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junho 29, 2016
Floriano Romano no CCBB, Rio de Janeiro
Errância, exposição do carioca Floriano Romano, é a última individual do Prêmio CCBB Contemporâneo, que teve início em junho de 2015, e que contemplou 10 projetos entre 1.823 inscritos em edital nacional e inédito do Banco do Brasil para as artes visuais. O patrocínio do prêmio é da BB Seguridade.
Romano [Rio de Janeiro, 1969] é um precursor de obras que combinam instalação, performance e som. Já teve propostas sonoras transmitidas por rádios de Columbia, NY, Londres e Liubliana, Eslovênia, além da MEC FM, Brasil.
Em Errância o artista usou corpos microfonados – humanos e uma bicicleta – em caminhadas errantes noturnas por uma sequência de bares na Lapa, Praça Tiradentes [centro], Rocinha, Gávea e Leblon [zona sul], em grupos de quatro pessoas para cada bairro. A partir de um texto ficcional, escrito por Romano, o participante equipado com microfone, narra a história como se aquela vivência fosse dele próprio. Esse corpo ouve as histórias dos anônimos que encontra, as reconta e cria imagens sonoras com a imaginação e a oralidade.
O registro da reação e interação dos participantes e dos que cruzam seus caminhos será apresentado, na sala de exposição, em seis caixas sonoras, nas paredes ou sobre tripés, que emitem em loop uma edição do que foi captado. O artista escolheu “os trechos mais dinâmicos para compor a paisagem da política dos encontros”, ele revela.
No texto de apresentação da mostra, João Paulo Quintella avalia que a caminhada errante dos corpos microfonados “constroem uma teia de histórias reproduzidas em descompasso com o documental, uma vez que não identificamos suas origens. Errância é sobre a valorização do ensaio sonoro no fio das nossas percepções e afetos.”
O visitante vai experimentar [pelo audição] o flaneurismo [passear sem destino e sem pressa]. A sala de exposição é preenchida pelo som dos alto-falantes e um labirinto desenhado no piso.
Inspira Errância o livro “A Alma Encantadora das Ruas”, do cronista carioca João do Rio [1881-1921], do qual Romano pinçou esses trechos: “A rua é a transformadora das línguas”; “A rua é a eterna imagem da ingenuidade” e “Nada como o inútil para ser artístico”.
A captação de som, edição de áudio e sonorização são de Caio César Loures.
Floriano Romano [Rio de Janeiro, 1969] é doutorando em Linguagens Visuais e professor-assistente de escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Ele trabalha com intervenções urbanas e sonoras, abertas à participação do público.
Entre os prêmios e bolsas conquistados por Romano estão: Prêmio CCBB Contemporâneo e Programa de Fomento Viva a Arte da Prefeitura do RJ (2015), Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea [Funarte] e o Prêmio Marcantônio Vilaça, da Funarte (2012); Prêmio Interações Estéticas da Funarte com o trabalho “Sapatos Sonoros” (2009) e Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea com a performance Sample Way of Life” (2008). Sua performance com a mochila sonora "Falante" foi premiada no Salão de Abril, Fortaleza, em 2007, e participou da coletiva "Futuro do Presente", no Itaú Cultural em São Paulo.
Em 2000-1 ganhou a bolsa de Artista Residente pela Câmara Municipal do Porto, Portugal, e, em 2008, a Bolsa de Estímulo às Artes Visuais da Funarte, com o projeto de intervenção urbana "Lugares e Instantes".
Entre várias outras mostras, Romano realizou, em 2011, o projeto INTRASOM no MAM Rio e participou das coletivas Panorama da Arte Brasileira no MAM SP e “Voces Diferenciales”, em Havana, Cuba. Em 2009 integrou a 7ª Bienal do Mercosul, “Grito e Escuta”. Esteve na “Mostra Desenho das Ideias” com a ação sonora “Crude”, de Guilherme Vaz, usando a arquitetura do museu como instrumento para executar a composição, e na “Mostra Absurdo”, com seus “Chuveiros Sonoros”. Romano participou da coletiva “Desenhos&Diálogos” em 2010, na Anita Schwartz, RJ, através de quem expôs também da ArtRio de 2011. Entre as individuais estão a “Sonar”, na Galeria Laura Alvim em 2013 e “Muro de Som”, no Parque das Ruínas, RJ, a partir de agosto deste ano.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital do Centro Cultural Banco do Brasil um láurea para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que selecionou 10 projetos de exposição entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
A série de 10 individuais inéditas começou em junho de 2015 com a do grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ], se encerrando com a de Floriano Romano [RJ], até agosto de 2016.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a sala como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013, de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e uma coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.
junho 24, 2016
André Penteado no CCSP, São Paulo
Artista André Penteado investiga espaços e objetos do afeto e da memória em mostra dedicada à superação da perda de um ente querido por suicídio em mostra no Centro Cultural São Paulo
O Centro Cultural São Paulo – CCSP inaugura no dia 25 de junho, sábado, às 11 horas, a mostra individual de fotografia e vídeo Não estou sozinho de André Penteado. São exibidas no Piso Flavio de Carvalho as séries fotográficas “As Roupas do Meu Pai”, “Memória” e “Vazio”, os vídeos “Como você se sente” e “Voltando para Casa”. No conjunto de trabalhos reunidos pela primeira vez, André exibe a complexidade de sentimentos e suas expressõesaudiovisuais relacionadas ao luto pela perda de um parente querido por suicídio.
“As Roupas do Meu Pai” é um conjunto de 52 autorretratos, dispostos em vitrine no centro do espaço expositivo, em que André se fotografa em estúdio, sempre na mesma posição, de olhos fechados, vestido com as roupas de seu pai, que se suicidou em 2007.
As séries seguintes relacionam-se à experiência pessoal de André em um grupo de apoio a familiares de suicidas que frequentou em Londres, após a morte de seu pai. Lá, ouvindo diversas histórias semelhantes à sua, resolveu convidar 25 colegas a desenvolverem trabalhos sobre a sua dor comum. A série fotográfica “Memórias” investiga o lugar onde são “guardados” os afetos. Após pedir aos participantes que mostrassem o objeto mais importante que haviam guardado de seu parente falecido, André pediu que indicassem o lugar onde eles são mantidos. Ele então fotografou estes lugares, e não os objetos, que muitas vezes não estão visíveis. As imagens são acompanhadas pelo nome de cada objeto.
Para a criação da série “Vazio”, solicitou que os participantes escolhessem um canto de suas casas para um retrato. Após realizá-lo, pediu que saíssem do quadro e fotografou as imagens finais nos ambientes vazios. O vídeo “Como você se sente” traz um delicado retrato em movimento das mãos de quatorze de seus colegas no momento em que cada um deles discorre sobre acontecimentos relacionados aos seus entes queridos.
“Voltando para Casa”, inclui um pequeno texto e um vídeo. O texto, narrado em primeira pessoa, conta a história da última conversa entre dois amigos e o posterior suicídio de um deles. O vídeo contém, sem mostrar o início ou fim, a jornada de uma locomotiva, mostrando somente imagens borradas da aceleração, frenagem e a passagem do vagão pela linha do trem.
Na publicação impressa do trabalho, com lançamento durante o período expositivo, além das obras acima, André incluiu a série “Nós”, em que retrata alguns de seus companheiros de grupo.
André Penteado (São Paulo, 1970) é artista e trabalha com fotografia e vídeo. Lida com os sentimentos decorrentes de marcos da vida como a perda de um pai ou da imigração. Questões em torno da estrutura social e política do Brasil também são temas importantes em sua produção. Seus trabalhos vêm sendo regularmente exibidos no Brasil, Argentina, Reino Unido e Espanha em galerias de arte e instituições. Já teve projetos publicados no British Journal of Photography (GB) e Source Magazine (GB). Realizou exposições individuais no Itaú Cultural, Caixa Cultural Rio de Janeiro, Photofusion Gallery (Londres), Solar Ferrão (Salvador, BA) e Galeria Iberê Camargo (Porto Alegre, RS). Participou de mostra coletivas na Galeria Vermelho, Monica Filgueiras e Kunsthalle em São Paulo e nalgumas galerias e espaços institucionais em Londres, onde residiu de 2005 a 2012. Além da seleção no Rumos Itaú Cultural 2013/2014, em 2013, Penteado recebeu o Prêmio Fotografia Pierre Verger Nacional no Brasil com o projeto “O Suicídio do meu Pai”. Seu recente fotolivro“Cabanagem” foi lançado em 2015 pela editora especializada Madalena.
junho 23, 2016
25 anos de Corpos Informáticos e 5 anos de Kombeiro na L4 norte, Brasília
Corpos Informáticos 25 anos! #ARRAIAKOMBEIRO
Como já se tornou hábito da cidade de Brasília, Corpos Informáticos comemorará o aniversário do Kombeiro (composição urbana situada na L4 Norte, próximo ao IBAMA) com a festa #ARRAIAKOMBEIRO, festa junina fuleira com serviço completo: performances artísticas inusitadas, mixurrasco, música, dança e casamento. Neste ano, Corpos Informáticos comemorará, ainda, seus 25 anos!
25 de junho de 2016, sábado, de 12h às 20h, na L4 Norte (em frente ao IBAMA-UnB)
PROGRAMAÇÃO
Performance com Tzu: "Palavras de ordem em outra lóngua"(duracional).
Performance com Diego Rodrigues e Thaís Rebouças: "O bololo" (14 horas).
Performance com Shesna: "Incorporo" (15 horas).
Perofrmance com Felipe Augusto: "Tartaruga às 7 e 11".
Performance com Ana Flávia e Ana Hirata: "Voodimim" )16 horas).
Performance com Martha Suzana e Busca: "Latino-América" (16:20h); "Concurso de abraços falsos" (17 horas).
Composição Urbana com Diego Torres e Gabi Saraiva: "Carreira artística"(19 horas).
+ Mixurrasco (tragam seus legumes!) + fogueira + casamento (procuram-se noivas).
Cinthia Marcelle + Giselle Beiguelman no galpão VB, São Paulo
Galpão VB apresenta duas exposições inéditas no país, de Cinthia Marcelle e Giselle Beiguelman, artistas reconhecidas pelo público e pela crítica no Brasil e exterior. Na abertura, acontece o lançamento de um livro que apresenta pesquisas sobre histórias das exposições
No dia 25 de junho, sábado, das 12h às 18h, duas novas exposições têm abertura no Galpão VB / Associação Cultural Videobrasil: Trilogia, de Cinthia Marcelle, com curadoria de Solange Farkas e co-curadoria de Gabriel Bogossian, e Quanto pesa uma nuvem?, de Giselle Beiguelman, com curadoria de Ana Pato. Duas artistas de diferentes gerações, com práticas, estratégias e pesquisas também distintas, ocupam os espaços do Galpão com trabalhos inéditos no país, em vídeo e instalação multimídia. Em comum entre elas, o reconhecimento no Brasil e no exterior por suas trajetórias e a invenção de imagens que, a partir do olhar do espectador, se transformam em fortes cenas poéticas.
Na mesma ocasião, como parte da programação do Galpão VB, acontece o lançamento do livro: Histórias das exposições / casos exemplares dosorganizadores Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira,que às 15h conversam com o público sobre o tema da publicação, ao lado do curador espanhol Pablo Lafuente, que, entre 2010 e 2015, foi editor da revista Afterall e da série de livros Exhibition Histories, que deu início ao método de estudo das Histórias das Exposições.
Apresentada pela primeira vez no Brasil, Trilogia, de Cinthia Marcelle, é uma vídeo instalação composta pelos vídeos Fonte 193 (2007), 475 Volver (2009) e Cruzada (2010). O trabalho foi originalmente exibido na Future Generation Art Prize (2010-2011), em que a artista foi contemplada com o primeiro prêmio. No Galpão VB, o trabalho será apresentado em grande formato, o que permite ao público observar as sutilezas e ressonâncias entre as três peças. Um carro de bombeiro, uma retroescavadeira e músicos de diferentes bandas são captados do alto. Em terrenos vazios de terra vermelha, estes elementos realizam movimentações constantes, repetitivas e aparentemente sem sentido, explorando a representação do tempo e evidenciando como a linguagem pode ressaltar, ou dissolver, conflitos. Cruzada faz parte do Acervo Videobrasil, tendo sido selecionada para o 17º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil (2011).
Cinthia Marcelle é uma artista com trabalhos que têm a síntese e a concisão de linguagem como forte característica. Suas obras usam a repetição, a distância e a distorção de objetos comuns ao cotidiano em delicadas operações artísticas, reorganizando elementos para criar novos significados. Suas obras apresentam imagens que mais sugerem do que fecham intepretações definitivas.
Quanto pesa uma nuvem?, de Giselle Beiguelman, apresenta o resultado do projeto homônimo. As obras Perguntas às pedras [Série 3] (carimbo), Perturbadoramente familiar (áudio e postais) e Quanto pesa uma nuvem? (vídeo e fotografia), ocupam o Galpão VB, propondo ao público uma incursão no território desconhecido e misterioso da herança familiar e da memória pessoal. De família judia de origem polonesa, Giselle Beiguelman viaja ao país de origem de seus antepassados, reconstriuindo uma história sem rastros para criar imagens fortes, carregada de lirismo. Quanto pesa uma nuvem? é comissionado pelo Adam MickiewiczInstitute, como parte do programa de promoção da cultura polonesa no Brasil, organizado por Culture.pl em 2016.
Giselle Beiguelman é um dos principais nomes do país e uma referência internacional no campo da arte digital e no uso da internet e de redes móveis em práticas artísticas. Seu trabalho inclui intervenções em espaços públicos, projetos em rede e aplicações para dispositivos móveis, exibidos em importantes museus e espaços de arte contemporânea. Giselle é também curadora, ensaísta e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), onde se dedica a pesquisas na área de preservação da arte digital, do patrimônio imaterial e do design de interface. Em um de seus últimos projetos, a organização da exposição Memória da Amnésia (2015/16), ela abordou os monumentos paulistanos, numa ação que discutiu políticas da memória como “políticas do esquecimento”. Agora, na exposição que apresenta no Galpão VB, a artista se volta para a sua própria história, em uma busca por imagens e registros de memórias, objetos e impressões de sua viagem de reconhecimento a Polônia.
As duas exposições ficam em cartaz no Galpão VB até o dia 20 de agosto de 2016.
No dia da abertura das exposições no Galpão VB, dia 25 de junho (sábado), às 15h, acontece o lançamento do livro: Histórias das exposições / casos exemplares organizado por Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira. Na ocasião, os organizadores da publicação participam de uma conversa com o público sobre o tema da publicação, ao lado do curador Pablo Lafuente, que concedeu a entrevista que abre o livro.
A publicação apresenta pesquisas sobre as histórias das exposições que vão além de uma análise fetichista que privilegia obras e artistas, voltando sua atenção para o peso que as instituições têm na disseminação e consagração desses objetos/ações e seus produtores. Não existe uma instituição neutra, e cada detalhe material das exposições que abriga indica possíveis matrizes conceituais e ideológicas. Histórias das exposições. Casos exemplares reúne um grupo de pesquisadores já envolvidos com essa temática, e cada um aborda questões essenciais que envolvem as histórias das exposições: dos dispositivos arquitetônicos usados ao longo do século XX a estudos de caso específicos.
Histórias das exposições / Casos exemplares
Organização: Fabio Cypriano e Mirtes Marins de Oliveira
Com entrevista de Pablo Lafuente e artigos de Ana Maria Maia, Cauê Alves, Fabio Cypriano, Fernando Oliva, Mirtes Marins de Oliveira, Priscila Arantes e Vinícius Pontes Spricigo.
EDUC – Editora da PUC-SP, 2016.
176 páginas
PROGRAMAS PÚBLICOS DAS EXPOSIÇÕES
No dia 9 de julho (sábado), às 15h, Giselle Beiguelman e Ana Pato participam de atividade de programa público. "Como é rever uma história sem rastros? Quando as ruínas tornaram-se escombros? O turismo canibaliza a memória?" São essas algumas das questões que a artista, em diálogo com a curadora, se propõe a discutir a partir da exposição Quanto pesa uma nuvem?, na mesa de conversa “Memórias corrompidas: entre ruínas, escombros e parques temáticos”.
Já a atividade de programa público da exposição de Cinthia Marcelle acontece no dia 13 de agosto (sábado), às 15h, reunindo o poeta Alberto Martins e a crítica de arte Luisa Duarte em uma conversa com Gabriel Bogossian, cocurador da exposição, sobre a produção da artista mineira.
Os dois encontros acontecem na Sala de Leitura do Galpão VB, com entrada gratuita e classificação livre.
Janaina Tschäpe na galeria & galpão Fortes Vilaça, São Paulo
A Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Pássaro que me engoliu, a sexta exposição de Janaina Tschäpe em São Paulo, ocupando simultaneamente os espaços expositivos da Galeria e do Galpão. A artista teuto-brasileira, baseada em Nova Iorque há 18 anos, apresenta um novo corpo de trabalho que compreende pinturas, fotografias e obras sobre papel, todas inéditas aqui.
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Nessas obras em exposição, Janaina imprime características marcantes e periódicas de sua pesquisa, como a gestualidade intensa no processo da pintura e a composição escultórica das formas que habitam suas fotografias. O resultado é a formação de uma mitologia particular que alterna a presença de personagens fantásticas com a ambientação pictórica de uma natureza interior. A obra de Janaína sugere narrativas originais ao mesmo tempo em que remete às referências formais da História da Arte.
As sete fotografias apresentadas na Galeria compõem a série Dormant, realizada em 2015 durante residência artística nos mares da Oceania, através da instituição TBA21 (Thyssen-Bornemisza Art Contemporary). São imagens de personagens aquáticas, análogas à recorrente prática da artista de constituir um corpo feminino surreal. Aqui, seres longilíneos e ambíguos flutuam no vasto elemento líquido do oceano. A artista toma como referência as águas-vivas Turritopsis nutricula, espécime marítima imortal que tem a capacidade de rejuvenescer diante do perigo, aludindo às ideias de regeneração e reprodução ao repetir certas formas pontiagudas e elementos fibrosos na constituição destes corpos anfíbios. O resultado são imagens que operam entre o objetivo e o subjetivo, entre a teatralidade e a natureza.
Assim como nas fotografias, as pinturas exibidas no Galpão dispõem do líquido para tratar do movimento gestual livre e quase incontrolável, aqui representado pela fluidez da tinta sobre a tela. Os sugestivos títulos – Your Ghost in Me [Seu Fantasma em Mim], Treffen Im Wald [Encontro na Floresta] – revelam que a memória visual e afetiva da artista é a força primária que impulsiona a composição das pinturas. Com ressonâncias do Romantismo Alemão ao Expressionismo Abstrato, do Fauvismo ao Modernismo, esse processo mórfico se desdobra em uma surpreendente maturidade compositiva e uma audaciosa variação cromática que a artista comanda com maestria. A expressividade visceral e apaixonada do gesto ganha peso com uma paleta de cores fortes, contrabalanceadas por tons mais leves, e com a sobreposição de linhas rítmicas de desenho sobre as pinceladas.
Em Fruta (Früchte Tragen), a maior pintura da exposição, Janaina nos serve de contrastantes vermelhos e azuis entremeados por desenvoltos desenhos a lápis, que ora remetem a plantas aquáticas, ora a folhagem. Já a pintura que empresta seu título à exposição, Pássaro (Der Mich Aufgefressen Hat), é carregada de um exotismo frenético e ainda assim algo natural.
Janaina Tschäpe nasceu em Munique, Alemanha em 1973. Entre suas exposições individuais destacam-se Quimera no IMMA – Irish Museum of Modern Art, 2008; a Trienal do Centro Internacional de Fotografia, Nova York e Museu de Arte Kasama Nichido, Japão, ambas em 2009. Já participou de exposições coletivas no MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro; LiShui Museum of Photography, China; New Museum, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York entre outras. Sua obra está em importantes coleções tais como Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Moderna Museet, Stockholm, Suécia; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brasil; Centre Pompidou, Paris, França Museu Nacional Centro de Arte Reina Sophia, Madrid, Espanha.
Fortes Vilaça is pleased to present Pássaro que me engoliu [Bird That Swallowed Me], Janaina Tschäpe’s sixth exhibition in São Paulo, which will simultaneously occupy the exhibition spaces of the Galeria and the Galpão. The German-Brazilian artist, based in New York for the last 18 years, is presenting a new body of work that encompasses paintings, photographs and works on paper.
The featured works are imprinted with the hallmarks of her research, such as the intense gestural repertoire of her painting process and the recurring sculptural composition of the forms that inhabit her photographs. The result is the emergence of a special mythology that intersperses the presence of fantastical characters with a richly pictorial atmospheric ambience of an inner nature. Tschäpe’s oeuvre forges original narratives as it concertedly evokes formal references to art history.
The seven photographs presented at the Galeria make up the series Dormant, created in 2015 during an artist’s residency carried out in the seas of Oceania, via TBA21 (Thyssen-Bornemisza Art Contemporary). They are images of aquatic creatures, analogous to the artist’s recurrent practice of creating a surreal female body. Here, slender, elongated and ambiguous beings float in the vast liquid element of the ocean. The artist makes reference to the immortal species of jellyfish Turritopsis nutricula that has the remarkable ability to rejuvenate itself, or restore its cells, in times of crisis or danger, alluding to the idea of regeneration and reproduction, through the repetition of certain sharp-edged shapes and fibrous elements in the constitution of these amphibian bodies. The result is an array of images that operate between the objective and the subjective, between theatricality and nature.
As in her photographs, the paintings presented at the Galpão make use of liquid elements to engage in the free and almost uncontrollable gestural movement, represented here by the fluidity of the paint on the canvas. The evocative titles – Your Ghost in Me, Treffen Im Wald [Meeting in the Forest] – reveal that the artist’s visual and affective memory is the primary force which propels the composition of the paintings. With resonances that stem from German Romanticism to Abstract Expressionism, from Fauvism to Modernism, this morphing process unfolds into a surprising compositional maturity and an audacious chromatic variation that the artist masterfully commands. The visceral and passionate expressiveness of the gesture gains substance with a palette of strong, vivid colors, counterbalanced by lighter tones, and by the superposition of rhythmic lines drawn over the brushstrokes.
In Fruta (Früchte Tragen) [Fruit (Früchte Tragen)], the largest painting in the show, Tschäpe employs contrasting hues of red and blue intermingled with lithe, fluid pencil drawings, which at times evoke aquatic plants or foliage. At the same time, the painting that lends its title to the exhibition, Pássaro (Der Mich Aufgefressen Hat) [Bird (Der Mich Aufgefressen Hat)], is charged with a frenetic exoticism, yet combined with something natural.
