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maio 30, 2016
Jorge Macchi na Luisa Strina, São Paulo
Galeria Luisa Strina apresenta a exposição individual de Jorge Macchi, intitulada História Natural. Macchi nasceu em Buenos Aires (1963), onde vive e trabalha.
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Característica marcante de sua trajetória é a de ser multidisciplinar e multimídia, envolvendo trabalhos com técnicas desde desenho, pintura e aquarela; passando por texto, escultura, objeto, música, vídeo, fotografia, colagem, obras com luz, recorte, livro de artista, gravura, arquitetura, paisagismo; até chegar em instalações.
A exposição está estruturada ao redor de duas grandes instalações: Aqui e Projeção.
A primeira delas, Aqui, consiste em uma pesada cruz de ferro que marca no espaço expositivo a localização precisa da galeria segundo coordenadas GPS e sua orientação de acordo com os pontos cardeais. A aparente fragilidade e invisibilidade dos dados e dos sistemas adquirem em Aqui materialidade e peso.
Projeção abre a exposição com uma parede autoportante, como as que são utilizadas em exposições para subdividir espaços. Nesse caso, porém, a parede está em uma posição de desequilíbrio, oblíqua, mantida nesta posição por uma série de 60 tensores que partem de um projetor de cimento instalado próximo ao teto da galeria. A imaterialidade da luz se torna gráfica e se materializa através dos tensores que colocam em cena uma situação de atração e rejeição.
O trabalho que intitula a mostra, História Natural, é uma versão contemporânea das vanitas barrocas. Todavia, aqui, a referência à fugacidade e ao vazio é contraditória por conta da estrutura e materialização das sombras e, justamente pela palavra História. É uma peça que se estrutura em dois tempos: um efeito no passado e suas consequências cristalizadas no presente.
Eingang é um óleo sobre tela de grandes dimensões que coloca um contraste violento entre suporte e matéria pictórica, e entre profundidade e superfície. Este trabalho dá continuidade a uma extensa série de pinturas que Macchi vem realizando desde 2010, algumas das quais foram mostradas nesta galeria em 2011.
Jorge Macchi realizou quatro exposições monográficas: Perspectiva, MALBA Museo de Arte Latino-Americana, Buenos Aires (Argentina, 2016); Espectrum, Le 19 CRAC Centre régional d’art contemporain, Montbéliard (França, 2015); Music Stands Still, SMAK Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Gante (Bélgica, 2011); e Anatomía de la melancolía, Santander Cultural, Porto Alegre, como parte da Bienal do Mercosul (Brasil, 2007). A última foi mostrada posteriormente no Museo Blanton, Austin (EUA, 2007) e no CGAC Centro Gallego de Arte Contemporáneo, Santiago de Compostela (Espanha, 2008).
Outras exposições individuais importantes incluem: Lampo, NC Arte, Bogotá (Colômbia, 2015); Prestidigitador, MUAC Museo Universitario Arte Contemporáneo, Cidade do México (México, 2014); Container, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires (Argentina, 2013) e Kunstmuseum Luzern, Lucerna (Suíça, 2013); Last minute, em colaboração com Edgardo Rudnitzky, Pinacoteca do Estado, São Paulo (Brasil, 2009); Doppelgänger, La casa encendida, Madri (Espanha, 2005); Jorge Macchi, Le 19 CRAC Centre régional d’art contemporain, Montbéliard (França, 2001); The wandering golfer, MUHKA Museo de Arte Moderna, Antuérpia (Bélgica, 1998); Evidencias circunstanciales, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires (Argentina, 1998).
Participou das Bienais de Liverpool (Inglaterra, 2012); Sydney (Austrália, 2012); Lyon (França, 2011); Istambul (Turquia, 2011); Auckland (Austrália, 2010); New Orleans (EUA, 2008); Yokohama (Japão, 2008); Porto Alegre (Brasil, 2007); São Paulo (Brasil, 2006); Veneza (Itália, 2005); Praga (República Tcheca, 2005); São Paulo (Brasil, 2004); Istambul (Turquia, 2003); Porto Alegre (Brasil, 2003); Fortaleza (Brasil, 2002) e Havana (Cuba, 2000). Representou a Argentina na Bienal de Veneza em 2005.
Seu trabalho é parte de importante coleções, tanto privadas como públicas, como: MNBA Museo Nacional de Belas Artes, MALBA Museu de Arte Latino-Americana e MAMBA – Museo de Arte Moderno (Buenos Aires); MOMA Museum of Modern Art e Museo del Barrio (Nova York); Fundação Daros (Zurique); Tate Collection (Londres); MUHKA Museo de Arte Moderna (Antuérpia); SMAK Stedelijk Museum voor Actuele Kunst (Gante); MUSAC Museo de Arte Contemporáneo (Castilla y León); e Musée National d’art Moderne – Centre Georges Pompidou (Paris).
Galeria Luisa Strina is pleased to present Jorge Macchi’s solo exhibition, História Natural [Natural History]. Macchi was born in Buenos Aires (1963), where he still lives and works.
A striking characteristic of his art is the diverse range of disciplines and media, displaying techniques that span from drawing, painting and watercolor, to text, sculpture, object, music, video, photography, collage, works with light, cut-outs, artist books, engraving, architecture, landscape design and installations.
The exhibition is structured around two large installations: Aqui [Here] and Projeção [Projection].
The former, Aqui, consists of a heavy iron cross that marks in the exhibition space the exact location of the gallery according to GPS coordinates and its direction according to the cardinal points. The apparent fragility and invisibility of the data and systems acquire in Aqui materiality and weight.
Projeção, the work at the center of the exhibition is a self-supporting wall, like those used in exhibitions to divide spaces. In this case, however, the wall is in an unbalanced, oblique position, held up by a series of 60 tie rods attached to a cement projector installed onto the ceiling. The immateriality of the light becomes graphic and is materialized through the tie rods that present a situation of attraction and rejection.
The work that lends its name to the show, História Natural [Natural History], is a contemporary version of the baroque vanitas. However, the reference to fleetingness and emptiness here is contradictory on account of the structure and materialization of the shadows and, precisely because of the word History. It is a piece that has a two-step structure: an effect in the past and its consequences crystallized in the present.
Eingang is an oil painting on a large canvas that presents a violent contrast between support and pictorial content, and between depth and surface. This work draws on and develops an extensive series of paintings that Macchi has been producing since 2010, some of which were shown at this gallery in 2011.
Jorge Macchi has carried out four monographic exhibitions: Perspectiva, MALBA Museo de Arte Latino-Americana, Buenos Aires (Argentina, 2016); Espectrum, Le 19 CRAC Centre régional d’art contemporain, Montbéliard (France, 2015); Music Stands Still, SMAK Stedelijk Museum voor Actuele Kunst, Ghent (Belgium, 2011); and Anatomía de la melancolía, Santander Cultural, Porto Alegre, as part of the Bienal do Mercosul (Brazil, 2007). The latter was subsequently shown at the Museo Blanton, Austin (USA, 2007) and at the CGAC Centro Gallego de Arte Contemporáneo, Santiago de Compostela (Spain, 2008).
His other major solo exhibitions have included: Lampo, NC Arte, Bogotá (Colombia, 2015); Prestidigitador, MUAC Museo Universitario Arte Contemporáneo, Mexico City (Mexico, 2014); Container, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires (Argentina, 2013) and Kunstmuseum Luzern, Lucerna (Switzerland, 2013); Last minute, in collaboration with Edgardo Rudnitzky, Pinacoteca do Estado, São Paulo (Brazil, 2009); Doppelgänger, La casa encendida, Madrid (Spain, 2005); Jorge Macchi, Le 19 CRAC Centre régional d’art contemporain, Montbéliard (France, 2001); The wandering golfer, MUHKA Museo de Arte Moderna, Antwerp (Belgium, 1998); Evidencias circunstanciales, MAMBA Museo de Arte Moderno, Buenos Aires (Argentina, 1998).
He has participated in the biennales of Liverpool (England, 2012); Sydney (Australia, 2012); Lyon (France, 2011); Istanbul (Turkey, 2003 and 2011); Auckland (Australia, 2010); New Orleans (USA, 2008); Yokohama (Japan, 2008); Porto Alegre (Brazil, 2003 and 2007); São Paulo (Brazil, 2004 and 2006); Venice (Italy, 2005); Prague (Czech Republic, 2005); Fortaleza (Brazil, 2002) and Havana (Cuba, 2000). He represented Argentina at the Venice Biennale in 2005.
His work is featured in important private and public collections, such as: MNBA Museo Nacional de Belas Artes, MALBA Museu de Arte Latino-Americana and MAMBA – Museo de Arte Moderno (Buenos Aires); MOMA Museum of Modern Art and Museo del Barrio (New York); Fundação Daros (Zurich); Tate Collection (London); MUHKA Museo de Arte Moderna (Antwerp); SMAK Stedelijk Museum voor Actuele Kunst (Ghent); MUSAC Museo de Arte Contemporáneo (Castilla y León); and Musée National d’art Moderne – Centre Georges Pompidou (Paris).
Cobogó lança livro de Mauro Piva
Comprometida com a publicação de títulos que abarquem os nomes mais interessantes do cenário contemporâneo das artes visuais no Brasil, a Editora Cobogó lança o primeiro livro monográfico de Mauro Piva, artista plástico carioca radicado em São Paulo que é um dos expoentes da nova geração artística do país.
Com mais de 120 obras em aquarela, guache, óleo, grafite e tinta acrílica, produzidas com imensa delicadeza e realismo, o livro percorre quase uma década da trajetória de Mauro Piva, compondo um amplo recorte de seu meticuloso trabalho e ressaltando o virtuosismo na realização de cada uma de suas imagens.
Na monografia, são apresentadas as diferentes temáticas abordadas pelo artista em suas telas. Estão nela alguns de seus retratos de figuras sem rosto, que representam o ser humano e suas relações, as flores e plantas — com destaque para as pimentas — finamente pintadas em aquarela, e a interessante série de autorretratos nas quais, no lugar de estampar seu próprio rosto, o artista pinta objetos de sua rotina de trabalho, como lapiseiras e aparas de lápis, papel, pincéis, canetas, durex e fita-crepe.
O livro também conta com as denominadas “máscaras”, trabalhos nos quais Mauro Piva, em um diálogo com a história da arte, pinta telas simulando o processo de produção de obras de artistas como Mondrian, Malevich e Doesburg, retratando fictícias fitas-crepes que teriam sido utilizadas como guia para a construção das pinturas.
O livro conta, ainda, com um texto bilíngue do professor de História da Arte e curador independente Marcos Moraes. Segundo ele, Mauro Piva é um “cavaleiro contemporâneo da corte de Arthur perseguindo o seu Graal, um artista pertencente a essa linhagem contemporânea que desenvolve suas propostas enfrentando seus dragões ou moinhos de vento, sem arrefecer, sem se deixar encantar pelo cântico das sereias ou se embevecer com as promessas de uma Vênus, mas ironicamente atuando na esteira de uma ausência de compromisso com a tradição ou com os modismos”.
Mauro Piva nasceu em 1977, no Rio de Janeiro, vive e trabalha em São Paulo. Estudou Artes Plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e já realizou exposições na Argentina, Colômbia, Espanha, México e Portugal. Seus trabalhos estão nas coleções do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Art Center Hugo Voeten (Bélgica) e JPMorgan Chase Art Collection (EUA), entre outras.
Mauro Piva
Texto de Marcos Moraes
Número de páginas: 224
ISBN: 978-85-60965-90-8
Encadernação: Capa dura
Formato: 21 x 25,5 cm
Ano de edição: 2015
Editora Cobogó
Vestígios na Rabieh, São Paulo
A mostra apresenta trabalhos de artistas contemporâneos nacionais e internacionais, em diálogo com chefs brasileiros. Através de fotografias, vídeo arte, performances, instalações, a exposição aborda a relação do homem com o alimento e discute questões relacionadas direta ou indiretamente com o desperdício.
Presente em toda história da arte, a comida esteve representada de diversas maneiras ao longo dos séculos: das naturezas mortas das primeiras pinturas do Renascimento até o pop de Andy Warhol, passando pelas naturezas vivas das pinturas mexicanas dos anos 1930-40, nas quais a comida e a cozinha representavam um espaço de inspiração e criatividade. A partir do dia 1 de junho, a exposição Vestígios, na galeria Rabieh, em São Paulo, a relação homem, alimento e arte estará posta sob uma nova perspectiva: a do desperdício.
Com concepção de Luciana Farias e curadoria de Tainá Guedes em colaboração com Daniel Rangel, participam do projeto Uli Westphal, Rodrigo Braga, Neka Mena Barreto, Klaus Pichler, Lenora de Barros, Leo Botto, Gustavo Godoy, Sergio Vasconcelos, Jorge Furtado, Edinho Engel, Ayrson Heráclito e Ana Luisa Trajano.
“A efemeridade do alimento pode ser visualizada, absorvida e mantida permanentemente, concretamente e fisicamente na memória dos participantes. Nesta exposição, os visitantes são convidados a atividades participativas nos workshops em diálogo com as obras, interagindo e atuando com todos os sentidos”, declara Tainá Guedes, curadora da exposição.
Ao longo de todo mês de junho, a exposição promoverá atividades paralelas; conversas, visitas guiadas, performances gastronômicas, projeções e workshops, permitindo aprofundamento e reflexões sobre as questões abordadas pelos artistas e chefs.
A exposição e as atividades são gratuitas e estarão abertas ao público de 1 a 30 de junho.
Fábio Miguez na Nara Roesler, Rio de Janeiro
A Galeria Nara Roesler | Rio de Janeiro tem o prazer de apresentar Atalhos, uma exposição de obras em pequena escala, pinturas de grandes dimensões e Valises de autoria de Fabio Miguez. A exposição acontece de 1º de junho a 26 de julho, com abertura no dia 31 de maio, das 19h às 22h.
Fabio Miguez sempre produziu trabalhos pequenos simultaneamente aos trabalhos maiores. Elas servem como contraponto, e são, sobretudo, sketchs rápidos que o permitem alargar o vocabulário trabalhado de modo menos moroso que em trabalhos maiores. Os Atalhos contêm pequenos feitos pictóricos, flashes de cores inesperadas e temas fugidios e fugazes, desenvolvidos com graus variados de atenção. A intimidade da escala e a aparente simplicidade dos trabalhos lhes conferem um reconhecimento difuso que dificulta uma definição estanque. O trapézio azul-céu cortado diagonalmente por uma grade laranja pode muito bem ser um lugar, um fragmento de memória associativa. O título Atalhos vem de um filme de Robert Altman, baseado nos contos de Raymond Carver, no qual pequenas histórias independentes formam um todo coeso e complexo. A relação para aqui, mas, transpondo ao universo do artista, o que nos Atalhos o interessa é o corte rápido, as passagens entre as pinturas que guarda a ideia de corte, talho, incisão e que atribuem a elas uma certa união.
A exposição também inclui um novo trabalho da série Valises de Miguez: continuações em formato tridimensional de sua pesquisa em pintura. Valises, ou malas em francês, são planos modulares que se abrem, formando composições variadas dependendo de sua disposição. A produção escultural do artista deixa entrever sua formação em arquitetura. Semelhantes a plantas arquitetônicas, elevações e cortes, as obras se expandem e se contraem com o movimento de superfícies pintadas e, quando totalmente abertas, assemelham-se à planta de uma pequena cidade. Nestes trabalhos, questões de espaço e achatamento são tratadas de modo diferente daquele visto nas pinturas do artista. Num arranjo combinatório, cores, planos de superfície e textos sofrem repetições, espelhamentos e ligeiras permutações, permitindo que aquilo que, na pintura, só pode ser expresso na superfície pictórica da tela, se desdobre e exista entre nós na forma de exercícios simples, mas divertidos para os olhos e a mente.
Dialogando com o ressurgimento da pintura e influenciados pelo neoexpressionismo alemão e pelo pintor norte-americano Philip Guston, os primeiros trabalhos de Fabio Miguez são caracterizados por pinceladas fortes, pela técnica mista e pela abstração gestual. Nas duas últimas décadas, no entanto, o artista cada vez mais abriu mão do excesso de materiais, optando por uma economia e um nivelamento obtidos por meio de finas camadas de superfícies foscas, componentes visuais esquemáticos e uma paleta de brancos, azuis, corais e verdes-mar. O conjunto de obras apresentado aqui, Atalhos, é um exemplo importante das investigações pictóricas recentes de Miguez. A coesão entre as telas de 40 x 30 cm ou 30 x 24 cm reside na estrutura pictórica baseada em pinturas de artistas que ele respeita e cita abertamente em seu trabalho, como Agnes Martin e Henri Matisse.
Fabio Miguez, nascido em 1962 em São Paulo, ainda vive e trabalha na cidade. O artista participou da Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo, Brasil, 1985 e 1989), da 2a Bienal de Havana (Cuba, 1986); da 3a Bienal Internacional de Pintura de Cuenca (Equador, 1991) e da 5a Bienal do Mercosul (Porto Alegre, Brasil, 2005). Seu trabalho foi apresentado nas retrospectivas Bienal Brasil Século XX (1994) e 30 x Bienal (2013), ambas realizadas pela Fundação Bienal de São Paulo, bem como em exposições individuais no Centro Universitário Maria Antonia, Instituto Tomie Ohtake, Pinacoteca do Estado e Centro Cultural São Paulo, na cidade de São Paulo.
maio 22, 2016
Erika Verzutti no Pivô, São Paulo
Em abril, o Pivô apresenta a exposição individual Cisne, Pepino, Dinossauro de Erika Verzutti, dentro de seu Programa Anual de Exposições. Trata-se da primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira. Serão exibidos quatro trabalhos, sendo duas obras inéditas concebidas especialmente para o espaço do Pivô.
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Verzutti exibe um conjunto enxuto de trabalhos, acentuando a aridez do espaço expositivo do Pivô, ao mesmo tempo em que oferece uma síntese de seu pensamento escultórico. Ao observar juntos nesse espaço dois trabalhos mais antigos – Tarsila com Novo (2011) e Nessie (2008) -, e os monumentais Cisne Bambolê e Cisne Passarela, produzidos na ocasião dessa exposição, o visitante entra em contato com importantes momentos dos seus mais de dez anos de produção.
O gesto de puxar verticalmente a argila para cima, testando possíveis pontos de sustentação, é recorrente na obra de Erika Verzutti e resulta em formas que, segundo a artista, referem-se diretamente à pintura Sol Poente (1929) de Tarsila do Amaral. A artista toma emprestada essa forma da pintora modernista com a mesma fluência com que manuseia o material mole, transformando o que Tarsila descrevia como um tronco que via da janela da fazenda* em pescoços de cisnes e dinossauros, pepinos, pés engessados e todo um léxico de associações formais que a acompanham há muitos anos.
O primeiro cisne, Cisne com Pincel (2003), modelado em argila crua pintada, encontra seu ponto de sustentação em um pincel – talvez o próprio pincel com que foi constituído -, num gesto metalinguístico que anunciava há mais de uma década as palavras citadas pelo ator que contracena com a escultura Cisne com Palco (2015), em uma espécie de monólogo tragicômico e autorreferente escrito pela artista e realizado recentemente no Sculpture Center em Nova Iorque.
As obras de Erika Verzutti nunca são assépticas: admitem o erro e associam, sem cerimônia, objetos banais e escalas domésticas a referências canônicas da história da arte, incorporando elementos mágicos e misteriosos. Suas formas guardam rebarbas, respingos, amassados mas essas marcas de manufatura não escondem o rigor conceitual e de execução empregados em cada uma de suas peças.
