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março 31, 2017

Daniel Senise na Nara Roesler, São Paulo

A galeria Nara Roesler apresenta sua primeira exposição do artista brasileiro Daniel Senise desde que passou a representá-lo, em 2016. A curadoria é de Brett Littman, Diretor Executivo do The Drawing Center, de Nova York.

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Desde a década de 1990, Senise trabalha com o que pode se chamar de “construção de imagens”. O processo começa com a impressão de superfícies e objetos – como pisos de madeira ou paredes de concreto – sobre tecido. Os impressos são reunidos num arquivo no ateliê do artista e posteriormente recortados e instalados em painéis de alumínio, para servirem de pano de fundo ou como elementos arquitetônicos estruturais de composições espaciais complexas. Algumas das obras de Senise são compostas de diversos fragmentos impressos, reunidos ao longo de vários anos. Painéis rejeitados são muitas vezes recombinados e retrabalhados, com a inclusão e a retirada de elementos de tecido, para serem incorporados a novas ideias desenvolvidas pelo artista em seu ateliê.

Senise vem investigando estratégias de composição mais redutivas desde 2011, quando criou a instalação de grandes dimensões 2892: duas paredes brancas altas com lençóis manchados, vindos de uma UTI de hospital e de um motel, sustentadas por estruturas de madeira. Esta obra, em que tecidos impressos foram substituídos por lençóis lanchados, faz uma referência visual às mortalhas e aos trabalhos em branco sobre branco de artistas como Kazimir Malevich e Robert Ryman. Posteriormente, em 2011, Senise iniciou uma nova série, Quase aqui, na qual usou uma tábua de madeira espessa como mesa em seu ateliê, registrando nela os cortes e marcações feitos por ele próprio e por seus assistentes durante um determinado período. Em seguida, preencheu, lixou e pintou de branco, com aerógrafo, uma grande área retangular no centro do painel, criando um vazio óptico. Os trabalhos da série são muito sutis e não contêm quase nenhum conteúdo visual que possa ser lido com facilidade – é preciso olhar de perto para compreender, de fato, o processo de criação. Em 2013, após a morte de seu pai, Senise inaugurou a série Biógrafo, com 85 painéis. Visualmente, a série tem em comum com Quase aqui a introdução de uma forma retangular no centro da composição. No entanto, aqui o artista reintroduz a impressão em tecido e os trabalhos são muito mais densos e opticamente desestabilizadores, pois ele gira os painéis durante sua construção e, assim, altera constantemente a perspectiva. Em 2014, Senise deu início a uma série de pinturas baseadas nos interiores de museus famosos. A série começa com painéis densos, como National Gallery, de 2014, e Gemäldegalerie, exposto em Berlim, também em 2014, e tenta representar elementos arquitetônicos com molduras vazias nas paredes. Gradualmente, o artista começa a subtrair materiais, em trabalhos como Siza I and II, de 2014, e Hermitage, de 2017, mantendo apenas um mínimo de referências visuais que permitem ao espectador identificar a arquitetura dos museus em questão.

As pinturas em exposição na Nara Roesler apresentam um Senise em transição – equilibrando seus impulsos redutivos mais recentes e sua implacável busca interna por novas maneiras de criar imagens. O conjunto de obras na ampla galeria indica claramente a dualidade polarizada da produção atual do artista. Billboard, Billboard 1 e Escultura, todas de 2016, apresentam estratégias de composição semelhantes. Aqui, Senise trabalhou com painéis concluídos mais antigos e, ao longo do tempo, retirou ou recortou os elementos de tecido para expor o substrato de alumínio e todas as marcas e os riscos feitos durante sua criação e subsequente desconstrução. Essas três obras estendem as investigações sobre subtração, “desfeitura” e a revelação do tempo pelas marcas/manchas iniciadas por Senise em 2011, na instalação 2892, na série Quase Aqui e em seus trabalhos mais recentes com interiores de museus. Ademais, a forma do outdoor, essencialmente um retângulo que flutua no espaço, remete à geometria de Quase Aqui e da série Biógrafo.

Em Skylight, Night Studio (ambas de 2017) e A Floresta do Livre Arbitrio, de 2016, Senise volta a um tema e a uma imagem familiares em sua obra – seu próprio ateliê. Nestes trabalhos, porém, o ateliê representa a busca interior por novos métodos de composição e novas formas de ver. São paisagens pessoais em que o ateliê representa o lugar de isolação e solidão onde o artista pode contemplar o espaço, o tempo, a luz e o céu noturno. Estas obras são mais visualmente e estruturalmente ativadas, mas também contêm materiais removidos e substratos expostos, bem como referências ao retângulo que as une inextricavelmente a Billboard e Escultura.

A nova exposição também inclui três novos trabalhos da série Biógrafo (LV, LXXVII e LXXXIV, de 2017) e dois painéis menores sem título, produzidos em 2016 e 2017, mais intimamente relacionados ao trabalho graficamente cumulativo de Senise da década de 2000.


Galeria Nara Roesler presents the it’s first exhibition of Brazilian artist Daniel Senise, since he joined their roster in 2016. This exhibition is curated by Brett Littman, Executive Director of The Drawing Center in New York.

Senise, since the late 1990s, has been engaged in what can be best described as “image construction.” His process starts with imprinting surfaces and material conditions – like wooden floors or concrete walls - onto cloth. These imprints are then collected into an archive in his studio and later are cut and mounted onto to aluminum panels as backgrounds or as architectonic structural elements for his complex spatial compositions. Senise’s works can made up of conglomerations of many different fragments of his imprints spanning many years. As well, unfinished or rejected panels are often re-combined and repurposed, by adding and removing cloth elements, in service of new ideas he is exploring in his studio.

Senise has been exploring more reductive compositional strategies since 2011, when he made his large-scale installation work entitled 2892, two high white-walls made up of stained sheets collected from an intensive care unit of a hospital and a love hotel supported by wooden armatures. This work, which substituted stained sheets for his cloth imprints, visually reference shrouds as well as white on white works by artists like Kazimir Malevich and Robert Ryman. Later in 2011, Senise began a new series of works called Quase aqui (Almost Here) in which he used a thick wooden board as a table in his studio and recorded the various cutting and mark making activities of himself and his assistants over a duration of time. Later, a large rectangular area in the center of the panel was filled, sanded and airbrushed with white paint, to create an optical void. These works are very subtle and almost totally devoid of easily readable visual content – they require close looking on the part of the viewer to truly understand the processes involved in making them. In 2013, after the death of his father, Senise started the Biógrafo (Biographies), a series of 85 panel works. This series is linked visually to the Quase aqui works by the introduction of a rectangular form into the center of their composition, however, they re-introduce the cloth imprints and are much denser and optically destabilizing due to the fact that he rotates the panels during their construction and thus is constantly shifting their perspective. Lastly in 2014, Senise began a series of painting based on famous museum interiors. This series starts with visually dense panels like National Gallery, 2014 and Gemäldegalerie, Berlin, 2014, that attempt to represent architectural elements and with empty framed painting on the walls. Gradually as the series moved on he began to subtract materials in works like Siza I and II, 2014 and Hermitage, 2017 so the bare minimum of visual references is left that still allow the viewer to be able to identify the specific museum gallery architecture.

The paintings in the current exhibition at Nara Roesler, find Senise in a transitional mode – as he balances his more recent reductive impulses with his relentless internal search for new ways to make images. The group of works in the large gallery and the window space give a clear indication of the dual polarities of Senise’s current output. Billboard, Billboard 1 and Escultura, all made in 2016, share similar compositional strategies. Here, Senise has taken older completed panels and over time has removed or cut away the cloth elements to expose the aluminum substrate and all of the attendant marks and scrapes that were made through their creation and subsequent deconstruction. These three works extend the explorations of subtraction, “unmaking” and the revealing of time through marks/stains that Senise began to explore in 2011 in the 2892 installation, in the Quase Aqui series and in his most recent museum interior pieces. As well, the billboard form, which essentially is a rectangle floating in space, refers us back to the geometry of the Quase Aqui and the Biógrafo works.

In Skylight, Night Studio (both made in 2017) and A Floresta do Livre Arbitrio (The Forest of Free Will), 2016, Senise has returned to a familiar theme and image in his oeuvre – his own studio. In these works, however, the studio now represents the internal search for new compositional methods and ways of seeing. These are personal landscapes where the studio stands for the place of isolation and solitude where the artist can contemplate space, time light and the night sky. These works are more visually activated and structurally but they also contain passages of removed material and exposed substrates as well as references to the rectangle which inextricable bond them to Billboard and Escultura.

The exhibition also includes three new Biógrafo works (LV, LXXVII and LXXXIV, 2017) and two smaller untitled panels made in 2016 and 2017, which are more closely related to the graphically accumulative work that Senise made in the 2000s.

Posted by Patricia Canetti at 4:17 PM

Daniel Buren na Nara Roesler, São Paulo

Depois de criar intervenções na Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro em 2015, Daniel Buren traz, desta vez, trabalhos inéditos para a sede paulistana. O consagrado artista francês apresenta obras especialmente concebidas para esta exposição - Prismas, cores e espelhos: alto-relevo > trabalhos situados, que será inaugurada no período da SP-Arte. São nove conjuntos de objetos tridimensionais de parede, com jogos de espelho, compostos de 8 a 14 peças cada um.

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Daniel Buren que, no Brasil, também participou da Bienal de São Paulo (1983 e 1985) e de mostra no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2001), abandonou a pintura em 1965 em favor de uma arte fortemente conceitual, calcada na economia de elementos. Começou usando material de cortina listrada, cujos componentes se tornaram a base da sua sintaxe artística - listras verticais de 8,7 cm de largura brancas e coloridas alternadas.

Com a sua marca registrada, de uma economia de meios que surpreende por gerar tal riqueza e complexidade, o artista foi desenvolvendo sua pesquisa em diversos suportes, passando a conquistar também a arquitetura dos espaços. Com seu padrão singular, desloca ou ressalta sancas no teto, paredes, colunas e outros elementos.

O desdobramento da marca registrada de Buren em colunas foi uma nova evolução, gerando instalações icônicas, como a colunata listrada de preto e branco que povoa o vão central do Palais-Royal em Paris desde 1986. A peça abriu o debate sobre a implementação de obras contemporâneas em prédios históricos, a exemplo da pirâmide do Louvre, do arquiteto Ieoh Ming Pei, cuja construção foi concluída três anos depois do trabalho de Buren.

Também passou a utilizar jogos de espelhos e transparências para permitir a reflexão da luz e a projeção da cor dentro dos ambientes, como na incrível instalação criada para o Grand Palais em 2012. Nela, a claraboia foi acrescida de vidros azuis alternados aos transparentes, projetando uma padronagem xadrez sobre o chão. Ainda, inúmeros discos de vidro coloridos dispostos sobre colunas permitiam ao público passar por baixo deles, aumentando os efeitos de cor.

A rua é um de seus espaços preferidos hoje em dia. Ele inventou a noção de site specific no campo das artes plásticas para caracterizar uma prática intrinsecamente ligada à especificidade topológica e cultural dos lugares onde a obra é apresentada. Suas obras mais recentes são instrumentos arquitetônicos cada vez mais complexos que dialogam constantemente com a arquitetura existente, envolvendo uma alteração de espaço, uma multiplicação lúdica de materiais (madeira, vinil, materiais plásticos, grades) e uma explosão de cor. Desde o início da década de 1990, a cor não era mais apenas aplicada às paredes, mas literalmente "instalada no espaço" na forma de filtros e folhas coloridas de vidro ou acrílico.

Até hoje Daniel Buren produziu milhares de sites specifics em todo o mundo. A maioria destas obras são destruídas após serem apresentadas e, portanto, não existem fora do tempo e do espaço para o qual foram concebidos. No entanto, há também um importante corpo de obras permanentes nas coleções dos principais museus em todo o mundo.

A individual no Apollinaire em Milão em 1968 e a participação de Buren nos eventos internacionais da Prospect em 1968 e 1969 em Düsseldorf marcaram o início real de sua celebridade artística. Nos anos 70 começou a mostrar seu trabalho em museus, muitas vezes fora de França, e em mostras voltadas à arte conceitual. No mesmo período, suas obras começaram a utilizar os mais variados suportes - paredes, portas, cartazes, placas de rua, papel e lona sob vidro, escadas, trens, navios, sob a forma de bandeiras nos telhados de Paris, coletes de curadores de museus, etc. Ele foi um grande ponto de conversa e gerou controvérsia em 1971 na 5ª Exposição Internacional do Museu Guggenheim em Nova York e em 1972 na celebrada Documenta V organizada por Harald Szeemann. As mudanças políticas na década de 1980 permitiram-lhe ocupar os espaços públicos de uma forma menos fugaz, e ela começou a produzir obras permanentes. Em 1986 foi premiado com o Leão de Ouro pelo melhor pavilhão na Bienal de Veneza.


After making interventions at Galeria Nara Roesler in Rio de Janeiro, 2015, Daniel Buren brings previously unseen works to the gallery’s São Paulo venue. The acclaimed French artist will present pieces created specifically for this exhibit - Prisms, colors and mirrors: high-relief > situated works, set to open during the SP Arte fair. The show will feature nine different sets of three-dimensional wall objects, plus sets of 8-14 mirrors each.

Buren, whose Brazilian appearances also include the São Paulo Art Biennial (1983 and 1985) and a showing at Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2001) abandoned painting in 1965 for a highly conceptual brand of art based on restraint in the use of elements. He began to use a striped curtain material, the components of which became the basis of his artistic syntax – alternating white-and-colored vertical stripes 8.7 cm wide.

Boasting his trademark frugality of means, whose results are nonetheless surprisingly rich and complex, the artist set about developing his research in multiple supports, even as he proceeded to conquer the architecture of spaces. His unique approach dislocates or highlights ceiling cornices, walls, columns and other elements.

The evolvement of Buren’s trademark into columns was another step forward, spawning iconic installations such as the black-and-white striped columns that populate the Palais Royal courtyard in Paris since 1986. The piece spurred debate on the implementation of contemporary artworks into historic buildings, such as the architect Ieoh Ming Pei’s Louvre Pyramid, completed three years after Buren’s own work.

He also began using mirror systems and transparencies to allow light to reflect and color to project into the environment, as in his amazing 2012 Grand Palais installation. He incorporated alternately blue and transparent glasses to the skylight, projecting a chessboard-like pattern onto the floor. Additionally, numerous colored glass discs set atop columns enabled audience members to pass underneath them, enhancing the color effects.

The street is one of his preferred spaces these days. He created the notion of in situ work in the field of fine arts, to characterize a practice intrinsically tied to the topological and cultural specificity of the places where the work is presented. His more recent offerings are ever-increasingly complex architectural instruments that constantly dialogue with the existing architecture and involve an alteration of space, a playful multiplication of materials (wood, vinyl, plastic materials, grids), and an explosion of color. From the beginning of the 1990s, Buren no longer applied color just to walls; he literally ‘installed it in space’ in the form of filters and colored sheets of glass or plexiglas.

To date, Daniel Buren has produced thousands of in situ installations all over the world. The majority of these are destroyed after being presented, and so do not exist outside the time and space for which they are conceived. However, there is also an important body of permanent works by him in the collections of leading museums around the world.

Buren’s solo show at the Apollinaire in Milan, 1968 and his 1968 and 1969 stints in international events at the Prospect in Düsseldorf marked the true beginning of his rise to celebrity. In the 70s, he began showing his work in museums, often out of France, and in conceptual art exhibits. This period also saw him embrace widely varied supports – walls, doors, poster boards, street signs, paper and canvas under glass, on stairways, trains, ships, in the form of flags on the roofs of Paris, the waistcoats of museum custodians, etc. He was a great talking point and generated controversy in 1971 at the 5th International Exhibition of the Solomon Guggenheim Museum in New York, and in 1972 at the celebrated Documenta V organized by Harald Szeemann. Political changes in the 1980s allowed him to occupy public spaces in a less fleeting fashion, and he began producing permanent works. In 1986, Daniel Buren was awarded the Leone d’Oro at the Venice Biennale for best pavilion.

Posted by Patricia Canetti at 3:03 PM

Nino Cais na Triângulo, São Paulo

Nino Cais discute o sentido da imagem em sua exposição de estreia na Casa Triângulo

Além de ​intervenções, vídeos, objetos e uma instalação, o artista apresenta uma série de delicados desenhos feitos em grafite tingidos por densas manchas de de tinta preta à óleo.

A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 4 de abril de 2017, a exposição Ópera do Vento, a primeira individual do artista Nino Cais na galeria. Abordando, entre outros temas, o caráter imaterial da obra de arte, a mostra conta com cerca de 30 desenhos, 35 intervenções feitas em páginas de livros, cinco objetos, um vídeo e uma instalação com 85 suportes para partituras.

O artista usa como ponto de partida o mundo à sua volta, dessa forma livros, fotografias, roupas e objetos corriqueiros vão tomando nova significação dada através de suas intervenções e justaposições inusitadas. Em suas palavras, “as intervenções sobre as imagens criam uma espécie de lente de aumento no próprio significado, não apenas propondo um novo significado mas também magnificando o sentido original da imagem”.

Nino Cais é um artista multidisciplinar: video, fotografia, colagem e desenho são algumas das linguagens trabalhadas em sua pesquisa.

Para a mostra o artista vem colecionando livros iconográficos, que guardam retratos, paisagens e imagens do cinema, e provocando em suas páginas intervenções com cortes, rasgos e cores. Delicados desenhos de ferramentas feitos a grafite são tingidos por manchas densas de tinta à óleo pretas. Um vídeo apresenta imagens de esculturas recortadas que atravessam uma paisagem como se criassem uma linha do tempo disfuncional, sem fim ou começo. Objetos de diversas finalidades são unidos e resultam em junções imprevistas: camisas masculinas brancas de algodão ganham pratos encaixados nos braços. A estranheza inicial dá lugar a uma sensação de repouso, como se guardasse um sentido transcendente ou sagrado, tal qual o tecido branco que envolve objetos da liturgia da igreja católica, uma memória da infância do artista já explorada em outras peças. Os objetos também comentam o corpo como matriz de tudo que existe no mundo, um corpo molde de onde nasce tudo. A exposição aborda a fluidez entre o acaso e o planejado e a valorização de uma construção processual.

Sempre entabulando relações com artistas de outras áreas como a literatura, moda, artes dramáticas, nesta exposição o artista convida a atriz e escritora Maria Ribeiro para dialogar com seu trabalho criando um texto de ficção que fará as vezes de um texto crítico.

Posted by Patricia Canetti at 2:43 PM

Guilherme Callegari na Casa Nova Arte, São Paulo

Série de Pinturas vê relação entre o design gráfico e a arte

A mostra NÃOSÍMBOLO, do artista Guilherme Callegari, contará com cinco trabalhos em óleo sobre tela na sala de projetos da Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea, no Jardins

Por que um determinado símbolo representa o que representa? Como são formados e incorporados ao dia-a-dia? Foram perguntas como essas que direcionaram o trabalho do artista Guilherme Callegari na série NÃOSÍMBOLO, que ele apresenta, a partir do dia 4 de abril, na Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea.

São cartazes, capas de livros, discos, sinalizações de trânsito, que, aplicados nas pinturas perdem total significado e passam a ser apenas elementos gráficos, sejam eles letras, números ou logotipos. “Quando as pessoas chegam no ateliê, todas tentam ler o que está escrito e ficam procurando significados nas ‘palavras’, como se estivessem lendo uma língua que não lhes é familiar, e isso me intrigou muito. Talvez isso possa vir a ser uma discussão, mas a princípio o objetivo não era esse”, conta Callegari.

Por isso também o título escolhido para a série: NÃOSÍMBOLO, que vem da “dessígnificação” ou negação desses símbolos. “Nesse projeto a relação do design gráfico com a pintura é de fato 100%. A escolha de cada símbolo veio do interesse em dar um foco maior em alguns que eu já usava em pinturas antigas, como na série BASE”, completa.

Todas as pinturas dessa série são óleo sobre tela e ficarão expostas até o dia 6 de maio, na sala de projetos da Casa Nova. No mesmo período, a fotógrafa Cláudia Jaguaribe expõe no espaço principal a série Horror Vacui, feita na China.

Posted by Patricia Canetti at 1:25 PM

Claudia Jaguaribe na Casa Nova Arte, São Paulo

Série inédita sobre a China, da fotógrafa Claudia Jaguaribe, abre a programação de exposições da Casa Nova, em abril

Contrapondo passado e presente, a exposição Horror Vacui parte de Beijing para refletir o mundo contemporâneo e seus excessos


De volta à China depois de 15 anos, a fotógrafa Claudia Jaguaribe fotografou por Beijing em 2015 e 2016 numa busca por traduzir uma sensação que já vinha lhe chamando a atenção em todos os lugares, mas que é muito mais evidente por lá: os excessos. “São objetos, pessoas, paisagens, como se todos os lugares estivessem ocupados e que, nas imagens, acumulam novos sentidos e formas. É como se esse turbilhão espantasse o medo individual do nada, da ausência de sentido, do vácuo”, reflete a fotógrafa. Por isso o título: Horror Vacui, uma expressão em latim que significa horror ao vazio.

Para montar a exposição, Claudia optou por sobreposições que levam o espectador a olhar para frente e para trás, a história e a contemporaneidade. No primeiro conjunto, pinturas fotografadas na cidade fazem uma espécie de moldura para a fotografia central. “É como se a China antiga conversasse com a China moderna”, conta Claudia.

Pensada especialmente para o espaço da Casa Nova, um outro conjunto reúne centenas de imagens numa caixa de luz de grandes dimensões (1,20m x 1,20m), que ficará próxima ao jardim. São detalhes, paisagens, pessoas, construções, que fazem um mapa da cidade, em seis camadas que culminam no centro da caixa com a cidade proibida.

No teto, penduradas em um trilho, outras 13 fotografias formam uma espécie de varal, na altura dos olhos do espectador, e, no corredor, um homem em tom escuro, sobreposto por um vidro, chama para uma “selfie com o chinês”. A medida que o visitante se aproxima, a sensação proposta é que se esteja ao lado dele, enquadrado naquela fotografia.

O projeto todo também será lançado em fotolivro, pela Edição Bessard (Paris), de Pierre Bessard, ainda este ano, e parte dele estará na SP-Arte. “Esse trabalho é também sobre uma antiga tradição na arte oriental em que o preenchimento obsessivo do espaço cria imagens onde realidade e fantasia se misturam, e isto transcende a China”, completa Claudia.

Posted by Patricia Canetti at 1:04 PM

março 29, 2017

Efrain Almeida na Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo

A Fortes D’Aloia & Gabriel recebe em sua Galeria Instâncias do Olhar, a nova exposição de Efrain Almeida. Personagens recorrentes na prática do artista ressurgem aqui através de esculturas de madeira e bronze, aquarelas e bordados. Repletas de simbolismos e elementos biográficos, as obras parecem formar uma fábula pessoal suspensa no tempo.

Efrain Almeida retoma temas e figuras do seu repertório para ressignificá-los sob uma perspectiva circular. O trabalho central da exposição, por exemplo, tem relação direta com sua mostra anterior em São Paulo: em Uma coisa linda (2014), o artista exibiu 150 passarinhos de bronze no Galpão, reencenando o pouso de um bando de galos-de-campina no quintal de sua casa. Na inédita d (2017), no entanto, há apenas um pássaro, caído de costas sobre um tablado de madeira. A imagem evoca liricamente a memória de seu pai que faleceu ano passado. Era dele a exclamação que deu título à obra de 2014, o que dá mais sentido à escolha lacônica para o nome usado em 2017 (uma referência às palavras die e dad). O galo-de-campina, aliás, é uma ave típica do Nordeste e que, assim como fez seu pai em vida, migra do norte ao sul do país.

Ninho do Beija-Flor (2016) contrasta com esse peso ao retratar o instante em que o diminuto pássaro abre os olhos, fazendo seu primeiro contato com o mundo. O conceito da visão como signo mediador entre sujeito e realidade é desenvolvido ainda em outros trabalhos da exposição. As asas da Mariposa (2016) mimetizam os olhos de um predador como mecanismo de defesa. No autorretrato Cabeça (Mestiço) (2017), o artista devolve o olhar ao espectador através da superfície reflexiva do bronze. E em Cabeça (Transe) (2017), os olhos da escultura de madeira revelam sua introspecção, em um movimento para dentro de si. Aqui, o interesse de Efrain volta-se ao transe como um estado de interstício – entre imaginário e o real, entre a loucura e a sanidade –, análogo ao próprio ofício do artista.

Em O Outsider (2017), o autorretrato ganha forma através de uma camisa de seda bordada com o rosto do artista. Hanging (2017), também um bordado de seda, é uma paisagem porosa na qual o horizonte sustenta um ninho. Nas esculturas e aquarelas da série Pouso, Efrain retrata beija-flores empoleirados para capturar um instante efêmero de quietude. A paleta reduzida dessas aquarelas evoca o céu de um melancólico fim de tarde, atribuindo à paisagem um estado de espírito.

Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem (Ceará, 1964) e vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre suas exposições recentes, destacam-se: Uma pausa em pleno voo, Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2015); Lavadeirinhas, SESC Santo Amaro (São Paulo, 2015); O Sozinho, Casa França-Brasil (Rio de Janeiro, 2013); 29. Bienal de São Paulo (2010); 10. Bienal de Havana (2009); Marcas, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2007). Sua obra está presente em diversas coleções públicas e privadas do Brasil e do mundo, entre as quais: MoMA (Nova York), MAM São Paulo, Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela, Espanha), Toyota Municipal Museum of Art (Toyota, Japão), Pinacoteca do Estado (São Paulo), entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 2:53 PM

Nervo Óptico: 40 anos na FVCB, Viamão

40 anos depois do lançamento do primeiro cartazete “Nervo Óptico – publicação aberta a divulgação de novas poéticas visuais”, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura a mostra Nervo Óptico: 40 anos, que abre a programação expositiva de 2017 da Sala dos Pomares, no dia 1ª de abril, sábado, das 11h às 17h. Depois de uma temporada no Centro Cultural São Paulo (2016/2017), a exposição ganha inédita configuração, especialmente pensada para o espaço expositivo da FVCB.

Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, a exposição apresenta trabalhos – em obras da época e em versões recentes – dos artistas que integraram o grupo: Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Clóvis Dariano, Mara Alvares, Telmo Lanes e Vera Chaves Barcellos; além de obras de Romanita Disconzi e Jesus Escobar, artistas que participaram das atividades antecedentes à consolidação do Nervo Óptico. Documentos e registros fotográficos de performances e ações do período de atuação do grupo (1976 a 1978) também serão exibidos na mostra. Nervo Óptico: 40 anos é um convite para conferir a potência artística e a contemporaneidade do projeto Nervo Óptico.

Transporte gratuito para abertura

Para o dia da abertura, a FVCB disponibilizará transporte gratuito POA – Viamão – POA, em dois horários: às 11h e às 14h, com saída em frente ao Theatro São Pedro (Praça da Matriz – Centro). É necessária inscrição prévia, por telefone ou e-mail: 51-3228-1445 | 98498-5994 | info@fvcb.com

Conversa com a curadora

Integrando a programação educativa que acompanha a mostra, o primeiro encontro do Curso de Formação Continuada em Artes será com a curadora Profª Drª Ana Albani de Carvalho, no evento de inauguração. A atividade inicia às 10h e é aberta ao público interessado. A entrada é franca. O projeto educativo Nervo Óptico: 40 anos contempla além das visitas mediadas à exposição, a 13ª edição do Curso de Formação Continuada em Artes – programação gratuita direcionada a educadores e público interessado em geral – que promoverá encontro com a curadora da exposição e com artistas participantes do grupo, orientação na produção de projetos educativos a partir da exposição e uma oficina sobre cartazete e fotografia experimental.

Atividades Paralelas | Nervo Óptico: 40 anos

Com objetivo de avivar, estimular e aprofundar o debate em torno das ações do Nervo Óptico, a FVCB realizará uma ampla programação que engloba além das atividades do Programa Educativo, um ciclo de palestras com teóricos, artistas e agentes do sistema das artes; e a participação na 15ª Semana de Museus.

FVCB na Semana de Museus

Na Semana dos Museus, a FVCB realizará atividades em suas duas sedes. Em Viamão, haverá visita mediada à mostra Nervo Óptico: 40 anos, com Margarita Kremer, coordenadora do Programa Educativo. Em Porto Alegre, no Centro de Documentação e Pesquisa – CDP – da FVCB, ocorrerão encontros sob a coordenação da curadora Ana Albani de Carvalho. Intitulada “Nervo Óptico e suas conexões | Estudos e Debates”, a programação abrange três encontros mensais, com disponibilidade de 10 vagas, com inscrição prévia.

Sobre Nervo Óptico

Responsável por uma intensa renovação no circuito artístico, o título Nervo Óptico abrange ações do grupo de artistas desde o lançamento do texto-Manifesto em 1976, passando pela criação e circulação dos cartazetes e pelas exposições realizadas até 1978, ano em grupo se desfaz. “Publicação aberta a divulgação de novas poéticas visuais” o cartazete Nervo Óptico teve distribuição gratuita no Brasil e no exterior – aos moldes da arte postal – entre abril de 1977 e setembro de 1978, com tiragem de cerca de mil exemplares. Cada edição apresentou um trabalho desenvolvido especificamente por um artista, integrante do grupo idealizador ou convidado.

Posted by Patricia Canetti at 1:41 PM

Fyodor Pavlov-Andreevich no MAC USP, São Paulo

Artista russo faz performance e fica pendurado a 40 metros de altura por 7 horas

Para chamar a atenção para a escravidão e o racismo, Fyodor Pavlov-Andreevich faz performance na inauguração de sua exposição Monumentos Temporários. Fotoinstalações e microfilmes das atuações anteriores ficam em cartaz de 1 de abril a 13 de agosto no MAC USP, em São Paulo.

Levar seu corpo ao limite para rememorar a dor e a humilhação daqueles que foram e ainda são escravizados nos dias de hoje. Esta é a proposta do artista russo Fyodor Pavlov-Andreevich, um dos principais performers da Rússia contemporânea, na série Monumentos Temporários que chegará ao Museu de Arte Contemporânea da USP no dia 1 de abril.

Depois de pré-estreia no Centro de Arte Contemporânea Winzavod, em Moscou, a exposição, agora completa, chega ao público brasileiro com instalações fotográficas, microfilmes (colaboração do videoartista alemão Ilya Pusenkoff) e performance do artista na inauguração. Fyodor Pavlov-Andreevich ficará pendurado a 40 metros de altura, no topo do edifício do MAC, a céu aberto, segurando uma longa faixa que chama a atenção do público para a escravidão contemporânea: a escravidão do pensamento que se dá por meio do racismo. Esta será a última das sete performances que o artista realiza desde 2014 sobre o tema.

Há quatro anos Fyodor Pavlov-Andreevich está imerso em intensa pesquisa sobre a escravidão histórica e contemporânea no mundo, em especial no Brasil. As cenas montadas pelo artista recriam situações tanto históricas quanto contemporâneas. Na primeira performance, por exemplo, Fyodor escalou um coqueiro e ficou agarrado ao tronco, a 10 metros de altura, por sete horas, em referência aos escravos que escalavam as árvores, escondidos na noite, em busca de sementes para contrabandear e tentar conseguir dinheiro para comprar alforria. Na quinta performance, no Rio de Janeiro, caminhou por sete horas com um pesado cesto na cabeça para relembrar uma das humilhantes obrigações dos escravos brasileiros: levar e despejar as fezes de seus senhores no mar. Na sexta atuação, o artista relembrou o caso do jovem de 14 anos, negro, suspeito de furto, que foi violentamente agredido, deixado nu e preso com uma trava de bicicleta a um poste, na zona sul do Rio de Janeiro. De pele muito alva e loiro, Fyodor atou-se a um poste, nu e ficou lá por sete horas e escancarou a distinta reação dos passantes.

Todas as performances realizadas foram captadas em fotos e vídeos e agora compõem a exposição Monumentos Temporários, que traz um olhar do artista sobre o material captado. Sobre a efemeridade da performance, o artista acredita que ela pode perdurar por ainda mais tempo do que os monumentos estáticos. “Não acredito em monumentos eternos. Com o passar das décadas eles perdem a comoção do contexto inicial e se tornam meros elementos arquitetônicos. Acredito em monumentos temporários. Aqueles que existem no espectro de um horizonte temporal fixo, marcados por trabalho físico intenso. Uma estrutura mutável, porém com um senso continuo da energia do momento”, explica Fyodor.