Janaina Tschäpe was born in Munich, Germany, in 1973. Her solo exhibitions have included Quimera at IMMA – Irish Museum of Modern Art, in 2008; the Triennial of the International Center of Photography, New York, andKasama Nichido Museum of Art, Nichido, Japan, both held in 2009. The artist has participated in group shows at MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro;LiShui Museum of Photography, China; New Museum, New York; Guggenheim Museum, New York, among others. Her work can be found in several important collections, such as Itaú Cultural, São Paulo, Brazil; Moderna Museet, Stockholm, Sweden; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brazil; Centre Pompidou, Paris, France; and Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid, Spain.
Jesper Dyrehauge na Anita Schwartz, Rio de Janeiro
Artista dinamarquês faz sua primeira individual no Brasil, onde apresentará obras inéditas, produzidas no Rio de Janeiro especialmente para a exposição
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta, a partir de 14 de abril para convidados e do dia seguinte para o público, a exposição do artista dinamarquês Jesper Dyrehauge (1966), que faz sua primeira individual no Brasil. Com curadoria da também dinamarquesa Aukje Lepoutre Ravn, a mostra terá 22 obras inéditas, das quais 12 trabalhos produzidos no Rio de Janeiro em residência de mais de um mês do artista, e dez fotografias.
Em um trabalho singular, Jesper Dyrehauge usa cenouras como pincel, que aponta em formas geométricas – círculos, triângulos, quadrados – e usa como carimbos na tela de linho cru. “É um método para escapar das hierarquias e narrativas da pintura tradicional, e que permite imprevistos e sutis padrões que emergem do trabalho”, explica o artista.
“Ao longo da última década Dyrehauge desenvolveu filosofia artística única, que visa a desafiar a pintura tradicional. Por meio de nenhum outro instrumento de medição, apenas os olhos, a memória visual e a técnica de aplicação repetitiva quase mecânica, ele varia apenas ligeiramente a cor e a composição das telas, mas permitindo que cada pintura emane um forte senso de individualidade”, diz a curadora Aukje Lepoutre Ravn.
As obras estarão no grande espaço térreo da galeria e serão penduradas com espaçamento assimétrico entre si. “O alinhamento será de acordo com o seu centro, criando assim uma topografia rítmica por toda a sala, uma vez que os olhos seguem as linhas horizontais que dividem cada trabalho. As oscilações de cor e intensidade contribuem para esse ritmo”, diz Jesper Dyrehauge. “Eu quero enfatizar os pequenos detalhes e variações dos trabalhos. Todas as telas têm um tamanho diferente, algumas com apenas alguns centímetros de diferença. As obras variam, claro, na composição das cores e na proporção, mas, muitas vezes, essa variação é bem pequena e direciona a atenção para um ritmo talvez mais lento de percepção”, ressalta o artista.
Sobre este ritmo que traz o conjunto de trabalhos, o artista destaca: “Cada obra tem uma composição diferente, dividida horizontalmente, criando uma sensação de ‘acima’ e ‘abaixo’. As marcas de tinta são feitas em cores brilhantes e também suaves, transparecendo tanto blocos vibrantes quanto desbotados, dando a sensação de assimetria, não só pelos diferentes tamanhos das telas, mas também pela composição de cada uma delas”. “Cada pintura traz uma sensação de tranquilidade e ordem dentro do campo de cor, ao mesmo tempo em que justapõe a constante relação flutuante entre o caos e a ordem, o equilíbrio e o desequilibrio”, observa a curadora.
O artista vem utilizando cenouras como pincel nos últimos dez anos. Ele iniciou o processo pintando com batatas, mas percebeu que as cenouras davam o efeito que ele queria. “Eu não chamo meus trabalhos de pintura. Prefiro chamar de telas ou trabalhos, pois carimbar com uma cenoura é, de alguma forma, uma maneira de não pintar uma pintura”, afirma.
ESCULTURAS FOTOGRÁFICAS
No terceiro andar da galeria estará uma série de dez fotografias, medindo 45cm x 60cm cada, produzidas este ano. “As fotos pertencem a uma série contínua de esculturas fotográficas, em que utilizo pedras que encontro em caminhadas por diferentes praias na Dinamarca”, explica. Cada pedra tem um furo natural, formado pelo tempo, único na forma, com tamanhos que chegam a dez centímetros de diâmetro. “Para a foto, cada pedra é posicionada no topo de uma pequena elevação de plástico colorido, sobre uma folha de papelão, em frente a uma outra folha de mesma cor. Desta forma, a imagem cria um espaço de primeiro plano e plano de fundo, com a pedra no centro. O furo em cada pedra – quando visto na frente do papelão colorido – aparece como um ponto de cor. A série de fotos torna-se, assim, uma linha de pontos coloridos, mais uma vez evocando uma topografia rítmica, uma vez que o olho segue os pontos, e uma linha horizontal que apartemente divide cada imagem”, explica o artista.
Jesper Dyrehauge esteve no país por seis semanas em 2013 em uma pesquisa com a curadora Lotte Moeller, que dirigia com ele o espaço alternativo Die Raum, em Berlim, a que esteve ligado até meados do ano passado, em uma viagem apoiada pelo Conselho de Arte da Dinamarca. “Desde então quis expor no Brasil”, conta, “e a oportunidade surgiu quando conheci o artista Otavio Schipper, que fez a ponte com Anita Schwartz”.
O título da exposição é o símbolo “~”, do latim, “que se refere a algo ‘ser similar’ ou ‘de mesma magnitude’ e, em inglês, lê-se como ‘proximidade’”, explica a curadora. “Dyrehauge direciona nossa atenção para o poder transformador do ato de repetição”, afirma.
junho 21, 2016
Nadam Guerra no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Na exposição A Virgem do Alto do Moura Nadam Guerra apresenta trabalhos inspirados no fazer artístico de Mestre Vitalino
Será inaugurada dia 23 de junho, as 18h30, no Paço Imperial, a exposição A Virgem do Alto do Moura de Nadam Guerra. Sob a curadoria de Raphael Fonseca, a mostra, apresenta esculturas, vídeos e o livro Os doze passos da Virgem do Alto do Moura, resultados da pesquisa, desenvolvida em 2014, durante a residência artística nos ateliês dos herdeiros e discípulos de Mestre Vitalino no bairro Alto do Moura, em Caruaru,PE.
Nossa Senhora do Alto do Moura, é uma personagem fictícia: uma boneca de Mestre Vitalino recodificada e transformada pelas mãos de Nadam. Após uma reunião popular no sertão comandada por Antonio Conselheiro da qual participaram Lampião, Luiz Gonzaga, o Príncipe da Pedra do Reino (personagem de Ariano Suassuna), entre outros, foi decidido que uma jovem virgem deveria percorrer o mundo em busca de comunhão com outras culturas no intuito de unificar a população mundial, levar ensinamentos de volta as origens e, desta forma, reconduzir o homem ao seu estado natural, como no sertão nordestino.
Os trabalhos apresentados são esculturas com a imagem da própria virgem e de seus filhos, divindades, concebidas e paridas nos intercursos sexuais e artísticos com seres mitológicos de outras culturas acontecidos durante sua peregrinação pelo mundo. As cenas da viagem – os doze passos – foram registradas escultoricamente e também serão exibidas na exposição.
Segundo o curador Raphael Fonseca “A obra de Nadam Guerra transcende a contemplação, e discute o hibridismo cultural de nossa civilização. Estimula, ainda, o imaginário ao realizar conexões entre culturas, arte, imagens, poesia, literatura e história. Promove o debate sobre arte e literatura, mesclando a arte popular de Mestre Vitalino à arte contemporânea. Há também neste trabalho o desejo de refletir sobre a relação entre documento e ficção”.
A exposição “A Virgem do Alto do Moura” é uma mitologia transcultural que perpassa diferentes tempos históricos e, por meio da arte e da fé, busca proporcionar ao visitante uma experiencia sincrética e de miscigenação típicas da cultura brasileira.
Nadam Guerra vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sempre engajado em projetos multidisciplinares mirabolantes. Começou a inventar história trabalhar com cerâmica aos 5 anos de idade. Seu primeiro trabalho, em 2001, a Complexiótica, consistia em uma exposição que na verdade era um teatro onde transformava poemas em formulas matemáticas. Depois resolveu fazer o Cinema Manual que eram a projeção de imagens de dramaturgia abstratas produzidas sempre ao vivo com luz e sobra. Em 2003, cria com Domingos Guimaraens o Grupo UM, lançando o Manifesto UM pelo fim das fronteiras entre artes e organizando esculturas imateriais, teatros abstratos, humanogravuras e chanchadas conceituais. Em 2006 funda com um grupo ecovila Terra UNA na Serra da Mantiqueira, MG, inventando um lugar onde a gente, o artista e a natureza feliz vivam sempre em comunhão. Entre 2008 e 2011 materializou sonhos de 50 pessoas em placas de cerâmica e criando com elas um tarô autoral. Em 2010 inicia parceria com Michel Groisman criando o Desmapas e o Caminhozinho, um jogo em que o público é o tabuleiro e outros jogos. Nadam vem tentando a muitos anos em vídeos e performances ao vivo ser outra pessoa ou coisa. Em 2012 começa a assumir outros heterônimos. Em 2014 canaliza a lenda de Nossa Senhora do Alto do Moura onde uma boneca de barro lidera a grande virada para uma nova era pós-capitalista. Estudou teatro, cinema e artes visuais e outras maneiras de dominar o mundo sem violência.
Maritza Caneca no Paço Imperial, Rio de Janeiro
Martiza Caneca apresenta série inédita de piscinas no Paço Imperial, com curadoria de Vanda Klabin, mostra reúne 25 fotografias produzidas em países como Brasil, Israel, Cuba, Suíça e Estados Unidos
Quando participou da Scope Basel Suíça, no ano passado, Martiza Caneca teve seis obras compradas por um grande colecionador logo no primeiro dia de feira. Todas com um tema em comum que vem permeando a produção da artista: a geometria das piscinas.
O resultado de todo um percurso, iniciado há três anos, poderá ser visto a partir do dia 23 de junho, no Paço Imperial. Com curadoria da historiadora e cientista social Vanda Klabin, a mostra Série Piscinas apresenta uma seleção inédita de 25 fotografias, em grandes e pequenas dimensões, ampliadas em papel algodão.
O olhar de Maritza, que começou a carreira como fotógrafa de cinema, está refletido em diferentes equipamentos aquáticos que encontra pelo caminho. Públicas ou não, mas sempre sem a presença humana, as piscinas foram registradas em lugares como Laos, Bangcoc, Vietnã, Camboja, Estados Unidos, Suíça, Itália, Cuba, Israel, além do Rio de Janeiro, lugar em que vive e atua.
Para realizar o trabalho, a artista aponta suas lentes para ângulos inusitados que oferecem a linha reta e a simetria que compõem sua narrativa. Profundidade, poesia, transparência, quietude e imensidão são algumas das características impressas em seus retratos.
“As piscinas de Maritza trazem um território transbordante de vivências e ressignificações. Elas parecem conter episódios de vida, vestígios de memória, um tênue fio entre a presença e a ausência, um curso do tempo que parece suspenso, congelado, atemporal”, observa Vanda Klabin em seu texto curatorial.
O repertório geográfico é expansivo. Integram a exposição, entre outras obras, uma piscina de vidro, clicada em São Francisco, uma piscina fotografada à noite em Jerusalém, a piscina da casa onde morou Ernest Hemingway, em Havana, o vestiário da Piscina da Universidade de New Orleans e uma piscina de um colégio público no Rio de Janeiro.
“Todo o meu trabalho tem uma coerência e neste conjunto de piscinas convido o público a mergulhar neste universo particular, fruto da minha pesquisa. Realizar a primeira individual no Paço, com a curadoria da genial Vanda Klabin, é uma grande alegria. Sobretudo durante as Olimpíadas, quando a cidade estará cheia de visitantes e com uma caprichada programação cultural”, comemora Maritza.
Maritza Caneca - Presente em importantes coleções particulares, suas fotografias já são conhecidas no circuito da arte internacional, em exposições coletivas na Art Cartagena, Art Copenhagen 2015, Scope Miami Beach 2014 e Scope Basel Suiça 2015. Em maio de 2016, a artista participou de uma coletiva na Bossa Gallery, em Miami. Até o fim do ano, terá obras expostas em feiras e galerias em Copenhagen, Medelin e Miami.
Seu percurso artístico começa nos anos 80 como fotógrafa de Still em filmagens cinematográficas. Desde então, assinou importantes projetos no cinema e na TV, entre eles “A luz do Tom” (2013), de Nelson Pereira dos Santos; “Carlos Burle Gigantes por Natureza” (2012), de Felipe Jofily; e “Viver com Fé, em Jerusalem”, com Cissa Guimarães, para o GNT. Suas fotos podem ser vistas no Rio de Janeiro, São Paulo, Los Angeles, Barcelona, Genebra e Londres.
junho 20, 2016
Arte e Política no Acervo do MAP no Sesc Palladium, Belo Horizonte
Estão na programação uma mostra com recorte do acervo do Museu de Arte da Pampulha, intervenções artísticas, seminário e encontro com grandes nomes das artes, além de lançamento de catálogo
Como o conceito de micropolítica se articula com a prática artística experimental ao longo dos anos? Esta e outras perguntas são a base da mostra Arte e Política no Acervo do MAP, em cartaz no Sesc Palladium a partir de 22 de junho.Apresentada pela Fundação Municipal de Cultura por meio do Museu de Arte da Pampulha, a coletiva pretende investigar e discutir a relação entre política e arte. Além da exposição, acontecem também intervenções artísticas, um seminário com duas mesas redondas sobre os temas, além do lançamento de um catálogo juntamente com uma “Conversa com Artistas”.
Aberta ao público até 31 de julho, a mostra conta com 24 obras, todas do acervo do MAP, sob a curadoria de Marilia Andrés Ribeiro, historiadora da arte e pesquisadora da UFMG. A seleção foi realizada a partir de pesquisa bibliográfica sobre o MAP (Inventário, Salões Entre Salões, Projetos de Arte Contemporânea e Bolsa Pampulha) e complementada com uma análise de arquivo sobre os autores e as obras.
“Organizamos as peças por afinidades de expressões artísticas e iconográficas, buscando estabelecer um diálogo entre elas em torno dos conceitos de micropolítica e micropoética, focalizando as poéticas visuais que se referem às questões políticas e circulam no universo molecular da vida cotidiana, das relações interpessoais, comportamentais e institucionais”, observa a curadora.
Fazem parte da exposição obras dos artistas Jarbas Juarez, José Alberto Nemer, Madu, Teresinha Soares, Maria Helena Andrés, Mariza Trancoso, Júlio Espíndola, Julio Fortes, Marilia Rodrigues, João Câmara Filho, Marcos Coelho Benjamim, Iazid Thame, Rosângela Rennó, Hugo Denizart, ManfredoSouzaneto, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Sebastião Nunes, Frederico Morais, Beatriz Dantas, Paulo Emilio Lemos, Maria do Carmo Arantes e Miguel Gontijo.
INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS
Além das 24 obras, foram convidados outros dois artistas contemporâneos, provenientes do Edital Bolsa Pampulha, programa de residência artística do Museu: Ricardo Burgarelli e Douglas Pego. Ao longo do período da exposição, eles realizam intervenções no espaço do Sesc Palladium, dentro dos projetos Parede e Café, respectivamente.
SEMINÁRIOS
Como parte da programação, acontece no dia 5 de julho o seminário “Desafios das Instituições Culturais e dos Museus no Brasil”, no Teatro de bolso do Sesc, com duas mesas redondas. O objetivo é discutir algumas questões de arte e política a partir da reflexão sobre o acervo do Museu de Arte da Pampulha.
“A exposição itinerante das obras desse acervo no espaço do Sesc Palladium torna-se catalizadora para pensarmos questões referentes à pesquisa, à curadoria e à gestão dos acervos museológicos”, conta Marília. Estão na pauta discussões como a especificidade do MAP em diálogo com outros museus e centros culturais brasileiros, visando compreender a formação, a atuação e a situação atual dessas instituições no contexto urbano, político e social do Brasil.
A primeira mesa redonda, das 10h às 12h30, traz o tema “Comunicação e Curadoria nas Instituições Culturais”, com mediação de Luciana Feres, arquiteta ediretora do Conjunto Moderno da Pampulha. Os convidados são Frederico Morais, crítico de arte, curador, ex-coordenador do MAM/RJ; e Renata Marquez, arquiteta, professora da UFMG,ex-curadora do MAP.
Já a segunda mesa, também no dia 5 de julho, das 14h30 às 17h, terá mediação da curadora da exposição, Marilia Andrés Ribeiro, e como tema a “Pesquisa e curadoria em instituições culturais”. Os convidados são Agnaldo Farias, arquiteto, curador, professor da USP, ex-curador da 29ª Bienal de São Paulo, conselheiro do Instituto Tomie Ohtake; e Marconi Drummond,artista visual, designer e ex-curador do MAP.
LANÇAMENTO DE CATÁLOGO E “CONVERSA COM ARTISTAS”
Para finalizar o período da mostra, no dia 30 de julho acontece o lançamento de um livro-catálogo com um texto curatorial englobando questões referentes ao contexto histórico, aos artistas e às obras da exposição.Também como conteúdo, entram dois textos de autores que participam do seminário. O livro apresentará imagens das obras, do projeto expográfico, da montagem e do espaço expositivo no Sesc Palladium.
No mesmo dia, das 11h às 13h, no mezanino do Sesc, acontece um encontro de com os artistas Teresinha Soares e Marco Paulo Rolla. O objetivo é um bate-papo sobre questões referentes à performance, tomando como eixo a proposta da exposição. Teresinha Soares foi a precursora da performance em Belo Horizonte e Marco Paulo Rolla é um incentivador dessa arte na capital mineira e atual diretor do Centro de Experimentação e Informação da Arte (CEIA).
Rumos Itaú Cultural lança catálogo da pesquisa O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos
O trabalho de Clarice Hoffmann, contemplado na edição 2013-2014 do programa de fomento
à cultura do instituto traz registros originais do DOPS de Pernambuco sobre mais de 400 pessoas de vários países, consideradas suspeitas devido à profissão que exerciam ligada à alguma atividade artística, durante passagem ou residência no Estado, de 1934 a 1958. O levantamento chega ao público em versão impressa e com palestra aberta no instituto que também anuncia o resultado de três novas iniciativas relacionadas à pesquisa
O Recife da Era Vargas, e o registro de mais de 400 artistas investigados pela extinta Delegacia de Ordem Social e Política de Pernambuco (DOPS/PE), entre 1934 e 1958, são o tema do projeto O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos,da jornalista e produtora cultural Clarice Hoffmann, que no dia 21 de junho (terça-feira) é lançado em catálogo, com palestra, às 19h, no Itaú Cultural.
A pesquisa contemplada pelo Rumos Itaú Cultural 2013-2014, reúne 403 verbetes produzidos pelo DOPS/PE, de homens e mulheres de diferentes nacionalidades, residentes ou em passagem por Pernambuco, cuja profissão estaria vinculada à área artística e por isso, foram consideradas suspeitas pelo governo. O levantamento iniciado por Clarice em 2004, até então disponível somente no site http://obscurofichario.com.br, ganha versão impressa publicada pelo instituto e começasua última etapa de trabalhos com a divulgação dos resultados em plataformas digitais.
No dia 21, a jornalista explica para o público todas as etapas da pesquisa. Também recebe o professor e historiador Durval Muniz de Albuquerque Junior, autor de sete livros, entre eles A Invenção do Nordeste e Outras Artes, e a curadora do projeto Clarissa Diniz, atual gerente de conteúdo do Museu de Arte do Rio (MAR) para apresentar um panorama do Recife no contexto político abarcado pelo fichário. Nele, cinco cartografias revelam uma capital pernambucana subversiva, cuja cena cultural é efervescente com bares, restaurantes, albergues e cassinos, pouco mencionados na história oficial do Estado do Pernambuco, na Era Vargas.
O lançamento de O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos em catálogo vai para a sua última fase: o de divulgação do levantamento em meios digitais. De novembro de 2015 a janeiro deste ano, Clarice Hoffmann fez convocatória para artistas, coletivos e grupos interessados para inscreverem projetos inéditos com o fim de disseminarem os resultados do projeto em redes sociais e outros meios eletrônicos. Esta última fase também contou com apoio do Rumos Itaú Cultural e os três contemplados – dois deles de Pernambuco e um, do Rio de Janeiro – serão anunciados oficialmente na noite de lançamento do catálogo, também, a partir das 19h, na Sala Vermelha, do instituto.
O TRABALHO
Clarice Hoffmann começou O Obscuro Fichário dos Artistas Mundanos em 2004, quando pesquisava sobre mulheres negras em Pernambuco e teve acesso a 12 mil prontuários do DOPS/PE sobre 430 personalidades registradas em Recife entre 1930 e 1950, além de 2 mil recortes de jornais de diferentes hemerotecas digitais. Assim soube que sua avó, a atriz Gusta Gamer, havia sido fichada pela polícia durante o regime ditatorial da Era Vargas. Deste levantamento, ela chegou a 403 fichas de nomes de pessoas que vão da letra M a Z, além de 28 prontuários sobre homens e mulheres de diversas nacionalidades que habitaram ou apenas passaram pela cidade pernambucana e, em paralelo, formaram outras cartografias da cidade. São artistas circenses, cantores de rádio, bailarinas de salão, transformistas, ilusionistas, dançarinos russos, chineses e tantos outros.
A pesquisa tem ainda o apoio institucional do Arquivo Público Estadual João Emerenciano (Apeje), de Pernambuco, que detém mais 125 mil fichas e salvaguarda o Fundo DOPS/PE, composto por milhares de fichas e milhares de prontuários. Os verbetes do grupo de interesse de OObscuro Fichário dos Artistas Mundanosiniciados pela letra A até L foram perdidos pelos arquivos públicos, no entanto, percebe-se por meio de uma série de dados que em 1958, o DOPS/PE detinha aproximadamente 1,1 mil fichas, incluindo alguns prontuários.
OS SELECIONADOS NA CONVOCATÓRIA
Vaga de Irma Brown, de Francisco Baccaro e Moacyr Campelo (PE)
O trabalho, composto por vídeo, fotografia e intervenção urbana, foi idealizado com base no mapeamento dos espaços existentes na cidade do Recife fichados pela DOPS/PE, entrecruzando passado e presente, evidenciando ruínas e resistência. Ao subjetivar os lugares, os contextos e os ambientes do Recife e ao interagir com seus atuais transeuntes, a proposta apresenta a cidade como a grande protagonista.
