|
fevereiro 29, 2016
Programa Curador Visitante: Depois do futuro na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Com trabalhos de 39 artistas, brasileiros e estrangeiros, a exposição discute a noção de futuro que se encontra tanto nas teorias estéticas e culturais como nas práticas artísticas contemporâneas
A Escola de Artes Visuais do Parque Lage inaugura no próximo dia 4 de março de 2016, às 19h, a exposição Depois do futuro, com curadoria de Daniela Labra, convidada por Lisette Lagnado, diretora da EAV, para a quarta edição do programa Curador Visitante. Nascida em Santiago de Chile, em 1974, e radicada no Rio de Janeiro, Daniela Labra leva para a EAV Parque Lage o desdobramento de sua pesquisa de pós-doutorado junto ao núcleo de investigação N-Imagem da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO/UFRJ), em que relaciona teorias estéticas e culturais que examinam a noção de futuro e as práticas artísticas contemporâneas que “acenam para futuros possíveis”. Serão cerca de 60 trabalhos de 39 artistas, alguns estrangeiros, que trarão para o público “questões tão variadas quanto o lugar da arte na pós-modernidade, os processos de construção da sociedade brasileira ou, ainda, a discussão da arte como produto de consumo em um cenário regido pelo imediatismo”, conta a curadora. Ela ressalta que “apesar da carga teórica, as obras não pretendem servir de ilustração”. “A exposição analisa um panorama de indefinições detectadas diariamente”, diz. O programa Curador Visitante consiste em convidar curadores residentes no Rio e atuantes no circuito da arte para que realizem uma exposição que mescle trabalhos de artistas já reconhecidos com o de estudantes da EAV.
Os artistas participantes são Alice Miceli, Cristiano Lenhardt, Daniel Beerstecher, Daniel Escobar, Franz Manata e Saulo Laudares, Gustavo Speridião, Guto Nóbrega, Irene de Andrés, Joana Csekö e Pedro Urano, Jorge Menna Barreto, Julia Rometti, Laercio Redondo, Lia do Rio, Leonardo Herrera, Maria Thereza Alves, Pablo Lobato, Pedro Victor Brandão, Ricardo Càstro, RunoLagomarsino, Tamíris Spinelli, Teresa Margolles, Tiago Rubini, Traplev, Zé Carlos Garcia, além de Amanda Copstein, André Queiroz, Brenno de Castro, Caroline Pavão, Dani Ferreira,Emília Estrada, Felipe Ferreira, Fernanda Andrade, Isis Passos, João Paulo Racy, Manoel Manoel, Mariana Kaufmann e Ana Matheus Abade, que estudam na EAV Parque Lage. Daniela Labra convidou para serem suas assistentes na curadoria as também estudantes Aline Baiana Cavalcanti e Emília Estrada.
“Depois do Futuro” abrangerá uma programação paralela aberta ao público com conversas e debates com acadêmicos, ativistas, artistas e livre pensadores que irão refletir sobre processos e metodologias de criação, educação e circulação da arte, bem como “diversas questões relevantes à sociedade que atingem a própria ideia de extinção e preservação de nossa espécie em corpo, alma e herança cultural”.
CENÁRIOS DE FUTURO
A exposição será acompanhada de um tabloide, com uma entrevista de Daniela Labra dada a Lisette Lagnado, resumida a seguir. Daniela Labra destaca que a curadoria de “Depois do futuro” foi “específica para o Parque Lage”. “Propus pensar o que é autoria, pensamento crítico, formato artístico e ensino de arte em um cenário cultural, social e político hoje tão complexo quanto instável”, diz, acrescentando que buscou também mostrar como essas práticas “respondem aos cenários de futuro que se apresentam empiricamente, com perspectivas muito preocupantes de escassez de água, comida, pandemias, guerras étnicas, entre outros aspectos”.
A noção de futuro trabalhada pela curadora é a da “utopia modernista em processo de esfacelamento e descrença”. “O futuro não mais como avanços e progresso da civilização ocidental, mas como imagem nebulosa em que a vitória do homem culto sobre a natureza ou a selvageria dos povos conquistados não se deu como predicado por um pensamento europeu iluminista”, explica.
Daniela Labra comenta que a exposição reflete “um conjunto significativo da rede de trocas” que se estabeleceu a partir de dinâmicas de estudos que desenvolve há cinco anos, na orientação a grupos de pesquisa artística. Os alunos inscritos em seu curso na EAV Parque Lage se reuniram com ela durante o mês de dezembro nas Cavalariças, “como um grande laboratório que permitiu testar no espaço alguns trabalhos prontos e promover rodas diárias de conversas”. Com os artistas convidados, ela buscou “costurar um diálogo entre as obras, como se fosse um texto que responde aos temas”. “Construir essas relações entre as obras é uma das responsabilidades imprescindíveis do trabalho do curador: dar coerência, na montagem, à escolha das obras”, destaca.
“O conjunto tem um caráter político, quase virulento, reunindo figuras destacadas no ‘nicho’ da arte política, como a mexicana Teresa Margolles e a brasileira radicada em Berlim, Maria Thereza Alves. A maioria dos trabalhos discute de modo direto questões problemáticas do presente, embora haja alguns contrapontos mais poéticos mas não menos contundentes, como os objetos de parede em madeira e plumas naturais de Zé Carlos Garcia e a escultura tecnocientífica “Equilibrium”, de Guto Nóbrega. Certas obras serão "infiltradas", usando colunas da entrada ou trocando as tampas de privadas, propostas do jovem Felipe Ferreira, que coleciona esse mobiliário kitsch decorado com paisagens artificiais. Há trabalhos que conheço há anos, como “WeSupport” [Nós apoiamos, 2007], de RunoLagomarsino, e “Donde nada ocurre” [Onde nada acontece, 2012] da espanhola Irene de Andrés. Apresentá-los aqui me dá grande satisfação”, comemora Daniela Labra.
Ela observa que no início de seu trabalho como curadora, em 2005, uma das exposições que mais a marcaram foi “Populism”, curada por Lars BangLarsen, Cristina Ricupero e NicolausSchafhausen, no StedelijkMuseum, em Amsterdã, que “abordou o populismo como fenômeno na política contemporânea”. “Os trabalhos eram ora ácidos, ora discursivos, todos engajados; e havia muitos artistas jovens ao lado de artistas consagrados como Cildo Meireles e Sarah Morris”. “Aquele evento me influenciou tanto que, de certo modo, a exposição ‘Depois do Futuro’ pode ser interpretada como uma resposta a ‘Populism’, dez anos depois”, afirma.
Indagada por Lisette Lagnado sobre críticas de que as exposições de arte estão cada vez mais populistas, Daniela Labra diz que este fenômeno “tem a ver com todo um cenário de espetacularização da cultura”. “Os museus e eventos de arte precisam de números e os patrocinadores querem resultados. Assim, ‘efeitos especiais’ ou selfiesdiante das obras expostas são estimulados por ações educativas que não aprofundam as questões trazidas pelos artistas. O conteúdo fica em segundo plano. Até as Bienais internacionais funcionam para promover governos, corporações e fundações geridos por fundos privados e públicos. Me pergunto se haveria diferença entre as noções de populismo das exposições e a dita popularização da arte. É algo a se refletir”, diz. “Em países onde a educação básica é tão desvalorizada, e o público das artes visuais tão reduzido, é importante que haja mais acesso aos museus e centros culturais porque estes podem de fato promover experiências de qualidade – embora, no geral, as instituições sejam precárias. Porém, percebo que muitas vezes o público é tratado de modo infantil, induzido a ‘entender’ as obras, e não a refletir e construir seu próprio ponto de vista crítico. É essa condução do olhar e do pensamento que é populista e empobrecedora. Os artistas que convidei não trabalham de forma alguma nesta chave. Pelo contrário, são críticos desse fenômeno”, ressalta a curadora.
Daniela Labra nasceu em Santiago de Chile, em 1974, e vive no Rio de Janeiro. É curadora independente de artes visuais, crítica de arte e pesquisadora, pós-doutora na ECO/UFRJ com o projeto “Depois do Futuro: Ruínas e reinvenções da Modernidade nas artes contemporâneas” (2015), com bolsa CAPES, doutora em História e Crítica da Arte pela PPGAV EBA/UFRJ (2010), mestre em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (2005) com graduação em Teoria do Teatro pela UNI-RIO (1998). Desenvolve projetos de curadoria, escrita crítica e pesquisa na área de artes visuais, com ênfase na produção contemporânea, atuando principalmente nos temas: arte brasileira contemporânea, sistema da arte global, arte e sociedade e performance arte. Professora de Teoria e Arte Contemporânea na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro. Atualmente colabora como crítica de artes plásticas no jornal “O Globo” e também com a plataforma de pesquisa http://globalartarchive.com/project, coordenado pela professora Anna Maria Guasch Ferrer, da Universitat de Barcelona. Mantém desde 2004 a página www.artesquema.com.
Suas curadorias selecionadas são: “Daniel Escobar/ Seu Lugar é Aqui, Seu Momento é Agora”, Santander Cultural, Porto Alegre (2014); “Berna Reale/Vazio de Nós”, MAR, Rio de Janeiro (2013); “Travessias”, Bela Maré, Rio de Janeiro, 2011; “Festival Performance Arte Brasil”, MAM Rio de Janeiro (2011); “Festival Performance Presente Futuro”, Oi Futuro Rio de Janeiro (2008-2010); “Mostra Verbo”, Galeria Vermelho, São Paulo (2005-2007); “Investigações Pictóricas”, MAC Niterói (2009); “Espaços Reversíveis”, Museu Histórico de Santa Catarina, Florianópolis (2008); “Fabulosas Desordens”, Caixa Cultural Rio de Janeiro (2007); “Perambulação”, II Bienal Internacional de Arquitetura de Rotterdam, Holanda (2005); O Artista-Personagem, Centro Mariantonia, São Paulo (2005).
Foi curadora residente nos programas: ScottishSculpture Workshop (SSW), Lumsden, Escócia, em 2013, no IASPIS, em Estocolmo, em 2007; e no FRAME, em Helsinki, em 2005.
