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abril 30, 2016
MAM Rio homenageia Ivens Machado com obras emblemáticas de sua produção
Falecido há um ano, o grande artista ganha exposição no Salão Monumental, com esculturas, instalações, desenhos e um vídeo.
O MAM Rio apresenta a partir do dia 30 de abril de 2016 uma homenagem ao artista Ivens Machado (Florianópolis, 1942 – Rio de Janeiro, 2015), falecido há um ano, e que ao longo de cinco décadas produziu obras destacadas na cena contemporânea. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, serão apresentadas, no Salão Monumental do Museu, dezesseis importantes obras do artista, algumas não vistas pelo público há anos. Estarão esculturas, instalações e desenhos pertencentes à Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, e desenhos e um vídeo do Acervo Ivens Machado, projeto responsável pelo seu legado, a cargo da designer Mônica Grandchamp, colaboradora e amiga próxima de Ivens Machado. Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1973, quando venceu o V Salão de Verão no MAM, participando a seguir da XII Bienal de São Paulo, Ivens Machado só teve no Museu uma exposição individual, em 1975, embora tenha integrado ali diversas mostras coletivas.
“Ivens talvez seja o artista de sua geração mais importante surgido no sul do país, ainda que sua obra tenha florescido no Rio de Janeiro, cidade em que se radicou a partir de 1964”, destaca Fernando Cocchiarale. O curador lembra que Ivens Machado foi “pioneiro da videoarte no Brasil – sua primeira experiência com este meio eletrônico foi feita em 1974, simultaneamente à de outros artistas como Anna Bella Geiger e Sonia Andrade”. “Algumas questões (ou eixos poéticos) atravessam o conjunto da obra de Ivens desde seu florescimento efetivo, lá pelo começo dos anos 1970, até seus trabalhos finais dos dois últimos anos. Tais eixos poéticos resultam de práticas de permanente construção/reversão, acionadas por Ivens para a produção de esculturas contaminadas por métodos e práticas da construção civil popular-comunitária, tanto no que diz respeito aos materiais de que são feitas – cimento, vergalhão, areia, azulejos, pedras etc. – como pelo rústico acabamento dos trabalhos”, observa.
Ocupando lugar de destaque no Salão Monumental estará a grande instalação “Cerimônia em três tempos” (1973), que será montada como na versão original, vencedora do V Salão de Verão do MAM Rio. Em uma referência a um açougue, a obra traz sobre um ambiente de plástico branco três mesas de azulejos brancos, que recebem o sangue que pinga de uma carne pendurada. Na extensa parede de doze metros de comprimento, será projetado o vídeo “Encontro/Desencontro” (2008), de 12 minutos, de Ivens Machado, em codireção de Samir Abujamra. Nele, atores e acrobatas fazem um percurso que vai desde a extinta Perimetral, até uma cena poética em que balançam nus, suspensos em cordas.
A curadoria optou por não fazer divisões espaciais, ampliando a visão do espectador do conjunto da exposição, que ocupará ainda os dois espaços contíguos com as esculturas e os desenhos.
ESCULTURAS E DESENHOS
“Mesas” (1996), em concreto armado, madeira e ferro, não é vista desde 2003. “Tapete” (1979), em concreto armado e vidro, foi exposta há sete anos. A exposição terá ainda uma das mais importantes obras de Ivens Machado, “Mapa Mudo” (1979), um mapa do Brasil feito com cacos de vidro verde cravados sobre cimento. Realizada durante a ditadura militar, a imagem evoca, ao mesmo tempo, as exuberantes florestas brasileiras e os muros das residências bem protegidas, sendo também um símbolo das fronteiras sociais e políticas no país. Em relação às esculturas, Fernando Cocchiarale acentua que “há que considerar também a reversão simbólica desses métodos e práticas representada pela precariedade anticartesiana dos resultados específicos destas obras que sequer correspondem aos quesitos funcionais das construções populares, fator que atribui a esses trabalhos um teor contradiscursivo”.
O curador destaca que estarão na exposição os primeiros três desenhos de Ivens Machado, dois de 1974 e um de 1980, em que fez, à mão, pautas sobre cadernos. Mais tarde, o artista passou a intervir “diretamente na operação das máquinas de pautar da indústria de cadernos, ou no velamento de pautas com tintas corretoras de estêncil para mimeógrafo”. “Marco inicial do florescimento poético de Ivens, a questão se manifesta de outra maneira, mas com o mesmo sentido e intenção contradiscursivos”. “Aqui o teor espacial normativo das pautas de caderno é desconstruído graficamente, por meio de linhas que se rompem ou quebram a uniformidade da página original, por meio de desvios e sinuosidades, ou são ‘corrigidas” por corretores de estêncil”, explica.
A série de dezesseis desenhos “Fluidos Corretores” (1976), com corretor para estêncil sobre papel, da Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, ocupa uma extensão de quase dez metros, e será complementada com outro desenho da série, de 1974, feito com caneta sobre folha de caderno.
Ivens Machado (Florianópolis, SC, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, 2015). Escultor, gravador e pintor. Estudou gravura na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Anna Bella Geiger (1933). Em 1974, fez sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro.
Participou quatro vezes da Bienal de São Paulo – em 1981, 1987, 1998 e 2004 –, e também esteve na Bienal de Paris e na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Possui esculturas públicas no Palazzo di Lorenço, na Sicilia, Itália, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, no Jardim das Esculturas do MAM, São Paulo, no Jardim da Luz, na Pinacoteca de São Paulo, no Jardim das Esculturas do MAM, Salvador, e no Largo da Carioca, Rio de Janeiro [atualmente retirada até a finalização da reurbanização do Centro da Cidade].
Sua última exposição individual foi na Casa França-Brasil, em 2011. Além dela, merecem destaque a exposição “Encontro/desencontro” (2008), no Oi Futuro; “Acumulações (2007), no Paço Imperial; “O Engenheiro de Fábulas” (2001), apresentada no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea, em Curitiba, e no Museu Ferroviário da Vale do Rio Doce, em Vitória. Em 1975, ele realizou uma exposição individual no MAM Rio.
Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Lines”, na Hauser & Wirth, em Zurique , na Suiça e “On the Edge: Brazilian Film Experiments of the 1960s and Early 1970s”, no MoMA, em Nova Yok, ambas em 2014; “Sobrenatural”, na Estação Pinacoteca, em São Paulo e “Fato aberto: o desenho no acervo da Pinacoteca do Estado”, em 2013/2014; ”Violência e Paixão”, no MAM Rio e no Santander Cultural, no Rio Grande do Sul, em 2002; “Palavra Imagem”, no MAM Rio, e ”Espelho Cego”, no Paço Imperial e no MAM SP, ambas em 2001; ”Século 20: arte do Brasil-Brasil+500”, na Fundação Caloustre Gulbekian, em Portugal, em 2000; “Vista Assim Mais Parece um Céu no Chão”, 16oSalão Nacional de Artes Plásticas, no MAM Rio, e “Terra Incógnita”, no CCBB Rio, ambas em 1998; “Re-Aligning Vision”, no Museo del Barrio, em Nova York, em Arkansas, Austin, Monterey e Miami, nos EUA, e em Caracas, na Venezuela, em 1997; “A Fronteira dos Vazios - Livro Objeto”, no CCBB Rio, em 1994; “A Caminho de Niterói” - Coleção João Sattamini, no Paço Imperial, em 1992, e no Centro Cultural São Paulo, em 1993; “Brasilian Contemporary Art”, no MAC – SP e “Brasil Segni D’Arte”, em Veneza, Milão, Florença e Roma, na Itália, ambas em 1993, entre outras.
