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dezembro 19, 2016
8ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria - mostras em 2017
8º Salão dos Artistas sem Galeria realiza cinco exposições dos artistas selecionados em SP, MG, GO e RJ
A 8ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, promovido pelo impresso e portal Mapa das Artes, realiza, a partir de janeiro de 2017, cinco exposições com trabalhos dos 10 artistas selecionados em galerias de São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro. Em São Paulo, as exposições ocorrem simultaneamente na Galeria Sancovsky (12/01/17 a 04/03/17) e na Zipper Galeria (de 17/01/17 a 04/03/17); em Belo Horizonte (Orlando Lemos Galeria, entre 18/03/17 e 22/04/17); em Goiânia (Potrich Arte Contemporânea; de 06/05/17 a 10/06/17); e no Rio de Janeiro, na Patricia Costa Galeria de Arte, entre 27/06/17 e 29/07/17.
Para esta edição, foram selecionados os artistas Lula Ricardi (SP), Maura Grimaldi (SP), Jefferson Lourenço (MG), Marcelo Barros (SP), Gunga Guerra (Moçambique/RJ), Marcelo Pacheco (SP), Luciana Kater (SP), Cesare Pergola (Itália/SP), Juliano Moraes (GO) e Cristiani Papini (MG), que apresentam pinturas, fotografias, esculturas, vídeos e instalações. Os dez artistas foram escolhidos pelo júri formado por Adriana Duarte (galerista capixaba da paulistana Casa da Xiclet), Paula Alzugaray (jornalista e editora da revista “Select”) e Rodrigo Editore (galerista e sócio da também paulistana galeria Casa Triângulo).
A 8ª edição do Salão recebeu 194 inscrições, o que corresponde a 13% de aumento em relação à edição anterior, quando se inscreveram 172 artistas. As inscrições ficaram abertas entre 29/8/16 e 4/11/16. Os dez selecionados receberão um pró-labore de R$ 600,00 cada para despesas com o envio e retirada de suas obras em São Paulo. O Salão oferece ainda um prêmio no valor de R$ 1.000,00 ao artista que mais se destacar nas exposições em São Paulo, na opinião do júri de seleção.
O Salão dos Artistas Sem Galeria tem como objetivo avaliar, exibir, documentar e divulgar a produção de artistas plásticos que não tenham contratos verbais ou formais (representação) com qualquer galeria de arte na cidade de São Paulo. O Salão tradicionalmente abre o calendário de artes em São Paulo e é uma porta de entrada para os artistas selecionados no mundo das artes.
A 8ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria recebeu 194 de 12 Estados mais o Distrito Federal. São Paulo compareceu com 101 artistas, sendo 75 da capital, 15 do interior, 8 da Grande São Paulo e três do litoral. Rio de Janeiro teve 28 inscritos (21 da capital, cinco do litoral e dois do interior). Em seguida, vieram Minas Gerais (22 inscrições, sendo 16 de Belo Horizonte e seis do interior), Paraná (13, sendo nove de Curitiba), Rio Grande do Sul (11, sendo oito de Porto Alegre), Distrito Federal (cinco), Pernambuco (dois de Recife), Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul (um cada).
Nesta 8ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, o curador Cauê Alves conquistou pela primeira vez o posto de curador preferido pelos postulantes ao Salão, ao ser mencionado por 15 dos artistas inscritos (votação opcional). Agnaldo Farias e Paulo Miyada vieram em seguida, com 13 indicações. Eder Chiodetto foi citado sete vezes. Obtiveram seis menções os curadores Douglas de Freitas, Marcelo Campos, Rafael Fonseca e Mario Gioia. Paulo Herkenhoff, Adriano Pedrosa e Moacir dos Anjos obtiveram cinco menções cada. Outros 98 nomes foram mencionados nas fichas de inscrição. A indicação de até três curadores na ficha de inscrição foi opcional.
A galeria paulistana Zipper repetiu o feito dos três anos anteriores e continuou sendo a preferida dos 194 artistas inscritos nesta 8ª edição do Salão. A Zipper recebeu 55 votos opcionais e espontâneos. A Casa Triângulo recolheu os frutos de sua mudança para os Jardins e obteve 28 menções. Em seguida vieram Millan e Vermelho, com 21 menções cada. Fortes D’Aloia & Gabriel (ex-Fortes Vilaça) e Nara Roesler tiveram 14 menções. A Mendes Wood DM teve 12. Outras 45 galerias foram citadas, cuja indicação era opcional.
HISTÓRICO DO SALÃO DOS ARTISTAS
A 1ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria selecionou os artistas Affonso Abrahão (SP), Amanda Mei (SP), Bartolomeo Gelpi (SP), Bettina Vaz Guimarães (SP), Christina Meirelles (SP), João Maciel (MG), Luiz Martins (SP), Rodrigo Mogiz (MG), Pedro Wirz (brasileiro radicado na Suíça) e Sandra Lopes (SP). O júri de seleção foi composto pelo curador Cauê Alves e pelos galeristas Mônica Filgueiras e Daniel Roesler. As mostras aconteceram na Casa da Xiclet e na Matilha Cultural. Os premiados desta edição foram Amanda Mei, Bartolomeo Gelpi e Bettina Vaz Guimarães.
A 2ª edição do Salão selecionou os artistas Maria Luisa Editore, Anne Cartault d´Olive, Adriano Amaral, Camila Alvite e Tatewaki Nio (São Paulo/SP); Sidney Amaral (Mairiporã/SP); Roma Drumond (Rio de Janeiro/RJ); Osvaldo Carvalho (Niterói/RJ); Luiz Rodolfo Annes (Curitiba/PR); e Tatiana Cavinato (Belo Horizonte/MG). O júri de seleção foi formado por três galeristas de São Paulo: Fábio Cimino (Zipper), Juliana Freire (Emma Thomas) e Wagner Lungov (Central Galeria de Arte Contemporânea). A premiada desta edição foi Camila Alvite.
A 3ª edição do Salão selecionou os artistas Cris Faria (baiano radicado em Zurique, Suíça), Danielle Carcav (RJ), Diego de los Campos (SC), Edney Antunes (GO), Julio Meiron (SP), Maria Isabel Palmeiro (RJ), Pedro di Pietro (SP), Roberta Segura (SP), Rodrigo Sassi (SP) e Victor Lorenzetto Monteiro (ES). Os artistas foram selecionados pelos galeristas Jaqueline Martins, Henrique Miziara (Pilar) e Marcelo Secaf (Logo). O premiado desta edição foi Rodrigo Sassi.
A 4ª edição do Salão selecionou os artistas Fábio Leão (AL/SP), Layla Motta (SP), Paula Scavazzini (SP), Viviane Teixeira (RJ), Elizabeth Dorazio (MG/SP), Roberto Muller (RJ), Betelhem Makonnen (Etiópia/RJ), Fabíola Chiminazzo (PR/SP), Michelly Sugui (ES) e AoLeo (RJ). O júri de seleção foi formado pelo galerista Ricardo Trevisan (Casa Triângulo), pelo curador e professor da FAAP Fernando Oliva e pelo curador do MAM de Goiás Gilmar Camilo (GO). Três artistas empataram e foram premiados: Fábio Leão, Fabíola Chiminazzo e Layla Motta.
A 5ª edição do Salão selecionou os artistas Clara Benfatti (França/SP), Flora Rebollo (SP), Zed Nesti (RJ/SP), Guilherme Callegari (SP), Sheila Ortega (SP), Marcos Akasaki (SP), Heleno Bernardi (MG/RJ), Daniel Duda (PR), Regina Cabral de Mello (EUA/RJ) e Tchelo (SP). O júri de seleção foi formado pelos curadores João Spinelli e Paula Braga e pelo galerista Elísio Yamada (Galeria Pilar) O premiado foi Daniel Duda.
A 6ª edição do Salão selecionou os artistas Andrey Zignnatto (SP), Charly Techio (SC/PR), Cida Junqueira (SP), Evandro Soares (BA/GO), Fernanda Valadares (SP/RS), Lucas Dupin (MG), Marcos Fioravante (PR/RS), Myriam Zini (Marrocos/SP), Piti Tomé (RJ) e Thais Graciotti (ES/SP). O júri foi formado pelos curadores Adriano Casanova, Enock Sacramento e Mário Gioia. O premiado foi Andrey Zignnatto.
A 7ª edição do Salão selecionou os artistas Bruno Bernardi (GO/SP; natural de Goiânia, mas radicado em São Paulo), Daniel Antônio (MG/SP), Daniel Jablonski (RJ), Felipe Seixas (SP), Giulia Bianchi (SP), Marcelo Oliveira (RJ), Mariana Teixeira (SP), Renan Marcondes (SP), Renato Castanhari (SP) e Sergio Pinzón (Colômbia/SP). O júri foi formado pelos curadores Jacopo Crivelli Visconti, Marta Ramos-Yzquierdo e Douglas de Freitas. O premiado foi Daniel Jablonski (RJ).
MAPA DAS ARTES
Criado em 2002 pelo jornalista Celso Fioravante, o Mapa das Artes é o guia impresso de artes visuais mais completo de São Paulo. O encarte dobrável oferece gratuitamente a cada dois meses toda a programação de museus, galerias e espaços dedicado às artes visuais, além de serviços. O site do Mapa das Artes é um portal que cobre todo o Brasil, com programação e serviço de museus de todos os Estados. O site dispõe de seções diversas, como a dedicada aos salões de arte, com datas e editais; a seção Curtas, com matérias e serviço sobre acontecimentos, eventos e assuntos de interesse do público de artes visuais; além das colunas Supernova, com notas quentes; e Notícias, que clipa matérias de artes plásticas dos principais veículos do mundo. Sua cobertura abrangente faz o Mapa das Artes ser peça fundamental para o desenvolvimento do circuito de arte brasileiro.
dezembro 16, 2016
Edith Derdyk na Mezanino, São Paulo
Edith Derdyk toma a Galeria Mezanino com a instalação ‘Dos Caminhos que se Bifurcam’
Realização do site-specifc conta com ajuda de duas performers
A artista plástica Edith Derdyk apresenta a instalação Dos Caminhos que se Bifurcam no dia 26 de novembro de 2016 (sábado), a partir das 11h, na Galeria Mezanino, em Pinheiros, em São Paulo. Com texto crítico do poeta/artista Arturo Gamero, a mostra - que conta com a colaboração das performers Luanna Jimenes e Melina Furquim, fica em cartaz até 20 de dezembro de 2016. Paralelamente, acontece uma coletiva de pequenos formatos do acervo.
Composta por cerca de 60 mil metros de linhas brancas de algodão, 4 mil pregos enferrujados e alfinetes dourados e pedaços de carvão, a montagem da instalação começa semanas antes, como uma ação coreográfica/performática (entre as três artistas) e estará aberto ao público, fazendo parte integrante da mostra, que encerra as atividades do ano na Galeria Mezanino. A artista teve recentemente uma obra incorporada ao acervo do Museu de Arte do Rio - MAR, durante a feira ArtRio 2016.
Temporalidade distinta
As linhas brancas se entrecruzam pela superfície da parede entre os pregos enferrujados – os alfinetes permanecem vazios. As linhas serão estendidas pelo espaço, algumas tesas e outras curvas, de parede a parede, aproveitando o pé direito alto do espaço expositivo da Galeria. A trama de linhas brancas suspensas no ar geram uma espécie de névoa quase inexistente num primeiro olhar, porém a trama construída do entrecruzamento intenso dos elementos usados geram distintas sensações de temporalidade distintas: entre algo mais etéreo e algo mais condensado, entre o invisível e o matérico, entre uma teia tecida ao acaso e a lógica invisível das forças, vetores, ritmos e tensões que as linhas delineiam no espaço.
Inspiração
A imagem que motiva a instalação parte do conto do escritor argentino Jorge Luis Borges (‘O jardim das veredas que se bifurcam’) e também a mitologia grega das Moiras - as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos.
Edith Derdyk nasceu em 1955, em São Paulo (SP), onde vive e trabalha atualmente. Tem realizado exposições coletivas e individuais desde 1981 no Brasil (Museu de Arte Moderna- SP e RJ; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil-RJ; Museu de Arte de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Instituto Tomie Ohtake, entre outras) e no exterior (México, EUA, Alemanha, Dinamarca, Colômbia, Espanha, França). Tem obras em coleções públicas como MAC-USP. Fundação Padre Anchieta. TV Cultura. São Paulo; Câmara Municipal de Piracicaba; Museu de Arte de Brasília/MAB; Museu de Arte Moderna de São Paulo/MAM; Secretaria Municipal da Cultura – Santos; Museu de Arte de Santa Catarina/MASC; Museu de Arte Moderna da Bahia; Casa das Onze Janelas - Belém/Pará; Pinacoteca Municipal – Centro Cultural São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo;Casa de Cultura Judaica_Biblioteca José Mindlin
Autora de inúmeros livros como ‘Entre ser um e ser mil – o objeto livro e suas poéticas’ (organizadora)_Senac; ‘Disegno.Desenho.Desígnio(antologia)_Senac; Linhas de Horizonte’_Ed.Escuta; ‘Linha de Costura_C/Arte’; ‘Formas de pensar o desenho’_Ed.Zouk e ‘O desenho da figura humana’ Ed.Scipione. entre outros. Também atua como educadora (Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural o_barco, Intermeios) e autora /ilustradora de vários livros infantis e letrista de algumas canções do Palavra Cantada (Pomar, Ora Bolas, Rato, O que é o que é, Trilhares e outras).
dezembro 15, 2016
João Carlos de Figueiredo Ferraz é o novo presidente da Fundação Bienal
João Carlos de Figueiredo Ferraz é o novo presidente da Fundação Bienal
Nota originalmente publicada no site da Fundação Bienal de São Paulo em 14 de dezembro de 2016.