CURADOR VISITANTE
O programa Curador Visitante consiste em convidar curadores residentes no Rio e atuantes no circuito da arte, para que acompanhem a produção dos estudantes da EAV e realizem uma exposição mesclando seus trabalhos com o de artistas já reconhecidos. “Ao convidar agentes do sistema da arte – críticos, escritores e curadores – a fazerem curadorias experimentais nos espaços do Parque Lage, o programa Curador Visitante garante uma fluidez entre o período de aprendizado e a inserção profissional dos alunos, e ao mesmo tempo oferece a esses curadores a possibilidade de exercer um trabalho piloto, de caráter experimental, inserido em âmbito educativo”, diz Lisette Lagnado, diretora da EAV Parque Lage. Ela ressalta que o programa reafirma a EAV “como laboratório de prática e reflexão curatorial para profissionais em início de carreira”. A exposição inaugural foi “Encruzilhada”, com curadoria de Bernardo Mosqueira. Após “A Mão Negativa”, com curadoria de Bernardo de Souza, os demais curadores visitantes de 2015 serão Daniela Labra e Marta Mestre. Os curadores de 2016 já estão sendo convidados e serão anunciados em breve.
PROGRAMAÇÃO PARALELA
“Depois do Futuro” abrangerá uma programação paralela aberta ao público, em que acadêmicos, ativistas, artistas e livre pensadores irão refletir sobre processos e metodologias de criação, educação e circulação da arte, bem como “diversas questões relevantes à sociedade que atingem a própria ideia de extinção e preservação de nossa espécie em corpo, alma e herança cultural”. A Escola de Artes Visuais do Parque Lage entregará um certificado de presença aos participantes que frequentarem todos os debates e palestras. Por conta desta programação, excepcionalmente a exposição estará aberta em algumas segundas-feiras, das 14h às 19h.
4 de março, sexta-feira
19h às 22h – Jam session e instalação: “Fogueira”, de Isis Passos
Área verde EAV Parque Lage
23h – Happening-festa “A Igreja Maravilhosa”, de André Queiróz
Local a ser definido no Centro da Cidade
11 de março, sexta-feira, das 19h às 20h30
Conversa entre Daniela Labra, curadora visitante, e Lisette Lagnado, diretora da EAV Parque Lage
Salão Nobre da EAV Parque Lage
18 de março, sexta-feira, das 20h às 22h
Cine Lage com projeções dos filmes “Homenagem a Matta Clark” (2015), de Joana Traub Csekö e Pedro Urano, e “Ventos de Valls” (2013), de Pablo Lobato
Pátio da Piscina, EAV Parque Lage
11 de abril, segunda-feira
17h às 19h – Debate – O Brasil contemporâneo e a causa indígena: uma conversa a partir da instalação “O artista como bandeirante”, de Maria Thereza Alves.
Participação de Poty Poran, índia da etnia guarani e professora da Escola Estadual Indígena Guarani Gwyra Pepó, na aldeia Tenode Porã, São Paulo, e convidados
Salão Nobre da EAV Parque Lage
19h30 às 21h – Palestra e lançamento do livro “Entre monstros e quimeras. Reflexões sobre arte, biologia e tecnologia”, de Raquel Rennó Nunes, professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, e Guto Nóbrega, artista e pesquisador da UFRJ
Salão Nobre da EAV Parque Lage
12 de abril, terça-feira
18h às 19h – Performance “Cartas na mesa”, de Ricardo Càstro
Cavalariças, EAV Parque Lage
19h30 às 21h – Palestra e debate “Contracultura no Brasil: utopias e legados”, com Frederico Coelho, escritor e historiador da PUC-RJ
Salão Nobre da EAV Parque Lage
25 de abril, segunda-feira
17h às 18h30 – Performance “Gordura trans # 5”, de Tamíris Spinelli
Área verde da EAV Parque Lage
19h às 20h30 – Palestra e debate: “O Fim do Amor”, com Charles Feitosa, filósofo, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio).
Salão Nobre da EAV Parque Lage
26 de abril, terça-feira
16h às 18h30 – “Poéticas e políticas do corpo em ação”. Fórum de discussão sobre arte, performance e gênero, com Tamíris Spinelli, artista e ativista, Caio Riscado, pesquisador em performance e estudos de gênero, e convidados
Salão Nobre da EAV Parque Lage
19h às 20h30 – Palestra de encerramento “As muitas mortes da arte”, com Marisa Flórido, curadora independente, crítica e professora do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Salão Nobre da EAV Parque Lage
1º de maio – domingo
15h – Performance “Cartas na mesa”, de Ricardo Càstro
Cavalariças, EAV Parque Lage
Sergio Camargo na Iberê Camargo, Porto Alegre
Exposição vai apresentar mais de 60 obras de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil
A Fundação Iberê Camargo e o Itaú Cultural reafirmam sua parceria levando ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. Dia 3 de março, das 19h às 21h, a instituição em Porto Alegre inaugura a mostra Sergio Camargo: Luz e Matéria com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, a mostra reúne, até 12 de junho, mais de 60 obras de colecionadores privados e do espólio do artista.
A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na Capital paulista. Na Fundação, a exposição ocupa dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão Sergio Camargo; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore carrara branco ou negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo (1930-1990).
A itinerância de Sergio Camargo: Luz e Matéria para a Fundação Iberê Camargo é marcada ainda com o lançamento de um catálogo inédito publicado pela instituição gaúcha em parceria com o Itaú Cultural, contendo um registro fotográfico das montagens em Porto Alegre e em São Paulo. O conteúdo conta a trajetória do artista e apresenta imagens das obras expostas em ambas instituições, incluindo uma reprodução do último ateliê que pertenceu ao artista, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
O artista nasceu em 1930 no Rio de Janeiro. Aos 16 anos, estudou na Academia Altamira, em Buenos Aires, na Argentina. A escola, fundada em 1946, propunha uma arte de vanguarda, síntese do que se pode apreender pelos sentidos e marcada pelas descobertas científicas da época. Lá, estudou com Emilio Pettoruti (1892-1957) e Lucio Fontana (1899-1968).
Em 1948, viajou à Europa. Estudou com Gaston Bachelard (1884-1962), que, entre outros temas, se dedicou à filosofia da ciência e à análise das bases subjetivas da criação poética. Estudou Merleau-Ponty (1908-1961), que acabara de publicar Fenomenologia da Percepção. Visitou frequentemente o ateliê do escultor Constantin Brancusi (1876-1957), descrito como o “pioneiro da extrema simplificação das formas” pela Galeria Tate. Após o contato com a obra do pintor Wassily Kandinsky (1866-1944), decidiu trabalhar com os recursos do abstracionismo.
A década de 1950 foi pontuada pela experimentação nesse estilo, com um retorno ao figurativismo, sob a influência de Henri Laurens (1885-1954), precursor do cubismo na escultura. Trabalhou com bronze, gesso, alumínio e, após um curso com Margaret Spence, com pedra-sabão.
Testou novos métodos de criação na década de 1960, nos quais o acaso ganhou papel relevante e em que estão presentes o gesso, a areia e o tecido. Iniciou a série de relevos, investigando os modos de perceber e dispor a matéria, além de suas relações com a luz. Trabalhou em madeira e mármore. Em Paris, estudou sociologia da arte com o historiador Pierre Francastel (1905-1970).
Em 1970, deu continuidade aos relevos. Sergio Camargo agregou a eles partes cilíndricas, chamadas “trombas”, que se expandem da obra “para fora” e implicam outro efeito no espaço. No período, passou a compor o grupo de artistas e críticos ligado à Galeria Luiz Buarque de Hollanda & Paulo Bittencourt, do qual participavam os escultores Waltercio Caldas, Iole de Freitas, Tunga e José Resende.
Nos anos 1980, fez a série Ovos – objetos ovais com incisões e perfurações. Nessa década, participou de várias exposições individuais e coletivas. A exposição do seu trabalho foi significativa durante toda a sua carreira: participou, entre outras exposições, da Bienal de São Paulo, da Bienal de Veneza e da Bienal de Teerã. Morreu em 1990.
Mais de 40 acervos e coleções públicas conservam obras do artista, entre eles o Centro Pompidou, em Paris; o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba); a Galeria Tate, em Londres; o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA); o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).
Dudu Garcia na Mais Um Galeria de Arte, Rio de Janeiro
Mostra Carvão-Ouro, em cartaz a partir de 1º de março, reúne 120 trabalhos de duas séries inéditas do artista
Inaugurada em dezembro de 2015 numa bela casa na Garcia D´Ávila, em Ipanema, a Mais Um Galeria de Arte abre as portas para sua segunda exposição. A partir de 1º de março o artista carioca Dudu Garcia apresenta a individual Carvão-ouro, com 120 trabalhos inéditos, divididos em duas séries: Fragmentos e Carvão-Ouro. A curadoria da mostra é de Fernando Cocchiarale.
Na série Carvão-Ouro, que dá o título à mostra, o artista apresenta 60 obras produzidas desde o início de 2015. Com formatos variados, os módulos são pintados com carvão e folha de ouro. Em Fragmentos, como o próprio nome já diz, Dudu Garcia reúne 60 trabalhos feitos de fragmentos quadrados (41x41) de outras pinturas assinadas por ele.
“Dudu Garcia conseguiu produzir um sistema fundado na experimentação das possibilidades poéticas de uma pintura que extrai sua ordem espacial básica das marcas do tempo e dos homens deixadas sobre paredes e outras superfícies reais. O artista expõe aquilo que o quadro antes costumava cobrir”, resume o curador da galeria, Fernando Cocchiarale.
Dudu Garcia vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde desenvolve sua pesquisa desde 2001. Integra o grupo de artistas da Fábrica Bhering, tendo sido ele o primeiro a ocupar o local.
Participou de diversas mostras em importantes museus e galerias, entre eles o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Centro Cultural dos Correios, o Paço Imperial, e as galerias Luisa Strina e Nara Roesler. Já expôs na França, na Inglaterra, na Bélgica, nos Estados Unidos e no Japão. Suas obras compõem o acervo permanente de instituições como o MAM-RJ, MAM-BA e Centro Cultural Cândido Mendes.
