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outubro 26, 2016
Programa de Exposições 2016 no CCSP, São Paulo
O Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo chega ao seu 26º ano consolidado no ambiente cultural brasileiro como uma plataforma de prospecção artística, propositura institucional periódica por onde já passaram cerca de 500 artistas selecionados desde sua implementação em 1990. Sempre atento em reconhecer as diversas vertentes da arte contemporânea, a partir de 2014 o Programa ampliou o seu escopo, permitindo selecionar, além de 12 exposições individuais, três residências artísticas e uma proposta curatorial.
A especificidade da iniciativa é apresentar o trabalho de artistas em início de trajetória estabelecida – inscritos em edital publicado anualmente e selecionados por uma comissão julgadora diferente a cada edição –, no caso das exposições individuais, apresentar, ladeado à produção recente, nomes cuja obra esteja em curso há aproximadamente uma década. O objetivo é armar um repertório ampliado dos pensamentos que se desenvolvem, hoje, no campo das artes visuais, a fim de estabelecer também relações entre artistas de diferentes gerações com a instituição e os visitantes do CCSP. Daí, por exemplo, o fato de as mostras se constituírem de obras de artistas em projeção e artistas com trajetória consolidada, dispostas lado a lado no mesmo espaço expositivo, sem hierarquizá-las, mas com o compromisso de criar ou oferecer a cada trabalho, condições de apresentação próximas do ideal. Além do estímulo aos artistas em início de carreira, o Programa de Exposições incentiva também um grupo de críticos que acompanham e escrevem sobre os projetos realizados pelos artistas selecionados e/ou convidados. A modalidade Residência Artística é realizada por meio de parcerias previamente firmadas entre o Centro Cultural São Paulo e instituições conceituadas nesse campo. Já a modalidade Projeto Curatorial é orientada para externalização da Coleção de Arte da Cidade, sob guarda do Centro Cultural São Paulo.
A comissão julgadora deste ano – formada pela artista e professora Giselle Beiguelman (professora da FAU/USP) e pelos críticos e curadores José Augusto Ribeiro (curador da Pinacoteca do Estado de São Paulo) e Ricardo Resende (curador do Museu Bispo do Rosário), juntamente com a Curadoria de Artes Visuais do CCSP – selecionou 16 projetos artísticos entre 476 projetos inscritos. Para as mostras ao longo do ano de 2016, para a categoria Exposição Individual simultânea foram selecionados: Alan Adi, Alessandra Bochio e Felipe Merker Castellani, Anna Israel, Bruno Miguel, Daniel Jablonski, Flora Rebollo, Gian Spina, Gustavo Torres, Yuli Yamagata, Mauricio Adinolfi, Odaraya Melo e Tiago Mestre. Para a categoria Residência Artística os selecionados são Eloy Texeira Albuquerque [JAMAC - Jardim Miriam Arte Clube - São Paulo, SP], Roberta Carvalho [JA.CA – Jardim Canadá Centro de Arte e Tecnologia - Nova Lima, MG] e Michelle Farias Sommer [El Eco – Museu Experimental – Cidade do México] e para categoria Projeto Curatorial foi selecionada a proposta de Juliana Monachesi.
Em razão da reforma no chão do piso expositivo Caio Graco, realizada no decorrer do primeiro semestre de 2016, excepcionalmente, as duas primeiras mostras do Programa de Exposições foram reunidas no mesmo período. Dessa forma, as I e II Mostras do Programa de Exposições 2016 apresentam as individuais simultâneas dos artistas selecionados, Anna Israel, Daniel Jablonski, Flora Rebollo, Gian Spina, Gustavo Torres, Maurício Adinolfi, Yuli Yamagata e Tiago Mestre. Em paralelo, os artistas convidados Bruno Faria e Luiz Roque expõem projetos recentes a convite da Curadoria de Artes Visuais do CCSP.
Curadoria de Artes Visuais
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I Mostra do Programa de Exposições CCSP
artistas selecionados
Anna Israel, Gian Spina, Yuli Yamagata
artistas convidados
Bruno Faria, Luiz Roque
II Mostra do Programa de Exposições CCSP
artistas selecionados
Daniel Jablonski, Flora Rebollo, Gustavo Torres, Maurício Adinolfi, Tiago Mestre
Laura Lima no ICA Miami, EUA
ICA Miami presents Laura Lima The Inverse, the debut American solo museum exhibition for the renowned Brazilian artist. Working across mediums, the artist frequently subjects the body to surprising juxtapositions with objects and architectures. With each installation, Lima consistently reinvents the viewer’s encounter with her work, skillfully considering the nature of perception, social relationships, and human behavior, while creating profound and startling aesthetic experiences.
For this monumental, site-specific installation, Lima entangles the gridded support beams of the museum’s Atrium Gallery with industrial nylon rope. Enormous at one end, the braided material dwindles in size until it seems to merge with a female body. Set still and partially out of view, the participant’s body achieves uncanny abstraction, presence, and suspense.
ARTIST STATEMENT
“The Inverse,” my exhibition at ICA Miami, is a new work that builds upon a line of inquiry dealing with the human body and existence that I have pursued since the mid-1990s—in a way, I have been developing this work for decades. As such, the piece does not exist in isolation, but rather connects to the context of a practice that involves the participation of people of all ages and genders.
The installation comprises almost a mile of rope that entangles the peculiar architecture of ICA Miami’s atrium. The building’s rigid, orthogonal grid is engulfed by a flexible, capricious fiber. This is the cornerstone of the inversion that takes place as two systems and two architectures embark upon a complex dance. As with any dance, there are roles but not hierarchies—or, necessarily, the hierarchies are continuously shifting. The silent and uncanny presence of a female body unsettles the space. One might even say the body expands into space.
Fundamentally, “The Inverse” poses challenging questions, engaging topics related to identity, representation and agency. The female body, and the many fluid ideas of the feminine, is central to “The Inverse,” and is a concept developed through choices made by the participants.
My works can only result from ongoing and extensive dialogue with the participants. A true and open conversation is crucial in my practice, and a key aspect of this work in particular. The central topic of this conversation is to understand their part and the choices they make in bringing the work to life. Participants are not obligated by a script and are free to inhabit the space as they wish. Another key element to my work is the role of the art institution, which provides the necessary setting to give language, history and meaning to this conversation between artist, participant and viewer.
I deliberately leave interpretation of my work open, avoiding stories and narrative and relying on little more than simple human forms. This simplicity forces the viewer to consider how each person brings their own history to the piece, on account of their gender, race, class and other social determinants. In doing so, my work is an attempt to address the tension of our bare forms and their histories.
Laura Lima (b. 1971) has had solo exhibitions at the Migros Museum, Zurich, Switzerland; Bonnefantenmuseum, Maastricht, The Netherlands; Bonniers Konsthall, Stockholm, Sweden; Performa 15, New York; Museo de Arte Moderno, Buenos Aires, Argentina; Casa França Brasil, Rio de Janeiro, Brazil; and Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brazil. Her work has been included in major group shows at 2011 Lyon Biennale; 14 Rooms, Fondation Beyeler, Basel and the 1998 and 2006 São Paulo Biennale.
Lima is a co-founder and partner of the Galeria de Artes A Gentil Carioca in downtown Rio de Janeiro with Marcio Botner and Ernesto Neto. She graduated with a degree in Philosophy at the State University of Rio de Janeiro and studied at the Visual Arts School of Parque Lage in Rio de Janeiro. The artist lives and works in Rio de Janeiro.
Laura Lima “The Inverse” is organized by ICA Miami and curated by Alex Gartenfeld, Deputy Director & Chief Curator.
Funded through the Knight Contemporary Art Fund at The Miami Foundation.
Major support is provided by the Dr. Kira and Mr. Neil Flanzraich Fund for Curatorial Research at ICA Miami. Additional support is provided by the Consulate General of Brazil in Miami and Galeria Luisa Strina, São Paulo.
Festival Mais Performance ocupa Oi Futuro com performances, exposições e debates
O Oi Futuro Ipanema recebe a partir do dia 30 de setembro o Festival Mais Performance. O festival apresenta trabalhos de 10 artistas nacionais e internacionais, que realizarão performances ao vivo para o público, além de duas exposições fixas que permanecerão abertas durante todo o mês de outubro, incluindo uma mostra individual do artista austríaco Peter Weibel, um dos pioneiros na experimentação da arte e tecnologia, considerado um dos principais artistas mundiais na arte da performance.
Com curadoria de Caroline Menezes e direção de produção de Tathiana Lopes, a proposta do festival Mais Performance é apresentar diferentes facetas do que já é historicamente conhecido na arte da performance e novas tendências no campo desta manifestação artística. Por isso, o projeto tem como objetivo mostrar criações performáticas que transbordam o escopo das artes visuais e do corpo e abarcam a interdisciplinaridade como tendência e influência. O festival também pretende justapor passado e presente, trazendo a exposição de um artista que já tem mais de 50 anos de trajetória no campo da performance, Peter Weibel, e nomes estabelecidos e novos da arte contemporânea que experimentam com essa linguagem.