Folhetim dos Encontros, de Juliana Borzino (RJ)
A artista entrecruza ficcionalização e arqueologia, criando novas edições de um folhetim que chegou a ser distribuído no período que abarca OObscuro Fichário dos Artistas Mundanos pela loja de seu bisavô pernambucano, a Livraria Mozart. Em edições atuais desses boletins, Juliana articula os arquivos de bisavô e do fichário criando uma nova narrativa da convivência e dos conflitos dos personagens frequentadores da livraria e dos artistas fichados pela DOPS/PE, lançando luz e ao mesmo tempo gerando ambiguidades produtivas nas já conhecidas redes e fluxos do campo da cultura de Recife.
Teta Lírica, de Marie Carangi (PE)
A obra se articula com as práticas e modos de vida de alguns artistas do fichário, sem se remeter a eles literalmente. Marie Carangi desenvolve uma poética do corpo e da subversão, como contraponto a disciplina – contemporânea ao arquivo e presente na contemporaneidade. Ela propõe um objeto-sujeito vizinho aqueles corpos perseguidos no fichário, por meio de uma performance-vídeo potente e livre, sendo ao mesmo tempo uma manifestação artística contraída, claramente em torno de repressões.
François Morellet ocupa Projeto Parede do MAM, São Paulo
No corredor de acesso à Grande Sala do museu, a instalação Bandes Décimées brinca com diferentes formas abstratas feitas de forma invertida aos cálculos precisos usados pelo artista
Para ocupar o Projeto Parede do segundo semestre de 2016, o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a instalação Bandes Décimées, de autoria do artista François Morellet, reconhecido pela atuação na arte cinética e morto no último dia 11 de maio, aos 90 anos, em Paris. Originalmente, o francês criou a obra em duas partes: em uma parede fez uma sequência repetida de sobreposição de linhas com um sistema matemático calculado e rigoroso; na outra parede, essas sequências são replicadas de forma invertida e negativa, criando formas aleatórias e abstratas. No MAM, apenas a parede de desenhos será apresentada no corredor de acesso entre o saguão de entrada do público e a Grande Sala do museu a partir do dia 20 de junho e permanece no espaço até 18 de dezembro.
Em vídeo, o artista declarou que amava essa obra pela precisão apresentada. Ao fazer um emparelhamento improvável, Morellet conseguia combinar brincadeiras com sistemas matemáticos rigorosos. “Calculando a sequência de linhas, eu não imaginava a variedade de formas que seriam criadas, o que causa diversos pensamentos e criações de histórias sobre cada uma delas por parte do observador”, disse o artista em vídeo gravado no ano passado quando inaugurou a obra na mostra DASH DASHDASH, que reuniu trabalhos novos e históricos na galeria Blain | Southern, em Berlim, na Alemanha.
Destaque da arte cinética, François Morellet trabalhou com formas geométricas ao longo de toda carreira. Embora tenha usado grande variedade de meios e técnicas, o interesse por linhas, grades e a harmonia de linhas dentro do espaço sempre foram uma constante. Ao empregar o construtivismo e sistemas matemáticos, o artista jogava com expectativas visuais, onde planos e linhas são inclinadas, a simetria é perturbada e geometria é alterada.
Alfredo Volpi no MAM, São Paulo
Pinturas e desenhos de Alfredo Volpi em pequenos formatos são expostos no MAM
Com curadoria de Aracy Amaral e assistência de Paulo Portella Filho, a mostra traz 74 obras em menores dimensões que serviam como estudo antes do artista pintar as grandes telas. Os trabalhos, das décadas de 1930 a 1970, pertencem à coleção de Ladí Biezus
Mostrar uma faceta diferente de um artista tão aclamado e reconhecido como grande mestre da pintura brasileira do século XX: esse é um dos objetivos da mostra Volpi - pequenos formatos, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a partir de 20 de junho. São exibidas 74 obras de Alfredo Volpi (1896-1988), entre telas e desenhos sobre papel e azulejos feitos em menores dimensões, em média de 30x20 cm, que serviam como estudo antes que pintasse as telas maiores. Todos os trabalhos pertencem ao colecionador Ladí Biezus, que coleciona pinturas de todas as fases da carreira do artista.
Com curadoria de Aracy Amaral e assistência de Paulo Portella Filho, a exposição abrange pinturas realizadas desde os anos 1930 até o final da década de 1970, passando pelo período impressionista inicial, da fase dos casarios, pelo período do abstracionismo geométrico das fachadas até chegar as fases finais como das bandeirinhas e das ogivas. “Toda a riqueza de estudos cromáticos de Volpi aparece na seleção como uma faceta nem sempre acessível ao olhar de interessados das novas gerações, que poderão apreciar um pouco da intimidade do processo de trabalho do grande pintor”, afirma a curadora.
Segundo Portella, as obras são expostas com orientação cronológica para favorecer a compreensão do desenvolvimento temporal da linguagem do artista. “A produção de Volpi tem referenciais temáticos distintos com a passagem do tempo. Obedecendo a essa sequência natural, primeiro são apresentados os trabalhos da juventude do artista, com cenas do cotidiano urbano do bairro Cambuci, em São Paulo, obras que já sinalizam compromisso com a cor e a organização espacial”, explica o curador. “Também pode-se notar que a figura humana, presente nesse período, aos poucos desaparece da produção”.
Na sequência, são exibidas as obras dos anos 40 que se caracterizam pelas paisagens urbanas e marinhas das cidades de Mogi das Cruzes e Itanhaém (locais importantes para o artista), além de crianças e imagens de caráter religioso. Continuando o fluxo do percurso, as décadas de 50, 60 e 70 focam em obras de caráter não figurativo e geometrizante. “É neste segmento que se encontram as famosas pinturas de casarios e fachadas arquitetônicas que sinalizam a redução à essencialidade formal e nada realista”, complementa Portella.
Concebido pelo arquiteto Vasco Caldeira, o ambiente expográfico da Sala Paulo Figueiredo dá destaque as obras com a proposta de privilegiar o rigor e a simplicidade. Apresentados em pequenos grupos, intercalados com textos da curadoria, há trabalhos em têmpera sobre papel, cartão e tela; óleos sobre madeira e sobre cartão; guache sobre papel; desenho sobre cartão; pastel sobre cartão, pintura sobre azulejo e óleo sobre tela colado em cartão. As pinturas são acondicionadas em molduras e os desenhos ocupam uma vitrine junto com o conjunto de azulejos. A exposição tem patrocínio do Banco Bradesco.
DESTAQUES E DIFERENCIAIS
Entre as obras apresentadas, destacam-se os oito desenhos a grafite, que, segundo o colecionador Ladí Biezus, serviam inegavelmente como estudos antes de fazer um quadro. “Esse rascunho ficava tão bom que as pessoas imploravam para comprar. Eu mesmo adquiri alguns no mercado, mas como eles foram feitos com lápis a grafite, infelizmente, o desenho se sublima, então eles vão desaparecendo, o que é uma grande pena porque são lindíssimos”, explana o colecionador. Os desenhos exibidos pertencem a décadas distintas, sendo um dos anos 40 - que é um estudo para azulejo-, além de três da década de 50; mais três dos anos 60 e, por fim, dois da década de 70.
Outro diferencial da mostra é a exibição de quatro pinturas sobre azulejos que Volpi produziu, nos anos 40, para a Osirarte, empresa de azulejaria de Paulo Rossi Osir, que executava encomendas para arquitetos e artistas. Para dar conta dos pedidos e ampliar o mercado, Osir contou com a colaboração de experientes no trabalho artesanal. Mario Zanini é o primeiro a integrar a equipe, seguido por Alfredo Volpi, que transformou-se numa espécie de "chefe" do ateliê-oficina ao solucionar problemas plásticos e técnicos. Na época, o processo utilizado era a do baixo esmalte, em que a pintura era feita sobre o azulejo não esmaltado. Depois, o desenho era feito sobre a superfície porosa, que absorvia a tinta com extrema rapidez e exigia elevada exatidão do traço.
Um fato importante é que Volpi não datava os trabalhos, mas sua produção tem períodos específicos bem distintos. Assim, os especialistas referem-se a eles como oriundos de décadas. “Os estudiosos debruçam-se sobre a obra do mestre para tentar datar, todavia, é muito complexa essa identificação porque Volpi recorria frequentemente a temas já estudados deslocando-os temporalmente. Assim é comum ver as distinções como ‘produção de início dos anos 60’, ou ‘meados dos anos 50’ e ainda ‘fim da década de 70’ ”, declara Portella.
COLEÇÃO LADÍ BIEZUS
O colecionador, engenheiro de formação, iniciou o acervo quando montou um apartamento e optou pela decoração com obras de estilo arquitetônico. Assim, num evento em homenagem a Tarsila do Amaral, conheceu Volpi e começou a frequentar o ateliê do artista. O acervo, então, começou com a aquisição de um quadro de uma marina. Depois, foi uma tela de bandeirinhas em tons de roxo e preto até chegar a grande quantidade de obras que possui hoje, que são de todas as épocas da produção do artista, de pequenas e de grandes dimensões, expostas lado a lado pelas paredes da casa de Ladí Biezus.
No início, a preferência do colecionador era pelos quadros feitos no final dos anos 1940, em que eram retratadas as marinas. Depois, as fachadas foram o ponto alto da coleção, pelo lado metafísico, quase sombrio, e com poucas cores e formas. As bandeirinhas, da década de 60, passaram a ser as favoritas por serem mais coloridas e infantis. Hoje, o colecionador considera-se aficionado pelos pequenos estudos por retratarem a inocência e a livre tentativa de acerto. “Foi uma atração irresistível porque as telas menores comunicam um momento de criação e de total espontaneidade, sem nenhuma solenidade, onde predomina a inocência e um Volpi mais brincalhão” relembra.
Ladí Biezus ainda relembra que nunca pressionou Volpi para pintar alguma coisa específica ou sob encomenda. Por isso, a maioria dos quadros que possui não veio diretamente do artista e sim comprados no mercado, inclusive os estudos que são o foco desta exposição. “O Volpi era extremamente pressionado pelos marchands e colecionadores, mas ele tinha uma autonomia enorme, pintava para quem quisesse e como quisesse, com aquele rigor pessoal e explosão de cores que só ele tinha”, relembra.
30 anos do Clube de Colecionadores de Gravura no MAM, São Paulo
MAM celebra três décadas do Clube de Colecionadores de Gravura com mostra retrospectiva
Exposição comemorativa exibe todas as obras produzidas, com diferentes orientações e por diversos artistas, desde a sua criação em 1986; curadoria é de Cauê Alves
A partir de 20 de junho, o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta a mostra 30 anos do Clube de Colecionadores de Gravura, com a exposição das 173 obras produzidas em três décadas por artistas de variados perfis e gerações. Desde 1986, o Clube de Colecionadores de Gravura do MAM cumpre o objetivo de fomentar o colecionismo brasileiro ao permitir que um grande número de interessados possa se associar e adquirir trabalhos de arte, incentivando também a produção artística. Em todos esses anos, o Clube viabilizou a execução de projetos especiais desenvolvidos por artistas convidados e, simultaneamente, ampliou o acervo do museu. Com curadoria de Cauê Alves, também gestor do Clube desde 2006, a mostra é apresentada na Grande Sala até 21 de agosto.
Durante o percurso expositivo, o público pode apreciar diferentes orientações adotadas pela curadoria em 30 anos. “Em 2006 foi realizada uma exposição para celebrar os 20 anos do Clube, então, agora as obras feitas na última década possuem mais destaque, já que nunca foram expostas, ” explica o curador. Dividida por painéis, a mostra é organizada como se fosse uma biblioteca ou um grande arquivo, lembrando a casa de um colecionador em que algumas paredes são mais cheias, com mais obras lado a lado, e outros contam mais espaço de vazio e respiro, para melhor observação dos trabalhos. Com projeto expográfico do escritório Andrade Morettin, a exposição não é montada em ordem burocrática ou cronológica, mas sim numa relação estilística e harmoniosa, apesar de obras da mesma década estarem próximas.
Na história do Clube, nunca houve uma linha determinada que privilegiasse uma ou outra tendência. Desde o início, foram realizados trabalhos próximos ao abstracionismo lírico e ao construtivismo e, aos poucos, artistas que não tinham a gravura como o campo prioritário também foram convidados. A partir da segunda metade da década de 1990, o museu convidou artistas da geração dos anos 1980, como Ana Tavares, Cláudio Mubarac, Daniel Senise, Fábio Miguez, Leda Catunda, Mônica Nador e Nuno Ramos, já num período mais maduro de produções artísticas. Eles atuaram ao lado de artistas consagrados como Regina Silveira e Evandro Carlos Jardim, nomes fundamentais para o desenvolvimento da gravura no Brasil. “Em 1996, o Clube mudou de orientação: se antes participavam sólidos gravadores, aos poucos os convites foram direcionados àqueles que faziam uso de outros meios, como a pintura ou a escultura”, explica o curador.
Interessado em acertar o passo com as discussões contemporânea, com questões à própria definição de gravura, o MAM assumiu o papel de laboratório e lugar de experimentação e deu liberdade para o desenvolvimento de trabalhos que superassem os limites da linguagem. A fotografia, entre outras novas tecnologias,o carimbo, fundidas com técnicas tradicionais, permitiram a elaboração de uma noção mais híbrida e alargada de gravura. “Desde então, o Clube prioriza uma visão problematizadora do estatuto da gravura e continua a estimular uma produção que privilegia a discussão”, argumenta Alves.
Depois de profundas e variadas experimentações, o MAM passou a editar gravuras que se afastaram de objetos tridimensionais como tinham sido os trabalhos de Iran do Espírito Santo, Sandra Cinto, Mabe Bethônico, Dora Longo Bahia e Jac Leirner. Porém, o Clube nunca deixou de investir na reflexão de problemas atuais da arte e que investigam os limites da gravura, seja herdando questões da pintura (com Cássio Michalany, Fábio Miguez, Hélio Cabral, Paulo Pasta e Tomie Ohtake) ou desdobrando questões de pesquisas (com José Damasceno, Cildo Meireles, Waltercio Caldas e Antonio Dias).
Ao longo da história, o Clube não deixou de convidar artistas com pesquisas consistentes em xilografia como os trabalhos de Fabrício Lopez (2010) que são impressos artesanalmente e gravados em grandes tábuas. Fernando Vilela, que possui sólida pesquisa em gravura, realizou Cidade (2014), trabalho em que fundiu a fotografia com a xilogravura. A imagem fotográfica também é um dos eixos curatoriais. Albano Afonso, Iole de Freitas e Nazareth Pacheco estão entre os que aumentaram a relação entre fotografia e gravura. Já a pintura e a escultura contribuíram no alargamento das linguagens. Enquanto Rodrigo Andrade se dedicou à gravura em metal na obra Estrada (2013), Paulo Monteiro mirou a serigrafia com a experiência da pintura com os objetos de chumbo em O miolo da coisa massa (2011).
Com o passar dos anos, o Clube de Gravura trouxe produções de artistas como Brígida Baltar, Cinthia Marcelle, Cristiano Lenhardt, Ernesto Neto, Laura Lima, Nino Cais, Jarbas Lopes, Rivane Neuenschwander e Tatiana Blass. Assim como convidou nomes mais experientes como Paulo Bruscky, Milton Machado e Nelson Felix. A maioria se interessou por caminhos experimentais em relação à gravura.
Convidada para realizar um livro/objeto, Elida Tessler desenvolveu Phosphoros (2014), a partir do romance Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, uma ficção científica em que livros e pensamento crítico são proibidos. O título é referente ao grau 451, temperatura da queima de papel na escala Fahrenheit. A artista gravou a laser numa placa de madeira os autores de um lado e títulos citados no outro. Cada uma das 122 obras é representada por um palito de fósforo numa caixa. O colecionador tem a possibilidade de queimar os palitos, mas isso significa destruir uma gravura e eliminar uma referência literária.
O engajamento político está presente, por exemplo, na poética de Lourival Cuquinha (2015), que trabalhou com imigrantes vindos de países africanos e da América Latina e que atuam como vendedores ambulantes. Tratados como cidadãos de segunda classe e quase invisíveis, eles ganham visibilidade na gravura de Cuquinha, que adquiriu todas as mercadorias desses imigrantes, tirou uma foto de frente e de costas da pessoa e as imprimiu em placas de cobre. A mercadoria adquirida, cujo valor é equivalente ao da placa onde o retrato está impresso, também compõe a peça final.
Sob a gestão de Cauê Alves, nos últimos dez anos, o Clube realizou ações para divulgar e refletir sobre a coleção de gravuras do MAM. A proposta da curadoria foi a de continuar com nomes consagrados ao lado de apostas, além de dar espaço para artistas reconhecidos no circuito, mas que não tenham ligação com a gravura. “O critério de orientação é sempre a qualidade dos trabalhos dos convidados. Por isso, os colecionadores assumem os riscos e os dividendos de ter trabalhos de arte pertencentes ao acervo do museu em mãos”, avisa Cauê. “São raras iniciativas duradouras como a do Clube de Gravura, o que indica que, além de bem estruturado, possui relevância cultural, seja contribuindo na formação de coleções de arte, seja para o debate sobre a gravura e sobre as artes em geral”, finaliza o curador.
COMO FUNCIONA
Nos Clubes de Colecionadores do MAM, os sócios recebem, a cada ano, cinco obras especialmente criadas por nomes prestigiados e selecionados pelos curadores responsáveis em conjunto com a curadoria do museu, o que confere credibilidade à aquisição. As obras são produzidas em tiragens de 100 exemplares, que são entregues aos sócios com certificado de autenticidade. Para participar do Clube de Gravura ou de Fotografia, os interessados se associam anualmente a um deles e, no final do ano, recebem as cinco gravuras ou as cinco fotografias. A edição é de 117 obras numeradas, das quais cem são distribuídas aos associados, duas são doadas ao acervo do MAM, três são destinadas ao Clube de Colecionadores, além de dez entregues ao artista e duas aos curadores dos clubes.
HISTÓRICO
Com apoio de artistas e sob a iniciativa da argentina Maria Pérez Sola, é fundado o Clube de Colecionadores de Gravura do MAM, em 1986. O Clube, que surge no ano seguinte ao da criação do Departamento de Artes Gráficas do museu, foi fundamental para a manutenção de atividades do novo setor e incentivar as artes gráficas. Iniciando as atividades na época da reabertura política e a redemocratização do País, após 20 anos de ditadura militar, o Clube sempre teve o objetivo de fomentar o colecionismo e incentivar a produção artística. Pérez Sola fica à frente da iniciativa até 1989, dando lugar a Liliana Lobo Ferreira, recém-chegada de Londres, onde estudou gravura na SladeSchoolof Fine Arts. Em 1997, sai Liliana e entra Salete Barreto de Abreu, que assume até 2001. Com Tadeu Chiarelli como curador-chefe do museu, entre 1996 e 2000, o Clube passou por significativas transformações. Desde 2005, Fátima Pinheiro coordena os Clubes de Gravura e de Fotografia. Desde 2006, Cauê Alves é o curador, que para este ano escolheu artistas de peso no cenário nacional como Lenora de Barros, Nelson Felix, Cristiano Lenhardt e Brígida Baltar, além do argentino Jorge Macchi.
Cauê Alves (São Paulo, 1977) é doutor em Filosofia, professor do departamento de Arte da Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC-SP e coordenador do Bacharelado em Artes Visuais do Centro Universitário Belas Artes. Foi membro do Conselho Consultivo de Artes do MAM-SP (2005-2007) e é curador do Clube de Gravura do MAM (2006-2016). É autor do livroMira Schendel: avesso do avesso e da mostra homônima (Bei Editora/ IAC, 2010). Foi um dos curadores d032o Panorama da Arte Brasileira do MAM (2011) e curador adjunto da 8a Bienal do Mercosul (2011). Foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56a Bienal de Veneza (2015) e co-curador da mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria,no Itaú Cultural e na Fundação Iberê Camargo (2015-2016).
junho 17, 2016
Aquilo que nos une na Caixa Cultural, Rio de Janeiro
Exposição Aquilo que nos une traz obras de 26 artistas que utilizam linha, agulha, bordado e afeto na expressão de sua poética
A Caixa Cultural Rio de Janeiro abre no dia 16 de abril, às 16h, a exposição Aquilo que nos une, com 40 obras que utilizam a costura e o bordado como expressão poética e suporte. Sob a curadoria de Isabel Sanson Portella, a mostra reúne 26 artistas de diferentes gerações que lidam de maneiras variadas com o ato de costurar e compõem, nesse campo, conceitos subjetivos e peculiares de tempo, espaço e convívio social.
A mostra Aquilo que nos une trata da delicadeza, da sensibilidade da alma, das questões que estão à flor da pele. O que une é mais do que uma linha, é criação de sentidos. É mais do que costura, é processo. O linho e o algodão, a fotografia, o video, a chapa de metal, a madeira, o plástico, o gesso e o cristal conferem firmeza à narrativa, amarram questões e histórias que são de todos, mas que cada artista desenvolve na sua linguagem única. Trabalhos históricos de Bispo do Rosário, Leonilson, Tunga, Waltercio Caldas e Anna Bella Geiger, artistas que marcaram um período da produção nacional juntam-se à recente e vibrante produção contemporânea de Adriana Varejão, Rosana Palazyan, Ana Miguel, entre outros. O viés curatorial alinhava a poética de diferentes artistas com linguagens distintas e permite criar conexões e estabelecer um diálogo harmônico entre as obras.
“O que todos esses artistas fazem é produção de imagem, de signos e de linguagem. Esta exposição reflete uma linha de pesquisa estética contemporânea – a junção da arte e da manufatura. São fios que conduzem histórias e narrativas visuais, bordados que constituem estratégias, jogos de dilemas e tragédias, de almas e de fissuras. Os artistas convertem o desenho em bordado e a costura em fio condutor de ideias. Agulha e linha são os elementos deflagradores de imagens conferindo espessura de sentido ao imaginário”, comenta a curadora Isabel Portella.
Sobre os Artistas
ADRIANA VAREJÃO
Nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha atualmente. Realizou sua primeira exposição individual em 1988 e na mesma época participou de uma coletiva no Stedelijk Museum, Amsterdã. Participou de importantes Bienais como Veneza e São Paulo, e sua obra já foi mostrada em grandes instituições internacionais como MOMA (NY), Fundação Cartier em Paris, Centro Cultural de Belém em Lisboa e Hara Museum em Tóquio. Em 2008, foi inaugurado um pavilhão com obras suas no Centro de Arte Contemporânea Inhotim em Minas Gerais. Adriana está presente em acervos de importantes instituições, entre elas Tate Modern em Londres, Fundação Cartier (Paris), Stedelijk Museum (Amsterdã), Guggenheim (Nova Iorque) e Hara Museum (Tóquio).
