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abril 30, 2017

Assis Horta: Retratos no BNDES, Rio de Janeiro

O Espaço Cultural BNDES abre ao público no próximo dia 15 de março a exposição Assis Horta: Retratos, com mais de 200 fotografias em preto e branco em diversos formatos, do fotógrafo mineiro Assis Alves Horta, que se tornou uma referência ao registrar os primeiros retratos de operários legalmente registrados no Brasil, pela recém-criada carteira de trabalho, em 1943. Assis Horta tem 99 anos e possui um acervo que contempla também cenas do patrimônio histórico nacional. A curadoria é do pesquisador Guilherme Rebello Horta, que revelou a raridade e importância deste acervo fotográfico em uma série de exposições já apresentadas em Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes e Belo Horizonte, e em Brasília. A exposição, que chega agora ao Rio de Janeiro, é o desdobramento do projeto vencedor do XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da FUNARTE – “Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico através da CLT”.

Guilherme Horta, que apesar do sobrenome, não é parente de Assis Horta, conta que a partir de 1° de maio de 1943, com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), milhares de trabalhadores precisaram tirar seus retratos para a carteira profissional – talvez em seu primeiro contato com uma câmera fotográfica. “A fotografia, que até então se destinava a retratar a sociedade burguesa, começou a ser descoberta pela classe operária. O retrato entrou na vida do trabalhador: realizou sonhos, dignificou, atenuou a saudade, eternizou esse ser humano, mostrou sua face”, destaca o curador. Assis Horta manteve estúdio fotográfico em Diamantina entre as décadas de 1940 e 1970, registrando em chapas de vidro praticamente toda a sociedade diamantinense da época. Seu acervo fotográfico de retratos da classe operária brasileira representa um corte nessa nova possibilidade da fotografia no Brasil e é o objeto dessa exposição, que decifra a gênese do trabalhador brasileiro legalmente registrado.

Para que o público conheça a potência da obra de Assis Horta, a exposição conterá três módulos. O primeiro módulo é representado pelo Decreto Lei que instituiu o uso da Carteira de Trabalho (CTPS), e os primeiros retratos 3x4 com data. As fotografias são impressas em papel fine art, e montadas em molduras de madeira sem vidro.

Em seguida, o visitante encontrará um confronto entre a fotografia de identidade civil e o retrato como gênero artístico. Por fim, na terceira parte, serão apresentadas imagens do trabalhador no estúdio fotográfico. Sozinho, com os amigos ou com a família, o operário brasileiro, que já havia ganhado sua identidade de cidadão, adquiriu sua dignidade e imortalidade por meio do retrato fotográfico.

A mostra terá uma parte interativa: uma reprodução do antigo estúdio fotográfico “Foto Assis” permitirá ao visitante interagir com a exposição, fazendo suas próprias imagens (ou selfies) nos mesmos moldes das antigas, revivendo todo o cenário e o clima das fotografias de Assis Horta. Ao lado, vitrines com materiais do estúdio original: filmes, câmera e materiais de laboratório vão mostrar o processo de trabalho de Assis Horta.

Por fim, haverá uma fotografia em grande formato, mostrando em 360 graus a cidade mineira de Diamantina, onde ficava o estúdio do fotógrafo.

Em 2 de maio, às 17h, será lançado o catálogo da exposição “Assis Horta: Retratos”, com pesquisa e curadoria de Guilherme Horta. Às 18h será exibido o documentário "Photo Assis: O clique único de Assis Horta", 2015 (23'), de Jorge Bodanzky, sobre a obra do fotógrafo mineiro Assis Horta, com texto de Dorrit Harazim e produção do Instituto Moreira Sales, com classificação livre. Após a exibição do documentário haverá um debate com o autor Jorge Bodanzky, Isnard Horta, filho de Assis Horta, e com o curador e pesquisador Guilherme Horta. Entrada gratuita.

Posted by Patricia Canetti at 4:04 PM

Diagrama Contracondutas na Escola da Cidade, São Paulo

Coletiva que fica em cartaz até o dia 13 de maio em São Paulo reúne painéis informativos, pôsters, publicações, gravuras e vídeos que têm como tema a exploração da mão-de-obra análoga a escravo no Brasil. Entrada gratuita - aberto no 1º de maio

A Escola da Cidade promove de 8 de abril a 13 de maio de 2017, a exposição Diagrama Contracondutas. A coletiva confere visualidade e materialidade aos resultados de um ano de pesquisa do projeto Contracondutas e suas ações político-pedagógicas relacionadas ao tema do trabalho análogo a escravo e seus desdobramentos. Embora seja um momento conclusivo, os produtos, publicações, pesquisas e articulações propostas repercutirão no tempo os enunciados propostos pelo projeto: a exposição é diagrama de um projeto em transcurso.

Entre os trabalhos dos artistas convidados e selecionados por chamada aberta estão o Núcleo de Estudos das Espacialidades Contemporâneas - NEC/IAU-USP, a artista visual Raquel Garbelotti, o Coletivo 308, Coletivo Metade e Vânia Medeiros.

A artista Raquel Garbelotti exibe a vídeo-instalação inédita “Mise-en-Scéne”, com dois filmes feitos em estúdio a partir da simulação da circunvolução solar em volta da maquete de uma das casas onde foram encontrados trabalhadores em condições análogas a escravo nas imediações do Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos. O resultado evidencia as condições insalubres de moradia a que eram submetidos os trabalhadores.

O Coletivo 308, por sua vez, amplia o alcance do “Projeto Labor”, realizado originalmente em Guarulhos, com a exibição de duas grandes matrizes xilográficas em que são representadas as moradias e os arredores do Aeroporto Internacional e sua impressão em lambe-lambes espalhados pelo espaço expositivo. Exibem também série objetos escultóricos feitos em barro e gesso no formato de um avião e de uma carriola.

O NEC/IAU-USP de São Carlos apresenta “GRU-III: Contracartografias”, que consiste em painéis diagramáticos com mapas e textos que elucidam as relações econômicas e de trabalho que atravessam a dinâmica aeroportuária, com foco na construção do T3 de Guarulhos, além de um conjunto de diagramas que atenta para os diversos atores envolvidos em grandes canteiros de obras.

O Coletivo Metade, formado por Ana Sayeg Tranchesi e Isabella Beneducci Assad, realizou pesquisa de campo na municipalidade de Petrolândia, em Pernambuco, de onde grande parte dos trabalhadores do Terminal 3 veio, aliciada por atravessadores. A pesquisa se transforma na obra “CentoeOnze”, em que tótens sonoros amplificam declarações desses trabalhadores. Vânia Medeiros exibe o livro “Caderno de Campo”, com uma série de desenhos feitos por trabalhadores da construção civil a partir de ateliês, conduzidos pela artista, em que eles representam cenários de trabalho.

Completam a exposição: uma pequena biblioteca com livros sobre o tema e cinco pesquisas acadêmicas-experimentais de alunos e professores da Escola da Cidade; a série de reportagens “Por detrás do tapume”, de Sabrina Duran com fotografias de Renata Ursaia, realizadas especialmente para o projeto; o vídeo “Terminal 3”, com direção de Thomaz Pedro e Marques Casara, da Papel Social; e o trabalho coletivo “Em Paralelo”.

A exposição “Diagrama Contracondutas” vai itinerar para o município de Guarulhos e para Liverpool, na Grã-Bretanha, após seu encerramento em São Paulo.

Contracondutas

O projeto Contracondutas se origina da atuação do sistema de justiça do trabalho dentro das ações de combate e erradicação do trabalho análogo a escravo na construção do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em 2013. Com a aprovação do Ministério Público do Trabalho, a Associação Escola da Cidade ficou encarregada de elaborar um projeto amplo e público que buscasse problematizar, difundir e transformar o conhecimento e a realidade do problema–enfrentamento nesse procedimento de justiça a partir de uma abordagem sobre a questão do trabalho análogo a escravo na contemporaneidade.

Com duração de um ano - maio de 2016 a maio de 2017 -, o projeto Contracondutas foi idealizado por uma equipe interdisciplinar de profissionais no âmbito do Conselho Técnico e opera como dispositivo que atravessa diversas atividades didáticopedagógicas da Escola da Cidade – Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea, o programa de Estágios de Pesquisa Científica e Experimental, o “Contra – Seminário Internacional – Condutas: Políticas da arquitetura e trabalho escravo na contemporaneidade” – ao mesmo tempo que incorpora e provoca indagações acadêmicas, jornalísticas e artísticas, projetando-se em direção ao debate público do tema e seus impactos na cidade, nas relações sociais, na ocupação do território, nos fluxos migratórios, nas políticas públicas e nas produções culturais.

No site do Contracondutas podem ser acessados diversos materiais que enriquecem a discussão sobre o tema do trabalho análogo a escravo.

Posted by Patricia Canetti at 9:17 AM

abril 29, 2017

Mãos às Obras no Sesi, Itapetininga

Coletiva “Mãos às Obras” desvenda o processo artístico no SESI Itapetininga

Mostra visa aproximar o público do fazer artístico e levá-lo ao clima do ateliês

A galeria do SESI Itapetininga recebe a mostra coletiva Mãos às Obras a partir de 3 de maio de 2017, com 14 obras dos artistas plásticos Georgia Kyriakakis, Heberth Sobral, Luiz Mauro e Reynaldo Candia e com curadoria de Marcela Tiboni. A mostra é subsidiada pelo Edital SESI e tem produção da Melanina Produções Culturais. A visitação é gratuita e pode ser feita até 24 de junho de 2017.

Depois da cidade de Itapetininga, a mostra segue em uma itinerância pelas unidades do SESI São José do Rio Preto (30/06 - 19/08/2017), São José dos Campos (25/08 -07/10/2017) e Campinas (13/10 - 02/12/2017).

A mostra é pensada através do encontro entre as mãos do artista - impulsionada pelo fazer, mexer, mover, manipular, tocar, construir ou desconstruir - e a matéria (encontro esse chamado de processo criativo). As obras são dos quatro artistas contemporâneos brasileiros pertencentes a diferentes regiões do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás) e para eles, ter um espaço de ateliê não basta, precisam deparar-se diariamente com uma matéria para manipular e é neste embate direto – entre matéria e mãos - que a obra vai ganhando formas artísticas.

Interação público e obra

A proposta de exposição visa permitir aos visitantes a possibilidade de manipular os mesmos materiais dos artistas. Para cada um dos quatro artistas selecionados haverá uma estação de ateliê dinâmico em que um único material (cartas de baralho, recortes, bonecos de plástico ou bexigas) será disponibilizado para que o visitante possa experimentar essa aproximação com o processo de criação artística.

“Mais do que um fim, as obras objetivam o início de uma discussão, ação, reflexão ou proposição. Desta forma a exposição se constrói na tentativa de apresentar a Arte Contemporânea de forma processual, gestual e, sobretudo, compartilhável”, afirma a curadora Marcela Tiboni, também artista plástica e arte educadora.

Geórgia Kyriakakis nasceu em 1962, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formada em Artes Plásticas pela FAAP, Mestre e Doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Recebeu prêmios como o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2012); Bolsa Vitae de Artes (2002); O Artista Pesquisador, Museu de Arte Contemporânea, Niterói (2001); Brazilian Project, European Ceramic Work Centre, Holanda (1995); Salão Nacional, (1991), além de participar de diversas exposições coletivas e individuais. Possui obras em coleções privadas e no acervo de museus e instituições como Museu Brasileiro de Arte, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Paço Municipal de Santo André, Museu Nacional/DF, entre outros. A artista desenvolve também atividade didática desde 1990, ministrando palestras, cursos e workshops, dentro e fora do país. Dedicou-se à projetos de arte-educação para crianças, como o Projeto Enturmando, da Secretaria do Menor e a Oficina das Artes, do A Hebraica. Desde 1997, leciona nos cursos de Artes Visuais, Design e Arquitetura da Faculdade de Artes Plásticas da FAAP e, desde 2003, no Centro Universitário Belas Artes, onde atua também na pós-graduação.

Heberth Sobral nasceu em 1974, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Formado em História da Arte e Desenho Técnico com João Magalhães, figura humana e criação artística no Senac e o curso produzir-ver- pensar, com Pedro França, na Escola de Artes Visuais Parque Lage. Começou na área artística como assistente, em 2005, quando fez um workshop de fotografia que o levou a ser convidado por Fabio Ghivelder para trabalhar com Vik Muniz. Dentre as exposições em que participou, destacam-se: a Internacional Uamo festival Munique (2011), Gesto amplificado - Caixa Cultural RJ (2012), A nova mão afro brasileira - Museu Afro Brasileiro (2014), The university of north carolina at chapel hill - EUA (2015), entre outras. Foi assistente de Vik Muniz na série de sucata no filme “Lixo Extraordinário”, diretor de arte da agência Africa e professor de desenho na Escola Espectáculo Projeto Levi’s.

Luiz Mauro nasceu em 1968, em Goiânia, onde vive e trabalha. Atua como artista visual e professor de desenho e pintura na Escola de Artes Visuais da Secult, em Goiás. Realizou as individuais “Des Peintures comme des Photographies”, na Maison Européenne de la Photographie, em Paris (2015); “Cravos e Espinhos”, na Fundação Jaime Câmara, em Goiânia, GO (2004); “Caixa de Lembranças”, na Fundação Jaime Câmara (2000); Potrich Galeria de Arte, em Goiânia, GO (2000); na Galeria Funarte, em Brasília, DF (1996); na Galeria Macunaíma, no Rio de Janeiro, RJ (1993); na Potrich Galeria de Arte, em Goiânia, GO (1991); e no MAC, em Goiânia, GO (1990). Entre as coletivas destacam-se “A Cidade É O Lugar” - Museu de Arte Contemporânea do Centro Cultural Oscar Niemeyer (Goiânia, GO, 2012); “Espelho Refletido, o Surrealismo na Arte Contemporânea Brasileira”, Centro Cultural Hélio Oiticica (2012), Art Rio (2011), entre outras. Foi premiado no I Salão de Arte Contemporânea do Centro-Oeste (2011); Prêmio Galeria Aberta - GO; Prêmio Brasília de Artes Plásticas, do Museu de Arte de Brasília, DF (1990); e o Prêmio na 1ª Bienal Nacional do MAC de Goiás, GO (1988).

Reynaldo Candia nasceu em 1975, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo e Comunicação Social pela Universidade Anhembi Morumbi. Participou em diversas exposições coletivas das quais se destacam BR 2013 – Galeria Virgílio, 11º Salão Latino-Americano de Artes Plásticas, Tristes Trópicos - Galeria Mezanino e 11ª Bienal do Recôncavo, além de diversas exposições individuais. Algumas de suas obras fazem parte de acervos importantes como INSERIR. Foi premiado no 17º Salão de pequenos Formatos UNAMA, 11º Bienal do Recôncavo, 10º Salão Latino Americano – Santa Maria – RS – Obra: “Atraída a Traída”, entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 6:36 PM

Paulo Bruscky na Nara Roesler NY, EUA

Comecei a publicar anúncios classificados que eram, basicamente, propostas de projetos ... porque quando você desenvolve um trabalho conceitual, você já está trabalhando a partir do momento em que tem a ideia. — Paulo Bruscky

[scroll down for English version]

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de apresentar uma exposição de obras de Paulo Bruscky (n. Recife, Brasil, 1949), a primeira do artista no espaço da galeria em Nova York. A exposição inclui anúncios classificados e registros de performances históricas, ilustrando a força do conjunto de obras criado pelo artista ao longo de cinco décadas, embora muitos de seus projetos nunca tenham sido concluídos devido à censura imposta pela ditadura militar brasileira durante os primeiros anos de sua carreira. A mostra também contextualiza trabalhos do artista que serão apresentados simultaneamente à exposição, na 57ª Bienal de Veneza, onde Arte se embala como se quer (1973/2017) será apresentada de 11 de maio a 26 de novembro; e na Americas Society, em Nova York, onde Bruscky coordenará um workshop baseado em sua histórica performance Xeroperformance (1980), no dia 24 de maio.

A Galeria Nara Roesler também apresentará, de Bruscky, Homenagem a George Orwell: 1984/2014 (2014) e Conexão (2013) como parte de sua seleção para a Frieze New York 2017, que acontece de 5 a 7 de maio, para demonstrar sua compreensão visionária da sociedade da comunicação e sua abordagem conceitual multifacetada, que explicam a relevância duradoura de seus trabalhos.

Poeta e artista multimídia, Bruscky foi pioneiro da “arte comunicação”, termo que ele próprio cunhou. Como muitos artistas de sua geração, Bruscky acredita que a arte deve incorporar seu entorno e que sua função é desfragmentar a vida cotidiana. Proponente ativo do movimento internacional da arte postal e membro do Fluxus, o artista realizou experimentos heterodoxos com sistemas de comunicação como livros de artista, anúncios classificados, telegramas, telefax, fax, a internet e a fotocopiadora. A prática de Bruscky se baseia numa poética da experimentação ancorada na potencialidade da mídia, na rejeição ao formalismo e na recusa à estagnação trazida pela busca por reconhecimento.

Bruscky afirma, “Eu estudo equipamentos para ver como posso subvertê-los, retirá-los de sua função — quer dizer, torná-los nossos aliados, certo”? Em seus primeiros experimentos com a fotocopiadora, Bruscky manipulou a luz para criar distorções e sobreposições, efeitos que só podiam ser obtidos com uma máquina de Xerox. A subjetividade gerada pelo processo eventualmente levou o artista a apontar a fotocopiadora como coautora em seus catálogos. De fato, o engajamento lúdico de Bruscky com a subjetividade de sua autoria torna-se evidente quando ele confronta seu alter ego xerográfico, investigando uma ‘fotolinguagem’ para registrar o encontro (O Eu Comigo, 1977). Dessas investigações iniciais surgiu Xeroperformance (1980), em que Bruscky registrou seus gestos corporais na placa de vidro de uma copiadora, incorporando sua fisicalidade ao trabalho.

Uma peça central das investigações em que Bruscky utiliza técnicas de geração e reprodução de imagens é o desejo de transformar o status quo e criar o impossível. Na década de 1970, o artista passou a postar anúncios em jornais, ou “arte desclassificada”, que rompiam a banalidade do periódico apresentando propostas extraordinárias ao leitor. Os anúncios procuravam técnicos que pudessem filmar sonhos (Projeto de uma Máquina de Filmar Sonhos com Filmes, 1977), discos que desaparecessem quando tocados pela agulha do toca-discos (Disco Antropofágico, 1984) e meteorologistas que pudessem colorir nuvens (Air Art, 1974/1982). Nas palavras da curadora Clara M. Kim, “Usando humor negro, paródia e o conceito situacionista de detournément, as obras de Bruscky operam como propostas de ruptura e transformação da ordem social tanto nas mentes quanto nas ruas da cidade”.

Em seus classificados e performances, subjacente ao humor e ao desejo de criar uma expressão poética, há uma intenção política de solapar o regime opressivo que o prendeu e o paralisou artisticamente durante as décadas de 1960 e 70. Sua exposição Arte Cemiterial (1971) pretendia ser um memorial à morte da autonomia artística sob a censura do Estado e uma reflexão tácita sobre a morte de ativistas políticos. A exposição foi impedida pelas autoridades, então o artista organizou um cortejo fúnebre para ela, realizado nas ruas de sua cidade-natal, Recife, até que sobreveio a inevitável repressão. Bruscky manteve seu aguçado senso de humor macabro, lançando ao rio caixões com inscrições para que fossem trazidos de volta à margem (Enterro Aquático, 1972.) Nas palavras do artista, “Eu fechava o caixão e colava nele uma frase irônica, alguma coisa sobre a história da arte ou o governo militar brasileiro. No final, eles ligaram os pontos e descobriram que o trabalho era meu. Aquilo gerou uma comoção... e eu guardei um registro fotográfico de tudo”.

Simultaneamente à crítica política, Bruscky questiona os parâmetros que regem a criação e a exposição de obras de arte, frequentemente dialogando com contemporâneos seus que também são críticos às instituições. Para o 30o Salão Paranaense de Arte, em 1973, enviou um telegrama (Telex, 1973) apresentando três propostas que constituíam uma performance/instalação que refletia sobre o ato de preparar uma exposição. Devido à historicidade conceitual do salão, aquela era uma ocasião particularmente adequada para se questionar a instituição canonizadora da arte. Mas embora tenha sido aceita pelo salão, a obra nunca foi executada—isto é, não até este mês de maio, quando o artista apresentará Arte se embala como se quer, performance baseada na primeira proposta, na Bienal de Veneza, como parte da exposição “Viva Arte Viva”, com curadoria de Christine Macel.


I started running classified ads that were basically project proposals…because whenever you’re working on something conceptual, you’re already doing it from the very moment you have the idea. – Paulo Bruscky

Galeria Nara Roesler is pleased to present an exhibition of works by Paulo Bruscky (Recife, PE, Br, 1949), the artist’s first at our New York gallery. The exhibition showcases the artist’s classified advertisements, as well documentation of historical performances, illustrating the artist’s seminal body of work spanning over 5 decades, many never finalized due censurship imposed by the military dictatorship in Brazil during the first years of his artist’s career. The exhibition also contextualizes the artist’s work that will be presented concurrently with the exhibition at: the 57th Venice Biennale, where Art Is Packaged Any Way We Like, 1973 / 2017, which will be performed as part of “Viva Arte Viva,” curated by Christine Macel on May 11th to November 26; and the Americas Society in New York, when the artist will give a workshop based on his historic performance Xeroperformance, 1980, on May 24th.

Bruscky’s visionary understanding of a communication society and multilayered conceptual approach account for the enduring relevance of his work, which is why we will also showcase the artist’s Tribute to George Orwell: 1984/2014, 2014, and Connection, 2013, as part of our selection for Frieze New York, 2017.

A multimedia artist and poet, Bruscky was a pioneer in “communication art,” a term coined by the artist himself. Like many artists of his generation, Bruscky believes that art should incorporate its surroundings and endeavor to defragment every-day life. An active proponent of the international mail art movement and a member of Fluxus, the artist performed unorthodox experiments with systems of communication such as artist books, classified ads, telegrams, telefaxes, faxes, the internet and the Xerox. Driving Buscky’s practice is a poetics of experimentation, anchored on the potentiality of media, a rejection of formalism, and a refusal to stagnate in the pursuit of recognition.