Mais Um Galeria de Arte - É o novo ponto de encontro de arte no Rio de Janeiro. Sob curadoria de Fernando Cocchiarale, a galeria oferece obras múltiplas em vários suportes – gravuras, fotografias, pinturas, vídeos e esculturas – em associação com importantes editoras nacionais e internacionais. Um dos destaques do espaço é a vitrine com exibição permanente de videoarte.
fevereiro 28, 2016
Cristina Salgado lança livro com mesa redonda na Travessa Leblon, Rio de Janeiro
O primeiro livro abrangente da artista plástica carioca Cristina Salgado, sobre seus 30 anos de trajetória, foi contemplado pelo Edital II do Programa de Fomento à Cultura Carioca, da Secretaria Municipal de Cultura da cidade do Rio de Janeiro. O lançamento acontece na terça-feira, 1 de março, às 19h, na Livraria da Travessa Leblon*, precedido de uma mesa-redonda com a participação da artista e dos curadores e professores-doutores Glória Ferreira, Marcelo Campos e Viviane Matesco.
A publicação bilíngue (português e inglês), de 208 páginas, abrange o percurso artístico de Salgado, com ênfase na sua produção instalativa dos anos mais recentes, mas inclui vastamente exemplares dos diversos suportes com os quais ela trabalhou – desenho, pintura, escultura, objeto e experiências com fotografia digital.
Na sua quase totalidade, o trabalho de Cristina Salgado se apresenta como configurações do corpo humano, e quase sempre, do corpo feminino. Especialmente os desenhos e instalações mais recentes são estruturados de forma que se tem acesso, ao mesmo tempo, ao interno e ao externo dos corpos desconstruídos.
A artista considera fundamentais as séries que precedem sua fase atual de instalações, como Nuas (pinturas e objetos), Meninas e Humanoinumano (peças em ferro) ou Instantâneos (esculturas de papel maché). Esses trabalhos aparecem no livro como interlocutores em seu processo de criação. São elementos que se reconfiguram nas obras mais recentes ao se discutir o campo de seu vocabulário. Os desenhos se fazem presentes na elaboração das instalações, como Escultura como imagem, Grande nua na poltrona vermelha, Vista, Ver para olhar e No interior do tempo.
Integram o livro dois ensaios críticos produzidos exclusivamente para essa publicação: “A anatomia do olhar”, de Tania Rivera, e “Corpo-imagem posto a nu”, de Viviane Matesco, e uma entrevista com a artista, feita por Evandro Salles, Marcelo Campos e Glória Ferreira. Completa a publicação uma cronologia ilustrada da trajetória de Salgado, desde a primeira exposição, na Galeria Funarte-Sergio Milliet, nos anos 1980. A edição foi organizada pela professora e crítica de arte Glória Ferreira e pela própria artista. A produção editorial é da Linha Projetos Culturais e o design gráfico de Sônia Barreto.
.
Da edição de 1.000 exemplares, 70% serão distribuídos gratuitamente. O restante vai para as livrarias, a R$ 70,00.
Sobre a artista
Paralelamente ao seu percurso acadêmico – é bacharel em Genética pela UFRJ, mestre em Comunicação e Cultura pela ECO|UFRJ, doutora em Artes Visuais, pela EBA|UFRJ e professora-adjunta do Instituto de Artes da UERJ, Cristina Salgado é uma das artistas mais importantes da geração que começou a se firmar entre as décadas de 1980 e 1990. Desde de então vem realizando individuais e participando de inúmeras coletivas em instituições como Paço Imperial, MAM Rio, MAM-SP, MAC-Niterói, CCBB RJ e SP. Tem obras nas coleções de João Sattamini (MAC Niterói), Gilberto Chateaubriand (MAM-RJ) e University of Essex Collection of Latin American Art. Ela foi artista residente no Yorkshire Sculpture Park (Wakefield, Inglaterra), como bolsista do Conselho Britânico, e estudou no Chelsea College of Arts and Design, University of the Arts London, como bolsista da Capes. No Brasil, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde foi aluna de Roberto Magalhães e Rubens Gerchman.
Sobre o livro
Brochura, impressão 4x4 cores
Capa 2pgs, Formato 840x280mm, em supremo duo design LD 300grs a 4x1cores, 2 orelhões, laminação fosca frente, vinco refile
Formato: 21 x 28cm (fechado)
Tiragem: 1000 unidades
Miolo: 208 páginas
Índice, apresentação da Secretaria Municipal de Cultura do RJ, Texto 1, Texto 2, Entrevista, Cronologia e lista das obras
Textos em português: 45 páginas
Versão em inglês: 32 páginas
Imagens: 131 páginas
(papel couché)
Off set LD 120grs a 4x4 cores. Dobra; Refile
Editora: Barléu Edições
Preço: R$ 70,00
* Livraria Travessa Leblon, Shopping Leblon, Av. Afrânio de Melo Franco 290, loja 205, Rio de Janeiro, Rj
fevereiro 25, 2016
Karin Lambrecht na Nara Roesler, Rio de Janeiro
AGENDA RJ Hoje 25/02 às 19-22h: Karin Lambrecht @ Nara Roesler, Rio http://bit.ly/N-RoeslerRio_K-Lambrecht
Publicado por Canal Contemporâneo em Quinta, 25 de fevereiro de 2016
Em Concepção, Karin Lambrecht apresenta novas incursões em sua busca pela presença do imaterial em sua primeira mostra na Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro
A primeira exposição do ano na Galeria Nara Roesler do Rio de Janeiro é também a estreia de uma de suas representadas no espaço de Ipanema. Em Concepção, Karin Lambrecht apresenta cerca de 15 obras produzidas em 2015, entre desenhos e pinturas. A mostra fica em cartaz de 25 de fevereiro (quinta-feira) a 9 de abril.
Karin Lambrecht, um dos nomes consagrados da Geração 80, tornou sua marca registrada a pintura de cores vivas sobre a lona bruta, com pigmentos desenvolvidos por ela mesma, como também desenhos, esculturas e procedimentos de criação de obras que incorporam elementos e aspectos ritualísticos, como no caso das peças realizadas com sangue do abate de cordeiros.
Em Concepção, a artista partiu de um contexto onírico para criar a série de desenhos e pinturas em grandes dimensões: “sonhei que meu ateliê era parte de um prédio quase labiríntico e, para chegar até meu espaço de trabalho, tinha que subir-se muitas ESCADARIAS incrustadas na parede. Na EDIFICAÇÃO, notava-se um TINGIMENTO às vezes de cores intensas e outras vezes por notável ausência da COR. O espaço, arquitetonicamente, no meu sonho, era todo recortado em LINHAS CURVAS e outras PARALELAS”.
Essa narrativa inspiradora dá conta das premissas usadas na série de trabalhos da exposição. As pinturas prosseguem com a pesquisa cromática vibrante da artista, contraposta à brancura dos desenhos, realizados sobre papel e feltro por meio de costuras e pela deposição etérea da aquarela e de pequenos detalhes em folha de ouro, além da eventual presença de sangue - desta vez extraído em quantidade mínima de pequenos ferimentos de alfinete e agulha que a artista sofreu ao costurar os trabalhos.
Assim, a artista evoca novamente seu sonho inspirador: “A subida era exageradamente íngreme e as MÃOS E PULSOS ARRANHAVAM-SE, sangravam, tinha que segurar-se com força nos corrimões laterais que era de um material bruto. Por causa disso os sangramentos manchavam OS PUNHOS DAS CAMISAS BRANCAS(...)”.
Dessa forma, Karin Lambrecht busca fixar a presença do imaterial, compreendida na forma ritualística com que a artista emprega elementos orgânicos - seja nos pigmentos, seja no sangue, na aquarela, nas linhas de costura e no ouro. Para tanto, ela lança mão de seu léxico imagético, que encontra nos pigmentos a manifestação do terreno, do material, ao mesmo tempo que alcança um sentido espiritual nos desenhos feitos da ruptura do branco silencioso por símbolos delicados, que expressam uma linguagem nascida não do Homem, mas de Deus, conexão plena entre corpo e espírito. Nas palavras da artista, “Nesta CONSTELAÇÃO, impregnada por um tipo de impressões do imaginário num passeio noturno, senti saudade do Pai, deste amor EXPRESSIVO em vida e sereno na sua atemporalidade”.
Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, onde vive e trabalha. Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002) e da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005), todas no Brasil. Em 2015, o Instituto Ling, em Porto Alegre, apresentou sua individual Pintura e Desenho. Exposições coletivas de que participou nos últimos anos incluem: As tramas do tempo na arte contemporânea: estética ou poética? (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil, 2013); O colecionador de sonhos (Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil, 2011); Lugares desdobrados (Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, Brasil, 2008); Arte no Brasil 1981-2006 (Itaú Cultural, São Paulo, Brasil, 2007); e Manobras radicais (Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Brasil, 2006). Algumas de suas exposições individuais incluem: Eclipse (Pinacoteca da Feevale, Novo Hamburgo, Brasil, 2013); Cores, palavras e cruzes (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Brasil, 2012); Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Brasil, 2002); e Projeto Eventos Especiais (Funarte, Rio de Janeiro, Brasil, 1996). Em 2013 lançou seu livro Karin Lambrecht, ed. Cosacnaify, São Paulo. Sua obra está presente em importantes coleções públicas, como a da Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil; e do Itaú Cultural, São Paulo, Brasil, entre outras.
Marcelo Amorim na Zipper, São Paulo
A repetição de imagens padronizadas que passam a fazer parte de um certo imaginário coletivo e fórmulas de comportamentos impostas por instituições são alguns dos temas tratados por Marcelo Amorim em sua nova individual na Zipper Galeria. Em Maquinal, o artista goiano se debruçou sobre uma coleção da centenária revista norte-americana Popular Mechanics, importante por difundir a idéia de “Faça você mesmo”, para falar sobre um ideal de masculinidade associado a atividades braçais, seja na guerra, na reparação de máquinas ou em esportes de aventura.
Com curadoria de Priscila Arantes, a mostra contempla um conjunto de cerca de sete pinturas a óleo; uma seleção de fotografias antigas que mostram os rituais masculinos no cotidiano de soldados enquanto serviam o exército; e um vídeo composto por antigos filmes caseiros em Super 8, no qual homens exibem orgulhosamente suas conquistas como casas, carros e caças. Em comum, os trabalhos têm como ponto de partida a seleção e apropriação de imagens encontradas em sebos e na internet.
