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novembro 27, 2016
Gisela Waetge no Ling, Porto Alegre
Inéditas de Gisela Waetge, com curadoria de Eduardo Veras e Luísa Kiefer, mostra apresenta desenhos e pinturas da artista falecida no ano passado
Gisela Waetge, Instituto Ling, Porto Alegre, RS - 30/11/2016 a 31/03/2017
O Instituto Ling apresenta exposição com cerca de 50 obras de Gisela Waetge, artista que faleceu precocemente em 2015. Com curadoria de Eduardo Veras e Luísa Kiefer - filha de Gisela - a mostra traz trabalhos representativos dos seus dois últimos anos de vida quando, em função de seu tratamento médico e das limitações físicas impostas pela doença, trocou as grandes escalas por obras de tamanho reduzido. Destacam-se os desenhos inéditos feitos com diferentes materiais - pequenos cadernos, blocos, folhas e papéis avulsos, grafites, lápis de cor, canetas nanquim e réguas - que evidenciam a sequencia do pensamento artístico de Gisela naquele momento, mais imediato, visível e com grande experimentação. Além dos desenhos, são apresentadas três pinturas, que representam os trabalhos de grandes dimensões e levam em conta o espaço expositivo do Instituto Ling.
O processo de trabalho e criação da artista também está presente na exposição, em forma de estudos, materiais de trabalho e pesquisa, esboços e em um livro que Gisela desenhou durante o período em que esteve hospitalizada. A mostra tem entrada franca (confira horários de visitação no serviço abaixo).
No recorte escolhido pelos curadores, a exposição apresenta características que acompanharam a produção da artista em diferentes fases, e conduz o visitante a perceber a mudança de escala e a experimentação que a instigou até o final. Duas pinturas e os estudos escorridos de tinta são um desdobramento do trabalho que Gisela desenvolveu para a 5ª Bienal do Mercosul (2005). Já nos desenhos produzidos entre 2008 e 2015 aparecem novas regras de produção e novas relações entre as formas. A série de desenhos horizontais, alguns sobre caderno de partitura, outros sobre quadriculados ou pautados, são parte de sua produção mais recente, e são apresentados ao público pela primeira vez.
"Entrar no universo íntimo da artista - seu ateliê, seus estudos, suas anotações - sem sua presença foi como descobrir um trajeto novo rumo a um endereço familiar; ou talvez como seguir em frente, seguros de nossa direção, mas ansiosos por já não termos ninguém para nos conduzir pelo caminho. Sem Gisela por perto, nos concedemos uma espécie de licença para abrir suas gavetas e seus armários, desembrulhar papeis, descobrir desenhos e redescobrir pinturas, reencontrando a artista graças à obra que ela deixou", afirmam Eduardo e Luísa em seu texto curatorial.
A exposição tem patrocínio da Fitesa e financiamento do Governo RS / Sistema Pró-Cultura / Lei de Incentivo à Cultura.
novembro 26, 2016
Lucia Laguna no MAR, Rio de Janeiro
O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura em 29 de novembro duas exposições individuais que marcam o início da gestão de Evandro Salles como diretor cultural do museu. As mostras Enquanto bebo a água, a água me bebe – Lúcia Laguna e Meu mundo teu – Alexandre Sequeira exploram diferentes pontos de vista das práticas relacionais e colaborativas na arte. Lucia apresenta pinturas, desenhos e mobiliário que foram elaborados com a participação de seus assistentes. Por sua vez, Alexandre Sequeira traz para o espaço uma retrospectiva com obras desenvolvidas a partir de sua relação com diferentes comunidades e pessoas.
Com a curadoria de Cadu e Clarissa Diniz, a mostra Enquanto bebo a água, a água me bebe – Lucia Laguna apresenta obras produzidas nos anos 2000. A seleção de trabalhos conta a trajetória de Lucia, professora de português que começou a pintar nas aulas de Charles Watson no Parque Lage, após sua aposentadoria do magistério. Das pinturas figurativas, Lucia passou para o estudo de sobreposição de camadas a partir da apreciação de um quadro renascentista que condensava o espaço. A artista de Campos dos Goytacazes tinha como intenção de sua pesquisa planificar suas pinturas. Os experimentos eram realizados da janela de seu ateliê no Rio de Janeiro, que funcionava como moldura do que ela enxergava.
Lucia começou a explorar então as malhas urbanas com traços de geometria e cartografia, com a utilização de fitas crepes que após retiradas revelam diferentes camadas. “Em sua experimentação, era como se ela quisesse fazer as cidades caberem na moldura de sua janela”, explica Clarissa Diniz. Logo depois, a artista passa a fazer uma referência mais direta a seu ateliê, usando como modelos objetos que faziam parte do espaço. A mostra apresenta 35 pinturas, sendo 11 delas inéditas. Um dos trabalhos nunca antes apresentados tem uma relação com o MAR: Lucia fotografou a vista de uma das janelas do museu e utilizou a imagem para a realização de mais uma obra da série Paisagem.
As telas apresentadas foram produzidas em parceria com dois assistentes, Davi Baltar e Cláudio Tobinaga, que sem qualquer tipo de censura ou proibição inseriram cores, traços e fitas nos quadros. Essa técnica faz com que sua arte faça parte um intenso modelo de colaboração. Além das telas, Lucia apresenta pela primeira vez seus desenhos produzidos com as fitas crepes retiradas dos quadros. E também mobiliário que ela está fabricando com o auxílio de Cláudio Silva, da fábrica de brinquedos da qual era dona e, atualmente, um de seus assistentes.
Atualmente, Lucia conta com os assistentes Sumara Rouff, Cláudio Santos, Cláudio Tobinaga e Davi Baltar. Ao longo de sua trajetória, fizeram parte da equipe: Pollyana Freire, Rafael Alonso, Arthur Chaves e Tatiana Chalhoub.
Alexandre Sequeira no MAR, Rio de Janeiro
O Museu de Arte do Rio – MAR, sob a gestão do Instituto Odeon, inaugura em 29 de novembro duas exposições individuais que marcam o início da gestão de Evandro Salles como diretor cultural do museu. As mostras Enquanto bebo a água, a água me bebe – Lúcia Laguna e Meu mundo teu – Alexandre Sequeira exploram diferentes pontos de vista das práticas relacionais e colaborativas na arte. Lucia apresenta pinturas, desenhos e mobiliário que foram elaborados com a participação de seus assistentes. Por sua vez, Alexandre Sequeira traz para o espaço uma retrospectiva com obras desenvolvidas a partir de sua relação com diferentes comunidades e pessoas.
Os trabalhos do paraense Alexandre Sequeira são processos de encontro e convivência que costumam ter, na fotografia, uma potente mediação. As obras exploram a sua relação com pessoas, lugares e motivações. Com curadoria de Clarissa Diniz e Janaína Melo, o museu apresenta uma retrospectiva do artista com seus maiores projetos, incluindo o que dá nome à mostra, além de um trabalho feito, exclusivamente, para esta exposição e que apresenta uma relação com o território do museu. Em parceria com Aline Mendes, participante do Vizinhos do MAR, Alexandre explorou o acervo de Tião, que foi durante muitos anos fotógrafo do cotidiano do Morro da Providência. A partir do material encontrado, Aline e Alexandre procuraram as pessoas dos retratos feitos por Tião e, além de uma nova imagem, capturaram depoimentos desses personagens. A instalação apresentará imagens antigas de Tião, ao lado de fotografias de Alexandre formando uma constelação que conta também com diversos monóculos do mesmo acervo.
Em Meu mundo teu, série de 2007, Alexandre atua como mediador da relação de dois adolescentes por meio de cartas e fotografias. Essa jornada de autoconhecimento deu origem ao trabalho que apresenta imagens sobrepostas que representam metaforicamente o encontro de duas pessoas de universos distintos. Em Nazaré de Mocajuba, Alexandre conviveu com a comunidade de mesmo nome (500 km de distância da cidade de Belém, na região da Amazônia brasileira) e acabou prestando serviço como fotógrafo para seus moradores. As imagens foram impressas em objetos pertencentes e escolhidos pelos moradores para uma exposição no meio da mata. Com a possibilidade de chuva, Alexandre pediu que os moradores colocassem as fotografias em suas respectivas casas, nos locais de suas preferências, realizando, então, outra exposição. O MAR apresentará esses objetos, que integram a Coleção MAR.
A exposição ainda traz uma instalação de 2008, Cerco à memória, ano em que Alexandre trabalhou com comunidades quilombolas e se envolveu com a problemática dos incêndios criminosos dos cemitérios dessas comunidades, maneiras perversas de romper vínculos afetivos e assim expulsar as pessoas daquela terra. A instalação vai fazer com que o público se sinta parte deste espaço em chamas. Em Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim, Alexandre criou uma relação com Rafael e seu avô em Lapinha da Serra, Minas Gerais. Alexandre deu vida à imaginação do menino de 13 anos a partir da fotografia e, além das imagens, leva para o MAR uma armadilha para caçar discos voadores criada pelo menino e uma foto em tamanho real da “mulher mangueira”.
A partir de sua trajetória na fotografia, Alexandre recebeu convites para realizar projetos em escolas. E, valorizando o lado educacional da arte do fotógrafo, o MAR apresenta pela primeira vez em uma mostra os trabalhos produzidos em parceria com os alunos de escolas municipais e ONGs, em Minas Gerais e no Paraná.
Todas as obras da exposição passam a compor o acervo do Museu de Arte do Rio – MAR, tornando a instituição o principal centro de referência da obra do artista. O MAR agradece a generosidade de Alexandre Sequeira.
Imagem-movimento na Zipper, São Paulo
Desde os primeiros experimentos fotográficos que a representação da imagem sempre seguiu um processo fluido quanto a seus suportes. Das primeiras experiências com o desenho fotogênico do inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877), feitas a partir de reprodução direta de objetos por meio de um papel mergulhado em nitrato e cloreto de prata, ao uso de tecnologias digitais e apropriações de imagens, o uso múltiplo dos meios esteve presente como uma característica intrínseca a esta técnica. Ao mesmo tempo, tal procedimento se relaciona intimamente e desde sempre com o registro de experiências de deslocamento.
Em Imagem-movimento, com curadoria de Nathalia Lavigne, a noção de movimento que se faz presente mesmo na imagem estática é um tema que norteia os trabalhos dos dez artistas: Ana Vitória Mussi, André Penteado, Felipe Cama, Felipe Russo, Graciela Sacco, Iris Helena, João Castilho, Katia Maciel, Patricia Gouvêa e Ricardo van Steen. Processos de deslocamento aparecem tanto na variedade de suportes utilizados, na circulação de imagens ou na temática dessas séries, contrariando a ideia do “instante decisivo” defendida por Henri Cartier-Bresson nos anos 1950.
A argentina Graciela Sacco é um dos principais nomes que desde o início dos anos 1980 vem explorando técnicas pioneiras da fotografia, como a heliografia, com imagens ampliadas em ripas de madeira e outros objetos. Temas como a diáspora contemporânea e trânsitos migratórios em um mundo globalizado também estão presentes na produção da artista, que passou a ser representada no Brasil pela Zipper Galeria este ano.
Uma das pioneiras da videoarte no país nos anos 1970, a artista carioca Ana Vitoria Mussi também vem desde então investigando os limites da fotografia bidimensional e entre a imagem estática e em movimento. Influenciada por produções audiovisuais de filmes feitos a partir de fotografias, como La Jetée (1962), de Chris Marker, a artista começou a fazer um processo inverso, transformando imagens em movimento da televisão em imagens estáticas, captadas a partir do próprio monitor. Parte desse processo deu origem à série “Mergulho na Imagem”, na qual cenas de saltos acrobáticos são aplicadas por serigrafia em tijolos de vidro, material que utiliza desde os anos 1990.
Outra experiência similar que também explora o limiar entre as imagens estáticas e em movimento é feita pela artista Katia Maciel em Inútil Paisagem (2005), vídeo criado a partir de um travelling fotográficos de 150 imagens coladas digitalmente. A noção de temporalidade aparece ainda em “Garagem Automática”, ensaio de Felipe Russo feito em um dos principais edifícios-garagens de São Paulo com imagens captadas em longa exposição – algumas em até cinco horas.
Séries apresentadas como fotoinstalações são também um aspecto da produção de João Castilho, como em Nova Era (2016), que mostra pegadas de animais selvagens capturadas em moldes pelo artista, utilizando argila e terra úmidas. Ele integra a mostra também com imagens de “Paisagem Submersa”, trabalho documental realizado entre 2002 e 2008 junto com Pedro Motta e Pedro David em que acompanhou o processo de deslocamento de moradores da região do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, atingidos pela construção da hidroelétrica de Irapé.
Já a circulação de imagens aparece no projeto “Arquivo Tupi”, de Ricardo van Steen, que parte de fotografias produzidas pelo artista ou encontradas em arquivo alteradas com interferências pictóricas e apresentadas em uma urna como um registro histórico fictício. Ou na série Sul x North (2010/2015), de Felipe Cama, que mostra reproduções das pinturas da viajante inglesa Marianne North (1830-1890) ao lado de fotos atuais apropriadas das redes sociais, clicadas nos mesmos locais que North retratou no século XIX.
Artistas participantes
Ana Vitória Mussi (Laguna, SC, 1943) – A artista catarinense radicada no Rio de Janeiro é uma das pioneiras no país em pensar a fotografia além dos limites tradicionais a associada à videoinstalação. Iniciou sua carreira no final dos anos 1960 estudando desenho e pintura com Ivan Serpa, fotografia no Senac e serigrafia com Dionísio Del Santo e Evany Cardoso na Escola de Artes Visuais do Parque Laje de 1989 a 1990. Tem obras na coleção Pirelli-Masp, Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ) e na Coleção Bienal de Cerveira (Portugal). Foi tema da mostra retrospectiva “Imagética”, exibida no Paço Imperial (Rio de Janeiro, RJ) em 2015, e da individual “Fotoimagens”, na Casa da Imagem (São Paulo, SP), em 2016. Entre as principais mostras coletivas que participou recentemente destacam-se: “Arquivo Geral,” no Centro Cultural Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, RJ), em 2010; “Anos 70 – Arte Como Questão”, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo-SP) e Identity – 10 Women Contemporary Artists from Brasil, Brazilian - American Cultural Institute, Washington-EUA, ambas em 2007; “Um Século de Arte Brasileira”, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, com itinerância em São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e outros lugares, em 2006.