ACERVO IVENS MACHADO
O Acervo Ivens Machado é o projeto responsável pela gestão do acervo pessoal do artista, com curadoria da designer Mônica Grandchamp, amiga de longa data de Ivens Machado. Selecionado pelo Prêmio Funarte de Incentivo às Artes Visuais em 2015, para mapeamento da obra de Ivens Machado, e inscrito no Rumos Itaú Cultural 2016 – com resultado previsto para maio – o Acervo Ivens Machado tem como missão a catalogação da produção do artista, sua manutenção e visibilidade. Mônica Grandchamp é formada em desenho industrial pela Faculdade da Cidade, com pós-graduação iniciada em História da Arte e Arquitetura, na PUC-Rio, é professora de História da arte e História do design no Senac-RJ, desde 2011. Dedicada a projetos gráficos, identidade visual e videografismos de publicações, exposições, filmes, programas e canais de televisão, ela tem atuado na realização de imagem gráfica, aplicações e todas as peças de comunicação visual do Festival de Cinema de Conservatória, desde 2013; no catálogo do Festival Ibero-Americano de Cinema, Cine Ceará, em Fortaleza, desde 2011; na abertura, créditos e tratamento gráfico de imagens do documentário “Raízes do Brasil, uma cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda”, com direção de Nelson Pereira dos Santos, em 2002 e 2003; design do livro-catálogo e programação visual da exposição de Ivens Machado, no Oi Futuro, Rio de Janeiro, em 2008; livro-catálogo e programação visual da exposição de Jesus Soto “A Construção da Imaterialidade”, no CCBB Rio e CCBB Brasília, em 2005; livro-catálogo e programação visual da exposição de Rosana Palazyan, no CCBB Rio e SP, indicado como Melhor Publicação Gráfica do CCBB SP; livro-catálogo e programação visual da exposição “Engenheiro de fábulas – Ivens Machado”, no Paço Imperial, na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Palácio das Artes, em Curitiba, em 2001 e 2002; catálogo e programação visual da exposição de Vicente de Mello, no CCBB Rio, em 2001, entre outros.
abril 29, 2016
Paço das Artes abre exposição de Lenora de Barros na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Instituição inaugura no dia 30/4 mostra temporária na Oficina Oswald de Andrade com curadoria de Priscila Arantes; na abertura, a artista faz a performance “Pregação”
O gesto performativo de Lenora de Barros e o processo de criação da artista norteiam ISSOÉOSSODISSO, exposição que o Paço das Artes inaugura no dia 30 de abril na Oficina Oswald de Andrade. Com curadoria de Priscila Arantes (diretora artística e curadora do Paço das Artes –instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo), a mostra apresenta mais de 20 obras da artista, incluindo um vídeo inédito, que dá nome à exposição.
ISSOÉOSSODISSO funciona como metáfora do processo de criação da artista. “Neste processo, é possível perceber um elemento comum: as obras de Lenora de Barros sempre se desdobram, gerando ecos em outras obras. Um texto escrito transforma-se em um vídeo. Uma performance se desdobra em uma vídeoperformace. Uma mesma imagem, uma boca entreaberta, um olhar assustado, aparece em diferentes trabalhos que se inter-relacionam”, afirma Priscila Arantes.
Lenora de Barros conta que o poema que batiza a mostra foi criado em 1996 para uma performance que realizou com Arnaldo Antunes num congresso da Sociedade Brasileira de Psicanálise (O desejo é o começo do corpo/O corpo não mente). Em 2010, na galeria do Oi Futuro Ipanema, RJ, Lenora criou em uma vitrine um poema visual a partir desse mesmo enunciado. “A partir do momento que Priscila definiu o recorte da curadoria – o viés performático da minha obra – comecei a perceber claramente que o meu trabalho funciona como ‘isso é osso disso’. Vivo um processo em que muitas de minhas obras vão migrando e se transformando em outras”, diz.
Segundo Priscila Arantes, o trabalho de Lenora de Barros é um “eterno work in progress, em que uma obra gera eco em outra. Este é o caso, por exemplo, da performance Pregação, que ocorrerá na abertura da exposição, que é uma releitura das obras Calaboca e Silêncio (1990/2006), também presentes em ISSOÉOSSODISSO”.
Língua antropofágica
A exposição resgata também o resultado da reflexão de Lenora de Barros sobre o conceito de antropofagia, formulado por Oswald de Andrade, fruto de sua participação na 24ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, conhecida também como Bienal da Antropofagia. Convidados por Paulo Herkenhof e Haroldo de Campos, Lenora de Barros, ao lado de Arnaldo Antunes (1960) e Walter Silveira (1955), apresentaram a instalação A contribuição multimilionária de todos os erros, que contava com plotagens fotográficas, entre elas Língua Vertebral e No país da língua grande daí carne a quem quer carne, em que a artista aparece mastigando a própria língua. Esse trabalho se transformaria em videoperformance em 2006.
“Para a Bienal mergulhei no universo de Oswald de Andrade e criei duas fotoperformances - Língua vertebral e No país da língua grande, dai carne a quem quer carne. O título dessa segunda obra foi criado a partir da frase “no país da cobra grande”, que está no Manifesto Antropófago, e o intuito era expressar a ideia de uma ação antropofágica e deglutidora gerando sentidos, significados, linguagem. Em Língua vertebral tratei a imagem da língua, e dei a ela, através da sobreposição de uma espinha dorsal, uma estruturação”, conta Lenora.
Dentro desse contexto, Lenora lembra, ainda, da influência de Lygia Clark, cujo trabalho teve contato na década de 1970, e do impacto que Baba antropofágica (1973) lhe causou na época.
A imagem da língua aparece pela primeira vez na obra de Lenora falicamente “fecundando” as letras da máquina de escrever, no célebre Poema, fotoperformance de 1978, também em exibição na mostra.
A primeira videoperformance de sua carreira Homenagem a George Segal (1985), dirigida por Walter Silveira, é mais um resgate dessa exposição. Nas palavras de Priscila Arantes: “a utilização do corpo, neste caso de seu rosto, também se faz presente em Homenagem a George Segal, primeiramente poema visual, realizado em 1975 --que se transformou dez anos depois em sua primeira videoperformance, inspirada nas figuras solitárias e patéticas do escultor norte americano. Aqui Lenora desenvolve uma ação cotidiana de escovar os dentes. No vídeo, sua mão e rosto são gradativamente encobertos por pasta de dente, em uma espécie de ‘paralisação’ absoluta, paralisação que ecoa por toda a exposição, seja na impossibilidade da fala ou na interdição do olhar: Ela não quer ver, Já vi tudo, Fogo no Olho, Calaboca e Silêncio, Estudo para Facadas.”
Outra vertente da curadoria traz o conjunto de trabalhos criado a partir da obra Procuro-me (2001), inicialmente publicada no caderno Mais! (Folha de S. Paulo) logo após a queda das Torres Gêmeas, que se transformou numa série de cartazes, vindo a se tornar mural lambe-lambe e vídeo. Quando expostos na fachada do Centro Universitário Maria Antonia, em 2002, os quatro cartazes plotados foram pichados, e alguns recortados e roubados 15 dias após a abertura, e um grupo, que se autodenominava Art-Atack, assumiu as pichações. Em seguida, Lenora de Barros iniciou um processo de “recuperação” e resgate dessas imagens, que resultariam nas obras da série Retalhação.
Para a mostra, a artista criou um novo mural de lambe-lambes em que mistura a imagem original dos cartazes de Procuro-me com imagens da intervenção do Art-Atack, enviadas à artista pelo grupo na época. Na exposição, a artista conta pela primeira vez o processo e a história dessa série por meio de documentos, tais como as cartas originais que lhe foram enviadas. “Ao fazer a obra Hífen (2007), da série Retalhação, achei que tivesse encerrado o percurso desse trabalho --e que esse sinal gráfico que de algum modo me unia e separava do grupo funcionaria como o ponto final dessa história. Mas talvez Procuro-me vai continuar, sempre, a me procurar. É um outro ‘osso disso’, diz Lenora de Barros.
Lenora de Barros (São Paulo / SP, 1953) é formada em linguística pela Universidade de São Paulo. Poeta e artista visual, eu trabalho se desenvolve a partir de diversas linguagens, como o vídeo, a performance poética, a fotografia e a instalação. Participou como artista-curadora da "Radiovisual", na 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, RS), 2009.
Expôs em diversas coletivas, dentre as quais se destacam a Resistance Performed - Aesthetic Strategies under Repressive Regimes in Latin America, Migros Museum, Zurich, Switzerland, art.br#3 Poiesis in práxis, no Pioneer Works (Nova York, EUA), 2014; VERBO, na Galeria Vermelho (São Paulo), 2014; Encruzilhada, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro-RJ, wehavenothingtosay, Mandragoras Art Space, com Laura Lona, New York-NY, ULTRAPASSADO I and II, galeria Broadway 1602, New York, 2014, as Bienais de Cerveira (Portugal) e Thessaloniki (Grécia), 2013; 18º Festival de Arte Contemporânea SESC Videobrasil (São Paulo, SP), 2013; Para (saber) escutar, com Teresa Serrano, na Casa Daros Latinoamerica (Rio de Janeiro, RJ), 2013; Circuitos cruzados: O Centro Pompidou encontra o MAM, Museu de Arte Moderna (São Paulo), 2013; III Mostra do Programa de Exposições 2012, Centro Cultural São Paulo, 2012; e 11ª Bienal de Lyon (França), 2011.
Dentre as individuais recentes, destacam-se as apresentadas no Pivô (São Paulo), 2014; na Casa de Cultura Laura Alvim (Rio de Janeiro), 2013; e Sonoplastia, na Galeria Millan (São Paulo), 2011. Sua obra faz parte de coleções públicas e particulares no Brasil e no exterior, tais como: Museu d’Art Contemporani (Barcelona, Espanha), Daros Latinamerica (Suíça e Brasil) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (Brasil).