“Marcelo Amorim é um artista-colecionador; um artista-arquivista que, ao se apropriar de imagens de sebo e da internet, desvela o poder manipulador das imagens publicitárias. Em ‘Maquinal’, ele não somente explora a relação fetichista dos homens com as máquinas, mas revela, de maneira sutil, o poder manipulador das imagens técnicas - para utilizar uma expressão de Vilém Flusser- na construção dos valores e estereótipos sociais”, afirma a curadora Priscila Arantes.
Na série de pinturas “Maquinal”, que dá nome à exposição, a relação fetichizada que se estabelece entre homens e máquinas aparece como pano de fundo das situações retratadas, muitas delas inspiradas nas capas da publicação. A máquina pensada como uma prótese, “uma extensão do corpo capaz de multiplicar a força do homem e reforçar um certo delírio de poder”, nas palavras do artista, é outra ideia explorada por ele neste novo trabalho.
Ao contrário de suas pinturas anteriores, em que os tons monocromáticos predominavam, desta vez a paleta de cores mais vibrante também se aproxima das ilustrações ultracoloridas da revista.
Além de criticar o mecanismo vicioso da indústria cultural na divulgação de valores, o trabalho aponta para as relações ambíguas que mantemos com imagens ao mesmo tempo abusivas e sedutoras: “É uma espécie de síndrome de Estocolmo, onde o sequestrado se apaixona pelo sequestrador” diz o artista.
Elaine Pessoa na Zipper, São Paulo
Entretempo, sobreposições e intervalos são algumas das chaves para compreender o trabalho apresentado pela artista Elaine Pessoa em sua primeira individual na Zipper Galeria. Com curadoria da pesquisadora e antropóloga Georgia Quintas, a mostra Tempo Arenoso reúne dez fotografias analógicas feitas na região do rio da Prata, em Montevidéu, onde a artista desenvolveu uma pesquisa entre 2013 e 2014. A série de fotografias integra o fotolivro publicado pela Olhavê, que leva o mesmo título, e foi ganhador do Prêmio Miolo(s) no ano passado, na categoria publicação de fotografia, e indicado como um dos melhores do ano na edição 2015 do PhotoEspaña.
Utilizando uma técnica de sobreposição de imagens feitas em um curto intervalo de tempo, Elaine parte deste recurso para refletir sobre um conceito de temporalidade que rompe com a medida linear. Inspirada por uma certa imobilidade melancólica deste rio, a artista também discute como essa temporalidade se relaciona com a fotografia.
“É um ensaio fotográfico que busca traduzir uma concepção do tempo anacrônico. Por meio de uma narrativa fotográfica inspirada em Henri Bergson e Mario Benedetti, “Tempo Arenoso” conta como as pessoas se relacionam com o rio da Prata, um rio que quase não corre, que parece mar e que talvez quisesse ser um lago. Um rio que deixa de ser rio pelo acúmulo de vivências daqueles que nele desaguam”, resume a artista.
A areia, sugerida pelo título da exposição, se mostra também quase fisicamente presente em sua série. O grão não é apenas uma representação, mas aparece como um elemento interior à fotografia, uma textura do que se vê.
A individual revela, ainda, um interesse de Elaine pelas particularidades dos detalhes, seja uma rede rasgada, uma estátua feita de concha e um fio de arame que surge no céu. Da mesma forma como as sobreposições, esses recortes criam, segundo ela, um outro olhar para o espaço, este que pode e deve ser ressignificado.
fevereiro 22, 2016
Café Tecnológico: Apresentação do documentário e conversa com o idealizador do projeto POC21 no Lilo, São Paulo
POC21 - Eco hackeando o futuro: Apresentação do documentário e conversa com o idealizador do projeto, Benjamin Tinco
A palestra será ministrada em inglês no dia 24 de fevereiro, às 19h30, no Estúdio Lilo, Rua Harmonia 797, Vila Madalena, São Paulo
POC21 é uma comunidade de inovação internacional, que começou como um acampamento de inovação, que reuniu 100 pessoas do mundo inteiro para desenvolver projetos abertos dedicados a "mudança climática". No final de 2015, designers, engenheiros, cientistas e geeks se reuniram para criar protótipos visando uma sociedade de desperdício zero. O objetivo era superar a cultura de consumo destrutivo e abrir espaço para produtos sustentáveis. Ao longo das 5 semanas desenvolveram 12 tecnologias de estilo de vida sustentáveis e construíram uma comunidade de inovadores, que continua a crescer.
Essa edição conta com a colaboração do We Fab, uma empresa que tem como meta o fomento de um ecossistema maker, onde fazem parte os makers, mas também instituições que queiram atuar de maneira mais colaborativa, aberta e “hands-on”. Ela atua através de consultoria para implementação de laboratórios como Fab Labs e Makerspaces, facilitação de workshops e projetos sob demanda.
Seguindo o propósito de viabilizar experiências lúdicas com tecnologia de modo acessível, surge o Café Tecnológico. Trata-se de um bate-papo com grandes nomes do mundo da economia criativa, arte digital e design, voltados para o campo da inovação.
Por que fazer o Café Tecnológico?
O Estúdio LILO acredita na multiplicação de boas ideias e na divulgação de projetos interativos, sustentáveis, revolucionários. Nosso espaço de trabalho é aberto à perspectivas diversas e, por isso, tornar o Café Tecnológico um evento constante que permite atingir novos públicos e incluir a comunidade em debates sobre inovação e criatividade.
Como funciona?
Há convidados especiais a cada edição, e um mediador do LILO. Os ouvintes podem participar livremente, contribuindo com o debate por meio de perguntas, networking e degustando um delicioso café com a gente.
O que vamos debater?
Os temas são diversos, porém todos voltados para o campo da tecnologia e design de interatividade. Temas como Internet das Coisas, FabLabs, fabricação digital, experiência interativa, entre outros são fundamento para as futuras edições.
Quem colabora/quem contribui?
O principal parceiro é o Garagem FabLab, que funciona como uma extensão dos temas tratados em nossos debates. Através do Clube Maker, qualquer pessoa interessada pode colocar em prática os conceitos abordados.
Claudio Cretti na Oswald de Andrade, São Paulo
A Oficina Cultural Oswald de Andrade abre seu programa de exposições de 2016 com uma mega exposição do artista Claudio Cretti, um dos maiores nomes da escultura contemporânea no Brasil. Intitulada Mesa Posta, a exposição, que tem abertura em 24 de fevereiro, de 2016, às 19h, ocupa as duas salas expositivas, além do espaço externo do histórico prédio do Bom Retiro. Curada por Paula Borghi, a mostra contempla três séries de trabalhos inéditos que traduzem seu interesse entre as relações da escultura, do objeto e do corpo humano.
O fio condutor da mostra é a ação instalação monumental “Onde Barro a Casa o Corpo”, uma performance criada com quatro toneladas de argila, na qual quatro artistas manipulam o material e constroem sobre seus pés casulos de tamanhos e alturas diferentes, criando uma topografia intimista.
Em outra sala, Cretti exibe dezenas de peças da série “Trago”, em dimensões variadas. São peças escultóricas de caráter minimalista, criadas em 2014, que trazem uma curiosa mescla de materiais, como borracha, madeira, osso, cachimbos e piteiras, entre outros.
O terceiro trabalho, “Paragem”, proporciona o descanso e o convívio no espaço externo da Oswald de Andrade. É uma escultura de madeira em grande dimensão, que reproduz a estrutura de uma casa de construção simples, presente em qualquer cidade brasileira. A estrutura foi acrescentada a uma outra, tornando-se um banco para se sentar.
A exposição “Mesa Posta” também contempla outra veia do artista, com um recorte sobre seu trabalho com professor desde os anos 1990, que por meio de oficinas e encontros, visa discutir a escultura e seus desdobramentos performáticos. Uma ação educativa ocorre no decorrer de toda exposição. A Oficina “A Escultura, o Objeto e o Espaço Contemporâneo”, que ocorre entre 2 e 30 de março, quartas-feiras, às das 14h às 16h30, está com inscrições abertas desde já. A mostra ainda contempla uma conversa aberta entre o artista, a curadora Paula Borghi e o curador Tiago Mesquita, em 16 de abril, às 15h, quando é lançado o catálogo da exposição.
Prêmio CCBB Contemporâneo: Flávia Bertinato no CCBB, Rio de Janeiro
O Prêmio CCBB Contemporâneo apresenta o sétimo de dez projetos contemplados, por edital nacional, para sua temporada 2015-2016: a instalação Rapunzel, da mineira Flávia Bertinato, com abertura, terça-feira, 23 de fevereiro, às 19h30, no CCBB Rio de Janeiro.
Diferentemente do conto de fadas dos irmãos Grimm, de 1812, as tranças da personagem não a levam a viver um história romântica. As extensas tranças da Rapunzel de Bertinato estão fadadas à contenção.
A instalação é composta por sete carretéis de ferro, revestidos por folhas de madeira, de dimensões diversas, com roldanas e manivelas, um preso à parede e os demais, distribuídos pelo espaço expositivo. Os carretéis carregam metros e metros de tranças, feitas manualmente com 700 quilos de fibra de sisal natural, tendo tesouras cirúrgicas douradas emaranhadas na trama.
As manivelas e as tesouras ao alcance das mãos sugerem ao visitante manipular esses elementos. Mas ele não conseguirá devido ao peso do material e a imobilidade das tesouras, presas ao trançado. Alguns carretéis estão conectados uns aos outros por tranças, o que também impede a circulação em uma parte da sala.A participação do público não se dá pelo interatividade física, mas pela imaginativa. A inacessibilidade ao contato sujeito-obra é parte da proposta da artista.
Flávia Bertinato avalia que Rapunzel absorve uma característica seminal da produção dos anos 1960, que é a ambivalência de forças opostas: contenção x expansão, limitação x liberdade, revelação x ocultação e exposição x segredo. Essa instalação lida ainda, segundo a artista, com o legado da vanguarda dos anos 1960/70, que é a participação do espectador. Nesse caso, não é a ação física, que precisa ser sublimada, mas a interação mental, a partir da qual o visitante atribui significados simbólicos e socioculturais à carga temática do conto de fadas trazida para a contemporaneidade.