ANNA LINNEMAN
É formada em Design pela PUC-RJ e recebeu o mestrado em Escultura pelo Pratt Institute, em NovaYork, onde residiu até 2006. Entre seus projetos recentes, está a série Os Invisíveis, onde objetos banais, motorizados, desempenham ações discretas em curtos intervalos de tempo, como por exemplo a laranja que, numa fruteira, dá um pequeno pulo, ou a garrafa de Coca-Cola que desliza rapidamente sobre os livros de uma estante para retornar em seguida ao seu lugar. Este projeto foi mostrado na seção Art Projects/Art Basel Miami Beach (Miami, 2008), Oslo Kunstforening (Oslo, 2007), Museu Imperial de Petrópolis (Rio de Janeiro, 2007), Galeria Nara Roesler (São Paulo, 2007) e na Long Island University (Nova York, 2005).
ANNA BELLA GEIGER
Escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Na década de 1950, inicia seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower . Em 1954, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte e entre 1960 e 1965 participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, onde passa a lecionar três anos mais tarde. Durante os anos 1970, sua produção tem caráter experimental: fotomontagem, fotogravura, xerox, vídeo e Super-8. Dedica- se também à pintura desde a década de 1980 e, a partir da década de 1990, emprega novos materiais e produz formas cartográficas vazadas em metal, dentro de caixas de ferro ou gavetas, preenchidas por encáustica. Suas obras situam-se no limite entre pintura, objeto e gravura.
ADRIANNA EU
Formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) participou de diversas coletivas, dentre elas: Em torno da Pintura (EAV 2006); Rede Nacional Artes Visuais – FUNARTE; Artista local( Museu Bispo do Rosário/RJ- 2006); Riocenacontemporânea – 2006; Paixão (Museu Bispo do Rosário RJ- 2006) ;
Mostra de Vídeoperformances Latino-Americana na Bienal “Performers” (Primeira Bienal Internacional de Performance – Santiago do Chile); Arte- (Pará/2006 - Primeiro Prêmio); Abre-Alas– (Galeria “A Gentil Carioca”- Rio de Janeiro- 2007)
Primeiro Encuentro Entre Dos Mares- Bienal São Paulo - Valência- Espanha -2007; A Imagem do Som do Samba (Paço Imperial/RJ – 2008), Morro das Artes- IPHAN - “Intervenções Urbanas” (Morro da Conceição/RJ – 2008); Paço Imperial- Exposição Morro das Artes- IPHAN-(Instalação – 2008) ; Poética da Percepção (MAM, Rio de Janeiro – 2008); Gigante por la propia naturaleza ( IVAM Instituto Valenciano de Arte Moderno -2011); Sem fronteiras ( Museu Artur Bispo do Rosário de Arte Contemporânea – 2013) ; Break up (Galeria ZAK (Itália) 2012 / 2013). Vale destacar a construção de instalação para acervo permanente a convite da Galeria Real-Amman/Jordânia- 2008. Participou também das edições da feira ART Rio em 2011 e 2012.
ANA MIGUEL
Ana Miguel participou da Oficina de Gravura do Ingá, onde recebeu orientação dos principais gravadores cariocas, de 1979 a 1985. Estudou gravura e pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, assim como História da Arte, com Alair Gomes. Mostras Individuais Recentes (seleção) Para Conter um Labirinto (2004); Narrativas, (Espaço Cultural Sérgio Porto, Rio de Janeiro, RJ. 2002); I MISS YOU, (Gallery 32, Londres, Grã Bretanha. 2001); Caso de Amor (Galeria Le Corbusier, Embaixada da França, Brasília, DF);
As Flores Também Ficam Instáveis e Podem Ferir, (Galeria ECCO, Brasília, DF);
2000 Florezinhas (Galeria São Paulo. SP. Mostras Coletivas (seleção): 2005)
O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira (Itaú Cultural, São Paulo. SP.2004); A/MAZE, (La Trefilerie, Bruxelas, Bélgica), Onde está você, Geração 80? (Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ. 2003); Vice-versa: (Eixo Brasília, ECCO, Brasília, DF); Messe (Frankfurt, Alemanha.2002) , 25a Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo, SP)
BISPO DO ROSÁRIO
Natural de Japaratuba, Sergipe, Arthur Bispo é descendente de escravos africanos, foi marinheiro na juventude. Ex-interno da Colônia Juliano Moreira por mais de 50 anos, em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista e comparados à obra de Marcel Duchamp. Utilizava a palavra como elemento pulsante e ao recorrer a essa linguagem, manipula signos e brinca com a construção de discursos, fragmenta a comunicação em códigos privados, usando a costura como elemento significativo. Hoje consagrado, é referência da Arte Contemporânea Brasileira.
CAROLINA PONTE
Formada em Gravura pela Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, suas principais mostras são: Fronteiriços (Galeria Luciana Caravello,Rio de Janeiro); Pintura além dos pincéis, ,(São Paulo); Pontos de encontro-Carolina Ponte e Pedro Varela (CAIXA Cultural Salvador, 2011); Converging Trajectories, (Modified Arts, Phoenix, USA); Sobre Ilhas e Pontes (Galeria Candido Portinari, UERJ, Rio de Janeiro, 2010); Realidades Impossíveis (Ateliê 397,São Paulo,2009); Estranho Cotidiano (Galeria Movimento,Rio de Janeiro,2009); Realidades Imposibles, (Fototeca Juan Malpica Mimendi em Veracruz, México, 2008);Abre Alas (Galeria A Gentil Carioca no Rio de Janeiro, 2006); A.H!, (E A V do Parque Lage, Rio de Janeiro, 2006)
CAROLINE VALANSI
Caroline Valansi é graduada em Cinema, com pós-graduação em Arte e Filosofia. Os temas principais em sua produção artística são as relações humanas, com ênfase no tempo, a impermanência das coisas, a subjetividade, raízes, memória e afetividade. Entre suas coletivas, se destacam: Arte, uma Política Subversiva (TAL|TechArtLab, 2013); Novas Aquisições 2010-2012. Coleção Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ); Abre Alas 7 (Galeria A Gentil Carioca, RJ, 2011); Prospecta Mostra de Vídeo (Auditório de Capitania das artes, Natal, RN, 2010); Olhares Femininos: Aqui e Lá (Galeria Fotoativa, Belém, 2010); 2 em 1 (Cavalariças da EAV do Parque Lage, RJ, 2009); Associados (Espaço Orlândia, RJ, 2007). Faz parte do coletivo OPAVIVARÁ!. Em 2010, foi selecionada para o Prêmio Interações Florestais Residência Artística Terra UNA e Rede Nacional FUNARTE Artes Visuais # 7 edição. Residência Deslocamentos: Arte, vivência e Ambiente. Olinda, Pernambuco.
CLARISSE TARRAN
Artista multimidia e programadora visual, sócia-fundadora da galeria Durex Arte Contemporânea no Rio de Janeiro (2007-2010), foi assistente de direção da EAV, Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro, participou e participa de coletivos de artes visuais e arte/política. Formada na EAV (Escola de Artes Visuais) João Magalhães pintura, - RJ e ateliês de Nelson Leirner, Charles Watson, entre outros, Comunicação Visual, PUC-RJ. EXPOSIÇÕES Individuais: “O Homem Botânico”, Durex Arte Contemporânea-RJ, “I Speak”, CSV-Nova York EUA e Sergio Porto- RJ, “Outras Ordens”, Centro Cultural Candido Mendes, RJ; e 52 EXPOSIÇÕES Coletivas e Festivais de Video, entre 2001 e 2012 (Brasil, Portugal, Polônia, EUA e Alemanha)
CLAUDIA HERSZ
É uma artista multimídia que vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, começa a trabalhar como artista visual e performer em 2002. Participou de inúmeras exposições coletivas e salões institucionais desde então - no Brasil e no exterior (Salão da Bahia, SESC Arte 24 Hs, Performance Presente Futuro vol III- entre outras), e em 2010, realizou sua exposição individual – ToYS É NóIS – no Centro Cultural Justiça Federal, no Rio de Janeiro. .
ELISA CASTRO
Formada em Artes Plásticas pela UERJ e pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, realizou as exposições individuais Eu quero você (Galeria do Lago, 2012), O Sol e a Dúvida (Galeria Progetti, 2011), As Meninas (Galeria Candido Portinari, 2006). Exposições coletivas: Novas Aquisições (MAM, 2012), 43º Salão de Arte de Piracicaba (2011), A Gigant by Thine Own Nature (Valencia / Espanha, 2011), 29º Arte Pará (2010), Novíssimos 2010 (Galeria Ibeu, 2010), IV Bienal SIART (Lapaz / Bolívia, 2009), 7º Bienal do Mercosul: Grito e Escuta (2009), Linha Líquida (Galeria Martha Traba, Memorial da América Latina, 2009), Arquivos do Presente – Museu da Maré (Prêmio Pontos de Cultura, 2009).
EMMANUEL NASSAR
Nasceu em Capanema (PA), em 1949. Formou-se em arquitetura pela Universidade Federal do Pará. Ao longo de sua carreira, realizou diversas exposições individuais e coletivas, entre as quais se encontram a Bienal de São Paulo, em 1989 e 1998, e a coletiva "U-ABC", no Stedelijk Museum (Amsterdã, Holanda), 1989. Integrou a representação brasileira na Bienal de Veneza de 1993. Em 2003 e 2004, realizou a retrospectiva "A Poesia da Gambiarra", com curadoria de Denise Mattar, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, RJ, e Brasília, DF) e no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, SP). Apresentou cinco mostras individuais na Galeria Millan (São Paulo), entre 2003 e 2013; no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro), 2012; e no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo), 2009. Suas obras figuram em importantes coleções, como Fundación Cisneros – Colección Patricia Phelps de Cisneros (Nova York, EUA; Caracas, Venezuela), Museu de Arte Moderna (São Paulo e Rio de Janeiro), Museu de Arte Contemporânea (Niterói, RJ), Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto, SP), Museu de Arte Contemporânea da USP (São Paulo), Museu do Estado do Pará (Belém) e University Essex Museum (Inglaterra).
JOZIAS BENEDICTO
Artista visual, estudou com Ivan Serpa, Anna Bella Geiger, Rubens Gerchman, John Nicholson, Chico Cunha, José Maria Dias da Cruz, Katie Van Scherpenberg. Realizou exposições individuais na Galeria Macunaíma 1981 e na EAV Parque Lage 1982. Na década de 1980, participa com desenhos, Super8 e instalações, do Salão Nacional de Artes Plásticas, Salão Carioca, Mostra de Desenho Brasileiro do Paraná e da XVI Bienal de São Paulo 1981. Na década de 1990, trabalha com multimeios, design gráfico, webdesign e tecnologia da informação, retornando ao desenho e à pintura em 2003. Em 2004, participa do Salão de Paraty e de coletiva de pintura na EAV. Em 2005 e 2006, participa de coletiva na Galeria Gentil Carioca e de eventos com o Grupo Pyrata (Rio) nas barcas Rio-Niterói e no Parque Lage. Entre 2006 e 2010, em Brasília, se entediou e gerenciou um Projeto em Inteligência Artificial. No Rio em 2010, retoma os cursos no Parque Lage (João Magalhães, Malu Fatorelli, Suzana Queiroga, João Atanásio, Gianguido Bonfanti) e tem ateliê na antiga fábrica da Bhering. Trabalha como editor de livros sobre arte, a coleção Pensamento em Arte, da Editora Apicuri. E continua vampiro.
LEONILSON
José Leonilson Bezerra Dias foi um pintor, desenhista e escultor brasileiro. Entre 1977 e 1980, cursou educação artística na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde foi aluno de Julio Plaza, Nelson Leirner e Regina Silveira. Teve aulas de aquarela com Dudi Maia Rosa na Escola de Artes Aster. Em 1981, em Madri, realizou sua primeira exposição individual e viajou para outras cidades da Europa. Em Milão, teve contato com Antônio Dias, que o apresentou ao crítico de arte ligado à transvanguarda italiana, Achille Bonito Oliva. A obra de Leonilson é predominantemente autobiográfica e está concentrada nos últimos dez anos de sua vida. Segundo a crítica Lisette Lagnado, cada peça realizada pelo artista é construída como uma carta para um diário íntimo. Em 1989, começou a fazer uso de costuras e bordados, que passaram a ser recorrentes em sua produção.
LETÍCIA PARENTE
Letícia Parente foi uma artista brasileira, pioneira da vídeoarte, nascida em Salvador, Bahia, em 1930. Estudou arte com Pedro Dominguez e Anna Bella Geiger, e, a partir dos anos 1970, passou a ser um dos nomes centrais da videoarte brasileira, com exposições no Brasil e no exterior, tendo sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1976, e participando ainda da 16ª Bienal Internacional de São Paulo em 1981. O trabalho videográfico Marca Registrada (1975), de Letícia Parente, é um dos mais contundentes e perturbadores da produção videoartística brasileira da década de 1970. Ao longo da obra, a artista borda, com agulha e linha preta, a sola do pé. Esta atividade é repetitiva, íntima, de movimentos lentos. Uma a uma, as letras bordadas vão formando a legenda Made in Brasil, com S, com precisão, com autenticidade, buscando afirmação e identidade.
MARCOS CHAVES
Nasceu no Rio de Janeiro em 1961, e iniciou sua atividade artística na segunda metade dos anos 1980.Trabalhando sobre os parâmetros da apropriação e da intervenção, sua obra é caracterizada pela utilização de diversas mídias, transitando livremente entre a produção de objetos, fotografias, vídeos, desenhos, palavras e sons.
NAZARETH PACHECO
Cursa artes plásticas na Universidade Mackenzie, São Paulo, de 1981 a 1983. Viaja para Paris e freqüenta, em 1987, o ateliê de escultura da École National Superieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes]. Titula-se mestre em artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP, em 1999. No início dos anos 1990, participa de workshops com Iole de Freitas (1945), Carmela Gross (1946), José Resende (1945), Amilcar de Castro (1920-2002), Nuno Ramos (1960) e Waltercio Caldas (1946), e apresenta as primeiras peças tridimensionais: objetos filiformes manipuláveis de metal ou borracha. Em 1993, começa a trabalhar com pequenas caixas repletas de objetos. Apresenta posteriormente uma série de espéculos de acrílico. Em 1997, exibe colares e vestimentas feitos de cristal e instrumentos de perfuração, participando, em 1998, da XXIV Bienal Internacional de São Paulo.
NAZARENO
Nazareno Rodrigues Alves é desenhista, escultor e artista multimídia. Nascido em São Paulo, em 1967, o artista passa a infância e a adolescência em Fortaleza, Ceará. Em 1987, muda-se para Brasília, onde conclui bacharelado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), em 1998. Em 1999, participa da edição itinerante Vertentes Contemporâneas - Rumos Visuais Itaú, em Fortaleza e Recife, Pernambuco. Nos dois anos seguintes, expõe no Instituto Itaú Cultural, São Paulo, e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), dentro do mesmo programa. Participa, em 2002, da residência Faxinal das Artes, em Faxinal do Céu, Paraná. Nesse mesmo ano, é premiado com a obra Para Mim Só Sobrou o Berço de Prata (2001), no Salão de Artes Visuais de Brasília. Fixa residência em São Paulo em 2003. Publica de maneira independente, no ano de 2004, o livro São as coisas que você não vê que nos separam.
RENATO BEZERRA DE MELLO
Graduado em Arquitetura. Trabalha em restauro de bens tombados ate 2000 quando passa a residir em Paris e dedica-se exclusivamente as artes plásticas, retorna ao brasil em 2006. Vive e trabalha no rio de Janeiro. Principais Exposições: 2013:Bienal de Cerveira (Portugal / 2012). XIV Salão de Artes Plásticas (João Pessoa, Paraíba); Leitura de Portifólio, (Carpe Diem Arte e Pesquisa, Portugal); Errático, errante (Galeria Inox) ; Abre Alas 8 (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro). Arte Pará (Belém); As Migalhas da infância, (Marsden Woo Gallery, Londres); Casa Forte, (CCBN, Sousa, PB; Juazeiro do Norte e Fortaleza, CE); Métissages, (França, Indonésia, Tailândia e Bolívia); 2009: Alcova (Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, RJ); Poética Têxtil, (Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo; 2008: Sangue Novo (Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro); Desenho em todos os sentidos (SESC, Petrópolis, Teresópolis e Friburgo; 2007: Achados e Perdidos, Sesc Pinheiros, São Paulo; 2006: Retalhar, CCBB, Rio de Janeiro
RODRIGO MOGIZ
Nasceu em Belo Horizonte, MG, em 1978. Vive e trabalha em BH. Bacharel em Pintura e Desenho pela Escola de Belas-Artes da UFMG, também realiza curadorias e trabalhos comunitários. Sua obra autoral aborda poéticas que transitam entre o desenho, a pintura e o bordado, utilizando também aplicação de miçangas, rendas e alfinetes, Suas obras criam narrativas muito poéticas e delicadas, que exalam grande força e um extremo rigor criativo. Desde 2000, participa de exposições individuais e coletivas em todo o Brasil, em instituições públicas e privadas, como o Museu Guimarães Rosa (Codisburgo-MG), Galeria de Arte CEMIG e Galeria de Arte Copasa (Belo Horizonte-MG). Foi selecionado para vários salões e festivais como: 20º Salão Anapolino de Arte, Anápolis GO (2014), Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana - Salão Diamantina, Ouro Preto MG (2013). Seu trabalho também abrange a performance como "Enquanto desenho na sua superfície", na exposição "Sobre o que se desenha" (Museu de Arte da Pampulha / Belo Horizonte-MG -2015); e "Borde Comigo" ( Sesc Venda Nova,Belo Horizonte/MG) e Casa do Baile, Belo Horizonte/MG - exposição Entre(Linhas) -2014. Também participa de projeto onde ensina a arte do bordado. Várias premiações recebidas, como: I Salão Cataguases-Usiminas de Artes Visuais (2004), Projeto Arte no Banheiro/Comida di Buteco (2006) e Prêmio CNI-SESI Marcantônio Vilaça para Artes-Plásticas (2009/2010).
ROSANA PALAZYAN
Suas principais exposições individuais foram: Rosa Daninha? (Artur Fidalgo Galeria - Armazém Fidalgo, Rio de Janeiro, 2013); Casa França Brasil,, Rio de Janeiro, 2010 Galeria Leme de São Paulo, 2006; O Lugar do Sonho (CCBB SP, 2004). No ano de 2000, esteve com obras expostas no Museo de Arte Contemporáneo Rufino Tamayo, Cidade do México e na Galeria Thomas Cohn de São Paulo. Já em 1998, participou da Bedtime Stories na George Adams Gallery de Nova York . Dentre as suas últimas exposições coletivas, destacamos O Abrigo e o Terreno. Arte e Sociedade no Brasil I, inauguração do Museu de Arte do Rio ( MAR, Rio de Janeiro, 2013); A Rua no Festival Europalia Brasil, Museum van Hedendaagse Kunst Antwerpen, M HKA , Antuérpia, Bélgica e Jogos de Guerra na Caixa Cultural RJ e Vieira da Silva/Arpad Szenes e Rupturas do Espaço na Arte Brasileira, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2011. No ano de 2009 Pretty Tough: Contemporary Storytelling, The Aldrich Contemporary Art Museum, CT, EUA e Radiovisual - 7º Bienal do Mercosul, Fundação Bienal Mercosul, Porto Alegre.
SONIA GOMES
Nascida em Caetanópolis, MG, Sonia Gomes é uma fusão também de muitas lembranças. Sônia traz a influência forte da avó, parteira, benzedeira e useira de rodilhas na cabeça. Da família branca, herdou a ruminação dos guardados, das fotos, dos retalhos de tecidos vindos da fábrica, dos afetos fragmentados.
Sonia faz arte para se expressar e para que o instante vivido possa ser trazido novamente à vida. Entre o popular e o erudito, o mundo da artista mineira remete-nos a uma poderosa tradição brasileira que transforma materiais instáveis e difíceis em arte permanente e contemporânea na trama extremamente inventiva de suas colagens e construções.
Após a primeira exposição em 1994, a artista cursou livremente disciplinas na Escola Guignard, UEMG e na UFMG e participa ativamente, desde então, de mostras solo e coletivas como as do Sesc Belenzinho em São Paulo e a X Bienal Nacional de Santos.
TUNGA
Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão, conhecido como Tunga (Palmares, 1952) é escultor e desenhista e ator de performance artística brasileiro. Vive no Rio de Janeiro, tendo estudado arquitetura na Universidade Santa Úrsula. Já teve obras expostas em importantes cidades em outros países, como em Nova Iorque e em ParisFilho do escritor Gerardo de Mello Mourão, Tunga conhece o modernismo brasileiro muito cedo. Inicia sua carreira nos primeiros anos da década de 1970. Na época, faz desenhos e esculturas. Traça imagens figurativas com temas ousados, como na série Museu da Masturbação Infantil (1974). É colaborador da revista Malasartes e do jornal A Parte do Fogo. Na década de 1980, realiza conferências no Instituto de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Santa Úrsula e na Universidade Candido Mendes. Recebe o Prêmio Governo do Estado por exposição realizada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em 1986. No ano seguinte, realiza o vídeo Nervo de Prata, feito em parceria com Arthur Omar (1948). Em 1990, recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas e, em 1991, o Prêmio Mário Pedrosa da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA pela obra Preliminares do Palíndromo Incesto.
URSULA TAUTZ
Ursula Tautz nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Cursou a ESPM, além de ter frequentado oficinas da “School of Visual Arts /NY”, e, a partir de 2005, a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2013, foi aprovada para o Programa Projeto de Pesquisa, com Glória Ferreira e Luiz Ernesto. Participou de várias exposições, como Intervenções Urbanas ArtRio 2015, nos jardins do Museu da República, Estranhamentos, no CCJF/RJ, com curadoria de Isabel Sanson Portella ,Fuzuê, no Largo das Artes, A questão do espaço na arte, com curadoria de Glória Ferreira e Luiz Ernesto e Cético Assombro, na EAV do Parque Lage, além das individuais Fluidostática, na Galeria do Lago do Museu da República e Aquilo que nos cabe daquilo que nos resta. Foi também selecionada pelo crítico Fernando Cocchiarale para o “Programa Olheiro da Arte”.
