado e tão velozmente transformada como agora. A enorme proliferação de imagens promovida pela internet e mídias sociais transformou a todos em fotógrafos e repórteres de nossa própria jornada. Assim sendo, torna-se impossível a tentativa de unicidade em torno da ideia de bom gosto. Muitas coisas interessantes se tornaram belas e muitas coisas belas se tornaram estranhas em sua pretensão de universalidade. O contexto cultural e político nunca alcançou tanta importância e parece natural, considerando o acesso às mais diferentes culturas que estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo. A beleza agora é informada. O feio também, quase tudo que já foi considerado feio agora pode ser igualmente belo, dependendo do ângulo sob o qual se pretende enxergar. O feio, assim como a beleza sofre atualmente violentas alterações dependendo do contexto, como por exemplo: a feiura da injustiça, à qual associamos a noção de maldade.

A exposição revela como os artistas, partindo de sua visão subjetiva, lidam com os atuais conceitos do belo e do feio através de pinturas, fotografias, desenhos, objetos e vídeo. A mostra é dividida ao meio, na primeira sala estão os trabalhos considerados, de acordo com os critérios adotados por cada artista, como belos e numa outra sala, estão os trabalhos denominados feios.

Posted by Patricia Canetti at 12:24 PM