André Penteado – A obra do artista (São Paulo, 1970) se baseia na ideia de que a fotografia, dada a sua banalidade no mundo de hoje, é uma das mais interessantes e complexas mídias para o desenvolvimento de trabalhos de arte. Produzindo desde 1998, o artista já realizou oito exposições individuais e participou de mais de dez coletiva no Brasil, Argentina, Espanha e Inglaterra, onde viveu por sete anos. Em 2013, venceu o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger com o trabalho O Suicídio de meu pai; em 2014, teve seu projeto Tudo está relacionado selecionado para o Rumos Itaú Cultural 2013-2014. Nesse mesmo ano, lançou seu primeiro livro – O suicídio de meu pai; em 2015, publicou pela Editora Madalena Cabanagem. Este ano, ele lança mais duas publicações: Não estou sozinho, que acompanha a exposição homônima realizada no CCSP, em julho, e Missão Francesa.
Felipe Cama – Nasceu em Porto Alegre, em 1970, e vive em São Paulo. Examina os processos de produção, distribuição e consumo de imagens no mundo contemporâneo. Para tanto, apropria-se de representações em diversos meios – desde imagens digitais que circulam pela internet, fotografias publicitárias, fotos encontradas em álbuns de viagem virtuais e reproduções em livros de História da Arte – para compor obras em suportes como a pintura, a fotografia, a colagem e o vídeo. Seu trabalho consta em importantes coleções institucionais: Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Instituto Figueiredo Ferraz, Museu de Arte de Porto Alegre, Centro Cultural Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa) e Universidade de Arte de Musashino (Tóquio).
Felipe Russo (São Paulo, 1979) – Formado pela Universidade de Hartford (Estados Unidos) em um MFA de Fine Art Photography, com foco em livro de artista. Sua produção fotográfica procura estabelecer novas relações de vivência e compreensão do espaço habitado especialmente na cidade de São Paulo. Possui trabalhos em coleções públicas e privadas como Maison Européene de la Photographie, em Paris, e já expôs em coletivas e individuais na Alemanha, França e Guatemala. Participou este ano da individual “Garagem Automática”, na Casa da Imagem (São Paulo, SP); e em 2015 da coletiva "Fotos contam Fatos" na Galeria Vermelho (São Paulo, SP).
Graciela Sacco – Um dos principais nomes da produção argentina contemporânea, a artista Graciela Sacco (Rosário, 1956) é reconhecida por trabalhos desenvolvidos a partir de técnicas inovadoras de impressão fotossensíveis, que permitem a gravação de imagens em meios pouco usuais. Influenciada pelo conceitualismo latino-americano dos anos 1960, entre eles o coletivo Tucumán Arde, sua produção tem forte implicação política. A relação entre a memória e a fotografia é outro tema fortemente explorado pela artista. Em vídeos, instalações e intervenções urbanas, além das impressões em heliografia em distintos materiais, ela examina as tensões entre arte e sociedade e trata de questões como deslocamentos, migrações, exílios e a diáspora contemporânea. Natural de Rosario, Graciela já representou a Argentina em diversas bienais internacionais, entre elas: Veneza (2001), São Paulo (1996), Havana (1997 e 2000), Mercosul (1997), Shanghai (2004) e Ushuaia (2009). Participou também de mostras individuais e coletivas em países como Inglaterra, Alemanha, França, Israel, Estados Unidos, Brasil, Colômbia e Peru. Sua obra está presente em importantes coleções internacionais, entre elas: MAMBA (Museu de Arte Moderna de Buenos Aires), Argentina; MACRO (Museu de Arte Contemporáneo de Rosario), Argentina; Museu do Bronx (Nova York, Estados Unidos); MFAH (Museu de Bellas Artes de Houston), Estados Unidos; Museum of Art Fort Lauderdale, Estados Unidos; Coleção Microsoft, Washington, Estados unidos; Essex University, Colchester, Inglaterra.
Iris Helena – Nasceu em João Pessoa, PB, em 1987. Vive e trabalha em Brasília, DF. Seu trabalho explora a paisagem urbana e realiza diálogos entre as imagens de cidades e os suportes onde são impressas. Post-its, marcadores de páginas, cartelas de remédio, cascas de parede, papel higiênico, entre outros materiais, redimensionam as paisagens quando aparecem como matéria-prima de suas instalações. Formação: graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba, PB, e mestre em Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília, DF. Principais exposições individuais: “Marcadores”, Portas Vilaseca Galeria. Rio de Janeiro, RJ, 2015; “Caminho por uma rua que passa em muitas cidades”, Galeria Archidy Picado - FUNESC. João Pessoa, PB, 2013; “Ode à Sena”, Sena Madureira, AC, 2012; “Notas de Esquecimento”, Aliança Francesa. João Pessoa, PB, 2009. Principais exposições coletivas: “61o Salão de Abril”, Fortaleza, CE, 2010, “II Prêmio EDP nas Artes”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, 2011; “City as a Process”, II Ural Industrial Biennial of Contemporary Art, Ekaterinburg, Rússia, 2012.
João Castilho – Nascido em Belo Horizonte, em 1978, é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo, escultura e instalação. Seus trabalhos têm inspiração no cinema, na literatura, na cultura popular e em temas da atualidade. Tem obras em museus como Musée du Quai Branly, Paris; Pinacoteca do Estado, em São Paulo; Coleção Pirelli/MASP de Fotografia, São Paulo; e Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. Ganhou prêmios da Fundação Conrado Wessel de Arte, em 2014; e a Bolsa de Fotografia, do Instituto Moreira Salles, em 2013. Foi um dos artistas selecionados para o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil e da Bienal do Mercosulo, em 2015.
Katia Maciel – Artista, cineasta e poeta, pesquisadora do CNPq e professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1994. Seus trabalhos operam com a repetição nos códigos amorosos e seus clichês e com desnaturezas. Realiza filmes, vídeos, instalações e participou de exposições no Brasil, na Colômbia, no Equador, no Chile, na Argentina, no México, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na França, na Espanha, na Alemanha, na Lituânia, na Suécia e na China. Tem obras em coleções como Maison Européenne de la Photographie (Paris, França); Museu de Arte Moderna/Gilberto Chateaubriand (Rio de Janeiro, Brasil) e Instituto Oi Futuro (Rio de Janeiro, Brasil). Recebeu, entre outros, os prêmios: Prêmio da Caixa Cultural Brasília (2011), Funarte de Estímulo à Criação Artística em Artes Visuais (2010), Rumos Itaucultural (2009), Sérgio Motta (2005), Petrobrás Mídias digitais (2003), Transmídia Itaúcultural (2002), Artes Visuais Rioarte (2000). Publicou, entre outros, os livros Zun (poemas 2012) Letícia Parente (org. com André Parente, 2011), O Livro de sombras (org. com André Parente, 2010), O que se vê, o que é visto (org; com Antonio Fatorelli, 2009), Transcinemas (org. 2009), Cinema Sim (org. 2008), Brasil experimental: Guy Brett (org. 2005), Redes sensoriais (em parceria com André Parente, 2003), O pensamento de cinema no Brasil (2000) e A Arte da desaparição: Jean Baudrillard (org 1997).
Patricia Gouvêa (Rio de Janeiro, 1973) – Artista visual, sua produção prioriza a fotografia e a imagem em movimento e suas possíveis interfaces, em que a noção de tempo constitui um dos principais eixos de pesquisa. Graduada em Comunicação Social (ECO/UFRJ), especialista em Fotografia e Ciências Sociais (UCAM/RJ) e mestre em Comunicação e Cultura na linha Tecnologias da Comunicação e Estéticas da Imagem (ECO/UFRJ). Publicou os livros: “Membranas de Luz: os tempos na imagem contemporânea” (2011, Azougue Editorial), “Imagens Posteriores” (2012, Réptil Editora) e “Banco de Tempo” (2014, com Isabel Löfgren, edição das autoras). Já participou de coletivas e individuais em países como China, Itália, Colômbia e Argentina. Junto com a artista Isabel Löfgren, desenvolveu o projeto “Banco de Tempo” (exposição na Galeria do Lago/Museu da República, RJ, curadoria de Isabel Sanson Portella em 2012; site e livro com edição independente lançado em 2014) e “Mãe Preta” (exposição na Galeria Pretos Novos Arte Contemporânea/Instituto Pretos Novos, RJ, curadoria de Marco Antonio Teobaldo; site e publicação, 2016). Foi uma das fundadoras da Agência Foto In Cena (1995/98) e do Ateliê da Imagem (1999), espaço cultural dedicado à pesquisa e produção da imagem no Rio de Janeiro, no qual atuou como diretora artística até 2013.
Ricardo van Steen – Nascido em São Paulo, em 1958, é artista visual, documentarista e diretor de arte. Participou de importantes exposições coletivas, entre elas a 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil) em 2009; Cidades Invisíveis, no Masp- Museu de Arte de São Paulo (São Paulo, Brasil), em 2014; e Brasiliens Gesichter, no Ludwig Museum (Koblenz, Alemanha). Dirigiu o documentário “Noel - Poeta da Vila”, longa metragem sobre a vida do compositor Noel Rosa, vencedor de doze prêmios em cinco festivais brasileiros e internacionais.
Sobre a curadora
Nathalia Lavigne é pesquisadora e mestre em Teoria Crítica e Estudos Culturais pela Birkbeck, University of London. Atualmente, realiza uma pesquisa sobre reprodução de obras de arte no Instagram, circulação de imagens e colecionismo digital no programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Foi uma das pesquisadoras do projeto “Observatório do Sul”, uma plataforma de discussões promovida em 2015 pelo Sesc São Paulo, o Goethe-Institut e a Associação Cultural Videobrasil, que reuniu ao longo do ano profissionais de diversas áreas de atuação para discutir a questão do Sul Global no campo da cultura. É colaboradora de veículos como Bamboo, Select, Artforum, entre outros.
novembro 24, 2016
Impressões na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
A Mul.ti.plo Espaço Arte exibe trabalhos criados no laboratório de gravuras da Uerj por Cristina Salgado, Inês Araújo, Malu Fatorelli e Regina de Paula
Impressões é o nome da exposição das artistas Cristina Salgado, Inês de Araújo, Malu Fatorelli e Regina de Paula que a Múltiplo Espaço Arte promove, de 23 de novembro a 10 de dezembro. Impressões é também um desdobramento de propostas desenvolvidas no laboratório de gravura da mesma instituição. O projeto, concebido por Inês de Araujo, recebeu o apoio da Faperj e teve como desafio, para além da reabilitação dos aspectos físicos e materiais do atelier de gravura, criar condições para a prática experimental da pesquisa em arte na universidade pública.
“Este trabalho é voltado para a poesia e não para o mercado. Resolvemos abrir o nosso espaço para que possa ter outro tipo de leitura, ser visitado por outros olhares, ganhando uma escala pública”, diz Maneco Muller, consultor da Mul.ti.plo.
São ao todo 26 obras, incluindo gravuras, cadernos, objetos, desenhos, vídeo e colagem. As artistas - professoras do Instituto de Artes da Uerj - desenvolveram suas pesquisas artísticas no laboratório de gravura. O trabalho de Malu Fatorelli ativa conexões entre arte e arquitetura e remete a sua sólida experiência com esse meio que pratica desde os anos oitenta, quando frequentou a Scuola Internacional de Gráfica de Veneza. Para Inês Araújo a questão gráfica também é tema de destaque em suas séries de trabalhos com desenhos e videos. Cristina Salgado e Regina de Paula lidam com questões da imagem e o uso que fazem dos procedimentos de gravura, atualizando aspectos próprios a suas poéticas. Enquanto Cristina Salgado e Malu Fatorelli agregam objetos a suas impressões, Regina de Paula realiza matrizes com areia, material presente em muitas de suas obras e Inês Araújo explora o traço em repetições e deslocamentos de gestos e seus intervalos.
Além das gravuras, todas apresentam trabalhos em técnicas diversas que dialogam com esta produção. O conjunto abrange obras com processos de impressão e outras que oferecem o substrato poético e conceitual desses trabalhos. Ao todo a exposição reúne cerca de 26 obras das quarto artistas, incluindo gravuras, cadernos, objetos, desenhos, vídeo e colagem.
“A gravura envolve duração, um labor processual que pode ser pensado como uma quase-metáfora de resistência à efemeridade e aceleração de nosso tempo”, diz Regina de Paula. “O trabalho na Múltiplo atravessa os limites do espaço do ateliê universitário e afirma a vitalidade e a heterogeneidade da produção contemporânea, partilhada por quatro artistas com sólida trajetória e exposições no Brasil e no exterior”, complementa.
TRABALHOS
Inês Araújo trabalha a partir da ideia de escrituras do cotidiano, e apresentará seis gravuras em ponta seca da "série rolo, 1, 2013/2016", o video Caderno sem desenho, 2’00, 2016, e aproximadamente seis trabalhos da série Cadernos de desenho, que desenvolve desde 2011 e que foram o ponto de partida para as gravuras.
Regina de Paula realizou no início do ano uma grande individual no Paço Imperial protagonizada por fotografias e vídeos de performances em que a Bíblia Sagrada é manipulada. Ao problematizar questões religiosas, especificamente a evangelização, trouxe a paisagem bíblica para o Rio de Janeiro. As gravuras apresentadas, da série Divido está, são um desdobramentos desta exposição. Serão cerca de oito gravuras em relevo seco, uma bíblia (Dividido), colagem com recortes de uma Bíblia sobre linho (série Marajoara) e fotografia de uma ação realizada numa praia do Rio de Janeiro.
Malu Fatorelli mostra uma série de monogravuras construídas a partir da imagem litográfica de uma cadeira. Um objeto de memória afetiva que habita seu atelier e nesta série de trabalhos constitui uma referência para pensar relações com a arte. O título das obras como Cadeira para Francis Bacon evidencia as questões. São imagens litográficas com interferências de têmperas e outros materiais, alé, de desenhos com fios de cobre e relevo seco.