Nos novos trabalhos que se moldam a partir do espaço do Pivô, os pescoços gigantes dos cisnes encontram e respondem à escala e às curvas improváveis de sua arquitetura. As pesadas chapas de ferro que acompanham os cisnes, modelados em isopor, papel e fibra de vidro, são como uma espécie de versão “adocicada” – ou “caseirinha”, nas palavras da artista -, das viris chapas de metal dobradas industrialmente de Richard Serra ou Amílcar de Castro. A longa passarela sustentada pelo Cisne Passarela e o palco redondo insinuado no Cisne Bambolê aguardam altivos e um tanto melancólicos a presença do público, esperando quem queira ativá-los, como uma espécie de esfinge que se insinua, mas não esconde o seu perigo: decifra-me ou devoro-te.
*(AMARAL, Aracy A. Tarsila: sua obra e seu tempo. 34. ed. São Paulo)
Erika Verzutti nasceu em 1971 em São Paulo. Entre suas principais exposições estão:, “Swan with Stage”, Sculpture Center, Nova Iorque, EUA (2015), 34º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP, São Paulo (2015), “Mineral”, Tang Museum at Skidmore College, Nova Iorque, EUA (2014), “Under the Same Sun: Art from Latin America Today”, Solomon R. Guggenheim Museum, Nova Iorque, EUA (2014), “Carnegie International”, Carnegie Museum of Art, Pittsburgh, EUA (2013), 9ª Bienal do Mercosul, Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2013), ), “Home Again”, Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo, Japan (2012) e 11º Biennale de Lyon, Lyon, França (2011). Em 2016, a artista participará ainda da 32ª Bienal de São Paulo e do SITE Santa Fé (EUA).
In April 2016 Pivô presents Erika Verzutti’s solo exhibition Swan, Cucumber, Dinosaur as part of its Annual Exhibition Programme. This is the artist’s first solo exhibition in a Brazilian institution. It showcases four artworks, of which two are newly commissioned site-specific pieces.
Verzutti presents a concise collection of works, highlighting Pivô’s arid exhibition space, offering at the same time an overview of her sculpture practice. By looking at the combination, in the same space, of two older works – Tarsila with New (2011) and Nessie (2008) – and the monumental Cisne Bambolê and Cisne Passarela, especially produced for this exhibition, visitors have access to important moments of the artist’s career spanning over a decade.
The particular use of clay, which she extends vertically in order to create possible points of support, is recurrent in Verzutti’s practice, resulting in forms that, according to the artist, refer directly to Tarsila do Amaral’s painting Sol Poente (1929). The artist borrows the modernist painter’s forms with the same fluency that she handles the soft material, transforming what Amaral described as a tree trunk seen from the farmhouse window* into swans and dinosaurs’ necks, cucumbers, feet in plaster and a whole repertoire of formal associations that have been following the artist for years.
Her first swan, Swan with Brush (2003), in painted raw clay, is supported by a paintbrush, perhaps the same paintbrush that created it, in a metalinguistic gesture that announced, over ten years ago, the words cited by the actor performing alongside the sculpture Swan with Stage (2015), in a sort of self-referring tragicomic monologue written by the artist and recently delivered at the Sculpture Center in New York.
Erika Verzutti’s works are never sterile: they acknowledge errors and associate, without ceremony, banal objects and domestic scales to the canons of the History of Art, incorporating magical and mysterious elements. Despite its handcrafted appearance, with rough edges, spots and wrinkles, her sculptures are made in a very rigorous way.
In her new works shaped around Pivô’s space, the gigantic swan necks meet and respond to the scale and unusual curves of the architecture. The heavy steel plates that go with the swans, modelled in polystyrene, paper and fiberglass, are a ‘toned down’ or, in the artist’s own words, ‘homemade’ version of Richard Serra or Brazilian artist Amílcar de Castro’s industrially folded heavy steel plates. The long walkway supported by Cisne Passarela and the round stage suggested by Cisne Bambolê proudly but melancholically yearn for the public, waiting for someone to activate them, as a sphinx seducing visitors without hiding its dangers: decipher me or I will devour you.
*(AMARAL, Aracy A. Tarsila: sua obra e seu tempo. 34. ed. São Paulo)
Erika Verzutti was born in São Paulo, Brazil, in 1971. Main exhibitions include:), “Swan Stage”, Sculpture Center, NY, USA (2015), “G.I.F.T., Der Tank”, Campus der Künste, Basel, Switzerland (2015), 34º Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP, São Paulo, Brazil (2015), “Under the Same Sun: Art from Latin America Today”, Solomon R. Guggenheim Museum, NY, USA (2014), “Carnegie International”, Carnegie Museum of Art, Pittsburgh, USA (2013), 9ª Bienal do Mercosul, Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brazil (2013), “Home Again”, Hara Museum of Contemporary Art, Tokyo, Japan (2012) and 11º Biennale de Lyon, Lyon, France (2011). Still in 2016 the artist will participate in 32ª Bienal de São Paulo and Site Santa Fe (USA).
maio 20, 2016
Gabriela Machado no MAM, Rio de Janeiro
Artista fará uma única e grande instalação, com cerca de 250 peças em porcelana produzidas nos últimos três anos
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta, a partir do dia 21 de maio, a exposição Gabriela Machado – Things that fit in my hand, com curadoria de Fernando Cocchiarale, que apresentará uma grande e inédita instalação da artista. Conhecida por seu trabalho como pintora, ela agora vai mostrar o resultado de sua pesquisa em porcelana, em uma grande instalação composta por cerca de 250 peças, produzidas nos últimos três anos. Esta é a primeira exposição individual da artista no MAM.
No amplo espaço do segundo andar do Museu, que tem 1.800 metros quadrados de área, estará uma grande mesa, de 16m x 3,5m, onde serão colocadas as esculturas em porcelana, com formas e tamanhos variados, que vão de 3cm a 80cm. Grande parte delas estará sobre bases, criadas pela própria artista em materiais diversos, como madeira, argila, porcelana, gesso e silicone. Estas bases possuem desenhos e texturas. A cor, um elemento marcante em seu trabalho como pintora, também estará presente em algumas peças. Algumas bases, como as de argila, serão produzidas no próprio MAM, durante o processo de montagem, que levará cerca de dez dias.
Gabriela Machado vê nas esculturas um desdobramento de seu trabalho de pintura, onde produz obras em grandes dimensões. Os mesmos elementos encontrados nelas aparecem nas esculturas – cor, gesto, camada e, principalmente, a curiosidade da artista pelas possibilidades dos materiais. “As esculturas trazem muito da minha pintura, como a questão do barroco, do gesto... Elas têm o mesmo olhar, é um trabalho irmão. Tanto nas pinturas quanto nas esculturas, trabalho com a questão do olhar, da base e do espaço”, conta a artista.
TRABALHO CORPORAL
Outra relação entre as pinturas e a escultura é o trabalho corporal. Para realizar suas pinturas, Gabriela Machado coloca grandes painéis no chão e pinta com nanquim em bastão, com movimentos rápidos, andando sobre a tela. As esculturas também exigem o trabalho corporal. “Uso a argila da porcelana por ser este um material bastante resistente e, ao mesmo tempo, maleável. Através dessa fluidez, consigo construir tudo o que a força da minha mão permite, pois este é o fio condutor do trabalho: fazer até o limite da força, da percepção e das possibilidades que o material pode alcançar”, afirma a artista.
As esculturas não trazem as mesmas cores fortes e vibrantes das suas pinturas, mas a cor está presente na instalação, tanto em algumas peças quanto em algumas bases. Chamam a atenção algumas peças com cores mais intensas, que foram produzidas em Portugal. “O esmalte português é mais colorido que o daqui. As peças produzidas lá têm cores mais fortes”, explica.
O trabalho de Gabriela Machado traz muitas influências do barroco. A relação da artista com a arte vem desde criança. "Morava em uma casa do século 18I, com afrescos pintados por José Maria Villaronga. Meu pai gostava muito do cuidado com a recuperação dos afrescos e da arquitetura da casa. Pude assistir de perto a riqueza desse trabalho detalhado, ao longo da minha infância", conta. Formada em arquitetura e urbanismo, Gabriela Machado participou de trabalhos de restauração antes de se dedicar exclusivamente às artes plásticas, a partir de meados dos anos 1980.
Gabriela Machado (Santa Catarina, 1960) é formada em arquitetura e urbanismo pela Universidade Santa Úrsula. Estudou gravura, pintura, desenho e teoria da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Suas mais recentes exposições foram a coletiva “Múltiplos” (2015), do projeto Carpe Diem – Arte e Pesquisa, no Palácio das Artes, em Lisboa; “Para o pequeno lago verde” (2014), no Museu do Açude, Rio de Janeiro; o trabalho “Caderno” (2014), no Oi Futuro Flamengo, e a mostra “Rever”, no Paço Imperial (2012), no Rio de Janeiro.
Ganhadora do prêmio “Mostras de artista no exterior”, do Programa Brasil Arte Contemporânea, da Fundação Bienal de São Paulo (2010), em 2011 realizou a exposição “Os Jardins de Lisboa em Gabriela Machado”, na instituição Carpe Diem, em Lisboa. No mesmo ano, participou da coletiva II Mostra do Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Em 2010, participou da mostra “Coisário Cassino Museu”, onde exibiu as duas obras doadas ao Museu da Pampulha através do Prêmio Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas. Em 2009, realizou a exposição “Doida Disciplina”, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 2008, foi contemplada com o Prêmio Marcatonio Vilaça em aquisição coletiva da Fundação Ecco, Brasília.
Dentre suas exposições individuais destacam-se ainda a mostra “Desenhos”, no CCBB Rio (2002); as exposições no Centro Universitário Maria Antônia (2002), em São Paulo, na Neuhoff Gallery de Nova York (2003), e no Largo das Artes (2007), no Rio de Janeiro; e o “Projeto Macunaíma” (1992), na Funarte, no Rio de Janeiro. Das exposições coletivas destacam-se: “Desenho Contemporâneo” (2002), no CCBB São Paulo e na Caelum Gallery, em Nova York; “Novas Aquisições Coleção Gilberto Chateaubriand” (1998), no MAM Rio; a mostra no Paço Imperial (1998), no Rio de Janeiro; 1ª Bienal Nacional da Gravura (1994), em São Paulo; a mostra no Centro Cultural São Paulo (1993); X Bienal do Desenho de Curitiba (1991); Projeto Macunaíma (1992/1990), na Funarte, no Rio de Janeiro, entre outras.
O trabalho de Gabriela Machado está presente em importantes coleções brasileiras, como as de Gilberto Chateaubriand/MAM Rio de Janeiro, José Mindlin, George Kornis, João Carlos Figueredo Ferraz, Charles Cosac, Museus Castro Maya, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, Centro Cultural Cândido Mendes, Fundação Catarinense de Cultura (MASC), Fundação ECCO, do Museu de Arte da Pampulha, e do Centro Cultural São Paulo. Faz parte também da coleção da Squire, Sanders & Dempsey (Arizona, EUA), Arizona State University Art Museum (Arizona, EUA) e Ted G. Decker (Arizona, EUA).
maio 17, 2016
Nota da Diretoria da ANPAP 2015-2016 sobre o Ministério da Cultura
Como representantes eleitas para Diretoria da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP 2015-2016) contestamos a extinção do Ministério da Cultura (MinC) e seu rebaixamento à Secretaria do Ministério da Educação (MEC). Nós entendemos que esta ação compromete a continuidade e novas proposições para o desenvolvimento das duas áreas, trazendo prejuízos em curto, médio e longo prazo, para toda a população brasileira, sobretudo para educadores, pesquisadores, profissionais atuantes no campo cultural e, no nosso caso, engajados na área das artes. Compreendemos que a Educação e a Cultura são campos específicos de conhecimento, que embora necessária e historicamente conectados em seus fundamentos, demandam políticas públicas (e privadas) próprias e autônomas. Nesse sentido, nos solidarizamos com todas as mobilizações de associados em defesa do MInC.
DIRETORIA ANPAP 2015-2016
Presidência e Vice-presidência
Nara Cristina Santos (UFSM) e Ana Albani de Carvalho (UFRGS)
Antonio Dias lança livro na Travessa de Ipanema, Rio de Janeiro
Antonio Dias lança livro sobre seus mais de 50 anos de carreira na Livraria Travessa de Ipanema nesta terça, 17/5
O artista e o crítico Paulo Sergio Duarte, que assina um dos textos inéditos do livro, estarão presentes para assinar as publicações a partir das 19h30
Dias segue em exposição com Papéis do Nepal na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, até 4/6
Antonio Dias, que ganhou sua mais recente monografia pela Associação para o Patronato Contemporâneo – APC, lança nesta terça, 17/5, a partir das 19h, a mais recente monografia, que abrange toda sua trajetória até a atualidade, na Livraria Travessa de Ipanema (Rua Visconde de Pirajá, 572)
A publicação é resultado de um projeto de pesquisa que durou cerca de três anos e foi realizada via Lei de Incentivo à Cultura com suporte do Ministério da Cultura do Governo Federal do Brasil, com o patrocínio de McKinsey & Company e o apoio da F/Nazca Saatchi e da Galeria Nara Roesler.
O projeto gráfico tem capa dura, trazendo em alto relevo o detalhe da obra Biografia para Solange (1955). A organização da edição é do próprio artista com o apoio de Alexandra Garcia Waldman, diretora artística da Galeria Nara Roesler em Nova York. Ambos consumiram três anos na edição do volume. Quem faz a análise dos procedimentos e estratégias artísticas de Dias são os críticos Achille Bonito Oliva e Paulo Sergio Duarte, em dois textos inéditos. As obras estão organizadas temporalmente, com pesquisa cronológica de Ileana Pradilla e do próprio artista. A edição conta com cerca de 250 imagens em grandes dimensões, entre trabalhos e registros documentais. Por meio das fotos, o livro atravessa os períodos de 1944-1962, 1963-1967, 1968-1976, 1977-Nepal, 1978 -1987, 1988-2015 e termina no capítulo “Ativações”.
No percurso de mais de 380 páginas, figuram séries icônicas, como os primeiros trabalhos, que flertavam com a pop art, e The Illustration of Art; além dos papéis do Nepal, que Dias aprendeu a fazer durante uma viagem nos anos 1970; entre outros.
Nas palavras de Achille Bonito Oliva, “As obras de Dias são lugares de confluência, onde pensar e agir, projeto e realização, se entrelaçam concretamente para fundar um sistema produtivo, não apenas e formas, mas também de comportamentos sociais”.
FICHA TÉCNICA
Antonio Dias
Edição: Alexandra Garcia Waldman e Antonio Dias
Textos: Achille Bonito Oliva e Paulo Sergio Duarte
Cronologia: Ileana Pradilla
Projeto Gráfico: Rara Dias, Paula Delecave e Ana Carneiro
Pesquisa de Imagem: Mariana Veluk
Tradução: Anthony Doyle e Patricia Garvin (inglês) e Elisa Byington (português)
Revisão: Regina Stocklen
Produção Gráfica: Aldir Mendes de Souza Filho e Rara Dias
Pre‐impressão e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
Projeto executado com Lei de Incentivo à Cultura
Apoio: Galeria Nara Roesler e F/Nazca Saatchi & Saatchi
Patrocínio: McKinsey & Company
Edição: APC
Realização: Ministério da Cultura do Governo Federal do Brasil
Antonio Dias nasceu em 1944 em Campina Grande, Paraíba. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Milão. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções internacionais, tais como: MoMA, Nova York, EUA; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Daros Collection, Zurique, Suíça; Städtische Galerie Im Lenbachhaus, Munique, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; e Centro Studi e Archivio della Comunicazione, Università de Parma, Itália, e renomadas coleções nacionais, tais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu De Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; e Museu de Arte Contemporânea de Niterói/Coleção Sattamini, Niterói.
Prêmio CCBB Contemporâneo: Ana Hupe no CCBB, Rio de Janeiro
O Prêmio CCBB Contemporâneo apresenta o nono dos dez projetos contemplados para a temporada 2015-2016: a instalação da carioca Ana Hupe, Leituras para mover o centro, que, com fotografia, vídeo e modos experimentais de leitura, quer destacar uma produção à margem – a literatura feminina negra.
– Pensando na escrita e no livro como transmissores de conhecimento e lugar de elaboração e reflexão que ajudam na prática de exercícios de descolonização, entrevistei mulheres negras que vivem na Alemanha e imigrantes africanas vivendo no Brasil sobre seus livros favoritos. Como eles ajudam na compreensão do lugar da fala dessas mulheres?
Essa mesma pergunta orientoua série de retratos que Ana Hupe fez de 10 mulheres e um homem em Berlim e no Rio de Janeiro. Eles aparecem com as publicações da preferência deles. Cada fotografia é acompanhada de um texto fabular, em que a artista mescla a história verdadeira do entrevistado com trechos de fatos|personagens históricos.
Compõem ainda a instalação dispositivos de leitura de alumínio para uma, duas e três pessoas, em que o livro pode ser lido pelo visitante em pé, deitado ou sentado, sem que ele precise segurá-lo, e duas bibliotecas nômades – estrutura de metal que se veste como uma mochila –, contendo cerca de 50 volumes cada uma, que podem ser usadas pelo público. Nelas, há títulos que serviram de referência para a mostra: literatura afro-brasileira,crítica literária pós-colonial, dicionários de línguas africanas, textos sobre religiosidades negras, entre outros.
Completa a exposição um vídeo da série “Colonizados”, que junta depoimentos das pessoas fotografadas com elementos tirados da natureza, como conchas, besouros, borboleta, penas, corais etc, coletados na África do Sul. Quarenta desses ítens estarão em exibição na instalação, assim como plantas de resistência que vivem na água e não precisam de luz.
Natália Quinderé conclui assim o texto de apresentação de Leituras para mover o centro: “A artista caminha na corda bamba. Em uma ponta, utiliza práticas semelhantes às da política colonial (coleta, análise e invenção de tipos) para ficcionalizar um sujeito que se apresenta a partir de sua mediação. Na outra, fabula as histórias vividas por essas guerreiras que foram à lua e desceram aos confins da terra. Ana Hupe abraça o risco e expõe a força coletiva necessária para mover o centro”.
Rodas de leitura
Durante quatro sábados consecutivos, escritoras participam de rodas de leitura para ativar o espaço da exposição: 21 de maio – Conceição Evaristo [Prêmio Jabuti 2015, com “Olhos d’Água”, contos e crônicas]; 28 de maio – Miriane Peregrino [doutoranda em Ciência da Literatura pela UFRJ, idealizadora e coordenadora do projeto “Roda de leitura Carolina Maria de Jesus”, na Maré desde 2013]; 4 de junho – Julia Wähmann [carioca, 33 anos, autora de um livro de crônicas e dois romances]. [Falta a quarta convidada para 11 de junho].
Ana Hupe [Rio de Janeiro, 1983] vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Berlim. Sua pesquisa passa pelo que é intuído e não comunicado, pela invisibilidade das histórias, cujas palavras não dão conta de seus sentidos e pela procura de territórios utópicos.
Ela é doutoranda em Linguagens Visuais na EBA-UFRJ, tendo concluído recentemente um ano de pesquisa na Universität der Künste, Berlim, sob orientação da artista Hito Steyer, uma das representantes da Alemanha na Bienal de Veneza 2015. Hupe é Mestre em Artes Visuais pela UERJ e formada em jornalismo pela PUC Rio. Deu aulas no curso de graduação em Artes Visuais da UFRJ de 2012 a 2014.