“Para Fyodor, resistir ao risco, físico e psicológico, é ser honesto diante da experiência da performance, respeitá-la em sua integridade”, explica Ana Avelar, curadora da exposição. “Os monumentos temporários são objetos que se constituem de meios diversos – a foto, a performance, o objeto – e não pretendem se fixar na paisagem”, completa.

SOBRE O PROJETO

Monumentos Temporários é uma série de sete performances, realizadas entre 2014 e 2017, com duração de sete horas cada. As performances dizem respeito à história e à modernidade do trabalho escravo no Brasil, e também à resistência à ele, desde os primeiros tempos até hoje.

Por meio de uma instalação fotográfica, Fyodor documenta seus monumentos temporários: aqueles que não existem fisicamente depois de completar o seu tempo performativo, mas marcam a história como um acontecimento singular e uma atitude.

As performances representam sete cenas de castigos impostos historicamente a escravos, emprestados da história brasileira.

Embora o trabalho do artista se baseie no contexto social, político e cultural brasileiro, o projeto é global, uma vez que a situação do trabalho escravizado se dá numa esfera mais ampla, extrapolando o contexto nacional. "Meu trabalho não é sobre uma nação em particular. Sou russo, passo meu tempo entre lá e o Brasil. Os dois países estão lutando para lidar com o pesado legado do patrimônio totalitário: muitos brasileiros ainda se consideram proprietários de escravos, ou até mesmo escravos, ao passo que os russos se consideram a melhor e a única nação do mundo, ainda que o país ocupe a 7ª posição no Índice de Escravidão Global. Hoje, 1,4 milhões de trabalhadores na Rússia consideram-se escravos devido às condições severas de trabalho e de vida, principalmente aqueles vindos do Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão, e, somando-se a isto, sofrem também com ataques e manifestações xenofóbicas, de ódio e de violência física. O meu projeto é sobre como o trabalho escravo continua a existir, de uma forma ou de outra, na cabeça, no corpo, nas práticas e nas condutas de cada um de nós.

Fyodor Pavlov-Andreevich nasceu em Moscou e atualmente divide residência entre Moscou, Londres e São Paulo. Historiador de literatura e com background em teatro e escrita, Fyodor começou a fazer performances em 2008. Seus primeiros projetos foram imediatamente notados no mundo da arte: em 2009, o curador Hans-Ulrich Obrist o convidou para fazer parte de mostra do grupo de arte de performance - Marina Abramovic Apresenta - na galeria de Whitworth, como parte do Festival Internacional de Manchester, com seu trabalho vivo Minha Boca É Um Templo. Em 2010 o diretor do museu do MoMA PS1, Klaus Biesenbach, e a fundadora da Bienal Performa, RoseLee Goldberg, incluíram a Egobox no International Performance Festival (CCC "Garage", Moscou). As exposições individuais de Fyodor foram exibidas em museus e centros de arte em todo o mundo, incluindo CCSP (São Paulo), Kuenstlerhaus (Viena), Faena (Buenos Aires), CCBB (Brasília), e para citar apenas algumas galerias: Paradise Row (Londres), Stanislas Bourgain (Paris), NON (Istambul), Pechersky (Moscou) e Deitch Projects (NYC). Performance Carrossel de Fyodor foi exibido na Áustria e na Argentina e foi premiado com o Grand-prix do prêmio de Kuryokhin.

Posted by Patricia Canetti at 12:57 PM

março 28, 2017

Gustavo Rezende na Marilia Razuk, São Paulo

Gustavo Rezende apresenta esculturas inéditas em exposição na Galeria Marília Razuk

A Galeria Marília Razuk recebe, a partir do dia 1º de abril, Trânsito, exposição do artista Gustavo Rezende. Sua terceira individual no espaço reúne cerca de 10 trabalhos, frutos de sua produção mais recente. São esculturas e aquarelas, animações e gravura.

É do duplo que se alimenta o trabalho do artista. Se em obras mais antigas ele se materializava formalmente, o duplo agora não se apresenta necessariamente como duplicidade de formas. A questão aqui é a relação dupla no existir, de ser indivíduo e estar no mundo, na complexidade de ser diferente e único, e ao mesmo tempo, ser igual aos outros. De se relacionar com os dramas, fábulas e ícones de um universo pessoal, e ter que encarar o cotidiano banal que nos cerca.

Nesse sentido, a mostra marca a noção de trânsito, de estar entre dois lugares, nem partindo, e nem chegando. São situações provisórias, que marcam passagens, repousos, ações e pequenos acontecimentos, como por exemplo a série de aquarelas que retratam pilhas de cerâmica.

A tradição presente na História da Arte, sempre foi um assunto reflexão na produção do artista Gustavo Rezende. Conceitualmente o trabalho do artista trata da história da arte, presta reverência a ela, ao mesmo tempo em que a descontrói. Em A gravura mais bonita do mundo, o artista reproduz o Mont Sainte-Victorie, a partir do estúdio de Paul Cézanne. Porém sua versão digital tem aparência serigráfica, cheia de contaminações do universo cotidiano, como transeuntes e placas de sinalização.

Gustavo Rezende é graduado em arquitetura pela Faculdade de Belas Artes, de São Paulo; mestrado pelo Goldsmith’s College, em Londres, e doutorado em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Desde os anos 1980, quando iniciou carreira, o artista teve seus trabalhos expostos em importantes instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Paço Imperial.

Em 2010, Gustavo recebeu o Prêmio de Aquisição da Pinacoteca do Estado com a obra A Passagem do Tempo e a Natureza do Amor. Em 2013, exibiu suas obras em Mergulho, uma exposição individual na mesma instituição, que teve curadoria de Ivo Mesquita.Atualmente, o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, recebe a mostra Amor Sagrado, Amor Profano, mais uma individual curadoria de Douglas de Freitas.

Uma série de obras do artista compõe ainda coleções públicas e privadas. Dentre as públicas, merecem destaque as do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ).

Posted by Patricia Canetti at 3:44 PM

Gabriela Mureb na Central, São Paulo

A Central Galeria tem o prazer de apresentar, a partir de 03 de abril de 2017, ás 19h, a primeira exposição da artista carioca Gabriela Mureb, em São Paulo. Sob curadoria de Juliana Gontijo, a exposição intitulada Rrrrrrrrrr é composta por uma série de máquinas alteradas, motores, vídeos e desenhos que evocam experiências limitrofes do corpo-humano e maquínico - e da linguagem.

Rrrrrrrrrr é um título-onomatopéia que faz referência ao som gutural, dificilmente pronunciável, que anuncia um momento disfuncional da linguagem e da perda de sentido. O ruído se torna aqui o ponto de conexão entre regimes heterogêneos – metal, borracha e carne -, a partir do qual as máquinas ganham a improdutividade do funcionamento ilógico, a fala não se pronuncia, os movimentos corporais são involuntários e a produção de fluidos, automatizada.

Após um período de atuação no campo da performance, em que expunha seu próprio corpo a uma tensão exaustiva que refletia uma condição essencialmente não-comunicativa, restrita e solitária, Mureb se apropriou, nos últimos anos, das máquinas e suas performances ruidosas. Nesta exposição, correias e motores de lancha afrontam grandes planos em vídeo de balbucios corporais, complementados por impressões de graxa sobre papel, “desenhos” produzidos automaticamente pelas máquinas. Desse confronto, entretanto, emerge um ato de amparo, que transforma o sem-sentido em potência iniciática do não-dito, e o borrão em hieróglifos de uma ordem de cooperação ainda não conhecida.

Posted by Patricia Canetti at 3:26 PM

Alexandre da Cunha no Pivô, São Paulo

O Pivô apresenta uma grande exposição individual - Boom - do artista Alexandre da Cunha dentro de seu Programa Anual de Exposições. O programa tem como objetivo realizar um panorama da produção contemporânea recente viabilizando e difundindo projetos inéditos de artistas nacionais e internacionais em meio de carreira. A mostra no Pivô será composta de obras inéditas especialmente comissionadas para o espaço além de uma seleção de trabalhos realizados nas últimas décadas. A exposição será o resultado de uma temporada de 2 meses do artista no espaço do Pivô.

A produção do artista brasileiro radicado em Londres Alexandre da Cunha é essencialmente escultórica. O artista raramente constrói um objeto partindo do zero, sua prática começa com a seleção de objetos da vida cotidiana e formas pré-moldadas, que posteriormente são rearranjados e reapresentados na forma de ‘colagens espaciais’. Tanto suas grandes obras públicas quanto as esculturas de menor escala, ressaltam as particularidades físicas e as potencialidades narrativas de itens que poderiam facilmente escapar à nossa atenção.

As formas, cores e texturas de vassouras, escovões, roupas e estruturas pré-moldadas da construção civil são o gatilho para associações livres e traduções inusitadas feitas pelo artista. Alexandre altera o valor e a funcionalidade dessas imagens familiares através de operações poéticas sofisticadas e de uma ironia fina, revelando seu descompromisso com as categorizações ou hierarquias a que possam estar associados os objetos eleitos como matérias-primas para o seu trabalho.

O envolvimento obstinado do artista com o potencial poético do mundano tem uma dinâmica semelhante à da criança que recebe um presente e presta atenção apenas na embalagem: o olhar não instrumentalizado dos pequenos volta-se para as formas que naturalmente os intrigam- o brinquedo e a caixa têm o mesmo valor. Da Cunha oferece uma ‘nova lente’ ao espectador, que é convidado a rever sua relação com a materialidade que o circunda.

O deslocamento do objeto encontrado para o contexto institucional já foi assimilado pela prática contemporânea há tanto tempo que atualmente o pré-fabricado já quase se equipara ao bronze ou à terracota na produção da escultura contemporânea. Levando essa afirmação em consideração, não seria um exagero dizer que Alexandre da Cunha é um ‘virtuoso’ nessa técnica.

Sobre as obras

Mix (Boom) – Nessa obra, Alexandre da Cunha desloca para o espaço expositivo do Pivô, uma betoneira que pesa mais de uma tonelada, comumente vista nas ruas da cidade. O artista optou por fracionar a betoneira respeitando sua estrutura original. Para tal, utilizou as linhas de solda do objeto para corta-lo em 4 partes que serão espalhadas pelo espaço expositivo.

Kentucky (Biombo) – O material usado por da Cunha em Kentucky (Biombo) é o resultado da manipulação e reordenação de segmentos de escovões de limpeza, produzidos na Inglaterra. Outra intervenção no objeto original é a inserção de nós complexos formando relevos e uma espécie de macramé. Estendida nos 4,5 metros de concreto do pé direito do Pivô, nos torna conscientes da escala do nosso corpo no ambiente da exposição.

Contratempo – O trabalho é formado por uma coleção de imagens estáticas de explosão que o artista vem guardando há anos. Ao retirar as fotografias de sua condição inicial, Alexandre traz para sua obra a possibilidade de um olhar contemplativo ou estético. A edição das imagens é o recurso utilizado para uma operação de deslocamento objetivamente proposta pelo artista.

Couple IV e V - Em uma nova apropriação do espaço, ao associar o peso do concreto de um mobiliário urbano à leve textura de uma chapa de mármore, ambos materiais pré-moldados, a obra explora a correlação de forças entre os materiais entrelaçados/encaixados.

Alexandre da Cunha nasceu em 1969 no Rio de Janeiro. Vive e trabalha em Londres. Entre suas principais exposições estão: “Mornings”, Office Barroque, Bruxelas, Bélgica (2017); Free Fall, “Thomas Dane Gallery”, Londres, Inglaterra (2016); “Plaza Project”, MCA – Museum of Contemporary Art, Chicago, EUA (2015/2016); “Por aqui tudo é novo”, CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brumadinho, Brasil (2016); Soft Power, ICA Boston, Boston, EUA(2016); “Alexandre da Cunha, Le Grand Café” – Centre d’art contemporain, Saint Nazaire, França (2012); 30a Bienal de São Paulo, The Imminence of Poetics, São Paulo, Brasil (2012); CCSP – Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil (2011); Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil (2005); 50a Bienal de Veneza, The Structure of Survival, Veneza, Itália (2005); Bienal de Liverpool, Liverpool, Inglaterra (2002); 13o Videobrasil, SESC SP, São Paulo, Brasil (2001).

Posted by Patricia Canetti at 2:13 PM

março 26, 2017

Hermelindo Fiaminghi no IAC, São Paulo

O IAC - Instituto de Arte Contemporânea com a exposição Fiaminghi - Pensamentos Compostos apresenta ao público mais uma ação de seu Grupo Experimental de Curadoria e segue seu programa de exposições que tem por objetivo divulgar a importância de suas coleções.

“Fiaminghi - Pensamentos Compostos” reúne mais de 150 obras e documentos entre desenhos, esboços, projetos, produtos gráficos e estudos realizados por Fiaminghi cobrindo um período que vai desde o começo dos anos 1950 até a década de 1990, passando por seu período concreto.

Dos desenhos e projetos para logomarcas passando por suas experiências junto ao Grupo Ruptura e a breve fase concreta, a produção em têmpera influenciado por Volpi e os offsets produzidos a partir dos anos 1960, a exposição traz uma importante amostragem da obra de Fiaminghi ao mesmo tempo em que apresenta aspectos importantes de seu pensamento visual e modo de produção.

Com uma obra plástica marcada por uma forte influência de suas experiências profissionais como litógrafo da indústria gráfica e como publicitário, a mostra apresenta aspectos fundamentais das soluções poéticas encontradas pelo artista. A questão da imagem fotográfica acentuou essa busca e marcou em projetos, esboços e obras de arte sua versão artística de discussões sobre a questão da cor na sua relação com a luz. Fiaminghi passa a denominar de corluz essa produção na qual utiliza, de maneira extremamente original e criativa, a presença dos fotolitos e das provas gráficas, como princípios de estudo para a produção de obras com a técnica do offset acentuando os efeitos criados por uma enorme ampliação das retículas.

Fiaminghi, junto aos artistas Judith Lauand e Maurício Nogueira Lima, aderiu ao Grupo Ruptura em 1955. Estes, junto aos artistas fundadores do Grupo – Waldemar Cordeiro, Anatol Wladyslaw, Leopoldo Haar, Lothar Charoux, Kasmer Féjer, Geraldo de Barros e Luiz Sacilotto e com o apoio dos poetas concretos paulistas, organizam a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta em 1956. Sobre esse período, o próprio Fiaminghi afirma que somente na 3ª Bienal se deu conta – devido à crítica que o enquadrou na arte concreta – de que ele era um artista concreto. Foi nesse período em que buscou descobrir do que se tratava esse tipo de arte e quais seus pressupostos. Ao refletir sobre essa fase, o Fiaminghi afirmou que “O quadro concreto começa quando você chega. (...). Na arte concreta a coisa é limpa, é clara! O que você está vendo, é!”

O artista, após seu período concreto, frequentou, durante sete anos, o ateliê de Alfredo Volpi entre 1959 e 1966. No âmbito dessa convivência acentuou o desenvolvimento de pinturas utilizando a têmpera, ao mesmo tempo em que, a essa técnica, incorporou sua experiência com os fotolitos e com as retículas na produção de obras nas quais a importância da luz se acentua.

Ao longo dos anos 1980, Fiaminghi permite-se uma maior liberdade em relação à estrutura da tela e do papel e realiza suas séries de desretratos e despaisagens. Nessas, contudo, sua busca continua sendo a mesma: a luz tendo a cor como recurso.

Sobre o artista
Hermelindo Fiaminghi nasceu em São Paulo em 1920. Tornou-se conhecido como pintor e desenhista, mas também atuou profissionalmente como publicitário, litógrafo e artista gráfico. Suas experiências profissionais, em todas essas áreas correlatas, influenciaram mutuamente sua pesquisa imagética. No Liceu de Artes e Ofícios, aluno entre 1936 e 1941, estudou com Waldemar da Costa. Trabalhou em várias empresas de publicidade e, também, na indústria gráfica. Participou das mudanças iniciadas pelos movimentos construtivos e aderiu ao Grupo Ruptura. Nesse âmbito, atuou junto aos poetas concretos, desenvolvendo o projeto gráfico de vários poemas. Frequentou o atelier de Alfredo Volpi de 1959 a 1966. Junto com Cordeiro, Féjer, Mauricio Nogueira Lima e Décio Pignatari fundou o Atelier Livre do Brás em 1958. Ali desenvolveu a série virtuais que pode ser considerada como uma passagem de uma produção construtiva, vinculada aos pressupostos concretos, para uma pesquisa nas quais começa um trabalho de desconstrução, por meio do qual torna suas formas e o uso de cores e do espaço menos rígidas. Não é de se estranhar que, no ano seguinte, em 1959, ele tenha rompido com Waldemar Cordeiro, fundador e mentor do Grupo Ruptura. Logo em seguida, a partir dos anos 1960, passa a nomear parte importante de sua produção com o uso adaptado do termo corluz. Nessa fase, utiliza retículas na forma de fotolitos e o offset por meio do sistema CMYK de cores no qual cada cor é impressa separadamente. Por outro lado, nessa mesma década, começa, também, a trabalhar com têmpera e, nela, da mesma forma, privilegia os estudos com a cor.
Hermelindo Fiaminghi expôs em várias Bienais Internacionais de São Paulo, em exposições individuais e coletivas e sua obra faz parte de importantes coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior. Além disso, atuou como professor, júri e membro de conselhos. Faleceu em 2004 também na cidade de São Paulo. Desde 2017, o Instituto de Arte Contemporânea abriga seu arquivo pessoal.

Sobre o Grupo Experimental de Curadoria do IAC
Já pela segunda vez, o Instituto de Arte Contemporânea abre espaço para que o processo curatorial – das coleções e das exposições – seja colocado em questão por meio do envolvimento de distintos personagens e, portanto, de múltiplos olhares sobre seu acervo. A criação do Grupo Experimental de Curadoria envolveu, na preparação da exposição “Fiaminghi - Pensamentos Compostos”, formações conceituais diferenciadas em uma elaboração final coletiva. O processo de conhecimento do arquivo pessoal de Hermelindo Fiaminghi tem sido bastante rico: seus desenhos, gravuras, fotolitos, offsets, pinturas, fotografias, projetos, estudos, revelam-se de maneira inusitada, a cada novo olhar. Trabalhar em conjunto e contar com diversas consultorias tem sido um processo complexo e bastante afinado com a própria produção de Fiaminghi que foi um pesquisador incessante e que, a partir de um certo momento, compreendeu – e nos deu a conhecer – sobre a importância fundamental da des-construção para a compreensão da arte como manifestação. Suas despaisagens e desretratos são ‘apenas’ mais uma faceta dessa personalidade inquieta e riquíssima que, agora, o Grupo Experimental de Curadoria do Instituto de Arte Contemporânea apresenta ao seu público.

Posted by Patricia Canetti at 9:53 PM

1° Circuito 10 Contemporâneo: Pés no chão, cabeça nas nuvens na dotART, Belo Horizonte

Como parte do 1° Circuito 10 Contemporâneo, que reúne 10 galerias de arte de Belo Horizonte para um circuito de exposições inéditas, a dotART galeria apresenta a mostra coletiva Pés no chão, cabeça nas nuvens, até 1° de abril. A mostra reúne obras o acervo da galeria. Entre os artistas estão Renata Egreja, Felipe Fernandes, Sofia Borges e Lívia Moura, além de uma nova obra de José Damasceno.

O “10 Contemporâneo” é um movimento criado pelas dotART galeria, AM Galeria, Beatriz Abi-Acl, C. Mafra, Celma Albuquerque, Lemos de Sá, Manoel Macedo, Murilo Castro, Orlando Lemos e Quadrum Galeria de Arte. Todas elas inauguram exposições inéditas simultaneamente, no dia 18 de março, criando assim um circuito com o que há de melhor no mercado da arte contemporânea na cidade.

“Um novo momento está iniciando no cenário da arte em BH, criando um núcleo de galerias para mostrar e pulsar a nossa cara. Nosso caminho é apostar, investir e acreditar no nosso olhar, acreditar nos nossos artistas e convencer os clientes que arte é um bom desejo, um bom sonho... E um bom negócio.”, explica Wilson Lazaro, diretor artístico da dotART e curador da exposição da galeria.

A mostra “Pés no chão, cabeça nas nuvens” traz uma leitura das repercussões da crise emocional e financeira do mercado. “É preciso ter pés no chão, no entanto, considerar que nossa criação e criatividade devem andar com a cabeça nas nuvens, esse contexto não compromete a ascensão da nossa arte contemporânea, nem desacelera seu ritmo, levando em conta a qualidade dessa criação e o pensamento para um futuro que ainda está por acontecer”, comenta o diretor artístico.

Pensada no tempo e no espaço, a coletiva traz uma trajetória do viajante que resulta em uma experiência transcendental, ainda que imerso na atualidade. As obras apresentadas criam uma atmosfera, um lugar singular, onde o embate entre arte e espectador é reinventado e o processo artístico pode ser compreendido de uma nova maneira. É a síntese da confluência da arte.

Posted by Patricia Canetti at 9:13 PM

Fabiana de Barros no Sesc Pompeia, São Paulo

Com fotos, filmes, maquetes e uma série inédita de relevos, a mostra refaz o trajeto do projeto de intervenção artística e cultural que percorreu diversos países, sugerindo novas maneiras de pensar as relações entre a arte e o público

Na abertura, 29 de março (4ª feira), às 20h, será lançada pelas Edições Sesc São Paulo a 2ª edição de “Aberto [Open]: Fiteiro Cultural”

O Sesc Pompeia apresenta entre os dias 30 de março e 18 de junho de 2017, nas Oficinais de Criatividade da unidade, a exposição (+ = -) Mais é Igual a Menos, de Fabiana de Barros. A mostra gratuita comemora os 18 anos do Fiteiro Cultural, uma obra de intervenção artística e cultural que foi concebida em 1998 e circulou por 13 países, propondo novas maneiras de pensar a relação entre a arte e o público.

Participando de uma residência artística em João Pessoa, Fabiana Barros se inspirou nos quiosques da praia paraibana (lá chamados de fiteiros) para criar o primeiro Fiteiro Cultural. A construção simples de madeira se transformou em um poderoso instrumento de parcerias culturais, uma vez que instalado pela artista, o espaço vazio passa a ser ocupado pela comunidade local, podendo se tornar um ateliê, um centro de criação ou palco de performances, entre inúmeras possibilidades.

Desde então, a brasileira radicada na Suíça recebeu diversos convites de artistas, instituições, galerias e eventos internacionais para levar seus quiosques para todas as partes do mundo. Dezenove fiteiros foram montados em cidades como Atenas, Havana, Jerusalém, Milão, Nova York e São Paulo, todos diferentes, adaptados à realidade local e às necessidades dos usuários, mas essencialmente iguais em sua proposta: reunir indivíduos para criar, construir, brincar, escrever, aprender, ensinar, discutir e compartilhar.

Com projeto expositivo de Ricardo Amado, “(+ = -) Mais é Igual a Menos” – nome tirado de um poema do artista alemão Josef Albers (1888 - 1976) – traz fotos e filmes que refazem o trajeto do Fiteiro Cultural nos últimos 18 anos e maquetes de oito quiosques, além de obras inéditas de Fabiana de Barros.

Se valendo do vazio e da forma construtiva do fiteiro, a artista se inspirou nos quadrados coloridos e justapostos de Albers para desenvolver uma série de relevos, envolvendo desenho, recorte, reconstrução, escultura e fundição. Ela também construiu novas maquetes tridimensionais de epóxi do quiosque em várias configurações e as preencheu com silicone, dando corpo ao vazio do objeto. Para a artista, que sempre produziu os fiteiros para entregar ao outro, criar essas novas obras foi uma forma de se reapropriar do seu próprio trabalho.

Ainda em homenagem aos 18 anos do projeto de Fabiana de Barros, na noite de abertura da mostra, será lançado pelas Edições Sesc São Paulo a 2ª edição do livro “Aberto [Open]: Fiteiro Cultural”.

Fabiana de Barros nasceu em São Paulo, em 1957, e vive entre a Suiça e o Brasil. Filha do artista Geraldo de Barros, se formou em artes plásticas na FAAP (SP) e fez pós-graduação em multimídia na École des Beaux Arts de Genebra (Suíça). Seu trabalho é no campo da arte pública e contextual relacional, onde o público tem um papel vital na obra. Entre muitas intervenções urbanas, performances, vídeo-instalações e web art, destacam-se: Tours du Monde (1987), apresentado no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e na Galerie Care Off, de Genebra, fazendo visitantes “viajarem” sem se mover do lugar; Fiteiro Cultural, realizado desde 1998 no Brasil e no exterior, e a partir de 2007, no Second Life; AUTO PSi (2004), criada em parceria com o seu marido, o fotógrafo e cienasta suíço Michel Favre, em que os passageiros de táxi são transportados gratuitamente em troca de uma história imaginária; e o Concurso de Beleza Interior para um Piquenique Antropofágico, que recentemente mobilizou o público e um dos principais jornais de Genebra. Principais exposições: Prémio MediaLab Madrid 2010, 20°, 24° e 25° Bienal Internacional de São Paulo, 1º Bienal das Canárias, Espanha, 8º Bienal de La Havana, Cuba e 7° Bienal do Mercosur, Porto Alegre.

Posted by Patricia Canetti at 8:07 PM

Projeto Situ: Pilar Quinteros na Leme, São Paulo

A Galeria Leme apresenta a sexta edição do projeto SITU com a instalação site-specific comissionada à artista chilena Pilar Quinteros - Amigos do Movimento Perpétuo. Parte de um projeto maior, curado por Bruno de Almeida, esta edição dá continuidade a uma pesquisa sobre formas de pensar e discutir a produção do espaço (urbano), através de uma sequência de obras realizadas nos espaços externos da galeria que estabeleçam uma relação estreita com o seu edifício (projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha em colaboração com o escritório Metro Arquitetos) assim como com o espaço público contíguo.

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O projeto de Pilar Quinteros parte de uma reflexão sobre a história do edifício da galeria. Construído primeiramente em 2004, este foi demolido poucos anos depois, em 2011, resultado de dinâmicas urbanas que culminaram na compra de seu terreno por uma empresa multinacional. Depois de várias negociações a galeria foi reconstruída num outro lote a poucos metros da sua locação original, seguindo o seu projeto inicial. Deste modo o edifício atual é uma réplica do primeiro, à qual foi adicionada uma construção adjacente. A “clonagem”, deslocamento e ampliação deste edifício problematizam a fronteira entre a reprodutibilidade e a singularidade da obra arquitetônica, assim como a ideia de inseparabilidade conceitual e material entre o projeto e as especificidades do contexto urbano para o qual foi pensado.

Refletindo sobre estes aspectos Pilar Quinteros desenvolveu uma pesquisa sobre edifícios replicados, deslocados ou nômades e se deparou com paralelos improváveis entre a galeria Leme e um dos principais símbolos arquitetônicos da cidade de São Paulo, a Estação da Luz. Desde 1867 a estação sofreu contínuas modificações e reconstruções; ampliada em 1870, reconstruída entre 1895 e 1901 (projeto atual), destruída por um incêndio em 1946, reedificada entre 1947 a 1951, modificada de 2004 a 2006, pelos arquitetos Pedro e Paulo Mendes da Rocha, semidestruída por outro incêndio em 2015 e atualmente em processo parcial de reestruturação até 2018. As suas constantes reconstruções fazem parte da biografia da metrópole e da memória coletiva de seus habitantes. Mas, apesar da sua presença imemorial e ligação intrínseca com a cidade, esta estação cruzou o Oceano Atlântico de navio, desmontada peça por peça, até chegar a São Paulo. Presumivelmente escolhida a partir de um catálogo inglês, a estrutura metálica de ferro fundido que lhe dá sustentação foi trazida do Reino Unido, as suas telhas cerâmicas são de Marselha, França e a sua madeira é de pinho-de-riga Irlandês, apenas a sua alvenaria é de origem local. Este histórico trânsito mundial de materiais, componentes pré-fabricados, formas de fazer e estilos arquitetônicos desestabiliza, ainda hoje, a unicidade de projetos “icônicos” e a relação que estes têm com o seu contexto local. A Estação da Luz, por exemplo, partilha fortes similaridades (assim como peças estruturais pré-moldadas) com uma outra estação ferroviária, Flinders Street Station, construída no início do século XX na Austrália, também ela “única” no seu contexto.

Para o projeto SITU, Pilar Quinteros propõe uma intersecção simbólica das histórias dos edifícios da Galeria Leme e da Estação da Luz, através de uma justaposição arquitetônica. A artista adiciona ao edifício de Paulo Mendes da Rocha, uma torre de relógio semelhante àquela da estação paulistana. A torre do relógio é um símbolo que perpassa a história da arquitetura mundial como um elemento de domínio e organização sócio-espacial, não só por ser um ponto de referência visual mas também porque, através de seu relógio, institui e comunica uma noção de tempo público que pauta subliminarmente os ritmos da população. A torre da Estação da Luz foi, por muitos anos, o principal ponto de referência espacial e temporal da cidade, já que o seu relógio, visível de vários pontos da cidade, instituía a hora oficial que todos os cidadãos deveriam seguir. Porém a réplica construída por Pilar Quinteros parece negar essa referencialidade, subvertendo vários aspectos dados como adquiridos acerca deste elemento tão conhecido; a sua posição não é fixa, a sua materialidade não é permanente, o seu relógio está mudo e a sua verticalidade foi-lhe negada.

Pilar Quinteros, 1988, Santiago, Chile. Vive e trabalha em Santiago, Chile. Bacharel em Artes pela Pontifícia Universidade Católica do Chile (2011). Ela é co-fundadora e membro ativo do Coletivo de arte MICH (Museu Internacional de Chile), grupo multidisciplinar dedicado a gerar projetos reflexivos, espaços de arte e criação artística. Vencedora da bolsa Jean-Claude Reynal (2012) para artistas cuja produção artística considera o papel como um material de construção fundamental, oferecida pela Fundação de França em conjunto com o Museu de Belas Artes de Bordeaux, França. Vencedora do terceiro lugar da Beca de Arte CCU (2013). Finalista do Future Generation Art Prize 2014. Expôs o seu trabalho na 32ª Bienal de São Paulo - Incerteza Viva (São Paulo, Brasil, 2016); Centro de Artes Gráficas de Liubliana (Eslovênia, 2015); Carlos/Ishikawa Gallery (Londres, Inglaterra, 2015); PinchukArtCentre (Kiev, Ucrânia, 2014); Museo Nacional de Bellas Artes (Santiago, Chile, 2013); Casa de las Américas (La Habana, Cuba, 2013); Museo de Arte Contemporáneo (Santiago, Chile, 2010), entre outros.

Bruno de Almeida, 1987, Salvador, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal (2009). Mestre em Arquitetura pela Accademia di Architettura, Mendrisio, Suíça (2013). Trabalhou como arquiteto em Londres, Reino Unido (2010-2011) e como assistente curatorial no Instituto de Investigação Independente da Fondazione Archivio del Moderno, Mendrisio, Suíça (2012). Para além de ser criador e curador do SITU (2015 – em curso) Bruno de Almeida desenvolveu projetos com instituições tais como: Storefront for Art and Architecture, Nova Iorque, EUA; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil; Kunsthalle São Paulo, Brasil, entre outras. Sua pesquisa e projetos foram publicados em: ARTFORUM International Magazine, EUA; ATLÁNTICA Journal of Art and Thought, Centro Atlántico de Arte Moderno, Espanha; TELLING #2, T+U Architectural Publications, Portugal; Revista aU – Arquitetura & Urbanismo, São Paulo, Brasil, entre outras.


Galeria Leme presents the sixth edition of the project SITU with the site-specific installation commissioned to Chilean artist Pilar Quinteros - Amigos do Movimento Perpétuo. Part of a larger project, curated by Bruno de Almeida, this edition continues a research on ways to think and discuss the production of (urban) space, through a sequence of works carried out in the external spaces of the gallery thereby establishing a close relationship with its building (designed by the architect Paulo Mendes da Rocha in collaboration with the office Metro Architects) as well as with the contiguous public space.

Pilar Quinteros’ project starts from a reflection on the history of the gallery’s building. First built in 2004, it was demolished a few years later in 2011 as a result of urban dynamics that culminated in the purchase of its land by a multinational company. After several negotiations the gallery was re-constructed, following its initial design, in another lot a few meters from its original location. Therefore the current building is a replica of the former, to which was added an adjacent building. The ‘cloning’, displacement and expansion of this building problematize the boundary between the reproducibility and the singularity of the architectural work, as well as the idea of conceptual and material inseparability between the project and the specificities of the urban context for which it was originally intended.