Priscila Arantes é diretora artística e curadora do Paço das Artes, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, desde 2007. Entre 2007 e 2011 foi diretora adjunta do MIS (Museu da Imagem e Som). É pós-doutora pela Pennsylvania State University (EUA), doutora em Comunicação e Semiótica pela (PUC/SP), pesquisadora, crítica de arte e professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu.
Em 2007, foi finalista do 48º Prêmio Jabuti pela publicação Arte@Mídia: perspectivas da estética digital (Ed.Senac/Fapesp). Em 2012, foi contemplada com o prêmio da Getty Foundation (USA), para participar da 101ª Conferência Anual da College Art Association (CAA). É autora também de “Reescrituras da Arte contemporânea: história, arquivo e mídia” (Editora Sulina, 2015). Entre suas curadorias no Paço das Artes, destacam-se os projetos Livro_Acervo (2010), Para Além do Arquivo (2012), Arquivo Vivo (2013), MaPA: Memória Paço das Artes, e Abrigo de paisagem/Veículo de passagem (2015), de Rodrigo Braga, entre outras.
Pierre Verger inaugura Galeria Marcelo Guarnieri no Rio de Janeiro
Em parceria com a Fundação Pierre Verger de Salvador (BA), a Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a exposição Pierre Verger na inauguração de seu espaço expositivo na cidade do Rio de Janeiro. A partir do dia 30 de abril (sábado), o local que será inaugurado em Ipanema exibirá obras produzidas durante toda a trajetória do fotógrafo e etnografista franco-brasileiro. Grande parte do trabalho que ele desenvolveu era dedicado à pesquisa e aos registros ligados às religiões de matriz africana.
Verger começou a fotografar e viajar pelo mundo em 1932, aos 30 anos de idade. Durante os 14 primeiros anos de sua carreira como fotógrafo, suas imagens foram publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época. Em 1946, quando chegou à Bahia, converteu-se ao Candomblé, tornou-se o babalaô Pierre “Fatumbi” Verger e, embora levasse um estilo de vida nômade, Salvador passou a ser sua residência fixa. Hoje, a casa onde vivia abriga fundação homônima dedicada à sua obra, às pesquisas e ao intercâmbio cultural entre Brasil e África.
Em 2015, a galeria promoveu duas mostras de Verger em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Para a mostra do Rio, a galeria apresentará um novo recorte dividido em 3 blocos. Um deles é dedicado apenas aos registros com foco em apetrechos musicais clicados em países da América Latina e África - essas imagens foram exibidas no MAM-Bahia em 1992 e mostram tambores, instrumentos de sopro e cordas usados em rituais e celebrações.
O outro conjunto apresenta uma série de imagens selecionadas pelos editores da Revue Noire - Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Léon - e pelo próprio fotógrafo, a partir de 300 negativos que foram expostos ou transformados em cópias de altíssima qualidade e, posteriormente, nos fotolitos do livro Le Messager. Apresentada no ano de 1993, pela Revue Noire, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie, na França e na Suiça, Pierre Verger, - O Mensageiro destacou a importância da arte e da cultura africana para o ocidente, com mostras que colocaram, novamente, o público europeu em contato com o trabalho do fotógrafo. Verger esteve presente na abertura desta exposição em Paris, e a Revue Noire conseguiu que ele assinasse uma certa quantidade de cópias. Não era uma prática comum na trajetória de Verger, que privilegiava os negativos, por representarem as suas memórias.
Por fim, o último bloco da exposição carioca apresenta um grupo vintage de fotos raras ampliadas pelo próprio Verger em diferentes períodos de sua carreira - a partir dos anos 30. Entre elas, se destaca uma vista panorâmica de Pequim, cenas urbanas de Nova York, Mali e França. Importante ressaltar que essas imagens reunidas pela galeria foram ampliadas manualmente em sais de prata e apresentam a assinatura de Verger ou o carimbo de identificação.
SOBRE A GALERIA MARCELO GUARNIERI
Reconhecido nome da arte moderna e contemporânea em Ribeirão Preto (SP), o galerista Marcelo Guarnieri pertence à geração dos anos 1980 que levou para a cidade no interior de São Paulo exposições e mostras de nomes como Iberê Camargo, Siron Franco, Carmela Gross, João Rossi, Lívio Abramo, Amilcar de Castro, Tomie Ohtake, Volpi, entre outros. Dominada até então pelos artistas locais, em um trabalho de vendas informal, Guarnieri, ao lado de João Ferraz (hoje IFF) e colecionadores de artes, cultivou um espaço que hoje pode ser considerado o resultado de um trabalho de consolidação profissional de imagem e de um olhar estético técnico e apurado.
Por um período de dois anos, Marcelo foi diretor do Museu de Arte de Ribeirão Preto - o MARP – em sua fase inicial. No ano de 2006 nascia a Galeria de Arte Marcelo Guarnieri com o desejo de criar um espaço fora do eixo Rio-SP, que dialogasse com nomes das artes moderna e contemporânea. Em oito anos, além das exposições mencionadas acima, a participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, atraíram apreciadores da arte para o endereço. Resultado da experiência e da percepção de Guarnieri e de sua equipe: notaram que, além da apresentação de nomes significativos do último período de produção artística, era necessário fortalecer, cultivar e estimular no público o entendimento da obra, do artista e do seu tempo de produção por meio de visitas e atividades educacionais.
“Penso que criar essa nova mentalidade ainda é um processo em construção, porém, bem melhor que nos primeiros tempos. Hoje temos facilidades conquistadas com a Internet. Acabamos trabalhando, também, com clientes de SP e do Rio”, diz Marcelo Guarnieri. Além das sedes em São Paulo e Ribeirão Preto, Guarnieri desembarca com um novo espaço expositivo no Rio de Janeiro, onde trabalhará arte moderna e contemporânea num diálogo constante, com o mesmo cuidado, qualidade e atenção de suas unidades paulistas.
A galeria carioca representará novos e já consagrados artistas: Gabriela Machado, Luiz Paulo Baravelli, Masao Yamamoto, Mario Cravo Neto.
abril 11, 2016
Elisa Bracher na Mercedes Viegas, Rio de Janeiro
A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea inaugura dia 14 de abril, quinta-feira, a próxima exposição da artista paulista Elisa Bracher, Vermelhas, conhecida por suas esculturas monumentais de madeira e pedra assim como pelos desenhos e gravuras de traços orgânicos e ou geométricos. A curadora Elisa Byington selecionou em torno de vinte desenhos que ocuparão todo o andar térreo da galeria. A artista apresenta a sua mais recente produção de desenhos, onde a cor é o elemento guia pela primeira vez.
Bracher utiliza grafite, bastão oleoso e tinta para gravura, sobre os levíssimos papéis arroz e papel de seda, translúcidos; a leveza contrasta com a intensidade do traço e dos gestos largos que a cor vermelha impregna de visceralidade, erotismo, emotividade.
A exposição ficará em cartaz até o dia 14 de maio, sábado. Nesse período haverá uma conversa com a artista e a curadora em data a ser anunciada. Até 29 de maio, também no Rio de Janeiro, a artista apresenta uma grande exposição no Paço Imperial, "Anatomia da flor", também com a curadoria da historiadora de arte Elisa Byington. As duas mostras se complementam.
Elisa Bracher (São Paulo - SP - 1965) - Escultora, gravadora e desenhista. É formada em artes plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo. Fez curso de gravura em metal com Evandro Carlos Jardim. Começou a expor suas gravuras em 1988, na 8ª Mostra de Gravura da Cidade de Curitiba, Paraná. Participou da 9ª Mostra, dois anos depois, e conquistou o Prêmio Aquisição. Nesse mesmo ano, recebeu o Prêmio Brasília de Artes Plásticas - Medalha Miró/Picasso, no 12º Salão Nacional de Artes Plásticas, conferido pela Unesco. Em 1998, a editora Cosac Naify publicou o livro “Madeira sobre Madeira”, com texto de Rodrigo Naves, sobre sua obra, junto com a exposição individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2006 tem lugar a exposição “Maneira Branca – Gravuras 2005-20016”, no edifício da Estação Pinacoteca - SP, seguindo-se a publicação do livro com mesmo título, uma parceria com a Cosac Naify. É autora de obras situadas em espaços públicos no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas também em Essex (UK) e em Berlim (Alemanha). É fundadora do Instituto Acaia, organização social sem fins lucrativos que acolhe e oferece atividades socioeducativas a crianças, adolescentes e famílias financeiramente carentes em São Paulo.
abril 10, 2016
Milton Machado na Nara Roesler, Rio de Janeiro
Galeria Nara Roesler Rio de Janeiro apresenta X, primeira exposição de Milton Machado na GNR RJ e a terceira na Galeria Nara Roesler, com trabalhos fotográficos que abordam a cultura contemporânea com a sagacidade única de Machado
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Milton Machado estreia na Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro com X, primeira individual do artista desde a retrospectiva Cabeça, que exibiu em 2014 e 2015 seus 45 anos de carreira nos CCBBs do Rio e de Belo Horizonte. A mostra X, com abertura no dia 14 de abril, aborda com uma perspicácia muito particular ao artista, os aspectos da cultura contemporânea por meio de um vídeo e de vários trabalhos fotográficos. Nestes, a justaposição e a clivagem de elementos e cenários enfocados tanto pelas lentes de Machado quanto por outros artistas (por apropriação) sugerem narrativas não lineares e abertas.