A artista fez exposições individuais no Rio de Janeiro e em Buenos Aires [residência La Ene] e participou de dezenas de coletivas no MAM Rio [Novas Aquisições], Paço Imperial [Prêmio Arte e Patrimônio 2013, do Iphan], CCBB RJ, A Gentil Carioca, SP Arte, entre várias outras, e em Berlim, Lisboa, Singapura e na Cidade do Cabo, África do Sul.
Ana Hupe foi curadoria da mostra Claire Denis, um olhar em deslocamento, na Caixa Cultural, RJ, reunindo toda a obra da cineasta em 35mm.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
Em 2014, o Banco do Brasil incluiu, pela primeira vez, no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais: o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
A série de dez individuais inéditas do Prêmio começou, em junho de 2015, com o grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das exposições de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP], Flávia Bertinato [MG] e Alan Borges [MG]. Depois da de Ana Hupe [RJ], a de Floriano Romano [RJ] encerra essa etapa do projeto em agosto de 2016.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o Sala A Contemporânea realizou 15 mostras de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013: Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.
Mauro Restiffe na Fortes Vilaça, São Paulo
A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Rússia, de Mauro Restiffe. Para essa exposição individual, o artista apresenta uma série de fotografias em preto e branco que retrata dois momentos distintos das cidades de Moscou e São Petersburgo pós-União Soviética. Os trabalhos representam o resgate de um de seus mais importantes projetos investigativos, realizado em duas etapas: a primeira durante os anos de 1990; e a segunda em 2015, como uma retomada a convite do Garage Museum of Contemporary Art, em Moscou.
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Para essa mostra, Restiffe associa sua contínua pesquisa em arquitetura e espaços urbanos a uma experiência pessoal e afetiva com esses que são os principais centros urbanos russos. Para ele, o processo de criação que envolveu essa série fotográfica evoca um interesse antigo em desbravar uma cultura tão distinta, levando-o a uma abordagem intimista da relação tempo/espaço dentro de seu próprio trabalho. O olhar de Restiffe figura o processo evolutivo dessas cidades ao retratar cenas cotidianas e pitorescas, personagens e interiores. O paralelo traçado entre as duas linhas de tempo deixa transparecer o caráter experimental das primeiras imagens, em contraste com a estética afiada das mais recentes, que juntas nitidamente deixam transparecer seu interesse pelas características modernistas em arquitetura e o diálogo poético travado entre as pessoas, objetos e o ambiente em que se encontram.
A investigação poéticado artista sobrepõe a linguagem documental com referências da história da arte e da fotografia. A utilização do filme analógico preto e branco não é aleatória, mas um recurso que possibilita ao artista trabalhar a ideia de representação e de uma desconstrução do real. Para essa exposição, a combinação entre a série realizada há 20 anos e a atual é formalizada através de dípticos, trípticos e polípticos, que se utilizam da justaposição para formar grupos de imagens que dicotomizam o passado e o presente, o público e o privado, o afetivo e o mundano. Winter Trap (1996/2015), Corner Theatre (1995/2015), Ghosts (1996/2015) e Modelling (1995/2015) são alguns exemplos.
Mauro Restiffe nasceu em 1970 em São José do Rio Pardo. Vive e trabalha em São Paulo. Dentre suas recentes exposições individuais estão: Post-Soviet Russia 1995/2015, Garage Museum (Moscou, 2016); São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, 2014); Obra, MAC-USP (São Paulo, 2013). Destaque ainda para suas participações em: Trienal de Aichi (Nagoya, Japão, 2016); Bienal de Cuenca (Equador, 2014); Bienal de São Paulo (2006); Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2013 e 2005). Sua obra está presente em importantes coleções, como: Bronx Museum of the Arts (Nova York), Colección Cisneros (Caracas), Inhotim (Brumadinho), Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), MAC-USP (São Paulo), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado (São Paulo), SFMOMA (San Francisco), Tate Modern (Londres), TBA21 (Viena), entre outras.
Galeria Fortes Vilaça is pleased to present Russia by Mauro Restiffe. The solo exhibition features a series of black-and-white photographs which portray two distinct moments of the cities of Moscow and Saint Petersburg in post-Soviet Russia. The works represent a return to one of his most important investigative projects, carried out in two stages: the first during the 1990s; and the second in 2015, as an opportunity to take up the work again at the invitation of the Garage Museum of Contemporary Art, in Moscow.
For this show, Restiffe associates his continuous research into architecture and urban spaces to a personal and affective experience of these two major Russian urban centres. To him, the creation process that encompassed this photographic series kindles his lifelong interest in exploring an entirely different culture and his pioneering spirit, which ultimately led him to adopt a more intimist approach tothe time-space relation within his own work. Restiffe’s gaze renders the evolutionary process of these cities as he portrays daily anecdotal scenes, characters and interiors. The parallel drawn between these two timelines reveal the experimental character of the first images, in stark contrast to the searing sharpness and the distinctive aesthetic quality of the more recent ones, which together clearly evince his interest in the modernist elements in architecture and in the poetic dialogues between people, objects and their environment.
The artist’s poetical investigation superposes the documental language with references from art history and photography. The use of analogic black-and-white film is not made at random; rather it is a resource that enables the artist to delve into the concept of representation and explore the possibilities of deconstruction of the real. For this exhibition, the combination between the series produced twenty years ago and the current one is formalized through diptychs, triptychs and polyptychs, which draws on juxtaposition to form groups of images that dichotomize the past and the present, the public and the private, the affective and the mundane. Winter Trap (1996/2015),Corner Theatre (1995/2015), Ghosts (1996/2015) and Modelling (1995/2015) are a few examples of these works.
Mauro Restiffe was born in 1970 in São José do Rio Pardo, in the state of São Paulo, Brazil. He lives and works in São Paulo. His recent solo exhibitions include: Post-Soviet Russia 1995/2015, Garage Museum (Moscow, 2016); São Paulo, Fora de Alcance, Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, 2014); Obra, MAC-USP (São Paulo, 2013). The artist has participated in the following biennials: Aichi Triennale (Nagoya, Japan, 2016); Cuenca Biennial (Ecuador, 2014); São Paulo Biennial (2006); Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, 2013 and 2005); among others. His work can be found in several important collections, such as Bronx Museum of the Arts (New York), Colección Cisneros (Caracas), Inhotim (Brumadinho, Brazil), Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro), MAC-USP (São Paulo), MAM (São Paulo), Pinacoteca do Estado (São Paulo), SFMOMA (San Francisco), Tate Modern (London), TBA21 (Vienna), among others.
maio 11, 2016
Artéria 40 anos na Caixa Cultural, São Paulo
Exposição em São Paulo reúne mais de 60 obras de importantes artistas que já passaram pela publicação independente de poesia experimental Artéria desde os anos 1970. Em cartaz de 14 de maio a 17 de julho de 2016. Entrada gratuita
A CAIXA Cultural São Paulo inaugura, no dia 14 de maio de 2016, sábado, às 11 horas, a coletiva “Artéria 40 anos”, que reúne mais de 60 obras, entre serigrafias, adesivos, objetos, vídeos, áudios e plataforma digital interativa, além das 10 edições originais da revista Artéria. A curadoria é dos poetas, editores e colecionadores Omar Khouri e Paulo Miranda, que encabeçaram a publicação em suas quatro décadas de existência. A exposição segue até o dia 17 de julho com entrada gratuita e patrocínio da Caixa Econômica Federal.
A exposição traz importante produção da chamada poesia intersemiótica(mais conhecida como poesia visual), com trabalhos publicados de Julio Plaza, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Regina Silveira, Tadeu Jungle, Arnaldo Antunes e Lenora de Barros, entre outros.
“Além de trazermos os poemas, alguns verdadeiros clássicos da poesia intersemiótica, a exposição exibe originais, protótipos, objetos e primeiras edições da revista. Também estamos adaptando e retrabalhando algumas obras como a do Julio Plaza, que foi ampliada e agora ganha um novo formato especialmente para a mostra”, adianta Paulo Miranda.
“Artéria” é uma publicação independente de poesia experimental, que teve seu primeiro número lançado em 1975. Ainda em atividade, e com dez edições já publicadas, a revista sempre adotou o formato de antologia, trazendo poemas de diversos criadores, sempre preocupados com as visualidades de suas obras e as técnicas que as possibilitam, transitando entre variados códigos e linguagens.
Por isso, a exposição, semelhante às revistas, explora diversos formatos e suportes. Um dos principais destaques é a plataforma interativa, trazendo a totalidade das revistas publicadas, além poemas programados para serem manipulados pelo público por meio de uma tela sensível ao toque (touch screen).
Na ocasião da abertura, no dia 14 de maio, às 11 horas, acontece o lançamento do catálogo da mostra e visita-guiada com os curadores Omar Khouri e Paulo Miranda, acompanhados do poeta Júlio Mendonça. No dia 18 de junho, sábado, das 10 às 14 horas, o poeta Gastão Debreix promove uma oficina gratuita de poesia visual para 30 participantes. Inscrições pelo email: oficina@espacoliquido.com.br. Neste mesmo dia 18 de junho, o poeta Lúcio Agra realiza performance durante o lançamento da aguardada revista Artéria 11. A mostra “Artéria 40 anos” esteve em cartaz de outubro a dezembro de 2015 no Rio de Janeiro e agora chega a São Paulo.
Arnaldo Dias Baptista na Caixa Cultural, São Paulo
Mostra individual “Transmigração” reúne pinturas, desenhos, objetos e documentos inéditos do multiartista. De 14 de maio a 17 de julho de 2016, com entrada gratuita
A CAIXA Cultural inaugura no dia 14 de maio, sábado, às 11 horas, em São Paulo, a mostra individual Transmigração. Idealizada pela Frida Projetos Culturais e com curadoria de Marcio Harum, reúne ineditamente desenhos, pinturas, colagens, material documental e objetos do artista Arnaldo Dias Baptista.
Depois de duas exposições individuais em São Paulo, “Lentes Magnéticas” (2012) e “Exorealismo” (2014), em São Paulo, o ex-mutante Arnaldo Dias Baptista recebe uma homenagem institucional que abrange diversos repertórios do seu vasto espectro criativo. A curadoria explora aspectos plásticos de sua trajetória para muito além daquilo que os fãs do músico conhecem. Para tanto, a seleção criteriosa de obras e objetos é ambientada em uma expografia que assimila e dialoga com o conjunto exposto, criando uma atmosfera sideral e imersiva, bem ao gosto do multiartista radicado em Juiz de Fora – MG.
O título “Transmigração”, sugerido por Arnaldo, é uma homenagem a uma composição de sua mãe, a pianista erudita Clarisse Leite Dias Baptista. Como num renascimento em vida, para o curador, esta mostra tem o mérito de “apresentar o resultado de uma investigação em torno do desenvolvimento da linguagem poética, colocando lado a lado aquilo que o mercado e a crítica de arte separaram, congelando a produção de um artista cuja música invade a produção plástica e vice-versa”.
Tomando esse partido curatorial, Harum reúne na mesma sala jaquetas vintage, cadernos antigos repletos de fórmulas de física quântica, contos e experimentações de diferentes famílias tipográficas originais, convites de shows, camisetas, cartões-postais cheios de glitter, desenhos da viagem de motocicleta, das famosas guitarras Gibson, fotografias de acervo e uma série fotográfica de Leila Lisboa Sznelwar, feita nos anos 1970, ainda inédita num espaço público. Estações sonoras com os discos solo de Arnaldo e um canal de vídeo em loop completam a curadoria, atestando que a música e as artes visuais de Arnaldo se retroalimentar.
Na abertura da mostra, 14 de maio, às 11h30, o curador conduz visita guiada pela exposição, destacando as principais obras e aspectos relevantes de sua curadoria. No dia 18 de junho (sábado), às 15 horas, a Caixa Cultural lança o catálogo da mostra e promove nova visita guiada. No mesmo dia, às 15h30, o público é convidado a participar de uma mesa-redonda com o curador e as galeristas Flaviana Bernardo e Juliana Freire, da Galeria Emma Thomas.
Um site sobre o projeto – www.transmigracao.com.br, complementa as ações da exposição.
Arnaldo Dias Baptista
Nasce em 1948, em São Paulo, filho de mãe pianista - compositora Clarisse Leite Dias Baptista - e pai poeta e jornalista - César Dias Baptista. Foi fundador de Os Mutantes, que fez parte do Tropicalismo. A formação original, de 1968 a 1972, em São Paulo, trazia Arnaldo Baptista (baixo, teclado e vocais), Rita Lee (vocais) e Sérgio Dias (guitarra e vocais). Posteriormente, também participaram da banda Liminha (baixo) e Dinho Leme (bateria). A partir de 1982, passa a dedicar-se com mais afinco às artes visuais. Desde esse período, participa de algumas exposições de arte e projetos musicais como a coletiva “Give Peace a Chance” (2001), em homenagem a John Lennon. Em 1987, lança o álbum cult “Disco Voador”, resultado dos rascunhos musicais deste período. Em 2004, é a vez de “Let it Bed”, produzido por John Ulhoa e listado pela revista inglesa Mojo entre os dez melhores lançamentos do ano. Entre 2006/07, participa da reunião de Os Mutantes em Londres em evento dedicado à Tropicália. Toca e canta em turnê pela Europa, EUA e Brasil em shows para até 80 mil pessoas. Em 2007, retoma sua carreira solo.
A vida e obra de Arnaldo Baptista são relatados no documentário “Loki! Arnaldo Baptista” (2008), com produção do Canal Brasil e direção Paulo Henrique Fontenelle, que recebeu 14 prêmios no Brasil e no exterior. Neste mesmo ano, a editora Rocco lança o romance “Rebelde Entre os Rebeldes”, escrito na década de 1980. Em 2012 e 2014, realiza exposições individuais na Galeria Emma Thomas, em São Paulo. Suas telas e desenhos servem de video-cenário para os shows de “Sarau o Benedito?”, que vem circulando desde 2011 por importantes palcos e eventos no Brasil, incluindo a Virada Cultural no Theatro Municipal de São Paulo, MIMO/Teatro de Santa Isabel e o prestigiado circuito Sesc São Paulo e interior de música.
Em 2015, com alguns dos álbuns há mais de 30 anos fora de catálogo no formato físico, chega às principais lojas físicas e virtuais do país a caixa com a obra solo, com os antológicos álbuns “Loki?” (1974), “Singin’ Alone” (1981), “Let It Bed” (2004) e os dois de Arnaldo Baptista & A Patrulha do Espaço: “Elo Perdido +” (1988), com cinco faixas bônus, e “Faremos Uma Noitada Excelente” (1988) em versão ao vivo.
maio 10, 2016
Débora Bolsoni na Jaqueline Martins, São Paulo
Descaracter reúne obras inéditas, entre objetos, desenhos e instalações,desenvolvidos especialmente para a primeira individual da artista na galeria. Simultaneamente a artista apresenta um solo project numa das mais importantes feiras internacionais, a prestigiada Frieze NY, de 5 a 8 de maio.
Pensadas em escala reduzida a partir de pequenas alterações na arquitetura da Galeria Jaqueline Martins, em Pinheiros, duas instalações da artista carioca que vive em São Paulo Débora Bolsoni compõem a individual Descaracter, ao lado de objetos em tamanhos humanos e desenhos com forte apelo tridimensional, com abertura marcada para dia 2 de abril.
No piso térreo, uma dupla de objetos intitulados tubos terão a forma de tubulações hidráulicas, feitas de feltro vermelho e parafina branca, aplicada apenas no exterior deles, de modo que o vermelho do interior e sua textura fiquem ressaltados. “A ideia é que o observador se relacione com a obra de forma um tanto investigativa, procurando entender a sua materialidade”, conta ela. “Esta interioridade também ganha importância a partir do próprio desenho das peças que valoriza a interrupção do circuito que a tubulação faria pelo espaço”, completa.
Neste trabalho, Débora traz a tona o que normalmente fica escondido e só ganha visibilidade quando acontece uma ruptura, por exemplo, nos casos da tubulação da cidade. “Não é algo que a gente se detenha muito, a ideia inicial veio dessas manilhas que a gente vê na paisagem, quando quebra alguma calçada”, explica.
Já os desenhos, feitos com pastel oleoso sobre cartão parafinado, são imagens derivadas de objetos, “estudos” em torno deles, como um exercício de se aproximar das peças por outras vias, mais diretamente ligado ao procedimento com o suporte. “Assim como acontece com os objetos, a materialidade dos desenhos também não se esclarece muito facilmente. A impressão mais forte destes cartões parafinados é que trata-se de uma superfície de cimento queimado, mas o estranhamento quanto à espessura deixa em suspensão a sua natureza real”, diz Débora.
Site Specific
As duas instalações ocupam áreas que originalmente eram “fossos” do prédio. Um entre a fachada e o primeiro piso, e outro entre a construção principal e o escritório anexo. Junto a estes dois ambientes, a presença das estruturas metálicas do edifício ganham um outro sentido, dialogando diretamente com as obras. Na primeira delas, a passarela de tela metálica se transforma numa plataforma de observação para a obra campo de isopor que ocupa uma área de aproximadamente 3m2 do espaço que originalmente era um vão.
Na segunda, o gradil cuja função original era de guarda do ambiente, servindo de fechamento dos fundos da galeria, passa a delimitar um nicho expositivo. Com a retirada do guarda-corpo da janela dos fundos e a colocação de um piso de tela de aço, o público passa a ter acesso àquela área. O que antes era um “fosso” se transforma numa espécie de “gaiola” de cujo teto pende o maior objeto da exposição - uma peça intitulada O enforcado. Com dimensões próximas a de um corpo humano (1.70cm x 30cm x 60cm), o objeto é uma caixa suspensa por uma rede no centro da “saleta”, que pode ser manuseada pelo público, e se repete sob outras materialidades e dimensões em todo o espaço. “Ele serve de fio condutor entre os raciocínios arquitetônicos e conceituais da exposição”, afirma Débora. “Um acontecimento recorrente nesta seleção de obras é que seus materiais e procedimentos estão muito diretamente expostos, não há a intenção de ‘camuflar’ qualquer elemento, e, no entanto, temos a impressão de que são outras coisas”, completa.
Ler texto de apresentação de Ana Maria Maia
Flávio Cerqueira na Triângulo, São Paulo
Flávio Cerqueira apresenta série de esculturas inéditas na Casa Triângulo
A Casa Triângulo apresenta, a partir de 14 de maio, a segunda exposição individual do jovem artista paulistano Flávio Cerqueira na galeria. Intitulada Se Precisar, Conto Outra Vez, a mostra apresenta seis esculturas inéditas, realizadas especialmente para a exposição e acompanha texto da historiadora e crítica de arte Maria Izabel Branco.
Nesta nova série de trabalhos, da qual se destaca a obra “Tinha que acontecer” - uma peça em de proporção maior que a escala humana, Flávio exibe obras que, de maneira sutil, abordam questões ligadas à forma como aprendemos sobre a nossa própria história de um ponto de vista europeu. “São narrativas ficcionais que nos afastam das culturas ancestrais, da nossa própria história” – comenta o artista.
Dando continuidade ao processo tradicional da escultura em bronze, os trabalhos de Flávio Cerqueira protagonizam situações cotidianas universais em momentos de introspecção, reflexão, concentração. Materiais do cotidiano como livros, escadas, troncos de árvore, rampas, cimento, são usados em seus trabalhos em uma tentativa de criar relações entre o mundo e o espectador.