Cristina Salgado apresenta quatro trabalhos da série Eus e mins. O uso dos recortes de cartão paraná utilizados na série Multidões (1992), que foram entintados para produzir as impressões – e em alguns casos, literalmente presos aos trabalhos – está na origem da imagem desse trabalho. Os tecidos emborrachados e pelúcias, presentes em sua produção desde Mulheres em dobras (2006), e os parafusos, utilizados desde as obras em ferro Meninas (1993) e Humanoinumano (1995), estão em Eus e mins, agregados ao papel de modo quase escultórico, reafirmando um campo simbólico e um antropomorfismo que expande seus recursos de dessemelhança das realidades imediatas. Serão mostradas também duas obras da série Multidões (1992) e duas obras de Mulheres em dobras(2004).
BIOGRAFIAS
Cristina Salgado expõe desde 1980. Entre as principais coletivas estão Situações Brasília 2014 (Prêmio de Arte Contemporânea, Prêmio de Aquisição), Museu Nacional do Conjunto Cultural da República-Brasília; O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, Itaú Cultural, São Paulo, 2005. As individuais, mais recentes são No interior do tempo, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2015/2016; A mãe contempla o mar, Galeria Marsiaj Tempo, Rio de Janeiro, 2014 e Ver para olhar, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2012. Publicou com Glória Ferreira Cristina Salgado, Rio de Janeiro: Barléu, 2015. Estudos na EAV/Parque Lage-RJ, 1977-78. Doutora em artes visuais pela EBA/UFRJ. É professora no Instituto de Artes/Uerj.
Inês de Araujo desenvolve experiências com desenho e com vídeo pontuando marcas e intervalos de uma escritura do cotidiano. Doutora em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ é professora adjunta do departamento de Linguagens Artísticas do Instituto de Artes da Uerj. Desde os anos oitenta participa de mostras no Brasil e no Exterior. Expôs individualmente na Galerie Gauche, École Nationale de Beaux Arts, Paris; Centro Cultural São Paulo; Museu da Republica, Rio de Janeiro; RioArte, Rio de Janeiro. Recentemente participou das exposições coletivas Contato, Galeria Cândido Portinari, 2015, e Videodiverso, Galeria Gustavo Schnoor, 2016. Alguns de seus trabalhos podem ser vistos no site “Pesquisas Artísticas Recentes”, Projeto Subsolo, Secretaria da Cultura do Rio de Janeiro.
Malu Fatorelli estabelece conexões entre arte e arquitetura tornando evidente um campo conceitual que habita imagens estrategicamente construídas em diferentes meios. Expôs no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Sprengel Museum de Hanover, Alemanha; Galeria Segno Gráfico, Itália; na Casa de Cultura Laura Alvim, RJ entre outros. Figura em coleções públicas como o Gabinete de Gravura da Biblioteca Nacional de Paris; o Museu Nacional de Belas Artes, RJ; o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Doutora em artes visuais pela EBA/UFRJ. É professora no Instituto de Artes/Uerj. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Regina de Paula realizou sua primeira individual em 1990, na Columbia University, enquanto fazia mestrado na mesma instituição. Suas individuais mais recentes são Diante dos olhos, os gestos, que ocupou todo o primeiro andar do Paço Imperial (2016), E fiquei de pé sobre a areia (2014) e Tratado elementar de arquitetura (2012), ambas na Galeria Mercedes Viegas. Foi artista residente do Centre d’Art Passerelle em Brest, França (2005), e indicada para o Prêmio Pipa (2011). Recentemente participou das coletivas Coleção Joaquim Paiva, no MAM do Rio de Janeiro e Ao amor do público, no MAR Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro. Em 2015 participou da Bienal do Mercosul e recentemente lançou o livro Regina de Paula: Sobre a areia com Marcelo Campos. Doutora em artes visuais pela EBA/UFRJ. É professora no Instituto de Artes/Uerj.
novembro 22, 2016
Leilão de Parede prol Skowa na Zipper, São Paulo
Um grupo de artistas se engaja em prol do cantor, compositor e instrumentista Skowa (Marco Antônio Gonçalvez dos Santos; São Paulo, 1955). O músico, com uma trajetória marcante nas décadas de 1970, 1980 e 1990, que sofre de neuropatias decorrentes do diabetes. Nomes como Artur Lescher, Jac Leirner, Klaus Mitteldorf, Leda Catunda, Rodrigo Andrade, Sergio Sister e Tuca Reinés (veja lista completa abaixo) doaram trabalhos para um leilão de parede, que será realizado na Zipper Galeria no dia 22 de novembro. Toda a arrecadação será destinada ao tratamento de Skowa.
O músico iniciou sua carreira na década de 1970, quando participou do Clube do Choro e montou o grupo Sossega Leão. Em meados da década de 1980, Skowa criou a Skowa e a Máfia, que estourou com os hits “Atropelamento e fuga” e “Amigo do amigo”. Mais tarde, montou o Grêmio Recreativo Amigos do Samba, Rock, Funk & Soul, com o qual fez participações especiais em canções do cantor Jorge Ben Jor, como "Bebete, Vamos Embora", "Princesa" e "Engenho de Dentro".
O leilão terá início às 19h; os lances serão colhidos até 20h30, quando começarão os arremates finais. Confira abaixo a relação de artistas que doaram obras para o evento:
Alex Cerveny
Antonio Malta
Armando Prado
Artur Lescher
Beth Moysés
Carlito Carvalhosa
Carlito Contini
Cassio Vasconcellos
Ciro Cozzolino
Cris Bierrenbach
Fabio Miguez
Fernanda Chiecco
Fernanda Eva
Fernando Laszlo
Georgia Vilela
Helena Carvalhosa
Helena Pessoa
Iran do Espírito Santo
Jac Leirner
José Spaniol
José Roberto Aguilar
Klaus Mitteldorf
Leda Catunda
Lenora de Barros
Luiz Carlos Sôlha
Marcelo Cipis
Marcelo Zocchio
Marcia Pastore
Marco Giannotti
Marta Oliveira Jungmann
Monica Nador
Monique Allain
Nina Moraes
Paulo Monteiro
Renato Dib
Rochele Costi
Rodrigo Andrade Lapa
Rosângela Dorazio
Rubens Ianelli
Sergio Romagnolo
Sergio Sister
Sonia Guggisberg
Teresa Berlinck
Tuca Reinés
Victor Lema Riqué
Clique aqui para ver o PDF com o preview das obras
Felipe Cohen na Millan, São Paulo
Em Ocidente, a segunda exposição individual que Felipe Cohen (1976) apresenta na Galeria Millan (a primeira, “Lapso”, aconteceu em 2013), o artista paulistano explora o gênero da paisagem a partir de elementos próprios da geometria e da luz.
Na série de trabalhos “Luz Partida”, por exemplo, Cohen pinta triângulos de madeira com medidas regulares combinando-os de forma a construir paisagens elementares constituídas, em sua maioria, por mares, montanhas, sóis e céus. São pinturas “objetuais” que buscam uma relação entre a precisão da geometria e o forte caráter atmosférico das imagens, dado essencialmente pela escolha das cores (azul, marrom, verde, amarelo) e da perspectiva sugerida pelas diagonais dessas peças de madeira com formatos triangulares, quase lúdicas.
Nos outros três trabalhos da exposição, intitulados “Ocaso #3”, “Lago” e “Ocidente”, o artista parte de dispositivos como vitrines e prateleiras para relacionar diferentes materiais (madeira, feltro, vidro) e formas geométricas (círculos, triângulos, retângulos), buscando coincidências com fenômenos naturais da paisagem terrestre.
Por fim, Cohen apresenta uma intervenção no espaço expositivo da galeria, na qual leves e coloridos confetes de papel são perfeitamente encaixados em buracos com sutil profundidade no chão, buscando criar, novamente, uma relação paradoxal entre as ideias de efemeridade e de concretude.
Pablo Accinelli na Luisa Strina, São Paulo
Pablo Accinelli: Cae la tarde, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 23/11/2016 a 28/01/2017
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Ladrilhos, cidade, passo, pés, campo, terra
piso
metros, ladrilho, terra.
ladrilho, cidade, uniões, cimento, cal.
cidade, cimento, tijolos, cal terra.
tapete, quilômetros.
paredes terra estacas, tapete.
parede, piso, ruas, calçadas, portas.
campo, terra cimento.
portas.
quarto, paredes, cal, pintura
porta
cadeira mesa, quadros, copos, garrafas, paredes, piso.
continuação, casas, rua
terra, vaso, quartinho, mão, escrivaninha.
minutos, terra
mão, poço, terra.
planície, pó, terra
pó, vento, movimento
sol, grão, terra, luz, pó, piso.
superfície, piso, luz, milímetros, partículas, escuridão
pé terra, escuridão
endereço, paredes.
árvore, luz, tronco, lado sombra.
luz, tronco, piso.
árvore, folhas, cores.
árvore, folhas terra
árvore, terra, tronco madeira sombra, luz, folhas
folhas, árvore, luz
criado-mudo, quarto.
porta, calçada, paredes, endereço, casa, amigo
Ricardo Carreira (“Poemas”, Editorial Atuel, 1996)
Cae la tarde propõe a repetição como método de ocupar as formas e a espera como modo de produção de pensamento. Um estado da mente que encontramos num bar, durante a siesta ou no trânsito lento, ali onde os signos se comprimem em geometrias e durações habitáveis e onde as opiniões se localizam nas bordas de atividades mais visíveis como sublinhar um jornal, quebrar um objeto ou jogar cartas.
As obras aqui não se mostram estáticas, nem totalmente acabadas, mas abertas à orquestração dos detalhes que nelas vão aparecendo e que acabam configurando uma paisagem zenital num momento intermédio do dia, nem muito tarde, nem muito cedo. Uma zona de deriva especificada no poema do argentino Ricardo Carreira, traduzido em ideogramas por um software que Accinelli desenvolveu em 2013, e em porcas hexagonais que citam o sistema usado em Stalker, de Tarkovsky, para identificar radioatividade no ar.
Cae la tarde é a terceira exposição individual do artista na Galeria Luisa Strina. Exposições recentes incluem “Por aqui tudo é novo” (Inhotim, Brasil, 2016); “Técnicas Pasivas” (Galerija Gregor Podnar, Berlim, 2016); “Extension du domaine du jeu” (Nouveau Festival, Centre Pompidou, Paris, 2015); “Future Light – Escaping Transparency” (Bienal de Viena, MAK, 2015); “United States of Latin America” (MOCAD, Detroit, 2015), “No importa mi nombre” (Universidad Torcuato Di Tella, Buenos Aires, 2013); “When Attitudes Became Form Become Attitudes” (CCA Wattis, São Francisco, 2013); 30a. Bienal de São Paulo (2012).
Pablo Accinelli: Cae la tarde, Galeria Luisa Strina, São Paulo, SP - 23/11/2016 a 28/01/2017
Paving stones, city, step, feet, country, earth
ground
meters, paving stone, earth.
paving stone, city, joints, cement, lime.
city, cement, bricks, lime earth.
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walls earth stakes, rug.
wall, ground, streets, sidewalks, doors.
country, earth cement.
doors.
room, walls, lime, paint
door
chair table, paintings, glasses, bottles, walls, ground.
continuation, houses, street
earth, flower pot, small room , hand, desk.
minutes, earth
hand, ditch, earth.
plain, dust, earth
dust, wind, movement
sun, grain, earth, light, dust, ground.
surface, ground, light, millimeters, particles, darkness
foot earth, darkness
direction, walls.
tree, light, trunk, side shadow.
light, trunk, ground.
tree, leaves, colors.
tree, leaves earth
tree, earth, trunk wood shadow, light, leaves
leaves, tree, light
table lamp, room.
door, sidewalk, walls, direction, house, friend
Ricardo Carreira (Poems, Editorial Atuel, 1996)
Cae la tarde [Evening Falls] proposes repetition as method to occupy forms and wait as means to produce thought. A state of mind that we find in a bar, at siesta time, or when traffic is heavy, those places where signs compress into inhabitable geometries and durations, and where opinions are located at the edges of more visible activities like underlining a newspaper, breaking an object, or playing cards.
The works here are not static, or entirely finished, but rather open to the orchestration of the details that appear in them and that end up shaping a zenithal landscape at an intermediate moment of the day—neither too late nor too early. A zone of drifting described in the poem by Argentine writer Ricardo Carreira translated into ideograms by a software program that Accinelli developed in 2013 and in the hexagonal screws that make reference to the system used by the characters in Tarkovsky’s Stalker to identify radioactivity in the air.
Cae la tarde is the artist’s third solo exhibition at Galeria Luisa Strina. Recent individual exhibitions include: “Por aqui tudo é novo” (Inhotim, Brazil, 2016); “Técnicas Pasivas” (Galerija Gregor Podnar, Berlin, 2016); “Extension du domaine du jeu” (Nouveau Festival, Centre Pompidou, Paris, 2015); “Future Light – Escaping Transparency” (Vienna Biennial, MAK, 2015); “United States of Latin America” (MOCAD, Detroit, 2015), “No importa mi nombre” (Universidad Torcuato Di Tella, Buenos Aires, 2013); “When Attitudes Became Form Become Attitudes” (CCA Wattis, San Francisco, 2013); 30th São Paulo Biennial (2012).
novembro 20, 2016
Rosângela Rennó no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro
Fumaças, incensos, cores, cheiros, lembranças, mistérios, segredos... Em vídeos, fotos, frascos, sensações e reminiscências de viagem, artista reconstrói conceitos como memória e temporalidade
Não há espera ou espaço para ansiedade na exposição Espírito de tudo, de Rosângela Rennó, que o Oi Futuro Flamengo apresenta a partir de 21 de novembro, com curadoria de Evangelina Seiler. Há, sim, uma atmosfera mágica que guarda muitas surpresas e convida o espectador a examinar objetos e ideias sob ângulos particulares, próprios. Olhares que a artista apenas sugere ou desperta, por meio de obras plasmadas em questões cotidianas da existência, no espaço vasto da memória ou na reverência pelo universo do outro, que cada indivíduo recebe, percebe ou processa de maneira única.
Seis obras se apropriam do Oi Futuro: desde as lanternas mágicas que abriram caminho à fotografia e flertavam com o ilusionismo de luz e sombra até a transformação radical de imagens em vídeo, pela manipulação de cor e não-cor -passando pela memória olfativa que evoca, em cada um, registros internos de variadas naturezas – a artista envolve o público em uma jornada poética, por novas formas de olhar, interpretar e reagir a variadas experiências.