As Bruscky states, “I study equipment to see how I can subvert it, pluck it from what it’s meant to do, I mean, make it our ally, right?” The artist’s early experiments with the Xerox machine manipulated light to create distortions and superimpositions, effects which only a Xerox machine was able to create. The subjectivity created by the process, eventually led the artist to list the copy maker as a co-author in his catalogues. In fact, Bruscky’s playful engagement with the subjectivity of his authorship becomes evident when he confronts his xerographic alter-ego, exploring a “photolanguage” to document the encounter (Me with Myself, 1977). From these early investigations emerged his Xeroperformances, 1980, in which the artist’s physicality becomes a component in his artwork as he began to record his bodily gestures on the glass plate of a copier.

Central to Bruscky’s investigations with imaging and reproduction techniques, is a desire to transform the status quo and create the impossible. In the 1970s Bruscky began posting announcements on newspapers, or “declassified art,” that interrupted the mundanity of the paper by offering extraordinary proposals to the reader. The announcements searched for technicians capable of recording dreams (Project of a Machine of Filming Dreams, 1977), records that would disappear as the record player needle went over it (Anthropophagic Record, 1984), and meteorologists capable of coloring clouds (Air Art, 1974/1982). “Using black humor, parody, and the situationist’s notion of detournément, Bruscky’s work operates as propositions to disrupt and transform social order as much in one’s mind as on city streets,” states curator Clara M Kim.

In his classifieds as well as in his performances, underlying the humor and genuine desire to create a poetic expression, is a political intent to undermine the oppressive regime that arrested and artistically paralyzed the artist throughout the 1960s and 70s. The artist’s Cemetery Art exhibition in 1971 was meant to memorialize the death of artistic autonomy under State censorship while tacitly reflecting on the deaths of political activists. However, when the exhibition was prevented by the authorities, the artist organized a funeral procession for his exhibition which took place in the streets of his hometown, Recife, until it was inevitably repressed. Bruscky retained this piercingly macabre sense of humor when he placed coffins bearing phrases into the river so that these would wash back to shore (Burial at Sea, 1972.) In the artist’s words, “I’d seal the whole coffin and stick some ironic phrase on it, something about the history of art or Brazilian military government. They eventually put two and two together and found that this was my work. It caused a commotion … and I kept a photo record of the whole thing”

Beyond his political criticism, Bruscky simultaneously engages in a questioning of the parameters for art making and exhibiting, entering in frequent dialog with contemporaries who also engage in institutional criticism. For the 30o Salão Paranaense de Arte in 1973, the artist sent a telegram (Telex, 1973) relaying three proposals that constituted a performance/installation that reflected on the act of preparing an exhibition. The conceptual historicity of the salon made it a particularly suitable occasion to question the canonizing institution of art. Although accepted by the salon, the piece was never performed. That is, until this May when the artist will perform Art Is Packaged Anyway We Like It, 1973/ 2017, a performance based on the first proposal that will be taking place at the Venice Biennale’s exhibition “Viva Arte Viva”curated by Christine Macel.

Posted by Patricia Canetti at 2:43 PM

abril 26, 2017

Caravana Farkas: projeção e debate no Galpão VB, São Paulo

O que o olhar urbano já não consegue ver

Documentários da Caravana Farkas serão exibidos dia 29 de abril, às 17h, no primeiro programa público da exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno.

No final dos anos 1960, um grupo de cineastas saiu de São Paulo em direção ao sertão nordestino com o objetivo de registrar os habitantes daquela região. Seus filmes integraram o que mais tarde ficaria conhecido como Caravana Farkas, conjunto com mais de trinta documentários produzidos entre 1964 e 1980 pelo fotógrafo e empresário Thomaz Farkas.

As obras resultantes dessa expedição foram inovadoras por mostrar partes do Brasil que nunca haviam sido filmadas antes, dando voz e rosto a personagens quase desconhecidos do público. Os filmes apresentam, retratados como protagonistas de suas histórias, homens e mulheres do povo que não cabiam nos ideais de ordem e progresso do Estado brasileiro reforçados com o golpe de 1964.

É o que se vê, por exemplo, em rastejador, s. m., de Sergio Muniz, um dos filmes que serão exibidos no Galpão VB (confira as sinopses abaixo). Após constatar a insuficiência das descrições do rastejador nos dicionários e na literatura, o documentário vai ao encontro de dois homens que dedicaram suas vidas à função de seguir as pegadas e os rastros de animais perdidos ou de cangaceiros procurados. Revela-se, então, um vasto conhecimento da paisagem e dos caminhos do sertão, ignorado pelo olhar urbano e modernizador do Brasil.

No dia 29 de abril, sábado, às 17h, o Galpão VB exibirá três filmes feitos a partir dessa viagem, no primeiro programa público da exposição Nada levarei levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno. Após a exibição, os curadores da exposição, Solange O. Farkas e Gabriel Bogossian, mediarão um debate com o público. A entrada é gratuita.

FILMES

Visão de Juazeiro (1970, direção de Eduardo Escorel)
Romeiros, comerciantes, estudantes e militares se juntam em Juazeiro do Norte, um dos principais centros religiosos do país, para a inauguração da estátua do Padre Cícero, com 27 metros de altura. Imagens de arquivo mostram a cidade no começo do século 20 e o padre homenageado interagindo com fiéis. Esses dois momentos formam a visão de uma comunidade atravessada pela figura do homem religioso.

rastejador, s. m. (1969, direção de Sergio Muniz)
Dicionário são insuficientes para definir a profissão de rastejador. A câmera, então, entrevista dois homens que dedicaram suas vidas à função de seguir os rastros que pessoas e animais deixavam na caatinga. Joaquim Correia Lima lembra as guerras do sertão e seus embates com Lampião e Maria Bonita. Igualmente caçador de cangaceiros, Batista mostra como trabalhar e aproveitar o agreste. Ambos ligam o antigo ao atual e não são redutíveis a mistificações.

Jaramataia (1969-1970, direção de Paulo Gil Soares)
Jaramataia, na Paraíba, é uma típica fazenda do sertão nordestino. Por meio da anatomia do boi, da fala altiva do proprietário da fazenda e do dia a dia dos trabalhadores, com suas técnicas e instrumentos, o filme monta um panorama da criação de gado e da vida dos vaqueiros no sertão.

MEDIADORES

Solange O. Farkas, curadora e diretora da Associação Cultural Videobrasil. Em 1983, criou o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, evento de que é também curadora-geral e que se tornou referência para a produção artística do Sul Global. Foi responsável por trazer ao Brasil exposições Cuide de Você, de Sophie Calle (Sesc Pompeia, São Paulo, 2009), A Revolução Somos Nós, de Joseph Beuys (Sesc Pompeia, São Paulo, 2010) e Geopoéticas, de Isaac Julian (Sesc Pompeia, São Paulo, 2012), do qual também foi curadora. Como curadora convidada, participou da 10ª Bienal de Sharjah (Emirados Árabes Unidos, 2011), da 16ª Bienal de Cerveira (Portugal, 2011) e do 6º Jakarta International Video Festival (Indonésia, 2013), entre outros. Ao lado de Gabriel Bogossian, foi curadora da exposição de Akram Zaatari, Amanhã vai ficar tudo bem (Galpão VB, São Paulo, 2016).

Gabriel Bogossian, editor, tradutor e curador adjunto da Associação Cultural Videobrasil. Investiga em sua prática as representações do território e dos povos indígenas, frequentemente aproximando produção artística e acervos documentais. Foi curador das exposições Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno (Galpão VB, São Paulo, 2017), com Solange O. Farkas, Resistir, reexistir (Galpão VB, São Paulo, 2017), Cruzeiro do Sul (Paço das Artes, São Paulo, 2015) e Corpo Estranho (Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, 2014), com Luisa Duarte, entre outras. Como editor e tradutor, foi responsável por publicações junto às editoras Rocco, Universitária da UFPE, Hedra e ao Festival Videobrasil.

Posted by Patricia Canetti at 2:36 PM

O mercado de arte moderna em São Paulo no MAM, São Paulo

Exposição relembra oespaço expositivo da Galeria Domus, relevante ponto de arte moderna em São Paulo de 1947 a 1951, por onde passaram importantes artistas nacionais e internacionais

A mostra exibe cerca de 70 obras da coleção do museu de artistas como Tarsila do Amaral, Lívio Abramo, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, Mário Zanini, Emídio de Souza, Samson Flexor e Anatol Wladyslaw

Está em cartaz no Museu de Arte Moderna – MAM, até o dia 30 de abril (domingo), a exposição O mercado de arte moderna em São Paulo: 1947-51, que comemora 70 anos de abertura da Galeria Domus, considerado um importante reduto de arte moderna da Cidade. Com curadoria de José Armando Pereira da Silva, a exposição remete simbolicamente ao espaço da casa com exibição de 74 obras do acervo do MAM. Ainda que não seja possível assegurar que todos trabalhos tenham sido exibidos na galeria, as obras selecionadas representam a produção do final dos anos 1940, oferecendo uma visão do movimento artístico paulistano nos anos pré-Bienal.Patrocínio: Safra.

Segundo José Armando, a Galeria Domus esforçou-se para ser um importante espaço de arte moderna, refletindo a discussão da época entre pintura figurativa e abstracionismo. Durante os cinco anos de funcionamento, de março de 1947 a dezembro de 1951, a casa organizou 91 exposições, geralmente de curta e curtíssima duração, sendo a maioria de artistas atuantes na cidade e alguns estrangeiros de passagem, reunindo um conjunto de nomes fortes que assinalam a relevância da iniciativa para a cena cultural paulistana.

A Galeria Domus foi pioneira em privilegiar artistas que alcançaram carreira sólida e reconhecimento internacional como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Alfredo Volpi, Lívio Abramo, Flávio de Carvalho, Oswald de Andrade, Mário Zanini e Paulo Rossi Osir. Os estrangeiros também foram acolhidos como os italianos Danilo Di Prete, Bassano Vaccarini e Ernesto de Fiore; o polonês Anatol Wladyslaw; o russo Samson Flexor; o alemão Arthur Kaufmann; o belga Roger van Rogger e sua mulher Julya; além de uma exposição de artistas húngaros e franceses; outra com pinturas e esculturas da África do Sul, Congo e Rodésia; e uma exposição de gravuras da Escola de Paris.

Fundada pelo casal de italianos Anna Maria e Pasquale Fiocca, a Domus transformou-se em importante ponto de encontro para jornalistas, artistas, escritores, colecionadores e aficionados. A atuação da galeria ocorreu em tempo de importantes transformações sociais com o avanço para a condição de metrópole e o surgimento de sinais da dinâmica cultural como polos de teatro e de cinema e as aberturas do Museu de Arte Moderna (MAM), do Museu de Arte de São Paulo (MASP) e da 1ª Bienal de Arte de São Paulo.

Apesar de contar com cuidadosa divulgação e boa rede de relacionamentos no meio artístico e social, a Domus não alcançou volume de vendas sustentável. Sem fluxo financeiro para garantir as atividades, os Fiocca decidiram fechar o espaço no início de 1952, gerando desconsolo no meio cultural.

O mercado de arte moderna em São Paulo: 1947-51

No MAM, apresentada na Sala Paulo Figueiredo, a mostra O mercado de arte moderna em São Paulo: 1947-51 começa com um núcleo de obras que representa a exposição inaugural da Galeria Domus, em fevereiro de 1947, onde figuram, entre outros, trabalhos de Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e Mario Zanini. Na sequência, é exibido o nicho composto por artistas imigrantes ou estrangeiros de passagem pela cidade como Samson Flexor, Anatol Wladyslaw, Danilo Di Prete, Bassano Vaccarini, Ernesto de fiorie Roger Van Rogger.

Outro núcleo remete a uma mostra especial de Alfredo Volpi, Paulo Rossi Osir, Francisco Rebolo e Mário Zanini, com objetivo de financiar uma viagem dos quatro à Europa. Também é recordada uma exposição de 67 artistas para arrecadar fundos em prol da revista Artes Plásticas, que não passou da quarta edição. Ainda há referência à exposição “Pintura Paulista”, no Rio de Janeiro, que exibiu tendências paulistanas em terras cariocas; além de uma homenagem aos críticos que divulgaram e fortaleceram o nome da galeria representado por obras do artista e crítico de arte Sérgio Milliet e por um busto do crítico Luís Martins, feito de cimento e terracota por Bruno Giorgi.

Finalizando o percurso expositivo são exibidos trabalhos de artistas com grande representatividade no acervo do MAM e que estrearam na Domus como os paulistas Raphael Galvez e Emídio de Souza, além do carioca Oswaldo Goeldi, que apresentou seus trabalhos em São Paulo pela primeira vez na casa. Para fechar a mostra, são expostas seis obras de Lívio Abramo, artista de reconhecimento internacional e que tinha boa presença nas exposições da Galeria Domus.

Segundo o curador, o espaço expositivo ainda conta com vitrines com documentos, convites, catálogos, revistas, recortes e fotos cedidos pelos herdeiros dos proprietários e por colecionadores. Para José Armando, as obras expostas dão uma boa visão do movimento artístico de São Paulo nos anos pré-Bienal. “A mostra permite observar como as escolhas da Domus cumpriram o papel de ser um espaço de arte moderna”, explica. “As obras revelam momentos importantes da carreira dos artistas que compuseram o panorama da pintura paulista no período”, finaliza.

José Armando Pereira da Silva tem mestrado em Teatro pela Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio) e em História da Arte pela USP. Foi redator e crítico do Diário do Grande ABC. Em Santo André, colaborou na organização dos primeiros salões de arte contemporânea. Foi professor de História da Arte e coordenador da Escola de Teatro da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Publicou: Província e Vanguarda, A Cena Brasileira em Santo André, Thomas Perina, pintura e poética (com Days Fonseca), João Suzuki – Travessia do Sonho, Paulo Chaves – andamentos da cor e Artistas na metrópole – Galeria Domus, 1947-1951. Organizou: Guido Poianas – Retratos da Cidade (vários autores), Vertentes do Cinema Moderno, de José Lino Grünewald (com Rolf de Luna Fonseca), Luís Matins, um cronista de arte em São Paulo (com Ana Luisa Martins) e José Geraldo Vieira – Crítica de arte na revista Habitat.

Posted by Patricia Canetti at 11:31 AM

Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna no MAM, São Paulo

Com curadoria de Regina Teixeira de Barros, mostra celebra centenário da primeira mostra de arte moderna no Brasil

Cerca de 70 obras, entre desenhos e pinturas de retratos, nus e paisagens, ilustram três fases da carreira da artista, considerada um dos principais nomes da arte brasileira do século XX

Está em cartaz no Museu de Arte Moderna – MAM, até o dia 30 de abril (domingo), a exposição Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna, que apresenta cerca de 70 obras representativas da trajetória de um dos mais importantes nomes da arte brasileira do século XX. Para retratar a vasta produção da pintora, desenhista, gravadora e professora Anita Malfatti (São Paulo - SP, 1889 - 1964), a curadora Regina Teixeira de Barros concebeu a mostra como uma homenagem ao centenário da exposição inaugural do modernismo brasileiro, uma individual de Anita aberta em dezembro de 1917, e que recebeu severa crítica do conservador Monteiro Lobato na ocasião. A mostra do MAM exibe desenhos e pinturas que ilustram retratos, paisagens e nus de três fases distintas da trajetória artística, expostas ao lado de fotografias e documentos da época como cartas, convites e catálogos. Patrocínio Master: Bradesco. Patrocínio: PWC.

Cem anos se passaram desde que a Exposição de arte moderna Anita Malfatti alterou os rumos da história da arte no Brasil, por ser a primeira mostra reconhecidamente moderna realizada no país e considerada o estopim para a realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Realizada no centro de São Paulo, entre 12 de dezembro de 1917 e 10 de janeiro de 1918, a individual da artista exibia 53 obras, sendo 28 pinturas de paisagem e retratos, 10 gravuras, cinco aquarelas, além de desenhos e caricaturas. O conjunto representava um consistente resumo de seis anos de produção da artista, compreendidos pelos anos de aprendizado na Alemanha (1910-1913) e nos Estados Unidos (1914-1916), além de trabalhos realizados no regresso a São Paulo.

Até então, a cidade de São Paulo só havia sediado mostras de arte de cunho acadêmico. Segundo a curadora, a mostra de Anita foi recebida com assombro e curiosidade, tendo visitação intensa e venda de oito quadros expostos, mas após a publicação da crítica de Monteiro Lobato intitulada “A propósito da exposição Malfatti”,no jornal O Estado de S. Paulo de 20 de dezembro de 1917, boa parte do público concordou com as ideias do renomado autor, fazendo com que cinco obras compradas fossem devolvidas. Regina explica que desde então, o nome de Anita ficou associado ao de Lobato. “Adepto fervoroso da arte naturalista, Lobato desdenhou dos ismos da arte moderna (como expressionismo e cubismo), mas não deixou de reconhecer a competência de Anita elogiando o talento fora do comum e as qualidades latentes da jovem artista”, explica a curadora.

Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna

No MAM, a mostra Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna conta com obras que abrangem diversos aspectos da produção, apresentando uma artista sensível às tendências e discussões em pauta ao longo da primeira metade do século XX. A exposição tem como finalidade apresentar um recorte da trajetória de Anita, dividindo em três momentos: os anos iniciais que a consagraram como o “estopim do modernismo brasileiro”; a época de estudos em Paris e a produção naturalista; e, por fim, as pinturas com temas populares.

A exposição inicia com um conjunto de trabalhos realizados na Alemanha, seguido de retratos e paisagens expressionistas exibidos em 1917, que causaram grande impacto no, até então, tradicional meio paulistano, entre as quais os óleos sobre tela O japonês (1915/16), Uma estudante (1915/16), O farol (1915) e Paisagem (amarela) Monhegan (1915). Desse período também consta um conjunto de desenhos a carvão, composto de nus masculinos e retratos.

Entre a primeira e a segunda parte da mostra, sobressaio interesse pela temática nacional, onde figuram trabalhos famosos como Tropical (c.1916), O homem de sete cores (1915/16) e Figura feminina (1921/22). Além desses, constam obras realizadas a partir do convívio com os modernistas como o pastel Retrato de Tarsila (1919/20), a pintura As margaridas de Mário (1922) e o célebre desenho O grupo dos cinco (1922), que retrata os modernistas Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e a própria Anita Malfatti.

No segundo nicho são apresentados os frutos dos anos de estudo em Paris, que representam uma fase mais naturalista em que são produzidas paisagens europeias como nas pinturas a óleo Porto de Mônaco (c. 1925) e Paisagem de Pirineus, Cauterets (1926), e nas aquarelas Veneza, Canal (c.1924), Vista do Fort Antoine em Mônaco (c. 1925), somados a desenhos de nus feitos com linhas finas e suaves na década de 1920. São desse período também pinturas singulares como Interior de Mônaco (c. 1925) e Chanson de Montmartre (1926).

Para finalizar, a terceira parte engloba trabalhos realizados nos anos 1930-40, época em que a artista se dedicou a retratar familiares, amigos e membros da elite, além de temas populares. Destacam-se as obras Liliana Maria (1935-1937) e Retrato de A.M.G. (c. 1933), em que figuram sua sobrinha e o amigo Antônio Marino Gouveia, ambas com tratamento naturalista. Na primeira,o fundo neutro é substituído por uma paisagem à maneira renascentista; na segunda registra uma de suas pinturas que pertencia à coleção do retratado. Nessa fase, apresentam-se ainda paisagens interioranas e temáticas populares como em Trenzinho (déc. 1940), O Samba (c. 1945), Na porta da venda (déc. 1940-50). A mostra se encerra com pinturas aparentemente naif e reveladores da habitual ousadia da artista, em que utiliza cores fortes para criar espaços mais achatados como em Composição (c.1955)e Vida na roça (c.1956).

Regina Teixeira de Barros é curadora independente e historiadora da arte especializada em arte brasileira moderna. Possui Mestrado em Estética e História da Arte pela ECA-USP e é doutoranda do Programa de Pós-graduação Interunidades em Estética e História da Arte da USP.

Posted by Patricia Canetti at 9:58 AM

abril 25, 2017

Sara Ramo na Capela Morumbi, São Paulo

A Capela do Morumbi, imóvel histórico que integra a rede do Museu da Cidade de São Paulo, recebe a instalação inédita Para Marcela e as Outras, da artista Sara Ramo, com curadoria de Douglas de Freitas, a partir do dia 8 de abril.

Filha de pai espanhol e mãe mineira, a artista que nasceu em Madri já apresentou seus trabalhos dentro e fora do Brasil. Suas obras estão presentes em coleções, como MAM-Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo e Fundacione Casa di Risparmio di Modena (Itália). Desde o momento do convite para ocupar o espaço da casa histórica, ela se relacionou de forma imediata com o lugar. “A partir deste contato, o projeto foi se moldando. Aos poucos, eu vi que ele poderia me trazer várias questões”, afirma. Segundo ela, todos os seus trabalhos se apropriam de elementos e cenas do cotidiano.

Nessa montagem, a inspiração veio da convivência com os travestis e transexuais, que cruza todos os dias onde mora. “O Brasil é o primeiro país do mundo com mais violência contra essas pessoas. Me senti desafiada a fazer uma denúncia, além disso é uma homenagem”, conta.

Dessa forma, sua obra ocupa o local como corpo experimental, ou seja, trata-se de uma instalação de ação poética. Para conceber essa noção, a artista utilizou os buracos das paredes da Capela. Sendo assim, distintas formas e materiais se instalam neles, como uma espécie de corpo parasita. O resultado é uma obra formada por peças escultóricas, desenvolvida no próprio espaço e a partir dele.

“Eu uso os buracos, porque acho que eles são um elemento muito forte e importante. Ele é o lugar onde se esconde coisas ou onde não queremos olhar ou, quem sabe, queremos. É muito simbólico e potente. Eu uso eles para falar de questões que estão ligadas à sexualidade de alguma forma”, revela.

Durante a montagem, Sara pôde observar um espaço aberto à experimentação, onde diferentes formas escultóricas vão tomar os buracos, ora elas saem para o exterior, ora reencontram o local. “É um trabalho muito sutil e poético, que exige do espectador uma atenção e reflexão. É um pouco de um labirinto, como se tivéssemos que desvendar. As pessoas vão se relacionar bem de perto com as paredes e com a arquitetura da Capela, o que também não deixa de ser uma certa homenagem”, conclui.

Posted by Patricia Canetti at 7:14 PM

Joana Cesar na Athena Contemporânea, Rio de Janeiro

Exposição na Athena Contemporânea terá obras inéditas, dentre colagens, fotografias e vídeos, inspiradas no trajeto feito diariamente pela artista no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro

A galeria Athena Contemporânea apresenta, a partir do dia 27 de abril de 2017, a exposição A ponte (onde ele disse que não posso ir), com cerca de 20 obras inéditas da artista carioca Joana Cesar, inspiradas no trajeto feito diariamente por ela entre o Jardim Botânico e o Jockey Clube, na zona sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Germano Dushá, serão apresentadas colagens, fotografias, uma videoinstalação e dois vídeos da artista, que sempre teve a paisagem urbana como inspiração de suas obras.