Cerqueira é um artista que produz esculturas de sensibilidade artística ao mesmo tempo marrenta e delicada, direta e interiorizada, bem-humorada e agridoce.
maio 8, 2016
Daniela Antonelli na Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
O imaginário das linhas de Daniela Antonelli - Mul.ti.plo Espaço Arte inaugura individual da artista carioca com trabalhos inéditos em papel, esculturas e um rolo em filme poliéster com 50 metros de comprimento
No início, era o traço. Fino, delicado, sistemático. Linhas que se entrecruzavam, povoando a superfície do papel. E pontos. Minúsculos pontos que juntos davam forma às ideias da artista plástica Daniela Antonelli. Mas isso foi no início – em 2008, quando iniciou uma pesquisa sobre o desenho. Hoje, o desenvolvimento de sua linguagem levou o trabalho a encontrar outros caminhos indicados por suas linhas e pontos. Eles continuam lá – porém livres e conectados a outras formas, outras técnicas e como continuidade de um pensamento sobre arte que explica a obra: “No meu trabalho a prática surge antes da teoria. Está intimamente ligada ao processo, ao fazer. A arte nos conecta com algo intangível”, diz Daniela. Essa liberdade conquistada pode ser vista na exposição na galeria Mul.ti.plo Espaço Arte, e que reúne trabalhos de diversas dimensões – em sua maioria desenhos sobre papel, como um desenho em um rolo de 50 metros de comprimento –, além de duas esculturas.
Este último trabalho, chamado Rolo #3, resume a trajetória de desenvolvimento e descobertas de sua linguagem: levou um ano para ser finalizado, sem nenhum estudo prévio do resultado. “Foi realizado por etapas, cada uma com 1m50 mais ou menos, e surgiu instintivamente, intuitivamente. No final identifiquei um novo elemento do vocabulário que foi incorporado à linguagem”, explica Daniela, que completa: “Vejo na trajetória do meu trabalho que parti do micro para o macro e que cada trabalho contém o todo dentro de si.” Todas as obras são recentes e inéditas, basicamente em nanquim (eventualmente aparecem lápis de cor e pigmento) e em cores primárias – azul, vermelho, amarelo, além do preto. Na mostra, o amarelo (“Uma cor difícil, quase temperamental”, diz a artista) aparece pela primeira vez.
São 36 desenhos de 20cm x 20cm que compõem um grande mosaico desta nova fase. Além deles, desenhos em grandes dimensões, um díptico, um tríptico, o rolo de 50 metros (em nanquim sobre filme poliéster) e duas esculturas em couro, outro suporte sobre o qual Daniela desenvolve suas pesquisas. “Hoje incorporo no meu trabalho as pequenas sujeiras, interferências que fogem da perfeição, o que antes era impensável”, diz Daniela Antonelli, a primeira artista plástica brasileira a participar de residência da Residency Unlimited, em Nova York, além de ter sido contemplada em 2013 com uma bolsa residência na Fundação West Dean, em Chichester, Inglaterra, fundada por Edward James – conhecido como ‘o mecenas do surrealismo’.
Daniela Antonelli
Rio de Janeiro, RJ, 1981
Vive e trabalha no Rio de Janeiro
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
2013
“Morada”- Galeria Mercedes Viegas – Rio de Janeiro
“Pure Politics” – Galeria Virtual Dot Dash 3 – Nova Iorque
2011
“No Processo” – galeria Oscar Cruz – São Paulo
2009
“Símbolos”- Reflexão sobre uma linguagem – Castelinho 38, Rio de Janeiro
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
2015
“Manifesto”- Galeria Mercedes Viegas – Rio de Janeiro
“I’m Ten”- Galeria IMT - Londres
2014
“Salão de PInturas” – Galeria Mercedes Viegas – Rio de Janeiro
2013
“Expansive Limits” – Residency Unlimited – Nova Iorque
2012
“Cidades Contínuas”- Condomínio Cultural, São Paulo
2011
“Desenho em campo ampliado” – Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Rio de Janeiro
“Do Lugar” – Galeria Mul.ti.plo, Rio de Janeiro
2010
“Com Afeto, Rio” – Galeria Oscar Cruz, São Paulo
2009
“Códigos”- Galeria Largo das Artes, Rio de Janeiro
2008
“Corpos”- Daniela Antonelli e Mario Vitor – Castelinho 38, Rio de Janeiro
SALÕES
2012
Arte Londrina , Londrina, Paraná
2011
“Abre Alas – Galeria Gentil Carioca, Rio de Janeiro
2010
“Novíssimos” – Galeria de Arte Ibeu, Rio de Janeiro
10º Salão de Guarulhos, Guarulhos, São Paulo
RESIDÊNCIAS
2014
Arte Institute programa de residência - Farol da Boa Viagem - Porto, Portugal
2013
Bolsa Residência – West Dean Foundation – 14 de Julho – 05 de Agosto
Residency Unlimited – Nova Iorque – Março / Abril
PRÊMIOS
2013
Apoio Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura Brasileiro
PALESTRAS E OFICINAS
2014
Oficina de criação de objetos escultóricos Aldeia Gentil - Rio de Janeiro, Brasil
2013
Palestra na Universidade da Carolina do Norte - ECU. Artista convidada para falar sobre o trabalho e orientar os alunos do programa de mestrado em artes.
Oficina de criação de amuletos com jovens entre 10 e 14 anos como contrapartida ao Apoio do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Minc . Parceria com Instituto da Criança e Espaço Logos - Rio de Janeiro, Brasil
FORMAÇÃO
2014
Curso de extensão "O Processo Criativo"- Escola de Artes Visuais, Parque Lage – Rio de Janeiro
2012
Curso de exploração em escultura em madeira e pedra, Fundação West Dean, Chichester, Inglaterra
2010
Acompanhamento da produção de contemporânea - Escola de Artes Visuais Parque Lage professores Marcio Botner e Bob N
2009
Filosofia e Arte Contemporânea – Arte no Campo Ampliado, curso de extensão, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
2004/2007
Graduação em Design Gráfico, Rio de Janeiro Brasil
2002/2003
Curso de artes visuais – Mis au Niveau, Paris, França
Amor: abertura e palestra no Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro
Oi Futuro Flamengo reúne artistas do Leste Europeu e da Rússia e as curadoras da exposição AMOR para falar de situações sociais, políticas e de relacionamento através de uma visão e sensibilidade feminina
O que é o amor para a mulher que vive em países da Europa Centro-Oriental, dos Balcãs e da Rússia? Como o histórico do comunismo, guerra, tensões, traumas e tragédias de seus países influenciam seus relacionamentos, moldam o imaginário feminino e influenciam os papéis da mulher? Esses são alguns dos temas a serem debatidos no Oi Futuro Flamengo pelas curadoras Denise Carvalho (Brasil/EUA) e Monika Szewczyk (Polônia), e pelas artistas Duba Sambolec, Magdalena Jetelová e Anna Jermolaewa, que estarão presentes para a abertura. A exposição Amor, mostra coletiva de artistas mulheres do Leste Europeu, será inaugurada no mesmo dia no centro cultural, reunindo trabalhos de 20 artistas multimídia da Polônia, Rússia, Bósnia, República Tcheca, Estônia, Lituânia, Ucrânia, Uzbequistão e Bulgária. O evento acontece no dia 9 de maio de 2016, a partir das 18h, com patrocínio da Oi, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, com apoio cultural do Oi Futuro.
A palestra no Oi Futuro marca a abertura da exposição, que fica em cartaz de 9 de maio a 10 de julho de 2016. Em discussão estarão temas como opressão, conflitos religiosos, luta de classes, diásporas, relações familiares, questões LGBT, preconceito étnico, maternidade, feminismo contemporâneo, tradições etc. A proposta da curadoria foi buscar temáticas distintas que dão uma forma dialógica à exposição, como o tema da história definida por ideologias universais em contraste com a invisibilidade de situações heroicas vividas por mães e famílias em seu dia-a-dia. O projeto abrange também investigações sobre a histeria e a autoflagelação, a articulação e a expiação dos traumas de pós-guerra, a transgressão do tempo na idade e as formas de subversão da opressão sexual, de gênero ou de linguagem. As relações familiares se expandem no imaginário das constelações de Bert Hellinger, como também no testemunho dos trabalhos sobre os genocídios étnicos, na vivência em trânsito de mulheres militares, e na conexão sem palavras entre seres humanos e animais.
“O título AMOR tem vários sentidos nessa exposição, mas o maior é o estar sempre à beira do abismo. O abismo está sempre presente em situações em que refletimos no outro algo que desejamos ou algo que necessitamos esquecer. A exposição nasceu dessa ambivalência que começa no amor, mas penetra todas as camadas da vida, desde os contextos familiares, aos sociais, políticos e históricos. O tema do amor é o filtro para entenderas subjetividades humanas, das mais simples às mais complexas, mas sempre num espaço sensorial interventivo e urgente. O amor traduz tanto a fragilidade humana como sua força, e é capaz de construir, como de destruir”, explica uma das curadoras, Denise Carvalho.
ARTISTAS
Agata Michowska – Polônia
Agnieszka Polska – Polônia
Alevtina Kakhidze – Ucrânia
Alla Georgieva – Bulgária
Anna Baumgart – Polônia
Anna Jermolaewa – Natural da Rússia,mora na Áustria
Duba Sambolec – Natural da Eslovênia,mora na Noruega
Elżbieta Jabłońska – Polônia
Ira Eduardovna – Natural do Uzbequistão, vive em Nova York
Izabella Gustowska – Polônia
Joanna Malinowskae C. T. Jasper – Naturais da Polônia, vivem em Nova York
Katarzyna Krakowiak – Polônia
Kateřina Šedá – República Tcheca
Kristina Inčiūraitė – Lituânia
Magdalena Jetelová – Natural daRepública Tcheca,vive na Alemanha
Mare Tralla– Natural da Estônia, vive em Londres
Milena Dopitová – República Tcheca
Lesia Khomenko – Ucrânia
Šejla Kamerić – Bósnia
Victoria Lomasko – Rússia
Denise Carvalho, Ph.D., curadora e crítica de arte, nasceu no Rio de Janeiro e vive e trabalha nos Estados Unidos. Sua formação inclui os títulos: Edward W. MellonPost-Doutorado, Wexner Center for theArts; Doutorado em Estudos Culturais pela UniversityofCalifornia Davis; Mestrado em História da Arte pela UniversityofCalifornia Davis; Mestrado em Estudos Culturais pela UniversityofCalifornia Davis; Mestrado em Antropologia pela Hunter College, NY, e Bacharelado em Artes Visuais pela Schoolof Visual Arts, NY. Entre outros, foi responsável pela curadoria do 3rd Mediations Bienal, Poznan, Polônia (2012), como Curadora das Américas (artistas: Fernando Prats, Teresa Margolles, Alex Villar, Regina Silveira, Paulo Bruscky, Oscar Muñoz, Nick Cave, Andrea Galvani, Alejandro Vidal, AdelAbdessemed, Ali Hossaini, Gabriela Golder, Alice Miceli, Kristin Lucas, Nick Hornby, Julia Oldham, Sang Nam Lee, Simon Lee andAlgisKizys, Adriana Varella, etc.). Prestou apoio ao Ministério da Cultura na Polônia,à Fundação Mediations, entre outros.
Monika Szewczyk é curadora, historiadora de arte e diretora da Galeria Arsenal, em Bialystok, Polônia. Preside aPodlaskieAssociation for Promotionof Fine Arts e é membro de importantes conselhos, como o da Diretoria do Conselho do Museu de Arte Contemporânea de Varsóvia, o comitê de bolsas do Ministério da Cultura da Polônia e o conselho da PolishSculpture Center em Oronsko. Recebeu várias bolsas e prêmios, como a bolsa do International Visitor LeadershipProgram USA (2008), a Medalha de Mérito para Cultura Gloria Artsis (2005) pelo MinistryofCultureandNationalHeritage e, três vezes, o Prêmio KurierPoranny “Gonden Keys”, na Polônia.
Prêmio CCBB Contemporâneo: Alan Fontes no CCBB, Rio de Janeiro
O projeto do mineiro Alan Fontes contemplado pelo Prêmio CCBB Contemporâneo tem como tema a paisagem do Rio de Janeiro, contrapondo vistas de satélite com seu olhar da cidade, onde passou dois meses para criar a instalação Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação, composta por pinturas e objetos. Com patrocínio da BB Seguridade, a mostra fica em cartaz até 9 de maio de 2016.
Definida por Fontes como “instalação pictórica”, a exposição parte de uma visão aérea [satélite] do segmento do centro histórico do Rio onde está o CCBB. Panoramas dessa área captadas digitalmente foram reproduzidas em cinco pinturas – óleo e encáustica sobre tela: a maior de 500 x 300cm e a menor, 70 x 90cm.
A pintura maior é baseada em uma imagem do Google Earth de 2009 da Praça XV e Candelária. O artista quis reproduzir essa paisagem que hoje já não é mais a mesma para levar o espectador a perceber a velocidade da passagem do tempo. Em outra tela, a Ilha Fiscal aparece distante de forma fictícia do continente, como parte de uma paisagem que se afasta e se perde. O Palácio Monroe, inaugurado em 1906 e demolido em 1976, também no centro do Rio, aparece em outra pintura, como exemplo da administração do planejamento urbano através das décadas. Completando o conjunto, duas pinturas de casas em estágio de demolição foram baseadas em fotos e desenhos feitos por Fontes durante sua residência artística no ateliê temporário na Fábrica Behring em 2015.
Poética de uma Paisagem – Memória em Mutação tem ainda itens achados e colecionados durante os dois meses em que o artista andou pela cidade, como um sofá modernista, porta-retratos e molduras vazios, tapetes, um cabideiro, um aparelho de telefone, azulejos copiados dos modelos hidráulicos da tradicional Confeitaria Colombo e um papel de parede geométrico, todos pintados de cinza, tirando-lhe a vida. “É como se “uma ‘morte’ ocorresse fora do campo pictórico”, define o artista.
O espaço expositivo está ocupado com o conjunto da pesquisa plástica realizada, contrastando duas formas de contato com a paisagem: o contato distanciado, possibilitado pelas ferramentas tecnológicas, e o contato vivenciado pelo sujeito estrangeiro que experimenta habitar um novo espaço urbano e criar uma forma particular de entendimento do novo contexto, na sua configuração histórica e nas suas regras cotidianas.
Bernardo Mosqueira, autor do texto de apresentação da mostra, resume: “… somos lembrados por Alan Fontes de que é preciso aprender constantemente formas originais de enxergar e de que tudo que há no mundo é capaz de produzir sentido para auxiliar a nos localizar no espaço e no tempo.”
Alan Fontes, nascido em Belo Horizonte, MG, em 1980, vive e trabalha na capital mineira. É graduado em Belas Artes, com habilitação em pintura, pela UFMG e Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Entre suas principais mostras individuais estão “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas (São Paulo, 2015), “Desconstruções”, na Baró Galeria (São Paulo, 2014), “La foule”, na Galeria Laura Marsiaj (Rio de Janeiro, 2012), “Sweet Lands”, na Galeria de Arte Celma Albuquerque (Belo Horizonte, 2011) e “A Casa”, no Paço das Artes (São Paulo, 2008).
Participou de coletivas como Premiados Feira Internacional ArtRio (RJ, 2013), 10a Temporada de Exposições do MARP (Ribeirão Preto, SP, 2012), “Breve Panorama da Pintura Contemporânea em Minas Gerais” (Ouro Preto, 2010) e “Pictórica” (Palácio das Artes, BH, 2006). Fez residências artísticas em “Pintura Além da Pintura” do CEIA (BH, 2006), 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha ( Belo Horizonte, 2013) e Residência Baró (São Paulo, 2014). Recebeu o 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio 2013, a Bolsa Pampulha 5ª edição em 2014 e o Prêmio CCBB Contemporâneo 2015. http://alanfontes.blogspot.com.br/
Prêmio CCBB Contemporâneo
O edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil de 2014 inclui, pela primeira vez, um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar esse espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou, entre 2010 e 2013, 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país.
A série de exposições inéditas, em dez individuais, começou com grupo carioca Chelpa Ferro, seguido das individuais de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP], Ricardo Villa [SP] e Flávia Bertinato [MG]. Depois de Alan Fontes [MG], vêm Ana Hupe [RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.
Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.
maio 7, 2016
Barrão no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
O Galpão Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição individual Paleotoca de Barrão. Paleotocas são labirintos gigantes escavados por animais já extintos, como as preguiças pré-históricas, que serviam de proteção e abrigo para o clima hostil de 10 mil anos atrás. O artista alude a essas construções precárias através de 20 esculturas em resina, que de certa forma dão continuidade à sua trajetória por entre o universo dos objetos e do colecionismo. Ao mesmo tempo, ainda referindo-se ao acolhimento proporcionado pelas cavernas, o conjunto de obras estabelece uma relação direta com o espaço físico, além de travar um diálogo entre esses animais e a questão do tempo e ritmo estabelecidos com o processo de produção e criação do artista.
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Conhecido especialmente por suas assemblages com peças de porcelana, Barrão passou a investir num novo processo investigativo no último ano, que parte do gesso para chegar na resina como material elementar. Enquanto as colagens fazem com que os objetos percam suas qualidades primárias, as peças de resina monocromáticas (todas na cor branca), vão além e demonstram uma qualidade de total auto-disfunção, adquirindo novas atribuições. O artista inicia, dessa forma, uma pesquisa voltada para não fragmentação, utilizando-se para tanto de uma coleção de objetos muito mais enxuta e econômica.
Essa nova investigação possibilitou ainda ao artista descobrir com mais liberdade as possibilidades estéticas, principalmente no que diz respeito ao gesto escultórico. Barrão explorou não só as vantagens da modelagem e suas possibilidades de repetição, mas também as diferentes formas de combinar, agrupar e empilhar objetos do uso cotidiano – como garrafas, galhos, isopor, caixas de som, fitas cassetes etc – em composições aleatórias e inusitadas. Em Geo Milho por exemplo, três espigas de milho adequam-se dentro do que seria uma moldura de isopor para compor um único objeto, ao passo que Castelos de Cassetes – F.S. Torres traz cinco fitas cassetes acasteladas.
Barrão nasceu em 1959 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: Fora Daqui, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2015), Mashups, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, USA (2012); e Natureza Morta, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal (2010). Em mostras coletivas, o artista também já participou, entre outras, do Panorama de Arte Brasileira em 2007 e de exposições no MAC, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo; além da antológica mostra Como Vai Você, Geração 80? no Parque Lage, Rio de Janeiro (1984). Paralelamente, Barrão ainda integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Luiz Zerbini e Sérgio Mekler.
Galpão Fortes Vilaça proudly presents the solo exhibition Paleotoca [Paleoburrow] by Barrão. Paleoburrows are giant labyrinths excavated by extinct animals, such as pre-historical sloths. These burrows encompass precarious underground caves and networks, formed by these mammals for protection and shelter from the hostile climate that pervaded the ecological system ten thousand years ago. For this occasion, the twenty resin sculptures, with which this native carioca (born in Rio de Janeiro)gives continuity to his trajectory through the realm of objects and of collecting, seek to establish a direct relationship with the physical space that accommodates them, in addition to opening a dialogue on the question of time and the rhythm developed with the artist’s production and creation process.
Well known for his sculptural production dedicated to assemblages of finished ceramic parts, in the last year Barrão began to invest in a new research process, which started with the use of plaster and unfolded into resin as the primary material. While the collages clears the objects of their principal qualities, the monochromatic resin parts (all in white) go even further, displaying a quality of complete dysfunction from their very existence, and thus acquiring a new attribution. This way, the artist initiates a systematic investigation that is aimed at non-fragmentation, by means of a collection of objects that are starker and stripped of any inessential elements.