Conselheiro da Bienal desde 2014, empresário integra o conselho de importantes instituições de arte como o MASP, LACF MOMA, MAM-SP, Pinacoteca e MUBE
O empresário João Carlos de Figueiredo Ferraz é o novo presidente da Fundação Bienal de São Paulo, eleito por decisão unânime do Conselho da Fundação em reunião realizada na última terça-feira, 13 de Dezembro. Seu mandato, que se inicia em 1º de janeiro de 2017, tem duração de dois anos, renováveis por mais dois.
Economista, Figueiredo Ferraz é o fundador e presidente do Instituto Figueiredo Ferraz. Integra o conselho de importantes instituições de arte como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Museum of Modern Art’s Latin American and Caribbean Fund (LACF MOMA), o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu Brasileiro de Escultura (MUBE). É membro do Conselho da Fundação Bienal desde junho de 2014.
Além do novo presidente, o Conselho elegeu a nova Diretoria-Executiva da Bienal composta pelo gestor Eduardo Saron, pela administradora Flávia Buarque de Almeida, pelo publicitário João Livi, pelo empresário Justo Werlang, pela economista Lidia Goldenstein, pela advogada Renata Mei Hsu Guimarães, pelo engenheiro Ricardo Brito Santos Pereira e pelo economista Rodrigo Bresser Pereira.
De acordo com o novo presidente, seu objetivo será dar continuidade aos processos de renovação institucional empreendidos pela gestão de Luis Terepins nos últimos quatro anos, investindo sistematicamente na melhoria dos instrumentos de planejamento e gestão, na autonomia financeira e na modernização do Arquivo Histórico Wanda Svevo “A Bienal é hoje um espaço ímpar para a pesquisa, o debate e a produção de conteúdos relacionados às artes visuais.”
Próximas atividades
Encerrada no último domingo (11/12), a 32ª edição da Bienal recebeu mais de 900 mil pessoas em seus três meses de duração, maior visitação da última década. Em 2017, por meio do Programa de Itinerâncias, recortes da mostra passarão por pelo menos 12 cidades brasileiras graças a parcerias firmadas com organismos e instituições culturais em cada cidade. Itinerâncias internacionais já estão confirmadas na Colômbia e em Portugal. No próximo ano a Fundação Bienal organiza também a participação oficial brasileira na 57ª Bienal Internacional de Arte de Veneza, em parceria com o Ministério da Cultura e o Ministério das Relações Exteriores.
dezembro 14, 2016
Silvio Nunes Pinto na FVCB, Viamão
No ano em que Viamão completa 275 anos, a FVCB homenageia a produção de Silvio Nunes Pinto, artista viamonense com originalíssima criação, falecido há 11 anos e desconhecido do grande público.
No dia 27 de agosto de 2016, a Fundação Vera Chaves Barcellos apresenta Silvio Nunes Pinto: Ofício e Engenho – exposição que destaca a força inventiva de um artista de vigorosa produção situada entre a artesania, o design e a arte popular.
Morto em 2005, Silvio Nunes Pinto não possuía formação artística tradicional, o que denota de modo expressivo o engenho e a originalidade do rico ediverso conjunto de trabalhos presente na mostra organizada por Vera Chaves Barcellos e Marcela Tokiwa.
A mostra reúne desde pequenas peças como abotoaduras e pingentes de madeira até peças de mobiliário como mesas, estantes e armários; além de cadeiras esculpidas e esculturas de animais, pássaros e mamíferos, figuras humanas além de uma série completa de veículos militares e figuras do mundo rural. Grande parte das obras demonstra um agudo senso de observação e algumas são portadoras de fino humor; outras são tanto representativas como utilitárias, a exemplo de uma série de luminárias, na qual traduz seu interesse pelo futebol e pela iconografia animal. A exposição reproduz ainda, na Sala dos Pomares, o espaço de trabalho do artista: uma diminuta casa de cerca de 10 m², onde o artista produzia seus trabalhos. No espaço, haverá a projeção de um vídeo.
Silvio Nunes Pinto: Ofício e Engenho abrange tanto o espectro criativo das obras como o engenho na elaboração destas e dos materiais de trabalho, constituindo, assim, uma introdução ao universo do artista, não só atrativa ao público de sua cidade natal, Viamão, como a todos os públicos de qualquer geografia.
Visita mediada
No dia 17 de dezembro de 2016, sábado, das 15h às 16h30, a FVCB promove visita mediada à exposição Silvio Nunes Pinto: Ofício e Engenho.
Para a ocasião, será disponibilizado transporte gratuito POA – Viamão – POA, com saída às 14 horas, em frente ao Theatro São Pedro (Praça da Matriz – Centro de Porto Alegre). As inscrições podem ser feitas por e-mail: info@fvcb.com ou pelos telefones: 51-3228-1445 e 51-8102-1059.
Atividades Paralelas à exposição Silvio Nunes Pinto: Ofício e Engenho
Integram a programação da 12ª edição do Curso de Formação Continuada em Artes: visitas mediadas à mostra, encontro com a historiadora da arte Profª Drª Paula Ramos e encontro e oficina de xilogravura com o artista viamonense Wilson Cavalcanti, o Cava, na Feira Literária de Viamão; além da orientação metodológica para elaboração de projetos.
A programação completa do Curso de Formação Continuada em Artes encontra-se disponível no site da FVCB.
Silvio Nunes Pinto por Vera Chaves Barcellos
Silvio Nunes Pinto nasceu em 1940, no município de Viamão, Rio Grande do Sul, pertencendo a uma família afrodescendente e numerosa, formada pelo casal e oito filhos, sendo ele um dos mais velhos. Embora tenha inicialmente frequentado a escola durante um breve período, não se adaptou, e, mais tarde, não teve maiores oportunidades de uma educação formal, como alguns de seus outros irmãos. O pai, falecido em meados dos anos 50, foi trabalhador rural. A viúva, mulher de grande coragem e determinação, apesar de não letrada, criou seus filhos com dificuldade, sustentando-os com seus trabalhos domésticos, como cozinheira, lavadeira e passadeira. Silvio, tal como o pai, trabalhou no campo, junto a seu irmão Paulo, até meados dos anos 1970. Durante os anos de sua juventude, ambos foram jogadores de futebol amador em dois clubes da cidade.
Não temos muito claro o que impulsionou Silvio, a partir dos anos 60, a começar a fazer peças de artesania em madeira, atividade que mantém até sua morte. Trabalhou durante vários de seus últimos anos, a partir do inicio dos anos 1990, em uma pequena casa, de cerca de 10m 2 , junto à moradia de sua família (mãe, irmãs e irmãos), onde continuou sua produção, iniciada décadas antes.
Após sua morte, em 2005, prevendo-se que sua produção seria dispersa em doações a pessoas que não lhe dariam o devido valor, foi proposta à família a aquisição de todas as peças ainda mantidas no local. Foi nesse momento, quando entramos pela primeira vez em seu espaço de trabalho, abarrotado de esculturas e objetos os mais diversos, peças de mobiliário, equipamentos e instrumentos utilizados em seu oficio de artesão, que ficamos cientes do volume, da diversidade e da riqueza de imaginário de que sua obra era portadora.
Greve Geral no MAM, São Paulo
MAM apresenta Greve Geral que confronta a ideia de valorização do trabalho
Fruto do curso Laboratório de Curadoria e Criação do museu, exposição é montada por alunos que selecionaram obras que exibem circunstâncias de suspensão e paralisia do trabalho
A partir de 6 de setembro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a exposição Greve Geral, elaborada por alunos do curso Laboratório de Curadoria e Criação, sob supervisão da curadora Veronica Stigger. A mostra conta com 23 obras do acervo do MAM e é apresentada na biblioteca, no corredor de acesso dos profissionais da instituição e no saguão do museu.Intitulado de A idade do ócio, o curso foi realizado no próprio museu, tanto no segundo semestre de 2015 quanto nos primeiros meses deste ano.Os 16 participantes desenvolveram a linha curatorial, idealizaram a comunicação visual e escolheram produções de diferentes suportes que demostram situações de interrupção imprevistas do trabalho.
Segundo Veronica Stigger, vivemos em uma sociedade que transforma o trabalho no valor mais alto para preservar melhor as relações sociais e, principalmente, a produção. “Daí que toda forma de suspensão imprevista das atividades como a preguiça, o ócio e, sobretudo, a greve sejam sempre vistas como modos de resistência política”, explica a curadora. “Não por acaso, a mostra começa em um dos interstícios de espaços de trabalho do museu, o corredor de acesso, para se desenvolver na biblioteca”.
A exposição conta com obras que sugerem uma fuga da labuta e convidam ao repouso e à preguiça como as fotografias de Otto Stupakoff e Juan Esteves, o desenho de Eduardo Iglésias e a xilogravura de Eduardo Cruz. Outras produções demostram a inoperância da máquina capitalista como a serigrafia Desestrutura para executivos I, de Regina Silveira,além da imagem de uma engrenagem na pintura de Sergio Niculitcheff e o desenho de pregos de Cláudio Tozzi. Há, ainda, a peça de acrílico A câmara clara, de Nelson Leirner, que recusa a própria condição de obra. A contradição fica por conta da suposta artificialidade de uma família saindo de férias na fotografia Aero Willys, de German Lorca.
Outro ponto alto da mostra é que haverá um rodízio das obras selecionadas no meio do período de exposição, quando as produções feitas em papel serão trocadas por outras com o objetivo de exibir ainda mais obras do acervo do museu. Para complementar, o espaço expositivo da biblioteca propicia a exibição de livros e catálogos abertos em páginas que também exploram o tema da exposição.
Daisy Xavier no Paço Imperial, Rio de Janeiro
O Paço Imperial apresenta a exposição Pequenas Gravidades, individual da artista carioca Daisy Xavier com curadoria de Franklin Espath Pedroso.
Esta mostra traz mais de 70 obras entre esculturas, desenhos, pinturas e fotografias. Essa seleção de obras expõe parte da trajetória da artista. Não é uma retrospectiva, mas sim uma criteriosa escolha para representar seu percurso artístico dos últimos quinze anos.
Sua produção mais recente está presente com a série intitulada "Pequenas Gravidades" - série que dá nome à mostra. Nesse momento retoma de forma contundente o uso das redes em suas obras. Agora as redes tecidas com fios metálicos envolvem e expandem o espaço bidimensional das telas. A sobreposição das malhas e o eventual registro dessas sombras desenha um universo que se move para além do plano.
Além desta série, Daisy Xavier exibe várias obras destacadas de importantes mostras anteriores, tais como o "Último Azul" apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2011; as fotografias de corpos submersos de "Anfíbios", a série "Arqueologia da Perda", a série "Natureza em Expansão", entre outras.
Na série "Arqueologia da perda" a artista desconstrói uma série de moveis antigos da casa onde passou a infância, criando novos e inusitados desenhos, uma “quase ficção”, como ela mesma define.
Nestas obras podemos verificar a relação da artista com a psicanálise pois afirma que o processo utilizado foi semelhante ao de uma análise, onde cada parte foi desmembrada para se reconstruir e se redesenhar.
Diversas questões são colocadas em cena como limites, memória, equilíbrio, desamparo, tensão e a diluição das formas. O publico terá a oportunidade de ver seu caminho percorrido e compreender estas questões. Poderá também verificar como a rede e a água são elementos sempre presentes na obra da artista. Ela se serve desses dois elementos para por em questão a rigidez dos limites. Através da permeabilidade e fluidez das redes e da água busca dar ao corpo o senso móvel do inconsciente.
Algumas destas obras já foram reproduzidas em seu livro intitulado "Último Azul", publicado pela Editora Barléus, por ocasião de sua exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 2011.
A exposição traz ainda outra série ainda inédita: "Natureza em expansão". Aqui a artista se utilize tanto das redes como materiais da natureza fazendo com que formas sejam repetidas, se proliferem e se expandam rompendo limites entre o que é natureza e o que é artificial.
Daisy Xavier tem um extenso percurso artístico. Apresentou sua primeira individual no Centro Cultural Brasil-Colômbia em Bogotá, em 1992. De lá para cá participou de inúmeras exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior. Está representada em importantes coleções de museus, bem como coleções particulares.
Antonia Dias Leite no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Antonia Dias Leite iniciou sua relação com a imagem fotográfica durante a adolescência, explorando seus limites e possibilidades através de uma pesquisa que oscila entre a representação e a abstração. O resultado de um projeto realizado ao longo dos últimos dois anos será apresentado na exposição Eterno Retorno, com abertura em 17 de dezembro, no Paço Imperial. A mostra, com design de exposição de Ana Luisa Dias Leite, ocupará o Terreirinho, espaço de 90 metros quadrados inaugurado recentemente pela diretora Claudia Saldanha.