Reflecting on these aspects, Pilar Quinteros developed a research of replicated, displaced or nomadic buildings and encountered unlikely parallels between the Leme gallery and one of the main architectural symbols of the city of São Paulo, the Luz Railway Station (Estação da Luz). Since 1867 the station underwent continuous modifications and reconstructions; enlarged in 1870, rebuilt between 1895 and 1901 (current project), destroyed by a fire in 1946, rebuilt between 1947 and 1951, modified from 2004 to 2006, by the architects Pedro and Paulo Mendes da Rocha, destroyed by another fire in 2015 and currently undergoing a partial restructuring process until 2018. Its constant reconstructions are part of the biography of the metropolis and of the collective memory of its inhabitants. But despite its immemorial presence and intrinsic connection with the city, this station crossed the Atlantic Ocean by ship, dismantled piece by piece, until arriving at São Paulo. Presumably chosen from an English catalog, the precast iron structure that gives it support was brought from the UK, its ceramic tiles are from Marseilles, France, and its wood is Irish pine, only its masonry is of local origin. This historic worldwide transit of materials, prefabricated components, ways of making and architectural styles, destabilizes, even today, the unicity of "iconic" projects and the relation that these have with their local context. The Luz Station, for example, shares strong similarities (as well as precast structural componente) with another railway station, the Flinders Street Station, built in the early twentieth century in Australia and also "unique" in its context.

For SITU, Pilar Quinteros proposes a symbolic intersection of the stories of both buildings, Leme Gallery and Estação da Luz, through an architectural juxtaposition. The artist adds to Paulo Mendes da Rocha’s building a clock tower which is similar to the one at the Luz Station. The clock tower is a symbol that crosses the history of world architecture as an element of socio-spatial domain and organization, not only because it is a visual reference point but also because, through its clock, it establishes and communicates a notion of time which subliminally governs the rhythms of the population. The tower of the Estação da Luz was for many years the city's main spatial and temporal reference point, since its clock, visible from various points of the city, established the official hour that all citizens should follow. But the replica constructed by Pilar Quinteros seems to deny this referentiality, subverting several aspects that are taken for granted about this well-known element; its position is not fixed, its materiality is not permanent, its clock is muted and its verticality denied.

Pilar Quinteros, 1988, Santiago, Chile. Lives and works in Santiago, Chile. Bachelor of Arts from the Pontifical Catholic University of Chile (2011). She is a co-founder and active member of the MICH Collective (International Museum of Chile), a multidisciplinary group dedicated to generating reflective projects, art spaces and artistic creation. Winner of the Jean-Claude Reynal grant (2012) for artists whose artistic production regards paper as a fundamental building material offered by the French Foundation in conjunction with the Museum of Fine Arts in Bordeaux, France. Winner of the third CCU Art Fellowship (2013). Finalist of the Future Generation Art Prize 2014. Quinteros exhibited her work at the 32nd São Paulo Biennial - Live Uncertainty (São Paulo, Brazil, 2016); Center for Graphic Arts in Ljubljana (Slovenia, 2015); Carlos/Ishikawa Gallery (London, England, 2015); PinchukArtCentre (Kiev, Ukraine, 2014); National Museum of Fine Arts (Santiago, Chile, 2013); House of the Americas (Havana, Cuba, 2013); Museum of Contemporary Art (Santiago, Chile, 2010), among others.

Bruno de Almeida, 1987, Salvador, Brazil. Lives and works in São Paulo, Brazil. Holds a Bachelor degree in Architecture from the Faculty of Architecture of the University of Oporto, Portugal (2009), and a Master’s degree in Architecture from the Accademia di Architettura, Mendrisio, Switzerland (2013). Worked as an architect in London, UK (2010-2011), and as a curatorial assistant at the Fondazione Archivio del Moderno, Mendrisio, Switzerland (2012). Besides being the founder and curator of SITU (2015 – on going), Bruno de Almeida has recently developed projects with institutions such as: Storefront for Art and Architecture, New York, USA; Kunsthalle São Paulo, Brazil; Pivô Art and Research, São Paulo, Brazil, among others. His research and projects have been published in: ARTFORUM International Magazine, USA; ATLÁNTICA Journal of Art and Thought, Centro Atlántico de Arte Moderno, Spain; TELLING #2, T+U Architectural Publications, Portugal; Revista aU – Architecture & Urbanism, São Paulo, Brazil; Bamboo, São Paulo, Brazil, among others.

Posted by Patricia Canetti at 6:31 PM

Ana Elisa Egreja na Leme, São Paulo

A Galeria Leme apresenta Jacarezinho 92, segunda exposição individual da artista brasileira Ana Elisa Egreja em seu espaço. A mostra conta com sete trabalhos de grandes dimensões, produzidos entre 2016 e 2017 e será acompanhada de texto crítico desenvolvido pela curadora independente Julia Lima.

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Jacarezinho 92, de Ana Elisa Egreja, é uma espécie de conjunto-ápice, o desdobramento maior de uma pesquisa que já dura alguns anos. As naturezas mortas montadas por trás de chapas de vidro fantasia e fotografadas pela artista que vinham sendo feitas desde 2015, sempre pintadas em pequenos formatos, agora dão lugar à escala da arquitetura.

Egreja ocupou os cômodos da casa de sua avó da década de 1960, tipicamente modernista, em grandes intervenções que transformaram os espaços em palcos para ações efêmeras, situações absurdas, cenas estranhas – a artista encenou uma série de tableaux vivants, fotografou e documentou detalhadamente as pinturas vivas, e as transformou em imensas telas pintadas a óleo em proporções extremamente próximas do real. Se no início de sua produção as composições eram criadas exclusivamente por meios digitais, colecionando e agrupando imagens pesquisadas da internet em montagens no photoshop, nas pequenas naturezas mortas o acúmulo era de objetos e não de arquivos, que tinham de ser garimpados e comprados para a composição de cada trabalho. Agora, nesta nova série, as pequenas “esculturas” que a artista criava e fotografava explodiram para tomar toda a casa onde hoje fica seu ateliê. Papéis de parede, adesivos, animais reais e artificiais, luzes, frutas e legumes, industrializados, tecidos e até obras originais de outros artistas, todos fisicamente existentes no mundo e de origens, tempos e culturas diferentes, foram reunidos pela artista e colocados lado a lado em cada uma das cenas imaginadas, cuidadosamente combinados e posicionados para criar ambientes e atmosferas das mais diversas.

Muitas das telas presentes na exposição sugerem a iminência do movimento, como os polvos prestes a escorregar das torneiras no banheiro cor-de-rosa, ou a ação já lançada, como os passarinhos em pleno voo no ambiente cerrado do closet, quase colidindo com as portas dos armários e janelas. Diante dessas pinturas, praticamente adentramos o espaço e somos transportados para dentro dessas cenas meio congeladas, meio em slow motion, como se inseridos no momento da montagem do cenário fotografado pela artista.

Ana Elisa Egreja. (São Paulo, Brasil, 1983. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.)
Exposições individuais: Da Banalidade: vol.1, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2016); Galeria Leme, São Paulo, Brasil, (2013), Dark Room, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brasil (2010); Temporada de Projetos, Paço das Artes, Sao Paulo, Brasil (2010). Exposições coletivas: A Luz que Vela o Corpo é a Mesma Que Revela a Tela (curadoria de Bruno Miguel), CAIXA Cultural, Rio de Janeiro, Brasil (2017); Toda janela é um projétil, é um projeto, é uma paisagem, (curadoria de Paulo Myiada), Galeria SIM, Curitiba, Brasil; Vértice - Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brasil (2016); Duplo Olhar, Coleção Sérgio Carvalho, Paço das Artes, São Paulo, Brasil (2014); Seven Artists from São Paulo, CAB Contemporary Art, Bruxelas, Bélgica (2012); Os primeiros dez anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2011); Arte Lusófana contemporânea, Memorial da America Latina, São Paulo, Brasil (2011); Tinta fresca- Galeria Mariana Moura– Recife, Brasil (2010); Projeto Tripé, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil (2009); Energias na arte – Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil (2009); 2000 e oito. Novos artistas para novas pinturas, Sesc Pinheiros, São Paulo, Brasil (2008); entre outras. O seu trabalho integra as coleções: Franks-Suss Collection, Londres, Inglaterra; MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil; Coleção Santander, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil e MAR, Rio de Janeiro, Brasil.


Galeria Leme presents Jacarezinho 92, second solo show by the brazilian artist Ana Elisa Egreja in its space. The show counts with seven large scale works, produced between 2016 and 2017 and will be accompanied by a critical text developed by the independent curator Julia Lima.

Jacarezinho 92, by Ana Elisa Egreja, is a kind of joint-apex, the largest unfolding of a research that has been in development for some years. The still lifes mounted behind hammered glass plates and photographed by the artist, that have been made since 2015 and always painted in small formats, now give way to the scale of the architecture.

Egreja occupied the rooms of her grandmother’s typically modernist 1960s house, in major interventions that transformed the spaces into stages for ephemeral actions, absurd situations, strange scenes - the artist staged a series of tableaux vivants, photographed and documented in detail the live paintings, and transformed them into immense oil-painted canvases in extremely close proportions to the real. If, at the beginning of her production, the compositions were created exclusively by digital means, collecting and grouping images searched from the internet in photomontages in photoshop, in the small still lifes the accumulation was of objects and not of files, that had to be panned and bought for the composition of each work. Now, in this new series, the small "sculptures" that the artist created and photographed exploded to take over the whole house where her studio is today. Wallpapers, stickers, real and artificial animals, lights, fruits and vegetables, industrialized, fabrics and even original works of other artists, all physically existing in the world and of different origins, times and cultures, were gathered by the artist and placed side by side in each of the imagined scenes, carefully combined and positioned to create the most diverse environments and atmospheres.

Many of the canvases in the exhibition suggest the imminence of movement, such as the octopuses about to slip from the taps in the pink bathroom, or the action already launched, such as the birds in flight in the closed closet environment, almost colliding with the cabinet doors and windows. In front of these paintings, we practically enter the space and we are transported into these half frozen scenes, half in slow motion, as if inserted in the moment of the setting of the scenario photographed by the artist.

Ana Elisa Egreja. São Paulo, Brazil, 1983. Lives and works in São Paulo, Brazil. Solo exhibitions: Da Banalidade: vol.1, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2016); Galeria Leme, São Paulo, Brazil (2013); Dark Room, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, Brazil (2010); Temporada de Projetos, Paço das Artes, Sao Paulo, Brazil (2010). Group exhibitions: A Luz que Vela o Corpo é a Mesma Que Revela a Tela (curated by Bruno Miguel), CAIXA Cultural, Rio de Janeiro, Brazil (2017); Toda janela é um projétil, é um projeto, é uma paisagem, (curated by Paulo Myiada), Galeria SIM, Curitiba, Brazil; Vértice - Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brazil (2016); Duplo Olhar, Sérgio Carvalho Collection, Paço das Artes, São Paulo, Brazil (2014); Seven Artists from São Paulo, CAB Contemporary Art, Brussels, Belgium (2012); Os primeiros dez anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2011); Arte Lusófana contemporânea, Memorial da America Latina, Sao Paulo, Brazil (2011); Tinta fresca- Galeria Mariana Moura– Recife, Brazil (2010); Projeto Tripé, Sesc Pompéia, São Paulo, Brazil (2009); Energias na arte – Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brazil (2009); 2000 e oito. Novos artistas para novas pinturas, Sesc Pinheiros, São Paulo, Brazil (2008); among others. Her works are part of collections such as: Franks-Suss Collection, London, England; MAM - Museu de Arte Moderna da Bahia, Brazil; Santander Collection, Brazil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brazil and MAR, Rio de Janeiro, Brazil.

Posted by Patricia Canetti at 3:11 PM

Sonia Andrade na Marcelo Guarnieri, São Paulo

Artista pioneira da videoarte passa a ser representada pela galeria e expõe um recorte dos trabalhos produzidos durante as duas últimas décadas

“It were but madness now t’impart the skill of spetacular stone”
(Seria loucura agora partilhar a matéria da pedra espetacular)
The undertaking – John Donne, 1572-1631

A partir do dia 30 de março, colecionadores e público em geral poderão ver de perto um recorte da produção mais recente da artista Sonia Andrade em Cristais, pedras e vídeos, exposição que acontece na unidade paulistana da Galeria Marcelo Guarnieri – nova representante da artista. Depois de mais de 40 anos dedicados à sua pesquisa e dezenas de exposições realizadas em museus de dentro e fora do Brasil, esta é a primeira vez que Sonia Andrade expõe os seus trabalhos em uma galeria comercial.

Logo quando iniciou a sua trajetória na década de 1970, ao lado de um grupo de vanguardistas cariocas, durante a ditadura militar, Sonia já conquistou reconhecimento internacional. Em 1975 participou da exposição Video Art, exibida em quatro instituições norte-americanase - Institute of Contemporary Art, Filadélfia; The Contemporary Arts Center, Cincinnati; Museum of Contemporary Art, Chicago e Wadsworth Atheneum, Connecticut. Depois disso esteve presente em diversas Bienais paulistanas (incluindo a 32ª Bienal de São Paulo realizada no ano passado), exposições no MAC-USP, MAM-RJ, CCBB-RJ, FAAP, Instituto Tomie Ohtake, e também no Louvre (Paris), MoMA-NY, Centre Georges Pompidou (Paris), Museu Reina Sofía (Madri), entre outras importantes instituições públicas de arte da Europa e Ásia. Dessa vez, em Sonia Andrade – Cristais, pedras e vídeos estarão reunidas seis obras produzidas entre 2001 e 2017, nas quais destaca-se a integração entre dispositivos de imagem e elementos da natureza. O que permanece ainda hoje em seus trabalhos é um interesse pelas questões políticas e estruturais da imagem, que se desenvolvem, por exemplo, a partir de ideias como opacidade e transparência, agora deslocando-se da televisão e do seu universo midiático, para a projeção e sua carga fantasmática. O encontro de tais projeções com as pedras e cristais que dispõe no espaço como anteparos, reforçam esse deslocamento, na medida em que ametistas, obsidianas, selenitas e cristais possuem, assim como a luz, propriedades mágicas.

Na videoinstalação de 2001, composta por um bloco de areia que serve de anteparo para a projeção da imagem de uma drusa de cristais que parece ser a mesma que repousa, materialmente, em sua superfície, Sonia Andrade propõe um jogo entre objeto e representação, imagem e coisa, material e imaterial. Ainda interessada nos significados da imagem formada a partir da luz e da sua projeção em cristais, a artista projeta uma Color Bar - sinal de vídeo em forma de barras coloridas que servem como padrão de teste para o departamento de engenharia do canal de televisão - em um conjunto de pontas de cristal de rocha, associando a propriedade óptica dos prismas de cristais, que decompõem, por refração, a luz branca em todo o seu espectro de cores, a um instrumento de medição e controle desse mesmo espectro.

A operação de justapor imagens e objetos, tensionando seus significados, é novamente encontrada na videoinstalação que recebe o visitante da exposição. Apresentada na entrada da galeria, a obra Sem Título, de 2005, é composta por uma projeção na parede da imagem do fogo e por uma obsidiana que é posicionada entre projetor e anteparo. A obsidiana - pedra que se forma a partir do resfriamento de lava vulcânica - recebe em sua matéria a imagem daquilo que a origina, causando, no anteparo, uma interferência a partir de sua sombra.

Poderão ser vistas também três outras obras, todas elas caracterizadas pela presença de pedras e cristais integrados à projeção de imagens ou apenas de luz, investigando o mistério do visível e convidando o expectador a se relacionar com os jogos poéticos que constroem, numa experiência quase imersiva.

A mostra Sonia Andrade – Cristais, pedras e vídeos, na Galeria Marcelo Guarnieri, começa uma semana antes do início da SP-Arte, onde também estarão expostos alguns vídeos produzidos pela artista na década de 1970. Além disso, sua instalação Hydragrammas estará na itinerância da 32ª Bienal de São Paulo – Incerteza Viva, da qual participou e que, em 2017-2018, será apresentada na Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, em Porto (Portugal).

Sonia Andrade nasceu em 1935 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Sua produção inclui obras em diversos meios: desenho, fotografia, objeto, cartão-postal e vídeo. Começou a trajetória ao lado de um grupo vanguardista também formado Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Ivens Machado Letícia Parente, Paulo Herkenhoff, Ana Viória Mussi e Miriam Danowski. Na década de 1970 realizou exposições individuais no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Também nesse período participou da 14ª Bienal de São Paulo e das coletivas 8ª JAC e Prospectiva'74, ambas organizadas por Walter Zanini no MAC-USP e Video Art, exibida em quatro instituições norte-americanas - Institute of Contemporary Art, Filadélfia; The Contemporary Arts Center, Cincinnati; Museum of Contemporary Art, Chicago e Wadsworth Atheneum, Connecticut. Nos trabalhos desse período, Sonia toma o vídeo a partir de uma perspectiva crítica e insere o seu próprio corpo como protagonista das cenas: amarra fios em seu rosto de modo a desconfigurar sua imagem; corta pelos e cabelo pela raiz alterando a sua aparência; prende a própria mão com pregos em uma mesa; escova os dentes como se estivesse em um comercial de TV; prende-se em gaiolas e caminha cambaleante em direção à câmera. Em todos os trabalhos o corpo está capturado, ora pelo meio televisivo, ora pelos padrões midiáticos impostos ao espectador. Essas preocupações acompanham a artista em seus projetos futuros - de maneira mais poética em certas obras ou mais incisiva em determinados objetos. Em mais de quatro décadas dedicadas à arte, já participou de diversas Bienais (incluindo a do ano passado), exposições no MAC-USP, MAM-RJ, CCBB-RJ, FAAP e também no Louvre (Paris), MoMA-NY, Centre George Pompidou (Paris), Reina Sofia (Madri), entre outras importantes instituições no Brasil, Europa, Ásia e Israel. Este ano, Sonia participou da 32ª Bienal de São Paulo - Incerteza Viva e das exposições Video Art in Latin America: Selections from Brazil, na Rubell Family Collection, Miami, EUA e Dissonance no Getty Research Institute, Los Angeles, EUA.

Posted by Patricia Canetti at 2:42 PM

Opavivará! na Gentil Carioca, Rio de Janeiro

Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

trecho de “Erro de Português”, Oswald de Andrade

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Inspirado nessa utopia antropofágica, o OPAVIVARÁ! cria seu samba enredo para sua nova individual - UTUPYA - na galeria A Gentil Carioca. Nesse caminho entre o coração da mata e a cidade concreto existe um lugar de hibridismos inconcebíveis. Das raízes pré-históricas gravadas nas paredes das cavernas às cópias dos esquemas das estruturas modernizantes da ocidentalidade reside um povo. Um povo caboclo, vítima e fruto do encontro do índio com o europeu, que se espalhou por todo esse território fazendo coisas de sarapantar. O Brasil caboclo é o primitivismo de sua tecnologia adaptativa. A utopia tupi parte da devoração, da mixagem, mesclagem, mestiçagem, que se dão na pororoca dos encontros.

A mostra começa no térreo do segundo prédio da galeria (R. Gonçalves Ledo, n.11), no coração da Saara, numa sorveteria tupi cabocla, lojinha de doces e travessuras. Tupycolé são picolés de partes do corpo (rosto, pé, mão, peito, piroca) de diferentes sabores que percorrem uma diversa paleta de cores. Da encruzilhada da galeria, polinizando a SAARA, saem o Remotupy, uma canoa caiçara acoplada a um triciclo de tração elétrica que transforma as ruas em igarapés navegáveis; o carro Abre Caminho é nosso abre alas movido à tração humana, com quatro baldes chuveiros que inundam as esquinas com banhos de ervas prenhes da sabedoria ancestral dos pajés e curandeiros. No segundo andar do prédio, é instalada um ponto de acesso à Rede Social, 6 redes costuradas balançam abraçadas ao som de chocalhos feitos de tampas de garrafa pet. Completam a exposição um conjunto de três ocas móveis, onde é promovido um apitaço com sonoridades da floresta no meio do caos da selva urbana, e a DiscoOka, um ambiente envolvente karaoke tupy total que reverbera os antigos rituais de dança e cantoria na eletricidade de um mundo hiperconectado.

OPAVIVARÁ! é um coletivo de arte do Rio de Janeiro, que desenvolve ações em locais públicos da cidade, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação do espaço urbano, através da criação de dispositivos relacionais que proporcionam experiências coletivas. Desde sua criação, em 2005, o grupo vem participando ativamente no panorama das artes contemporâneas.


If it had been a sunny morning
The indian would have undressed
The Portuguese.

excerpt from Mistake of the Portuguese, Oswald de Andrade

Inspired by this anthropophagic utopia, OPAVIVARÁ! composes its new exhibition - UTUPYA - at A Gentil Carioca gallery as a samba-enredo song. Between the heart of the jungle and the concrete city-life there’s a place for unconceivable hybridisms. The earliest prehistoric cave painting told of a people as much as the copies of the Occident modernizing programs. A people that resides in the mixture of the Indigenous people and the European, the Caboclos that have been affected and formed by this encounter. This Caboclos Brazil is the primitivism of the adaptive technology. The tupy utopia consists of devouring the otherness, of miscegenation, admixture and everything that is added in the “pororoca-of-meetings”.

The exhibition starts at the street level of the second building of the gallery (Gonçalves Ledo st., 11), in the heart of Saara’s market region, with an ice cream parlor where you can buy Tupycolé, a popsicle in the shape of body parts in many different colors and flavors. Following the gallery´s crossroads, down it goes the Remotupy, a caiçara canoe attached to an electric traction tricycle that travels the streets as igarapé rivers; the Abre Caminho is our opening-wing human traction trolley, that flood corners with four buckets of herbal baths full of pajé healer wisdom. On the second floor of the building there are 6 hammocks sewed together to create a place to access Social Networks and listen to the sound produced by chocalho jingles made of recycled PET bottle caps. The exhibition is completed by a set of three ocas (indigenous houses) with whistles at hand for the public to engage with forrest soundmaking, and DiscoOka, a captivating tupy karaoke room that echoes old dance rituals and the electric feel of a hyperconected world.

OPAVIVARÁ! is an art collective from Rio de Janeiro, which develops actions in public spaces of the city, galleries and cultural institutions, proposing inversions in the use of urban space, through the creation of relation devices that provide collective experiences. Since its creation, the group has been actively participating in the Brazilian contemporary art scene.

Posted by Patricia Canetti at 12:56 PM

março 24, 2017

Coletiva Evoé celebra novo espaço da Amparo 60 no Recife

No próximo dia 25 de março, sábado, a Galeria Amparo 60 consagrará um novo momento na sua trajetória de quase 20 anos. Depois de anos ocupando o imóvel na Avenida Domingos Ferreira, a galeria está se mudando para o Edifício Califórnia, onde ocupará uma das sobrelojas, num movimento ligado a outros empreendedores que vão dar uma nova vida cultural ao local. Para marcar esse novo momento, a galerista Lúcia Costa Santos convidou o jovem curador Douglas de Freitas para pensar uma exposição comemorativa que marcasse essa nova etapa. Ele concebeu a mostra Evoé, cujo vernissage acontece durante a inauguração da Amparo 60 Califórnia, a partir das 17h, só para convidados.

Segundo o curador, a proposta da exposição é reunir todos os artistas do casting encontrando os pontos de intersecção entre seus trabalhamos e tendo como fio condutor essa ideia de celebração, saudação, ligada ao termo evoé. O curador esteve no Recife durante alguns dias em fevereiro, visitou ateliês, se encantou com as manifestações carnavalescas, e trouxe para dentro da exposição o olhar dos artistas sobre a visualidade da cidade e como eles lidam com as questões urbanas, algo tão presente nos debates atuais. “A escolha das obras para a exposição busca trazer um pouco a atmosfera do Recife, um modo de ver e viver a cidade entre suas belezas e contradições”, diz o curador Douglas de Freitas. No total, estão reunidas na mostra obras de 35 artistas, todos eles do casting da galeria. O pintor pernambucano Rodolfo Mesquista, falecido em fevereiro de 2016 e que fazia parte do casting, é o homenageado. Durante o vernissage, precisamente às 19h, Paulo Bruscky deve apresentar a performance Arteatro (Peça em 1 ato, 1977-2016) .

Apesar de ocupar o espaço da Avenida Domingos Ferreira desde 1996, Lúcia Costa Santos conta que considera a exposição de Eudes Mota, realizada em 1998, como o marco inicial da Amparo 60 como galeria de arte. Anteriormente, ela havia funcionado como antiquário, loja de móveis, objetos raros e de arte popular, na casa de número 60, na Rua do Amparo, em Olinda – de onde veio seu nome, que agora ganhou o adicional Califórnia. A galerista acredita que esse novo espaço vai conseguir integrá-la ainda mais à cidade e aos mais diversos públicos. “Teremos um espaço mais enxuto, porém com um maior diálogo com a cidade, num ponto onde circulam mais pessoas. O projeto arquitetônico é mais moderno e prático, facilitando o funcionamento diário da galeria. Vamos agregar cultura e arte num espaço interessante do Recife”, diz.

O evento do próximo dia 25 acontece em parceria com os outros empreendedores do Edifício Califórnia e deve entrar pela noite. Às 17h, as portas da galeria estarão abertas para a visitação da exposição, seguida pela performance de Paulo Bruscky.

Posted by Patricia Canetti at 9:41 PM

março 22, 2017

Galeria Transparente: Update no CCJF, Rio de Janeiro

Depois do sucesso da exposição “Galeria Transparente: Showroom” (CCJF, março-abril de 2016), a Galeria Transparente retorna ao Centro Cultural Justiça Federal para atualizar o público sobre seus novos artistas e projetos. Por isso, este novo “mix” de exposição e Festival de Performance tem o título Galeria Transparente: Update.

A exposição reunirá trabalhos de 16 artistas da Galeria Transparente e incluirá uma programação de 21 performances, sempre aos sábados às 16h, durante o período da mostra. As primeiras três performances acontecem no sábado, 25 de março, às 16h.

Utilizando uma ampla variedade de suportes, um time de artistas emergentes e consagrados apresentará obras relacionadas com as montagens digitais criadas por eles para a Galeria Transparente na Internet, mas que transcenderão ao que foi realizado para o ambiente virtual por incorporarem o diálogo com a arquitetura do CCJF e a presença dos espectadores.

Entre os artistas da mostra, podem ser destacados o americano radicado no Brasil Bill Lundberg, um dos precursores da vídeo-arte nos Estados Unidos, a brasileira Lia do Rio, que será homenagem por sua carreira e pela excelente contribuição para a exposição do ano passado, além de uma seleção de artistas internacionais como Ute Reeh (Alemanha), Davis Lisboa (São Paulo/Barcelona) e Francesco Romanelli & Giulia Gazza (Itália).

No Festival de Performances, além dos talentosos artistas que já fazem parte do “elenco” da GT, os destaques nesta edição serão performers de fora do Rio: Claudia Paim (RS), Marcio Vasconcelos (SP), Pedro Galiza (SP), Shima (MG) e Ignacio Pérez Pérez (Venezuela/Finlândia). Destaque-se também a presença da consagrada artista brasileira Regina Vater.

Sobre a GT

A Galeria Transparente é uma galeria virtual e colaborativa baseada no Facebook que já reúne um acervo de 90 obras digitais e que tem tido excelente repercussão entre artistas, críticos e o público em geral. A GT também atua na promoção da arte da performance. A criação da GT pelo artista carioca Frederico Dalton em julho de 2014 foi inspirada por uma base retangular de cimento existente na calçada da Rua da Glória, no Rio de Janeiro, onde oito performances foram realizadas até o momento. Por esse motivo, uma réplica deste retângulo será construída na galeria principal do segundo andar do CCJF, e, como aconteceu na calçada, esta réplica também servirá de “palco” para performances de artistas que já atuaram na Galeria e de convidados especiais.

O que é único na GT

Diferentemente das galerias virtuais, a GT é não é um arquivo de obras já realizadas e reunidas para venda. A Galeria Transparente convida os artistas a completarem digitalmente uma mesma imagem fornecida a eles. Assim, a Galeria aproveita novas possibilidades criativas proporcionadas pelo digital. Mas, além disso, a Galeria afirma a importância da cidade real como motor de criatividade, uma vez que a imagem a ser completada mostra uma calçada que realmente existe.

Por que a Galeria Transparente se interessa pela arte da performance? Apesar de uma performance envolver o corpo do artista e a presença física dos espectadores, ela é totalmente leve por ser transitória. Toda performance é antes de tudo um fluxo de energia. Da mesma forma, uma imagem digital é também leve por ser imaterial. Apesar de sua transitoriedade, a arte da performance é o campo das artes visuais que mais efetivamente nos alerta sobre a importância da presença física numa época em que as pessoas e suas relações operam cada vez mais num ambiente desmaterializado.

Conclusão

Com esta exposição, seu curador, o artista carioca Frederico Dalton, pretende aprofundar a discussão sobre o papel e relevância dos centros culturais numa época onde a internet funciona perfeitamente como espaço para produção e divulgação da arte contemporânea. No entanto, só os Centros Culturais “físicos” podem oferecer materialidade e presença à fruição de arte. Neste sentido, a exposição tentará conciliar o que os mundos “virtual” e “real” têm de melhor. Outro objetivo da exposição é informar aqueles que não usam Facebook sobre os artistas e projetos da Galeria Transparente.

Artistas da exposição

Ana Herter
Ana Rosa d’Alegria
André Sheik
Bill Lundberg
Carlos Cesari
Coletivo S.T.A.R. (Adriana Tabalipa & Roderick Steel)
Daniel Cavalcante
Davis Lisboa
Duo2x4
Ecila Huste
Flávio Abuhab
Francesco Romanelli & Giulia Gazza
Gringo Carioca
Lia do Rio (artista homenageada)
Paulo Jorge Gonçalves
Rosa Hollmann
Sandra Passos
Ute Reeh

Programação de performances todos os sábados, às 16h, durante o período da exposição

GaleriaTransparentePerformances.jpg

Lista dos artistas do Festival de Performances

Alexandre Sá
Amélia Sampaio
Claudia Paim
Coletivo S.T.A.R. (Adriana Tabalipa & Roderick Steel)
Gringo Carioca & Depressa Moço
Helena Wassersten
Lilian Amaral & Ignacio Pérez Pérez
Marcio Vasconcelos
Monica Barki
Nivaldo Rodrigues Carneiro
Pedro Galiza
Pedro Paulo Domingues & Jovane Frederico
Raphael Couto
Regina Vater
Shima
Tato Teixeira
Tchello d’Barros
Tetsuo Takita
URCA (Clarisse Tarran & Eduardo Mariz)
Xico Chaves
Zoè Gruni

Posted by Patricia Canetti at 7:20 PM

Quando o Mar virou Rio no MHN, Rio de Janeiro

A praia não é um território tão livre quanto se diz. Se seu uso começa como um hábito de elite, ainda hoje é um espaço cheio de códigos e signos que servem para identificar 'quem é de cada praia'. Mas o carioca não respeitou as imposições da elite. A cultura de praia vai além da orla e invade as lajes. A marquinha de biquíni é valorizada tanto em Olaria quanto no Leblon. O corpo bronzeado desfila também no calçadão de Campo Grande e no Mercadão de Madureira. Tem dias que a farofa é 'cult' e o isoporzinho é moda. E se não tem onda, o surfe é no trem. Por toda a cidade, a praia é parte do imaginário. Está no jeito de ser, de vestir, falar... a praia, no Rio, não é simplesmente uma formação geológica às margens do mar. É cultural, projeta-se no centro da identidade do carioca e não se limita aos contornos das faixas de areia"
(Isabel Seixas, Diogo Rezende e Letícia Stallone)

Entre os dias 24 de março e 28 de maio, o Museu Histórico Nacional vai estender a canga e abrir o guarda sol para receber a exposição Quando o mar virou Rio. A mostra foi idealizada e produzida pelo estúdio M´Baraká e pela produtora Logorama, com patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Cultura por meio da Lei Municipal de Incentivo a Cultura - Lei do ISS, e da Multi Terminais, copatrocínio da E.T.T. First RH e a Shift Gestão de Serviços e apoio do Control Lab e do Consulado Francês.