Há cerca de dois anos, Joana Cesar fez a pé o trajeto de um quilômetro entre o Jardim Botânico e o Jockey Clube. Ao passar por lá, ela sentia uma sensação estranha, algo que não sabia explicar e começou a fazer diariamente esse mesmo percurso em busca de respostas. As obras que serão apresentadas na exposição fazem um “mapeamento” dessa área, que a artista passou a chamar de “ponte”, pois ali é uma grande reta, cercada por muros dos dois lados, onde não há prédios ou comércio. “As pessoas usam aquele trajeto para cruzar de um lugar a outro, como uma ponte. Esse trajeto tem a função de ligar dois bairros”, explica a artista, que, mais tarde, pesquisando, descobriu que debaixo da via passa um rio, dando mais sentido ao apelido de “ponte”.

“Se a ponte conecta, inevitavelmente, também se coloca como a medida da distância. Joana trafega pelas pontes — materiais, metafóricas ou mentais — com obstinação. Nesse processo de aventura e repetição, a artista parece querer dissecar tudo que lhe diga respeito, tanto o quanto lhe seja possível. Mas não para que possa entender integralmente cada aspecto do caminho, e sim para que possa vislumbrar a terrível — e implacável — dimensão do distanciamento. O hiato entre partida e chegada, entre ocorrência e percepção, entre código e decifração”, ressalta o curador Germano Dushá.

Em certo momento, após muitas caminhadas, a artista lembrou de um vídeo que havia feito há cerca de 15 anos, exatamente naquele local. Ela estava de carro, quando viu uma figura estranha, que chamou a sua atenção e a fez descer do veiculo. “Era um louco, que usava sandálias de cores diferentes, vestia uma calça molhada de xixi, puxava um galão... Fui andando atrás dele, seguindo e filmando todo o seu trajeto. Em certo ponto, ele parou, sentou no galão que carregava, tirou um espelho da calça e começou a olhar o mundo, o entorno, os ônibus que passavam, através daquele espelho”, conta Joana Cesar. “É com isso que ele cessa o caminhar. É por ali que ele passa a ver o mundo e encarar o outro. O espelho é seu dispositivo de contemplação. O espelho é sua fresta”, afirma o curador. A única palavra que a artista trocou com o andarilho foi quando perguntou seu nome, ao que ele respondeu: José Carlos Telefônica Mundial.

Na exposição, a artista apresentará o filme feito na época, que será mostrado em uma videoinstalação composta por duas televisões colocadas lado a lado: na da direita passará o vídeo como foi produzido e na da esquerda esse mesmo vídeo aparecerá como se estivesse sendo visto através de um espelho. “O vídeo mostra o real e o espelhamento o real, a fantasia”, diz Joana Cesar.

A exposição terá, ainda, seis colagens, com papeis e materiais diversos, em que a artista mistura o mapa real desse trecho do bairro do Jardim Botânico com a sua imaginação, com as suas memórias. “Não uso tinta, são colagens e os elementos, para mim, podem representar cor ou informação, significação. Desta forma, se uso um pedaço de fronha em meu trabalho, isso é para significar algo que dá conforto”, explica a artista.

Haverá, também, fotografias feitas por ela nesse entorno e dois pequenos vídeos feitos no Jardim Botânico em que a artista começou a filmar o que chamou de “natureza transtornada”. Nessas filmagens, ela registra fenômenos naturais que, a principio, não tem explicação, como, por exemplo, uma moita em que somente uma das folhas se mexe com o vento.

“São colagens, fotografias e vídeos que existem por vias objetivas e outras menos claras. Mas em tudo fica marcada a autonomia da artista em suas andanças, e suas relações mais intensas com a imaginação possível, a fantasia extravagante, impregnada na rua. São ações que dão conta do momento em que o acontecimento, o evento, se abre para quem quiser o perceber”, diz o curador.

Durante o período em que fazia a travessia, a artista descobriu um conto da Clarice Lispector chamado “Amor”, que faz parte do livro “Laços de Família”, que fala de uma mulher que, de dentro do bonde, vê um cego mastigando chiclete que lhe chama a atenção, que a deixa transtornada, assim como Joana Cesar ao ver o andarilho. A história se desenrola com a mulher andando justamente no trajeto feito insistentemente por Joana nos últimos dois anos. Partes desse conto estarão nas colagens.

Joana Cesar nasceu em 1974, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Cursou filosofia, jornalismo e cinema, fazendo, paralelamente, diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. O desenvolvimento de seu trabalho em ateliê a leva, em 2003, para as ruas da cidade, onde passa a usar muros, calçadas, postes e viadutos como suporte para sua escrita em código, inventada na infância.

Em 2012, foi selecionada para o Programa de Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Já realizou três exposições individuais na Athena Contemporânea: “Nome” (2014), “Voragem (2013) e “Fuga>Lenta” (2012). No ano passado, participou da exposição “Ao amor do público”, o Museu de Arte do Rio, que possui obras da artista em seu acervo. Participou, ainda, das mostras “Da escrita, Delas, Elas” (2015), no Museu da República; “6ª Bienal de Arte de Búzios (2013); “Gramática urbana” (2012), no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Ainda em 2012, foi convidada para participar da II Bienal Mundial da Criatividade, no Rio de Janeiro, e fez grande intervenção nos braços de sustentação da Avenida Perimetral.

Posted by Patricia Canetti at 6:41 PM

abril 24, 2017

Karin Lambrecht no Santander, Porto Alegre

O calendário de artes visuais do Santander Cultural inicia 2017 marcado por uma mudança emblemática em sua programação. Com abertura ao público em 15 de março, a mostra RS Contemporâneo – Pensamentos Curatoriais traz uma nova formatação ao projeto homônimo, centralizando as atenções da exposição no trabalho curatorial.

Iniciado em 2012, o projeto RS Contemporâneo estimula discussões culturais e artísticas, além de atender à permanente necessidade de inovação e criatividade. Até 2017, as cinco edições apresentaram dezoito artistas que trouxeram trabalhos bastante profícuos no meio cultural. Obras que foram observadas por curadores de fora de sua área geográfica de atuação e que, até então, não haviam se voltado às suas poéticas.

Este ano, o projeto recebe uma significativa mudança que está traduzida no subtítulo Pensamentos Curatoriais: trata-se da inversão e ampliação do discurso tradicional sobre mostras de arte. Acostumados a analisarmos uma exposição a partir das obras dos artistas, o Santander Cultural propõe um olhar sobre o trabalho do curador e elege a figura deste profissional para indicar o tema que deseja trabalhar.

“O Santander aposta no amadurecimento da iniciativa, que mantém a valorização de jovens nomes gaúchos com foco na originalidade e vanguarda da prática artística, incentivando assim a curiosidade e a inquietude pela inovação”, destaca Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander Brasil.

A primeira edição do RS Contemporâneo – Pensamentos Curatoriais tem curadoria de André Venzon (ler texto curatorial) com obras integrantes da coleção Justo Werlang, exclusivamente da artista Karin Lambrecht. No recorte de 103 trabalhos predominam pinturas, dos anos 80 até a fase mais recente da artista, e desenhos, além de três grandes instalações e mais de 60 documentos entre escritos de artista, esboços, estudos e aquarelas que revelam o processo de criação de Karin. A escolha de Venzon se dá pelo caráter incomum que o colecionador imprimiu às suas aquisições, direcionando-as especialmente para oito artistas: Iberê Camargo, Xico Stockinger, Siron Franco, Nelson Felix, Daniel Senise, Karin Lambrecht, Mauro Fuke e Felix Bressan.

Karin Lambrecht - Nem eu, nem tu: nós - a obra de Karin Lambrecht e o olhar do colecionador, Santander Cultural, Porto Alegre, RS - 15/03/2017 a 30/04/2017

Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, onde vive e trabalha. Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002) e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005). Trabalhando no campo expandido da pintura e da escultura, a obra de Karin Lambrecht materializa a abstração gestual da Geração 80 ao mesmo tempo em que faz referência à Arte Povera e a Joseph Beuys. Usando pigmentos de cores vibrantes, emulsiona seus próprios materiais de pintura, ela aplica pinceladas gestuais amplas a telas feitas à mão, sem moldura, rasgadas e queimadas. Muitas vezes também incorpora materiais orgânicos, tais como sangue animal, carvão, água da chuva e terra. Seus motivos recorrentes incluem: cruzes, o corpo humano e palavras enigmáticas escritas à mão ou carimbadas, que emergem das camadas de tinta, sugerindo doença, morte e cura.

André Venzon é artista visual, gestor cultural e curador. Mestrando em Poéticas Visuais pelo PPGAV UFRGS. Bacharel em Artes Visuais, com ênfase em Desenho, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005). Especialista em Gestão e Políticas Culturais pela Universidade de Girona, Espanha (2011). Presidiu a Associação Rio-grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa (2006-2010); Conselheiro de Cultura e Vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul (2008-2010); Membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais (2010-2012). Dirigiu o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul MACRS (2011-2014), durante a sua gestão o Museu recebeu o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas como destaque em espaço institucional, público ou privado, de divulgação artística (2014). Participou em diversas exposições coletivas e individuais. Ganhador do concurso público para construção do monumento em homenagem aos 100 anos da 1ª Imigração Judaica organizada para o Brasil, no Parque Farroupilha, em Porto Alegre, RS (2004). Indicado para o I Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria escultura (2007) e IV Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Novas Mídias e Tecnologias (2010). Participou do programa Museum Study Tour, intercâmbio entre representantes de alguns dos mais importantes museus da Escócia, Inglaterra e Brasil, a convite do British Council (2013). Integrou o Conselho Curatorial do projeto RS Contemporâneo do Santander Cultural de Porto Alegre (2014).

Posted by Patricia Canetti at 2:51 AM

Arthur Bispo do Rosário no SESI Campinas Amoreiras, Campinas

O SESI Campinas Amoreiras abrirá a exposição Arthur Bispo do Rosário: A Alguns centímetros do chão, no dia 28 de abril, sexta-feira, a partir das 9h. Com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, a exposição apresenta pela primeira vez na cidade a obra deste grande artista, que faleceu em 1989, aos 78 anos, no hospital psiquiátrico Colônia Juliano Moreira.

O vasto universo de Arthur Bispo do Rosário é retratado na exposição a partir de 20 obras - objetos, estandartes, miniaturas e bordados - que permitem ao público entender a profunda e complexa personalidade deste artista. “Através de uma simples cadeira, incorporada no universo artístico de um dos mais expressivos artistas brasileiros do século XX, a arte traz a mais pungente resposta à loucura cometida pela sociedade brasileira em todos os espaços manicomiais do país”, comenta Luiz Gustavo Carvalho.

Arthur Bispo do Rosário passou a maior parte da sua vida internado na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Defendendo os seus trabalhos com obstinação, pois via como missão catalogar ‘todo o material existente na Terra dos Homens’ para salvá-lo no dia do Juízo Final, ele guardava na sua cela objetos, muitas vezes bordados com fios desfiados a partir dos uniformes azuis do hospício, em um ato de subversão e lucidez contra a prisão manicomial. Apesar de nunca ter se considerado como um artista, a obra de Arthur Bispo do Rosário integrou algumas das mais importantes exposições em âmbito mundial, tais como a Bienal de São Paulo e a Bienal de Veneza, além de ter sido exibida no Museu Jeu de Paume (Paris) e no Museu de Arte Moderna de Nova York (EUA).

Apresentada pela primeira vez em 2016, durante a quinta edição do Festival Artes Vertentes: Festival Internacional de Artes de Tiradentes, a exposição “A alguns centímetros do chão” é realizada em parceria com o Museu Bispo do Rosário. Em São Paulo, a mostra percorrerá ainda outras unidades do SESI, sendo exibida em São José dos Campos (de 30.06 a 19.08), Itapetininga (de 25.08 a 07.10) e São José do Rio Preto (de 13.10 a 02.12). “Fico muito contente em poder apresentar alguns dos trabalhos deste artista pela primeira vez no interior do país, não só pela importância da sua obra, mas pelo impacto positivo que certamente causará nos visitantes”, adiciona o curador.

Trata-se de uma grande oportunidade para o público das cidades contempladas pela itinerância conhecer o trabalho deste artista de importância singular na história da arte brasileira. Após ter sido diagnosticado como esquizofrênico, Arthur Bispo do Rosário foi internado na Colônia Juliano Moreira, no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. No começo da década de 60, ele iniciou seus trabalhos, realizando – com materiais rudimentares – diversas miniaturas, como de navios de guerra ou automóveis, e vários bordados. Em 1964, regressou à Colônia, onde permaneceu até a sua morte. Criou por volta de 1.000 peças a partir de objetos cotidianos, como roupas e lençóis bordados. Em 1982, o crítico de arte Frederico Morais incluiu suas obras na exposição “À Margem da Vida”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Sua produção está reunida no Museu Bispo do Rosário, localizado na antiga Colônia Juliano Moreira.

A mostra “Arthur Bispo do Rosário: A Alguns centímetros do chão” faz parte do projeto Espaço Galeria SESI-SP, no qual o foyer do teatro se transforma em plataforma expositiva, recebendo exposições de diferentes técnicas e formatos. A programação de 2017 será inaugurada em Campinas, com esta exposição no dia 28 de abril. A mostra passará ainda por São José dos Campos e Itapetininga, encerrando na cidade de São José do Rio Preto, em dezembro de 2017.

Posted by Patricia Canetti at 1:56 AM

Ana Hupe em Paço das Artes no MIS, São Paulo

Mulheres migrantes protagonizam mostra do Paço das Artes

A artista Ana Hupe conecta mulheres africanas residentes em São Paulo a latinas que moram em Berlim na exposição Malungas. A mostra selecionada para a Temporada de Projetos do Paço das Artes será exibida de 25 de abril a 4 de junho no MIS (av. Europa, 158), onde a instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo está sediada atualmente. No dia da abertura, a partir das 19h, a artista participa de uma visita guiada acompanhada da crítica Juliana Gontijo e da diretora artística e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes.

Tanto em São Paulo, quanto em Berlim, Ana Hupe fez um chamado para selecionar mulheres interessadas em participar de uma sessão de retratos e da leitura de um texto para vídeos que compõem a exposição.

A artista conta que as fotos são inspiradas em retratos feitos por fotógrafos estrangeiros (principalmente alemães) da corte e de africanos escravizados no Brasil do século XIX. Os chamados cartões de visita, fotografias de 9 X 6cm, eram trocados e colecionados pela elite da época. “A ideia de Malungas é estender essa prática antiga dos cartões de visita, uma estratégia de visibilidade social,às imigrantes hoje, construindo a partir deles, um senso de coletividade entre as imigrantes africanas e afro-descendentes da cidade de São Paulo”, diz.

A mostra traz também uma instalação com duas projeções. Na primeira, latino-americanas que vivem em Berlim lêem trechos de textos em alemão sobre a percepção de estrangeiros do século XIX a respeito da mulher brasileira. Na outra, africanas residentes em São Paulo lêem sobre a perspectiva estrangeira da mulher africana.

Para Priscila Arantes, a exposição visa gerar reflexões em torno de temas urgentes. “Esta exposição coloca as mulheres migrantes e refugiadas como protagonistas, além de dar voz às minorias. Com esta mostra, esperamos colocar em debate a intolerância, o preconceito e a misoginia tão em voga em nossa sociedade”.

Segundo Ana Hupe, carioca que vive entre o Rio e Berlim, a exposição pretende colocar luz nos fluxos migratórios. “O imigrante é um sujeito que deriva pela cidade estrangeira na falta. Não compreende todas as palavras do idioma novo, não domina o sistema econômico, cultural ou semiológico. Este devir imigrante está presente nos trabalhos de Malungas, compostos por palavras em espanhol, alemão, português e inglês”, diz a artista.

A exposição conta, ainda, com uma instalação composta por fotogramas (frases e imagens feitas em papel fotográfico) e um áudio que alude à experiência da artista no sistema de trabalho alemão.

“Malunga” é uma palavra de origem africana, que significa “companheira de viagem”, foi criada pelos escravos que chegaram ao Brasil no mesmo barco para chamar suas novas famílias. O projeto é uma continuação da pesquisa apresentada na exposição Leituras para mover o centro, em maio-junho de 2016 no CCBB-RJ, uma sala experimental de leitura que reunia dispositivos coletivos de leitura, onde diversos livros podiam ser abertos ao mesmo tempo, bibliotecas nômades e fotografias e textos de mulheres imigrantes negras que vivem no Rio e em Berlim, com seus livros favoritos.

Ana Hupe (1983) vive entre Berlim e Rio de Janeiro, sua pesquisa localiza-se na fronteira entre escrita e artes visuais e atravessa situações sociais ligadas a práticas de descolonização e fluxos migratórios, reunindo uma contra-memória do arquivo colonial. É doutora em artes visuais pela UFRJ (2016), tendo feito um ano de pesquisa na Universität der Künste (2015), Berlim, com co-orientação da artista Prof. Dr. Hito Steyerl. Entre 2012 e 2014, lecionou na graduação em Artes Visuais da EBA-UFRJ. De 2009 a 2013, foi artista integrante do coletivo OPAVIVARÁ! Em 2017, apresenta a individual Malungas (Travel’s Fellows, part I) na Gallery Mario Kreuzberg Berlin, e participa de residência na Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Em 2016, faz Leituras para mover o Centro, no CCBB-RJ, exposição parte do Prêmio CCBB de Arte Contemporânea e (Re) leituras para mover o centro, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica. Em 2015, fez as individuais Bordas borradas bordões borrões, na Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, RJ e na SP-Arte; Entrelinha, curadoria de Julieta Roitman, Parque das Ruínas, Santa Teresa, FotoRio 2015; em 2014, O Verso, curadoria de Bernardo Mosqueira, galeria Ibeu, Rio de Janeiro. www.anahupe.com

Posted by Patricia Canetti at 1:04 AM

Além da Imagem na Sem Título, Fortaleza

Exposição sobre o lugar da pintura na arte contemporânea será inaugurada na Sem Título Arte

A curadoria é da pesquisadora e crítica de arte Marisa Flórido e reúne trabalhos de sete artistas. A mostra será aberta ao público no dia 25 de abril, com uma mesa de debates.

Como pintar em uma época em que telas não são mais janelas renascentistas emoldurando paisagens desenhadas em perspectiva ou suportes modernistas? Qual o lugar da pintura nesses tempos imersos no fluxo ininterrupto e desmedido de imagens e informações processadas e emitidas pelas novas tecnologias? Como rearticular as formas visuais e as palavras que as colocam em relação? Como pensar a disjunção ou o reenlace entre imagens e palavras, entre o expor e o significar? A tela, nas últimas décadas, vem da sucessão de imagens que proliferam nas interfaces tecnológicas e econômicas estabelecendo, portanto, outros caminhos, novas interrogações.

Os sete artistas da mostra Além da Imagem, cuja curadoria é da pesquisadora e crítica de arte Marisa Flórido, enfrentam, cada um a seu modo, as inquietações que perpassam a interseção entre a vida contemporânea e a prática pictórica. São obras que problematizam o lugar da pintura e da imagem em uma época imersa no fluxo ininterrupto e vertiginoso de imagens, informações e capital, no contexto atual regido pela lógica da economia globalizada e da velocidade das novas tecnologias de comunicação em rede.

A exposição resulta do trabalho de pesquisa e de orientação que Marisa Flórido desenvolve com um grupo de artistas formado nos cursos livres da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e que se consolidou no curso de aprofundamento “Imersões”, da Casa França Brasil/RJ (coordenado por Marcelo Campos, Marisa Flórido, Efraim Almeida e Cadu). São artistas oriundos de diferentes áreas de conhecimento e atuação profissional como a Literatura, o Direito, a Economia, a Arquitetura, a Administração, a Psicologia e o Design e que estão em processo de acompanhamento continuado de seus trabalhos de arte. A mostra vai refletir então esse processo contínuo de formação de artista que problematiza a pintura no contexto contemporâneo.

As novas tecnologias não estão presentes explicitamente na mostra, mas sim suas interrogações e efeitos: nas formas de vida, nos sistemas de troca, no colapso e reenlace entre imagens e narrativas, nos transtornos de tempo-espaço, nas relações entre público e privado. Para alguns (Rafael Prado, Fernanda Leme, Talita Tunala, Jean Araújo) trata-se de se apropriar e retirar as imagens do fluxo vertiginoso e do imediatismo com que as consumimos. São imagens colhidas da percepção cotidiana, da imaginação, dos resíduos da memória ou de filmes e das redes sociais e tratadas como fragmento que explicita estranhamentos. À artesania da pintura associa-se a montagem do cinema e de tecnologias eletrônicas, gerando reconfigurações e novas articulações. Para outros (Gilberto Martins, Cláudia Lyrio, Eduardo Garcia ) dá-se o inverso: objetos e mercadorias, pigmentos em processos alquímicos, guardanapos e cascas, abelhas e cigarras. As coisas em sua concretude invadem o universo da arte, como se buscassem a carne da imagem, a pele do mundo, o olho que a tateia...

Como bem define Marisa Flórido “são obras que interferem e perturbam as interfaces entre os fluxos eletrônicos/midiáticos/imaginários/perceptivos das imagens e das palavras que circulam pelo mundo, agregando novas percepções. São fragmentos visuais e narrativos, superfícies-testemunho de encontros e histórias (talvez improváveis) a serem contadas; mas são, também, a um só tempo, a interrupção das narrativas usuais e obstrução nos fluxos das imagens condicionantes e servis.”