A produção de Milton Machado é plural, com incursões em suportes variados. É o caso do desenho, usado mais enfaticamente por Machado no início de sua carreira, nos anos 1970, por meio do qual criava projetos de cidades aparentemente coerentes, mas na verdade impossíveis. Ao longo de sua trajetória, passou a fazer instalações de grande escala; a apropriar-se de mobiliário de escritório, como os gaveteiros de metal que empilhava como escadas; a usar a fotografia e o vídeo.
Nesta mostra, ele reúne trabalhos fotográficos produzidos entre 1995 e este ano. O que está em jogo aqui não é a fotografia, pois o próprio artista não se entende como fotógrafo, mas a produção de sentidos múltiplos pela junção de signos e elementos os mais diversos. Como em outras exposições de Machado, a totalidade das obras não é irrelevante: por meio dela, o artista adiciona uma camada a mais de interpretação, na produção de um sentido global pela somatória das imagens, a exemplo de um mosaico de peças desiguais que se conectam por suas similaridades e paradoxos. As narrativas podem ser isoladas em cada obra ou vistas como uma grande história, na articulação entre os trabalhos.
Nas palavras do artista, “X. Cancelamentos? Rasuras? Empresas falidas? Nem tanto. Aqui, nessa sequência marota de oposições, isso x aquilo visa às multiplicações e potencializações. Em outras palavras, intensidades. Tipo Descartes x Montaigne, Rubens x Poussin, Frajola x Piu-Piu, vassouras x espelhos, raios x rios, moscas x manequins. Talvez seja o caso de admitir que tratamos – recorrendo a essas tantas narrativas fotográficas – com uma negociação produtiva entre diferenças.”
Um exemplo é o trabalho Realismos (França, 1886 / Santa Teresa, Rio, 2005). Nele, uma fotografia de duas moças dormindo num amontoado de lençóis, no fundo de um quintal mal-ajambrado, é posta lado a lado com uma pintura de Courbet. O efeito de aproximação entre ambas é obtido pela simetria entre linhas geométricas, figuras e posturas, embora as cenas sejam totalmente discrepantes. Casamentos, faróis de carros, um manequim com uma mosca pousada no rosto, uma lanchonete, um pote de mel que funciona como chamariz para abelhas: os códigos embaralham-se e produzem narrativas de acordo com o interlocutor. Na mira, a lógica formal que condiciona o pensamento contemporâneo à instrumentalização, por meio da repetição do cânone.
Completam a lista de obras os trabalhos American Beauty (5th Avenue, NY, 2015); Duplo (Gray’s Papaya, NY, 2010); Michelangelo com Faróis (Metropolitan Museum, NY, 2010); Green Cap Loop Drive (Central Park, NY, 1995); Judd’s Drawing Lesson (NY, 2010); Body Pressure (Berlin 2013); Beuys Dormindo (PROA, Buenos Aires, 2014); Fraulein (Roupa molhada de jovem mulher, Joseph Beuys, 1985/Santa Teresa, Rio, 2014); Prince (NY, 2010); Sweep (São Paulo, 2013); New York Cars (NY, 2013); Two Weddings (San Francisco, 2012); Dupla Exposição (NY, 2015); Gradações Extremas na Categoria dos Instantâneos (1974), Um Passo Atrás (San Francisco, 2012); Bond Cab (Londres/Rio, 2001), The Last Land (Bienal de Veneza, 2005); Stray Bullets [Balas Perdidas] (Rio de Janeiro, Londres, NY, 1996-...); Raio x Rio (Ilha do Contrato, Baía de Camamu, Bahia, 2008-09).
Milton Machado nasceu em 1947, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Participou das 10ª, 19ª e 29ª edições da Bienal de São Paulo (1969, 1987 e 2010) e da 7ª e 10ª edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2009 e 2015). Seu trabalho integra coleções públicas como: Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói, Brasil; LP Morgan Chase Manhattan Bank, Brasil; MAR - Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; Museu de Arte de Belo Horizonte, Belo Horizonte, Brasil; University of Essex, Essex, Inglaterra; Museo de Arte de Lima, Lima, Peru; Museo Civico di Arte Contemporanea, Gibellina, Itália; e da Daros Foundation, Zurique, Suíça.
Galeria Nara Roesler Rio de Janeiro presents X, Milton Machado’s first exhibit at GNR RJ and his third at Galeria Nara Roesler, featuring photographic works that approach contemporary culture with Machado’s peerless sagacity
Milton Machado is set to debut at Galeria Nara Roesler in Rio de Janeiro with X, his first solo show since Cabeça, a survey spanning 45 years of his career held in 2014 and 2015 at the CCBB in Rio and Belo Horizonte. Opening on April 14, the show X offers the artist’s uniquely sharp-witted take on aspects of contemporary culture, featuring a video and several photographs. The juxtaposition and interspersion of elements and sceneries shot by Machado and other artists (by appropriation) suggest non-linear, open-ended narratives.
Milton Machado’s production is plural, with incursions into myriad materials. One example is drawing, which Machado employed more emphatically at the onset of his career, in the 1970s, to create seemingly coherent cities that were really impossible. As his career progressed, he took to creating large-scale installations; to appropriating office furnishing, like the metal drawer units he would pile up as staircases; and to using photography and video.
This exhibit features photographic works created between 1995 and this year. What’s at stake here isn’t photography, since the artist doesn’t even consider himself a photographer, but the production of multiple meanings through the conflation of a wide variety of signs and elements. As in past shows by Machado, the totality of the artworks is not irrelevant; through it, the artist adds yet another layer of interpretation to the building of a global meaning through the summation of images, like a mosaic of unequal pieces that connect in their similarities and paradoxes. The narratives can be isolated within each piece or seen as an overarching story, in the articulation between the artworks.
In the artist’s words, “X. Cancellations? Erasures? Bankrupt businesses? Not so fast. Here, in this sly sequence of oppositions, this x that concerns multiplication and potentialization. In other words, intensity. Like Descartes x Montaigne, Rubens x Poussin, Sylvester x Tweety Bird, broomsticks x mirrors, lightning x rivers, flies x mannequins. Maybe it’s about time we admit that we are dealing – in resorting to these multiple photographic narratives – with a productive negotiation between differences.”
A case in point is Realismos (France, 1886 / Santa Teresa, Rio, 2005). A photograph of two women sleeping amid crumpled sheets, in the back of a messy backyard, is shown next to a painting by Courbet. A parallel is drawn between both images through the symmetry of geometric lines, figures and postures, even though the scenes are completely different. Weddings, car headlights, a mannequin with a fly on its face, a snack bar, a honey jar that attracts bees: the codes enmesh and produce narratives tailored to each interlocutor. The scope is set on the formal logic that reduces contemporary thinking to a tool, via the repetition of the canon.
The list goes on with American Beauty (5th Avenue, NY, 2015); Duplo (Gray’s Papaya, NY, 2010); Michelangelo com Faróis (Metropolitan Museum, NY, 2010); Green Cap Loop Drive (Central Park, NY, 1995); Judd’s Drawing Lesson (NY, 2010); Body Pressure (Berlin 2013); Beuys Dormindo (PROA, Buenos Aires, 2014); Fraulein (Roupa molhada de jovem mulher, Joseph Beuys, 1985/Santa Teresa, Rio, 2014); Prince (NY, 2010); Sweep (São Paulo, 2013); New York Cars (NY, 2013); Two Weddings (San Francisco, 2012); Dupla Exposição (NY, 2015); Gradações Extremas na Categoria dos Instantâneos (1974), Um Passo Atrás (San Francisco, 2012); Bond Cab (London/Rio, 2001), The Last Land (Venice Biennale, 2005); Stray Bullets [Balas Perdidas] (Rio de Janeiro, London, NY, 1996-...); Raio x Rio (Ilha do Contrato, Baía de Camamu, Bahia, 2008-09).
abril 6, 2016
Projeto Latitude apoia visita de grupo internacional à feira SP-Arte/2016
Por meio de uma parceria entre a ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a Apex-Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o Projeto Latitude – voltado à internacionalização do mercado brasileiro de arte contemporânea – apoia a vinda à feira de arte internacional SP-Arte de uma delegação de 10 colecionadores e profissionais do mercado internacional de arte, vindos do Chile, Colômbia, Estados Unidos, Áustria e Argentina.