Ao todo, serão 130 obras, entre gravuras, fotografias, instalações e pinturas, de 25 artistas, organizadas em nove temas que resgatam a história da relação dos moradores do Rio de Janeiro com a praia - desde a origem, quando os médicos receitavam banhos de mar para curar doenças de pele ou respiratórias, até os dias atuais, incluindo a moda, os esportes e o ideal de carioquice que ganhou fama no mundo inteiro.

“O mar, em sua imensidão, sempre estimulou a imaginação humana e trouxe o medo do desconhecido, gerando uma infinidade de lendas que afastavam o homem do oceano. Foi apenas na Idade Moderna que o mar deixou de ser concebido como um caótico berço de mistérios incompreensíveis. A força de um mito está em seu potencial de parecer que sempre existiu. O banho de mar e a cultura de praia estão tão associados ao Rio de Janeiro que nem parecem ser hábitos recentes, com cerca de 100 anos", dispara Isabel Seixas. Ela, Diogo Rezende e Letícia Stallone são os curadores da mostra e formam o coletivo Curatorial do estúdio M´Baraká.

A partir do batismo da cidade, quando os portugueses, por engano ou peculiaridades linguísticas, entenderam a baía (de Guanabara) como um rio, desenrolou-se uma narrativa que comprova que, apesar de chamada Rio, a cidade é abraçada pelo mar. "Quando o mar virou Rio" conta muito bem essa história, com o auxílio de artistas de diferentes épocas e técnicas, associados a conteúdos multimídias, objetos e imagens de acervo que foram encontrados em pesquisas iconográfica e histórica, feitas nos últimos três anos.

Uma parte significativa dessa coleção veio de acervos: 11 artistas e 24 obras são do próprio Museu Histórico Nacional; 26 obras das coleções dos fotógrafos Augusto Malta (1864-1957) e Alair Gomes (1921-1992) pertencem à Biblioteca Nacional; e há mais 5 imagens do Augusto Malta que compõem o acervo do Museu da Imagem e do Som (MIS). Malta retratou a evolução urbana da cidade pelo prefeito Pereira Passos, nas primeiras décadas do século XX, e Alair foi o precursor da fotografia homoerótica, voyerística, a partir do final dos anos 60. Além disso, há outros 10 artistas contemporâneos com cerca de 70 trabalhos expostos.

“A curadoria gosta de pensar que a exposição é uma ode ao movimento da cidade, que começa com a vinda dos primeiros índios que buscavam a terra sem males, passa pelos navegantes portugueses e é porto de partida e chegada de produtos, pessoas e influências de além mar, até quando o Rio se volta literalmente para a praia, desaguando numa paixão do carioca por ocupar a orla de diferentes maneiras", aponta o curador Diogo Rezende.

Para Letícia Stallone, também curadora, a mostra "apresenta parte da história dessa cidade, conhecida no mundo inteiro como Rio, mas que tem uma trajetória tão entrelaçada ao mar que a sua própria identidade está vinculada à imensidão da água salgada, ao sol, à areia e tudo que pertence a esse ambiente. Tudo isso num mesmo gingado que a gente que se mete nessa geografia acaba adquirindo".

“Apoiar a cultura é servir ao próximo. Nós, da E.T.T. First RH e da Shift Gestão de Serviços, administramos os nossos negócios com muita seriedade e acreditamos que as pessoas que consomem cultura têm mais ferramentas para serem profissionais melhores. Somos cariocas de nascimento e a nossa história está mergulhada nas águas e baseada nas terras que a exposição ‘Quando o mar virou Rio’ revisita”, exulta o diretor Guilherme Paletta.

Fotos raras de Genevieve Naylor e outros achados
Um dos pontos altos da mostra são as duas fotografias raras da americana Genevieve Naylor (1915-1989), que foi contratada pelo governo de Franklin Roosevelt nos anos 40 para criar uma imagem de Brasil bem aceita nos Estados Unidos. Ela se encantou pela cultura brasileira e voltou para casa com mais de 1300 fotos incríveis, retratando o cotidiano da Praia de Copacabana, por exemplo, que vivia o seu auge. As imagens foram cedidas pelo seu filho e são praticamente desconhecidas aos olhos do público.

Há obras importantes de artistas atuantes. Rogério Reis foi convidado a participar com os ensaios Surfista de Trem e Ninguém é de Ninguém. O primeiro, de 1989, mostra o esporte radical praticado por jovens nos trens do subúrbio do Rio. O segundo, realizado entre 2010 e 2014, faz as vezes de um manual de como fotografar na praia, trazendo à tona as questões que cercam os direitos de imagem. Bruno Veiga terá um painel inédito com os seus recortes aéreos das Pedras Portuguesas dos calçadões. E quatro fotos dos ensaios que Júlio Bittencourt fez do Piscinão de Ramos nos verões de 2008 a 2010 também estarão na parede do Museu Histórico Nacional.

Já os artistas Gisela Motta e Leandro Lima deram vida à fotografia em preto e branco de uma maloca Yanomâmi incendiada na Amazônia, feita por Claudia Andujar em 1976, na vídeo instalação Yano-a, de 2005, que traz uma memoria relativa ao extermínio do povo indígena na lendária batalha de Estácio de Sá, à beira da baía, quando centenas de aldeias foram incendiadas. O coletivo OPAVIVARÁ! apresentará a obra EU ♥ CAMELÔ, que exalta este devir camelô que se esgueira nas areias escaldantes, fugindo e apanhando da lei enquanto refresca a sede do PM, do gringo e do playboy.

Um outro grande destaque da mostra é a obra Paisagem Impressa, do brasileiro radicado na Suécia Laércio Redondo, com gravuras do francês Jean Baptiste Debret (1768-1848) sobre o Rio de Janeiro do seu tempo. Em cada um dos 77 bancos há livros e textos que representam, na visão dos convidados do artista, uma paisagem contemporânea dessa cidade maravilhosa, que relaxa nos finais de semana nas areias, ao sabor das ondas tropicais.

Posted by Patricia Canetti at 2:27 PM

março 21, 2017

Marcus Vinicius na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro

Artista, que completa 20 anos de trajetória em 2018, apresentará na Galeria Marcelo Guarnieri cem pequenas pinturas inéditas, feitas especialmente para esta exposição,em que explora os limites da cor dentro do conceito de Estrutura Quadro.

A Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, inaugura, no dia 23 de março de 2017, a exposição Marcus Vinicius - A cor das escolhas, com cem pequenas pinturas inéditas do artista paulistano, que completa 20 anos de trajetória no próximo ano. Em sua segunda exposição individual no Rio de Janeiro, o artista apresentará obras inéditas,produzidas em 2016 e 2017, em que explora a cor e suas nuances. A exposição será acompanhada de texto do crítico de arte Marcelo Campos.

As cem obras que serão apresentadas na exposição medem 30 cm X 35 cm cada e são feitas em MDF pintado com tinta acrílica e vidro transparente pintado com esmalte de cura a frio, que é encaixado no MDF recortado. Na exposição, as obras estarão agrupadas por tonalidade, em cinco conjuntos, compostos por 20 obras cada: avermelhados, amarelados, azulados, esverdeados e multicoloridos. As 20 obras de cada conjunto são diferentes entre si, mas se repetem nos demais conjuntos, com cores distintas, de acordo com o grupo aos quais pertencem. No entanto, com cores e tonalidades diferentes, muitas vezes têm-se a impressão de serem estruturas distintas.

“A pesquisa desenvolvida nessa série de quadros busca alcançar o ponto de unidade de seus elementos constitutivos, como fragmentação do plano através da estrutura modular, unidade cromática, contraste entre o opaco da pintura com a superfície refletora dos vidros, etc”, afirma o artista.

A pesquisa de Marcus Vinicius está fundamentada no conceito de “Estrutura Quadro”, uma estrutura conceitual construída a partir do retângulo ou quadrado que, ligada à parede, preserva seu caráter bidimensional e cujos elementos podem ser desmembrados e estudados separadamente e reagrupados segundo uma ordem por ele estabelecida.“Todos os elementos têm uma função e toda função tem uma propriedade. O vidro tem a função de proteger, mas sua propriedade é o reflexo”, conta o artista, que em suas obras mantém a função original do vidro, pintando a parte que fica virada para o quadro, protegendo, desta forma, a pintura. O artista ressalta, ainda, que “quanto mais escura a cor, maior será o reflexo do entorno”. Assim, é criado um grande jogo de cores, em que uma pintura reflete os tons das outras. “A simetria é desafiada pela cor e pela propriedade refletora dos vidros que ampliam o espaço do quadro, através da incorporação e do reflexo dos elementos do entorno, colocando em dúvida a cor e o espaço que vemos.Apesar de ser um trabalho estático, é preciso se movimentar para conseguir apreendê-lo totalmente”, diz.

Apesar de trabalhar com cores diversas e explorar as tonalidades, Marcus Vinicius só utiliza as cores existentes, as chamadas “cores de catálogo”, não misturando-as para encontrar tonalidades diversas. “A diferenciação das cores se dá por sua aproximação e pela relação de sua proporção na composição”, explica. “Esse projeto de exposição traz essa dificuldade na construção da variedade das tonalidades de cor, uma vez que o catalogo é limitado. Por exemplo, o amarelo tem quatro tons mais duas ocres. Agrupar os 20 quadros amarelos e dar uma sensação de variação tonal operando dentro desses limites está sendo desafiador”, ressalta.

Desde o inicio de sua trajetória, Marcus Vinicius trabalha com a questão da cor, mas isso era feito através de obras em grandes escalas. As pinturas em pequenos formatos surgiram há cerca de dez anos e foram poucas vezes mostradas. O artista cria os trabalhos e os projetos de exposição de acordo com o local onde serão apresentados. Desta forma, esta mostra foi pensada especialmente para o espaço da galeria.

Marcus Vinicius (São Paulo, 1967. Vive e trabalha em Osasco) é formado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. No ano que vem, completa 20 anos de trajetória, que será comemorada com uma exposição retrospectiva que começará no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, e irá itinerar por outras cidades.

Dentre suas principais exposições individuais estão “Constructos” (2014), no Centro Cultural UFMG, em Belo Horizonte; “Listrados” (2004) no Centro Cultural Maria Antônia, em São Paulo; “Sperandios” (2000), no SESC Paulista, em São Paulo e a mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1999. Realizou, ainda, três exposições individuais na Galeria Marcelo Guarnieri, sendo duas em Ribeirão Preto: “Agrupamentos horizontais e Acidados” (2015) e “Quadriculados e Pontilhados” (2010) e uma em São Paulo: “Estrutura quadro: revisão e desdobramento” (2014).

Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Momento Contemporâneo” (2014), “Além da forma – plano, matéria, espaço e tempo” (2012) e “O colecionador de sonhos – Coleção Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz” (2011), ambas no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto; “Volpi e as Heranças Contemporâneas” (2006), no MAC/USC, em São Paulo; “Marcus Vinicius e Wagner Malta Tavares” (2006), no Museu de Arte de Ribeirão Preto; “30 anos de Arte Brasileira na Coleção SESC” (2005), no SESC Interlagos, em São Paulo; “Uma viagem de 450 anos” (2004), no SEC Pompéia, em São Paulo; “Heterodoxia Natal” (2004), no Espaço Cultural Casa da Ribeira, em Natal; “40 anos, 40 artistas” (2003), no MAC/USP, em São Paulo; “Genius Loci, o Espírito do Lugar” (2002), no Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo; “Conduta de Imagem (2001), no Museu Metropolitano, em Curitiba; “Se Pudesse ser Puro” (2001), no Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis; “Iniciativas” (2000), no Centro Cultural São Paulo; “Heranças Contemporâneas 3” (1999), no MAC/USP, em São Paulo; “Vazio, Profundidade e Linha” (1999), Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, entre outras.

Posted by Patricia Canetti at 2:40 PM

Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015: Victor Leguy na Funarte, São Paulo

Victor Leguy e Gabriel Bogossian criam museu fictício em exposição na Funarte São Paulo

Através de displays museológicos repensados e discurso horizontal, mostra discute o papel do museu na atualidade

Mostra conta com uma programação paralela de encontros, debates e lançamentos

A Funarte São Paulo tem o prazer de apresentar, a partir de 25 de março de 2017, das 15h às 20h, o projeto O Museu Inexistente No 1, do artista Victor Leguy, concebido em parceria com o curador Gabriel Bogossian, e selecionado no Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2015. O artista e o curador criaram um museu fictício que reconta parte da história do Brasil sob uma nova perspectiva, numa tentativa de descolonizar o olhar e ampliar nosso repertório visual sobre o patrimônio cultural brasileiro.

Através de fotografias, filmes, documentos e objetos, a exposição pretende trazer para o centro do debate o imaginário construído em torno dos Enawenê-Nawê, povo indígena residente no Mato Grosso que realiza o ritual Yaokwa, que tem duração de 7 meses e é reconhecido pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial brasileiro. As diferentes histórias que surgem a partir desse imaginário evidenciam algumas questões que orbitam a ideia de museu, seu papel crucial na construção da memória coletiva e da identidade nacional.

Para o curador, “A ideia desta exposição é problematizar o papel do museu nos dias de hoje, seu caráter de detentor das grandes narrativas, na maioria das vezes limitando a história que conhecemos a um ponto de vista que atenda aos interesses do poder”.

A exposição “O Museu Inexistente No 1” é um projeto em processo de construção, uma instituição em constante evolução que apresenta novos pontos de vista sobre a construção da imagem do outro, reelaborando histórias de forma coletiva e criando novas chaves de compreensão do presente, dos nossos debates culturais e dos nossos processos políticos.

Encontro com artista, curador e convidados: 08/04, às 15h
Lançamento do catálogo: 06/05, às 15h

Posted by Patricia Canetti at 1:53 PM

Um tufo de pelos, preso fortemente a um cabo no Epicentro, São Paulo

um tufo de pelos, preso fortemente a um cabo*

Exposição coletiva dos quatro jovens artistas Fraus, Gokula Stoffel, Paula Scavazzini e Thany Sanches, que se reuniram no contexto do grupo de acompanhamento crítico em pintura dos artistas Rodolpho Parigi e Regina Parra e que vem ao longo dos últimos dois anos, aprofundando um processo de interlocução sobre suas produções. A partir do acompanhamento curatorial do artista e pesquisador Bruno Mendonça algumas questões conceituais comuns entre os artistas começaram a serem observadas, como uma produção pictórica extremamente processual e muito menos projetual. Na pintura dos quatro artistas a gestualidade e a fisicalidade são um ponto forte e que de certa forma cria por consequência uma estética e linguagem que os distancia de outras gerações de pintores e escolas tanto internacionais, mas principalmente nacionais que traziam um caráter mais construtivo e formalista para o campo pictórico.

Além disso, em todos os processos de criação dos quatro artistas podemos notar também uma ressignificação da própria História da Arte de uma maneira não óbvia e uma reinterpretação de temas clássicos como o corpo e a paisagem, porém a partir de uma investigação e uma análise critica sobre o estatuto da imagem na contemporaneidade. Em um momento em que a imagem e a própria arte se vêm constantemente em situação limite, produzir imagens e se voltar à pintura pode parecer quase que como um ato de resistência. Um limite entre a figuração e a abstração, procedimentos de associação, fragmentação, remix e multiplicidade são frequentes, como uma espécie de resposta, assim como a criação de uma narrativa complexa, não linear, anacrônica e muitas vezes contando com um processo de autoria quase “esquizo”, como se o mesmo artista fosse muitos por conta de uma grande variação de estilos.

A imagem no caso desses artistas apresenta também um viés estranho-familiar (unheimlich/uncanny), produzindo uma espécie de melancolia e em alguns casos certo tipo de deboche e alegoria, isto se dá por conta de uma visão menos objetificada com a pintura e mais aproximada a uma noção de “abjeto” - conceito muito trabalhado por uma série de artistas de outras gerações como uma forma crítica de se repensar arte e commodity, mas a partir de uma desestabilização interna dos sistemas de valoração cultural no estratagema do mercado e por uma relação atópica com a própria arte. Isso pode ser visto na produção de artistas como Mike Kelley, Isa Genzken, Sarah Lucas, Paul Maccarthy, Franz West, entre outros, apenas para citar alguns nomes.

* definição de pincel no dicionário.

Posted by Patricia Canetti at 1:05 PM

Johanna Calle na Marilia Razuk, São Paulo

A artista colombiana Johanna Calle retorna à Galeria Marilia Razuk com a exposição Babel. Drawings by Johanna Calle, sua terceira individual no espaço. A mostra, que será inaugurada em 25 de março, traz um conjunto de 79 obras, divididas em três séries de trabalhos que integram sua produção mais recente: Minúsculas, Párrafos e Simbiontes.

Dona de produção ao mesmo tempo delicada e contundente, a artista, que participou da 31ª Bienal de São Paulo, em 2014, e da Bienal de Sydney, em 2016, tem expandido e transformado aquilo que se entende como desenho. Johanna faz uso de materiais inusitados como fios, ferro e malhas de arame e aço, aproveitando-se de técnicas como costura, perfuração e textos manuscritos e datilografados para a construção de uma série de imagens.

A artista cria desenhos significativos, que muitas vezes denotam vulnerabilidade, fragilidade, precariedade, resistência e transgressão. Trata-se de uma forma simples, delicada e densa de referenciar problemas e incoerências que permeiam a sociedade latino-americana. Em sua obra, Johanna toma como matéria-prima não apenas o espanhol, sua língua-mãe, mas também línguas e alfabetos diversos. A artista enfatiza seus valores artísticos e, ao mesmo tempo, questiona a capacidade de comunicação de cada código.

Johanna utiliza a palavra como embrião de um desenho, cujos significados intelectuais e históricos estão escondidos pela forma. Suas obras nunca são de rápida fruição, permitindo ao observador descobrir universos criados a partir de signos.

Criada em 2013, a série Minúsculas é composta por 77 trabalhos realizados em papel japonês datilografados, cujos textos, compostos pela combinação de milhares de letras minúsculas, podem ser vistos de modo habitual e também de trás para frente. Párrafos - parágrafos, em português –também traz um questionamento acerca das letras e estruturas linguísticas. A série reúne 12 trabalhos, compostos por bases em MDF, sobrepostos a linhas retas de aço, combinadas a sistemas de letras antigas em borracha.

Simbiontes traz sete obras produzidas entre 2014 e 2015. O título que dá nome ao conjunto faz referência a uma relação simbiótica de dois ou mais organismos que, apesar de distintos, atuam em conjunto para o benefício mútuo. Criadas a partir de bordados sobre telas de aço, as obras se assemelham a uma cultura de microrganismos sobre placas de Petri, recipientes estéreis, cilíndricos e achatados, utilizados por profissionais de laboratório.

Johanna Calle nasceu em Bogotá, Colômbia, em 1965, onde vive e trabalha. Após estudar na Universidad de los Andes (1984-1989), em Bogotá, realizou seu mestrado em Artes Plásticas pelo Chelsea College of Art, Londres (1992-1993). A artista participou da 7ª Bienal do Mercosul (2009), da Bienal de Istambul (2011), da 31ª Bienal de São Paulo (2014) e da Bienal de Sydney (2016).

Entre suas principais exposições individuais, destacam-se: Silentes, 1985 - 2015, curadoria de Helena Tatay, Museu Amparo, Puebla, Mexico (2016); Dibujos, curadoria de Javier Hontoria, Colombian Embassy, Madri, Espanhã (2016); Silentes, curadoria de Helena Tatay, Museu de Arte do Banco da Republica, Bogotá, Colômbia (2015); Grafos, Galeria Marilia Razuk, São Paulo, Brasil (2014); Fotogramática, Krizinger Residencies, Krizinger Gallery, Vienna, Austria (2013); Intertextos, Galeria Marilia Razuk, Sao Paulo (2012); Submergeants: a drawing approach on masculinities, project room, curadoria de Cecilia Fajardo-Hill, Museum of Latin American Art, Long Beach, EUA (2011); Variaciones políticas del trazo dibujos de Johanna Calle, Fundación TEOR/éTica, San José de Costa Rica (2008); Lacony, Galería Santa Fé, Planetario Distrital, Bogotá (2007); Zona Tórrida, Galería Casas Riegner, Bogotá (2006); Pretérita, Fundación Gilberto Alzate Avendaño, Bogotá (2006); Tangencias, Sala ASAB, Academia Superior de Artes de Bogotá (2005).

Ao longo da sua carreira, Calle recebeu prêmios pelo seu trabalho, entre os quais sedestacam: Emerging Artists Grants Program, Cisneros Fontanals Art Foundation CIFO, Miami (2008) e Mención de Honor IV Premio Luis Caballero (2007); Beca Cité International des Arts, Paris, AFFA Asociación Française des Affaires Etrangères (2001); Premio Salón Regional de Artistas, Ministerio de Cultura (2000), entre outros.

Representada pela Galeria Marília Razuk, Johanna Calle terá alguns de seus trabalhos apresentados à 13ª edição da SP-Arte, que ocupará o Pavilhão da Bienal entre os dias 6 e 9 de abril.

Posted by Patricia Canetti at 12:35 PM

Letícia Parente na Jaqueline Martins, São Paulo

Questões sobre o cotidiano feminino de 1976 ecoam nos dias de hoje em mostra retrospectiva de Letícia Parente

Fotografias, xerox, vídeos e uma grande instalação poderão ser vistas na Galeria Jaqueline Martins a partir do dia 25 de março


“Tire seus padrões de beleza do meu corpo”. A frase escrita em um pedaço de papelão foi um dos símbolos que marcou uma marcha de mulheres em 2013, mas podia muito bem estar estampada em um dos trabalhos da artista baiana Letícia Parente, pioneira da videoarte no Brasil e conhecida por subverter o cotidiano em suas experimentações na década de 1970. Parte de seu trabalho, xerox, fotografias, vídeos e uma instalação gigante estarão na retrospectiva que a Galeria Jaqueline Martins apresenta, de 25 de março à 20 de maio.

Quarenta anos depois de sua primeira individual no MAM do Rio de Janeiro, será remontada pela primeira vez a instalação Medidas, de grandes dimensões – vai ocupar 140 metros quadrados do segundo andar da galeria. A obra, dividida pelo que ela chamou “estações”, convida o visitante a registrar medidas do próprio corpo em fichas, como tipo físico, sanguíneo, capacidade respiratória e itens que confrontam as imposições da sociedade, principalmente sobre a mulher, além da ala “medidas secretas” para questões mais subjetivas, não-visíveis.

Em entrevista ao jornalista Roberto Pontual, à época, Letícia contou: "Quero deflagrar ações até que elas se incorporem e criem a forma das marcas do homem em sua presente busca: um fio entre os imensuráveis de sua trama. Desejo capturar vestígios atuais através de quantidades, medidas que possam se fazer transcender, a fim de que a imponderável invada e faça nexo ou interrogação".

As fichas dos visitantes de 1976 estarão também expostos em um espaço dedicado à documentação. “O trabalho da Letícia é atemporal, é feminista, é político, mas é sobre a questão existencial”, diz a galerista Jaqueline Martins. Também nos xerox, vídeos e fotografias, a artista expõe a problemática do corpo e da subjetividade. “Tem sempre uma tentativa por parte da sociedade de te dizer como tem que se vestir, se portar...e é isso que a Letícia confronta”, completa André Parente, filho de Letícia.

Entre as fotografias que estarão na mostra, estão as feitas por André, de sua mãe, em 1975, que nunca foram expostas; xerox das séries Mulheres e Casas; e o vídeo Eu armário de mim (1975).

Posted by Patricia Canetti at 12:02 PM

março 19, 2017

Rubem Ludolf na Berenice Arvani, São Paulo

Galeria Berenice Arvani mergulha nas cores de Rubem Ludolf em exposição de caráter panorâmico

Após um híato de 12 anos, a Galeria Berenice Arvani tem o prazer de apresentar, a partir de 21 de março de 2017, às 19h, a exposição Rubem Ludolf e o Plano da Cor. Sob curadoria Celso Fioravante e uma abordagem panorâmica, a mostra percorre a produção deste importante nome do construtivismo brasileiro desde o início dos anos 1950, até chegar aos trabalhos criados em seus últimos anos de vida.

Realizada em celebração aos 85 anos de nascimento de Rubem Ludolf (1932-2010), a exposição propõe um mergulho cronológico que explora o rigor das formas e o apuro cromático que enredam a percepção do espectador. “Rubem Ludolf e o Plano da Cor” é composta por algumas raridades, como trabalhos figurativos de quando ele ainda assinava como RMauro, abreviação de seu nome Rubem Mauro Cardoso Ludolf, trazendo composições, paisagens e naturezas mortas predominadas pela cor.

Na segunda metade da década de 1950, Ludolf participou da III Bienal de São Paulo e do Grupo Frente, ao lado de expoentes da arte brasileira, como Ivan Serpa, que foi seu professor, Lygia Clark, Aluísio Carvão, João José da Silva Costa, Franz Weissman e Helio Oiticica, entre outros. Desta fase destaca-se a construção metódica de um pensamento plástico, marcado pela organização do espaço pictórico, das quais emanam padrões e cortes chapadas, mostrados nesta exposição em estudos, guaches e óleos. Ludolf cria campos de forças onde elementos dispostos dinamicamente, se atraem em jogos de equivalências visuais.

A mostra acompanha as mudanças de suas pinturas na década de 1960, conhecida como fase das “Tramas”, e o retorno ao abstracionismo geométrico na década de 1980. Apesar de cobrir um arco sobre os 60 anos de sua produção, a ênfase desta mostra se dá justamente nas soluções construtivas realizadas entre as décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000, que aprofundaram e recriaram o vigor de sua precisão concreta, por meio de pinturas, caixas de acrílico e serigrafias.

Posted by Patricia Canetti at 10:42 AM

março 17, 2017

Raphael Couto na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

Raphael Couto apresenta sua segunda individual na galeria, Tronco, resultado de experimentações recentes baseadas na performance e seus desdobramentos: vídeos fotografias. “Essas ações, encontros entre corpo, arquitetura e natureza, partem de um desejo de um corpo mais físico em sua totalidade – ao mesmo tempo estranho e harmônico no ambiente”, explica o artista.

"Diferentemente das produções anteriores – que tinham o corpo como suporte de intervenções, dando a este um caráter de objeto, nesta exposição o corpo é apresentado em situações de sustentação, resistência e equilíbrio, afetado pelos diversos ambientes ao redor: casa, quintal, mata, ateliê”, explica Raphael.

O artista apresenta três vídeos e seis fotografias realizadas em duas residências recentes.
O vídeo Tronco que intitula a exposição, desenvolvido durante residência na zona rural de Brasília, coloca o artista numa conversa com a própria natureza do cerrado, frágil e resistente, que se organiza num ciclo intenso de vida e morte – onde incêndios e regenerações se sobrepõem.

Ao vídeo seguem fotos homônimas, realizadas em duas residências (Brasília e Resende/RJ), onde há um diálogo com a estrutura tronco; seja no apoio nessa natureza-morta, seja no prender-se à terra – a mesma que sustenta e mantém vivos os pinheirais que rodeiam o artista.

Na série de fotografias intitulada Faixas, o corpo atravessado por uma faixa adesiva, normalmente utilizada em fisioterapia, é pensado no ambiente arquitetônico – onde chão e parede do ateliê, reforçam a sua presença. Em uma referência direta à videoperformance de Bruce Nauman “Walking in an Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square” (1967-8), o corpo ocupa os espaços de modo escultórico, criando jogos de força e equilíbrio restritos pela faixa cromática.

O vídeo Pedra enfatiza a plasticidade do corpo, quando, ao pendurar uma pequena pedra no pulso, é criada uma espécie de “dança” no repuxar da pele, e o vídeo Vertigem, onde mastigo e regurgito o livro homônimo do escritor alemão, WG Sebald; – onde um corpo que caminha pelo mundo (e se afeta por este com crises de vertigem) afeta o corpo do artista, no exaustivo e repetitivo processo.

Raphael Couto possui mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF) e seus trabalhos integram importantes coleções privadas, incluindo as de Joaquim Paiva, Vanda Klabin, Afonso Costa e Gilberto Chateaubriand (em comodato no MAM/RJ). Em 2014, realizou sua individual Atravessamentos na galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, participando também nas feiras ArtRio e SP-arte subsequentes. Entre os festivais e eventos de performance, destacam-se o LaPlataformnace (São Paulo/SP) Corpus Urbis, em Macapá/AP, o Ruído Gesto em Rio Grande/RS e a mostra P.Arte, em Curitiba/PR, além do Encuentro Latinoamericano de Performance, no Museu de Arte Contemporâneo Argentino, em Junín – Buenos Aires.Em 2015 atuou como curador de duas edições do Codorna Performa, evento de performance em seu ateliê no centro histórico do Rio de Janeiro, além da exposição coletiva Bordaduras Contemporâneas, no Espaço Cultural do Colégio Pedro II. Participou também das residências Performance Participação Política, em Brasília; Vigiai e Bordai, em Resende/RJ, LaPlataformance, em Cananeia/SP, Estação Nuvem, Visconde de Mauá/RJ e Periférico, no Departamento Nacional do Sesc, no Rio de Janeiro.

Posted by Patricia Canetti at 7:07 PM

Cristina Lapo na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro

Em seus trabalhos, Cristina Lapo manipula de várias maneiras elementos básicos: ponto, linha e plano. Ela se interessa por esgarçar as possibilidades de combinações desses elementos e de seus atributos. Assim, a linha pode assumir diversas características visuais. Desenhos produzidos por sulcos em uma superfície, que ficam no limite da representação figurativa de objetos conhecidos, mas que não o são de fato; linhas que aparentam se movimentar no espaço – mas estão em uma superfície plana –, como um registro fotográfico no tempo; e conjuntos de linhas agrupadas ordenadamente sobre um plano, representando outros planos, que remetem a arquiteturas, embora sejam abstrações.

Os planos, em alguns trabalhos, se expandem fisicamente para o espaço expositivo, para a arquitetura real onde estão inseridos, nem sempre acompanhando a sua ortogonalidade. As linhas, por vezes, são coloridas, largas, finas, ou se dissolvem como em uma pintura. Em alguns trabalhos, elas ganham o espaço (às vezes duplicando-se visualmente), extrapolam as duas dimensões, tendo corpo, massa, volume: materialidade. Nesse rompimento, as linhas transpassam (ou ligam) pranchas em pontos específicos – calculados com precisão –, unindo planos distintos e criando novos entre os seus espaços, bem como formando volumes adicionais. Segundo Lapo, “a linha tem uma enorme energia, nunca é estática, é o deslocamento de um ponto, uma trajetória com movimentos: horizontal, vertical, diagonal”.

Na geometria, o ponto tem uma dimensão mínima, infinitesimal, e um conjunto deles forma uma reta, que, por sua vez, com outras, faz um plano, e planos agrupados produzem volumes. Esta, por sua vez, causa reflexão, deslocando o pensamento de quem a observa, e, do mesmo modo, provoca a deslocação do corpo no espaço, pois cada perspectiva, cada ponto de vista (físico ou intelectual), lhe confere um sentido singular. O olhar vai em linha direta até a obra, escaneando-a em planos, como em uma tomografia, e, depois, o cérebro junta tudo para formar uma imagem mental. Segundo Lapo, “a tentativa de desvendar a obra, por parte do espectador, é outro tipo de exploração da tridimensionalidade do trabalho”. E é isso que a artista quer provocar. Com as linhas que desenha, abrem-se espaços (entre elas), os visíveis na obra, e espaços são abertos na mente de quem observa os trabalhos, pois nem tudo é explícito, há sempre algo nas entrelinhas.

Na exposição Entrelinhas a artista apresenta em torno de seis esculturas de parede, inéditas, de formas geométricas, em diversas cores e formatos.

Cristina Lapo nasceu no Rio de Janeiro em 1981. De 2000 a 2001, estudou na Inglaterra no Kent Institute of Art & Design e, na sequência, até 2004, fez bacharelado em Comunicação Visual (Ilustração) na University of Central England. Depois, diplomou-se em Ilustração pelo ETIC Design Instituto, em Lisboa, Portugal. Fez pós-graduação em Belas Artes no Instituto de Arte de São Francisco, nos Estados Unidos, em 2011, e concluiu o mestrado em Belas Artes na mesma instituição em 2012. De volta ao Brasil em 2014, estudou no Parque Lage com Franz Manata, João Carlos Goldberg e Iole de Freitas. A artista já mostrou seus trabalhos em exposições em Portugal, EUA e Brasil, incluindo participação na Art Rua e na ArtRio.