Na abertura, dia 25 de abril, Flórido coordenará uma mesa sobre “Confluências e tensões: diálogos entre Arte, Economia e Direito.” Um debate sobre cruzamento e partilha de saberes e sensibilidades acerca das artes frente às novas tecnologias e à economia globalizada. Além de Marisa Flórido irão compor a mesa o artista, advogado e professor de Direito da Informática e da Internet Gilberto Martins e o artista, economista, especialista em Economia Industrial e Mercado Financeiro (Eduardo Garcia)

A curadora

Crítica de arte e curadora independente, Marisa Flórido é Professora adjunta do Instituto de Arte da UERJ. Doutora em Artes Visuais (História e Crítica da Arte) pela Escola de Belas-Artes da UFRJ, publicou textos e artigos sobre artes visuais em livros, revistas de arte, catálogos e periódicos no Brasil e no exterior. Entre os livros publicados estão: “Nós, o outro, o distante na arte contemporânea brasileira” [Circuito, 2014]; “Ana Vitória Mussi” [organização e texto; Apicuri, 2013]. Como curadora independente organizou, entre outras exposições “Inventario de los Gestos” [in FAAC - Festival Internacional de Arte de Acción, Cuenca / Equador, 2015] “Transperformance 2 [Oi Futuro Flamengo RJ, 2012]; “Bang” -Ana Vitória Mussi [Oi Futuro Flamengo RJ, 2012]; “Sonia Andrade: Retrospectiva 1974-93” [Centro de Arte Hélio Oiticica, RJ, 2011]; Décima Bienal Habana - Integración y resistencia en la era global [curadora cons - Havana, Cuba, 2009]; exposições “Arte e Música” [Caixa Cultural, DF, SP e RJ 2008 ]; Exposição Sobre(A)ssaltos – BH, 2002; Curadora do Rumos Itaú Cultural 2001-2002. Foi crítica de arte no jornal O Globo (entre 2010 e 2013), no Jornal do Brasil (2004 e 2005) e na Revista Isto É. Vive no Rio de Janeiro, onde nasceu.

Os artistas

Cláudia Lyrio
Mestre em Literatura Brasileira, Especializada em História da Arte e Arquitetura (PUC-Rio). Graduação em Pintura – EBA e em Letras, ambas pela UFRJ. Fez diversos cursos livres de desenho, gravura e pintura na EAV Parque Lage, com Katie van Scherpenberg, Malu Fatorelli, João Magalhães e outros. Tem formação em Gravura pelo atelier Villa Venturoza/RJ; Trajetória e Aprofundamento com Lia do Rio; Processo Criativo e Dynamic Encounters Rio (2009 e 2015) com Charles Watson. Recentemente, realizou o curso “Imersões Poéticas” - com Marcelo Campos, Efraim Almeida, Cadu e Marisa Flórido,na Casa França Brasil - RJ – 2016. Entre as exposições que participou: Imersões, na Casa França Brasil / RJ em 2017; Salões de Arte Contemporânea de Guarulhos, SP; Salão de Artes Visuais de Vinhedo, no qual recebeu Prêmio Aquisição de Pintura; QUAL O SEU LINK?, na VG Galeria de Arte - Shopping Cassino Atlântico, RJ; 2ª BIENAL DE GRAVURA E ARTE IMPRESSA RIO-CÓRDOBA, Museu Histórico Nacional, RJ; NÓS COLORIDOS e OCUPA CUBO – ambas no CM de Artes Calouste Gulbenkian, RJ e a V BIENAL DA EBA - TEMPO - Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica - Centro/RJ. Cláudia Lyrio é natural do Rio de Janeiro, onde vive e trabalha.

Eduardo Garcia
Artista Visual e economista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e mestre em economia industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), do Ministério do Planejamento, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), de 1994 a 2004. Desde 2010, é Diretor de Investimentos do fundo de pensão Real Grandeza - Fundação de Previdência e Assistência Social. É membro de conselhos de administração e fiscal de empresas. Possui artigos e livros publicados no Brasil e no exterior. Desde 2015 busca formação em artes, com participação em grupos de estudos e cursos no Parque Lage, na Casa França-Brasil e na EBA/UFRJ. Exposições: 2017, Imersões, Casa França – Brasil; Intersecção de Conjuntos, Espaço Saracura, RJ. 2016: In progress, ocupação do Solar dos Abacaxis, RJ. Em seus trabalhos investiga as operações de natureza estética, pertencentes e decorrentes dos sistemas financeiros de produção, de distribuição e consumo de mercadorias.

Fernanda Lemos
Arquiteta pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula–RJ. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV-RJ) em 2009 e vem se dedicando à pintura e frequentando os cursos livres da EAV: Questões Fundamentais da Pintura - Luiz Ernesto Moraes; Teorias da Arte - Fernando Cocchiarale; Encounters vídeos - Charles Watson; Modelo Vivo - Gianguido Bonfanti; Arte Moderna e Contemporânea - Viviane Matesco; Workshop de pintura - Katie Scherpenberg; Questões Prático-Teóricas da Pintura na Contemporaneidade - Luiz Ernesto Moraes e Bruno Miguel;Teoria e Portfólio: Pré-Produção, Produção e Pós-produção - Marcelo Campos, Brígida Baltar e Efraim Almeida; A Prática da Pintura - Chico Cunha; Grupo de estudos sobre Teoria da Arte - Reinaldo Roels; Construção, Conceito e Narrativa na Figura Pintada - Chico Cunha e Daniel Lannes; Grupo de estudos sobre Filosofia e Arte - Paulo Sérgio Duarte; Grupo de estudos na Casa França Brasil Imersões Poéticas: Marcelo Campos, Efraim Almeida, Cadu e Marisa Flórido. EXPOSIÇÕES COLETIVAS: 2013 - Centro Cultural da Justiça Federal (RJ), Coletiva Mais Pintura! 2014- E.C.C.O Espaço Cultural Contemporâneo Brasília - DF- Coletiva Mais Pintura!; 2014- Parque Lage- EAV - (RJ) - Galeria Principal, Coletiva Mais Pintura! - dez/2014; 2015 - Casa Cor Rio - Espaço Bel Lobo e Bob Neri; 2017– Salão 13º Abre-Alas – Galeria” A Gentil Carioca”- jan-2017; Imersões na Casa França Brasil / RJ

Gilberto Martins
Artista visual e advogado. Possui cursos de formação em artes no MAM/RJ, Paço Imperial e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, incluindo teoria e prática em arte contemporânea. Realizou exposição individual (no Espaço Cultural da Fundação CEPERJ, em 2016) e em coletivas na Casa França Brasil (Imersões, 2017), no Parque Lage, em outros Estados e feiras internacionais de arte (Paris e Florença). Em seus trabalhos, investiga a relação entre matéria e virtualidade. Vive e mantém ateliê no Rio de Janeiro, onde nasceu. Advogado formado pela PUC/RJ, com mestrado na USP e Doutorando na Universidade de Buenos Aires. Fez cursos de especialização em Harvard e no M.I.T. É Professor de Direito da Informática e da Internet na PUC/RJ, NCE/UFRJ, Fundação Getúlio Vargas, Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, Escola Superior de Advocacia da OAB/SP e professor visitante em universidades no exterior. Consultor e pesquisador da ONU e de outros organismos internacionais e co-autor de leis para a Internet no Brasil e no exterior. Árbitro e mediador de conflitos sobre tecnologia e sobre arte. Estuda e escreve sobre as conexões entre Direito, tecnologia e arte há mais de trinta anos.

Jean Araújo
Graduando em Artes Visuais pela Universidade Cândido Mendes (RJ), realizou, em 2015, a exposição individual Nada mais me importa, no Espaço Furnas Cultural, Rio de Janeiro. Tem participado de salões nacionais e exposições coletivas como: Casa França Brasil (Imersões, 2017), Salão de Artes Visuais de Vinhedo (SP) e 23º Salão de Artes Visuais de Mococa (SP), ambos em 2015. Em 2016, integrou a coletiva realizada pelo Programa de Exposições do Museu de Arte de Ribeirão Preto (SP) e participou do projeto In Progress, realizado no Solar dos Abacaxis, no Rio de Janeiro. Entre os cursos de especialização que frequentou nos últimos anos destacam-se: 2014 - Experiência Desenho, com Suzana Queiroga, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ. 2015 - Questões Prático- Teóricas da Pintura na Contemporaneidade, com Luiz Ernesto e Bruno Miguel, na Escola de Artes Visuais Parque Lage, RJ. 2015 - Interfaces Contemporâneas, Processo Híbrido de Criação, com Bruno Miguel, no Parque Lage RJ. 2015 - Processo Criativo e Dynamic Encounters, com Charles Watson RJ. 2016 - Arte contemporânea: uma introdução portátil mas segura, com Agnaldo Farias, na Galeria Silva Cintra Box 4. 2016 - Imersões poéticas, coordenação de Marcelo Campos, Efrain Almeida e Cadu, na Casa França Brasil. 2016 - História, Arte e Afrobrasilidade, com Marcelo Campos.

Rafael Prado
Nasceu em Porto Velho, Rondônia, em 1989. Dos 13 aos 15 anos, estudou nos Estados Unidos, Atlanta, onde as aulas de arte despertaram seu interesse pelo desenho. De volta ao Brasil, prestou vestibular para o curso de Desenho Industrial na Universidade Federal de Santa Maria, onde estudou de 2010 a 2012. Incentivado por uma professora da graduação, em janeiro de 2011, participou do curso Propriedade e Procedência, com o Professor Charles Watson, no Rio de Janeiro. Em 2013, mudou-se para o Rio de Janeiro onde, desde então, faz diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e transferiu a graduação para o curso de Design Gráfico da Universidade Estácio de Sá. Exposições coletivas: 2017 - Imersões na Casa França Brasil / RJ. 2016 - 41º Salão de Arte Ribeirão Preto, MARP, São Paulo.

Talita Tunala
Psicóloga com Especialização em Psicologia Junguiana pelo IJRJ e Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano pela UNESA.Na década de 1980, participou de Curso de Desenho no MAM/RJ. Entre 1995 e 1996, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, retornando de 2011 a 2016. Neste último ano, fez o curso de Desenho Contemporâneo na PUC/RJ. Atualmente, frequenta o curso Imersões Poéticas na Casa França-Brasil. Em 2014, participou da exposição coletiva "A Primeira Vista", na Galeria Artur Fidalgo/RJ. Em 2015, da exposição coletiva "29 de Setembro", no Largo das Artes/RJ e em 2016 da ocupação coletiva "In Progress" do Solar dos Abacaxis/RJ, todas com curadoria de Efrain Almeida e Marcelo Campos. Em 2017, Imersões, na Casa França Brasil / RJ.

Posted by Patricia Canetti at 12:19 AM

abril 19, 2017

César Meneghetti no MUBA, São Paulo

Projeto O Percurso Ausente apresenta diferentes vivências do artista mundo afora

O Museu Belas Artes de São Paulo (MUBA) apresenta O Percurso Ausente, uma introdução a produção artística de César Meneghetti, consolidada nos últimos anos no exterior e realizada em diversas partes do mundo. Esta plataforma abrirá precedente para um diálogo interdisciplinar abrangendo temas emergenciais, que abordam dois campos críticos aparentemente desconectados: grupos em territórios de fragilidade social e o uso criativo da tecnologia nas artes, relacionando-os para compreendermos plenamente o verdadeiro significado da vida e da criação em nosso tempo. Com curadoria de Tereza de Arruda, produção da Mega Cultural e colaboração do Coletivo Casadalapa, a abertura acontece dia 30 de março.

O artista traz para São Paulo uma seleção de trabalhos de longo percurso realizados em diversos países nos últimos 10 anos: Itália, Níger, Eslováquia, Vietnã e um último no Brasil, colaborando com o coletivo Casadalapa, da capital paulista. Estes trabalhos em geral duram vários anos de pesquisa e desenvolvimento, envolvem grupos de pessoas e questões relacionadas à territórios de fragilidade social. Desta forma, o projeto torna-se não só artístico, mas também um momento de reflexão e autorreflexão. Pessoas com deficiência aspirantes artistas, camponesas africanas, ecologistas vietnamitas que lutam contra os males da globalização, ou um grupo de moradores dos Campos Elísios (Cracolândia) são apresentados em sua verdade. Reflexões que apontam um modo diverso de elaborar um conceito do “outro”.

“Vou apresentar as obras This_Orient, K_Lab Interacing on the Reality Interface, Beloved Ones, I/O Eu é um Outro e Vidas em Obras, onde o público vai entender como é o meu trabalho. Por meio de fotos, intervenções e vídeos vou mostrar que eu não estava interessado em fazer filmes durante as minhas vivências, eu queria conhecer essas pessoas com as quais passei um tempo”, afirma Cesar.

O trabalho de Meneghetti oferece a oportunidade de investigar a alteridade, através de uma nova visão de si, oferece, ainda, a possibilidade e o direito de o grupo de pessoas envolvidas e não habituadas a participar de um diálogo no contexto social, cultural artístico deixar uma marca através das diversas linguagens.

O MUBA recebe a exposição pela sinergia que possui com o artista, inclusive, tecnologia e inclusão social são pilares da Belas Artes, instituição mantenedora do Museu.

Obras: THIS_ORIENT, K_LAB Interacing On The Reality Interface, Beloved Ones, I\O Eu É Um Outro e Vidas em Obras (Coletivo CasadaLapa).

Técnicas: Vídeo, fotografia, objeto, instalação, intervenção no espaço.

Nota: A intervenção VIDAS EM OBRAS (intervenção urbana) será realizada pelo coletivo Casadalapa de São Paulo. Participaram ao projeto VIDAS EM OBRAS: Atila Fragozo, Cauê Novaes, César Meneghetti, Júlio Dojcsar, Laura Guimarães, Murilo Taveira, Pedro Noizyman, Sato do Brasil, Silvana Marcondes e Zeca Caldeira.

CÉSAR MENEGHETTI é brasileiro, trabalha entre São Paulo, Berlim e Roma. Formado em Comunicação Visual pela Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, especializou-se na Central-Saint Martins School of Art and Design, na City of London Polytechnic (mixed medias) e no Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. O seu trabalho está centrado em problemáticas sociais, migração e ao conceito de fronteiras sejam elas políticas, sociais ou individuais, assim como à questão do outro antropológico nas relações entre os hemisférios norte e sul. Utiliza, além do meio audiovisual, a fotografia, a pintura, escultura e a instalação. Realizou diversas mostras, documentários, filmes e vídeo experimentais exibidos em mais de 40 países recebendo numerosos prêmios e reconhecimentos. César Meneghetti tem uma vasta produção artística sendo que a maior parte dela é inédita no Brasil. Vive em São Paulo. Marcou presença na 55ª BIENAL DE VENEZA, BIENAL DE SHARJAH, CERVEIRA, ADRIATICA, TEHERAN, LA PAZ e mostras em museus e galerias no exterior como o MAXXI, MACRO, El Museo Santa Fé, MLAC, Smith’s Gallery, Hit Gallery, Rosalux, Sacrow Schloss, TRASMEDIALE, Microwave Hong Kong, Palazzo Delle Esposizioni, Recyclart Brussels, Tokyo Videoart Center, Festival de Veneza, Festival de Locarno, London Film Festival, Festival de Turin, Habana Film Festival, Festival de Biarritz, Festival de Clermont Ferrant entre outros.

Coletivo CasadaLapa O trabalho pelo coletivo Casadalapa constituído por artistas visuais, designers, fotógrafos, cineastas, videoartistas, grafiteiros, cenógrafos, ativistas, educadores, antropólogos, Djs, Vjs, produtores culturais e cinematográficos independentes e que possuem em comum o caráter de se constituírem como ações colaborativas, entendendo o processo artístico como um processo de doação entre seus sujeitos e a sociedade.

Posted by Patricia Canetti at 9:20 PM

Manoel Veiga no MON, Curitiba

Museu Oscar Niemeyer recebe a exposição Matéria Escura de Manoel Veiga: uma série inédita de obras fotográficas impressas em tela.

O Museu Oscar Niemeyer (MON) realiza dia 16 de março, quinta, às 19 horas a mostra Matéria Escura, de Manoel Veiga, artista recifense radicado em São Paulo. Com curadoria de Galciani Neves, professora e pesquisadora no campo das artes visuais, a exposição conta com um conjunto de 33 imagens que tem como ponto de partida as pinturas de Caravaggio (1571-1610), que sempre foi grande referência para o artista.

A exposição é composta de fotografias impressas em tela dessa série mais recente de Manoel Veiga, que revisita as pinturas do mestre italiano eliminando as cores e apagando tudo menos os tecidos, como roupas e cortinas,com os quais Caravaggio construía suas cenas. O trabalho começou há seis anos pela obsessão de Veiga por essas obras-primas e que de várias maneiras se conectava com sua produção recente.

O título “Matéria Escura” refere-se a um novo tipo de matéria que não interage com a luz e que representa cerca de 84% do universo. Sua discretíssima presença é inferida pelo efeito gravitacional causado por essa matéria invisível sobre a matéria percebida pelos vários equipamentos de captação, radiotelescópios, etc. “Transpondo esse raciocínio para as imagens que compõem a série em questão,o análogo da matéria escura seriam os corpos, arquiteturas, etc,que são inferidos parcialmente pela curvatura dos tecidos”, explica Veiga.

Na abertura será lançado o livro sobre a trajetória do artista, editado pela Dardo da Espanha, com textos de David Barro, Agnaldo Farias, entre outros.

A mostra fica em cartaz no MON até o dia 11 de junho. A visitação pode ser feita de terça adomingo, das 10h às 18h e os ingressos custam R$12,00 e R$6,00 ( meia-entrada).

Manoel Veiga forma-se em Engenharia Eletrônica pela UFPE (1989), tendo sido bolsista do Depto. de Física por 3 anos. Trabalha em fábrica até dedicar-se às Artes Visuais (1994). Frequenta a Escolinha de Arte do Recife (1994-95) e trabalha sob a orientação de Gil Vicente (1995-97). Estuda na Escola Nacional Superior de Belas-Artes e na Escola do Louvre em Paris, França (1997). Participa de workshop em Nova York (1998). Em São Paulo, estuda História da Arte com Rodrigo Naves (1999), Leon Kossovitch (2000/01) e desenvolve estudos teóricos com Carlos Fajardo (1999-2002) e com Nuno Ramos (2000). Tem participado de exposições no Brasil e exterior, com obras em acervos de vários museus brasileiros.

Posted by Patricia Canetti at 7:43 PM

Marcelo Moscheta no MACC, Campinas

O artista Marcelo Moscheta, radicado em Campinas, considerado um dos mais importantes da sua geração, foi contemplado pelo edital do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo/2016, na categoria Artes Visuais, e agora traz o seu conjunto de obras para o Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc), a partir da próxima terça-feira, 28 de março.

A exposição, com o sugestivo título Erosão Diferencial, reúne oito instalações de grande formato, produzidas ao longo dos últimos anos e que nunca foram expostas na cidade.

A mostra também vai oferecer ao público a oportunidade de ver o processo de criação de uma nova série de trabalhos do artista. "Erosão Diferencial", obra inédita que dá nome à exposição, vai ser criada dentro do museu, durante o período em que a exposição estiver em cartaz, em uma sala expositiva transformada em ateliê. Moscheta vai trabalhar no local, às vistas do público, ao lado de alunos e artistas locais pré-selecionados como assistentes.

Marcelo Moscheta, nascido em São José do Rio Preto (SP), cursou Artes Plásticas na Unicamp. Desde então estabeleceu Campinas como sua residência fixa. Apesar de viver e trabalhar na cidade, já participou de residências artísticas em diversos lugares do mundo, como França, Canadá, China, Colômbia, Polo Norte, Deserto do Atacama, entre outros.

Seu trabalho, que versa sobre o tema da intersecção entre o homem e a paisagem, tem como principal matéria-prima essas experiências.

Moscheta é um dos artistas de maior destaque da sua geração, tendo recebido prêmios importantes do setor (Prêmio PIPA - categoria júri popular em 2010) e com trabalhos em coleções importantes no Brasil, (Pinacoteca do Estado de SP, MAM -SP, MAC- USP, MAM -RJ) e no exterior (Deutsch Bank - NY, Lhoist Collection, RNA Foundation Moscou).

Posted by Patricia Canetti at 1:13 PM

abril 17, 2017

Ana Prata no www.aarea.co

“Sem areia”, de Ana Prata, em cartaz no site www.aarea.co

Em sua terceira edição, www.aarea.co lança no dia 21/04 o trabalho “Sem Areia”, de Ana Prata, concebido especialmente para o site. A obra, composta de 106 mandalas desenhadas em um aplicativo do IPad, dispõe-se em uma sequência que prevê a exposição de 2 segundos para cada um dos desenhos, totalizando cerca de 3 minutos e meio de apresentação.

De origem sânscrita, a mandala tem valor etimológico relacionado ao sentido de “círculo” e, consequentemente, de “essência”. Sua representação visual, baseada em uma simbologia geométrica abstrata, tem a ver com práticas religiosas. Embora suas acepções sejam variadas e derivem de uma cultura a outra, acredita-se que da observação meditativa das mandalas decorra um efeito espiritual relativo à contemplação interior que abre vias para o autoconhecimento. No contexto contemporâneo, a mandala está presente nas bancas em revistas para colorir, em decorações de restaurantes vegetarianos, em tatuagens, num certo misticismo para consumo rápido que virou cliché em nossos dias.

As mandalas desenhadas por Ana Prata, no entanto, dispensam um empenho paciente e meticuloso. Elas são elaboradas em poucos minutos, por gestos erráticos com o dedo diretamente na superfície da tela digital e apesar de não comportarem uma suposta harmonia simétrica ideal, ainda conservam certa graça e delicadeza.

Em “Sem areia”, a mesma mídia utilizada para realizar os desenhos continua sendo o meio pelo qual o trabalho é apresentado: numa sequência acelerada, as mandalas são visualizadas na tela de celulares, tablets e computadores. Por serem os mesmos dispositivos provocadores de ansiedade e dispersão na contemporaneidade, esses certamente não são os meios mais propícios para o envolvimento meditativo. Ainda assim, o trabalho não descarta por completo essa dimensão espiritual que, afortunadamente, vem acompanhada de senso de humor em suas imperfeições e apresentação no estilo “Power Point”.

Ana Prata (Sete Lagoas - MG, 1980) vive e trabalha em São Paulo. No período de 2009 - 2014, apresentou exposições individuais no Centro Cultural São Paulo, Centro Universitário Maria Antonia, Instituto Tomie Ohtake e Galeria Millan e Galeria Marília Razuk. Em 2014 expôs no La Maudite (Paris) e em 2015 participou da vitrine do Kunsthalle São Paulo e do projeto Kubikulo, na Kubik Gallery (Porto). Entre as coletivas de que participou, destacam-se o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil (São Paulo), 2011 e 2013, a mostra "Os primeiros dez anos", no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), 2011, a mostra Lugar Nenhum, no Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, RJ), 2013, bem como "O espírito de cada época", do Instituto Figueiredo Ferraz, 2015 e "A luz que vela o corpo é a mesma que revela a tela", da Caixa Cultural Rio de Janeiro, em 2017. Em 2016 realizou residência na Residency Unlimited, em Nova York e no mesmo ano fez uma individual na Pippy Houldsworth Gallery, em Londres.