A artista de 36 anos apresentará 10 fotografias e uma videoinstalação, interligadas, que exploram o movimento infinito da impermanência. “Esta série é uma pesquisa visual que fala sobre a relação entre o etéreo e o material. A construção narrativa do trabalho é inspirada em mecanismos de sonhos, onde imagens se conectam de forma fluida através da livre associação ”, explica.
Na primeira sala da exposição, a série fotográfica funciona como uma transição que conduz o espectador para um ambiente escuro, fechado por uma cortina de veludo, criando uma espécie de caverna, onde a videoinstalação o transporta para uma instigante viagem sensorial. “É neste conceito alquímico de transmutação permanente e circular, que Antonia Dias Leite faz emergir a potência questionadora e visceral de sua jornada visual em direção as profundas camadas do subconsciente humano, onde o real e o surreal se tocam, num constante processo de criação, destruição e renovação”, comenta o jornalista Fabiano Post no texto de apresentação sobre a mostra.
Antonia Dias Leite nasceu no Rio de Janeiro, mas foi durante os 10 anos em que viveu em Nova York que decidiu seguir a carreira de artista. Em 2009 finalizou o mestrado em fotografia e vídeo pela School of Visual Arts, tendo Vik Muniz como seu orientador de tese. De lá para cá, expôs em instituições internacionais como Bienal de Pequim, Stephan Stoyanov Gallery (NY), CCBB (Rio), Festival Arte in Sarpi (Milão), Festival Videoformes (Clermont-Ferrand, Grimmuseum (Berlim), e Galeria Leme (SP). Em 2012 foi indicada ao Prêmio Pipa e em 2014 fez residência de três meses na Residency Unlimited (NY). A artista já teve sua obra publicada na Vogue Itália e recebeu resenha do jornal The New York Times, onde a crítica Roberta Smith chamou seu trabalho de “hipnotizante”.
dezembro 11, 2016
Marina Saleme no Paço Imperial, Rio de Janeiro
O Paço Imperial recebe a partir de 17 de dezembro de 2016 a exposição individual de Marina Saleme, com curadoria de Felipe Scovino e produção da Tisara Arte Produções Ltda.
A mostra, de caráter retrospectivo, apresenta obras da coleção da artista e de acervos privados, incluindo trabalhos recentes e inéditos, que possibilitam ao espectador assistir, refletir e produzir novos olhares sobre a obra dessa importante artista. Encontram-se ma exposição obras de distintas fases e períodos que exploram as diversas pesquisas da Marina Saleme. A exposição também propõe ao público carioca uma discussão sobre pintura contemporânea no Brasil, através de uma palestra e da publicação de um catálogo com texto do Felipe Scovino.
São cerca de 25 obras que compõem um diálogo generoso e imprescindível sobre a produção pictórica da artista, que mesmo trabalhando com o suporte fotográfico, faz uso de um diálogo com a pintura. Marina desenvolve sua pesquisa desde os anos 80 e é uma das principais artistas brasileiras da sua geração, com obras em importantes acervos públicos do Brasil.
Uma exposição inédita de uma artista importante na discussão sobre pintura contemporânea no Brasil e que há muito não expõe individualmente em uma instituição pública sediada no Rio de Janeiro. A falta de acervos públicos mais consistentes e qualificados no país não permite que o público possa assistir in loco a obra dos seus mais representativos artistas. Esta exposição com um número significativo de obras vem minimamente preencher essa lacuna.
A exposição contará também com a realização de uma visita guiada do curador sobre a obra da artista. A ideia é que o curador explicite a linha curatorial da exposição e o público tenha a oportunidade de questionar e refletir sobre arte brasileira, em geral, e a obra de Marina, em especial. A exposição e o debate permitirão a difusão da pesquisa e o estudo que a produção das artes plásticas trava com outras linguagens visuais, investigando a amplitude que o fenômeno das artes vem criando com outras áreas.
Sobre a artista: Existem dois procedimentos na sua obra, que são evidentes e que não necessariamente estão separados ou individualizados. Estes procedimentos se confundem, invadem um ao outro, criando um processo investigativo dos mais instigantes. O primeiro deles é o fato de sua obra revelar ocultando, isto é, o acúmulo de camadas e as diferentes técnicas que são empregadas no trabalho criam uma volumetria que supostamente nos afasta da primeira camada. Contudo, a artista elabora um sistema que não nos faz esquecer dessa imagem inicial e nos leva para um território de novas descobertas, achados e premissas sobre a imagem- o que valoriza seu potencial pictórico.
Fotografia e pintura mesclam-se em um mesmo repertório: o de criar situações que subvertem a ordem do plano e daquilo que está diante de nós. Passamos a duvidar sobre o que sempre se constituiu como verdade.
A obra de Marina é fundamental para se entender os distintos modos de se fazer pintura no Brasil e como a discussão colocada por ela atravessa fronteiras geográficas e políticas. Lançando um olhar sobre o atravessamento de narrativas e técnicas da artista e ao sentido de investigação que norteia a sua produção, tomamos contato com métodos que ampliam a capacidade de entendermos o conceito de artes visuais: a economia de gestos e matéria e a conquista do espaço, assim como a representação do corpo diante de um mundo cada vez mais cruel que se constitui através de uma temporalidade cada vez mais exígua.
Questões que versam sobre a dúvida em relação a figura e a sua real posição no mundo, a vulnerabilidade da existência, presença e principalmente ausência de todas as coisas frente ao tempo e espaço são uma constante no trabalho de Marina Saleme (São Paulo, 1958). Marina se formou em Artes Plásticas na Faap em 1982 e deu aula de pintura e seus processos criativos durante 10 anos no Instituto Tomie Ohtake. A artista trabalha desde então predominantemente com pintura, desenho e fotografia.
Destacam-se as exposições individuais e coletivas nos seguintes museus e instituições: Paço Imperial (Rio de Janeiro); Paço das Artes (São Paulo); Centro Universitário Maria Antônia (São Paulo); MAM-SP (São Paulo); Palácio das Artes (Belo Horizonte); Musée d’art contemporain de Baie-Saint-Paul (Québec); Embaixada do Brasil na França (Paris), Galeria Luisa Strina (São Paulo), Galeria DotArt (Belo Horizonte); Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); entre outras.
Suas obras estão em coleções públicas e particulares de destaque, como o MAM-RJ (Rio de Janeiro); Coleção Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); Instituto Cultural Itaú (São Paulo); MAM-SP (São Paulo); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Fundação Padre Anchieta / Metrópolis, São Paulo.
André Parente lança a moeda de "1 Irreal" no Rio de Janeiro e em São Paulo
O Artista André Parente faz o lançamento acompanhado de debate no Espaço Sacadura, no Rio, e na Galeria Jaqueline Martins, em São Paulo
Em uma ação mínima o artista André Parente ativa a complexidade das relações entre arte e política no Brasil por meio da criação da moeda "1 Irreal" com dois personagens (Cunha/Temer, os dois lados da moeda) que, juntos, cunharam a legenda: Temeritatem. Entre as flutuações do mercado e as artimanhas dos piratas brasilis aqui foi criada uma moeda que não é deste mundo.
Rio de Janeiro - 15 dezembro, quinta-feira, 19h30
Conversa com Fernando Cocchiarale e Pedro Victor Brandão
Espaço Saracura - Rua Sacadura Cabral 219, Saúde
São Paulo - 16 dezembro, sexta-feira, 19h
Conversa com Bernardo Faria e Lucas Bambozzi
Galeria Jaqueline Martins - Rua Dr. Cesário Mota Júnior 443, Vila Buarque
Leia o texto de Os cinco lados da moeda, de Katia Maciel.
dezembro 10, 2016
Bruno Vilela na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir de 14 de dezembro próximo, para convidados, e do dia seguinte para o público, a exposição O livro de São Sebastião, com trabalhos inéditos e feitos especialmente para o espaço da galeria pelo artista pernambucano Bruno Vilela (1977), que desde 2001 é atuante na cena nacional e internacional. Serão apresentadas 15 pinturas, das quais sete óleos sobre tela e oito trabalhos sobre papel, onde o artista utiliza diversas técnicas, desde a sobreposição da tinta óleo ao pastel seco e carvão, ao uso da folha de prata. As obras dão sequência à pesquisa do artista sobre arquétipos e mitologias, em que desta vez se aprofunda no universo judaico-cristão e no hermetismo. “Pintar é uma maneira de reproduzir as imagens do inconsciente em uma tela. Na impossibilidade de se fotografar sonhos e pesadelos, é possível entrar em estado de sonho através da pintura”, conta Bruno Vilela, que aborda o universo onírico, e investiga memórias ancestrais e pessoais. “Esta exposição é como um livro. Seus textos foram perdidos. Mas suas ilustrações sobreviveram”, diz ele.
Artista que passa até onze horas no ateliê, Bruno Vilela foi tema de um episódio da série “Se Cria Assim”, do cineasta Cláudio Assis, dirigido por Beto Brant. Com 26 minutos de duração. O filme exibido este ano no canal Arte 1 será projetado no contêiner localizado no terraço da galeria. Além de dois livros de artista – “Animattack” (2014) e “Vôo Cego” (2010) – Bruno Vilela estreou ano passado na ficção, com o romance “A sala verde” (2015), escrito após 70 dias em uma residência artística no Palácio do Marquês de Pombal, em Lisboa, a convite da instituição Carpe Diem Arte e Pesquisa. A publicação de 166 páginas, que inclui pinturas e montagens feitas pelo artista, estará à venda na galeria, durante o período de exposição, por R$ 35.
A cada série de trabalho Bruno Vilela usa um caderno onde anota ideias, o que lê, filmes que assiste, com o registro daquele período e produção. Ele colocará à disposição do público para leitura e manuseio o caderno que acompanha este trabalho “O livro de São Sebastião”.
LISTA DE OBRAS
A exposição segue uma narrativa, ainda que misteriosa, em muitas medidas. O artista estudou o espaço da galeria, para dispor seus trabalhos de acordo com esta narrativa, dividida em cinco capítulos, que não estarão óbvios para o público. As obras ocupam o grande piso térreo, a escada, e o segundo andar. No diagrama feito próprio artista, ele comenta cada trabalho, e a seguir segue um resumo desses comentários sobre as obras:
(Cap. 1)
O Divã (2016, óleo e carvão s/ papel, 115cm x 150cm) – Uma visão da sala de Freud e seu divã. Para mim os sonhos e pesadelos são uma espécie de teatro, ou cinema fantásticos. Hiperfantásticos. O realismo mágico na pele. Com a prática é possível ter cada vez mais consciência durante os sonhos e aumentar o poder de memória de suas “cenas”.
Fio de prata (2016, óleo s/ tela, 90cm x 200cm) – Já houve o descolamento do corpo com o espírito. A alma entra na escuridão e fundo se avista a floresta do subconsciente. Um salto no vazio. A lua aparece no lugar da cabeça. É a luz para iluminar a escuridão da noite.
Moisés (2016, óleo e pastel seco sobre papel, 60cm x 80cm) – Uma luz sai de uma fenda na montanha. É o Monte Sinai. Referência ao momento em que Moisés vê a Sarça ardente e conversa com Deus. Tem alguma coisa lá longe na paisagem. O que tem dentro daquela fenda? Daquela caverna?
A Virgem dos Rochedos (2016, óleo sobre tela, 189,5cm x 120cm) – Lembrança da pintura de Da Vinci vista na National Gallery, em Londres. Não se vê os seres encantados, só suas auréolas.
(Cap. 2)
Maria (2016, óleo e carvão sobre papel, 65cm x 80cm) – Maria. Os ossos sagrados que nunca desaparecem. O útero é a caverna escura e a auréola o símbolo da santidade que brilha na sombra.
Fabíola (2016, óleo s/tela, 180cm x 140cm) – O amor de São Sebastião está na exposição frente a frente com o urso, na mesma altura dos olhos encarando o animal. Ela não tem os dois dedos, indicador e médio, fundamentais para um arqueiro. Os franceses arrancavam os dois dedos dos arqueiros ingleses. Por isso, levantar esses dois dedos na Inglaterra, é uma ofensa. Já os ingleses arrancavam o dedo médio dos arqueiros franceses. Daí surgiu o gesto de levantar o dedo!
São Sebastião (2016, óleo s/tela, 140cm x 190cm) – O urso. A resiliência. Foi flechado e não morreu. Foi um dos personagens centrais do romance "Fabíola" ("A Igreja das Catacumbas"), escrito em 1854 pelo Cardeal Nicholas Wiseman. Na minha desconstrução do mito o urso acha que foi flechado, mas não foi. Ele criou seu próprio sofrimento. A explicação está na arqueira, Fabíola, que não tem os dedos indicador e médio.
O Anjo (2016, carvão sobre papel, 92cm x 114cm) – Existem muitas referências a discos voadores na Bíblia. E uma vasta pesquisa em diversos livros como no clássico: “Eram os Deuses Astronautas?”, de Erich von Däniken.