Furthermore, this new investigation enabled the artist to discover the aesthetic possibilities of the sculptural gesture with greater freedom. Barrão not only explores the advantages of mould making and its potential for reproduction, but also the different forms of combining, grouping and stacking up objects of daily use such as bottles, branches polystyrene foam, speakers, cassette tapes, etc., all replicated in random, unusual compositions. In Geo Milho [Geo Corn], for example, three corncobs are arranged within what can be described as a polystyrene frame to compose a single object, whereas in Castelos de Cassetes – F.S. Torres [Cassette Castle - F.S. Torres], five cassette tapes positioned in a castle-like arrangement.
Barrão was born in 1959 in Rio de Janeiro, where he lives and works. Among his solo exhibitions are: Fora Daqui,Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2015), Mashups, The Aldrich Contemporary Art Museum, Ridgefield, USA (2012); and Natureza Morta, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon, Portugal (2010). The artist has also taken part in numerous group shows, including Panorama de Arte Brasileira, in 2007, and in exhibitions held at MAC, São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo, in addition to participating in the celebrated show Como Vai Você, Geração 80? at Parque Lage, Rio de Janeiro (1984). In parallel, Barrão has also been a member of the Chelpa Ferro collective, with Luiz Zerbini and Sérgio Mekler, since 1995.
Tiago Carneiro da Cunha no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
O Galpão Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar a exposição individual Trânsito dos Infernos – 2012/2015 de Tiago Carneiro da Cunha, a primeira do artista desde sua participação na 30ª Bienal de São Paulo: A Iminência das Poéticas em 2012, que destacou seu trabalho em escultura e vídeo. A mostra reúne cerca de 20 pinturas óleo sobre tela, como resultado de uma pesquisa inédita em sua carreira. Dentre elas, está a que empresta o título à exposição, cujo cenário de carros sob um céu vermelho apocalíptico dita o tom crítico e dramático do que vem a seguir.
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A fascinação pelo gesto, intensamente explorado nas esculturas, está de volta nesta série através do traço, que trabalha um humor corrosivo, porém marcadamente sentimental. Personagens e paisagens são totalmente reconhecíveis, embora distorcidos pela emoção, dotados de auras e intenções visíveis. Sua abordagem iconoclasta evoca as qualidades do belo e do feio com igual sensualidade, até serem confundidas por completo. A utilização de uma paleta de cores puras, em contrastes marcados por uma ampla gama de densidades e intensidades, realça ainda mais a expressividade dramática dos trabalhos.
As obras expostas foram selecionadas através de um processo intuitivo do artista, a partir de uma vasta produção realizada ao longo dos seus quatro últimos anos de pesquisa, onde se utilizou do improviso para a abordagem de cada uma das telas, em poucas e rápidas sessões de trabalho, num longo (por vezes arriscado) jogo de erros e acertos.
Tiago Carneiro da Cunha nasceu em São Paulo em 1973 e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições recentes, destacam-se suas participações em: Prospect 2013, Museum of Contemporary Art San Diego (San Diego, EUA, 2013); Sobrenatural, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2013); A Iminência das Poéticas, 30ª Bienal de São Paulo (2012); Tiago Carneiro da Cunha & Klara Kristalova, SFMOMA (San Francisco, EUA, 2011); Bienal de Liverpool (2002); Bienal de Sydney (2002). Também atua como curador, tendo organizado as mostras: Law of the Jungle, Lehmann Maupin Gallery (Nova York, 2010); Drunkenmasters, Galeria Fortes Vilaça (São Paulo, 2004). Sua obra está presente em diversas coleções importantes ao redor do mundo, como: MAM (Rio de Janeiro), MAR (Rio de Janeiro), Saatchi Collection (Londres), SFMOMA (San Francisco), TBA21 (Áustria), entre outras.
Galpão Fortes Vilaça is pleased to present Trânsito dos Infernos – 2012/2015 [Traffic from Hell/Transit through Hell – 2012/2015], an exhibition by Tiago Carneiro da Cunha, the artist’s first solo show since his participation in the 30th São Paulo Biennial: The Imminence of Poetics in 2012, which gave prominence to his sculpture and a video work. The exhibition brings close to twenty oil paintings, all on canvas, resulting from a new line of research in his career. Among them is the work which lends its title to the show, a scenario of streaming cars beneath an apocalyptic red sky which sets the critical and dramatic tone of that which will follow.
The fascination for gesture, so intensely explored in the sculptures, reappears in this series via the line, which conveys a corrosive sense of humour, albeit markedly sentimental. Characters and landscapes are readily recognizable, though distorted by emotion, and endowed with visible auras and intentions. His iconoclastic approach evokes the qualities of beauty and ugliness with the same sensuality, to the point where they become completely confounded. The use of a palette of pure, unmixed colours, marked by sharp contrasts rendered by a broad spectrum of densities and intensities, further enhances the dramatic, even sculptural expressiveness, of the works.
The works presented in the exhibition have been intuitively selected by the artist from an extensive body of work produced during the last four years of his research process, wherein he brought spontaneous improvisation into action to approach each one of the paintings in few, quick work sessions, in a long (and at times unpredictable) game of mistakes and successes.
Tiago Carneiro da Cunha was born in São Paulo in 1973 and currently lives and works in Rio de Janeiro. Among His recent exhibitions include: Prospect 2013, Museum of Contemporary Art San Diego (San Diego, USA, 2013); Sobrenatural, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2013); 30th São Paulo Biennial: The Imminence of Poetics (2012); Tiago Carneiro da Cunha & Klara Kristalova, SFMOMA (San Francisco, USA, 2011); Liverpool Biennial (2002); Sydney Biennial (2002). He also works as a curator, and has organized the following shows: Law of the Jungle, Lehmann Maupin Gallery (New York, 2010); Drunkenmasters, Galeria Fortes Vilaça (São Paulo, 2004). His work can be found in several important collections around the world, such as: MAM (Rio de Janeiro), MAR (Rio de Janeiro), Saatchi Collection (London), SFMOMA (San Francisco), TBA21 (Austria), and others.
Iran do Espírito Santo na Fortes Vilaça, São Paulo
A Galeria Fortes Vilaça tem o prazer de apresentar Fuso, a nova individual de Iran do Espírito Santo, que reúne esculturas e uma instalação. O título faz uma alusão tanto ao fuso mecânico, quanto ao fuso horário que conhecemos, relacionando-se principalmente com a questão do tempo, e que o artista apresenta sob três concepções distintas: histórica, cósmica e existencial. Com esse projeto, Iran retoma também temas recorrentes de sua pesquisa, como a correlação estabelecida entre a evolução industrial imposta pelo avanço da modernidade, bem como a estética contemporânea e suas implicações.
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Instalado no térreo da Galeria, Base Fixa é um dos mais ambiciosos projetos escultóricos do artista até a presente data, onde ele invoca a força da escala física através de uma série de peças de aço inox, que juntas somam mais de uma tonelada. Curiosamente, esses quatro conjuntos de porcas e parafusos (aumentados em dezoito vezes) foram fabricados com mesmo maquinário tradicional do qual geralmente fazem parte, arrevessando a própria hierarquia industrial clássica. Os parafusos delimitam uma área quadrada no espaço expositivo, sugerindo não por acaso uma base imóvel sobre a qual estão fixados, ao passo que sua forma helicoidal (rosca) aponta para um movimento infinito. Cria-se assim uma tensão, a qual o artista descreve como um “conflito entre as forças de avanço e de retrocesso, de movimento e reação.”
A materialidade ostensiva de Base Fixa pode ser contrastada com o caráter etéreo das obras no segundo andar. Cúpula é uma escultura de cristal inspirada nos relógios antigos, que estabelece um contraponto entre sua função original, a de proteger a marcação do tempo, e a maneira como explora a noção de tempo em algo suspenso e solidificado no seu próprio relicário. Já a obra Fuso, que empresta seu nome à mostra, é uma instalação site-specific produzida nas paredes. Como é habitual na prática do artista, o trabalho apresenta mais de quarenta gradações de cinza, pintadas com linhas retas e precisas. Nessa obra, Iran do Espírito Santo trabalha nas superfícies paralelas para criar imagens inversas e complementares. Altera, assim, a incidência da luz sobre a arquitetura, modificando a percepção física do espaço. O espectador, posicionado entre esses dois polos, torna-se não só testemunha, como também parte integrante do ambiente instalativo.
Na ocasião da abertura da exposição, Iran do Espírito Santo lança seu mais novo livro monográfico, Iran do Espírito Santo / Desenhos / Drawings, sobre sua extensa produção em papel. Publicada pela Editora Cobogó e com texto do curador Jacopo Crivelli Visconti, a edição apresenta um recorte cronológico através de uma seleção de mais de 130 obras.
Iran do Espírito Santo nasceu em Mococa (SP) em 1963 e atualmente vive e trabalha em São Paulo. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Playground, Public Art Fund, Nova York (EUA, 2013); Recuo, Capela do Morumbi, São Paulo (2013); Estação Pinacoteca, São Paulo (2007); IMMA, Dublin (Irlanda, 2006); MAXXI, Roma (Itália, 2006); Museo de Arte Carrillo Gil, Cidade do México (México, 2004). O artista já participou das seguintes bienais: Bienal do Mercosul (2009 e 2005), Bienal de São Paulo (2008 e 1987), Bienal de Veneza (2007 e 1999), Bienal de Montreal (2007) e Bienal de Istambul (2000). Sua obra está presente em diversas coleções importantes, como MoMA (Nova York), SFMOMA (San Francisco), Cifo (Miami), MACBA (Barcelona), TBA21 (Viena), The Israel Museum (Jerusalém), Inhotim (Brumadinho), MAM (São Paulo), MAM (Rio de Janeiro), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), MAC-USP (São Paulo), entre outras.
Clique aqui para ler a declaração do artista sobre a exposição
Galeria Fortes Vilaça is proud to present a new solo exhibition by Iran do Espírito Santo, which brings together sculptures and an installation. The title in Portuguese alludes at one and the same time to screw threads (fuso mecânico), and to time zones (fuso horário) with which we are familiar, and their relation to the theme of time, which the artist presents under three distinct conceptions: historical, cosmic and existential. With this project, Espírito Santo also revisits recurring themes in his research, such as the correlation between the industrial development imposed by the advance of modernity, as well as contemporary aesthetic and its implications.
Installed on the ground floor of the gallery, Base Fixa [Fixed Base] is one of the artist’s most ambitious sculpture projects to date, where he invokes the sheer magnitude of the physical scale through a series of parts made of stainless steel, which put together weigh more than a ton. Curiously, these four sets of nuts and bolts (enlarged to eighteen times their original size) were produced with the same traditional machinery, which they generally are a part of, disgorging classic industrial hierarchy itself. The screws mark out an area in the shape of a square in the exhibition space, alluding, not by chance, to a stationary base to which they are affixed, while the helical form (of the screw) point to infinite movement. This in turn generates a tension which the artist describes as a “conflict between thrust and retraction, movement and reaction forces.”
The overt materiality of Base Fixa [Fixed Base] may be contrasted with the ethereal character of the works on display on the second floor. Cúpula [Dome] is a crystal sculpture inspired by old clocks, which establishes a counterpoint between its original function, that of protecting timekeeping, and the way it explores the notion of time in something that is suspended and solidified within its own reliquary. The work Fuso, which lends its name to the title of this exhibition, on the other hand, is a site-specific installation produced directly on the walls. As is customary in the artist’s practice, the work includes/shows more than forty shades of grey, painted with precise, straight bands. In this work, Iran do Espírito Santo works on parallel surfaces to create inverse, complementary images. In this way, he alters the incidence of light on architecture, altering the perception of physical space. Positioned between these two poles, spectators become not only into a witness, but also an integral part of the setting of the installation.
During the opening of the exhibition, Iran do Espírito Santo will launch his most recent monograph, entitled Iran do Espírito Santo / Desenhos / Drawings, which encompasses his extensive body of works on paper. Published by Editora Cobogó and with the text written by curator Jacopo Crivelli Visconti, the edition presents a chronological frame which comprises a selection of over 130 works.
Iran do Espírito Santo was born in Mococa, São Paulo, in 1963, and currently lives and works in São Paulo. His numerous solo exhibitions include: Playground, Public Art Fund, New York (USA, 2013); Recuo, Capela do Morumbi, São Paulo (2013); Estação Pinacoteca, São Paulo (2007); IMMA, Dublin (Ireland, 2006); MAXXI, Rome (Italy, 2006); Museo de Arte Carrillo Gil, Mexico City (Mexico, 2004). The artist has participated in the following biennials: Bienal do Mercosul (2009 and 2005), Bienal de São Paulo (2008 and 1987), Venice Biennale (2007 and 1999), Biennale de Montreal (2007) and Istanbul Biennial (2000). His oeuvre can be found in several important (private and public) collections, such as MoMA (New York), SFMOMA (San Francisco), Cifo (Miami), MACBA (Barcelona), TBA21 (Vienna), The Israel Museum (Jerusalem), Inhotim (Brumadinho), MAM (São Paulo), MAM (Rio de Janeiro), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo), MAC-USP (São Paulo), among others.
Click here to read the artist statement about the exhibition
Zed Nesti na Bolsa de Arte, São Paulo
O artista apresenta 21 pinturas a óleo que lançam olhar crítico sobre a identidade nacional e os clichês da cultura de massa, a partir de 15 de março
O artista Zed Nesti abre no dia 15 de março a individual Pra Inglês Ver na Galeria Bolsa de Arte de São Paulo (Mourato Coelho, 790). Composta de 21 pinturas a óleo inéditas, a mostra apresenta imagens que questionam a formação da identidade brasileira e a influência da cultura de massa nesse processo. Eventos históricos e o olhar estrangeiro recebem um olhar crítico, próprio da poética de Zed Nesti. É sua primeira individual na filial paulista da galeria de Porto Alegre.
A expressão que dá nome à mostra do artista carioca radicado em São Paulo vem dos livros de história. Ela foi (e vem sendo) a frase usada no Brasil e em Portugal para se referir especificamente à defesa da Inglaterra à abolição da escravatura – mesmo tendo se valido do comércio de escravos por mais de dois séculos – e o decreto do Governo Regencial de que os escravos desembarcados a partir de 1831 seriam livres, o que não aconteceu de fato. Incorporada à língua, ficou valendo para todos os tipos de leis ou regras que não seriam cumpridas na prática.
Por meio do recorte e tratamento dado às imagens nas pinturas a óleo, Zed Nesti tece um comentário sobre o papel da sociedade de consumo, à mídia de massa contemporânea. Também aponta uma descrença no mito do artista como criador e nos conceitos de propriedade intelectual, material e direitos autorais.
A mostra é formada por imagens aparentemente realistas que, após uma inspeção mais minuciosa, revelam inclusões nas telas como espirros de tinta e marcas de dedos. O artista, além de promover um efeito de trompe l’oeil, deixa entrever a origem impregnada de manipulação, já que muitas foram retiradas de meios como Facebook, Instagram, Pinterest, publicidade, moda, cinema e TV. Meios que trazem filtros que promovem uma saturação rebaixada das cores, o que pode ser visto em muitas das obras presentes na exposição, permeadas por um olhar setentista, década em que o artista era uma criança.
Há visíveis camadas de cores que contam a história dos processos e usos empregados por Zed Nesti, ou mesmo que conferem um caráter datado, como uma evidência histórica falsificada. Outro aspecto criado pelo artista é, por meio do contraste do fundo roxo de algumas imagens com as camadas mais superficiais, verdes, o surgimento de uma sensação de “fora de registro”, que lembra imagens veiculadas pela televisão ou impressas em má qualidade. As pinturas possuem dimensões que variam de 15x15 cm até 3,30m x 1,50 m.
Algumas imagens evocam a questão identitária de forma mais explícita. É o caso da pintura “Boys From Brazil”, realizada em uma tela de formato redondo, como um olho. Zed Nesti parte de um frame do filme homônimo, de 1978, estrelado por Gregory Peck e Laurence Olivier. Na trama, o médico nazista Josef Mengele realizava experiências genéticas nas florestas tropicais da América do Sul. Para o artista, “a imagem do menino de olhos azuis traça um paralelo entre o hábito comum do brasileiro de clarear o cabelo, os olhos e a pele e sua relutância em assumir sua constituição psíquica e cultural de origem índia, negra e ibérica”. A subserviência a um ideal estrangeiro na formação da auto-imagem é um dos temas centrais desta série de trabalhos.
Já em Souvenir, pintura com 2,10 cm de diâmetro, borboletas (símbolos de liberdade, vida e movimento) aparecem capturadas, encapsuladas e comercializadas para um visitante de fora, “numa relação que guarda uma mórbida semelhança com a relação império colônia e mesmo com a obra de arte – uma representação da vida para consumo”, diz o artista. A obra também traz um jogo de referências com as colagens de Damien Hirst. “Assim, reestabeleço a histórica conexão que originou a expressão e cutuco o fato de o Reino Unido ter se apropriado de vasta quantidade de ouro brasileiro na época da colonização”, enfatiza o autor.
Completam o rol de referências visuais à história brasileira dos anos 70, às imagens que habitam a memória afetiva do artista e aos produtos de exportação brasileiros, uma variedade de ícones: de Gisele Bundchen ao general Geisel, dos Secos e Molhados às pedras preciosas.
Zed Nesti possui uma pesquisa profunda de materiais como pigmentos, óleos, ceras, solventes e resinas aliada à produção de tinta e das telas usadas nos trabalhos. Boa parte das cores presentes na exposição são únicas e criadas por ele, resultando em uma rica variação de opacidade, contraste, saturação, luminosidade e tonalidades.
A exposição segue em cartaz até 7 de maio de 2016. No dia da abertura haverá o lançamento do catálogo com entrevista de Ana Finel Honigman, crítica e curadora americana, PhD em história da arte pela Universidade de Oxford.
Zed Nesti nasceu no Rio de Janeiro em uma família de artistas. Cursou a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em São Paulo. Faz parte do elenco da Galeria Bolsa de Arte desde abril de 2015, quando apresentou uma individual homônima na Galeria de Porto Alegre.
Em “8 Emerging Artists”, na Galerie SHO Projects, em Tóquio (Japão), o artista apresentou sua série de pinturas “Celebs”, com retratos de celebridades como Madonna e Brad Pitt. Pintados a partir de fotografias, traziam como resultado final um forte contraste advindo da fatura rica em matéria pictórica.
Já em 2010 o artista apresentou a série “Book of Faces of Facebook”, uma coleção de retrados de amigos da rede social do artista exibidos na exposição “Mediações”, na galeria Motor, em São Paulo, e na coletiva “Found on Facebook”, na galeria Arthur M Berger, em Nova Iorque.
maio 6, 2016
Acervo Videobrasil em Contexto #2: Karol Radziszewskie e Vitor Cesar no Galpão VB, São Paulo
O polonês Karol Radziszewskie o brasileiro Vitor Cesar apresentam no Galpão VB trabalhos que tratam do espaço urbano como arquivo aberto e materiais de coleções privadas que contam histórias LGBT no Leste europeu e Brasil
A exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2 aprofunda a política de ativações do Acervo da Associação Cultural Videobrasil e apresenta no Galpão VB obras do polonês Karol Radziszewski e do brasileiro Vitor Cesar. Os dois artistas foram convidados para participar da segunda edição do projeto de residência artística da Associação e exibem agora trabalhos que investigam, a partir de princípios distintos, as noções de coleção e arquivo. A abertura acontece no dia 02 de abril (sábado), a partir das 13h, com visitação até 11 de junho de 2016.