A curadora e historiadora da Arte Taisa Palhares, diz no texto de apresentação de Rapunzel: “Bertinato acessa o imaginário popular para nos colocar diante do senso comum em relação às ideias de amor, sedução e feminilidade, naturalmente com ironia e ambiguidade.”
Flávia Bertinato [Pouso Alegre, MG, 1980] é bacharel em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP e mestre pela Escola de Comunicação e Artes USP. Realizou individuais no Centro Cultural São Paulo [2004], Centro Universitário Maria Antônia [2005], nas galerias Virgílio [2008 e 2010] e Marília Razuk [2013], em São Paulo, e Celma Albuquerque [2014], em Belo Horizonte. Participou das coletivas, entre outras, Paralela de Perto e de Longe[2008], Liceu de Artes e Ofícios, sob a curadoria de Rodrigo Moura, Realidades Imprecisas[2008], SESC Pinheiros, curadoria de Carolina Soares e Retratos Performáticos[2012], SESC Vila Mariana. Foi contemplada pelos prêmios aquisitivos no Salão de Arte Contemporânea do Museu de Arte de Ribeirão Preto, em 2004, e 23° Salão de Arte Jovem de Santos, CCBEU, Santos, SP, em 2001. Em 2014, a artista foi selecionada pelo Programa Mergulho Artístico: Bolsas de Investigação, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, e pela 5º Bolsa Pampulha, programa de exposição e residência artística pelo Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte. Obras da artista fazem parte de acervos de instituições públicas, entre eles, o do Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi, Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza, e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital do Centro Cultural Banco do Brasil um láurea para as artes visuais. É oPrêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
A série de dez individuais inéditas começou com a do grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP], Carla Chaim [SP] e Ricardo Villa [SP]. Depois da de Flávia Bertinato [MG], vêm as de Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a sala como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013. São elas as de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e uma coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.
Reminiscências (memória e narrativa) no CCJF, Rio de Janeiro
Pensar a memória como fenômeno da atualidade é trabalhar as possibilidades narrativas presentes no inconsciente que podem ser encontradas dentro de cada um e emergir em forma de sonhos, lembranças e registros. Provocar a articulação desse inconsciente em discurso é construir histórias e narrativas. Para trazer estas questões ao público interessado em arte, a curadora Isabel Portella convidou nove artistas do cenário contemporâneo carioca, de poéticas diferentes, para construírem trabalhos pensando a memória e a narrativa em uma visão estética atual. É a exposição Reminiscências (memória e narrativa), que tem inauguração no dia 23 de fevereiro de 2016, a partir das 19h, no Centro Cultural Justiça Federal, no Centro do Rio.
Passagens do tempo deixam marcas que podem ser visíveis ou não e estas carregam em si os rastros deste fluxo de vida. A memória pode ser despertada por imagens, cheiros, sons, que permitem novas combinações de leituras, sentidos, redescobertas, sustos. As narrativas tem como ponto de partida experiências vividas ou imaginadas, que podem ser completadas com inquietações e anseios.
Os nove artistas partiram do mesmo ponto: busca de elementos que potencializassem a memória e a narrativa e, em conversas com a curadora, cada artista desenvolveu o seu trabalho especialmente para esta exposição: Ana Kemper, AoLeo e Denise Adams com fotos; Lucenne Cruz com objetos; Helena Trindade e Rafael Adorjan com fotos e vídeos; Jozias Benedicto com videoinstalações e uma performance; Ursula Tautz com uma montagem fotográfica e uma videoinstalação e Elisa Castro com objetos e uma videoinstalação.
fevereiro 20, 2016
Acervo Videobrasil em Contexto #1: Cláudio Bueno e Mahmoud Khaled no Galpão VB, São Paulo
AGENDA SP Hoje 20/02 às 11-17h @ Galpão VB: Cláudio Bueno (Brasil) + Mahmoud Khaled (Egito)...
Publicado por Canal Contemporâneo em Sábado, 20 de fevereiro de 2016
No dia 20 de fevereiro (sábado), às 11h, o Galpão VB | Associação Cultural Videobrasil dá inicio ao seu programa de exposições de 2016 com a abertura de Acervo Videobrasil em Contexto #1. A mostra apresenta o resultado da primeira edição do projeto de residências artísticas Videobrasil em Contexto, que propôs aos dois artistas selecionados, Cláudio Bueno (Brasil) e Mahmoud Khaled (Egito), a criação de obras inéditas a partir da imersão no Acervo Videobrasil. Integram também a exposição as obras que foram objetos de pesquisa e referências conceituais para os projetos de Bueno e Khaled, como vídeos de Akram Zaatari (Líbano), Coco Fusco (EUA), Lucas Bambozzi (Brasil) e Wagner Morales (Brasil), entre outros.
Em 5 de março (sábado), Cláudio Bueno e Mahmoud Khaled compartilham relatos sobre a experiência de suas residências e processos de criação em um encontro no Galpão VB, que faz parte dos Programas Públicos da exposição. O evento conta com a participação especial da Lanchonete.org, plataforma cultural contínua formada por um grupo de artistas e outros participantes, com projetos cujo foco é a relação entre cidade e alimentação. O encontro e a mostra, que segue em cartaz até 19 de março, têm entrada gratuita.
Criado em 2012 por Thereza Farkas, diretora de programação do Videobrasil, o projeto Videobrasil em Contexto é parte do Programa de Residências da Associação Cultural Videobrasil e seu objetivo é promover intercâmbios artísticos em aproximação com a coleção da instituição, hoje com mais de 4.500 itens catalogados (incluindo obras em vídeo, videoinstalações, registros de performance, publicações e documentos).
Na primeira edição do Videobrasil em Contexto, promovida em parceria com a Delfina Foundation (Londres, Reino Unido) e a Casa Tomada (São Paulo, Brasil), Cláudio Bueno e Mahmoud Khaled foram selecionados via convocatória pública. Durante o período de residência, eles fizeram incursões no Acervo Videobrasil e os resultados de suas pesquisas se materializam nessa exposição. Cláudio Bueno criou, em parceria com Paula Garcia– artista que participou do 17º Festival e gerou um dos registros de performances que lhe serviram de referência –, a instalação Estudo para duelo. Já Mahmoud Khaled concebeu a videoinstalação Proposal for a porn company, em relação com outras obras do Acervo Videobrasil. Os trabalhos produzidos pelos artistas e exibidos na exposição Acervo Videobrasil em Contexto #1 também passam a fazer parte da coleção da Associação.
Estudo para dueloconvida os visitantes a vestir coletes imantados e a percorrer, a partir de extremos opostos, um corredor metálico de seis metros de comprimento. O contato entre os participantes é impossibilitado pelo campo magnético criado entre as vestes. Segundo o artista, a obra sugere analogias com os campos de força existentes nas relações cotidianas, sejam elas interpessoais, com os espaços ou as instituições. “Tais forças, que não são vistas, mas sentidas por nosso corpo, podem ser interpretadas como poder, informação, relação, etc.”, afirma. O trabalho foi concebidodurante a residência deCláudio Bueno na Delfina Foundation.
A videoinstalação em três canaisProposal for a porn company, de Mahmoud Khaled, parte do universo explorado pela produtora de vídeos pornográficos MEN AT PLAY, especializada em enredos eróticos com personagens masculinos do mundo corporativo e empresarial. Ambientados na cidade de São Paulo, onde o artista esteve em residência na Casa Tomada, os vídeos buscam locações no ambiente urbano que possam servir de cenário para um hipotético filme da produtora. O público pode reconhecer espaços como o Conjunto Nacional, a Avenida Paulista, o Aeroporto de Congonhas ou o Museu Brasileiro da Escultura. As cenas são sobrepostas por trechos de áudio e vídeodos filmes da MEN AT PLAY, que desdobram e desconstroem a estrutura narrativa de uma produção pornográfica.
Diálogos com o AcervoVideobrasil
A proposição de Cláudio Bueno foi fortemente influenciada pela programação e obras da 15ª edição do Festival, inteiramente dedicada à performance. Por essa razão, a exposição inclui na Sala de Vídeo do Galpão VB registros de performances como Bare Life Study #1 (2005), de Coco Fusco;#4 (da série Corpo ruído – Estudo para um soterramento) (2011), de Paula Garcia; Chelpa Ferro(2005), de Chelpa Ferro; Engrenagem(2005), de Ana Gastelois e Eder Santos;Sound Waves for Selected Landscapes(2005), de Detanico Lain, além de Desconstruindo Letícia Parente: "Marca registrada"(2003), de Luiz Duva.
Já o trabalho de Mahmoud Khaled, artista que participou do 18º Festival (2013), foi instigado por obras que tratam das relações humanas e têm fortes vínculos com o cenário urbano. Serão apresentados Várzea (2006), do Estúdio Bijari (Brasil);Não há ninguém aqui #1 (2000), de Wagner Morales (Brasil); Desvios, Derivas, Contornos (2007), de Lucas Bambozzi (Brasil); Video in 5 Movements (2006);Tomorrow Everything Will Be Alright (2010), ambas de Akram Zaatari (Líbano); e a videoinstalação Oracle (2009), de Sebastian Diaz Morales (Argentina).
Cláudio Bueno (São Paulo, Brasil, 1983)
O trabalho de Bueno mescla performance, instalação e tecnologias, explorando aspectos dessas linguagens a partir do tripé conceitual corpo, espaço e informação. É doutor em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo (USP), com a tese “Campos de Invisibilidade”. Foi selecionado para residências no Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS-SP), no La Chambre Blanche, Quebec, Canadá, e na Delfina Foundation, Londres. Seu trabalho foi apresentado em centros de arte nacionais e internacionais, como Hessel Museum of Art/CCS Bard, em Nova York, EUA; Centro Multimedia, Cidade do México, México; Paço das Artes, Luciana Brito Galeria, Itaú Cultural, Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural São Paulo e unidades do Sesc, em São Paulo, Brasil, entre outros. Atualmente, integra O grupo inteiro (Carol Tonetti, Cláudio Bueno, Ligia Nobre e Vitor Cesar). Vive e trabalha em São Paulo.