(Cap. 03)
Paradise Lost (2016, óleo e pastel seco sobre papel, 80cm x 110cm) – “Paraíso Perdido”, escrito por John Milton, originalmente publicado em 1667 em dez cantos. O poema descreve a história cristã da "queda do homem", através da tentação de Adão e Eva por Lúcifer e a sua expulsão do Jardim do Éden. Uso a imagem das placas Pioneer, que foram colocadas a bordo das naves espaciais Pioneer 10 (1972) e Pioneer 11 (1973), com uma mensagem pictórica que possa ser interceptada por vida extraterrestre ou até mesmo humanos do futuro. As placas mostram as figuras nuas de um homem e uma mulher. Na minha mitologia pessoal fazem o papel de Adão e Eva. Atrás vemos a árvore da Ciência do Bem e do Mal (“Gênesis” 3:22).
Red Right Hand (2016, óleo sobre tela, 150cm x 120cm) – A mulher com a espada é a versão feminina do Arcanjo Gabriel. "Red Right Hand" é uma música de Nick Cave baseada num texto de John Milton, “Paradise Lost” (1667). A mão vingativa de Deus. O Arcanjo em forma de mulher. A unha da mão vermelha é branca, e a unha da mão branca é vermelha. Yin & Yang circulando no corpo. A bengala é de preto velho. Para Milton, antes de serem expulsos, Adão e Eva receberam uma revelação do Arcanjo Gabriel sobre o horror que o homem cometeria ao longo da história da humanidade.
O Pontífice (2016, óleo e folha de prata sobre tela, 90cm x 130cm) – A Ponte do Diabo ou Ponte Mizarela, localizada na fronteira de Portugal com a Espanha, na Serra do Gerês. Segundo o mito um fugitivo da justiça se vê aos pés de um penhasco, onde abaixo passava um rio cheio de pedras. Apelou para o Diabo que construiu a ponte, em troca lhe ofereceu a alma. Depois de escapar, a ponte é derrubada pelo demônio e seus perseguidores não podem lhe pegar mais. Depois do ocorrido, aflito pelo que fez, o ladrão pede a ajuda de um padre. Esse o faz invocar novamente o criador da ponte. E lhe pede que a construa novamente. Ele faz sua vontade e levanta a ponte. Então surge o padre lhe joga água benta, fazendo o anjo do mal desaparecer. A ponte foi construída pelo Diabo, mas mantida pelo emissário de Deus. O padre, O Pontífice. Que como Mercúrio, Hermes, Exu e Pã, faz a ligação entre o mundo dos mortais e o Divino. A ponte simboliza essa passagem. A aureola é feita de folha de prata, forma o símbolo do infinito, ou a fita de Möebius, junto com o vão da ponte.
O Dilúvio (2016, óleo sobre tela, 110cm x 140cm) – O Fechamento. A balsa de salvamento é arremessada ao mar e o barco naufraga. No fundo vem vindo a tempestade, que já molha a tela, a visão do observador, com o escorrido da tinta. Representa O Homem, Adão e Eva, a humanidade. Expulsos do paraíso perdido.
(Cap. 04)
A escada de Jacó (2016, carvão s/ papel, 80cm x 60cm) – Esta obra fica na escada da galeria e faz a ponte entre o térreo e o segundo andar. O espectador vê e sente a passagem na própria escada que está prestes a subir para encontrar as duas últimas obras.
(Cap. 05)
A Terra (2016, carvão mineral e folha de ouro s/papel, 140cm x 115cm) – Do pó ao pó. A lembrança do mundo clássico grego no jarro de cerâmica. A terra presente no jarro é eterna, como os ossos, nunca desaparece. De dentro sai flutuando, com o mesmo diâmetro da boca do jarro, a serpente. Ouroborus. Aquela que se arrasta pela terra.
O Céu (2016, carvão mineral e folha de ouro s/papel, 140cm x 115cm) – No livro sagrado do hermetismo, o “Caibalion”, o primeiro e mais importante dos sete preceitos herméticos é:” O todo é mente. O Universo é mental”. A Deusa tem o rosto solar. O Sol é representado pelo ouro em diversas civilizações. A pedra filosofal dos hermetistas, que se disfarçavam de alquimistas (químicos de suas épocas), transformava metais pesados em ouro. Mas isso era uma metáfora pra transformar sentimentos e mentes primitivas e vulgares em luz através do conhecimento. O ouro, o sol, a luz, são o conhecimento divino. Na arte hermética e alquímica o sol é representado pela figura humana de um homem ao lado de uma mulher com a lua no rosto. Aqui eu subverto essa imagem clássica do misticismo e fecho essa história, não linear, fruto de um sonho, simbólica e espiritual, com as últimas palavras de William Turner no leito de morte: “Deus é o Sol”.
Bruno Vilela nasceu em Recife, 1977, onde vive e trabalha. O artista participa de mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior deste 2001. Seu trabalho integra coleções como a do Centro Cultural São Paulo, Banco Mundial, em Washington, Centro Dragão do Mar, e Centro Cultural do Banco do Nordeste, em Fortaleza, Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães (MAMAM), Fundação Joaquim Nabuco e Museu do Estado de Pernambuco, em Recife. Das exposições individuais realizadas, destacam-se “A Sala Verde”, Palácio Pombal, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa/Portugal, “ELA”, Dragão do Mar, Fortaleza, em 2015; “Dia de festa é véspera de dia de luto”, Paço das Artes, São Paulo, em 2013; “O Céu do Céu”, Museu do Estado de Pernambuco, Recife, em 2009; “Bibbdi Bobbdi Boo”, Galeria Massangana, FUNDAJ, Recife, em 2008; “Réquiem sobre papel”, Museu Murilo La Greca, Recife, em 2006. Dentre as coletivas selecionadas, estão “Orixás” Casa França Brasil, Rio de Janeiro, 2016; “Art from Pernambuco”, Embaixada do Brasil, Londres, 2015; “New Brasil Bolivia Now”, Memorial da América Latina, São Paulo, 2013; “Metrô de superfície”, Paço das artes, São Paulo, 2012; “World Bank Art Program”, Washington, e “Jogos de guerra”, Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2011; “Investigações Pictóricas”, MAC Niterói, 2009, 58º Salão de Arte Contemporânea do Paraná, MAC, Curitiba, e Prêmio Internacional de Pintura de Macau, IMM, Macau, China, 2001.
dezembro 8, 2016
Hallstatt no Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo
Hallstatt toma a noção de dualidade como ponto de partida para uma reflexão sobre o significado da repetição de signos, imagens e formas no contexto contemporâneo. A ideia de dualidade estrutura o pensamento ocidental desde o mito fundador da criação, estabelecendo-se como tema recorrente na literatura e na psicanálise a partir do século XIX. A exposição reúne a obra de treze artistas que, em suas práticas, lidam com o duplo por meio de diferentes estratégias, seja em seu entendimento mais fundamental – através de simetrias formais – ou filosóficos e existenciais: o duplo como um estado alterado de percepção, cópia, reciclagem ou índice de realidades paralelas. Ao propor mais questões do que respostas definitivas, a mostra visa ampliar a discussão em torno do tema, tão urgente em um momento em que verdades absolutas são cada vez mais propagadas – e o lugar da verdade, cada vez mais difícil de se identificar.
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Alexandre da Cunha (Belo Horizonte, 1969. Vive em Londres), é mais conhecido por esculturas que revisitam e ressignificam objetos cotidianos. Suas telas – que o artista enxerga antes como esculturas de parede do que como pinturas – seguem a mesma lógica ao incorporar materiais como esfregões, chapéus, conchas e escovas. A série Amazons (2014 – em andamento) tem como matéria prima toalhas de praia com estampas extravagantes. Cada uma das obras de Amazons reúne um grupo de toalhas a princípio idênticas, que Da Cunha tinge – dando a cada parte diferentes graus de nitidez – e costura em sequência, enfatizando noções de acúmulo e repetição. A ideia de repetição é reforçada no vídeo Contratempo (2013), que mostra centenas de imagens de explosões coletadas pelo artista na internet.
Amie Siegel (Chicago, 1974. Vive em Nova York) trabalha majoritariamente com instalações audiovisuais que lidam, de diversas maneiras, com noções de dualidade. O vídeo Genealogies (2016) é uma espécie de arqueologia de referências da artista, em que ela articula a ideia de que há sempre citações a outras obras em projetos supostamente originais, tomando O Desprezo (1963) de Jean-Luc Godard, como estudo de caso. O clássico de Godard é também o tema de The Noon Complex (2016) uma projeção dupla acompanhada de um televisor em que ela desconstrói o filme, removendo digitalmente Brigitte Bardot da narrativa. O televisor mostra uma atriz reencenando os movimentos de Bardot, incitando o espectador a um processo dialético de sobreposição de imagens para obter uma narrativa completa.
Candice Lin (Concord, Massachusetts, 1979. Vive em Los Angeles) faz uso de diversos suportes para elaborar uma investigação minuciosa sobre o reino animal, focando sobretudo em fenômenos naturais e microrganismos como fungos e bactérias. Por exemplo, Hormonal Fog (Study #1) (2016, em colaboração com Patrick Staff) consiste em uma máquina de fumaça emitindo periodicamente uma substância que bloqueia a produção de testosterona. A investigação acerca de sistemas reprodutivos é o cerne das colagens que ela mostra em Hallstatt, que reúnem amostras de exceções curiosas no reino animal: hermafroditas, espécies em que o sexo masculino carrega o feto e afins, apontando para a ideia do duplo como a inversão de padrões sexuais pré-concebidos.
As pinturas de Caragh Thuring (Bruxelas, 1972. Vive em Londres), perpassam noções de dualidades através de diferentes gestos. Por exemplo, o híbrido entre um vulcão e uma pirâmide – e, em nível mais fundamental, o tijolo que constitui esse híbrido – é uma imagem recorrente em sua obra. Outras de suas telas são inspiradas por composições de artistas canônicos, como Édouard Manet e Filippo Brunelleschi. Há ainda pinturas que Thuring enxerga simplesmente como duplas, uma precisando da outra para existir. Aqui, a artista mostra três telas quase idênticas nas quais retrata vulcões – versões em bordado de um desenho que ela realizou no início de 2016, que por sua vez é inspirado em gouaches napolitanos do século XIX –, fagocitando a própria obra ao mesclar noções de fundo e figura. Thuring mostra também duas outras telas em que usa tijolos para construir figuras humanas executadas em escalas contrastantes: três homens diminutos posando em David Gandy (2014) e uma mulher agigantada em Brick Lady (2013).
Daniel Sinsel (Munique, 1976. Vive em Londres) incorpora materiais orgânicos como sementes ou peles de animais em composições que perpassam a superfície bidimensional da tela, conferindo-lhes uma qualidade escultórica. Seus primeiros trabalhos, produzidos no início da década de 2000 – muitos dos quais retratavam jovens homens nus ou seminus – já apontavam explicitamente o seu interesse em explorar a noção de erotismo na pintura. Esse tema recorre em toda a sua produção, mesmo nos trabalhos onde a referência é menos evidente. Nas duas obras recentes apresentadas em Hallstatt, por exemplo, o erotismo é evocado a partir da relação criada entre aquilo que está dentro e fora da tela, daquilo que sua superfície oferece ou oculta ao espectador. Além disso, ao incorporar objetos cuja materialidade não é completamente identificável, cria uma espécie de tromp l’oeil que levanta dúvidas sobre o que é realidade ou representação. Pintura/escultura, dentro/fora, realidade/representação são apenas alguns dos dualismos que perpassam a obra de Sinsel, calcada, acima de tudo, no jogo de sedução que o artista estabelece entre espectador e obra.
Na série de esculturas intitulada Lexicon (2012 – em andamento), Iman Issa (Cairo, 1979. Vive entre Cairo e Nova York) revisita obras de arte que são apresentadas na forma de estudos para remakes contemporâneos. Embora retenham os títulos dos desenhos, pinturas, esculturas e fotografias originais, os trabalhos resultantes não são reproduções fiéis ou cópias das obras originais, mas interpretações cujas formas diferem significativamente de suas fontes. Ao propor novas formas para esses trabalhos, Issa busca comunicar algo mais familiar e consistente com sua própria experiência a partir das ideias sugeridas pelos títulos. As esculturas são acompanhadas de legendas museológicas que contém breves descrições dos elementos originais, bem como sua procedência e data, oferecendo pistas sobre a identidade de seus duplos originais sem revelá-los completamente.
Joshua Sex (Dublin, 1985. Vive em Londres) é um pintor e escritor cuja pintura está intrinsecamente ligada a noção de reciclagem. Durante o seu mestrado no Royal College of Arts, em Londres (2011 – 2013), o artista passou a se apropriar de fragmentos de telas descartados nos corredores da universidade, usando-os como base para as suas composições. O que começou por necessidade ou diversão tornou-se um modus-operandi de Sex, que a partir de então passou a sempre necessitar dessas pistas na forma de vestígios para compor suas telas. O artista apresenta um conjunto de cinco pinturas realizadas entre 2012 e 2015.
As esculturas, pinturas, performances e instalações de Manoela Medeiros (Rio de Janeiro, 1991. Vive no Rio de Janeiro) têm como foco o corpo e suas relações com o tempo e o espaço. A alusão à pele e à permeabilidade são elementos recorrentes tanto nos trabalhos em que utiliza seu próprio corpo como nas instalações site-specific em que trabalha sobre as superfícies da parede para criar composições ambientais. Nessas últimas – à exemplo da instalação que a artista desenvolveu especificamente para Hallstatt – Medeiros descasca obsessivamente seções do revestimento das paredes e cria espelhamentos das formas produzidas pela sua ação, às vezes utilizando o próprio detrito de tinta produzido em sua feitura ou elementos tridimensionais incorporados ao trabalho.