Para Caroline Menezes, curadora do Mais Performance, “artistas e curadoria estarão juntos para delinear um festival em que o diálogo entre diferentes criações artísticas será apresentado ao público com uma linguagem acessível e de comunicação imediata”. Já para Tathiana Lopes, organizadora do festival “o público será convidado a viver novas experiências através de diversas linguagens da arte da performance, que exploram o uso da tecnologia, do corpo, da fotografia e da interatividade. É um projeto que oferece uma programação variada e desloca artistas e público para diferentes espaços durante as performances, exposições e debates, tornando a experiência para todos ainda mais rica, afirma a organizadora do evento.
O Festival Mais Performance é realizado pela Cardápio de Ideias Comunicação e Eventos e Oi Futuro, e conta com o patrocínio da Oi, do Governo do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.
PROGRAMAÇÃO
Exposições
Mostra Mais Performance
30 de setembro a 30 de outubro, 13h às 21h
Galeria Nível 1
A exposição exibirá vídeos, experiências visuais e registros das performances dos artistas participantes do Festival. Será um ambiente de interatividade visual e convidativo para o público. Os vídeos ampliarão a percepção do campo e registro de performances, além de distender o repertório dos artistas presentes no Festival. A mostra lida com uma experiência do gesto pelo olhar.
The Messenger
30 de setembro a 30 de outubro, 13h às 21h
Galeria Nível 3 e Vitrine Nível 1
A exposição trás uma retrospectiva poética das primeiras décadas do trabalho de Peter Weibel, e apresenta pela primeira vez no Brasil parte de seu amplo repertório que reúne performance, filme experimental, vídeo arte e poesia visual. Um percurso em que o artista parte de reflexões da semiótica e linguística, questões do corpo e de gênero e desenvolve linguagens plurais que atravessam a relação entre humano e máquina e desdobram-se em performance. A Vitrine da entrada do Oi Futuro Ipanema apresentará imagens da obra Vulkanologie der emotionen [Vulcanologia da Emoção], performance de 1971 realizada para vídeo em 1973.
Performances
Performance - Peter Weibel
Sexta Feira, 30 de setembro, 20h
Galeria Nível 3
Duas performances históricas de Peter Weibel serão reinterpretadas por artistas brasileiros na abertura do festival.
_ ‘Mehr Wärme unter die Menschen’ [Mais calor sob as pessoas], nessa performance realizada pela primeira vez em 1972 o artista descobre fogo no calor do corpo de uma mulher, no caso de sua parceira artística, a atriz e performer Susanne Widl. O vídeo da performance original estará em exibição.
_ Synthesis zweier sequentieller Maschinen [Síntese de duas máquinas sequenciais]. Nesta performance, que foi realizada em 1967, o artista leva a interação humano-máquina para um teste de resistência para ver quem ou o quê é mais forte. A versão em vídeo de 1972 também estará na exposição.
Vídeoarte “Spit Painting” - Peter Weibel
Sexta Feira, 30 de setembro, 19h às 22h
Fachada Externa do Prédio que já recebeu o título do “Rebelde da mídia” vai apresentar pela primeira vez em grande formato o vídeo-mapping Spit Painting que será projetado na fachada do Oi Futuro Ipanema no dia da abertura do festival.
“Aperreável nº3” - Arthur Scovino
Sábado, 1 de outubro, às 15h
Galeria Nível 1
Para abrir o segundo dia do festival, no sábado, Arthur Scovino, vestido de branco, entra em um círculo com uma boneca de louça em mãos. Desenrola 30 metros de fitas do Sr. do Bonfim para frente, assobiando a “Ave-maria” de Schubert. Para o artista a arte pode ser sagrada e sua performance traz essa questão como se fosse um lento rito de passagem, que envolve o público, expandido sua subjetividade para quem assiste a performance. Aperreável acontece em dois dias seguidos e também fecha o festival no domingo. Nesse trabalho, o artista experimenta o movimento mínimo e a ação de longa duração. É uma experiência que pretende reduzir os movimentos da ação transformando-a em uma cena onde o público pode optar por passar por ela em poucos minutos ou fazer parte de uma espécie de meditação com a ave-maria.
Performance “Bye Bye Brasil - Projeto Technô” - Gabriela Noujaim
Sábado, 1 de outubro, às 16h
Praça General Osório
A linguagem da performance vem gradativamente incorporando o circo e seus processos de ação junto ao público. Gabriela Noujaim enxerga neste aspecto um amplo campo de ação sobre o qual ela atua. Imagens, indumentária e força física são alguns itens para os quais a artista aponta e sobre os quais se debruça para reelaborar mensagens e resignificar as ações circenses. A ação acontece no espaço de convergência com o público.
Performance “Loop and Return” - Flora Parrott
Sábado, 1 de outubro, às 17:30h
Galeria Nível 1
Flora Parrott explora a materialidade e sua tradução para o digital. Os processos envolvidos em ambos são investigados através da performance, abrindo uma discussão sobre a distinções entre espaço físico e virtual. O único fator de diferenciação parece ser o indizível; a informação transmitida através do toque que não pode ser descrito. Loop and Return faz essa interseção, baseia-se na percepção sensorial de elementos viscerais e orgânicos e sua transmutabilidade em meios digitais.
Performance “Ao²” - Leandro Goddinho
Sábado, 1 de outubro, às 21h
Galeria 3
O artista convida para participar de sua performance atores, para através de uma ação poética questionar o papel da maternidade imposto pela sociedade às mulheres. Duas mulheres gravidas de barrigas quadradas têm o sangue sugado por uma figura masculina ao centro. As mulheres dão a luz ovos, e imediatamente os quebram em recusa.
Performance “Caixinhas de Escuta” - Debora Santiago
Domingo, 2 de outubro, às 15h
Galeria Nível 3
Debora Santiago, em seus mais recentes trabalhos, tem explorado a cerâmica como material que conduz som. A partir do convite para o festival ela utiliza o espaço da Oi, que é uma empresa de telefonia, para desenvolver sua performance. Diferentemente de toda tecnologia dos meios de comunicação a proposta é uma construção simples, um circuito de transmissão sonoro que utiliza peças de cerâmica e barbante, como nas brincadeiras de telefone com latinhas. Com a interação do público de todas as idades ela vai criar um rede de comunicação, na galeria, que assim que estruturada a proposta é testar as possibilidades sonoras e o quê gostaríamos de comunicar nesta rede.
Performance “WebJays” – Anne Rocquigny
Domingo, 2 de outubro, às 16h
Teatro
Anne Rocquiny desenvolveu um software para navegação na internet que permite o usuário mixar vídeos encontrados na web e apresentar em tempo real. Ela vai convidar artistas do Rio para participar de sua performance, primeiramente com um workshop dias antes do festival e apresentação de suas experiências no domingo. Para a artista a internet não é um assunto privado e seu poder artístico permite ampliar a experiência digital em uma escala monumental, em qualquer parte do mundo.
Performance “Alma líquida” - Marcella França
Domingo, 2 de outubro, às 18h
Teatro
Através da experiência multimídia entre o corpo e as novas tecnologias, Marcella cria relações de significados entre questões emocionais e a volatilidade da água, dando visualidade a conceitos intangíveis da experiência humana contemporânea como a impermanência, a materialidade, a fragilidade, o feminino, o tempo e a fluidez. Alma Líquida tem como processo de construção a experiência de afeto e arrebatamento que se dá na relação entre corpo com esse elemento tão intrínseco à vida. É uma experimentação de dança com fluidos interativos e atravessamentos visuais.
Performance “ Trace a Face” e “Aureoleds (Performance Ritual)” - Wellington Jr. (Tutunho)
Domingo, 2 de outubro, às 16h às 19h
Galeria Nível 1
Um ato onde o performer fala a língua dos anjos, sua "aureoleds" (auréola + leds) brilha como a auréola de um santo. A linguagem da glossolalia não referencial de seu alter ego Tutunho e sua imposição de mãos têm o poder taumaturgo de curar todas as enfermidades estéticas. Aureoleds investiga novas poéticas da voz na arte eletrônica usando conceitos e práticas da poesia fonética e dos rituais sagrados.
Performance “Nadir - Quatro Cantos” Túlio Pinto
Domingo, 2 de outubro, às 20h
Teatro
A performance de Túlio Pinto é parte de uma engrenagem que movimenta o espaço. É a expressão do equilíbrio pelo contraste. Enormes placas de vidros são estabilizadas pela compensação de seu peso em um monte de areia. Neste contexto, o performer inicia uma ação de polia trazendo as peças escultóricas do trabalho em sua direção, um gesto exato e calculado que se repete até o momento que o performer se retira do espaço deixando os resquícios de uma possível escultura performática para trás.