Citada pelos galeristas associados à ABACT na 4a Pesquisa Setorial Latitude como a segunda maior plataforma de vendas do setor, atrás apenas das próprias galerias, a feira SP-Arte norteia o calendário de aberturas de exposição e eventos institucionais de arte do primeiro semestre na cidade de São Paulo, atraindo colecionadores e profissionais brasileiros e internacionais do mercado de arte à cidade.
A Art Immersion Trip, é o modelo de viagem de negócios organizado sazonalmente pelo Projeto Latitude durante a realização de grandes eventos do mercado de arte no Brasil. Curadores e colecionadores de arte estrangeiros ou residentes no exterior são convidados a tomar parte num roteiro de visitas a galerias, coleções e eventos sociais préviamente agendados com a ABACT e suas galerias associadas.
Nesta edição SP-Arte 2016, o grupo de 10 latino-americanos, norte-americanos, e colecionadores europeus é acompanhado pelos curadores Marta Ramos-Yzquierdo e Germano Dushá em visitas à feira, onde esses profissionais comentam o histórico, programa e time de artistas das galerias, destacando alguma obra dentre as que as galerias selecionaram para levar à feira. Os convidados do Projeto Latitude também são convidados a tomar parte no programa Gallery Night, recém-organizado circuito de aberturas de exposição das galerias nos bairros da Vila Madalena e Jardins nos dias 4 e 5 de abril.
Histórico e ações do Latitude
No início do Projeto Latitude, em 2007, o valor de exportação alcançado pelas galerias associadas ao programa foi de cerca de US$ 6 milhões. Em 2015, o volume exportado chegou a quase US$ 67 milhões, o que representa um salto de 97,4% em relação ao ano de 2014, cujas exportações totalizaram vendas de US$ 33.921.564 para 22 países.
Os principais destinos dos negócios internacionais das galerias em 2015 foram: Estados Unidos, Reino Unido, Suíça, Hong Kong e Turquia. A participação das galerias associadas à ABACT nesse montante aumentou de 41,3 % para 68,4%, atestando a relevância das ações do Projeto Latitude voltadas à promoção da arte brasileira em eventos e feiras de arte internacionais.
Somente no último convênio com a Apex-Brasil, 11 galerias foram introduzidas no mercado internacional com o apoio do programa Latitude, e mais de 30 galerias foram apoiadas pelo Projeto para participações em feiras internacionais, gerando aproximadamente US$ 11,1 milhões em negócios, com vendas de mais de 500 obras para 37 países e para pelo menos 22 instituições internacionais. A expectativa da equipe do Projeto é de ampliar estes números neste novo Convênio.
Além de ações contínuas de gestão e de comunicação, voltadas para o fortalecimento institucional, estão previstas outras 22 ações para o biênio 2015-2016, entre as quais, o apoio às galerias participantes em importantes feiras internacionais, como a Art Basel Miami Beach (EUA), ARCOmadrid(Espanha), ArtBO (Colômbia), entre outras; realização de Art Immersion Trips, por meio das quais o projeto recebe formadores de opinião, profissionais e colecionadores para vivenciar a cena cultural brasileira; capacitação das galerias para atividades específicas e para atuação no mercado internacional; e a realização de pesquisas setoriais e estudos sobre mercados específicos. O conjunto de ações tem como objetivo aumentar o resultado das exportações do mercado primário de arte contemporânea brasileira com uma visão de longo prazo.
As galerias participantes do Projeto Latitude
- A Gentil Carioca
- Almacén Galeria
- Anita Schwartz Galeria de Arte
- Athena Contemporânea
- Baró Galeria
- Galeria Berenice Arvani
- Blau Projects
- Bolsa de Arte de Porto Alegre
- Casa Triângulo
- Celma Albuquerque Galeria de Arte
- Choque Cultural
- Dan Galeria
- Galeria Eduardo Fernandes
- Galeria Estação
- Galeria Fortes Vilaça
- Galeria da Gávea
- Galeria Inox Arte Contemporânea
- Galeria Jaqueline Martins
- Galeria Leme
- Luciana Brito Galeria
- Luciana Caravello Arte Contemporânea
- Galeria Luisa Strina
- Galeria Lume
- Galeria Marcelo Guarnieri
- Galeria Marilia Razuk
- Mendes Wood DM
- Mercedes Viegas Arte Contemporânea
- Galeria Mezanino
- Galeria Millan
- Galeria Movimento
- Mul.ti.plo Espaço Arte
- Galeria Nara Roesler
- Galeria Pilar
- Pinakotheke
- Portas Vilaseca Galeria
- Galeria Rabieh
- Galeria Raquel Arnaud
- Roberto Alban Galeria de Arte
- Sé
- Sergio Gonçalves Galeria
- Silvia Cintra+Box4
- SIM Galeria de Arte
- Vermelho
- Ybakatu Espaço de Arte
- Zipper Galeria
abril 5, 2016
Antonio Dias na Nara Roesler, São Paulo
Mostra de papéis do Nepal de Antonio Dias chega ampliada à Galeria Nara Roesler de São Paulo, depois de ser exibida no Rio de Janeiro
A exposição de papéis do Nepal de Antonio Dias, realizada entre agosto e setembro do ano passado na galeria do Rio de Janeiro, chega ampliada à Galeria Nara Roesler em São Paulo a partir de 2 de abril de 2016. Nesta Papéis do Nepal, a produção multifacetada de Dias ganha abordagem a partir desse segmento.
Nas palavras do historiador da arte italiano Sandro Sprocatti, o trabalho de Dias projeta "uma situação antiperspectiva por excelência, uma vez que nega a exclusividade de um ponto de vista não só devido à instabilidade representacional (ambiguidade substancial do signo e do espaço) mas, acima de tudo, porque implica a pluralidade das condições de fruição, ou seja, as condições existenciais que o observador tem em relação ao próximo".
Os trabalhos que figuram na exposição foram produzidos durante uma viagem de Dias ao Nepal em 1977, com a finalidade de aprender a manufatura de papéis artesanais. A fase do Nepal é uma ruptura na trajetória pregressa do artista, calcada fortemente no conceitualismo; na utilização de mídias então incipientes, como o vídeo; e na criação de um léxico visual que englobava elementos pop, planos geométricos definidos por cor e palavras.
Esse repertório, repetido sistematicamente e embaralhado entre si, questionava o caráter da convenção social e da instituição artística como produtora de significados codificados e estanques, validados por um sistema de inserção e representatividade internacional, a que o regional deveria se submeter - o que se tornava evidente pelos títulos em inglês das obras, como a famosa série The Ilustration of Art.
Mais do que serem suportes, os planos geométricos de papel artesanal são obras em si. Suas cores resultam da adição, durante a fabricação, de elementos naturais - como chá, terra, cinzas e curry -, incorporando o processo de produção como componente e significante dos trabalhos. Realizados em conjunto com artesãos de uma fábrica de papel nepalesa, subvertem a questão da unidade autoral tanto em sua gênese quanto em seus títulos, atribuídos por alguns dos trabalhadores, a exemplo de Niranjanirakhar.
Ou, como o próprio artista definiu em uma entrevista, "O que mais me interessa é a relação entre a produção desse trabalho e de seus produtores... Ao mesmo tempo que se empenhavam materialmente na produção, alguns deles também imprimiam uma leitura simbólica ao produto".
A palavra nepalesa Niranjanirakhar, que significa Nada, é uma boa síntese da ambivalência de sentidos desse grupo de obras. Se em sua premissa pós-conceitual e processual reiteram a necessidade de construção da significação pelo espectador, provocando a consciência e a postura ativa para além da superfície imagética, trazem um silêncio quase místico, por sua materialidade imperfeita e orgânica. Além da contaminação de significação pela territorialidade, tema caro ao artista.
Citando novamente Sprocatti: "Em ambos os casos, figuras 'importadas' da atuação anterior do artista adquirem novos significados em contato com a esfera cultural que testemunhou seu nascimento. Como resultado, a peça (também entendida como trabalho) ganha uma profundidade simbólica ao mesmo tempo improvável e exata. Do mesmo modo, a sintaxe pós-conceitual das instalações encontra novas razões de pertinência no interior de uma dimensão mística que tem pouco a ver com o Ocidente e sua história."
Antonio Dias nasceu em 1944 em Campina Grande, Paraíba. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Milão. Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções internacionais, tais como: MoMA, Nova York, EUA; Ludwig Museum, Colônia, Alemanha; Daros Collection, Zurique, Suíça; Städtische Galerie im Lenbachhaus, Munique, Alemanha; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; e Centro Studi e Archivio della Comunicazione, Università de Parma, Itália, e renomadas coleções nacionais, tais como: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Itaú Cultural, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife; e Museu de Arte Contemporânea de Niterói/Coleção Sattamini, Niterói.