“Rosângela Rennó ocupa o Oi Futuro com imagens, sons e aromas que dialogam com a arquitetura do centro cultural e prometem despertar novas sensações no público. Com essa exposição, o Oi Futuro reafirma sua vocação de catalisador criativo, valorizando a produção de vanguarda e inspirando a convergência entre arte contemporânea e tecnologia”, diz Roberto Guimarães, gestor de Cultura do Oi Futuro.
A mostra tem o patrocínio do Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.
Sensações
Per fumum mergulha nas essências, incensos e odores com os quais o homem se relaciona desde a Antiguidade até hoje – cada um com seu uso indicado e suas sensações embutidas. O que este ou aquele aroma, esta ou aquela resina provoca, ao primeiro contato?
Enquanto o olfato desperta e decifra esses significados, Lanterna Mágica remete ao tempo da pré-imagem, entre fotografias trabalhadas à base de sais de prata e gelatina e projeções feitas com as tradicionais lanternas mágicas – projetores antigos, do final do século 19 e início do século 20. Per fumum e Lanterna Mágica refinam os sentidos rumo a outras possibilidades.
Uma delas se insinua na próxima obra, As horas viajantes. Uma imponente vitrine de vidro existente no espaço, revestida de película leitosa, exibe surpresas em recortes certeiros: distintos frascos de perfume surgem aqui e ali, vazios ou com restos de seu conteúdo, enquanto seus nomes desfilam em letreiros luminosos. O sentir despertado pelas "imagens das essências" conduz à memória dos perfumes e de tudo que vem com ela. E mais uma vez o espectador é tocado pela viagem, magnetizado pelo ato de lembrar-se.
Percursos
Mas o ato de viajar logo se torna mais denso, ainda que menos material, na obra Turista Transcendental. São textos e vídeos da artista que documentam, de forma bastante peculiar, suas viagens a pontos tão distintos quanto as ilhas Reunião (no Oceano Índico, a leste de Madagascar) e Gomera (no arquipélago das Canárias), Teotihuacán (México), a cabeça da Estátua da Liberdade (Nova Iorque), o Salar do Uyuni (a maior planície de sal do mundo, na Bolívia), o estreito de Bósforo (em Istambul), a cidade mística de Allahabad (Índia), Lagos (Nigéria), Montevidéu (Uruguai) e a Chapada dos Veadeiros, no planalto central brasileiro. As imagens, manipuladas durante a edição, fazem com que essas viagens se distanciem das paisagens e se concentrem no olhar, na sensação e no ato de relacionar-se com cada cultura e cada lugar em especial.
O ciclo se fecha com duas obras que mantêm forte diálogo. Uma delas é Realismo Fantástico, com seus espectros de luz em constante movimento; em Círculo Mágico, objetos da coleção da Fundação Eva Klabin ganham voz (e luz) própria para contar suas histórias ao público, entre toques de humor, nostalgia, amargura ou mesmo resignação diante do que há de trágico no tempo suspenso da história. O vídeo Círculo Mágico foi resultado de um projeto de intervenção realizado em 2014 na FEK, dentro do programa “Ciclo Respiração”, do curador Marcio Doctors.
Visões
A artista aplica muitas camadas de sutileza à poética que constrói e, pouco a pouco, envolve o expectador num processo em que se diluem, lenta e intensamente, muitas fronteiras.
Segundo a curadora Evangelina Seiler,“ao aguçar seus sentidos através das obras expostas, o visitante se aprofundará no trabalho desta grande artista, a partir do que vê e sente e também a partir, de textos, escritos por vários autores e por ela mesma, que apontam para suas referências filosóficas e técnicas.”
Rosângela Rennó diz que as obras que compõem o Espírito de Tudo mostram que há muitos outros mistérios entre o céu e a terra, além daqueles que os filósofos, poetas e artistas já detectaram.
Marcone Moreira no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Primeira exposição individual do artista em uma instituição carioca reúne conjunto representativo de sua obra
Marcone Moreira, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ - 22/09/2016 a 20/11/2016
Azuis, vermelhos, amarelos, verdes, brancos desbotados, prata. Lado a lado, empilhados ou formando ângulos retos. Uma explosão de vida no pátio do Paço. É “Visualidade Ambulante”, trabalho impregnado de histórias e significados, a obra que inicia o percurso da mostra de Marcone Moreira, como um cartão de visitas anunciando uma de suas principais características: a ressignificação de objetos do cotidiano.
A curadoria é de Moacir dos Anjos e configura um recorte preliminar de cerca de dezanos da carreira do artista, incluindo projetos dos anos 2000 até sua mais recente produção,“Território”, trabalho feito especialmente para a mostra. Na obra inédita, Marcone reúne quatro porteiras de fazendas, de quatro diferentes regiões do Brasil, promovendo o encontro delas para que juntas delimitem um novo espaço.
– Nessa exposição, o artista reafirma as questões que o inquietam desde o início da carreira:o antagonismo entre o local e o global, o popular e o erudito, o poder econômico e a desigualdade social– revela o curador. Moacir destaca ainda que as obras de Marcone lançam um olhar sobre as tensões do Brasil de hoje, desigual e conflituoso, com marcantes oposições como o direito de propriedade e o direito do trabalho.
As características apontadas pelo curador estão evidenciadas logo no espaço anterior à primeira sala da exposição, onde dois porretes detrabalho estão pendurados por uma corda. São instrumentos profissionaiscoletados no Rio de Janeiro e no interior do Maranhão. O primeiro, de borracha, usado para bater em peixe nas feiras urbanas; o segundo, de madeira, indispensável para a extração do babaçu.
– Para Marcone não é necessário fazer; ele se apropria de formas de objetos existentes e nos reapresenta de outra maneira. Com seu filtro artístico, nos leva a olhar objetos com que nos deparamos no diaadia como se fosse pela primeira vez – ressalta o curador.
Um barco fatiado, estendido ao longo do piso, exibe a visualidade amazônica do artista na primeira sala expositiva. Essa estrutura horizontal traz uma das marcas mais identificáveis da obra de Marcone, as peças em madeira de embarcação apresentadas com um conceito ambíguo de meio de transporte e labuta. As obras com madeira de carrocerias de caminhão também estão na exposição: pedaços regulares e muito semelhantes compõem uma variedade gráfica e pictórica, como uma grande grade vertical, que também faz referência ao mundo do trabalho.
– A ideia é reunir um conjunto significativo e representativo da diversidade de meios que venho explorando nos últimos anos, além das peças mais reconhecíveis da minha carreira, como as esculturas em madeiras de embarcações, e um conjunto de peças com madeiras de carroceria de caminhão, material que volto a usar depois de uma experiência no interior de Goiás ano passado. Vídeo e fotografia também fazem parte da mostra – diz o artista.
No vídeo “Horizonte de ferro”, 2014, Marcone revela imagens antagônicas do homem e da máquina, onde a estrutura de poder rasga a paisagem – a linha férrea que escoa a produção de minério de Carajás é também peça fundamental no constante fluxo migratório entre os estados de Maranhão e Pará.
O díptico fotográfico “Ausente presença”, na última sala, é a obra mais contundente da mostra. De um lado, imagem de pés esculpidos em barro dentro da lama; do outro, texto memorial com os nomes dos 19 trabalhadores mortos pela Polícia Militar do Pará, na chacina de Carajás, em 1996.
A exposição Marcone Moreira tem o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, através do Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio - Viva a Arte! 2015.
novembro 19, 2016
Liuba na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Importante conjunto de esculturas em bronze da artista búlgara naturalizada brasileira será reapresentado, pela primeira vez, mais de 50 anos após sua primeira exibição
Liuba, Galeria Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro, RJ - 21/11/2016 a 21/01/2017
Em 1965, a artista búlgara naturalizada brasileira Liuba Wolf (1923 - 2005) realizou uma importante exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, como parte das comemorações do quarto centenário da cidade. Na mostra, a artista apresentou 23 esculturas em bronze, que representavam animais. Agora, cinquenta e um anos depois da primeira exibição, 14 dessas obras estarão reunidas novamente e serão reapresentadas pela primeira vez ao público a partir do dia 19 de novembro, na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema. A exposição será acompanhada de um texto da curadora, crítica e historiadora da arte Maria Alice Milliet, feito especialmente para esta mostra.
A exposição no MAM Rio foi de extrema importância. Realizada em um momento de grande visibilidade, em que era inaugurado o Parque do Flamengo. “A obra de Liuba teve no Rio a oportunidade de integrar, ainda que momentaneamente, um dos mais ousados projetos urbanísticos do pós-guerra. Ali, a artista pôde dar sua contribuição, ali se sentiu em casa”, escreveu Maria Alice Milliet. Naquele momento, a obra de Liuba também passava a ganhar mais reconhecimento internacional, com importantes mostras no Brasil e no exterior. Ao longo de sua trajetória, a artista participou de quatro Bienais Internacionais de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1973) e realizou uma grande exposição individual no Hakone Open Air Museum, no Japão, em 1985. Suas obras hoje estão em importantes coleções privadas no Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra,França, Alemanha, Japão,Suíça e Estados Unidos.
Outro fato importante é que o conjunto de esculturas apresentado na exposição do MAM Rio marcava uma mudança na obra da artista, que naquele momento deixava a figuração para explorar uma “quase abstração”, tendo a figura do animal como forte referência. “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm, deve ser do meu subconsciente. Suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal”, disse a artista a Sam Hunter para o livro Liuba: At the Edge of Abstraction. Na Galeria Marcelo Guarnieri, as obras serão apresentadas da mesma forma como foram expostas originalmente: dispostas em bases e muros baixos formados por blocos de cimento.
Entre 1950 e 1960, Liuba viveu entre o Brasil, onde mais tarde se naturalizou, e a capital francesa. Esse período foi muito importante para a afirmação de seu trabalho e também pelos contatos que manteve com os artistas Marino Marini, Martyn Poliakoff, entre outros. “Sua plástica, ancorada na tradição da escultura moderna na linha de Brancusi e Giacometti, se alimenta, simultaneamente, da simplificação formal introduzida pelo cubismo e da arte de culturas exóticas. Como se sabe, essas duas vertentes estiveram associadas às vanguardas artísticas que no início do século romperam com as convenções da academia. A produção escultórica de Liuba bebeu nessas fontes, chegando à maturidade durante o alto modernismo, período em que a estética moderna ganhou alcance internacional”, afirma Maria Alice Milliet.
SOBRE A ARTISTA
Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultura francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta ateliê também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005.
Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de laSculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integramtambém importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília.
novembro 18, 2016
Bel Barcellos + Rodrigo Mogiz no Arte k2o, Brasília
As duas mostras individuais que inauguram simultaneamente abordam a delicadeza do desenho bordado em diálogo com a subjetividade das relações humanas. Ambas com curadoria de Isabel Sanson Portella, curadora do Museu da República no Rio de Janeiro.
Como somos, da artista carioca Bel Barcellos e Seres significantes, do artista mineiro Rodrigo Mogiz, apresentam produção recente destes dois artistas em ascensão, que tem em comum o uso da técnica do bordado em diferentes tipos de tecido e outras superfícies, explorando diversas possibilidades conceituais e estéticas da tradição da costura.
Integrando o evento no Gabinete de Arte k2o, os projetos MURO e VITRINE apresentam o artista candango Julio Cesar Lopes, que apresentará um grande painel a ser concluído em interatividade com o público.
A curadora carioca Isabel Sanson Portella destaca que Bel Barcellos traz em sua obra as delicadezas da vida, as entre linhas das relações. No desenho bordado, o olhar para o outro, a percepção das igualdades e diferenças, as palavras ditas e as guardadas. O confronto do silencio eloquente e da imobilidade repleta de gestos, cria a vontade de interferir e, nas entre linhas, escrever nosso próprio texto. Como num jogo de tabuleiro, as escolhas se impõem, e os momentos de escuridão se alternam com a leveza e a paz da claridade.
"Bel Barcellos reuniu obras que são bem mais do que divagações sobre a condição humana. Em todas há uma reflexão silenciosa sobre o cotidiano do ser moderno que enfrenta o difícil relacionamento com o outro. Abrigado ou aprisionado numa sociedade individualista, o homem tenta expressar suas aspirações e anseios em pequenos gestos de forma a não submergir na imensa multidão que o cerca. Foram esses momentos, tão reveladores do humano em nossos dias, que Bel captou com sua sensibilidade, transformou em arte e sempre irá emocionar a quem quiser seguir os pontos de seus bordados”.
Sobre a poética de Rodrigo Mogiz, ela comenta que “Como as imagens dos sonhos que precisam ser decifradas e não decodificadas, também a arte de Rodrigo Mogiz precisa de um olhar mais profundo para que se apreenda tudo, ou quase tudo, o que o artista nos oferece. A associação do bordado com a tatuagem, utilizada com intensidade em seus últimos trabalhos, insere-se no discurso da beleza e da dor. A dor de perfurar o tecido e a pele buscando a beleza, procurando deixar uma marca que signifique a individualidade. Os desenhos de Mogiz, criados com linhas, miçangas, pérolas e tintas, nasceram do desejo de discutir o artesanal e o erudito, desvendar signos procurando novos significados pessoais para os símbolos. São tantas as figuras e as possíveis associações que o expectador poderia ficar um tempo infinito diante dos trabalhos que encantam pela delicadeza do bordado e prendem a atenção pela diversidade, intensidade e ousadia dos temas.”
Bel Barcellos nasceu em Boston, formou-se artes cênicas no Rio de Janeiro e tornou-se Mestra artes cênicas, com louvor, pela University of Hull, Inglaterra. A obra de Bel Barcellos tem a figura humana e suas dualidades como o ponto de partida de suas pesquisas, porém, não é somente este o cerne do seu trabalho. Seu universo remete à um complexo território particular onde, através das linhas bordadas, surgem os limites, as escolhas, a divisão dos afetos, as nuances das relações humanas, o limiar entre sonho e realidade. Participa de mostras em museus e centros culturais e de feiras de arte no Brasil e no exterior, tem obras em várias coleções privadas e públicas, nacionais e internacionais, inclusive no MAR- Museu de Arte do Rio e na CIFO - Fundação Ella Cisneros, em Miami.