Mahmoud Khaled (Alexandria, Egito, 1982)
Na obra de Khaled, estamos sujeitos aos efeitos conceituais de um olhar perscrutador basicamente relacionado com as zonas intermediárias entre a vida pública e suas contrapartidas pessoais. É mestrando em Belas Artes pela Trondheim Academy, na Noruega. Seu trabalho foi apresentado em exposições individuais e coletivas em salas e centros de arte na Europa e no Oriente Médio, como o Stedelijk Museum, em Amsterdã; Instituto do Mundo Árabe/IMA, em Paris; e Bonner Kunstverein, em Bonn. Foi selecionado para residências no Hyde Park Art Center, em Chicago, EUA; na Delfina Foundation, em Londres, Reino Unido; no Bronx Museum, Nova York, EUA, entre outros. Vive e trabalha entre Alexandria, no Egito, e Trondheim, Noruega.
Angelo Venosa na Nara Roesler, São Paulo
AGENDA SP Hoje 20/02 às 11-15h: Angelo Venosa @ Nara Roesler, São Paulo http://bit.ly/N-Roesler_A-Venosa >>> Com um...
Publicado por Canal Contemporâneo em Sábado, 20 de fevereiro de 2016
Em sua primeira individual na Galeria Nara Roesler de São Paulo, Angelo Venosa apresenta três novas séries de trabalhos derivadas de sua pesquisa sobre forma.
[Scroll down for English]
Angelo Venosa faz sua primeira individual na Galeria Nara Roesler entre 20 de fevereiro e 28 de março, intitulada Giusè. Nela, exibe cerca de 20 obras divididas em três novas séries de dimensões e materiais variados, esculturas processuais que derivam de sua pesquisa sobre forma desenvolvida ao longo de sua trajetória artística.
A produção de Venosa tem um caminho particular dentre os artistas da chamada Geração 80. Com um trabalho focado na tridimensionalidade, o artista valoriza os procedimentos e a experiência da realização como constituintes da obra. Seu processo criativo comumente alia elementos tecnológicos à manufatura, quando há o embate entre o conceito e o trabalho final.
Nas palavras do próprio artista, em entrevista a Paulo Sergio Duarte (2012): “ Olho para o que faço, para o que venho fazendo, e vejo de cara duas vertentes que são aparentemente antagônicas. Uma delas, mais cartesiana, um modo lógico e objetivo de construir o mundo, vamos dizer assim. E outra, em que há uma espécie de pressão da imagem, totalmente contrastante com a primeira e propositadamente mais desorganizada. Porém, um desordenamento que não é propriamente desordenado”.
As três séries de obras apresentadas na exposição lidam de maneira distinta com essas premissas processuais. A primeira é composta por sólidos construídos em camadas, saindo diretamente da parede ou do chão ou apoiados num suporte negro em que se vê a projeção bidimensional da continuidade de sua forma (chamados de “quadros”, estabelecendo uma relação entre pintura e escultura), num jogo entre a ideia e a matéria. Aqui, Venosa parte de uma forma ideal, criada no computador, para construir os volumes pela sobreposição de camadas, num resultado visualmente orgânicos.
O grupo com os maiores trabalhos da mostra apresenta o desenvolvimento da pesquisa de Venosa em busca de corpos estruturados externamente, ou seja, formas ocas delimitadas apenas por sua camada externa, como exoesqueletos. Nesses trabalhos, o embate do artista com o material torna-se mais evidente, já que as obras são formadas pela justaposição de camadas de compensado parafusadas umas nas outras. Novamente, a idealização inicial da obra é forçada contra seu limite material, que só pode ser configurado de fato durante sua realização.
Finalmente, pequenos elementos produzidos por uma impressora 3D, que se assemelham a estruturas orgânicas tais como corais - surge aí novamente a ideia do exoesqueleto - compõem conjuntos heterogêneos, como um gabinete de curiosidades da Era Moderna. “São também um forte espaço de experimentação no sentido mais direto e lúdico do termo” como define Venosa.
Pela integração de madeira à matéria plástica que constitui as camadas de impressão - que geram um paralelo à realização manual dos volumes em camadas do primeiro grupo de obras -, as peças ganham aparência entre orgânica e artificial, num efeito trompe l’oeil. E incorporam como parte da obra os erros de processamento (os chamados “stringings”, quando filetes de camadas sobram para fora da peça, como fios puxados), o que subverte a objetividade do processo tecnológico, inserindo a inexatidão e o acaso.
Assim, o sentido que perpassa esses trabalhos e os conecta à trajetória de Angelo Venosa é a assimilação da indefinição como componente de um mundo cada vez mais avesso ao imperfeito e baseado na certeza. Em seus quebra-cabeças processuais que, como numa ilusão de ótica, desmontam a todo instante a aparente coerência de seus elementos integrantes, o artista nos remete constantemente ao momento presente, na forma da experiência de contato com a obra, imprevisível como o próprio processo de criação. Mais importante do que compreender um sentido estático da obra é perceber-se instigado por suas contradições, que criam uma ponte entre a assertividade científica, cerebral, e a natureza de que somos parte.
In his first solo exhibit at Galeria Nara Roesler in São Paulo, Angelo Venosa presents three new artwork series deriving from his research on form.
Angelo Venosa will have his first solo exhibit at Galeria Nara Roesler, entitled Giusè, from February 20 to March 28. It will feature roughly 20 pieces divided into three new series in varying sizes and materials, process-based sculptures deriving from the research on form he developed throughout his career.
The history of Venosa’s output stands apart from that of so-called 80s Generation artists. Focusing on threedimensionality, the artist values procedures and the art-making experience as the constituents of his work. His creative process often combines technological elements and handicraft, opposing concept and the finished artwork.
As the artist himself put it in an interview to Paulo Sergio Duarte (2012): “I look at what I do, at what I’ve been doing, and the first thing I see is two seemingly opposite strains. One is more Cartesian, a logical, objective way to build the world, so to speak. And in the other one there’s this pressure of image, which is in complete contrast with the first one and is purposely more disorganized. But that disorder is not exactly disorderly.”
The three series of artworks featured in the show deal with these processual premises in different ways. The first one comprises layered solids jutting directly from the wall or the floor or sitting on a black stand where one sees the two-dimensional projection of the continuity of their form (they are called “pictures,” creating a connection between painting and sculpture), in an interplay of idea and matter. Here, Venosa works from an ideal form, created in a computer, to build the volumes through layer superimposition to arrive at a visually organic result.
The set comprising the biggest pieces in the exhibit showcases the development of Venosa’s research that strives for externally-structured bodies, i.e. hollow forms whose boundaries are set exclusively by their outer layer, like exoskeletons. In these pieces, the artist’s confrontation with the material becomes all the more evident, since the artworks are composed through the juxtaposition of layers of plywood screwed onto one another. Once again, the artwork’s original conception is forced against its material limits, which can only be truly configured during its making.
Finally, small elements produced using a 3D printer, resembling coral-like organic structures – here the idea of the exoskeleton appears again – create heterogeneous sets, like a Modern-Age curiosity cabinet. “They’re also a strong space for experimentation in the most direct, playful sense of the word,” as Venosa puts it.
The integration of wood and the plastic material that constitutes the print layers – which draw a parallel with the fact that the layered volumes in the first set of artworks are handmade –, the pieces take on an appearance between organic and artificial, in a trompe l’oeil effect. And they incorporate processing errors as part of the artwork (the so-called “stringings,” when threads from some layers jut out of the piece, like seam slippages), which subverts the objectivity of the technological process, adding inexactitude and chance.
Thus, the meaning that runs through these pieces and connects them to Angelo Venosa’s careers is the assimilation of indefiniteness as a component in a world that’s more and more averse to imperfection and based on certainty. In his process-based puzzles, which, like an optical illusion, disassemble the seeming coherence of their constituent elements at every moment, the artist constantly brings us back to the present moment, in the form of the experience of contact with the artwork, unpredictable like the artwork creation process itself. More than grasping a stationary meaning to the artwork, the important thing here is to find oneself instigated by its contradictions, which bridge the gap between cerebral, scientific assertiveness and the nature we are part of.
fevereiro 14, 2016
Exposição de verão na Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro
13ª exposição de verão: “Sem Saber Quando Virá o Amanhecer...” 1
Em 1970, Vinicius de Moraes escreveu que “não há coisa no mundo mais viva do que uma porta”. O poeta definia na perfeição esse objeto ou artefato que tem uma presença tão vincada em nossa existência e no entanto praticamente invisível. Uma porta, um objeto de passagem, através do qual pessoas entram e saem de um lugar. Objeto que pode ser feito de um ou qualquer material e que pode significar tanto ou nada. Que tem poder como palavra para analogias – ‘uma porta que se abre’ (ou fecha). São infinitas as interpretações que podem provir e ser usadas com este tão simples elemento.
Na história da arte a porta tem sido usada frequentemente como referência, desde a Porta de Marcel Duchamp na 11 rue Larrey, Paris; até às silenciosas portas nas pinturas de Vilhelm Hammershøi. Calvino usou vezes sem conta portas e janelas como ferramentas essenciais em suas Cidades Invisíveis (mesmo que de forma invisível); e para Cortazar em Casa Tomada a porta torna-se quase uma virgula de tanto que é usada. Com William Blake o uso da porta é uma metáfora às limitações humanas de percepção do mundo, e se olharmos bem para trás, temos na Roma Antiga, Janus, deus mitológico dos inícios, das mudanças e das transições, guardião das portas e das passagens; podíamos até ir mais longe ao 4 Século, aos budistas chineses e suas ideias de permanência e passagens, e do tempo que passa por entre portas intangíveis.
As referências podiam ser ad infinitum, pois ao longo da história do pensamento humano, a porta carrega em si uma simbologia global, vincada e intemporal. Na verdade, falamos de portas, como podíamos falar de gavetas, espelhos, escadas ou mesmo rosas. Os símbolos são a base da capacidade de comunicação e criatividade humana.
Nesta exposição apresenta-se um conjunto de obras de diferentes artistas que aludem, questionam e enaltecem a essência deste objeto corriqueiro tão carregado de significado.
O espaço será transformado pela obra de Roman Ondák - Path, um cubo branco colocado logo na entrada da galeria, alterando toda a percepção do próprio cubo branco da galeria. Pode caminhar-se por fora ou dentro do cubo. Um corte horizontal feito ao nível da altura do artista atravessa todo o cubo e funciona como uma marca de passagem, remetendo a questões de presença e ausência, ao movimento de pessoas e a existências efémeras. Diretamente relacionado a essa questão de tempo e do infinito, a obra de Eduardo T. Basualdo Mar Abierto, um relógio sem números.