Performance “Aperreável nº3 – reverse” – Arthur Scovino
Segunda parte da performance apresentada no dia 1 de outubro
Domingo, 2 de outubro, às 21h
Galeria Nível 1
Segunda parte da performance de Arthur Scovino.
SOBRE ARTISTAS
Anne Rocquigny, artista e curadora francesa. Anne especializou-se durante os últimos 15 anos na produção e curadoria de projetos híbridos digitais relacionadas ao som, artes visuais, redes e da Internet. Em 1999, juntou-se ao Centre International de Création Vidéo Pierre Schaeffer, um dos primeiros centros de novas mídia de seu país, onde trabalhou como coordenadora artística e curadora do International Urban Multimedia Arts Festivals, em seguida como co-diretora do local com Pierre Bongiovanni. Anne atualmente desenvolve o projeto performances web WJ-S e co-coordenação em paralelo com Peter Sinclair e Jérôme Alegria, Locus Sonus um laboratório de pesquisa especializada em arte de áudio e sua relação com o espaço e sistemas de áudio em rede. Link
Arthur Scovino, nascido na região metropolitana do Rio de Janeiro mudou-se para Salvador em 2008 para estudar na Escola de Belas Artes da UFBA. Desde então, desenvolve suas pesquisas artísticas em torno do ambiente, da cultura e das relações afetivas e sociais, sobretudo na Bahia. Atualmente em suas instalações e performance investiga símbolos do imaginário religioso e da miscigenação brasileira. Em 2013 recebeu dois prêmios dos Salões de Artes Visuais da Bahia que ocorrem em diferentes cidades do estado e em 2014 participou da 3ª Bienal da Bahia e da 31ª Bienal de São Paulo. Foi indicado ao Prêmio PIPA nos últimos 3 anos. Em 2016 participou da exposição Softpower – Arte Brasil, na Holanda e teve uma mostra individual na Galeria Solyanka VPA em Moscou, Rússia. Representado pela Galeria CasaTriângulo em São Paulo. Link
Flora Parrott nasceu em Londres onde vive e trabalha. Flora é artista, representada pela Galeria Tintype de Londres e professora da Universidade de Kingston. Sua arte emerge da compulsão por explicar um estado do ser, um estado que está sempre evoluindo e mudando. Ela cria e expõe seus trabalhos para compreender e examinar essas experiências; para esclarecer, analisar e fixar essas sensações. Em obras onde gravura, performance, filme e escultura convergem, imagens e objetos escolhidos instintivamente são organizados de maneira que articulem experiências físicas. Link
Gabriela Noujaim, artista cresceu dentro do convívio da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, onde estudou dos nove aos dezoito anos. Ao longo dos últimos anos, Gabriela participou de uma série de exposições importantes em 2015, participou da coletiva Se Liga, no Centro Cultural Banco do Brasil e do projeto Technô no Oi Futuro do Flamengo, ambos no Rio de Janeiro. Gabriela foi finalista do Festival 3M Canções de Amor no Instituto Tomie Ohtake 2014, em São Paulo. Link
Leandro Goddinho nasceu em Aracaju e vive em Berlim. É formado em Teatro na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo e em Cinema pela Universidade Anhembi Morumbi na mesma cidade. Leandro já dirigiu filmes, videoclips e peças de teatro, totalizando mais de 50 prêmios em festivais de cinema no Brasil e no exterior. Em 2015,foi selecionado para desenvolver um documentário sobre LGBTs refugiados na Alemanha com o apoio do Ministério da Relações Exteriores desse país. Em junho desse ano, estreou o curta Piscina [Pool] no Festival Internacional de Cinema de Palm Springs, no EUA. Desde então, o filme está na programação de vários festivais de cinema ao redor do mundo. Link
Marcella França, artista vive e trabalha no Rio de Janeiro. Seu trabalho tem uma linguagem multimídia que dialoga com sua formação multidisciplinar em design, artes visuais e artes cênicas investiga problemas da existência humana. Materialidade x efemeridade. Questões que dizem respeito a tempo e seu ‘momento da vida’, ‘o ponto de viragem’ em ambos os fenômenos naturais, como emocional humana e incansavelmente persegue êxtase poético do artista. Elementos tais como água, ar e luz criam significativas relações com as mulheres, a vida, a intimidade e a memória. Link
Debora Santiago, artista de Curitiba, Paraná onde vive e trabalha. É professora de Poéticas Visuais na Escola de Música e Belas Artes da Universidade Estadual do Paraná. Iniciou sua produção com esculturas, objetos e desenhos, a performance surgiu da necessidade de manipulação dos objetos e demandam a participação do público. Desde os anos 1990 vem participando de mostras no Brasil e exterior. É representada pelas galerias Ybakatu Espaço de Arte e Galeria T20. Link
Peter Weibel, austríaco (nascido em Odessa, Ucrânia) e atualmente vive na Alemanha onde é diretor do ZKM, Centro de Arte e Media em Karlsruhe. Além de artista, ainda é curador e teórico com centenas de textos publicados. Seu repertório inclui performance, arte conceitual, filme experimental, vídeo arte e arte computacional. A partir de reflexões da semiótica e linguística, desenvolveu uma linguagem artística que o conduziu da poesia a performance. Foi um dos pioneiros na experimentação entre arte e novas tecnologias. Em suas performances ele explora não apenas a linguagem corporal e midiática, mas também filme, vídeo, áudio e ambientes eletrônicos interativos, analisando criticamente suas funções na construção da realidade. Com mais de 50 anos de carreira é considerado um dos mais importantes artistas da Áustria, em 2002, foi condecorado com e Grande Medalha de Honra ao Mérito da República da Áustria, o maior prêmio para um cidadão de seu país. Link
Túlio Pinto nasceu em Brasília, vive e trabalha em Porto Alegre. Em suas instalações e esculturas, o equilíbrio das peças é conseguido através do jogo entre pesos, densidades e tamanhos de materiais como concreto, chapas de ferro e vidros. A produção gira em torno do conceito de efemeridade e transformação exploradas a partir das características próprias dos materiais empregados: “As coisas já têm seu potencial escultórico. Sou muito mais um articulador, já que repotencializo esta força inerente a elas, colocando em evidência essas aproximações e anulações que são geradas”, define o artista. Link
Wellington Jr. (Tutunho), natural de Fortaleza, Ceará, sua pesquisa artística explora conceitos da performance em suas vertentes contemporânea, tradicional e popular, a interface dela entre as artes do corpo, comunicação e educação. Como seu alter ego Tutunho, o artista já participou de diversos festivais e exposições no Brasil e no exterior, incluindo EXPO12’13’, no Museu de Aveiro, Portugal. Wellington Jr. é professor associado do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará e tem extensa bibliografia sobre estudos da performance. É autor de Glossolalia: Voz e Poesia, de 2004, e organizador dos livros O Corpo Implicado: leitura sobre corpo e performance na contemporaneidade e Performance Ensaiada ambos de 2011. Link
SOBRE CURADORA E DIRETORA
Caroline Menezes nasceu no Rio de Janeiro, é curadora e crítica de arte. Atualmente vive na Alemanha onde desenvolve o projeto Die Brücken: Network for Art and Technology no ZKM | Zentrum für Kunst und Medien Karlsruhe, através do programa German Chancellor Fellowship da Alexander von Humboldt Foundation. Faz parte do time permanente de críticos da revista inglesa Studio International desde 2006. É co-editora do livro The Permanence of the Transient: Precariousness in Art publicado pela Cambridge Scholars Publishing e tem artigos em livros e catálogos como o 30 X Bienal: Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição. Foi diretora assistente da Essex Collection of Art from Latin America, em Colchester, Inglaterra e trabalhou em projetos independentes de curadoria na Espanha, Portugal e Brasil.
Tathiana Lopes é fundadora e diretora da Cardápio de Ideias Comunicação e Eventos, agência de produção e desenvolvimento de projetos na área cultural, corporativa e social fundada em 2008. É criadora e diretora do Festival Novas Frequências, realizado desde 2011 no Rio de Janeiro, vencedor do Prêmio Noite Rio, integrante do ICAS (International Cities of Advenced Sound), que teve seus primeiros showcases no início de 2015 e 2016 na Escócia, Londres e Alemanha. É responsável pela produção do Shakespeare Lives, uma série de eventos no território brasileiro, para o fomento das artes e troca cultural entre o Reino Unido e o Brasil, realizado pelo British Council que inclui Debates, Cinema, Teatro, com profissionais e artistas nacionais e internacionais em diversas cidades brasileiras. Foi responsável pela elaboração e produção do Cine Daros no Pátio, mostra de cinema ao ar livre com sua 3ª edição em 2015. Desenvolveu e organizou os eventos de inauguração da Casa Daros. Com o artista plástico Vik Muniz desenvolveu e produziu o Projeto Paisagem para Rio+20. Entre 2009 e 2011 coordenou a produção do Festival Multiplicidade. Formada em artes, propaganda e marketing e gestão de negócios, ministra palestras para universidades como PUC, ESPM, Facha e Estácio. Link
outubro 24, 2016
My body is a cage na Luciana Caravello, Rio de Janeiro
My body is a cage é a próxima exposição coletiva a ser apresentada na Galeria Luciana Caravello, no Rio de Janeiro. Com curadoria de Raphael Fonseca, a exposição retira seu título de uma música homônima da banda canadense Arcade Fire. Conforme dizem seus versos, “My body is a cage / that keeps me from dancing to the one I love / but my mind holds the key” (“Meu corpo é uma jaula / que me impede de dançar com quem eu amo / mas minha mente segura a chave”), ou seja, se trata de uma música que reflete sobre a inevitável prisão à qual todos os humanos estão condicionados biologicamente: o seu próprio corpo. Essa curadoria, portanto, pretende lançar luz sobre essa relação entre corpo, aprisionamento físico e possibilidade de libertação mental por meio de diálogos estabelecidos entre artistas que trabalham com linguagens diferentes e que advém de gerações e geografias diversas do Brasil.