Posted by Patricia Canetti at 12:18 PM

Beto Shwafaty na Funarte, Brasília

Brasília, Maio de 2017 – No próximo 19 de Abril, quarta feira às 19h, o artista paulista Beto Shwafaty irá inaugurar o projeto Parque Funcional, selecionado pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 - Atos Visuais Funarte Brasília, o qual ocupará a Marquise e Entorno do Complexo Cultural da Funarte em Brasília (DF).

Parque Funcional envolve a construção e exibição de um conjunto de trabalhos de arte inéditos, que situam-se entre a escultura, micro-arquitetura e o mobiliário urbano inspirados em projetos de contracultura e estratégias de auto-produção ligadas à épocas e locais diversos. O projeto transita entre os campos da arte, arquitetura e design. A produção das peças será realizada por uma equipe de participantes, selecionada através de chamada pública, que atuará ativamente no processo produtivo sendo orientada pelo artista e pelos demais profissionais técnicos envolvidos. Os materiais a serem utilizados nessas produções serão aqueles ligados ao universo da sustentabilidade, do re-uso e de novos materiais eco-orientados.

Propondo produções que atuem de modo a emancipar o espectador, transformando a passividade em atividade e construções formais em dispositivos acessíveis e que possam cumprir um papel tanto estético quanto funcional nos contextos em que se inserem - cada peça será assumida como um dispositivo, uma forma, uma reprodução, uma função, uma escultura e uma citação. Quando colocados em relação uns aos outros, esse objetos criarão a noção de um Parque Funcional, cujo espectro de possibilidades e ações se propõe a criar uma reflexão tanto sobre nossa relação com os espaços e objetos, quanto sobre as possibilidades de atuar nas escalas das necessidades mais básicas e diárias, como abrigar-se, sentar, apoiar-se, etc.

O projeto visa estimular processos de reflexão e experiência artística por meio de contatos com outras áreas, no tocante à questões relativas ao design, sustentabilidade, moradia, arquitetura e práticas colaborativas que incidem tanto na formação de público quanto na inclusão de participantes no processo produtivo. A fusão de práticas e proposições ligadas à arte, à arquitetura e ao design objetivam, ao final, criar explorações sobre as potencialidades construtivas de matérias e ideias que se configuram como dispositivos, artefatos e construções cuja atuação impacta de modo tanto estético quanto funcional na realidade que nos circunda. Assim, a intenção não é criar apenas um trabalho artístico, mas um campo experimental, um canteiro de obras como um espaço de criação, experimentação, formação e produção de proposições diversas.

Beto Shwafaty (1977, São Paulo) é artista e pesquisador. É bacharel em Artes Visuais pela Unicamp (2001), possui mestrado em Artes Visuais e Estudos Curatoriais pela Nuova Academia di Belle Arti (Milão, 2010). Ele frequentou ainda como artista convidado o grupo do artista Simon Starling na Staedelschule (Frankfurt, 2011) e o PIESP (São Paulo, 2012). Shwafaty esteve envolvido com projetos coletivos, curatoriais e espaciais desde o início da década de 2000, e como resultado, desenvolve uma prática baseada em pesquisas sobre espaços, histórias e visualidades na qual conecta formalmente e conceitualmente questões políticas, sociais e culturais convergentes ao campo da arte. Suas obras e projetos foram exibidos em diversos locais, no Brasil e exterior. Dentre as mostras em que participou, destacam-se: ‘Se o Clima for Favorável’ – 9a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2013); ‘Formas únicas da continuidade no espaço’ - 33o Panorama da Arte Brasileira, MAM SP (São Paulo, 2013); ‘Contrato de Risco’, Galeria Luisa Strina (São Paulo, 2015); ‘An Ability to Create and Destroy’, Positions - Art Basel (Miami, 2016). Em 2017 o artista integrará a mostra curada por Clara Kim ‘Learning from Latin America‘ na Los Angeles Municipal Art Gallery (como parte do Pacific Standard Time project, uma iniciativa da Getty Foundation); realizará uma apresentação na Kadist Foundation Paris e colaborará com a mostra de Pedro Neves Marques no Museu Berardo, em Lisboa. Para 2018, o artista esta preparando sua primeira mostra individual institucional, na Power Plant de Toronto, Canadá. www.shwafaty.art.br

Posted by Patricia Canetti at 2:36 AM

À vista - Paisagem em contorno na Funarte, Brasília

Mostra coletiva na Funarte – Brasília/DF reúne obras de nove artistas visuais de Brasília que propõem examinar as interações entre o espetador e a paisagem, seja no espaço aberto ou em ambientes fechados, e suas implicações com o entorno

No próximo dia 19 de abril, quarta-feira, às 19h, o Ministério da Cultura e a Funarte trazem para Brasília a exposição coletiva À vista – Paisagem em contorno. Com obras de nove artistas visuais de Brasília a exposição tem como princípio orientador estabelecer as relações possíveis entre o olhar do espectador e a paisagem. Selecionada pelo Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015 – Atos Visuais Funarte Brasília, participam da mostra Bruna Neiva, Cecília Bona, Iris Helena, Karina Dias, Julia Milward, Luciana Paiva, Nina Orthof, Raquel Nava e Yana Tamayo, que apresentam propostas estéticas em suportes diversificados. A mostra fica em exibição até o dia 4 de junho na Galeria Fayga Ostrower com visitação de terça a domingo, das 10h às 21h. O Complexo Cultural Funarte Brasília fica no Eixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural. A entrada é franca e livre para todos os públicos.

A exposição “À vista – Paisagem em contorno” tem curadoria de Marília Panitz e produção da Bloco A Arte e Projeto. Por meio de fotografias, vídeos, objetos e instalações, os processos convidam ora à contemplação, ora à construção da paisagem, oferecendo assim um amplo panorama a ser percorrido.

A expressão “à vista” sugere neste contexto como a forma com que cada artista e cada visitante percebe a paisagem ao redor e demarca este contorno a partir do ato de olhar. É o jogo entre um mapeamento do espaço expressivo determinado pela história da representação da paisagem e a experiência antropológica do corpo a corpo com o horizonte que determina o direcionamento e a altura do olhar, se para cima ou para baixo Da linha do horizonte artificial, que percorre, como nota, as paredes da galeria.A paisagem como gênero artístico data do Renascimento. O que a partir do século XIII era tido como a conexão entre o terreno e o divino, hoje é pensado como forma de colocar o público na posição de observador, “um local para repousar os olhos ou sequestrar o olhar”, afirma a curadora, em uma alusão ao pensamento do teórico da psicanálise Jacques Lacan. O espectador assume então uma posição de mobilidade, o que provoca pequenas erosões entre o espaço interno e externo, delimitando o olhar e implicando novas formas de se relacionar com esse entorno.

Se, por um lado, ver é estabelecer uma separação entre as coisas, por outro, ter algo “à vista” é circunscrever um espaço de garantia, de certeza; é estabelecer um prazo para o limite e a distância que a visão nos impõe.

A expografia idealizada por Marília Panitz pretende criar uma narrativa entre as obras das nove artistas. “Parte dos trabalhos são voltados à pesquisa da matéria, mais corpóreos. A outra parte, trata de temas relacionados ao impalpável”, afirma a curadora. Marília lembra que enquanto a paisagem nos períodos renascentista e barroco expressava ideias transcendentais, na linguagem contemporânea trata de oferecer uma experiência maior que ver a paisagem, “É estar na paisagem”.

Sobre as artistas e as obras

Bruna Neiva
Obras: Visita a ninguém / Terra inscrita
Técnica: Performance/Fotografia

Bruna Neiva é artista visual, pesquisadora em arte e produtora cultural. Possui mestrado na linha de Poéticas Contemporâneas do Instituto de Artes pela Universidade de Brasília, onde desenvolveu sua pesquisa em arte contemporânea, linguagem e memória, voltada para a fotografia e performance. O trabalho de Bruna Neiva transita pela performance e tem a fotografia como suporte para suas ações. Os trabalhos presentes na mostra se reportam a momentos diferentes de sua produção. Em Visita a ninguém, a artista visita casas desocupadas, anunciadas para aluguel escolhidas a partir de um círculo arbitrado que tange vários pontos de um mapa do Distrito Federal. Em cada casa, a artista deixa vestígios da visita anterior: um mapa, algumas fotos, memórias dispersadas de um corpo presente. Em cada ponto, pequenas ações, preparativos ficcionais e tesouros escondidos para a chegada de ninguém.Na obra Terra inscrita, a artista se reporta à inconcretude da realidade e a solidez do sonho como matérias poéticas.

Cecília Bona
Obra: Terreno Instável: Paisagem razão
Técnica: Vídeo instalação e fotografia

Cecília Bona é artista visual, propositora de objetos, encantada pela luz, fascinada pela sombra e desconectada do tempo. Sua pesquisa tem foco em fenômenos perceptivos relacionados à luz, ao tempo e ao espaço. A instalação é composta de 2 vídeos e 2 fotografias, dispostos em 4 tablets de 10 polegadas. Vídeos em looping, som e fotografias que se confundem, há uma incerteza da origem das pedras que rolam nas paisagens apresentadas. Rompe com a estabilidade de nossa sustentação em terra firme. Em Terreno Instável: Paisagem razão, a artista trata da constante movimentação e reconfiguração da Terra. Seu tempo é incontável para nós. É um tempo evidente na areia e nas pedras, mas que não cabe na volta de um relógio, nas horas dos dias ou na passagem dos anos. Essa movimentação, para nós, que parece imóvel, revela-se em incidentes naturais como erupções, terremotos e avalanches. Em quatro monitores distintos, podemos observar um movimento mínimo nessa paisagem: um tilintar delicado de pedras cadentes entre pausas e transições quase imperceptíveis no desnível do solo nos convida a perceber as unidades que compõem essa matéria em extensão. Elas evidenciam timbres gravitacionais próprios, compondo matizes de delicadeza no aparente vazio. A paisagem ressoa.A instalação é composta de 2 vídeos e 2 fotografias, dispostos em 4 tablets de 10 polegadas. Vídeos em looping, som e fotografias que se confundem, há uma incerteza da origem das pedras que rolam nas paisagens apresentadas. Rompe com a estabilidade de nossa sustentação em terra firme.

Iris Helena
Obra: Sem título
Técnica: Fotografia, impressão sobre reboco de parede

Com mestrado em Artes Visuais na linha de Poéticas Contemporâneas, pela Universidade de Brasília, a artista visual Iris Helena já expôs em várias galerias e centros culturais no País e no exterior. Seu trabalho se propõe a criar uma espécie de paisagem citadina ficcional reunindo sobre uma coleção de pedaços de reboco de ruínas variadas imagens de habitações tradicionais brasileiras que vão desde casarões coloniais a casebres sertanejos. As aproximações geográficas afetivas, vizinhanças e distanciamentos entre as casa e prédios criam um mapa imaginário que reflete a formação das cidades brasileiras.

Julia Milward
Obra: Provas materiais das passagens (a cidade) / 2010 - 2017
Técnica: Fotografia

Mestre em Fotografia Contemporânea pela École Nationale Supérieure de La Photographie [FR] e em Artes Visuais - Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília, Julia Milward nasceu na baía de Guanabara, foi criada nas margens do Paraíbuna, atravessou o Oceano Atlântico até a Seine, desaguou no Rhône e praticou três anos de Stand Up Paddle no lago Paranoá. Atualmente margina o Tietê à procura de córregos. Elementos na paisagem se tornam invisíveis pela banalidade e repetição. Ao andar pelo espaço urbano nos deparamos com objetos transfigurados que perderam a função original de uso para se tornarem marcas de uma ausência. Monumentos passageiros que carregam em si o escultórico e o imprestável. Em “Provas materiais das passagens (a cidade)”,Julia Milward recupera esses objetos através do aparato fotográfico, propondo uma imagem que seja índice do índice, o encontro do desencontro. A série é composta por 10 fotografias de dimensões variadas

Karina dias
Obra: Sem título
Técnica: Vídeo instalação

Karina Dias trabalha com vídeo e intervenção urbana, expondo no Brasil e no exterior.Sua pesquisa está centrada nas relações entre o homem e a paisagem, entre a imensidão dos espaços e singularidade daqueles que os percorre, na experiência de espaços-extremos, seja pela sua proximidade (cidade em que se habita) ou por sua extrema distância (várias partes do mundo). Dessa relação surge, por meio de vídeoinstalações, uma poética da paisagem e da viagem, uma relação de horizontes, a constituição de uma geopoética.

Luciana Paiva
Obra: Série Vértice
Técnica: Mista - madeira, recortes de papel azul encerado e acrílico

Atualmente cursando Doutorado em Artes na linha de Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília, Luciana Paiva integra o grupo de pesquisa 'Vaga-mundo: poéticas nômades', coordenado por Karina Dias, e o coletivo 'Espaços da escrita'. Na série Vértice, a artista visual parte da uma pesquisa sobre os elementos visuais que compõem os espaços da escrita. As peças realizadas nesta série propõem-se como páginas a serem contempladas. Os módulos feitos com armações de madeiras e composições geométricas em diagonal deixam áreas vazadas que são preenchidas pelo branco das paredes ou pelo espaço ao redor, já que os módulos podem estar dispostos na quina das paredes ou pendurados. Estas formas acabam por lembrar sinais gráficos sobre a página. As composições internas são realizadas com papel azul encerado que possui uma leve transparência e traz um recorte da paisagem para dentro da arquitetura do trabalho e do espaço. Em alguns casos as composições também são realizadas com páginas de livros antigos onde a escrita se desloca para a composição do espaço arquitetônico.

Nina Orthof
Obra: Beira Ar - 2017
Técnica: Vídeo-projeção, 1’48’’

Mestre em Poéticas Contemporâneas pelo Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília, Nina Orthof desenvolve seu trabalho principalmente em vídeo onde levanta reflexões poéticas acerca de conceitos como: imensidão, navegar, distâncias imaginárias e medidas impossíveis. Ela integra o grupo de artistas-pesquisadores Vaga-mundo: poéticas nômades e participou de exposições coletivas em galerias particulares e espaços públicos como Espaço Piloto da UnB, Alfinete Galeria e Museu Nacional do Conjunto da República e Grosvenor Gallery (Manchester, Inglaterra). Na vídeoinstalação “Beira Ar”, a corda azulada opera como instrumento de intermediação entre artista e imensidão. Uma tarefa realizada com certa insistência. Símil aos nautas que buscam a circunstância mais favorável entre fluxos aéreos e marítimos. À espreita do espaço. Observação do deslocamento. Iniciar força designada. Lançar.

Raquel Nava
Obra: Sem título
Técnica: Mista: objetos escultóricos – materiais variados

Raquel Nava é formada em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (2007) e mestre em Poéticas Contemporâneas pela mesma instituição. Trabalha como professora de licenciatura em Artes Visuais da Universidade Aberta do Brasil - UAB/UnB. Sua pesquisa poética aponta para o ciclo da matéria orgânica e inorgânica em relação aos nossos desejos e hábitos culturais. Busco a transformação de valores em nossa relação com os animais ao longo de um período histórico e de um contexto urbano. Coleciono mercadorias que ainda encontramos com restos biológicos de bichos, justapondo-as a materiais industriais de uso cotidiano ou a objetos que buscam mimetizar elementos da natureza.

Yana Tamayo
Obra:Diários da margem central / 2017
Técnica: Fotografia

Yana Tamayo é artista visual, educadora e curadora independente. Desde 2015 é gestora da Nave, espaço independente onde desenvolve projetos de pesquisa e formação em arte, curadoria e execução de exposições. Seu trabalho se organiza há alguns anos a partir da observação das dinâmicas construtivas que modelam o espaço urbano. Da constatação da diversidade de sua materialidade física à observação das narrativas históricas que atravessam o tempo, das dinâmicas que regem relações sociais estabelecidas nesse espaço, a artista busca criar elementos de fricção entre o olhar e a imagem que se forma diante de nós. A partir da experiência de uma residência artística na cidade de Palmas (TO), a artista buscou pensar sobre as formas de ocupação do território central do País como uma metáfora sobre ordem e desordem, sobre construção e desmanche no cerne do processo histórico.

Sobre a curadora

Marilia Panitz é mestre em Arte Contemporânea: teoria e história da arte, pela Universidade de Brasília. Foi professora nesta Universidade, até 2011. Dirigiu o Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu de Arte de Brasília. Desde 1994, atua como pesquisadora, coordenadora e orientadora de programas educativos em exposições e em cursos livres de arte. É curadora independente, com projetos como: Felizes para Sempre, BsB, Curitiba e SP, 2000/2003; Gentil Reversão, BsB, RJ 2001/2003; Rumos Visuais Itaú Cultural 2001/2003 e 2008/2010; Lúdico, Lírico, Berlim, 2002; Centro|EX|cêntrico, CCBB, 2003; Situações Brasília, Caixa e CCBE, 2005; Bolsa Produção|Artes Visuais, Curitiba, 2008/2010; Brasília: Síntese das Artes, CCBB- BsB, 2010; Mostra Tripé Brasília| Linhas de Chamada, SESC Pompéia-SP , 2011 – 2012; Mostra Rumor, Coletivo Irmãos Guimarães, Oi Futuro – RJ ,CCBB-DF e SESC Belenzinho -SP, 2012- 2013; Azulejos em Lisboa Azulejos em Brasília: Athos Bulcão e a azulejaria barroca, Lisboa, 2013; Projeto Triangulações 2013 (Salvador, Brasília e Recife); 2014 (Salvador, Belém e Maceió);2015 (Salvador, Goiânia, Fortaleza); Mostras de Carlos Lin, Polyanna Morgana, Andrea Sá,de Gê Orthof, Renato Rios e Luciana Paiva, Gal. Alfinete, BsB 2013-2015; Christus Nóbrega e Gê Orthof na AmareloNegro, RJ e na Referência Galeria de Arte, BsB, em 2014; Prêmio Marcantônio Vilaça-Sesi/CNI 2014-2015, Mostra Vértice: Coleção Sérgio Carvalho, BsB, RJ e SP, 2015-2016.

Posted by Patricia Canetti at 1:38 AM

Chico Fortunato na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro

Linhas que Flutuam é a mostra de pinturas recentes que o artista carioca, Chico Fortunato, abre no dia 18 de abril, na Mul.ti.plo Espaço Arte no Leblon. São 20 trabalhos inéditos, em acrílica sobre tela, com tamanhos que variam de 50cm x 50cm a 140x210cm.

– A ideia desta série, que começou a ser desenvolvida em 2013, é uma desconstrução do perímetro do quadro. Esta linha imaginária aparece dentro da pintura, fragmentada em segmentos. Ora saindo dos vértices, ora das laterais, fazendo um contraponto com a cor predominante que, para o observador, é o fundo onde as linhas flutuam. A cor das linhas é construída entre camadas; incluindo, em alguns trabalhos, o próprio suporte (tela de linho ou algodão...) que passam também a ser elemento da pintura”, diz Chico Fortunato.

Para o consultor de arte da Mul.ti.plo, Maneco Muller, “As últimas pinturas de Chico Fortunato põem um ponto final nas fronteiras do quadro. Detonam suas margens, deflagram uma explosão de linhas que passam a flutuar agora dentro das cores desmedidas e livres”.

O artista e designer, Chico Fortunato, formou-se em Geografia pela PUC-RJ, e, em seguida, viajou para a América Latina; o que originou a sua primeira série de trabalhos “Postais” e “Litho-imagens”, em aquarela e pintura sobre pedra que mostrou em 3 individuais: na Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo, em 85, e na Galeria Artespaço em 87 e 90, no Rio.

Durante 7 anos, residiu na Holanda e, a partir daí, voltou a sua pintura sobre tela e madeira. Fez exposições individuais na Galerie Domplein, em Utrecht, na Galerie Cacco Zanchi, Aalst e Bruxelas e em 1998, na Galerie Debret, Paris. Também participou de coletivas no Porto, Londres, Amsterdam, Soest e Stuttgart (Prêmio Syrlin).

Em 1999, Chico retornou ao Brasil e no ano seguinte fez a individual, “Acrílicos”, no Estudio Guanabara, RJ.

A partir de 2005, Fortunato (que já trabalhava com a madeira como suporte) começou a desenhar móveis, atividade que se integrou perfeitamente com sua pintura.

Em 2010, expôs no Centro de Arte Hélio Oiticica, na mostra “Confluências”.

Em 2012, fez uma individual no Gustavo Rebello Arte, no Rio e lançou um livro sobre suas pinturas pela Contracapa, RJ. Em 2004, expôs no MAM-RJ, na mostra “Últimas Aquisições”, da Coleção Gilberto Chateaubriand. ​Em 2016​, participou da exposição "Ao Amor do Público I - Doações da ArtRio 2012-2015 e MinC - Funarte", no Museu de Arte do Rio (MAR).

Posted by Patricia Canetti at 1:18 AM

Nelson Felix na Millan, São Paulo

A Galeria Millan apresenta, entre 19/4 e 20/5, exposição inédita de Nelson Felix Variações para Cítera e Santa Rosa. A mostra, que ocupa os espaços da Galeria e do Anexo Millan, reúne esculturas e desenhos que refletem as ações do quarto trabalho da série Método poético para descontrole de localidade, iniciada em 1984.

“O Método poético, como expressa o título, visa traduzir uma ideia de espaço, de construção poética, que amalgama locais por meio do desenho e ações semelhantes”, explica o artista. Como uma ópera e seus atos, as três obras anteriores - 4 Cantos, Verso e Um Canto Para Aonde Não Há Canto –, foram realizadas em Portugal (2007/08), em Brasília (2009/11) e São Paulo (2011/13). E agora o quarto trabalho na Galeria Millan e no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, simultaneamente.

“Como nos livros de poesia moderna, em que desenhos ou gravuras criavam uma relação entre texto e imagem, o Método possui um processo similar. Nesse sentido, esculturas, desenhos, ações, fotografias, vídeos e deslocamentos ilustram um texto, formando uma noção de lugar, que submete-se a um desenho no próprio globo terrestre”, revela Nelson Felix.

Em Variações para Citéra e Santa Rosa, como no projeto no MAM carioca, Nelson Felix elege o poema de Mallarmé Um Lance de Dados Jamais abolirá o Acaso para desestruturar a ideia de um só espaço expositivo. Partindo desse princípio, ele lança um dado, com o número seis em todas as faces, sobre um mapa-múndi, em uma data e hora estabelecidas e em um local incidental do curso de uma estrada. O dado, jogado, define seu acaso, não mais pela aleatoriedade do número, mas sim pela aleatoriedade de sua posição indicada sobre o mapa. Com isso, o artista viaja a Cítera, ilha jônica grega e a Santa Rosa, no pampa argentino.