Norbert Bisky na Baró, São Paulo
Mostra do artista alemão Norbert Bisky é composta por oito telas inéditas que discutem a liberdade de mobilidade e a situação migratória na Europa
A Baró Galeria apresenta a partir do dia 5 de abril, terça-feira, das 18h às 22h, a exposição A Fuga, individual do artista alemão Norbert Bisky. A mostra permanece em cartaz até 7 de maio no endereço Rua da Consolação, 3417 – Jardins, e nela, Bisky exibe oito telas inéditas que discutem a liberdade de mobilidade e a situação migratória na Europa.
Em “A Fuga” , o artista traz influências do Manifesto Antropófago, do escritor brasileiro Oswald de Andrade - obra que alega que o contato com diferentes culturas pode levar a algo completamente novo - e com base nisto, indaga se fechar as fronteiras, como tem acontecido com os sírios na Europa, não seria o fim do “novo” e do “interessante”.
Bisky pinta sobre a fuga e convida o público a refletir sobre como se movimentar e fugir de uma situação de perigo, escapar de algo ou alguém, ou simplesmente estar em movimento como um viajante. As telas serão apresentadas em uma instalação site specific com colagens escultóricas e intervenções de pintura que interagem com o espaço da galeria.
O interesse de Bisky neste tema tem origem em sua própria história. Seus pais ficaram sem lar após a 2ª Segunda Guerra Mundial e tiveram de fugir de sua cidade natal por meio de longas caminhadas – assim como tem feito a população síria. O pai de Bisky passou toda sua infância em um campo de refugiados e o próprio artista cresceu dentro das isoladas fronteiras da Alemanha Oriental.
Desde a queda do muro de Berlim, em 1989, ele pôde descobrir o mundo através de viagens para os mais diversos destinos, incluindo o Brasil. Nesta exposição, Bisky traz suas impressões de viajar e viver no exterior e apresenta sua visão sobre os campos dos refugiados, de viagens que faz pelo Brasil desde 2014 e de sua experiência como morador de Tel Aviv, em Israel, em 2015.
Norbert Bisky nasceu em 1970 em Leipzig, na Alemanha. Estudou com Georg Baselitz em Berlim e já participou de exposições em diversos lugares do mundo, incluindo o Martin Groupios Bau (2003), em Berlim, Museum für Moderne Kunst PMMK em Ostend(2003), na Bélgica, National Museum of Korea em Seoul (2004), Dortmunder Kunstverein (2009), Haifa Museum of Art (2009), em Israel, Maison Rouge(2011), em Paris, Tel Aviv Museum of Art (2012). Em 2014 o Kunsthalle Rostock organizou uma retrospectiva do seu trabalho.
Em 2015 Bisky viveu e trabalhou em Tel Aviv, em Israel. Em 2016 o artista participa da exposição “Zeitgeist – Arte da Nova Berlim“ no CCBB de Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Suas obras estão em coleções públicas como o MOMA NY, o Museum Ludwig em Colonia, Deutsche Bank em Frankfurt e o Fonds National d’Art Contemporain iem Paris.
Mateo López na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar Palm Line Clock Hand, segunda exposição individual do artista Mateo López (Bogotá, 1978). Seu trabalho transita entre desenho, vídeo, escultura, design e performance.
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Além de ocupar a Sala 2 da galeria, Mateo reativará parte do espaço original da Galeria Luisa Strina, o qual funcionou por 35 anos e se encontra fechado desde 2010. A intenção é transformar este espaço em um espaço de projetos, onde os artistas tenham liberdade de experimentar.
No espaço atual, serão mostrados dez desenhos em papel e uma escultura, os quais fazem referência às animações e funcionam como estudos para o projeto, que envolve animação e ação.
No primeiro andar do espaço antigo – localizado a dois quarteirões do atual, na Rua Padre João Manuel 974A – o artista fará uma vídeo-instalação composta por nove animações, esculturas inéditas e objetos.
No terraço, Mateo apresentará uma escultura interativa cujo formato alude a um relógio e em determinados sábados, o coreógrafo e dançarino Eduardo Fukushima, convidado pelo artista para fazer uma colaboração, apresentará uma coreografia criada para a ocasião que se espelha nas ideias exploradas nos vídeos e desenhos.
A intenção é que o desenho seja duplamente transformado: de desenho para vídeo e de vídeo para movimentos corporais. A ideia surgiu do fato do estúdio do artista ser localizado em um antigo estúdio de dança em Nova York e, paralelamente, ao estar no estúdio, sentar-se, pesquisar, levantar-se, experimentar, até mesmo tomar café, criam uma certa coreografia, que varia a cada dia.
Assim como Mateo López, o coreógrafo Eduardo Fukushima foi premiado pela bolsa suiça Rolex Mentor and Protègè Arts Initiative em 2012/2013, ocasião na qual os dois se conheceram. Como coreógrafo e dançarino vem apresentando seus trabalhos solos em importantes festivais pelo Brasil, América do Sul e Europa. Como performer, participou da exposição Tokiogaqui, homenagem a Kazuo Ohno (2008) ; da mostra VERBO na Galeria Vermelho (2008); do encerramento da exposição Revolta da Carne – Experiências antropofágicas nipo-brasileiras / Homenagem a Tatsumi Hijikata, Hélio Oiticica e Lygia Clark (2009) e na exposição This is Not A Void de Tino Sehgal na Galeria Luisa Strina (2009).
No dia da abertura será lançado ‘XYZ’, livro de artista feito por Mateo López com edição limitada e duas versões diferentes. O livro foi publicado por S/W Ediciones, editora que colabora com artistas latino-americanos, emergentes e estabelecidos, para criar livros de artista com edições limitadas.
As performances ocorrerão nos sábados dias 9 de abril, 23 de abril e 7 de maio, às 18h.
A obra de Mateo López foi exposta internacionalmente. Suas exposições individuais mais recentes foram ‘A Room inside a room’, Casey Kaplan Gallery, Nova York (2015); ‘Constelaciones’, Museo de Arte Moderno, Medellín (2014); ‘Irregular Hexagon’, The Jerusalem Center for the Visual Arts, Jerusalem e Tel Aviv (2012); ‘Maio’, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2011); ‘Made to Measure’, Gasworks, Londres (2010); ‘Deriva’, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Espanha (2009).
Além disso o artista participou de exposições coletivas no Museum of Contemporary Art Detroit (2016), The Drawing Room, Londres (2015); the Museum of Fine Arts, Boston (2013); 43 Salón Nacional de Artistas, Colômbia (2013); Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2011); 29a Bienal de São Paulo (2010).
Seu trabalho está incluído em várias coleções públicas: MOMA The Museum of Modern Art, Nova York; Coleção Berezdivin, Porto Rico; CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brasil; Banco de la Republica, Biblioteca Luis Ángel Arango, Bogotá; Bienal de Cuenca, Equador; CIFO Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami.
Galeria Luisa Strina is pleased to present Palm Line Clock Hand, the second solo exhibition by artist Mateo López (Bogotá, 1978). His work shifts between drawing, video, sculpture, design and performance.
As well as occupying Room 2 of the gallery, Mateo will reactivate part of the original space of the Galeria Luisa Strina, which operated for 35 years but has been closed since 2010 (*). The intention is to transform this area into a space for projects, where artists have greater freedom to experiment.
In the current space, ten drawings on paper and two sculptures will be exhibited, which works refer to animations and serve as studies for the project, which involves animation and actions. On the first floor of the old space – located two blocks away from the new gallery, at Rua Padre João Manuel 974A – the artist will make a video-installation composed of nine animations, new sculptures and objects. The terrace will host an interactive sculpture whose shape will allude to a clock and on certain Saturdays the choreographer and dancer Eduardo Fukushima, invited by the artist to participate, will present a choreography created for the occasion, mirroring the ideas explored in the videos and drawings (**).
The intention is to achieve a double transformation: from drawing to video and from video to body movements. The idea emerged from the fact that the artist’s studio is located in an old dance studio in New York and, parallel to that, being in the study, sitting, studying, standing up, experimenting and even drinking coffee all create a kind of choreography, which varies from day to day.
Date and performance hours: Saturdays, April 9 and 16 and May 14, at 5:30pm (limited availability / free of charge).
Mateo López’s work has been exhibited worldwide. His most recent solo exhibitions were: ‘A Room inside a room’, Casey Kaplan Gallery, New York (2015); ‘Constelaciones’, Museo de Arte Moderno, Medellín (2014); ‘Irregular Hexagon’, The Jerusalem Center for the Visual Arts, Jerusalem and Tel Aviv (2012); ‘Maio’, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2011); ‘Made to Measure’, Gasworks, London (2010); ‘Deriva’, Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León, Spain (2009).