O projeto Videobrasil em Contexto #2 é fruto da parceria entre o Videobrasil e o programa curatorial de residências artísticas A-I-R Laboratory– do Centre for Contemporary Art Ujazdowski Castle – como parte do programa de promoção da cultura polonesa no Brasil, organizado por Culture.pl em 2016. Tanto o Videobrasil quanto o Ujazdowski Castle são instituições reconhecidas pelo seu envolvimento com a cena de arte contemporânea e associadas a importantes coleções em seus respectivos países. Elas receberam os artistas para uma visita inicial de duas semanas, permitindo que tomassem contato com as realidades locais e elaborassem uma proposta de trabalho para os três meses seguintes de residência. Durante esse período, os artistas desenvolveram os trabalhos apresentados agora ao público de São Paulo na exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2.
Na instalação Anfibologia, tradução, Vitor Cesar, aborda o espaço urbano como um arquivo aberto, lugar de encontros onde a experiência do cotidiano ganha novas e sutis camadas de significado (o termo anfibologia é proveniente do grego amphibolia que, na linguística moderna, significa ambiguidade ou duplicidade de sentido em uma construção sintática, tanto em ato consciente, quanto inconsciente). Criada durante residência no A-I-R Laboratory, a obra reúne frases e breves comentários elaborados a partir de olhares diversos sobre Varsóvia, mesclando a percepção pessoal do artista com reflexões e leituras sobre o espaço urbano feitas por seus interlocutores locais. Transposta para o Galpão VB,a obra ocupa as paredes do espaço expositivo e vai além, buscando outras relações com a arquitetura para estender sua investigação em torno da potência poética da ambiguidade e do caráter plural das palavras.
Karol Radziszewski apresenta o seu Queer Archives Institute (QAI), pesquisa em constante expansão que resgata de coleções privadas material gráfico e imagens relativas à experiência queer nos países do Leste europeu. Com o propósito de expandir seu acervo a outros países do Sul geopolítico, o artista acrescenta ao QAI materiais que permitem reconstituir uma breve história da presença de gays, lésbicas, transgêneros no Brasil. A diversidade de registros e períodos reunidos por Radziszewski busca traçar uma genealogia dessa produção, resgatando-a finalmente dos ambientes do segredo.Como artista em residência no Videobrasil, Radziszewski selecionou do Acervo da Associação três trabalhos que, abordando questões de gênero e sexualidade, estabelecem um diálogo rico com o QAI. Integram a exposição vídeos de Rita Moreira(Temporada de caça, 1988), Rafael França (O profundo silêncio das coisas mortas, 1988) e Virginia de Medeiros (Sergio e Simone, 2010). No dia 16 de abril, as 15h, o artista apresenta um projeto anterior, o filme Kisieland (2012), seguido de uma conversa sobre o Queer Archives Institute, como parte de uma atividade de programas públicos da exposição.
“Postas lado a lado, as obras de Cesar e Radziszewski apresentam duas dimensões complementares do gesto de arquivar e colecionar. Seja operando a partir daquilo que é público ou investigando os subterrâneos de certa produção cultural, os artistas iluminam aquilo que permanece em silêncio e, no entanto, é parte cotidiana da nossa experiência no mundo. Assim, a exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2 lança um novo olhar sobre o sentido de colecionar, afirmando ao mesmo tempo sua relevância histórica e sua atualidade”, afirma Solange Farkas, curadora e diretora geral da Associação Cultural Videobrasil.
Além da experiência de deslocamento e intercâmbio e dos trabalhos apresentados na exposição do Galpão VB, o projeto Videobrasil em Contexto #2 contempla ainda o comissionamento de uma obra de cada artista, que passam a integrar os acervos da Associação e da Ujazdowski Castle. Vitor Cesar elaborou a publicação Anfibologia, tradução - observar construções atravessando monumentos, que será lançada durante o período da exposição no Galpão, em data a confirmar. Karol Radziszewski está atualmente em fase de produção de um filme, que tem finalização prevista para o final deste ano.
No mesmo dia e horário de abertura da exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2 (02 de abril), acontece no Galpão VB a inauguração da mostrado artista sul-africano Haroon Gunn-Salie, resultado do 1º Prêmio SP-Arte / Videobrasil. Agridoce é um site specific que aborda o desastre das barragens de Mariana, Minas Gerais, reconstruindo a experiência do acidente em escala concreta e afetiva. As obras elaboradas em colaboração com os moradores da região formam uma espécie de monumento ao desastre ambiental, materializando a memória coletiva do evento e resgatando a dimensão humana da história. Esta exposição também permanece em cartaz até 11 de junho. Mais informações www.videobrasil.org.br
Karol Radziszewski é artista multidisciplinar, cineasta e curador, Karol Radziszewski concluiu mestrado pela Academia de Belas Artes em Varsóvia, em 2004. Por meio de uma metodologia baseada em arquivos, cruza múltiplas referências culturais, históricas, religiosas, sociais e de gênero. É editor-chefe da DIK Fagazine, revista que combina a pesquisa em arquivos queer com contribuições da arte contemporânea, e fundador do QueerArchivesInstitute. Seus trabalhos foram expostos em instituições como o Museu Nacional, Museu de Arte Moderna, Galeria Nacional Zacheta, (Varsóvia, Polônia); Kunsthalle Wien (Viena, Áustria); New Museum (Nova York); Cobra Museum (Amsterdã, Países Baixos); Museu de Arte Contemporânea de Wroclaw (Polônia); e MuzeumSztuki (Lodz, Polônia). Exibiu obras em bienais internacionais como PERFORMA 13 (Nova York); 7a Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Gotemburgo (Suécia); 4a Bienal de Praga (República Tcheca) e na 15a WRO Media ArtBiennale (Wroclaw). Vive e trabalha em Varsóvia.
Vitor Cesar é artista visual e designer. Sua prática artística parte de diferentes noções de público e aspectos da vida cotidiana. Desenvolve projetos gráficos em colaboração com artistas e instituições culturais. Estudou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Ceará (2003) e realizou mestrado em Artes Visuais na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (2009), com pesquisa sobre noções de espaço público em práticas artísticas. Em Fortaleza, integrou o grupo de estudos em artes do Alpendre, fez parte do grupo Transição Listrada(1999-2004), que realizou ações e performances na cidade, e constituiu a BASE– lugar de encontros, debates e exposições. Co-organizou com Graziela Kunsch o projeto Arte e esfera pública (2008). Trabalha desde 2005 no projeto Basemóvel. Realizou as exposições Descrito como real, em colaboração com Enrico Rocha, Centro Cultural São Paulo (2015); Anfibologia, reciprocidade, Museo Experimental El Eco, Cidade do México (2013); e participou das coletivas Mano Fato Mano,Centro Cultural São Paulo (2014); 33º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (2013); 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2011). Integra O Grupo Inteiro, juntamente com Carol Tonetti, Claudio Bueno e Ligia Nobre. Vive e trabalha em São Paulo.
Haroon Gunn-Salie no Galpão VB, São Paulo
Prêmio SP-Arte / Videobrasil apresenta “Agridoce”, de Haroon Gunn-Salie
Artista sul-africano traz ao Galpão VB exposição centrada na tragédia ambiental ocorrida recentemente no Brasil, em Mariana, Minas Gerais
No dia 2 de abril (sábado),das 13h às 17h, acontece no Galpão VB a abertura de Agridoce, exposição do artista da África do Sul Haroon Gunn-Salie. A ideia para a individual surgiu da relação do artista com pessoas diretamente afetadas pelo desastre ambiental, ocorrido no final do ano passado em Mariana – causado pelo colapso de duas barragens em Minas Gerais. O projeto, criado em colaboração com moradores da região que se recusaram a sair de suas terras, gerou uma potente plataforma – capaz de dar visibilidade ao tema e provocar o público. Dessa forma, Gunn-Salie estabelece sua arte como ativismo e ação para transformação social. A mostra é resultado do 1º Prêmio SP-Arte / Videobrasil,premiação especialdo 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Panoramas do Sul - realizado entre outubro e dezembro de 2015 – e segue em cartaz no Galpão VB até 11 de junho de 2016.
Em Agridoce, o sul-africano Haroon Gunn-Salie renova o assombro sobre os eventos do desastre. Ele parte do desejo de afirmar o trabalho em conjunto como resposta aos desastres da vida real e da insistência em simbolizar algo que se perde repetidamente – a experiência dos vencidos. Uma instalação em larga escala, um registro em vídeo, uma série de fotos e um filme foram produzidos por Gunn-Salie em colaboração com os moradores cujas propriedades foram cobertas por uma camada de lama misturada a metais químicos pesados. Mortes, além da destruição de imóveis e do ecossistema da região, são resultado do acidente. O artista coletou e transportou do próprio local todo o material (incluindo a lama e as paredes de uma casa parcialmente soterrada, por exemplo) que compõe sua obra site specific. Impregnado da urgência do tempo presente, esse conjunto de obras exibido no Galpão VB busca – no silêncio que age sobre as experiências e narrativas pessoais – resgatar a dimensão humana da história.
O projeto surgiu após viagens do artista a Minas e do contato que ele teve com as comunidades de Paracatu de Baixo e Pedras, entre outubro de 2015 e janeiro de 2016. Em sua primeira ida à região, passou duas semanas viajando, documentando as comunidades e colhendo relatos orais. Poucos dias depois de sua volta à África do Sul, ele soube da tragédia, ocorrida nas propriedades da Samarco e da Vale do Rio Doce. Foi quando decidiu voltar, e qual tema teria sua mostra no Galpão VB.
“Usei essa oportunidade para me envolver em um projeto de arte transformador, na fronteira com a responsabilidade social, que convoca à participação pública”, explicou Gunn-Salie, preocupado em contar histórias que são normalmente esquecidas. “Traduzindo narrativas e histórias orais em obras de arte e intervenções colaborativas, baseadas no diálogo, quis trazer para o contexto brasileiro um modo de trabalhar que insiste que a arte pode ser usada para a transformação social e o ativismo de base”,finaliza.
No mesmo dia da abertura de Agridoce, o GalpãoVB apresenta o resultado da segunda edição do projeto Videobrasil em Contexto, que integra o Programa de Residências Videobrasil. A exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2 apresenta trabalhos do brasileiro Vitor César e do polonês Karol Radziszewski, convidados pela Associação Cultural Videobrasil e pelo A-I-R Laboratory – programa de residência artística do Centre for Contemporary Art Ujazdowski Castle, em Varsóvia (Polônia) – para participar desta edição, que tem apoio do Instituto Adam Mickiewicz (IAM). Assim como Agridoce, a exposição Acervo Videobrasil em Contexto #2 fica em cartaz até 11 de junho.
O prêmio SP-Arte / Videobrasil
Desde a sua origem, em 1983, o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil investe em uma política de premiação baseada em um grande prêmio em dinheiro, como incentivo à produção, e em prêmios de residência artística, estimulando processos de trocas e intercâmbio. No ano passado, em sua 19ª edição, o Festival lançou este novo prêmio especial, viabilizado por meio da parceria entre a SP-Arte e a Associação Cultural Videobrasil.“Pela primeira vez, o Festival concedeu o Prêmio SP-Arte / Videobrasil com o objetivo de estimular e divulgar o trabalho de jovens artistas que abordam a discussão sobre o Sul global em suas pesquisas. O prêmio oferece ao artista contemplado a produção de uma exposição no Galpão VB durante o período da SP-Arte, quando São Paulo se torna foco de atenções no cenário internacional das artes”, explica Solange Farkas, curadora geral do Festival e diretora da Associação Cultural Videobrasil.
A iniciativa faz parte também do programa de incentivo a artistas e desenvolvimento de novos talentos promovido pela SP-Arte. De acordo com Fernanda Feitosa, diretora da Feira, é uma oportunidade de ampliar os laços que unem a SP-Arte ao Videobrasil, para além da admiração profissional mútua. “Esta é a primeira vez que a SP-Arte promove, por meio de um prêmio, uma exposição de um artista internacional no Brasil. Estamos muito animados com essa conexão entre cenários do Hemisfério Sul, afinal, temos múltiplas narrativas e contextos em comum”, afirma a diretora da Feira. A exposição de Haroon Gunn-Salie, um dos expoentes da nova geração de artistas da África do Sul, é o resultado do prêmio criado como parte dessa estratégia empregada pelas duas instituições.
MAIS SOBRE O ARTISTA CONTEMPLADO COM O 1º PRÊMIO SP-ARTE/VIDEOBRASIL
Haroon Gunn-Salie
(1989, Cidade do Cabo, África do Sul)
A produção de Haroon Gunn-Salie está baseada na utilização de relatos orais para elaborar intervenções artísticas e instalações multidisciplinares que traduzem as experiências vividas por comunidades específicas ou indivíduos. Servindo-se de uma grande variedade de meios e linguagens, seu foco são as formas colaborativas de trabalho, fundadas no diálogo e na troca. Witness (2012), sua exposição de graduação, apresentou um conjunto de obras que lançava luz sobre as remoções forçadas durante o período do apartheid, trabalhando com residentes do District Six, área central da Cidade do Cabo onde tais remoções ocorreram.
Gunn-Salie é formado em Escultura pela Universidade Michaelis de Belas Artes, na Cidade do Cabo (2012). Suas principais exposições incluem 89-plus Project (2014), curada por Simon Castets e Hans Ulrich Obrist; Making Africa: A Continent of Contemporary Design, que itinerou para o Vitra Design Museum e o Guggenheim de Bilbao (2015); What Remains is Tomorrow, apresentada no pavilhão sul-africano na Bienal de Veneza (2015); e o 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil (2015), destinado a estimulare divulgar o trabalho de jovens artistas cujas investigações abordem temas relativos ao Sul global, onde recebeu o primeiro prêmio SP-Arte / Videobrasil.Como resultado da premiação, o artista apresenta a exposição Agridoce no Galpão VB, durante a SP-Arte/2016. Haroon Gunn-Salie é representado pela Goodman Gallery, na África do Sul.
Vive entre Johannesburgo (África do Sul) e Belo Horizonte (Brasil).
maio 5, 2016
Lançamento do livro de Ana Maria Maia no Galpão VB, São Paulo
Livro de Ana Maria Maia que aborda intervenções artísticas na mídia de massa brasileira é lançado com conversa entre a autora, Mario Ramiro e Daniel Lima
A crítica e curadora Ana Maria Maia apresenta no Galpão VB o resultado da pesquisa Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira, realizada ao longo de 2015 com a Bolsa de Estímulo à Produção em Artes Visuais, Funarte – 2014. O livro, de mesmo título, tem edição bilíngue (português – inglês), distribuição gratuita, e será lançado em São Paulo no dia 7 de maio de 2016, das 15 às 17h, no Galpão VB, espaço da Associação Cultural Videobrasil. Na ocasião, uma mesa reúne a autora e os artistas Mario Ramiro e Daniel Lima para discutir questões abordadas pela publicação, que propõe uma reflexão sobre o uso da imprensa como esfera pública para a arte. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.
Em tempos de desmonte dos veículos de comunicação e, consequentemente, de diminuição das iniciativas experimentais dentro deles, a publicação reuniu relatos e documentos capazes de deflagrar o reencontro das gerações presentes com diversos modos de intervenção midiática. Entre o advento da televisão, que chegou ao Brasil em 1950 – no mesmo ímpeto de cosmopolitização que resultaria na abertura da Bienal de São Paulo, no ano seguinte –, e a popularização da internet, que dá acesso a uma discussão sobre “mídia tática” no país, no fim dos anos 1990, são inúmeros os casos de ocupação dos espaços de jornais, revistas, emissoras de radio e TV pelos artistas, para fins de deturpação de suas linguagens e problematizacão das narrativas que constroem para o status quo:
Das colunas de Flávio de Carvalho no Diário de São Paulo à reforma gráfica do Jornal do Brasil por Amílcar de Castro e Reynaldo Jardim; da arte-classificada da Equipe Bruscky Santiago às Inserções em Jornais de Cildo Meireles; da vídeo-dança de Analívia Cordeiro ao quadro de entrevistas de Glauber Rocha dentro do Programa Abertura, tão inspirador para produtoras como TV Tudo, Olhar Eletrônico e TV Viva; da atuação anárquica de Geraldo Anhaia de Mello na rádio e na TV aos semanários de Lenora de Barros e Luiz Baravelli; dos fakes de Yuri Firmeza como “artista invasor” à invasão real da militância de coletivos como Frente 3 de fevereiro e Contrafilé na cobertura esportiva e de vida urbana.
Longe de esgotar um mapeamento completo desses casos nas diferentes regiões do país, Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira tenta estabelecer casos paradigmáticos e articular suas leituras a dados de contextos que extrapolam os limites entre arte, imprensa e sociedade. A publicação contém um levantamento documental e cinco ensaios inéditos, baseados em recortes de tempo que as intervenções e suas estratégias em comum sugerem.
Ao todo, Arte-veículo conta com trabalhos de: 3nós3, Adbusters Media Foundation, A revolução não será televisionada, Analívia Cordeiro, Antonio Manuel, Amilcar de Castro, Caetano Veloso, Centro de Mídia Independente e Videohackers, Cildo Meireles, Contrafilé, Daniel Santiago, Di, Ducha, Eder Santos, Eduardo Coutinho, Eduardo Kac, Fernando Barbosa Lima, Flávio de Carvalho, Frederico Morais, Frente 3 de fevereiro, Geraldo Anhaia de Melo, Glauber Rocha, Jac Leirner, Jaguar, Jomard Muniz de Britto, Lenora de Barros, Luiz Paulo Baravelli, Marcello Nitsche, Márcia X, Mário Ramiro, MICO, Nelson Leirner, Olhar Eletrônico, Paulo Bruscky, Reynaldo Jardim, Ricardo Basbaum, Rubens Gerchman, Sandra Kogut, Tadeu Jungle, TVDO, TV Viva, Yuri Firmeza e Waltercio Caldas.
Ana Maria Maia é pesquisadora, professora e curadora de arte contemporânea. Faz doutorado em Teoria e Crítica de Arte na ECA-USP. Foi curadora adjunta do 33º Panorama de Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2012-2013) e curadora do Rumos Artes Visuais, do Itaú Cultural (2011-2012). Entre janeiro e maio de 2016, desenvolve residência curatorial no Paço das Artes. Organizou os livros Série Encontros - Flávio de Carvalho (Azougue, 2015) e Sobre artistas como intelectuais públicos (Casa Tomada e Prólogo Editora, 2012).
SOBRE OS PARTICIPANTES DA CONVERSA
Daniel Lima é bacharel em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da USP e mestre pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC/SP. Desde 2001, cria intervenções e interferências no espaço urbano. Próximo de trabalhos coletivos, desenvolve pesquisas relacionadas a mídia, questões raciais e processos educacionais. Dirige a produtora e editora Invisíveis Produções.
Mario Ramiro é artista multimídia, ex-integrante do grupo de intervenções urbanas 3NÓS3, que também realizou proposições nos jornais. Sua produção reúne intervenções urbanas, redes telecomunicativas, esculturas, instalações, fotografia e arte sonora. É mestre em Fotografia e Novas Mídias pela Escola Superior de Arte e Mídia de Colônia, na Alemanha, e doutor em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo, onde trabalha como professor da Escola de Comunicações e Artes.
maio 4, 2016
ABACT: 9 Galerias Brasileiras na Frieze, New York
Cresce número de galerias brasileiras na Frieze New York
Nove galerias associadas à Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT participam de um dos maiores eventos do mercado de arte norte-americano, apostando na expansão de negócios: Frieze New York 2016
Na quinta edição da feira Frieze New York, galerias membro da Associação Brasileira de Arte Contemporânea - ABACT apostam alto na expansão de negócios em uma das maiores feiras de arte do mercado norte-americano. Dentre as 200 galerias participantes estão nove brasileiras: A Gentil Carioca, Baró Galeria, Casa Triângulo, Galeria Fortes Vilaça, Galeria Jaqueline Martins, Galeria Nara Roesler, Galeria Raquel Arnaud, Mendes Wood DM e Vermelho.