Serão expostos na Galeria e no Anexo Millan dezoito desenhos (em lacre, mármore, planta, cabo de aço, bronze e tecido) e sete esculturas (em mármore de carrara, bronze, planta e tv), que remetem ao poeta francês e aos espaços percorridos pelo artista. “Existe hoje um entrecruzamento de fatores físicos e não-físicos acoplados ao entorno da arte, fatores como: informações, significados, história, hierarquia, tempo etc.; o nosso espaço atual, pelo menos em arte, não é mais tão limpo. Neste quarto trabalho, como nos anteriores, também reúnem-se ambientes externos e internos, mas seu interesse encontra-se nos múltiplos significados criados no próprio sítio da exposição”, conclui o artista.

Posted by Patricia Canetti at 12:59 AM

abril 16, 2017

José Medeiros no Banco da Amazônia, Belém

José Medeiros nos expõe a sentimentos antagônicos em exposição de nova secção da sua série fotográfica Já Fui Floresta, que aborda, especificamente, a relação dos índios com o mundo globalizado.

A harmonia presente na composição de seus registros nos conduz à contemplação da suntuosidade da natureza que integra o cotidiano vivenciado por diversos indígenas ao percorrerem a densa mata do território de suas aldeias. Entretanto, concomitantemente a isso, ao apreciar o movimento que se faz presente na maioria destes retratos realizados por José Medeiros, somos também interpelados a nos questionar para onde caminham esses índios. Qual o destino destes personagens?

Considerando a realidade em que estão inseridos os indígenas brasileiros, é notório que eles possuem extenso caminho a percorrer na busca pela manutenção de suas identidades e existências.

Guy Veloso, que assina a curadoria desta exposição, dimensiona a dualidade de sensações que a as fotografias proporcionam. “Na exposição Já fui Floresta, a estética dialoga com a temática de uma forma proporcionalmente inversa. Enquanto as fotografias trazem um fascínio quase místico aos olhos, o assunto escolhido pelo fotógrafo carrega o peso da morte. José Medeiros traz aqui indígenas de regiões e etnias diferentes com algo em comum: suicídio, prostituição, drogas, fome, doenças e alcoolismo.”

Quando um artista monta uma exposição, sabe-se de antemão da data de abertura e de encerramento. No caso da mostra Já fui floresta, há um diferencial: No último dia, (16.06) os visitantes serão convidados pelo fotógrafo para juntos, destruir as fotos, a terminar fisicamente com a exposição. Ela então nunca mais será apresentada - ao menos naquela forma.

Guy Veloso criou esta verdadeira performance que interagirá público e fotógrafo. "Assim como os indígenas que estão sendo assassinados em seus corpos e cultura, o público participará simbolicamente de mais um genocídio indígena.

A exposição Já fui floresta traz uma reflexão para este conflito que envergonha o país.

O Fotógrafo

José Medeiros é mato-grossense e começou a fotografar aos 16 anos de idade. Sempre demonstrou profundo interesse em manifestações culturais e desenvolve trabalhos com questões indígenas há mais de duas décadas. Sua missão fotográfica e antropológica, marcada sempre pela postura questionadora e polêmica, convida a refletir sobre as questões existenciais humanas.

Posted by Patricia Canetti at 6:10 PM

Amilcar de Castro na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro

Para celebrar os 30 anos de representação no Rio de Janeiro da obra do escultor mineiro Amilcar de Castro (1920/2002), a galeria Silvia Cintra + Box 4 preparou uma exposição com alguns trabalhos inéditos e curiosidades do processo criativo deste grande artista brasileiro.

Faz parte da mostra uma série de 10 desenhos em papel com esboços das esculturas feitas por Amilcar ao longo da década de 80. Nos desenhos é possível ver anotados cálculos, prováveis títulos das peças e até o telefone de fornecedores. Outros dois desenhos maiores e uma maquete, chamada carinhosamente por ele de “peteca”, mostram os testes do artista para a famosa “escultura de vidro” criada da década de 80 e que também está na exposição.

Outro destaque da seleção é o tampo de uma mesa de madeira usada por Amilcar como apoio para fazer as telas. Depois que esse tampo ficava bem “sujo” de tinta, o artista então fazia de fato uma pintura sobre essa memória de camadas. Ao longo de sua carreira foram feitos 15 tampos que eram consideradas por Amilcar suas únicas pinturas, já que suas telas eram chamadas por ele de desenhos.

No campo das esculturas, a surpresa fica por conta de uma grande obra em aço Corten dos anos 50, uma das primeiras feitas em grande formato, e uma pequena escultura em granito, a única nesse material em toda sua trajetória. Completa a exposição três desenhos sobre tela da série de linhas, realizadas na década de 90.

A exposição de Amilcar de Castro no Rio de Janeiro acontece junto a outra homenagem ao artista. Durante a feira Frieze NY, a galeria irá apresentar um grande estande apenas com obras do escultor feitas entre as décadas de 70 e 80.

Posted by Patricia Canetti at 5:42 PM

abril 10, 2017

Metrópole: Experiência Paulistana na Pinacoteca, São Paulo

Nova exposição de Tadeu Chiarelli, diretor geral da Pinacoteca, discute a experiência de viver em São Paulo

Há poucos anos, em uma enquete televisiva, ao perguntarem aos paulistanos qual imagem de São Paulo melhor representaria a cidade, eles escolheram a Avenida Paulista. Para Tadeu Chiarelli, diretor geral da Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, os parisienses teriam escolhido a Torre Eiffel, caso lhes fosse feita a mesma pergunta; os romanos, muito provavelmente escolheriam o Coliseu; os portenhos, a Casa Rosada, mas os paulistanos, não: ao invés de optarem por um monumento, um marco arquitetônico ou histórico, elegeram uma via de acesso.

“Megalópole latino-americana, São Paulo é a síntese de todas as cidades do continente exalando em seus obstinados e desmesurados contrastes a sensação de se viver no eterno anseio por uma realidade menos amarga e mais solidária. Viver em São Paulo é estar em constante deslocamento, é quase permanentemente experimentar a cidade em relances fugidios, vislumbrando a ordem no caos, o caos no caos”, afirma Chiarelli, curador da exposição Metrópole: Experiência Paulistana, a última da sua gestão, que abre dia 8 de abril na Pina_Estação e reunirá trabalhos (recentes ou não) de artistas cujas obras manifestam peculiaridades do viver nesta cidade.

Fazem parte da mostra Sidney Amaral, Dora Longo Bahia, Victor Brecheret, Peter de Brito, Rafael Carneiro, Leda Catunda, Flávio Cerqueira, Lia Chaia, Raphael Escobar, Renata Felinto, Luiz Gê, Carmela Gross, Evandro Carlos Jardim, Jaime Lauriano, Marcelo Moscheta, Zed Nesti, Nazareth Pacheco, Moisés Patrício, Daniel de Paula, Fernando Piola, Florian Raiss, Gustavo Von Ha, Chico Zelesnikar, entre outros artistas paulistanos, que vivem ou viveram na cidade e que colocam em pauta a “experiência paulistana”.

A fim de apresentar a singularidade dessa experiência, a exposição reunirá cerca de 80 obras de 33 artistas, entre instalações, pinturas, fotografias, vídeos e obras em outros meios, trabalhos contemporâneos em sua maioria. Embora com maior concentração de obras nas salas do segundo andar, eles ocuparão todo o edifício da Pina_Estação, usado nesta mostra como metáfora da cidade de São Paulo.

Os trabalhos serão espalhados pelas fachadas lateral e traseira, hall de entrada, elevadores, biblioteca, auditório, absorvendo inclusive uma parte do terceiro andar, onde acontece a exposição ‘Carta Aberta: Correspondências na prisão’, do Memorial da Resistência – museu que funciona no mesmo prédio. “Temos convicção de que tal diversidade encorajará o público a se deslocar por entre as múltiplas dimensões da realidade paulistana, revendo-as em chave poética no espaço da exposição”, completa Chiarelli.

Metrópole: Experiência Paulistana permanece em cartaz até 18 de setembro de 2017, no segundo andar da Pina Estação – Largo General Osório, 66.

Posted by Patricia Canetti at 2:56 AM

abril 9, 2017

Mario Ramiro na Zipper, São Paulo

Um dos representantes da produção conceitual dos anos 1980 em novos meios como arte-xerox e outros experimentos, Mario Ramiro (Taubaté, 1957) realiza na Zipper sua primeira individual em São Paulo: Improvável, que inaugura dia 11 de abril. Ex-integrante do importante coletivo 3NÓS3 junto com Hudinilson Jr. (1957-2013) e Rafael França (1957-1991), grupo precursor de intervenções urbanas no país, o artista apresenta um panorama de sua produção visual, incluindo trabalhos recentes e outros mais históricos. Ronaldo Entler assina o texto crítico da exposição.

O primeiro conjunto reúne, no piso térreo da galeria, séries de xerografias produzidas entre 1979 e 1991. Os trabalhos – muitos inéditos – remetem à origem da produção do artista, que participou à época de quatro edições da Bienal Internacional de São Paulo (1981, 1983, 1985 e 1989). Nesta seção, parte das sequências de cópias se assemelham a story-boards, que tratam do surgimento e do desaparecimento de objetos e partes do corpo humano, como também da realização de ações simples e banais, num clima de magia e ilusionismo. Em outras sequências, o artista discorre sobre um certa ambiguidade visual entre o suporte da obra (o papel) e o espaço tridimensional registrado pela copiadora. Há ainda a série “Últimas de Lascaux” (1991), em referência à famosa gruta francesa com desenhos rupestres, nas quais as imagens, tal como no espaço sem paredes ou teto de uma caverna, se sobrepõe umas às outras, sem uma orientação espacial determinante.

Estes trabalhos históricos convivem com duas séries recentes de Ramiro. A escultura sonora “Rádio Dante” (2014) é composta de fotografias, um aparelho de rádio sintonizado fora de estação, transmitindo ruídos, um microfone e um mini-amplificador. A escultura remete às pesquisas realizadas por Hilda Hilst no Brasil nos anos 1970, nas quais ela procurava uma forma de contato com o mundo dos espíritos por meio de aparelhos de rádio e gravadores. Já em “Mesas de acesso” (2017), constrói uma mesa de madeira e diversos materiais a partir das especificações dadas pelo espiritualista norte-americano Andrew Jackson Davis em seu livro “Present age and inner life; a sequel to spiritual intercourse”, publicado em Nova York em 1853. Segundo o autor, seria possível estabelecer contato com a dimensão do intangível por meio de uma “bateria espiritual”, feita por um cabo que circunda a mesa e cujas extremidades terminam num balde de cobre e num balde de zinco.

O último núcleo da mostra, acomodado no piso superior da Zipper, remonta uma instalação realizada em 2013 no Centro Cultural São Paulo. “Gabinete de fluídos” reúne cerca de 400 reproduções de fotografias que documentam supostas ocorrências de materializações de espíritos, exalações de ectoplasma e manifestações paranormais registradas no Brasil ao longo do século 20. O título faz referência a uma carta escrita em 25 de março de 1913 pelo escultor alemão Anton Rönnebeck ao pintor Wassily Kandinsky, em que narra seu encontro em Paris com Louis Darget, “um homem que mantinha um espaço de trabalho em seu apartamento chamado de ‘cabinet fluidifié’ no qual ele exibia uma coleção de fotografias do fluído vital, do pensamento e fotografias espíritas, colocadas em pequenos envelopes presos às paredes, que iam do chão até o teto”, que Darget havia produzido ao longo de décadas.

Em “Improvável”, que fica em cartaz até 13 de maio, Mario Ramiro reflete sobre a crença de que as tecnologias elétricas funcionariam como mediadoras entre o mundo concreto e dimensões invisíveis, uma noção que, no século 19, serviu como inspiração para superar as barreiras entre o mundo físico e o metafísico. Sobre a mostra, o crítico Ronaldo Entler escreve: “Difícil situar o que seria o lugar próprio de cada coisa: das antigas “novas tecnologias” que continuam se reinventando e provocando surpresa, do ectoplasma que dá contorno claro aos espíritos, dessas mãos que tateiam os ambientes escuros – seja o da caverna, seja o da caixa preta das tecnologias – senão para desvendá-los, ao menos, para colocar-se como sujeito de seus mistérios. O tempo destas imagens também é complexo. Tudo aqui trata de uma espécie de superação (o aufhebung da dialética hegeliana), noção que aponta tanto para a morte como para a ressurreição das coisas, para aquilo que, ao deixar de existir, realiza mais plenamente suas potências ao transformar-se em algo outro.”

Mario Ramiro (Taubaté, 1957) é artista multimídia formado pela Universidade de São Paulo. Foi integrante do grupo de intervenções urbanas 3NÓS3 e do movimento de arte e tecnologia brasileira dos anos 80. Sua produção reúne intervenções urbanas, redes telecomunicativas, esculturas, instalações ambientais, fotografia e arte sonora. É mestre em fotografia e novas mídias pela Kunsthochschule für Medien Köln (Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia), na Alemanha, e doutor em artes visuais pela Universidade de São Paulo. É professor do Depto. de Artes Plásticas e do programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP. Entre inúmeras mostras coletivas, participou de quatro edições da Bienal de São Paulo e da Bienal de Havana.

Ronaldo Entler é professor, pesquisador e crítico de Fotografia, formado em Jornalismo pela PUC-SP (1989), mestre em Multimeios pelo IA-Unicamp (1994), doutor em Artes pela ECA-USP (2000), pós-doutor em Multimeios pelo IA-Unicamp (2006). Entre 1987 e 1995, trabalhou como repórter fotográfico em vários órgãos de comunicação, e realizou trabalhos independentes em fotografia que foram mostrados em diversas exposições. Entre 1991 e 1995, foi diretor artístico da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, em São José dos Campos (SP), coordenando as atividades do Núcleo de Estudos em Linguagem Fotográfica. De 2005 a 2010, foi professor visitante no programa de Pós-Graduação em Multimeios, do IA-Unicamp. Desde 1995, é professor da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), atuando em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de artes e comunicação, Nessa mesma instituição, é atualmente coordenador de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação e Marketing. É editor do site Icônica (www.iconica.com.br), dedicado à pesquisa e à crítica de fotografia

Posted by Patricia Canetti at 7:20 PM

Marcelo Campos lança livro sobre escultura na França-Brasil, Rio de Janeiro

Livro de Marcelo Campos mapeia a produção escultórica brasileira a partir dos anos 1960 sob dez critérios temáticos

Um espaço rarefeito na bibliografia da arte brasileira está sendo ocupado com o lançamento do livro bilíngüe ESCULTURA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL – REFLEXÕES EM DEZ PERCURSOS (Caramurê Publicações), resultado de três anos de intensa pesquisa do professor e curador carioca Marcelo Campos, marcado para o próximo dia 11 no Rio (Casa França-Brasil) e dia 27 de abril em Salvador (Palacete das Artes).

Convidado pela editora baiana para destacar, a princípio, um pequeno grupo de escultores, Campos contrapropôs, a partir de um primeiro levantamento, contorno conceitual mais abrangente. O editor Fernando Oberlaender aceitou o desafio que resultou em uma obra de fôlego, com suas 420 páginas e 300 ilustrações. O patrocínio é da Global Participações em Energia S.A. (GPE), através da Lei de Incentivo à Cultura do MinC.

– Decidi fazer uma pesquisa mais extensa, olhando para artistas e obras canônicas, trabalhos que estabeleceram ou consolidaram mudanças de paradigma, explica o autor.

– Percebi, nesse levantamento, vertentes conceituais que me chamaram a atenção e optei por essa configuração.

CAPÍTULOS-CONCEITO

Dos 200 artistas listados num primeiro apanhado, Campos selecionou 91 escultores (listados abaixo), cujo trabalho se desenvolveu a partir dos anos 1950. Eles estão relacionados em dez capítulos-conceito, a partir do que o autor chama de “sintoma”: a reunião de “parentescos, células, lugares de encontro, onde a junção das poéticas as torna firmemente históricas”, ele define na introdução do livro.

A organização, portanto, não faz o caminho histórico-evolutivo, de alinhamento meramente temporal; também não segue o critério que reúne artistas e obras em movimentos ou grupos. Campos buscou a ampliação do raio de busca para além dos eixos geográficos tradicionais da produção artística brasileira.

– Pesou também minha identificação crítica como trabalho. Não incluí os coletivos, mesmo que produzam objetos. E não enveredei pela instalação, privilegiando a tridimensionalidade; a manufatura, que me interessou bastante no livro, de certa forma,se apresenta como um contraponto à teatralidade da instalação.

O RECORTE

O mapeamento desses artistas e de seus trabalhos se distribuiu nos temas do recorte curatorial. Esses conceitos estabelecem diálogo não só com a forma, mas com os olhares socioculturais, como na psicologia e na antropologia. E, dessa maneira, aprofundam-se na análise contextual dessa produção artística que se propõem a analisar. São os temas:

1 HERANÇA CONSTRUTIVA, GEOMETRIA REVISADA – sem a sequência cronológica, examina a óbvia vinculação entre escultura contemporânea brasileira e a geometria, com mais organicidade, além da poética mais autóctone, de apelo popular. Exemplos na obra de Almandrade, Ascânio MMM, Raul Mourão.

2 CORPO, ORGANICIDADE – ao desconstruir as certezas geométricas, traz o olhar mais psicológico, surrealista, incluindo discursos específicos, como os de gênero, por exemplo: Márcia X, Tunga, Felícia Leirner.

3 ATLAS, MAPAS, LOCALIZAÇÕES – examina objetos que tendem à reconfiguração de situações espaço-geográficas, artistas que se dedicam a perceber as esculturas no espaço, alterando-o, pontuando-o, criando obras como se bússolas de orientação. Exemplo na obra de Anna Bella Geiger, Nelson Félix, Juarez Paraíso.

4 APROPRIAÇÃO CONCEITUAL, IMAGÉTICAS POPULARES – O olhar pop, as apropriações de objetos localizados e localizadores da cultura, dos usos e saberes populares. Exemplos na obra de Barrão, Cildo Meireles, Jarbas Lopes.

5 EU-OBJETO, RELICÁRIOS, ESPÓLIOS – O eu, que abrange as narrativas em primeira pessoa, como herança, espólio e memória. Exemplos na obra de Efrain Almeida, Brígida Baltar, José Rufino

6 PAISAGEM, CASA E JARDIM – a ligação com a arquitetura e a paisagem, em obras que se dedicam a ocupar e refazer lugares. Exemplo na obra de Ana Maria Maiolino, José Bento, Vinicius S.A.

7 TECNOLOGIA, MÍDIAS, COMUNICAÇÃO – as mídias high and low tech, a criação que se dedica às máquinas, ao movimento, a cinetismos de todo tipo. Exemplos na obra de Paulo Nenflídio, Carmela Gross, Otavio Schipper.

8 RITUAL, TOTEMISMO, ÍDOLOS – O totêmico, que é um dos mais importantes conceitos para a escultura brasileira; obras que se relacionam ao caráter religioso, aos signos de consagração, à monumentalidade que se estende por elementos de adoração coletiva, amuletos, felicidades roubadas da sorte. Exemplos na obra de Rubem Valentim, Juraci Dórea, Tonico Lemos Auad.

9 A INFÂNCIA, O BRINQUEDO – a influência dos brinquedos, o lugar da infância com materiais plásticos extraviados, sujeitos ao toque, a cores, à acumulação, aos guardados pueris. “Um japonismo - estabelecendo um neologismo - que vem pela lógica do brinquedo”. Exemplos na obra de Ana Miguel, Rogério Degaki, Flavio Cerqueira.

10 HIBRIDAÇÃO, ROTINAS, ALQUIMIAS – São as formas em brotamentos, os objetos híbridos, de naturezas heterogêneas, processados nas mais distintas materialidades da cera, do cimento, dos metais, das porcelanas. Exemplos na obra de Livia Flores, Erika Verzutti, Paulo Paes.

O ARCO DA PRODUÇÃO

Campos inclui ainda no volume alguns dos escultores modernos, como Brennand e Felícia Leiner, em atividade nos anos 1950 nas vanguardas concretistas e neoconcretistas.

–De certo modo, a inserção das esculturas de Felicia Leiner, por exemplo, demonstra as possíveis relações com trabalhos de Celeida Tostes e Ernesto Neto, conjugando algo da historiografia mais recente.

O autor repete que não houve intenção de esgotamento da pesquisa ou do olhar enciclopédico. E isso se reflete na escolha da imagem da capa, “La Bruja” (1979-1981), de Cildo Meireles:

–Achei importante contemplar obras que se estendiam, em que se perceba o arco da produção, como a de Waltercio Caldas ou de Cildo, artistas atuantes. Pensamos em destacar na capa um nome mais histórico, como Hélio Oiticica ou Lygia Clark, mas essa opção não daria conta de mostrar a escultura viva. Cildo, aqui, aparece como criador que influenciou e influencia a arte brasileira, uma referência para a sua geração e de jovens artistas.