As fotografias de Mauro Restiffe (São José do Rio Pardo, 1970. Vive e trabalha em São Paulo) são invariavelmente produzidas por meio de procedimentos analógicos e sempre em P&B, o que lhe permite obter uma gama de tonalidades e texturas muito mais ampla do que na fotografia digital. Ao longo das últimas três décadas, Restiffe desenvolveu um sólido corpo de trabalhos no qual a arte e a arquitetura são assuntos recorrentes. Restiffe participa de Hallstatt com fotografias da série Oscar (2012) e San Marco (2013), criadas em ocasião do funeral de Oscar Niemeyer em Brasília e no Convento de São Marco em Florença, respectivamente. Em ambas as séries, o artista propõe contrapontos, revelando aspectos não vistos em situações específicas: no primeiro caso, ele produz uma documentação subjetiva e íntima de um evento de proporções nacionais, contrastando fortemente com as imagens oficiais que circularam nos meios de comunicação; no segundo, ele desafia as restrições do Convento e rouba fotografias dos claustros com afrescos do Fra Angelico.
Nuno Ramos (São Paulo, 1960, onde vive e trabalha) explora noções de dualidade, mimese, intertextualidade e repetição através de diferentes linguagens e materiais, que vão do texto à imagem, do som à encenação. Em Hallstatt, Ramos apresenta 3 cinzas (Ai, pareciam eternas!), uma instalação efêmera composta por cal, cinza e sal. O artista reproduz no chão do Galpão a linha da fachada de três casas em que morou – a da avó, a da mãe e a casa onde os filhos nasceram – utilizando um pó diferente para cada contorno. Ao longo da exposição, as linhas desmancham-se e rearranjam-se com pisadas e vento. A obra alude a 3 lamas (Ai, pareciam eternas!), instalação site-specific feita por Ramos em 2012 mas, sobretudo, ao deslocamento de lugares afetivos, da memória. Ramos exibe também a obra Un Coup de Dés, que é uma versão em vidro e ácido do poema de Stéphane Mallarmé, Un Coup de Dés Jamais N’Abolira le Hasard (1897), tido como o primeiro poema tipográfico da história. Na versão de Ramos, as lâminas de vidro são sobrepostas, permitindo que os versos, cavados no vidro em ácido, sejam lidos em sua totalidade. O artista contribui ainda com o ensaio Bonecas russas, lição de teatro, publicado originalmente em seu livro Ó, de 2008, e republicado no catálogo da exposição.
Desde o início de sua prática artística há cerca de dez anos, Oliver Laric (Innsbruck, Austria, 1981. Vive em Berlim) toma a cópia, apropriação e ressignificação como nortes de sua obra. Em Hallstatt, Laric mostra duas esculturas que integraram sua exposição recente no Secession, em Viena (Photoplastik, abril – junho de 2016), em que ele produz scans em 3D de obras canônicas – no caso, o Monumento à Auguste Fickert de Franz Seifert (1929) e Polar Bear and Seal, de Otto Jarl (1902) – e os reimprime em poliamida. O artista disponibiliza todos esses scans em um website, onde qualquer um pode baixá-los, apontando assim também para a noção de dispersão.
Tamara Henderson (New Brunswick, Canadá, 1982. Vive no Canadá) produz majoritariamente esculturas e instalações – por vezes funcionais – que ela imagina enquanto em um estado alterado de percepção, seja sob hipnose, barbitúricos ou durante o sono. Em Hallstatt, Henderson mostra duas grandes cortinas que produziu durante uma residência em Hospitalfield House, em Arbroath, na Escócia. As obras funcionam como um portal para uma realidade paralela imaginada pela artista, um elemento de transição que assinala o movimento de passagem de uma dimensão a outra. Cada uma das peças sintetiza o imaginário subjetivo associado a essas realidades, consistindo, nas palavras da artista, em “cartões postais de paisagens enxergadas através de escotilhas”.
Tobias Hoffknecht (Bochum, Alemanha, 1987. Vive em Colônia) formou-se na Academia de Artes (Kunstakademie) de Dusseldorf, em 2013, onde estudou sob a orientação de Rosemarie Trockel. Adotando uma estética minimalista, Hoffknecht produz instalações geralmente compostas de duplas de elementos escultóricos que criam diferentes relações entre o espectador e o espaço expositivo. Com acabamento preciso, suas peças se assemelham a ready-mades industriais, embora sejam trabalhos únicos fabricados de acordo com as especificações do artista. Assim, estabelecem um diálogo estreito com o design, muitas vezes evocando mobiliários ou interferindo diretamente na arquitetura do espaço expositivo. Em Hallstatt, Hoffknecht apresenta duas esculturas inéditas em madeira e aço inoxidável, materiais recorrentes em sua prática.
Hallstatt é um vilarejo cinematográfico situado à beira de um lago rodeado por montanhas na Áustria. Há cerca de cinco anos, passou a receber um enorme fluxo de turistas chineses – mais do que o habitual, mesmo para um lugar cuja principal economia é o turismo. Um deles, desavisado, revelou a um local que na província de Guangdong, na China, uma cópia idêntica de Hallstatt encontrava-se em estado já avançado de construção, para a surpresa dos menos de mil habitantes do vilarejo, que não haviam sido consultados. De fato, a China tem a prática de reproduzir monumentos ocidentais em seu solo, mas pela primeira vez copiava-se uma cidade inteira. Essa apropriação é especialmente simbólica considerando-se que Hallstatt possui a mais antiga mina de sal do mundo e um dos mais antigos sítios arqueológicos da Europa. De certa forma, trata-se assim da cópia por excelência: a apropriação da matriz de uma cultura.
Hallstatt takes the notion of duality as the starting point for a reflection on the meaning of repetition of signs, images and forms in the contemporary context. The idea of duality has structured Western thought at least since the creation myth, having become a recurrent theme in literature and psychoanalysis from the nineteenth century onwards. The exhibition brings together works by thirteen artists whose practice deal with duality by means of distinct strategies. In Hallstatt, duality is understood both in its most fundamental meaning – through formal symmetries – or philosophically and existentially as a state of altered perception, copy, recycling or an index of parallel realities. By raising more questions than providing definite answers, the exhibition intends to broaden the discussion about the theme, which becomes so urgent at a time when absolute truths are increasingly disseminated – and the place of truth has become harder to identify.
Alexandre da Cunha (Belo Horizonte, 1969. Lives in London), is best known for his sculptures that revisit and reframe objects of daily use. His canvases – seen by the artist as wall sculptures rather than paintings – follow the same logic, incorporating materials such as mops, hats, seashells and brushes. The series Amazons (2014 – in progress) features beach towels with bold prints as raw material. Each piece from Amazons brings together a group of identical towels, which Da Cunha himself dyes – giving each part different degrees of sharpness – and then sews together, emphasising notions of accumulation and repetition. The idea of repetition is reinforced in the video Contratempo (2013), which shows hundreds of images of explosions the artist found on the Internet.
Tamara Henderson (New Brunswick, Canada, 1982. Lives in Canada) produces mostly sculptures and installations – functional, at times – that she conceives while in an altered state of perception, whether under hypnosis, on barbiturates or during sleep. In Hallstatt, Henderson shows two large curtains produced while in residence at Hospitalfield House in Arbroath, Scotland. The works function as a portal to a parallel reality imagined by the artist, a transition element that signals the movement of passage from one dimension to another. Each of the pieces synthesises the subjective imagery associated with these realities, consisting of, in the words of the artist, ‘postcards of a porthole’.
Tobias Hoffknecht (Bochum, Germany, 1987. Lives in Cologne) graduated from the Academy of Arts (Kunstakademie) in Dusseldorf in 2013, where he studied under the guidance of Rosemarie Trockel. By adopting a minimalist aesthetic, Hoffknecht produces installations usually composed of pairs of sculptural elements that create different relations between the viewer and the exhibition space. Extremely well-finished, his pieces resemble industrial ready-mades, although they are unique works manufactured according to the artist’s specifications. Thus, they establish a close dialogue with design, often evoking furniture or directly interfering with the architecture of the exhibition space. In Hallstatt, Hoffknecht presents two newly commissioned sculptures in wood and stainless steel, materials he employs time and again in his practice.
In the series of sculptures titled Lexicon (2012 – ongoing), Iman Issa (Cairo, 1979. Lives between Cairo and New York) revisits existing artworks, which are presented as studies for contemporary remakes. While retaining the tiles of the original drawings, paintings, sculptures, or photographs, the resulting works are not faithful reproductions or copies, but interpretations whose forms differ significantly from their sources. By offering alternative forms to these works, she attempts to communicate something more familiar and consistent with her experience of what she thinks these titles are referring to. The sculptures are accompanied by museum captions that contain brief descriptions of the originals, as well as their provenance and date, offering clues about the identity of their source without completely revealing them.
Since the beginning of his artistic practice about ten years ago, Oliver Laric (Innsbruck, Austria, 1981. Lives in Berlin) takes copy, appropriation and re-signification as guiding axes to his work. In Hallstatt, Laric shows two sculptures that were part of his recent exhibition at Secession, Vienna (Photoplastik, April – June 2016), in which he produces 3D scans of canonical works – in this case, the Monument to Auguste Fickert by Franz Seifert (1929) and Polar Bear and Seal, by Otto Jarl (1902) – and reprints them in polyamide. The artist makes all these scans available on a website, where anyone can download them, also alluding to the notion of dispersion.
Candice Lin (Concord, Massachusetts, 1979. Lives in Los Angeles) makes use of various media to carry out a detailed investigation on the animal kingdom, with a specific focus on natural phenomena and microorganisms such as fungi and bacteria. Hormonal Fog (Study #1) [2016, in collaboration with Patrick Staff] consists of a smoke machine that intermittently emits a substance that blocks the production of testosterone. Research on reproductive systems is at the heart of the collages shown in Hallstatt, which bring together examples of peculiar exceptions from the animal kingdom: hermaphrodites, species in which the male carries the foetus, and so forth, alluding to the idea of duality as an inversion of preconceived sexual patterns.
The sculptures, paintings, performances and installations by Manoela Medeiros (Rio de Janeiro, 1991. Lives in Rio de Janeiro) focus on the body and its relations with time and space. The allusion to skin and permeability is a recurring element both in the works where she uses her own body and in the site-specific installations where she works on wall surfaces to create environmental compositions. In the latter process – a version of which she developed specifically for Hallstatt – Medeiros obsessively scrapes sections of the wall surface and creates reflections of the forms produced by her action, sometimes using the paint peeling residues or incorporating other three-dimensional elements into the work.
Nuno Ramos (São Paulo, 1960, where he lives and works) explores notions of duality, mimesis, intertextuality and repetition using different languages and media, including text, image, sound and plays. In Hallstatt, Ramos shows the ephemeral installation 3 cinzas (Ai, pareciam eternas!) [3 Ashes (Oh, they seemed eternal!)], made with lime, ash and salt. Using these three materials, the artist has reproduced the outline of the facades of three houses in which he lived – his grandmother’s, his mother’s and the house where his children were born – on the gallery floor. During the exhibition, the lines will be gradually spread by the action of visitors’ footsteps and the wind. The work alludes to Ramos’ 2012 site-specific installation 3 lamas (Ai, pareciam eternas!) [3 Muds (Oh, they seemed eternal!)], but above all to the displacement of affective sites and memory. Ramos is also showing the piece Un Coup de Dés, a version in glass and acid of Stéphane Mallarmé’s Un Coup de Dés Jamais N’Abolira le Hasard (1897), which is considered as the first typographic poem in history. In Ramos’ version, overlapping glass sheets allow the glass-etched verses to be read in their entirety. The artist also contributes to the exhibition with the essay Bonecas russas, lição de teatro (Russian Dolls, Theatre Lesson), originally published in his book Ó (2008), and reprinted in the exhibition catalogue.
Mauro Restiffe’s (São José do Rio Pardo, 1970. Lives and works in São Paulo) photographs are invariably produced by means of analogical procedures and always in B&W, which allows him to obtain a much wider range of shades and textures than digital photography. Over the last three decades, Restiffe has developed a solid body of work in which art and architecture are recurring subjects. Restiffe participates in Hallstatt with images from the series Oscar (2012) and San Marco (2013), devised at the occasion of Oscar Niemeyer’s funeral in Brasília and in Florence’s San Marco Convent, respectively. In both series, Restiffe creates counterpoints, revealing the unseen side of specific situations: in the first case, he produces a subjective and intimate documentation of a national event that significantly contrasts with the official depictions circulated in the mass media; in the second he defies the Convent’s ban and secretly photographs the cells featuring Fra Angelico frescoes.
Joshua Sex (Dublin, 1985. Lives in London) is a painter and writer whose work is inextricably linked to the notion of recycling. During his Master’s degree at the Royal College of Arts in London (2011 – 2013), the artist began to appropriate fragments of discarded canvases in the hallways of the university, using them as a basis for his compositions. What began out of necessity or amusement became his modus operandi, and from then on the artist always needed these clues in the form of vestiges to compose his canvases. In Hallstatt, Sex presents a set of five paintings produced between 2012 and 2015.