VERA BERNARDES
Vera Bernardes nasceu no Rio de Janeiro. Em 1973, formou-se em design pela Esdi – Escola Superior de Desenho Industrial. Seu trabalho final foi uma pesquisa pioneira sobre letreiros populares pintados. Trabalhou no escritório de Aloísio Magalhães de 1971 a 1973. Em 1978, iniciou as atividades do Núcleo de Editoração da Funarte. Em 1989, se transferiu para a Fundação Pró-Memória. Atuou na área do design gráfico até 2005. Desde 2002 é professora do Departamento de Arte e Design da PUC-Rio. Em 2004, começou a construir seu percurso como artista. Desde então, estudou com Amador Perez, Charles Watson, Luiz Ernesto, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Paulo Sergio Duarte, entre outros. Trabalha com diferentes suportes: fotografia, desenho, gravura, bordado, pintura e técnicas mistas. Sua exposição individual foi na Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida/ Centro Cultural Candido Mendes/ Ipanema – Rio de Janeiro, julho 2013.
WALTERCIO CALDAS
Waltercio Caldas Júnior nasce no Rio de Janeiro, em 6 de novembro de 1946. É escultor, desenhista, artista gráfico e cenógrafo. Estuda pintura com Ivan Serpa (1923 - 1973), em 1964, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Entre 1969 e 1975, realiza desenhos, objetos e fotografias de caráter conceitual. Na década de 1970, leciona no Instituto Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, é co-editor da revista Malasartes, integra a comissão de Planejamento Cultural do MAM/RJ, participa da publicação A Parte do Fogo e publica com Carlos Zilio (1944), Ronaldo Brito (1949) e José Resende (1945) o artigo O Boom, o Pós-Boom, o Dis-Boom, no jornal Opinião. Em 1979, sua produção é analisada no livro Aparelhos, com ensaio de Ronaldo Brito, e, em 1982, no Manual da Ciência Popular, publicado na série Arte Brasileira Contemporânea, pela Funarte. Em 1986, o vídeo Apaga-te Sésamo, de Miguel Rio Branco (1946), enfoca a sua produção. Recebe, em 1993, o Prêmio Mário Pedrosa, da Associação Brasileira de Críticos de Arte - ABCA, por mostra individual realizada no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, no Rio de Janeiro. Em 1996, lança a obra O Livro Velázquez e realiza a mostra individual Anotações 1969/1996, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, apresentando pela primeira vez seus cadernos de estudos.
Representa o Brasil na 47ª Bienal de Veneza em 1997. Participa da I Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre, com a instalação Lugar para uma pedra mole, exposta anteriormente no evento paralelo à ECO-92, no MAM, Rio de Janeiro. Em 2007, participa da 52ª Bienal de Veneza – “Pensa con i sensi, senti con la mente” – expondo a obra Half mirror Sharp, no Pavilhão Itália, a convite do curador geral da bienal, Robert Storr. Participa da Bienal “Entre abierto”, Cuenca, Equador, em 2011, da qual recebe o prêmio com a obra Parábolas de superfície; e da coletiva Art unlimited – what is world. What is not, Art /42 / Basel, Suíça.
Albano Afonso + Chiara Banfi e Kassin + Raul Mourão no MuBE, São Paulo
Três exposições individuais, com curadoria de Cauê Alves, dialogam com os espaços do museu e dão continuidade ao processo de revitalização do MuBE
No próximo dia 18 de junho, o Museu Brasileiro da Escultura abrirá duas exposições individuais de Albano Afonso e Raul Mourão, e uma instalação sonora de Chiara Banfi e Kassin. As mostras, que ocuparão os principais espaços do Museu, são parte do projeto de revitalização do MuBE que contempla, entre outras ações, uma nova linha curatorial, com o propósito de colaborar para outra relação da arte com a arquitetura e a paisagem urbana, ressaltando o lugar onde estamos: aqui.
Mais do que um prédio, o MuBE é uma praça, um local de encontro e convivência com a arte. A marquise de concreto armado, que dá acesso ao museu subterrâneo, é, ao mesmo tempo, uma cobertura, um abrigo primordial e um parque pleno de possibilidades a serem exploradas. A instalação de trabalhos invisíveis, que exploram sonoridades diversas, é um modo de ativar a área externa, sem recorrer a esculturas tradicionais. Esse é um programa contínuo que está sendo implantado no Novo MuBE.
Chiara Banfi e Kassin mostram, na área externa no MuBE, a intervenção sonora Fase 3. Trata-se de sons do espaço captados pela NASA, Agência Espacial Americana, disponibilizados na internet. O título Fase 3 remete aos termos usados nas missões espaciais e a todo o imaginário de um espaço que conhecemos, apenas por imagens. O arquivo sonoro da NASA, mixado pelos artistas, traz ruídos enigmáticos, alguns mais sutis como se fossem ecos, outros mais estridentes, que podem nos ajudar a compreender a origem do universo.
O som propriamente dito não se propaga no vácuo, mas as ondas eletromagnéticas, sim. Os barulhos cósmicos são provocados por ondas gravitacionais e consistem em uma espécie de vibração no tecido do espaço sideral. Os sons parecem um tanto aleatórios, caóticos, mas são oriundos do cosmo, que em sua origem etimológica significa também ordem e harmonia. A eles se misturam os ruídos da cidade, os produzidos pelo público e também o silêncio. Afinal, não há música sem pausas. O resultado é uma sinfonia que nos leva para uma viagem espacial e nos estimula a prestar atenção na musicalidade do espaço externo do MuBE, o jardim e seu entorno.
Sob o título Em Estado de Suspensão, a mostra de Albano Afonso é composta por móbiles suspensos que flutuam como miragens. É como se ocorresse uma interrupção no fluxo do tempo, um equilíbrio instável entre elementos materiais e aqueles que não possuem massa. Vasos e cristais que pendem do teto se fundem com luzes, provocando uma pausa contemplativa. Apesar do peso das pedras e do bronze, que os compõe, as peças pairam leves, oscilando de um lado a outro. Enquanto giram sobre si mesmas, as obras guardam um mistério. A grande escultura na área externa sob a marquise se move pela ação do vento e produz sons pelos toques das peças de bronze, umas nas outras. Surge, daí, uma composição casual, fruto da ação da natureza.
Tradicionalmente usado na harmonização de ambientes, o cristal é um mineral que teria o poder de alterar as energias do entorno e, por isso, reequilibrar o conjunto. O vaso, esse objeto vazio que pode potencialmente conter qualquer coisa, está fechado em si mesmo e nada contém. O crânio espelhado, que compõe uma das peças, equaciona as forças e indica uma espécie de mitologia particular do artista. É como se os reflexos dissolvessem a estrutura óssea do corpo, como se o desmaterializasse e ele ainda assim permanecesse presente.
Um canhão de luz branca, lançada sobre os elementos do móbile, parece anunciar um espetáculo que nunca começa. Um clima de suspense se instala entre os reflexos e sombras projetadas nas paredes. O movimento da luz é como o da busca do foco, da convergência dos raios, a partir da distância correta de duas lentes. Apesar de o movimento circular sobre si do móbile, é como se a passagem do tempo fosse eternamente adiada.
Albano Afonso aborda os primórdios do cinema ao lançar luz sobre um cristal. A partir de uma imagem estática, é como se o artista reencontrasse os experimentos de Eadweard Muybridge pelo avesso. Um corpo preenchido de luz insinua uma corrida sem se mover. Seus reflexos se dissolvem e se recompõe em pontos luminosos dispersos e concentrados pela refração da luz. O artista, ao mesmo tempo, realiza e suspende os movimentos da imagem cinética, como se pudesse ora retardar, ora acelerar o seu deslocamento.
A obra de Albano Afonso, ao impor uma interrupção no compasso do tempo nos aproxima de uma experiência de êxtase. Esse estado de suspensão é, também, uma elevação. Um modo de apontar para outras dimensões do espaço, em que os corpos perdem a carnalidade, o peso e se transformam em luz.
A sentença Você está aqui, título da mostra de Raul Mourão, geralmente é encontrada em mapas e sistemas de localização. Trata-se de uma indicação de um local preciso, dentro de um esquema maior. Mas essa afirmação, fora de um quadro de referência ou da cartografia, perde completamente a sua função de indicar a posição. Aqui indica este lugar que você ocupa, o local onde a mostra acontece, e pressupõe um determinado instante. Em um sentido ampliado, mesmo que o aqui não seja fixo, sempre estamos aqui em relação a nós mesmos.
A mostra dialoga com a arquitetura do museu e seus espaços. A rampa, os diferentes níveis de piso da sala expositiva e a marquise da área externa se integram ao trabalho do artista.
A matéria prima das obras são estruturas modulares, uma espécie de esqueleto geométrico usado na construção civil. O processo de montagem das esculturas se dá aqui no museu, obedecendo ao projeto previamente desenhado. Todos os trabalhos são feitos de tubos, braçadeiras e um pensamento elementar. Um sistema construtivo racional e simples que permite o aparecimento quase instantâneo de enormes construções na paisagem. E elas podem ser desmontadas na mesma velocidade. São estruturas pop up, que surgem como imagens que saltam de livros infantis.
De fato há um tom lúdico nas peças de Raul Mourão. Elas dançam, se comportam como se beliscassem a arquitetura e evocam uma espontaneidade, uma ação descontraída e despretensiosa do corpo do visitante. O movimento ritmado e o equilíbrio das esculturas entretêm o público, atraem o olhar, sem deixar de provocar questionamentos. Será que a exposição está pronta? A aparência de inacabado, a transparência das peças são relevantes ao chamarem atenção para o processo de construção, para o devir.
As estruturas modulares, usadas em grandes projetos de engenharia, para o sujeito desavisado, poderia indicar que o prédio do museu passa por alguma reforma. Embora o MuBE esteja bem conservado, conceitualmente está se revitalizando, está em obras.
Masao Yamamoto na Marcelo Guarnieri, Rio de Janeiro
Em sua primeira individual no Rio de Janeiro, o artista japonês Masao Yamamoto, residente na cidade de Gamagori (Japão), exibe no próximo dia 18 de Junho (sábado), das 11h às 17h, três séries fotográficas distintas - A Box of Ku, Nakazora e Kawa=Flow. A individual apresenta uma série de fotografias realizadas entre 1990 e 2015. Junto as fotografias são apresentadas cinco "Caixas-Poemas", cada caixa tem em seu interior uma série de fotografias e um Haikai. Outro formato de exibição presente na mostra se dá através de livros, que são pensados pelo artista como um espaço expositivo dotado de uma dinâmica mais próxima do observador - os livros sanfonados são confeccionados a mão com imagens em uma escala ainda menor que as que comumente o artista realiza. As fotografias de Masao sinalizam a potência de uma poética da delicadeza, o artista possui trabalhos em coleções públicas e particulares nos EUA, no Museu Victoria&Albert, de Londres e na Maison Européenne de la Photographie, na França.
Em um mundo em que a imanência entre o homem e a natureza parece sinalizar uma ruptura, Masao Yamamoto debruça-se em suas fotografias para um olhar que ainda salvaguarda esta união. Em pequenos formatos, as imagens são tessituras, brechas, espaços de singularidades daquilo que mantém as relações entre os seres humanos e o espaço cíclico do natural: a memória e o tempo. O cotidiano, aspecto que singulariza o humano, torna-se no descuido do tempo algo ordinário. Interessa ao olhar não ocidental de Yamamoto, enxergar nas “pequenas coisas” imagens que se tornaram invisíveis no cotidiano, transformando-a em um profundo belo estético. Nada é pretensioso e desmedido, pois obedece ao tempo natural da vida. Após fotografar as imagens, o artista deixa que o tempo ordene a sua força, carregando consigo, em seu bolso, os momentos capturados. Com esse deslocamento, do homem-artista, as fotografias sofrem alterações: manchas, rasgos e vincos. As imagens têm seu tempo dilatado, um álbum construído com personagens e cenas de uma memória coletiva e em envelhecimento provocado.
Após a passagem por “imagens amareladas e em contraste acentuado” em Box of Ku, Masao sugere a suspensão do tempo, um intervalo, e que na língua de seu país pode ser traduzido como Nakazora, “um estado onde os pés não tocam o chão, o espaço entre o céu e a terra”. KAWA = Flow parte de um princípio budista, recontado pelas palavras do artista: “Buda ensinou que uma pessoa começa a viver para a morte no dia em que nasce, e não há nada mais óbvio que isso”. Série recente de sua obra intui, nesta, a dilação do tempo, interim entre a vida e a morte ou os processos que ocorrem no espaço da natureza: Um rio, fluxos e passagens - nascimento/morte - passado/futuro.
Com período de visitação que vai do dia 18 de Junho a 23 de Julho, a obra de Masao Yamamoto é representada no Brasil pela Galeria Marcelo Guarnieri, que fica na Rua Teixeira de Melo, 31 Lojas C/D, bairro de Ipanema no Rio de Janeiro.
7o Salão dos Artistas Sem Galeria na Potrich, Goiânia
Após ocupar a Zipper Galeria e Galeria Sancovsky, em São Paulo; e a Orlando Lemos Galeria, em Belo Horizonte; mostra realiza itinerância em Goiânia (GO), na Potrich Arte Contemporânea
A Potrich Arte Contemporânea apresenta a partir de 18 de junho de 2016, das 10h às 16h, a produção dos 10 artistas selecionados na 7ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, evento promovido pelo Mapa das Artes (www.mapadasartes.com.br). A itinerância da mostra, que já foi exibida na Zipper Galeria e na Sancovsky Galeria, ambas em São Paulo; e na Orlando Lemos Galeria, em Belo Horizonte, agora chega a Goiânia e firma o Salão dos Artistas sem Galeria como um evento que fomenta a profissionalização e a circulação de novos nomes no circuito das artes visuais.
O júri de seleção foi formado pelos curadores Jacopo Crivelli Visconti, Marta Ramos-Yzquierdo e Douglas de Freitas, que escolheram os artistas Bruno Bernardi (GO/SP), Daniel Antônio (MG/SP), Daniel Jablonski (RJ), Felipe Seixas (SP), Giulia Bianchi (SP), Marcelo Oliveira (RJ), Mariana Teixeira (SP), Renan Marcondes (SP), Renato Castanhari (SP) e Sergio Pinzón (Colômbia/SP), que exibem pinturas, esculturas, fotografias, vídeos e instalações. Daniel Jablonski (RJ) foi o vencedor de prêmio de R$ 1.000,00.
O Salão dos Artistas Sem Galeria tem como objetivo avaliar, exibir, documentar e divulgar a produção de artistas plásticos que não tenham contratos verbais ou formais (representação) com qualquer galeria de arte na cidade de São Paulo. O Salão tradicionalmente abre o calendário de artes em São Paulo e é uma porta de entrada para os artistas selecionados no mundo das artes.
A 7ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, promovido pelo Mapa das Artes, recebeu 172 inscrições (aumento de 18% em relação à 6ª edição, quando recebeu 145 inscrições) provenientes de 15 Estados brasileiros mais o Distrito Federal. São Paulo compareceu com 98 artistas, sendo 70 da capital, 15 do interior, 12 da Grande São Paulo e um do litoral. Rio de Janeiro teve 26 inscritos (18 da capital, cinco de Niterói e três do interior). Em seguida vieram Minas Gerais (11 inscrições), Paraná (9), Distrito Federal (6), Rio Grande do Sul e Espírito Santo (4 cada), Santa Catarina (3), Pernambuco, Paraíba e Pará (2 cada). Maranhão, Sergipe, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás compareceram com uma inscrição cada.
Nesta sétima edição do Salão dos Artistas Sem Galeria, Agnaldo Farias reconquistou o posto de curador mais mencionado pelos artistas inscritos (no ano passado, pela primeira e única vez no evento, havia sido ultrapassado por Mario Gioia). Agnaldo Farias foi mencionado por 13 dos 172 inscritos. Em seguida, vieram Cauê Alves e Paulo Miyada (10 menções cada). Mario Gioia chegou em quarto, com seis votos. Paulo Herkenhoff, Marcelo Campos, Cristiana Tejo e Juliana Monachesi tiveram quatro menções cada. Thaís Rivitti, Josué Mattos, Tiago Mesquita, Ananda Carvalho, Marisa Mokarzel e Éder Chiodetto tiveram três menções cada. A indicação de até três curadores na ficha de inscrição foi opcional.
HISTÓRICO DO SALÃO DOS ARTISTAS
A 1ª edição do Salão dos Artistas Sem Galeria selecionou os artistas Affonso Abrahão (SP), Amanda Mei (SP), Bartolomeo Gelpi (SP), Bettina Vaz Guimarães (SP), Christina Meirelles (SP), João Maciel (MG), Luiz Martins (SP), Rodrigo Mogiz (MG), Pedro Wirz (brasileiro radicado na Suíça) e Sandra Lopes (SP). O júri de seleção foi composto pelo curador Cauê Alves e pelos galeristas Mônica Filgueiras e Daniel Roesler. As mostras aconteceram na Casa da Xiclet e na Matilha Cultural. Os premiados desta edição foram Amanda Mei, Bartolomeo Gelpi e Bettina Vaz Guimarães.
A 2ª edição do Salão selecionou os artistas Maria Luisa Editore, Anne Cartault d´Olive, Adriano Amaral, Camila Alvite e Tatewaki Nio (São Paulo/SP); Sidney Amaral (Mairiporã/SP); Roma Drumond (Rio de Janeiro/RJ); Osvaldo Carvalho (Niterói/RJ); Luiz Rodolfo Annes (Curitiba/PR); e Tatiana Cavinato (Belo Horizonte/MG). O júri de seleção foi formado por três galeristas de São Paulo: Fábio Cimino (Zipper), Juliana Freire (Emma Thomas) e Wagner Lungov (Central Galeria de Arte Contemporânea). A premiada desta edição foi Camila Alvite.
A 3ª edição do Salão selecionou os artistas Cris Faria (baiano radicado em Zurique, Suíça), Danielle Carcav (RJ), Diego de los Campos (SC), Edney Antunes (GO), Julio Meiron (SP), Maria Isabel Palmeiro (RJ), Pedro di Pietro (SP), Roberta Segura (SP), Rodrigo Sassi (SP) e Victor Lorenzetto Monteiro (ES). Os artistas foram selecionados pelos galeristas Jaqueline Martins, Henrique Miziara (Pilar) e Marcelo Secaf (Logo). O premiado desta edição foi Rodrigo Sassi.
A 4ª edição do Salão selecionou os artistas Fábio Leão (AL/SP), Layla Motta (SP), Paula Scavazzini (SP), Viviane Teixeira (RJ), Elizabeth Dorazio (MG/SP), Roberto Muller (RJ), Betelhem Makonnen (Etiópia/RJ), Fabíola Chiminazzo (PR/SP), Michelly Sugui (ES) e AoLeo (RJ). O júri de seleção foi formado pelo galerista Ricardo Trevisan (Casa Triângulo), pelo curador e professor da FAAP Fernando Oliva e pelo curador do MAM de Goiás Gilmar Camilo (GO). Três artistas empataram e foram premiados: Fábio Leão, Fabíola Chiminazzo e Layla Motta.
A 5ª edição do Salão selecionou os artistas Clara Benfatti (França/SP), Flora Rebollo (SP), Zed Nesti (RJ/SP), Guilherme Callegari (SP), Sheila Ortega (SP), Marcos Akasaki (SP), Heleno Bernardi (MG/RJ), Daniel Duda (PR), Regina Cabral de Mello (EUA/RJ) e Tchelo (SP). O júri de seleção foi formado pelos curadores João Spinelli e Paula Braga e pelo galerista Elísio Yamada (Galeria Pilar) O premiado foi Daniel Duda.
A 6ª edição do Salão selecionou os artistas Andrey Zignnatto (SP), Charly Techio (SC/PR), Cida Junqueira (SP), Evandro Soares (BA/GO), Fernanda Valadares (SP/RS), Lucas Dupin (MG), Marcos Fioravante (PR/RS), Myriam Zini (Marrocos/SP), Piti Tomé (RJ) e Thais Graciotti (ES/SP). O Júri foi formado pelos curadores Adriano Casanova, Enock Sacramento e Mário Gioia. O premiado foi Andrey Zignnatto.
MAPA DAS ARTES
Criado em 2002 pelo jornalista Celso Fioravante, o Mapa das Artes é o guia impresso de artes visuais mais completo de São Paulo. O encarte dobrável oferece gratuitamente a cada dois meses toda a programação de museus, galerias e espaços dedicado às artes visuais, além de serviços. O site do Mapa das Artes (www.mapadasartes.com.br) é um portal que cobre todo o Brasil, com programação e serviço de museus de todos os Estados. O site dispõe de seções diversas, como a dedicada aos salões de arte, com datas e editais; a seção Curtas, com matérias e serviço sobre acontecimentos, eventos e assuntos de interesse do público de artes visuais; além das colunas Supernova, com notas quentes; e Notícias, que clipa matérias de artes plásticas dos principais veículos do mundo. Sua cobertura abrangente faz o Mapa das Artes ser peça fundamental para o desenvolvimento do circuito de arte brasileiro.
Poética da Resistência na cAsA – Obras Sobre Papel, Belo Horizonte
Coletiva traz obras de 23 artistas ligados à Escola Guignard e questiona o contexto da revogação da Lei 100
Resistir é verbo imperativo na história de vida da Escola Guignard, faculdade de artes da Universidade Estadual de Minas Gerais. É com foco neste traço do seu perfil, marcado nova e recentemente pelos impactos da revogação da "Lei 100", que a cAsA - Obras Sobre Papel abre suas portas para uma exposição coletiva de 23 artistas e professores da escola. Idealizada por Lúcia Palhano e com curadoria de Cláudia Renault, a mostra Poética da Resistência será inaugurada dia 7 de abril, quinta-feira, às 20h.
Com mais de 70 anos de história e tendo formado artistas de reconhecimento nacional e internacional, a Guignard já funcionou no Parque Municipal de Belo Horizonte, nos porões do Palácio das Artes, passou por alagamentos, além da precariedade de estrutura dada pelas Instituições. Durante a década de 60 enfrentou uma grave crise financeira, na qual vários ex-alunos deram aulas voluntariamente. "A Escola era pobre, sem recursos, mas rica em talentos. Vários artistas saíram dali e seguiram mais tarde seu próprio caminho”, conta Maria Helena Andrés, ex-diretora da faculdade.
Para 2016 um novo desafio: lutar pelos docentes que foram desligados de seus cargos, devido à revogação da "Lei 100”, que em 2007 efetivou 98 mil trabalhadores em Minas Gerais. Essa mesma lei foi julgada como inconstitucional, em 2014, pelo Supremo Tribunal Federal. Em dezembro de 2015 o Governo de Minas Gerais desligou milhares de servidores estaduais, como consequência dessa decisão.