Subsidiária da Frieze londrina, fundada em 1993 por Amanda Sharp, a Frieze New York acontece de 5 a 8 de maio. Sua quinta edição tem como curadores Cecilia Alemani (High Line Art, New York), Clara M Kim (Tate Modern, Londres), Jacob Proctor (Neubauer Collegium for Culture and Society at the University of Chicago), Fabian Schöneich (Portikus, Frankfurt) e Tom Eccles (Center for Curatorial Studies, Bard College, New York).
É organizada em torno quatro seções: Main Section, Spotlight, dedicada a artistas do século XX, Frame e Focus, voltada neste ano a 32 jovens galerias. Exibe também um grande número de trabalhos especialmente encomendados para seus espaços dentro do Randall’s Island Park. Fazem parte de sua programação séries de conversas públicas com os mais renomados artistas e especialistas da atualidade, além de dezenas de aberturas de exposições de galerias e instituições de arte.
Desde 2012, o número de galerias brasileiras nesta feira só aumenta: foram quatro em 2012 e 2013, seis em 2014, e sete no ano passado.
Luciana Brito, atual Presidente da Associação, comenta que a presença cada vez maior de galerias brasileiras no mercado internacional mostra não só a alta qualidade da produção de arte brasileira, mas também uma ênfase crescente nos negócios internacionais. “Em consonância com estes esforços, a ABACT realiza desde 2011, em parceria com a Apex-Brasil, o Latitude – Platform for Brazilian Art Galleries Abroad, programa voltado à internacionalização do setor”, ressalta. Em 2015, as cerca de 45 galerias participantes do Projeto registraram um aumento de 97,4% nas exportações em relação ao ano anterior.
maio 3, 2016
Humanas Interlocuções na FVCB, Viamão
Nova exposição da FVCB propõe discutir o humano e suas relações na contemporaneidade
Abrindo a programação expositiva da Sala dos Pomares | 2016, de 09 de abril a 16 de julho, a Fundação Vera Chaves Barcellos apresenta Humanas Interlocuções – uma contundente amostra estética da presença da figura humana na arte contemporânea pelo prisma de 54 artistas; entre brasileiros, latino-americanos, europeus, norte-americanos e orientais. Fotografias, vídeos, impressões, litografias, colagens, objetos, serigrafias e xilogravuras integram o variado conjunto de obras, muitas delas exibidas na FVCB 1 pela primeira vez. A curadoria é de Thaís Franco, responsável pelo acervo artístico da Fundação.
Abrangendo cerca de 50 anos de produção artística (de 1960 a 2016), a seleção de trabalhos tem como núcleo articulador o potente emprego do corpo pelos artistas: seja como suporte, seja como tema de investigação criativa; ou, ainda, como vetor de problematização da subjetividade em relação a diferentes esferas – simbólicas, políticas, sociais e culturais.
A mostra é constituída por segmentos temáticos postos em diálogo transversal, contemplando desde a construção do indivíduo; passando pelo corpo em sua potência comunicativa; o culto ao corpo em uma articulação entre as suas partes e particularidades; e, por fim, a massificação e dissolução da identidade.
Participam da mostra os artistas: Afonso Roperto, Albano Afonso, Alex Vallauri (ORG), Angela Jansen, Anna Bella Geiger, Bárbara Wagner, Begoña Egurbide, Berna Reale, Breno Rotatori, Carla Borba, Carlos Asp, Carlos Wladimirsky, Carolina Gleich, Christian Cravo, Cia de Foto, Claudio Edinger, Claudio Goulart, Dario Villalba, Denis Masi, Edgardo Antonio Vigo, Eduardo Cruz, Efrain Almeida, Elcio Rossini, Fernando De Filippi, Flávio Damm, Flávio Pons, Haroldo Gonzalez, Hirosuke Kitamura, Hudinilson Jr., Ío, Iole de Freitas, Jason Evans, Jaume Plensa, João Castilho, Jürgen O. Olbrich, Leon Ferrari, Mara Alvares, Milton Kurtz, Patricio Farías, Paulo Bruscky, Paulo Nazareth, Rafael França, Ramon Rubio, Regina Silveira, Rintaro Iwata, Rogério Nazari, Romanita Disconzi, Sofia Martinou, Sol Casal, Susana Solano, Tony Camargo, Vera Chaves Barcellos, Vinicio Horta e Wilson Cavalcanti.
Humanas Interlocuções segue em cartaz até dia 16 de julho e terá uma intensa programação paralela. Palestras, encontros com artistas e teóricos, além do Programa Educativo com as visitas mediadas e a promoção do Curso de Formação Continuada em Artes – são algumas das ações permanentes com as quais a FVCB segue oportunizando vivas experiências com a arte, estimulando a formação de novos públicos e valorizando a arte como instância de conhecimento e instrumento de importância na educação e sensibilização da formação humana.
Projeto Educativo Humanas Interlocuções
A exposição Humanas Interlocuções propõe uma reflexão sobre a representação do corpo, suas relações e a presença da figura humana na arte contemporânea. A mostra instiga a pensar como cada indivíduo é único em seu universo particular, expressando, de diversas formas os sentidos, gestos, sentimentos, posições frente ao mundo e a si mesmo.
O Projeto Educativo Humanas Interlocuções estimula o senso estético e o olhar crítico, fortalecendo o caráter social da arte contemporânea, não só fixada na leitura de obras de arte, mas comprometido em desencadear o desenvolvimento de habilidades cognitivas e perceptivas em diferentes níveis.
Buscamos ainda contribuir/promover oportunidades baseadas no fazer humano, para que as comunidades locais possam compreender seu território, seus produtos e processos culturais e ensinar a compreensão, meio e fim da comunicação humana, por meio da investigação e da interpretação da arte contemporânea.
Programa Educativo FVCB
Apostando no potencial socialmente transformador da arte, a Fundação Vera Chaves Barcellos criou o Programa Educativo. Com objetivo de aproximar educadores, estudantes e público em geral da produção artística contemporânea, o Programa atua em três frentes principais: as visitas mediadas à Sala dos Pomares, o Curso de Formação Continuada em Artes e a produção do Material Educativo. Além disso, quinzenalmente, o Programa envia o Canal do Educador, boletim informativo que reúne material sobre arte e educação, possibilitando reflexões e novas abordagens das práticas pedagógicas.
Visitas Mediadas
Fenômeno complexo, a arte contemporânea muitas vezes é de difícil acesso ao grande público. Pensando nisso, o Programa Educativo realiza visitas mediadas às exposições em cartaz, democratizando o acesso público e ampliando as possibilidades de leitura das obras em exibição. As visitas mediadas acontecem de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h30 e sextas-feiras das 8h30 às 12h30.
O agendamento de visitas pode ser feito por telefone (51) 8229 3031 ou pelo e-mail educativo@fvcb.com
Curso de Formação Continuada em Artes
O Curso de Formação Continuada em Artes é uma iniciativa da Fundação Vera Chaves Barcellos, realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Viamão, destinada a educadores e interessados em conhecer mais sobre as Artes Visuais. Palestras com teóricos, conversas com artistas e orientação para realização de projetos são algumas das ações do Curso.
A Formação Continuada tem entrada franca, e recebe inscrições de forma permanente.
Mais informações no site da FVCB
Bruno Kurru e Ursula Tautz na Zipper, São Paulo
Dupla abertura na Zipper Galeria com Bruno Kurru e Ursula Tautz em 5 de maio
O título da quarta individual do artista Bruno Kurru remete a um duplo movimento, tal como uma seta que aponta para direções opostas: um sentido de referencialidade, daquilo que vem antes, mas que permanece cego; e um sentido de continuação e consequência que se pulveriza de maneira nem assertiva, nem definitiva.
Com curadoria de Galciani Neves, isso se dá porque apresenta um percurso poético do artista que se desenrola e expande a lógica, a estética e o entendimento de pintura como linguagem específica. Kurru coleta e se apropria de questões e atravessamentos sociais, políticos e culturais e os fragmenta e os reconfigura em narrativas. A colagem, a montagem e o pensamento por associação são alguns de seus principais recursos para tal empreitada. A lógica construtiva desses trabalhos se dá na tentativa de abordar os problemas comuns e tão urgentes sem lhes propor um solução, mas antes articulá-los em outros contextos: no campo da arte, para quem sabe possamos enxergá-los e discuti-los a partir de uma outra perspectiva.
Assim, acúmulos de imagens, de objetos do cotidiano, citações, camadas informes, situações casuais, manchas de cor, garatujas e imagens disponíveis na cidade são sobrepostos, intencionando pensamentos ritmados, percepções descompassadas e instigando um passeio um tanto incerto, um tanto fragmentado do público pelas “pinturas-instalações-objetos”. Estão juntos numa convivência nada consensual: Galuber Rocha, Tarkoviski, uma faixa de pedestre, citações, imagens desconcertantes provenientes da internet, registros afetivos, representações de paisagens. Nesse sentido, o espaço é também um componente para estes trabalhos: ao mesmo tempo que os trabalhos articulam fisicamente a arquitetura da galeria, o espaço é superfície de aderência dos trabalhos. Os trabalhos se deixam desenhar pelo espaço, enquanto desenham o espaço.
Em termos da visualidade construída pelo artista, está em questão uma espécie de jogo entre um “dentro e fora da pintura”, como afirma. Ou seja, entre o que de pronto poderia se reconhecer como esquema compositivo da pintura, e o que se expande para o espaço, para os objetos, para esquemas pictóricos disponíveis nas paredes, no chão, em vídeos e textos. O artista acredita que dessa maneira “não sobrecarrega o objeto”, mas antes lhe confere uma forma complexa que transborda para fora outros tantos esquemas visuais.
Bruno Kurru: A conflituosa combinação entre imagens e palavras e a sobreposição de diferentes espaços no suporte pictórico são algumas das características de sua obra. Sua pesquisa recente aborda questões como dispositivos de normatização, descodificação dos fluxos e capacidades de criação e diferenciação. Principais exposições individuais: “Potência de Deslocamento”, Elefante Centro Cultural, Brasília, 2015; “Temporada de Projetos”, Paço das Artes, São Paulo, 2013; “O Ser, Como Meta”, Zipper Galeria, São Paulo, 2012. Principais exposições coletivas: “Ondeandaaonda”, Museu Nacional da República, Brasília, 2015; “Quero te encontrar”, La Maudite, Paris, 2015; “WebArte.br”, Sesc Jundiaí, São Paulo, 2015; “O que seria do mundo sem as coisas que não existem?”, Trienal de Artes Frestas -Sesc Sorocaba, São Paulo, 2014; “Eu fui o que tu és, e tu serás o que eu sou”, Paço das Artes, São Paulo, 2013’; “Projeto Imaterial”, FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, Centro Cultural Fiesp, São Paulo, 2012. Prêmios: Bolsa Funarte de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet - 2011.
Galciani Neves curadora e pesquisadora em artes visuais. É mestre e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Atualmente é professora do Curso de Artes Visuais da Faap, coordenadora da Pós em Práticas Artísticas Contemporâneas, é professora no Mestrado de Artes da Universidade Federal do Ceará, co-coordena a Escola Entrópica e também é coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Projetos em Artes no Instituto Tomie Ohtake.
A inquietação de Ursula Tautz talvez seja a de muitos que estão na eterna busca de um pertencimento. O deslocamento, ou a sensação de um presente que não é preenchido, é uma das grandes questões trazida em Lugar Familiar, com curadoria de Isabel Portella. Primeira individual da artista carioca em São Paulo, a mostra faz parte do programa Zip’Up, dedicado a projetos mais experimentais e curatoriais inéditos.
A busca de Úrsula começa em uma viagem feita à cidade de Oldrzychowice Klodzkie, na Polônia, local de origem de sua família e antiga cidade alemã devolvida aos poloneses após os russos expulsarem as tropas germânicas na Segunda Guerra Mundial. Ao refazer essa trajetória, Úrsula foi ao encontro de um passado desconhecido, mas que nunca deixou de ser presente.
Na tentativa de recuperar esse espaço, a artista visual se funde na paisagem e na terra. Com um vestido vermelho e em posição fetal, constrói um novo cenário a partir de suas fotografias. Ao mesmo tempo em que este é seu local de aconchego, é também um ambiente estranho, onde as casas já não estão mais no mesmo lugar, as pessoas já não se mostram hospitaleiras e as cores e os cheiros não são os mesmos de outrora.
A individual conta com quatro fotografias em grande formato e uma videoinstalação, além de um objeto tridimensional na forma de um balanço estático. As fotos sobrepostas e manipuladas digitalmente resignificam o espaço e criam uma nova narrativa tanto para a cidade estrangeira quanto para a artista. Ao mesmo tempo em que ainda é estranha ao ambiente, a fotografia, pensada ao acaso, a regista como pertencente a ele. Sua inquietação quanto a este lugar de (não)pertencimento encontra-se em sua busca nesta exposição, fazendo com que a contradição entre o conforto e o incomodo seja sentida pelos visitantes.
Ursula Tautz nasceu no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha utilizando-se de fotografia, vídeo e instalações. Cursou a ESPM, além de ter frequentado oficinas da “School of Visual Arts /NY”, e a partir de 2005 a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Em 2013 integrou o Programa Projeto de Pesquisa, coordenado por Glória Ferreira e Luiz Ernesto. Participou de várias exposições coletivas, como “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio 2015” e “Reminiscências” no CCJF com curadoria de Isabel Portella. além da individual “Fluidostática” na Galeria do Lago ( Museu da República). Foi também selecionada pelo crítico Fernando Cocchiarale para o “Programa Olheiro da Arte”.
Isabel Sanson Portella é museóloga e crítica de arte, Doutora e Mestre em História e crítica da arte pela Escola de Belas-Artes/UFRJ, Especialista em História da Arte e Arquitetura do Brasil pela PUC-Rio, Pesquisadora de acervo e Coordenadora e curadora da Galeria do Lago - Arte Contemporânea do Museu da República/IBRAM/MinC.
maio 2, 2016
Augusto de Campos no Sesc Pompeia, São Paulo
Com curadoria de Daniel Rangel, a mostra abrange os 65 anos de produção de Augusto de Campos, exibindo poemas que saem dos livros para se transformar em serigrafias, objetos, colagens, instalações, áudios e até vídeos em 3D
Entre as 75 obras, há novas leituras para muitos de seus trabalhos, criadas especialmente para REVER, como uma escultura penetrável de “Viva Vaia”, uma instalação de “Amortemor”, uma versão em LED de “Cidade/City/Cité” e em 3D de “O Pulsar” e “Poema Bomba”
Aos 85 anos e em plena atividade poética, artística e intelectual, Augusto de Campos ganha a maior exposição individual de sua carreira, que completa 65 anos em 2016. De 05 de maio a 31 de julho, o Sesc Pompeia apresenta REVER_Augusto de Campos, realizada em parceria com o ICCo - Instituto de Cultura Contemporânea e com curadoria de seu diretor artístico Daniel Rangel.
A mostra explora o conceito verbivocovisual da obra de Augusto de Campos – termo criado pelo escritor irlandês James Joyce que destaca a materialidade do poema em todas suas dimensões, não apenas semântica, mas também sonora e visual. São poemas que saem das publicações e se transformam em serigrafias, objetos, esculturas, colagens, instalações, áudios, animações e vídeos em 3D.
“A ideia de REVER é criar um ambiente imersivo com os poemas, sejam esses escritos, falados, desenhados, esculpidos ou projetados. Uma ‘invasão’ poética e visual de Augusto de Campos, onde a palavra é expandida para além dos limites dos livros”, explica Daniel Rangel.
A seleção de obras, que conta com cerca de 75 trabalhos, tem como ponto de partida os quatro livros de poesia do autor – “Viva Vaia” (1979) “Despoesia” (1994), “Não” (2003) e “Outro” (2015) –, além de peças sonoras e audiovisuais produzidas por ele ao longo de sua trajetória. Há ainda manuscritos e documentos originais, que serão exibidos pela primeira vez.
Ao mesmo tempo em que tem um caráter histórico, ao percorrer de forma cronológica a carreira de Augusto de Campos, REVER é também inovadora, pois apresenta ao público novas leituras para muitos de seus trabalhos.
“Viva Vaia” (1972), por exemplo, será apresentada como uma escultura penetrável em MDF, aço e tinta acrílica e “Código” (1973), uma escultura em chapa de PVC, aço e madeira. “Amortemor” (1970) e “Vida” (1957) ganham versões instalativas e poemas como “O Pulsar” (1992), “Poema Bomba” (2003) e “Rever” (2003) serão exibidos em uma sala especial com versões em 3D, assim como o poema “Cidade/City/Cité” (1963) que, desde sua criação, vem ganhando novas versões – tendo sido o primeiro trabalho eletrônico de Augusto, em 1975 – que também terá na mostra uma releitura em LED.
Outro destaque de REVER, a área compreendida pelo gabinete reúne extenso material de Augusto de Campos, desde exemplares de seus poemas-objetos, protótipos de obras como “Poemóbiles” (1974), publicações com “Expoemas” (1985), “Caixa Preta” (1975), edições da revista “Noigandres” (de 1952 a 1962) –criada por Augusto, Haroldo de Campos e Décio Pignatari – e ainda manifestos, fotografias e objetos produzidos desde os anos 1950. Além das colagens originais dos “Popcretos” (1964-1966), mostradas pela primeira e única vez na Galeria Atrium, em São Paulo, em 1964, também estão entre as obras.
“A mostra busca exibir um amplo panorama de sua produção, interpretar sua poesia em diversos suportes visuais e sonoros, e inserir sua obra, já consagrada no meio literário, no âmbito das artes visuais, definitivamente”, diz o curador.
Para Augusto de Campos, REVER é ao mesmo tempo uma exposição retrospectiva e prospectiva. “Exposição retrospectiva porque abrange obras que representam todas as etapas da minha poesia, que faz parte do acervo histórico da poesia concreta. Mas exposição prospectiva, também, porque procura acentuar alguns dos trabalhos que mais se alinham ao programa verbivocovisual, projetando-se em meus últimos experimentos com a linguagem computacional. “Não sei se o que faço é ainda poesia concreta. Fiquei talvez mais ‘pop’. Mas sempre 'verbivocovisual'”, afirma o artista-poeta.
A mostra contará também com uma programação integrada à exposição, aprofundando a discussão entre as linguagens relacionadas à obra do Augusto de Campos, à poesia concreta e à poesia visual em suas diversas facetas – a saber, música, literatura e artes visuais. Uma equipe de educadores desenvolverá ateliês, oficinas, visitas orientadas e encontros com professores durante todo o período da mostra.