The artist has also featured in group exhibitions at the Museum of Contemporary Art Detroit (2016), The Drawing Room, London (2015); the Museum of Fine Arts, Boston (2013); 43 Salón Nacional de Artistas, Colombia (2013); Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2011); 29th Bienal de São Paulo (2010).
His work is included in several public collections: MOMA The Museum of Modern Art, New York; Coleção Berezdivin, Puerto Rico; CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim, Brazil; Banco de la Republica, Biblioteca Luis Ángel Arango, Bogotá; Bienal de Cuenca, Ecuador; CIFO Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami.
abril 4, 2016
Caetano de Almeida na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina apresenta a exposição individual de Caetano de Almeida, do dia 5 de abril ao dia 21 de maio de 2016.
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Após quatro anos sem expor suas obras em São Paulo, o artista apresenta um desenho e novas pinturas.
As pinturas, construídas a partir de linhas, dão prosseguimento a pesquisa do artista sobre trama, padrões e história. Suas composições são, muitas vezes, opticamente carregadas, cromáticas e frequentemente caracterizadas por padrões feitos de recortes circulares e buracos.
A estrutura geométrica dos trabalhos aponta para a rica história da arte geométrica. Entretanto é o uso intuitivo da cor de Caetano que proporciona uma sensação única de dinamismo próprio.
No dia da abertura será lançado O Delicioso Jardim do Vizinho, primeiro livro monográfico sobre a obra de Caetano de Almeida. Através de mais de 200 trabalhos e de um abrangente ensaio do crítico e curador Paulo Herkenhoff, a publicação apresenta sua trajetória de quase três décadas de produção artística, marcada pela pluralidade de temas e técnicas. O livro foi editado e será distribuído pela Cobogó.
Caetano de Almeida vive e trabalha em São Paulo. Exposições individuais recentes incluem: Coffret, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto (2015); Galerie Anne Villepoix, Paris (2015); Andreas Thalmann Gallery, Zurique (2014); Eleven Rivington Gallery, Nova York (2013, 2011); Galeria Luisa Strina, São Paulo (2012).
Dentre as exposições coletivas nas quais participou: Eu represento os artistas, Revisited, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Guignard e o Oriente, entre Rio e Minas, MAR Museu de Arte do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (2014); Histórias Mestiças, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2014); 0 to 60: The Experience of Time through Contemporary Art, North Carolina Museum of Art, Raleigh (2013); Law of the jungle, Lehmann Maupin Gallery, Nova York (2010); Ponto de equilíbrio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2010).
Sua obra está presente em importantes coleções como: Museum of Fine Arts, Boston; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM/Rio Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAC/USP Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Coleção Gilberto Chateaubriand; Coleção Marcantônio Vilaça; CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim; Coleção João Carlos Fiqueiredo Ferraz; Peter Stuyvesant Foundation; North Carolina Museum of Art; Acervo Banco Itaú; Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado; Coleção Dakis Joannou; Deutsche Bank Collection.
Galeria Luisa Strina presents Caetano de Almeida’s solo exhibition, from 5 April until 21 May 2016.
After four years without exhibiting his works in São Paulo, the artist brings one drawing and new paintings. The paintings, constructed from lines, continue the artist’s study into webs, patterns and history. His compositions are often optically loaded, chromatic and frequently characterized by patterns formed by circular cut-outs and holes. The geometric structure of the works points to the rich history of geometric art. However, it is Caetano’s intuitive use of color that adds a unique sensation of his own dynamism.
Caetano de Almeida lives and Works in São Paulo. Recent solo show include: Coffret, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto (2015); Galerie Anne Villepoix, Paris (2015); Andreas Thalmann Gallery, Zürich (2014); Eleven Rivington Gallery, New York (2013, 2011); Galeria Luisa Strina, São Paulo (2012).
Recent group shows include: Eu represento os artistas, Revisited, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Guignard e o Oriente, entre Rio e Minas, MAR Museu de Arte do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro (2014); Histórias Mestiças, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2014); 0 to 60: The Experience of Time through Contemporary Art, North Carolina Museum of Art, Raleigh (2013); Law of the jungle, Lehmann Maupin Gallery, New York (2010); Ponto de equilíbrio, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2010).
His work is part of important collections, such as: Museum of Fine Arts, Boston; MAM/SP Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM/Rio Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAC/USP Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Coleção Gilberto Chateaubriand; Coleção Marcantônio Vilaça; CACI Centro de Arte Contemporânea Inhotim; Coleção João Carlos Fiqueiredo Ferraz; Peter Stuyvesant Foundation; North Carolina Museum of Art; Acervo Banco Itaú; Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado; Coleção Dakis Joannou; Deutsche Bank Collection.
Dario Escobar na Triângulo, São Paulo
A exposição individual de Darío Escobar (Cidade da Guatemala, 1971) a ser realizada na Casa Triângulo, em São Paulo, se intitula Composições. Esta é a primeira exposição do artista na galeria e a segunda individual dele na cidade.
A pesquisa artística de Darío Escobar se desenvolve a partir de atos escultóricos e instalativos dados a partir da apropriação de objetos industriais. No decorrer de sua trajetória de mais de quinze anos, o artista já trabalhou em diálogo com tradições visuais tão diversas como o “barroco guatemalteco”, carcaças de carros acidentados e objetos vistos como símbolos do consumismo. Sua operação como artista se dá a partir da seleção dessas peças e reconfiguração das mesmas a partir de ações como a justaposição e repetição, fragmentação e corte de materiais e uma reflexão sobre como instalá-los dentro do espaço expositivo.
Em “Composições”, dando prosseguimento a essa investigação, o artista apresenta trabalhos inéditos no Brasil que propõe distintas possibilidades compositivas a partir da apropriação e aproximação de elementos díspares. Nas séries “Construção geométrica” e “Construção modular”, Escobar recodifica a tradição de se pintar as traseiras de caminhões na Guatemala, e cria novos padrões que convidam o espectador a abri-las e fruir suas distintas configurações. A pesquisa formal a partir da bidimensionalidade também é perceptível nas suas “Composições de óleo de motor”, onde, também se utilizando de um material não-convencional, o artista explora as possibilidades do papel e do desenho.
Quanto à tridimensionalidade, na série “Natureza-morta”, o artista explora formas de apresentar objetos advindos da indústria do esporte, como as bolas de basquete, ainda assépticos e distante do seu uso pelo corpo humano. Já em “Equilíbrio”, há uma tensão tanto do material, quanto dos elementos citados pelo artista: de um lado, as placas de metal remetem às esculturas minimalistas de Carl Andre, do outro, sustentando o seu peso, o vidro se faz presente a partir dos famosos copos americanos comercializados em São Paulo desde 1940 e já alçados a símbolos do design brasileiro.
Além desse trabalhos, em diálogo com este pensamento escultórico que compõem a partir da geometria inerente aos objetos banais, serão apresentados trabalhos novos que serão desenvolvidos a partir do encontro entre Darío Escobar e as mercadorias dos mercados populares de São Paulo. Essas composições visam, portanto, estabelecer outras conversas diretas com a cultura visual do Brasil, do mesmo modo que o artista responde diariamente aos objetos industriais utilizados na Guatemala.
Baravelli na Marcelo Guarnieri, São Paulo
A Galeria Marcelo Guarnieri (São Paulo) apresenta a exposição individual Os Sentidos do artista Luiz Paulo Baravelli. Após exibir em 2015 uma série de exposições retrospectivas - Objeto versus espaço, abstração versus empatia no Instituto Figueiredo Ferraz e outras duas individuais nas unidades da galeria de São Paulo e Ribeirão Preto, o artista retorna ao espaço de São Paulo e apresenta uma terceira exposição com trabalhos produzidos nos últimos seis meses. Com esse método, a galeria cria um arco histórico que acompanha a produção do artista por um período mais estendido, tentando entender cada época e contexto. O que ficou perdido e que pode ser encontrado, o que não foi executado e pode ser encenado, o que foi descartado e que pode ser resgatado.
Na atual exposição, Baravelli não retoma o que foi produzido no começo da década de 1980 - já que a produção é um parente distante e mais novo das obras produzidas para a Bienal de Veneza de 1984 e para a individual no mesmo ano da Galeria São Paulo. O que se apresenta é um pulo de 31 anos, o que ficou para trás e o que só agora faz sentido.
As caras de Baravelli não possuem corpos, são autônomas e vivem dentro de sua lógica. Sem corpo a cabeça pode escolher a perna que bem entender, o pé que achar mais interessante, a vida que quiser seguir. Essa lógica se estende a construção das obras - materiais dos mais diversos usos - tinta acrílica, encáustica, crayon, esmalte e goma-laca. Os materiais são utilizados sobre compensado recortado, as curvas dos trabalhos sugerem as imagens que são completadas pela pintura - uma mão que é cabelo e um cabelo que também é mão.