”Com a revogação da ‘Lei 100’, corremos um sério risco de perder indivíduos importantes para o campo artístico. E o maior erro da sociedade é acreditar que todos os contemplados por essa lei são profissionais sem concurso. Os professores da Guignard participaram de processos seletivos de 94 até 2001, nos quais foram avaliados por professores, artistas e alunos da própria Escola”, diz Thereza Portes, professora de pintura e chefe do departamento de artes plásticas. A luta é no sentido de validar estes processos de seleção e manter estes artistas dentro da instituição.
"A Guignard sempre foi uma Escola pautada pela liberdade de criação, uma experiência bem sucedida durante 70 anos. Se ela quase fechou suas portas por falta de recursos financeiros, hoje corre o risco de se distanciar da verdadeira proposta”, conclui Maria Helena Andrés.
POÉTICA DA RESISTÊNCIA
A mostra “Poética da Resistência, na cAsA - Obras Sobre Papel, pretende dar voz aos professores da 3ª e 4ª geração da instituição de ensino, frente ao contexto atual de desligamentos. Trata-se de uma forma de manifesto a favor da arte dentro da escola, valorizando a obra e a carreira desses profissionais.
"Assisti a uma reportagem sobre a 'Lei 100' e as demissões na Guignard e pensei que isso daria uma exposição relevante, para mostrar o trabalho deles e contar essa história. E depois, estudando mais a fundo a Guignard, achei ainda mais lamentável o que aconteceu. Liguei para a Cláudia Renault, ela também gostou da ideia, reuniu os artistas e eles toparam. Marcamos um encontro e foi um desabafo completo”, conta Lúcia Palhano.
Serão mais de 40 obras dos 23 artistas afetados pela "Lei 100": Abílio Abdo, Ana Cristina Brandão, Carlos Wolney, Claudia Renault, Daniela Goulart, Eimir Fonseca, Humberto Guimarães, Isaura Pena, Lau Caminha Aguiar, Júnia Penna, Marcos Venuto, Nara Firme, Paula Fortuna, Paulo Henrique Amaral, Paulo Roberto Lisboa, Renato Madureira, Sebastião Miguel, Sérgio Vaz, Solange Pessoa, Sonia Assis, Sonia Labouriau, Thereza Portes, Tibério França.
Com curadoria de Cláudia Renault, que também é professora da Escola, os trabalhos apresentam técnicas como fotografia, colagem, desenho e gravura, respeitando o conceito da cAsA, que trabalha apenas com obras sobre papel. "Do ponto de vista artístico teremos uma coletânea de obras de muita qualidade. A exposição está linda e vai mostrar os trabalhos desses professores e artistas, não só da ótica da resistência, mas da relevância de cada um. A mostra represente o amor que eles têm à arte, ao trabalho e à Escola", diz.
Para Sônia Labouriau, professora da Guignard, a exposição chega para tornar toda a situação mais visível para a comunidade. “Corremos o risco de perder nosso principal patrimônio. Pois uma escola não é feita apenas de mesas, cadeiras e toda a estrutura burocrática. O corpo docente é a espinha dorsal para que ela se constitua. A proposta da cAsA de criar esta mostra com a Escola, que tem uma relação muito forte com a arte sobre papel, tem tudo a ver e nos dá força”, completa.
junho 15, 2016
Simone Cupello no CCJF, Rio de Janeiro
O CCJF – Centro Cultural da Justiça Federal apresenta a exposição Olhares Privados, da artista Simone Cupello, com curadoria de André Sheik. A mostra é composta unicamente por fotografias apresentadas, em sua maioria, na forma de esculturas fotográficas. Provenientes de arquivos privados de pessoas desconhecidas, essas fotografias não revelam a sua totalidade, preservando a identidade dos retratados. O título da exposição é referência à privação a que o espectador é sujeitado por não ver completamente as imagens e também uma reflexão sobre a fotografia no que diz respeito à privacidade e ao desejo de exibição, memória e esquecimento. Serão apresentadas 10 obras que englobam desde a vivência particular da artista (única foto vista por inteiro); incluem uma história coletiva, caracterizada pelo uso da fotografia como documento e memória particular; e chegam a uma dimensão abstrata, onde fotografias são sugeridas como elementos geológicos ou como parte de estruturas da natureza.
Simone Cupello nasceu em Niterói, RJ, 1962. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em arquitetura, frequentou cursos de cinema na Espanha e Itália, de arte na EAV Parque Lage e os grupos de estudos de Charles Watson, de Frederico Carvalho e o “Alice” de Brígida Baltar e Pedro Varela no Rio de Janeiro. Participa do acompanhamento de projetos de Nino Cais na Hermes Artes Visuais, São Paulo.
Opera fotografias e imagens de cinema e vídeo, criando narrativas através de usos não convencionais e deslocamentos do lugar do observador. Dentro de uma temática que investiga principalmente a relação entre imagem e espaço, sua produção se divide em dois momentos: de 2006 a 2010 (vídeos e fotografias) e a partir de 2013 (inclusão de obras tridimensionais).
Principais exposições: Abre Alas 12, A Gentil Carioca, RJ, 2016 | Mostra Bienal Caixa de Novos Artistas , CAIXA Cultural (Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza) 2015 e 2016 | Fotos Contam Fatos, Galeria Vermelho, SP, 2015 | Contraprova, Paço das Artes, SP, 2015 | 24 e + Segundos Simone Cupello e Cláudia Briza, interferências na Cinemateca de São Paulo, 2015 | Díptico Simone Cupello e Victor Haim, Ateliê da Imagem, RJ, 2015 | Extracampos (individual), Projeto Mesmo Lugar da Hermes Artes Visuais, Qualcasa, SP, 2015 | ObaOba, Ateliê 397, SP, 2014 | FILE 2013, Fiesp e OI Futuro BH | Laboratório Espacialização Fotográfica, F+, Fauna Galeria, São Paulo, 2013 | Limites, Solar Meninos de Luz, Comunidade do Cantagalo, RJ, 2013 | Conversações, Baukurs Cultural, RJ, 2010 | Richard Wright - Este Outro Mundo, Caixa Cultural, RJ, 2010 | Projeto Exposições MARP 2008, Ribeirão Preto, SP | 14° Salão da Bahia, 2007 | III Semana Cultural de Santa Teresa (Funarte), Rio, 2006.
Alair Gomes na Triângulo, São Paulo
Casa Triângulo apresenta séries inéditas de Alair Gomes
"... a presença de diversas proporções geométricas no corpo humano, todas interligadas, é o que melhor explica por que o intelecto se sente tão atraído pela questão das proporções." - Alair Gomes
A Casa Triângulo tem o prazer de apresentar, a partir de 18 de junho de 2016, das 15h às 19h, a exposição Young Male: Fotografias de Alair Gomes, sob curadoria de Eder Chiodetto. A mostra traz à luz uma série de fotografias inéditas oriundas em sua maioria por obras da Coleção Robson Phoenix e conta com uma sala de aprofundamento com publicações, textos, páginas de diário e pesquisas realizadas por este artista seminal, complexo e original.
Com quase toda sua produção pertencente ao acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, a exposição “Young Male: Fotografias de Alair Gomes” traz um conteúdo exclusivo de imagens guardadas por mais de 20 anos, que agora são exibidas e comercializadas pela primeira vez graças às buscas e pesquisas do curador. Provenientes das coleções de Robson Phoenix e Fabio Settimi, são exibidas obras das séries “Symphony of Erotic Icons” (1966-1978), "A Window in Rio" (1977 - 1980), "Viagens (Europa, Arte)", 1969; com destaque para o inédito conjunto de 40 imagens realizadas por Alair em um único ensaio, com um mesmo rapaz, em seu apartamento em Ipanema.
Usando o corpo humano como discurso e a fotografia como linguagem, as sequencias de imagens que Alair elaborou inspiradas em sinfonias, sonatinas e em altares religiosos, coincidem temporalmente com as pesquisas do conceituado artista norte-americano Duane Michals, que em 1970 lançou o livro "Sequences". "Produções isoladas que possuem conceitos e formas semelhantes, como se fosse uma necessidade interna de expansão da própria fotografia naquele contexto", diz Chiodetto.
Com obras recentemente incorporadas ao acervo do MoMA, a obra de Alair começa aos poucos a ganhar o protagonismo merecido no contexto da arte contemporânea. O interesse sobre sua produção vem crescendo internacionamente desde 2001, quando a Fundação Cartier, em Paris, realizou a primeira grande exposição sobre o artista. Ainda na França, em 2009, sua obra foi tema de uma exposição na Maison Européenne de la Photographie. Até o final do ano Alair Gomes ganha um livro organizado por Eder Chiodetto e editado pela Cosac Naify - provavelmente este será o último livro da editora que anunciou o encerramento de suas atividades - em parceria com a Biblioteca Nacional.
A tensão entre intimidade e distância, e a fusão entre o erótico, o clássico e o pornográfico fazem a produção de Alair ser complexa. Seus valores documentais da fotografia, seus aspectos compositivos gráficos da imagem impressa e suas tomadas sequenciais organizadas em discursos narrativos auxiliaram a fotografia a entrar de vez no campo da arte contemporânea. A singularidade da pulsão do desejo vertido em arte fazem de Alair Gomes um artista incontornável.
AoLeo no CCJF, Rio de Janeiro
O Centro Cultural da Justiça Federal apresenta a individual, Regresso, de AoLeo e curadoria de Alexandre Sá. AoLeo desenvolve sua exposição abordando o tema da nostalgia, memória e nostalgia utilizando como dispositivo poético vídeos, fotografia e instalações.
Regresso, ato de regressar, retorno. Voltar não ao ponto de partida, mas a uma parcela do tempo passado, que não regressa mais.
O desejo de regressar no tempo é a condição da memória no presente e da construção do futuro. Impulsionada por esse desejo, a fotografia baseia sua lógica e proceder na suspensão temporal na qual instala um tempo sem antecedente e sem posteridade. Uma duração infinita na imobilidade.
Ao fotografar lápides e túmulos com câmeras instantâneas tipo polaroid, surge o fascínio não somente pela imagem a nascer, mas sobretudo pelo momento onde o inexistente no papel fotográfico torna-se imagem viva. O nascimento e morte confundem-se com a memória e a ausência dos donos daquelas lápides. Regressar é partir, com a certeza de uma possível permanência.
Na exposição, o artista AoLeo através de seu trabalho aborda o tema da permanência e da memória utilizando como dispositivo poético as linguagens fotográfica e audiovisual. Regresso tem inauguração no dia 17 de junho, às 19h, e visita orientada pelo curador em 16 de julho, às 16h. A exposição fica em cartaz até 31 de julho e tem entrada franca.
junho 14, 2016
Mauro Piva na Leme, São Paulo
A Galeria Leme apresenta a segunda exposição individual de Mauro Piva, onde o artista exibe um conjunto inédito de meticulosas pinturas sobre papel.
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Esta nova série de trabalhos dá continuidade à sua longa reflexão sobre a importância dos elementos banais que fazem parte do processo de construção da obra. Em séries anteriores o artista apresenta, como obra final, composições que simulam a presença de restos de fitas-crepe ou papéis rasgados sobre a tela, como se a obra ainda estivesse em processo e fosse exibida inacabada. Porém todos estes elementos são pintados de forma realista, criando uma ilusão para o espectador.
Para esta exposição, Piva reitera a importância do processo que é invisível ao público. Inspirado pelos pouco conhecidos testes de cores de Henri Matisse, expostos em sua exposição de “cut-outs” no MoMA, o artista elege os inúmeros pedaços de papel que os pintores usam para testar as cores, recriando-os com aquarela, tinta acrílica, guache, e outros, e também lhes conferindo uma tridimensionalidade a partir de incisões na própria folha de papel que conferem um inusitado volume à composição.
Para além de copiar os seus próprios testes, acumulados no seu atelier ao longo dos anos, o artista também se apropria de testes de cores de nomes consagrados da história da arte, reproduzindo-os na perfeição e mostrando a busca pelas cores desejadas de artistas como Caspar David Friedrich, Elizabeth Peyton, Ellsworth Kelly, Josef Albers, William Turner, tal como da sua primeira inspiração, Henri Matisse.
Com este corpo de trabalho, Mauro Piva constrói uma exposição que é um autorretrato muito pessoal do seu quotidiano e pesquisa artística, simultaneamente instigando uma observação e raciocínio atentos do espectador. Através do seu trabalho propõe também um questionamento acerca dos conceitos de originalidade, autoria e valor, tal como da valorização romântica do gesto e gênio criador.
A exposição será acompanhada por um texto de Julia Lima, curadora assistente do Instituto Tomie Ohtake, que desenvolverá uma reflexão sobre o trabalho de Piva.
Mauro Piva, Rio de Janeiro, Brasil, 1977. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Exposições individuais: XIX Festival da Cultura Inglesa, Centro Cultural Britânico, São Paulo, Brasil; O grande tufo de ervas. Mauro Piva e Pedro Varela, Galeria do Lago do Museu da República, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Galería Enrique Guerrero, Cidade do México, México (2014); Galeria Leme, São Paulo, Brasil; Galería El Museo, Bogotá, Colômbia (2013), entre outras.
Exposições coletivas: Lenguajes en papel, M Galería, Bogota, Colombia; O Estado da Arte, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil; Abstração, Galeria Fernando Pradilla, Madri, Espanha; Vértice – Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brasil (2016); Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2015); Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça – Edição Especial, Museu Nacional do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Duplo Olhar, Coleção Sérgio Carvalho, Paço das Artes, São Paulo, Brasil (2014), entre outras.
O seu trabalho integra coleções tais como: MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, São Paulo, Brasil; Art Center Hugo Voeten, Herentals, Bélgica; JP Morgan Chase Art Collection, EUA; Maxine and Stuart Frankel Foundation for Art, Michigan, EUA, entre outras.
Galeria Leme presents Mauro Piva’s second solo exhibition in the gallery, where the artist shows a unique set of meticulous paintings on paper.
This new series of works gives continuity to his long reflection on the importance of the mundane elements that are part of the process of making the artwork. In previous series the artist presents, as the final work, compositions that simulate the presence on the canvas of masking tape debris or torn papers, as if the work was still in progress and is exhibited when still unfinished. But all these elements are painted realistically, creating an illusion for the viewer.
For this exhibition, Piva reaffirms the importance of the process that is invisible to the public. Inspired by Henri Matisse’s little-known color tests, exhibited in his “cut-outs” exhibition at MoMA, Mauro Piva elects the numerous pieces of paper that painters use to test the colors, recreating them with watercolors, acrylic paint, gouache, and others. Also giving them three-dimensions through incisions on the sheets of paper that give an unusual volume to the compositions.
Besides from copying his own color-tests, accumulated in his studio over the years, the artist also appropriates other tests from well-known artists, reproducing them perfectly and showing the search for the desired colors by artists such as Caspar David Friedrich, Elizabeth Peyton, Ellsworth Kelly, Josef Albers, William Turner and of his original inspiration, Henri Matisse.
With this body of work, Mauro Piva builds an exhibition that is a personal self-portrait of his daily life and artistic research, while instigating a focused observation and thinking of the viewer. Through his work he also proposes a questioning on the concepts of originality, authorship and value as well as of the romantic appreciation of the creative virtuosity.
The exhibition will be accompanied by Julia Lima’s text, Tomie Ohtake Institute’s assistant curator, which will develop a reflection on Piva’s work.
Mauro Piva, Rio de Janeiro, Brazil, 1977. Lives and works in São Paulo, Brazil.
Solo exhibitions: XIX Festival of English Culture, British Cultural Centre, São Paulo, Brazil; O grande tufo de ervas. Mauro Piva e Pedro Varela, Galeria do Lago do Museu da República, Rio de Janeiro, Brazil (2015); Galería Enrique Guerrero, Mexico City, Mexico (2014); Galeria Leme, São Paulo, Brazil; Galería El Museo, Bogota, Colombia (2013), among others.
Group Exhibitions: Lenguajes en papel, M Gallery, Bogota, Colombia; State of the Art, Figueiredo Ferraz Institute, Ribeirão Preto, Brazil; Abstraction, Fernando Pradilla Gallery, Madrid, Spain; Vértice – Construções, Centro Cultural dos Correios, São Paulo, Brazil (2016); Rio Setecentista, quando o Rio virou capital, MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brazil (2015); Award CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaca - Special Edition, National Museum of Rio, Rio de Janeiro, Brazil; Duplo Olhar, Sergio Carvalho Collection, Paço das Artes, São Paulo, Brazil (2014), among others.
His work integrates collections such as: MAR - Rio Art Museum, Rio de Janeiro, Brazil; São Paulo Museum of Modern Art - MAM, São Paulo, Brazil; Art Center Hugo Voeten, Herentals, Belgium; JP Morgan Chase Art Collection, USA; Maxine and Stuart Frankel Foundation for Art, Michigan, USA, among others.
Antonio Bokel na Matias Brotas, Vitória
Matias Brotas arte contemporânea comemora 10 anos com a exposição "Nada além das palavras" do artista Antonio Bokel
Sob curadoria de Daniela Name, a individual do artista, que será inaugurada no dia 16 de junho, traz pela primeira vez em 10 anos uma intervenção na monumental fachada da galeria.
A Matias Brotas arte contemporânea, pela primeira vez desde sua abertura, convida um artista a intervir na exuberante fachada do prédio da galeria. Juntamente com um grupo de artistas locais, Bokel irá produzir a obra que dará o nome da exposição: Nada além das palavras, um enorme stencil, técnica artística que faz aplicações de letras, palavras e símbolos na parede.
A mostra, que abre o calendário de exposições no dia 16 de junho, reúne um conjunto de trabalhos recentes do artista, a maioria criados especialmente para a exposição. Além de pinturas, algumas de tamanho monumental, Bokel apresenta também uma escultura em bronze e uma fotografia. Segundo o próprio artista, a mostra é muito gráfica. “Uso muitas impressões em tela. Figuras geométricas se misturam com ruídos e palavras. Texturas e blocos brancos, que tapam a pintura em camadas de tinta, são elementos frequentes. Também falo sobre a constante briga da natureza para sobreviver no asfalto, do embate do urbano e do natural”, explica Bokel.
Na visão da curadora e crítica de arte da mostra, Daniela Name, ‘Nada além das palavras’ enfatiza a relação da obra do artista com dois universos: o da palavra e o da gravura. Segundo Daniela, a trajetória do Bokel é marcada pela relação com o grafite e uma espécie de escrita urbana. “Nós podemos pensar que, quando ainda vivia em cavernas, o homem já desenhava para se expressar, para se comunicar, para ter uma linguagem antes mesmo de ter um alfabeto”, diz a curadora.
A curadora ainda explica que ao usar os muros da cidade como uma grande tela, o grafite se relaciona com esse passado ancestral, sem deixar de se conectar com o presente. Mesmo os traços e os signos, que aparentemente não têm sentido, formam mensagens e discursos simbólicos, e o conjunto de pinturas que essa exposição apresenta tem muita relação com esse processo. “Outro ponto importante que a exposição destaca é a relação com a gravura. Nos trabalhos recentes, Bokel usa uma espécie de máscara para cobrir parte da tela. Isso faz com que ele crie um processo vizinho de qualquer gravura, e também do stencil, usado nos muros das cidades”, complementa Daniela.
E com o objetivo de criar um diálogo com a cidade de Vitória, para estabelecer uma conversa a cidade e a malha urbana que abrigará a sua nova exposição, após sua chegada, Bokel ainda fará um intervenção pela capital capixaba. O nome da individual “Nada além das palavras” será usado em um grupo de cartazes do tipo lambe-lambe, que o artista vai espalhar pelas ruas.
Ainda sobre ele, Bokel possui obras nas maiores coleções brasileiras como a de Gilberto Chateubriand e no acervo do MAM, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Recentemente o artista esteve em Portugal para participar de um projeto da Unesco, no qual ele foi escolhido entre 10 artistas do mundo todo para fazer esculturas que interajam com os jardins do Castelo da Pena, em Sintra. E outra novidade na carreira do artista para 2016, é que Bokel também trabalha no lançamento do seu livro, que reunirá seus trabalhos desde 2007.
junho 13, 2016
Proxy Reverso, de Guilherme Peters e Roberto Winter na Vermelho, São Paulo
A Galeria Vermelho e a sala antonio apresentam o longa-metragem Proxy Reverso, de Guilherme Peters e Roberto Winter, ganhador de três prêmios no festival Semana dos Realizadores de 2015.
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Proxy Reverso é um longa-metragem de ficção realizado com imagens capturadas de telas de computador pelos diretores Guilherme Peters e Roberto Winter. O filme conta a história de Davi Reis, um jovem paulistano técnico em informática que, após perder seu emprego, é levado a envolver-se no plano de seu amigo Luis Pires, um jornalista independente narcisista e obcecado pela fama. Luis quer usar as habilidades de hacker de Davi para acessar dados confidenciais que comprovem que o instituto Vox Populi fraudou o resultado de pesquisas de intenção de voto que precederam as eleições presidenciais de 2014 no Brasil.
As imagens do filme foram captadas ao longo de 2014, nas datas e horários em que se passam as cenas, e podem ser acompanhadas pelo relógio da área de trabalho do computador que aparece em cena. Assim, apesar de se tratar de uma história ficcional, os personagens interagem com estímulos do mundo real que entram a partir do uso da internet, por vezes simulado e por vezes efetivo. A separação entre verdade e ficção, ou entre o real e o virtual, se torna difusa e o filme também se apresenta como uma espécie de documentário satírico.
Essa estética arrojada rendeu ao longa três prêmios na VII edição do festival Semana dos Realizadores, sediado anualmente no Rio de Janeiro: Prêmio Especial do Júri, pelo Júri Oficial do festival; Prêmio EDT de Montagem de Invenção de Melhor Longa-Metragem, concedido pela Associação de Profissionais de Edição Audiovisual do Rio de Janeiro; Prêmio ABD – Audiovisual Independente de Melhor Longa-Metragem, concedido pela Associação Brasileira de Documentaristas do Rio de Janeiro.
Proxy Reverso é um comentário sobre a facilidade de se criar verdades através de ferramentas amplamente acessíveis, e sobre como as instancias de comunicação e poder podem fazer uso interessado dessas verdades.