ESCULTURA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL – REFLEXÕES EM DEZ PERCURSOS ARTISTAS

Abraham Palatnik (RN), Afonso Tostes (MG), Agnaldo dos Santos (BA), Alexandre da Cunha (RJ), Almandrade (BA), Amílcar de Castro (MG), Ana Linmemann (RJ), Ana Maria Tavares (MG), Ana Miguel (RJ), Angelo Venosa(SP), Anna Bella Geiger (RJ), Anna Maria Maiolino (ITA), Artur Bispo do Rosário (SE), Ascânio MMM (POR-RJ), Ayrson Heráclito (BA), Bel Borba (BA), Brennand (PE), Brígida Balltar (RJ), Camille Kachani (LIB), Carmela Gross (SP)| Celeida Tostes (RJ), Cildo Meireles (RJ), Cristina Salgado (RJ), David Cury (PI), Edgard de Souza (SP), Edson da Luz (BA), Eduardo Coimbra (RJ), Eduardo Frota (CE), Emanuel Araujo (BA), Efrain Almeida (CE), Erika Verzutti (SP), Ernesto Neto (RJ), Felícia Leirner (POL), Fernanda Gomes (RJ), Flávio Cerqueira (SP), Franz Weissman (AUT), Hélio Oiticica (RJ), Iole de Freitas (MG), Iran do Espírito Santo (SP),Ivens Machado (SC), Jac Leirner (SP), Jarbas Lopes (RJ), Jorge Barrão (RJ), José Bechara (RJ), José Bento (BA), José Damasceno (RJ), José Rufino (PB), José Tarcisio (CE),Juarez Paraíso (BA), Juraci Dórea (BA), Laerte Ramos (SP), Laís Myrrha (MG), Leonilson (CE), Lia Menna Barreto (RJ), Livia Flores (RJ), Luiz Hermano (CE), Lygia Clark (MG), Lygia Pape (RJ), Márcia X (RJ), Marcius Galan (EUA), Marcone Moreira (MA), Marepe (BA), Maria Martins (MG), Milton Machado (RJ), Nelson Felix (RJ), Nuno Ramos (SP), Otavio Schipper (RJ), Paulo Nenflídio (SP), Paulo Paes (PA), Paulo Vivacqua (ES), Ramiro Bernabó (AR), Raul Mourão (RJ), Renata Lucas (SP), Renato Bezerra de Mello (PE), Ricardo Ventura (RJ), Ricardo Basbaum (RJ), Rodrigo Sassi (SP), Rogério Degaki (SP), Ronald Duarte (RJ), Rubem Valentin (BA), Sandra Cinto (SP), Sergio Camargo (RJ), Tatiana Blass (SP), Tiago Carneiro da Cunha (SP), Tonico Lemos Auad (PA), Tunga (PE), Vanderlei Lopes (PR), Vinicius S.A (BA), Wagner Malta Tavares(SP), Waltercio Caldas(RJ), Zélia Salgado (SP)

Marcelo Campos nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É diretor da Casa França-Brasil, desde 2016, professor Adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Desenvolveu tese de doutorado sobre o conceito de brasilidade na arte contemporânea. É autor de Um canto, dois sertões: Bispo do Rosário e os 90 anos da Colônia Juliano Moreira (MBrac/Azougue Editorial, Rio de Janeiro, 2016) e Emmanuel Nassar: engenharia cabocla (Museu de Arte Contemporânea de Niterói/MAC, Niterói, 2010). Foi curador das exposições: Viragens: arte brasileira em outros diálogos na coleção da Fundação Edson Queiroz, Casa França-Brasil, 2017; Orixás, Casa França-Brasil, 2016; A cor do Brasil, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, MAR (Museu de Arte do Rio), 2015; Tarsila e Mulheres Modernas, cocuradoria com Paulo Herkenhoff, Hecilda Fadel e Nataraj Trinta, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio); Guignard e o Oriente, junto com Priscila Freire e Paulo Herkenhoff, 2014, MAR (Museu de Arte do Rio).

Há mais de vinte anos editando literatura brasileira, arte e infanto-juvenis, a Caramurê Publicações privilegia o talento dos nossos artistas, o incentivo à leitura e tem o resgate da história como missão. Entre seus lançamentos recentes estão 50 anos de Arte na Bahia, Água Reflexos na Arte da Bahia, da crítica Matilde Mattos; Salvador uma Iconografia através dos Séculos, de Fernanda Terra, Francisco Sena e Daniel Rebouças. A editora vem publicando autores como Ruy Espinheira Filho, José Carlos Capinam, Mabel Velloso e Vânia Abreu.

Posted by Patricia Canetti at 2:59 PM

abril 6, 2017

Nelson Felix no MAM, Rio de Janeiro

Celebrado artista mostra trabalho inédito que reúne deslocamentos que ele fez rumo a uma ilha na Grécia, e à Argentina, no pampa e em uma praia.

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 8 de abril a exposição Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares, com trabalho homônimo inédito de Nelson Felix – a quarta e última parte da série “O Método Poético para Descontrole de Localidade”, iniciada em 1984. A obra reúne a vivência do artista em dois locais distintos: Citera, uma ilha na Grécia, e a cidade de Santa Rosa, no pampa argentino. A palavra trilha, repetida duas vezes no título da exposição, tem duplo significado: o percurso percorrido pelo artista e a presença sonora. Um cabo de aço atravessará o espaço do MAM, em tensão máxima, a ponto de emitir um som que será captado e amplificado. Com um total de 270 metros – 35 metros estirados a 60 centímetros do chão e o restante tensionado em volta de pilastras do Museu – o cabo de aço aponta para duas direções: a ilha grega de Citera e a cidade de Santa Rosa, no pampa argentino.

Em uma pequena sala fechada e toda forrada por espuma, haverá três monitores onde serão exibidos vídeos que registram a vivência do artista em cada um dos locais. As imagens foram feitas por Guilherme Begué e Cristiano Burlan, este último há quatro anos se dedica a fazer um filme sobre o artista. Caixas de som irão reproduzir o som emitido pela tensão do cabo de aço, que se somará ao som ambiente dos vídeos, constituindo assim, a sua trilha sonora. A estrutura de edição das imagens, que ora se duplicam ora se alternam nos monitores, se assemelha a uma composição musical para três instrumentos.

O trabalho de Nelson Felix torna assim o museu dúbio instrumento: musical e uma espécie de bússola, formalizada na direção que indica o cabo de aço no espaço expositivo, a mesma percorrida pelo artista no globo terrestre.

A série “O Método Poético para Descontrole de Localidade” sempre teve na poesia seu ponto de partida. No trabalho apresentado no MAM Rio, foi a obra do poeta francês Mallarmé (1842-1898), principalmente seu poema “Um lance de dado jamais abolirá o acaso’”, que determinou o início do processo. Nelson Felix lançou sobre um mapa-múndi um dado com o número seis em todas as faces, em data e hora estabelecidas, e em local incidental do curso de uma estrada. Daí surgiram os dois locais-eixo do trabalho: Citera (ilha grega) e Santa Rosa (pampa argentino). Em Citera, lançou o dado ao mar, em Santa Rosa, o enterrou. Nesses lugares, o artista desenhou compulsivamente, durante várias horas, impregnado do ambiente e ao mesmo tempo deixando sua marca nele, como se fundisse à paisagem.

Depois de estar em Citera, Nelson Felix observou que “vários artistas realizaram obras sobre a peregrinação a esta ilha: Watteau, Gerard de Nerval, Verlaine, Victor Hugo, Debussy, mais recentemente Theo Angelopoulos, e principalmente Baudelaire, grande influência de Mallarmé”. E descobriu ainda outro fato curioso em comum a esses artistas: com exceção de Watteau (1684-1721), todos haviam frequentado o café-restaurante Closerie des Lilas, em Paris, fundado em 1847. Nelson Felix se sentiu impelido a ir, ele mesmo ao local, e de lá acrescenta algumas imagens aos vídeos da exposição.

SOBRE NELSON FELIX

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, Nelson Felix ocupa lugar de destaque na cena contemporânea desde 1978, quando integrou a exposição “Artistas Cariocas”, na Fundação Bienal de São Paulo, até a recente mostra individual “O Oco” (2015), na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com diversos prêmios, residências e exposições no Brasil e no exterior, o artista participou ainda de várias bienais, como a III Trienal de Desenho (1986), no Germanishes Nationalmuseum, em Nuremberg, Alemanha; XXIII Bienal Internacional de São Paulo (1996); Bienal do Barro (1998), no Centro Cultural de Maracaibo, Venezuela; II Bienal do Mercosul (1999), em Porto Alegre; Brasil + 500 anos, Mostra do Redescobrimento, Bienal de São Paulo (2000); V Bienal do Mercosul (2005), em Porto Alegre; Bienal no Instituto Tomie Ohtake (2010), em São Paulo; Bienal do Vento Sul (2011), em Curitiba.

Posted by Patricia Canetti at 12:44 AM

Antonio Bokel lança livro de trajetória na SP-Arte, São Paulo

Antonio Bokel lança livro com sua trajetória durante a SP-Arte 2017

Ver será lançado dia 8 de abril no Lounge SP, no Pavilhão da Bienal, apresentando um dos percursos mais instigantes da arte contemporânea no Brasil

Nos últimos 15 anos, o carioca Antonio Bokel testou quase todas as possibilidades da arte. Interage com o espaço urbano através do lambe-lambe de propaganda, das pichações e do grafite. O discurso das ruas, em palavras e a imagens, ganha vários outros significados com o uso de técnicas mistas. Colagem e fotografia. Os suportes utilizados por ele passam pela instalação, quadros, moda, esculturas. Artista incansável, seu acervo tão diverso contabiliza mais de três mil imagens. 100 delas, a parte mais representativa de sua trajetória em ordem cronológica, foi selecionada para o livro Antonio Bokel: Ver (Réptil Editora, 160 páginas, R$ 80, ISBN 978-85-99625-67-5). A obra, com textos dos curadores Vanda Klabin, Daniela Name, Oswaldo Carvalho, Mario Gioia e do artista plástico Pedro Sánchez será lançada dia 8 de abril no Pavilhão da Bienal, durante a feira internacional de arte moderna e contemporânea SP-Arte 2017.

Uma parceria da Réptil Editora com a Mercedes Viegas Galeria, o título percorre em 160 páginas os principais trabalhos do artista carioca. “Um diplomata talentoso, um articulador, um criador de mundos”. A análise é de Pedro Sánchez, um dos cinco convidados a observar a produção de Bokel. Sánchez analisa a movimentação de Antonio Bokel de um lugar privilegiado. Os dois dividem com Marcelo Macedo o ateliê e o espaço Galeria Quintal , no Rio Comprido, Zona Norte da capital carioca. Esse contato diário, permite que ainda se impressione com “a capacidade que Bookel tem de veicular, de fazer circular a sua produção quase compulsiva, com a independência e a autonomia que sustenta em relação ao circuito e aos cânones da arte contemporânea”.

O desenvolvimento da carreira de Antonio Bokel é acompanhado desde o início, quando ainda frequentava o curso de design gráfico da Univercidade. Antes mesmo de concluir a graduação, em 2004, ele já apresentava novos caminhos de interação com o espaço urbano, ao utilizar a propaganda de rua e pichações em seu trabalho. “O que parece banal torna-se objeto de investigação plástica e traz uma nova experiência para o seu fazer artístico”, aponta Vanda Klabin no texto de abertura: Antonio Bokel – Algumas considerações.

O artista fez a primeira exposição individual na Ken´s Gallery, em Florença (Itália). “Estava na cidade para pesquisar e estudar. Frequentava a galeria por curiosidade. Um dia, por acaso, fui convidado a mostrar minha produção”, recorda Antonio Bokel. Em 2016, ele voltou a expor na Europa, integrando o time de dez artistas escolhidos no mundo inteiro para compor a exposição Point of View, no Palácio da Pena, em Sintra (Portugal). O espaço, que pode ser comparado ao Inhotim, apresenta trabalhos ao ar livre, propõe uma ligação entre arte e natureza. Cura, nome de sua obra, traz três troncos formando um triângulo perfeito, que aponta para o Palácio da Pena. Cada tronco levara esculturas de bronze em forma de mãos que viram galhos de árvores, lembrando fábulas antigas. Esses galhos apontam para o centro do triângulo. Entre os troncos um chão de relva ajuda a reforçar a geometria perfeita do triângulo. Ao centro um pequeno banco para o espectador meditar e sentir os pontos de vistas desse altar.

Bienal de Gaia e outros Projetos em 2017 – Além do lançamento do seu livro, Antonio Bokel participa da SP-Arte expondo pinturas feitas em 2017 no espaço Mercedes Viegas Galeria, do Rio de Janeiro. “Na AM Galeria, de Belo Horizonte, o público pode ver a escultura Karma”, antecipa Bokel. Em julho, ele volta a Portugal para participar da 2ª Bienal Internacional de Arte de Gaia, na Região do Porto. A recém-inaugurada Aura Galeria, na Vila Madalena, em São Paulo, fará uma exposição individual de Antonio Bokel entre agosto e setembro de 2017.

Bio

Antonio Bokel nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1978. O contato com a arte começou bem antes do Curso de Design na Univercidade, onde se formou em 2004. “Um dos passatempos prefridos da infância era pintar com guache. Eu e uma tia, Vera Lucia, pintora autodidata, ficávamos horas pintando”, recorda Antonio. Os dois produziram uma vasta obra naïf. “Ela sugeria temas do lugar onde nasceu, na zona rural do Rio. Eu trazia as referências de um garoto urbano”.

Nesse acervo, guardado até hoje no apartamento da família, em Copacabana, há gravuras de pássaros, de plantas. “E outras escolhas de um menino urbano, que aceitava as sugestões, mas também pintava hambúgueres e frascos de ketchup”, lembra Bokel. Os muitos cartões postais enviados pela mãe, uma viajante profissional, também serviam de base para a produção para os quadros. Um dos eus projetos dele é transformar em exposição as obras dessa fase e o legado de Vera Lucia.

Na faculdade de Design Gráfico, Bokel teve aulas de fotografia, curso de modelo vivo com Bandeira de Mello, de pintura com João Magalhães, no Parque Laje, Rio de Janeiro. Em 2003, fez sua primeira exposição individual na Ken´s Gallery, na Via Lambertesca, em Florença (Itália). “Onde passei quase um ano, fazendo pesquisas e testando várias linguagens”. Ao retornar ao Rio, fundou a marca de moda Soul Seventy com a estilista Amanda Mujica. As peças eram vendidas na praia, no Posto 9, e logo foram parar na semana de moda carioca, o Fashion Rio. Em 2008 participou da exposição de Verão na galeria Silvia Cintra + Box 4, neste mesmo ano e no e anos seguinte participou da SP arte, representado pela mesma, atingindo grande sucesso de vendas em 2009. Em 2010, realizou as exposições Cruzes e Credos, na Jaime Portas
Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, e AAAAA No Thing But Truth, na Sid Lee Collective Gallery, em Amsterdam, Holanda. Em 2011, participou da 1ª exposição ARTUR - Artistas Unidos em Residência, em Lagos, Portugal. Neste mesmo ano, também realizou duas exposições individuais: Corpus Cordex, no Centro Cultural Solar de Botafogo, Rio de Janeiro, e Grafitti Error, na FB Gallery, Nova York. Em 2012, participa da exposição Gramática Urbana,no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro. No mesmo ano fez sua individual, Transfiguração do Rastro, no mesmo museu. 2013 participou da exposição e residência artística Movimentos Paralelos na República Dominicana. Em 2014 mais uma exposição individual Na Periferia do Mundo com curadoria de Vanda Klabin , onde ocupou 5 salas do Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. Foram no total 35 obras entre pinturas , fotografias , esculturas e vídeo. Seu trabalho já foi publicado nas revistas brasileiras Zupi, Vizoo e Santa, e na espanhola Rojo. Seus trabalhos estão nas maiores coleções Brasileiras , como a de Gilberto Chateubriand e BGA Investimentos. Bokel tem alguns trabalhos no acervo do MAM, museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e do MAR museu de arte do Rio. Em 2015 foi um dos indicados ao prêmio PIPA. Em 2016 participa da exposição coletiva Point of View / site specific, nos jardins do Palácio da Pena, em Sintra, Portugal. Atualmente é representado pela galeria Mercedes Viegas , no Rio de Janeiro, galeria Matias Brotas em Vitória e AM galeria em Belo Horizonte.

Posted by Patricia Canetti at 12:07 AM

abril 5, 2017

SP-Arte 2017 no Pavilhão da Bienal, São Paulo

SP-Arte 2017 traz mais de 120 galerias e fortalece programação paralela em São Paulo

Festival Internacional de Arte de São Paulo contará com galerias estrangeiras de peso e planeja uma série de ações pela cidade no começo do mês de abril

Considerada uma das dez cidades mais importantes do mundo quando o tema é arte, São Paulo será palco de uma série de eventos em comemoração à semana da SP-Arte, contando com aberturas de exposições e atividades especiais que reunirão o melhor da arte brasileira e internacional, no começo de abril. O epicentro dessa celebração à arte é o Pavilhão da Bienal, onde acontece, entre os dias 6 e 9 de abril, a 13ª edição da SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo, reunindo mais de 120 galerias de arte moderna e contemporânea do Brasil e do mundo.

“O nosso trabalho, ao longo de mais de uma década, foi sempre no sentido de democratizar o acesso à arte, trabalhando pela formação de novos apreciadores e colecionadores, fazendo circular ideias e informações, divulgando eventos e exposições, criando prêmios de incentivo e ações como o Gallery Night, que têm como foco ocupar a cidade com arte e convidar o público a transitar por bairros paulistanos, visitando galerias e museus”, afirma Fernanda Feitosa, diretora e fundadora da SP-Arte. “Neste ano, essas experiências vão se conectar, fazendo da SP-Arte o eixo de uma semana voltada à arte em São Paulo.”

Na abertura da semana do Festival, SP-Arte e Videobrasil unem forças para apresentar no Galpão VB a mostra “Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno”, que conta com uma seleção de trabalhos em vídeo de artistas brasileiros centrais da cena contemporânea. Além disso, ocorre a segunda edição do Gallery Night, nos dias 3 e 4 de abril, na Vila Madalena, em Pinheiros, Itaim e nos Jardins, com visitas guiadas a museus e inúmeras exposições em galerias e instituições, feitas especialmente para o período do evento.

Setor Geral

Neste ano, a SP-Arte, a feira que mais cresceu no mundo em participação de galerias do top 20 mundial nos últimos cinco anos, segundo relatório da publicação americana The Art Newspaper, traz, entre suas galerias estrangeiras, David Zwirner, Marian Goodman e Alexander Gray, por exemplo, todas de Nova York.

De Londres, participarão, entre outras, as galerias Lisson, Stephen Friedman e White Cube. Da Itália vêm as galerias Franco Noero, Continua e Cardi. Uma das cidades mais vibrantes da cena contemporânea, Berlim estará representada por galerias como neugerriemschneider e Gregor Podnar. Da América Latina, nomes como Collage Habana (Havana), El Museo (Bogotá), kurimanzutto (Cidade do México)e Sur (Montevidéu).

No campo nacional destacam-se galerias como Almeida e Dale, Bergamin & Gomide, Casa Triângulo, Dan, Fortes D'Aloia & Gabriel, Gustavo Rebello, Luciana Brito, Luisa Strina, Mendes Wood DM, Millan, Paulo Kuczynski, Pinakotheke e Vermelho.

Novas galerias

A 13ª edição do evento estará marcada também pela estreia de 20 galerias do Brasil e do exterior no Pavilhão da Bienal.

As galerias Taka Ishii, do Japão, e a londrina White Rainbow são especializadas em arte japonesa e darão destaque em seus estandes à fotografia do país. A galeria KOW, forte na atual cena de Berlim, estreia na SP-Arte.

Também participará pela primeira vez a galeria Cheim&Read, de Nova York, que trará três artistas mulheres centrais na arte da metade do século XX: Louise Bourgeois, Lynda Benglis e Joan Mitchell.

Ainda, destaque para estreias italianas: Studio d'Arte Campaiola, de Roma, especializada em arte moderna e contemporânea; a P420, de Bolonha, e a Paci Contemporary, de Brescia. De Portugal saem três novas galerias: a Francisco Fino e a Madragoa, de Lisboa, e a Kubikgallery, do Porto, além de retornarem Baginski e Filomena Soares.

Repertório

Sempre pontuando novidades, a SP-Arte apresenta em 2017 um novo setor curado, intitulado Repertório. Sob curadoria de Jacopo Crivelli Visconti, foi criado com o intuito de apresentar artistas brasileiros e internacionais fundamentais para a compreensão das práticas artísticas contemporâneas, com nomes ainda não devidamente reconhecidos pelo público.

A seleção respeita um recorte cronológico – os artistas escolhidos nasceram antes dos anos 1950, e as obras apresentadas foram produzidas até o final da década de 1980.

Entre os artistas estão Pino Pascali, ligado à Arte Povera; Richard Long, um dos mais importantes artistas ingleses da segunda metade do século XX; e Lothar Baumgarten, artista alemão com uma obra profundamente influenciada pela paisagem, história e cultura amazônica brasileira. Do Brasil, os destaques são o fotográfo baiano Mario Cravo Neto, falecido em 2009, Rubem Valentim e Guilherme Vaz, carioca e um dos pioneiros da arte conceitual e sonora.

Solo

Em sua quarta edição, o Solo – setor curado por Luiza Teixeira de Freitas, voltado a individuais de artistas contemporâneos – recebe galerias do Brasil e do mundo, algumas pela primeira vez na SP-Arte, como Francisco Fino, de Lisboa; as galerias Lamb Arts, de Londres e espaivisor, de Valência. Dentre as nacionais há BFA (Boatos Fine Artes), Central e Superfície, de São Paulo, e Portas Vila Seca, do Rio de Janeiro.

Showcase

Dedicado a jovens galerias nacionais e estrangeiras, o setor contará com uma série de estreantes nesta edição, reforçando o vigor e a capilarização do mercado nacional de arte. Entre elas, Cavalo, do Rio de Janeiro; Aura, de Porto Alegre; Periscópio, de Belo Horizonte, e Luis Maluf, de São Paulo. A Vila Thorey, do Espírito Santo, especializada em artistas contemporâneos, também vem à SP-Arte pela primeira vez.

O setor recebe ainda galerias como Inox, do Rio de Janeiro, Choque Cultural, Fotospot e Mezanino de São Paulo; Boiler de Curitiba; e Mamute, de Porto Alegre.

Performance

Em sua terceira edição, o setor Performance – realizado em parceria com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo – selecionará dez artistas para se apresentarem no Pavilhão da Bienal. Os dez selecionados terão disponível um acompanhamento de projeto com a artista Paula Garcia, que contará com conversas online e presenciais. As inscrições estão abertas e podem ser feitas aqui.

Design

Voltado a mobiliário, iluminação, antiquário e objetos, o setor Design, sucesso de crítica e público em 2016, expõe o melhor da produção nacional em sua segunda edição.

O setor expande em 2017 o número de participantes, trazendo o retorno de galerias como Artemobilia, ETEL, Firma Casa, Hugo França, Mercado Moderno, Ovo e Pé Palito, além de estreantes como Apartamento 61, Herança Cultural, Lumini e Resplendor. O Design apresenta artistas icônicos como Sergio Rodrigues, Zanine Caldas, Lina Bo Bardi e Jorge Zalszupin e também novos destaques da geração contemporânea como Zanini de Zanine, Jader Almeida e Irmãos Campana.

Veja a lista completa de galerias aqui.

Posted by Patricia Canetti at 10:41 PM

Gabriela Noujaim lança livro de artista na SP Arte, São Paulo

A descoleção de arte Desapê e a SP-Arte convidam para o lançamento do livro de artista Presente 2016, de Gabriela Noujaim, no Lounge SP-Arte (piso Térreo, próximo ao setor Solo), no dia 7 de abril, às 18h.

A obra, realizada através de técnicas de impressão artesanal, relata de forma sensível alguns momentos marcantes do ano do impeachment de Dilma Roussef e publica uma carta inédita de denúncia à violação dos direitos humanos e em modo especial aos direitos das mulheres que foi entregue à chanceler Angela Merkel por pesquisadores brasileiros que então residiam na Alemanha.