Rodrigo Mogiz vive e trabalha em BH. Bacharel em Pintura e Desenho pela Escola de Belas-Artes da UFMG, também realiza curadorias, performances e trabalhos comunitários. Sua obra autoral aborda poéticas que transitam entre o desenho, a pintura e o bordado, utilizando também aplicação de miçangas, rendas e alfinetes.Suas obras criam narrativas muito poéticas e delicadas, que exalam grande força e um extremo rigor criativo. Desde 2000, participa de exposições individuais e coletivas, salões e festivais em todo o Brasil, em instituições públicas e privadas. Entre os prêmios recebidos, destacam-se: I Salão Cataguases-Usiminas de Artes Visuais – (2004), Prêmio CNI-SESI Marcantônio Vilaça para Artes-Plásticas (2009/2010) e Prêmio TRANSARTE (2015).
Uma Canção para o Rio na Carpintaria, Rio de Janeiro
Coletiva com curadoria da célebre dupla Fogle e Skerath reúne artistas de vários países e inaugura o espaço da Carpintaria
A escolha de trabalhar a relação entre as artes visuais e a música na exposição inaugural do novo espaço da Carpintaria ocorreu de forma quase natural. Trata-se de uma ideia que já vinha sendo acalentada pelos galeristas e cai como uma luva nos planos arquitetados para o novo espaço carioca, que tem como principal vocação ser um lugar de diálogo entre diferentes meios de expressão artística, entre artistas de diferentes procedências e gerações.
“Talvez a música seja a mais abrangente das expressões artísticas, a coisa mais poderosa, com muitos públicos diferentes; um tipo de expressão livre do excesso de codificação, de auto-referência que vemos nas artes visuais”, analisa Alexandre Gabriel. Alessandra d’Aloia também lembra que no Brasil, e no Rio de maneira ainda mais forte, a questão da musicalidade é muito intensa.
Com o auxílio de Douglas Fogle e Hanneke Skerath, curadores independentes de Los Angeles, foram selecionados trabalhos de mais de 20 artistas ou grupos, que exploram as relações concretas ou simbólicas entre o som e a forma. O leque é amplo e inclui desde nomes muito conhecidos do público brasileiro, como Nuno Ramos, Jac Leirner e Ernesto Neto, a artistas que ainda estão sendo descobertos na cena nacional e internacional.
A exposição não pretende criar uma tese sobre a relação arte e música nem se baseia em regras estritas na seleção dos artistas. O conjunto se constrói pela justaposição de vozes dissonantes. “Cada um desses artistas investiga as conexões entre a música e as maneiras que ela tem de configurar nossas memórias pessoais e coletivas”, explicam Fogle e Skerath no texto de apresentação.
É possível dividir os trabalhos em dois grandes blocos: de um lado estão aquelas produções que pertencem ao campo musical, fazem referência direta ao meio, produzem música e não estão falando sobre ela nem sobre seu universo. É o caso, por exemplo, da obra do galês Cerith Wyn Evans, que expõe uma escultura de vidro que flutua no espaço e remete a uma flauta que toca comandada por um sistema eletroacústico; ou do violão com várias caixas de som inseridas em seu corpo, criado pelo grupo cubano Los Carpinteros, que produz uma verdadeira cacofonia quando ativado.
Em outro grupo estão as obras que trabalham com a memória, com a formação da identidade através da música, como por exemplo a releitura feita por Rivane Neuenswander a partir das capas de discos de Chico Buarque dos anos 1960 e 1970, que apesar da redução de informações visuais realizada pela artista evocam diretamente a memória afetiva do espectador.
Uma das atrações internacionais da mostra é Bruce Conner (1933 – 2008), artista americano que trabalhou com diversas linguagens, tinha uma forte relação com a contracultura e estará presente com um conjunto de fotografias que retratam a cena punk dos anos 1970 nos EUA. Conner também vem sendo redescoberto em seu próprio país: o MoMA acaba de lhe dedicar a primeira retrospectiva completa de sua obra, e a sua primeira em um museu de Nova York. Caso também do britânico Mark Leckey (1964 -), que ganha em outubro, no MoMA PS1, a maior retrospectiva de sua carreira.
A mostra também promove, pelo lado brasileiro, o resgate da obra de Paulo Garcez (1945 - 1989), artista multimídia que aproxima desenho e escrita, bem como toda a representação gráfica da música. E chama ainda a atenção para o trabalho cheio de frescor de duas jovens artistas em ascensão, a brasiliense (residente em Recife) Barbara Wagner e a paulistana (radicada no Rio) Vivian Caccuri, ambas com participações de destaque na atual Bienal de SP.
Uma Canção para o Rio se desdobrará em dois tempos, ficando em cartaz até dia 1o de abril de 2017.
Fortes Vilaça chega aos 15 anos com novidades
Galeria, uma das principais do país, passa a incorporar o sobrenome dos três sócios a partir de novembro
Exposição com artistas brasileiros e do exterior abre a Carpintaria, espaço inédito do grupo na zona sul carioca
Em seu aniversário de 15 anos, a Galeria Fortes Vilaça inaugura uma nova fase, com a abertura de um espaço no Rio de Janeiro e a transformação de sua identidade societária.
No dia 20 de novembro, quando a exposição Uma Canção para o Rio inaugurar a Carpintaria, espaço de 300 metros quadrados no Jockey Clube carioca que foi cuidadosamente reformado para abrigar as atividades do grupo na cidade, o nome Fortes D’Aloia & Gabriel já será oficial. A alteração atualiza o sobrenome de Alessandra D’Aloia, anteriormente Vilaça e conclui a incorporação societária de Alexandre Gabriel, atuante na galeria desde o seu início. “Tudo confluiu para um único momento. Queremos reafirmar o que existe há 15 anos, porém com uma nova proposta”, sintetiza Marcia Fortes, o outro vértice do trio. Esta mudança marca um ponto de transformação e diversificação das atividades da sociedade.
Representando 42 artistas brasileiros e estrangeiros, que lidam com os mais diferentes meios e poéticas, a galeria é uma das mais dinâmicas do país. Só no mês de outubro, tinha artistas presentes em mais de 20 exposições espalhadas pelo mundo.
Essa confluência de novidades foi, segundo os sócios, uma feliz sincronia. O projeto de ter um espaço no Rio é acalentado há tempos. Alessandra e Marcia começaram a trocar ideias sobre o assunto ainda na década passada, mas as dificuldades em implementá-la levou ao adiamento dos planos até que, há cerca de dois anos, receberam um convite para participar de um novo polo cultural e gastronômico a ser instalado dentro do espaço do Jockey Clube. As condições de ocupação eram bem mais vantajosas do que as encontradas no valorizado mercado imobiliário carioca, tendo como contrapartida a reforma da área, que estava em precárias condições, e o comprometimento com o projeto. A aceitação foi imediata. De forma que a Carpintaria – assim chamada porque a casa escolhida teve essa função no passado – será a primeira atividade a ser inaugurada no novo complexo, intitulado Vila Portugal. Sua frente é voltada para a parte interna do terreno, com vista para a pista de corrida e as montanhas da cidade.
“Nossos vizinhos – restaurantes, livrarias e outras galerias – serão abertos cada um no seu ritmo”, explica Alessandra D’Aloia, que se mudou há alguns meses para o Rio para supervisionar de perto a reforma do espaço, feita pela dupla Pedro Évora e Pedro Rivera, do escritório Rua Arquitetos. A confirmação de Gabriel como novo sócio também só ocorreu agora, mas as tratativas começaram três anos atrás, já que esses processos costumam ser vagarosos. Apesar da crise, que os forçou a participar mais ativamente de feiras internacionais, o ânimo é grande. “É nosso atestado de teimosia”, brinca Marcia.
Houve, por parte dos galeristas, uma grande preocupação em manter o espaço da Carpintaria o mais preservado possível. A única mudança mais radical foi a elevação do pé direito, de 2,8 para 4 metros, mas foram mantidas as tesouras de madeira bem como as telhas originais. Trata-se de um espaço amplo, versátil, pensado para viabilizar os projetos do trio para o Rio de Janeiro. O foco da ação na cidade carioca foi o desejo de criar um novo espaço de experimentação, que permitisse ampliar as ações do grupo para outros modelos expositivos e outras vertentes da arte. “Trata-se de um lugar para ventilar nossas ideias, abrir um pouco a abrangência de nossas práticas”, explica Marcia Fortes.
Não por acaso a mostra inaugural é uma grande coletiva que explora a relação entre as artes visuais e a música (ver anexo). Alessandra destaca ainda que o Rio de Janeiro passa por um momento de grande dinamismo, com a criação recente de várias instituições. “Mas sempre há mais o que fazer. Nosso trabalho é de formiguinha”, conclui.
Alexandre Gabriel considera que há uma certa complementariedade e uma desejada diversidade entre os três espaços comandados pelo trio: a Galeria da rua Fradique Coutinho, o Galpão no Bom Retiro – ambos em São Paulo - e agora a Carpintaria, cada um com uma vocação bem nítida. “Queríamos fugir um pouco dessa ideia de galeria que abre filiais; cada espaço tem sua identidade própria”, complementa.
No caso da Carpintaria, a vocação é de diálogo com outras expressões artísticas para além das artes plásticas,bem como de abertura para novos artistas, que exploram diferentes linguagens e pertencem a várias culturas. O tempo também será mais lento, com mostras e eventos de duração mais longa. A ideia é realizar não mais do que cinco eventos anuais, com duração mínima de seis semanas, combinando mostras coletivas, grandes individuais (apenas uma por ano), cessão esporádica do espaço para terceiros que tenham projetos pontuais interessantes e a realização de encontros férteis, em duplas e trios de artistas, com afinidades especiais. Um desses duetos – ou duelos – já está definido e deverá colocar lado a lado Adriana Varejão e a portuguesa Paula Rego, cujas obras se encontram em questões como a violência, o universo feminino e os comentários sobre imperialismo e colonialismo.
Novo website e contato (ativos após de 20/11):
www.fdag.com.br
info@fdag.com.br
novembro 17, 2016
A geometria dos afetos: exposição em benefício do Capacete na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler | São Paulo tem o prazer de anunciar A Geometria dos Afetos, uma exposição em benefício do Capacete. Apresentando trabalhos de Daniel Steegmann Mangrané, Dominique Gonzalez-Foerster, Ernesto Neto, Falke Pisano, Jarbas Lopes, Laura Lima, Leonor Antunes e Marcos Chaves, artistas que tem colaborado com o Capacete ao longo dos anos.
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Essas relações duradouras reafirmam a importância das conexões criadas e o papel que desempenham em uma economia que também é baseada em intercâmbios e afinidades.
Capacete é o mais antigo programa de residência e intercâmbio artístico e cultural no Brasil, com mais de 18 anos de experiência. Fundado em 1998, por Helmut Batista no Rio de Janeiro, Capacete oferece um programa artístico que se estrutura por meio de residências de pesquisa, apresentações públicas em diversos formatos, formação para profissionais (Escola Capacete) e para crianças (Pequeno Laboratório), cursos abertos, cozinha experimental, biblioteca acervo e publicações. Ao longo destes anos o Capacete tem estabelecido parcerias com instituições internacionais de grande prestigio, atuando como entrada para a cultura e o contexto artístico brasileiro. Até hoje mais de 400 profissionais de diversos países passaram pelo programa.
Galeria Nara Roesler | São Paulo is pleased to announce A Geometria dos Afetos, an exhibition for the benefit of Capacete.
Presenting works by Daniel Steegmann Mangrané, Dominique Gonzalez-Foerster, Ernesto Neto, Falke Pisano, Jarbas Lopes, Laura Lima, Leonor Antunes and Marcos Chaves, artists who have collaborated with Capacete over the years.
These lasting relationships reaffirm the importance of established connections and their role in an economy that is also based on exchanges and kinship.
Capacete is the oldest residency, artistic and cultural exchange program in Brazil, with over 18 years of experience. Founded in 1998, by Helmut Batista in Rio de Janeiro, Capacete offers an artistic program that is structured through research residencies, public presentations in various formats, training program for professionals (Escola Capacete) and children (Pequeno Laboratório), open courses, experimental kitchen, library collections and publications. Over the years, Capacete has established partnerships with international institutions of great prestige, acting as an open doorway to the culture and the Brazilian artistic context. Until today, more than 400 professionals from different countries have pass through the Capacete program.
Buying a work of this exhibition, you will be supporting Capacete to continue its program and cultural mission. Sales will be reversed in support for the 2017 program.
Cromofilia vs Cromofobia: investigações da cor na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta Cromofilia vs. Cromofobia: investigações da cor. A coletiva inclui dezoito obras de Abraham Palatnik, Antonio Dias, Bruno Dunley, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Daniel Buren, Daniel Senise, Haegue Yang, Hélio Oiticica, Julio Le Parc, Karin Lambrecht, Lucia Koch, Marco Maggi, Rodolpho Parigi, Sergio Sister, Tomie Ohtake, Vik Muniz e Xavier Veilhan.
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Organizada pela diretora artística da galeria, Alexandra Garcia Waldman, a exposição gira em torno da batalha entre a tabela cromática e o círculo cromático.
Tomando como base teórica o ensaio “Chromophilia”, do livro "Chromophobia", de David Batchelors, a exposição apresenta artistas contemporâneos que brincam, destroem e se deleitam com a tensão entre o uso das cores industriais pós-1960 e o advento da tabela cromática. Batchelor descreve a tabela cromática, como uma lista descartável de cores prontas. “Cada tira de papel é uma pintura abstrata perfeita em miniatura, ou um exemplo compacto de serialismo cromático, ou uma página de um vasto catálogo raisonné de monocromos”. A tabela conferiu aos artistas liberdade e autonomia na utilização das cores, algo inimaginável dentro da rígida estrutura estabelecida anteriormente pelo círculo cromático. Nas palavras de Batchelor: “o círculo cromático estabelece relações entre cores e implica uma hierarquia quase feudal entre elas – primárias, secundárias e terciárias, puras e não tão puras”.