Amie Siegel (Chicago, 1974. Lives in New York) works mainly with audio-visual installations that deal, in myriad ways, with notions of duality. The video Genealogies (2016) is somewhat an archaeology of the artist’s references, in which she articulates the idea that citations to other works are always present in supposedly original projects, taking Jean-Luc Godard’s Contempt (1963) as a case study. This Godard classic is also explored in The Noon Complex (2016), a double projection accompanied by a television screen in which she deconstructs Contempt by digitally removing Brigitte Bardot from the narrative. The screen shows an actress re-enacting Bardot’s movements, prompting the viewer to dialectically overlap images so as to produce a full narrative.
Daniel Sinsel (Munich, 1976. Lives in London) incorporates organic materials such as seeds or animal skins into compositions that cut through the two-dimensional surface of the canvas, which lends them a sculptural quality. His first works, produced in the early 2000s – many of which portrayed young naked or semi-naked men – already explicitly indicated his interest in exploring the notion of eroticism in painting. This theme recurs throughout his practice, even in works where this reference is less evident. In the two recent paintings presented in Hallstatt, for example, eroticism is evoked by the relation created between what is on and off the canvas and what is offered or concealed from viewers. Moreover, by incorporating objects whose materiality is not completely distinguishable, the works create a kind of tromp l’oeil that raises doubts about which elements are real and which are represented. Painting/ sculpture, inside/ outside, reality/ representation are just some of the dualisms that permeate Sinsel’s production, a practice that hinges above all on a seduction game established between viewer and work.
The paintings by Caragh Thuring (Brussels, 1972. Lives in London) pervade notions of duality by means of different gestures. For instance, the hybrid image of a volcano and a pyramid – and, more fundamentally, the brick that makes up this hybrid – is a recurring image in her work. Other paintings are inspired by compositions of canonical artists, such as Édouard Manet and Filippo Brunelleschi. Yet other of Thuring’s works are simply pairs, as she sees them, one part being dependent on the other to exist. Here, the artist shows three almost identical pieces that depict volcanoes – embroidered versions of a drawing she made in early 2016, which in turn was inspired by nineteenth-century Neapolitan gouaches –, phagocytising her own work by mixing notions of figure and background. Thuring also shows two other works in which she paints bricks to compose human figures on contrasting scales: three miniscule men posing in David Gandy (2014) and a gigantic woman in Brick Lady (2013).
Hallstatt is a picturesque village situated on the edge of a lake surrounded by mountains in Austria. About five years ago, it received a huge influx of Chinese tourists – more than usual, even for a place whose core economy is tourism. One of them, unsuspectingly, told a local resident that an identical copy of Hallstatt was in an advanced state of construction in the Guangdong Province of China, to the surprise of the almost 1,000 villagers who had not been consulted. Indeed, China makes a habit of reproducing Western monuments on its soil, but for the first time it had copied an entire city. This appropriation is especially symbolic considering that Hallstatt has the oldest salt mine in the world and is one of the oldest archaeological sites in Europe. In a way, this is the ultimate copy: the appropriation of the matrix of a culture.
dezembro 7, 2016
Lançamento do livro Glória Ferreira - fotografias de uma amadora na Argumento, Rio de Janeiro
No dia 7 de dezembro, será lançado o livro “Glória Ferreira – Fotografias de uma amadora” (coedição NAU Editora e Linha Projetos Culturais), na Livraria Argumento, no Leblon, Rio de Janeiro, com fotos feitas por Glória Ferreira – uma das mais conceituadas críticas, professoras e curadoras de arte da atualidade –ao longo de seus mais de 40 anos de trajetória como fotógrafa. Com 236 páginas, o livro reunirá, pela primeira vez,fotografias produzidas por Glória Ferreira desde os anos 1970 até 2006. “Suas fotos não precisam de assinatura e são quase que imediatamente reconhecidas. Sua inspiração vem do detalhe revelador que muitos enxergam mas não veem”, ressalta o jornalista Ernesto Soto no texto de apresentação do livro. A publicação tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, através do edital Viva a Arte!
A publicação, que terá capa dura e será bilíngue (português/ inglês), destacará dez séries fotográficas da artista:“Para Tocha” (2003), “By” (2004-2006), “Cicatrizes” (2003), “De G. a S.” (2000), “Cenas” (anos 1980/1990), “Empenas” (anos 1990), “Olho por Olho, dente por dente” (1988), "Subindo o Tocantins Descendo o Araguaia" (anos 1980), "Experimentos" (anos 1980) e “Retratos do Exílio” (anos 1970). Junto com as fotografias, estarão textos críticos escritos por Paulo Sergio Duarte, Ligia Canongia, Ernesto Soto, Tania Rivera, entre outros, que ao longo dos anos acompanharam a produção fotográfica da artista.
Engajada na luta contra a ditadura militar nos anos 1970, Glória Ferreira foi exilada no Chile, Suécia e Paris.Foi no exílio que desenvolveu e amadureceu o interesse pela arte em geral e pela fotografia em particular.
SOBRE AS SÉRIES:
Na série “Para Tocha”, Glória Ferreira registrou pessoas fotografando pontos turísticos de Paris. Em “Cicatrizes”, a fotógrafa registrou imagens de cicatrizes de pessoas anônimas, em fotos denominadas “um amigo”, “uma amiga”. A série “By” traz imagens de cenas em movimento, em diferentes situações e lugares. “Retratos do Exilio”reúne imagens feitas nos anos 1970, durante o exílio da artista no Chile. São as primeiras fotos feitas por Glória Ferreira, que começou a fotografar nesta época. Datas marcadas nas calçadas de Paris, por ocasião de reparos realizados, são registrados na série “De G. a S.”. A série “Experimentos” traz fotos abstratas. Em “Subindo o Tocantins, descendo o Araguaia”, Glória Ferreira registra esta região e sua população através de imagens em preto e branco. A série “Cenas” é a maior delas e ocupa 58 páginas do livro, com imagens coloridas que registram cenas cotidianas.
ACESSIBILIDADE
Com o objetivo de promover o amplo acesso ao livro, da edição de mil exemplares, 70% serão distribuídos gratuitamente para centros de ensino de arte, espaços culturais e bibliotecas na cidade do Rio de Janeiro e adjacências. O restante irá para as livrarias.
Glória Ferreira é Doutora em História da Arte pela Sorbonne, professora colaboradora da Escola de Belas Artes/UFRJ e crítica e curadora independente. Entre suas curadorias mais recentes destacam-se as realizadas na Casa de Cultura Laura Alvim, em 2013 e 2014; “Figuração X Abstração no Brasil dos anos 40” (2010), na Escola de Belas Artes, em São Paulo; “Imagens em migração: Uma exposição de Vera Chaves Barcellos” (2009), no MASP, em São Paulo; “Anos 70 – Arte como questão” (2007), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; “Trilogias”, de Nelson Felix (2005), no Paço Imperial, no Rio de Janeiro e “Situações Arte Brasileira Anos 70” (2000), na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. Além disso, organizou e foi coeditora de importantes livros e publicações de arte.
Fotografa desde 1971, com exposições no Brasil e no exterior. Dentre suas exposições destacam-se “4 exposições Individuais” (1988), na Galeria de Arte Ibeu Copacabana, no Rio de Janeiro; “Mulheres Fotógrafas. Anos 80”(1989), no Instituto Nacional da Fotografia/Funarte, Rio de Janeiro; “Photos” (1995), no Solar Grandjean de Montigny, Rio de Janeiro; “Grande Orlândia” (2003), no Rio de Janeiro; “Convívio Luciano Fabro” (2004), no Musée Bourdelle, em Paris; “Grande Orlândia” (2003), no Rio de Janeiro. Lançamentos dos múltiplos: “Para Tocha”, em 2003, e “BY”, em 2006, ambos no Rio de Janeiro.
dezembro 2, 2016
Raquel Versieux na Athena, Rio de Janeiro
A galeria Athena Contemporânea apresenta, a partir do dia 20 de outubro para convidados e do dia seguinte para o público, a exposição “Saudade e o que é possível fazer com as mãos”, com obras inéditas, produzidas este ano, da artista mineira Raquel Versieux.Com curadoria de Raphael Fonseca, será apresentada uma grande instalação, composta por cerca de 200 objetos decerâmica, que ocupará o chão da galeria, além de fotografias, esculturas e vídeos. Raquel Versieux nasceu em Belo Horizonte, em 1984, e possui obras na coleção do Museu de Arte do Rio (MAR), já tendo participado de importantes mostras como “Rumos”, do Itau Cultural, além de exposições no Paço Imperial, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Centro Cultural Banco do Nordeste, entre outras importantes instituições.
As obras que serão apresentadas na galeria Athena Contemporânea foram produzidas este ano, a partir de sua recente experiência na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde é professora de Artes Visuais na Universidade Regional do Cariri, e de uma residência artística na Cidade do México. “Essas experiências fizeram com que a artista travasse contato com novas concepções em torno da relação entre imagem, natureza e cultura”, afirma o curador Raphael Fonseca.
No chão da galeria, estará a grande instalação “Quenga coco loco”, composta por cerca de duzentos objetos cerâmicos, feitos a partir da modelagem do barro em contato com cascas decoco-da-baíaede carnaúba,chamadas de “quenga”. A artista coloca o barro dentro dessas cascas e as deixa dentro de seu carro. “Com isso, elas ficam impregnadas desta viagem, vão pegando uma impressão do tempo e destes deslocamentos”, explica Raquel Versieux. O barro depois é queimado em um forno a lenha, “que tem a ver com o contexto local”, e dá origem aos objetos que formam a instalação. Um vídeo desse processo em que os cocos acompanham a artista em seus trajetos de carro também estará na exposição. A escolha do coco é proposital, a artista o utiliza como um “signo de representação da paisagem local”. “É como os coqueiros e as palmeiras, que desde o século XIX são usadas em pinturas e desenhos para representar o Brasil”, ressalta a artista.
A exposição terá, também,cinco versões da obra “Coração seguro”, escultura feita em metal com 1,20m de altura. No topo dela há uma pedra vermelha bem característica da região do Cariri, uma rocha sedimentar do tipo “Arenito da Formação Exu”, que tem 96 milhões de anos. Essa pedra é usada no calçamento da cidade, no revestimento de muros, e também está presente na fundação das casas. “A coloração avermelhada me faz lembrar um coração. Criei a escultura de forma que a pedra ficasse na altura do meu coração”, diz a artista. Essas esculturas estarão expostas na mostra e também haverá uma fotografia delas feita porRaquel Versieux, com a chapada do Araripe ao fundo.
Na exposição estarão, ainda, oito fotografias, que retratam a paisagem e o uso da terra. A artista destaca que os trabalhos têm uma relação entre si, não só por tratarem da saudade, mas também pela relação entre imagem, natureza e cultura. “A saudade a que me refiro não é só minha, mas também uma saudade do material com o qual trabalho. Penso na saudade que uma pedra é capaz de sentir ao ser quebrada, por exemplo, é uma saudade pré-histórica”, conta a artista.“A forma como observo e reconheço a terra e as práticas que nela acontecem, somada ao estado solitário em um novo contexto geográfico onde predomina a caatinga brasileira, me levaram à reflexão em torno dos sentidos de distância e saudade”, diz.
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA NO MÉXICO
Raquel Versieux está há oito meses morando no Ceará. Durante este período, esteve também em residência artística por duas semanas no México, que foram importantes para ela concretizar tudo o que estava vendo e vivendo no nordeste do Brasil. A escultura “Coração Seguro”, por exemplo, surgiu no México e foi finalizada no Ceará. “Vi um operário construindo uma espécie de cone na Cidade do México, que seria preenchido de concreto e que serviria de base para um poste de luz. Ou seja, depois ele retornaria a terra. Me apropriei da forma, que me fez chegar nesta estrutura. Nela, vejo a relação entre um coqueiro e um poste de luz”, afirma.
Raquel Versieux nasceu em Belo Horizonte, em 1984. Dentre suas principais exposições individuais estão a mostra “Antes da última queima”, na Galeria de Arte IBEU, em 2015; “Whenthehouseslive”, na SixGalerija, na Croácia, e “A feira da incoerência”, na galeria Athena Contemporânea, ambas em 2013.
Dentre suas principais exposições coletivas estão “Pavilhão Casa França-Brasil” (2016); “Aparição” (2015), na Caixa Cultural Rio de Janeiro; “Encruzilhada” (2015) e V Mostra/ Programa Aprofundamento, ambas na EAV Parque Lage; “Em desencanto” (2014), no Museu Mineiro, em Belo Horizonte; “Encontros Carbônicos” (2014), no Largo das Artes; “Imaginário (2013), no Museu de Arte do Rio; “Fronteiras (2013), no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro; “Convite à viagem: Rumos Artes Visuais 2011 – 2013”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro; “Entrecruzamentos” (2013), na Galeria Athena Contemporânea; “Á deriva: Rumos Artes Visuais 2011 -2013”, no Museu de Arte de Joinville, “Deslocamento F(R)Icção” (2012), no Galpão Capanema – Funarte, no Rio de Janeiro; “Perpendicular Fortaleza” (2012), no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza; “Convite À Viagem: Rumos Artes Visuais 2011-2013”, no Itaú Cultural, em São Paulo; “Mostra Energias na Arte Edp” (2010), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; “Hélio Oiticica: Museu É o Mundo”, no Itaú Cultural, em São Paulo, entre outros.