Posted by Patricia Canetti at 6:17 PM

Pedro Varela na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Pedro Varela mostra seu universo tropical

Pedro Varela foi buscar no historiador Henry Rousso o título de sua exposição: Un passé qui ne passe pas – assim em francês mesmo. Rousso é um dos historiadores mais importantes da corrente que vai buscar uma história contemporânea, que investiga como o passado recente reverbera nos dias de hoje. E o mote dessa exposição – sua primeira individual na Luciana Caravello Arte Contemporânea - é a vontade de falar desse passado que continua reverberando. O seu interesse por personagens conceituais e também nessa representação da flora é justamente falar desse passado que não passa, que emerge nas nossas relações sociais, no nosso DNA, na forma como vivemos hoje.

Pedro apresenta um conjunto de obras monocromáticas em sua maioria, com personagens conceituais que surgem no meio de um emaranhado de plantas, caules e flores tropicais. Esses personagens às vezes são históricos, às vezes são ficcionais, mas sempre fazem parte do universo tropical. São recortes da história da arte, personagens anônimos e famosos, estereótipos, referências da cultura popular. Estão na mostra duas pinturas coloridas grandes de 150 x 150 cm, mais quatro monocromáticas grandes e cinco pequenas, além de alguns desenhos recortados. O texto da exposição é do curador Marcelo Campos.

No trabalho de Pedro, os personagens conceituais que emergem no meio da floresta falam sobre esse passado ainda vivo. Eles são links para diferentes épocas, que estão juntos por sua relação com os trópicos, especialmente o Brasil, criando uma paisagem/narrativa fragmentada.A questão histórica sempre esteve presente nos trabalhos de Pedro, mas nunca de forma tão direta. Isso surgiu aos poucos; a série preta e branca com personagens brotando começou em 2005.Mas a preocupação do artista não é com a história em si, com algo distante que já não faz parte das nossas vidas. “Minha ideia é abordar o que ainda está vivo, mesmo que precise recorrer aos bandeirantes, a imagens de gravuras e cartas náuticas antigas e personagens históricos. No meio desse caldo entram referências mais novas como Herzog enforcado, Brasília e Tarsila do Amaral.“

Pedro mora em Petrópolis, mas está passando uma temporada em Paris – sua mulher, Carolina Ponte, faz uma residência artística na Cité des Arts. De lá ainda irão para a Dinamarca antes voltar ao Brasil. Pedro viveu no México entre 2007 e 2009 e foi com a volta ao Brasil que surgiu seu interesse pelos trópicos.Seu trabalho já cruza fronteiras. Entre individuais e coletivas, participou de exposições no México, no Qatar, França, Genebra, Londres, Uruguai, Argentina, Lisboa. Esteve em 2016 na feira “Untitled”, em Miami.

Posted by Patricia Canetti at 4:16 PM

Marcia de Moraes abre mostra e lança livro na Luciana Caravello, Rio de Janeiro

Marcia de Moraes apresenta seus trabalhos “descabelados”

A paulista Marcia de Moraes faz sua estreia no Rio em dose dupla na Luciana Caravello Arte Contemporânea: no dia 21, abre a exposição Banquete e lança o livro “Marcia de Moraes”, com um recorte de sua obra em textos de Paulo Myiada e Camila Belchior, editado pela Cobogó.

Marcia usa lápis grafite e lápis de cor em seus trabalhos, mas é no espaço branco, vazio, não preenchido pela cor, que as formas aparecem. São folhas secas, gargantas, pelos, unhas, pedras, ossos, cacos de vidro, piscinas, bolhas, entre outras coisas. “Quando todos esses elementos estão aglomerados, o desenho se torna uma grande insinuação de um organismo vivo constituído de infinitas partes que não são a representação narrativa de objetos específicos, mas a transposição para o papel desses fragmentos visuais que tenho acumulado há anos”, explica a artista.

Na exposição da Luciana Caravello, ela apresenta sete obras. A que dá o título – Banquete – é o maior trabalho: um políptico de quatro partes que é mesmo um banquete: nele há uma série de referências figurativas como alcachofras, frutas, seios, unhas, ossos. Mas as referências não são óbvias; são transfiguradas e se tornam algo quase abstrato quando estão juntas no desenho. Tudo junto, acaba gerando um desenho que é um banquete visual, mais do que um banquete para o paladar. Mas para a artista, todos esses prazeres se misturam. Olfato, paladar, visual, tato.

Há ainda dois desenhos e quatro colagens. Os desenhos de Marcia são feitos de aglomerados de formas e, como têm grandes dimensões, há muitos elementos desenhados em cada trabalho, mas as formas não são literais. “Estou montando um vocabulário desde que comecei a usar grafite e lápis de cor. E ele não acaba nunca; aumenta e se transforma de um trabalho para outro, pois vou descartando algumas formas antigas e inserindo outras novas. Assim, o desenvolvimento desse léxico se dá em espiral, não é linear”.

Marcia conta que, ao fazer um desenho, vira constantemente a posição dos papéis, seja de cabeça para baixo ou de lado, para tentar ver novas formas. E ela se surpreende ao perceber imagens que não veria naturalmente. Ela acha importante fugir do vício de sempre usar certas formas no desenho. “Me interessa aquilo que eu não faria num primeiro impulso. Costumo dizer que me interesso por aquilo que está deslocado de sentido ou de lugar. Como se fosse um ato falho do cotidiano. Quero aquilo que não é fixo, é fluido e, de certa forma, descabelado, diz”.

O livro “Marcia de Moraes” é bilíngue (português e inglês) e foi realizado a partir de uma bolsa da Fundação Pollock-Krasner, em Nova York. Nele, estão reunidas imagens de cerca de 60 obras, além dos textos de Paulo Miyada e Camila Belchior e uma entrevista de Lourenço Egreja sobre o processo de trabalho da artista.

Posted by Patricia Canetti at 4:11 PM

Alvaro Seixas na Roberto Alban, Salvador

A “arte literária” de Alvaro Seixas pela primeira vez em Salvador

O artista carioca exibe imagens abstratas relacionadas com poesia e literatura na Roberto Alban Galeria

A poesia romântica e o caráter subversivo que marcam as obras de autores como Lord Byron, Marques de Sade e Álvares de Azevedo estão por trás da mostra que o artista carioca Alvaro Seixas apresenta em Salvador a partir do dia 23 de março, abrindo a temporada de exposições de 2017 da Roberto Alban Galeria, em Ondina. O trabalho de Seixas insere-se entre os mais representativos e expressivos da arte contemporânea brasileira, uma produção marcada por imagens abstratas, gestuais ou, como ele prefere situar, por uma “abstração literária”. A exposição poderá ser visitada pelo público entre 24 de março e 23 de abril, das 10 às 19hs.

Intitulada O Coxo, o Sádico e o Poeta, a mostra é a primeira individual de Alvaro Seixas em Salvador. Sua obra, contudo, já é bastante reconhecida no país. Doutor em artes visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ, vem se consolidando como um dos artistas mais relevantes da sua geração. Em 2015, ele foi o mais jovem artista selecionado para concorrer em uma das mais importantes premiações brasileiras em artes visuais: o Prêmio Marcantonio Vilaça. Além disso, sua obra integra importantes coleções particulares, com trabalhos adquiridos recentemente pelo MAR (Museu de Arte do Rio) e pela importante Alex Katz Foundation, nos Estados Unidos. Dentre suas exposições recentes se destaca a X Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015).

“A série de pinturas que apresentarei em Salvador pode ser "conceitualizada" como abstrata, gestual e outros termos familiares, mas eu gosto de pensar em uma outra ideia, a da "abstração literária", uma vez que meu modo de pintar passou a admitir não apenas elementos do vocabulário das artes visuais, mas da literatura e da poesia, em particular da poesia romântica byronista e da literatura de Sade: suas contradições, fantasias e caráter subversivo”, justifica Alvaro Seixas.

Para ele, a academia acaba muito integrada à sua forma de trabalhar porque “ela deve ser um espaço pulsante, justamente para não corrermos o risco de reproduzirmos um novo "academicismo", ou seja, cheio de regras de como ser um artista contemporâneo(...) Eu procuro sempre "puxar o meu tapete" quando estou dando aula ou pintando um quadro: considero a perplexidade um objetivo louvável do fazer artístico, seja sobre uma tela de pintura ou no âmbito de uma universidade”.

Nesse sentido, na exposição da Roberto Alban Galeria, Seixas disse ter buscado inspiração na persona e na obra de um autor não tão debatido nas universidades de artes plásticas brasileiras: Lord Byron. “Quando lemos uma poesia do Byron muitas vezes a cor de fundo é algo a ser decifrado ou inventado. Quando me proponho e decifrar uma obra complexa como "Don Juan", em campos e rabiscos de cores, estou jogando com a maneira que o expectador ou observador lida com a pintura em contraste com a poesia”, explica.

Nas telas de Alvaro Seixas que serão expostas em Salvador, chama a atenção o uso que o artista faz das cores, que surgem de forma viva, com função de “criar contrastes visuais e teóricos, servindo também para seduzir e confundir o expectador”. Nessa profusão cromática, o artista estabelece um rico diálogo entre materiais tradicionais, como a tinta a óleo, e as tintas spray neon e estruturas metálicas pré-fabricadas. “O spray neon é uma paleta industrial de tempos recentes, cada vez mais popular. É a tinta que encontro tanto na loja de materiais de construção do lado do meu ateliê como também numa loja de street wear cool de Botafogo e do Leblon. Misturar esses universos: azul da Prússia e rosa neon, por exemplo, é fazer um jogo metafórico e narrativo com os materiais - a matéria tem a sua própria história para contar e mesclar essa história com a vida de figuras tão impressionantes como Byron, Azevedo e Sade me pareceu um grande e cativante desafio”.

O texto de apresentação da mostra é do crítico e curador Felipe Scovino, que ressalta que o caráter pensante da obra de Alvaro Seixas se traduz na sua capacidade de trabalhar conjuntamente a narrativa dos três poetas escolhidos: Lord Byron (o coxo), Sade (o sádico) e Álvares de Azevedo (o poeta). “Esses personagens e suas motivações contaminam e alimentam nesse momento a obra de Alvaro Seixas”, afirma Scovino, para quem o artista “não tem medo do ridículo, pois ele ridiculariza a si próprio antes de mais nada. É por essa atmosfera e personagens que tem o desejo, nas suas mais diversas ambições, o amor, a libido e a paixão violentamente expostas que a sua mostra segue”.

Posted by Patricia Canetti at 3:14 PM

Sérgio Sister na Nara Roesler, Rio de Janeiro

Além das Ripas, Pontaletes, Caixas e Tijolinhos, volumes que definiram o sujeito da prática artística de Sérgio Sister na última década, o artista retoma a pintura tradicional em sua primeira individual - Pintura com ar, sombra e espaço - na Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro, e a quarta desde que passou a integrar o time de artistas da galeria paulistana. Inéditas, as cerca de 25 obras foram produzidas entre 2015 e 2017, e dão sequência à pesquisa contínua de Sister sobre cor, luz e monocromos, num jogo entre superfície e tridimensionalidade.

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Esta exposição é um desdobramento da individual “Ordem desunida”, que o artista realizou na unidade paulistana da galeria, em 2015. O público carioca poderá conferir novas obras das séries “Caixas” – objetos feitos com base em caixas de frutas que sintetizam a obra do artista ao criar relações entre cores, luz, sombra e profundidade –, “Pontaletes” – ripas pintadas e escoradas umas às outras, que formam uma composição geométrica –, e “Tijolinhos” – relevos de parede que reafirmam conceitos espaciais a partir de madeira, alumínio e alumínio entelado, com aplicação de cores.

Integra ainda a mostra uma variedade de telas, produzidas nos dois últimos anos, realizadas com a técnica que marca a pintura do artista: a sobreposição de camadas cromáticas que permite a coexistência de diferentes campos de cor em harmonia. Segundo Tiago Mesquita, que assina o texto sobre a exposição, Sérgio Sister transforma um plano que, a princípio, parece monocromático, em uma tela heterogênea, com inúmeras variações. O crítico ressalta que não interessa ao artista a percepção imediata da diferença entre as coisas. O contraste acontece entre elementos similares, aparecendo de maneira meditativa, em um processo conquistado com sutileza. “Sister pinta passagens delicadas de matiz e luz”, completa.

Ao misturar cera ou pigmentos metálicos à tinta a óleo, Sister revela o caminho da pincelada sobre o plano, evidenciando a complexidade e o caráter heterogêneo de sua pintura, mesmo em um ambiente com pouca variação de cor. Mesquita aponta que a superfície das telas é tanto um plano de cor contínuo, como um acúmulo de pequenos fenômenos óticos desarticulados. “Uma cor contínua a se esgarçar e uma infinidade de elementos a se reunir de maneira mais ou menos atribulada. Embora a cor mantenha a unidade, o plano ganha complexidade – podia ser um mosaico, com cacos a buscar alguma unidade. Há mais fraturas que uma imagem sintética. São essas fraturas ou intervalos o que talvez mais interesse ao artista”.

Sérgio Sister (n. 1948, São Paulo, Brasil) vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Sérgio é mais conhecido pelas vigas de madeira que utiliza para criar pinturas esculturais que lembram caixotes, pórticos ou molduras de janela. O artista pinta as vigas de diversas cores, as envolve em tela e as organiza em configurações que possibilitam o surgimento de diferentes profundidades, sombras e experiências de cor. “Meu objetivo era permitir que o espaço e o ar operassem com e na relação entre as cores”, afirma. A prática de Sérgio eleva a pintura de campos de cor à tridimensionalidade, recontextualizando conceitos clássicos da tela enquanto janela. Em seus trabalhos mais recentes, o artista une pintura e escultura, empregando suportes derivados de estruturas encontradas e sistemas criados para atender a nossas necessidades cotidianas. Suas Caixas, Ripas e Pontaletes apropriam-se dos nomes dos produtos manufaturados dos quais se originam. A obra de Sérgio remete à tradição minimalista norte-americana e ao movimento neoconcretista brasileiro da década de 1960. Enquanto representante da Geração 80, Sérgio revisita um tema ancestral da pintura: a interação entre superfície e tridimensionalidade, numa tentativa de libertar a pintura no espaço. A sobreposição de camadas cromáticas marca sua produção, na qual campos cromáticos distintos coexistem harmoniosamente sem perder sua autonomia.


In addition to his Ripas, Pontaletes, Caixas e Tijolinhos (slats, rods, boxes and little bricks), which were the defining formats of Sérgio Sister’s art practice in the last decade, the artist returns to traditional painting in his first solo show at Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro, and the fourth since he joined the roster of the São Paulo-based gallery. The show features some 25 never-before-seen artworks dating from 2015 to 2017 that see Sister proceed with his ongoing exploration of color, light, and monochromes, in an interplay between surface and three-dimensionality.

This exhibition is a development of the artist’s solo exhibition Ordem desunida (Disunited order) at the gallery’s São Paulo venue in 2015. Now, the Rio public will be able to check out new pieces from a number of series: Caixas – objects built from fruit crates that sum up the artist’s oeuvre in relationships between colors, light, shadows, and depth –, Pontaletes – painted rods propped against one another to create geometric compositions – and Tijolinhos – wall reliefs that reaffirm spatial concepts by using wood, aluminum and cloth-covered aluminum, with colors applied.

Also featured are several paintings created over the last two years using the artist’s trademark technique: the superimposition of chromatic layers, allowing different color fields to coexist harmonically. According to exhibition text author Tiago Mesquita, who wrote the essay for exhibition, Sérgio Sister converts a plane which at first seems monochromatic into a heterogeneous canvas with numerous variations. The art critic notes that the artist isn’t interested in the immediate perception of the differences between things. The contrast happens between similar elements, surfacing in a meditative way, in a process that’s achieved in a subtle way. “Sister paints delicate passages of hue and light,” he concludes.

In combining wax or metallic pigments with oil paint, Sister reveals the brush’s path across the canvas, evidencing the complexity and heterogeneity of his painting, even when color variations are few. Mesquita points out that the surface of the canvas is at once a continuous plane of color and an accumulation of small, unrelated optical phenomena. “A continuous color stretching itself out and countless elements coming together in a more or less chaotic way. Although the color keeps it all together, the plane takes on added complexity – it might be a mosaic, with shards seeking some unity. There are fractures, more so than a synthetic image. These fractures or intervals are perhaps what the artist is interested in the most.”

Posted by Patricia Canetti at 10:42 AM

março 15, 2017

Artur Barrio e Cristina Motta na Millan, São Paulo

Pela primeira vez ocupando o Anexo Millan, Artur Barrio e Cristina Motta apresentam a mostra AGUATÁ - ......C .....A ...O ....S, que reúne 40 imagens divididas em três séries: “Vestígios de uma Obra”, “Águas Envenenadas” e “Enfante”. Ao lado das fotografias de Cristina Motta, Artur Barrio apropria-se do espaço expositivo como que transformando-o em ateliê onde cria, poucos dias antes da abertura, uma situação ou experiência inédita.

A produção de Artur Barrio desafia o vocabulário artístico tradicional, de forma que a palavra “exposição” (e seu significado historicamente sedimentado) mal parece se adequar ao que o artista propõe com as ações que realiza em galerias e espaços institucionais pelo mundo. Mais que estender, reduzir ou distorcer a significação corrente de conceitos como espaço expositivo, obra de arte e exposição, Barrio opera a partir de outra lógica, questionando aquilo que está na essência de tais ideias e frustrando deliberadamente as expectativas que nos guiam, enquanto público de arte, ao entrarmos em contato com elas.

Ao reconhecer o modus operandi não só do sistema de arte mas de sistemas em geral, e ao não se identificar com eles, Barrio não se resigna a criar um trabalho que, ao se opor a tais ordenamentos, continue reconhecendo (negativamente) as mesmas questões essenciais; mais que isso, sua poética radical mostra que a desordenação, a quebra de fronteiras, o efêmero e a reversibilidade das situações são “exercícios de liberdade” de forte poder emancipatório.

Enquanto ocupa o longo salão principal do Anexo Millan (inaugurado em 2015 e localizado a 50 metros da Galeria Millan), a fotógrafa Cristina Motta apresenta, no salão de entrada do espaço, cerca de 40 fotografias inéditas produzidas em 2016, divididas em três séries (“Vestígios de uma Obra”, “Águas Envenenadas” e “Enfante”).

Apaixonada pela pintura, a artista busca a essência dessa técnica através da fotografia. Essa devoção é percebida quando atentamos para seus trabalhos fotográficos a princípio quase abstratos, mas que quando vistos com mais atenção mostram-se dotados de grande força poética, originada em suas experimentações com a natureza, luzes, sombras e movimento. Sua obra opera entre a ilusão e o detalhe, na escolha de certos tons de cor, como o azul, que predominam em imagens aparentemente obscuras mas que revelam situações de mundo frágeis e de grande beleza.

Posted by Patricia Canetti at 7:54 PM

Retratos, curadoria de Rafael Vogt, na Millan, São Paulo

A Galeria Millan apresenta, entre 11/3 e 8/4, a exposição Retratos, com curadoria do crítico de arte e pesquisador Rafael Vogt Maia Rosa. A coletiva reúne 30 obras de artistas brasileiros que, a partir da década de 1960, tomaram o retrato como campo de investigação estética.

“Esse gênero permitiu aproximações de processos e realidades culturais diversas, tais como a fotografia e a pintura, o universo da arte conceitual e a moda”, afirma o curador. “Foram muitos os artistas nacionais que incursionaram pelo retrato; a seleção realizada valoriza o diálogo entre as obras, incluindo desde trabalhos inéditos de artistas representados pela Galeria Millan até itens raros de acervos particulares, que dificilmente são expostos ao público.”

A lista de participantes traz Wesley Duke Lee, Tunga, Mario Cravo Neto, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo, Claudio Tozzi, Regina Parra, Lenora de Barros, Maya Dikstein, Vik Muniz, Sergio Romagnolo, Boi, Rodrigo Andrade, Ana Prata, Gilda Vogt, Otavio Schipper, Tatiana Blass, José Resende, Fernando Zarif, Bob Wolfenson e Janaina Tschäpe.

“Questionamentos levantados por Wesley Duke Lee desde os anos 1960 - sobre a ritualização do processo do retrato, produção de arte comissionada e a reprodução em série, entre outras - serviram de inspiração para essa mostra, assim como conversas mantidas com Tunga entre 2014 e 2016’”, revela Rafael Vogt. Em um desses encontros, Tunga, instigado pela curador, estabeleceu paralelos entre sua obra e a de Mario Cravo Neto, ambos reunidos nesta exposição: “Mario Cravo estava em uma posição de olhar e incorporar aquele mundo arcaico que é presente no Brasil, onde todo mundo é animista, queira ou não. Isso está latente, por mais racional que seja o discurso, na construção da subjetividade que a gente experimenta culturalmente não por ser brasileiro, mas porque vive num contato ainda fresco com arcaísmos que são constitutivos dessa sociedade.”

Estão representadas na mostra celebridades e figuras anônimas. As técnicas e os suportes utilizados são diversos, das impressões digitais A mulher que não é BB (1971), de Waldemar Cordeiro, realizada a partir da icônica imagem do rosto de uma garota vietnamita, e da Kate (2011), de Vik Muniz sobre retrato de Kate Moss; até a transposição de uma memória familiar para o espaço da arte contemporânea, contrapondo o público e o privado, em Retrato de meu pai (1965), de José Resende (fotografia e caixa de acrílico em suporte metálico) ou a escultura em plástico Menina com toalha na cabeça (2000), de Sergio Romagnolo, que teve como molde a filha do artista.

Há ainda um autorretrato (1983/87) do pintor José Carlos Cezar Ferreira, o “Boi”, famoso personagem do cenário artístico brasileiro nos anos 1980, atualmente pouco conhecido do público. “A curadoria procurou evidenciar as experimentações realizadas no país através do gênero do retrato, abrindo campo para a experiência dos visitantes, sem impor nenhum tipo de cronologia ou leitura. Celebramos nesta mostra as múltiplas expressões da arte contemporânea brasileira, tendo em perspectiva a formação de público e a percepção do ‘primitivo tecnisado’ em nossa cultura”, conclui Rafael Vogt.

Sobre Rafael Vogt Maia Rosa
Graduado em linguística, mestre e doutor em literatura comparada pela USP, crítico, pesquisador e dramaturgo, Rafael Vogt Maia Rosa realizou a curadoria de mostras como H.O.N.Y Heliotapes (2015), na Casa das Rosas, A Zona: Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende (2009) e O espaço Onomatopáico, sobre Marcello Nitsche (2008), ambas no Centro Universitário Mariantonia. Foi pesquisador convidado, entre 2013 e 2015, no departamento de estudos teatrais da Yale University, nos EUA. Vem apresentando, desde 2001, ciclo de palestras em instituições como MAM/SP, Instituto Tomie Ohtake, Pinacoteca do Estado de São Paulo e SESC e foi professor de teoria no bacharelado em Artes Visuais da Faculdade Santa Marcelina (2002 a 2006).

Escreveu seu primeiro texto crítico para o catálogo da 23a Bienal Internacional de São Paulo, em 1996, sobre a artista Flavia Ribeiro, e é autor de ensaios e textos sobre os artistas Lucas Arruda, Alberto Simon, Tunga, Nuno Ramos, Camila Sposati, Artur Lescher, Carlos Fajardo, Cláudio Tozzi, Guto Lacaz, Hector Zamora, Janaina Tschäpe, Laura Belém, Rochelle Costi, Sergio Romagnolo, Paulo Whitaker, entre outros; publicou também entrevistas dispersas com escritores e artistas como Ronald Golias, Alan Pauls, José Resende, Nelson Leirner, Regina Silveira, Robert Storr e K.J. Holmes. Dentre suas publicações destacam-se Ilhas de Fato e Ficção (Cosac Naify, 2013), Planos Gerais de Mônica Nador (Pinacoteca do Estado, 2013), Até onde se pode ir muito longe (Ars, 2007), Banhistas (SESC, 2005). Atualmente, é pós-doutorando no Departamento de Artes Plásticas da ECA-USP, onde realiza pesquisa sobre a biografia e obra de Wesley Duke Lee.

Posted by Patricia Canetti at 1:23 PM

Gaudí: Barcelona, 1900 no MAM, Rio de Janeiro

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Instituto Tomie Ohtake, Arteris, Bradesco e Ministério da Cultura apresentam a exposição Gaudí: Barcelona, 1900, que reúne 46 maquetes, três delas em escala monumental, e 25 peças de design, entre objetos e mobiliário, criados pelo genial arquiteto catalão, conhecido mundialmente por seu estilo único. Completam a mostra cerca de 40 trabalhos de outros artistas e artesãos que compunham a cena avançada de Barcelona da época.

Todas as peças pertencem aos acervos do Museu Nacional de Arte da Catalunha, Museu do Templo Expiatório da Sagrada Família e da Fundação Catalunya-La Pedrera, em Barcelona, que apoiaram a exposição. A idealização e realização do projeto foram do Instituto Tomie Ohtake, com coordenação geral da Chizhi – Organización Proyecto Cultural Internacional. O patrocínio é da Arteris e Bradesco, com Lei Federal de Incentivo à Cultura (MinC). A exposição esteve em cartaz no o Instituto Tomie Ohtake e no MASC, em Florianópolis.

Raimon Ramis e Pepe Serra Villalba, especialistas em Gaudí e curadores da exposição, escolheram maquetes e detalhes arquitetônicos da Sagrada Família bem como do Parque Güell, de modo a que público acompanhe os processos construtivos dos projetos de Gaudí. A incursão de Gaudí pelo design, na criação de móveis e objetos que vão de maçanetas de metal a peças em cerâmica e madeira, mostram como a criação artesanal influenciou a indústria. O conjunto de suas obras testemunha a invenção de uma original geometria, calculada a partir da observação e estudo dos movimentos da natureza. Com este princípio racionalista protagonizado pelo orgânico, Gaudí instaura uma estética moderna única que marcou definitivamente a cidade de Barcelona. “A sua experimentação técnica e formal, sua capacidade de absorver e reelaborar as teorias estéticas e arquitetônicas,fizeram dele um arquiteto de densidade única, difícil de repetir. Em suas obras está condensado o debate artístico da mudança de século junto à depuração de uma linguagem arquitetônica única”, ressaltam os curadores.

MODERNISMO CATALÃO

Entre 1888 e 1929, quando foram realizadas duas exposições universais em torno da passagem do século 19 ao 20, Barcelona viveu uma época dourada, em que se torna um dos centros culturais da Europa, onde a arte catalã passa a fazer parte do debate estético europeu. “Nessa frutífera Barcelona desenvolve-se o modernismo catalão, movimento irmão do Art Nouveau francês, do Modern Style inglês e do Sezessionstil de Viena. Todos eles nascem da idealização da tradição medieval e de um olhar sobre a natureza”, explicam os curadores. “São consequência do Romantismo e de outros movimentos paralelos como o Simbolismo, o Pré-Rafaelismo e o Orientalismo que se desenvolviam na Europa do século 19”. Um fato importante é que o modernismo catalão “tem a singularidade de nascer paralelamente à criação de uma identidade cultural nacional catalã. É a base da Catalunha moderna”, destacam os curadores.

Para ilustrar ainda a pujança de um período em que a capital da Catalunha surge como projeto moderno de cidade, os curadores selecionaram 26 trabalhos entre objetos e elementos decorativos concebidos pelos chamados ensembliers (artesãos de alto nível), além de 16 pinturas. São artistas contemporâneos a Gaudí, que desenvolveram suas obras conforme os preceitos do modernismo catalão. Entre eles destacam-se os pintores Ramón Casas e Santiago Rusiñol, e ensembliers como Gaspar Homar ou Joan Busquets, que decoraram e mobiliaram as casas da burguesia catalã do período.

Foi esta mesma burguesia que colaborou para a inovação e processo de integração entre urbanismo, arquitetura, arte, design e indústria, atuando como mecenas dessa importante geração de artistas e artesãos que configuraram um dos movimentos mais férteis e representativos da cultura catalã. “Um momento em que foram construídos os fundamentos culturais da Catalunha atual, em que o processo industrial, o lado íntimo, o momento, o acaso, a mecanização etc. vão ganhando espaço, e a atividade artística vai se abrindo a novas propostas”, observam Raimon Ramis e Pepe Serra Villalba. Neste panorama, a obra de Gaudí condensa o debate técnico, estético, ideológico e social da virada do século.

SOBRE OS CURADORES

Raimon Ramis (Barcelona 1961) é historiador em arte pela Universidade Autônoma de Barcelona e estudou fotografia no Instituto de Estudos Fotográficos da Catalunha e foi fotógrafo de arquitetura. Trabalhou na Fundação La Caixa, Fundação Antoni Tàpies, entre outras entidades. Foi professor da Escola Superior de Desenho de Barcelona e do Centro de Imagens e Tecnologia Multimídia da FPC/UPC, também na capital catalã, onde criou o departamento de recuperação do patrimônio fotográfico Memoria de la image. Ocupou ainda a subdireção do Museu Bariber-Mueller de Arte Pré-colombiana de Barcelona (2004 a 2007), dirigiu o Acampamento da Paz do Fórum Universal das Culturas (2008 a 2011) e supervisionou o III Fórum Universal das Culturas Valparaíso (2010). Desde 2013, mora em Santiago do Chile, onde é gestor cultural e diretor de Projetos da Fundação MediaBus. Assessora a direção de arquitetura para a construção da capela de Santa María de los Ángeles de Rancagua (Chile), idealizada por Gaudí em 1922, a única obra do arquiteto catalão fora da Espanha. Ramis é ainda curador e colaborador do Centro de Extensão da Pontifícia Universidade Católica do Chile, onde foi curador das exposições Joan Fontcuberta: metabolismos de la imagen (2014) e Gaudí el arquitecto y la forma (2014-2015). Ao longo de sua trajetória participou de diferentes seminários sobre Gaudí, fotografia, arte e educação.

Pepe Serra Villalba (Barcelona, 1969) é diretor do Museu Nacional da Catalunha, desde 2012, depois de ter dirigido o Museu Picasso de Barcelona (2006 a 2012). Focado em patrimônio e gerenciamento de museus de arte, tanto em instituições públicas quanto privadas, Serra ocupou ainda a direção de Museus e Patrimônio Cultural no Departamento de Cultura do Governo da Catalunha (2005 a 2006); foi Coordenador do Programa Públicos e Serviços Culturais da Fundação Caixa Catalunha (2001 a 2005); e coordenador do departamento de exposição do MACBA – Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (1996 a 2000). Entre as exposições com sua curadoria, destacam-se Posters in Catalonia (Tinell Hall, Barcelona, 1995), Eudald Serra Signs of Life (La Virreina, Barcelona, 1999), The Body and the Cosmos (La Pedrera Casa Milà, Barcelona, 2004) e Kees Van Dongen (Museu Picasso, Barcelona, 2009). Na academia, atua como co-diretor e professor na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, e professor na Universidade de Barcelona, entre outras atividades.

Posted by Patricia Canetti at 12:55 PM

março 14, 2017

Luiza Baldan na Anita Schwartz, Rio de Janeiro

A artista carioca faz sua primeira individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, onde mostra trabalhos inéditos resultantes de sua intensa pesquisa de quase um ano, em que navegou na Baía de Guanabara observando seu cotidiano e suas paisagens.

Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura no próximo dia 16 de março para convidados, e no dia seguinte para o público, a exposição Estofo, com trabalhos inéditos da artista Luiza Baldan (Rio, 1980), resultantes de intensa pesquisa de quase um ano, em que navegou na Baía de Guanabara. Estarão na exposição fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação e um texto da artista. “Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto "Derivadores", feito em 2016 em parceria com o artista Jonas Arrabal, dentro da bolsa "Viva a Arte!" (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael, publicado pela Automatica Edições.

Luiza Baldan iniciou sua trajetória em 2002, e poucos anos depois já era reconhecida na cena contemporânea. Em 2009, fez uma residência no Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (conhecido como Pedregulho), projetado por Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), e desde então seus trabalhos envolvem deslocamentos e imersões em residências temporárias diversas. A partir de 2014, com o projeto “Perabé”, realizado entre São Paulo e Santos, seus projetos passaram a ter longa duração.

No grande espaço térreo da galeria estará uma série de 22 fotogravuras feitas a partir dos registros fotográficos da artista em câmeras analógicas e celular durante suas incursões pela Baía de Guanabara. Serão expostas as matrizes de fotopolímero originais, uma série de fotogravuras emolduradas e outra disposta em uma caixa para o manuseio do público. O projeto foi produzido no Estúdio Baren, junto com João Sánchez. Em outra parede, o público verá instalado um texto de Luiza Baldan escrito ao longo da realização do projeto, ao lado de uma carta náutica dos terminais da Baía de Guanabara.