FILME: Proxy Reverso – Guilherme Peters e Roberto Winter
DURAÇÃO: 87 min
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos
CAPACIDADE: 34 Lugares
SESSÕES: Segunda a sexta: 11h30; 13h; 14h30; 16h; 17h30; sábados: 12h30; 14h; 15h30 (às quintas-feiras a sala Antonio exibe O caso Dora (70 min), de Dora Longo Bahia, às 16h, e Xapiri (55 min), de Gisela Motta e Leandro Lima, às 18h)
Galeria Vermelho and sala antonio present the feature-length film Proxy Reverso, by Guilherme Peters and Roberto Winter, winner of three awards at the 2015 Semana dos Realizadores festival
Proxy Reverso [Reverse Proxy] is a feature-length film made with computer screenshots captured by directors Guilherme Peters and Roberto Winter. The film tells the fictional story of Davi Reis, a young computer technician from the city of São Paulo, who after losing his job is coaxed into taking part in the risky plan of his friend Luis Pires, a narcissistic freelance journalist obsessed with fame. Luis wants to use Davi’s hacker skills to access confidential data proving that the polling Institute Vox Populi reported fraudulent results on a survey about voting intentions in the lead-up to Brazil’s 2014 presidential election.
The screenshots were captured throughout 2014, at the time and date of the scene shown, as evidenced by the clock on the task bar of the computer they were captured on. Thus, despite that it’s a fictional story, the characters interact with stimuli from the world at large that enter via Internet, depicting events that are sometimes simulated, sometimes drawn from real life. The separation between truth and fiction or between the real and the virtual becomes blurred and the film is also presented as a mockumentary.
This bold aesthetic approach won the film three awards at the VII edition of the Semana dos Realizadores Festival, held annually in Rio de Janeiro: the Special Jury Prize, from the festival’s official jury; the EDT Inventive Editing Prize in the feature film category from the Associação de Profissionais de Edição Audiovisual do Rio de Janeiro; and the ABD Independent Audiovisual Prize for Best Feature Film, from the Associação Brasileira de Documentaristas do Rio de Janeiro.
Proxy Reverso is a commentary on the ease of creating truths through widely accessible tools and about how entities in the fields of communication and power can use those truths for furthering their own interests.
FILM: Proxy Reverso – Guilherme Peters and Roberto Winter
DURATION: 87 min
RATING: 18 years old
SEATING CAPACITY: 34
SESSIONS: Monday through Friday: 11:30 am; 1 pm; 2:30 pm; 4 pm; 5:30 pm; Saturdays: 12:30 pm; 2 pm; 3:30 pm (on Thursdays, sala antonio is showing O caso Dora (70 min), by Dora Longo Bahia, at 4 pm, and Xapiri (55 min), by Gisela Motta and Leandro Lima, at 6 pm)
Saturdays: 12:30 pm; 2 pm; 3:30 pm
MAC de Niterói reabre com três exposições
MAC Niterói reabre, após reforma inédita, mirando seus 20 anos
Reabertura do museu marca o lançamento do programa ‘MAC + 20’, com exposições que ressaltam a importância da Coleção MAC Sattamini e celebra novas perspectivas curatoriais com colaborações nacionais e internacionais
Símbolo da cidade e considerado uma das maravilhas arquitetônicas do mundo, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC Niterói) – será reaberto ao público no dia 16 de junho, quinta-feira, às 18h, depois de passar por um inédito conjunto de obras.
Três exposições reabrem o MAC, formando um único programa curatorial de integração e colaboração em diálogo, que parte da arquitetura circular e a Coleção MAC - Sattamini, com a mostra Ephemera: Diálogos Entre-Vistas, com curadoria de Luiz Guilherme Vergara; passa pelas obras reunidas pela curadora norueguesa convidada, Selene Wendt, para a exposição A Arte de Contar Histórias, e compõe ainda com a instalação Da Escuta da Matéria aos Escombros do Ser, do artista sonoro Marcelo Armani, que reúne, na Praça do MAC (área externa), um conjunto de experiências multissensoriais da produção artística interagindo com o acervo do museu.
Na ocasião, haverá show do consagrado músico Léo Gandelman.
Assim, o MAC se reinventa como um laboratório de interfaces artísticas que se complementa com um dia inteiro de ocupações em todos os seus espaços - dentro e fora do museu. Vale ressaltar, ainda, a instalação do artista Rodrigo Petrela, no Museu Janete Costa de Arte Popular, como parte da exposição a ‘A Arte de Contar Histórias’, com a colaboração curatorial do professor Wallace de Deus, que inaugura também o circuito integrado da Boa Viagem.
“Ephemera: Diálogos Entre-Vistas”e a “A Arte de Contar Histórias”
As duas exposições, concebidas como novas perspectivas de colaborações curatoriais nacionais e internacionais, oferecem ao visitante uma experiência de passeio arquitetônico circular integrando paisagem, obras e instalações atravessadas pela maravilhosa paisagem.
A abordagem curatorial reforça o compromisso do museu em dar atualidade às obras que constituem os tesouros das Coleções MAC e João Sattamini, sob o titulo “Ephemera: Diálogos Entre-Vistas”. São 60 anos de história da arte contemporânea brasileira (pós anos 50) que estão presentes como temas e dilemas sociais, políticos, éticos e estéticos do Brasil e mundo de hoje. No museu redondo, as obras das duas exposições se entrelaçam como um laboratório do tempo e memória do passado, presente e futuro. “A Arte de Contar Histórias”, organizada por Selene Wendt, reúne instalações artísticas inspiradas no legado literário latino-americano e universal. O museu, assim, afirma sua plena vocação de convergência de valores e modos de expressão artística local, nacional, transnacional e universal. Tudo é “efêmero”, tudo é entre-visto pela participação da sociedade, que circula e se mira diante do espelho invertido de si mesmo, dos vários outros de nós e não nós em cada um. Invoca-se, nesta perspectiva, uma visão de museu como laboratório de diferentes expressões artísticas e produções de novos modos de percepção e pertencimento ao mundo contemporâneo.
Em “Ephemera: Diálogos Entre-Vistas”, as obras são representantes expressivos e multissensoriais de diferentes gerações da história da arte contemporânea brasileira presentes nas Coleções MAC e João Sattamini. Entre-vistam-se arte e sociedade no tempo presente como vozes e testemunhas de ressonâncias e ecos dos acontecimentos que representam uma época que não acabou. São 60 anos contidos de Ephemera simultaneamente encapsulados como intuições palpáveis nas obras (esculturas, objetos e pinturas) de Anna Bella Geiger, Ângela Freiberg, Antonio Dias, Antonio Henrique Amaral, Antonio Manuel, Artur Barrio, Cildo Meireles, Cristina Salgado, Eliane Duarte, Flávio-Shiró, Franz Weissman, Iole de Freitas, Ione Saldanha, Jorge Guinle Filho, Katie Van Scherpenberg, Leda Catunda, Luiz Zerbini, Lygia Clark, Nelson Leirner, Roberto Magalhães, Rubens Gerchman, Raymundo Colares, Tunga Victor Arruda, entre outros artistas. Três participações especiais se incluem neste conjunto de obras: Ricardo Basbaum e Daniela Mattos, além do artista visual Daniel Leão com o vídeo com entrevistas do projeto “Amor Pela Arte”- gravadas com artistas da exposição "Fique à Vontade", de 2014.
As mudanças inacabadas, sofrimentos e conquistas da mulher no mundo contemporâneo estão presentes pela ‘A Mona Lu’, de Rubens Gerchman; a misteriosa ‘mulher sem rosto’, de Lygia Clark; o ‘Vestido de Noiva’, de Eliane Duarte; ou o ‘enxoval’, de Katie Van Scherpenberg. Mas, acima de tudo, sendo elas representadas e representantes de sua própria voz e visão de mundo. ‘O Pensador’, de Cildo Meireles, uma pedra sentada que tanto olha para o visitante e faz um contraponto enigmático com as imagens delirantes do Brasil pelas lentes giratórias do Sérgio Bernardes e música de Guilherme Vaz. ‘A velocidade dos ônibus cruzados’, de Raimundo Colares, é também um momento de atravessamentos de tempos simultâneos entre-vistos com a obra de Iole de Freitas. A frieza das dobras metálicas encontra nos ‘Amassadinhos’, de Franz Weissman, um gesto de desencanto entre o projeto construtivo brasileiro e a ditadura militar. Destas dobraduras do tempo, da vida, arte e política, é sempre uma presença e parte da re-existência da arte, a ‘Reconstituição’, de João Câmara, que apresenta uma figura humana com olhar fixo para todos nós passageiros do agora, rodeada de corpos esquartejados. O quanto de atualidade está presente nesta aflição humana também vizinha de época da angustia existencial da pintura ‘Pollockiana’, de Victor Arruda, onde dois indivíduos se confrontam em diferentes lados do mesmo precipício da (in)comunicação e solidão. Da mesma forma, a ‘Ideologia’, de Anna Bella Geiger, lembra de nossa educação incompleta.
De acordo com Luiz Guilherme Vergara, diretor do MAC Niterói e curador da mostra, uma coleção de obras de arte não é um simples coisário, mas sim um relicário de cruzamentos de vidas e ressonâncias de múltiplas vozes e narrativas. “Assim, o sentido público de expor e do museu do contemporâneo não se limita a perpetuar histórias e narrativas fixas do passado, mas a promover a sua atualidade e atualização permanente pela produção e inauguração de modos de entre-vê-las em diálogos com a sociedade. Por isso também trazemos os conceitos da física de “Ephemeras e Momentum” para inaugurar esta abordagem curatorial orgânica e relacional entre a coleção e a inspiradora arquitetura circular do museu como lugar de múltiplas ‘contemporalidades’ da arte, da existência e do universal. A exposição é, antes de mais nada, um acontecimento de encontros com o tempo presente. Acrescenta-se, então, o cuidado da escolha das obras, que terão o papel de guardiães do tempo em diálogos entre-vistas com as exposições temporárias, a co-movente arquitetura redonda de Oscar Niemeyer e principalmente, os visitantes passageiros da nossa época - Ephemera”, explica Vergara.
A mostra “A Arte de Contar Histórias”, exposição acolhida pelo MAC, segue a perspectiva de diálogos vivos entre exposições, arquitetura e sociedade, reunindo artistas brasileiros e estrangeiros inspirados pelas grandes obras literárias latino-americanas e universais. A mostra - que acontece, ao mesmo tempo, no MAC e no Museu Janete Costa - conta com instalações, objetos, vídeos e poesia visual. Cada artista intervém, se apropria e reinterpreta este legado literário, propondo novas formas de reinventá-las como leituras e espelhamentos multissensoriais de cada um no mundo hoje.
Por meio das intervenções artísticas de Dulcinéia Catadora, Fábio Morais, Ernesto Neto, Rosana Ricalde, Elida Tessler, os imaginários literários de Jorge Luis Borges, Mario Vargas Llosa, Virginia Woolf, Carol Lewis e Guimarães Rosa serão reinventados como textos recortados, deslocados e reencarnados na paisagem e arquitetura do MAC e de outros centros culturais da Boa Viagem. Há também a participação de outros artistas como Andre Parente, Cristina Lucas e Magne Furuholmen.
Destaca-se, ainda, na reinauguração do museu, a grande vídeo-instalação “Três Telas, Nós e não Nós”, de Sérgio Bernardes e Guilherme Vaz, no Salão Principal, explorando as múltiplas faces da realidade aberta da cultura brasileira. Neste mesmo ambiente central do MAC, a escultura “Cicleprototemple”, de Ernesto Neto, dará forma a um habitat – coração vermelho com tambores acolhendo os visitantes como participantes das pulsações de um museu vivo.
Já na Praça do MAC, os visitantes encontram a mostra “Da Escuta da Matéria aos Escombros do Ser”, do artista Marcelo Armani. Trata-se de uma instalação sonora site specific, composta por cadeiras escolares com alto falantes, que parte inicialmente do conceito de silêncio proposto nas pesquisas e nas obras do compositor norte americano John Cage. O público interage com a obra, que tem o objetivo de alterar a paisagem e o cotidiano da área externa do MAC, promovendo um diálogo entre os visitantes. Esta instalação foi selecionada especialmente para o MAC através do Edital de Ocupação de Equipamentos Culturais realizado pela Fundação de Arte de Niterói.
Segundo Vergara, no MAC o público é convidado a ser parte do museu de arte contemporânea, circular como um carrossel de múltiplas temporalidades. “O novo no MAC é sempre trazido e atualizado pela renovação de vínculos do museu com a cidade, como lugar de criação pública da experiência compartilhada de pertencimentos e afetos mútuos entre arte e sociedade, exposições e coleção. A renovação da obra arquitetônica de Niemeyer para o MAC deve ser também continuamente reafirmada pelos compromissos estéticos éticos da forma circular que projeta na paisagem uma utopia democrática voltada para a diversidade social e cultural, um lugar de interações ambientais com o exercício e direito à experiência da liberdade artística acessível para todos. Assim, forma e função arquitetônica são restauradas e reinauguradas em seu horizonte ético e estético ampliado - abraçando diferentes linguagens e mídias, engajado nas várias expressões e questões da vida atual: educação, meio ambiente, direitos humanos e justiça social”, completa o diretor do MAC.
Agora, os visitantes vão encontrar um museu mais sustentável e com inovações, que incluem um sistema de ar condicionado eficiente; impermeabilização da cobertura do prédio; limpeza e pintura da fachada e da rampa; troca de carpete dos salões expositivos (indicado pelo IPHAN); reforma dos banheiros; uma nova recepção e loja; nova iluminação em LED para o espelho d’água, prédio e entorno da Praça, com projeto de Peter Gasper; nova sinalização interna, substituição das grades da entrada por vidro, deixando ainda mais bela a fachada do MAC, que poderá ser admirada por pedestres e transeuntes das vias do Mirante da Boa Viagem.
A reabertura do MAC marca também o lançamento do programa ‘MAC + 20’, com exposições que ressaltam a importância e potência histórica da Coleção MAC Sattamini e, simultaneamente, celebram novas perspectivas curatoriais, através de colaborações nacionais e internacionais, tais como com a curadora norueguesa Selene Wendt, e a instalação do artista sonoro Marcelo Armani, selecionado em Edital da FAN, apontando a vocação do museu para acolher em seus diferentes espaços as ocupações experimentais artísticas.
junho 11, 2016
Provisório Permanente na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler | São Paulo apresenta a partir de 14 de junho a exposição Lux, primeira individual no Brasil do coletivo de artistas argentinos e brasileiro Provisório Permanente. A exposição, que acontecerá de 15 de junho a 8 de agosto, é uma retrospectiva de trabalhos importantes do grupo, incluindo instalações interativas, registros de performances e fotografias produzidas com tecnologias analógicas.
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Os trabalhos apresentados fixam ativamente uma imagem por meio do envolvimento dos visitantes, seus espectadores. Relacionados ao tema do corpo e da captura de sua imagem, as obras funcionam como arenas de potenciais que incentivam os participantes a tomar parte na experiência e contribuir para seu significado final.
Um dos destaques é Hermética (2010), uma instalação participativa que apresenta aos visitantes diversas etapas do processo de fabricação de uma chave e os incorpora ao produto final. O espectador se vê numa sala onde um espelho reflete sua imagem. Uma antiga câmera de placa projeta o perfil do visitante numa tela preta; em seguida, esse perfil é revelado numa câmara escura, reduzido e impresso numa chave. Na última etapa do processo, a Hermética é usada para fazer uma cópia da chave, que é entregue ao visitante que a solicitou.
Circular (2016), outra obra de destaque, consiste em uma luneta sobre um pedestal de ferro, apontada fixamente para um espelho. Na parede oposta há outros espelhos dispostos em ângulo. Ao olhar pela luneta, o espectador vê imagens fragmentadas de si mesmo. Em Los Fuegos (2016), um dispositivo semelhante a uma câmera, com um flash eletrônico, um tubo de raios catódicos e uma tela curva imprime, sobre uma tela de fósforo, a imagem evanescente de parte do rosto de uma mulher.
O corpo espectral do visitante anônimo é objeto constante de interesse na prática do Provisório Permanente. Num processo ligado à crença supersticiosa sobre a captura da alma, os visitantes inadvertidamente deixam um rastro material ao participarem das ações do grupo. O coletivo cria cenários numa tentativa de distender a duração do momento presente e conceder ao público um papel de protagonismo, possibilitando que documentos criados pela interação entre público e obra de arte sejam arquivados em seus trabalhos.
Provisório-Permanente é sediado em Buenos Aires e São Paulo e foi fundado por Victoriano Alonso (n. 1976, Buenos Aires), Eduardo Basualdo (n. 1977, Buenos Aires), Hernán Soriano (n. 1978, Buenos Aires), Pedro Wainer (n. 1975, Cidade do México, vive em Buenos Aires) e Artur Lescher (n. 1962, São Paulo). No ano passado, o Provisório-Permanente apresentou seu trabalho nas exposições individuais Mirar la obscuridade, na Galeria de Arte Ruth Benzacar, e des-lúcidos, na Casa Nacional del Bicentenario, ambas em Buenos Aires. Algumas das principais exposições coletivas do grupo foram: 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); Lágrimas de Niña Cocodrilo (Fondo Nacional de las Artes, Buenos Aires, 2009); Toponave (Centro Cultural de España en Buenos Aires, 2008); Visitas a la Casa del Coleccionista, Buenos Aires (2005- 2007); entre outras.
Galeria Nara Roesler | São Paulo is pleased to present Lux, the first individual exhibition of the Argentinian-Brazilian art collective Provisório Permanente in Brazil. On view from June 15 to August 8, the selection includes a survey of major works produced by the group, encompassing interactive installations, documentations of performances, and photographs created with analogical technology.
The works presented actively fixate an image through the engagement of the visitors, spectators of the work. Centered on the theme of the body and the capture of its images, pieces on show act as arenas of potentials, where participants are encouraged to partake in the experience and contribute to its overall meaning.
A focal piece is Hermética (Hermetic, 2010), a participatory installation that takes the visitor through various stages of key production and incorporates them into the final product. The spectators first find themselves in a room with a mirror that reflects their own image. Employing an old board camera, the visitor’s profile is then projected onto a black screen, which is then developed in a dark room, resized, and imprinted on the aforementioned keys. In the final stage, Hermética is used to create a copy of the key to be handed to the visitors who request it.
Another key work is Circular (Circulate, 2016) consists of a refracting telescope that sits on an iron stand and points in a fixed direction at a mirror. On the opposite wall, additional mirrors are set at an angle. Looking through the telescope, viewers see fragmented images of themselves. Los Fuegos (The Fires, 2016), a camera-like apparatus, with an electronic flash and a round-screen cathode tube imprints on phosphor screen, the fading fragment of a woman’s face.
The spectral body of the anonymous visitor is a constant interest in the practice of Provisório Permanente. Rooted in the superstitious belief that a photograph can steal your soul, the visitors unwillingly leave a material trace when participating in the group’s actions. Creating staged scenarios, they seek to unravel the duration of the present moment and concede to the audience a principal role, allowing documentations created from the interaction between public and work to be archived in the latter.
Provisório-Permanente is based in Buenos Aires and São Paulo, and was founded by Victoriano Alonso (b. 1976, Buenos Aires), Eduardo Basualdo (b. 1977, Buenos Aires), Hernán Soriano (b. 1978, Buenos Aires), Pedro Wainer (b. 1975, Mexico City, based in Buenos Aires), and Artur Lescher (b. 1962, São Paulo). Individual exhibitions held last year include Mirar la obscuridad at Galeria de Arte Ruth Benzacar and des-lúcidos at Casa Nacional del Bicentenario, both in Buenos Aires. Noted group exhibitions include 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); Lágrimas de Niña Cocodrilo (Fondo Nacional de las Artes, Buenos Aires, 2009); Toponave (Centro Cultural de España en Buenos Aires, 2008); Visitas a la Casa del Coleccionista, Buenos Aires (2005- 2007); among others.
Marcelo Silveira na Nara Roesler, São Paulo
A Galeria Nara Roesler abre no dia 14 de junho a exposição Ponto de Convergência, uma mostra de esculturas articuladas de madeira de grandes dimensões e assemblages de objetos encontrados pelo artista Marcelo Silveira. A exposição ficará em cartaz de 15 de junho a 27 de agosto.
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Em sua sexta exposição na galeria, o artista se aprofunda na linguagem dos objetos descartados e na maleabilidade de sua obra, sugerindo significados híbridos, através de formas de apresentação variadas e brincadeiras com a escala.
Marcelo Silveira é mais conhecido por suas intrincadas assemblages de objetos do cotidiano que encontra por toda Recife e acumula durante anos. Um artista regional, cuja prática está intimamente ligada a Pernambuco, Marcelo cria obras que deixam entrever uma atenção com o material, suas diversas formas de apresentação e uma tatilidade de superfície que dão voz à experiência vivida e às manifestações culturais do fértil terreno do Nordeste Brasileiro. Empregando mídias e processos variados em uma única obra, em construções que se expandem e retraem fisicamente, promove um reposicionamento do conceito-coisa que se traduz a partir de diversas unidades de objetos encontrados, instalações com texturas de alta densidade e objetos de arte portáteis.
Uma das principais obras da exposição é a instalação Catecismo (2012/2016), mostrada em sua individual no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), no Recife. Composta por detalhes ampliados de ilustrações encontradas em pequenos livros de catecismo, guardados com carinho durante cinco décadas pela mãe do artista, a obra se expande para a parede e suas dimensões totais dependem das diversas combinações que a obra pode permitir. Após sua desmontagem, Catecismo permanece na forma de um pen drive, um arquivo de imagens eletrônicas para futuras composições e formas de apresentação. A grande tela (2012), outro trabalho importante, é formado por pacotes de fio de linho cru, enrolados dentro de cúpulas de vidro de tamanhos variados. A materialidade do objeto disposto sobre uma mesa de madeira cria um senso de opacidade e de excesso contido. Também estão expostos Molengas (2016), uma nova série de placas de madeira de cajacatinga que se abrem e se dobram conforme são manuseadas pelo público; Com fé (2013/2016), suportes bidimensionais de madeira contendo centenas de sacas de café gourmet descartadas, que o artista guardou durante anos; e Trilogia (2008), um trio de esculturas em madeira de formas geométricas entalhadas, que se assemelham a luzes decorativas de festividades regionais.
Sob vários aspectos, “Pontos de Convergência” cristaliza o processo criativo de Silveira. O que se inicia como atenção casual a um objeto aparentemente sem valor se transforma em colecionamento dedicado e acumulação de arquivo. Após anos de acumulação, ocorre a compressão, dando forma a assemblages de grandes dimensões, que são depois armazenadas e tornadas sucintas para facilitar seu transporte. A tensão entre profusão e economia é circadiana para o artista. Com um armazém de coisas acumuladas em constante expansão, a realidade física dos objetos é uma constante no modo de produção do artista e nas cores de sua prática.