Projeto Latitude apoia 21 galerias associadas nas feiras de arte de Miami
Projeto Latitude apoia a participação de galerias e artistas brasileiros nas feiras Art Basel Miami Beach, UNTITLED, Scope e Pinta Miami, de 29/11 a 4 /12 de 2016
Por meio de uma parceria entre a ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o Projeto Latitude – voltado à internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea – apoia a participação de 21 galerias brasileiras associadas à ABACT em Miami, nos Estados Unidos, durante a realização da prestigiosa feira de arte Art Basel Miami Beach 2016, agora em sua 15a edição.
Fundada em 1970 por galeristas de Basiléia, na Suíça, a Art Basel organiza hoje as principais exposições de arte moderna e contemporânea do mundo, realizadas em Basel, Miami Beach e Hong Kong. Definidas pela sua cidade sede e região, cada feira é única, espelhando suas galerias participantes, as obras apresentadas e a programação paralela produzida em colaboração com instituições locais em cada edição. A feira Art Basel in Miami Beach e a miríade de outras feiras como a Untitled, Art, Scope Art Fair, Pinta Miami e seus respectivos eventos paralelos são hoje a principal plataforma internacional de negócios para as 47 galerias de arte brasileiras participantes do Projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad. Por ocasião da feira, são apresentadas obras de mais de 100 artistas brasileiros em Miami neste ano.
Art Basel Miami Beach 2016
Esta edição da Art Basel Miami Beach acontece entre os dias 1o e 4 de dezembro, apresentando estandes coletivos ou projetos individuais de artistas representados por 269 galerias da América do Norte, Europa, Ásia e África. A feira está dividida em distintos setores, e o principal é Galleries, com 200 galerias de arte moderna e contemporânea, entre quais 10 galerias participantes do Latitude: A Gentil Carioca; Luciana Brito Galeria, com obras dos artistas Bosco Sodi, Caio Reisewitz, Geraldo de Barros, Héctor Zamora, Liliana Porter, Tiago Tebet, Tobias Putrih e Waldemar Cordeiro; Casa Triângulo, representando Ascânio MMM, Manuela Ribadeneira e Sandra Cinto; Dan Galeria, com Alberto Menocal, Alejandro Otero, Almir Mavignier, Hércules Rubens Barsotti, Lothar Charoux, Hermelindo Fiaminghi, Francisco Sobrino, Helio Oiticica, José Maria Mijares, Luis Martínez Pedro, Lygia Clark, Macaparana, Max Bill, Mira Schendel, François Morellet, Luiz Sacilotto, Salvador Corratgé, Sandu Darié, Sérgio Camargo, Jesus Soto, Turi Simeti, Wifredo Arcay e Willys de Castro; Fortes, D’Aloia & Gabriel, com os artistas Agnieszka Kurant, Barrão, Ernesto Neto, Gabriel Lima, Gerben Mulder, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, Janaina Tschäpe, Los Carpinteros, Lucia Laguna, Marine Hugonnier, Nuno Ramos, osgemeos, Rodrigo Cass, Rodrigo Matheus e Valeska Soares; Mendes Wood DM, com Anna Bella Geiger, Daniel Steegmann Mangrané, Mariana Castillo Deball, Runo Lungomarsino e Sonia Gomes;Galeria Millan, com Ana Prata, Felipe Cohen, Henrique Oliveira, José Damasceno, José Resende, Lenora de Barros, Miguel Rio Branco, Paulo Pasta, Rodrigo Andrade, Tatiana Blass e Thiago Rocha Pitta e Tunga; Galeria Nara Roesler, com Artur Lescher, Julio Le Parc e Marco Maggi; Galeria Luisa Strina, com Alexandre da Cunha, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Beto Shwafaty, Caetano de Almeida, Cildo Meireles, Federico Herrero, Fernanda Gomes, Jarbas Lopes, Jorge Macchi, Juan Araujo, Laura Belém, Laura Lima, Leonor Antunes, Marcius Galan, Marepe, Mateo López, Paris, Olafur Eliasson, Pablo Accinelli, Pedro Reyes, Renata Lucas, Robert Rauschenberg e Tonico Lemos Auad; a galeria Vermelho, com Ana Maria Tavares, André Komatsu, Carmela Gross, Carla Zaccagnini, Cinthia Marcelle, Detanico Lain, Edgard de Souza, Iván Argote, Marcelo Cidade, Marcelo Moscheta, Marilá Dardot, Nicolás Robbio, Odires Mlászho e Tania Candiani.
Em seguida vêm: o setor Nova, destinado a mostras de trabalhos recentes de até três artistas por estande, do qual participam as galerias brasileiras Anita Schwartz Galeria de Arte, com obras da artista Wanda Pimentel; Silvia Cintra + Box4, com obras de Cinthia Marcelle e Laércio Redondo; e Galeria Leme, com os artistas Vivian Caccuri e Jaime Lauriano; Positions, cuja seleção de galerias e obras é curada, é onde a Galeria Marilia Razuk apresenta mostra individual da artista Ana Luiza Dias Batista; o setor Edition, dedicado a obras seriadas, gravuras e múltiplos; e Kabinett, com a galeria A Gentil Carioca, que leva obras de Alfredo Volpi e de João Modé. E, por fim, os setores Survey, Film e Public, este realizado na ampla área aberta do Collins Park, com exibição de mais de 20 obras arte pública de grande escala. A Galeria Marilia Razuk marca presença no setor Film, com a exibição do vídeo Itamambuca Dub (2014), de Cabelo, e o artista Wagner Malta Tavares integra o setor Public.
Feiras UNTITLED, Art / Pinta Miami / Scope Miami Beach
Oito galerias associadas à Associação Brasileira de Arte Contemporânea ABACT e, portanto, ao Projeto Latitude, participam de importantes feiras de arte contemporânea surgidas a partir do sucesso da Art Basel in Miami Beach, e realizadas paralelamente à feira Art Basel Miami Beach.
Nesta quinta edição da feira UNTITLED, Art, que conta com 128 galerias em exibição, estão as galeria brasileiras Baró Galeria, com os artistas Daniel Arsham, Eduardo Stupia, Iván Navarro, Jiri Georg Dokoupil, Lourival Cuquinha, Massimo Vitali e Norbert Bisky; Casa Nova Arte e Cultura Contemporânea; Central Galeria, com o artista Mano Penalva; Luciana Caravello Arte Contemporânea, representando Carolina Ponte e Pedro Varella; e Mercedes Viegas Arte Contemporânea, que apresenta obras de Julio Villani.
A feira de arte Pinta Miami, agora em sua 10a edição, conta com a galeria brasileira Baró Galeria, que exibe obras de Túlio Pinto; a Galeria Berenice Arvani, com seleção de obras dos artistas Aluisio Carvão, Arnaldo Ferrari, Carlos Rojas, Hercules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Ivan Serpa, João José Costa, Judith Lauand, Leon Ferrari, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Manuel Alvarez, Mauricio Nogueira Lima, Mira Schendel, Rubem Valentim e Ubi Bava; e a Mul.ti.plo Espaço Arte, com obras de Waltercio Caldas.
Na 16a Scope Miami Beach está a galeria Sergio Gonçalves Galeria de Arte, que apresenta trabalhos de Anita Kauffmann, Eduard Moreno, Fábio Carvalho, Felipe Barbosa, Gonçalo Ivo, Raimundo Rodriguez, Ricardo Homen, Rosana Ricalde e Siron Franco.
Presença institucional
As galerias de arte brasileiras em Miami ampliam sua presença para além dos espaços das feiras, com a participação de artistas em diversas exposições na cidade.
No CIFO Art Space acontece a coletiva “Toda percepción es una interpretación: YOU ARE PART OF IT”, com obras da coleção Ella Fontanals-Cisneros. A exposição conta com obras de Leon Ferrari, Marcius Galan, Antonio Manuel, Anna Maria Maiolino, Cildo Meireles (Galeria Luisa Strina); Antonio Dias, Hélio Oiticica, Paulo Bruscky (Galeria Nara Roesler) e Liliana Porter (Luciana Brito Galeria).
O espaço da Rubell Family Collection apresenta a exposição “New Shamans: Brazilian Artists”, com a participação de Daniel Steegmann Mangrané, Lucas Arruda, Paulo Nazareth, Paulo Nimer Pjota, Solange Pessoa, Sonia Gomes, Thiago Martins de Melo (Mendes Wood DM) e André Komatsu (Vermelho). A artista Solange Pessoa participa também a coletiva “High Anxiety”, no mesmo local.
O artista argentino Julio Le Parc, representado pela Galeria Nara Roesler, ganha sua primeira grande retrospectiva americana, no Pérez Art Museum Miami.
Miguel Rio Branco (Galeria Millan) participa de exposição na Galeria Clima. Knopp Ferro (Dan Galeria) expõe no Espacio Expression e no final do mês de dezembro a artista Maritza Caneca (Anita Schwartz Galeria de Arte) exibe sua exposição individual Pools Series na Bossa Gallery.
Histórico e ações do Projeto Latitude
No início do Projeto Latitude, em 2007, o valor de exportação alcançado pelas galerias associadas ao programa foi de cerca de US$ 6 milhões. Em 2015, o volume exportado chegou a quase US$ 67 milhões, o que representa um salto de 97,4% em relação ao ano de 2014, cujas exportações totalizaram vendas de US$ 33.921.564 para 22 países.
Os principais destinos dos negócios internacionais das galerias em 2015 foram: Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Hong Kong e Turquia. A participação das galerias associadas à ABACT nesse montante aumentou de 41,3 % para 68,4%, atestando a relevância das ações do Projeto Latitude voltadas à promoção da arte brasileira em eventos e feiras de arte internacionais.
Somente no último convênio com a Apex-Brasil, 11 galerias foram introduzidas no mercado internacional com o apoio do programa Latitude, e mais de 30 galerias foram apoiadas pelo Projeto para participações em feiras internacionais, gerando aproximadamente US$ 11,1 milhões em negócios, com vendas de mais de 500 obras para 37 países e para pelo menos 22 instituições internacionais. A expectativa da equipe do Projeto é de ampliar estes números neste novo Convênio.
Além de ações contínuas de gestão e de comunicação, voltadas para o fortalecimento institucional, estão previstas outras 22 ações para o biênio 2015-2016, entre as quais, o apoio às galerias participantes em importantes feiras internacionais, como a Art Basel Miami Beach (EUA), ARCOmadrid (Espanha), ArtBO (Colômbia), entre outras; realização de Art Immersion Trips, por meio das quais o projeto recebe formadores de opinião, profissionais e colecionadores para vivenciar a cena cultural brasileira; capacitação das galerias para atividades específicas e para atuação no mercado internacional; e a realização de pesquisas setoriais e estudos sobre mercados específicos. O conjunto de ações tem como objetivo aumentar o resultado das exportações do mercado primário de arte contemporânea brasileira com uma visão de longo prazo.
Portfolio #1 na Gravura Brasileira +2, São Paulo
Portfolio #1 é a exposição inaugural da nova fase da galeria Gravura Brasileira, que passa a se chamar Gravura Brasileira +2.
As novidades são a incorporação dos sócios Duílio Ferronato (arquiteto e designer) e Sergio Nardinelli (economista e colecionador) que se unem ao diretor Eduardo Besen e a ampliação da representação de artistas que se utilizam de outras plataformas de linguagem como pintura, desenho, escultura e fotografia.
A exposição “Portfolio #1” marca esta iniciativa, que ainda irá estabelecer o diálogo com a cidade através da exibição permanente de obras na fachada da galeria.
Para esta primeira exposição foram selecionados sete artistas, dois deles já representados pela galeria -- Arnaldo Battaglini e Rosangela Dorazio -- e mais cinco que entram para o time: Carlito Contini, Guilherme GAFI, Sandra Martinelli, Teresa Berlinck e 6emeia.
“Nosso foco será a diversidade na arte contemporânea e a seleção ampla e rigorosa de artistas brasileiros e estrangeiros”, diz Duílio Ferronato, sócio e curador da Galeria Gravura Brasileira +2.
Por quase duas décadas a Gravura Brasileira foi o único espaço de exposições no país dedicado somente à gravura. Seu acervo, que continuará em exposição, possui cerca de três mil gravuras originais de artistas de todo o Brasil, Argentina, Cuba, Alemanha, México, Estados Unidos, Itália e Japão.
8° Surpraise – Leilão às Cegas no Ateliê 397, São Paulo
Ateliê 397 promove a 8ª edição do Leilão Surpraise com obras de mais de 50 artistas
O Ateliê397 realiza em 3 de dezembro de 2015, sábado, a partir das 15h, a oitava edição do Leilão Surpraise (assistir vídeo). Nesta edição, o evento conta com a participação de mais de 50 artistas que doaram suas obras em apoio às atividades do Ateliê 397 - espaço cultural independente, lugar de se fazer e pensar sobre arte, que promove exposições, cursos de formação, mostras de videoarte e eventos multidisciplinares abertos ao público. O dinheiro arrecadado com a venda das obras é revertido para o espaço continuar funcionando.