Onze artistas foram convidados para participar da exposição com objetos que refletem seus interesses de pesquisa em torno desses tópicos. Se para alguns deles a relação entre corpo humano e encarceramento se dá através da utilização de materiais que advém de certas tradições clássicas da história da arte (Carla Chaim, Daniel Lannes e Rodrigo Martins), outros parecem ter um interesse mais antropológico em olhar tanto para o corpo do outro, quanto para os seus próprios corpos (Eduardo Montelli, Igor Vidor, Tales Frey e Virgínia de Medeiros). Há também artistas que parecem contemplar o corpo como algo em um espaço limítrofe entre o humano e o animalesco, por vezes esbarrando no campo do grotesco e do abjeto construído de modo imageticamente potente (Raquel Nava e Zé Carlos Garcia) ou experimentando através da repetição e de ações físicas que beiram uma ausência de sentido imediato (Gabriela Mureb e Jorge Soledar).
Além dos trabalhos reunidos no espaço expositivo, seis artistas foram convidados para realizarem ações a cada sábado da exposição nos turnos da tarde. Leandra Espírito Santo (29/10, abertura), Felipe Abdala (05/11), Obá (12/11), Miro Spinelli (19/11), Elen Braga (26/11) e Gabriela Mureb (03/12) apresentarão trabalhos que dialogam com o campo da performance, mas que também podem ser vistos como ampliações dos limites dessa linguagem com acontecimentos que convidam a participação do corpo do público, experimentam o som ou se configuram como ações banais onde a dramaticidade narrativa se faz ausente.
Raphael Fonseca, doutor em História da Arte (UERJ), professor efetivo do Colégio Pedro II (RJ). Recebeu o prêmio Marcantônio Vilaça de curadoria (2015). Curador residente na Manchester School of Art (maio-agosto de 2016). Dentre suas curadorias recentes, destaque para Quando o tempo aperta (Palácio das Artes e Museu Histórico Nacional, 2016); Reply All (Grosvenor Gallery, Manchester, 2016); Figura Humana (Caixa Cultural RJ, 2014); Deslize
outubro 23, 2016
Projeto Latitude apoia a participação de 10 galerias brasileiras em feiras na Colômbia
Por meio de uma parceria entre a ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o Projeto Latitude – voltado à internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea – apoia a participação de dez galerias brasileiras na Colômbia durante a realização da ARTBO - Feira Internacional de Arte de Bogotá e Odéon – Feria de Arte Contemporáneo entre os dias 26 e 31 de outubro de 2016.
Considerada uma das principais feiras de arte latino-americanas, a ARTBO tem neste ano oito galerias de arte brasileiras participantes do Projeto Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad em sua lista principal: Athena Contemporânea, Blau Projects, Galeria Eduardo Fernandes, Galeria Fortes Vilaça, Galeria Jaqueline Martins, Galeria Luisa Strina, Galeria Raquel Arnaud e Vermelho. Da Odéon, Feria de Arte Contemporáneo, participam as galerias Portas Vilaseca Galeria e Zipper.
Athena Contemporânea (estande C22) apresenta trabalhos dos artistas Lais Myrrha e Laura Belém.
Blau Projects (estande A55) apresenta conjunto de obras de Rodrigo Bueno.
Galeria Eduardo Fernandes (estande A47) apresenta obras de Alberto Lezaca, Ana Amélia Genioli, Claudia Melli, Clemencia Echeverri, Daisy Xavier, Fernando Arias, Luz Lizarazo, Rosario López, Silvia Mecozzi, Vicente De Mello.
Galeria Fortes Vilaça (estande C10) exibe trabalhos do artista Cristiano Lenhardt.
Galeria Jaqueline Martins (estande C3) apresenta trabalhos de Adriano Amaral, Charbel-Joseph H. Boutros, Daniel De Paula, Débora Bolsoni, Ícaro Lira, Lais Myrrha e Letícia Parente.
Galeria Luisa Strina (estande C15) exibe trabalhos dos artistas Beto Shwafaty, Carlos Garaicoa, Cildo Meireles, Edouard Fraipont, Federico Herrero, Laura Lima, Marcius Galan, Mateo López e Pablo Accinelli.
Galeria Raquel Arnaud (estande C18) apresenta obras de Eduardo Sued, Elizabeth Jobim, Iole de Freitas, Sergio Camargo e Waltercio Caldas.
Vermelho (estande G14) apresenta obras dos artistas André Komatsu, Claudia Andujar, Dora Longo Bahia, Henrique César, Ivan Argote e Marcelo Moscheta.
Odeón 2016 – Feria de Arte Contemporáneo
As galerias Portas Vilaseca Galeria e Zipper Galeria, por sua vez, participam da 5a edição da Odeón – Feria de Arte Contemporâneo, evento de arte paralelo à ARTBO, realizado no antigo Teatro Popular de Bogotá e voltado para o mercado de jovens artistas colombianos e latino-americanos.
Portas Vilaseca Galeria (Odéon, estande 8) exibe trabalhos de Claudia Hersz, Daniel Murgel, Iris Helena, Lin Lima e Pedro Victor Brandão.
Zipper Galeria (Odéon, estande 9) apresenta obras de Bruno Novelli, Janaina Mello landini e Pedro Varela.
Mostras individuais de artistas brasileiros em Bogotá
Durante o período de realização de ambas as feiras, dois artistas representados pela Portas Vilaseca Galeria inauguram mostras individuais em Bogotá. No dia 27/10, Lin Lima inaugura o projeto “Rede - Programa Gabinete #19" no espaço FLORA ars+natura. Já no dia 29/10 acontece a abertura da exposição de Daniel Murgel , "Arquiteturas Poéticas”, no Espacio El Dorado.
Duas outras participações de artistas representados poderão ser conferidas em Bogotá no período das feiras: a instalação site specific “Air and Light and Time and Space”, do artista Marlon de Azambuja (Galeria Marilia Razuk) estará no Espacio Odeón Centro Cultural, enquanto Andrey Zignnatto (Blau Projects) conta com a exposição individual “Territórios Forjados” na Galeria Sketchroom.
Endereços e horários
4°34’N | Bogotá
ARTBO - Feria Internacional de Arte de Bogotá
Corferias
Carrera 37 Nº 24-67, Bogotá, Colômbia
De 26 a 30 de outubro de 2016
Horários: das 12 às 20 horas
Odeón - Feria de Arte Contemporáneo
Espacio Odeón
Carrera 5 N° 12C-73, Bogotá, Colômbia
De 27 a 31 de outubro de 2016
Horários: sexta-feira e sábado, das 12 às 21h; e domingo e segunda-feira, das 12 às 19h
Histórico e ações do Latitude
No início do Projeto Latitude, em 2007, o valor de exportação alcançado pelas galerias associadas ao programa foi de cerca de US$ 6 milhões. Em 2015, o volume exportado chegou a quase US$ 67 milhões, o que representa um salto de 97,4% em relação ao ano de 2014, cujas exportações totalizaram vendas de US$ 33.921.564 para 22 países.
Os principais destinos dos negócios internacionais das galerias em 2015 foram: Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Hong Kong e Turquia. A participação das galerias associadas à ABACT nesse montante aumentou de 41,3 % para 68,4%, atestando a relevância das ações do Projeto Latitude voltadas à promoção da arte brasileira em eventos e feiras de arte internacionais.
Somente no último convênio com a Apex-Brasil, 11 galerias foram introduzidas no mercado internacional com o apoio do programa Latitude, e mais de 30 galerias foram apoiadas pelo Projeto para participações em feiras internacionais, gerando aproximadamente US$ 11,1 milhões em negócios, com vendas de mais de 500 obras para 37 países e para pelo menos 22 instituições internacionais. A expectativa da equipe do Projeto é de ampliar estes números neste novo Convênio.