A escala dos trabalhos é algo fundamental, um rosto sem corpo que encara o espectador impondo uma presença intimidadora - a escala é maior que o corpo humano. Tem algo aí que não segue uma lógica linear. São apresentados 8 trabalhos na dimensão de 220 x 160 cm e uma série de desenhos-estudos que serviram de apoio para a construção dos trabalhos da atual mostra.
Perguntamos a Baravelli se ele gostaria de fazer o texto de sua própria exposição - já que por muitos anos o artista escreveu de forma disciplinar - ele enviou o seguinte texto:
“Perguntei certa vez a um estudante de Filosofia: ‘Como eles tratam da questão da arte na sua faculdade?’
A resposta:
'Não tratam – na filosofia não há lugar para o sensível.’
Não sei se ele estava certo, mas na hora e desde então, fiquei com uma sensação boa de estar todos os dias funcionando além de um limite.”
Depois disso perguntamos se ele podia nos explicar melhor o contexto e o que queria de fato dizer com esse excerto, ele nos respondeu utilizando-se de uma charada.
Sabemos que o universo de Baravelli é um lugar habitado por muitos outros seres e referências: recortes de jornais, História da Arte, humor, trabalho constante, uniforme, madrugadas etc etc etc. Tudo forma uma grande cena, um mundo vivido à parte e construído pelo próprio artista. As obras atuais funcionam como um resumo desses personagens: uma mulher recém-casada, um Armênio, um rapaz azul, uma jovem senhora, um estrangeiro, um turista, um padeiro e um ser rosado de difícil identificação.
Luiz Paulo Baravelli, nascido em 1942 na cidade de São Paulo, onde vive e trabalha, estudou arquitetura na FAU-USP, desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado e mais tarde, com o pintor Wesley Duke Lee, o qual exerceu grande influência em sua carreira.
Sempre explora diversos materiais e técnicas em suas obras as quais frequentemente aparecem em “suportes não-suportes” com formatos irregulares (recortes) e se transfiguram como a própria natureza humana e a natureza das coisas em geral. São imagens-objeto.
Aborda um “consciente virtual” que mistura impulsos humanos, espaço, tempo e referências culturais e se torna uma representação que desafia a realidade aparente, uma mise en scène da sociedade contemporânea ao estilo do artista.
abril 2, 2016
René Francisco na Nara Roesler, São Paulo
René Francisco, artista referência de Cuba, apresentará sua primeira individual no Brasil com curadoria de Ella Cisneros, na Galeria Nara Roesler São Paulo
A Galeria Nara Roesler apresenta Venceremos, a primeira mostra de René Francisco como artista da Galeria Nara Roesler, além de ser sua primeira exposição no Brasil. Dono de uma verve crítica que oscila entre a ironia e a contundência, o artista exibirá entre desenhos, pinturas e assemblages na estréia na galeria, que acontece no dia 2 de abril. Antes da abertura, das 10.30 as 11.30h, a curadora da mostra, Ella Cisneros, oferecerá uma visita guiada junto ao artista da exposição.
René Francisco faz parte da geração de artistas que hoje estão na casa dos 50 anos, ou seja, encontraram em Cuba um regime militar “socialista” já em pleno curso, mas também em decadência, soterrado por sanções econômicas por parte dos EUA. Com isso, é natural que o grupo de artistas desse período explore as contradições e absurdos perpetrados pelo embargo americano e pela política interna, que busca manter as aparências quando seus problemas são evidentes.
A produção artística engajada de René Francisco é complementada pela atuação como professor do ISA (Instituto Superior de Artes) desde 1989, formando gerações de jovens artistas com horizonte crítico. As questões do ensino também foram exploradas por ele pelo viés da arte com o coletivo DUPP (Desde Una Pragmatica Pedagogica).
Como artista, Francisco tem uma produção plural, que abrange pintura, escultura, instalação, intervenção, registro de ação e vídeo. Dentre os recursos temáticos de sua obra, a utilização de palavras de ordem e iconografia caros ao castrismo, deslocados de seu contexto original, evidenciando seu caráter ultrapassado e atravessado pela problemática da atualidade.
Tubos de pasta de dente antropomorfizados, mas sem cabeça, como também pinturas de multidões sem rosto em preto-e-branco colocam em xeque a desindividualização que tanto o regime castrista quanto a sociedade de consumo acabam por promover. A reforma de casas paupérrimas de Havana e a oferta gratuita de desenhos pessoais em uma banca armada nas ruas são exemplos de suas ações diretas.
Entre as obras que serão exibidas na Galeria Nara Roesler, figuram pinturas em preto-e-branco da série de conjuntos humanos despersonalizados, colocados em caixas de fósforo, como material inflamável que pode adquirir força explosiva. Outro trabalho é Venceremos, uma composição de espátulas usadas na construção civil que ostentam as letras da palavra de ordem castrista, formadas por pinturas de multidões. Formas geométricas inseridas em papéis quadriculados, dando a sensação de projetos industriais utilitários, também figuram entre os trabalhos da exposição.
René Francisco nasceu em Holguín, Cuba, em 1960, e mora e trabalha em Havana. Foi ganhador de diversos prêmios internacionais, entre eles o Prêmio UNESCO (2000) e o Prêmio Nacional de Artes Plásticas de Cuba (2010), e suas obras foram apresentadas em exposições individuais e coletivas nos Estados Unidos, Américas Central e do Sul e Europa, bem como na Bienal de Veneza (1999 e 2007), na 26ª Bienal de São Paulo (2004), na 2ª Bienal de Salônica (2009) e na Bienal de Havana (1997 e 2000).
abril 1, 2016
Ricardo Rendón + Zé Carlos Garcia na Zipper, São Paulo
Pensar a escultura como uma performance talvez seja uma das principais propostas do mexicano Ricardo Rendón para sua segunda individual na Zipper Galeria. O título, Memória Possível, reflete sobre as inúmeras probabilidades de se dialogar com uma obra de arte, pensando o objeto não apenas como elemento estático, mas como algo que pode ser remodelado pelas pessoas. “Mais que objetos terminados, vejo em minha produção o desenvolvimento de uma forma em contínua evolução, uma forma determinada pelo ato criativo e pelas diferentes condições dos ambientes de trabalho”, afirma o artista.
Em suas produções, o mexicano utiliza diversos tipos de materiais como gesso, feltro e cimento, misturando práticas industriais e artesanais. Seus trabalhos instigam os sentidos por meio do contraste e da flexibilidade de seus elementos, e estimulam o pensamento ao refletir sobre as ausências que moldam a vida. Ao discutir sobre prática escultórica da arte contemporânea, Rendón parte da matéria para discorrer sobre a velocidade da sociedade na qual vivemos.
"Contra o pano de fundo de uma visão social que continua bastante clara na maneira como o ato do trabalho físico é entendido, o artista parece voltar a enfatizar o valor escultórico da sua produção. Evidentemente, as obras de Rendón nunca deixaram de ser propriamente escultóricas, ocupando, de maneira ineludível, o espaço expositivo, mas o que vemos aqui é uma nítida preocupação com questões específicas da escultura, notadamente o tratamento do peso, ou a maneira como o peso da peça não é acessório, mas central na constituição do trabalho. Ao suspender fragmentos de chapas de pedra e de madeira, Rendón coloca essas questões em pauta, ao passo que sugere um diálogo com referentes da história recente da escultura ocidental, como a série das Gravitaciones de Eduardo Chillida, entre outras possíveis referências, que justifica a sua reivindicação de um papel central para a escultura no panorama artístico contemporâneo." (trecho do texto crítico de Jacopo Crivelli Visconti sobre o artista).
Zip’Up: Zé Carlos Garcia - Ganimedes, Zipper Galeria, São Paulo, SP - 04/04/2016 a 30/04/2016
A utilização de penas em estruturas tridimensionais tem sido um dos objetos de pesquisa na obra de Zé Carlos Garcia. Em sua primeira individual em São Paulo, o artista carioca dá continuidade ao trabalho com escultura plumária e apresenta uma peça de grande formato que ocupará integralmente o espaço expositivo. Com curadoria de Raphael Fonseca, vencedor do prêmio Marcantônio Vilaça de curadoria em 2015, a mostra “Ganimedes” abre também o calendário deste ano do Zip’Up. O programa acontece na sala superior da Zipper Galeria desde 2011 e é destinado a produções experimentais e projetos curatoriais inéditos.
A pesquisa artística de Zé Carlos se desenvolve principalmente no campo da escultura e da instalação. Suas peças contrastam o trabalho da mão humana para fins escultóricos com um caráter por vezes visceral e incontrolável da utilização de material orgânico. Para tal configuração da imagem, materiais como madeira e metais são justapostos a penas e corpos de animais. Os fazeres da marcenaria e da metalurgia caminham, portanto, juntamente com a colagem, a costura, e convidam à exploração desses corpos estranhos pelo corpo do espectador.