Os artistas da exposição brindam os visitantes com o espectro completo do drama cromático. Daniel Buren rejeitou a ideia de que a eliminação da cor produziria uma forma mais pura de arte; ao contrário, a cor para ele é essencial e não pode ser substituída por palavras ou ações.
Exposta ao lado de Colors, light, projection, shadows, transparency: works in situ 5 está Santa Teresa Nerveux, de Rodolpho Parigi, onde cores explosivas tecem formas geométricas planas, em composições que evocam paisagens urbanas semi-abstratas e fragmentadas. No mesmo espaço, Pictures of Pigment: Monochrome, pink-blue-gold, after Yves Klein, de Vik Muniz, transmite uma sensação de controle, utilizando as cores vibrantes preferidas pelo falecido Yves Klein. Na outra extremidade da exposição, Sérgio Sister recontextualiza ideias clássicas relativas à tela enquanto janela, investigando a intrincada relação entre as cores quando estas interagem com o espaço e o ar.
Tomie Ohtake foi fascinada pela cor durante toda sua vida e sempre explorou a sobreposição de círculos, formas ovais, arcos e pilhas de objetos para realçar a experiência de suas obras. O trabalho selecionado, uma de suas pinturas mais recentes, convida à contemplação e à imersão na lógica de sua arte. Lucia Koch também utiliza a cor para preservar, alterar e continuar uma experiência. Mostruário – degradês, da série degradês, preserva a cor do pôr-do-sol em tela impressa. A obra é iluminada por trás e a experiência é completamente alterada por uma natureza preservada artificialmente.
Os artistas na exposição desafiam os espectadores a experimentar a cor. Eles materializaram as cores para alcançar a liberdade de experimentação, deixando para trás a rigidez do círculo cromático.
Galeria Nara Roesler | São Paulo is pleased to present Chromophilia vs. Chromophobia: an exploration of color. The group exhibition features eighteen pieces by Abraham Palatnik, Antonio Dias, Bruno Dunley, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Daniel Buren, Daniel Senise, Haegue Yang, Hélio Oiticica, Julio Le Parc, Karin Lambrecht, Lucia Koch, Marco Maggi, Rodolpho Parigi, Sérgio Sister, Tomie Ohtake, Vik Muniz, and Xavier Veilhan.
Organized by the gallery’s artistic director Alexandra Garcia Waldman, it centers on the battle between the color chart vs. the color circle.
Building on the theoretical base of the essay Chromophilia from David Batchelor’s book Chromophobia, the exhibition experiments with how contemporary artists play, destroy, and reveal in the tension between post-1960’s use of industrial colors and the advent of the color chart. Batchelor describes the color chart as a disposable list of readymade color. “Each strip of paper is a perfect abstract painting in miniature, or a compact example of color serialism or one page of a vast catalogue raisonné of monochromes.” The chart gave artists freedom and autonomy in their use of color, previously unimaginable within the rigid structure established by the color circle. As he states: “the color circle establishes relationships between colors and implies an almost Feudal hierarchy among colors – primaries, secondaries and tertiaries, the pure and the less pure.”
The artists on view greet viewers with the full spectrum of drama with color. Daniel Buren rejected the idea that eliminating color would produce a purer form of art – quite the opposite: for him, color is essential and cannot be substituted by words or action. Shown alongside Colors, light, projection, shadows, transparency: works in situ 5, by Daniel Buren, is Rodolpho Parigi’s Santa Teresa Nerveux, with explosive colors weaving flat geometric forms into compositions that evoke fragmented, semi-abstract urban landscapes. In the same space, Pictures of Pigment: Monochrome, pink-blue-gold, after Yves Klein, by Vik Muniz, communicates a sentiment of control through the vivid color of choice of the late Yves Klein. On the other side of the exhibition, Sérgio Sister re-contextualizes classical ideas about the canvas as a window in his exploration of the intricate relationship between colors when they interact with space and air.
For Tomie Ohtake, color was a lifelong fascination, and she explored them continuously with juxtapositions of circles, ovals, arcs, and mounds to emphasize the experience of her works. The selected piece, one of her more recent paintings, invites contemplation and immersion into the logic of her art. Lucia Koch also utilizes color to preserve, alter, and continue an experience, showcase –gradient, from the gradient series, preserves the color of sunsets onto printed canvas. The work is then lit from the back and the experience is completely altered by an artificially preserved nature.
The artists on show challenge the viewers to experience color. They materialized colors to provoke freedom of experiment, leaving behind the rigidity of the color circle.
Mayana Redin na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
Arquivo Escuro, a primeira individual de Mayana na galeria, conta com uma seleção de trabalhos feitos entre 2015 e 2016. Através de objetos, vídeos, fotografias e instalação a artista propõe ao espectador uma experiência de escuridão, seja a partir de imagens apropriadas ou construídas.
A pesquisa de Mayana passa pela cosmologia e as possíveis relações entre ela e a vida terrestre, o nosso cotidiano. Em trabalhos como Canhão e Sol, vídeos de fenômenos celestes como um trânsito solar e um eclipse são veiculados em televisores de tubo que servem como fonte de emissão de luz. Já em Dobra e Pão, páginas e livros inteiros de astrologia são usados como suporte de ações simples, como dobrar e amassar, para interferir diretamente na massa de pão e na argila.
O trabalho Cosmonauta e Astronauta justapõe as biografias foto-documentadas de duas mulheres que viajaram para o espaço sideral entre os anos 60 e 80. Através de um carrossel de slides, vemos claramente como essas imagens foram “produzidas” para vender uma idéia de futuro e progresso mesmo com intervalo de duas décadas entre elas.
Arquivo Escuro, a obra que dá título à mostra, é uma projeção em tempo real de um arquivo de texto de computador que vai sendo escurecido através de uma tecla apertada ininterruptamente, construindo assim um grande arquivo negro a ser impresso no fim do período da exposição.
Mayana Redin nasceu em Campinas em 1984 e vive no Rio de Janeiro, onde também é professora de artes visuais da UFRJ. Mayana participou da 8º Bienal do Mercosul e fez parte da mostra Imagine Brazil que passou pela Noruega, França, Qatar, Canadá e terminou no Tomie Ohtake em São Paulo. Em 2015 Mayana foi a vencedora do prêmio ICCO/SP-Arte e como parte da premiação participou da residência FLORA na Colômbia.
novembro 16, 2016
Nervo Óptico: 40 anos no CCSP, São Paulo
Em Porto Alegre de meados dos anos 70, um grupo de jovens artistas apostou no uso experimental da fotografia, em proposições conceituais e na ironia como estratégia discursiva, crítica e poética – revolucionando a linguagem artística. Em 2016, 40 anos depois, a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura no dia 19 de novembro, às 15 horas, no Centro Cultural de São Paulo, Nervo Óptico: 40 anos, exposição que comemora o marco de quatro décadas de formação do grupo – atuante de 1976 a 1978. Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, a mostra exibirá trabalhos realizados por Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Clovis Dariano, Mara Alvares, Vera Chaves Barcellos e Telmo Lanes em obras de época e em versões recentes.
A exposição ainda apresentará ao público documentos e registros fotográficos do período de atuação do grupo. Nervo Óptico: 40 anos é um convite para conferir a potência artística e a contemporaneidade do projeto Nervo Óptico.
Nervo Óptico: 40 anos integra a III Mostra do Programa de Exposições 2016 do CCSP. O projeto foi selecionado Curadoria de Artes Visuais do CCSP.
Sobre Nervo Óptico
Responsável por uma intensa renovação no circuito artístico, o título Nervo Óptico abrange as ações do coletivo de artistas desde o lançamento do texto-Manifesto em 1976, passando pelos cartazetes e pelas exposições realizadas até 1978, ano em grupo se desfaz.
“Publicação aberta a novas poéticas visuais” o cartazete Nervo Óptico teve distribuição gratuita no Brasil e no exterior – aos moldes da arte postal – entre abril de 1977 e setembro de 1978, com tiragem de cerca de mil exemplares.
Cada edição apresentou um trabalho desenvolvido especificamente por um artista, integrante do grupo idealizador ou convidado.
Marcelo Silveira na Amparo 60, Recife
No próximo dia 17 de novembro, a galeria Amparo 60 abre seus salões para a exposição Compacto, do artista pernambucano Marcelo Silveira, com curadoria de Joana D´Arc Lima. Serão pouco mais de 30 obras – algumas mais recentes e outras mais antigas –, todas em dimensões mais reduzidas, mas que se sobressaem pela delicadeza, pelo detalhe, pelo pequeno, pelo menor, sem deixar de ser representativas da poética desenvolvida pelo artista ao longo dos seus mais de 30 anos de trajetória artística.
Para Silveira, que volta a ocupar o espaço da Amparo 60 pela segunda vez, essa mostra é um modo de tentar estabelecer conversas com instâncias do mundo da arte que, pelo menos em Pernambuco, aparentam estar muito afastadas. “Não sei, mas aqui temos galeristas que não frequentam outras galerias, artistas que não vão as mostras de outros artistas, museus e galerias de arte que não se articulam... Para a engrenagem funcionar, precisamos que todos conversem, entrem em contato, dialoguem. Trata-se de uma cadeia produtiva”, pontua o artista, ressaltando que essa ideia de estabelecer pactos é central na mostra.
Segundo a curadora, nos diversos encontros que tiveram para executar o recorte da mostra, ficou clara a necessidade de criar uma espécie de pacto entre as obras, colocando-as num contexto para que dialogassem. “Nossa ideia é que esses pactos que criamos sejam refeitos ao longo do tempo, reposicionando algumas obras, vamos gerar novas conversas, novos ruídos, nossa ideia é brincar com essa ressignificação”, diz Joana D´Arc.
O poeta Manoel de Barros, que comemoraria 100 anos neste mês de dezembro, foi inspirador no processo de seleção das peças. A dupla leu junto, discutiu, e colocou “o poeta” em contato com as obras. “Nos inspiramos na ideia de Manuel de Barros: 'O cisco tem agora para mim uma importância de catedral'. (Retrato do artista quando coisa, Manoel de Barros, p. 23)”, destaca Joana.
Entre as obras, estarão peças bi e tridimensionais (objetos, livros de artista, múltiplos, vídeos, lambe), feitos nos mais diversos materiais, tendo a madeira, matéria-prima tão estimada pelo artista, um papel bastante especial. “Parte deles estava adormecida a espera de um momento certo para serem postos em diálogo”, diz a curadora. O foco nos objetos em menor escala se justifica através do conceito de compactibilidade. Para facilitar a circulação e o deslocamento é preciso compactar. “Fazer a portabilidade de uma coisa, estimulando seu trânsito, seu contato com os outros, é mais fácil quando ela é compacta”, diz Silveira.
A montagem da mostra conta com mesas que vão deixar o ateliê e a casa de Marcelo Silveira para serem postas nos salões da galeria, recebendo alguns dos objetos, passando a ser ressignificadas naquele novo ambiente. Para Silveira, a mesa é bastante simbólica, pois o momento das refeições foi durante anos um espaço de diálogo, de conversa, de troca. “Não se trata de um mero mobiliário expositivo, a mesa via estar ali dentro de um contexto”, afirma.
Os trabalhos em exposição trazem características marcantes do trabalho de Silveira, que utiliza, habitualmente, coisas e objetos esquecidos, técnicas e procedimentos obsoletos, na construção de sua poética, colocando diversas camadas de tempo em diálogo. “Essa exposição está vinculada a anterior, realizada por Marcelo, há dois anos, no Mamam, Especialista em coisas inúteis. Não dá para separar. É incrível o enorme cuidado que ele tem com o seu fazer, e também o seu rigor formal, algo invejável, algo que poucos artistas contemporâneos têm. São idas e vindas, avanços e voltas, que produzem elos entre essas mostras, entre tempos que se conversam”, detalha a curadora, que apesar de ter contato intenso com o artista há anos, nunca havia feito uma curadoria de uma mostra individual de Silveira, que nos últimos 15 anos se consolidou como um nome muito forte no cenário artístico nacional.
Marcos Chaves na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta Perambulante, quarta exposição individual de Marcos Chaves em seu espaço paulistano, com curadoria de Luisa Duarte. A mostra reúne 27 fotos feitas entre 1996 e 2016, além de três vídeos produzidos em 2016.
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O título descreve uma caminhada tranquila e sem rumo pelas cidades, crônicas fotográficas da vida cotidiana vista pelas lentes do artista, que retira objetos banais do contexto lógico, substituindo-o por associações mentais relacionadas ao humor e ao acaso. As obras de Marcos Chaves se revelam por dimensões distintas. Pela objetividade explícita, como fonte primária de trabalho estético, que posteriormente sofre uma metamorfose e torna-se mais implícito, pelo contexto puro e simples ou pelo contexto fornecido pelas palavras aliadas a imagens, objetos e fotos. Os objetos escolhidos são sempre familiares, ocultos em alianças incomuns, e o autor utiliza o mundo cotidiano como contraponto aos clichês discursivos sobre vida e arte para que o público possa criar uma narrativa original.
Marcos usa também o humor como catalisador de seu trabalho, recorrendo a registros visuais diversos para criticar a cegueira com que se veem as coisas corriqueiras sob a influência das convenções socioculturais. Para ele, o processo de criação de uma obra de arte pode consistir em retirar um objeto comum de seu ambiente funcional, combiná-lo com outros objetos, contextos ou referências e então apresentá-lo com legendas diferentes das que se esperaria para ele.
Segundo Luisa Duarte, pode-se afirmar que a bussola da obra do artista é o desvio, e através da apropriação ou da intervenção, Marcos Chaves desloca significados correntes, banais, gerando a aparição de sentidos antes inauditos. “Trata-se do olhar agudo que se descola do habitual, reflete e produz o novo na linguagem, tendo como motor um misto contundente de humor e ironia. A escolha por estes recursos não é casual, e sim consistente, pois os mesmos são portadores de um alto grau de potência desviante: o humor e a ironia são dispositivos que acertam o alvo pelo caminho menos óbvio”.
Em Perambulante a curadora lembra também uma passagem de Drummond, segundo a qual as palavras estariam todas, em um primeiro momento, em “estado de dicionário”. O que o poeta faz é retirá-las desse estado primeiro, mudo, e combiná-las de tal forma que, juntas, se tornem poesia. “Perambulante pode ser vista como um só e grande movimento de articulação que retira os entes mais prosaicos da vida urbana de seu ‘estado de dicionário’. O trabalho de Marcos Chaves nos recorda assim o gesto singular do olhar, cada vez mais obliterado pelo excesso de imagens e informações. Contra o embotamento causado pelo hábito sua obra constitui-se em um poderoso antídoto”.