Além de ações contínuas de gestão e de comunicação, voltadas para o fortalecimento institucional, estão previstas outras 22 ações para o biênio 2015-2016, entre as quais, o apoio às galerias participantes em importantes feiras internacionais, como a Art Basel Miami Beach (EUA), ARCOmadrid (Espanha), ArtBO (Colômbia), entre outras; realização de Art Immersion Trips, por meio das quais o projeto recebe formadores de opinião, profissionais e colecionadores para vivenciar a cena cultural brasileira; capacitação das galerias para atividades específicas e para atuação no mercado internacional; e a realização de pesquisas setoriais e estudos sobre mercados específicos. O conjunto de ações tem como objetivo aumentar o resultado das exportações do mercado primário de arte contemporânea brasileira com uma visão de longo prazo.
Mano Penalva na Central, São Paulo
A Central Galeria tem o prazer de apresentar Balneário, primeira exposição individual do artista Mano Penalva na galeria. A mostra é composta por obras inéditas, transitando entre pinturas, esculturas e instalações que evidenciam a produção, circulação e utilização de objetos no mundo. Os trabalhos são criados a partir de artigos comuns encontrados e adquiridos na rua, mercados populares e em viagens. Estes produtos são provenientes de diversos lugares do Brasil e do exterior e, por isso, ao mesmo tempo em que os trabalhos são facilmente identificados com a cultura nacional, especialmente devido à apropriação de alguns itens que nos são familiares, seus significados são ampliados e extrapolam fronteiras através das escolhas dos materiais e das combinações propostas pelo artista.
O interesse pelos materiais simples e corriqueiros dos quais Mano se apropria vem de sua formação na Bahia, onde nasceu e viveu até os 17 anos. O trabalho como pesquisador que o artista desenvolveu acentuou ainda mais este interesse, ao perceber os usos distintos do mesmo objeto e palavras em diferentes culturas. Seu trabalho surge desta urgência em se apropriar de artigos ordinários, que atravessam fronteiras e realçam a globalização, para então subverter os valores e significados originais, criando um novo universo de objetos, cores e palavras.
O trabalho de Mano nos faz refletir sobre o caráter dos objetos, como eles transitam pelo mundo, as relações de troca e acordos comerciais entre países, assim como transparece as diferentes camadas de significados que eles adquirem quando utilizados por outras culturas e o impacto na formação dos costumes de uma sociedade. Parte da exposição será formada por espécies de bandeiras, que são construídas seguindo a orientação de cores, formas ou mesmo palavras presentes em sacolas de feira e sacos que o artista coleciona, originários de diversas regiões. Assim como Mano, com seus olhos atentos ao mundo ao seu redor, pensa cotidianamente no valor dos produtos e itens encontrados e vendidos nas ruas, a exposição convida o espectador a refletir sobre o aspecto formal, cultural e social desses objetos.
Frederico Filippi e Raphael Escobar na Leme, São Paulo
O que se dá com a propriedade da arte que é sempre engajada de uma maneira ou de outra em sua impropriedade? A pergunta parece simples, mas complexa em sua ambiguidade, pois existe dentro da pergunta através de uma singular dualidade. É que não poderíamos escolher uma das palavras: se próprio, é legítimo, mas sua legitimidade parte de um contexto duvidoso porque pode dominar o outro; se impróprio, ilegítimo, que possivelmente parte de um contexto interpretado e significado pelo qual é dominado.
Próprio-impróprio, Galeria Leme, São Paulo, SP - 26/10/2016 a 19/11/2016
Frederico Filippi apresenta cinco trabalhos de diferentes formatos. Deriva são cinco atlas cortados em diversos formatos, cada pedaço deslocado de seu eixo de fixação auxilia formar outra imagem geométrica do retângulo ou quadrado do livro, gerando dessa forma uma proposição múltipla de leitura entre título, o espaço geográfico que cada atlas se refere e o corte realizado. Em Queima, o suporte da tela tem o formato de um triangulo isósceles também cortado ao meio, porém o corte é realizado na imagem. Da metade para cima, uma camada grossa de tinta asfáltica preta parece cobrir uma pintura de mata virgem detalhada na parte inferior do triângulo. Já em 3˚ Demarcação, a tela quadrada, com a imagem cortada diagonalmente, do canto superior direito ao inferior esquerdo, divide igualmente um plano de cor vermelho e uma mata. Ultradistância, chapas de metal dispostas a construir um retângulo apresentam um fundo preto com manchas quase geométricas vermelhas, que aludem às marcações realizadas pelos desmatamentos ou às plantações em larga escala de propriedades privadas. E, Propriedade da União, o artista apresenta quatro facões, com fios de corte e pintados de preto, que tem suas formas em escala representativa de quatro diferentes reservas indígenas demarcadas pela Funai no Brasil.
Com Raphael Escobar, dois grupos de trabalhos vieram a tona. Town&Country, em que são dispostos cinco pedaços de paredes de um antigo hospital de São Paulo, nos quais o artista interveio em suas superfícies a fim de desenhar em contra relevo cinco símbolos que foram ou ainda são proibidos aos presos no sistema carcerário, pois representam, aos olhos da polícia, crimes. O título desse trabalho também se apropria de um outro contexto, de uma marca de surf existente desde 1971 que em seu logo se sustenta o símbolo Yin Yang, o qual é referenciado pelos presos como o nome da marca. Em, Circulação, são cinco backlights que fazem referencia a serviços específicos encontrado dentro da ocupação do Movimento Sem Teto do Centro no antigo Hotel Cambridge, no centro de São Paulo, onde Escobar encerrou recentemente uma residência artística. Cada backlight apresenta um logotipo, que o próprio artista desenvolveu com os prestadores de serviço da ocupação.
Já nas propostas de Leonardo Araujo, curador da exposição, buscou-se fazer três movimentos gráfico-textuais. O título da exposição recorre à palavra-conceito de Maurice Blanchot, utilizada no texto A Comunidade Inconfessável. O X, texto plotado sobre uma grossa chapa de MDF, replica o tamanho das placas de cimento utilizadas na estrutura arquitetônica do edifício da galeria. X cruza os discursos que cada artista apresenta sobre seus trabalhos, em suas duas linhas superiores; o discurso em consonância dos artistas e curador sobre o projeto, centralmente; e os comentários deste aos trabalhos dos artistas, na parte inferior. E Dois sujeitos cuidam de um prédio, como texto curatorial, em que, dois trabalhos dos artistas, Gato de Escobar e Peixe de Filippi, tomam forma num conto fantástico.
Como irmãos siameses, que mesmo unidos são diferentes em espírito e forma, compartilhando o mesmo corpo e passado, próprio-impróprio surge tanto do veneno de sua realização quando do antídoto de sua idealização. Por isso, em nenhum momento as imagens e os textos apresentados intentam responder a problemática dual de seu título, mas refletem sobre a dificuldade existente entre a realidade comum e a imaginação do sujeito que neles fruem.
Frederico Filippi, São Carlos, Brasil, 1983. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
O trabalho de Frederico Filippi se depara sobre oposições de ordem e desordem, relações invisíveis presentes na vertigem dos processos civilizatórios, em especial no contexto da América do Sul. Com procedimentos variados e técnicas dispersas, a centralidade das imagens presentes em suas investigações muitas vezes partem da influência que recebe dos temas da antropologia - especificamente da etnologia ameríndia - como a pesquisa de campo, os resíduos imagéticos de encontros de mundos diferentes e a diagramação de informações aparentemente caóticas em um contexto novo. Para isso, ao mesmo tempo que se debruça sobre objetos e materiais para produzir pinturas, desenhos e instalações, também leva a cabo pesquisas mais extensas em processos de deslocamento e residências que acabam por produzir uma ação sobre a realidade, mesmo que ínfima, de modo a introduzir um ruído na imagem geral. Cada vez mais a agência invisível dos objetos e das informações tem se tornado um ponto de encontro em seu processo, de forma que o artista não se abate sobre uma técnica verticalmente, mas transita de acordo com a sondagem e encontra em diferentes materiais e ações caminhos para tornar visíveis estes procedimentos.
Entre suas principais exposições estão: O sol, o jacaré albino e outras mutações, Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro; Totemonumento, Galeria Leme, São Paulo (2016); Fogo na Babilônia, Pivô, São Paulo; Até aqui tudo bem, Galeria White Cube, São Paulo (2015); Si no todas las armas, los cañones, Matadero Madrid, Madri, Espanha; Mostra da 5º Edição da Bolsa Pampulha, Museu da Pampulha, Belo Horizonte; A parte que não te pertence, Maisterra Valbuena, Madri, Espanha (2014). Prêmios e residências artísticas: Kiosko, Santa Cruz de la Sierra, Bolívia; El Ranchito Matadero Madrid, Madri, Espanha (2015); Bolsa Pampulha, Museu da Pampulha, Belo Horizonte; Prêmio Novíssimos, Galeria IBEU, Rio de Janeiro; La Ene, Buenos Aires, Argentina (2013); 5º RedBull House of Art, São Paulo (2011).