SOBRE AUGUSTO DE CAMPOS
Nascido em São Paulo, em 1931, é poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música. Sua bagagem literária registra numerosas publicações, de 1951 a 2014. Com Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou em 1952 o livro-revista Noigandres, origem do grupo literário que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil. Em 1953, produziu a série de poemas em cores, "Poetamenos", primeira manifestação da poesia concreta brasileira. Em 1956, participou da organização da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, e a partir de então seus trabalhos foram incluídos em diversas exposições nacionais e internacionais de poesia concreta e visual e em antologias editadas no exterior como as publicações "Concrete Poetry: an International Anthology", organizada por Stephen Bann (London, 1967), "Concrete Poetry: a World View", por Mary Ellen Solt (University of Bloomington, Indiana, 1968), "Anthology of Concrete Poetry, por Emmet Williams" (NY, 1968) entre outras. Sua produção poética, iniciada em 1951, com o livro "O Rei Menos O Reino", está reunida principalmente em "Viva Vaia" (1979), "Despoesia" (1994) e "Não" (2003), além de "Poemóbiles" e "Caixa Preta", coleções de poemas-objetos, em colaboração com Julio Plaza, publicados em 1974 e 1975, respectivamente. Sua produção vem influenciando gerações de artistas, seja do campo da literatura, artes visuais ou mesmo da música. Augusto foi fonte de inspiração para nomes com Caetano Veloso, Arrigo Barbané, Percicles Cavalvanti, Walter Franco, Cid Campos, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Lenora de Barros e Marilá Dardot, entre tantos outros.
SOBRE OS LIVROS
Viva Vaia compila trinta anos de produção poética de Augusto de Campos, desde seu primeiro livro, O Rei Menos o Reino, cujos poemas mais antigos datam de 1949. A publicação reúne alguns dos poemas mais conhecidos da poesia concreta brasileira, como “Viva Vaia” (1972), “Luxo” (1965), “O Pulsar” (1975), a série “Poetamenos” (1953) e as colagens dos “Popcretos” (1964-1966). A maior parte destas experiências de desconstrução e reconstrução das palavras foi feita manualmente, seja com a utilização de carbonos coloridos e máquinas datilográficas, como na série “Poetamenos”, seja nas colagens tipográficas provindas de jornais e revistas dos “Popcretos”.
Despoesia reúne um longo e importante período de sua produção poética, em que ele intensifica o contato com diferentes tipos de mídias – como luminosos, néon, laser e vídeo –, produz holografias e realiza suas primeiros contatos com computação gráfica. Augusto produziu clip-poemas, videotextos, cartões e cartazes, além de muitos trabalhos sonoros, com seu filho músico, cid campos. Fazem parte desta fase os poemas “Pós-tudo” (1984), “Poema Bomba” (1987) e “SOS” (1983), entre muitos outros que integram a mostra.
Não é, em grande parte, realizado em meio digital. Todos os poemas foram produzidos por meio da computação gráfica, sendo que muitos dos poemas impressos são frames retirados de vídeos. Um CD-ROM acompanha o livro, com videopoemas de novos trabalhos e releituras de poemas. Nesta produção audiovisual, Augusto explora o recurso rítmico da edição, colocando a palavra em movimento a partir do som das leituras, muitas vezes musicadas, de seus poemas. A migração de suporte é evidente, e o livro, em si, não consegue mais dar vazão a sua produção poética. Boa parte dos vídeos e experimentos digitais produzidos nesse período está incluída na mostra, exibida em tablets, projetores e até mesmo em vídeo em 3D.
Outro propõe um retorno à produção gráfica. Augusto não deixou de produzir trabalhos audiovisuais, que integram o livro por meio de links da internet, mas volta a ressaltar a dimensão gráfica presente em seu trabalho. O livro é organizado pelas séries que permeiam toda sua produção – os prefixos ex, intro e des – e traz “poemas-quadros querendo ser clipes”, nas palavras do autor. O livro foi lançado em paralelo à concepção da exposição, de modo que seus “poemas-quadros e clipes” puderam ser incorporados a ela.
SOBRE O CURADOR
Daniel Rangel atuou como diretor de museus da Secretaria Estadual de Cultura da Bahia, de 2008 a 2011, e assistente de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia, entre 2007 e 2008. Idealizou e dirigiu o SOSO+Cultura, em São Paulo, espaço de arte contemporânea africana. Foi um dos curadores da 17ª Bienal de Cerveira (Portugal), da II Trienal de Luanda (Angola), da 6ª Bienal de São Tomé e Príncipe e da 8ª Bienal Internacional de Curitiba. Ainda como curador, idealizou o programa Quarta Dimensão, que realizou individuais de Tunga, José Resende e Waltercio Caldas em diálogo com a obra de Augustin Rodin, no Palacete das Artes, em Salvador (2009), e o programa Ocupas (2009/2010), com mostras de site-specific de Eder Santos, Carlito Carvalhosa, José Rufino e Caetano Dias, em diálogo com o entorno do Palácio da Aclamação. Realizou também a mostra “Transit”, que circulou por Salvador, Brasília e São Paulo, com obras de artistas contemporâneos africanos, entre outras dezenas de coletivas e individuais no Brasil e exterior, incluindo as de Chelpa Ferro, Rodrigo Braga e Arnaldo Antunes, ganhadora do prêmio APCA 2015.
SOBRE O ICCO
O ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea é uma Organização sem fins lucrativos que trabalha para ampliar a apreciação da arte do nosso tempo. Suas ações buscam fomentar a produção artística, sensibilizar o público e democratizar o acesso a novas experiências. As linhas de ação do Instituto são: democratizar o acesso de diferentes públicos a conteúdos de qualidade, internacionalizar o sistema de arte brasileiro, resgatar a memória cultural artística e promover a formação cultural.
Gisela Motta & Leandro Lima na Vermelho, São Paulo
Em março de 2011 e abril de 2012, Gisela Motta e Leandro Lima acompanharam dois encontros de xamãs na aldeia Watoriki, no Amazonas, a fim de colaborar em um registro audiovisual dos encontros. O resultado desse testemunho é um média-metragem de direção compartilhada entre a dupla com o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, a pesquisadora de cinema Stella Senra e o etnólogo-escritor Bruce Albert.
Xapiri é, no entanto, um filme experimental que não se formula ao redor do ideal da objetividade impessoal. É, segundo Bruce Albert, “uma tentativa de tornar sensível, através de imagens digitais, certas ideias yanomami sobre as imagens xamânicas, sua ontologia e sua estética, sua transdução e mutabilidade nos corpos. Trata-se, antes de tudo, de uma homenagem visual à riqueza intelectual e poética do xamanismo yanomami”.
O filme acompanha sensorialmente os trabalhos dos xapiri (Xamãs ou pessoas-espírito), desde seu encontro em Watoriki, até a evolução dos rituais Utupë, aonde os xamãs atraem entes que os ajudam a conduzir curas-batalhas contra o mal que atinge a ordem cosmoecológica aparente do mundo. A câmera e edição do filme acompanham simbolicamente as diferentes etapas do ritual com aproximações, sobreposições e deformações da imagem que geram uma imersão profunda do espectador na cerimônia. Mais uma vez com Bruce Albert: “o trabalho realizado sobre estas imagens escapa do registro documentário a fim de produzir uma simulação técnologica livre a partir do universo visual e conceitual do xamanismo yanomami”.
Xapiri se situa em um recorte da pesquisa de Gisela Motta e Leandro Lima iniciado em 2005 a partir de uma colaboração feita com Claudia Andujar para a instalação Yano-a. Na videoinstalação, uma fotografia em preto e branco é projetada para ganhar movimento em cores. A partir de uma sequência de fotogramas dos anos 70 que registra uma oca pegando fogo, Andujar e Motta e Lima sobrepõe à imagem estática da oca um fogo vivo, colorido, em ação.
Mais tarde, em 2008, Motta e Lima realizaram Amoahiki, que pode ser vista até 22 de maio no Itaú Cultural, em São Paulo, e até 26 de junho no SESC Santo Amaro, também em São Paulo. Com imagens, captadas em 2008, na mesma Watoriki, a instalação de Motta e Lima revela um ponto de fuga idílico entre as “Amoahiki”, as árvores de onde os índios Yanomami ouvem o espírito do conhecimento, denominados pela tribo de “Xapiri pë”.
Finalmente, em Xabori, de 2011, uma série de painéis lenticulares revela imagens do instante de transformação do corpo nos rituais de xamanismo yanomami. Cada painel é formado por 12 imagens que, vistas simultaneamente, se relacionam a trama usada para construir, mais tarde, parte das imagens de Xapiri. Três peças da série Xabori podem ser vistas agora em diálogo com a exibição de Xapiri.
Em comum, as obras que pertencem a esse recorte da pesquisa de Gisela Motta e Leandro Lima buscam de modo imersivo aproximar o espectador de questões relativas aos povos indígenas brasileiros, jogando luz sobre sua cultura e seu valor. Embora trabalhem em uma chave diferente da que Claudia Andujar atua nesse tema, a dupla vê a importância da artista na possibilidade de sua aproximação com essa cultura, criando assim, o campo ideal para o diálogo entre a produção de Motta e Lima e de Andujar nessas duas exposições que acontecem simultaneamente na Galeria Vermelho.
maio 1, 2016
Claudia Andujar na Vermelho, São Paulo
Em sua exposição na Galeria Vermelho, Claudia Andujar exibe imagens de quatro séries que, juntas, evidenciam sua atuação política militante pela causa Yanomami, bem como seu experimentalismo no campo da fotografia. Com diferentes tipos de filmes, como o infravermelho, e procedimentos técnicos como a refotografia, Andujar apresenta um recorte da complexidade de sua obra por via da revisão de sua produção aonde a artista transita entre a objetividade investigativa e subjetividade poética.
Minha vida em dois mundos
Nos anos 1970, Claudia Andujar registrou a cidade de São Paulo vista de cima, tal qual fez com a natureza exuberante das terras Yanomami. Usando filme infravermelho, interferiu na representação da cidade, fazendo-a aproximar de outra obra conhecida de sua trajetória, a Maloca em chamas - da série Casa (1976), também vista nessa exposição.
A queima da maloca para os índios representa renovação através da mudança. Quando a terra que ocupam já não dá mais frutos e a floresta ao redor não providencia caça, queimam suas casas para construir novas, em novos lugares, possibilitando, assim, um novo começo.
O sonho verde azulado
“Paxo+m+k+ é a menina verde-azulada em exposição. Tranqüila, deitada na rede, na floresta, perto do rio, sonha do mundo verde, exuberante, seu mundo, escutando o burburinho do rio, atravessando a densidade milenar das arvores, ela admira em silencio a cor densa, azulada do céu, filtrada pela copa das arvores, escuta o canto dos pássaros. É o mundo em que nasceram e cresceram todos os Yanomami como também Paxo+m+k+, pertencendo ao universo verde azulado.“ C. A.
Em 1974, Andujar realizou uma série de retratos de uma jovem índia chamada PAXO+M+K+ com filme preto e branco. Essas imagens fazem parte dos primeiros registros feitos por Andujar em suas viagens às terras Yanomami. Em 1982, re-fotografou o original utilizando filme infravermelho. A partir desse processo, recorrente em sua trajetória, Andujar busca atribuir aspectos idílicos às imagens, resgatando parte de sua memória desses primeiros encontros, conferindo-as a outro mundo pictórico, imaginário e subjetivo. Segundo Andujar, “Trago da minha memória o verde da vegetação e o azul do céu, elementos idílicos da Amazônia, que neste trabalho conferem cores às imagens e representam a virtude do índio em ainda defender a preservação do meio ambiente e sua luta para mantê-lo sadio e sem interferências, desde o garimpo ilegal até a invasão de áreas já demarcadas para o território Yanomami”.
Um triste fim
Em 1990, Claudia Andujar integrou uma grande exposição-evento no Memorial da América Latina, em São Paulo. Além das 34 imagens e textos aqui resgatados, o evento titulado “O índio / Ontem, hoje e amanhã”, contava com uma série de seminários com lideranças indígenas e intelectuais, encontro de documentaristas, ciclo de vídeos, além da colaboração do fotógrafo Charles Vincent. Pensava-se em criar um espaço para a divulgação de testemunhos sobre realidades diversas do continente americano, pois se acreditava que a flexibilidade da programação pudesse estimular a participação direta do publico com os integrantes dos ciclos.
Os textos da antropóloga Alcida Ramos, os testemunhos de figuras emblemáticas como o da liderança indígena Davi Kopenawa Yanomami, e de seus companheiros João Davi Yanomami, Ivanildo Wawanaweytheri e Tuxaua Brito Yanomami transmitem a angústia vivida desde então pelo povo Yanomami.
Claudia Andujar completava 11 anos de atuação junto aos Yanomami naquele momento, através da CCPY (Comissão Pró Yanomami), que contava com o apoio de organizações governamentais e não governamentais de diversas partes do globo. O principal objetivo da CCPY, desde então, era informar e sensibilizar a opinião pública, além de pressionar o Estado brasileiro a efetuar a demarcação das terras Yanomami. Depois de 13 anos desta campanha ininterrupta, iniciada em 1978, a Terra Indígena Yanomami foi oficialmente demarcada nos estados de Roraima e Amazonas em 1991, sendo homologada e registrada em 1992.
O conjunto de imagens selecionadas por Andujar buscava retratar a realidade das populações Yanomami que sofria com uma série de consequências da chegada da rodovia Perimetral Norte, além da crescente presença do garimpo e das madeireiras na região. Doenças e contaminações dos rios e das terras tomaram os índios - e seus próprios corpos -, deixando um rastro de destruição tanto física quanto cultural, com resultados que perduram até os dias de hoje.
Mesmo com seu território demarcado, as invasões à Terra Indígena Yanomami seguem frequentes, da mesma forma que as contaminações pelo mercúrio incorrido pela atuação dos garimpeiros. Tais questões pungentes fazem da reunião destas imagens, um comentário sobre a pertinência das denúncias retratadas sob as lentes de Andujar, entre os anos de 1970 e 1980, ainda latentes na época em que vivemos. Segundo Andujar, “a garimpagem ilegal continua e está crescendo. O resultado de uma análise científica recentemente realizada e divulgada pela Fiocruz, ao longo do Rio Aracaça, comprova que a contaminação de mercúrio usado no garimpo de ouro neste rio atingiu 90% da população. Um verdadeiro massacre. O governo brasileiro não está tomando as medidas necessárias para interromper as invasões ilegais. Se continuar assim, será um triste fim para os Yanomami e como afirma Davi Kopenawa em seu livro, será o fim do mundo”.
Abraham Palatnik na Nara Roesler, New York
A Galeria Nara Roesler anuncia sua participação na seção Spotlight da Frieze New York com uma mostra de trabalhos poucas vezes vistos do artista cinético Abraham Palatnik, com curadoria de Clara M Kim. Paralelamente à Frieze, a galeria apresenta, em seu espaço recém-inaugurado em Nova York, um panorama da obra do artista, desde a década de 1970 até os dias atuais.
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Pioneiro da Arte Cinética ao lado de Jesús Rafael Soto, Julio Le Parc e Carlos Cruz Diez, Abraham Palatnik possui um estilo criativo de inventividade ímpar. Por suas práticas esculturais que utilizam a iluminação e o espaço, seus aparatos cinéticos com tecidos, motores e luzes, seus relevos e até projetos de móveis, o artista é merecedor do título de Inventor da Arte Cinética, a ele atribuído por Frank Popper.
Na Frieze Spotlight, a Galeria Nara Roesler apresentará uma cabine cuidadosamente selecionada pela curadora Clara M. Kim, destacando diversos aspectos da produção do artista em trabalhos que datam de 1955 a 1971, bem como materiais de arquivo que incluem cadernos pessoais, diários e fotografias históricas. Uma obra importante é Sem Título (1955). Considerada uma peça única, projeta uma série de imagens abstratas, utilizando lâmpadas multicoloridas e painéis opacos para pintar, “com luz”, abstrações criadas pelas cores. Trata-se de uma versão puramente cromática dos Aparelhos Cinecromáticos completamente motorizados da década de 1960, também presentes na cabine.
A mostra na Frieze Spotlight fornece subsídios à individual do artista que acontece simultaneamente no espaço da Galeria Nara Roesler em Nova York. Apresentando trabalhos da série Relevos Progressivos, a exposição inclui produções em madeira de jacarandá, papel cartão duplex e acrílico sobre madeira.
Esta é a primeira mostra individual do artista desde a exposição realizada em 1965 na Howard Wise Gallery: Cinecromaticos by Abraham Palatnik of Brazil (Nova York, outubro de 1965). Um dos Artistas Cinéticos mais produtivos e reconhecidos do Brasil, aos 88 anos de idade Palatnik continua desenvolvendo novas técnicas e inspirando novas gerações de artistas no mundo todo. As duas exposições paralelas proporcionam ao público a oportunidade de explorar a evolução da prática do artista, combinando a tecnologia do passado ao caráter ilusório do presente.
Abraham Palatnik estudou na Montefiore School em Tel Aviv, onde cursou especialização em Motores de Combustão Interna, e no Instituto Municipal de Arte na mesma cidade, onde estudou pintura, desenho, história da arte e estética de 1932 a 1937. Participou de oito edições da Bienal de São Paulo, no Brasil (entre 1951 e 1969) e da 32ª Bienal de Veneza (1964), com Mavignier, Volpi e Weissmann. Obras suas estão atualmente em exposição na mostra The Illusive Eye, no Museo del Barrio, em Nova York (de 03 de fevereiro a 21 de maio de 2016) e suas exposições mais recentes incluem “A Reinvenção da Pintura” (2015), realizada no ano passado no Museu Iberê Camargo em Porto Alegre, que cobriu 65 anos de sua carreira prolífica. A exposição já passou pelo Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2014), Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM-SP (São Paulo, 2014) e Centro Cultural Banco do Brasil (São Paulo, 2013). O trabalho de Abraham Palatnik está representado nas coleções do MoMA, em Nova York; do Museu de Arte Moderna de São Paulo; do Museu de Arte Contemporânea de Niterói; do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; do Museu de Arte Contemporânea da USP, em São Paulo; do Museu de Arte Contemporânea de Curitiba; do Museo de Arte Latinoamericano em Buenos Aires, Argentina; e do Musées Royaux des Beaux-Arts de Belgique, em Bruxelas, Bélgica, entre outros.
Galeria Nara Roesler announces its participation in Frieze New York’s Spotlight section with a presentation of rarely seen historical works by kinetic artist Abraham Palatnik, curated by Clara M Kim. Parallel to Frieze, the gallery showcases, in it’s newly inaugurated New York space, a panoramic solo exhibition of the artist’s works spanning from the 1970’s to present date.
A pioneer of Kinetic Art, alongside Jesús Rafael Soto, Julio Le Parc, and Carlos Cruz Diez, Abraham Palatnik’s inventiveness remains unique to his creative style. Through sculptural practices in light and space, kinetic apparatuses with fabrics, motors and lights, reliefs, and even furniture design, the artist is deserving of the title Inventor of Kinetic Art, as described by Frank Popper.
For Frieze Spotlight, Galeria Nara Roesler presents an intimately selected booth curated by Clara M Kim; which highlights different facets of the artist’s production, focusing on works dating from 1955 - 1971 as well as archival material in the form of personal sketchbooks, diaries, and historical photographs. A focal work is Untitled (1955). Thought to be one of its kind, the piece projects a series of abstract images using multi-colored bulbs and opaque panels to paint “with light” color driven abstractions. It consists of a purely chromatic version of the fully motorized Kinechromatic Devices of the 1960s, also present in the booth.
The Frieze Spotlight presentation provides grounds for the artist’s simultaneous individual exhibition at Galeria Nara Roesler’s New York space. Showcasing Palatnik’s works belonging to his series Progressive Reliefs, the exhibition includes productions in Jacarandá wood, duplex paperboard, and acrylic on wood.
This is the artist’s first individual show since his 1965 solo presentation at Howard Wise Gallery: Cinecromaticos by Abraham Palatnik of Brazil (New York, October, 1965). One of Brazil’s most prolific and recognized Kinetic Artists, at 88 Palatnik continues to develop new techniques, inspiring new generations of artists worldwide. With the two parallel shows, the public has the opportunity to explore the progression of the artist’s practice, combining the technology of the past with the illusiveness of the present.