No andar superior ficará a videoinstalação “Suspiro” (2017, HD, p/b, áudio em 8 canais). Luiza Baldan captou som e imagem do detalhe de um dos pilares da ponte Rio-Niterói, por onde se percebe o movimento das águas dentro da estrutura oca. “Através desses furos, o pilar respira”, destaca a artista. Para este trabalho, ela contou com a câmera de David Pacheco e tratamento de áudio de Nico Espinoza.

UMA PROFUNDA IMERSÃO, UM MERGULHO, SEM NUNCA TER ENFIADO O CORPO INTEIRO N'ÁGUA
O contato de Luiza Baldan com a Baía de Guanabara foi poético, e seu interesse abrangeu também sua história, porta de entrada da cidade pelos descobridores portugueses, e o fato de estar presente “na vida de todos, embora talvez sem que tenham noção desta grandeza”. A artista fez “uma profunda imersão, um mergulho, sem nunca ter enfiado o corpo inteiro n'água”.

Luiza Baldan navegou pela Baía durante mais de nove meses, a maior parte deles duas vezes por semana, a bordo de um barco com uma equipe que monitora o lixo flutuante. Na primeira etapa do projeto, ela e o artista Jonas Arrabal transformaram um derivador, artefato científico usado para o estudo do comportamento das correntes marítimas, em uma câmera pinhole, para fotografar a deriva na Baía de Guanabara.

O projeto “Estofo” é um desdobramento desta pesquisa, uma consequência da observação nos deslocamentos frequentes da artista pela Baía – orla da Urca, Aterro até os portos, cruzando a ponte até a Ilha do Governador, praia do Galeão e canal de Ramos; orla de Niterói até a boca da Baía de volta à Urca – em que percorreu a Baía em toda a sua extensão, incluindo a área que margeia Magé, a APA de Guapimirim, além de diversas ilhas, como Jurubaíba, Paquetá e Pombeba.

Ela conta que “foi um privilégio estar na Baía de Guanabara, fora do roteiro habitual das barcas”. “Chorei, quando vi o Rio Macacu desembocar na Baía”, lembra. Luiza Baldan conta que a segunda vez que chorou, por razões opostas, foi quando entrou na Ilha de Pombeba, em frente à região portuária, onde encontrou “uma grande concentração de lixo, tanto o carregado pelas marés quanto o depositado pela a extração de metal pesado”.

Luiza Baldan, nascida no Rio de Janeiro, em 1980, se graduou em belas artes, com foco em fotografia e time-based media, e história da arte pela Florida International University, Miami, em 2003. Foi aluna e atualmente é professora na EAV Parque Lage. Em 2010 concluiu seu mestrado e hoje é doutoranda em belas artes (linguagens visuais), na EBA/UFRJ. Dentre as exposições individuais recentes, destacam-se “Perabé” (Centro Cultural São Paulo), em 2015; “Build Up” (MdM Gallery, Paris), em 2014; “Corta Luz” (Pivô, São Paulo) e “Índice” (MAM Rio), em 2013; “São Casas” (CCD/Studio-X, Rio), em 2012; “Algumas séries” (MAC Niterói), em 2011; e “Sobre umbrais e afins” (Plataforma Revólver, Lisboa), e “Luiza Baldan” (Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo), em 2010. As mostras coletivas recentes destacadas são “Finalistas PIPA” (MAM Rio), em 2016; “Fotografia Contemporânea Brasileira: Novos Talentos” (Caixa Cultural Rio e Brasília), em 2015; "Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil", The Wexner Center for the Arts (Columbus, EUA) em, 2014; "Lugar Nenhum" (Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro), "Travessias 2: Arte Contemporânea na Maré" (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro); “Rumos Artes Visuais 2012-2013 (Itaú Cultural, São Paulo, MAMAM, Recife, e Paço Imperial, Rio), em 2013; “Collecting Collections and Concepts” (Fábrica ASA, Guimarães, Portugal), em 2012; “Mapas Invisíveis” (Caixa Cultural Rio), 2010; “O Lugar da Linha” (Paço das Artes, São Paulo, MAC, Niterói), em 2010; “37º Salão de Arte Contemporânea de Santo André”, “Nova Arte Nova” (CCBB Rio de Janeiro e São Paulo), em 2009.Luiza Baldan ganhou diversos prêmios e bolsas de residência artística, está presente em várias publicações, e seu trabalho integra prestigiosas coleções públicas como as do MAM Rio, MAM SP, IPHAN, e as prefeituras de São Paulo e de Santo André.

Posted by Patricia Canetti at 1:55 PM

março 13, 2017

Projeto em Preto e Branco na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro

Projeto em Preto e Branco é a reedição de uma mostra apresentada na antiga galeria Silvia Cintra em Ipanema há quinze anos. A coletiva reuniu artistas de diferentes gerações e que utilizavam diferentes mídias. Essa foi inclusive a última exposição que a artista Lygia Pape participou em vida.

Para essa nova edição, curada também pela própria Silvia Cintra, o recorte das obras ficou um pouco mais definido. Serão obras em preto, branco, ou preto e branco que vão desde os anos 70 até obras feitas especialmente para a ocasião como uma instalação de Cinthia Marcelle, que recentemente foi anunciada como a representante do Brasil na próxima Bienal de Veneza.

Outro destaque da mostra são dois desenhos de Nelson Leirner da década de 70, que fazem parte da série “Uma linha dura não dura” feita durante o período da ditadura militar no Brasil. Esses desenhos nunca foram mostrados e fazem parte da coleção pessoal do artista.

“O Projeto em Preto e Branco é uma exposição afetiva que achei que estava na hora de repetir. É incrível perceber como o uso do preto e do branco pode ter desdobramentos diferentes dentro da obra de cada um, mas o mais interessante é quando você vê todas as obras juntas e entende porque a cor não está em nenhum desses trabalhos ”, observa Silvia.

Participam também os artistas Amilcar de Castro, Ana Maria Maiolino, Chiara Banfi, Cinthia Marcelle, Detanico e Lain, Fernanda Gomes, Marcelo Cidade, Marcius Galan, Mira Schendel, Nelson Leirner, Nicolás Robio, Odires Mlászho, Sérvulo Esmeraldo, Véio, Waltercio Caldas.

Posted by Patricia Canetti at 6:13 PM

março 10, 2017

Duas Naturezas na Central, São Paulo

Central Galeria apresenta exposição que discute mistérios da produção artística

A Central Galeria tem o prazer de apresentar, a partir de 18 de janeiro de 2017, a exposição “Duas Naturezas”, mostra coletiva da qual participam sete artistas: Gisele Camargo, Bruno Cançado, Simone Cupello, Simone Moraes, Flora Rebollo, Alexandre Wagner e Marco Maria Zanin.

A exposição procura relacionar a ideia de dualidade e de ambiguidade presentes nas obras selecionadas, seja no processo de trabalho desses , como na escolha de materiais e de procedimentos, ou no resultado apresentado.

Alguns trabalhos expostos são de uma natureza misteriosa, já que as imagens retratadas em pinturas ou desenhos, não se revelam imediatamente e nem por completo. Elas guardam em si uma espécie de enigma e ficam abertas para inúmeras leituras. Essa flexibilidade de interpretação dá ao espectador a liberdade de identificar nestas obras aspectos ligados à um repertório elas transitam entre a abstração e figuras identificáveis e nomeáveis, mas sem necessariamente se enquadrar em uma categoria. Como é o caso das pinturas de Alexandre Wagner, Gisele Camargo e dos desenhos de Flora Rebollo.

A natureza aparece em alguns trabalhos de formas distintas, ora como matéria-prima, ora como resultado estético. Simone Moraes busca aliar em sua pesquisa elementos da natureza, a artista trabalha com terra, folhas e espinhos, além de ações performáticas. Em um dos trabalhos exibidos, a artista cria um conjunto de objetos feitos a partir de papéis amassados e cobertos com cera. Ao mesmo tempo em que o gesto no papel é bem marcante, a cera faz com que esses objetos adquiram formas orgânicas. Eles deixam de ser papéis e se tornam abstratos. Essa dualidade também aparece no trabalho de Simone Cupello, mas a artista tem um outro ponto de partida: fotografias antigas. Ela se apropria e as utiliza como matéria-prima, que depois de aglutinadas e esculpidas se transformam em pedras. As imagens das fotografias, que já foram registros particulares e afetivos de pessoas em algum outro tempo, dão lugar a objetos inusitados, como um retorno à natureza. Contudo, a potência da memória de uma pessoa ou de uma época continua ali presente, quase como encapsulada para a eternidade.

Outros artistas da exposição, partem de elementos mais urbanos em suas pesquisas. Nos trabalhos apresentados por Bruno Cançado, o concreto é a matéria-prima principal. Eles se relacionam diretamente com o espaço e o gesto do artista é sempre bem registrado. As obras expostas sugerem certa maleabilidade à rigidez do concreto, dando a eles uma leveza inesperada. Já Marco Maria Zanin, se apropria de entulhos através de uma incessante busca pela cidade de São Paulo. O artista italiano cria então composições deslumbrantes em seu trabalho fotográfico. A primeira associação que se faz é com as tradicionais pinturas de natureza-morta mas as camadas de significados vão muito além da imagem e da composição estética. As fotografias também funcionam como uma espécie de catalogação de resquícios de demolição encontrados e guardam a memória de uma cidade que está em constante construção e destruição.

Posted by Patricia Canetti at 5:14 PM

Pontogor em Paço das Artes no MIS, São Paulo

Exposição selecionada para a Temporada de Projetos 2017 reúne dez anos da produção em vídeo do artista no MIS

O Paço das Artes – instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – abre no dia 14 de março, às 19h, a mostra Frente à realidade, desisto, de Pontogor. No dia da abertura, haverá uma visita guiada e bate-papo com o artista, a crítica Marília Furman e a diretora artística e curadora do Paço das Artes, Priscila Arantes. A exposição do artista selecionado para a Temporada de Projetos 2017 fica em cartaz até 16 de abril no térreo do MIS (av. Europa, 158).

Frente à realidade, desisto apresenta dez anos da produção em vídeo de Pontogor, artista que trabalha também com outras linguagens como instalação, performance, música e fotografia. Segundo Pontogor, a exibição simultânea desses trabalhos estimula a compreensão deste recorte de sua obra.

Parte dos trabalhos expostos foi realizada em um momento em que o meio digital estava se sobrepondo às fitas magnéticas. Nesse período inicial dos trabalhos de Pontogor, que vai de 2006 a 2009, a mistura entre técnicas é constante. O artista mesclava, em sua ilha de edição, imagens feitas com câmeras digitais de baixa qualidade, videocassetes, TVs de tubo e câmeras VHS.

Em vez de trabalhar com a pureza intacta das imagens, o artista volta sua atenção para a produção gerada pela interferência, o ruído e a falha dos equipamentos. Não por acaso, Bruce Nauman, Letícia Parente, Nam June Paik, Peter Tscherkassky e Stan Brakhage são algumas das referências em seus caminhos “barulhentos”.

Com o passar dos anos, os trabalhos começaram a dialogar com outras linguagens, absorvendo estruturas mais convencionais ou formais do cinema, e também aspectos da música experimental e de improviso.

A exposição apresenta também dois livros, que assemelham a fotonovelas, e a obra-objeto intitulada Vídeo, uma fita VHS.

Após a mostra de Pontogor, serão expostos ao longo do ano os trabalhos dos artistas Ana Hupe, Cristina Elias, Daniel Frota, Julia Ayerbe, Juliana Kase, Renan Marcondes e Victor de La Rocque, e o projeto curatorial de Jota Mombaça e Thiago Souza. As mostras foram selecionadas pelo júri composto por Benjamin Seroussi, Juliana Gontijo, Priscila Arantes, Solange Farkas e Vinícius Spricigo.

Pontogor (Rio de Janeiro, 1981) vive e trabalha em São Paulo. Sua pesquisa tem foco em meios como vídeo, instalação, performance e música. Interessa-se pelo ruído e o desgaste nas imagens e sons, além de estar atento ao erro e ao acaso como ferramentas. Seu processo criativo se planifica desde o pensamento hermenêutico na procura de soluções sensoriais para plasmar problemáticas filosóficas sobre espaço e tempo.

Sobre a Temporada de Projetos
A vocação experimental do Paço das Artes é constatada, principalmente, por meio da Temporada de Projetos, que foi criada com o objetivo de abrir espaço à produção, fomento e difusão da prática artística jovem. Concebida em 1996, a Temporada de Projetos teve sua primeira exposição realizada em 1997 e se tornou, ao longo dos anos, um rico celeiro para a cena da jovem arte contemporânea brasileira.

Anualmente, a Temporada abre uma convocatória nacional selecionando nove projetos artísticos e um projeto de curadoria para serem desenvolvidos e produzidos com o respaldo do Paço das Artes. Os selecionados recebem acompanhamento crítico, a publicação de um catálogo sobre suas obras e um cachê de exibição. Desde seu surgimento, quando ainda era bienal (tornando-se anual em 2009), o programa possibilita a emergência de inúmeros artistas, curadores e críticos, muitos deles presentes na cena artística atual.

Em 2014, o Paço das Artes lançou a plataforma digital MaPA, concebida por Priscila Arantes, que reúne todos os artistas, curadores, críticos e membros do júri que passaram pela Temporada de Projetos.

Posted by Patricia Canetti at 4:07 PM

Thiago Honório na Luisa Strina, São Paulo

Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar Solo, primeira exposição individual do artista mineiro Thiago Honório (Carmo do Paranaíba, 1979) na galeria.

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Honório apresenta o trabalho Roca. Trata-se de uma cabeça de imagem de roca ou de vestir do século XVIII disposta sobre sólido geométrico produzido com um procedimento construtivo brasileiro utilizado no período colonial no repertório das construções dos séculos XVIII e XIX, conhecido como pau a pique, taipa de mão, taipa de sopapo ou taipa de sebe.

Essa técnica vernacular consiste no entrelaçamento de ripas ou toras de madeiras verticais com vigas de bambu horizontais e amarradas entre si por cipó, engendrando uma grande estrutura tramada cujos vãos se preenchem com barro, resultando numa parede. Das práticas da chamada arquitetura de terra é uma das mais recorrentes, principalmente nas zonas rurais.

A cabeça, estátua ou imagem de roca designa a tipologia de imagens sacras processionais que são travestidas com trajes de tecidos, perucas e adornadas com pedras preciosas, semipreciosas ou bijuterias. A palavra roca, como substantivo feminino, significa bastão, haste ou vara, possuindo na extremidade um bojo que se enrola a rama do algodão, do linho, da lã: roca de fiar. Também denota a formação volumosa e elevada de pedra, rocha, rochedo, penhasco.

Segundo Thiago Honório: “A imagem de roca tradicionalmente aparece em procissões e consiste numa estrutura de madeira articulável que dá a ver apenas a cabeça, mãos ou braços e, às vezes, os pés da peça esculpida, envolta em indumentária e adereços que a caracterizam conforme seus usos litúrgicos. Grande parte dessas imagens era construída numa escala aproximada da escala natural do corpo humano”. Este gênero de imagens adquiriu considerável difusão no Brasil, sobretudo na Bahia e em Minas Gerais durante o período Barroco, estendendo-se até meados do século XIX.

No caso de Roca, obra que ocupa sozinha grande área da sala de exposição, a cabeça da imagem de roca encontra-se no topo de um “monte” geométrico de pau a pique e taipa de mão.

Na exposição Solo, Roca apresenta-se fincada na terra, solo; com o duplo sentido da ideia de solo, nesse caso tanto a apresentação destinada ao solista quanto a terra. O trabalho busca problematizar à maneira metalinguística as noções de solo, camadas da terra, piso, chão de construção ou casa, ou a superfície que é construída para se pisar; substrato físico sobre o qual se fazem obras. Em sentido figurado, faz referência a nação, país ou região: em solo brasileiro, solo fértil. A etmologia do substantivo solo vem do latim sŏlum, que significa fundo, fundamento, pavimento e planta do pé. E também solo no sentido de só; a solo na ideia de executado por uma só voz ou instrumento; do latim sōlus, a, um a partir da noção de só, solitário; e também pode ser a dança, a ginástica artística, o trecho musical, a apresentação teatral, a exposição individual ou a seção a ser executada por um único intérprete.

Exposições recentes do artista incluem Trabalho, MASP Museu de Arte de São Paulo, 2016; Boate Azul em colaboração com Pedro Vieira, Museu de Arte da Pampulha, 2016; Títulos, Paço das Artes, 2015. Ainda em 2016, Thiago Honório lançou o seu primeiro livro intitulado {[( )]} – publicado pela editora IKREK – e premiado pelo ProAC. Em 2017 lançará Augusta, publicado pela mesma editora. Possui obras nos acervos do MASP Museu de Arte de São Paulo; MAC/USP Museu de Contemporânea da Universidade de São Paulo; MAR Museu de Arte do Rio; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAB/FAAP Museu de Arte Brasileira e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.


Galeria Luisa Strina is pleased to present Solo, Thiago Honório’s (Carmo do Paranaíba, 1979) first solo exhibition at the gallery.

Honório presents his work Roca, a head of an 18th century imagem de roca (holy or religious statuette) mounted on a solid shape made from a Brazilian building material commonly used in the 18th and 19th century colonial period, known locally as pau a pique (similar to wattle and daub).

This vernacular technique consists of a large lattice framework formed by vertical wooden slats or logs and horizontal bamboo beams, interwoven by vines and filled in with clay, resulting in a wall. This is one of the most recurrent of all the so-called earth architecture, especially in rural areas.

The religious head, statue or imagem de roca designates the kind of processional holy statuettes which are dressed in clothing, wigs and adorned with precious and semi-precious stones or costume jewellery. The Portuguese word roca, as a feminine noun, means staff, pole or rod, with a bulge at the end around which cotton, linen or wool is wound: a reel (roca de fiar). It also means the large, elevated formation of stone, rock, boulder or cliff.

According to Thiago Honório: “The ‘imagem de roca’ traditionally appears in processions and consists of a jointed wooden structure of which one can only see the head, hands or arms and, sometimes, the feet of the sculpted piece, wrapped in clothing and ornaments that characterize it according to its liturgical purposes. Many of these statuettes were built to a roughly life-size scale.” This kind of sculpture became considerably widespread in Brazil, especially in Bahia and Minas Gerais during the baroque period and until the mid-19th century.

In the case of Roca, a work that stands alone in a large area of the exhibition room, the head of the statuette is found atop a geometric “mound” of pau a pique.
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In the exhibition Solo, Roca is anchored to the earth, the ground; implying the dual meaning of the Portuguese word solo, which can translate equally as soil, land or ground and solo. The work seeks to critically analyze, in a metalinguistic manner, the notions of solo, layers of earth, floor, the ground of a building or house, or the surface which is made for standing on; physical bedrock on which construction work is executed. In a figurative sense, it refers to nation, country or region: on Brazilian land, fertile land. The etymology of the Portuguese noun solo comes from the Latin sŏlum, which means bottom, foundation, pavement and sole of the foot. And also solo in the sense of alone; the idea of being executed by just one voice or instrument; from the Latin sōlus, one from the notion of only, solitary; and can also be dance, artistic gymnastics, musical piece, theatrical presentation, individual exhibition or section to be performed by a single artist.

The artist’s recent exhibitions include Trabalho, MASP Museu de Arte de São Paulo, 2016; Boate Azul in partnership with Pedro Vieira, Museu de Arte da Pampulha, 2016; Títulos, Paço das Artes, 2015. Also in 2016, Thiago Honório launched his first book entitled {[( )]} – published by IKREK – and earning a ProAC award. In 2017 he will release Augusta, through the same publisher. His works feature in the collections of MASP Museu de Arte de São Paulo; MAC/USP Museu de Contemporânea da Universidade de São Paulo; MAR Museu de Arte do Rio; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAB/FAAP Museu de Arte Brasileira and at the São Paulo State Pinacoteca.

Posted by Patricia Canetti at 3:03 PM

Alfredo Jaar na Luisa Strina, São Paulo

Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar The Politics of Images, segunda exposição individual de Alfredo Jaar na galeria.

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Alfredo Jaar (Chile, 1956) é um artista, arquiteto e videomaker. Após completar seus estudos no Chile, se mudou para Nova York em 1982, onde vive e trabalha atualmente. Sua prática artística é focada na criação, distribuição e circulação de imagens na esfera pública.

O ponto de partida da exposição é a instalação The Sound of Silence (2006), “um teatro construído para uma única imagem” (Jacques Rancière). O trabalho conta a história de Kevin Carter (1960 – 1994), fotojornalista sul-africano que se tornou famoso por sua fotografia ganhadora do prêmio Pulitzer. Tirada enquanto Carter se reportava do Sudão em 1993, a fotografia mostra uma criança em estado de inanição se rastejando pelo chão enquanto um abutre a observa. Após o suicídio do autor, a fotografia se tornou propriedade de sua filha Patricia Megan Carter e seus direitos são controlados pela Corbis, a maior agência fotográfica do mundo, a qual controla mais de cem milhões de imagens e é de propriedade de Bill Gates. Usando uma linguagem sucinta, Jaar questiona não só os limites do representável e da possibilidade de observar, mas também trata de questões de responsabilidade tanto do fotógrafo individualmente quanto daqueles que controlam a circulação e a disseminação das imagens, e finalmente, o espectador.

One Million Points of Light (2005) foi realizado na costa de Angola, em Luanda. A câmera foi posicionada em direção ao oceano, apontando diretamente ao Brasil, em memória e homenagem aos 14 milhões de escravos enviados de Angola para o Brasil. A fotografia é reproduzida numa caixa de luz e em cartões postais que os visitantes são convidados a levar para casa.

Searching for Africa in LIFE (1996) foca na ausência de representação e na absência da África na revista de notícias LIFE (a LIFE foi uma revista de fotojornalismo, que foi fundada em 1936 por Henry Luce – também fundador da revista Time – e encerrou suas atividades com a edição de maio de 2000). O trabalho consiste em uma coleção de 2128 capas, de 1936 a 1996, mostradas em ordem cronológica e visando refletir a chocante escassez de cobertura do continente africano por uma das mais influentes revistas do mundo.

Jaar usa uma fórmula similar no trabalho intitulado From Time to Time (2006), o qual, outra vez, traz à tona os esteriótipos racistas que governam a percepção da mídia ocidental em relação à África. São nove capas recentes da revista Time dedicadas à África divididas pelos únicos três assuntos geralmente cobertos: doenças, fome e conflito armado.

O artista participou de algumas das mais estabelecidas exposições coletivas ao redor do mundo, tais como a Bienal de Veneza (1986, 2007, 2009, 2013); Documenta, Kassel (1987, 2002); e Bienal de São Paulo (1987, 1989, 2010).

Alfredo Jaar teve exposições individuais em instituições como o New Museum, Nova York (1992); Whitechapel Gallery, Londres (1992); Museum of Contemporary Art, Chicago (1992); Moderna Museet, Estocolmo (1994); Museum of Contemporary Art, Roma (2005); Berlinische Galerie, Alte Nationalgalerie e Neue Gesellschaft für Bildende Kunst, Berlim (2012); e Museum of Contemporary Art Kiasma, Helsinki (2014).

O trabalho do artista faz parte de coleções tais como a do Museum of Modern Art, Nova York; Tate Collection, Londres; Guggenheim Museum, Nova York; LACMA e MOCA, Los Angeles; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Centre Georges Pompidou, Paris; Moderna Museet, Estocolmo; e MASP, São Paulo.


Galeria Luisa Strina is pleased to present The Politics of Images, Alfredo Jaar’s second solo exhibition to be held at the gallery.

Alfredo Jaar (Chile, 1956) is an artist, architect and filmmaker. After completing his studies in Chile, he moved to New York in 1982, where he lives and works today. His critical practice focuses on the creation, distribution and circulation of images in the public sphere.

The starting point of the exhibition is the installation The Sound of Silence (2006), “a theater built for a single image” (Jacques Rancière). The work tells the story of Kevin Carter (1960 – 1994), a South African photojournalist who became famous for his Pulitzer Prize-winning photograph taken while reporting in Sudan in 1993 of a famine-stricken child crawling along the ground as a vulture looks on. After its author committed suicide, the photograph became the property of his daughter Patricia Megan Carter and its rights are handled by Corbis, the world’s biggest photographic agency, which controls over a hundred million images and is owned by Bill Gates. Using a great economy of means, Jaar questions not only the limits of the representable and the very possibility of being an eye-witness, but also tackles issues of responsibility of both the individual photographer, those who control the circulation and dissemination of images, and ultimately, the spectator.
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One Million Points of Light (2005) was shot off the coast of Angola, in Luanda. It was taken while facing the ocean directly towards Brazil, in memory and homage to the 14 million slaves sent from Angola to Brazil. The photograph is presented in a light box installed on the wall alongside postcards that are free for visitors to take.
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Searching for Africa in LIFE (1996) focuses on non-representation and the absence of Africa in the news magazine LIFE. The work consists of the entire collection of 2128 LIFE magazine covers from 1936 until 1996, displayed in chronological order and aiming to reflect the shocking scant coverage of the African continent by one of the most influential magazines in the world.

Jaar uses a similar formula in the work entitled From Time to Time (2006) and again brings to the surface the racist stereotypes that govern the Western media perception of Africa. This work consists of nine recent covers of the magazine dedicated to Africa divided in the only three subjects that are usually covered: disease, hunger and armed conflicts.

The artist has participated in some of the most established collective exhibitions worldwide, such as the Venice Biennale (1986, 2007, 2009, 2013); Documenta, Kassel (1987, 2002); and São Paulo Biennial (1987, 1989, 2010).

Alfredo Jaar has had solo exhibitions at institutions such as the New Museum of Contemporary Art, New York (1992); Whitechapel Gallery, London (1992); Museum of Contemporary Art, Chicago (1992); Moderna Museet, Stockholm (1994); Museum of Contemporary Art, Rome (2005); Berlinische Galerie, Alte Nationalgalerie and Neue Gesellschaft für Bildende Kunst, Berlin (2012); and Museum of Contemporary Art Kiasma, Helsinki (2014).

The artist’s work can be found in collections worldwide, including the Museum of Modern Art, New York; Tate, London; Guggenheim Museum, New York; LACMA and MOCA, Los Angeles; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Centre Georges Pompidou, Paris; Moderna Museet, Stockholm, and MASP, São Paulo.

Posted by Patricia Canetti at 2:26 PM

Luiz Ernesto no Paço Imperial, Rio de Janeiro

Desde 2000, o artista plástico Luiz Ernesto vem desenvolvendo trabalhos que lidam com os sentidos possíveis gerados na relação entre imagem e texto. Para o artista estes campos, quando juntos podem tornar-se fecundos ampliando sua gama de significados. Imprimir uma reflexão e uma visão poética a partir desta convergência, tão comum em nosso cotidiano impregnado de imagens e textos descartáveis e ligeiros é o grande desafio.

As imagens de Luiz Ernesto têm como referência os objetos banais do cotidiano. Os objetos que lhe interessam não são os novos, mas aqueles nos quais o tempo imprimiu-lhes suas marcas. Ao artista, Interessa explorar seus significados afetivos: as lembranças, as ocasiões, os lugares e as pessoas que aqueles suscitam.

Por isto, em 2007, ao esvaziar o grande apartamento onde sua avó morou para vendê-lo, Luiz Ernesto deparou-se com uma enorme quantidade de objetos, móveis e ambientes, repletos de memórias e histórias e resolveu fotografá-los. Revendo este material recentemente, o artista selecionou um conjunto de fotografias que suscitaram pequenos textos. Segundo o artista, ao longo do processo, fotografias e textos tomaram seus próprios rumos libertando-se da obrigação de registrar fielmente a história vivida para gerar uma obra de ficção.

Assim surgiu a exposição Antes de Sair: uma instalação de cerca de 50 fotografias de tamanhos variados, divididas em dez grupos acompanhados de um pequeno texto. O trabalho ocupará a sala "Academia dos Seletos" do Paço Imperial do dia 16 de março à 21 de maio de 2017.

Prelúdio

As coisas, acostumadas aos seus donos, haviam esperado em vão pelo seu retorno. Os quadros escurecidos pela poeira, os abajures com as cúpulas amareladas, as fruteiras de prata enegrecidas, as toalhas de linho com seus bordados redesenhados pelas traças desapareciam pouco a pouco à medida que folhas de jornal velho as embrulhavam. Eram agora fragmentos desmantelados de uma história que terminava e na qual se vivera a ilusão de perenidade. A serenidade melancólica do apartamento augurava seu futuro: seria esvaziado e vendido.

Posted by Patricia Canetti at 11:28 AM

Gustavo Rezende no Paço Imperial, Rio de Janeiro

O Paço Imperial recebe a partir de 16 de março de 2017 a exposição Amor Sagrado Amor Profano, individual do artista Gustavo Rezende, com curadoria de Douglas de Freitas.

A mostra apresenta uma seleção de aproximadamente 25 obras, incluindo trabalhos recentes e inéditos, que traçam um panorama da produção recende do artista, possibilitando ao espectador assistir, refletir e produzir novos olhares sobre a obra. Encontram-se na exposição obras de distintas fases e períodos, que exploram a diversidade de linguagens da produção de Gustavo, com esculturas, animações, aquarelas, entre outras.

Segundo o artista “a exposição se beneficia das qualidades da edificação do Paço Imperial, trazendo à luz aspectos da minha obra, e da própria arquitetura, sem ser um trabalho especifico para o lugar, mas que cria um tangenciamento,comunga obra e espaço”.

De modo geral, a seleção das obras ressalta a relação do indivíduo, onde a imagem do artista se rebate em diferentes personagens, onde realidade e ficção confundem.

Ao mesmo tempo, a série de animações inéditas, onde passantes caminham cruzando a parede do museu; e as aquarelas também inéditas, onde o artista registra uma série de xícaras empilhadas, exploram a relação do indivíduo no mundo, onde todos são únicos, mas também são apenas mais um.

Há também na obra do artista o cruzamento entre história e tradição da Arte com o universo banal do cotidiano, onde fatos, procedimentos e elementos históricos são apropriados e misturados a elementos do cotidiano, onde tributo e humor se confundem.

Gustavo Rezende, Passa Vinte, MG, 1960, Vive e trabalha em São Paulo
Em 1984, forma-se na Faculdade de Belas-Artes, em São Paulo, e realiza sua primeira exposição individual na Pinacoteca do Estado, São Paulo: Paisagens Urbanas. Até o final da década de 80, participa de várias exposições coletivas no Brasil e no exterior e é convidado para mostras individuais no MAC-USP, onde apresenta uma instalação, e na Galeria Funarte. Integra também, em 1991, a Bienal de Havana e o Panorama da Arte Atual Brasileira, organizado pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 1993, recebe o Prêmio British Council Fellowship. No ano seguinte, com bolsa para estadia de um ano, é convidado para o programa de mestrado do Goldsmiths College, em Londres (Inglaterra), com o patrocínio do Conselho Britânico de São Paulo. Em Londres participa de exposições coletivas na Chisenhale Gallery e na Mall Galleries. Em 1995, de volta ao Brasil, apresenta no MAM SP as esculturas criadas e produzidas no Goldsmith College, que hoje integram o acervo da Pinacoteca do Estado. Em 1999 integra, mais uma vez, o Panorama da Arte Brasileira com O Paradoxo de Thompson Clark e os Pesadelos de Mark. Em 2000 ganha a Bolsa Vitae de Artes com o projeto A Gratidão do Reencontro. Em 2004 conclui o doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Em 2006, permanece por seis meses em Paris como artista residente na Cité Internationale des Arts/Estúdio Faap. Em 2013, a Pinacoteca do Estado organiza uma exposição individual de Gustavo Rezende, com curadoria de Ivo Mesquita.

Sua obra participa de importantes coleções públicas como: Centro Cultural Candido Mendes (Rio de Janeiro), Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto), Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (São Paulo), Museu de Arte Moderna de São Paulo (São Paulo), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand (Rio de Janeiro), Novo Museu dos Açores (Portugal).

Posted by Patricia Canetti at 10:47 AM

março 9, 2017

Rubem Valentim na Caixa Cultural, Brasília

Caixa Cultural Brasília apresenta a obra do pintor e escultor Rubem Valentim

A mostra traça um panorama da produção de um dos maiores expoentes da cultura afro-brasileira e do construtivismo no Brasil

A partir do dia 15 de março, Brasília recebe a exposição Rubem Valentim – Construção e Fé. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra revela ao público um rico panorama do trabalho do pintor e escultor baiano e sua inserção na arte nacional e internacional, privilegiando a produção pictórica e escultórica do artista com obras disponibilizadas de coleções públicas, particulares e dos herdeiros do artista.