Raphael Escobar, São Paulo, Brasil, 1987. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
A obra de Raphael Escobar se fundamenta na dicotomia das noções de público e privado, lugar e não-lugar, centro e margem, utilizando objetos de uma linguagem própria ao cotidiano das cidades, ações e situações corriqueiras do cotidiano urbano a fim discutir relações de poder e imposição, mas também da subversão dessas lógicas, rumo ao ilegal ou ao considerado “vandalismo”. Desde 2009 atua com educação não formal em contextos de vulnerabilidade social. Esta atuação serve também como pesquisa e ativação do seu trabalho que frequentemente evidencia as formas de resistência em meio à precariedade, ao apagamento, à exclusão e à diminuição de direitos e liberdades.
Entre as suas principais exposições estão as coletivas: Totemonumento, Galeria Leme, São Paulo (2016); Vaguear, transitar, caminhar, errar..., Ateliê Aberto, Campinas, São Paulo (2015); 31ª Bienal de São Paulo (colaboração com coletivo Ruangrupa), São Paulo (2014); X Bienal de Arquitetura, Centro Cultural São Paulo, São Paulo; A Alma é o Segredo do Negócio, Funarte, São Paulo, Brasil (2013), entre outras.
Residências artísticas: Red Bull Station, São Paulo, Brasil (2016); Condomínio Cultural, São Paulo, Brasil; Muros: Territórios Compartilhados, Salvador, Brasil (2013), entre outras.
Leonardo Araujo vive e trabalha em São Paulo. É escritor, critico de arte e editor independente. Cursou parcialmente Filosofia pela Unifesp e graduou-se em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes. Realizou a curadoria da exposição Noves_Fora no espaço independente Beco da Arte, no qual trabalhou por 3 anos. Foi assistente no Núcleo de Pesquisa e Crítica em História da Arte na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Desenvolveu o projeto expositivo Estruturas Possíveis: um diálogo crítico-criativo com o artista Bruno Baptistelli, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Atualmente participa do Grupo de Estudos Práticos em Linguagem Experimental em que desenvolve o projeto Gramatologia na mesma instituição. Também, está em andamento com o projeto Gravidade [espécies de espaços], junto ao artista Daniel de Paula Mendes na Colônia da Cratera, Parelheiros. Através da Glac Edições, lançou recentemente o livro Claire Fontaine: em vista de uma prática política.
outubro 17, 2016
Zip'Up: Diana Motta na Zipper, São Paulo
A próxima edição do projeto Zip’Up abriga a individual And listen to the wind blow, da paulistana Diana Motta. Na exposição, a artista exibe trabalhos que manifestam como a abordagem pictórica orienta sua produção visual, em pinturas com motivos femininos e referências ao universo pop. Mesmo o vídeo e a colagem inseridos na mostra têm como ponto de partida a pintura. A curadoria é de Mario Gioia, que também coordena o Zip’Up.
Nos trabalhos figurativos, a artista investiga a pertinência do autorretrato em tempos de selfies, em que a autoimagem e sua veiculação exaustiva por redes de diversos âmbitos dão a esse tipo de fotografia um novo status. Já nos abstratos, em que Diana experimenta grandes formatos que misturam tinta à óleo e spray sobre tela, as transparências de diversas matizes no campo pictórico provocam uma ideia de imersão. “Penso nas telas grandes com um cenário, um lugar para se entrar”, afirma.
Diana Motta (São Paulo, 1985) tem na pintura a principal linguagem de sua produção plástica, mas esta pode se manifestar por outros meios, como o vídeo, o desenho, a fotografia, a colagem e o objeto. Principais exposições individuais: “Passagens”, MuBE, São Paulo, SP, 2014; “Sobre O Segredo”, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis, GO, 2014. Principais exposições coletivas: Sauna Mixta - Desapê / Residência Capacete, São Paulo, SP (2016); 47° Salão de Arte Contempôranea de Piracicaba, SP (2015); 23º Salão Curitibano de Artes Visuais, Curitiba, PR (2014); VII Salão de Artes Plásticas de São José do Rio Preto, SP (2014); IV Salão SINAP (CIA das Artes), São Paulo, SP (2014); 20 Salão de Artes Plásticas de Praia Grande, SP (2013). Prêmios: Melhor Obra do Salão IV Salão Internacional de Artes Plásticas SINAP/AIAP, São Paulo, SP, 2014.
Mario Gioia (São Paulo, 1974), curador independente, é graduado pela ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e faz parte do grupo de críticos do Paço das Artes desde 2011, instituição na qual fez o acompanhamento crítico de Luz Vermelha (2015), de Fabio Flaks, Black Market (2012), de Paulo Almeida, e A Riscar (2011), de Daniela Seixas, além do acompanhamento crítico da coletiva Ateliê Fidalga no Paço das Artes (2010). Foi crítico convidado de 2013 a 2015 do Programa de Exposições do CCSP (Centro Cultural São Paulo) e fez, na mesma instituição, parte do grupo de críticos do Programa de Fotografia 2012. Em 2015, no CCSP, fez a curadoria de Ter lugar para ser, coletiva com 12 artistas sobre as relações entre arquitetura e artes visuais. Já fez a curadoria de exposições em cidades como Brasília (Decifrações, Espaço Ecco, 2014), Porto Alegre (Ao Sul, Paisagens, Bolsa de Arte, 2013) e Rio de Janeiro (Arcádia, CGaleria, 2016). É colaborador de periódicos de artes como Select e foi repórter e redator de artes visuais e arquitetura da Folha de S.Paulo de 2005 a 2009. Em 2016, coordena pelo sexto ano o projeto Zip'Up, na Zipper Galeria, destinado à exibição de novos artistas e projetos inéditos de curadoria.
Camille Kachani na Zipper, São Paulo
Morteiros, granadas, livros e xícaras de chá convivem em mobílias domésticas em uma harmonia estranhamente habitual nas novas obras de Camille Kachani. Em Encyclopaedia Privata, sua próxima individual na Zipper Galeria, aberta partir de 20 de outubro, o artista reflete sobre a formação da identidade no confronto entre as esferas pública e privada na trajetória de cada indivíduo. Com curadoria de Sabrina Moura, a exposição reúne séries inéditas de esculturas, fotografias e desenhos do artista e fica em cartaz até 19 de novembro.
Os trabalhos se relacionam com a sequência de deslocamentos e migrações vivida pelo artista. Camille Kachani nasceu em Beirute, Líbano, em 1963. Seus pais, judeus sírios, haviam se refugiado no Líbano na década de 1950. Nos anos 1970, a família migrou para o Brasil em razão da guerra civil libanesa que se iniciava, radicando-se em São Paulo. Nas esculturas exibidas na exposição, os elementos se acumulam uns sobre os outros, criam raízes e se transformam em terreno fértil para o crescimento de estruturas orgânicas, em que tudo se conecta e se ramifica. “São elementos de dentro e de fora: minhas obsessões, ideias e lembranças recorrentes, coisas que vêm formando minha identidade ao longo do tempo. Não acredito em identidade herdada, parada no tempo e no espaço”, o artista analisa.
Isoladamente, as peças reproduzem fielmente sua referência original. Juntas, porém, refletem sobre as forças resultantes das dimensões privadas e públicas na constituição da identidade. “Em meio a dualidades que não se excluem nem se opõem, o artista nos coloca face à uma série de conexões improváveis. Talvez essa seja uma maneira de lembrar que nossa própria narrativa também carrega filiações identitárias com as quais nos relacionamos, mas sequer sabíamos recusar”, escreve a curadora da mostra.
Parte de uma pesquisa recente, Kachani exibe nova série fotográfica nas quais galhos, folhas e cipós evocam situações que traduzem o confronto da natureza com a condição humana. Estruturas orgânicas brotam da cabeça do artista e remetem ao islamismo, cristianismo e judaísmo – as três religiões monoteístas que atravessam a trajetória do artista. O diálogo entre as imagens reflete sobre temas como a formação e a imbricação de simbologias fundamentais na formação do indivíduo. O artista, ao invés de assumir filiação a doutrinas fixas, decide expor sua multiplicidade de referências, em prol de uma identidade nômade e errática.