A apresentação do livro contará com a presença da artista e de Evelyn Araripe, jornalista e uma das pesquisadoras que participou da redação e entrega da carta à Merkel.

Ficha Técnica de “Presente 2016”
Edição: 30 cópias
18 páginas
Valor: R$650,00
30% do valor arrecado com a venda do livro será doado para escola pública: Dona Geny Ferreira, localizada no interior da Paraíba, na cidade de Sousa.
Currículo da artista

Solicite seu ingresso promocional a R$ 20,00 por email (válido somente no dia 07/04, para uma pessoa e com acesso até 30 minutos antes do término do evento)

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O Livro Presente 2016 foi uma homenagem que fiz para minha mãe, Maria Aparecida Domingues dos Santos.

Ainda na infância, Maria Aparecida foi vítima de estupro, o que lhe ocasionou graves problemas mentais. Ela nunca conseguiu superar seus traumas, e meus pais acabaram se separando, meu pai ficou com a minha guarda e minha mãe me visitava esporadicamente. Tive uma meia irmã que foi criada por ela e que, infelizmente, também foi vítima de estupro, ambas tiveram suas vidas destruídas por traumas, preconceitos e todo tipo de violência.

No dia da votação do impeachment na Câmara dos Deputados, depois de escutar o voto de Jair Bolsonaro,me lembro de ter chorado muito. Quando uma chefe de Estado recebeu tamanha agressão, que chances mulheres como a minha mãe, base desta pirâmide, teriam para se defender desse tipo de homem?

“A vida me deu duas opções, ser vítima ou sobrevivente”

“Foi por meio da arte que eu consegui ser sobrevivente”


SP-Arte
De 5 (preview para convidados) a 9 de abril, 2017
Pavilhão da Bienal
Parque Ibirapuera, portão 3
Avenida Pedro Álvares Cabral s/n, São Paulo, SP

Posted by Patricia Canetti at 4:36 PM

Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno no Galpão VB, São Paulo

A Associação Cultural Videobrasil e a SP-Arte apresentam Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, exposição realizada em parceria entre as duas instituições. A abertura acontece no dia 6 de abril de 2017, quinta-feira, às 19h, no Galpão VB. A mostra apresenta trabalhos de Caetano Dias, Claudia Andujar, Miguel Rio Branco, Gisela Motta e Leandro Lima, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga, Runo Lagomarsino e Virginia de Medeiros, como parte da programação da SP-Arte, que acontece entre 6 e 9 de abril no Pavilhão da Bienal.

Para Solange Farkas, diretora do Videobrasil e curadora da exposição ao lado de Gabriel Bogossian, o projeto SP-Arte no Galpão VB consolida a parceria iniciada em 2015, responsável por apresentar no espaço da Associação o site-specific Agridoce, do artista sul-africano Haroon Gunn-Salie. “Agora, ampliamos nossa parceria. O projeto possibilita outros olhares sobre as obras desses artistas, ao mesmo tempo que contribui para a expansão do Festival, inserindo o Galpão VB no roteiro de suas exposições paralelas, com nomes consagrados no circuito das artes”.

Para Fernanda Feitosa, este é um encontro que reverbera os propósitos da SP-Arte em 2017. “Sedimentados como Festival, vamos ocupar ainda mais a cidade com arte nesta edição. Vigorosa parceira, a Associação Cultural Videobrasil – há mais de 30 anos na ativa – é a melhor tradução do que precisamos conhecer da produção contemporânea que dialoga com o vídeo, o que representa bem nosso encontro artístico.”

Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno fica em cartaz no Galpão VB até o dia 17 de junho de 2017, com entrada gratuita.

+ sobre a exposição

Refinado observador da cultura de seu tempo, o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini buscou articular, em seus filmes e textos, uma crítica às transformações sociais então em curso na Itália e um registro de certas práticas culturais que, segundo ele, estariam desaparecendo. Em O Evangelho Segundo São Mateus (1964), por exemplo, Pasolini filma com não atores, vários deles camponeses do sul da Itália – região historicamente mais pobre do país –, realizando ao mesmo tempo uma espécie de homenagem ao catolicismo popular e um registro da máscara do rosto desse homem comum, marcada pelo trabalho no campo. “São imagens de corpos e práticas culturais dissidentes em relação às então novas formas hegemônicas que se impunham à heterogeneidade das culturas italianas”, explica o cocurador da exposição, Gabriel Bogossian.

A exposição Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno toma partido desse pensamento, transportando-o para o contexto brasileiro. Aqui, populações urbanas e povos indígenas seguem sob ameaça, seja de projetos de reforma urbanística que não levam em conta a necessidade de inclusão social, seja por empreendimentos de infraestrutura que inviabilizam modos de vida tradicionais. Nesse universo, obras de Caetano Dias, Miguel Rio Branco e Virgínia de Medeiros, por um lado; e de Claudia Andujar, Gisela Motta e Leandro Lima, Rodrigo Bueno, Rodrigo Braga e Runo Lagomarsino, por outro, aproximam-se na abordagem do transe – espiritual, emocional ou erótico –, do sexo e da morte, a partir de uma perspectiva crítica e heterodoxa. Para Bogossian, “o repertório simbólico, resultado do diálogo proposto por estes artistas e sua relação com práticas religiosas não ocidentais, acaba por configurar um lugar de resistência de modos e formas de vida que permanecem, insistindo em afirmar sua força e, sobretudo, sua diferença”.

Se o pensamento do cineasta italiano sobre um patrimônio cultural que desaparece é o ponto de partida da exposição, seu título – Nada levarei quando morrer, aqueles que me devem cobrarei no inferno, emprestado da obra de Miguel Rio Branco – reforça a ideia de morte, presente também em uma das obras de Claudia Andujar, Casulo humano (rito mortuário). “A morte representada na obra de Claudia está integrada aos ciclos naturais da vida, e não só da vida humana. Talvez seja isso que a gente queira criar no Galpão VB: um lugar multiespécie, onde convivem seres de vários mundos e universos, quase como uma espécie de morada dos espíritos”, finaliza.

+ sobre as obras e artistas

CAETANO DIAS | Feira de Santana, Brasil, 1959
As relações entre corpo e identidade, e memória e pertencimento são alguns dos principais eixos da pesquisa do artista, que trabalha com vídeo, videoinstalação, filme, fotografia, instalação e performance. Foi premiado no 16º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2007) com residência no Le Fresnoy, em Tourcoing, França. Dentre as exposições coletivas, destacam-se Do Valongo à Favela, Museu de Arte do Rio de Janeiro (2014); III Bienal da Bahia (2014) e 29º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2005). Vive e trabalha em Salvador.

Uma
vídeo, 2005
Obra que surge a partir de um evento fortuito, Uma é composta por um plano sem cortes que, como a subjetiva de um voyeur, mostra um homem e uma mulher abraçados dentro da água, em uma praia. A coreografia dos corpos sugere que, em plena luz do dia e à vista de todos, os dois fazem amor – a "uma" a que o título se refere. A câmera, voyeurística e irônica, acompanha os dois até que eles saiam do mar e a mulher, cansada, se sente na areia.

CLAUDIA ANDUJAR | Neuchâtel, Suíça, 1931
Desde o início de sua carreira, Andujar interessou-se por temas e grupos à margem da cultura dominante – dos internos de um hospital psiquiátrico a participantes de sessões espíritas –, registrando a potência vital dos personagens fotografados. Sua atividade como fotojornalista leva-a primeiramente à tribo dos Carajás e, em 1971, ao povo Yanomami, então recém contatado. Reconhecida internacionalmente, sua produção integra o acervo dos principais museus do mundo, como o MoMA, em Nova York; a Maison Européene de la Photographie, em Paris; e o Instituto Inhotim, em Brumadinho, Brasil. Publicou os volumes Marcados (2009), A vulnerabilidade do ser (2005), e Yanomami (1998), entre outros. Vive e trabalha em São Paulo.

Sem título
Slideshow com seleção do livro Amazônia, 1978

série Casa
fotografia, 1976
Publicadas pela primeira vez no livro Amazônia – realizado em parceria com George Love e atualmente esgotado –, este conjunto de imagens dá testemunho de um fragmento da floresta, tomada em sua complexidade humana, animal e vegetal. A sequência projetada em slideshow registra um momento lúdico de um grupo yanomami na mata. Ao contrário do que se vê em séries mais famosas da artista, aqui a presença dos corpos frente à câmera produz imagens delicadas, onde os yanomami brincam e conversam, como se partilhassem um espaço familiar. Casulo humano, por sua vez, mostra parte do rito fúnebre yanomami, no qual o cadáver é posto em uma espécie de casulo, por sua vez preso a uma estrutura de madeira na mata até que ele seque totalmente, para então ser cremado e ter suas cinzas misturadas ao mingau que seus parentes partilharão.

MIGUEL RIO BRANCO | Las Palmas de Gran Canária, Espanha, 1946
A obra de Miguel Rio Branco desdobra-se em pinturas, fotografias, filmes e instalações, frequentemente atuando no limiar entre essas linguagens. Seus trabalhos apresentam um mundo violento e fragmentado, conduzindo o público por zonas sombrias do tecido social e da subjetividade humana. Exibe internacionalmente desde a década de 1980, tendo obras em acervos de instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo; o Instituto Inhotim, em Brumadinho; o Centre Georges Pompidou, Paris; e o Stedelijk Museum, em Amsterdã. Publicou os volumes Dulce Sudor Amargo (1985), Silent Book (1998), e Maldicidade (2014), entre outros. Vive e trabalha em Araras, Brasil.

Nada levarei qundo morrer, aqueles que mim deve cobrarei no inferno
vídeo, 1979-80
Nada levarei qundo morrer, aqueles que mim deve cobrarei no inferno reúne fotografias e trechos audiovisuais produzidos por Miguel Rio Branco no bairro do Maciel, na região do Pelourinho, em Salvador. As imagens registram o cotidiano dos bares e prostíbulos do local, seus moradores e frequentadores. É em meio a fragmentos desse cenário que a frase-título aparece, escrita de batom sobre um espelho, ao fim do filme.

GISELA MOTTA E LEANDRO LIMA | São Paulo, Brasil, 1976
Formados em Artes Plásticas pela FAAP em 1999, Motta e Lima trabalham desde então em dupla, desenvolvendo uma investigação na qual tecnologias distintas são exploradas em obras onde conceito e técnica se determinam conjuntamente e frequentemente põem a relação com o espectador em primeiro plano. Participaram de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior, como 1ª Bienal Fin del Mundo, Argentina (2007); a 10ª Bienal de Havana (2009); e A Arte e a Ciência: Nós entre os extremos, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2015). Entre as exposições individuais, destacam-se In.Situ.Ações, MAMAM no Pátio, Recife (2011); e Sopro, CCBB, Rio de Janeiro (2012). Vivem e trabalham em São Paulo.

Yano-a
videoinstalação, dimensões variáveis, 2005
Yano-a foi desenvolvida a partir da apropriação de uma fotografia em preto-e-branco de uma maloca Yanomami incendiada, realizada em 1976 por Claudia Andujar. Os artistas buscaram atualizar o instante em que essa imagem foi registrada, recriando de maneira analógica o movimento do fogo e as refrações do calor a partir da projeção dessa fotografia através de uma camada de água. Em outra composição, um projetor adiciona à imagem original o registro animado das chamas extraído dos fotogramas que documentaram o incêndio, nos recolocando exatamente diante do momento em que essa maloca se perpetua queimando.

RODRIGO BUENO | Campinas, 1967
Trabalhando em instalações e objetos a partir de materiais como ferro, madeira e outros elementos orgânicos, Bueno reflete sobre a memória urbana através dos resíduos da cidade. Sua prática inclui a realização de oficinas e atividades colaborativas, além da coordenação do Ateliê Mata Adentro. Realizou as exposições individuais A Ferro e Fogo, na Galeria Marília Razuk, em São Paulo (2016); e o solo project na ArtBo, em Bogotá (2016); também participou das coletivas Transparência e Reflexo, no Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo (2016) e Cruzeiro do Sul, no Paço das Artes, São Paulo (2015), entre outras. Vive e trabalha em São Paulo.

Emboaçava (lugar de passagem)
site specific, dimensões variáveis
Única obra comissionada para a exposição, o site specific Emboaçava (lugar de passagem) traz um fragmento do ateliê Mata Adentro para o interior do Galpão VB. Utilizando diversos elementos de seu repertório artístico, como grades de ferro de casas demolidas e pedaços variados da flora de São Paulo, Bueno explora o passado da Vila Leopoldina, bairro onde se encontra o Galpão VB, e seu papel na proteção da então nascente cidade de São Paulo contra invasores. O título da obra faz referência a um ponto próximo à atual ponte dos Remédios, onde era possível cruzar o rio Tietê a pé.

RODRIGO BRAGA | Manaus, Brasil, 1976
Reinventando o gênero natureza-morta, Braga compõe imagens e situações mesclando materiais como folhas, pedras, ossos, carne e carcaças de animais que desafiam a percepção comum do natural e do cultural, do real e do construído. Dentre suas principais exposições estão a 30ª Bienal de São Paulo (2013); Extreme, na Maison Européene de La Photographie, em Paris (2010); e More force than necessary, individual realizada no Flanders Fields Museum, Ypres, na Bélgica (2010). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

De natureza passional
vídeo, 2014

Mentira repetida
vídeo, 2011

Sem título (pedra e tronco)
fotografia, 2012

Embora não tenham sido concebidas como um conjunto, as três obras reunidas nesta exposição constituem um recorte representativo de parte da produção de Rodrigo Braga que, de maneira coerente e sistemática, vem refletindo sobre as relações entre natureza e cultura em fotografias e performances em vídeo. De natureza passional e Mentira repetida, em que o artista performa em meio à mata, relacionam-se com a floresta como lugar possível de acolhimento e abrigo, enquanto Sem título (pedra e árvore) registra um instante do lento e silencioso embate entre uma pedra e um tronco que cresce sobre ela.

RUNO LAGOMARSINO | Lund, Suécia, 1977
Filho de argentinos exilados na Suécia, Lagomarsino explora perspectivas alternativas às relações de poder em sua dimensão histórica, partindo com frequência de uma reflexão sobre a permanência da herança colonial na América Latina contemporânea. Trabalhando com instalações, esculturas, fotografias e vídeos, realizou exposições individuais na Nils Stærk, Copenhague, Dinamarca (2011 e 2013); e na The Swedish Contemporary Art Foundation, Estocolmo, Suécia (2012), entre outras instituições, além de ter participado de mostras coletivas no Museu Reina Sofía, Madri (2014); no Museu Guggenheim, Nova York (2014); e na 52ª Bienal de Veneza, Itália, (2011). Vive entre São Paulo e Malmö, Suécia.

We all laughed at Christopher Columbus
projeção de slide sobre MDF, 2003

Untitled
fotografia, 2012

One side and the other
pôster, 2014

El Dorado (título provisório)
folhas de ouro, lâmpada e vela, dimensões variáveis
Parte de um amplo conjunto de obras onde o artista aborda criticamente o papel dos museus a partir de uma perspectiva pós-colonialista, os quatro trabalhos fazem referência à importância dessas instituições como detentoras dos espólios produzidos pelo colonialismo e, por consequência, na consolidação dos estados nacionais europeus. Nestas obras, os materiais e imagens utilizados pelo artista – principalmente ouro e um fragmento de The First New Chronicle and Good Government (1612–1616), texto chave para a reconstituição do que foi a cultura inca – evocam a simultaneidade perversa dos ciclos de espoliação econômica e cultural.

VIRGINIA DE MEDEIROS | Feira de Santana, 1973
Em sua prática artística, baseada principalmente no uso do vídeo e da instalação, Virginia de Medeiros apropria-se de estratégias do documentário para rever os modos de interpretar o outro, tomando emprestadas formas de investigação antropológica e etnográfica. Participou do 32º Panorama de Arte Brasileira, no MAM de São Paulo (2011); da 2ª Trienal de Luanda (2010), Angola; e da 27ª Bienal de São Paulo (2006). Em 2009, recebeu o prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais (2009). Vive e trabalha em São Paulo.

Cais do corpo
vídeo, 2015
Realizado durante as derradeiras etapas da “revitalização” mais recente realizada na Praça Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro, Cais do corpo constitui-se como uma espécie de registro dos últimos dias do universo de prostituição que florescia na região desde a década de 1930. Abordando sob um olhar crítico os projetos urbanísticos que gentrificam zonas inteiras das cidades sem nenhum planejamento de inclusão social, a obra encara a performatividade do corpo das prostitutas como prática social e política na qual se combinam, às vezes de modo singelo, erotismo e resistência.

Posted by Patricia Canetti at 1:32 PM

abril 1, 2017

Para que eu possa ouvir na Adelina, São Paulo

Voltada para artistas da América Latina, galeria de arte contemporânea surge com a intenção de se aproximar do público geral e nova proposta de gestão

Em abril, São Paulo ganha um novo espaço dedicado à arte contemporânea: a Adelina Galeria, que será inaugurada no bairro de Perdizes. Projeto pessoal do executivo Fabio Luchetti, que sempre admirou as artes, a galeria se propõe a desmistificar esse mundo e também a contribuir para a formação de público. A inauguração acontece junto com a abertura da exposição Para que eu possa ouvir, que busca levar ao público uma reflexão sobre quebra de paradigmas e como se pode ver o mundo com os olhos dos outros

O nome Adelina Galeria é uma homenagem de Fabio à sua mãe: leitora voraz e amante da cultura, ela foi a principal mola para despertar o interesse do filho pela arte. O desejo de abrir uma galeria, no entanto, surgiu quando ele já atuava como executivo. CEO da Porto Seguro desde 2006, Fabio idealizou e acompanhou de perto a criação do complexo cultural da companhia e, com isso, aumentou seu repertório pessoal e também começou a se interessar mais pelo mundo das artes. Com esse empreendimento, Fabio pode trabalhar sua visão dentro da arte que vão além do objeto de arte, empregando também sua assinatura de gestão para esse negócio.

“Por meio da Adelina Galeria, terei um contato mais próximo com curadores e artistas, buscando aqueles com biografias e características que gerem maior identificação com o nosso projeto, além de poder contribuir para que jovens talentos sem muitos recursos tenham uma chance em sua carreira”, explica Fabio Luchetti.

Mais do que buscar desenvolver um olhar apurado para artes nos últimos anos, Fabio também se preparou academicamente para abrir sua galeria com uma especialização. Recentemente, o executivo fez uma pós-gradução em Museologia, Curadoria e Colecionismo no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, possibilitando aprofundamento nas questões artísticas para criar um projeto consistente e sustentável.

Pilares
Além da comercialização de obras de arte, a Adelina Galeria irá trabalhar dois pilares fundamentais: formação (do artista e de público) e relacionamento (com o território e a cidade). A trajetória empresarial de Fabio irá contribuir para a gestão do negócio. A ideia é ter uma relação mais justa e de real parceria com os artistas, contribuindo não só para a sustentabilidade do espaço, como também para o seu desenvolvimento. A Adelina terá uma equipe dedicada a apoiar os artistas em todos os aspectos, – desde auxiliar com a sua comunicação e imagem até debater novos suportes – para que eles possam se dedicar a desenvolver sua arte.

Projetos de formação e de relacionamento com o bairro também serão abarcados na Adelina Galeria. Fabio está montando com a sua equipe projetos que sejam duradouros e que possam trabalhar a arte desde cedo, contribuindo não só para a formação de público para a arte contemporânea como para a formação de novos artistas. O envolvimento e a contribuição para o desenvolvimento do bairro de Perdizes também fazem parte desse viés de relacionamento com o bairro. A Adelina Galeria sempre buscará encontrar no bairro seus fornecedores de produtos e serviços. “Esperamos estimular esse espírito de contribuir com o local em comerciantes, empresas e moradores também”, diz Fabio.

A galeria também terá um conjunto de quatro a seis ateliês na mesma rua. Eles serão utilizados para dar suporte aos artistas representados pela Adelina e também para programas de residências para artistas da America Latina, além de abraçar outros projetos educativos em desenvolvimento.

Proximidade
Mais do que um lugar dedicado à contemplação e à comercialização da arte, a Adelina Galeria quer ter suas portas abertas para todos e ser um espaço de convivência, se aproximando do conceito de centro cultural. A arquitetura do espaço já mostra isso: o prédio onde será instalada é próximo da rua e convida o público a entrar, num visual que não gera constrangimento ou afastamento para esse movimento. A ideia é que, além das artes visuais, o espaço também se abra para cursos e dialogue com outras manifestações artísticas.

A relação com a comunidade também será um fator importante: a equipe da galeria está buscando universidades do bairro para montar parcerias constantes e contribuir para formação de público e de artistas. A proposta também é que a galeria atue junto com outros atores culturais do bairro de Perdizes (como a Livraria Zaccara, a Galeria Brasiliana e a Casa da Travessa), ajudando a fortalecer o circuito cultural que já existe na região escolhida para sediar este projeto.

Antes de escolher o local onde instalaria seu empreendimento, Fabio pesquisou o bairro, buscando compreender como seria o acolhimento da Adelina Galeria e como ela poderia contribuir para o desenvolvimento local. Apesar de próximo de grandes polos de opções culturais (Vila Madalena, Pinheiros e Barra Funda), o bairro de Perdizes tem um perfil residencial, mas com áreas que têm adotado estabelecimentos comerciais e de serviços (como a proximidade da Rua Cardoso de Almeida). Além disso, Perdizes está perto dos Jardins, Cerqueira Cezar, Higienópolis e pode, facilmente, se tornar um ponto de apoio para quem quer consumir arte, cultura e entretenimento.

Para que eu possa ouvir
A primeira exposição da Adelina Galeria será Para que eu possa ouvir, que tem curadoria assinada por Douglas Negrisolli. A ideia da mostra é propor uma escuta da arte ao visitante, por meio de uma reflexão em cima do significado da palavra alteridade com obras de artistas latino-americanos. Olhar o mundo com alteridades pressupõe se colocar no lugar do outro, tentando compreender o que aquela pessoa vive. Esse processo também envolve enxergar o mundo por outra ótica. (leia o texto do curador)

A mostra será composta por três instalações, um vídeo, três pinturas, sete fotografias e um objeto. Os trabalhos expostos serão assinadas por Erica Kaminishi, Cristina Suzuki, Rodrigo Linhares, Beatriz Lecuona, Óscar Hernández, Thiago Toes, Renan Marcondes, João Tolomei Opriê, Stephan Doitschinoff e Francisco Valdes.

Posted by Patricia Canetti at 1:28 PM