Suas obras sintetizam em formas geométricas as simbologias místicas de matriz africana e se destacam na arte moderna construtivista e concretista brasileira. Um artista vanguardista que, ao residir em Brasília no fim da década de 1960, incorpora de forma única a tridimensionalidade à sua obra. Serão apresentados cerca de 60 trabalhos, entre pinturas, relevos e esculturas, que mapeiam sua trajetória artística com ênfase na produção realizada em Brasília. Um recorte inédito que resgata a negritude de sua arte e destaca a maturidade estética alcançada no período em que viveu na capital.

Considerado um dos mestres do construtivismo brasileiro, suas primeiras experiências foram abstratas, contudo, em meados da década de 1950, movido por questões ideológicas, buscou sua ancestralidade africana e encontrou na cultura popular afro-brasileira as características que nortearam seu trabalho até o final da vida, em suas pinturas, esculturas e objetos, em uma trajetória artística avessa às modas. No entanto, para Marcus Lontra, a negritude na obra de Rubem Valentim sempre foi colocada em segundo plano, valorizando-se apenas o caráter construtivista de sua obra. “Mais além do construtivismo, e do seu trabalho de vanguarda, o fato é que ele se apropriou da simbologia do candomblé. Ao reduzir o símbolo à sua essencialidade primária, submetia-o à lei da pintura: proporção, simetria, cor.”, destaca Marcus Lontra. Assim, suas obras podem ser lidas por quem possui as referências da religiosidade afro-brasileira, mas seu trabalho não se resume à essa origem, ou ao que ela pode representar. “O trabalho de Valentim tem a autonomia de sua fantasia e assim será lido em tempos futuros. Sua pintura ultrapassa essa objetividade mais visível. Ele desenvolveu sua arte a partir de signos da cultura afro ao som de atabaques que reclamavam uma erudição.” assinala o curador.

A exposição é, portanto, um momento de consagração e valorização da questão negra na obra do artista, em uma luta de resistência contra os padrões estéticos vindos de fora. Reelaborando o pensamento construtivista, Valentim passou a empregar signos inspirando-se nas ferramentas e nos instrumentos simbólicos do candomblé, sintetizando-os nas formas geométricas. Para o crítico italiano Giulio Carlo Argan, a arte do brasileiro correspondia a uma "recordação inconsciente de uma grande e luminosa civilização negra anterior às conquistas ocidentais".

Outra vertente da exposição são as obras produzidas no período em que o artista viveu em Brasília. “É onde Rubem Valentim adquire mais maturidade, influenciado pela monumentalidade da cidade, o cerrado, e a obra de Oscar Niemeyer”, afirma Marcus Lontra. Impactado pela espacialidade característica da cidade, para onde se mudou na década de 1960, Valentim sentiu a necessidade de recortar, do suporte bidimensional da pintura, seus símbolos e signos, concedendo-lhes a vida autônoma de objetos tridimensionais. Assim sua pintura transformou-se em esculturas e objetos: totens, altares e estandartes marcados por uma grave e mística religiosidade de matriz africana.

É dessa época o mural de mármore feito para o edifício-sede da Novacap, considerado sua primeira obra pública. Em São Paulo, realizou a escultura de concreto instalada na Praça da Sé, um marco histórico na cidade. Reproduções dessas obras públicas tridimensionais fazem parte também da exposição.

Há 20 anos sem uma mostra dedicada exclusivamente a sua obra, a exposição resgata para o público a produção de um artista que contribuiu de forma decisiva para a história da arte brasileira e agregou valores internacionais e da cultura afro-brasileira na construção das questões vanguardistas presentes no século XX.

Nascido em Salvador, Valentim (1922-1991) formou-se em odontologia antes de se dedicar definitivamente às artes plásticas, por volta de 1948. Cursou jornalismo ao mesmo tempo em que se envolvia com a pintura, e em 1954 realizou sua primeira individual. Em 1957, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a participar intensamente da vida artística da cidade carioca e de São Paulo. Expõe em mostras importantes, inclusive em diversas Bienais, nacionais e internacionais. Em 1963, mudou-se para Roma, onde residiu por três anos. Em sua volta para o Brasil, morou em Brasília, onde dirigiu o Ateliê Livre do Instituto Central de Artes da UnB.

Para Valentim, “a arte é um produto poético, cuja existência desafia o tempo e por isto liberta o homem. Isto me afeta porque sou o indivíduo tremendamente inquieto e substancialmente emotivo”. Por trás das figuras emblemáticas da pintura e escultura deste “monge do candomblé”, há um mundo de inquietações, revoltas e angústias. O público é convidado portanto a participar de um ritual, olhar estes símbolos de contornos rigorosos, e mergulhar no universo pictórico e emotivo do artista com profundidade, distância e tranquilidade.

RUBEM VALENTIM 1922-1991
Nascido em Salvador no ano de 1922, formou-se em odontologia antes de se dedicar definitivamente à pintura, por volta de 1948. Cursou jornalismo ao mesmo tempo em que se envolvia com a pintura, e em 1954 realiza sua primeira individual. Envolve-se com o movimento de renovação artística da Bahia, expondo em 1955 na mostra Novos Artistas Baianos com Mário Cravo Jr., Jenner Augusto e Lygia Sampaio. Neste mesmo ano participa da III Bienal de São Paulo, onde começa a ser reconhecido nacionalmente. Em 1957 transfere-se para o Rio de Janeiro onde participa de diversas exposições até que, em 1962, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna. Viaja por vários países até fixarse em Roma, onde permanece por mais de três anos. Participa de diversas exposições coletivas, realiza uma individual na Casa do Brasil e, antes de voltar ao país, em 1966, participa do I Festival Mundial de Arte Negra, em Dacar, Senegal. Convidado a lecionar no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília, transfere-se para a cidade, onde constrói sua casa com o intuito de transformá-la em um Centro Cultural, o que, por falta de apoio, nunca acontece. Ao mesmo tempo, expõe em várias capitais brasileiras, é convidado para a I Bienal Internacional de Arte Construtiva em Nuremberg (1969), recebe, em 1967 e 1973, os prêmios de aquisição nas IX e XII Bienais de São Paulo, entre outros prêmios, e em 1976 divulga o Manifesto ainda que tardio, onde enumera os objetivos de sua arte. Suas primeiras experiências foram abstratas, e longo em seguida aparece a simbologia mística que irá marcar a sua obra: em um primeiro momento os signos litúrgicos afro-brasileiros aparecem agrupados sobre a tela, com uma organização quase acidental, mas aos poucos vai acontecendo uma espécie de "limpeza" e eles se organizam simetricamente sobre o quadro. As cores sofrem uma grande mudança, já que os tons dão lugar às cores puras em grandes chapadas sobre a tela. Como se pode notar, a arte de Rubem Valentim sofre rapidamente umadefinição temática, que irá se prolongar e se renovar coerentemente por toda a suacarreira. Por volta do fim da década de 1960, quando transfere-se para Brasília, ele passa da bidimensionalidade para a experiência com o tridimensional, que é um processo claro em sua obra, já que suas pinturas têm uma forte distinção entre figura e fundo, aquela quase que "pulando" do quadro. Estes objetos irão constituir os "altares", como o Templo de Oxalá, obra apresentada na XIV Bienal de São Paulo (1977), que apresentava um painel de 14 metros de largura por 4 de altura com seus símbolos afro-brasileiros em branco sobre um fundo azul, e vinte esculturas emblemáticas, também em branco, de diversas alturas, sobre um tapete verde, organizando um ambiente mítico ou um altar. Rubem Valentim foi um artista intuitivo que, logo cedo, teve a sorte de descobrir Cézanne, aprendeu noções de espaço na pintura e percebeu ainda que pintar era um trabalho minucioso e rigoroso. Aliás, “o verdadeiro destino de um grande artista é um destino de trabalho” (Bachelard). E foi justamente esta dedicação a uma vida de trabalho que fez de Rubem Valentim um mestre virtuoso; talvez o primeiro pintor baiano a enfrentar de frente a modernidade. A cultura popular, as imagens afro-brasileiras eram materiais de pesquisa plástica, matéria-prima para sua arte, submetida a uma disciplina eorganização rigorosa, constituíam-se em imagens pictóricas no espaço da tela aspirando uma universalidade. Sua arte acabou se aproximando da tendência construtiva emergente na arte brasileira na época. Não era, com certeza, um artista concreto, mas chegou a representar o Brasil, na I Bienal de Arte Construtiva, em Nuremberg, juntamente com o ortodoxo concretista paulista Waldemar Cordeiro.

A PRODUÇÃO
A exposição conta com patrocínio integral da Caixa Econômica Federal / Governo Federal. A produção da mostra está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que vem realizando importantes exposições itinerantes pelo Brasil, como: Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Raymundo Colares, Bandeira de Mello, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Mário Gruber, Antonio Bandeira, Cícero Dias, Henri Matisse, etc. A concepção do projeto é de Anderson Eleotério, também design de montagem da mostra, que utiliza recursos de cor, som e iluminação para acentuar as características dos trabalhos a fim de proporcionar ao público um clima lúdico e intenso.

Posted by Patricia Canetti at 5:21 PM

março 8, 2017

Luiz Zerbini no Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo

Em sua nova exposição no Galpão da Fortes D’Aloia& Gabriel, Luiz Zerbini expõe gravuras pela primeira vez em sua longa carreira. Monotipias é o resultado da imersão do artista nesse universo com o impressor João Sánchez. Os dois saíram do Rio de Janeiro rumo a Inhotim em um caminhão levando uma prensa. Chegando lá, foram em busca das espécies raras do Jardim Botânico que serviriam de matrizes para estas obras.

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Em incursões passadas pela gravura, Zerbini nunca se satisfazia com os trabalhos. As gravuras lhe pareciam adaptações de suas de pinturas e essa falta de uma autonomia o incomodava. Durante o desenvolvimento do livro de artista Minhas Impressões (UQ! Editions, 2016), porém, sua relação com a técnica mudou. As monotipias com plantas apareceram como uma subversão da técnica, uma impressão direta em que as espécies são utilizadas como matrizes para as próprias imagens.

As composições privilegiam contornos e texturas de cada espécie em uma paleta reduzida de marrons, verdes e pretos. As espécies ocupam o papel – sempre do mesmo formato vertical – em movimentos distintos. A singular Costela de Adão se mostra inteira, frontal, como num retrato em close-up. Já o Ipê é desfeito em fragmentos positivos e negativos que se sobrepõem numa nuvem cinza. Outros trabalhos flertam com imagens da história da arte. A Embaúba, em corte seco e alto contraste, nos faz pensar nas flores de Andy Warhol, assim como o Jardim Japonês, que aspira a outras épocas e também a outros estados de contemplação. Se a técnica aparece como uma novidade, a flora tropical largamente conhecida de suas pinturas reaparece como a musa central. Os trabalhos revelam um tipo simplicidade que só um longo tempo de observação proporciona. Há uma troca evidente e incessante entre o olhar do artista e essas plantas.

Luiz Zerbini nasceu em 1959, em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1982. Entre suas exposições recentes, destacam-se as individuais: amor lugar comum, Inhotim (Brumadinho, 2013 – atual); Pinturas, Casa Daros (Rio de Janeiro, 2014); Amor, MAM (Rio de Janeiro, 2012). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: Inhotim (Brumadinho), Instituto Itaú Cultural (São Paulo), MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, entre outras.

Estrelas Escolhidas*

Luiz Zerbini

Estou com a mesma calça há três dias. Estava andando no mato ainda há pouco, antes de entrar neste avião de volta para o Rio. Estava atrás dos destaques botânicos que me foram apresentados como estrelas. Estrelas botânicas. Agora, para mim, apenas estrelas.

Pensando sobre as cores concluí que o verde é uma espécie de cinza. A mata quando cobre a terra de verde espalha uma neutralidade cromática morna, onde animais, flores e frutos pipocam cintilantes como estrelas numa noite sem lua.

João e eu partimos para o Inhotim com a prensa nova no caminhão, capaz de imprimir um papel de 106 x 81 cm. Seguimos à procura das maiores e mais belas folhas do Jardim Botânico de lá. Durante uma semana trabalhamos exaustivamente felizes nas monotipias que ilustram este livro. Colhíamos as folhas e flores com a ajuda dos jardineiros de manhã bem cedo, enchíamos o carrinho e seguíamos para o almoxarifado onde instalamos a prensa. Por mim, eu passaria o mundo todo pela prensa. O João me dizia o que era possível passar e como faríamos isso. As matrizes eram folhas, frutas, cascas e espinhos. Foram impressas por nós diretamente no papel.

* Texto originalmente publicado no livro
“Artenatureza: Inhotim espaço tempo”. Instituto Inhotim, 2016.


Luiz Zerbini´s new exhibition at Fortes D’Aloia& Gabriel | Galpão features prints for the first time in his long career. Monotypes is the result of the artist’s immersion in such universe together with the printer João Sánchez. They left Rio de Janeiro in a truck towards Inhotim carrying a printing press. Once there, they searched for rare species that would serve as matrices for these pieces at the Botanical Gardens.

In his past ventures into printing, Zerbini never felt satisfied with the result. The pieces seemed adaptations of his paintings and this lack of autonomy bothered him. However, while developing his book Minhas Impressões (UQ! Editions, 2016) his relationship with the technique changed. The monotypes with plants come across as a subversion of such technique: a direct printing in which the plant species are used as matrices to the very images.

The compositions favor the contours and textures of each species in a reduced palette of browns, greens and blacks. The species fill up the paper – always vertically – in different movements. The distinctive Costela de Adão[Swiss cheese plant] is shown whole, frontally, as if in a close-up portrait. Ipê [Ipe] in turn, is deconstructed in positive and negative fragments that overlap in a grey cloud. Other pieces refer to images from the history of art. Embaúba [Cecropia] with a dry cut and high contrast, reminds us of Andy Warhol´s flowers and JardimJaponês[Japanese Garden] aspires to different times and states of contemplation. If this technique emerges as a novelty, the tropical flora highly popular in his paintings reemerges as a central theme. The pieces reveal a sort of simplicity that only a long time of observation can provide. There is an evident and incessant exchange between the artist’s eye and these plants.

LuizZerbini was born in 1959, in São Paulo, but has been living and working in Rio de Janeiro since 1982. Among his recent exhibitions, the following solo shows stand out: amorlugarcomum, Inhotim (Brumadinho, 2013 – present); Pinturas, Casa Daros (Rio de Janeiro, 2014); Amor, MAM (Rio de Janeiro, 2012). His work can be seen in different public collections, such as Inhotim (Brumadinho), InstitutoItaú Cultural (São Paulo), MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, among others.

Selected Stars* LuizZerbini

I've been wearing the same pants for three days. I was walking in the woods moments ago, before boarding this plane back to Rio. I was behind the botanical highlights that were introduced to me as stars. Botanical stars. Now just stars for me.

Thinking about the colors, I concluded that green is a kind of gray. When the forest covers the earth with green, it spreads a warm chromatic neutrality where animals, flowers, and fruits pop up shimmering as stars on a moonless night.

João and I left for Inhotim with the new press in the truck. Capable of printing on 42" x32" paper. We went on looking for the largest and most beautiful leaves in the Botanical Garden. For a week we worked with exhaustive bliss in the linotypes that illustrate this book. We harvested the leaves and flowers with the help of gardeners in the early morning, we filled the cart and headed to the warehouse where we installed the press. If it were for me, I would subject the whole world to the press. João would tell me what was achievable and how we would do it. The matrices were leaves, fruits, barks, and thorns. They were printed by us directly on paper.


* Text originallypublishedon the book“Artenatureza: Inhotimespaço tempo”. InstitutoInhotim, 2016.

Posted by Patricia Canetti at 1:44 PM

Gisela Motta & Leandro Lima na Vermelho, São Paulo

A dupla Gisela Motta e Leandro Lima ocupa a Sala Antonio, o cinema da Vermelho, com Psicose, recriação do clássico de Alfred Hitchcock a partir de imagens e sons adquiridos em diversos bancos de “royalty free media”. Todo o material do filme original foi substituído, criando uma nova obra que mantém o original reconhecível.

Além de levantar questões a respeito da originalidade, Psicose articula questões relativas à construção e articulação simbólica. Ao expor a pesquisa por imagens para a edição do filme em um canal secundário localizado na entrada da sala de projeção, Motta e Lima evidenciam como a montagem e a continuidade constroem sentidos. A pesquisa por uma imagem de um chuveiro ou de um letreiro de motel isoladamente podem não trazer aspectos conectados ao filme de Alfred Hitchcock, porém a montagem tece uma relação entre as partes, corporificando um todo reconhecível.

Dirigido por Gisela Motta e Leandro Lima
Projeto contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural 2013/2014.

A Sala Antonio conta com o apoio de: Epson; Artefacto; Fusionaudio.


The artist duo Gisela Motta and Leandro Lima is occupying Sala Antonio, Galeria Vermelho’s video-screening room, with Psicose [Psycho], a re-creation of Alfred Hitchcock’s classic film based on images and sounds acquired at various “royalty-free media” stands. All of the film’s original material was substituted, creating a new work that nonetheless bears a recognizable identity with the original film.

Besides raising questions in regard to originality, Psicose deals with questions related to symbolic articulation and construction. By showing the search for images for editing the film on a secondary channel located at the entrance of the screening room, Motta and Lima evidence how the editing process and continuity come together to construct meanings. Even though the search for an image of a shower or a motel sign might not bear aspects connected to Alfred Hitchcock’s film, the editing weaves a relation between the parts, embodying a recognizable whole.

Directed by Gisela Motta and Leandro Lima
Project selected by the program Rumos Itaú Cultural 2013/2014.

Sala Antonio has the support of: Epson; Artefacto; Fusionaudio

Posted by Patricia Canetti at 10:48 AM

Dora Longo Bahia na Vermelho, São Paulo

Na sala principal da Vermelho será montada a instalação Cinzas, construída a partir de ruinas de carros alegóricos do carnaval de 2016.

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No hall de entrada, a artista cede parte de sua exposição para seus alunos, que montarão um estúdio na galeria, produzindo trabalhos cotidianamente.

Tendo a educação como parte de sua prática artística, Longo Bahia mantém um grupo de estudos rotativo em sua residência desde 1999. O Depois do fim da arte é formado por estudantes de diversas áreas e faculdades e por jovens artistas. Os participantes têm como prática discutir assuntos de diversas disciplinas como arte, filosofia, política e arquitetura, sempre sob a orientação de Longo Bahia. Dora já incluiu o grupo de estudantes em diversas exposições, incluindo a 28ª Bienal de São Paulo, quando cedeu parte de sua participação para a Anarcademia (antigo nome do grupo).

A mesma prática foi levada pela artista para a exposição sobre a Avenida Paulista, que o MASP organiza entre 16 de fevereiro e 28 de maio de 2017. Lá, o grupo ocupa um dos auditórios do museu com um cineclube semanal. Parte do material do cineclube será produzido pelo Depois do fim da arte no território criado por eles na Vermelho. Para ambos os projetos – na Vermelho e no MASP – Longo Bahia dividiu a coordenação do grupo com Renata Pedrosa.

Além da instalação na sala principal da galeria e da participação de Depois do fim da arte, Longo Bahia apresenta duas novas séries de trabalho e uma intervenção na fachada da Vermelho.

Pinturas

A artista selecionou pinturas de diferentes momentos de sua carreira para serem cobertas pela mesma tinta cinza que vem sendo utilizada pela prefeitura para cobrir a arte urbana pela cidade de São Paulo. Seis pinturas receberam uma camada de tinta cinza concreto, impedindo a apreciação das pinturas anteriores que ocupavam as telas.

Olimpiadas

Para Olimpiadas, Longo Bahia colecionou jornais da época das olimpíadas no Brasil e pintou sobre cada primeira página a imagem de um palhaço. São 48 pinturas, feitas sobre capas de três jornais diferentes durante 16 dias consecutivos de cobertura jornalística em torno do evento. É possível notar nas primeiras páginas desses jornais um atrito entre a cobertura das olimpíadas e da crise política brasileira. Longo Bahia tece um comentário a respeito da jocosidade – vista por muitos como uma piada de mau gosto – de se receber um evento das proporções e custos das olímpiadas, que, de certa forma, também é voltada ao entretenimento global e de massa, durante uma das maiores crises políticas da história do país.

Fachada

Na fachada da Vermelho, Longo Bahia realiza uma grande pintura que tem como fundo a mesma tinta cinza utilizada nas pinturas, com um dos palhaços de Olimpiadas aplicado por cima. A intervenção ganha mais uma camada de leitura quando lembramos que sobre a parede de 109m² da fachada da galeria já foram apresentados mais de 90 intervenções de diversos artistas.

Depois do fim da arte
ainda não

ainda não é uma proposta de ocupação do espaço da Galeria Vermelho pelo grupo de pesquisa Depois do Fim da Arte, formado por artistas, pesquisadores e estudantes de artes e cinema, e orientado por Dora Longo Bahia e Renata Pedrosa.

O grupo propõe construir um espaço de produção de trabalhos, cujo objetivo é refletir, através da prática e do debate, o lugar da arte no horizonte histórico, social e político atual. A proposta caracteriza-se como um lugar de ações temporárias, cujo desenvolvimento se dá ao longo do tempo e em um espaço aberto, tornando público os erros e acertos das propostas do grupo, bem como exercitando uma lógica colaborativa de trabalho.

Com: Andrés Suárez, Bruno Ferreira, Bruno Storni, Celso Nino, Felipe Salem, Francisco Miguez, Frederico Ravióli, Ilê Sartuzi, Isabella Rjeille, João Gonçalves, Lahayda Dreger, Marina D’Império, Pedro Andrada, Renato Maretti, Talita Hoffmann, Tomas Irici e Victor Maia.

Para a ocupação do grupo de Dora Longo Bahia, a Vermelho conta mais uma vez com o apoio da Epson. A parceria entre as duas empresas já pode ser vista algumas vezes na galeria, como na exposição Um, Nenhum, Muitos, de Carmela Gross e na Sala Antonio - o cinema da Vermelho - que conta com a tecnologia de projeção Epson.

A Epson, conhecida mundialmente pela qualidade de suas impressoras fotográficas, apresenta na Vermelho algumas de suas soluções profissionais de imagem: as impressoras SureColor® P800 e P7000, que oferecem excelente desempenho e qualidade de impressão profissional. A SureColor® P800, uma impressora de 17 polegadas, apresenta um adaptador de rolo de papel opcional de 43 cm, ideal para pinturas e gravuras em formato panorâmico até 3 metros. Junto com os nove cartuchos, este modelo é projetado para uso profissional em casa ou no estúdio. A SureColor P7000, de 24 polegadas, inclui um conjunto de tintas UltraChrome® HD com 10 cores, ideal para designers gráficos, fotógrafos, casas de reprodução e obras de arte. Finalmente, o scanner Perfection V800 Photo, com resolução de 4800 x 6400 dpi. garante cores precisas e detalhes nítidos na digitalização de fotos, negativos e slides para arquivo ou reprodução.


The main room of Galeria Vermelho will present the installation Cinzas, built on the basis of the ruins of parade floats used in the 2016 Carnival.

In the entrance hall, the artist is ceding part of her exhibition to her students, who will set up a printing press atelier in the gallery, producing artworks daily.

Taking education as part of her artistic practice, Longo Bahia has been maintaining a rotating study group in her residence since 1999, which currently is called Depois do fim da arte and is made up of students from different colleges and areas, along with young artists. The participants get together to discuss subjects concerning different disciplines such as art, philosophy, politics and architecture, always under Longo Bahia’s orientation. Dora has already included the group of students in various exhibitions, including the 28th Bienal de São Paulo, when she ceded part of her participation to Anarcademia (the group’s former name).

The artist is bringing the same group to the exhibition about Avenida Paulista being held by MASP from February 16 through May 28, 2017. There, the group is occupying one of the museum’s auditoriums with a weekly cineclub. Part of the material of the cineclub will be produced by Depois do Fim da Arte in the territory created by them at Galeria Vermelho. For both projects – at Vermelho and MASP – Longo Bahia is sharing the coordination of the group with Renata Pedrosa.

Besides the installation in the gallery’s main room and the participation of Depois do Fim da Arte, Longo Bahia is presenting two new series of works and an intervention on Galeria Vermelho’s facade.

Paintings

The artist selected paintings from different moments of her career to be covered with the same gray paint that the city government has been using to cover the urban art around the city of São Paulo. Six paintings will receive a layer of concrete-gray paint, preventing the appreciation of the works that formerly occupied the canvases.

Olimpiadas

For Olimpiadas [a play on the words Olympics and gag] Longo Bahia collected newspapers from the time of the Olympics in Brazil and painted the image of a clown on each front page. There are 48 paintings, made on the front pages of three different newspapers from 16 consecutive days of journalistic coverage concerning the event. On the first pages of these newspapers one can note a clashing between the coverage of the Olympics and of the Brazilian political crisis. Longo Bahia weaves a commentary in regard to the ironic humor, seen by many as a bad joke, of hosting an event of the size and cost of the Olympics – which, in a certain way, is also concerned with global and mass entertainment – during one of the biggest political crises in the country’s history.

Fachada [Façade]

On Galeria Vermelho’s façade, Longo Bahia made a large painting whose background is the same gray paint used in the paintings, with one of the clowns of Olimpiadas applied over it. The intervention gains yet another layer of reading when we recall that the gallery’s 105-square-meter façade has already held more than 90 interventions by different artists.

Depois do fim da arte
ainda não

ainda não [not yet] is a proposal for occupying the space of Galeria Vermelho by the research group Depois do Fim da Arte, made up of artists, researchers and students of visual arts and cinema, oriented by Dora Longo Bahia and Renata Pedrosa.

The group proposes to construct a space for the production of artworks, which through debate and the practice of art will reflect on the place of art in the current political, social and historical juncture. This proposal aims to be a place for temporary actions, whose development will take place over time and in an open space, allowing the public to see the hits and misses of the group’s proposals, while also exercising a collaborative work logic.

With: Andrés Suárez, Bruno Ferreira, Bruno Storni, Celso Nino, Felipe Salem, Francisco Miguez, Frederico Ravióli, Ilê Sartuzi, Isabella Rjeille, João Gonçalves, Lahayda Dreger, Marina D’Império, Pedro Andrada, Renato Maretti, Talita Hoffmann, Tomas Irici and Victor Maia.

For the occupation of Dora Longo Bahia’s study group, Vermelho counts once again with the support of Epson. The partnership between the two companies has materialized a few times in the gallery, as in the exhibition Um, Nenhum, Muitos (One, None, Many), by Carmela Gross and in the Sala Antonio – Vermelho’s cinema - which features Epson projection technology.

Epson, known worldwide for the quality of its photo printers, presents some of its professional image solutions at Vermelho: SureColor® P800 and P7000 printers, which offer excellent performance and professional print quality. The SureColor® P800, a 17-inch printer, features an optional 43cm paper roll adapter, ideal for paintings and prints in widescreen up to 3 meters. Along with the nine cartridges, this model is designed for professional use at home or in the studio. The SureColor P7000, 24-inch, includes a set of 10-color UltraChrome® HD inks, ideal for graphic designers, photographers, resproduction works and fine art. Finally, the Perfection V800 Photo scanner, with a resolution of 4800 x 6400 dpi ensures accurate color and sharp detail when scanning photos, negatives, and slides for files or for playback.

Posted by Patricia Canetti at 10:20 AM

março 7, 2017

Fabio Mauri na Bergamin & Gomide, São Paulo

Bergamin & Gomide reabre após reforma com primeira exposição de artista italiano no Brasil

A partir do dia 11 de março, a galeria apresenta 25 obras de Fabio Mauri, que vem ganhando notoriedade desde 2012 em todo o mundo, com presença na Bienal de Veneza e amplo espaço no New York Times e Financial Times, e venda de uma das obras por 1 milhão de dólares

Após reforma a galeria Bergamin & Gomide, no Jardins, inicia a programação do ano com a mostra individual, e inédita no Brasil, Fabio Mauri (Senza Arte) – em parceria com a galeria suíça Hauser & Wirth e organizada com Olivier Renaud-Clément.

Mauri nasceu em Roma e teve sua vida marcada pelo crescimento do fascismo, a segunda guerra mundial e os horrores do Holocausto. O artista abordou diversos temas, empregando diferentes abordagens expressivas, mas um fio comum fundamental, quase uma obsessão, percorre toda a sua obra. O elemento da tela é usado de diversas maneiras; imagens sendo centrais às projeções e representações são frequentemente evitadas para reforçar o seu peso. Quando a tela pode ser representada sem nenhuma imagem, o corpo pode então ser usado para receber a projeção.

Para esta exposição foram selecionadas em torno de 25 obras, principalmente das séries Senza Arte e Photo finish/Carboncini. Os carpetes, seu último grupo de trabalhos, criados para a dOCUMENTA (13) dirigida por Carolyn Christov-Bargakiev, ocuparão o centro da exposição. O tema recorrente de Fine/The End será apresentado ao longo da exposição como costumava ser o caso no final da maioria dos filmes clássicos. As instalações On the Liberty (1990), com a frase escrita pelo fio que conduz a eletricidade e acende a lâmpada ao centro, e Ventilatore (1990), que fixa um ventilador à frente de uma tela também farão parte da mostra.

Além disso, serão apresentadas colagens e uma projeção do vídeo Seduta su l’ombra, de 1977. “Apesar de pouco difundido no Brasil, Mauri esteve na Bienal de Veneza em 1954, 1974, 1978, 1993 e 2013. Ele colocou em discussão o papel da comuncação midiática como formadora da sociedade lá em 1960, quando a televisão ainda dava os primeiros passo”, diz Thiago Gomide, da galeria Bergamin & Gomide.

Mais recentemente, em 2014, Fundacio Proa, em Buenos Aires, recebeu uma importante retrospectiva do artista, que ficou ainda mais conhecido após a última Bienal de Veneza (2015), onde seu trabalho ocupou uma sala inteira no pavilhão central. Sua obra está presente nas principais coleções de museus europeus. Sua maior retrospectiva até hoje, “Rettrospettiva a luce solida”, foi realizada em MADRE… em Nápoles, com curadoria de Laura Cherubini e Andrea Viliani.

Fabio Mauri (Roma, 1926-2009). Sua juventude foi marcada pelos eventos de guerra e fascismo - traumas e horrores que afetariam profundamente e influenciariam a vida e o trabalho do artista. Criado entre escritores e pintores, Mauri era amigo de intelectuais da nova vanguarda italiana, entre eles: o romancista Italo Calvino, o filósofo e semiótico Umberto Eco, o diretor de cinema e aficionado Pier Paolo Pasolini Artista, o artista visual Jannis Kounellis, o historiador de arte Maurizio Calvesi e o escritor Edoardo Sanguineti. Inicialmente emergente no final dos anos 50, Fabio Mauri desenvolveu as idéias para o seu trabalho no contexto da televisão e do cinema, que a partir de 1954 se tornou uma parte da vida cultural cotidiana. Conectando temas e idéias do passado ao presente, seu trabalho injeta dentro de si uma noção de responsabilidade ética ou social que faz com que o espectador examine criticamente sua experiência do "real". Durante quase duas décadas, trabalhou para a editora Bompiani, de 1957 a 1975, dirigindo suas sedes em Milão e Roma. Junto com Umberto Eco e Edoardo Sanguineti, fundou a revista Quindici (1967) e a revista de crítica artística La citta di Riga em 1976. Muito inovador e ativo na vanguarda italiana, grande parte de seu trabalho, no entanto, permaneceu na periferia dos movimentos artísticos paralelos da época, como Arte Povera e Pop Art. Em 2015, Hauser & Wirth Londres encenou 'Oscuramento. As Guerras de Fabio Mauri', a primeira exposição individual do artista em Londres há mais de 20 anos.

Posted by Patricia Canetti at 5:21 PM

Fabio Zimbres na Bolsa de Arte, São Paulo

A individual mostra cerca de 20 obras inéditas, nas quais o artista emprega técnicas diversas, como desenho e monotipia, em suportes que vão do papel à chapa de impressão offset

Quadrinista, designer e artista visual, o paulistano radicado no Rio Grande do Sul Fabio Zimbres abre no dia 11 de março, sábado, na Galeria Bolsa de Arte (Mourato Coelho, 790, Pinheiros) a exposição intitulada Fantasma. Em sua primeira individual na Galeria de São Paulo, o artista apresenta cerca de 20 obras inéditas, entre monotipias, desenhos, pinturas e técnica mista em tela, papel sobre tela e chapa de impressão offset.