O Supraise é um leilão às cegas, onde todas as obras têm custo inicial de R$ 300,00 (trezentos reais). O público escolhe a obra e dá um lance por ela, mas o nome do autor só é revelado após o arremate. É uma oportunidade para levar para casa obras de artistas renomados ou apostar em novos nomes.
Às 19h, o leiloeiro entra em cena, realizando o arremate e revelando, na sequência, o nome do autor das obras e quem levará o trabalho para casa. Ao final do leilão, será sorteada, entre os presentes que deram lances, uma obra do artista homenageado da edição 2016, Marcelo Amorim, dando lugar a uma festa com DJs.
Conheça alguns dos artistas confirmados para a edição de 2016: Bruno Baptistelli, Chico Santos, Ding Musa, Edu Marin, Flávia Junqueira, Flora Leite, Frederico Filippi, Geórgia Kyriakakis, Iara Freiberg, Jaime Lauriano, Kika Nicolela, Nuno Ramos, Raphael Escobar, Rodrigo Sassi, Sergio Pinzón, Shirley Paes Leme, Sergio Pinzón, Victor Leguy, Yuli Yamagata entre outros.
8° Surpraise – “Leilão às Cegas”
3 dezembro 2016, sábado, 15h
Ateliê 397
Rua Wisard 397, Vila Madalena, São Paulo, SP
11-3034-2132
Pagamento das obras em dinheiro, cheque ou cartão de débito ou crédito em até 3X
dezembro 1, 2016
Eloá Carvalho no MAM, Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 3 de dezembro de 2016 a exposição Todo Ideal Nasce Vago, com pinturas de Eloá Carvalho (Niterói, 1980), feitas a partir de sua pesquisa sobre o acervo fotográfico das exposições realizadas pelo MAM, dos anos 1950 aos dias de hoje. A curadoria é de Ivair Reinaldim, que destaca a investigação da artista sobre a história das instituições. “Seu trabalho articula diferentes camadas de memória, mediante um cuidadoso processo de edição do material pesquisado, propondo conexões entre imagens e narrativas, assim como a articulação de diferentes temporalidades e espacialidades, em consonância com seus locais de exibição”, explica.
Em 2013, a artista realizou o projeto “Mise en Scène”, a partir do acervo iconográfico da Galeria de Arte IBEU. Em 2015, Eloá Carvalho foi convidada para fazer uma mostra individual na Galeria do Lago, no Museu da República, a partir da história e da arquitetura do Palácio do Catete, e da relação afetiva dos visitantes da instituição com a memória do espaço.
Para a exposição “Todo Ideal Nasce Vago”, a artista retornou à pesquisa iconográfica, e mergulhou no universo do Centro de Documentação e Pesquisa do MAM Rio, onde selecionou fotografias de exposições realizadas no museu, da década de 1950, registros dos jardins e do prédio, um marco modernista projetado por Affonso Reidy (1909-1964), e alguns feitos pela própria artista. A partir dessas fotografias, ela criou em torno de 18 pinturas que estarão na exposição, como “O regador”, “Gran circo” e “O ideal”, feitas este ano, em óleo sobre tela, a maioria em torno de 100cm x 80cm, e outras que vão de 150cm x 180cm a 30cm x 40cm.
Eloá Carvalho conta que pesquisa arquivos de instituições para ter acesso a sua história, mas que seu interesse fundamental é a relação com a figura humana, de que maneira ela se está inserida nesse contexto. Feita a seleção de imagens que lhe chamaram a atenção, ela faz uma “edição” pessoal, misturando elementos e umas com outras. Eloá Carvalho ressalta que seu objetivo não é “um projeto histórico”, ou “fazer retratos”, e sim buscar “a cena, o momento”. Exemplo disso é a obra “O regador”, em que se vê um homem de terno curvado com um regador na mão. Trata-se de Juscelino Kubitschek, então presidente da república, na solenidade de plantação das palmeiras do Parque do Flamengo, no final dos anos 1950. “Achei interessante a pessoa que se curva, em uma ação simples, diferente da atitude formal e solene de um chefe de estado”, explica.
TRAZER PARA DENTRO O QUE ESTÁ FORA
Uma pintura em grande formato mostra o artista Heitor dos Prazeres (1898-1966), a rara presença de um negro em um coquetel de abertura de exposições. “As imagens são bem diferentes entre si, mostram pessoas que frequentam o MAM, seus jardins, em universo que vai de figuras importantes, com taças de champanhe, a crianças de escola”, diz a artista. Ela lembra uma frase de Affonso Reidy, que pretendeu, com a fachada de vidro do Museu, trazer para dentro o que está fora. “Eu também, de uma certa forma, quis trazer para dentro o que está fora, as paisagens, as histórias das imagens”, observa.
“Além da investigação histórica e iconográfica, as pinturas produzidas por Eloá Carvalho para esta mostra ressaltam sua percepção poética das características físicas e ideológicas dos espaços expositivos e seus usos e afetos, a partir da presença do corpo do espectador. Sua linha de pesquisa reforça o uso da documentação histórica não como mera apropriação ou pastiche, mas, a partir de articulações mais complexas, que em si não escondem idiossincrasias e conflitos internos, para estimular a constituição de novos olhares para o espaço e sua memória”, destaca Ivair Reinaldim.
Ele explica que a artista “tem desenvolvido projetos que partem da história de instituições –por meio da investigação de documentos visuais e textuais, relatos orais, objetos e mobiliário, entre outros – para em seguida estabelecer um profícuo diálogo com a memória e as características desses espaços. Seu trabalho articula diferentes camadas de memória, mediante um cuidadoso processo de edição do material pesquisado, propondo conexões entre imagens e narrativas, assim como a articulação de diferentes temporalidades e espacialidades, em consonância com seus locais de exibição”.
Eloá Carvalho nasceu em Niterói, em 1980, e vive e trabalha na cidade do Rio de Janeiro. Graduou-se em pintura pela EBA/UFRJ, tendo feito cursos na EAV Parque Lage e na Fundação Eva Klabin. Entre suas exposições individuais, destacam-se: “Como se os olhos não servissem para ver”, na Galeria do Lago, Museu da República, Rio de Janeiro; “Projetos da minha espera”, ZipUp, Zipper Galeria, São Paulo, ambas em 2015; “Mise en Scène”, Galeria de Arte IBEU, Rio de Janeiro, em 2013. Das exposições coletivas, as principais são: “Ver e ser visto”, no MAM Rio de Janeiro, em 2015; “Figura Humana”, Caixa Cultural Rio de Janeiro, e “Novas Aquisições”, no MAM Rio, “Como se não houvesse espera”, Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro, todas em 2014; XI Bienal do Recôncavo Baiano, São Félix, Bahia, em 2012; “Como tempo passa quando a gente se diverte”, Galeria Casa Triângulo, São Paulo (2011); “Novíssimos”, Galeria de Arte IBEU, Rio de Janeiro, em 2010. Possui trabalhos nas coleções Gilberto Chateaubriand | MAM RJ e Instituto Cultural IBEU.
Carlos Zilio no MAM, Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura no próximo dia 3 de dezembro de 2016 a exposição Atensão, remontagem da histórica mostra realizada em 1976 com oito obras de Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944), um dos mais importantes artistas da cena contemporânea brasileira. Com coordenação geral de Vanda Klabin e coordenação de montagem Jaime Vilaseca, a exposição irá ocupar exatamente o mesmo local da montagem original, no terceiro andar do Museu. À época, “Atensão”, a primeira individual de Carlos Zilio em uma instituição, integrou o programa Área Experimental do MAM, que existiu entre 1975 e 1978, e realizou um total de 38 exposições. Artista com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura "Cerco e Morte” (1974) adquirida há dois anos pelo MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano “Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980”, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.
A instalação “Atensão” é formada por materiais de construção, como madeira, tijolos e pedras, articulados em equilíbrio precário e com o som incessante de um metrônomo, e remete o espectador a uma relação com a tensão. “Deste modo, o aspecto austero e geométrico do conjunto, gera uma situação na qual a questão estética está diretamente vinculada a experiência e a vida”, observa Vanda Klabin. Carlos Zilio afirma que remontar a exposição “possibilita recriar uma fase da minha produção e, simultaneamente, situar a inserção e pertinência deste trabalho hoje”.
O conjunto de treze obras, pertencente à Coleção MAM Rio de Janeiro, está sendo reconstituído para a exposição por Jaime Vilaseca, que participou da montagem original e de outras três que incluíram esses trabalhos: “Arte e política”, no Museu de Arte Moderna do Rio, que depois itinerou para o MAM São Paulo e MAM Bahia, em 1996 e 1997, com curadoria de Vanda Klabin. Na ocasião, Vilaseca também coordenou o restauro desses trabalhos. Vanda Klabin chama atenção para o fato de que a mostra individual de Carlos Zilio “tem caráter retrospecto, exibida agora após 40 anos, e foca uma produção estética investida de um alto teor político, uma arte engajada e com intensos posicionamentos críticos”.
O texto escrito pelo artista para o folder da mostra em 1976 estará na parede da entrada do espaço. Nele, Carlos Zilio destaca que “a leitura da exposição deve partir do princípio de que o seu objetivo está presente nos mínimos detalhes. As partes existem em função do todo; isoladamente, ficam sem sentido”. “A matéria é importante. Tábuas, tijolos, cabos de aço, pedras. Materiais de construção, prestes a desabar. (...) A direção do projeto é dar margem à formação de uma ampla articulação de conceitos que envolve o campo psicológico e o social; os significados objetivos e subjetivos interligados: um som (o seu ritmo), a pedra por um fio (a quase ruptura)”, destacou à época o artista. No final, ele avisa que “a linguagem está imersa na minha fantasmática, mas é preciso situar o projeto historicamente. O meu e o nosso tempo. O meu e o nosso universo. Tempo de tensões, pressões e (des)equilíbrios”.
CONTEXTO POLÍTICO-CULTURAL DA ÉPOCA
No próximo dia 08 de dezembro, às 16h, haverá uma conversa aberta ao público sobre o contexto político da época, com o artista, os curadores do MAM, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, e ainda o crítico Ronaldo Brito, que em 1976 integrou a Comissão Cultural do Museu, responsável pela Área Experimental.
ÁREA EXPERIMENTAL DO MAM
Para Vanda Klabin, “a Área Experimental do MAM representou um espaço de afirmação para a arte contemporânea brasileira”. “Em um momento do país marcado pelo obscurantismo político e social, a Área Experimental teve um valor simbólico particular por ter sido um espaço independente”, afirma. O programa realizado pelo MAM entre 1975 e 1978 foi objeto de pesquisa de Fernanda Lopes, que resultou na publicação “Área Experimental – Lugar, espaço e dimensão do experimental na arte brasileira dos anos 1970” (Bolsa Funarte de Produção em Artes Visuais 2012, em parceria com a editora Figo). Com 208 páginas, o livro faz uma análise histórica, crítica e inédita sobre a criação e funcionamento da Área Experimental, e teve como base documentos do Centro de Documentação e Pesquisa do MAM Rio e de acervos particulares, além de mais de 20 entrevistas feitas com artistas que expuseram dentro da Área Experimental do MAM, além de críticos de arte que acompanharam aquele programa de exposições.
Os artistas que expuseram na Área Experimental do MAM foram: Emil Forman, Sérgio de Campos Mello, Margareth Maciel, Bia Wouk, Ivens Machado, Cildo Meireles, Gastão de Magalhães, Anna Bella Geiger, Tunga, Paulo Herkenhoff, Umberto Costa Barros, Rogério Luz, Wilson Alves, Letícia Parente, Carlos Zilio, Mauro Kleiman (duas mostras), Lygia Pape, Yolanda Freire (duas mostras), Fernando Cocchiarale, Regina Vater, Waltercio Caldas, Sonia Andrade (duas mostras), Amélia Toledo, João Ricardo Moderno, Ricardo de Souza, Luiz Alphonsus, Reinaldo Cotia Braga, Jayme Bastian Pinto Junior, Dinah Guimaraens, Reinaldo Leitão, Lauro Cavalcanti, Dimitri Ribeiro, Orlando Mollica, e Essila Burello Paraíso, além de Beatriz e Paulo Emílio Lemos, Murilo Antunes e Biiça, Luis Alberto Sartori, Jorge Helt e Maurício Andrés, que apresentaram a mostra coletiva “Audiovisuais mineiros”.
Carlos Zilio (Rio de Janeiro, 1944) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo. Participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960 – “Opinião 66” e “Nova Objetividade Brasileira”, por exemplo, ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro –, e de mostras com repercussão internacional, como as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição “Tropicália”, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Desde seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais “Arte e Política 1966-1976”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997), “Carlos Zilio”, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), que abrangeu sua produção dos anos 1990, e “Pinturas sobre papel”, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006). As mais recentes exposições coletivas que integrou foram: “Brazil Imagine”, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, em 2014; e “Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art”, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre suas mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010), e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Carlos Zilio foi professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro “Carlos Zilio”, organizado por Paulo Venâncio Filho, sobre a sua produção. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.