Esta mostra se desdobrará em outra que ocorrerá na sede da galeria em Nova York, a partir do dia 29 de fevereiro de 2017.
Marcos Chaves (n. 1961, Rio de Janeiro, Brasil) vive no Rio de Janeiro. Chaves começou sua carreira artística no início de 1960 e como um artista conceitual, suas fotografias, videos, assemblages e instalações de grande escala, transformam experiencias e materiais cotidianas negligenciados em objetos de arte. Seus trabalhos paródicos e espirituosos usam o humor para obscurecer uma sensibilidade trágica e poética. “O humor abre caminhos. Às vezes você pode rir de alguma coisa, mas pode não ser algo tão engraçado. O humor pode nos fazer parar e pensar”. Chaves sobrepõe o texto a fotografias, documenta suas próprias intervenções artísticas em fotografias e vídeos, e instala objetos “não-arte” pré-existentes em contextos artísticos de uma maneira que lembra Marcel Duchamp. Em seu trabalho Academia, o artista criou uma academia a céu aberto onde pessoas da cidade do Rio de Janeiro podiam usar os objetos da exposição para se exercitar. A instalação incluía cimento, tubos de ferro, madeira e varas. O próprio título é um trocadilho com a importância do samba e das academias na vida cotidiana dos Cariocas. Exposições recentes incluem: ARBOLABOR (Centro de Arte de la Caja de Burgos, Espanha, 2015); Academia (Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro, Brasil, 2014); Narciso (Oi Futuro, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); I only have eyes for you (Fundação Eva Klabin, Rio de Janeiro, Brasil, 2013); Pieces (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2011).Participou da 1a e da 5a edição da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1997 e 2005), todas no Brasil. Da 17a Bienal de Cerveira, em Portugal (2013), e da 54a Bienal de Veneza, Itália (2011), entre outras.
Galeria Nara Roesler | São Paulo is pleased to present Perambulante, Marcos Chaves’ fourth solo show in the São Paulo venue, curated by Luisa Duarte. The exhibition features 27 photographs taken between 1996 and 2016, and three videos from 2016.
The show’s title describes an aimless, idle stroll through the city, photo chronicles of everyday life seen through the lenses of the artist’s camera, from which he extracts common objects from their logical context and replaces them with mental associations of humor and chance. Marcos Chaves’ works reveal themselves in different dimensions. Through explicit objectivity, as a first source of aesthetic work, afterwards metamorphosed, then made more implicit, through context or the given context of words that he allies to images, objects, and photographs. His object choices are always familiar, concealed in unusual alliances, and he uses the everyday world as a counterpoint to the trite discourses about life and art for the audience to create a unique narrative.
Chaves also employs humor as a catalyst for his works, drawing from a variety of visual registers to criticize the blindness with which ordinary things are seen with the influence of social-cultural conventions. The process of creating a work of art for him may be to take a common object out of its functional environment, combine it with other objects or context or references and then present it with captions different from what the object would usually appear with.
According to Luisa Duarte, one could claim that the guiding compass to the artist’s work is deviation, and through appropriation or intervention, Marcos Chaves dislocates current, commonplace significance, causing previously-unheard-of meanings to surface. “It is about the sharp gaze that departs from the habitual, reflects and produces the new in language, driven by a piercing mix of humor and irony. That choice of resources is not casual, but consistent, since they carry a high degree of deviant potency: humor and irony are devices that hit the target through the least obvious path.”
In discussing Perambulante, the curator also recalls an excerpt from Drummond, according to whom all words are, at first, in their “dictionary state.” What the poet does is withdraw them from that mute initial status and combine them in such a way that, together, they become poetry. “Perambulante can be seen as one big movement of articulation that pulls the more prosaic entities of urban living out of their ‘dictionary state.’ In doing so, Marcos Chaves’ work reminds us of the unique gesture of the eye, more and more obliterated by the image and information overload. Against the dulling caused by habit, his oeuvre constitutes a powerful antidote.”
The exhibition will unfold into another one, at the gallery’s New York venue, opening on February 29, 2017.
Cao Guimarães na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro apresenta Retroatos, a primeira exposição de Cao Guimarães na sede carioca, e a sétima exposição desde quando começou a trabalhar com a galeria em 2002. Para esta mostra, o curador Ricardo Sardenberg selecionou 18 fotografias em diversas dimensões e um vídeo provenientes do arquivo do artista, concebidos ao longo de sua carreira em tempos e lugares distintos.
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Nesta série, com sua inesgotável originalidade, Guimarães, traz para o retrato a chave de seu vocabulário poético “ver é uma fábula”, tão bem expresso no título de uma de suas retrospectivas (Itaú Cultural, 2013). Segundo Sardenberg, neste formato artístico clássico, Cao Guimarães omite justamente aquilo que primeiramente esperamos encontrar, ou seja, a representação do rosto de uma ou mais pessoas. “Ficaria para o espectador intuir aquilo que está ausente e presente ao mesmo tempo”, afirma.
Sardenberg ressalta, contudo que, em sua acepção corrente, o retrato é uma palavra ambígua quando se trata da fotografia, pois implica dois sentidos. Em sua primeira definição é a imagem de uma pessoa interpretada por meio da pintura, do desenho, da escultura, da fotografia etc. Mas no caso da fotografia, em particular, qualquer imagem é um retrato. Pode-se tirar um retrato da paisagem, de um vaso de flor ou até mesmo de uma escultura. “É no vão do léxico que se insere a exposição Retroatos”, explica.
O curador sugere ainda que nesta zona de instabilidade da palavra retrato surge um segundo vão no léxico com a junção da palavra retro, que enseja o passado, o tempo que passou e não volta mais. Na história da fotografia, o retrato sempre esteve associado à memória, a um repositório de lembranças. Mas, lembra Sardenberg, ‘retro’ quer dizer antes de tudo, o verso, o outro lado no espaço. O que se insinua é a inversão do famoso ‘os olhos são as janelas da alma’ típico de retrato. “Assim o ‘retro’ alude tanto ao espaço como ao tempo”, completa.
Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro presents Retroatos (Retroactions), Cao Guimarães’ first show in the Rio venue, and the seventh since he began working with the gallery in 2002. For this show, the curator Ricardo Sardenberg selected 18 various-sized photographs and a video culled from the artist’s archive, created at different points of his career and in different places.
This series sees Guimarães create boundlessly original portraits, underpinned by a subset of his poetic vocabulary according to which “seeing is a fable,” so well expressed in the title of one of his mid-career surveys (Itaú Cultural, 2013). To the show’s curator Ricardo Sardenberg, in working with this classic art format, Cao Guimarães omits precisely what one would first expect to find, i.e. a representation of the faces of one or more people. “It’s up to the viewer to intuit what’s at once absent and present,” he asserts.
But Sardenberg stresses that in its current sense, portrait is an ambiguous word when it comes to photography, since it implies two meanings. Its first definition is the image of a person interpreted through painting, drawing, sculpture, photography etc. But when it comes to photography specifically, any image is a portrait. One can make a portrait of a landscape, of a flower pot or even of a sculpture. “The Retroatos exhibit operates in that lexical gap,” he explains.
The curator also suggests that the zone of instability of the word portrait gives rise to a second lexical gap with the addition of the word retro, which implies the past, the time that has passed and will not come back. Throughout the history of photography, the portrait has always been associated with memory, with a repository of recollections. But first and foremost, Sardenberg notes, ‘retro’ means the back of something, the other side in space. This hints at a reversal of the famous saying ‘the eyes are the windows to the soul’ that is typical of portraits. “Thus, ‘retro’ here alludes to both space and time,” he concludes.
novembro 11, 2016
Elyeser Szturm no CCBB, Brasília
Exposição revela ao público series inéditas de monotipias e esculturas de Elyeser Szturm
Após nove anos sem realizar exposições individuais em Brasília, o artista Elyeser Szturm apresenta ao público um recorte inédito de sua pesquisa mais recente. São monotipias em silicone e esculturas em pedra-sabão, resultado de anos de investigação poética e de uso de novas técnicas. A exposição Céus e Nós ocupa a Galeria 3 do CCBB Brasília, de 15 de novembro de 2016 a 8 de janeiro de 2017. A programação em torno da mostra conta com visitas orientadas pelo artista, assim como com monitores para estudantes e conversas com artistas, curadores, críticos, historiadores de arte, galeristas e produtores, em datas que ainda serão divulgadas. Além disso, estarão disponíveis aos visitantes recursos de acessibilidade, como visitas guiadas por intérprete de libras e audiodescrição de obras da exposição.
Com mais de 40 anos de carreira, marcada pela experimentação poética de suportes e procedimentos artísticos, nas séries “Céus e Nós” Elyeser questiona os limites da pintura e da escultura. “O artista deve estar atento à técnica, mas esta deve estar submetida aos ditames da linguagem, da expressão poética”, afirma. Formada por mais de 20 peças, entre obras pictóricas e tridimensionais, a exposição lança ao público a pergunta: é possível ser lírico ainda hoje?
A série Céus apresenta monotipias em silicone criadas a partir de 2013 que exploram o lirismo da cor azul e foram inspiradas nos tetos estrelados das capelas italianas góticas e pré-renascentistas, como as pintadas por Giotto na capela Scrovegni, por exemplo. São películas de silicone produzidas por um método criado por Elyeser a partir de suas investigações pictóricas. O artista prepara uma parede, com reboco feito de cal e pigmentos azuis. Depois de talhar o reboco e fazer as incisões que remetem a estrelas e nuvens, ele aplica uma camada de silicone que ao ser retirada traz impressas as texturas, relevos e cores da superfície parietal.
“Desde 1997 venho realizando trabalhos que giram em torno destas interrogações. Essas películas de silicone são espalhadas sobre superfícies porosas o suficiente para que se possa arrancá-las”, conta o artista. “Um dia, passei silicone em cima de um cupinzeiro para preparar um molde. Quando retirei, vi que saiu uma pele, a textura do cupinzeiro inteiro e achei interessante”. A partir de então, Elyeser passou a produzir suas peles de silicone aplicando o material em muros de casas antigas, de cidades como Goiás Velho e Pirenópolis.
Na produção das obras da série Céus, o artista passou a ter mais controle sobre o resultado do processo, preparando ele mesmo o reboco da parede e utilizando procedimentos da técnica de afresco. O resultado traz ao público esse diálogo que “remete a uma tradição muito forte na História da Pintura, que é o estudo de céus e nuvens” explica Elyeser, citando artistas como Giotto, J.M.W. Turner, John Constable, Courbet e os impressionistas, entre outros.
Já a série Nós aponta para um outro caminho na carreira de Elyeser, a escultura. “Já havia produzido objetos tridimensionais, mas é a primeira vez que apresento obras talhadas”, explica. O material escolhido, pedra-sabão, remete também à religiosidade, e tem como referência a arte colonial brasileira, o barroco mineiro e a obra de Aleijadinho.
Enquanto a série Céus aponta para a verticalidade e a ascensão, as esculturas da série Nós, talhadas em pesadas pedras-sabão, fazem o público olhar para o chão. Segundo o artista, “são peças sem pedestal, que a contrário da escultura pré-moderna, não tem a pretensão de vencer a gravidade”. Querem ser uma intervenção na paisagem. Agrupadas em 6 núcleos de peças, as esculturas muitas vezes sugerem a forma de nuvens, estabelecendo relações com as monotipias e criando um jogo lírico entre pesado e leve, alto e baixo, céu e chão. Entre o que está no céus e o que está no chão. Céus e nós.
Elyeser Szturm participa de salões e exposições desde 1974. Nasceu em Goiânia e vive em Brasília desde 1994, onde leciona no Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Viveu em Paris de 1989 a 1994, onde fez doutorado em Artes Visuais na Université de Paris VIII a Saint Denis e participou de salões como o Jeune Peinture, realizando individual na Galerie du Haut Pavé em 1992. Ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior do XVI Salão Nacional da Funarte em 1998 e o VII Salão da Bahia em 2000. Participou da Bienal 50 Anos, Brasília, Ruína e Utopia, Território Expandido 3 e Faxinal das Artes, entre outras. Foi pesquisador do CNPq de 1998 a 2010. Experiência poética e existencial do lugar talvez pudessem sintetizar sua busca.
200 anos da EBA no MNBA, Rio de Janeiro
Exposição no Museu Nacional de Belas Artes comemora os 200 anos da EBA – Escola de Belas Artes da UFRJ
Será inaugurada dia 11 de novembro, para o público às 18 horas, no Museu Nacional de Belas Artes, a exposição Escola de Belas Artes: 1816-2016. Duzentos anos construindo a arte brasileira. Sob a curadoria de Angela Ancora da Luz, a mostra faz um recorte da produção artística da instituição que formou – e ainda forma – centenas de artistas brasileiros desde Vítor Meireles, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, passando por Burle Marx, Goeldi, Cândido Portinari, Franz Weissmann, Anna Maria Maiolino, Roberto Magalhães, Lygia Pape, Celeida Tostes, Roberto Magalhães, Mauricio Salgueiro até Felipe Barbosa, Bruno Miguel, Jarbas Lopes entre muitos outros.
Criada por Decreto Real de D. João em 12 de agosto de 1816, a primeira sede da Escola de Belas Artes foi na Travessa das Belas Artes, próxima a Praça Tiradentes. O prédio, de Grandjean de Montigny, foi projetado para receber a então Academia Imperial das Belas Artes e foi inaugurado em 5 de novembro de 1826. Em 1908, já com o nome de Escola Nacional de Belas Artes, a instituição transferiu-se para seu segundo prédio, com projeto de Morales de los Rios, na Avenida Rio Branco, onde hoje situa-se o Museu Nacional de Belas Artes. Em 1975 a escola mudou-se definitivamente para o prédio da reitoria UFRJ na Cidade Universitária, Ilha do Fundão, compartilhado, também, com a Faculdade de Arquitetura.