O ponto de partida do trabalho de Fabio Zimbres é o desenho, sobretudo sobre papel – muitas vezes papel colado sobre tela. Neles, volumes e formas surgem a partir de linhas e tomam os espaços livremente, sem o compromisso de preencher a tela, em um pensamento menos associado à pintura que às artes gráficas. O artista valoriza a concisão em sua cartela de cores, que privilegia o preto e branco e as cores primárias num traço bruto e espontâneo, que bebe no expressionismo e seus discípulos. “Estou muito ligado ao desenho e à gravura, à coisa gráfica”, afirma.

Zimbres é um nome bastante conhecido no universo dos quadrinhos e design gráfico. Colaborador de publicações históricas do gênero quadrinhos, como Animal e Chiclete com Banana, seu trabalho como desenhista foi publicado diariamente entre os anos de 1999 e 2001 no jornal Folha de São Paulo, na tira Vida Boa, selecionada por um concurso promovido pelo jornal. Nele, o personagem Hugo vivia situações cotidianas com uma pegada existencialista, um tanto ácida e surreal. As tiras foram reunidas em 2009 em livro publicado pela editora Zarabatana Books. O artista possui ainda, como desenhista, publicações na Argentina, Bélgica, Estados Unidos, Espanha, França, México e Uruguai.

Nos trabalhos que serão expostos é possível observar muitas das características de seu método como quadrinista, como a ausência de rascunho e o traço cru e pulsante. Outros aspectos de seu trabalho gráfico influenciam a produção como artista visual, que incorpora a surpresa do desenho no trabalho final. Para a mostra na Galeria Bolsa de Arte, há ainda obras que incorporam a palavra e o aspecto modular, com desenhos pequenos que dialogam entre si numa quase narrativa, ou ainda incorporam camadas de significado de seu suporte, como a chapa em offset de alumínio reutilizada, com um conteúdo do que seria impresso em sua função original.

Figuras antropomorfizadas, presentes em seu trabalho gráfico, estarão mais presentes nessa individual do que na exposição apresentada em 2015 na Bolsa de Arte de Porto Alegre. “Nesta exposição mantenho o aspecto abstrato das obras da exposição de Porto Alegre, mas dessa vez há uma presença maior de silhuetas e figuras”, diz o artista. Ainda que tais figuras sejam elas também em alguma medida abstratas, elas podem ser entendidas como inspiração para o título da exposição: Fantasma.

Mas essa não é a única leitura possível para o título: além desses “resíduos de personagens”, silhuetas sem rosto ou incompletas, a palavra eleita por Zimbres remete a uma série de situações transitórias, como sua obra, que migra do concreto para o abstrato – e faz também o caminho inverso, conforme o período criativo. “Fantasma é uma imagem que aponta várias possibilidades, todas elas residuais”, diz. “O desenho tem a instantaneidade do pensamento, mas o que aparece no papel é um resíduo, a ponta do iceberg – ou um fantasma – desse pensamento”, conclui.

Outra faceta importante de seu trabalho como artista gráfico pode ser conferida entre os dias 18 e 19 de maio, na Feira Plana, que acontece dessa vez no prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera. No evento, Zimbres apresenta livros de artista, alguns feitos em parceria com Jaca, com quem desenvolveu em outras edições da feira de publicações independentes o projeto Desenhomatic Ltda. Nele, os desenhistas produziam no próprio espaço da feira, às vistas do público.

Livros de artista são outro destaque entre os trabalhos autorais de Zimbres. Nos últimos meses o artista esteve em cartaz na feira Tokyo Art Book Fair, no Japão; na exposição coletiva Libri Finti Clandestini, na Demetra Gallery, na Itália; e na coletiva See How The Land Lays, em West Den Haag, em Haia (Holanda).

A exposição Fantasmas pode ser visitada na galeria Bolsa de Arte até o dia 29 de abril.

Fabio Zimbres nasceu em São Paulo em 1960. Estudou arquitetura na FAU-USP (não concluído) e no Instituto de Artes da UFRGS.

Colaborador das revistas Animal e Chiclete com Banana, marcos do gênero quadrinhos no Brasil, Zimbres criou em 1997 junto a outros artistas, como Allan Sieber, a Tonto, uma editora independente que publicou nomes brasileiros e latino-americanos como Guazelli, Lourenço Mutarelli e Fido Nesti, entre outros.
Em 2015, Zimbres recebeu o prêmio Homenagem da Feira Miolo(s), na Biblioteca Mario de Andrade, em São Paulo, e, em 2009, o Açorianos de Artes Visuais como Melhor Exposição Coletiva pela “Entre o Traço e o Espaço”. Em 2010 o artista foi indicado ao PIPA (Prêmio Investidor Profissional de Arte).

Em 2016, ganhou o X Prêmio Açorianos de Melhor Exposição Coletiva para “A Casa do Desenho”, no Museu do Trabalho, em Porto Alegre (RS). O nome da coletiva é também o do projeto que integra junto a Eduardo Haesbaert e Gelson Radaelli (casadodesenho.blogspot.com), no qual os três criam obras que sofrem interferências de todos e são assinadas coletivamente.

Animações e outros trabalhos de artes gráficas que vão de fanzines undergrounds a ilustrações de livros, como Panamá ou as aventuras de meus sete tios, de Blaise Cendrars, a ainda livros-CD e arte de discos, como o álbum Casa, da cantora e compositora Gisele de Santi; o livro-CD Além, do músico Vagner Cunha, e o tb livro-CD Música para Antropomorfos, do grupo de rock Mechanics.

Posted by Patricia Canetti at 4:38 PM

março 5, 2017

Leonardo Tepedino no MAC, Niteroi

Esculturas em madeiras dialogam com a arquitetura e a paisagem do local

O artista Leonardo Tepedino abre a exposição Varanda Circular, com curadoria de Guilherme Vergara, no dia 11 de março, sábado, às 10h, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói. A mostra traz esculturas em madeira que vão ocupar toda a varanda do Museu, se relacionando com a arquitetura do lugar e levando o público a percorrer caminhos abertos pela obra de arte, que se articula com o espaço, de forma física e simbólica. A instalação se insere no local abrindo um campo de forças espacial e temporal para ser vivido pelo observador, trabalhando a escala singular da varanda mirante do MAC Niterói.

A escultura se desenvolve no espaço em linhas de madeira compensada com transparência, o que deixa a varanda ventilar e permite o diálogo com a paisagem exuberante, ao mesmo tempo em que – com suas linhas curvas e delicadas – se coloca e transforma o ambiente num convívio harmônico entre obra, arquitetura, observador e paisagem. O dado importante e singular é a realidade física da constituição da escultura, criando desvios neste circular do espaço. Contemplada pela 6ª Edição do Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, da FUNARTE do ano de 2013, a mostra é a primeira do ano no museu.

‘Varanda Circular’ promove um rito de passagem importante para a entrada das esculturas que vão integrar o acervo do Museu. A mostra trabalha, portanto, a escultura como possibilidade de conhecimento urgente nos dias atuais, pelas características de resistência baseada na fisicalidade que a tradição escultórica mantém como possibilidade de enfrentamento da realidade, como corpo tridimensional e como volume e materialidade, que vai contra a onda de imaterialidade proposta pela lógica operacional da técnica atual que desmaterializa a realidade corpórea de que somos constituídos.

Para o autor, Leonardo Tepedino, o visitante vai poder entrar na obra, que circunda a varanda do museu, criando seus percursos a partir dos desvios colocados pela escultura.

“A exposição, a partir da instalação de uma nova realidade construída com o meu material, abre um campo escultórico para ser vivenciado pelo observador. Esta realidade escultórica é um corpo acomodado pela realidade do corpo arquitetônico, na escala de confronto com o corpo humano, disponível para ser experimentado pelo observador, circulando por este novo espaço e por este novo tempo tornado físico, constituindo-se no ato de circular entorno da escultura. Hoje, tudo parece estar desmaterializado. E a questão de a pessoa poder entrar, participar, desviar, tocar... é propiciada pela escultura”, explica o artista.

As esculturas, com suas delicadas curvas, vão produzir um novo espaço – complementado pela arquitetura, observador e paisagem. Tal encontro promove discussões sobre modos de operar completamente diferentes entre a escultura moderna e a contemporânea. O trabalho representa, portanto, a presença física, a potência material, a harmonia das relações, ligadas a uma fatura artesanal, colocando questionamentos sobre o corpo, a forma, o lugar, a experiência de circular em torno e através da instalação.

A escultura de Leonardo Tepedino comunga com uma constelação de escultores que mantém suas poéticas abertas à possibilidade de uma experiência física surpreendente, utilizando a matéria para abrir fissuras na realidade, alimentando os sentidos, o prazer corpóreo, o processo, a relação com a história da arte, sempre valorizando a atualização do espaço/tempo vivido.

Leonardo Tepedino é escultor. Em sua primeira exposição, em 1990, já trabalhava questões da escultura como a materialidade, o equilíbrio e a gravidade, elementos que permanecem fundamentais em seu trabalho. Na época, usava o material necessário para resolver um trabalho específico, então, trabalhava com uma pluralidade de materiais e meios que não se fixavam a um estilo, mas na particularidade de se chegar a uma síntese visual no espaço tridimensional. Em 2005, depois de uma experiência de quebrar uma cadeira tipo Thonet em vários fragmentos, percebeu, ao juntar precariamente estes fragmentos (com o intuito de purificar as linhas daquela tipo Thonet muito rebuscada), o torque mecânico que informava aquela materialidade. O DNA da mentalidade mecânica estava evidente. Neste momento, reduziu sua pesquisa à escolha de um material – a madeira –, trabalhando questões ligadas à tradição escultórica e à tradição arquitetônica e criando relações entre uma estrutura linear e uma possível membrana que forma o volume.

Tepedino já trabalhou no ateliê do também escultor Luciano Fabro, artista italiano expoente da chamada Arte Povera. Possui formação em arquitetura e mestrado em História da Arte – Área de Linguagens Visuais, na Escola de Belas Artes – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Participou de exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. No ano de 2012, apresentou, nas Cavalariças da EAV Parque Lage, a exposição “Tempo-Vero”, com curadoria de Marisa Flórido, onde desenvolveu duas obras em madeira que se complementavam. Em 2014, abriu “Projeto Desenho Específico”, no mezanino do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de janeiro, com curadoria de Marisa Flórido,onde usou o Modulor de Le Corbusier para ajudar a organizar o espaço. Para essa mostra, utilizou a escala humana e a matemática como sistema único singular e universal de medidas. Sua última exposição foi em 2015, quando apresentou “Projeto Marquise Brasília”, no Complexo Cultural Funarte Brasília, no gramado do eixo monumental, momento em que fez a junção entre arquitetura, urbanismo e escultura num jogo no campo do sensível.

Posted by Patricia Canetti at 1:27 PM

A Fonte de Duchamp no MARGS, Porto Alegre

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul tem o prazer de convidar, dia 7 de março, terça-feira, às 19h, para a exposição A Fonte de Duchamp: 100 Anos da Arte Contemporânea, com curadoria de José Francisco Alves. A mostra tem o objetivo de marcar os 100 anos de Fonte, obra icônica de Marcel Duchamp (1887-1968), considerada uma das obras de arte mais importantes do Séc. XX. A entrada é franca.

A Fonte foi um passo adiante nas experiências de Duchamp, no que ele chamou de readymade (algo como “objeto-pronto”), trabalhos feitos com peças industrializadas, simplesmente escolhidas pelo artista por sua beleza. Extraídos do contexto funcional original e considerados como obra pelo simples ato do artista em dar-lhes títulos e exibi-los como arte.

A provocação de Duchamp, a par de todas as teses, histórias e especulações que giram em torno do readymade, com o tempo reverberou e foi adquirindo maior importância. Em especial a partir da década de 1950, com a Pop Arte, e, definitivamente, nos anos 60 e 70, do Minimalismo à Arte Conceitual, formando assim a base dos problemas do que hoje entendemos como Arte Contemporânea.

A provocação, o humor e, principalmente, a elaboração mental como características da arte contemporânea tem em Duchamp a sua origem. Muito dos aspectos construtivos da obra de arte nos últimos 60 anos têm nos readymades seus precedentes fundamentais: a apropriação de coisas pré-existentes e o uso de técnicas industriais na feitura – ou montagem – das obras. O artista, assim, deixa de fabricar ele mesmo o trabalho, não o faz manualmente, somente elabora a obra de arte.

O MARGS e a efeméride

Neste ano de 2017, em vários lugares do mundo, assinala-se em museus e instituições artísticas a passagem de um século do trabalho mais famoso de Marcel Duchamp. Ao mesmo tempo, alcança nada mais do que 100 anos a própria arte contemporânea. Nesse sentido, o MARGS, ao homenagear o gesto deste artista com a sua Fonte, o faz ao exibir uma seleção de obras de seu acervo em arte contemporânea, mostrando que o museu também se ocupa em colecionar a arte presente, necessária para o diálogo com a história da arte no Rio Grande do Sul e no Brasil.

São cerca de 108 obras de 51 artistas do acervo. Trabalhos relacionados a características duchampianas, tais como o caráter objetual, a apropriação de materiais e coisas preexistentes, a elaboração mental e não manual dos objetos, o humor, o jogo, a provocação.

Mais sobre a Fonte de Duchamp

A Fonte nunca foi exibida. Enviada por Marcel Duchamp para a exposição da Sociedade de Artistas Independentes de Nova Iorque, sob o pseudônimo de “R. Mutt”, a peça foi recusada pelos organizadores.

A exposição para a qual a obra foi feita inaugurou em 10 de abril de 1917 e a Fonte original logo desapareceu. Tratava-se de um simples urinol de porcelana, comprada em uma loja do ramo. Com sua proposta, Duchamp pretendia alçar a peça ao mundo da arte simplesmente pelo seu gesto de assiná-la e colocá-la em uma exposição. Arte como elaboração mental, sem que o artista faça a obra. Tinha como objetivo sacudir o meio das vanguardas com uma ideia ainda mais desafiadora, em especial colocar em xeque a condição da criação artística e o sistema de arte: afinal de contas, quem decide o que é arte?

Hoje existem cerca de 16 Fontes refeitas pelo artista nos anos 50 e 60, em museus e coleções das mais importantes pelo mundo.

Posted by Patricia Canetti at 12:51 PM

março 3, 2017

Zip'Up: Felipe Seixas na Zipper, São Paulo

Em Queda (2017), uma das obras que integram a mostra (I)matérico presente, de Felipe Seixas na Zipper Galeria, quatro blocos de concreto servem de suporte para um monitor de TV colocado sobre as peças em um ângulo de 45 graus. Na imagem exibida na tela, uma forma semelhante a dos objetos é vista em sequência em um gráfico representado por milhares de pixels. A relação entre a materialidade dos blocos e imaterialidade dos gráficos, presente neste trabalho, é uma das questões que permeiam a exposição. Primeira individual do artista em São Paulo e com curadoria de Nathalia Lavigne, a mostra inaugura o calendário Zip’Up deste ano.

Se em trabalhos anteriores os blocos de concreto moldados apareciam em combinações como carvão e pigmento, explorando a relação entre forma e não-forma desses objetos, sua produção mais recente introduz uma pesquisa sobre o aspecto imaterial das novas tecnologias. Temas como o acúmulo documental e a fragilidade de memórias tecnológicas aparecem ainda em obras como Ascendência (2017), na qual o movimento constante de linhas coloridas criado em um gráfico é visto em um aparelho telefônico através de um saco plástico com água, provocando uma distorção ótica causada pela refração do líquido.

“Grande parte dos trabalhos partem desse ponto em comum: explorar a relação entre o material e o imaterial na construção da forma. O concreto é muito presente, e gosto de pensar sua composição sólida e bruta em contraposição a outros materiais mais leves. Há também a presença de produtos de tecnologia recente, e me interessa contrapor o uso de uma tecnologia por hora avançada, mas que logo se torna obsoleta, com uma técnica antiga, como a do concreto”, afirma Seixas.

A exposição inaugura no dia sete de março, a partir das 19h, e segue em cartaz até 8 de abril.

Felipe Seixas (São Bernardo do Campo, 1989) vive e trabalha em São Paulo. É bacharel em Comunicação Social com habilitação em Design Digital (2011) pela Universidade Anhanguera, São Paulo. Participou dos cursos "A escultura como objeto artístico do século XXI", com Ângela Bassan (2015), e "Esculturas e Instalações: possibilidades contemporâneas" (2016), com Laura Belém, ambos na FAAP; e integrou o grupo de acompanhamento de projetos do Hermes Artes Visuais, com Nino Cais e Carla Chaim. Entre suas principais exposições estão a 1° Bienal de Arte Contemporânea Sesc DF, Distrito Federal (2016); 44° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Santo André -SP (2016); 7° Salão dos Artistas sem Galeria (2016), Galerias Zipper e Sancovsky, São Paulo- SP e Galeria Orlando Lemos, Nova Lima – MG; O Muro, Rever o Rumo, Central Galeria, São Paulo-SP. Em 2015, recebeu o prêmio Menção Especial no 22° Salão de artes Plásticas de Praia Grande.

Nathalia Lavigne (Rio de Janeiro, 1982) é pesquisadora e mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London. Atualmente, realiza uma pesquisa sobre reprodução de obras de arte no Instagram, circulação de imagens e colecionismo digital no programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Foi curadora da exposição "Imagem-Movimento", na Zipper Galeria. Como pesquisadora, integrou o projeto “Observatório do Sul”, plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, o Goethe-Institut e a Associação Cultural Videobrasil, que reuniu ao longo do ano profissionais de diversas áreas de atuação para discutir a questão do Sul Global no campo da cultura. É colaboradora de veículos como Bamboo, Select, Artforum, entre outros.

Posted by Patricia Canetti at 2:44 PM

Camila Soato na Zipper, São Paulo

Em Caviar é uma ova!, nova individual de Camila Soato que abre no dia sete de março na Zipper Galeria, a artista volta-se novamente para a discussão sobre gênero e questionamento sobre o status da pintura na era da apropriação de imagens. Com curadoria de Paula Borghi, a mostra mantém o tom de sua última exposição na galeria – “Nobre sem Aristocracia: Projeto Vira-Latas Puros nº 51”, 2014 – e reúne cerca de 30 trabalhos inéditos em distintos formatos.

Vencedor do prêmio de Melhor Exposição Prêmio PIPA Voto Popular (2013), o trabalho de Soato é agressivo. A pintura é bruta, com pinceladas carregadas de tinta, blocos de cores acumuladas, limpadas de pinceis e dedos. Ao mesmo tempo, representa elementos figurativos – predominantemente a figura humana no caso desta exposição – sofisticados. A artista força a convivência da abstração e da figuração nas telas com o propósito de romper qualquer hierarquia que possa haver entre elas. O mesmo rompimento é perseguido nas questões de gênero.

A artista faz da pintura sua plataforma política. Em um dos trabalhos, uma figura feminina é retratada se depilando, com a mesma naturalidade que um comercial de TV mostra um homem se barbeando. O desconforto ao ver a primeira imagem, portanto, não diz respeito ao trabalho em si, mas ao ambiente que a sociedade relega às mulheres. A artista apenas escancara. “O feminismo foi se cortando consciente no meu trabalho. O universo da mulher é relegado ao ambiente doméstico, à delicadeza. Minha pintura foca no oposto”, a artista comenta. A individual traça um paralelo entre a produção contemporânea e a história da arte, questionando o lugar da mulher neste espaço em busca da liberdade do corpo feminino.

A apropriação de imagens colhidas da internet (fotografias, memes, gifs) passou a ocupar lugar central no processo de Camila. Ela faz da imagem efêmera e de renovação incessante como referência para produzir a pintura, cujo propósito na história da arte é justamente o oposto, o de eternizar cenas e símbolos. Quando a artista não encontra a cena pretendida, ela mesma realiza performances indoor e fotografa as cenas para referenciar a pintura.

Camila Soato (Brasília, 1985) vive e trabalha em São Paulo. Com uma pesquisa voltada para a apropriação de imagens encontradas na internet e relacionadas a um cotidiano banal, a artista brasiliense usa a pintura para explorar a conexão entre arte e vida, diluindo a imagem mítica que esta técnica carrega em seu histórico. Em sua série mais recente, Soato faz releituras de quadros célebres da história da arte, discutindo questões de gênero e outros discursos predominantes. A artista é doutoranda na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Entre suas principais exposições individuais, destacam-se: "Uma diva, uma louca, uma macumbeira, meu deus ela é demais!". Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, 2015; "Fuleragem Polissistêmica Nº 05", Zipper Galeria, São Paulo; "Vira-Latas Tecnológicos: inserções pictóricas no espaço urbano", Galeria Espaço Piloto, Brasília, em 2013; "O Descuido Vira-Latas, Fuleragem e Bundas", Galeria Espaço Piloto, Brasília, 2011; "Situações", Galeria da América Latina, Brasília, Espaço Cultural UNESC, Criciúma, e Galeria Espaço Piloto, Brasília, em 2011. Participou de exposições coletivas como "Duplo Olhar - Coleção Sérgio Carvalho", Paço das Artes, São Paulo, 2014; "Entre Dois Mundos – Arte Contemporânea Japão-Brasil", Museu Afro Brasil, São Paulo, 2014; "Finalistas do Prêmio Investidores Profissional em Arte (PIPA)", Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2013. Tem obras em instituições como Museu de Arte do Rio (MAR) e ganhou o prêmio de Melhor Exposição Prêmio PIPA Voto Popular, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 2013.

Paula Borghi é gestora cultural do SARACVRA e idealizadora do Projecto MULTIPLO. Foi assistente curatorial da 12# Bienal de La Havana (2015), curadora da Residência Artística do Red Bull Station (20013/2014), integrante do grupo de crítica do Paço das Artes 2012/2013 e do Centro Cultural São Paulo 2011/2012/2013. Em 2016, foi contemplada com o Projecto MULTIPLO pelo Rumos Itaú Cultural.

Posted by Patricia Canetti at 1:48 PM

março 2, 2017

Deborah Paiva na Rabieh, São Paulo

A Galeria Rabieh inaugura no dia 8 de março de 2017, quarta feira, às 19 horas, a mostra individual de pintura a óleo da artista Deborah Paiva, Um Dia Comum. São exibidas cerca de 20 obras, produzidas entre 2016 e 2017, com texto de apresentação e curadoria de Douglas de Freitas.

Na mostra nos deparamos com pinturas que sugerem um mundo introspectivo, com personagens absortos mergulhados em ambientes apenas insinuados, quase abstratos. A paleta rebaixada desses quadros, em tons azul-esverdeados, cinzas e rosas, cria esse clima de calmaria quase melancólica.

Isso aparece em “Praça” e no díptico “Bordadeiras”. Em “Praça” a mulher reclinada no banco e o cachorro ao seus pés são flanqueados por campos cromáticos homogêneos e por uma espécie de renda feita de folhagens sobre fundo branco. As figuras, mulher e cachorro, flagradas numa situação qualquer, são arquétipos de milhares de outra que existem por ai. Da mesma forma, a figura de uma bordadeira, absorta em sua atividade solitária e paciente, torna-se espelho de outra em situação semelhante, criando uma simetria ocasional, própria de quem realiza um trabalho mecânico.

O díptico “Casal” tampouco retrata olhares cruzados nem a paixão que facilmente se associa ao título, mas apenas o perfil de duas figuras humanas cabisbaixas, cujos olhares desencontrados se lançam para o infinito acinzentado.

Invariavelmente de lado ou de costas, as figuras femininas são recorrentes na produção da artista. “Eu me interesso sobretudo pela atmosfera criada pelas cores e pela composição. A figura humana é importante, sem dúvida, porém é mais um elemento dentro do quadro e por isso ela emerge anônima, comum.” resume a artista.

O conjunto “Paisagem” é o único sem figuras humanas. Diáfano e alongado em suas formas, sugere campos e fragmentos de jardins ensolarados a partir do uso de cores que transitam entre o amarelo, o verde e o azul à moda do Impressionismo.

A exposição “Um dia comum” sugere a representação de vidas corriqueiras, vistas aos milhares, sem o glamour de um mundo feérico, colorido e veloz. Fica em cartaz até o dia 1º de abril e exibe ainda pinturas em nanquim e guache sobre papel japonês, vertente da produção de Deborah Paiva pouco exposta.

Posted by Patricia Canetti at 4:22 PM

março 1, 2017

Gabriel Pérez-Barreiro será o curador da 33ª Bienal de São Paulo

Gabriel Pérez-Barreiro será o curador da 33ª Bienal de São Paulo

Nota originalmente publicada no site da Fundação Bienal de São Paulo em 31 de janeiro de 2017.

Pérez-Barreiro é diretor e curador-chefe da Coleção Patricia Phelps de Cisneros e será curador da próxima edição da Bienal, marcada para setembro de 2018.

A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a indicação de Gabriel Pérez-Barreiro como curador da próxima edição da mostra, marcada para setembro de 2018.

Nascido em La Coruña, na Espanha, Pérez-Barreiro é diretor e curador-chefe da Coleção Patricia Phelps de Cisneros, com sedes em Nova York e Caracas. É doutor em História e Teoria de Arte pela Universidade de Essex (Reino Unido) e mestre em História da Arte e Estudos Latino-Americanos pela Universidade de Aberdeen (Reino Unido).

Em seus mais de 20 anos de atuação, foi curador de Arte Latino-Americana no Blanton Museum of Art, na Universidade do Texas (2002-2008), curador-chefe da 6ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2007) e diretor de Artes Visuais na The Americas Society, em Nova York (2000-2002). Trabalhou ainda como coordenador de Exposições e Programas na Casa de América, em Madri (1998-2000) e como curador fundador da Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex (1993-1998). Foi conselheiro da Fundação Iberê Camargo e curou, no Brasil e no exterior, exposições de artistas como Lygia Pape, Geraldo de Barros, Rivane Neuenschwander, Waltercio Caldas e Willys de Castro. Em abril, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, inaugura uma mostra dedicada ao crítico Mario Pedrosa com curadoria conjunta de Pérez-Barreiro e Michelle Sommer.

“É uma honra orquestrar uma mostra com o porte e a repercussão da Bienal de São Paulo. Sua importância no panorama da arte latino-americana é ímpar; sua relevância histórica, inquestionável”, diz o novo curador.

Segundo o presidente da Fundação, João Carlos de Figueiredo Ferraz, o conhecimento profundo de arte latino-americana e o trânsito internacional fazem de Pérez-Barreiro o nome ideal para a condução da mostra. “Ele está profundamente conectado com os principais debates em curso na cena contemporânea, uma condição primordial para a realização da Bienal.”

Posted by Patricia Canetti at 9:46 PM

Vão e Vazão, intervenções urbanas de Renato Pera em São Paulo

Renato Pera apresenta intervenções urbanas motivadas por investigações e vivências em SP

As obras foram pensadas para provocar experiências inusitadas de espaços arquitetônicos cotidianos da cidade

O projeto “Renato Pera: Vão e Vazão” entra em cartaz a partir de 4 de março de 2017, na estação São Bento do Metrô de São Paulo- Linha 1 Azul e na Unibes Cultural, Oscar Freire 2500 e Rampa de acesso à estação Sumaré do Metrô, com as instalações ‘Vão’ e ‘Vazão’, respectivamente.

O projeto foi aprovado e incentivado pelo ProAC-ICMS / Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo, tem apoio da Ação Cultural do Metrô de São Paulo e da Unibes Cultural, produção e captação de recursos realizada pela OitO produções artísticas.

Olhar para a arquitetura

No projeto ’Vão’, seis desenhos de janelas foram escolhidos para relacionar-se com os espaços públicos da Estação São Bento do Metrô de São Paulo. Transformados em luminosos, com tamanho e formato de janelas reais, foram instalados em locais de passagem, como corredores subterrâneos, no alto de escadas, em cantos escuros e inativos, para gerar situações arquitetônicas inusitadas ou mesmo absurdas, capazes de produzir descontinuidades na experiência de trânsito pela estação. Visam acentuar a já exagerada sobreposição de perspectivas que o próprio espaço labiríntico da estação apresenta.

Como uma arqueologia de elementos arquitetônicos da cidade, os desenhos das janelas referem-se a tipologias de diferentes épocas. São, em sua maioria, modelos obsoletos que estão ou já entraram em desuso. A escolha do local deve-se também à sua localização geográfica, pois está em contato com o “triângulo histórico”, local de fundação e desenvolvimento da cidade de São Paulo.

Dando vazão à memória das águas na cidade
No projeto ‘Vazão’, 18 objetos pretos espelhados, em formato de gota, ocupam cerca de 30 metros do muro da Unibes Cultural, localizado na rampa de acesso à estação Sumaré do Metrô de São Paulo. Algo obscuro parece “escorrer” por este muro, uma espécie de “suor” na pele desta arquitetura.

A ação é motivada pela memória das chuvas, das cheias, das inundações e das canalizações de alguns rios, como o Tamanduateí, Tietê, Pinheiros, entre outros. O muro da Unibes Cultural e a Estação Sumaré do Metrô de São Paulo marcam simbolicamente o local onde nasce o córrego Sumaré, que corre debaixo da avenida de mesmo nome. Testemunha-se aí o modo como o urbanismo em São Paulo foi muitas vezes organizado, com o aproveitamento dos fundos de vale para a construção de extensas avenidas, como é ainda o caso da Vinte e Três de Maio, Nove de Julho e Pacaembú, para citar alguns exemplos. Em todas elas oculta-se um rio subterrâneo.

Existe a vontade de promover uma reflexão sobre as relações entre os meios naturais hídricos e a apropriação feita pelos processos de desenvolvimento urbano, muitas vezes capturados por interesses privados, assim como o comprometimento da relação direta e afetiva do habitante com esses mesmos recursos.

“Gosto de operar em lugares da cidade com os quais me relaciono em minha experiência cotidiana. São lugares ou situações que provocam a minha percepção por revelarem algum tipo de tensão. Eventualmente, podem solicitar uma resposta que se traduz em intervenção efetiva, em obra efêmera no espaço público. Imagino que consigam provocar outras pessoas a perceber e estranhar esses mesmos lugares ou situações”, afirma Pera, que tem um grande interesse pelos espaços públicos.

Renato Pera - Artista multimídia. Mestre e bacharel em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo (USP), onde realiza atualmente o seu Doutorado. Interessa-se pelo cruzamento de linguagens e disciplinas.

Foi contemplado com o Prêmio Visualidade Nascente (2016), Prêmio Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais (2012), e Destaque do Júri no VI Encontro de Artes de Atibaia, SP (2007). Participou das residências artísticas Red Bull House of Art, São Paulo, SP (2011), e do Programa de Residencias Artísticas Para Creadores de Iberoamérica y Haití en México (2010).

É propositor inquieto de obras realizadas em espaços públicos, como o Projeto “Vitrinas MASP / Metrô de São Paulo”, concebendo e inaugurando o programa, e então atuando como co-curador e coordenador para a exposição do trabalho de trinta outros artistas (2011 a 2015). Além de intervenções na cidade do Rio de Janeiro ("Vazão", 2015, Galeria A Gentil Carioca), e São Paulo (“Volteador-de-Salão”, 2014, "Cosmogonia", 2012, Ateliê 2e1, e intervenções no Campus Butantã da USP, 2006, 2007 e 2008).

Realizou exposições individuais, das quais destacam-se: “Sangue” (Sesc Santana, São Paulo, SP, 2014), “Reminiscências” (Galeria Tato, São Paulo, SP, 2015), “O Muro”, (Sesc Ipiranga, São Paulo, SP, 2014). Entre as coletivas, “Metáforas Construidas”, (Bogotá, Colômbia, 2016), “Abre Alas”, (Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ, 2015), Red Bull Station (São Paulo, SP, 2014), Bienal de Ural (Rússia, 2012), “La Otra” (Bogotá, Colômbia, 2011), “Aluga-se” (São Paulo, SP, 2010) e “Justapostos” (Paço das Artes, São Paulo, SP, 2009). Seu trabalho integra coleções do Município de Atibaia, SP, e do Museo Diego Rivera – Anahuacalli, Cidade do México. Ministra atividade docente em palestras, cursos e oficinas de arte. Publica obras e textos em diversos meios.

Posted by Patricia Canetti at 3:09 PM