A porta como forma abstrata está presente nos trabalhos de Leonor Antunes, Lucia Koch e Tiago Tebet que aludem indiretamente ou sutilmente a elementos de limite entre espaços, e com Julius Koller e Roman Signer, a transgressão e o não-limite; a ruptura com delimitações.
Marilá Dardot traz para a exposição uma alusão poética e visual, assim como Rodrigo Hernandez que nos trabalhos da série apresentada A Sense of Possibility, refere toda essa questão de separarmos a nossa existência física da percepção mental que temos dessa mesma existência, quando uma não é mais que representação da outra dentro do nosso intelecto.
Nas pinturas de Tomás Colaço os detalhes da paisagem e do interior de um sanatório trazem à exposição o caráter do espaço físico contraposto com o espaço psicológico. Portas e passagens como analogias de uma viagem mental ou até psicadelica, assim como nos trabalhos de Nelson Leirner ou Francesca Woodman.
Finalmente, o trabalho de Alek O. The Doors, que documenta todas as portas pela qual a artista passou num dia de seu dia-a-dia em Londres, um retrato de um quotidiano que podia ser em qualquer outro lugar do mundo, com quaisquer outras portas, um retrato da vida, do quotidiano, das escolhas, das entradas e saídas, dos espaços e dos não espaços – da extensão de portas em cada vida.
(1) De um poema de Emily Dickinson. Part Two: Nature. LXXXIX
Luiza Teixeira de Freitas é uma curadora independente nascida no Rio de Janeiro e que trabalha em Lisboa, envolvida em uma variedade de projetos independentes. As suas exposições mais recentes incluem: “Uma conversa infinita” (Museu Berardo, Lisboa 2014); ‘Apestraction” por Damián Ortega (Freud Museum, Londres, 2013): “In lines and realignments” (Simon Lee Gallery, Londres, 2013); “The exact weight of lightness” (Travesia Quatro, Madrid, 2012); Está ativamente envolvida na produção de livros de artistas e projetos de publicações, atuando também como curadora em várias coleções privadas. Luiza foi organizadora de desenvolvimento para a Chisenhale Gallery, Londres (2011-2013); trabalhou em projetos especiais para Alexander e Bonin, NY (2006-2012) e Kurimanzutto (2008-2012); foi curadora assistente na Bienal de Marrakesh “Trabalhos e Lugares” (2009) e colaborou na Tate Modern nas exposições de Cildo Meireles e Cy Twombly (2008). É também uma administradora da Chisenhale Gallery em Londres e conselheira estratégica para a Delfina Foundation, Londres.
Thereza Salazar na Emma Thomas, São Paulo
A galerista Rosa Barbosa apresenta a partir de 18 de fevereiro, quinta, individual da artista contemporânea Thereza Salazar. Intitulada Fantasmas, a mostra apresenta obras inéditas, em serigrafia e impressões em vidro.
"As imagens propostas para esta exposição são alegorias que mesclam objetos da ciência, animais naturais e imaginários. Querem falar de uma desnaturação dos corpos, uma espécie de desvitalização da vida, num mundo tomado por concepções superficiais e mecânicas" , explica a artista.
Segundo Renato Pera que assina o texto da mostra, "partem também da noção de ruína, dos estilhaços depositados no tempo, recuperados pelo olhar da artista".
“O foco de interesse do meu trabalho está na pesquisa de imagens gráficas encontradas em literaturas variadas e publicações antigas. Uso essas imagens como referências a partir das quais trabalho com colagens, recortes e sobreposições, reagrupando elementos conforme um pensamento e objetivo novos” conta Thereza.
A artista explora diversos suportes e aproximações com outras áreas do conhecimento como a Literatura (Fábulas, Mitos), Cinema, Ciências, Alquimia, que contribuem através de uma associação de ideias, na construção do sentido desejado.
“Minha pesquisa poética se dá dentro de um ambiente gráfico, que vai se desdobrando na experimentação de novos meios e linguagens, incorporando novos elementos e buscando uma diferente intermediação entre as imagens e o mundo”, completa Salazar. Vale conferir. A exposição ocorrerá até 16 de março na galeria Emma Thomas.
A Galeria Rosa Barbosa existe desde 1997 e revelou vários artistas contemporâneos, realizando exposições de Valdir Cruz, Julio Vilani, Thiago Honório, Thiago Bortolozzo, Sidney Philocreon, Thereza Salazar entre outros. Durante este período buscou novos talentos, sempre se baseando na criteriosa escolha de seus artistas com a responsabilidade de contribuir para a cena artística brasileira. Possui importante acervo com obras de Amélia Toledo, Luz Sacilotto, Mira Schendel, entre outros.
fevereiro 12, 2016
Bill Lundberg na Jaqueline Martins, São Paulo
Pioneiro na produção internacional de videoarte nos anos 1970, Bill Lundberg ganha exposição na Galeria Jaqueline Martins
“O filme, na verdade, é uma sequência de fotografias exibidas tão rapidamente que nossa retina não é capaz de perceber os cortes”. A frase dita pelo americano Bill Lundberg em entrevista recente ao jornal O Globo define parte da busca do artista pelo comportamento, sentimentos e a intuição humana. “Grande parte da minha obra é justamente sobre o relacionamento entre as pessoas”, completa. E é para falar dessa trajetória, desde os anos 1970, que a Galeria Jaqueline Martins apresenta a exposição Uma Terminologia na Linha, de 17 de fevereiro a 24 de março, com desenhos, vídeos e instalações do americano, residente no Rio de Janeiro, que ficou conhecido por estimular uma nova relação entre espectador e filme.
Vivendo no Rio de Janeiro, no bucólico bairro de Morada das Águias, em Itaipuaçu, Bill Lundberg utiliza em seu trabalho os códigos do cinema e da televisão para criar uma nova linguagem crítica. Por diferentes mídias como a escultura e o vídeo, o artista suscita a antecipação da ação pela emoção humana, quebrando com a narrativa tradicional.
Na obra Charades [1976], um copo d’água em cima de uma mesa é projetado a partir do movimento de quatro indivíduos. Um deles desempenha charadas de famosas citações do mundo da arte, Arte é a definição da arte (Sol LeWitt) , Arte é a mentira que revela a verdade (Pablo Picasso), enquanto vozes anônimas, na trilha sonora, tentam adivinhar as palavras e as frases. A instalação se torna um sistema fechado de linguagem silenciosa e a transcrição fantasmagórica de uma pantomima que luta silenciosamente para sugerir frases esquivas. O copo e sua tela submersa contêm o “gênio da garrafa” do imaginário. [É ver pra crer: a arte de Bill Lundberg de John G. Hanhardt]
Já Morphologies [1984], uma videoescultura composta por travesseiros, projeção e áudio, retrata os artistas Antoni Muntadas, Antoni Miralda e Alison Knowles que dormem em seus respectivos travesseiros.
Os desenhos de Lundberg apresentam o que aparentam ser esquemas para as instalações e são feitos com nanquim, guache, e aquarela. Por meio de seus traços detalhados, ora exatos, ora gestuais, o artista incita a desconstrução da síntese ilusória existente em suas vídeo-instalações.
Bill Lundberg (Albany, CA, Estados Unidos, 1942, vive e trabalha no Rio de Janeiro)
Mestre em Artes Visuais pela Universidade da Califórnia (1966), suas obras foram expostas pela primeira vez no Survery of the Avant-Gard in Great Britain, na Gallery House London, do Instituto Goethe, e participou de uma das primeiras exposições internacionais de vídeo intitulada Art/Video Confrontation, no Museu de Arte Moderna, em Paris (1974). Em 1978, participou da exposição na Gibson Gallery, Nova York. Em meados de 1980 expôs suas obras em diversos espaços nos EUA, com destaque para as individuais no Museu Whitney e no PS1 (Nova York), no Carnegie Museum of Art, no Detroit Institute e na Ortis Parson Gallery (Los Angeles). Em 1982, o artista participou da exposição Drawing Distictions: American Drawings of the Seventies que percorreu por museus da Europa. Em 1992, realizou uma individual no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, onde fez residência como artista. Em 1998 realizou uma individual pelo Blanton Museum, apresentada na celebrada Fundação Art Pace de San Antonio, Texas. Em 2002, o artista apresentou a retrospectiva Bill Lundberg – Syntax of Illusion, no Museu de Arte Contemporânea de Houston, Texas. Suas obras estão presentes em diversas coleções públicas e privadas, incluindo as do Museu Guggenheim em Nova York, e do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.
fevereiro 10, 2016
Prêmio CCBB Contemporâneo: Ricardo Villa no CCBB, Rio de Janeiro
O Prêmio CCBB Contemporâneo apresenta mais um contemplado da série de 10 exposições individuais, iniciada em junho de 2015. Agora é a vez do paulistano Ricardo Villa, que reúne obras em diferentes suportes – desenho, colagem, escultura, modelagem 3D, vídeo e uma instalação –, na mostra intitulada Como atravessar paredes.
Nessa individual, Villa articula questões relacionadas à ocupação do espaço público:
– Busco o entendimento das dinâmicas políticas e econômicas que radicam os conflitos urbanos, especialmente no que se refere à noção de público e privado, as relações entre planejamento urbano e operações imobiliárias, a ideologia presente nos projetos arquitetônicos e sobre (talvez) alguma possibilidade de atuação, situa o artista.
Ele começou a trabalhar com graffiti e outras formas de intervenção em superfícies públicas. Com a fotografia, desenvolve trabalhos nos lugares-resíduo da cidade, construções degradadas, abandonadas ou em preparação, estabelecendo um jogo associativo entre a ação executada e o espaço (des)ocupado.
“Hoje, o tema de sua pesquisa é a cidade e suas problemáticas humanas, econômicas, ambientais, […] que pouco lembram o caos do picho”, observa Daniela Labra, que faz acompanhamento crítico da produção do artista e é autora do texto de apresentação dessa mostra.