Segundo a curadora da exposição, Angela Ancora da Luz, que dirigiu a EBA entre 2002 e 2010, “a presença da Escola no contexto da sociedade brasileira revelou sua identidade por aspectos pouco conhecidos, mas de grande interesse social e político, além de seu princípio norteador fundamental: o ensino artístico. Uma escola de grande peso no Império e que esteve aberta a todos os que desejassem buscar o caminho das artes, sendo aceitos pelos grandes mestres dos ateliês. O que contava na hora da seleção era o talento, sem restrição ao grau cultural, à raça ou situação econômica. Cândido Portinari, por exemplo, mal havia completado o terceiro ano do curso “primário” quando foi aceito pela instituição, tornando-se a grande referência da pintura brasileira”.
“São incontáveis os pintores, escultores, desenhistas, gravuristas, cenógrafos, indumentaristas, designers, restauradores e paisagistas que saíram dos ateliês e salas da escola. O grande desafio que a presente exposição nos trouxe foi o de apresentar apenas alguns destes artistas e suas obras. Mesmo se ocupássemos todas as salas deste museu (...) ainda assim seria impossível apresentar a excelência de tudo que aqui se produziu”, completa a curadora.
A exposição ocupará dois salões expositivos do MNBA abrangendo a produção dos artistas que passaram pela Escola de Belas Artes, desde sua criação até a presente data. A dificuldade de selecionar as obras desta mostra comemorativa foi muito grande. Pela excelência dos artistas que passaram por seus ateliês – impossível trazer um representante de cada período – a opção da curadoria foi privilegiar os que tiveram a formação da escola. Muitos desses artistas foram alunos do Curso Livre, admitidos pela avaliação dos Mestres. Passaram pela instituição artistas de todas as classes sociais, a escola sempre foi uma unidade que presava pela diversidade. De todos que cursaram a Escola de Belas Artes, mesmo os que não a concluíram, ficou o reconhecimento do papel fundamental que ela representou em suas trajetórias.
O eixo curatorial enfatizou a Escola de Belas Artes como instituição que preserva a preocupação social, política e intelectual das diferenças individuais, o que não impede a formação de um corpo e de uma identidade. A curadoria buscou evidenciar as diferenças e afinidades em desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, instalações, vídeos e performances que fizeram da escola um paraíso vocacionado para a arte e a cultura no Rio de Janeiro, potente e famosa caixa de ressonância artística do Brasil.
O projeto conta com patrocínio integral da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a produção/idealização da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Antonio Bandeira, Manoel Santiago, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.
Este projeto foi realizado com recursos do Viva a Cultura! - Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio - Viva a Arte! / Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / Secretaria Municipal de Cultura.
novembro 8, 2016
Vanderlei Lopes na Marilia Razuk, São Paulo
A Galeria Marilia Razuk apresenta a partir de 17 de novembro a exposição Milagre, de Vanderlei Lopes. Terceira individual do artista na galeria, reúne trabalhos recentes e inéditos, ocupando os dois espaços expositivos.
A mostra reúne um corpo de trabalhos que toma o próprio ato de olhar como questão. Constituída por obras em materiais como vídeo, madeira, fogo, ouro, bronze, pólvora e papel, conjuga diversos procedimentos e temporalidades que se articulam no sentido de refletir sobre a luz e o modo como a obra surge no espaço expositivo.
Objetos ou situações do cotidiano, são transformados, sobretudo a partir de processos de fundição, gravação e queima. Dispostos frente a frente, justapostos ou emparelhados, tais encontros atritam-se, apagam-se ou incendeiam-se reciprocamente. Desejam produzir visibilidade a partir do que não está à vista, por meio de espelhamentos entre matérias e simbologias, duplicações ou inversões.
Milagre – do latim miraculum refere-se ao ver, ao maravilhar-se, a acontecimentos fora do comum e alheios à ciência – toma da tradição da arte, questões ligadas à sua função, seu sentido cultual, bem como questões ligadas às linguagens. Discutem certo sentido religioso, místico, fenômeno recorrente e determinante no processo constante de construção e atualização da realidade.
Trabalho homônimo a exposição, Milagre revela através do ponto de vista de uma lupa de aumento, o raio de sol que a atravessa e queima a imagem de um louva-a-deus, previamente projetada sobre um papel. O mesmo acontece com a imagem do antebraço do artista. A luz inclinada advinda do projetor no teto, ainda que invisível, converte-se na estrutura do outdoor de madeira instalado no chão.
Já a obra Posse (Sapatos), constitui-se em um par de sapatos em bronze, pretos por fora e polidos por dentro. O polimento interno produz uma luminosidade alaranjada, espelhada, “empoçada” em seu interior. O trabalho se refere à imagem de um religioso no muro das lamentações, a indicar ali, a presença de um corpo que em seu movimento procura rearranjar sua fisicalidade diante da parede.
Em Cena (para Glauber) temos as mãos do artista fundidas em bronze; uma segurando uma vela também em bronze, a outra, protegendo do vento uma chama real que tremula e produz luminosidade em seu entorno.
Cântico dos cânticos (Canticum canticorum) é um díptico disposto no espaço de modo espelhado, em paredes opostas, que traz o mesmo texto escrito, repetido sobre dois papeis diferentes; um em positivo, feito com pólvora queimada e o outro em negativo, aplicado com folha de ouro. Trata-se de fragmentos do texto poético da Bíblia, Cântico dos Cânticos, atribuído a Salomão, escrito em linguagem sensual. O poema fala do amor entre o noivo e sua noiva e constitui-se de uma coletânea de hinos nupciais. Como um cântico longínquo, o trabalho deseja produzir ali a união, ou uma corporificação pelo espelhamento entre ambos, que atravessa o visitante em seu fluxo no ambiente expositivo, entre um desenho e outro, entre o outro e o mesmo refletido.
Sobre o artista
Artista que atua nos limites entre diversas linguagens como desenho, fotografia, vídeo, som, entre outras, Vanderlei Lopes tem se dedicado a explorar a escultura reposicionando-a em seus sentidos atuais. Lida com ideias de transformação e transitoriedade, como em Cavalo, recentemente exposto no octógono da Pinacoteca, em São Paulo, um animal estampado em bronze, preenchido com terra até transbordar, fixado entre o instante em que cai no chão e a iminência de se levantar.
Nascido em Terra Boa – PR (1973) é formado em artes plásticas pela UNESP em 2000. Entre suas principais exposições individuais destacam-se: Monumento, curadoria de Douglas de Freitas, Galeria Athena Contemporânea, 2016; Grilagem, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 2014; Tudo que reluz é ouro, curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria Athena Contemporânea, 2014, Rio de Janeiro; Transitorio, Galeria Nueveochenta, Bogotá, Colômbia, 2014; Cavalo, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2013; 7 quedas, Galeria Marília Razuk, São Paulo, 2011; Voo, Maus Hábitos, Porto, Portugal, 2007.
Entre as exposições coletivas: Gold Rush, De Saisset Museum, Santa Clara, CA – EUA, 2016; Uma coleção particular - Arte Contemporânea no Acervo da Pinacoteca, curadoria de José Augusto Ribeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2015/2016; Fotos contam fatos, curadoria de Denise Gadelha, Galeria Vermelho, São Paulo, 2015; Realidades – Desenho Contemporâneo Brasileiro, curadoria de Nazareno, SESC-SP, São Paulo, 2011; Les Cartes Blanches du Silo à l’Emsba, curadoria de Wagner Morales, Beaux-Arts de Paris, l`École Nationale Supérieure, Paris, 2009; Loop Videoart Barcelona 2009, curadoria de Wagner Morales, Centre Civic Pati Llimona, Barcelona, 2009; Nova Arte Nova, curadoria de Paulo Venâncio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, 2008/2009.
novembro 6, 2016
Marina Rheingantz na Fortes Vilaça, São Paulo
Temos o prazer de apresentar Terra Líquida, quarta mostra individual de Marina Rheingantz na Galeria Fortes Vilaça. A artista apresenta pinturas inéditas de formatos variados, de muito grandes a bem pequenos, que operam no limiar da figuração. São paisagens mínimas que remetem a falésias, serras, mares, charcos, campos e terras caipiras, lugares visitados e inventados que se descolam do real e incorporam a geometria e a textura da pintura.
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Em Terra Líquida (2016), trabalho que dá nome à exposição, emaranhados de poças d’água unificam a tela e criam caminhos entre elementos reconhecíveis que sugerem um clube hípico. Com mais de quatro metros de largura, é a maior pintura já executada por Marina, o que exigiu da artista um movimento constante de aproximação e distanciamento ao pintá-la, um movimento que se repete para o espectador. A composição sugere um processo de desconstrução de uma imagem com sucessivas camadas de pintura, resultando na reconstrução de uma memória.
No entanto, um olhar mais apurado revela o protagonismo da tinta no processo da artista. Marina não persegue uma ideia narrativa – ela deposita sobre a tela camadas de pinceladas robustas, trabalhando a superfície e ouvindo a pintura. Ao escutar a cor e a tinta, a imagem se insinua e a artista segue, agora sim de encontro a uma possível narrativa. A imagem não é o começo e nem o fim, ela acontece no meio do caminho.
Nas pinturas sobre linho da série Bordados as cores de fundo ganham tratamento quadriculado, como nos tecidos próprios para bordar, por meio de sutis alterações tonais e controladas pinceladas. Barras coloridas introduzem aos poucos novas cores no trabalho, enquanto linhas grossas traçam padrões assimétricos e sugestivas paisagens distendidas.
A abertura é pontuada pelo lançamento do livro Terra Líquida (Editora Cobogó), abrangendo toda a produção da artista, com ensaio assinado pelo crítico e curador Rodrigo Moura.
Marina Rheingantz (Araraquara, 1983) é graduada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Integrou o grupo de jovens artistas paulistas conhecido como 2000e8, que reafirmou a força da pintura como linguagem artística nos anos recentes. Teve mostras individuais no Centro Cultural São Paulo (2012) e no Centro Universitário Maria Antônia (2011), entre outras. Exposições coletivas incluem Projeto Piauí (Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, 2016), Soft Power (Kunsthal KAdE, Amersfoort, Holanda, 2016), Os muitos e o um (Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2016) e No Man’s Land – Women Artists from the Rubell Family Collection (Contemporary Arts Foundation, Miami, 2015). Seu trabalho está em coleções como a da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do Itaú Cultural.
We are pleased to present Terra Líquida [Liquid Earth], Marina Rheingantz’s fourth solo exhibition at Galeria Fortes Vilaça. The artist shows new paintings in various formats, from very large to quite small, which operate on the threshold of figuration. They are an abstract reduction of landscapes that allude to sea cliffs, mountain ranges, seas, marshes, fields and rural areas, visited and invented places that are detached from reality and embody the geometry and texture of the painting.
In Terra Líquida (2016), the piece that gives its name to the exhibition, a maze of puddles integrates the canvas and creates paths between recognizable elementsthat suggest an equestrian club. Measuring over four meters wide, it is the largest painting Marina has ever executed, what required her to constantly move towards and away from the piece while painting it, a movementwhich is then repeated by the viewer. The composition suggests a process of deconstructing an image with successive layers of paint, resulting in the reconstruction of a memory.
However, a closer look reveals the protagonism of the paint in the artist’s process. Marina does not pursue a narrative idea – instead, she deposits layers of robust strokes on the canvas, working the surface and paying close attention to the painting.While she is listening to the color and the paint, the image insinuates itself and the artist now moves on towards a possible narrative. The image is neither the beginning nor the end, it happens along the way.
In the paintings on linen from the series Bordados [Embroideries], the background colors receive a gridded treatment, similar to those embroidering fabrics, by making use of subtle alterations of hues and controlled strokes. Colored bars gently introduce new colors onto the work, while thick lines produce asymmetric patterns and suggestive expanded landscapes.
The opening is marked by the release of the book Terra Líquida (Editora Cobogó), encompassing the entire production of the artist, and including an essay signed by reviewer and curator Rodrigo Moura.
Marina Rheingantz (Araraquara, SP, 1983) has a B.A. in Fine Arts from Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). She belonged to the group of young artists known as 200and8, which have reaffirmed the power of painting as an artistic language in recent years. She held solo shows at Centro Cultural São Paulo (2012) and at Centro Universitário Maria Antônia (2011), among others. Her participation in collective shows include Projeto Piauí (at Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, 2016), Soft Power (Kunsthal KAdE Amersfoort, the Netherlands, 2016), Os Muitos e o Um (The Many and the One at Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2016) and No Man's Land – Women´s Artists from the Rubell Family Collection (Contemporary Arts Foundation, Miami, 2015). Her work can be found in collections such as those from Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, and Itaú Cultural.
Eduardo Berliner na Triângulo, São Paulo
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 5 de novembro de 2016, a segunda exposição individual do artista carioca Eduardo Berliner na galeria. Sob curadoria de Priscyla Gomes e Felipe Kaiser, a mostra intitulada Corpos em Muda é composta por pinturas inéditas de grandes formatos, criadas nos últimos anos.
O título é uma homenagem ao livro “A desumanização”, do escritor português Valter Hugo Mãe, que narra a história de duas irmãs gêmeas, Sigridur e Halla. A primeira morre aos 12 anos. Halla passa a viver, portanto, sem a sua "metade", em meio a uma família desestruturada. A maneira como sua família lida com o luto é o fio condutor da publicação, rica em cenas mentais de crueldade e masoquismo. Essas imagens mentais reaparecem nas obras que Eduardo Berliner exibe nesta exposição, como membros humanos que se ligam a um balanço ou partes que confluem para formar rostos reconstruídos.
Ao adentrarmos na exposição vemos um flautista com focinho, um cachorro com cabeça de criança, uma boneca com braços-chifres. São pinturas, desenhos, gravuras e aquarelas de densidades e constituições próprias, que ganham complexidade pelo acúmulo de gestos e acasos na manipulação do meio. São figurações inquietantes, fabulações e obsessões com o hibridismo entre o humano e o animalesco que integram o universo poético do artista.
Guiadas pela violência do corte e do sangue, pelo deforme dos seres híbridos e pela metamorfose de seus personagens, as pinturas de Berliner são baseadas em recortes justapostos a lastros de memórias e observações do mundo, resultando em imagens perturbadoras, nas quais se confundem o familiar e o estranho, o natural e o absurdo, o surreal e o lirismo.