Camille Kachani (Beirute, Líbano, 1963) desenvolve um processo inventivo de possibilidades relacionadas ao processo de transformação da natureza. Suas obras são objetos híbridos, que investigam as condições originais e primitivas dos elementos naturais. Principais exposições individuais: FUNARTE (São Paulo, 2008); Temporada de Projetos, Paço das Artes (São Paulo, 2007); TRAJETÓRIAS, Fundação Joaquim Nabuco, (Recife, 2007); Instituto de Arte Contemporânea (Recife, 2005), Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2004). Principais exposições coletivas: “Doações recentes (2012-2015)”, MAR (Rio de Janeiro, 2016); Bienal Internacional de Curitiba, MAC/PR (Curitiba, 2015); “A Casa”, MAC/USP (São Paulo, 2015), “Esculturas Monumentais”, Praça Paris (Rio de Janeiro, 2014), XIV Biennale Internationale del’Image (Nancy, França, 2006). Principais coleções institucionais: MAC-USP/SP, MAC-Niterói, MAM-RJ, MAM-SP, MAR (Museu de Arte do Rio), MAC-PR,Museu de Arte de Ribeirão Preto, Museum of Latin-American Art (Los Angeles), Colección Metropolitana Contemporanea (Buenos Aires), Centro de Arte Contemporáneo Wilfredo Lam (Havana), Fundação Joaquim Nabuco (Recife), Instituto de Arte Contemporânea (UFP, Recife).
Sabrina Moura de Araújo é curadora, pesquisadora e docente. Atua nas áreas de artes visuais, gestão cultural e relações internacionais. Doutoranda em História pela Unicamp. Em 2010, recebeu o primeiro prêmio do Certamén de Comisariado PhotoEspaña/Transatlántica pela curadoria da exposição Instantes Extemporáneos: Pasajes abiertos en dirección al movimiento. Em 2011, realizou aperfeiçoamento em Museologia na École du Louvre, seguida de um estágio profissional no International Program Department do Museum of Modern Art (MoMA) em Nova Iorque. Em 2014, organizou os workshops do 2o. Fórum Mundial das Bienais, em São Paulo. Editou o livro Panoramas do Sul, Perspectivas para outras geografias do pensamento (Edições SESC, 2015).
outubro 13, 2016
Julio Plaza na Marilia Razuk, São Paulo
"O artista verdadeiramente revolucionário não se enquadra em nenhuma ideologia.”
Assim escreve o artista com giz branco sobre um quadro negro, em um de seus vídeos experimentais. O posicionamento de Júlio Plaza (1938-2003) pode ser visto como uma prática artística pioneira, com uma clara intenção provocativa. A definição de Plaza reflete perfeitamente a sua obra, uma das mais contestadoras da cena brasileira pós-anos 1950. Como afirma a curadora Inês Raphaelian, o artista articula a trama passado-ícone, presente-índice e futuro-símbolo para elaborar formas e estratégias de operar o passado para projetar o presente sobre o futuro. 'Ovelho tanque', "Depois de Lichtenstein e Vasarely”, 'brasilpaísdofuturoboros', são algumas das obras da mostra Julio Plaza: sem prazo de validade, que a galeria Marília Razuk abre no sábado, 3 de setembro.
A mostra terá como grande destaque a remontagem da instalação 'La diferencia',que o artista apresentou na XVI Bienal Internacional de São Paulo, em 1981. Crítica-síntese, a obra é um dos pontos altos da trajetória criativa de Plaza, por meio da qual questiona os meios, o processo, a produção, o mercado, a autoria, a crítica, a instituição e tudo o que envolve arte e cultura no contexto em que se realizam.
As obras selecionadas buscam sintetizar a busca de Plaza por abarcar um campo de múltiplos sentidos, estabelecendo essa relação de imbricamento entre passado, presente e futuro: o vir a ser o que foi e será o que havia sido.
Julio Plaza, espanhol, nascido em Madrid durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1950, na Escola de Belas Artes de Paris. Veio ao Brasil, pela primeira vez, em 1967, integrando a comitiva espanhola da IX Bienal de Arte de São Paulo. Radicou-se no Rio de Janeiro, como bolsista do Itamaraty na Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI. Em 1973, muda-se para São Paulo, onde se torna professor da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP e da Universidade de São Paulo – USP. Em 1981, participa da Bienal de São Paulo com a obra La Diferencia. Morre em 2003, em São Paulo.
Mabe Bethônico na Marilia Razuk, São Paulo
“Estava em Genebra percorrendo a caatinga num texto em francês; a distância geográfica somava-se aos contrastes de tempo à minha janela e criava cenários imaginários. Eu trabalhava sobre a floresta branca brasileira, seca, plana ou ondulada, quente, e, lá fora, as montanhas de neve úmida ou o vento frio constante de Genebra. Eu buscava dias iguais, mas eles não coincidiam, quem sabe a mesma luz, um mesmo céu limpo.” O contato pela dissonância que guiou a busca e a releitura feitas pela artista Mabe Bethônico a partir da obra do geólogo Edgar Aubert De La Rüe (1901-1991), em sua expedição pela caatinga brasileira, é tema da mostra BR 122: notícias de viagens à caatinga, que a galeria Marília Razuk abre no dia 3 de setembro.
Em missão da Unesco, Aubert De La Rüe realizou sua expedição pela caatinga brasileira nos anos 1950, com a intenção de mapear suas riquezas minerais. Encontrou uma diversidade cultural caminhando por um Nordeste desigual, miserável e em período de seca. A experiência proporcionou ao geólogo a visão de um país dividido: o Novo Brasil, que se urbanizava, em contraponto com um velho Brasil de modos, valores e condições arcaicas. A experiência gerou o livro Brésil Aride - La vie dans la caatinga/ Brasil Árido– A vida na caatinga, traduzido pela artista no livro “De como Mabe Bethônico percorreu a caatinga na Suíça”, publicado pelas Edições Capacete-RJ em 2013.
Mabe Bethônico realizou o trabalho através da tradução do livro de Aubert de La Rüe, enquanto pesquisava seus arquivos no Museu de Etnografia de Genebra.Em uma nova viagem, percorrendo uma parte do caminho feito pelo geólogo, observou as transformações da caatinga nos últimos anos.
Disso nasce a exposição da artista com curadoria de Ana Paula Cohen na galeria Marilia Razuk, com conjuntos de conteúdo que trazem a complexidade das questões que inquietaram o autor. O trabalho apresenta esse ‘personagem’ viajante que se debruçou sobre algumas questões da geografia humana enquanto estudava as características físicas de diferentes regiões do mundo: mercados de rua e cercas rurais, as ilhas, os ventos e os vulcões. A exposição é um percurso pelos interesses de um autor, buscando traços da caatinga.
outubro 12, 2016
Tunga na Millan, São Paulo
Tunga, um dos mais potentes criadores da arte contemporânea brasileira, morreu precocemente em junho passado, aos 64 anos, deixando pronta aquela que seria a sua próxima exposição. A Galeria Millan dá continuidade aos planos do artista e inaugura, no próximo dia 15 de outubro, em seus dois endereços na Vila Madalena, a mostra Pálpebras, reunindo um conjunto de mais de trinta trabalhos inéditos ou pouco vistos no Brasil.
Na sede mais antiga da Millan poderão ser vistos os Phanógrafos, peças derivadas da série Cooking Crystals (2010). Pouco exibidas desde então, são caixas que servem como recipiente, ou suporte, para assemblages de diferentes objetos e materiais, como garrafas, cálices, âmbar, pedras ou elementos escatológicos. Objetos que, segundo Tunga escreveu, têm “algo de talismã”, se “configurando como uma lamparina”.
No segundo andar será remontada uma complexa instalação performática intitulada Delivered in Voices, de 2015, exibida apenas uma vez no próprio estúdio de Tunga. O espaço abrigará também projeções e desenhos, com o intuito de ampliar as leituras de sua obra plural e transmutável, revelando por exemplo as conexões entre produções bidimensionais e tridimensionais, enfatizando a importância da linha no trabalho do artista.
“Certamente não será uma mera exibição de peças. Nós estamos elaborando os espaços de forma a potencializar ao máximo a mostra. O trabalho de Tunga estará na atmosfera e não apenas fisicamente em suas criações”, explica André Millan, que há exatos 30 anos, em 1986, realizou a primeira exposição do artista pernambucano.
No Anexo, novo espaço inaugurado no ano passado, será exposta a série das Morfológicas, esculturas orgânicas que remetem ao corpo, sensuais, por vezes surreais e muitas vezes eróticas – lembrando vulvas, glandes, bocas e seios – que se originaram de outros conjuntos de trabalhos (como na série From la Voie Humide, de 2014), mas nunca foram mostradas independentemente no Brasil, mesmo que respeitando sua posição um tanto indefinida entre estudo de forma (como indica o próprio título) e obra acabada.
Inicialmente eram só pequenas peças em cera moldadas à mão, que foram ganhando versões um pouco maiores (de 30 a 60 cm), em bronze ou barbotina (um tipo de cerâmica líquida). Um desses projetos começou a ser confeccionado em grandes dimensões para a Feira Internacional de Arte Contemporânea (FIAC), em Paris. A peça, intitulada A seus pés, tem sete metros e – como é usual em seu trabalho – é composta por diferentes partes. O elemento central é uma forma roliça e longa, com unhas em cada extremidade, como se fossem dedos que apontam para lados distintos. Um deles está grávido, como se gerando as vagens que dele pendem. A peça não chegou a ser fundida em versão final e o que o público verá é a prova de artista, que há algum tempo habita o Laboratório Agnut, o famoso ateliê de Tunga, que leva seu nome de trás para frente.