A exposição
A instalação “Cada lugar é, a sua maneira, o mundo”, composta por quatro árvores (ficus), com quatro metros de altura, e gradil de metal, ocupa o centro da sala de exposição. O título dessa obra é uma citação do geógrafo Milton Santos [1926-2001]. “Dividir para governar” é um conjunto de 49 desenhos a nanquim, de 30 x 42cm cada um, com a imagem de uma cerca violada. Como exemplos de esculturas, Villa apresenta uma feita de resíduos de demolição, lapidados em forma de diamante, e um conjunto de martelo e pregos amassados, de porcelana escura, sob o título “Amor por princípio, ordem por base, progresso por fim”. Vídeos da série “Modelo fractal” mostram animações hipnóticas, como em um caleidoscópio de imagens humanas, animais e de veículos, entre outras obras.
Ricardo Villa [São Paulo, SP, 1982] é bacharel em Arte e Cultura Fotográfica pelo Centro Universitário Senac. Ele começou a expor em coletivas e salões em 2003. Sua primeira individual foi em 2007. Participou de coletivas no Rio de Janeiro, em São Paulo, Belo Horizonte, Uberlândia, Juazeiro do Norete,Fortaleza, Belém do Pará e Phoenix, Arizona, EUA. Em 2011, mostrou seu trabalho na SP Arte, SP Foto e ArtRio. Ele ganhou menção honrosa no Salão de Artes Visuais da Praia Grande 2014, SP, Prêmio ArtRef Junho 2013, destaque no siteda Fundação Iberê Camargo como resultado do programa de residência “Bolsa Iberê Camargo” em 2013 e o 1º Prêmio do Programa de Exposições da Galeria do Instituto Porto Pensarte, São Paulo, SP, em 2007. Villa tem obras nas coleções do Museu de Arte do Rio|MAR, Palácio das Artes, Praia Grande, SP e da Nike S.A.
Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016
O Prêmio CCBB Contemporâneo foi criado em 2014, quando, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital do Centro Cultural Banco do Brasil um láurea para as artes visuais. Patrocinado pela BB Seguridade, o Prêmio contemplou, nessa primeira edição, 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro.
O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a sala como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB, em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013.
A série de dez individuais inéditas começou com o grupo Chelpa Ferro [Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler], seguido das mostras de Fernando Limberger [RS-SP], Vicente de Mello [SP-RJ], Jaime Lauriano [SP] eCarla Chaim [SP]. Depois da de Ricardo Villa, vêm as de Flávia Bertinato [MG-SP], Alan Borges [MG], Ana Hupe [RJ] e Floriano Romano [RJ], até julho de 2016.
Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.
fevereiro 8, 2016
Memória da Amnésia no Arquivo Histórico, São Paulo
Memória da Amnésia, uma intervenção urbana da curadora Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, apresenta um olhar atento e crítico às obras de arte que foram removidas de seus locais de implantação e alocadas em um depósito.
Arquivo Histórico da Cidade de São Paulo, Praça Cel. Fernando Prestes 152, Bom Retiro, São Paulo; Segunda a sábado, 10-17h; até 02/04/2016
Assista a reportagem do Programa Metrópolis da TV Cultura que destacou a exposição Memória da Amnésia.
A exposição, inaugurada no sábado, dia 12 de dezembro, às 11h, no Arquivo Histórico de São Paulo, aborda esse peculiar nomadismo por meio de alguns itens como os fragmentos do Monumento a Olavo Bilac, conjunto implantado em 1922 na Rua Minas Gerais, que foi disperso pela cidade e chegou a ser alvo de protestos. As peças remanescentes foram recolhidas e voltam a ser expostas nesta oportunidade.
As lagostas de bronze da Fonte Monumental, hoje substituídas por peças de resina na obra original localizada na Praça Júlio de Mesquita, região central, também voltarão a ser expostas e pautam o debate em torno do vandalismo de obras de arte em áreas públicas. Atualmente, a fonte restaurada exibe réplicas das lagostas em resina enquanto as originais estão armazenadas em um depósito municipal.
Todas as obras expostas tem seu roteiro de implantação e histórico contados detalhadamente.
Memória da Amnésia busca compreender como as políticas culturais e de patrimônio histórico definem o que são obras de arte pública e estabelecem suas relações com a memória urbana. O projeto aborda a memória pelo prisma do esquecimento, focalizando a mudança de monumentos de lugar e o “desterro” de monumentos em depósitos, duas questões recorrentes da história urbana de São Paulo.
A exposição, fruto de um ano de pesquisa, é resultado de uma intervenção urbana inédita que envolveu a higienização e o transporte de estátuas do depósito da Secretaria Municipal de Cultura no Canindé para o Arquivo Histórico de São Paulo e um mapeamento dos mais de 60 monumentos nômades de São Paulo.
fevereiro 3, 2016
Marina Saleme na Luisa Strina, São Paulo
A Galeria Luisa Strina tem o prazer de apresentar a sexta exposição individual da artista Marina Saleme.
[Scroll down for english]
Questões que versam sobre a duvida em relação a figura e a sua real posição no mundo, a vulnerabilidade da existência, presença e principalmente ausência de todas as coisas frente ao tempo e espaço são uma constante no trabalho de Marina Saleme. Marina se formou em Artes Plásticas na Faap em 1982 e deu aula de pintura e seus processos criativos durante 10 anos no Instituto Tomie Ohtake. A artista trabalha desde então predominantemente com pintura, desenho e fotografia.
Seu processo é lento e reflexivo: suas pinturas são feitas em camadas, assim como seus desenhos e fotos, que não envolvem processos imediatos.
Marina trabalha com a criação, com o apagamento e com o resgate – o ato de apagar, em sua obra, está relacionado com a impermanência das coisas ou mesmo das verdades. A artista trabalha formalmente e poeticamente questões sobre o visível e o invisível e a alternância entre eles: o real e o irreal também são temas presentes em seu trabalho, assim como os efeitos dos diversos pontos de vista a respeito da verdade.
Em alguns de seus trabalhos, pessoas e paisagens pairam sob um imenso céu, que, por sua imensidão, infinitude e mistério, submete-nos metaforicamente ao incontrolável da condição humana. Trata-se de lugares onde jorram graças e desgraças (que no trabalho da artista tomam forma de linhas, gotas, feridas, arabescos) e para onde alguns endereçam suas preces.
Na série de fotos Real, a realidade é questionada por meio de uma mesma imagem que sofre pequenas intervenções e que se desmente a cada vez, alternando radicalmente a perspectiva da exposição dos elementos.
Suas fotos normalmente são trabalhadas em série e as imagens vão se desdobrando – acrescentando ou discutindo o sentido das outras. A pintura retém todos os pensamentos em seu interior, onde tudo é construído – até mesmo as imagens apagadas. Quanto a esse aspecto, vale relembrar as palavras de Francis Alÿs: “Cada avanço guarda a dívida com o que precede”.
Marina Saleme trabalha a pintura como linguagem (ferramenta para a construção de lugares em que as coisas possam estar) ou não, finalmente.
O título O céu que nos protege foi tomado emprestado do filme homônimo de Bernardo Bertolucci de 1990.
Destacam-se as exposições individuais e coletivas nos seguintes museus e instituições: MAM-RJ (Rio de Janeiro); Paço Imperial (Rio de Janeiro); Paço das Artes (São Paulo); Centro Universitário Maria Antônia (São Paulo)’ MAM-SP (São Paulo); Palácio das Artes (Belo Horizonte); Musée d’art contemporain de Baie-Saint-Paul (Québec); Embaixada do Brasil na França (Paris), entre outras.
Suas obras estão em coleções públicas e particulares de destaque, como o MAM-RJ (Rio de Janeiro); Coleção Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); Instituto Cultural Itaú (São Paulo); MAM-SP (São Paulo); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Fundação Padre Anchieta / Metrópolis, São Paulo.
Para mais informações: http://marinasaleme.com.br/
Galeria Luisa Strina is pleased to present Marina Saleme’s sixth solo exhibition.
Issues that speak of doubt in relation to the figure and its real position in the world, the vulnerability of existence, presence and, primarily, absence of everything before time and space run through Marina Saleme’s oeuvre. Marina graduated in Art from FAAP in 1982 and taught painting and related creative processes for 10 years at the Instituto Tomie Ohtake. The artist has since worked primarily with painting, drawing and photography.
Her work process is a slow and reflexive one: her paintings are layered, just like her drawings and photos, that do not involve immediate processes.
Marina works with creation, with erasure and with rescue – the act of erasing in her work is related to the impermanence of things or even of truths. The artist formally and poetically works questions about the visible and the invisible and alternation between them: the real and the unreal are themes found in her work, as well as the effects of differing points of view of the truth.
In some of her works, people and landscapes loom under a vast sky, which, due to its vastness, infinitude and mystery, subjects us metaphorically to the uncontrollable of the human condition. These are places bursting with elements of grace and misfortune (which in the artist’s work take the form of lines, drops, lesions, arabesques) and to where some address their prayers.
In the series of photos entitled Real, reality is questioned in the form of slight, successively contradicted interventions made to a single image, radically alternating the perspective of how the elements are presented.
Her photos are usually developed in series and the images gradually unfold – adding to or discussing the meaning of the others. The painting retains all the artist’s thoughts within it, where everything is built – even the erased images. In this regard it is worth recalling the words of Francis Alÿs: “Each advance holds the debt to what came before.”
Marina Saleme works her painting as a language (a tool for the construction of places where things might be) or not, in the end.
The title O céu que nos protege [The Sky that Protects Us] was borrowed from Bernardo Bertolucci’s homonymous 1990 film.
Among Marina Salerme’s solo and group exhibitions we can highlight those at the following museums and institutions: MAM-RJ (Rio de Janeiro); Paço Imperial (Rio de Janeiro); Paço das Artes (São Paulo); Centro Universitário Maria Antônia (São Paulo)’ MAM-SP (São Paulo); Palácio das Artes (Belo Horizonte); Musée d’art contemporain de Baie-Saint-Paul (Quebec); Brazilian Embassy in France (Paris).
Her works also feature in highly respected private and public collections, such as those at MAM-RJ (Rio de Janeiro); Coleção Instituto Figueiredo Ferraz (Ribeirão Preto); Instituto Cultural Itaú (São Paulo); MAM-SP (São Paulo); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Fundação Padre Anchieta / Metrópolis, São Paulo.
For further information: http://marinasaleme.com.br/