Marcelo Silveira, nascido em 1962 em Gravatá, no estado de Pernambuco, vive e trabalha em Recife. O artista teve seus trabalhos expostos na 1ª Bienal Internacional de Buenos Aires (2000); na 5a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005); na 4ª Bienal de Valência (2007); na 29a Bienal de São Paulo (2010); e na 10a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015). Algumas de suas individuais recentes foram Um dedo de prosa (MAMAM, Recife, Brasil, 2016); e O Guardião das coisas inúteis (MAMAM, Recife, Brasil, 2014). Marcelo participou de exposições coletivas em instituições como a Frankfurter Buchmesse, em Frankfurt; Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; Palácio das Artes, em Belo Horizonte; MAC-USP, em São Paulo; Centro Cultural Maria Antônia e Centro Cultural Banco do Brasil, ambos em São Paulo.
Galeria Nara Roesler is pleased to announce Pontos de Convergência (Points of Convergence), an exhibition of foldable large wooden sculptures and found object assemblages by Marcelo Silveira. The exhibition will be on view from June 15 to August 6.
Marcelo Silveira is best known for his intricate massed assemblages of quotidian ephemera he finds throughout Recife and accumulates for years on end. A regional artist, whose practice is intrinsically tied to Pernambuco, his works convey an attention to material, its multiple displays, and a tactility of surface to give voice to the lived experience and cultural manifestations of the rich terrain of the Brazilian Northeast. Associating multiple mediums and processes in a single work, they are constructions that physically expand and retract, bringing about a repositioning of thing-concept as it translates from multiple units of found objects, high-density textured installation, and portably friendly art object.
In his sixth presentation at the gallery, the artist delves deeper into the language of discarded objects and the range of the artwork to suggest hybrid meanings through different forms of display and play of scale.
A central piece is the installation Catecismo (Catechism, 2013), previously shown in his individual exhibition at the Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM) in Recife. Consisting of blown up details of illustrations found in small Catechism books, kept and cherished for five decades by the artist’s mother, the work expands onto the wall, its overall dimensions dependent on the multiple arrangements that the work is free to possess. Once disassembled, Catecismo remains as a pen drive, an archive of electronic images for future compositions and forms of display. A grande tela (The Large Canvas, 2013-2014), another focal piece, are units of bundles of raw linen threads, spooled into glass domes of varying sizes. Arranged onto a wooden table, the object’s materiality creates a sense of opacity and contained excess. Selected pieces also include Molengas (Softies, 2016), a new series consisting of Cajacatinga wooden plaques that open up and fold, depending on the handling by the viewer; Com fé (2015), two dimensional wooden supports containing hundreds of discarded gold coffee bags the artist reluctantly kept throughout the years; and Trilogia, a trio of wooden sculptures carved into simple geometric forms, resembling regional festive light ornaments.
“Pontos de Convergência” in many ways, crystallizes Silveira’s overarching process. What initiates as a casual attention to an overlooked object turns into devoted collection and archival amass. After years of accumulation, compression occurs and large assemblages take form only to be later packed and made succinct for the sake of portability. The tension between clutter and economy is circadian to the artist. With an ever-expanding warehouse of accumulated things, the physical reality of objects is a continuous hold on the artist’s mode of production and colors his practice.
Marcelo Silveira, born in 1962 in Gravatá, state of Pernambuco, lives and works in Recife. He featured in the 1st Bienal Internacional de Buenos Aires (2000); the 5th Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005); 4th Bienal de Valencia (2007); 29th Bienal de São Paulo (2010); and the 10th Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2015). Recent individual exhibitions include Um dedo de prosa (MAMAM, Recife, Brazil, 2016); and O Guardião das coisas inúteis (MAMAM, Recife, Brazil, 2014). He has participated of group exhibitions in institutions including Frankfurter Buchmesse in Frankfurt; Instituto Tomie Ohtake in São Paulo; Palácio das Artes in Belo Horizonte; MAC-USP in São Paulo; Centro Cultural Maria Antônia and Centro Cultural Banco do Brasil, both in São Paulo.
Leandro Erlich + Regina Silveira na Luciana Brito, São Paulo
A Luciana Brito Galeria apresenta a partir do dia 11 de junho, sábado, às 12h, a exposição Tramados, individual da artista Regina Silveira. A mostra permanece em cartaz até 13 de agosto e inaugura a programação de individuais do novo espaço expositivo - uma casa modernista projetada por Rino Levi e com paisagismo de Burle Marx, construída nos anos 1950 na Avenida Nove de Julho. Em paralelo, a galeria apresenta, também, Blind Window, uma instalação inédita do artista portenho Leandro Erlich.
Regina Silveira dá continuidade à sua pesquisa sobre a exploração de modos de codificação de imagens como ferramenta para criação de trabalhos irônicos e lúdicos, acontecimento que problematizam o status de simulacro conferido à representação na contemporaneidade.
Em sua quinta individual na Luciana Brito Galeria, a imagem de céu azul codificada em ponto cruz – já presente em obras públicas como Tramazul, exposta em 2010 no MASP e exposições como El sueño de Mirra y otras constelaciones, apresentada em 2014 no Museo Amparo – é mobilizada em uma instalação inédita, Dreaming of Blue. Composta por peças modulares de grandes dimensões produzidas em cerâmica, o trabalho segue à intervenção homônima atualmente apresentada em uma fachada da ilha de Ogijima, no Japão, no contexto da Trienal de Setouchi.
A mostra tem como complemento um conjunto de desenhos preparatórios históricos relativos a obras realizadas nas décadas de 1980 e 1990. A exibição desses desenhos permite um passeio pela ampla trajetória da artista e possibilita o contato com o seu processo de trabalho, da concepção à realização.
Paralelo à individual de Regina Silveira, Luciana Brito Galeria apresenta na sala da casa - living, a obra Blind Window, uma instalação inédita do artista Leandro Erlich. A peça, composta por uma parede de vidro onde se encontra uma janela completamente fechada por tijolos, ganha novas camadas interpretativas: a casa que agora abriga a galeria pertence à série de residências intimistas de Rino Levi, em que a paisagem era trazida para o interior do espaço doméstico, revertendo a ideia de “vista” e aproximando a contemplação da interioridade.
Ainda durante o mês de junho, Leandro Erlich apresenta uma grande instalação no Shopping Iguatemi, inaugurando um programa de exposições com curadoria de Marcello Dantas no espaço. Em julho, o artista estará no Rio de Janeiro para a inauguração da obra que produziu para os Jogos Olímpicos.
Regina Silveira nasceu em Porto Alegre, Brasil, em 1939. Possui bacharelado em artes plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestrado e doutorado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cujo Departamento de Arte lecionou durante muitos anos. Na década de 70, começou a usar imagens apropriadas em suas impressões. Também foi pioneira da videoarte no Brasil. Além de ter realizado diversas exposições individuais por todo o mundo, participou de três edições da Bienal de Havana e da Bienal de São Paulo, da 2a Bienal do Mercosul, da 6a Bienal de Taipei, da Trienal de Setouchi no Japão (2016), entre muitas outras. Seu trabalho faz parte das coleções da Foundation for Contemporary Performance Arts, em Nova York, do Centro de Arte Contemporânea Inhotim, do Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Pinacoteca do Estado de São Paulo e do MoMA, em Nova York, entre outras. Em 2013, Regina Silveira ganhou o Prêmio MASP, por sua significativa trajetória como artista.
Leandro Erlich, nascido em Buenos Aires em 1973, é autor de uma obra que mescla as linguagens da fotografia, instalação e performance. Sua primeira exposição individual aconteceu no Centro Cultural Recoleta, em Buenos Aires, em 1991. Em 1997, Erlich integrou a 1ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, e dois anos depois realizou individuais na Kent Gallery, Nova York, e na Rain Moody Gallery, em Houston. Em 2000 participou da Bienal de Havana, Cuba, e da Whitney Biennial, em Nova York. Em 2001 apresentou trabalhos na Bienal de Istambul, Turquia, e na Bienal de Veneza. Em 2015, o artista fez parte da exposição coletiva “Invento | As Revoluções que nos Inventaram”, na Oca do Ibirapuera, em São Paulo, Brasil. Entre os acervos que sua obra integra estão: 21st Century Museum of Art Kanazawa, Japão; Cisneros Fontanals Art Foundation; Musee d’Art Moderne de Paris; Museo d’Arte Contemporanea di Roma; Museo de Arte Moderno de Buenos Aires; Museum of Fine Arts, Houston, EUA; Daros-Latinamerica, Zurique, Suíça; Fond National d'Art Contemporain de France; e Tate Modern. O artista vive e trabalha entre Buenos Aires e Paris.
junho 10, 2016
Pedro David na Blau Projects, São Paulo
Com 18 fotografias e três peças de bronze, a galeria Blau Projects abre a exposição 360 Metros Quadrados, do artista Pedro David. O fotógrafo mineiro é ganhador de diversas premiações, entre elas da prestigiada Fundação Conrado Wessel, além de já ter realizado exposições em diferentes países. Inédito no Brasil, esse conjunto de fotografias mostra seu universo íntimo com imagens realizadas em sua casa, na região metropolitana de Belo Horizonte. O texto crítico da exposição é assinado pelo curador Agnaldo Farias.
Com exposições realizadas em 10 países, o fotógrafo fez um mergulho em seu universo particular para a realização da série. ‘Eu sempre fui um fotógrafo viajante, mas quando estava prestes a ser pai, resolvi me voltar para um espaço mais íntimo’, conta o artista. Neste caso, o espaço é o terreno de 360 metros quadrados (nome dado à exposição), onde fica sua casa, nos arredores de Belo Horizonte, num bairro chamado Vale do Sol, município de Nova Lima, região metropolitana da cidade.
A atual série é uma continuação de uma vertente desenvolvida pelo artista desde 2008, com o trabalho Aluga-se, realizado a partir de incursões a apartamentos oferecidos para locação, quando ele buscava um local para morar. Logo após a mudança, o fotógrafo começa a colecionar e fotografar objetos que surgiam na área de serviço do apartamento, criando o trabalho Coisas que caem do céu, de 2009. Em 2010, fotografou os pertences de sua mãe, logo após sua morte e antes de esvaziar o apartamento em que morava, criando o trabalho Última Morada. Entre 2010 e 2012, realiza a série O Jardim, em que fotografa as diferentes formas de ocupação na região onde vive, na periferia de Belo Horizonte.
Mundo particular
Inspirado pelo conto Do Rigor na Ciência, escrito por Jorge Luis Borges, em que o autor descreve um mapa tão minucioso que chegaria a ter o tamanho natural do território, o fotógrafo começa a criar a obra 360 Metros Quadrados, entre 2011 e 2012. Após fotografar seu bairro com um olhar de viajante, o artista resolveu experimentar a capacidade metonímica da fotografia em seu extremo, buscando um olhar de estrangeiro dentro de sua casa. ‘Eu queria observar o mundo a partir desse ponto, e me expressar sobre a contemporaneidade por meio de imagens criadas neste ambiente’, desvenda o artista.
O artista utiliza uma câmera de formato grande, recorrente entre os fotógrafos paisagistas, e um filme Polaroid 55, que não é mais fabricado. Segundo ele, a intenção é que as fotografias criadas com esse filme extinto sugiram uma arqueologia de um lugar também extinto, ou fictício. ‘Sempre fui um colecionador de objetos. Nesse caso, estou fazendo essa busca dentro de um espaço circunscrito. Busco ressignificar os objetos que estão na minha casa, muitos deles sem utilidade, ou objetos mortos, e crio esculturas para serem fotografadas’, conta o fotógrafo.
‘Penso que estas imagens podem materializar uma sensação de que o frágil, resguardado ambiente íntimo, pode estar caminhando também para sua extinção. Quero gerar para o espectador uma confusão espaço-temporal, a sensação de uma imagem fora de época, inesperada para uma dita fotografia contemporânea”, conta Pedro. ‘Estas Imagens são uma representação de meu mundo particular, que crio a partir de minhas inquietações sobre o mundo externo, afirma o artista, que tem obras em importantes coleções públicas como a do MAM-SP, MASP, Museu Mineiro e do Musée du Quai Branly, de Paris.
A série 360 Metros Quadrados foi realizada com recursos do XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia de 2012, e com a bolsa Photoquai Residencies, concedida pelo Musée du Quai Branly em 2013. Foi agraciada com o I Prêmio Nexo Foto, de Madri em 2014, e participou de exposições coletivas na 16ª edição do Festival Atlanta Celebrates Photography, EUA, 2014, 4º Singapore International Photography Festival, Singapura, 2014, e VI Fotofest International Discoveries, Houston, EUA, 2015. Também teve individuais na Galeria Astarté, em Madri, Espanha, 2014; e na Blue Sky Galery, em Portland, EUA, 2015.
Pedro David, fotógrafo nascido em Santos Dumont, Minas Gerais, em 1977, é formado em jornalismo pela PUC-Minas. Cursou pós-graduação em artes plásticas e contemporaneidade na Escola Guignard – UEMG, em 2002. Já expôs individualmente em diversas cidades brasileiras, além de Alemanha, Argentina, Bolívia, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, México, República Dominicana e Uruguai. Entre as premiações que recebeu estão o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea, nos anos 2012 e 2013, Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte, 2012; Prêmio Brasília de Arte Contamporânea, nas edições de 2012 e 2015, e Prêmio Especial do salão Arte Pará, de 2013.
Publicou os livros 360 Square meters (Blue Sky Books, 2015), Fase Catarse (Fundação Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, 2008), O Jardim (Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2012), Rota Raiz (Tempo D´Imagem, 2013) e Paisagem Submersa (Cosac Naify, 2008).
junho 9, 2016
Pedro Varela na Zipper, São Paulo
A paisagem tropical e seu imaginário construído por representações reais e fictícias a partir de um olhar para história da arte tem sido uma das questões tratadas pelo artista Pedro Varela em sua produção mais recente. Na próxima individual do artista fluminense na Zipper Galeria, que inauguramos esta quinta-feira (9 de junho), a mesma temática volta a aparecer, desta vez em um novo conjunto de pinturas em que ele passa a inserir também personagens reais e fictícios por entre um emaranhado de flores, plantas e caules.
Com texto crítico de Denise Gadelha, a mostra irá focar em um grupo de pinturas em preto e branco feitas com tinta acrílica diluída em água, criando um efeito aquarelado que faz com que estes trabalhos estejam num lugar entre a pintura e o desenho. Ao trabalhar com uma paleta reduzida, o artista reforça um certo contraste entre a representação de um universo tropical na qual cores vibrantes costumam ser um elemento característico.
A relação entre ficção e história é outro tema também bastante presente nesses trabalhos. Personagens de diversas épocas que contribuíram para construir a ideia de uma identidade tropical se misturam aos elementos da natureza de forma difusa e por vezes pouco nítida. Entre eles, destacam-se, por exemplo, uma imagem do pintor alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), do jornalista Vladimir Herzog enforcado, da cantora Carmem Miranda, índios antropófagos e do personagem Amigo da Onça.
“Essas figuras são quase como fantasmas dos trópicos: índios antropófagos, monstros idealizados pelos conquistadores durante a colonização, representações de divindades africanas, personagens históricos e fictícios que se misturam a essa flora e, muitas vezes, se perdem em meio ao turbilhão de referências emaranhadas. As composições surgem em formas abstratas, que podem ser entendidas como uma paisagem que deve ser acessada aos poucos pelo olhar do espectador”, explica Varela.
Além das telas, o artista irá apresentar também uma instalação pictórica feita com vinil adesivo que parte das telas e se estende pelo chão da galeria.
Pedro Varela, formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, participa de exposições ativamente desde 2006. Entre as individuais destacam-se: Cidade Flutuante, Paço das Artes, São Paulo, 2010; Ainda Viva, Zipper Galeria, 2011; Tropical, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2012; Paisagem Flutuante, Centro Cultural do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, São Paulo, 2012; Xippas Montevideo, 2013, Zipper Galeria, 2013; Tropical, galeria Enrique Guerrero, Mexico DF, 2014. Entre as coletivas destacam-se: Ao amor do Público, Museu de arte do Rio, 2016; Dusk to Down... Threads of infinity, Anima Gallery, Qatar em 2013, Gigante por Su Propia Naturaleza, Instituto Valenciano de Arte Moderno, Valência, 2011; Pontos de encontro, Centro Cultural da Caixa Econômica, Salvador, 2011, Arquivo Geral, Centro de Artes Helio Oiticica, Rio de Janeiro, 2010; Cardinal Points/PuntosCardinales: A Survey of Contemporary Latino and Latin American Art from the Sprint Nextel Art Collection, Art Museum ofSouth Texas, 2008. Coleções: Coleção SESC, São Paulo; Gilberto Chateaubriand/Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Montblanc México, Cidade do México; Sprint Nextel Art Collection, Overland Park; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro.
junho 6, 2016
Rodrigo Bivar na Athena Contemporânea, Rio de Janeiro
A galeria Athena Contemporânea tem o prazer de inaugurar, no dia 7 de Junho, às 19 horas, a individual de Rodrigo Bivar: Nada pensa nada. A exposição conta com 11 pinturas inéditas.
O título, tirado de um verso de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, em O Guardador de Rebanhos diz; "Que pensará isto daquilo? Nada pensa nada”. Para Bivar, se o escritor fala que 'o sentido íntimo das coisas é elas não terem sentido íntimo nenhum', isso nos faz pensar que não haveria razão alguma em escrever nada. “Mas escrevendo ele devolve mistério ao mundo, torna o mundo um lugar um pouco mais confuso, e menos pragmático ou funcional, e eu gostaria que minhas pinturas tivessem essa qualidade".
Suas pinturas abstratas, que a partir da série Lapa assumiram um tom mais rigoroso, agora parecem radicalizar a simplicidade das formas de maneira não menos rigorosa.
Entre outras ações novas no procedimento de Bivar, o artista encarou o ato laborioso de eliminar as manchas de suas pinturas, deixando em algumas delas apenas vestígios estruturais. Outras vezes formas retangulares evidenciam somente algumas linhas de cor escondidas pelo branco, remetendo ao espectro da pintura que se mescla também com a energia do ofício. Bivar encontra beleza na arte que se arrisca a falar sobre nada, ou tudo.
Rodrigo Bivar, Brasília / DF, 1981, graduado em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (São Paulo, SP). Ganhou o Prêmio Aquisição do Centro Cultural São Paulo, em 2008, quando realizou sua primeira individual como parte do programa de exposições da instituição. Desde então, apresentou individuais no Paço das Artes (São Paulo) e na Fundação de Arte de Ouro Preto (Ouro Preto, MG), Galeria Millan (São Paulo) e Galeria Mariana Moura (Recife, PE). Participa, desde 2005, de mostras coletivas, dentre as quais: O Estado da Arte, no Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto), 2016; Aproximações Pictóricas, na Galeria Athena Contemporânea (Rio de Janeiro), 2015; o Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_VideoBrasil (São Paulo), 2013 e 2011; 7 SP – Seven Artists from São Paulo, no C.A.B Contemporary Art (Bruxelas, Bélgica), 2012; Panorama da Arte Brasileira do MAM (São Paulo), 2011; A Contemplação do Mundo – Paralela 2010 (São Paulo); Grau Zero, no Paço das Artes (São Paulo), 2009.
junho 4, 2016
Ana Paula Oliveira na Marcelo Guarnieri, São Paulo
Esculturas, objetos de parede e vídeos formam as linhas com as quais Ana Paula Oliveira modela espaços e explora perspectivas
A partir do dia 4 de junho, a Galeria Marcelo Guarnieri (São Paulo) estará ocupada pela produção da artista Ana Paula Oliveira. Sua primeira individual na galeria nomeada de Círculo de giz e um pouco sobre sólidos, dá prosseguimento às criações com vidro, chumbo e taxidermia, do mesmo modo em que também avança nas pesquisas espaciais da artista.
A trajetória da artista é pontuada pela criação de instalações que nascem a partir da tensão entre atração e repulsa e entre estabilidade e desequilíbrio. O resultado visual causa uma mescla de estranhamento e interesse, que sempre desperta o olhar e a aproximação.
Os materiais e procedimentos operados por Ana Paula partem desde a tradição escultórica - mármore e fundição - até materiais considerados ordinários e não nobres - borracha, plástico, graxa. Eles funcionam na produção da artista como mediadores entre o artesanal e o industrial, entre a tradição e seu desmantelamento. É possível observar essas oposições no trabalho Vetores, no qual a artista faz uma cópia da estátua grega “Discóbolo” , executada pela primeira vez em torno de 455 a.C, no entanto, a escultura atual é feita com outro material, ao invés de bronze ou mármore, a peça é executada em alumínio com Espadas de São Jorge saindo de algumas das articulações do corpo do imponente atleta. A utilização de materiais vivos é uma operação quase sempre orquestrada pela artista, em trabalhos anteriores era possível encontrar pássaros, borboletas, galinhas, peixes e jabuticabeiras, que conviviam durante o período expositivo com o público - galinhas se empoleiravam nas esculturas, borboletas nasciam de partes de peças de mármore e passarinhos faziam de comedouro materiais colocados no ambiente.
Todos os trabalhos da exposição emulam um movimento, seja ele percebido pelo público ou algo invisível - as plantas crescem e se desenvolvem durante a exposição, os pássaros taxidermizados Manon na Série Vistaña simulam um voo pelas placas de vidro. O mesmo acontece em Círculo de giz e um pouco sobre sólidos, na qual chapas-lâminas de vidro assimétricas cortadas a laser criam uma incomum perspectiva de espaço. Cada vidro é puxado por uma ave moldada a partir do corpo de um animal real e fundida em chumbo. Essas chapas-lâminas são sustentadas por sólidos geométricos que criam o peso necessário para o trabalho.
Na obra Para Avistar, a artista utilizou um banco que pertencia ao seu pai e o fundiu com uma peça modelada em ferro que atravessa a parede e forma uma instalação que anula a possibilidade do ato de sentar.
Por fim, um outro tipo de ocupação espacial é o que acontece com a vídeo instalação Vai que Vai, no vídeo, uma sequência de imagens em câmera lenta exibem o momento da quebra de placas de vidro e a queda dos peixes de chumbo e de borracha. As imagens simulam o movimento das águas e a subida dos peixes durante a piracema, no entanto, o ato nunca se completa.
Esses e outros trabalhos de Ana Paula Oliveira poderão ser vistos de perto até o dia 15 de julho na Galeria Marcelo Guarnieri, São Paulo.