Ocupando quatro andares e com uma equipe de dez pessoas, o estúdio foi responsável pelo enorme dinamismo de Tunga nos últimos anos, produzindo de 30 a 60 peças anuais, e continua responsável pelo legado do artista. Num primeiro momento, dedica-se à produção da mostra paulistana e à viabilização da homenagem que Inhotim prestará a ele em 8 e 9 de setembro, como parte das celebrações do 10o aniversário da instituição. Serão realizadas performances, readaptações em torno do pavilhão do artista e parcerias com o serviço educativo. E em seguida dará continuidade a um intenso esforço de catalogação e gestão do acervo, a cargo do único filho de Tunga.
Dentre os compromissos pendentes há também uma participação em exposição a ser realizada no Ambika P3 Gallery, em Londres, que reunirá diversos documentos históricos e obras de diferentes épocas relacionadas à medicina e à alquimia, em março do ano que vem. Outro desafio futuro é a realização de uma grande exposição itinerante, que terá início na América do Sul e seguirá depois para a América do Norte e Europa, conta Millan. “Era um privilégio trabalhar com ele. Tunga dizia que o trabalho era uma desculpa para estarmos juntos”, lembra.
Se o processo de montar a última mostra idealizada por Tunga é rico e intenso, é também muito doloroso, diz Fernando Sant’Anna, seu assistente, amigo e diretor de produção por longos 15 anos. Ele lembra que a parte que o artista mais gostava era esse momento final de montar a exposição. “Faço isso por ele. Seria muito injusto o público não ver”, afirma, relembrando que a mostra já deveria ter ocorrido ano passado mas a evolução da doença inviabilizou o projeto. “É importante deixar claro que tudo foi decisão do Tunga. Essa é nossa motivação”, acrescenta Mario Vitor Marques, produtor executivo do Agnut.
Não se trata, de forma alguma, de uma tentativa de síntese ou de olhar retrospectivo, mesmo porque no caso de Tunga a noção de retrospectiva não parece fazer sentido. Afinal, seu trabalho parece marcado por um retorno cíclico a um manancial de elementos, físicos e psíquicos, que ressurgem de tempos em tempos, transfigurados em diferentes leituras.
Um dos aspectos mais marcantes da produção do artista é a sensação de incompletude que ela gera no espectador. Diante de seu trabalho temos a impressão de que estamos diante de vestígios de algo que já ocorreu. “A maioria das obras de arte leva à pergunta ‘O que quer dizer isso?’. As peças dele nos fazem perguntar: ‘Como isso foi parar aí?’”, sintetiza Sant’Anna. É como se testemunhássemos, interagíssemos com fragmentos de alguma história ou ação passada, seja pelo caráter instável de seus arranjos, que permitem infinitas possibilidades de reagrupamento, seja pelas várias camadas de leitura que se sobrepõem, criando um hipnótico enigma.
Esses mesmos ecos temporais se fazem sentir nas obras mais recentes. Mesmo que em vários momentos assumam um caráter mais escultórico, os aspectos centrais de seus mais de 40 anos de intensa produção – período no qual Tunga flertou com o surrealismo, se avizinhou da arte conceitual e muitas vezes pareceu agir mais como um xamã ou um cientista – estão novamente presentes.
Cristina Sá no Gabinete de Arte k2o, Brasília
Em Epidermes da Memória, primeira exposição individual da artista paulista em Brasília, Cristina Sá reúne pinturas e desenhos inéditos, concebidas em sua técnica original de colagem, sobreposição de papeis artesanais sobre tela, criando composições inovadores e poéticas.
Como ressalta a crítica Angélica Moraes, "a delicadeza da sua obra, sugere e insinua muito mais do que afirma taxativamente algo... o foco de sua criação descende da tradição do "mundo flutuante" (Ukiyo-e), da gravura tradicional japonesa feita a partir de matrizes de madeira (xilogravura). Essa técnica, de traços espessos e cores suaves, se realiza em superfícies planas, sem qualquer sugestão de perspectiva e com inventivas padronagens gráficas (estampas geométricas).
A artista atualiza essa tradição, fazendo em suas composições uma simbiose entre pintura e gravura, por meio da técnica da colagem. A tela de linho se une e se confunde com a fibra dos fragmentos de papéis orientais estampados, que ela rasga e incorpora ao conjunto, criando “peles” de sofisticados grafismos. Estes, por sua vez (esse jogo de passado e presente acontece a todo momento no trabalho dela) remetem às padronagens dos quimonos de seda e suas refinadas sobreposições de tecidos.
Os fragmentos de papel, incorporados à superfície da pintura, incluem padronagens, mandalas e fractais que surgem de processos de computação gráfica e de escaneamento e reprodução de imagens que ganham cores digitais antes de serem impressas e recortadas para recuperarem fisicalidade e se integrarem à composição pictórica. Há um fascínio evidente nessas intervenções de traços e cores feitas pela artista na tela do computador e que depois pousam na tela da pintura, somando tecnologias da era eletrônica a uma das técnicas artísticas mais antigas da história da arte. Nessa fusão de mundos reside uma das qualidades poéticas mais marcantes da obra de Cristina Sá. Uma obra que discute a pele do mundo e as fronteiras do outro. Algo que busca a respiração necessária dos poros e interfaces entre culturas".
Cristina Sá vive e trabalha em SP. Formada em Arquitetura de Interiores e História da Arte na Escola Panamericana de Artes Estudou com mestres como Maciej Babinski, Pedro Algaza e Philip Hallawell. Desenvolve trabalho original de pintura utilizando papéis artesanais, sobretudo provenientes do Oriente. Sua obra situa-se entre a pintura e a colagem, fundidas de modo prefeito com técnica desenvolvida por ela, cujo resultado é belo e original. Conceitualmente mescla o Oriente e o Ocidente de modo excepcional, com muita poesia e habilidade inigualável, criando um novo mundo pleno de magia,consolidando técnica que lhe é muito própria.
Nos últimos 10 anos já participou de várias exposições individuais e coletivas, inclusive em museus e instituições, além de ter tido sua obra em várias feiras de arte. Recebeu inúmeras premiações por sua obra, que já está presente em coleções importantes privadas e institucionais.
EVENTOS PARALELOS
Vitrine#4
A quarta edição do projeto “VITRINE” apresenta a estilista Cristina Pessoa, artista plástica e designer de jóias. Ela entrou no universo da joalheria através do mundo da arte, resgatou a herança familiar no metier dos diamantes para criar sua marca homônima de jóias contemporâneas.
Nascida e criada na Brasília modernista de Oscar Niemeyer e adotada pelo mundo, morou metade de sua vida fora de seu país natal, construindo extenso currículo acadêmico por mais de 10 anos nas mais prestigiosas escolas de arte da Europa. Com o passaporte carimbado para diferentes destinos do globo, criou seu universo de experiências e bagagem cultural. Sua produção criativa une as artes plásticas com ourivesaria tradicional e contemporânea, define perspectiva estética e vocabulário amplo no universo da joalheria. Como síntese de sua linguagem, suas peças transitam entre o vintage e o contemporâneo, sofisticação de linhas simples e atemporais. Da composição cromática apreendida no estudo da pintura, os diferentes tons de ouro, amarelo, rosê, branco e negro, o colorismo das pedras brasileiras, o uso do diamante, rubi, esmeralda e a variada gama de cores da safira. Possui lojas próprias em Trancoso, onde nasceu a marca, e Brasília.Suas criações são usadas por personalidades como Fernanda Lima, Bebel Gilberto, Bianca Brandolini e Viviane Volpolicella.
Muro#3
A proposta “MURO” abre espaço para jovens artistas de intervenção urbana a ser parcialmente feita em interatividade com o público, aproximando-o do processo criativo. Em sua terceira edição apresenta Gabriel Marx, conhecido nas ruas por PLIC, desenvolve trabalhos artísticos em diversas mídias, foi um dos integrantes do maior projeto de arte urbana realizado em Brasília até hoje ARTE RADICAL, no ECCO/2009.
Dentro do projeto “Mundo Fantástico das Ruas” o artista transforma o espaço urbano em um ambiente lúdico e alegre através de pinturas e grafites. As obras são idealizadas e executadas levando em consideração os aspectos arquitetônicos, urbanísticos e a realidade social encontrada na comunidade que habita e transita pelos locais escolhidos para abrigar a ação/obra. O artista já realizou intervenções urbanas em diversas partes do Brasil, como São Paulo, Bahia, Recife, Olinda, Porto Alegre, Brasília, e em algumas partes do mundo, como Copenhagen – Dinamarca, Roma – Itália, Barcelona – Espanha, Viena – Áustria, Creta e Atenas – Grécia, Lisboa – Portugal, Amsterdan-Holanda e Califórnia-EUA.